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Geertz (1989) Apresenta os símbolos religiosos como algo que de alguma forma
une a vida particular do indivíduo com a metafísica, a religião desta forma contribui para
que o indivíduo organize sua visão de mundo, de sentido a sua existência e organize a
vida social. Os símbolos são usados para dar sentido as crenças que as pessoas vão
construindo ao longo de suas vidas, “são formulações tangíveis de noções, abstrações da
experiencia fixada em formas perceptíveis, incorporações concretas de ideias, atitudes,
julgamentos, saudades ou crenças” (Geertz, p. 105).
Geertz (1989) apresenta a religião como uma instituição que através de seus
“recursos simbólicos”, orienta as pessoas a aceitar, acomodar, buscar respostas a
problemas e situações difíceis que se apresentam em suas vidas.
Segundo Geertz:
Os símbolos religiosos oferecem uma garantia cósmica não apenas para sua
capacidade de compreender o mundo, mas também para que, compreendendo-
o dêem precisão ao seu sentimento, uma definição às suas emoções que lhes
permita suportá-lo soturna ou alegremente, implacável ou cavalheiramente
(GEERTZ, 1989, p. 120).
Geertz (1989) aprofunda ainda mais a seu trabalho ao afirmar que é através do
ritual a religião vai formar no indivíduo a convicção que as concepções religiosas são
verídicas e que orientam de forma correta a vida das pessoas. O ritual religioso vai dar
sentido a visão de mundo que cerca a vida do indivíduo e da sociedade que ele está
inserido, “os rituais mais elaborados e principalmente os mais públicos que moldam a
consciência espiritual de um povo” (Geertz, p. 129).
No capítulo 5 Geertz (1989) aborda o Ethos, a Visão de Mundo e a análise dos
textos sagrados. A religião ultrapassa a condição de metafísica, uma vez que os cultos, os
rituais trazem uma concepção moral, que rege a vida do indivíduo, através da observância
dos preceitos religiosos e orienta a vida social das pessoas dentro de suas sociedades.
Para Geertz:
Penso ser possível fazer uma relação com minha pesquisa, pois, ao pensar a
inserção dos Padres Palotinos nos damos conta que os imigrantes italianos eram
profundamente religiosos. Os rituais religiosos eram comuns no dia a dia da comunidade
em construção, seja no ambiente familiar ou nas manifestações populares, as missas, as
procissões, as festas religiosas em homenagens aos Santos, a Nossa Senhora e a Jesus.
Neste contexto devocional a Igreja apresenta aos seus fiéis “um conjunto de símbolos
sagrados” que contribuem para manter vivo a fé e orientar para que todos sigam os
dogmas de fé orientados pelos sacerdotes, aos quais os imigrantes na sua maioria tinham
um grande apreço.
Mas Geertz reflete sobre o fato de que o antropólogo no campo não fica livre de
suas emoções, ele ao conviver com os outros, ouvir seus problemas, suas dificuldades,
fica de alguma forma emocionalmente afetado, isso o faz pensar sobre sua vida, suas
dificuldades, não somente na pesquisa, mais na sua vida, na sociedade onde vive. Geertz
vai trazendo exemplos de algumas sociedades as quais estudou, apontando como as
representações simbólicas, através dos teatros e rituais vão estruturando a vida social
dessas sociedades (Geertz, p.103).
O texto o saber local me faz pensar sobre a sabedoria local dos imigrantes
italianos, sua religiosidade, a bagagem cultural que trouxeram junto de sua terra natal, a
crença na proteção dos santos e principalmente nossa senhora a mãe de Jesus, que
contribuíram para construção das estruturas emocionais, estruturais da vida em
comunidade, e principalmente para dar força, esperança, coragem para enfrentar as
dificuldades do dia a dia em colônia que estava em construção.
Os imigrantes ao alcançar o sonho de ter um pedaço de terra que era seu, tiveram
que reunir forças para superar toda falta de estrutura que encontraram ao se instalar nas
colônias. Um dos elementos mais marcantes para os imigrantes foi a falta do consolo
religioso, queriam ter em sua comunidade um sacerdote para batizar seus filhos, realizar
casamentos e todos os sacramentos que eram acostumados a receber na sua terra natal.
A necessidade de ter junto das comunidades um sacerdote fez com que um
pequeno grupo de imigrantes reunissem recursos para enviar até a Itália um representante
com o objetivo de encontrar padres que tivessem o interesse de trabalhar no seu núcleo
colonial. Essa ação dos colonos foi decisiva para que a Pia Sociedade das Missões
enviasse dois sacerdotes para Vale Vêneto, dando início a missão Palotina na América
Latina. Segundo Bonfada (1991) “Vale Vêneto é o berço e o jardim dos Padres Palotinos,
onde nasceu e onde surgiram as primeiras vocações sacerdotais”.