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Conexões entre o Direito do

Consumidor e a Internet
I- Contratos eletrônicos

1. Aspectos gerais da contratação por meio eletrônico

A atual inclusão digital do homem, provocada pela crescente difusão da internet, acarretou
profundas e velozes transformações sociais.

Em razão do atual desenvolvimento tecnológico, a internet passou a ser um importante


meio de concretização das relações de consumo, as quais se efetuam por meio de contratos
eletrônicos, que objetivam a contratação de produtos ou serviços disponibilizados no
ambiente virtual por empresas nacionais e internacionais.

Juridicamente, os contratos firmados por meio eletrônico podem ser chamados tanto de
contratos virtuais como de contratos eletrônicos (e-contracts), terminologia adotada
neste estudo.

Do ponto de vista cível, a internet é considerada um ambiente obrigacional, no qual se


firmam negócios jurídicos em que as partes contratantes declaram sua vontade de contratar
entre si no meio virtual.

Quanto ao aspecto sociocultural, a internet acarretou, e ainda acarreta, mudanças


significativas, principalmente no acesso em tempo real, contínuo e ilimitado de informações e
serviços.

O usuário passa a dispor da oferta de serviços e produtos de consumo de forma mais fácil,
ampla e descentralizada, diminuindo ou, até comumente, tornando inexistente as tratativas
preliminares nos contratos. Além do surgimento de novas formas de interação social.

As vantagens da utilização dos meios eletrônicos no comércio são inúmeras, entre elas a de
diminuir distâncias e facilitar a comunicação tão necessária aos comerciantes em geral. Além
da vantagem da redução dos custos da transação comercial em benefício das partes.
Todavia, existem desvantagens para os consumidores. A falta de segurança dos dados
pessoais informados e conexões feitas, a veracidade da informação sobre produtos e serviços
ofertados e a responsabilidade civil pelos vícios e acidentes de consumo são alguns aspectos
preocupantes.

A essa nova realidade de negócios jurídicos, faz-se necessário a efetivação de normas


protetivas ao consumidor. Deve o Direito buscar a adequação entre a norma jurídica e a
segurança da sociedade, numa constante atualização de seus valores, conforme as
mutações sociais.

Assim, muito embora não exista um comando especifico para o comércio eletrônico no
Código de Defesa do Consumidor, Lei n° 8078/90 (CDC), verificando-se a existência de uma
relação de consumo, todos os direitos protetivos previstos na defesa dos
consumidores aplicam-se aos contratos firmados no meio eletrônico.

A internet não é um espaço livre, impermeável ao Direito. A legislação existente aplica-se


aos contratos eletrônicos como aos demais atos jurídicos.

Consequentemente, a celebração de contratos no meio eletrônico sujeita-se às normas do


Código Civil Brasileiro, bem como, tratando-se de contratos eletrônicos de consumo, as
normas do CDC, outras leis ou regulamentos específicos de que trataremos mais adiante.

Consequentemente, para os contratos firmados para aquisição de bens de consumo entre


consumidores e fornecedores, temos a aplicação do Código de Defesa do Consumidor.
2. Desterritorialização, desregulamentação e atemporalidade na contratação
eletrônica

Os contratos eletrônicos apresentam, todavia, algumas característica peculiares quanto a sua


formação, tais como:

• A desmaterialização, pois no contrato eletrônico a contratação ocorre sem a presença


física dos contratantes envolvidos;

• A despersonificação, devido à dificuldade do consumidor na individualização clara e


precisa da cadeia dos fornecedores envolvidos, evidenciando a chamada desumanização do
contrato, ensejando uma maior vulnerabilidade do consumidor usuário da rede;

• A desregulamentação, haja visto que na relação contratual eletrônica não há limites


geográficos delimitados e predefinidos, pois o consumidor pode adquirir um produto ou
serviço de qualquer lugar do mundo, estando em qualquer outro lugar. Os contratos
comerciais eletrônicos podem ser realizados por agentes que se localizam em ambientes
geográficos diferentes.

Consequentemente, devido a sua versatilidade, rapidez e eficiência, e também por não haver
limites geográficos delimitadores, o comércio eletrônico tem uma natureza dinâmica e
internacional.

Os contratos eletrônicos têm características próprias que devem ser levadas em


consideração, tais como ser o objeto do contrato, na maioria das vezes, imaterial, assim
como os vícios de inadequação do produto à finalidade que dele se espera, são de
informação.

Sem deixarmos de lado as características da desnacionalização dos negócios jurídicos


pela abertura de fronteiras comerciais na internet, da mundialização da economia e do
comércio eletrônico.
Diante da grande oferta de produtos e serviços internacionais, proporcionada pelo comércio
eletrônico, observa-se que o consumidor residente no nosso país pode contratar, diretamente
e sem intermediários, um fornecedor estrangeiro.

O crescimento desses contratos eletrônicos aumentou, consequentemente, o número de


litígios daí decorrentes, levando o consumidor a situações de maior vulnerabilidade.

Isso ocorreu por desconhecimento em relação aos prazos aplicados, condições e direitos em
relação ao fornecedor estrangeiro, especialmente ao fornecedor que não possui filial ou
representante no território brasileiro.

A especificação do lugar da celebração do contrato eletrônico internacional é de suma


importância para a determinação da lei aplicável aos contratos.

