Sunteți pe pagina 1din 358

/ z-4 z

O NOVO

TESTAMENTO,

ISTO HE,

O NOVO CONCERTO

nt nosso

FIEL SENHOR E REDEMPTOR

JESU CHRISTO.

TRADUZIDO NA I.INOVA PORTl (1V KZ A-

1815.
O NOVO

TESTAMENTO,

ISTO HE,

O NOVO CONCERTO

DE NOSSO

FIEL SENHOR E REDEMPTOR

JESU CHRISTO.

ys#

TRADUZIDO NA LÍNGUA PORTUGUEZA.

1813.
IMPRESSO POR HAMBLIN E SEYFANG
Monte do Alho.
ÍNDICE
DOS LIVROS DO NOVO TESTAMENTO.

-------- o....... —

0 Evangelho segundo S. Ma- 2 Thessalonicenses........... Cap.

«
theo.............................. Cap. 28 1 Timotheo..............................
S. Marcos................ 16 2Timotheo ............................
S. Lucas______ .________ 24 Tito_______ .....____ ___

W
S. Joaõ______ ___________ 21 Philemon.................................

h
Os Actos dos Apostolos ____ 23 Hebreos ..................... ..

Cl W
Epistola de S. Paulo aos Ro­ S. Tiago---------- ------------
manos................. 16 1 S.Pedro...... ................. ..
1 Corinthios............................... 16 2 S. Pedro ......... ...................
M M H Vt W

2 Corinthios............................... 13 1 S. Joaõ _______________ _


Gaiatas.______ ._________ 6 2 S. Joaõ .................................
Ephesios ........................... 6 3 S. Joaõ________________
Philipenses......... .-........... 6 S. Judas................ .. ..............
Colossenses............................ 6 O Apocalypse deS. Joaõ.... 22
1 Thessalonicenses......... .. 5
O SANTO EVANGELHO
DF,

NOSSO SENHOR

JESU CHRISTO
SEGUNDO S. MATTHEUS.

CAPITULO I. 10 E Ezechias gerou a Ma-,


nasse, e Manasse gerou a Aníón,
IVRO da gcraçaõ de Jesu e Amou gerou a Josias.
LdeChristo,
Abraham.
filho cie David, filho 11 E Josias gerou a Jechonias,.
e a seus irmaõs na Transmigra-
2 Abraham gerou a Isaac, e çaõ de Babilónia.
Isaac gerou a Jacob, e Jacob ge­ 12 E despois da* Transmigra-
rou ajudas, e a seus irmaõs. . çaõ de Babilónia Jechonias gerou
3 E Judas gerou de Thamar a a Salathiel, e Salathiel gerou a,
Pharez e a Zara,' e Phárez ge­ Zorobabel.
rou a Esçom, e Esrojn gerou a 13 E Zorobabel gerou a Abiud,
Aram. e Abiud gerou a Eliacim, e Elia-
4 E Aram gerou a Aminadab, cim gerou a Azor.
e Aminibab gerou a Naason, e 14 E Azor gerou a' Sadoc, q
Naason gerou a Saluíon. Sadoc gerou a Achim, E Achim
5 E Salmon gerou de Raab a gerou a Eliud.
Booz, e Booz gerou de Ruth a 15 E Eliud gerou a Eleazar, e
Obed, e Obed gerou a Jesse. Eleazar gerou a Mathan, e Ma-
6 E Jesse gerou ao Rey David, than gerou a Jacob.
e o Rey David gerou claque foi 16 E Jacob gerou a Joseph, o
muller cie Urias a Salamaõ. Marido de Maria, da qual naceo
7 E Salamaõ gerou a Roboam, Jesus, chamado o Christo.
e Roboam gerou a Abia, e Abia 17 De maneira que todas as ge­
gerou a Asa. raçoens desde Abraham até David,
8 E Asa gerou a Josaphat, e saõ catorze geraçoens. e desde
Josaphat gerou a Juram, e Joram David até a Transmigraçaõ de Ba­
gerou a Ozias. bilónia saõ catorze geraçoens: e
9 E Ozias gerou a Joathmn, e desde a transmigràçaõ de Babilo-
Joatham gerou a Achaz, e Achaz • Ou, Traiísportaçaú, o«, Transporta’
gerou a Ezecjúas, saçaQ.
' B
2 O. S. EVANGELHO
nia até Christo saõ catorze ge- isto turbouse, e com elle toda
raçoens. Jerusalem.
18 E o nacimento de Jesu Chri­ 4 E * convocados todos os Prín­
sto foi assi; que estando Maria sua cipes dos Sacerdotes, é os Escribas
mãi depsosqda com Joseph, aptes do povo, perguptou-ihea, aonde o
que se anjuntass.em, se achou que Christo havia de nacer. ?
*estava prenhe do Espirito Santo. 5 E elles lhe disseraõ : Èm Beth­
19 Entaõ Joseph seu Marido, lehem dé Judea, porque assi está
como era justo, e a naõ quisesse escrito pelo Profeta:
infamar, qui-la deixar secreta­ 6 E tu Bethlehem, terra de Ju-
mente. . da, de nenhua" maneira es a me­
20 E intentando elle isto, eis- nor entre os Príncipes de Juda,
que p Anjo do Senhor lhe apareceu porque de ti sahirá a Guia, que a
no sonho, dizendo : Joseph, filho meu Povo Israel ha de apascentar.
de David, naõ temas receber a 7 Herodes entaõ, chamando se­
Maria tua mulher, porque o que cretamente aos Magos, f soube
hella está concehidu, do Espirito diligentemente delles o tempo do
Santo he. aparecimento daestrella.
21 E parirá hum filho, e por- 8 E enviando-os a Bethlehem,
lhe-ás por nome JESUS, porque disse : Ide inquiri com diligen­
elle salvará a seu povo de seus cia pelo menino, e em o achando,
pecados. fazei-mo logo faber, paraque eu
?? Tudo isto aconteceo, para também venha e o adore.
que se cumprisse o que do Senhor 9 E havendo elles ouvido a el
ipi dito pelo Profeta, que disse ; Rey, foraõ-se. E eis-que a estrella,
23 Eis-que a Virgemf concebe­ que tinhaõ visto no Oriente, hia
ra, e parirá hum filho, epor-lhe- diante delles, até que, chegando,
as ppj nome Emmanvel, que se pos sobre aonde estava o me­
Aclarado, quer dizer, Deus com nino.
poçcp. 10 E vendo elles a Estrella, ale-
24 E despertando Joseph do graraõ-se muito com grande ale­
sonho, fez como o Anjo do Sen­ gria-
hor lhe mandára, e recebeo a sua 11 E entrando na casa, acharaõ
Mulher. ap menino, com sua Mãi Ma­
25 E naõ a conheceo até que ria, e postrando-se o adoraraõ. E
pario a este seu filho o Primogé­ abrindo seus Thesouros, lhe offe-
nito, e pos-lhe por nome JESUS. receraõ dons, ouro, e encenso, e
mirra.
CAPITULOU. 12 E sendo por divniq revelaçaõ
17 SENDO Jesus ja nacido em avisados no sonho, que naõ vol­
Bethlehem de Judea, em tassem a Herodes, tornaraõ-se a
-dias del Rey Herodes, eis-que- sua terra por outro caminho.
vieraõ kims J Magos do Oriente 13 E partidos elles, eis-que 9
a Jerusalem. Anjo d.o Senhor apareçeo a Joseph
2 Dizendo: Aonde he a nacido no sonho, dizendo -. Levanta-te, e
Rey dos Judeos ? Porque vimos toma ao menino, e a sua mãi, e
sua estrella no Oriente, e viemos fuge a Egypto, e fiçate lá até que
-a o adorar. eu j to diga. Porque Herodes ha
3 E ouvindo el Rey Ilerodes de buscar ao menino para o ma­
tar. '
• Oo, C&nctbtra. • O», Congregados. tOu, inquiro*.
1 Ob, Ssra prtnlH. f Ou, Sábios. t Te avise.
SEGUNDO S. MATTHEUS. CAP. IH. 5
14- E despertando elle, tomou CAPITULO III.
ao manino, e a sua mãi de noite,
■M"AQUELLES dias veio Joaõ
efoi-se para Egypto.
’ Baptista pregando no deser­
15 E esteve lá até a morte de to de judea.
Herodes, para que se cumprisse o 2 É dizendo, • emmendai-vos,
que do Senhor foi dito pelo Pro-
-•feta, que disse: De Egypto cha­ porque chegado hejaoreyno dos
mei a meu filho. ceos.
3 Porque este he aquelle do
16 Vendose entaõ Herodes es­
qual foi dito pelo Profeta Isaias,
carnecido dos Magos, ♦ indignou-
que disse: Voz do que clama nó
se em tánta maneira, que mandou
deserto; Aparelhai o caminho do
matar a quantos meninnos haviaõ
em Bethlehem, e em todos seus Senhor, enderencai as suas vere­
das.
termos, de idade de dous annos e
4 Ê f o mesmo Joaõ tinha seyi
abaixo, conforme ao tempo que
vestido de pelos do camelo e hum
dos sábios bem se tinha informa­
do. cinto dé couro ao redor de setis
lombos, e seu comer era gafanho­
17 Entaõ se cumprio 0 que foi
dito pelo Profeta Jeremias, que tos e mel, ^montesinho.
disse : 5 Entaõ. safiia a elle Jerusalém,
18 Huma voz se onvio emRbama e toda Judea e § toda a província
lamenteçaõ,,choro, e grande ge­ do redor do Jordaõ.
mido : chorava Rachel seus filhos, 6 E foraõ delle baptizados no
e naõ quiz ser consolada, porque Jordaõ, confessando seus peca­
jaf naõ saõ, dos. .
19 Porem morto Herodes, eis- 7 É vendo elle a muifos dos
queo Anjo do Senhor apareceo Phariseos, fe- dó# feáddncéos, que
em Egypto a Joseph em sonhos. vinhaõ a Sèu fcsfjifiisrtttf ditrfc-lheí:
80 Dizendo; Levanta-te, e to­ Raça de bibor a#, quem tos || en­
ma ao menino, e a sua mãi, e sinou a fugir dá ira qrre eStá parâ.
vai-te para a terra de Israel, que vir.
mortos saõ ja os que procuravaõ Dai pois frntos dignos dè
a I morte ao menino. conversão.
81 Entaõ se levantou elle, e to­ 9 E naõ presumais, dizendo
mou ao menino, e a sua mãi, e em vos mesmos -. A Abraham te­
veio-se para a terra de Israel. mos por Pai. Porque eu vos digo,
39 E ouviqdo que Archulao rei­ que até destas pedras pode Deus
nava em Judea, em lugar de Hero­ despertar filhos a Abraham.
des seu Pai, receou ir para lá; 10 E ja agora está também o
mas, amoestado por divina revel- machado posto à raiz das arvores;
açaõ em sonhos, foi-se para as assi que toda arvore que naõ da
partes de Galilea. bom fruto, cortase, e iançase na
23 E veio, e habitou em htima fogo.
cidade chamada Nazareth ; para 11 Quanto a mim, verdade he
que se cumprisse o que pelos Pro­ que eu vos baptizo com agua, para
fetas foi dito; que Nazareo se •* conversaõ; mas aquelle que a-
ha vis de chamar. pos mim vem,maispoderoso he que
eu, cujos ff tapaços naõ sou eu,
♦ Ou, indignouse em grande maneira, • Ou, convertei vos. + Ou, andava
e mdndou, e matou, a todosos, tec. Joao vestido. JOu, montes, ou, do matof
ou, bravo. § Ou, toda a terra. || Ou
+ Ou, perecerão. $ Ou, a alma, mnhtrou. < Ou, fanei. •• 0«. emenda.
ou, a vida do menino. ttOu alparcas.
4? O. S. EVANGELHO
digno levar. Este vos baptizara 8 Outra vez o levou o diabo
com Espirito Santo e com fogo. comsigo a hum monte muyalto.
12 Cuja pá tem ja em sua maõ, e monstrou-lhe todos os reynos do
e alimpará sua eira, e no celleiro mundo, e sua gloria delles.
recolherá seu trigo, e a palha quei­ 9 E disse-lhe: Tudo isto te
mará com fogo que nunca se apa­ darei, se postrado me adorares.
gue. 10 Entaõ lhe disse Jesus: Ar-
13 Entaõ veio Jesus de Galilea redate satanas. que escrito está ;
a Joaõ ao Jordaõ, para delle ser ao Senhor teu Deus adorarás,
baptizado. e a elles só servirás
14 Mas Joaõ lhe resistia muito, 11 Entaõ o deixou o diabo, e
dizendo : Eu hei mister ser bapti- eis-que vieraõ os Anjos, e o ser-
sado de ti, e vens tu a mim. viaõ.
15 Porem respondendo Jesus, 12 Mas ouvindo Jesus que Joaõ
disse-lhe: Deixa por agora por­ estava entregado, tornou se para
que assi nos convém cumprir toda Galilea.
justiça. Entaõ elle o deixou. 13 E deixando a Nazareth, veio
16 E sendo Jesus baptizado, e habitou em Capernaum, cidade
subio logo da agoa e eis-que os marítima, nos confins de Zabulon,
ceos se lhe abriraõ, e vio ao Es­ e Nephtali.
pirito de Deus, que descendia 14 Para que se cumprisse o
como pomba, e vinha sobre elle. quo foi dito pelo Profeta Isaias,
17'E eis huma voz dosceos, que que disse:
dizia ; Este he meu Filho meu 15 A terra de Zabulon, e a
amado, em quem me agrado. terra de Nephtali, junto ao ca­
minho do mar, da outra banda
CAPITULO IV. do Jordaõ, a Galilea das gentes. -
"UNtao foi Jesus levado do 16 O povo assentado em trevas
Espirito ao deserto, para do vio hum grande luv, eaos assen­
diabo ser atentado. tados em regiaõ sombra de morte,
2 E havendo jejuado quarenta a luz lhes apareceo.
dias e quarenta ■ noites; por der­ 17 Desde entaõ começou Jesus
radeiro teve fome. a pregar, e a dizer : Emmendai-
S E chegando-se a elle o atenta- vos, porque ja o reyno dos ceos
dor, disse: Se tu es Filho de Deu0, hc chegado.
dize que esta3 pedras sefaçaõpaês. 18 E andando Jesus junto ao
4Porem respondendoelle disse: mar de Galilea, vio a dous irmaõs
Escrito está ; Naõ com só o paõ a saber a Simaõ chamado Pedro,
vi virá o homem, mas com toda pa­ e a André seu irmaõ, que estavaõ
lavra que da boca de Deus sahe. lançando a rede ao Mar, porque
5 Entaõ o levou o diabo com- erao pescadores.
sigo á santra cidade; e o pas so­ 19 E disse-lhes; Vinde apos
bre o pináculo do templo. mim e farvos-hei pescadores de
GE disse-lhe : Se tu es Filho homens.
de Deus, lança-te abaixo, por­ 20 Entaõ elles deixando logo as
que escrio está, que elle te en­ redes, o seguiraõ.
comendará a seus Anjos, e gue 21 E passando dali, vio a ou­
nas màõs tc alçaraõ para que tros dous irmaõs, a saber a Jaco-
nunca com teú pé tropeces em bo fdho de Zebedeo, e a Joaõ
pedra alguma. seu irmaõ, em hum barco, com
7 Disse-lhe Jesus: Ainda está Zebedeo seu Pai, que estavaõ re­
scrito ; Naõ atentarás ao Senhor mendando suas redes, e chamou-
teu Deus. os.
• O-j, procede.
SEGUNDO S. MATTHEUS. CAP. V. 5
22 E elles logo deixando o bar­ 11 Bemaventuradas sois vos ou­
co, e a seu Pai, o seguiraõ. tros, quando vos os homens in­
23 E rodeou Jesus toda Gali- juriarem, e perseguirem, e de vos
lea, ensinando em suas synagogas, disserem todo mal, por minha,
e pregando o Evangelho do rey­ causa mentiudo.
no, e sarando toda enfermidade, 12 Gozai-vor e alegrai-ror que
e toda fraqueza no povo. grande he vosso galardaõ nos ceos.
24 E corria sua fama dahi por Porque assi perseguirão aos Pro­
toda a Syria, e traziaõ-lhe todos fetas que joraõ antes de vos
os que se achavaõ mal, alcança­ outros. '
dos de diversas enfermidades, e 13 Vos sois o sal da terra;
tormentos, e aos endemoninha­ pois sc o sal se esvaecer, com qua
dos, e alumados, e paralyticos, e se salgará t para nada mais presta,
sarava-os. senaô para se lançar fora, e dos
25 E seguiaõ-o muitas compan­ homens se pisar.
has de Galiiea, e d? Decapolis, 14 Vos sois a luz do mundo:
e de Jerusalem, e de Judea, e Naõ se pode esconder a cidade
dalem do Jordaõ. sobre o monte * fundada.
15 Nem se accende, a candea,
CAPITULO V. e se poem debaixo do alqueire,
"E1 VENDO Jesus as compan- mas no candreiro.e alumia a todo»
J-4 hasjsubio ao monte; e as- quantos em casa estaõ.
sentandose, chegaraõ-se a elle 16 Assi resplandeça vossa lutz
seus Discípulos. diante dós homens para que ve-
2 E abrindo sua boca, ensina- jaõ vossas boaa obras, e glorifi­
va-os, dizendo: que ma vosso Pai que esta no»
3 Bemaventurados saõ os po­ ceos.
bres de Espirito, porque delles he 17 Naõ cuideis que vim a de­
o reyno dos ceos. satar a ley, ou os Profetas:
4 Bemaventurados saõ os tris­ naõ vim a os desatar, sénaõ a os
tes, porqne elles seraõ conso­ cumprir.
lados. 16 Porque em verdade vos di­
5 Bemaventurados saõ os man­ go, qtte até que naõ passem o
sos, porque elles herdaraõ a ceo e a terra, nem hum jota,
terra. riem hum til se passará da ley,
6 Bemaventurados saõ os que que tudo naõ aconteça.
tem fome e sede da justiça, por­ l?De maneira que qualquer
que elles seraõ farró-s. que desatar hum déstes mais per-
7 Bemaventurados saõ os mi­ I quenoá mandamentos, e assi en-
sericordiosos, porque elles al- (sinar, aOS' homens, o mais pe-
cançaraõ misericórdia. I queno será chanfrado no reyno dos
8 Bemaventurados saõ: os lim­ itens. Porem qualquer que os
pos de coraçaõ, porque elles ve- • fizer e ensinar, esse será Chamá-
raõa Deus. ídtto grande no reyno dos ceos.
9 Bemaveufurados saõ os pa- 20 Por tanto vos digo, que sê
cifitos, porque elles seraõ cha­ ‘ vossa justiça naõ sobrepujar rt
mados filhos de Deus. •'dos Escribas e PhurisetíS, cW
10 Bemaventurados saõ os que nenhuma? maneira entrareis na
padecem perseguição por causa reyno dos eeos'.
da justiça, porque delles he o 21 Ouvistes qtie foi dito á 0
revno dos ceos. aiiti£od: Naõ matarás; mas qttól»
B2 • Ou, ftâtà.
6 O S. EVANGELHO.
quer que matar, será * reo de qualquer que deixar sua mulher
juízo. tora de causa de fornicaçaõ, faz
. 22 Parem eu vos (ligo, que que eila adultere, e qualquer que
qualquer que contra seu irmaõ com a deixada sc casar, adul­
sem razao se indignar, seiá reo tera.
de juízo. E qualquer que a seu 33 Outro si, ouvistes que foy
irmaõ disser Raca, será reo do dito dos Antigos: Naõ te perjura­
supremo conselho. E qualquer ras, mas pagaras a o Senhor teus
que lhe disser louco, sera reo do juramentos.
fogo do inferno. 34 Porem en vos digo, que em
23 Por tanto »e trouxeres teu maneira nenhumajureis, nem pe­
presente ao altar, e ali te lem­ lo ceo, porque he o throno de
brares que teu irmaõ tem alguma Deus.
cousa contra ti. 35 Nem pela terra, porque he
24 Deixa ali teu prese.nte di­ o *escabeilo de seus pes: nem por
ante do altar, e vai, reconcilia Jerusalem, porque he a cidade do
te premeiro com teu irmaõ, e graõ rey.
entaõ vem, e offerece teu pre­ 36 Nem por tua cabeça jura­
sente. ras, pois nem ainda hum cabello
25 -f Concordate asinha com podes fazer branco, ou preto.
teu adversário, entretanto que 37 Alas seja vosso fallar, si, si,
com elle estas no caminho, por­ naõ, naõ; porque o que disto
que naõ aconteça que o adver­ passa, def mal procede.
sário te entregue a o Juiz, e o 38 Ouvistes que foi dito: Oiho
Juiz te entregue a o ministro, e por olho, e dente por dente.
te lancem na prisaõ. 39 Mas eu vos digo, que naõ
26 Em verdade te digo que de resistais ao mal; antes a qual­
nenhuma maneira sahirasdali até quer que te der em tua face di­
naõ pagares o derradeiro ceitil. reita, vira lhe também a outra.
27 Ouvistes que foi dito dos 40 E aó que com tigo preitear
antigos: naõ adulteraras. quiser, e tua roupeta te tomar
28 Porem eu vos digo, que larga-lhe também a capa.
qualquer que atentar para alguma 41 E qualquer que te obrigará
rnulher, para a cobiçar, ja com caminhar huma legoa, vai com
ella adulterou em seu coraçaõ. elle duas legoas.
29 Por tanto se teu olho direito 42 Da a quem te pedir, e a
te escandalizar, arranca-o, lança- quem de ti quiser tomar empres-
o fora de ti; pois melhor te he lado, naõ te afastes.
que hum de teus membros se per­ 43 Ouvistes que foi dito; Ama­
ca, do que todo teu corpo seja ras a teu proximo, e aborreceras
lançado no inferno. a teu inimigo.
30 E se tua maõ direita te 44 Pois eu vos digo: Amai a
escandalizar, corta-a, e lança-a vossos inimigos, bendizei aos
fora de ti ; pois melhor te he que que vos maldizem, fazei bem a-
hum de’teus membros se perca, os que vos aborrecem, e rogai
do que todo teu corpo seja lan­ pelos que vos Imaltrataõ, e vos.
çado no inferno. perseguem.
31 Também foi dito : Qualquer 45 Para que sejais filhos de
que deixar sua mulher, de-lhe. vosso Pai que esta nos ceos: por­
carta de desquite. que faz que seu sol saya sobre
32 Porem eu vos digo, que • Ou, estrado, ou, banco,
* Ou, culpado. fOu, do malino,
■t Ou, recónciliate. jOu, Calumnio.
SEGUNDO S. MATTHEUS, CAP. V. 7
maos, e bons, e chove sobre jus­ que por seu muito fãllar haõ de
tos e injustos. ser ouvidos.
46 Porque se amardes aos que 3 Naõ vos façais pois semel­
vos amaõ, que garlardaõ havereis? hantes a elies, que vosso' Pai sabe
naõ fazem os publicanos também o que vos he necessário, antes que
e ntesmo ? vos lho peçais.
47 E se somente saudardes a 9 Vos outros pois orareis assi:
vossos irmaõs, que fazeis de roais? Pai nosso que estás nos ceos,
naõ fazem os publicanos também sanctificado seja o teu nome.
assi ? 10 Venha o teu rcyno. Seja
43 Sede pois vos outros perfei­ feita a tua vontade* assi na terra
tos, come vosso Pai, que está nos como no ceõ.
ceos, he perfeito. 110 paõ nosso de cada dia nes
de. hoje.
CAPITULO VI. 12 E perdoanos nossas dividas,
assi como nos perdoamos a os‘
A TENTAI que naõ façais vossa nossos devedores.
esmola perante os homens 13 E naõ nos metas-f em ten-
para que deJles sejais vistos: taçaõ, mas livranosj de mal: por­
doutra mapeira, naõ havereis ga­ que teu he o reyno, e a potericia,
lardaõ », acerca de vosso Pai que e a gloria, para todo sempre.
está nos ceos. . Amen.
2 Por tanto quando fizeres f 14 Porque se aos homens per­
esmola, naõ faças tocar trombeta doardes suas offensas, lambem
diante de ti, como fazem nas Sy- vosso Pai celestial vos perdoara
nagogas e nas ruas os hypocritas, a vos.
parados homens screin estimados: 15 Mas se aos homens naõ
Em verdade vos digo, que ja tem perdoardes suas offensas, taõ pouco
seu galardaõ. vos perdoa:á vosso Pai vossas
3 Mas quando tu fizeres esmola, offensas a vos.
naõ saiba tua iraõ esquerda o 16 E quando jejuardes, naõ
que faz a tua direita. vos mostreis tristonhos, como os
4 Para que tua esmola seja hypocritas, que desfiguraõ seus
em oculto, e teu Pay que vé em rostos, para aos homens parecerem
oculto, elle to rendera em pub­ que jejuaõ. Em verdade vos digo,
lico. que ja tem seu galardaõ.
5 E quando orares, naõ sejas 17 Porem tu, quando jejuares,
como os hypocritas, porque fol- unge tua cabeça e lava teu
gaõ de orarem pé nas synagogas, rosto.
e nos cantos das ruas, para dos 18 Para aos homens naõ pare­
homens serem vistos. Em ver­ ceres que jejuas, senaõ a teu Pai
dade vos digo, que ja tem seu que ve em oculto, elle to rendera
galardaõ. em publffo.
6 Mas tu, quando orares, entra 19 Nao vos ajunteis thesouros
em tua camara, e cerrando tua na terra aonde a traça e a fer­
porta, ora a teu Pai que está rugem tudo corrumpe, e aonde
em oculto, e teu Pai que vé em os ladroens minaõ e roubaõ.
oculto elle to rendera em publico. 20 Mas ajuntai-vos thesou­
7 E orando, naõ useis palavras ros no ceo, aonde a traça e a
vaâs como os gentio^, que cuidaõ • Ou, como no ceo, também na terra'
* Ou, Diante, ou, para com. f Ou, induzos.
1 Ou, ílzrrs. J Ou, do malino.
8 O S. EVANGELHO
ferrugem naõ corrumpe, e aonde dizendo: Que comeremos, ou que
os ladroens naõ minaõ nem rou- beberemos, ou com que nos vesti­
baõ. remos ?
21 Porque aonde vosso thesou- 32 Porque todas estas cousas
ro estiver, ali estara lambem vosso buscaõ os gentios: pois bem sabe
coraçaõ. vosso Pai cecestial, que de todas
22 A candéa do corpo he o estas cousas necessitais.
olho : Assi que se teu olho for 33 Mas buscai primeiro o reyno
sincero, todo teu corpo sera lu­ de Deus, e a sua justiça, e todas
minoso. estas cousas vos seraõ acrecen-
23 Porem se teu olho for mali tadas.
no, todo teu corpo sera tenebro­ 34 Naõ andeis pois solícitos
so. Assi que se a luz que em ti pelo da manhãa; porque a man­
ha, saõtrevas; quantas seraõ as hãa tera bom cuidado de * si
mesmas trevas ? mesma, Basta ao cada dia sua
24 Ninguém pode servir a dous affliçaõ.
senhores: pois ou ha de aborrecer
ao hum, e amar ao outro; ou se CAPITULO VII.
ha de chegar ao hum, e desprezar
ao outro: Naõ podeis servir a TVTAõ julgueis, para que naõ se-
Deus e a * mamon. j ais julgados.
25 Por tanto vos digo, naõ an­ 2 Porque com ojuizoque jul­
deis solícitos por vossa vida, que gardes, sereis julgados; e com a
haveis de comer, ou que haveis de medida que medirdes, vos torna*
beber, nem por vosso corpo, que raõ a medir.
haveis de vestir: Naõ he a vida 3 E porque atentas tu para o
inais que o mantimento, e o corpo areueiro que está no olho de teu
mais que o vestido? irmaõ, e a trave naõ enxergas que
26 Olhai para as aves do ceo, em teu olho está ?
que nem semeaõ, nem segaõ, nem 4 Ou como diras tu a teu ir­
ajuntaõ em celleiros e com tudo maõ : Deixame tirar de teu olho
vosso Pai celestial as alimenta.- o argueiro; e eis aquihuma trave
Naõ sois vos muito melhores que em teu olho.
ellas? 5 Hypocrita, tira primeiro a trave
27 Mas qual de vos outros po­ do teu olho, e entaõ atentarás em
derá com toda sua soiicitadaõ tirar o argueiro do olho de teu
acrecentar hum covado a sua esta­ irmaõ
tura ? 6 Nem deis as cousas santas
28 E pelo vestido, porque an­ a os caês, nem lanceis vossas
dais solicites? atentai para os pérolas diante dos porcos, para
lyrios do campo, como vaõ cre- que com seu» pe» as naõ venhaõ
cendo; Nem trabalhaõ, nemfiaõ. a pisar, e viraudo-se vos despe­
29 E vos digo, que nem ainda dacem.
Salamaõ, com toda sua gloria; foi 7 Pedi, e darvos-haõ; bus­
vestido como hum delles. cai, e achareis; batei, e abrirvos-
30 Pois, se Deus assi veste a haõ.
herva do campo, que hoje he, e â 8 Por que qualquer que pede,
manhãa se lança no forno; Naõ recebe: e qualquer que busca,
vos vestira muito mais a vos, apou­ acha; e a qualquer que bate, se
cados na fé. lhe abre.
31 Naõ andeis pois solícitos, 9 E qual de vos sera o homen^
* Ou, Riquosas. • Oo, dtseu.
SEGUNDO S. MATTHEUS, CAP. VIII. *9
que a seu filho dara huma pedra, mos lançado fora os dcmonios? e
pedindo lhe elle pam? em teu nome fizemos muitas vir­
10 E se lhe pedir peixe, lhe da­ tudes?
rá huma serpente? 23 É entaõ claramente lhes
11 Pois se vos, sendo maos, sa­ direi: Nunca vos conheci: apar-
beis dar boas dadivas a vossos tai vos de mim, * obradores de
filhos: quanto mais darà vosso maldade.
Pai, que está nos ceos, bens aos 24 Por tanto qualquer que me
que lhos pedirem ? ouve estas palavras e as guarda,
12 Por tanto tudo o que vos compara-lo-liei ao vataõ pruden­
quiserdes que os homens vos fa- te, que edificou sua casa sobre
çaõ, fazeilhos vos também da penha.
mesma maneira: porque esta he 25 E desceo a chuva, e vieraõ
a ley, e os Profetas. rios, e assopraraõ ventos, f e
13 Entrai pela porta estreita: combateraõ aquella casa, e naõ
porque a porta larga, eo caminho cahio, porque estava fundada sobre
espacioso he, o que leva á per­ penha.
dição : a muitos saõ os que por 26 Mas qualquer que me ouve
elle entraõ. estas palavras, e nao as guarda,
14 Porque êstreita he a porta, comparalohei a o varaõ parvo,
e apertado o caminho, que le­ que edificou sua casa sobre area.
va a vida: e poucas haõ que o 27 E deceo a chuva, e vieraõ
achem. rios, c assopraraõ ventos,' a com­
15 Porem guardai-vos dos fal­ bateraõ aquella casa, a cahio, e
sos Profetas, que vem a vos ou­ foi grande sua caida.
tros com vestidos de ovelhas, mas 28 E aconteceo que acabando
por dentro saõ lobos arrebatado­ Jesus estas palavras, se mara-
ras. vilhavaõ as companhas de sua
16 Por seus frutos os conhece­ doutrina.
reis. Por ventura colhem-se uvas 29 Porque os ensinava como
dos espinheiros, ou figos dos I quem tem autoridade, e naõ,
abrolhos ? como os escribas.
17 Assi toda boa arvore dá bons
frutos: mas a arvore* podre dà
maos frutos. CAPITULO VIII.
18 Naõ pode a boa arvore dar
maos fruitosnem a arvore podre IP DESCENDO do monte, se»
dar bons frutos. -*-J guiraõ-o muitas companhas.
19 Toda arvore que naõ dá 2 E eis-que veio hum leproso,
bom fruto, se corta, e se lança e o adorou, dizendo: Senhor, se
no fogo. quiseres, bem me podes alim­
20 Assi que por seus frutos os par.
conhecereis. 3 E estendendo Jesus a maõ,
21 Naõ qualquer que me diz, o tocou, dizendo: Quero, se
Senhor, senhor, entrará no reyno limpo: e logo sua lepra foi
dos ceos: mas aquelle que faz a limpa.
vontade de meu Pai que está nos 4 Entaõ lhe disse Jesus; Olha
ceos. que naõ o digas a ninguém: mas
22 Muitos me diraõ naquelle vai, mostrate ao Sacerdote, e
dia: Senhor, senhor, naõ have­
mos profetizado nos em teu no­ * Ou, tos queobraisperversidade,
me? e em teu nome naõ have- + Ou, c deraõ com ímpeto na quclla
casa ; c assim, no terso -7- /
• Ou, corrupta. í Ou, tendo autoridade, '■
to - OS. EVANGELHO
offerece o presente que Moyses 17 Pera que se cutnprisse o que
ordenou, paraque lhes* conste. estava dito pelo profeta Isaias,
5 E entrando Jesus em Caper- que disse: Elle tomou nossas en­
naum, veio a etle o centuriam, fermidades, é levou sobre si nossas
rogando-lhe, doenças.
6 E dizendo: Senhor, o meu 18 E vehdõ Jesus muitas com­
moço jaz em casa paralytico, panhas ao redor de si, mandou
gravemente atormentado. que passassem da outra banda.
7 E Jesus lhe disse: Eu virei, 19 E chegandose huin escriba
eo sararei. a elle, disse-lhe: Mestre, aonde
8 E respondendo o centuriaõ, quer que fores te seguirei.
disse: Senhor, naõ sou digno de- 20 E Jesus lhe disse : Asrapo-
que ent^s debaixo de meu tel­ sas tem covas, e as aves do ceo
hado; mas dize somente hua pa­ ninhos: mas o Filho do homen
lavra, e meu moço sarará. naõ tem aonde encoste a cabeça.
9 Porque também eu sou ho­ 21 E outro de seus discípulos
mem debaixo de potestade, dos lhe disse : Senhor, dame licença
outros, e tenho debaixode mim sol­ ue va primeiro enterrar a meto
dados, e digo a este, Vai, e vai; e ? 'ai.
a outro, vem, e vem; e a meu- 22 E Jesus lhe dfcse: Segueme
servo, Faze isto, e fa-lo. tu a mim, e deixa aos mortos en­
10 E ouvindo Jesus isto mara­ terrar seus mortos.
vilhou-se, e disse aos que o se- 23 E entrando elle no barco,
guiaõ: Em verdade vos digo, qu- seus discipulqs o seguiraõ.
nem’aindaem Israel achei tanta fé 24 E eis-qúe sê levantou htima
11 Mas eu vos digo, quemuitO' >aõ grande tormenta no mar, que
viraõ do f oriente, e do occidente, o barco se ctibria das ondas, «
e assentar-se-haõ, u mesano reync elle estava dormindo..
dos cecs cem Abraham, e lsaac, c 25 E chegando seus discípulos,
Jacob. o acordaraõ,dizendo: Senhor,sal-
12 E os filhos do reyno seraõ vanos, que nos perdemos !
lànçados nas trevas de fora: ali 26 E elle lhes disse: Porque
sera j o pranto, e o tremor de temeis, apoucados na fé ? Entaõ
dentes. levántandose, reprendeu aos ven­
13 Entaõ disse Jesus ao cen­ tos^ áo mar, e houve grande bo­
turiaõ: Vai, e assim como creste, nança.
te seja feito. E naquelle mesmo 2? E os homens se maravilha-
instante § foi seu moço saõ. raõ, dizendo: Quem he este ?
14 E vindo Jesus a casa de que até os ventos e o mar lhe obe­
Pedro, vio a sua sogra deitada, e decem !
com febre. 28 E como passou pela out­
15 E tocoulhe na maõ, e a fe­ ra banda, á Província dos Ger-
bre a deixou: e levantou-se, e gesenos, vieraõ lhe ao encontro'
servia-os. dous endemoninhados, que sahiaõ
16 E como ja foi tarde, trou- dos sepulcros, taõ ferozes, que
xeraõ-lhe muitos endemoninhados, ninguém podia passar por aquelle
e lançou-lhes fora os Espíritos caminho.
\ malinos com a palavra, e sarou 29 E eis-que clamaraõ, dizen­
todos os que mal se achavaõ. do: Que temos comtigo, Jesus
• Ou, sçja em testismunho* Filho de Deus ? vieste aqui a nos
f Ou, levante epoente. atormentar antes de tempo t
$ Ou, choro, e bater de dentes. 20 E estava huma grande mana­
§ Ou, ficou, ou, sarou seu mofo* da de porcos longe delles pascendo.
SEGUNDO S. MATTHEUS, CAP. IX. 41
81 E os diabos lhe togaraõ, di-> 0 E passando Jesus dali, vioa
tendo : Se nos lançares Tora, per- ‘ hum homem assentado na* alfan-
mitenos que entremos naquella dega, o qual se chamava Mattheus;
manada de porcos. e disse-lhe: Segueme. E levan­
33 Edisse-lhes: Ide; e sahindo tando-se elle, seguio-o.
elles, çntráraõ na manada dos 10 E aconteceo que estando Je­
porcos: e eis-que toda aquella sus assentado em casa de Mattheo
manada de porcos se precipitou a mesa, eis-que vieraõ muitos f
no mar, e morrerão nas aguas. publicanos e pecadores, e se as-
33 Entaõ os porqueiros fugir­ sentaraõ juntamente á mesa com
ão, e vindo á cidade, contaraõ Jesus, e seus discipulos.
todas estas cousas, e o que acon­ 11 E vendo isto os Phariseos,
tecera aos endemoninhados. disseraõ a seus discipulos: Por­
34 E eis-que toda aquella ci­ que cerne vosso Mestre com qs
dade sahio ap encontro a Jesus, publicanos, e pecadores.
e vendo-o, lhe rogaraõ que se re­ 12 E ouvindo Jesus aquillo lhes
tirasse de seus* termos. disse: Os que £ tem saude, naõ
necessitaõ de medico, senaõ os que
CAPITULO IX. estaõ doentes.
13 Mas ide, e aprendei, que
Ntaõ entrando no barco, pas­ cousa he: Mesiseirecordia quero, e
E sou da outra, banda, e veie naõ sacrificio. Porque eu naõ
a sua cidade. E eis-que lhevim a chamar ao juMos, senaõ a
trouxeraõ hum paralítico deitado os pecadores a quê se convertaõ.
em huma cama. 14 Entaõ vieraõ a elle os dis­
2 E vendo Jesus sua fé deites, cipulos de Joaõ, dizendo: Porque
disse ao paralytioo: * Tem bom nos e mais os Phariseos jejuamos
animo, filho, teus pecados te saõ muitas vezes, e teus discipulos naõ
perdoados. jejuaõ ?
3 E eis-que alguns dos escribas 15 E Jesus lhes disse: Porven­
diziaõ dentro de si mesmo; este tura podem os que estaõ de bodas
blasfema. andar tristonhos, em quanto o
4 Mas vendo Jesus seus pensa­ esposo com elles está? mas dias
mentos, disse: Porque pensais viraõ, quando o ospeso lhes for
mal em vossos corações. tirado, e entaõ jejuaraõ.
5 Qual he mais facil? dizer, 16 Também ninguém deita re­
Teus pecados te saõ perdoados? mendo de pano novo em vestido
ou dizer, Levantate, e anda ? velho: porque o tal remendo
6 Hora para que saibais que o § puxa de vestido, e faz-se peor
Filho do homen tem autoridade na rotura.
terra para perdoar os pecados, 17 Nem deitaõ a vinho novo
(disse entaõ ao paralytico) Le- em odres velhos, doutra maneira
vanta-te, toma tua eama, e vaite os odres se rompem, e o vinho se
para tua casa. derrama, e os odres se perdem:
7 Entaõ levantou-se, e foi-se mas deitaõ o vinho novo em od­
pera sua casa. res novos, e ambos juntamente
8 E vendo as companhas isto se eonservaõ.
se maravilharaõ, a glorificaras a 18 E dizendo elles estas cousas,
Deus, que tal | authioridade tivesse eis-que veio hum principal, e ado-
dado aos homens. • Oa, lugar, das rendas, Ou, dos
• Ou, confins, públicos tributos,
t Ou, tem cQttfiartça ; ou, confia, t Ou, siseros, ou, rendeiros,
4 Ou, í Ou, estão save, $ 0«, tira.
12 O S. EVANGEEHO
rou-o, dizendo: Minha filha fale- fora, falhou o mudo: e as com­
ceo ainda agora : mas vem, e po- panhas se .naravilharaõ, dizendo:
eni tua maõ sobre ella, e viverá. Nunca tal se vio em Israel.
19 E levantando-se Jesus, o se- 34 Mas os Phariseos diziaõ:
giiio, e mais seus discípulos. Pelo príncipe dos demonios lança
20Eeis-que humamulher enfer­ fora a os demonios.
ma, de hum fluxo de sangue doze 35 E Jesus rodéava por todas
annos havia tido, veio por detrás, as cidades e aldeas, ensinando
e tocou a borda de seu vestido. em suas synagogas, e pregando o
21 Porque dizia entre si: Se eu Euangelho do reyno, e sarando
taõ somente tocar seu vestido, fi­ toda enfermidade, e todo mal entre
carei sãa. o povo.
22 Entaõ virandose Jesus, 36 E vendo as companhas, mo-
vendo a, disse. Tem bom animo, veo-se a intima compaixaõ delias,
filha, tua fé tc salvou, E desdo porque andavaõ desgarradas, e
mesmo instante ficou a mulher espalhadas, como ovelhas que naõ
sãa. tem pastor.
23 E vindo Jesus a casa,.daquelle 37 E disse a seus discípulos:
principal, e vendo os tahgedores grande he em verdade a * sega,
das flautas, e a companha que fa­ porem saõ poucos os obreiros.
zia grande alvoroço. 38 Por tanto rogai a o senhor
21 Disse-lhes : Afastai-vos,por­ da sega,, que empui» obreiros á
que a moça naõ está morta mas sua sega.
dorme. E zonibavaõ delle.
25 E como a companha foi CAPITÚLO X,
lançada fora, entrou, e pegou- ■pNtao chamando a si a seus
lhe pela maõ, e a moça se levan­ doze discípulos, deul hes po­
tou. der sobre os espíritos immundos,
26 E correo esta fama por toda para os lançarem fora, e sararem
aquella terra. toda fraqueza.
27 E passando Jesus dali, segui- 2 Hora os nomes dos doze
raõ-o dous cegos; bradando, e di­ Apostolos saõ estes: o primeiro,
zendo : Tem compaixaõ de nos, Simaõ, chamado Pedro, e André
filho de David. seuirmaõ: Jacobo o filho do Ze-
28 E como veio a casa, vieraõ bedo, e Joaõ seu irmaõ,
os cegos a elle. E disse-lhes Je­ 3 Philippe, Bartholomeu, Tho-
sus: Credes vos que posso fazer me, e Mattheus, opublicano: Ja­
isto ? elles lhe dtsseraõ : Si Se­ cobo o filho de Alpheo, e Lebeo,
nhor. por sobrenome o Thadeo.
29 Entaõ lhes tocou os olhos, 4 Simaõ Cauaneo, e Judas
dizendo, conforme a vossa fé se Iscariota, que também o entre­
vos faça. gou.
30 E os olhos se lhes abriraõ. 5 A estes doze enviou Jesus, e
E Jesus defendia-lhes rigurosa- lhes mandou, dizendo : Pelo ca­
mente, dizendo: Olhai que a naõ minho das gentes naõ ireis, nem
saiba ninguém. em cidade algua de Samaritanos
31 Mas sahidoselles, divulgaraõ entrareis.
sua fama por toda aquella terra. 6 Mas ide antes ás ovelhas per­
32 E em elles sahindo, eis-que
lbe trouxeraõ hum homem mudo, didas dacasad’Israél.
e endemoninhado. , 7 E indo, pregai, dizendo-:
33 E como o diabo fui lançado Chegado he o reyno dos ceos,
* Ou, seara.
SEGUNDO S. MATTIIEUS, CAP. X. 13
8 Sarais os enfermos alimpai fallais, mas o Espiiito de nosso
aos leprosos, resuscitai aos mor­ Pai, que em vos falia..
tos, lançai fora aos Demonios : 11 Ora o irmaõ entregará a
de graça o recebestes, dai-o de morte ao irmaõ, e o pai ao filho:
graça. e os filhos se levantarão contra os
9 Naõ possuais ouro, nem pra­ pais, e os * faraõ morrer.
ta, nem * dinheiro em vossas cin­ 22 E de todos sereis aborreci­
tas. dos por causa de meu-nome: mas
10 Nem alforges para o camin­ aquelle que perseverar até o fim,
ho, nem dous vestidos, nem esse será salvo.
t çapatos, nem bordám, porque 23 Mas quando vos persegui­
digno he o obreiro de seu ali­ rem nesta cidade, fogi pafa a
mento. outra: porque em verdade vos
11 E em qualquer cidade, ou digo, que naõ acabareis de corre*
aldea, que entrardes, informai-vos pelas cidades de Israel, que naõ
dé quem nella seja digno, e pousai venha o Filho do homem.
alli até que sayais. 24 O discípulo naõ he mais que
12 E quando entar des em algua seu mestre, nem o servo mais que
casa, saudai a seu senhor.
13 E se a casa for digna, venha 25 Baste-'he aó discípulo ser-
sobre ella vossa paz: porem se como seu mestre, e ao servo co­
digna naõ for, torne-se vossa paz mo seu senhor: se até ao mesmo
a vos outros. pai da familia chamaraõ beel-
14 E qualquer que vos naõ re­ zebul, quanto mais a seus domés­
ceber, nem vossas palavras ouvir, ticos ?
sahindo, daquella casa, ou cidade, 26 Assi que naõ os temais :
sacudi o pó dos voseos pés. porque nadar ha encuberto, que
.15 Em verdade vos digo, que se naõ haja de descubrir: e nada
mai tolerável será aos da terra de oculto, que se naõ haja de saber.
Sodoma e Gomorrha no dia do 27 O que vos digo' em trevas,
juízo, de que aquella cidade. dizei-o em luz: e o que ouvirdes
16 Vede eu vos envio como a ao ouvido, prégai-o dos telhados.
ovelhas no meyo dos lobos : por 28 E naõ temais aos que ma-
tanto séde prudentes como ser­ taõ o corpo, mas naõ podem ma­
pentes, e simplices como pom tar a alma: temei antes aquelle
bas. que pode destruir a alma e o cor­
17 E guardai-vos dos homens: po no inferno.
porque vos entregaiáõ em Conci­ 29 Naõ se vendem dous passa­
lies, e vos açoutaráõ em suas rinhos por hum ceitil? e nem-
Synagogas. hum delles cahirá em terra sem
18 E até ante presidente sereis vosso Pai.
levados por causa de mim, para 30 E até vossos cabellos da
que a elles, e aos gentios lhes cabeça todos também estaõ con­
seja em testimunho. tados.
19 Mas quando vos entrega­ 31 Naõ temais pois; mais va­
rem, naõ andeis solicites de como, leis vos que muitos passarinhos.
ou quefallareis : porque naquelle 32 Por tanto qualquer que me
mesmo instante vos será dado o confessar diante aos homens, tam­
que haveis de fall-ar. bém eu o confessarei diante d»-
20 Porque naõ sois vos quo se meu Pai que está nos ceos.
33 E- qualquer que nre néflaf
• d i nhtiro de cobre»
t Ou, alpareea»
C
14 O S. EVANGELHO.
diante dos homens também, eu o lhes : Ide, * fazei saber a Joaõ
negarei diante de meu Pai que as cousas que ouvis, e vedes:
está nos ceos. 5 Os cegos vem, e os mancos
54 Naõ cuideis que vim a meter andaõ: os leprosos saõ limpos,
paz na terra, naõ vim a mjter e os surdos ouvem: os mortossaõ
paz, senaõ cutelo. resuscitados, e aos pobres f he
35 Porque eu vim a fazer dis­ anunciada a alegre nova:
sensão do homen contra seu pai, 6 E bemaventurado he aquelle
e da filha contra sua mãi, e da, que em mim se naõ escandalizar.
nora contra sua sogra. 7 E idos elles, começou -Jesu»
36 -E reraõ ós inimigos do a dizer de Joaõ às companhas:
hpmem, os que saõ seus domes- Que sahistes a ver ao deserto i
tpos. alguã cana que se abala com o
37 Quem ama pai, ou mãi, vento?
mais que a mim, naõ he digno de 8 Ou que sahistes a ver ? hum
mim; e quem ama filho, ou filha, homem cuberto com vestidos
mais que a mim, naõ he digno de brandos ? vede os que trazem
mim. vestidos brandos, nas casas dos
38 E quem naõ tomar sua cruz, reys estaõ.
e.seguir apos mim, naõ he digno 9 Ou que sahistes a ver? Pro­
de mim. feta? também vos digo, e mais
39 Quem achar sua alma per- que profeta.
dc-la4ia; e quem perder suaalma, 10 Porque este he aquelle, de
por causa de mim, .acha-la-ha. quem está escrito: Eis-que diante
40 Quem a vos vos recebe, a de tua face envio a meu Anjo,
mim me recebe; e quem a mim que aparelhará teu caminho diante
me recebe, recebe áquelle que de mim.
me enviou. 11 Em verdade vos digo, que
41 Quem recebe profeta em dentre os que de mulheres saõ
nome de profeta, galardaõ de nacidos, outro se naõ levantou
profeta receberá; e quem recebe mayor que Joaõ o Baptista:
justo em nome de justo, galardaõ mas aquelle que no reyno dos
de justo receberá. ceos he o menor, mayor he que
42 E qualquer que somente der elle.
hum copo de agpa fria a hum 12 E des dos dias de Joaõ o
destes pequininos em nome de dis­ Baptista até agora se faz força a-
cípulo, em verdade vos digo que, o reyno dos ceos, e os valentes o
naõ perderá seu galordaõ. arrebataõ.
13 Porque todos os profetas,
CAPITULO XI. e mais a ley, até Joaõ profetizá-
raõ.
TJ* SUCCEDEO que acabando 14 E se o quereis receber, elle
Jesus de dar mandamentoB a he Elias que havia de vir.
seus doze discípulos, se foi dalli a 15 Quem tem ouvidos para
ensinar e a prégarem suas cidades ouvir, ouça.
delles. 16 Mas com quem compararei
2 Eouvindo Joaõ na prisaõ as esta geraçaõ ? semelhante he a-
obras de Christo, mandou-lhe dous os rapazes que se assentaõ nas
de seus discípulos. parças, e daõ gritos a seus com­
3 Dizendo: Es tu aquelle panheiros. '
que havia de vir, ou esperamos á 17 E dizem: Tangemos-vôs
outro ? ♦ Ou, denunciai.
4 E respondendo Jesus, disse- t Ou, anuncia q Evangelho.

í
SEGUNDO S. MATTHEUS, CAP. XII. 15
com gaita, e naõ balhastes : can­ a quem o Filho o quiser reve­
tamos-vos lanrentaçoens, e naõ lar.
pranteastes. «» 28 Vinde a mim todos os que
18 Porque veio Joaõ, nem estais cansados, e carregados, e
cómêndò, nem bebendo, e dizem: eu vos farei descansar.
Démonio tem. 29 Levai sobre vos meu jugo,
19 Veio o Filho do homem, e aprendei de mim, que sou man­
comendo, e bebendo, e dizem: so e humilde de coroçaõ, e a-
Vedes aqui hum homem comi­ chareis descanso para vossas al­
lão, * e bebarraõ, amigo de mas.
publicanos e pecadores; mas a 30 Porque o meu jugo he bran-
sabedoria he justificada de seus do, e leve a minha carga.
filhos.
20 Entaõ começou elle a dei­ CAPITULO XII.
tar em ros*o às cidades em que
muitas de suas maravilhas se fize- "l^AQUELLE tempo hia Jesus
ráõ, que naõ se tinhaõ emmen- . -L ' por huns * paens em saba­
dado. do: e seus discip.ulos haviaõ foiíie
21 Ay de ti Chorazin, ay de e começaraõ a arrancar espigas, e
ti Bethsaida: porque se em Tyrc a comer.
e em Sidon foraõ feitas as mara 2 E vendo isto os Phariseos,
vilhas, que em vos se fizéraõ disseraõ-llie : Vedeahi teirs discí­
muito ha que se houveraõ arrepen­ pulos fazem o que naõ he licito
dido com cinza. fazer em sabado.
22 Por tanto eu vos digo, que 3 E elle lhes disse: Naõ ten­
mais tolerável será para Tyro e des lido o que fez David tendo
Sidon, no dia do juizo, que para fome, elle e os que com elle
vos outras. estavaõ ?
23 E tu Capernaum, que até 4 Como entrou na casa de De-
os ceos estás levantada, até os os, e comeo os paens da propo­
infernos serás abaixada: porque sição, que a elle lhe naõ era li­
se nos de Sodoma foraõ feitas cito comer, nem aos que com
as- maravilhas que em ti se fizé- elle estavaõ senaõ só aos sacer­
raô, até o dia de hoje houveraõ dotes?
permanecido. 5 Ou naõ tendes lido na ley,
24 Por tanto eu vos digo, que como nos sabados, no templo,
mais tolerável será para os de profanaõ os sacerdotes o sabado,
Sodoma, no dia de juizo, que e ficaõ sem culpa?
para ti. 6 Pois eu vos digo, que mayor
25 Naquelle tempo, respon­ que o templo está aqui.
dendo Jesus, disse: Graças te 7 Mas se vos soubéreis quecou-
dou, Pai, Senhor do ceo e da sa he, Misericórdia quero, e naõ
terra, que escondeste estas cousas sacrifício; vos naõ condenaríeis
aos sábios e ontendidos: e as re­ aos innocentes.
velaste aos meninos. 8 Porque até do sabado he 0
26 Assi he, Pai, porque assi te Filho do homem Senhor.
agradou em teus olhos. 9 E partindo-se dalli, veio a
27 Todas as cousqj me estáõ sua synagoga delles.
entregues de meu Pai; e nin 10 E eis que havia alli hum ho­
guem conheceo ao Filho, senaõ mem que tinha huã maõ seca ;
o Pai; nem ninguém conheceo perguntaraõ-lhe, dizendo: He
ao Pai, senaõ o Filho, e mais
• Ou, bebedor de vinha. * Ou, semcarfoi»
16 O S. EVANGELHO
licito * curar em sabado ? para o riseos isto, diziaõ: Este naõ
acusarem. lança fora os Demonios, senaó
II E elle lhes disse: Que ho­ por Baelzebul, príncipe dos De­
mem de vos outros haverá, que monios.
tenha huma ovelha, ese cahir em 25 E como Jesus sabia seus
liuma cava em sabado, naõ lance pensamentos delles, disse-lhes:
maõ delia, e a levante? Todo reyno contra si mesmo di­
. 12 Poi quanto mais vai hum viso, se assola: e toda cidade,
homem, que huma ovelha? assi ou casa, divisa contra si mesma,
que licito he fazer bem em sa- naõ permanecerá.
bados. 26 E se satanás lança fora a
13 Entaõ disse áquelle hc- satanás, contra si mesmo está di­
jnem: Estende tua maõ; e elle viso : como permanecerá logo seu
a estendeo, e foi-lhe restituída reyno 1
saam como a outra. 27 E se eu por Beelsebul lanço
14 Esahidosos Phariseos, con­ fora aos Demonios, porquem os
sultarão contra elle para o mata­ lançaõ logo vossos filhos ? por
rem. tanto elles seraõ vossos juizes.
15 Mas sabendo-o Jesus, re- 28 Mas se eu pelo Espirito de
tirou-se dalli : è seguiraõ-o mu­ Deus lanço fura aos Demonios, em
itas companhas, e sarava-os a verdade que chegado he a vos ou­
todos. tros o reyno de Deus.
16 E defendia-lhes f rigu 29 Porque como pode alguém
rosamente, que o naõ descobris­ entrar em casa do valente, e sa­
sem. quear seu fato, se primeiro naõ
17 Paraque se cumprisse o que prendar, ao valente: e entaõ sa­
estava dito pelo Profeta Esaias, queai á sua casa.
qúe disse : 30 Quem comigo naõ he, he
18 Vede aqui roeu servo a contra mim: e quem comigo naõ
quem escolhi, meu amalo em apanha, espalha.
quem minha alma se agrada : 3,1 Por tanto eu vos digo: Todo
sobre elle porei meu Espirito, e peccado e blasfémia se perdoará
ás gentes anunciará Juizo. aos homens, mas a blasfémia
39 Naõ contenderá, nem vo­ contra o Espirito naõ se perdoará
zeará: nem ninguém sua voz aos homens.
pelas ruas ouvirá. 32 E qualqueT que fallar contra
20 A cana trilhada naõ que­ o Filho ao homem, lhe será per­
brantará, e o pavio que fumea doado : mas qualquer que fallar
naõ apagará, alé J que ao Juizo contra o Espirito Santo, naõ lhe
tire em vitoria. será perdoado, nem neste século,
21 E em seu nome esperaraõ nem no * vindouro.
as gentes. 33 Ou fazei a arvore boa, e
22 Entaõ lhe trouxeraõ hum seu fruto bom; ou fazei arvore
endemoninhado, cego, e mudo: podre, e seu fruto podre f por­
e de tal maniera o sárou, que o que pelo fruto se conhece a ar­
cego e mudo fallava e via. vore.
23 E todas as companhas ésta- 34 Raça dé biboras, como po­
vaõ fora de si, e diziaè : Naõ deis vos fallar bem, sendo maõ,
he esteaquelle Filho deÚavid? porque dá abundancia do coracaõ
24 Mas havendo ouvido os Pha- falia a boca.
35 O bom homem tira boas
* Ou, sarar.
t Ou, estreitamente. • Qs./átaro.
Í Ou, alimpo tire a o Juizv.
SEGUNDO S. MATTHEUS, CAP. XIII. 1?
cousas do bom thesouro de seu 46 E estando elle ainda fat­
coraçaõ, e o mao homem do mao iando ás companhas, eis-que es-
tHesouro tira maas cousas. tavaõ sua mãi e m^is seus irmaõs
36 Mas eu vos digo, que de fora, que lhe queriaõ íallar.
toda palavra vaã que os homens 47 E Disse-lhe hum : Ves alli
faltarem, delia daráõ conta no dia estaõ fora lua mãi, e mais teus
do jtlizo. irmaõs, que te querem fallar.
37 Porque por tuas palavras 48 E respondendo elle ao qdé
serás justificado, e por tuas pa­ isto lhe dizia, disse: Quem he
lavras serás condenado. minha mãi? e quem saõ meus
38 Entaõ-respondéraõ huns dos irmaõs?
Escribas e dos Phariseos, dizendo: 49 E Estendendo sua maõ pa­
Mestre, quiséramos ver de ti al­ ra seus discípulos, disse: Vedes
gum sinal. aqui minha mãi, e mais meus
39 E elle responden, e disse- irmaõs.
lhes: A má geraçaõ e adulterina 50 Porque todo aquelle que fi­
pede sinal: mas sinal se-lhe naõ zer a vootade de meu Pai que está
dará, senaõ o sinal de Jonas o nos ceos, esse he meu irmaõ, e
Profeta. irmaã, e mãi.
40 Porque assi como Jonas
esteve tres dias e tres noites no CAPITULO XIII.
▼entre da balear assí estará tam­
bém o Filho do homem tres P SAHINDO Jesus de casa a-
dias e tres noites no coraçaõ da quelle dia, assentou-se junto
terra. ao mar;
41 Os de Ninive se levantaráõ 2 E chegaraõ-se a elle tantas
em juizo com esta geraçaõ, e a companhas, que entrando em hum
condenaraõ: porque com a barco, se assentou nelle; e toda a
pregaçaõ de Jonas se arrepen­ companha estava na praya.
derão, e eis-que mais que Jonas 3 E fallou lhes muitas cousas
está aqui. por * parabolas, dizendo : Eis-que
4? A rainha do austro se le­ o semeador sahio a semear.
vantará em juizo com esta ge 4 E semeando elle, cahio huma
raçaõ, e a condenará: porque parte da semente junto ao ca­
veio dos fins da terra a ouvira minho, e vieraõ as aves, e comé-
sabedoria de Salamaõ: e eis- raõ-a.
que mais que Salamaõ', está 5 E outra parte cahio em
aqui. pedregaes lugares aonde naõ
43 Quando o espirito immun- tinha muita terra, e logo naceo,
do se tem sahido do homem, anda e naõ f tinha terra pro-
por lugares secos buscando repou­
so: e naõ o acha. n 6 Mas em sahindo o sol, quei­
44 Entaõ diz : Tornarme-hei mou-se ; e porque naõ tinha raiz,
a minha casa donde sahi. E secou-se.
quando vem, acha-a zdesocupada, 7 E outra parte cahio em es­
barrida, e adornada. pinhos, e os espinhos crecéraõ;
45 Entaõ vai, e toma comsigo e afogáraõ-a.
outros sete espíritos peores que 8 E outra parte cahio em boa
elle; eentrados, moraõ a’li: e saõ terra, e deu fruto, hum de até
as cousas derradeiras do tal ho­ cento, outro de até sessenta, e
mem peores que as primeiras outro de até trinta.
Assi acontecerá também aestamá • Ou, iemelhan^att90mp<lTfiçocn^
geraçaõ. t Ou, ha
6 3
M O S. EVÁNGELttO
‘ § Quem tem ouvidos pera ou­ 21 Mas naõ tem raiz ern si/
vir, ouça. antes he temporal: que vinda a
10 Eutaõ chegando-se os dis­ afflicaõ, ou a preseguiçaõ pela
cípulos, disseraõ lhe: Porque lhes palavra, logo seoffende.
falias por parabolas ? 22 E o que foi semeado em
11 E respondendo elle, disse- espinhos, este he o que ouve a
lhes : Porque a vos he concedido palavra, mas o cuidado deste
saber os" mysterios do reyno dos mundo, e o engano das riquezas
ceos, mas a elles naõ lhes he con­ afogaõ a palavra, e * faz-se sem
cedido. fruto.
12 Porque a qualquer que tem, 23 Mas a que foi semeado em
ser 1 he ha dado, e terá mai s: mas boa rerra, este he o que ouve e
ao que naõ tem, até aquiilo-que entende a palavra, è o que dá
tem lhe será tirado. fruto; e dá de hum, cento; e
13 Por isso lhes fallo eu por de outro, sessenta: e de outro,
parabolas: Porque vendo, naõ trinta.
vem; eouvindo, naõ ouvem, nem 24 Outra parabola lhes porpós,
entendem. dizendo ■ O reyno dos ceos he se­
14 E nelles se cumpre a profe melhante ao homem que semea
cia de Esaias, que diz: De ouvi­ boa semente em seu campo.
do ouvireis, e naõ entendereis: e 25 Mas durmindo os homens,
vendo, vereis, e naõ * enxerga­ veio seu inimigo, e semeou ziza-
reis. nia entre o trigo, e rfoi-se. x
15 Porque o coraçaõ deste povo 26 E como a herva sahib, e deu
está engrossado, e ouvem pesada- fruto, entaõ apareceo também a
inente dos ouvidos, e tosquenejaõ zizania.
dos olhos: para que naõ vejaõ dos 27 E chegando-se os servos do
olhos, e ouçaõ dos ouvidos, e en- pai de familia, disseraõ-lhe: Sen­
tendaõ do coraçaõ, e se convertaõ, hor, naõ semeaste tu boa semente
• eu os sáre. no teu campo ? donde lhe vem
16 Masbemaventurados vossos logo a zizania ?
olhos, porque vém ; e vossos ou­ 28 E elle lhes disse: O homem
vidos, porque ouvem. inimigo fez isto: e os servos lhe
17 Porque em verdade vos di­ disseraõ: Queres logo que vamos,
go, qui muitos profetas e jfstos e a colhamos?
desejáraõ de ver o que vos vedes, 29 E elle lhes disse: Naõ;
e naõ o viraõ; e ouvir o que vos porque colhendo a zizania naõ
ouvis, e naõ o ouviraõ. aranqueis também juntaniente
18 Ouvi pois vos outros a para- com ella o trigo,
hola do semeador. 30 Deixai juntamente crecer o
19 Ouvindo alguém a palavra hum e o outro, até á sega; é ao
do reyno, e naõ a entendendo, tempo da sega direi aos segadores:
vem o maliuo, e arrebata o que Colhei primeiro a zizania, e atai-a
em seu coracaõ foi semeado: este em molhos, para a queimar: mas
he o que foi semeado junto ao o trigo recólhei-o no meu celleiro.
caminho. 31 Outra parabola lhe propôs,
20 E o que foi semeado em dizendo : O reyno dos ceos he
pedregaes, este he o que ouve a semelhante ao graõ da mostarda,
palavra, e logo a recebe com que tomando o alguém, e semeou
gozo. no ssu campo.

• Ou, atentareis. » Os, fit*.


SEGUNDO S. MATTHEUS, CAP. XIII. 19
32 O qual, em verdade, he o 44 * Item: semelhante he o
menor de todas as sementes: mas reyno dos ceos ao thesouro es­
em crecendo, he omayorde todas condido em hum campo, que
as ortaliças: e faz-se [tamanha] achando-o homem, o encobre;
arvore, que vem as aves do ceo, e e do gozo delle, vai, e vende tu­
fazem ninhos nas suas ramas. do quanto tem, e compra aquelle
33 Outra parabola lhes disse: campo.
Semelhante he o reyno dos ceos a 45 Item : semelhante he o rey­
o tormento, que tomando-o a mul­ no dos ceos ao homem tratante,
her, o esconde em tres medidas que busca boas pérolas.
de farinha, até que tudo esteja 46 Que achando huina pérola
levedádo. preciosa, fui, e vendeo tudo
34 Tudo isto fallou Jesus por quanto tinha, e comprou a.
paraholas ás companhas; e nada 47 Item, semelhante he o rey­
lhes fallou sem paraholas. no dos ceos á rede, que lançada
35 Paraque se cumprisse o que no már, colhe de todas as sortes
foi dito pelo Profeta, que disse: de peixes ]
Em paraholas abrirei minha boca; 48 E estando cheia [os pescado*
brotarei, cousas escondidas desda res] a puxaõ á praya; e assenta­
fundaçaõ do mundo. dos, recolhem o bom nos [jer/jJ
36 Entaõ, despedidas as com­ vasos, e o mao lançaraõ fora.
panhas, veio-se JesuS para casa: 49 Assi será no fim do século;
e chegaudo-se seus discípulos a sàhiráõos Anjos, e apartaráõ aos
elle disseraõ-lhe: Declara-nos a maos dentre os justos:
parabola da zizania do campo. 50 E deitalos-haõ no forno de
37 E respondendo elle, disse- fogo: alli será o choro, e o bater
lhes: O que semea a boa se de dentes.
mente, he o Filho do homem. 51 E disse-lhes Jesus: Enten­
38 E o campo he o mundo; e destes todas estas cousas ? Re­
a boa semente, estes saõ os filhos sponderão elles: Si, Senhor.
do reyno; e a zizania, estes saõ 52 E ellelhes disse: Por tanto
os filhos do malino. todo Escriba douto no reyno dos
39 E.o inimigo, que a semeou, ceos, he semelhante a hum pai
he o diabo ; ea sega, he o fim do de familia, que de seu thesouro
inundo; e os segadores, saõ os tira cousas novas e velhas.
Anjos. 53 E aconteceo que acabando
40 De maneira que assi como Jesus estas paraholas, se retirou
a zizania he colhida, e queima­ dalli.
da* afogo; assi serà no fim do 54 E vindo á sua patria, ensi­
mundo. nava-os em sua synagoga delles;
41 Mandará o Filho do homem de tal maneira que estavaõ fora
a seus Anjos, e colheràõ todos de si, e diziaõ: Donde lhe [vem]
osf estorvos de seu reyno, e aos a este esta sabedoria, e estas ma­
que obráõ iniquidade. ravilhas?
42 E deita-los-liaõ no forno do 55 Naõ he este o Filho do car-
fogo : alli serà o j choro, e o ba­ pieteiro? naõ se chama sua mãi
ter de dentes. Maria? e seus irmaõs Jacobo, e
4S Entaõ resplandecerão os Joses, e Simaõ, e Judas?
justos, como o sol, no reyno de 56 E naõ estaõ todas suas ir-
seu Pai: quem tem ouvidos para maãs comnosco ? donde lhe [vem]
ouvir, ouça. logo a este tudo isto?
57 E escandalizavaõ-se nelle.
* Ou, com. t Ou, cscanãalos.
t Ou, pranto. • O», outro si.
SO 0. S. EVANGELHO
MasJesuslhes disse: NaõhaPro- 13 E ouvindo [o] Jesus, re_ti-
feta sem honra, senaõ na sua rotise dalli, em hum barco, a hum
patria, e na sua casa. lugar deserto apartado; e ouvin­
58 E naõ tez alli muitas virtu­ do o as compahas, seguiraõ-o
des, por causa de sua increduli apé dás cidades:
dade delles. 14 E sabindo Jesus, vio buma
grande campanha, e moveo-se a
CAPITULO XIV. intima compaixaõ delles: e sarou
aos que delles havia enfermos.
IV AQUELLE tempo ouvio He- 15 E como já foi a tarde do
rodes, o * Tetrarcha, afama dia,- chegaraõ-se a elle seus discí­
de Jesus. pulos, dizendo: O lugar he de-
2 Disse a seus criados: Estehe seito, e o tempo he ja passado;
Joaõ Baptista; jà resutgio dos manda ás companhas que se vaõ
mortos, e por isso obraõj- estas pelas aldeas, e comprem para si
virtudes neile. de comer.
3 Porque Herodes prendéra a 16 E Jesus lhes disse: Naõ
Joaõ, e o havia liado, e posto na tem necessidade de se irem; dai-
prisaõ, por cansa de Herodias, lhes vos outros de comer.
mulher de seuirmaõ Phiiippe z
17 Eellesdisseraõ : Naõ tenros
4 Porque Joaõ lhe dizia: Naõ aqui mais que cinco paens, e dous
te he licito te-la. peixes.
5 E querendo-o ■ matar, temia 18 E elle lhes disse: Trazei-
se do povo, porque o tinhaõ como mos aqui.
a Píofeta. 19 E mandando ás companhap
6 E celebrandc-seo dia do naci- que se assentassem peia herva, e
mento de Herodes, dançou a filha tomando oscinco paens, e osdous
de Herodias nõ meyo [íZeZZer,] e peixes, e levantando os olbos ao
agradou a Herodes. ce.o, *benzeo-os; e partindo os
7 Porque prometeu com jura­ paens, deu-os aos discípulos, e os
mento de lhe dar tudo o que pe­ discípulos as companhas.
disse. 20 Ecomeraõ todos, e fartáraõ-
8 E ella, instruída primeiro de se. E levantáraõ do que sobojou
sua mãi, disse: Da-me aqui em dos pedaços, doze alcofas cheias.
hum prato a cabeça de Joaõ Bap­ STB os que comeraõ, foraõ
tista. quasi cinco mil varoens, afora as
9 Entaõ se entristiceo el Rey; mulheres e os mininos.
mas pelo juramento, e pelos que 22 E logo Jesus fez entràr no
[juntamenté] estavaõ á mesa, barco à seus discípulos, e que fos­
mandou que se [/Ae] désse. sem diante delle para a outra ban­
10 E mandou degolar a. Joaõ da, entre tanto que despedia as
na prisaõ. companhas.
11 E foi stia cabeça trazida em 28 E despedidas as companhas,
hum prato, e dada a moça; eella subio ao monte, apartado, a orar.
a apresentou a sua mãi. E como ja se tinha feito tarde,
12 Entaõ chegaraõ seus dis estava alli só.
cipulos, e tsmaraõ o corpo, e 24 Ejao barco estava no meyo
enterráraõ-o; e foraõ, e deraõ as do mar atormentado das ondas:
novas'a Jesus. porque o vento era contrario.
25 Mas á quarta vela da noite
• Ou, o Príncipe quaternário, ou, o foi Jesus aehes andando sobre c
qut possue a quarta parte de hum rey-
no, ou Província. tnar.
t Ou, maravilhas, milagres. ' • Ou, lemàisK.
SEGUNDO S. MATTHEUS, CAP. XV. 21
2s> E vendo-o os discípulos an- ido: Honra a teu pai, e a tua
dar sobre o mar, turbaraõ-se, di- :mãi item; Quem maldizer ao pai,
zendo: Phantasma he, e deraõ ou á mái, morra de morte.
gritos de medo. 5 Mas vos outros dizeis: Qual­
27 Mas Jesus lhes fallou logo, quer q què dirá ao pai, ou á mái
A co
dizendo:. *âfc Assegurai-vos, c i .■ sou,
eu cm• [Ae]
F oiferta, tudo o que de mim
naõ hajais medo. podeis aproveitar; e de ninhuma
28 Entaõ lhe respondeo Pedro, maneira honrará a seu pai, ou a
e disse: Senhor, se es tu, manda sua mãi [aquelle satisfaz.] •
que eu venha a ti sobre as agoas. 6 E [zrs.wOTj invahdasteso man­
29 E elle disse: Vem. E de­ damento de Deos por vossa tradi­
scendo Pedro do barco, andou so­ çaõ.
bre as agoas, pera vir a Jesus. 7 Hypocritas; bem p ofetizou
80 Mas vendo o vento forte, Esaiasde vos outros, dizendo:
houve medo: f e começandose a 8 Este povo com sua boca se
affundir, deu gritos, dizendo: achega a mim, e com seus beiços
Senhor, salvame. me honra: mas seu coraçaõ está
. 31 E estendendo Jesus logo a longe de mim.
maõ, pegou delle, e disse-lhe : $ 9 Mas em vaõ me honraõ, en­
O apoucado na fé, porque duvi­ sinando* por doutrinas os man­
daste? damentos dos homens.
32 E como entraraõ no barco, 10 E chamando as companhas
o vento se aquietou. a si, disse-lhes: Ouvi e entendei:
33 Entaõ vieraõos que estavaõ 11 Naõ he o que na boca en­
no barbo, e adoráraõ-o, dizendo : tra, o que ao homem contamina:
Verdadeiramente es Fdho de mas o que da boca sahe, isto con­
Deus. tamina ao homen.
34 E chegando á outra banda;; 12 Entaõ chegando-se seus dis­
vieraõ á terra_de Genezareth. cípulos, disseraõ-lhe: Sabes que
35 E como os varoens daquelle os Phariseos, ouvindo esta' pala­
lugar o conhecéraõ, mandaraÔ vra, Se escandalizaraõ?
por toda aquella terra ao redor, e 13 Mas respondendo elle, dis­
trouxeraõ-lhe todos os enfermos. se: Toda pranta que meu Pai ce­
36 Erogavaõ-lhe que someute- lestial naõ prantou, será desar­
tocassem a borda de seu vestido; raigada.
e todes os que a tocavaõ, ficavaõ 14 Deixai-os, guias saõ cegas
saõs. de cegos; e se o cego guiar ao
CAPITULO XV. cego, ambos cahiraõ na cava.
'pNTAõ se chegáraõ a Jesus 15 E respondendo Pedro, disse-
-*~4 [cer/ox] escribas e Phariseos lhe : Declaranos esta parabola ?
d6 Jerusalem, dizendo: 16 E Jesus disse: Até vos ou­
2 Porqíié teus discípulos tras- tros estais ainda sem entendi­
passaõ a tradiçaõ dos anciaõs ? mento?
pois se naõ lavaõ as maõs quando 17 Naõ entendeis ainda, que
comem pam. tudo o que entra na boca, vai a
3 E respondendo elle, disse- o ventre, e se lança na f necessá­
lhes : Porque vos outros traspas­ ria ?
sais também o mandamento de 18 Mas o que sahe da boca, do
Deus por vossa tradiçaõ ? mesmo coraçaõ sahe; e isto he o
4 Porque Deus mandou, dizen- que ao homem contamina.
• Ou, confiai, tende bom animo. ♦ Ou,
indo-se ja ao fundo. jOu, o fraco na • Ou, doutrina se mandamentos.
fe. t Ou, privada..
22. O. S. EVANGELHO
19 Porque do coraçaõ • sahem 31 De tal maneira que as com­
os maos pensamentos, mortes, panhas se maravilhavaõ, vendo
adultérios, fornicaçcens, furtos, fallar aos mudos, saõs aos aleija­
falsos testimunhos, maledicên­ dos, andar aos mancos, e ver aos
cias. cegos; e glorificavaõ ao Deos de
20 Estas cousas saõ as que ao Israel.
homem contaminaõ; mas comei 32 E chamando Jesus « seus
sem lavar aS maõs, naõ contami­ discípulos, disse: Tenho compai­
na ao homem. xão dá companha, que ja ha ires
21 E sahindo Jesus dalli, foi-se dias que persevéraõ comigo, e naõ
para as partes de Tyro, e de Si- tèm que comer: e manda-los em
don. jejum, naõ quero; porque naõ
22 Eeis-que humamulher Ca- desmaiem no caminho.
nanea, que tinha sahido daquelles 33 Entaõ seus discípulos lhe
termos, clamava, dizendc-lhe: disseraõ: Donde temos nos tan­
Senhor, Filho de David, tem tos paens no deserto, pera fartar-
misericórdia de mim, que minha nos tam grande companha?
filha está misejavelmente ator­ 34 E Jesus lhes disse: Quati-
mentada do demonio. 'os paens tendes? e elles disse­
23 Mas eile naõ lhe respondeo raõ ■. Sete, e mais huns poucos
palavra: chegando-se entaõ seus le peixezinhos.
discípulos, rogaraõ-lhe dizendo: 35 E mandou ás companhas
+ Deixa-a ir, que dá gtitos apos que se assentassem • pelocham.
nos outros. 36 E tomando os sete paens, e
24 E respondendo elle, disse: mais os peixes, e dando graças,
Naõ sou enviado senaõ ás ovel­ partio-os, e deu-os a seus discípu­
has perdidas da casa de Israel. los, e os discípulos á companha.
25 Entaõ veio elle, e ado­ 37 E comeraõ todos e fártaraõ-
rou-o, dizendo: Senhor, acude- se, e levantaraõ sete cestos cheias
me. dos pedaços que sobejaraõ.
26 E respondendo elle, disse: 38 É eraõ os que tinhaõ comi­
Naõ he bem tomar o paõ dos fil­ do, quatro mil varoens, afora as
hos, e lança-lo aos cachorrinhos. mulheres e os meninos.
27 E ella disse: Assim he, 39 Entaõ, despedidas as com­
Senhor: Porque os cachorrinhos panhas, subio n’hum barco, veio
comem das migalhas que cahem aos termos de Magdala.
da mesa de seus senhores. CAPITULO XVI.
28 Entaõ respondeo Jesus, e
disse: O mulher, grande he a tua P CHEGANDO-SE os Phari-
fé, faça-se comtigo como queres. L-' seos e os Sadduceos a elle, a
E ficou sua filha sãa des daquella tenta-lo, pediaõ-lhe que lhes mo­
mesma hora. strasse algum sinal do ceo.
29 E partido Jesus dalli, veio 2 Mas respondendo elle, dis­
junto ao mar de Galilea; e so- se-lhes : Quando he a tarde do
bindo a hum monte assentou-se dia, dizeis: Bom tempo; porquo
alli. vermelho está o ceo.
30 E chegaraõ-se a elle muitas 3 E pella manbaã: Hoje have­
companhas, que tinhaõ comsigo rá tempestade; porque o ceo se
mancos, cegos, mudos, aleijados, envermelhece triste. Hypocritas,
e outros muitos enfermos; e lan- sabeis fazer differencia na face
çaraõ-os aos pes de Jesus, e elle do ceo, e os sinais dos tempos naõ
os sarou. podeis differeiiciar ?
• Oa, procedem. tOu, detptd^a. [ ♦ Ou, em terra.
SEGUNDO S. MATTHEUS, CAP. XVÍ. 23
4 A geraçaõ má e adulterina revelou, senaõ meu Pai que está
pede sinal, porem sinal lhe naõ nos ceos.
será dado, senaõ o sinal de Jonas 18 Mas também eu te digo, que
o Propfeta. E deixando-os, foi- tu es Pedro, e sobre esta pedra
se. edificarei minha igreja; e as por­
5. E vindo seus discípulos á tas do inferno naõ prevaleceraõ
outra banda, haviaõ-se esquecido contra ella.
de tomar paõ. 19 E a tim te darei as chaves:
6 E Jesus lhes disse; Olhai, e do reyno dos ceos; e tudo o que
guardai-vos do fermento dcs Pha- atares ua terra, será atado nos
riseos,' e Sadduceos. ceos; e tudo que desatares lia
7 E elles pensavaõ entre si, terra, será desatada nos ceos.
dizendo: Isso he, porque naõ 20 Entaõ tolheo a seus discípu­
tomamos comnosco paõ ? los, que a ninguém dissessem que
8 E entendendo-o Jesus, dis­ elle era Jesus o Christo.
se-lhes: Que pensais entre vps, 21 Desd’entaõ começou Jesus
apoucados na te? que naõ toma­ a*declarar a seus discípulos, que
stes comvosco paõ? lhe convinha ir a Jerusalem, e
9 Naõ entendeis ainda, nem padecer muito dos ançiaõs, e dos
vos lembrais dos cinco paens en­ Principes dos Sacerdotes, e dos
tre cinco mil homens, quantos Escribas; e ser morto, e resurgir
cestos levantastes. ao terceirtf dia.
10 Nem dos sete paens, entre 22 E tomando-o Pedro á par­
quatro mil homens, e quantas te, começou-o a reprender, dizen­
alcofas erguestes. do: Senhor, tem compaixaõ de
11 Como naõ entendeis, que ti: por nenhum modo te acon­
naõ pelo paõ vos disse, que vos teça isto.
guardásseis do fermento dos Plia- 23 Entaõ virando-se elle, disse
riseos e Sadduceos ? a Pedro: Va-te atras de mim sa­
12 Entaõ entenderão que naõ tanás, que estorvo me es: porque
lhes dissera que se guardassem do naõf consideras as cousas que
fermento do paõ, senaõ da dou­ saõ de Deos, senaõ as que saõ dos
trina dos Phariseos e Saddu­ homens.
ceos. 24 Entaõ disse Jesus a seus
13 E vindo Jesus ás partes de discípulos: Se alguém quiser vir
Cesarea de Philippo, perguntou a após-mim, negue-se a si mesmo,
seus discípulos, dizendo: Quem e tome sobre si sua cruz, e si-
dizem os homens que eu, o Filho game.
do homem, sou ? 25 Porqúe qualquer que quizer
14 E elles disseraõ: Huns Joaõ salvar sua vida perde-la-na; e
Baptista, e outros Elias, e outros qualquer que por amor de mim
Jeremias, ou algum dos Profe­ perder sua vida, acha-la-ha.
tas. 26 Porque, que aproveita ao
15 E elle lhes disse: E vos ou­ homem, se grangear todo o mun­
tros, quem dizeis que eu sou ? do, e perder sua alma? ou que
16 E respondendo Simaõ Pe­ recompensa dará o homem por1
dro, disse: Tu es o Christo, o Fil- sua alma ?
\ ho do Deus vivente. 27 Porque o Filho do homem
17 Entaõ respondendo Jesus, virá na gloria de seu Pai, com seus
disse-lhe: Bemaventurado es tu, Anjos; e entaõ rendera a cada
Simaõ* filho de Jonas; porque hum conforme a suas obras.
nem a carne, nem o sangue to 28 Em verdade vos digo, que
• Ou, Bar Jonas. ’ Ou, mostrar. 1 O», salso,
24 O S. EVANGELHO
ha alguns dos que aqui estaõ, que primeiro, e restaurará todas às
naõ gostaraõ a morte, a‘é que naõ cousas.
hajaõ visto ao Filho do homem, 12 Mas digo-vos, que ja veyo
que vem em seu reyno. Elias, e naõ o conhecéraõ; antes
fizéraõ delle tudo o que quiséraõ.
CAPITULO XVII. Assim padecerá também delles o
Filho do homem.
"p1 DESPOIS de seis dias tomou 13 Entaõ entenderão os discí­
Jesus a Pedro,e a Jacobo, ea pulos, que lhes dizia isto de Joaõ
Joaõ seu irmaõ, e levou-os á par­ Baptista.
te, a hum monte alto. 14 E como chegáraõ a com­
2 E transfigurou-se diante del- panha, veio hum homem a elle,
lés; e resplandeceo seu rosto co­ pondo-se de juelhos, e dizendo :
mo o sol, e seus vestidos se fize- 15 Senhor, tem misericórdia de
raõ brancos como a luz. meu filho, que he aluado, e pa­
3 E eis-que lhes apareceraõ dece muito mal: Porque muitas
Moyses e Elias, fallando com vezes cahe no fogo; e muitos
elle, vezes na agoa.
4 E respondendo Pedro, disse 16 E apresentei-o a teus discí­
a Jesus: Senhor, bomhe que nos pulos, e naõ o puderaõ eárar.
estamos aqui; se queres, façamos 17 E respondendo Jesus,disse:
aqui tres cabanas, humaparati, e O geraçaõ infiel, e perversa! até
outra para Moyses, e outra para quando hei de estar comvosco?
Elias. até quando vos hei de sofrer?
5 E estando elle ainda fallan­ trazei-mo aqui.
do, eis-que huma nuvem* de luzf 18 E reprendeo-o Jesus,e sahio
os cobrio com sua sombra, e eis o demonio delle, e ficou o mopo
huma voz da nuvem que disse: saõ desd’ aquella hora.
Este he o meu amada Filho, em 19. Chegando-se entaõ os discí­
quem me agrado: a elle ouvi. pulos a Jesus, á parte, disseraõ:
6 E ouvindo os discípulos isto, Porque o naõ pudemos nos la.it-
cahiraõ sobre seus rostos, e teme­ çar fora ?
rão em grande maneira. 20 E Jesus lhes disse: Por
7 Entaõ chegando Jesus, tocou- vossa infidelidade: Porque em
os, e disse: Levantai-vos, e naõ verdade vos digo, que se tiverdes
temais. fé como hum graõ de mbstarda,
8 E levantando elles os olhos, direis a este monte: Passa-te
naõ viraõ a ninguém, senaõ só a daqui para acolá, e passar-se-ha;
Jesus., e nada vos será impossível.
9 E como descenderão do mon­ 21 Mas este genero naõ sabe,
te, mandou-lhes Jesus, dizendo: senaõ por oraçaõ e jejum.
Naõ digais a visaõ a ninguém, 22 E couversando elles em
até que o Filho do homem seja Galilea, disse-lhes Jesus: O
resuscitad^ dos mortos. Filho do homem seráentregue em
10 Entaõ lhe perguntaraõ seus maõs dos hòmens.
discípulos, dizendo: Porque di­ 23 E mata-lo-haõ, mas an ter­
zem logo os escribas, que he ne­ ceiro dia resuscitarà: e elles se
cessário que Elias venha pri­ éntristecéraõ em grande maneira.
meiro ? 24 E como chegáraõ á Caper-
11 E respondendo Jesus, dis­ naum, viéraõ a Pedro os que
se-lhes: Em verdade Elias virá cobravaõasdragmas, e disseraõ:
Naõ paga vosso Mestre as drag­
• Ou,
t O», Ihtsfov sombra, ou, asiombrou. mas?
SEGUNDO S. MATTHEUS, CAP. XVHL Í5
35 Eelle disse: Si. Eentran­ do que tendo duas maõs, ott dous
do em casa, Jesus lhe anticipou, pés, ser lançado no fogo eterno.
dizendo: Que te parece, Simaõ? 9 E se teu olho te escandali­
de quem cohraõ os reys da terra zar* tira-o, e lança-o de ti;
os tributos, ouo* censo? de seus que melhor te he entrar com hum
filhos, ou das alheios ? .olhe na vida, do que tendo dous
36 Pedro Jhe disse: Dos al­ olhos, ser lançado no fogo do
heios: disse-lhe Jesus: Logo li­ inferno.
vres saõ os filhos? 10 Olhai, naõ tenhais em pou­
27 Mas por que os naõ escan­ co a algum destes pequeninos;
dalizemos, Vai ao mar, e lança porque eu vos digo, que sem­
o enzol, é o primeiro peixe que pre seus anjos vem, nos ceos, a
vier, toma-o e abrindo-lhe a boca, face de meu Pai que está nos
acharás hum f estatero; toma-o, ceos.
e da-lho por mim e por ti. 11 Porque vindo he o Filho do
CAPITULO XVIII. homem a salvar o que se tinha
perdido.
■KJAQUELLA mesma hora se 12 Que vos parece? se algum
chegáraõ os discípulos a Je­ homem tivesse cem ovelhas, e se
sus, dizendo: Quem he porem o desviasse huma delias, naõ iria
mayor no reyno dos ceos ? pelos montes, deixando as no­
2 E chamando Jesus a hum venta e nove, em busca da que
menino pó-lo no meyo delles: se tinha desviada?
3 E disse: Em verdade vos 13 E se acontecesse acha-la, em
digo, que se vos naõ converterdes, verdade vos digo que mais se
e fordes como meninos, em ma­ goza daquella, que das noventa e
neira nenhuma entrareis no reyno nove que naõ se desviaraõ?
dos ceos. 14 Assi naõ he a vontade de
4 Assi que qualquer que sej vosso Pai que está noB ceos, que
abaixar como este menino, este se perca hum destes pequeninos.
he o mayor no reyno dos ceos. 15 Por tanto se teu irmaõ
5 E qualquer que a hum tal pecarf contra ti, vai, ereprende-o
menino receber em meu nome, a entre ti e elle só: se te ouvir, s
mim me recebe. teu irmaõ ganhaste.
6 Mas qualquer que escandali­ 16 Porem se te naõ ouvir, to­
zar a hum destes pequenos que ma aihda comtigo hum ou dous,
crem em mim, melhor lhe fora para que em boca de duas, ou
qtie humamó detafona lheeuvera tres testemunhas, consista I toda
sido pendurada ao pescoço, e palavra.
fora§ anegado no profundo ao mar. 17 E se os naõ ouvir a elles,
7 Ay do mundo por amor dos dize-o ᧠congregaçaõ; e se tam­
escândalos: Porque necessário he bém naõ ouvir á congregaçaõ,
que venhaõ escândalos; mas ay tem- o por hum gentio e pubhcano.
daquelle homem por quem o es­ 18 Em verdade vos digo, que
cândalo vem. tudo o que atardes na terra, será
8 Pot tanto se tua maô, o teu atado no ceo ? e tudo o que desa­
Í>é te escandalizar, corta-os, e tardes na terra, será desatado no
ança-os de ti; melhor te he en­ ceo. !
trar manco, ou aleijado na vida» 19 Item, digo-voè/ipje se dous
• Ou, renda, ou, alarão. de vos outros se contótdarem na
t Ou, huma moeda, que vaUa
sete vinténs. • Ou, arrancado. t Ou, diante do ti.
t Ou, humilhar. |Otr, mentido. t O®, tpeto negocio» } O«, Igreja.
D
S<5 O S. EVANGELHO
terra, em qualquer causa que pe­ todo aquella divida te perdoei,
direm, lhes sera feito por meu pórque me rogaste.
Pai que está nos ceos. 33 Naõ te convinha a ti tam-
20 Porque aonde dous ou tres bem ter misericórdia de teu com­
estiverem congregados em meu panheiro, como eu também tive
nome, alli estou eu no meyo del- misericórdia da ti ?
les. 34 Entaõ seu senhor indignado,
21 Entaõ Pedro chegando-se a entregou-o aos executorès, até
elle, disse: Senhor, quantas vezes que pagasse tudo o que lhe devjj.
perdoarei a meu irmaõ, que pecar 35 Assi fará também comvoscó
contra mim? até sete? meu Pai celestial, se de coraçaõ
22 Jesus lhedisse: Naõtedigo naõ perdoardes cada hum a vossos
eu até sete, mais ainda até seten­ irmaõs suas offensas.
ta vezes sete. CAPITULO XIX.
23 Por que semelhante he o
leyno dos ceos a hum certo rey, 17 ACONTECEO que acaban-
do Jesus estas palavras, pas­
que quiz fazer contas com seus
servos. sou-se de Galilea, e veio aos
24 E começando a fazer contas, termos de Judea, passado 0 Jordaõ.
foi-lhe apresentado hum, que lhe 2 E seguiraõ-o muitas compan­
has, e sárou-os alli.
devia dez mil talentos.
3 Entaõ chegaraõ-se a elle os
25 Mas este naõ podendo pa­
Phariseos, tentando-o, e dizen­
gar, mandou o seu senhor vender
a elle, e a sua mulher, e filhos, do-lhe: He licito ao homem* de­
spedir por qualquer caúsa á sua
com tudo quanto tinha, e pagar
mulher ?
.a divida.
26 Entaõ aquelle servo, po- 4 E respondendo elle, disse-
lhes: Naõ tendes lido, que O que
Strando-se, adorava-o, dizendo:
os fez o principio, macho e femea
Senhor* detem a ira paracommi-
os fez?
go, e tudo te pagarei.
27 E o senhor movido a inti­ 5 E disse: Por tanto deixará 0
homem pai e mãi, e achegar-se-
ma compaixaõ daquelle servo, ha a sua mulher, e serâõ dous em
soltou-o, e perdoou-lhe a divida.
huma carne.
23 E sahido aquelle servo, achou
6 Assi que já naõ, saõ mais
hum de seus companheiros, que
dous, senaõ huma carne; Por
lhe devia cem dinheiros: e lan­
tanto o que Deus ajuntou, naõ 0
çando maõ delle affogava-o, di­ aparte o homem.
zendo: Paga-me o que me deves. 7 Dizem-lhe elles: Porque
29 Entaõ seu companheiro, po-
mandou logo Moysesdar ZZre carta
strando-se a seus pés, rogava-lhe,
de desquite, e larga la?
dizendo: Detem a ira para com- 8 E elle lhes disse: Pela dure-
migo, e tudo te pagarei.
ta de vossos coraçoens vos permi-
30 Mas elle naõ quiz, senaõ
tio Moyses despedir a vossas mul­
foi, e lançou-o na prisaõ, até que
heres : mas ao princípio naõfoi assi.
pagasse a divida. 9 E eu vos digo, que qualquer
31 E vendo seus companheiros que despedir a sua mulher, salvo
O que passava, entristecéraõ-se
por causa de fornicaçaõ, e com
muito; e vindo, declaráraô a seu outra se casa, adultéra: eo que
senhor tu,<Jo o que passara. se casar com a despedida também
32 Entaõ chamando-o o seu Se-
adultéra,
' ahor, disse-lhe: Servo malvada,
10 Dizem-lhe seus discípulos:
'? Ou, suspende, ou, usa de paciência, • Ou, dtixttTa
SEGUNDO S. MATTHEUS, CAP. XIX. 27
Se assi he o negocio do homem 23 Entaõ disse Jesus a seu3
com a mulher, naõ comvem ca­ discípulos: Em verdade vos digo,
sar-se. que difficilmente entrará o rico n»
11 Entaõ elle lhes disse: Naõ rey no dos ceos.
todos saõ capazes desta palavra, 24 E mais vos digo, que mais
senaõ aquelles-a quem he dada. facil he passar hum* calabre pe­
12 Porque ha castrados quf. lo olho de humá agulha, do que
nacéraõ assim do ventre de sua entrar hum rico no reyno dê'
mãi, e ha castrados que pelos Deos.
hotnems foraõ feitos, e ha cas­ 25 Ouvindo seus discípulos estas
trados que castraraô a si mesmos cousas, esprantaraõ se muito, di­
por causa do rey no dos ceos; quem zendo : Quemf poderá logo ser
isto pode alcançar, alcance-o. salvo ?
13 Entaõ foraõ lhe apresen­ 26 E olhando Jesus para elles
tados alguns meninos, para que disse-lhes: Acerca dos homentq
pusesse as maõs sobre elles, e impossível heisto; mas acerca do
orasse; e os discípulos os rtpren­ Deos, tudo he possível.
derão. 27 Entaõ, respondendo Pedro,
14 Mas Jesus disse: Deixai os disse-lhe: Ves aqui nos temos de­
meninos, e naõ os impidais de ixado tudo, e te havemos seguido:
vir a mim, porque dos tais he o que haveremos logo ?
reyno dos ceos. 28 E Jesus lhes disse: Em ver­
15 E havendo posto sobre elles dade vos digo, que vos que me
as maõs, partio-se dalli. tendes seguido na regeueraçaõ,
16 E eis-que chegandose a elle quando o Filho do homem se as­
hum, disse-lhe: Mestre bom, que sentar no throno da sua gloria,
bem farei para alançar a vida tàmbem vos outros vos assentareis
eterna l sobre doze thronos, para julgar
17 E ellelhe disse : Porque me as doze { tribus de Israel.
* dizes bom ? ninguém he bom 29 E qualquer que houver de­
senaõ hum convém a saber Deos. ixado casas, ouirmaõs, ou írmaãs,
E se queres entrar na vida, guar­ ou pai, ou mãi, ou mulher, Ou
da os mandamentos. filhos, ou terras por meu nome,
18 Disse-lhe elle ; Quaes? e Je­ cem vezes tanto receberá; e§ por
sus disse; Estes. Naõ matarás, herança a vida eterna.
naõ adulteratás, Naõ furtarás, 30 Porem muitos primeiros se-
naõ dirás falso testemunho. ráõ derradeiros; e muitos derra­
19 Honra a teu pai, e a tua deiros, primeiros.
mãi. Item: Amarás a teu ptoxi-
mo como a ti mesmo. CAPITULO XX.
í 20 Disse-lhe o mancebo: Tudô
isto guardei desde minha mocida­ DORQUE semelhante he o
de; Que mais me falta? A reyno dos ceos a hum homem
21 Disse-lhe Jesus: Se queres pai de familia, que sahio de ma­
ser perfeito, Vai, vende tudo drugada a alugar trabalhadores
quannto tens, e dá-o aos pobres, para sua vinha.
e terás hum thesouro no ceo; e 2 E concértando-se com os tra­
vem e segue-me. balhadores por hum dinheiro ao
■ 22 E ouvindo o mancebo esta dia, mandou-os á sua vinha.
palavra, foi-se triste; porque ti­
• Ou, camelo. t Ou se poderá logo
nha f muitas posssssoens. salvar ? $ Ou, descendências, gera,
• Ou, chamas, t Ou, muitafazenda* çoeas, linhagens^. $Ou, herdará.
28 O S. EVANGELHO
3 E sahindo perto das* tres ho­ zer do meu o que quizer? Ouhe o
ras, vio outros que estavaõ na teu olho mao, porque eu sou bom ?
praça ouciosos. 16 Assi seraõ os derradeiros
4 E disse-lhes: Ide vos outros primeiros; e os primeiros derra­
também a minha vinha, e dar- deiros : Porque muitos saõ cha­
vos-hei o que for justo, e foraõ. mados, porem poucos escolhidos.
5 E sahio outra vez perto das 17 E sobiodo Jesus a Jerusa­
f seis, e das J nove horas, e fez lém, tomou seus doze discípulos
o mesmo. aparte no caminho, e disse-lhes:
6 E sahindo perto das§ onze 18 Vedes aqui sobimosa Jeru­
horas, achou outros que estavaõ salém, e o Filho do homem será
ouciosos, e disse-lhes: Porque es­ entregue aos Príncipes dos Sa­
tais aqui todo o dia ouciosos ? cerdotes, e aos Escribas ; e con-
7 Disseraõ-lhe elles: Porque dena-lo-haõ á morte.
ninguém- nos alugou. E elle lhes 19 E entrega-lo-haõ às genteSj
disse: Ide vos outros também á peraque delle escarneçaõ, e o
vinha, erecebereisoquefor justo. açoutem, e crucifiquem: mas ao
8 E sendo ja a tarde do dia, terceiro dia resurgirà.
disse o Senhor da vinha a seu pro­ 20 Entaõ se chegou a Elle a
curador : Chama aos trabalha-' mâi dos filhos de Zebedeo, com
dores, e paga-lhes o jornal, come­ seus filhos, adorando o e pedin­
çando dos derradeiros até os pri­ do-lhe alguma cousa.
meiros. 21 E elle lhe disse: Que que­
9 E vindo os que erdõ alugados res? Disse-lhe ella: Dize que estes
de perto das onze horas, recebe­ meus dous filhos se assentem, hum
rão cada hum hum dinheiro. á tua maõ direita, e outro á tua
10 E vindo também os primei­ ezquerda em teu reyno.
ros, cuidaraõ que haviaõ de rece­ 22 Entaõ respondendo Jesus,
ber mais: porem também elles disse: Naõ sabeis o que pedis;
recebéraõ cada hum hum dinheiro. podeis vos beber o copo que eu
11 E tomando-o murmuravaõ hei de beber? e ser baptizados
contra o pai da família. com o baptismo com que eu sou
12 Dizerfdo: Es‘es derradeiros baptizado? Disseraõ-lhe elles:
trabalharaõ huma só hora, eigua- Podemos.
lastc-os comnosco, que levamos 23 Disse-lhes Elle: Em verdade
a carga e a calma do dia. que meu copo bebereis, e com o
13 E respondendo elle, disse a baptismo com que eu sou bapti­
húmdelles: Amigo, naõ te faço zado, sereis baptizados: mas as­
agravo; naõ te concertaste tu co­ sentar á minha maõ direita, e â
migo por hum dinheiro? minha esquerda, naõ he meu da-
14 Toma o que he teu, e vai-te: lo. mas se dará aos que de meu
eu quero dar a este derradeiro pai esta aparelhado.
tanto como a ti 24 E como os dez ouviraõ isto,
15 Naõ me he a mim lici'o fa- indignárao-se contra os dous ir-
• Ou, nove do dia. t Ou, dose de dia. maõs.
í Ou, tres da tarde. 25 Entaõ, chamando-os Jesus
§ Ou, cinco da tarde: procede esta
diversidade de horas do differente costu* a si, disse; Bem sabeis que os
mede as contar entre nos e os Hebreos Príncipes das gentes se ensenho-
Porque quando nos pela manh-Fa con­ reaõ sobre ellas; e os grandes
tamos as seis, contavao elles as doze; usaõ sobre ellas de potestade.
4 quando nos a o meyodia contamos as 26 Mas entre vos outros naç
date, contavai elles us seis; e assi Cam­ será assim; senaõ o que entre vps
bem eu demais em conseguinte.
SEGUNDO S. MATTHEUS, CAP. XXI. 29
outros sé quizer fazer grande, será raô como o Senhor lhes mandou.
vosso servidor. 7 E trouxeraõ a burra e mais o
27 E o que entre vos outros qui­ burrico, epuseraõ sobre elles suas
zer ser o primeiro, será vosso servo. capas, e nzeraõ-o assentar sobre
28 Como o Filho do homem ellas.
naõ veio a ser servido, senaõ a 8 E muitíssima companha es-
servir, e a dar sua vida em resga­ tendiaõpelo caminho suas capas, e
te por muitos. outros cortavaõ ramos das arvo­
29 Sahindo elles entaõ de Jeri- res, e espalhavaõ-os pelo caminho.
cho, seguia-o grande companha. 9 E as companhas que hiaõ
30 E eis-que dous cegos assen­ diante, e as que hiaõ de tras, bra-
tados junto ao caminho, ouvindo dávaõ, dizendo: Hosanna ao
que Jesus passava, bradáraõ, di­ Fiiho de David, bendito o que
zendo: Senhor, Filhe de David, vem em nome doSenor, Hosanna
tem misericórdia de nos. nós altíssimos ceos.
31 E a companha os reprendia 10 E entrando em Jerusalem,
que se calassem : mas elles bra- toda a cidade se alvoraçou, dizen­
dávaõ mais, dizendo: Senhor, do : Quem he este?
Filho de David, tem misericórdia 11 E as companhas deziaõ:
de nos. Este he Jesus o Profeta de Na-
32 E parando-se Jesus, cha­ zareth de Galilea.
mou-os, e disse: Que quereis que 12 Entrou Jesus no templo de
vos faça ? Deos, e lançou fora todos os que
33 Diziaõ-lhe elles: Senhor, vendiaõ e compravaõ no templo,
que nossos olhos sejaõ aberios. e trastornou as mesas dos cam-
• 34 Entaõ Jesus, tendo intima biadores, e as cadeiras dos quo
compaixaõ delles, tocou-lhes os vendiaõ pombas.
olhos; e . logo seus olhos delles* 13 E disse-lhes: Escrito está:
recebéraõ a vista, e seguiraõ-o. Mtnha casa, casa de oraçaõ será
chamada; mas vosoutros atendes
CAPITULO XXI. feito cova de salteadores.-
1? COMO chegáráõ perlo de 14 Entaõ vieráõaelle cegos e
Hterusalem, e vieraõ a Helh- coixos ao templo, e sarou-os
phage, ao monte das oliveiras; 15 Mas os Príncipes dos Sacer­
entaõ mandou Jesus dous discí­ dotes, e os Escribas vendo as riia-
pulos, dizendo-lhes : ravilhas, que fazia, e os meninos
2 Ide á aldea que diante de vos bradando no templo, e dizendo»
està, e logo achareis huma burra Hosanna ao Filho de David; iu,
atada e hum burrico com ella : dignáraõ-se.
desastai-a, trazaei-mos. 16 Edisseraõ-lhe: Ouvesoque
3 E se alguém vos disser algu­ estes dizem ? E Jesus lhes disse :
ma cousa, dizei: O Senhor os ha Si, Nunca lestes: Da boca dos.
mister, e logo os enviará. meninos, e dos que mamaõ aper­
4 E tudo isto ácoriteceo, para- feiçoaste a ti o louvor?
que se cumprisse o que foi dito 17 E deixando-os, sahio-se fora
pelo Profeta, que disse: da cidade para Bethania,e pousou
5 Dizei a Filha de Siaõ: Ves allL
aqui teu Rey te vem manso, as 18 E pela manhaã, torqanda
sentado sobre huma burra, e hum para a cidade, teve fome.
burrico, filho de burra de jugo. 19 E vendo huma figueira perto
6 E foraõ os discípulos, e fize- do caminho, veio a ella, e naõ
• Ou, virai. achou nella nada, senaõ folhas
D 2
30 O S. EVANGELHO
somente: e disse-lhe: Nunca de Diz-lhes Jesus: Em verdade voa
ti mais naça fruto para sempre; e digo, que os publicanos e as ra­
logo a figueira se Secou. meiras se vos vaõ diante ao reyno
20 Entaõ os discipulos, vendo dos ceos.
isto, maravilhados, diziaõ: Como 32 Porque veio a vos outros
se secou logo a figueira ? Joaõ, por via de justiça, e naõ
21 E respondendo Jesus, dis­ *lhe destes credito; e os publi­
se-lhes : Em verdade vos digo,que canos, e as rameirasf lhe déraõ:
se tiverdes fé, e naõ duvidardes, e vos outros, vendo isto, nunca
naõ sò fareis o que á figueira vos arrependestes paraj lho dar.
aconteceo; mas se a este monte 33 Ouvi outra parabola: Hou­
disserdes: Alça-te, e lança-te no ve hum homem pai de fàmilia, o
mar, far-se-ha. qual prantou huma vinha, e cer­
22 E tudo o que pedirdes com cou-a com valado, e fundou nella
oraçaõ, crendo, o recebereis. hum lagar, e edificou huma torre,
23 E como veio ao templo, e e arrendou-a huns lavradores, e
estivesseja ensinando, chegáraõ partio-se para longe.
a elle os Príncipes dos Sacerdotes, 34 E cnegando-se o tempo dos
e os Anciaõsdo povo, dizendo : frutos, mandou seus servos aos
Com que authoridade fazes isto ? lavradores, paraque recebessem
e quem te deu esta authoridade ? seus frutos.
24 E respondendo Jesus disse- 35 Mas os lavradores tomando
lhes : Tãmbem eu vos perguntarei aos servos,a hum feriraõ, e a outro
huma palavra; a qual se ma matáraõ, e ao terceiro apedre-
disserdes, também eu vos direi jâraõ.
com que authoridade isto faço. 36 Outra vez mandou a ou­
25 O baptismo de Joaõ donde tros servos mais que os primeiros,
era? Do ceo, ou doshomens? e usaraõ, com elles da mesma
Elles entaõ cuidaraõ entre si, maniera.
dizendo: Se dissermos: Do ceo; 37 E por derradeiro lhes man-
dir-nos-ha: Porque pois lhe naõ dou a seu filho, dizendo: Teráõ
destes credito ? respeito a meu filho.
26 E se dissermos : Dos ho­ 38 Mas os lavradores vendo
mens, tememos o povo: porque ao filho, disseráõ entre si: Este
todos tem a Joaõ por Profeta he o herdeiro, vinde, matemo-ío,
27 E respondendo a Jesus, dis- e tomemos sua herdade.
seraõ: Naõ sabemos: E elle tam­ 39 E tomando-o, lançáraõo
bém lhes disse: Nem eu vos direi fora da vinha, e maiáraõ-o.
com que authoridade faço isto. , 40 Pois, quando vier o Senhor
28 Mas que vos parece? Hum ho­ da vinha, que fará áquelles lav­
mem tinhadousfilhos; e chegan­ radores ?
do ao primeiro, disse-lhe: Filho, 41 Dizem-lhe elles : Aos maos
▼ai hoje a trabalhar aminha vinha. destruíra desastradamente, e sua
29 E respondendo elle, disse: vinha arrendará a outros lavra­
Naõ quero: mas despois, arre­ dores, que lhe paguem o fruto a
pendido, se foi. seus tempos.
30 E chegando ao outro, disse- 42 Disse-lhes Jesus: Nunca
lhe da mesma maneira ; e res­ iestes nas escrituras: A pedra que
pondendo elle, disse : Eu, senhor, os que edificavaõ engeitàraõ, esta
Htu, e naõ se foi. foi feita por cabeça da esquinaJ
31 Qual dos dous fez a vontade Pelo Senhor foi feito isto, e he
do pw ? Dizem'elles: O primeiro. •Ou, o traia, t Ou,o crtrui, tOu,o crer.
SEGUNDO S. MATTHEUS, CAP. XXII. 31
cousa maravilhosa em nossos 10 E sahindo seus servos pelos
olhos. caminhos, ajuntáraõ a todos
43 Por tanto vos digo, que o quantos acháraõ, juntameute
reyno de Deos se vos tirará a vos maosebons; e as bodas se.en-
outros e se dará a gente que chéraõ de convidados.
deiíe renda o fruto. 11 E entrou o rey a ver aos
44 E o que cahir sobre esta pe­ convidados, e vioalji hum homem
dra, será quebrantado; e sobre que naõ estava vestido com ves­
quem ella cahir, será despedaçado. tido de bodas.
45 E ouvindo os Príncipes dos 12 E disse-lhe ; Amigo, como
Sacerdotes, e os Phariseos estas entraste aqui, naõ tendo vesti­
suas parabolas, entenderão, qae do de bodas? e cerrou-se-lhe a
fallava delles. boca.
46 E procurando prende-lo, 13 Entaõ el rey disse aos que
temeraõ as companhas; porque o scrvi^õ: Tomai-o, e amarrado
tinhaõ por Profeta. d,e pés e de maõs lançai-o na's tre-
&s de fora: alh seiáochoroe o
CAPITULO XXII. bater de dentes.
P RESPONDENDO Jesus, 14 Porque muitos saõ chama­
-*-1 tornou-lhes a fallar por pa- dos, porem poucos escolhidos.
rabolas, dizendo: . 15 Entaõ, idos os Phariseos,
2 Semelhante he o reyno dos consultáraõ como o * apanhariaõ
ceos a hum homem rey, que fez em alguma palavra.
bodas a seu filho. 16 E enviáraõ-lhe Beus discí­
3 E mandou a seus servos, que pulos, juntamente com Herodia-
chamassem aos convidados às nos, dizendo: Mestre, bem sa­
budas: porem naõ qurseraõ vir. bemos que es + homem de ver­
4 Tornou a mandar outros dade, e que com verdade ensina»
servos, dizendo: Dizei aos con­ o caminho de Deus, e que de
vidados: Vedes aqui meu jantar ninguém se-te dá, porque j naõ
tenho aparelhado, meus * bezer­ tens- aceitaçaõ de pessoa dos
ros e cevados ja estám mortos, e homens.
tudo está ja p.reparado; vinde às 17 Dize-nos, pois,que te parece;
bodas. He licito dar tributo a Cesar, ou
5 Porem elles naõ fizéraõ caso; naõ ?
e foraõ 6e, hum a sa lavoura, e 18 Mas Jesus entendendo sua
outro a seus negocios. malicia, disse-lhes: Porque me
6 E outros tomando a seus tentais, hypocritas ?
servos, afrontáraõ-os, e matáraõ- 19 Monstrai-me a moeda do
os. tributo. E elles lhe monstráraõ
7 E o rey ouvindo isto, in­ hum dinheiro.
dignou se: e mandando seus ex­ 20 Entaõ disse-lhes: Cuja
ércitos, destruhio áquelles ho­ he esta figura ? e § a inscripçaõ ?
micidas, e pos á fogo sua cidade. 21 Dizem-lhe elles: De Cesar.
8 Entaõ disse a seus servos : E elle lhes disse: Pagai pois a
Em verdade, aparelhadas estaõ Cesar o que he de Cesar, e a De­
as bodas, porem haõ eraõ delias os o que he de Deos.
dignos os convidados.
9 Ide pois às sahidas dos ca­ • Ou, enlaçariat, tomariaí,
minhos, e chamai às bodas a tan­ + Ou, verdadeira.
$ Ou, nao atentas para 0 rosto dos
tos quantos achardes. homens.
* Ou, tòurat, JOuj sobrescrito.
32 O S. EVANGELHO
22 E ouvindo elles isto, mara- 36 Mestre, qual he o manda­
viiháraõ se, e deixáraõ-o, eforaõ- mento * grande na ley ?
S6. 37 E Jesus lhe disse: Amarás
23 Aquelle mesmo dia chegá- ao Senhor teu Deos de todo teu
raõ a elle os Sadduceos, que di­ coraçaõ, e de toda tua alma, e
zem naõ haverresurreiçaõ; epre- de todo teu entendimento.
guntáraõ-ihe, 38 Este he o primeiro, e o
24 Dizendo : Mestre, Moyses grande mandamento.
disse, Se algum morrer sem fi­ 39 E o segundo, semelhante a
lhes, case-se seu irmaõ com sua este : Amarás a teu proximo como
mu her, e levantatá sementeaseu a ti mesmo.
irmaõ. 40 Destes dous mandamentos
25 Houve pois entre nos ou­ dependem toda a ley e os Profe­
tros sete irmaõs, e o primeiro tas.
tomou mulher, e naõ tendo ge- 41 E estando juntos os Phari­
raçaõ, deixou sua mulher e seu seos, J esus lhes perguntou.
irmaõ. 42 Dizendo: Que vos parece
25 Da mesma maneira também do Christo ? Cujo Filho he? Di­
o segundo, e o terceiro, até os sete. zem-lhe elles : Filho he David.
2? E despois de todos morreo 43 Elle lhes disse: Pois como
também a mulher. David em espirito o chama-seu
28 Na resurreiçaõ, pois, cuja Senhor? Dizendo;
dos sete será a mulher? porque 44 Disse o Senhor a meu Sé-
todos ativeraõ. nhor, assenta-te á minha maõ
29 Entaõ, respondendo Jesus, direita, até que ponha a teus
disse-lhes : Errais * ignorando inimigos por escabello de teus
as escriímas, e a potência de pés.
Deos 45 Pois se David o chama
30 Porque na resurreiçaõ, nem seu Senhor; como he seu Fi­
se casaõ, nem se daõ em casa­ lho ?
mento : mas saõ como os Anjos 46 E ninguém lhe podia res­
de Deos no ceo. ponder palavra; nem ousou nin­
31 E da resurreiçaõ dos mor­ guém desd’ aquelle dia a mais lhe
tos, naõ tendes lido o que de "perguntar.
Deos vos foi dito, quando diz:
32 Eu sou o Deus de Abra- CAPITULO XXIII.
ham, e o Deos de Isaac, e o
Deos de Jacob ? Deos naõ he T^Ntaõ Jesus fallou às com-
Deos dos mortos, mas dos f que -L-í pauhas, e a seus discípu­
vivem los,
33 E ouvindo isto as com­ 2 Dizendo: Sobre a cadeira de
panhas, maravilhavaõ-se de sua Moyses se assentaõ os Escribas e
doutrina. os Phariseos.
34 Entaõ os Phariseos, ou­ 3 Assim que tudo o que vos
vindo que havia tapado a boca aos disserem que guardeis, guardai-e
Sadduceos, ajuuláraõ-se concor- e fazei-o.- mas naõ façais con­
damente em hum. forme a suas obras, porque dizem
35 E preguntou hum delles. e naó fazem.
interprete da ley, tendando-o, e 4 Porquê ataõ cargas pesadas,
dizendo : e difficeis de levar, e poem-as
• Oa,naõ sabendo, ov,nai entendendo. sobre os ombros dos homens;
+ O», VííOS, • Ou, mayor da leth '
SEGUNDO S. MATTHEUS. CAP. XXIII. 33
porem elles nem ainda com seu 16 Ay de vos outros, guias ce­
dedo as querem mover. gas, que dizeis: Qualquer que
5 Antes todas suas obras fa­ jurar pelo templo, naõ he nada;
zem para serem vistos dos ho­ mas qualquer que jurar pelo ouro
mens : porque alargaõ suas* phi- do templo, he* devedor.
lacterias, e estendem as bordas 17 Loucos e cegos! Qual he
de seus vestidos. mayor? o ouro, ou o templo,
6 E amaõ os primeiro assentos que santifica ao ourou ?
nas ceas, e as primeiras cadeiras 18 Item: qualquer que jurar
nas synagogas. pelo altar, naõ he nada; mas
7 E as saudaçoens nas praças, qualquer que jurar pelo presente
e serem chamados dos homens, que está sobre elle, he devedor.
fRaby, Raby. 19 Loucos e cegos! Qual he
8 Mas vos outros naõ serpis mayor? o presente, ou o altar
chamados Rabyes; porque hum que santifica ao presente ?
he vosso Mestre, a sáber o Chri- 20 Por tanto, o que jurar pelo
sto: e todos vos outros sois altar, jura por elle e por tudo o
irmâõs. que sobre elle está.
9 E naõ chameis na terra vosso 21 E o que jurar pelo templo,
pai a ninguém; porque hum he jura por elle, e pelo que nelle
vosso pai, a saber que está no» ceos. habita.
10 Nem vos sereis chamados 22 E o que jurar pelo ceo, jura
doutores; porque hum he vosso pelo throno de Deos, e pelo que
doutor, a saber o Christo. sobre elle está assentado.
11 Porem o mayor entre vos 23 Ay de vos outros Escribas e
outros, seja vosso servidor. Pbariseos, hypocritas; porque
12 Porque o que se alevantar, dezimais a orteláa, e o endro, e o
será humilhado; e o que se humi­ cominho; e deixais o que he mais
lhar sera alevantado. grave da ley, contem a saber »
13 Mas ay de vos outros Es. juízo, e a misericórdia, e a fé:
scribas e Phariseos, hypocritas; isto era necessário fazer, e naõ
que cerrais o reyno dos ceos} aos deixar o outro.
homens; e nem vos outros en­ 24 Guias cegas, que coais o
trais, nem aos que çntraõ deixais mosquito, e tragais o camelo.
entrar. 25 Ay de vos outros Escribas e
14 Ay de vos outros Escribas e Phariseos, hypocritas; porque
Pbariseos, hypocritas; porque alimpais o que está de fora do
§ engulis as casas das viuvas com vaso, ou do prato, mas de dentro
cor de larga oraçaõ; por isso le­ está tudo cheyo de roubo e de
vareis || mais grave juizo. destempe rança.
15 Ay de vos outros Escribas 26 Phariseo cego, alimpa pri­
e Phariseos, hypocritas; porque meiro o que está de dentro do
rodeais o mar, e a terra, por vaso, ou do prato, para que lam­
fazerdes hum V convertido, e bem o que está de fora fique limpo.
quando já he feito, fazei-lo ** 27 Ay de vos outros Escribas
filho do inferno, em dobro mais e Phariseos, hypocritas; porque
qiie vos outros. sois semelhantes aos sepulchros
• Ou, memoriaes, e apontamentos das fcayados, que de fora, em ver­
preceitos de Dcos, e cousas sagradas. dade, se mostraõ fermosos, mas
i Ou, Mestre. de dentro estaõ cheyos de ossoá
í Ou, diante dos. § Ou, comeis. de mortos, e de toda immundicia.
|| Ou, mayor condenaçaÔ.
51 Ou, proselyto. . ** Qu, digno. • Ou, culpado. t Ou, branqueados.
34 O S. EVANGELHO
28 Assim também vos outros,
de fora, em verdade, vos mos­ CAPITULO XXIV.
trais justos aos homens, porem P SAHINDO Jesus do templo,
de dentro estais cheyos de hypo- foi-se: e chegaraõ se a elle
crisia e* maldade. seus discípulos. Para-lhe mostra-
29 Ay de vos outros Escribas rem os edifícios do templo.
é Phariseos, bypocritas; porque 2 E respondendo Jesus disse-
edificais os sepulchros do3 Pro­ lhes: Vedes tudo isto? Póis em
fetas, e adornais os monumentos verdade vcs digo, que naõ será
dos justos: deixada aqui pedra sobre pedra,
30 E dizeis: Se foramos nos que naõ seja destruída.
dias de nossos pais, nunca no 3 E assentando-se no monte
sangue dos Profetas seus com­ das oliveiras, chegaraõ se a elle
panheiros houvéramos sido. seus discípulos a parte, dizendo:
. 31 Assi que de vos mesmos Dize-nos quando seraõ estas
dais testemunho, que sois filhos cousas, e que sinal haverá de tua
daquelles que ma.áraõ aos Pro­ vinda, e do fim do mundo.
fetas. 4 E respondendo Jesus, dissé-
32 Enchei vos também a medi­ lhes: Olhai que ninguém vos en­
da de vossos pais. gane.
33 Sei pentes, raça de biboras, 5 Porque viráõ muitos em meu
como escapareis da condenaçaõ nome, dizendo •• EusouoChristo,
do inferno ? e a muitos enganaráõ.
34 Por tanto vedes aqui vos 6 E ouvireis guerras, é rumo­
mando Profetas, e Sábios, e res de guerras: Olhai que naõ
Escribas; e delles a huns mata­ vos turbeis; porque henecessário
reis, e crucificareis; e a outros que tudo isto aconteça: mas ainda
açoutareis nas vossas Synagogas, naõ he o fim.
e perseguireis de cidade em cidade. 7 Porque se levantará naçaõ
35 Paraque venha sobre vos contra nãçaõ, e reyno contra rey-
outros todo o sangue justo, que no; e haverá pestilências, e fomes,
foi derramado sobre a terra, des e* tremores de terra em diversos
do sangue de Abel o justo, até o lugares.
sangue de Zacbarias, filho de Ba- 8 Mas todas estas cousas so­
raçnias, ao qual matastes entre o mente saõ princípios de angustias.
templo e o altar. 9 Entaõ vos entregaráõ para
3õ Em verdade vos digo, que serdes affligidop, e matar-vos haõ;
tudo isto virá sobre esta geraçaõ. e sereis aborrecidos de todas as
37 Jerusalem, Jerusalem, que naçoens por causa de meu nome.
malas aos Profetas, e apedrejas 10 E muitos entaõ escanda­
aos que te saõ enviados; quantas lizados; e entregar-se-haõ huns
vezes quiz eu ajuntar teus filhos, aos outros, huns aos outros se
como a galinha ajunta a seus aborreceraõ.
pintaõs debaixo de suas azas, e 11 E muitos falsos Profetas
naõ quisestes. se levantaráõ, e a muitos enga-
38 Vedes aqui vossa casa se naraõ.
vos deixa deserta. 12 E por se haver multiplicado
39 Porque eu vos digo, que des a maldade, a caridade de muitos
d’ agora mais me naõ vereis, até se esfriará.
que digais: Bendito aquelle que 13 Mas o que perseverar até 0
vem em nome do Senhor. fim, esse será salvo.
• Ou, malicia, ou, injustice. * Ou, terremotos.
SEGUNDO S. MATTHEUS, CAP. XXIV. 25
14 Eprégar-se-ba este Evangel­ bem avinda do Filho do homem.
ho do reyno em todo o mundo ém 28 Porque aonde quer que es­
testemunho a todas as naçoens, e tiver o -corpo morto, alli se ajun-
entaõ virá o fim. taráõ também as aguias.
15 Por tanto quando virdes a 29 E logo déspois da affliçaõ
abominaçaõ do assolamento, que daquelles dias, o Sol se escurece­
fòi dita por Daniel o Profeta, rá, e a Lua naõ dará sua luz, eas
* que está no lugar santo, (quem estrellas cahiráõ do ceo,- e as vir­
lfef entenda.) tudes dos ceos se commoveraõ.
16 Entaõ os que estiverem em 30 Entaõ se mostrará o sinal do
Judea, fujaõ para os montes. Filho do homem no ceo, e entaõ
1? E o que estiver sobre o tel­ lamentaráõ todas* as tribus da
hado, naõ desça a tomar alguma terra, e veráõ ao Filho do homem,
cousa de sua casa. que virá sobre as nuveis do ceo
18 E o que estiver no campo, com grande poder e gloria.
naõ torne atras a tomar seus ve­ 31 E mandará a seus Anjos
stidos. com grande voz de trombeta, e
19 Mas ay das prenhes, e das ajuntaraõ a seus escolhidos desde
que naquelles diasj criaõ. os quatro ventos, desde hum cabo
20 Orai pois que vossa fugida dos ceos até o outro.
naõ seja em inverno, nem em dia 32 Da figueria aprendei a com-
de sabado. paraçaõ; quando ja seus ramos se
21 Porque haveráentaõ gran­ enverdecem, e as folhas brotaõ,
de affliçaó, qual nunca houve des sabeis que o veraõ está perto.
do principio do mundo até agora, 33 Assi também vos outros,
nem taõ pouco haverá. quando virdes todos estas cousas,
22 E se aquelles dias, naõ sabei que já está bem perto ás
fossem abreviados, nenhuma car­ portas.
ne se salvaria: mas por causa 34 Em verdade vos digo,que naõ
dos escolhidos, seráõ abreviados passará esta geraçaõ até que todas
aquelles dias. estas cousas sèjàõ acontecidas.
23 Entaõ se alguém vos disser: 35 O ceo e a terra f pereceráõ,
Eis-aqui está o Christoj ou alli, mas minhas palavras na£ perece­
naõ o cteais. ' ” - rão.
24 Porque se levantarão falsos 36 Porem o dia nem a hora,
christos, e falsos profetas; e taõ ninguém o sabe, nem os mesmos
grandes sinais e prodígios faráõ, Anjos do ceo, senaõ só meu Pai.
que se possível fora, ate aos esco­ 37 Mas como foraõ os dias de
lhidos enganariaõ. Noe, assi será também a vinda
25 Vedes aqui vo-lo tenho dito do Filho do homem.
dantes. 38 Porque como nos dias antes
26 Assi que sé vos disserem: do diluvio andavaõ comendo, e
Ei-lo aqui está no deserto, naõ bebendo, casando-se, èdando em
sayais; Ei-lo aqui nas camaras,: casamento, ate o dia que Noé na
-naõ o creais. arca entrou.
27 Porque como o relampago 39 E naõ conhecerão, atè que
que sahe do§ Oriente, e se mos­ veio o diluvio e os levou a todos;
tra até|| o Occidente, assiserá tam- Assim será também a vinda do
Filho do homem.
* Ou, posta, ou, estabelecida, ou, col-
tocada. t Ou, advirta. 40 Entaõ estaráõ dous no cam-
de mamar. $ Ou, nascente. ♦ Ou, as geraçoens^ ou, nacoens,
H Ou, peente. + Ou, sepassaraã.
36 O S. EVANGELHO
pOj hum serâ tomado, e outro será 5 E tardando o esposo, cabe-
deixado. ceáraõ todas, e adormeceraõ-se.
41 Duas mulheres estarão mo­ 6 E á meya noite se ouvio hum
endo a hum moinho, huma será brado, que dizia: Eis-aqui vem o
tomada, é outra será deixada. esposo, sahi a recebe-lo.
42 Vigiai, pois, porque naõ 7 Entaõ todas aquellas virgens
sabeis a que hora ha de vir vosso se levantaraõ, e aparelhataõ as
Senhor. suas alampadas.
43 Porem isto sabei, que se o 8 E as parvoas disséraõ ás pru­
pai da família soubesse a que vela dentes: Dai-nos do vosso azeité;
da noite o ladraõ havia de vir, porque as nossas alampadas se
vigiaria, e naõ deixaria minar sua vaõ apagando.
casa. 9 Mas as prudentes responde­
44 Por tanto também vos ou­ rão, dizendo: De ninhuã manei­
tros estai apercebidos, porque o ra, para que naõ nos falte a nos,
Filho do homem ha de vir á hora nem a vos, ide antes aos que ven­
que naõ cuidais. dem, e comprai para vos outras.
45 Quem pois he o sctvo fiel e 10 E idas ellas a comprar, ve­
prudente, ao qual, o senhor poz io o esposo; e as qire estavaõ
sobre seus servidores, paraque aparelhadas éntraraõ com elle ás
lhes dé sustento a seu tempo? bodas, e cerrou-se a porta.
46 Bemaventurado aquelle ser­ 11 E despois vieraõ também as
vo, ao qual, quando seu senhor outras virgpns, dizendo:. Senhor,
vier, o achar fazendo assim. Senhor, abre -nos.
47 Em verdade vos digo, que 12 Mas respondendo elle, disse:
sobre todos seus bens o porá. Em verdade vos digo: que naõ
48 E se aquelle servo mao vos conheço.
disser no seu coraçaõ: Meu sen­ 13 Vigiai, pois, porque naõ
hor tarda em vir; sabeis o dia, nem a bora, em que
' 49 E começara espancar a seus o Filho do homem ha de vir.
companheiros, e lambem acomer, 14 Porque hc como hum ho­
e a beber com os borrachos: mem, que partindo-se para longe,
50 Virá o senhor daquelle ser­ chamou a seus servos, e entregou-
vo, o dia que elle naõ espéra, e á lhes seus bens.
hora que elle naõ sabe; 15 E a hum deu cinco* talen­
51 E separa-lo-ha, e porá sua tos, ea outro dous, é a outro hum;
parte com os hypocritas; alli se­ a cada hum conforme a sua facul­
rá o choro, e o bater de dentes. dade, e partio-se logo para longe.
16 E partido elle, o que tinha
CAPITULO XXV. recebido cinco talentos, negociou
"PNTAõ o reyno dos ceos será com elles, e grangeou outros cin­
-*-* semelhante a dez virgens, co talentos.
que tomando suas alampadas,. sa- 17 Semelhantemente também
niraõ a receber ao esposo. a que tinha recebido dous, gran­
2 E as cinco delias eTaõ. pru­ geou também outros dous.
dentes, e as outras cinco parvoas. 18 Mas o que «tinha reeebido
3 As que eraõ parvoas, toman­ hum, foi, e enterrou-o no chaõ,
do suas alampadas, naõ tomaraõ e escondeu o dinheiro de seu Se­
azeite comsigo. nhor.
4 Mas as prudentes tomaraõ 19 E despois de muito tempo,
azeiteem seus vasos, juntamente • Valia hujn talento alguns seircentes
com suas alampadas. cruxQdQS.
SEGUNDO S. MATTHEUS, CAP. XXV. 37
veio o Senhpr daquelles servos, e os santos Anjos com elle, entaõ
fez contas com elles. sê assentara sobre o throno de sua
20 E chegatído o que tinha re­ gloria.
cebido cincó talentos, trouxe ou­ 32 Eajuntar-se-haõ,diantedel-
tros cinco talentos, dizendo ■■ Se­ le todas as gentes, e aparta-los-ha
nhor, cinco talentos, me entrega- a huns dos outros, como aparta o
' ste, eis aqui outros cinco talentos pastor as ovelhas dos * cabro.ens.
tenho grangeado com elles. 33 E porá as ovelhas á sua
21 E seu Senhor lhe disse: maõ direita, b os cabrogqs á
Bem está, bom servo e fiel: sobre esquerda.
pouco foste fiel, sobre muito te po­ 34 Entaõ dirá o rej7 aos que
rei; entra no gozo de teu Senhor. estiverem á sua maõ direita:
22 E chegando também o que Vinde, benditos de meu Pai»
tinha recebido dous talentos, dis­ possui por herança ò reyno que
se: Senhor, dous talentos me en­ des da fundaçaõ do mundo vòs
tregaste, eis-aqui outros dous ta­ está aparelhado.
lentos grangeei com elles. 35 Porque tive fome, e destes-
23 Seu Senhor lhe disse: Bem me de comer; tive sede, e destes-
está, bom servo e fie], sobre pou­ me de beber; fui f hospede, e
co foste fiel, sobre muito to porei; recolhestes-me.
entra-no gozo de teuSeuhor. 36 Nú, e cubristes-me; enfer­
24 E chegando tamhem o que mo, e visitastes-me ; Sstive na,
tinha recebido húm talento, disse: prisaõ, e viestes a mim.
Senhor, eu te conhecia que es ho­ 37 .Entaõ os justos lhe res­
mem duro, que segas aonde naõ ponderão, dizendo: Senhor, quan­
semeaste, e aphnbas aonde naõ do te vimos faminto, e te sus­
espalhaste: tentamos ; ou sedento, e te de- '
25 Por tanto tive medo, e fui, mos de beber?
e escondi teu talento na terra; 38 E quando te vimos hospede,
ves aqui tens o que he teu. e te recolhemos; çu nú, e te
26 E respondendo seu Senhor, cobrimos?
disse-lhe: Servo malino e.negli- 39 Ou quando te vimos enfer­
geusc;,sahias.que sego aonde naõ mo, ou ná prisaõ, e viemos a ti.
semeei, e apanho aonde naõ es­ 40 E respondendo o Rey, dir-
palhei: Ihes-ha: Em verdade vps digo,
27 * Por tanto te convinha a ti que em quanto o fizestes a hum.
dar o meu dinheiro aos cam bia- destes mais pequeninos fie meus
dores, é.vindo eu, receberia o que irmaõs, a mim o fizestes.
he meu com f usura. .41 Entaõ dira também aos
28 ,Tirai-lhe pois o talento; e .que estiverem a maõ ezquerda:
dai-o ao oque tem os dez talentos. Apartai-vos de mim, malditos, ao
29 Porque a qualquer que ti­ íõgo eterno, que para o diabo, e
ver, ser-lhe-ha dado, e terá .'abun­ para seus anjos, esta aparelhado.
dantemente ; e ao que naõ tiver, 42 Porque tive fome,e naõ me
atè o que tem lhe será tirado. destes de comer; ti\e sede, e naõ
30 E ao -servo inútil, lançai-o me destes de beber.
nas Xrevas defora raili será o choro 43 Fui hospede, e naõ me re­
e o-baterde dentes. colhestes: qít,e naõ me cobristes:
31 E quando o Filho do ho­ enfermo, e na prisaõ estive, e na“
mem vier na sua gloria, ,e .todos me visitastes.
*’• Ou, por -isso mesmo.
•t ’ Ou, iodes, cabritos. t
E
38 O S. EVANGELHO
44 Entaõ também elles lhe 11 Porque aos pobres, sempre
responderáõ, dizendo: Senhor, comvosco os tereis; poremamim,
Suando te vimos faminto, ou se- naõ me tereis sempre.
ento, ou hospede, ou nú, ou 12 Porque derramando ella este
enfermo, ou na prisaõ, e naõ te unguento sobre meu corpo, por
servimos? prepararaõ de minha sepultura o
'45 Entaõ lhes responderá, di­ fez.
zendo : Em verdade vos digo, 13 Em verdade vos digo, que
que em quanto o naõ fizestes a aonde quer que este Evangelho
num destes mais pequeninos, nem em todo o mundo for prégado, alli
a mim o fizestes. também o que esta fez será dito
46 E iráõ estes ao tormen­ pela sua memória.
to eterno, e os justos á vida e- 14 Entaõ hum dos doze, que
terna. se chamava Judas o Iscariota,
se foi aos Príncipes dos Sacer­
CAPITULO XXVI. dotes.
15 E disse-lhes: Que me que­
T? ACONTACEO que como reis dar, e eu volo entregarei ?
Jesus teve acabado todas e elles lhe assinalaraõ trinta mot-
estas palavras, disse a seus dis­ das de prata.
cípulos: 16 E desde entaõ buscava
2 Bem sabeis que daqui a dous oportunidade para o entregar.
dias he a Pascoa, e o Filho do 17 E o priméiro dia da festa
homem será entTegue para ser dos * paens ázimos, vieraõ os dis­
crucificado. cípulos a Jesus, dizendo-lhe:
3 Entaõ os Príncipes dos Sa­ Aonde queres que te aparelhemos
cerdotes, e os Escribas, e os An­ para comer a Pascoa ?
ciãos do povo, se ajuntaraõ na 18 E elle disse: Ide á cidade a
sala do summo Pontífice, o qual hum tal, e dizei-lhe: O Mestre
se chamava Caiphas. diz: Meu tempo está perto; em
4 E tiveraõ conselho para por tua casa farei a Pascoa com meus
engano prender a Jesus, e mata- discípulos.
lo. 19 Eos discípulos fizeraõ como
5 E diziaõ: Naõjaem dia de Jesus lhes mandara, eaparelháraõ
Festa, porque se naõ faça alvoroço a Pascoa.
no povo. 20 E como foi a tarde do dia,
6 E estando Jesus emBethania, assentou-se à mesa com os doze.
em casa de Simaõ o leproso. 21 E comendo elles, disse:
7 Veio a elle huma mulher com Em verdade vos digo, que hum
hum vaso de alabastro de un­ de vos-outros me ha de entre­
guento de grande preço, e der­ gar.
ramou-lho sobre a cabeça estando 22 E entristecendo-se elles em
elle assentado & mesa.. grande maniera, começou cada
8 O que vendo seus discípulos, hum delles a dizer: Por ventura
indignaraõ se, dizendo: De que sou eu, Senhor ?
servo esta perdiçaõ ? 23 Entaõ elle respondendo,
9 Porque este unguento se po­ disse: O que commiga mete a
dia vender por graõ preço, e dar-se maõ no prato, esse me ha de en­
aos pobres. tregar.
10 E entendendo-o Jesus, disse- 24 Em verdade, o Filho do
lhes : Porque molestais a esta mul­ homem vai como delle está es>
her, que me fez huma boa obra? • Ou, p*r lendár.
SEGUNDO S. MATHEUS, CAP. XXVI. 3»
«rito: mas ay daquelle homem por Gethsemane, e disse a seus discí­
quem o Filho do homem he en­ pulos : Assentai-vos aqui, até que
tregue; bom lhe fora ao tal ho­ eu alli vá, e ore.
mem naõ haver nacido. , 37 E tomando comsigo a Pe­
35 Entaõ respondendo, Judas, dro, e aos dous Filhos do Ze-
o que o entegrava, disse: Porven­ bedeo, começou-se a entristecer
tura sou eu, Mestre: Elle lhe e a angustiar em grande mane­
disse: Tu o disseste. ira.
26 E comendo elles, tomou 38 Entaõ Jesus lhes disse:
Jesus o paõ, e havendo dado gra­ Minha alma está muy triste até
ças, partio o, e deu-o a seus dis­ a morte, ficai-vos aqui, e vigiai
cípulos, e disse: Tomai, comei, commigo.
isto heo meu corpo. 39 E indo-se hum pouco mais
27 E tomando o copo, e dan­ adiante, postrou se sobre seu ros­
do graças, deu-lho, dizendo : Be­ to, orando, e dizendo: Pai meu,
bei delle todos. se he possível, passe de mim este
28 Porque isto he o meu san­ copo: porem, naõ como eu quero
gue, o sangue do novo testamento, mas Como Tu queres.
o qual por muitos se derrama pa­ 40 E veio a seus discípulos, e
ra remissão dos peceados. achou-os dormindo : e disse a Pe
29 E digo-vos, que desde agora dro: Basta que nem ainda huma
naõ beberei mais deste fruto da horacommigo pudestes vigiar?
vide, até aquelle dia quando com- 41 Vigiai, e orai: para que naõ
vosco o beberei novo no reyno entreis em tentaçaõ: o espirito
de meu Pai; em verdade está prestes, mas a
30 E havendo cantado o carne he fraca,
Hymno, sahiraõ se ao monte das 41 E tornou segunda vez, e
oliveiras. orou, dizendo: Pai meu, se naõ
31 Entaõ Jesus lhes disse: pode este copo passar de mim,
Todos vos-outros vos escandali­ sem que eu o beba, faça-se a tua
zareis em mim esta noite; Por­ vontade.
que escrito está: Ferirei ao pas­ 43 E veio apar delles, e a-
tor, e as ovelhas do rebanho se chou-os outra vez dormindo, por­
desgarrarão. que seus olhos estavaõ carrega­
32 Mas despois de eu haver dos.
resuscitado, irei diante de vos-ou­ 44 E deixando-os, tornou, «
tros a Galilea. orou, terceira vez, dizendo a
33 E respondendo Pedro, disse- mesmas palavras.
lhe : Ainda que todos em ti se 45 Entaõ veioe seus discípu­
escandalizem, eu nunca me escan­ los, e disse-lhes; Dormi ja e des­
dalizarei. cansai, vedes aqui chegada he a
34 Disse-lhe Jesus : Em ver­ hora, e o Filho do homem ha
dade te digo, que nesta mesma entregue nas maõs dos pecca-
noite, antes que o gallo cante, me dores.
negarás tres vezes. 46 Levantai-vos, vamo-nos,
35 Disse-lhe Pedro: Ainda que vedes aqui chegado he o que me
comtigo morrer me seja necessá­ trahc.
rio, naõ te negarei. E todos os 47 E estando elle ainda faltan­
discípulos disséraõ o mesmo. do, eis-que chega Judas, hum
36 Entaõ chegou Jesus com dos doze, e com elle muita
elles a huma aldea que se chama companha, com espadas e bas-
* Ou, caliz. toens, de parte dos Príncipes
40 0 S. EVANGELHO
dos Sacerdotes, dos Anciaõs do testemunho contra Jesus para
povo. que o pudessem matar, e naõ a
48 E o que o trahia lhes tinha achavaõ.
dado sinal, dizendo: Ao que eu 60 E ainda que muitas falsas
beijar, esse he, prendei-o. testemunhas seapresentavaõ, naõ
49 E logo em chegando a Je­ o acharaõ.
sus, disse: Hajas gozo, Mestre, e 61 Mas por derradeiro vieraõ
beijou-ou. duas falsas testimunhas.1 Qus
50 E Jesus lhe disse : Amigo, disseraõ: Este disse; Eu posso
a que vens? Entaõ chegaraõ, e derribar o templo de Deos, e
lançaraõ maõ de Jesus, e prende- reedificalo em tres dias.
taõ-no. 62 E levantando-se o summo
51 E eis-que hum dos que es- Pontífice, disse-lhe: Naõ respon­
tavaõ com Jesus, estendendo a des nada? Que testificaõ estes
maõ puxou de sua espada, e ferin­ contra ti?
do ao servo do summo Pontífice, 63 Porem Jesus calava; •
cortou-lhe huma orelha. respondendo o summo Potenti-
52 Entaõ Jesus lhe disse: Tor­ fice, disse-lhe'. Esconjuro-te pelo
na tua espada a seu lugar: porque Deus vivente, que nos digas, se
lodosos que espada tomarem, á tu es o Christos, o Filho de
espada morreraõ. Deos ?
53 Ou cuidas tu que naõ possa 64 Jesus lhe disse: Tu o
eu agora orar a meu Pai, e elle me disseste; E ainda vos digo, que
daria mais de doze legioens de desde agora haveis de Ver ao
Anjos? Filho do homem assentado a maõ
54 Como pois se cumpririaõ dideita da potência de Deos, e
as escrituras, que dizem que assim vindo nas nuveis do ceo.
convém que se faça ? 65 Entaõ o summo Pontífice
55 Naquella hora disse Jesus rasgou seus vestidos, dizendo:
às companhas : Como a Jadraõ Blasfemou a Deos; que mais
sahistes com espadas e bastoens necessitamos de testemunhas ?
a me prender: cada dia meassen- vedes aqui agora ouvistes sua
tava cortivosco, ensinando no blasfémia.
templo, e naò me prendestes. 66 Que vos parece ? E respon­
56 Mas tudo isto se faz, para dendo elles, disseraõ: • culpado
que as escrituras dos Profetas he de morte.
se cumpraõ. Entaõ todos os 67 Entaõ lhe cospiraõ no rosto,
discípulos fugiraò, deixando-0 à e lhe deraõ de bofetadas.
elle. 68 E outros o feriaõ com pu-
5? E os que prenderaô a nhadas, dizendo: Profetiza-nos,
Jçsus, trouxeraõ-nõ ã Cayphas, ó Christo, quem he o que te
summo Pontífice, aonde os Es­ ferio ? 1
cribas e os Anciaõs ' estavaõ 69 E Pedro estava assentado
juntos: fora na sala; e chegou-se a elle
58 Mas Pedro o seguia de lon huma criada, dizendo: Também
ge, até á sala do summo Pon­ tu esfavascom Jesus o Galiko
tífice : e entrando dentro, assen­ 70 Mas elle o negou diante de
tou-se com os criados, atè ver o todos, dizendo: Naõ sei o que
ím. dizes.
59 E os Príncipes dos Sacer­ 71 E sahindo á porta, vio o
dotes, e os Anciaõs, é tõdo o outrá criada, e disse aos que'
Concilio, buscaraõ algum falso
SEGUNDO S. MATTHEUS, CAP. XXVII. 41
alli eslavdò: Também este estava oleiro, para sepultura dos es­
com Jesus o Nazareno. trangeiros.
72 E negou-o outra vez com 8 Pelo que foi aquelle campo
juramento,, dizendo: Naõ con­ chamado, campo de sague, até o-
heço a esse homen. dia de Boje.
73 E dalli a hum pouco chega- 9 Entaõ se cumprio o que foi
raõ os que estavaõ presentes, e dito pelo Profeta Jeremias, que
disseraõ a Pedro: Verdadeira­ disse: E tomâraõ as trinta.
mente também tu es delles: por­ moedas de prata, preço do apreça­
que tua falia te manifesta. do, que foi apreçado pelos filhos
74 Entaõ se começou elle de Israel.
a • anatematizar, e a jurar, 10 E déraõ-nas paracomprar o
dizendo: Naõ conheço a esse campo de oleiro, como me ordenou
homem. o Seuhor.-
75 E logo o gallo cantou: e 11 E Jesus esteve diante do
lembrou-se Pedro das palavras Presidente, e o Presidente lhe
de Jesus, que lhe dissera: Antes perguntou, dizendo: Estuo Rey
que o gallo cante, me negarás dos Judees ? E Jesus lhe disser
tres vezes. E sahindo-se para fora, Tu o dizes.
chorou amargosamente. 12 E sendo acusado pelos
Príncipes dos Sacerdotes, e pelos
CAPITULO XXVII. Anciaõs, nada respondeu.
17 VINDA a manhaã entráraõ 13 Pilatos entaõ lhe disse:
em conselho todos os Prín­ Naõouves quantas couros testificaõ
cipes dos Sacerdotes, e Anciaõs contra ti ?
do povo, contra Jesus, para o 14 E naõ lhe respondeo nem-
matarem. huma palavra; de maneira que o
2 E levaraõ-no amarrado, e en- Presidente se maravilhava muito.
tregáraõ-no a Poncio Pilatos, o 15 E no dia da Festa costumava
Presidente. o Presidente soltar hum preso
3 Entaõ Judas, o que o havia ao povo, qualquer, que quises­
entregado, vendo qne já estava sem.
condenado, tornou, arrependido, 16 E tinhaõ entaõ hum preso
as trinta moedas de prata aos affamado, que se dizia Barabas.
Príncipes dos Sacerdotes, e aos 17 E juntos elles, disse-lhes
Anciaõs. Pilatos: Qual quereis que vos
4 Dizendo: Pequei,entregando solte? a Barabas,ou a Jesus, que
o sangue innocente. Poremelles diz o Christo ?
disseraõ: Que se nos dá a nos ? 38 Porque sabia que por inveja
Vira-lo tu. o haviaõ entregado.
5 E lançando as moedas de 19 E estando elle assentado no
prata no templo, partio se, e foi, tribunal, sua mulher lhe mandou
e f enforcou- se. dizer : Naõ tenhas que ver com
6 E os Príncipes dos Sacer­ aquelle justo, porque hoje padeci
dotes, tomando as moedas de muitas cousas em sonhos por amor
prata, disseraõ: Naõ he licito delje.
lanca-las naarcadaesmola,porque 20 Mas os Pricipes dos Sa­
preço de sangue he. cerdotes, e os Anciaõs, persuadi­
7 Mas tendo conselho, com rão aõ povo que pedisse a Bara­
práraô com elias o campo do bas, e a Jesus matasse.
* Ou, amaldiçoa?' 21 E respondendo o Presidente,
+ Ou, ajTugoitfè tem hum buraco. disse-lhes; Qual dos dóus que-
, £3
42 O S. EVANGELHO
reis que vos solte? Ellesdisseraõ: 35 E desde que o tiveraõ ctocí-
A Barabas. ficado, repartiraõ seus vestidos,
22 Pilatos lhes disse: Que pois lançando sortçs; parâquê se
faréi de Jesus, que se diz o Chri- cumprisse o que foi dito pelo Pro­
sto? Disseraõ-lhe todoB: Seja feta : Repartiraõ entre si meus
■crucificado. vestidos, e sobre minha túnica
23 E o Presidente lhes disse: lançarao sortes,
Pois que mal tem feito ? Porem 36 Eguardavaõ, assentados alli.
elies bradavaõ mais, dizendo: 37 E puseraõ sobre sua cabeça
Seja «rucificado. sua causa escrita: ESTE HE
24 E vendo Pilatos que riada JESUS, O REY DOS JUDEOS.
aproveitava, antes se fazia mais 38 Entaõ crucrficaraô com elle
alvoroço, tomando agoa, lavou dous * ladroens; hum â maõ di­
as maõs diante de povo, dizendo : reita, e outro á esquerda.
•Innocente estou do sangue deste 39 E os que passavaõ lhe diziaõ
justo; Vede-o vos-outros. injurias, meneando as cabeças.
25 E respondendo todo o povo, 40 E dizendo: Tu, que derri­
disse : Seja seu sangue sobre nos, bas o templo, e em tresdiaso re­
e sobre nosos filhos. . edificas, salva-te a ti mesmo; se
26 EnVaõ soltou-lhes a Bam­ es Filho de Deus, descende da
bas : e havendo açoutado a Jesus, cruz.
entregou-o para ser crucificado. 41 Desta maneira também os
27. Entaõos soldados do Presi­ Príncipes dos Sacerdotes, escar­
dente levando a Jesus, á audiên­ necendo junmmente com os Es­
cia, ajuntaraõ a elle toda a qua­ cribas, e Phariseos, e Anciaõs,
drilha. diziaõ:
28 E despindo-o, vestiraõ-no 42 A outros salvou, a ai mes-
com huma capa de graã. ~mo naõ se pode salvar; Se he o
29 E puseraõ sobre sua cabeça Rey de Israel, descenda agora da
huma coroa tecida de espinhos, cruz, e creremos nelle.
e huma cana na maõ direita, e 43 Confiou em Deos, livré-o
pondo-se de juelhos diante delle, agora, se bem lhe quer; porque
zombavaõ delle, dizendo :• Hajas elle disse: Eu sou Filho de Deos.
gozo, Rey dos Judeos. 44 O mesmo lhe lançavaõ tam­
3t> E cospindo nelle, tomaraõ bém em rosto + os ladroens que
a cana, e davaõ-lhe com elle na com elle estavaõ crucificados. .
cabeça. 45 E desda hora das seis, hou ve
31 E des de que o tíveraõ es­ trevas sobre toda a terra ate a
carnecido, despiraõ-lhe a capa, e hora das nove.
vestiraõ-no com seus vestidos, e o 46 E perto da hora das nove,
levaraõ a crucificar. bradou Jesus com grande voz,
32 E sahindo, acbaraõ a hum dizendo: ELI, ELI, LAMA
■Cyrenio, que se chamava Simaõ: SABACHTANI: isto >he, Deos
a este obrfgaraõ a que levasse sua meu, Deos meu, porque me de­
■cruz. sempataste ?
33 E como chegáraõ ao lugar 47 E alguns dos que alli esta­
chamado Golgotha, que se diz, o vaõ, ovindo-o, diziaõ : A Elias
lugar da caveira: chama este.
34 Deraõ-lhe a -beber vinagre 48 E logo correndo hum delles,
vnesturado comifel; e gostando-o tomou huma esponja, e enchéo-
«põ o quiz beber. * Ou, salteadores.
* Ov,Heui tcialuc.
SEGUNDO S. MATTHEUS, CAP. XXVIII. 4»
a de vinagre, e pondo-a em huma 61 E estavaõ alli Maria Mag-
cana, dava-lha para que bebesse. dalena, e a outra Maria, assenta­
49 E os outros diziaõ : Deixa, das defronte do sepulcro.
vejamos se virá Elias a livra-lo. 62 E o seguinte dia, que he o
5Q Mas Jesus havendo bradado segundo dia da preparaçaõ da
outra vez com grande voz, deu o Pascoa, vieraõ os Príncipes dos
espirito. Sacerdotes, e os Phariseosjunta-
51 E eis-que o véo de templo mente a Pilatos.,
se rasgou de alto abaixo, em dous, 63 Dizendo: Senhor, lembra­
e a terra se movéo, e as pedras, se mos-nos que aquelle enganador
fendéraõ. disse, vivendo ainda: Despoisde
53 E os sepulcros se abriraõ: tres dias resuscitarei.
e muitos corpos de Santos, *-que 64 Manda pais fortalecer o se­
já durmiaõ, se f levantaraõ. pulcro até o dia terceiro, porque
33 E sahidos dos sepulcros, naõ venhaõ seus discípulos de
despois de sua resirrreiçaõ, vieraõ noite, e o furtetn, e digaõ ao
á santa cidade, e apareceraõ a povo que resuscitou dos mortos:
muitos. e será o derradeiro error peor
54 E o centuriaõ, e os que com que o primeiro.
elle guardando a Jesus estavaõ, 65 E disse-lhesPilatos: A guar­
vendo o tremor da terra, e as da tendes; ide>fertaleeei-o, como
cousas que haviaõ sucedido, te­ entenderdes.
merão em grande maneira, dizen­ 66 E indo elles, fortaleceraõ o
do : Verdadeiramente Filho de sepulcro com guardas, sellaudo a
Deos era este. pedra.
55 E estavaõ alli muitas mul­
heres olhando de longe, as quaes CAPITULO XXVJH.
desde Galilea ha^iao seguido a T? A vespora do Sabado que*
Jesus, servindo-ó.
•*-J amanhece pelo primeiro
56 Entre as quaes estava Maria dia da semana, veio Maria Mag-
Magdalena, e Maria mãi de Ja- dalena, e a outra Maria, a ver o
cobo, e de Jose, e a mãi dos filhos sepulcro.
de Zebedeo. • 2 E eis-que se fez hum grande
57 E como foi a tarde do dia. tremor de terra; Porque o Anjo
veio hum homem rico de Arima do Senhor descendendo do ceo, e
thea, chamado Jostph, o qual chegando, tinha revolvido a pedra
também havia sido discípulo de da porta do sepulehro, e estava
Jesus assentàdo sobre ella.
58 Este chegou a Pilatos, e 3 E sua vista era como de hum
pedio o corpo de Jesus. Emaõ relampago, e seu vestido branco
Pilatos mandou que o corpo se como a neve.
lhe desse. 4 E de medo delle ficaraõ as
59 E tomando Joseph o corpo, guardas assombradas, e tornaraõ-
embrulhou-o em hum lençol se como tnortos.
limpo. 5 E respondendo o Anjo, disse
60 E po-lo em hum seu sepul ás mulheres: Naõ temais vos-
cro novo, qtie tinha lavrado em outras, porque eu sei que buscais
huma j penha, e revolvendo hu­ a Jesus, o que foi crucificado :
ma grande pedra á porta do se­ 6 Naõ está aqui, porque já
pulcro, foi-se. resuscitou, como disse, vinde ve-
* Oa, quer dizer, queja eraõ mortos.
10», sçrwsçiteTav, J Qvfpçnçdo. • Ou, ttcalr.ttt,
44 O. S. EVANGELHO
de o lugar aonde foi posto o Se­ 13 Dizendo: Dizei, Seus dis­
nhor. cípulos vieraõ de noite, e o furta-
7 E ide presto, dizei a seus raõ, estando nos-outros dormin­
discípulos: Que jà resuscitou dos do.
mortos, e vedes aqui, elle vos vai 14 E se isto for. ouvido do Pre­
adiante a Galilea: alli o verei.-, sidente, nos o persuadiremos, e
vedes aqui volo tenho dito. vos faremos seguros.
3 Entaõ ellas de pressa indo 15 E elles tomando o dinheiro,
do sepulchro,coin temor e grande fizeraõ como estavaõ instruídos,
gozo, foraõ correndo a dar as no­ E foi este dito divulgado entre os
vas a seus discípulos. Judeos até o dia de hoje.
9 E indo ellas a dar as novas a 16 Porem os onze discípulos se
seus discípulos, eisque Jesuslhes foraõ á Galilea, ao monte aonde
saheao encontro, dizendo: Hajais Jesus lhes tinha ordenado.
gozo. E ellaschegáraõ e travaraõ 17 E como o viraõ, adoráraõ-
de seus pés, e adoráraõ-no. no, mas alguns duvidivaõ.
10 Entaõ Jesus lhes disse: 18 E chegando Jesus, fallou-
Naõ temais, ide, dai as novas a llies, dizendo: Todo potestade me
meus irmaõs, que vaõ a Galilea, e be dada no ceo e na terra:
là me veráõ. 19 Por tanto ide, ensinai a to­
11 E indo ellas, eis-que huns das as gentes, baptizando-as em
da guarda viéraõ â «idade, e de- nome do Pai, e do Filho, e (lo
raõ aviso aos Príncipes dos Sa­ Espirito Santo. Ensinando-lhes
cerdotes de todas as cousas que que guardem todas as cousas que
tinhaõ acontecido. eu vos tenho mandado.
12 E ajuntados elles com os 20 E vedes aqui estou com-
Anciaôs, e tendo conselho, deraõ vosco todos os dias até o fim de
muito dinheiro aos soldados mundo. Amen.

