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UFCD: 0670 - Contrato de compra e venda

O acima presente foi concebido como instrumento de apoio a unidade de formação de curta
duração nº 0670- Contrato de compra e venda de acordo com o catálogo nacional de
formadores.

Objetivos
Objetivos: Preencher documentação relativa ao contrato de compra e venda.

Carga Horária: 25 horas

Recursos Didácticos

Conteúdos:
Fases do processo de compra e venda
Encomenda
Entrega
Liquidação
Pagamento
Condições do processo de compra e venda
Qualidade e quantidade
Entrega
Preço
Pagamento/Recebimento
Outros documentos comerciais
Cheque
Letra
Livrança
Proposta de Desconto
Proposta de Cobrança

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ÍNDICE

Âmbito do manual, objectivos, conteúdo programático e carga horária………………….…………….…1


1. CONTRATO DE COMPRA E VENDA …………………….…………………………………………………………………3
1.1.conceito……………………………………….…………………………………………………………………………….………5
1.2.Fases do contrato de compra e venda………………………………………………………………………………..6

1.3. Condição a acordar nas fases do contrato de compra e venda…………………………………………..7

2. A Encomenda………………………….………………………………………………………………………..………………….7

2.1. A Entrega.……………………………….…………………………………………………………………………………………8

2.2.A Liquidação…..………………………..……………………………………………………………………………………….10
2.3.O Pagamento………………………………………….…………………………………………….………………………….12
2- Condições do processo de compra e venda………………………………………………………………………..13
2.1.Quantidade e qualidade……………………………………………………………………………………………………14
2.2.Entrega …………………………………………………………………………………………………………………………….14
2.3.Pagamento/Recebimento…………………………………………………………………………………………………14
3- OUTROS DOCUMENTOS COMERCIA……………….………………………………………………………………….15
3.1 Introdução………………………………………….…………………………………………………………………………….16
3.2 O Cheque……………………………………………………..…………………………………………………………………..17
3.3. A Letra……………………………………….…………………………………………………………………………………….21
3.4.A Proposta de Desconto……………………………………………………………………………………………………26
3.6.Resumo……………………….……………………………………………………………………………………………………30
Bibliografia……………………………………………………………………………………………………………………………..34

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1- CONTRATO DE COMPRA E VENDA

CONCEITO

CARACTERIZAÇÃO DO CONTRATO

FASES DO PROCESSO DE COMPRA E VENDA:

Encomenda

Entrega

Liquidação

Pagamento

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CONCEITO

O processo de compra é um conjunto de actos, praticados numa sequência lógica,


destinados à obtenção de um fim, o aprovisionamento.

O aprovisionamento implica a concretização de diversas actividades: contactar


fornecedores, encomendar bens e serviços, proceder à respectiva recepção e controlo
de qualidade, armazenar os produtos em causa, elaborar e verificar os documentos de
controlo das aquisições efectuadas, proceder à escrituração e registo contabilísticos
das operações realizadas.

A compra e venda é a modalidade de contrato na qual uma parte se obriga a transferir


a outra a propriedade de uma coisa corpórea ou incorpórea, mediante o pagamento
de um preço. Que se corporiza no:

CAPÍTULO I-Compra e venda

ARTIGO 874º

(Noção)

“…Compra e venda é o contrato pelo qual se transmite a propriedade de uma coisa, ou


outro direito, mediante um preço…”

ARTIGO 875º

(Forma)

“…O contrato de compra e venda de bens imóveis só é válido se for celebrado por
escritura pública…”

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Quanto à sua classificação, a compra e venda classifica-se como um
contrato consensual ou solene, bilateral, comutativo ou aleatório, oneroso, translativo
do domínio e de execução instantânea ou diferida no tempo.

É permitido que as partes convencionem a transmissão da coisa a um evento futuro


incerto. A transmissão fica sujeita a condição suspensiva ou dependente do
pagamento do preço. Esta convenção se dá pela cláusula de reserva de propriedade.

Caracterização do contrato

Face à legislação portuguesa, e para melhor compreender a diferença entre


um contrato civil e um contrato comercial, há que se ter a noção prévia do que é o
Direito Comercial.

Direito Comercial é, actualmente, um ramo do Direito Privado (Civil) que,


historicamente constituído e autonomizado para reger as relações dos comerciantes
relativas ao seu comércio e visando principalmente a satisfação das necessidades
peculiares a este sector da vida económica.

Assim, poder-se-á dizer que o Direito Comercial rege os comerciantes e os actos dos
comerciantes relativos ao seu comércio (concepção subjectiva) e, bem assim, rege os
actos de comércio sejam ou não comerciantes as pessoas que os pratiquem
(concepção objectiva).

Deste modo os contratos são considerados comerciais conforme a intenção com que
são celebrados.

Assim, teremos:

. Contratos de natureza exclusivamente civil, de que é exemplo característico o


casamento;

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. Contratos de natureza civil ou comercial, conforme os casos, tais como os de
mandato, sociedade, mútuo (empréstimo), depósito, de compra e venda, etc., etc.;

. Contratos de natureza exclusivamente comercial, nomeadamente, operações de


banco; operações de bolsa, reporte, fretamento, etc.

Princípios fundamentais do Contrato:

. Liberdade contratual

. Consensualismo

. Boa-Fé

. Força Vinculativa.

E ainda alguns que devem estar presentes, como:

. Clareza

. Integralidade

. Economicidade

. Conformidade

1-Fases do contrato de Compra e Venda

Como foi referido no ponto anterior, as compras e vendas só são consideradas


comerciais quando são efectuadas com o objectivo de satisfazer as necessidades
inerentes à actividade comercial.
O contrato referido percorre habitualmente quatro etapas essenciais, cada uma com
características próprias.

A-Encomenda -Fase em que se expressa a intenção de compra por parte do


comprador.

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B- Entrega - Fase em que se processa o envio das mercadorias pelo
vendedor.

C- Liquidação - Fase do apuramento e fixação dos preços a pagar pelo comprador.

D - Pagamento - Fase referente ao cumprimento da obrigação por parte do


comprador, mediante a entrega total ou parcial da importância atribuída à sua
compra.

