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Pois bem, são 5 os romances e, creio eu, esta possibilidade está nos 5.
Iremos através deste estudo estudar mais uma estrada, agora no livro Há 2000
anos. Na introdução, Emmanuel nos fala de seus sentimentos ao relatar uma de
suas vidas passadas "Algum dia, se Deus mo permitir, falar-vos-ei do orgulhoso
patrício Publio Lentulus, a fim de algo aprenderdes nas dolorosas experiências de
uma alma indiferente e ingrata.” O orgulho foi um grande entrave nesta
experiência encarnatória de Emmanuel e qual a mais sublime forma de
trabalharmos o nosso orgulho?
Então, responder-lhe-ão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te
demos de comer, ou com sede e te demos de beber? – Quando foi que te vimos
sem teto e te hospedamos; ou despido e te vestimos? – E quando foi que te
soubemos doente ou preso e fomos visitar-te? – O Rei lhes responderá: Em
verdade vos digo, todas as vezes que isso fizestes a um destes mais pequeninos
dos meus irmãos, foi a mim mesmo que o fizestes.
Dirá em seguida aos que estiverem à sua esquerda: Afastai-vos de mim, malditos;
ide para o fogo eterno, que foi preparado para o diabo e seus anjos; – porquanto,
tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber; precisei de
teto e não me agasalhastes; estive sem roupa e não me vestistes; estive doente e no
cárcere e não me visitastes.
Também eles replicarão: Senhor, quando foi que te vimos com fome e não te
demos de comer, com sede e não te demos de beber, sem teto ou sem roupa, doente
ou preso e não te assistimos? – Ele então lhes responderá: Em verdade vos digo:
todas as vezes que faltastes com a assistência a um destes mais pequenos, deixastes
de tê-la para comigo mesmo. E esses irão para o suplício eterno, e os justos para a
vida eterna. (S. MATEUS, 25:31 a 46.)
Comentário
Publio ouviu a narrativa sobre as curas que Jesus estava realizando, ouviu também
sobre o sentimento que causava nas pessoas, sobre sua mansidão e seu imenso
amor. Jesus tornava-se o próximo de todos que dele se aproximavam, independente
de qualquer característica ou circunstância, ele foi a personificação do amor.
Quantas vezes nós já ouvimos falar de Jesus? Há quantas vidas o evangelho bate a
nossa porta e nós permanecemos indiferentes, não levando-o para a nossa vida
cotidiana, para as nossas ações em relação aos que nos cercam? Eis o segundo
trecho, mais um chamado ao coração do Publio, que estava de portas cerradas para
a boa nova de Jesus.
- Não esquecerei vossas ordens e espero que possais ir até à casa de Simão para
visitá-lo, antes de vos retirardes destes lugares... Ainda hoje - prosseguiu em tom
confidencial - devo encontrar na cidade o velho tio Simeão, que veio de Samaria
especialmente para receber a sua bênção e os seus ensinos. Não sei se a senhora
sabe que entre os samaritanos e os galileus há rixas muito antigas; mas o Mestre,
muitas vezes, nas suas lições de amor e fraternidade, tem louvado os primeiros pela
sua caridade leal e sincera. Numerosos milagres já foram efetuados por ele, na
Samaria, e meu tio é um desses beneficiados que hoje virá receber a bênção de
suas mãos consoladoras!...
Comentário
Primeiramente é interessante observar esta referência a Samaria, pois é justamente
do que trata este texto do ESE que explicando a parábola do Bom Samaritano a luz
da doutrina espírita nos amplia a vista para o entendermos.
4. Mas, os fariseus, tendo sabido que ele tapara a boca aos saduceus, se reuniram; –
e um deles, que era doutor da lei, foi propor-lhe esta questão, para o tentar: –
Mestre, qual o grande mandamento da lei? – Jesus lhe respondeu: Amarás o
Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito. –
Esse o maior e o primeiro mandamento. – E aqui está o segundo, que é semelhante
ao primeiro: Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. – Toda a lei e os profetas se
acham contidos nesses dois mandamentos. (S. MATEUS, 22: 34 a 40.)