Fim do santo Evangelho segunda & MATTHEVS.


O SANTO EVANGELHO
DE

NOSSO SENHOH

J E S U CHRISTO
SEGUNDQ S. MARCOS.

CAPITULO I. encorvado desatar a eorreà de seus


capatos,
/"tOMEça o Evangelho de Jesu 8 Eu vos tenho em verdade
Caristo, Filho De Detis. baptizado com agoa; mas elle
S Corno estâ escrito nos Pro­ vos baptizará com Espirito san­
fetas: Eis-que eu envio o meu to.
anjo diante da tua face; que 9 E aconteceo naquelles dias,
aparelhe o teu caminho diante de que veio Jesus de Nazareth de
tt. Galilea, e foi baptizado de Joaõ
S Voz do que brada no deserto-. no Jordaõ.
Aparelhai o caminho do Senhor, 10 E Jogo, sobindo da agoa,
enderçai as suas veredas. vio abrir-se os ceos, e ao Espirito
4 Baptizava Joaõ no deserto, que, como pomba, descendia so­
e prégava o baptismo de arrepen- bre elle.
dniento, para remissaõ dos pec- 11 E • ouvio-se huma voz dcs
cados. ceos: Tu es meu Filho amado, em
5 E sahia a elle toda a pro- que tomo meu contentamento.
vincia de Judea, c os de Ilierusa- 12 E logo o Espirito o levou áo
lem; e eraõ todos baptjzados delle deserto.
tio rio do Jordão, oonfessando seus 13 E esteve allino deserto qua- ■
peccados. rentadias; e era atentado desa­
6 E Joaõ andava vestido de tarias ; e estava com as feras; e
pelos de camelo, e com hum cin­ os Anjos o serviaõ.
to de couro ao redor de seus lom­ 14 Porem despois que Joaõ foi
bos; e comia gafanhotos, e mel entregue, veio Jesus a Galilea
montesinho. prégando o Evangelho do reyno
7 E prégava, dizendo: Apos de de Deos.
mim vem o que he mais forte que 15 E dizendo : O tempo he
eu, ao qual eu naõ sou digno de ♦ Oa,fes-sc.^
46 0. S. EVANGELHO
cumprido, e o reyno de Deos está vieraõ á casa de Simaõ, ede At>
perto: emmendai-vos, e crede ao dré, com Jacobo e Joaõ.
Evangelho. 30 E a sogra de Simaõ estava
16 E passando junto ao mar deitada com febres, e disseraõ-
de Gallilea, vioa Simaõ, e a An­ Ihe logo delia.
dré seu irmaõ, que Jançavaõ a 31 Entaõ, chegando elle, to­
rede ao mar; porqe eraõ pesca­ mou-a pela maõ, e levantou-a, e
dores. logo a febre a deixou; e servia-
17 E disse-lhes Jesus: Vinde lhes.
apos de mim, e farei que sejais 32 E quando ja foi tarde, e o
pescadores de homens. Sol ja posto, traziaõ-lhe a todos
18 E elles deixando logo suas os que tinhaõ algum mal, e aos
redes, o seguiraõ. endemoninhados.
19 E passando dalli hum pouco 33 E toda a cidade se ajuntou
mais adiante, vio a Jacobo filho á porta.
de Zebedeo, e a Joaõ seu irmaõ, 34 E sarou a muitos que esla-
que também estavaõ no barco con­ vaõ enfermos de diversas enfer­
certando suas redes. midades, e lançou fora muitos
20 Elogo os chamou; e elles demonios; e naõ deixava dizer
deixando a seu pai Zebedeo no aos demonios, porque o conhe-
barco com os jornaleiros, foraõ ciaõ.
apos delle. 35 E levantando-se mui de ma-
21 E entráraõ em Capernaum, nhaã, e ainda bem de noite, sa­
e logo no sabado, entrando na hio, e foi-se a hum lugar deserto,
Synagoga, ensinava. e alli orava,
22 E espantavaõ-se de sua dou­ 36 E seguib-o Simaõ, e os qu«
trina, porque os ensinava como com elle estavaõ;
quèm tem autoridade, e naõ como 37 E achando-o, disseraõlbe:
os Escribas. Todos te andaõ buscando.
23 E havia na synagoga delles 38 E elle lhes disse: Vamos á»
hum homem com espiritoimmun- aldeas vizinhas, paraque pregue
do, o qual bradou, também alli: porque para isto sou
24 Dizendo: Ah,que tens com- vindo.
nosco, Jesus Nazareno? vieste a 39 E prègava nas suas synagd-
destruir-nos? bem sei quem es, a gas delles em toda Galilea, e lan-_
saber o Santo de Deos. çava fora aos demonios.
25 E reprendeo-o Jesus, dizen­ 40 E veio hum leproso a elle
do: Emmudece, e sahe delle. rogando-lhe, e posto de juelhos
26 E despedaçando-o o espiri­ diante delle, lhe disse: Se quise­
to immundo, e bradando com res, bem me podes alimpar.
grande voz, sahio delle. 41 E Jesus movido a intima
27 E de tal maneira se mara- compaixaõ, estendeo sua maõ, e
vilharaõ-todos, que inquiriaõ en­ tocou-o, e disse-lhe: Quero, se-
tre si, dizendo: Que he isto? limpo.
que nova doutrina he esta ? que 42 E havendo elle dito isto, lo­
com potestade até aos espíritos go a lepra se.foi delle, e ficou
immundos manda, e lhe obede­ limpo.
cem ? 43 E defendendo-lhe rigurosa-
28 E logo sua fama sahio por mente, logo o despedio de si.
toda a província do redor de Ga- 44 E disse-lhe: Olha que naõ
lilea. digas nada a ninguém, senaõ vai,
29 E sahindo logo da synagoga, mostrate aó sacerdote, e offerece-
SEGUNDO S. MARCOS, CAP. TT. tf
por tua limpeza o que Moy9es toma o teu leito, e vai-te para tua
mandou, paraque lhes seja em casa.
testemunho. 12 Entaõ elle se levantou lo­
43 Mas elle, sabido, começou a go, e tomando seu leito, sahio-se
prégar muitas cousas, a divulgar diante de todos, de tal maneira
o negocio, de maneira que janaõ que todos se espantaraõ, e glori­
podia entrar publicamente na ci­ ficarão a Deos, dizendo; Nunca
dade: mas estava fora em luga­ tal vimos.
res desertos; e de todas as partes 13 E tornou-se a sahir para d
vinhaõ a elle. mar, e toda a companha vinha a
elle, e elle os ensinava.
CAPITULO II. 14 E indo elle passando, vio á
■p1 ALGUNS dias passados en- Levi, o filho de Alpheo, assenta­
trou outra vez em Capernaum, do na Alfandega, e disse-lhe:
e ouvio-se que estava em casa. Segue-me; e levantando-se elle,
2 E logo se ajuntáraõ tantos, seguio-o.
que ja náõ os cabiaõ nem ainda 15 E aconteceo, que estandó
o lugar perto da porta: e falla- Jesus i mesa na sua casa, muitos
va-lhes a palavra. publicanos e peccadores estavaõ
3 Entaõ vieraõ a elle huns que também á mesa juntamente com
traziaõ hum paralytico ás costas Jesus, e com seus discípulos; por­
de quatro. que havia muitos, e o tinbaõ se­
4 E como naõ poderaõ chegar guido.
a elle por causa da companha, 16 E os Escribas, e os Phari-
descobrirão o telhado aonde esta­ seos, vendo-o comer com os pu­
va, e fazendo hum buraco, abai- blicanos e peccadores, disséraõ a
xaraõ por elle o leito, em que o seus discipulos: Que he isso, que
paralytico estava deitado. come e bebe com os publicanos,
5 E vendo JesuB a-fédelles, dis­ e com ospeccadores?
se ao paralytico: Filho, teus 17 E ouvindo-o Jesus, disse-
peccados te saõ perdoados. lhes: Os saõs naõ necessitaõ de
6 E estavaõ alli assentados al­ medico, mas os que estaõ mal.
guns dos Escribas, os quaes pen­ Eu naõ vim a chamar aos justos,
sando nos seus coraçoens, diziaõ: senaõ aos peccadores, a que se
7 Porque falia este blasfémias ? arrependaõ.
quem poae perdoar peccados se- 18 E os discipulos de Joaõ, e
naõ só Deus ? os dos Phariseos, jejuavaõ; e vi­
8 E conhecendo logo Jesus no eraõ, e disseraõ-lne: ■ Porque òs
seu espirito, que pensavaõ isto discipulos de Joaõ, 'e os dos Pha­
entre si, disse-lhes: Porque pen­ riseos jejuaõ, e teus discipulos
sais estas cousas nos vossos cora­ naõ jejuaõ:
çoens. 19 E Jesus lhes disse: Podem
9 Qual he mais facil ? dizer os filhos de bodasjejuar em quanto
ao paralytico: Os teus peccados o esposo com elles está? entre
te saõ perdoados? ou dizer-lhe: tanto que tem comsigo ao esposo,
Levanta-te, e toma o teu leito, e naõ podem jejuar;
anda? 20 Mas dias viráõ, qpando o
10 Pois para que saibais que o esposo lhes será tirado; e entaõ
Filho do homem tem poder na naquelles dias jejúaráõ.
terra para perdoar peccados, dis­ 21 Ninguém deita remendo de
se ao paralytico : pano novo em vestido velho:
11 A ti te digo: Levanta-te, e d’outra maneira o mesmo remeti-
48 0 S. EVANGELHO
do novo * puxa do velho, e faz-se do seu coraçaõ, disse ao homem:
peor rotura, Estende a tua maõ; e elle a
22 Nem ninguém deita vinho estendeo : e sua maõ foi resti-
novo em odres velhos; d’ outra tuida saã como a outra.
maneira, o vinho novo'rompe os 6 Entaõ, sahindo-se os Phari­
odres, e derrama-se o vinho, e os seos, tamaraõ conselho com os
odres se perdem: mas o vinho Herodianos contra elle, para o
novo em odres novos se ha de matarem.
deitar. 7 Mas Jesus se retirou pala o
23 E aconteceo, que passando mar com os seus discipulos. E
ellef pelos semeados em sabado, seguio-o grande multidaõ de Ga-
indo seus discipulos andando, co­ lilea, e-de Jtidea.
meçarão a arrancar espigas 8 E de Hietusalem, e de Idu-
24 Entaõ os Phariseos lhe dis- mea, e da outra banda do Jor­
séraõ: Vás isto ? porque fazem o dão; e grande multidaõ dos que
que em sabado naõ he licito ? moravaõ do redor de Tyro e de
25 E elle lhes disse: Nunca Sidon, ouvindo quaõ grandes
Jéstes, o que fez David, quando cousas fazia, vieraõ a elle.
tinha necessidade, e teve fome 9 E disse a-seus discipulos,
elle e os que eslaodõ.com elle ? que o barquinho lhè estivesse
26 Come entrou na casa de sempre aparelhado, por causa da
Deos, sendo Abjatar summo Pon­ companha; porque naõ o opri­
tífice, e comeo os paens da pro­ missem.
posição, dosquaes naõ he licito 10 Porque tinha caiado a mui-
comer, se naõ aos sacerdotes: e tos, de tal maneira, que, todos
também deu aos que eom elle quantos tinhaõ mal algum eahiaõ
estavaõ 1 sobre elle pelo tocar.
27 E dizia-lhes: O sabado por 11 E os espíritos immundos
causa do homem he feito, e naõ em o vendo, se postravaõ diante
o homem por causa do sabado. delle, e davaõ gritos, dizendo :
28 Assi que o Filho do homem Tu es o Fiiho de Deos.
até do sabado he Senhor. 12 Mas elle defendia-lhes rigú-
rosamente, que o naõ manifestas­
CAPITULO III. sem.
1? OUTRA vez entrou na syna 13 E subio ao monte, e cha­
-*-1 goga: e havia alli hum ho­ mou a si aos que «lie qniz, e
mem que tinha huma maõ seca. vieraõ a elle.
2 E estavaõ atentando para 14 E ordenou .aos doze, para
elle, se em sabado o sararia, -pa que estivessem, com elle, e para
ra o acusarem. ‘ os mandar a prégar.
3 Entaõ disse ao homem qur 15 E que tivessem poder para
tinha a maõ seca: Levanta-te no sarar enfermidades, c para lançar
•meio. fora demonios.
4 E disse-lhes: He licito fa­ 16 E a Siroaõ, pôz por rotre
zer bem em sabados, ou fazer nome, Pedro.
mal? salvar huma pessoa, ou 17 E a Jacobo filhode .Zebe-
mata-la? mas elles calavaõ. deo; e a Joaõ irmaõ de Jacobo,
5 E olhando para elles em de pòz-ihes por nome Boanerges,
fedor com indignaçaõ, condole- que he, filhos do trovaõ.
cendo-se juntamente da dureza 18 E.a André, e a Philippe, e
a Bartholomeo.-ea Mattheus.e a
■»Oú, tina. {Oúiparliims paens. Thomas, e. a Jacobofilho deAl-
SEGUNDO S. MARCUS, GAP. IV. to
pheo, e a Thadeo, e a Simaõ o 33 E elle lhes respondeti, di­
Canaueo. zendo: Quem he minha mãi, e
19 E a Judas Iscariota, o que meus irmaõs?
o entregou. 34 E olhando do redor para i
20 E vieraõ para casa, e outra os que ao redor delle estavaõ •I
vez* se ajuntou a companha, de assentados, disse: Vedes aqui
tal maneira, que nem ainda po- minha mS.i, e meus irmaõs.
tliaõ comer paõ. 35 Porque qualquer que fizer
21 E como isto ouvitaõ os seus, a vontade de Deos, este he meu
vieraõ para o prenderem; porque irmaõ, e minha irmaã, é minha
diziaô; Está fora de si. mai. í
22 E os Escribas que tinhaõ
vindo de Hierusalems, diziaô que capitulo iv.
tinha a beelzebul, e que pelo
príncipe dos demonios lançava
fora aos demonios. E* COMEçou • outra vez st
23‘ E chamando-os, disse-lhes -*-1 ensinar junto aó mar, e
por parabolas : Como pode sata­ ajuntou-se a elle grande' compa­
nás lançar fora a satanas ? nha: em tanta maneira, que
24 E se algum reyno contra, si entrando emhum barco, se assen­
mesmo estiver diviso, nãõ pode tou no! mar, e toda a compan­
t>tal reyno permanecer. ha estava em terra juúto ah
25 E se alguma casa estiver di­ mar.
visa comtra si mesma, ntó podè 2 E ensinava-lhes por' parabo-
permanecér a tal casa. las muitas cousas; e dizia-lhes
2õ E se satanás sé levantar em sua dotitrina:
■contra si mesmo, e estiver diviso, 3 Ouvi; Vedes aqui'o semea­
naõ pode permanecer, mas • tem dor sahio a semear.
éeufim. 4 E aconteceo que semeando
27 Ninguém pode roubar o elle, cahio huma parte jiinto ao
fato do valéilté, entrando em sua caminho, e vieraõ OS passaros
casa, se antes na& prender ao do ceo, e tragãraõ-a.
valente : eentaõ roubará' sua casa. 5 É outra parte cahio ení
- 28 Em verdade vos digo, que pedregais, onde naõ tinha muita
todos os peccados seràõ perdo­ terra; e logo sahio, porque naã
ados aos filhos dos homens, e tinha a terra profunda. •
todas equaesquer blasfémias com 6 Mas sahitidoo Sbl, quermoti-
que blasfemarem. se; e porque fiàõ tinha raiz,
29 Porem qualquer que blasfe­ secou-se.
mar contra o Espirito santo, para 7 E outra parte cahio entre
sfemprè naõ tem pérdaõ; mas espinhos, e * sobiraõ os espin­
está obrigado a<>eterno iuizo. hos e afogaraõ-a, e nàõ deu i
30 Porque diziaô: Tem espi­ fruto.
8 E outra parte cafaro em boi
l rito immundo.
31 Vieraõ pois seus irmaõs e: terra, e deu frútó qifè sébio,
I sua mãi, éstândti dé fora, man-
dáraõ o chamar.
e creceo;: e levou hum rité trih ta,
e outro até séssenta, eoiitrò até
32 E a companha estàva as­ cento.

! sentada ao redor delle, e disse-


raõ-lhè: Ves-aqtii tua mãi, e
teus irmaõste buscaõ lá fora.
9'EhtaÕ'dfsse.lhes: Queirrtem
ouvidos pata ouvif ouça.
10 E quando esteve sA,~ ifêt
• Qbj acatast. • Ou, creçcrap.
F
50 OS. EVANGELHO
guntaraõ-lhe os que eslavaõ com ma? naõ vem antes para-se pôr
eile, juntamente com os doze, sobre o candieiro?
acerca da parabola. 22 Porque naõ ha nada encu-
11 E disse-lhes: A vos-outros berto, que naõ haja de vir a, sej
vos hé dado saber os mystérios manifesto; nem taõ em segredo,
do reyno de Deos: mas aos que naõ haja de vir a ser descu-
que estaõ de fora, por parabo- berto.
las todas estas cousas aconte­ 23 Se algum tem ouvidos para
cem. ouvir, ouça. ;
12 Paraque vendo, vejaõ, è 24 Disse-lhes também: Olhai
naõ atentem; e ouvindo, ouçaõ, o que ouvis : Com a medida que
e naõ entendaõ; porque naõ se medirdes, vos medirão outros, e
convertaõ, e lhes sejaõ perdoados ser.vos-ha acrecentadoa vos-ou­
os peccados. tros os que ouvis.
13 E disse-lhes: Naõ sabeis 25 Porque ao que tem, ser-
esta parabola? como,pois enten­ lhe-ha dado; e ao que naõ tem,
dereis todas as patabolas? até o que tem lhe será tirado.
14 O semeador, .he o que 26 Dizia mais: Assi he o, rey­
semea a palavra. no de Deos, como se o homem
15 E estes saõ os que se semeaõ lançasse semente na terra.
junto ao caminho, nos quaes a 27 E dormisse, e se levantasse
palavra sesemea, mas havendo-a de noite e de dia, e a semente
ouvido, vem logo satanás, e tira brotasse, e crecesse, naõ.sabendo
a palavra que foi semeada nos elle como.
seus coraçflens. 28 Porque de si mesma Yructi-
16 E assi mesmo, estes saõ os fica a terra, primeiro herva, logo
que se semaõ entre pedras, os espiga, logo graõ cheio na es­
que havendb ouvido a palavra, piga.
logo a tomaõ com gozo : 29 E sendo ja o fruto produ­
17 Mas naõ tem em si raiz: zido, logo se mete a fouce, por­
antes saõ temporaes; que em se que chegada he a sega.
levantando a tribulaçaõ, ou a 30 Dizia mais: A que faremos
perseguição por causa da palavra, semelhante o reyno de Deos ? ou
logo sé escandalizaõ. com que parabola o comparare­
18 E estes saõ os que se semeaõ mos?. ■. . ...
entre espinhos, convém a saber os 31 Com o graõ. dá mostarda:
que ouvem a palavra; que quando se semea em terra,
19 Mas * os cuidados deste he o mais pequeno de todas as
mundo, e o engano das riquezas, sementes que ha na terra.
e as cobiças que ha nas outras 32 Mas sendo ja semeado,
cousas, entrando, affogaõ a pa­ sobe, e faz-se a mayor de todas as
lavra, e fica sem fruto. hortaliças: e cria grandes ramas,
20 E estes saõ os que foraõ de tal maneira que os.passaros do
semeadas em boa terra, os que ceo possaõ fazer ninhos bebaixo
ouvem a palavra, e a recebem, da sua sombra. .
e daõ fruto, hum até trinta, 33 E com outras muitas taes
outro até sessenta, outro até parabolas lhes fallava a pala­
cento. vra, conforme ao que podiaõ
21 Disse-lhes também; Vem ouvir.
a candea, para se pôr debaixo 34 E sem patabola naõ lhes
do alqueire? ou debaixo da ca- fallava; mas a seus discípulos de­
• Ou, as canfuaar. clarava tudo em particular,
SEGUNDO S. MARCUS, CAP. V. 51
35 E disse-lhes aquelle dia, 6 E como vio a Jesus de longe
quando ja foi tarde: Passemos á correo e adorou-o.
outra banda; 7 E bradando com grande vor,
36 E deixando a companha, disse: Que tens commigo Jesus,
tomaraõ-o como estava no barco, Filho do Deos altíssimo? eseort*
e havia tambera com elle- outros juro-te por Deos que naõ me
barquezinhos. atormentes.
37 E levantou- se liuma grande 8 (Porque lhe dizia: Sahe
tempestade de vento, e lançava deste homem, espirito immundo.)
as ondas no barco, de tal maneira 9 E perguntou-lhe: Como te
queja se hia enchendo. chamas? e respondeo, dizendo:
38 E elle estava na popa dor­ Legiaõ me chamo: porque somos
mindo sobre huma* almofada; e muitos.
despertaraõ-o, e disseraõ-lhe: 10 E rogava-lhe muito, que o
Mestre, naõ tens cuidado que nos naõ lançasse fora d’ aquella pro­
perdemos? víncia.
39 E levantando-se elle, re- 11 E estava alli perto dos mon­
prendeo ao vento, e disse ao tes huma grande manada dér
mar: Cala-te, emmudece. E porcos pascendo.
cessou o vento, e fez-se grande 12 E rogaraõ-lhe todos aqiteL»
bonança. ■ , . u les demonios, dizendo: Manda-
40 E a ellés lhes disse: Por­ nos aos porcos, para qué nellei
que sois tam temerosos ? como, entremos.
naõ tendes fé? 13 E permitio-lho logo Jesus,
41 E temeraõ com grande te­ E sahindo aquelles espíritos íra-
mor ; e diziaõ huns aos outros : mundo9, entráraõ nos porcos/
Quem he este? que até o vento e e a manada sé lançou d’alto
o mar lhe obedecem ? abaixo no mar: (e eraõ’como
dous mil) e affogaraõ-se!àÓ nJajÇ '
CAPITULO V. 14 E os que aspascentàyaçf oí
porcos fugiraõ, e deraS àvisô' ma
"P VIEraõ à outra banda do cidade, e nos campos: e sáhiraõat
-*-1 mar, á província dos Gada- ver que era aquillo que tinha
renos. acontecido. ■'
2 E sahindo elle do barco, logo 15 E vieraõ a Jesus, e viraff
lhe sahio ao encontro hum ho­ ao que fóraatormentado do .demo*
mem das sepulturas com hum nio, assentado, é Vestido,; é em
espirito immundo, seu siso, ao quetivéra a legialo?
3 Que tinha sua inanida nas e houvéraõ medò. -
sepulturas, e nem ainda com ca- 16 E. contaraõ-lhes os que
deas o podia alguém ter preso. aquillo tinhaõ visto, o que acon',
4 Porque muitas vezes fora tecéra ao que tivera o demonio,
preso com grilhoens e cadeas ; e acerca dos porcob.'
tnas as cadeas foraõ por elle fei­ 17 E coméçàraõ 'a rogar-lhej
tas em pedaços, e os grilhoens què se fosse de' séuS termos: ■
em migalhas, e ninguém o podia 18 E entrandt» elle no bareo^
amansar. rogava-lhe o que fofa atormen­
5 E sempre de dia e de noite tado do demonio, que te deixasse:
andava dando gritos nos montes, estar com elle. - ' ■
e nas sepulturas, e ferindo-se com 19 Mas Jesus naõ lhe' pe?iAi*
pedras. tio, senaõ disse-lhe: Vai-te á tua
* Ou, cabeçal. • casa, e aos teus, e conta-lhes
.5'1 O S. EVANGELHO
quãõ grandes cçusas o Senhor fe te salvou, vai-te em paz, e sára
comtigo usou, e como de ti mise­ de teu açoute.
ricórdia teve. 35 Estando elle ainda fallando,
20 E foi-ss, e começou a pré- vieraõ alguns do principie da sy-
gár.em Decapolis, quaõ grandes nagogá, dizendo: Tua filha he
cousas Jesus com elle usara: e morta; paraque causas mais ao
todos se maravilhavaõ. Mestre ?
21 E passando Jesus outra vez 36 Mas Jesus logo em ouvin­
cm hum barco para a outra ban­ do esta razaõ que se dizia, disse
da, ajuntou-se a elle grande com­ ao principe da synagoga: Naã
panha; e estava junto ao piar. temas, cré somente.
22 E veio hum dos príncipes 37 É naõ permitio que alguém
da synagoga, chamado Jairo; e viesse após delle, senaõ Pedro, e
çomo o vio, postrou-se a seus pbs: Jacobo, e Joaõ, o irmaô de Ja­
23 E rogava-lhe muito, dizen­ cobo.
do : Minha filha está á morte, 38 E veio á casa do principe
vem e poem as maõs sobre ella, da synagoga, e vio o alvoroço, e
para que sáre, e vivirá. os que estavaõ chorando e Jazen­
24 E foi com elle; e seguia-o do grande pranto.
grande companha; e apertavaõ-o. 89 E entrando, disse-lhes: Por­
25 E huma mulher que estava que vos alvoroçais, e estais cho­
com fluxo de sapgue, doze annos rando ? a moça nap he morta,
liâvia, mas dorme.
26 E havia padecido muito de 40 E faziaõ zombaria delle :
muitos médicos, e gastado tudo m^s elle havendo-os lançado a
quanto tinha, e nada lhe aprovei­ todos fora, tomou comsigo ao pai,
tara, ante<s lhe hia peor : e a mãi da moça, e aos que esta-
' 27 Etójt. como ouvio fallar de vaõ com elle: e entrou aonde a
ile^( Jgio entre a companha por moça estava deitada.
detrás, e tocou seu vestido. 41 Etomandoamaõdamoça,
Porque" dizia: Se taõ só- disse-lhe: Thalitha cumi; que,
çjepjp tôb^rs£t} vestido, sáraréi. declarado, he: Moça a ti te di­
Kjqgo a fqjite de aw san­ go, levanta-te.
gue" se secou; e séntio no corpo 42 E logo a moça se levantou,
'^ue ja pstaya saã d’aquelle aço­ e andava; porque ja çra de doze
ute. annos: e espautaraõ-se com gran­
30 E conhpcendo Jesus logo de espanto.
em si mesmo a virtude que delle 43 Mas elle lhes mandou muiz
sahira, vírándo-sh para a compa­ to, que ninguém o soubesse: e
nha, dírçses Queiu'íocòú nos meus disse que dessem de comer á
vpstidos? moça.
‘E dis^eraõ-lhe seus discípu­
los; Ves"que à cofnpanha te aper­ CAPITULO VI.
ta, e dizes: Qjuéfla me tocou ?
32 É elle olhava ao redor por P SAHIO dalli, e veio á sua
ver a <iue istp fizéra. *-* patria, e seguiraõ-o seus di­
mújhçr tpmendo, scípulos.
e trejften^q, sabendo o que em 2 E chegado o sabado, come­
si fórã feito, veio, e postrou-se çou a ensinar na synagoga; e
diante. delle, e disse-lhe toda a muitos, ouvindo-o, estavaõ ató­
verdade. nitos, dizendo: Donde lhe vem a
' 34 "E elle lhe disse; Filha, tua este esta| cousas ?. e que sabedo-
SÊGUNDO S. MARCOS, CAP. VI. 53
ria he esta que lhe he dada ? e resujrgio dos mortos^.-.p. por tanto
taes maravilhas que por suas maõs estas virtudes obraq ííêim?,,,,...
saõ feitas ? 15 Outros diziáõ,: Elids he; e
3 Naõ he este o carpinteiro, outros dizia,õ: Profeta he, ou
filho de Maria, irmaõ do Jacobo, como algum dos profetas-
e de Joses, e de Judas, e de Si- 16 E ouvindo Herodes/rfo dis­
maõ? naõ estaõ aqui também se: Este he Joaõ, o qqp eu de­
comnosco suas irmaãs; e escan- golei : resuscitado he dos mortos.
dalizavaõ-se nelle. 17 Porque o mesmo H.erode^,
4 Mas Jesus lhes dizia: Naõ havia, mandado prendçr a .JdaÔ ;
ha profeta sem honra, senaõ na e o tinha preso na prisão, por 3
sua * terra, e entre seus parentes, causa de Herodias,. mulher dé
e na sua casa. Phèlippe seu irmaõ: porquea.,
5 E naõ podia alli fazer nen­ tomara por mulher. . ?
huma maravilha; somente sarou 18 Porque Joaõ dizia a Heró-,.
huns poucos de enfermes, pondo des-. Naõ te he licito ter a mulher
sobre elles as maõs. de teuifmaõ. *
6 E estava maravilhado de sua 19 Mas Herodias o espiava,, .èl
incredulidade. E rodeava as desejava mata-lo, e naõ ppdia,.
aldeas do redor, ensinando. 20 Porque Herodes teipia-a
TE chamou aos doze, e co- Joaõ, sabendo que era ynráp Jtú- j
meçou-os á enviar, de dous em to, e santo; e o * estimaya;e
dous: e deu-lhes poder contra os ouvindo-o, faziamuitas.çousas, e
espíritos immundos. ouvia-o de boa mente, ,,
8 E matidou-lhes que naõ 21 E vindo hum dia opportu-
levassem nada para o caminho, no, em que Herodes, na resta de,
senaõ sómente hum bordão; nem seu nacimento, fazia cea a seus
alforges, nem paõ, nem dinheiro príncipes e tribunos, e ao s prin-,
na cinta, cipaes de Galilea:
9 Mas que calçassem alparcas; 22 E entrando a filha de He­
e naõ se vestissem'de dous vestidos. rodias, dançando, e agtadando a,
10 E dizia-lhes •. Em qualquer Herodes, e aos que éstavap com"
casa que entrardes, pousai alli, elle á mesa: el rey disse á. moça;.
até que sajais dalli. Pede-me o que quizeres: que eu.
11 E todos aquelles que vos to daréi. ,.
naõ receberem, nem vos ouvirem, 23 E jurou-lhe: Tudo o que
sahindo dalii, sacudi o po que esti­ me pedires te darei, até. a, metade
ver debâixo de vossos pés, em do meu Reyno. 7 \ -
testemunho contra elles. Em ver­ 24 E sahindo ella, disse a sua
dade vos digo, que mai,s tolera- mãi ■ Que pedirei ? e ella disse;
velmente seraõ os de Sódoma e A cabeça de Joaõ Baptista,
os de Gomorra tratados no dia do 25 Entaõ ella eQlroióapresçftr
juizo, do que aquella cidade. damente a el rey, e pe<Jip, di-
12 E sahindo elles, prégavaõ, zendo: Quero q.u,é agqi^Ji^go tn®
que se emmendassem. des em hum prato, a cabeça d®
13 E lanç.avaõ fora muitos Joaõ Baptista. • 1
demonios, e ungiaõ com azeite a 26 E el rey -se entristecèo 'jgsui-
muitos enfermos, e saravaõ. to; mas por causa do juramento,
14 E ouvio-o el rey Herodes edosque estavaõcomelle'â jnesaj
(porqueja seu nome era notorio) naõ lho qtiiz negar. '
e disse; Joaõ, o que baptizava, 27 E logo el rey çnyíaqçló Ó
* Oa, patria.- * Ou, tinha-lhe rtfftita.
F 2
51 O S. EVANGELHO
algo?, nianjloú que touxessem a assentar a todos por mesas sobre
aua cabeça. ’"O qual foi, e o de­ a herva verde.
golou na píisaõ. 40 E assentaraõ-se repartidos
88 E trouxe a sua cabeça num por mesas de cento, e de cincoen-
prato, e deu-a à moca; e a moça ta a cincoenta.
a deu a sua mãi. 41 E tomando elle os cinco
29 E ouvindo»seus discípulos, paens e os dous peixes, e levan­
•vieráõ, e tomáraõ-scu corpo mor- tando os olhos ao ceo, benzeo
lo e puseraõ-o num sepulcro. e partio os paens, e deu-os a seus
30 E os Apostolos tornaraõ discípulos, que lhos apresentas­
(juntabjente) a Jesus, e contaraõ sem : e os aous peixes repartiõ a
lhe? tudo o que tinhaõ feito, eo todos.
que tinhaõ ensinado. 42 E coméraõ todos, e ferta-
31 E elle lhes disse: Vinde raõ-se.
vas-outros aqui a parte ao lugar 43 E levantaraô dos pedaços,
deserto, e repousai hum pouco : e dos peixes, doze cestos cheios.
porque haviaõ muitos qué hiaõ e 44 E eraõ os que comérao,
que vinhaõ, que nem tinhaõ* cinco mil homens.
lugaí'de comer. 45 E logo deu pressa a seus
32 E foraõ-se num barco ao discípulos a sobir no barco, e ir
lugar deserto a parte. diante delle a Bethania â outra
33 E viraõ-os ir as companhas, banda, entre tanto que elle des­
e muitos conhecéraõ-o; e concor- pedia a companha.
réraõ lá muitos a pé de todas 46 E des que os teve despedi­
as cidades, e vieraõ antes que dos, foi-se ao monte a orar.
elles, e ajuntaraõ-se a elle. 47 E como ja foi tarde, estava
34 E sahindo Jesus, vio huma o barco no meyo do mar; e elle
grande companha, e teve intima só em terra:
jnisçricordia delles; porque eraõ 48 E vio-os que se cansavaõ
como ovelhas sem pastor; e come­ navegando, porque o vento lhes
çou-lhes á ensinar muitas cousas. era contrario • e perto da quarta
35 E comoja o dia fosse mui vela da noite veio a elles andando
entrado, séus discípulos chega- sobre o mar, e queria passar por
xaõ a elle, dizendo: O lugar he elles de larga.
deserto, e o .dia he ja muito en­ 49 E vendo-o elles andar-sobre
trado : ■ o mar, cuidaraõque era fantasma,
36 Deixa-os ir aos lugares e e deraõ gritos.
aldeas do redor, e comprem 50 Porque todos o viaõ; e
páTa Sipaõ: porque naõ tem que turbaraõ-se. Mas logo fallou
comer. com elles, e disse-lhes: Estai
37 E respondendo elle, disse- seguros, Eu sou, naõ hajais medo.
Jhes: Dai-lhes vos-outros de 51 E sobio a elles no barco, e
comer E elles lhe disseraõ: o vento repousou: e em grande
Que vamos e compremos duzen­ maneira estavaõ atonitos e se
tos dihtiéiros de paõ, elhes demos maravilhavaõ:
de comer? 52 Que'ainda naõ tinhaõ en­
38 Eelle lhés disse: Quantos tendido a maravilha dos paens:
paerrs tendes? Ide Vede-o. E porque' seus corações estavaõ en­
tellés sabendo-o, disseraõ: Cinco, durecidos.
0 dotis peixes. 53 E quando ja foraõ da outra
39 E mandou-lhes que fizessem banda, qjpraõ á terra de Geaeza*
• Ou, opftrtuniiliKte, reth, e tornaraõ alli porto.
SEGUNDO S. MARCOS, CAP. VII. S5
54 E sahindo elles do barco, dos homens: a saber o lavar dos
logo o conhecéraõ. jarros, e dos vasos de beber, e
55 E correndo toda a terra do fazeis muitas cousas semelhantes
redor, começaraô a trazer de to­ a estás.
das as partes os enfermos em ca­ 9 Dizia-lhes também : Bem,
mas, aonde quer que ouviaõ que invalidais o mandamento de Deos,
estava. para guardar vossa tradiçaõ.
56 E aonde quer que entrava, 10 Porque Moyses disse: Hon­
em aldeas, ou cidades, ou luga­ ra a teu pai, e a tua mãi: e quem
res, punhaõ nos mercados aos maldisser ao pai, ou á mãi, mor­
enfermos, e rogavaõ-lhe que só ra de morte.
tocassem a borda de seu vestido; 11 E vos outros dizeis: Se hum
e todos os que o tocavaõ, sara- homem dirá ap pai ou á mãi;
vaõ. He corban, quer dizer, huma of-
ferta, tudo o que de mim possas
CAPITULO VII. aproveitar este satisfaz.
12 E naõ lhe deixais mais fa­
"E1 ajvntaraõ-sb a elle os zer por seu pai, ou por sua mãi.
Phariseos, e alguns dos Es­ 13 Invalidando assi a palavra
cribas que tinhaõ vindo de Hie- de Deos por vossa tradiçaõ, que
rusalem. vos mesmos ordenastes; e mui-as
2 Vendo a alguns de seus dis­ cousas fazeis semelhantes a estas.
cípulos, que comiaõ pão com 14 E chamando a si toda a
maôs impuras, convém a saber, companha, disse-lhes: Ouvi-me
por lavar, reprendiaõ-os. todos, e entendei;
3 Porque os Phariseos, e todos 15 Naõ ha fora do homem na­
os Judeos, guardando a tradiçaõ da que nelle entre, que o possa
dos antigos, se muitas vezes naõ contaminar; mas o que delle sahe,
lavaõ as maôs, naõ comem. isso he o que ao homem conta­
4 E tornando da praça, se naõ mina.
se lavarem, naõ comem: e ou­ 16 Se alguém tem ouvidos para
tras muitas cousas ha que toma- ouvir, ouça.
raõ para guardar; como o lavar 17 E entrando-se da companha
dos vasos de beber, e dos jarros, e em casa, perguntaraõ-lhe seus
dos vasos de meta>,e das camas. discípulos acerca da parabola.
5 E perguntaraõ-lhe os Phari­ 18 E elle lhes disse: Assi tam­
seos, « os Escribas: Porque teus bém vos-outros estais sem enten­
discípulos naõ andaõ conforme á dimento ? naõ entendeis que tudo
tradiçaõ dos antigos? mas co o que de fora entra no homem,
mem pão com as maõs por la­ naõ o pode contaminar?
var? 19 Porque naõ entra no seu
6 E respondendo elle, disse- coraçaõ, senaõ no ventre, e sahe
lhes : Hypocritas, bem profetizou á secreta, purgando todas as co­
de vos-outros Essayas, como está midas.
escrito: Este povo com os beiços 20 Mas dizia, que o que do
me honra; mas seu coraçaõ longe homem sahe, isso contamina ao
está de mim. homem.
7 Porem em vaõ me honraõ, 21 Porque de dentro dos co­
ensinando por doutrinas manda­ rações dos homens sahem os
mentos de homens. maos pensamentos, os adultérios,
8 Porque deixando'o manda as fornicações, os homicídios,
mento de Deos, tendes a tradiçaõ 22 Os furtos, as avarezas, as
56 OS. EVANGELHO
maldades, o engano, os * desa- 36 E mandou-lhes que naõ- o
vergonhamentos, o mao olho, as dissessem a ninguém; mas quanto
injurias, a soberba, a ioucura. mais elle lho mandava, tanto mais
23 Todas estas maldades de o divulgavaõ elles.
dentro sahem, e contaminaõ ao 37 E sobre maneira se maravi-
homem. Ihavaõ, dizendo : Tudo fez bem;
24 E levantando-se dalli, foi-se pois aos surdos faz òuvir; e.aos
aos termos de Tyro e deSidon : muaos fallar.
e entrando em casa, naõ quiz qúe
ninguém o soubesse; mas naõ se CAPITULO VIII.
pode esconder. IV AQUELLES dias, havendo-
25 Porque huma mulher, cuja ■ grande companha, e naã
filha tinha hum espirito immundo, tendo que comer, chamou Jesus a
logo em ouvindo delle, veio, e seus discipulos, e disse-lhes:
lançou-se a seus pés. 2 Eu tenho intima misericórdia
26 E a mulher era Grega, Sy- da companha, porque ja ha tres
rophenisa de naçaõ: e rogava-lhe dias que estaõ commigo, e naõ
que lançasse fora de sua filha ao tem que comer. <
demonio. 3 E se os mandarem jejtim
27 Mas Jesus lhe disse; Deixa para suas casas, desmayaráõ no
primeiro fartar aos filhos: porque caminho; porque alguns delles-
naõ he bom tomar o pão dos tem vindo de longe.
filhos, e lança-lo aos cachorrinhos. 4. E seus discipulos lhe respon-
28 Porem . ella respendéo, e dèraõ: Donde • poderá alguém
disse-lhe: Assi he Senhor: mas fartar e estes de pão aqui no de-;
também os cachorrinhos comem, serto ?
debaixo da mesa, das migalhas 5 E perguntou-lhes: Quanto?
dos filhos. pães tendes ? e elles disseraõ;
29 Entaõ lhe disse elle: Por Sete.
esta palavra, vai, ja o demonio 6 Entaõ mandou á companha
sahio de tua filha. que se assentassem no chaõ? ®
30 E vindo á sua casa, achou, tomando os sete pães, e havendo
queja o demonio era sahido, e a dado graças, partio-os, e deu a
filha deitada sobre a cama. ■ seus discipulos, que lhos apre­
31 E tornando elle a sahir dos sentassem; e apresentaraõ-os á
termos de Tyro, e de Sidon, veio companha.
ao mar de Galtlea, por meio dos 7 Tinhaõ também huns poucos
termos de Decapolis. de peixezinhos; e, havendo dado
32 E trouxeraõ-lhe hum surdo graças, disse que também lhos
e tartamudo, e rogaraõ-lhe que apresentassem.
lhe pussesse a maõ em cima. 8 E commeraõ, e fartaraõ-se;
33 E tomando-o da companha e levantaraõ, dos pedaços que
aparte, meteodhe os dedos nos sobejaraõ, sete cestos. '
ouvidos, e cospindo, tocou-lhe na 9 E eraõos que coméraõ, co­
lingoa. mo quatro mil; e despedio-os.
34 E levantando os olhos ao 10 E logo entrando no barco
ceo, gemeo, e disse: Ephphata, com seus discipulos, veio ás par­
que quer dizer, abre.te. tes de Dalmanutha.
35 E logo seus ouvidos se 11 E vieraõ osPhariseos, e co»
abriraõ, e a atadura, da lingoa se meçaraõ a disputar com elle, pe­
lhe desatou, e fallava bem, dindo-lhe sinaj do ceo, atentan­
• Ou, luxurias. do-o, . . . i
SEGUNDO S. MARCO, CAP VIII. St
12 E gemendo elle profunda­ 26 E mandou-o para sua casa,
mente no seu espirito, disse; dizendo: Naõ entres na aidea,
Porque pede sinal esta geraçaõ ? nem na aldea o digas a ninguém.
em verdade vos digo que sinal se 27 E sahio Jesus e os seus
naõ <Jará a esta geraçaõ. discípulos pelas aldeas de Cesarea
13 E deixando-os, tornou a de Phelippe; e no Caminho per-'
entrar no barco, e foi-se para a guntou a seus discípulos, dizendo-
outra banda. lhes: Quem dizem os homens
14 E seus discípulos tinhaõ-se que eu sou!
esquecido de tomar pão, e naõ 28 E elles responderão: Joaõ
tinhaõ senaõ hum pão comsigo Raptista ; e outros Elias; e ou­
no barco. tros algum dos Profetas.
15 E mandou-lhes, dizendo: 29 Entaõ elle lhes ,disse; E
Olhai, guardai-vos do fermento vos-outros, quem jdizeis que sou
dos Phariseos, e do fermento de eu ? e respondendo Pedro, disse-
Herodes. lhe: Tu es o Christo.
16 E contendiaõ huns com os 30 E defendia lhos rigurosa-
outros, dizendo: He porque naõ mente que naõ dissessem delle a
temos pão. iinguera.
17 IS cpmo Jesus o enfoudeo.! 31 E começou a ensinar-lhes,
disse-lhes: Que conlendtis, qiit que convinha que o Filho do
naõ tendes pão? naõ conside­ nomem padecesse muitp, e fosse
rais, nem entendeis? ainda ten^ reprovado dos Anciaõs, e dos
des vosso coraçaõ endurecido ? Príncipes dos Sacerdotes, e dos
18 Tendo oihos, naõ vedes ? Pscribas; e que fosse morto, e
e tendo ouvidos, naõ ouvis? iespois de ires dias resuscitasse.
19 E naõ vos lembrais, quan­ 32 E livremente dizia esta pa­
do parti os cinco pães entre cin­ lavra. Entaõ Pedro b tomou
co mil, quantos cestos cheios de a parte, e começou-o a repren-
pedaços levantastes ? e elles dis- der.
seraõ: Doze. 33 E elle virando-ae, e olhan­
20 E quando parti os sete en­ do para seus discípulos, repren-
tre _ quatro mil, quantos cestos deu a Pedro, dizendo: Vai-te
cheias de pedaços levantastes ? e atrás de mim, satanás: porque
elles disseraõ; Sete. naõ consideras as cousas que saõ
21 E elle lhes disse: Como, de Deos, senaõ as que saõ dos
naõ entendeis logo ainda ? homens.
22 E veio a Bethesda, e trou- 34 E chamando a si a compa­
xéraõ-lhe hum cego, e rogaraõ- nha juntamente com seus discí­
lheque o toçasse. pulos, disse-lhes: Se alguém qui­
23 Èutaq tomando ao cego pe­ ser vir apos mim, negue-se a si
la maõ, tirou-o fora de aldea, e mesmo, e tome sobre si a sua
cospindo-lhe nos olhos, e pon­ cruz, e siga-me.
do-lhe as maõs em cima, per- 35 Porque quem quizer sal­
guntou-íhe se via alguma cousa ? var sua vida,perde-la-ha; equem
24 E elle olhando, disse : Ve­ perder sua vida por causa de
jo os homens; porque vejo que mim, e do Evangelho, esse a sal­
andaõ como arvores. vará.
2J E põz-lhe logo outra vez . 36 Porque que aproveitaria
as maõs sobre os olhos, e fez-lhe ao homem se grangeasse todo
que visse, e ficou saõ, e vio de o mundo, e perdesse a sua al­
longe, clainarente a todos. ma?
58 OS. EVANGELHO
37 Ou que dará o homem por 11 E perguntaraõ-lhe, dizen­
resgate da sua alma ? do : Que he logo o que os Escri­
38 Porque quem, nesta geraçaõ bas dizem, que he necessário que
adulterina e peccadora, ae mim Elias venha primeiro?
e de minhas palavras se envergo 12 E respondendo elle, disse-
nhar, também o Filho do homem lhes: Em verdade que primeiro
delle se envergonhará, quando na Elias virá, ethdas as cousas* re­
gloria de seu Pai com os santos formará, e acontecerá como do
Anjos vier. Filho do homem está escrito, que
padecerá muito, e será aniquilado’.
CAPITULO IX... 13 Porem eu vos digo, .que já
T1IZIA-LHES lambem: Em Elias he vindo, e fizeraõ lhe tudo
verdade vos digo, que alguns o que quiseraõ, como delle está
ha dos que aqui estaõ, que naõ escrito.
gostaráõ a morte, até que naõ 14 E como veio aos discípulos,
tenhaõ visto o reyno de Deos,que vio grande companha ao redor
vem com potência. delles, e alguns Escribas, que
2 E seis dias despois tomou disputavaõ com elles.
Jesus aPedro, e a Jacobo, e a 15 E logo toda a companha,
Joaõ, e levou-os aparte sósa hum vendo-o, se espantou, e correndo
monte alto: e transfigurou se a elle saudaraõ-o.
diante delles. 16 E perguntou aos Escribas;
3 E seus vestidos se tornaraõ Que disputais com elles?
resplandecentes, muy brancos, 17 E respondendo hum da
como a neve, quaes lavandeiro os companha, disse: Mestre,trouxe-
naõ pode branquear na terra. te meu filho, que tem hum espi­
4 E apareceo-lhes Elias com rito mudo.
Moyses, quefallavaõcomjesus. 18 O qual aonde quer que o
5 Entaõ respondendo Pedro, toma, o despedaça,e deita escumas
disse a Jesus: Mestre, bom lie que pela boca, e morde os dentes, e sa
nos estejamos aqui, e façamos tres vai secando: e disse a teus discí­
cabanas, huma para ti, e para pulos que dançassem fora, e naõ
Moyses outra, e outra para Elias. puderaõ.
6 Porque naõ sabia o que di­ 19 E respondendo elle, disse-
zia; que estavaõfora de si. lhe: O geraçaõ infiel 1 atéquafido
7 E veio huma nuvem que os estaréi comvosco? até quando vos
cobrio* com sua sombra, e huma hei de sofrer ? trazei-mo.
voz da nuvem que dizia : Este he 20 E trouxeraõ-lho; e como
meu amado Filho, a elle ouvi. o vio, logo o espirito o começou
8 E olhando logo ao redor, a despedaçar, e cahindo em terra
naõ viraõ mais a ninguém comsi- espojava-se, deitando escumas
go, senaõ só a Jesus. pela boca.
9 E descendo elles do monte, 21 E perguntou a seu pai:
mandou-lhes que a ninguém dis­ Quanto tempo haque lhe acon-
sessem o que tinhaõ visto, senaõ teceo isto ? e elle disse: Desde
quando o Filho do homem ja dos minino.
mortos resuscitado fosse 22 E muitas vezes o lançou no
10 E elles retivéraõ f o caso fogo, e na agoa, para o f matar;
entre si, disputando, que seria mas se podes alguma cousa, aju­
aquillo, resuscitar dos mortos ? da-nos, havendo intima miseri­
• Ou, assombrou» ■ córdia de nos.
1 Ou, palavra. • Ou, restaurara. t Ou, perder.
SEGUNDO S. MARCOS, CAP. IX. 5»
23 E Jesus lhe disse: Se podes po-lo no meyo delles, e abraçando"
crér, ao que cré tudo he possível. o com seus braços, disse-lnes': ,
24 E logo o pai do menino cla­ 37 O que receber em meu no-
mando com lagrimas, disse: Cre- me a hum dos taes meninos, a
yo, Senhor, ajuda minha incre­ mim me recebe; e o que a mim
dulidade. me recebbe, naõ me recebe a
25 E como Jesus vio que a mim, senaõ ao que me enviou.
companha concorria, reprendeu 38 E responueo-lhe Joaõ di­
ao espirito immundo, dizendo- zendo: Mestre, temos visto a
lhe: Espirito mudo e surdo, eu hum, que em teu nome lançava
te mando, sabe delle, e naõ entres fora os demonios, o qual naõ nos
nelle mais. segue; e defendemos-lho, porque
26 Entaõ clamando, e despe- nos naõ segue.
daçando-o muito, sahio; e ficou, 39 E Jesus lhe disse: Naõlho
o mancebo, como morto, que defendais; porque ninguém ha
muitos diziaõ que estava morto. que faça * milagre em meu nome,
27 Mas Jesus tomando-o pela que logo de mim possa mal dizer.
maõ, ergueo-o, e elle se levan­ 40 Porque quem naõ he contra
tou. nos, por nos he.
28 E como entrou em casa, 41 Porque qualquer que vo3
seus discípulos lhe perguntáraõ à der hum jarro de.agoa em meu
iarte: Porque o naõ pudemos nos nome, porque sóis discípulos de
f ançar fora ? Cristo, em verdade vos digo, que
29 E disse-lhes: Este genero naõ perderá o seu galardaõ.
com nada pode sahir, senaõ com 42 E qualquer que escanda­
oraçaõ e jejum. lizar a hum destes pequeninos que
30 E sahidos dalli, caminháraõ crém em mim, melhor le fóra,
juntos por Galjlea, e naõ queria que ao pescoço hurna f mó de ata­
que ninguém o soubesse. fona lhe puzeraõ, e que no mar
31 Porque ensinava a seus dis­ fóra lançado.
cípulos, e dizia-lhes: O Filho do 43 Mas se a tua maõ te escanda­
homem será entregue nas maõs lizar, corta-a: melhor te he en­
hos homens, e mata-lo-haõ, mas trar na vida alejado, do que ten­
morto elle, resuscitará ao terceiro do duas maõs, ir ao inferno, ao
dia. fogo que nunca se pode apagar.
32 Mas elles naõ entendiaõ 44 Aonde o seu bicho naõ mor­
esta palavra, e tinhaõ medõ de re, e o seu fogo nunca se apaga.
lhe perguntar. 45 E se o teu pé te escandali­
33 E veio a Cápernaum, e zar, córta-o; melhor te he entrar
chegando a casa, perguntou-lhes: na vida manco, do que tendo
Que disputáveis entre vos-outros dous pés, ser lançado no inferno,
pelo caminho ? no fogo que nunca se pode apa­
34 Mas elles se calaraõ, porque gar.
os huns com os outros disputaraõ 46 Aonde o seu bicho naõ mor­
pelo caminho, qual delles havia re, e o seu fogo nunca se apaga.
de ser o mayor. 47 E se o teu olho te escanda­
, 35 Entaõ sentando-se elle, lizar, tira-o; melhorte he entrar
chamou aos doze, e disse-lhes: no reyno de Deos com hum olho,
Se alguém quizer ser o primeiro, do que tendo dous olhos, ser
será o derradeiro de todos, e de lançado no fogo do inferno.
todos o servente. • Ou, virtude.
36 E tçmando hupi menino, t Ou, pedra de mar.
60 OS. EVANGELHO
48 Aonde o seu bicho ’aõ mor­ 13 E apresentavaõ lhe meni­
te, e o seu fogo nunca se apaga nos, paraque os tocasse; e os
49 Porque todo homem será discípulos reprendiaõ aos que lhos
Salgado com fogo, e todo sacrifí­ aoresentavaõ.
cio será salgado com sal. 14 E vendo-o Jesus indignou-
50 Bom he o sal; mas se o sal se muito, e disse-lhes: Deixai vir
se esvaecer, com que o aduba­ ,os meninos a mim, iiaõ lho de-
reis? Tende sal em vos mesmos, ! fendais: porque dos taes he o
e tende paz huns com os outros. reyno de Deos.
15 Em vefdade vos digo, que
CAPITULO X. o que naõ receber o reyno de
P PARTINDO-SE elle dalli, Deos como hum menino, em ma­
veio aos termos de Judea por neira nenhuma nelle entrará.
detrás do Jordaõ; e tornou-se a 16 E tomando-os nos braços,
companha a ajuntar-se a elle, e e pondo as maõs sobre elles, os
tornou-os a ensinar, como de benzeo.
costume tinha. 17 E sahindo elle ao caminho,
2 E chegando-se a elle os Pha- correu a elle hum, e pondo-se de
riseos, perguntaraõ-lhe, Se era juelhos diante delle, pergtmtou-
licito ao marido largar a sua lhe: Mestre bom, que farei para
mulher? atentando-o. possuirá vida eterna?
3 Mas respondendo elle, disse- 18 E Jesus lhe disse: Porque
lhes: Que vos mandou Moyses? me chamas bom? ninguém he
4 E elles disseraõ : Moyses both senaõ hum, a saber Deos.
permitio escrever-lhe carta de 19 Os mandamentos sabes:
desquite, e larga-la. Naõ adulteres, Naõ mates, Naõ
5 E respondendo Jesus, disse- furtes, Naõ digas falso testimu-
lhes: Pela dureza de vosso cora- nho, Naõ defraudes a ninguém,
çaõ vos escreveo elle esse manda­ Honra a teu pai, e a tua mãi.
mento. 20 Elle entaõ respondendo,
6 Porem desdo principio da disse-lhe: Mestre, tiido isto
criacaõ, macho e femea os fez guardei desda minha mocidade.
Deos. 21 Entaõ Jesus olhando para
7 Por isso, deixará o homem elle, amou o, e disse-lhe: Huma
a seu pai e a suã mãi, e ajuntar- cousa te falta; vai, vende tudo
se-ha com sua mulher. quanto téns, e da-o aos pobres, e
8 E os dous serqõ feitos hiima terás hum thesouro no ceo: e
carne: assiquejanaõ saõ dous,> vem, sigue-me, tomando a cruz.
senaõ huma carne. 22 Mas elle entristecido por
9 Por tanto o que Deos ajun­ esta palavra, foi-se pesaroso;
tou, naõ o aparte o homem. porque tinha muitas possessões.
10 E em casa lhe tornâraõ os 23 Entaõ Jesus, olhando ao
discípulos a perguntar acerca disto redor, disse a seus discipulòs:
mesmo. Quaõ difficilmertteentraráõ os que
11 E disse-lhes: Qualquer que tem * riquezas rio reyno de Deos.
largar a sua mulher, e se casar 24 E os discípulos se espanta-
com outra, comete adultério con­ raõ de suas palavras; mas re­
tra ella. spondendo Jesus, tornou-lhes a
12 E se a mulher largar a seu dizer: Filhos, quaõ difficil he
marido, e se casar com outro, entrar no reyno de Deos os que
adultera. confíaõ nas riquezas.
♦' Ou, fazendas.
SEGUNDO S. MARCOS, CAP. X. 61
25 Maií fácil he passar hum elle, dizendo: Mestre, bem qui-
* camelo' pelo olho de huma agu­ zeramos que nos fizesses o que te
lha, do que entrar o rito no reyno pedirmos.
de Deos. 36 É elle lhes disse •• Que que­
26 Mas elles se espántavaõ reis que vos faça ?
mais, dizendo entre si: E quem- 37 E elles lhe disseraõ: Dá-nos
se poderá salvar i que, em tua gloria, nos assente­
27 Entaõ Jesus olhando para mos hum á ma maõ direita, e
elles, disse: Quanto aos homens, outro á tua esquerda ?
he impossível; mas quanto a 38 Entaõ Jesus lhes disse: Naõ
Deos, naõ: porque todas as cou­ sabeis o que pedis; podeis vos
sas saõ possíveis quanto a Deos. beber e copo que eu bebo, e ser
28 Entaõ Pedro começou a baptizados do baptismo'de que
dizer-lhe: Ves-aqui, nos outros eu sou baptizado ?
deixamos todtis as cousa», e te 39 E elles lhe disseraõ: Pode­
seguimos. mos. E elle lhes disse: Em ver­
29 E respondendo Jesus, disse: dade, o copo que eu bebo, bebe­
Em verdade vos digo, que naõ ha reis : e do baptismo de que eu sou
ninguém que haja deixado casa, baptizado, serèis baptizados:
ou irmaõs, ou irmaãs, ou pai, ou 40 Mas que vos assentéisá mi­
mãi, ou> mulher, ou filhos, ou nha maõ direita, ou á minha es­
herdades por causa de mim e do querda, naõ he meu dallõ, mas se
Evangelho, dará áquelles para quem está
30 Que naõ receba em vezes aparelhado.
tanto, agora neste tempo, casas, 41 E como os dez ouviraõ isto,
e irmaõs, e irmãos, e mãi, e começáraõ a indignar-se com
filhos, e herdades, com persegui­ Jacobo, e com Joaõ.
ções, e no século f vindouro, a 42 Mas chamando-os Jesus,
vida eterna.' disse-lhes : Ja sabeis que os que
31 Porem muitos primeiros se eslimaõ ser príncipes das gen­
seráõ derradeiros, e muitos derra­ tes, se ensenhoreaõ delias: E os
deiros, primeiros, que entre ellas saõ grandes, tem
32 E hiaõde caminho, sobin- sobre elias potestade.
do a Hierusalem; e Jesus hia di­ 43 Mas entre vos-outros naõ
ante delles, e espantavaõ-se, e se- será assi: antes qualquer que
guiaõ-o com temor. E naõ tor­ entre voe se quizer fazer grande,
nando a tomar aos doze á parte, será vosso servente.
começou-lhes a dizer as cousas 44 E qualquer que de vos-ou»
que lhe haviaõ de acontecer, tros se quizer fazer o primeiro,
33> Dixendo: Vedes-aqui subi­ de todos setá servo.
mos a Hierusaiern.; e o Filho do 45 Porque tam pouco veio tam­
homem será entregue aos Prín­ bém o Filho do homem a ser
cipes dos Sacerdotes, e aos servido, senaõ a servir, e dar sua
Escribas, condena-lo-hàõ ã morte’ alma em resgate por muitos.
e entrega-lo-háõ ás gentes. 46 Entaõ vieraõ a Hiericho.
34 As quaes o escarnecerão, Esahindo elle e mais seus discipu-
e o açoutarão, conspiráõ nelle, e los, e huma grande campanha, de
mata-lo-háõ; mas ao terceiro dia Hiericho, estava Bartimeo o cego,
resutgirà. filho de Timeo, assentado junto
35 Eutaõ Jacobo e Joaõ, fi­ ao caminho, pedindo esmola.
lhos de Zebedeo, se chegáraõ, a ’ 47 E ouvindo que era Jesus o
• Ou, catulrtv. t-ôv, futuro- Nazareno, começou- a dar bra-
.62 O S. EVANGELHO
dos, e a dizer: Jesus, Filho de tavaõ ramos das arvores, e * as-
David, tem misericórdia de mim. palhavaõ-os pelo caminho,-
48 E muitos o reprendiaõ, que 9 E os que hiaõ diante, e os
se calasse: mas elle dava mayores que seguiaõ, clamavaõ, dizendo:
brados: Filho de David, tem Hosanna, bendito o que vem em
misericórdia de mim. nome do Senhor.
49 Entaõ parando Jesus, man­ 10 Bendito seja o Reyno de
dou-o chamar; e chamáraõ ao nosso pai David, o que vem em
cego, dizendo-lhe: Tem confiança, nome do Senhor; Hosanna nos
levantate, que te chama. altíssimos ceos.
50 Elle entaõ largando a sua 11 E entrou o Senhor em Hie­
' capa, levantou-se, e veio a Jesus. rusalem e no Templo; ehavendo
51 E respondendo Jesus, disse- visto ao redor todas as cousas, e
lhe : Que queres que te faça ? e o sendo ja tarde, sahio-se para Be-
cego lhe disse: Mestre, que cobre tliania com os doze.
a vista. 12 E o dia seguinte, sahindo
52 E Jesus lhe disse: Vai-te; elles de Bethania, teve fome.
Jua fé te salvou. E logo cobrou 13 E vendo de longe huma
a vista, e seguia a Jesus pelo ca­ figueira que tinha folhas, veio a
minho. ver se porventura acharia nella
alguma cousa: e como veio a
CAPITULO XI. ella, naõ achou senaõ folhas;
porque naõ era tempo de figos.
17 COMO ja fóraõ perto de 14 Entaõ Jesus, respondendo,
-*-1 Hierusalem, em Bethphage disse á figueira: Nunca de ti coma
e Bethania, ao monte das olivei­ ninguém mais fruto para sempre,
ras, mandou dous de seus disci- E isto ouviraõ seus discípulos.
pulos. 15 Vieraõ pois a Hierusalem:
2 E disse-lhes: Ide à aldea e entrando Jesus no templo, co­
que está defronte de vos : e logo, meçou a lançar fora aos que no
em nella entrando, acharéis hum templo vendiaõ e compravaõ: e
poldro atado, sobre o qual nenhum trastornou as mesas dos cambia-
homem se tem assentado; desatai - dores, e as cadeiras dos que ven-
o, e trazei-o. diaõ pombas.
3 E se alguém vos disser: 16 E naõ consentia quealguem
Porque fazeis isso ? dizei: Que levasse algum vaso pelo Templo.
o Senhor o ha mister: e logo o 17 E ensinava-os, dizendo:
mandará para cá. Porventura naõ está escrito, que
4 E fòraõ, e acháraõ o poldro minha casa, casa de oraçaõ será
atado á porta, fora, entre dous chamada de todas as gentes ? e
caminhos, e soltaraõ-o. vós-outros a tendes feito cova de
5 E huns dos que estavaõ alli ladroens. 1
lhes disseraõ: Que fazeis soltando 18 E ouvindo os Escribas e os
ao poldro ? Príncipes dos Sacerdotes isto, bu­
6 Elles entaõ lhes disseraõ, sca vaõ como o matariaõ; porque o
como Jesus lho tinha mandado, e temiaõ, por quanto toda a com­
deixáraõ-os ir. panha estava fora de si, acerca
7 E trouxeraõo poldro a Jesus, de sua doutrina.
e puserâõ sobre elle seus vesti­ 19 Mas como ja foi a tarde,
dos, e assentou-se sobre elle. sahio-se Jesus da cidade.
8 E muitos estendiaõ seus ve­ 20 E passando pela manhai
stidos pelo caminho, e outros cor* • Ou, atendiai.
SEGUNDO S. MARCOS, CAP. XII. 6Í
viraõ que a figueira se tinha se­ Jesus: Naõ sabemos. Entaõ re­
cado desdas raízes. spondendo Jesus, disse-lhes; Tam
21 Entaõ Pedro lembrando-se, pouco eu vos direi com que au­
disse-lhe: Mestre, ves-aqui a fi­ toridade faço estas cousas.
gueira, que amaldiçoaste, se tem
secado. CAPITULO XII.
22 E respondendo Jesus, disse-
lhes : Tende fé de Deos. começou-lhes por parabolas
23 Porque em verdade vos di -*-1 a dizer: Prantou hum homem
go, que qualquer que disser a huma vinha, e cercou-ã com va­
este monte, Alça-te, e lança-te lado, e cavou-lhe hum lagar,
no már, e naõ duvidar em seu co- edificou-lhe huma torre, e arren­
raçao, mas crér que se fará o que dou-a a huns lavradores: e partio-
diz, tudo o que disser, lhe será se para longe.
feito. 2 E chegado o tempo, mandou
24 Por tanto vos digo, que tu­ hum servo aos lavradores, para­
do o que orando pedirdes, crede que dos lavradores recebesse dt>
que recebereis, e vir-vos ha. fruto da vinha.
25 E quando estiverdes oran 3 Mas elles tomatido-o, feriraõ-
do, Perdoai, se tendes alguma no, e mandaraõno vazio.
cousa contra alguém: Paraque 4 E tornou a mandar-lhes out­
võsso Pai, que está nos ceos, vos ro çervo; mas elles apedrejando-
perdoe a vos-outros vossas of- o, feriraõ-no na cabeça, e torna-
fensas. raõ-no a mandar afrontado.
26 Porque se vos-outros naõ 5 E tornou a mandar outro, e
perdoardes, tam pouco vosso Pai, aquelle maláraõ; e a outros mu­
que está nos ceos, vos perdoara itos, e a huns feriraõ, e a outros
vossas offensas. mafâraõ:
27 E toriiáraõ a Hierusalem: 6 Tendo pois elle ainda hum
E andando elle pelo Templo, vie- seu filho amado, mandou-lhes
raõ a elle os Príncipes dos Sacer­ também por derradeiro a este,
dotes, e os Escribas, e os Aticiaõs. dizendo: Pelo menos teráõ em
28 E dizem-lhe: Com que au­ reverencia a meu filho.
toridade fazes estas cousas? E 7 Mas aquelles lavradores dis-
quem te deu esta autoridade para seraõ entre si: Este he o herde­
estas cousas fazeres ? iro, vinde, matemo-lo; e será
29 E Jesus entaõ respondendo, nossa a herdade.
disse-lhes: Eu vos perguntaréi 8 E pegando delle, mataraõ-no,
também huma palavra, e respon­ e lançàraõ-rre fora da vinha.
dei-me; e entaõ vos direi com 9 Que pois fará o senhor da
que autoridade faço estas cousas. vinha? Virá; e destruirá a estes
30 O Báptismo de Joaõ era lavradores; e dará sua vinha a
do ceo, ou dos homens ? Respon­ outros.-
dei-me. 10 Nem ainda esta escritura
31 Entaõ elles pensáraõ entre tendes lido? A pedra que os que
si, dizendo: Se dissermos do ceo, edificavaõ reprovaraõ, esta he
dir-nos-ha: Porque pois lhe naõ posta por cabeça da esquina.
destes credito ? 11 Pelo Senhor foi feito isto,
32 E se dissermos dos homens, e he cousa maravilhosa em nossos
tememos ao povo: Porque todos olhos.
tinhaõ de Joaõ, que verdadeira­ 12 E procuraraõ prende-lo, mas
mente era Profeta. temiaõ a multidão; porque en-
33 E respondendo, disseraõá. tendiaõ que delles dizia aquella-
64 O S. EVANGELHO.
parabola: E deixando-o, foraõ-se. 24 Entaõ respondendo Jesus,
13 E mandaraõ-lhe alguns dos disse-lhes: Por ventura naõ errais
Phariseos, e dos Herodianos, pa- vos-outros, porquanto naõ sabeis
raque o apanhassem em alguma as escrituras, nem a potência de
palavra. Deos ?
14 E vindo elles, dizem-lhe; 25 Porque quando resurgirem
Mestre, bem sabemos que es ho­ dos mortos, nem maridos tomaõ
mem de verdade, e naõ se te dá mulheres, nem mulheres maridos;
de ninguém, porque naõ atentas mas saõ como os Anjos que estaõ
para a aparência dos homens, nos ceos.
antes com verdade ensinas o ca­ 26 E acerca dos mortos, que
minho de Deos; He licito dar hajaõ de resuscitar; naõ tendes
tributo a Cassar, ou naõ ? Dare­ lido no livro de Moyses, como
mos, ou naõ daremos ? Deos lhe fallou na çarça, dizen­
15 Entaõ eile, entendendo a do : Eu sou o Deos de Abraham,
sua bypocrisia, disse-lhes: Por­ e o Deos de Isaac, e o Deos de
que me atentais? Trazei-me a Jacob ?
moeda, paraque a veja. 27 Deos naõ he Dees de mor­
16 E elles lha trouxeraó. E tos, senaõ Deos de vivos. Assi
disse-lhes: Cuja he esta imagem, que mui errados andais.
e a inscripçaõ ? e elles disseraõ : 28 E chegando-se hum dos Es­
De César. cribas, que os ouvira disputar, e
17 E respondendo Jesus, dis­ sabia que lhes tinha bem respon­
se-lhes: Pagai, pois, a Cesar, o dido, perguntou-lhe : Qual de to­
que he de Cesar; e a Deos, o dos he o primeiro mandamento ?
que he de Deos. E maravilharaõ- 29 E Jesus lhe respondeo: O
se delle. primeiro mandamento de todos
18 Entaõ vieraõ^ elle os Sa- ne: Ouve íraê), O Senhor nosso
duceos, que dizem que naõ ha( Deos be o único Senhor.
resurreipaõ: e perguntaraõ-lhe, 30 Amatás pois ao Senhor
dizendo: teu Deos de todo teu coraçaõ, e
19 Mestre, Moyses nos escre- de toda Itta alma, e de todo teu
veo, que se o irmaõ de alguém pensamento, e de todas tuas for­
morresse, e deixasse mulher, e ças : Este he o primeiro manda­
naõ deixasse filhos, que seu ir­ mento.
maõ tome sua mulher, e desperte 31 E o segundo, semelhante a
semente a seu irmaõ: ; este, he: Amarás a teu proximo
20 Fóraõ pois sete irmaõs, e oi como a ti mesmo: Naõ ha outro
primeiro tomou mulher, e mor- mandamento roayor que estes.
rendo, naõ deixou semente. ; 32 Entaõ o Escriba lhe disse :
21 E tomou-a o segundo, e' Muy bem Mestre, e com verdade
morreo, e nem aquelle tam pouco; disseste, que hum só Decs ha, e
deixou semente; e o terceiro daI fora delle naõ ba outro.
mesma maneira. j 33 E que o ama-lo de todo co­
22 E tomaraõ-na ossete, e tarai raçaõ, e de todo entendimento, e
pouco deixáraõ semente: e, porí de toda a alma, e de todas as
derradeiro, morreo também aj forças: e amar ao proximo como
mulher. a si mesmo, mais be, que todos os
23 Na resurreiçaõ, pois,quan-i holocaustos e sacrifícios.
do resuscitarem, mulher de qual 34 Jesus entaõ, vendo que havia
delles será ? Porque os sete a respondido sabia mente, disse- lhe:
tivéraõ por mulher. Naõ estás tu longe do Reyuode
SEGUNDO S. MARCOS. CÁP. XIV.
Deos. E ja ninguém lhe ousava pulos: Mestre, olhá que pedras*
mais perguntar. e que edifícios estes!
35 E respondendo Jesus, dizia, 2 E respondendo Jesus, disse*
ensinando no Templo : Como di­ lhe: Ves tu estes grandes edi­
zem os escribas que o Christo he fícios ? naõ ficará pedra sobre pe­
Filho de David? dra, que naõ seja derribada.
36 Porque o mesmo David dis­ 3 E assentando-se elle no mon­
se, por Espirito santo: Disse o te das oliveiras, em fronte do
Senhor a meu Senhor, assenta-te á Templo, perguntáraõ-lhe á parte*
minha maõ direita, ate que ponha Pedro, e Jacobo, e Joaõ, e André:
a teus inimigos por * estrado de 4 Dize-nos, quando seráõ estas
teus pés. cousas; e que sinal haverá de
37 Logo, chamano-lhe o mes­ quando todas estas cousas se haõ
mo David seu Senhor, como lie de acabar ?
seu filho ? E a multidão da com 5 E respondendó-lhes Jesus,
panha o ouvia de boa vontade. começou a dizer: Olhai que nin­
38 E dizia lhes em sua dou­ guém vos engane:
trina: Guardai-vos dos Escribas, 6 Porque viráõ muitos em meu
que folgaõ de andar com vestidos nome, dizendo: Eu sou o Christo;
compridos, e amaõ as saudações e a muitos enganaráõ.
nas praças. 7. Mas quando ouvirdes de
39 Eas primeiras cadeiras tem guerrai, e de rumores de guerras;
nas synagogas, e os primeiros as­ naõ vos turbeis; porque convém
sentos nas ceas. fazerse assi: Mas ainda naõ será
40 Que engolem as casas das o fim:
viuvas, com pretexto de que fa­ 8 Porque gente se lavantará
zem . larga oraçaõ: estes recebe­ contra gente, e Reyno contra
rão mais grave condenaçaõ. Reyno, e haverá tremores de ter­
41 E estando Jesus assentado ra em diversos lugares, e haverá
diante da arca da offerta, estava fomes, e alvoroços; estas cousas
olhando como o povo lançava di­ saõ somente princípios de angus­
nheiro na arca: e muitos ricos tias.
lançavaõ muito nella. 9 Más vos-outros olhai pôr vos
42 E vindo também huma mesmos; porque vos entregarão
pobre viuva, lançou dousf minu­ em conselhos, e em synagogas 9
tos, que he hum quarto. seréis açoutados, e diante Presi-í
43 Entaõ, chamando Jesus a dentes e Réys seréis chamados,
seus discipalos, disse-lhes: Em por causa dé mim, em testemun-
verdade vos digo, qne esta pobre hq contra elles.
viuva lançou mais, que todos os 10 E entre* todas as gentes
que lançaràõ na> arca. importa se prégue * primeiro o
44 Pòrque todos lançaraõ nella Evangelho.
do que lhes sobeja; mas está, de 11 E' quando vos * trouxerem
sua pobreza, lançou nella tudo o a fazer entrega de vos, naõ cui­
que tinha, todo seu sustento. deis dantes o que haveis de dizer,
mem o penseis -. mas o que na-
CAPITULO XIII. quella hora vos fór dado, isso
tallai: porque naõ sois vos-outros
P SAHINDO elle do Templo, os que fallais, senaõ o Espirito
•“-1 disse-lhe hum de séus disci- santo.
* Ou, íscahello. • 12 E entregará á morte o irmaõ
+ Hu, ceitis, quçhç mçiQ real, • Ou, levarem, a entregar,
G2
6ô 0 s. EVANGELHO
ao irmaõ, e o pai ao filho: e 26 E entaõ veráõ ao íilhorJo
levantar-se-báõ os filhos contra homem, que virá nas nuvens, com
os pais, e mata-los-háõ. muita potestade e gloria.
13 E sereis aborrecidos de to­ 27 E entaõ mandará seus An­
dos por meu nome: Mas o que jos, e ajuntará seus escolhidos
perseverar até o fim, esse sera dos quatro ventos, desdo cabo da
salvo. terra, até o cabo do ceo.
14 Porem quando virdes a a- 28 Da figueira aprendei a se­
bominiçaõ do assolamentó, que melhança : quando ja seu ramo
foi dita pelo Profeta Daniel, que se vay * fazendo tenro, e brota
estando aonde naõ deve, (quem lé, folhas, bem sabeis que ja o ve-
entenda) entaõ os que estiverem raõ está perto.
em Jqdea, fujaõ aos montes: 29 Assi também vos-outros,
15 E o que estiver sobre o te­ quando virdes que estas couáas
lhado, naõ descenda á casa, nem succedem, sabei que ja está perto
entre a toniar alguma cousa de sua ás portas.
casa: 30 Ijin verdade vos digo, que
16 E o que estiver no campo, naõ passará esta géraçaõ, que to­
naõ torne atrás, para tomar a sua das estas cousas naõ sejaõ feitas.
capa. 31 O ceo e a terra passaráõ,
17 Mas ay das prenhes, e das mas minhas palavrás naõ passa-
que criarem naquelles dias ! mo.
18 Orai pois, que naõ succeda 32 Porem daquelle dia, e da­
vossa fugida no inverno. quella hora, ninguém sabe; nem
19 Poique seraõ aquelles dias ainda os anjos, que estaõ no ceo ;
de tal afflipaõ, qual nunca foi nem o mesmo Filho, senaõ o
desdo principio da criaçaõ das Pai.
cousas que Deos criou, até este 33 Olhai, vjgiai, e orai; por­
tempo, nem será. que naõ sabeis quando será o
20 E se o Senhor naõ abrevias­ tempo.
se aqueFes dias, nenhuma carne 34 Como homem que partim
se salvaria: Mas por causa dos es­ do-se longe, deixou a sua casa, e
colhidos, que elle escolheo, a- deu a seus servos autoridade; e
breviou aquelles dias. a cada hum sua obra, e ao por­
21 E entaõ se alguém vos dis­ teiro mandou que vigiasse.
ser : Vedes-aqui está o Christo, ou 35 Vigiai pois, porque naõ
vede-lo alli está, naõ o creais. sabeis quando virá o senhor da
22 Porque se levantaraõ fal­ casa; se á tarde, seá meia notte,
sos Christos, e falsos Profetas, se ao canto do galo, se pela
e faráo sihaes, e prodígios, para manhaã.
enganar, se possível fóra, até aos 36 Porque quando vier d’
escolhidos. improviso, naõ vos ache dor­
23 Mas vos-outros olhai, ve­ mindo.
des-aqui vos tenho dito ..tudo dan­ 37 E as cousas que a vos-çu-
tes. tros vos digo, a todos as digo;
24 Porem naquelles dias, de­ Vigiai.
pois daquella affliçaõ, o Sol se
escurecerá, e a Lua naõ dará seu CAPITULO XIV.
resplandor.
25 E asestrellas cahiráõ do ceo, 17 DALLI a dous dias era a Pa-
eas virtudesqqe.criaõ no ceo seraõ scoa, e p festa dos pães
comovidas. * Ou, emerdwcnd».
SEGUNDO S. MARCOS, CAP. XIV. S*
ázimos; buscavaõ os Príncipes imos aparelhar para cometes a
dos Sacerdotes, é os Escribas, Pascoa ?
como o prenderiaõ por engano, e 13 E mandou dous de seus
o njatariaõ. discípulos, e disse-lhes : Ide á
2 E diziaõ: Naõ em dia de cidade, e enContrar-vos-ha hum
festa, porque naõ se faça alvo­ homem, que leva hum cantaro de
roço entre o povo: agoa, segui-o.
3 E estando, elle em Belhania 14 E aonde quer que entrar,
em casa de Simaõ o leproso, e dizei ao senhor da casa: O Me­
assentado a mesa veio huma mu­ stre diz; onde está o apousento
lher, que tinha hum vaso de ala­ aonde hei de comer a Pascoa com
bastro de unguento de nardo pu­ meus discípulos?
ro, de muito preço, e quebrando 15 E elle vos mostrará hum
o alabastro, derramou-lho sobre grande cenáculo, ornado, e apa­
a sua cabeça. relhado; fazei-nos alli prestes.
4 E houve alguns que se incJi- 16 E fóraõ seus discípulos, e
gnara.0 entre si, e disseraõ: Para- vieraõ á cidade, e acharaõ como
que se fez esta perdiçaõ do un­ lhes tinha dito, e fizeraõ prestes
guento? a Pascoa.
5 Porque bem se podia isto 17 E chegada a tarde, veio com
vender por mais de trecentos os doze,
dinheiros, e dar-se aos pobres, 18 E como se assentissem á
E bramavaõ contra ella. mcsa, e comessem, disse Jesus':
6 Mas Jesus lhes disse: De- Em verdade vos digo, que hum
ixai-a; porque a molestais ? boa de vos-outros, que commigo está
obra me tem feito. comendo, me ha de entregar.
7 Que pobres, sempre os ten­ 19 Entaõ elles começaraõ a
des, comvosco; e quando quizer- entristecer-se, e a dizer-lhe ca­
des, lhes podeis fazer bem: po­ da hum por si: Porventura sou
rem a mim, nem sempre mete- eu ? e optro : Porventura sou
réis. eu ?
8 Esta, o que podia fez; por­ 20 E respondendo elle, disse-
que se adiantou a upgir o meu lhes. He hum dos doze, que
corpo para preparaçaõ da sepul­ molha commigo no prato.
tura. 21 Em verdade o Filho do
9 Em verdade vos digo, que homem vai como delle está ev­
aonde quer que em todo o mun­ ento ; mas ay daquelle homem,
do este Evangelho for pregado, por quem o Filho do homem
também isto, que esta fez, será he trahido: Bom lhe fóra ao tal
dito em sua memória. homem naõ haver nacido.
10 Entaõ Judas Iscariota, 22 E estando elles comendo,
hum dos doze, hia aos Prínci­ tomou Jesus o pão, e bendizen­
pes dos Sacerdotes para lhe en­ do partio-o, e deo-lho, e disse:
tregar. Tomai, comei, isto he o meu
11 E elles, ouvindo-o folgá- corpo.
raõ, e prometéraõ de lhe dar di­ 23 E tomando o copo, e haven­
nheiro; e buscava oportunidade do dado graças, deo-ZAo; e-bebé-
como o entregaria. raõ delle todos.
12 E o primeiro] dia dos pães 24 E disse-lhes: Iste he o meu
ázimos, quando sacrificavaõ a sangue, o sangue do novo Te­
Pascoa, seus discípulos lhe di­ stamento, que por muitos se der-
zem: Aonde queres que te va- ratna.
68 O S. EVANGELHO
25 Em verdade vos digo, que naõ entreis em tentacaõ: o es*
naõ beberéimais do fruto da vide, pirito em verdade esta * prestes,
a'é aquelle dia, quando novo o mas a carne he fraca
beber no Reyno de Deos. 39 E tornando-se a ir, orou, e
26 E como cantaraõ o hym- disse as mesmas palavras.
no, sahirao-se ao monte das oli­ 40 E tornando, achou-os ou­
veiras. tra vez dormindo: porque seus
27 E Jesus lhes disse: Todos olhos estavaõ carregados, e naõ
vos-outros seréis escandalizados sabiaõ queresponder-lhe.
em mim, esta noite; porque es­ 41 E veio a terceira vez, e
crito está: Feriréi ao Pastor, e disse-lhes : Dormi ja e descansai;
seráõ as ovelhas espalhadas. Basta, vinda heahora; Eis-aqui,
28 Mas dês que haja resur- o Filho do homem he entregue
gido, irei diante de vos-outros a nas maõs dos pecadores.
Galilea. 42 Levantai-vos, vamo - nos;
29 Entaõ Pedro lhe disse: Eis-aqui, o que me trahe está
Ainda que todos se escandalizas­ perto.
sem, eu naõ serei escandaliza­ 43 E logo, estando elle ainda
do. fallando, veio Judas, que era
30 E disse-lhe Jesus: Em hum dos doze, e com elle muita
verdade te digo, que hoje, nesta companha, com espadas e bas­
noite, antes que o galo cante tões de parte dos Príncipes dos
duas vezes, me negarás tu tres. sacerdotes, e dos Escribas, e dos
31 Mas elle muito mais dizia: Anciaõs.
Se comtigo me fór necessário 44 E o que o trahia, lhes ti­
morrer, naõ te negaréi. E todos nha dado hum commum sinal, di­
diziaõ também o mesmo. zendo : Ao que eu beijar, esse
32 E vieraõ ao lugar que se he: Prendei-o, e levai-o a bom'
chama Géthsemane: e disse a recado.
seus Discípulos: Assentai-vos 45 E como veio, chegou-se
aqui até que ore. logo a elle, e disse-lhe; Mestre,
33 E tomou comsigo a Pedro, Mestre, e beijou-o.
e a Jacobo, e a Joaõ, e co­ 46 Entaõ lançaraõ as maõs
meçou a se atemorizar, e angus­ nelle, e prenderaõ-o.
tiar. 47 E hum dos que alli presentes
34* E disse-lhes: Totalmente estavaõ puxou a espada, e ferio
está minha alma triste até a mor­ ao servo de Summo Pontifece, e
te. Esperai aqui, e vigiai. cortou-lhe a orelha.
35 E indo-se hum pouco mais 48 E respondendo Jesus,disse-
adiante, postrou-se em terra; e lhes: Como a ladraõ, com espa­
orou, que se fosse possivel, pas­ das e com bastões, me sahistes
sasse delle aquella hora. a prender?
36 E disse : Abba, Pai, to­ 49 Cada dia estava comvoseo
das as cousas te saõ possíveis; ensinando no Templo, e naõ
Trapassa de mim este copo; pegastes de mim; mas assi
Porem naõ o que eu quero, senaõ comem paraque se cumpraõ as
o que tu quizeres. Escrituras.
37 E veio, e achou-os dor­ 50 Entaõ deixando-o, e todos
mindo; e disse a Pedro, Siniaõ, fugiraõ.
dormes t naõ pudeste vigiar huma 51 Porem hum certo mance-
hora ?: binho o hia seguindo, cuberto
38 Vigiai, e orai, paraque •- Ou, Promto.
SEGUNDO S. MARCOS. CAP. XV. 7 69
com hum lençol sobre o corpo 64 Ouvido tendes a blasfé­
nú. E pegaraõ delle òs man­ mia ; que vos parece: E todos o
cebos. condenaraõpor culpado de morte.
52 Mas elle, largando o len­ 65 E alguns corneçaraõ a cos,
çol, fugio delles nú. pir nelle, e a cobrir-lhe o rosto,
53 E trouxeraõ a Jesus ao e a dar-lhe de pescoçadas, e a
summo Pontifece, e ajuntaraõ dizer-lhe : Profetiza. E os servi­
a çlle todos os Príncipes dos sa­ dores lhe davaõ de bofetadas.
cerdotes, e os Anciaõs, e os Es­ 66 E estando Pedro em baixo
cribas. * no pateo, veio huma das criadas
54 Pedro porem o seguio de do summo Pontifece.
longe até dentro da sala do sum­ 67 E como vio a Pedro que se
mo Pontifece, e estava assentado estava aquentando, atentou para
com os servidores, eaquentando- elle, e disse : Também tu estavas
so ao fogo. com Jesus o Nazareno.
55 E os Príncipes dos sacerdo­ 68 Mas elle o negou, dizendo:
tes, e todo, o Concilio buscávaõ Naõ o conheço, nem sei o que
algum testemunho contra Jesus, dizes: E sahio-se fora á entra­
para o entregarem & morte, mas da ; e cantou o galo.
naõ o achavaõ. 69 E a criada vendo-o outra
56 Porque muitos diziaõ falso vez, começou a dizer aos que
testemunho contra elle, mas alli estavaõ: Delles he este.
os seus testemunhos naõ concor- 70 Mas elU pegou outra vez.
davaõ. E pouco depois disseraõ os que
57 Entaõ levantando-se huns, alli estavaõ outra vez a Pedro:
déraõ contra elle falso testemu­ Verdadeiramente es delles; pois
nho, dizendo: também es Galileo, e tua falia fie
58 Nos IRe ouvimos dizer: Eu semelhante.
derribaiéi este Templo, que he 71 E elle se começou afana-
feito de maõs, e em tres dias1 thematizar, e a jurar: Naõ con­
edificarei outro, feito sem maõs. heço eesse homem que dizeis.
59 Mas nem ainda assi con­ 72 E cantou o galo a segunda
cordava o testemunho destes. vez: E Pedro se lembrou da pa­
60 Levantando-se entaõ no lavra que Jesus lhe tinha dito :
meio o summo Pontifece, per­ Antes que o galo cante duas ve­
guntou a Jesus, dizendo: Naõ zes, me negarás tu tres; e retir­
respoudes alguma cousa ? que tes- ando-se dalli, chorou.
tificaõ estes contra ti ?
61 Mas elle calava, e nada CAPITULO XV.
respondeo. O summo Pontifece
lhe tornou e perguptar, e disse- "PLOGO em amanhecendo ti-
lhe : Es tu o Christo, o Filho do veraõ conselho os snmmos
Deos bend ito ? Pontifeces com os Anciaõs, e
62 E Jesus lhe disse: Eu o com os Escribas, e com todo o
sou: E veréis ao Filho do ho­ Concilio, e amarrando a Jesus,
mem asentado á maõ direita da o levaraò, e entregaraõ-o a Pi-
potência de Deos, e que vem nas latos.
nuveis doceo. 2 E perguntou-lhe Pilatos:
63 Entaõ o Pontifece rasgan­ Es tu o Rey dos Judeos? e res-
do os seus vestidos, disse : Que
mais necessidade temos de teste­ • Ou, na sala.
munhas? 1 Ou, amaldiçoar.
70 O S. EVANGELHO
pondertdo elle, disse-lhe: Tu o 18 E começaraõ a sauda-Fo,
dizes. dizendo: hajas gozo Rey dos Ju­
3 E acusavaG-o os Príncipes deos.
dos Sacerdotes de muitas cousas; 19 E feriaõ-no na cabeça com
porem elle nada respondia. huma cana, e cuspiaõ nelle, e
4 E perguntou-lhe outra vez adoravaõ-no postos de juelhos.
Pilatos, dizendo: Naõ respondes 20 E desde que o houveraó es­
alguma cousa? olha quantas cou­ carnecido, despiraõ-lhe a purpura,
sas testificaõ contra ti t e vestiraõ-no de seus proprios
5 Mas Jesus nada mais respõn- vestidos, e levaraõ no fora,paráo
deo; de maneira que Pilatos se crucificarem.
maravilhava. 21 E constrangèraõ a hum Si-
6 Porem no dia da festa lhes maõ Cyrineó, que por atíi passa­
soltava hum preso, qualquer que va, e vinha do campo, (o pai de
elles pedissem. Alexandre e de Rufo) que levasse
7 E havia hum que se chamava a sua cruz.
Barabas, preso com seus compa­ 22 E levaraõ-no ao lugar de
nheiros, os da revolta, que em Golgotha, que declarado, quer
huma revolta tinha cometido dizer, o lugar da Caveira.
huma morte. 23 E deraõ-lhea beber vinho
8 E a multidaõ, dando vozes, mirrado: mas elle naõ-o tomou.
começou a pedir, que elle fizesse 24 E desde que o houveraõ
como sempre lhes tmha feito. crucificado, repartiraõ os seus
9 E Pilatos lhes respondeo, vestidos lançando sortes sobre
dizendo : Quereis que vos solte a elles, que levaria cada hum.
o Rey dos Judeos? 25 É era* hora das tres, quan­
10 (Porque bem sabia elle, do o crucificarão.
que por inveja o tinhaõ os Prín­ 26 E o titulo de sua causa es­
cipes dos Sacerdotes entregue.) lava sobre elle escrito : O REY
11 Mas os Príncipes dos Sa­ DOS JUDEOS.
cerdotes iticúáraõ a multidaõ, 27 E crucificàraõ tom elle
que lhes soltasse antes a Barabas. dons f ladrões, hum á sua maõ
12 E respondendo Pilatos, direita, e outro á sua esquerda.
disse-lhes outra vez: Que pois 28 E cumprio-se a escritura, que
quereis que faça do que chamais diz: E com os impios foi contado.
Rey dos Judeos ? 29 E os que passlvaõ, o inju-
13 E elles tornáraõ a dar vo­ riavaõ, meneando suas cabeças, e
zes : Crucifica-o. dizendo: Ah tu que derribas o
14 Mas Pilatos lhes dizia: Templo, e em tres dias o edificas:
Pois que mal fez ? e elles davaõ 30 Salva-te a ti mesmo, e des­
mais vozes: Crucifica-o. cende da cruz.
15 E querendo Pilatos satis- 31 E da mesma maneira tam­
facer ao povo, soltou-lhes a Ba­ bém os Príncipes dos sacerdotes,
rabas, e entregou a Jesus açou­ juntamente com os Escribas, di*
tado, paraque fosse crucificado. ziaõ huns para os outros, zom­
16 Entaõ os soldados o le- bando : A outros salvou, a si
váraõ dentro á sala, a saber á mesmo naõ se pode salvar.
audiência; e ajuntaraõ toda a 32 O Christo, o Rey de Israel,
quadrilha. descenda agora da cruz, paraque
17 E vestiraõ-o de purpura, e • Oa, as nova horas antes do mete
puzeraõ-lhe huma coroa tecida de idia.
espinhos. t Ou, salteadores.
SEGUNDO S. MARCOS, CAP. XVI. 71
o vejamos, e o creamos. Também 45 E havendo-o entendido do
os que juntamente com elle esta­ Centuriaõ, deu o corpo a Jo­
vaõ crucificados, o injuriavaõ. seph.
33 E vinda * a hora sexta, fó- 46 O qual comprou hum lenço
raõ feitas trevas sobre toda a terra fino, e tirando-o, envolveu-o no
até a j- hora nona. lenço fino, epò lo em hum sepul­
34 E à hora nona exclamou cro lavrado em huma penha; e
Jesus com grande voz, dizendo: revolveo huma pedra á porta do
ELOI, ELOI, LAMMA SA- sepulcro. ■
BACIÍTIIANI: que, declarado, 47 E Maria Magdalena, e Ma­
quer dizer •. Deos meu, Deos meu, ria mãi de Joses, olharaõ aonde
porque me desamparaste í o punhaõ.
35 E ouvindo-o hutis dos que
álli estavaõ, diziaõ: Eis-que a CAPITULO XVI.
Elias chama.
_ 36 E correo hum, e encheo de P, PASSADO o sabado, Ma-
vinagre huma esponja, e pondo-a ria Magdalena, e Maria mãi
numa cana, deu-lhe de beber, de Jacobo, e Salome, compraraõ
dizendo: Deixai: Vejamos se especiarias para o virem a ungir.
virá Elias a tira-lo. 2 E mui demanhaã, o primeiro
37 Mas Jesus, dando-huma dia da semana, vieraõ ao sepulcro,
grande voz, espirou; sahido ja o Sol.
38 Entaõ o veo do Templo se 3 E diziaõ entre si: Quem nos
rasgou em dous d’alto abaixo. revolverá a pedra da porta do
39 E o Centuriaõ que aili em sepulcro?
fronte delle estava, vendo que 4 (E atentando, viraõ a pedra
assi clamando que havia espira revolta) porque era grande.
do, disse: Verdadeiramente, Fi­ 5 E entrando no sepulcro, vi­
lho de Deos era este homem. raõ hum mancebo assentado da
40 E também alli estavaõ algu­ banda direita, cuberto de huma
mas mulheres olhando de longe, roupa comprida branca: E es-
entre as quaes estava, Maria Mag­ pantaraõ-se.
dalena, e Maria mãi de Jacobo o 6 Mas elle lhés disse: Naõ te­
menor e de Joses, e Salome. mais; buscais a Jesus Nazareno
41 As quaes, estando elle ainda crucificado: Ja ,he resuscitado;
em Galilea, o seguiaõ, e lhe ser- Naõ esté aqui: Vedes-aqui o lu­
viaõ: e também outras muitas gar aonde o puzeraõ.
que juntamente com elle tinhaõ 7 Mas ide, dizei a seus discí­
sobido a Ilierusalem? pulos, e a Pedro, que elle vai
42 E sendo ja tarde, porque diante de vos-outros a Galilea;
era a preparaçaõ, a saber a ve- alli o vereis, como elle vos disse.
spora do sabado: 8 E sahindo-se ellas apresura-
43 Veio Joseph de Arimathea, mente, fugiraõ do sepulcro; por-
Senador honrado, que também quo as tir.ha tomada tremor e es­
esperava o Reyno de Deos, e panto: nem diziaõ nada a nin­
ousadamente entrou a Pilatos, e guém, porque temiaõ.
pedio o corpo de Jesus. 9 Mas como Jesus resurgio pe­
44 E Pilatos se maravilhou de la manhaã, o primeiro dia da se­
que ja fosse morto. E chamando mana, primeiramente apareceo a
ao Centuriaõ, perguntou-lhe se Maria Magdalena, da qual tinha
ja era morto muito havia. lançado sete demonios.
* Uu, o meio dia. 10 Indo ella, fe-lo saber aos
t Ou, as tres da tarde. que haviaõ estado com elle, os
72 O S. EVANGELHO
quaes estavaõ tristes, e chorando. será salvo: mas quem naõ crer,
11 E ouvindo elles que vivia, será condenado.
e que delia havia sido visto, naõ 17 E estes sinaes seguiráõ aos
o créraõ. que 'crerem: por meu nome lan-
12 Mas depois apareceo em caráõ fora aos dèmonios, fallaraõ
outra forma, a dous delles, que novas lingoas.
hiaõ caminhando para o campo. 18 Tiraráõ serpentes: e se be­
13 E fóraõ estes, e fizeraõ-uo berem cousa alguma mortífera,
saber aos outros; e nem ainda naõ lhes fará dano nenhum; so«
a estes créraõ. bre os enfermos poráõ as maõs, e
14 Finalmente apareceo aos sararáõ.
onze, estando elles assentados á 19 E havendo-lhes o Senhor
fnesa, e deitou-lhes em rosto sua fãllado, foi recebido arriba no
incredulidade e dureza de cora- ceo e assentou-se á maõ direita de
çaõ, por naõ haverem crido aos, Deos.
que ja resuscitado o tinhaõ visto. 20 E, sahindo elles, prégaraõ
15 E disse-lhes; Ide por todo por todas as partes, obrando com
o mundo, pregai o Evangelho a elles o Senhor, e confirmando a
toda criatura. palavra com os sinaes que após
16 Quem crer, e fór baptizado, ella se seguiaõ. Amen.
fim do Santo Evangelho segundo S. MARCOS.

O SANTO EVANGELHO
BE

NOSSO SENHOR

JESU CHRISTO
SEGUNDO S. LUCAS.

CAPITULO I. 3 Parçeo-me também a mim,


havendo-me primeiro desdo prin­
TU AVENDO muitos emprendi- cipio ja de tudo mai bem infor­
do pôr em ordem a relaçaõ mado, escreveí-tas por ordem
das cousas que entre nos tiveraõ a ti, ó excellentísstmo Theo-
sua inteira certeza, philo.
2 Como entregue nos foi dos 4 Paraque conheças a certeza
que desdo principio as virão, e das cousas de que ja estas infor­
fóraõ ministros da palavra. mado.
SEGUNDO S. LUCAS. CAP. I. 79
5 LTOUVE nos dias de Hero- 18 E disse Zacharias ao Anjo:
des, Rey de Judea, hum Em que conheceréi isto ? pois-eu,
sacerdote chamado Zacharias da ja sou velho, e minha mulher
* ordem de Abias ; e sua mulher vinda em altos dias.
das filhas de Aaron, chamada : 19 E'respondendo o Anjo, disse-
Elizabeth. lhe: Eu sou Gabriel, qué assisto di­
6 E eraõ ambos justos diante ante de Deos, e fui mandado- a'fal-
de Deos, andando em todos os lar-te,e a dar-te estas boas novas.
mandamentos e direitos do Se­ 20 Ves-aqui pois emudecerás,
nhor sem reprehensaõ. e naõ poderás fallar até o dia
7 E naõ tinaõ filhos, porque em que estas cousas aconteçaõ,
Elizabeth era esteril, e ambos porque naõ creste as minhas pa­
eraõ ja vindos em altos dias. lavras, as quaes a seu tempo se
8 E aconteceo, que adminis- cumpriráõv <
strando elle o saçerdocio diante de 21 E o, povo estava esperando
Deos, segundo a ordem de sua vez, a Zacharias, e maravilhayaõ-sç
9 Conforme ao costume sacer­ de que tanto tardava no Tempio. •
dotal, lhe cahio em sorte entrar 22 E sahindo elle, naõ lhes
no Templo do Senhor a offerecer podia fallar. E entenderão que
o perfume. tinha visto alguma visaõ no Tem­
10 E toda a multidaõ do povo plo. E elle lhes fallava por ace­
estava fora orando, á hora do nos, e ficou mudo.
perfume. 23 E succedeo, que çumpridos
11 E apareceo-lhe o Anjo do os dias de seu officio, veio-se para
Senhor, estando da banda direita sua casa. 1
do altar do perfume. 24 E depois daquelles dias
12 E turbou-se Zacharias ven­ concebeo sua mulher Elizabeth, e
do-o, e cahio temor sobre elle. encubria-se por cinco meses, di­
13 Mas o Anjo lhe disse: Za­ zendo;
charias, naõ temas, porque tua 25 Porque isto me fez o Se­
oraçao foi ouvida, e tua mulher nhor, nos dias emque me atentou
Elizabeth te gerará hum filho, e para tirar minha afronta entre os
por-lhe-hás por nome Joaõ; homens.
14 E terás gozo e alegria, e 26 E no sexto més foi o Anjo
muitos se gozaráõ de seu naci- Gabriel enviado de Deos a huma
mento. cidade de Galilea, chamada Na-
15 Porque será grande diante zareth.
de Deos; e naõ beberá vinho, 27 A huma virgem desposada
nem cidra; e será cheio do Espi­ com hum varaõ que se chamava
rito santo, até desdo ventre de Joseph, da casa ae David; e o
sua mãi. nome da virgem era Maria.
16 E a muitos dos filhos de 28 E entrando o Anjo a ella,
Israel converterá ao Senhor seu disse: Gozo hajas * em graça
Deos delles. acceita,o Senhor'he comtigo; ben­
17 Porque irá diante delle com dita tu entre as mulheres.
0 espirito e virtude de Elias, para 29 Mas ella como o vio, tur­
converter os corações dos pais bou-se de seu fallar, e imaginava
para com os filhos, e os rebeldes que saudaçaõ seria esta.
para com a prudência dos justos; 30 Entaõ o Anjo lhe disse:
para preparar ao Senhor hum Maria, naõ temas, porque acha­
povo bem apercebido. ste graça diante de Deos.
* Ou, «c, wrte, familin. ♦ 0at en^rflfada.
H
i■ S. ÊWN&ÉlttO
31 B ves-'Sf|ui conceberás no a meus ouvidos, Saltou a 'driánOa
.ventre, "e parirás hum filho, e COM allegrih em meu vtntrç.
chamarás seu nome Jesus. 45 E bemaveftturada a qúé
32 Este será grande, e Fitho creo, pois Sehaõ de cumprir as
do 'Àltissimo será chamado, e dotísas que do -Senhor lhe fóraõ
dár-Ihe-ha o Senhor Deoso throno ditas.
deDavid seu pai. 46 Entaõ disse Maria: Mlnfia
33 E reinará na casa de Jacob alma -engrandece ao Serihtfr.
.eternamente, e de ’seu reyho naõ 47 -E meu espirito se ‘tíegrit
haverá fim. em Deos meu Saivader.
34 EntaõMaria disse aoA rrjo: 48 Forque-atentou pára a tai-
Cifirio se fará isto? porque naõ XOZa rle-sua serva : pois eis-aqtú
conheço varaõ. desdtago,ra medlráõ bemaventu-
35 E respondendo o-Ahjo, dis- rada todas as gerações.
Se-’Jhe: O Espirito santo virá-so- 49 Porqtie grandes cousas me
bre ti, e a virtude do Altíssimo fez o Poderoso; e santo he seu
te* cobrirá com sua sOmbra,pelo nome.
tiue ... . .,... de ti.
________e Santo-que
^... também 50 E súa misericórdia he de
ha -dehaCer, será chamado Filho 'geraçao em geraçaõ, pa'ret C<An 'os
de Deos. que o temem.
■36 E ves-aqui Elizabeth tua 51 Com seu braço obrou vale-
parenta também tem concebido^ rosamente, e* desgarrou átfs
num filho êm:sua velhice; e este soberbos do pensamento do SOu
he o sexto mes daquella que era: coraçaõ.
.chamada a esteril. i 50Dbs-'thfohOs'dbfribòu adspo­
.37 Porque nenhuma cousa seráj derosos^ aos humildes levahtou.
> Deos impossível. i 53 Aos famintos éhchéo de
33 Entaõ disse Maria: Eis-j bens, e aos ricos mandou vários.
aqui a serva do Senhor; cum-j 54 Tomou-a Israel seu servo,
.pra-se em mim conforme à tua ■lembrando se de .rua rhisericordia.
palavra. E o Anjo separtio delia." 55 Como fallou a nossos puis,
39 E levantando-se Maria na-( aAbráham, e a sua semente, pa­
quelles dias, foi-se apresurada-; ra sempre.
mente -ás montanhas a húma 56 -E ;ficou-se Maria com ella,
cidade de Judea. como-por frts mesds,; e totnõti-se
40 E entrou em casa de Za-: para sua casa.
eharias, e saudou a Elizabeth. [ 57 E a Elizabeth se 'lhe 'ctim-
41 E acõnteceo, que como: prio o 'tempo de parir, e pario
Elizabeth ouvio a sáudaçaõ "dei hum filho:
Maria, saltou a criança em seuí 58 E otiviraõ os cireumvezi-
ventre, e Elizabeth ficou cheia nhos, e os parentes, que tinha
do Espirito santo. ' Deos usado de grande misericór­
42 E exclamou com grande dia com ella..; tralegrfítaõ-sejún-
voz, ,e disse: Bendita tu entre as tamente com ella.
mulheres, e bendito o ftufo de 39’®àcònteeéo, que ao oitavo
teu ventre. dia viOrtiõ pdra circUncidárCtn ao
43 E donde me vem isto a menino; e chamavaõ-no denome
mim, que a mái!de: fneir Séhhor á de seu pai, Zachariás.
mim venha! 60 E respondéildo sua triai,
44 Porque Ves-aqui, que na disse: Naõ, sènaõ Joaõ será
voz de tiia Isatidaçào chegando] chamado.
♦ Ou, tásõntbrafâ» * Ow, dissipam
SEGUNDO. Si LUCAS, CAP. II. 7$
<51 E clisseraõJtiç.:! Ninguém, . 76 Tu porepaj ó menino, Pro­
ha, em tua. puretatçla, que deste feta d<?. Altjs$imoserás chamaífôê.
nome se chame. porque atrt?.a fgce dq Senhor fias ,
62. E faWwf por acenos a.seu ae ir a apary^hqr- seus, caminho?..
pai, como queria que lhe clu- 77 Parq » povo dar o, co­
massepa ? nhecimento da, salvaçau, em rc-
63 E pedindo elle a taboiaha missaõ de seu?, pecados.
<lç escrever, escreveo, dizendo : 78 Pelas entranhas da. miserir
J.oaõ he seu nome. E todos se cordia de. nossos Deos, com que
m^ravilharaõ. o, Oriente do alto nos visitou.
64 Élôgo a boça e a lútgoa se 79 Para aparecer aos que ha-
lhe abrio^ e fe^ava, louvando a bitaõ em treyas, e em sombra de
Deos. moftej para, ençaminhar nossos
65 E veio hum temor sabre pés pelo caminho, da paz.
todos seus cirçumvezmhos; eetn 81) E o menino hia creceudo,
tod^s.a^ montanhas íe Judeafó- e senda confortada no espirito.
raõ divulgadas todas estas cousas. E çstyve nos desertos até o dia'
66 E todos os que o ouviaõ,. se pm que a Israel se* mostrou.
maravilhavaô, dizendo: Quem
será este menino 7 E a niau de CAPITULO II.
Senhor era com elle. - ■p1, ACONTEcuo naquelles dias,
67 Zucharias seu pai, foi cheio que sahip hum mandado de
do Espirito santo, e profetizou, parte de Cesar Augusto, què todo
dizendo: o mundo fosse matriculado.
68 Pendito o Senhor Deos de 2 Esta primeira matricula foi
Israel, que visitou e * redemio a feita sendo Presidente da Syrçia
seu povo. Cyrepio.
69 E nos levantou o f esforço 3 E hiaõ todos a se matricu­
da aalyaçaõ, na casa de David lar, cada qual a sua prqpria ci­
seu servo. dade.
70 Como fallou por boca de 4 E sobio Joseph de Galilea,
seus santos Profetas, que desdo da cidade de Nazareth á Judea,
principio foraõ. á cidade de David, que se chama
1 1 Convém a saber, o livramen­ Bethlehem ; por quanto era da
to de nossos inimigos, e da maõ casa e familiade David.
de todos os que nos aborrecem.. • 5 Para se matricular com Mar'
72 Para fazer misericórdia a ria sua mulher, com elle entaõ
nossos pais, e se alembrar de seu desposada, a qual estava prenhe.
santo concerto. 6 E aconteceo que, estando
73 E do juramento que a Abra- ellesalli, se compriraõos dias em
ham nosso pai jurgu, que nos que eila havia de parir.
havia de dar. 7 E pario a seu filho o primo­
74 Que libertados de nossos ini­ génito, e envolveo-o em cueiros,
migos, sepi temor o serviríamos, è deitou-o na manjadoura; por­
75 Em santidade e justiça, em que naõ havia para elles lugar na
sua presença, todos os dias de estalagem.
nossa vida. 8 E haviaõ pastores na mesma
* Ou,/eu recis/nça» de, $c. terra, que estavaõ no campo, e
t"No original está Corno ; com que o t guardavaõ as vigias da noite
Espirito santo nos significa- o esforço,
ouforça com que o Messias nos havia de
sobre seu gado.
conquistom saivctçav; ou, o esforçado • Ou, manifestou,
Salvador, t Ou, eslavaõ de guarda nas, %c-
76 OS. EVANGELHO
9 E eis-que o Anjo do Senhor de Moyses, trouxeraõ-no a Hieni-
se poz junto a elles, e a gloria do salem, para o apresentarem ao
Senhor os Cercou de resplandor, e Senhor.
houveraõ grande medo. 23 Como ná ley do Senhor es­
10 Mas o Anjo lhes disse: Naõ tá escrito: Todo macho que abrir
temais; porque, vedes aqui vos a madre, será chamado santo ao
dou novas de grande gOzo, que Senhor.
será para toda o povo.. 24 E para dar a offerta, con­
11 Que hoje vos he nacido o forme ao que na ley do Senhor
Salvador, que he o Christo, o está dito: Hum par de rolas, ou
Senhor, ha cidade de Dâvid. dous pombinhos.
12 E isto vos será por sinal: 25 E eis-que havia hum homem
Acharéis ao Menino envolto em em Hierusalem, cujo nome era
cueiros, edeitado na manjadoura. Simeaõ, e era este homem justo,
■ 13 E no mesmo instante houve e a Deos temente, e esperava a
com o Anjo multidaõ de Exér­ consolaçaõ de Israel: e o Espi­
citos, celestiaes, que louvavaõ a rito santo estava sobre elle.
Deos, e diziaô : ’ . 26 E lhe foi feito divina reve-
14 Gloria nos altissimas ceos a laçaõ do Espirito santo, que naõ
Deos, e na terra paz, e nos hp-. veria a morte, antes que visse
mens contentamento. ' J ao Christo do Senhor.
15 E aconteceo, que como os' >: 27 E veio pelo Espirito ao
Anjõs se partiraõ delles para o Templo. E Como os pais intro­
ceo, disseraõ os pastores huns duzirão ao Minino Jesus para
aos outros: Passemos pois até por elle fazer conforme ao cos­
Bethlehem, e vejamos esta pala­ tume da ley.
vra succedida, que o Senhor nos : 28 Entaõ o tomou elle em seus
manifestou. braços, elouvou a Deos, edisse:
16 E vieraõ apresuradamente, 29 Agora * despedéS, Senhor,
e acháraõ a Maria, e a Joseph, e em paz a teu servidor, conforme
»oMenino 'deitado na manjadoura. atua palavra;
'17 E vendo-o, divulgaraõ a 30 Puis ja meus olhos tem
pálavra quedo Menino lhes havia visto tua salvaçaõ.
sido dita. 31 Aqual aparelhaste em pre­
18 E todos os que a ouviraõ se sença de todos os povos.
maravilharaõ do que os pastores, 32 Luz para iliuminaçaõ das
lhes diziaõ. gentes, e para gloria de teti povo
19 Mas Maria guardava todas Israel.
estas cousas, conferindo-as em seu 33 E Joseph, e sua mãi, esta-
coraçaõ. vaõ maravilhados das cousas que
20 E tornaraõ-se os pastores delle se diziaõ.
glorificando, e louvando a Deos, 34 E Simeaõ os abençoou, e
por todas as Cousas, que tinhaõ disse a sua mãi Maria: Ves-aqui
ouvido, e visto, como lhes havia que este he dado para queda, e
sido dito. para levantamento de muitos em
21 E passados os oito dias pa­ Israel: e para sinal a quem ha
ra circuncidar ao Menino, cha- de ser contradito.
máraô seu nome JESUS; o qual 35 E huma espada te ha de *
do Anjo lhe foi posto antes que traspassar tua própria alma, pa-
do ventre fosse concebido. raque de muitos corações se ma­
22 E cumpt indo-se os dias da nifestem os pensamentos.
sua purtficaçaõ, conforme a ley . • Ou, dei.sasir. t Ou, atravessar,
SEGUNDO S. LUCAS, CAP. III. 77
36 Estava também álli Anna 49 Entaõ elle lhes disse: Que
Prophetissa, filha de Phanuel, da ha, porque me buscáveis? Naõ
tribú dc Asser, a qual ja tinha sabeis que nos negocias que saõ
vindo em grande idade, e havia de meu Pai me convém estar ?
vivido com seu marido sete annos 50 Mas elles naõ entendéraõ
desde sua virgiuidade. as palavras que lhes dizia.
37 E era viuva de até oitenta 51 E desçendeo com elles, e
e quatro annos, e naõ se apartava veio a Nazareth, e era-lhes so-
do Templo em jejuns, e orações, geito. E sua mãi guardava todas
servindo de noite .e de dia ao estas cousas em seu corraçaõ.
Senhor. 52 E Jesus hia crescendo em
38 E sobrevindo esta na mes­ sabedoria, e grandura, e em graça
ma hora, confessava juntamente para com Deos, e para com 'os
ao Senhor, e fadava delle a to­ homens.
dos os que esperavaõ a redemçaõ
em Hierusalem. CAPITULO III.
39 Como poisacabaraõ de cum­ T? NO anno quinze do Jmpe-
prir todas as cousas segundo a ley rio de Tiberio Cesar, sendo
do Senhor, tornaraõ-se a Galilea, Poncio Pilatos Presidepte de
para suacidade .de Nazareth. Judea, e Herodes Tetrarcfia de,
40 E o Menino hia crecendo, Galilea, e seu irmaõ Phslippe
e sendo confortado do Espirito, Tetrarcha de Ituria e da Pro-
e enchendo-se de sabedoria; e a vincia de Trachonite, e Lysania
graça de Deos eslava sobre elle. Tetrarcha de Abilinja;
41Ehiaõ seus pais todos os annos 2 Sendo Annase Caiphas sum-,
aHierusalem, â festa da Pascoa. mos Pontifeces, sobreveio a pa-,
42 E sendo ja de doze annos, lavra do Senhor a Joaõ, filho de
sobirãõ a Hierusalem, conforni# Zacharias, po deserto.
ao costume do dia da festa. 3 E veio por toda P terra
43 E acabados ja aquelles di­ redor do Jprdaõ, préga^id,o o
as, tornando-se elles, ficou o Me­ baptistpo de arrependimento, pg-
nino' Jesus em Hierusalem, sem ra perdaõ dos pecsjdos.
Jõseph nem sua mãi o saberem. 4 Como está*p#Çrito no livro
44 E cuidando elles que vinha dos sermões dq Profeta Esayas,
na companha, andáraõ caminho que diz: Vos do qqe clama po
de hum dia: e buscavaõ-no entre deserto: Appreljig.i p ,qaipip^.o do
os parentes, e entre os conhecidos, Senhor, endereçai spas vereda?.
45 E come naõ o achassem, 5 Todo vale se encherá, e todo
tornáraõ em busca delle a Hieru­ mopte, e, outeiro seabajxará; ç
salem. os caminhos torcidos se enderei-
46’ E aconteceo, que pa?sados tp.ráõ; e os çaminhçs ásperos sé
tres dias, o acharaõ no Templo aprai&ar.áõ. .
assentado no meio dos doutores, 6 E- v.erá toda carne a salya-
onvindo-os, e perguntando-lhes. çaõ de Deos.
47 E todos os que o ouviaõ 7 E dizia ás companhas’ .que
ficavaõ fora de si, por seu enten­ sahiaõ a serem fiapúgados dèllé :
dimento e repostas. i Uaça d.e Liberas; ,vuf ensi­
43 E vendo-o elles; espanta- nou a fog^cdçs da jra que está
raõ-ae; e disse-lhe sua mãi: Ei-, para vir? ,
lho, porque nos fizeste isto ? Ves- 8 Faze.i pois frutos dignpp .dp
aqui teu pai, e eu, que com ancia arrependimento, e b«o cpr^ieceij
te andamos buscando, a,dizer em vos jaesmca: Por pio
II 2
78 OS. EVANGELHO
temos a Abraham: porque eu as demais maldades que Herodes
vos digo, que até destas pedras tinha feito:
pode íleos despertar filhos a 20 Acrecentou ainda isto sobre
Abraham. tudo o de mais, que encarcerou a
9 E também ja o machado Joaõ.
es'á posto áraiz das arvores; por 21 E aconteceo, que como
tanto toda arvore que naõ der todo o povo se baptizava, e Jesus
bom fruto, será cortada e lança­ fosse também baptizado, e orasse,
da no fogo. o cco se abrio.
10 E as companhas lhe per- 22 E desceo o Espirito santo
guntavaõ, dizendo: Que faremos sobre elle em forma corporal,
logo ? comodepomba; e sobreveio huma
11 E respondendo elle disse- vos do ceo que dizia : Tu es meu
lhes: Quem tiver dous vestidos, amado Filho, em ti tenho meu
dé ao que naõ tem; e quem tiver contentamento.
alimentos, faça o mesmo. 23 E o mesmo Jesus começa­
12 E vieraõ lambem a elle os va a ser como de trinta annos,
Publicanos - para serem baptiza- filho, como se cuidava, de Jo-
doi; e disseraõ-lhe; Mestre que seph, e Joseph de Heli.
faremos ? 24 E Heli de Matthat, e Mat-
15 Eelle lhes disse: Naõ peçais that de Levi, e Levi de Melchi,
noàis do que vos está ordenado. e Melchi de Janne, e Janne de
14 E preguntaraõ-lhe também Joseph.
os soldados,1 dizendo: E nosou- 25 E Joseph de Matthathias,
tros que fáremos ? e elle lhes e Matthathias de Amos, e Amos
disse : Naõ trateis mal a ningu­ de Nahuro, e Nahum de Essi, e f
ém, nem a nitiguem oprimais; Essi de Nagge.
e contentai-vos com vossos soldos. 26 E Nagge de Maath, e Ma-
15 E estando o povo esperan­ ath de Matthathias, e Matthat­
do, e cuidando todos de Joaõ hias de Semei, e Semei de Joseph,
èm seus corações, se por ventura e Joseph de Juda.
seria o Christo. 27 E Juda de Johanna, e Jo-
1 16 Itespondeo Joaõ, dizendo kanna de Rhesa, e Rhesa de Zo-
a todos: Eu Vòs baptizo em ver­ robabel, e Zorobabel de Salatiel,
dade com agóa, mas vem quem e AaZatreZ de Neri.
he mais poderoso que eu, de 28 E Neri de Melchi, p Mel­
quem eu naõ sou digno de lhe chi de Addi, e Aãdi de Cossam,
desatar a correa de seus çapatos; e Cossam de Elmodam, c Elmo-
esse vos báptizarâ com Espirito dam de Er.
Santo e com fogo. 29 E Er de Jose, e Jose de E-
17 Cuja pá está em sua maõ, liezar, e Eliezar de Jorim, e Jorim
e alimpará sua eira, e ajuntara de Matthat, e Matthat de Levi.
o trigo em seu celleiro, e quei­ 30 E Levi de Simeon, e Si-
mará a palha com fogo que nunca meon de Juda, e Juda de Joseph,
se apagará. e Joseph de Jonan, e Jonan de
18 Assi que amoestando tam­ Eliacim.
bém outras muitas cousas, annu- 31 £ Eliacim de Melea, e Me-
ciava o Evangelho ao povo. lea de Mainan, e Mainan deMat-
19 Entaõ sendo Herodes Te- thatha, e Matthatha de Nathan,
trarcha delle reprendido, por e Nathan de David.
'causa de Herodias mulher de 32 £ David de Jesse, e Jesse
seu innaõ Phelippe, e por todas de Obed, e Obed de Booz, e Booz
SEGUNDO S. LUCAS, CAP. IV. 79
de Salmon, c Salmon de Naason. se-lhe: Arreda-te de mim sata­
33 E Naason de Aminidab, e nás; porque escrito está: Ao
Aminidab de Aram, e Aram de Senhor teu Deos adorarás, e a
Esrom, e Esrom de Pharez, e elle só servirás.
Pharez de Juda. 9 E levou-o a Hierusalem, e
34 E Juda de Jacob, e Jacob pô-lo sobre o pináculo doTemplo,
de Isaac, e Isaac de Abraham, o disse-lhe : Se tu es Filho de
e Abraham de Thare, e Thare de Deos, lança-te daqui abaixo.
Nachor. 10 Porque escrito esiá, que a
35 E Nachor deSaruch, e Sa- seus Anjos dará cargo de di, que
ruch de Ragau, e Ragau de te guardem.
Phalegh, e Phalegh de Heber, e 11 E que em suas maõs te le-
Heber de Saia. varáõ, paraque nunca tropeces
36 E Sala de Cainan, e Cai­ com teu pé em alguma pedra.
nan de Arphaxad, e Arphaxad 12 E respondendo Jesus, disse-
de Sem, e Sem de Noê, e Noe lhe: Dito está: Naõ atentarás ao
de Lamech. Sonhor teu Deos.
37 E Lamech de Mathusala 13 E acabada toda a tentaçaõ, o
e Mathusala de Henoch, e Henoch diabo se foi delleporalgum tempo.
de Jared, e Jared de Maleleel, e 14 E tornou-se Jesus em vir­
Maleleel de Cainan. tude do Espirito, para Galilea: e
38 E Cainan de Henos,e Henos sahio sua fama por toda a terra
de Seth, e Seth de Adam, e Adam do redor.
de Deos. 15 E ensinava em suas Syna-
gogas, e de todos era louvado.
CAPITULO IV. 16 E veio a Nazareth, aonde
fóra criado; e entrou, conforme
"P CHEIO Jesus do Espirito a seu 6ostume, hum dia de Sa-
-*-1 Santo, tornou-se do Jordaõ, e bado, na Synagoga, e levantou-
foi levado do espirito ao deserto. se a lér.
2 E por quarenta dias foi aten­ 17 E foi-lhe dado o livro do
tado do diabo. Enaõ comeo cousa Profeta Esayas; e como abrio
alguma naquelles dias; os quaes o livro, achou o lugar em que
passados depois teve fome. estava escrito:
3 Entaõ o diabo lhe disse: Se 18 O Espirito do Senhor cs‘á
tu es Filho de Deos, dize a esta sobre mim, por quanto meungio;
pedra que se faça pão. para evangelizar aos pobres me
4 E respondendo-lhe Jesus, enviou, para sarar aos contritos
disse: Escrito está, que naõ com de coraçaõ;
sõ pão vivirá o homem, mas com 19 Para apregoar liberdade a
toda palavra de Deos. os cativos, e vista*aos cegos,
5 E levou-o o diabo a hum al­ para enviar em liberdade aos
to monte, e mostrou-lhe todos os quebrantados. Para apregoar o
reynos do mundo em hum mo­ anno agradável do Senhor.
mento de tempo. 20 E cerrando o livro, e tor­
6 Edisse-lhe o diabo: A ti te nando-o a dar ao ministro, as­
daréi todo este poder, e sua gloria: sentou-se : e os olhos de todos
porque a mim me es á entregue, os da Synagoga estavaõ fitos
e a quem quero o dou. nelle.
7 Por tanto se tu me adorares, 21 E começou-lhes a dizer:
tudo será teu. Hoje se cumprio esta escritura
8 E respondendo Jesus, dis- em vossos ouvidos.
SO' O. S. EVANGELHO
22 E todos lhe davaõ teste­ este a nos destruir? Bem sei quem
munho, e estavaô maravilhados es, o Sarvtode Deo9.
das palavras de graça que de sua 35 E Jesus o reprendeo, dizen­
boca sahiaõ; e diziaõ: Naõ he do : Emmudece,- e sahe-te delle.
este o filho de Joseph ? Entaõ derribando-o o demonio
23 E elle lhes disse: Sem du­ no meio, 6ahio-»e delle, e naõ
vida me direis : Medico, cura te lhe fez danno nenhum.
a ti mesmo; de tantas cousas que 36 E veio espanto sobre todos;
ouvimos fóraõ feitas em Caper- e fallavaõ huns com os outros,
Baum, faze também aqui algumas dizendo: Que he isto? que até aos
em tua patria. espirites immuudos manda com
24 E disse : Em verdade vos autoridade e potência, e sahem ?
digo: Que nenhum Profeta he 37 E sua fama se divulgava em
agradável em sua terra. todos os lugares daquelia comarca.
25 Porem em verdade vos di­ 38 E levantando-se Jesus da
go: Que muitas viuvas havia em Synagoga, entrou em casa de
Israel em dias de Elias, quando Simaõ; e a sogra de Simaõ estava
o ceo se cerrou per tres annos e com grande febre, e rogaraõ-lhe
seis meses; de modo que em toda por ella.
a terra houve grande fome. 39 E inclinando-se para ella,
26 Mas a nenhuma delias foi reprendeo á febre; e a febre a
enviado EÍias, senaõa Sarepta de deixou. E levantando-se ella
Sidon, a httma mulher viuva. logo, servia-os.
27 E muitos leprosos havia em 40 E pondo-se ja o Sol, todos
Israel, em tempo do Profeta os que tinhaõ enfermos de diver­
Eliseu; mas nenhum delles foi sas enfermidades, lhos traziaõ;
limpo, senaõ Naàman o Syro. e pondo as maõs sobre cadahum
28 Entaõ todos se encheraõ de delles saràva-os.
ira, na Synagoga, ouvindo estas 41 E também os demonios
cousas. sahiaõ de muitos, dando brados,
29 E levantando-se, lançaraõ-no e 'dizendo; Tu es o ChriSto,
fora da cidade, e levaraõ-no até o e Filho de Deos. Masreprenden-
eumedo monte, em que sua cidade do os -elle, naõ os deixava failar,
delles estava edificada, para dalli porque sabiaõ que elle era q
* d’ alt’ abaixo o lançarem. Chnsto.
30 Mas passando elle f por 42 E sendo já dedia, sahio-se,
meio delles, foi-se. e foi-se a hum lugar deserto; e a?
31 E desceo a . Capernaum, companhas o buscavaõ, e vieraõ
cidade, de Galilea; e%Ut os ensi­ até-chegar a elle: e detinhaõ-no,
nava nos-Sabados. para que delles se naõ fosse.
32 E estavaõ attonitos por sua 43 Porem ellelhes disse: Tam­
doutrina; porque sua palavra era bém he necessário que a outras
com autoridade. cidades anuncie o Evangelho dí>
33 E estava na Synagoga hum Reyno de Deos; porque para isso
homem que ttnha hum espirito; sou enviado.
de hum demonio immundo, o 44 E pregáva nas Synagogas
qual bradou com grande voz. de Galilea.
34 Dizendo : Ah, que temos;
comtigo, Jesus Nazareno i vi-, CAPITULO V.

