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21602296
Partindo de uma análise teórico metodológica, este trabalho tem por fim propor
uma reflexão, a partir de uma revisão bibliográfica, sobre narrativas oriundas de
contextos subalternizados e suas contribuições na construção de historiografias
outras. Essas tendo sido institucionalmente negligenciadas e sistematicamente
silenciadas ao decorrer da história - sobretudo por um caráter eurocêntrico colonial
que perdura em nossas mentalidades ainda hoje, formatam-se como narrativas contra
hegemônicas assumindo papel de resistência dentro do campo epistemológico,
tornando sua análise uma investigação significativamente contributiva para uma
pesquisa em decolonialidade.
Tendo como suporte conceitos como memória e identidade, a pesquisa aqui
feita pretende compreender, também, como fatores históricos específicos
contribuíram para a subalternização dos corpos e subjetividades de sujeitos históricos
que durante muito não puderam dar voz às suas próprias epistemologias de forma
legítima. Tendo sido, em meados do século XIX, construído um projeto de
desenvolvimento da identidade nacional brasileira, deixou-se de lado as contribuições
identitárias daqueles que não eram vistos como indivíduos passíveis à participação
da mesma. O corpo escravizado fora violentado em diversos sentidos, sendo um
deles - a base principal desta investigação, a violência contra suas subjetividades. Em
um espaço onde severa parte da população era formada por negros e pardos, e que
parte significativa destes ainda vivam sob escravização, o projeto de Commented [1]: CENSO DE 1872: 58% PRETO OU
PARDO, 15,2% ESCRAVIZADO. verificar se é 15 do
embranquecimento - aqui tendo seu caráter cultural analisado, não fora responsável total populacional ou 15 da parcela preta/parda.
somente pela migração massiva de europeus para dentro de nosso território, mas
também para o apagamento histórico das contribuições dessa parcela populacional
para a construção da nossa identidade; se muito lhes era negado, a legitimação de
suas subjetividades não caminharia no inverso. O racismo embutido nas práticas de
embranquecimento populacional marginalizou corpos e subjetividades de maneira
que suas manifestações só eram legítimas e coerentes quando realizadas em
contextos contra hegemônicos, fora dos círculos oficiais, portanto, sem a
possibilidade de, oficialmente, escreverem suas próprias histórias apoiados em suas
próprias memórias.
Assumindo a decolonialidade como um “movimento de resistência teórico,
epistêmico, cultural, prático e político à lógica da modernidade/colonialidade” é Commented [2]: ALMEIDA, Eliene Amorim de; SILVA,
Janssen Felipe da. Abya Yala como Território
possível que compreendamos os processos de silenciamento da subjetividade negra Epistêmico: Pensamento Decolonial como Perspectiva
Teórica. IN: INTERRITÓRIOS | Revista de Educação
como parte do projeto colonial a qual fomos submetidos. Utilizando o conceito de Universidade Federal de Pernambuco. Caruaru. V. 1.
N. 1. 2015
decolonialidade como suporte teórico - assim como uma “prática de oposição e
intervenção”, a pesquisa realizada neste trabalho tem, limitada em seu recorte, a Commented [3]: GROSFOGUEL, Ramón; Joaze
Bernardino-Costa. Decolonialidade e Perspectiva
possibilidade de refletir sobre os aspectos decoloniais compreendidos a partir da Negra.