Condição a acordar nas fases do contrato de compra e venda.

A - Encomenda

Qualidade:
. Á vista - quando a escolha é feita na presença da mercadoria, ex. calçado;
. Por amostra - quando a escolha é feita através de pequenas porções de mercadorias
de qualidade igual ao produto, ex. perfumes, alcatifas;
. Por catálogo que referenciam as características dos produtos, ex. loiças, livros, tintas;
. Por análise - quando a escolha é realizada através de processos ou técnicas de
laboratório para verificar a qualidade do produto, ex. azeite, vinhos;
. Por tipo convencionado quando a escolha da mercadoria é realizada a partir de
referência ao tipo desejado, ex. algodão egípcio, bacalhau da Noruega, azeitona de
Elvas;
. Por marca-quando a escolha é feita através da marca da mercadoria, ex. vinho verde
gazela, atum general, salsichas nobre, ténis adidas.
Marca - É um sinal ou conjunto de sinais que servem para individualizar a mercadoria e
lhe conferir uma certa personalidade.
Quantidade:
. Por conta, peso e medida- As mercadorias são da responsabilidade do vendedor até
que o comprador proceda à conferência das quantidades, ex. por conta 2 dúzias de
ovos, peso 1Kg de carne, medida 5 metros de tecido;

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. A esmo, em bloco ou por partida inteira - quando a mercadoria é
avaliada por estimativa ou por conhecimento do local onde as mesmas se encontram,
ex. compra de produção de um pomar, compra de peixe que se encontra num cabaz.

B - Entrega

Data ou época:
Imediata - é entregue no momento da celebração do contrato, ex. comércio a retalho;
A pronto - é entregue nos 15 dias seguintes à celebração do contrato;
A prazo - é entregue mais de 15 dias à celebração do contrato.

Forma:
Única ou global - é efectuada uma só vez;
Condicionada - quando está dependente da chegada do transporte.

Local de entrega:
Comércio interno - no domicílio ou no armazém do vendedor;
No domicílio ou no armazém do comprador; num terceiro local;

No comércio externo (FOR/FOT; FAS; FOB; CIF).


Local de entrega - a sua indicação é da máxima importância para conhecer:
. Quem deve suportar as despesas de transporte,
. Quem fica responsável pelos riscos da mercadoria durante o transporte e qual o
preço que o vendedor deve cobrar pela mercadoria, se deve incluir ou não o
transporte e o seguro.

Comércio interno:
. No domicílio ou no armazém do vendedor - todas as despesas e riscos do transporte
são por conta do comprador;
. No domicílio ou no armazém do comprador - todas as despesas e riscos do transporte
são por conta do vendedor;

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. Num terceiro local - são por conta do vendedor as despesas e riscos de
transporte até ao referido local.
Incoterms
. Com o desenvolvimento das relações internacionais, verificou-se a necessidade de
definir termos comuns, que são utilizados para identificar os locais de entrega e definir
responsabilidades.

Comercio externo :
. No geral; transporte terreste; transporte marítimo; transporte aéreo.
. No geral - EXW (Ex-Works) Mínimo de obrigações para o vendedor.

.Transporte terrestre (porte):


. FOT (Free On Truck, livre no camião, transporte rodoviário) Todas as despesas até ao
local do carregamento são por conta do vendedor )(vend = embalagem + seguro +
carreto + carga; comp = porte + descarga + carreto));
FOR (Free On Rail, livre sobre o vagão, transporte ferroviário) Todas as despesas até à
estação de expedição são por conta do vendedor.

. Transporte marítimo (frete) :


. FAS (Free Alongside Ship, livre ao lado do navio) Todas ... até junto ao navio no ponto
de embarque ... por conta do vendedor (vend = embalagem + carreto + despacho +
tráfego portuário do porto de embarque; comp = fretagem + estiva + seguro + frete +
desestiva + trafego portuário + despacho + carreto);

. FOB (Free On Board, livre a bordo) Todas ... até à colocação da mercadoria dentro do
navio no porto de embarque (vend = ... + fretagem e estiva; comp = ...) ;
. CIF (Coast Insurance And Freight, custo do seguro e frete) Todas as despesas (frete,
seguro ...) até ao porto de destino são por conta do vendedor (vend = ... + seguro +
frete; comp = ...)

Transporte aéreo:
. FOB (Airport On Board, livre a bordo do avião no aeroporto de embarque)

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C- Liquidação

Moeda a utilizar:
. No Comércio interno (a moeda a utilizar é a do respectivo país);
. No comércio internacional (a do país do comprador, a do país do vendedor, ou a de
um país terceiro (cuja cotação seja estável),ou uma moeda comum (UE utiliza-se o
Euro)).

Quantidade de moeda:

. Preços acordados - resultam de negociações;


. Preços fixos - são estabelecidos pelo vendedor, sem admitir qualquer possibilidade de
redução;
. Preços tabelados - fixados em tabelas oficialmente aprovadas, exemplo os produtos
de primeira necessidade;
. Preços correntes - fixados pelo vendedor, conforme as condições de mercado
passíveis de redução;
. Preços por concurso público - quando são escolhidos após a análise de diversas
propostas apresentadas por diferentes vendedores em carta fechada, que se
comprometem a efetuar o fornecimento nas condições previstas do concurso,
exemplo aquisição de grande vulto por parte de organismos do Estado);
. Preços de leilão ou hasta pública - correspondem ao maior preço oferecido pelos
interessados na aquisição. É fixado um preço de licitação, a partir do qual se fazem
sucessivas ofertas;
. Preços de lota ou preços de leilão -o vendedor anuncia em voz alta que vende um
certo produto a um dado preço e caso não se verifiquem interessados, ele próprio vai
baixando sucessivamente esse preço, exemplo venda de peixe por grosso);
. Preço de bolsa de cotação - o preço depende das condições de mercado ou das
operações que foram realizadas na bolsa, exemplo acções, obrigações, outros títulos.
Estas transacções são efetuadas por intermédio de correctores que se encarregam de
comprar e vender títulos por conta de terceiros)

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Descontos : financeiros e comerciais

Descontos financeiros:
. Desconto de pronto pagamento (o pagamento é efectuado no ato da entrega da
mercadoria ou no máximo de oito dias);
. Desconto de pagamento antecipado (o pagamento é efetuado antes do seu prazo).

