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COLUNISTA

Sérgio Augusto
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Tempestade fascista
Ciclo examina a reemergência na cena política internacional do racismo e antissemitismo

Sérgio Augusto, O Estado de S.Paulo


28 de setembro de 2019 | 03h00

Para seu novo e sempre fundamental ciclo de palestras, como de hábito no Sesc, o prof. Adauto
Novaes escolheu um dos temas mais relevantes da atualidade: o neofascismo. A “Volta do
fascismo” seria um título geral adequado, mas Novaes, infuenciado pelo visionário Paul Valéry,
optou pelo poético “Ainda Sob a Tempestade”. 

Dissipada a tempestade da Primeira Guerra Mundial, Valéry continuou sentindo no ar o mesmo


clima de ansiedade de antes, alimentado por desesperançados temores e terríveis incertezas; uma
sensação de mal-estar insanável, como se uma nova tempestade estivesse a caminho. Estava,
mesmo, e em três etapas desabou, trazendo Mussolini, a Depressão e Hitler. 

A procela da vez já cobre nosso céu há algum tempo. A neodepressão veio em 2008. Quanto ao
resto, temos aí Trump, Erdogan, Duterte, Orbán, Bolsonaro. Além de Salvini, provisoriamente no
freezer. 

Ao ler, tem pouco tempo, o ensaio Récidive 1938, do flósofo francês Michaël Foessel, Novaes
pôde avaliar, com maior riqueza de dados, o quanto a sociedade alemã havia muito estava
preparada para aceitar com espantosa naturalidade e bovina tranquilidade o nazismo,
ofcialmente alçado ao poder em 1933. Na Alemanha de 1938 descrita no livro Novaes deparou

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com a recidiva bolsonarista.

1938 também foi o ano em que economistas e flósofos se reuniram para recauchutar o
liberalismo econômico posto à prova pela tempestuosa Depressão de 1929. Ali nasceu o
neoliberalismo redentor, tão historicamente ligado ao fascismo e ao populismo de direita quanto
o fascismo à modernidade e ao capitalismo oportunista e predatório. 

Pelo menos três dos 25 conferencistas se concentrarão na análise desse embaraçoso conúbio: a
flósofa Marilena Chauí, o flósofo e pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa Científca,
Grégoire Chamayou, que em seu livro mais recente, La Societé Ingovernable, faz uma “genealogia
do liberalismo autoritário”, tema de sua palestra; e Eric Fassin, professor de sociologia da
Universidade de Paris 8, especialista em populismo, de esquerda e direita. 

Chauí irá dissecar o que identifca como “totalitarismo neoliberal”, com sua concepção de
sociedade organizada e administrada, cujo sucesso e efcácia se medem em termos de gestão de
recursos e estratégias de desempenho e encarniçada competitividade. Para ela, o neoliberalismo
“não é apenas uma mutação histórica do capitalismo com a passagem da hegemonia econômica
do capital produtivo ao fnanceiro, mas também uma mutação sociopolítica”. 

Esse “momento neofascista do liberalismo” será um dos tópicos de sua conferência, na abertura
do ciclo, segunda-feira próxima. A seu ver, e ela não pensa assim sozinha, os populistas de direita,
de Trump a Bolsonaro, não são inimigos do neoliberalismo, e sim seus instrumentos. Talvez
mencione Paulo Guedes, czar da economia bolsonarista e ex-colaborador da ditadura de Pinochet
no Chile, talvez não, por desnecessário.

“Fascismo é uma latência das formas hegemônicas de vida no interior das democracias liberais.”
A partir dessa premissa, Vladimir Safatle fará uma análise libidinal do fascismo, inspirada em
Georges Bataille, Wilhelm Reich e pela primeira geração da Escola de Frankfurt e seus estudos
sobre a personalidade autoritária e patologias sociais. Boa oportunidade para se falar das
arminhas gestuais tão caras ao presidente, de seus rompantes sexistas, de suas fxações genitais, e
até das tietes do lavajateiro-mor.

Partindo de uma observação de Hannah Arendt sobre a credulidade na política contemporânea, o


doutor em flosofa Helton Adverse mostrará como as pessoas, insuladas nos “espaços de
credulidade” das redes sociais, “inclinam-se a acreditar em coisas que chocam o bom senso”,
como, por exemplo, o terraplanismo, os imaginários complôs comunistas, as fake news e as
alucinações religiosas, e deste modo realimentam o fascismo.

A professora Olgária Matos, que prefere qualifcar as redes sociais de “espaços de incredulidade”,
examinará de que maneira as transformações aceleradas da tecnologia e da economia
impossibilitam formar e reconhecer valores, produzindo um mundo no qual o homem se vê

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coagido a adaptar-se a algoritmos e programas formais de performance, que o automatizam e


condenam à passividade, ao isolamento e à desconfança. A mesma espécie de desconfança que
alguns decepcionados eleitores do Jair exibem ao proclamar, com certa empáfa: “Não votarei
mais em ninguém; todos os políticos são iguais”. 

A reemergência na cena política internacional do racismo, do antissemitismo e da tortura


também será examinada no ciclo, cabendo ao professor Newton Bignotto abordar com mais
profundidade a questão da imigração e da recepção hostil de estrangeiros, agora vistos, em
diversos países, não mais como intrusos, mas inimigos do Estado.

A banalização da violência praticada pelo aparato repressor do Estado e, de uns tempos para cá,
também pela militância foi o tema escolhido pelo cientista político Renato Janine Ribeiro. “O
outro não é necessariamente quem se opõe ao governo; é aquele de quem o governo não gosta”,
salienta Ribeiro, que, sem se afastar do tema violência, irá tocar no ódio à inteligência, à ciência, à
cultura e à arte, tão característico dos regimes fascistas. 

“Odiar a criatividade, com apoio popular, é um perigo”, alerta o ex-ministro da Educação do


governo Dilma.

A dobradinha fascismo-machismo não podia faltar. “Nem todo machista é fascista, mas a
recíproca não é verdadeira”, dirá Maria Rita Kehl na abertura de sua intervenção. O machismo
fascina o fascista e os perversos são seus parentes de primeiro grau. Para a psicanalista, tortura e
escravidão, sempre praticadas por pessoas que se dizem “de bem”, são duas formas de
perversidade. Esta conferência vai bombar.

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