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A observação

A observação é perspicaz, mas não basta para dar conta da potência da literatura de Schulz,
aquilo que leva Singer a declarar na mesma conversa: “Quanto mais lia Schulz – talvez eu não
devesse dizer isto – eu dizia: ele é melhor do que Kafka”. Não é.

Kafka foi mais fundo e de forma mais sistemática em seu mergulho no pesadelo que se oculta
sob a casca da realidade, enquanto Schulz, como observa J.M. Coetzee em ensaio coletado no
livro “Mecanismos internos”, parece ter perdido o fôlego ao esgotar o material fornecido por
suas memórias de infância.

Seu segundo livro, “Sanatório sob o signo da clepsidra”, não tem a mesma força do primeiro e
ele sabia disso. Coetzee é discretamente cético quanto à qualidade do mitológico romance
perdido de Schulz, “Messias”, que ele estaria escrevendo quando foi assassinado pelos
nazistas.

Seja como for, o principal indício da diferença entre os dois escritores está no modo como
tratam a linguagem.

Em Kafka esta mantém uma superfície lisa, homogênea, sem sustos, próxima do tédio dos
relatórios, enquanto a narrativa enlouquece por baixo. Em Schulz o enlouquecimento poético
da prosa é o próprio espetáculo. Os dois são alucinógenos, mas Kafka é uma substância
injetável e Schulz, uma bebida de estalar a língua e lamber os beiços.

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