Descontos comerciais:

. Descontos de revenda (desconto especial concedido aos revendedores para


conseguirem margens de lucro mais elevadas);
. Descontos de qualidade ou abatimento (quando a qualidade da mercadoria entregue
não corresponde ao combinado devido a defeitos acidentais ou pequenas avalias);
. Rappel (desconto concedido aos compradores que ultrapassam determinado
montante de compras);
. Bom preço (quantidade de mercadorias não facturadas com o objetivo de fazer face a
possíveis quebras ou perdas normais).

Descontos podem ser com taxa única ou descontos sucessivos.

Preço de venda = preço de compra + margem de comercialização.


Percentagem sobre o preço de custo (PV = PC + %PC) e Percentagem sobre o preço de
venda (PV = PC + %PV).

Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) - Incide sobre o consumo; é um imposto


plurifásico (a empresa compradora tem o direito de deduzir o imposto suportado na
aquisição de bens e serviços e a obrigação de liquidar do seu cliente o imposto sobre o
valor líquido da venda); em regra, é um imposto suportado pelos consumidores.

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D- Pagamento

Local do pagamento (3):


. No domicílio do comprador;
. No domicílio do vendedor;
. Num terceiro local, a maioria das vezes num banco.

Pagamento quanto à data ou época:

. Pagamento antecipado - pagamento efectuado antes da entrega da mercadoria


devido a: não confiança do vendedor ao comprador, a mercadoria sendo feita por
encomenda em que o interessado é o comprador, é usual no ramo do negócio);

. Pagamento imediato ou a contado (quando é efectuado no ato da entrega da


mercadoria, exemplo comércio retalhista);
. Pagamento a pronto (até oito dias após a entrega);
. Pagamento a dinheiro (de oito a trinta dias após a entrega);
. Pagamento a prazo (quando é efectuado dentro de determinados prazos, exemplo 60
ou 90 dias, é geralmente utilizado no comércio por grosso sendo o prazo
convencionado entre as partes);
. Pagamento a prestações (quando o pagamento é efectuado em parcelas ou frações e
nos prazos estipulados);
. Pagamento a termo (o comprador e vendedor obrigam-se a pagar e a entregar a
mercadoria depois de decorrido um certo prazo após a realização do contrato,
exemplo pagamento típico das atividades da bolsa);
. Pagamento contra documentos (quando é efectuado na altura da recepção de
determinados documentos enviados pelo vendedor a que asseguram a propriedade da
mercadoria, exemplo comércio internacional e os documentos podem ser:
conhecimento de embarque, guia de transporte, certificado de origem).
Época do pagamento - se a época de pagamento não for estipulada, o pagamento
deverá efectuar-se assim que o vendedor exigir.

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Documentação - os documentos desempenham um papel fundamental na
atividade das empresas pois permitem a retenção e o tratamento de ideias e
informações. O documento é pois o suporte material de uma ideia ou de uma
informação servindo para consulta, estudo ou prova.

Requisitos de um documento:

Clareza (devem ser de preenchimento e leitura fácil);


Integralidade (devem conter todas as informações necessárias à execução das
operações a que servem de suporte);
Economicidade (devem ser pouco dispendiosos);
Conformidade (devem satisfazer as exigências legais).

2- Condições do processo de compra e venda

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Documentação por fases

Encomenda (nota de encomenda, requisição);


Entrega (guia de remessa, talão de recepção);
Liquidação (factura, nota de débito, nota de crédito);
Pagamento (recibo, factura recibo, venda a dinheiro).

Nota de encomenda - é o documento onde o comprador especifica a qualidade e


quantidade de mercadoria pretendida, as condições de entrega e pagamento
(comércio por grosso).

Requisição - é parecida à nota de encomenda, sendo utilizado no comércio a retalho.


Nota de venda - quando a encomenda é feita através de um vendedor, é preenchida
pelo vendedor.

Guia de remessa - este documento acompanha a mercadoria e serve para o comprador


proceder à conferência dos artigos recebidos.

Talão de recepção - anexo à guia de remessa. Vai ser devolvido pelo comprador ao
vendedor após a receção da mercadoria.

Factura - é o documento mais importante, é este o comprovante oficial da compra. É o


documento em que o vendedor procede à liquidação do valor da mercadoria,
apresentando o cálculo do preço a pagar.
O valor da fatura = preço da mercadoria - descontos + despesas + iva
IVA - é um imposto indireto (despesa), plurifásico, não cumulativo (apenas é tributado
o valor acrescentado por cada agente), e suportado pelo consumidor final.
As sujeições são todas as transmissões de bens e prestações de serviços efetuadas no
território nacional e importações.
IVA = taxa * (preço da mercadoria - descontos + despesas)

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Nota de débito e nota de crédito - são documentos que se destinam a
efetuar correcções à factura. Por vezes a mercadoria não está de acordo com a
encomenda pelo que se deve reclamar no prazo de 8 dias.

Nota de débito - corrigir o valor da factura para mais (acréscimo): erros de cálculo para
menos, despesas por conta do comprador que não foram incluídas.

Nota de crédito - corrigir o valor da factura para menos (decréscimo): erros de cálculo
para mais, descontos não incluídos na factura, devolução de mercadorias pelo
comprador (nota de devolução).

Recibo - comprovativo do pagamento efectuado pelo comprador. Caso a operações


não seja sujeira a IVA, terá de se pagar o de imposto de selo.

Factura recibo - quando a fase de liquidação coincide com a fase do pagamento (venda
a pronto).
Venda a dinheiro - é utilizado pelos retalhistas.

Documentos para a contabilidade - são sujeito a registo contabilístico, os documentos


das terceiras e quartas fases (factura, nota de débito, nota de crédito, recibos, factura
recibo, nota de vendas a dinheiro).

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3- OUTROS DOCUMENTOS COMERCIAIS

Títulos de Crédito

Os títulos de crédito são documentos que representam direitos, permitindo ao seu


legitimo titular exercer o direito em causa.

