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A “razão de Estado” na contenção do inimigo

Giovanna de Castro Resende Franco

Mestranda em Direito na linha de pesquisa História, Poder e Liberdade, pela Universidade


Federal de Minas Gerais - UFMG. Professora de Direito no Instituto Nova
Educação/Nova Faculdade (Contagem/MG).

Eje 4.- Cuerpo y vida: el castigo en los discursos filosóficos, jurídicos y políticos en
nuestro presente.

O debate que se propõe refletir busca demonstrar a permanência de um estado de


exceção que se coloca dentro de regimes democráticos, afastando diretos fundamentais a
determinadas vidas estigmatizadas, através de dispositivos legais que, de maneira
desarrazoadas, buscam a neutralização daquele que se imputa a condição de inimigo
social. Nesse estudo se evidencia o presidiário, a vida encarcerada, na qual o poder
punitivo comumente suspende direitos, conferindo um tratamento hostil, estigmatizante
e neutralizador, que nega sua condição de pessoa; todavia, não se pretende ignorar as
outras vidas que da mesma forma têm direitos suspensos e são violentadas em detrimento
da mesma razão, como: as mulheres, os moradores de rua, os usuários de drogas, entre
outros.

A ideia do encarceramento existe desde a antiguidade, perpassando pela Idade


Média e chegando aos tempos atuais. Antigamente, tinha como base a vingança, a moral
e a religião.1 Pode-se considerar que a religião não é, ao menos manifestamente,
fundamento para a restrição de liberdade nos dias atuais, todavia, a vingança e a moral
continuam presentes.2 Quando a punição se imputa com a privação da liberdade, o infrator
fica excluído da convivência social, comumente em locais que não guardam nenhuma
estrutura ou humanidade. A condição estigmatizante daquele que está ou passou pelo
sistema carcerário é marca que permanece mesmo com a extinção da punição, visto que
a rejeição social que assola o torna “prisioneiro” de uma identidade social segregada.

1
“os conhecimentos firmes que podemos colher mostram o caráter religioso do Direito punitivo inicial.”
(BRUNO, 2003, p. 39)
2
“As prisões brasileiras – que já foram descritas pelo Ministro da Justiça, sem nenhum exagero, como
“masmorras medievais” – são, em geral, verdadeiros infernos dantescos, com celas superlotadas, imundas
e insalubres, proliferação de doenças infectocontagiosas, comida intragável, temperaturas extremas, falta
de água potável e de produtos higiênicos básicos. Homicídios, espancamentos, tortura e violência sexual
contra os presos são frequentes, praticadas por outros detentos ou por agentes do próprio Estado”
(SARMENTO, 2015).
Nessa perspectiva, em primeiro lugar procede-se um breve histórico sobre o
cárcere objetivando evidenciar na sua gênese que a constituição das prisões nasce com o
intuito de separar, de neutralizar aquele que não deveria fazer parte da sociedade, marcado
pela desculturação do sujeito, que perde o sentido de realidade e de autonomia diária,
mutilando seu eu pela separação do indivíduo de todos os elementos que o identificavam
no convívio social, perdendo seu status social.3

Na sequência, impõe-se uma análise do estado de exceção, no âmbito de regimes


dito democráticos, que valida um discurso de violência seletivo sobre àqueles que são
submetidos ao processo de penalização, revestido com a aparência da (i)legalidade. Nessa
esteira, tal discurso nega e estigmatiza esses seres humanos, colocando-os como coisas
perigosas que devem ser mantidas longe dos amigos, atribuindo àqueles a condição de
inimigos.4 Por fim, esboça-se uma conclusão contextualizando o estado de exceção
demonstrável no encarceramento atual e na sua seletividade em contraposição a preceitos
democráticos.

1. Crônicas: da punição e do cárcere

Analisando historicamente as penas, Michel Foucault, destaca uma sentença de


1772, em seu livro Vigiar e Punir, exemplificando a forma como as punições se davam:

Uma criada de Cambrai, que matara sua senhora, é condenada a ser levada ao
lugar do suplício numa carroça ‘usada para retirar as imundícies em todas as
encruzilhadas; lá haverá uma forca a cujo pé será colocada a mesma poltrona
onde estava sentada a senhora Laleu, sua patroa, quando foi assassinada; e sendo
colocada lá, o executor da alta justiça lhe cortará a mão direita e em sua presença
a jogará ao fogo e lhe dará imediatamente depois quatro facadas com a faca
utilizada por ela para assassinar a senhora Laleu, a primeira e a segunda na
cabeça, a terceira no antebraço esquerdo, e a quarta no peito; feito o que, será
pendurada e estrangulada na dita forca até a morte; e depois de duas horas seu
cadáver será retirado, e a cabeça separada ao pé da dita forca sobre o dito
cadafalso, com a mesma faca que ela utilizou para assassinar sua senhora, e a
cabeça exposta sobre uma figura de vinte pés fora da porta da dita Cambrai, junto