• Ou, o precipitarem, 'E’ acontecbo, que estandb


t Ou, por entr' elUs, < elle junto ao lago de Gene-
SEGUNDO S. LUCA $, CAP. V. 81
zereth, * se derribávaõ as com-' que hum homem cheio de lepra,
panhas sobre elle, por ouvirem a vendo a Jesus, postrou-se sobre
palavra de Deos. o rosto, e rogou-lhe, dizendo: Se­
2 E vio dous barcos que esta­ nhor, se quiseres, bem me pode»
vaõ junto d praya do lago : e que alimpar.
havendo os pescadores descen­ 13 Entaõ estendendo elle a
dido delles, estavaõ lavando suas maõ, tocou-o, dizendo: Quero, se
redes. limpo; e logo a lepra se foi delle.
3 E entrando em hum daquel- 14 E mandou-lhe, que o naõ
les barcos, que era o de Simaõ, dissesse a ninguém; mas vai,
pedio-lhe que o desviasse hum disse, mostra-te ao Sacerdote, è
pouco da terra. E assentando-se, otferece por tua limpeza, como
ensinava as companhas desdo mandou Moyses, paraque * lhes
barco. conste.
4 E como cessou de fallar disse 15 Porem sua fama andava
a Simaõ: Leva em alto mar, e mais: e ajuntaraõ-se muitas com­
lançai vossas redes para pescar. panhas a o ouvir, e a serem cu­
5 E respondendo Simaõ, disse- rados delle de suas enfermidades
lhe : Mestre, havendo trabalhado 16 Mas elle se apartava aos
toda a noite, naõ tomamos cousa desertos, e alli orava.
alguma; mas em tua palavra 17 E acontéceõ'hum daquellès
lançaréi a rede. dias, que estando elle ensinando,
6 E fazendo-o assi, colhéraõ estavaõ alli assentados alguns dos
grande multidaõ de peixe, de ma­ Phariseos e Doutores da Ley, que
neira que a rede se rompia. tinhaõ vindo de todas as aldeas de
7 E capearaõ aos companhei­ Galilea, e de Judea, e de Hierusa-
ros que estavaõ no outro barco, lem ; e a virtude do Senhor estava
que os viessem ajudar; e vieraõ, alli para os sárar.
e enchéraõ ambos os barcos, de 18 E eis-aqui huns homens,
tal modo, que quasi se hiaõ a que traziaõ em huma cáma ahum
pique. nomem que estava paralytico; e
8 0 que vendo Simaõ Pedro, procuravaõ leva-lo dentro, e pó-lo
derribou se aos f pés de Jesus, diante delle.
dizendo: Sahe-te de mim, Senhor, 19 E naõ achando por onde
que sou homem peccador. dentro o poder levar, por causa
9 Porque espanto o tinha ro­ da multidaõ, sobiraõ em cima
deado, e a todos os que com elle da casa, e pelo telhado o abaixa-
estavaõ, pela presa dos peixes raõ com a cama ao meio, diante
quetomáraõ. • de Jesus.
10 E assi mesmo a Jacobo e a 20 O qual vendo sua fé delles,
Joaõ, filhos de Zebedeo, que disse-lhe: Homem,teus peccados
eraõ companheiros de Simaõ. E te saõ perdoados.
Jesus disse aSimaõ: Naõ temas; 21 Entaõ os Escribas e os Pha­
desdagora $ tomaras homens. riseos começaraõ a imaginar, di­
11 E como § chegaraõ a terra zendo : Quem he este, que diz
com os barcos, diexando tudo, se- blasfémias ? Quem pode perdoar
guiraõ-no. peccados senaõ só Deos ?
12 E acconteceo, que estaudo 22 Jesus, entaõ, conhecendo
em huma daquellas cidades, eis- seus pensamentos delles, respon-
• Ou, cahiaõ. deo, e disse-lhes: Que imaginais
■f Ou, jvclhos» t Ou, pescaras» em vossos carações.
) Ou, Icvarac os barcos a terra» • Oa, se ja em testemunhe.
8i O S. EVANGELHO
23 Qual he mais facil, dizer; ,0.esposo lhes será tirado, e entaõ
Teus peccados te saõ pordoados ? naquelles dias jejuaraõ.
ou dizer : Levanta-te, e anda ? 1 36 E dizia-lhes também huma.
24 Ora para que saibais, que o parabola; Ninguém deita remen­
Filho do homem tem * potestade do de pano novo.em vestido velho;
para na terra perdoar peccados, d’outra maneira, o povo rompe au
disse ao paralytico: A ti te digo, velho-, e ao velho naõ convém
levanta-te, toma tua cama, e vai- remendo novo.
te para tua casa. 37 Nem. ninguém deita vinho
25 E levantando-se elle logo novo em odres velhos; d’ Optra
em sua presença delles, e toman­ maneira romperão vinfio no.vo' os
do o em que estava.deitado, foi-se odresj e derramar-se-ba o vinho,
para sua casa glorificando a Deos. e os odres sc * pçrdèráõ-
26 E tomou espanto a todos: 38 Mas o vinho novo, em odres
e glorificavaõ a Deos.; e ficaraõ .novos se ha de deitar; e ambos
cheios de temor, dizendo : Hoje hum ao outro se conservaõ.
v,mos cousas increiveis, 39 E ninguém que o veiho
27 E depois destas cousas, beber, quer fogo o novo ; porque
sahio-se, e vio a hum Publicano, diz; Melhor heo velho,
chamado Levi, assentado na f al-
fandega, e disse-lhe : Segue-me. CAPITULO VI.
28 E deixando tudo; levantou-
se, e seguio-o. "P ACONTECEO, que passan-
29 E fez-lhe Levi hum grande -*-J do elle por + huns pães,,
banquete em suà casa, e havia o primeiro sabado segimdario,
muita companha de Publicanos, hiaõ- seus discípulos arrancando
e de outros, que com elles estavaõ espigas, e comendo, esfregando-
â mesa. as nas maõs.
30 E murruuravaõ seus Escri­ 2 E alguns dos Phariseos lhes
bas delles, e os Phariseos, contra disseraõ: Porque fazeis qquenaõ
seus discípulos, dizendo: Porque he licito fazer em Sabados?
comeis e bebeis cora os Publica­ 3 E respondendo Jesus, disse-
nos e peceadores ? lhes: Nunca lestes o que fez
31 E respondendo Jesus, disse- David quando teve fome, elle, e
lhes: Os que estaõ saõs, naõ ne- os que com elle estavaõ ?
cessitaõ de medico, senaõ os que 4 Como entrou na casa de
estaõ enfermos. Deos, e tomou os pães da propo­
32 Naõ vim a chamar aos sição, e comeo, e deu também
justos, senaõ aos peceadores a aos que estavaõ com elle: Os
conversão. quaes naõ era licito comer, senaõ
33 Entaõ lhe disseraõ elles: a sós os Sacerdotes?
Porque os discípulos de Joaõje- 5 E dizia-lhes: O Filho do
j uaõ muitas vezes, e fazem orações, homem, até do Sabado he Ser
e assi mesmoos dos Phariseos: e nhor.
teus discípulos comem e. bebem ? 6 E aconteceo também em
34 E elle lhes disse: Podeis • outro Sabado, que entrou na
vos-outros fazer que jejuem os Synagoga e ensinava: E estava
que estaõ de bodas, em quanto o alli hum homem que tinha a maõ
esposo com elles está ? direita seca.
35 Porem dias viráõ, quando 7 E ateutavaõ os Escribas e os
• Ou, autoridade. Phariseos para elle, se sararia enS
■} Ou, no banco dos públicos tributos. * Ou, danaraíh t
SEGUNDO S. LUCAS, CAP. VI. «3
íabado: Pòt acharem de que o rava toca-lo, porque sairia delle
acusar. virtude, e curava a todos.
8 Porem bem sabia elle seus 20 E levantando elle os olhos
pensamentos delles : e disse ao para seus discípulos, dizia: Betri-
homen qué' tinha a tnaõ seca: aventuTados vos pobres, porque
Levanta-te, põete em pé no meio: vosso he o reytlo ae Deos.
E levantando-se felle, pôz-sé em 21 Bemavénturados vbs que
pé. agora tendes fome, porque sereis
9 Fntaõ Jesuslhesdisse: huma fartos. Bemavénturados vos que
pergunta vos-heide fazer : Que agora chorais, porque riréis.
he licito em Sabados, fazer bem,; 22 Bemaventuraaos seréis quan­
euftrzer tnal t salvar huma pessoa,, do os homens vos aborrecerem, e
ou mata-la ? I quando vos separarem, e vos
10 E olhando para todos aoj desprezarem, e regeitarem v.osso
redor, disse ao homem : Estende1, nome oomo mao por amor do
tuamaõ: e elle'o fez assi. E foi | Filho ho homem.
lhe sua maõ restituída saã coimoí 23 Gozai vos, naquelle dia, e
a outra. alegrai-vos, porque vedes aqui
11 Eficáraõ cheios de louquice; grande he nos ceos vosso galar-
■e practicavaõ huns com OS outros; daõ; porque assi fizeraõ seus
■que fariab a Jesus. , pais aos Profetas.
12 Eacóhteceo, quenaquelleà 2i Mas ay de vos-ontros ricos,
flias se sahio ao monte a brar : e porque ja tendes vossa consola­
■passou a noite orando a Deos. ! ção.
13 E como ja foi dedia,chamou! 25 Ay de vos-outrosos que estais
a seus dfcéípdlos, e escolheo dozel fartos, porque haveréis fome. Ay
delles, a quém "também chamou! de vos-outros os que agora rides,
Apostoles. porque lamentaréis, e choraréis.
14 A coarem a saber Simaõ, ao 26 Ay de v.os-autros, quando
qual também chamou Pedro, e todos os homens de vos-outros,
a André seu irmaõ; a Jacobo, ei disserem bem; porque assi faziaõ
a Joaõ; a Phelippe, e a Bartho- seus pais aos falsos Profetas.
lomeo; 27 Mas a vos-outros, os que isto
15 Á Matheus, e a Thornas,. ouvis, digo : Amai vossos inimi­
e a Jacobo filho àe Alpheo, e ai gos, fazei bem aos que vos abor­
Simao, o que se chama Zeloso; ’ recem.
16 Á Judas irmaõ de Jacobo, e 28 Bendizei aos que vos maldi-
a Judas Isóáfiot'a,que também foi zem.e orai pélosque vos violentaõ.
o traidor. 29 E ao que te ferir em huma
17 E descendendo coín elles, face, offerece-ihe também a outra;
parou-se em hum lugar chaõ, e ao que te tirar a capa, nem a
juntamente com a companha de roupeta lhe defendas de tomar.
seus discípulos, egrande multidaõ 30 E a'qualquer que te pedir,
de povo de toda Judea, e de dá; é ao que te tomar o teu, naõ
Hierusalem, e da costa deTyro, e lho tornes a pedir.
deSidou. 31 E como vos quereis que vos
18 Que tirihab vindo a o ouvira façaõ os hontens, fazei-lhes vos-
e a ser curados'flè súas erifermi-1 outros também assi.
dades, e os _qú'e' haviaõ sido ator­ 32 Porque se amais aos que
mentados <fe espíritos immundos, vos amaõ, que graças teréis? por­
e eraõ curados. que também os peccadores amaõ
19 E toda a companha procu­ aos que os amaõ.
81 o s. evangelho
33 E se fizerdes bem aos que nhece por seu proprio fruto:
vos fazem bem, que graças te-: porque naõ colhem figos dos espi­
réis ? porque também os pecca- nheiros, nem vendimaõ uvas dos
dores fazem o mesmo. abrolhos.
34 E se emprestardes a aquel- 45 O bom homem, do bom
les de quem esperais receber, que thesouro de seu coraçaõ tira o
graças tereis ? porque também os bem; e o maõ homem, do maõ
peccadores emprestáõ aos pecca- thesouro de seu coraçaõ tira o
dores, para outro tanto receberem. mal; porque da abondancia do
35 Amai pois a vossos inimi­ coraçaõ falia sua boca.
gos, e fazei bem, e emprestai, 46 E porque me chamais Se­
naõ esperando disso nada; e sera nhor, Senhor, e naõ fazeis o que
vosso galardaõ grande, e seréis digo?
filhos do Altíssimo; que he be­ 47 Todo aquelle que a mim
nigno até para com os ingratos, e vem, e ouve minhas palavras, e
maos. as faz; eu vos mostraréi a quem
36 Sede pois misericordiosos, he semelhante:
como também vosso Pai he mise­ 48 Semelhante he ao homem
ricordioso. que edificou huma casa; que
37 Naõ julgueis, e naõ seréis cavou, e abrio bem fundo, e pôz
julgados; naõ condeneis, e naõ o fundamento sobre penha; e
seréiscondenados; soltai, eseréis vindo a corrente do rio, deu com
soltos. impeto naquella casa, mas naõ
38 Dai, e ser-vos-ha dado, a pode, abalar, porque estava
medida boa, apertada, sacudida, e fundada sobre penha.
tresbordando vos dâráõ em vosso 49 Mas o que as ouvio, e as
regaço: Porque com a mesma naõ fez, semelhante he ao homem
medida que medirdes, vos torna- que edificou huma casa sobre
raõ a medir. a terra sem fundamento, naqual
39 E dizia-lhes huma parabola; o rio deu com impeto, e logo
Pode o cego guiar ao cego ? naõ cahio; e foi grande a cahida
cahiráõ ambos na cava? dequella casa. , ,
40 Naõ he discípulo sobre seu
mestre; mas qualquer perfeito CAPITULO VII.
discípulo será como seU mestre. U COMO acabou todas suas
41 Porque atentas para o ar­ palavras em ouvidos do povo,
gueiro que está no olho de teu entrou em Capernaum.
irmaõ: e a trave que esta em teu 2 E estando o servo de hum
proprio olho, naõ enxergas? certo Centuriaõ,aquem elle tinha
42 Ou como podes aizer a teu em muita estima, enfermo, hia-se
irmaõ: Irmaõ, deixa-me tirar o ja morrendo.
argueiro que esta em teu olho; 3 E, como ouvio de Jesus,
naõ attentando tu para a trave enviou-lhe os Anciaõs dos Judeos,
que em teu olho está? Hypocrita, rogando-lhe que viesse, e sárasse
tira primeiro fora a trave de teu a seu servo.
olho, e entaõattentarâs em tirar o 4 E vindo elles a Jesus,
argueiro que está no olho de teu rogáraõ-lhe enearecidamente,
irmaõ. dizendo-lhe, que .era digno
43 Porque naõ he boa a arvore lhe conceder aqúiUo.
que dá mao fruto, nem má a 5 Porque ama a nossa naçaõ,
arvore que dá bom fruto. e nos tem edificado huma Syoa-
44 Porque cada arvore se co­ g°ga.
SEGUNDO S. LUCAS, CAP. VII.
6 £ Jesus foi com elles: Mas toda Judea, e por toda a terra d»
como ja naõ estivesse longe da redor.
casa, mandou-lhe o Centuriaõhms 18 E os discípulos de Joaõ lhe
amigos, dizendo-lhe: Senhor, naõ denunciaraõ tonas estas cousas.
tomes trabalho, que naõ sou digno . 19 E chamou Joaõ a dons de
que entres debaixo de meu telhado. seus discipulos, e mandou-os a
7 Pelo que nem ainda me tive Jesus, dizendo: Es tu aquelle que
por digno de a ti vir; mas dize havia dè vir, ou esperamos a
huma só palavra, e meu criado outro?
sarara. 20 E como os varoens vieraõ
8 .Porque também eu sou ho­ a elle, disseraõ: Joaõ o Baptista
mem sugeito á potestade de outros, nos mandou a ti, dizendo: Es tu
que tenho debaixo de mim solda­ aquelle que havia de vir, ou espa-
dos; e digo a este: Vai; e va; ramos a outro ? '
eaoutro: Vem; evem; eameu 21 E na mesma hora sarou *
servo: Faze isto; e fa-lo. muitos de enfermidades, e * ma­
9 O que ouvindo Jesus, mara­ les, e espíritos maos, e a muitos
vilhou-se delle, e virando-se, dis- cegos deu a vista.
.se ás companhas que o seguiaõ: 22 E respondendo Jesus, disse-
Digo-vos, que nqm ainda, em Is­ lhes: Ide, dai parte a Joaõ do
rael tenho achado tanta fé. que tendes visto, e ouvido, a saber '.
10 E tornando-se para casa os Que os cegos vém,. os manco*
que fóraõ enviados, acharaõ andaõ, os leprosos saõ limpos, o*
saõ ao servo que estivéra en­ surdos ouvem, os mortos resusci-
fermo. taõ, e aos pobres se anuncia o
11 E aconteceo no dia seguin­ Evangelho.
te, que hia a huma cidade que se 23 Ebemaventuradohe o, que
chama Naim, e hiaõ com elle em mim se naõ escandalizar.
muitos de seus discípulos, e gran­ 24 E como se foraõ os mensa­
de companha. geiros de Joaõ, começou a dizer
12 E como chegou perto da de Joaõ ás companhas: Que sa-
porta da cidade, eis-que levavaõ histes a ver ao deserto ? alguma
hum defunto, que era o unigénito cana que do vento he abalada ?
de sua mãi; a qual também era 25 Mas que sahistes a ver ? al­
viuva. E havia com ellà grande gum homem cuberto de vestidos
companha da cidade. delicados? Eis-que-os que ai>
13 E como o Senhor a vio, mo- daõ preciosamènt^^Btidõs, e em
veo-se a intima com.paixaõ delia, delicias, . nosSjjaçoB dosreys es-
e disse-lhe: Naõ chores. taõ.
14 E chegando se, tocou a tum­ 26 Mas que sehistes a ver? al­
ba;' é os que a levavaõ, pàraraõ; gum Profeta ? também vos di­
e disse: Mancebo, a ti te digo, go, e ainda mais que Profeta.
levanta-te. 27 Este he aquelle de quem
15 Entaõ se tornou a assentar está escrito: Ves-aqui envio meu
o defunto, e começou a fallar: Anjo diante de tua face; o qual
E deu-o a sua mãi. aparelhará teu caminho diante d*
16 E tomou temor a todos, e ti.
glorificavaõ a Deos, dizendo: 28 Porque eu vos digo, que
Grande Profeta se tem levantado entre os nacidos de mulheres naõ
entre nos-outros, e Deos visitou ha mayor profeta que Joaõ o
a seu povo. Baptista; mas o mais pequeno n*
17 E sahio e»ta fama delle por • Ou, afoutvt.
S6 O S. EVANGELHO
reyno dos cees, he mayor que 40 Entaõ respondendo Jestis,
elle. disse-lhe:. Simaõ, huma cousa te­
29 E duvindo-o todo o povo, e nho que tedizer; e elle lhe disse:
os publicanos que com ó baptismo Dize, Mestre.
de Joaõ fóraõ baptizados, justifi- 41 Jesus dizia-. Hum acrédor
«araõ a Deos. tinha dous devedores, o hum lhè
30 Mas os Phariseos e os Sá- , devia quinhentos dinheiros, e o
bios da ley, regeitaraõ o conselho outro cincoenta.
de Deos contra si mesmos, naõ 42 E naõ tendo elles com que
sendo baptizados delle. >agar, soltou-lhes a divida a am-
31 E disse o Senhor: A quem >os: Dize pois, qual destes o
pois compararéi os homens desta amará mais ?
geraçaõ? e a quem saõ semel­ 43 E respondendo Simaõ, dis­
hantes? se: Cuido qUe aquélle a quem
32 Semelhantes saõ aos rapa- mais soltou. E elle lhe disse:
ses assentados na praça, que daõ Bem e direitamente julgaste.
vozes huns aos outros, e dizem: 44 E virando-se para a mulher,
Tangimos vos eom frautas, e naõ’ disse a Simaõ: Ves tu esta mu­
balhastes; cantemos vos lamenta­ lher ; eu entrei em tua casa, e tú
ções, e naõ chorastes. naõ me deste agoa pàra os pés;
33 Porque veio Joaõ Baptista, e esta me regou os pes com lagri­
que nem comia paõ, nem bebia mas, e mos alimpou com os ca-
vinho; ©dizeis : Demonio tem. bellos dé sua çabefa.
34 Veio*©1 Filho do homem, 45 Naõ me dêste beijo; e esta,
comendo e bebendo1: e dizeis desde que entrou, naõ cessou de
Vedes-aqui hum homem çomilaõ, me beijar os pés.
e * bebedor dé vinho, amigo de 46 Naõ me ungiste a cabeça
publicanos e de peocãdores. com oleo; e esta meungioospé*
35 Mas de todos seus filhos he com unguento.
a sabedoria justificada. 47 Pelo que te digo, que seus
36 E rogou-lhe hum dos Pha- muitos peccados lhe saõ perdoa­
viseos que comesse com elle: e dos, porque amou muito: Mas ao
entrafido em casa do Phariseo, que pouco se perdoa, pouco ama.
assentou-se & mesa. 48 E a ella lhe disse: Teus
37 E eis huma mulher que havia peccados te saõ perdoados. *
sido peccadora na cidade, enten­ 49 E os que juntamente d mesa
dendo que estava á mesa em casa estavaõ Assentados, começaraõ a
daquelle Phariseo! trouxe hum dizeT entre si: Quem he este, que
vaso de alabastro de unguento. também perdoa peccados?
88 E pondo-se de trás a seus 50 È disse á múlher: Tua fé
pés, começou, chorando, a regar, te salvou: vai-te em paz.
seus^pés com lagrimas, e alimpa-
valhos com os cabelíos de sua CAPITULO VIII.
cabeça; e beijava seus pés, e un- 17 ACONTECEO depois disto,
gialhos com o unguento. que foi caminhatído por ci­
39 E como isto vio o Phariseo dades e aldeas, prégando e an-
que o tinha convidado, fallava nunciando o Evangelho do reyno
comsigo, dizendo: Se este fóra de Deos: e os doze estavaõjuntà-
Erofeta, bem conhecéra quem, e mente com elle.
qual he a mulher que o toca: que 2 E algumas mulheres que ha-
he peccadora^ viaõ sido curadas deespiritos'má-
• Ou, MarraS. linos, e de enfermidades; convém
SEGUNDO S. WCAS, CAP. VIII. 8F
saber, Maria, chamada Magdale- dados, e com as riquezas, te com
na, da qual haviaõ sahido sete os passatempos da vida, e naô
demonios. chegaõ a darfruto.
3 EJohannaamulherde Chu- 15 E a que em boa terra cahio,
sas, procurador de Herodes, e estes saõ os, que com bom e
Susanna, e outras muitas, que lhe recto coraçaõ retem a palavra
serviaõ com suas fazendas. ouvida, e daõ finito em perseve­
4 E ajuntando-se huma grande rança.
companha, e vindo a elle de ca­ 16 Mas ninguém que accende a
da cidade, disse por parabola: candea, a cobre com algum vaso,
5 Sahio hum semeador a se­ ou a poem debaixo da cama; mas
mear sua semente: e semeando poem-na no candieiro, paraque os
elle, cahio huma parte junto ao que entraõ vejaõ o lume.
caminho, e foi pisada, e as aves 17 Porque naõ lia cousa ocul­
do ceo a comeraõ. ta, que naõ haja, de ser manifes­
6 E outra parte cahio sobre pe­ tada ; nem cousa escondida, que
dra; e nascida, secou-se, porque naõ haja de ser sabida, e ver a
naô tinha humidade. luz.
7 E outra parte cahio entre es­ 18 Olhai pois como ouvis: Por­
pinhos, e nascendo os espinhos que a qualquer que tiver, ser-lhe-
juntamente, affogaraõ-na. n» dado ; • a qualquer que naõ
3 E outra parte cahio em, boa tiver, até o que lhe parece que
terra, e sendo, nascida, deu fruto a tem, lhe será tirado.
cento por hum. Dizendo elle estas 19 E vieraõ a elle sua mãi e
cousas, clamava: Quem tem ou­ irmaõs, e naõ podiaõ chegar a elle
vidos para ouvir, ouça. por causa da multidaõ.
9 E seus dicipulos lhe pergun­ 20 E foi-lhe dado aviso, dizen­
tarão, dizendo: Que parabola he do : Tua mãi, e teus irmaõs estaõ
estai fora, que te querem ver.
. 10 E disse elle: A vos-outros 21 E respondendo elle entaõ,
vos he dado entender es mysterios disse-lhes; Minha mãi e meus ir­
do reyno de Deos*. Mas aos ou­ mãos Sqõ os, que ouvem a pala­
tros falto por parabolas, paraque vra de Deos e a guardaõ.
vendo naô vejaõ, e ouvindo naõ 22 E aconteceo hum daquelles
entendaõ. dias que entrou em hum barco
11 Esta he pois a parabola: A juntamente com seus discípulos, e
semente he a palavra de Deos. disse-lhes: Passemos da outra,
12 E os de junto ao caminho banda'do largo; e partiraõ>se.
serpeados, estes saõ os, que ou vem; 23 E navegando elles, ador-
e depois vem o diabo, e tira-lhes meceo-se: E descendeo huma
a palavra de seu coraçaõ, para­ tempestade de vento no lago, e
que naõ haviaõ de crér, e se o barco se enchia, e perigavaõ.
salvar. 24 E chegando-se a elle, des-
. 13 E os de sobre a pedra se­ pertaraõ-no, dizendo: Mestre,
meadas saõ os, que ouvindo, rece­ Mestre, que perecemos. E acor­
bem a palavra com gozo; mas dando elle, reprendeo ao vento, e
estes naõ tem raizes, que só por é tempestade da agoa, e cessaraõ,
hum tempo crém, e ao tempo da e fez-se bonança..
tentaçaõ se desviaõ. 25 E disse-lhes: Que he feito
14 E a que cahio entre espi­ de vossa fé? e temendo elles,
nhos, estes saõ os, que ouviraõ, maravilharaõ-se, dizendo huns a
mas idos se affogaõ com os çui- os outras; Quem he «ste? que
88 OS. EVANGELHO
até aos ventos, é a agoa manda, 36 E contaraõ-lhes os que o ti-,
e lhe obedecem ? nhaõ visto, como aquelle ende­
26 E navegáraõ para a terra moninhado havia sido salvo.
dos Gadarenos, que está de fronte 37 Entaõ toda a multidaõ da
de Galiléa. terra dos Gadarenos ao redor
27 E sahindo elle à terra, sahio- lhe rogaraõ que se retirasse del-
Jhe da cidade ao encontro hum ho­ les; porque tinhaõ grande; medo.
mem, que ja de muitos tempos E sobindo elle no barco, tor-
atras tinha os demonios no corpo, nou-sé.
e naõ andava vestido, nem parava 38 E aquelle homem, do qual
em casa, senaõ pélas sepulturas. haviaõ sahido os demonios, lhe
• 28 O qual vendo a Jesus, cla­ rogou para estar com elle: Mas
mou, e postrou-se diante deíle, e Jesus o despedio, dizendo:
disse com grande voz: Que tenho 39 Torna-te para tua casa, e
eu comtigo, Jesus, Filho doDeos conta quaõ grandiosas cousas
altíssimo? peço-te que me naõ Deos te fez. E elle se foi apré-
atormentes. goando por toda a cidade, quaõ
29 Porque mandava ao espirito grandiosas cousas Jesus lhe tinha
immundo que sahisse daquelle feito.
homem, porque ja de muitos 46 E aconteceo, que tornando
tempos atrás o arrebatava. E Jesus, a companha o recebeo;
guardavaõ-no preso com cadeas e porque todos o estavaõ esperando.
grilhoens: mas quebrando elle as 41 E eis-que veio hum varaõ,
priscês, empuxado do demonio chamado Jairo, que era Príncipe
aos desertos. da Synagoga, e cahindo aos pés
30 E perguntou-lhe Jesus, di de Jesus, rogava-lhe que entrasse
zendo: Que nome tens? e elle em sua casa.
disse: Legiaõ; porque muitos de­ 42 Forque huma filha unica que
monios tinhaõ entrado nelle. tinha, como de doze annos, esta­
31 E rogavaõ-lhe, que naõ lhes va a morte. E indo elle, aperta­
mandasse que se fossem para o va-o a companha.
abismo. 43 E huma mulher, que tinha
32 E havia alli huma manada hum fluxo de sangue, doze annòs
de muites poreos, que andavaõ havia, e ja com médicos havia
pascendo no monte; e rogaraõ- gas*ado toda sua fazenda, e d*
íhe, que os deixasse entrar nelles; nenhum delles havia podido ser
e deixou os. curada,
33 E sahidos os demonios da­ 44 Chegando-se per detrás, to­
quelle homem, entraraõ nos por­ cou a borda de seu vestido; e lo­
cos, e a manada se arroujou de go estancou o fluxo de seu san­
hum despenhadeiro no lago, e gue.
affogou-se. 45 Entaõ Jesus disse: Quem
34 E vendo os pastores o que he o, que me tocou? e negando
tinha acontecido, fogiraõ: e in­ todos, disse Pedro, e os que com
do, deraõ aviso na cidade, e nas elle estavaõ: Mestre, a compa­
herdades. nha te aperta e oprime, e dizes:
35 E sahiraõ a ver o que tinha Quem heo, que me tocou?
acontecido, e vieraõ a Jesus; e 46 E Jesus disse: Alguém me
acháraõ ao homem, do qual ti­ tocou; porque bem conheci que
nhaõ sahido os demonios, vestido de mim sahio-virtude.
e com siso, assentado aos pés de 47 Vendo a mulher entaõ que
Jesus, «temeraõ. • naõ se lhe ccultava, veio tre-
SEGUNDO S. L(JCA'S, CAP. IX. 8»
mendo, e postrando-se diante del- 5- E quaesquer que vos - naõ
le, declarou-lhe diante de todo o receberem, sahindo vos dáquella
povo, a causa porque o havia to­ cidade, até o pó sacudi de vossos
cado, e como logo ficara saã. pés, em testemunho contra elles-
48 E elle lhe disse : Confia, 6 E sahindo elles, rodeavaõ
filha; tua fé te salvou, vai em por todas as aldeas, annunciando
paz. o Evangelho, e curando os doen­
49 Estando elle ainda fallando, tes em todas as partes.
veio, hum da casa do Príncipe da 7 E ouvio Herodes o Tetrar-
Synagoga, a dizer-lhe : Tua filha cha todas as cousas que fazia, e-
he ja morta, naõ dés trabalho a estava em duvida, por quanto al­
o Mestre. guns diziaõ, que Joaõ resuscitára-
> 50 E ouvindo o Jesus, respon- dos mortos;
deo-lhe: Naõ temas? cré so­ 8 E outros, que Elias havia
mente, e sera salva. aparecido; e outros; que alguém
51 E entrando em casa, a nin­ dos Profetas dos antigos havia
guém deixou entrar, senaõ a Pe­ resuscitado.
dro, e a Jacobo, e a Joaõ: e ao 9 E disse Herodes: A Joaõ,
pai, e a mãi da menina. eu o degolei; quem pois será
52 E choravaõ todos, e pran- este, de quem taes cousas ouçõf
teavaõ-na; e elle disse: Naõ e procurava ve-lo.
choreis, naõ he morta, mas dorme. 10 E tornados os Apostolos,
53 E faziaõ zombaria delle, contaraõ-lhe todas as cousas que
bem sabendo que estava morta. tinhaõ feito. E tomando- os com-
54 E lançando-os elle a todos sigo, retirou-se à parte a hum lu­
fora, e travando-a da maõ, bra­ gar deserto da cidade, que se
dou, dizendo-. Levanta-te, me­ chama Bethsaida.
nina. 11 O que entendendo as com­
55 Entaô tornou seu espirito, panhas, seguiraõ-no: E elle os
e logo se levantou: E mandou recebeo, e lhes falLaVa do revno-
que lhe dessem de comer. "de Deos; e sarou aos que tinhaõ
56 E seus pais estavaõ attoni- necessidade de cura.
tos: e elle lhes mandou, que a 12 E ja o dia haviacomeçado a
ninguém dissessem o que havia declinar; e chegando-se a elle os-
succedido. doze, disseraõ-lhe: Despede as
companhas, paraque indo aos
CAPITULO IX. lugares e aldeas do redor, se
agasalhem, e achem que comer,
P CONVOCANDO seus doze porque aqui estamos em lugar
•*-* discípulos, deo-lhes virtude deserto.
e potestade sobre todos os demó­ 13 E disse-lhes elle; Dai-lhes
nios, e que sarassem as enfer­ vos-outros de comer; e elles dis-
midades. seraõ: Naõ temos mais que
2 E mandou-os a pregar o rey no cinco pães, e dous peixes, salvo
de Deos, e a sarar aos enfermos. irmos nos mesmos a comprar de
3 E disse-lhes: Naõ tomeis comer para toda esta- compa­
nada para o caminho, nem bor- nha.
doens, nem alforges, nem paõ, 14 Porque havia alli como
nem dinheiro, nem tenhaes aous cinco mil homens. Entaõ disse a
vestidos. seus discípulos: Fazei-os assentar
4 E em qualquer casa que por mesas,de cincoentaemcinco-
entrardes, ficai alli, e sahi dallt. enta,
I 2
80 OS. EVANGELHO
■ 35 E fizeraõ-no assi, e assenta- 27 E digó-vos em verdade, que
raõ-se todos. alguns ha aos que aqui estaõ, que
16 E tomando os cinco pães e a morte naõ gostaiáõ, até que
os dous peixes, e olhando para o vejaõ o reyno de Deos.
ceo, benzeo-os, e partio-es, e deu- 28 E aconteceo, que como oito
os a seus discípulos, paraque os dias depois destas palavras, to­
apresentassem ás companhas. mou a Pedro, e a Joaõ e a Jacobo,
17 E coméraõ todos, e fartá- e sobio ao monte a orar.
raõ-se, e levantaraõ do que lhes 29 E estando elle orando, a
sobejou, doze cestos de pedaços. aparência de seu rosto se trasfi-
18 E aconteceo, que estando gurou, e seu vestido ficou branco,
elle só orando, estavaõ com elle e muy resplandecente.
os discípulos; e pérguntou-lhes, 30 E eis-que dous varões es­
dizendo-; Quem dizem as com­ tavaõ fallando com elle, e eraõ
panhas que sou ? Moyses e Elias.
19 E elles responderão, e dis- 31 Que apareceraõ em gloria,
seraõ: Joaõ o Baptista; e ou­ e fallavaõ de sua sahida, aqual'
tros, Elias; e outros, que algum havia de cumprir em Hierusalem.
Profeta dos Antigos tem resus- 32 E Pedro e os que com elle
eitado. estavaõ estavaõ carregados de
90 E disse-lhes; E vos-outros sono; e como despertáraõ, viraõ
quem dizeis que sou? entáõ res­ sua gloria, e áquelles dous varoens
pondendo Pedro, disse; O Chri- que estavaõ com elle.
sto de Deos. 33 E aconteceo, que apartan­
21 Entaõ defendia-lhes riguro-- do-se elles delle, disse Pedro a
samente, e mandou-lhes que a Jesus: Mestre, bom he que nos
ninguém dissessem isto: fiquemos aqui, e façamos tres
22 Dizendo; Necessário he * tabernáculos, hum para ti, e
que o Filho do homem padeça hum para Moyses, e hum para
muitas cousas, e seja reprovado Elias; naõ sabendo o que dizia.
dos Anciaõs, e dos Príncipes 34 E estando elle dizendo isto,
dos' Sacerdotes, e dos Escribas, veio huma nuvem que os f co-
e seja morto, e resuscite ao ter­ brio; e temeraõ, indo entrando
ceiro dia. elles na nuvem.
23 E dizia a todos: Se alguém 35 E veio huma voz da nuvem
quer vir apos mim, neguese a si que dizia : Este he meu amado
mesmo, e tome cada dia sua cruz, Filho, a elle ouvi.
e siga-me. 36 E dáda aquella voz, Jesus
24 Porque qualquer que quizer se achou só: E elles se caláraã;
salvar sua vida, perde- fa-ha; e e por áquelles dias naõ disseraõa
qualquer que por amor de mim ninguém nada do que tinhaõ visto.
perder sua vida, esse a salvará. 37 E aconteceo o dia seguinte,
-25 Porque, que aproveita ao que descendendo elles do monte,
fornem grangéat todo o mundo, lhe sahio huma grande companha
perdendo-se a si mesmo, ou de si ao encontro.
padecendo dano. 38 E eis-que hum homem da
26 Porque qualquer que de companha bradou, dizendo: Me­
mim, e de minhas palavras se en­ stre, peço-te que vejas a meu
vergonhar, do tal se envergon­ filho, que só tenho unico.
hará o Filho do homem, quando 39 E eis-aqui hum espirito e
em sua gloria, e em gloria do • Oa, cabanos.
Pai, e dos santos Anjos vier. + Ou, assombros
SEGUNDO S. LUCAS, CAP. IX. 94
arreba’a, e de repente dá vozes, 50 E Jesus lhe disse: Naõlho
e o despedaça até pela boca es­ defendais; porque quem naõ he
cumar, e apenas se aparta delle, contra nos, por nos he.
quebrantando-o. 51 E.aconteceo, que como se
40 E roguei a teus discípulos cumprirão os dias de sua asump-
que lho lançassem fofa, e naõ çaõ, endereçou seu rosto a ir - a
puderaõ. Hierusalem.
41 E respondendo Jesus, disse: 52 E mandou mensageiros
O geraçaõ infiel e perversa, até diante de si; os quaes foraõ, e
quando estaréi ainda comvosco,e entraraõ em huma aldea dos
vos sofrerei? traze aqui teu filho. Samaritanos, para alli lhe prepa­
42 E como ainda vinha che­ rarem o necessário.
gando, o demonio o desconjun­ 53 Mas naõ o recebéraõ; por­
tou, e o despedaçou: mas Jesus que seu rosto era como de quem
reprendeo ao espirito immundo, hia a Hierusalem.
e sarou ao menino, e tornou-o 54 E vendo seus discípulos isto
a seu pai. Jacobo, e Joaõ, disseraõ: Se­
43 E todos estavaõ fora de si nhor, queres que digamos que
pela magnificência de Deos, e descenda fogo do ceo, e os con-
maravilhando-se todos de todas sumaõ, como também Elias
as cousas que fazia, disse a seus fe2?
discípulos: 55 Porem virando-se-elle, re-
44 Ponde vos-outros em vossos prendeo-os, dizendo: Vos-outros
ouvidos estas palavras; porque naõ sabeis de que espirito seis.
ha de acontecer, que o Filho do 56 Porque o Filho do homem
homem será entregue em maõs naõ veio a destruir as almas dos
de homens. homens, mas a salva-las. E fo-
45 Mas elles naõ entendiaô raõ-se a outra aldea.
esta palavra: e era-lhes encuber- 57 E aconteceo que indo elles
ta, assique naõ entendiaô: E te- caminhando, lhe disse hum:
miaõ perguntar-lhe acerca desta Senhor, aonde quer que fores, te
palavra. seguiréi.
46 Entaõ entráraõ em * con­ 58 E disse-lhe Jesus; Asrapo-
ferencia, de qual delles seria o sas tem covis, e as aves dos ceos
maior. ninhos; mas o Filho do homem
47 Mas vendo Jesus os pensa­ naõ tem aonde recline a cabeça.
mentos de seu coraçaõ delles, to­ 59 E disse a outro: Segue-me;
mou a hum menino, e po-lo a- porem este disse: Senhor, deixa-
par de si. me que va, e enterre primeiio a
48 E disse-lhes: Qualquer que meu pai.
receber este menino em meu 60 E Jesus lhe disse: Deixa
nome, a mim me recebe: e qual­ os mortos enterrara seus mortos;
quer que a mim me receber, ré- e tu vai, e annuncia o reyno da
rebe ao que me enviou, porque Deos.
o que entre todos vos-outros for 61 Entaõ disse também outro:
o menor, esse ha de ser o grande. Senhor, eú te seguirei, mas dc-
49 Então respondendo Joaõ, ixa-me despedir primeiro dos que
disse: Mestre, temos visto a hum em minha_casa estaõ.
que em teu nome lança fora aos 62 E Jesus lhe disse : Ningu­
demonios, e defendemos-lho, por­ ém que, lançando maõ do arado,
que comnosco te naõ segue, olhar para trás, he abil para o
♦ Oú, porfia. reyno de Deos.
92 0 S. EVANGELHO
em Sidon foraõ feitas as virtudes
CAPITULO X. que foraõ feitas em vos-outros,
"P DEPOIS destas cousas as- ja dias ha que assentados em *
sinalou o Senhor ainda ou­ cilicio e em cinza, se houveraõ
tros setenta, aos quaes mandou arrependido.
de dous em dous, diante de si, a 14 Por tanto Tyro e'Sidon terãõ
todos as cidades e lugares aonde mais remissaõ que vos-outros no
elle havia de vir. juizo.
2 E dizia-lhes; Grande heem 15 E tu Capernaum, que até
verdade a sega, mas os obreiros os ceos estás aleventada, até os
saõ poucos; por tanto rogai ao infernos serás abaixada.
Senhor da sega, que empuxe o- 16 Quem a vos-outros ouve, a
breiros a sua sega. mim me ouve; e quem a vos-
i Andai, vedes aqui vos outros engetta, a mim me engeita;
mando como a cordeiros em meio e quem a mim me engeita, engeita
de lobos. ao que me enviou.
4 Naõ leveis bolsa, nem al­ 17 E tornáraõ os setenta com
forges, nem çápatos, e a ningu­ alegria,, dizendo ; Senhor, até os
ém saudeis pelo caminho. demoniós se nos sugeitaõ em teu
5 E em qualquer casa que nome.
entrardes, dizei primeiro: Paz 18 E disse-lhes: Bem via eu
seja nesta casa. a satanás, que como hum rayo
6 E se houver alli algum filho cahia do ceo.
de paz, vossa paz repousará sobre 19 Vedes aqui vos dou potesta­
elle; e se naõ, tomar-se-hatmsa de para pisar sobre as serpentes,
paz a vos-outros. e sobre os escorpiões, e sobre toda
7 E pousai naquella mesma a força do inimigo, e nada vos
casa comendo, e beber.do o que fará dano.
vos derem: Pois digno he o ob­ 20 Mas naõ vos alegreis de que
reiro do seu salario: Naõ vos os espíritos se vos sogeitem; mas
passeis de casa em casa. antes vos alegrai de que vossos
8 E em qualquer cidade em nomes estaõ escritos nos ceos.
que entrardes, e vos receberem, 21 Naquella hora se alegrou
comei o que diante vos puserem. Jesus em espirito, e disse: Gra­
9 E sarai os enfermos que nella ças te dou, o Pai, Senhor do ceo
houver, e dizei-lhes: Chegado he e da terra, que escondeste estas
a vos-outros o reyr.o de Deos. cousas aos sábios e entendidos, e
10 Mas em qualquer cidade as revelaste ás crianças ? assi he,
em que entrardes, e vos naõ Pai, porque assi te agradou.
receberem, sahindo per suas ruas 22 Todas as Cousas me estaõ
dizei: entregues de meu Pai: e ninguém
11 Até o pó que de vossa ci­ sabe quem seja o Filho, senaô o
dade se nos pegou, sacudimos so­ Pai; nem quem seja o Pai senaô
bre vos-outros-. Isto porem sabei, o Filho, ea quem o Filho o quizer
que ja o reyno dos ceos a vos-ou­ revelar.
tros se tem chegado. 23 E virando-se para seus dis­
12 E digo-vos, que mais tole- cípulos, particularmente lhes
ravelmente seráô naquelle dia disse: Bemaventurados os olho»-
tratados os de Sodoma, do que que vem o que vos vedes.
aquella cidade. 24 Porque vos digo, que mui­
13 Ay de ti Chorazim, ay de tos Profetas e reys desejara®
ti Bethsaida; que se em Tyro e • Ou,í«C6i,
SEGUNDO S. LUCAS, CAP. XI. 98
ver o que vos vedes, e naõ o vi- 37 E elle disse: Aquelle que
raõ; e ouvir o que ouvis, e naõ com elle usou de misericórdia.
o ouviraõ. Entàõ lhe disse Jesus: Vai, efaze
25 E eis-que hum Doutor da de mesma maneira
ley se levantou, atentando-o, e ?8 E aconteceo, que indo elle,
dizendo : Mestre, que cousa fa­ entrou em huma alaea, e huma
zendo, possuiréi a vida eterna. mulher, chamada Martha, o re-
26 E elle lhe disse: Que está cebeo em sua casa.
escrito na ley? como lés ? 39 E esta tinha huma irmaã,
27 E respondendo elle, disse: que se chamava Maria: a qual,
Amarás ao Senhor teu Deos de assentando-se aos pés de Jesus,
todo teu coraçaõ, e de toda tua ouvia sua palavra.
alma, e de todas tuas forças, e de 40 Martha porem se distrahia
todo teu entendimento; e a teu em muitos serviços; e sobrevindo,
proximo como a ti mesmo. disse: Senhor, naõ se te dá de
28 E disse-lhe: Bem respon­ que minha irmaã me deixe servir
deste : Faze isso, e viverás. a mim só ? dize-lhe pois que me
29 Mas querendo-se elle justi­ ajude.
ficar a si mesmo, disse a Jesus: 41 Respondendo Jesus entaõ,
E quem he meu proximo ? disse-lhe : Martha, Martha, cui­
30 E respondendo Jesus, disse: dadosa e fadigada andas com
Hum homem descendia de Hie- muitas cousas.
rusalem a Jericho, e cahio em 42 Mas huma cousa he neces­
maõs de salteadores, os quaes o sária : Porem Maria escolheo a boa
* despojaraõ, e ferindo-o, foraõ-se, parte, a qual lhe naõ será tirada.
deixando o meio morto.
31 E a caso descendeo hum CAPITULO XI.
Sacerdote pelo mesmo caminho,
e veudo-o, passou de largo. aconteceo, que estando
32 E semelhantemente também elle orando em hum lugar,
hum Levita, chegando junto a em acabando, lhe disse hum de
aquelle lugar, e vendo-o, passou seus discipulos : Senhor, ensina-
de largo. nos a orar, como também Joaõ
33 Porem hum certo Samdri- ensinou a seus discipulos.
tano, que hia de caminho, vindo 2 E disse-lhes: Quando orardes,
junto a elle, e vendo-o, moveo-se dizei: Pai nosso, que estás nos
a intima compaixaõ. ceos, sançtificado sejao teu nome:
34 E achegando-se, atou-lhe as Venha o teu reyno: Seja feita a
feridas, deitando-lhe nellas azeite tua vontade, assi na terra como
e vinho; e pondo-o sobre sua no ceo.
cavalgadura, levou-o a huma 3 O paõ nosso de cada dia nos
estalagem, e f pó lo em cura. dá hoje.
35 E partindo-se ao outro dia, 4 E perdoa-nos os nossos
tirou dous dinheiros, e deu os ao peccados, pois também nos
hospede, e disse-lhe: Tem delle perdoamos a todos quantos nos
cuidado, e tudo o que de máis gas­ devem; e naõ nos * metas em
tares, quando tornar, to pagarei. tentaçaõ; mas livra-nos de mal.
36 Quem pois destes tres te pa­ 5 Disse-lhes também: Qual de
rece que foi o proximo daquelle vos-outros terá hum amigo,,e i:á
que cahio nas mâõs dos ladrões. a elle a meia noite, e lhe diiá :
• Ou, roubaraô. Amigo, empresta-me tres pãês» ,
t Ou, cuidadt delfa * Ou, induzas.
94 O S. EVANGELHO
6 Porque hum amigo meu veio demonios lanço fora; vosso»
a mim de caminha, e naõ tenho filhos por quem os lançaõ ? por
que lhe apresentar. tanto elles seráõ vossosjuizes.
7 E elle de dentro, responden­ 20 Mas se eu pelo dedo de
do, diga; Naõ me importunes, Deos lanço fora aos demonios,
ja a porta está fechada, e meus chegado pois he a vos-outros o
filhinhos estaõ commigo nacama; reyno de Deos.
naõ posso levantar-me a dar-te. 21 Quando o valente armado
8 Digo-vos, que ainda, que se guarda seu paço, em paz estáttwto
naõ levante a lhe dar, por ser seu o que possue.
amigo: com tudo, por sua im­ 22 Mas sobrevindo outro mais
portunação se levantará, e lhe valente que elle, e vencendo-o,
dará tudo quanto houver mister. toma-lhe todas suas armas.em que
9 E vos digo eu a vos-outros: confiava, e reparte seus despojos.
Pedi, e dar-vos-haõ: Buscai, e 23 Quem commigo naõ he, con­
achareis: batei, e abrir-vos-haõ. tra mim he; e quem commigo
10 Porque qualquer que pede, naõ apanha, elle espalha.
recebe; e quem busca, acha; e 24 Quando o espirito immundo
a quem bate, abrem. tem sahido do homem, anda por
11 E que pai de vos-outros, lugares secos, baseando repouso;
{>edindo-lhe o filho paõ, lbe dará e naõ o achando, diz: Tornar-
tuma pedra? ou, se peixe, em me-hei a minha casa donde sahi.
lugar de peixe, lhe dará huma 25 E vindo, acha-a barrida, e
serpente ? adornada.
12 Ou se lhe pedir hum ovo, 26 Entaõ vai, e tomh comsigo
lhe dará hum escorpião? outros sete espiritos peores que
13 Pois se vos-outros, sendo elle, e entrados, habitaõ alli; e
maos, sabeis dar boas dadivas a saõ do tal homem as cousas
vossos filhos, quanto mais dara derradeiras peores que as pri­
vosso Pai celestial o Espirito meiras.
eanto áquelles que lho pedirem? 27 E aconteceo que, dizendo
14 E estava lançando fora a elle estas cousas, humamulherda
hum demqnio, e era o tal mudo; companha, levantando a voz,lhe
e aconteçeò, que sahido o demo- disse: Bemaventurado o ventre
nio, o mudo fallou ; e as compa­ que te trouxe, e os peitos que
nhas se maravilháraõ. mamaste. ,
15 E alguns delles diziaõ: Por 28 Mas elledisse: Ántes bem-
Beelzebul, príncipe dos demonios, aventurados os, que ouvem a pa­
lança fora aos demonios. lavra de Deos, e a guardaõ.
16 E outros, atentando o pe- 29 E juntas as companhas, co­
diaõ-lhe sinal do ceo. meçou-lhes a dizer: Maligna he
17 Mas conhecendo elle seus esta geraçaõ; sinal busca, mas
pensamentos, disse lhes: Todo sinal lhe naõ será dado, senaõ o
reyno diviso contra si mesmo, he sinal de Jonas o profeta.
assolado; e cahe a casa contra si 30 Porque asst como Jonas foi
mesma divisa. sinal para os Ninivitas; assi o
18 E se também satanás con­ será também o Filho do homem
tra si mesmo está diviso, como para esta geraçaõ.
ficará em pé seu reyno ? Por­ 31 A Rainha do Sul se levan­
quanto dizeis, que por Beelzebul tará juntamente em juizo eom os
lanço fora aos demonios. homens desta geraçaõ, e os con­
19 Pois se eu por Beelzebul aos denará; poi até dos fias da terra
SEGUNDO S. LUCAS, CAP. XL 95
veio a ouvir a sabedoria de Sa- 43 Ay de vos-outros Phariseos
lamaõ: E eis-aqui ruais que que amais as primeiras cadeira,
Salamaõ está aqui. nas Synagogas, e as saudações
52 Os homens dè Ninive se nas praças.
levantarão juntamente em juizo 44 Ay de vos-outros Escribas e
com esta geraçaõ, e a condena- PhariseoS hypocritas, que sois
Táõ; pois com a pregaçaõ de Jo- como as sepulturas que naõ apa­
nas se converterão: E eis-aqui recem, e sem delias saber, andaõ
ruais que Jonas está aqui. sobre eilesos homens.
33 Nem ninguém accendendo 45 E respondendo hum dot
a candea, a poem em lugar oculto, Doutores da ley, disse-lhes: Me­
nem debaixo do alqueire; senaõ stre, quando dizes isto, também
no candieiro, paraque os que en­ nos afrontas a nos-outros.
trarem possaõ enxergar a luz. 46 Porem elle disse: Ay d«
34, A candea do corpo he o olho; vos-outros também Doutores da
pois se teu olho fór simple, tam­ ley, que carregais os homens com
bém todo teu corpo.será-luminoso: cargas pesadas para levar; ma*
Porem se fór mao, também todo vos-outros nem ainda com só hum
teu corpo será tenebroso, de vossos dedos as ditas carga*
35 Olha pois que a luz que em tocais.
ti ha, naõ sejaõ escuridades. 47 Ay de vos-outros, que edi­
36 Assi que sendo teu corpo ficais os sepulcros dos profetas, e
todo luminoso, naõ tendo parte inatáraõ-os vossos pais, •
de escuridade alguma, todo será 48 Bem dais assi testimunho,
resplandecente, como quando a que consentis nos feitos de vossos
candea com seu resplandor te a- pais; porque elles os matáraõ,
lumia. mas vos-outros edificais seu»
37 E estando elle ainda fal- sepulcros.
lando, rogou-lhe hum Phariseo, 49 Por tanto disse a sabedoria
que viesse a jantar com elle; e de, Deos lambem: Profeta» e
entrando Jesus assentou-se. Apostolos lhes mandaréi; e deites,
38 E veudo o o Phariseo, ma­ a«unr mararáõ, e a outros deita­
ravilhou-se, de que naõ se lavava rão fora.
antes de se pór a jantar. 50 Paraque destra geraçaõ 6eja
39 E o Senhor lhe disse: Basta requerido o sangue de todos o»
que vos-outros, os Phariseos,ode Profetas, que desda fundaçaõ do
tora do vaso e do prato alimpais: mundo foi derramado.
porem vosso interior de rapina e 51 Desdo sangue de Abel, até
maldade está cheio. o sangue de Zacharias, que mor-
40 Loucos; porventura o que reo entre o altar, e a casa de
fez o de fora, naõ fez também o de Deos: assi vos digo, será desta
dentro?
41 Porem dai esmolado que 52 Ay de vos-outros Doutore*
tendes: e eis-aqui tudo vos Berá- da ley, que tomastes a chave da
limpo. sapiência; vos-outros naõ entra­
42 Mas ay de vos-outros Pha­ stes, c aos que entravaõ, impe­
riseos, que aezimais a ortelaã, e distes.
a arruda, e toda ortaliça; mas 53 E dizendo-lhesestas cousas,
pelo juizo e caridade de Deos os Escribas « os Phariseos come-
passais de largo: porem mister çaraõ em grande maneira a o
era fazer estas cousas, e naõ dar apertar, é a provoca-lot a que d»
de maõás outras. muitas «ousas fatiasse.
96 OS. EVANGELHO
54 Armando-lhe assi siladas,e 11 E quando vos trouxerem á«
procurando caçar algumá cousas Synagogas, e a os Magistrados e
de sua boca, para o poderem Potestades, naõ estejais solícitos,
acusar. como, ou quehajaisde responder,
ou que hajais de dizer:
CAPITULO XII. 12 Porque naquella mesma
A Juntando-sb nisto a milha- hora vos ensinará o Espirito
res muitas companhas, tanto santo o que vos será necessário
que huns aos outros se pisavaõ, dizer.
começ.ou a dizer a seus discípulos : 13 E disse-lhe hum da compa­
Primeiramente, guardai-vos do nha : Mestre, dize a meu irmaõ
fermento dos Phariseos, que he que repartacommigtf a herança.
hyprocrisia. 14 Mas elle lhe disse: Homem,
2 Porque nada ha encuberto, quem me pôz a mim por juiz, ou
que naõ haja de ser descuberto; repartidor sobre vos-outros ?
nem oculto, que naõ haja de ser 15 E disse-lhes: Olhai, e guar­
sabido. dai-vos da avareza; porque a vida
3 Por tanto as cousas que do homem naõ consiste na abun-
dissestes em trevas, á luz seráõ dancia dos bens que possue.
ouvidas; e o que ouvido fallastes 16 E propôz-lnes numa para-
nas camaras, nos telhados será bola, dizendo: A herdade de hum
apregoado. homem rico havia dado muitos
4 Mas digo-vos, amigos meus, frutos.
naõ temais aos que mataõ o corpo, 17 E imaginava entre si, di­
e depois naõ tem mais que possaõ zendo : Que tarei ? que naõ tenho
fazer: aonde ajuntar meus frutos.
5 Mas eu vos mostraréi a quem 18 E disse : Isto faréi; derri-
haveis de temer: Temei áquelle, baréi meus celleiros, e edifica-los-
que depois de matar, tem pote­ hei maiores, e alli ajuntarei todos
stade para no inferno lançar: assi meus frutos, e meus bens.
vos digo, A este temei. 19 E diréi a minha alma:
6 Naõ se vendem cinco passa­ Alma, muitos bens tens em
rinhos por dous ceitis? e nenhum deposito, para muitos annos;
delles está esquecido diante de descansa, come, e bebe, e folga.
Deos. 20 E disse-lhe Deos: Louco,
7 E ainda até os cabellos de esta noite sera pedida de ti tua
vossa cabeça todos estaõ contados. alma; e o que tens aparelhado,
Naõ temais pois; de mais estima cujo será?
sois vos-outros que muitos passa­ 21 Assi he, o que para si ajun­
rinhos. ta thesouros,‘e naõ he rico em
. 8 Porem digo-vos, que. todo Deos.
aquelle que me confessar diante 22 E disse a seus discípulos:
dos homens, também o Filho do Por tanto vos digo, naõ andeis
homem o - confesserá diante dos solícitos por vossa vida, que co-
Anjos de Deos. meréis; nem pelo corpo, que
9 Mas quem me negar diante vestireis.
dos homens, será negado diante 23 Mais he a vida, que a
dos Anjos de Deos. comida, e o corpo, que o ve­
10 E todo aquelle que palavra stido.
algvma contra o Filho do homem 24 Considerai os corvos, que
disser, ser-lhe-ha perdoado : Mas nem semeaõ, nem segaõ; que
ao que blasfemar contra o Espirito nem tem celleiro, nem tulha, e
santo, naõ lhe será perdoado. Deos os alimenta ; Quanto de
SEGUNDO S. LUCAS, CAP. XII. 97
mais estima sois vos-outros que as dade vos digo, que se cingirá, e
aves? os fará assentar, e chegando-se,
25 Quem de vos-outrós poderá, os servirá.
com toda sua solicitude, acrecen- 38 E ainda que venha á segun­
tar á sua estatura hum covado? da vigia; e ainda que venha á
26 Pois se nem ainda o que he terceira vigia, e assi os achar;
menos podeis, porque andais solí­ Bemaventurados saõ os taes ser­
citos pelo demais? vos.
27 Considerai os lirios, como 39 Isto porem sabei, que se o
crecem; naõ lavraõ, nemfiaõ; e pai de familia soubesse a que horá
digo-vos, que nem ainda Sala- o ladraõ havia de vir, vigiaria: e
maõ, com toda sua gloria, se che­ sua casa minar naõ deixaria.
gou a vestir tão bem, como hum 40 Vos-outros pois também es­
delles. tai apercebidos; porque á hora
28 E se assi veste Deos aherva, que naõ imaginais, virá o Filho
que hoje no campo está, e á ma- do homem.
rihaã no forno he lançada; quanto 41 Entaõ Pedro lhe disse: Se­
mais a vos-outros, ó apoucados nhor, dizes esta parabola a nos»
na fé ? outros, ou também a todos ?
29 Vos-outros pois, naõ per­ 42 E disse o Senhor: Qual hè
gunteis que hajaes de comer, ou o mordomo fiel e prudente, a quem
que hajaes de beber; e naõ andeis o senhor puzer sobre sua familia,
enlevados. paraque a tempo sua raçaõlhe dé?
30 Porque todas estas cousas as 43 Bemaventurado aquelle ser­
gentes do mundo as buscaõ; mas vo, ao qual, quando o senhor
sabe vosso Pai, que aveis mister vier, assi fazendo o achar.
estas cousas, 44 Em verdade vos digo, que
31 Mas buscai o reyno de Deos, sobre todos seus bens o porá.
e todas estas cousas vos seráõ acre- 45 Mas se o mesmo servo em
centadas. seu coraçaõ disser: Meu senhor
32 Naõ temas, ó pequeno re­ tarda em vir; eaos servos e criadas
banho; porque vosso Pai agradou começar a espanquear, e a comer,
de a vos dar o reyno. e a beber, e a se emborrachar.
33 Vendei o que possuís, e dai 46 Virá daquelle servo o se­
esmola;' fazei para vos bolsas que nhor, no dia que elle o naõ espera,
naõ se envelheçaõ; thesouro tros e na hora que elle naõ sabe, e
ceos, que nunca desfaleça; aonde separá-lo-ha, e porá sua parte
ladraõ naõ chega, nem traça cor­ com os infiéis.
rompe. 47 Porque o servo que soube à
34 Porque aonde estiver vosso vontade de seu senhor, e naõ se
thesouro,alli estatá também vosso apercebeo, nem fez conforme â
coraçaõ. sua vontade, será com muito*
35 Estejaõ cingidos vossos lom­ açoutes açoutado.
bos, e accesas as candeas. 48 Mas o que a naõ soube, é
36 E sede vos-outros semelhan­ fez porque fosse acoutado, levará
tes aos homens, que esperaõ poucos açoutes: Èorque a qual­
quando seu Senhor das bodas ha quer que muito fór dado, muito se
de tornar; paraque quando vier, lhe tornará a pedir; e ao que
e bater, logo lhe abraõ. muito encomendaraõ, muito mais
37 Bemaventurados aquelles se lhe pedirá.
servos, os quaes, quando o Senhor 49 Fogo vim a pór á tena; è
vier, os acnar vigiando: em ver- que mais quero, seja está acceso?
98 O S. EVANGELHO
50 Porem de hum baptismo naõ emmendardes; todos perece­
me he necessário ser baptizado; reis assi. ,
je como me angustio, até que a 4 Ou aquelles dezoito, sobre os
cumprir se venha! quaes a torre em Siloé cahio, eos
51 Cuidais vos-outros que vim matou; pensais que mais culpados
& terra a dar paz? Naõ vos digo; fossem, que todos quantos homens
porem antes dissensão. em Hierusalem habitaõi
52 Porque daqui em diante es­ 5 Naõ, vos digo; antes se vos
tarão cinco divisos em huma casa, naõ emmendardes, todos perece-
tres contra dous,. e dous contra réis assi.
.tres. 6 E dizia esta parabola: Tinha
53 O pai estará diviso contra o hum certo homem prantada huma
filho, e o filho contra o pai: A figueira em sua vinha, e vèio a
jnãi contra a filha, e a filha con­ etla a buscar fruto, e naõ o
tra a mâi: A sogra contra sua achou.
nora, e a nora contra sua sogra. 7 E disse ao vinheiro: Ves-a
54 E dizia também ás compa­ qui, tres annos ha que venho a
nhas: Quando vedes a nuvem que buscar fruto a esta figueira, e naõ
vem do poente, logo dizeis: La o acho: Corta-a pois; porque
vem chuva; e assi succede. ainda ocupará inutilmente a
55 E quando sopra o Sul, dizeis: terra ?
Calma haverá, e assi succede. 8 Elle entaõ respondendo, dis­
56 Hypocritas, que sabeis ex­ se-lhe: Senhor, deixa-a ainda por
aminar a face do ceo e da terra: este anno, até que eu a escave, e
E este tempo, como naõ o exami­ a esterque.
nais? 9 E se der fruto,/>awe; quando
57 E porque ainda de vos-ou­ naõ, corta-la-has depois.
tros mesmos naõ julgais o que he: 10 E ensinando elle em huma
justo? Synagoga hum Sabado:
58 Pois quando com teu adver­ 11 Eis-que estava alli huma
sário vas ao Magistrado, procura mulher que dezoito annos havia
de no caminho delle te desem­ tido hum espirito de enfermidade;
baraçar, porque naõ te leve ao e tão corcovada andava que em
juiz, e o juiz te entregue ao me- maneira nenhuma se podia ende-
rinho, e o merirho te ponha em reitar.
prisaõ. 12 Ecomo Jesusa vio,chamou-
59 Digo-te, que dalli naõ sahi- a, e disse-lhe: Mulher,; livre estás
râs, até que pagues o derradeiro de tua enfermidade.
ceitil. 13 E pôz-lhe as maõsem cima,
e logo se endereitou, e glorificava
CAPITULO XHI. a Deos.
"KrESTE mesmo tempo estavaõ 14 E respondendo o Príncipe
■*” alli presentes alguns que da Synagoga, indignado dze que
lhe contavaõ dos Galileos, cujo Jesus hõuvesse curado em Sabado,
sangue Pilatos juntamente com disse á companha: Seis dias ha
seus sacrificios havia mesturado. em que obrar he mister: Nestes
2 E respondendo Jesus, disse-, pois vinde a ser curados, e naõ
lhes: Pensais vos-outros que por em dia de Sabado.
estes Galileos haverem padecido 15 Entaõ o Senhor lhe respon-
laes cousas, hajaõ sido mais pec- deo, e disse: Hyprocrita, naõ
cadores que todos os Galileos? desata em Sabado cada hum de
,3 Naõ, vos digo; antes se vos vos-outros seu boy, ou seu asno,
SEGUNDO S. LUCAS; CAP. XIV. 99
da estrebariá, e o leva a beber ? de dentes; quando virdes a Abra­
16 E naõ convinha soltar de­ ham, e a Isaac, e a Jacob, e a to­
sta atadura em dia de Sabado a dos os Profetas no reyno de Deos;
esta filha de Abraham, que eis- e a vos-outros vos lançados fora.
que satanás havia ligado ja dez­ 29 E virãõ alguns do Oriente,
oito annos t e do Occidente, e do Norte, e do
17 E dizendo elle estas cousas, Sul, e assentar-se-haõ no Reyno
todos seus adversários se confun- de Deos.
diaõ; mas todo o povo se alegra­ 30 E eis-aqui que saõ derra­
va de todas as cousas gloriosas deiros, os que eraõ os primeiros;'
que por elle eraõ feitas. e que saõ primeiros, os que eraõ
18 E dizia: A que he semel­ os derradeiros.
hante o reyno de Deos ? e a que 31 Aquelle mesmo diachegâraõ
o compararéi ? huns dos Phariseos, dizendo-lhe:
19 Semelhante he ao graõ Sai-te, e vai-te daqui; porque
da mostarda, que tomando-o o Herodes te quer matar.
homem, o lançou em sua horta1; 32 E disse-lhes: Ide, e dizei
e creceo, e fez-se arvore grande, âquella raposa: Eis-aqui lanço
e fizeraõ as aves dos ceos ninhos fora demonios, e acabo curas,
em ,suas ramas. hoje, e ã manhaã, e ao terceiro
20 E disse outra vez: A que dia sou consumado.
compararéi o reyno de Deos ? 33 Porem he mister que hoje,
21 Semelhante he ao fermen­ eá manhaã, e depois daroanhaã
to, que tomando-o a mulher, o es­ caminhe: Porque naõ succede
conde em tres medidas de farinha, que algum Profeta mona fora de
até que todo se levede. Hierusalem.
22 E passava de huma cidade e 34 Hierusalem, Hierusalem,
aldea para outra ensinando, e ca­ que matas aos Profetas, e ape­
minhando para Hierusalem. drejas aos que a ti te saõ envia­
23 E disse-lhe hum: Senhor, dos; quantas vezes quis eu ry un­
saõ poucos »os que se salvaõ? e tar teus filhos, como a galinha
elle lhes disse: seus pintaõs debaixo de suas
24 Trabalhai por entrar pela asas, e naõ quisestes?
porta estreita: Porque eu vos 35 Eis-aqui vossa casa se vos
digo, que muitos, procurarão deixa deserta; e digo-vos em ver­
entrar, e naõ poderão. dade, que naõ me veréis, até que
25 A saber, desque o pai de venha o tempo, quando digais:
familia se levantar, e a porta cer­ Bendito aquelle que vem no
rar, e a de fora começardes a nome do Senhor.
estar, e á porta bater, dizendo:
Senhor, Senhor abre-nos; e CAPITULO XIV.
respondendo elle, vos disBer: T7 aconteceo. que entrando
Naõ sei, donde sejais: •*-* elle hum Sabado a comer paõ
26 Entaõ começaréis a dizer: em casa de hum Principe dos
Perante ti havemos comido e be­ Phariseos, elles o estavaõ es­
bido, e em nossas praças tens piando.
ensinado. 2 E eis-aqui hum homem hy-
27 E dir-vos-ha: Digo-vos que dropico estava alli diante delle.
naõ sei donde sejais. Apartai- 3 E respondendo Jesus, fallou.
vos de mim, vos todos os aos Doutores da ley, e aos Phari­
obradores de pialdade. seos, dizendo; He licito sarar em
28 Alli será o choro, e o bater Sabado?
100 O S. EVANGELHO
4 E elles caláraõ: Entaõ to­ disse-lhe: Bemaventurado aquel-
mando-o elle, sarou-o, e mandou-o le que no reyno de Deos comer
embora." pão.
5 E elle respondendo-lhes, dis­ 16 Porem elle lhe disse: Hum
se: De qual de vos outros cahirá certo homem fez huma grande
o asno, ou o boy em algum poço, cêa, e convidou a muitos.
que logo em dia de Sabado o naõ 17 E á hora da cêa mandou a
tire? seu servo dizer aos convidados;
6 E nada a estas cousas lhe Vinde, que ja tudo está apare­
podiaõ replicar. lhado.
7 E propos aos convidados 18 Mas juntamente re começa-
huma parabola, atentando como raõ todos a escusar. O primeiro
escolhiaõ os primeiros assentos, lhe disse: Comprei huma* quinta,
dizendo-lhes: e hei mister sahir a ve-la; rogo-te
8 Quando de alguém sis bodas que me hajas por escusado.
fores convidado, naõ te assentes 19 E o outro disse: Comprei
no primeiro lugar; porque naõ cinco juntas de boys, e vou apro­
succeda que outro, mais digno va-los; rogo-te que me hajas por
que ti, esteja delle convidado. escusado.
9 E vindo, o que a ti e a elle 20 E o outro disse: Casei-me,
te chamou, te diga: Dá lugar a e portanto naõ posso vir.
este; e entaõ com vergonha co­ 21 E tornando o mesmo servo,
meces a te ficar com d derradeiro fez saber estas cousas a seu se­
lugar. - nhor. Entaõ indignado o pai da
10 Mas quando fores convida­ familia, disse a seu servo: Sai
do, vai, assenta-te no derradeiro asinha pelas praças, e pelas ruas
lugar: porque quando, o que te da cidade, e traze aqui aos pobres,
chamou, vier, te diga: Amigo, e aos aleijados, e aos mancos, e
sube para riba : Entaõ terás hon­ aos cegos.
ra diante dos que juntamente es­ 22 E disse o servo: Senhor,
tiverem assentados. feito está como mandaste; e ain­
11 Porque qualquer que se ale- da ha lugar.
vantar será humilhado; e qual­ 23 E disse o senhor ao servo:
quer que se humilhar, será ale- Sai-te pelos caminhos, e pelos f
vantado. valados, e força-os a entrar, para­
lfl E dizia também ao que o que minha casa se encha.
linha convidado : Quando fizeres 24 Porque eu vos digo, que
num jantar, cu huma cêa, naõ cha­ nenhum daquclles varões que fo-
mes a teus amigos, nem a teus raõ convidados, gostara minha cêa.
irinaõs, nem a teus parentes, nem 25 E muitas companhas hiaõ
a teus vezinhos ricos; paraque com elle, e virando-se, disse-lhes:
lambem elles te naõ tornem a 26 Se alguém a mim vier, e a
convidar, e te seja recompensado. seu pai, e mâi, emulhér, e filhos,
13 Mas quando fizeres convite, e irmaãs, e ainda também sua
chama aos pobres, aleijados, man­ própria vida naõ aborrecer, naõ
cos, e cegos. - pode ser meu discipulo.
14 E serás bemaventurado, 27 E qualquer que sua cruz
por quanto naõ to podem pagar: naõ levar, e apos mim naõ vier,
Porem ser-te-ha pago na resur- naõ pode ser meu discipulo.
reiçaõ dos justos. 28 Porque qual de vos-outros,
15 E ouvindo isto hum dos que • Ou, herdade, Ou, Cftmpo.
juntamente estavaõ assentados, t Ou, scvcs.
SEGUNDO S. LUCAS. CAP. XV. lOf
querendo edificar huma torre, se amigos, e vezinhos, dizendo-lhes:
naõ assenta primeiro a fazer as Alegrai-vos commigo, porque ja a-
contas dos gastos, se tem com que chet a minha ovelha, que se ms
a acabar? tinha pedido.
99 Porque depois de haver po­ 7 Digo-vos, que assi haverá
sto o fundamento, e naõ a po­ mais alegria no ceo por hum pec-
dendo acabar, naõ comecem to­ cador que se emmenda, do que
dos os que a virem a delle fazer por noventa e nove justos; quede
zombaria. emmenda naõ necessitaõ.
30 Dizendo: Este homem co­ 8 Ou que mulher, que tenda
meçou a edificar, e naõ pude a- dezdrachmas, e a huma * drachma
cabar. perder, naõ accenda a candea, e
31 Ou qual rey, avendo de ir barra a casa, e a busque com di­
a fazer guerra a outro rey, se naõ ligencia até acha-la:
assentará primeiro a cqnsultar, se 9 E achando-zr, ajunte as ami­
cora dez mil ao encontro pode gas e as vezinhas, dizendo: Ale­
sahir, ao que com vinte mil con­ grai-vos commigo, porque ja achei-
tra elle vem ? a drachma que se me tinha per­
32 D’ outra maniera, estando dido.
o outro ainda de longe, mandati- 10 Assi vos digo, que haverá a-
do-lhe embaixada, lhe roga pelo legria entre os Anjos de Deos por
que á paz convém. hum peceador que se emmenoar.
33- Assi pois, qualquer de vos- 11 E elle dizia: Hum homem
outros que a tudo quanto possue tinha dous filhos.'
naõ renuncia, naõ pode ser meu 12 E disse o mais moço dellés
discipulé. I a seu pai, dái-me aparte da fazen­
34 BJm he o sal; porem se o| da que me pertence; e elles lhes
sal se esvaecer, com que se adu­ repartio a fazenda,
bará? I 13 E depois de naõ muitos
35 Nem para a terra, nem pa­ dias, ajuntando o filho mais moço
ra o monturo presta: Fora o lan- tudo, partio-se a huma terramoy
çaõ. Quem tem ouvidos para ou­ longe, e alli desperdiçou sua fa­
vir, ouça. zenda, vivendo disolutamente.
14 E desque ja teve tudo des-
CAPITULO XV. perdiçido, veio huma grande
T? chegavaõ-se a elle todos os fome naquella terra, e começou
publicanos, e peccadores ao a padecer necessidade.
ouvir. 15. E foi, e achegou-se a'hum
2 E murmuTavaõ os Escribas-, dos cidadaõs daquella terra, o
e os Pharizeos, dizendo: Este a qual o mandou á sua quinta, e
òs peccadores recebe, e com elles apacentar os porcos.
come. 16 E desejava encher seu ven­
3 E elle lhes propôs esta pa- tre das fmondaduras que comiaõ-
rabola, dizendo: os porcos, mas ninguém lhas dava.
4 Que homem de vos-outros 17 E tornando em si, disse:
ha, que tendo cem ovelhas, e per- Quantos-jornaleiros de meu pai
denao-se-lhe huma delias, naõ tem abundancia de pão, e eu
deixe no deserto as noventa e aqui pereço' de fome.
nove, e se va apos a que se lhe 18 Levantar-me-hei, e ir-me-
perdeo, até que a achar e venha? * Qwc he hum real de prata, ou doint
5 E achando-a, a ponha sobre vinténs.
seus ombros gozoso. i Ou, do folheio, ou, da vianda, o»
6 E vindo a casa, ajunte aos das belotUs.
102 O S. EVANGELHO
hei a meu pai, e dir-lhe-hei: Pai, tu sempre estás commigo, e todas
contra o ceo, e perante ti pe­ minhas cousas saõ luas.
quei. 32 Mas alegrar-nos, e folgar-
19 Ja naõ sou digno de ser nos era necessário; porque este
chamado teu filho, faze-me como teu irmaõ morto era, e reviveo;
a hum de teus jornaleiros. tinha-se perdido, e he achado.
20 E levantando-se, hia a seu
>ai, e como ainda estivesse de CAPITULO XVI.
Í onge, vio-o seu pai, e moveu-se 17 DIZIA também a seus dis-
de intima compaixaõ, e correndo cipulos: Havia hum homem
para elle, derribou-se sobre seu rico, o qual tinha hum mordomo,
pescoço, e beijou-o. e este foi perante elle acusado
21 E o filho lhe disse: Pai, como dissipador de seus bens.
contra o ceo, e perante ti pequei: 2 E chamando-o, disse-lhe:
ja naõ sou digno de ser chamado Que he isto que ouço de ti? dá-
teu filho. me conta de tua mordomia; por­
22 Mas o pai disse a seus ser­ que ja naõ poderás ser mais
vos; Tirai o principal vestido, e mordomo.
vesti-ó; e ponde anel em sua 3 Entaõ disse o mordomo en­
maõ, ê çapatos em seus pés. tre si: Que faréi? que meu se­
23 E trazei o bezerro gordo, e nhor me tira a mordomia: Cavar
matai-o; e comamos, e alegremo- naõ posso, mendigar tenho ver­
nos. gonha.
24 Porque este meu filho mor­ 4 Eu sei o que hei de fazer,
to era, e reviveo; tinha-se per­ pataque quando * me tirarem a
dido, e he achado. E começaraõ- mordomia, me recolhaõ ém suas
se a alegrar. casas.
25 E seu filho o mais velho 5 E chamando e cadahum dos
estava no campo: o qual como devedores de seu senhor, disse a
veio, e chegou perto da casa, o primeiro: Quanto deves a meu
ouvio a musica, e as danças. senhor ?
26 E chamando a hum dos 6 E elle disse: Cem medidas
•servos, perguntou-lhe, que era de azeite; e disse-lhe: Toma teu
aqui 11o ? conhecimento, e assenta-te logo,
27 E elle lhe disse: Teu irmaõ e escreve.cincoenta.
he vindo; e teu pai matou o 7 Depois disse a outro? E tu
bezerro gordo, porque o recu­ quanto deves ? e elle disse: Cem
perou saõ. alqueires de trigo; e elle lhe dis­
28 Entaõ elle se enojou, e naõ se: Toma teu conhecimento, e
queria entrar. O pai entaõ, sa- escreve oitenta.
hindo, rogava-lhe. 8 E louvou o senhor ao injus­
29 Mas respondendo elle, disse to mordomo por prudentemente
ao pai: Eis-aqui, tantos annos haver usado: Porque mais pru­
ha que te sirvo, nem nunca tras­ dentes saõ os filhos deste século,
passei teu mandamento, e nunca do que os filhos da luz, em seu
me deste hum cabrito, paraque genero.
com meus amigos me alegrasse. 9 E eu vos digo: grangeai a-
30 Mas em vindo este teu filho, migos com o injusto Maminon,
que com mundanas desperdiçou paraque quando vos faltar, vos
tua fazenda, lhe mataste o bezer­ recebaõ nos eternos tabernáculos.
ro gordo. 10 Quem he fiel no mui pou-
31 Elle entaõ lhe disse; Filho, * Ou, mi desapoasarcm da.
SEGUNDO S. LUCAS, CAP. XVII. 103
co, também no maia he fiel; e 22 E aconteceo que morreo o
quem no mui pouco he injusto, mendigo, e foi levado pelos An­
também he injusto no mais. jos ao regaço de Abraham.
11 Pois se no injusto Mammon 23 E morreo também o rico, e
naõ fostes fieis; o que he verda­ foi sepultado. E levantado seus
deiro, quem vo-lo confiará? olhos no inferno, estando nos tor­
12 E se no alhejo fieis naõ mentos, vio a Abraham de longe,
fostes: o que he vosso, quem vo- e a Lazaro em seu * regaço.
lo dará ? 24 E dando elle gritos, disse :
13 Nenhum servo pode servir Pai Ab.-aham, tem misericórdia
a dous senhores; porque ou ha de mim, e manda a Lazaro que
de aborrecer ao hum, e amar ao molhe na agoa a ponta da seu
outro; ou se ha de achegar ao dedo, e me refresque a lingoa;
hum, e desprezar ao outro. Naõ porque grande tormento estou
podeis servir a Deos, e a * Mam- padecendo nesta flama.
mon. 25Edisse lhe Abraham: Filho,
14 E todas estas cousas ouviaõ lembra-te, que em tua vida rece­
também os Phariseos, que eraõ beste teus bens, e Lazaro semel­
avarentos, e faziaõ dellezombaria'. hantemente males: Porem agora
15 E disse-lhes : Vos-outros este he consolado, e tu atormen­
sois os que a vos mesmos diante tado.
dos homens vos justificais: mas 26 E, de mais de tudo isto, hum
Deos conhece vossos carações ; taõ grande f abismo está posto
porque o que perante os homems entre nos-outros, e vos-outros, que
he sublime, he perante Deos os que d'aqui para vos-outros pas­
abominaçaõ. sar quisessem, naõ poderiaõ;
16 A ley, e os Profetas saõ até nem os de lá, passar para cá.
Joaõ;’desd’entaõ hey o reyno de 27 E disse : Rogo-te pois, o
Deos annunciado, e quem quer pai, que o mandes a casa de meu
lhe faz força. pai.
17 Porem mais facil cousa he 28 Porque tenho cinco irmaõs,
passar o ceo e a terra, do que a quem disto faça protesto: pa-
perder-se hum til da ley. raque também naõ venhaõ a este
18 Qualquer que despede sua lugar de tormento.
mulher, e se casa com outra, 29 E Abraham lhe disse : A
adultera; e qualquer que com Moyses, e aos Profetas tem, ou-
a do marido despedida se casa, çaõ-os.
adultéra. 30 Elle entaõ disse: Naõ, pai
19 E havia hum certo homem Abraham, mas se algum dos
rico, que se vestia de purpura, e mortos a elles fosse, vir-se-hiaõ a
de linho fino, e cada dia vivia emmendar.
regalada e esplendidamente. 31 Porem Abraham lhe disse:
20 Havia também hum men­ Se a Moyses e aos Profetas naõ
digo, chamado Lazaro, o qualjazia ouvem, tampouco persuadir se
á sua porta de chagas. deixarão, ainda que algum dos
21 E désejava fartar-se das mortos venha a resuscitar. .
migalhas que da mesa do rico
cahiaõ, e ainda até os cães CAPITULO XVII.
vinhaõ, e lhe lambiaõ as chagas.
• Mammon he palavra Syriaca, que T7 A seus discipulos disse: Im-
significa, Riquçzas, ganhos, interesses, possivel hé, que naõ venhaõ
9u thcsouros. • Ou, Seio. t Ou, abertura.
104 O S. EVANGELHO
escandoles; mais ay daquelle por E aconteceo, que indo elles, se
quem vierem. acharaõ limpos.
2 Melhor lhé fóra, porem-lhe 15 Entaõ vendo-se hum delles
ao pescoço huma mo de atafona, limpo, tornou, glorificando a
e lança-lo assi no mar, do que Deos a grandes voZes.
escandalizar a hum destes mais 16 E derribou-se sobre seu
pequeninos. rosto a seus pés, dando-lhe as
3 Guardai-vos; se pois teu ir- graças: E era este Samarítano.
maõ contra ti peccar.re prende-o; 17 E respondendo Jesus, dis­
e se se arrepender, perdoa-lhe. se: Naõ foraõ dez os limpados ?
4 E se sete vezes contra ti ao aonde estaõlogo os nove?
dia peccar, e sete vezes ao dia a 18 Naõ houve quem tornasse,
ti tornar, dizendo : Pesa-me; per- e desse gloria a Deos, senaõ este
doa-lhe. estrangeiro ?
5 E disseraõ os Apostolos ao 19 E disse-lhe: Levanta-te,
Senhor: crecenta-nos a fé. vai-te; tua fé te salvou
6 Entaõ disse o Senhor: Se 20 E perguntado dos Phariseos,
tanta fé como hum graõ de mo­ quando o Reyno de Deos havia
starda tivesseis, a esta moreira de vir ? respondeu-lhes, e disse :
diríeis; Desarraigá-te d’ aqui, e O Reyno de Deos naõ ha de vir
pranta-te no mar, e obedecer-vos- com externo aparecer.
hia. 21 Nem diráõ: Ei-lo aqui, ou
7 E qual de vos-outros terá hum ei-lo alli; porque eis-que o Reyno
servo que lavrando, ou apacen- de Deos entre vos-outros está.
tando ande as bestas, que tornan­ 22 E disse a seus discípulos :
do do campo, logo lhe diga: Tempo virá, quando desejaréis
Chega, e assenta-te. ver hum dos dias do Filho do ho­
8 E naõ lhe diga antes: Apa­ mem, e naõ o veréis.
relha-me que cear, e arremanga- 23 E entaõ vos diraõ: Er-lo
te, e serve-me até que comido, aqui, ou, Ei-lo alli está ; naõ va­
e bebido haja; e depois, come e des, nem sigais.
bebe tu. 24 Porque como o relampago,
9 Por ventura dá-lhe graças relampagueando desda humapar-
ao tal servo, porque fez o que te debaixo do ceo, resplandece até
lhe havia sido mandado? Bem a outra debaixo do ceo, assi será
cuido que naõ. também o Filho do homem em
10 Assi também vos-outros, seu dia.
quando fizerdes tudo o que se 25 Mas primeiro convém pa­
vos mandará, dizei: Servos inú­ decer, e ser reprovado desta ge-
teis somos; porque sbmente o raçaõ.
que devíamos fazer, fizemos. 26 E come succedeo nos dias de
11 E aconteceo, que indo elle Noé, assi será também nos dias-
a Hierusalem, hia passando por do Filho do homem.
meio de Samaria, e de Galilea. 27 Comiaõ, bebiaõ, se casa-
12 E entrando em humaaldea, vaõ e se davaõ em casamento até
sahiraõ-lhe ao encontro dez ho­ o dia que Noé entrou na Arca;
mens leprosos; os quaes se pará- e veio o diluvio, e destruhio-os a
raõ de longe. todos.
S3 E levantaraõ a voz, dizendo: 28 Assi mesmo também como
Jesus, Mestre, tem misericórdia succedeo dos dias de Lot, que
de nos-outros. comiaõ, bebiaõ, compravaõ, ven-
14 E vendo-os elle, disse-lhes: diaõ, prantavaõ, eedificavaõ.
Ide, mostrai-vos aos Sacerdotes, 29 Mas o dia que Lot de So-
SEGUNDO S. LUCAS, CAP. XVIII. 105
doma sahio, choveo do ceo fogo Porque em fim naõ venha, e me
e enxofre, e a todos os destru- * quebre a cabeça.
hio. 6 E disse o Senhor: Ouvi o
30 Conforme a isto será no dia que diz o injusto juiz.
em que o Filho do homem se ha 7 E naõ defenderá Deos à seus
de manifestar. escolhidos, que dia e noite a elle
31 Naquelle dia, o que estiver clamaõ ? Ainda que tardio para
no telhado, e suas aifajas em com elles seja?
casa, naõ descenda a toma-las: 8 Digo-vos, que depressa os
E o que no campo, assi mesmo ^defenderá. Porem quando o
naõ torne atrás. Filho do homem vier, achará por
32 Lembrai-vos da mulher de ventura fé na terra?
Lot. 9 E disse também a huns, que
33 Qualquer que procurar sal­ de si como justos confiavaõ, e
var sua vida, a perderá; e qual­ aos outros desprezavaõ, esta pa­
quer que a perder, a salvará-, rabola :
34 Digo-vos, que naquella noi­ 10 Dous homens sobiraõ ao
te estaráõ dous embumacama, o Templo a orar, o- hum Phariseo,
hum será tomado, e o outro sei & e o outro Publicano.
deixado. 11 O Phariseo em pé, orava
35 Duas mulheres estaráõ jun­ entre si desta maneira: Deos,
tas moendo; a humaserá tomada, graças te dou, que naõ sou como
e a outra será deixada. os demais homens, ladrões, in­
36 Dous estaráõ no campo : o justos, adúlteros, nem ainda
hum será tomado, e o outro será como este Publicano.
deixado. 12 Jejuo duas vezes na sema­
37 E respondendo-lhe, disse- na, dou dezimos de tudo quanto
raõ-lhe-. Aonde Senhor? e elle possuo.
lhes disse: Aonde quer que o 13 Mas o Publicano, estando
corpo estiver, alli se ajuntaráõ as de longe, nem ainda queria
aguias. levantar os olhos ao ceo, mas
batia nos peitos, dizendo: Deos
CAPITULO XVIII. tem misericórdia de mim pecca-
dor.
17 PROPOS-lhes também huma 14 Digo-vos, que maisjustifi­
parabola, de que sempre he cado descendeo este a sua casa,
mister orar, e nunca desfalecer. do que elle: Porque qualquer
' 2 Dizendo : Havia hum certo que se exalçar, será humilhade;
juiz em huma cidade, que nem a e qualquer que se humilhar, será
Deos temia, nem a homem nen­ exalçado.
hum respeitava. 15 E traziaõ-lhe também me­
3 Havia naquella cidade huma ninos, paraque os tocasse; o que
certa viuva, que a elle acudia, vendo os discípulos, o repren-
dizendo: Defende-me de meu diaõ.
adversário. 16 Mas chamando-os Jesus a
4 Porem por muito tempo naõ si, disse : Deixai vir a mim os
quiz: Mas depois disto, disse mieninos, e naõ os empeçais; por­
entre si: Ainda que nem a Deos que dos taes he o Reyno de Deos.
temo, nem a homem nenhum 17 Em verdade vos digo, que
respeito: qualquer, que o Reyno de Deos
5 Todavia, porque esta viuva * Ou, çuti.ne o sangue, cu, impor*
me he molesta, a hei de defender: tune*
108 O S. EVANGELHO
como hum menino naõ receber, aos doze, disse-lhes: Vedes aqui
naõ ha nelle de entrar. sobimos a Hiertisalem, e cum-
13 E perguntou-lhe hum Prín­ prir-se-haõ todas as cousas que
cipe, dizendo: Bom Mestre, que ao Filho do homem pelos Profetas
fazendo possuirei a vida eterna ! fóraõ escritas.
19 E Jesus lhe disse: Porque 32 Por quanto ás gentes ha de
me chamas bom? ninguém he ser entregue, e escarnecido, e
bom senaõ só Deos. injuriado, e cospido.
20 Os mandamentos sabes: 33 E desde que o houverem
Naõ matarás, naõ adulterarás, açoutado, mata-lo-haõ: Mas ao
naõ furtarás, naõ dirás falso teste­ terceiro dia resuscitará.
munho, honra a teu pai, e a tua 34 Porem elles nada destas
miã. •cousas entendiaõ, e esta palavra
21 E disse elle: Todas estas lhes era encuberta: e naõ enten­
cousas tenho guardado desde mi­ diaõ o que lhes dizia.
nha mocidade. 35 E aconteceo, que chegando
22 E ouvindo Jesus isto, disse- elle perto de Jericho, estava hum
lhe : Ainda huma cousa te falta: cego assentado jun<o ao caminho
Vende tudo o que tens, éreparteo mendigando.
aos pobres, e terás hum thesouro 36 O qual como ouvio a com­
no ceo; e vem, segue-me. panha que passava, perguntou,
23 Porem ouvindo elle estas que era aquillo?
cousas, foi-se mui triste, por quan­ 37 E disseraõ-lhe, que Jesus
to era muy rico. Nazareno passava.
24 E vendo Jesus o que se havia 33 Entaõ deu gritos, dizendo-:
entristecido muito, disse : Quão Jesus, Filho de David, tem mi­
difficultosamente entraráõ no sericórdia de mim.
Reyno de Deos os que * riquezas 39 E os que hiaõ passando o
possuem. reprendiaõ, paraque calasse:
25 Porque fnais facil cousa he Porem elle clamava muito mais t
entrar hum f calabre pelo olho de Filho de David, tem misericórdia
huma agulha, do que entrar hum de mim.
rico no Reyno de Deos. 40 E Jesus entaõ, parando-se,
26 E os que o ouviaõ, disseraõ: mandou-o trazer a si: e chegando
Quem poderá logo ser salvo. elle, perguntou-lhe,
27 E elle disse: O que aos 41 Dizendo: Que queres que
homens he impossível, possível te faça f e elle disse: Senhor, que
he a Deos. veja.
28 Entaõ disse Pedro: Eis- 42 E Jesus lhe disse, Vé, tua
aqui que tudo deixamos, e te fé te^salvou.
havemos seguido. 43 E logo vio, e seguia-o glori­
29 E elle lhes disse: Em ver­ ficando a Deos. E vendo todo o
dade vos digo, que ninguém ha povo isto, dava louvores a Deos.
que casa, ou pais, ou irmaõs, ou
mulher, ou filhos, pelo Reyno de CAPITULO XIX.
Deos haja deixado. P ENTRANDO Jesus, hia
30 Que muito mais neste passando por J ericho.
tempo naõ haja de receber, e no 2 E eis-que havia alli hum
século vindouro a vida eterna. varaõ chamado Zacheo, o qual
31 E tomando Jesus à parte era Príncipe dos publicanos.e era
* Ou,fazenda, rico.
1 Ou, gamelo. 3 E procurava ver quem fosse
SEGUNDO S. LUCAS, CAP. XIX. lOfr
Jesus, e haõ podia por causa da aquelles servos, a quem havia dad°
multidaõ, por quanto era pequeno o dinheiro, para saber o que cada
de estatura. hum havia com negocio ganhado.
4 E correndo diante, rsobio-se 16 E veio o primeiro, dizendo:
a huma figueira brava, para o ver, Senhor, tua mina tem ganhado
porque havia de passar por alii. dez minas.
5 E como Jesus chegou áquelle 17 E elle lhe disse: Está bem,
lugar, olhando para riba, vio-o, bom servo; pois no pouco foste
e disse-lhe: Zacheo, dá-te pressa, fiel, sobre dez cidades terás po­
e dfescende: porque hoje me im­ testade.
porta pousar em tua casa. 18 E veio o outro, dizendo:
,6 Entaõ descendeo de pressa, Senhor, tua mina grangeou cinco
e-recebeo o gozoso. minas.
7 E vendo todos isto, murmu- 19 E também a este disse:
ravaõ, dizendo: Que entrára a Está tu iambem sobre cinco ci­
pousar com hum homem peccador. dades.
8 Entaõ levantando-se Zacheo, 20 E veio o outro, dizendo s
disse ao Senhor: Senhor, eis-aqui Senhor, eis-rrçuí tua mina, que
a metade de meus bens dou aos em hum lenpo guardei.
pobres; e se em alguma cousa 21 Porque tive medo de ti, que
alguém defraudei, o rendo com es homem riguroso, que tomas o
os quatro tantos. que naõ puzeste, e segas o que
9 E Jesus Te disse: Hoje foi naõ semeaste.
salva esta casa, por quanto tam­ 22 Entaõ elle lhe disse: Servo
bém este he filho de Abraham. malino, por tua boca le julgaréi,
W Porque o Filho do homem sabias que eu era homem riguroso,
veio a buscar e a salvar, o que Be que tomo o que naõ puz, e que
havia perdido. sego o que naõ semeei:
11 E ouvindo elles estas cou­ 23 Porque pois naõ deste meu
sas, foi proseguindo,e disse huma dinheiro ao banco, e vindo eu, o
parabola, por quanto estava perto demandáracom a onzenat
aeHierusaiem, e porque cuidavaõ 24 E disse aos. qúe estavaô pre­
•que logo o Reyno de Deos havia sentes: Tirai-lhe a mina, e dai-a
de ser manifestado. ao que tem as dez minas.
12 E disse : Hum homem no­ 25 E elles lhe disseraõ: Se­
bre se partio a huma terra mui nhor, dez minas tem.
longe a tomar posse de hum Rey­ 26 Porque eu vos digo, que A
no, e tornar. qualquer que tiver, ser-lhe-ha da­
13 E chamando a dez servos do ; mas ao que naõ tiver, ainda
seus, deu-lhes dez* minas, e disse- o que tem lhe será tirado.
lhes: Negoceai entre tanto que 27 E também aquelles meus
venho: inimigos, que naõ queriaõ que
14 Porem seus cidadaõs o abor- eu sobre elles reinasse, trazei-os
reciaõ, e mandaraõapos elle huma aqui, e degolai-os diante de mim.
embaixada, dizendo; Naõ que­ 28 E dito isto, hia caminhando
remos que este reine sobre nos- diante, sobindo a Hierusalem.
outros. 29 E aconteceo, qúe chegando
15 E aconteceo, que tornando perto de Bethpbage, e de Bètha-
elle, havendo tomado posse do nia, ao monte que se chama das
Reyno: mandou chamar a si oliveiras, mandou dous de seus
• Ou, Marcot, Que vtt» « Xr caàa hum discípulos.
ia crusadw. 30 Dizendo; Ide áaldeá, que
108 O S. EVANGELHO
de fronte está.; aonde entrando, derribaráõ; e pedra sobre pedra
acharéis hum poldro atado, em em ti naõ deixarão, por quanto
que nenhum nomem jamais se naõ conheceste o tempo ae tua
tem assentado; desatai-o, o tra­ visitaçaõ.
zei-o. ' 45 E entrando no Templo, co­
31 E se alguém vos perguntar: meçou a lançar fora a todos os
Porque o desatais? dir-lhe-heis que nelle vendiaõ e compravaõ.
ássi: Porque o Senhor o ha mister, 46 Dizendo-lhes: Escrito está:
32 E fóraõ os que haviaõ sido Miuha casa, casa he de oraçaõ:
mandados, e acharaõ como lhes mas vos-outros cova de ladrões a
disse. tendes feito.
33 E desatando o poldro, seus 47 E ensinava cada dia no
donos lhes disseraõ: Porque de­ Templo: mas os Príncipes dos
satais o poldro ? Sacerdotes, e os Príncipes do po­
34 E elles disseraõ: Porque o. vo, procuravaõ mata-lo.
Senhor o ha mister. 48 E naõ achavaõ que lhe fa­
35 E trouxeraõ-o a Jesus: E zer, porque todo o povo se che­
lançando seus vestidos sobre o gava a elle, e ouvia-o.
poldro, púzeraõ em cima a Jesus.
36 E indo elle andando, esten- CAPITULO XX.
diaõ suas capas pelo caminho. E1 Aconteceo hum daquelles
37 E como ja chegassem perto dias, que estando elle ensi­
da descida do monte dai oliveiras, nando no Templo ao povo, e
toda a multidaõ dos discípulos, anunciando o Evangelho, sobre-
gozando-se, começaraõ a com vieraõ os Príncipes dos Sacer­
grande voz louvar a Deos, por dotes, e os Escribas, com os An-
Codas as virtudes que visto tinhaõ. ciaõs.
38 Dizendo: Bendito o Rey 2 E fallaraõ-lhe, dizendo: Di­
que vem no nome do Senhor; Paz ze-nos, com que autoridade fazes
no ceo, e Gloria nas alturas. estas cousas ? O quem he, o que
39 Entaõ alguns dos Phariseos esta autoridade te deu?
da companha lhe disseraõ: Me­ 3 Respondendo entaõ Jesus,
stre, reprende a teus discípulos. disse-lhes: Também eu vos per-
40 E respondendo elle, disse- guntaréi huma palavra; respon­
lhes : Digo-vos, que se estes se dei-m.e :
calarem, as pedras logo haõ de 4 U bàptismo de Joaõ era do
bradar. ceo, ou dos homens.
41 E como ja hia chegando 5 Mas elles consulfavaõ entre
perto, e vio a cidade, chorou so­ si, dizendo:. Se dissermos. Do
bre ella. ceo; dir-nos-ha; Porque pois lhe.
42 Dizendo: Ah se também naõ destes credito ?
conhecesses, ao menos neste teu 6 E se dissermos, Dos homens;
dia, o que a tua paz pertence! todo o povo nos apredejatâ:
Mas agora a teus olhos te está Pois estaõ certos que Joaõ era
encuberto. Profeta.
43 Pelo que sobre ti viráõ 7 E responderão, que naõ sa-
dias, em que teus inimigos com biaõ donde era.
tranqueiras te cercaráõ, ao redor 8 Entaõ Jesus lhes disse: Nem
tê sitiarão, e de todas as bandas tampouco eu vos digo, com que
em estreito te poráõ. autoridade estas cousas faço.
44 E a ti, e a teus filhos, que 9 E começou ao dizer a povo
dentro de ti estiverem, à terra te esta parabola; Hum certo homem
SEGUNDO S. LUCAS, CAP. XX. flW
praatou huma vinha,e arrendou-a dizendo: Mestre, . bempfiaBemos
a huns lavradores, epartio-se fora que direitamente falias, e ensinas,
pormuito tempo. e qué naõ atentas para a aparência
10 E,aseu tempo mandou hum da pessoa, antes com verdade en-
servo aps lavradotes, paraque sinas q caminho de Deos.
lhe dessem, o fr,uto da vtnha; e 22 He-nos licito dar tributo a-
ferindo-o os lavradores, omanda- Cesar, ou naõ? ,
raõ vazio. 23 Mas entendendo elle sua
‘ 11 E tornou mandar outro ser­ astúcia, disse-lhes; Porque me-
vo: mas elles, feriado, e afron­ atentais?
tando também a este, o mandaraõ 24 Mostrai-me -a'moeda; de
vazio. quem tem a imagem-, e a inscrip-
12 E tornou a mandar ao ter­ çaõ? e respondendo elles, 'disse­
ceiro: mas elles ferindo também raõ :i De Cesar.
a este, o lançaraõ fora. 25 Entaõ disse-lhes: Pois dai a
. 13 Entaõ disse o senhor da vi­ Cesar, o que he de Cesar, e á Deos
nha: Que farei? Mandarei a meu o que he de Deos.
filho amado, bem pode ser que 26 E naõ o pudéraõ apatlhar
quando o virem, o respeitarão. em suas palavras, diante do povo;
14 Mas vendo-o os lavradores, antes, maravilhados de sua repo­
consultaraõ entre si, dizendo, Este sta, calaráõ-se.
he o herdeiro, vinde, matemo-lo, 27 E chegando-se alguns dar
paraque a herdade seja nossa. Saduceos, que negaõ haver resur
lã li lançando-o fora da vinha, reiçaõ, perguntarão lhe. '
mataraõ-o-’ que pois lhes fará o 28 Dizendo: Mestre, Moyses
senhor da vinha? nos escreveu, que.se o irmaõ de
16 Virá e distruirá a estes algum falecer, tendo ainda mu­
lavradores, e sua vinha dará a lher, e morrer sem filhos, tome seu
outros. E ouvindo elles isto irmaõ a mulher; e levante se­
disseraõ: Guarda. mente a seu irmaõ,
17 Mas olhando elle para elles, 29 1'óraõ pois sete irmaõs, e
disse: Que pois he que está escri­ tomou o primeiro mulher; e mor-
to? A pedra que os edificadores reo sem filhos.
reprovaraõ, essa foi posta por ca 30 E tomou a mulher o segun­
beça da esquina. do : e morreo também sem filhos :
18 Qualquer que sobre aquella 31 E tomou a mesma mulher o
pedra cahir, será quebrantado; terceiro; assi mesmodambem to­
mas aquelle sobre quem cahir a dos os sete: e naõ deixáraõfilhos,
pedra, esmeuça-lo-ha. e rnorréraõ. ,
19 E procuravaõ os Príncipes 32 E por derradeiro de todos,
dos Sacerdotes, e os Escribas, de morreo também a mulher.
naquella mesma hora lançarem 33 Na resurreiçaõ pois, mu­
maõ delle ; mas temeraõ ao povo ; lher de qual delles será ? pois os
porque bem entenderão, que con­ sete a tiveraõ por mulher.
tra elles tinha dito esta parabola. 34 Entaõ respondendo Jesus,
20 E trazendo-o de sobre olho, disse-lhes: Os filhos deste século
mandaraõ espias que se fingissem, se casaõ, e se daõ em casamento.
justos, para o apanharem em suas 3;> Mas os que por dignos fórem
palavras, e o entregarem ao Prin­ havidos dé alcançar aquelle século,
cipado, * e poder do Presidente. e a resurreiçaõ dos mortos, nem
21 Os.quaes lhe perguntaraõ, se haõ de casar, nem ser dados
* Ou# Senhorio. em casamento;
L
110 O S. EVANGELHO
. 36 Porque ja naõ podem mais 3 E disse : Em verdade vo»
morrer; por quanto saõiguaes aos digo, que mais que todos lançou
Anjos; e saõ filhos de Deos, pois esta pobre viuva.
saõfilhos da resurraçaõ. 4 Porqtie tofios estes do que
37 E que os mortos hajaõ de lhes sobeja lançaraõ para as of-
resuscitar, Moyses mesmo junto fertas de Deos \ Mas esta de sua
ao çarçal o ensinou, quando ac pobreza lançou todo quanto su--
Senhorchama: Deosde Abraham, stento tinha.
e Deos delsaae, eDeos dejacob. 5 E a huns que do Templo
38 porque Deos naõ he Deos de diziaõ, que de fermosas pedras e
mortos, mas .de vivos: porque dons estava adornado, disse:
todos vivem quanto a elle. ' 6 Tocante estas cousas que
- 39 Eiespondendo-lhehunsdos vedes? pois dias viráô, que naõ
Escribas, disseraõ: Mestre, bem ficará pedra sobre pedra, que naõ
disseste. seja derribada.
40 E naõ ousaraõ perguntar- 7 E perguntaraõ-lhe, dizendo :
lhe mais cousa alguma. Mestre, quando será isto ? e que
41 E elle lhe? disse: Como sinal haverá, quando estas cousas
dizem, que o Christo he filho de hajaõ de acontecer ?
David ? 8 Entaò disse elle: Olhai que
42 Dizendo no livro dos Psal- naõ vos enganem, porque viráõ
mos o mesmo David: Disse o muitos em meu nome, dizendo:
Senhor a meu Senhor, assenta-te Eu sou o Christo, e ja o tempo
á minha maõ direita. está perto: Por tanto, naõ vades
43 Até que a teus inimigos apos elles.
ponha por estrado de teus pés. 9 Porem quando ouvirdes de
44 Assi que chamando-o David guerras, e de sedições, naõ vos
seu Senhor, como he logo seu espanteis: Porque necessário he,
filho? que estas cousas aconteçaõ pri­
45 E estando-o todo o povo meiro ; mas nem logo será o fim.
ouvindo, disse a seus discípulos: 10 Então llres disse: Alevan-
46 Guardai-vos dos Escribas, tar-se-ha gente contra gente, é
que querem andar com vestidos Reyno contra Reyno:
á comprida, e amaõ as saudações 11 E haverá em diversos luga­
nas praças, e as primeiras cadei­ res grandes* tremores de terra,
ras nas Synagogas, e os primeiros e fomes, epestilências: e haverá
assentos nos convites. prodígios e grandes sinaes do ceo.
47 Que engolem as casas das 12 Mas antes de todas estas
viuvas, e com cor fazem largas cousas, lançarão maõ de vos-
orações. Estes receberão mayor outros, e vos peseguiráõ, entre­
* condenaçaõ. gando-tos nas Synagogas, e nos
cárceres, e trazendo-vos aos Reys,
CAPITULO XXI. e aos Presidentes, por causa de
meu Nome.
P ESTANDO elle olhando, vio 13 E sobrevir.vos-ha isto por
aos ricos, que lançavaõ suas testemunho.
ofiértas nof cofre da esmola. 14 Proponde pois em vossos
2 E vio também a huma pobre­ corações, de naõ imaginar antes,
zinha viuva, que lançava alli dous tomo hajaes de responder.
ceitys. 15 Porque eu vos daréi boca, e
♦ Ou, juízo, ' t Ou, caixinha ; sabedoria, a que todos quantos, se
uu, ccpo. * Ou, ttrremotos.
segundo s. Lucas, cap. xxn. 111
vos opuserem, naõ poderáõ resi- 29 E disse-lhes huma párabolfl;
sistir, nem contradizer. Olhaj para a figueira, e para todas
16 Mas até de vossos pais, e as arvores.
irmaõs, e parentes, e amigos se- 30 Quando vedes que ja brotaõ,
réis entregados; c a alguns de vos- de vos mesmos entendeis que ja
outros mataráõ. o veraõiestá perto.
17 E de todos sereis aborreci­ 31 Assi também yos-outros,
dos por causa de meu nome. quando virdes qtie estas cousas
13 Mas hum cabeílo de vossa acontecem, entendei que ja está
cabeça naõ perecerá. perto o Keyno de Deos.
19 Em vossa paciência possui 32 Era verdade vos digo, que
vossas almas. naõ passará esta geraçaõ, até que
20 E quando a Hierusalem de tudo qaõ aconteça.
çxercitos virdes cercada, sabei 83 O ceo e a terra passaráõ;
entaõ, que ja sua destruição he mas minhas palavras de ninguma
chegada. maneira passaráõ.
21 Entaõ os que estiverem em 34 E olhai por vos-outros, que
Judea, fujaõ aos montes; e cs por ventura vossos corações se
que no rneio delia estiverem, vaõ- naõ carreguem de glotonaria, e
se; p os que nos compos, naõ borrachice, e dos cuidados desta
entrem,nelía. vida ; e venha sobre vos-outrosde
t 22 Porquê-dias de vingança aaõ repente aquellç dia. ,
estes: paraque todas as cousas 35 Forque cpmo hnm Igçq ,ha
que estaõ escritas se cumpraõ. de vir sobre todos os que habitaõ
23 Mas ey das prenhes, e das sabre a face de toda a terra.
que naquelles dias criaõ: porque 36 Vigiai pois, orando em todo
grande, aperto hayerá na terra, e tempo, que sejais havidos por dig
irá sobre este povo, tios de evitar todas estas cousas
34 E a fio da espada cahiráõ, que haõ de vir, e de estar em pé
e pôr todas as nações cativos os diante do Filho do homem.,
levaráõ: e Hjerusalem,«erá pisa­ 37 E ensinava entre dia no
da das Gente a, até queos tempos Templo; e sahindo ás noites, as
das Gentes se cUmpraõ. passava no monte que chamaõ
25 Entàõ haverá sinaes no Sol, das oliveiras.
e na Lua, e nas estrellas: e na 38 E todo o povo vinha pela
terra * affliçaõ de gentes, com manhaã a elle, a o ouvir no Tem*
coufusaõ, quando o mar e as on­ pio.
das daraõ grande soido.
26 Desmayando-se os homens CAPITULO XXII,
por causa do demor, e da espe­ U ESTAVA perto a festa dos
rança das oousasque á redondeza *-** * pães por levedar, que se
da terra fiobrevirnõ: porque até chama a Pascoa.
as f virtudes do ceo se abalaráõ. 2 E os Príncipes dos Sacerdo­
27 E entaõ veráõ ao Filho tes, e os Escribas, procuravaõ
do homem, que virá em huma como o malariaõ; mas haviaõ
nuvem com grande poder e mage- medo do povo. , i -
stade. 3 E entrou satanás em Judás, o
23 E quando estas cousas co­ que tinha por sobrenome Isca-
meçarem a acontecer, olhai, e riota, e era hum do numero dos
levantai vossas cabeças, porque doze.
perto está vossa redemçaõ. 4 E foi, e fallou cotn 08 Prin-
• Ou, aperto, ♦ Ou, forças. • Oa, ázimos.
112 OS. EVANGELHO
cipes dos Sacerdotes, e com os po, que por vos-òutros se’ dá; fa­
Magistrados, de como lho entre­ zei isto em memória de mim.
garia. 20 Assi mesmo também o cor
5 Os q.uaes folgaraõ, e concer- po, depois da cea, dizendo: Este
táraõ de lhe dar dinheiro. copo he o Novo Testamento em
6 E prometeo-lhe, e buscava meu sangue, que por vos-outros
oportunidade' para 'lhe entregar se derrama.
sem alvoroço. 21 Com tudo isso, vedés-aqui,a
• 7 E veio o dia dos pães pòt le­ maõ do que me trahe está com-
vedar, em qué era mister sacrificar migo â mesa.
a Pascpa; 22 E em verdade, bem vai o
8 E mandou a Pedro, e a Jo- Filho do homem, segundo o que
aõ, dizendo; Ide, aparelhai-nos determinado está: porem ay aa-
a Pascoa, paraque a possamos queile homem por quem se en­
comer. trega.
9 E elles lhe disséraõ: Aonde 23 F.ntaõ começáraõ a pergun­
queres qúe a aparelhemos? tar entre si, qual delles seria o,
10 >E elle lhes disse: Eis-que que isto havia de fazer?
assi como lia cidade entrardes, vos 24 E houve também entre elles
encontrará hum homem que leva contenda, de qual delles parecia
humcantarode agoa: Segui-oaté que havia de ser o mayor ?
á casa aonde entrar. 25 Entaõ lhes disse: Os Reys
11 E diréis ao pai de! familia das gentes se ensenhoréaô delias,
da casa: O Mestre te diz, Aonde e os que sobre ellás tem potesta­
está o apousento, em que com de, saõ chamados bemfeitores
meus discípulos hei de conier a Senhores.
Pascoa ? 26 Mas vos-outros naõ assi:
12 Entaõelle vos mostrará hum Antes o mayor entre vos-outros
grande cenáculo ja preparado; seja como o menor; e o que pre­
aparelhai-a alli. cede, como o que serve.
13 E indo elles, acharaõ tudo 27 Porque qual he mayor? o
como lhes tinha dito; e apare- que se assenta, ou o que serve ?
lháraõ a Pascoa. porventura naõ he o que se as­
14 Ecomo.ja foi hora, assentou- senta? pois entre vos sou eu como
se, e com elle os doze Aposto- o que serve.
los. 28 Porem vos-outros sois os,
15 E disse-lhes: Em grande que commigo em minhas tenta­
maneira tenho desejado deantes ções tendes permanecido.
que padeça, comer comvosco esta 29 E eu vos ordeno o Reyno, co­
Pascoa. mo meu Pai a mim mo ordenou.
16 Porque vos digo, que delia 30 Paraque em meu Reyno á
mais naõ comeréi, até que no minha mesa cornai e bebais; e
Reyno de Deos se cumpra. sobre tronos vos assenteis, julgan­
17 E tomando o copo, e haven­ do ás doze tribus de Iraél.
do dado graças, disse: Tomai isto, 31 Disse também o Senhor:
e reparti-o entre vos-outros. Simaõ, Simaõ, vedesaqui que sa­
18 Porque vos digo, que do fru­ tanás vos muito desejou, para
to da vide naõ bcberéi, até que o como a trigo vos cirandar:
Reyno de Deos naõ venha. 32 Mas eu roguei por ti, que
19 E tomando o pão, e haven­ tua fé naõ desfaleça; e tu quando
do dado graças, partio-o, e deu- te converteres, confirma a teus
lho, dizendo; Iste he o meu cor­ irmaõs.
SEGUNDO S. LUCAS, CAP. XXII. 113
33 E elle lhe disse: Senhor, dos doze, que Judas se chamava,
aparelhado estou para até a pri- hia diante delles: e chegou-se*
saõ, e até a morte, comtigo ir. Jesus, para o beijar. ,
34 Mas elle disse: Pedro, di­ 48 Entaõ Jesus lhe disse: Ju­
go-te, que naõ cantara hoje o das, basta que com beijo entregas
galo, antes que tres vezes negues, ao Filho do homem i
que me conheces. 49 E vendo, os que com elle
35 E a elies disse: Quando vos estavaõ, o que havia de ser, disse-
mandei sem bolsa,e sem alforges, raõ-lhe: Senhor, feriremoS â es­
e sem çapatos, faltou-vos alguma pada?
cousa? e elies disseraõ: Naua. 50 E hum delles ferio a hum
36 E disse-lhes: Pois agora o servo do Priucipè dos Sacerdotes,
que tem bolsa, tome-a, e também e tirou.lhe a orelha direita.
os alforges, e o que naõ tem, ven­ 51 Entaõ respondendo Jesus,
da sua capa, e compre espada. disse: Deixai-os até aqui; e
87 Porque vos digo, que ainda tocando-lhe a orelha, sarou-o.
importa que em mim, se cumpra 52 E disse Jesus aos Príncipes
aquilio que está escrito : a saber dos Sacerdotes, e aos Magistrados
E com os rnaos foi contado; por­ do Templo, e aos Anciaõs, que
que o que de mim esta escrito seu contra eile tinhaõ vindo: Comt>
cumprimento tem. a ladraõ sahistes, com espadas; B
38 Entaõ disseraõ elies: Se­ com bastõès : •
nhor, eis-aqui duas espadas. E' 53 Havendo estado comvoscb
eHe lhes disse : tíasta. cada dia no Templo, nunca Con­
39 E sahindo, foi-se, como tra mim estendestes as maõs: MÓB
sohia, ao monte das oliveiras; e esta he a vossa hora, e a potestade
seguiraõ-o também seus discípu­ das trevas.
los. 54 Eprendendo-o, trowtéraõ-o,
40 E como chegou àquelle o meteraõ-o em casa do PrincipB
lugar, disse-lhes: Orai, que naõ dos Sacerdotes. E Pedro õ séjuta
entreis em tentaçaõ. de longe.
41 E apartou- se delles como 55 E havendb!accendidõ foge
húm tiro de pedra. E posto de no meio da sala, e assentandó-se
juelhos, orou, todos ao redor, assentou-se Pedro
42 Dizendo: Pai, se queres, entr’ elies. •
passa este copo de mim; porem 56 E vendo-o huma criada,qvre
naõ se faça minha vontade, senaõ estava assentado ao fegõ. -pbsto?
a tua. os olhos nelle, di&é: TatabelA
43 E apareceo-lhe hum Anjo este com elle estava. ’ -:
do ceo, que o confortava. 57 Entaõ elleo negou, dizendo:
44 E posto em agonia, orava Mulher, naõ o -
mais intensamente; e fez-se seu 58 E hum pouco depois, vendo-o
suor como gotas grandes de san­ outro, 'disse: Tauíbem tu déll^s
gue, que corriaõ até o chaõ. es. Pedro disse: flótnem; naõ éott.
45 E levaritando-se da oraçaô, , 59 E como ja, qirasi húlha hOf*
veio a seus discípulos, e achoú-òs passada, alfirÃava outré.diíeAdo.
dormindo de tristeza. VerdadeiraWéfrtd *áíh&em ■ éSte
46 E disse-lhes: que estais estava com elle,- porque também
dormindo ? levantai-vos, e orai, h'e Galileo.'
qué naõ entreis em téntaçaó. 60. E Pèdrõ disse- Hométh, hàè
47 E estando elle ainda tallah- sei o qfte dites; E logo, éstafedo
do. eis-aqui a companha, e httin elle ainda fahènúè, éáwttítfugàlo,
L2
114 O S. EVANGELHO
61 Entaõ, virando-se o Senhor Judeos ? e respondendo elle disse:
olhou para Pedro; e Pedro se Tu o dizes.
lembrou da palavra do Senhor, 4 E disse Pilatos aos Príncipes
como lhe tinha dito: Antes que dos Sacerdotes, e ás companhas :
e galo cante, me negarás tres Culpa nenhuma acho neste ho­
vezes. ■ mem.
• 62 E^sahindo Pedro para fora, 5 Mas elles porfiavaõ, dizendo:
chorou amargosamente. Alvoroça ao povo, ensinando por
63 E os homens que tinhaõ todo Judea, começando desde
preso a Jesus, zombavaõ delle, Galilea até aqui.
ferindo-o. 6 Entaõ Pilatos, ouvindo de
64 E cobrindo-o, feriaõ-o no Galilea, perguntou, se aquelle
rosto, e perguntavaõ-lhe, dizen­ homem era Galileo ?
do: Profetiza quem he o que 7 E como entendeo, que ao Sen­
te ferio,? horio de Herodes pertencia, reme­
65 »E ainda contra elle diziaõ teu-o a Herodos: O qual também
outras muitas cousas, blasfeman­ entaõ estava em Hierusalem.
do..,: 3 E vendo Herodes a Jesus,
E como ja foi de dia, ajun- folgou muito: porque havia mui­
táraõ-w os: Atnciaõs do povo, e to que o desejava ver, por delle
o? Príncipes dos Sacerdotes, e os muitas cousas haver ouvido; e
Escribas, e trouxeraõ-o a seu ainda tinha esperança que algum
Concilio. sinal lhe veria fazer.
67;Dizendo: Es tu o Christo ? 9 E perguntava-lhe com muitas
dize-no-lo. E disse-lhes: Se vo- palavras; mas elle nada lhes res-
lo disser^ naõ me crereis; pondeo:
68 Etambém sevos perguntar, 10 E estavaõ os Príncipes dos
naõ me respondereis, nem solta- Sacerdotes, e os Escribas, acu­
réis. sando-o com grande instancia.
: ' 69 Desd’ agora se assentará o 11 Alas Herodes, com seus sol­
Filho do homem á mau direita dados, o desprezou, e escarne­
da.potencia de IJbos. cendo delle, e vestindo-o de huma
70. E disseraõ todos: Logo tu roupa resplandecente, o tornou a
es o Filhg dp Dços? eelh.s lhes enviar a Pilatos.
disse: Vos-outros dizeis que eu o 12 E no mesmo dia se fizeraõ
Sou. ■ . Pilatos e Herodes entre si ami­
71 Entaõ disseraõ elles: Que gos : porque dantes eraõ entre si
mais tgVempnho desejamos? pois inimigos.
de sua boca q. temos ouvido. 13 Entaó convocando Pilatos
aos Príncipes dos Sacerdotes, e
..... CAPITULO xxm. 'j... aos Magistrados, e ao povo,
disse-lhes:
,T EVANTANDO-SE entaõ to- 14 Haveis-me apresentado a
-M da a myltidaci delles, leva- este homem,como que perverte ao
n^to Pilatos.. . . povo: e vedes-aqui, examinando-o
2 É. começáraõ a acusa-lo, di­ eu diante de vos-outros, nenhuma
zendo : A este havemos achado, culpa, das de qué ò acusais, te­
aue perverte a naçaõ, e prohibe nho neste homem achado.
dar tributo a Cesar, dizendo : 15 E nem ainda Herodes; por­
Que elle he o Christo, o Rey. que a elle vos remeti: e eis-aqui
3 Entaõ Pilatos, lhe pergun­ que nenhuma cousa digna de
tou, dizendo: Es tu o Rey dos morte tem feito.
SEGUNDO S. LUCAS, CAP. XXIII. 115
16 Solta-Jo-hei, pois, castigado. 31 Porque se na arvore verde
17 E era necessário soltar-lhes es.as cousas fazem : na seca que
hum pela festa. se fará?
18 E toda a multidão deu gri­ 32 E leváraõ também outros
tos a huma voz, dizendo: Tira a dous malfeitores, amatarcom elle.
este, e solta nos a Barabbas. 33 E como vieraõ ao lugar
19 O qual havia sido lançado que se chama da caveira, cruci-
no cárcere por huma sediçaõ e ficáraô-o alli a elle, e aos malfei­
morte, feita na cidade. tores, hum á mm direita, e outro
20 E fallou-lhes outra vez Pi- á esquerda.
latos, querendo soltar a Jesus. 34 Mas Jesus dizia: Pai, per­
21 Mas elles tornaraõ a dar doa-lhes, porque naõ sabem o que
gritos, dizendo: Crúcifica-o, cru­ fazem. E repartindo seus vesti­
cifica-o. dos, lançaraõ sortes.
22 E elle lhes diSse a terceira 35 E o povo estava olhando:
vez: Porque ? que mal fez este ? e zombavaõ também delle os
nenhuma culpa de morte tenho Príncipes juntamente com elles,
nelle achado. Castiga-lo-hei,pois, dizendo : A outros salvou, salve-
e solta-lo-hei. se a si mesmo, se he o Christo, o
23 Mas elles instavaõ com Escolhido de Deos.
grandes vozes, pedindo que fosse 36 Escarneciaõ delle também
crucificado. E suas vozes delles, os soldados, chegando-se, e apre­
e as dos Príncipes dos Sacerdotes, sentando-lhe vinagre.
creciaõ cada vez mais. 37 E dizendo: Se tu es o Rey
24 Entaõ julgou Pilatos, que dos Judeos, salva-te a ti mesmo.
se fizesse o que pediaõ. 38 E estava também sobre elle
25 E soltou-lhes ao, que na hum titulo escrito com letras
prisaõ por huma sediçaõ e morte Gregas, e Romanas, e Hebraicas:
havia sido lançado, que era o que ESTE HE O REY DOS JU­
pediraõ: e entregou-lhes a Jesus DEOS.
á sua vontade delles. 39 E hum dos malfeitores, que
26 E iudo-o ja levando, toma estavaõ dependurados, o injuria­
raõ a hum Simaõ Cyreneo, que va, dizendo: Se tu es o Christo,
vinha do campo, e puseraõ-lhe ás sal va-te a ti mesmo, e a nos-outros.
costas a cruz, paraque apos Jesus 40 E respondendo o outro, re-
a levasse. prendeo-o, dizendo: Nem ainda
27 E seguia-o grande multidaõ tu temes a Deos, estando * na
de povo, e de mulheres, que hiaõ mesma condenaçaõ ?
chorando, e lamentando-o. 41 E nos-outros em verdade,
28 Mas virando-se Jesus para justameute : porque o que nossos
elles, lhes disse: Filhas de Hie- feitos mereciaõ, isso recebemos.;
rusalem, naõ me choreis a mim, mas este nemhum mal fez.
mas chorai-vos a vcs mesmas, e a 42 E disse a Jesus: ■ Senhor,
vossos filhos. lembra-te de mim quando vieres
29 Porque vedes-aqui, que dias em tu Reyno.
haõ de vir, em que diráõ: Bem- 43 Entaõ Jesus lhe disse: Em
aventuradas as csteriles, e os ven­ verdade te digo, que hoje estarás
tres que naõ geráraõ, e os peitos commigo no Parayso.
que naõ criáraõ. 44 E sendo ja perto das seis
30 Entaõ começarão a dizer horas, sobrevieraõ trevas em toda
aos montes, Cahi sobre nos a terra, até as nove horas.
outras; e aos outeiros* Cobri-nos. Ou, no mesmojuizjj»
116 OS. EVANGELHO
45 E o sol se escureceõ, e o Veo a E acháraô a pedra ja revolta
do Templo se rasgou pelo meio. da porta do sepulcro.
46 Entaõ Jesus clamando com 3 E, entrando, naô acháraô o
grande voz, disse: Pai, em tuas corpo do Senhor Jesus.
maõs encomendo meu espirito. E 4 E aconteceo, que estando
havendo dito isto, espirou. ellas disto perplexas, eis-que dous
47 E vendo o centuriaõ o que varões se paráraõ junto a com
havia acontecido, deu gloria a ellas vestidos esplandesóentes.
Deos, dizendo: Verdadeiramente 5 E havendo ellas grande temor,
justo era este homem, e abaixando o rosto para o cbaõ,
48 E todas as companhas dos elíes lhes disseraõ: Porque entre
que a este espectaculo estavaõ os mortos buscais ao vivente ?
presentes, vendo o que havia 6 Naõ esta aqui, masja he re-
acontecido, se tornavaõ, batendo suscitado: Lembrai-vos do que vos
nos peitos. foliou estando ainda em Galilea.
49 Mas todos seus conhecidos, 7 Dizendo: Importa que o
e as mulheres, que desde Galilea Filho du homem seja entregue
o haviaó seguido, estavaõ de longe em maõs de homens peccadores,
vendo estas cousas. e qúe seja crucificado, e ao ter­
50 E eis-que hum varaõ cha­ ceiro dia resuscite.
mado Joseph, Senador, homem 8 Entaõ se iembráraõ de suas
de bem, e justo. palavras.
51 (Que nem em seu conselho, 9 E tornando do sepulçro, de-
nem em seus feitos delles havia raõ novas de todas estas cousas a
consentido) e era de Arimathea, os onze: e a todos os demais.
cidade de Judea, e que também 10 E estas eraõ Maria Magda-
esperava o Reyno de Deos. lena, e Joanna, e Maria mdi de
52 Este, chegando a Pilatos, J acobo, e as de mais que estavaõ
pedio o corpo de JeSus; com ellas, as que estas cousas a
53 E havendo-o tirado, envol­ os Apostolos diziaõ.
veu-o em hum lençol fino, e pô- 11 Mas a elles lhes pareciaõ
lo em hum sepulcro; lavrado em como desvarias suas palavras: e
huma pedra, em que ainda nunca naõ lhes deraõ credito.
ninguém havia sido posto. 12 E levantando-se Pedro, cor-
54 E era o dia da preparaçaõ, >eo ao sepulcro ; e abaixando-se,
e o Sabado chegava. vio só os lençoes postos a huma
55 E também as mulheres que banda; e foi-se maravilhado entre
com elle tinhaõ vindo de Gali­ si deste caso.
lea, o fóraõ seguindo, e viraõ o 13 E eis-que dous delles hiaõ
sepulcro, e como seu corpo foi o mesmo dia a huma aldea, que
posto. estava de Hierusaiem sessenta
56 E tornadas ellas, apareihá- * estádios, chamada Emaus:
raõ especierias, e unguentos, e 14 E hiaõ praticando entre si
repousáraõ o Sabado, conforme de todas aquellas cousas que havi­
ao mandamento. aõ succedido.
15 E aconteceo, que indo elles
CAPITULO XXIV. entre si fallando, e perguntando-
"P O, primeiro dia da semana se hum ao outro, o memo Jesus se
mui da manhaã, hiaõ ao achegou, e hia juntamente com
sepulcro, trazendo as especierias elles.
que tinhaõ- aparelhado; e alguruas 16 Mas seus olhos de tal ma-
com ellas. * Que vem a ter dutu léguas maia.
SEGUNDO S. LUCAS, CAP. XXIV. U7
neirâ estavaõ retidos, que o naõ hiaõ, porem elle sé houve como
couheciaõ. que ainda hia inais longe.
li' E disse-lhes: Que pratica? 29 Mas elles o constrangerão,
saõ estas que, indo andando, dizendo: Fica-te comnosco: por­
tratais entre vos outros, e estais que ja he tarde, e ja o dia se
tristes? • abaixou; e entrou para ficar com
18 E respondendo-o hum, que elles.
se chamava Cievphas, disse-lhe: 30 E aconteceo, que estando
Tu só es peregrino em llierusa- com elles assentado, tomando ò
]em? e nao sabes as cousas que pão, o benzeo; e partindo-o, lho
nella estes dias tem succedido? deu.
19 Entaõ elles lhes disse: 31 Entaõ se lhes abriraõ os
Quaes? e elles Jhe disseraõ: As olhos, e conhecéraõ-o, mas elle
cousas tocantes a Jesus Nazareno, se lhes desapareceo.
o. qual foi varaõ Profeta, pode­ 32 E diziaõ hum ao outro:
roso em obra, e em palavra, Por ventura naõ nos ardia o co­
diante de Deos, e de todo o povo raçaõ, quando pelo caminho nos
20 E como os Príncipes dos fatiava, e quando as Escrituras
Sacerdotes, e nossos. Príncipes * nos abria ?
á condenaçaõ de morte o entre- 33 E levantando-se na mesma
gáraõ, e o crucificáraõ: hora, tornáraõ-se a Hierusalem,
21 Mas nos-outros esperávamos e acháraõ juntos aos onze, e aos
que elle era o que havia de rede- que com elles estavaõ,
mir a Israel: e ainda sobre tudo 34 Que diziaõ: Verdadeira­
isto, hoje he o terceiro dia que mente resuscitado he o Senhor, e
estas cousas tem succedido. ja a Simaõ tem aparecido.
22 Ainda que também humas 35 Entaõ contáraõ elles as
mulheres dos nossos nos tem cousas que no caminho lhes
espantado, as quaes na alvorada Aaviaõ succedido: E como delles
fóraõ ao sepulcro: no partir do páo fóra conhecido.
23 E naõ achando seu corpo, 36 E estando elles nestas pra­
vieraõ, dizendo, Que também ticas, o mesmo Jesus se póz no
tinhaõ visto visaõ de Anjos, que meio delles, e lhes disse: Pa2
dizem que vive. seja comvosco.
24 E fóraõ alguns dos nossos 37 Entaõ elles espantados, e
ao sepulcro, e acháraõ ser assi asombrados, peusavaõ que viaõ
como as mulheres tinhaõ dito: algum espirito.
mas a elle, naõ o viraõ. 38 Mas elle lhes disse: Porque
25 Entaõ elle lhes disse: O estais turbados, e sobem taes pen­
loucos, e tardios de coraçaõ, pa­ samentos em vossos corações ?
ra crér a tudo o que os Profetas 39 Vede minhas maõs, e meus
tem dito. pés, que eu mesmo sou: apalpai-
26 Por ventura naõ importava me, e vede que o espirito naõ
que padecesse o Christo estas tem carne, nem ossos, como vedes
cousas, e que assi em sua gloria que eu tenho.
entrasse ? 40 E em dizendo isto, lhes mo­
27 E começando desde Moyses, strou as maõs, e os pés.
e de todos os Profetas, lhes 41 E naõ o créudo ainda elles
declarava em todas as Escrituras de gozo, e maravilhados, disse-
o que delle estava escrito. lhes ; Tendes aqui alguma cousa
28 E chegáraõ á aldea aonde que comer?
•Ou, juízo. 42 Entaõ elles lhe apreseniâ-
118 O S. EVANGELHO
raõ parte de hum peixe assado, e gasse; começando desde Hieru-
hum favo de mel. salem.
43 O que elle tomou, e comeo 48 E destas cousas sois voS-ou-
diante delles. tros testemunhas.
44 E disse-lhes: Estas saõ as 49 E vedes-aqui, ao Prometi­
palavras que vos disse, estando do de meu Pai sobre vos-outroS
ainda comvosco, convém a saber, mando: Porem vos-outros ficai-
que era necessário que se cum­ vos na cidade de Hierusalem, até
prissem todas as cousas que na que do alto com potência sejaes
ley de Moyses, e nos Profetas, revestidos.
e nos Psalmos, de mim estaõ es 50 E levou-os fora até Betha-
critas. nia; e levantando suas maõs, os
45 Entaõ lhes abrio o sentido, abençoou.
paraque entendessem as Escritu­ 51 E aconteceo que, estàndo-
ras. os abençoando, se apartou delles,
46 E disse-lhes: Assi estâ es­ e foi levado ariba ao ceo.
crito, e assi foi necessário que o 52 E havendo-o elles adorado,
Christo padecesse, e ao terceiro tornáraõ-se com grande goao- a
dia dos mortos resuscitasse. Hierusalem.
47 E que em seu nome arre- 53 E estavaõ sempre no Tem­
pendirnemo e remissão de pecca- plo, louvando e bendúendo a
dos em todas as nações se pré- Deos. Amen.
Fim io Saiito Evangelho siguhiÍQ Sj ,