As obrigações constituídas no Brasil se regem pela lei interna. O Art. 9º da Lei de


Introdução às normas do Direito Brasileiro estabelece que “para qualificar e reger as
obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem. [...]”

Ademais, o mesmo artigo esclarece que no contrato internacional entre ausentes “...§2º - A
obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o
proponente”.

Aplica-se, portanto, a lei do local da residência do fornecedor estrangeiro aos contratos de


consumo à distância, no caso, aos contratos eletrônicos internacionais de consumo.

Determinar, portanto, se o contrato eletrônico foi feito entre ausentes ou entre presentes é
de suma importância para saber qual a lei aplicável ao contrato. * 1

*1 O Superior Tribunal de Justiça apresenta o entendimento de que se considera a lei aplicável a


domicilio do contratante no caso de conflito de jurisdição na internet: DIREITO PROCESSUAL CIVIL.
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR UTILIZAÇÃO INDEVIDA DE IMAGEM EM SÍTIO
ELETRÔNICO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PARA EMPRESA ESPANHOLA. CONTRATO COM CLÁUSULA DE
ELEIÇÃO DE FORO NO EXTERIOR.
Quando as partes contratantes, consumidor e fornecedor, estiverem estabelecidos no Brasil,
o Código de Defesa do Consumidor (CDC) tem aplicação obrigatória.

Se o fornecedor estiver estabelecido no exterior, sem filial ou representante no Brasil, existe,


como supracitado, controvérsia doutrinária, pois as regras de Direito Internacional Privado
estabelecem a aplicação da lei do local onde foi feita a proposta.

Entretanto, uma corrente doutrinária contrária à posição a que nos filiamos se apresenta no
sentido de que o direito fundamental de proteção do consumidor não pode ser prejudicado,
seja relativo à segurança, qualidade, garantias dos produtos ou serviços adquiridos através
de sites estrangeiros ou em relação ao próprio acesso à justiça.

Para essa corrente doutrinária, como há igualdade de direitos entre os contratos celebrados
de forma tradicional e aos contratos celebrados pela internet, aplica-se sempre a legislação
mais favorável ao consumidor.

1. A evolução dos sistemas relacionados à informática proporciona a internacionalização das relações


humanas relativiza as distâncias geográficas e enseja múltiplas e instantâneas interações entre
indivíduos.

9. A comunicação global via computadores pulverizou as fronteiras territoriais e criou um novo


mecanismo de comunicação humana, porém não subverteu a possibilidade e a credibilidade da aplicação
da lei baseada nas fronteiras geográficas, motivo regulamente a jurisdição no ciberespaço abre a
possibilidade de admissão da jurisdição do domicílio dos usuários da internet para a análise e
processamento de demandas envolvendo eventuais condutas indevidas realizadas no espaço virtual.

14. Quando a alegada atividade ilícita tiver sido praticada pela internet, independentemente de foro
previsto no contrato de prestação de serviço, ainda que no exterior, é competente a autoridade judiciária
brasileira caso acionada para dirimir o conflito, pois aqui tem domicílio a autora e é o local onde houve
acesso ao sítio eletrônico onde a informação foi veiculada, interpretando-se como ato praticado no
Brasil, aplicando-se à hipótese o disposto no artigo 88, III, do CPC. REsp. 1168547/ RJ RECURSO
ESPECIAL 2007/0252908 -3 Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, T4 -QUARTA TURMA, 11/05/2010, DJe
07/02/2011.
O STJ tem permitido a prevalência da autonomia privada das partes, quando determinam,
no contrato internacional, o foro de eleição, desde que a lide discutida não envolva interesse
público. * 2

Em relação aos contratos firmados internacionalmente, temos também a aplicação da


Convenção de Roma , que determina que as partes envolvidas escolham o direito aplicável
ao contrato, bem como qual o Tribunal competente para a resolução dos futuros conflitos.

O Art. 5º da Convenção de Roma, tratando da proteção dos consumidores nos contratos


internacionais, determina que se a lei do país do consumidor for mais favorável que aquela
acordada para aplicação no contrato, aplica-se a essa, não privando o consumidor da
proteção garantida pela lei de seu país em que tenha residência habitual, especificando
alguns requisitos. * 3

*2 RECURSO ESPECIAL. EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA. CLÁUSULA DE ELEIÇÃO DE FORO


ESTRANGEIRO. CONTRATO INTERNACIONALDE IMPORTAÇÃO. OFENSA AO ART. 535 DO CPC NÃO
CONFIGURADA. INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS. REEXAME DE PROVAS. INCIDÊNCIA
DAS SÚMULAS 05 E 07 DO STJ. AUSÊNCIA DE QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA.

4. A eleição de foro estrangeiro é válida, exceto quando a lide envolver interesses públicos (REsp.
242.383/SP, Rel. DE BARROS, TERCEIRA TURMA, julgado em 03/02/2005, DJ 21/03/2005 p. 360).

5. Recurso especial desprovido. REsp. 1177915 / RJ RECURSO ESPECIAL 2010/0018195 - 5 Ministro


VASCO DELLA GIUSTINA (DESEMBARGADOR CONVOCADO TURMA. 13/04/2010, DJe 24/08/2010.

