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MODA E SUSTENTABILIDADE:
Uma análise no comércio de Vitória da Conquista - BA
MODA E SUSTENTABILIDADE:
Uma análise no comércio de Vitória da Conquista - BA
MODA E SUSTENTABILIDADE:
Uma análise no comércio de Vitória da Conquista - BA
Este Trabalho de Conclusão de Curso será julgado adequado e aprovado em sua forma final
pelo Colegiado do Curso de Administração da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB,
em 29 de setembro de 2011.
________________________________________________________
Prof. M.Sc. Marcelo Santos Amaral
Coordenador do Colegiado de Administração
________________________________________________________
Profa. Dra. Almiralva Ferraz Gomes
Orientadora
________________________________________________________
Profa. M.Sc. Elizabeth Lilian Flores Correia
Membro
________________________________________________________
Prof. Dr. Weslei Gusmão Piau Santana
Membro
Aos meus pais amados Eliza e Cláudio, e meu querido
irmão Tiago. Amor incondicional.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo dom da vida, por estar sempre me guiando pelos meus caminhos, por
me ajudar a cada dia a enfrentar e vencer as dificuldades, aprender com elas e crescer um
pouco mais; e por estar sempre me ajudando nessa descoberta de “quem eu sou” para que eu
possa me tornar cada vez melhor.
A toda minha família, em especial os meus pais, Claudio e Eliza e o meu irmão,
Tiago, vocês são a base para tudo na minha vida. Obrigado pelo apoio, pela confiança, pelo
amor incondicional, sem vocês eu não conseguira chegar até aqui.
A todos os meus colegas, pelo companheirismo e apoio nessa caminhada. Em
especial a aqueles que além de colegas se tornaram amigos, Karla, Cris, Ediane, Mis e Kézia,
obrigado por tudo, conviver com vocês é maravilhoso. Não poderia deixar de agradecer
especialmente a Cris, sem sua ajuda eu não teria conseguido, como sempre dizia a todos, você
foi minha coorientadora, valeu! Que Deus abençoe a todos vocês nas novas etapas da vida.
A meus amigos, como diz aquela velha canção “amigo é coisa pra se guardar do lado
esquerdo do peito”, e é aí mesmo que vocês estão guardados, em meu coração. A distância
pode ter nos afastado, mas vocês sempre estavam aqui bem pertinho de mim. Não poderia
também deixar de agradecer ao apoio incondicional de novos amigos encontrados pelo
caminho, Paula, Yndira, Ludimylla e a Edmilson e toda sua família, por sempre me fazer
acreditar que eu iria conseguir e que eu posso conseguir tudo que eu quiser. Valeu por tudo,
que Deus abençoe todos vocês.
Aos professores, que contribuíram para minha formação, pelos novos conhecimentos
adquiridos, em especial a minha orientadora, Profa. Dra. Almiralva, por sua paciência, ajuda e
atenção, obrigado por tudo e aos membros da banca examinadora.
A toda família Eureka por me permitir ver na prática a teoria aprendida na
Universidade, em especial aos colegas, que se tornaram amigos: Cinaria e Ronny.
Aos lojistas do comércio de Vitória da Conquista pela colaboração para realização
desse trabalho.
Obrigado a todos que torceram, rezaram por mim e me acompanharam durante todo
esse caminho, me dando forças e acreditando que eu iria conseguir. Essa vitória é nossa!
Sou contra a moda que não dure. É o meu lado
masculino. Não consigo imaginar que se jogue uma
roupa fora, só porque é primavera.
(Coco Chanel)
RESUMO
The worry with the sustainability of the planet is a featured issue around the world.
Furthermore, all segments of the industry, market and services find to adapt the way they
work and suit to the norms for to promotion of sustainable development. Industry fashion
isn’t out of this context, producing a sustainable way is also a concern in this sector. The
study has an intention of know the factors that influencing the retailers of the Vitória da
Conquista, Bahia to offer sustainable fashion items to the consumer. The study was an
exploratory and descriptive. The instruments used for data collection were the questionnaire,
applied to the city retailers that sell sustainable tags: Osklen; Cia Hering; Iódice; Levi’s;
Cantão e Góoc. In addition was use an interview, applied for accessibility, there of the
retailers had answer to the questionnaire. Trough analyzing the results, it was concluded that
retailers consider important to the production of fashion with sustainability, but the main
factors that influence them to offer these items is the consumer tags recognition in the mart
and the quality of their products.
