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Marques de Sade

https://www.independent.co.uk/news/world/europe/marquis-de-sade-rebel-
pervert-rapisthero-9862270.html

https://www.nytimes.com/1988/03/27/books/the-dangerous-marquis-de-
sade.html

http://prosper.cofc.edu/~desade/B6.%20Maurice%20Schuhmann.%20Le%
20successeur....pdf

https://isi.org/intercollegiate-review/dostoevsky-vs-the-marquis-de-sade/

https://theworldnews.net/br-news/qual-e-a-semelhanca-entre-marques-de-
sade-e-olavo-de-carvalho-por-rogerio-maestri

https://www.jordanbpeterson.com/philosophy/new-years-letter/

http://www.peterkreeft.com/topics-more/pillars_nietzsche.htm

LUIZ FELIPE PONDÉ

Os infortúnios da melancolia

No filme de Lars von Trier,


melancolia não é só o
nome de uma doença, mas
o nome de um planeta
Marquês de Sade (século 18) escreveu, entre outras obras,
"Justine ou os Infortúnios da Virtude", sempre vista como uma
obra erótica ou de crítica política. Mas ela é mais do que isso.
Se Sade fosse apenas um escritor "jacobino" (como fazem dele
os maníacos por crítica política) ou um escritor que só fala de
sexo (como fazem dele os risíveis defensores da redenção
humana através de uma gozada na boca de uma assustada
menina de 13 anos que engole o esperma em prantos), ele seria
um escritor menor.
Não, Sade era um filósofo que achava que a natureza é má,
incluindo a natureza humana e sua história. O "divino" marquês
se inscreve numa tradição (dos trágicos, gnósticos, maniqueus,
cátaros) que se pergunta se a natureza (ou Deus) não seria em si
má, cruel e perversa. Não seria o cosmo uma câmara de
torturas?
Eu, nos meus piores dias, me pergunto se essa tradição não teria
razão. Guardo-a em minha alma como um veneno íntimo, uma
irmã gêmea, sempre em vigília, pronto a me asfixiar de lucidez.
A marca mais "física" dessa dúvida (quanto à validade da vida e
de seus infinitos rituais inúteis) é quando o corpo fica muito
pesado e o próprio caminhar se torna uma tarefa impossível -
como no caso da personagem melancólica Justine do novo filme
de Lars von Trier, "Melancolia".
Muitos dos grandes filósofos, como Descartes, Pascal, Leibniz e
Kant (entre outros) temiam que esses pessimistas tivessem razão
e que o único afeto inteligente diante da vida fosse a tristeza, ou,
melhor dizendo, num vocabulário filosófico elegante, a
melancolia. Se os melancólicos tiverem razão, "não há
esperanças para nós", como vaticina a profetisa melancólica
Justine de Von Trier.
O cineasta dinamarquês vem dialogando com essa tradição há
algum tempo. Sua briga não é com a sociedade apenas
contemporânea (ou do "capital", como creem os ingênuos ou mal
informados), sua discussão é bem mais profunda do que pensa
nossa vã filosofia.
Em "Dogville", Grace (graça!), mulher linda, trabalhadora e
generosa, ao final, se torna, com razão, vingativa e assassina
porque os habitantes de Dogville eram como cães miseráveis. Em
"Anticristo", a mãe prefere gozar a impedir que o filho pule pela
janela (além de torturá-lo com pequenas coisas ao longo de sua
curta vida). Ela é a testemunha encarnada de que "aqui reina o
caos" e de que a "natureza é o templo de Satã".
A razão, em "Dogville", e a psicologia "científica", em "Anticristo",
são objetos de ironia cruel. Em "Melancolia", o cunhado milionário
da melancólica é o risível (e covarde) crente nos cálculos da
ciência oficial que nega a rota de colisão entre a Terra e o
gigantesco planeta chamado Melancolia.
Lars von Trier nos dá sua versão dos infortúnios de Justine. Se
em Sade ela é a vítima indefesa da crueldade de uma natureza
que ama torturar suas criaturas, revelando a inutilidade da virtude
no mundo (lembremos que Sade usa o nome Justine como
alternativa para "infortúnio"), em Von Trier ela é a vítima indefesa
da melancolia porque (sempre) percebeu que "a vida na Terra é
má" e condenada. Um acaso isolado e único no universo:
"Estamos sós", diz a profetisa Justine.
Mesmo a comida mais gostosa revelará seu sabor verdadeiro: a
substância última das coisas são as cinzas. Ao tocar o mundo
com a boca, a profetisa Justine sente o "gosto" da verdade infeliz
das coisas.
No filme, melancolia não é apenas o nome de uma doença, mas
o nome do planeta que prova que os melancólicos são profetas.
Quando finalmente se comprova a inevitabilidade da "dança da
morte" (nome dado no filme para a rota de colisão), Justine
aparentemente sai da tristeza e se revela a mais corajosa das
duas irmãs. Ela não se cura, o universo é que deixa de "mentir"
sobre si mesmo.
Numa noite clara, ela oferece seu corpo nu ao planeta
Melancolia, como uma mulher apaixonada faz para seu amante,
buscando seu beijo. Uma declaração de amor à morte.
Imagine, nesta segunda-feira, por um instante, se Justine tiver
razão e estivermos mesmo sós num universo feito de cinzas.

ponde.folha@uol.com.br

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