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RESUMO
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO
Na antiguidade, o homem construía sua habitação com pedra talhada nos mais
variados formatos. Seria uma boa alternativa, entretanto a pedra para a construção é um
recurso que demora milhões de anos para se renovar. Com esse problema, surgiu a
Patologia
O termo “patologia” foi adquirido da medicina e significa o ramo que vai estudar as
doenças contraídas pelo corpo humano. Analogamente, na construção civil, a patologia irá
estudar as “doenças” da edificação, ou seja, as manifestações patológicas que podem degradá-
la (SILVA, 2011). Portanto, a patologia pode ser entendida como a parte da engenharia que
estuda os sintomas, mecanismos, causas e origens dos defeitos das construções (OLIVEIRA,
2013). Conclui-se então que uma fissura não é uma patologia, mas sim um sintoma cujo
mecanismo de formação poderia ser corrosão da armadura, sobrecarga na estrutura, má
execução e assim por diante (SILVA, 2011).
Grande parte dos elementos estruturais tem sua estabilidade comprometida devido a
danos sofridos de forma evolutiva. A deterioração de uma estrutura estar associadas a uma
série fatores que podem ser desde erros estruturais, escolhas de materiais inadequados, erros
de execução e da agressividade do meio ambiente (Bauer, 1994).
Uma lista de pesquisadores tem procurado definir quais atividades tem sido
responsável pela maior quantidade de erros ao longo do tempo em percentuais. Várias são as
causas de ocorrência de manifestações patológicas. As conclusões no quadro 1 abaixo, em
primeiro lugar, não se correspondem, pois foram feitas em continentes diferentes e em
segundo lugar, as causas de problemas patológicos são tantas que fica difícil determinar qual a
que predomina (RIPPER; SOUZA, 1998).
Quadro 1: Causas dos problemas patológicos em concreto armado
3 SINTOMATOLOGIA
O concreto armado sofre agressões continuamente que podem ser físicas (variações
térmicas, umidade, ciclos de umedecimento e secagem), químicas (carbonatação, corrosão) ou
biológicas (microrganismos, solos e águas contaminadas). Dentre essas agressões, destacam-
se as químicas e biológicas. Os sintomas delas são geralmente, fissuras, eflorescências,
desagregação, lixiviação e manchas (MEDEIROS, 2010).
Quando o concreto armado está se degradando, ele apresenta sintomas, que se
interpretados corretamente, principalmente nos primeiros dias, pode-se remediar sem maiores
transtornos à edificação. Se uma estrutura fissurar, isso quer dizer que tem alguma
movimentação interna fazendo-a existir, de mesmo modo, se começam a aparecer manchas,
algo está errado e uma vistoria deverá ser realizada o mais breve possível para se descobrir as
causas.
Fissuras
Porosidade
Quando os silicatos anidros do concreto reagem com a água, sua hidratação ocorre
devido ao fato de vários íons se combinarem para formar produtos hidratados que irão
preencher o local que antes era ocupado pela água. Entretanto em qualquer parte deste
processo alguns espaços não serão preenchidos, dando origem a vazios e poros capilares
(Aïtcin, 2000).
Busca-se sempre diminuir a intensidade da porosidade quando o objetivo é alcançar
uma resistência elevada e a durabilidade, de modo a aumenta a vida util. Quando a relação
água/cimento é reduzida, as partículas de cimento ficam mais próximas e os poros são
diminuídos. Entretanto há um tipo de porosidade que não se consegue eliminar, a que ocorre
pela contração química. Esta contração é responsável pela retração da pasta de cimento
quando a mesma não é adequadamente curada. Parte desta retração é contida pelo esqueleto
dos agregados, no entanto uma malha de microfissuras bem finas se desenvolverá em sua
superfície (AÏTCIN, 2000).
A erosão causada pela água, que geralmente carrega consigo substâncias dissolvidas e
que são consideradas como impurezas tais como: gases, bases, sais, microrganismos, é um
dos fatores que acarretam na deterioração direta do concreto (GENTIL, 2012).
Essa deterioração é causada em longo prazo, pois a água dissolve os compostos à base
de cálcio. Durante esse processo é afastado o hidróxido de cálcio e em seguida outros
constituintes comprometendo assim a resistência mecânica do concreto. Com a resistência
mecânica comprometida, dá-se inicio às fissuras que por sua vez filtra a agua através do
concreto, deixando o calcário depositado na superfície, originado da reação do hidróxido de
cálcio com o dióxido de carbono do ar (GENTIL, 2012).
