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X-6 estava pronto para trabalhar, era o novo estagiário da equipe da palavra,

seu currículo tinha uma formação na Universidade da Etimologia e também


Especialização em Investigação de Palavras, também tinha experiência com processos,
que era para ajudar palavras que tinham falsas etimologias e tinha também Mestrado em
palavras derivadas do Tupi-Guarani.

O escritório era ao lado do Anos Cinqüenta, local onde ficava o excêntrico x-


8 que ficava em sua escrivaninha atendendo as palavras, lógico que elas chegavam aos
montes, ele era o mais experiente.

Acima do escritório do x-6 estava o da x-7 que atendia a uma Tulipa


desconsolada, ao lado esquerdo, estava tia Odete ensinando aos meninos palavras que x-
6 não as ouvia bem. Só o escritório do x-8 era em frente, pois segundo ele, queria
exclusividade total, x-6 era alto, com uma roupa de detetive desbotada e um chapéu que
ocultava o rosto. Ao contrário de x-8, era bem extrovertido e dotado de bom humor,
sempre a disposição de ajudar uma palavrinha, sentou-se a escrivaninha toda
empoeirada, colocou os pés sobre a mesa e esperou, esperou, esperou e nenhuma
palavra lhe veio consultar.

Quando menos esperava, uma palavra bateu a porta e pediu para entrar, era
um verbo, e o melhor, em latim, era muito raro aparecer palavras que originam, sempre
se recebe palavras originadas, palavras ou raízes atrás de seu paradeiro, mas agora era
uma palavra latina atrás de seus filhos, momento raro e único para x-6 mostrar seu
talento.

A palavra era tão grande que x-6 teve que juntar três cadeiras para cabê-la,
ela se chamava capĕre, que em latim significa “pegar”. A palavra desconsolada sentou-
se e exclamou:

- Detetive, preciso de sua ajuda, ando por aí como uma desconhecida, atrás
de meus paradeiros, sei que geralmente isso não acontece por aqui, mas quero saber
quem eu originei, sei que, se estou aqui, não é a toa.

X-6, perplexo com a situação, percebera que, quando alguém diz que o latim
morreu, quão mentiroso essa pessoa é, ele ainda vive, mas nós o ignoramos.

- Bom – acomodou-se melhor na cadeira e baixou os pés – deixe seu


pagamento aqui – que por sinal era a metade do que o cobrado pelo x-8 – e venha pegar
o resultado em dois dias.

A palavra retirou o triplo da quantia e disse:

- Não tenho tempo a perder, x-8 me garantiu que você faria agora.

X-6 sabendo que a palavra já havia ido ao x-8, e com certeza ele a mandara
aqui para ele começar a trabalhar, decidiu começar imediatamente:

- Bom, principiemos de suas raízes e metaplasmos…


- Como é…? - já contestava intrigada a palavra quando x-6 a interrompeu
com a mão.

- Explicar-lhe-ei, a senhora nos irá fornecer de capĕre a raiz cap-, que


sofrerá apofonia e gerará raízes como cep-, cip- ou cup-, apofonia para sua informação
é quando há uma junção de afixos ao radical ou raiz latina, há uma troca de vogal na
raiz, a isso damos o nome de apofonia. – nisso percebia x-6 que a palavra respirava
tranqüila e resolveu dar continuidade – mas o que é interessante é que seu significado de
pegar tem um valor metafórico em vários sentidos, um exemplo disso é que você vai
ajudar a forma a palavra latina incipiĕre que justamente significa “iniciar”, veja como é
quase universal que a idéia de “pegar” nasça a de começar, um caipira diria que “garrou
chover” ou aprender, de ad + preendere, ou seja, ‘prender uma espécie de
conhecimento.’ O ato de pegar é portanto metáfora de ‘início’. Por isso, todo iniciante é
incipiente.

- Nossa! Admirava-se a palavra que se acomodava mais nas três cadeiras.

