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X Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação - SEPesq

Centro Universitário Ritter dos Reis

Design Universal segundo a ótica da Inovação


Silvia Guimarães Costa
Mestranda do Programa de Pós Graduação em Design - UniRitter;
Centro Universitário Ritter dos Reis
scosta816@gmail.com

Heloisa Moura
Doutora em Design – Institute of Design, Illinois Institute of Technology
Centro Universitário Ritter dos Reis
heloisa_moura@uniritter.edu.br

Fabiane Wolff
Doutora em Engenharia de Produção - PPGEP/UFRGS
Mestrado em Design UniRitter
fabiane_wolff@uniritter.edu.br

Resumo: O presente artigo apresenta a temática do Desenho Universal segundo a ótica da


Inovação, com vistas à inclusão social. O Desenho Universal ou Design Universal consiste em
projetar novos produtos, serviços e ambientes que permitam a utilização por todos os indivíduos,
de todas as capacidades, diminuindo a discriminação social. Para compreender os conceitos e a
relação envolvida dos temas design universal, inovação, design e inclusão social foi realizado um
levantamento bibliográfico, exploratório, dos temas divididos em três capítulos, no qual buscou-se
contextualizar a participação do D.U. segundo a ótica da inovação no que se refere ao
desenvolvimento de novos produtos, serviços e ambientes de usos comum à todos, como
também ao seu papel social para inclusão dos indivíduos na sociedade. Nas considerações finais,
explica-se qual o papel do design para o desenho de produtos inovadores, não só em suas
características físicas, mas no uso e na interação social, buscando desse modo o caminho para
uma sociedade mais equivalente e cidadã.

1 Introdução
A profissão de designer tem como uma de suas funções projetar soluções que
atendam às necessidades dos seres humanos. Na vida em sociedade, no entanto, os
indivíduos não são todos iguais, e, por isso, as pessoas são freqüentemente classificadas
pela média, onde inexiste dificuldades de comunicação, visão, audição ou olfato. Tal
categorização é tanto falha como excludente, dado que aqueles que saem desse parâmetro
acabam sendo prejudicados e limitados em seu convívio social.
De acordo com o Censo Demográfico de 2012 do Instituto Brasileiro Geográfico e
Estatístico (IBGE, 2012), 24% da população brasileira possui alguma deficiência
permanente, ou seja, são portadores de deficiência visual, auditiva, motora, mental ou
intelectual. Somando, assim, em julho daquele ano, aproximadamente 46 e 1/2 milhões de
cidadãos, tal fatia representa um público-alvo significativo, o qual não pode ficar excluído da
sociedade, e, muitos menos, fora do mercado.
X Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação
SEPesq – 20 a 24 de outubro de 2014
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Destaca-se que, nesse dado, apenas são contabilizadas as pessoas com deficiência
permanente, sem incluir aquelas que possuem alguma deficiência considerada não
definitiva, ou seja, todos os indivíduos que, em alguma etapa da vida, possuem alguma
dificuldade passageira, como crianças, idosos, e pessoas com alguma lesão momentânea,
dentre outras. Em conseqüência, surge a preocupação com respeito à acessibilidade e
inclusão social desse amplo grupo de cidadãos na sociedade moderna.
Da ótica da inovação, especificamente no campo de atividade do Design, surgem,
assim, os novos desafios de: como contribuir com essa parcela da população e prover
inclusão social aos indivíduos com necessidades especiais diversas, assegurando sua
autonomia no uso de produtos de comum acesso a todas as pessoas. O Design Universal,
entendido como uma nova forma de projetar produtos e serviços que possam ser utilizados
por todos (CAMBIAGHI, 2007), propõe-se a atender tal lacuna e oportunidade. Nessa
perspectiva, o designer torna-se um possível colaborador na construção de uma sociedade
mais justa e inclusiva.
Este artigo tem como objetivo principal examinar a contribuição do Design Universal,
segundo a ótica da inovação, no contexto da inclusão social. Para esse fim, conduz
levantamento bibliográfico, explorando os conceitos dos temas Inovação, Design, Design
Universal e Inclusão social, e analisa suas relações.