*3 Convenção 80/934/CEE sobre a lei aplicável às obrigações contratuais, aberta a assinatura em Roma
em 19 de junho de 1980.

Art. 5. 2: Se a celebração do contrato tiver sido precedida, nesse país, de uma proposta que lhe foi
especialmente dirigida ou de anúncio publicitário, e se o consumidor tiver executado nesse país todos os
atos necessários à celebração do contrato, ou se a outra parte ou o respectivo representante tiver
recebido o pedido do consumidor nesse país, ou se o contrato consistir numa venda de mercadorias e o
consumidor, ou se tenha deslocado desse país a um outro país e aí tenha feito o pedido, desde que a
viagem tenha sido organizada pelo vendedor com o objectivo de incitar o consumidor a comprar.
Há na relação de consumo uma presunção absoluta (iuri et de iure) da vulnerabilidade do
consumidor (Art. 5º, inc. XXXII CRFB). Ser consumidor é pressuposto para a aplicação da
legislação consumerista, mas uma vez caracterizado como destinatário final de produtos e
serviços, será sempre vulnerável (Art. 4º, inc. I do CDC).

A vulnerabilidade apresenta três aspectos: a técnica, a jurídica e a fática.

• Vulnerabilidade técnica - É aquela na qual o consumidor não possui conhecimentos


específicos sobre o produto, serviço ou contrato, há um deficit informacional do consumidor;

• Vulnerabilidade jurídica ou científica - É a falta de conhecimentos jurídicos, ou de


outros específicos à relação, como jurídico, financeiro,econômico etc.;

• Vulnerabilidade fática - É o desnível de forças intelectuais, sociais ou econômicas entre as


partes, em razão da posição de superioridade, seja em razão da essencialidade do serviço
que prestou, até do monopólio que apresente.

Verifica-se uma maior vulnerabilidade desse consumidor usuário no ambiente da internet, e


especificamente em face às relações jurídicas firmadas no meio eletrônico.

Nessas relações, o consumidor na maioria das vezes é tratado como objeto e desconsiderado
em sua humanidade.

Há uma maior dificuldade na individualização clara e precisa da cadeia dos fornecedores


envolvidos e a própria desregulamentação e aterritorialidade caracterizam esse comércio.

O crescente aumento da oferta de produtos e serviços no mercado de consumo eletrônico, o


fenômeno da globalização da economia, o crescimento do Marketing e sua preponderância,

(Determina a convenção um caráter universal, designa que poderá ser aplicada lei de Estado que seja
parte do tratado, sem, no entanto, fazer parte da negociação).
a propagação do crédito, foram alguns dos fatos responsáveis pelo fenômeno mundial da
massificação das relações de consumo.

Juntamente com essas mudanças sociais, econômicas e políticas, intensificaram–se os abusos


das técnicas agressivas de Marketing e propagandas abusivas ou enganosas, a periculosidade
de produtos e serviços, a perda da qualidade e a confiabilidade dos produtos e serviços
postos no mercado, a falta de confiança nas informações fornecidas pelos fabricantes e
distribuidores etc.

Nesse contexto de maior vulnerabilidade no mercado atual de consumo globalizado dos


meios eletrônicos, o consumidor se sujeita às pressões do mercado de consumo, tornando-
se ele próprio a mercadoria da rede mundial de computadores e, portanto, vulnerável.

Consequentemente, visando à restauração do equilíbrio dessa relações virtuais que se


avultavam e deixando o liberalismo de lado, os Estados passaram a intervir em favor da parte
mais fraca, ou seja, o consumidor, na busca de uma relação mais justa e reequilibrada entre
as partes da relação consumerista no atual cenário massificado das relações de consumo.

III- Legislação aplicada

A Constituição Federal Brasileira (CRFB) erigiu a defesa do consumidor como um direitos


fundamentais, conforme estabelece o art. 5º, XXXII: “o Estado promoverá, na forma da lei, a
defesa do consumidor”.

Trata a defesa do consumidor como cláusula pétrea, conforme o art. 60, § 4º, IV, do mesmo
diploma legal. A lei n° 8.078/90, portanto, é uma lei de base constitucional. E, ainda, de
acordo com seu Art. 1º, é de ordem pública e de interesse social.

Trata-se de uma legislação principiológica, com o intuito de se preservarem pilares essenciais


da sociedade democrática de direito, motivo pelo qual se aplicam obrigatoriamente as
relações jurídicas por elas reguladas, sendo inafastáveis pela vontade dos contratantes, dada
sua natureza cogente de que se revestem.
Aos contratos firmados entre consumidores, destinatários finais de produtos e serviços, e
fornecedores (Arts. 2º , § único, 29 , 17 e 3º do CDC), como, p. ex. os contratos de
compra e venda realizadas via meio eletrônico, ou seja, feitos através de computadores
ou smartphones, objeto deste estudo, temos a aplicação do Código de Defesa do
Consumidor.

Ressalta-se que o fato de o serviço prestado pelo provedor de serviço de internet ser gratuito
não desvirtua a relação de consumo, pois o termo “mediante remuneração”, contido no art.
3º, § 2º, do CDC, deve ser interpretado de forma ampla, de modo a incluir o ganho indireto
do fornecedor.