O SANTO EVANGELHO
DE

NOSSO SENHOR

JESU CHRISTO
SEGUNDO S. JOAÕ,

CAPITULO I. cousas; e sem elle se na& fez


cousa nenhuma do que eStã feito.
XTO principio era o Verbo, eo 4 Nelle estava a vida, e a vida
a-’ Verbo estava junto de Deos, era a luz dos homens.
ç 0 Verbo era Deos. 5 E a luz nas trevas resplan­
2 Este estava no principio jun­ dece: Porém ais trevas naõ o
to de Deos. comprehendérab.
' 3 Por este fóraõ feitas todas as 6 Houve hum homem enviado
SEGUNDO S. JOAO, CAP. I. 119
de< Deos, que tinha por nome pois ? Es tu Elias? edisse: Naõ
Joaõ. sou. Es tu Profetas? e respon-
7 Este veio por testemunho, deo: Naõ.
paraque dess* testemunho da luz, 22 Disseraõ-lhe pois: Quem
paraque todas por elle créssem. es? paraque demos reposta aos
8 Naõ era elle a luz; mas era que nos enviráraõ: Que dizés de
enviado, paraque desse testemu­ ti mesmo?
nho da luz. 23 Disse: Eu sou a voz do que
9 Este Verbo era a luz ver­ dama no deserto; endereçai o
dadeira, que a todo homem, que caminho do Senhor, como disse o
neste mundo vem, alumia. Profeta Esaias.
10 No mundo estava, e por elle 24 E os enviados eraõ dos
foi feito o mundo, e o mundo o Phariseos.
naõ conheceò. 25 E perguntaraô-lhe, e disse-
11 Ao seu proprio veio, e os raõ lhe: Porque pois baptizas, se
seus o naõ receberão. tu naõ es o Christo, nem Elias,
12 Mas a todos quantos o re­ nem o Profeta?
ceberão, lhes deu potestade de 26 E Joaõ Jhes respondeo, di­
serem feitos filhos de Deos, con­ zendo: Eu baptizo com agoa:
vém a saber, aos que em seu mas em meio de vos-outros está,
nome crím. quem vos-outros naõ conheceis.
13 Os quaes naõ saõ gerados 27 Este he aquelle que apos
de sangue, nem da vontade da mim vem, que ja he antes de
carne, nem da vontade de varaõ, mim, do qual eu naõ sou dignct
senaõ de Deos. de desatar a correa do çapato.
14 E aquelle Verbo encarnou, e 28 Estas cousas aconteceraõ
habitou entre nosrnutros; (e vimos em Bethabara, da outra banda do
sua gloria, gloria como do Uni­ Jordaõ, aonde Joaõ baptizava.
génito do Pai,) cheio de graça e 29 O seguinte dia vio Joaõ a
de verdade. Jesus, que vinha a elle, e disse ;
15 Joaõ deu testemunho delle, Vedes-aqui o cordeiro de Deos,
e clamou, dizendo: Este he que tira o peccado do mundo.
aquelle de quem eu dizia : O que 80 Este he aquelle de quem eu
apos mim vem, antes de mim he: disse: Apos mim vem hum varaõ,
porque he primeiro que eu. que jahe antes de mim: porque
ltí E de sua plenidaõ recebe­ ja era primeiro que eu.
mos todos também graça por 31 E eu naõ o conhecia: mas
graça. paraque a Israel fosse manifesta­
17 Porque a ley porMoyses foi do, por isso vim eu baptizando
dada: Mas a graça e a verdade com agoa.
por Jesu Christo foi feita. 32 E Joaõ deu testemunho,
' 18 A Deos, nunca ninguém o dizendo: Eu via o Espirito, que
vio ; o unigénito Filho que está no como pomba descendia do ceo, e
regaço do Pai, elle no-lo declarou. repousou sobre elle.
19 E este he o testemunho de 33 E cu naõ o conhecia: mas.
Joaõ, quando os Judeos manda- aquelle que com agoame mandou
raõ de Hierusalem Sacerdotes e a baptizar, esse me disse: Sobre
Levitas, que lhe perguntassem : aquelle que descender vires ao
Tu quem es? Espirito, e que sobre elle repousa,
20 E confessou, e naõ negou e esse he o que com Espirito santo
confessou, Eu naõ sou o Christo. baptiza.
21 E perguntâraõ-lhe: Quem 34 E eu o vi, e tenho dado te-
120 OS. EVANGELHO
stemunho, que este he o Filho cie .49- E disse-lhe Nathanaél:
Deos. , Donde me conheces tu a mim í
35 O seguinte dia, estavacutra respondeô-lbe Jesus, e dissé-lhe :
vez alli Joaõ, e deus de seus dis­ Antes que Philippe- te chamara,
cípulos.'., quando debaixo da figueira esta­
36 E vendo por alli andar a vas, te vi eu a ti.
Jêsus, disse: Vedes aqui o coide- 50 Respondeo Nathanaél, e
iro de Deos. disse-lhe: Rabbi, tu es o Filho
37 E ouviraõ-o os dous discí­ de Deos, tu es o Rey de Israel.
pulos fallar, e seguiraõ a Jesus. 51 Respondeo Jesus, e dissei-
38 E virando se Jesus, e vendo lhe: Porque te disse: Debaixo
que o seguiraõ, disse-lhes : da figueira te vi, crés: Cousas
39 Que buscais? e elles lhe mayores que estas verbs.
disseraõ: Rabbi, (que declarado, 52 E disse-lhe: Ent verdade,
quer dizer, Mestre) aonde moras? em verdade vos digo, que d'aqui
40 Disse-lhes : Vinde, e vede : em diante veréis aberto o ceo, e
vieraõ, e viraõ aonde morava, e aos Anjos de Deos sobre o Filho
iicáraõ-se com elle aquelle dia: do homem sobendo e descen­
porque ja era perto das dez ho­ dendo.
ras.
41 Era André, o irmaõ do Si- CAP1TULO.II.
maõ Pedro, hum dos dons que AO terceiro dia se fizeráõ
ouviraõ aquillo de Joaõ, e o ha- * J humasbodasem Cana de Ga­
viaõ seguido. lilea: E estava alli a mãi de Je­
42 Este achou primeiro a seu sus.
irmaõ, e disse-lhe: Ja achamos 2 E foi tambenr convidado Je­
ao Messias, que declarado, he o sus, e seus discípulos ás bodas.
Christo. 3 E faltando o vinho, a mãi
43 E trouxe-o a Jesus. E ven­ de Jesus lhe disse; Vinho naõ
do-o Jesus, disse: Tu- es Siinao tem.
filho de Jonas, tu serus chamado 4 E disse-lhe Jesus: Que tenho
Cephas, que quer dizer, Pedro. eu comtigo, mulher? Ainda mi-
44 O dia seguinte quiz Jesus uha hora nao he vinda.
ir a Galilea, e achou a Phelippe, 5 Disse sua mãi aos servido­
ao qual disse: Segue-me. res: Fazei tudo quanto elle vos
45 E era Phelippe de Beth disser.
sz.ida, a cidade de André e de 6 E estavaõ alli postas seis tinas
Pedro. de agoa, de pedra, conforme á
46 Phelippe achou a Natha- purilicaçaõ dos Judeos, que cabia
nacl, e disse-lhe : Achado have em cada huma dous ou tres al-
mos aquelle, de quem Moyses na mudes.
ley esccrveo, e os Profetas, a 7 Dísse-lhcs Jesus: Enchei es­
saber, a Jesus, o filho de Joseph, tas tinas de agoa, e enchcraõ-as
de Nazareth. até riba.
47 E disse-lhe Nathanaél: Po­ 8 E disse lhes: Tirai agora, e
de de Nazareth haver cousa algu­ apresen'ai-a ao Mestre-sala. E
ma boa? disse-lhe Phelippe: apresentaraõ-lha. .. . /
Vem, e vé-o. 9 E como o Mestre-sala gostou
48 Vio Jesus vir a si a Natha. a agoa feita vinho (e naõ sabia
naêl, e disse delle: Vedes-aqui aonde era, porem os servidores,
hum verdadeiramente Israéhta, que a agoa haviaõ tirado, o sabiaõj
em quem engano naõ ha. chamou o Mestre-sala ao eposo,
SEGUNDO S. JOAu, CAP. III. 121
. 10 E disse-lhe : Todo homem festa, créraõ muitos em seu nome,
poem primeiro o bom vinho, e vendo os sinaes que fazia.
quando ja tem tem bebido, entaõ 24 Mas o Mesmo Jesus se nao
o que he peor: mas tu guardaste confiava a si mesmo delles, por­
o bom vinho ate agora. que a todos os conhecia.
11 Este principio de sinaes fez 25 E naõ necessitava de que
Jesus em Cana de Galilea, e ma­ alguém do homem lhe desse te­
nifestou sua gloria, e créraõ seus stemunho, porque bem sabia.elle
discípulos nelle. o que no homem havia.
12 Depois dis'o descendeo a
Capernaum, elle e sua mãi, e CAPITULO III.
seus irmaõs, e seus discípulos, e E1 HAVIA hum homem dos
estiveraõ allinaõ muitos dias. Phariseos, que se chamava
13 E estava perto a Pascoa Nicodemus, príncipe dos Judeos.
dos Judeos, e sobio Jesus a flie- 2 Este veio a Jesus de noite,
rusalem. te disse lhe: Rabbi, bem sabemos
14 E achou no Templo aos,■ que , de Deos tens vindo por Me-
que vendiaõ boys, e ovelhas, e ■ stre: Porque ninguém pode fazer
pombas, e aos cambiadorés al'i • estes sinaes que tu fazes, se Deos
assentados. com elle naõ fór.
15 E feito hum açoute de cor­ 3 Respondeo Jesus, e disse-
déis, lançou-os a todos do Tem­ lhe: Em verdade, em verdade te
plo, e ás ovelhas, e aos boys; e digo, que aquelle que outra vez
espalhou o dinheiro dos cambia- naõ nacer, naõ pode ver o Reyno
dores, e trastornou as mesas. de Deos.
16 E aos que vendiaõ as pom- 4 Disse-lhe Nicodemus: Como
bas, disse: Tirai d’aqui isto, e pode o homem nascer, sendo ja
naõ façais cása de * venda, a velho? por ventura pode entrar
casa de meu Pai. outra vez no ventre de sua mãi,
17 Entaõ se lembráraõ seus e nascer?
discípulos, que estava escrito: O 5 Respondeo Jesus: Em ver­
zelo de tua casa me tragou. dade, em verdade te digo, que
18 E responderão os Judeos, aquelle que de agoa e de Espirito
e disseraõ-lhe: Que sinal nos mos­ naõ nascer, naõ pode entrar no
tras tu para taes cousas fazeres. Reyno de Deos.
19 Respondeo Jesus, e disse- 6 O que lie nascido de carne,
lhes : Desfazei este Templo, e carne he; e o que he nascido de1
em tres dias o levantarei. Espirito, espirito he.
20 Disseraõ pois os Judeos: 7 Naõ te maravilhes, de que
Em quarenta e seis annos foi este te disse: Necessáriovos-he nascer
Templo edificado, e levanta-lo- outra vez:
has tu ern três dias ? 8 O vento aonde quer sopra,
21 Mas elle fallãva rsíodoTem- e ouves seu soído; porem naõ
plo do seu corpo. «abes nem donde vem, nem para
22 Por tanto, quando resusci- onde vai; assi he todo aquelle
tou dos mortos, se lembráraõ seus, que he nascido de Espirito.
discípulos que isto lhes havia 9 Respondeo Nicodemus, e
dito; e créraõ á Escritura, e á disse-lhe: Como se pode isto fa­
palavra que Jesus lhes dissera. zer ?
23 E estando elle em Hieru. 10 Respondeo Jesus, e,disse-
salem pela Pascoa, no dia da lhe: Tu es Mestre de Israel, e
* 0u. merende. nem isto sabes ?
M
122 O S. EVA
11 Emverdade, em verdade te em Enon, junto a Sahm ; porque
digo, que o que sabemos, isso havia alli muitas agoas, e vinhaõ
falíamos: e o que visto temos, alli, e eraõ baptizados. ,
isso testificamos; e naõ recebeis 24 Porque ainda Joaõ upõ ha­
«osso testemunho. via sido levado á prisaõ.
la Se havendo-vos eu dito cou­ 25 E houve questap entre os
sas terreaes, vos as naõ credes ; discípulos de Joaõ, e os Judeos,
como créréis se vos disseras cele- acerca da purificaçaõ.
stiaes ? 26 E vieraõ a Joaõ, e disse-
13 E ninguém ao ceo sobio, raõ-lhe: Rabbi, aquelle que com-
seuaõ o que do ceo descendeo ; a tigo estava da outra banda do
saber o Filho do homem, que está Jordam, do qual tu deste teste­
no ceo. munho, ves-aqui está baptizando,
14 E como Moyses levantou a e todos vem a elle.
serpente no deserto, assi he ne­ 27 Respondeo Joaõ, e disse:
cessário que o Filho do homem Naõ pode o homem cousa alguma
seja levantado. receber, se do ceo lhe naõ fór
15 Paraque todo aquelle que dado.
nelle crér, naõ pereça, mas al­ 28 Vos-outros mesmos me sois
cance a vida eterna. testemunhas, que disse: Eu naõ
16 Porque de tal maneira sou o Christo: mas que diante
amou Deos ao mundo, que deu a delle sou enviado.
seu Filho unigénito, paraque todo 29 Aquelle que tem a Esposa,
aquelle que nelle crér, naõ pereça, he o Esposo; mas o amigo do
mas alcance a vida eterna. Esposo, que lhe assiste, e o ouve,
17 Porque naõ mandou Deos goza-se grandemente da voz do
a seu Filho ao mundo, paraque Esposo; assi pois ja este meu
ao mundo condene; mas para­ gozo he cumprido.
que o mundo seja salvo por elle. 30 A elle-convém crecer, e a
18 Quem nelle crér, naõ he mim dimintiir.
condenado; mas quem naõ cré, 31 Aquelle que de riba vem,
ja está condenado; porque naõ sobre todos he; aquelle que he da
créo no Nome do unigemto Filho terra, terreno he, e cousas terre­
de Deos. nas falia: Aquelle que vem do
19 E esta he a condenaçaõ, ceo, sobre todos he.
que a luz veio ao mundo, e os 32 Aquelle que vio, e otívio,
homens amáraõ mais as trevas do isto testifica; e ninguém'recebe
que a luz: porque eraõ más suas seu testemunho.
obras. 33 Aquelle que seu testemunho
20 Porque todo aquelle que recebeo, esse selloti, que Deos he
obra mal, aborrece á luz, e naõ verdadeiro.
vem á luz, porque suas obras naõ 34 Porque aquelle que Deos
sejaõ redarguidas. enviou, as palavras de Deos fal­
21 Mas quem obra verdade, ia : porque naõ lhe dá Deos o
vem á luz, paraque suas obras Espirito por medida.
sejaõ manifestas, que saõ feitas 35 O Pai ama ao Filho, e to­
em Deos. das as cousas deu em sua maõ.
22 Passado isto, veio Jesus 36 Aquelle que no Filho cré,
com seus discípulos á terra de tem vida eterna; mas aquelle que
Judea, e estava alli com elles, e ao Filho he incrédulo, naõ verá
baptizava. a vida, mas a ira de Deos perma­
23 E baptizava também Joaõ nece sobre elle.
SEGUNDO S. JOAO, CAP. IV. 128
CAPITULO IV. da agoa que eu lhe der, nunca
mais sede ha de ter: Mas a agoa
fAE maneira qua como o Se que eu lhe der, se fará nelle fonte
■U nhor entendeo, que os Pha- de agoa, que salte para vida
riseos ouviráõ, que Jesus fazia eterna.
mais discípulos e baptizava que 15 Disse-lhe a mulher: Se­
Joaõ. nhor, dá-me desta agoa, paraque
2 (Ainda que Jesus mesmo naõ mais sede naõ tenha, nem aqui
baptizava, senaõ seus discípulos.) venha a busca-la.
3 Deixou a Jtidea, e foi-se 16 Jesu lhe disse: Vai, cham»
outra vez a Galilea. a teu marido, e vem cá.
4 E era mister que passasse 17 Respondeo a mulher, e
porSamaria. disse-lhe: Naõ tenho marido.
5 Veio pois a huma cidade de Disse-lhe Jesus: Bem disseste,
Samaria, chaynada Sicliar, junto naõ tenho marido.
á herdade que Jacob deu a Jo- 18 Porque cinco maridos ti­
seph seu filho. veste; e o que agora tens, naõ
6 E estava alli a fonte de Ja­ he teu marido; isto disseste com
cob. Jesus, pois, cansado do verdade.
caminho, se assentou assi apar da 19 Disse-lhe a mulher: Se­
fome: Era isto quasi ás * seis nhor, parece-me que es Profeta.
horas. ■ 20 Nossos pais neste mon'e
7 Veio huma mulher de Sama­ adoráraõ, e vos-autros dizeis, que
ria a tirar agoa; e Jesus lhe disse: em Hierusalem he o lugar, aonde
Dá-me de beber. he mister adorar.
8 (Porque seus discípulos eraõ 21 Disse-lhe Jesus: Mulher,
idosa cidade a comprar de pomer.) creme que a hora vem, quando
9 E a mulher Samaritaná lhe nem neste monte, nem em Hieru­
disse: Como, sendo tu Judeo, salem, ao Pai adoraréis.
me pedes a mim de beber, que 22 Vos-outrois adorais o que
sou mulher Samaritana? (porque naõ sabeis; nbr-outros adoramos
os Judeos naõ se comtnunicaõ o que sabemos: porque dos Ju­
com osSamaritanos.) deos he a salvaçaõ.
10 Respondeo Jesus, e disse- 23 Porem a hora vem, e ago­
lhe : Se tu o dom de Deos conhe­ ra he, quando os verdadeiros ado­
ceras, e quem he o que te diz: radores ao Pai adoraráõ em
Dá-me de beber; tu lne pedirias espirito e em verdade: porque
a elle, eelle te daria a ti agoa também o Pai a taes busca que o
viva. assi adorem.
11 A mulher lhe disse: Senhor, 24 Deos he Espirito, e os que
tu naõ tens com que a tirar, e o o adoraõ, em espirito e em ver­
poço he fundo : Donde pois tens dade he mister que o adorem.
a agoa viva ? 25 Disse-lhe a mulher.: Eu sei
12 Es tu mayor que nosso pai que ha de vir o Messias, que o
Jacob, que nos deo este, poço: ' hristo se chama; quando elle
Do qual elle mesmo bebeo, e seus vier, elle nos declarará todas as
filhos, e seus gados? cousas.
13 Respondeo Jesus, e disse- 26 Disse-lhe Jesus : Eu sou, o
lhe : Qualquer que desta agoa be que comtigo estou fallando.
ber, ha de tornar a ter sede. 27 E nisto vieraõ seus discípu­
14 Porem aquelle que beber los-. e maravilharaõ-se de que
• Ou, meio di*. tàllava com huma mulher: mas.
124 O S. EVANGELHO
nenhum delles lhe disse: Que crémos por teu dito: porque nos
perguntas? ou, Que com ella mesmos o temos ouvido, e sabe­
estás fallando ? mos que verdadeiramente este he
28 Entaõ deixou a mulher seu o Salvador do mundo, o Christo.
cantaro, e foi á cidade; e disse 43 E dous dias depois, sahio
áquelles homens : dalli, e foi-se a Galilea.
29 Vinde, vede hum homem, 44 Porque o mesmo Jesus deu
que me disse tudo quanto tenho testemunho, que naõ tem o Pro­
feito; este naõ he o Christo ? feta honra em sua patria.
30 Entaõ sahiraõ da cidade, e 45 E como veio a Galilea, os
viraõ à elle. Galileos o recebéraõ, vistas todas
31 E entretanto lhe rogavaõ os as cousas que em Hierusalem no
discípulos, dizendo: Rabby,come. dia da festa fizera; porque tam­
32 Porem elle lhes disse: hu- bém elles tinliaõ vindo ao dia da
ma comida tenho que comer, que festa.
vos-outros naõ sabeis. 46 Veio pois Jesus outra vez
33 Entaõ os discípulos diziaõ a Cana de Galilea, aonde da
entre si: Trouxe-lhe alguém de agoa fizera vinho : E estava alli
comer? hum * da corte del Rey, cujo
34 Disse-lhes Jesus: Minha filho estava enfermo em Caper-
comida he, que eu faça a vontade naum.
daquelle que me enviou, e que 47 Este, como ouvio que Je­
cumpra sua obra. sus vinha de Jtídea a Galilea, foi
35 Naõ dizeis vos outros, que ter cum elle, e rogava-lhe que de­
ainda ha quatro meses até a sega ? scendesse, e sarasse a seu filho,
vedes-aqui vos digo: Levantai porque ja hia morrendo.
vossos olhos, e vede as tetras, que 48 Entaõ Jesus lhe disse: Se-
?a estaõ brancas para a sega. sinaes e milagres naõ virdes, naõ
36 E o que sega, recebe galar- haveis de crér. '
daõ, e achega fruto para vida 49 O da corte del Rèy lhe dis­
eterna; paraque ambos se gozem, se: Senhor, descende, antes que
assi o que seméa, como também meu filho morra
o que sega. 50 Disse-lhe Jesus: Vai, teu
37 Porque nisto he o dito ver­ filho vive. Créo o homem á pa­
dadeiro : Que hum he o que se­ lavra qne Jesus lhe disse, e foise.
méa, e outro o que sega 51 E indo-se elleja, seus ser­
38 Eu vos enviei a segar o que vos lhe sahiraõ ao encontro, e lhe
vos-outros naõ lavrastes: outros deraõ novas, dizendo: Teu filho,
lavráraõ, e vos-outros entrastes .vive.
em suas lavouras. 52 Entaõ elle lhes perguntou,
39 E muitos dos Samaritanos a que hora começara a estár mel­
daquella cidade créraõ neHe pela hor? e disseraõ-Ihe: Hontem ás
palavra da mulher, c},le dava tes­ sete o deixou a febre.
temunho, dizendo: A mi me disse 53 O pai, entaõ, entendeo,
tudo quanto tenho feito. que aquella era a mesma hora,
40 Mas vindo os Samaritanos quando Jesus lhe disse: Teu
a elle, rogaraõ lhe que se ficasse filho vive.‘ E créo elle e toda sua
■com elles; e ficou-se alli dous casa.
dias. 54 Este segundo sinal tornou
41 E créraõ ainda muitos mars Jesus a fazer, quando veio de
por sua palavra delle. Judeaa Galilea.
42 E diziaõ á mulher: Ja naõ • Ou, Regulo.
SEGUNDO S. JOAO, CAP. tf. 125
Jesus se tinha retirado da com­
CAPITULO V. panha que estava naquelle lugar.
14 Depois achou-o Jesus no
TAEPOIS destas cousas, era Templo, e disse-lhe: Ves-aqui ja
hum dia de festa dos Judeos, estás saõ; naõ peques mais, porque
e sobio Jesus a Hierusalem. te naõ succedaalgua cousa peor.
2 E estava em Hierusalem, á 15 Foi entaõ aquelle homem,
porta das ovelhas hum tanque, e deu aviso aos Judeos,que Jesu*
que em Hebreo se chama Bethes- era o, que o tinha sârado.
da, o qual tem cinco alpendres. 16 E por esta causa perseguiaõ
3 Nestes estava deitada gran­ os Judeos a Jesus, e procurava»
de multidaõ de enfermos, cegos, mata-lo: porque fazias esta cou­
mancos, dessecados, que estavaõ sas em Sabado.
esperando o movimento da agoa. 17 E Jesus lhes respondeo:
4 Porque hum Anjo descendia Meu Pai até agora está obrando
a certo te'mpo ao tanque, e re­ e eu também. o6ro.
volvia a agoa; e o que primeiro 18 Por isso tanto mais procu-
descendia no tanque, depois do ravaõ ainda os Judeos mata-lo;
movimento da agoa, ficava saõ porque naõ só quebrantava o
de qualquer enfermidade que ti­ Sabado, mas ainda também dizia,
vesse. que Deos era seu proprio Pai,
5 E estava alli hum homem, fazendo se igual a Deos.
que havia estado trinta e oito 19 Respondeo póis Jesus, e
annos enfermo. disse-lhes : Em verdade, em ver­
6 Vendo Jesus a este deitado, dade vos digo, que naõ pode o
e entendendo que ja havia muito Filho cousa alguma fazer de por
tempo que estava deitado, disse- si mesmo, se o naõ vir fazer ao
lhe: Queres ser saõ. Pai: porque tudo quanto elle
7 E o enfermo lhe respondeo : faz, o faz também semelhante-
Senhor, naõ tenho homem ne­ mente o Filho.
nhum que, quando a agoa se re­ 20 Porque o Pai ama ao Filho,
volve, me meta no tanque: por­ e todas as cousas que fez, lhe mos­
que entretanto que eu venho, ja tra: E mayores obras que estas
outro antes de mim tem descen­ lhe mostrará, paraque vos-outros
dido. vos maravilheis.
8 Disse-lhe Jesus: Levanta-te, 21 Porque assi como o Pai
toma tua cama e anda. resuscita aos mortos, e lhe» <tá
9 E logo aquelle homem foi vida; assi também o Filho, aos
saõ; e tomou sua cama, e hia-se. que quer, dá vida.
E era Sabado aquelle dia. 22 Porque o Pai a ninguém
10 Entaõ os Judeoa diziaô julga; mas todo o juizo dea ao
àquelle que havia sido sârado: Filho.
Sabado he, naõ te he licito levar 23 Paraque todos honrem ao
tua cama. Filho, assi como bonraõ ao Pai;
11 Respondeu-lhes elle: A- quem naõ honra ao Filho, naõ
quelie que me sárou, esse mesmo honra ao Pai, que o envreu.
medisse: Tomatuacama,eanda. 24 Em verdade, em verdade
12 Perguntaraõ - lhe entaõ: vos digo, que quem ouve minba
Quem he o que te disse : Toma palavra, e cré ao que me envi­
tua cama e anda? ou, tem vida eterna, e naõ vitfea
13 E o que havia sido sarado condenapaõ; mas passou da nor­
naõ sabia quem fosse; porque te á vida.
M 2
126 O S. EVANGELHO
25 Em verdade, em verdade 38 Nem teiides sua palavra em
vos digo, que virá a hora, e agora vos-outros permanecente; porque
he, quando os mortos, ouviraõ a ao que elle enviou, a esse vos-
voz do Filho de Deos ; e os que outros naõ credes
a ouvirem, viviráõ. 39 Esquadrinhai as Escrituras;
26 Porque assi como o Pai tem porque a vos-outros vos parece
vida em st mesmo, assi deu tam­ que nellas tendes a vida eterna, e
bém ao Filho que tivesse vida em ellas saõ as que de mim daõ tes­
si mesmo. temunho.
27 E também llie deu peder 40 E naõ quereis vir a nym,
para fazer juizo, por em quanto he paraque tenhais vida.
o Filho do homem. 41 Honra de homens naõ acce-
28 Naõ vos maravilheis disto: ito.
porque virá a hora, quando todos 42 Mas bem vos conheço, que
os que estaõ nos.sepulcros ouvi- naõ tendes amor de Deos em.vos
ráõ sua voz. mesmos.
29 E os que fiz.craõ bem, sa- 43 Eu em nome de meu Pai
hiráõ à resurreiçaõ de vida ; mas vim, e vos-outros me naõ recebe­
os que fizéraõ rnal, á resurreiçaõ is; se outro vierem seu propilo
de condenaçaõ. nome, a esse receberéis.
• 30 Naõ posso eu de por mim 44 Comopodeis vos-outros crér,
mesmo fazer alguma cousa. Assi pois acceitaisahonraos huns dos
como ouço, julgo; e meti juizo outros ? e naõ buscais a honra
he justo, porque naõ busco minha que de só Deos vem ?
vontade, mas a vontade do Pai 45 Naõ cuideis que diante do
que me enviou. Pai vos haja eu de acusar: Moy-
31 Se eu dou testemunho de ses em quem vos-outros esperais,
mim mesmo, meu testemunho he o que vos acusa.
naõ he verdadeiro. 46 Porque se vos-outros aMoy-
32 Outro he o que de mim dá ses crêreis, também a mim me
testemunho, e sei que o testemu- crérieis: Porque de mim el^e
ílho qúe de mim dá, he verdadeiro. escreveu.
33 Vos-outros enviastes a Joaõ, 47 E se seus escritos naõ cre­
e elle deu testemunho da ver­ des, como a minhas palavras cré-
dade. reis?
34 Mas eu naõ tomo testemu­ CAPITULO VI.
nho de homem: Mas digo isto,
paraque vos salveis. DASSADAS estas cousas, pas-
35 Elle era candea qtte ardia sou-se Jesus da outra banda
e alumiava: e vos-outros vos qui­ do mar de Galilea, que he o mar
sestes por hum. pouco de tempo de Tiberias.
alegrar em sua luz. 2 E seguia-o grande multidaõ;
36 Mas eu tenho mayor teste­ porque viaõ os sinaes que fazia
munho que 0 de Joaõ porque nos enfermos.
as obras que o Pai me deu que 3 Sobio pois Jesus a hum mon­
cumprisse, as mesmas obras que te, e assentou-se alli com seus dis-
eu faço daõ testemunho de mim, cipulos.
que o Pai me tenha enviado. 4 E ja era perto da Pascoa,
37 E o Pai que me enviou, o dia da festa dos Judeos.
elle mesmo deu testemunho de 5 E levantando Jesus os ol­
mim. Nem nunca ouvistes sua hos, e vendo que tinha vindo a
voz, nem vistes seu parecer: elle grande muitidaõ, disse a Phe-
SEGUNDO S. JOAO, CAP. VL 127
lippe: Donde compraremos paõ, vantar com hum grande pé de
paraque estes comaõ? venio.
6 (Mas isto dizia artentando-o; 19 E havendo ja navegado até
porque bem sabia elle o que havia vinte e crtico, ou trinta estádios
de íâzer.) viraõajesus que vinha andando
-7 Respondeu-lhe Phelippe: sobre o mar,, e se vinha chegando,
Duzentos dinheiros de. paõ lhes ao barco, e houveraõ medo.
naõ bastai áõ, paraque cada hum 20 Mas elie lhes disse; Eu sou.,
delles tome hum pouco. naõ tenhais medo.
8 Disse lhe hum de seus dis­ 21 E elles o receberão de boa
cípulos, a saber, André; irmaõ de vontade no barco; e logo o bar­
Simaõ Pedro: co chegou á terra aonde hiaõ.
9 Hum menino está aqui, que 22 O dia seguinte, vendo a
tem cinco pães de cevada, e dous companha, que estava da outra
peixezinhos; mas que he isto en­ banda do mar, que naõ havia alli
tre tantos. mais que hum barquinho, em
10 Entaõ Jesus disse: Fazei que seus discípulos haviaõ entra­
assentar a gente; e havia muita do', e que Jesus naõ entrára com
herva naquelle lugar: e assenta- seus discípulos naquelle barquin­
raõ-se como numero de cinco mil ho, mas seus discípulos sós se
varões. haviaõ ido:
11 E tomou Jesus aquelles 23 Mas outr^ barquinhos arri-
pães, e havendo dado graças, bavaõ de Tiberiás, perto do lugar
repartio-os aos discípulos, e os aonde haviaõ comido o paõ, depois
discípulos, aos que estavaõ assen­ do Senhor haver dado graças.
tados; assi mesmo dos peixes 24 Vendo pois a companha que
quanto queriaõ. Jesus naõ estava alli, liem seus
12 E como ja estiveraõ fartos, discípulos, entráraõ elles também
disse a seus discípulos: Recolhei nos barquinhos, e vieraõ a Caper­
os pedaços que tem sobejado, pa­ naum em busca de Jesus.
raque nada se perca. 25 E achando-o da outra ban­
13 Recolhéraõ-os pois, e en- da do mar, disseraõ-lhe: Rabbi,
chéraõ doze cestos dos pedaços dos quando chegaste cá ?
cinco pães de cevada, que sobejá- 26 Respondeo - lhes Jesus, e
raõ aos que haviaõ comido. disse: Em verdade, em verdade
14 Vendo aquelles homens, vos digo, que me buscais, naõ
entaõ o sinal que Jesus tinha feito, pelos sinaes que vistes,.mas pelo
disseraõ: Este he verdadeira­ paõ que comestes, e vos fartas­
mente o Profeta, que ao mundo tes.
havia de vir. 27 Trabalhai, naõ pela comida
15 E entendendo Jesus que que perece, mas pela comida que
haviaõ de vir, para o arrebatar, e para vida, eterna permanece, a
faze-lo Rey, tornou-se elle só a qual o Filho do homcm vos dará:
retirar ao monte. porque a este assinalou Deos
16 E como ja se fez tarde, des­ Pai.
cenderão seus discípulos ao mar. 28 E disseraõ-lhe : Que fare­
17 E entrando em hum barco, mos para.obrarmos as obras dè
passaraõ da outra banda do mar, Deos ?
até Capernaum: e era ja escuro; 29 Respondeo Jesus, e dissç-
e ainda Jesus naõ tinha vindo a !hes : Esta he a obra de Deos,
elles. que creais naquelle que elle en­
18 E o mar se começou a le- viou.
128 o s. evangelho
30 Disseraõ-lhe entaõ: Que pouxar E no dia derradeiro eu
sinal pois fazes tu, paraque o ve­ o resuscitaréi.
jamos, e te cteamos ? Que obras ? 45 Escrito está nos profetas:
31 Nossos pais coméraõ o Man- E seráõ todos ensinados de Deos.
ná no deserto, como está escrito: Assique, todo aquelle que do Pai
Paõ do ceo lhes deu a comer. o ouvio, e aprendeo, esse vem a
32 E Jesus lhes disse: Em mim.
verdade, em verdade vos digo, que 46 Naõ, que alguém haja visto
naõ vos deu Moyses o paõ do ceo; ao Pai, senaõ aquelle que he de
mas meu Pai vos dá o verdadeiro Deos; esse tem visto ao Pai.
paõ do ceo. 47 Em verdade, em verdade
33 Porque o paõ de Deos he vos digo, que aquelle, que em
aquelle, que descende do ceo, e mim cré, tem vida eterna.
dá vida ao mundo. 48 Eu sou o paõ da vida.
34 E disseraõ lhe: Senhor, dá- 49 Vossos pais coméraõ amas-
nos sempre este paõ. ná no deserto, e morreraõ.
35 E Jesus lhes disse: Eu sou 50 Este he o paõ que descende
o paõ da vida; quem a mim vier, do ceo, paraque o que delle comer,
nunca terá fome; e quem em mim naõ morra.
crér, jamais naõ terá sede. 51 Eu sou o paõ vivo, que des-
36 Mas ja vos tenho dito, que cendeo do ceo; se alguém deste
me vistes, e naõ credes. paõ comer, para sempre ha de
37 Todo aqueHe que o Pai me viver: E o paõ que eu hei de dar,
dá, virá a mim; e ao que a mim he minha carne, a qual bei de dar
vem, naõ o lançarei fora. pela vida do mundo.
38 Porque eu descendi do ceo, 52 Eútaõ os Judeos contendia»
naõ para fazer minha vontade, entre si, dizendo •• Como nos pode
mas a vontade daquelle que me este dar sua carne a comer?
enviou. 53 E Jesus lhes disse: Em
39 E esta he a vontade do Pai verdade, em verdade vos digo,
que me envfòu, que tudo quanto que se acame do Filho do homem
me d,er, naõ perca delle, mas que naõ comerdes, nem seu sangue
no dia derradeiro o resuscite. beberdes, naõ teréis vida em vos
40 Esta he lambera a vontade mesmos.
daquelle que me enviou, que to­ 54 Quem come minha carne,
do aquelleque vé ao Filho, e nelle e bebe meu sangue, tem vida
cré, tenha vida eterna; e eu o eterna, e no dia derradeiro eu o
resuscitaréi no dia derradeiro. resuscitaréi.
41 Murmuravaõ entaõ delle 55 Porque minha carne ver­
os Judeos, porque tinha dito: dadeiramente he comida; e meu
Eu sou ó paõ que descendi do sangue verdadeiramente he be­
ceo. bida.
42 E diziaõ: Naõ he este 56 Quem comer minha carne,
Jesus, o filho de Joseph, cujos pai e beber meu sangue, em mim
e mãi nos-outros conhecemos; permanece, e eu nelle.
como pois diz este: Do ceo tenho 57 Assi como o Pai vivente me
descendido ? enviou, e eu vivo pelo Pai; assi
43 E Jeáus respondeo, e disse- também quem a mim me comer,
lhes; Naõ mufmureis entre vos- também por mim ha de-viver.
outros. 58 Este he o paõ que do ceo
44 Ninguetn pode vir a mim, descendeo; naõ como vossos pais,
K o Pai, que me enviou, o naõ que coméraõ o tnanná, e morre*
SEGUNDO S. JOAO. GAP. VIT. 129
raõ; quem deste paõ comer, eter­por quanto os Judeos procuravaô
nalmente ha de viver. do matar.
59 Estas cousas disse na Syna 2 estava' ja perto o dia da
goga, ensinando em Capernaum. festa das cabanas dos Judeos.
60 E muitos de seus discípulos, 3 E disseraõ-lhe seus irmaõs:
ouvindo isto, disseraõ: Dura Passa te daqui, e vai-te a Judea,
he esta palavra; e quem apode paraque também teus discípulos
ouvir ? vejaõ luas obras que fazes.
51 E sabendo Jesus em si •• 4 Que ninguém, que procura
mesmo que seus discípulos disto ser nomeado, faz alguma cousa
riurmuravaõ,disse-lhes; Isto vosemsecreto; se estas cousas fazes,
escandaliza í manifesta-te ao mundo.
62 Pois que será se virdes ao 5 Porque nem ainda seus ir­
Filho do homem sobir, aonde maõs criaõ nelle.
estava primeiro ? 6 Disse-lhesentaõ Jesus : Meu
63 O Espirito he o que dá vida,tempo ainda naõ he vindo ; mas
•a carne para nada aproveita; as vosso tempo sempre está prestes.
palavras que eu vos digo, Espirito 7 Naõ vos pode o mundo abor­
e vida saõ, recer a vos-outros; mas a mim me
64 Mas ha alguns de vos- aborrece; porque delle dou teste­
outros, que naõ crém. Porque bem munho, que suas obras saõ más.
sabia Jesus ja desd’o principio, 8 Vos-outros sobia esta festa:
quem eraõ os que naõ haviaõ de eu naõ subo ainda a esta festa,
crer, e quem o havia de entregar.porque ainda ineu tempo naõ
65 E dizia : Por isso vos tenho
he cumprido.
dito, que ninguém a mim pode 9 E havendo lhe dito isto, ficou-
vir, se de meu Pai lhe naõ fór se em Galilea.
dado. 10 Mas havendo seus irmaõs,
66 Desd’ entaõ se tõrnavaõ ja sobido, entaõ sobio elle tam­
muitos de seus discípulos atrás, e
bém á festa, naõ manifestamente,
ja naõ ándavaõ com elle. mas como em secreto.
67 Disse entaõ Jesus aos doze: 11 E buscavaõ o os Judeos no
naõ quereis vos-outros também dia da festa, e diziaõ: Aonde está
ir-vos? elle ?
68 E respondeu - lhe Simaõ 12 E havia grande murmura-
Pedro: Senhor, a quem iremos? çaõ delle na companha, porqua
de vida eterna tens tuas palavras.
iiuns diziaõ: Bomhe: e outros
69 E ja nos-outros cremos, e diziaõ: Naõ, antes engana ás
conhecemos, que tu eso Christo,, companhas.
o Filho do Deos vivente. 13 Mas ninguém fallava delle
70 Jesus lhes respondeo : Naõ abertamente, com medo dos
vos escolhi eu doze; e hum de Judeos.
vos-outros he diabo? 14 E no meio da festa sobio
71 E fallava isto de Judas de Jesus ao Templo, e ensinava.
Simaõ Iscariota; porque este era 15 E maravilhavaõ-se os Ju­
deos, dizendo : Como sabe este
o que o havia de entregar, que era
hum dos doze. letras, naõ as havendo aprendido ?
16 Respondeo-lhes Jesus, e dis­
CAPÍTULO VII. se: Minha doutrina naõ-he minha,
"P passadas estas cousas, an- senaó daquelle que me enviou.
-*-J dava Jesus em Galilea ; que 17 Quem quizer fazer sua voné
ja naõ queria andarem Judea; tade, da mesma doutrina tonhe-
130 S, EVANGELHO
cerá, se vem de Deos, ou se eu lo, mas ninguém lançou nelle a
fallo de mim mesmo. maõ, porque ainda sua hora naõ
18 Quem falia de si mesmo, era vinda.
honra própria busca; mas quem 31 £ da companha, muitos
busca a honra daqueile que o en­ créraõ nelle; e diziaõ: Quando
viou, esse he verdadeiro, e naõ o Christo vier fará mais sinaes
ha nelle injustiça. do que os que este fez í
19 Naõ vos deu Moyses a ley, 32 Ouviraõ os Phariseos que
e nenhum de vos-outros faz a a companha murmurava delle
ley ? Porque me procurais matar f estas cousas: E mandaraõ os
20 Respondeo a companha, e Principes dos Sacerdotes, e os
disse: O deinonio tens; quem te Phariseos, servidores que o pren­
procura matar ? dessem.
21 Respondeo Jesus, e disse- 33 E Jesus lhes disse: Ainda
lhes: Huma obra fiz, e todos vos hum pouco de tempo estaréi com-
maravilhais. yosco, e entaõ me irei áquelle
22 Por isso, Moyses vos deu que me enviou.
a circumcisaõ (naõ porque de 34 Buscar-me-heis, e naô me
Moyses seja, mas dos pais;) e no achareis; e aonde eu estiver,
Sabado circumcidais ao homem. vos-outros naõ podeis vir.
23 Se o homem em Sabado 35 Entaõ disseraõ os Judeos
recebe a circumcisaõ, paraque a entre si: Aonde se ira este, que
ley de Moyses naõ seja quebran­ naõ o achemos? Porventura ir-
tada; indignais-vos commigo, por­ seha aus esparzidos entre os Gre­
que em Sabado sárei a todo hum gos? e a ensinar aos Gregos ?
homem ?' 36 Que dito he este, que disse:
24 Naõ julgueis segundo o que Buscar-me-heis, e naõ me acha­
de fora aparece, mas julgai justo reis; e aonde eu estiver, vos-ou­
juizo. tros naopodeis vir?
25 Diziaõ entaõ alguns dos de 37 Porem no ultimo diagraude
Ilierusaiem : Naõ he este, ao da festa, se pôz Jesus ernpd, e
que buscaõ para o matar ? ciamou, dizendo: Se alguém
26 E eis-aqui fãlla publicamen- tem sede, veuhà a mim e beba.
te, e naõ lhe dizem nada: Quem 38 Quem cré em mim, como a
sabe se verdadeiramente tem en­ Escritura diz, rios de agoa viva
tendido os Príncipes, que este correráõ de seu ventre.
seja o Christo. 39 (E isto disse elle do Espi­
37 Mas este, bem sabemos rito, que haviaõ de receber aquel-
donde he: Porem quando o les que nelle créssem: Porque
Christo vier, ninguém saberá ainda o Espirito santo naõ era,
donde seja. por quanto ainda Jesus naõ era
28 Entaõ clamava Jesus no glorificado.
Templo, ensinando, e dizendo: 40 Entaõ muitos da companha,
E a mim me conheceis, e sabeis ouvindo este dito, diziaõ : Verda-,
donde sou; Porem eu naõ tenho deiramente esto he o Profeta.
vindo de mim mesmo; mas 41 Outros diziaõ: Este he o
aqilelle que me enviou, he verda­ Christo; mas alguns diziaõ: De
deiro, ao qual vos-outros naõ Galilea ha de vir o Christo ?
conheceis. 42 Naõ diz a Escritura, que
29 Porem eu o conheço : por­ da semente de David, e da aldea
que delle sou, e elle me enviou. de Bethlehem, donde eia David
30 Entaõ procuravaõ prende- ha de vir o Christo?
SEGUNDO S. JOAO, CAP. VIII. 131
43 Assique havia dissensão na Mas inclinando-se Jesus para
companha por amor delle. baixo, pôz-se a escrever com o
44 E alguns delies o queriaõ dedo no chaõ.
prender, * mas ninguém lançou 7 E como perseverassem, per­
maõ delie. guntando-lhe, endereitouse, e
45 E viéraõ os servidores aos <!isse-lhes: Aquelle que de vos-
Pontifeces'e Phariseos; e elles outros sem pecado está, seja o
lhes disseraõ: Porque o naõ troux­ primeiro que pedra alguma contra
estes ? ella a’ire.
46 Respondéraõ os servidores: 8 E tornando-se a inclinar para
Nunca homem nenhum fallou baixo, escrevia no chaõ.
como este homem. 9 Ouvindo pois, elles isto, e re­
47 Entaõ lhes respondéraõ os darguidos da consciência, íõraõ-
Phariseos: Também vos-outros s? sahindo hum a hum, começan­
estais enganados? do dos mais velhos, até os derra­
48 Por ventura creo ijelle al­ deiros, e ficou só Jesus, e a
gum dos Príncipes ou dos Phari­ mulher que no meio estava.
seos ? 10 E endereitando-se Jesus, e
49 Senaõ este vulgo, que naõ naõ vendo a ninguém mais, que
sabe a ley, malditos saõ. a mulher, disse-lhe: Mulher,
50 Disse-lhes Nicodemus (o aonde estaõ os que te acusavaõ?
que a elle de noite viera, que era ninguém te condenou?
hum delies.) , 11 E disse ella: Ninguém, Se­
51 Julga nossa ley ao homem, nhor. Entaõ lhe disse Jesus:
sem primeiro o ouvir, e delle, o Nem eu te condeno; vai-le,enaõ
que.tem feito, entender? peques mais.
52 Respondéraõ elles, e disse- 12 E fallou.,lhes Jesus outra
raõ-lhe: Naõ es tu também Ga- vez, dizendo: Eu sou a luz do
lileo? esquadrinha, e vé, que mundo: quem me seguir, naõ
nunca de Galilea se alevantou andará em trevas, mas terá lume
Profeta. de vida.
53 E tornáraõ-se cadahum para 13 Entaõ lhe disseraõ os Pha­
sua casa. riseos : Tu de ti mesmo dás teste­
munho, teu testemunho naõ ha
CAPITULO VIII. verdadeiro.
17 FOI-SE Jesu ao monte das 14 Respondeo Jesus, e disse-
■*-* oliveiras. lhes: Aindá que eu de mim mes­
2 È pela manhaã tornou ao mo dou testemunho, meu teste­
Templo: e todo o povo veio a el­ munho he verdadeiro; porque
le. E assentando-se, os ensinava. sei donde vim, e para onde vou :
3 Entaõ lhe trouxeraõ os E porem vos-outros naõ sabeis donde
scribas e Phariseos huma mulher venho, nem para onde vou.
tomada em adultério: 15 Vos-outros segundo a carn.e
4 E pondo-a no meio, disse- julgais; eu naõ julgo a ninguém.
raõ-lhe: Mestre, esta mulher foi 16 E se também julgo, meu
tomada no mesmo feito, adulte­ juizo he verdadeiro: Porque naõ
rando. sou só, mas eu, e o Pai que me
5 E na ley nos mandou Moy- enviou.
ses apedrejarás taes; tu pois que 17 Porem também em vossa
dizes ? ley está escrito, que o Testemunho
6 Mas isto diziaõ elles, atten- de dous homens he-verdadeiro.
tando-o, para o poderem acusar: 18 Eu sou o que mim mes-
13 2 O S. EVANGELHO'
mo dou testemunho, e dá teste­ 30 Fallando elle estas cousa-.,
munho de mim o Pai que me en­ créraõ muitos nelle.
vie n. 31 E dizia Jesus aos Judeos
19 Disseraõ-lhe pois: Aonde que nelle haviaõ crido : Se vos-
e«tá teu Pai? respondeo Jesus: outros em minha palavra perma­
Nem a mim me conheceis, nem a necerdes, sereis- verdadeiramene
meu Pai: Se vos a mim me co meus discípulos.
nhecesseis, também a meu Pai 32 E conhecereis a verdade, e
conhecereis. a verdade vos libertará ‘
20 Estas palavras falloti Jesus 33 E respondéraõ-lhe: Semente
na thésouraria, estando ensinando de Abraham somos, e nunca a
no Templo; e'ninguém, o pren- ninguém servimos; como dizes
deo, porque ainda sua hora naõ tu, Livres seréis í
era vinda, 34 Respondeo-lhes Jesus: Em
21 E disse lhes Jesus outra verdade, em verdade vos digo,
vez: Eu me vou, e buscar-me- que todo aqueile que faz peccado,
heis; mas em vosso peccado he servo do peccado.
morreréis: Aonde eu vou, naõ 35 E o servo naõ fica em casa
podeis vos-outros vir. para sempre, mas o Filho para
22 Diziaõ entaõ os Judeos: sempre fica.
Ha-se de matar a st mesmo, que 36 Assi que, se o Filho vos li­
diz: Aonde eu vou, vos-outros bertar, verdadeiramente seréis
naõ podeis vir. livres.
23 E dizia lhes: Vos-outros 37 Bem sei que sois semente
sois de baixo, eu sou de riba; de Abraham; Porem procurais
vos-outros sois deste mundo, eu matarme, porque minha palavra
naõ sou deste mundo. naõ cabe em vos-óutros.
24 Por isso vos disse, que em 38 Eu, o que junto a meu Pai
vossos peecados mor crés: por­ vi, fallo; e vos-outros, o que
que se naõ crerdes que eu o sou, junto a vosso pai vistes, fazeis.
em vossos peecados morreréis. 39 Responderão, e disseraõ-
25 E diziaõ-lhe: Tu quem es ? lhe: Nosso pai he Abraham.
entaõ Jesus lhes disse: O que Disse-lhes Jesus: Se filhos de
desd’o principio ja também vos Abraham fôreis, as obras de A-
tenho dito. braham fizereis.
26 Muitas cousas tenho que 40 Porem agora procurais ma­
dizer e julgar de vos-outros ■ Mas tar-me, homem que vós tenho fal-
verdadeiro he aquelle que me lado a verdade, que de Deos tenho
enviou; e eu o que delle tenho ouvido: Naõfez isto Abraham.
ouvido, isso fallo ao mundo, 41 Vos-outros fazeis as obras
27 Mas naõ entendiaõ que lhes de vosso pai. Disseraõ-lhe pois:
fallava do Pai. Nos-outros naõ somos nascidos de
28 Disse-lhes pois Jesus: Quan­ fornicaç.aõ; hum Pai temos, a
do levantardes ao Filho uo ho­ saber, Deos.
mem, en'aõ entenderéis que eu o 42 Jesus entaõ lhes disse: Se
sou, e que nada faço de mim mes- Deos fóra vosso Pai, verdadeira­
rno: Mas isto digo assi como o mente me amareis: Porque eu de
Pai me ensinou. Deos tenho sahido, e vindo; que
29 Porque aquelle que me en­ naõ tenho vindo de mim mesmo,
viou, commigo está: Naõ metem porem elle me enviou.
o Pai deixado só; porque sempre 43 Porque naõ reconheceis
faço o que a elle lhe agrada. minha lingoagem? he porquanto
SEGUNDO S. JOAO, CAP. IX. 133
naõ pod'is ouvir minba palavra. conheço-o, e guardo a sua pa­
41 Vos-outros de pai diabo sois, lavra.
e os desejos de vosso pai quereis 56 Abraham vosso pai se ale­
cumprir; elle bomicida foi desdo grou com desejo de ver meu dia;
Sio, e naõ permaneceo na e vio o, e elegrou-se.
e; porque naõ ha verdade 57 Disseraõ-lhe entaõ os Ju-
neile ; quando falia mentira, de deos Ainda naõ tens cincoenta
si proprio falia: Porque he men­ annos, e viste a Abraham ?
tiroso, e pai da mentira. 58 Disse-lhes Jesus: Em ver­
45 Porem a mim, que nos digo dade, em verdade vos digo, que
a verdade, naõ me credes. Àntes que A braham fosse, sou eu.
46 Quem de vos-outros me 59 Tomáraõ entaõ pedras para
convence de peccado ? e se vos lhe atirarem; mas'Jesus se en-
digo a verdade, porque me naõ cobrio, e sahio do Templo, e
credes í atravessando assi por meio delles,
47 Quem he de Deos, as pa­ se passou.
lavras de Deos ouve; por tanto as ■
naõ ouvis vos-outros, por quanto CAPITULO IX.
naõ sois de Deos.
48 Respondéraõ entaõ os Ju- E1 INDO Jesus passando, vio
deos, e disseraõ-lhe': Naõdizemos a hum homem cego desde
nos mui bem, que es Samaritano, seu nacimento.
e tens o demonio ? 2 E perguntaraõ-Ihes seus dis­
49 Respondeo Jesus: Eu naõ cípulos, dizendo: Rabbi, quem
tenho o demonio, antes honro a peccou?este, ou seus pais, para-
meu Pai: mas vos-outros me des- que nascesse cego?
honrais a mim. 3 Respondeo Jesus: Nem este
50 Nem tampouco busco minha pecou, nem .seus pais: mas isto
honra; haqueabusque.eajulgue. succedeu, paraque as obras de
51 Em verdade, em verdade vos Deos neile se manifestem.
digo, que quém minha palavra 4 A mim me convém obrar as
guardar, .nunca para sempre a obras daquelle que me enviou,
morte verá. entre tanto que o dia dura: a
52 Entaõ lhe disseraõ os Ju- noite vem, quando ninguém pode
deos: Agora conhecemos que tens obrar.
o demonio: Morreo Abraham, e 5 Entre tanto que no mundo
os Profetas; e dizes tu; Quem estou,vio mundo eu a luz sou.
minha palavra guardar, nunca 6 Isto dito, cospio no chaõ, e
para sempre a morte gostará? fez Iodo do cospo, e untou com
53 Es tu maior que nosso pai aquelle lodo os olhos de cego.
Abraham, o qual morreo ? e mor­ 7 E disse-lhe: Vai lava-te no
rerão os Profetas: Quem te fazes tanque de Siloé (que declarado,
a ti mesmo ? significa, enviado:) foi pois, e
54 Respondeo Jesus: Se eu a lavou-se; e tornou vendo.
mim mesmo me honro, nadami- 8 Entaõ os vizinhos, e os que
nha honra he; meu Pai, que vos- dantes o haviaõ visto que era ce­
outros dizeis que he vosso Deos, go, diziaõ: Naõ he este aquelle
he o que me hoúra. que assentado estava mendigan­
r 55. Porem vos naõ o conhe­ do?
ceis; mas eu o conheçeo: e se 9 Outros diziaõ: Que estehe;
digo, que o naõ conheço, seréi, e outros: Parece-se com elle; e
como vos-outros, mentiroso; mas elle dizia; Que eu sou.
N
131 OS. EVA
10 E diziaõ The: Como se te.1 ser elle o Christo, fosse lançado
abriraõ os olhos? da Synagoga.
11 Ilespondeo elle e disse: 2.3 Por isso disseraõ seus pais:
Aquelle homem, que se chama Idade tem, perguntaidhe a elle.
Jesus, fez todo, e me untou os 24 Tornáraõ pois a chamar ao
olhos, eme disse: Vai ao tanque, homem que fora cego, e disseraõ-
de Siloe, e lava-te; e fui,e lavei- lhe: Da gloria a Deos; nos outros
me, e recebi a vista. sabemos que este homem he pec-
12 E disseraõ-lhe :■ Aonde está cador.
elle ; disse elle: Naõ o sei. 25 Entaõ elle respondeo, e
13 Leváraô ao que dantes havia disse: Se he peceador, naõo sei;
sido cego aos Phariseos. huma cousa sei, que havendo eu
14 13 era Sabado quando Jesus sido cego, agora vejo.
fez aquelle lodo, e llie abrio os 26 E tornáraõ-lhe a dizer:
olhos. Que te fez? Como te abrio os
15 E tornáraõ-lhe também os olhos.
Phariseos a perguTar, de que 27 Respondeu-lhes: Ja vo-lo
maneira recebera a vista? e elle tenho dito, e ainda o naõ ouvi­
disse: Poz-me lodo sobre os ol­ stes : Porque o quereis ainda
hos, e lavei-me, e vejo. outra vez ouvir í Por ventura
16 Entaõ alguns tios Phariseos quereis vos também fazer seus
Jlie dizaõ: Este homem naõ he discípulos ?
de Deos, pois naó guarda o Sa­ 28 Entaõ o injuriáraõ, e dis­
bado. E outros diziaõ : Como seraõ : Tu sejas seu discípulo;
pode hum homem pe.ccador lazer que nos-outros discipulos de
estes sinaes ? e havia dissensão Moyes somos. ,
entre elles. 29 Bem sabemos nos-outros que
17 Tornaõ pois a dizer ao cego: a Moyses fallou Deos; mas este,
Tu que dizes daquelle que te nem de donde he sabemos.
abrio os olhos ? e elle disse? Que 30 Respondeo-lhes aquelle ho­
he Profeta? mem, e disse-lhes : Na verdade
18 Mas os Judeos naõ criaõ que maravilhosa cousa he esta,
delle que havia sido cego, e hou­ que vos-outros naõsabeis de donde
vesse recebido a vista : até que este seja 1 e a mim me abrio os
chamáraõ aos pais do que havia olhos! *
recebido a vista. 31 Ora bem sabemos que Deos
19 E perguntaraõ lhes, -dizen­ naõ ouve aos peccadores ; mas se
do: He este vosso filho, aquelle alguém he temeroso de Deos, e
que vos-outros dizeis que naceo faz sua vontade, a este ouve.
cego 1 Como pois vé agora? 32 Nunca em tempo nenhum
20 Responderaõ-lhes seus pais, se ouvio, que alguem os olhos a
e disseraõ: Bem sabemos que hum, que nascco cego, abrisse.
este he nosso filho, o que nasceo 33 Se esse de Deos vindo nao
cego: fora, tiarla fazer pudera.
21 Mas como agora veja, naõ o 34 Responderão elles, e disse­
sabemos; ou, quem lhe hajaabet- raõ-lhe: Em peccados es todo
to os olhos, tampouco o sabemos: nascido, e nos ensinas a nos? e
idade tem, perguntai-lhe Á elle lançaraõ-o fora.
mesmo, que elle fallará por si. 35 Ouvio Jesus que o haviaõ
22 Isto disseraõ seus pais, por­ lançado fora, e achando-o, disse-
que temiaõ aos Judeos: Por lhe: Crés tu no Filho de Deos?
quanto ja os Judeos tinhaõ con­ 36 Respondeoelle,edisse: Quem
cluído, que se alguém cot.fetsaste he, Senhor, pataque nelle crea?
SEGUNDO S.JOAO, CAP. X. 135
37 E disse-lhe Jeíus: Ja o entrará, e sahirá, e pastos a-
tens visto; e o qu'e cointigo estfi chará.
fallando, esse he. 10 O ladraõ naõ vem senaõ
S8 Eelle disse: Creyo, Senhor, para roubar, e matar, e destruir:
e adorou-o. eu vim paraque tenhaõ vida, e
39 E disse Jesus: Eu para paraque tenhaõ abundancia.
juizo tenho vindo a este mundo, 11 Eu sou o bom Pastor: O
paraque os que naõ vem, vejaò; bom pastor, pelas ovelhas sua
e os que vem ceguem. vida poem.
40 E, ouviraõ isto algum dos 12 Mas o * jornaleiro, e que
Phariseos, que com eile estavaõ ; naõ he o pastor, cujas naõ saõ
' e disseraõ-lhe : Somos nos outros próprias as ovelhas, vé vir ao
também cegos t lobo, e deixa as ovelhas, e foge
41 Disse-lhes Jesus. Se cegos e o lobo arrebata e dissipa as
fôreis, peccado naõ tivéreis ; mas ovelhas.
per quanto agora dizeis, Vémos 13 E o jornaleiro foge, por
por tanto vosso pcccado perma­ quanto he jornaleiro, e das ove­
nece. lhas naõ tem cuidado:
14 Eu sou o bom Pastor, e
CAPITULO X. couhcço as minhas, e as minhas
me conheçem a mim.
pM verdade, em verdade vos 15 Como o Pai me conhece a
digo, que aqueJie que no mim, assi conheço eu ao Pai: c
curral das ovelhas pelas porta naõ minha vida pelas ovelhas ponho.
entra, mas por outra parte sobe, 16 Ainda tenho oulrasovelbas,
ladraõ he o tal, e roubador. que deste curral naõsaõ; aqueljas
2 Mas aquelle, que pela porta lambem me. convém trazer, e ou­
entra, o.pastor das ovelhas he. virão minha voz, e far-se-hahum
3 A este abre o porteiro, e as curral e hum pastor.
ovelhas ouvem sua voz, e a suas 17 Por isso me ama o Pai, por
ovelhaschamanome por nome, e quanto minha vida ponho, jrara.
as leva fora. torna-la a tomar.
4 E tirarrthrfbra Suas õveThas, 18 Ninguém ma tira a mim,
se vai diante delias, e as ovelhas o mas de mim mesmo a ponho :
seguem, porque conhecem sua por quanto para a pór poder te­
vuz. nho, e tenho poder para a tornar
5 Mas ao estranho naõ segui­ a tomar. Este mandamento rece­
rão, antes delle fogiiáó; por bi de meu Pai.
quanto a voz dos estranhos naõ 19 E tornou a haver dissensão
conhecem. entre os Judeos, por estas pa­
6 Esta parabola lhes disse Je­ lavras.
sus ; Porem elles naõ entenderão 20 E muitos delles diziaõ: O
que era o que lhes dizia. demonio tem, e está fora de si,
7 Tornou lhes pois Jesus a dizer: paraque o ouvis?
Em verdade, em verdade vos digo, 21 Diziaõ outros: Estas pala­
que eu sou a porta das ovelhas. vras naõ saõ de endemoninhado;
8 Todos quantos antes de mim pode o demonio abrir os olhos
vieraõ, ladroens saõ, e rouha- aos. cegos?
deres: mas naõ os ouviraõ as 22 E celebrava-se eittaõ a re-
ovelhas. novaçaõ do Templo em Iiierusa»
9 Eu sou a porta; quem por lem; é era inverno.
mim entrar, ha-se de salvar: e * Ou, HArecrrcríe,
136 O S. EVANGELHO
23.E andava Jesus passeando 38 Porem se he que âs faço,
no Templo, no alpendre de Sala- aindã que a mim me naõ creais,
. maõ. crede as obras; paraqtie conhe­
24 E rodeáraõ os Judeos, e çais e creais, que o Pai está em
disseraõ lhe: Até quando terás em mim, e eu nelle.
suspenso nossa alma? se tu es o 39 E procuravaõ outra vez
tChrisfo, dize-no-lo abertamente. prende-lo; porem elle se sahio
25 Respondeu-lhes Jesue: Di­ de suas maõs.
to vo-lo tenho ja, e uaõ o credes, 40 E passou-se da outra banda
as obras que eu em nome de meu do Jordaõ, áquelle lugar aonde
Pai faço, essas daõ testemunho Joaõ primeiro baptizava. E fi­
de mim. cou-se alli.
26 Mas vos-outros naõ credes, 41 E muitos vinhaõ a elle, e
por quanto de minhas ovelhas naõ diziaõ: Em verdade, que ne­
sois, como ja dito vo-lo tenho. nhum sinal fez Joaõ; mas tudo
27 Minhas ovelhas ouvem mi­ quanto Joaõ deste disse, era ver­
nha voz, e eu as conheço, e ellas dade.
me seguem. 42 E muitos créraõ alli nelle.
23 È eu lhes dou a vida eterna,
e para sempre nunca perecerão, e CAPITULO XI.
ninguém as arrebatará de minha
maõ. J7 ESTAVA enfermo hum cer-
29 Meu Pai quê mas deu, ma­ to homem chamado Lazaro,
ior que todos he, e ninguém as de Bethania, da aldea de Maria,
pode arrebatar da maõ de meu e de Martba, suas irmaãs.
rai. 2 E era Maria a que ao Se­
30 Eu e o Pai, hum somos. nhor ungio com o unguento, e
31 Entaõ tornáraõ os Judeos a com seus calielios lhe alimpou os
, tomar pedras, para o apedrejar. pés, cujo irmaõ Lazaro erã o que
32 Respondeu - lhes Jesus : enfermo estava.)
muitas boas obras de meu Pai 3 Enviárao pois suas irmaãs
vos tenho mostrado: por qual a elle, dizendo : Senhor, ves-aqui
obra destas me apedrejais ? aquellè que amas está enfermo.
33 Responderão.lhe os Judeos, 4 E onvindo-o Jesus, disse:
dizendo: pela boa obra naõ te Esta enfermidade naõ he para
apedrejamos, senaõ pela blas­ morte, mas para gloria de Deos;
fémia, e porque sendo tu homem, paraqne o Filho de Deos por ella
te fazes Deos. seja glorificado.
34 Respondeu-lhes Jesus: Naõ 5 E amava Jesus à Martha, e
está em vossa Ley escrito, Eu à sua irmaã, e a Lazaro.
disse, deosessois? 6 Ouvindo põis, que estava
35 Pois se a ley áquelles enfermo, ficou-se com tudo ainda
chamou deoses, a quem a palavra dous dias naquelle mesmo lugar
de Deos era encaminhada, e a aonde estava.
Escritura naõ pode ser quebran­ 7 Depois disto disse a seus
tada: discípulos, vamos outra vez a
_ 36 A mim, a quem o Pai santi­ Judea.
ficou, e ao mundo mandou, dizeis 8 Dizem - lhe os discípulos :
vos-outros, Blasfemas; porque Rabbi, inda agora te procuravaõ
disse, Filho de Deos sou ? os Judeos apedrejar; e ainda te
37 Se as obras de meu Pai naõ tormas para lá?
faço, naõ me creais. 9 Respondeo Jesus: Naõ tem
SEGUNDO S. JOAO. CAP. XT'. 13r
doze horas o dia? quem de dia , 26 E todo aquelle que vive, e
anda, naõ tropeça; por quanto em mim cré, naõ morrerá eterna­
vé a luz deste mundo. mente. Crésis‘o?
10 Mas quem de noite anda, 27 Disse lhe ella: Si Senhor,
tropeça; porquanto nelle luznaõ ja tenho crido que tu esoChristv,
ha. o I?ilho de Deos, que ao mundo
11 Dito isto, disse-lhes depois; havia de vir.
Lazaro, nosso'amigo, dorme; mas 28 E dito isto, foi-se, e chamou
vou a desperta lo do sono. ein segredo a Maria sua irmaã,
12 Disseraõ lhe entaõ seus dis­ dizendo ■. Aqui está o Mestre, e te'
cípulos : Senhor se dorme, salvo chama.
estará. 29 E assi como ella o ouvio, lo­
13 Mas isto dizia Jesus de sua go se levantou, e foi ter cõm elle.
morte; porem elles cuidavaõque 30 (Que ainda naõ era chegado
fallava do repouso do sono. Jesus á akléa; mas estava na-
14 Entaõ pois lhes disse Jesus quelle lugar, aonde Martha o sa-
claramente: Lazaro he morto. hira a receber.)
lá E folgo-me, por amor de 31 Entaõ os Judeos que com
vos-outros, que eu lá naõ estives­ ella em casa estavaõ, e a conso-
se, paraque creais: Mas vamos lavaõ, vendo que Maria apresu-
ter com elle. radamente se levantâra, e sahir»,
16 Disse entaõ Thomas, cha­ seguiraõ-a, dizendo á sepultura,
mado o Didymo, aos condiscípu­ vai, a. lá prantear.
los : Vamos nos-outros também, 32 Mas vindo Maria aonde
paraque com elle morramos. Jesus estava, e vendo o, derribou-
17 Veio pois Jesus, e achou se a seus pés, dizendo-lhes: Se­
queja havia quatro dias que nat nhor, se tu por cá estiveras, naõ
sepultura estava. fóra meu irmaõ morto.
18 E Bethania estava como 33 Jesus entaõ como a vio
quasi quinze estádios perto de chorando, e aos Judeos, quejun-
llierusalem; tamente com ella tinhaõ ivindo,
19 E muitos dos Judeos tinhaõ lambem chorando, moveo-se em
vindo à Martha, e à Maria, a espirito, e alvoroçou-se a si mes­
consola-las acerca de seu irmaõ. mo, ‘
20 Entaõ Martha,ouvindo que 34 E disse: Aonde o puzestes?
Jesus vinha, sahio-o a receber; disseraõ-lhe; Senhor, vem e
mas Maria se ficou em casa. vé-o. ■
21 E disse Martha a Jesus : 35 E chorou Jesus.
Senhor, se tu aqui estiveras, naõ 36 Disseraõ entaõ os Judeos:;
fópa mQrto meu irmaõ. Vede como b amava?
22 Porem também sei agora, 37 E alguns dclles disseraõ:
que tudo o que a Deos pedires, Naõ podia este, que abrio os ol­
to dará Deosç hos ao cego, fazer que este naõ'
23 Disse-lhe Jesus: Teuirmaõ morrera?
resuscitara. 38 E Jesus embravecendo-se
21 Martha lhe disse : feu sei outra vez em si mesmo, veio ao
que ha de resuscitar, na resurrei- sepulcro, e era huma spelunca, que
çaõ, no dia derradeiro. tinha huma pedra em cima.
25 Disse-lhe Jesus : Eú sou a 39 Disse Jesus: Tirai a pedra,
resurreiçaõ, e a vida; quem em Martha, a irmaã do defunto, lhe
mim cré, ainda que morto esteja, disse: Senhor, ja fede, que b«
vivjrá, ja quatro dias aili posto.-
N2
138 O S. EVANGELHO
40 Jesus lhe disse: Naõ te te­ 53 Assi que desdaquelle dia
nho dito, que se créres, verás a consultavaõjuntos d^o matarem.
gloria de Deos ? 54 De maneira que ja Jesus
41 Entaõ,tiráraõ apedra donde naõ andava mais manifestamente
o defunto fóra posto, e levantando entre os Judeos, mas foi-se dalli
Jesus para riba cs olhos disse: á terra, que está junto ao deserto,
fai, graças te dou, que ja me a humacidadechamadaEphraim;
lens ouudo. e conversava alli com seus discí­
42 Que bem sabia eu, que sem­ pulos.
pre me ouves; mas por causa da 55 E estava perto a Paseoa
companha que está ao redor, o dos Judeos, e muitos daquella
disse; paraque créaõ que tu es o terra sobiraõ a Hierusalem antes
que me tens enviado. da Paseoa, para se irem a puri­
43 E havendo dito isto, clamou ficar.
com grande voz: Lazaro, vem 56 E buscavaõ a Jesus ; e es­
fora. tando ja no Templo diziaõ huns
44 Entaõ sahio 0 defunto, ata­ aos outros: Que vos parece ?
das as maõs e os pés com tiras, e parece-vos a vos que naõ virá ao
com o rosto envolto em hum su­ dia da festa?
dário. Disse-lhes Jesus: Desa­ 57 E os Pontifeces, e os Pha-
tai-o, e deixai-o ir. riseos, tinhaõ dado mandamento,
45 Pelo que muitos dos Judeos, que se alguém soubesse aonde
que a Maria tinhaõ vindo, e o que estivesse, que o manifestasse, pa­
Jesus fizéra, haviaõ visto créraõ raque prender o pudessem.
nelle.
46 Mas alguns delles fóraõ aos CAPITULO XII.
Phariseos, e disseraõ-lhes o que
Jesus tinha feito. VJEIO pois Jesus, seis dias antes
47 E os Pontifeces, e os Pha- ’ da Paseoa, a Bethania, aonde
riseos: ajuntáraõ conselho, e di- Lazaro estava, que falecéra, a
ziaõ: Que faremos? que este ho­ quem Jesus dos mortos resusci-
mem faz muitos sinaes! tára.
48 Se assi o deixamos, todos 2 E fizeraõ lhe alli huma cea,
nelie crérâõ, e.víraõ os Romanos, e Martha servia; e Lazaro era
e tomar-nos-haõ o lugar e a naçaô. hum dos que juntamente com elle
49 Entaõ Cayphas, hum delles, á mesa estavaõ assentados.
summo Pontifece daquelle anno, 3 Entaõ tomou Maria hum ar-
lhes disse : Vos-outros naõ sabeis ratel de unguento de nardo puro
nada: de muito preço, e ungio os pés a
50 Nem considerais que nos Jesus, e alimpou seus pés com
convém, que morra pelo povo seus cabéllos; e encheo-se a ca­
hum homem : e naõ que toda a sa da cheiro do unguento,
naçaõ se perca. 4 E disse Judas de Simaõls-
51,Mas isto naõ o disse de si cariota, hum de seus discípulos,
mesmo, senaõ que como era o que era o queo havia de entregar:
summo Pontifece daquelle anno, 5 Porque se naõ vendeo este
profetizou que pelo povo havia unguento por trezentos * dinhei­
Jesus de morrer. ros, e sé deu aos pobres ?
52 E naõ sómente por aquelle 6 Mas isto disse elle, naõ. pe­
povo, mas também paraque em lo cuidado que dos pobres tives­
huma juntasse aos Filhos de Deos, se ; mas porque era ladraõ, e tj-
que espalhados andavaõ, • Qu Ccitio,
SEGUNDO S. JOAÕ, CAP. XII. 13?'
nha a bolsa, e trazia o que nella 20 E havia certcs Gregos, dos
se lançava. que no dia da festa a adorar haví-
7 Então disse Jesus: Deixa-q, aõ sobido.
que para o dia de minha sepultu­ 21 Estes pois se chegáraõ a
ra tem guardado isto. Phelippe, (que era de Belhsaida
8 Porque aos pobres sempre de Galilea) erogaraõ-lhe, dizendo:
comvQsco os teréi», porem a mim Senhor, queríamos ver a Jesus.
naõ me tereis sempre. 22 Veto Phelippe, e disse-o
9 Entendeo pois muita compa­ a André; André, entaõ, e Phe­
nha dos Judeos que elle alli esta­ lippe, o disseraõ a Jesus.
va: e vieraõ, naõ sómente por 23 Entaõ Jesus lhes responde»,
causa de Jesus, mas também por dizendo: A hora vem que o
ver a Lazaro, a quem dos mortos Filho do homem ha de ser glori-
resuscitára. ficado.
10 E consultáraõ os Principes 24 Em verdade, em verdade
dos Sacerdotes de também a La- vos digo : Que se o graõ de trigo-
zaro matarem. que cae na terra, naõ morrer,
11 Porque muitos dos Judeos, elle só se fica; porem se morrer,
hiaõ, e criaõ em Jesus por amor muito fruto traz.
delle. 25 Quem suá vida ama, perde-
, 12 O seguinte dia, ouvindo la-ha: e quem neste mundo sua
huma grande companha, que ao vida aborrece, para vida eterna a
dia da festa viera, que Jesus vi­ guardará.
nha a Hierusalem. 26 Quem me serve, siga-me ;e
13 Tomáraõ ramos de palmas, aonde eu estiver, alli estará tam­
e sahiraõ-o a receber; e clama- bém meu servidor. E quem me
vaõ: Hosanna, Bendito aquelle servir, riieu Pai o ha de honrar.
que vem em nome do Senhor, 27 Agora está turbada minha
o que he Rey de Israel. alma; e qttedirei? Pai, salva-me
14 E achou Jesus hum asninho, desta hora; mas por isto tenho
e assentou-se sobre elle, como eu vindo nesta hora.
está escrito: 28 Pai, glorifica teu Nome,
15 Naõ temas, o filha de Siaõ, Entaõ veio huma voz do ceo, di
eis-aqui teu Rey vem assentado zendo: Ja o tenho glorificado^ e
sobre o burrico de huma bura. também.outra vez o glorificaréi.
16 Porem isto naõ entenderão 29'E a companha que estava
seus discípulos ao principio; mas presente, e a havia ouvido, dizia,
sendo Jesus ja glorificado, entaõ que havia sido trovaõ: outros
se lembráraõ que isto delle estava diziaõ: Algum Anjo lhe tem fal-
escrito, e que isto lhe fizeraõ. lado.
17 E a companha que com elle 30 Respotideo Jesus e disse:
es’ava, dava testemunho de como Naõ veio esta vos por amor de
da sepultura a Lazaro chamara, e mim, senaõ por amor de vos-
dos mortos o resuscitára. outros.
18 Pelo que também a com­ 31 Agora he deste mundo o
panha o viera a receber, por juizo : agora serà lançado fora o
quanto ouviraõ que fizera este Príncipe deste inundo.
sinal. 32 E eu, se da terra levantado
19 Mas os Phariseos disseraõ fór, a todos a mim trarei.
entre si: Vedes bem que nada 33 E isto dizia, dando a eri-
aproveitais? Eis-que 0 mundo se tender de que morte havia de
vai apos elle ? morrer.
iiu O S. EVANGELHO
34 Respondeo-ihe acompar.ha: em mim crér, naõ permaneça em
Dá Ley temos ouvido, que para trevas.
sempre oChris!o permanece: co­ 47 E quem minhas palavras ou­
imo dizes tu logo: Convém que vir, e as naõ crér, naõ o julgo
o Filho do homem seja levantado ? eu; porque naii vim a julgar ao
Quem he este Filho do homem? mundo, mas áo mundo salvar.
35 Entaõ Jliesdisse Jesus: Ain­ 48 Quem a mim me engeitar, e
da por hum pouco estara entre minhas palavras naõ receber, ja
vos-outros a luz; andai entre tari quem o julgue, tein : a palavra
to que luz tiverdes, paraque as que fallado tenho, essa o ha de
trevas vos naõ comprendaõ; julgar rio dia derradeiro.
porque que em trevas anda; naõ 49 Porque naõ tenho eu fallado
sabe para onde vai. dc, mim mesmo: porem o Pai
36 Eutre tanto que luz tendes, que me enviou, elle me deu man­
crede na luz, paraque da luz se­ damento do que hei de dizer, e
jais filhos. Estas cousas fallou Je­ do que hei de fallar.
sus, e foi-se, e escondeo-se delles. 50 E sei que seu mandamento
37 E ainda que perante delles he vida eterna; assi que o que cu
tantos sinaes tinha feito, nem por fallo, como o Pai mo tem dito,
isso nelle criaõ. assi o fallo.
38 Paraque se cumprisse a pa­ CAPITULO XIII.
lavra que disse o Profeta Esay- I? ANTES do dia da festa dá
as: Senhor, quem deu credito a 1-4 Pascoa, sabendo Jesus que
nosso dito? E o braço do Senhor, jasua hora era vinda, paraque des­
a quem he revelado! te mundo passasse ao Pai, haven­
39 Por isto naõ podiaõ crer, do amado aos seus, quenomundo
por quanto Outra vez disse Esayas estavaõ, amou-os até o fim.
40 Os olhos lhes cegou, e o 2 E acabaja a Cea, (havendo
coraçaõ lhes endureceo, paraque ja o diabo metido no coraçao de
dos olhos naõ vejaõ, nem de cora­ Judas de Simaõ Iscariota, que o
çaõ entendaõ, e se convertaõ, e entregasse,)
eu os sáte. 3 Sabendo Jesus que ja o Pai
41 Estas cousas disse Esayas, todas as cousas na.s maõs lhe ti­
quando sua gloria vio, e delle nha dado, e que de Deos havia
fallou. sahido, e a Deos se hia,
42 Com tudo isso, ainda até 4 Levantou-se da Cea, e tiran­
dos Príncipes créraõ muitos tam do-se os vestidos, e tomando hu-
hem nelle: Mas naõ o confessa- iria toalha, cingio-se.
vaõ por causa dos Phariseos, por 5 E logo deitou agoa em huma
da Synagoga naõ serem lança­ bacia, e começou a lavar os pés
dos. aos discípulos, e a alimpar-lhos
43 Porque amavaõ mais a hon­ com a toalha com que estava cin­
ra dos homens, do que a honra gido.
de Deos. 6 Veio pois a Simaõ Pedro;
44 Mas Jesus clamou, e disse : e Pedro lhe disse: Senhor, tu a
Quem em mim cré, naõ cré em mim me lavas os pés ?
mim, senaõ naquelle que me 7 Respondeo Jesus: O que eu
enviou: faço, naõ o sabes tu agora; mas
45 E quem a mim me vé, vé a depois o saberás.
aquelle qúe me enviou. 8 Disse-lhe Pedro: Nunca ja­
46 Eu souaJuz que ao mundo mais a mim os pés me lavarás.
vim, paraque todo aquelle que Respondeo-Ihe Jesus: Se eu a ti
SEGUNDO S. JOAO, CAP. XIII. 141
te naõ lavar,z parte comigo naõ verdade vos digo: Que hum de
tens. vos-outros me ha de entregar.
9 Disse-lbe Simaõ Pedro: Se­ 22 Entaõ os discípulos se olha-
nhor, naõ só meus pés, mas ainda vaõ huns para os outros, duvi­
as maõs e a cabeça. dando de quem isto dizia.
10 Disse-lhe Jesus: Aquelle 23 E hum de seus discípulos, a
que está lavado, naõ necessita de quem Jesus amava, estava assen­
mais, que de lavar os pés, mas tado á mesa no regaço de Jesus.
todo está limpo. E vos-outros 24 A este pois* fez sinalSimaõ
limpos estais, ainda que naõ todos. Pedro, que perguntasse, quem era
11 Porque bem sabia quem era aquelle de quem dizia
o que o havia de entregar: por isso 25 Elle entaõ, recostando-se a
disse: Naõ todos estais limpos. o peito de Jesus, disse-lbe: Se­
12 Assi que havendo-lhes lava­ nhor, quem he ?
do os pés, e tomado seus vestidos, 26 líespondeo Jesus: Aquelle
e tomando-se a assentar á mesa, he, a quem eu der o bocado mo­
disse-lhes: Sabeis o que vos tenho lhado: E molhando o bocado,
feito. deu-o a Judas de Simaõ Iscariota-,
13 Vos-outros mechamais Me­ 27 E apos o bocado, entrou
stre, e Senhor, o bem dizeis, por­ nelle satanás. Entaõ Jesus lhe
que eu o sou: disse: O que fazes, faze-o de­
14 Pois se eu, o Senhor, e o pressa.
Mestre, vos tenho lavado os pés, 28 Mas isto nenhum dos que
também vos-outros vos deveis la­ á mesa estávaõ entendeo a que
var os pés huns aos outros. proposito lhe disséra.
15 Porque exemplo vos tenho 29 Porque os huns cuidavaõ,
dado, paraque como eu vos tenho que por quanto Judas tinha a bol­
feito, façais vos-outros também. sa, lhe dizia -Jesus: Compra as
16 Em verdade, em verdade cousas que para o dia da festa nos
vos digo: Que naõ he o servo saõ necessárias; ou, que desse al­
maior que seu Senhor, nem he guma cousa aos pobres.
maior o embaixador, que aquelle 30 Havendo elle, pois, tomado
que o enviou. o bocado, logo se sahio; e era ja
17 Se estas cousas sabeis, bem- noite.
aventurados sereis, se as fizerdes. 31 E sahido elle, disse Jesus:
18 Naõ fallo de todos vos-ou­ Agora he o Eilhodo homem glo­
tros ; que bem sei aos que escol­ rificado, e Deos he glorificado
hido tenho: mas isto acontece nelle.
paraque se cumpra a Escritura, O 32 Se Deos nelle he glorifica­
que commigo pão come, contra do, também Deos o glorificará
mim seu calcanhar levantou. em si mesmo; e logo o ha de glo­
19 Desd’agqra, antes que se rificar.
faça, vo-lo digo, paraque, quando 33 Filhinhos, ainda hum pouco
se fizer, creais que eu o sou. estou comvosco: buscar-me heis;
20 Em verdade, em verdade mas, como aos Judeos diss«,
vos digo: Que quem ao que eu aonde eu vou, naõ podeis vos-
enviar, receber, a mim me recebe outros vir: assi agora vo-lo lam­
e quem a mim me receber, rece­ bem digo.
be aquelle que me enviou. 34 Mandamento novo vos dou,
21 Havendo Jesus dito isto, que vos ameis huns aos outros;
co:nmoveu-se em espirito, e pro­ como eu vos amei a vos, que tam-
testou, e disse: Em verdade, emi • Ou, acenou.
142 O S. EVANGELHO
bem vos huns aos outros vos ja tem visto ao Pai: como dizes
ameis. tu logo, Mos.tra-nos ao Pait
35 Nisto conhecerão todos que 10 Naõ cres tu que eu estou
meus discípulos sois, se hiins aos no Pai, e que o Pai está em mim ?
outros vos armardes. as palavras que eu vos fallo, naõ
36 Disse-lhe Simaõ Pedro: Se-: as fallo de mim mesmo, mas o
nhor, aonde vas? Respondeu-lhe Pai que em mim permanece, elle
Jesus: Aonde eu vou, ine naõ he o que as obras faz.
podes tu agora seguir; porem de­ 11 Crede-me, que no Pai estou,
pois me seguirás. . o que o Pai está em mim: quando
37 Disse-lhe Pedro: Senhor, naõ,crede-me pelas mesmas obras.
porque agora te naõ posso seguir ? 12 Em verdade, em verdade vos
por ti minha vida poréi. digo, que áquelle que em mim
38 Ilespondcndo-lhe Jesus: crér, as obras que eú faço, também
Por mim tua vida porás: Em elle as fará; e mayores que estas
verdade, em verdade te digo; Qtte as fará; porquanto eu vou ao Pai.
o galo naõ cantará, antes que tres 13 E tudo quanto em meu no­
vezes me negues. me pedirdes, eu o farei: paraque
o Pai no Filho sejá glorificado.
CAPITULO XIV. 14 Se alguma cousa em meu
notne pedirdes, fa-la-bei.
TVTAõ se turbe vosso coraçaõ: 15 Se me amais, guardai meus
' credes em Deos, crede tam­ mandamentos.
bém em mim. 16 E eu rogaréi, ao Pai, e elle
2 Em casa de meu Pai muitas vos dará outro Consolador, para­
moradas ha; quando naõ, eu vo- que para sempre comvosco per­
lo diria, eu vou a vos aparelhar maneça.
lugar. 17 Comem a saber, o Espirito
3 E se eu me for, e lugar vos de verdade, a quem o mundo re­
aparelhar, outra vez viréi, e com- ceber naõ pode, por quanto, nem
migo vos tomaréi, paraque, aon­ o ve, nem o conhece; mas vos-
de, eu estiver, vos-outros também outros o conheceis, porque com­
estejais. vosco permanece, e comvosco ha
4 Eja sabeis aonde vou, ejao de estar.
caminho sabeis. 18 Nem orfaõs vos deixaréi;
5 Disse-lhe Thomas: Senhor, outra vez a vos venho.
naõsabemosaonde vas, como pois 19 Ainda hum pouco, e naõ
o caminho podemos saber? me verá o mundo mais; mas vos-
6 Jesus lhe disse: Eu sou o outros me verbis: por quanto vivo
caminho, e a verdade, e a vida, eu, a vos-outros viviréis.
ninguém vem ao Pai senaõ por 20 Naquelle dia conheceréis
mim. que eu em meu pai estou, e vos-
7 Sevos a mim me conhecêreis, outros em mim, e eu em vos-ou-
também a meu Pai conhecêreis, tros.
eja desd’agora o conheceis, e ja 21 Quem tem meus mandamen­
o tendes visto. tos, e os guarda, esse he o que a
8 D isse-lhe Phelippe: Senhor, mim me ama: e quem a mini me
mostranos ao Pai, e basta-nos. ama, será amado de meu Pai, e
9 Jesuslhe disse: Taiitotempo eu a elle o amaréi, e a elle me
ha que comvosco estou, e ainda manifestarei.
conhecido-me naõ tendes, Phelip­ 22 Disse-lhe Judas, (naõ o Is-
pe ? quem a mim visto me tem, cariota:) Senhor, que ha, porque
SEGUNDO S. JOAÕ, CAP. XV. 143
outros: como a vide de si mesma
anos-outros te bsts de manifestar,
e naõ ao mundo ? dar fruto naõ pode, se na videira
23 Ilesondeo Jesus, e disse- naõ fica; assi tàmpouco vos-ou-
llie: Quem a mim me ama, minha iros se naõ fieais em mim.
pa!avra'guardará; e meu Pai o 5 Eu sou a, videira, vos-ou­
amará, e á elle viremos, e com tros as vides: que em mim fica,
elle morada faremos. e eu nelle, esse traz muito fruto ;
21 Quem a mim me naõ ama, porquanto sem mim nada podeis
minhas palavras naõ guarda; ea fazer.
palavra que ou/is naõ he minha, ti Quem cm mim naõ ficar, he
senaõ do Pai que me enviou. lançado fora como a vide, e he
seco: eo colheraõ, eo lançaraõ
25 Estas cousas vos tenho dito,
permanecendo ainda comvosco. no fogo, eo arderaõ.
26 Mas aquelle Consolador, o 7 Se vos em mim perinanecer-
Espirito santo, ao qual o Pai em d.es, e minhas palavras em vos-
meu nome ha de enviar, esse vos outros, tudo o que quizerdes pe­
ensinará todas as cousas, e todasdireis, e ser-vos-ha feito.
as tousas que dito vos tenho, vos 8 Nisto he glorificado meu Pai,
alenlbraiá. cm que muito fruto deis, e meus
27 A paz vos deixo, minha paz discipttlos sejais.
vos dou; naõ como o mundo «dá, 9 Assi como o Pai a mim me
vo-la dou, Naõ se turbe, nem ámou, também eu a vos-outros vos
tema vosso coroçaõ. amei; permanecei em meu amór.
23 Ja ouvistes como vos tenho 10 Se meus mandamentos guar­
dito; Vou, e outra vez venho a dardes, em meu amor permane-
vos-outros, se me amáreis, vos go­
ceréis. Como eu tombemos man­
zaríeis, porque tenho dito, ao Pai
damentos de meu Pai guardado
vou: Pois maior he o Pai que eu. tenho, e cm seu ainor permaneço.
29 Ejaagora,antesque se faça, 11 Estas cousas vos tenho dito,
dito vo-lo tenho, paraque quando paraque meu gozo em vos per-
se fizer, o creais. maneçaj e vosso gozo seja cum­
30 Ja comvosco muito naõ prido.
faliaréi; pois ja o principe deste 12 Este he meu mandamento,
mundo vem; porem nada ein mim que vos ameis huns aos outros,
tem. assi como cu. vos amei.
31 Mas paraque ó mundo co­ 13 Ninguém tem maior amor
nheça, que eu amo ao Pai; e que este, que por amor àjB- seus
como o Pai me deu o mandamen­ amigos alguém sua vida ponha.
to, assi o faço. Levantai-vos va­ 14 Meus amigos sois vos-outros,
mo-nos daqui. se as cousas qtte eu vos mando,
fizerdes.
CAPITULO XV. 15 Ja vos naõ chamo mais ser­
vos, por quanto o servo naõ sabe
TpU sou a verdadeira videira, e que he o que seu Senhor faz: Mas
-*-J meu Pai he o Javrador. tenho vos chamado amigos, por
2 Toda vide que em mim fruto quanto tudo quanto de meu Pai
naõ traz, a tira; e toda aquella ouvi, vos tenho féito notorio.
que traz "fruto, alimpa, paraque 16 Naõ me elegestes vos-cutros
mais frúto traga. a mim; porem eu vos elegi a vos-
3 Ja vos-outros estais limpos outros: e vos tenho posto para­
pela palavra que dito vos tenho. que vades, e fruto deis; e vosso
4 Ficai em mim, e eu em vos- fruto permaneça, paraque tudo
144 O S. EVANGELHO
uanto ao Pai em meu nome pe- nagogas; e ainda à hora vem,
S irdes, elle vo-lo dé. quando qualquer que vos matar,
47 Isto vos mando, que húns cuidará que a Deos faz serviço.
aos outros vos ameis. 3 Estas cousas vos fatáõ, por­
18 Se o mundo, vos aborrece, que nem ao Pai, nem a mim me
sabei que antes que a vos-oútros, conhecem.
ma aborreceu a mim. 4 Porem isto vos tenho dito,
19 Se vos do mundo fôreis, o paraque quando aquella hora vi­
rnuudo amaria o que lie seu: mas er, vos lembreis, que ja dito vo-lo
por quanto do mundo naõ sois, tenho: mas isto vos naõ disse-eu
antes eu do mundo vos elegi, por ao principio, por quanto comvo-
isso vos aborrece o mundo. sco estava.
20 Lembrai-vos da palavraque 5 E agora vqu áquelle que
dito vos tenho: Naõ he o servo me inviou, e nenhum de vos-
maior que seu Senhor: se a mim outros me pergunta, Aonde vas?
me perseguirão, lambem a vos 6 Antes, porque estas cousas
vos perseguirão; se minha pala­ vos tenho dito, de tristeza se en-
vra guardáraõ; também a vossa cheo vosso coraçaõ.
guardaráõ. 7 Porem a verdade vos digo,
21 Mas tudo isto vos faiáo por que proveitoso vos he, que eu me
amor de meu nome: por quanio vá: por quáuto se eu me naõ for,
naõ conhecem aquelle que me naõ virá a vos-outros o Consola­
enviou. dor; porem se eu me fór, hei-vo-
22 Se eu naõ viéra, nem fal- lo de enviar.
lado lhes ouvéra, peccado naõ 8 E quando elle vier, ao mun­
teriaõ; mas ja de seu peccado do ha de convencer de peccado,
agora naõ tem escusa. e de justiça, e dejuizo.
23 Quem a mim me aborrece, 9 De peccado, por quanto em
também a meu Pai aborrece. mim naõcrém.
24 Se eu entre elles obras naõ 10 E de justiça, por quanto ao
fizéra, quaes nenhum outro tem Pai vou, e mais me naõ haveis de
feito, peccado naõ teriaõ; mas ver.
agora ja as tem visto, e aborrece 11 Mas de juizo, por quanto ja
raõ-me a mim, e a meu Pai. o príncipe deste mundo está jul­
25 Porem isto he paraque se gado.
cumpra aquella palavra que etn 12 Ainda tenho muistás cousas
sua Ley está escrita: Sem causa que vos dizer, mas agora ainda as
me aborrecéraõ. naõ podeis soportar.
26 Mas quando vier aquelle 13 Porem quando aquelle Es­
Consolador, que eu do Pai vos pirito de verdade vier, elle vos
hei de enviar, « saber, aquelle guiará em toda verdade : Por
Espirito dè verdade, o qual pro quanto de si mesmo naõ ha de
cede do Pai, elle dará testemunho fallar; mas tudo o que ouvir ha
de mim. de dizer: e as cousas que haõ dè
27 E também vos-outros dareis vir, vos ha de annunciar.
testemunho, por quanto commigt 14 Elle me ha de glorificar,
desdo principio estivestes. por quanto ha de tomar do meu,
CAPITULO XVI. e vo-lo.ha de annunciar.
"PSTAS cousas vos tenho dito, 15 Tudo quanto o Pai tem,
~ paraque vos naõ escandali­ meu he: por isso disse: Que ha
zeis. de tomar do meu, e vo-lo-ba do
2 Lançar-vos-haõ fora, das Sy- annunciar.
SEGUNDO S. JOAÕ, CAP. XVII. 145
16 Hum pouco; e naõ me ve­ para vos-outros eu ao Pai rogarèí.
réis; e outra vez, hum pouco, e 27 Poiso mesmo Pai vos ama,
vér-me-heis: por quanto vou ao por quanto vos-outros me amastes/
Pai. e que de Deos sahi crestes.
17 Entaõ disseraõ alguns de 28 Do Pai sahi, e ao mundo
seus discípulos huns aos outros, vim; outra vez aó mundo deixo,
que he isto que nos diz: Hum e me vou para o Pai.
pouco, e naõ me veréis; e outra 29 Dizem-lhe seus discipulos:
vez, hum pouco, e vér-me-heis: Eis-aqui claramente agora falias:
por quanto vou ao Pai. e nenhuma parabola dizes.
18 Assi que diziaõ: Que he isto 30 Agora entendemos que sa­
que diz? Hum pouco ? Naõ sa­ bes todas as cousas; e naõ has
bemos o que diz. mister que ninguém te pergunte,
19 E conhecia Jesus que lhe por isso cremos que de Deos sa-
queriaõ perguntar, e disse-lhes: histe.
Perguntais entre.vos-outros acerca 31 Respondeo-lhes Jesus: Ago­
disto que disse: Hum pouco, e ra credes?
naõ me veréis; e outra vez, hum 32 Vedes-aqui a hora vem/ o
pouco, e vér-me-heis? ja he vinda, quando cada hum
- 20 Em verdade, em verdade por seu cabo espalhados seréis, e
vos digo, que vos-outros chora- só me deixaréis: porem só naõ
réis, e lamentaréis; e o mundo estou, pois com migo está o Pai. ■
se alegrará, e vos-outros estareis 33 Estas cousas vos tenho dito,
tristes: Mas em gozo se tornará paraque em mim paz tenhais: no
vossa tristeza. mundo terfeis aperto; mas tende,
21 A mulher quando pare, dores bom animo, ja eu venci ao
tem, por quanto sua hora j a he mundo.
vinda: mas havendo#parido a
criança, j a se naõ lembra do aperto, CAPITULO XVII.
pelo gozo que tem de que hum ho­
mem no murido haja nascido. VSTAS cousas fallou Jesus; e
22 Também pois agora vos- -1-4 levantando os olhos ao ceo,
outros, na verdade tristeza tendes: disse: Pai, chegada he a hora,
mas outra vez vos veréi, e gozar- glorifica a teu filho, paraque tam­
se-ha vosso coraçaõ, e ninguém bém teu Filho te glorifique a ti.
tirará de vos vosso gozo. 2 Como também sobre toda
23 E naquelle dia nada mais •carne lhe tens dado poder,' para­
me perguntaréis. Em verdade, que a todos aquellesque lhe deste,
em verdade vos digo, que tudo a vida eterna lhes de.
quanto a meu Pai em meu nome 3 Esta porem he a vida eterna,
pedirdes, vo-lo-ha de dar. que a ti te conheçaõ só Deos ver­
24 Até agora nada em meu dadeiro, e a Jesu Chriato a quem
nome pedistes; pedi, e recebe­ tens enviado.
reis, paraque vosso gozo se cum­ 4 Ja eu na terra te glorifiquei,
pra. acabado tenho a obra que me de­
25 Estas cousas vos tenho dito ste que fizesse.
emparabolas: a hora vem, quan­ 5 Agora pois, o Pai, glorifica-
do ja por paraboias vos naõ fal- me em ti mesmo com aquella
laréi, mas claramente acerca do gloria, que em ti tive antes que o
Pai vos annunciaréi. mundo fosse.
26 Naquelle dia em meu nome 6 Manifestado tenho teu nome
pedireis; e naõ yos digo, que aos homens, que. do mundò rac
O
146 '0 1 EVANGELHO
deste.- teus eraõ, e tu mosdeste: les togo, -senaõ também por a-
e guardáraõ tua palavra. quelles que em mim, por stia pa­
7Agora tem ja conhecido, que lavra, haõ de crér.
de ti he tudo quanto me déste. 21 Paraque todos hum sejaõ;
8 Por quanto as palavras que como tu, o Pai, em mim, e eu
me déste, lhes tenho dado a elles. em ti, que também elles em nos
É ja ellés as recebéraô, e verda­ sejaõ hum: paraque o mundo
deiramente tem conhecido, que crea, que tu me tens enviado.
de ti sahido tenho, e creraõ que 22 E eu a gloria que a mim me
me enviaste, déste, lhes tenho dado a elles:
9 Eu por elles rogo, naõ rogo paraque hum sejaõ, como tam­
pelo mundo, senaõ por aquelles bém nos somos hum.
que me déste, porque teus saõ. 23 Eú nelles, e tu em mim ;
10 E todas minhas cousas saõ paraque perfeitamente em hum
tuas; e tuas cousas saõ minhas: sejaõ; e que o mundo conheça
e delles sou glorificado. que tu me enviaste a mim, e que
11 E eu ja no mundo naõ estou: a elles os tens amado, como a mim
porem estes ainda estaõ no mundo, me amaste.
e eu a ti venho. Pai santo, guarda 24 Pai, aquelles que me tens
em teu nome aquelles que me dado, quero que aonde eu estou,
tens dado, paraque hum sejaõ, estejaõ elles commigo também,
como também nos. paraque vejaõ minha gloria que
12 Quando eu no mundo com me tens dado, por quanto tu me
elles estava, em teu nome eu os amaste desd’antes da fundaçaõ
guardava: Aquelles que tu me do mundo.
déste, guardado os tenho, e ne­ 25 Pai justo, o mundo te naõ
nhum delles se perdeo, senaõ o tem conhecido, mas eu te tenho
■filho de'perdiçaõ, paraque a Es­ conhecidBte estes tem. conhecido,
critura se cumprisse. que 'tu a mim me enviaste.
13 Mas agora venho a ti, e 26 E eu lhes fiz saber teu no­
fallo isto no mundo, paraque em me, e lho faréi saber; paraque o
si mesmos minha perfeita alegria amor com que me amaste, nelles
tenhaõ. esteja, e eu nelles.
14 Tua palavra lhes dei, e o
mundo os aborreceo, por quanto CAPITULO XVIII.
do mundo naõ saõ, como tam­ TJAVENDÒ Jesus dito estas
pouco eu do mundo sou. “cousas, sahio-se com seus
15 Naõ rogo que do mundo os discípulos para'alem do ribeirò
tireis, senaõ que de mal os guar­ de Cedraõ, aonde estava huma
deis. ;’ horta, em que entrou elle e seus
16 Naõ saõ do mundo, pomo discípulos.
tampouco eu do mundo sou. 2 E também Judas, o que 0
17 Santifica-os na tua verdade, entregava, sabia aquelle lugar;
tua palavra he a verdade. porque muitas vezes se ajuntava
18 Como tu ao mundo me en­ alli Jesus com seus discipulos.
viaste, também eu ao mundo os 3 Judas pois tomando hum es-
enviei. quadraõ soldados e alguns mi­
19 E por elles a mim mesmo nistros dos Pontifeces e dos Pha-
me santifico, paraque também riseos, veio alli com lanternas, e.
elles na verdade sejaõ santifica­ com fachas, e com armas.
dos. 4 Mas sabendo Jesus todas as
20 Porem naõ somente por el­ cousas que sobre elle haviaõ de
SEGUNDO S. JOAO, CAP. VIL MT
vir se adiantou, e lhes disse: A 18. E estavaõ alli õssetvqs, e
quem buscais t os criados, que haviaõ feito, bra­
5 Responderaõ-lhe: A Jesus sas, porque fazia frio, e aqueB-
Nazareno. Diz-lhes Jesus: Eu tavaõ-se: e estava lambem com
sou. E estava também com elles elles Pedro aquentando^se.
Judas, o que o entregava. 19 E o Pontifece perguntou a
6 E como lhes disse: Eu sou; Jesus acerca de seus discípulos, e
tornáraõ para trás, e cabiraõ em de sua doutrina.
terra. 20 Jesus lhe respondeo: Eli
7 Tornou-lhes poisaperguntar-. manifestamente tenho fallado ao-
A quem buscais? e elles dtsseraõ: mundo; eu sempre ensinei na
A Jesus Nazareno. Synagogae no Templo, aonde se
8 Respondeo Jesus: Javoste- ajuntaõ os Judeos de lodos 09
nho dito que eu sou: por tanto se a lugares, e nada tenho fallado em
mim me buscais, deixai ir a estes. oculto.
. 9 Paraque se cumprisse a pa- 21 Que me perguntas a mim?
•fevra, que dito tinha: Dos que pergunta aos que ouviraõ, que
ine deste, a nenhum delles perdi. ne o que fallado lhes tenho í ves-
10 Entaõ Simaõ Pedro que ti­ aqui, estes sabem que he o que
nha espada, puxou delia, e ferio tenho fallado.
a hum servo do Pontifece, e cor­ 22 E dizendo elle isto, hum
tou-lhe a çrelha direita. E o dos criados, que alli estava, deu
servo se chamava Malcho. a Jesus huma bofetada, dizendo:
11 Jesus entaõdisse a Pedro: Assi respondes ao Pontifece?
Mete tua espada na bainha; uaõ 23 Respondeo-lhe Jesus: Se
beberei eu o copo que o Pai me mal fallei, dá testemunho do
deu ? mal; e se bem, porque me feres?
13 Entaõ o esquadraõ, e o Tri­ 24 (Assi amarrado o mandára
buno, e os servidores des Judeos Annas ao Pontifece Cayphas;)
prenderão a Jesus, e o amarraraõ. 25 E estando-se Simaõ,Pedro
13 E trouxeraõ-o primeira­ aquentando, disseraõ-lhe :,Naõ es
mente ,a Annas, porque era sogro tu de seus discípulos? E elle ne­
de Cayphas, o qual era Pontifece gou, e disse: Naõ sou?
daquelle anno. 26 Hum dos servos do Ponti­
14 E era Cayphas o que havia fece, parente daquelle a quem
dado o conselho aos Judeos,. que Pedro havia cortado a orelha, lhe
era util que hum homem moresse disse: Naõ te vi eu na horta com
pelo povo. elle? . .
15 E seguia a Jesus Simaõ Pe­ 27 E negou Pedro outra vez;
dro, e outro discípulo: e aquelle e logo o galo cantou.
discípulo era conhecido do Pon­ 28 E de Cayphas leváraõ a
tifece, e entrou com Jesus no pa- Jesus á Audiência; e era pela
teo do Pontifece. manbaã: e naõ entráraõ na Audi­
16 Mas Pedro estava fora á ência, por naõ serem contamina­
porta, e sahio aquelle discípulo dos mas que pudessem comer a-
que era conhecido do Pontifece, e Pascoa.
fallou á porteira,, e meteo dentro 29 Entaõ sahio Pilatos a elles
a Pedro. fora, e disse: Que aeusaçaõ tra­
17 Entaõ a criada porteira dis­ zeis contra este homem?
se a Pedro: Naõ es tu também 30 Responderão, e disseraõ-
dps discípulos deste homem ? dis­ lhe: Se es(g malfeitor naõ fara-
se elle: Naõ sotí, naõ-to entregáramos.
148 O 8. EVANGELHO
' *31 Disse-lhes entaõ Pilatos sobre sua cabeça, e vestiraõ-o de
Tomai-o vos-outros, e segundo hum roupaõ de graã.
vossa ley o julgai. E os Judeos 3 E diziaõ: Deos te salve, Rey
lhe disseraõ: A nos naõ nos he dos Judeos; e davaõ-lhe de bofe­
licito matar a ninguém. tadas.
32 Paraque se cumprisse a pa­ 4 Entaõ Pilatos sahio outra
lavra de Jesus, que tinha dito, vez fora, e disse-lhes: Vedes-aqui
dando a entender de que morte vo-lo trago fora, paraque entendais
havia de morrer. que nennum crime nelle acho.
33 Assi que Pilatos tornou a 5 Sahio pois Jesus fora, levando
entrar na Audiência, e chamou a a coroa de espinhos, e o roupaõ de
Jesus, e disse-lheEs tu o Rey graã; e Pilatos disse-lhes: Vedes-
dos-Judeos ? aqui o homem.
34 Respondeo-lhe'Jesus: Di­ 6 E vendo-o os Principes dos
zes tu isso de ti mesmo ? ou dis­ Sacerdotes, e os servidores, de-
seraõ to outros de mim ? raõ brados, dizendo: Crucifica-o,
■ 35 Pilatos respondeo: Por­ Crucifica-o. Disse-lhes Pilatos:
ventura sou èu Judeo? tua gente, Tomai-o vos-outros, e crucificai-o,
e‘ os Pontifeces te entregâraõ a porque eu nenhum crime nelle
mim: que fizeste? acho'. i
36 Respondeo Jesus: Meu 7 Responderaõ-lhe os Judeos:
Reyno naõ he deste mundo: se Nos-outros temos ley, e segundo
meu Reyno deste mundo fora, nossa ley deve morrer: porque se
meus servidores pelejâraõ, para­ fez Filho de Deos.
que eu aos Judeos entregue níiõ 8 Como pois Pilatos ouvio esta
tosse: agora, pois, meu Reyno palavra, teve mais temor.
naõ he.daqui. 9 E entrou outra vez na Au­
, 37 Disse-llie entaõ Pilatos: diência, e disse a Jesus: Donde
Logo Rey estu? Respondeo Je­ es tu ? Mas Jesus naõ lhe deu
sus : Tu dizes que eu sou Rey; Eu repo'sta.
para isto sou nascido, e para isto 10 Entaõ lhe disse Pilatos: A
ao mundo vim, para dar teste­ mim me naõ falias? Naõ sabes
munho a verdade: todo aquelle que tenho poder para te crucificar,
qhe he da verdade,ouve minha vóz. e que tenho poder para te soltar ?
■ 38 Disse-lhePilatos: Que cou­ 11 Respondeo Jesus : Nenhum
sa ha verdade? E, havendo dito poder contra mim terais, se de
isto, tornou aos Judeos, e disse- riba dado te naõ fosse; .por tanto
ihes: Nenhum crime acho nelle. o que a ti me entregou, maior
39 Mas vos-outros tendes por peccado tem.
costume, que êíi vos solte hum 12 Desd’entaõ procurava Pi­
pela Pascoa: quereis pois que vos latos solta-lo; mas os Judeos
solte ao Rey dos Judeos? bradavaõ, dizendo: Se a este
40 Entaõ todos bradáraõ outra soltas de Cesar naõ es amigo;
vez, dizendo: Naõ a este, senaõ qualquer que Rey se faz, à Cesar
a Barabbas. E este Barabbas era contradiz.
hum salteador. 13 Ouvindo Pilatos entaõ este
dito, levou fora a Jesus, e assen­
CAPITULO XIX. tou-se no tribunal, no lugar que
A SSI que entaõ tomou Pilatos a se chama Lithostrotos, e em He­
•L1- Jesus, e açoutou-o. braico, Gabbatha.
2 E entretecendo os soldados, 14 EJera a v.espora da Pascoa,
huma coroa de espinhos, pyzeraõ-a1 e como ás seis horas; entaõ
SEGUNDO S.JI )ÀD,eÀV. XIX. iW
disse aos Judeos: Vedés-aqui : 96 E vendo Jesus a sua mãi,
vosso Rey.. e ao discipulo que elle amava,
15 Mas elles bradaraõ: Tira, que estava presente, disse a sua
tira, crucifica-o. Disse-lhes Pi mãi: Mulher, vé teu filho.
latos: .A vôsso Rey hei de cruci­ 27 E depois ao discipulo: Vé
ficar t Responderaõos Pontifeces- tua mâi. E desd'aqueíla hora a~“
Nâõ temos outro Rey senaõ a recebeo em sua casa O discipulo.
Cesar. 28 Depois sabendo Jèsas que
16 Entaõ lho entregou, para- iodas as cousás ja estavaõ curri-
que fosse Crucificado: e tomáraq pridas, paraque a Escritura se
ajesus, e levaraõ-o. - cumprisse, disse: Sede tenho.
17 E levando elle sua cruz ve­ 29 Estava pois alli hum vaso
io ao lugar chamado o Calvario, cheio de vinagre, entaõ elles en­
e em Hebraico Golgotha. cherão huma esponja de vinagre,
18 Aonde o crucificáraõ, e com e envolvendo-a com hysopo cne-
elle outros dous, de cada banda garaõ-se-lha à bioca.
hum, e Jesus no meio. 30 E como Jesus tomou o vi­
19 Escreveo também Pilatos nagre, disse: Consumtnado he;
hum titulo, que pôz em cima da e abaixando a cabeça, deu os Es­
cruz, em que estava escrito: pirito.
JESUS NAZARENO REY 31 Entaõ os Judeos, porque os
DOS JUDEOS.' corpos naõ ficassem no sábado na
20 E léraõ este titulo' muitos cruz, (por quanto entào éra a
dos Judeos; porque o lugar aon­ Preparaçaõ, porque era o grande
de Jesus estava crucificado, era dia do Sabado,) rogáraõ a Pila­
perto da cidade; e estava escrito tos, que se lhes quebrassem os
em Hebraico, e em Grego, e em ossos, e fossem tirados.
Latim. 32 E vieraõ os soldados; e na
21 E diziaõ a Pilatos os Pon- verdade quebráraõ os ossos ao-
tifeces dos Jtideos: Naõ eserevas primeiro, e ao outro, que junta­
Rey dos Judeos: senaõ, que mente com elle fóra crucificado.
disse: Rey sou dos Judeos. 33 Mas como vieraõ a Jesus, e
22 Respondeu Pilatos: Ò que p viraõ ja morto, naõ lhe que-
escrevi, escrevi. bráraõos ossos.
23 E havendo os soldados cru­ 34 Mas hum dos soldados lhé
cificado a Jesus, tomáraõ seus abrio com huma lança 0 lado, e
vestidos, (e fizeraõ quatro partes, logo sábio sangue e agoa.
a cada soldado htrma parte,) e a 35 E o que isto vio, o testifi­
túnica. A túnica era sem costura, cou; e seu testemunho he verdá-
toda tecida desde riba até baixo. íleiro, e sabe que verdade diz, pa­
24 E disseraõ entre si: Naõ a raque vos-outros também creais.
partamos, ■sqnáõ' lancemos sortes 36 Porque estas cousas acon­
sobre ella, a Ver cuja' será: Para­ teceras, paraque se comprjsse a
que se cumprisse a Escritura, que Escritura, que diz: Ninhumosso
diz: Entre si partiraõ meus ves­ delle será quebrado.
tidos, e sobre minha túnica lan- 37 E outra vez diz outra Es­
çáraõ sortes. E os soldados pois critura: Verâõ ao que traspás-
fizeraõ isto. sáraõ.
25 Estavaõ junto á cruz de Je­ 38 Passadas estas cousas, rogou
sus, sua mâi, e a irmaã de sua a Pilatos Joseph de Aramatnea •
mãi, Maria mulher de Cleophas, (que era discipulo de Jesus, pV-
e Maria Magdalena, rem oculto por medo dos Judeos)
0 2
ISO O S. EVANGELHO
que lhe permitisse tirar o corpo Escritura, que era necessário que
ae Jesus; o que Pilatos lhe per- dos mortos resuscitasse.
hiitio. Éntaõ veio e tirou o corpo 10 E tornáraõ os discipulos aos
de Jesus. seus.
39 Entaõ veio também Nico- 11 Mas Maria estava fora cho­
--demus (aquelle que diantes de rando junto ao sepulchro, e es­
noite a Jesus tinha vindo) trazen­ tando assi chorando, abaixou-se
do hum composto de mirra, e de- ao sepulchro.
aloes, como quasi cem arrateis. 12 E vio a dous Anjos vestidos
40 Tamáraõ pois o corpo de de branco, que estavaõ assenta­
Jesus, e envolveraõ-no em len- dos o hum á cabeceira, e o outro
çoes com as especiarias, como he aos pés, aonde o corpo de Jesus
costume dos Judeos sepultar. havia sido posto.
41 E havia huma horta naquelle 13 E xlisseraõ-lhe : Mulher,
lugar,aonde fóra crucificado; e na porque choras? disse-lhes ella:
horta hum sepulchro novo, em que Leváraõ a meu Senhor, e naõ sei
ainda ninguém havia sido posto. aonde o puzeraõ.
42 AUi pois (por causa da ves- 14 E havendo dito isto, virou-
pora da Pascoa dos Judeos, e se para trás, e vio a Jesus, que
porque aquelle sepulchro estava estava alli: porem naõ sabiaque
perto) puzeraõ a Jesus. era Jesus.
CAPITULO XX. 15 Disse-lhe Jesus: Mulher,
T? NO primeiro dia da semana porque choras ? a quem buscas ?
-*-1 veio Maria Magdalena pela Ella cuidando que era o hortelaõ,
manhaãzinha, sendo ainda escuro, disse-lhe: Senhor, Be tu o levaste,
ao sepulchro; e vio a pedra ja do dize-me aonde o puzeste, que eu
sepulchro tirada. o levaréi.
2 Entaõ correo, e veio a Simaõ 16 Disse-Jhe Jesus: Maria Vi­
Pedro, e ao outro discipulo a rando-se ella, disse- lhe: Rabboni!
quem amava Jesus e disse-lhes: (que quer dizer, Mestre.)
Do sepulchro levado haõ ao Se­ 17 Disse-lhe Jesus: Naõ me
nhor, e naõ sabemos aonde o toques: porque ainda naõ sobi a
puzeraõ. meu Pai: porem vai a meus ir­
3 E sahio Pedro e o outro dis­ mãos, e dize-lhes: Subo a meu
cipulo; e vieraõ ao Sepulchro. Pai, e a vosso Pai; a meú Deos,
4 E corriaõ ambos juntos: mas e a vosso Deos.
o outro discipulo correo mais de­ 18 Veio Maria Magdalena dan­
pressa que Pedro, e veio primeiro do as novas aos discipulos, que
ao sepulchro. vira ao Senhor, e que estas cousas
5 E abaixando-se, vio estar os Lhe dissera.
lençoes: mas naõ entrou. 19 E como ja foi tarde aquelle
ô Veio pois Simaõ Pedro se­ dia, o primeiro dos Sabados, es­
guindo-o, e entrou no sepulchro, tando cerradas as portas, aonde
e vio estar os lençoes; os discipulos por medo dos Judeos
7 E o sudário, que sobre sua se tinhaõ ajuntado, veio Jesus,
cabeça fóra posto, naõ vio estar e pôz-se no meio, e disse-lhes:
com os lençoes, senaõ envolto A paz seja comvosco.
em hum lugar â parte. 20 E dizendo isto, mostrou.-
8 Entaõ pois entrou também Ihqs suas maos, e seu lado; entaõ
a outro discipulo, que viera pri se gozáraõ os discipulos, vendo
I meiro ao sepulchro, e vio, e creo. ao Senhor.
9 Porque ainda naõ sabiaõ a 21 E disse-lhes outra ven A
SEGUNDO S. JOAO, CAP. XXI. 151
paz seja comvosco, como me cipulos no mar de Tiberias; e ’
enviou o Pai, assi vos envio eu manifestou-se desta maneira. .
também vos-outros. 2 Estavaõ juntos Simaõ Pedro,
22 E havendo isto dito, asso­ e Thomas, que se diz o Didimo,
prou sobre elíes, e disse-lhes: e Nathanaêl, o que era de Cana
Recebei o Espirito santo. de Galilea, e os Jilhos do Zebe-
23 Aos que perdoardes os pec- deo, e outros doQs de seus discí­
eados, lhes saõ perdoados; e aos pulos.
queos retiverdes, lhessaõ retidos. 3 Dlsse-lhes: Simaõ. A pescar
24 MasThomas, hum dos doze, vou; dizem-lhe elles: Vamos
que se diz o Didimo, naõ estava nos-outros também comtigo. Fó-
com elles quando Jesus veio alli. raõ, e sobiraõ lago em hum barco;
25 Disseraõ-lhe pois os outros porem aquella noite nada tomâ-
discípulos : Ao Senhor havemos raõ.
visto. E elle lhes disse; Se em 4 E vinda a manhaã, Jesus se
suas maõs o sinaldos cravos naõ foi pôr na praya: porem os dis­
vir, e meu dedo no lugar dos cra­ cípulos naõ sabiaõ que era Jesus.
vos naõ meter, e em seu lado naõ 5 Assi que Jesus lhes disse :
meter minha maõ, de ninhuma Filhinhos, tendes alguma cousa
maneira hei de crér. que comer? Responderão lhe:
. 26 E oito dias depois, estan­ Naõ. ■
do outra vez seus discípulos reeol- 6 E elle lhes disse : Lançai a
hidos, e com elles Thomas, veio rede da banda direita do barco,
Jesus, fechadas ja as portas, e e achareis: entaõ a lançaraõ, e
pôz-se no meio, e disse: A Paz em maneira nenhuma a podiaõ
eja comvosco. tirar pela multidaõ dos peixes.
27 Depois disse a Thomas: 7 Disse entaõ aquelle discipulo,
Mete teu dedo aqui, e vé minhas a quem Jesus amava, a Pedro: O
. maõs, e chega tua maõ, e mete-a Senhor he. Ouvindo pois Simaõ
em meu lado, e naõ sejas incré­ Pedro que era o Senhor, cingío-se
dulo, senaõfiel. com o capote, porque estava des­
28 Entaõ Thomas respondeo, pido, e lançou-se ao mar.
e disse-lhe: Senhor meu, e Deos 8 E os outros discipulos vieraõ
meu. com o barco, trazendo apos si a
29 Disse-lhe Jesus: Porque me rede de peixes, porque naõ esta­
viste, ó Thomas,creste; bemaven- vaõ senaõ como duzentos covadós
turados aquelles que naõ viráõ, e longe de terra.
creraõ. 9 E como descerão à terra, vi-
30 Outros muitos sinaes fez raõ ja as brazas postas, e hum
também Jesus em presença de peixe em cima delias, e mais
seus discípulos, que neste livro pão.
naõ estaõ escritos. 10 Disse-lhes Jesus: Trazei dos
31 Porem estes estaõ escritos, peixes que agora tomastes.
paraque creais que Jesus he o 11 Sobio Simaõ Pedro, e trou­
Christo, o Filho de Deos, e pa­ xe a rede a terra, cheia de ceuto
raque, crendo, tenhais vida em e cincoenta e tres grandes peixes ;
seu nome. e sendo tantos, a rede naõ se
rompeo. •
CAPITULO XXI. : 12 Disse-lhes Jesus: Vinde,
jantai; e nenhum dos discipulos
TAEPOIS disto se manifestou lhe ousava perguntar, Tu quem
Jesus çutra yw a seusdis- es ? sabendo que era o Senhor.
152 O S. EVANGELHO
13 Assi que vejo Jesus, e tomou 19 E isto disse, dando a enten­
o pão,.e deu-lho; e assi mesmo der Com que morte a Deos havia
também do peixe. de glorificar. E dito isto, disse-
14 E esta era ja a terceira vez lhe : Segue me.
que Jesus a seus discípulos se ma­ 20 E virando-se Pedro, vio que
nifestou depois de dos mortos o seguia aquelle discípulo a quem
haver resuscitado. amava Jesus, e que também na
15 E havendo ja jantado, disse cea a seu peito se recostara, e lhe
Jesus a Simaõ Pedro: Simaõ, dissera: Senhor, quem he o que
filho de Jonas, amas-me ainda te ha de entregar ?
mais que estes? disse-lhe elle: 21 Assi que vendo Pedro a este,
Si Senhor, tu sabes que te amo disse a Jesus: Senhor, eeste que?
Disse-lhe: Apacenta meus corde­ 22 Disse-lhe Jesus: Se, eu
iros. quero, que elle se fique até que.
16 Tornou-lhe a dizer a segun­ eu venha, que se te da a ti? se­
da vez: Simaõ,filho de Jonas, gue-me tu.
amas-me? Respondeu-lhe: Si 23 Sahio pois este dito entre
Senhor, tu sabes que te amo. os irmãos,^ que aquelle discípulo
Disse-lhe: Apacenta minhas o- naõ havia de morrer: Porem
velhas. Jesus naõ lhe disse, que elle naõ
77 Disse-lhe a terceira vez: morreria, senaõ, Se eu quero, que
Simaõ, filho de Jonas, amas-me? elle se fique ate que eu venha,
Entristeceo-se Pedro, de que ja que se te dá a ti ?
pela terceira vez lhe' dissesse : 24 Este he aquelle discípulo
Amas-me? E disse-lhe: Senhor, que destas cousas dá testemunho,
tu sabes todas as cousas, tu sabes e estas cousas escreveo; e sabe­
que eu te amo. Disse-lhe Jesus : mos que seu testemnnho he ver-r
Apacenta minhas ovelhas. dadeiro.
18 Em verdade, em verdade te 25 Ainda porem ha outras mu­
digo, que quando eras mais moço, itas cousas que Jesus fez, que se
eingias-te, e hias aonde querias; cada huma de por si escrevessem,
mas quando j a fóres velho, esten­ nem ainda no inteiro mundo,
derás tuas maõs: e outro te cin­ cuido, que caberiaõ os livros que
girá, o*te levará aonde tu naõ delias se haveriaõ de escrever.
quiaeras. Amen.

Fim do Santo Evangelho segundo S. JOAO,


ACTOS
DOS

s. ÁPOSTOLOS
ESCRITOS PELO EVANGELISTA
S. LUCAS.

CAPITULO I. que õ Pai em seu proprio poder


pôs.
T7IZ eito primeiro Tratado, 0 8 Mas receberéis a virtude do
-*• Theophilo, acerca de toda? Espirito santo, que virá sobre
as cousas qúe Jesus comeyou a vos-outros, e ser-me-heis teste­
fazer, e a ensinar, munhas Hierusalem, e em toda
2 Até o dia em que, havendo Judea, e Samaria, e até o fim da
peio Espirito santo dado manda­ terra.
mentos aos Apostolos, que es­ 9 E havendo dito estas cousas,
colhera, foi arriba recebido. vendo-o elles, foi alevantado em
3 Aos quaes, depois de haver alto; e huma quvem o tirou de
padecido, se apresentou vivo com seus olhos.
muitas provas; aparecendo-lhes 10 E estando elles com os olhos
por quarenta dias, e fallando-Ihes postos no ceo, entre tanto que
do Reyno de Deos. elle hia sobindo, eis-que dous va­
4 E estando com elles ajunta­ rões vestidos de branto se puzeraõ
do, lhes mandou, que se naõ a- junto a elles.
partassem de Hierusalem, mas 11 Os quaes também disseraõ:
que esperassem a promessa do Varões Galileos, que estais ol­
Pair que (disse) ouvistes de mim. hando para o ceo r Este Jesus
5 Porque em verdade bem que de vos-outros arriba ao ceo
baptizou Joaõ com agoa, porem foi tomado, assi virá, como ao
vos-outros seréis baptizados com ceo ir o vistes.
o Espirito santo, naõ muitos dias 12 Entaõ tornâraõ-se a Hieru­
depois destes. salem do monte que se chama das
d Entaõ os que se haviaõ ajun­ Oliveiras, o qual está perto de
tado, lhe perguntaraõ, dizendo : Hierusalem, caminho de hum
Senor, restaurarás tu neste tem­ Sabado.
po 0 Reyno a'Israêl ? 13 E entrando, sobiraõ ao
7 E disse-lhes: Naõ he vosso- cenáculo, aonde se ficáraõ, a saber,
saber os tempos, ou as sazões, Pedro, e Jacobn, -e Joaõ, «"Au-
154 ACTOS DOS
d te, Phelippe, é Thomas, Bar- tinha por sõbrenome, o Justo, e
tholomeo e Matheus, e Jacobo a Matthias.
filho de Alpheo, e Simaõ o Zelo­ 24 E orando, disseraõ: Tu
so, e Judas irmaõ de Jacobo. Senhor, que de todos conheces os
14 Todos estes pefseveravaõ corações, mostra a qual destes
concordemente em orações e ro­ dous tens escolhido.
gos, juntamente com as mulheres, 25 Paraque tome a sorte deste
e com Maria e mãi de Jesus, e ministério e do Apostolado, do
com seus irmaõs. qual Judas se desviou para se ir
15 E levantando-se Pedro na- a seu proprio lugar.
quelles dias, notaéio dos disci- 26 E [ançaraõ-lhes as sortes;
pulos, disse: (e era a companha, e cahiô a Sorte sobre Matthias. E
que junta estava, como de até por voto de todos foi contado entre
cento e vinte pessoas.) os onze Apostolos.
15 Varões irmaõs, Convinha
que se cumprisse esta Escritura, CAPITULO. II.
queja d’antes o Espirito santo
pela boca de David tinha 3ito U COMO se compriraõ os dias
acerca de Judas, que foi a guia ■*-* de Pentecoste, estavaõ todos
daquelles que a Jesus prenderão. concordemente juntos.
17 E foi contado entre nos- 2 E derepente se fez hum soido
outros,etinha* sorte neste mini­ do ceo, como de hum vento vehe-
stério. mente, que vinha com impeto, o
18 Este pois adquirio o campo qual encheo toda a casa aonda
do gãlardaõ-da maldade, e preci­ estâvaõ assentados. ,
pitando-se arrebentou pelo meio, 3 Eapareceraõ-lhes humas lin-
e todas suas entranhas de derra- goas repartidas como de fogo,
máraõ. ue se * puzeraõ sobre cada hum
3
19 E foi notorio a todos os elles.
moradores de Hierusalem; de 4 E fóraõ todos cheios do Espi­
maneira que aqtielle campo se rito santo, e começâraõ a fallar em
chama, em sua própria lingoa, outras lingoas, como o Espirito
Aceldama, que tjúer dizer, cam­ santo lhes dava que fallassem.
po de sangue. 5 Morâvaõ entaõ em Hierusa-
20 Porque no livro dos Psal- lèm Judeos, varões religiosos, de
mos eslú escrito: Sua habitaçaõ todasâs nações que estaõ debaixo
se venha a fazer deserta, e naõ do ceo. ’
haja quem nella more. E tome 6 E feita esta voz, ajuntou-se
outro seu bispado.- a muljidaõ; e estâvaõ confusos,
21 He pois necessário que de­ porque cada hum ds ouvia fallar
stes varões que comnosco tem em sua própria lingoa.
conversado todo o tempo que o 7 £ estâvaõ todos atonitos, e
Senhor Jesus entre nos-outros sa- maravilhados, dizendo os huns
hio e entrou, aos outros: Vedes-aqui naõ saô
22 Começando dèsdo baptismo Galileos todos estes que estaõ
de Joaõ, até o dia, em que dentre fallando.
nos arriba foi tomado, seja hum 8 Como pois ouvimos fallar ca­
juntamente comnosco feito testi- da hum em nossa própria lingoa,
munha de sua resurreiçaõ. em que somos nascidos?
23 E apresentâraõ dous: 9 Pathos e Medos, e Elami»
Joseph, chamado Barsabas, que tas, e os que habitamos em Me»
• Qi>, Parte, * Oy,
S. APOSTOLOS, CAP. ir. 155
sopotamia, em Judea, e em Ca­ stas palavras: iesus Nazareno,
padócia, no Ponto, e na Asia. Varaõ entre vos-outros de Deos
10 Em Phrygia, e em Pam- aprovado com virtudes, e prodí­
philia, em Egypto, e nas partes gios, e sinaes, que Deos por elle
de Lybia, que está apar de Cy- nomeio de vos-outros fez, como
rene, e Romanos estrangeiros, e também vos mesmos bem sabeis.
Judços, e proselytos. 23 Este, sendo entregue pelo
11 Cretenses e Arábios, os ou­ determinado conselho e provi­
vimos fallar em nossas próprias dencia de Deos, tomando-o vos-
lingoasas grandes obras de Deos. outros, por maõs dos aleives o
12 E estávaõ todos atonitos e crucificastes, e o matastes.
maravilhados, dizendo os huns 24 Ao qual Deos resuscitóu,
aos eutros, Que quererá vir a soltas, as dores da morte; por­
ser isto? quanto impossível era ser delia
13 Mas outros zombando, di detido,
riaõ: Estaõ cheios de mosto. 25 Porque1*- delle diz David:
14 Entaõ Pedro, pondo-seempé Sempre eu via diante de mim ao
com os onze, levantou sua voz, e Senhor; porquanto á minhamaõ
fallou lhes, dizendo: Varões Ju- direita o tenho, paraque comovido
deos, e todos os que habitais em naõ seja.
Hierusalem, seja vos isto notorio, 26 Pelo que meú coraçaõ se
e ouvi minhas palavras; alegrou, e minha lingoa se go­
15 Porque estes naõ estaõ be-' zou, a ainda minha carne há de
bedos, como vos-outros cuidais, repousar em esperança.
sendo ainda as * tres horas do 27 Pois naõ deixarás minha
dia. * alma no inferno, nem darás a
16 Mas isto he o que foi dito teu Santo que veja corrupção.
pelo Profeta Joêl: 28 Os caminhos da vida noto-
17 E será nos derradeiros dias, rios me fizeste: com tua face de
(diz Deos,) que eu derramaréi gozo me encherás.
de meu Espirito sohre toda carne, 29 Varões irmaõs, livremnnte
e vossos filhos e vossos filhas se vos pode dizer do Patriarcha
profetizaráõ, e vossos mancebos David, que morreo, e foi sepul­
veráõ visõés, e vossos velhos tado, e ainda sua sepultura está
sonharáõ sonhos. comnosco até o dia de hoje.
18 E também sobre meus, ser­ 30 Assi que sendo Profeta, e
vos, e sobre minhas servas, der­ sabendo que com juramento lhe
ramaréi naquelles dias de meu havia Deos jurado,que do fruto de
Espirito, e profetizeráõ. . seus lombos, quanto á carne, lhe
19 E daréi prodígios arriba no levantaria ao Christo que sobre
ceo, e einais abaixo na terra, seu throno se havia de assentar.
sangue, e fogo, e vapor de fumo. 31 Vendo.-o antes, falloti da
20 O Sol se converterá em tre- resprreiçaõ de Christo, que sua
vas, e a Lua em sangue, antes alma naõ haja sido deixada no
que venha o dia grande e illustre inferno, nem sua cume haja vistó
do Senhor. corrupção.
91 E será, que todo aquelle, 62 A este Jesás resuscitóu
que invocar o nome do Senhor, Deos, do que tQdos nos-outros
será salvo. somos testemunhas.
- 22 Varões Israelitas, oúvi e- 38 Assi qtle exalçado ja pela
• Quer attr, as new heras de maõ direita de Deos, e recebeu-
manhas,.
156 ACTOS DOS
do do Pai a promessa do Espirito repartiaõ, como cada hum havia
santo, derramou isto que agora mister.
vedes, e ouvis. 46 E perseverando cada dia
34 Porque naõ sobio David a concordemente no Templo, e par­
os ceos; antes diz: Disse o Se­ tindo o pão pelas casas, comiaõ
nhor a meu Senhor, assentã-te juntos com alegria, e com singe­
ò. minha maõ direita, leza de coraçaõ,
35 Até que ponha a teus ini­ 47 Louvando a Deos e tendo
migos por estrado de teu pés. graça para com todo o povo; e
36 Saiba pois certamente toda acrecentava o Senhor cada dia á
a casa da Israel, que a este tem Igreja os que se haviaõ de salvar.
feito Deos o Senhor e o Christo,
a este Jesus, que vos-outros cru­ CAPITULO III.
cificastes. P Sobiaõ Pedro e Joaõ juntos
37 Entaõ ouvidas estas cousas ao Templo á hora da oraçaõ
foráõ* compungidós de coraçaõ das* nove.
e disseraõ a Pedro, e aos demais 2 E vinhaõ trazendo a hum
Apo.stolos: Varões irmaõs, que varaõ, que era coixo desdo ven­
faremos? - tre de Sua mãi, ao' qual cada dia
38 E pedro lhes disse: Emmen- pufihaõ a porta do Templo, cha­
dai-vos, e baptize-se cada hum mada a Formosat. paraque pe­
de vos-outros em o nome de Jesu disse esmola aos qúe no Templo
Christo,'para perdaõ dos pecca- entravaõ.
dos; e receberéis o dom do Espi 3 Este vendo a Pedro e a J oaõ,
rito santo. que vinhaõ entrando no Templo,
. 39 Porque a vos vos pertence lhes pédio huma esmola -
a promessa, e a vossos filhos, e 4 E pondo Pedro, juntamente
a todos os que ainda estaõ longe: com Joaõ, nelle os olhos, disse:
a tantos quantos Deos nosso Se­ Atenta para nos.
nhor chamar. 5 Entaõ esteve atentando para
40 E como outras muitas pala­ elles, esperando receber, delles
vras, lhes testificava, e os exhor- alguma cousa.
tava, dizendo: Salvai-vos desta 6 E disse Pedro: Nem prata
per verça raça. nem ouro tenho; mas o que te­
41 Assi.qUe os que de boa nho isso te dou: Levanta-te, e an­
mente receberão sua palavra, fo- da, em nome de JeSu Christo o
raõ baptizados; e acrecentaraõ Nazareno.
naquelle dia á igreja como quasi 7 E tomando-o pela maõ direi­
tres mil almas. ta, Ievantou-o, e logo seus pes e-
42 Eperseveravaõ na Doutrina artelhos se affirmaraõ.
dos Apostolos, e na commuhaõ, 8 E saltando, pôz-se em pé, e
e no partir do pão, e nas orações. andou, e entrou com elles no
43 E temor vinha sobre todas Templo, andando, e saltando, e
as almas, e muitas maravilhas e louvando a Deos. -
sinaes se faziaõ pelos Aposto­ 9 E todo o povo o vio andar,
los. e louvar a Deos.
44 E todos os que criaõ esta- 10 E conheciaõ-o, que era o
vaõjuntos, e todas çousas tinhaõ que se assentava & esmola á porta
Commuas. j Formosa do Templo; e ficâraõ
• 45 E vendiaõ suas possessões, cheios de pasmo, e de espanto,
e as fazendas, e com- todas as do qpe lhe acontecera.
> • ou, Tactuii». • Ou, a tru horai da tarde.
S. APOSTOLOS, CAP. IV. 15T
1 í E havendo o coixo, que fóra que houve desdo principio do
tarado, pegado de Pedro e de mundo.
Joaõ, todo o povo concorreo 22 Porque aos Pais disse Moy-
atonitõ a elles ao alpendre que se ses: De vossos irmaõs vos levan­
chama de Salamaõ. tará o Senhor vosso Deos hum
12 O que vendo Pedro, res- Profeta como eu, a elle ouviréis,
pondeo ao povo: Varões Israeli­ em tudo quanto vos disser.
tas, porque vos maravilhais disto? 23 E será, que qualquer alma
O porque em nos pondes os olhos, que áquelle Profeta naõ ouvir,
como que se por nossa* virtude, do povo será desarraigada.
ou santidade, fizéssemos andar 24 E também todos os Profetas
a este ? desde Samuel,e os seguintes, to­
13 O Deos de Abraham, e de dos quantos tem fallado, denun­
Isaac, e de Jacob, o Deos de ciarão estes dias.
nossos pais, glorificou a seu Filho 25 Vos-outros sois os filhos dos
Jesus, ao qual vos-outros entre­ Profetas, e do Concerto que Deo»
gastes, e diante de Pilatos o ne­ com nossos Pais contratou, dizen­
gastes, julgando elle que houvera do a Abraham: E em tua semen­
de ser solto. te seráõ benditas todos as famílias
14 Mas vos-outros ao santo, e da terra.
ao justo negastes, e pedistes que 26 A vos-outros he que primei­
se vos desse hum homem horpi- ramente, resuscitando Deos a
CÍda,, seu Filho Jesus, vò-lo enviou que
15 E matastes ao Príncipe da vos bendizesse, paraque cada
vida, ao qual Deos resuscitou qual de vos se convertesse de
dos mortos, do que nos-outros vossas maldades.
somos testemunhas.
16 E pela fé de seu nome con­ CAPITULO IV.
firmou seu nome a este que vedes P ESTANDO elles fatiando
e conheceis, e a fé que por elle -*-1 ao povo, sobrevieraõ os Sa­
he, deu a este esta perfeita saude cerdotes, e o Magistrado do Tem­
em presença de todos vos-outros. plo, e os Saducèos:
17 Mas agora irmaõs, eu sei 2 Pesando-lhes de que em nome
que por ignorância o fizestes, de Jesus ensinassem, e annua-
eomo também vossos Priucipes. ciassem ao povo a resurreiçaõ
,18 Mas Deos cumprio assi, o dos mortos.
que ja dantes por boca de todos 3 E lançaraõ maõ delles, e
seus Profetas havia denunciado, puzeraõ-os na prisaõ até o. ifia
que o Christo havia de padçcer. seguinte, por quanto já era tarde,
19 Arrependei-vos pois e con­ 4 Mas muitos dos que tiuhaõ
vertei-vos, paraque vossos pecca- ouvido o sermaõ, crerão: e fez-se
dos sejaõ apagados, quando os o numero dos varões como até
tempos do refrigeiro da presença cinco mH,
do Senhor seraõ vindos, . 5 E aconteceo o dia seguinte,
20 E enviar a Jesu Christo, que seus Príncipes delles, e os
que ja dantes vos foi annunciado. Anciãos, e os Escribas, se ajuu-
21 Ao qual convém que o táraõ em Hierusalem.
ceof retenha até os tempos da . 6 E Annas, o Principe dos Sa­
restauraçaõ de todas as cousas, cerdotes, e Cayphas, e Joaõ, e
de que Deos fallou por boca Alexandre, e todos os que eraq
de todos seus santos Profetas, da linhagem sacerdotal.
• Ou, Fvrja, t Ou, receòa 7 E pondo-os no meiò, per-
158 ÁCTÓS DOS
guntaraõ-lhes: Com que poder, mais Atilassem, nem ensinassem»
ou em cujo nome fizestes isto ? em nome de J esus.
8 Entaõ Pedro, cheio do Es­ 19 Entaõ respondendo Pedro, e-
pirito santo, lhes disse: Prínci­ Joaõ, díseeraõ-lhes: Jul-gai vos
pes do povo, e vosoutros Anci­ mesmos se he justo diante de
ãos da Israel. Deos, obedecer antes a vos, do
9 Pois que hoje somos deman­ que a Deos.
dados acerca do beneficio feito 20 Porque naõ podemos deixar
a hum homem enfermo, como o de dizer o que visto e ouvido temos.
tal haja sido sárado-1 - 2T Elles entaõ naõ achando
10 Seja-vos notorio-a, todos vos­ porque os castigar, ameaçando-
outros, e a todo o povo de Israel, os ainda mais, por causa do povo
que em nome de Jesu Christ», o os laTgaraõ : porque todos glorifi-
Nazareno, aquelle que vos-outros cavaõ a Deos acerca do 'que
crucificastes, e Deos dos mortos acontecera.
resuscitou, neste digo está este, 22 Porque o homem em quem
eoi vossa presença, seõ. se fizera este milagre de saúde,
11 Este he aquella pedra de era de mais de quarenta annos.
vos-outros os edificadores repro­ 23 E soltos elles,- vieraõ ter
vado, a qual por cabeça da esqui­ com os seus, e contraraõ tudo
na está posta. quanto os Príncipes dos Sacerdo­
-12 E nem em nenhum outro ha tes, e os Anciaõs, lhes disseraõ.
salvaçaõ: porque também naõ ha 24 0 que ouvindo, levantara»-
outro nome débaixo do ceo, dado 'unanimes a voz a- Dees, e disse­
aos homens, em que devemos raõ: Senhor, tu- eso Deos, que
ser salvos. fizeste o eeo, e a terra, e ornar,
13 Vendo elles entaõ a confi­ e todas as cousas que nelles ha.
ança de Pedro, e de Joaõ, e sa­ 25 Qtie pela boca de David teu
bendo também que ertó homens servo disseste: Porque bramaõ
sem letras, idiotas, maravilharaõ- as gentes, e os povos pensaraõ
se: e bem os conheciaõ, qUe ha- cousas vaãs?
viaõ estado com Jesus. 26 Os Reys da terra sejnnfa-
1*4 E vende ao homem que mente levantaraõ e os Príncipes
havia sido sárado,que juntamente se ajuntaraõem hum contra o Se­
estava com elles, nada podiaõ nhor, e contra seu Ungido.
dizer em contrario. 27 Porque verdadeiramdnte
15 Mas mandaraõ-lhes que se eontrateu Santo Filho Jesus, e
«ahissem fora do Conselho; e ao qual tu ungiste, se ajuntaraõ
conferiaõ entre si; Herodes, e Poncio Pilatos, cem
16 Dizendo-. Que hemos de as Gentes, e os povos delsraél:
fazer a estes homens? porque, ' 28 Para fazerem o que tua
que hum notorio sinal por elles maõ, e teu conselho, ja dantes
, foi feito, manifesto he a todos os tinha determinado, que se havia
que moraõ em Híerusalem, e naõ de fazer.
o podemos negar. 29 E agora, Senhor, poem os
17 Todavia porque naõ se olhos em suas ameaças, e dá a
divulgue mais pelo povo, ameace­ teus servos que com toda confi­
mo-los rigurosamente que a ho­ ança fallem tua palavra.
mem nenhum neste Nome mais 30 Que estendas tua maõ a que
fallem. curas, e milagres, e prodigios se
18 E chamando-os, mandaraõ- façaõ pelo nome de teu Santo
lhes que em nenhuma-maneira FiUmJesu».
S. APOSTOLOS, CAP. V. ta»
. 31 E havendo orado, tremeo o e veio hum grande temoj sobra
lugar em que estavaõ ajuntados, todos os que o ouviraõ.
e fóraõ todos cheios do Espirito 6 E levantando-se os mancebos,
Santo, e fallaraò a palavra de * tomáraõ-no, e levando-o dalli, a
Deos com confiança. fóraõ sepultar.
32 E damultidaõ dos quebavi- 7 E passado ja espaço como da
aõ crido, era hum coraçaõ e hum» tres horas, entrou também sua
alma; e ninguém diaia ser seu al­ mulher, uaõ sabendo o que havia
guma cousa do que possuhiaõ, mas acontecido.
todas as cousas lheseraõ comuas.* 8 Entaõ Pedro lhe disse: Di­
33 E os Apostolos davaõ teste­ ze-me, vendestes por- tanto aquel-
munho da resurreiçaõ do Senhor la herdade i e.ella disse; Si, por
Jesus com grande esforço; e em tanto.
todos elles havia grande graça. 9 E Pedro lhe disse s Porque
34 Porque nenhum necessitado vos concertastes para atentar ao
havia entre elles.; por quanto to­ Espirito do Senhor i Ves-aqui Á
dos os que possuhiaõ herdades, porta ospés dos que a teu marido
ou casas, vendèndo-as, traziaõ o sepultaraõ, que também a ti te
preço do vendido, e depositavaõ- levaráõ.
no aos pés dos Apostoles, 10 E logo cahio a seus pés, o
35 E a cadahum se repartia espirou. E entrando os mance­
segundo sua necessidade. bos, acharaõ-tra morta; e levâtaõ-
36 Entaõ Joses, que dos Apos^ na dalli, e a fóraõ sepultarjuntoa
tolos por sobre nome foi chamado seu marido.
Barnabas (que declarado, quer 11 E veio hum grande temot
dieer, filho de consolaçaõ) Levita, em toda a Igreja, e em todos os
natural de Cypro. que estas cousas ouviraõ.
37 Como também tivesse huma 12 Epor maõs dos Apostolos
herdade, v.endeo-a; e trouxe o se faeiaõ muito» sinaes e prodí­
preço, e depositou-o aos pes dos gios no povo; e estavaõ todoa
Apostolos. unanimes noalpaadre òehala-
mah.
CAPÍTULO V. 18 E dos de mais, ninguém ss
1? MUM varaõ chamado Ana ousava a ajuntar com elles; com
nias, com Saphira, sua mu­ tudo isso, o povo os estimava
lher, vendeo huma possessão. grandemente.
S E defraudou do preço, sa­ 14 E amuitidaõ de» <queao
bendo-o também sua mulher; e Senhor criaõ, assi de varões como
trazendo huma parte deile, a de­ de melheres, ae hia augmentando
positou aos pés dos Apostolos. de mais em mais.
8 E disse Pedro: Ananias, 15 Em tanta maneira, que
porque encheo satanis teu cora- lançavaõ aos enfermos pelas ru­
çaõ, paraque mentisses ao Espi­ as, e ospunbaõ em camas, e em
rito Santo, e defraudasses do leitos, paraque vindo Pedro, to­
preço da herdade ? casse ao menos sua sombra em
4 Guardando-a, naõ se ficaria algum delles.
para ti? e vendida, naõ estava em 16 E ainda tambem até idas
teu poder? Porque propuseste cidades vezinhas concorria a mul­
isto em teu cbraçaõ? Naõ men­ tidão a Hierusalem, trazendo
tiste aos homens, senaõ a Deos. aos enfermos, e atormentados de
5 Entaõ Ananiasr ouvindo es­ • Ou, Atmiarao-nS para cnteira-
tas palavras, cahio, e espirou; mento*
160 ACTOS DOS
espíritos immundos, e todos eraõ nome naõ ensinásseis ? E vedes-
curados. aqui ja tendes cheia a Hierusalem
27 Entaô, levantando-se o Prín­ de vossa doutrina, e sobre nos-ou-
cipe dos Sacerdotes, e todos os tros quereis trazer o sangue deste
que com elle estavaõ (que he a homem.
Secta dos Saducoes) qncheraõ-se 29 E respondendo Pedro, e os
de inveja. Apostolos, disseraõ: Mais im­
18 E lançaraõ maõ dos Apos- porta obedecer a Deos, que aos
tolos, e puzeraõ-os na prisaõ pu­ homens.
blica. 30 O Deos de nossos Pais re-
19 Mas abrindo o Anjo do Se­ suscitou a Jesus, ao qual vos-
nhor de noite as portas da prisaõ, outros matastes, pendurando-o
e tirando-os fora, disse: no madeiro.
20 Ide, e ponde-vos no Tem- 31 A este exalçou Deos com
>lo, fallai ao povo todas as pa- sua maõ direita por Principe e
Í avras desta vida. Salvador, para a Israel dar arre­
21 Elles entaõ, como isto ou­ pendimento e remissaõ de pecca-
virão, entraraõ pela manhaã no dos.
Templo, e ensinavaõ. Vindo 32 E nos-outros lhe somos tes­
pois o Príncipe dos Sacerdotes, e temunhas* destas cõusas, e tam­
os que com elle estavaõ, convoca­ bém o Espirito santo, o qual Deos
rão o Conselho, e a todos os tem dado aos que lhe obedecem.
Anciaõs dos filhos de Israel, e 33 Ouvindo elles isto, arre-
mandaraõ á prisaõ, paraque os bentavaõ de ravia, e consultavaõ
trouxessem. de os matar.
22 E como lá vieraõ os servi­ 34 Levantando-se entaõ no
dores, naõ os acharaõ na prisaõ, Conselho hum Pharigeo, chama­
e tornando-se, deraõ aviso. do Gamaliel, Doutor da Ley, e
23 Dizendo: Bem achamos nos de todo o povo vernerado, man­
cerrada a prisaõ com toda segu­ dou que levassem hum pouco fora
ridade, e as guardas quede fora as aos Apostolos.
portas estavaõ; mas como ar abri­ 35 E disse-lhes: Varões Is­
mos, a ninguém dentro achamos. raelitas, olhai por vos-outros, que
24 Ouvindo entaõ estas pala­ he o que acerca destes homens
vras o Pontifece, e o Magistrado haveis de fazer.
do Templo, e os Principes dos 36 Porque antes destes dias sé
Sacerdotes, duvidavaõ do que levantou Theudas, que dizia que
delles seria feito. era alguém; ao qual se achega-
25 E vindo hum, avisou-os, raõ perto de quatrocentos homens
dizendo: Vedes-aqui os varões em numero. O qual foi matado;
?ue na prisaõ puzestes, estaõ no e todos os que lhie deraõ ouvidos
«mplo ensinando ao povo. fóraõ dissipados, e tornados em
26 Entaõ foi o Magistrado com nada.
os servidores, e trouxe-os sem 37 Depois deste se levantou
violência, (porque tinhaõ medo Judas o Galileo, nos dias da ma­
de do povo serem apedrejados.) tricula; e levou muito povo apos
. 27 E como os trouxeraõ, apre- si: Pereceo também este, e todos
sentaraõ-os ao Conselho. Entaõ os que lhe deraõ ouvidos fóraõ
o Príncipe dos Sacerdotes lhes- dissipados.
perguntou, dizendo: 38 E agora, digo-vos, dai de
28 Naõ vos denunciamos nos maõ a estes homens, e deixai-os;
enGarecidamente, que mais neste1 • Ou, Destas palavras.
S. APOSTOLOS, VI. vir. tet
porque se de homens he este con­ Apostolos: os quaes orando, lhe*
selho, ou esta obra, em nada se puzeraõ as maõs em cima.
desfará. 7 E a palavra de Deos hia cres­
39 Mas se he de Deos, naô a cendo, e o numero dos discípulos
poderéis defazer: porque naô se hia multiplicando muito em
pareça que a Deos quereis repu­ Hierucalem; e muita companha
gnar. dos Sacerdotes á fé obedecia.
40 E * deraõ-lhe ouvidos: E 8 Mas Estavaõ cheio de fé, e
chamando aos Apostolos, haven­ de potência, fazia milagres e si-
do os, açoutado denunciarão lhes, naes grandes entre o povo.
que naó faltassem em nome de 9 Levanláraõ-se entaõ huns da
Jesus; e solteraô-os. Synagoga, que se chama dos Li­
41 Mas elles se sahiraõ de bertinos, e Cyreneos, e Alexan- •
diante do Conselho, gozosos de drinos, e dos que eraõ de Cilicia,
que fossem havidos por dignos de e de Asia, e puzeraõ-se a disputar
padecerem afronto pelo nome com Estavaõ.
delle. 10 Mas naõ podiaõ resistir &
42 E todos os dias no Templo, sabedoria, e ao Espírito com que
e pelas casas, naõcessavaõ de en­ falláva.
sinar e prégar o Evangelho de 11 Entaõ sobornáraõ a huns
Jesu Christo. homens, que dissessem que lhe
haviaõ ouvindo fallar palavras
CAPITULO VI. blasfemas contra Moyses, e Deos.
P NAQUELLES dias, crecen- 12 E commoveraõ ao povo, e
*~4 do o numero dos discípulos, aos Anciaõs, e aos Escribas; e
houve huma murmuraçaõ dos arremetendo à elle, arrebataraõ-
Gregos contra os Hebreos, acerca no, e leváraõ-wo ao Conselho.
de que suas viuvas eraõ despre- 13 E apresentaraõ testemunhas
aadás no ministério quotidiano. falsas, que dissessem: Este ho­
2 Assi que convocando os doze mem naõ cessa de fallar palavra»
a multidaõ dos discípulos, disse- blasfemas centra este santo lujjar-,
raõ: Naõ he razaõ que nos- e a Ley.
outros deixemos a palavra de 14 Porque nos lhe havemos
Deos, e sirvamos ás mesas. ouvido dizer, que estfe Jesus Na­
3 Considerai pois, irmaõs, sete zareno ha de destruir este lugar, e
varões dentre vos-outros, de bom mudar as tradições que Moyes
testemunho, cheios do Espirito nos deu,
santo, e de sabedoria, aos quaes 15 Entaõ todos os que no Con­
possamos encarregar este ne­ selho estavaõ assentados, pendo
gocio. nelle os olhos, viraõ seu rosto
4 E nos-outrosf instaremos na como o rosto de hum Anjo.
oraçaõ, e no ministério da palavra.
5 E contentou esta palavra a CAPITULO VII.
toda a multidaõ, e elegerão a TVSSE entaõ o Príncipe doa
Estevaõ, varaõ cheio de Té e do Sacerdotes : He isto assi ?
Espirito santo, e a Phelippe, e 2 E elle disse: .Varões inmõv,
a rrochoro, e a Nicanor, e a Ti- epais, ouvi: A nosso Pai Abra-
mon, e a Parmenas, e a Nicolao ham apareceo o Deos da gloria,
o proselyto de Antiochia. estando ainda em Mesopotamia,
6 A estes apresentaraõ ante os antes que morasse em Char«
• Oa, consentirão com elle. ran.
3 E lhe disse; 8ahe-te de tu*
P 3
162 ACTOí 5 DOS
terra e de tua parentela, e vem 15 Assi descendeo Jacob a
à terra que eu te mostraréi. Egypto, aonde morreo, elle, e
4 Entaõ se sahio da terra dos nossos pais.
Chaldeos, e foi habitar em Char- 16 Os quaes fóraõ traspassados
ran; e dalli, morto seu pai, o a Sichem, e os puzeraõ na sepul­
traspassou a esta terra, em que tura que Abraham por preço de
vos-outros agora habitais. dinheiro comprou aos filhos de
5 E naõ lhe deu nella posses­ Hemor, pai de Sichem.
são, nem ainda huma pisada de 17 Mas como o tempo da pro­
hum pé; mas prometeu-lhe que messa, que Deos a Abraham ti­
lha daria em possessão, e á sua nha jurado, ?e hia chegando, foi
semente depois delle, naõ tendo o povo crescendo e multiplicando-
„ elle ainda filho. se em Egypto.
6 E fallou-lhe Deos assi; que 18 Ate que se levantou outro
®m terra alhea peregrinaria sua Rey, que naõ conhecia a Joseph.
semente, e que em servidadõ os 19 Este, usando de astúcia com
sogeitariaõ, e que por quatro nossa linbagem, maltratou a nos­
centos annos os maltratariaõ. sos pais, até lhes fazer engeitar
7 Mas a gente a quem houve­ suas crianças, paraque cessasse a
rem de servir, eu a julgaréi, disse geraçaõ.
Deos: E depois disto se sahiráõ, 20 NaqueHe mesmo tempo nas-
e neste lugar me servirão. ceo Moyses, e foi muy fermoso,
8 E deu-lhe o Concerto da cir­ e criado tres meses em casa de
cuncisão ; e assi gerou a Isaac, seu pai.
e ao oitavo dia o circuncidou; e 21 Mas sendo engeitado, a
Isaac gerou a Jacob, e Jacob aos filha de Pharao o tomou, e o criou
doze Patriarchas. por seu filho.
9 E osPetriarchas, movidos de 22 E foi Moyses instruído em
inveja, venderão a Joseph para toda a sabedoria dos Egypcios, e
Egypto; mas Deos estava com elle. era poderoso em ditos e feitos.
10 E o livrou de todas suas tri­ 23 E como se lhe cumprio o
bulações, e lhe deu graça e sa­ tempo de quarenta annos, veio-
bedoria em presença de Pharao, lhe ao coraçaõ ir visitar a seus
Rey de Egypto; o qual o poz por irmaõs, os filhos de Israel.
Governador sobre Egypto, e sobre 24 E vendo * injuriar a hum
toda sua casa. delles, defendeo o, e matando
11 Veio entaõ fome em toda ao Egypcio, vingou ào f inju­
a terra de Egypto, e de Chanaan, riado.
e grande * tribulaçaõ; e nossos 25 Mas elle cuidava que seus
pais naõ achavaõ alimentos. irmaõs entendiaõ, que Deos lhes
12 E como Jacob ouvisse que havia de dar liberdade por sua
em Egypto havia trigo, mandou maõ; mas elles naõ o haviaõ en­
lã a nossos pais a primeira vez. tendido.
13 E Da segunda vez foi Jo­ 26 E o dia seguinte, pelejan­
seph dè seus irmaõs conhecido, e do elles, o viraõ; e metia-os em
foi manifesta a Pharào a linha­ paz, dizendo: 'Varões, irmaõs
gem de Joseph. sois; porque vos agravais hum
14 Entaõ mandou Joseph cha- ao outro ?
ritar a seu pai Jacob, e a toda 27 Entaõ o que agravava a
sua parentela, setenta e cinco seu proximo, o rempuxou, di­
almas for todas. zendo : Quem te poz a ti po»
♦ Ou, agravar. 1 Ou, agravada.
S. APOSTOLOS. CAP. VII. 168
Príncipe, e Juiz, sobre nos-ou- nossos pais ; e recebeo as palavras
tros ? de vida, para no-las dar.
28 Queres-me tu matar a mim 3p Ao qual nossos pais n^õ
tambein, como mataste hontem quizeraõ obedecer; autes 0 engei-
ào Egypcio ? taraõ, e apartáraõ-se de coraçaõ a
29 Á esta palavra fogio Moyses, Egyp(0-,
e fez-se estrangeiro em terra de 40 Dizendo a Aarao: Faze-
Madian, aonde gerou dous filhos. nos Deoses, que vaõ diante de
30 E compridos quarenta an- nos-outros; porque a este Moy­
nos, o Anjo do Senhor lhe ap- ses, que nos tiroíi da terra de
receo no deserto do monte de Egypto, naõ sabemos que lhe
Sina, em chamas de fogo, em aconteceo.
hum çarçal. 41 Entaõ fizeraõ o bezerro, e .
31 Entaõ Moyses vendõ o, ficou offereceraõ sacrifício ao ídolo, e
maravilhado da visáõ; e chegan­ nas obras de suasmapsalegráraõ-
do-se a ver, veio-lhe a voz do se. •*
Senhor. 42 Mas Deos se virou, e os
32 Dizendo: Eu sou o Deos entregou a que servissem ao ex­
de teus pais,'o Deos de Abraham, ercito do ceo, como está escrito
e o Deos de Isaac, e o Deos de no livro dos Profetas. Offere-
Jacob; mas Moyses, tremendo, çestes-me vos victimas, e sacrifí­
naõ ousava olhar aquella. cios no deserto, por quapenta an­
33 E disse-lhe o Senhor: Tira nos, 6 casa de Israel ?
os çapatos de teus pés; porque o 43 Antes alevantastes o taber­
lugar em que estás, terra santa náculo de Moloch, e a estrella de
he. / vosso Deos Remphan, figuras que
34 * Visto tenho, visto tenho vos vos fizestes, para adora-las;
aafflrçaõde meu povo, que está trasportar-vos hei pois para os
em Egypto, e setr gemido ouvi, termos de Babilónia.
e descendi aos livrar; agora pois 44 No deserto tiveraõ nossos
vem, enviar-te-hei a Egypto. Pais o tabernáculo do testemunho,
35 A este Moyses, ao qual como Deos lhes ordenara, dizen­
haviaõ refusado, dizendo: Quem do a Moyses, que o fizesse segun­
-te poz por Príncipe e Juiz? a do a forma que havia visto.
pste, digo, enviou Deos por Prín­ 45 O qual recebido, o leváraõ
cipe, e Libertador, com a maõ também nossos Pais, juntamente
do Áujo, que no çarçal lhe apa- com Jesus, â possessão das gen­
raceo. tes, que Deos lançou da presença
36 Este os tirou, fazendo mi­ da nossos Pais, até os dias de
lagres e sinaes na terra de Egyp­ David.
to, e no mar vermelho, e no de­ 46 O qual achou graça diante
serto, por quarenta annos. de Deos, e pedio que achasse ta­
37 Este he aquelle Moyses, bernáculo" para o Deos de Jacob.
que aos filhosde Israel disse: Hum 47 E Salamaõ lhe edificou casa.
Profeta vos lovantará o Senhor 48 Mas o Altíssimo naõ habita
Deos vosso jde vossos irmaõs, assi em templos feitos de maõ; como
como eu, a elle ouviréis. - 0 Profeta diz:
38 Este he aquelle, que esteve 49 O ceo he meu throno, e a
na congregaçaó do povo no de­ terra o estrado de meus pés; que
serto, com o Anjo que lhe fal- casa me edificaréis, diz o Senhor,
lava no monte de Sina, e com ou qual he 0 lugar de meu re­
• Ou, ctrtamvdotmho visto. pouso ?
164 ACTOS DOS
50 Naô fez rainha maõ todas espalhados pelas terras de Judea,
etas cousas í e de Samaria, excepto os Apo-
51 Duros de * pescoço, e in- stolos. .
circuncisos de coraçaõ, e de ou­ 2 E alguns varões pois leváraõ
vidos; sempre vos-cutros resistis a enterrar a Estevaõ, e fizeraõ
ao Espirito santo; como vossos sobre elle grande pranto.
Pais, assi também vos-outros. 3 Entaõ Saulo assolava a Igre­
52 A qual dos Profetas naô ja, entrando pelas casas, e tra­
perseguirão vossos Pais ? matá- zendo varões, e mulheres, entre­
raõ aos que antes denunciaraõ a gava-os na prisaõ.
vindado Justo, doqual vos-outros 4 Mas os que andavaõ espalha­
agora fostes os trahidores, e dos, hiaõ passando, pela terra,
homicidas. e * atinunciando a palavra do E-
53 Que recebestes a Ley por vangelho.
disposição dos Anjos, e naô a 5 Entaõ descendendo Phelippe
guardastes. • á cidade de Samaria, prégava-
54 E ouvindo estas cousas, lhes a Christo.
rebentavaõ em seus corações, e 6 E as companhas estavaõ con-
rangiaõ os dentes contra elle/ formemente atentos ás cousas que
55 Mas elle estando cheio do Phelippe dizia, ouvindo, e vendo
Espirito santo, e postos os olhos os sinaes que fazia.
no ceo, vio a gloria de Deos, e a 7 Porque os espíritos immun-
Jesus que estava á dextra de dos sahiaõ de muitos que os ti-
Deos. nhaõ clamando a grandes gritos;
56 E disse: Eis que vendo es­ e muitos paralyticos e coxos eraõ
tou os ceos abertos, e ao Filho curados.
do homem que está á dextra de 8 Assi que havia graDde gozo
Deos. naquella cidade.
57 Entaõ elles, dando grandes 9 Entaõ hum certo varaõ, cha-
gritos, tapâraõ seus ouvidos, e madoSimaõ, havia sido antèsMa-
arremeteraõ unanimes contra elle. gico naquella cidade, e enganado
53 E lançando-o fora da cidade ; a gente de Samaria, dizendo de si
apredajavaõ ò, E as testemunhas ser algum grande.
puzeraõ seus’vestidos aos pés de 1© Ao qual todos estavaõ
hum mancebo, que se chamava atentos, desdo ruais pequeno até
Saulo. o mais grande, dizendo: Este he
59 E apredrejárao a Estevaõ, a grande virtude de Deos.
invocando elle, edizendo: Senhor 11 E estavaõ-lhe atentos, por­
Jesus, recebe meu espirito. que com suas artes magicas os ha­
60 E posto de juelhos, clamou via jade muito tempo entontecido.
cõm grande voz: Senhor, naõ lhes 12 Mas como creraõaPheiippe,
imponhas este peccado. E aven- que lhes annunciavao Evangelho
do dito isto, adormeceo. do Reyno de Deos, e o Nome de
Jesu Christo, baptizavaõ-se, assi
CAPITULO VIII. varões, como mulheres.
13 Entaõ até o mesmo Simaõ
"E1 SAULO também tinha gosto creo ; e sendo baptizado, chegou-
•4-1 em sua morte. E naquelle se de continuo a Philippe. E
dia foi feita huma grande perse- vendo os sinaes, e as grandes
guiçaõcontra ^Igreja que estava virtudes que se faziaõ, estava
em Hierusalem; e todos fóraõ atonito.
* Ou, trntiw. • Ou, ttangclíaancio a palavra.
S. APOSTOLOS, CAP. VIII. 16S
14'Ouvindo pois os Apostolos, rnsalem para Gaza; a qual he
que estavaõ em Hierusalem, que deserta.
Samaria havia recebido a pálavra 27 Elle entaõ se levantou, e
de Deos, enviáraõ-lhes a Pedro e foi. E eis-que hum Ethiope,
a Joaõ. Eunucho, Camereiro de Canda-
15 Os quaes vindos, oráraõ ce, Rainha dos Ethiopes, o qual
por elles, paraque recebessem o estava posto sobre todos seus the-
Espirito Santo. souros, que havia vindo a adorar
16 Porque ainda naõ havia des­ a Hierusalem.
cendido em algum delles, mas so­ 28 E se tornava assentado em
mente eraõ baptizados em Nome seu carro, léndo ao Profeta
de Jesus. Esayas.
17 Entaõ puzeraõ-lhês os maos 29 E o Espirito disse a Phe­
em cima, e receberão o Espirito lippe : Achega-te, e ajunta-te a
Santo. este carro.
18 E como Simaõ vio, que pela SO E acudindo Phelippe, ou-
imposição das maõs dos Àposto- vio-o, que lia ao Profeta Esayas;
los se dava o Espirito Santo, of- e disse: Mas entendes tu o que
fereceo-lhes dinheiro. lés ?
19 Dizendo: Dai-me também 31 E elledisse: E como pode­
a mim este poder, que a qualquer ria, se alguém mo naõ ensinasse?
que puzer as maõs em cima, re­ E rogou a Phelippe que sobisse,
ceba o Espirito Santo. e se assentasse com elle,
20 Entáõ Pedro lhe disse; Teu 82 E o lugar da Escritura que
dinheiro pereça comtigo, que lia, era este : Como ovelha á
cuidas que o dom de Deos por morte foi levado, e como cordeito
dinheiro se alcança. mudo, diante do que o tosquia,
21 Naõ tens tu parte nem sorte assi naõ abrio sua boca.
* neste negocio ; porque teu 33 Em sua humilhaçaõ foi seu
Coraçaõ naõ ne direito diante de juizo tirado; mas sua géraçaõ
Deos. quem a contará ? porque da terra
22 Arrepende-te pois desta tua he sua vida tirada;
maldade, e roga a Deos, se por 34 E respondendo o Eunucho
Ventura te será perdoado este a Phelippe, disse: Rogo te, de
pensamento de teu coraçaõ. quem diz isto o Profeta ? de si
23 Porque em fel de amargura, mesmo, ou de outro alguém ?
eem prisaõ de maldade, vejo que 35 Entaõ .Phelippe abrindo sua
estás. , boca, e começando desta Escri­
24 Respondendo entaõ Simaõ, tura, annunciou-lhe o Evangelho
disse : Rogai vos-outros por mim de Jesus.
ao Senhor, que nenhuma cousa 36 E indo elles caminhando,
destas, que tendes dito, venha'so­ chegáraõ a huma certa agoa; e
bre mim. disse-íhe o. Eunucho : Eis-aqui
25 E elles havendo testificado agoa, que me empede que naõ
e fallado a palavra do Senhor, seja baptizado í
tornáraõ-se a Hierusalem ; e em 37 E Phelippe disse: Se de
muitas aldeas dos Samaritanos todo coraçaõ crés, licito te he : e
annunciáraõ o Evangelho. respondendo elle, disse: Creyo que
26 Mas o Anjo do Senhor fal- Jesu Christo he o Filho de Deos.
lou a Phelippe, dizendo: Levan­ 88 E mandou parar o carro.
ta-te, e vai para a banda do Sul, E descerão ambos á agoa, Phd-
ao caminho que descende de Hie- lippe, e o Eunucho, e bauti-
Ou, Nesta palavra, • zou-o.
166 AUTOS DOS
39 E como sobiraõ da agoa, ao qual o Senhor em visaõ disíe t
o Espirito do Senhor arrebatou a Ananias: e elle respondeo; Eis*
Phelippe, e naõ o vio mais o me aqui,, Senhor.
Eunucho; e foi-se seu caminho 11 E o Senhor lhe disse: Le-
gozoso. vanta-te, e vai â rUa que se cha­
40 Mas Phelippe se achou em ma a direita, e pergunta em casa
Azoto : e indo passando, annunci- de Judas pelo que chamaõ Saulo,
ava o Evangelho em todas as ci­ o de Tarso; porque ves-aqui que
dades, até que veio a Cesarea. estfe orando.
12 E tem visto em visaõ; que
CAPÍTULO IX. hum varaõ chamado Ananias
entrava, e lhe punha a maõ em
"p* SAULO ainda resoprando cima, paraque recebesse a vista.
ameaças e mortes contra os 13 Entaõ Ananias respondeot
discípulos do Senhor, veio ao Senhor, a muitos tenho ouvido
Príncipe dos Sacerdotes, ' deste varaõ, quantos males tem
2 E pedio-lhe cartas para Da- feito ateus santos em Hierusalem.
ntasco,. para as Synagogas, para- 14 E ainda aqui tem poder dos
que achando alguns varões, ou Príncipes dos Sacerdotes, para
mulheres, * deste caminho, os prender a todos os que iuvocaõ
trouxesse presos a Hierusalem. teu nome.
3 E indo ja de caminho, acon 15 E disse-lhe o Senhor: Vai,
teceo, que chegando perto de Da­ porque instrumento escolhido me
masco, subitamente o cercouhum he este; paraque leve meu nome
jresplando.r de luz do ceo. em presença das gentes, e doe
4 E cahindo em terra, ouvio Reys, e dos filhos de Israel.
.huma voz, que lhe dizia -. Saulo 1S Porque eu lhe mostraréi,
Saulo, porque me persegues ? quanto lhe seja necessário, que
õEeiiedisse: Quem cs,Senhor? per meu nome padeça-.
E o Senhor disse: Eu sou Jesus a 17 Ananias entaõ foi, e entrou
quem tu persegues; dura cousa te na casa, e pondo-lhe as maõsem
he dar couces contra o aguilhaõ. cima, disse: Saulo irmaõ, o.Se­
6 EUe tremendo, e temeroso, nhor Jesus, que no caminho por
disse: Senhor, que queres que( onde vinhas, te apareceo, me en­
feça? E o Senhor lhe disse: Le­ viou paraque recebas a vista, p
vanta-te, e entra ná cidade, e! sejas cheio do Espirito santo.
dir-se-te-ha alli o que te convém 18 E logo lhe cahiraõ dos olhos
fazer. como escamas, e recebeo logo a
7 E os varões que de caminho vista; e levantando-se, foi bapti-
hiaõ com elle, se paráraõ atóni­ zado.
tos, ouvindo na verdade a voz, 19 E como comeo, ficou con­
parem naõ vendo a ningúçm. fortado; e esteve Saulo com os
8 Entaõ se levantou Saulo * da discípulos, que estavaõ em Da­
terra, e abrindo os olhos, naõ masco, por alguns dias.
via a ninguém. Assi que gui­ 20 E logo nas Synagogas pré-
ando-o pela maõ, levaraõ-no a gava a Christo : que aquelle era
Damasco. o Filho de Deos.
9 E esteve tres dias sem ver; 21 E todos os que o ouviaô,
e naõcomeo, nem bebeo. estavaõ atonitos, é diziaõ: Naõ
10 Havia entaõ em Demasco he este aquelle que em Hierusa­
hum discípulo, chamado Ananias, lem assolava aos que este nome
• Oíi, desta seda. t Oo, cio chaí. invocavaõ, e a isso veio ca, para
S. APOSTOLOS, CAP. IX. 16T
os levar presos aos Príncipes dos Jesu Christo te dá saúde; Levan­
Sacerdotes? ■ ta-te, e faze tua cama. E logo se
22 Mas Saulo muito mais se levantou.
esforçava, e confi^tdia aosj-udeos 35 E viraõ-no todos os que habi
que moravaõ em Damasco, pro­ tavaõ em Lydda, e em Sarona, os
vando que aquçlle era o Christo. quaes se converterão ao Senhor.
23 E como passáraõ muitos 36 Entaõ havia em Jope huma
dias, tomáraõ os Judeos entre si discipula, chamada Tabitha, que
conselho, para o matarem. declarado quer dizer, Dorcas.
24 Mas suas ciladas fóraõ en­ Esta estava cheia de boas obras, e
tendidas de Saulo; porem elles esmolas que fazia.
guardavaõ de dia e de noite as 37 E aconteceo naquelles dias,
portas para o matarem. que enfermando ella, morreo; e
25 Entaõ tomando-o os discí­ depois de lavada, puzeraõ-na em
pulos de noite, o guindáraõ pelo hum cenáculo.
muro abaixo em hum cesto. '38 Ecomo Lydda estava perto
26 E como Saulo veio a Hie- de Jope, ouvindo os discipulos
rusalem, procuravaajuntar-se com que Pedro estava alli, mandáraõ-
os discípulos: porem todos se te- Ihe dous varões, rogando-lhe que
miaõ delle, naõ crendo que fosse naõ se detivesse em vir ter com .
discípulo. , elles.
27 Entaõ Barnabas tomando-o 39 Pedro entaõ levantando-se,
comBÍgo, trouxe o aos Apostolos, e veio com elles; e como chegou,
contou como no caminho havia leváraõ-no ao cenáculo, aonde o
visto ao Senhor, e lhe tinha fatia­ rodeáraõ todas as viuvas, cho­
do, e como em Damasco fallara rando e mostrando-lhe as túnicas,
confiadamente em nome de Jesus. e os vestidos que Dorcás havia
28 E entrava e sahia com elles feito quando estava com ellas.
em Hierusalem. 40 Entaõ lancando-os Pedro
29 E fallava confiadamente em fora a todos, pôz-se de juelhos, e
nome do Senor Jesus; e disputava orou; e virando-se para o corpo,
com os Judeos Gregos; porem disse; Tabitha, levanta-te; eella
elles procuravaõ mata-lo. abrio os olhos, e vendo a Pedro,
30 O que entendendo os ir­ tornou-se a assentar.
mãos, acompanháraõ-no até Ce- 41 E dando-lhe ella a maõ, le­
sarea, e enviáraõno a Tarso. vantou-a; entaõ chamando aos
31 As Igrejas entaõ por toda santos, e ás viuvas, apresentou--
Judea, e Galilea, e Samaria, ti lha viva. - .
nhaõ paz, e eraô edificadas, an­ 42 Isto foi notorio por toda
dando no temor do Senhor; ecom Jope, e creráõ muitos no Senhor.
a consolaçaõ do Espirito santo se 43 E aconteceo, que se ficou
hiaõ multiplicando. muitos dias em Jope, em casa de
32 E aconteceo, que rodeando hutai certo Simaõ o curtidor.
Pedro por * todas as partes, veio
também aos santos que habita- CAPITULO X.
vaõ em Lydda.
33 £ achou alli a hum certo P HAVIA hum varaõem Cesa-
homem, por nome Eneas, que ■*-' rea, chamado Cornelio, Cen-
havia ja oito annos que jazia em turiaõ da companhia que se cha­
huma cama, e era paralytico. mava a Italiana.
34 E disse-lhe Pedro; Eneas, 2 Pio, e temeroso de Deos,
• OV,Mtt. com toda sua casa ; e que fazia
108 ACTOS DOS
muitas esmolas ao povo, e que segunda vez: O que Deos purifi-
de continuo a Deus estava oran­ con, naõ o faças tu commum.
do. 16 E foi isto feito por tres vezes; -
3 Este vi,o manifestamente em e tornou-se o vaso a recolher ao
visaõ, como ás novo horas do dia, ceo. '
ao Anjo de Deos, que entrava 17 E estando Pedro duvidando
a elle, e lhe dizia: Côrnelio ! entre si, que seria aquella visaõ,
4 E elle postos nelle os olhos, que havia visto; eis-que os va­
espantando, disse: Que he Seh- rões, que de Cornelio foraõ envi­
horl.E disse-lhe: Tuas oraçoes, ados, perguntando pela casa de
e tuas esmolas, tem sobklo em Simaõ, se paráraõ ã porta.
memória diante de Deos. 18 E chamando a alguém per­
5 Envia pois agora alguns va­ guntarão, se hum Simaõ,'que ti­
rões a Jope, e manda chamar a nha por sobrenome Pedro, pou­
hum Simaõ, que tem por sobre­ sava alli?
nome Pedro. 19 E estando Pedro pensando
6 Este pousa em casa de hthn naquélla visaõ, disse-lhe o Espi­
Simaõ o curtidor, quq tem sua rito : Eis-que tres varões te estaõ
casa junto ao mar; este te dirão buscando.
que te convém fazer. 20 Levanta-te pois, e descende,
7 E ido o Anjo, que fallava e naõ duvides de ir com elles;
com Cornelio, chamou a dous de porque eu os tenho enviado.
seus criados, e a hum soldado te 21 Entaõ descendendo Pedro
moroso do Senhor, dos que lhe aos varões, que de Cornelio lhe
assistiaõ de continuo. foraõ enviados, disse: Eis-me aqui,
8 E havendo-lhes contado tu­ eu sou o que buscais, qual he a
do, enviou os a Jope. causa porque aqui estais í
9 E hum dia depois, indo elles 22 E elles disseraó: Cornélio
ja de caminho, e chegando perto o Centuriaõ, varaõ justo, e teme­
da cidade, sobio Pedro ao * terrado roso de Deos, e que tem bom
da casa a orar, quasi á hora das testemunho de toda a naçaõ dos
«eis. Judeos, foi por divina revelaçaõ
10 E tendo elle fome, quiz amoestado de hum santo Anjo,
comer; e aparelhando-lho, cahio que te fizesse chamar a sua casa,
sobre elle hum arrebatamento de e ouvisse de ti as palavras da'sa.1-
sentidos. vaçaõ. , ■
11 E vio o ceo aberto, e que 23 Entaõ convidando-os den­
descendia a elle hum vaso, como tro, hospedou-os; eo dia seguinte
hum grande lençol, que atado foi-se com elles; eacompannáraõ-
pelos quatro cantos, sé abaixava no alguns dos irmaõs de Jope.
a terra. 24 E o dia seguinte entráraõ
12 No qual havia de todos os em Cesarea, e Cornelio os estava
animaes da terra, de quatro pés, esperando, havendo ja convocado
e feras, e reptiles, e aves do ceo. a seus parentes, e aos amigos
13 E veio-lhe huma voz: Le­ mais familiares.
vanta-te, Pedro, mata, e come. 25 E succedeo que entrando Pe­
14 Entaõ Pedro disse:- Senhor, dro, Cornelio o sahio receber, e
de ninhuma maneira; porque derribando-se a seus pés, adorou-o.
cousa nenhuma commua, nem 26 E Pedro o levantou, dizen­
immunda, comi jamais. do: Levanta-te, que também eu
15 E tornou avoz a dizer-lhe a mesmo sou homen.
• Ou, tirado t 27 E faUando com elle, en-
S. APOSTOLOS, CAP. X. 169
trou; e achou a muitos que alli se Jesus de Nazareth, que andou
haviaõ ajuntado. pela terra fazendo bem, e cu­
28 E disse-lhes : Bem sabeis rando a todos os oprimidos do
vos-outros, como naõ he licito a diabo; porquanto Deos era com
hum varaõ Judeo ajuntar-se, ou elle.
àchegar-se a estrangeiros: porem 39 E nos-outros somos teste­
Deos me mostrou que à nenhum munhas de todas as cousas que
homem chame commutn ou ira- fez na terra de Judea, e em
mundo. Hierusalem; ao qual matáraõ,
29 Pelo que chamado, vim sem pendurando-o em hum madeiro.
contradizer; assi que pergunto, 40 A este resuscitou Deos ao
porque razaõ me mandastes cha­ terceiro dia, e fez que aparacesse
mar? manifesto;
30 EntaõCorneliodisse: Qua­ 41 Naõ a todo o povo, senaõ
tro dias ha que estando eu ain­ ás testemunhas que Deos dantea
da até esta hora em jejum, e tinha ordenado, anos outros, qus
4s nove horas em minha casa juntamente com elle comemos, e
orando. bebemos, depois que dos mortos
31 Eis-que hum varaõ se poz resuscitou.
diante de mim com vestidos res­ 42 E nos mandou que prégas-
plandecentes, e disse: Cornelio, semos ao povo, e testificássemos
tua oraçaõ he ouvida, e tuas es­ que elle he aquelle que Deos tem
molas tem vindo em memória ordenado por Juiz dos vivos e dos
diante de Deos. mortes.
32 Manda pois a Jope, e faze 43 A este daõ testemunho to.
vir a hum Simaõ, que tem por so­ dos os Profetas, de que todos os
brenome Pedro; este pousa em que nelle crerem, receberão per-
casa de Simaõ o curtidor, junto ao daõ de peccados por seu nome.
mar, o qual vindo te fallará. 44 E estando Pedro ainda fat­
33 Assi que logo enviei a ti; e iando estas palavras, cahio o Es­
bem fizeste em vir. Agora pois pirito santo sobfe todos os que
aqui estamos todos presentes a palavra estavaõ ouvindo.
diante de Deos, para ouvir tudo 45 E os fieis que eraõ da cir­
quanto Deos te maudou. cuncisão, e que juntamente tinhaõ
34 Entaõ abrindo Pedro sua vindo com Pedro, se espantáraõ
boca, disse: Por verdade acho do que também sobre as gentes
que Deo naõ he aceitador de se derramasse o dom do Espirito
pessoas. santo.
35 Senaõ que de qualquer na- 46 Porque os ouviaõ fallar em
çaõ que o teme, e obra justiça, se lingoas estranhas, e que magui-
agrada. ficavaõ a Deos. Entaõ respondeo
36 Esta he a palavra que en­ Pedro:
viou aos filhos de Israel, annun- 47 Pode alguém impedir a
ciando a paz por Jesu Christo; agoa que naõ sejaõ baptizadcs
este e o Senhor de todos. estes, que também, como nos-
37 Bem sabeis vos-outros a pa­ outros, tem recebido o Espirito
lavra que veio por toda Judea, santo?
começando desde Galilea, depois 48 E mandou-os baptizar ein
do baptismo que Joaõ pregou: nome do Senhor; e rogárao-lhe
38 Como Deos ungio com. Es­ que se ficasse com elles por alguns
pirito santo, e com potência, a dias.

