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Reflexão

http://dx.doi.org/10.1590/0104-07072017002760017

O USO DAS FONTES NA CONDUÇÃO DA PESQUISA HISTÓRICA

Maria Itayra Padilha1, Maria Lígia dos Reis Bellaguarda2, Sioban Nelson3,
Ana Rosete Camargo Maia4, Roberta Costa5

1
Doutora em Enfermagem. Professora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC). Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. E-mail: itayra.padilha@ufsc.br
2
Doutora em Enfermagem. Professora do Departamento de Enfermagem da UFSC. Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. E-mail:
bellaguardaml@gmail.com
3
Doutora em Filosofia em Ciências Humanas. Vice-reitora, Academic Programs of Lawrence S. Bloomberg Faculty of Nursing. University
of Toronto. Toronto, Canadá. E mail: sioban.nelson@utoronto.ca
4
Doutora em Enfermagem. Professor do Departamento de Enfermagem da UFSC. Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. E-mail:
ana.maia@ufsc.br
5
Doutora em Enfermagem. Professora do Departamento de Enfermagem e Pós-Graduação em Enfermagem da UFSC. Florianópolis,
Santa Catarina, Brasil. E-mail: roberta.costa@ufsc.br

RESUMO
Objetivo: instrumentalizar pesquisadores, estudantes e interessados em história da enfermagem e saúde na condução de estudos com a
metodologia da história oral, documental e estudos iconográficos.
Método: reflexão teórico-metodológica realizada à luz da experiência e conhecimento dos autores que orienta a compreensão da utilização
da história oral, documental e iconográfica.
Resultados: explicita os tipos de abordagem e seus detalhamentos desde a etapa de coleta, organização, tratamento, análise e interpretação
dos dados. A condução da Pesquisa Histórica tem relação direta com a preservação e a qualidade dos documentos, situando-se no campo
das pesquisas qualitativas que utilizam estratégias metodológicas diferenciadas e validadas para a construção do conhecimento histórico.
Conclusão: o conhecimento e a instrumentalização sobre o desenvolvimento de pesquisas históricas em Enfermagem e saúde, utilizando
adequadamente os métodos, técnicas ou disciplinas para sua implementação, propicia a melhoria na qualidade dos estudos sóciohistóricos
e sua utilização.
DESCRITORES: Pesquisa. História. Enfermagem. Método. História oral. Documentos. História da enfermagem. Iconografia.

THE USE OF SOURCES IN HISTORICAL RESEARCH

ABSTRACT
Objective: to equip authors, researchers, students and anyone interested in the history of nursing and health to develop research using
oral and documentary history and iconographic studies.
Method: theoretical methodological reflection in the light of the authors’ experience and knowledge, guiding the understanding about the
use of oral, documentary and iconographic history.
Results: expresses the types of approaches and their details, ranging from the collection, organization and treatment to the analysis and
interpretation of the data. The development of Historical Research is directly related with the preservation and quality of the documents,
as part of qualitative research that uses different and validated methodological strategies to construct historical knowledge.
Conclusion: the knowledge and tools to develop historical research in Nursing and health, appropriately using the methods, techniques
or disciplines for its implementation, favor improvements in the quality and use of sociohistorical studies.
DESCRIPTORS: Research. History. Nursing. Method. Oral history. Documents. Nursing history. Iconography.

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Padilha MI, Bellaguarda MLR, Nelson S, Maia ARG, Costa R 2/10

EL USO DE LAS FUENTES EN LA CONDUCCIÓN DE LA INVESTIGACIÓN


HISTÓRICA
RESUMEN
Objetivo: Instrumentalizar a los investigadores, estudiantes e interesados ​​en historia de la enfermería y salud en la conducción de estudios
con la metodología de la historia oral, documental y estudios iconográficos.
Método: reflexión teórica metodológica realizada a la luz de la experiencia y conocimiento de los autores que orienta la comprensión de
la utilización de la historia oral, documental e iconográfica.
Resultados: explicita los tipos de enfoque y sus detallados desde la etapa de recolección, organización, tratamiento, análisis e interpretación
de los datos. La conducción de la Investigación Histórica tiene una relación directa con la preservación y la calidad de los documentos,
situándose en el campo de las investigaciones cualitativas que utilizan estrategias metodológicas diferenciadas y validadas para la
construcción del conocimiento histórico.
Conclusión: el conocimiento y la instrumentalización sobre el desarrollo de investigaciones históricas en Enfermería y salud, utilizando
adecuadamente los métodos, técnicas o disciplinas para su implementación, propicia la mejora en la calidad de los estudios socioeconómicos
y su utilización.
DESCRIPTORES: Investigatión. Historia. Enfermería. Método. Historia oral. Documentos. Historia de la enfermería. Iconografía.