Figura 1: Osklen, São Paulo Fashion Week – Inverno 2010 (roupas com tecidos eco) ....27
Figura 2: Osklen, sapato com couro de peixe....................................................................27
Figura 3: Hering, camiseta com tecido produzido com garrafas pets ............................... 28
Figura 4: Projeto sustentável da Hering, IBCC (Inst. Brasileiro de Controle do Câncer).28
Figura 5: Cantão, ecobag ...................................................................................................29
Figura 6: Levi’s, campanha de marketing do Eco Jeans .................................................. 30
Figura 7: bonECO, campanha de marketing dia dos namorados 2011, Levi’s, ............... 30
Figura 8: Iódice, roupa produzida com tecido sustentável ................................................ 31
Figura 9: Produtos Góoc fabricados com tiras de pneus ................................................... 31
LISTA DE QUADROS
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 13
1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................ 14
1.1.1 Objetivo Geral ........................................................................................................ 14
1.1.2 Objetivos Específicos .............................................................................................. 14
1.2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 14
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................ 15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................. 16
2.1 MODA ......................................................................................................................... 16
2.1.1 Marketing e Moda ..................................................................................................18
2.2 SUSTENTABILIDADE .............................................................................................. 20
2.3 MODA E SUSTENTABILIDADE: UMA INTEGRAÇÃO DE CONCEITOS ......... 22
2.3.1 Marcas Sustentáveis ............................................................................................... 26
2.4 CONSUMO ................................................................................................................. 32
2.4.1 Consumo Sustentável ............................................................................................. 33
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .............................................................. 35
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA .....................................................................35
3.2 UNIDADE DE ANÁLISE........................................................................................... 35
3.3 INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS ....................................................... 36
3.4 TRATAMENTO DOS DADOS .................................................................................. 37
4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS .................................................................38
4.1 PERFIL DAS EMPRESAS PESQUISADAS ............................................................. 38
4.2 MODA COM SUSTENTABILIDADE ......................................................................44
4.3 MODA E SUSTENTABILIDADE: A VISÃO DE LOJISTAS..................................55
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 59
REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 62
APÊNDICE A – ROTEIRO DE QUESTIONÁRIO APLICADO AOS LOJISTAS ........ 67
APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA APLICADO AOS LOJISTAS ............. 70
ANEXO A – RESPOSTA DE E-MAIL ENVIADO A MARCA OSKLEN .................... 72
ANEXO B – PROJETOS SUSTENTÁVEIS CIA HERING ............................................ 73
ANEXO C – DESENVOLVIMENTO DE CAMISETA ECOLÓGICA ATRAVÉS
DA PARCEIRA ENTRE A IÓDICE DENIM E A H2OH ............................................... 75
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 OBJETIVOS
1.2 JUSTIFICATIVA
Quanto à contribuição social, o presente estudo pretende obter dados que possam
contribuir para informar lojistas e consumidores a respeito da importância de vender e
consumir bens que visem à sustentabilidade do planeta. Pacce (2009, p. 17) relata que “[...]
parceria entre moda e meio ambiente é fundamental para tornar nosso futuro mais verde- ou o
menos poluído possível. [...]”
O interesse do pesquisador pelo mundo da moda e a importância do comércio de
produtos que visem a sustentabilidade, foram responsáveis por levá-lo a optar por esse tema,
contribuindo assim para expansão e produção de seu conhecimento na área.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 MODA
A moda deixou de ser vista como uma bobagem e passou a ser considerada um
fenômeno social. Através dela podemos estudar aspectos culturais de determinado lugar
(GOLDENGERG, 2006 apud COBRA, 2007, p. 16). A roupa é capaz de traduzir sentimento,
comportamento e caracteriza o homem. Brittar (2005 apud COBRA, 2007, p. 16) diz que “a
moda importa para as pessoas porque você é o que veste.”
Kotler (1998 p. 27) define Marketing como “um processo social e gerencial pelo qual
indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de
produtos de valor com outros”. Marketing é uma troca de forma natural entre duas ou mais
partes, onde ambas se beneficiam, buscando satisfazer suas necessidades (URDAN; URDAN,
2006).
O marketing em moda é o responsável por criar produtos com design diferenciado,
inovador e de divulgá-lo aos clientes, levando-o ao comprador e ao consumidor de forma
conveniente, com o menor custo possível. Para isso, a equipe de marketing realiza pesquisas e
usa sua intuição, identificando os desejos e necessidades dos consumidores (COBRA, 2007).
O ciclo de vida do produto de moda tende cada dia a ser mais curto. Por isso o
marketing é importante para a moda, pois é uma forma de administrar a demanda do mercado,
encantar e seduzir os clientes (COBRA, 2007). Segundo Miranda, Garcia e Leão (2001 p. 3),
as etapas “do ciclo de vida do produto de moda são introdução e adoção por parte dos líderes
de moda1, incremento da aceitação pública (crescimento), conformidade da massa
(maturação), e o inevitável declínio e obsolência”.
São várias as ferramentas de marketing para divulgação do produto de moda. No
entanto, a propaganda em televisão tem despontado, quando bem planejada, como uma
eficiente peça publicitária. Garbin (2005 apud COBRA, 2007 p. 76) relata que
Aparecer uma imagem de uma peça de roupa ou adorno na televisão é bom, pois
estimula a vaidade das pessoas e cria um clima de sedução, mas depende do
personagem. Determinados personagens podem atrapalhar mais do que ajudar. As
novelas vendem tanto o bom gosto quanto o mau gosto. E isso para o Brasil inteiro,
em horário nobre.
1
Líderes de moda – pessoas que têm conhecimento tal sobre o produto que seus conselhos são levados a sério,
influenciando atitudes e comportamentos.
19
Dias (2007, p. 52) ainda relata que “[...] nos últimos anos a gestão ambiental tem
adquirido cada vez mais uma posição destacada, em termos de competitividade, devido aos
benefícios que traz ao processo produtivo como um todo e a alguns fatores em particular que
são potencializados.”
A consciência ambiental dos consumidores, ao passar dos anos, está em constante
crescimento. Isso tem levado as empresas dos mais diversos segmentos do mercado, inclusive
o da moda, a adaptarem seus meios de produção, de forma a poluírem menos o meio
ambiente. Com isso, essas indústrias se destacam em relação às outras, no tocante a
competitividade, e utilizam de estratégias de marketing para divulgar a preocupação da
empresa com a sustentabilidade do planeta.
O consumidor de moda aprecia mais os valores instrumentais da roupa do que seus
atributos físicos, pois a moda estimula o imaginário das pessoas. O que é novo pode estimular
o comprador, pois estar na moda pode ser um fator de distinção e aceitação social (COBRA,
2007).
[...] O marketing trafega pela mente das pessoas procurando descobrir necessidades
e desejos explícitos e ocultos, com a finalidade de desenvolver produtos que, por
serem de moda, se transformam rapidamente em objetos de desejo (COBRA, 2007,
p. 17).