A água também pode causar a lixiviação. Ela é nociva ao concreto porque ao
transportar esses materiais, ocorrerá uma parda de resistência mecânica e por consequência, se
abrirão caminhos para a entrada de agentes nocivos à armadura e ao próprio concreto (SAN
JOSÉ, 2009).
Deterioração pela ação da carbonatação
A umidade do ar tem relação direta com o fenômeno, pois ele não ocorre sem a
presença de água. É verdade que o ar seco favorece as trocas gasosas e a penetração do
dióxido de carbono, porém não encontra água para dissolver o hidróxido de cálcio e provocar
a carbonatação, da mesma forma em um concreto saturado de água, o dióxido de carbono não
consegue penetrar e iniciar a carbonatação. Há, portanto, uma zona de umidade em que a
carbonatação ocorra e está zona é em ambientes onde a umidade do ar pertence ao intervalo
entre 50 % e 70%, conforme ilustra a figura 2 abaixo (BAUER, 1995).
Figura 2: Influência da umidade na carbonatação
4 TRATAMENTO
Para que haja uma correção no concreto já degradado é necessário um corte profundo
da estrutura de concreto, a fim de inibir o processo de desintegração das armaduras. Assim
sendo, sempre que houver um estado de corrosão dos aços ou que ameaçam a ter a corrosão,
deve-se garantir a remoção integral do concreto degradado como também, a inserção de
barras de aço em um meio alcalino. O corte deverá ultrapassar as armaduras em 2 cm de
profundidade ou mesma espessura da armadura, atendendo sempre que possível, as condições
mais desfavoráveis. É de fundamental importância, que o corte seja feito apenas na parte
degradada do concreto, sem ferir o concreto intacto (RIPPER; SOUZA, 1998). Após a
remoção do concreto e exposição da armadura, realiza-se a limpeza da armadura e aplicação
de tinta antiferruginosa, conforme ilustra a figura 9, antes de concretá-la novamente
(SERQUEIRA; DIAS, 2017).
Existem outras formas de tratar a corrosão como por exemplo realiza o lixamento e o
jateamento com areia, ambos têm por objetivo remover o óxido de ferro. À medida em que o
aço intacto é alcançado, deve-se proceder com a limpeza da poeira com jatos de ar ou escova
para depois realizar a aplicação de uma tinta anticorrosiva na armadura. Após a secagem da
tinta, deve-se aplicar uma resina epóxi tanto nas barras de aço quanto no concreto. Dentro da
cura da resina deve-se aplicar uma argamassa de cimento e areia no traço 1:2 ou 1:3 e aplica-
la energicamente contra a armadura e a cavidade do concreto e realizar a cura de preferência
com um tecido ou similar umedecidos (THOMAZ, 2007).
Para iniciar o reparo de uma fissura, tem-se que saber qual o tipo dessa fissura, é
desejável saber se ela é ativa ou passiva, pois o tratamento é diferente para cada caso.
Segundo Ripper (1998), o tratamento das peças fissuras está relacionado com a devida
identificação das causas. O tratamento ainda dependerá da existência ou não de uma rede de
fissuras e do quão superficial ou profunda ela é, pois para as fissuras superficiais o tratamento
é mais simples, não sendo necessário a utilização de resinas epoxídicas.
No caso das fissuras ativas, deve-se criar uma barreira que se oponha ao transporte
nocivo de líquidos e gases para dentro da fissura. Não adianta fechar uma fissura ativa, pois o
local do fechamento ficará mais rígido e a fissura aparecerá em uma região próxima pois a
causa não foi eliminada (RIPPER; SOUZA, 1998).
Portanto, em se tratando de fissuras ativas, deve-se promover a vedação,
cobrindo os bordos externos da mesma e, eventualmente, preenchendo-a com
material elástico e não resistente. Deverá ser sempre uma obstrução macia, que
admita e conviva com a patologia instaurada, impedindo, no entanto, a degradação
do concreto (RIPPER; SOUZA, 1998, p.123).
Conforme diz Lapa (2008), na literatura existe ainda não há métodos de tratamento
para estruturas de concreto armado quando atacadas por sulfatos, entretanto há algumas
medidas preventivas, que serão relatadas mais adiante, a serem adotadas de maneira a evitar
este problema.
5 PREVENÇÃO
As estruturas de concreto armado sob ações de esforços físicos aos quais ela não foi
projetada podem sofrer com a disgregação, que é quando o concreto superficial se rompe por
forças de tração acima do que foi projetado produzindo fissuras. No entanto o concreto
disgregado ainda é considerado intacto, porém não resiste mais a esforços extras (VITÓRIO,
2003).