Q
170 ACTOS DOS
manda chamara Irum Sirhaõ, que
CAPITULO XI. tem por sobrenome Pedro.
14 O qual te fallará palavras, Mm
■p OUVIRA õ os Apostoles e os que tu, e toda tua casa te salves?
" irftiaõs que estavaõ em Ju- 15 E como eomecei a fallar,
dea,que também as genteshaviaõ cahio o Espirito santo também
recebido a palavra de Deus. sobre elles, como aoprirrçipio so­
1 E sobindo Pedro a Hierusa- bre nos-otttros.
Jom, contendiaõ contra eile Os 16 Entaõ me lembrei dodito
que eraõ da circuncisaõ, - do Senhor, que disse: Bettl bap-
3 Dizendo: Que entraste a tizou Joaõ com agoa, mas vos-
varões que tem -prepucio, e co­ outros seíéls baptizados com o
meste juntamente com elles. Espirito santo.
. 4 Entaõ começando Pedro, 17 Assi que se Deos lhes deu o
declarou-lhes tudo por ordem, mesmo dom, como lambem a nos*
dizendo: outros, que ja nó Senhor Jesu
5 Estando eu arando na cidade Christo havemos crido; quem era
de Jope, vi, arrebatado dos senti­ eu, que a Deos pudesse estorvar?
dos, em visaõ, descenderhum vaso 18 Entaõ ouvidas estas coUSás,
como hum grande lençol, que pe­ calâraõ-se, e glorifiçáraõ a Deos,
los quatro cantos era abaixado do dizendo : De maneira que tam­
ceo, e vinha até junto de mim. bém ãs gentes deu Deos arrepen­
6 E ponde eu nelle os olhos, dimento para vida!
considerei, e vi animaes terrestres 19 E os que ha viàõ sido espar­
de quarto pés, e feras, e réptiles, zidos por causa da opressaõ, que
e aves do ceo. succedeo por via de Estevaõ, paS-
• TE ouvi tamljem huma voz sárao até Phenicia, e Cypro, e
•que, me dizia: Levantaste Pedro, A-ntiochia, naõ fáliando a nin­
rtiata, e come. guém a palavra, senaõ a sós os
8 E eu disse : Senhor, naõ; Judeos.
porque nenhuma cousa cornmua, 20 E havia delles huns varões
nem imtnunda, entrou jamais em Cyprios, e Cyrenenses, os quaes
minha boca: oomo entrâraõ em Antiochia, fal-
9 Entaõ á voz me respondeu laraõ aos Gregos, annunciando*
do ceo, pela segunda veí: O que lhes ao senhor Jesus.-
Deos purificou, naõ o chames tu 21 E a maõ do Senhor era com
commum. elles, e muito númeto, crendo, se
10 E succedeo isto por tres converteo ao Senhor.
zezes; e tornou-se tudo a recolher 22 E chegou a fama delles aos
arriba no ceo. ouvidos da Igreja que estava em
11 E eis-que na mesma hvra Hierusalem; e enviáraõ a Bar-
tres varões, enviados a mim de nabas, que fosse até Antiochia.
Cesarea, se parfiraõ junta a casa 23 O qual como chegou, e vio
aonde eu estava. a graça de Deos, gozou-se; e ex-
12 E o Espirito me disse, que hortou a todos, que com propó­
sem nada duvidar mefosse junta­ sito do coraçaõ permanecessem
mente com ellés; e vieraõ tam- no Senhor.
trem commigo estes seisirmaõs, e 24 Porque era homem de bem
entramos em casadaquelle vâraõ. e cheio do Espirito santo, e de
13 O qual nos contou como fé; e muita companha se ache­
vira estar hum Anjo em sua casa, gou ao Senhor.
que lhe disse: Envia a Jope, e 25 E partio-se Barnas a Tar-
S. APOSTOLOS, CAP. XII.
80, a buscar a Saulo; e achanndo- as guardas diante da porta, que
o, trouxe-o a Antiochia. guardavaõ a prisaõ.
26 E suçcedeo que conversarão 7 E eis-que sobreveio o Anjo do
todo hum anno na Igreja, e en- Senhor, e numa luz resplandeceo
sinátaõ muita companha; eque na priaaõ; e tocando a Pedro na
oS discipulos foraõ primeiramen­ ilharga, despertou-o, dizendo: Le­
te chamados Christaõs em Antio-'* vanta-te apreemadamente, e as
chia. cadeas. se lhe cahiraõ das maõa.
27 E naquelles dias descende­ 8 E disse-lhe o Anjos Cinge-
rão de Hierusalemufetíui Profetas te, e áta-te tuas alparcas; e fe-lo
a Antiochia. assi. E disse-lhe: Toma âs costaa
28 E levantando-se hum delles, tua capa, e segue-me.
chamado Agabo,dava a entender, 9 E sahindo, «eguiaõ; e naõ
por Espirito, que havia de haver sabia que fosse verdade o que
huma grande fome em toda a fazia o Anjo; mas cuidava que
redondeza da-terra, a qual lam­ via alguma visaõ.
bem veio em tempo de Cláudio 10 E como passáraõ a primeira,
Cesar. ea segunda guarda, vieraõá port*
29 Entaõ os discipulos deter- do ferro, que vai para a cidade, a
mináraõ de cada hum, conforme qual se ihss abrio de si mesma;
ao que pudesse, mandar algum e sabidos passáraõ huma rua, «
socorro aos irmãos que habtta- logo o Afljo se apartou delle.
vaõ em Judea. lt Entaõ Pedro tawaadoesn
30 O que também assi fizeraõ, si, disse: Agora entendo que ver­
enviando o aos Anciaõs por map dadeiramente enviou o Senhor
de Barnabas, e de Saulo. seu Anjo, e me Uvtoh da maõ
de Herodes, e de todo o povo
capitulo xu . dos Judeos, que esperando me
estava,
TE mesmo tempo poz el 12 É indo considerando nisto,
Rey Herodes as maõs gm al­ chegou á casa de Maria, a mãt
guns da Igrqja, para os maltratar. de Joaõ, que tinha por sobreno­
2 E. matou a Jacobo, o irmaõ me Marcos, aonde muitos estavaõ
de Joaõ, á espada. ajuntados, e orando.
3 E vendo que isto agTadara 13 E batendo Pedro á porta
aos Judeos, passou adiante, para do patip, sahio huma, menina,
prender também a Pedro, (e eraõ chamada Rode, a escutar.
entãõ os dias dos paes * por le­ 14 E conhecendo a voz de
vedar. Pedro, de gozo, naõ abrio o pá­
4 O qual preso, lançou-o na tio, senaõ correndo para dentro,
prisaõ, entregando o a quatro deu novas que Pedro estava fora
quatrenas de soldados, que o ■á porta.
guardassem; querendo tira-lo ao 15 E disseraõ-lhe: Estás dou­
povo depois da Pascoa. da. Mas ella affirmava que assi
5 Assi que Pedro era guardado era; entaõ dizaõ: Seu Anjo he.
na prisaõ; e a Igreja ftzia sem 16 Porem Pedro perseverava
cessar orapaõ por eíle a Deos. em bater; e como lhe abriraõ,
6 E quando Herodes o havia de viraõ-o, e espantáraõse.
tirar, aquella mesma noite estava 17 E fazendo-lhes elle sinal
Pedro dormindo entre dous sol­ com a maõ, que calassem, cou­
dados, preso com duas cadeas; e tou-lhes como o Senhor e livrára
daprisaõ; e disse: fazei saber
172 ACTOS DOS
isto a Jacolo e aos irmãos. E sa- pondo-lhes as maõs em cima en-
hido, partio-se para outro lugar. viáraõ-os.
18 Sendo pois jade dia, havia 4 E elles entaõ, enviados pelo
naõ pouco alvoroço entre os sol­ Espirito santo, desceraõ a Seleu-
dados, que se houvesse feito de cia; e dalli navegáraõ para Cy-
Pedro. pro.
19 Mas como Herodes o buscou, 5 E chegados a Salamina, an-
e naõ o achou, feita inquisição nunciavaõ a palavra de Deos nas
das guardas, mandou-os levar.' E Synagogas dos Jndeos; e tinhaõ
descendendo de Judea a Cesarea, também a Joaõ * por ministro.
ficou-se alli. 6 E havendo atravessado a
20 E Herodes tinha, determi­ ilha até Papho, acháraõ a hum
nado fazer guerra aos de Tyro, e homem Mago, falso profeta, Ju-
de Sydon; porem vindo elles deo, chamado Bar-Jesus.
de hum comum acordo a elle, e 7 O qual estava com o Pro­
persuadindo a Blasto, que era o cônsul Sérgio Paulo, varaõ pru­
Camareiro deí Rey, pediaõ paz; dente. Este chamando a Barna­
porque suas terras se sustentavaõ bas, e Saulo,. desejava ouvir a
das del Rey. palavra de Deos.
21 E hum dia assinalado, 8 Mas resistia-lhes Elymas, o
vestindo-se Herodes de vestidos encantador, (que assi se interpre­
Reais, assentou-se no tribunal, e ta seu nome) procurando apartar
arrazoou-lhes. da fé ao ProconsuL
22 E o povo exclamava: Voz 9 Entaõ Saulo, que támbem he
de Deos, e naõ de homem. chamado Paulo, cheio do Espirito
23/ E logo o Anjo do Senhor o santo, ponde nelleos olhos, disse:
ferio, por quanto naõ deu a gloria 10 O cheio de todo engano e
a Deos; e comido de bichos, de toda maldade, filho de diabo,
espirou. inimigo de toda justiça, naõ ces­
24 Mas a palavra de Deos hia sarás de trastornar os caminhos
crescendo, e se multiplicava. direitos do Senhor?
25 E Barnabas e Saulo, haven­ 11 Agora pois ves-aqui a maõ
do cumprido com seu serviço, se do Senhor contra ti, e serás cego,
/tornaraõ de Hierusalem, tomando naõ vendo o Sol por algum teih-
juntamente comsígo, a Jóaõ, o po. E. logo cahio nelle escuri­
que tinha por sobrenome Marcos. dade, e trevas; e andando ao
redor, buscava quem lhe guiasse
CAPITULO XIII. a maõ.
12 Entaõ o Preconsul, vendo
TJ AVIA entaõ na Igreja, que o que havia succedido, creo, ma­
♦A estava em Antiochia, alguns ravilhado da doutrina do Senhor.
Profetas e Doutores, Barnabas 13 E partidos de Papho, Paulo,
e Simaõ, o que se chama Niger, e os que com elle estavaõ, vieraõ
e Lucio Cyreneo, e Manahen, que a Perges cidade de Paiuphilia.
havia sido criado com Herodes o Entaõ Joaõ, apartando-se-delles,
Tetrarcha, e Saulo. tornou-se a Hierusalem.
3 Servindo pois estes ao Senhor, 14 E elles passando de Perges,
e jejuando, disse o Espirito santo: vieraõ a Antiochia cidade de Pi-
Apartai-me aBarnabas,ea Saulo, sidia, e entrando na Synagoga
para a obra paraque os tenho hum dia de Sabado, assentaraô-
chamado. se.
3 Entaõ jejuando, e orando, e • Ou, Qwc os astistúi*
S. APOSTOLOS, CAP. XIII. 178
15 E depois da liçaõ da Ley vos-outros he enviada a palavra
e dos Profetas, os Príncipes da desta.salvaçaõ.
Synagoga lhes mandáraõ dizer: 27 Porque naõ conhecendo os
Varões irmaõs, se ha em vosou- que habitavaõ em Hierusalem,
tr os alguma palavra de consolaçaõ nem seus Príncipes, a este, nem
para o povo, fallai. as vozes dos Profetas, que todos
16 Entaõ Paulo lavantando-se, os Sabados se lem, condenando
e feito silencio com a maõ, disse : o as vieraõ a cumprir.
Varões Israelitas, e os que temeis 28 E sem achar causa de morte,
a Deos, ouvi: pediraõ a Pilatos que o matassem.
17 O Deos deste povo de Israel 29 E havendo cumprido todas
escolheo a nossos Pais, e exalçou as cousas que delle estavaõ escri­
ao povo, sendo elies estrangeiros tas, tirando o do madeiro, o ptae-
em terra de Egypto, e com braço raõ na sepultura.
levantado os tirou delia. 30 Porem Deos o resuscitou
18 E por tempo, como de qua­ dos mortos.
renta annos, suportou seus cos­ 31 E por muitos dias foi visto
tumes no deserto. dos que juntamenle com elle de
19 E destruindo as sete gentes Galilea haviaõ sobido a Hierusa­
na terra de Chanaan, repartio- lem, os quaes saõ suas testemu­
Ihes por sorte sua terra. - nhas para como povo.
20 E depois de quasi quarto 32 E nos-outros vos evangeli­
centos e cincoenta annos lhes zamos a promessa, que aos Pais
deu os Juizes, até o Profeta Sa­ foi feita; a qual Deos ja nos tem
muel. cumprido a nos-outros, seus filhos
21 E entaõ pediraõ Rey, e deu- delles, resuscitando a Jetus.
lhes Deos a Saul-, filho de Cis, 33 Como também no PsalmO
varaõ da * linhagem de Benjamin, segundo está escrito : Meu Filho
por espaço de quarenta annos. es tu, hoje te gerei.
22 E tirado aquelle, levantou- 34 E que o resuscitasse dos
lhes a elRey David; ao qual deu mortos, para nunca mais tornar
testemunho, dizendo: A David á corrupção, assi o disse: Por
JíZAo de desse, achei varaõ con­ firmes vos daréi as beneficencias
forme a meu coraçaõ, que farà de David.
toda minha vontade. 35 Por quanto também em
23 Da semente deste conforme outro Psabno diz: Naõ darás teu
á promessa, levantou Deos a Santo a que veja còrrupçaõ.
Jesus por Salvador de Israel. 36 Porque na verdade, havendo
24 Havendo Joaõ primeiro, an­ David em seu tempo servido ao
tes de sua vinda, pregado a todo Conselho de Deos, dormio, e foi
o povo de Israiá o baptismo de ajuntado com seus pais, e vi®
arrependimento» corrupção.......................
25 Mas como. Joaõ, cumprisse 37 Mas aquelle que Deos re­
sua carreira, disse: Quem cuidais suscitou, naõ vio conupçaõ.
que sou? eu naõ sou o Christo; 38 Seja vos poib notorio, va­
mms eis-que apos mim vem rões irmaõs, que por este vos he
aquelle, cujos çapatos dos pes naõ annuncianda a remissaõ dos pec-
sou digno de desatar. cados.
26 Varões irmaõs, filhos da 39 E de tudo do que pela Ley
Linhagem de Ahraham, e os que de Moyses naõ pudestes ser justi­
entre vos-outros temem aDeos,a ficados, neste he justificado todo
• Ou, Geraftii. aquelle que crér.
Q 2
174 i ACTOS DOS
40 Vede pois que naõ venha tra elles o pó de seus pés, vieruõ-
sobre vos-outros o que nos Pro­ se a Iconio.
fetas está dito: 52 E os discípulos se enchiaõ
41 Vede, 6 desprezadores, e de alegria, e do Espirito Santo. '
espantai-vos, esvaecei-vos, por­
que obra obro em vossos dias, CAPITULO XIV.
obra que naõ a creréis, se alguém
vo-la contar. P ACONTECEO em Iconio
42 E sahidos da Sinagoga dos •Lí que entrando elles junta­
Judeos, lhes rogáraõ as gentes, mente na Synagoga dos Judeos
que o Sabado seguinte lhes fal­ falláraõ de tal maneira, que creo
tassem as mesmas palavras. delles huma grande multidão, assi
43 E despedida a congregaçaõ, de Judeos, como de Gregos.
muitos dos Judeos, e dos Religio­ 2 Mas os Judeos que se ficáraõ
sos proselytos, seguiraõ a Paulo incrédulos, incitávaõ e amargá-
e a Barnabas; os quaes fallando- vaõ os ânimos daS gentes contra
Ihes, persuadiaõ-lhes que perma­ os irmaõs.
necessem na graça de Deos. 3 Com tudo issó se detiveraõ
44 E o Sabado seguinte ajun­ alli muito tempo, fatiando * con­
tou-se quasi toda a cidade a ouvir fiadamente no Senhor, o qual da­
a palavra de Deos. va testemunho á palavra de sua
. 45 Entaõ os Judeos, vista a graça, dando que sinaes e mila­
companha, seencheraõde enveja; gres se fizessem por suas maõs.
e contradiziaõ ao que Paulo dizia, 4 E a multidaõ da cidade se
contradizendo, e blasfemando. dividio; e os huns eraõ pelos Ju­
46 Entaõ Paulo e Barnabas, deos, e os outros pelos Apostolos.
usando de liberdade, disseraõ: A 5 E fazendo os Judeos e as
vos-outros na verdade era mister gentes, juntamente com seus
que se vos fallasse a palavra de príncipes huma revolta para os
Deos: mas pois a engeitais, e afrontarem, e apedrejarem:
da vida eterna indignos vos jul­ 6 Entendendo-o elles, acolhe-
gais, vedes-aqui nos tornamos ás raõ-se âs cidades de Lystra e
gentes. Derbes, cidades de Licaonia, e
47 Porque assi no-lo mandou o por toda a terra do redor.
Senhor, dizendo: Por luz das 7 E alli prégavaõ o Evangelho.
gentes te puz, paráque sejas por 8 E estava alli assentado hum
salvaçaõ até o cabo da terra. varaõ de Lystra, impotente dos
48 E ouvindo isto as gentes, pés, coxo desdo ventre de sua
alegráraõ-se, e glorifiçavaõ a pa­ mãi, que nunca tinha andado.
lavra do Senhor; e creraõ todos 9 Este ouvio fali ar a Paulo;
aquelles que para a vida eterna o qual pondo os olhos nelle, e
ordenados estavaõ. vendo que tinha fé para sarar.
49 Eassi se divulgava a palavra 10 Disse em alta voz: Levan­
do Senhor por toda aquella pro- ta-te direito. sobre teus pés: e
vincia. elle saltou, e andou.
50 Mas os Judeos incitáraõ 11 Entaõ as companhas, vendo
algumas mulheres devotas e hon­ o que Paulo fizera, levantáraõ a
radas, e aos principais da cidade, voz, dizendo em lingoa Licaonia:
e levantáraõ perseguição contra Deoses semelhantes a homens
Paulo e Barnabas; e os quaes descenderão a nos-outros.
lançaraõ fora de seus termos. 12 £ a Barnabas chamavaõ
51 Sacudindo elles entaõ con- • Livremente.
S. APOSTOLC »S, CAP. XV. 17$
Júpiter, e a Paulo Mercúrio, por­ Anciaõs em cada huma das Igre­
que este era o que fallava. jas, e feitaoraçaõ com jejuns, en-
13 E o Sacerdote de Júpiter, comendàraõ os ao Senhor, no qual
que estava diante de sua cidade, haviaõ crido.
trazendo touros coroados á entra­ 24 E passando porPisidia, vie-
da das portas, queria sacrificar- rao a Pamphilia.
lhes, juntamente com o povo. 25 E havendo fallado a palavra
14 O que ouvindo os Apostolos em Perges, descenderão a Attalia.
Barnabas e Paulo, saltáraõ entre 26 E dalli navegáraõ para An­
as companhas, e rasgando seus tiochia, aonde haviaõ sido enco­
vestidos, deraõ gritos, mendados á graça de Deos, para
15 Dizendo: Varões, porque' a obra que ja tinhap acabado.
fazeis isto í também nos somos 27 E como vieraõ, e ajuntaraõ
homens como vos, sugeitos as a Igreja, réla'àraõ quaõ grandes
mesmas paixões que vos, annun- cousas Deos por meio delles fize­
ciamos que destas vaidades vos ra; e como também ás gentes
convertais ao Deos vivo, que fez abrira a porta da fé.
o ceo, e a terra, e o mar, e tudo 28 E ficáraõ-se alli, naõ pouco
quanto nelles ha. tempo, com os discípulos.
16 O qual nos tempos passados
deixou andar a todas as gentes CAPITULO XV.
cada huma em seus caminhos.
17-Ainda que com tudo a si PNtaõ alguns que tinhaõ vindo
mesmo se naõ deixou sem teste­ 1-1 de Judea, ensinávaõ aos ir-
munho, bem fazendo desdo ceo, maõs, dizendo: Que se confor­
dando nos chuvas, e tempos fruc- me ao rito de Moyses vos naõ
tiferos, enchendo de mantimento circuncidardes, naõ vos poderéis
e de alegria nossos corações. salvar.
18 E dizendo estas cousas, a- 2 E feita por Paulo e por Bar­
penas apaziguaraõ as companhas nabas huma contradiçaõ e con­
que lhes naõ sacrificassem. tenda naõ pequena contra elles,
19 Entaõ Bobrevieraõ huns Ju- determináraõ que sobissem Pau­
deos de Antiochia, e de Iconio, lo e Barnabas, e alguns outros
que persuadiraõ a multidaõ; e delles, aos Apostolos, e aos An­
havendo apedrejado a Paulo, tro ciãos, a Hierusalem sobre esta
uxeraõ-no arrastrando fora da ci­ questaõ.
dade, cuidando que estava morto. 3 Acompanhados pois elles da
30 Mas rodeando-o os discípu­ Igreja, passáTaõ por Phenice, e
los, levantou-se, e entrou na ci­ Samaria, contando a conversão
dade, e hum dia depois se partio das gentes: e davaõ grande ale­
com Barnabas para Derbe. gria a totos os irmaõs.
21 E havendo annunciado o 4 E chegados a Hierusalem,
Evangelho àquella cidade, e fóraõ recebidos da Igreja, e dos
havendo feito muitos discípulos, Apostolos, e 1103 Anciaõs; e fi-
tornáraõ-se a Lystra, e a Iconio, zeraõ-lhes saber quaõ grandes
e a Antiochia: cousas Deos por elles tinha feito.
22 Confirmando os ânimos dos 5 Mas diziaõ elles, alguns da
discípulos, e exhortando os que secta dos Phariseos, que haviaõ
permanecessem na fé, e que por crido, se levantáraõ, dizendo:
muitas tribulações nos hé mister Que lie necessário circuncida-los,
entrar no Reyno de Deos. e mandar-lhes que guardem a Ley
23 E havendo-lhes, por con­ de Moyses.
sentimento de todos, constituído 6 E ajuntàraõ se os Apostolos,
176 ACTOS DOS
e os Anciaõs, para atentarem 18 Notorias saõ a Deos desde
neste negocio. ab eterno todas suas obras.
7 E havendo sobre isso grande 19 Peloque julgo, que os que
contenda, Pedro se levantou, e das gentes a Deos se convertem,
lhes disse: Varões irmaõs, bem naõ devem deserdesenquietados.
sabeis'como ja vai por muito 20 Seuaõ escrever-lhes, que se
tempo, que Deos dentre nos me abstenhaõ das contamiuacoes dos
escolheo a mim, paraque por ídolos, e de fornjcaçaõ, e de affo-
minha boca ouvissem as gentes a gado, e de sangue.
palavra dõ Evangelho, e cressem. 21 Porque Moyses, desd’ os
8 E Deos que conhece os co­ tempos antigos, tem em cada
rações, lhes deu testemunho, cidade quem o préguem nas
dando-lhes o Espirito santo, co­ Synagogas, aonde cada Sabado he
mo também a nos-outros. lido.
9 E nenhuma differença fez en­ 22 Entaõ pareceo bem aos
tre nos outros eelles; purificando Apostolos, e aos Anciaõs, com
pela fe seus corações. toda a Igreja, elegir alguns va­
10 Agora pois, porque atentais rões dentre elles, e envia-los a
a Deos, pondo hum jugo sobre o Antiochia, juntame&teeom Pauto
pescoço dos discipulos, que nem e Barnabas : a saber a Judas, que
nossos pais, nem nos-outros have­ tinha por sobrenome Barsabas, e
mos podido levar? a Silas, varões principaes entre
11 Antes cremos, que pela os irmaõs.
graça do Senhor Jesu Christo se­ 23 E escrever com elles assij
remos salvos, da mesma maneira Os Apostolos, e os Anciaõs, e os-
como elles. irmaõs, aos irmaõs das gentes,
12 Entaõ toda a multidaõ ca­ que estaõ em Antiochia, em
lou ; e ouviraõ a Barnabas e a Syria, e em Cilicia, saude:
Paulo, que contávaõ quaõ grandes 24 Por quanto havemos çuvido
maravilhas, e sinaes, Deos por que alguns, que dentre nos-outros
elles entre as gentes tinha feito. sahiraõ, vos tem desenquietado
13 E havendo-se calado, res- com palavras, trastornando vossas
pondeo Jacobo, dizendo: Varões almas, mandando-vos circunci­
irmaõs, ouvi-me: . dar, e guardar a ley; aos quaes-
14 Simaõ tem contado como tal naõ havemos mandado.
primeiro Deos visitou as gentes, 25 Pareceo-nos bem, ajuntadas-
para tomar delias hum povo para conformemente em hum, eleger
seu nome. alguns varões, e enviar-vo-los
15 E com isto concordaõ as juntamenle com nossos amados
palavras dos Profetas, como está Barnabas, e Paulo,
escrito: 26 Homens que ja tem entre­
16 Depois disto tornaréi, e gues suas almas pelo nome de
restaurarei o tabernáculo de Da- nosso Senhor Jesu- Christo- ’
vid, que estava'- cahido, e reno­ 27 Assi que vos enviamos a
varei suas ruínas, e torna-lo-hei a Judas, e a Silas, osquaestambem
levantar. de boca vos faráõ saber o-mesmo.
17 Paraque o resto dos homens, 28 Pois ao Espirito santo, e a
busque ao Senhor: e todas as uos-outros, pareceo bem, de ne­
demais gentes, sobre as quaes nhuma outra carga vos impor
meu nome he invocado: diz o mais, que estas cousas necessárias:
Senhor, que todas estas cousas 29 Que vos abstenhais das
faz. cousas sacrificadas aos ídolos, e
S. APOSTOLOS. CAP. XVI. 177
de sangue de affogado, e de for- de huma mulher Judea, fiel, mas
iiicacaõ; das quaes cousas, se vos de pai Grego.
guardardes, faréisbem. Tenhais 2 Deste davaõ bom testemunho
saude. os irmaõs que estavaõ em Lystra,
30 E despedidos elles, descen­ e em Iconio.
derão a Antiochia, e ajuntando a 3 Este quiz Paulo que fosse
inultidaõ, entregáraõ a carta. com elle: e tomando-o, circun­
31 A qual como a Iéraõ, ficáraõ cidou-o, por causa dos Judeos
alegres daconsolaçaõ. que estavaõ naquelles lugares:
32 Judas também, eSilas, como porque todos sabiaõ que seu pai
tambémeraõ Profetas, exhortáraõ, era Grego.
e confirmáraó aos irmaõs com 4 E como liiaõ passando pelas
abundancia de palavra. cidades, lhes entregavaõ os de­
33 E passando alli algum tem­ cretos que pelos Apostolos, e An­
po, tornáraõ os irmaõs a enviar ciãos, que estavaõ em Hierusalem,
aos Apostolos em paz. haviaõ sido determinados, para-
34 Porem a Silas lhe pareceo que os guardassem.
bem ficar-se alli. 5 Assi que as Igrejas se confir-
35 E Paulo e Barnabas se ficá­ mávaõ na fé, e cada dia se hiaõ
raõ em Antiochia, ensinando e augmentando em numero.
evangelizando,com outros muitos, 6 E passando a Phrygia, e a
a palavra do Senhor. província de Galacia, foi-lhes de­
36 E depois de alguns dias, fendido pelo Espirito santo de
disse Paulo a Barnabas: tome­ fallarem a palavra em Asia.
mos-nos a visitar acsjirmaõs por 7 E como vieraõ a Mysia, in-
todas as cidades, em que ja temos tentáraõ de ir a Bithinia; mas naõ
annunciado a palavra do Senhor, os deixou o Espirito ir.
a ver como estaõ. 8 E passando por Mysia, des­
37 E Barnabas conselhava que cenderão até Troas.
tomassem comsigo a Joaõ, o que 9 E apareceo a Paulo de noite,
tinha por sobrenome Marcos. em visaô, hum varaõ Mncedodio,
38 Mas a Paulo lhe parecia que pondo se-lhe diante, lhe ro­
que naõ deviaô tomar comsigo gava, e-dizia: Passa aMacedonia,
aquelle, que desde Pamphilia e ajuda nos.
delles se apartára, e com elles a 10 E como vio a visaõ, logo
aquella obra naõ fóra. procurarpos par^r para Macedo-
39 E houve tal contenda entre nia, confiados que Deos nos cha­
elles, que se apartáraõ hum do mava, para lhes anunciarmos o
oujro: e Barnabas, tomando com­ Evangelho.
sigo a Marcos, navegou para Cy- 11 E partidos de Troas, viemos
pro. caminho direito a Samothracia, e
40 E Paulo, escolhendo a Si- o dia seguinte aNeapoles.
Jas, partio-se dalli, encomendado' 12 E dalli a Philippos, que he
dos irmaõs á graça de Deos. a primeira cidade desta banda de
41 E foi passando por Syria, e Macedonia, e he huma Colonia :
por Cilicia, confirmando as I- e estivemos naquella cidade al­
grejas. guns dias.
13 E hum dia dos Sabados sa-
CAPITULO. XVI. himos da cidade ao rio, aonde se
costumava fazer a oraçaõ e assen­
"P VEYO até Derban e Lystra: tando-nos, falíamos ás mulheres
e eis-que estava alli hum dis­ que se haviaõ ajuntando.
cípulo, chamado Timotheo, filho 14 Entaõ nos ouvio huma certa
178 ACTOS DOS
mulher, chamada Lydia, que 25 Mas & meia noite orando.
vendia purpura, da cidade dos Paulo e Silas, e cantandq bym-
Thyatyreos, temerosa de Deos, nos, ouviaõ os os outros presos,
o coraçaõ da qual o Senhor abrio, 26 Entaõ sobreveio de repente
paraque estivesse âtenta ao que hum taõ grande terremonto, que
Paulo dizia, os alicerses da prisaõ se moviaõ:
15 E como foi baptizadajun e logo todas as portas se abriraõ,
lamente com sua casa, rogou-nos, e as prisões de todos se moviaõ.
dizendo: Se haveis julgado que 27 E acordando o Carcereiro, e
eu seja fiel ao Senhor, entrai em vendo abertas as Portas da prisaõ,
minha casa, e pousai alli: eçon- tirando a espada, queria-se matar,
strangeo-nos. cuidando que ja os presos eraõ
16 E aconteceo, que indo nos- fogidos.
outros á oraçaõ, nos sahio ao 28 Entaõ Paulo bradou com
encontro hnma menina que tinha grande voz, dizerído: Naõ te
espirito * Phitonico : aquai com faças nehum mal, que todos
adevinhar dava grande gauancia estamos aqui.
a seus senhores. 29 Elle entaõ pedindo luz, sal­
17 Esta seguindo a Paulo, e a tou dentro, e tremendo, derribou-
nos-outros, dava gritos, dizendo: se aos pes de Paulo, e de Silas;
Estes homens saõ servos do Deos 30 E tirando-os fora, disse-lhes:
Altíssimo, os quaes nos annunçiaõ Senhores, que me he necessário
o caminho da salvaçaõ. fazer, para me salvar ?
18 E isto fazia eiJa por m.uitos 31 E elles lhe dissefftõ: Gré
dias, Por^m descontentando isto no Senhor desu Christo, e sajvar-
a Paulo, virou-se, e disse ao espi­ te-has, tu, e tua casa.
rito: Em nome de Jesu Christo 32 E falláraõ-lhe a palavra do
te mando que sayas delia; e na Senhor, e a todos os que estavaõ
mesma hora sahio. em sua casa.
19 E vendo seus senhores, que 33 E tomando-o» elle comsigo,
a esperança de sua ganancia era naquella mesma hora da noite,
ida, prenderão a Paulo, e a Silas; lavou-lhes os açoutes, e bapti-
e trouxeraõ-os á Audiência, ao zou-se logo elle, e todos os seus.
Magistrado. 34 E levando-os á sua casa,
20 E apresentado-os aos do poz lhes a mesa; e,gozou-se de
Governo, disseraõ: Estes htímerrs que com toda sua casa houvesse
andaõ alvoroçando nossa cidade, crido a Deos.
naõ obstante serem Judeos. 35 E sendo ja de dia, manda-
21 E prégaõ ritos, que naõ raõ os do Governo aos Alcai­
nos he licito receber, nem fazer; des, dizendo: Solta âquelles
visto que somos Romanos. homens.
22 E concorreo o povo contra 36 E o Carcereiro fez saber
elfes; e rasgando-lhes os do Go­ estas palavras a Paulo, dizendo:
verno os vestidos, mandáraõ os Mandado temos do Governo, que
açoutar. vos soltem: assi que agora sani,
- 23 E havendo-lhes dado muitos e ide-vos em paa.
açoutes, lançáraõ-os na prisaõ; 37 Entaõ Paulo lhes disse:
mandando ao Carcereiro que os Açoutados publicamente, e sem
guardasse com diligencia. havernos ouvido, sendo homens
' 24 O qual recebido este manda­ Romanos, nos lançáraõ na pri­
mento, meteo-os na prisaõ de mais saõ.: e agora encubertamente nos
a dentro, e pó-losde pés no cepo. enviaõ: Naõ por certo; senaõ que
♦ Çuer dizer, udciinfiador. venhaõ elles mesmos, e nos tirem.
$. APOSTOLOS, CAP. XVII. 179
38 É os Alcaides torh&raõ a 9 Porem recebida satísfaçaõ de
dizer aos do Governo estas pa­ ;Jason, e dos demais, soltaraõ-os.
lavras: e temeraô, ouvindo que 10 Entaõ logo os irmaôs enviá-
eraõ Romano». raõ de neite a Paulo, e a Siias, a Be-
39 E vindo pediraõ-lhett pet- fea: os quaes em i£ chegando, en-
daõ; e tirando-os fora, roghraõ- traraõ na Synagoga dos Judeos.
lhesque se sahissem da cidade. 11 E fóraò estes mais nobres
40 Entaõ sahindo da prisaõ, qtte os Judeos, que estavaô em
entráraõ em càm dé Lydia, e Thessalonica, pois receberão a
vistos os irmaôs, consoláraõ-os; palavra com toda boaaffeiçaõ, es­
e sahiraõ-se da cidade. quadrinhando cada dia as Escri­
turas, se estas cousas eraõ assi.
CAPITULO XVII. 12 Assi que creraõ muitos del-
T? passando por Amphipolis, les: e das mulheres Gregas-hon­
e por Apollonia, vieraõ a radas, cotilo também dos varões,
TWessateniea, aonde havia hutna naõ poucos.
Synàgoga de Judeos. 13 Mas como os Judeos de
2 E entrou Paulo a elles, co­ Thessalonica entenderão que tam­
mo de costume tinha, e por tres bém em Berea era por Paulo
Sabados disputava com elles pelas annUnciàda a palavra de Deos: vi-
Escrituras. - eraõ-se também lá, alvoroçando
3 Declarando-os, e propondo- ao povo.
lhes, que convinha que o Christo 14 Porem logo os irmaôs envi-
padecesse, e dos mortos resusci- áraõ a Paulo, que se fosse como
tasse: e que este Jesus he o ao mar; e Silas e Timotheo se
Christo, que eu dizia vos annun- ficáraõ alli.
■cio. 15 E os que a seu cargo haviaõ
(4 E alguns delles creraõ, e se tomado a Paulo, o Jeváraõ até
ajuii&raõ com Paulo, e com Si- Athenas; a tomando delle man­
las: e dos Gregos Religiosos, dado para Silas, e Timotheo, que
grande multidaõ: e mulheres no viéssem a elle o mais cedo que
bres ngõ poucos. pudessem, se partiraõ.
5 Entaõ os Judeos desobedi­ 16 E esperando-os Paulo em
entes envejando aqui/lo, tomávãõ Athenas, seu espirito se desfazia
comsigo a alguns ouciosos, ho nelle, vendo a cidade toda dada
mensmaliuos, eajuntando a com­ â idolatria.
panha, alvoroçavaõ a cidade: e 17 Assi que disputava na Sy-
acometendo a casa de Jason, nagôga com os Juaeõs, e Religio­
procurávaõ tira-los ao povo. sos ; e na praça cadá dia, com os
6 E rraõ os achartdo, trouxeraõ que lhe occorriaõ.
a Jason, ea alguns irmaôs, aos 18 E alguns Philosophos dos
Magistrados da cidade, dando Epicureos, e dos Estoicos, dispu-
gritos: Estes saõ os que andaõ tavaõ com elle. E huns diziaõ:
alvoroçando o mundo, e também Qufe quer dizer este Paroleiro?
vindo aqui. E outros: Parece que he préga-
t Aos quaes Jason tem- reco­ dordé estranhos Deoses; porque
lhido, e todos estes fazem contra lhesprégavaa Jesus, e aresurrei-
os decretos de Cesar, dizendo, çaõ.
que he outro Rey, a saber Jesus. 19 E tomando-o, trouxeraõ o
8 E alvoroçáraó ao povo, e aos ao * AreopagO, dizendo: Assi
Magistradosdacidade, que otiviaõ • Cuer dizer, a Casa dé Justiça, ou
estas cousas. Audicençia maior.
180 ACTOS DOS
poderemos saber, qual seja esta ouro, ou a prata, ou a pedra es­
nova doutrina que dizes ? culpida por artificio, ou imagi-
20 Porque nos trazes aos ou­ naçaõ de homens.
vidos cousas estranhíssimas: que­ 30 Assi que dissimulando Deos
remos pois saber, que he o que os tempos desta ignorância, ago­
isto ha de vir a ser. ra denuncia a todos os homens, e
21 (Entaõ todos os Athenien- em todos os lugares, que se arre-
ses, e os hospedes estrangeiros, pendaõ.
em nenhuma outra cousa enten- 31 Por quanto tem estabelecido
diaõ, senaõ em dizer, ou em hum dia, em que juntamente a
ouvir, algua cousa de novo.) todo o mundo ha de julgar, por
22 Estando pois Paulo no me­ aquelle varaõ que para isso tem
io do Areopago, disse; Varões determinado; dando disso certe­
Athenienses, em tudo vos vejo, za a todos, resuscitando-o dos
como mais supersticiosos. mortos.
23 Porque indo eu passando a 32 E como ouviraõ da resur-
cidade, e vendo vossos santuári­ reiçaõ dos mortos, alguns delles
os, achei também hum altar, em zombavaõ, e outros diziaõ: Outra
que estava esta inscripçaõ; AO vez te ouviremos acerca disto.
DEOS NAõ CONHECIDO. 33 E assi se sahio Paulo den­
Aquelle pois que vos-outros hon­ tre elles.
rais sem o conhecer, a esse vos 84 Porem ajuntando-se alguns
annuncio eu. varões com elle, creraõ; entre
24 O Deos que fez o mundo, os quaes foi também Dionysio
e todas as cousas que nelle ha; Areopagita, e huma mulher cha­
este, como seja Senhor do ceo e mada Damaris, e outros mais com
da terra, naõ habita em templos elles.
feitos de maõs. CAPITULO XVIII.
25 Nem he servido por maõs D ASSADAS estas cousas,Paulo
de homens; como necessitando de A se partio de Athenas, e se
alguma cousa: pois elle só he o veio a Corintho.
que a todos dá a vida, e a respi- 2 E achando a hum Júdeo,
raçaõ, e todas as cousas. chamado Aquila, natural do Pon­
26 E de hum sangue fez toda to, que havia pouco que tinha vin­
a geraçaõ dos homens, paraque do áe Italia, (por quanto Cláudio
habitassem sobre toda a face da mandára que todos os Judeos se
terra, determinando as sazões sahissem de Roma) e a Priscilla
que dantes tinha limitado, e os sua mulher, veio-se a elles.
termos de sua hibitaçaõ. 3 E porque era de seu officio,
27 Paraque buscassem a Deos, pousou com elles, e trabalhava:
se em alguma maneira, apalpando, porque ambos tinhaõ por officio
o pudessem achar: ainda que naõ fazer tendas.
está longe de cada hum de nos- 4 E disputava na Synagoga to­
outros. dos os Sabados; e persuadia a
28 Porque nellevivemos, e nos Judeos, e a Gregos aJé.
movemos, e somos; como também 5 E como 8ilas e Timotheo
alguns de vossos Poetas disseraõ .- vieraõ de Macedonia, foi Paulo
Porque linhagem sua somos tam­ constrangido do Espirito, testifi­
bém. cando aos Judeos que Jesus era
29 Sendo pois linhagem de o Christo.
Deos, naõ havemos de cuidar que, 6 E contradizendo-lhe, e blas­
a Divindade seja semelhante a femando elles, disse-lhes, sacú-
S. APOSTOLOS, CAP. XVIII. 181
dtndo os vestidos : Vosso sangue e com elle Priscilla, e Aquila:
seja sobre vossa cabeça; limpo avendo-se primeiro tosquiado a
estou delle: desdagora me irei cabeça em Cenchras, por quanto
ás gentes. o tinha * votado.
7 E partindo dalli, entrou em 19 E chegando a Epheso, dei-
casa de hum, chamado Justo, te­ xou-os alli; e entrando na Syna­
meroso de Deos, a casa do qual goga, disputou com os Judeos.
estava junto á Synagoga. 20 Os quaes rogando-lhe que
8 E Crispo, o Preposito da se ficasse com elles por mais tem­
Synagoga, creo no Senhor com po, naõ lho concedeo.
toda sua casa; e ouvindo-o mui­ 21 Antes se despedio delles,
tos dos Corinthios, crerão, e fó- dizendo: He necessário que em
raõ baptizados. todo caso tome a festa que vem
9 Entaõ o Senhor disse de em Hierusalem: mas outra vez,
noite, em visaõ, a Paulo: Naõ querendo Deos, tornarei a ter
temas, senão falia, e naõ ea- comvosco; epartio-sede Epheso.
les. 22 E descendendo a Cesarea,
10 Porque, comtigo estou eú, e sobio a Hierusalem, saudando a
ninguém se arremeterá para fa­ Igreja, descendeo a Antiochia.
zer-te mal algum: porque muito 23 E havendo estado alli al­
povo tenho nesta cidade. gum tempo, partio-se, atraves­
11 E ficou-se alli hum anno e sando de caminho por toda a pro­
seis meses, ensinando-lhes a pa­ víncia de Galacia, e de Phrygia^
lavra de Deos. confirmando a todas os discipu- .
12 E sendo Galion Procônsul los.
de Acbaia, se alevantáraõ os Ju- 24 Entaõ chegou a Epheso
deos de hum comum acordo con­ hum certo Judeo, chamado Apol-
tra Paulo, e trouxeraõ-no ao Tri­ los, natural de Alexandria, varaõ
bunal, eloquente, poderoso nas Escri­
13 Dizendo: Este he o que turas.
persuade aos homens a servir a 25 Este era ja instruído no ca­
Deos contra a Ley. minho do Senhor; e fervente de
14 E começando Paulo a abrir espirito, fallava e ensinava dili­
aboca, disse Galion aos Judeos: gentemente as cousas que saõ do
Se houvera algum agravo, ou al­ Senhor; tendo sómente noticia
gum crime enorme, ó Judeos, do baptismo do Joaõ.
com razaõ vos sofreira. 26 E começpu a fallar confia­
15 Mas se a questaõ he de pala­ damente na Synagoga; e ouvin-
vras, e de nomes, e de vossa do-o Priscilla e Aquila, tomáraõ-
Ley; vede-o vos-outros: porque no comsigo, e declaráraõ-lhe mais
dessas cousas naõ quero eu ser- particularmente o caminho de
juiz. ’ Deos.
16 E despedio-os do Tribu­ 27 E querendo elle passar a
nal. Achaia, exhortando-o os irmaõs,
17 Entaõ tomando todos os escreverão aos discípulos que o
Gregos a Sosthenes, Preposito da recebessem ; e vindo elle, apro­
Synagoga, feriaõ-w diante do veitou muito aos que pela graça
Tribunal; e a Galion nada disso aviaõ crido,
se lhe dava. 28 Porque cõm grande vehe-
18 Porem ficaudo-se Paulo mencia convencia publicamente
ainda alli muitos dias, despedio-se aos Judeos; mostrando, pelas
dos irmaõs, è navegou para Syria, • Ou^ Prometido,
R /
182 ACT0 S DOS
Escrituras, que Jesus era o 11 E fazia Deos virtudes «t-
Christo. tráordinarias por maõs de Pauto.
12 De tal maneira, que até os
CAPITULO XIX. ienços e cendaes de seu corpo se
levavaõ sobre os enfermos, e del­
37 ENTRE tanto que Apollos les as enfermidades se hiaõ, e os
•*-' ainda estava em Corintho, espiritos malinos se sahiaõ.
succedeo que, havendo Paulo pas­ 13 E alguns exorcitas dos Ju­
sado por todas as regiões supe­ deos, vagabundos, intentaraõjn-
riores, veio a Epheso; aonde vocar o nome do Senhor Jesus
achando certos discípulos, sobre os que tinhaõ espiritos ma­
2 Lhes disse: Tendes vos- linos, dizendo: Por aqaelle Jesus
outros recebido o Espirito santo, que Paulo prega, vos esconjura­
depois de haverdes crido? E, mos.
■elles lhe disseraõ, antes nem 14 E estes eraõ huns sete filhos
ainda ouvimos, se haja Espirito de hum Sceva, Judeo, Principe
santo. dos Sacerdotes, que isto andávaõ
3 Entaõ lhes disse: Em que fazendo.
pois sois baptizados? E elles 15 E respondendo o espirito
disseraõ; No baptismo de Joaõ. málino, disse: Bem conheço a
4 E disse Paulo: Bem bap- Jesus, e bem sei quem Paulo he;
tizou Joaõ com o baptismo de ar­ porem vos-outros quem sois?
rependimento, dizendo ao povo, 16 E saltando nelles o homem
que cressem no que apos elle em quem o espirito málino estava,
havia de vir, convém a saber, em e ensenhoreando-se deites, podia
Jesu Christo. mais que elles:' de tal maneira,
5 E os que o ouviraõ, fóraõ que nús, e feridos daquella Casa
baptizados em o nome do Senhor fogiraõ.
Jesus. 17 E foi isto notorio a todos
6 E tomo Paulo lhes póz as os que em Epheso habitávaõ, as­
maõs em cima, veio sobre elles si a Judeos como a Gregos; e
O Espirito santo, e fallávaõ em cahio temor sobre todos enes; e
lingoas estranhas e profetizá- assi era engrandecido o nome do
vaõ. ' Senhor Jesus.
7 É eraõ todos como até doze. 13 E vinhaõ muitos dos que
8 E entrando elle na Synago- haviaõ crido, confessando, e
ga, faliava livremente por e6paço publicando seus feitos.
de tres meses, disputando, e per­ 19 Assi mesmo muitos dos
suadindo lhes as cousas do Reyno que haviaõ seguido curiosidades,
de Deos. trouxeraõ também os livras, e
9 Mas endurecendo-se alguns, queimáraõ-os diante de todos; e
e naõ obedecendo, e maldizendo lançado a conta de seu preço,
do caminho do Senhor diante da acháraõ que montava cincoenta
multidão, desviou se delles, e mil dinheiros.
apartou aos discípulos, disputan­ 20 Assi hia poderosamente cres­
do cada dia na escola de hum cendo, e prevalecendo a palavra
certo Tyrano, do Senhor.
10 E isto durou por espaço de 21 E cumpridas estas cousas,
dous annos; de tnl maneira, que propoz Paulo em Espirito, (te
todos os que habitávaõ em Asia, acabando de passar por Macedo-
assi Judeos como Gregos, ouviraõ nia, e Achaia, partir-se a Hieru-
a palavra do Senhor Jesus, salem, dizendo; Desde que lá
S. APOSTOLOS, CAP. XX. 18*
houver estado, me convém tam­ do-lhe, que naõ se apresentasse
bém ver a Roma. no Theatro.
2? E enviando a Macedonia 32 -E outros gritàvaõ de outra
dons daquelles que lhe assistiaõ, maneira; porque o ajuntamento
a saber a Timotheo, e a Erasto, era confuso; e os mais naõ sa-
se ficou elle por algum tempo em biaõ porque se haviaõ ajuntado.
Asia. 33 E tiraraõ d’entre a muiti­
23 Entaõ houve hum alvoroço daõ a Alexandre, rempuxando-o
naõ pequeno acerca do caminho os Judeos: entaõ Alexandre ace­
tio Senhor. nando com a maõ, queria dar
24 Porque hum certo ourivez razaõ ao povo.
da prata, chamado Demetrio, 34 Porem entendendo que era*-
que de prata fazia templos de Judeo, levantou-se huma voz dé
Diana, dava aos Artifeces del- todos, gritando por quasi espaço
les naõ pouca ganancia. , de duas horas, Grande he a Di­
, 25 Aos quaes havendo juntado ana dos Ephesios. 1
osofficiaes de semelhante officio, 35 Entaõ o escrivão apaziguan­
disse: Varões, ja saheis, que do as companhas, disse: Varões
deste officio tiramos toda nossa Ephesios, quem doa homens ha-
ganancia. que naõ saiba, que a cidade do»
26 E bem vedes, e ouvis, que Ephesios he guardadora do tem­
este Paulo, naõ sòmente em E- plo da grande Deosa Diana, e da
pheso, mas também ainda até em imagem que do ceo descendeo.
quasi toda Asia, com suas per­ 36 Assi que pois isto naõ pode
suasões tem apartado huma ser contradito, convém que vos-
grande muitidaõ, dizendo, Que apazigueis, e que nada temera-
-naõ saõ Deoses os que se fazem riamente façais.
com as maõs. 37 PoiS trouxestes aqui a estrs
27 E naõ sómento ha perigo homens, naõ sendo porem sacrí­
de que isto se nos torne em' lego», riem blasfemadores de
desprezo, porem também ainda, vossa Deosa.
que até o mesmo templo da 38 Que se Demetrio, e os ofr-
grande Deosa Diana seja estima­ ciaes que com elle estaõ, com al­
do em nada: e que sua Mages- guém'algum negocio tem, Au­
tadé, a quem toda a Asia, e o diências se fazem, e Proconsulles
mundo universo adora, venha a ha, accusem-se huns aos outros;
ser destruida. 39 E se coúsa outra alguma .
28 Ouvidas estas cousas, en- demandais, em legitimo ajunta­
cheraõ-se de ira, e deraõ gritos, mento se poderá despachar.
dizendo: Grande he Diana dos 40 Que perigo ha de que por
Ephesios. hoje de sediçaõ naõ sejamos
29 E toda a cidade se encheo arguidos: naõ havendo causa
de confusaõ, e unanimes arreme­ nenhuma porque deste concurso
terão ao theatro, arrebatando a alguma razaõ dar possamos. E
Gaio, e a Aristarcho, Macedonios, havendo dito isto, despedio ae<
eompauheiros, de Paulo. ajuntamento.
30 E querendo Paulo sahir ao
povo, os discípulos o naõ deixa- CAPITULO XX.
raõ. J7 CESSANDO o alvoroço, cha-
31 Também alguns dos princi- *-* mou -Paulo aos discípulos, e
paes. de Asia, que eraõ seus abraçando-os, despedio-se delles;
amigos, euviâraõ a, elle, rogan­ e partio-se para Maçedonia-
184 ACTOS DOS
2 E havendo andado por aquel que assi o' havia determinado,
las partes, e exhortando-os com querendo vir por terra a pé.
abundancia de palavra, veio a 14 E como cotnnosco se ajun­
Grécia. tou em Ason, tomamo-lo com-
3 Aonde, ficando-se tres meses, uosco, e viemos a Mitylene.
e havendo de navegar para Syria, 15 E navegando dalli, viemos
foraõ-lhe pelos Judeos postas cila­ o dia seguinte de fronte da Chio,
das : e assi se determinou a tor­ e ao outro dia tomamos porto em
nar por Macedonia. Samo: e havendo repousado em
4 E acompanháraõ-no ate Asia Trogyllio, o dia seguinte viemos
Sopater Beroeníe, e os Thes- a Mileto.
salonicenses Aristarcho, e Segun­ 16 Porque ja Paulo havia deter­
do, e Gaio Derbeo, e Timotheo, minado de passar mais adiante
e os Asianos Tichico, e Trophi de Epheso, por em Asia se naõ
mo. deter: porque se apresurava a (se
5 Estes, indo-se diante, nos possível lhe fosse) tomar o dia de
fóraõ esperar a Troas. Pentecoste em Hierusalem.
6 E nos-outros, passados os 17 E enviou desde Mileto a
dias dos pãens por levedar, na­ Epheso, a chamar osAnciaõs da
vegamos de Philippos, e em cinco Igreja.
dias viemos ter com elles a Troas, 18 Os quaes como a elle vieraõ,
aonde nos ficamos sete dias. disse-lhes: Bem sabeis como
7 E o primeiro dos Sabados, sempre comvosco me houve,
ajuntando-se os discípulos a partir desdo primeiro dia que em Asia
o paô, Paulo os ensinava, ha­ entrei
vendo-se de partir o dia seguinte; 19 Servindo ao Senhor com to­
e alargoú o sermaõ até a meia da humildade, ecom muitas lagri­
noite. mas, e tentações, que pelas cila­
8 E havia muitas alampadas das, dos Judeos me tem vindo.
no cenáculo, aonde se tinhaõ 20 Como nada, que util vos
ajuntado. fosse, deixei de publicamente, e
9 E estando hum certo man­ pelas casas, vos annunciar, e en­
cebo, chamado Eutycho, assen­ sinar.
tado em huma janella, tomado 21 Testificando assi aos Ju­
de hum sono profundo, como deos, como aos Gregos, a con­
Paulo ainda estivesse largamente versão a Deos, e a fé em nosso
íáilando, foi derribado do sono, e Senhor Jesu Cbristo.
cabio desdo terceiro sobrado a- 22 E agora, eis-que atado do
baixo; e levantaraõ-nomorto. Espirito, me vou a Hierusalem,
10 Porem descendendo Paulo, sem saber o que lá, me ha de
derribou se sobre elle, e abraçan­ acontecer.
do-o disse: Naõ vos alvoroceis, 23 Senaõ que o Espirito, santo
que ainda sua alma nelie està. por todas as cidades me testifica,
11 E sobindo, e partindo, e dizendo, que prisões, e tribula­
gostando o paô, fallou-lhes lon­ ções me esperaõ.
gamente até a alva do dia; e assi 24 Mas de nenhuma cousa faço
se partio. caso, nem minha própria vida
12 E trouxeraõ ao moço vivo, estimo, paraque com alegria
e naõ pouco fóraõ consolados. acabe minha carreira, e o mini­
13 E adiantando-nos nos-outros stério que do Senhor Jesus rece­
ao navio, navegamos a Ason, bi, para' dar testemunho do
para dalli receber a Paulo; por­ Evangelho da graça de peos.
S. APOSTOLOS; CAP. XXI. 185
25 E agora vedes-aqui qye bem bemaventu rada cousa he, dar, do
sei, que nenhum de todos vos- que receber.
outros, por quem prégando o Rey- 36 E acabando de dizer isto,
no de Deos passei, verá nunca, poz-se de juelhos, e orou, com
mais meu rosto. todos elles.
26 Por tanto, o dia de hoje 37 Entaõ houve hum grande
vos protesto, que do sangue de pranto de todos, e derribando se
nos todos estou limpo. sobre o pescoço de Pauio, bei-
27 Porque naõ deixei de vosan- javaõ no.
nunciar todoo conselho de Deos. 38 Pesando-lhes muito, prin-
28 Por tanto atentai por vos- cipalmente pela palavra que dis-.
outros, e por todo o rebanho, sera, que mais naõ haviaô de ver
sobre que o Espirito santo por seu rosto. £ acompanháraõ-no
Bispos vos tem posto, para apa- ate o navio.
centardes a Igreja ue Deos,
aqual com séu proprio sangue* CAPITULO XXL
ganhou.
29 Porque eu sei que, depois P ACONTECEO que come
de minha partida, entraraõ entre -*-■* delles nos despedimos, e na­
vos-outros lobos taõ cruéis, que vegando fomos, viemos caminho
naõ perdoaráo ao rebanho; direito a.Coos, e o dia seguinte
30 E qde d’entre vos-outros a Rhódas-, e dalli a Patara.
mesmos se levantarão homens 2 E achando hum navio que
que fallem cousas perversas, para passava a Phenice, embarcamos-
apos si levarem aos discípulos. nos nélle, e partimos.
31 Por tanto vigiai, lembran- 3 E indo ja á vista de Cypro,.
do-vos como por espaço de tres deixando-a ò..maõ esquerda, na­
annos, nem de noite, nem de dia vegamos para Syria, viemos a
descansei de a caba hum.de vos- Tyro: porque a nao havja de
outros com lagrimas vos amoes- desearrbgar alli sua carga.
tap. 4 E ficamos nos alfi sete dias,
32 E agora também irmaõs, a achando aos Discípulos; os qua-,
Deos, e a palavra de sua graça es peio Espirito diziaõ a Paulo,
vos encomendo; pois poderoso que naõ sobisse a Hierusalem.
he para vos sobre edificar, e dar 5 havendo assi passado aquel-
herdade entre todos os santifica­ les dias, partimos-nos dalli, e se­
das. guimos nosso caminho, acompan­
33 De ninguém cobicei nunca hando-nos todos com suas mulhe­
a prata, nem o ouro, nem o ve­ res, e filhos, aié fora da cidade;
stido. e postos de juelhos na praya fize­
34 Antes vos mesmos sabeis mos oraçaõ..
que, para o que a mim e aos 6 E abraçando-nos-- os huns
que commigo estaõ,. necessário aos outras» sobimos ao navio; e
me foi, me serviraõ estas elles se tornáraõpara suas casas.
maós. 7 E nos-outros, acabada a
35 Em tudo vos tenho mostra­ havegaçaõ, viemos de Tyro s-
do, que trabalhando assi, he ne­ Ptolemaida; e havendo saudado-
cessário sobrelevar aos enfer­ aos irmaõs, ficamos-nos comi.elles •
mos : e lembramos do dito do hum dia,
Senhor Jesus, o qual disse-: Mais 8 E o díáseguinte, partindo-se
dalli Paulo, e os que com elle
• 0», Acjiierio, on, alcanfo»>' estávamos, viemos a Gaaarea; •
m 2.
186 ACTOS DOS
entrando em casa de Phelippe, o entre as gentes por seu ministério
Evangelista, que também era fizera.
hum dos * sete pousamos alli com 20 O que ouvindo elles, glo­
elle. rificarão ao Senhor; e disseraõ-
9 E este tinha quatro filhas Ihe: bem vés irmaõ, quantos
donzellas, que profetizavaõ. mulheres de Judeos ha que crem;
10 E detendo-nos alli por mui­ porem todos saõ zeladores da
tos dias, descendeo dejudeahum Ley. -
Profeta, chamado Agabo. 21 E tem ja ouvido de ti, por
11 O qual como veio a nos- relaçaõ d’ outros, que a todos os
outros, tomou a cinta de Paulo, Judeos, que estaõ entre as gen­
e atando-se os pés e as maõs com tes, ensinas a apartarem-se de
ella, disse: Isto diz o Espirito Moyses ; e que dizes, que naõ
santo: Assi ataráõ os Judeos em devem circuncidar seus filhos,
Hierusalem ao varaõ cuja he esta nem andar segundo ao costume
cinta, e o entregarão em maõs das da Ley.
gentes. 22 Que ha pois? Em todo ca­
12 0 que ouvindo nos-outros, so he necessário que a multidão
assi nos como os que daquelle se ajunte, porque ouviraõ que ja
lugar eraõ, lhe rogamos, qué _naõ es vindo.
sobisse a Hierusalem. 23 Faze pois isto que te di­
13 Entaõ Paulo respondeo : zemos: Entre nos ha quatro
Que fazeis chorando, e affligin- varões, que sobre si tem feito
do-me o coraçaõ ? porque, eu, naõ voto.
só a ser atado, mas ainda até 24 Tomando a estes, santifi­
morrer em Hierusalem estou ca-te com elles, e gasta com el­
prestes, pelo nome do Senhor les alguma cousa, paraque se ra­
Jesus. pem as cabeças, e que todos en-
14 E como persuadir o naõ tenclaõ que naõ ha nada do que
pudemos, repousamos-nos, dizen­ de ti por fama tem ouvido, mas
do : Faça-se a vontade do Ser: que também tu andas guardando a
hor. Ley.
15 E passados estes dias, e ja 25 Porem quanto aos que das
apercebidos, sobimos, a Hierusa­ gentes creraõ, ja nos-outrosliave-
lem. mos escrito, e determinado, qne
16 E vieraõ também comnos- naõ guardem nada disto ; senaõ
co de Cesarea alguns discípulos, que sómente se abstenháõ do que
trazendo comsigo a hum certo aos idolos fór sacrificado, e de
Mnason, Cypro, discípulo an­ sangue, e de affogado, e de for-
tigo, com o qual havíamos de nicaçaõ.
pousar. 26 Entaõ tomando Paulo
17 E como chegamos a Hie­ áqueiles varões, e santificando-
rusalem, os irmaõs nos receberão se com elles o dia seguinte, entrou
de mui boa vontade. no Templo, denunciando serem
18 E o dia seguinte foi Pau ja cumpridos os dias da santifica-
lo comnosco a ter com Jacobo, çaõficando alli até por cada hum
aende todos os Anciaõs se ajun- delles se offerecer a offerta.
taraõ. 27 E indo-se ja os sete dias
19 E havendo-os saudado, con­ acabando, vendo-o huns Judeos
tou-lhes por miudo o que Deos de Asia no Templo, alvoroçâraõ
• Hum dos primeiros sete Diáconos, a todo o povo, lançâraõ maõ
(ue osS, Jlpestolos instituiraõ. delle,
S. APOSTOLOS, CAP. XXII. 18?
28 Dando gritos; Varões Is­ que antes destes dias levantaste
raelitas, ajudai; este he aquelle huma sediçaõ, e conrtigo levaste
homem, que por todas as partes ao deserto quatro mil salteado­
anda ensinando a todos contra o res ?
povo, e a Ley, e este lugar; e 39 Entaõ Paulo lhe disse: Na
ainda de mais disto, também no verdade que sou hum homem Ju-
Templo introduzio aos Gregos, deo, vezinho de Tarso, cidade
e tem contaminada este santo celebre de Cilicia; rogo-te, po­
lugar. rem, que me permitas fallar ao
29 Porque d’antes tinhaõ visto povo.
com elle na cidade a Trophimo o 40 E avendo-lho permitido,
Ephesio, o qual pensavaõ que póz-se Paulo em pé nas escadas, e
Paulo no Templo havia introdu­ fez sinal com a maõ ao povo, e
zido. feito grande silencio, fallou-lhes
30 Assi que toda a cidade se em lingoa Hebrea, dizendo:
alvoroçou, e fez-se hum concurso
do povo; e pegando de Paulo CAPITULO XXII.
trouxeraó-no para fora do Tem­
plo ; e logo as portas se fecba- \7"ARões irmaõs, e Pais, ouvi,
raõ. V em defensa minha, o que
■ 31 E procurando elles mata-lo, agora vos quero dizer,
foi dado aviso ao Tribuno da 2 (E como ouviraõ que lhes
guarda, que toda a cidade de fallava em lingoa Hebrea, deraõ-
Hierusalem estava alvoroçada. lhe mais silencio. Entaõ disse:)
32 O qual, tomando comsigo 3 Quanto a mim, varaõ Judeo
soldados e Centuriões, correo sou em Tarso de Cilicia nascido,
logo a elles. E vendo elles ao porem nesta cidade aos pés de
Tribund, é aos soldados, cessaraõ Gamaliél criado, conforme à pu­
de ferir a Paulo. reza da Ley da Patria ensinado,
33 Entaõ chegando o Tribu­ e da Ley zeloso, como também
no, prendeoo, e mandou-o am­ todos vos-outros hoje o sois.
arrar com duas correntes; e per- 4 Que até a morte este camin­
guntou-lhe quem era, e que tinha he perseguido tenho, assi a va­
feito? rões como a mulheres pren­
34 E outros davaõ gritos dou­ dendo; e em prisões entregan­
tra maniera na companha: e co­ do. .
mo por causa do alvoroço nada 5 Como também o Príncipe
de certo entender podia, mandou- dos Sacerdotes me he testemunha,
o levar ao arraial. e todos os Anciaõs: dos quaes
35 E chegando as escadas, suc- ainda tomando letras para os
cedeo que por causa da violência irmaõs, hia a Damasco a também
do povo, o leváraõ ás costas os presos a Hierusalem trazer aos
soldados. que alli estivessem, paraque cas­
36 Porque a multidaõ do povo, tigados fossem.
o vinha seguindo, e dando gritos: 6 Porem aconteceo-me, que
Fora com elle. indo eu caminhando, e ja perto
37 E quando se trouxesse a de Demasco chegando, como a
Paulo no arraial, disse elle ao o meio dia, de repente me rodeou
Tribuno: Ser-me-ha licito fallar- huma grande luz do ceo.
te alguma cousa í e elle disse >. 7 E cahi do chaõ, e ouvi huma
Grego sabes ? voz que me dizia: Saulo, Saulo,
38 Naõ es tu aquelle Egypto, porque me persegues? j
188 ACTOS DOS
8 Entaõ respondi eu: Quem va, tamberneu, presente estava, e
es Scnhqr ? ~E disse-me: Eu em suamorte tinha gosto, eosves-
sou Jesus o Nazareno, a quem tidos dos que.o matavaõ guardava.
tu persegues. 21 E disse-me: Vai, porque
9 E os que commigo estavaõ, longe te heideéíiviar aos gentios.
viraõ em verdade a luz, e muito 22 Eouviraõ-no até esta palavra.
se espantáraõ : porem naõ ou­ Entaõ levantáraõ a voz, dizendo:
virão a voz da que commigo Fora da terra com tal homem ;
fallava. . , porque naõ convém que viva.
10 Entaõ disse eu : Que faréi, 23 E estando elles dando gri­
Senhor í E o Senhor me disse: tos, e lançando de si seus vesti­
Levantaste, e vai a Damasco, e dos, e deitando pópara o ar.
alli se te dirá tudo o que fazer te 24 Mandou o Tribuno que o
he ordenado. levassem ao arraial, dizendo, que
1.1 E como eu ja naõ via, por o examinassem com açoutes, para,
causa da gloria de luz, levaraõ- saber por que causa contra elle
me pela maõ os que commigo assi clamavaõ.
estavaõ, e assi vim a Damasco. 25 Eestando o amarrando com
42 Entaõ hum certo Ananias, correas, disse Paulo ao-Centuriaõ
varaõ pio, conforme â Ley, que que presente estava: He vos licito
tinha testemunho de todos os Ju- açoutar a hum homem Romano,
deos, que alli raoravaõ, sem primeiro ser condenado?
13 Vindo a mim, e apreseu- 26 E ouvindo o Centunaõ isto
tando-se-me, me disse: Saulo foi ao Tribuno, e deu-lhe aviso,
irmaõ, recebe a vista; e naquelia dizendo: Olhai que fazeis; por­
mesma hora o vi. que este homem; he Romano.
14 E disse-me: O Deos de 21 E vindò o Tribuno, disse-
nossos Pais te tem predestinado lhe : Dize me, es tu Romano? e
páraque conhecesses sua vontade, elle disse: Si.
e visses aquelle justo, e a voz de 28 E respondeo o Tribuno :
sua boca ouvisses. Com muita somma de dinheiro
15 Porque tua testemunha para alcancei eu o ser cidadaõ desta
com todos os homens has de ser, cidade. E Paulo disse: E eu o
do que visto, e ouvido tens. sou de nascimento.
16 Agora, pois, porque te 29 Assi que- logo delle se
detens? Levanta-te, e baptiza-te; apartáraõ os que o haviaõ de
e lava teus peccados, o nome do examinar: e ainda até o mesmo
Senhor invocando. Tribuno teve também temor, en­
17 E aconteçeo-me, tornando tendendo que era Romano, por
a Hieruealem, que orando eu no have-lo amarrado.
Templo, fui arrebatado fora de 30 E o dia seguinte, querendo
mim. saber de certo a causa porque dos
18 E vi o, que me dizia: Dá-te Judeos era acusado, soltou-o das
pressa, e sahe-te apresuradamente prisões, e mandou vir, aos Prín­
fora de Hierusalem: porque naõ cipes dos Sacerdotes, e a toda seu
receberão teu testemun ho de mim Conselho; e trazendo a Paulo,
19 E eu disse: Senhor, bem apresentou-o diante delles.
sabem elles que eu em prisaõ en­
cerrava e açoutava nas Synago- CAPITULO XX1IL
gas, aos que criaõ em ti.
20 E quando o sangue de Este- UNtao pondo Paulo os olhos
vaõ.tua testemunha, se derrama­ " no Conselho, disse: Varões
S. APOSTOLOS, CAP. XXIII. 189
irmaõs, com toda boa consciência em Hierusalem tetificaste, assi te
tenho conversado diante de Deos, convém testificar também em
até o dia de hcçje. Roma.
2 Porem o Príncipe dos Sacer­ 12 E vindo o dia, alguns dos
dotes, Xnanias,mandou aos que Judeos se ajuntáraõ, e prometeraõ
com elle estavõ, que na boca o sobpena de maldiçaõ, dizendo,
ferissem. que nem comeriaõ, nem bebe-
3 En taõ Paulo lhe disse : Ferir- rtaõ, até que a Paulo naõ ma­
te-ha Deos, parede branqueada tassem.
Estás tu aqui assentado para con 13 E eraõ mais de quarenta
forme a Ley me julgar, e contra os que esta conjuraçaõ tinhaô
a Ley me mandas ferir ? feito.
4 E os que presentes estavaõ 14 E foraõse ao.s Príncipes
disseraõ: Ao summo Pontifece dos Sacerdotes, e aos Anciaõs, e
de Deos maldizes ? disseraõ: Prometido havemos
5 E Paulo disse: Naõ sabia, sobpena de maldiçaõ, que nada
irmaõs, que era o Príncipe dos havemos de gostar, até que a
Sacerdotes: porque escrito está: Paulo naõ matemos.
Ao Príncipe de teu povo naõ 15 Agora pois vos-outros, jun-
maldirás. tamente com o Counselho, fazei
6 Entaõ Paulo, sabendo, que saber ao Tribuno que á manhaã
a huma parte era de Saduceos, vo-lo- traga,como que delle algu­
e a outra de Pbariseos, exclamou ma cousa mais certa quereis en­
no Conselho; Varões irmaõs, eu tender ; e antes que chegue, apa­
Phariseo sou, filho de Phariseo; relhados estamos para o matar.
pela esperança, e resurreiçaõ dos 16 Entaõ hum filho da irmaã
mortos sou julgado. de Paulo, ouvindo estas ciladas,
7 E havendo dito isto, houve veio, entrou no arraial, e deu
dissençaõ entre os Phariseos, aviso a Paulo.
e os Saduceos : e a multidaõ se 17 E Paulo chamando a hum
dividio. dos Centuriões, disse: Leva este
8 Porque os Saduceos dizem, mancebo ao Tribuno, porque tem
que naõ ha resurreiçaõ, nem certo aviso que lhe dar.
Anjo, nem Espirito: mas os 18 Elle entaõ, tomando-o com-
Phariseos confessaõ ambas as sigo, levou o ao Tribuno, e disse :
cousas. Chamando-me o preso Paulo, me
9 E fez-se huma grande gritar rogou que se trouxesse este man­
e levantaudo-se os Escribas da cebo, que tem alguma cousa que
parte dos Phariseos, contendiaõ, te dizer.
dizendo: Nenhum mal achamos 19 E o Tribuno, tomando-o pela
neste homem: 'que se algum maõ, e apartando-se com elle a
Espirito, ou Anjo, lhe temfailado, huma banda,perguntou-lhe: Que
naõ repugnemos a Deos. he o que tens de que me avisar ?
10 E havendo grande dissençaõ, 20 E elle disse: Os Judeos se
e temendo o Tribuno que Paulo concertáraõ de rogar-te que á ma­
por elles naõ fosse despadaçado, nhas leves a Paulo ao Conselho,
mandou vir huma companhia de como que delle hajaõ de inquirr
soldados, e arrebata-lo do meio alguma cousa mais certa:
delles, e leva-lo ao arraial. 21 Porem tu naõ os creas:
11 E a noite seguinte apresen- porque mais de quaranta homens
tando-se-lhe o Senhor, disse-lhe : clelles o andaõ espiando, os quaes
Confia Paulo; que como de mim sobpena de maldiçaõ prometeraõ
190 ACTOS DOS
de nem comerem, nem beberem, ir com elle a os de cavalo, tor^,
até que morto o naõ tenhaõ : e ja náraõ-se e o arrayal. 7'
agora estaô apercebidos, esperan­ 33 E como chegáraõ a Cesarea^ j
do só tua promessa. e deraõ a carta a o Presidente,
22 Entaõ o Tribuno despedio a apresentaraõ-lhe também a Pau lo.
o mancebo, mandando-lhe, Naõ 34 E o Presidente, lida a carta, \
digais a ninguém que disto me perguntou, de que província era ; J
avias dado aviso. e entendendo que de Cilicia. ‘
23 E chamando a dous certos 35 Ouvir-te-hei, disse, quando
Centurieons, mandou-lhes que lhe também virem teus acusadores.
apercebessem duzentos soldados E mandou que o guardassem na
que fossem até Cesarea, e sententa Audiência de Herodes.
de cavalo, com duzentos * archei­ CAPITULO XXIV.
ros,-para as tres horas da noite. "E1 PASSADOS cinco dias des-
24 E que apaielhassem caval­ cendeo o Príncipe dos Sacer­
gaduras, paraque pondo nellas a dotes Ananias, juntamente com
Paulo, o levassem em salvo a qs Anciãos, e Orador Tertullo;
Felix o Presidente. e comparecerão ante o Presidente
2õ Escrevendo-lhejuntamente contra Paulo.
huã carta, que em surnma conti­ 2 E sendo citado, começou
nha isto: Tertullo a o acusar, dizendo :
26 Cláudio Lysias, a Felix, po- 3 Como assi seja, quem em
tentissimo Presidente, saude. grande paz por tua causa viva­
27 Lançando os Judeos maõ mos, e que por tua prudência, se
deste varaõ, e estando ja em fizeraõ a este pòvo muitos e lou­
ponto de o matarem, sobrevi eu váveis serviços, sempre e em todo
com huã companhia de soldados, lugar o aceitamos, o potentissimo
e tirei-lho das maõs, entendendo, Felix, com todo agradecimento.
que era Romano. 4 Porem porque inais te naõ en­
23 E querendo saber a causa fade, rogo te que brevemente, con­
porque o acusavaõ, levei-lho a forme a tua equidade, nos ouças.
seu Conselho. 5 Porque temos achado, que
29 E achei que o acusavaõ de este homem he pestilencial, e le-
alguãs questoeus da sua Ley; e vantador de sediçoen-, entre todos
que nenhum crime digno de mor­ os Judeos, por todo o universo
te, ou de prisaõ tinha, mundo' e principal defensor da
30 Porem sendo-me dado aviso secta dos .Nazarenos.
das ciladas que os Judeos armado 6 O qual também intentou de
lhe tinhaõ, na mesma hora to en­ profanar a o Templo: e prenden-
viei a ti: mandando juntamente do-o nosoutros,- quisemo-lo julgar
a os acusadores, que perante ti conforme á nossa Ley.
vaõ tratar o que contra elle tive­ 7 Porem entrevindo o Tribuno
rem. Bem hajas. Lysias, com grande violência noló
31 E tomando os soldados com tirou d’entre as maõs.
sigo a Paulo, como mandado-lhes 8 Mandando a seus acusadores,
fora, trouxeraõ-o de noite a Anti- que viessem ter comtigo; do qual
patris. tu mesmo, tomando infonnaçaõ,
32 E o dia seguinte, deixando poderás bem entender tudo o de
que o acusamos.
* Ou, Frcickeiros» 9 No que também os Judeos
8. APOSTOLOS, CAP. XXV. 191
consentirão, dizendo, Serem estas estando entre elles, dei: Pela
cousas assi. resurreiçaõ dos mortos sou de
10 Entaõ Paulo, fazendo-lhe o vos-outros julgado.
Presidente sinal que fadasse, re 22 Entaõ havendo Felix ouvido
spondeo : Como bem sei que ja estas cousas, poz-lhes dilaçaõ, di­
vai por muitos annos que desta zendo: havendo-me melhor deste
naçaõ es Juiz, com muito melhor caminho informado, e descenden­
animo responderéi por mim. do o Tribuno Lysias, acabaréi de
11 Pois bem podes entender, saber de vosso negocio.
que ainda naõ ha mais de doze 23 E mandoú ao Centuriaõ que
dias que a Hierusalem sobi a a guardassem solto a Paulo, e que
dorar. ninguém dos seus prohibissem
12 E nem com ninguém no que o servisse, ou a ter com eile
Templo me acharaõ disputando, viesse.
nem nas Synagogas, Bem na ci­ 24 E passados algums dias, ve­
dade, a muitiàaõ amotinando. - io Fe li/ com Drustlla sua mu­
13 Nem tampouco provar-te lher, que era Judea; e mandou
podem as cousas de que agora me chamar a Paulo, e ouvio deile a
acusaõ. fé em Christo.
14 Isto porem te confesso, que 25 E tratando elle da Justiça,«
conforme àquelle caminho, a da • continência, e rfo Juízo vin­
que chamaõ secta, assi sirvo ao douro : espavoreeido Felix, respon-
Deos dos pais, crendo tudo quan­ deo: Vai-te por agora; eem tende
to na Ley e nos Profetas està oportunidade, te chamaréi.
escrito. 26 Esperando também junta­
15 Tendo em Deos esperança, mente, com isto que Paulo lhe
que, (como estes mesmos também daria algum dinheiro, paraque •
assi o esperaõ) ha de haver resur- soltasse. Peloque também muitas
reiçaõ dos mortos, assi dos jutos, vezes o mandava chamar, e com
como dos injustos. elie fallava.
16 E nisto me exercito de retfer, 27" Porem acabados dous an­
assi para com Deos, como para nos, teve Felix por sticcessor a
com os homens, sempre huma * Porcio Festo. E querendo Felix
boa consciência. f contentar aos Judeos, diexou-
17 Porem passados muito an­ Ihes preso a Paulo.
nos, vim eu a fazer esmolas e of-
fertas a minha naçaõ CAPITULO XXV.
18 E nisto me acháraô ja san­ pNTRANDO pois Festo na
tificado no Templo (naõ com Província, sobio dalli a tres
ailguma multidaõ, nem com al- dias de Gesarea até Hierusalem.
gumalvoroço) huns certos Judeos 2 E comparaceraõ ante elle o
de Asia. Principe dos Sacerdotes, e os
16 Os quaes convinha, que pe­ principaes dos Judeos, contra
rante ti se apresentassem; e se Paulo, e rogáraõ-lhe,
alguma cousa contra mim tinhaõ 3 Pedindo contra elle favor,
me acusassem. paraque o fizesse vir a Hierusa­
20 Ou digaõ esteí mesmos, se lem, armando-lhe ciladás, para
em mim algum mal acharaõ, no caminho o matarem :
quando no Conselho estava. 4 Porem Festo respondeo, que
21 Senaô só este grito, que, em Gesarea, estava Paulo guar-
♦ Ou, «cnipvlo. • Ou, Temperança, t Ou, Comprazer,
192 ACTOS DOS
dado, e que presto para lã se 15 Por cuja via, estando eu
partiria: em Hierusalem, vieraõ a min Os
5 Os que pois, disse, d’entre Príncipes dos Sacerdotes, e os
vos-outros podem, descendaõjun- Anciaõs dos Judeos, pedindo con­
tamente commigo, e se neste tra elle condenaçaõ.
varaõ cousa alguma indecente 16 Aos quaes respondi naõ ser
houver, acusem-no costume dos Romanos pelo favor
6 E naõ se havendo entr’elles a alguém entregar a morte, antes
detido senaõ dez dias sómente, que o, que he acusado, presentes
descendeo a Cesarea; e, assen­ tenha seus acusadores e haja
tando-se no Tribunal o dia se­ lugar de da acusaçaõ se poder
guinte, mandou que trouxessem defender.
a Paulo. 17 Assi que, chegando juntos
7 O qual vindo, rodeáraõ-w os aqui, sem nemhuma dilaçaõ, logo
Judeos, que de Hierusalem haviaõ o dia seguinte, assentado no Tri­
descendido; trazendo contra Pau­ bunal, maudei trazer ao homem.
lo muitas e graves acusações, 18 E estando presentes seus
que naõ podiaõ provar. acusadores, nemhum crime lhe
8 Dando Paulo, em sua defen- opuzeraõ daquelles que eu su-
sa por razaõ, que nem contra a speitava.
Ley dos Judeos, nem contra o 19 Sómente contra elle certas
Templo, nem contra Cesar, em questões tinhaõ acerca de sua
cousa alguma pequei. superstição, e de hum certo Je­
9 Porem querendo-se Festo sus defunto, que Paulo affirmava
çongrílciar com os Judeos, re­ viver.
spondendo a Paulo, disse: Queres 20 E duvidando eu acerca da
tu sobir a Hierusalem, e ser lá inquistiçaõ disto,disse: Se queria
perante mim acerca destas cousas ir a Hierusalem, e lá acerca des­
julgado ? tas cousas ser julgado.
10 E Paulo disse: AoTribunal 21 Porem apellando Paulo a
dè Cesar assisto, aonde convém ser reservado ao conhecimento
que julgado seja. Aos Judeos de Augusto, mandei que o guar­
nenhum agravo lhes fiz, como dassem, até que a Cesar o envie.
também tu mui bem o sabes. 22 Entaõ disse Agrippa a Fe­
11 Porque se a alguém agravo, sto: Também eu quizera ouvir a
ou cousa alguma digna de morte esse homem. E elle disse : A ma-
fiz, naõ refuso de morrer. Porem nhaã o ouvirás.
se nada das cousas de que estes 23 E o dia seguinte, vindo A-
me acusaõ, ha, ninguém pelo fa­ grippa, e Bernice, com muito a-
vor a eíles me pode entregar: A parato, e entrando no Auditoria,
Cesarapello. juntamente com os Tribunos, e
12 Entaõ, havendo Festo fallado varões mais principaes da cida­
com o Conselho, respondeo: A de, mandou Festo trazera Paulo.
Cesar apellaste, a Cesar irás. 24 Entaõ disse Festo: Rey A-
13 E passados alguns dias, vie- grippa, e todos os varões que
raõ el Rey Agrippa, e Bernice, a aqui juntos comnosco estais, ve­
Cesarea a saudar a Festo: des-aqui aquelle, por quem toda
14 E como alli estiveraõ mui­ a multidaõ dos Judeos, assi em
tos dias, declarou Festo a el Rey Hierusalem, como aqui, impor­
ò negocio de Paulo, dizendo: tunado me tem, dando gritos, que
Hum certo varaõ deixou Felix naõ convém que mais viva.
aqui preso. 25 Porem achando eu que ne-
S. APOSTOLOS, CAP. XXVI. íàs
nhuma eousa digna de morte tem 8 Como? julga-se por cousa
feito, e apellando elle mesmo incrível entre vos-outros, que
para Augusto, tenho determinado Deos aos mortos resuscite?
enviar-lho. 9 Bem me tinha eu imaginado,
26 E naõ tendo cousa alguma que contra o nome de Jesus Na­
certa que delle ao Senhor escre­ zareno me importava a mim usar
va, o trouxe perante vós-outros: de grandíssima resistência.
e mórmente perante ti, o Rey 10 O que também em Hie­
Agrippa, paraque, feita informa­ rusalem fiz; e havendo recé-,
ção, tenha delle que escrever. bido poder dos Príncipes dos
27 Porque contra razaõ me Sacerdotes, a muitos dos Santos
parece, enviar a hum preso, sem em prisões, encerrei: e quando
juntamente de suas culpas dar os matavaõ, também eu meu voto
inteira informação. dava.
11 E castigando-os muita*
CAPltULO XXVI. vezes por todas as Synagogas, os
forcei a blasfemar. E enfurecido
T?Ntaõ disse Agrippa a Paulo: demasiadamente contra elles, até
Permite-se-te por ti fallar. nas cidades estranhas os perse­
Paulo entaõ estendendo a maõ, gui.
começou a dar razaõ de si, di­ 12 Ao que indo ainda a Da­
zendo : - masco, com poder e commissaõ
2 Por venturoso me tenho, ó dos Principes dos Sacerdotes,
Rey Agrippa, de que perante ti 13 Na metade do dia, vi no
me haja hoje de defender de todas caminho, ò Rey,humaluz do ceo,
as cousas de quedos Judeos sou que ao resplandor do Sol sobre,
acusado. pujava, e juntamente a mim, e
3 Mórmente sabendo eu que aos que commigo hiaõ, com sua
também tu tens boa noticia de claridade rodeou.
todos os costumes, e questões 14 E cahindo todos em terra,
que ha entre os Judeos : peloque ouvi huma vos que me fallava,
te rogo me ouças ,com paciência: e em lingoa Hebraica dizia: Sau-
4 Quanto a. minha vida, ate lo, Saulo, porque me persegues?
desd’a mocidade (tal qual desd’o Dura cousa te he dar couces con­
principio entre os de minha naçaõ tra os aguilhões.
em Hierusalem haja sido) todos 15 Eu entaõ disse: Quem es,
os Judeos a sabem ; Senhor? E ellè disse< Eu sou
5 Como aquelles que ja de Jesus, aquem tu persegues.
muito antes me conhecerão (se he 16 Mas levanta-te, e poem te
■ que testificar o querem) como sobre teus pés, porque por isso te
conforme á mais perfeita secta apareci, para por ministro e te­
de nossa Religiaõ, sempre vivi stemunha te pór, assi das cousas
Pbariseo. que ja tens visto, como das em
6 E agora pela esperança da que ainda te he de aparecer.
promessa que Deos a nossos Pais 17 Livrando-te déste povo, e
fez,me vejo citado em juizo. das gentes, aquem agora te envio.
7 A' qual nossas doze tribus 18 Paraque lhes abras os olhos,
(servindo continuamente de dia e e das escuridades á luz se conver-
de.noite a Deos) também esperaõ taõ, e do poder de satanás a Deos:
que haõ de chegar: E por esta paraque, pela fé em mim, a remis­
esperança, 6 Rey Agrippa, sou eu são dos peccados alcancem, e sorte
dos Judeos acusado, entre os santificados,
S
194 ACTOS DOS
19 Peloque, ó Rey Agrippa, e os que com elles assentados es"
naõ fui rebelde á visaõ celestial. tavaõ. . . _
20 Antes primeiramente aos 31 E apartando-se a huma ban­
que em Damasco e em Hierusa- da, failavaõ entre si, dizendo:
lem, e por toda a terra de Judea Que nada este homen faz, nem
estaõ, e ás gentes, annunciei que de morte, nem de prisaõ digno.
-se emmendassem, e convertessem 32 E disse Agrippa a Festo:
a Deos, fazendo obras dignas de Bem se podia este homem soltar,
conversão. se a Cesar apellado naõ houvera.
21 Por causa disto lançáraô os
Judeos maõ de mim no Templo; CAPITULO XXVII.
e me procuráraõ matar. i
22 Porem, ajudado do favor 1LJ AS como se determinou, que
de Deos, ainda até o-dia de hoje haviamos de navegar para
persvero, dando testemunho, assi Italia, entregáraõ a Paulo e a
a pequenos, como a grandes ; naõ alguns outros presos, a hum Cen- ■
dizendo nada de maia do que os turiaõ, chamado Julio, da com­
.Brofetas, e Moyses, disseraõ que panhia Imperial.
havia de vir. 2 Assi que embarcandonos em
23 Convém a saber, que o Chri- huma naõ Adramitina, e havendo .
■sto havia de padecer, e o primeiro de navegar por junto aos lugares
da resurreiçaõ dos mortos havia de Asia, nos partimos; estando
de ser, que a luz a este povo, e ás juntamente comnosco o Aris-
gentes, havia de annunciar. tarcho, o Macedonio de Thes-
24 E dizendo elleisto, em sua salonica. ’
defensa, disse Festo em alta voz; 3 E o dia seguinte chegamos
Tresvalias, Paulo, as muitas letras a Sidon; e Julio tratando huma­
te fazem tresvaliar. namente a Paulo, permitio-lhe
25 Porem Paulo: Naõ tresva-. que fosse a ter com os amigos,*
lio, disse, ó potentissimo Festo; para delles ser bem tratado. ,
-só fallo palavras de verdade, e de 4 E dando dalli á vela, fomos
saõ juizo. navegando por mais abaixo de
.26 Porque el Rey mesmo, per­ Cypro: porquanto os ventos eraõ
ante quem taõ livremente fallo, contrários.
sabe mui bem destas cousas; 5 E havendo passado o mar de
. pois naõ penso que nada disto junto a Cilicia e Pamphilia, vie­
ignore: que naõ se fez isto em mos a Myra de Lycia.
algum canto. 6 E achando o Centuriaõ alli
27 Crés, ó Rey Agrippa, aos huma nao Alexandriana, que
Profetas? bem sei que crés. para Italia navegava, nos mandou
28 Entaõ Agrippa disse a Pau­ embarcar nella.
lo; Por pouco me persuadirás a 7 E indo ja por muitos dias
que me faça Christaõ. mui d’espaço nav.egando,- e ha­
29 E disse Paulo: Prouvera a vendo apenas de fronte de Guido
Deos que, ou por pouco, ou por chegado, naõ no-lo permitindo o
muito, naõ somente tu, porem vento, fomos navegando até mais
.também todos quantos hoje ou­ abaixo de Creta, a vista de Sal-
vindo tne estaõ (excepto estas mone.
cadeas) taes, qual eu sou, vos 8 E indo acosteando, apenas
tornareis. chegamos a húm lugar, e que
30 E dito isto, levantou-se el
Rey, e o Presidente, e Bernice, * Ou, A para si algum refresco tomar.
S. APOSTOLOS, CAP. 1XVII. ÍB5
chamaõ os Bons portes, perto do 20 E naõ apãracendo ainda-
qual estava a cidade de Lasea. Sol nem estrellas, ja hia por
9 E passado ja muito tempo, e muitos dias, e sobrevindo nos-
sendo a navegaçaõ perigosa, por huma tempestade naõ pequena,
quanto também ja era passado o toda a esperança de a salva*
jejum Paulo os amoestava. mento irmos totalmente se hia
.10 Dizendo: Varões, bem ve­ perdendo.
jo que com incomodo, e muito 21 E havendo ja muito que naõ
danno, naõ só da carga e da comíamos, entaõ pondo-se Paulo-
nao, porem também ainda ate de em pé no meio delles, disse:
nossas qrroprias vidas, haverá de Mais conveniente houvera sido,
ser a navegaçaõ. ó varões, haver-me ouvido a mim,
- 11 Mas o Centuriaõ dava mais e naõ haver partido de Creta, e
credito ao Mestre, e ao Piloto, evitar este inconveniente, e esta
do que ao que Paulo dizia. perdiçaõ.
12 E naõ sendo aquelie porto 22 Porem agora vos amoesto
acomodado para invernar, fóraõ que tenhais bom animo; porque
os mais de parecer de ainda dalii nenhuma perda haverá da vida
passar, se porventura pudessem de algum de vos-outros, senaõ
tomar a Phenix, e invernarem sómente da nao.
alli: que lie hum porto deCreta 23 Porque ainda esta mesma-
da banda do vento África, e do noite esteve commigo o Anjo
Poente. de Deos, cujo sou, e a quem
13 E ventando ja o Sul, e pa- sirvo, . : ’ .
recendo-lhes que ja tinhaõ o que 24Dizendo: Paulo, naõtemas:
desejavaõ, levantando as velas, Importa que a Cesar sejas apre­
foraõ costeando á Creta. sentado: e ves-aqui Deos te tem
14 Porem naõ muito depois dado a todos quantos comtigo
deu nella hum vento tempestuo­ navegaõ: ..
so, que se chama Euroclydon. 25 Por tanto, 6 varões, tende
15 E sendo a nao delle arreba­ bom animo; porque em Deos
tada, e naõ podendo resistir ao confio, que assi ha de ser, coníb
vento, dando de maõ a tudo, nos a mim me foi dito.
deixamos ira tóa. 26 Porem he necessário que
16 E navegando para huma vamos dar em hua ilha.
pequpna ilha, que se chama 27 Vinda pois a catorzena noi­
Clauda, apenas pudemos ganhar te, e indo nos assi, no mar Adriá­
o batel. tico, andando de huma para a
17 O qual tomado, usáraõ dos outra banda á tóa; lá pela meia
remedios possíveis, cingindo a noite imagináraõ os marinheiros
nao; e temendo darem á costa que chegava-lhes alguma terra.
em Syrte * abaixadas as velas, 28 E lançando o prumo, achá-
nos deixamos assi ir á tóa. raõ vinte braças; e passando hum
18 E andando ja mui ator­ pouco mais adiante, tornando s»
mentados de huma vehemente lançar o prumo, acháraõ quinze
tempestade, o dia seguinte ale- braças.
viáraõ a nao. 29 E temendo de ir dar ém
19 E ao terceiro dia, nos mes­ alguns lugares ásperos, lançáraã
mos com nossas próprias maõs da popa quatro ancoras, desejan-
lançamos da nao a armaçaõ, da que je se fizesse dia.
30 Entaõ procurando os ma*
♦ Ou, Amainadas» I rinheiros fogir da naõ, e lançando
196 ACTOS DOS
o batel ao mar, confo que queriaõ pacecer, que matassem aos pre­
largar as ancoras da proa; sos, paraque nenhum fogisse, es­
31 Disse Paulo ao Centuriaõ, capando-se a nado.
e aos soldados: Se estes na nao 43 Porem querendo o Centu­
naô ficarem, naõ vos podeis vos- riaõ salvar a Paulo, estorvou
outros salvar. este parecer; e mandou que os
32 Entaõ os soldados cortáraõ que pudessem nadar, se lançassem
os cabos do batel, e deixáraõ-no ao mar os primeiros, e em terra
cahir. se salvassem.
. 33 E entretanto que o dia vi­ 44 E os de mais, partê em ta-
nha, exhortava Paulo a todos boas, e parte em cousas da nao.
que comessem alguma cousa, E assi aconteceo, que todos se
dizendo: Hojehejao catorzeno salvàraõ em terra.
dia que ainda esperais, e perma­
neceis sem comer, naõ havendo CAPITULO XXVIII.
nada provado.
34 Por tanto aínoesto-vos que J7 HAVENDO escapado, entaõ
comais alguma cousa, se quer, entenderão que a tlha se cha­
por vossa saude, que nem ain­ mava Melita.
da hum cabello da cabeça de 2 E usáraõ os Barbaros com-
nenhum de vos-outros ha de nosco de naõ pouca humanidade:
cahir. porque accendendo hum grande
35 E bavendo dito isto, e to­ fogo, nos receberaõ a todos, assi
mando o paõ, deu graças a Deos por causa da chuva que vinha,
em presença de todos; e partin­ como por amor do frio.
do-o comecou a comer. 3 Entaõ havendo Paulo ache­
36 Entaõ, tendo ja todos, me­ gado algtnna cantidade de vides,
lhor animo, puzeraõ-se também a e pondo-as no fogo, fogindo da
comer. quentura huma bibora, lhe aco-
3? E éramos por todos, na nao meteo á maõ.
duzentas e setenta e seis almas. 4 E vendo-lhe os Barbaros
38 E abastadosja com a comi­ a besta, dependurada da maõ, di-
da, aleviáraõ a nao, lançando o ziaõ huns aos outros: Certamente
graõ ao mar. homicida he este homem, pois
39 E como ja se fizesse dia, naõ até do mar escapando; o naõ deixa
conheciaõ a terra: enxergâraõ a vingança viver.
porem huma enseada que tinha 5 Porem sacudindo elle a
praia, na qual fóraõ de parecer, besta no fogo, naõ padeceo nen­
se pudessem, de irem dar com a hum mal.
nao. 6 Mas elles estavaõ esperando
40 Peloque levantando as an­ quando se havia de inchar, ou
coras, deixáraõ-se ir ao mar, lar­ cahir morto de repente: porem
gando também as amarraduras havendo ja esperado muito, e
dos lemes.- e alçando a cevadeira vendo que nenhum mal lhè vinha,
ao vento, hiaõ-se a dar comsigo mudados de parecer, diziaõ, que
na praia. era Deos.
41 Dando porem em hum lugar 7 E perto daquelle mesmo lu­
de dous mares, deu a nao ao gar estavaõ as herdades de hum
traves: e fixa a proa, ficou immo- principal da ilha, chamado Pu-
vel, e a popa se abria com a força blio; o qual nos recebeo, o nos
das ondas. hospedou portres dias amigavel­
42 Entaõ fóraõ os soldados de mente.
Si AFOSTOLOS, CAP. XXVIII. 197
8 E aconteceo, que estando o naõ haver em mim nenhuma
pai de Publio na cama, enfermo causa de morte.
de febres, e desenteria, foi-se 19 Porem contradizendo-o os
Paulo a ter com elle; a havendo Judeos, ine foi forçoso apellar'a
orado, poz-lhe as maõs em cima, Cesar: naõ porem que tenha de
e sàrou-o. que acusar a minha naçaõ.
9 E feito isto, vieraõ também 20 Assi que por esta causa vos
a elle todos os de mais que na tenho chamado, para vos ver e
ilha tinhaõ enfermedades, e alcan- fallar: por quanto pela esperança
çáraõ saude. de Israel estou eu rodeado desta
10 Os quaes também nos hon- cadea.
ráraõ com muitas honras; e ha­ 21 Entaõ elles lhe disseraõ:
vendo de navegar, nos carregáraõ Nos outros nem de Judea cartas
das cousas necessárias. alguma acerca de ti havemos re­
11 Assi que, passados tres cebido, nem vindo algum dos
meses, nos fomos navegando em irmaõs nos denunciou, nem fallou
huma nao Alexandrina, que ha­ de ti mal algum.
via invernado na ilha; a qual 22 Todavia bem quizeramos
tinha por insígnia a Castor, e ouvir de ti que sintes: porque,
mais a Pollux. quanto a esta secta notorio nos-
12 E chegando a Syracustq es­ ne, que em todo lugar se lhe con­
tivemos alli tres dias. tradiz. .
13 Donde, indo costeando, vi­ 23 E havendo-lhe assinalado
emos a Rhegio; e hum dia de­ hum dia, vieraõ a elle muitos á
pois, ventando o Sul, viemos o pousada, aos quaes declarava, e
segundo dia a l’u‘.eolos. testificava, o Reyno de Deos, pro­
14 Aonde achando alguns ir- curando persuadi-los a fé de Je­
maõs, rogáraõ-nos que por sete sus, assi pela Ley de Moyses,
dias nos fieassemos com elles. E corçjo pelos Profetas, desde pela
assi viemos a Roma. manhaã até a tarde.
15 Donde, ouvindo de nos os 24 E alguns davaõ credito ao
irmaõs, sahiraõ nos a receber que se dizia; poremos outros naõ '
até a Praça de Appio, e as Tres criaõ.
Vendas: E vendo-os Paulo, deo 25 E como ficâraõ entre si
graças a Deos, é tomou animo. discordes, despediraõ-se, dizendo
16 E como chegamos a Roma, Paulo esta palavra: Que bem que
entregou o Centuriaõ os presos fallou o Espirito- Santo pelo Pro--
ao General dos exercitos: porem feta-Esayas'a nossos pais,
a Paulo se lhe permitio morar 26 Dizendo : Vai-a este povo, .
sobre si á parte, com hum soldado e dize-lhe : De ouvido ouviréis, e
qu« o guardasse. naõ entenderéis: e vendo, veréis,
17 E aconteceo que, tres dias e naõ enxergareis.
depois, convocou Paulo aos prin- 27 Porque engrossado estâ de­
cipaes dos Judeos; e juntos elles, ste povoo coraçaõ, e dos ouvidos
disse-lhes: Varões irmaõs, naõ pesadamente ou viraõ, e dos olhos-
havendo eu feito nada, nem con­ tosquenejáraõ; paraquedos olhos
tra o povo, nem contra os ritos naõ vejaõ, nem dos ouvidos ou—
da Patria, vim com tudo preso çaõ, nem de coraçaõ entendaõ, e
desde Hierusalem, entregue' em. se convertaõ-,’ eu os sáre.
maõs dos Romanos. 28 Seja-vos põis notorio, que
18 Os quaes, havendo-me exa- âs gentes he enviada a salvação,
jainado, me queriaõ soltar, por de Deos: e ellas a ouvirão,..
S.Í.
1!)S EPISTOLA DE S. PAULO
29 E havendo dito isto, sahi- 31 Prégando o Reyno de Deos,
raõ se os Judeos, tendo entre si e ensinando com toda * con­
grande cotenda. fiança e sem impedimento al­
30 Porem Paulo se ficou ainda gum, a doutrinado Senhor Jesu
dous annos inteiros com seu pro- Christo.
prio aluguer: E recebia a todos
quantos a elle vinhaõ : • Ou, Liberdade,

EPISTOLA DO APOSTOLO S. PAULO


AOS ROMANOS.
CAPITULO I. em meu Espirito no Evangelho
de seu Filho, me he testemunha,
TJAULO servo de Jesu Christo, que sem cessar me lembro de vos-
•7 chamado para Apostolo, apar­ outros.
tado ao Evangelho de Deos. 10 Rogando sempre em minhas
2 (Que d’antes por seus Profe­ orações, se porventura em algum
tas nas santas Escrituras havia tempo possa vir a ter ocasiaõ de,
prometido.) pela vontade de Deos, vir a vos-
3 Acerca de seu Filho (que outros.
foi feito da semente de David se­ 11 Porque desejo de vos ver,
gundo a carne: para vos repartir algum dom es­
4 E declarado Filho de Deos piritual, paraque fiqueis confir­
em potência, segundo o Espirito mados.
de santificaçaõ, pela resurreiçaõ 12 Isto he, paraque junta­
dos mortos) comem a saber, nosso mente comvosco fique conso­
Senhor Jesu Christo. lado, pela fé mutua, assi vossa
5 (Pelo qual recebemos a gra­ como minha.
ça, e 0 Apostolado, para a obe­ 13 Ora iramaõs, naõ quero que
diência da fé, entre todas as gen­ ignoreis, que muitas vezes propuz
tes, por seu nome. de vir a vos-outros (fui porem es­
6 Entre as quaes sois vos torvado até o presente, paraque
lambem, os chamados de Jesu também tivesse algum fruto entre
Christo.) vos-outros, como também entre
7 A todos os que estais em as de mais gentes.
Roma, amados de Deos, e cha­ 14 Assi a Gregos como a Bár­
mados Santos : Tenhais graça e baros, assi a sábios como a * igno­
paz de Deos nosso Pai, e do Se­ rantes sou devedor.
nhor Jesu Christo. 15 Assi que quanto a mim,
8 Primeiramente dou graças á prestes estou,, para também aos
meu Deos por Jesu Christo acerca que estais em Roma vos annun-
de todos vos-outros, de que vossa ciaf 0 Evangelho.
fé he * divulgada em todo o 16 Porque naõ me envergonho
mundo. do Evangelho de Christo, pois he
9 Porque 0 Deos, a quem sirvo a * potência de Deos para salva-
çaõ de todo aquelle que crér; do
* Ou, Pregada, o», nomeada, ou- apre
goada.
• Ou, 5'aã sabias, t, Ou, Vffludc eficaz»
AOS ROMANOS, CAP. II. 199
Judeõ primeiramente, e lambem natural, no que he contra natu­
do Gregp. reza.
17 Porque nelle se descobre a 27 E semelhantemente também
Justiça de Deos de fé em fé : co­ os machos, deixando o uso natu­
mo está escrito : Mas o justo vi- ral da mulher, se * accenderaõ em
virá * da fé. sua concupiscência huns com os
18 Porque a ira de Deos se outros, cometendo infamidades
manifesta do ceo sobre toda a machos com machos, e recebendo
impiedade e injustiça dos homens em si mesmos a recompensa, que
•por quanto detem a verdade em convinha seu erro.
injustiça. 28 E como a elles bem lhes
19 Porque o que de Deos co­ naõ pareceo de a Deos reconhe­
nhecer se pode, nelles estfi mani­ cerem, assi os entregou Deos em
festo : porque Deos lho manife­ hum perverso sentido, para come­
stou. terem cousas indecentes.
20 Porque suas cousas invi­ 29 Atestados de toda injustiça,
síveis, assi sua eterna potência, fornicaçaõ, malicia, avareza, mal­
como sua divindade, se enten­ dade: cheios de inveja, homicí­
dem, e vém claramente pelas dio, contenda, engano, maligni­
criaturas desd’a criaçaõ do mun­ dade.
do, paraque fiquem inexcusa- 30 f Malsins, detractores, abor­
veis. recedores de Deos, injuriadores,
21 Porque conhecendo a Deos, soberbos, presumtuosòs, invento­
naõ o glorificáraõ como a Deos, res de males, reveis a pais e a
nem lhe deraõ graças: antes se mais:
esvaeceraõ em seus discursos, e 31 I Sem entendimento, que-
seu tonto coraçaõ ficou entene­ brantadores de concertos, sem
brecido. affecto natural, irreconciliáveis,
22 Dando-se por sábios, se sem misericórdia.
tornáraõ loucos. 32 Que havendo conhecido o
23 E mudaraõ a gloria dòDeos juro de Deos, a saber, que os que
incorruptível em semelhanças da taes cousas cometem, saõ dignos
imagem do homem corruptível, e de morte: naõ sómente que as
de aves, e de animaes de quatro cometem, mas também dos que
pés, e de reptiles. as cométem se agradaõ,.
24 Peio que também Deos os
entregou ás concupicencia de CAPITULO II.
seus corações, para immundicia, DOR TANTO inescusável es, ó
para contaminarem seus proprios A homem, quemquer que sejas,
corpos entre si: que dos outros julgas, porque na-
25 Como aquelles que mudáraõ quillo que do outro julgas, te
a verdade de Deos em mentira, e condenas a, ti mesmo; pois tu
honráraõ e serviraõ á criatura f que aos outros julgas, cometes, as
mais que ao Criador, que j he mesmas causas,
bendito eternamente. Amen. 2 Ora bem sabemos que o juí­
; 26 Pelo que Deos os entre­ zo de Deos he segundo á verdade,
gou a affectos infames: porque sobre aquelles que taes cousas co­
até suas mulheres mudáraõ.o uso métem.
3 E cuidas tu, 6 homem, que
• <3o, Pttefé. • Oa^ AbrazaraÕ.
+ Ou, AnCest ou, deixando^ ou, dando t Ou, MurniuradQrWtWL) assoprfà»
dcmav | Ou, Díve ser» $ Ou, ífycMK,
200 EPISTOLA DE S. PAULO
julgas aos que taes cousas come­ 15 Mostrando a obra da Ley
tem, .que cometendo-as tu, has de escrita em seus coracões; dando
escapar do juízo de Deos ? juntamente testemunho sua con­
4 Ou desprezas tu as riquezas sciência, e acusando-se, ou tam­
de sua benignidade, e paciência, bém escusando-se entre si seiis
e longanimidade, ignorando qtle pensamentos)
a benignidade de Deos te couvi- 16 No dia em que Deos ha de
da • ao arrepedimento ? julgar os secretos dos homens por
5 Mas por tua dureza, e teu Jesu Christo, segundo meu Evan­
coraçaõ f impenitente, te amon­ gelho. '
toas ira como hum thesouro para 17 Eis-que tu te chamas por
o dia da ira, é da manifestaçaõ sobrenome Judeo, e te respousas
do justo juizo de Deos. na Ley e te glorias em Deos.
6 O qual j: recompensará a ca­ 18 E sabes sua vontadí: e *
da hum segundo ás suas obras: discernes o contrario, sendo in­
7 Aos que perseverando em struído f pela Ley.
bem fazer buscaõ gloria, honra, 19 E confias que es guia dos
e incorrupçaõ, a vida eterna: cegos, luz dos que estaõ em tre-
8 Mas aos que saõ contencio­ vas:
sos e § se rebelaõ contra a ver­ 20 i Instrnidor dos ignorantes,
dade, e obedecem á injustiça; Mestres dos néscios, que tens a
se recompenserâ indignaçaõ, e forma da sciencia, e da verdade
ira, da Ley.
9 Tribulação, e angustia sobre 21 Tu pois, que ensinas a ou­
toda alma do homem que || obra trem, naõ te ensinas a ti mesmo?
o mal, do Judeo primeiramente, tu que prégas que naõ fe ha de
e também do Grego. furtar, furtas ?
10 Pôrem gloria, honra, e paz 22 Tu que dizes, que naõ se ha
a qualquer que obra o bem: ao de adulterar, adulteras ? Tu que
Judeo primeiramente, e também abominas os idolos, cometes
ao Grego. sacrilégio ?
11 Porque naõ ha aceitaçaõ de 23 Tue que te glorias na Ley,
pessoas acerca de Deos. deshonras a Deos pela transgres­
12 Porque todos os que sem são da Ley?
Ley pecárárõ, péla Ley também 24 Porque blasfemado he o
perecerão: e todos os que dè- nome de Deos por causa de vos-
baixo da Ley pecaraô, pela Ley outfos entre as gentes, como está
julgados seráõ. escrito.
13 (Porque naõ os ouvidores 25 Porque bem he a circunci­
da Ley saõ justos diante de Deos: são provéitosa, se tu guartlàres a
Mas os obradores dá’Ley haõ de Ley: porem se tu dá Ley es
ser justificados. transgtessor, tua circuncisão se
14 Porque quando as gentes, torna em prepucio.
que naõ tem a Ley, fazem natu­ 26 Pois se o prepucio guardar
ralmente as cousas que saõ da os juros da Ley, naõ será seu
Ley : estes, naõ tendo Ley, para prepucio havido por circuncisão ?
si mesmos saõ Ley. 27 E se o que de stra natureza
he prepucio, cumpre a Ley, naõ te
♦ Oo, Conversai t Ou,. Obstinadeo,
•u, sem arrependimento. • Ou, Examinas, ou,provas»
t Ou, Pagara, ou, rendera, ou, remu* t Ou, Da Ley.
nerara, $ Ou, Naõ obçdççtffa | Ou, Que ensinas aos içwrantttffNt
ensinador dos* - ’ _ v ’
AOS ROMANOS, CAP. III. 201
julgará a ti, que pela letra e a cir­ 10 Como está escrito: Naõha
cuncisão es transgressor da Ley ? justo, nem ainda hum.
28 Porque naõ he Judeo, o que 11 Naõ ha ninguém que enten­
por de fora o he; nem he circunci­ da, naõ ha pinguem que busque a
são, a que por de fora o he na Deos.
carne: 12 Todos se apartáraõ, e fóraõ
29 Mas Judeo he o que por de juntamente feitos inúteis: naõ ha
dentro o he; ea circuncisão he, a ninguém que bem faça, naõ ha
que o he do coraçaõ: em espirito, nem ainda hum.
naõ na letra: Cujo louvor naõ 13 Sepulcro aberto he sua gar­
vem dos homens, senaõ de Deos. ganta: Com suas lingoas trataõ
enganosamente: * peçonha de
CAPITULO III. áspides está debaixo de seus
beiços.
UE mais tem logo o Judeo, ou 14 Cuja boca está cjieia de ma '
Q que aproveita a circuncisão? ledicencia, e de amargura.
2 Miiito, em toda maneira: 15 Seus pés saõ ligeiros para
sobre tudo, que as palavras de derramar sangue.
Deos lhes fóraõ coniadas. 16 Destruição e miséria ha em
3 Pois que ? se alguns fóraõ seus caminhos.
infiéis; aúnulará sua increduli­ 17 E o caminho de paz naõ
dade a fé de Deos ? conhecerão.
4 * Em nenhuma maneira; an­ 18 Naõ ha temor de Deos di­
tes seja Deos verdadeiro, e todo ante de seus olhos.
homem mentiroso ? como está es­ 19 Ora nos sabemos que tudo
crito : Paraque sejas justificado o que a Ley diz, aos que estaõ
em tuas palavras, e venças quan­ debaixo de Ley o diz, paraque
do julgares. toda boca se tape, e que todo o
5 E se nossa injustiça f enca­ mundo seja f condenável diante
rece a justiça de Deos, que dire­ de Deos.
mos? Será Deos injusto trazendo 20 Peloque nenhuma carne será
ira sobre nos? (falto como homem.) justificada diante de Deos pelas
6 Em maneira nenhuma: dou­ obras da Ley : porque pela Ley
tro modo, como julgaria Deos ao he o conhecimento do pecado.
mundo. 21 Mas agora se manifestou a
7 Porque se a verdade de Deos justiça de Deos sem a Ley, sendo
por minha mentira para sua gloria testificada pela Ley, e pelos Pro­
foi mais abundante, porque ainda fetas.
sou condenado como peccador ? 22 Convém a saber a justiça
8 E naõ (dizemos antes como de Deos pela fé de Jesu Christo,
de nos blasfemaõ, e segundo al­ para todos, e sobre todos os que
guns dizem, que nos dizemos:) crém: porque naõ ha nenhuma
Façamos males, paraque venhaõ differença:
bens? Cuja condenaçaõ he justo. 23 Por quanto todos pecaraõ,
9 Pois que ? J Somos nos mais e estaõ destituídos da gloria de
excelentes? Em nenhuma ma­ Deos.
neira, porque ja temos acusado, 24 Sendo justificados J gratui­
assi a Judeos, como a Gregos, que tamente por sua graça pela re-
todos estaõ debaixo de pecado. demçaõ que está em JesuChristo.
• Ou, Deos nos livre, ou, tal naõ haja, • Ou, Veneno. t Culpável
i Ou, Engrandece, ou, encomenda, ou, sesugeite a condenaçaõ de Deos.
aprova, JQu, Somos nos melhores. JOu, De graça.
202 EPISTOLA DE S. PAULO
25 Ao equal Deos propuz para quem Deos imputa a justiça set»
aplacaçaõ pela fé em seu sangue, as obras:
para * mostrar sua justiça pela 7 Dizendo : Bemaventurados
remissão dos pecados dantes co­ aquelles, cujas iniquidades saõ
metidos debaixo da paciência de perdoadas, e cujos pecados saõ
Deos. cubertos.
26 Para manifestaçaõ da sua 8 Bem aventurado o homem, ao
justiça no tempo presente, para- qual o Senhor naõ imputa os
que elle seja o justo, e o que pecados.
justifica ao que he da fé de 9 Pois está esta beatificaçaõ
Jesus. somente na circuncisão, 'ou tam­
27 Aonde esta logo a f jactan- bém no prepucio ? porque dize­
cia? Excluída he: Por qual Ley ? mos que a fé foi contada por ju­
Dás obras? Naõ: Mas peia Ley stiça a Abraham.
da fé. 10 Como pois lhe foi contada?
28 Assi que concluímos, que o estando na circuncisão, ou no
homem he justificado pela fe, sem prepucio ? naõ na circuncisão,
as obras da Ley. senaõ durante o prepucio.
29 He Deos somente Deos dos 11E recebeo o sinal da circun­
Judeos ? Porventura naõ o he cisão, por séllo da justiça de fé a
também das gentes ? Certo tam­ qual lhe era imputado no prepu­
bém o he das geutes. cio, paraque fosse pai de todos
30 Porque elle he hum só Deos, os que crem estando no prepucio,
o qual justificara f da fé a circun­ a nm que também a justiça lhes
cisão, e pela fé ao prepucio. fosse imputada.
31 Desfazemos logo a Ley pela 12 E pai da circnncisaõ, da-
fé?. Em nenhuma maneira: Antes quelles que naõ sóménte saõ da
estabelecemos a Ley. circuncisão: Mas que também se­
guem as pisadas da fé de nosso
CAPITULO IV. pai Abraham, que durante o pre-
pucioteve.
UE diremos logo? que Abra­ 13 Porque a promessa naõfoi
Q ham nosso pai achou segun­ feita pela Ley a Abraham, ou á
do á carne ? sua semente, que seria herdeiro
2 Certo se Abraham foi justi­ do mundo; mas pela justiça
ficado pelas obras, tem de que se da fé.
gloriar, mas naõ acerca de Deos. 14 Porque, se os que saõ.
3 Porque, que diz a Escritura? da Ley, saõ herdeiros, vaã he
E creo Abraham a Deos, e foi-lhe logo a fé, e annulada he a pro­
§ contado por justiça. messa.
4 Ora naquelle que obra, naõ 15 Pois a Ley obra ira; porque
lhe he o galardaõ contado por aonde naõ ha Ley, também naõ
graça, mas por divida. ha transgressaõ.
5 Porem áquelle que naõ obra, 16 Por tanto he pela fé: para­
mas cré naquelle que justifica ao que seja por graça, afim que a
impio,1 sua fé lhe he contada por promessa seja firme a toda a se­
justiça. mente : naõ somente á que he da
6 Como também David diz: Ley, mas também á que he da
Ser bemaventarado o homen, a fé de Abrahaul: o qual he pai de
• Ou, Manjfestaçaõ de $c. nos todos.
t Ou, Gavança* ou, gloriaçaõ. 17 (Como está escrito: Por pai
í Ou, Pela ft. § Ou, Imputado. de muitas gentes te puz) diante de
AOS ROMANOS, CAP. V. 203
Deos, ao qual creo : o qual * dá <de, por quanto o amor de Deos
vida aos mortos, e chama ás iestá derramado em nossos cora­
cousas que naõ saõ como que se <ções pelo Espirito santo que
ja fossem. nos foi dado.
18 O qual com esperança creo 6 Porque Christo, estando nos
contra esperança, paraque fosse iainda bem* fracos, morreo a seu
feito pai de muitas gentes: con­ tempo pelos ímpios.
forme ao que lhe fóra dito : Assi 7 Porque apenas morrerá al­
será tua semente. guém por hum justo: * porque
19 E jtaõ se enfraqueceo na fé, pelo bom poderá ser que alguém
nem atentou para seu corpo ja ousará também morrer;
amortecido, pois ja era de quasi 8 Mas Deos encaréce sua
cem annos, nem também para a caridade para comnosco, que
madre de Sara ja amortecida. Christo morreo por nos, sendo
20 E naõ duvidou na promessa nos ainda pecadores.
de Deos por desconfiança: Mas 9 Logo muito mais agora, sendo
foi esforçado na fé, dando gloria justificados em seu sangue, sere­
à Deos. mos por elle salvos da ira.
21 E sabendo certamente,, que, ’ 10 Porque se sendo nos ainda
>o que lhe . tinha prometido, era inimigos, fomos reconciliados
também poderoso para o fazer. com Deos pela morte de seu
22 Pelo que também lhe foi Filho, muito mais sendo ja re­
contado por justiça. conciliados, seremos salvos por
23 Ora que lhe fosse f contado, sua vida.
naõ só por elle foi escrito: 11 E naõ sómente isto; Mas
24 Mas lambem por nos, aos também nos gloriamos em Deos
quaes será contado, a saber, aos por nosso Senhor Jesu Christo:
que crém naquelle que resusci- pelo qual alcançamos agora a re­
tou dos mortos a Jesus nosso conciliação.
Senhor. 12 Pelo que, assi cpmo pór
25 O qual foi entregue por hum homem entrou o pecado no
nossos pecadps, e resuscitou para mundo, e pelo pecado a morte, e
nossa justificaçaõ. assi a morte passou a todos os
homens, em quem todos pecáraõ.
CAPITULO V. 13 Porque até a Ley, estava o
• QENDO pois justificado pela pecado no mundo: ora o pecado
fé, temos paz para com Deos naõ he imputado, naõ havendo
por nosso Senhor Jesu Christo. Ley.
2 Pelo qual também temos en­ 14 Mas a morte reinou desde
trada péla fé a esta graça na qual Adain até Moyses, até' sobre
-estamos, e nos gloriámos na espe­ aquelles que naõ pecáraõ á ma­
rança de gloria de Deos. neira da transgressão de Adam: o
3 E naõ sómente isto, mas tam- qual he figura daquelle que havia
i bem nos gloriamos nas tribula­ de vir.
ções: sabendo que a tribulaçaõ 15 Mas naõ he o dom gratuito
| produz paciência. como a offensa: porque se pela
4 E a paciência, experiencia; offensa de hum só morrerão mui­
•e a experiencia, esperança. tos, muito mais a gráça de Deos,
5 E a esperança § naõ confun-
• Ou Mas também poderia ser, que
* O a, Píirijíca. . t Qu, Imputado, alguém, ousaria morrer por algum hem
4 Ou, Obra, $Ou, Nao envergonhai fazer.
204 EPISTOLA Dl AS. PAULO
e a doaçaõ pela graça, de hum 4 Assi que estamos sepul­
si homem Jesu Christo, abundou tados com elle na morte pelo
sobre muitos. baptismo: paraque assi como
16 E naõ he o dom como a Christo resuscitou dos mortos
culpa que era por hum que pecou: para gloria do Pai, assi andemos
porque a culpa he de huma só tf nos também em novidade de
fensa para condenaçaõ: Mas a vida.
*graca he de muitas offensas para 5 Porque se com elle fomos
justificaçaõ. feitos huma mesma pranta na con­
17 Porque se pela offensa de formidade de sua morte, também
hum, reinou por hum a morte; o serémos ria conformidade de sua
muito mais os que recebem a restirreiçaõ.
abundancia da graça e do dom 6 Sabendo isto, que nosso ve­
da justiça, reinarão em vida lho homen foi crucificado eom
por este hum só a saber Jesu elle, paraque o corpo do pecado
Christo. fosse * desfeito: Paraque mais
18 A ssi que como por huma of­ naõ sirvamos ao pecado.
fensa veio a culpa sobre todos os 7 Porque o que ja he morto,
homens para condenaçaõ; assi justificado está do pecado.
também por huma só justiça, veio 8 Ora se ja com Christo mor­
a graça sobre todos os nomens remos, cremos que também com
para justificaçaõ de vida. elle vivircmos.
19 Porqtje assi como pela des­ 9 Sabendo que hávendo Christo
obediência deste hum só homem, resuscitado dos mortos, ja naõ
muitos fóraõ feitos pecadores; morre mais: nem a morte tem
assi pela obediência de hum só, mais sobre elle senhorio.
muitos, seráo feitos justos. 10 Porque, que morreo, mor-
20 Porem f sobreveio a Ley, reo huma vez para o pecado: Mas
paraque a offensa j abundasse: que vive, para Deos vive.
Mas aonde o pecado abundou, 11 Assi também vos, fazei
§ ahi abundou mais a graça. conta que morrestes para o
21 Paraque assi como o pecado pecado: Mas que viveis para
reinou para morte, assi reinasse Deos em Jesu Christo Senhor
também a graça por justiça para nosso.
vida eterna, por Jesu Christo 12 Por tanto naõ reine o peca­
Senhor nosso. do em vosso corpo mortal, para
CAPITULO VI. lhe obedecer nas concupiscências
do mesmo corpo.
UE diremos logo ? Perseve­
Q 13 Nem tampouco f apliqueis
raremos em pecado, paraque vossos membros ao pecado por
a graça abunde ? instrumentos de iniqidade: Mas
2 Em nenhuma maneira. Nos j aplicai-vos a Deos, §como sendo
que estamos mortos ao pecado, de mortos feitos vivos, e || vossos
como ainda vivirémos nelle? membros aDeos por instrumentos
3 Ou naõ sabeis que todos os de justiça.
que somos baptizados em Jesu 14 Porque o pecado naõ se
Christo, em sua morte somos ensenhoreará de vos, pois naõ
baptizados f * Ou, Reducido a nada, ou, em nada.
• Ou, O d&m. + Ou, Apresenteis.
t Ou, Alem, disso entrou. t Ou, Apresentai-vos.
í Ou, Crecesse. $ Ou, Como resuicitados, dos moltos.
$ Ou, Subrepvjou a graça. À Ou, (aplicas) vossos membros a Deus
por instrumentoi dejustiça.
AOS ROMANOS, CAP. VII. 205
estais debaixo da Lei, senaõ de­ pela Lei: porem morto o marido,
baixo da graça. livre está da Lei do marido.
15 Pois que ? pecarémos, por 3 Assi que vivendo o marido,
quanto naõ estamos debaixo da será chamada adultera, se a outro
Lei, senaõ debaixo da graça i marido se ajuntar; mas morendo
Em nenhuma maneira. o marido, livre está da Lei; de
16 Naõ sabeis vos, que a quem maneira que naõ será adultera, se
■ vos offerecerdes por servos para se ajuntar a outro marido.
lhe obedecer, sois servos daqueile 4 Assi que, irmaõs meus, tam-
a quem Obedeceis, seja do peca­ bem vos estais mortos á Lei pelo
do para morte, ou da obediência corpo deChristo: paraqueifoutro
para justiça? sejais, a saber, daqueile que dos
17 Ora graças a Deos que bem mortos resurgio, paraque frutifi­
fostes vos servos do pecado : Mas quemos a Deos.
que agora de coraçaõ obedecestes 5 Porque quando nos está­
á forma da doutrina a. que fostes vamos na catne, as affeições
* atrabidos. dos dos pecados que saõ pela
18 Assi que sendo, livres do Lei, tinhaõ vigor em nossos
pecado, estais feitos servos da membros, para frutificarem para
justiça. morte.
19 Como homem digo, pela 6 Mas agora estamos livres da
fraqueza de vossa carne: Que assi Lei, sendo mortos áquella em
como aplicastes vossos membros que estávamos retidos: assi que
parã servirem á immundicia e á sirvamos em novidade de Es­
iniquidade, para iniquidade: Assi pirito, e naõ em velhice de
aplicai agora vossos membrospanz letra.
em santitade servir á justiça. 7 Que diremos logo ? He a Lei
20 Porque quando éreis servos pecado? em nenhuma maneira:
do pecado,livres etáveis dajustiça Mas antes eu naõ conheci o pe­
21 Pois que fruto tinheisentaõ cado, senaõ pela Lei; porque
das cousas de que agora vos En­ tampouco conhecera eu a* con­
vergonhais ? Porque o fim delias cupiscência ser pecado se a Lei
he a morte. naõ dissera: Naõ cobiçarás.
22 Mas ágora havendo sido 8 Mas o pecado, havendo to­
livres do pecado, feitos servos de mado ocasiaõ pelo mandamento,
Deos, tendes vosso fruto em san- gerou em mim toda concupicen-
tificaçaõ, e por fim a vida eterna. cia: Porque sem a Lei o pecado
23 Porque as pagas do pecado, está morto.
he a morte: Mas o dom gratuito 9 Porque sem a Lei, viviâ eu
de Deos, he a vida eterna por dantes: Mas quando veio o man­
nosso Senhor Jesu Christo. damento, o pecado começou a
reviver, e eu morri:
CAPITULO VII. 10 E o mandamento que era
("jU naõ sabeis vos, irmaõs,(fal!o para vida, foi achado para mim
com os que entendem a Lei) mortal.
que a Lei tem senhorio sobre o 11 Porque o pecado tomando
homem todo quanto tempo vive ? ocasiáò pelo mandamento, me
2 Porque a mulher que está enganou ; e por elle me matou.
f sugeita a marido, em quanto o 12 Assi que a Lei santa he,
marido vive, está-lhe f obrigada e o mandamento santo, e justo, e
* Ou, Entregues. + Ou, Em poder de. bom.
t Ou, Atada. • Ou, Cobice.
T
Í05 EPISTOLA DE ST. PAULO.
13 Logo tomou-se-me o que he 24 Miserável homem de mim !
bom em morte? em nenhnma ma­ Quem me livrará do corpo desta
neira. Mas o pecado. tornou-se- morte J
me emmorte pataque se mostrasse 25 Graças dou a Deos por Jesu
ser pecado, obrando-me a morte Christo Senhor nosso.
pelo bem: a fim que o pecado, 20 Assi que eu mesmo sirvo
pelo mandamento, se fizesse **•com o animo íi Lei de Deos, mas
excessivamente pecante. com a carne â Lei do pecado.
14 Porque bem sabemos que
a Lei he espiritual: Mas eu CAPITULO VIII. .
sou carnal, vendido debaixo de
pecado. A SSI que agora nenhuma coh»
15 Porque eu naõ f aprovo o denaçaõ ha pará os qu«
que faço, pois naõ faço o que que­ estaõ em Christo Jesus, que naõ
ro, mas o que aborreço, isso faço. audaõ segundo a carne, mas se»
1C Ora se eu faço o que naõ gundo o Espirito.
quero, consinto com a Lei, que 2 Porque a Lei do Espirito de
he boa. vida, em Jesu Christo, me livrou
17 De maneira que agora eu da Lei do pecado, e da morte. _
naõ faço aquillo, senaõ-o pecado 3 Porque o que era impossível
•que em mim habita. á Lei, por quanto era fraca pela
18 Porque eu sei que em mim, carne, Deos enviando a seu Fi­
convém a saber em minha cartie, lho em semelhança de carne de
naõ habitao bem : porque o que­ pecado, e isso por pecado, con­
rer I eu o tenho: porem § aperfei­ denou ao pecado na carne:
çoar o bem, naõ o alcanço. 4 Paraque a justiça da Lei
19 Porque naõ faço o bem que fosse cumprida em nos, que naõ
■quero, mas o mal que naõ quero, andamos segundo a carne, mas
isso fitco. isegundo o Espirito.
20 í^ue se eu faço o que naõ 5 Porque os que saõ segundo a
quero, ja naõ sou eu o que o faço, carne, * consideraõ as cousas da
mas opecadoque em mim habita. ■carne: mas os que saõ segundo o
21 Assi que acho esta Lei em Espirite, considerai as cousas do
mim, que quando quero fazer o i Espirito.
bem f[ o mal me he proprio. 6 Porque a f consitleraçaõ da
22 Porque 5f tomo prazer na carne hemorte, mas q considera­
Lei de Déos segundo o homem ção do Espirito, be vida e pw.
interior. 7 Por quanto a consideração da
S3 Mas vqjo outra Lei em carne he inimizade contra Deos:
meus membros, que batalha con­ porque naõ se sugeita á Lei de
tra a Lei de meu animo, e me Deos : nem tampouco pode.
** prende debaixo da Lei do pe 8 Por tanto os que estaõ na
cado que está em meus membros. carne, naõ podem agradar a Deos.
9 Ora vos-outros naõ estais na
* Ou, Sobre maneire,. carne, senaõ o Espirito; se he
t Ou, Conheço
* ou, entendo.
♦ Ou, AfinçadO está em mim ou, que o Espirito de Deos em vos
Tíerdàde em mim está, &c. habita: Mas sej algum naõ tem
j Ou, Kffcituar. o Espirito de Christo, o tal naõ
jj Ou, O mal está afincado em mim, ou, he seu.
jaz emmim. 10 E Se Christo está em vos-
Ou, Tenho prazer, ou, me deleito.
*• Ou, Me cativa, ou, mc leva cativo a • On, Snbtm. t Ou, SelKdoria^
Zei de pecado. t Ou, Algum.
AOS ROMANOS, CAP. VIII.
outros, o corpo eia verdade está 21 Com esperança que também
morto porcausa do pecado; mas a mesma criatura vim a ser livre
o Espirito he vidã por causa da da servidaõ de corrupção, par»
justiça. liberdade da gloria doí filhos de
11 Ora se o Espirito daquelle • Deos.
que resuscitou dos mortos a Je­ 22 Porque bem sabemos que
sus, habita em vos, aquelie que toda, a criatura suspira, e está
a Christo resuscitou dos mortos juntamente até agora como de
vivificará lambem vossos corpos parto.
mortaes, por seu Espirito, que em 23 E naõ 'sómente vila, ma»
vos habita. também nos mesmos, que temos
12 De maneira irmaõs, que de­ mesmos, esperando a * adopçaõ,
vedores somos, naõ á carne, para as primícias do Espirito, nos
viver segundo a carne. mesmos digo suspiramos em nos
13 Porque se segundo a corne convém a saber, a redemçaõ de
viverdes, morreréis: Mas se peio nosso corpo.
Espirito mortificardes as obras do 24 Porque em esperança somo»
corpo, viviréis. salvos. Ora a esperança que se
14 Parque todos os que saõ vé, naõ he esperança: Porque O
guiados pelo Espirito de Peos, que alguém vé, porque também
saõ filhos de Deos. o ha de esparar f
15 Porque vos naõ recebestes 25 Mas se esperamos o que naõ.
o Espirito de servida», outra vez vemos, com* paciência he que o
para temor; mas antes recebestes esperamos.
O Espirito de adopçaõ, pelo qual 26 E da mesma maneira tam­
* bramades, Abba, Pai. bém o Espirito ajuda ajuntamen-
16 Q mesmo Espirito dá tes­ te nossas fraquezas: Porque naõ
temunho çom nosso espirito, que sabemos, como convém, o que
somos filhos de Deos. havemos de orar; Mas o mesmo
17 E se somos filhos, somos Espirito ora por nos com suspiroa
' logo também lierdeiros, herdeiro» inetfabeis.
de Deos, e coherdeiroa de Christo: 27 Mas o que esquadrinha os
se he que com tile padecemos, corações, conhece qual he a
paraque também com eiie glorifi­ t sabedoria do Espirito; Porque
cados sejamo». elle ora pelos santos segundo
18 Porque eu me resolvo, em Deos..
que f os sofrimentos do tempo 28 Ora bem sabemos nos tam­
presente naõ saõ para contra­ bém, que toda» as cousas qjudaõ
pesar com a gloria que em nos ha juntamente em hem aos que
de vir a sor manifestada. amaõ a Deos, ctmvevi a saber, aoa
19 Porque a criatura cowi» que segundo seu pruposito saõ
com levantada cabeça espera chamados.
a manifestaçaõ dos filhos, de 29 Porque aos que elle d’antes
Deos. conhece», também os predesti­
20 Porque a criatura está su- nou, paraque fossem feito» con­
geita a vaidade, naõ por sua vou- formes á imagem de seu Pilho;
tade, mas por causa do que a su- Paraque elle séja o primogénito
geitou á vaidade: entie muitos irmaõs.
30 E aos que predestinou, a
• Ou» Clamamos.
t On, O jue se padece no tempo esses também chamou. E ao»
presente, na9 he para eomparar com a • Ou» Perfilhaçav,
gloriafutura cuvlnãoura.
208 EPISTOLA DE S. PAULO
que chamou, a esses também 3 Porque eu mesmo desejára
justificou: E aos que justificou, ser apartado de Christo por meus
a esées também glorificou. irmaõs, que saõ meus parentes
31 Pois que dirémos a estas segundo a carne:
cousas ? se Deos he por nos, quem 4 Que saõ Israelitas, aos quaes
será contra nos ? he a adopçaõ, e a gloria, e os
32 Aquelle que também nem concertos, e a * data da Lei, e o
a seu proprió Filho * popou, mas f serviço divino, e as promessas.
antes por nos todos o entregou ■ 5 Dos quaes saõ os pais, e
Como naõ nos dará também com dos quaes he Christo segundo a
elle todas as cousas ? carne, o qual he Deos sobre todas
33 Quem intentará acusaçaõ as cousas bendito eternamente.
eontra os oscolhidos de Deos ? Amen.
Deos he o que justifica. 6 Com tudo naõ digo isso co­
34 Quem he o que condena? mo que a palavra de Deos haja
Christo he o que foi morto, e o j cabido: porque nem todos os
que mais he, o que também re- que saõ de Israel, saõ por isso
suscitou: o que também está á Israel.
maõ direita de Deos, e o que 7 § Nem por serem semente de
lambem por nos roga. Abraham, por isso saõ todos
35 Quem nos apartará do amor filhos: Mas em' Isaac te será
de Christo ? tribulaçaõ, ou an­ chamanda semente.
gustia, ou perseguição, ou fome, 8 Quer dizer, naõ os que saõ
ou nueza, ou perigo, ou espada ? filhos da carne, saõ filhos de Deos:
36 (Como está escrita : Por Mas os que saõfilhos çlapromes-
amor de ti somos todos dias á sa, saõ contados pór semente.
morte entregues, e como ovelhas 9 Porque está he a palavra da
daf carniceria somos estimados.) promessa: Perto deste tempo, vi-
' 37 Antes em todas estas cousas réi, e terá Sara hum filho.
somos mais que vencedores por 10 E naõ sómente este: Mas
aquelle que nos amou. também Reboca he prova. disso,
38 Porque eu estou certo, que quando de hum concebio, a saber,
nemmorte, nem vida, nemAnjos, de nosso pai Isaac.
nem Principados, nem Potestades, 11 Porque antes que os meninos
nem o presente, nem o por vir, nascessem, nem fizessem bem,
39 Nem altura, nem profun- nem mal,paraque o proposito de
dura, nem alguma outra criatura Deos, que he segundo a elèiçaõ. ||
lios podei á apartar do amor de ficasse, firme naõ pela obras, mas
Deos, que em Christo Jesu Se­ por aquelle que chama.
nhor nosso está. 12 Lhe foi dito: O mayor ser­
vira ao menor.
CAPITULO IX. 13 Como está escrito: AJacob'
amei, e a Esau aborreci.
"T7ERDADE digo em Christo, 14 Pois que diremos ? Que ha
» e naõ minto (dando-me minha injustiça acerca de Deos ? Em
conscienciatestemutiho pelo Espi­ nenhuma maneira' :
rito santo. 15 Pois disse a Moyses: Teréi
2 Que tenho grande tristeza e • Ou, Qrdenança, ou, a çonstituiçai.
continuo tormento em meu co- f Ou, evito.
raçaõ. t Ou, Descabido, ou,faltado.
§ Ou, E pôr serem semente he Ãbvch
• Ou, Perdoou, ham, nem por isso sai todos.
t Ou, Da matança, ou, matadeiro. 11 Ou, Permanecesse.
AOS ROMANOS, CAP7X1. 299
piisericorda do qne trvcr miseri­ 27 E Esayas brada acfirca de
córdia: e compadecer-me-hei do Israéi: * Aindaque o numero dos
que me compedecer. filhos de lsiaél fosse como a area
16 Assi que naõ he do que do mar, seiáo restante salvo.
quer, nem do que corre, senaõ de 28 Porque f dá fim e abrevia O
Deos que tem misericórdia, negocio em justifiça: Pois o Se­
17 Porque a Escritura diz a nhor fará hum negocio abreviado
Pharao; Para isto mesmo te le­ sobre a terra. ,
vantei, para mostrar em ti mi­ 29 E como Esayas d’antestinha,
nha poteucia, e paraque meu dito: Se o Senhor dos exercitos
nome seja annunciadoem toda a nos naõ detxára semente, como
terra. Sodoma foramos feitos,.e a Go-
18 De modo que do que quer mora foramos semelhantes.
tem misericórdia, e ao que quer 30 Pois que diremos ? Que as
endurece. gentes que naõ buscavaõ a justi­
19 Ora tu medirás: pois por­ ça, tem alcançado justiçai porem
que se *.queixa ainda? porque ■i justiça que he pela fé.
quem resistio a sua vontade ? 31 Mas Israel que buscava a
20 Mas antes, ó homem, quem Lei-da justiça, naõ chegou á Lei
e» tu, que f contestes contra Deos í ,da justiça
porventura dirá a cousa j, formada 32 Porque ? porque <? naõ bus­
ao que a formou, porque me fizeste cavaõ pela fé, ma3 como pelas
assi ? obras da Lei; por quanto trope-
21 Ou naõ tem o olleiro poder çáraõ na pedra de tropeço.
para fazer de huma mesma massa 33 Como está escrito: Eis-que
hum vaso para honra, e outro para eu ponho era Siaõ a pedra de-
deshonra ? tropeço, e a rocha de escandalo:
22 E que ha, se Deos, queren­ a quem quer que uelle cicr, naõ.
do mostrar sua ira, e dar, a con­ será confundido.
hecer sua potência, suportou com
grande paciência os vasos de ira, CAPITULO X.
preparados para perdiçaõ:
23 E para dar a conhecer as rilmaos, quanto á boa affeiçaô
riquezas de sua gloria, nos vasos de meu coraçaõ, e a oraçaõ
de misericórdia, que para gloria que faço a Deos por Israel, he
d’antes tem aparelhado? para ;ua salvaçaõ.,
24 Aosquaestambém, chamou, 2 Porque eu lhes dou testemu-
cwvsm. a saber, a nos, naõ sómen­ ího que Um zelo.de Deos,mas
te d’entre os Judeos, mas lambem .iaõ com entendimento.
d’entre a» gentes l 3 Porque ruô conhecendo a.
25 Assi como também diz’ em p.istiça da Deos, e procurando es-
Oséas ; Chamaréi méu povo ao tabfocer sua propna justiça, naõ.
que meu povo naõ éra: E minha se sugeita âjustiça de Deos
Smada, á que naõ éra amada. 4 Porque Chnsto he o fim da
26 E acontecerá, que no lu­ Lei, para justiça de todo aquelle
gar, aonde lhes foi dito, Vos que cré.
outros naõ sois meu povo, aiu 5 Porque + descreve Moyses a<
sernõ chamados filhos do Deos iustiça que he § pela Lei, cUssendo;.
vivente.
• Ou, Se o numero,
• Ou, í Ou, Consuma, ou, acaba.
t Ou, Respondas, ou, alterques. J Ou, Declarado, ou» pintas, ou, do*
í Ou, 1'citv, ou,lavrada,ou, a/ritura. ctfra. £ Qot D**
T2
210 EPISTOLO DE S. PAULO
O homcrh que estas cousas fizer, terra tem sahido soido dellcs,'é
por ellas vivirá. suas palavras até os cabos dõ
6 Mas a justiça que pela fé, mundo.
diz assi: Naõ digas em teu cora­ 19 Mas digo porventura naõ o
çaõ, quem subifá ao ceo ? isto he conlieceo Israel? primeiramentè
trazer do alto a. Christo : Moyses diz : Eu vosprovocaréi a
7 Ou, quem descenderá ao a- ciúmes como aquélle que naõ he
bismo ? isto he trazer dos mortos povo : Com gente ignorante vos
a Christo: provocaréi a ira.
8 Más quehe o que diz? Junto 20 E Esayas se atreve a dizer:
a ti está a palavra, em tua boca, Achado fui dos que me naõ bus-
e ern teu coraçaõ. Esta he a cavaõ: E manifestei-me aos que
palavra de fé, que prégamos. por mim naõ perguntavaõ.
9 A saber, se com tua boca ao 21 Mas contra Israel diz: Todò
Senhor Jesus confessares, e em o dia estendi minbasmaõsa hurti
teú coraçaõ creres, que Deos povo rebelde e contradizente.
dos mortos o resuscitou, . serás
salvo. CAPITULO XI.
10 Porque com o coraçaõ se FJIGO pois, porventura * en-
cré para justiça, e com a boca se geitou Deos a seu povo ? eni
faz confessaõ pela salvaçao, nenhuma maneira: porque tam­
11 Porque a Escritura diz: bém eu sou Israelita da f desce-
Todo aquelie que nelle crér, naõ dçncia de Abraham, do linha­
será confundido. gem de Benjamin.
12 Por quanto naõ ha differença 2 Deos naõ engeitoú a seu po­
do Judeo, nem do Grego: Porque vo, ao qual d’antes conhéceo.
hum mesmo he o Senhor de todos, Porventura naõ sabeis vos o que a
© qual he rico para com todos os Escritura diz de Elias, como falia
que o invocaõ. a Deos contra Israel, dizendo :
13 Porque todo aquelie que 3 Senhor, a teus Profetas matá-
invocar o nome do Senhor, será raõ, e a teus altares derribáraõ: e
«alvo. . eusófiquei, e buscaõminhaalma.
14 Como invocarão logo aquelie 4 Mas que lhe disse a .divina
em quem naõcreraõ? E como reposta ? ainda sete mil homenS
crerão? naquelle de quem naõ rne reservei, que naõ dobráraõ oi
ouviraõ ? E como ouviráõ sem j uelhos diante da imagem de Baal;
haver quem lhes prégue? 5 Assi que tamhem neste tem­
15 E como pregarão senaõ fo­ po ficou hum 1 restante, segundo
rem enviados ? Como está escrito: a eleiçaõ da graça.
quíe * formosos saõ-os pés dos que 6 E se he por graça, naõ hé
que ánnunciaõ a paz, dos que an- mais pelas obras : Doutra mane­
munciaõ as cousas boas 1 ira naõ he a graça ja graça : Mas
16 Mas naõ todos obedecéraõ se lie pelas obras, ja naõ he por
ao Evangelho: Porque Esayas graça: Doutra maneira naõ he a
diz: Senhor, quem creo a nossa f obra j a obra.
pregaçaõ. 7 Pois que ? O que Israel busca­
17 Assi que a fé he pelo ouvir, va, naõ alcançou : Mas os eleitos
e o ouvir pela palavra de Deos. o afcançaraõ, e os outros foraõ
18 Mas digo porventura naõ o endurecidos.
euviraõ? antes certo por toda a 8 (Comoestá escrito: Deu-lhes
• Ou, Regeitou, t Ou, Scmenti,
• Ou, Craciosr». t Ou, Owíd», ; Ou, Resto,
AOS ROMANOS, CAP. Xí. Sll
Deos espirito do profundo sono: 21 Porque se Deos naõ ® pou-
e olhos para naõ ver, e ouvidos oou áos ramos naturaes, o/Ãaqué
para naõ ouvir) até o dia pre­ também a ti te naõ f poupe.
sente. 22 Por tanto atcula para a be­
9 E David diz: Que sua mesa nignidade e severidade de Deos:
se lhes torne em laço, e em rede, a saber, a severidade sobre os
e em tropeço, e para sua retri que cahiraõ, e a benignidade para
huiçaõ, comtigo, se perseverares na be­
10 Que seus olhos se escuréçaõ nignidade: d’outra maneira tam­
para naõ verem, e encorva-lhes bém tu serás‘cortado. ’
continuamente as costas. 23 E também elles, se naõ pcr-
11 Digo pois porventura tro- serverarem em incredulidade se-
peçaraõ paraque cahissem? em raõ enxertados: Porque poderoso
nenhuma maneira: mas por sua he Deos para os tornar a enxer­
cahida veio a salvaçaõ ás gentes, tar.
para os provocar a ciúmes. 24 Porque se tu foste cortado
12 Ora se sua cahida he a ri­ do natural azambugeiro, e contra
queza do mundo, e sua diminui­ natutezaexertado ua boa oliveira,
ção a riqueza das gentes: Quanto quanto mais estes que saõ os na­
mais sua abundancia ? turaes ramos, seraõ enxertadoâ
13 Porque comvoscofallo, gen­ em sita própria oliveira ?
tes, por em quanto das gentes 25 Porque naõ quero, irmaõs,
sou Apostolo, meu ministério que ignoreis este segredo (para*
honro : que naõ sejais sábios em vos
14 Se de alguma maneira aos mesmos:) que o enduricimento
de minha carne provocar posso a aconteceo em parte em Israel, até
ciúmes, e salvar a alguns delles. que entre o enchimento dos gen­
15 Porque se seu rejeitamento tios.
he do mundo a reconciliação, 26 E assi todo Israel será sal­
qual será o recebimento, senaõ vo, como está escrito: Vira de
vida d’entre os mortos ? Siaõ o libertador, e desviara as
IS Ora se as primícias saõ san­ impiedades de Jacob.
tas, também a massa o he: E se 27 E isto lhes he de mim hum
a raiz he santa, também os ramos concerto, quando eu tirar seus
o saõ. pecados.
17 E se alguns dos ramos fóraõ 28 Assi que, quahto ao Evan­
* quebrados, e sendo tu azambur gelho, inimigos saõ por causa de
geiro, em togar delles foste f en­ vos-outros: Mas quanto á elei­
xertado, e feito participante da ção, amados, por causa dos pais.
raiz, e da grossura da oliveira: 29 Porque os dons e a vocaçaõ
18 Naõ te glories contra os ra­ de Deos, saõ sem arrependimento.
mos : que se tu te glorias, naõ es 30 Porque assi como vos-outros
tu o que sustentas a raiz, senaõ fostes também antigamente rebel­
a raiz a ti. des a Deos, e agora alcançastes
19 Ditas pois: Os ramos foraõ misericórdia pela j rebeliaõ destes:
quebrados, para que eu fosse en- 31 Assi lambem agora estes
xeriado. fóraõ rebeldes, paraque também
20 Bem, por incredulidade fó­ alcancem misericórdia por vossa
raõ quebrados, e tu por fé estás misericórdia.
empé: Naõ te ensoberbéçasj mas 32 Porque Deos encerrou a to-
teme. • Ou, Perdoou. + Ou, Perdoa
• Ou, Corífltdor, J Ou, Ennrido- t Ou, Dttotedicncw,
212 EPISTOLA DE S. PAULO
dos debaixo de rebelião, para de seja profecia, segundo a * ana­
todos haver misericórdia. logia da fé: Seja ministério, em
33 O profundidade das rique administrar: Seja que alguém en­
zas da sabedoria e da sciencia de sine, em ensinar!
Deos! quaõ imcomprehensiveis 8 Seja que alguém exhorte, em
saõ seus juízos, e inpervestigaveis exhortar: Seja que alguém repar­
seus caminhos! ta, em simplicidade: Seja que
34 Porque quem entendeo o * aiguem presida, f com cuidado:
intento do Senhor? oti quem foi Seja que aJguem exercite mise-
seu conselheiro ? icordia, j com alegria.
35 Ou quem he, o que lhe deu 9 O amor seja sem fingimento.
a elle primeiro, e ser-lhe ha tor­ Aborrecendo o mal, achegando-
nado ? vos ao bem.
36 Porque delle, e por elle, e 10 Tende huns para com os
para elle saõ todas as cousas: A outros cordial caridade com fra­
elle seja a gloria enternamente. ternal amor : Prevenindo-vos com
Amem honra huns aos outros.
11 No cuidado naõ. sejais per-
CAPITULO. XII. guiçosos: Sede ardentes ém Es­
pirito: Servi ao Senhor.
"DOGO-vos pois, irmaõs, pelas 12 Sede gozosos na esperança :
misericórdias de Deos que Pacientes na tribulaçaõ; Perse­
apresenteis vossos corpos em sa- verantes na oraçaõ:
crificio vivo, santo e agradavei a 13 Comunicando ás necessida­
Deot,gue he vossoculto racional. des dos santos: Seguindo a § hos­
2 E naõ vos conformeis com pitalidade.
este mundo, mas reformai-vos 14 Bendizei aos que vos perse­
pela renovaçaõ de vosso animo, guem: bendizei, e naõ maldi­
paraque experimenteis qual seja gais
a boa, e agradavei, e perfeita 15 Alegrai- vos com os que se
vontade de Deos. alegraõ; e chorai com os que
3 Ora pela graça que me he choraõ.
<dada digo a cada hum de vos- 16 Tende hum mesmo senti­
outros, que ninguém saiba mais do mento liuus para com os outros.
que saber convein: Mas que saiba Naõ || affecteis cousas altivas;
com temperança, cada hum con­ Mas acomodai-vosás baixas: Naõ
forme & medida da fé que Deos sejais sábios em vos mesmos.
lhe tem repartido: 17 Naõ torneis a ninguém mal
4 Porque assi como em hum por mal. Procurai as cousas ho­
só corpo temos muitos membros, nestas diante de todos os ho-
e todos os membros naõ tem mems.
huma mesma operaçaõ: 18 Se possível for, quanto em
5- Assi muitos somos hum só vos he, tende paz com todos os
corpo em Christo: t Mas cada homerns.
qual membros huns dos outros. 19 Naõ vos vingueis a vos
6 De modo que tendq differen- mesmos, meus amados, antes dai
tes dons, segundo a graça que lugar á ira, porque escrito ftálá:
Ms he dada, Minha hea.vingança: euopaga-
7 Empreguemos,pois estes dons, réi, diz o Senhor.
* Ou, Uegro, <***» proporção*'
• Ou, pensamento. t Ou, Cuidadosamente.
lOu, Mas cadtltwn CU mcm* t Ou, Alegremente,
iros hum do outro, $ Oe, Hofpvtejem, f Ou,
AOS ROMANOS, CAP. XIV. 213
20 Por tanto se teu inimigo ti­ tros: Porque quem a outro ama,
ver tome, dá-lhe de comer: se cumprio a Lei.
tiver sede, dâ-lhe de beber: Por­ 9 Porque isso: Naõ adultera-,
que fazendo isto, brasas de fogo ,rás: Naõ matarás: Naõ furtarás :
lhe amontoarás sobre a cabeça. Naõ dirás falso testemunho: Naõ
21 Naõ* te deixes vencer dc cobiçarás: E se ha algum outro
mal: Mas vence ao mal com o mandamento, nesta palavra sum-
bem mariamente se comprende, ama­
rás a teu proximo como a ti
CAPITULO XIII. mesmo.
10 A caridade naõ faz mal ao
rpODA alma esteja sugeita ás proximo: Assique o cumprimento
■*- potestades superiores: Por­ da Lei he a caridade.
que naõ ha potestade, setiaõ de 11 E isto digo tanlo mais, sa­
Deos, e as potestades que ha, saõ bendo o tempo, que ja he ora de
ordenadas de Deos. nos levantarmos do sono; Por­
2 Peloque quem resiste á po­ que agora está a salváçaõ mais
testade, á órdenaçaõ de Deos re perto de nos, do que quando n»
siste: e os que lhe resistem, so­ principio crémos.
bre si mesmos traraõ f conde­ 12 A noite he passada, é o
nação. dia he chegado: por tanto * deixe­
3 Porque os Magistrados naõ mos as obras das trevas, e vista­
$ saõ de tender para os que bem mo-nos das armas da luz.
obraõ, senaõ para os que obraõ, 13 Andemos honestamente, co­
mal. Ora queres tu naõ temer mo de dia: Naõ em glutonarias,
a potestade! faze bem, e terás nem em borrachices: 'Naõ em
delia louvor. camas, nem. em dissoluções: Nao
4 Porque he Ministro de Deos empendenciàs, nem em inveja.
para teu bem: Mas se mal fizeres, 14 Mas vesti-vos do Senhor
teme: porque naõ traz § a éspada Jesu Cbristo, e f naõ tephats
sem causa: Porque he ministro cuidado da carne para J desejos,
de Deos, para com vingança cas­ CAPITULO XIV.
tigar ao que faz mal.
5 Por tanto necessário he estar /")RA quanto ao que he§ enfer-
sugeito, naõ somente § pelo casti­ mo na fé, || recebei-o, mas
go, mas também pela consciência. naõ em contendas de disputas.
6 Porque por esta causa pagais 2 Porque hum cré que de tudo
vos também tributos: porquanto se pode comer, e o outro, que he
saõ ministros de Deos, ocupando- U enfermo, come ortaliçasi**
se sempre nisto mesmo. ’ 3 O que come, naõ despreze
7 Por tanto paga a cada hum o ao que naõ come: E o que naõ
qitelhe hedevido: Aquém tributo, come, naõ julgue ao que come:
tributo: Aquem renda, renda: Porque Deos o tomou-ff para si. ’
Aquem, temoq, temor: Aquem 4 Tu quem es, que julgas ab
honra, honra. servo alneio? para seu proprio
8 Naõ devais nada a ninguém, Senhor está empé, ou cahe: Mas
senaõ que vos ameis huns aos ou- affirmar-se-ha; porque podetoso
• Oã, Sc}as vendico ão mal.
he Deos para o affirmar.
t Oò, Juízo, • Ou, Demos de wfi.
í Ou, «So5 temerosos, ou, sttò para te­ t Ou, Fuçais caso.
mer, $Ou,cutella. ± Ou, Concupiscência?. § Ou, Fraca.
|] Ou, Por causa do castigo, mas tam­ |] Ou, Tomai, U Ou, Fraco,
bém por causa da consciência. •* Ou, Ervas. Ou, ã seu cargcn.
214 EPISTOLA DE S. PAULO
5 O lium estima, hum dia mais' 16 Por tanto naõ seja vosso
que outro, mas o outro estima bem blasfemado.
rodos os dias iguaes. Cada hum 17 Porque o Reyno de Dços
esteja* seguro em seu aninào. naõ he comida, nem bebida; se­
6 Aquelle que fáz caso do dia, naõ justiça, e paz, e gozo pelo
fa-lo'para o Senhor; e o que naõ Espirito santo.
faz caso do dia, naõ o faz para o 18 Porque quem nisto serve a
Senhor. O que come, come para Christo, agrada a Deos, e he
o Senhor, porque dá graças a Deos: aceito aos homens.
E o que naõ come, naõ come para 19 Prosigamos pois as cousas
o Senhor, e dá graças a Deos. que saõ da paz, e da edificaçaõ
7 Porque nenhum de nos vive dos huns para com os outros.
para si: É nenhum morre para st. 20 Naõ destruas a obra de
8 Porque seja que vivamos, Deos por amor da comida, ver­
para o Senhor vivemos: Ou seja dade he que todas as cousas saõ
que morramos, para o Senhor limpas, mas mao he para o ho­
morremos. Assique seja que vi­ mem que come com escândalo.
vamos, seja que morramos, do 21 flom he naõ comer carne, e
Senhor somos. naõ beber vinho, nem cousa al­
9 Porque para isto morreo guma em que teu irZnaõ tropíce,
Cbristo, e resuscitou, e tomou a ou se escandalize, oii se enfra­
viver: Paraque tenha senhorio, queça.
assi sobre os mortos, como sobre 22 Tens tu fé ? tem-n« em ti
os vivos. mesmo diante de Deos: Bema-
10 Mas tu, porque julgas a teu venturado aquelle que si mesmo,
irmaõ t Ou tu também, porque uo que aprova, »e naõ julga.
desprezas a teu irmaõ ? Porque 23 Mas o que tem escrupulo,
tudos havemos de aparecér pe­ se come, ja está condenado, por­
rante oTribunal de Cbristo. que naõ come por fé; Ora tudo o
11 Porque escrito está: Vivo que naõ he de fé, he pecado.
èu, diz o Senhor, que todo jue-
lho se dobrará diante de mim: CAPITULO XV.
E toda lingoa confessará a Deos. 1UJAS nos-outros, que somos
11 De maneira que cada hum fortes, havemos de suportar
de nos dará conta de si a Deos. as fraquezas dos fracos, e naõ
13 Assi que naõ julguemos agradar-nos a nas mesmos.
mais huns aos outros: Mas jul­ 2 Por tanto agrade cada qual
gai antes, que naõ ponhais al­ de uo* a teu proximo em bem,
gum tropeço, ou escandaki ao para edificaçaõ. '
trmaõ. 3 Porque também Christo se
, 14 Eu sei e certo estou no Se­ naõ agradou a si mesmo; mas co­
nhor Jesus, que nenhuma cousa mo está escrito: Sobre mim cahi.
de si mesma he immunda, senaõ raõ as injurias dos que te injuriaõ.
para aquelle que alguma cousa 4 Porque todas as cousas que
estima ser immunda, para esse d’antes foraõ escritas, para nosso
he immunda. ensino foraõ escritas: Phraque
13 Mas se teu irmaõ se contri­ por paciência, e consolaçaè das
sta por amor da comida, já naõ escrituras, tenhamos esperança.
andas conforme á caridade: Naõ 5 Ora o Deos de paciência e
destruas com tua comida aquelle consolaçaõ vos dé * que entre vos
por quem Cbristo morreo. • Ou, Que entre, vos sejais GCHÇW&it
• Ou, cerro. oat conformes.
AOS ROMANOS, CAP. XV. SIS
sintais htima mesma cousa, se ministrando o Evangelho <le De-
gurrdo Jesu Christo. os: Paraque a offerta das gentes
6 Paraque todos concordamen- seja agravadel, sendo santificada
te com fiuma boca glorifiqueis ao pelo Espirito santo.
Deos e Pai de nosso Senhor Jesu 17 Tenho logo de que me glo­
Christo. riar em Jesu Cnristo, nas cousas
7 Por tanto * recebei vos huns que pertencem a Deos.
aos outros, como lambem Chri­ 18 Porque naõ ousaria dizer
sto nos sobrelevou para gloria de alguma cousa que Christo naó
Deos. tenha feito por mim, para obe­
8 Digo, pqrs, que Christo Jesus diência das gentes, por palavra,
foi ministro da circuncisão, pela e por obra.
verdade de Deos, para ratificar 19 Com potência de sinaes e
as promessás feitas aos pais. milagres, e pela virtude de Espi­
9 E que as gentes glorifiquem rito de Deos: De maneira quç
a Deos por via da misericórdia; desde Hierusalem e ao redor, até
como esta escrito: Por tanto eu te lllyrico, compri o Evangelho de
confessarei entre as gentes, é Christo.
t psaltnodiaréi a teu nome. 20 Esforçando-me desta manei­
10 E outra vez diz: Alegrai ra aftéctuosamente a annunciar o
vos gentes com seu povo. Evangelho, naõ aonde antes se
11. E outrU vez : Louvai ao Se­ * fizera mençaõ alguma de Chri­
nhor todas as gentes, e celebrai- sto, paraque naõ edificasse sobre
o todos os povos. fundamento alheio
12 E outra vez diz Esayas : 21 Mas antes, como está es­
Hunia raiz de Jesse ha de haver, crito: Os aquem delle naõ foi an-
hum que se levantará para as nunciado, o veráõ, e os que nada
gentes govenar: Nelle esperarão ouviraõ, o entenderão.
as gentes. 22 Pelo que também muitas
13 Ora o Deos de esperança vezes impedido fui de a voa-o u-
vos encha de todo gozo, e de. tros vir.
paz, em fé, paraque abundeis em | 23 Mas agora, pois nestas par­
esperança pela virtude do Espirito : tes naõ tenho mais lugar, e ja por
Santo. muitos annos tenho grande desejo
14 Porem meus irmaõs, certo de vir a vos-outros:
estou de vos-outros, que também , 24 Quando me partir para Es­
estais cheios de bondade, rechei­ panha, vkéi a vM-outros ; Porque
os de todo conhecimento, e que espero que indo passando vosve-
lambem podeis amoestar huns réi, e la de vos serei guiado, de­
aos outros. pois de primeiro em parte me
15 Mas, irmãos, em alguma fartar de t estar comvosco.
maneira vos escrevi mais | li­ 25 Mas por agora me vòu a
vremente, como trazendo-vos Hierusalem, para J socorrer aos
outra vez isto a memória pela santos.
graça que de Deos me foi 26 Porque pareceo bem aos
dada. Macedonios, e aos Achayanos,
16 Paraque seja ministro de fazer hunia § contribuçaõ para t»
Jesu Christo entre as gentes, ad-
• Ou, Tenha
t Ou, De haver estado com vos»
• Ou, tornai»
$ Ou, Administrar,
t Ou» Contarei. $ O», Colheita pora GQHVNunica? M
+ Ou, Oiuadamente, pobres»
216 EPISTOLA DE S. PAULO
pobres d'entre os santos, que ço por minha vida, aos quaes naõ
estaõ em Hierusalem. só eu dou graças, mas também
27 Porque assi lhes pareceo todas as Igrejas das gentes.
bem e também lhes saõ devedo­ 5 Saudai tembem. ú Igrqja que
res. Porque se as gentes foraõ está em sua casa. Saudai a Epi-
participantes de seus bens espiri neto meu amado, que he as
tuaes, também ellas lhes devem primícias de Achaia em Chri-
administrar os carnaes. sto. ,
28 Assi que como tiver con­ 6 Saudai a Maria, a qual tra­
cluído isto, e lhes tiver * con balhou muito por nos.
signado este fruto, iréia Espanha 7 Saudai a Andronico, e aju-
passando por vos-outros. nia, mues parentes, e meus com­
29 E bem sei que quando a panheiros na prisaõ, os quaes saõ
vos outros vier, virei com abun- tnbignes entre os Apostolos, e quç
dancia de bendiçaõ do Evaugelhc também foraõ antes de mim em
de Christo. Christò:
30 Ora rogo-vos, irtnaõs, por 8 Saudai a Amplias, meu ama­
nosso Senhor Jésit Christo, e pela do no Senhor.
caridade do Espirito, que com <1 Saudai a Urbano, nosso co­
batais commigo em orações a Dcos adjutor em Christo, e a Stacbys,
por mim. meu amado.
31 Paraque seja livre dos re 10 Saudai a Apelles, aprovado
beldesque estaõ cm Judea, e que em Christo. Saudai aos da fa­
esta minha administraçaõ, que mília de Aristobulo.
em Hierusalem faço seja f agra- 11 Saudai a Ilerodiaõ, meu
davel aos santos: parente, saudai aos da família
32 Paraque com alegria, pela de Narcisso, a saber, que est,aõ
vontade de Deos, a vos-outros no Senhor.
possa vir, e comvosco me re­ 12 Saudai a Tryphena, e a
crear. Tryphosa, as quaes trabalhaõ no
33 Ora o Deos de paz seja com Senhor. Saudai a Persida, a
todos vos-outros. Amen. amada irmaa a qual trabalhou
muito no Senhor.
13 Saudai a lltifo, o eleito no
CAPITULO XVI. Senhor, ,e a sua mãi e minha,
PNCOMENDO-VOS porem a 14 Saudai aAsyncrito, a Phle-
Phebe nossa irmaã, a qual gonte, a Hermas, a Patrobas, a
he servidora da Igreja de Cen-, Hermes, e aos irmaôs que estaõ
chrea. com elles. -
2 Paraque a recolhais no Se­ 15 Saudai a Philologo, e a Ju-
nhor,' como convém aos santos; lia; a Nereo, e sua irmaã; e a
e lhe assistais em tudo o que dc Olympa, e a todos, os santos que
vos tiver necessidade: Porque a estaõ com elles.
muitos tem IroSpedado, como tam­ 16 Saudai-vos huns aos outros
bém a mim mesmo. com santo bejo.' As Igrejas de
3 Saudai a Priscilla, e a A qui- Christo vos saudaõ.
la, meus coadjutores em Jesu 17 Ora rogo-vos, irmaôs, que
Christo: atenteis pelos que fazem dissen-
4 Os quaes puzéraõ seu pesco- ções e escândalos contra a
doutrina que tendes de nos
aprendido, e delles vos desvieis.
• Ou, Entregue. t Ou, Aceita- 18 Porque os taes naõ servem
AOS ROMANOS, CAP, XVI. 2W
a nosso Senhor Jesu Christo, se- 24 A graça de nosso Senhor
naõ a seu ventre: E com suaves Jesu Christo seja com todos Vos-
palavras e afâgos enganaõ os co­ outros. Amen.
rações dos simples. 25 Ora áqufclle que he pode­
19 Porque chegada he vossa roso para vos confirmar segundo
obediência ao conhecimento de meu Evangelho, e a prégaçaõ de
todos: Assi que me gozo de vos- Jesu Christo, conforme a revela-
outros; mas quero que sejais sá­ çaõ do secreto que esteve encu-
bios no bem, e simples no mal. berto descfos tempos de séculos,
20 Ora o Deos dè paz que­ 26 Mas agora se manifestou e
brantará presto a satanás debaixo deu a conhecer pelas Escrituras
de vossos pés. A graça de nosso dos Profetas, segundo o man­
Senhor Jesu Christo seja com- dado do Deos etemo, paraque
vosco. Amen. entre todas as gentes haja obe­
21 Timotheo meu coadjutor diência de fé:
vos sauda, e Lucio, e Jason, e 27 Ao mesmo sò Deos sabio
Sosipater, meus parentes. seja gloria por Jesu Christo pbra
22 Eu Tercio, que esta carta todo sempre. Amen.
escrevi, vos saudo no Senhor.
23 Gaio meu hospede, e de Escrita de Corintho aos Romanos,
toda a Igreja, vos sauda. Erasto e enviada por Phebe seroa da Igre­
o Procurador da cidade vos sau­ ja de Cenchrea.
da, e mais Quafto o irmaô.