Como ser sustentável, atualmente, é estar na moda, o consumidor busca por produtos e
marcas, que trabalhem com esta preocupação, pois como a roupa fala, esta é uma forma de
dizer que é um cidadão consciente, preocupado com a sustentabilidade do planeta. Por isso
que algumas empresas estão adotando uma nova forma de marketing. Dias (2007, p. 137) nos
diz que “é este comportamento do consumidor ambientalmente consciente, [...] que obriga as
empresas a adotar uma nova forma de abordar o marketing, de um ponto de vista ecológico."
20
2.2 SUSTENTABILIDADE
Apesar do surgimento da consciência ambiental ser datada nos anos 1960, foi a partir
da década de 1990, mais precisamente no ano de 1992 na Conferência das Nações Unidas no
Rio de Janeiro, que começou a ser difundido o discurso sobre o consumo sustentável. A
agenda 21 foi elaborada nesse evento para regulamentar o processo de desenvolvimento com
base nos princípios da sustentabilidade (LEFF, 2008).
O Capítulo 31, item 1, da Agenda 21, reconhece que:
Segundo Leff (2008, p. 19), “[...] O desenvolvimento sustentável foi definido como
um processo que permite satisfazer as necessidades da população atual sem comprometer a
capacidade de atender gerações futuras.”
Nesse mesmo raciocínio, Manzini (2005 apud RECH; SOUZA, s.d., p. 3) diz que:
As normas ISO 14000 são uma família de normas que buscam estabelecer
ferramentas e sistemas para a administração ambiental de uma organização. Buscam
a padronização de algumas ferramentas-chaves de análise, tais como auditoria
ambiental e análise do ciclo de vida (DIAS, 2007, p. 92).
Para ter a certificação ISO 14000, a empresa passa por uma auditoria, onde será
analisado seu processo produtivo e todo o ciclo de vida do produto, onde será identificado se
ela está produzindo de acordo com as normas estabelecidas para fabricação de produtos de
forma sustentável.
De acordo com a socióloga Americana Diane Crane (s.d. apud BINDO, 2007), usar
roupas e acessórios que contribuem para a preservação do planeta é fashion. Para produzir de
forma sustentável as empresas devem se dedicar aos três pilares da sustentabilidade: ser
socialmente justo, ambientalmente equilibrado e economicamente próspero. Para isso, elas
devem melhorar na captação de matérias-primas e reinventar a própria forma de fazer,
diminuindo os poluentes despejados na natureza (RECH; SOUZA, s.d.).
A empresa que deseja fabricar seus produtos, visando à sustentabilidade do planeta,
deve revisar todo seu processo produtivo e incorporar nele o uso de tecidos sustentáveis,
gerando menos dejetos que serão descartados ao meio ambiente. Uma das maneiras de fazer
isso, por exemplo, é reciclar a água utilizada no processo produtivo.
De acordo com Souza, Silva e Correia (2009), o Ecodesing é o responsável por
desenvolver o processo de desing sustentável em todas as fases do produto, sem gerar danos
ambientais, proporcionando uma cadeia de produção totalmente sustentável.
Schulte e Lopes (2008, p. 35) dizem que “o respeito pelo meio ambiente, a utilização
de fibras naturais e a reciclagem de roupas e objetos usados são à base da moda ecológica,
que pouco a pouco tem conquistado os consumidores e estilistas na Itália e em outros países.”
23
Existem vários materiais que podem ser utilizados para produção de itens
sustentáveis no segmento da moda. Fernandes (s.d. apud BINDO, 2007) diz que materiais
reciclados, tecidos orgânicos, couros alternativos e novas fibras naturais são utilizados para
produção de roupas ecológicas.
De acordo com Cavalcante (2002 apud SCHULTE; LOPES, 2008, p. 41)
com a sustentabilidade do planeta, mostrando que cada segmento de mercado, pode fazer sua
parte para reduzir a degradação do meio ambiente.
Para Vezzoli (2006 apud SCHULTE; LOPES, 2008, p. 39), o consumo de produtos
de vestuário de moda de forma mais consciente “trata-se de um grande desafio, pois a
indústria da moda como está estabelecida atualmente, propõe um cenário muito diferente.
Trocar os produtos a cada estação ou, a cada coleção.”
Segundo Bindo (2007), o último grito da moda é a reutilização: fazer um bazar com
as amigas, ir a um brechó, pois não tem marca mais exclusiva que essa, dificilmente alguém
aparecerá com uma roupa como a sua.
No Brasil, existem várias associações que surgiram com a preocupação do mercado
de moda com o meio ambiente, a exemplo temos a Justa Trama e o Instituto-e. A Justa Trama,
cadeia produtiva solidária do algodão agroecológico, é uma rede de empreendimentos
econômicos solidários que tem como produtos finais roupas e bolsas. Suas unidades estão
distribuídas em várias regiões do Brasil. Elas estão envolvidas desde o plantio e o
beneficiamento do algodão até a confecção dos produtos e isso tudo é feito minimizando o
impacto ao meio ambiente. Sua coordenação é formada por representantes de todos os
empreendimentos envolvidos e se reúnem a cada dois ou três meses, onde democraticamente
tomam as decisões estratégicas sobre a cadeia produtiva (METELLO, 2007). As suas
atividades iniciaram-se em 2004 e ela está formada da seguinte forma:
associação tem diversos projetos, entre eles o E-Brigade, que é um movimento de combate a
desinformação ambiental e de ativismo individual; o E-Fabric, que mapeia os tecidos e
materiais sustentáveis desenvolvidos a partir de critérios socioambientais e o Selo E, um
certificado de sustentabilidade para produtos voltados para expressão de ideias e
comportamento sustentável.2
O Instituto foi lançado oficialmente por Oscar Metsavath, estilista da Osklen, em
2007, no São Paulo Fashion Week. Segundo Sua Diretora Nina Braga,
2
Informações obtidas em: <http://www.institutoe.org.br>
3
Informações obtidas em: Sylvia de Sá – Osklen, Hering e Cantão apostam em sustentabilidade, 2009
4
VLADIMIR. Publicação eletrônica [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por mateussj@hotmail.com em
18 mai. 2011. (Anexo A).
