Sunteți pe pagina 1din 584

‹ .. .... ||| . . ‘IIIIIIIIII ||||||||| lll.. .. .

‹‚імпп »
Г ‚яп.:-\ »4, і . и о! »lauw tél.. &...… . … . . s! ... .. Ч. ‚ . J . ‚ ... «l 13...13 :VII: .01111122.03 ..и . . ‹. .|uül|vnlt|m.<|m.lumrl|¢lrœl1mh|l­l
. „ „ . ‚ .
....

i
o
NO VO”
TESTAMENTO
ISTO HE
o

Novo Concerto de
NoJJò Fiel Senhor
&

Rcdcmptor

JESU CHRISTO
TR^DUZI-DO
na Língua
TG^VÇVSSl
Advertência
A o Pio Leitor,
Orquanto eftc Novo Teftamcnto cm au-
P fencia do Tradudor foi imprefTo, ocorrerão neilc
muytas faltas > das quaes as principaes , conforme ao
índice que logo apos efta Advertência fegue, com a pe­
na vam emmendadas , para que delle vos poífaes fervir
entre tanto que na fegunda Impreflaõ , que com o fa­
vor divino prefto a luz ha de fair, tudo emmendado
venha.

IND1 C E
Dos Erros que nefta Impreflao
com a pena vaõ
emmendados.
a: s»8>ir Muc. i: Tijí. Eac. x:iç.2»
n: »i. 3:1. 10*15
XV. J 2. s: ?4- X2:3X(
7* ir. 13:28.
9:18. J8: IÇ.'
X8:i2,xj, lo: 30. 19 :+8»
ii: 9> 14- 10:47.
W1(* ' 1 ^,4.74 2i ;2<í.
(o) 2
ÍNDICE DOS E R. R O S
»»■ 14,17. 15:25,33. r-> i.
23:32. _ 2.Cor. 4.: 2. Hebr. 2:10.
14:12. 5: 9- 3: 2.
J«aó. Io; 40. 9: 13. 4: i».
11:13. Io : 4, 5. 7:16,21.
18:11. 11:4. 10:3.23 if.
19:29,31.51,33. Gal. 3:9, 21,29. 13 :2o.
AAon 5:15,36. 6: 7>i7,it. Jacob. 4:2,17.
8:1 Ephcf. 1:6,21. 5'9.
14:2. 2: 14,15,16. I. Petr. x .■ 22.
21:37 8 : 15,17. 4 :i2.
25 :U,l6. 4:10, 14,19. 1. Petr. 1:12.
kora. r.i. 5:27,32. . ?:l.
3 :25. Philip. 1: io. Apoo, 3:14.
8:3,20,17. 2: 4. 5:6,9,12.
9:4. 3:12,13. 6:9,11.
10:10.. Coloíl 1:22,28. 8:12.
13:5>i4‘ 2:423. 9.18.20.
X.Cor. 1.20. I .Theff. 2:8,17. 11:5,13. . .
3:2. 4:11. 12:6.
9: 2i. •j.Thn. 1:16. xj:8.
12:29,31. 5:10. 16:11.
13:7. _. 6:*- 18:9,24.
14:1,39. 2. Tim. I: ix.