INTRODUÇÃO como missão publicar estudos relativos a História


da Enfermagem e Saúde, a História da Enfermagem
A Pesquisa Histórica na enfermagem teve seu
- Revista Eletrônica (HERE). Atualmente, este co-
avanço intensificado no Brasil a partir da década de
nhecimento está consolidado por meio dos produtos
1980 e se consolidou como campo de conhecimento
publicados em teses e dissertações, dos grupos de
na década de 1990. Ao nosso ver, isto se deve a duas
pesquisa e das linhas de pesquisa na maioria dos
razões. Primeiro, o impulso que os Programas de
programas de pós-graduação em enfermagem.
Pós-Graduação tiveram a partir desta primeira dé-
cada, e aí não nos referimos apenas à enfermagem, Visando contribuir com a qualidade dos ar-
mas a todas as áreas de conhecimento. A segunda tigos científicos que vinham sendo produzidos e
razão, não menos importante que a primeira foi a subsidiar metodologicamente os autores na cons-
criação dos grupos de pesquisa com enfoque em trução de seus textos, em 2005, Padilha e Borens-
história da enfermagem e saúde em todo o Brasil, tein3 publicaram o artigo intitulado O método da
sendo o primeiro, o Núcleo de Pesquisa em História pesquisa histórica na enfermagem, o qual até hoje
da Enfermagem Brasileira (NUPHEBRAS) na Escola vem sendo citado por inúmeros pesquisadores, es-
de Enfermagem Anna Nery vinculado à Universi- tudantes e interessados em pesquisa histórica, para
dade Federal do Rio de Janeiro. A partir deste grupo fundamentar seus trabalhos. Aquele texto tinha por
e de outros, muitos futuros mestres e doutores foram objetivo “apresentar ao leitor a pesquisa histórica
incentivados a estudar a história da profissão em como método, buscando instrumentalizar os pro-
suas várias nuances e difundir esta linha de pes- fissionais de saúde e áreas afins para a construção
quisa em todo o território nacional. Considerando de uma pesquisa histórica em todas as suas etapas
a abundância da produção científica nesta área, em constituintes”.3:576
2000 foi decidido no 59o Congresso Brasileiro de A partir das leituras e observações dos estudos
Enfermagem, realizado pela Associação Brasileira históricos que vêm sendo publicados ao longo do
de Enfermagem (ABEn) propor a criação de uma tempo, com os resultados de pesquisas científicas
linha de pesquisa no Conselho Nacional de Desen- sobre os mais variados temas que permitem o olhar
volvimento Científico e Tecnológico (CNPq) focada histórico, verificamos que estes estudos, apresentam
para estudos de cunho histórico.1 A ampliação dos na descrição metodológica a opção pelo método, téc-
estudos nesta área também foi comprovada em nica ou fontes utilizadas. Esta descrição normalmen-
estudo acerca dos grupos de pesquisa em história te é definida pelo objeto de estudo que está sendo
da Enfermagem no Brasil, quando os autores de- investigado, pelo recorte histórico selecionado ou
tectaram um crescimento exponencial de grupos outros aspectos que possibilitem ao pesquisador
de pesquisa nesta área, a partir da década de 1990.2 ter um olhar mais profundo, concreto e crítico sobre
Em 2010, como prova da fortaleza da pesquisa este objeto. As fontes, mais frequentemente, cita-
em história da enfermagem e saúde, é criado o De- das pelos autores são as orais, as documentais e as
partamento de História da Enfermagem, vinculado iconográficas, integradas ou não ao mesmo estudo
ao Centro de Pesquisas em Enfermagem (CEPEN/ investigado. Dentre as primeiras, incluem-se os es-
ABEn), assim como, o primeiro periódico que tem tudos biográficos, temáticos ou de vida; e dentre as

