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A Diplomacia Portuguesa e a Revolução Francesa

Introdução

“A diplomacia sem armas é como a música sem instrumentos”

Otto Von Bismarck

O seguinte trabalho subordina-se ao tema “A Diplomacia Portuguesa e a Revolução Francesa”. Será


meu intuito analisar este fenómeno revolucionário que alterou profundamente o espectro sócio - político
europeu à luz da diplomacia portuguesa da época, evidenciando os esforços diplomáticos encetados por
Portugal na procura de se afastar de um conflito hegemónico eminente.

“As primeiras notícias dos acontecimentos em França, foram recebidas em Portugal com relativa
apreensão. A abertura dos Estados Gerais era encarada como sintoma de grandes mudanças no tecido social
e político.” (CARVALHO, SANTOS 2006). Tal como todas as monarquias europeias, Portugal opôs-se ao
movimento revolucionário que colocava em causa a monarquia, a sociedade de privilégios e os poderes da
Igreja e que trazia liberdade política e civil e a igualdade de todos perante a lei.

Contudo, e não obstante a aliança com a Inglaterra, Portugal não pretendia participar num conflito
hegemónico, tendo defendido a sua diplomacia, tanto quanto foi possível, a posição de neutralidade.

Numa primeira fase da Revolução, a da passagem do Antigo Regime à monarquia constitucional


(1789-1792), a posição portuguesa foi de expectativa perante os seus resultados. Numa segunda fase,
perante as coligações europeias contra a França Revolucionária (1792-1795), Portugal viu-se obrigado,
devido a Tratado de Prado, a auxiliar a Espanha, participando “sem glória nem proveito” na Guerra do
Rossilhão. A terceira fase, sob consulados de Napoleão (1798-1804), consistiu na invasão espanhola em
1801 decorrente da mudança de alinhamento, para o lado da França, de Carlos IV da Espanha. Finalmente,
no período imperial de Bonaparte (1804-1812), Portugal sofre três invasões francesas.

Como referem Carvalho e Santos “O papel da diplomacia portuguesa durante estes longos anos de
crise foi fundamental, apesar de nem sempre ter atingido os melhores resultados. Não obstante, mantiveram
o equilíbrio político de Portugal até ao primeiro consulado de Bonaparte.” Depois, na luta pela hegemonia,
foram ultimatos, poder, força, imposição, a denominada “diplomacia de canhoneira”, como patenteia a
afirmação de Bismarck.
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A Diplomacia Portuguesa e a Revolução Francesa

Contextualização Histórica

A Política Externa de D. Maria

D. José morre em 1777 e sucedeu-lhe no trono a filha, D. Maria I. D. Maria governou até 1792, ano
em que, dado o seu estado mental, passa a governar em nome da rainha, como príncipe regente, o príncipe
D. João, que governaria enquanto tal até 1799 data em que assume a regência por direito.

A política externa de D. Maria tinha-se pautado pela “acentuada preocupação de neutralidade,


baseada no equilíbrio de forças entre as potências. Pretendia-se como no tempo de D. João V, manter a
aliança com a Inglaterra sem ter com isso de hostilizar a França ou a Espanha.” (CARVALHO, SANTOS
2006).

As relações com Espanha estreitaram-se e, assim, Portugal conseguia uma relativa independência
face à Inglaterra. Em 1777, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Santo Ildefonso no qual eram feitas
cedências de territórios do Brasil à Espanha. Este acordo foi confirmado e alterado pelo Tratado de Pardo
que constituiu uma verdadeira aliança entre os dois países ibéricos, o que arrastaria Portugal para o campo
de batalha do Rossilhão quando a Espanha declarou guerra à França em1793. Deu-se, em 1785, uma dupla
união matrimonial que selava estas relações.

O Estado da Diplomacia e a Diplomacia Portuguesa

Advento da época era o eclodir da Revolução Industrial na segunda metade do séc. XVIII.
Inaugurava-se a “Época Contemporânea” e as sociedades desenvolver-se-iam sem precedentes.