3
“Assim, o que se implementa não é apenas um controle ético-jurídico, um controle estatizado em favor
de uma classe, é algo como o elemento do coercitivo. Estamos lidando com uma coerção diferente da sanção
penal, e que é cotidiana, incide sobre as maneiras de ser e procura obter certa correção dos indivíduos, A
coerção é aquilo que estabelece um nexo entre moral e penalidade. É aquilo que tem por alvo não apenas
as infrações do indivíduo, mas a natureza e o caráter deles. É aquilo que deve ter como instrumento uma
vigilância permanente e fundamental.” (FOUCAULT, 2015, p. 103).
4
“Ora, a identificação do inimigo – o que Schmitt significa a construção tanto do próprio eu quanto da
dimensão problemática do outro – é crucial para a normalização das relações sociais, finalidade almejada
pela exceção e que apenas se realiza com violência.” (MATOS, 2012, p. 303).
ao caminho que leva a Douai, e o resto do corpo posto num saco, e enterrado
perto do dito poste, a dez pés de profundidade. (FOUCAULT, 2005, p. 40.)

A leitura de tal suplício pode soar torturante e indigna em tempos atuais. Porém,
à época, medidas como a citada eram comuns, muitas vezes ainda mais horrendas e eram
justificadas com uma lógica própria. Tratava-se de uma verdadeira liturgia penal, visando
ao fechamento do ciclo: “da tortura à execução, o corpo [do supliciado] produziu e
reproduziu a verdade do crime” (FOUCAULT, 2005, p. 41). O espetáculo sancionador
que se produzia era marcado por um código jurídico da dor e de sofrimento. O suplício
“não se abate sobre o corpo ao acaso ou em bloco; ela é calculada de acordo com regras
detalhadas: número de golpes de açoite, localização do ferrete em brasa, tempo de agonia
na fogueira ou na roda [...], tipo de mutilação a impor” (FOUCAULT, 2005, p. 31).

A partir do século XVI, inicia-se um movimento de profundas mudanças, que vai


se impondo lentamente na transformação dos modos pelos quais optamos ao punir. Com
um certo desenvolvimento financeiro da sociedade, passou-se a ver o valor potencial do
aparelho repressivo. Nesse sentido, “o interesse por explorar o trabalho do preso,
enquanto durasse a pena, passou a ser a principal meta” (HAMMERSCHMIDT;
GIACOIA, 2013, p. 5). Para além do uso forçado da mão de obra barata representada
pelos encarcerados, também não haveria mais justificativa razoável para os suplícios, já
que aqueles que culminassem na morte do supliciado eliminava um “elemento da
produção”, e mesmo os suplícios que fossem apenas mutilantes, afastavam aquele
apenado do sistema de produção.

Em sua obra Beccaria, critica a cultura até então vigentes, os suplícios e às


absurdas práticas punitivas da época:

Ante o espetáculo dessa profusão de suplícios que jamais tornaram os homens


melhores, eu quero examinar se a pena de morte é verdadeiramente útil e se é
justa num governo sábio. Quem poderia ter dado a homens o direito de degolar
seus semelhantes? Esse direito não tem certamente a mesma origem que as leis
que protegem. (...) O Assassínio, que nos aparece como um crime horrível, nós
o vemos cometer friamente e sem remorso. (BECCARIA, 2002, p. 92 e 101)

Entre o fim do século XVIII e o início do século XIX, a lógica dos suplícios vinha
rapidamente sendo questionada por diversos movimentos reformistas. Já se associava,
como visto em Beccaria, a barbárie dos suplícios ao próprio crime que se tentava punir,
considerando que aqueles, por vezes, ultrapassavam o delito em selvageria. Buscavam,
então, a supressão do espetáculo punitivo e da liturgia penal calculada dos suplícios,
substituindo tais condutas por uma execução autônoma e burocrática das penas, tirando
das mãos dos magistrados o vil ofício de castigadores. A tese do domínio próprio sobre o
corpo, ainda, ensejava a busca pela anulação da dor e do sofrimento como elementos
constitutivos da pena.

