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Capítulo 2 – Lendas sobre o início da matemática na Grécia

A palavra “geometria” pode ser traduzida como medida da terra, visto que suas
origens podem ter relação com à agrimensura. Geralmente se atribui a Tales o mérito de
ter levado a geometria para a Grécia. Conta-se que o matemático grego teria levado do
Egito, com sua geometria prática, e, a partir disso, evoluído para determinação indireta
de medidas inacessíveis. A autora aponta que os gregos antigos definitivamente
utilizavam de uma geometria, entretanto, não há fonte confiável que possa estabelecer
uma conexão transitória da matemática mesopotâmica e egípcia para a grega.
Justamente por isso, adota-se a hipótese da presença de várias manifestações
matemáticas. O objetivo da autora é compreender o que aconteceu com a matemática
antes de Euclides dar uma configuração particular para a matemática grega. Com a
criação da polis, desenvolveu-se uma oligarquia urbana, e sem um poder centralizado.
No momento em que o debate e a argumentação se tornaram fundamentais na vida
comum, o debate e a argumentação começaram a despertar interesse. Dentre a lógica
persuasiva, as regras de demonstração e o apelo a uma lógica que busca a verdade
obtiveram a ter destaque. Era esperado que nesse meio surgisse formas de distinguir
uma afirmação verdadeira de uma falsa, estabelecendo critérios de verdade.
Na sociedade grega estabeleceu-se a lógica dialética e, posteriormente com
Aristóteles, desenvolveu-se uma lógica em que os critérios de verdade estão conectados
a uma cadeia de conclusões, na qual tudo deve decorrer do que foi dito anteriormente,
sem contradição no interior do raciocínio. Ambos os modos de pensar se serviram da
matemática para estabelecer esses modos de pensar. Outro objetivo da autora é
demonstrar o contexto grego no qual a matemática se tornou um saber teórico, que lida
com abstrações. Roque aponta ainda que o conceito de “abstrato” não é mais como no
capítulo anterior, pois está ligada à geometria e não á prática numérica.
O vocabulário do qual a matemática serviu já existia em outras realizações
tecnológicas, que podem ter contribuído para o desenvolvimento da matemática. Por
muito tempo se atribuiu a origem da matemática a Pitágoras, mas hoje há demasiada
controvérsias acerca dessa afirmação. As evidências apontam que existia matemática
antes dos pitagóricos. Antes do século V a.E.C. aparentemente era comum a construção
de soluções para problemas geométricos e a comparação entre grandezas geométricas
através de razões –em Atenas a geometria também já era ensinada. Os textos de Platão
parecem indicar que diversos atenienses participavam de debates acerca do papel da
matemática na formação grega.
Tatiana Roque descreve a concepção de número da escola pitagórica, pois, se
existiu uma “matemática pitagórica”, tratava-se de uma prática bastante concreta e não
estava relacionada ao pensamento abstrato que costuma0se associar à matemática grega.
Roque aponta que Aristóteles referência aos pitagóricos o mérito de fazer a conexão
entre matemática e filosofia. A matemática atribuída a Pitágoras é a “aritmética de
potinhos”, contudo, não sabemos se ela é uma criação de um Pitágoras, de um
integrante de uma escola chamada pitagórica, ou dos neoplatônicos e neopitagóricos da
Antiguidade. “A concepção dos pitagóricos sobre a natureza parte da ideia de que há
uma explicação global que permite simbolizar a totalidade do cosmos, e essa explicação
é dada pelos números” (ROQUE, p. 87). O mundo seria determinado por um arranjo
ordenado e tal ordem se basearia no fato das coisas serem delimitadas e poderem ser
distinguidas entre si, no sentido de poderem ser separadas e contadas. Entretanto, os
pitagóricos não possuíam, de fato, uma noção de número puro. Não há a separação entre
número e corporeidade. Logo, é complexo afirmar que o conceito pitagórico de número
fosse abstrato. “Os números figurados dos pitagóricos eram constituídos de uma
multiplicidade de pontos que não eram matemáticos e que remetiam a elementos
discretos: pedrinhas organizadas segundo uma determinada configuração” (Idem).