Comentário
Belíssimo é ler este trecho em que Livia fala da maior fortuna, auxiliar as pessoas
sob as luzes do Evangelho, nos ensinando o maior mandamento, amar ao próximo
como a si mesmo.
Comentário
6. Ainda quando eu falasse todas as línguas dos homens e a língua dos próprios
anjos, se eu não tiver caridade, serei como o bronze que soa e um címbalo que
retine; – ainda quando tivesse o dom de profecia, que penetrasse todos os
mistérios, e tivesse perfeita ciência de todas as coisas; ainda quando tivesse toda a
fé possível, até ao ponto detransportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou.
– E, quando houvesse distribuído os meus bens para alimentar os pobres e
houvesse entregado meu corpo para ser queimado, se não tivesse caridade, tudo
isso de nada me serviria. A caridade é paciente; é branda e benfazeja; a caridade
não é invejosa; não é temerária, nem precipitada; não se enche de orgulho; – não é
desdenhosa; não cuida de seus interesses; não se agasta, nem se azeda com coisa
alguma; não suspeita mal; não se rejubila com a injustiça, mas se rejubila com a
verdade; tudo suporta, tudo crê,tudo espera, tudo sofre. Agora, estas três
virtudes: a fé, a esperança e a caridade permanecem; mas, dentre elas, a mais
excelente é a caridade (S. PAULO, 1ª Epístola aos Coríntios, 13:1 a 7 e 13.)
Uma brisa suave parecia amenizar as úlceras que o libelo do esposo lhe abrira no
coração. Uma voz, que lhe falava aos refolhos mais íntimos da consciência,
lembrou-lhe ao espírito sensível que o Mestre de Nazaré também era inocente e
expirara, naquele dia, na cruz, sob os insultos de algozes impiedosos. E ele era
justo, bom e compassivo. Daqueles a quem mais havia amado, recebera a traição
e o abandono na hora extrema do testemunho e, de quantos havia servido com a
sua caridade e o seu amor, tinha recebido os espinhos envenenados da mais
acerba ingratidão. Ante a visão dos seus martírios infinitos, Lívia consolidou a sua
fé e rogou ao Pai Celestial lhe concedesse a intrepidez necessária para vencer as
provações aspérrimas da vida.
Comentário
Neste sexto trecho, o evangelho nos lembra da poesia que Paulo escreveu quando
estava em Corinto, cidade de Abigail, que já havia desencarnado, mas com toda
certeza o inspirou a estas belas letras. Livia, por sua vez, personifica este amor
resignado que “tudo suporta, tudo crê,tudo espera, tudo sofre”.
Lembremos deste sublime exemplo em nossos relacionamentos afetivos, não
trocando a felicidade do espírito pela suposta alegria de uma vida passageira.
Tenhamos a coragem moral de suportar amorosamente as desditas que sofremos,
tal como Lívia, lembrando do exemplo sublime de Jesus que na ora derradeira
esteve só.
7. De tal modo compreendeu S. Paulo essa grande verdade, que disse: Quando
mesmo eu tivesse a linguagem dos anjos; quando tivesse o dom de profecia, que
penetrasse todos os mistérios; quando tivesse toda a fé possível, até ao ponto de
transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou. Dentre estas três virtudes: a
fé, a esperança e a caridade, a mais excelente é a caridade. Coloca assim, sem
equívoco, a caridade acima até da fé. É que a caridade está ao alcance de toda
gente: do ignorante, como do sábio, do rico, como do pobre, e independe de
qualquer crença particular. Faz mais: define a verdadeira caridade, mostra-a não só
na beneficência, como também no conjunto de todas as qualidades do coração, na
bondade e na benevolência para com o próximo.
Simeão, que ali vivia sem a companheira que Deus já havia levado e sem os filhos
que, por sua vez, já haviam constituído família, em aldeias distantes, assumia a
direção de todos, como patriarca venerável na sua calma senectude, relatando os
fatos da vida de Jesus como se a inspiração divina o bafejasse em tais instantes,
tal a profunda beleza filosófica dos comentários e das preces improvisadas com a
amorosa sinceridade do seu coração.