- Daí vamos para a raiz que sai de você, no caso cap-, daí gera raízes
apofônicas como cep-, cip-, cup-, a raiz cap- está no italiano capire. Em português o ato
de pegar está na palavra captar, captura, ora, não são palavras que denominam ‘pegar
alguma coisa’? A vítima da captura se faz a caça, não estranhe a presença do “ç”, ele se
dá por um processo assibilação do “t”, do seu particípio, captus, para “ç” ou até mesmo
“z”. Quando alguém não pega o outro pelo carisma não se pode dizer que se trata de
uma pessoa cativante? Mas se pegar essa pessoa, e colocá-la em um lugar, não se pode
dizer que ela é uma cativa por estar em um cativeiro? Todas essas palavras vêm de
você.

A palavra ia anotando tudo com a máxima destreza sem perder uma só linha:

- Tem mais.

- Mais!!! - admirou-se a palavra.

- Espero que tenha bastante papel. Veja. Quando se diz que a pessoa pode
pegar um serviço, dizemos que ela é capaz, pois tem a capacidade de ‘pegar as coisas’.
Tudo que abarca o que pegamos vai gerar o sentido de caber, daí a metáfora de que algo
que não cabe é algo sem cabimento, portanto, é uma coisa descabida. Agora, vamos
para a raiz apofônica cep-, escute e anote. Quando pegamos alguma coisa, no sentido de
entender, dizemos que percebemos algo, para isso é necessária a percepção, gerando
também a palavra perceptível. Tanto é que em Portugal, a palavra ‘perceber’ é sinônimo
de ‘entender’. Em alemão, greifen é ‘pegar’ e ‘begreifen’, seu derivado, significa
‘entender’. Quando se pega algo de volta, dizemos que estamos recebendo o que nos
pertence. Disso, irá nascer variantes como recebimento ou recepção, ‘ato de receber’,
portanto, aquele que recebe é o recepcionista. Mas há coisas que não pegamos, daí vem
a decepção. Se alguém nos oferece algo que queremos e pegamos para nós, dizemos
que aceitamos a tal oferta. Quando se pega algum sentido, dizemos que temos conceito
a respeito do que se pensa, tal palavra pode ser ainda a reunião de tudo o que se pensa
sobre alguém, mas quando pegamos essas idéias antes de conhecê-la estamos tendo
preconceito? Mas nem sempre conceber é pegar, ou gerar conceitos. Pode-se também
gerar a vida. De um lado, tem-se concepção, de outro temos Conceição, que é o nome
próprio em homenagem a gravidez da Virgem Maria, quando a gravidez é indesejada,
toma-se os anticoncepcionais.

A palavra enxugava as lágrimas de emoção, anotava enquanto soluçava


perdidamente emocionada com todas as informações.

- Quer dizer que sou uma Conceição?

- Pois é – dizia x-6 orgulhoso – e das boas, nunca imaginei uma palavra para
pegar tantas outras e nos dar para nosso humilde português. Mas ainda tem mais,
esqueceu de sua apofônica cup-?

- O que tem ela?

- Ora, ao se pegar algo em que se cabe, vamos ter a palavra ocupar,


etimologicamente significa ‘pegar e pôr na frente’. O espaço ocupado gera metáfora de
tempo ocupado. Daí o trabalho é uma ocupação, quem não se ocupa é um desocupado.
Agora, espero que a consulta tenha valida a pena, e sempre que precisar pode pegar e vir
aqui, estarei sempre a disposição.

A palavra não conseguia falar de tamanha emoção, saiu pela porta e


caminhou todo o corredor, ao sair do escritório, bem a esquina, estava x-8 esperando-a,
ela se aproximou do detetive e disse:

- Pronto, fiz conforme o combinado, aqui está tudo que ele me disse – e
entregou o papel.

X-8 agradeceu:

- Obrigado, vamos levar em consulta para a equipe da palavra, Tia Odete, X-


7 e os outros vão analisá-la para ver se o efetivamos na equipe.

Enquanto isso, X-6 ficava em seu escritório esperando uma palavra, mas mal
sabia ele estava aguardando a visita da equipe da palavra.

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