2 Inovação e Design
Segundo o Manual de Oslo, guia de referência para as atividades de inovação na
indústria brasileira e mundial, a inovação é a “implementação de um novo ou melhorado
produto (bem ou serviço), ou processo, ou um novo método de marketing, ou um novo
método organizacional nas práticas de negócio, na organização do local de trabalho ou nas
relações externas” (OECD, 2005, p.46).
A inovação tem como ponto de partida a criatividade, que serve como ferramenta de
conhecimento para se criar algo inusitado, podendo ser um novo processo, produto, ou uma
nova tecnologia, entre outros. No entanto, de acordo com Fagerberg, Mowery e Nelson
(2007), ter uma boa ideia não é suficiente, pois a inovação para existir deve ser colocada
em prática, caso contrário será vista como uma invenção. Von Stamm (2008) compartilha da
mesma opinião, acrescentando, ainda, a importância do valor comercial. Ou seja, segundo o
mesmo, para o produto ou serviço ser considerado inovador, além da criatividade e
implementação, deve gerar um valor econômico para empresa.
A ação de ter ideias é uma característica intrínseca do ser humano, não existindo
limites para a sua criatividade. A inovação é a ação de criar algo novo, seja ele um método,
objeto ou mesmo uma ideia nova que se difere do que já existe. Contudo, para que essa
novidade criada passe de uma invenção para uma inovação, esta tem que ter uma
aplicação real, de utilidade, como também criar valor para o consumidor, a fim de que este
queira comprá-la, gerando, em conseqüência, lucro para empresa. Essas são
características fundamentais para que uma boa ideia se transforme em uma inovação, e
não em uma simples invenção.
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De acordo com Lastres e Albagli (1999), existem dois tipos de impacto da inovação:
radical e incremental. A inovação radical representa o desenvolvimento e inserção de um
novo produto, processo ou produção totalmente novo. Esse tipo de inovação pode causar
um impacto na economia e na sociedade como um todo, visto que pode representar uma
quebra estrutural com o padrão tecnológico anterior, acarretando no surgimento de novas
indústrias, setores e mercados (LASTRES; ALBAGLI, 1999).
A inovação radical representa uma mudança significativa em um produto, serviço ou
processo, abrindo oportunidades de novos mercados e a chance de maiores resultados,
porém com maiores riscos. Um exemplo deste tipo de inovação é criação, em 1954, do
vídeo cassete, criado pela empresa Ampex Tranverse Recorder (EUA), onde a marca Sony
foi a primeira a fabricar o VCR para consumo. Esse produto inovador, nos anos 80,
representou 50% das vendas anuais na indústria de produtos de consumo eletrônico, além
de proporcionar um novo mercado para tal indústria, trouxe uma nova forma de escutar e
gravar músicas (YUKIMURA, 2009).
A inovação incremental é entendia como a implementação de uma melhoria
significativa em um produto, processo ou organização da produção dentro de uma empresa,
sem modificar a indústria, podendo trazer o crescimento da eficiência técnica, aumento da
produtividade, diminuição de custos, aumento de qualidade e modificações que possibilitem
a ampliação das aplicações de um produto ou processo (LASTRES E ALBAGLI, 1999). A
mudança desse tipo de inovação pode ser tão pequena que muitas vezes não é percebida
pelo consumidor. Diferente da inovação radical, a inovação incremental não altera de forma
relevante a forma como o produto é consumido ou o modelo de negócio da empresa. Por
exemplo, a evolução do corretivo líquido vendido em um potinho com pincel para uma
caneta liquid paper, ou papel líquido, pode ser um exemplo da inovação incremental, pois a
mudança do potinho para caneta apenas incrementou o produto já existente, o liquid paper.
Conforme Mozota (2011, p.59),
“toda inovação, seja ela radical ou incremental, exige a contribuição do
design [...] a maioria dos produtos de design é baseada em invenções
passadas e em inovações incrementais: na verdade, 90% do design de
produtos pode ser considerado um processo de inovação incremental”.
O design sempre esteve relacionado com o planejamento e concepção de novos
produtos e serviços, por meio da determinação das qualidades técnicas, formais,
semânticas e simbólicas dos objetos. Essa atividade foi fruto da Revolução Industrial,
marcada por uma economia capitalista, onde o design surgiu para atender as necessidades
da nova produção industrial (LÖBACH, 2001).
Conforme Borja de Mozota (2011), a terminologia “design” supõe tanto um plano ou
ato de projetar algo (projeto), na fase analítica e criativa da atividade, quanto o desenho ou
resultado desse plano (o produto), na fase de execução. O design assume papel de
importância para as empresas, tornando-se uma atividade fundamental para o
desenvolvimento de novos produtos/serviços, uma vez que o design não é mais visto como
apenas o resultado da forma e função, mas sim como uma atividade de projeto, de cunho
criativo, mas também de gestão.
Desse ponto de vista, o uso do design torna-se sinônimo de abordagem estruturada
para a inovação e um elemento chave para a empresa que deseja alcançar vantagem
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competitiva no mercado. Nesse contexto, o design passa a atuar não só no na criação e