O ímpar e o par representavam o limitado e o ilimitado; a união de ambos teria
sido responsável pela origem do mundo – o limitado, positivo, macho, e o ilimitado,
fêmea, casando-se geram o Um, que é ímpar e par simultaneamente. Todos os números
e seres teriam evoluído a partir do Um. Os números eram divididos em tipos associados
aos distintos tipos de coisas. Para cada tipo, havia um primeiro, menor, número
considerado sua raiz. Portanto, não existia uma cadeia linear na qual todas as relações
internas eram parecidas. Cada arranjo era uma ordem distinta com ligações próprias.
Daí o papel dos números figurados na matemática pitagórica: uma área constituída de
pontos, como uma constelação – como um triangulo, quadrado ou pentágonos formado
por três bolinhas. Os números eram uma coleção de unidades. Dessas configurações
numéricas, os pitagóricos podiam obter algumas conclusões aritméticas, como, por
exemplo, “todo quadrado é a soma de dois números triangulares sucessivos.
A autora relata que temos notícia de que a matemática era dividida em duas
partes: (1) que tratava dos números e (2) que tratava das grandezas. Cada uma era
subdividida em outras partes: a aritmética; a música; a geometria; e a astronomia. Os
pitagóricos, de acordo com Aristóteles, se voltavam para os números e as razões das
quais todas as coisas são feitas. “Nada podia ser conhecido sem os números. Tanto as
quantidades quanto as grandezas deviam ser finitas e limitadas a fim de servirem de
objeto para a ciência, uma vez que o infinito e o ilimitado, segundo os pitagóricos, não
convinham ao pensamento” (ROQUE, p. 92).
Dessa forma, tudo que era entendido como “melhor” (quadrado, limitado, Um,
Ímpar, Macho) derivava do limitado, do estático. Em oposição, o que era entendido
como ilimitado, negativo, ou indefinido em relação as coisas melhores. Os pitagóricos
ainda separavam três espécies de ângulo (reto, agudo e obtuso, sendo o primeiro
superior aos demais, por ser caracterizado pela igualdade e semelhança. Tudo que
poderia ser definido com limites claros é superior ao que depende de critérios relativos.
Por isso o triangulo retângulo tinha lugar especial para a escola pitagórica, pois é o
único que contem um ângulo reto.
Entretanto, a aproximação entre pitagóricos e platônicos foi uma construção de
Aristóteles, pois, em realidade, o núcleo da sabedoria para os pitagóricos era derivado
do tetractys, constituídos pelo que podemos associar aos 1, 2, 3 e 4, que somam 10,
representado pelo triangulo perfeito. O “teorema de Pitágoras” já era conhecido por
diversos outros povos mais antigos que os gregos e pode ter sido um saber comum na
época de Pitágoras. A demonstração desse teorema faz uso de resultados que eram
desconhecidos na época da escola pitagórica, justamente por consequência das
características de sua matemática. W. Burket afirma que o teorema “de Pitágoras” era
um resultado mais aritmético que geométrico. A autora afirma que em realidade deveria
ter havido um estudo das chamadas triplas pitagóricas, e não de triângulos retângulos.
“O problema das triplas pitagóricas é fornecer triplas constando de dois números
quadrados e um terceiro número quadrado que seja a soma dos dois primeiros. Essas
triplas são constituídas por números inteiros que podem ser associados às medidas dos
lados de um triângulo retângulo” (Ibidem, p. 95).