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segundas, incluem-se o texto escrito manual, jorna- identidades coletivas em narrativas coerentes, sejam
lístico, artigos científicos, atas, teses e dissertações, elas nacionais ou profissionais, ou limitadas pela
dentre outros. Como fontes iconográficas normal- classe, raça ou gênero, mas também narrativas de
mente incluem-se as fotografias, filmes, roupas e triunfo ou narrativas de opressão.
outros artefatos de momentos e pessoas históricas. Para o historiador, o trabalho é entender as
O método historiográfico apresenta especificidades relações entre o contexto social, como grandes
que se referem à fonte de informação, à tempora- questões políticas e econômicas (guerra, migração,
lidade e a diferentes realidades. Apontam recortes recessão) e questões sociais (mudanças na posição
temporais, relativos à periodicidade; espaciais, em das mulheres na sociedade, mudanças na tecnologia,
que há o agrupamento da história em territórios, melhorias na educação), de modo que eles sejam
época ou tendência e, recortes temáticos.4-5 capazes de ler como essas forças se modelam e se
Como a descrição das estratégias metodológi- desenrolam na entrevista de história oral de cada
cas se orientam por diferentes referenciais teóricos sujeito individualmente. Assim, o historiador pode
e metodológicos, este texto tem por objetivo instru- ver como a subjetividade individual é ativamente
mentalizar aos autores, pesquisadores, estudantes moldada e como a narrativa se desenrola em múl-
e interessados em história da enfermagem na tiplos níveis na sociedade.9
condução de estudos que abordem a história oral, O termo história oral foi utilizado inicialmen-
a pesquisa documental e os estudos iconográficos. te no ano de 1948, no livro The oral history project,
da autoria do professor Allan Nevis, da Columbia
University, elaborado a partir de depoimentos
A HISTÓRIA ORAL EM SUAS VÁRIAS
orais gravados em fita cassete.4 A intensificação do
FACES interesse no tema aconteceu durante as décadas de
Neste tópico daremos um enfoque específico 1960 e 1970, com a criação de centros de pesquisa,
à história oral e sua importância nos estudos quali- da Fundação Oral History Association, e a inclusão
tativos e a forma como é apreendida como método, de publicações históricas no “National Union Catalog:
disciplina ou técnica. A história oral é utilizada por Manuscript Colletions” da Biblioteca do Congresso
diversas disciplinas das ciências humanas, sociais, Americano.10 A partir daí, sua difusão para outros
saúde e ultimamente nas pesquisas históricas da países da Europa ocorreu quase que imediatamen-
enfermagem na construção de Biografias de perso- te, passando a fazer parte dos currículos em países
nagens de destaque da profissão, na construção de como Alemanha, Grã Bretanha, Itália e França,
histórias de vida, acervos de entrevistas orais, na consolidando sua utilização.11
tradição oral com a história de grupos, na história No Brasil, o movimento que iniciou a aceita-
oral temática como também em autobiografias. ção da história oral aconteceu em 1971, no Museu
Um dos objetivos da história oral é dar voz e ci- da Imagem e do Som, com uma mostra dedicada
dadania às pessoas anônimas, isto é, trazer à luz à memória cultural brasileira. A partir daí, outros
as realidades que o texto construido não consegue eventos foram acontecendo e resultando na criação
transmitir ou testemunhar eventos, contextos sociais de centro de pesquisa e laboratórios em história oral,
ou culturais.6-8 especialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo.12-13
Mas apesar de seus muitos pontos fortes e sua Atualmente, a História Oral vem sendo utili-
importância como um método, a história oral en- zada pela Enfermagem na valorização de narrativas
frenta desafios. A interpretação da história de uma orais e no resgate das memórias dos profissionais de
única pessoa necessita ser feita com grande cuidado. enfermagem que construíram a profissão. A História
As narrativas não são compostas por fatos, mas por Oral é reconhecida como uma história viva, pul-
memórias e construções que mudam ao longo do sante que nunca se encerra, causando fascínio aos
tempo e misturam narrativas sociais mais amplas entrevistadores por valorizar o sujeito/indivíduo
nesta construcão. O trabalho de Penny Summerfield9 em sua trajetória de vida, sendo seu testemunho
em Londres durante a Segunda Guerra Mundial uma importante ferramenta para a reconstrução da
ilustrou a maneira pela qual, especialmente em tem- história de vida, assim como da história da categoria
pos de grande revolta social e política, uma narrativa profissional e da profissão.14-15
individual se confunde e até mesmo é dominada A história oral pode ser conceituada como
pela narrativa predominante. Essas grandes nar- “um método de pesquisa e de constituição de fontes
rativas organizam a experiência individual dentro para o estudo da história contemporânea surgida
da complexidade da agitação social, moldando as em meados do século XX, após a invenção do gra-