26
Portanto, fica claro que as marcas que trabalham com projetos sustentáveis na
produção de seus produtos e serviços, nem sempre são 100% sustentáveis, pois é muito difícil
em todo seu ciclo produtivo não causar algum dano ao meio ambiente. Mas o importante é
que elas buscam reduzir esses impactos, preocupando-se com a preservação da natureza e
com o bem estar das gerações futuras.
Figura 1: Osklen, São Paulo Fashion Week – Inverno 2010 (roupas com tecidos eco)
Fonte: LOBO (2010)
lavagem das estampas e das máquinas (CIA HERING, s.d.). Além de desenvolver vários
projetos sociais (Figura 4), conforme pode se verificar no Anexo B.
A Iódice foi fundada em 1995 por seu dono Valdemar Iódice. Em sua coleção
desfilada no São Paulo Fashion Week 2011, continua se inspirando na sustentabilidade. A
marca também tem projetos no Amazonas e a cada peça vendida eles doam 1 real para as
famílias adotadas de uma unidade de conservação. Nessa coleção, foi usado na produção
tucumã, pele de pescada, cortiça e o tingimento de suas peças foi feito com base vegetal
(LOBO, 2010), (Figura 8). A Iódice tem incorporado a sua marca a Iódice Denim, que em
parceria com a H2OH, desenvolveu uma camiseta ecológica, utilizando como matéria prima o
pet reciclado, que além de ajudar a preservar o planeta contribui com a renda dos
trabalhadores da cooperativa de reciclagem (ANEXO C), (IÓDICE, s.d.).
31
2.4 CONSUMO
De acordo com Martirani et al. (2006), a redução do consumo e extensão da vida útil
dos produtos vem ganhando destaque desde a Conferência da Nações Unidas, em 1992, sobre
o ambiente e o desenvolvimento (também conhecida como Cúpula da Terra, Eco 92 ou Rio
92). Este evento foi realizado no Rio de Janeiro e lá foram escritos tratados que já
recomendavam a prática da redução, reutilização e a reciclagem dos bens consumidos.
Atualmente, os consumidores estão mais conscientes e seus valores fundamentais de
saúde, bem estar e qualidade de vida são primordiais. Eles contribuem para o aumento da
qualidade de produtos fabricados de acordo com as propostas sustentáveis. Tanto os serviços
como os produtos de boa qualidade e com fundo ecológico passaram a ser considerados
valores de luxo e exclusividade (RECH; SOUZA, s.d.).
O aumento da consciência ambiental, que se assiste nos últimos anos, tem sido
acompanhado por efeitos nos mercados consumidores de produtos e serviços. [...]
Em escala cada vez maior, o consumidor quer influenciar a sua decisão de compra
com considerações ambientais. Embora seja recente, a rotulagem ambiental é uma
34
Identificaram um adicional de preço de até 45% para a fibra orgânica, em função das
dificuldades encontradas para sua produção. Este valor reflete um prêmio de 12,5%
considerando apenas o conteúdo de fibras nos produtos têxteis elaborados com a
matéria-prima orgânica. Isso explicaria, segundo os autores, o prêmio médio de 37%
no preço final das roupas orgânicas, pelo atributo de qualidade ambiental embutido
nas peças.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para obtenção dos objetivos deste trabalho foi realizado uma pesquisa de natureza
teórico-empírico com abordagem exploratória e descritiva. Para Mattar (2005, p. 85),
amostra por conveniência é aquela em que são selecionadas “as pessoas que estão ao alcance
do pesquisador e dispostas a responder a um questionário”.
Não foi possível relacionar e pesquisar todas as marcas de vestuário sustentáveis, no
decorrer deste trabalho, devido a grande quantidade de entidades de rotulagem e selos
ambientais existentes no mercado.
Por esse motivo, por opção do pesquisador, foram delimitadas, para essa pesquisa, as
marcas Osklen, Cia Hering, Cantão, Levi’s, Iodice e Goóc devido uma maior divulgação de
seus projetos sustentáveis em meios eletrônicos.
O instrumento para coleta de dados utilizado foi o questionário (1ª etapa) que,
segundo Silva e Menezes (2001, p. 33), “consiste em uma série ordenada de perguntas que
devem ser respondidas por escrito pelo informante, devendo ser objetivo, limitado em
extensão e estar acompanhado de instruções.” As perguntas foram fechadas, sendo de
múltipla escolha e segundo grau de importância (não importante, pouco importante,
importante e muito importante).
Os questionários foram aplicados aos lojistas da cidade de Vitória da Conquista, que
trabalham com as marcas Osklen, Cia Hering, Cantão, Levi’s, Iodice e Goóc, marcas essas
que buscam trabalhar de forma sustentável, com o objetivo de conhecer a importância que
eles dão a moda com sustentabilidade, se trabalham com essas marcas de forma consciente ou
apenas por serem reconhecidas no mercado e para identificar, segundo a percepção do lojista,
qual o gênero que mais consome esses produtos, o masculino ou feminino.
Como o universo da pesquisa foi pequeno e o comércio da cidade de Vitória da
Conquista é muito amplo, para dar mais credibilidade ao estudo, três lojistas, dentre aqueles
37
que já tinham respondido ao questionário, foram entrevistados (2ª etapa). O critério adotado
para selecionar os lojistas foi o de acessibilidade.