“É de salientar que uma das características peculiares do séc. XVIII foi a intensificação da actividade
diplomática como instrumento de construção de alianças” (GERALDO, 2009). De facto, a aceleração dos
transportes que se registaria, principalmente com o uso crescente do comboio a partir dos inícios do séc.
XIX, veio facilitar as deslocações e encurtar as distâncias.
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A Diplomacia Portuguesa e a Revolução Francesa

A diplomacia reflectiu sempre os desenvolvimentos do seu tempo, e “No início da época


contemporânea, a instituição diplomática achava-se já perfeitamente consagrada e regida por princípios
universais baseados no costume internacional e na doutrina.” (CALVET, 2005)

Durante o Congresso de Viena, que se realizou no final dos conflitos napoleónicos, foi regulada a
matéria de precedências dos representantes diplomáticos. “Durante séculos essas precedências dependeram
da antiguidade e tradições dos próprios representados; ora, compreensivelmente, tais critérios muitas vezes
suscitaram dúvidas e prestaram-se a melindres, quando não a injustificadas imposições. O Congresso de
Viena, de 1815, pôs termo a tais dificuldades, substituindo os velhos critérios pelo da antiguidade nas
funções dos próprios agentes diplomáticos, mais facilmente estabelecido em perfeita objectividade. Mas tal
critério já fora defendido por Portugal bastantes anos antes, em 1760;” (MARTINEZ, 1992)

“ D. João, quando tomou as rédeas do poder, manteve os mesmos ministros de sua mãe, embora parte
deles fossem partidários da Inglaterra, tais como outros o seriam da França.” “A diplomacia de Portugal, nos
primeiros anos do séc. XIX, era uma corda bamba tentando o equilíbrio entre a velha aliada Inglaterra,
senhora dos mares, e uma França que se tornara a potência hegemónica no continente europeu.” “Assim se
explica a alternância no poder entre o “partido inglês”, chefiado por D. Rodrigo de Sousa Coutinho, futuro
conde de Linhares, e o “partido francês”, encabeçado por António de Araújo Azevedo, mais tarde conde da
Barca” (GERALDO, 2009)

A este personagem, Araújo de Azevedo, tornaremos mais adiante face ás suas peripécias em França
durante negociações com o Directório.

Luís Pinto era o Ministro dos Estrangeiros e o gabinete de Lisboa desempenharia um papel central
dada a crise europeia decorrente da Revolução Francesa.

A Revolução Francesa: a Posição Portuguesa

Alarmadas, as cortes europeias viam o movimento revolucionário como uma ameaça para a ordem
política e social vigentes. As monarquias, receosas, coligam-se com ou contra a França. A Política externa
era, na altura, a principal preocupação do gabinete português.

A “Velha Aliança” Inglaterra - Portugal pelo tratado de Windsor, comprometia Portugal.

“Luís Pinto, no receio de que a Convenção Nacional Francesa provoque a “subversão geral”,
pressiona os gabinetes de Londres e Madrid para que se unam numa tríplice aliança contra o perigo francês.
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A Diplomacia Portuguesa e a Revolução Francesa

Os ingleses pouco caso fazem das propostas do ministro português, mas vão-se entendendo como os
espanhóis, o que suscita uma surda irritação no seio do Gabinete.” (SARAIVA, 2004). Estas atitudes bélicas
parecem infundadas dadas as debilidades do nosso exército, e só parecem ter sentido face à previsão de que
o conflito se desenrolaria bem longe das fronteiras portuguesas, e, portanto, sem riscos sérios para Portugal.

Em 1793 instaura-se o Terror e a Convenção envia a Lisboa um emissário, Antoine Darbault,


encarregado de reatar relações com Portugal e de pedir a abstenção portuguesa do conflito eminente. Luís
Pinto não lhe aceitou as credenciais e mandou-o sair do país. O Governo persistia em não reconhecer a
República.