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vador a fita. Ela consiste na realização de entrevis- familiar, as memórias, as autobiografias, a ego-his-
tas gravadas com indivíduos que participaram ou tória, os diários, as entrevistas na mídia e os objetos
testemunharam acontecimentos e conjunturas do de cultura material como fotos, objetos pessoais
passado e do presente”.15:155 Na pesquisa histórica, e outros.18,20 É importante destacar que tanto nos
a história oral pode ser utilizada de três modos estudos da história oral de vida como da biografia
diferentes:3 a) Como disciplina: “a história oral podem ocorrer conflitos nas informações fornecidas
inaugurou técnicas específicas de pesquisa, proce- sobre o momento histórico/tema de pesquisa, neste
dimentos metodológicos singulares e um conjunto caso o pesquisador deve ir em busca das evidências
próprio de conceitos; este conjunto, por sua vez, históricas para fundamentar a informação coletada.
norteia as outras duas instâncias, conferindo-lhes Quando a questão de investigação exige uma
significado e emprestando unidade ao novo campo observação/análise de grupos de indivíduos, uma
do conhecimento”;10:7 b) Como técnica: compreende abordagem frutífera pode ser a da prosopografia. Na
um conjunto de procedimentos para busca de infor- prosoptografia, os detalhes individuais são reunidos
mações, sendo que as entrevistas são mecanismos para construir um grupo específico de sujeitos. O
de operação capazes de guiar a pesquisa; c) Como fenômeno das enfermeiras líderes - mulheres de
método: recurso que indica procedimento organi- grande conhecimento, educação e experiência de
zado e rígido de investigação, capaz de garantir vida que atuam em uma rede fechada - poderia
a obtenção de resultados válidos para atingir os ser detalhadamente analisada por essa abordagem
objetivos do projeto. Privilegia a entrevista como metodológica, que capta o máximo de detalhes pos-
ponto essencial dos estudos.10,15 síveis de cada membro do grupo e usa as evidências
acumuladas para discutir sobre o fenômeno em
questão, como eles operam dentro das instituições
A história oral temática
ou dentro de certos setores da sociedade, ao invés
Esta tem sido utilizada como uma técnica, na de estudar a vida individual dos atores históricos.21
qual as entrevistas têm caráter temático específico Aspectos essenciais na utilização da história oral
para o grupo de estudo, sendo que o entrevistador como método ou como técnica13
visa esclarecer os fatos a partir da fala dos entrevis-
a) Só pode ser empregada em pesquisas sobre
tados e da busca de outras fontes documentais. Essa
temas do presente, ou seja, que a memória dos
modalidade de pesquisa pode ser considerada como entrevistados alcance. A realização de entrevis-
método ou técnica, sendo definida para esclarecer tas pressupõe o estudo do acontecimento e/ou
situações conflitantes e/ou polêmicas.16-17 conjunturas ocorridas num espaço de aproxima-
damente 50 a 60 anos;
A história oral de vida b) A história oral deve ser uma produção de docu-
Expressa a narrativa dos sujeitos sobre sua mentos históricos para o futuro;
experiência de vida. Normalmente o roteiro de en- c) Para evitar os casos e acasos presentes na história
trevista utilizando esta técnica de coleta de dados é oral, é conveniente a realização de entrevistas que
preparado pelo pesquisador de modo a estabelecer acompanhem a trajetória de vida dos informantes
uma linha do tempo para o encadeamento dos fa- ou concentrar as atenções em apenas um período
tos relatados pelo entrevistado. Este enfoca desde específico de suas vidas. A ênfase é dada a questões
a infância até o tempo histórico que interessa ao de interesse factual ou informativo, ou a questões
pesquisador, que pode ser um momento do passa- de cunho interpretativo, que exijam do depoente
do ou do presente. As perguntas norteadoras são um trabalho de reflexão crítica sobre o passado;
agrupadas em blocos para facilitar a visualização do d) O pesquisador é responsável e tem participação
desencadeamento dos relatos pelo entrevistado.8,13,17 direta na produção do documento de história
oral, permitindo assim uma constante avaliação
do documento ainda durante sua constituição.
A biografia
O documento final privilegia a recuperação do
Tem sido utilizada pelos historiadores da his- vivido conforme concebido por quem viveu a
tória oral a fim de resgatar a memória de pessoas história. A posição do entrevistador é muito
significativas para a história. A biografia é tida pelos relevante nesta criação do concebido sobre o
historiadores como o “mergulho na alma”, a escrita vivido tornando imprescindível a sua honesti-
de si, revelando a intimidade do entrevistado, assu- dade, sua sensibilidade e sua competência na
mindo dimensões como a memória ou tradição oral condução da entrevista;

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e) Em relação ao registro da entrevista de história A pré-entrevista é a etapa que corresponde à