Entretanto, além da aplicação da Lei n° 8.078/90, temos, regulamentando o comércio


eletrônico (e-commerce), o Decreto nº 7.962/2013, que apresenta como principais
objetivos:

• Manter informações claras a respeito do produto, serviço, bem como do fornecedor,


informando no site razão social, endereço, CNPJ e telefone;

• Acessibilidade do consumidor ao contrato e, antes de finalizar a compra, ter um resumo


do contrato;

• Disponibilizar dados para o consumidor acompanhar o pedido e entrega;

• Manter um canal eletrônico disponível para o atendimento ao consumidor;

• Utilizar mecanismos de segurança eficazes para o pagamento e para o tratamento de


dados do consumidor;

• Direito de arrependimento imotivado.


Em análise comparativa com o CDC, podemos verificar que a lei exige que o fornecedor
deva indicar seu endereço físico e eletrônico e o CNPJ, provendo o consumidor com
informações claras e ágeis para resolução de eventuais conflitos de consumo.

Nesse sentido, também o CDC, como lei principiológica que é, apresenta como direito básico
do consumidor e, consequente dever do fornecedor, o princípio da informação (Art. 6º, inc.
III).

Também, o direito de arrependimento imotivado e sem custo para o consumidor já estava


consagrado no Art. 49 da lei consumerista.

Em relação à própria internet, temos o chamado Marco Civil da Internet, Lei n°


12.965/2014, que estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da rede
mundial de computadores no Brasil.

Essa lei busca proteger os direitos e garantias dos internautas, coibindo o ilícito, mantendo,
todavia, a preocupação de manter certos limites a esse controle, para não lesar a liberdade
dos usuários por meio de censuras impositivas.

Nesse sentido, o Art. 9º da Lei n° 12.965/2014, buscando a neutralidade da


rede, determina que “o responsável pela transmissão, comutação ou roteamento tem o
dever de tratar de forma isonômica quaisquer pacotes de dados, sem distinção por conteúdo,
origem e destino, serviço, terminal ou aplicação”.

Assim, é vedado o oferecimento de pacotes de dados com características diferenciadas


fragmentando o uso da internet, de maneira que para determinados usos o serviço
esteja disponível e em outros casos não; bem como que a utilização se dê em diferentes
velocidades e qualidades dependendo do tipo de serviço e acesso.

A lei impede que determinados servidores, sites etc. recebam tratamento diferenciado,
privilegiado uns em detrimento de outros, lesando a liberdade dos consumidores e a livre
concorrência.
Esse dispositivo também veda a prática abusiva dos controladores da rede de criar bases de
dados com as preferências a partir do histórico do usuário em relação à publicidade e que
essa informação seja vendida para outras empresas que se utilizam dos dados para a venda
de produtos e serviços.

O Art. 10° do Marco Civil afirma que o provedor responsável por registros de conexão e de
acesso a aplicações de internet, bem como os dados pessoais e o conteúdo de comunicações
privadas, só pode divulgar tais registros mediante ordem judicial com o objetivo de formar
um conjunto probatório em processo judicial (art. 22).

Em relação aos prazos de armazenamento, o provedor só poderá manter os registros de


conexão, sob sigilo, pelo prazo de um ano e os registros de de acesso e aplicação de
internet pelo prazo de seis meses (Art. 13 e 15 da Lei Nº 12.965/2014).

IV- Práticas comerciais no meio eletrônico

As práticas comerciais abusivas que ensejem onerosidade excessiva para os consumidores


são vedadas pela legislação consumerista.

O Art. 39 do CDC, rol exemplificativo, elenca algumas práticas comerciais contrárias à boa-fé
objetiva, que são aplicadas aos contratos de consumo nos comércio eletrônico, assegurando
direitos aos consumidores para possíveis abusos na comercialização de produtos ou de
oferta de serviços.

As práticas comerciais abusivas são práticas comerciais contrárias à boa-fé objetiva, práticas
desleais, que ultrapassando os limites do fim social e da finalidade econômica,
ensejam abuso do direito, ato ilícito, razão pela qual a sua ocorrência aumenta a
vulnerabilidade do consumidor.
O CDC de forma geral e o Decreto 7.962/2013 de forma específica para a contratação por
meio eletrônico garantem que os direitos do consumidor também sejam respeitados nas
compras realizadas pela internet.

Torna-se fundamental que, juntamente com o dinamismo e facilidades que o comércio


eletrônico proporciona para ambos os contratantes, seja garantido ao consumidor um
serviço de qualidade que atenda todas as sua demandas.

As práticas comerciais abusivas ofendem à sociedade, haja vista que o CDC equiparou a
consumidor todas as pessoas expostas as práticas comerciais abusivas, conforme o Art. 29
da Lei.

Também o art. 4º, VI, do CDC, que estabelece o objetivo da Política Nacional das Relações
de Consumo, determina a “coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no
mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal”, desde que “possam causar prejuízos
aos consumidores”.

Ainda que não exista a ocorrência de dano individualizado ao consumidor, as práticas


comerciais abusivas são proibidas, pois trata-se de norma de ordem pública a regular as
relações de consumo em benefício de toda a sociedade.

Um exemplo de prática abusiva nas contratações por meio eletrônico é o fato de que alguns
sites solicitam informações pessoais desnecessárias para contratação, colocando em risco a
privacidade e a segurança dos consumidores.