produção dos produtos da empresa, mas também começa a fazer parte de outros processos
da empresa, como gestão de ideias, de inovação e de pesquisa e desenvolvimento, o qual
muda a estrutura de organização de processos de uma empresa. Assim, Borja de Mozota
(2011, p.145) relaciona o design com:
“ (...) questões fundamentais de gestão da inovação e com o sucesso do
desenvolvimento de novos produtos (DNP), alinhado com importantes
fatores que são cruciais para o sucesso da inovação: vantagem
competitiva, compreensão das necessidades do usuário e sinergia entre
inovação e pontos fortes da empresa em termos de tecnologia”.
Sendo a compreensão das necessidades do usuário um dos fatores para o êxito da
inovação, a empresa IDEO, empresa internacional de design e inovação, fundada nos
estados unidos, em seu livro “A arte da inovação”, afirma que é possível inovar através da
observação do usuário, se colocando no lugar da pessoa para compreender como esta usa
determinado objeto/serviço, ao invés de simplesmente perguntar a ela qual sua opinião
sobre o produto ou ideia (KELLEY; LITTMAN, 2001).
Compreender o usuário é importante porque muitas vezes este desconhece
informações técnicas ou características do produto que está utilizando, como também o
próprio cliente pode ser inexperiente no que se refere ao conhecimento do seu negócio. Isso
acontece principalmente na criação de produtos e serviços novos. Cabendo ao especialista
daquela área, no caso o designer, experimentar o produto para saber qual o seu verdadeiro
problema a fim de encontrar uma nova solução. Para Kelley e Littmann (2001, p. 44) “ver e
ouvir as coisas com seus próprios olhos e ouvidos é um primeiro passo decisivo para
aperfeiçoar um produto ou algo revolucionário”.
As empresas muitas vezes se esquecem de olhar para fora do seu negócio, ou seja,
para as pessoas que realmente utilizam seus produtos, perdendo muitas vezes
oportunidades de lançar produtos melhores no mercado. Segundo a IDEO, a observação de
pessoas diferentes, ou seja, de todas as idades, culturas, e portes, especialmente aquelas
com perfis extremos, pode proporcionar o reconhecimento de necessidades importantes dos
clientes, resultando em melhores produtos, capazes de acomodar as diferenças das
pessoas (KELLEY E LITTMAN, 2001).
É nesse sentido que o Design Universal busca projetar produtos que atendam o
maior número de pessoas possíveis, incluindo as que possuem necessidades especiais,
portadoras de alguma deficiência permanente ou temporária. Da ótica da inovação, o
Design Universal preocupa-se em desenvolver produtos que tenham valor para o mercado,
mas que principalmente promovam a inclusão social, respeitando, assim, a diversidade
humana.