Esta aproximação promovida entre a alma do apenado e a estrutura de justiça


criminal e sancionamento penal, foi um movimento importante em prol da humanização
das relações penais, mas não se tratou em absoluto de uma medida positiva. Não se tratava
mais de apenas um corpo, como qualquer outro, a ser retribuído no “mal” que tenha
ocasionado

Não mais simplesmente: ‘o fato está comprovado, é delituoso?’ Mas também: ‘o


que é realmente esse fato, o que significa essa violência ou esse crime? Em que
nível ou em que campo da realidade deverá ser colocado? Fantasma, reação
psicótica, episódio de delírio, perversidade?’ Não mais simplesmente: ‘quem é
o autor?’ mas: ‘como citar o processo causal que o produziu? Onde estará, no
próprio autor, a origem do crime? Instinto, inconsciente, meio ambiente,
hereditariedade?’ Não mas simplesmente: ‘que lei sanciona esta infração?’ Mas:
‘que medida tomar que seja apropriada? Como prever a evolução do sujeito? De
que modo será ele mais seguramente corrigido? (FOUCAULT, 2005, p. 20/21)

Contudo, não apenas pelas reformas penais foi marcado este período histórico.
Fábio Konder Comparato (2013), indica o surgimento de uma crise da consciência
européia no século XVII, proporcionando impactos nos paradigmas até então adotados
nos campos da ciência, da arte e da literatura e também da política.5 Não se pode dizer,
porém, que os efeitos nefastos da violência e marginalização verificáveis no sistema
prisional estão deixados à obscuridade. Desde há muito a doutrina vem criticando os
graves problemas e falhas do sistema e os malefícios sociais decorrentes.

Sem dúvidas o conjunto desses fatores, agrupados as práticas violentas e


marginalizantes diariamente impostas no encarceramento, faz com que o apenado aceite
a visão que sobre ele incide, sendo causa de um processo de segregação de todo um grupo.
Excluído da sociedade dita “normal”, os indivíduos pertencentes a esta nova “classe de
excluídos” acaba por se aproximar de uma sociedade “diferente”, existente à margem,
auto-excludente e não receptiva dos modos operacionais sociais regulares. Conforme
Alves, “quando o cárcere se esgota pelas suas próprias mazelas e miserabilidade, chega-
se à nudez da realidade de todo o sistema carcerário; logo, não há escolha que a sua

5Segundo o autor, neste período a Inglaterra viveu uma série de movimentos contra a Monarquia, que
fizeram renascer as ideias republicanas e democráticas, como a rebelião dos Levellers e a Revolta capitulada
por Oliver Cromwell, direcionando ao Parlamento a garantia das liberdades civis e a limitação do poder
monárquico.
própria extinção” (ALVES, 2013, p. 13). Nesse mesmo sentido, Ferrajoli sustenta que a
pena privativa de liberdade não é o meio adequado para lidar com o infrator de uma
norma, que culmina na potencialização dos estigmas do recluso (FERRAJOLI, 2014,
p.167).

2. O inimigo neutralizado: entre a exceção e a normalidade


As justificativas do castigo associadas ao retributivismo administrado pelo Estado
se mostra como uma forma vingativa, travestido de nomes que ocultam o verdadeiro
sentido da pena prisional. A ação exceptiva do Estado, nomeada de ressocialização,
reabilitação, regeneração; emudece o objetivo principal que é a separação do indivíduo
do seio social, a punição retributiva pelo mal causado pelo ilícito cometido.6

Agambem (2004, p. 13) aduz que no século XX o estado de exceção se amolda a


uma guerra civil legal, onde categorias de cidadãos que não se enquadram ao sistema
político imposto devem ser eliminadas. Foucault (2015, p, 31) transita tal noção na figura
do criminoso, imputando a esse a característica de inimigo social, que deve ter uma
punição que transcende a reparação do dano causado, travando entre a sociedade uma
guerra conta aquele que hostilizou tal sociedade, importando a essa a dominação de seus
inimigos. Assim, criminoso acaba sendo aquele que guerreia com a sociedade e, portanto,
deve ser combatido pela mesma7.

Existe uma simbiose, fomentada pelo próprio Estado de Direito, para a exceção e
a normalidade, esses não estão contraditórios no tempo e no espaço, configurando uma
alternância entre tais forma. Pelo contrário, se encontram misturadas, resultando e
condicionando a identificação do inimigo e o uso de violência contra ele.