oral em sua transcrição deve ser considerada em preparação do encontro para gravação das entrevis-
função das condições de sua produção e atuali- tas, exposição do projeto para a rede e explicação
zada através da linguagem falada.18 de sua participação. O entrevistador deve ter o
cuidado com o agendamento e o local da entrevista,
Com relação ao entrevistado na coleta de o ambiente adequado e a criação de um clima de so-
lidariedade profissional, aconchegante e de respeito.
dados orais
Na entrevista, o entrevistador deve atentar
A escolha dos participantes ou grupo de parti- para identificar adequadamente o entrevistado,
cipantes para a realização da entrevista utilizando a ouvir atentamente, deixar o entrevistado à vonta-
metodologia/técnica de história oral é chamada por de; respeitar o tempo do entrevistado na resposta
alguns autores de comunidade de destino.8,15-16 Esta as perguntas, entendendo que este vai recorrer à
é composta por pessoas, clãs e/ou grupos expostos, memória de um tempo passado para lhe fornecer a
seus fundamentos psicológicos, de gênero e orien- informação; coletar o máximo de informações pos-
tação política, cultural e sexual. Por exemplo, na síveis, e se necessário, agendar um novo encontro;
enfermagem, se estamos estudando os profissionais e, antes de mais nada, orientar o entrevistado sobre
que contribuíram com a história de uma instituição, os cuidados éticos que serão tomados com os dados,
denominaríamos de comunidade de destino, a todos além do consentimento livre e esclarecido e o termo
os profissionais que trabalharam ou trabalham na de cessão da entrevista.8,13
instituição em determinado período de tempo. A
segunda parte da seleção dos sujeitos denomina-se As perguntas norteadoras a serem formuladas
de colônia, a qual visa organizar a condução dos ao entrevistado dependerão da modalidade de his-
estudos. É sempre um grupo amplo, do qual se tória oral escolhida pelo entrevistador. No caso da
originará a rede. O pesquisador deve estar atento história oral temática versarão sobre a vivência do
para que a colônia possua características peculiares entrevistado no tema escolhido e no recorte histórico
e elos com a comunidade de destino, entretanto selecionado. Já na história de vida, o interesse estará
não há um roteiro pré-estabelecido para a seleção. voltado para a história da vida do entrevistado para
A colônia no exemplo citado anteriormente, seria a o enfrentamento de uma determinada situação que
definição geral da composição dos sujeitos entre- iniciou no passado e pode continuar no presente.
vistados que tivessem as mesmas características, ou Na biografia, o interesse do pesquisador se dará
seja, formação, unidade de trabalho, posto, tipo de na vida do entrevistado como um todo, a fim de
atuação, idade, gênero, dentre outras. conduzir o texto biográfico tratando de aspectos
pessoais, profissionais e cotidianos.13 O entrevista-
A definição final dos sujeitos da pesquisa
dor pode adotar um diário de campo que auxiliará
histórica que serão convidados a participarem da
nas anotações de observações efetuadas durante a
entrevista, é chamada de rede. Esta é, portanto, a
entrevista, das relações interpessoais e a trajetória da
subdivisão da colônia e atende aos objetivos espe-
coleta das informações, o que auxiliará na reflexão
cíficos propostos pelo entrevistador em seu projeto.
acerca do conjunto da pesquisa. Ao encerrar a entre-
A rede parte da entrevista zero (guia) como ponto
vista, o entrevistador deve observar se os objetivos
orientador da formação das redes subseqüentes por
da pesquisa foram contemplados e deixar claro o
meio das próximas entrevistas.8,15-16
momento do término da entrevista ao entrevistado.
A pós-entrevista é a etapa da continuidade
Com relação ao momento da entrevista das entrevistas e dos agradecimentos através de
A entrevista é o momento essencial para a cartas, telefonemas ou e-mails, com a intenção de
coleta da história oral dos sujeitos do estudo, in- estabelecer o fluxo do processo.
dependente se estivermos falando de história oral
temática, biografia ou história de vida. O entrevis- O processamento da entrevista: da transcrição
tador deve estar apropriado do tipo de história oral
à transcriação
que utilizará com perguntas norteadoras, seleção
do entrevistado e deverá conhecer sua biografia. É Neste momento da pesquisa de história oral
composta pela pré-entrevista, entrevista e pós-en- chamamos a atenção para um dos momentos mais
trevista. Nada impede que numa pesquisa tenham importantes da pesquisa, que consiste da passagem
vários entrevistadores, desde que treinados e co- da entrevista da forma oral para a escrita visando a
nhecedores das etapas do projeto de pesquisa.3,8,13 construção do documento histórico. Este momento