Num ofício de 25 de Fevereiro de 1793, dirigido ao secretário de Estado Luís Pinto de Sousa
Coutinho, o nosso representante diplomático em Madrid, D. Diogo de Carvalho e Sampaio, desabafa: “Se
entre tanta desordem Portugal podesse conservar o bem da paz, que gloria seria para o ministro portuguez
illudir o movimento dos turbilhões em que nos tem mettido a nossa situação política. E já que não podemos
atalhar os progressos dos detestáveis princípios franceses, ao menos que não nos resintamos dos péssimos
effeitos que ella tem causado em tantas partes” (MARTINEZ, 1992)

Entretanto, a Inglaterra e a Espanha concordam uma acção conjunta contra a França. Tal decisão foi
tomada sem ouvir o gabinete de Lisboa. Quando, posteriormente, lhe foi proposto acordo semelhante,
Lisboa respondeu que não figuraria “como potência acedente e passiva”. Contudo foram celebrados tratados,
com os dois países, de auxílio mútuo contra a Convenção (Madrid em 15 de Julho de 1793; Londres em 26
de Setembro). Portugal cedia auxílio aos britânicos com navios no combate aos piratas berberes e no Canal
da Mancha, e cedo entraria em guerra face ao compromisso com a Espanha.

A Diplomacia Portuguesa durante o Conflito

A Guerra do Rossilhão

Não obstante o estado deplorável do exército, em 1794, foram enviadas forças expedicionárias (6 mil
homens) para a Catalunha, para apoiarem os espanhóis nos Pirinéus na Guerra do Rossilhão. Esta acção era
inevitável pois era decorrente dos tratados de Ildefonso e Prado com a Espanha.

Os meios eram escassos, a falta de preparação era óbvia, e face ao alargamento da frente de batalha
começa a retirada. Em Lisboa temia-se pela sorte do Brasil.
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A Diplomacia Portuguesa e a Revolução Francesa

Em Julho de 1795, a Espanha de Carlos IV assina a Paz com a França pelo Tratado de Basileia. O
aspecto mais doloroso para os portugueses foi o facto de a paz ter sido separada, ou seja, negociada sem
conhecimento, nem intervenção do governo português. Como refere Eduardo Brazão “Era tudo o que a
Espanha nos oferecia depois de termos feito o que podíamos na defesa do ideal latino e cristão”.

Portugal viu-se forçado a retirar as tropas em condições precárias e sem qualquer negociação, em
virtude do abandono e traição do seu aliado. Foi pois uma intervenção sem glória nem proveito.

Manuel de Godoy, ministro de Carlos IV, que viria a ser conhecido como “Príncipe da Paz”, acabaria
por propor a Portugal uma aliança com os dois países contra a Inglaterra.

Portugal ficava numa situação extremamente crítica. Tendo em conta que a paz tinha sido concertada
somente com a Espanha, Portugal ficara em guerra com a França. A situação era deveras delicada sendo que
“o dilema era o da morte por asfixia ou por invasão” (SARAIVA, 2007).

Se aceitasse a aliança, veria os ingleses imporem uma guerra marítima, apoderarem-se das colónias,
o que implicava a perda do Brasil, base económica da vida nacional. Se rejeitasse, espanhóis e franceses
indadir-lhe-iam o território, o que seria uma excelente oportunidade para os espanhóis eliminarem a
independência portuguesa. Estávamos “entre a espada e a parede”, começava “um longo calvário para a
política externa portuguesa.” (MARTINEZ, 1992).

A Tentativa de paz com a França

“O nosso país encontrava-se mais uma vez numa encruzilhada da História e os esforços diplomáticos
multiplicavam-se no sentido de defender os seus interesses” (GERALDO, 2009)

Em Outubro de 1796, a Espanha declara guerra à Inglaterra e urgia negociar a paz com o Directório.

Em Abril de 1797, António de Araújo, nosso ministro em Haia, foi enviado a Paris para negociar
com o Directório. Contudo este já tinha assinado uma convenção secreta com a Espanha para a conquista de
Portugal, e ao diplomata português foi dada a ordem de expulsão.