Para análise e interpretação dos dados obtidos através da aplicação dos questionários,
foi utilizada a abordagem quantitativa, pois ela “permite a mensuração de opiniões, reações,
hábitos e atitudes em um universo, por meio de uma amostra que o represente
estatisticamente” (TERENCE; ESCRIVÃO FILHO, 2006, p. 3). No entanto, não se dispensou
a análise qualitativa quando possível. Ela foi realizada para tentar sanar a lacuna encontrada
ao fim da aplicação do questionário, pois era esperado uma amostra de número maior do que
13 unidades, devido o comércio da cidade ser bem desenvolvido e algumas das respostas dos
lojistas foram contraditórias, o que de qualquer forma solicitou uma análise qualitativa.
A tabulação dos dados foi realizada utilizando o programa utilitário Excel, do sistema
WINDOWS (MS Office – Microsoft), onde foram elaborados tabelas e gráficos, o que vem
facilitar sua interpretação e entendimento.
38
A pesquisa de campo foi composta de duas etapas. Na primeira etapa, foi aplicado o
questionário em 13 lojas do comércio de Vitória da Conquista, as quais comercializam as
marcas delimitadas para esse estudo. Como o comércio da cidade é muito amplo, para dar
mais credibilidade ao estudo, três lojistas, selecionados por acessibilidade, foram
entrevistados.
A descrição e análise dos dados desse estudo está divida em três partes. A primeira
parte apresenta o perfil das empresas pesquisadas. A segunda parte, moda com
sustentabilidade, apresenta o resultado obtido através da aplicação dos questionários. E a
terceira parte apresenta o resultado obtido através das entrevistas, onde é realizado o
cruzamento dos dados das duas etapas e destacam-se trechos das respostas dos entrevistados,
utilizando apenas as iniciais de seus nomes para referência, eliminando assim as divergências
encontradas nas respostas dos lojistas, na aplicação dos questionários.
Quant. de
Tempo de existência
lojas
Até um ano 1
De 1 a 5 anos 3
De 6 a 10 anos 4
De 11 a 15 anos 1
De 15 a 20 anos 2
Acima de 20 anos 2
Total 13
Quadro 2: Tempo de existência das lojas pesquisadas
Fonte: Pesquisa de campo, 2011.
39
Das empresas pesquisadas, 46% têm apenas um proprietário, 46% são formadas por
dois sócios e 7,69% é composta de três sócios, conforme gráfico 1 abaixo.
Em relação às lojas pesquisadas, 69,23% dos proprietários têm apenas uma loja,
15,38% têm 2 lojas, 7,69% é dono de 3 lojas e essa mesma percentagem possui 4 lojas,
conforme mostra o gráfico 2.
Das empresas que compõem a amostra, verificou-se que a maioria dos gestores são
pessoas mais maduras e experientes, pois, 53,85% têm mais de 40 anos, já 7,69% têm até 25
anos, 7,69% têm de 26 a 30 anos, 30,77% tem de 36 a 40 anos e nenhum gestor está
enquadrado na faixa etária ente 31 e 35 anos, conforme demonstrado no gráfico 5.
moda mais consciente e mostrar que cada segmento do mercado pode contribuir para a
preservação do meio ambiente (SCHULTE; LOPES, 2008).
O marketing verde, que é o conjunto de estratégias de comunicação com objetivo de
obter vantagem comparativa de diferenciação de seus produtos em relação ao dos
concorrentes (DIAS, 2007), foi considerado como “muito importante” por 53,85% dos
lojistas, “importante” por 30,77% e “pouco importante” ou “não importante” pela mesma
proporção, 7,69% (Gráfico 13).
O treinamento dos vendedores para informar aos clientes sobre os projetos
sustentáveis da marca vendida em sua loja foi ponderado como “importante” por 69,23% dos
lojistas e 30,77% ponderou essa ação como muito importante, nenhum lojista a considerou
como “pouco importante” ou “não importante” (Gráfico 13). É muito importante que a equipe
de vendas seja treinada, orientada sobre o conceito da marca, que aceite a coleção da estação,
se identifique com o produto que está vendendo, pois, assim ela desempenhará melhor sua
função, informará ao cliente dos atributos da roupa, mostrando sua qualidade, alcançando
assim mais vendas. Cobra (2007) nos diz que, a não aceitação de uma coleção pela equipe de
vendas é uma das principais causas do seu insucesso.
A distribuição de brindes e informativos sustentáveis foi uma ação avaliada como
“pouco importante” ou “importante” pela mesma proporção de lojistas, 30,77%, já 23,08% a
avaliou como “muito importante” e 15,38% como “não importante” (Gráfico 13).
A preocupação com o consumo sustentável é “muito importante” para 53,85% dos
lojistas, “importante” para 30,77% e “pouco importante” e “não importante” para a mesma
proporção, 7,69% (Gráfico 13). Almeida (2002) nos diz que mesmo sendo recente a questão
da rotulagem ambiental e do consumo sustentável, ocorreu um aumento, nos últimos anos, de
consumidores que estão tomando sua decisão de compra baseados em questões ambientais.
A promoção associada à ação social foi considerada como “importante” por 69,23%
dos lojistas, “muito importante” por 23,08%, “não importante” para 7,69% e nenhum deles a
considerou como “pouco importante” (Gráfico 13). O ciclo de vida do produto de moda é
muito curto, portanto é muito importante utilizar de diversas ações de marketing para encantar
o cliente, pois essa é uma forma de administrar a demanda do mercado (COBRA, 2007), e a
promoção associada à ação social é uma das diversas ações de marketing que pode ser
utilizada pelo lojista, para gerir essa demanda do mercado.
A decoração da loja utilizando materiais recicláveis foi avaliada como “importante”
por 61,54% dos lojistas, “muito importante” e “pouco importante” pela mesma proporção,
15,38% e “não importante” por 7,69% (Gráfico 13).