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é chamado de processamento da entrevista que transcrição que elas serão incluídas no texto escrito.
compreende as etapas de transcrição, conferência Um tipo de marcação utilizada é a Interrupção de
de fidelidade da transcrição e copidesque.18 Gravação. Esta marcação permite ao pesquisador
Para que o processamento aconteça de for- que consulta a entrevista compreender mudanças
ma organizada e com qualidade é aconselhável: de assunto ou abordagem que ocorrem após inter-
elaborar uma ficha de orientação para a escuta, da rupção da conversa. É sinalizada com colchetes no
qual constam todas as “informações necessárias a local onde ocorrem.
compreensão do depoimento, desde a lista de nomes A transcriação se compromete em ser um texto
próprios proferidos, passando pela explicação de recriado em sua plenitude especialmente para evitar
trechos pouco claros, pela correção dos dados inexa- vícios de linguagem, gírias, erros gramaticais ou
tos e o esclarecimento de palavras ou frases difíceis ideias mal formuladas. Com isso afirma-se que há
de entender, até a descrição de gestos, expressões interferência pesquisador/autor no texto que será
faciais ou outras circunstâncias que acompanham e legitimado na conferência.18
muitas vezes alteram o conteúdo do discurso”.15:174 A carta de cessão da entrevista ao entrevista-
A transcrição3 deve ser preferencialmente dor poderá ocorrer contemplando a totalidade da
realizada pelo entrevistador ou por equipe fixa entrevista ou apenas algumas partes dela. Nesta
de transcritores. Alguns pesquisadores defendem carta o entrevistado cede o direito de utilização e
que a transcrição deve ser fidedigna da fala verbal divulgação das informações contidas na entrevista e
e não verbal, assim como dos ruídos constantes no de sua identidade. Dependendo do objeto de estudo,
momento da entrevista. A transcrição na história pode conter a autorização para o uso do nome do
oral visa dar vida ao tempo vivido e a experiência do entrevistado no estudo e não pseudônimo. Todos
entrevistado no tempo histórico que se está tratando. os limites de utilização da entrevista devem estar
É importante que antes de começar a transcrição descritos na carta de cessão de forma clara e pessoal,
propriamente dita, que o entrevistador/transcritor sendo preferencialmente registrada em cartório.8,13,18
ouça um trecho gravado, para se acostumar com o O arquivamento consiste na guarda do ma-
ritmo da entrevista e o falar característico de cada terial coletado em ambiente seguro, garantindo o
pessoa. É necessário que o transcritor se esforce em uso imediato ou posterior. O entrevistador deve
ouvir as frases, antes de transcrevê-las. Isso impede ter cópias das gravações, em locais diferentes. Es-
que ele antecipe palavras ao entrevistado antes de tas devem ser catalogadas com data, local, tema e
ter ouvido a conclusão de seu pensamento, e facilita situação da entrevista; as caixas de guarda devem
a pontuação, evitando que encerre uma sentença ser identificadas. A conservação do acervo é de total
onde há apenas uma pausa. responsabilidade do entrevistador (temperatura,
manuseio, luz, poeira, dentre outros).
Como é realizada a apresentação do material Os cuidados éticos devem ser vivenciados
e respeitados em todas as etapas da pesquisa. Na
transcrito?
entrevista, o pesquisador deve ter claro sua respon-
A pessoa que está realizando o trabalho de sabilidade para não prejudicar o entrevistado com
transcrição deve reproduzir tudo o que foi dito, relação ao exposto, ter cuidados com colocações pes-
sem fazer cortes ou acréscimos, oportunidade em soais da vida do entrevistado e ter a responsabilidade
que realiza a conferência da fidelidade e de copi- de realizar a devolutiva da pesquisa à rede/colônia,
desque. Caso não consiga compreender determi- através da apresentação dos produtos da pesquisa.
nada palavra ou trecho, deve indicar a ocorrência
entre colchetes e em negrito para ser reconhecida
A PESQUISA DOCUMENTAL COMO INS-
no momento da conferência de fidelidade. As pa-
TRUMENTO ESSENCIAL E COMPLEMEN-
lavras devem ser escritas de acordo com a norma
ortográfica. As marcações ocorrem na passagem TAR
de narrativas orais para a forma escrita onde são A compreensão histórica como conhecimento
necessárias para informar o pesquisador sobre os científico elucida significados para a enfermagem
elementos que ultrapassam o conteúdo estrito das e sobre a profissão e, para as relações que se esta-
palavras proferidas. Elas têm função de suprir al- belecem no cenário social e de saúde. Da mesma
gumas das deficiências que resultam da passagem forma, o estudo histórico traz à tona acepções que
do documento escrito como reproduzir o tom de contextualizam sócio-econômica e politicamente
voz, seu ritmo, sua pronúncia. É no momento da a evolução profissional. Diante disso, a historio-

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grafia é o conhecimento direto e de observação da A comparação aparece na pesquisa histórica para