Comentário
Forçoso é que pensemos nós como estamos nos colocando diante do mundo?
Temos humildade, nos reconhecendo como pessoas falhas e carecedoras da
bondade do Cristo? Onde estão depositadas nossas esperanças? No amor do Cristo
ou nas honrarias humanas?
Desprezando a grande lei de igualdade perante o túmulo, ele os afasta uns dos
outros, até no campo do repouso. A máxima – Fora da caridade não há
salvação consagra o princípio da igualdade perante Deus e da liberdade de
consciência. Tendo-a por norma, todos os homens são irmãos e, qualquer que seja
a maneira por que adorem o Criador, eles se estendem as mãos e oram uns pelos
outros. Com o dogma – Fora da Igreja não há salvação, anatematizam-se e se
perseguem reciprocamente, vivem como inimigos; o pai não pede pelo filho, nem o
filho pelo pai, nem o amigo pelo amigo, desde que mutuamente se consideram
condenados sem remissão. É, pois, um dogma essencialmente contrário aos
ensinamentos do Cristo e à lei evangélica.
Comentário
Mais uma ligação valorosa entre estes dois livros, vejam que Kardec aponta que
qualquer religião que use de exclusivismo, estaria contrária aos ensinamentos do
Cristo, eis que o alicerce da caridade estaria fatalmente abalado. O trecho que
vemos no livro Há 2000 anos, nos fala de Araxes, um místico de seu tempo, que
veio com uma linda missão, mas sucumbiu comercializando os dons que recebeu
gratuitamente. E este alerta nos vale para que não condenemos nenhuma religião
ou doutrina, mas que olhemos que em todos os lugares onde a caridade seja
praticada e buscada com afinco, lá estarão presentes os alicerces para a
manifestação do Cristo através de seus amorosos espíritos.
Comentário
Ana e Livia recordavam o amigo querido que já partira para a pátria espiritual,
Simeão falava-lhes ao coração. A doutrina espírita, o consolador prometido, nos
veio trazer a verdade esquecida, a comunicabilidade com os espíritos, as diversas
vidas através das sucessivas reencarnações, permitindo a todos, através da verdade
revelada, o resgate do cristianismo primitivo. Fora da verdade não há salvação, nos
diz o evangelho. Neste trecho, vemos claramente que era comum o intercâmbio
com o plano espiritual, era vivenciada a comunhão amorosa com estes espíritos
que partiram e que tornavam para lhes consolar e infundir-lhes esperança.
Quando trabalhamos em uma casa espírita, precisamos buscar este norte, que seja
um lugar onde as pessoas se sintam em paz, acolhidas, amadas. Que não
desvirtuamos esta maravilhosa doutrina como o fizemos com as palavras do Cristo,
que seu caráter consolador se faça presente hoje e sempre.
Décimo trecho do Cap. XV do ESE
10. Meus filhos, na máxima: Fora da caridade não há salvação, estão encerrados
os destinos dos homens, na Terra e no céu; na Terra, porque à sombra desse
estandarte eles viverão em paz; no céu, porque os que a houverem praticado
acharão graças diante do Senhor. Essa divisa é o facho celeste, a luminosa
coluna que guia o homem no deserto da vida, encaminhando-o para a Terra da
Promissão. Ela brilha no céu, como auréola santa, na fronte dos eleitos, e, na Terra,
se acha gravada no coração daqueles a quem Jesus dirá: Passai à direita, benditos
de meu Pai. Reconhecê-los-eis pelo perfume de caridade que espalham em
torno de si. Nada exprime com mais exatidão o pensamento de Jesus, nada resume
tão bem os deveres do homem, como essa máxima de ordem divina. Não poderia o
Espiritismo provar melhor a sua origem, do que apresentando-a como regra, por
isso que é um reflexo do mais puro Cristianismo.