Roque aponta que W. Knorr contesta também a tese de que a primeira versão da
teoria das razões e proporções deva ser atribuída aos pitagóricos; o desenvolvimento
formal da matemática deve ter se iniciado com os trabalhos de Teeteto, no século IV
a.E.C.. O conceito de razão finaliza uma ideia de comparação de tamanhos, logo,
qualquer tipo de comparação entre grandezas pode ser encarada como uma teoria sobre
razões. A autora expõe duas teorias das razões presentes na geometria grega, as quais
podem estar inseridas nos Elementos de Euclides – por consequência da explicação de
Euclides ser abrangente o suficiente para que ambas se enquadrem. Existia também uma
técnica chamada antifairese, que era usada para números também. Os matemáticos do
período tentaram estender, por meio desse procedimento, a teoria das razões para
comparar duas grandezas incomensuráveis. Uma das teses é que o método da antifairese
era amplamente praticada durante o século IV a.E.C. e que teria sido desenvolvida por
Teeteto. Antifairese significa “subtração recíproca”, é semelhante ao “algoritmo de
Euclides” e sua função é encontrar o maior divisor comum ente dois números. Diz-se
que duas grandezas estão na mesma razão quando possuem a mesma antifairese.
Capítulo 2 – páginas 104-132
A autora continua o capítulo contando a lenda de que a descoberta dos irracionais
produziu tanto escândalo entre os gregos que Hípaso, responsável pela descoberta, foi
expulso da escola e condenado à morte. Entretanto, Roque atesta que é improvável que
isso tenha ocorrido. A aritmética grega, de pedrinhas, seria mutuamente exclusiva com
os números irracionais, dessa maneira, a autora expõe que Burkert acredita ser mais
plausível que a incomensurabilidade tenha sido descoberta no campo da geometria. No
sentido de que o problema seria a existência de grandezas incomensuráveis e a
possibilidade, ou não, de expressar a relação entre elas por uma razão entre números
inteiros. Roque relata que não sabemos exatamente qual a importância da geometria na
escola pitagórica, mas acredita-se que não tenha sido tão relevante quanto a aritmética.
Talvez a própria descoberta da incomensurabilidade não tivesse tido muito impacto. A
filosofia de que “tudo é número” não significa que todas as grandezas podem ser
comparadas por meio de números.
Ainda que não tenha ocorrido uma crise dos incomensuráveis, os matemáticos
gregos que trabalhavam com aritmética do século V a.E.C. conheciam o procedimento
da antifairese, assim como o modo de emprega-lo em alguns segmentos
incomensuráveis. Mas os resultados não eram percebidos como uma prova da
incomensurabilidade dos segmentos, uma vez que o objetivo a antifairese poderia ser
somente aproximar razões entre segmentos incomensuráveis.
É quase consenso que a incomensurabilidade tenha sido descoberta na segunda
metade dos anos 400 a.E.C. e tenha sido difundida com os trabalhos de Teeteto. “Um
dos primeiros exemplos a apresentar a possibilidade de duas grandezas incomensuráveis
teria sido o problema de se usar o lado para medir a diagonal de um quadrado, o que
exige conhecimentos simples de geometria” (ROQUE, p. 107). Apesar de Teodoro e
Teeteto serem os primeiros matemáticos que temos conhecimento a estudar sobre os
incomensuráveis, é bem possível que antes disso já era concebido a possibilidade de
duas grandezas serem incomensuráveis.
A autora reconstrói a utilização da antifairese para lidar com a questão do lado e
diagonal do quadrado. Roque afirma que é provável que a antifairese entre o lado e a
diagonal fosse conhecida de modo geométrico nos séculos V e IV a.E.C sem que se
tivesse técnica de demonstração da incomensurabilidade. Outra hipótese sobre a
descoberta da incomensurabilidade, na aritmética, tem sua origem atribuída a Euclides.
No fim do século IV a.E.C. Aristóteles se refere à prova da incomensurabilidade falando
da técnica de raciocínio por absurdo, dizendo que “se o lado e o diâmetro são
considerados comensuráveis um em relação ao outro, pode-se deduzir que os números
ímpares são iguais aos pares; essa contradição afirma, portanto, a incomensurabilidade
das duas grandezas” (ROQUE, p. 111-112). A autora escreve que não podemos
interpretar essa afirmação como uma evidência de que os gregos conheciam uma
demonstração de que a suposição da comensurabilidade entre o lado e a diagonal do
quadrado leva à contradição de que um número seria par e ímpar ao mesmo tempo, pois
afirmar isso faz uso de uma linguagem algébrica que não poderia ter sido usada pelos
gregos antigos.