No e-commerce, assim como no comércio tradicional, mesmo a empresa só existindo


virtualmente, o direito de arrependimento imotivado (Art. 49 CDC) é plenamente aplicável,
embora tratando de estabelecimentos exclusivamente virtuais.

A finalidade da norma é para garantir a oportunidade e conveniência do consumidor,


assegurando a discricionariedade no consumo, protegendo o consumidor em face
do emprego pelo fornecedor de técnicas de marketing agressivo ou do desconhecimento
prévio do consumidor do produto ou serviço.

V- Formação dos contratos eletrônicos

O contrato é um acordo de vontades entre sujeitos de direito (alteridade), amparado pelo


ordenamento legal vigente e realizado em função de suas necessidades e expectativas, que
criam, resguardam, modificam ou extinguem direitos e deveres entre as partes, que
se autorregulam.

Os contratos eletrônicos são aqueles atípicos que se utilizam do meio eletrônico como forma
de contratação, consequentemente, os contratos solenes não admitem o meio eletrônico
para sua formação.

Assim, os contratos eletrônicos possuem todas as características comuns dos contratos em


geral, exigindo os mesmos requisitos de validade, existência e eficácia daqueles
tradicionalmente firmados: capacidade das partes, objeto lícito, forma prescrita ou não de
defesa em lei e o consentimento das partes, Art. 104 do Código Civil vigente.

Na maioria dos contratos eletrônicos há a inserção de cláusulas preestabelecidas de forma


unilateral, o que os caracteriza, nesses casos, também, como contratos de adesão.

Os fornecedores redigem unilateralmente os contratos, determinando antecipadamente as


cláusulas contratuais que serão aplicáveis indistintamente a todas as futuras relações
contratuais que se firmarem, cabendo somente aos consumidores a simples adesão ao
contrato, sem impossibilidade de contestá-las que, sem conhecer o teor das cláusulas,
confiam no fornecedor que as elabora previamente.

O CDC define os contratos de adesão (Art. 54 e ss) e seu método de interpretação, bem
como o Código Civil Brasileiro em seus artigos 423 e 424.
A formação dos contratos eletrônicos possui as mesmas fases que a dos demais contratos,
quais sejam as negociações preliminares (essa fase preliminar das tratativas contratuais, na
maioria das vezes, está ausente na contratação eletrônica), a oferta e a aceitação.

A oferta ocorre quando há exposição do produto ou serviço em sites comerciais,


convidando o consumidor a contratar.

Nessa segunda fase, o contrato se inicia, vinculando o fornecedor pelo conteúdo veiculado.
Isto se encontra previsto no art. 30 do CDC e art. 427 do Código Civil.

Na fase da aceitação, por fim, verifica-se a aquiescência do consumidor quanto às


condições da proposta. A partir desse momento, há o surgimento do vínculo obrigacional
entre as partes da relação contratual.

1. Oferta, publicidade e propaganda

O fenômeno da massificação das relações de consumo intensificou os abusos das técnicas


de marketing e propaganda pela velocidade e volume crescente da informação, ensejando
uma maior proteção do consumidor.

Em uma análise teleológica, verifica-se que o CDC tem um cuidado especial em relação à
valorização da boa-fé objetiva, realizando a proteção do consumidor de uma forma menos
formalizada, conforme se verifica na proteção relativa à oferta e a publicidade de produtos e
serviços ( Art. 30 a 38 do CDC).

Nessa fase, o amparo está ligado também aos princípios da transparência e da confiança, nas
tratativas iniciais para formação dos contratos.

O princípio da vinculação da oferta (Art. 30 do CDC) determina que toda informação e a


publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer meio de comunicação, como
pelos meios eletrônicos, em relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados,
obriga o fornecedor, integrando o contrato de consumo.
Assim, o fornecedor estará obrigado a contratar nos termos da oferta ou publicidade,
introduzindo e prevalecendo a oferta, em relação ao contrato celebrado, inclusive se
cláusulas contratuais inseridas no texto do contrato digam diversamente.

Para a efetivação da força vinculante da oferta, o código apresenta medidas de tutela


específica (Art. 35 do CDC) à escolha do consumidor.

A vinculação da oferta e publicidade apresenta uma das mais fortes mitigações à força
obrigatória dos contratos (pacta sunt servanda), evidenciando a intervenção do Estado na
esfera privada dos contratantes (dirigismo contratual).

Em uma análise comparativa com o atual Código Civil Brasileiro (CC), a força vinculativa da
oferta consta no o Art. 427 do CC, embora de forma menos força vinculante que a efetivada
nas relações consumeristas.

Também consta no caput do Art. 429, do mesmo diploma legal, que determina que a oferta
pública equivale à proposta, como no caso dos contratos eletrônicos.

Todavia, o Art. 428 do CC determina algumas hipóteses em que a oferta não é obrigatória:

• Quando feita sem prazo, a pessoa presente e a aceitação do oblato/ policitado


(aquele que recebe a proposta) não for imediata;

• Quando feita sem prazo, a pessoa ausente e a resposta não chegar em um


tempo suficiente (razoável) ao proponente/ solicitante (quem faz a proposta);

• Quando feita com prazo, a pessoa ausente e a resposta não for expedida dentro do
prazo ao proponente;

• Quando antes ou conjuntamente, a proposta chegar ao conhecimento do oblato a


retratação da proposta.
Consequentemente, em relação aos contratos de consumo, tais regras não são aplicadas,
pois o CDC em relação à oferta (Art. 30) adotou a teoria da declaração.