3 Desenho Universal ou Design Universal (DU)


A ideia de Desenho Universal foi introduzida depois da Revolução Industrial, quando
se questionou a massificação dos processos produtivos, originando a seguinte pergunta:
Por que são criados ambientes sem conhecimento das necessidades reais dos usuários,
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através de um modelo de massa que iguala o que não é igual – os seres humanos?
(CARLETTO; CABIAGHI, 2008).
Nessa época, a produção em grande escala era o que importava, por isso não havia
preocupação com o perfil do indivíduo, não sendo avaliadas questões como altura,
agilidade, força, idade e outras particularidades das pessoas na hora de desenvolver os
produtos. Existia o chamado “homem padrão”, modelo comum a todos, sem a preocupação
com as peculiaridades pessoais ligados ao conforto.
Foi pensando nesses fatores pessoais, que, em 1961, países como o Japão, EUA e
nações européias resolveram se unir em um evento internacional na Suécia com o intuito de
reestruturar o velho conceito do homem padrão, que não representava o homem real.
Surgiu então, em 1963, em Washington, a Barrier Free Design (design livre de barreiras),
uma comissão que tinha como objetivo debater sobre desenhos de equipamentos, edifícios
e espaços urbanos para serem utilizados por pessoas com deficiências ou mobilidade
reduzida (CARLETTO; CABIAGHI, 2008).
Mais tarde, o conceito expandiu-se nos EUA, onde, em 1987, o arquiteto Ron Mace,
usuário de cadeira de rodas e respirador artificial, criou a terminologia Universal Design ou
Design Universal (ou D.U.), com um novo foco de atender todas as pessoas, de modo
realmente universal. Esse conceito significou uma influente transformação nas áreas da
Arquitetura e do Design. Segundo Carletto e Cabiaghi (2008, p.7), ‘‘Mace acreditava que
esse era o surgimento não de uma nova ciência ou estilo, mas a percepção da necessidade
de aproximarmos as coisas que projetamos e produzimos, tornando-as utilizáveis por todas
as pessoas’’.
No Brasil, com o debate mundial promovido pela Organização das Nações Unidas
(ONU), o qual deu origem ao Ano Internacional de Atenção às Pessoas com Deficiência, em
1981, o assunto Desenho Universal ganhou peso no país. E em 1985, surgiu a primeira
norma técnica brasileira relativa à acessibilidade, “Acessibilidade a edificações, mobiliários,
espaços e equipamentos urbanos à pessoa portadora de deficiência’’, a qual passou por
modificações, e, no dia 2 de dezembro de 2004, foi assinado o Decreto Lei 5296, o qual é
válido até hoje para regulamentar todos os aspectos da acessibilidade no Brasil. Essa lei
define a acessibilidade como:
‘‘Condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou
assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das
edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e
meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de
deficiência ou com mobilidade reduzida’’ (ACESSIBILIDADE BRASIL,
2004).

O conceito de Acessibilidade surge em busca dos direitos das pessoas com


deficiência. A Acessibilidade pode ser entendida como a capacidade de todos terem uma
oportunidade de acesso a todos os sistemas, como espaços urbanos, edificações, serviços
e produtos públicos, assim como meios de comunicação, de forma igualitária, segura,
permanente e autônoma, independente do tipo de usuário. Com o Design Universal, tal
conceito foi ampliado. Em 2004 foi publicada a primeira lei brasileira referente ao Design
Universal pelo artigo 8º da Lei Federal 5.296, a qual define o Design Universal como:
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“Concepção de espaços, artefatos e produtos que visam atender


simultaneamente todas as pessoas, com diferentes características
antropométricas e sensoriais, de forma autônoma, segura e confortável,
constituindo-se nos elementos ou soluções que compõem a
acessibilidade’’(CARLETTO; CABIAGHI, 2007, p.23).

O público desse design é a sociedade em geral; porém, por seu caráter de criação
inclusiva, muitas vezes é visto de maneira errônea como concepção de projetos específicos
para pessoas portadoras de alguma deficiência. Essa visão é equivocada, uma vez que o
Design Universal tem como objetivo conceber produtos ou ambientes que possam ser
utilizados por todas as pessoas, não um grupo determinado de pessoas, sem que haja a
necessidade de qualquer adaptação específica para o seu uso, em uma prática profissional
que visa à inclusão social. Segundo Carletto e Cambiaghi (2008, p. 7), ‘‘A ideia do D.U é,
justamente, evitar a necessidade de ambientes e produtos especiais para pessoas com
deficiências, assegurando que todos possam utilizar com segurança e autonomia os
diversos espaços construídos e objetos’’.
Porém, isso não quer dizer que para se projetar um produto universal não se deve
levar em consideração as necessidades ou dificuldades das pessoas com deficiência, pois
estudar pessoas as quais não se tenha o costume de se relacionar, permite enxergar novas
oportunidades e tornar o objeto melhor para todos, não excluindo o universo dos utilizadores
em geral. Uma equipe de arquitetos, engenheiros e pesquisadores do centro de pesquisa,
informação, e desenvolvimento tecnológico da Universidade Estadual da Carolina do Norte
(EUA), Center for Universal Design, a fim de avaliar, desenvolver e promover iniciativas que
tenham o Design Universal como foco, elaborou um conjunto de princípios norteadores do
D.U. para pesquisa técnica e conhecimento, a fim de servir como referência para projetos
urbanos, de edificações e de interiores (SECRETARIA DE ESTADO DE HABITAÇÃO,
2010). Esses princípios são:
1. Uso Equitativo
O design universal é útil a todos os seus utilizadores de forma acessível, segura e
atrativa, não excluindo as pessoas com dificuldades ou deficiências. Exemplo: Porta
automática com sensor do elevador ou da janela do carro.
2. Uso Flexível
O Design Universal permite um vasto leque de preferências para sua utilização
adequada e capacidades individuais. Permitindo modificações e transformações em seu
projeto, quando necessário. Exemplo: Tesoura para destros e canhotos.
3. Uso Simples e Intuitivo
O Design Universal tem como objetivo ser simples, de fácil compreensão,
independentemente da experiência, capacidades ou do conhecimento do utilizador.
Deixando as informações ao alcance dos seus utilizadores em ordem de importância.
Exemplo: Placas de sinalização de trânsito, banheiro, sinaleira, símbolos de liga e desliga
do controle remoto ou celular.
4. Informação Perceptível
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O Design Universal comunica, de forma compreensível e visível, a informação