OSan&a
palavra dc Tefiamento he palavfâ Latina,
comquc.fe tralada a palavra .G^çyN^iateke,
da qual ufaõos cntcrpretadorcs Gregos,-pe­
ra explicar a palavra Ebraica Berith, quç
fignifica Patio ou Concerto, que propriamen­
te da a entender o mefmo Pado, que fez
Deus com os homens, pera lhes conceder com alguãs con-
diçoens a vida eterna: o qual Pado he de duas fortes, afa-
ber o Novo c o Velho. O Velho hc que fez Deus com o pri­
meiro homem antes de fua cahida, cm o qual fe promete
a vida eterna com condição dc huã total c perfeita obe­
diência e obfcrvancia da Ley : por cujo refpei.ro fc chama
o Patio da Ley, o qual propus Deus outra vez a os Ifraê-*
litas, peraque por mejo d’elle entendeftem (viftoque efta
condiçaõhe de todos os homens trefpaflada, e agora hc im-
poffivel que ninhum homem a poífa comprir) que el-
Jesamiftcr procurar fua falvaçaõ cm outro Pado» o qual
fe chama o Novo, e nifto confíftc, que Deus ordenou feu
Filho por Medianeiro, e prometeu a vida eterna com condi-
çaõ, quenoscrcamos n’ellc5 efechama o Pátio da graça.
E também ifto por refpeito das diverfas adminiftraçoens
fe chama Velho e Nl_ovo. 0 Velho contem a adminiftraçaõ
defte Patio antes da vinda do Medianeiro, o qual a Abra-
ham e a feus defcehdentes he prometido de fua ftirpe, c pre­
figurado pelas muitas ceremonias, 'eferitas por Mofe. 0 No-
'Vo contem adminiftraçaõ do mefmo Pado, defpoisquco
Filho dc Deus o Medianeiro d’cfte Patio, fe encarnou, e
reconciliou os homens com Dcns. Eftcs dous Pados faõ
em verdade hum, tocante fua eflcncia, por via que nos
ambos aperdoaõ dos pecados, afalvaçaõ, ca vida eterna fc
promete, com condição dc crern’oMedianeiro: masfaõ
differchtcs, tocante a adminiftraçaõ dc ambos, aqual n’o
Novohemais clara, fem figuras, cfccftcndc entre todas as
* 2 gentes,
gentes, co Velho fe pode chamar muy bem cTeflarnentoda
■prometi , o Novo, o 'Icftamcnto do cowprimento. A de mais
d’iffo ordinariamentefe entendem pelo AWoe VelhoTeJla-
wento^ os livros, n’osquaesocílablecimento,eadminiílra-
çaÕ do Pado faÕ efcr/tos.-na qual fignificaçaõ as palavras o Te-
jhmemo Novo aqui n’otitulo feentende, efepoem contra
os livros dos fandós Prophetas, n’os quaes o Medianeiro
deite paóto he prometido, e deferito dc quegeraçaõ, e em que
tempo avia de fer encarnado, e que avia de obrar, e pa­
decer, pera reconciliar os homens com Deus , e lhes al­
cançar, e aplicar a falvaçaõ eterna , como n*as Efcrituras
do Tcftamcnto Velho antes eftáva dito e prefigurado. Que o
Meflias ou o Medianeiro, o qual avia de reconciliar os ho­
mens com Deus, avia de fer o unigénito Filho dc Deus,
eterno e verdadeiro Deus com o Pae, e com o Efpirito
• Sanóto, Pf»4$, 8.C110, i. Efai 9, j.Jcrcm. 23,6.c 33,16.
Mich. 5,1. Malac. 3, i. E que clle no comprimento do tem­
po avia de tomar a verdadeira natureza humana de huã
mulher virgem Gen.3, 15. Efai. 7,14. da geraçaõá’Abra-
ham , ijaac, Jacob, JudascDavid, Gen. 21, 12. e 22,18.
C49,9,10. 2. Samuel7,12. Eíai. ij, 1. Jcrem. 23,5- Que
aviade nacer na cidade de Bctlchem, Mich. 5, i. no tempo
que o cetro de Juda avia de fer tirado, Gen. 49,10. Efai.
11,1. Dan. 9, 24. Que fendo nacido, avia dc fugir a Egipto,