A facilidade, celeridade e segurança na circulação do dinheiro são precisamente os


aspectos que mais contribuíram para a grande expansão do recurso aos títulos de
crédito.

Os títulos de crédito apresentam determinadas características cuja consideração é


importante para a sua correcta compreensão.

As mais importantes dessas características são:

.A literalidade;

. A autonomia;

. A incorporação;

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. A legitimação.

Os títulos de crédito são inúmeros dos quais analisaremos:

. O CHEQUE

. A LETRA

. A PROPOSTS DE DESCONTO

. A PROPOSTA DE COBRANÇA

. O CHEQUE

O cheque é um documento escrito que representa:

• Uma ordem (mandato);

• Dirigida por um cliente/titular da conta ao seu Banco;

• No sentido de o Banco efectuar o pagamento de determinada quantia;

• A um terceiro, ao portador do cheque ou ao próprio titular da conta.

Sacado, sacador e beneficiário

Nos termos da lei, as várias entidades/pessoas envolvidas no processo de emissão e


pagamento do cheque têm denominações/nomes específicos:

• Ao cliente, que ordena ao Banco o pagamento da quantia referida no cheque,


chamamos sacador;

• Ao Banco, que realiza o pagamento, chamamos sacado;

• Ao beneficiário da ordem de pagamento, aquele a quem o Banco paga, chamamos


beneficiário. Para melhor compreensão destas denominações, devemos procurar
entender a noção de saque.

O saque é o acto através do qual se cria o título: representa a ordem dada, pelo
sacador ao sacado, para pagar uma determinada quantia ao beneficiário (ou à sua
ordem).

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Convenção/contrato de cheque

O cliente/sacador pode dar a ordem ao Banco/sacado porque entre eles existe um


contrato, a chamada convenção de cheque.

Este contrato consta, habitualmente, do formulário utilizado para a abertura da conta


bancária. É importante assinalar que a entrega de cheques aos clientes é um direito do
Banco:

A simples abertura de conta não gera o direito dos clientes aos cheques pois existem
outros meios de movimentação do dinheiro depositado. Nos termos desse contrato, os
fundos encontram-se depositados no Banco o qual permite ao cliente que realize a
respectiva movimentação através de um meio específico: a emissão de cheques.

Este acordo entre o Banco e o cliente pode ser expresso mas, na maior parte dos
casos, é tácito:

No momento da abertura de conta na instituição bancária, o Banco coloca à disposição


do cliente uma caderneta de cheques, acto que tem subjacente a possibilidade de
emissão dos mesmos. Neste ponto, o aspecto que importa salientar é o que se prende
com o facto de o Banco colocar fundos à disposição do seu cliente. Significa isto que o
Banco tem uma provisão ao dispor do cliente, a qual pode resultar, por exemplo e para
citar apenas duas das situações mais comuns:

• da existência de um depósito à ordem que o Banco se obrigou a restituir ao cliente


de acordo com as instruções deste (designadamente através da emissão de cheques);

• da existência de um crédito, concedido pelo Banco ao cliente, em termos que


admitam a emissão de cheques.

O cheque como instrumento de pagamento

Como é do conhecimento comum, o cheque constitui um importante meio de


pagamento, que tem merecido a confiança dos agentes comerciais.

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Documento normalizado
Significa isto que, à semelhança do que veremos acontecer com as letras e as livranças,
a estrutura, o conteúdo e as dimensões dos cheques são obrigatoriamente iguais
para todos os seus impressos, existindo apenas diferenças quanto ao aspecto gráfico
(cor, tipos de letra, símbolos, etc.) escolhido por cada entidade bancária. Enquanto
documento normalizado, o cheque deve conter, obrigatoriamente, certas indicações
escritas.
• a palavra «cheque», inserida no próprio texto e expressa na língua empregue para a
sua redacção (no nosso caso, o português);
• a ordem, pura e simples, de pagar uma determinada quantia;
• o nome de quem deve pagar: o sacado (trata-se do Banco no qual o sacador tem
conta aberta);
• a indicação do lugar no qual o pagamento se deve efectuar (em geral, indicado do
lado direito em relação ao nome do sacado);
• A indicação da data em que o cheque é passado;

• A indicação do lugar no qual o cheque é passado;

• A assinatura de quem passa o cheque (sacador); a assinatura deve ser sempre


idêntica à que consta da ficha de assinatura de cliente existente no Banco;

Transmissão do cheque: o endosso

O cheque, à semelhança dos outros títulos de crédito, pode ser transmitido.


Se não contiver a indicação do nome do beneficiário (cheque ao portador), o cheque
pode ser transmitido através da simples entrega, feita pelo portador, ao novo
beneficiário.
Se contiver a indicação do nome da pessoa a quem deve ser pago (cheque à ordem), o
cheque só pode ser transmitido através do endosso.
O endosso é, precisamente,
• O acto de transmissão de um título de crédito.
Recorde-se que o cheque nominativo não pode ser transmitido por endosso e
acrescente-se que a menção «não à ordem» pode ser introduzida não apenas pelo

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sacador mas por qualquer endossante, sempre com o mesmo efeito: a
partir do momento em que essa menção surja no cheque, este deixa de poder ser
endossado.
Havendo endosso, devemos distinguir entre:
• O endossante - o beneficiário do cheque que, através do endosso, o transmite a
outra pessoa;
• O endossado - a pessoa que, através do endosso, se torna no novo beneficiário do
cheque.

Prazo de apresentação a pagamento


O cheque deve ser apresentado a pagamento no prazo legalmente estabelecido, o
qual, no caso de cheque passado em Portugal sobre Banco português, é de oito dias.
Deve notar-se que o cheque é sempre pagável à vista, ou seja, no momento da sua
apresentação a pagamento.
Esta questão relaciona-se com os chamados cheques pós-datados (aqueles que são
emitidos com uma data posterior à da sua entrega ao tomador).
O sacador e o tomador do cheque podem acordar no seu preenchimento com uma
data posterior à da emissão do cheque (por exemplo, o cheque é emitido em 5 de
Janeiro com data de 5 de Fevereiro), habitualmente para permitir ao sacador reunir os
fundos suficientes para pagar a quantia em causa ao beneficiário do cheque.
Simplesmente, o tomador do cheque não é obrigado a esperar pela data escrita no
cheque para proceder à sua apresentação ao Banco.
A partir do momento da emissão do cheque este pode ser apresentado ao Banco e o
Banco, sacado, pagá-lo-á, independentemente da data nele inscrito.