O Gabinete de D. João I apelou à aliança inglesa e, em Junho de 1797, os ingleses enviaram um


auxílio de 6 mil homens - convém lembrar que para além da histórica aliança de Windsor, as relações luso-
britânicos eram de grande intercâmbio comercial, tal que “ (…) aos comerciantes e a muitos nobres cujas
fortunas dependiam do trato mercantil a única causa que interessava era a paz ” (SARAIVA, 2007)
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Contudo, Araújo voltara a Paris e, em Agosto, e diz-se que através da corrupção de membros do
Directório, obteve a conclusão de um tratado que comprometia Portugal a pagar uma avultada indemnização
e a não prestar aos ingleses qualquer auxílio. O tratado não era compatível com os nossos compromissos
com a Inglaterra. Após protestos do gabinete londrino, Luís Pinto reconheceu a inépcia das negociações e
explicou que Araújo tinha excedido largamente os poderes conferidos (sublinhe-se que naqueles tempos face
às dificuldades de comunicação, e ao peso e influência das distâncias, os diplomatas tinham uma maior
margem de manobra pessoal). Apesar disso, e face à situação delicada de Portugal, a Inglaterra consentiu
que Portugal ratificasse o tratado, mas era tarde demais. O Tratado de Paris não chegou a ser ratificado e
Araújo foi preso e encarcerado na famosa prisão parisiense do Templo durante alguns meses, com a
acusação de conjura contra a República Francesa. Como nos diz Eduardo Brazão “passando-se assim por
cima de todas as prerrogativas diplomáticas. Bem se vê que a liberdade era um dos dísticos da Revolução!”
Luís Pinto protestou junto de Talleyrand e o diplomata foi posto em liberdade ao fim de três meses de
cativeiro.

Apesar do seu carácter pessoal, esta iniciativa não deixa de demonstrar uma tendência “a acção
diplomática portuguesa entre 1795 e 1807 foi uma dramática luta pela paz, que estávamos dispostos a pagar
por qualquer preço.” (SARAIVA, 2007)

A verdade é que os obstáculos à paz eram imensos: “Os franceses mostravam-se dispostos a aceitar a
nossa neutralidade no conflito anglo - francês desde que essa fosse efectiva, isto é, desde que os ingleses não
se servissem dos nossos portos para a guerra que faziam à França. Ora a Inglaterra não aceitava essa
condição. Os nossos portos eram indispensáveis para os seus navios, e nós nem tínhamos força para impedir
que se continuassem a servir deles, nem queríamos hostilizá-los, porque isso representava o fim do
comércio. A tese portuguesa era portanto a de que a neutralidade se limitava à não beligerância e não nos
podia impedir de cumprir os deveres impostos pela velha aliança inglesa” (SARAIVA 2007)

Godoy tentava levar Paris à única solução possível: a ocupação militar de Portugal.

A nossa posição continuava a ser dúbia, dado, por um lado, tentarmos negociar a paz com a França e,
por outro, víamo-nos na obrigação, firmada por acordos históricos, de colaborar com a Inglaterra.
Continuávamos a dar apoio à guerra naval britânica, que ia desmantelando a esquadra francesa o que gerou a
cólera de Napoleão.

Em 1801, os governos francês e espanhol acordaram que a Espanha enviaria o Ultimato a Portugal
para que se decidisse a fazer a paz com a França, estabelecendo um prazo de 15 dias, e, claro está, com a
exigência do fim da aliança inglesa. O Ultimato era inaceitável. Portugal não se decidiu a aceitar e tentou
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continuar as negociações, mas o sistema de alianças criava um cerco. O conflito hegemónico não permitiria
a neutralidade e Portugal estava desde o inicio, e historicamente, comprometido com a Inglaterra.

A “Guerra das Laranjas” e A Paz Precária

“E nesta apagada e vil tristeza iniciava o país o novo século”

(SARAIVA, 2004)

A guerra era declarada a 2 de Março de 1801 em Madrid. “Era o triste prenúncio de duas décadas de
vida nacional precária, ora sob a pressão dos invasores de além - Pirinéus, ora sob a tutela dos generais
ingleses, e sempre na dependência de governos ineptos.” (SARAIVA, 2004)

O exército espanhol invadiu Portugal pelo Alentejo, numa guerra que ficaria conhecida como
“Guerra das Laranjas” pois Godoy colheu, junto às muralhas de Elvas, ramos carregados de laranjas e
enviou-as, como troféu, à sua amante, a rainha de Espanha.