através de diferentes modos (verbal, pictórico ou tátil) a todos os utilizadores,
independentemente de suas dificuldades ou condições de uso. Exemplo: Placas de
sinalização com símbolos em braile e relevo, elevador com painel de comando sonoro,
visual e tático.
5. Tolerância ao Erro
Visando a segurança, o Design Universal deve minimizar os riscos e erros possíveis
de utilização, considerando a segurança no desenvolvimento de espaços e a seleção dos
materiais de acabamento e produtos. Também deve avisar aos utilizadores sobre os
possíveis riscos. Exemplo: Elevadores com sensores em diversas alturas, escadas e
rampas com corrimão, fogão com botões com trava de segurança e alerta sonoro, como o
timer.
6. Baixo Esforço Físico
O Design Universal pode ser usado de forma confortável, sem esforço físico
excessivo e diminuir as operações repetitivas ou esforços físicos que não puderem ser
evitados. Exemplo: Maçaneta do tipo alavanca, comando de voz no carro, celular ou
computador, torneira com sensor.
7. Dimensionamento de Espaços para Acesso e Uso
O Design Universal visa tornar o design confortável ao alcance de todos os
utilizadores, pensando na adequação do espaço e tamanho para o uso, independentemente
do tamanho do corpo, altura, postura ou mobilidade do utilizador. Exemplo: Assentos para
pessoa com problemas de peso ou espaços públicos adaptados para pessoas com
dificuldade de locomoção.
O desafio de se criar um projeto através da proposta do Design Universal deve ser
compreendido como uma inspiração e não como obstáculo, pois ele beneficia o usuário,
uma vez que seu utilizador pode usufruir dos ambientes ou produtos projetados através do
D.U., sem receber um tratamento distinto por causa de suas características pessoais
(CAMBIAGHI, 2007).
O design para todos, desse modo, procura a interação entre todos os perfis de
pessoas, deficientes visuais e videntes, e cadeirantes e pedestres, dentre outros grupos. A
ação de projetar com base nos princípios do Design Universal tem como intenção
desenvolver produtos que possam facilitar a relação entre essas pessoas, inovando na
atividade do Design, segundo a ótica da inclusão social.

4 Inclusão Social
Segundo Coelho (2005), o ato de projetar objetos não se refere apenas a usabilidade,
sendo possível criar objetos utilizados como elo entre as pessoas, como, por exemplo, o
celular ou a ferramenta online Skype, que permitem a comunicação e troca de informações
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entre os indivíduos. Nesse sentido, os objetos podem ser projetados como um