Pagamento do cheque - instruções especiais

De seguida, vamos estudar um segundo conjunto de menções facultativas que,


aparecendo inscritas no cheque, têm como fim principal aumentar a segurança da
circulação do cheque e que, nessa medida, alteram as circunstâncias do seu
pagamento:
• Cruzamento;

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• Levar em conta;
• Cheque visado.

LETRA
A letra é um documento escrito que representa:
• Uma ordem (mandato);
• Dada por uma pessoa (sacador);
• A uma outra pessoa (sacado);
• No sentido de esta realizar a um tomador/beneficiário (que pode ser um terceiro ou
o próprio sacador, ou à sua ordem);
• O pagamento de determinada quantia;
• Em determinada data.

A letra é o mais utilizado dos títulos de crédito, depois do cheque.


Mas existem alguns aspectos a ter em conta na distinção entre a letra e o cheque:
• No cheque, o sacado é sempre o Banco no qual o sacador tem o dinheiro
depositado;
• Na letra, o sacado pode ser qualquer entidade com a qual o sacador mantenha
relações.
Além disso, existe uma inversão no que respeita ao sacador:
• No cheque, o sacador era o devedor de certa quantia, o qual dava ordem ao seu
Banco para que pagasse, ao credor, esse montante;
• Na letra, o sacador é o credor de certa quantia, o qual ordena ao seu devedor que
lhe pague esse montante.

Sujeitos da letra
Assim, no que respeita aos sujeitos intervenientes na emissão da letra, identificamos:
• Sacador - o credor, pessoa que dá a ordem de pagamento ou, numa expressão
tecnicamente mais correcta, a pessoa que saca a letra;
• Sacado - o devedor, pessoa a quem é dada a ordem de pagar a quantia mencionada
na letra;

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• Tomador - a pessoa a quem, ou à ordem de quem, a letra deve ser paga
(e que pode ser o próprio sacador);
• Portador; em sentido técnico, a pessoa que apresenta a letra a pagamento;
em sentido mais genérico, qualquer pessoa que, em certo momento, tem a letra em
seu poder.
E, podemos já antecipá-lo, também em relação à letra, quando exista endosso,
poderemos falar em:
• Endossante - é a pessoa que transfere os seus direitos sobre a letra, por meio do
endosso;
• Endossado - é a pessoa a quem são transmitidos os direitos sobre a letra, por meio
do endosso.

Vantagens da utilização da letra


As principais vantagens da utilização de letra são:
• A letra, tal como o cheque, constitui título executivo (prova a existência de um
crédito);
• Antes da data de vencimento, o portador da letra pode realizar o seu desconto num
Banco, transformando o título de crédito na importância em dinheiro correspondente
ao seu crédito;
• O sacador (credor) pode transmitir a letra, utilizando-a para pagar as suas próprias
dívidas.
Deve notar-se que, ao contrário do que por vezes se pensa, a letra pode ser utilizada
por quaisquer pessoas, e não necessariamente por comerciantes, como instrumento
de crédito.

Modelos de letra
À semelhança do cheque, a letra é um documento escrito e normalizado, apto a ser
processado através de meios informáticos.
A adopção dos novos impressos ocorreu em 1 de Janeiro de 1999.
Entretanto, os impressos ainda existentes que não obedeciam aos requisitos agora em
vigor poderão continuar a ser utilizados até 31 de Dezembro de 1999.

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Para além das letras de utilização geral, é permitido às empresas emitirem
as suas próprias letras
(letras de emissão particular) em impressos selados pela Imprensa Nacional - Casa da
Moeda, que contenham estampadas, por qualquer forma, as iniciais ou firmas das
pessoas ou sociedades, ou a designação das casas ou estabelecimentos a que
respeitarem.
Menções obrigatórias
Enquanto documento normalizado, a letra deve conter, obrigatoriamente, certas
indicações escritas:

• A palavra «letra», escrita no próprio texto do documento e expressa na língua


utilizada na redacção deste (no nosso caso, o português);
• A ordem, pura e simples, de pagar uma determinada quantia;
• O nome de quem deve pagar (ou seja, do sacado);
• A indicação do lugar no qual o pagamento se deve efectuar;
• A indicação da data em que a letra deverá ser paga;
• O nome do tomador/beneficiário (ou seja, da pessoa à qual, ou à ordem da qual, a
letra deverá ser paga);
• A indicação da data e lugar nos quais a letra foi emitida;
• A assinatura de quem emite a letra (sacador);

Em princípio, a falta de alguma das menções obrigatórias tem como consequência a


impossibilidade de a letra funcionar como título executivo.
Contudo, há que atentar nas seguintes situações especiais:
• Quando a letra não contém a data do pagamento, considera-se que se trata de uma
letra pagável à vista (ou seja, no momento da sua apresentação);
• Quando a letra não contém o local do pagamento, considera-se que a mesma
deverá ser paga no local designado ao lado do nome do sacado;
• Quando a letra não contém a indicação do local da emissão, considera-se que a letra
foi emitida no local designado junto ao nome do sacador.

A letra está sujeita a imposto de selo.

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Mas, porque a letra é um documento normalizado, o selo já se encontra
incluído no próprio impresso de letra.
Assim, quando pretenda emitir uma letra, o sacador deve adquirir um impresso que
corresponda ao montante da mesma, nos termos da tabela actualmente em vigor.

Transmissão da letra por endosso


Através do endosso transmitem-se os direitos sobre a letra.
Em termos idênticos aos que estudámos aquando da análise do cheque, o endosso da
letra pode ser:
• Endosso completo;
• Endosso em branco (ou incompleto).