48
Em relação às ações realizadas pela loja para mostrar aos consumidores que ela
trabalha com uma ou mais marcas sustentáveis, 46,15% dos lojistas consideraram que fazer
campanhas de marketing sustentáveis, tanto pela loja como pela própria marca, é
“importante”; “muito importante” para 38,46% e “não importante” e “pouco importante” para
a mesma proporção, 7,69% (Gráfico 14). Incorporar em suas campanhas de marketing a
questão sustentável, dar maior destaque as marcas sustentáveis vendidas pela loja é de
fundamental importância. Cobra (2007) nos relata que a moda acompanha não só apenas os
desejos das pessoas, mas também as tendências da economia, do comportamento e estilo de
vida das pessoas. Ademais, ser sustentável hoje é estar na moda, é seguir a tendência de
mercado. Portanto, divulgar que a loja é antenada e se preocupa com esse fator,
consequentemente, poderá repercutir na conquista de novos clientes.
Informar aos clientes a forma de produção sustentável e os seus projetos, através dos
vendedores, foi avaliado como “importante” para 61,54% dos lojistas, 15,38% como “muito
importante” e a mesma margem para “pouco importante” e 7,69% dos lojistas avaliaram
49
como “não importante” (Gráfico 14). Esta avaliação divergiu da análise de importância da
mesma ação em outro âmbito (apresentada no gráfico 13), quando nenhum lojista considerou
que o treinamento dos vendedores, para informar aos clientes da produção e projetos
sustentáveis da marca vendida em sua loja, não era importante ou pouco importante.
A distribuição de informativos e brindes sustentáveis, enviados pela marca, para que
a loja promova campanhas promocionais foi considerada “importante” por 76,92% dos
lojistas e “não importante”, “pouco importante” e “muito importante”, pela mesma proporção,
7,69% (Gráfico 14), o que também divergiu da análise desse item em outro contexto, quando
uma maior porcentagem de lojista consideraram como não importante (15,38%) e pouco
importante (30,77%) a distribuição desses itens (Gráfico 13).
Fazer vitrines e decorar a loja utilizando material reciclável, atribuindo-lhe um
contexto mais sustentável foi considerado por 76,92% dos lojistas como “importante” e por
23,08% como “muito importante”, sendo que nenhum lojista considerou essa ação como “não
importante” ou “pouco importante” (Gráfico 14), fator também que diverge da análise de ação
similar em outra questão, quando 7,69% dos lojistas consideram como “não importante” e
15,38% como “pouco importante”, a decoração da loja utilizando materiais recicláveis
(Gráfico 13). A maior parte dos lojistas considerou importante a decoração das lojas e
vitrines, utilizando material reciclável, mas andando pelo comércio de Vitória da Conquista
podemos verificar que a grande maioria não faz uso desse recurso.
Informar os clientes através de e-mail marketing ou torpedo, conforme verificado em
questão anterior, não é um recurso muito utilizado pelos lojistas da região, 38,46%
consideram “pouco importante” esse recurso e 15,38% “não importante”, mas mesmo não
sendo tão utilizado 30,77% consideram “importante” e 15,38% “muito importante”, a
utilização desse recurso para informar aos clientes questões referentes à sustentabilidade
(Gráfico 14).
50
Gráfico 14: Grau de importância para ações sustentáveis realizadas pela loja para mostrar aos consumidores que
trabalha com marcas sustentáveis.
Fonte: Pesquisa de campo, 2011.
Gráfico 15: Grau de importância para os motivos que levou a loja a oferecer produtos de moda sustentável ao
consumidor.
Fonte: Pesquisa de campo, 2011.
52
Segundo visão dos lojistas, analisando a frequência e o poder de compra dos seus
clientes, quem mais consome artigos de moda sustentáveis são as mulheres, 61,54%, ambos
os sexos, 30,77% e os homens, 7,69% (Gráfico 16). Segundo Metello (2007), em entrevista
realizada com integrantes da Justa Trama, as pessoas que mais consomem produtos de moda
sustentáveis têm um alto poder aquisitivo, um elevado grau de escolaridade, são universitários
e são chamados de “pessoal alternativo”, a grande maioria desses indivíduos são do sexo
feminino.
consumir produtos sustentáveis significa estar na moda. Cobra (2007) nos diz que estar na
moda pode ser um fator de distinção e aceitação social.
A demonstração para a sociedade de que se preocupa com a sustentabilidade foi
avaliado como “importante” por 53,85% dos lojistas, “muito importante” por 23,08%, “pouco
importante” por 15,38% e “não importante” por 7,69% (Gráfico 17). O vestuário é
comunicação e o comportamento do consumo de compra de um indivíduo pode ser explicado
pela necessidade de expressar para a sociedade, mediante a posse de produtos, como ele se
percebe enquanto integrante de grupos sociais. Até mesmo as pessoas que dizem que não se
importam com a moda, consomem produtos básicos, como jeans e camisetas (MIRANDA;
GARCIA; LEÃO, 2001).
A identificação com o conceito da marca, desing e a qualidade dos produtos foi
considerada “muito importante” por 76,92% dos lojistas e “importante” por 23,08% sendo
que nenhum lojista considerou as opções “não importante” e “pouco importante” (Gráfico
17).
A sensação de inclusão em um grupo social que só consome produtos sustentáveis
foi avaliado como “importante” para 53,85% dos lojistas, “pouco importante” para 38,46%,
“muito importante” para 7,69% e “não importante” não foi considerada por nenhum lojista
(Gráfico 17). Simmel (1957 apud, MIRANDA; GARCIA; LEÃO, 2001) nos diz que a moda é
baseada pela adoção por um grupo social. Ela é a imitação de um modelo estabelecido que
satisfaça a demanda por adaptação social, diferenciação e desejo de mudar.