Na matemática pré-euclidiana, os problemas geométricos eram tratados como se
fossem cálculos com números. Foi a descoberta dos incomensuráveis que provocou uma
separação entre os universos das grandezas e dos números. A demonstração pré-
euclidiana da incomensurabilidade não pode ter se servido dessa separação. Os
Elementos de Euclides representam, nesse contexto, o resultado dos esforços de
formalização da matemática, respondendo à diversas críticas advindas dos filósofos,
para construir uma geometria consistente e unificada, passível de ser aplicada a
grandezas quaisquer.
Acerca dos paradoxos de Zenão, Roque fala sobre a escola dos eleatas, que
acreditava na imutabilidade do mundo, na permanência. Parmênides era um dos
expoentes desse grupo, tendo como opositores ferrenhos os pitagóricos. O pensamento
dos eleatas buscava superar a percepção e fundamentar a filosofia em bases não
empíricas. Ao ponto de negar a possibilidade de que coisas podem ser subdivididas, pois
implicaria na constituição de uma pluralidade. Desse modo, “Zenão queria mostrar, com
seus paradoxos, que é absurdo considerar não apenas que as coisas são infinitamente
divisíveis, mas também que são compostas de infinitos indivisíveis” (ROQUE, p. 114).
Os paradoxos atestam a impossibilidade do movimento, no caso de admitirmos
quaisquer dessas hipóteses. Nenhum argumento matemático parece ter sido usado no
atestado desses paradoxos.
No meio pré-euclidiano o pensamento geométrico era sofisticado, de fato,
contudo, ainda não contava com o caráter dedutivo expresso nos Elementos de Euclides.
Apenas após isso, a matemática grega passou a se distinguir por sua estrutura teórica. A
tese mais difundida acerca do desenvolvimento da matemática formal, axiomática,
típica dos Elementos, é a de que a geometria grega adquiriu esse estilo dentro da
Academia, quando Platão passou a atribuir um valor elevado à matemática como um
saber de pensamento puro, para além da experiência sensível. Problemas matemáticos
complexos surgiram por volta do século V e IV a.E.C., como o do comprimento da
diagonal em termos do lado de um quadrado. Uma problemática que desafiava a
percepção, além de não poder ser abordado somente por meio de cálculos. “A lógica
matemática e a prova dedutiva podem ir além do que é perceptível” (ROQUE, p. 118).
Platão foi o expoente desse modo de pensar.
Roque afirma que há registros de que existiram diversas outras obras organizadas
como “elementos” de algum tipo de matemática, antes de Euclides, que tinham como
objetivo apresentar um extenso conhecimento de modo coerente. Durante o século IV
a.E.C., os avanços da pesquisa matemática motivaram Platão e seus discípulos a propor
que o pensamento é fundado em entidades abstratas. Os esforços formalistas podem ser
produto da sistematização já praticada pelos matemáticos e da legitimação filosófica
que pode ter influenciado o modelo de expor o modo de fazer matemática. Assim, por
volta do século III a.E.C., sistemas axiomatizados de filosofia e geometria que
procuravam produzir critérios rígidos para a expressão do conhecimento surgiram.
Presume-se que a possibilidade de dois segmentos serem incomensuráveis esteja
relacionada ao fato de a geometria passar a tratar de formas abstratas, o que demanda a
demonstração. Os incomensuráveis levaram a que se desconfiasse dos sentidos. Uma
das principais evidências diretas e extensas sobre a geometria grega no período é o
famoso diálogo platônico, Mênon. A geometria grega da época não era aritmetizada, e a
proposta do diálogo pode ser um reflexo do pensamento corrente que buscava expandir
o universo matemático para incluir nele o espaço abstrato. Atualmente, quando
assumimos que um desenho não pode fornecer uma demonstração matemática,
empregamos o mesmo princípio platônico de dividir o mundo em coisas sensíveis e
inteligíveis. “O objetivo da geometria é enunciar verdades sobre seres abstratos"
(ROQUE, p. 129).

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