6
“Para Schmitt, o poder político soberano determina a indistinção entre criação e aplicação do direito e,
em situações de emergência, exerce competências extraordinárias, ou seja, exceptivas, que se baseiam no
uso discricionário do poder, na presunção absoluta de legitimidade dos atos praticados com a finalidade de
restaurar a normalidade jurídica e, por fim, na exequibilidade imediata desses atos cujas metas se justificam
em uma finalidade superior a se alcançar. A decretação de uma estado de exceção se trata, portanto, de uma
decisão política tomada por um sujeito autônomo e superior em face dos mecanismos jurídicos, uma vez
que a decisão do soberano não se fundamenta juridicamente.” (SOUZA, 2019, p. 173).
7
“Com efeito, embora os teóricos do século XVIII extraiam de um discurso teórico-político coerente essa
definição do criminoso como alguém que prejudica a sociedade, já desde a Idade Média vinha nascendo,
através das instituições, uma prática que de certo modo antecipava esse tema teórico: ação pública (...).
Assim, na prática penal, fazia muito tempo que o soberano sibstituia o adversário singular do criminoso e
vinha colocar-se diante deste. E, em nome da ordem e da paz que ele supostamente deve fazer reinar, vem
declarar que o criminoso o atingiu pelo simples fato de ter-se posto num estado de guerra “selvagem” com
um indivíduo, atacando-o independente das lei.” (FOUCAULT, 2015, p. 32).
se a exceção se tornou permanente, a decisão política constitutiva do inimigo
precisa atuar indefinidamente no tempo, com o que se instaura uma situação –
real ou potencial – de guerra sem fim, de perseguição ilimitada e de decisionismo
absoluto e, por isso mesmo, vazio, eis que não delimitado pela possibilidade de
retorno à normalidade. (MATOS, 2012, p. 328-329)

Dessa forma o estado de exceção se apresenta na resposta imediata do poder


estatal para promover a contenção do inimigo, punindo aquele que em razão da sua
condição é considerado um ente perigoso e daninho a sociedade8. A figura do inimigo
apresenta uma estrutura paradoxal: por um lado, sua presença faz ativar um valor
considerado relevante numa moralidade compartilhada por um grupo, por outro lado, é
uma figura que possibilita uma coesão social na medida em que é excluído de um grupo
por não compartilhar, em tese, os mesmos valores9.

Essa espécie de conector que constitui o criminoso como inimigo social é na


realidade um instrumento por meio do qual a classe que está no poder transfere
para a sociedade, na forma de júri, ou para a consciência social, por todas essas
intermediações epistêmicas, a função de rejeitar o criminoso. (FOUCAULT,
2015, p. 34)

Nesse mesmo momento em que se criava a figura do criminoso enquanto inimigo


social, um fenômeno despontava como nova estratégia10 de punição através da reclusão.
Trata de um processo híbrido construído sobre esses elementos, discursos que, em algum
sentido, ligam de forma interna tanto o criminoso, enquanto inimigo social, quanto a
punição, agora organizada em forma de prisão. Producente de um jogo institucionalizado
na tentativa de colocar o sistema penitenciário fora das leis do judiciário, que ao mesmo
tempo produz uma reação do sistema judiciário no controle do penitenciário.

Da mesma maneira a exceção nasce da confrontação com o inimigo que não se


submete à medida do direito posto, subvertendo-o ou ameaçando-o de subversão,
ela desaparece quando o corpo do inimigo neutralizado confere unidade e
transforma um mero jogo de força em um ordenamento jurídico, ou seja, em um
gestor técnico de violência. (MATOS, 2012, p.308).

Desse modo, o estado de exceção não se produz enquanto um direito novo ou


especial, pois assim estaria cingido na ordem jurídica, todavia, a exceção suspende tal

8
“O final do século XX e o início do século XXI são períodos que se caracterizam pela emergência, quando
o excepcional se torna usual e o estado de exceção passa a ser regra, ainda que nem sempre seja formalmente
declarado pela autoridade competente.” (MATOS, 2012, p. 295)
9
“quem vê na sanção jurídica – a típica estrutura do direito, entendendo a sanção jurídica – aqui
compreendida em sentido estrito enquanto sinônimo de castigo – como uma inclusão da violência –
justamente a realidade que o direito pretenderia negar – na composição específica do direito O paradoxo é
surpreendente: para desincluir a violência da vivência social, ele precisa incluí-la como exceção soberana
no próprio corpo do direito.” (MATOS, 2012, p. 297)
10
“Nova tática, pois, apesar das aparências, a prisão não é um castigo velhíssimo cujo sucesso nunca teria
deixado de crescer ao longo dos séculos. Isso porque, até o fim do século XVIII, ela nunca foi realmente
um castigo dentro do sistema penal.” (FOUCAULT, 2015, p. 59)
ordem, no todo ou em parte. Nesse sentido, “o soberano se coloca fora da ordem jurídica
normalmente vigente, porém a ela pertence, pois ele é competente para a decisão sobre
se a constituição pode ser suspensa in toto” (SCHMITT, 2006, p. 8), de tal modo que “a
competência para revogar a lei vigente – seja de modo geral ou num caso isolado – é o
que realmente caracteriza a soberania” (SCHMITT, 2006, p. 10). A legalidade não é
intocável, depende das circunstâncias que se colocam na realidade11.