54
Gráfico 17: Grau de importância para os prováveis motivos que levam os clientes da loja a comprar produtos
sustentáveis.
Fonte: Pesquisa de campo, 2011.
sustentáveis. A maioria consome pela qualidade dos produtos e por seu reconhecimento no
mercado, mas acredita que, com o passar dos anos, mais pessoas estarão sensibilizadas sobre
esse assunto. Um outro empresário disse que há uma contribuição, pois se sua loja não
vendesse uma marca sustentável, seu cliente poderia procurar outras lojas que oferecessem
produtos com estas características. O terceiro entrevistado disse que, como ele não percebe
essa preocupação e preferências dos consumidores por marcas sustentáveis, esse fato não
contribui em nada, pois, se a marca que ele vende não tivesse projetos sustentáveis ou
produzisse de forma sustentável, ele estaria com o mesmo percentual de vendas, por causa de
sua qualidade e seu reconhecimento no mercado que foi capaz de fidelizar seus clientes.
A terceira pergunta feita aos lojistas teve o intuito de analisar o comércio de Vitória
da Conquista de uma forma geral e avaliar se os lojistas que trabalham com marcas
sustentáveis, desenvolvem suas campanhas de marketing com um fundo sustentável ou
trabalham suas campanhas sempre no âmbito geral. Analisando a resposta de todos os três
entrevistados, pode-se concluir que assim como os entrevistados nesta 2ª etapa da pesquisa, os
demais lojistas da cidade não agem mercadologicamente com esse foco em sustentabilidade.
Apesar de venderem produtos sustentáveis, suas campanhas de marketing estão sempre
relacionadas à aspectos gerais dos produtos, a sua qualidade e ao reconhecimento de mercado
da marca. Relatam ainda que sua equipe de vendas sempre informa aos clientes sobre as
marcas sustentáveis e seus projetos. Até mesmo o lojista que disse que não vê em seus
clientes interesse pela questão sustentável, afirmou distribuir panfletos com informações e
brindes recebidos pela marca. No entanto, percebem que poucas lojas da cidade dão ênfase a
essa questão sustentável, utilizando materiais recicláveis para decoração da loja e vitrine por
exemplo. Relatam ainda que consideram importante a produção de forma sustentável, as
ações realizadas, mas que não dão tanta ênfase a essa questão porque não percebem um
grande número de consumidores preocupado com essa questão. Eles ainda consideram que
essa cultura de consumir apenas produtos sustentáveis, está mais presente nas capitais, onde o
assunto é mais debatido, divulgado e onde tem um maior número de pessoas com uma melhor
situação financeira. Um lojista, em conversa informal, durante aplicação do questionário,
disse que se preocupa e considera importante a produção sustentável, as campanhas de
marketing com esse foco, mas que não desenvolve ações nessa direção, pois sua loja não tem
um foco exclusivo em vender marcas sustentáveis. Aliás, comercializa apenas uma marca
sustentável.
Cruzando as informações contraditórias obtidas na primeira etapa da pesquisa através
dos questionários com o resultado das entrevistas realizadas posteriormente verificou-se que o
57
motivo principal que leva os lojistas a venderem essas marcas é seu reconhecimento no
mercado e a qualidade de seus produtos, 27,03%, (Gráfico, 11). Os trechos selecionados
abaixo esclarecem esta questão:
“[...] infelizmente, muitos consomem apenas por gostar da qualidade e design das
peças.” (M. C.)
“meus clientes compram roupas dessas e das outras marcas que vendo na loja pela
qualidade dos produtos e por seu reconhecimento no mercado, eles chegam a loja
sem saber que as peças são produzidas de forma sustentável ou que a marca
desenvolve projetos sustentáveis.” (D. F.)
produtos têm este diferencial, mas nem todos compram por este motivo, a grande
maioria ainda está atenta apenas a qualidade e ao bom gosto de nossas peças.
Acredito ser esse um fato com maior destaque nas capitais, onde o assunto é mais
debatido e divulgado e onde se tem um maior número de pessoas com uma melhor
situação financeira.” (M.C.)
O confronto entre a pesquisa quantitativa (1ª etapa) e qualitativa (2ª etapa) revelou
contradição na análise do fator competitividade. Apesar de 46,15% dos lojistas considerarem
“muito importante”, (Gráfico15) que vender produtos de moda sustentável aumenta a
competitividade da empresa no mercado, e que isso os levou a vender essa marca sustentável,
em outra questão, eles também relatam não se sentir muito influenciados (10,81%) pelo fator
competitividade (Gráfico 11) para venderem essas marcas. Após a análise qualitativa
verificamos que, os lojistas não consideram que os consumidores da cidade de Vitória da
Conquista dão a devida importância à moda com sustentabilidade. Portanto, eles não
consideram que comercializar uma marca sustentável lhes proporciona competitividade.
59
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A falta de uma literatura específica sobre o assunto ocasionou grande busca nos
meios eletrônicos para desenvolver parte do referencial teórico. No entanto, artigos de
revistas, artigos acadêmicos e livros consagrados também fundamentaram este estudo.
Recomenda-se a realização de pesquisas futuras com abordagem mais qualitativa
sobre a temática. Ademais, pode-se estender pesquisas aos consumidores para que tratem do
assunto moda com sustentabilidade. As indústrias de confecção da cidade de Vitória da
Conquista e região também poderiam ser investigadas a respeito da introdução, em seu
processo produtivo, de técnicas de produção sustentável e do desenvolvimento de projetos
dessa natureza. Enfim, como essa é uma área nova e pouco explorada, uma ampla agenda de
pesquisas se abre.