A “Guerra” durou cerca de duas semanas e terminou no dia 6 de Junho com a assinatura dos acordos
de paz em Badajoz, sendo que foram separados, um com a França e outro com a Espanha.

A paz fez-se depressa mas saiu-nos cara. Fomos obrigados a pagar uma indemnização elevadíssima à
França, bem como à cedência de territórios do Norte do Brasil.

Portugal receberia de Espanha todas as praças tomadas, mas não Olivença que permaneceria sob
soberania espanhola, apesar das promessas no Congresso de Viena e do Tratado de Cádiz.

Portugal seria obrigado a fechar os portos aos navios britânicos, e ficaria afastado por obrigação da
Inglaterra.

Depois da obtenção da paz com a França, Portugal fez-se representar em Paris por Morgado Mateus
e a França em Lisboa pelo general Lannes. Este último foi odiado pela corte e pela população pois procurou
ingerir na escolha e afastamento de ministros e altos funcionários com posições desfavoráveis à França. Não
tinha qualquer preparação para a diplomacia, sendo um companheiro de armas de Napoleão.

Os portos não seriam fechados e continuaria a eterna luta diplomática, sendo que Portugal continuava
a jogar com a duplicidade que, se não permitia uma solução para o problema, dava tempo fazendo arrastar as
negociações, na esperança de que a balança se invertesse a favor da Inglaterra. Porém tal não acontecia.
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A Diplomacia Portuguesa e a Revolução Francesa

Em 1803, a guerra inflamava já a Europa. A Espanha passou a ser estado tributário da França, como
preço de não invasão, e Portugal, que não conseguiu obter auxílio britânico, teve de negociar novamente a
neutralidade com a França, e, em 1804, acordou-se uma convenção segundo a qual Portugal teria de pagar
elevadas indemnizações e ceder facilidades comerciais.

Pouco tempo depois Lannes partiu para França e foi substituído por Junot, um dos melhores generais
de Napoleão. Napoleão autoproclama-se imperador. Portugal seria mais uma vez convidado a alinhar pela
França contra a Inglaterra. D. João não traiu a aliada Inglaterra e respondeu a Bonaparte, a 7 de Maio de
1805, da seguinte forma “Faltaria a todos os deveres que o Ceo impõe a um soberano para com os seus
subditos, se eu, depois de os ter obrigado a contribuir para a manutenção da neutralidade, os expuzesse a
uma guerra que não pode deixar de ter resultados funestos. Vossa Majestade sabe que a monarchia
portuguesa se compõe de estados espalhados nas quatro partes do globo, que ficariam inteiramente expostos,
no caso de uma guerra com a Gran-Bretanha” (MARTINEZ, 1992)

Estivemos pois em risco de sermos invadidos mas as baixas francesas e espanholas na Batalha de
Trafalgar acalmaram a fúria de Bonaparte.

Em Agosto de 1806, chegou uma esquadra inglesa ao Tejo para nos defender de uma invasão ou para
cobrir a retirada da Corte para o Brasil. Acontece que, nessa altura, o Ministro dos Estrangeiros de Portugal
era António de Araújo, partidário da França, recusou a ajuda inglesa e informou os ministros de França e
Espanha que Portugal não pretendia o conflito.

Brevemente, Napoleão derrotava a Prússia e garantia o domínio sobre quase toda a Europa
Continental. Resolveu, pois, pôr termo à resistência britânica e decretou o “bloqueio continental” que ditava
o encerramento de todos os portos europeus à navegação inglesa. Em Julho de 1807, Portugal recebeu tal
ordem bem como a de declarar guerra à Inglaterra. O ultimato exigia ainda a expulsão de Portugal do
representante diplomático inglês, bem como recolher o congénere em Londres. Seríamos também obrigados
a reter como reféns os britânicos estabelecidos em territórios portugueses e a confiscar-lhes as suas
mercadorias.