Meus amigos, agradecei a Deus o haver permitido que pudésseis gozar a luz do
Espiritismo. Não é que somente os que a possuem hajam de ser salvos; é que,
ajudando-vos a compreender os ensinos do Cristo, ela vos faz melhores cristãos.
Esforçai-vos, pois, para que os vossos irmãos, observando-vos, sejam
induzidos a reconhecer que verdadeiro espírita e verdadeiro cristão são uma
só e a mesma coisa, dado que todos quantos praticam a caridade são
discípulos de Jesus, sem embargo da seita a que pertençam. – Paulo, o
apóstolo. (Paris, 1860.)
Décimo trecho Há 2000 anos
- Não me esqueci dessa circunstância. Faz, porém, vinte e cinco anos que Públio
segue rumo oposto ao meu caminho e não será demais que, buscando ele hoje a
suprema recompensa do mundo, como triunfo final dos seus desejos, busque eu
também não a vitória do céu, que não mereci, mas a possibilidade de mostrar ao
Senhor a sinceridade da minha fé, ansiosa pelas bênçãos lucificantes da sua
infinita misericórdia. Depois, minha querida Ana, é muito grato ao coração
sonhar com o seu reino santificado e misericordioso... Vermos, de novo, as mãos
suaves do Messias abençoando-nos o espírito, com os seus gestos amplos de
caridade e de ternura!...
Comentário
A mensagem que encerra o Cap. XV do ESE, de Paulo de Tarso nos lembra que a
vivência cristã é também um ato de caridade e que pode tocar o coração de outras
pessoas. Na noite em que Publio iria receber as honrarias, também intentava fazer
as pazes com a Livia, depois de 25 anos. Não foi possível, ela estava presa e foi
levada, junto com os escravos e outros cristãos, ao sacrifício, uma morte dolorosa e
cruel.
Aos nossos olhos, certamente um ato trágico, mas para o espírito imortal de
Publio/Emmanuel, um ato definitivo que lhe iria ficar no coração para sempre.
Restam, ainda, quatro trechos do livro Há 2000 anos em que a palavra caridade
aparece. Qual a razão? Até o item 10 Livia estava encarnada e foi com sua morte
que Publio teve que experimentar o ensinamento através da bendita escola da dor.
Todos os chamados amorosos foram rejeitadas por seu coração endurecido pelo
orgulho, mas a dor de ver Livia partir, mudou sua vida. Veremos, assim, nos itens
11 a 14 este novo homem surgir, em especial nos dois últimos em que o próprio
Senador Romano entoa a sublime palavra caridade, reconhecendo-a como a
verdade libertadora para seu espírito imortal.
11 (desencarne de Livia)
"Por teu amor, sacrossanto e sublime, florescem todos os risos e todas as lágrimas
no coração das criaturas!... "Abençoa, Senhor do Universo, as sagradas
esperanças deste Reino. Jesus é para nós o teu Verbo de amor, de paz, de
caridade e beleza!... Fortalece as nossas aspirações de cooperar em sua Seara
Santa!...
Minha atual existência teria de ser um imenso rosário de infinitas amarguras, mas
vejo tardiamente que, se houvesse ingressado no caminho do bem, teria resgatado
um montão de pecados do pretérito obscuro e delituoso. Agora entendo a lição do
Cristo como ensinamento imortal da humildade e do amor, da caridade e do
perdão – caminhos seguros para todas as conquistas do espírito, longe dos
círculos tenebrosos do sofrimento!
Estes quatro itens, 11, 12, 13 e 14 nos mostram quando a caridade efetivamente
entrou na vida de Publio. A partida de Livia (11) deixando-o só, apesar de todas as
honras e glórias terrenas, desconsolado. A palavra de Ana novamente lhe trazendo
as mensagens de Jesus, o chamado do Mestre (12) e por fim, os itens 13 e 14 em
que o próprio Publio reconhece que se a caridade estivesse presente em seu
coração, em seu agir, sua vida teria sido diferente.
Abraços fraternos.
Candice Günther