62
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URDAN, Flávio Torres; URDAN, André Torres. Gestão do composto de marketing. São
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APÊNDICES
67
APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO
( ) Dzarm ( )Outras:_______________________
2. Quais fatores influenciam a venda das marcas (Osklen, Hering, Hering Kids, PUC,
Dzarm, Cantão, Levi’s, Iodice e Goóc) em sua empresa?
( ) Preferência dos clientes por marcas sustentáveis
( ) Reconhecimento dessas marcas no mercado
( ) Alta margem de lucro proporcionada
( ) Preocupação ambiental e social
( ) Ganho em competitividade por vender essas marcas sustentáveis
( ) Qualidade dos produtos
4. Há quanto tempo você trabalha com produtos de moda que visam produzir de forma
sustentável?
( ) menos de 6 meses
( ) de 1 a 2 anos
( ) de 3 a 4 anos
( ) de 5 a 10 anos
( ) mais de 10 anos
8. Identifique o grau de importância das ações realizada pela empresa para mostrar
aos consumidores que trabalha com uma marca que se preocupa com a
sustentabilidade do planeta.
10. Atribua grau de importância para os prováveis motivos que levam seus clientes a
comprarem roupas sustentáveis.
( ) Preocupação com a degradação do meio ambiente, colaborando assim para sua
preservação.
( ) Necessidade de aceitação social.
( ) Demonstração para sociedade de que se preocupam com a sustentabilidade.
( ) Identificação com o conceito da marca, desing e qualidade.
( ) Sensação de inclusão em grupo social que só consomem produtos sustentáveis.
70
APÊNDICE B
ENTREVISTA
2- Produzir e viver de forma sustentável é uma das culturas mais difundidas no momento
em todos os setores econômicos e sociais. O fato de vender uma marca que desenvolve
projetos nesse sentido contribui de alguma forma para sua loja? Como?
3- De acordo com sua visão do comércio de Vitória da Conquista, de uma forma geral,
você acha que os lojistas da cidade, que trabalham com marcas sustentáveis, desenvolvem
alguma ação de marketing nesse sentido? (justifique sua resposta). E sua empresa desenvolve?
Ou trabalha as campanhas de marketing sempre no âmbito geral sem o foco na
sustentabilidade?
71
ANEXOS
72
ANEXO A
17:22
vladimir@osklen.com.br
Para mateussj@hotmail.com
De: Vladmir (OSKLEN - Relações Corporativas) (vladimir@osklen.com.br)
Enviada: quarta-feira, 18 de maio de 2011 17:22:52
Para: mateussj@hotmail.com (mateussj@hotmail.com)
Caro Mateus
Agradecemos sua lembrança de nossa marca para o seu trabalho de conclusão de curso.
Nós não temos uma documentação sistematizada que possamos te enviar sobre este tema.
A questão da sustentabilidade é algo muito orgânico ao nosso trabalho, digamos assim. Não é uma
estratégia planejada e estruturada, com um guia de aplicação a seguir.
Ela entra na Osklen, para vc ter uma idéia, em fins dos anos 90. Vale lembrar, por exemplo, que
Metsavaht (nome paterno do Oskar, diretor de estilo e criação da marca) é de origem estoniana e
significa “guarda florestal” ou “guardião da floresta”. Ou seja, nós costumamos brincar que a questão
da sustentabilidade, no nosso caso, vem de berço ...rs
Mas, como eu disse, apenas em fins dos anos 1990 ela passa a ser tratada internamente. É desta
época a mudança de nossa filosofia corporativa (de „Cause life is an endless adventure para Better life
in the new Millennium) e a criação do movimento e-brigade (um movimento de combate à
desinformação ambiental). Em 2002, em nosso último desfile no Fashion Rio (antes de nos mudarmos
de vez para o SPFW), a Osklen desfila o primeiro conjunto de roupas e acessórios desenvolvidos em
parceria com o e-brigade. Isto marca a entrada de vez desta questão em nosso trabalho, de uma
forma mais presente, mais sistemática. Creio que o auge desta construção, por sua vez, seja a
coleção de inverno de 2007 – Amazon Guardians. Naquele ano, o movimento e-brigade inspira a
constituição de nossa ONG – o Instituto e, que visa promover o Brasil como “o” país do
desenvolvimento humano sustentável. Com a constituição dessa ONG, passamos a ter no Instituto um
parceiro, uma consultoria para a questão da sustentabilidade. De qualquer forma, o mais importante
de se ter em mente é que isto tudo não faz de nossa marca uma ecobrand. Não é essa a nossa
pretensão (embora o mercado ache que sejamos). Nem tudo na Osklen é sustentável ou
ecologicamente correto. Há um esforço nesta direção, mas não somos. Ao lado de uma malha PET
ainda usamos a malha de algodão convencional (que é altamente poluente), sabe como é? Ou seja,
somos mais uma plataforma comunicacional do que uma ecobrand, uma empresa 100% ecológica /
sustentável. O que procuramos fazer, de forma sistemática, é usar o poder comunicacional da moda
(e de nossas roupas, de nossas lojas, de nossas TVs de plasma etc) para falar sobre estas questões
com o nosso público. Claro que, ao lado desta “responsabilidade comunicacional” (digamos assim), há
um desejo de experimentar e propor novos materiais ou mesmo temas afins à questão. Por isso não é
uma imposição. Somos uma empresa de moda, não um centro de pesquisa ou uma agência noticiosa,
o que quer dizer que, se um determinado tema não coadunar com uma proposta eco isto não será
imposto às equipes de criação. Elas estão livres para darem a melhor solução estética àquele
determinado tema, àquela determinada modelagem, sem obrigatoriamente ter que passar por
materiais sustentáveis.
Para ajudar um pouco mais nestas tuas leituras, nos próximos emails vou encaminhar alguns artigos
que, creio eu, poderão te ajudar, ok?
Vladimir
73
ANEXO B
74
75
ANEXO C