Assim, no momento que a manifestação de vontade negocial dos fornecedores através da


oferta suficientemente precisa for veiculada pela rede mundial de computadores (ofertas
públicas existentes nos sites, links, e-mails, spams etc.), vincula-se o fornecedor nos seus
termos, não cabendo retratação, da qual exsurge obrigação perfeita, ipso facto, exigível,
diante da aderência do consumidor.

O contrato eletrônico de consumo entre ausentes se tornará perfeito quando da expedição


da aceitação pelo consumidor dentro da oferta não retirada previamente, aplicando-se
subsidiariamente as regras do código civil.

Entre presentes (chat, p. ex.), a aceitação é imediata. A oferta entre ausentes aplicáveis são
os Arts. 30,34,35 e 48 do CDC em preferência aos Art. 427 e seguintes do CC.

Note-se que, em relação aos contratos de consumo, o CDC efetivou a responsabilidade


objetiva e solidária do fornecedor (afastando a necessidade da presença do elemento
incidental da culpabilidade do anunciante) diante da obrigação de cumprir a oferta,
obrigação de fazer, consistente contratação do produto ou serviço pelo preço, características
e forma anunciada (Art. 35 e 38 do CDC).

O fornecedor deverá apresentar o conteúdo da oferta de forma completa e clara, respeitando


os princípios da boa-fé objetiva e transparência exigidos na fase pré-contratual.

O Art. 14 estabelece a responsabilidade objetiva do fornecedor quando não apresenta as


informações suficientes ou quando são inadequadas em relação à fruição e riscos dos
serviços, havendo, assim, quebra da confiança e da boa-fé objetiva (Enunciado n. 363
CJF/STJ) que, via de regra, está presente em relação à oferta ou publicidade.
Em relação à publicidade nas relações consumeristas, o CDC tem os seguintes princípios
informadores:

• Princípio da identificação da publicidade (vedando a publicidade clandestina,


subliminar, mascarada ou dissimulada/ simulada);

• Princípio da vinculação da informação da oferta (Art. 30CDC);

• Princípio da veracidade da publicidade (vedando a publicidade enganosa, inverídica –


Art. 37, § 1º do CDC);

• Princípio da não abusividade da publicidade (vedando a publicidade abusiva, antiética


– Art. 37, § 2º do CDC);

• Princípio da inversão do ônus da prova (Art. 38 CDC);

• Princípio da transparência da informação;

• Princípio da correção do desvio publicitário (reparação civil, penal, administrativa, bem


como a necessidade de contra-propaganda – Art. 56, inc. XII CDC);

• Princípio da boa-fé objetiva (lealdade publicitária Art. 4º , inc. VI do CDC).

As práticas comerciais dos fornecedores devem levar em conta os deveres de boa-fé gerais,
como a informação, identificação do ofertante, identificação da própria oferta comercial,
segurança dos dados pessoais dos consumidores.

Também devem considerar os deveres de boa-fé específicos do meio virtual, como a


confirmação individualizada, os cuidados com o pagamento à distância e a própria segurança
em face aos perigos com hackers, criptografia etc.
2. A prova na contratação eletrônica

A doutrina considera o contrato eletrônico um contrato por escrito, sendo que o documento
eletrônico possui a qualidade de documento.

Há, entretanto, uma desmaterialização contratual e das formas de pagamento no meio


eletrônico, observando-se uma tendência de impor ao fornecedor que se utiliza desses meios
de contratação eletrônicos a demonstração da prova da contratação e da vontade do
pagamento.

Trata-se do risco do empreendimento que deve ser suportado pelo fornecedor e não
repassado ao consumidor vulnerável.

É direito subjetivo do consumidor e dever do fornecedor o acesso prévio a todos os


documentos eletrônicos que fazem parte do contrato firmado entre as partes e seus termos,
mesmo antes da contratação.

Isso deve ser feito para que o consumidor tenha conhecimento e informação sobre seu
conteúdo, devendo ser permitida a sua impressão e, ainda, possibilitado
seu armazenamento digital. Aos contratos firmados no meio eletrônico, são admitidos
todos os meios de provas.

Diante da hipossuficiência do consumidor, o instituto da inversão do ônus da prova (no


processo civil) nas relações de consumo se apresenta como garantia eficaz na proteção dos
direitos do consumidor ( Art. 6, VIII CDC).

VI- Compras coletivas realizadas pela internet

As compras coletivas feitas através da rede mundial de computadores é uma modalidade de


contrato eletrônico que propicia a realização de compras em grupo pela internet.
Nelas, os consumidores adquirem produtos ou serviços conjuntamente por meio de um lote,
ou seja, diversos consumidores contratam ao mesmo tempo, em face do mesmo fornecedor,
pelo mesmo preço e condições, obtendo assim um preço final com desconto.

Em alguns casos, é necessária uma quantidade mínima de contratações para que seja
efetivado o contrato.

Todavia, diante dos princípios da informação, transparência e boa-fé objetiva aplicáveis às


relações consumeristas, a quantidade mínima de contratantes deverá sempre ser informada
previamente aos consumidores.