intermediador entre pessoas diferentes, facilitando assim as relações sociais.
No exemplo, o Design Universal pode contribuir para a garantia da acessibilidade ao
entorno social, uma vez que procura projetar produtos que atendem toda a diversidade
humana, incluindo os deficientes, sem excluir alguém por ser diferente.
A inclusão social surge como fonte de informação e conscientização para a
sociedade quanto à existência de um grupo de pessoas que muitas vezes são excluídas em
seu convívio social apenas por serem diferentes, como os indivíduos com deficiência
mental, visual, auditiva, motora, e intelectual; ou por apresentarem em algum momento de
suas vidas alguma dificuldade, ou seja, alguma necessidade especial, como o caso das
crianças, idosos e gestantes.
Segundo Carletto e Cambiaghi (2007), todas as pessoas enfrentam, em alguma
etapa da vida, alguma deficiência, por mais que ela seja momentânea. Por exemplo, quando
crianças, existem restrições em manipular ou alcançar um grande número de objetos, quer
seja por questões de segurança ou porque estes não foram projetados levando em
consideração esse público. Os autores afirmam que o “ser humano “normal” é precisamente
o ser humano “diverso”, e é isso que enriquece a espécie.
Portanto, o normal é que as pessoas sejam mesmo diferentes, podendo deste modo
dar usos diversificados aos objetos dos que foram pensados pelos seus projetistas
(CARLETTO; CAMBIAGHI, 2008). Diante da diversidade humana, onde 24% da população
brasileira, segundo o IBGE (2012), possui algum tipo de deficiência, surge a preocupação
com a inclusão social. Esse conceito é definido por Sassaki (203, p.167), como “o processo
pelo qual a sociedade e o portador de deficiência procuram adaptar-se mutuamente tendo
em vista a equiparação de oportunidades e, conseqüentemente, uma sociedade para
todos”.
A inclusão social tem como objetivo principal assegurar o acesso equitativo às
oportunidades, minimizando as dificuldades com que se deparam as pessoas com alguma
deficiência. Segundo Coelho (2005) o que se deseja com a inclusão social é inserir as
pessoas que muitas vezes são excluídas, por apresentarem alguma diversidade com
relação à maioria da população, no convívio da sociedade, oferecendo a essas pessoas
oportunidades iguais àquelas que estão disponíveis para todos os indivíduos que vivem em
sociedade.
Portanto, estudar os diferentes grupos que fazem parte da sociedade é fundamental
para que o desenvolvimento de novos produtos universais sejam inovadores no contexto da
inclusão social. Uma vez que avaliando as dificuldades das pessoas com deficiências no
cotidiano da sociedade é possível compreender como essas pessoas são afetadas ou, às
vezes, excluídas nos novos projetos de design.

5 Considerações Finais
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Através do levantamento teórico dos conceitos de inovação na atividade do design,


da análise da trajetória do surgimento do Design Universal e preocupação com a inovação
social, buscou-se contextualizar a participação do D.U. segundo a ótica da inovação no
desenvolvimento de novos produtos, serviços e ambientes.
O Design Universal, nessa perspectiva, tem como principal propósito trazer a
inclusão social de todas as pessoas, não importando as suas capacidades e limitações. É o
caminho para o desenho de uma sociedade mais justa, mais humana, com base na
utilização de ferramentas e conhecimentos que promovam a autonomia das pessoas com
deficiências permanentes ou não, diminuindo assim a desigualdade e discriminação social.
Porém, na prática esse conceito ainda não está totalmente desenvolvido na
sociedade, por falta de apoio dos poderes públicos, que carecem de força para fazer
cumprir as leis já existentes em relação à acessibilidade e inclusão social no Brasil. Outro
obstáculo é a falta de conhecimento dos diferentes grupos da população e como eles são
afetados por soluções e decisões realizadas dentro do projeto de design.
Portanto, para inserir os princípios do D.U. no processo de desenvolvimento de
produtos inovadores - que despertem não só interesse de compra, mas também a
autonomia de pessoas portadoras de alguma deficiência ao acesso as mesmas coisas que
estão disponíveis a todos que fazem parte da sociedade - é necessário compreender essa
considerável parcela da população.
Através de pesquisas, novas metodologias de projetos e técnicas de experimentação
e de observação do usuário, assim como aquelas propostas pela empresa IDEO, tal objetivo
pode ser alcançado. Desse modo, adotando a ótica da inovação e do Design Universal, os
produtos, serviços e ambientes devem ser projetados pensando na inclusão social. Nesse
sentido, o designer possui o papel de agente facilitador das relações sociais, através do
desenvolvimento de soluções que possam servir como intermediadoras entre todas as
pessoas, com deficiência ou não, a partir da definição de novos usos e formas de
exploração dos objetos.
É claro, contudo, que tal caminho em busca do desenho de uma sociedade mais
justa e cidadã não pode ser designado apenas ao designer, cabendo a este profissional
buscar o apoio de outras áreas, como Engenharia, Marketing, Arquitetura, Medicina, entre
outros agentes envolvidos, como o governo e instituições de ensino.

Referências

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em: 28 nov. 2013.

CAMBIAGHI, Silvana. Desenho Universal: métodos e técnicas para arquitetos e


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COELHO, Anna Paula de Mello Rocha. Design & inclusão social: o estudo e o
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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTÁTISTICA. Banco de Dados


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Lopes. São Paulo: Futura, 2001.

LASTTRES, Helena M. M.; ALBAGLI, Sarita (organizadoras). Informação e


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LÖBACH, Bernd. Design Industrial: Bases para a configuração de produtos industriais.


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