sociedade e das particularidades dos indivíduos e explicar os dados, as realidades postas e eventos
fatos, que emergem de testemunhos, materiais e de acordo com as teorias definidas para o estudo.
documentos. Aos fatos será atribuída relevância a Quando o historiador busca a informação em
partir da interpretação e tratamento do historiador documentos, para fundamentar a pesquisa precisa
e, de como e que questionamentos faz às evidências.3 classificar as fontes históricas para empreender a
Na pesquisa, a utilização de documentos pro- avaliação desses documentos e para imprimir rele-
picia o alcance de informações objetivas no contexto vância ao estudo histórico.19 O pesquisador dispõe
subjetivo da história. Ao adentrar na utilização do- de critérios de classificação do material historiográ-
cumental, faz-se mister compreender, no que tange fico que se referem à procedência das fontes diretas
à exploração e tratamento dos materiais, o exame ou indiretas; a intencionalidade que pode se apre-
desses documentos a partir do método, da técnica e sentar como voluntária ou involuntária; critério de
da análise histórica. Os documentos aparecem como qualidade que constitui o material e/ou cultural; e, o
fontes e são materiais contemporâneos ou retrospec- critério quantitativo que analisa a fonte advinda de
tivos que contêm matérias orais e escritas, textos de meios tecnológicos, digitalizados e informatizados.
gêneros diversos, vestígios e documentos adminis- A documentação escrita traz em seu rol de ma-
trativos, livros, e outros materiais bibliográficos. A teriais de investigação, a arquivista, a bibliográfica e
temporalidade é evidenciada por uma cronologia, a hemerográfica. A primeira centra-se na documen-
respeito à sucessão do tempo. E a globalidade tação de arquivo, de informações factuais, papiros,
denota a investigação de todas as atividades da so- inscrições ou manuscritos. A fonte bibliográfica
ciedade, coletivas e individuais. Entendemos desta caracteriza-se pela exploração de materiais acadê-
forma, que a pesquisa histórica tem a documentação micos, como teses, dissertações, artigos científicos,
como método quando é universo de informações livros, e, a terceira, o material hemerográfico corres-
historiográficas e apresenta processos de escolha, ponde aos estudos decorrentes da imprensa, censos,
organização, análise e síntese. Em explicação, as informes, anuários, estatísticas, obras seriadas.4
técnicas correspondem ao conjunto de operações
Com os documentos escolhidos e explorados,
de coleta, observação e tratamento das informações,
o olhar do pesquisador recai sobre a análise das
para converter os fatos em dados analisáveis.
informações, que emergem do material histórico.
A análise e crítica das fontes e observação É uma etapa em que o historiador compreende os
documental, na metodologia historiográfica, são fatos, os interpreta, sintetiza as informações e, os
uma obrigatoriedade. Define-se pelo conjunto de estuda em consonância com o referencial teórico,
técnicas que permite constatar a confiabilidade e objetivo e contexto em estudo.
adequação das informações, para a apreciação e
A essencialidade dos documentos para a pesqui-
explicação de processos históricos, ou seja, apurar a
sa histórica está diretamente relacionada à escrita da
credibilidade e a representatividade do material.19
história, linguagem utilizada, símbolos e signos do do-
Estas características, para a confiabilidade das
cumento propriamente dito e da riqueza do que de seu
fontes, precisam estar intimamente relacionadas
conteúdo o historiador traduz como conhecimento.
aos pressupostos, hipóteses dos fatos a serem es-
tudados e a decisão metodológica.
A confiabilidade requer, para a crítica docu- AS FONTES ICONOGRÁFICAS E SUA
mental, variadas técnicas, as quais incluem arqueo- IMPORTÂNCIA NA PESQUISA HISTÓRICA
logia, laboratórios, técnicas arquivistas, críticas Ao tratar de fontes iconográficas é importante
textuais e, principalmente, conhecer a história da dizer de que se trata: nos estudos históricos pode-
própria fonte.1 mos considerar como tal, as pinturas, fotografias,
Para iniciar uma pesquisa documental, na anúncios publicitários dentre outros, que podem
perspectiva histórica, é imprescindível que o histo- ser importantes como fontes históricas de alguma
riador se aproprie dos locais onde pode encontrar os sociedade nas quais foram produzidos. “A pesquisa
materiais de análise, e as fontes que são importantes iconográfica pode enriquecer um texto sobre um
para responder à hipótese e ao método do estudo em período histórico com imagens de esculturas, obras
pauta e, além disso, se essas fontes são confrontáveis arquitetônicas, quadros ou fotografias de pessoas.
e comparáveis. A confrontação é a atividade de ex- A iconografia de uma obra editorial “é o conjunto
perimentação, que relaciona informações e confirma das imagens que integram essa obra, seja um livro,
os fatos elencados pela hipótese, para validação. série ou coleção”.20:14

