Nós, Músicos da Orquestra Sinfônica do Recife, e antigos membros da Banda Cidade do

Recife, a respeito do pleito salarial da OSR, temos o seguinte a esclarecer:

a) Ambas as instituições são merecedoras de bons salários, pelos relevantes serviços

prestados à comunidade recifense.
b) A Banda Cidade do Recife, que pleiteia o título de “Sinfônica”, o faz pela evolução
natural que um grupo em ascensão artística desenvolve, pois os termos “Banda
Sinfônica”, “Orquestra de Sopros” e “Banda de Concertos” são expressões de
proveniência norte-americana que se referem a uma mesma formação musical,
compreendendo uma banda de música (como as do interior do Estado) mais
desenvolvida em número de instrumentos e componentes. Não tem nada a ver com o
termo “Sinfônica” usada pelas orquestras (como a nossa), este termo significando a
possibilidade de executar Sinfonias, que são formas musicais específicas e de difícil
execução, voltadas para Orquestras com cordas, sopros (madeiras e metais) e
percussão, e um número singular de instrumentistas (cerca de noventa). Essa
diferenciação de significados está, por sinal, causando uma grande confusão não só na
Imprensa, mas também na população que prestigia as apresentações dos dois grupos.
c) Atestamos com certeza, que as dificuldades nossas de natureza técnica nos
instrumentos que executamos foram amplificadas com a prática na Orquestra
Sinfônica do Recife. Afirmamos isso porque o repertório de uma Orquestra Sinfônica
sem sombra de dúvidas requer um desenvolvimento técnico e artístico extremamente
apurado, exigindo um aperfeiçoamento muito maior que o desenvolvido por uma
Banda de Música, mesmo em se tratando de Bandas Sinfônicas, de Concerto ou
Orquestra de Sopros, como mencionamos acima.
d) Não queremos dizer com isso que os nossos colegas da BCR sejam inferiores
tecnicamente a nós. Vários deles têm realmente condições de se desenvolver numa
Orquestra Sinfônica, no entanto, estamos fazendo uma comparação da natureza do
trabalho das duas instituições, e nem de longe, entre seus integrantes.
e) Desta forma, de forma semelhante à Guarda Municipal, que tem isonomia salarial e no
entanto possuem gratificações diferenciadas dependendo do tipo de trabalho (trânsito,
segurança da Câmara, etc), a OSR e a BCR já possuem isonomia salarial pois ambas
percebem o mesmo salário base, o que configura legalmente o referido direito.
Pleiteamos sim, uma gratificação para a atividade de músico de Orquestra Sinfônica,
pois, como dissemos anteriormente, além de não ferir o princípio isonômico, nos
possibilitará uma incentivo maior para continuar o nosso trabalho, exigente e
atribulado, que nos obriga a uma dedicação e sacrifícios sem par. Vale salientar, e
afirmamos com absoluta segurança, que em nenhuma parte do país (e do mundo), uma
Banda de Música civil tem salários (piso mais gratificações) equiparados a uma
Orquestra Sinfônica, pelos motivos que mencionamos acima.
f) Finalizando o presente documento, gostaríamos de lamentar que, com as iniciativas da
presente gestão da PCR, a Banda Cidade do Recife aumentou fortemente os seus
salários, enquanto que o único acréscimo salarial recebido pela OSR veio
acompanhado de um aumento de trabalho, pois a ajuda de custo recebida (e foi sobre
ela que aconteceu o referido aumento) é atrelada à nossa produtividade. Hoje, a OSR
continua a ser uma das Orquestras mais mal pagas do país, e a BCR passou a ser uma
das mais bem remuneradas, dentre os grupos de constituição similar.
 Em anexo, fornecemos cópia de páginas de revista de grande circulação, onde se pode
perceber a diferenciação de salários de uma Banda Sinfônica e uma Orquestra Sinfônica
(Banda Sinfônica do Estado de São Paulo e a OSESP, Orquestra Sinfônica do Estado de São
Paulo), esperando com isso que a Prefeitura do Recife, ao tomar conhecimento dos fatos reais
relatados acima, se sensibilize com o nosso pleito, e, mantendo a isonomia já existente,
examine as funções gratificadas de acordo com as especificações dos cargos e
responsabilidades existentes.

Recife, novembro de 2007

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