Recordando o que então se disse:


• No endosso completo, o endossante indica o nome do beneficiário do endosso
precedida da expressão «pague-se a»;
• no endosso em branco, o beneficiário limita-se a assinar no local do endosso ou a
escrever a declaração de endosso «pague-se a».
Em qualquer dos casos, para que haja endosso:
• Este tem de ser escrito no verso da letra ou em folha anexa ligada a esta;
• Tem de ser assinado pelo endossante;
• A letra tem de ser entregue ao endossatário.

Pagamento da letra
Por fim, quer se tenha mantido na posse do sacador ou do tomador, quer haja sido
transmitida através de um ou mais endossos, a letra deverá ser paga.

Montante
De novo à semelhança do que já sabemos acontecer com o cheque, importa realçar
que, também na letra, o montante do saque deve surgir escrito em algarismos e por
extenso.
No caso de divergência entre o valor fixado em algarismos e o valor fixado por extenso,
prevalece o valor fixado por extenso.

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Se, numa hipótese pouco habitual, o montante aparecer escrito, por
extenso ou em algarismos, mais do que uma vez, prevalece a indicação de valor mais
baixo.
Juros
O sacador pode estipular a obrigação de pagamento de juros a cargo do sacado.
Vencimento
A data na qual a letra se vence é a data a partir da qual pode ser exigido o seu
pagamento.
O vencimento da letra pode ser:
• À vista;
• A termo ou prazo de vista;
• A termo de data ou, simplesmente, a prazo;
• Em dia fixo.

PROPOSTA DE DESCONTO

Contrato de desconto

O contrato de desconto pode ser descrito como uma operação bancária na qual
• A quantia inscrita num título de crédito ainda não vencido,
• É paga ao portador do título,
• Diminuída dos juros até ao vencimento e das comissões a que houver lugar,
• Aceitando o portador transferir o título, mediante endosso (preenchido ou em
branco), para o Banco.
Também se pode dizer que é o contrato através do qual
• O titular de um crédito o cede a um banco,
• Tornando-se o Banco titular do crédito que cobrará no seu vencimento,
• E recebendo o cedente, em troca, antecipadamente, o respectivo valor, deduzido do
correspondente juro (prémio) e outras despesas.
Em resumo, o contrato de desconto representa um meio de antecipação do
pagamento de um título de crédito, mediante o pagamento de uma certa importância.

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Nestes termos, o contrato de desconto pressupõe a existência de um
negócio subjacente (por exemplo, a emissão de uma letra, de uma livrança ou de um
extracto de factura).
Em termos estatísticos, contudo, a operação de desconto incide sobretudo sobre
letras e livranças.
Para efeitos do nosso estudo, e para melhor compreensão do mesmo, vamos passar a
falar em entidade cedente para referir a pessoa que apresenta o título ao Banco,
solicitando o respectivo desconto.

O contrato de desconto bancário tem natureza formal, para cuja validade e prova é
exigida:
• A entrega ao Banco dos títulos de crédito a descontar;
• A existência de um escrito que contenha a assinatura da entidade cedente, embora
tal escrito possa ter a natureza de documento particular.
Esse documento é a proposta de desconto.

Processamento da proposta de desconto


O processo de desconto inicia-se com o estabelecimento de contactos entre a
entidade que pretende o financiamento e o funcionário responsável do Banco (por
exemplo, o gerente de conta).
Como é óbvio, a entidade cedente deve ter conta aberta no balcão ou agência do
Banco onde se dirige para apresentar a proposta de desconto.
Na sequência desses contactos será elaborada uma proposta (escrita) de desconto, a
qual, mais tarde, ao ser aprovada pelo Banco, se transforma num contrato de
desconto.
Impresso
Não existe um impresso único, normalizado, de proposta de desconto: cada instituição
bancária dispõe do seu próprio modelo.
Ainda assim, é possível precisar que a proposta deve ser subscrita pelo cedente
(entidade que pede o desconto bancário) dela podendo constar, pelo menos, as
seguintes informações:
• A data da proposta;

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• O nome e assinatura do cedente (o portador da letra que a entrega ao
Banco);
• O número de conta do cedente;
• A data dos títulos de crédito a descontar (também chamados efeitos);
• O montante dos títulos;
• As datas de vencimentos dos títulos;
• O nome do sacado;
• Os nomes e moradas de todos os intervenientes nos títulos;
• O local de pagamento dos títulos;
• A indicação da ordem na sucessão dos endossos.
Podendo ainda constar (sempre conforme as solicitações do Banco):
• O plano de pagamentos;
• O plano de “reformas” a efectuar;
• Os nomes dos fiadores exigidos pelo banco.

Apresentada a proposta, esta será presente à aprovação do escalão do Banco (chefe


de agência, subgerente, gerente de filial, etc.) competente, em razão do montante em
causa, para a concessão do crédito.
Aprovada a proposta, em princípio, o montante acordado será de imediato creditado
na conta da entidade cedente.

Encargos
Conforme referimos inicialmente, a operação de desconto está sujeita a encargos.
Designadamente, a entidade cedente, terá de pagar:
• Juros;
• Comissão de cobrança e/ou outras.

PROPOSTA DE COBRANÇA

Nesta situação, e ao contrário do que acontecia com a operação de desconto, o Banco


não concede qualquer crédito ao cliente, limitando-se a prestar-lhe um serviço pelo
qual cobrará uma comissão.