O Decreto 7.962/2013, regulando o comércio eletrônico, determina que os sites de compras


coletivas esclareçam a quantidade mínima de clientes para efetivação do contrato.

Esse tipo de marketing pela internet feito por sites de compras coletivas, como por
exemplo o Groupon, tem como objetivo a ampla divulgação de serviços e produtos de
empresas diversas, com extensa utilização das redes sociais para divulgação.

A jurisprudência pátria tem dado a responsabilidade solidária dos sites de compras coletivas
que propiciam a venda dos produtos e serviços pela internet, juntamente com o prestador do
serviço ou fornecedor do produto objeto do contrato, em relação aos eventuais danos
causados aos consumidores, não admitindo a cláusula de não indenizar existente na maiorias
desses contratos de adesão firmados com o site de compras coletivas.

Há, assim, responsabilidade objetiva também do site em relação ao consumidor que adquirir
os serviços ou produtos disponibilizados pela empresa parceira.

Trata-se do próprio princípio da confiança, pois o consumidor de boa-fé confia na


credibilidade do site de vendas coletivas que faz a promoção, e não na empresa que
comercializa o produto ou o serviço diretamente.
Isso se explica porque na maioria das vezes a empresa fornecedora é desconhecida e o
consumidor só adquire a promoção pela credibilidade do site.

Assim, o site de compras coletivas não pode se eximir da responsabilidade objetiva da


entrega do objeto do contrato firmado, pois ela faz parte da cadeia de fornecedores
na relação de consumo.

VII- Banco de dados e sigilo dos dados

A Lei nº 8.078/1990 (CDC), em seu art. 43, regularizou os bancos de dados e cadastros de
consumidores.

Os bancos de dados arquivam a situação financeira e patrimonial dos consumidores e


servem para subsidiar os fornecedores na celebração de um contrato de consumo.

Os cadastros de consumidores, em regra, visam à formação, coleta e gestão das informações


dos cadastros de consumidores, orientados por uma finalidade específica de interesse
do fornecedor da relação consumerista.

Os arquivos de consumo são os meios encontrados pelos fornecedores para a concessão de


crédito aos consumidores com mínimas condições de segurança para eles próprios.

As informações inseridas nos bancos de dados devem ser claras, objetivas e verdadeiras,
redigidas com linguagem de fácil compreensão (art. 43, § 1º, CDC). Caso o consumidor
detecte alguma inexatidão em seus dados, poderá exigir a correção. Em prazo não superior a
cinco dias úteis, o arquivista deve retificá-la.

A formação de bancos de dados de consumidores prescinde de autorização, mas é


obrigatório comunicar-lhe previamente por escrito a abertura de cadastro, ficha, registro e
dados pessoais e de consumo, quando por ele não solicitada (art. 43, § 2º, CDC).
É pacífico o entendimento de que a comunicação compete ao órgão responsável pelo
cadastro, e não ao credor ou à instituição financeira. E, ainda, é dispensável o aviso de
recebimento (AR) na cientificação feita ao consumidor sobre a negativação de seu nome em
banco de dados e cadastros (STJ: Súmula 404).

Entretanto, não se pode deixar de mencionar o artigo 5º da CRFB, que prevê a garantia da
inviolabilidade da intimidade, vida privada, a honra e a imagem das pessoas.

Nesse sentido, a criação, manutenção e utilização dos arquivos de consumo de forma


contrária à boa-fé, extrapolando a finalidade do próprio instituto, tanto os bancos de dados
como cadastros de consumo em geral, podem acarretar prejuízos aos consumidores,
gerando danos difusos, colocando em risco seus direitos e garantias fundamentais.

Nas palavras do Ministro Ruy Rosado, no Recurso Especial nº 22.337/RS:

A inserção de dados pessoais do cidadão em bancos de dados de informações tem se


constituído em uma das preocupações do Estado moderno, em que o uso da informática e a
possibilidade de controle unificado das diversas atividades da pessoa, nas múltiplas situações
de vida, permitem o conhecimento de sua conduta pública e privada, até nos mínimos
detalhes, podendo chegar à devassa de atos pessoais, invadindo área que deveria ficar
restrita à sua intimidade.

Ao mesmo tempo, o cidadão, objeto dessa indiscriminada colheita de informações, muitas


vezes, sequer sabe da existência de tal atividade, ou não dispõe de eficazes meios para
conhecer o seu resultado, retificá-lo ou cancelá-lo [...]

Consequentemente, nenhum dado ou informação pessoal obtida nos cadastros de


consumidores pode ser revelado, comunicado, transmitido por qualquer meio, negociado,
utilizado com propósitos diversos daqueles que motivaram a sua criação e a finalidade do
consumidor de revelá-los.
É direito do consumidor o acesso às informações pessoais, assim como o conhecimento das
fontes das quais se originam para a punição dos desvios ocorridos.

Os arquivos de consumo são, obviamente, instrumentos que favorecem o dinamismo do


comércio eletrônico, entretanto, esses mesmos arquivos de consumo passaram, pelo seu
grande valor, a serem negociados no mercado de consumo paralelamente.

Nesse sentido, a privacidade do consumidor está ameaçada, e a internet, pela troca de


informações facilitada, tornou-se um meio de maior vulnerabilidade para os consumidores, o
que torna imprescindível a sua proteção pelo Estado para a garantia da privacidade dos seus
dados.