Um bom caminho de evitar que as fissuras é realizar da maneira mais adequada o
adensamento e a cura. O adensamento deve começar imediatamente após o lançamento do
concreto. Muito cuidado se deve ter quanto ao tempo de adensamento, pois se o concreto for
vibrado por muito tempo, há o risco de ocorrer exsudação e ocorrer a perda da água de
amassamento, comprometendo assim a resistência, por outro lado se a vibração for
insuficiente, as bolhas de ar não são expulsas e a porosidade aumenta. Há então, um ponto
certo de adensamento que é quando a superfície do concreto fica com aspecto brilhante,
quando se atinge este ponto, muda-se o local de adensamento buscando a uniformidade, além
disso, deve-se buscar a aplicação do vibrador com a agulha preferencialmente na posição
vertical, e não permitir que o vibrador toque as formas e a armadura de modo a evitar a
formação de bolhas de ar na peça (ABNT, 2004).
A cura também é de grande importância, pois ela evita a perda de água pela superfície
exposta, controla a temperatura da reação de hidratação, assegura uma superfície com
resistência adequada e forma uma capa superficial durável (BAUER, 1995). Há várias
maneiras de realizar a cura de elementos estruturais em concreto armado, ela pode ser por
molhagem constante, aspersão, irrigação, alagamento, coberturas com tecidos úmidos e cura
química (PEINADO, 2013).
O que vai determinar a técnica mais adequada para a cura é a análise do processo
construtivo aliado com a velocidade de desforma. Além disso, o custo e a disponibilidade
local indicarão a melhor técnica, sendo a cura com molhagem constante a mais usual
(HELENE, 2019).
De acordo com Vieira (2017, p. 26), a relação água/cimento exerce influência nos
vazios do concreto. Quanto menor for esta relação, menor será a porosidade, a incidência de
fissuras e consequentemente maior será a resistência (apud METHA e MONTEIRO, 2008).
Prevenção contra carbonatação
Se o concreto for bem adensado e curado, tiver dosagem correta, cobrimentos
prescritos pelas normas técnicas a rigor e fôrmas bem feita, a carbonatação não ultrapassa de
5 a 10 mm de profundidade, mesmo após dezenas de anos (BAUER, 1995). Pode-se ainda
adotar o cobrimento mínimo de acordo com a zona de agressividade, sendo que em casos
onde o cobrimento for maior que 6 cm, deve-se utilizar uma armadura de pele complementar.
Outra medida a ser adotada é adotar uma elação água/cimento inferior a 0,6, pois este valor
garante que a profundidade carbonatada não ultrapassa 5 mm, conforme ilustra a figura 10
abaixo (BAUER, 1995):
Figura 10: Influência do fator Água/cimento na profundidade de carbonatação
7 REFERÊNCIAS
HELENE, Paulo. Cura do concreto: Conheça cada técnica, suas vantagens e cuidados Disponivel
em: < https://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/cura-do-concreto-conheca-cada-tecnica-suas-vantagens-
e-cuidados_16242_10_0>. Acesso em: 14 Jun. 2019.
LAPA, José Silva. Patologia, recuperação e reparo das estruturas de concreto. 2008. 56 f.
Monografia apresentada como requisito para obtenção de título de especialização em construção civil
da universidade federal de minas gerais.
SAN JOSE, Patricia R. Qual a diferença entre lixiviação e carbonatação? Quais patologias podem
advir desses fenômenos? Como evitá-los?. Disponível em: <http://techne17.pini.com.br/engenharia-
civil/151/ipt-responde-lixiviacao-x-carbonatacao-285779-1.aspx>. Acesso em: 20 mai. 2019.
SILVA, Reginaldo Carneiro da. Vigas de concreto armado com telas soldadas: Analise teórica e
experimental da resistência à força cortante e do controle de fissuração. 2003. 340 f.
THOMAZ, Ércio: Trincas em edifícios – causas, prevenção e recuperação. São Paulo: Pini: Escola
politécnica da Universidade de São Paulo: Instituto de pesquisas tecnológicas, 2007.
VIEIRA, Thamirys Luyze. Fissuras e concreto: Estudos de caso em Florianópolis. 2017. 111 f.
VITORIO, Afonso. Fundamentos das patologias das estruturas nas perícias de engenharia. 2003.
58 f.