PRIMEIRA EPISTOLA DO APOSTOLO


S. PAULO AOS CORINTHIOS.
CAPITULO I. tais enriquecidos nelle, em toda
T>AULO chamado Apostolo de falia, * e em todo conhecimento.
6 Como o testemunho de Jesíi
■*- Jesu Christo pela vontade de
Deos, e o irmaô Sosthenes: Christo foi confirmado em vos.
2 À Igreja de Deos que está em 7 De maneira que naõ vos fitlta
Corintha, aos santificados em algum dom, esperando a mani-
Jesu dwisto, que sois chamados festaçaõ de nosso Senhor Jesu
santos, com todos os que invo- Christo.
caõo Nome de nosso Senhor Jesu 8 O qual Deos vos confirmará
Christo em todo lugar, JeMÀor também irreprehensiveis até o
delles e nosso. fim no dia de nosso Senhor Jesu
3 Graças hajais, e paz de Christo.
Deos nosso Pai, e do Senhor Jesu 9 Fiel he DeOs, pelo qual fostes
Christo: chamados á comunhão dé sái
4 Sempre a meu Deos graças Filho Jesu Christo nosso Senhor.
dou por causa de vos, acerca da 10 Ora rogo-vos, irmaõs, pelo
graça de Deos que vos he dada nome de nosso Senhor Jesu Chri­
em Jèsu Christo. sto, que falíeis todos huma mesma
5 Que em todas M cousas es­ * Ou, Em tMla wctcia,9i, sçicncia.
U
2,18 1. EPISTOLA DE S. PAULO
cousa, e que naõ haja dissencões 23 Mas nos-outros pregamos a
entre vos-outros : Antes estejais Christo crucificado, que he es­
bem unidos em hum mesmo sen­ cândalo para os Judeos, e lou­
tido, e em hum mesmo parecer. cura para os Gregos. i
11 Porque, irmaõs meus, de vos 24 Porem aos qíie saõ chama­
me foi declarado pelos dafamília dos, assi Judeos como Gregos f
de Chloés, que ha contendas en-. lhes prtgamos a Christo, potência
tre vos-outros. de Deos, e sapiência de Deos.
12 E isto digo, que cada hum 25 Porque a louquice de Deos,
de vos diz: Eu sou de Paulo, e eu he mais sabia que os homens: E
de Apollos, e.eu de Cephas, e eu a fraqueza de Deos, he mais forte
de Christo. que os homens.
13 Está Christo diviso ? Foi 26 Porque bem vedes vossa (
Paulo crucificado por vos-outros ? vocaçaõ, irmaõs, que naõ sois
Ou fostes vos baptizados em o muitos sábios segundo a carne,
nome de Paulo? nem muitos fortes, nem muitos
14 Graças dou a Deos, que a nobres.
nenhum de vos baptizei, senaõ a 27 Mas Deos escolheo a lou­
Crispo, e a Gayo. quice deste mundo, para confun­
15 Paraque ninguém diga, que dir aos sábios: E a fraquenza
eu tenha baptizado em meu deste mundo escolheo Deos, para
nome. * confundir aos fortes.
16 E também baptizei a famí­ 28 E o vil e desprezível deste
lia de Estephenas: No de mais mundo, e o que naõ he, escolheo /
naõ sei se a outrem alguém bap­ Deos, para desfazer o que he.
tizado tenha. 29 Paraque nenhuma carne se
17 Porque Christo naõ me en­ glorie f perante elle. -
viou a baptizar, senaõ a evange­ 30 Mas delle sois vos em Jesu
lizar: Naõ ja com sabedoria de Christo, o qual nos foi feito de
palavras, paraque a cruz de Chri- Deos sapiência, e justiça, e san-
-sto naõ seja * aniquilada. tificaçaõ, e redemçaõ:
18 Porque em verdade a pala­ 31 Paraque seja como está
vra da cruz he loucura para os escrito : Aquelle que se gloria, se
que perecem: Mas para nos que glorie no Senhor.
nos' salvamos, he potência de
Deos. ' CAPITULO II.
19 Porque escrito está: Eu EU, irmaõs, quando vim
destruirei a sapiência dos sábios,E a vos-outros, naõ vim com
e aniquilarei a intelligencia dos | excellencia de palavras, ou de
entendidos. sapiência, anunciando-vos o tes­
20 Quê do sabio? qub do Es­ temunho de Deos.
criba? quê do enqueredor deste 2 Porque naõ propuz saber al­
século? Naõ enlouqueceo Deos a guma cousa entre* vos-outros,
sapiência deste mundo ? senaõ a Jesu Christo, o esse cru­
21 Porque desde que na sapi­ cificado.
ência de Deos o mundo naõ çon- 3 E eu mesmo estive entre vos-
heceo a Deos pela sapiência, a- outros em fraqueza, em temor, e
gradou a Deos salvar aos crentes em grande tremor.
pela.loucura da prégaçaõ.
Ou, Envergonhar.
22 Pois que os Judeos pedem si- t• Ou, Em sua presença, diante
,pal,e os Gregos buscaõ sapiência. delle. ’ '
• f>a, Esvaecida. 1 Ou, Altivtta*
AOS CORINTHIOS. CAP. III.
4 E minha palavra, e minha comprehende as cousas que saõ
pregaçaõ, naõ foi em palavras do Espirito de Deos: * Porque
persuasorias de sapiência huma­ lhe saõ lonquice: E naõ as pode
na, mas em evidencia de Espirito, entender, por quanto se f discer­
e de potência. nem espiritualmente.
5 raraque vossa fé naõ seja em 15 Porem o espiritual hemeni
sapiência de homens, mas em po­ discerne todas as cousas, mas elle
tência de Deos. naõ se discerne de ninguém.
6 Ora nos falíamos sapiência 16 Porque quem conheceo a
entre os perfeitos: Porem huma intenção do Senhor, tque o possa
sapiência, naõ deste mando, nem instruir: Mas nos temos a inten­
dosprincipes deste mundo, que se ção de Christo.
desfazem:
7 Mas falíamos a sapiência de CAPITULO III.
Deos, em mistério escondida, a
qual Deos tinha determinado jVT AS eu, irmaôs, naõ vos pudfe
antes dos séculos para nossa fallar como a espirituaes:
gloria. Mas como a carnaes, como a me­
8 A qual nenhum dosprincipes ninos em Christo.
deste mundo conheceo: Porque 2 Mantei-vos com leite, e naõ
se elles a conhecessem nunca com manjares, porque tnlaõ naõ
crucificariaõ ao Senhor da gloria. podieis, nem também ainda agora
9 Mas como está escrito: As podeis:
eousas que olhos nunca viraõ, 3 Porque ainda sois carnaes.
nem ouvidos ouviraõ, nem em Porque como entre vos haja err-
coraçaõ de homem sobiraõ, saõ veja, e contendas, e dissenções,
as que Deos tem preparado para porventura naõ sois carnaes, e
os que o amaõ. andais segundo o homem f
10 Porem Deos no-las revelou 4 Porque dizendo o hum: Etr
por seu Espirito: Porque o Es­ sou de Paulo -. E o outro, Eu de
pirito esquadrinha todas as cou­ Apollos; porventura naõ sois Cat-
sas, até as profundezas de naes ?
Deos. 5 Quem pois he Paulo, e quem
11 Porque quem ha dos ho­ he Apollos, senaõ ministros pelos
mens que saiba as cousas que saõ quaes créstes, e conforme o Se­
do homem, senaõ o‘ Espirito do nhor a cada hum d'eu 1
homem que nelle está? da mesma 6 Eu- prantei, Apollos regou:
maneira também ninguém con­ Mas Deos deu o crescimento.
hece as cousas de Deos, senaõ o 7 Peloque nem o que pranta
Espirito de Deos. he nada, nem o que rega, senaõ
12 Ora nos ' temos recebido, Deos que dá o crescimento.
naõ o Espirito deste mundo, mas 8 Ora aesi o que pranta, como
e Espirito que he de Deos: para- o que rega, saõ hum: mas cada
que conheçamos as cousas que de hum receberá seu galardaõ segun­
Detfs nos saõ dadas. do seu lavor.
13 As quaes taitibem falíamos, 9 Porque nos-outros somos
naõ com palavras que a sapiência obreiros com Deos: vois sois §
humana ensina, senaõ com as lavoira de Deos, e o edifício de
que ensina o Espirito santo, ac- Deos.
commodando as cousas espiri- • Ou, Porque para elle saó doudiee.
tuaes ás espirttuaes. 1 t Oa, Examinao, ou, entendem.
14 Mas o homem anima naõ í Ou, Paraque. $ Oi, Lavnança.
220 1. EPISTOLA DE S. PAULO
10 Segundo a graça de Deos (a vida, seja a morte, seja opre-
GUe foi uoud,
"•te me lui puz cu
dada, puz, fun- sente, seja o por vir, tudo he
eu uo mu-
damento como sobio architecto, e vosso :
outro edifica sobre elle: Mas 23 Porem vos sois <le Christo,
olhe cada hum como sobre elle e Christo lie de Deos.
edifica.
11 Porque ninguém pode pór CAPITULO IV.
outro fundamento, do que ja está T?ST[ME-nos cada hum como a
posto, o qual he Jesu Christo. -1-4 ministros de Christo, e dis-
12 E se algum edificar áobre penseiros dos mistérios de Deos.
este fundamento ouro, prata, pe­ 2 Mas no demais, requere-se
dras preciosas, * madeira, feno, entre os dispénseiros, que cada
palha: hum seja achado fiel.
13 A obra de cada hum sera 3 Quanto a mim * bem pouco
manifestada: Porque o dia a de­ se me dá ser julgado de vos-du-
clarará, por quanto será manifes­ iros, ou de juízo do homem :
tada por fogo: E qual he a obra Nem eu também a mim mesmo
de cada hpm,o fogo fara a prova. me julgo.
14 Se a obra de alguém que 4 Porque f em nada nae sinto
sobre elle edificar, permanecer, culpável: Mas nem por isso estou
receberá galardaõ. justificado. Antes o que me jul­
15 Se a obra de alguém se ga, be o Seuor.
queimar, perde-la-ha: Elle po­ 5 Peloquè naõ julgueis de nada
rem será salvo, todavia como por antes de tempo, até que venha o
fogo. Senhor, o qual tamneca | trará à
16 Ou naõ sabeis vos que luz as cousas oculta» nas trevas,e
»ois o templo de Deos, e que manifestará os conselhos dos co­
o Espirito de Deos habita em rações : E entaõ cada hnm teiá
vos? louvor de Deus.
17 Se alguém profanar o tem­ 6 Ora, irmaõs, poramordevos»
plo de Deos, Deos o destruirá a outros me accommodeipor seme­
elle: Porque o templo de Deos, lhança a mim e a Apollos estas
que sois vos-outros, he santo. cousas: paraque em nos.aprendais
18 Ninguém se engane a si a naõ presumir mai» do que está
mesmo : se algum entre vos-ou­ escrito; Paraque por amor dou­
tros neste mundo cuida ser sabio, tro se naõ inche o hum contra o
faça-se louco, paraque sabio ve­ outro.
nha a ser. 7 Porque quem te discerne a
19 Porque a sabedoria deste ti ? E que tens tu que o naõ hajaa
inundo he louquice diante de recebido? E se o recebeste, por.
Deos: porque escrito está : Elle que te glorias, como que se o naõ
he o que aos sábios em sua astú­ houveras recebido ?
cia colhe. 8 Ja estais íartos, ja estais ri­
20 E outra vez: O Senhor co­ cos, sem nos reinastes: e ozala
nhece ós discursos dos sábios, que reineis, paraque também nos rei-
saõ vaõs. neiilos comvosco. .
21 Pelo que ninguém se glo­ 9 Porque lenho para mim que
rie nos homens : Porque tudo he Deos hos póz á mostra a nos, que
vosso.
22 Seja Paulo, seja Apollos, *t Ou, Mui pQUÇO.
Ou, Ainda que de nada tenha má
seja Cephas, seja o mundo, seja consciência.
* Ou, Puí. I Ou, JSktawtrá.
AOS CORINTHIOS, CAP. V. 22r
somos os últimos dos Apostolos, 20 Porque o Reino de Deos
como ja condenados á morte : naõ consiste em palavras, senaõ
Pois estamos feitos o espectaculo em * virtude.
do mundo, e dos Anjos, e dos 21 Que quereis? Viréi a vos-
homens. outros comvara, ou com carií
10 Nos somos loucos por amor 'dade e espirito de mansidaõ ?
de Christo, mas vos sábios em
Christo: Nos somos fracos, e vos * CAPITULO V.
fortes: Vos * gloriosos, e nos /POTALMENTE se houve entre
viis. 1 vos-outros fornicaçaõ, e tal
11 Até esta presente hora pa­ fornicaçaõ, qual nem ainda seno-
decemos fome e sede, e estamos mea entre as gentes: De maneira
nús e somos esbofeteados, e naõ que hum tenha a mulher de seu-
temos certa pousada: pai.
12 E trabalhamos,obrando com 2 E ainda estais inchados, f e
nossas próprias maõs: dizem mal naõ trouxestes antes luto, paraque
de nos, e nos bendizemos: Somos o quel tal feito cometeo fosse tira-
perseguidos, e sofremo-lo: do do meio de vos-outros.
13 Somos blasfemados, e ro­ 3 Porem eu como ausente de
gamos: Somos feitos como-f as corpo, mas presente de espirito;
barreduras do ihundo, e como a ja I determinei c.ovau se eu estivera
rapadura de todos até o presente. presente,- que o que tal feito assi
14 Naõ escrevo estas cousas cometeo.
para vos envergonhar: Mas amo- 4’ Estando vos e meu espirito
esto vos como a meus amados juntos, em o nome de nosso Se­
filhos. nhor Jesu Christo, com a pote­
15 Porque ainda- que tivereis stade de nosso Senhor Jesu Chri­
déz mil atos em Christo: Naõ sto,
toldes com tudo muitos pais; 5 Seja o tal entregue a satanás,
porque eu vos gerei em Christo para destruição de oarne: Para-
pelo Evangelho. qlie o espirito Seja salvo no dia-
16 Por tanto vos amoesto que do Senhor Jesus.
I sejais meus imitadores. 6 Naõ-he boa vossa jactancia:
17 Por esta causa vos mandei Naõ sabeis que hum pouco de fer­
a Timotheo, que he meu amado mento faz levedar toda a massa?
e fiel filho no Senhor: Oqualvos 7 Alimpai pois o velho fer­
§■ lembrará meus caminhos em mento, paraque-sejals nova mas­
Christo, jf como por todas as par­ sa, como estais sem fermento:
tes ensino cada Igreja; porque Christo nossa Paschoa foi
18 Mas alguns 51 andaõ incha­ sacrificado por nos;
dos, como se eu a vos-outros naõ 8 Pèloque façamos festa, naõ
houvesse de vir. com o velho fermento, nem com o
19 Porem mui presto veréi a fermento de maldade e de mali-
vos-outros, se o Senhor ** fór ser­ cia, senaõ com »a"espoHevedarde
vido : E então entenderéi, naõ as sinceridade e de verdade.
palavras, senaõ a virtude dos que 9 Por carta vos tenho escrito,
ff andaõ inchados. que naõ vos mestureis- com os-
fornicarios.-
• Ou, Honrados. t Ou, O cisco-.
t Ou, Afe imiteis. • Ou, Potência.
$ Ou, Trará a memória. + Ou, Naõ tivestes antes out nafco*
|| Ou, De que maneira. < Ou, Zrtap* entristecestes.
*• QVf-quisçr, Ow, Esteô? t Ou, Concluif-çut dclibtrtf--
U 2.
222 1. EPISTOLA DE S. PAULO
10 Naõ porem de todo com os juria, e o danno, e isto aos ir­
fornicarios deste mundo, ou com maõ s.
os avarentos, õu com os rouba- 9 Ou naõ sabeis vos que os in­
dores, ou com os idolatras: Por­ justos naõ haõ de herdar o IUiuo
que doutra maneira necessário de Deos? '
vos seria sahir do mundo. 10 Naõ erreis: nem os forni-
11 Mas agora vos escrivi que carios, nem os idolatras, nem os
naõ vos mestureis, quero dizer, adúlteros, nem os * effeminados,
que se algum, chamando-se ir- nem os somitigos, nem os ladrõ­
maõ fór fornicario, ou avarento, es, nem os avarentos, nem os
ou idolatra, ou maldizente,, ou bêbados, nem os maldizentes,
bêbado, ou roubador, com o tal nem os roubadores haõ de herdar
nem ainda comais. o Reino de Deos.
12 Porque, que tenho eu que 11 E isto éreis alguns de vos»
também julgar dos que de fora outros: Masjbestaisiavados,mas
estaõ? Naõjulgaisvos-outrosdos ja estais santificados, mas ja
que estaõ de dentro í estais justificados em o nome da
13 Mas Deos julga , aos que Senhor Jesus, e pelo Espirito de
estaõ de fora. Tirai pois dentre nosso Deos.
vos-outros a este mao. 12 Todas as cousas me saõ
licitas, mas nem todas as cou­
CAPITULO VI. sas convém : Todas as cousas
me saõ licitas, porem eu naõ
í") USA algum de vos-outros, me sugeitarei ao poder de nin­
tendo negocio contra outro, guém.
ir a juizo perante os injustos, e 13 Os manjares saõ para o ven­
naõ perante os santos ? tre, e o ventre para os manjares:
2 O naõ sabeis vos que os Mas Deos os destruirá assi ao
santos haõ de julgar aõ mundo ? hum como ao outro. Porém o
E se o mundo por vos ha de ser corpo naõ he para a fornicação ;
julgado, sois porventura indignos senaõ para o Senhor, e o Senhor
de julgar de cousas minimas ? para o corpo.
3 Ou naõ sabeis vos que have­ 14 Ora Deos resuscitou ao Se­
mos de julgar aos Anjos? quanto nhor,. e também por sua poteecia
mais as cousas a esta vida perten­ nos resusci tará a nos.
centes ? >15 Ou naõ sabeis vos que
4 Assi que se tiverdes negocios vossos corpos saõ membros de
do juizo pertencentes a esta vida, Christo ? Tiraréi pois os mem­
ponde na cadeira aos que de me­ bros de Christo, e fa-los-hei
nos estima saõ na Igreja. membros de huma solteira: Tal
5 Para vos envergonhara digo : naõ haja.
Possível he que naõ haja entre 16 Ou naõ sabeis vos, que «t
vos-outros nem ainda hum sá­ que com a solteira se ajuet», se
bio, que entre seus irmaõs julgar faz hum mesma cãrpo cem ella ?
yossa ? porque doas, diz, awáõ huma
6 Mas irmaõ com irmaõ vai a mesma, carne.
juizo, e isto perante infiéis. 17 Mas o que com o Senhor se
7 Assi que totalmente ja entre ajunta, he com elle hum mesmo
vos-outros ha falta, pois entre vos Espirito.
demandas tendes. Porque naõ 18 Fugi da fornicaçaõ: Porque
sofreis antes e danno? [ qualquer pecado que o homem
8 Mas vos mesmos fazeis a.in- “ • O», C«wrtí«, ou.vwite.
I

AOS CORINTHIO8, CAP. VII. 223


fizer, fora do corpo he: Mas o casem-se : Porque melhor he ca­
que fornica, contra seu proprio sar-se que queimar-se.
corpo peca. 10 Porem aos casados man­
19 Ou naõsabeis vos que vos­ do, naõ eu, senaõ o Senhor,
so corpo he templo do Espírito que a mqlher naõ se aparte do-
santo, que está em voe, o qual marido.
tendes de Deos, e que naõ sois 11 E se se apartar, fique-se por
vossos proprios ? casar, ou se reconcilie com o ma­
20 Porque caros fostes com­ rido. E que o marido naõ des­
prados : Glorificai pois a Deos em pida a mulher.
vosso corpo e em vosso Espirito, 12 Mas aos outros digo eu,
os quaes saô de Deos. ' naõ o Senhor: se algum irmaõ
tem mulher infiel, e ella con­
CAPITULO VII. sente em com elle habitar, naõ a
despida.
/^RA tocante as cousas de que 13 E se alguma mulher tem
” me escrevestes, Bom * seria marido infiel, e elle consente em
ao homem naõ tocar mulher. habitar com elle, naõ o deixe.
2 Mas por causa das fornica­ 14 Porque o marido infiel he
ções, tenha cada hum sua pró­ santificado pela mulher: E a
pria mulher, e cada hdma seu pro­ mulher infiel he santificada pelo
prio marido. marido-. D’outra maneira seriaõ
3 Pague o marido á mulher a vossos filhos immundos: Porem
devida benevolencia, e semelhan­ agora saõ santos.
temente a mulher ao marido. 15 Mas se o infiel se apartar,
4 A mulher naõ tem a potesta­ aparte-se embora ; Porque em tal
de At seu proprio corpo, senaõ o caso naõ está sugerto á servidaõ o
marido : E também da mesma irmaõ, ou a irmaã: Mas Deos
maneira o marido naõ tem a po­ nos chameu à paz,
testade de seu proprio eorpo, se­ 16 Porque, que sabes tu, o
naõ a mulher. mulher, se naõ salvarás ao ma­
5 Naõ vos defraudeis hum ao rido? ou que sabes tu, ó marido,
outro, senaõfor por consentimen­ se naõ salvarás á mulher.
to de ambos por algum tempo, pa- 17 Porem cada hum ande
raque vos ocupeis em jejum, e corno Deos lhe reparrio, cada
em oraçaõ: E tornai-vos outra hum como o Senhor o cha­
vez a ajuntar, paraque satanás mou. E assi ordéno em todas as
voz naõ atente por causa de vossa Igrejas.
incontinência. 18 He alguém ehamado estan-
6 Isto porem digo por permis­ doja circuncidado ? naõ *‘estenda
são,naõ por mandamento. o prepúcio: he algum chamado
7 Porque quizera que todosos estando atnda-fno prepúcio ? naõ
homens fossem como eu mesmo se circuncide.
sou: mas cada hum tem seu pro­ 19 A circuneisaõ nada he, e o
prio dom de Deos, f hum de hu- prepúcio nada he, senaõ a.J ob­
ma maneira, e outro de outra. servância dos mandamentos de
-8 Ora digo aos solteiros, e ás Deos.
viuvas que bom lhes he se como 20 Cada hum se fique na voca-
eu se ficarem. çaõ em que foi chamado.,,
9 Mas se conter-se naõ podem, • Ou, Puxe.
• Oo, He. t Ou, Por circuncidar* ou, wwífgwí'
+ Ou, Hitm, ani, e eufn Osrií ciso., j Ou, Guàrcfas.
22A 1. EPISTOLA DE S. PAULO
21 Es tu chamado sendo servo? cuidado das cousas que saõ dó
naõ se te dé disso: Mas se tam­ Senhor, como ao Senhor ha de
bém te podes fazer livre, procura agradar.
o mais. 33 Mas o que he casado tem
22 Porque o que no Senhor he cuidado das cousas deste mundo,,
chamado séndo servo, forrO he como ha de agradar á mulher:
do Senhor: Da mesma maneira 34 A mulher, e a virgem saõ
também o que sendo livre he diferentes. A que naõ he casa­
clamado, servo deChristo he da, tem cuidado das cousas que
23 Caros fostes comprados, saõ do Senhor, para ser santa,
naó vos façais servos dos ho­ assi do corpo como do espirito:
mens. Mas a que ha casada, tem cui­
24 Irmaõs, cada hum se fique dado das cousas do mundo, como
acerca de Deos naquillo em que ha de agradar ao marido.
está chamado. 35 Isto porem digo para vosso
25 Ora tocante ás virgens, naõ proprio proveito, naõ para vos
tenho mandamento do Senhor; enlaçar, senaõ para vos guiar ao
dou porem meu parecer, como que he decente e conveniente,,
quem. tem alcançado misericórdia para sem algum impedimento vos
do Senhor para ser fiel. chegar ao Senhor.
26 Tenho pois isto por bom, 36 Mas se a alguém lhe pareço
por causada necessidade* instan que inconvenientemente trata»
te, que bom he ao homem estar- com.sua. virgem, se passa a flor da
se assi. idade,e que assi convenha que se
27 Estás atado à mulher; naõ faça; faça o tal o que quizer, naõ
+ procures soltar-te. Estás solto peca, casem-se.
de mulher: naõ procures mulher. 37 Porem o que está firme em-
28 Mas se te casares, naõ pe­ seu coraçao, e naõ tem necessi­
cas : E se a virgem se casar, naõ dade, mas tem poder sobre sua
peca; todavia, teráó os taes na própria vontade, e em seu cora-
carne tribulaçaõ: Porem eu vos çaõ propoz de sua virgem guar­
J põupo. dar, bem faz.
29 Isto porem digo, irmaõs, 38 Peloque, o que dá em casa­
que o tempo, qpe resta, he breve: mento sua virguem., faz. bem :
Que os que tem mulheres, sejaõ Mas o que a.naõ dá ern casamen­
como os que as naõ tem. to, faz melhor.
30 E os que choraõ, § como 39 A mulher está atada pela
os que naõ choraõ; e os que Ley todo o tempo que seu marido
folgaõ, como os que naõfolgaõ, vive; Mas se seu marido morre,-,
e. os que compraõ, como os que livre fica para com quem quizer-
naõ possuem. se casar, com tanto que seja no-
31 E os que usaõ deste mun­ Senhor.
do, como os que naõ || abusaõ : 40 Todavia mais bemaventu-'
Porque a aparência deste mundo rada he, se^ssi se ficar, segundo,
passa. meu parecer. Ora também eu
32 Bem quizeraeu qiteestives- cuido que tenho o Espirito de:
seis sem cuidado. O solteiro tem Deos.
♦Ou, Presente. CAPITULO VIII.
t Ou, Busques apartamento.
t Escuso.
$ Ou, Como se naõ fhçraravt T^OCANTE fis cousas sacrifU
j -*■
A cadas
radas aos ídolos, bem sa.
B Usaemal*
AOS CORINTHIOS, CAP. IX. 825
hemos que todos temos sciencia: fraco, pelo qual Christo mor-
A sciencia incha, mas a caridade reo ?
edifica. 12 Ora quando assi contra vos­
2 Porem se algum cuida que sos irmaõs pecais, e sua consci­
sabe alguma cousa, ainda nada ência que he fraca, feris, contra
tem conhecido como convém con­ Christo pecais.
hecer. lSPeloque, se o manjar escan­
3 Mas se algum ama a Deos, daliza a meu irmaõ, nunca corne
o tal he deite conhecido. comerei, * paraque a meu irmaõ
4 Assi que quanto ao comer naõ escandalize.
das cousas sacrificadas aos idolos,
bem sabemos que o idolo naõ he CAPITULO IX.
nada no mundo, e que naõ ha
outro algum Deos mais que hum. TV"Aõ sou eu Apostolo? Naõ
5 Porque ainda que haja alguns sou livre? Naõ vi eu a nos­
que se ctramaõ Deoses, seja no so Senhor Jesu Christo ? Naõ
ceo, seja na terra: (Como ha sois vos-outros minha obra no
muitos Deoses, e muitos Se­ Senhor ?
nhores,) 2 Se para os outros naõ sou
6 Todavia nos naõ temas mais Apostolo, pelo meses para vos o
que hum só Deos, o Pai, do qual sou. Porque vos sois o seh» d*
saS todas as cousas, e nos-outros meu Apostolado no Senhor.
para elle: E hum só Senhor Jesu 3 Tal he minha f defensapara
Christo, pelo qual saã todas as com os que me perguntaõ.
cousas, e nos por elle. 4 Ou uaõ temos nos poder de
7 Mas naõ em todos ha o co­ comer e de beber ?
nhecimento : Porque alguns co­ . 5 Ou uaõ temos poder de trazer
mem até agora com consciência comnosco huma mulher irmaã,
d» idolo, como de cousas sacri­ como tambeur os outros Apoato-
ficadas aos idolos: E sendo sua los, e os irmaõs do Senhor, e
consciência fraca, fica contami. Cephas?
nada. 6 Ou só eu, e Barnabas, naõ
8 Ora o ‘manjar naõ nos faz temos poder de naõ trabalhar?
agradaveis a Deos: Porque se 7 Quem vai jamais 5 guerra
comemos, nada de mais temos, j a seu proprio soldo ? Quem
e se naõ comemos, naõ temos pranta a vinha, e naõ come de
menos. seu fruto ? ou quem apreeirta o
9 Mas olhai que esta vossa § gado, e naõ come do leite do
potestade * naã sejà em alguma gado ? _ _
maneira escandalo para os fra­ 8 Porventura digo eu isto se­
cos. gundo o homem ? Naõ diz a Ley
10 Porque se algum te ver a também o mesmo?
ti, que tens o conhecimento,f as­ 9 Porque escrito está na Ley
sentar no templo dos idolos, a de Moyses: Naõ atarás a boca a
consciência do que he fraco naõ o boy que trilha. Porventura
será induzida a comer das cousas tem Deos cuidado dos boys?
sacrificadas aos idolos ? 10 Ou o diz totalmente por
11 E perécerá assi, por teu nos-outros? Certo por nos está
conhecimento, e irmaõ que he isto escrito: porque o que lavra,
• Ou, Neo escandalize em alQv.a • Ou, Por naõ escandalizar a meu
maneira a os fracos, irmaõ. t Ou, Reposto*
t Ou, Estão a mesa. t Ou, A sua custa* i Qut Redunda*
226 1. EPJSTOLA DE S. PAULO.
com esperança ha de lavrar; e o Aos que estaõ debaixo da Ley,
que trilha, com esperança de como se eu estivesse debaixo da
ser participante do fruto que Ley, por ganhar aos que debaixo
espera. da Ley estaõ.
11 Se nos vos semeamos as 21 Aos que estaõ sem Ley,
cousas espirituaes, he muito que me fiz como se eu sem Ley esti­
seguemos as vossas carnaes? vesse (quanto a Deos, naõ estan­
12 Se outros saõ participantes do sem Ley; mas a Christo de­
desta potestade sobre vos, * por baixo de Ley) por ganhar aos
que naõ antes nos-outros ? Mas , que sem Ley estaõ.
nos naõ usamos desta potestade: 22 Fiz me como fraco aos
antes tudo suportamos, paraque fracos, por aoB fracos ganhar:
naõ demos algum impedimento Todo me fiz a todos, paraque
ao Evangelho de Christo. por todas as vias a alguns venha
13 Naõ sabeis vos que os que a salvar.
t administraõ as cousas sagradas, 23 E isto faço eu por causa do
do que he sagrado comem ? e que Evangelho, paraque'tambemdelle
os que ao altar servem, com o seja feito participante.
altar participaõ? 24 Ou naõ sabeis vos que to­
14 Assi ordenou também o dos os que correm no corro, todos
Senhor, que os que annunciaõ o em verdade correm, mas que hum
Evangelho, vivaõ do Evangelho. só leva o prémio.? correi de tal
15 Todavia eu naõ usei de ne­ maneira que o leveis.
nhuma destas cousas, nem escrevi 25 Ora toda aquelle que luta
isto paraque assi se faça com- por prémio, de tudo se abstém:
migo; Porque melhor me he an­ E quanto áquelles,_/ãzem isto por
tes morrer, do que aniquilar al­ só haver huma coroa corruptível':
guém esta minha gloria. mas nos-outros, huma incorrup­
16 Porque ainda que annuncie tível.
o Evangelho, naõ tenho de que 26 Assi que assi corro, naõ sem
me gloriar, por quanto necessi­ saber como : Assi combato, naõ
dade me he imposta; e ay de como ferindo o ar.
mim, se naõ evangelizar. 27 Antes * refreo e reduzo meu
17 Porque se de boa mente o corpo em servidaõ, paraque ha­
faço, prémio tenho : Mas se de vendo prégadoaos outros, a. mim
má mente, todavia a dispensaçaõ mesmo em alguma maneira me
me está incarregada. naõ faça reprovada.
18 Qué prémio teréi logo? a
saber, que pregando o Evange­ CAPITULO X.
lho, proponha o Evangelho de
Christo de balde, paraque naõ rARA, irmaõs, naõ quero que
l use mal de minha potestade no ” ignoreis que nossos pais to­
Evangelho. dos debaixo da nuvem estivéraõ,
19 Porque ainda que para com e todos pelo mar passaraõ.
todos livre esteja, § me fiz servo de 2 E todos da nuvem e no mar
todos, por ainda ganhar a mais. em Moyses foraõ baptizados :
20 E me fiz aos Judeos, como 3 E todos de hum mesmo man­
Judeo, por ganhar aos Judeos: jar espiritual coméraõ:
4 E todos de hum mesmo beber
• Ou, Porque naõ o geremos nos antes.
t Ou, Trabalhai no santuario, fc.
espiritual bebéraõ : Porque be-
J Ou, A.buse.
Í Ou, Me sugcitci a todos. • Ou, Forço, ou, subjectv.
AOS CORINTHIOS, GAP. X.
biaõ da pedra espiritual que se­ mos, naõhe a comunhaõ do corpo
guia; e a pedra era Christo. de Christo ?
5 Mas da maior parte delles 17 Porque hum paõ, he assí
se naõ agradou Deus : Porque muitos somos hum corpo, porque
foraõ postrados no deserto. todos participamos de hum paõ.
6 Ora estas cousas foraõ ex 18 Vede a Israel segundo a
empk) para nos-outros, paraque carne: Náõ saõ os, que comem
* naõ cobicemos cousas roins os sacrifícios, participantes do
como elles cobiçáraõ : altar?
7 Nem vos façais idolatras, 19 Que digo logo ? que o idolo
como alguns delles; como, está he alguma cousa? ou que o que
escrito: Assentou-se o povo a he sacrificado aos idolos, he al­
comer, e a beber, e levantaraõ-se guma cousa?
a brincar. 20 Mas antes digo, que as cou­
8 Nem forniquemos, como al­ sas que os gentios sacnficaõ, aos
guns delles fornicaraõ, e cahiraõ dcmonios as sacrificaõ, e naõ a
em hum dia vinte e tres mil. Deos: Ora naõ quero que sejais
9 Nem atentemos a Christo, participantes dos demonios.
como também alguns delles o a- 21 Naõ podeis beber o copo do
tentáraõ; e perecerão pelas ser­ Senhor, e o copo dos demonios:
pentes. Naõ podeis ser participantes da
10 Nem murmureis, como mesa do Senhor, e da mesa dos
também alguns delles . murmu- demonios.
raraõ, e perecéraõ pelo destrui­ 22 Ou, irritamos ao Senhor?
dor, Somos nos mais fortes que elle ?
11 Ora todas estas cousas lhes 2.3 Todas as cousas me saõ li­
acontecéraõ em figura, e estaõ citas, mas todas as cousas naõ saõ
escritas para f nosso aviso, como convenientes: Todas as cousas
aquelles em quem os derradeiros me saõ licitas, mas todas as cou­
tempos saõ chegados. sas naõ edificaõ.
12 Peloque o que cuida que 24 Ninguém busque o seu pro-
está em pé, olhe qtie naõ caya. prio antes cada hum q 'que he do
13 Naõ vos tomou tentacaõ, outro.
senaõ humana: porem fiel he 25 Comei de tudo o que se
Deos, que mais do que podeis vos vende na carniceria, sem vos in-
naõ deixará atentar, antes jun­ íjuenr por causa da consciência.
tamente com a tentaçaõ dará 26 Porque a terra he do Se­
a sahida, paraque a possais su­ nhor, e o que nella-se contem.
portar. 27 E se algum dos infiéis vos
14 Por tanto, meus amados, convidar, e qutzerdes ir, comei de
fugi da idolatria. tudo o que se vos puzer diante,
15 t Como a entendidos fal- sem vos inquerir por causa da
lo: Julgai vos mesmos o que consciência.
digo. 28 Mas se algum vos disser:
16 O copo de bendiyaõ, ao Isto foi sacrificado aos idolos,
qual dando graças bendizemos, naõ comais, por causa daquelle,
naõhe a comunhaõ do sangue de que vos o advirtio, e por causa
Christo ? E o paõ que quebra- da consciência: Porque a terra
he do Senhor, e o que nella se
• Ou, Naõ sejamos cobicosos de, 4c. contem.
t Ou, Nossa anoestaçaõ. 29 A consciência digo, naõ tua,
J Ou, Como a sábios folio. senaõ a do outro, Mas por qua
228 1. EPISTOLA DE S. PAULO
razaõhe minha liberdadejulgada 8 Porque o varaõ nao he da
pela consciência (Toutrem í mulher, senaõ a mulher do varaõ.
30 E se eu por graça participo 9 Porque também o varaõ naõ
ao magiar, porque sou blasfemado foi criado por amor da mulher^
naquillo de que graças dou? senaõ a mulher por amor do va­
91 Assi que seja que comais, raõ. z
seja que bebais, <ju que façais, 10 Por tanto deve a mulher ter
outra qualquer cousa, fazei tudo sobre a cabeça potestade, por
pela gloria de Deos. causa dos Anjos.
32 Sede taes que naõ deis es­ 11 Todavia nem o varãõ he
cândalo, nem aos Judeos, nem sem a mulher, nem a mulher sem
aos Gregos, nem á Igreja de Deos. o varaõ, no Senhor.
33 Como também a todos em 12 Porque assi como a mulher
tudo agrado, naõ buscando minha he do varaõ, assi he também o
própria * comodidade, senaõ a de varaõ pela mulher : Porem tudo
muitos, paraque assi se salvem. de Deos.
' 13 Julgai vos mesmos. He de­
cente que a mulher ore a Deos
CAPITULO XI. descuberta.
14 Naõ vos ensina a mesma
QEDE meus imitadores, como natureza, que criar cabelleira, he
também eu o sou de Christo. deshonra para o varaõ?
2 Ora, irmaõs, louvo-vq^ de 15 Mas criar á mulher cabel­
que em tudo vos lembrais de mim, leira, lhe' he gloria, por quanto
e guardais as ordenanças assi co­ sua cabelleira lhe he dada por
mo vo-las f dei. cubertura.
3 Mas quero que saibais, que 16 E se algum parece ser con­
a cabeça de todo | varaõ he tencioso, nos naõ temos tal co­
Christo, e a cabeça dá mulher he stume, nem támbem as Igrejas de
o varaõ, e a cabeça de Christo he Deos.
Deos. 17 Isto porem que vos denun­
4 Qualquer varaõ que § ora, cio, naõ louvo, a saber, que vos
ou profetiza tendo alguma cousa ajuntais naõ para melhor, senaõ
sobre acubeça, sua cabeça des- para peor.
honra. 18 Porque primeiramente,
5 Mas toda mulher que ora, quandos vos ajuntais na Igreja,
ou profetiza, sem ter a cabeça ouço que ha dissensões entre vos-
cuberta, deshonra sua cabeça: ouiros: E em parte o creo.
Porque o mesmo he que se se ra­ 19 Porque até her,egias importa
passe. que haja entre vos-outros, para­
6 Por tanto se a mulher se naõ que os que saõ * aprovados se
cobre, tosquie-se também: E se manifestem entre vos.
para a mulher he deshonesto tos­ 20 Assi que quando em hum
quiar-se, ou repar-se, cubra-se. vos ajuntais, isso naõ he comer a
7 Porque o || varaõ naõ ha de Cea do Senhor.
cubrir a cabeça, pois he a ima­ 21 Porque cada hum j- se adi­
gem e gloria de Deos: Mas a anta no comer a tomar sua cea
tnulher, he a gloria do varaõ. particular: E hum tem fome, e
outro esta borracho.
• Oa, Proveito, ou, utilidade. 22 Por ventura naõ tendes ca-
♦ .Entreguei. íto/we/n. ' • Oo, Puros, Ou, sinceros, ou,restos,
f Ou, Pasf itaçaZ, |j Oo, í Ou, Toma antes sua cecr.
AOS CORINTHIOS, CAP. XII. $99
sas para comer, e para beber? 34 Porem se algum tiver fome,
Ou desprezais a Igreja de Deos? coma em sua casa; paraque vos
e envergonhais aos que naõ tem ? naõ ajunteis para juizo. As de
One vos diréi ? Louvar-vos-hei ? mais cousas ordenaréi quando
Nisto naõ vos louva. vier.
23 Porque, eu recebi do Se
nhor, o que também vos tenho CAPITULO XII.
entregue: que o Senhor Jesus na
noite em que fui trahido, tomou /ARA tocante aos dons espiri-
o paõ: tttaes, naõ quero, irmaõs que
21 E havendo dado graças, o sejais ignorantes.
quebrou, e disse: Tomai, comei; 2 Vos sabeis que éreis gentios
isto he o meu corpo, que por vos- levados aos idolos mudos, segun­
outros he quebrado: Fazei isto do que éreis levados.
em memória de mi.m. 3 Por isso vos faço saber, que
25 Semelhantemente fambem ninguém fallando pelo Espirito
depois de cear tomou o copo, de Deos, * diz, que Jesus he mal-
dizendo: Este copo he o novo diçaõ: E ninguém f pode dizer
Testamento em meu sangue: Fa- que Jesus he o Senhor, senaõ peló
sei jsto todas as vezes que o. be­ Espirito santo.
berdes, ern memória de mim. 4 Ora ha diversidade de dons;
26 Porque todas as vezes que Mas he o mesmo Espirito.
comerdes este paõ, e beberdes 5 E ha diversidade de adminis­
este copo, a morte do Senhor trações: Mas he o mesmo Se­
annuncias até que venha. nhor.
27 Peloque qualquer que co 6 E ha diversidade de opera­
mer este paõ, ou beber este copo ções: Mas he o mesmo Deos,
do Senhor indignamente, serà que obra todas as cousas em to­
culpado do corpo e sangue do dos.
Senhor. 7 Mas a cada hum he dada a
23 Por tanto prove-se cada manifestaçaõ do Espirito para o
hum a si mesmo, e assi coma des­ que he j util.
te paõ, e beba deste copo. 3 Porque a hum he dada, pelo
29 Porque o que indignamente Espirito, a palavra de sapiência:
come e bebe, juízo come e bebe E a outro, segundo o mesmo
para si, naõ * discernindo o corpo Espirito, a palavra de § conhe­
do Senhor. cimento.
30 Por esta causa ha muitos 9 A outro fé, peló mesmo "Es­
fracos e doentes entre vos-outros, pirito: A outro dons de || sárar,
e muitos dormem. pelo mesmo Espirito.
31 Porque se nos nos julgára­ 10 A outro operações de vir­
mos a nos mesmos, naõ seriamos tudes: E a outro profecia: E á
julgados. outro o dom de discernir os espí­
32 Mas quando somos julgados, ritos: E a outro diversidade de
somos castigados do Senhor, pa- lingoas: E a ontro o dom de in­
raque com o mundo naõ sejamos terpretar varias lingoas.
condenados. 11 Mas este só e o mesmo Es-
33 Por tanto, meus irmaõs, • Ou, Chama, anathema.
quando vos ajuntais a comer, es­ t Ou, Pode chamar a Jcsu Senhor,
perai huns aos outros. senai, Sc.
J Ou, Proveitoso, ou, expediente.
§ Ou, Scicncia.
• On, DijTrrcnciando. O'», Sanidades, ou, curas, "
X
230 I. EPISTOLA I E S. PAULO
pirito fa? todas estas cousas: dis 24 Eos que em nos saõos mais
tribuindo particularmente a ea- hones os, de nada tem necessi­
da hum segundo quer. dade: Mas Deos assi temperou o
12 Porque assi como o corpo corpo juntamente, dando mais
he hum, e tem muitos membros: honra ao que tinha falta.
E todos os membros deste hum 25 Paraque naõ haja divisaõ
corpo sendo muitos, saõ somente no corpo, porem que os membros,
hum corpo: Assi tambémChristo. tenhaõ hum mutual cuidado os
13 Porque todos somos bapti- buns dos outros.
zados por hum Espirito, para ser 26 E se hum dos membros pa­
hum corpo, quer sejaõ Judeos, dece alguma cousa todos os mem­
quer Gregos, quer servos, quer bros padecem juntamente com
livres; e todos somos abeberados elle: Ou se hum dos membros he
para hum Espirito honrado, todos os membros jun­
. 14 Porque também o corpo tamente se gozaõ.
taõ he hum só membro, senão 27 Ora vos sois o corpo de
muitos. Christo, e membros cada hum
15 Se o pé disser: Pois que em particular.
aaõ sou maõ, naõ sou do corpo ■ 28 E Deos póz a buns na Igre­
Naõ he por isso do corpo?. ja, primeiramente Apostòlos, se­
16 E se a orelha disser: Pois, gundamente Profetas, terceira-
que naõ sou olho, naõ sou do mente Doutores: E depois as
corpo; Naõ he por isso do corpo? virtudes, logo os dons de * sârar,
17 Se todo o corpo fbra olho, os socorros, os governes, as di­
aonde estaria o ouvido ? Se todo versidades de lingoas.
fbra ovido, aonde estaria o * 29 Saõ todos A postolos ? Saõ
cheiro ? todo Profetas ? Saõ todos Dou­
18 Mas agora Deos poz a cada tores? Saõ todos virtudes?
membro no corpo assi como elle 30 Tem todos dons de sarar?
quiz. Fallaõ todos diversas lingoas ?
19 Que se todos fórao hum só fnterpretaõ todos ?
membro, aonde estaria o corpo? 31 Porem zelai para os me­
20 Mas agora ha muitos mem­ lhores dons, e eu vos mostro ain­
bros: porem ,hum só corpo. da hum caminho mais excelente.
21 Nem o olho pode dizer à
maõ: Naõ tenho necessidade de
ti: nem tembem a cabeça aos CAPITULO XIII-
pés: Naõ tenho necessidade de A INDA que eu fallassé as Iin-
vos. goas dos homens, e dos An­
22 E ainda até os membros do jos, e naõ tivesse caridade seria
corpo que parecem ser os mais como o metal que tine, e como o
fracos, saõ muito mais necessá­ sino que retine.
rios. 2 E ainda que tivesse o dom
23 E os que cuidamos que n< de profecia, e conhecesse todos
corpo saõ os mais viis membros, os secretos, e toda a sciencia: e
a esses f vestimos nos mais ho:> linda que tivesse toda a fé, de
rademonte: Eos que em nos saí al maneira que traspassasse os
os X mais feos membros, tem mais montes, e naõ tivesse caridade,
§ atavio. isada seria.
♦ Ou, Olfuto, t Ou, Mflií honramos 3 E ainda que distribuísse toda
í Ou, Indecentes, on,vergvnhososs
$ Ou, aparato, ou, honçstidade. • O», Sanidades,
AOS CORINTHIOS, CAP. XIV. 2S1
minha fazenda para mantimento^ senaõ a Deos: Porque ninguém
dos pobres, e ainda que entregasse o entende, mas em Espirito falia
meu corpo para ser queimado, e mistérios.
naõ tivesse caridade, nada me 3 Mas o que profetiza, falia a
aproveitaria. os homens para edficaçaõ, e ex-
4 A cartdade he * paciente-, he hortaçnõ, e consolaçaõ.
benigna: A caridade naõ he en 4 Ô que falia lingoa estranha.
vejosa : A caridade naõ f faz sem a si mesmo se edifica: mas o que
razaõ, naõ se incha. profetiza, edifiea á Igreja1-.
5 Naõ trata indecentemente: 5 Assi que bemquizera eu que
Naõ busca seu proveito : Naõ se todos vos-outros fallasseis lingoas
agasta : Naõ cuida mal. estranhas : nias mmto mais que
6 Naõ folga da injustiça: Mas profetizásseis: porque o que pro­
folga da verdade. fetiza he mayor do que o que fallá
7 Tudo encubre, tudo cté, tudo lingoas estranhas, se naõ fór que
espera, tudo suporta. iuntamente interprete, pataque a
8 A caridade tronca se perde: Igreja * tome edificaçaõ.
Mas quanto ás profecias, aniqui­ 6 Agora pois, irmãos, se eu
ladas seraõ : E quanto ás lingoas, vier a vos-outros faltando lingoa»
cessasáõ: E quanto ao conheci­ estranhas, que vos aproveitarei, set*
mento, será aniquilado. naõ vos fadar por revelaçaõ, ou
9 Porque em parte, cenhece- por sciençia, ou por profecia, ou
lrtos, e em parte profetizamos. por doutrina?
10 Mas quando a perfeição vi­ ? E de feito as comas sem vida
er, entaõ o que he em parte, será que daõ soido, seja frauta, seja
J aniquilado. viola, se naõ derem distinção de
11 Qitaudo eu efa fnenitró, fat­ vozes, como se saberá o que se
iava como meninô, § sábia como tange com a frauta, ou com a
menirm, cuidava corno menino: vicia t
Mas como me fiz homem, o que 9 Porque também se a trom­
era de meninice desfia. beta f der soido incerto, quem se
12 Porque agora vemos por aperceberfi para a batalha?
espelho em enigma, mas entaõ 9 Assi também vos-outros, se
wrimtss Cara a cara: Agora con­ com a lingoa naõ I pronunciar­
heço em parte, mas entaõ con des palavra que bem se possa en-
heceréi como também sou conhe­ tender, como se entenderá • que
cido. se diz ? Porque estareis wmu tal-
13 Porem agora permanecem^ lando ao ar.
estas tres cousass, fé, esperança e' 10 Por exemplo, tantas gene-
caridade. Porem a mayor destas ros de vozes haõ no mundo, e
he a caridade. nenhuma, delias he muda.
11 Pois se eu naõ souber § a
CAPITULO XIV. potência da voz, seréi Barbaro
ao que falia: E o que falia me
DROSSEGUI a caridade, Zelai será Barbaro a mim.
*• para os dons espirituaes: Mas 12 Assi também voa-outros, ja
sobre tudo que profetizeis. que tanto desejais os dons espiri­
2 Porque o que falia lingoa tuais, procurai de nelles abundar
estranha ^uiw falia aos homens, para edeficaçaõ da.Igreja.
• Ou, Sofrida. • Ou, Receba. t Ou, Da hum&om.
+ Ou, Usa de insolência. t Oa, derdes palavra bem significante.
Í Ou, Desfeito. £ra<iffeiçoado. por voisa UngQa* $ _0u, A virtude.
H32 I. EPISTOLA )E S. PAULO
13 Peloqueoque falia lingoa de todos he convencido, e do to­
estranha, cre que possa interpre­ dos hejulgado.
tar. 25 E assi ficaõ manifestos os
14 Porque se eu orar em lingoa secretos de seu coraçaõ, por onde
estranha, meu espirito ora, mas se lançará sobre seu rosto, e ado­
roeu entendimento fica sem firuto. rará a Deos, publicando que ver­
15 Tois que ? oraréi com o es­ dadeiramente está Deos entre
pirito, mas também oraréi com o vos-tiutros.
entendimento: Cantaréi como 26 Que ha pois, irmaõs 1 Quan­
espirito, mas também cantaréi do vos ajuntardes, segundo cada
com o entendimento. hum de vos tiver psalmo, ou dou­
16 D’outra maneira se tu ben­ trina, ou lingoa, ou revelaçaõ, ou
disseres com o espirito, como di interpretação, tudo se faça para
rá o que ocupa iugar de idiola edificaçaõ.
Amen sobre tua bendiçaõ? pois 27 Seja que algum falle lingoa
naõ sabe o que dizes. estranha, focasse isso por dous,
17 Porque verdade lie que bem ou ao mais por tres, e as
dás tu graças: Mas o outro naõ vezes; porem haja hum que in­
he edificado. terprete: *
18 Graças dou a meu Deos, 28 E senaõ houver interprete,
que mais lingoas estranhas faliu cale-se na Igreja, e falle a si mes­
que todos vos-outros. mo, e a Deos.
19 Mas antes quero' fallar na 29 * E fallem dous ou tres Pro­
Igreja cinco palavras com meu fetas, e os outros julguem.
entendimento, paraque também 30 E se a algum, que estiver
instrua aos outros, do que dez mil assentado, for revelada alguma
palavras em lingoa estranha. cousa cale-se o primeiro.
20 Irmaõs, naõ sejais * meni­ 31 Porque todos podeis profe­
nos no sentido, mas sede meninos tizar, hum após o outro, paraque
na malícia: Porem sede f per­ todos aprendaõ, e todos sejaõ
feito» no sentido. consolados.
21 Na Ley está escrito : Falla- 32 E os espíritos dos Profetas
réi a este povo por gente de outra estaõ sugeitos ao3 Profetas.
lingoa, e por beiços estranhos: 33 Porquê Deos naõ he Deos
E nem ainda assi me ouviráõ, diz de confusaõ, senaõ de paz, como
o Senhor. em todas as Igrejas dos santos.
22 Peloque as lingoasestranhas 34 Vossas mulheres calem-se
saõpor sinal, naõ para os fieis, nas Igrejas : Porque naõ lhes he
senaõ para os infiéis: Porem a permitido fallarem, tn&smandado
profecia naõ he para os infiéis se­ estar sugeitas: como também a
naõ para os fieis. Ley diz.
23 Assi que se toda a Igreja se 35 E se alguma cousaquizerem
ajuntar em hum, e todos fàllem aprender, perguntem em casa seus
lingoas estranhas, e entrem idio­ proprios maridos: porque desho-
tas, ou infiéis,) naõdiraõ porven­ nesto he fallarem as mulheres na
tura que estais fora de juízo? Igreja.
24 Mas se todos profetizarem, 36 Porventura f veio de vos-
e entre algum infiel, ou idiota, outros a palavra de Deos ! Ou
taõ sómente a vos chegou ?
♦ Ou, Rapazes na entendimento,
t Ou, Homens crecidos, ♦ Ou, Porem os Profetas fallem deus
+ Ou, Porventura naõ diral estais lou­ ou tres, c os tic mais julguem, K
cos. f Ou, Sahio,
AOS CORINTHIOS,- CAP. XV. 233
37 Se algum cuida que he Pro­ elles, todavia naõ eu, senaõ a
feta, ou espiritual, reconheça que graça de Deos que está comuligo.
as cousas >que vos escrevo saó 11 Assique, ou seja eu, eu se-
mandamentos do Senhor. jaõ elles, assi pregamos, e assi
. 38 E se algum ignora, seja ig­ crestes. .
norada, 12 Ora * se se prégá que Chri­
39 Por tanto irmaõs, zelai para sto resuscitou dos mortos, como
Íirofetizar, e nao impidais o fallar dizem alguns de vos-outros, que
ingoas estranhai: naõ ha resúrreiçaõ dos mortos.
40 Faça-se tuda decentemente, 13 Porque se naõ ha resurrei-
e com ordem. çaõ dos mortos, lambem Christo
\ naõ resuscitou.
CAPITULO XV. 14 E se Christo naõ resus-
citou, vaã. he logo nossa pre-
BAMBEM, irmaõs, vos aviso gaçaõ, e vaã he também vossa
* aeerea do Evangelho que vos fé.
tanhoannuneiado, o qual também 15 E assi somos também
recebestes, no qual também es­ achados falsas testemunhas de
tais: Deos: pois de Deos temos
2 E pelo qual também sois sal­ testificado, que a. Christo re-
vos, se o retiverdes na maneira em suscitou, ao qual porem naõ re­
qtte vo-lo tenho annunciado: Se suscitou; se os mortos naõ re-
naõ he que tenhais crido em vaõ. suscitaõ.
3 Porque ante tudo vos entre­ 16 Porque se os mortos náõ
guei o que também tinha recebi­ resuscitaõ, também Christo naõ
do, que Christo morreo por nossos resuscitou.
pecados, segundo a» Escrituras. 17 E se Christo naõ resuscitou,
4 E que foi sepultado, e que de balde he vossa fé, e ainda es­
resuscitou ao terceiro dia, segun­ tais em vossos pecados.
do as Escrituras. 18 E também os que dormeu
5 E que foi visto de Cep.has, e em Christo saô perdidos.
depois dos doze. 19 Se nesta vida sómente es­
6 Depois fõi visto de mais de peramos em Christo: os mais
quinhentos irmaõs n’huma vez, miseráveis de todos os homens
dos quaes ainda a maior parte, somos.
até o presente, permanece, e al­ 20 Mas agora Christo resusci­
guns dormem. tou dos mortos, e foi feito as pri-
7 Depois foi visto de Jacobo, micias dos que dormiraõ.
e depois, de todos o Apostolos. 21. Porque f pois que a morto
8 E depois de todos * também he por hum homem, também por
foi visto de mim, como de hum hum homem he aresúrreiçaõaos
abortivo. mortos.
9 Porque eu sou o menor dos 22 Porque assi como em A dam
Apostolos, que naõ sou digno de todos morrem, assi também em.
ser chamado Apostolo, por quanto Christo seráõ todos vivificados.
persegui a Igreja de Deos. 23 Mas cada hum em sua or­
10 Mas pela graçst de Deos dem : Christo as primícias: De­
sou o que sou: E sua graça que pois, os que saô-da Christo,. em
a mim foi dada naõ foi vaã: sua vinda.
Antes trabalhei mais que todos • Ou, Se pregão.
• Ou, Também me aparecco á mim,co­ + <)u, Depois a mortt,
mo a hum movido, ov, malparido. quanto a m&rtc,
X.2
234 I. EPISTOLA DE S. PAULO
24 Depois será o fim, ha­ 36 * Ah doudo, o que tu se-
vendo entregado o Reyrro a meas, naõ torna viver, se naõ
Deos, e ao Pai, e 9 aniquilado to­ morrer.
do império, e toda potestade, e 37 E o que semeas naõ semeas
força. o corpo que he da sahir, senaõ o
25 Porque convém q,ue reync graõ nu, como o de trigo, ou outro
come Rey até que haja posto a qualquer graõ.
todos seus inimigos debaixo de 33 Mas Deos lhe dá o corpo
seus pés. como quer, e a cada semente seu
26 E o ultimo inimigo, que he proprio corpo.
de ser destruído, he a morte. 39 Toda carne naõhe a mesma
27 Porque todas as cousas su- carne: Mas humahe a carne dos
geitou debaixo de seus pés. Ora homens, e outra he a carne dos
quando diz, que todas as cousas animaes, e outra a dos peixes, e
lhe estaõ sugeitas, claro está que outra a das aves.
se exceptua aquelie que todas as 40 E ha corpos celestiacs, e
cousas lhe sugeitou. corpos terreaes: Mas humahe a
23 E quando todas as cousas gloria dos celestiaes, e outra a dos
lhe forem sugeitas, entaõ tam- terraes.
bem o mesmo Filho se sugeitará 41 Outra he a gloria do Sol, e
áquelleque todas as cousas lhe outra a gloria da Laa, e outra a
sugeitou, paraque Deos seja tudo gloria das estrellas : Porque huma
em todos. estreila f he em gloria differente
29 D’outra maneira, que faraõ da outra estreila.
os que se baptizaõ pelos* mortos, 42 Assi também ha de ser a
se totalmente os mortos naõ re- resurreiçaõ dos mortos: Semea-se
suscitaõ ? Porque se baptizaõ logo o corpo em corrupção, levantar-se-
pelos mortos ? ha em incorrupçaõ.
30 E porque também à toda 43 Semea se em deshonra, le­
hora estamos em perigo í vantar-se ha em gloria: Semea se
31 Cada dia morro, o que tes­ em fraqueza, levantar-se-ha em
tifico, por nossa gloriaçaõ a qual força:
tenho em Christo Jesus nosso Se­ 44 Semea-se corpo f animal,
nhor. resuscitatá corpo espiritual: Ha
32 Se como homem em Epheso corpo animal, e ha corpo espiri­
contra as bestas combati, que me tual.
aproveita, se os mortos naõ resus- 45 Assi está também, escri­
citaõ? Comamos e bebamos que to : Foi feito o primeiro ho­
amanhaã morremos. mem Adam em alma vivente:
33 Naõ vos erreis. As más o ultimo Adam em espirito vivi­
conversações corrempem os bons ficante.
costumes. 46 Mas o espiritual naõ he
34 t Velai juntaménte, e naõ primeiro: Senaõ o § animal, de­
pequeis: Porque alguns naõ co­ pois, o espiritual.
nhecem «Deos. Para vergonha 47 O primeiro homem de da
vossa o digo. terra, terreno: O segundo homem
. 35 Mas dirá alguém: Como heoSenhordoceo.
resuscitarõ os mortos? E com 48 Qual he o terreno, taes saã
que corpo sahiráõ?
• Ou, Parco, ou, louco.
+ Ou, differe em gloria*
♦ Ou, Desfeito. í Ou, Natural.
} Qvt ííatlrugnit ou, despertai, $ Ou, Natura.
AOS CO1UNTHIOS, CAP. XVI. 335
também os terrenos: E qual oce neira que ordenei ás Igrejas de
lestial, taes também os celestiaes. Galacia.
49 E assi como trouxemos a 2 Que cada primeiro dia da
1 magem do terreno, * a ,si tam bem semana cada hum de vos * tome
havemos de trazer a imagem do comsigo á parte algunia cousa,
celestial. ajuntando thesouro conforme a
5Ó Porem isto digo, irmaôs, prosperidade que alcançou : Por­
que a carne e o sangue naõ podem que quando tu vier se naõ façaõ
herdar o Reyno de Deos, nem a entaõ as colheitas.
corrupção herda a incorrupçaõ. 3 E vindo eu, enviaréi aos que
51 Vedes-aqui vos digo hum por cartas aprovardes, que a
mistério: Nem todos em verdade Hierusalem levaõ vossa liberali­
havemos dedormir: Porem todos dade.
havemos de ser f transformados. 4 E se o negocio foi digno de
52 Em hum momento, em hum que eu mesmo lambem vá, iráõ
abrir de olho, á ultima trombeta: commigo.
Porque a trombeta ha de soar, e 5 Porem viréi a vos-outros
os mortos resuscitaràõ incorruptí­ quando passar por Macedonia:
veis : Mas nós-outros havemos de (Porque por Macedonia hei de
ser J tran fo rmad os. passar.
53 Porque convém que isto cor 6 E bem pode ser que me fi­
ruptívèl seja vestido de incorrup­ carei comvosco, ou também in-
çaõ, e isto mortal seja vestido de vernaréi: Paraque me f leveis
immortalidade. aonde quer que houver de ir.
54 E quando isto corruptível 7 Porque naõ vos quero ver
fór vestido de incorrupçaõ, e isto agora de passagem: Mas espero
mortal fór vestido de immortali- estar comvosco algum tempo, se
ade, entaõ será cumprida a palavra o Senhor J o permitir.
que esta escrita: Tragada he a 8 Porem ficaréi em Epheso
morte em victoria. até o Pentecoste.
55 Aonde está, ó morte, tua 9 Porque se me abrio huma
victoria ? Aonde está, ó § inferno, porta grande, e efiicaz, e ha mui­
teu agulhaõ? tos adversários.
■ 5õ Porem o agulhaõ da morte 10 E se Timotheo vier olhai
he o pecado: E a potência do que estqja seguramente comvos­
pecado he a Lei. co : Porque também como eu, faz
57 Mas graças a Deos, que nos a obra do Senhor.
deu victoria por nosso Senhor 11 Por tanto ninguém o § te­
Jesu Christo. nha em pouco : Mas levai»o
58 Peloque, meus amados ir­ em paz, paraque venha ter com­
maõs, estais firmes e immoveis. migo: Porque com os irmaõs o
abundando sempre na obra do espero.
Senhor, sabendo que vosso tra 12 E acerca do irmaõ Apollos,
balho naõ he vaõ no Senhor. eu lhe roguei muito que com os
irmaõs viesse a vos-outros: Mas
CAPTULO XVI. em nenhuma maneira teve von­
tade de por agora ir : Porem ten­
'TOCANTE a colheita para os do ** tempo, irá.
santos, fazei também da ma-
• Ou, Guarde, t Ou, Acompanheis,.
♦ Ou, Assi traremos também. t Ou, For sorrido. $ Ou, O despreze.
t Ou, Muidlos. t Ou, Mudadçs. 51 Ou, Accmpanhae.
$ Ou, sepulcro, ou, wurte. *#-0u, Comodidade, ou, oportuninade.
236 ir. EPISTOLA DE S. PAULO
13 Velai,, estai na fé: Ilavei- Igreja que está em sua casa, vos
vos varonilmente, esforçai-vos. saudaõ affectuosamente no Se­
14 Todas vossas cousas se fa- nhor.
çaõ em caridade. 20 Todos os irmaõs vos sau-
,1/5 Rogo-vos porem, irmaõs, daõ. Saudai vos huns aos outros
(bem sabeis que a casa de Esie- com santo beijo.
phanas heas primícias de Achaya, 21 Saudaçaõde minha proptia
e que * se tem dedicado ao mi­ maõ de Paulo.
nistério dos santos:) 22 Se alguém naõ ama ao Se­
16 Que vos sugeiteis também nhor Jesu Christo, seja anathema,
aos taes, e a todos os que jun­ maranatha.
tamente ajudaõ e trabalhaõ. 23 A graça do Senhor Jesu
17 Folgo da vindade Estepha- Christo seja comvosco.
nas, e de Fortunato e de Achaico? 24 Minha caridade seja com-
Pois estes supriraõ o que a mim todos vos-outros em Jesu Chri­
de vos faltava. sto. Amen.
18 Porque recrc&raõ meu espi­
rito e o vosso. Reconhecei pois A primeira Epistola aos Corix-
aos taes. thios for escrita de PMippos,
19 Aslgrejas de Asiavos sau- [e enviada] por Estephanus,
daõ. Aquila e Priscilla, com a Fortwud», Achaico, e Timo-
• Ou, De todo $c deraS ao. tico.

SEGUNDA EPISTOLA DO APOSTOLO


S. PAULO AOS CORINTHIOS.
CAPITULO I. 5 Porque assi como em nos-
abundao as afflicções de Christo,
"DAULO Apostolo de Jesu Chri- assi abunda também por Christo
* sto, pela vontade de Deos, nossa sonsolaçaõ.
e o irmaõ Timotheo, í Igreja de 6 Porem seja que sejamos atri­
Deos que está em Corintho,'com bulados, he por Vossa consolaçaõ,
todos os santos que estaõ em toda e salvaçaõ, a qual se produz soí-
Achaya. frendo as mesmas afflicções que
2 Tenhais graça e paz de Deos nos também padecemos: Ou seja
nosso Pai, e do Senhor Jesu Chri­ que sejamos consolados, por vos­
sto. sa consolaçaõ e salvaçaõ he.
3 Bendito seja o Deos e Pai de 7 E nossa esperança de vos- ou­
nosso Senhor Jesu Christo, o Pai tros he firme, estando certos que
de misericórdias, e o Deos de to­ assi como sois participantes das
da consalaçaõ: afflicções, assi sois particpantes
4 Que nos consola em todas também da consolaçaõ.
nossas tribulações, paraque tam­ 8 Porque, irmaõs, naõ quere­
bém possamos consolar aos que mos que ignoreis a nossa tribula­
estaõ em qualquer afflicçaõ, com ção, que em Asia * nos aconte-
a consolaçaõ com que de Deos
somos consolados. • Ou, Sc nosjte.
AOS CORINTHIOS. CAI*. I. 237
eeo, que sobre maneira fomos paraqne haja em mim Si, si; e
carregados sobre nossas forças, de N aõ, naõ ?
tai modo que estivemos em duvi­ 18 Antes Deos he fiel, que nos­
da da vida. sa palavra para comvosco naõ foi
9 Em tanta maneira, que tive­ Si, e Naõ.
mos em nos mesmos a sentença 19 Porque o Filho de Deos Jc-
de morte, paraqne naõ confiemos su Christo, o qual por nos entre
em nos mesmos, senaõ em Deos vos outros foi prégado, por mim,
que resuscitc. aos mortos. e por Silvano, e por Timotheo,
10 O qual nos livrou, e livra naõ foi Si, e Naõ: Mas foi Si
da tamanha morte: no qual lam­ nelle:
bem esperámos que ainda nos 20 Porque todas as promessas
livrará. de Deos saõ Si nelle, e nelle A-
11 Aj.udando-nos vos também men, para gloria de Deos por nos-
com oraçaõ por nos, paraqne outros.
pela merce que nos foi feita, por 21 Mas o que comvosco nos
muitas pessoas, por muitos tam­ confirma em Cliristo, e o que nos
bém sejaõ dadas.graças por nos- ungio he Deos.
outros. 22 O qual também nos sellou,
12 Porque esta he nossa glori- e nos deu as arras doEspirito, em
açaõ, a saber, o testemunho de nossos corações.
nossa consciência: Que com sim­ 23 Mas eu chamo a Deos por
plicidade e sinceridade de Deos, testemunha sobre minha alma,
naõ com sabedoria casual, mas que até agora naõ vim aCorintbo
com a graça de Deos, temos con­ por vos perdoar.
versado no mundo, e maiormente 24 Naõ que de vossa fé nos
comvosco. ensenhorecémos, porem semos
13 Porque naõ vos escre­ ajudadores de vosso gozo : Por­
vemos outras, cousas, senaõ as que * por fé estais em pê.
que ja conheceis, ou também
reconheceis: E espero que tam­ CAPITULO II. -
bém até o fim as reconhece-
réis. DOREM isto tenho determina-
14 Assi como também ja em do em mim mesmo, que naõ
parte tendes reconhecido, que hei de vir outra vez a vos-outros
nos somos vossa gloriaçaõ, como com tristeza.j-
também vos sois a nossa no dia 2 Porque se eu vos contristo,
do Senhor Jesus. quem setá logo o que me alegra­
15 E com esta confiança quiz rá, senaõ aquelle j que per mim
primeiro vir a vos-outros, para- for contiistado.
que havesseis huma segunda 3 E isto mesmo vos tenho es­
graça. crito, paraque quando la vier, naõ
16 E por vossa cidade passar a tenha tristeza dos que havia de
Macedonia. E de Macedonia vir ter gozo : confiando em todos vos-
outra vez a vos-outros, e ser leva­ outros, que meu gozo he gozo de
do de vos-outros a Judea. todos vos outros.
17 Assi que tendo isto propo­ 4 Porque pela muita tribulaçaõ
sto, usei porventura de levian­ e angustia do coraçaõ vos escrevi
dade ? Ou o que * penso, por­
ventura penso-o segundo a carne • Ou, Pelafe.
i Ou, Que cu contristar, -
• Ou, Cutdth J Ou, Tragada.
Í38 II. EPISTOLA DE S. PAULO
com muitas lagrimas, naõ para­ ro de morte, para morte: E para
que vos contristásseis, más para­ aquelies cheiro de vida, para vi­
que conheoesseis a caridade que da. E para estas cousas quem
tenho abundosamente para com- he sufficiente t
vosco. 17 Porque nos naõ * trazemos,
5 Que se alguém contristou, como muitos, a vender a palavra
naõ me contristou a mim, senaõ' de Deos, autes como de sinceri­
ein parte, a vos todos (paraque o dade, f como de Deos, em pre­
naõ carregue.) sença de Deos, o falíamos em
6 Baste-lhe ao tal esta repren- Christo.
saõfeita por muitos.
7 Paraque antes ao contrario CAPITULO III.
lhe perdoeis, e consoleis, porque
da aemasiada tristeza naõ seja o /"'•omeçamos nos nos encomen-
tal em alguma maneira * consu dar a vos outra vez a nos
mido. mesmos ? Ou temos necessidade
8 Peloque vos rogo que para como alguns, de cartas de enco­
com elle confirmeis a caridade. menda para vos-outros, ou de en­
9 Porque também por isto vos comenda de vos-outros ?
escrevi, para conhecer vossa ex­ 2 Vos-outros sois nossa Carta,
periência, se em tudo Sois obedi­ escrita em vossos corações, co­
entes. nhecida e lida de todos os ho­
10 E ao que vos-outros per­ mens.
doardes, também eu lhe perttoo: 3 j Como he manifesto que vos
Porque também eu, o que tenho sois a carta de Christo, adminis­
•perdoado, a quem perdoado te­ trada por nos, e escrita, naõ com
nho, por amor de vos o tenho fei­ tinta, senaõ com o Espirito do
to, em -presença de Christo: Pa­ Deos vivo: Naõ em táboas de
raque de Satanás naõ sejamos pedra, senaõ em taboas de carne
vencidos. de coraçaõ.
11 Porque naõ ignoiamus seus 4 E tal confiança temos por
* ardis. Christo para com Deos.
12 Nodlemais, como a Troas1 5 Naõ que sejamos sufficientes
vim paraprqgúr o Evangelho de para pensar alguma cousa de nos,
Christo, aindaqué no Senhor me como deuob mesmos, mas nossa
foi aberta a porta, naõ tive po­ sufficiencia § he de Deos.
rem repouso em meu Espirito, 6 O qual também nos fez suf­
por naõ haver achado a Tito meu ficientes fiara ser ministros do
irmaõ. Novo Teslamento: Naõ -da Le­
13 E assi despedindome delles, tra, senaõ do Espirito: Porque a
me parti para Macedonia. Letra mata, mas o Espirito || vi­
14 Mas graças a Deos, que; vifica.
sempre nos faz triunfar em Chri­ 7 E se o ministério de morte
sto ; E por nos-outros em todo em letras, impresso em pedras,
lugar manifesta o cheiro de seu foi glorioso, de maneira que os
conhecimento. filhos de Israel naõ podiaõ 51 pór
15 Porque para Deos somos • Somas tavetntiros'da palavrada
bom cheiro de Christo, nos que Deos.
se salvaõ, e nos que se perdem. + Ou, Enviados de Deos.
{Ou, Em tanto que he, 8tc. ou, sendo
16 Para estes certamente chei- manifesto.
• Ou, Maquinações, ou, tretas, ou, § Ou, Vem. • Ou, Da lida.
intclligcncias, ou, enganos. < Ou, Olhar para a,
AOS CORINTHIOS, CAP. IV. íSt
os olhos na face (le Moyses, por.
causa da gloria de seu rosto, qr e CAPITULO IV.
havia * de pareoer; T3EI.0 que tendo este ministe-
8 Como naõ será para maior rio, segundo a misericórdia
gloriao ministério do Espirito? que
< alcançado havemos, naõ des­
9 Porque se o ministério de maiamos.
condenaçaõ foi de gloria, muito 2 Mas antes renunciamos as *
mais sobrepujará em gloria, o esnondedalhas de vergonha, naõ
ministério de justiça. andando com astúcia, nem falsi­
10 Porque também o que foi ficando com astúcia, liem falsi­
glorificádo naõ foi glorificado ficando a palavra de Deos: Mas
nesta parte, por causa desta ex­ encomendandonos a toda consci­
cedente gloria. ência humana diante de Deos,
11 *Porque se o que perece foi pela mamfestaçaõ da verdade.
glorioso, muito mais o /re em glo- 3 Que se nosso Evangelho está
(ia o que permanece. encoberto, para os que se perdem
12 Ássi que tendo tal esperan­ está encuberto.
ça, fqllamos com muita coufi 4 Nos qtiaes o Deos deste sé­
ança. culo cegou os f entendimentos a
13 E naõ fazemos como Moy-1 *aber dos incrédulos, paraque lhes
ses, çua punha hum veo sobre sua naõ resplandeça o lume do Evan­
face, paraque os filhos de Israel gelho de gloria de Cbristo, que
naõ puzessem osoihos no fim do he a imagem de Deos.
que havia de perecer. 5 Porque naõ nos pregamos a
14 E assi t sentidos delles se nos mesmes, senaõ a Jesu Chri-
endurecerão: porque até o dia sto, o Senhor: E nos-outros que
de hoje fica o mesmo veo por vossos servos somos por amor de
descubrir na liçaõ do Velho Te­ Jesus.
stamento, o qual por Christo he 6 Porque o Deos que disse que
J tirado. das trevas resplandecesse a luz,
15 Antes até o dia de boje, he o que resplándeceo em nossos
quando Moyses he lido, está o veo corações, para dar illuminaçaõ
posto sobro seu coraçaõ delles. do conhecimento da § gloria de
16 Porem quando se coverte- Deos na face de Jesu Christo.
rem ao Senhor, entaõ se tirai á o 7 Porem temos, esto thesoure
veo. em vasos de barro, paraque a e»-
1? Ora o Senhor he o Espirito: cellenciade efficacia seja de Deos,
E aonde ha o Espirito do Senhor, e naõ de nos-outros.
ahi ha liberdade. 8 Em tudo somos atribulados,
18 Por tanto nos-outros todos, mas naõ nos estreitamos: Duvi­
postos os olhos, como em hum damos, mas naõ desesperamos.
, espelho, na gloria do Senhor, com 9 Padecemos perseguição, mas
cara descuberta, somos transfor­ naõ somos desamparados: Somos
mados de gloria em gloria na aba'idos, mas naõ perecemos.
mesma imagem, como pelo Es­ 10 Sempre por todas as partes
pirito do Senhor. trazemos a mortificaç.aõdoSeiihor
Jesus no corpo, paraque também
a vida de Jesus em nossos corpos
• Ou, De ser aniquilado. > seja manifestada.
♦ Ou, Entendimentos. 11 Porque sempre nos, os que
í Ou, Âtolldo, w, desfeito, wi> abro.• • Ou, Escondcdeiros de toda liypocrisia.
fado. t Ou, Sçntidos. t Ctaridado.
240 II. EPÍSTOLA DE S. PAULO
vivemos, somos por amor de 4 Porque também nos os
Jesus entregues á morte, pa­ que nes'a cabana estamos, ge­
raque taníbera a vida de Jesus memos * carregados: Por quanto
se manifeste em nossa carne naõ queriamos ser depois, antes
mortal. revestidos: Paraque o que he
12 De maneira que a morte mortal, pela vida' seja f con­
obra era nos-outros, e em vos- sumido :
outrosavida. 5 Mas o que para isto mesmo
13 Mas porque temos o mesmo nos fez, he Deos, o qual tam­
Espirito de fé, conforme ao que bém nos tem dado as arras do
está escrito: Cri, pori3so fallei; Espirito.
nos outros também cremos, por 6 Peloqne tendo sempre con­
isso também falíamos. fiança, e sabendo que habitando
14 Estando certos qne o que neste corpo, pregrinamos do Se­
ao Senhor Jesus resuscúou, nos nhor.
resuscitaiá também por Jesus a 7 Porque andamos por fé, e
nos-outros; e nos ahi porá com- naõ por vista.
vosco. 8 Porem bom animo temos, e
15 Porque todas estas cousas mais queremos deste corpò ser
saõ por amor de vos-outros, para estrangeiros, e estar com o Se­
que a copiosissima graça abunde nhor.
para gloria de Decs, pelo fazi- 9 PeloqueJambem muito dese­
mento de graças de muitos. jamos ser-lhe agradaveis, ou pre­
16 Por tantonaõ desmaiamos: sentes, ou ausentes.
Antes aindaque nosso homem ex­ 10 Porque a todos nos he ne­
terior esteja corrompido, todavia cessário comparecer I ante o Tri­
o interior se renova de dia em bunal de Christo, paraque cada
dia. hum leve o que peio corpo tiver
17 Porque a leve e momentâ­ feito, ou bem, ou mal.
nea nossa tribulação, produz a 11 Assi que sabendo o terror
nos hum peso eterno de gloria do Senhor., persuadimos os ho­
excellentissima. mens a fé, e a Deos somos más
18 Naõ atentando para as cou­ uifestos: E também espero qtife
sas visíveis, senaõ para as invi­ em vossas consciências estamos
síveis: Porque as cousas visiveis manifestados.
saõ temporaes: mas as invisíveis 12 Porque naõ nos encomenda­
saõ eternaes. mos outra vez a vos-outros: Mas
damos vos ocasiaõ de nos vos glo­
CAPITULO V. riar : paraque tenhais que respon­
der aos que se gloriaõ na face,
T>0RQUE bem sabemos que, e naõ no coraçaõ.
se nossa casa terrestre deste 13 Porque seja que tresvalie-
tabernáculo se desfizer, temos mos, para Deos tresialiemos, ou
hum edifício de Deos, huma casa seja que estejamos em nosso siso,
eterna nos ceos, que naõ he feita para vos-outros o estamos;
de maõs. 14 Porque a caridade de Chri­
2 Porque em isso também ge­ sto nos constrange.
memos, desejando ser revestidos 15 Tendo isto por resolvido,
I d'aquelia nossa habitaçaõ celes­ que se hum por todos foi morto,
tial. • Ou, Pelo peso (ia carga
3 Se também fomos achados + Ou, Tragado, ou, sorvido.
vestidos, e naõ nús. $ Ou, Perante.
AOS CORINTHIOS, CAP. VI. 24Í
logo todos estaõ mortos. E elle como ministros de Deos fazemos-
morreo por todos, paraque tam­ nos agradaveis em muita paciên­
bém os que vivem, naõ vivaõ cia, em afflicções, em necessida­
d’aqui por diante para si, senaõ des, em angustias,
para aquelle que por eiles morreo 5 Em açoutes, em prisões, em
e resuscitou. * revoltas, em trabalhos, em vi­
16 De maneira que d’ aqui por gílias, em jejuns,
diante a ninguém conhecemos 6 Em castidade, emi sciencia,
segundo a carne, e aindaque ha­ em mansidaõ, em bondade, em
jamos conhecido a Christo segun­ Espirito santo, em caridade naõ
do a carne, todavia ja agora o fingida,
naõ conhecemos segundo a carne. 7 Em palavra de verdade, em
17 Assi que se alguém está em potência "de Deos, ~ pelas armasi
Christo, nova criatura he: jaasl de ' justiça,
: =- - e ás es­
âs direitas,
velhices passáraõ, eis-que tudo querdas.
está feito novo. 8 Por honra e por deshonra,
18 Ora tudo isto vem de Deos, por infamia e por boa fama:
o qual por Jesu Christo comsigo Coma enganadores, e todavia
nos reconciliou, e nos deu o mi­ verdadeiros.
nistério da reconciliação. 9 Como ignorados, e todavia
19 Porque Deos estava em conhecidos: Como morrendo, e
Christo reconciliando comsigo ao vedes-aqui vivemos.; Como cas­
mundo, naõ lhes imputando seus tigados, porem ainda naõ mor-
pecados, e pôz em nos outros a. tos.
palavra da reconciliação. 10 Como contristados, e loda-
20 Assi que somos embaixado­■ via sempre alegres: Como pobres,
res * em nome de Christo, comoi e todavia emiquecendo a muitos:
se Deos por nos rogasse. Roga­• Como naõ tendo nada, e todavia
mos em nome de Christo, f que; possuindo tudo.
vos reconcilieis com Deos. 11 Para comvosco, o Corin-
21 Porque ao que naõ conhe- tbios, está aberta nossa boca,
ceo pecado, fez pecado por nos. nosso coraçaõ está dilatado.
outros: paraque nos-outros nelle 12 Naõ estais estreitos em nos-
fossemos feitos justiça de Deos. outros: Mas estais estreitos em
vossas entranhas.
CAPITULO VI. 13 Ora em recompensa disto,
(como a filhos fallo) vos dilatai
A SSI que sendo juntamente o- vos-outros também.
breiros, vos rogamos também, 14 Naõ vos ajunteis em jugo
que a graça de Deos em vaõ re­ com os infiéis, porque que parti-
cebido naõ hajais. cipaçaõ tem a justiça com a in­
2 Porque diz: Em tempo a- justiça 1 E que communicaçaõ
gradavel te ouvi, e no dia da sal- tem a luz com as trevas ?
vaçaõ te socorri; vedes-aqui a- 15 E que conveniência tem
gora o tempo agradavel, vedes Christo com Belial ? ou que par­
agora aqui o dia de salvaçaõ: te tem o fiel com o infiel r
3 Naõ dando a ninguém algum lâ E que consentimento -tem
escandalo, paraque o ministério o templo de Deos com os ídolos?
naõ seja vituperado: porque vos-outros sois o templo de
4 Mas nos em todas as cousas Deos vivente,'como Deos disse:
• Ou, Por, t Ou, Reconciliai- /
i Ou, Alcorofot.
Y
C4Í II. EPISTOLA DE S. PAULO
Nelles habitaréi, e entre elles an- vos contristei, naõ me arrependo,
daréi: E eu o seu Deos seréi, e aindaque me pesou, porque vejo
«lies serâõ meu povo. que aquella carta, posloque por
17 Peloque sahi do meio del- pouco tempo, vos contristou.
les, e apartai-vos, diz o Senhor: 9 Agora folgo, naõ porque
E naõ toqneis cousa immunda, e fostes contristados, mas porque
eu vos receberei: fostes contristados para * em-
18 E eu vos seréi por Pai, e menda: Porque fostes contrista­
vos tne sereis por filhos, e por fi­ dos segundo Deos: de maneira
lhas, diz o Senhor Todopoderoso. que naõ tendes padecido nenhu­
ma perda f por nossa parte.
CAPITULO VIL 10 Porque a tristeza que he
segundo Deos, produz emmenda
/"^RA, amados, pois taes pro- para salvaçaõ, da qual naõ ha
messas temos, alimpemo-nos arrependimento: Mas a tristeza
de toda immundiçia da carne e deste mundo, produz morte.
do espirito,* aperfeiçoando a san- 11 Porque vedes-aqui, isto
tificaçaõ no temor cie Deos. mesmo, que segundo Deos fostes
2 Admiti-nos, a ninguém te­ contristados, quanto I cuidado
mos injuriado, a ninguém temos produzio em vos-outros? Antes
corrompido, para com ninguém defensa, antes indignaçaõ, antes
■havemos buscado nosso provei­ temor, antes desejo, antes zelo,
to. antes vingança: Em tudo vos
3 Naõ digo, isto f -para vossa mostrastes puros neste nego­
condenação: Porque ja disse d’ cio.
antes que estais em nossos cora­ 12 Aiudaque vos escrevi, naõ
ções, para juntamente comnasco vos escrevi por causa do que fez a
morrer e viver. injuria, nem por causa do que a
4 Muito atrevimento tenho pa­ padeceo, mas porque nossa dili­
ra com vosco; muita glorificaçaõ gencia por vos-outros, diante de
tenho de vos-outros: cheio estou Deos, vos fosse manifesta.
de consolacao; sobreabundo de 13 Por tanto fomos consolados
gozo em todas nossas tribulações. por vossa consolaçaõ: porem
5 Porque ainda quando a Ma- muito mais nos alegramos pela
cedonia viemos, nenhum repou­ alegria de Tito, de que seu espi­
so teve nossa carne: antes em rito foi recreado de todos vos-ou­
tudo fomos atribulados: comba­ tros.
tes por fora, temores perdentro. 14 Porque se em alguma cousa
6 Mas Deos, que aos abatidos para com elle de vos-outros me
consola, nos consolou com a vin­ gloriei, naõfiquei envergonhado:
da de Tifo. Antes como tudo vos tmhamos
7 E naõ somente com sua vin­ dito com verdade, assi também
da, mas também com a consola­ nossa gloriaçaõ a qual gloriei para
ção com que foi consolado + em com Tito, foi achada verdadeira.
vos-outros, contando-nos vosso 15 E suas § entranhas estaõ
grande desejo, 'vosso choro || mais abundantes para comvosco,
vosso zelo por mim, de maneira quando se lembra da obediência
que assi mais me gozasse. de todos vós-outros: E de como o
8 Porque aindaque por carta recebestes com temor e tremor.
• Ou, Cumprindo. * Ou, Arrependimento.
+ Ou, Para vos condenar. f Ou, De nos, ou, por nos»
| Ou, De. § Ou, Possa ardente t Ou, diligencia.
fpara commi&h $ Ou, «Sua interior ajfciça*.
AOS CORINTHIOS, CAP. VIII. «3
16 Assi que me gozo de que outros, que naõ sómente a faze-
em tudo * estou confiado de võs- io, mas também a quere-lo, co­
outros. meçastes desd’o anno passado.
11 Agora pois acabai tambetrr
CAPITULO VIII. o feito: paraque assi como o ani­
mo foi prompto em e querer, assi
f~)RA,irmaõs, fazemos vos saber seja também em do que tendes, o
a graça de Deos, que fui dada cumprir.
ás Igrejas de Macedonia: 12 Porque se a promptidaõ do
2 Que em grande prova de tri- animo vai diante, será algum
bulaçaõ tresbordou a abundancia acceito segundo o que tem, e naõ
de seu gozo, e sua profunda po­ 'segundo o que naõ tem.
breza em riquezas de saa. prompta 13 Porque isto naõ digo, para­
liberalidade. que os outros sejaõ aleviados, e
3 Porque testemunha sou eu, vos-outTos atropelados:
que segundo seu poder, e ainda 14 Masparaque igualmente su­
sobre stupoder,foraõ voluntários pra neste tempo vossa abundân­
4 Pedindo-nos com grandes ro­ cia a falta dos outros, paraque
gos que recebessetnos a graça e a também sua abundancia delles
comunicaçaõ deste serviço, que supra vossa falta, paraque haja
se faz para os santos. igualdade.
5 f E naõ fizerai> somente co­ 15 Como está escrito: O que
mo nos esperávamos mas a si muito calheo naõ teve mais: E o
mesmos se deraõ, priraeiramente que pouco, naõ teve menos.
ao Senhor, e depois a nos-outros, 16 Porem graças a Deos, que
pela vontade de Deos. por vos-outros deu o mesmos cui­
6 De maneira que exhortava- dado no coraçaõ de Tito.
mos a Tito, que assi como dantes 17 * Que teve a exhortaçaõ por
começou, assi acabe também esta agradavel, e que também de mur
graça entre vos-outros. atiéiçoado se partio para vos-ou­
1 Por tanto assi como em tudo tros voluntariamente;
abundais em fé, e em palavra, e I 18 E também com elle envia­
em sciencia, e em todo J cuidado, mos ao irmaõ, cujo louvor está
e em Vossa caridade para com- ■no Evangelho por todas as Igre­
nosco; olhai que também abun­ jas.
deis nesta graça. 19 E naõ somente isto, mas
8 Naõ digo isto como quem também foi escolhido das Igrejas
manda: senaõ por também expe­ por companheiro de nossa viagem
rimentar a sinceridade de vossa com esta graça, que por nos-
caridade, § pelo cuidado dos out­ outros he administrada para gloria
ros. do mesmo Senhor, e promptidaõ
£X Porque ja sabeis a graça de de vosso animo.
nosso Senhor Jesu Chnsto, que 20 Evitando isto, que ninguém
sendo rico, por amor de vos se nos vitupere nesta abundancia,
fez pobre: paraque com sua po­ que por nos he administrada:
breza ficásseis enriquecidos. 21 E procurando o que be ho­
10 E nisto dou meu parecer: nesto, naõ somente diante do
porque isto vos || convém a vos- Senhor, mas também diante dos-
homens.
* Ou, Me posso assegurar de tos»
t Ou, £ nuõjizcraã como»
í Ou, l?Wtgenci«. • Ou, QuereeeÒeoa exhortaçai eair.ãa
$ Ou, Peta diligencia. com, maior cuidado de sua vontade se
(I Ou, Aproveita, partio para vos-outros.
244 II. EPISTOLA DE S. PAULO
22 Com elles enviamos tam 6 Isto porem digo que o que
bem a nosso irmaõ, ao qual te­ semea escassamente, também es-
mos experimentado muitas vezes càssamente * segará, e o que f
em muitas cousas, que he dili­ liberalmente semea, também se­
gente, e agora ainda muito mais gará liberalmente.
diligente pela muita confiança que 7 Faça cada hum como em seu
em vos tem. coraçaõ propòz, naõ com tristeza,
23 Assi que quanto a Tito, ou por I necessidade: Porque
meu companheiro e coadjutor he Debs ama ao dador alegre.
para comvosco: E quanto a nos­ 8 E poderoso he Deos para
sos irmaõs, embaixadores saõ das fazer que toda graça abunde em
Igrejas, e a gloria de Christo. - vos-outros, paraque tendo sempre
24 Por tanto mostrai para com em tudo, tudo o que § basta,
elles, em presença das Igrejas, a abundeis para toda boa obra.
* aprovoçaõ de vossa caridade, 9 Como está escrito: Derra­
e de nossa gloriaçaõ de vos-ou- mou, deu aos pobres: Sua justi­
tros. ça permanece para sempre.
10 E o que dá a semente ao
CAPITULO IX. que semea, dará também paõ
para comer: E multiplicará vos­
■pORQUE da administraçaõ que sa sementeira, e augmentaiá os
* . se J'az para os santos, f por crescimentos dos frutos de vossa
de mais me he escrever-vos. justiça.
2 Porque bem sei vosso prom- 11 Paraque sejais enrequecidos
ptoanimo, doqualtne glorio en­ em tudo para toda benignidade, a
tre os de Macedottia, que Achaja qual faz que por nos sejaõ dadas
es’á prestes desd’o anno passado; graças a Deos.
e o zelo çííc começou de vos-outros 12 Porque â administraçaõ de­
tem provocado a muitos. ste serviço, naõ sómente supre o
3 Porem enviei estes irmaõs, que aos santos feita, mas tam­
porque nossa gloriaçaõ acerca de bém abunda em || que muitos daõ
vos-outrojj naõ seja vaã nesta graças a Deos.
parte: paraque estejais prestes 13 Glorificando a Deos pela
vcomo ja o tenho dito.) prova desta administraçaõ por
4 Porque se a caso vierem submissão da vossa confessaõ de­
commigo os Macedonios, e vos baixo do Evangelho de Christo,
u< hem desapercebidos, naõ nos e por benignidade de communi-
envergonhemos a nos mesmos, caçaõ para cóm elles e para com
(por naõdizer a vos-outros) neste todos.
firme fundamento de gloriaçaõ. 14 E pela sua oraçaõ por vos,
5 Por tanto tive por cousa ne­ que vos désejaõ por causa da ex-
cessária exhortar a estes irmaõs, cellente graça de Deos sobre
que viessem grimeiro a vos-ou­ vos outros.
tros, e aparelhassem vossa j t5 Ora graça a Deos por seu
beneficencia d’antes annunciada, ineffabil dom.
paraque esteja aparelhada, como
beneficencia, e naõ como es-
cassezã. • Ou, Colherá.
t Ou, Em benedições.
Í Ou, Constrangido. j
• Ou, Mostra. $ Ou, He mister.
+ Ou, Supérfluo. II Ou, Muitos fazimentos de graças a
| Ou, Bendiçao. Deos.
AOS CORINTHIOS, CAP. Xi 24S
a presença corporal he fraca, e a
CAPITULO X. palavra desprezível.
A LEM disto vos rogo, eu mes 11 Isso pense o tal, que quaes
mo Paulo, pela mansidaõ e somos na palavra por cartas au­
benignidade de Chnsto, que es­ sentes, taes somos também na
tando presente sou em verdade* obra presentes.
pequeno entre vos-outros: Mas 12 Porque naõ ousamos a nos
ausente sou f confiado para com- entremeter, ou comparar com al­
vosco. guns que se iouvaõ a si mesmos:
2 Por tanto peço que quando Mas naõ entendem que comsigo
presente estiver, naõ venha a ser mesmos se midem, e a si mesmos
atrevido com a confiança de qtre se comparaõ.
ousaidamente f sou estimado usar 13 Mas nos naõ gloriarémos
com alguns, que nos tem como se fora de medida: Senaõ que con­
andássemos segundo a earne: forme á medida de regra, a qual
3 Porque aodandv na carne, medida Deos nos repartio, tam­
naõ militamos segundo a carne. bém havemos chegado até vos-
4 Porque as armas de nossa outros.
milicia naõ saõ carnaes, senaõ po­ 14 Porquo naõ nos estendemos
derosas pelo Deos para destruição ,a nos mesmos mais do que con­
de fortalezas, vém, como se até vos-outros naõ.
5 Destruindo conselhos, e toda houvéramos chegado: Pois tam­
alteza que se levanta contra a bém até vos-outros havemos che­
sciencia de Deos: E § cativando gado no Evangelho de Christo.
em obediência de Chnsto a todo 15 Naõ nos gloriando fora de
entendimento. medida em trabalhos alheios :
6 E tendo prestes a vingança Antes tendo esperança, * que
contra toda disobediencia, quan- vindo vossa fé a crescer em vos,
doja vossa obediência fór cum­ seremos largamente engrandeci­
prida. dos conforme á nossa regra:
7 Atentais-vo» para as cousas 16 Para anhunciar o Evangelho
segundo a aparência? se alguém nos lugares f que mais alem de
em si mesmo confia que de Chri­ vos-outros estaõ: E naõ nos glo­
sto be, pense o tal outra vez isto riar em regra d’outro nas cousas
em si mesmo, que assi como elle que ja aparelhadas estaõ.
de Christo he, assisomos nos tam­ 17 Mas o que se gloria, glori-
bém de Christo. ese no Senhor.
8 Porque se eu também me 18 Porquê naõ o que a si mes­
quizer ainda gloriar de nossa po­ ma se I louva, senaõ a a quem
tência, a qual o Senhor nos deu louva.o Senhor, he o aprovado.
para edificaçaõ, e naõ para vossa
destruição, naõ me envergon­ CAPITULO XI.
harei: |~yUXALA me suportásseis hum
9 Paraque naõ pareça que v09 pouco § na louquice : Mas
quero espantar por cartas, suportai-me ainda.
10 Porque Is cartas dizem saõ 2 Porque zeloso estou de vos-
em verdade graves e-fortes : Mas outros com zelo de Deos : Pbr-
•Ou, baixo» • Ou, De crescimento dovoss fe, que.
t Ou, Ousãdo, ou, atrevido, seremos,
J Ou, Determino. t Ou, D'esse cabo dè vos-outros.
$ Ou, levando preso a todo pensamento í Ou, Presa. ,
* obediência dt Christo^ $ Ou, Z/nrruíipwía.
Y 2
246 II, EPISTOLA DE S. PAULO
que vos tenho aparelhado para que ocasiaõ pedem: paraque se­
vos como huma virgem • casta, a jaõ achados semelhantes a nos
hum marido apresentar, comem a naquillo em que se gloriaõ;
saber a Christo. 13 Porque os taes falsos Apo­
3 Mas temo que assi como a stolos saõ obreiros fraudulentos,
serpente com sua astúcia a Eva transfigurando-se em Apostolos
enganou, naô sejaõ também assi de Christo.
corrompidos em alguma manei­ 14 Enaõhe maravilha: Por­
ra vossos sentidos, desviando-se que o mesmo satanás se transfi­
da simplicidade que está em gura em Anjo de luz.
Christo. 15 Assi que naõ he muito, se
4 Peloqite se vier algum que seus ministros se transfiguraõ co­
outro Jesus pregar de mais do mo se fordõ ministros de justiça :
queja temos pregado, ou se outro * O fim dos quaes será conforme
espirito receberdes de mais do a suas obras.
que recebido tendes, ou outro 16 Outra vez digo, que nin­
Evangelho do que acceitastes, so- guém cuide que sou louco: Se-
fririastes-o bem. naõ, recebei-me como a louco,
5 Porque penso que em nada paraque também hum pouco me
fui inferior aos mais excelentes glorie.
Apostolos. 17 O que digo naõ o digo se­
6 t E se também sou rudo gundo o Senhor, senaõ como por
na palavra, com tudo naõ o sou louquice, neste firme fundamen­
na sciencia, mas em tudo esta­ to ue gloriaçaõ.
mos ja totalmente manifestos 18 Pois muitos se gloriaõ se­
entre vos. gundo a carne: também eu me,
7 Pequei porventura humilhan- gloriarei.
do-nre a mim mesmo,, paraque 19 Porque de boa mente tole­
vos fosseis ensalçados? por quan rais os loucos, por quanto sois
to de graça o Evangelho de Deos sábios.
vos préguei ? 20 Porque tolerais se alguém
8 Despogei as outras Igrejas, vos poem em servidão, se alguém
recebendo J salario, para vos vos devora, se alguém de vos re­
servir a' vos-outrcs: E estando cebe, se algúem se ensalça, se
comvosco, e tendo necessidade, alguém vos f dá no rosto.
a nenhum fui carga. 21 Por afronta o digo: Como<
9 Porque o que me faltava, su­ se fracos houvéssemos sido: An­
prirão os irmaõs que de Macedo- tes ,nó que outro tiver ousadia
nia vieraõ i E em todas as cousas, (com louquice fallo) também eu
me guardei de vos ser pesado, e tenho ousadia.
me guardarei. 22 Saõ Hebreost também eu.
10 A verdade de Christo está Saõ Israelitas i, também fiu. Saõ
em mim, que esta gloriaçaõ me semente de Abraham ? também
naõ será impedida nas partes de eu.
Acha, a 23 Saõ ministros de Christo ?
11 P>rqiieí porque vos naõ (como imprudente líllo)eu mais:
amo ? Deos ó sabe. Em trabalhos, mais: em I açou­
12 Mas o que faço, ainda o tes, mais: Em prisões, mais: Em
farét : Para tirar a ocasiaõ aos perigo da morte, muitas vezes.
• Oo, Limpa.
1 On, Parque aindaque, • Ou, Cujofim. t Ou,fv’V‘
t Ou, EnCrcèeni^nto, 1 Ou, Pan««d<w.
AOS CORINTHTOS, CAP. Xlf. 24r
‘24 Dos Judeos tenho recebido sei: Se fora do corpo, naõ o sei:
cinco quarentenas de açoutes, Deos o sabe) foi arrebatado a'.é
menos num. o terceiro ceo.
25 Por tres vezes fui açoutado 3 E conheço tal homem (se no
com vergas, huma vez fui apedre­ corpo, ou fora do corpo succedeo
jado, tres vezes padeci naufragio, naõ o sei: Deos o sabe,)
huma noite e hum dia estive no 4 Foi arrebatado ao paraizo,
.abismo. e ouvio palavras • inenarráveis,
26 Em viagens muitas vezes, as quaes ao homem naõ he licito
em perigos de rios, em perigos exprimir.
de ladrões, em perigos dos da 5 De hum tal me gloriaréi eu,
minha naçaõ, em perigos dos mas de mim mesmo naõ me
gentios, em perigos nas cidades, gloriaréi, senaõ em minhas j- fra­
em perigos no deserto, em perigos quezas.
no mar, em perigos entre falsos 6 Porque se gloriar me quizer,
irmaõs: naõ seréi imprudente: Porque
27 Em trabalho e fadiga, em diréi a verdade: Porem deixo o,
vigilias muitas vezes, em tome e porque ninguém f me estime mais
em sede, em jejuns muitas vezes, do que ve, o que sou, ou de mim
em frio e nueza. ouve.
28 Alem das cousas de fora, 7 E porque me naõ levantas­
me combale cada dia octiidado se por causa de excelencia das
de todas as Igrejas. revelações, me foi posta huma
29 Quem enfraquece, que eu espinha na carne, a saber hum
também naõ enfraqueça? Quem Anjo de satanás, para me abo-
se escandaliza, que eu me naõ fetear, paraque me naõ levantas­
queime ? se.
30 Se convém gloriar se, das 8 Sobre o que tres vezes orei
cousas de minha fraqueza me ao Senhor, que de mfm se apar­
gloriaréi. tasse.
310 Deos e pai de nosso Se­ 9 Masdissem-me: Minha graça
nhor Jesu Christo, que eterna­ te basta: porque minha potência
mente he bendito, sabe que naõ na fraqueza se cumpre. Assique
minto. de melhormente me gloriarei an­
32 Em Damasco guardava * o tes em minhas fraquezas, paraque
Capitaõ do Rey Areias a cidade a potência de Christo em mim
dos Damascenos, para me pren­ habite.
der : 10 E por tanto tenho prazer
33 E em hum cesto fui descido nas frequezas, nas injurias, nasr
do muro por humajanella: Eassi necessidades, nas perseguições,
me escapei de suas maõs. nas angustias por amor de Chris­
to : porque quando estou fraco,
CAPITULO XIí. entaõ sou poderoso.
11 Imprudente fui em me glo­
T^M verdade que me naõ con- riar: vos me constrangestes; que
•M- vem gloriar : Porque viréi de vos outros havia eu de ser lou­
ás visões e revelações do Senhor. vado, pois em § nenhuma cousa.
2" Conheço hum homem em • Ou, Secretas.
Christo, que antes de catorze an- t Ou, Enfermidades.
nos ('se succedeo no corpo, naõ o t Ou, Pensç de mim, eu, tenha para ti
que sou mais da que*
• Ou, Fiw-Bíy. $ Ou, Jfadtu
248 II. EPISTOLA DE S. PAULO
fui menos que os mais exce­ naõ haja entre vos pendências, en-
lentes Apoàtolos, ainda que nada v ejas, iras, porfias, detrações, raur-
sou. murações, soberbas, desordens, e
12 Certo mostrados foraõ en­ sedições:
tre vos-outros com toda paciência 21 Forque quando tornar, naõ
as marcas de hum Apostolo com me humiihe meu Deos para com­
sinaes, maravilhas, e virtudes. vosco, e chore por muitos dos
13 Porque em que fostes vos que d’antes pecaraõ, e ainda naõ
outros menos, que as outras Igre­ se emmendaraõ da imtnundicia,
jas, senaõ em que eu mesmo vos e fornicaçaõ, e deshonestidade
naõ tenho sido cargaí perdoai-me que cometéraõ.
este agravo.
14 Vedes-me aqui estou pres­ CAPITULO XIIL
tes para a terceira zez vir a
voz-outros, e naõ vos serei pesa­ CUS que ja pela terceira vez
do: Porque naõ busco * o vosso, -*-1 venho a vos-outros : Em bo­
senaõ a vos mesmos : Porque os ca de duas on tres testemunhas*
fiihos naõ debem de ajuntar the- consistirá toda palavra.
souros para os pais, senaõ os pais 2 Ja d’antes tenho dito, e o
para os filhos. torno a dizer a segunda vez co­
15 E quanto a mim, de bonís­ mo presente, e agora ausente o
sima mente f gastarei, e gastar- escrevo aos que d’antes pecâraõ,
me deixarei por vossas almas, e a todas os demais, que se outra
ainda que amando-vos mais, seja vez venho, nao lhes perdoarei,
amado menos. 3 Pois buscais a. experienciade
16 Porem seja assi, naõ vos Christo que em mim Wla,o qual
tenho § agravado: Mas como era para comvosco naõ he fraco an­
astuto, tomei-vos por engano. tes he poderoso em vos-outros.
17 Por ventura aproveitei- 4 Porque ainda que por fra­
me de vos, por algum dos que vos queza foi crucificado, com tudo-
enviei? vive pela potência de Deos: Por­
18 A Tito roguei, e com elle que também nos nelle somes fra­
ao irmaõ mandei: por ventura cos, porem com elle vivirémos
aproveitou-se Tito de vos ? Naõ pela potência de Deos em vos-
andamos no mesmo espiiito? E , outros.
nas mesmas pisadas? 5 Examinai-vos avosmesmos,
19 Ou cuidais outra vez, que se estais na fé: Provai-vos a vos
comvosco nos || disculpamos ? Pe­ mesmos. Ou naõ vos conheceis a
rante Deos em Christo falíamos: ,vos mesmos que JestlChíisto estfc
Porem tudo, ó amados, para vossa em vos? Senaõ he queja ena al­
edificaçaõs. guma maneira-sejais reprovados.
20 Porque arreceo que quando 6 Mas espero que conhecereis
vier, vos naõ ache quaes eu qui- que nos naõ somos- reprovados.
zera: E que eu de vos achado se­ 7 Ora desejo de Deos que naõ
ja tal qual vos-eutros naõ quize- façais; nenhum mal: Naõ para-
réis: E qbe em algsunq maneira que aprovados sejamos açbados,
unas paraque façais o.que.he bem,
• Ou, Despenderei.. e nos sejamos como reprovados.
•} Ou, Vossos cousas. 8 Porque nada podemos contra,
J Ou, Serei diipcndido- a verdade, senaõ pela verdade.
Ou, Carregado, oo, sido carget.
Ou, Busquei cu meu
fi Ou, Escusamos, Ou, Swi, confirmada, ou, firme.
AOS CORINTHIOS.
9 Pois nos gozamos de que se­ de caridade, e de paz, sera com-
jamos fracos, e de que vos sejais vosco.
fortes: Isto porem desejamos, 12 Saudai vos huns aos outros
vosso inteiro * cumprimento. com santo beijo. Todos os san­
10 Por isso escrevo isto ausen­ tos vos saudaõ
te: paraque quando presente es­ 13 A graça do Senhor Jesu
tiver, naõ use de rigor, segundo a Christo, e a caridade de Deos,
potestade que o Senhor me tem e a communieaçaõ do Espirito
dado para edificaçaõ, e naõ para santo, seja com todos vos-outros.
destruição. Amen.
11 No demais, irmaõs, gozai-
vos, sede perfeitos, sede consola­ A segunda Carta aos Corinthios
dos, sede todos de hum consenti­ Joi escrita de Phelippis, em
mento, vivei em paz, e o Deos Maccdonia, e enviada por Til»
• Ou, Perfeição, e Lucas.

EPISTOLADO APOSTOLO S PAULO


AOS GALATOS.
CAPITULO. I. vos tinha chamado, a outro Evan­
gelho.
"pAULO Apostolo chamado naõ 7 Porque naõ ha outro, senaõ
dos homens, nem por homem que ha alguns que vos desinquie-
mas por Jesu Christo, e por Deos taõ, e querem trastornar o Evan­
o pai, que dos mortos o resus- gelho de Christo.
citou. 8 Porem seja que nos mesmos,
2 E todos 09 irmaõs que ou hum Anjo do ceo, vos annun-
commigo estaõ, ás Igrejas de ciar outro Evangelho alem do
Galacia. que ja vos temosannunciado, seja
3 Graça tenhais e paz de Deos * maldito.
o Pai, e de nosso Senhor Jesu 9 Como d’antes temos dito,
Christo: torno também agora a dizer, se
4 O qual se deu a si mesmo alguém vos annunciar outro
por nossos pecados, para nos ti­ Evangeího alem do que ja tendes
rar deste presente mao mundo, recebido, seja maldito.
segundo a vontade de noSso Deos 10 f Prégo pois eu agora a
e Pai. homens, ou a Deos ? Ou procuro
5 Ao qual seja a gloria * para comprazer aos homens? porque
todo sempre. Amen. se ainda comprazera aos homens,
6 Maravilhado estou de que naõ seria servo de Christo.
táõ presto vos hajais traspas­ 11 Mas faço-vos saber, irmaõs,
sado do que á graça de Christo que o Evangelho que por mim
* Ou, Erecravel, o;% anathema,
• Ou, Por toda a eternidade, ou, por t Ou, Persuado.eu agora aos homens,
todos os séculos dos séculos» ou, a Deos,
250 EPISTOLA DE S. PAULO
vos foi annunciado, naõ he se­
gundo o homem. CAPITULO II.
12 Porque naõ o recebi, nem 'TJEPOIS, passados catorze an-
aprendi de algum homem, senaõ nos, sobi outra vez a Hieru­
por revelaçaõ de Jesu Christo. salem com Barnabas, tomando
13 Porque ja tendes ouvido também commigo a Tito.
qual foi minha conversaçaõ no 2 E sobi por revelaçaõ, e con­
tempo passado no Judaísmo: feri com elles o Evangelho que
Que sobre maneira perseguia a entre as gentes prégo, e particu-
Igreja de Deos, e a destruhia. larmente com os que estavaõ em
14 E que levava ventagem no estima: paraque em alguma ma­
Judaísmo a muitos da minha id­ neira naõ corresse, ou tivesse
ade em minha naçaõ: Sendo o corrido em vaõ.
njais fervoroso zelador das tra­ 3 Parem também nem ainda
dições de meus pais. Tito que commigo estava, sendo
15 Mas quando Deos foi ser­ Grego, foi constrangido a circun­
vido, (apartando-me desd’o ven­ cidar-se.
tre de minha mãi, e chamando- 4 E isto por causa dos falsos
me por sua graça,) irmaõs, que secretamente se en-
16 De em mim revelar a seu travaõ a espiar nossa liberdade,
Filho, paraque entre os gentios que em Christo Jesus temos, por
evangelizasse, naõ tomei logo nos porerri em servidaò.
conselho com carne, e sangue: 5 Aos quaes nem ainda por
17 Nem tornei a Hiertisalem huma hora cedemos, sugeitan-
aos que antes de mim ja eraõ do-nos, paraque a verdade do
Apostolos: Antes me fui a Evangelho permanecesse em vos-
Arabia, e tornei outra vez a, Da­ outros.
masco. 6 E daquelles que eraõ esti­
18 Depois passados tres annas, mados de ser alguma cousa, quaes
tornei a Hierusalem a ver a Pe­ antes hajaõ sido, naõ se me dà;
dro : e fiquei com elle quinze Qeos naõ acceita aparência de
dias. petsoas: porque os que estavaõ
19 E naõ via a * nenhum dos em estima, nqõ me * deraõ nada
outros Apostolos, senaõ a Jaco- de mais.
bo, o irmaõ do Senhor. 7 Antes ao contrario, como
20 Ora das cousas que vos es­ viraõ que o Evangelho do pre-
crevo, eis-que diante de Deos pucio me f estava confiado, como
testifico que naõ minto. a Pedro o da circuncisão:
21 Depois vim ás partes de 8 Porque o que por Pedro com
Syria, e de Cilicia. efficacia obrou no Apostolado da
22. E naõ era conhecido de circuncisão, esse obrou também
vista f nas Igrejas de Judea, que com efficacia por mim entre as
em Christo estaõ. gentes.
23 Mas sómente de mim 9 E como Jacobo^ e Cephas,
tinbaõ ouvido: Que o que o e Joaõ (que eraõ estimados se­
tempo passado nos perseguia, an- rem as columnas) conheciaõ a
nuncia agora a fé, que d’antes graça que me era dada, déraõ-
destrubia. me a mim e a Barnabas a maõ
24 Por onde a Deos em mim direita de companhia: paraque
glorificavaõ.
* Ou, Nenhum outra dos Apostolos, • Oo, TrouxeraÕ.
t Ou, Das Igrejas. t Ou, Encarregado,
AOS GALATOS, CAP. III. ?51
rios fossemos ás Gentes, e elles á morto á Lei, paraque viva para
circunsisaõ. Deos.
10 Soraeate que tivéssemos 20 Com Christo etfou junta­
lembrança dos pobres: oquetam- mente crucificado, e vivo, naõ
betn fiz com cuidado. mais eu, mas Christo vive em
11 Porem vindo Pedro a An- mim: E o que agora na carne
tiochia, lhe resisti na cara, por vivo, pela fe do Filho de Deos o
quanto era para* reprehender. vivo, o qual me amou, e se deu
12 Porque antes que viessem a simesmo por mim.
alguns de parte de Jacobo, comia 21 Naõ * atinulo a graça de
com as gentes: Mas como vieraõ, Deos': porque se á justiça fosse
se retirou, e delles se apartou, pela Lei, logo de balde seria
temendo aos que eraõ da cir­ Christo morto.
cuncisão.
13 E também os outros Judeos CAPITULO III.
simula vaõ com elle, de maneira
que até Barnabas. se deixava le­ /"') GALATAS sem siso 1 quem
var de sua simulaçaõ. ” vos enfeitiçou para naõ obe­
14 Mas quando vi que naõ an- decer á verdade, aos quaes Jesu
davaõ bem e dereitamente con­ Christo ja foi retratado diante
forme á verdade do Evangelho, dos olhos, sendo entre vos-oiitros
disse diante de todos a Pedro: crucificado.
Se tu, que es Judee, vives como 2 Isto só de vos quizera saber;
Gentio, e naõ como Judeo, por-, recebestes o Espirito pelas obras
que constranges as gentes.a ju­ da Lei, ou pela prégaçaõ da
daizar ? fé?
15 Nos somos Judéosnaturaes, 3 Taõ parvos sois, que havendo
e naõ pecadores das gentes •. começado pelo Espirito, f acabais
16 Sabendo que o homem naõ agora peia carne?
he justificado pelas obras da Lei, 4 Tanto em vaõ tendes pade­
senaõ pela fé de Jesu Christo; cido ? Se he que também he em
também temos crido em Christo, vaõ.
paraque fossemos justificados pela 5 Logo o que vos dá o Espiri­
fé de Christo, e naõ pelas obras to, e as virtudes entre vos obra,
dai Lei: por quanto nenhuma fa-lo pelas obras da Lei, eu pela
carne será justificada pelas obras prégaçaõ da fé ?
da Lei. 6 Como Abraham, que crço a
17 Mas se nos f procurando Deos, e foi-lhe contado porjustiça.
ser justificados em Christo, somos 7 Sabeis pois que os que saõ da
achados pecadores, he por isso fé, saõ filhos de Abraham.
Christo úiinistro de pecado ? J em 8 E vendo a Escritura dantes,
nenhuma maneira. que Deos pela fé havia de justifi­
18 Porque se as cousas que car as gentes, evangelizou dantes
destrui, as mesmas torno a edifi- a Abraham, dizendo, Todas as
car, a mim mesmo me constituo gentes seraõ benditas em ti.
por tránsgressor. 9 Logo os que saõ da fé, se
19 Porque pela Lei estou bendizem com o creénte Abra­
ham.
• Ou, Para condenar. 10 Porque todos os que saõ
t Ou, Buscando, das obras da Leq estaõ debaixo
t Ou, Tal naõ aconteça, ou, livrcnos • Ou, Detfaço, ou, abrogo.
Deos. , t Ou, Vos aporfrifoaú agora.
&5i EPISTOLA DE S. PAULO.
de maldiçaõ: porque escrito es­ Mediador de hum: Mas Deos he
tá: Maldito todo aquelle que naõ hum.
permanecer em todas as cousas 21 He Logo a Lei contra as
que estaó escritas do livro da promessas de Deos? em nenhuma
Lei, para as fazer. maneira; porque se huma Lei
11 Mas que pela Lei ninguém fora dada que podéra justificar,
se justifica acerca de Deos, fica fóra a justiça verdadeiramente
claro, que o justo vivirá pela pela Lei.
22 Mas a Escritura encerrou
12 Porem a Lei naõ he da fé: tudo debaixo de pecado, paraque
Mas o homem que estas cousas fi­ a promessa fosse dada aos *
zer, por elles vivirá. crentes, pela fé de Jesu Christo.
13 Christo nos resgatou da 23 Porem antes que viesse a
maldiçaõ da Lei, quando por fé, estavamos guardados debaixo
nos foi feito maldiçaõ: (porque da Lei, encerrados para aquella
escrito está: Maldito todo aquel­ fé que havia de ser descuberta.
le que no madeiro fór dependu- 24 De maneira que a Lei foi
rade. nosso ayo f para Christo, para­
14 Paraque a bençaõ de que pelajfé fossemos justificadas.
Abraham ás gentes viesse em 25 Mas vinda a fé, ja naõ es­
Christo Jesus, e paraque nos pela tamos debaixo de ayo.
fé recebamos a promessa do 26 Porque todos sois filhos de
Espirito. Deos pela fé em Christo Jesus.
15 Irmaõs, como homem fallo) 27 Porque todos os que fostes
até o concerto confirmado de baptizados em Christo, ar Christo
hum homem, ninguém o desfaz, estais vestidos.
ou lhe acrecenta. 28 Naõ ha nisto Judeo nem
16 A Abraham fofaõ ditas as Grego, naõ ha nisto servo nem
promessas, e á sua semente. Naõ livre, naõ ha nisto macho e fe-
diz: E á suas sementes, como de mea: pórque todos vos-outros sois
muitos: Senaõ comode hum: E hum em Christo Jesus.
ã tua semente, aqual he Christo. 29 E se vos-outros sois de
17 Isto pois digo, que o con­ Christo, sois pois a semente de
certo d’antes confirmado de Deos Abraham, e conformeá promessa,
para com Christo, a Lei que veio os herdeiros.
quatrocentos e trinta annos de­
pois, naõ o desfaz para invalidar CAPITULO IV.
a promessa.
18 Porqtfe se a herança he pela A/TAS digo, que entretanto quie
Lei, ja naõ he mais pela pro­ J-'-*-, o herdeiro he menino, em
messa: porem Deos pela pro nada differe do servo, aindaque
messa graciosamente a deu a A de tudo he Senhor.
braham. 2 Mas está debaixo de tutores
19 De que serve logo a Lei ? e procuradores até o tempo pelo
alem disso foi posta por causa pai assinalado.
das transgressões, (até que vi­ 3 Assi também nos-outros;
esse a semente, a quem a pro quando éramos meninos, éramos
messa foi feita) * entregada pelos servos debaixo de rudimentos do
Anjos, na maõ do Mediador. mundo.
20 Ora o Mediador naõ he
• Ou,fieis.
• Ou, Ordenada, 1 Ou, Para nos levar -a.
AOS GALATAS, CAP. IV. 253
4 Mas vindo o cumprimento do 16 Fiz-me logo vosso inimigo,,
tempo, enviou Deos a seu Filho, dizendo-vos a verdade?
feito de mulher, e feito sugeito á 17 Tem* ciúmes de vos-outros,
Lei. 1 mas naõ em boa maneira: Antes
5 Paraque resgatasse aos que nos querem lançar fora, paraque
estavaõ debaixo da Léi: e para­ vos os zeleis a elles.
que recebessemos a adopçaõ de 18 Bom he ser zelosos, mas
filhos. - sempre em bem: E naõ só quan­
6 E porque sois filhos, enviou do comvosco estou presente.
Deos o Espirito de seu Filho em 19 Meus filhinhos, outra vez de
vossos corações, o qual * brada, vos-outros torno a estar de parto,
Abba, Pai. até que Christo seja formado em
7 Assi que ja naõ és mais ser­ vos.
vo, seiiaõ filho: E se és filho, 20 Bem queria eu estar agora
também es herdeiro de Deos, por comvosco, e mudar minha voz:
Christo. porque f quanto a vos, estou du­
8 Antes quando em outro tem­ vidoso. ■
po naõ conhecíeis a Deos, serví­ 21 Dizei-me, os que quereis
eis aos que de natureza naõ saõ estar debaixo da Lei, naõ ouvis a
Deoses. Lei ?
9 Mas agora, pois a Deos ten­ 22 Porqíie escirto está, que A-
des conhecido, ou antes fostes braham teve dous filhos, hum da
conhecidos de Deos, como de no­ serva e outro da livre.
vo vos tornais aos fracos e pobres 23 Mas o que era da serva,
j rudimentos, aos quaes outra vez nasceo segundo a carne: E o que
de novo quereis servir? era da livre, pela promessa.
10 Guardais dias, e meses, e 24 As quaes cousas.se dizem
tempos, e annos. por j allegoria: porque estes saõ
11 Receo de vos-outros, que os dous concertos: o hum do
em vaõ em vos naõ hàja trabal­ monte de Sina, que géra para
hado. servidaõ, que he Agar.
12 Sede como eu: porque tam­ 25 Porque isto a saber Agar he
bém eu sou como vos-outros. ir- Sina, hum monte de Arabia, que
maõs rogo-vos: Nenhum agravo corresponde á que agora he Hie-
me tendes feito. rusalem; a qual serve com seus
13 Que vos-outros sabeis que filhos.
com fraqueza de carne vosannun- 26 Mas aquella Hierusalem que
ciei o Evangelho ao principio. arriba está, he livre: a qual he a
14 F. naõ eneeitastes, nem des­ mãi de todos nos-outros.
prezastes minha tentaçaõ que 27 Porque escrito está: Ale­
passava em minha carne: Antes gra-te ó esteril que naõ páres:
* me recebestes como a hum Anjo Enforça-te e brada tu a que ainda
de Deos, e como ao mesmo Jesu naõ estás de parto: porque mais
Christo. saõ os filhos da deixada, que da
15 Qual era logo f a vossa que marido tem.
beatificaçaõ? porque eu vos dou 28 Assi que, irmaõs, nos-outros,
testemunho, que se possível fóra, conro Isaac, somos filhos da pro­
vossos olhos tiráreis paraque mos messa.
dar.
• Zelos.
• Ou, Clama. + Ou, De vos.
1 Ou, O testemunho de vossa bemavci • t Ou, Q. d. por comparaçaõ, ou,
ft/trançst. i tro sentido.
z
254 EPISTOLA DE S. PAULO
29 Porem como entaõ, o que logo padeço perseguição? annu-
era gerado segundo a carne, per- lado he logo o escandalo da cruz.
iseguia ao a^efora nascida segun­ 12 Oxala também cortados fos­
do o espirito, assi também agora. sem os que vos aivoroçaõ.
30 Mas que diz a Escritura? 13 Porque vos-outros irmaõs,
Deita fora a criada, e a seu filho, á liberdade fostes chamados: Só-
porque de nenhuma maneira será monte naõ useis a liberdade por
o filho da criada herdeiro com o occasiaõ á carne, porem por cari­
íilho da livre. dade vos sirvais huns aos outros.
31 De maneira, irmaõs, que 14 Porque toda a Lei em huma
■naõ somos filhos da criada, senaõ palavra se cumpre; a saber ne­
da livre. sta: Amarás a teu proximo como
a ti mesmo.
15 E se huns aos outros vos
CAPITULO V. mordeis, e vos comeis, olhai que
também huns aos outros vos naõ
TESTAI pois firmes na liber- consumais.
-*-* dade com que Christo nos 16 E digo, andai em Espirito:
libertou: E naõ torneis a ser e naõ façais o que a carne deseja.
presos com o jugo de servidaõ. 17 Porque a carne cobiça con-
2 Vedes-aqui, eu Paulo, vos 'tra o Espirito, e o Espirito con­
digo, que se vos circuncidardes, tra a carne: E estas cousas se
naõ vos aproveitará Christo nada. opoem huma á outra; assi que
3 E outra vez torno a protestar naõ façais o que quizerdes.
a todo homem que se se circunci-' 18 E se pelo Espirito sois gui­
dar, que obrigado fica a cumprir ados, naõ estais dábaixo da Lei.
toda a Lei. 19 Porque manifestas saõ as
4 Vazios estais de Christo os obras da carne, que saõ adulté­
que pela Lei quereis ser justifi­ rio, fornicaçaõ, immundicia, f
cados, da graç a tendes cahido. dissolução.
5 Porque esperamos pelo espi­ 20 Idolatrias, feitiçarias, ini­
rito da fé a esperançada justiça. mizades, demandas, J zelos, iras,
6 Porque em Jesu Christo nem contendas, dissenções, héregias,
circuncisão'tem- alguma virtude 21 Envejas, homicidios, § be­
nem o prepucio: Senaõ a fé, que bedices, banquetarias, e cousas
obra por caridade. semelhantes a estas: das quaes
7 Corneis bem; quem vos em­ vos denuncio como ja vos tenho
baraçou paraque naõ obedecesseis denunciado, que os que taes
á verdade ? cousas fazem, naõ herdaráõ o
8 Naõ he esta persuasaõ do Reyno de Deos.
que vos chama. 22 Mas o fruto do Espirito he
9 Pouco fermento leveda toda caridade, gozo, paz, || tolerân­
a massa. cia, benignidade, bondade, fé,
10 Confio de vos no Senhor, mansidaõ, temperança.
que nenhuma outra cousa sen- 23 Contra os taes r.aõhaLei;
tirfeis: Mas o que vosdesenquieta, 24 Porque os que saõ de Chri­
levará o juízo, * quemquer que sto, crucificaráõ a carne com seus
«lie seja. affectos e concupiscências.
11 Quanto a mim, irmaõs, se + Ou, Luxuria.
ainda prégo a circuncisão, porque í Ou, Ciúmes.
$ Ou, Borrachices.
• Ou, Seja ellc çuemgugr^uejcr. Ú Ou, Sofremenlo, ou, pacicncia.
AOS GALATAS, CAP. VI. 255
55 Se em Espirito vivemos, bem fazer, porque a seu tempo
andemos também em Espirito. segarémos, se desmaiado naõ
26 Naõ sejamos cobiçosos de houvermos.
vaã gloria, irritando huns aos 10 Assi que entretanto que
outros, envejando huns aos ou­ tempo temos, façamos bem a to­
tros. dos: porem principâlmentç. aos
domésticos da fé.
11 Olhai que * larga carta de
CAPITULO VI. minha maõ vos escrevi.
12 Todos os que na carne boa
Trmaõs, se também algum ho- aparência mostrar querem, estes
mein fór sobresalteado de al­ a circuncidar-vos vos constragem,
guma falta, vos que sois espiri- por sómente naõ padecerem a
tuaes, restaurai ao tal com espirito perseguição por causa da Cruz de
de mansidaõ, considerando-te a ti Christo.
mesmo, porque também naõ sejas 13 Porque nem ainda os mes-
atentado. rnos que se circnncidaõ guardaõ
2 Levai os huns ás cargas dos a Lei: Mas querem que vos-ou-
outros: E cumpri assi a Lei de tros vos circuncideis, porem vos­
Christo. sa carne se gloriarem.
3 Porque se algum estima de 14 Mas longe esteja de mim-
ser alguma cousa, naõ sendo igloriar-me, senaõ na Cruz de nosso
nada, a si mesmo se engana no ÍSenhor Jesu Christo, pelo qual o
seu animo. ^mundo me he crucificado a mim,
4 Mas cada hum examine sua e eu ao mundo.
obra, e entaõ terá gloria em si 15 Porque em Jesu Christo,
mesmo, e naõ em outrem. nem a circuncisão tem alguma
5 Porque cada qual levará sua virtude, nem o prepucio, senaõ a
própria carga. nova criatura.
6 E o que na palavra he * in­ 16 E todos quantos conforme
struído, de todos seus bens com- a esta regra andarem, paz e mi­
munique com aquelle que o in- sericórdia será sobre elles, e sobre
strue. o Israel de Deos.
7 Naõ vos erreis: Deosnaõ se 47 f D’aqui por diante nin­
deixa escarnecer: porque tudo o guém me j dé moléstia: porque
que o homem semear, isso tam­ em meu corpo trago as marcas do
bém segará. Senhor Jesus.
8 Porque o que em sua carne 18 A graça de nosso Senhor
seméa, da carne segará corrup­ Jesu Christo seja, irmaõs, com
ção: porem o que no Espirito vosso espirito. Amen.
seméa, do Espirito segará a vida
eterna. Escrita de Roma aos Gaiatas.
9 Ora naõ nos cansemos em
• Oa, Ensinado na palavra, faça • Ou, Grande.
participante de todos seus bens ao que o + Ou, Xeiía qut.
ensina. t Ou, Me íç» wfadQnh&f ou, molesta-.
EPISTOLA DO APOSTOLO S. PAULO
AOS EPHESIOS.