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Os termos iconografia e iconologia foram re- olhando apenas como imagem ilustrativa, sendo
lançados no universo da história da arte durante as necessário um maior desprendimento no sentido de
décadas de 1920 a 1930. Em 1953 foi publicado pelo ter um olhar mais sensível, para ler o que realmente
escritor italiano Cezare Ripa um livro renascentista há por trás de tal representação. E esta maneira de
de imagens com o título de Iconologia, que tinha por olhar de forma peculiar a pintura histórica, tem que
objetivo servir aos artistas da época e orientá-los na provir do historiador, uma vez que: “a tarefa do his-
representação de subjetividades, tais como virtudes, toriador é recuperar a visão de período, a maneira
vícios, sentimentos e paixões humanas. Esta obra de ver culturalmente específica, peculiar”.26:260 É
foi considerada um tratado de arte e uma referência fundamental o questionamento das imagens, pois
para o estudo da iconografia, cujo termo, só começa elas trazem informações que não estão à mostra e
a ser utilizado no início do século XIX.22 o desvelamento tem que ser realizado para encon-
O que diferencia a iconografia da iconologia trar o que está por trás da imagem ali expressa. As
é que a primeira pode ser considerada um método problematizações, as hipóteses, as contraposições
analítico e a segunda um método sintético.20 A ico- devem existir em torno da imagem, a fim de revelar
nografia é uma prática de erudição por excelência, a sua essência, há sempre um significado do outro
trata de catalogar, examinar e descrever a ocorrên- lado do que é representado.27
cia de certos elementos visuais, é uma disciplina Isso requer que sejam realizadas inferências
descritiva. A iconologia é um método histórico que em torno do que a imagem representa, quando foi
tem por objetivo fazer a síntese dos dados obtidos criada e para qual uso ou finalidade.26 As imagens
na análise iconográfica. O uso da iconologia para a históricas são recheadas de intencionalidades,
pesquisa das obras de arte empreende uma grande cabendo a quem irá trabalhar com elas um ques-
contribuição, pois a partir da iconografia de uma tionamento e um investigar, a fim de contrapor,
obra de arte que explicitaria o tema desta e a ico- argumentar, levantar hipóteses e buscar evidências
nologia permite construir um discurso situado na de fatos que possam ser verificados, refutados e
historicidade da obra e apresentar a história. construídos com novas perspectivas de análise,
buscando sempre a relação que estas imagens po-
Dentre as fontes iconográficas, a fotografia,
dem ter no passado e presente e de que forma se
foi ganhando cada vez mais espaços em todos os
constituirão em elementos para o futuro.
campos de investigação.22-23 Do ponto de vista da
pesquisa histórica, a fotografia, demorou a encontrar
o seu lugar entre as fontes históricas, tendo sido A ANÁLISE HISTÓRICA
incorporada, especialmente, desde Marc Bloch, um Os conteúdos documentais na pesquisa his-
dos fundadores da Revista dos Annales.22 Na área tórica são analisados por técnicas qualitativas por
da enfermagem, foram desenvolvidas algumas meio da análise de conteúdo e análise do discurso.3
dissertações e teses, além de artigos cientificos que
abordaram aspectos relativos a identidade profes- A análise de dados históricos, sob as técnicas
sional, por meio dos uniformes, das posturas, dos quantificadoras, atua como instrumento de tratamen-
gestos e sua representatividade.24-25 to dos dados. Na pesquisa histórica a quantificação
mostra-se como possibilidade de estabelecimento
Entende-se que a fotografia em si precisa de de relações e explicações comportamentais. O pro-
outras fontes que a subsidiem, considerando alguns cesso de análise dos documentos sobre o conteúdo
aspectos: um apego à tradição textual além das di- é realizado sob dois pontos, a unidade de registro
ficuldades que o pesquisador encontra no processo e a unidade de conteúdo. O pesquisador escolhe
de pesquisar. Também não pode se esquecer das segmentos próprios dentro do texto para realizar a
questões relativas à própria realidade fotográfica, análise como a frequência de aparição de palavras,
as múltiplas formações dos pesquisadores, que ou expressão ou personagens. A unidade de registro
orginam visões diferenes sobre o mesmo objeto, explora o contexto em que aparecem as palavras ou
além da natureza técnica da imagem fotográfica.22 unidades.21,28 A partir desta codificação dos conteú-
O próprio ato de fotografar, apreciar e consumir fo- dos documentais são realizados registros, que podem
tografias, e os problemas relacionados com a análise seguir a forma de anotações no próprio material de
do conteúdo da mensagem fotográfica.23 codificação, ou a distribuição em esquemas e sínteses.
Por narrar esteticamente o passado, a icono- As anotações registradas precisam ser aproximadas
grafia resgata a memória e a compreensão da visão pela significação e tema, após a leitura intensa de
de um determinado período histórico, muitas ve- todo o material essas junções resultam na categoria de
zes, um passado ignorado por aqueles que acabam análise. A categorização é o conjunto de significância

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O uso das fontes na condução da pesquisa histórica 9/10

que emergiu da observação historiográfica é nesta 4. Aróstegui J. A pesquisa histórica: teoria e método.
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Neste contexto, a enfermagem enquanto profissão 9. Summerfield Penny. Reconstructing Women’s Lives:
da saúde tem uma historicidade que necessita ser Discourse and Subjectivity in Oral Histories of the
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revisitada em suas representações objetais/sim-
University Press; 1998.
bólicas/sagradas, culturais, sociais, econômicas e
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11. Joutard P. História oral: balanço da metodologia e da
todas suas dimensões revistando de forma crítica o produção nos últimos 25 anos. In: Amado J, Ferreira
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A enfermagem se fortalece a partir dos estudos de Janeiro (RJ): FGV; 2001. p. 267-77.
históricos, pois esses trazem à luz toda a historici- 12. Ferreira MM, Fernandes TM, Alberti V. História
dade imprimindo novas dimensões dos saberes e Oral: desafios para o século XXI, Rio de Janeiro (RJ):
práticas, com diversificadas visões do mundo e da Fiocruz/Casa Oswaldo Cruz/CPDOC- Fundação
ciência. A consolidação de metodologias da inves- Getúlio Vargas; 2000.
tigação histórica é fundamental para a construção 13. Padilha MI, Maia AR, Escobar VMJ, Borenstein
crítica e de inferência historiográfica. A reflexão MS. Metodología de la investigación histórica en
estabelecida neste texto traça estratégias de deter- enfermería. In: Prado ML, Souza ML, Monticelli M,
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minados métodos e técnicas da pesquisa histórica e
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Correspondência: Maria Lígia dos Reis Bellaguarda Recebido: 31 de março de 2017


Rua João Meirelles, 884, bl F, apto. 101 Aprovado: 29 de agosto de 2017
88085-201 – Florianópolis, SC, Brasil
E-mail:bellaguardaml@gmail.com

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