Portugal continuava a advogar, em vão, a sua tese da não beligerância. Finalmente teve de declarar
guerra à Inglaterra. Contudo, Napoleão já perdia por completo a paciência e a independência portuguesa não
cabia nos planos de reforma da Europa.
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A Diplomacia Portuguesa e a Revolução Francesa

Partida para o Brasil

Em Outubro de 1807, Portugal e a Inglaterra assinavam uma convenção secreta na qual ultimavam o
acordo quanto à transferência da sede da Monarquia portuguesa para o Brasil, bem como acordos comerciais
vantajosos para os britânicos.

No mesmo mês, por ajuste secreto, e pelo que seria denominado “Tratado de Fontainebleau”, a
França e a Espanha teriam concordado em dividir Portugal em três pequenos estados, bem como as nossas
colónias. Não parece que fosse intenção de Napoleão cumprir tal propósito mas garantir o total apoio
espanhol para as invasões que estariam para chegar.

Desconhecendo o tratado franco-espanhol, os nossos representantes em Paris e em Madrid foram


expulsos, pois Napoleão já decidira invadir Portugal, dado o incumprimento do ultimatum.

Para evitar a submissão ao invasor, a corte portuguesa partiu para o Rio de Janeiro, garantindo a
continuidade da soberania portuguesa. “O príncipe regente, a rainha, toda a família real, embarcaram nos
navios que estavam concentrados no Tejo e foram instalar-se no Brasil. Acompanharam-nos muitos nobres,
muitos comerciantes ricos, os quadros superiores da administração, os juízes dos tribunais superiores, toda a
criadagem do paço. No total, eram cerca de dez mil pessoas, que incluíam a quase totalidade dos quadros do
aparelho estadual” (SARAIVA, 2007)

No dia 30 de Novembro de 1807, o exército francês comandado por Junot chegou a Lisboa, mas
ficou “a ver passar navios.”!

Era a primeira de três invasões francesas que marcaram profundamente a História de Portugal
trazendo o germe do liberalismo que brevemente floresceria. As guerras napoleónicas terminariam e a nova
ordem seria estabelecida em 1815 no Congresso de Viena onde Portugal esteve representado.

Conclusão
Portugal, apesar dos seus esforços diplomáticos, da capacidade e tenacidade dos nossos diplomatas,
não conseguiu evitar o conflito hegemónico “em virtude da vizinhança e dos laços que o prendiam à
Espanha e à Inglaterra” (CARVALHO, SANTOS 2007). Portugal acabaria invadido por Napoleão mas
conseguiu manter a soberania através da transferência da corte portuguesa para o Brasil.
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Bibliografia

Livros:

 MAGALHÃES, José Calvet de (2005) “A Diplomacia Pura” Lisboa, Editorial Bizâncio

 MARTINEZ, Pedro Soares (1992) “História Diplomática de Portugal”, 2ª ed., Lisboa, Editorial
Verbo

 NOGUEIRA, Carlos Alberto, OLIVEIRA, Humberto Nuno (1992) “Elementos de História


Diplomática de Portugal (Da Fundação ao Século XIX) ” Lisboa, Universidade Lusíada

 SARAIVA, José Hermano (2007) “História Concisa de Portugal”, 24ª ed., Mem Martins,
Publicações Europa - América

 SARAIVA, José Hermano (dir.) (2004) “História de Portugal: A Monarquia Absolutista – Da


Afirmação do Poder às Invasões Francesas”, Vol. VI, Matosinhos, Quidnovi

Documentos da Internet:

 CARVALHO, Pedro e SANTOS, Fernando (2006) “A Diplomacia Portuguesa Durante a Revolução


Francesa” (Disponível em: http://www.jornaldefesa.com.pt/conteudos/view_txt.asp?id=337;
Consultado no dia 2 de Junho de 2010)

 GERALDO, José Custódio Madaleno (2009) “Relações Diplomáticas de Portugal no Tempo que
Antecede a Invasão de Junot” (Disponível em: http://www.revistamilitar.pt/modules/articles/article.php?
id=349 Consultado no dia 26 de Maio de 2010)

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