CAPITULO I. de sua vontade segundo seu § be­


neplácito; o qual ja d’antes em
DAULO Apostolo de Jesu simesmo tinha* determinado;
Christo pela vontade de 10 Para na dispensaçaõ do
Deos, aos santos que estão em comprimento dos tempos em
Epheso, e fieis em Jesu Christo. Christo f restaurar todas as cou­
2 Graça e paz tenhais de Deos sas, assi os que estaõ nos cecs,
nosso Pai, e do Senhor Jesu como as que estaõ na terra.
Christo. 11 N&quelle em quem I somos
3 Bendito seja o Deos e Pai ,,feitos herança, havendo sido pre-
de nosso Senhor Jesu Christo, destidados conforme ao proposito
o qual nos bendisse com toda daquelle que todas as cousas faz
bendiçaõ espiritual no ceo em segundo o conselho de sua von­
Christo. tade.
4 Como nelle nos elegeo antes 12 Paraque sejamos para lou­
da fundaçaõ do mundo, paraque vor de sua gloria, nos os primei­
fossemos santos e irreprehensi- ros que em Christo havemos espe­
veis diante delle em caridade. rado.
5 E nos predestinou para* nos 13 Em quem vos também
adop’arem filhos por Jesu Christo eslais, depois que ouvistes a
em simesmo, segundo o beneplá­ palavra da verdade, a saber, o
cito de sua vontade. Evangelho de vossa saivaçaõ:
6 Para louvor da gloria de sua Em quem também, havendo
graça, peia qual nos f gratificou crido, fostes sellados com o Es­
no Amado. pirito santo da promessa.
7 No qual temos redempçaõ 14 O qual he § as arras de
por seu sangue, a saber, remissão nossa herança, || até alcançar a
das offcnsas pelas riquezas de sua redempçaõ, aquenda para louvor
graça. de sua gloria.
8 Com a qual abundou em 15 P«oque tendo ouvido eu
nos-outrOs em toda sabedoria e também a fé, que no Senhor Je­
I prudência. sus tendes, e a caridade para com
9 Descubrindo-nos o mistério todos os santos.
• Ou, Proposto.
• Ou, Sermos adaptados. t Ou, Sumaríiimcnte rccolliiiib.
t Ou, yros da griíç.-ejez agradareis. J Ou, Temos sorte.
t Ou, IntcUigencia. $ Ou, O penhor.
$ Ou, Bom prazer. | Ou, Para.
AOS EPHESIO3. CAP. XV. 257
15 Naõ cesso de dar graças potestade do ar, do Espirito que
por vos-outros, tendo lembrança agora obra nos filhos da desobe­
de vos em minhas orações. diência.
1? Paraque o Deos de nosso 3 Entre os quaes também nos
Senhor Jesu Christo, o Pai da d’autes conversávamos nos dese­
gloria, vos de o Espirito de sabe­ jos de nossa carne, fazendo a
doria, e de revelaçaõ no seu con­ vontade da carne e dos pensa­
hecimento. mentos, e sendo da natureza fi­
18 A saber, illuminados olhos lhos de ira, cpmo também os de
de vosso entendimento, paraque mais.
saibais qual seja a esperança de 4 Porem Deos, que he rico em
sua vocaçaõ, e quaes as riquezas misericórdia, por sua muita ca­
da gloria de sua herança nos ridade, com que nos amou.
san.os. 5 Estando nos ainda mortos em
r 19 E qual seja aquella sobr’ * peccados, nos deu vida jutíta-
excelente grandeza de sua potên­ mente com Christo, (por graça
cia em nos-outros, os que ja cre­ fostes salvos.)
mos segundo a operaçaõ da iorça 6 E juntamente nas resuscitou,
de sua potência. e juntamente nos fez assentar no»
20 A qual em Christo obrou ceos em Jesu Christo.
Tesúscitando-o dos mortos, e fa­ 7 Para nos seculos f que haviaS
zendo-o assentar a sua * dextra de vir mostrar as abundantes ri­
nos ceos. quezas de sua graça pela sua
21 'Mui sobre todo principa-. bondade para comnosco em Jesu.
do, e potestade, e potência, e Christo.
senhorio, e todo nome que se 8 Porque por graça sois salvo»
nomea, naõ sómente neste f pela fé; e isto uaõ de vos; don»
mundo, senaõ também no que ha de Deos he.
de vir. 9 Naõ por obras, paraque nin-
22 E sugeitando-lhe também guem se glorie.
todas a cousas debaixo de - seus 10 Porque feitura sua somos,
pés, e dando-o por cabeça sobre ,criados em Jesu Christo para-
todas as cousas á Igreja. boas obras, as quaes Deos pre­
t 23 A qual he seu corpo, e o § parou paraque nelias andásse­
cumprimento daquelle que em mos.
* todos cumpre todas as cousas. 11 Por tanto tende lembrança
de que sendo vos o tempo passa­
do gentios na carne, e chamados
CAPITULO II. prepucio dos que na carne se
chama circuncisão, que eom a
"E’ JUNTAMENTE vos vivifi- maõ se faz:
■*-* cou, estando vos-outros ainda 12 E estando naquelle tempo
mortos em vossos delictos e pec- sem Christo, alienados da repu­
cados. blica de Israel, e estrangeiros
2 Em que d’antes andastes dos concertos da promessa, sem
eonforme ao século deste mun­ esperança, e sem Deos no mun­
do, conforme ao Príncipe de do:
13 Mas agora em Christo Je­
* Ovi^MaÕ direita. sus,. vos que o tempo passado
+ Oa,nSeculo.
t Ou, Pindouro.
$ Ou> Enthtínvnfà dfwtállç enche, • Ou, O^ensar.
t Ou, FiMutrru*,
í z a
258 EPISTOLA DE S. PAULO
estáveis longe, ja pelo sangue declarado este mistério, como d’
de Christo Vos tendes chegado antes em breve tenho escrito:
perto. 4 Doque léndo podeis enten­
• 14: Pois elle he nossa paz, der qual minha intejligencia seja
que de ambos fiz hum, e haven­ no mistério de-Christo:
do dezfeito -o apartamento da 5 O qual em outros séculos naõ
parede, foi dado a entender aos filhos dos
15 Desfiz em sua carne as homens, como agora pelo Espirito
inimizades, a saber,, a Lei dos he revelado a seus santos Apos-
mandamentos, em ordenanças: tolos, e Profetas :
para criar em simesmo os aous 6 A saber: Que.as Gentes saõ
em hum novo homem, fazendo juntamente herdeiras, e encorpo-
a paz. radas, e consortes de sua promessa
16 E pela ctuz reconciliar com em Christo pelo Evangelho.
Decs a ambos em hum corpo, 7 Do qual eu sou feito mini­
nellaas inimizades* havendo ma­ stro pelo dom da graça de Deos,
tado. que dado me foi segundo a ope-
17 E vindo, vos annunciou pe­ raçaõ de sua potencia.
lo Evangelho a paz a vos-outros 8 A mim, o menor de todos os-
os que estáveis longe, e aos que santos, he dada esta graça parà
estávaõ perto. entre as gentes annunciar pelo
18 Porque por elle ambos te­ Evangelho a incomprehensivel
mos entranda por hum Espirito riqueza de Christo,
ao Pai, . 9 E illuminar a todos para en­
19 Assi.que ja naõ sois estran- tender qual seja a communiaõ do>
geiro-snem forasteiros, senaõ jun­ mistério escondido desde todos os
tamente cidadaõs com os santos, séculos em Deos, que por Jesu
e domésticos de Deos. Christo criou todas as cousas.
20 Edificados sobre o funda 10 Paraque pela Igreja seja
me.'ii dos Apcstolos, e dos Pro­ agora notificado aos principados
fetas, de que Jesu Christo he a e potestades no ceo a multiforme
summa pedra daf esquina. sabedoria de Deos.
21 No qual todo edifício bem 11 Conforme ao eterno pro-
ajustado, vai crescendo para tem­ posito que fez em nosso Senhor
plo santo no Senhor. Jesu Christo.
22 Em quem também junta- 1.2 No qual
, temos ousadia e
mente vos es ais edificados para entrada com confiança pela fé
^piorada de Deos no espirito. nelle. .
13 Por tanto rogo que naõ
CAPITULO III. desmaieis em minhas tribulações
por vos-outros, que he vossa
OR esta causa sou eu Paulo gloria.
P prisioneiro de Jesu Christo,
por vo‘-outros os gentios:
14 Por esta causa ponho meus
joelhos ante o Pai de nosso Se­
2 Se porem tendes ouvido a nhor Jesu Christo:
dispensaçaõ da graça de Deos, 15 Do quem todo o parentesco
cjue para comvosco me foi da- he nomeado nos ceos e ua terra.
16 Que, conforme ás riquezas
de sua gloria, vos dé que com
3 Que por revelaçaõ me foi
potência sejais corroborados por
• Ou, Deslruindo, sed Espirito no homem interior.
t 0»4 j>P Cfl/jíp. 17 Paraqúe por a fé habite
AOS EPIIESIOS, CAP. IV. 259
Chiisto em vossos corações: E alto levou captiva a captividade,
estando arraigados e fundados em e aos homens deu dons.
caridade; 9 E isso que subio, que he,
18 Paraque possais finalmen­ senaõ que também havia primei­
te com todos os sautos corr.- ro descendido nas mais baixas
prehender qual seja a largura, partes da terra ? (
e a longura e a profundura e a 10 Aquelle que descendeo, he
altura: o mesmo qUe também, para cum­
19 E conhecer a caridade de prir todas as cousas, mui sobre
Christo, a qugl sobrepuja o * en todos os ceos subio.
tendimento: paraque sejais cheios 11 E o mesmo deu huns para
de todo enchimento de Deos. Apostolos, e outros para Pro­
20 Ora áquelle que -he pode fetas, e outros para Evangeli­
roso para tudo fazer muito unais stas, e outros para Pastores e
abundantemente do que pedimos, Doutores.
ou pensamos, segundo a potência 12 Para o * cumprimento dos
que em nos obra; santos, para a obra do miuistc-
21 A elle digo seja a gloriana rio, para a edificaçaõ do corpo de
Igreja, porJesu Christo em todas Christo.
as gerações f para todo sempre. 13 Até que todos venhamos á
Amen. unidade da fé, e de conhecimento
do Pilho de Deos ao homem per­
CAPITULO IV. feito, â medida da estatuía do
comprimento de Christo.
"D0G0-V0S pois, eu o preso no 14 Paraq^p mais naõ sejamos
Senhor, que andeis como he meninos ondeados, e ao redor,
digno da vocaçaô com que sois levados com todo vento de dou-
chamados: irinapelo engano dos homens pe­
2 Com toda humildade e man- la astúcia, par^ fraudulosamente
sidaõ : com paciência suportan­ enganar.
do-vos huns aos outros em cari­ 15 Antes seguindo a verdade
dade : em caridade, vamos crescendo
3. Cuidadosos de guardar a u em tudo naqUelle que he a cabe­
niaõdo Espirito j pelo § vinculo da ça, convém aniber Christo.
paz. 16 Do qual todo o corpo bem
4 Hum corpo he e hum Espiri ajus ado e Jigado juntamente por
to, como também sois chamados ’odas as conjunctuias de alimen­
a huma esperança de vossa voca- to, segundo a operaçaõ de cada
çaõ. membro, conforme a 'uu medida,
5 Hum Senhor, huma fé, hum vai tomando augmentu de corpo,
baptismo. edificando-se em caridade.
6 Hum Deos e Pai de todos, 17 Assi que isto digo e requei­
o qual he sobre todos, e por to­ ro no Senhor, que naõ andeis
dos, e em todos vos-oulros. mais corno as outras gentes,
7 Porem a cada hum de nos- que andaõ na vaidade dé seu
outros hedada a graça conforme á .i.nino.
medida do dom de Cbristo. 18 Tendo o entendimento en-
8 Peloque diz: Subindo ar renebrecido, alheios da vida
de Deos pela ignorância que
• Ou, Conhecimento.
t Ou, De século dos séculos.
ueiles ha, pela dureza de seu
Í Ou, Nd. % coraçaõ.
$ Ou, Atadura,. • Ou, Perfwçrú.
260 EPISTOLA DE S. PAULO
19 Os quaes havendo perdido sos, perdoando vos htííís àos oà-
o sentido, se entre;;:lraõ á * disso­ iros, como 'ambem Deos vo»
lução, para avarr.rainente toda perdoou tm Chrislo.
initnundr ia cometer !
20 Mais vos-outros naõapren CAPITULO V. ■
destes assi a C hristo.
21 Se porem o tendes ouvido,: QEDE pois imitadores de DeoS,
e por elle fostes ensinados, conto ■ como amados fi hos.
a verdade em Jesu está. 2 E andai em * caridade, co­
22 -A saber, qiv quanto â pas- mo também Christo nos amou, e
, sada conversaçaõ despojeis o ve­ se entregou a si mesmo por no's-
lho homem, o qual se corrompe outros em ófferta e sacrifieio a
pelas concupiscências de en­ Deos erh suave cheiro.
gano. 3 Más fornicaçaõ e toda itn-
23 E vos renoveis no espirito mundicia, ou avareza, nem:aÍTrd!á
de vosso animo. se nomee entre vos-outros, ci>mo
24 E vos vistais do novo ho convém aos santos.
mem, que segundo Deos he criado 4 Nem f torpeza, hem lou-
em verdadeira justiça e em san­ quice, nem chocarrice, que naõ
tidade. convém: Mas antes fezimento de
25 Peloque deixando a menti­ graças.
ra, fallai verdade cada hum com 5 Porque hem sabeis que nen-
'seu proximo: porque membros hutn lornicanc, ou immundo, au
somos huns dos outros. avarento, que he ser idolatra, tem
26 Irai-vos, e naõ pequeis: herança no Keyho de Christbte
Naõ se ponha o Sol sobre vossa de Deos.
t ira. 6 Ninguém vos engâne com
27 Nem deis lugar ao diabo. palavras vaãs; porque por estas
28 O que furtava, naõ furte cousas vem a ira de Deos sobra
mais: Antes trabalhe, obrando os filhos de desobediência.
com suas maõs o que he bom : 7 Por tanto naõ sejais setis
Para que tenha que dar ao que companheiros.
tiver necessidade. 8 Porque trevas éreis o tempo
29 Naõsaya de vossa boca nen­ passado, mas agora sois luz no
huma palavra corrupta: Mas se Senhor: andai como filhos "de
ha alguma boa palavra para apro- luz.
veitosa edificaçaõ: paraque dé 9 Porque o fruto do Espirito
graça aos que a ouvem. está em toda bondáde, é jústija,
30 E naõ contristeis ao Espi­ e verdade.)
rito santo de Deos, pela qual 10 Experimentando o que he
estais sellados para o dia da re- agradavel ao Senhor.
dempçaõ. 11 E naõ comuniqueis com as
31 Toda | amargura, e cólera, obras infructuosas das trevas, mas
e ira, e grita, e maledicência antes as redargui.
seja tirada de vos-outros, e toda 12 Porque o que’ J por elles
malicia. ern oculto sé fez: torpe cousa he
32 Antes sede huns para com também dize-la.
es outros benignos, misencordio- 13 Mas todas estas cousas se
• Ou, Luxuria^ • Ou, Amor*
+ Ou, Agast«mentot ou, cólera* t Ou, Deshonesttàafte,
X Q&, Amarulencia». $Ouy Estw fazem*
AOS EPHESIOS, CAP. VI. 361
manifestaõ, sendo da luz redar­ tivesse * macula, nem ruga, nem
guidas : Porque tndo o que ma­ cousa semelhante: Mas que fosse
nifesta he luz. santa e irreprehensivel.
14 Pelaque diz; Desperta-te tu 28 Assi devem os maridos a-
que dormes, e levante dos mor mar a suas próprias mulheres,
tos, e Christo te allumiará. como a seus, proprios corpos.
15 Por tanto olhai como andeis Quem ama a sua proprio mulher,
* avisadamente, naõ como necios, a si mesmo ama.
senaõ como sábios. 29 Porque ninguém aborreceo
16 f Aproveitando-vos do tem­ jamais sua própria carne mas
po : porque os dias saõ maos. antes a alimenta e sustenta, como
17 Peloque naõ-sejais impru­ também o Senhor a Igreja.
dentes, mas entenaei qual seja a 30 Porque somos membros de
vontade do Senhor. seu cõrpo, de sua carne, e de
18 E naõ vos embebedeis de seus ossos.
vinho, em que ha dissolução, mas 31 Por tanto deixarão homem
enchei-vos do Espirito. a seu pai a seu mãi, a ajuntar-
19 Fallando entre vos-outros se-ha com suá mulher: E seraõ
com psalmos, e louvores, e can­ os dous huma carne.
tigas espirituaes : Cantando e 33 Grande he este j mistério,
psalmodiando ao Senhor em vos­ digo | isto, vendo no Christo e «a
so coraçaõ. Igreja. . , . (
. 20 Dando sempre graça por 34 Assi também vos-outros ca­
todas as cousas a Deos e Pai; em da hum: em particular, cada qqal
nome de nosso Senhor Jesu ame a sua proprio mulher como
Christo. a si mesmo, e' à mulher tema áo
21 Sogeitando-vos huns aos ou­ marido. , j .
tros no temor de Deos.
22 Vos mulheres sogeitaí-vos CAPITULO VI.
a vossos proprios maridos, como
ao Senhor. VOS-OUTROS filhos sede o-
23 Porque o marido he a ’ bedientes a vossos pais no
cabeça da mulher, como tam­ Senhor: porque isso, he justo.
bém Christo' he a cabeça da 2 Honra a teu pai, e mãi (que
Igreja: E elle he o Salvador do he o primeiro mandamento com
corpo. promessa.)
24 Assi como a Ingreja está 3 Paraque te vá bem, e vivas
sugeita a Christo, assi também longamente sobre a terra.
as mulheres a seus proprios ma­ 4 E vos pais naõ provoqueis a
ridos em tudo. ira a vossos filhos, mas criai-os
25 Vos maridos amai a vossas na § disciplina e amoestaçxõ do’
mulheres, como tàmbem Christo Senhor.
amou a sua Igreja, e se deu a si 5 Vos servos sede obedientes a
mesmo-por ella: vossos Senhores segundo a carne;
26 Paraque a santificasse, ha com temor e tremor, com sim­
vendo-a alimpado com o lavacro plicidade de vosso coraçaõ, como
de agoa pela palavra. a Christo.
27 Para presenta-la a si mes­
mo hurna Igreja gloriosa, que naõ • Ou, Tacha.
i Ou, Secreto.
j Ou, Por respeito do Christo
• Ou, Qiiidadosttmente. Igreja
i Ou, Ganhando. § Ou, Castiga,
562 EPISTÓLA DE S. PÀULO'.
6 Naõ servindo ao olho, co­ 16 Toniando sobre tudo’o es--
mo querendo comprazer aos ho­ cudó da fé, com o qual pbSsais
mens, senaõ como servos de Chri- apagar todos os dardos inflama­
sto, fazendo * de coraçao a von dos do maligno.
tade de Deos. 17 Tomai também o capacete'
7 Servindo de boa mente ao de salvaçaõ, e a espada do Es­
Senhor, e naõ ao homens. pirito, que he ha palavra de Deos:
8 Sabendo que cada hum rece­ 18 Orando em todo tempo com
berá do Senhor o bem que fizer, toda sorte de oraçaõ, e rogo em
seja servo, seja livre. Espirito, e velando nisto em toda
9 E vos-outros Senhores fazei persevererança, e suplicaçaõ por
o mesmo para com elles, deixan­ todos os santos.
do as ameaças; sabendo lambem 19 E por' mim, paraque me'
que vosso Senhor está nos ceos, e ■seja dada palavra em abrimento
que para com elle naõ ha aceita- de minha boca com confiança,
çaõ de pessoas. para fazer notorio o mistério do
10 No de mais, meus irmaõs. Evangelho,
comfortai-vos no Senhor, e na 20 Pelo qiial sou eipbaixador
força de sua potência. * nacadea: paraque' delle livre-
11 Vesti vos de todas as arma­ .nente fallar possa, como me
duras de Deos, paraque possais convém fallar.
resistir contra as cilades do diabo. 21 E paraque também vos-ou-
12 Porque naõ temos a luta i ros p »s<ais saber meus negocios;
contra o sangue e a carne, se : ■ que faço atytillo tudo fará saber
naõ contra os principados, con­ Tyr h.co, o irmab amado'e fiel f
tra as potestades, contra os S< s. rvo no Senhor.
nhorés do mundo, das trevas de­ 22 O qual para isto mesmo vos
ste século, contra as malícias e?- . enviei, a fim que saibais nossos
pirituaes nos ares negocios, e elle console vossos
13 Por tanto tomai todas a ar­ corações.
maduras de Deos, paraque pos- 23 Paz seja aos irmaõs, e ca-
Sàis resistir no dia mao, e haver, -idadecom fé de Deos o Pai, e do
do acabado tudo, ficar firmes. Senhor Jésu Christo.
14 Esi.ti pois firmes, cingidos 24 A graça seja com todos os
vossos lombos com a verdade, e qne amaõ a nosso Senhor Jésu
vestidos com af coura da justiça. Christo em incorrupçáõ. Amen.
15 E calçados os pés com a
I promptidaò do Evangelho d. Escrita de Roma aos Ephesios,
paz. e enviada por Tychico,
* Ou, De animo.
* Ou, Saia de malho, ou, couraça, • Ou, Encadeados
+ Ou, PrqparaçaS. t Ou, Ministro,
EPISTOLADO APOSTOLOS. PAULO
AOS PHILIPPENSES.

CAPITULO I. 9 E isto peço a Deos, que


vossa caridade abunde ainda ca­
. T>AULO e Timotheo, servos de da vez mais em reconhecimento
■*• Jesu Christo, a todos os san­ e em toda * intelligencia.
tos em Christo Jesus, que estaõ 10 Paraque possais discernir
ém Philippos, com os * Bispos e as cousas que delles differem, pa­
. Diáconos. raque sejais singelos, e sem dar
2 Graça e paz de Deos nqssb escândalo, até o dia deChristo.
. Pai, e do Senhor Jesu Christo. 11 Cheios de frutos de justiça
3 Dou graças a meu Deos to­ que por Jesu Christo saõ para
das as vezes que de vos f me gloria e louvor de Deos.
lembro. 12 Ora, irmaõs, quero que sai­
4 (Sempre e todas minhas bais que as cousas que me acon­
orações fazendo com gozo ora- tecerão, succederaõ para tanto
çaõ per todos vos-outros.) maior f adiantamento do Evan­
5 Por causa de vossa commu- gelho.
nicaçaõ com o Evangelho desdo 13 De maneira que minhas
primeiro dia até agora. prisões em Christo ioraõ mani­
6~ Estando confiado disto mes­ festas em toda a Audiência, e a
mo, que o que em vos-outros todos os outros.
huma boa obra começou, a aper­ 14 E que a maior parle dos
feiçoará até o . dia de Jesu irmaõs no Senhor, * tomando
Christo. animo por minhas prisões, ousaõ
7 Como tenho por justo sen­ fallarmais abundantamentea pa­
tir isto de vos todos, por quanto lavra, sem temor.
retenho em meu coraçaõ, que to­ 15 Verdade he, que alguns
dos vos-outros fostes participan­ prégaõ a Christo por inveja e
tes da minha graça commigo, assi porfia: Mas outros também por
em minhas prisões, como na boa vontade.
defensa e connrmaçaõ do Evan­ 16 Huns em verdade annunciaõ
gelho. a Christo por porfia, naõ pura­
8 Porque Deos me he teste­ mente, cuidando acrescentar af-
munha do muito que a todos vos flicçaõ a minhas prisões.
desejo com entranhavel affeiçaõ 17 Mas outros por caridade.
de Jesu Christo. • Ou, Sentido.
* Ou, Pastores. t Ou, Proveito.
10u, Paça mençol* Ou, ãuegura dospor minha».
264, EPISTOLA DE S. PAULO
sabendo que estou * posto para a 28 E que em nada dos adver­
defensa do Evangelho. sários vos espanteis; que para
18 Pois quef Todavia em elles em verdade he indicio de
qualquer maneira que seja, ou perdiçaõ, mas para vos-outros de
por fingimento, ou em verdade, salvaçaõ; e isto de Deos.
Christo he anpunciadõ;, E nisto 29 Porque a vos-outros vos foi
me gozo, e me gozaréi. gratuitamente dado no negocio
19 Porque sei que isto me re­ de Christo, naõ somente o nelle
dundará em salvaçaõ por vossa crér, mas também o por elle pa­
oraçaõ, e socorro ao Espirito de decer.
Jesu Christo. 30 Terrdo o mesmo combate
20 Segundo meu -f grande de­ que em mim ja vistes, e agora de
sejo, e esperança qué em nada mim ouvis.
seréi j confuso : Antes com toda
confiança, como sempre, assi CAPITULO II.
também agora será Christo en­ A SSI que se ha alguma conso-
grandecido, em meu corpo, seja laçaõ em Christo, se ha al­
por vida, ou por morte. gum alivio de caridade, se ha al­
21 Porque Christo § me he a guma communicaçaõ de Espirito,
vida, e a morte me he ganancia. se ha algumas cordiaes affeições e
22 Mas se o viver na carne me compaixões:
he proveitoso, e o que he o que 2 Cumpri assi meu gozo, de
deva escoiher, naõ o sei. maneira que tenhais hum mes­
23 Porque destes ambos es­ mo sentido, tendo huroa mes­
tou apartado, tendo desejo de ma caridade, estando concor­
ser desatado, e estar com Chris­ des, o sentindo huma mesma
to. Porque isto he muito mel­ cousa.
hor. 3 Nada façais por contenda,
24 Mas ficar na carne, he ou por vaã gloria: Mas por hu­
mais necessário por amor de vos- mildade vos estimai inferiores
outros. huns aos outros.
25 E isto confio e sei que fi­ 4 Naõ olheis cada hum para o
carei, e ainda perseveraréi c®m que he seu, mas também olheis
todos vos-outros, para, vosso || para o que he dos outros.
proveito, e gozo da fé. 5 Porque este sentimento seja
26 Paraque vossa gloriaçaõ em vos mesmos, o quetambem em
abunde a mim em Jesu Chn- Christo Jesus esteve:
sto, por minha tornada a vos- 6 Que sendo em forma de
outros. Deos, naõ teve por rapina ser
27 Somente conversai digna­ igual a Deos:
mente ao Evangelho de Christo: 7 Mas anniquilou-se a si mes­
paraque, ou seja que venha, e mo, tomando forma de servo,
vos veja, ou que ausente esteja, e foi feito semelhante aos ho­
ouça de vosso estado, que estais mens :
em Espirito, com hum animí ' 8 E sendo achado em forma de
combatendo todos juntamente homem, se humilhou a si mesmo,
pela fé do Evangelho. e foi obediente até a morte, e
essa morte de cruz.
• Ou, Ordenado, 9 Peloque também Deos su­
t Ou, Firme, premamente o exalçou, e lhe
t Ou, Envergonhado,
$ Ou, He para mim, , deu hum nome, que he sobre
ty Ou, Avançamenta. todo nome:
AOS PHILTPPENSES, CAP. III. 265
10 Paraque no nome de Jesus 22 Mas bem sabeis sua experi-
se dobre toda juelho daquelle' encia, que commigo no Evange­
que estaõ nos ceos, e na terra, e lho servio, como o filho a seu
debaixo da terra: pai.
11 E que toda lingoa confesse 23 Assi que a este enviar-vos
que Jesu Christo he o Senhor, espero, logo em vendo como meus
para gloria de Deos o Pai. negocios \aõ.
12 Peloque, meus amados, assi 24 E no Senhor confio que
como sempre obedecestes, naõ só­ também eu mesmo viréi mui pre­
mente como em minha presença, sto a vos-outros.
mas muito mais agora em minha 25 Porem tive por cousa ne­
ausência, obrai vossa salvaçaõ cessária mandar-vos a Epaphro-
com temor e com tremor. dito, meu irmaõ * e companheiro
13 Porque Deos he o que em na obra e nas armas, e vosso em­
vos obra assi o querer como o baixador, e administrador de mi­
* effeituar, segundo sua boa von­ nha necessidade.
tade. 26 Porque singularmente vos
14 Fazei todas as cousas sem desejava a todos, e estava mui an­
murmurações, e contendas. gustiado, de que tivesseis ouvido
15 Paraque sejais irreprehensi- que estivera doente.
veis, e singelos, filhos de Deos, 27 E de feito doente esteve até
sem culpa no meio da geraçaõ a morte: Porem teve Deos rlelle
maligna e perversa: Entre os misericórdia, e naõ delle sómen­
quaes resplandeceis como lunn- te, mas também de mim: para­
narias no mundo: que naõ tivesse tristeza sobre
16 Retendo a palavra da vida: tristeza.
paraque no dia de Christo me 28 Assi que tanto mais depres­
possa gloriar, que naõ tenho cor­ sa o enviei, paraque vendo-o ou­
rido nem trabalhado em vaõ. tra vez, vos regozieis, e eu tenha
17 E aindaque sacrificado seja menos tristeza.
per aspersaõ de sacrifício e servi­ 29 Recebei-o pois no Senhor
ço de vossa fé, com tudo me ale­ com todo gozo : f E tende em
gro, e me gozo com todos vos- estima aos taes.
outros. 30 Porque pela obra de Chri­
18 Alegrai-vos vos também pe­ sto chegou até bem perto da mor­
lo mesmo, e gozai-vos também te, naõ fazendo caso da vida, por
commigo. me suprir a mim a falta de vosso
19 É espero no Senhor Je.sus, serviço.
que presto vos mandaréi a Timo-
tneo, paraque eu também f tenha CAPITULO III.
tanto melhor animo, havendo en­
tendido vosso estado. fA QUE resta, meus irmaõs, he
20 Porque a ninguém de taõ que vos gozeis no Senhor.
igual animo tenho, que since­ Escrever-vos as mesmas cousas
ramente de vossos negocios cui­ naõ me he molesto a mim, e a
de. vos vos he seguro.
21 Porque todos buscaõ o que
he seu, naõ o que he de Jesu • Ou, Companheiro na obra e na gu
erra commigo : o qual vos lambem envi­
Christo. astes para me administrar aquillo clc
• Ou, Aperfeiçoar. que tive necessidade»
♦ Ou, E-deja, de bom animo» t Ou, Estimai.
A a
26ò EPISTOLA DE S. PAULO
2 Guardai-vos dos cães, guar­ 13 Irmaõs, quanto a mim, ain­
dai-vos dos maos obreiros, guar­ da me naõ estimo have-lo pren­
dai-vos do * cortamento. dido.
3 Porque nos somos a circun­ 14 Porem huma cousa fuço, es­
cisão, os que a Deos em Espirito quecendo-me das cousas que atrás
servimos, e em Jesu Christo nos ficaõ, e * adiantandò-me âs que
gloriamos, naõ tendo confiança estaõ adiante, sigo ao alvo, ao
na carne. jremio da vocaçaõ de Deos que
4 Ainda que também tenho de íe do alto em Jesu Christo.
quetn na carne confiar: se algum 15 Peloque todos os qíie ja
cuida que na carne tem de que se somos perfeitos, sintamos isto :
confiar, mais ainda eu. E se alguma cousa sentis d’outra
5 Circuncidado ao oitavo dia, maneira, Deos vo-lo revelará
da linhagem de Israel, do tribu também.
de Benjamin, Hebreo de Hebre- 16 Todavia andemos por huma
os, f quanto á Lei, Phariseo. mesma regra, naquillo a que che­
6 Quanto ao zelo, perseguidor gado havemos, e sintamos huma
da Igreja: Quanto a justiça que mesma cousa.
hanaLei, irrepreliensivel. 17 Sede também meus imita­
7 Mas o que para mim era ga­ dores, irmaõs, e atentai para es
nho, o tive por perda por amor que assi andaõ, como nos tendes
de Christo. por f exemplo.
8 E na verdade todas as cousas 18 Porque muitos andaõ Neu­
tenho por perda pela excellencia tra maneira dos quaes vos disse
do conhecimento de meu Senhor muitas vezes, e agora o digo tam­
Jesu Christo, por amor do qual bém chorando, que sa» inimigos
tive por perda todas essas cousas: da cruz de Christo.
I E as tenho por esterco, por 19 Cujo fim he a perdiçaõ:
poder ganhar a Christo. Cujo Deos he o ventre, e cuja
9 E por nelle ser achado, naõ gloria está em sua confusaõ, que
tende minha justiça que he da cuidaõ de cousas terrenas.
Lei, mas a que he pela fé de 20 Mas nossa conversacaõ está
Christo, a saber a justiça que he nos ceos, d'onde também espera­
de Deos pela fé. mos ao Salvador, a saber ao Se­
10 Para o conhecer, e a§ força nhor Jesu Christo.
de sua resurreiçaõ. e a communi- 210 qual transformará nosso
caçaõ de suas afflicções, sendo humilde corpo, paraque seja feito
feito conforme a sua morte. conforme a seu glorioso corpo
11 Se em maneira alguma t segundo a eflicacia pela qual
possa chegar á resurreiçaõ dos também a si sugeitar pode todas
mortos. as cousas.
12 Naõ que ja o tenha alcan­
çado, ou que ja seja perfeito: CAPITULO IV.
Mas prosigo para o prender, pa­
ra o que também de Jesu Christo DOR TANTO, meus amados, e
fui prendido. mui queridos irmaõs, § mi-
* Quer dizer: Da circuncisão.
+ Ou, PftarMCO tfe religião, ou, segun­
do a Lti. • Ou, Estendome.
.* Ou, E as estimo como a esterco, t Ou, Molde.
paraqueganhca Christo. $ Ou, Pela opéraçaS.
j Ou, Fírtude. $ Ou, Meu gozo.
AOS PHILIPPENSES, CAP. IV. 267
nha alegria e coroa, * perseverai 11 Naõ que isto digo por res­
assi no Senhor, meus amados. peito de alguma necessidade :
2 Amoegto a Euodias, e amoe- por que ja aprendi a contentárme
sto a Syntycho, que sejaõ de hum * com o que tenho.
sentido no Senhor. 12 Porque bem sei estar humi­
3 Peço-te também a ti, meu lhado e lambem sei ter abundan-
verdadeiro companheiro, f ajuda ci;>: em toda maneira, e em todas
a essas mulheres que commigo as cousas estou instruído, tanto a
no Evangelho combateraõ junta­ estar farto, como a ter fome:
mente com Clemente, e os de tanto a ter abundancia, como a
mais meus companheiros na obra, ter necessidade.
cujos nomes estaõ no livro da 13 Todas as cousas posso em
vida. ' Christo que me fortalece.
4 Regoziai-vos sempre no Se­ 14 Todavia bem fizestes f de
nhor: Outra vez digo, regoziai- communicar com minha afflic-
vos. çaõ.
5 Seja vossa | equidade notó­ 15 Bem sabeis lambem, vos
ria a todos os homens. Perto Philippenses, que ao principio
está o Senhor. do Evangelho, quando parti de
6 De nada estejais solícitos: Macedonta, neunuma Igreja me
antes em tudo sejaõ vossas peti­ communicou nada em matéria
ções notorias a Deos por oraçaô, de dar e receber, senaõ vos-oqtros
e suplicaçaõ, com fazimento de sós:
graças. 16 Porque também, estando
7 E a paz de Deos, a qual so­ eu em Tessalonica, me manda­
brepuja todo entendimento, gu­ stes o que me era necessário hu-
ardará vossos corações e vossos ma e dua9 vezes.
sentidas em Jesu Christo. 17 Naõ que busque dadiva»,
8 O que resta, irmaõs, lie ma9 busco o fruto que he abun­
que tudo o que he verdadeiro/ dante tl vossa conta.
tudo o que he honesto, tudo o 18 Mas tudo tenho recebido,
que he justo, tudo o que he puro, J e assaz tenho, cheio estou:
tudo o que he amavel, tudo o que havendo recebido de Epaphrodito
he de§ boa fama; se ha alguma o que de vossa parte me foi envi­
virtude, se ha algum louvor, isto ado como cheiro de suavidade, e
pensai. sacrifício agradavel e aprazivel a
9 O que também aprendestes, Deos.
e recebestes, e ouvistes, e em mim 19 Porem meu Deos suprirá a
vistes, isso fazei, e o Deos de paz tudo o de que necessidade tiver­
será comvosco. des, segundo suas requezas, na
10 Ora grandemente me gozei gloria por Jesu Christo.
no Senhor, de que finalmente vos 20 Ora a nosso Deos e Pai
reverdecestes quanto, ao cuidado seja a gloria para todo sempre.
que de mim tendes: do que tam­ Amen.
bém solícitos estáveis, mas naõ 21 Saudai a cada hum dos san­
tínheis a oportunidade. tos em Jesu Christo: Os irmaõs
que estaõ commigo vos saudaõ.
• <3a, Estai asii firmes,
t Ou, Qwc ajudes, • Ou, Das cousas segundo me acho,
j Ou, Modéstia, ♦ Ou, Que communicasées.
j Ou, Bwn nome. 4 Ou, 2'enho abundancia*
268 T. EPISTOLA DE S. PAULO
22 Todos os santos vos sau- su Christo seja.com todos vos-
daõ, prmcipalmente os que saõ outros. Amen.
da casa de Cesar. Escrita de Roma aos Philippen-
23 A graça de nosso Senhor Je- ses, e enviada por Epaphrodite.

EPISTOLA DO APOSTOLO S. PAULO


AOS COLOSSENSES.

CAPITULO I. 8 O qual também nos declarou


vossa caridade no espirito.
"pAULO Apostolo de Jesu Chri- 9 E por tanto também desd’o
. sto pela vontade de Deos, e dia que isto ouvimos, naõ cessa­
o irmaõTimotheo: mos de por vos-outros orar, e pe­
2 Aos santos e irmaõs fieis dir que sejais cheios do conheci­
em Christo, que estaõ em Co- mento de sua vontade, em toda sa­
lossas: Graça e paz hajais de piência e intelligencia espiritual.
Deos nosso Pai, e do SenhorJesu 10 Paraque possais andar di­
Christo. gnamente no Senhor, agrandan-
3 Graças damos ao Deos e Pai do-lhe em tudo, fructificando em
de nosso Senhor Jesu Christo, toda boa obra, e crescendo no
orando sempre por vos-outros. conhecimento de Deos.
4 Havendo ouvido de vossa fé 11 Corroborados em toda for­
em Jesu Christo, e da caridade taleza, segundo a potência de sua
para com todos os santos: gloria, em todo sofrimento e lon­
5 Por causa da esperança que ganimidade com gozo:
vos es á * reservada nos ceos, da 12 Dando graças ao Pai, que
qual d'antes tendes ouvido pela nos fez * idoneos de participar na
palavra da verdade a saber, do herança dos santos na luz.
Evan gelho. 13 O qual nos tirou da po­
6 O qual tem chegado a vos- testade das trevas, e nos trans­
outros, como também por todo o portou ao Reyno do seu amado
mundo.- e ja vai fructifii ando, co­ Filho.
mo também em vos-outros, desd’o 14 No qual temos f redemp-
dia que ouvistes e conhecestes a çaõ por seu sangue, a saber, re­
graça de Deos em verdade. missão de pecados.
7 Como também tendes apren­ 15 O qual he a imagem de
dido de Epaphra nosso amado Deos invisível, o Primogénito de
conservo, o qual para vos-outros toda criatura.
he hum fiel ministro de Christo.
• Ou, Capazes.
• Ou, Guardada. t Ou, Livramsntc.
AOS COLOSSENSES, CAP. II. 269

siveis, quer sejaõ thronos, quer 26 Convém a saber, o misté­


dominações, quer principados, rio * escondido desde todos os
quer potestades: Todas as cousas séculos e de todas as gerações :
foraõ criadas por elle, e para Mas agora he maniféstado a seus
elle. santos
17 E elle he antes todas as 27 Aos quaes Deos quiz dar a
cousas, e todas as cousas consi- conhecer quaes sejaõ as rique­
steip por elle. zas da gloria deste mistério entre
18 E elle he a cabeça do corpo, os gentios, que entre vos-ou-
a saber da Igreja, elle que he o tros he Christo, a esperança da
Principio, o Primogénito dos mor­ gloria :
tos, paraque em todas as cousas 28 Ao qual annunciamos, amo-
tenha o primado. . estando a todo homem, e ensi­
19 Porque o bom prazer ao Pai nando a todo homem em toda
foi, que toda * plenidaõ nelle sapiência: paraque a todo ho­
habitasse. mem presentamos perfeito em
20 E que havendo por elle feito Jesu Christo.
a paz pelo sangue de súa cruz, 29 No que também trabalho,
por elle digo reconciliasse todas combatendo segundo suaf effi-
as cousas para si mesmo, assi as cacia, que em mim obra com po­
que estaõ na terra, como as que tência.
Maò nos ceos.
21 E a vos que o tempo passa­ CAPITULO II.
do ereis estranhos, e inimigos em
entendimento, em obras más, to­ DORQUE quero que saibais
davia agora vos reconciliou, 1 quam'grande combate tenho
22 No corpo de sua carne, pe­ por vos, e pelos que estaõ em
la morte, para vos presentar san­ Laodicea, e quantos meu J rosto
tos,, e irreprehensiveis e inculpá­ em carne naõ viraõ.
veis diante de si. 2 Paraque seus corações-sejaõ
23 Se porem permanecerdes consolados, e estejaõ unidos em
fundados e firmes na fé, e naò caridade, e isto para todas ri­
vos moverdes da esperança do quezas da inteira certeza de in-
Evangelho, que tendes ouvido, o telligencia, para conhecimento do
qual he pregado entre toda cria­ mistério do Deos e Pai, e do
tura que está debaixo do ceo: Christo.
do qual e» Paulo fui feito mi­ 3 Em que estaõ escondidos
nistro. todos os thesouros de sapiência e
24 O que agaro me gozo em de sciencia.
f meus sofrimentos por vos-ou- 4 Ora isto digo, paraque nin­
tros, e cumpro em minha carne o guém vos engane com palavras
resto dasafflicções de Christo, por persuasorias de huma aparên­
seu corpo, que he a Igreja: cia.
25 JDa qual eu fui feito mini­ 5 Porque ainda que com § o
stro segundo a dispensaçaõ de
• Ou, Oculto,
t Ou, Operaçav.
• Ou, Enchimenta. + Ou, Presença,
t Ou, 0 quçpadeço- < O a, Comacarr.c-
Aa2
270 EPISTOLA DE S. PAULO
corpo esteja ausente, todavia com 15 Havendo despojada aos prin­
o Espirito estou comvosco, go- cipados
< e potestades, aos quaes
zando-me, e vendo vossa ordem, trouxet publicamente á vergonha,
e a firmeza de vossa fé em Christo. triunfando
I delles nella.
6 Como pois ao Senhor Jesu 16 Por tanto ninguém vos * jul­
Christo recebestes, assi também gue i em comer, ou em beber, ou
nelie andai: por respeito de dia de festa, ou de
7 Nelle arraigados e sobre edi- Lua
i nova, ou de Sabados.
ficados, e confirmados na fé, co­ 17 Que saõ a sombra das cou­
mo ja fostes ensinados, nella sas vindouras, mas o corpo he de
abundando com fazimento de Christo.
graças. 18 Ninguém pois vos governe
8 Olhai que ninguein vos * sal- a seu prazer em humildade e
teje por Philosophia, e vaõ en­ serviço de Anjos, metendo-se em
gano, segundo os rudimentos do cousas que nunca vio, de balde
inundo, e naõ segundo Christo: estando inchado pelaintelligencia
9 Porque nelie habita corpo- de sua carne.
ralmente toda plenidaõ de divin­ 19 E naõ retendo a cabeça, da
dade. qual todo o corpo, sendo alimen­
10 E estais perfeitos nelie, o tado e conjunto pelas ataduras e
qual he a cabeça de todo princi­ conjunturas, vai crescendo em
pado e potestade. augmento divino.
11 No qual também estais cir­ 20 Se pois aos rudimentos do
cuncidados com huma circuncisão mundo mortos com Christo estais,
feita sem maõs, no despojamento porque ainda de ordenanças f vos
do corpo dos peccados da carne, carregaõ, como se no mundo vi­
pela circuncisão de Christo. vêsseis ?
12 Estando juntamente sepul­ 21 Convém a saber, naõ comas,
tados com elle no baptismo, em naõ gostes, naõ toques.
quem também estais juntamente 22 As quaes cousas todas pelo
lesuscitailos pela fé da operaçaõ1 uso perecem, introduzidas segun­
de Deos, que dos mortos o re- do os mandamentos e doutrinas
snscitou. dos homens.
13 E estando vos mortos emi 23 As quaes todavia tem al-
vossas offensas, e no prepucio de: guma apárencia de sabedoria, em
vossa carne, vos vivificou .junja- devoção voluntária, e humildade,
mortlA
mente rnm
com pelle,
IIp nerrinarifln.
perdoando-vos e« em nno em
r»m que nonhnmn maneira
om nenhuma maneiro
gratuitamente todas vossas of- poupaõ o corpo: naõ saõ porem
fensas. para alguma honra, mas pela far­
14 Havendo f riscado aj cédu­ tura da carne.
la que contra nos havia em orde­
nanças consistendo, a qual digo CAPITULO III.
em alguma maneira nos era con­
traria, e a § tirou do meio, ha-
vendo-a encravado na cruz. T)0R TANTO se ja tendes re-
1 ruscitado com Christo, bus­
cai as cousas que estaõ lá arriba,
• Ou, Engane,
t Ou, Âpagado,
t Ou, Obrigaçaõ. • Ou, Condene,
$ Ou, jjníy!z«unáo-fli Intcíramcnte, a t Sois carregados, ou, WJ carregais,
encraroa na crus, ou, reguHrítw.
AOS COLOSSENSES, CAP. III. 271
aonde Christo está assentado á aos outros, se algum tiver queixa
dextra de Deos. contra outro : assi como Christo
2 Pensai nas cousas que estaõ vos perdoou, assi perdoai vos
lã arriba; naõ nas que estaõ na também.
terra. 14 E sobre tudo isto, vesfi-vos
3 Porque mortos estais ja, e de caridade, que he o vinculo da
vossa vida es'á escondida com perfeição.
Christo era Deos. 15 E a paz de Deos governe
4 Quando Christo, que he em vossos corações, para a
nossa vida, se manifestar, entaõ qual também em hum corpo
apareceis vos também com elle sois chamados, e sede agra­
em gloria. decidos.
5 Por tanto mortificai vossos 16 Habite a palavra de Chri­
membros que estaõ sobre a terra, sto em vos abundantemente em
a saber, fornicaçaõ, immtindicia, toda sabedoria, ensiuandu-vos e
apetite desordenado, roim concu­ amoestando-vos huns aos outros
piscência, e avareza, a qual he com Psalmos, louvores, e can­
idolatria. tigas espirituaes, cantando ao
6 Pelas quaes cousas vem a irá Senhor com graça em vosso co-
de Deos sobre os filhos de * re- raçaõ.
beliiaõ. 17 E qualquer cousa que fizer­
7 Nas quaes também o tempo des por palavra ou por obra,_/rzzer
passado andastes, quando nellas tudo em nome do Senhor Jesus,
vivieis. dando graças a Deos e ao Pai
8 Mas agora deixai também por elle.
todas estas cousas, a saber, ira, 18 Vos mulheres sede sugeitas
- cólera, malicia, maledicência, tor­ a vossos proprios maridos, como
pes palavras de vossa boca. convém no Senhor.
9 Naõ mintais huns aos ou­ 29 Vos maridos amai a vossas
tros, pois ja vos despistes, de ve­ mulheres, e naõ sejais * ásperos
lho homem com seus feitos. para com ellas.
10 E vos vestistes do novo/to 20 Vos filhos obedecei em tudo
>nem, o qual se renova em conhe­ a vossos pais: porque isto he f
cimento, segundo a imagem da- aprazível ao Senhor.
quelle que o criou. 21 Vos pais naõ J irriteis a
11 Aonde naõ ha Grego, vossos filhos, paraque naõ percaõ
nem Judeo, nem circuncisão, o animo.
nem prepucio, nem Barbaro, 22 Vos servos obedecei em
nem Scytha, nem servo, nem tudo a vossos Senhores § carnaes,
livre ; mas Christo he tudo e em i.aõ servindo ao olho, como
todos. querendo comprazer aos ho­
12 Por isso vesti-vos (como mens, mas com simplicidade de
eleitos de Deos, santos, e ama­ coraçaõ, temendo a Deos.
dos) de entranhas de misericór­ 25 E qualquer cousa que fi­
dia, de benignidade, de humili- zerdes, fazei tudo de coraçaõ
dade, de mansidaõ, de pacien o no ao Senhor, e naõ como aos
cia: homens.
13 Suportando vos huns aos • Ou, Amarulentos,
outros, e perdoando-vos huns t Ou, Agradável.
t Ou, Aticeis* ou, provoqueis a ira,
• Ou, Dwbçdkntia, i Ou, Segundo a carne-
S72 EPISTOLA DE S. PAULO
24 Sabendo que do Senhor* que commigo está preso, e Marcos
haveis de receber o galardaõ da o sobrinho de Barnabas, acerca
herança: porque ao Senhor Chri- do qual tendes recebido manda­
sto servis. mento ; se a vos-outros vier, re­
25 Porem quem fizer injuria, colhei-o.
receberá a injuria que fizer; e 11 E Jesus, o que se chama o
naõ ha respeito de pessoas. Justo; os quaes saõ da circunci­
são; estes sós saõ * meus com­
panheiros de obra no Reyno de
CAPITULO IV. Deos, e f me foraõ para conso-
laçaõ.
VOS Senhores, fazei direito e 12 Sauda-vos Epaphras, que
V equidade a vossos servos, sa­ he dentre vos-outtos, servo de
bendo que também tendes hum Christo, combatendo sempre por
Senhor nos ceos. vos-outros em oraçaõ, paraque fi­
2 Perseverai em oraçaõ, ve­ queis perfeitos e acabados em to­
lando nelle com fazimento de da a vontade de Deos.
graças: 13 Porque eu lhe dou, tes­
3 Orando támbem juntamente temunho que por vos tem grande
por nos, paraque Deos nos abra zelo, e pelos que estaõ em
porta da palavra, para annunciar Laodicea, e pelos que estaõ em
o mistério de Christo, pelo qual Hierapolis.
ainda estou preso. 14 Sauda-vos Lucas o medico
4 Paraque o manifeste, como amado, e Demas.
me convém fallar. 15 Saudai aos irmaõs que
5 Andai sabiamente para com estaõ ein Laodicea, e aNympha,
os que saõ de fora, resgatando o e á Igreja que está em sua
tempo. çasa.
6 Vossa palavra seja sempre 16 E quando esta carta fór li­
adubada com sal, com graça, pa­ da entre vos-outros, fazei que
raque saibais como a cada hum também seja lida na Igreja aos
responder vos convenha. Laodicenses, e que a que veio
7 Tychico qosso amado irmaõ, de Laodicea a leais também vos-
e fiel ministro, e conservo no outros.
Senhor, vos fará saber + todos 17 E dizei a ATchippo: Olha
meus negocios. que cumpras o ministério que no
8 Ao qual para este fim vos Senhor recebeste.
enviei, paraque de vossos nego­ 18 Saudaçaõ de minha roaõ,
cios saiba, e vossos corações de Paulo. Lembrai-vos de mi­
console: nhas prisões. A graça seja com
9 Juntamente com Onesimo, vosco. Amen.
O fiel e amado irmaõ, o qual
he dos vossos, elles vos ad- Escrita de Roma aos Colossenses,
virtiráõ que de tudo o por ca e enviada por Tychico, e One-
vai. simo.
10 Sauda-vos Aristarcho, o • Ou, Afrw companheiro na prisão,
+ Ou, (Situa), foatyutorts, ou, oa quo
• Ou, Recebereis o ralario, me ajudaõ.
1Ou, Todg meu estade. t Ou, lortiZpara mim cm consolação.
PRIMEIRA EPISTOLA DO APOSTOLO
S. PAULO AOS THESSALONICENSES.

CAPITULO I. ■sómente em Macedonia e Achaya


mas também em todo lugar, e
■DAULO, e Silvano, e Timotheo, vossa fé para como Deos de tal
* á Igreja dos Thessalonicen- maneira está divulgada, que ja
ses, qual he em Deos o Pai e no delia nos naõ he necessário nada
Senhor Jesu Christo: Graca e fali ar:
paz hajais de Deos nosso Pai, e 9 Porque elles mesmos contaó
do Senhor Jesu Christo. de nos qual entrada * comvosco
2 Sempre damos graças a Deos temos, e como a Deos fostes con-'
acerca da todos vos-outros, fazen­ vertidos, deixando aos Ídolos, pa l
do tnençaõ de vos em nossas ora- ra servir ao Deos vivo e verda­
çoes. deiro.
3 Lembrando-nos sem cessar 10 E para dos ceos esperar a
da obra de vossa fé, e do trabalho seu Filho Jesus, a quem dos mor­
de vossa caridade, e da paciência tos resuscitou, o qual nos livra da
da esperança em nosso íjenhor ira que ha de vir.
Jesu Christo, diante de nosso
Deos e Pai. CAPITULO II.
4 Sabendo, amados irmaõs,
vossa eleiçaõ de Deos. pORQUE vos mesmos sabeis,
5 Porque nosso Evangelho naõ * irmaõs, que nossa entrada
foi entre vos-outros sómente em para comvosco naõ foi vaã:
palavra, mas também em potên­ 2 Antes, aindaque em Piiilip-
cia, e em Espirito santo, e em pos affligidos agravados fomos,
grande certeza: Como também como vos-outros bem sabeis, to­
vos sabeis quaes, por amor de mamos com tudo ousadia em nos­
vos, entre vos-outros havemos so Deos, para com grande cohi-
sido. bate vos aununciàr o Evangelho
6 E fostes nossos imitadores, de Deos.
e do Senhor, havendo com gozo 3 ’ Porque nossa exhortaçaõ
do Espirito santo recebido a pa­ naõ foi com engano, nem com
lavra, em muita tribulaçaõ. immundicia, nem com fraudu­
7 De maneira que a todos os lência.
fieis em Macedonia e Achaya 4 Mas assi como aprovados de
tendes sido por exemplo. Deos fomos paraque a pregaçaõ
8 Porque por vos-outros rete- • On, Para comvosco, ou, a vos-
nio a palavra do Senhor, naõ outros,
274 I. EPISTOLA DE S. PAULO
do Evangelho nos fosse encarre­ lavra de Deos, a qual também
gada, assi falíamos: naõ corno obra em vos-outros os que
querendo comprazer aos homens credes.
nías a Deos que prova nossos co­ 14 Porque, irmaõs, imitado­
rações. res sois feitos das. Igrejas de
5 Porque como vos bem sabeis, Deos, que estaõ em Judea,
nunca usamos palavra lisongeira, em Jesu Christo : por quanto
nem com preteisto de avareza: também de vossos propnos ci-
Deos he testemunha. dae.ãos as mesmas cousas pade­
6 Nem buscamos gloria de ho­ cestes, como também elles dos
mens, nem de vos, nem d’outros: Judeos.
aindaque como Apostoios de 15 Os quaes também matáraõ
Christo, bem vos podíamos sei ao Senhor Jesus, e a seus pró­
carga. prios Profetas, e a nos nos per­
7 Mas antes fomos brandos en­ seguirão : E a Deos naõ agradaõ,
tre vos-outros, como a ama que a e a todos os homens saõ contra-
seus filhos regala. rios:
8 Assi que estando vos tam af- 16 E impedem-nos que naõ
feiçoados, vos de boa vontade faltemos fis gentes, paraque se
quizeramos * entregar, naõ so­ salvem: paraque sempre enches­
mente o Evangelho de Deos, mas sem a medida de seus peccados,
também até nossas próprias al­ E vinda he sobre elles a ira até o
mas, por quanto taõ caríssimos cabo.
nos éreis. 17 Mas, irmaõs, sendo nos por
9 Porque bem vos lembrais, hum momento de tempo (da
irmaõs, de nosso trabalho e fa­ vista, naõ do coraçaô) ae vos-
diga: pois, de noite, e de dia outros privados, procuremos com
trabalhando, vos pregamos o tanto maior desejo de ver vosso
Evangelho de Deos, por a nen­ rosto.
hum de vos-outros vos sermos 18 Peloque bem quizemos vir
pesados. a vos-outros (pelo menos eu Pau­
10 Vos e Deos sois testemu­ lo) huma e outra vez: Masimpe-
nhas, de quaõ santos, e justos, dio-no-lo satanás.
e irreprehenseveis fomos para 19 Porque, qual he nossa es­
comvosco os que crestes: perança, ou gozo, ou coroa de
11 Como bem sabeis como a nossa gloria 1 porventura naõ o
cada hum de vos, como o pai a sois também vos-outros diante de
seus filhos, exhortavamos e con­ nosso Senhor Jestl Christo, em
solávamos. sua vinda ?
12 E vos protestávamos qúe 20 Pois vos-outros sois nossa
andasseis dignamente segundo gloria e gozo.
Deos, que para seu Reyno e glo­
ria vos chama. CAPITULO III.
13 Peloque também sem ces­ T>EL0QUE este desejo naõ po-
sar a Deos graças damos, de dendo mais sofrer, nos
que, havendo de nos recebido pareceo bem ficar-nos sós em
a palavra da pregaçaõ de Deos, Athenas.
a recebestes, naõ como a pa­ 2 E havemos mandado aTi-
lavra de homens, mas (como motheo nosse irmaõ, e ministro
em verdade he) como a pa- de Deos, e nosso coadjutor no
, Ou, 1'ascr participante^ 4e. Evangelho de Christo, para vos
AOS TIIESSALONICENSES, CAP. IVr 275
confirmar, e vos exhortar acerca httns para com os outros, e para
de vossa fé. com todos, como também nos
3 Paraque ninguém nessas tri­ somos para comvosco:
bulações se * perturbe: Porque 13 Para confirmar vossos cora­
vos mesmos sabeis que para isto ções, paraque sejais irreprehensi-
estamos ordenados. veis em santidade diante de nos­
4 Porque também quando com- so Deos e Pai, na vinda de nosso
vosco estavamos, vos dizíamos Senhor Jesu Christo com todos
dantes, que havíamos de pa­ seus santos.
decer tribulações, como também
assi tem acontecido, e vos o CAPITULO IV.
sabeis.
5 E por tanto também naõ po­ * KTO de mais pois, irmaõs, ro-
dendo este desejo mais sofrer, o ■*-' gamos-vos e amoestamos-
mandei a saber do estado de vos­ vos no Senhor Jesus, que assi
sa fé: se porventura naõ em algu­ como de nos recebestes como vos
ma maneira vos atentasse o aten- convenha andar e agradar a Deos,
tador, e nosso trabalho naõ viesse assi vades cada vez nisto mais
a ser em vaõ. abundando.
6 Porem tornando Timotheo 2 Porque bem sabeis vos que
agora desde vos-outros a nos-ou- mandamentos vos temos dado pe­
tros, e trazendo-nos boas novas lo Senhor Jesus.
acerca de vossa fé e caridade, e 3 Porque esta he a vontade
como sempre tendes boa lem­ de Deos, vossa santificaçaõ: qtie
brança de nos, desejando muito vos abstinhais de fornicaçaó:
de nos ver, como também nos a 4 Paraque cada hum de vos
vos-outros: saiba f possuir seu vaso em santi­
7 Com isto, irmaõs, ficamos ficaçaõ e honra.
consolados acerca de vos em toda 5 Naõ no mao t motivo de
nossa afflicçaõ e necessidade, por concupiscência, como as gentes
vossa fé. que naõ conhecem a Deos.
8 Porque agora nos vive­ 6 Ninguém oprima nem engane
mos, se he que no Senhor firmes no seu negocio a seu irmaõ: Por­
estais. que vingador he o Senhor de to­
9 Porque, que fazimento de das estas cousas, cotno ja tam­
graças podemos nos dar a Deos bém volo temos dito e § protes­
acerca de vos-outros, por todo o tado.
gozo, com que diante de nosso. 7 Porque Deos naõ nos cha­
Deos por vossa causa nos goza­ mou para immundicia, senaõ pa­
mos? ra santificaçaõ.
10 Orando de dia e de noite 8 Peloque quem ist» || engeita,
abundantaraente, paraque possa­ naõ engeita a homem, senaõ a
mos ver vosso rosto, paraque o Deos, o qual também nos deu seu
que a vossa fé falta cumpramos. Espirito santo.
11 Ora o mesmo nosso Deose 9 Quanto ao amor fraternal
Pai, e nosso Senhor Jesu Christo, naõ tendes necessidade, de que
queira encaminhar nossa viagem • Ou, Resta pois, irmaõs, que vos rc-
a vos-outros. gasemos.
12 E o Senhor vos accrescente, t Ou, Ter seu corpo,
e vos faça abundar em caridade j Ou, Jtfecto, ou, paixaí,
§ Ou, Testificado,
• Ou, Se movesse. í Oa, Deita fOT9r ««»
276 , I. EPISTOLA. DE S. PAULO
delle vos escreva: porque vos necessidade de que * se V03 es*
mesmos estais ja ensinados de creva.
Deos, que huns aos outros vos 2 Porque vos mesmos sa­
ameis. beis muito bem o dia do Sen­
10 Porque também vos o fa­ hor vira como o ladraõ de noite.
zeis assi para com todos osirma- 3 Que quando disserem, paz,
ósque estaõ em toda Macedonia: e seguridade, entaõ lhes sobre­
exhortamos-vos porem, irmaõs, virá de repente destruição, como
que abundeis mais. as dores de parto ít que está pre­
11 E vos estudeis a viver quie­ nhe, e naõ esdaparáõ.
tamente, e a fazer vossos própri­ 4 Mas quanto a vos, irmaõs,
os negocios, e a trabalhar de ja em trevas naõ estais: paraque
vossas próprias maõs, como ja aquelle dia vos apanhe como la-
vo-lo temos mandado. diaõ.
12 Paraque andeis honesta­ 5 Todos sois filhos da luz, e
mente para com os estranhos, e filhos do dia: nem nos somos da
de nada tenhais necessidade noite, r.em das trevas.
13 Ora, irmaõs, naõ quero que 6 Assi que naõ dormamos co­
sejais ignorantes acerca dos que mo os demais, mas velemos c
dormem: paraque naõ vos entris­ sejamos sobrios.
teçais, como os outros que naõ 7 Porque os que dormem, de
tem esperança. noite dormem: e os que se
14 Porque se cremos que Jesus embebedaõ, de noite se embe-
morreo, e resuscitou, assi tam­ bedaõ.
bém aos que dormem em Jesus, n Mas nos que somos do dia,
os tornará Deos com elle a trazer. sejamos temperados, vestindo-
15 Porque isto vos dizemos nos da coura da fé, e da caridade,
pela palavra do Senhor, que nos- e í/ior] capacete a esperança da
outros os que vivermos e pa salvaçaõ.
ra a vinda do Senhor ficarmos, 9 Porque Deos naõ nos tem
naõ- precederemos aos que dor­ ordenado para ira, senaõ para al­
mem. cançar a salvaçaõ por nosso Sen­
16 Porque o mesmo Senhor hor Jesu Christo.
descenderá do ceo com algazara, 10 O qual morreo por nos-ou­
e com voz de Arcaujo, e com a tros, paraque, quer velemos, quer
trombeta de Deos: E os que em dormamos, juntamente com elle
Christo morróraõ, resuscitaráõ vivamos.
primeiro. 11 Peloque exhortai-vos huns,
17 Depois nos-outros os que aos outros, e huns aos outros
vivermos, e até entaõ ficarmos, vos edificai, corno também o
seremos juntaniente com elles nas fazeis.
ijuveis arrebatados a receber a 12 Ora, irmaõs, rogamos-vos
o Senhor no ar: E assi estarémos que reconheçais aos que entre
sempre com o Senhor. vos-outros Irabalhaõ, e sobre vos
18 Por tanto consolai-vos huns no Senhor presidem, e vos atno-
aos outros com estas palavras. estaõ.
13 E estimai-os milito em
CAPITULO V. amor, por causa de sua obra,
Tende paz entre vós-outros.
/■'JRA, irmaõs, acerca dos tem
” pos, e das sazões naõ tendes « Oa, ccrcvanioi»
AOS THESSALONICENSES, CAP. I. 27r
14 Semelhantemente vos roga­ 22 Apartai-vos de toda aparên­
mos, irmaõs, que amoesteis aos cia de mal.
desordenados, que consoleis aos 25 Ora o mesmo Deos de paz
de pouco animo, que soporteis vos santifique em tudo a todos:
aos fracos, que sejais pacientes E vosso singelo Espirito, e alma,
para com todos. e corpo, seja conservado sem re-
15 Olhai que ninguém torne prehensaõ na vinda de nosso Se­
a outrem mal por mal, mas pros­ nhor Jesu Christo.
segui sempre o que he bom, assi 24 Fiel he o que vos chama, O
os huns para com os outros, como qual também o fará.
para com todos. 25 Irmaõs, rogai por nos-ou­
16 Estai sempre gozosos. tros.
17 Orai sem cessar. 26 Saudai a todos os irmaõs
18 Dai em tudo graças a Deos: com santo beijo.
Porque tal he a vontade de Deos 27 Esconjuro-vos pelo Senhor,
em Jesu Christo para comvosco. que a todos os irmaõs se lea esta
19 Naõ apagueis o Espirito. carta.
20 Naõ desprezeis as profe­ 28 A graça de nosso Senhor
cias. Jesu Christo seja comvosco. A
21 Examinai todas as cousas: men.
Retende o bom. A primeira aos Thessalonicenses
foi escrita de Athenas.

EGUNDA EPISTOLA DO APOSTOLO

S. PAULO AOS THESSALONICENSES.

CAPITULO I. 4 De maneira que nos mesmos


nos gloriamos de vos nas Igrejas
"PAULO, e Silvano, eTimotlieo, de Deos, por causa de vossa paci­
á Igreja dos Thessalonicenses ência e fé, em todas vossas perse­
que es/á em Deos nosso Pai, e no guições e afflicções que sofreis.
Senhor Jesu Christo. 5 Huraa prova do justojíiizo de
2 Graça e paz hajais de Deos Deos, paraque sejais havidos por
nosso Pai, e do Senhor Jesu dignos do Reyno de Deos, pelo
Christo qual também padeceis.
3 Sempre a Deos devemos dar 6 Pois he justo acerca de Deos,
graças acerca de vos-outros, ir­ pagar com tribulaçaõ aos que vos
maõs, como he razaõ, porquanto atribulaõ.
vossa fé vai erandemente crescen­ 7 E a vos-outros, que sois atri­
do, e a caridade de cada hum de bulados, repouso comnosco, na
todos vos-outros, abundando * de revelaçaõ do Senhor Jesus do ceo
huns para com os outros. com os Anjos de sua potência.
• Ou, Enfrre vos 8 Com' lavareda de fogo, to-
278 II. EPISTOLA DE S. PAULO
mando vingança dos que naõ co­ Deos se assentará, * fazendo-se
nhecem a Deos, e dos que naõ parecer Deos.
obedecem ao Evangelho de nos­ 5 Naõ vos lembrais que quan­
so Senhor Jesu Chnsto: do ainda comvosco estava, estas
9 Os quaes seraõ castigados cousas vos dizia?
com eterna perdiçaõ, da face do 6 E agora bem sabeis vos que
Senhor, e da gloria de sua * he o que o retem, paraque a
força. seu proprio tempo seja manifes­
10 Quando vier a ser glorifica­ tado.
do em seus santos, e naquelle 7 Porque ja o mistério de in­
dia se fazer admiravel em todos justiça se vai obrando: sómente
os que crém, (por quanto nosso o que agora o retem, o reterá até
testemunho entre vos-outros foi que dô meio seja tirado.
crido.) 8 E entaõ será manifestado o
11 Peloque também sempre injusto, ao qual o Senhor des­
por vos-outros rogamos, que nos­ fará com o Espirito de sua boca,
so Deos vos faça dignos da voca- e pelo aparecimento da sua vinda
çaõ, e cumpra todo o bom pra- o f destruirá.
aer de sua bondade, e a obra da 9 Aquelle digo, cuja vinda he
fé com potência. segundo a efíicacia de satanás,
12 Paraque o nome de nosso em toda potência, e sinaes, e mi­
Senhor Jesu Chjisto seja glorifi­ lagres mentirosos.
cado em vos, e vos nelle, segun­ 10 E em todo engano de in­
do a graça de nosso Deos, e do justiça, nos que perecem: por
Senhor Jesu Christo. quanto naõ receberão j o amor
da verdade, para serem salvos.
CAPITULO II. 11 E por tanto Deos lhes en­
viara eíhcacia de error, paraque
creaõ a mentira.
/")RA, irmaõs, rogamos vos pela 12 Paraque sejaõ condenados
vinda de nosso Senhor Jesu todos os que naõ créraõ á verda­
Christo, e por nosso recolhi de, antes tomáraõ prazer na in­
mento a elle. justiça.
2 Que facilmente do enten­ 13 Mas, ó irmaõs amados do
dimento vos naõ movais, nem Senhor, sempre devemos dar
perturbeis, nem por Espirito, nem graças a Deos acerca de vos-ou­
por palavra, nem por carta como tros, de que Deos voselegeo des-
de nos escrita, cómo se o dia de do principio para salvaçaõ, em
Christo ja pertó estivera. santifiçaõ do Espirito, e fé da
3 Ninguém vos engane em ne­ verdade.
nhuma maneira: porque uab vem 14 Ao que por nosso Evan­
aquelle até que primeiro naõ ve­ gelho vos chamou, para alcançar
nha a apostasia, e se manifeste a gloria de nosso Senhor Jesu
o homem de peccado, o filho de Christo.
perdiçaõ: 15 Peloque, irmaõs, estai fir­
4 O qual se opoem, e se le­ mes, e retende as tradições que
vanta sobre tudo o que se chama tendes aprendido, seja por nossa
Deos, ou como Deos he adorado: palavra, ou por carta nossa.
assi que como Deos no templo de
• Ou, Andando comç fC fçra Dcof*
+ Ou, Aniquilara,
* Ou, Potência, t O tf, A caridade-
t
AOS THESSALONICENSES, CAP. III. 279
16 Ora o mesmo Jesu Christo 9 Naõ porque a authoridade
nosso Senhor, e nosso Deos e naõ tenhamos, seuaõ porque nos
Pai, que nos amou e nos deu a mesmos por exemplo a vos-ou­
eterna consolaçaõ, e a Êoa espe­ tros nos dissemos, paraque nos
rança em graça. imitásseis.
17 Console vossos corações, 10 Porque também quando
e vos conforte em toda boa pala­ comvosco estavamos, vos denun­
vra e obra. ciávamos isto mesmo, que se al-
guerii trabalha» naõ qtiizer, tam­
CAPITULO III. bém naõ coma.
11 Porque ouvimos quê alguns
"VTO de mais, irmaõs, rogai ha entre vos-outros, que andaõ
' por nos, paraque a palavra desordenadamente, naõ traba­
do Senhor haja seu curso, e seja lhando, mas cousas vaãs fazendo.
glorificada, como também entre 12 Peloque aos taes denuncia­
vos-outros. mos, e por nosso Senhor Jesu
2 E que sejamos livres de ho­ Christo exhortamos, que quieta­
mens dissolutos, e maos': porque mente trabalhando, seu proprio
naõ he de todos a fé. paõ comaõ.
3 Mas fiel he o Senhor, que 13 Mas vos, irmaõs, naõ des­
vos confortará, e guardará do maieis em bem fazer.
malino. 14 E se algum a nossa pahtvra
4 E de vos confiamos no Se­ por esta carta escrita naõ obe­
nhor, qtte fazeis, e fareis o que decer, notai ao tal, e com elle
vos mandamos. naõ converseis, paraque tenha
5 Ora o Senhor enderéce vos­ vergonha.
sos corações ao amor de Deos, 15 Todavia naõ o tenhais co­
e â paciência de Christo. mo a inimigo, mas'como airmaõ
6 Tamberfi vos denunciamos, o amoestai.
irmãos, em o nome de nosso Se­ 16 Ora o mesmo Senhor da
nhor Jesu Christo, que vos apar­ paz vos dé sempre em toda ma­
teis de todo irmaõ que andar de- neira paz. O Senhor seja com
sordenadàmente, e naõ segundo a todos vos-outros.
tradiçaõque de nos recebeo. 17 A saudaçaõ de minha pró­
7 Porque vos mesmos sabeis pria maõ, de Paulo, que he hurh’
como convém que nos imiteis: sinal em cada carta: assi escre­
pois desordenamente entre vos vo :
nos naõ houvemos. 18 A graça de nosso Senhor
8 Nem de balde o paõ de al­ Jesu Christo seja com todos vos-
guém comemos, mas com- traba­ outros. Amen.
lho e fadiga, trabalhando de
noite e de dia: * por a nenhum
de vos-outros vos ser pesados.
•‘Ou, Por naõ darmos trabalho a nen­ A segunda carta aos Thessaloni.
hum de vos-outros. ceitses foi escrita de Athenas,
PRIMEIRA EPISTOLA DO APOSTOLO
S. PAULO A TIMOTHEO.

CAPITULO I. posta para o justo, senaõ para


os injustos e obstinados, para os
pAULO Apostolo de Jesu Chri- impios e peccadores, para os mal­
sto, segundo * a comissaõ vados, e profanos, para os mata­
de Deos nosso Salvador, e do dores de pais e de mãis, para os
Senhor Jesu Christo, o qual he homicidas:
nossa esperança 10 Para os fornicadores, sodo­
2 A Timotheo meu verdadeiro mitas, ladrões de homens, men­
filho na fé, graça, misericórdia, tirosos, perjuros, e se cousa ou­
e paz de Deos nosso Pai, e de tra alguma ha que á saã doutrina
Jesu Christo nosso Senhor. contraria seja.
3 Como te exhortei, quando 11 Segundo o Evangelho da
hia para Macedonia, que té fi­ gloria do Deos bemaventurado,
casses em Epheso, assi te ainda que a mim me está confiado.
exhorto paraque denuncies a al­ 12 E dou graças ao que con­
guns que naõ ensinem diversa fortado me tem, a saber a Jesu
doutrina: Christo Senhor nosso, de que me
4 E que naõ se dem a fabulas, teve por fiel, pondo me no mi­
ra genealogias infinitas, que mais nistério :
produzem questões, do que edifi. 13 Havendo sido dantes hum
caçaõ de Deos, que na fé ha. blasfemo, e perseguidor, e opres­
5 Mas o fim do mandamento sor: porem foi-me feita miseri­
he a caridade de hum coraçaõ córdia, por quanto por ignorância
puro, e de huma boa consciência, o fiz em minha infidelidade.
e de huma fé naõ fingida. 14 Mas a graça de nosso Se­
6 Do que apartando-se alguns, nhor foi mui abundante, com a fé
se divertirão a vaidádé de pala­ e amor, que está em Jesu Christo.
vras. 15 F.stahe huma palavra fiel, e
7 Querendo ser doutores da digna de todos ser recebida, que
Lei, e naõ entendendo nem o que J< su Christo veio ao mundo, para
dizem, nem o que affirmaõ. salvar aos peccadores, dos quacs
8 Ora bem sabemos que a Lei eu sou o principal.
he boa, se delia legitimamente 16 Mas por isso me foi feita
se usa. misericórdia, paraque Jesu Chri­
9 Sabendo que a Lei naõ está sto mostrasse em mim, o que sou
• Ou, Ordenuçaie • Ou, Ordenando.
A TIMOTHEO, GAP. TIL Í81
principàl, toda sita clemencia, levantando as- maõs puras sem
para exemplo dos que neile para ira nem contenda.
vida eterna haviaõde crer. 9 Igualmente também que as
17 Ora ao Rey dos séculos, mulheres se ataviem de vestido
incorruptível, invisível, ao Deos honesto, com vergonha e modés­
só sabio, seja honra, e gloria, tia, naõ com cabellos encrespa­
para todo sempre. Amen. dos, nem com ouro, nem com pé­
18 Este mandamento te enco­ rolas, nem com vestidos precio­
mendo, meu filho Timotheo, que sos.
segundo as profecias, que dantes 10 Mas com boas obras, (co­
houve de ti, milites'em ellas boa mo he decente a mulheres que
milicia; de * servir a Deos fazem pro­
19 Retendo a fé, e a boa con­ fissão.)
sciência, a qual engeitando al­ 11 A mulher aprenda em si­
guns, fijeraõ naufrágio da fé. lencio com toda sugeiçaõ.
20 Dentre os quaes e Hyme- 12 Porque naõ permito que a
neo, e Alexandre, que eu a sata­ mulher ensine, nem de authorida-
nás entreguei, paraque aprendaõ de sobre o marido use, mas que
naõ rziaA blasfemar. esteja em silencio.
13 Porque primeiro foi forma­
CAPITULO II. do Adam, e entaõ Eva.
14 E naõ foi Adam enganado:
"DOR TANTO amoesto ante tu- tiras a mulher, sendo enganada,
do, que se façaõ petições, ora ficou em transgressão.
ções, supplicações, e fazimentos 13 Porem salvar-se-ha gerando
de graças por todos os homens. filhos, se permanecer na fé, e
2. Pelos Reys, e por todas os caridade, e santificaçaõ, com
que estaõ postos em éminencia, modéstia.
paraque possamos viver * quieta
e sossegadamente, em toda pie­ CAPITULO IÍI.
dade e honestidade.
3 Posque isto he o bom e agra- USTA he huma palavra fiel: se
davel diante de Deos nosso Sal­ algum deseja ser Bispo, ex-
vador. cellente obra deseja.
4 O qual quer que todos os 2 Mas convém que o Bispo se­
homens se salvem, e venhaõ ao ja irreprehensivel, marido de
conhecimento da verdade. huma mulher, vigilante, tempe­
5 Porque ahi ha hum Deos, e rado modesto, hospedador, apto
hum Medianeiro entre Deos e os para ensinar.
homens, o homem Jesu Christo. 3 Naõ dado ao vinho, naõ es-
6 O qual se deu a si mesmo panqueador, naõ cobiçoso de ga­
em preço de redempçaõ por todos, nho déshonesto: mas benigno,
sendo testemunho em seu tem­ naõ contencioso, naõ avarento.
po: 4 Que governe bem sua pró­
7 Para o que fui posto por pria casa, tendo a seus filhos
Prégador e Apostolo, (verdade di­ sugeitos em toda modéstia.
go em Christo, naõ minto) Doutor 5 (Porque o que paõ sabe go­
das gentes em fé e em verdade. vernar sua própria casa, como
8 Assi que quero que os ho­ terá cuidado da Igreja de Deos ?
mens façaõ oraçaõ em todb lugar, 6 Naõ noviço: porque incham*
• Ou, Pacijicaizicntc. * Ou, Piedade, qu, lirtudt.
282 I. EPISTOLA DE S. PAULO
do-se, naõ caya na condenaçaõ nadores, e a doutrinas de de­
do diabo. mónios.
7 Convém também que tenha 2 Por hypocrisia dos mentiro­
bom testemunho dos estranhos: sos, tendo cauterizado sua pró­
porque naõ caya em affronta, e pria consciência:
cm faço do diabo. 3 Prohibindo o matrimonio,
8 Semelhantemente os Diáco­ e mandando abster-se dos manja­
nos convém que sejaõ honestos, naõ res que Deos criou para os fieis, e
de duas lingoas,naõ dados a muito para os que conhecerão a verdade,
vinho, naõ cobiçosos de ganho para delles usar com fazimento
deshonesto. de graças.
9 Tendo o mistério da fé em 4 Porque toda criatura de
pura consciência. Deos he boa, e naõ ha nada que
10 E também estes sejaõ pri engeitar, tomando-se com fazi­
meiro provados e depois strvaõ, mento de graças.
sendo achados ineprenensiveis. 5 Porque pela palavra de Deos
11 Semelhantemente as mu­ e pela oraçaõ he santificada.
lheres convém que sejaõ honestas, 6 Se estas cousas aos irmaõs
naõ maldizentes, temperadas, fieis propuzeres, serás bom ministro
em todas as cousas. de Jesu Christo, criado nas pala­
12 Os Diáconos sejaõ maridos vras da fé, e da boa doutrina que
de huma mulher, que governem seguiste.
bem seus filhos, e suas próprias 7 Mas rejeita as fábulas profa­
graças. nas das velhas: e exercita-te em
13 Porque os que bem servi­ piedade.
rem, aquirem para si hum bom 8 Porque o exercício corporal
degrao, e huma grande confiança para pouco aproveita, porem a
na fé, que he em Christo Jesus. piedade para tudo he proveitosa,
14 Estas cousas te escrevo, es­ tendo as promessas desta presente
perando que bem presto viréi a e da vindoura vida,
ti. 9 Estahe palavra fiel, e digna
15 Mas se tardar, paraque de toda aceilaçaõ.
saibas como convém conversar 10 Porque por isto também
na casa de Deos, que he a Igreja trabalhamos, e somos injuriados
do Deos vivo, a calumna e firme­ por quanto havemos esperado no
za da verdade. Deos vivente, que he o conserva­
lõ E sem duvida nenhuma, dor de todos os homens, mas
grande he o mistério da piedade: princtpalmente dos fieis.
Deos foi. manifestado carne, foi 11 Estas cousas encomenda e
justificado em Espirito, visto dos ensina.
Anjos, pregado aos gentios, crido 12 Ninguém menospreze tua
no mundo, e recebido arriba em mocidade, mas sé exemplo dos
gloria. fieis em palavra, em conversaçaõ,
em caridade, em espirito, em fé,
CAPITULO IV. em pureza.
/"IRA o Espirito diz manifes- 13 Entretanto que venho,ocu-
A-' tamente, que nos últimos pa-teemlcr, exhortar, e ensinar.
tempos se desviarão alguns da 14 Naõ * desprezes o dem que
fé, • dando-se a espíritos enga- em ti está, o qual te foi dado por
• Ou, Escutando, ou, dando ouvidos
a íspirifw errar. • Ou, Dacudes,
A TIMOTHEO, CAP.V. 283
profecia, com imposição das maõs 11 Mas as viuvas moças, naõ
da Anciana. admitas ; porque havendo vivido
15 Medita esta cousas, nellas nssolutamente contra Christo,
te ocupa : paraque teu aproveita­ entaõ so querem casar.
mento a todos seja manifesto. 12 Tendo ja .utó * condenaçaõ
16 Tem cuidado de ti mesmo, por haverem anmquilado sua pri­
e da doutrina: nestas cousas per- meira fé.
sevéra: Porque fazendo isto, te 13 E juntamente também a-
salvarás a ti mesmo, e mais aos prendem ociosamente andar de
que te ouvirem,. casa em casa; e naõ sómente oci­
osas, mas também paroleiras, e
CAPITULO V. curiosas, parolando o que naõ
convém.
TV"aõ reprendas * rudamente aõ 14 Quero pois que as moças
velho, mas amoesta-o como viuvas se casem, criem filhos, e
a pai; aos mancebos como ir- governem a casa: e que nenhu­
maõs: ma occasiaõ dem ao adversário
2 As velhas, como a mãis: as para maldizer.
moças, como a irmaãs, em toda 15 Porque ja algumas se tor-
pureza. náraõ atrás apos satanás.
3 Honra ás viuvas, que verda 16 Se algum fiel, ou alguma
deiramente saõ viuvas. fie), tem viuvas, mantenha-as, e
4 Mas se alguma viuva tiver naõ seja carregada a Igreja, para­
filhos, ou netos, aprendaõ primei­ que haja o que he necessário para
ra a exercitar piedade em sua as que de veras saõ viuvas.
própria casa, e a recompensar a 17 Os Anciaõs que bem gover-
seus pais: Porque isto he o bom naõ, sejaõ estimados por dignos
e agradavel diante de Deos. de dobrada honra, e f maior­
5 Ora a que verdadeiramente mente os que na palavra e dou­
he viuva, solitaria, espera em trina trabalhaõ.
Deos, e petsevéra. de noite e de 18 Porque a Escritura diz:
dia em rogos e orações. Naõ atarás a boca ao boi qua
6 Mas a que vive em delicias, trilha. E, Digno, he o obreiro
vivendo está morta. de seu jornal.
7 Por tanto denuncia estas cou­ 19 Contra a Anciaõ naõ J re­
sas, paraque sejaõ irreprehensi- cebas accusaçaõ, senaõ com duas
veis. cu tres testemunhas.
8 Porem se algum naõ tem 20 Aos que peccárem redar-
cuidado dos seus, e principalmen gue-os diante de todos, paraque
te dos de sua.familia, a fé negou, também os outros tennaõ te­
e peor he que hum infiel. mor.
9. Seja elegida a viuva naõ me­ 21 Requeiro diante de Deos, •
nos que de sessenta annos, a do Senhor Jesu Christo, e de seus
qual haja sido mulher de hum só Anjos escolhidos, que sem pre­
marido: juízo algum estas cousas guardes,
10 E tenha testemunha de boas que nada faças arrimando-te á
obras, se criou filhos, se hospedou, huma ou á ouira parle.
se lavou os pés aos santos, se 22 Naõ depressa ponhas , as
socorreu aos affligidos, se seguio • Ou, Juzio.
toda boa obra. t Princípalmtnte,
• Ou, A;ptrumcntc. í OUj 4çC«ÍC€9,
284 I. EPISTOLA DE S. PAULO
maõs sobre algum,wem commu- trouxemos, e sem duvida nada
niques em peccados alheios : con­ delle levar poderémos.
serva-te em pureza. 8 Assi que tendo o sustento, e
23 Naõ bebas d’aqui pordiante o com que nos cubramos, esteja­
simente agoa, masusa/uwócmde mos com isso contentes.
hum pouco de vinho, por causa 9 Porque os que enriquecer se
deu teu estomago, e de tuas* con­ quêrem, cahem em tentaçaõ, e em
tinuas enfermidades. laço, e em muitas loucas e dam-
24 Manifestos antes saõ de al­ nçissas cobiças, que aos homens
guns homens os peccados, e pre­ aliegaõ em perdiçaõ e destruição.
cedem para sua condenaçaõ : e 10 Porque a* cobiça das rique­
jios-outros seguem. zas he a raiz de todos os males :
25 Assi mesmo também as a qual apetecendo alguns se des-
boas obras saõ d'antes manifes­ viáraõ da fé, e trespassàraõ a si
tadas: e as que d’outra maneira mfesmos de muitas dores.
saõ, naõ se podem esconder. 11 Mas tu o homem de Deos,
foge destas cousas: c prossigue a
CAPITULO VI. justiça, a piedade, a fé, a caridade,
a paciência, e a mansidaõ.
(AS servos quantos debaixo de 12 Batalha a boa batalha da
jugo estaõ, tenhaõ a seus Se­ fé: lança maõ da vida eterna,
nhores por dignos de toda honra, para a quai também estás cha­
paraque o nome de Deos e a dou­ mado, navendo ja feito boa
trina naõ f sejaõ blasfemados. profissão diante ae muitas tes­
2 E os que tem Senhores fieis, temunhas.
naõ ui tenhaõ em menor, por se­ 13 Mando-te diante de. Deos,
rem irmaõs: antes tanto melhor que a todas as cousas dá vida, e
09 sirvaõ, por quanto saõ fieis e de Jesu Christo, que diante de
amados, e participantes deste be­ Pencio Pilatos a boa profissão
neficio. Isto ensina e exhorta. testificou:
8 O que ensina outra doutrina, 14 Que guardes este mada-
e naõ se achega ás saãs palavras mento sem macula nem repren-
de nosso Senhor Jesu Christo, e saõ áté que nosso 'Senhor Jesu
à piedade. Christo apareça.
4 Inchado he, nada sabe, en­ 15 Ao qual a seu tempo mo­
louquece acerca de questões e strará o bemaventurado e só po-
contendas de palavras : das quaes dereso Senhor, Rey dos reys, e
nascem invejas, J preitos, male­ Senhor dos seuhores.
dicências, roins sospeitas, 16 O qual só tem immortali-
5 Perversos combates de ho­ dade, e habita em hdma luz
mens corruptos de entendimento, inaccessivel: aquemnenhum dos
e privados da verdade, cuidando homens vio, nem tampouco pode
queapiedade he ganancia: Apar­ ver: ao qual seja a honra, e a po­
ta-te dos taes. tência sempiterna. Ameh.
6 Grande ganancia he po­ 17 Aos ricos deste mundo
rem, a piedade com o contenta­ manda que naõ sejaõ altivos,
mento : nem ponnaõ sua confiança na
7 Porque nada a este mundo incerteza das riquezas, senaõ ho
• Ou, Divereas. Deos vivo, que todas as cousas
+ Ou, Seja blasfemado,
Dcmandat, • Oo, jdcarwa.
A TIMOTHEO, CAP. I. 285
nos dá cm abundancia, paraque das vozes profanas de cousas vaãs,
delias gozemos. e dos argumentos de vaõ nome de
18 Que sejaõ bemfeitores, ri- sciencia;
quecendo em boas obras, dando 21 A qual alguns professando,
com facilidade, e afaveis. se desviáraõ da fé: A graça seja
19 Athesourando para si bom comtigo. Amen.
fundamento para no por vir, pa­
raque alcancem a vida eterna. A primeira carta a Timotheo.foi
20 O Timotheo, guarda o de­ escrita de Laodicea, que he a Me-
posito a ti confiado, e desviate-te tropoli da Phrygia Pacaciaua.

SEGUNDA EPISTOLA DO APOSTOLO


S. PAULO A TIMOTHEO.
CAPITULO I. está pela imposiçaã de minhas
maõs
"pAULO Apostolo de Jesu 7 Porque Deos naõ nos tem
Christo pela vontade de dado o Espirito de temor, senaõ
Deos, segundo a promessa da vida o de fortaleza, e de amor, e de
que he em Jesu Christo, temperança.
2 A Timotheo meu amado fi­ 8 Por tanto naõ te envergonhes
lho, graça, misericórdia, e paz do testemunho de nosso Senhor,
seja a vos do Deos o Pai, e de mem de mim que sou seu prisio­
Jesu Christo Senhor nosso. neiro : antes padece afflicções
3 Dou graças a Deos, o qual com o Evangelho segundo a vir­
desde meus * antepassados com tude de Deos.
limpa consciência sirvo, como 9 O qual nos salvou, e nos
sem cessar f tenho lembrança de chamou com huma santa voca-
ti em minhas orações de noite e çaõ : naõ por nossas obras, mas
de dia. segundo seu intento, e péla graça
4 Desejando ver-te, lembran­ que em Jesu ChristQ nos foi dada
do-me de tuas lagrimas, para me antes dos tempos dos séculos.
encher de gozo: 10 Mas agora he manifestada
5 Trazendo á memória a fé pela vinda de nosso Salvador Jesu
naõ fingida que está em ti, a qual Christo, o qual destruhio a mor­
habitou primeiro em tua avó Loy- te, e trouxe em luz a vida, e a
da, e em tuamãi Eunice: e estou incorrupçaõ pelo Evangelho:
certo que também habita em ti. 11 Ao qual estou posto por
6 Peloque te alembro que des­ Pregador, e Apostolo, e Doutor
pertes o dom de Deos, que em ti das gentes.
12 Pelo que também padeço
• Ou, Pais. isto: porem naõ me envergonho.
i Ou, Faço meneai de ti. Porque eu sei a quem cri, e esteu
■986 II. EPISTOLA DE S. PAULO
certo que poderoso he para meu ceber, necessário lhe he primeiro
deposito até aquelle dia guardar. trabalhar.
13 Retem a forma das saãs pa­ 7 Considera'o que digo: dé-te
lavras qúe de mim ouvido tens, pois o Senhor entendimento em
na fé e caridade que em Christo tudo.
Jesus está. 8 Lembra-te que Jesu Christo
14 Guardo o bom desposito a li resuscitou dos mortos, o qual foi
confiado pelo Espirito santo, que da semente de David, conforme
em nos-outros habita. ao meu Evangelho.
lõ Sabes isto que os qúe em 9 Pelo qual até as prisões,
Asia estaõ, de mim todos * se como malfeitor ando oprimido:
apartáraõ: dos quaes he Phygel- mas a palavra de Deos naõ está
lo, e Hermogenes. presa.
16 Dé o Senhor misericórdia á 10 Por tanto tudo sofro por
casa de Onesiphoro, que muitas amor dos escolhidos, paraque
vezes me f recreou, e de minha também elles alcancem a salva-
cadea se naô envergonhou: çaõ. que com gloria eterna em
17 Antes vindo elle à Roma, Jesu Christo está.
com muito cuidado me buscou e 11 Esta he palavra fiel, que se
me achou. com elle morrermos, também com
18 O Senhor lhe dé que na- elle viveremos?
quelle dia ache misericórdia di­ 12 Se sofrermos, também com
ante do Senhor, e quanto em elle reinarémos: se o negarmos,
Epheso me ajudou, tu o sabes também elle nos negará.
muito bem. 13 Se infleis formos, elle se
fica fiel: tiaõ se pode a si mesmo
CAPITULO II. negar.
14 Estas cousas alembra, pro­
TU pois, meu filho, enforça-te testando diante do Senhor, que
-*■ na graça que está em Jesu uaõ tenhaõ contendas em pa­
Christo. lavras, que para nada aproveitaô,
2 Eo que de mim entre muitas antes trastornaõ aos ouvintes.
testemunhas tens ouvido, J en- 15 Procura com diligencia de
carréga-o aos homens fieis, que a Deos aprovado te apresentares,
forem idoneos para também a como obreiro que naõ tem de que
outros ensinárem. se envergonhar, que bem corta a
3 Tu pois sofre as afflicções palavra ae verdade.
como bom soldado de Jesu 16 Mas reprime os profanos e
Christo. ■ vaõs clamores: porque iraõ muito
4 Nenhum que milita se em­ adiante na impiedade.
baraça em negocios § desta vida, 17 E sua palavra roerá como
por agradar áquelle que por a t câncer, d’entre os quaes saõ
guerra o tomou. Hymeneo, ePhileto:
5 E se algum milita, naô he 18 Os quaes da verdade se des-
coroado, se legitimamente mili­ viáraõ, dizendo, que ja a resur-
tado naõ houver. reiçaõ he feita, e trasfornaõ a té
6 Para o lavrador os frutos re- de alguns.
• Ou, -St a/astrcr«5» 19 Todavia o firme fundamento
tOn, Deu refrigério* de Deos fica, tendo este sello : O
t Ou, Confia.
$Oo,Do alimento. • Ou, Gangrena, hcrpa^'
A TIMOTHEO, CAI’. III. 287
Senhor conhece os que saõ seus, e chados, amadores dos deleites
quem quer que invoca o nome de mais que de Deos.
Christo, aparte-se de injustiça. 5 Tendo a aparência de pieda-
20 Ora em huma grande casa, de, mas negando a eflicacia d< 1-
naõ sómente ha vasos de ouro e ia. Aborrece lambem a estes
de prata, mas também de pao e taes.
de barro; huns para honra, e os 6 Porque destes saõ os que se
outros para deshonra. entremeiem nas casas, e trazem
21 Assi que se alguém destas captivas ás mulherezinhas carre­
cousas se purifica, será hum vaso gadas de peccados, levadas de di­
santificado para honra, e utii versas concupiscências.
para os usos do Senhor, e apare­ 7 Mulherezinhas que sempre
lhado para toda boa obra. aprendem, e nunca.podem chegar
22 Mas * foge dos desejos da ao conhecimento da verdade.
mocidade, e prossigue a justiça, 8 E assi como Jannes e Jam-
a fé, a caridade, e a paz com bres resistirão a Moyses, assi
os que de puro coraçaõ invócaõ também estes resistem á verdade;
ao Senhor. homens de todo corruptos de
23 E rejeita as questões lou­ entendimento, reprovados quanto
cas, e sem instruiçaõ, sabendo a fé.
que produzem contendas. 9 Mas naõ iráõ mais por dian­
24 E naõ convém que o servo te : porque a todos será sua lou-
do Senhor seja contencioso: se- quice manifestada, como também
naõ manso para com todos, apto o foi a daquelles.
para ensinar, e que pode soportar 10 Porem tu tens seguido mi­
aos maos. nha doutrina, modo de fazer, in­
25 Ensinando com mansidaõ tenção, fé, longanimidade, ca­
aos que resistem : se porventura ridade, paciência.
Deos> lhes dé que ainda se arre- 11 Minhas perseguições, min­
pendaõ para conhecerem a ver­ ha paixaõ, taes quaes me acon-.
dade .- tecéraõ em Antiochia, e em Ico-
26 E se tornem a despertar do nia, e em Lysta: quaes perse­
laço do diabo, em que á sua von­ guições tenho * padecido, e o
tade captivos estavaõ. Senhor de todas me livrou.
12 E também todos os que pi­
CAPITULO III. amente querem viver em Jesu
Christo, padecerão persegUiçaõ.
TSTO porem saibas, que nos 13 Mas õs homens maos, e
-*■ últimos dias sobreviráõ tempos enganadores iráõ por diante de
molestosos. mal em peor, enganando, e sen­
2 Porque havrá homens ama­ do enganados.
dores de si mesmos, avarentos, 14 Porem tu fica nas cousas
presuntuosos, soberbos, infama- que tens- aprendido, e as quaes
dores, desobedientes a pais, in­ te foraõ confiadas, sabendo de
gratos, profanos, quem aprendido as tens:
3 Sem caridade natural, irre­ 15 E que desde tua meninice
conciliáveis, calumniadores, in­ soubeste as sagradas letras: as
continentes, cruéis, sem amor quaes te podem fazer sabio para
aos bons. salvaçaõ pela fé que em Christo
4 Trahidores, temerários, in- Jesus ha.
• Ou, Evita. • Ou, Sofrida ou, .qfri.
288 II. EPISTOLA DE S. PAULO
16 Toda a Escritura he de Deo^ 10 Porque Demas me desatn-
inspirada, e proveitosa para en­ oarou, amando este presente sé­
sinar, para * redarguir, para re culo, e se foi a Thessalonica, Cre­
prender, e para instruir em jus­ scente a Galacia, Tito a Dalma-
tiça. cia.
17 Paraque o homem de Deos 11 Lucas só está commigo:
seja perfeito, e perfeitamente Toma â Marcos e traze-o com tigo :
f instruído para toda boa obra. Porque me he mui proveitoso pa­
ra o ministério.
CAPITULO IV. 12 Mas a Tychio mandei a
Epheso.
TJEQUEIRO pois diante de 13 Quando vieres, traze cnm-
Deos, e do Senhor Jesu tigo a maleta que deixei em Tro­
Christo, que ha de julgar aos vi­ as em casa de Carpo, e os livros,
vos e aos mortos em seu apareci­ mórmente os pergaminhos.
mento e em seu Reyno: 14 Alexandre o Latoeiro me
2 Prega a palavra, insiste em * occasionou muitos males: pa­
tempo efora de tempo : redargue, gue-lhe o Senhor segundo suas
reprende, exhorta com toda bran­ obras.
dura e doutrina. 15 Do qual tu também te guar­
3 Porque haverá tempo quan­ da, porque em grande maneira
do a saã doutrina naõ sofreráõ: resistio a nossas palavras.
antes tendo nas orelhas comichaõ 16 Na minha primeira dcfensa
se amontoai áõ Doutores segundo ninguém me assistio, antes todos
seus proprios desejos. me desemparáraõ. Ouxala lhes
4 E apartaráõ seus ouvidos da naõ seja imputado.
verdade, e ás fabulas se torna 17 Mas o Senhor me assistio,
jáõ. e me esforçou, paraque por mim
5 Porem tu vela em todas as fosse a pregaçaõ inteiramente
cousas, sofre as afflicções, faze confirmada, e todas as gentes a
a obra de hum Evangelista, faze ouvissem : e fiquei livre da boca
que de vosso ministério sejamos do leaõ.
assegurados. 18 E o Senhor me livrará de
6 Porque eu ja agora me vaõ toda má obra, e me salvará para
offerecendo por aspersaõ de sacri­ seu Reyno celestial: a elle seja a
fício, e ja o tempo da minha gloriaj para todo sempre. Amen.
soltura está perto. 19 Saúda a Prisca, e a Aquila,
7 Bom combate tenho comba­ e á familia de Onesiphoro.
tido, acabada tenho a carreira, 20 Erasto ficou em Corintbo,
guardada tenho a fé. eaTrophymo deixei doente em
8 No de maisaroroade jussipa Mileto.
me eslá guardada, o qual me dará 21 + Procura de vir antes do
o Senhor, aquelle justo Juiz, na- inverno. Eubulo, e Pudens, e
quelle dia: e naõ sómente a mim Lino e Claudia, e todos os irmaõs
porem também a todos os que te saudaõ.
amáraõ seu aparecimento. 22 O Senhor Jesu Christo seja
9 I Procura de mui presto vir com teu Espirito. A graça seja
a mim. comvosco. Amen.
• Ou, Convencer, • Ou, Fez, ou, mostrou.
♦ Ou, Prepurndo, ou, armado, + Ou, Eternamente.
t Ou, Poem diligencia* t Ou, Poem dilencia cmvif^
A TITO. 289
A segunda carta a Timolheo (o I quando Paulo a segundo vez
primeiro Bispo ordenado em a Cesar dSercn foi apresen-
Epheso) foi escrita de Roma, I lado.

EPISTOLA DO APOSTOLO S. PAULO


A TITO.

CAPITULO I. seiro de Deos, naõ cabeçudo


nem colérico, nem dado ao vi­
T>AULO servo de Deos, e Apos- nho nem espanqueador, nem co­
A toJo de Jesu Christo, segundt biçoso do ganho deshone.sto :
a fé dos eleitos de Deos, e o con 8 Mas hospedador, amador dos
hecimento da verdade, que h< bons, temperado, justo, santo,
segundo a piedade. continehte:
2 Em esperança da vida eter­ 9 Retendo firme a fiel palavra
na, a qual Deos, que naõ pode que he conforme á doutrina, para­
mentir, prometeo antes dos tem que seja sufficiente assi para com
pos de séculos, mas a seu tempo a saã doutrina amoestar, como aos
a manifestou. contradicentes convencer.
3 A saber sua palavra, pela 10 Porque ha muitos desorde­
pregaçaõ que me está * encar­ nados, falladores de vaidades, e
regada segundo o mandamento enganadores dos sentidos, mór-
de Deos nosso Salvador: A Tito mente os que saõ da circuncisão :
meu verdadeiro filho, segundo « 11 Aos quaes convém tapar
commum fé. a boca, que trastornaõ as casas
4 Graça, misericórdia, e paz mteiras, ensinando o que naõ
de Deos Pai, e do Senhor Jesu convém, por torpe ganancia.
Christo, nosso Salvador. 12 Disse hum delles, seu pró­
.5 Por esta causa te deixei em prio Profeta: Os Cretenses sempre
Creta, paraque em boa ordem saõ mentirosos, bestas roins, ven­
puzesses as cousas que ainda fal- tres perguiçosos.
taõ, e estabelecesses Anciaõs dr 13 Este testemunho he verda­
cidade em cidade, como ja te or­ deiro. Por tanto redargue-os as­
denei : peramente, paraque sejaõ saõs
6 Se algum fór irreprehensivel. na fé.
marido de huma mulher, que 14 Naõ dando-se a fabulas
tenha filhos fieis, que naõ possaõ Judaicas, e a mandamentos de
ser accusados de dissolução, ou homens, que da verdade se des-
desobedientes. viaõ.
7 Porque convém que o Bisp> 15 Porque todas as cousas saõ
seja irreprehensivel, como dispen- puras aos puros: mas nada he
. ui..’ aos contaminados, e infiéis:
* Ou, Confiada, .ut-s seu entendimento e con-
Cc
290 EPISTOLA DE S. PAULO
sciencia ambos cstaõ contamina­ 12 Ensinando-nos, que renun­
dos. iciando á impiedade, e aos dese­
16 Professaõ-se conhecer á jos mundanos, vivamos neste pre­
Deos mas com as obras o negaõ sente século temperada, justa, e
pois saõ abomináveis, e desobedi­ piamente.
entes, e inúteis para toda boa 13 Esperando aquelia bema-
obra. venturada esperança, e o apare­
cimento da gloria no grande
CAPITULO II. Deos, e Salvador nosso Jesu
rPU porem, falia xi que a saã Christo.
doutrina convém. 14 O qual se deo a si mesmo
2 Aos velhos que sejaó sobri- por nos outros, para de toda inju­
os, graves, prudentes, saós na fé, stiça nos redimir, e para si alim­
na caridade, na paciência. par hum povo propno, zelador de
3 As velhas da mesma ma­ iioas obras.
neira, que andem em habito co­ 15 Isto falia, e exhorta, e re-
mo convém a san'as, naõ calum- rlargue com toda authoridade:
niadoras, naõ dadas a muito vin­ Ninguém te despreze.
ho, mas mestras de honestidade :
4 Que ensinem ás moças a se­ CAPITULO III.
rem prudentes, a amarem a seus
maridos, a amarem a seus filhos: A MOESTA-os que se sugeitem
5 A que sejaõ temperadas, aos Principados e Potestades,
castas, que * tenhaõ cuidado da que lhes obedeçaõ, que estejaõ
casa, boas, sugeitas a seus maii- aparelhados para toda boa o-
dos: paraque a palavra de Deos; bra.
naõ seja blasfemada. 2 Que naõ infamem a ninguém,
6 Exh.rm a-si mesmo aos que uaõ sejaõ pendenciosos, mas
mancebos que sejaõ temperados. modestos, mostrando toda man-
7 Em tudo te dá por exemplo sidaô para com todos os homens.
de boas obras, em doutrina mo­ 3 Porque também nos d’antes
stra inteireza, gravidade, since­ éramos loucos, desobedientes, er­
ridade. rados, servindo a diversas concu­
8 Palavra saãe irreprebensivel; piscências e deleites, vivendo em
paraque o adversano se enver­ malícia e inveja, aborreciveis, e
gonhe, naõ tendo mal nenhum aborrecendo lmus aos outros :
que de vo; outros dizer. 4 Mas quando a bondade e o
9 Aos servos, amor sta que se­ amor de Deos nosso Salvador pa­
jaõ -ugeitos a seus Senhores, que ra com os homens se manifestou -.
abadem em tudo, naõ respon- 5 (Naõ pelas obras de justiça,
dões: que tínhamos feito, mas por sua
10 Naõ defraudando em nada, misericórdia) nos salvou pelo la-
antes mostrando ioda boa leal­ vamento da regeneraçaõ, e da re-
dade : paraque em tudo adornem novaçaõ, do Espirito santo.
a doutrina de Deos nosso Sal­ d Ao qual em nos-outros abun­
vador. dantemente derramou por Jesu
11 Porque a graça f salutifera Christo nosso Salvador.
de Deos se manifestou a todos os 7 Paraque sendo justificados
homens. por sua graça, sejamos feitos her­
* Ou, Guardem a casa, deiros segundo a esperança da
t Ou, Saltitaria, vida eterna.
A PHILEMON. 291
8 Esta he palavra fiel, e isto vir a mim a Nicopolis, porque lá
quero que de siso aflirmes, que os tenho determinado de invernar.
que a Deoscréraõ procurem de se- 13 Acompanha com muito cui­
applicar aboas obras, estas cousas dado a Zenas Doutor da Lei, e a
saõ boas e proveitosas aos ho­ Apollo, procurando que nada lhes
mens. fatre.
9 Mas resiste as questões lou­ 14 Aprendaõ os nossos tam­
cas, e as genealogias, e conten­ bém a se applicarem a boas obras
ções, * debates da Lei; porque para os usos necessários, paraque
saõ inúteis e vaãs. naõ sejaõ infructuosos.
10 Ao homem herege, depois 15 Todos osqtieestaõ comniigo
de huma, e outra amoestaçaõ, re- te sattdaõ. Sauda aos que nos
geita-o. amaõ na fé. A graça seja com
11 Sabendo que o tal estâtras- todos vos-outros. Amen.
tornado, e pécca, sendo condena­
do de seu proprio.juizo. Escrita a Tito, (quefoi elegido o
12 Quando te enviar a Arte- primeiro Bispo da Igreja dos
mas, ou a Tychico, procura de Cretenses) de Nicopolis em Ma-
* Ou, Porjlas. cedonia.

EPISTOLA DO APOSTOLO S. PAULO


A PHILEMON.

DAULO prisionerio de Jesu 5 Ouvindo tua caridade, e a


Christo, e o írmaõ Timotheo, fé que tens para com o Senhor
a Philemon, nosso amado e coad­ Jesus, e para com todos os san­
jutor, tos..
2 E á amada Appia, e a Ar- 6 Paraque a communiçaõ de
chippo * companheiro de nossa lua fé mostre sua effieacia ua
miiicia, e á Igreja que está cm manifestaçaõ de tode o bem, que
tua casa; ern vos-outros ha em Christo
3 Graça e paz hajais de Deos Jesus.
nosso Pai, e do Senhor Jesu 7 Porque temos grande gozo e
Christo. consolaçaó de tua caridade, de
4 Dou graças a meu Deos, fa­ que por li, ó irmaõ, foraõ as en­
zendo sempre de ti mençaõ em tranhas dos santos recreadas.
minhas orações. 8 Peloque ainda que em
Christo grande confiança tenha
• Ou, Nosso companheiro d'armas, ou, para o que te convém te mandar:
nas amas, 9 Todavia te peço antes por
292 EPISTOLA. DE S. PAULO A PHILEMON.
caridade, ainda que tal eu seja, 19 Eu Paulo o escrevi de mi­
a saber, Pauio o velho, e tam­ nha própria maõ, eu o pagaréi:
bém agora o preso’ de Jesu por te naõ dizer, que também
Christo. alem disto tu te me deves a ti
10 Peço-te por meu filho One- mesmo a mim.
simo, que em minhas prisões 20 Assi que, irmaõ, receba eu
gerado tenho. de ti nisso este * prazer no Se­
11 O qual dantes te foi in­ nhor : que f no Senhor minhas
útil, mas agora te he assaz util, entranhas recrees.
a ti e a mim : o qual tornei a 21 Escrevi-te, estando certo de
enviar. tua obediência, sabendo que ain­
12 Porem recebe-o tu, a saber da farás mais do que te digo.
como a minhas entranhas. 22 Mas juntamente me apare­
13 Bem o quizeraeu reter com- lha também pousada: porque es­
mipo, paraque em teu lugar me pero que por vossas orações vos
servisse nas prisões do Evan­ hei de ser J concedido.
gelho. 23 Saudaõ-te Epaphras (§ meu
14 Porem nada quiz fazer sem companheiro naprisaõem Christo
teu parecer, paraque tua benefi­ Jetus,)
cência naõ fosse como por força, 24 Marcos, Aristarcbo, Demas,
mas voluntária. Lucas, meus companheiros na
15 Porque bem pode ser, que obra.
por esta cousa se apartou elle por 25 A graça de nosso Senhor
algum tempo de li, paraque para Jesu Christo seja com vosso es­
sempre o tornasses a cobrar: pirito. Amen.
16 D'aqui por diante naõ ja
como a servo, porem mais que
a servo, a saber como a amado
irmaõ, prtncipalmente a mim, e Escrita de Roma a Philemon, e
quanto mais a ti, e na carne, e enviada pelo servo Onesimo,
no Senhor}
17 Assi que se por companhei­
ro me tens, como a mim mesmo
recebe o. • Ou, Fruto.
+ Ou, Recrea minhas entranhas na
18 Que se algum damno te fez, Senhor.
ou cousa algua te deve, á minha t Ou, Donaâo.
conta poem-o. $ Ou, Preso commiQO.
EPISTOLA DO APOSTOLO S. PAULO
AOS HEBROS.

CAPITULO I. 8 Mas ao Filho diz: O Deos,


Iteu throno he por séculos de se-
TTAVENDO Deos antigamente culos: O sceptro de teu Reyno he
-1-1 muitas vezes, e em muitas , hum sceptro * direito,
maneiras, pelos Profeias fallado 9 ~ ...
Tu amaste a justiça, e abor­
aos pais, nos failou a nos nestes receste a injustiça: Por isso, o
últimos dias pelo Filho ; Deos, teu Deos te ungio comoleo
2 Ao qual constituio por her­ de alegria niaisdo que a teus com­
deiro de todas as cousas, pelo panheiros.
qual também fez o mundo. 10 E tu, Senhor, fundaste no
3 O qual sendo o resplandor principio a terra, e os ceos sao
de sua gloria, e a. * expressa obras de tuas maõs :
imagem de sua f pessoa, e sus­ 11 Elles perecerão, porem tu
tentando todas as cousas pela es pernianeeente: e todos elles
palavra de sua potência, havendo l como f roupa se envelhecerão.
feito por si mesmo a purgaçaõ I 12 E como a hum vestido os
de nossos peccados, se assentou á envolverás, e saraõ mudados:
dextra da Magestade nos aliissi- porem tu es o mesmo, a teus an-
mos ceos. nós naõ cessarão
4 Feito tanto mais excellente 13 E a qual dos Anjos disse
que os Anjos, quanto mais ex- jamais: Assenta-te á minha dex­
cellente nome herdou do que elles. tra, até que ponha a teus ini­
5 Porque a qual dos Anjos migos por escabeiho de-teus
disse jamais : Tu es meu Filho, pes ?
hoje te gerei ? E outra vez: Eu 14 Porventura naõ saõ todos
lhe seréi por Pai, e ede me será 1espíritos administradores, envia­
por Filho. dos a servir, por amor daquelles
£ E outra vez, introduzindo no que haõ de herdar a salvajao.
mundo ao primogénito, diz: E
adorem-o todos os Anjos de Deos. CAPITULO II.
7 Em quanto aos Anjos, diz
Fazendo a seus Anjos espiruos, DOR tanto nos convém atentar
e a seus Ministros lavareda de ■* com uiais diligencia para as
fógo. cousas que ja temos ouvido, pa
• Ou, A Marca impressa, • Ou, De dircitexa-
t Ou, Subsistência, + Ou, Festírf»,
394 EPISTOLA DE S. PAULO
raque a escorrer-nos naõ ven­ ca, como os que saõ santifica­
hamos. dos, todos saõ de hum : Peloque
2 Porque se a palavra pelos naõ se envergonha de os chamar
Anjos pronunciada, foi firme, e irmaõs.
toda transgressaõ e desobediencia 12 Dizendo: A meus irmaõs
recebeo justa retribuição: annunciarei teu nomefno meio do
3 Como escaparemos nos-outros ajuntamento te louvarei.
se naõ tivermos cuidado de huma. 13 E outra vez: Melle me con­
taõ «raude salvaçaõ? a qual co­ fiarei. E ainda: Eis-me aqui, a
meçando a pelo Senhor ser pu­ mim e aos filhos que Deos me
blicada, nos foi confirmada pelos deo.
que a elle o tmhaõ ouvido. 14 Assi que por quanto os
4 Dando-lhes Deos ainda de­ filhos participaõ â carne e ao san­
mais jurramente testemunho por gue, também elle participou âs
sinaes, e milagres, e diversas vir­ mesmas cousas, paraque pela
tudes, e desuibuições do Espirito morte ditruisse ao que tinha o
santo, segundo sua vontade. império da morte, convém a sa­
5 Porque naõ sugeitou aos ber, ao diabo.
Anjos o mundo que está por vir, 15 E livrasse a todos os que
de que agora falíamos. com medo da morte toda sua vida
6 E em certa parte testificou estavaõ sugeitos à servidaõ.
alguém, dizendo : Que he o ho­ 16 Porque na verdade naõ to­
mem, que tu delle te alembresr ma aos Anjos, mas toma á se­
ou o Filho do homem, paraque mente de Abraham.
tu o visites ? 17 Prloque foi necessário que
7 Fizeste-o hum pouco menor em todas as cousas fosse seme­
que os Anjos, coroasteo de glo­ lhante aos irmaõs, paraque fosse
ria e de honra, e sobre as obras hum summo Poutifece misericor­
de tuas maõs o estabeleces'e. dioso e fiel nas cousas que para
8 To las as cousas debaixo dos com Deos faxer se deviaô, para
pés lhe sugeitaste. Ora por em fazer propiciaçaõ pelos peccados
quanto todas as cousas lhe sugei- do povo.
tou, nada deixou que sugeito lhe 18 Porque naquillo que pade-
naõ seja: porem ainda naõ ve ceo sendo atentado, pode soccor-
mos que todas as cousas lhe este- rer aos que atentados forem.
jaõ sugeitas:
9 Vemos porem coroado de CAPITULO III.
gloria e de honra âquelle Jesus,
que hum pouco menor que os DELOQUE, santos irmaõs, que
Anjos foi feito por causa da sois participantes da vocaçaõ
paixaõ da morte: paraque pela celestial, considerai ao Apostolo
graça de Deos por todos a morte e summo Pontifece de nossa pro­
gostasse. fissão, Cbristo Jesus:
10 Porque lhe convinha, por 2 Que he fiel ao que o puz,
cuja causa saõ todas as cousas, e como também IVloyses foi em to­
pelo qual todas as cousas saõ, que da sua casa.
trazendo á gloria muitos filhos 3 Porque estimado he este
•* consagrasse por afflicções ao por digno de tanto maior gloria
Príncipe de sua salvaçaõ delles. que Moyses, quanto mais digno
11 Porque assi o que santifi- he, que a casa, aquelle que a
• Ouf Coiisumasscí edificou.
AOS HEBREOS, CAP. IV. 295
4 Porque toda casa he por al­ 17 Mas com quaes se indignou
guém edificada: Ora Deos he o por quarenta annos? porventura
que todas estas cousas fabricou. naõ fot com os que peccáraõ, cujos
5 E quanto a Moyses, em ver­ corpos no deserto cahiraô ?
dade que fiel foi, como servo, em 18 E aos quaes jurou que ent
toda sua casa, para testificar as seu responso naõ entrariaõ, senaõ
cousas que se depois haviaõ de aos que rebeldes foraõí
dizer. 19 E vemos que naõ pudéraõ
6 Mas Christo, como Filho, entrar por causa da sua incredu­
sobre sua própria casa, cuja casa lidade.
nos somos, se sómente até o fim
retivermos firme a confiança, e a CAPITULO IV.
gloria da esperança.
7 Portanto, como diz o Espiri­ 'TVEMAMOS pois, que naõ, sen-
to santo: Se hoje ouvirdes sua do em algum tempo deixada
voz: a promessa de em seu repouso en­
8 Naõ endureçais vossos cora trar, alguém de vos-outros pareça
ções, como acon/eceo na irritaçaõ, ficar ai rás.
no dia da tentaçaõ, no deserto: 2 Porque também assi a nos,
9 Aonde vossos pais me aten- como a elles, nos foi Evangeliza­
táraõ, e me prováraõ, e minhas do : mas a palavra da pregaçaõ
obras por quarenta annos viraõ. nada lhes aproveitou, por quanto
10 Por onde me indignei con­ naõ estava mesturada com a fé
tra esta geraçaõ, edisse: Sempre naquelles que a ouviraõ.
em seus corações erraõ, e naõ 3 Porque nos, os que ja temos
tem conhecido meus caminhos. crido, entramos no repouso, co­
11 Assi que em minha ira ju­ mo disse: Por tanto jurei em mi­
rei, que em meu repouso naõ en- nha ira, Se entraráõ em meu re­
trariaõ. pouso: posto que ja suas obras
12 Olhai, irmaõs, que nunca estivessem acabadas desd’a fun-
em nsnhum de vos-outros haja daçaõ do mundo:
hum mao coraçaõ de incredulida­ 4 Porque assi disse em hum
de, para do Deos vivente se apar­ certo lugar, tocanto ao sétimo
tar. dia; E repousou Deos de todas
13 Mas antes vos exhortai ca­ suas obras ao sétimo dia.
da dia huns aos outros, entretan­ 5 Eaindaoutra vez neste lugar :
to que se diz hoje: paraque nen­ Se entrararáõ em meu repouso.
hum de vos se endureça por an- 6 Assi que pois resta que al­
gano de peccado. guns no mesmo repouso entraõ, e
14* Porque participantes de que aquelies, as quaes primeiro
Christo estamos feitos, se porem foi Evangelizado, naõ entráraõ
até o fim firmemente retivermos o por causa da desobediencia:
principio deste firme fundamento. 7 Determina outra vez hum
15 Entretanto que se diz: Se certo dia, « saber: Hoje, dizen­
hoje ouvirdes sua voz, naõ endu­ do por David, ainda tanto tempo
reçais vossos corações, como na depois: (segundo o.que fica dito,)
irritaçaõ aconteceo. Se hoje ouvirdes sua voz, naõ en­
16 Porque havendo a alguns dureçais vossos corações.
ouvido, o irritâraõ, mas naõ lodos 8 Porque se Jesus ao repouso
os que por Moyses de Egypto introduzido os houvera, nunca
sahiraõ. depois disso d’outro dia fallára.
•296 EPISTOLA DE S. PAULO.
9 Assi que ainda resta hum bem elle mesmo está rodeado de
repouso para o povo de Deos. fraqueza.
10 Porque o que em seu re­ 3 E por via desta/raynczar deve,
pouso entrou, elle mesmo tam­ assi pelo povo, como também por
bém de suas obras repousou, como si mesmo, offerecer pelos pec-
Deos das suas. cados.
11 Procuremos pois de entrar 4 Nem ninguém se atribue
naquelle repouso, paraque nin­ esta honra, senaõ o que de Deos
guém caya em semelhante exem­ he chamado, como Aamn.
plo de incredulidade. 5 Assi também Chnsto naõ se
12 Porque a palavra de Deos glorificou a si mesmo, para ser
lie vivae efficaz, e mais penetran­ summo Pontifece, mas aquelie
te do que nenhuma espada <le dous que lhe disse: Tu es meu Filho,
cortes, e vem a ter até a divisaõ hoje te gerei.
da amia, e do espirito, e das con- 6 Como também em outro lugar
jimturas, e dos tutanos, e he juiz diz; Tu es Sacerdote eternamente
dos pensamentos e intenções do segundo a ordem de Melchisedec.
coraçaõ: 7 O qual nos dias de sua carne
13 E naõ ha criatura alguma offerecendó com grande clamor e
invisível diante deiíe; antes todas lagrimas orações e supplicações
as cousas estaõ nuas e patente­ ao que da morte o podia livrar, e
mente abertas aos olhos da- sendo ouvido do medo,
quelle com quem o negocio have­ 8 Ainda que era Filho, todavia
mos. aprendeo obediência pelas cousas
14 Assi qne pois ja temos hum que padeceo.
summo Pontifece, a saber, a Je­ 9 E sendo * santificado, foi
sus, o Filho de Deos, que pelos autor da eterna salvaçaõ a todos
ceos penetrou, retenhamos firme­ os que lhe obedecem.
mente es'á profissão. 10 E nomeado de Deos por
15 Porque naõ temos hum summo Pontifece segundo a or­
I summo Pontifece, que de nossas dem de Melchisedec.
fraquezas naõ possa ter compai- 11 Do qual temos mui o que
xaõ: antes hum tal que, cotno dizer, e dilficit de declarar: por
nos, em todo atentado foi, ex- quanto sois f negligentes para
cepto o peccado. ouvir.
16 Cheguemo-nos pois com 12 Porque naquillo em que ja
confiança ao Throno da graça, havíeis de sermestres, visto o tem­
paraque alcancemos misericórdia, po, ainda tendes necessidade de
e achegamos graça para sermos que se vos torne a ensinar quaes
ajudados em tempo oportuno. saõ os rudimentos dos principio
das palavras de Deos: e vos ten­
CAPITULO V. des feito taes, que ainda tendes
"DORQUE todo summo Ponti- necessidade de leite, e naõ de
fece tomando-se d’entre os mantimento firme.
homens, he posto em lugar dos 13 Porque qualquer que ainda
homens nas cousas que para com usa do leite, naõ he experimen­
Deos se haõ de fazer, paraque ofi tado na palavra da justiça, por­
fereça dons e sacrificios pelos que he menino:
peccatlos. 14 Mas o mantimento firme he
2 Que se possacompadecer dos • Ou, Contvmmafa
ignorantes e errados: pois lam­ t Ou, Preguiçosos»
AOS HEBREOS, CAP. VII. 297
para os perfeitos, os quaes, por ja qual de vos-outros mostre o mes­
estarem costumados, tem os senti­ mo cuidado, para inteira certeza
dos exercitados para discernir assi da esperança, até o fim:
o bem como o mal. 12 Paraque naõ sejais * negli­
CAPITULO VI. gentes, mas imiteis aos que por fé
"DELOQUE deixando o pririci- e paciência lierdaõ a promessas.
pio da doutrina de Christo, 13 Porque quando Deos fez a
vamos a diante â perfeição, naõ promessa a Abraham, porquanto
pondo outra vez o fundamento da naõ podia jurar por outro maior,
conversão das obras mortas, e da jurou por si mesmo,
fé em Deos. 14 Dizendo: Certamente ben­
2 Da doutrina dos baptismos, zendo te benzerei, e multiplican­
e da imposição das maõs, e da do te multiplicarei.
resurreiçaõ dos mortos, e dojuizo 15 E assi esperando com paci­
eterno: ência, alcançou a promessa.
3 E isto também faremos, se 16 Porque em verdade os ho­
he que Deos o permitir. mens juraõ por algum maior çue
4 Porque impossível heque, os elles, e o juramento para confir­
queja huma vez illuminados foraõ mação, lhes he o fim de toda con­
e o dom celestial gostâraõ, e do tradição.
Espirito santo participantes fo­ 17 No que querendo Deos mo­
raõ feitos. strar mais abundantemente a im-
, 5 E a boa palavra de Deos, e mudavel firmeza de seu conselho
as potências do século que ha de aos herdeiros da promessa, se
vir, gostâraõ: entrepuz com juramento:
6 E vierem a recahir, sejaõ ou­ 18 Paraque por duas cousas
tra vez renovados para conversão, immudaveis, em que he impossí­
pois assi, quanto a elles, outra vel que Deos minta, tenhamos
vez ao Filho de Deos crucificaô, e firme consolaçaõ, a saber, nos que
o expõem a vitupério. temos nosso refugio para reter a
7 Porque a terra que embebe proposta esperança.
à agoa que muitas vezes sobre ella 19 A qual temos como por hu­
vem, e herva accomodada pro­ ma segura e firme ancora da alma,
duz para os porquem he lavrada, e que até dentro do veo penetra.
recebe a bençaõ de Deos. 20 Aonde o Precursor, por
8 Mas a que espinhos e abro­ nos-outros, entrou, a saber, Jesus,
lhos produz, he rejeitada, e está sendo eternamente feito summo
perto da maldiçaõ, cujo fim he ser Pontífice, segundo a ordem de
queimada. Melchisedec.
9 Porem de vos, ó amados, nos CAPITULO VII.
certificamos a nos melhores cou­
sas, e mais chegados à salvaçaõ, TJORQUE este Melchisedec era
ainda que assi falíamos. Rey de Salem, Sacerdote do
10 Porque Deos naõ he injusto Deos Altíssimo, o qual veio ao
para por em esquecimento vossa encontro a Abraham, tornando
obra, e o trabalho da caridade elle do, combate dos Reys, e o
que para com seu nome mostrado benzeo.
tendes, em quanto soccorrestes 2 Ao qual também Abraham
aos santos, e ainda os soccor- repartio o dezimo de tudo, e pri­
reis. meiramente se interpreta Rey de
11 Mas desejamos que cada • Ou, Preguiçosos-
298 EPISTOLA DE S. PAULO
justiça, e depois também Rey de speito estas cousas‘se dizem, per­
Salem, que quer dizer, Rey de paz. tence a outra Tribu, da qual nin­
3 Sem pai, sem mãi, sem li­ guém ao altar assistio.
nhagem, que nem tem principio 14 Visto ser notorio que nosso
de dias, nem fim de vida: mas Senhor sahio de Juda, * sobre a
sendo feito semelhante ao Filho qual Tribu naõ disse Moyses nada
de Deos, fica Sacerdote para sem­ do sacerdócio.
pre. 15 E ainda isto está mais noto­
4 Ora considerai quaõ grande rio, se outro sacerdote se levantar
foi este, ao qual ate Abrahara o á semelhança de Melchisedec.
Patriarcha deo o dezimo do de­ 16 O qual o naõ foi feito se­
spojo. gundo a lei do mandamento car­
5 E quanto aos que dentre os nal, mas por virtude da vida in­
filhos de Levi recebem o cargo do corruptível.
sacerdócio, bem tem elles ordem 17 Porque testifica elle: Tu es
de * dezimar ao povo segundo a Sacerdote eternamente segundo a
Lei, convém a saber, f a seus ordem de Melchisedec.
irmaõs, aindaque dos lombos de 18 Porque o mandamento pre­
Abrabam sahido tenhaõ. cedente se abroga por causa de
6 Mas aquelle que na mesma sua fraqueza e inutilidade.
linhagem com elles naó he conta­ 19 Porque a Lei nenhuma cou­
do. tomou dezimo de Abr#ham, sa aperfeiçou: senaõ a introduc-
e benzeu ao que tinha as pro çuõ do huma melhor esperança,
messas. peia qual uos achegamos a Deos.
7 Ora, sem contradicçaõ alguma, 20 E também em quanto naõ
o que he menor, he bendito peio foi feito sem juramento: (porque
que he maior aquelles outros em verdade sem
8 E em verdade aqui tomaõ os juramento foraõ feitos Sacerdo­
homens mortaes os dezimos: ma> tes.
Já os toma aquelle do qual se tes­ 21 Mas este com juramento,
tifica que vive. por aquelle que lhe disse : Jurou
9 E, por modo de fallar, tam­ o Senhor, e naõ se arrependerá,
bém Levi, que toma os dezimos, Tu es Sacerdote eternamente se­
foi dezimo em Abrabam. gundo a ordem de Melchisedec.)
10 Porque ainda tile es*ava 22 De tanto mais melhor con­
nos lombos do pai, quando Mei- certo foi Jesus feito fiador.
chisedec lhe sahio ao encontro. 23 E elles em verdade foraõ
11 Assi que se a perfeição esti­ nunos Sacerdotes, por quanto
vera pelo sacerdócio Levitico ; p la morte foraõ impedidos de
(porque debaixo delle recebeo o permanecer.
povo a Lei) que mais necessida­ 24 Mas este, por quanto eter­
de havia de que se levantasse ou­ namente permanece, tem hum
tro Sacerdote segundo a ordem de sacerdóciof perpetuo.
Melchisedec, e que naõ Ibsse dito 25 E por tanto também perfei­
segundo a ordem de Aaron ? tamente pode salvar aos que por
12 Porque sendo o sacerdócio elle a Deos se achegaõ, vivendo
mudado, necessário he que tam­ sempre para por elles interceder.
bém haja mundança de Lei. 26 Porque tal summo Ponti-
13 Porque aquelle por cujo re- fece nos convinha, santo, inno-
• Ou, Tomar os dezimos do povo. • Ou, Por respeito da qual.
i Ou, l)e seus irmaõs. t Ou, Ouc naõ se pode transpassar.
AOS HEBREOS, CAP. IX. #99
cente, sém macula, apartado dos ca se houvera buscado lugar para
peccadores, e feito mais sublime segundo.
que os ceos: 8 Porque reprehçndeudo-os diz:
27 Que, como os summos Pon- Eis-que dias viraõ, diz o Senhor,
tifeces, naõ tinha necessidade de em que estabelecerei sobre a ca- a
offerecer cada dia sacrifícios pri­ de Israel, e sobre a casa de Juda,
meiramente por seus peccados, e hum novo concerto.
depois pelos peccados do povo: 9 Naõ segundo o concerto que
porque isto fez elle huma vez offe- com seus pais fiz no dia que pela
recendo-se a si mesmo. maõ os tomei, para os tirar fora
28 Porque a Lei ordena por da terra de Egypto: porque em
summos Pontifices homens fracos: meu concerto naõ permanecéraõ,
mas a palavra do juramento, que e eu a elles os menosprezei, diz o
he depois da Lei, ordena ao Fil­ Senhor.
ho, que para sempre he consa 10 Porque este he o concerto,
grado, que depois daquelles dias com a
CAPITULO VIII. casa dTsraél farei, diz o Senhor;
Minhas Leis em seu entendimen­
/~)RA a sunitna de nosso propo- to poiéi, e em seu coraçaõ as
sito he, çue temos hum tal escreverei, e eu por Deos lhes se­
summo Pontifece, que está assen­ rei, e ellos amim por povo.
tado á dextra do throno da Ma- 11 E ninguém ensinará a seu
gestade nos ceos. proximo, nem ninguém a seu ir-
2 Ministro do Santuario e ver­ maõ, dizendo: Conhece ao Sen­
dadeiro Tabernáculo, o qual o hor: porque todos me conheceráõ
Senhor * fundou, e naõ o homem desd’ o menor entr’ elles até o
3 Porque todo summo Ponti- maior.
fece he ordenado para offerecer 12 Porque serei misericordioso
presentes e sacrifícios: peloque a suas injustiças, e nunca mais
necessário era que também esse me lembrarei de seus peccados,
tenha alguma cousa que offerecer. nem de suas iniquidades.
4 Assi que se na terra estivesse, 13 Dizendo : Novo concerto, deo
nem ainda seria Sacerdote, haven­ por velho ao primeiro: ora o que
do ainda sacerdotes que segundo por velho he dado, e se envelhece,
a Lei offereçaõ presentes: perto está de* se esvaecer.
5 Os quaes servem ao exem­
plo e á sombra das cousas cele- CAPITULO IX.
stiaes, segundo a Moyses de Deos ASSI que também o primeiro
foi respondido, quando ja estava concerto tinha f ordenanças
para acabar o tabernáculo: olha de serviço,e o santuario mundano.
diz que tudo faças conforme ao 2 Porque o Tabernáculo foi
molde que no monte te foi mo­ preparado: a saber o primeiro,
strado. em que estava o candieiro, e a
6 Mas agora alcançou tanto mesa, e os pães da proposição,
maisexcellente ministério, quanto que chamaõ o Santuario: ’
he Medianeiro de hum mais me 3 Mas apos o segundo veo esta­
lhor concerto, que em melhores va o Tabernáculo que chamaõ o
promessas está estabelecido: Lugar santíssimo.
7 Porque se aquelle primeiro
concerto fórairreprehensivel, nun- ou,• desfeito.
Ou. De ser annidado, ou, abrogado,
+ Ou, Justificações»
• Ou, armou, ou, ficou,. ceremonias.
300 EPISTOLA DE S. PAULO
4 Que tinha hum encensario zerra esparzida aos immundos, os
de ouro, e a Arca do concerto cu- santifica para limpeza da carne:
berta de todos as bandas ao re­ 14 Quanto mais o sangue de
dor de ouro: em que estava búma Christo, que pelo Espirito eterno
talha de ouro, aonde estava o ntiiti se ufléreceo a si mesmo sem ma­
na, e a vara de Aaron que rever- cula a Deos, alimpará vossas con­
deceo, e as taboas do concerto. sciências das obras mortas, para
5 E sobre esta Jrcu estavaõ ao Deos vivo servirdes ?
os Uberubtns de gloria, que * fa- 15 Assi que por isso he Media­
ziaõ sombra ao propiciatório, das neiro do Novo Testamento, para
quaes cousas naõ he agora neces­ que entrevindo a morte, para re­
sário fallar em particular. dempçaõ das transgressões que
6 Ora estando estas cousas assi havia debaixo do primeiro Testa­
ordenadas, bem entravaô sempre mento, recebaõos quesaõ chama­
os Sacerdotes no primeiro Taber dos a promessa da herança eter­
naculo para comprir o serviço de na.
Deos. 16 Porque aonde ha testamen­
7 Mas no segundo Tabernáculo to, necessário heque en/re-venha
tntraia só o suromo Pontifece a morte do testador.
huma vez no anno, naõ sem san 17 Porque * nos mortos se
gue, o qual offerecia por st mesmo, confirma o testamento: porque
e pelas -f faltas do povo: naõ he valido, quando ó testador
8 Dando o Espirito santo a vive.
entender nisto, que ainda o ca­ 18 Peloqtte também o primei­
ntinho do Santuario naõ era ma­ ro naõ foi consagrado sem san­
nifestado, em quanto o primeiro gue.
Tabernáculo aindá estava em pé. 10 Porque havendo Moyses re­
0 O qual era figura do tempo citado a todo o povo todos os man­
d’entaõ, etn que se offereciaõ pre­ damentos segundo a Lei, toman­
sentes, e sacrifícios, que quanto do o sangue dos bezerros, e dos
à consciência naõ podtaõ santifi­ bodes, com agoa e laã tingida em
car ao que fazia o serviço. graã, e hysopo, borrifou ao livro,
10 Consistendo sómente em e a todo o povo.
manjares e bebéres, o diversos la 20 Dizendo: Estehe o sangue
vamentos, e justificações carnaes do Testamento, o qual Deos vos
impostas até o tempo da correi­ tem mandado.
ção. 21 E semelhantemente também
11 Mas vindo Christo, o snm- borrifou com o sangue ao Taber­
mo Pontífice dos bens que haviaõ náculo, e a todos os vasos do
de vir, por hum maior e mais serviço.
perfeito Tabernáculo, naõ feito 22 E quasi todas as cousas se­
de maõs, convém a saber, naõ gundo a Lei saõ purificadas com
deste edifício. sangue, e sem derramamento de
12 E naõ por sangue de bedes, sangue naõ se faz remissaõ.
e de bezerros, mas por seu pró­ 23 Assi que necessário foi que
prio «angue entrou huma vez no as figuras das cousas celestiaes
Santuario, havendo effettuado fossem purificadas com estas cou­
huma eterna redempçaõ. sas: porem as celestias com me­
13 Porque se o sangue dos tou­ lhores sacrifícios do que aquelles,
ros e dos bodes, e a cinza da be- 24 Porque Christo naõ entrou
Ou, Cobriaõ-o, t Ou, Offcnsas, * Ou, Com a morte.
AOS HEBREOS, CAP. X. «01
no Santuário feito de maõ, que 7 Entaõ eu fallava: Eis-que
era figura do verdadeiro, porem venho; no principio do livro
no mesmo ceo, para agora por nos está escrito de mim ;) paraque
comparcer peráute a tace de Deos. faça, ó Deos, tua vontade
25 Nem também paraque mui 8 Dizendo d'anies, Sacrifício,
tas vezes a si mesmo se offereça, nem offerta, nem holocaustos,
como a summo Pontifece, que nem oblações pelo peccado naõ qui­
com sangue alheio cada anno en­ zeste, nem nisto prazer tomaste;
tra no San.uario. (o que segundo a Lei se offerece.)
2fi (D'outra maneira lhe fóra i 9 Entaõ fallava; Eis-que ve­
necessário padecer muitas vezes nho para fazer, ó Deos. tua von­
desd'a futidaçaõ do mundo,) mas tade. Assi que tira o primeiro,
agora na consuminaçaõ dos sécu­ para estabelecer o segundo.
los compareceo huma vez, para 10 Na qual vontade somos
desfazimento do peccado, pelo sa- santificados pela * oblaçaõ do cor­
crificío de si mesmo. po de Jesu Christohuma sezfeita.
27 E assi como aos homens 11 Assi que todo Sacerdote as­
está ordenado morrerem huma sistia cada dia administrando e
vez e depois djsso ojuizo. offerecendo muitas vezes os mes­
28 Assi também Christo, haven­ mos sacrifícios, que nunca os pec­
do sido huma vez offerecido para cados tirar podem ••
tirar os peccados de muitos, apa­ 12 Mas este havendo offereci­
recerá a segunda vez sem peccado do hum sacrifício pelos peccados,
aos que para salvaçaõ o esperaõ. está assentado para sempre á
dextra de Deos.
CAPITULO X. 13 Esperando o que resta, a sa­
■pORQUE tendo a Lei a som- ber, até que seus inimigos sejaõ
•* bra dos bens futuros, e naõ postos por escabello de seus pés.
a mesma imagem das cousas, nun­ 14 Porque por huma oblaçaõ
ca pelos mesmos sacrifícios, que consagrou para sempre aos que
cada anno continuamente se ofte- saõ santificados.
recem, pode * santificar aos que 15 E também o Espirito santo
a elles se achegaõ. no-lo testifica.
2 D’outra maneira cessariaõ de lõ Porque havendo d’antesdito:
seofferecer, porquanto purificados Este he o concerto que eu com
huma vez os sacrificantes, naõ elles depois daquelles dias farei,
teriaõ mais nenhuma consciência diz o Senhor, minhas Leis em
de peccado. seus corações poréi, e em seus
3 Porem agora seJax cada an­ entendimentos as escreveréi:
no huma repetida commemoraçaõ 17 Nem de seus peccados, nem
dos peccados. de suas iniquidades, mais me
4 Porque impossível he que o alembraréi.
sangue dos touros, e dos bodes, 18 Pois aonde disto ha remis­
tire os peccados. são, naõ ha mais f oblaçaõ pelo
5 Peloque, entrando no mun­ peccado.
do, di?: Sacrifício e offerta naõ 19 Assi que, irmaõs, pois ja
quizeste, mas o corpo me prepa­ temos t ousadia para pelo sangue
raste : de Jesus no Santuario entrar,
6 Nem tampouco em holocau­
stos e oblações pelo peccado pra • Ou, Offerta» } Oiij Qfftrto-
zer tomaste. } Ou, Liberdade»
• Ou, Fazerperfeitw, consummar. Dd
30 i EPISTOLA DE S. PAULO
20 Pelo novo e vivo caminho 32 Lembrai-vos dos dias passa­
que elie nos consagrou pelo veo, dos, em qtte depois de haver sido
convém a saber, por sua carne: tlluminados, grande combate de
2 1 E pois que temos hum gran afflicções suportastes.
de Sacerdote sobre a casa de Deos: 33 Quando de huma banda,,
22 Acheguemo-nos com hum com vitupérios e tribulações, fos­
verdadeiro coraçaõ e com hutna tes feitos hum espectaculo: e da
inteira certeza de fé, tendo ja da outra fostes feitos companheiros
má consciência purificados nossos dos que de tal maneira foraõ tra­
corações, e o corpo com agoa tados.
limpa lavado: 34 Porque também vos com­
23 Retenhamos a desvariavel padecestes da afflicçaõ de minhas
profissão da esperança: (porque prisões, e com gozo recebestes
fiel he o que o prometeo.) o roubo de vossos bens, bem sa­
21 E * consideremo-nos huns bendo que em vos mesmos ainda
aos outros, para nos provocar­ tendes hutna melhor e permane-
mos á caridade, e as boas obras. cente fazenda nos ceos.
25 Naõ deixando nossa mutua 35 Por tanto naõ rejeiteis vossa
congregaçaõ: como alguns jade * confiança, que grande remune­
costume tem: antes amoestando ração de galardaõ tem.
nos Imns aos outros: e isto tanto 36 Porque de paciência tendes
mais, quanto vedes que aquelle necessidade, paraque havendo fei­
dia se vai chegando. to a vontade de Deos, alcançar
26 Porque se depois de ja ter possais a promessa.
recebido o conhecimento da ver 37 Porque ainda hum pouco­
dade, voluntariamente peccar- chinho, e o que há de vir, virá,
tnos, ja pelos peccados naõ resta e naõ tradará.
ruais sacrifício: 38 Mas o justo vivirá da fé:
27 Senaõ hutna horrenda espe­ porem o que se retirar, naõ toma
rança de juizo, e hum ardor de minha alma nelle prazer.
togo, que aos adversários ha de 39 Mas naõ somos daquelles
tragar. que para perdiçaõ se retiraõ, se­
28 Se aquelle que a Lei de naõ daquelles que crém pasa a
Moisés menosprezava, sem nen­ conservaçaõ da alma.
huma misericurdia, por. só o tes­
temunho de duas ou tres testemu­ CAPITULO XI.
nhas, morria;
29 De quanto maior castigo f~)RA a fé he f hum firme fun-
cuidais vos que será digno aquel­ damento das cousas que se
le.que aos pés ao Fiiho de Deos esperaõ, e í demostraçaõ das cou­
pisar, e por cousa profana tiver sas que se naõ vem.
ao sangue do Testamento, pelo 2 Porque por ella alcançáraõ
quem .santificado foi, e injuriar os antigos testemunho.
ao Espirito da graça? 3 Por fé entendemos que foi
30 Porque bem conhecemos o I ordenado o mundo pela palavra
que disse: Minha he a vingança, de Deos, de maneira que as cou­
eu daréi o pago, diz o Senhor. sas que se vém; fóraõ feitas das
E outra vez: O Senhor julgará a que I se naõ viaõ.
seu povo.
31 Horrenda cousa he cahir t• Ou, Ou, Ousadia, liberdade.
Sustancia, firme confiança,
nas máõs do Deos vivente. í Ou, Composto.
* Ou, Olhemos huns pelos outros. $ Ou, Naá aparcciaÕ.
AOS HEBREOS, CAP. XI. 303
4 Por fé offereceo A bei * mais sem haverem recebido a promes­
excellente sacrifício a Deos, do sas, senaõ vendo-as de longe, e
que Caim: pela qual alcançou crendo, e abraçando, confessáraõ
testemunho ue que era justo: que eraõ estrangeiros e peregri­
por quanto Deos deo testemunho nos na terra.
de seus presentes: e defunto aiuda 14 Porque os que Í3to dizem,
por a mesma fè falia. claramente a entender daõ que
5 Por fé foi Enoch transporta­ buscaõ huma patria.
do, para a morte naõ ver: e naõ 15 Que se se lembráraõ da-
foi achado, por quanto Deos o qnelia patria de que haviaõ sabi­
havia transportado; porque autes do, na verdade que tempo tinhaõ
de transportado alcançou teste- para se para lá tornarem.
nnmho que a Deos agradava. 16 Mas agora desejaõ huma me­
6 Ora sem té impossível he lhor, convém a saber, a celestial.
agradar a Deos. Porque neces­ Ptloque lambem Deos naõ se
sário he que aquelle que a Deos envergonha de ser chamado seu
se achega, crea que o ha, e que Deos, porque ja lhes tinha pre­
dos que o buscaõ he galardoador. parado huma cidade.
7 Por fé Noé, sendo divina­ 17 Por fé offereceo Abraham a
mente advertido das cousas que Isaac, quando foi atentado, e
àinda se naõ viaõ, temeo, e fabri aquelle que as promessas tinha re­
cou a Arca para salvamento de cebido, offereceo a seu unigénito,
sua família: pela qual slrca con­ 18 (Havendo-lhe sido dito 1
denou ao mundo, e foi feito her­ Em Isaac te sera chamada se­
deiro da justiça que he segundo mente,) considerando que ainda
a fé. até dos mortos o podia Deos rc-
8 Por fé Abraham, sendo cha­ suscitar:
mado, obedeceu, para sahir ao 19 Por onde também por com--
lugar que por herança havia de paraçaõ o tornou-acobrar:
receber, e se partio naõ sabendo 20 Por fé deo Isaac a bençaõ
aonde havia de vir. a Jacob, e a Esau, tocante ás
9 Por fé foi morador na terra cousas que haviaõ de vir.
de promissão, como em terra al­ 21 Por fé Jacob, estando á-
heia, habitando em cabanas com morte, benzeo a cada hum dos
Isaac ecomjacob, herdeiros com filhos de Joseph: e adorou enco­
elle da mesma promessa. stado á ponta de seu bordaõ.
10 Porque esperava a cidade 22 Por fé, estando Joseph á
que tem fundamento, e da qual morte, fez mençaõ da sabida dos
lieos he o artífice e o fàbricador. filhos de Israel, e deo cargo * de
11 Por fé recebeo Sara tam­ seus ossos.
bém virtude de dar semente, e. 23 Por fé Moyses, ja nascido,
pario ja fora de idade, por quan­ foi por tres meses escondido de*
to confiou que fiel era aquelle que seus pais, por quanto viraõ que.
prometido the tinha. <êra hum fermoso menino; e. r>aõ>
12 Peloque também de hum, e teméraõ o mandamento del Rey.
esse ja amortecido, nascéraõ tan­ 24 Por fé Moyses, sendo jà
tos em inultidaõ éomó as estrellas grande, refusou ser chamado fi<
do ceo, e como a inumerável area lho da filha de Pharao :
que está ha praia do mar. 25 Escolhendo antes ser afíli-
13 Na fé tnorreraõ todos estes, gido com o povo de Deos, da
• Ou, Maior. * Ou, Acerca de «iu »uot.
30* EPISTOLA DE S. PAULO
que gozar por hum pouco de tem' vestidos de pelles de ovelhas e de
po das delicias de peccado. cabras, desemparados, affligidos,
26 Tendo por maiores riquezas sendo maltratados:
o vitupério de Christo, do que os 38 (Dos quaes o mundo naõ
thesouros de Egypto: por que era digno) perdidos pelos deser­
atentava para a remuneraçaõ. tos, e montes, e covas, e caver­
27 Por fé deixou a Egypto, nas da teria.
naõ teincndo o furor dei Rey: 39 E todos estes havendo al­
porque se enforçou, como vendo cançado testemunho pela fé, naõ
ao que he invisível. receberão a promessa.
28 Por fé celebrou a Paschoa, 40 Provendo Deos alguma cou­
e o derramamento de sangue, pa- sa de melhor para nos-oôtros, pa-
raque o que aos primogénitos raque sem nos aperfeiçoados naõ
destruia, os naõ tocasse. fossem.
29 Por fé passáraõ o mar ver
rnelho, como por terra seca, o CAPITULO XII.
que querendo também intentar DOR TANTO nos também pois
os Egypcios, ficaraõ * sorvidos. -*• de huma taõ grande nuvem
30 Por fé cahiraõ os muros de de testemunhas estamòS rodeados,
Jericho, depois de sete dias ha­ deixando todo peso, e o peccado,
verem sido rodetídos. que taõ facilmente nos rodea,
31 Por fé Rachab a solteira corramos por paciência a carreira
naõ pereceo com os incrédulos que nos está proposta.
recolhendo em paz as espias. 2 Olhando para Jesus, Capitaõ
32 E que mais diréi? que o e consummador da fé: o qual
tempo me faltará, se quizer con­ pelo gozo que lhe estava proposto,
tar de Gedeon, e de Barac, e de suportou a cruz, menosprezando
Sampson, e de Jephte, e de Da- a afronta e se assentou â dextra
vid, e deSamuel, e dos Profetas: do throno de Deos.
33 Os quaes por fé vencéraõ 3 Peloque considerai aquellé
Reynos, obráraõ justiça, alcançá- que contra si mesmo huma tal
raõ as promessas, tapáraõ as bo­ contradicçao dos peccadores so-
cas aos leões: portou : paraque naõ vos * acor-
34 Apagaraõ a força do fogo, bardeis, desfailecendo em vossos
escapáraõ do fio da espada, da ânimos.
fraqueza tiràraõ forças, e em ba­ 4 Ainda naõ resistises até o
talha se mostràraõ fortes, puzeraó sangue, combatendo contra o pec­
em fugida aos exercitos dos es­ cado.
tranhos. 5 E ja vos esqueceis da exhor-
35 As mulheres recebéraõ da taçaõ que comvosco, como a fi­
resurreiçaõ seus mortos: outros lhos vos falia: Filho meu, naõ
foraô estirados, menosprezando a menosprezes a disciplina do Se­
livraçaõ nfereci/la por alcançarem nhor, nes desmaijs quando delle
huma melhor resurreiçaõ. fóres reprendido.
36 E outros experimentáraõ 6 Porque o Senhor ao que ama
vitupérios e açoutes: e ainda tam­ castiga, e a qualquer filho a quem
bém cadeas e prisões. recebe açouta.
37 Foraô apedrejados, com 7 Se sofreis a disciplina, Deos
serra despedaçados, atentados, ao se vos apresenta como a filhos:
fio da espada mortos, andáraõ • Ou, Afadigueif, ou, apouqueis, ou,
• Ou Afogados. des/nayeú.
AOS HEBI 1CS, CAP. XH. >805
porque qual he o filho a quem o nem ao fogo encetidido, nem ás
pai naõ castigue ?) trevas, nem á escuridade e tem­
8 Mas se estais sem disciplina, pestade.
da qual todos saõ participantes, 19 Nem ao soido da trombe­
bastardos sois logo, e naõ filhos. ta, nem á voz das palavras:'a
9 E pois castigadores tivemos qual os que a ouviaõ pediraõ que
aos pais de nossa carne, e aos inais se lhes naõ fallasse.
taes reverenciávamos: naõ nos 20 (Porque naõ podiaõ sopor-
sugeitarémos antes muito mais ao taro que se lhes mandava, que
Pai dos espíritos, e vivirémos ? se até huma besta no monte a
10 Porque quanto aquelles, por tocar viesse, seria apedrejada, ou
pouco tempo nos castrgavaõ, co­ com hum dardo passada.
mo a elles bem lhes parecia; 21 E tam terrível 4ra a visaõ,
porem este nos castiga por nosso que chegou Moyses a dizer: As­
proveito, paraque de sua santi­ sombrado e tremendo estou.) ' ■
dade sejamos participantes. 22 Mas antes chegastes ao
11 Ora toda disciplina quando monte de Siaõ e á. cidade do
está presente naõ parece ser de Deos vivente, a Hierusalem cele­
gpzo, senaõ de tristeza; mas de­ stial, e aos milhares de Anjos»
pois dá hum fruto pacifico de jus­ 23 E á universal congregaçaõ
tiça aos que por elia forem exer­ e Igreja dos primogénitos que
citados. estaõ escritos nos ceos, e a Deos
12 Por tanto levantai outra vez que he o Juiz de todos, e aos
as maõs cansadas, e os juelhos erpiritos, dos ja perfeitoá jus­
desconjuntados. tos.
13 E endereçai as veredas a 24 E a Jesus o Medianeiro do
vossos pcs: paraque o que man­ Novo Testamento, e ao sangue
queja se naõ atorça, mas que an­ do esparzimento, que falia me­
tes feja sarado. lhores cousas que o de Abel.
14 Prosegui a paz com todos, 25 Olhai que naõ regeiteis ao
e a santifiçaõ, sem a qual nin­ que fa.Ha: porque se aquelles que
guém ao Senhor verá. regeitáraõ ao que na terra davá
15 Olhando bem que ninguém divinas repostas, naõ escaparaõ;
da graça de Deos * se aparte: muito menos escaparemos nos-
que nenhuma raiz de amargura outros, se no» desviarmos daquel-
brotando vos perturbe, e por ella le que dos ceos he.
muitos sejaõ contaminados. 26 A voz do qual commoveo
16 Que ninguém seja fornica­ entaõaterra: mas agora denun­
dor, ou profano, como Esau, que ciou, dizendo; Ainda huma vez
por hum manjar vendeo seu direi­ e commoveréi naõ somente a ■
to de primogenitura. terra, mas também o ceo. 1 :-
17 Porque bem sabeis que ain­ 27 Ora esta palavra: Ainda
da depois desejando de herdar huma vez, mostra a mundança
a bençaõ, foi rejeitado: porque das cousas moviveis como que
naõ achou lugar de arrependi­ foraõ feitas, paraque fiqdem as
mento, ainda que com lagrimas o immoveis.
buscou. 28 Peloque recebendo 0 Íteyíio
18 Porque naõ tendes chegado immovel, retenhamos 1 a graça,-
ao monte que tosar se podia com que a Deos de tal maneira sir­
vamos, que com reverencia e pie­
• Oa, Pijue atras. dade lhe sejamos agradáveis. •
3<M5 EPISTOLA DE S. PAULO.
29 Porque nosso Deos he hu m se trazia pelo summo Pontifeee ao
fogo consumidor. Santuario) eraõ queimados fora
CAPITULO XIII. do arraial.
12 Por tanto também Jesus,
A CARIDADE fraternal per paraque ao povo por seu proprio
maneça. sangue santificasse, padeceo fora
2 Naõ vos esqueçais da hospe­ da porta.
dagem : porque por ella hospedá- 13 Sayamos pois a elle fora do
raõ alguns aos Anjos, naõ o sa arraial, levando seu • vitupério.
tendo. 14 Porque naõ temos aqui ei-
3 Tende lembrança dos presos dade -permanecente, mas busca­
como se com elles presos estive- mos a que, està por vir.
reis; e dos maltratados, com 15 Por tanto ofifereçamos sem­
sendo vos mesmos lambem m pre por elle saenficto de louvor a
corpo maltratados. Deos, convém a saber, o fruto dos
4 Venerável he entre todos o beiços que confessem a seu nome.
matrimou o, e a ' ama «m macu 16 E naõ vos esqueçais da be­
la; porem aosfármcalores, ea - neficência ecommunkaçaõr por­
adultercs, Deos os ha dejulgar que em taes sacrifícios toma Deos
5 * Vossa convergaçao seja , prazer.
tem avareta, contentando - vo 17 Obedecei a vossosf conduc-
como p-e-ente. Poisdh.se: Naô "ores, e vos sugeitai a elles. Por­
te deixaréi. nem ’e de-empamré-, que velaõ por vossas almas, como
6 De maneira que com confi­ iquelles que haõ de dar conta:
ança dizer podemos: O Senho paraque o que fazem, o façaõ com
he meu ajulador; peloque naó alegria, e naõ gemendo: porque
temerei cousa alguma qoe o ho­ jq'illo naõ vos he util.
mem fazer me possa. 18 Rogai por nos : porquecon-
7 Lembrai vos Je vos. os f con fiamos que temos boaconsciencia,
ductores. que a palava de Deo desejando d’entre todos honesta­
vos falláraõ: J a fé dos quae-. mente conversar.
imitai,, considerando qu il foi a 19 E tanto mais vos rogo que
sabida de sua, conversaçaõ. assi o façais, paraque eu tanto
8 Jesti Christo he o mesmo mais presto vos seja resútuido.
homem-,. e hoje, e tambem eter­ 20 Ora o Deos de paz, (que
namente. pelo sangue do Testamento eter­
9 Naõ vos deixeis levar de huma no dos mortos retrouxe ao grande
para a outra banda por doutrinas Pastor das ovelhas, a saber, a
diverças e estranhas. Porque bom nosso Senhor Jesu Christo,)
he que o coraçaõ esteja fortaleci­ 21 Vos aperfeiçoe em toda boa
do por graça, e naõ por manjares, obra, para fazer sua vontade,
o» quaes. nada aproveitfiraõ aos obrando em vos o que diante del-
que nelies se ocuparaõ. le he agradavel por Christo Je­
10 Hum altar temos, do qual sus, ao qual seja a gloria para
qaõ tem poder para comerem os todo sempre. Amen.
que servem ao Tabérnacuio. 22 Rogo-vos pois, irmaõs, que
11 Porque os corpos dos ani- suporteis a palavra desta J amoe-
snaes (cujo sangue pelo peccado
• Ou, Vossos costumei, • Ou, Oprtbrio,
1 Qu, Postei» + Ou, Pastores, guias.
1 Ou, Cu^aJc. , í Ou, Exhortqi.
EPISTOLA UNIvERSdL DE S. TIAGO. 307
staçaõ: que em breve vos es­ ductores, e a todos os santos. Oa
crevi. de Italia vos saudaõ.
23 Sabei que ja o irmaõ Ti- 25 A graça seja com todos
motheo está solto, com o qual vos-outros. Amen,
vos viréi a ver, (se he que presto
vier. Esc: ita dc Italia aos Hebreos, e.
24 Saudai a todos vossos con- env.ada por 2'imotheo.