3. Considerações finais

Nesse ensaio buscou-se demonstrar que o estado de exceção não se faz presente
somente em governos totalitários, sendo que se encontra em governos que dizem ter bases
democráticas. Passando pela análise do encarceramento a privação de liberdade se mostra
como a imposição deliberada de dor, e por essa razão deve-se pensar em respostas penais
integradas e preocupadas com a igualdade, cuja a norma se coloque como resultado de
um acordo profundo com seus distintos integrantes.

O pensamento destacado da democracia liberal que permite ao subordinado


expressar sua opinião sem colocar em risco a sua vida, é falaciosamente sustentado como
argumento contrário a um regime totalitário: “cuando las condiciones básicas que
permiten al proceso democrático tener valor epistémico están ausentes: por ejemplo,
cuando algunos grupos son impedidos de expresar sus opiniones a través de
persecuciones o cuestiones similares.” (NINO, 2007, p. 21). Todavia, uma verdadeira
democracia deve promover seus discursos longe do arbítrio do mercado e de suas
demandas, além de poderes totalitários. A lei se apropriou de uma simbologia fictícia
quanto a sua força, e a manutenção desse símbolo corrobora com a manutenção da
violência pelo soberano, apropriando de situações sociais que, a priori, tiveram seus
vínculos sociais enfraquecidos, impondo sua própria regulação.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Estado de Exceção. Tradução Iraci D. Poleti. São Paulo:


Boitempo, 2004.

11
“Na verdade, a legalidade convive – ou melhor, concorre – com a exceção, dado que aquela se fundaria
no princípio de relatividade de poderes, o qual é posto em xeque quando a ordem pública é ameaçada. Daí
decorre a vulnerabilidade dos direitos fundamentais em tempos de crise, eis que, sem tal possibilidade, a
ordem jurídica liberal se autodestruiria.” (MATOS, 2012, p. 290).
ALVES, Paula Pereira Gonçalves. Da Inclusão Perversa à Seletividade Secundária do
Controle Penal: o processo de exclusão social e seus efeitos na identidade do preso.
2013. Disponível em
<http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=1a26a28c4beba1bd>. Acesso em 16 de
setembro de 2019.
BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas. Trad. Paulo M. Oliveira. Rio de Janeiro:
Edições de Ouro, 1965.
BRUNO, Aníbal. Direito Penal: parte geral. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003.
COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. 8 ed. São
Paulo: Saraiva, 2013.
FERRAJOLI, Luigi. Direito e razão: teoria do garantismo penal. Trad. Ana Paula Zomer
Sica et. Al. 4. Ed. São Paulo: RT, 2014.
FOUCAULT, Michel. A sociedade punitiva: curso no Collège de France (1972-1973);
tradução Ivone C. Benedetti. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2015.
____________________Vigiar e Punir: História da violência nas prisões. 30 ed.
Petrópolis: Vozes, 2005.
HAMMERSCHMIDT, Denise; GIACOIA, Gilberto. A Realidade Carcerária. 2013.
Disponível em
http://www.publicadireito.com.br/publicacao/unicuritiba/livro.php?gt=15. Acesso em 16
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MATOS, Andityas S. M. C. NÓMOS PANTOKRÁTOR? Apocalipse, exceção, violência.
Revista Brasileira de Estudos Políticos, n. 105, jul./dez., 2012.
NINO, Carlos Santiago. Fundamentos de derecho penal. Buenos Aires, Gedis: 2007.
SARMENTO, Daniel. As masmorras medievais e o Supremo. 2015. Disponível em:
<http://www.jota.info/constituicao-e-sociedade-masmorras-medievais-e-o-supremo>.
Acesso em 16 de setembro de 2019.
SCHMITT, Carl. Teologia Política. Tradução Elisete Antoniuk. Belo Horizonte: Del Rey,
2006.
SOUZA, Joyce Karine de Sá. Desalienar o poder, viver o jogo: uma crítica situacionista
ao direito. Orientador: Andityas Soares de Moura Costa Matos, Tese (doutorado) –
Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Direito, 2019.

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