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A operação de cobrança inicia-se com a redacção de uma proposta de
cobrança, a qual deve ser acompanhada pelos títulos (efeitos) a cobrar pelo Banco.
A proposta de cobrança, redigida em impresso fornecido pelo Banco, inclui
obrigatoriamente os seguintes elementos:
• Número da conta e nome do balcão onde se apresenta a proposta;
• Nome e morada (ou denominação e sede) do titular da conta;
• Data da proposta;
• A data dos títulos de crédito a cobrar (também chamados efeitos);
• O montante dos títulos;
• As datas de vencimentos dos títulos;
• O nome do sacado;
• Os nomes e moradas de todos os intervenientes nos títulos;
• O local de pagamento dos títulos;
• A indicação da ordem na sucessão dos endossos;
• Assinatura do cedente (entidade que pede a cobrança).
Recebida a proposta, o Banco confirmará os dados, codificará (para efeitos internos e
de lançamento em conta corrente) a operação, e procederá, nos prazos previstos, à
cobrança.
Após o que entregará ao cedente o valor do efeito cobrado, creditando essa
importância na sua conta.
A cobrança de comissões e eventuais despesas dará lugar à emissão de um Aviso de
débito, a entregar ao cliente, e ao correspondente movimento de débito na sua conta
bancária.
Resumo

Os títulos de crédito são documentos que representam direitos, permitindo ao seu


legitimo titular exercer o direito em causa, e que se caracterizam pela sua literalidade,
autonomia, incorporação e legitimação.
O cheque é um documento escrito que representa uma ordem de pagamento.
O cliente (sacador) ordena ao seu Banco (sacado) que realize o pagamento da quantia
referida no cheque ao beneficiário.

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À ordem dada pelo sacador ao sacado, para pagar uma determinada
quantia ao beneficiário (ou à sua ordem), chamamos saque.
A possibilidade de emitir cheques resulta do contrato de cheque, nos termos do qual o
Banco permite que os fundos do cliente que se encontram depositados sejam
movimentados através da emissão de cheques.
O Banco tem uma provisão ao dispor do cliente, a qual pode resultar, por exemplo, da
existência de um depósito à ordem ou da existência de um crédito concedido pelo
Banco ao cliente

O cheque constitui um importante meio de pagamento, que tem merecido e deve


continuar a merecer a confiança dos agentes comerciais.
O cheque não é um meio de garantia, como resulta claro da não criminalização dos
cheques pós-datados.
O cheque é um documento normalizado: a estrutura, o conteúdo e as dimensões dos
cheques são obrigatoriamente iguais para todos os seus impressos, existindo apenas
diferenças quanto ao aspecto gráfico escolhido por cada entidade bancária.
Existem hoje dois modelos de cheque normalizados: cheque em ESCUDOS e cheque
em EUROS.
Enquanto documento normalizado, o cheque deve conter, obrigatoriamente, certas
indicações escritas:
a palavra «cheque», a ordem, pura e simples, de pagar uma determinada quantia, o
nome de quem deve pagar, a indicação do lugar no qual o pagamento se deve
efectuar, a data em que o cheque é passado, o lugar no qual o cheque é passado, a
assinatura de quem passa o cheque.
O cheque pode ser à ordem (contém o nome do beneficiário), ao portador (não
contém o nome do beneficiário ou contém a menção «ao portador»), ou nominativo
(contém o nome do beneficiário seguido da indicação «não à ordem»).
Das três modalidades apresentadas, o mais seguro é o cheque nominativo, seguido do
cheque à ordem. O cheque ao portador apresenta riscos evidentes pois, em caso de
extravio ou furto, o beneficiário corre o risco de outrem receber o dinheiro que lhe era
devido.

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O cheque pode ser transmitido. Se não contiver a indicação do nome do
beneficiário (cheque ao portador), o cheque pode ser transmitido através da simples
entrega.
Se contiver a indicação do nome da pessoa a quem deve ser pago (cheque à ordem), o
cheque só pode ser transmitido através do endosso.
O endosso é, precisamente, o acto de transmissão de um título de crédito.
Tal como a ordem de pagamento originalmente contida no cheque, a nova ordem de
pagamento (endosso) deve ser pura e simples.
O endosso pode ser completo ou em branco (ou incompleto)
O cheque deve ser apresentado a pagamento no prazo legalmente estabelecido de,
para a generalidade dos casos, oito dias.
O cheque é sempre pagável no momento da sua apresentação a pagamento.
Decorrido o prazo de apresentação a pagamento (os mencionados oito dias) o cheque
pode ser revogado, caso em que já não será pago.
Em certos casos, o sacador pode também ordenar a suspensão do pagamento do
cheque.
O cheque pode ser cruzado quando na sua face se desenharem, no canto superior
direito, dois traços paralelos e transversais.
O cruzamento no cheque significa que este só pode ser pago pelo Banco a um seu
cliente ou a outro Banco.
Através do cruzamento aumenta-se a segurança da circulação do cheque pois este será
sempre depositado antes de ser pago.
Os cheques podem igualmente conter a expressão «levar em conta», caso em que o
cheque passa a ter de ser obrigatoriamente depositado na conta do seu beneficiário.
O cheque visado é aquele em que, a pedido do sacador, o Banco garante a existência
da provisão necessária para o seu pagamento.
O cheque visado é imediatamente debitado na conta do sacador pelo que a verba
correspondente fica cativa até à apresentação do cheque pelo seu legitimo portador.
O Banco tem o direito (e o dever) de recusar o pagamento do cheque quando se
deparar com alguma irregularidade, designadamente, falta de uma menção
legalmente obrigatória, falta de correspondência da assinatura do sacador com o

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original constante da ficha de assinaturas de cliente, falta de provisão na
conta do sacador.
Nestes casos, o sacador deve regularizar a situação nos prazos legais, sob pena de, não
o fazendo, poder ser rescindida a convenção de cheque e ficar proibido de emitir
novos cheques.
A emissão de cheque sem provisão constitui crime (salvo nos casos dos cheques pós-
datados.
O cliente deve guardar com o maior cuidado os impressos de cheque ainda não
preenchidos já que a utilização indevida dos mesmos poderá colocá-lo numa situação
de grave responsabilidade, inclusivamente criminal.