VIII- Responsabilidade civil na internet

Na ordem jurídica, a responsabilidade submete o homem às suas próprias ações, impondo a


cada um a consequência das suas escolhas. A vida em sociedade apresenta um dever geral
de conduta de não causar dano a outrem, e sua violação acarreta o dever sucessivo de
reparar o dano injusto causado.

A responsabilidade civil divide-se em subjetiva e objetiva. A responsabilidade


civil subjetiva tem como pressupostos inafastáveis a ação ou omissão culposa do agente,
o nexo de causalidade, e o dano. Art. 186 do Código Civil determina que “aquele que, por
ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.

Na responsabilidade objetiva, o elemento da culpabilidade é afastado, bastando que o


dano injusto tenha sido causado pelo defeito do serviço ou do produto.

Independentemente do dano injusto ocorrer no meio físico ou virtual, há sujeição ao


ordenamento jurídico e aos princípios constitucionais vigentes, ensejando a responsabilidade
do agente.
A Lei 12.965 de 2014, regulando o uso da internet no Brasil, ressalta os princípios a serem
observados por todos no uso da internet, tais como a garantia de liberdade de expressão, a
proteção da privacidade, o direito à inviolabilidade da intimidade e ao sigilo das
comunicações privadas, entre outros, além do direito à indenização pelo dano sofrido.

Também os Art. 18 ao 21 da Lei n° 12.965/2014 regularizam a responsabilidade por danos


do servidor decorrente de conteúdo gerado por terceiros como forma de garantir a liberdade
de expressão e impedir a censura.

O provedor de conexão à internet não será responsabilizado civilmente por danos


decorrentes de conteúdo gerado por terceiros.

O provedor de aplicações somente poderá ser responsabilizado se, após ordem judicial
específica, não tomar as providências necessárias para tornar indisponível o conteúdo
apontado como infringente.

Todavia, nos casos em que o conteúdo gerado por terceiros envolver cenas de nudez ou atos
sexuais, a simples notificação do usuário ou de seu representante legal basta para constituir
a responsabilidade subsidiária do provedor de aplicações pela violação da intimidade
decorrente da divulgação, caso ele não remova o conteúdo.

Em relação à responsabilidade dos fornecedores referente aos vícios e defeitos de seus


produtos ou serviços, adquiridos pela internet, temos a responsabilidade objetiva do
fornecedor.

Respondem por fato próprio referente ao seu serviço ou produto responde diretamente o
fornecedor de forma objetiva, independente de culpa.

A diferença entre vício e fato do produto é que o vício afeta tão somente a funcionalidade do
produto ou do serviço. Restringe-se ao próprio bem e não inclui danos que eventualmente
causem a segurança do consumidor.
Quando esse vício for grave e repercutir sobre o patrimônio material ou moral do
consumidor, estaremos diante da responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço (fato).
O fato é, portanto, um vício acrescido de um problema extra, um dano ao patrimônio
jurídico material ou moral do consumidor.

IX- Projeto de alteração do CDC

Dentre as modificações que atualmente se propõem ao CDC está a criação de uma seção
exclusiva para o comércio eletrônico.

Nessa seção, reforça-se a proposta inclusiva de impor aos fornecedores da cadeia de


consumo medidas mais severas e coercitivas para a observância das normas no âmbito do
comércio eletrônico, objetivando, assim, solidificar a segurança jurídica do código nas
relações virtuais de consumo, que muitas vezes não são abrangidas pela legislação atual.

Outra modificação de extrema relevância refere-se ao direito de arrependimento. O projeto


de lei para alteração do CDC amplia o conceito de compra à distância para abranger,
também, aquelas em que, embora feitas dentro do estabelecimento comercial do fornecedor,
o consumidor não teve a prévia oportunidade de conhecer o produto ou o serviço.

O projeto também propõe a regulamentação do direito de arrependimento na compra de


passagens aéreas.

Prevê ainda a regulamentação da responsabilidade objetiva do fornecedor de comunicar o


cancelamento da compra às instituições financeiras, sob pena de, não o fazendo, ser
responsabilizado com a devolução em dobro do valor contratado.

O fornecedor terá o dever de confirmar imediatamente o recebimento da manifestação de


arrependimento de forma individualizada ao consumidor.

Por fim, o projeto de lei pretende ampliar a competência do Procon para fixar medidas
corretivas ao fornecedor, como a substituição ou reparação do produto e a devolução da
contraprestação e, em caso de descumprimento da medida, possibilitar a imposição de multa
diária, ainda limitada ao valor do produto ou serviço.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>.
Acesso em 8 mar. 2016.

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Direito do Consumidor. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.

DE LUCCA, Newton. Aspectos jurídicos da contratação informática e


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GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Responsabilidade Civil, v. 4, 6.


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MARQUES, Cláudia Lima. Confiança no comércio eletrônico e a proteção do


consumidor: um estudo dos negócios jurídicos de consumo no comércio eletrônico.
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004.

______. Contratos no Código de Defesa dos Consumidores: o novo regime das


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______ (coord.). Diálogo das Fontes: do conflito à coordenação de normas no


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______; BENJAMIM, Antônio H. V.; MIRAGEM, Bruno. Comentários ao Código de


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TOMIZAWA, Guilherme. A invasão de privacidade através da internet: a
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