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RESUMO
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO
Dentre as ações que realmente possam traduzir-se em meios efetivos para que
a população possa apropriar-se dos bens culturais construídos pela humanidade,
exercitar a capacidade de discernimento, de reflexão, de criticidade e desenvolver
potenciais criativos, sem dúvida, a política educacional configura-se com importância maior
no âmbito das políticas sociais e como obrigação do Estado. No caso brasileiro, como tem
sido tratada a educação nacional? É preciso retroceder ao período da colonização
*
Mestre em Educação, Mestre em Serviço Social, Doutoranda em Serviço Social.
portuguesa e relembrar: índios teriam quer ser catequizados; escravos negros eram
animais de carga e aos demais, se pertencessem às elites, o privilégio da educação e da
cultura, em colégios religiosos ou na Europa .Quando Pedro I assume o Estado
Independente, em 1822, a população era analfabeta e as solicitações provinciais
relacionadas à escolaridade, traduzidas pelos deputados escolhidos para Constituinte,
reduziram-se a pó pelo arroubo absolutista do monarca que dissolvera a Assembléia. E
segue o país sem escolas. As administrações brasileiras durante quase três séculos não
empreenderam ações rumo à escolarização do povo e só na terceira década do século
XIX surgirá algum empenho neste sentido. “De 1834 a 1934, assiste-se no Brasil a uma
lenta mas contínua democratização do acesso à escola pública básica nas redes estaduais
e [...] nas municipais” ( MONLEVADE; SILVA, 2000, p.15). As mudanças sociais nos
períodos subseqüentes com o ingresso das camadas populares urbanas como mão-de-obra
na economia que se industrializava e a presença feminina no trabalho trazem contingentes
maiores à busca de escolarização o que restringe o acesso à escola pública ainda rara. O
analfabetismo permanece com a privação de escolaridade no meio rural. No período do
Regime Militar, a expressão do coronel Darcy Lázaro, citada por Germano (1994, p.105 ),
define o posicionamento ideológico da ditadura militar: ‘Se esta história de cultura vai-nos
atrapalhar a endireitar o Brasil, vamos acabar com a cultura durante trinta anos’. A
repressão apóia-se no obscurantismo, no controle político e ideológico da educação. A
política educacional será pautada no caráter liberal que irá permear o processo educacional
centrado na teoria do capital humano. O descomprometimento com a educação pública
gratuita é resultado da política econômica que prioriza o emprego de recursos na
acumulação do capital.
A condição de país periférico, de economia capitalista dependente do capital
internacional, submete o Brasil aos ditames das agências financeiras internacionais que
regulam a vida brasileira de acordo com as possibilidades de pagamento das dívidas
contraídas. Um dos pontos de ingerência tem sido a política educacional. Só assim a
Educação tornou-se objeto de amplas considerações por organismos estatais que têm por
finalidade tornar exeqüível o plano educacional destinado à população do país. Impelido por
compromissos assumidos internacionalmente o Estado brasileiro volta-se para a eficiência
da educação pública nacional, numa tentativa de reduzir o déficit educacional existente. Por
conta das falhas da educação escolar outras mazelas sociais são identificadas, das quais a
principal é a pobreza. Entretanto, não se pode abordar a questão da pobreza de forma linear
ou superficial, muito embora o Banco Mundial atribua à educação eficiente a superação do
empobrecimento. Afirma que a “[...] reforma educativa- entendida como reforma do sistema
escolar- é não só inevitável como também urgente. Postergá-la trará sérios custos
econômicos, sociais e políticos para os países.” (TORRES, 1998, p. 131). Sob a ótica
3 CONCLUSÃO
A escola tem por uma das finalidades a difusão da cultura. A ação, empreendida
pelo organismo escolar estabelece a mediação entre o caráter hegemônico da cultura de
determinada sociedade e os valores culturais que emergem da população. 0
questionamento da herança sócio-histórico-cultural permite determinar a relevância de
aspectos cuja validade é conferida pela comunidade social, via aparato educacional. A
possibilidade de avaliação consciente - aqui entendida como conhecimento de causa -dos
valores transmitidos e sedimentados via cultura predominante oportunizam a autonomia de
convicções. É papel da ação pedagógica criar espaço para o “livre pensar”. Nesse sentido, a
evidência de valores humanísticos voltados ao equilíbrio e harmonia da sociedade que
direciona esforços para diminuir desigualdades torna-se fundamental. É preciso educar
para a paz, para a tolerância mútua. A essência da ação pedagógica, segundo Gadotti
(1997), é o aprimoramento do próprio existir humano. A partir desse posicionamento é que a
prática pedagógica assume um sentido revolucionário, portanto imprescindível como
instrumento coletivo de transformação de uma realidade opressora em espaço de expressão
da liberdade democrática. É imprescindível que a política educacional brasileira
desenvolva-se acima dos preceitos da reprodução imposta pelo capital que domina o
Estado assuma uma atitude independente, cuja autonomia da formação humana que lhe é
concernente seja preservada, delegando-se a função educativa aos que a ela,
efetivamente, se dedicam. Não se pode tomar como centro de processo docente-educativo
a transmissão-acumulação de conhecimentos tão somente. O instrutivo implica no formativo,
encontrando na educação ética, moral e valorativa o encaminhamento necessário à
formação integral do sujeito, ampliando e conferindo novo enfoque ao desenvolvimento
humano. O desenvolvimento humano que se almeja prevê, além da autonomia intelectual, o
cultivo, a formação, o aprimoramento de valores éticos e morais indispensáveis ao homem
melhorado, senhor de si e de seu tempo porque é capaz de olhar ao seu redor e ampliar
sua visão para o mundo.
REFERÊNCIAS
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