A letra é o mais utilizado dos títulos de crédito, depois do cheque e, tal como o
cheque, é um título executivo.
Trata-se de um documento escrito e normalizado, apto a ser processado através de
meios informáticos, que representa uma ordem de pagamento dada por uma pessoa
(sacador) a uma outra pessoa (sacado), no sentido de beneficiar um tomador (que
pode ser um terceiro ou o próprio sacador, ou à sua ordem).
Enquanto que no cheque, o sacado é sempre o Banco no qual o sacador tem o dinheiro
depositado, na letra, o sacado pode ser qualquer entidade com a qual o sacador
mantenha relações.
Enquanto documento normalizado, a letra deve conter, obrigatoriamente, certas
indicações escritas:
a palavra «letra», a ordem, pura e simples, de pagar uma determinada quantia, o
nome de quem deve pagar, a indicação do lugar no qual o pagamento se deve
efectuar, a indicação da data em que a letra deverá ser paga, o nome do
tomador/beneficiário (ou seja, da pessoa à qual, ou à ordem da qual, a letra deverá ser
paga), a indicação da data e lugar nos quais a letra foi emitida, a assinatura de quem
emite a letra (sacador)
A letra está sujeita a imposto de selo.
Havendo saque, há uma ordem dada ao sacado mas não há, ainda, um compromisso
do sacado no sentido de acatar essa ordem.

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O aceite da letra, que não é obrigatório, é, precisamente, o acto do sacado
pelo qual este se compromete a pagar a letra na data constante da letra.
O portador da letra tem o direito de a apresentar ao aceite, salvo nos casos de letras
que contenham a indicação «não aceitável», «letra não aceitável» ou «aceite
proibido».
Na hipótese de o sacado não pagar a letra, o sacador, que colocou a letra em
circulação, é sempre responsável pelo seu pagamento.
A letras pagáveis a certo termo de vista e as letras pagáveis no domicilio de terceiro
são obrigatoriamente apresentadas ao aceite.
O aceite pode ser completo (o sacado assina a letra por baixo da expressão aceite) ou
incompleto (o sacado limita-se a assinar a letra na sua face, em qualquer local).
O protesto por falta de aceite constitui a reacção legalmente prevista contra a recusa
de aceite.
O aval constitui uma garantia de que, no seu vencimento, a letra será paga; o avalista
responsabiliza-se pelo pagamento da letra.
O aval pode ser dado a qualquer dos intervenientes na letra ou ao próprio sacador
(quando o avalista não indique a pessoa a favor de quem dá o aval, considera-se que
este é dado em benefício do sacador).
O aval pode ser completo (formalizado através da escrita da expressão «bom para
aval») ou incompleto (o avalista limita-se a assinar a letra).
Em princípio, a letra é um título «à ordem» mas pode conter uma cláusula «não à
ordem», caso em que não poderá ser transmitida por endosso.
A letra nunca pode ser emitida ao portador, já que a indicação do nome do
tomador/beneficiário constitui uma menção obrigatória.
Através do endosso transmitem-se os direitos sobre a letra. O endosso pode ser
completo (o endossante indica o nome do beneficiário do endosso precedida da
expressão «pague-se a») ou em branco (o beneficiário limita-se a assinar no local do
endosso ou a escrever a declaração de endosso «pague-se a»)
O endossante da letra garante o aceite da letra e o pagamento da letra, excepto se se
desobrigar através de inscrição da cláusula «letra não aceitável» ou proibir novo
endosso.

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A letra pode ser emitida sem que se preencham todos os seus espaços:
fala-se, neste caso, em «letra em branco»: letra incompleta quanto ao seu
preenchimento.
A letra nunca pode ser passada totalmente em branco: dela devem constar, pelo
menos, a palavra «letra» e o saque.
O sacador pode estipular a obrigação de pagamento de juros a cargo do sacado mas só
pode haver estipulação autónoma de juros nas letras sacadas à vista ou a certo termo
de vista.
O vencimento da letra pode ser à vista, a termo ou prazo de vista, a termo de data ou
em dia fixo
As letras pagáveis em dia fixo, a certo termo de data ou a certo termo de vista, devem
ser apresentadas a pagamento no dia do vencimento ou num dos dois dias úteis
seguintes.
O portador da letra não pode recusar o seu pagamento parcial e é obrigado a passar
recibo desse pagamento.
A “reforma” da letra é a operação pela qual se realiza a substituição de uma letra por
uma outra, com os mesmos intervenientes mas de montante igual ou inferior à inicial.
O protesto por falta de pagamento é o meio de reacção contra a falta de pagamento
da letra e, em geral, deve ser feito num dos dois dias úteis seguintes à data do
vencimento da letra.
Salvo nas situações de dispensa de protesto, o protesto é um acto indispensável para o
posterior exercício judicial dos direitos do portador da letra.

O contrato de desconto é o contrato através do qual o titular de um crédito o cede a


um banco, tornando-se o Banco titular do crédito que cobrará no seu vencimento, e
recebendo o cedente, em troca, antecipadamente, o respectivo valor, deduzido do
correspondente juro (prémio) e outras despesas.

O contrato de desconto pressupõe a existência de um negócio subjacente (por


exemplo, a emissão de uma letra, de uma livrança ou de um extracto de factura).
A operação de desconto está sujeita a encargos (juros, comissão de cobrança e/ou
outras).

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Bibliografia

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Lisboa (prefácio de José Dias Marques), Coimbra, Almedina, 1989
CARDOSO, J. Pires, Noções de Direito Comercial, 12ª ed., Rei dos Livros, Lisboa, 1992
CORDEIRO, António Menezes, Manual de Direito Bancário, Almedina, Coimbra, 1998
CORREIA, A. Ferrer, Lições de direito comercial, reprint, Lisboa, Lex, 1994
CORREIA, Luis Brito, Direito comercial, Lisboa : A.A.F.D.L., [198-?]-1990
CORREIA, Miguel J. A. Pupo, Direito comercial, 3ª edª. rev. e aumentada, Lisboa, Universidade
Lusíada, 1994
DELGADO, Abel, Lei uniforme sobre letras e livranças - anotada, ª ed., Petrony, Lisboa
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Coimbra Editora, 1994
MARTINEZ, Pedro Romano (e outros), Garantias de cumprimento, 2ª ed., Almedina, Coimbra,
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NETO, Aurora Silva, Legislação Comercial, Ediforum, Lisboa, 1998
PITA, Manuel António, Direito comercial, Lisboa, Edifisco, 1992
SANTOS, António Carlos (e outros), Direito Económico, Almedina, Coimbra, 1995
VASCONCELOS, Pedro Pais de, Direito comercial : títulos de crédito, Lisboa, AAFDL, 1989.

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