EPISTOLA UNIVERSAL DO APOS­


TOLO S. TIAGO.
CAPITULO I. 9 Porem o irmaõ que fór hu.
milde, glorie-se em sua alteza.
1ACOBO servo de Deos e do 10 Mas o rico, em sua * bai­
" Senhor Jesu Christo, as doze xeza : porque como a flor da
* Tribus que estaõ espalhadas, herva se passará.
saude. 11 Que sahindo com ardor o
2 Meus irmaõs, tende pois Sol, a herva se secou, a sua flor
grande gozo, quando cahirdes em cahio, e sua fermosa aparência
diversas tentações: pereceo: assi também se mur­
3 Sabendo que a prova de vos­ chará o rico em seus caminhos.
sa fé produz paciência. 12 Bemaventurado o homem
4 Tenha porem a paciência a que sofre a tentaçaõ: porque
obra perfeita, paraque sejais per­quando fór provado, receberá a
feitos e inteiros: de maneira que coroada vida, a qual Deos tem
em nada falteis. prometido aos que o amaõ.
5 E se algum de vós-outros 13 Ninguém sendo atentado,
tem falta de sabedoria, peça-a a diga, que de Deos he atentado:
Deos, que a todos hberalmente a porque Deos naõ pode ser atenta­
dá, e em rosto o naõ deita : e do dos males, ném tampouco, a
ser-lhe-ha dada. alguém atenta.
6 Mas peça-a com fé, naõ du­ 14 Porem cada hum he alenta­
vidando : porque o que duvida do, quando de sua própria concu­
he semelhante & onda do mar, piscência he atrahido e engo­
que do vento he movida, e d’huma dado.
a outra parte lançada. 15 Depois havendo a concu-
7 Naõ pense pois o tal ho­ piscentia concebido, páre o pec-
mem receber cousa alguma de cado: e sendo o peccado cumpri­
Senhor. do, géra a morte.
8 O homem de dobrado animo 16 Meus amados irmaõs, naõ.
em todos seus caminhos ke incon­ erreis:
stante.

•Ou, Linhagens. • Ou, Bwnilidadt,


366 EPISTOLA UNIVERSAL
17 Toda boa dádiva, e todo servar-se sem manchaalguma do»
dom perfeito he do alto, que de- mundo.
«cendedo pai das luzes: finquem
naõ ha mundança, nem sombra CAPITULO II.
de variaçaõ.
18 Sugundo sua própria von­ 1VTEUS irmaõs, naõ tenhais a
tade nos gerou pela palavra da te de nosso Senhor Jesu
verdade: paraque fossemos como Christo do Senhor da gloria em
as primícias de suas criaturas. aceitaçaõ de pessoas.
19 Assique, meus amados ir­ 2 Porque se em vosso ajunta­
maõs, todo homem seja prompto mento entra algum homem que
para ouvir, tardio para fallar, no dedo traz anel de ouro, com
tardio para se irar. vestidos preciosos, e eátrétana-
20 Porque a ira do homem naõ hem algum pobre singelamente
obra a justiça de Deos. vestido:
21 Peloque dando de maõ a 3 E tiverdes respeito ao que
toda immundicia, e superfluida­ traz o vestido precioso, e líie
de de malicia, recebei com mau- digais: Assenta-te tu aqui hon­
sidaò a palavra em vos * enxer­ radamente ; e ao pobre digais :
tada, a qual pode salvar vossas l’ica-te tu alli em pe; ou: AsSen-
almas: ta-te a baixo de meu estrado:
22 E sede obradores de pala­ 4 Porventura naõ fizestes dif-
vra, e naõ taõ sómente ouvidores ferença em vos mesmos, e vos fi­
enganando-vos a vos mesmos com zestes juizes de maos pensamen­
vaõs discoursos: tos ?
23 Porque o que ouve a pa­ 5 Ouvi, meus amados irmaõs,
lavra, e por obra a naõ poem, he porventura naõ escolheo Deos aoe
semeihante ao homem que ao pobres deste mundo,para ser ricos
espelho seu rosto natural consi­ em fé, e herdeiros do Reyno, que
dera. aos que o arnaõ promete ?
24 Porqíie havendo-se conside­ 6 Porem vos-outros * injurias­
rado a si mesmo, e indo-se, logo tes ao pobre. Porventura naõ vos
se esqueceo qual era. oprimem os ricos com tyranma, e
25 Porem o que bem atenta vos levaõ aos tnbunaes ?
na perfeita Lei de liberdade, e 7 Porventura naõ saõ elles os
nisso perseverar, naõ sendo ou­ que blasfemaõ o bom nome
vidor esquecediço, senaõ fazedor que sobre nos-outros foi invoca­
da obra: este tal digo será bem- do?
aventurado em seu feito. 8 Todavia, se conforme á Es­
26 Se algum entre vos-outros critura, cumprirdes a Lei reah
cuida ser religioso, e naõ refrea Amarás a teu proximo como a ti
sua lingoa, antes seu coraçaõ mesmo, bem fazeis.
engana, vaã he a religiaõ do 9 Porem se á pessoa acceitais,
tal. cometeis peccado, e> da Lei co­
27 A religiaõ pura e sem ma­ mo transgressores sois redargui-,
cula para com Deos e Pai, he dos.
visitar aos orfaõs, e as viuvas 10 Porque qualquer que toda-
em suas tribulações, e f con- a Lei guardar, e em hum so vier ,
a offender, culpado fica de to­
• Ou, Plantada, ou, çnxtrida, dos.
1 Ou, Huardar-sc. • Ou, Afrontaste».
DE S. TIAGO, CAP.III. 309
11 Porque aquelle que disse: 24 Vedes logo qtie o homem he
Naõ cometerás adultério: tam ■ustificado peias obras, e naõ so­
bem disse: Naõ matarás. Pois mente pela fé.
se tu adultério naõ cometeres, 25 bemelhantemente Rahab a
mas matares, transgressor ficas da solteira, porventura naõ fi>i lam­
Lei. bem justificada pelas obras, quan­
1? Assi fallaie assi obrai, como do recolheo aos mensageiros, e
aquellesque haõ de ser julgados os dcspedio por outro caminho ?
peia Lei da liberdade. 26 Porque assi como o corpo sem
13 Porque juizo sem miseri­ o espirito está morto, assi tamberií
córdia sera sobre aquelle que naõ a fé sem as obras está mórta.
usar de miséricordia: e a miseri­
córdia se gloria contra o juizo. CAPITULO III.
14 Meus irmaõs, que aproveita
se alguém disser que tem a fé, e A 4 EUS irmaõs, naõ vos façais
naõ tiver as obras? porventura muitos me«trcs,sabendoque
pode-lo-ha a tal fé salvar ? receberemos tanto maior juizo.
15 E se o irmaõ, ou a irmaã 2 Porque todos tropeçamos em
estiverem nús, e tiverem falta do muitas cousas. Se algun naõ tro­
mantimento quotidiano: peça em palavra, o tal he homem
16 E que algum de vos lhes di­ perfeito, e támbem pode refrear
ga: Ide em paz, aquentai-vos, e torlo o corpo.
fartai-vos: e naõ lhes derdes as 3 Vedcs-aqui nos-outres pomos
cousas necessárias para o corpo, aos cavalos freyos nas bocas, pa-
que aproveitará ? raque nos obedeçaõ, a com isso vi­
17 Assi também a fé, se naõ ramos todo seu corpo.
tiver as obras, em si mesma está 4 Vedes aqui também as naos,
morta. sendo taõ grandes, e levadas de
18 Porem dirá alguém: Tu impetuosos ventos, que se viraõ
tens a fé, e eu tenho as obras: com hum bem pequeno lemepara
mostra-me tua fé por tuas obras, onde quer que qutzer a vontade
e eu te mostraréi minha fé por d’aqutlle que as governa.
minhas obras. 5 Assi também a lingoa he hum
19 Tu»crés que Deos he hum bem pequeno membro, e se glo­
só Deos-, bera fazes; os demonios ria de grandes cousas. Veaes-
também o crem, e estremecem. aqui hum pequeno fogo quaõ
20 Mas, 6 homem vaõ, queres grande bosque encende.
tu saber que a fé sem as obras 6 A lingoa também he hum
está morta? fogo, hum mundo de iniquidade:
21 Porventura naõ foi Abra- assi a lingoa está posta entre nos­
ham nosso pai justificado pelas sos membros, e contamina todo
obras, quando offereceo a seu o corpo, e inflama a roda de nossa
filho Isáac sobre o altar ? nascença, e se inflama do inferno.
22 Vés tu logo que a fé traba­ 7 Porque toda a natureza de
lhava com suas obras, e que pelas bestas feras, e de aves, e de • ser­
obras foi a fé aperfeiçoada ? pentes, e de peixes do mar, se
23 E a Escritura se cumprio, amansa, e foi amansada pela na­
dizendo: Creo Abraham a Deos, tureza humana.
e foi-lhe * contado por justiça: e 8 Mas nenhum homem pode
foi chamado amigo de Deos. amansar a lingoa. EUa he hum
• Ou, Imputado, • Ob, Reptilu,
S10 EPISTOLA UNIVERSAL
mal que se naõ pode refrear, e 3 Cobiçais e nada tendes: sois
está cheia de peçonha mortal. in vejosos e zelosos de cousas, e naõ
9 Com elle bendizemos a Deos, podeis alança-la8: combateis, e
e Pai, e com ella maldizemos aos guerreais, e naõ tendes, porque o
homens feitos á semelhança de naõ pedis.
Deos. 3 Pedis, e naõ recebeis: por­
10 De huma mesma boca pro­ que pedis mal, para o gastardes
cede bendiçaõ, e maldiçaõ. Meus em vossos deleites.
irmaõs, naõ convém que estas 4 Adúlteros, e adulteras, naõ
cousas passem assi. sabeis que a amizade do mundo
11 Porventura deita alguma he inimizade contra Deos ? por­
fonte por hum mesmo manancial quanto qualquer que qtiizer ser
o doce, e o amargoso ? amigo do mundo, seconstilue por.
12 Meus irmaõs, pode porven­ inimigo de Deos. >,
tura a figueira produzir azeitonas ? 5 Ou cuidais que a Escritura diga<
ou a videira figos ? Assi nenhuma em vaõ: Porventurao Espirito que
fonte pode dar de si agoa salgada, em nos habita, cobiça para inveja?
e doce. 6 Antes ainda dá maior graça.
13 Quem he sabio e entendido Por tanto diz a Escritura: Deos
entre vos-outros? Mostre por sua resiste aos soberbos, porem dá.
boa conversaçaõ. suas obras em graça aos humildes.
mansidaõ de sabedoria. 7 Por tanto sugeitai-vos a Deos,
14 Porem se tendes inveja resisti ao diabo, e elle fugirá de
amarga, e contenda em vossos vos-outros.
corações, naõ vos glorieis, nem 8 Achegai-vos a Deos, e ellq
mintais contra a verdade. se achegará a vos-outros. Pecca-
, 15 Porque naõ he esta a sabe­ dores, alimpai vossas maõs, e vos-
doria que do alto descende, senaõ outros dobrados de animo, purifi­
terrena, * sensual, e diabólica. cai vossos corações.
16 Porque aonde ha inveja e 9 Tende-vos como miseráveis,
contenda, abi ha perturbação e e lamentai,echorai: vosso riso se
^oda obra perversa. converta em .choro, e vosso gozo
17 Mas a sabedoria que he do em tristeza.
alto, primeiramente he pura, de­ 10Humilhai-vos ante a presen­
pois pacifica, moderada, tracta- ça do Senhor, e elle vos exalçara.
vel, cheia de misericórdia, e de 11 Irmaõs, naõ mu rmúrei^tiuns
bons frutos, naõ parcial em jul­ dos outros. Quem murmúra de
gar, e naõ fingida. seu irmaõ, e quem julga a seu ir­
18 Ora o fruto de justiça se maõ, da Lei murmúra, e á Lei
semea em paz para os que j- fa­ julga. Ora julgando tu à Lei, ja
zem paz. naõ es guardador da Lei, senaõ
juiz.
CAPITULO IV. 12 Hum só Legislador ha, que
pode salvar, e destruir. Quem es
TA ONDE vem as guerras e pc- tu logo que ã outrem julgas?
lejas entre vos-outros? por­ 13 Ea pois agora vos-outros os
ventura naõ /red’aqui, a saber, dei que dizeis: Iremos hoje ou a
vossos deleites, que guerreaõ emt manhaã a huma tal cidade, e esta-
vossos membros. térnos nos lá hum anno, e contra-
• Ou, Natural, animal. iarémos, e ganharémos:
t Ou, inclinao q yaz. i 14 E todavia naõ sabeis o qu«
DE S. TIAGO» CAP. V. 311
a rrmnhali acontecerá: Porque, 8 Vos também sede longaui-
que he vossa vida ? Porque he mos, e esforçai vossos corações:
hum vapor, que por hum pouco porque ja a vinda do Senhor vept
de tempo aparece, e depois se chegando.
esvaéce. 9 Irmaõs, naõ vos gemeis huns
15 Em lugar que devíeis dizer: contra os outros, paraque naõ se­
Se o Senhor quizer, e se vivermos, jais condenados. Vedes-aqui o
íarémos isto, ou aquillo. Juiz está á porta.
16 Mas agora vos-outros vos 10 Meus irmaõs tomai por ex­
gloriais de vossas presunções ; emplo de afflicçaõ, e de paciência,
toda a tal gloriaçaõ he roim. aos Profetas que falláraõem nome
17 Por tanto o que sabe fazer do Senhor.
bem, e naõ o faz, a elle he o pec- 11 Vedes-aqui temos por bem-
cado. aventurados aosque sofrem. Bem
CAPITULO V. ouvistes a paciência de Job, e
*T7 A pois agora, vos ricos, cho- vistes o fim do Senhor; que o
rai e pranteai por vossas Senhor he mui misericordioso, e
miseriáS, que sobre vos f viráõ piarloso.
a cahir. 12 Ora sobre todo, meus irmaõs,
2 Vossas riquezas estaó apo­ naõ jureis pelo ceo, nem pela terra,
drecidas: e vossos vestidos estaõ nem por qualquer outro juramen­
todos comidos da traça. to : mas vosso si, seja si, e vosso
3 Vosso ouro e vossa prata naõ, naõ: paraque naõ cayais em
está ferrugento : e sua ferrugem * condenaçaõ.
vos será em testemunho, e comerá 13 Está algum entre vos-outros
vossa carne como fogo : ajuntado affligido? faça oracaõ: está algum
tendes thesouros J para os últimos alegre ? psaímodié.
dias. 14 Está entre vos-outros algum
4 Vedes-aqui o jornal dos tra­ doente ? chame aos Anctaõs da
balhadores, que vossas terras se- Igreja, e orem f sobre elle, un-
gâraõ (do qual por vos foraõ frus­ gtndo-o com azeite em o nome do
trados) está brabando : e os bra­ Senhor.
dos dos que as segáraõ entráraõ 15 E a óraçao de fé salvará aõ
L» nos ouvidos do Senhor dos exér­ doente, e o Senhor o aliviará: ese
citos. houver cometido peccados, ser
5 Em' delicias tendes vivido lhe-haõ perdoados.
sobre a terra, e seguido os delei­ 16 Confessai vossas J faltas
tes, e tendes recreado vossos co­ huns aos outros, e orai huns pelos
rações como em dia de sacri outros, paraque sareis. A oraçaõ
ficios. efficaz do justo pode muito.
fc. 6 Condenado e morto tendes a 17 Elias era homem como nos,
o justo: e vos naõ resiste. sugeito ás mesmas paixões, e com
7 Ora pois, irmaõs, sede lon- tudo pedio, orando, que naõ cho­
ganinws até á vinda do Senhor. vesse : e naõ choveo sobre a teírã
Eis-aqui o lavrador espera o fru­ por tres annos e seis meses.
to precioso da terra, aguardando 18 E outra vez pedio, orando;
com paciência até que receba a e o ceo deo chuva, e a terra pro-
chuva temporaã e serôdia. duzio seu fruto.
i • Ou, Orasús. 19 Irmaõs, se algum d’entre
+ Ou, Carihaã sabre vas. • Ou, Juízo. + Ou, Por elle,
$ Ou, Em. Í Ou, Q^fnrar,
31? I. EPISTOLA UNIVERSAL
vos-outros veio a errar da verda­ verter, da morte salvatá huma al­
de, e algum o converter. ma, e cubrirá multidão de pec-
20 Saiba que o que a hum pec cados.
cador do erro de seu caminho con-

Fim da Epistola Calhoiica S. Tiaoo.

PRIMEIRA EPISTOLA UNIVERSAL


DO APOSTOLO S. PEDRO, •

"DEDRO Apostolo de Jesu tempo contristados com diversas


Christo aos estrangiiros es­ tentações.
palhados em Ponto, em Gaiicia, 7 Paraque a prova de vossa
em Cappadocia, em Asia, e em fé, muito mais preciosa que o
Bythynia: ouro que perece, e todavia pelo
2 Elegidos segundo a provi­ fogo he provado, se vos torne em
dencia de Deos Pai, em santifi- louvor, e honra, e gloria, quando
caçaõ do Espirito, para a obedi­ Jesu Christo se manifestar.
ência e borrifadura do sangue 8 Ao qual,porto çue o naõ ten­
de Jesu Christo: Graça e paz vos hais visto, o amais; no qual
seja multiplicada. crendo, posto que agora o naõ ve­
3 Bendito seja o Deos e Pai jais: vos alegrais com gozo inefá­
de nosso Senhor Jesu Christo, o vel e glorioso:
qual segundo sua grande miseri­ 9 Alcançando o fim de vossa
córdia nos regenerou em viva es­ fé, a saber a salvaçaõ das al­
perança, pela resurreiçaõ de Jesu mas.
Christo d’entre os mortos. 10 Da qual salvaçaõ os Pro­
4 Para a herança incorruptí­ fetas, que profetizarão da gras
vel, e que naõ se pode contami­ ça que a vos aconteceu, inquiri­
nar, nem murchap, conservada rão, e diligentamente a busca-
nos ceos para vos-outros. raõ.
5 Que pela fé estais guardados 11 Esquadrinhando quando ou
na virtude de Deos, para a sal- em qual tempo o Espirito de
vaçaõ ja prestes para ser mani­ Christo, que nelles estava, dan­
festada no ultimo tempo. tes dava testemunho, e denuncia-'
6 No que vos-outros vos ale­ va as paixões que a Christo
grai, estando agora (se he que haviaõ de vir, e a gloria que havia
assi importa) por hum pouco de de seguir,
h
DE S. PEDI O, CAP. II. 31*
12 Aos quaes foi revelado, que tou, e lhe deo gloria, paraque
naõ para si mesmos, senaõ para vossa fé e esperança estivesse em
nos-outros administravaõ as cou­ Deos.
sas, que agora vos foraõ annun: 22 Por tanto havendo purifica­
ciadas pelos que vos pregaraõ o do vossas almas pelo Espirito na
Evangelho enviado do ceo pelo obediência da verdade, para desr
Espirito Santo; nas quaes cousas fingida caridade fraternal, amai-
os Anjos desejaõ olhar ainda até vos ardentemente huns aos outros
o mais interior. de hum puro coraçaõ:
18 Por tanto havendo cingido 28 Sendo ja regeuerados, naõ
os lombos de vosso entendimen­ de semente corruptível, senaõ in­
to com temperança, esperai per­ corruptível, pela palavra vivente
feitamente na graça que se vos de Deos, e que para sempre per-
offerece na revelaçaõ de Jesu manece.
Christo. 24 Porque toda carne he como
14 Como filhos obedientes, naõ a herva.e toda a gloria do homem
vos conformando com vossas pas­ como a flor da herva. Secou-se a
sadas concupiscências no tempo herva, e cahio sua flor: '
de vossa ignorância. 25 Mas a palavra rio Senhor
15 Mas como aquelle que vos permanece para sempre: e esta
chamou he santo, vos também he a palavra que vos loi Evange­
da mesma maneira sede santos lizada.
em toda versa conversaçaõ. CAPITULO II.
16 Por quanto está escrito:
Sede santos, porque eu sou T)OR TANTO havendo deixado
santo. toda malícia, e todo engano,
17 E se por Pai invocais áquel- e fingimentos, e invejas, e toda»
le que sem aceitaçaõ de pessoas murmurações,
julga segundo a obra de cada 2 Desejai*affectuosamente, co­
bum, conversai em temor duran­ mo meninos novamente nascidos,
te o tempo da vossa* habitaçaõ o leite racional, e * que lie step
temporal: engano, paraque por elle vadw
18 Sabendo que fostes resgata­ crescendo.
dos d^ vOssa vaã conversaçaõ, 3 Se porem ja gostastes que 0
que por tradiçaõ dos pais f-je- Senhor he benigno.
cebesles, naõ com cousas cor­ 4 Ao qual achegando-vos, çame
ruptíveis', como com prata ou a huma, pedra viva, que dos ho­
ouro: mens foi reprovada porem eleita
19 Senaõ com o precioso san­ e preciosa para com Deos:
gue de Christo, como de hum 5 Também como pedras viva»,
cordeiro irreprehensivel, e sem vos edificai em casa espiritual, e
alguma contaminaçaõ. sáuto Sacerdócio, para offerecer
20 Conhecido ja desd’antes da sacrifícios espirituaes, a Deos
fundaçaõ do mundo, mas mani­ agradaveis por Jesu Christo.
festado nestes últimos tempos por 6 Peloque também na Escritu­
amor de vos-outros. ra se contem; Eis-que eu ponho
SI Que por elle crédes em em Siaõ a pedra da esquina, elei­
Deo», que dos mortos o resusci- ta, e preciosa: e, Quem nelle
crér naõ seráf envergonhado?
• Ou, Detençav. • Ou, Que naõ he falsificado.
t Ou, Voe ke entregada. t Ou, Confundido.
E e
•»
314 I. EPISTOLA .UNIVERSAL
;r. Assique a vos-outroshe pre- ! 17 -JIonrai a todos: amai a
cioseos que credes: masaosre- fraternidade: temei aDeos: hon­
beldes se diz: A pedra que os rai ao Rey.
edificadores reprováraõ, foi feita 18 Vos-outros servos, sugeitai-
a cabeça da esquina, e pedra de vos com todo temor a vossos Se­
tropeço, e pedra de * escandalo. nhores, naõ sómente aos bons e
■ 8 A saber áquelles que trope­ humanos, mas também aos rigu-
ção na palavra, e saõ rebeldes, rosos.
para o qual também foraõ postos. 19 Porque isto he graça, se
9 Mas vos sois a geraçaõ elei aigum, por causa da consciência
ta, o> Sacerdócio real,, a gente que tem para com-‘Deos, sofre
santa, o povo acquerido: para- moléstias, padecendo injusta­
que annuncieis as virtudes da- mente.
quelleque das trevas voschamou 20 Porque que. honra-he, se
para sua maravilhosa luz: abofeteados, por haverdes pecca-
10 Avos, que amigamente naõ do, o sofreis 1 Mas se fazendo bem,
4reis povo, mas agora sois o povo e todavia sois afiligidos, e o so­
de Deos: que amiganiente naõ freis, isso he graça para com
tinheis alcançado misericórdia, Deos.
mas agora alcançastes misericór­ 21 Porque para isto sois cha­
dia. mados, pois também Christo pa-
11 Amados, como a morado­ deceo por nos, deixando-nos ex­
res e estrangeirosau exhorto, que emplo, paraque sigais suas pisa­
vos abstenhais das concupiscên­ das:
cias carnaés, que contra a alma 22 O qual naõ chmeteó pecça-
guerreaõ. do, nem engano em sua boca foi
.. 12. Tendo vossa conversaçaõ achado.
Vonesta entre as gentes: paraque 23 * O qual quando o injiiria-
no que de vos, como de malfeito­ vaõ, naõ tornava a injuriar, e
res, murmúraõ, glorifiquem a quando padecia, naõ ameaçava:
Deos no dia da visitaçaõ pelas mas f remetia-se áquelle que jus­
boas obras que em vos virem. tamente julga.
13 Por tanto sugettai-vos a to 24 O qual mesmo levou nos­
da ordenaçaõ humana por amor sos peccados em seu corpo sobre o
de Deos: seja ao Rey, como a madeiro: paraque sendo “mortos
superior: aos peccados, vivamos à justiça:
14 Seja aos f Governadores, por cuja ferida vos-outros - fostes
como aos que delle saõ envia­ curados.
dos para castigo dos malfeitores, 25 Porque vos éreis como ove­
mas para louvor dos que bem fa­ lhas desgarradas, mas agora' ja
zem. estais convertidos ao Pastor e
15 Porque esta he a vontade Bispo de vossas almas.
de Deos, que fazendo bem, tapeis
n boca â ignorância de homens CAPITULO III.
loucos. QEMELHANTBMENTB vos mu-
16 Como libertos, e naõ como lheres, sede sngeitas a vossos
tendo a liberdade, por cubertura proprios maridos; paraque tam­
de malicia, senaõ como servos de bém havendo alguns que naõ obe-
Deos. * Ou, O qual maldizendo ot na» tor­
• Ou» nava a maldizer
i Ou, Presidente t Oa, Remetia sua cousa. ■
DE S. PEDRO. CAP. III. 315
deçaõ & palavra, sejaõ ganhados bem: busque a paz, e a prosiga.
sem palavra, pela conversaçaó 12 Porque os olhos do Senhor
das mulheres. ■estaõ sobre os justos, e set» Ou­
2 Havendo * visto vossa casta vidos a suas orações : mas o ro­
conversaçaó em tensor. sto do Senhor ne contra os que
3 A compostura das quaes se­ males fazem.
ja, naõ a exterior, que consiste em 13 E qual he aquelle que mal
encrespamento de cabelios, ou vos farà: imitando vós-outros o
atavio de ouro, ou ornamento de bem I
vestidos: 14 Mas padecendo alguma cou­
4 Mas o homem encuberto do sa por amor da justiça, sois bema-
coraçaõ em incorruptível orna­ venturados: porem naõ temais de
mento de Espirito manso e f pa­ seu temor delles, nem tampouco
cifico: que he precioso diante de vos turbeis.
Deos. 15 Antes santificai ao Senhor
5-Porque assi se ataviavaõ tam­ Deos em vossos corações: e es­
bém autigamente as santas mu­ tai sempre aparelhados para re­
lheres, que esperavaõ em Deos, sponder com mansidaõ e temor a
sendo sugeitas a seusproprios ma­ cada qual que vos pedir razaõ da
ridos. esperança que em vos ha.
5 Como Sara-obedecia a Abra- 16 Tendo huma boa consciên­
ham, chamando-lhe Senhor, da cia, paraque os que blasfemaõ
qual vos-outros sois filhas, fazen­ vossa conversaçaó -em Christo,
do bem, e naõ temendo nenhum fiquem * envergonhados no que
espanto. de vos, como de malfeitores, iuur-
7 Vos maridos da mesma ma­ muraõ.
neira, habitai com ellas discreta­ 17 Porque melbor he que pa­
mente, dando honra á mu.her, deçais fazendo bem, (se tal he a
como a hum vaso mais frágil, vontade de Deos,) do que fazen­
como aquelles que também jun- do mal.
tamente com ellas sois herdeiros 18 Porque também Christo pa-
da graça da vida: paraque vossas deceo huma vez pelos peccados,
orações naõ sejaõ impedidas. elle justo pelos injustos: paraque
8 E finalmente, sede todos de nos levasse a Deos, havendo sido
hum mesmo sentido, compassi­ mortificado na carne, porem vivi­
vos, amando aos irmaõs, entra- ficado pelo Espirito:
nhavelmente misericordiosos, a- 19 f No qual também foi, e
morosos: pregou aos espíritos que em pti-
9 Naõ tornando mal por mal, saõ estaõ.
nem injuria por injuria: antes, 20 Os quaes antigamente foraõ
ao contrario, bendizendo: saben­ desobedientes, quando a paciência
do que sois chamados, paraque de Deos esperava huma vez nos
alcanceis a herança de bendiçaõ. dias de Noe apareldando-se a Ar­
10 Porque quem quer amar a ca : na qual poucos (a saber oito)
vida, e ver os dias bons, refreie almas, pela agoa foraõ salvas.
sua íingoa de mal, e seus beiços 21 Cuja correspondente figura,
que naõ fallem engano. o baptismo nos agora também
11 Aparte-se do mal, e faça o salva, naõ o com que sé alimpaõ
as immundicias do corpo, mas
• Ou> Considerado» > • Ou, Conjvndidos.
t Ou, Ptlonual»
316 I. 'EFférOtÀ' ÚPÍITORSAL
qàè á'é' jitigtinta^dé^Wftíá bba 10 Cada hum segundo e dom
çonscieqcia para com Éeos, pela que recebeo, o administre aos
reàirreiçaò de Jesu Christo: outros, éolno bons dispénéeiros
22 O qual havendo sobicfoao ■ da vária gráça de Deos.
ceo, está á dextra de Deos, • ha­ 11 Sealguem fadar, fatiecomo
vendo-se-lhe Sogeitadobs Anjos, ás palavras de Deosse alguém
e a? potestades, e’as virtudes. administrar, administre como: da
potência que Deos • outorga;
CAPITULO IV. ■ paraque em tudo seja Deos glori­
pòis ja que Christo páde- ficado por Jesu Christo : a quem
ceõ por nos na carne, vos pertence á glória e a fortaleza pa­
também estais armados com este ra sempre jamais. Amen.
ifiestno pensamento, a saber, que 12 Caríssimos, tiaõ .vos ad­
o que padeceo na carne, ja de- mireis por via de fogoria afflicçab
sistio do pèccado: entre vos, que vos acomete para
2 Paraque o tempo quê ainda tentaçaõ, com se atguma cousa
festa na carne, naõ vivais mais estranha vos acontecesse:
segundo as concupiscências dos 13 Antes como comrpunicais
homens, mas' segundo a vontade nas páixões de Christo, assi .vos
de Deos. allegrai: paraque também ria tna-
3 Porque bem Bos deve bastar nifestaçiiõ de sua gloria vos gozeis
que o tempo passado dã Vida ha­ e alegreis.
jamos cumprido a vontade dos 14 Se pelo nome de Christo
gentios,-quando ainda' cónversa- sois vituperados, bemaventurados
Vamos em luxurias, concupiscên­ sois: porquq sobre vos-outros re­
cias, borrachices, glotonanas, be- pousa o Espirito da gloria, e o
beditéà, èábominavéis idolatrias. Espirite de Deos: oqtral, quanto
■ 4 Doquê blasfemando, se ad- á èlles, he blasfemado, tnas quan­
' niiraõ, vendoque naõ correis com to a vos, he glorificado.
elles no mesmo * desenfreamento^ 15 Porem nenhum de vos pa­
de dissolução: deça como homicida, ou ladraõ,
' 5 Os quáes baõ de dar conta ou malfeitor, ou que se mete em
aò que aparelhado está parajulgar negocios alheios.
àòs vivos, è aos mortos. 16 Mas se algum padece como
6 Porque por isto foi também Christaõ, naõ se envergonhe,
Evangelizado aos mortos, para­ antes glorifique a Deos- nesta
que bem fossem julgados segun­ parte.
do os homens na carne, porem 17 Porque ja he tempo que o
vivessem segundo Deos em Es­ juizo comece da Casa de Deos :
pirito. e se primeiro de nos começa, qual
7 Ora ja o fim de todas as cou­ será o fim daquelles que naõ obe­
sas está perto -. Por tanto sede so- decem ao Evangelho de Deos ?
brios, e vigiai em orações. 18 E se o justo apenas se sal­
8 E sobre tudo tende entre vos- va, aonde aparecera o impio e o
outros fervente caridade : porque peccador?
a caridade cubrirá multidão de 19 Por tanto também os. que
Receados. segundo a vontade de Deos pa­
9 Hospedai->:os huns aos ou- decem, encomendem lhe suas
tros sem murmurações. almas, como ao fiel criador, fa­
• Ou, Ettandolht sujeitos, zendo bem.
i Ou, Vssafezo. • Ou, Da, ou, concede.
DE S. PEDRO, CAP. V. S1T
vossa soliciiidaõ: porque elle tem
CAPITULO V? cuidado de vos outros.
AMOESTO aos Anciaõs que 8 Sede sobrios, e velai: por­
** entre vos-outrosestaõ, eu que que vosso adversário, o diabo,
também juntamente com elles anda como leaõ bramindo ao re­
sou Anciaõ, e testemunha das dor de vos outros, buscando a
afflicções de Christo, e, também quem possa tragar.
participante da gloria que-ha de 9 Ao qual resisti firmes na
ser manifestada. fé: sabendo que as mesmas afflic­
2 Apacentai o rebanho de Deos ções se cumprem na companhia
que vos está encarregado, tendo de vossos irmaõs que estaõ no
cuidado delle, naõ por força, ma' mundo.
voluntariamente: naõ por ganan- 10 Ora o Deos de toda graça,
cia deshonesta, mas de hum ani­ que em Jesu Christo a sua eterna
mo prompto: gloria nos chamou, havendo ainda
3 Nem como tendo senhorio hum pouco de tempo padecido,
sobre as herdades da Senhor, se- o mesmo vos aperfeiçoe, afflrme,
naõ de tal maneira que sejais ex­ fortifique, e funde.
emplos do rebanho. 11 A elle seja a gloria, e
4 £ quando aparecer o Summo fortaleza para sempre jamais.
Pastor, receberéis a coroada glo­ Amen.
ria que naõ se pode murchar. 12 Por Silvano, como cuido,
5 Semelhantemente vos man­ vosso fiel irmaô, escrevi breve­
cebos, sede sugeitos aos velhos mente, exhortando e testificando,
de maneira que todos sejais suge­ que esta he a verdadeira graça de
itos huns aos outros: vesti-vos íleos em que estais.
de humildade: porque Deos re­ 13 A Igreja que está fem Ba-
siste aos soberbos, mas da graça bylonia, juntamente comnosco
aos humildes. eleita, e Marcos meu filho, voa
6 Por tanto humilhai-vos de­ saudaõ. ...
baixo da poderosa maõ de Deos, 14 Saudai-vos huns.aos outros
paraque vos exalce quando fór com beijo de caridade. Paz se­
tempo: ja com todos vos-outros, os que
7 Deitando sobre elle toda estais em Christo Jesus. Amen,

E e 2
SEGUNDA EPISTOLA UNIVERSAL
DO APOSTOLO S. PEDRO.

CAPITULO I. 8 Porque se estas sousas em


vos houver, e abundarem, vos naõ
© imaò Pedro servo e Apostolo deixaraõ estar ouciosos, nem es-
de Jesu Christo, aos que tem tertles no conhecimento de nosso
alcançado comnosco a igual pre­ Senhor Jesu Christo.
ciosa fé pela justiça de nosso Deos 9 Porque aqueile em quem es­
e Salvador Jesu Christo. tas cousas se naõ achaõ, ne cego,
2 Graça e paz vos seja mul­ e tiaõ vé nada de longe, haven­
tiplicada pelo conhecimento de do-se esquecido da punficaçaõ de
Deos, e de Jesus nosso Senhor : seus antepassados peccados.
3 Como sua Divina potência 10 Por tanto, irmaõs, tanto
nos deo todo o que pretence í mais procurai com diligencia de
vida e piedade, pelo conhecimen­ fazer firme vossa voeaçaõ e elei­
to daqueRe que nos chamou para ção. Porque fazendo isto nunca
gloria e. virtude. tropeçaréis.
4 Pelas quaes nos saò dadas 11 Porque assi vos será abun-
grandíssimas e preciosas promes­ dantemente • fornecida a entrada
sas, paraque porellas sejais feitos no Reyno eterno de nosso Senhor
participantes da natureza Divina, e Salvador Jesu Christo.
havendo escapado da eorrupçaõ 12 Peloque naõ negligeréi de
que ha no mundo pela concupis­ sempre vos amoestar destas cou­
cência. sas, aindaque bem as saibais, e
5 Por tanto vos também pondo na verdade presente cenfirmados
nisto mesmo toda diligencia, a- estejais.
crecentai á vossa fé virtude, e á 13 Porque por justo tenho, em
virtude, sciencia, quanto neste tabernáculo estou,
6 E á sciencia, temperança, e de com amoestações vos desper­
& emperança, paciência, e â pa­ tar.
ciência, piedade. 14 Sabendo que brevemente
7 E á piedade, amor fraternal, deste meu tabernáculo me hei de
e ao amor fraternal, caridade pa­ * mudar, como também nosso
ru com todos. * Ou, Subminixtrada, ou, adminis-
Itrada.
* Ou, Simtorr t Ou, Pcíxsr este meu, %c.
S. PEDRO, CAP. II. 319
Senhor Jesus Christo ja declarado que os comprou, trazendo sobre
mo tem. si mesmos t ‘repentina perdi­
15 Mas eu procuraréi com dili­ çaõ.
gencia na qualquer occasiaõ, que 2 E muitos seguiráõ suas per­
também depois de meu faleci­ dições, pelos quaes o caminho da
mento possais ter lembrança de­ verdade será blasfemada:
stas cousas. S E por avareza faráõ f mer­
16 Porque naô vos temos dado cadoria de vos-outros com pala­
a conhecer a potência e a vinda vras fingidas, sobre os quaes ja
de nosso Senhor Jesu Christo, se­ de largo tempo naõ está ociosa a
guindo fabulas artificialmente : condenaçaõ, e sua perdiçaõ naõ
compostas, senaõ como com nos­ se adormece.
sos propnos olhos sua Magestade 4 Porque se Deos naõ § per­
havendo visto. doou aos Anjos que peccáraõ,
17 Porque de Deos Pai rece- antes havendo os precipitado no
beo honra e gloria, quando huma inferno a cadeas de escuridade,
tal voz de magnifica gloria lhe os entregou para o juizo serem
foi enviada: Este he meu amado reservados :
Filho, em quem tomei meu bom 5 E naõ || perdoou ao mundo
contentamento. antigo, mas guardou a Noê ** o
18 E ouvintos esta vos enviada oitavo, o prégoeiro de> justiça, ’e
do cqo, estando com elle no monte trouxe o deluvio sobre o mundo
santo. dos malvados:
19 E temos a palarvra dosPro- 6 E condenou as cidades de
fetas, a qual he mui firme: á qual Sodoma e Gomorra com a des­
fazeis bem de estardes atentos truição, reduzindo-as em cinza, e
como a hum lume que alumia pondo as por exemplo aos que
em lugar escuro, até que o em impiedade haviaõ de viver.
dia comece a esclarecer, e * a 7 E livrou ao justo Lot, que
estrella d’ alva saya em vossos da luxuriosa conversaçaõ dos a-
corações. bominaveis homens andavaft en­
20 Sabendo primeiramente is­ fadado.
to, que nenhuma profecia da Es 8 (Porque, habitando este justo
critura he de própria interpreta­ entr’ elles, cada dia affligia sua
ção. alma justa peloque de suas injus­
21 Porque a profecia naô se tas obras via e ouvia.)
trouxe antigamente por vontade 9 Assi sabe o Senhor livrar das
alguma humana, mas os santos tentações aos pios, e reservar aos
liotnens de Deos a fallaraõ, sendo injustos para no dia do juizo serem
compelidos do Espirito santo. castigados:
10 E principalmente áos que
CAPITULO II. segundo a carne andaõ em con­
cupiscência de immundicia, e a
TV4 AS também houve falsos
profetas entre o povo, como *Oo, Auterada, eu, apraMUkh
também entre vos-outros havera i Ou, Contrato,
falso doutores, que encuberta- | Ou, Ojuizo.
■j Ou, Poupou,
mente introduziráõ, sectas de | Oo, Poupou.
perdiçaõ e negaráõ ao Senhor ç Ou, Ff lho.
•• Ou, Com 8tte
* Ou, 0 tuseiro da manha a. 0», Cansado.
820 It. EPISTOLA UNIVERSAL
aos * senhorios desprézaõ, atrevi­ ras haviaõ escapado dos que em
dos, agradando se a si mesmos, error ♦ conversão.
nem arreceando de blasfemar das 19 Prometendo-lhes liberdade,
dignidades superiores. sendo elles mesmos servos de cor­
11 Como querque até os mes­ rupção. Porque o que de algum
mos Anjos, aindaque maiores em he vencido, reduzido está á servi­
força e em potência, naõ daõ con­ dão daquelie que o venceo.
tra ellas diante do Senhor sen­ 20 Porque se depois de ja, pelo
tença de blasfémia. conhecimento do Senhor e Salva­
12 Mas estes, como bestas dor Jesu Cliristo, das çugidades
t brutas, que seguem a na'ureza, do mundo se haverem escapado, e
feitas para serem presas e mor envolvendo-se outra vezneilas, se
tas, blasfemando do que naõ en­ deixaô vencer, peor vem entaõ a
tendem seiáõ corrumpidos em ser sua ultima, do que sua pri­
sua própria corrupção: meira sorte.
13 Recebendo o galardaõ de 21 Po que melhor lhes houvera
injustiça, tomando seu prazer em sido naõ haverem conhecido o
suas quotidianas delicias, sendo caminho da justiça, do que depois
tachas e maculas, recreaudo-se de o conhecer, tornar-se atras do
em seus | enganos, banqueteando santo mandamento que lhes fora
com vosco. dado.
14 Tendo os olhos cheios de 22 Porem aconteceo-lhe o que
adultério, e nunca cessando de por hum verdadeiro provérbio se
peccar: engodando as almas in­ soe dizer : Tornou-se o caõ a seu
constantes. tendo o coraçaô ex­ proprio vomito: ea porca lavada
ercitado em avareza, filhos de ao espojaduuro do lamaçal.
maidiçaõ:
15 Que, deixando 0 caminho CAPITULO III.
direito, erráraô, seguindo o ca­
minho de Balaam filho de Bosor, í^ARISSIMOS, esta segunda
que amou o galardaõ da iniqui­ carta vos escrevo agora pelas
dade : quaes ambas desperto com exhor-
16 Mas foi redarguido de sua taçaõ o vosso t sin-geio animo.
injustiça: Porque o mudo animal 2 Paraque tenhais lembrança
de jugo, fadando em voz de ho­ das palavras que d’ antes pelos
mem, impedto a louquice de Pro­ santos Profetas foraõ ditas, e
feta. de nosso mandamento, pois Apo-
17 Estes saõ fontes sem agoa, stolos do Senhor c Salvador
e nuveis levadas do redomoinho somos.
de vento: para os quaes a escu 3 Sabendo primeiro isto, que
ridàde das trevas eternalmente nos últimos dias viraõ escarne-
está reservada. cedores, andando segundo suas
18 Porque fallando palavras próprias concupiscências.
arrogantes de vaidade, engodaõ 4 E dizendo : | Aonde está a
com as concupiscências da carne, promessa de sua vinda? porque
ecom luxurias, aos queja de ve desde que os Pais adormeceraõ,
todas as cousas perseveraõ assi
• On, Magistrado. • Ou, Andai.
♦ Ou, Irraclonacs. t Ou, Sincero.
t Ou, Çmbmits, ou, errores. | Ou, Que da prometia*
DE S. PEDRO, CAP. III. 3-21
tomo dês’ do principio da criaçaõ. em que os cecs, sendo encendi-
5 Porque voluntariamente ig-Idos, se desfaraõ; e os elementos,
noraõ que pela palavra de Deos [serído abrasados, * se ftindiráõ.
desd' a antiguidade, tiveraõ seu 13 Porem segundo sua promes
Dromes-­
ser os ceos e a terra, que pela sa esperámos novos ceos, e nova
agoa e na agoa consiste. terra, em que a justiça habita.
6 Peloque o mundo- d’' entaõ 14 Peloque, 6 amados, espe­
pereceo, anegado pelo deluvio rando estas cousas, procurai com
das agoas. diligencia, que delle achados se­
7 Mas os ceos e a terra que jais sem f tacha, e sem reprensaõ
agora saõ, pela rijesma palavra se em paz.
reservaõ como tesouro, e se guar- T5 E tende por salvaçaõ a lon­
daõ para o fogo no dia de juizo, ganimidade de nosso Senhor: co­
e da destruição dos homens Ím­ mo também nosso amado irmaõ
pios. Paulo vos escreveo, segundo a
8 Mas, 6 amados, naõ ignoreis sabedoria que lhe foi dada.:
esta huma cousa, que hum dia para 16 Como também em todas
com o Senhor, ne como tnil an- as cartas, nellas destas cousas
nos; e mil annos, como hum dia. fallando: entre as quaes ha al-
9 O Senhor naõ retarda sua guas difficeis de entender, que os
promesa, (como alguns a tem por indoctos e inconstantes homens
tardança:) mas he paciente para torcem, como também as de mais
comnosco, naõ querendo que al­ Escrituras, para sua, própria per*
guém se perca, senaõ que todos dicaõ.
venhaõ a se arrepender. 17 Por tanto vos-outros, ó ama­
10 Mas o dia do Senhor virá dos, isso sabendo d' antes, guar­
como o ladraõ na noite, no qual dai-vos que pelo engano dos abo­
os ceos passaráõ com grande es­ mináveis homens vos naõ deixeis
trondo, e os elementos se abrasa- com elles juntamente arrebatar,
ráõ e desfaráõ, e a terra, e todas e assi de vossa firmeza cayais.
as obras que nella ha, se queima- 13 Antes ide crescendo na gra­
raõ. ça e conhecimento de nosso Sen­
11 Pois como assi seja que to­ hor, e Salvador Jesu Christo. A
das estas cousas se desfazem, qua­ elle seja a gloria, a agora, e no dia
es vos convém a vos-outros ser em da eternidade. Amen.
santas conversações, e piedade ?
12 Esperando, e apresurando- • Ou, Derretertâ.
vos para a vinda do dia de Deos, t Ou, Miafula,
PRIMEIRA EPISTOLA UNIVERSAL
DO APOSTOLO S. JOAÕ.

CAPITULO I. , 9 Se nossos peccados, confes­


QUE éra desd’ o principia, sarmos, fiel e justo he elle para
o que ouvimos, o que com nos perdoar os peccados, e da
nossos olhos vimos, o que con­ toda maldade nos alimpar.
templávamos, e nossas maõs to- 10 Se dissermos que naõ have­
cáraõ, acerca da palavra da vida: mos peccado, fazemo-lo a elle
. 2 (Porque manifesta está ja a mentiroso, e sua palavra em nos
vida, e nos a vimos e testificamos, naõ está.
e vos annunciamos aquella vida
eterna, que com o Pai estâva,e CAPITULO II.
manifestada nos foi.)
3 Assi que o que vimos ouvi­ 1VJEUS filhinhos, estas cousa»
mos, isso vos annunciamos, para- •*•*■*• vos escrevo, paraque naõ
que também comnosco comtnun- pequeis: e se algum peccar temos
naõ tenhais, e nossa communhaô hum avogado diante do Pai, a
seja cotn o Pai e com seu Ftlho Jesu Christo o justo.
Jesu Christo. 2 E elle he a propiçiaõ por
4 E escrevemos-vos estas cou­ nossos peccados, e naõ sómente
sas, paraque vosso gozo seja cum­ pelos nossos, mas também pelos
prido. de todo o mundo.
5 Ora esta he a annunciaçaõ 3 E por isto sabemos que co­
que delle temos ouvido, e vo-la nhecido o temos, se seus manda­
annunciamos, que Deos he luz, e mentos guardamos.
naõ ha nelle trevas nenhumas. 4 Quem diz: Eu o conheço,
6 Se dissermos que com elle e seus mandamentos naõ gttaida,
communhaô temos e em trevas mentiroso he, e verdade nellenaõ
andarmos, mentimos, e a verda­ ha.
de naõ fazemos. 5 Mas quem sua palavra guar­
7 Porem se na luz andarmos, da, nelle està verdadeiramente o
como elle na luz está, commu- amor de Deos cumprido: por isto
lihaõ huns com os outros temos; sabemos que nelle estamos.
e o sangue de Jesu Christo seu 6 Quem diz que nelle perma­
Filho nos purga de todo peccado. nece, também deve andar como
8 Se dissermos que peccado naõ elle andou.
temos, a nosmesmos no engana­ 7 Irinaõs, naõ vos escrevo hum
mos, c naõ ha em nos verdade. mandamentojnovo, senaõ o man-
DE S. JOAO, CAP. II. 323
damento antigo, que desdo prin­ hora: e como ja ouvistes, que o
cipio tivestes. Este mandamento .ntichristo vem, a.\si também ja
antigo he a palavra que desdo agora ha mutlos Anrichristos;
principio tendes ouvido. por onde conhecemos que ja esta
8 Outra vez vos escrevo hum he a ultima hora.
mandamento novo: que he a 19 De nos se sahiraõ, porem
verdade nelle, seja lambem a rjaõ éraõ de nos: porque se de
verdade em vos-outros: porque nos foraõ, comnosco ficáraõ: mas
as trevas saõ passadas, e a he paraque se. manifestasse
verdadeira luz ja alumia. que nem todos de nos saõ.
9 Quem diz que está em luz, < 20 Mas vos-outros tendes à
aborrece a seu irmaõ, até agora unçaõ do Santo, e conheceis todas
está em trevas. as cousas.
10 Quem ama a seu irmaõ, 21 Naõ vos escrevi como se a
permanece em luz,e naõ ha neiu- verdade naõ conhecesseis, mas o
tropeço. que sabeis, e que nenhuma meu-
11 Mas quem aborrece a seu tirahe da verdade,
irmaõ, está em tTevas, e anda em 22 Quem he o mentiroso, se-
trevas, e naõ sabe para onde va: ■aõ aquelle que nega que Jesus
porque as trevas Jhe tem cegado heoChrisio? Aqueile heo Anti-
os olhos. christo que nega ao Pai e ao Filho.
12 Filhinbos, escrevo-vos, por­ 23 Qualquer que nega ao Filho,
que por -seu nome vos saõ perdoa tampouco tem o Pai:'
dos os peccados. 24 Por tanto o que desdo
13 Pais escrevo-vos, porque principio ouvistes, fique em vos
conhecestes áquelle que ja he permanecente : Porque se o que
desdo principio Mancebos, es­ desdo principio ouvistes, em vos
crevo-vos, porque vencestes ao permanecente ficar, também per-
malino. Filhos, escrevo-vos, por­ maneceréis no Filho e no Pai.
que ja conheceste» ao Pai. 25 E esta he a promessa que
14 Pais, escrevi-vos, porque elle nos prometeo, a saber, a vida
conhecestes áqiielle que ja he eterna.
desdo principio. Mancebos, es­ 26 Estas cousas vos escrevi
crevi-vos, porque sois fortes, e a acerca dos que vos enganaõ.
palavra de Deos permanece em 27 E a unçaõ que vos delle
vos, e vencestes ao malino. recebestes, fica em vos, e naõ
15 Naõ ameis ao mundò, nem tendes necessidade de que alguetn
as cousas que ha no mundo : se vos ensine: antes como a mesma
algum ama ao inundo, o amor do unçaõ vos ensina todas as cousas,
Pai naõ está nelle. assi também he verdadeira, e naõ
16 Porque tudo o que ha no mentira, e assi como ella vos
mundo, como a concupiscência da ensinou, assi nelle ficareis.
-carne, e a cobiça dos olhos, e a 23 Por tanto agora filhinhos,
soberba da vida naõ he do Pai, ficai nelle : paraque, quando a-
senaõ do mundo. parecer, teuhamos confiança, e
17 E o mundo passa, e sua naõ fiquemos confundidos delle
concupiscência: mas quem faz em sua vinda.
a vontade de Deos, permanece 29 Se sabeis que elle he justo,
para sempre. sabeis que qualquer que faz justi­
18 Filinhos, ja he a ultima ça, delle he nascido.
324 I. EPISTOLA 1 NIVERSAL.
CAPÍTULO III. 12 Naõ como Caim çue era do
malino, e matou a seu irmaõ. E
/"ALUAI que grande caridade porque cau-a o matou í Porque
nos tem dado o Pai, a saber suas obras craõ más, e as de seu
que sejamos chamados filhos de irmaõ eraõ justas.
Deos. Por isto nos naõ conhccf 13 Meus irmaõs, naõ vos mara,
o mundo, por quanto a elle o naõ vilheis se o mundo vos aborrece.
conhece. 14 * Em amarmos aos irmaõs
2 Carissinios, agora somos sabemos que ja da morte a vida
filhos de Deos, mas o que havemos somos passados. Quem a seu
de ser, ainda naõ está mámfesia- irmaõ naõ ama, na morie fica.
do. Porem sabemos que quando 15 Qualquer que a seu irmaõ
elle aparecer, lhe seremos seme­ aborrece, he homicida. E ben)
lhantes: porque assi como he o sabeis que nenhum homicida
veiemos. tem em si permanecente a vida
3 Ê qualquer que nelle esta es­ eterna.
perança tem, a st mesmo se puri­ 16 Nisto temos conhecido a
fica, como também elle he puro. caridade, em que sua vida por
4 Qualquer que faz peccado, nos póz: e non devemos por a
* faz também a injustiça: Porque vida pelos irmaõs.
o peccado be a injustiça. 17 Porem quem tiver os bens
5 Ora bem sabeis ves que elle do mundo, e vir a seu irmaõ que
apareceo, para nossos peceados tem necessidade, e suas entranhas
tirar; e naõ ha nelle peccado. lhe cerrar, como fica a caridade
6 Qualquer que nelle perma­ de Deos nelle ?
nece, naõ pecca: qualquer que 18 Meus filhinhos, naõ amemos
pecca, nem o vio, nem o conheceo. palavra, nem de lingoa, senae
7 Filhinhos, ninguém vos en­ de obra e de verdade.
gane. Quem fazjustiça, he justo, 19 E nisto conhecémos que
assi como elle he justo. somos da verdade, e diante delle
8 Quem faz peccpdo, he do di­ nossos corações assegurarémos.
abo : porque a diabo pecca desdo 20 Que se nosso coraçaõ nos
principio. Por isso o Filho de condena, maior he Deos do que
Deos apareceo para desfazer as nosso coraçaõ, e conhece todas
obras do diabo. as cousas.
9 Qualquer que he nastido de 21 Caríssimos, se nosso cora­
Deos, naõ faz peccado: porque çaõ nos naõ coudena, confiança
sua semente permanece nelle; temos para com Deos.
e naõ pode peccar, porque he 22 E tudo o que pedirmos delle
ltascido de Deos. o recebemos: porque seus man­
10 Nisto saõ manifestos os damentos guardamos, e as cousas
filhos de Deos, e os filhos do que lhe agradaõ lazemos.
diabo, Qualquer que naõ faz jus­ 23 E este he seu mandamento,
tiça, e que naõ ama a seu irmaõ, que creamos em o nome de seu
naõ he de Deos. Filho Jesu Christo, e que huns
11 Porque isto he o que desdo aos otitros nos amemos, como elle
principio tendes ouvido annun- no-lo tem mandado.
ciar, que httns aos outros nos 24 E aquelíe que seus manda­
amemos. mentos guarda, nelle permane-
* Ou, Ftu também contra a Leis
peccado hç o gue he contra a • Ou, Em que amamos.
DE S. JOAO, CAP. IV. V. 855
ce, e elle nelle. E nisto sabemos amado, mas que elle a fios nos
que elie em nos permanece, a sa­ amou, e a seu Filho enviou, para
ber, * peio Espirito que nos tem por nossos peccados ser propici­
dado. ação.
11 Amados, se Deos assi nos
CAPITULO IV. amou, também huns aos outros
AMADOS, naõ creais a todo nos devemos de amar.
** espirito, -mas provai aos es­ 12 Ninguém vto nunca a Deos:
píritos se saõ de Deos: porque se huns aos outros nos amamos,
muitos falsos profetas tem ja sa- em nos fica Deos, e em nos está
hido no mundo. sua caridade perfeita.
2 Nisto conheceis o Espirito 15 Nisto conhecemos que nelle
de Deos. Todo espirito que con- ficamos, e elle em nos, porque de
fessa que Jesu Cfiristo veio na seu Espirito nos deó.
carne, he de Deos._ 14 E vimo-lo, e testificamos
3 É todo espirito que naõ con­ que o Pai enviou a seu Filho para
fessa que Jesu Christo na carne Salvador do mundo.
veio/ naõ he de Deos : mas este 1,5 Qualquer que confessar que
he o espirito do Antichristo, do Jesus fie o Filho de Deos, Deos
qual espirito ja tendes ouvido que fica nelle, e elle em Deos.
na de vir, e jaagora está no mun­ 16 E ja temos conhecido, e
do. crido a caridade que Deos nos
4 Filhinhos, de Deos sois, e tem. .Deos he caridade: e quem
ja os tendes vencido: porque fica em caridade fica em Deos, e
aquelle que em vos está, maior Deos nelle.
he do que o que está no mundo. 17 Nisto he perfeita á caridade
5 Do mundo saõ, por isso do para com nos, paraque no dia do
mundo fallaõ, e o mundo os f es­ juizo possamos ter confiança, a
cuta. sabei-, qúe tal qual elle he, taes
6 Nos-outros somos de Deos. somos tios tamfiehi neste mundo.
Quem conhece a Deos, nos escu­ 13 .Na caridade naõ ha temor,
ta : quem naõ he de Deos, naõ antes a perfeita caridade lança
'BoS escuta: nisto conhecemos nos fora ao temor: porque o temor
o.Espirito da verdade, e o espirito traz pena, e o qúe temttemor, naõ
do error. está perfeito em caridade.
7 Amados, amemo-nos huns 19 Nos o amamos á éllè, por­
aos outros: porque a caridade he quanto elie primeiro nos amou.
de Deos, e qualquer que ama he 20 Se algum diz r Eu. amo a
nascido de Deos e conhece a Deos, e aborrece a sèu irmaõ,
Deos. mentiroso he. Porque queni naõ
8 Quem naõ ama, naõ tem ama a seu irmaõ, aó qual vio,
conhecido a Deos: porque Deos comd pode amar a Deos, ao qual
he caridade. naõ vio?
9 Nisto se manifestou a cari­ 21 E nos-outros temos delle
dade de Deos para cómnosco que este mandamento, a saber, que
Deos enviou a seu Filho unigé­ quem a Deos ama, ame também
nito ao mundo, paraque por elle a seu irmaõ.
vivamos.
10 Nisto está a caridade, naõ CAPITULO V.
que nos-outros a Deos hajamos 'PODO aquelleque cré que Je-
• Ou, Ddro. t Ou, Oure. *- sus he o Chr.sto, he nascido
Ff
8Í6 I EPIST. UNIVERSAL DE! S. JOAO, CAP. V.
de Deos: etodo aquelle que amà eterna: e esta vida está em seu
ao que gerou, ama também ao Filho.
que delle nascido he. 12 Quem tem ao Filho, tem a
2 Nisto conhecemos que aos vida: quem naõ tem ao Filho de
filhos de Deos amamos, quando Deos, naõ tem a vida
amamos a Deos, e seus manda­ 13 Esias cousas vos escrevi a
mentos guardamos. vos-outros, os que credes em o
3 Porque este he o amor de nome do Filho de Deos : pa aque
Deos, que guardemos seus man­ saibais que tendes a vida eterna,
damentos : e seus mandamentos e pa-a que creais em o nome do
naõ saõ * pesados. Filho de Deos.
4 Porque tudo o que he nascido 14 E esta he a confiança que
de Deos, vence ao inundo: e para com elle temos, que se al­
esta he a vitoria que ao mundo guma cousa segundo sua vontade
vence,.conveai a saber, nossa fé. pedirmos, elle nos ouve.
5 Quem he aquelle que au 15 E se sabemos que, em qual­
mundo vence, seoaõ aquelle qitt quer cousa que pedirmos, nos
cré que Jesus he o Filho de Deos r ouve, também sabemos que as
6 Este he aquelle Jesu Christo petições, que lhe pedirmos, as
que veio por agoa, e por sangue : ileaeçamos.
n.aõ sómente por agoa, mas por 16 Se alguém vir peccar á seu
agoa e por sangue. E o Espirito irmaõ, peccado que naõ hg para
he o que dá testemunho, que o morte, pedirá a Deos e dar-The-ha
Espirito he a verdade. a vida: áquelJes digo que para
1 Porque tres saõ os que daõ morte naõ peccarem. Peccado ha
testéiuuuho no ceo, -o Pai, o Ver­ para morte, pelo qual peccado naõ
bo, e o Espirito Santo: e este» digo que rogue.
tres saõ huui 1? Toda injustiça he peccado :
8 E tres saõ os que-daõ teste­ porem peccado ha que naõ he de
munho na terra, o Espirito, a morte.
Agoa, e o Sangue: e estes tres 18 Bem sabemos que todo a-
se f concordaõ em hum. quelle que de Deos ne nascido,
9 Se o testemunho dos Ixtmens naõ pecca, mas o que de Deos he
recebemos, o testemunho de De­ gerado, se conserva a si mesmo;
os he maior: porque este he o e o maliuo lhe naõ pega.
testemunho de Deos, que de seu 19 Sabido temos que de Deos
Filho testificou. somos, e que todo o mundo jaz
10 Quem cré no Filho de De­ em maldade.
os, tem testemunho enl si mes­ 20 Porem sabemos que ja o
mo : quem a Deos naõ cré, men­ Filho de Deos he vindo, e nos
tiroso o ftz: porque naõ creo ao tem dado entendimento, para
testemunho que Deosde seu Filho conhecer ao Verdadeiro; e no
testificou. Verdadeiro estamos, a saber, em
11 E este he o testemunho, a seu Filho Jesu Christo. Este he
saber, que Deos nos deo a vida o verdadeiro Deos, e a vida eterna.
• Ou, Graves, ou, dificultosos, 21 Filhinhos, guardai-vos dos
t Ou* Reportai a kuià» idolos. Arnen,
SEGUNDA EPISTOLA DO APOSTOLO

S. JOAÕ.

ZT Anciaõ á senhora eleita, e quaes naõ confessaõ que Jesu


a seus filhos, aos quaes em Christo he vindo na carne. Este
verdade amo : e naõ sómente eu, tal he o enganador e o Anti-
noas também todos os que a ver­ christo.
dade tem conhecido: 8 Olhai por vos mesmos, pa-
8 Por amor da verdade que em raque o que ja feito temos, a per­
nos permanece, e comnoscó para der o naõ venhamos, mas ante*
sempre estará. o inteiro galardaõ recebamos.
3 A graça, misericórdia, e paz 9 Todo aquelle que • prevarica,
de Deos Pai, e do Senhor Jesu e na doutrina de Cnristo naõ per­
Christo, o Pilho do Pai, seja com- severa, naõ tem a Deòs: quem na
vosco em verdade e caridade. doutrina de Christo persevera,
' 4 Muito me alegrei por achar tem ao Pai, eao Filho.
3ue de teus filhos andaõ na ver- 10 Se alguém avos-outros vem,
ade, segundo recebemos o man­ e esta doutrina naõ traz, naõ o
damento do Pai. recebais em vossá casa, f nem
5 E agora, senhora eleita, te tampouco o saudeis.
rogo naõ como escrevendo te hum 11 Porque quem o satida, com
novo mandamento, mas o que suas más obras communica.
desd’ o principio tivemos, a saber, 18 -Aindaque muitas cousas ti­
que nos amemos huns aos ou­ nha que vos escrever, naõ as quiz
tros. escrever cofn papel e tinta: mas
6 E esta he a caridade, que espero vira vós outros, efallarde
andemos segundo seus manda boca a boca, paráque nosso gozo
mentos Este he o mandamento, seja cumprido.
conforme ao qúè ja desd’ o prin­ 13 Os filhos de tua irmaã, a
cipio ouvido tendes, que nelle eleita, te saudaõ.
andeis.
• Ou, Traspassa, Ou, se desvia-
7 Porque muitos enganadores + Ou, tfem ainda lhe àiçai$t D&õtte.
»aõ ja entrados no mundo, os salte-
TERCEIRA EPISTOLA DO APOSTOLO
S. JOAÕ.

/y Awctàõ ao amado Gayo, a- deseja ter o primado, naõ nos re>


'“Z quem em verdade amõ. cebe.
9 Amado, dessejo principal­ 10 Por esta causa, se eu vier,
mente que * sejas prosperado, e trarei à memória suas obras- que
tèrihas saude, como tambera tua fazendo anda, parlando contra
alma e sth em prosperidade. nos com maliciosas palavras: e
3 Porque muito me alegrei naõ contento com isto, náõ só­
tfuãndb viefaó bs irmaõs, e deraõ mente aos irmaõ9 naõ recebe»
testetQunJio de tua verdade, como porem também impede aos que
tú ij’a verdade andas receber os querem, e fora da Ig­
4 Maior gQzonaó tenho do que reja os lança.
es‘e, que ouço que meus filhos 11 Amado, naõ * sigas o mal,
atidâô na verdade. serfaõ o bem. Quem faz bem, he
'5 Amatío, fielmente fazes em de Deos: mas quem faz mal, naõ
tudo o que fazes para couj os ir­ tem visto a Deos.
maõs, e para com os estranhos. . l? Todos daõ testemunho de
6 Os quaes em presença da Demetrio, até a mesma verdade:
Igreja deraõ testemunho de tua e tambera nos damos testemunho,
caridade: as quaes se, segundo e bem sabeis vos que nosso teste­
Deos dignamenté, os accompan- munho he verdadeiro.
hâres, bem faras. 13 Muitas .cousas que escrever
t Porque par’ seú nome se sa- linha, porem naõ te quero escre­
hiraõ, naõ tomando nada dos ver.com tinta e penca:
gentios. 14 Mas espero brevemente
8 Por tanto.devemos receber a verte, e fallarémos de boca* a
os taes,. paraque sejamos coadju­ boca. . . '.
tores dã verdade. 15 Paz seja comtigp: ÓS ami­
9 Escrito tenho á Igreja: po­ gos te saudaõ. Saúda aos ami­
rem Diotrephes, que eiitr’elles gos nome por nome.
• Ou, Em tudo tc ta bem. • Ou, Imitas.
EPISTOLA UNIVERSAL DO APOSTOLO
S. JUDAS.

TUDA.S servo de Jesu Christo, e a carne, e menosprézaõ o senho­


** irmaõ de Jacoba, aos ja cha­ rio, e vituperadas • dignidades.
mados, santificados pelo Deos 9 Todavia Michaêl o Archan--
Pai, e por Jesu Christo conserva jo, quando contendia com o diabo
dos. sobre o corpo de Moyses, naõ ou­
2 Misericórdia, e paz, e cari­ sou a contra elle usar de juizo de
dade vos seja multiplicada. maldiçaõ; mas disse: O Senhor
3 Amados, procurando eu de te redargua.
com toda diligencia vos escrever 10 Porem estes dizem mal do
acerca da commum salvaçaó, foi- que naõ entendem, e se corrom­
me necessarto escrever-vos, e ex- pem em tudo o que, como f'
hor'ar-»ov a batalhar pela fé, que bestas brutas, naturalmente con­
huma vez aos santos foi entrega­ hecem.
da. 11 Aydellés: porque <0 cami-
4 Porque encubertamente se nho de Caim séguiráõ e pelo
tem entrado alguns que ja dan­ engano do galardaõ de Balaam se
tes estávaõ * escritos para esta derramâraõ, e pela contradição,
mesma condenaçaõ, impios, que de Coré perecéraõ.
convertem a graça de Deos em f 12 Estes saô manchas em vos­
dissolução, e negaõ ao só Ensen- sos convites de caridade, banque*
horeador Deos e nosso Senhor teando comvosco: apacentaudo-
Jesu Christo. se a si mesmos sem temor algum:
5 Porem quero vos lembrar, saõ nuvens sem agoa, levado*
como aos que ja huma vez isto dos ventos de huma a outta han-
sabeis, que havendo o Senhor ao da: saõ como arvores murchas,
povo de Egypto livrado, destru- e semfru'0, duas vezes mortas, e
to depois aos que naõcfiaõ. desarraigadas.
6 E debaixo de escuridade em 13 Ondas impetuosas do mar,
prisões eternas reservou até o que escumaõ suas mesmas abo
juízo daquelle grande dia aos An­ minações; estrePas errantes, pa­
jos que sua origem naõ. guardà- ra os quaes a escuridade das tre-'
raõ, antes sua habitapõ. deixáraô vas estâ eternamente reservada.
7 Como Sodoma e Gomorra, 14 Dos quaes profetizou tam­
o as cidadçs circum vizinhas, as bém Enoch, o sétimo depois de*
quaes ao modo daquelles haven­ Ádam, dizendo: Eis-que vindo
do fòrnicado, e havendo-se apos be o Senhor com seus santos mi­
outra carnè desenfreado, foraô lhares.
propostas por exemplo, havendo 15 Para contra todos juizo fa­
recebido a pena do fogo eterno. zer, e a todos os impios dentpel-
8 E também estes semelhante­
mente adormecidos, coutaminaõ ‘ • Ou, Potestades superiores, . '
• 0«, Ordenados, t Ou, Luxuria. t Ou, Animaes irracioaaei.
Ff 2
330 EPIST. UNIVERSAL DE S. JUDAS.
les * convencer de todoji suas más 20 Mas vos-outros, amados,.edi;-
otfbas que ítnpiamen'eeotnetéraá. fieai vos a vos mesmos sobre vossa
e de iodas as + rudas palavras santíssima fé, orando no Espirito
que contra elle failaraó os ímpios Santo.
peccadores. 21 Ctmservai-vos a vos mes­
16 Estes saõ murmuradores, mos no amor de Deos esperando
querelosos acerca de seu estado, a misericórdia de nosso Senhor
que andaõ segundo suas concupi­ Jesu Christo para vida eterna:
scências : e sua boca fai la cousas 22 E tende piedade dos huns,
mui arrogantes tendo em adtni- usando de díscriçaõ .-
raçaóas pessoas por causa de pro­ 23 Mas salvai aos outros por?
veito. ♦temor, arrebatando-os do fogo,
17 Mas vos-outros, amados, e oborrecendo também, até a
tende lembrauça das palavras que roupa manchada da carne.
d’antes foraõ duas pelos Aposto- 24 Ora áquelle que poderoso
los de nosso Senhor Jesu Christo. he para de tropeçar vos guardar,
18 Como vos diziaô, Que no e com alegria perante sua gloria
ultimo tempo haveria escarnece- irreprensiveis vos apresentar:
dxrres, que segundo suas malvadas 25 Ao só sabio Deos, nosso
concupiscências andariaõ. ’ Salvador, seja gloria e ruagesiade,
19 Estes saõ os que a si mes­ força e potência, agora e para to­
mos se sepáraõ, homens naturaes, do sempre. Amen.
e que naõ tem o . Espirito.
• Ou> • Oo, Terrer.
1 Ou, C«r«s» ou, riuitzat. i

APOCALYPSE, OU A REVELACAÕ
DE S. JOÃO O THEOLOGO.
CAPITULO I. sas que nella estaôescritas: Por­
que o tempo estê perto.
13 bvblaçaõ de Jesu Christo, a 4 Joaõ ás séte Igrejas, que es-
qual Deos lhe deo, para a taõ ém Asia: Graça e paz seja
seus servos manifestar as cousas comvosco daquelle Que he, e
que * mui cedo há de succeder: Quebra, e Que ha devir: e do»
E por seu Anjo as enviou, e as sete Espiritos que dtante de seu
declarou a Joaõ seu servo. throno estpõ:
2 O qual testificou a Palavrâ 5 E de Jesu Christo, que bei a
de Deos, e o testemunho de Jesu ôel testemunha, o primogénito
Christo, e todas as cousas que dos mortos, e 0 Príncipe dos
tern vis’o. Reys da terra. Aqtielie que nos
3 Bomaventurado aqeelle que amou, e de nossos peccados em
lé, e os que ouvem as palavras seu sangue nos lavou,
desta profecia, e gugrdaõ as cou- .6 E nos fea Reys e Sacerdote»
• Orr, J^fireMa. ipara Deos e seu Pai; A elle cli-
,
DE 8. JOAO^-CAP. II. SM
c> Mr;a a gloria e a potencja pa­ e como a neve: e sousolhos Com»
ra todo sempre. Amen. chama de fogo.
7 Eta-qpe, com as nuveisyem, 15 E seus pés semelhantes &
e todo olho o verá, até os mesmos lataò reluzente, ardentes como t®
que a traspassaraõ: e toda» as fornalha : e sna voa, como roido
tribus de terra lamentaráõ sobre de murtas ago*<i.
elle: Si, Amen. 16 E e»j sua maõ direita tinha,
8 Eu sou o * Alpha e o Omega, sete estrellas : e de bua boca sa­
o Principio, e oFtui, dizoSenhor, bia huma espada aguda de dous
Que he, e Que era, e Que ha de fios : e seu rosto éra semeUjant»
vir, o Tondopoderoso. ao Sol quando em sua força res­
9 Eu Joaõ, que sou também plandece.
vosso irinaõ, e companheiro na 17 E vendo- o eu, cahi a seus
sfflicçaõ, e no Reyno, e na paciên­ pés como morto: e elle p&z so­
cia de Jesu Christo, eslava na bre mim sua maõ direita, dizen­
ilha chamada Patinos, pela pa­ do-me: Naõ temas: eu sou 0<
lavra de Deos, epelo testemunho Primeiro e o Derradeiro.
de Jesu Christo. 18 E o que vivo, e fui morto:
10 Fui em espirito hum dia de e eis aqui vivo para todo sempre.
t domingo, e ouvi de tras de mii» Amen. E tenho a» chaves do
huma grande voz como de huma inferno e da morte.
trombeta. 19 Escreve as cousa? quo tens
11 Que dizia: Eu sou o Alpha visto, e as que saõ, e as que depou
eo Omega, o Primeiro e o Derra­ desta» haõ da ser.
deiro, escreve o que vés em hum 20 O mistério da? sete estrel»
livro, e envia-o ás sete Igrejas las que viste em minha maõ di­
que esiaõ em Asia, a saber, a reita, e os sete castiçaes de ouro.
Epheso, e a Smyrna, e a Perga- As sete estrellas saõ os Anjos da»
mo, e a Tyatlra, e a Sardo, e a sete Igrejas: e os «ete ces'lçae#
Philadelphia, e a Laodicea. ' que viste, saõ as sele Igrejas.
12 Entaõ virei-me para ver a
voz que commigo fallava: e vi- CAPITULO Jl.
xando-me, vi sete t castiçaes de [ESCREVE ao Anjo dalgrej*
ouro. * J de Epheso : Aqtjelle que as
13 E no meio dos sete casti­ sete estrellas em sua maõ direita
çaes, hum semelhante ao Filho tem, que no-meio dos sete casti­
do homem, vestido até os pés çaes de ouro anda, diz estas cou­
de huma vestidura comprida, e sas :.
cingido pelos peitos com hum 2 Eu sei tuas obras, e teu tra­
cinto de ouro: balho, e lua paciência, e que-
14 E sua cabeça e seus cabellos naõ podes sofrer aos maosr e
érao brancos como a laã branca, que provaste aos que se dizem
ser Apostoles, e naõ o saõ: e o»
• 0», Sav a.primeird e ultimei leira do( achaste mentirosos.
A B, Ct Grego. 3 E sofreste, e li veste pacien ci* s
t Ou, Do Senhor, que. S. Paulo e trabalhaste por meu nome, C
Cor. 16. i, chama o primeiro dia dai naõ te cansaste.
Minava, chama-se domingo fçuç quevt 4 Porem tenho contra ti, que
dizer dia do Senhor) porque nelle re-■ tens deixado tua primeira cari­
tíucitou. dade,
1 0», Çantísirfft, 5 Peloque leqjbia-te çTojnde
33 i APOCALYPSE
tens cahido, e te arrepende, e aos que retem a dcútrina de Ba-
faée as primeiras obras: senaõ laam, que a Balac ensiriává a pór
viréi * mui cedo a ti, e de seu lu­ escandalo diante dos filhos de
gar te tiraréi teu castiçal, se he Israel, paraque das cousas ao»
que te naõ arrependeres. ídolos sacrificadas- comessem, e
6 Mas tens isto, qúe aborreces fornica«sem.
as obras dosNicolaítas,aos quaes 15 Assiteus também aos que
eu também aborreço. retem a doutrina dos Nicolaítas:
7 Quem tem ouvido, ouça o o qual eu aborreço-
que o Espirito diz ás Igrejas. Ao 16 Arrepende-te : e se naõ, vi-
que vencer dar-lhe-hei a comer léi a ti * mui-cedo, e contra elles-
da arvore da vida, que no meio batalharei cem a espada de minha
do paraíso de Deos está. boca.
8 Escreve também ao Anjo 17 Qtre tem ouvidos, ouça o
da Igreja dos de Smyrna : O Pri­ que o Espirito diz ás Igrejas : Ao
meiro e o Derradeiro, que loi que vencer, da:-íhe-hei a comer
morto, e tornou a viver, diz estas do Mamia escondido, e lhe daréi-
couas: hum seixinho branco, e no seix-
9 Eu sei tuas obras, e tua tri- iuho hum nofiie novo escrito, o
bulaçaõ, e pobreza, (porem tu es qual ninguém conhece, senaõ
rico) e a blasfémia dos que se aquelle que o recebe.
dizem ser Judeos. e naõ o saõ, 18 Escreve lambem ao Anjo
senaõ a Svnagoga de satanás. da Igreja que esià rm Tyaura :
10 f Nada temas das cousas O Filho de Deos que tem seus
que has de padecer. Eis-que o olhes como chama de. fogo, e
diabo ançaraaZgHHvde vos outios seus pés semelhantes ao. lataõ
em prisaõ, paraque sejais alenta­ reluzente, diz estas cousas:
dos-. e terérs tnbulaçaõ por dez 19 Eu sei tuas obras, e caridade,
dias, sê fiei até a morie, e eu e serviço. e fé, e tua paciência,
te daréi a coroa da vida. e tuas obras, e que as derra­
11 Quem tem ouvidos ouça o deiras saõ muitas mais que as
que o Espirito diz ás Igrejas. O primeiras.
que vencer naõ recebera damno 20 Porem tenho humas poucas
da morte segunda. de cousas contra ti: f que con­
12 Escreve também ao Anjo sentes á mulher Jezabe), que se
da Igreja que está em Pergamo: diz Profetissa, que ensina, e
aquelle que tem a espada aguda engane e meus servos, que forni-
de dous nos, diz estas cousas. quem, e das cousas aos idolos
13 Eu sei tuas obras, e aonde sacrificadas comaõ.
habitas, a saber, aonde está o 21 E dei lhe tempo paraquede
tlirono de satanás: e retens meu sua fornicação se arrependesse, e
nome, e naõ negaste minha fé, naõ se arrependeu.
até nos dias em que Antipas 22 Eis-que na cama a deito, e
meu fiel j martyr foi morto entre aos que eom ella adulteraõ, em
vos outros, lá aonde satanás ha­ grande tnbulaçaõ, se de suas
bita. obras se naõ arrependerem :
14 Porem tenho humas poucas 23 E a seus filhos matarei de
de cousas contra ti, que tens lá morte : e saberaõ todas as Igre-
• Ou, Depressa.
I Ou, Naõ tenhas nenhum temor. • Ou, Depressa.
t Ou, Testemunha. t Ou’, Que permites.
DE S. JOAO, CAP. III. 338
jas qns eu sou aquelle que os rins antes diante meu.Pai, ediapte de
e os corações esquadrinho. E a de seus Anjos seu nome confessa-,
«ada hum de vos segundo suas réi.
obras daréi. 6 Quem tem ouvidos, ouça o
2.1 Mas eu vos digo a vos, e que o Esperito diz ás Igrejas.
aos de mais que estaõ em Tyatira, 7 Escreve tambern ao Anjo da
aitadosquanios esfa doutrina naõ Igreja que está em Philadelphia:.
tem, e as profundezas de satanás O santo e o Verdadeiro, que tem,
como dizem naõ conhecerão, que a chave de David; que abre; e
outra carga vos naõ poréi. ninguém cerra: que cerra, e nirt-v
25 Porem retende o que ten­ girem abre, diz estas cousas i
des, até que eu venha. 8 Eu sei tuas'obrasr Eis-que
26 Porque ao qtie vencer, e a porta aberta diante de ti te dei,
minhas obras até o fim guardar, e ninguém a pode cerrar: porque
sobre as Gentes lhe daréi poder: tens hu ma poucade força, e minha
27 E com vara, de ferro as palavra guardaste, e meu nome
* apacentará: e como vasos de naõ negaste.
oleiro seráõ quebrantadas: como 9 Eis-aqui te dou alguns da
também de meu Pai recebi. Synagoga de satanás, que Judeos
28 E a estreita da mauhaâ lhe se dizem ser, e naõ o saõ, mas
daréi. mentem.: eis-que eu os faréi vir*
29 Quem tem ouvidos, ouça o e adorar diante de teus pés, •
que o Espirito diz ás lgiejas. saber que eu-te amo.
10 Por quantoa palavra de mir
CAPITULO UI. nha paciência guardaste, também
"pSCREVE também ao Anjo eu te giiardaréj da hora da ten-
-*-1 da Igreja que está em Sardo, taçaõ que sobre todo o mundo ha
O que teu» os sete Espiri’os de de vir, para atentar aos que na
Deos, e as sete estrellas, diz estas terrahabitaõ.
cousas: Èu Bei tuas, obras ; que 11 Eis que eu venho * mui ce­
tens * fama de viver, e estás morto. do : guarda- firme o que tens, pa-
2 Sê vigilante, e confirma o raque ninguém tua corea tome.
resto que para morrer está : por­ 12 A quem vencer, eu o faréi
que naõ achei tuas obras perfei­ columna no templo de meu Deos»
tas diante de Deos, e delle nunoa mais sahirá ■ e so­
8 Por tanto lembra-te do que bre ell escreveréi o nome: demeu
recebido e o'uvido tens, e guardao, Deos, e o nome, da cidade de
e te arrepende. E senaõ vela­ meu Deos, a saber, da nova
res, a ti viréi como Jadraõ, e naõ Hierusalem, que do ceo de meu
saberás a que bera a ti viréi. Deos descende, e> tombem iqeu
4 Todavia também em Sardo novo nome.
tens himias poucas de pessoas, que 13 Quem tem ouvidos, ouç»
suas vestiduras naõ contamina- o que o Espirito diz ás Igrejas. ,
raõ, e com migo em vestidura* 14 Escreve tarnbem aõ Anjo
brancas andarão: por quanto da Igreja-dos de Laodtcea; O
disso saõ dtgoos. Amen, Õ Testemunho fiel e ver,
5 O que vencer, <fe vestiduras dadeiwt.o Principio da cr açaõ de
brancasserá vestido: e do livro da Deos, diz estas cousas :
yida seu nome naõ | apagaréi, 15 E sei tuas obras, que nem
Jtrgro.
és fria, nem quente.; wxala fuo
t Oã, Nb/ne dc que ví-om. foras,ou quen'e!
$ Ou, Tirarei, ou, riscarei. • Ou, Pqu-vmo.
334 apocalYpse
lfi Assi que porquanto és mor­ 4 E ao redor do throno havia
no, e nem frio, nem quente és, de vinte e quatro thronos: e vi sobre
minha boca te vomitaréi, os thronos vinte e quatro Anciaõs
17 Porque dizes: Rico sou, e assentados, vestidos de vestiduras
enriquecido estou, e de nada te­ brancas: e sobre suas cabeças ti-
nho falta: e naõ sabes que es nhaõ coroas de ouro.
coitado, e miserável, e pobre, e 5 E do throno * sahiaõ relâm­
cego, e nfi. pagos, e trovões, e vozes : e havia
' 18 Eu te aconselho que de mim sete f alampadas de fogo, que es-
compres ouro pelo fogo provado távaõ ardendo diante do throno,
paraque rico te' faças: e vestidu­ as quaes saõ os sete Espiritos de
ras brancas, paraque fiques vesti ■ Deos.
do, e naõ apareça a vergonha de 6 E diante do throno havia co­
tua nueza: c teus olhos, com* mo hum mar de vidro, sfemelhan-
colyrio unjas, paraque vejas. te a cristal. E no meio do thro­
19 Eu reprendo e castigo a to­ no, e ao redor do throno, quatro
dos aquelles que amo : por tanto Animaes cheios de olhos de dian­
sê zeloso e te arrepende. te e de tras.
20 Eis-que á porta estou, e 7 E o primeiro Animal éra se­
bato? seafguem minha voz oúvir, melhante a hum leaõ: eo segun­
e a porta abrir; a elle entrarei, do Animal semelhante a num
e com elle cearéi, e elle commigo. bezerro: e o terceiro animal ti­
21 A quem vencer, commigo o nha o rosto como de homem : e
farei assentar em meu throno : o quarto animal éra semelhante a
como também eu venci, e com huma aguia que voa.
meu Pai em seu throno assentado 8 TI os quatro animaes tinhaõ
estou. cada hum de por si seis aszas ao
22 Quem tem ouvidos, ouça o redor, e por dentro estâvaõ cheios
que o Espirito diz âs Igrejas. de olhos: e naõ tem repouso dia
nem noite, dizendo: Santo, Santo,
CAPÍTULO IV. Santo he o Senhor Deos Todopo-
"TjEPOIS destas cousas olhei, e deroso, Que éra, e Que he, e Que
eis-aqui huma porta aberta ha de vir.
no ceo: e a primeira voz, que, 9 E quando os animaes davaõ
como de huma trombeta, ouvido gloTia, e honra, e fazimento de
tinha fallar commigo, dizia: Sobe graças ao que estâya assentado
aqui, e eu te mostrarei as cousas sobre o throno, ao que vive parà
que depois destas devem aconte­ todo sempre.
cer. 10 Os vinte o quatro Anciaõs
2 Élogo fui em espirito: e eis- se postrávaõ diante do que sobre
aqui hum throno estava posto no o throno estâva assentado, e ado-
ceo, e sobre o throno esiáva hum ravaõao que vive para todo sem­
assentado. pre jamais, e lançavaõ suas coro­
3 E o que nelle assentado es- as diante do throno, dizendo :
tâva, éra, ao parecer, semelhante 11 Digno es, Senhor, de rece­
a huma pedra de jaspe ede sardo- ber gloria, e honra, e potência :
nio: e o arco celestial estâva ao porque tu criaste todas as cousas,
redor do throno, ao parecer se­
melhante a huma esmeralde. • Ou, PrecediaS.
• Ou, He huma mezinha própria para t Ou, Lumiciras de fogo, que ardia»,
os olhos. ou, ardendo.
1

DE 3. JO.áO CAP. V. VI. 335


« por tua vontade * saõ, e foraõ 10 E para nosso Deos Reys e
criadas. -acerdotes nos fizeste: e sobre a
l- rta remaiémos.
CAPITULO V. 11 En'aô olhei e ouvi htima
voz de muitos Atjos ao redor do
T? VI na maõ direita do qur tliror'0, e dos Animaes, e dos
"*rd estáva assentado sobre o Ani laõs : e era delles o numero
throno hum livro escrito por d< milhões de milhoens, e mil de
dentro e por de fora, e seliaõc milhares.
com sete sellos. 12 Dizendo com grande voz:
2 E vi hum forte Anjo, apré Dieuolie o Cordeiro, que foi ma-
goando em alta voz; Quem tu ado, de receber potência, e ri­
digno de o livro abrir, e seus selio: quezas, e sapiência, e fbrça, e
desatar? o; ra. e gloria, * e leuvor
3 E ninguém no ceo, nem na 13 E ouvi à toda criatura que
terra, nem debaixo de terra podia slá no ceo, e na terra, e debaixo
o livro abrir, nem neile olhar. da terra, e que está no mar, e
4 E eu chorava muito, poi iodas as cousas que nelles ha,
quanto ninguém digno achaco dizendo: Ao que sobre o throno
fóra de o livro ahrir, nem de < está assentado, e ao Cordeiro,
lér, nem nelle olhar. seja louvor, e honra, e glotia, e
5 .E hum dos Anciaõs mc potência, para todo sempre ja­
disse': Naõ chorei,: vez-aqui o mais.
leaõ da tribu de Juda, e raiz de 14 Eos quatro Animaes diziaõ:
David venceo, para o livro abrir, Amen. Eos vinte e quatro An­
e seus sete sellos desatar, ciãos se postraraõ, e adoráraõ, ao
6 E olhei, e eis-aqui no meio que para todo sempre vive.
do throno, e dos quatro Animaes,
e no meio dos Anciaõs, hum Cor­ CAPITULO VI.
deiro que estava como matado, e
tinha sete cornos, e sete olhos : pNTAÔ, havendo o Cordeiro
que saõ os sete Espíritos de Deos *-* aberto hum dos sellos, olhei,
em toda a terra enviados. e ouvi a hum dos quatro Animaes,
1 E veio, e tomou o livro da dizendo como com huma voz de
maõ direita do que sobre o throno trovaõ: Vem, e vé.
assentado estáva. 2 E olhei, eis hum cavallo
8 E como havia tomado o livro, branco: e o que em cima estava
os quatro Animaes, e os vinte e assentado tinha hum arco : e foi-
quatro Anciaõs se postravaõ di­ lhe dada huma coroa-, e S3hio
ante do Cordeiro, tendo cada hum victorioso, e paraque vencesse.
harpas, e garrafas de ouro cheia1 3 E havendo aberto o segundo
de perfumes, que saõ as orações sei lo, ouvi o segundo Anima), di­
dos santos. zendo : Vem, e ve.
9 E cantávaõ huma cantiga no­ 4 E sahio outro cavallo ver­
va, dizendo: Digno es de o livro melho: e foi dado ao que em
tomar, e de seus sellos abrir : cima assentado estáva poder de a
porque tu foste matado, e com paz da terra tirar, paraque huns
teu sangue para Deos nos resga­ nos-outros se matem: e foi-llie
taste de toda tribu, e lingoa, e lada huma grande espada.
povo, e naçaô: 5 E havendo aberto o terceiro
• Ou, Ttm Kr. • Ou, Bmdiçaõ, e assi no varso aeguiuie.
S38 APOCALYPSE
seílo, ouvi o terceiro Animal, di­ 13 E as estrellas do ceõ cáhí-
zendo: Vem, e vé. E olhei, e raõ sobre a terra, como quando
eis hum cavallo preto, eu que em a figueira lança seus figos verdes,
cima assentado es'áva, tinha hu sendo abalada de hum grande
ma balança em sua maõ. vemo.
6 E ou vi huma voz no meio dos 14 E o ceo se retirou como
•quatro Animaes, que dizia; Hum hum livro que se envolve: e lodo
* cheniz de trigo por hum dinhei monte, e ilhas de seus lugares fo­
ro, e tres chenizes de cevada por raõ movidos.
-hlim dinheiro : ‘e naõ façais dam- 15 E os Reys da ferra, e os
•íiotj ao vinho nem ao azeite. Príncipes, e os Ricos, e os Capi­
7 E havendo aberto o quarto tães, e os Poderosos, e todo ser­
sei lo, ouvi a voz do quarto Ani­ vo, e todo livre se esconderão nas
mai, que dizia, Vem, e vé. cavernas, e entre as rochas das
8 E olhei, e eis hum cavallo montanhas.
amarello: e o que em cima as­ 16 E diziaõ aos montes, e ás
sentado estava, tinha por nome, rochas: Cahi sobre nos-outros, e
Morte, e o Inferno o seguia. E escondei-nos de diante do rosto
■foi-lhes dada -potestade sobre a daquelle que sobre o throno estâ
quarta parte da terra, para matar assentado, e de diante da ira do
tom espada: e com fome, ecom Cordeiro.
mortandade, e com as feras da 17 Porque vindo he o grande
terra. dia de sua ita: e quem podei á
9 E havendo aberto o quinto subsistir ?
seílo, vi debaixo do altar as almas
■dos que por amor da palavra' de CAPITULO VII.
Deos foraõ matados, e por amor
do testemunho que tinbaõ. 17 DEPOIS destas cousas vi
10 E bradávaõ com grande quatio Anjos que estávaõ so­
voz, dizendo; Ate quando, En- bre os quatro cantos da terra, e
eenhoreador santo, e verdadeiro, retinhaõ os quatro ventos da ter­
naõ julgas e vingas nosso sangue ra, paraque o ventó naõ soprasse
dos qrte sobre a terra habilaõ. sobre a terra, nem sobre o mar,
■ 11 E foraõ-lhes dadas a cada nem contra arvore alguma.
lium vestiduras brancas compri­ 2 E vi outro Anjo, que sobia
das, e foi-lhes dito, que repou­ da banda do oriente, tendo o sel-
sassem ainda hum pouco de tem­ lo do Deos vivente,oqual bradou
po, até que se cumprissem seus com grande vqz aos quatro Anjos,
■f conservos, e sieiis irmaõs,-que a quem éra da-ia potestade para
também haviaõ de ser matados fazer damnoá terra e ao mar,
como elles. 3 Dizendo: Naõ façais damno
1=2 E olhei, abrindo elle o sex­ á terra, nem ao mar, nem âs ar­
to sello, e eis-que iòi feito hum vores, até que aos servos de nosso
grande tremor de terra: e o Sol Deos em suas testas assinalado
Sé tornou preto como hum saco naõ hajamos.
de cilicio, e a Lua se tornou toda 4 E ouvi o numèrodosqueesta-
como sangue. vaõ assinalados: cento e quarenta
e quatro mil assinalados de todos
• JEru a medida do sustento para hum as
dia, por hum dinheiro, que hc como tribus dos filhos de lsraé).
reis- 5 Da tribu de Juda, doze mil
t Ou, Companheiros no serviço. assinalados : da tribu de Rubem.
DE S. JOAO, CAP. VIII. 33T
doze mil assinalados: da tribu de vestes branquearaõ no sangue do
Cad, doze mil assinalados. Cordeiro.
6 Da tribu de Aser, doze mil 15 Por isso estáõ diante do
assinalados: da tribu de Neph- throno de Deos, e lhe servemdia
thaii, doze mil assinalados: da e noite em seu templo: e aquelle
tribu de Manasse, doze mil assi­ que está assentado sobre o throno
nalados: os emparará com sua sombra.
7 Da tribu de Simeon, doze 16 Naõ teráõ mais fome, nem
mil assinalados: da tribu de Levi, teráõ mais sede, e sobre elles naõ
doze mil assinalados: da tribu chahirá mais o Sol, nem calma
de Issachar, doze mil assinala­ alguma.
dos : 17 Porque o Cordeiro, que
8 Da tribu de Zabulon, doze está no meio do throno, os apa-
mil assinalados : da tribu de Jo- centará, e os guiará ás fontes vi­
seph, doze mil assinalados: da vas das agoas: e de seus olhos*
tribu de Benjamin, doze mil assi­ alimpará Deos toda lagrima.
nalados.
9 Depois destas cousas olhei,
CAPITULO VIII.
e eis-aqui huma grande multidaõ, J7 havendo aberto o sétimo sel-
que ninguém podia contar, de lo, fez-se silencio no ceo
todas as nações, e tribus, e po­ quasi por meia hora.
vos, e lingoas, que estavaõ diante 2 E vi os sete Anjos que assi­
do throno, e na presença do Cor­ stem diante de Deos, aos quaes
deiro, vestidos de vestes brancas foraõ dadas sete trombetas.
compridas, e com palmas em suas 3 E veio outro Anjo, e esteve
maõs. diante do altar, tendo hum f en-
10 E bradávaõ com grande censario de ouro: e foraõ-llre
voz, dizendo: Salvaçaõ seja a dadoa muitos perfumes, para of-
nosso Deos que sobre o throno ferecer com as orações de todos
está assentado, e também ao os santos sobre o altar de ouro,
Cordeiro. que está diante do throno.
11 E sodos os Anjos estavaõ 4 E o fumo dos perfumes com
ao redor do throno e dos Anciaõs, as orações dos santos, subir»
e dos quatro Animaes: e se pos- desd’a maõ do Anjo ate J diante
travap sobre seus rostos diante do de Deos:
throno, e adoravaõ a Deos. 5 E o Anjo tomou o encensa-
12 Dizendo: Atnen. Louvor, rio, e o encheo do fogo do altar,
e gloria, e sapiência, e fazimento e o lançou sobre a terra : e fize-
de graças, e honra, e potência, e raõ-se trovões e vozes, e relâm­
força seja a nosso Deos para todo pagos, e tremor da terra.
Sempre. Amen. 6 Entaõ os sete Anjos, que ti-
13 Entaõ hum dos Anciaõs re- nbaõ as sete trombetas, se prepa-
«pondeo, dizendo-me: Estes que ráraõ para tocar as trombetas.
de vestes brancas compridas es- 7 E tocou o primeiro Anjo a
taõ vestidos, quem saô, e donde trombeta, e fez-se saraiva e fogo
tem vindo ? mesturados com sangue, e foraõ
14 E eu lhe disse: Senhor, tu lançados na terra: e a terceira
o sabes. E elle me disse: Estes parle das arvores foi queimada, o
sáõ os que tem vindo de grande • Ou, Enxugara,
tribulação: e lavaraõ suas com ' + Ou, Toribolo,
pridas vestes, e suas compridas J Ou, A pretença»
<? 5
338 APOCALYPSE
e toda a herva verde foi queima­ e o Sol, eo ár se escureceo do fumo
da. do poço.
8 E tocou o segundo Anjo a 3 E do fumo sahiraõ gafanho­
trombeta: e como hum grande tos sobre a terra: e foi-lhes dada
monte ardendo em fogo, foi lan­ potestade semelhante a potes­
çado no mar: e a terceira parte tade que tem os escorpiões da
do mar se converteu em sangue. terra.
9 E morreo a terceira parte 4 E foi-lhes dito que naõ fizes­
das criaturas que linhaõ vida no sem damno à herva da terra, nem
mar: ea terceira parte das naos a nenhuma verdura, nem a ne­
* se perdeo. nhuma arvore : mas sómente aos
10 E tocou o terceiro Anjo a homens que em suas testas o si­
trombeta, e cahio do ceo huma nal de Deos naõ tem.
grande estrella ardente como hu­ 5 E foi-lhes dada potestade naõ
ma tocha accesa, e cahio na ter­ que os matassem, senaõ que por
ceira parte dos rio-, e nas fontes cinco meses os atormentassem: e
das agoas. seu tormento éra semelhante ao
11 E o nome da estrella se tormento do escorpião quando
chama f Absynthioe a terceira fere ao homem.
parte das agoas so converteo em 6 E naqueiles dias buscaráõ os
absynthio: e muitos homens mor- homens a morte, e naõ a acha­
réraõ das agoas, porque se.tor- rão: e desejatáõ morrer, e fugirá
náraõ amargas. delles a morte.
12 E tocou o quarto Anjo a 7 E * o parecer dos gafanhotos
trombeta, e foi ferida a terceira era semelhante ao de cavallos
parle do Sol, e a terceira partt pa:a a guerra aparelhados: e so­
da Lira, e a terceira parte das bre suas cabeças haviaõ como co­
estreitas: paraquea terceira parte roas semelhantes ao ouro: eseus
delles se escurasse, e a terceira ros'os éraõ como rostos de ho­
parle do dia naõ dava luz, e se- mens.
melhantemente da noite. 8 E linhaõ cabellos como ca-
13 Entaõ olhei, e ouvi hum bellos de mulheres: e seus dentes
Anjo que hia voando pelo meio éraõ como dentes de leões.
do ceo, dizendo corrt grande voz: 9 E linhaõ couraças como cou­
Ay, ay, ay dos que habitaõ sobre raças de ferro: e o ruido de suas
a terra, por causa das outras vo­ asas era como ruido de carros,
zes das trombetas dos tres Anjos, quando muitos cavallos correm ao
que ainda haõ de j tocar. combate.
10 E tinhaõ rabos semelhantes
CAPITULO IX. tos dos escorpiões, e agulhões em
T^ntaõ tocou o quinto Anjo a seus rabos: e sua potestade éra
•*-' trombeta: e vi huma estrella de por cinco meses aos homens
que cahio do ceo na terra, e fói- fazerem damno.
lne dada a chave do poço do a- 11 E tinhaõ sobre si por Rey
bystno. ao Anjo do abysmo, que tinha
2 E abrio o poço do abysmo: por nome em Hebreo Abaddon,
e subio fumo do poço como o e em Grego tinha por nome A-
fumo de huma grande fornalha: pollyon.
• Ou, Perccco. 12 Passado he ja hum ay, eis-
t Ou, I.osn<t.
i Ou, Trombetear. • Qu, A forma.
DE S. TO AO, CAP. X. 339
que ainda depois disto vem dous huma nuvem: e em sua cabeça
ays. estáva o arco celeste: e seu rosto
13 Entaõ tocou o sexto Anjo a éra como o Sol, e seus pés como
trombeta, e ouvi huma voz dos columnas de fogo.
quatro cornos do altar de ouro, 2 E tinha em sua maõ hum
que estáva diante de Deos. livrinho aberto: e póz seu pé di­
14 Que dizia ao sexto Anjo, reito sobre o mar, e o esquerdo
que tinha a trombeta: Solta aos sobre a terra.
quatro Anjo», que apar do gran­ 3 E bradou com grande voz,
de rio de F.uphrates estáõ presos. como quando brama hum leaõ:
15 E foraõ soltos os quatro e havendo bradado* deraõ os sete
Anjos, que estávaò prestes para trovões suas vozes.
a hora, e dia, e mes, e anno, para 4 E havendo os sete trõvoes da­
matarem a terceira parle dos ho­ do suas vozes, eu as houvera dc
mens. escrever: e ouvi huma voz do
16 E o numero do exercito dos ceo que dizia: Sella as cousas que ‘
de cavallo era duzentos milhões: os sete trovões fallaraõ, e naõ as
porque eu ouvi o numero delles. escrevas.
17 E assi vi aos cavallos nesta 5 E o Anjo que eu tinha visto,
visaõ: e os que sobre elles esta- que estava sobre o mar e sobre a
vaõ assentados tinhaõ couraças de terra, levante ti sua maõ para o
fogo, e de jacinto, e de enxofre: ceo,
e as cabeças de leões: e de suas C E jurou pelo que vive para
bocas sahta fogo, e fumo, e enxo- todo sempre jamais, que criou o
ceo e as cousas que nelle ha, e a
18 Por estas tres cousas foi terra e as cousas que nella ha, que
matada a terceira parte dos ho­ mais tempo naõ haveria:
mens, a saber, pelo fogo, e pelo 7 Porem que nos dias dâ voz-
fumo, e pelo enxofre que de sua do sétimo Anjo, quando copie»-
boca sahia. çar a tocar a trombeta, será con­
19 Porque sua potestade esti­ sumado o secreto de Deos, como
va em sua boca, e em seus rabos. a seus servos os Profetas o decla­
Porque Seus rabos Safl sctnelhan rou.
tes a serpentes, e em cabeças com 8 E a voz qns eu do ceo tinha
que dam naõ. ouvido, fallou commigo outra vez,
20 E o resto dos homens, que dizendo: Vai, e toma o livrinho
por estas pragas naõ foraõ mata­ aberto,, que está na maõ do Anjo
dos, naõ se convertéraõ das obras que está sobre o mar e sobre a
de suas maòs, para naõ adorarem terra.
Sos demooios, e aos ídolos de 9 E fui-me ao Anjo, e disse-
ouro, e de prqta, e de lataõ, e de lhe : Dá-me o livrinho: E elle me
pedra, e de madeira, que nem disse: Toma-o, e engole-o: e
ver, nem ouvir, nem andar podem far-te-ha amargar teu ventre: po­
21 Nem tampouco se arrepen- rem em tua boca.sérá doce como
déraõ de seus homicídios, nem de mel.
suas feitiçarias, nem de sua for- 10 E tomei o livrinho da maõ
nicaçaõ, nem suas ladroiceS. do Anjo, e engulio: e éra em
minha boca doce como mel: po­
CAPITULO X. rem como o enguli, ficou meu
Pntaõ vi outro forte Anjo, que ventre amargo.
•*“* descendia do ceo, rodeado de • O o, FaUaraK
340 APOCALYPSE.
11 Enlaõ elle me disse: Im­ nações, veráõ seus corpos mor­
porta que outra vez profetizes a tos por tres dias e meio, e naõ
muitos povos, e nações, e lin- permitirão que seus corpos mor­
goas, e Reys. tos sejaõ * postos em sepulcros.
10 E os moradores da terra se
CAPITULO XI. gozarãof sobre elles, e se ale­
grarão, e mandarão presentes huns
T7NTA“ me foi dada huma cana aos outros: por quanto estes dous
semelhante a huma vara de Profetas atormentaraõ aos que
medida: e o Anjo estava, e disse: sobre aterra habitaõ.
l.evanta-te, e mede o templo de 11 Mas depois daquelles tres
Deus, e o altar, e os que nelle dias e meio, entrou nelles o espi­
adoraõ. rito da vida de Debs, e tivéraõ-se
2 Pórem deixa de fora ao sobre seus pés, e cahio grande
patio que está fora do templo, e temor sobre os que os viraõ.
naõ o meças: porque he dado 12 E ouviraõ huma grande voz
aos Genlios: e pisaráõ a santa do ceo que lhes dizia: Subi ca.
cidade por quarenta edous meses E subiraõ ao ceo em huma nu­
3 Edaréi poderás minhas duas vem: e seus inimigos os viraõ.
testemunhas, e profetizarão por 13 E naquella mesma hora se
mil e duzentos e sessenta dias, fez hum grande tremor de terra :
vestidos de sacos. e a decima parte da cidade cahio,
4 Estás saõ as duas oliveiras, e foraõ matados no tremor de
e os dous castiçaes, que estaõ di­ terra sete mil nomes de homens:
ante do Deos da terra. e os outros ficaraõ espantados, e
5 E se alguém lhes quer * em­ deraõ gloria ao Deos do ceo.
pecer, sahiiâ fogo de sua boca, e 14 Passado he o segundo ay.
devorara a seus inimigos: e se eis-que o terceiro ay virâf mui
alguém lhes quer empecer, im cedo.
porta que também o tal seja ma­ 15 E tocou o sétimo Anjo a
tado. trombeta, e § fizeraõ-se grandes
6 Estas tem potestade para vozes no ceo, dizendo: Os Rey-
cerrar o ceo, paraque nos dias nos do mundo saõ ruduzidos a
de sua profecia naõ chova: e nosso Senhor, e a seu Christo,
tem potestade sobre as agoas pa­ e reinatá para todo sempre ja­
ra as converter em sangue, e pa­ mais.
ra ferir a terra com toda sorte de 16 Entaõ os vinte e quatro An­
praga, todas quantas vezes quize- ciãos, que diante de Deos erii seus
rem. thronos estaõ assentados, seapos-
7 E como acabarem seu teste­ traraõ sobre seus rostos, e adora-
munho, a Besta que sobe do abys- raõ a Deos.
rno, fará guerra contra ellas, e as 17 Dizendo: Damos-te graças,
vencerá, e as matará. Senhor Deos Todopoderoso, Que
8 E seus corpos mortos jazeraõ es, e que éras, e Que has de vir,
nas praças da grande cidade, que Que tomaste tua grande potência,
espintualmente se chama Sodoma eja tens reinado.
e Egypto, aonde nosso Senhor 18 E as nações se irávaõ, e
também foi crucificado. veio tua ira, e o tempo dos mor-
9 E os homens das tribus, e os, paraque sejaõ julgados, e
dos povos, e das lingoas, e das I • Ou, Sepultados, í Ou, Delles,
• Oo, Fazer mal. I | Ou, Depressa, $ Ou, Houve*
DE S. JOAO. CAP. XIT. 941
paraquè deS o galardaõ a teiis ser­ 9 E foi lançado o grande Dra­
vos os Profetas, e aos Santos, e gaõ, a taber, a Serpente antiga»
aos que temem teil nomê, a pe­ chamada o Diabo e Satanás, que-
quenos e a grandes: e para des­ engana a todo o mundo, elle diga
truir aos que a terra des‘ruiaê. foi lançado na terra, e seus Anjos
19 Entaõ se abrio o templo de foraõ lançados com elle.
Dços no ceo, e a Arca de seu 10 Entaõ ouvi huma grande
concerto foi vista em seu templo: voz no ceo, que dizia: Agora está
e fizeraõ-se relâmpagos, e vozes, feita a salvaçaõ, e a força, e o.
c trovões, e tremores de terra, e Reino de nosso Deos, e a potên­
grande saraiva. cia de seu Cbristo: porque ja o
acusador . de nossos irmaõs he
CAPITULO XII. derribado, o qual diante de nosso
"E1 aparecco hum grande sinal Deos dia e notte os acusava.
no ceo: a saber, huma Mulher 11 E eiles o vencéraõ peio san­
vestida do Sol, e a Lua éra de­ gue do Cordeiro, e pela pa.avra
baixo de seus pés: e sobre sua de seu testemunho: eaté a morte
cabeça huma coroa de dçze estrei­ naõ nmáraõ suas vidas.
tas: 12 Por tanto alegrai-vos ceers,
2 E estava prenhe, e gritava e os que nelles habitais. Ay dos
com dores de parto, e com ancias moradores da terra, è do mar;
de parir. porque com grande ira descendeo
3. E apãreceo outro sinal no o diabo a voS-outros, sabendo que
ceo; e eis-aqui btirtf grande Dra- ja tem pouco tempo.
gaõ vermeiho, que tinha sete ca­ 13 E vendo o Dragaõ que o
beças e dez cornos, e sobre suas lançaraõ na terra, perseg o â
cabeças sete • Diademas. Mulher que parira o filho macho.
4 E seu rabo levava arrastran- 14 E foraõ dadas á Mmher
do a terceira parte das eslretlas do duas asas de grande águia, para-
ceo, e lançou-as em terra: e <i que voasse da presença da Ser­
Dragaõ se parou diante da Mul­ pente ao desíTto a seu lugar, a-
her que bavia de parrr: paraque onde he sustentada por tempo, e
em parindo, tragasse a seti filho. tempos, e a metade de tempo.
5 E par» hum Filho macho, 15 E a Serpente lançou de sua,
qrie com vara de ferro todas as boca apos a Mulher agoa eomo
Gentes havia de governar; e seu hum no, paraque do rio a fizesse
Filho foi arrebatado para Deos, e arrebatar.
pare seu tlirono. 16 E a terra ajudou á Muiher,
6 E a Mulher fugio para o de­ e abrio a terra sua boea, e tragou
serto, aonde tem lugar aparelhado ao rto, que o Dragaõ de sua boca
de Deos, paraque lá a mantenhaõ lançára.
mil e duzentos e sessenta dias. 17 Entaõ o Dragaõ.se irou
7 E fez-se huma batalha no contra a Mulher, e se, foi a fa­
ceo; Mtcbael e mais set» Anjos zer guerra contra os demais de
combatiaõ contra o Dragaõ: e sita , semente, que gnardaõ os
combatia o Dragaõ e mais seus mandamentos de* Deos, e tem o
Anjos: testemunho de Jesu Chrrsto.
8 Mas naõ t prevadecéraõ, nem 18 E eu mo * parei sobre a
seu Itígar foi mais achado ao ceo. area do mar.
* Ou, Corras rtafí.
• Ou, Fiquei, ■
+ Ou, Fvrai 98 lAtòforte.
Gg 2
APOCALYPSE
semelhantes aos do Cordeito: e
CAPITULO XJII. fallava como o Dragaõ.
"pNTAÔ vi sobir do maT huma 12 E usa de toda a potência da
Besta que tinha sete cabeças primeira Besta em sua presença,
e dez cornos, e sobre seus cornos e faz que a terra e os moradores
dez Diademas: e sobre suas ca­ delia adoraõ a primeira Besta,
beças hum nome de blasfémia. cuja chaga mortal fóra curada.
2 E a Besta que vi, éra seme­ 13 E faz grandes sinaes, de
lhante a hum leopardo, e seus maneira que até do ceo faz descen­
pés como os pés de hum urso, e der fogo a terra, diante dos ho­
sua boca como a boca de hum mens.
leaõ: e o Dragaõ lhe deo sua 14 E engana aos moradores da
potência, e seu throno, e grande terra, com os sinaes que diante
poder. da Besta lhe foraõ dados que fiz­
3 E vi huma de suas cabeças esse, dizendo aos moradores da
como ferida de morte, mas sua terra que fizessem huma imagem
chaga mortal foi curada: e ma-, a Besta, que a ferida da espada
ravilhou-se toda a terra após a recebera, e tornou a viver.
Besta. 15 E foi-lhe dada potestade
4 E adoraraõ ao Dragaõ que que desse alma á imagem da Be­
& Besta déra o poder; e adora­ sta, paraque também a imagem
raõ a Besta, dizendo: Quem he da Besta fallasse, e fizesse que
semelhante á Besta? quem pode­ * fossem mortos todos os que a
rá contra ella combater ? imagem da Besta naõ adorassem.
5 E foi-lhe dada boca para 16 E faz que a todos, peque­
foliar grandezas, e blasfémias, e nos e grandes, ricos e pobreí,
foi-lhe dada potência disso fazer livres e servos, hum sinal em sua
quarenta edous meses. maõ direita, ou em suas testas
6 E abrio sua boca em blasfé­ desse.
mias contra Deos, para blasfemar' 17 E que ninguém pudesse
seu nome, e seu Tabernáculo, e comprar, ou vender, se naõ ti­
aos que no ceo habitaõ. vesse o sinal, ou o nome da Bes­
7 Er foi-lhe dada potestade pa­ ta, ou o numero de seu nome.
ra fazer guerra contra os santos, 18 Aqui está a sabedoria: quem
e vence-los: também lhe foi dada tem entendimento, conte o nu­
potência sobre toda tribu, e lin- mero da Besta: porque numero
goa, e naçaõ. de homem he; e seu numero he
8 E todos os que habitaõ sobre seiscentos e sessenta e seis.
a terra a adoraraõ, cujos nomes
naõ estaõ escritos no livro da vi­ CAPITULO XIV.
da do Cordeiro, que desda funda- ’E'liTAõ olhei, e eis-que o Corde-
çaõ do mundo foi matado. iro estava sobre o monte de
9 Se alguém tem ouvidos, ouça. Siaõ, e com elle cento e quarenta
10 Se alguém leva em cativei­ e quatro mil, que o nome de seu
ro, em cativeiro sera levado: se Pai em suas * testas tiuhaõ escrito.
alguém à espada matar, he neces 2 E ouvi huma voz do ceo como
sario que à espada seja matado. o ruido de muitas agoas, e como
Aqui está a paciência e a dos o I ruido de hum grande trovaõ:
santos. e ouvi huma voz de tangedoresde
11 E vi outra Besta qpe sobia • Ou, ATorrcwe/n. f Ou, .Fronte».
da terra, a qual tinha dous cornos I Qo, Estrondo, eu, soido.
DE S. JOAO, CAP. XIV. 3Í3
harpas, que com suas harpas tan- sobe para todo sempre jamais:
giaõ. e nem de dia,, nem ae noite tem
3 Ecantavaõ como huma canti- repouso os que a Besta e a sua
ga nova diante do throno, e diante imagem adoraõ, e qualquer que o
dos quatro Animaes, e dos Anciã­ sinal de seu nome tomar.
os ; e ninguém podia aprender a 12 Aqui está a paciência dos
cantiga, senaõ os cento e quarenta santos; aqui estaõ os que guar-
e quatro mil, que d’entre os da daõ. os mandamentos de Deos, e
terra foraõ. comprados. a fo de Jesus.
4 Estes saõ os que com mulhe­ 13 E ouvi huma vozdo ceo, que
res naõ. saõ contaminados: por­ me dizia: Escreve: Bemaventu-
que saõ virgens. Estes saõ os rados os mortos, que morrem no
que seguem ao Cordeiro para Senhor, d’ aqui por diante: Si,
onde quer que fór. Estes saõ os diz o Espirito: paraque descan­
qued'entre os homens foraõ com­ sem de seus trabalhos, e suas
prados por primícias paraDeos, e obras os seguem.
para o Cordeiro. lá E olhei, e eis-aqui huma nu­
5 E engano se Daõ.achou em vem branca, e sobre a nuvem as­
sua boca: por quanto estaõ sem sentado hum semelhante ao Ei-
mancha diante da throno de lho do homem, que tinha, sobre
Deos. sua cabeça huma coroa de ouro,
6 E vi outro Anjo, que pelo e em sua maõ huma fouce aguda»
meio do ceo hia voando, e tinha 15 E sahio.outro Anjo do tem­
o Evangelho eterno, paraque aos plo, bradando com grande voz
que habitaõ sobre a terra, e a to­ áquelle que sobre a nuvem estava
da naçaõ, e tribu, e lingoa, e po­ assentado: Lança tua fouce, e
vo evangelizasse: sega: porque veio a vos a hora
7 Dizendo com grande voz: de segar: por quanto ja a segada
Temei a Deos, e dai-lhe gloria: da terra esta madura.
porque vinda he a hora de seu 16 E aquelle que sobre a nu­
juízo. E adorai aquelle que fez vem, estava assentado, lançou sua
o ceo e a terra, o mar, e as fouce sobre a terra, e a terra foi
fontes das agoas. segada.
8 E seguio o outro Anjo, di- 17 E sahio do templo que está
eendo.: Cahida he, cabida he Ba- no ceo, outro Anjo, que também
bylonia, aquella grande cidade, tinha huma fouce aguda.
por qpanto-a todas as nações deo 18 E sahio do altar outro Anjo,
de beber do vinho da ira de sua que tinha poder sobre o fogo, e
fornicaçaõ. bradou com grande voz-ao que
9 E o terceiro Anjo os seguio, tinha a fouce aguda, dizendo:
dizendo com grande voz: Se al­ Lança tua fouce aguda,e vendima
guém adorar a Besta e a sua ima­ os cachos da vinha da terra: por­
gem, e o sinal em sua testa, ou que maduras estaõ ja suas uvas.
em sua maõ.tomar: s 19 E lançou o Anjo sua fouce
10 Também o tal beberá do na terra, e vendimou a vinha da
vinho da ira de Deos, que puro terra, e latiçou-a no grande * la­
está lançado no copo dé sua ira: gar da ira de Deos.
e com fogo é enxofre será ator­ 20 E foi pisado o lagar fora da
mentado diante dos santos An­ cidade, e sahio sangue do lagar
jos, e diante do Cordeiro. • Ou, Lago, ou, cuia, ou, iorno, e ai-
11 E « fumo de seu tormento si no verso seguinte.
344 APOCALYPSE
até os freios dos ca.vallos, por mil
e seiscentos estádios. CAPÍTULO XVI.
IJIntaõouví huma gtándé voe
CAPITULO XV. -*-* do templo, qtte dizia aoà seté
Anjos : Ide, e derramai sobre a
17 VI outro.sinal no ceo, grande terra as sete garrafas dá ira dè
-*-1 e admirave], a saber, sete An­ Deos.
jos, que tinhaõ as sete ultimas 2 E foi o primeiro, e derramou
pragas -. porque porellas he a ira sua garrafa sobre á terra; e fez-
de Deos consumada. se huma praga má e damno-a so­
2 E vi como hum mar de vidro bre os homens que o sinal da
mesturado com fogo: e aos que B< sfa tinhaõ, e sobre os que suá
tinhaõ alcançado victoria dá Bes­ imagem odorâvaõ.
ta, e de sua imagem e de sua 3 E derramou o segundo Atijõ
sina], e do numero de seu nome, sua garrafa no mar, o qual se con­
queestavaõ apar do mar de vidro, verteu em sangue como de hum
e tinhaõ as harpas de Deos: morto, e toda alma vivente tnoi'-
3 E contavaõ a canúga de reo na mar
Moyses, servo de Deos, e a can-: 4 E derramou o terceiro Arijõ
tiga do Cordeiro, dizendo : Gran­ sua garrafa sobre os rios, e sobre
des, e maravilhosas saõ tuas as fontes das agoas, e converté-
obras, Senhor Deos Topoderoso: taõ-se em sangue.
Ttas caminhos, oRey doeSarrtos, 5 E ouvi ao Anjo das asoas
saõ justos e verdadeiros que dizia : Justo es tu, o Senhor,
4 Quem te naõ.temerá, íi Se­ Que es, e Que éras, e Qué has de
nhor, e naõ * magnificará teu rt<> ser : pois tal jutZó fizeste.
mel Porque tu sõ> es santo: pefo- 6 Porque o sangue,dos SantoS,
que todas as nações virâõ, e diante ê dos Profetas derramáraõ, lhes
de ti adoraraõ: porque manifestos vieste tu também a beber sangue.
saõ teus juiíos. Por quanto disso saõ dignõs.
5 E depois disto olhei, e eis- 7 E ouvi a outro do- al‘ar, di­
que o templo do Tabernáculo do zendo ■ Por certo, b Senhor DetTs
testemunho foi aberto no ceo. Todopoderosó, que verdadeiros e
6 E o» sele Anjos, que tinhaõ justos saõ teus j trizes
as sete pragas, sahiraõ do templo, 8 É derramou o quarto Anjo
vestidos de linho f puro e resplan­ sua garrafa sobre o Sol, e foi-lhe
decente, e cingidos com cintos dada ftfesfade, que aos homens
de ouro ao redor de seus peitos. icom fogo * abrasasse.
7 E lurm dos quatro Animaes 9 E os homens foraôabrasadós
aos sete Anjos sete garrafas com-grandes calmas, e Wasferná-
•de ouro, cheias dá ira de Deos, raõ ao nome de Deos, que sobre
que para todo sempre jamais estas pragas tem poder: e naô
vive. ;se arrependéraõ, para lhe darem
8 E o templo se encheo do fu­ gloria.
mo da magestade de Deos, e de 10 E derramou o quinto. Anjo
sua poteneia: e ninguém no tem­ sua garrafa sobre otlnouo da Be­
plo podia entrar, até que as sete sta, e seu reyno se fez tenebroso,
pragas dos sete Anjos se naõ e de dor f mastigávaõ soas lia-
consumassem. goas,
* O», Engrande&erÁ» • Ou,.
t Ou, Lúnp9» f Ou, âfprdiu?.
DE S. JOAO, CAP. XVII. 345
11 E por causa de suas penas, os homens huma grande saraiva, i
e de suas pragas ao Deos do ceo como de peso de hum talento: e ;
blasfemáraõ : e de suás obras se blasfemáraõ os homens a Deos
naõ arrependéraõ. por causa da praga da saraiva : I
12 E derramou o sexto Anjo por quanto a praga éra mui grande.
súa garrafa sobre o grande rio de
Eupnrates, e sua agoa se secou, CAPITULO XVII.
paraque se aparelhasse o caminho
aos Reys, que viraõ da * parte VEIO hum dos sete Anjos,
dohde se levanta o Sol. que tinbaõ as sete garrafas, |
13 E vi sahir da boca do Dra- e fallou commigo, dizendo-me: j
gaõ, e da boca da Besta, e da Vem, e mostrar-te-hei a conde­
boca do falso Profeta, tres espí­ nação da grande fornicadora, que
ritos immundos, semelhantes a está assentada sobre muitas agoas:
raãs. 2 Com a qual fornicáraõ os
14 Porque saõ espíritos de de­ Reys da terra, e os moradores da '
mónios, que fazem sinaes, que terra se embebedáraõ com o vin- i
sahem aos Reys da terra, e de ho de sua fomicaçaõ. '
todo o mundo, aos ajuntar para 3 E levou-me em espirito a
a batalha daquelle grande dia do hum deserto, e vi liurna Mulher i
Deos Todopoderoso. assentada sobre huma Besta de
15 Eis-que eu venho como la- cor de * graã, que estáva cheia
draõ. Bemaventurado o que ve­ de nopnes de blasfémia, e tinha
lando está, e suas vestiduras sete cabeças, e dez cornos.
guarda, paraque naõ andend, e 4 E a mulher estáva vestida
vejaõsuas vergonhas. de purpura e de graã, e adornada
16 E os ajuntáraõ no lugar, com ouro, e com pedras precio­
que se chama em Hebreo, Arma- sas, e com pérolas, e tinha em
geddon. sua maõ huma copa de ouro cheia
17 E derramou o sétimo Anjo das abominações e da çugtdade
sua garrafa no ar: e sahio huma de sua fornicaçaõ.
grande voz do templo do ceo, do 5 E em sua testa éra hum no­
throno, dizendo: Feito he. me escrito, a saber, Mistério, a
18 É se fizéraõ relâmpagos, e grande Babylonia, amãi das for­
vozes, e trovões : e foi feito hum nicações e abominações da ter­
grande tremor de terra, tal tre­ ra. , 1 1
mor, e taõ grande, qual nunca 6 E vi que a Mulher estáva bê­
foi feito depois que os homens bada da sangue dos Santos, e.do
estiveraõ sobre a terra. sangue dos Martyres de Jesus. E i
19 ;E a grande cidade se divi- vendo-a eu, maravilhei-me cem
dio em tres partes, e as cidades grande admiraçaõ.
das Gentes cahiraõ: e a grande 7 E o Anjo me disse: Porque
Babylonia veio em memória di­ te maravilhas í Eu te direi o mi­
ante de Deos, para lhe dar o co­ stério da Mulher, e da Besta que
po do vinho da indignaçaõ de sua a traz, que tem sete cabeças e dez
ira. cornos.
20 E toda ilha fugio, e os mon­ 8 A Besta que viste, foi, e ja
tes se naõ acháraõ. naõ he: e ha de sobir do abysme,
21 E descendeo do ceo sobre e ir-se à perdição : e os murado-

• Pe InaMc. • Ou, Purpura.


AFOCALYPSE
ros da terra, (cujos nomes naõ > grande cidade, que tem o Reyno
estão escritos no livro da vida sobre os Reys da terra.
desd’ a fundaçaõ do mundo) se
m^ravilharaõ, vendo a Besta que CAPITULO XVIII.
éra, e ja naõ he, ainda que be.
9 Aqui ha sentido que tem p DEPOIS destas cousas vi cu-
sabedoria. As sete cabeças saõ tro Anjo que descendia do
sete montes, sobre os quaes a ceo com grande potência, e a terra
Mulher está assentada. foi alumiada de sua gloria.
10 E saõ lambem sete Reys: 2 E bradou fortemente com
os cinco saõ cahidos : o hum ja grande voz, dizendo: Cahida he,
he, e o outro ainda naõ he vindo; cahida he a grande Babyionia, e
e quando vier, convém que * fique feita he morada de demOnios, e
por hum pouco de tempo. * repairo de todo espirito immttti­
11 E a Besta que éra, e ja naõ do, e o repairo de trda ave int-
he, esta be também o oitavo Aey munda e aborrecivel.
e he dos sete, e se vai à perdição. 3 Porque todas as gentes be-
12 E os dez cornos que viste, béraõ do vinho da ira de sua for-
saõ dez Reys, que ainda naõ co­ nicaçaõ-. eosReys da terraforni-
meçarão a reinar, porem tomaõ caraõ com ella: e os mercadores
potência como Reys em hum da terra se entiqtieçéraõ daf a-
mesmo tempo juntamente com a bundancia de suas delicias.
Brsta. 4 E ouvi outra voz do ceo, que
13 Estes tem hum mesmo con­ dizia : Sahi delia, povo meu, por­
selho', e darão sua potência e au- que naõ sejais participantes de
thoridade á Besta. seus peccados, e porque naõ rece­
14 Estes combaterão contra o bais de Seus castigos.
Cordeiro: mas o Cordeiro os 5 Porque ja seus peccados Se
vencerá: (por quanto elle he o tem amontoado até o ceo, eDeos
Senhor dos senhores, e o Rey dos se lembrou de suas maldades.
reys) e os que com elle estaõ, saõ 6 Tornai-lhe a dar assi como
os chamados, e eleitos, e fieis. ella vos tem dado, e pagai-lhee'm
15 E disse-me: As agoas que dobro conforme a suas obras: na
viste, sobre as quaes a Fornicado­ cOpa em que vos deo de beber a
ra se assenta, saõ povos, e multi­ vos dai-lhe em dobro de beber a
dões, e nações, e lingoas. ella.
16 E os dez cornos que na 7 Quanto ella se glorificou, e
Besta viste,, saõ as que haõ de em delicias esteve, tanto dai-lhe
aborrecer a Fornicadora, e a fa- de tormento e pranto. Porque
râõ assolada, e nua: e comerão em seu coraçaõdiz: Como Rainha
sua carne, e a queirmaráõ com estou assentada, e viuva naõ soti,
fogo. e nenbum pranto veréi.
17 Porque Deos póz em seus 8 Por tanto em hum dia vi­
corações que façaõ o f que a elle rão seus castigos, a saber, morte,
lhe agrada, e que sejaõ de bum e pranto, e fome, e com fogo
mesmo consentimento, e que dem será queimada: parque forte he
seu Reyno ã Besta até que as pa­ o 8enhor Deos, que a ha de
lavras de Deos se cumpraõ. julgar.
18 E ã Mulher que viste, he a 9 E a chorarão e batendo tics
• Ou, Dure breve tempo, * Ou, Guarda.
t Oo, Su» tõntadc. 1 Ou, Pirtucte.
DE S. JOAO CAP.XIX. SÍi. 1
jieítos ptantearáõ sobre ella os 18 E vendo o fumo de seu iu- j
Reys da terra, que com ella for- cendio, bradavaõ, dizendo: Qual j
nicaraõ, e em delicias vivéraõ, cidade ira. semelhante a esta gran- I
vendo o fumo de seu incêndio. de cidade? -Vr , ■ i
10 Estando de longe pelo te­ 19 E lar.çavaõ pó sobre suas 1
mor de seu tormento, dizendo; cabeças, e bradavaõ, chorando, e 1
Ay, ay, aquella grande cidade de lamentando, e dizendo: Ay, ay,
Babylonia, aqueha forte cidade ! aquella grande cidade, em que
pois em huma hora veio teu juí­ todos os que no mar náos tinbaõ, )
zo. de suas riquezas Se vieraõ a enri- j
11 E sobre ella choraráõ e la- quecer: porque em huma hora
mentaráõ os mercadores da terra, foi assolada ?
por quanto ninguém mais compra 20 Alegra-te sobre elle, ceo,
suas mercancias. e mais vps-oiitros santos Aposto-
12 Mercaucia de ouro, e de ios, e Profetas: porque Deos tem
prata, e de pedras preciosas, e de julgado vossa cousa defla. i
pérolas, e de linho finíssimo, ede 21 E hum forte Anjo tomou ;
purpura, e de seda, e de grãa: e huma pedra como huma grande I
de todo páo cheiroso, e de todo mó, e Jançoum no mar, dizendo;
vaso de madeira preciosíssima, e Cora tanto impeto seiá lançada
de iataõ, e de ferro, e de már­ Babylonia,aquella grande cidade; t
more : e naõ será mais achada.
13 E canela, e cheiros, e un­ 22 E voz* de langedoresde
guentos, e encenso, e vinho, e harpas, e de músicos, e de f tan-
azeite, e flor de farinha, e trigo, gedores de frauta, e de tocadores
e cavalgaduras, e ovelhas, e ca­ de trombeta, naõ será mais em ti
vados e carros, e corpos e almas ouvida: e todo artífice de qual­
de homens. quer oflicio que seja, naõ será
14 E os frutos do desejo de tua mais em ti achado: e ruido de (
alma se apartaraõ de ti: e todas mó naõ sera mais em ti ouvido.
as cousas delicadas excellentes se 23 E luz de candea naõ alumia­
teperdéraõ: e d'aqui por diante rá em ti mais: e voz de esposo
ja naõ apharás mais estas cousas. e de esposa naõ sera mais em ti
15 Os mercadores destas cou ouvida: por quanto teus merca- ;
sas, que delias se enriquecéraõ, dores éraõ os príncipes da ter­
se iraõ por longe delia, pelo te­ ra, por quanto por tuas feitiçerias
mor de seu tormento, chorando e todas as gentes foraõ engana- ,
lamentando, das.
16 E dizendo: Ay, ay, aquella 24 E nella se achou o sangue
grande cidade, que de linho finís­ dos Profetas, e dos Santos, e de
simo, e de purpura, e de escarla- todos os que foraõ matados na
ta, estava vestida, e com ouro terra. ;
dourada, e com pedras preciosas,
e com pérolas adornada: porque CAPITULO XIX.
em huma hora foraõ assoladas
tantas riquezas ? 17 DEPOIS destas cousas ouvi
17 E todos os pilotos, e toda huma grande voz de huinã
companhia dos que em náos tra grande multidaõ no ceo, dizendo:
taõ, e todos os marinheiros, e to­ Hallelu-jah: Salvaçaõ, e gloria, c
dos os que sobre o mar coptrataõ, • Ou, HÍLrpiit<Ut
estavaõ de longe; t Ou, rraufeiroí, ou, gaiteiros
.318 APOCALYPSE
lionra, e potência seja ao Senhor munho de Jesus he o espirito de
nosso Deos. profecia.
2 Porque verdadeiros e justos 11 E vi o ceo aberto, e eis
saõ seus juizos, puis fez justiça1 hum cavallo branco: e aquelle
da grande Fornicadora, que com que sobre elle estava assentado,
sua fornicaçaõ tinha corrompida se chamava O Fiel e Verdadeiro,
a terra, e da maõ delia vingou o que justamente julga e batalha.
sangue de seus servos. 12 E seus olhos éraõ como cha­
3 E disseraõ noutra vez: Hal- ma de fogo: e havia sobre sua
lelu-jah. E seu fumo delia sobe cabeça muitas Dilemas: e ti­
pãra sempre jamais. nha hum nome escrito, o qual
4 E os vinte e quatro Anciaõs, ninguém sabia senaõ elle mesmo.
e os quatro Animaes se lançaraõ 13 E estava vestido de huma
sobre seus rostos, e adorátaõ a veste tingida em saugue, e seu
Deos, que estava assentado no nome se chama, O VERBO DE
thfono, dizendo: Amen, Hallelu- DEOS.
jah. 14 E os exercitos no ceo o se-
5 E sahio huma voz do throno, guiaõ em cavallos brancos, vesti­
dizendo: Louvai a nosso Deos, dos de finíssimo linho branco e
todos seus servos, e vos-outros limpo.
que o temeis, assi pequenos como 15 E de sua boca sabia huma
grandes. espada aguda, para com ella as
0 E ouvi como a voz de huma Gentes ferir: porque com vara
grande multidaõ, e como o ruido de ferro as govornará: e pisa o
de muitas agoas, e como a voz de lagar do vinno do furor e ira do
Í;randes trovões, dizendo: Hal- Todopoderoso Deos.
elu-jah, pois o Senhor Deos 16 E em sua veste e em sua
Todopoderoso como Rey reinou. coixa tinha escrito este nome,
7 Gozemo-nos, e alegremo- Rey dos reys, e Senhor dos se­
nos, e demos-lhe gloria: porque nhores.
vindas saõ as bodas do Cordeiro, 17 E vi hum Anjo que estáva
e sua mulher se tem ja aparelha­ dentro do Sol, e bradou com
da. grande voz, dizendo a todas as.
8 E foi-lhe dado que se vista aves que pelo meio do ceo hiaõ
de panno de linho finíssimo, lim­ voando: Vinde, e ajuntai-vos á
po e resplandecente: porque o cea do grande Deos:
linho finíssimo saõ as justificações 18 Paraque comais a carne dos
dos Santos. Reys, e a carne dos Capitães, e
9 E me disse: Escreve. Be- a carne dos fortes, e a carne dos
maventurados aquelles que íi cea cavallos e dos que sobre elles se
das bodas do Cordeiro saõ cha assentaõ, e a carne de todos os
niados. Disse-me também: Es­ livres e servçs, pequenos e gran­
tas saõ as verdadeiras palavras de des.
Deos. 19 E vi a Besta, e os Reys da
10 E eu me lancei a seus pés terra, e seus exerqitos juntos, pa­
para o adorar. E elle me disse: ra fazerem guerra contra o què
Olha que o naõ faças, teu con­ sobre o cavallo assentado.estãva,
servo sou e mais de teus irmãos, e centra seu exercito.
que o testemunho de Jesus tem. 20 Mas a Besta foi presa, e
Adora a Deos, porque o teste­ com ella ó falso Profeta que
DE S. JOAÓ, CAP. XX. 349
diante delia fizéra os sinaes, com que estaõ- sobre os quatro cantos
que enganara aos que o sinal da da térra, a Gog, e a Magog, pa­
Besta tomáraõ, e sua imagem ra os ajuntar em batalha: dos
adoráraõ. Estes dous foraõ lan­ quaes o numero he como a area
çados vivos no lago do fogo de do mar.
enxofre ardente. 9 E subiraõ sobre a largura da
SlEo resto foi morto com a terra, e cercaraõ ao .campo dos
espada que sahia da boca do que santos, e á cidade amada: e des-
sobre o cavallo estava assentado, cendeo fogo de Deos do ceo, e
e de suas carnas se fartávaõ todas devorou-os.
as aves. 10 E o Diabo, que os engana­
va, foi lançado no lago de fogo e
CAPITULO XX. de enxofre, aonde está a Besta e
mais o falso Profeta, e dia e noite
17 VI hum Anjo descender do seráõ atormentados para sempre
ceo, que tinha a chave do jamais.
Abysmp, e hu ma grande cadea em 11 E vi hum grande throno
sua maõí branco, e ao que estava assenta­
2 E prendeo ao Dragaô, a Ser­ do sobre elle, de cuja * presença
pente antiga, que- he o Diabo e Sa­ fogio aterra e o ceo: e naõ se
tanás, e amarrou-o por mil annos. achou lugar para elles.
,8 jE» lançou-o no abysmo, e en­ 12 E vi aos mortos, grandes,
cerrou-o, e sellou sobre elle: pa- e pequenos, que estavaõ diante
raqpemaisnaõ engane as gentes, de Deos: e foraõ abertos os li­
até que os mil annos se cumpraõ. vros: e foi aberto outro livro,
E depois importa que seja solto que he o da vida: o foraõ julga­
por.hum pouco de tempo. dos os mortos pelas «ousas que
• 4; E,iri thronos, e assentáraõ-se nos livros estavaõ escritas, con­
sobré ellesye foi-lhes dado o juizo: forme a suas obras.
e vi as almas daquellès que pelo 13 E o mar tornou, a dar os
testemunho >de Jesus foraõ dego- mortos que nelle estavaõ: e a.
ladq% e.jpèla palavra de Deos, e morte e o inferno tornaraõ a dar
hem a Besta, nem a sua imageni ■os mortos que nelleg estavaõ: e
adoráraõj ,nern seu,.sitiai em suas foi julgado cada hum segundo.
tqstqs, puíam, suas maõs tomáraõ, ■ suas obras.
e.corn Christq md annos viviaõ 14 E o inferno e a morte foraõ.
e reinavaõ. dançados no lago de fogo: esta he
5 Mas o,resto dos mortas naõ a morte segunda,
ha de recuscitar, até. que os mil . 15 E quem naõ foi achado
annos se naõ cumpraõ. Eatabe leserito no livro da vida, foi lan-
^r^urréiçaõpri.mefoa.l 'çado no lago do fogo,
, 6, fÍJemaventivado e> santa a-
quelle que tem parte na primei- ' CAPITULO XXL
ra. resurr.eiçaõ:. sobre estes naõ
tem a segunda morte poder ; po-, í 17 VT hum novo ceo, e. huma
rem de Deos, e de Christo Sacer­ l-4 nova terra. Porque o pri­
dotes seráõ, e com elle mil annos meiro. ceo e a primeira terra sé
reinaráõ. ■tinha idó, e o mar jà naõ bra.
7 E cumprindo-Sé os rriil annos, í 2 E eu Joaõ vi a santa cida­
será satanás solto dé sua prisaõ. de, a nova Ilierusalem, que de
8 E sahirá a engaiiar as gentes • • Õu, Jíxcc,
1 II h •
350 APOCALYPSE
Deos descendia do ceo, adereçada 11 E tinha a gloria de Deos:
como a esposa para seu marido e sua luz ira semelhante a huma
ataviada. pedra preciosíssima, a saber, como
3 E ouvi huma grande vez, do a pedra de jaspe, ao modo de
ceo, que dizia: Eis aqui o Ta­ cristal resplandecente.
bernáculo de Deos com os ho­ 12 E tinha hum grande e alto
mens, e cem elles habitará, e muro com doze pôrtás, e nas por­
elles seráõ seu povo, e o mesmo tas.doze Anjos, e nomes nellas
Deos será seu Deos com elles escritos, que saõ os nomes das
estando. doze tribus dos filhos de Israel.
4 E alimpará Deos toda lagri 13 Da banda do * Levante ha-
ma de seus olhos, e naõ haverá viatres portas, da banda do Norte
máis morte: nem haverá rnais tres portas, da banda do Meio diá
pranto, nem clamor, nem trabal­ tres portas, e da bandado j- Poente
ho : porque as primeiras cousas tres portas.
saõ passadas. U R o muro da cidade tinha
5 E o que estava assentado so­ ídaae fundamentos, e nelles os
bre o thronodisse: Eis-que todas nomes dos doze Apostolos do
as cousas faço novas. E disse- Cordeiro.
me : Escreve; porque estas pa­ 15 E aquelle que commigo fal-
lavras saõ fieis e verdadeiras. iáva, tinha huma cana de ouro,
6 Também me disse: Feito para medir a cidade, estfas por­
he; Eu sou o Alpha eo Omega, o tas, e seu muro.
Principio e o Fim : a quem tiver 16 E cidade está*» situada
sede, de graça lhe darei da fonte em quadro, e sua longutá érá
da agua d^ida. tanto como sua largura. ’ E medio
7 Quem vencer, herdará todas a cidade com a cana até doze mil
as cousas: e eu serei seu Deos, e estádios :e sna Icngura, e largura,
elle sera meu filho. e altura delia, éraõ igttaes.
8 Mas aos * medrosos, e aos 17 E medio seu muro de cento
incrédulos, e aos abomináveis, e e quarenta e quarto covados, de
aos homicidas, e aos fornicadores, medida de homem, que éra«
e aos feiticeiros, e aos idolatras, do Anjo.
e a todos os mentirosos, será sua 18 E a fabriça de seti muro éra
parte no lago, que com fogo e de jaspe: mas a cidade éra de
enxofre ardendo está: que he a oure puro, semelhante n' vidro
morte segunda. § puríssimo.
9 E veio a mim btim dos sete 19 E os fundamentos do hturo
Anjos, que tivéraõ as sete garra­ da cidade estávaõ adornados com
fas cheias das sete derradeiras pra toda pedra peeçiosa. O primeiro
gas, e fallou commigo, dizendo : fundamentoérajaspe: o segundo
Vem, e mostrar-te-hei a Esposa, saphlror o> terceiro caleidoniar o
a Mulher do Cordeiro. ■piatroesmeraldá:
10 E levou-me em espirito a 20 O quinto sardonix: o Sex­
hum grande monte, e alto : e mo­ to sardio: o «etinio chrysolító:
strou-me a grande cidade, e santa
Hierusalem, que de Deos do ceo *1 Oa, Oriintt.
Ou, Occidente:
descendia. í Ob, Por qyanto G Anja tinha «ya-
recido etnforma humana..
• Ou, Temerosos, qu, timidos. § Ou, Cristalina.
DE S. JOAO, CAP. XXII. 351
o oitavo beril: o non topázio: çaõ contra alguém: mas nella
o decimo chrysopraso : \* o undé­ estará o throno de Deus, e- do
cimo jacinto: f o duodecftpg ame- Cordeiro, e seus servos o serviráõ.
thysto. 4 E veráõ seu rosto, e estará
21 E as doze portas èraõ\doze em suas * testas seu nome.
pérolas: cadahuã das pOrtaÀ éra 5 E naõ haverá ali mais noite,
de huã pérola : e a praça daVi e naõ teráõ necessidade de luz de
dade éra de ouro puro, como si­ çandea, nem de luz de Sol: por-
dra mui resplandecente. le o Senhor Deus os alumia, e
22 E naõ vi templo nella: por­ ha todo sempre reinarão.
que o Senhor Deus Todopoderoso oVE me disse : Estas palavras
he delia o templo, e também o tas e verdadeiras: e o Se­
Cordeiro. ntar, b Deus dos Sanctos Pro-
23 E a cidade naõ tem neces­ phe\js, enviou seu Anjo, a mo-
sidade de Sol, nem de Lua, para- strarY seitg servos as cousas qu«
que nella resplandeçaõ: porque õ dkacontecer.
a gloria de Deus a alumiou, e o qunpu venho cedo; be-
Cordeiro he sua candea. inaventuAdo aquelle que guarda
24 E as gentes que se salva­ as palavra^ da'JProphecia deste
rem, andaráõ em sua luz : e aella livro. ,
trazem sua gloria e honra os Reys 8(Eeu . \ aquelle que '
da terra. ouvi, e vi estalfcousaS. E despois
25 E suas portas se naõ fecha­ que ouvido e vi as tive, postrei-
rão de dia: porquanto ali naõ tue, para adorar \nte ós pés do
haverá noite. Anjo qite estas cousas me mostra­
26 E a ella Ievaraõ a gloria, e va,
honra das gentes. 9 Porem elle me disse:rOlha
27 E nella naõ entrará cousa que o naõ faças: porquanto eu
nenhuã que çuja, ou que abomi- sou teu conservo, e de tedbirmaõs
naçaõ faz e mentiras fulla: po­ os Prophetas, e dos que as pala­
rem sómente os que no livro da vras deste livro guardaõ; Adora
vida do Cordeiro estaõ escritos a Deus.
10 Di^e-me também : Naõ
CAPITULO XXII. selles as palavras da Prophecià
deste livro: porque perto está o
"E1 ME mostrou hum rio ípuro tempo.
■*_4 de agoa viva, clarJ como 11 Quem he injusto, seja ainda
cristal, que procedia do dirono de injusto: e quem he çujo, çugese
Deus, e do Cordeiro. ainda: e quem he justo, seja ain­
2 Nomeyo de sua praça, e das da justificado : e quetnhe sancto,
duas bandas do rio, estava a ar­ seja ainda sanctificado.
vore da vida, que doze frutos,’ ' 12 Ora eis-aqui e venho cedo,
dando cada més <eu fruto: e as e comigo está meu galardaõ, pa­
folhas da arvore para a § saú­ ra a cadahum f render conforme
de das Gentes. sua obra fór.
3 E naõharerá nenhuã maldL 13 Eu sou o Alpha, e Omega,
o Primeiro e o Derradeiro, o
• On, i>nzim>. Principio e o Fim.
t Oa, Dozeno.
j Or, Limpo. • Ou, Frontes.
$ 0«, Caza. 1 Ou, RzcomptTiia.T.
352 APOCALYPSE DE S. JOAO, CÁP. XXII.
14 ■ Bemarenturados aquelles que as palavras da Prophecia de­
que guardai» seus mandamentos, ste livrd ónve, que se alguém a
paraque na arvore da vida poder estas cousas acrecentar, Deus lhe
tenhaõ, e que na cidade pelas por* acreeejitará as pragas que neste
tas entrem. livfo estaõ escritas.
15 Porem de fora estarão os E se alguém das palavras
caens, e os feiticeiros, e os forni­ 4<> ,/livro desta Prophecia dimi-
cadores, e os homicidas, e os ' nyír, Deus lhe tirará sua par te do
idolatras, e qualquer que ama « litro da vida, e da sancta cidade,
comete mentira. z zé das cousas que neste livro estaõ
16 Eu Jesus enviei meu l escritas.
para estas cousas nas Igrejas 20 Aquelle que destas cousas
testificar: eu sou a raiz «/a dá testemunho, diz: Certamente
scendencia de David, ares cedo venho. Amen. * Assi seja,
decente estrella da alv vem Senhor Jesus.
17 E o Espirito, e 21 A graça de nosso Senhor
zem; Vem. " Jesu Christo seja com todos vos-
Vem. E quem tepí set venha: outros. Amen.
e quem quiser, ‘ Og * tome da
agoa da vida. • Oa, Qra, vem.
18 Ora eu otest# a cada qual
l
/
/

FIM.

S-ar putea să vă placă și