iloíea 11,1. Que avia de fer criado em Nazarcth, Efai. 11,1.
E que avia deter Eliam por prccurfor, que aviade pregar
n’odefcrtoe aparelhar lhe o caminho, Efai. 40, 3. Mal.3,1.
e^.í. Que avia de começar apregaro Euangclho em Gali-
lea Efai. 9,1, 2. Que avia dc confirmar com muitas ma­
ravilhas a fua doutrina, Ef. 35, 5. Que avia de fazer íua
entrada em Jerufalem cavalgando fobre huã afina, P£ 118,2 5.
Sach. 9,9. Que avia de fer atrayíoado de hum defeusdifei-
pulos, Pf.41,10. e 3.5,14. Que avia de fer vendido por
trinta
trinta feteis dc prata, Sach. 11,12. Que avia de fcr afoita­
do, cfcarnecido, e cuípido n’o rofto, Efa. 50^-,1; que o
aviaõ de tratar como delinquente Efa.5 3,12 Quepõr refpeito
de noífos pecados avia de padecer extrema anguília em fua
alma,PE 22,2. Efai. 53,ti. Que a via de fer crucificado, Deu-
ter. 2 z, 2 3. pf. 21,17. Que avia de fer cfcarnecido, cftando na
cruz: e que lhe daráõ a beber vinagre e fel, Pf 22, 8. e 69,22.
Que aviaõ dc deitar forte fobre feus vcftidos, Pf 22,19. Que
íeus offosnaõfe aviaõ dc quebrar Exod. 12,46. Pfj4,21.
E que avia de morrer huãviolentc morte, Efa. 53,8. Dan.
9, 26. Que avia de fer enterrado de hum rico, Efã. 53,9.
Que naõ avia de apodrecer na íepultura, Pf. 16,1 o. porem a o
terceiro dia avia de refufeitar dos mortos, Eíà. 53,10. Jon.
1,17. Que avia dc fubir a o cco, e ali aíTcntar íè a maõ direi­
ta de Deus, Pf 68,19- c 110. 1. E que dali avia demandar o
fcuEfpírito Sanfto, Jocl 2, 28. Aíli eílá eferito n’o Novo
Teftamcnto dosfanâos Euangeliftas,cApoftolos,quetudoif-
tohecompridononoíTo Senhor e Salvador JesuChristo.O •
argumento pois dos livros do Novo Teftamento he, que n’o
niefmo,principalmentc íe defereve aPcíloa e oOfficio de nof-
fo Salvador Jesu Christo. De fua Peffoa que ellehc verdadei­
ro Deus e verdadeiro cjufto Homem ri. a unidade da Pefloa..
De fua Divina natureza íè teftifica cm todos lugares, quando .
lhe foi atribuído,os nomens dc Deus,comojEnovA,Unigéni­
to Filho deDeiis,Principe da vida,Senhor fobre tudo,Juiz dos
vivos c dos mortos, Rey dos reys,. Senhor dos fenhores.
Item , as propriedades divinas, comoíãÕ, Infinidade, Eter­
nidade, Todaíabedoria,Todapoderia. Divinas obras,que faõ
acriaçaõ, eaconfervaçaõ dc todas as criaturas, a eleição
pera vida eterna, a ordenaçaõ dominifterio Ecclefiaftieo,
«dos Sacramentos, o dar do EípiritoSanfto, a regenera.-
çaõ, a livraçaõ do poder do diabo , a refufcitaçaõ dos mor­
tos , o juizo do mundo, c aíTentaríc*a maõ direita de Deus „
* 3. . pera»
pera o que também ferve, a defcripfaõ dos muitos mila­
gres q«’c o|?rou com fcu proprio poder, c finalmcnte, a
honra e 0 íèrviço Divino, a faber, que devemos cre'r n'cl-
lc, lhe adorar, cemfeunome fer bautizados. Sua humana
natureza fe defcrcvc, quando fc declara, que foi concebido
do Efpirito Sanóto, da geraçaõ dc David, que foi nacido
da virgem Maria, que tem huãalma humana, e hum ver­
dadeiro corpo humano, com todas propriedades naturacs
dc ambos, a faber, que padeceu fome e fede, comeu, dor­
miu, que fc cançou , fe laftimou, fintiu dores, fc entri-
fteccu, c fe agaftou. Seu Officio a o qual foi mandado do
Pac n’o mundo, detres maneiras fc defereve, conforme o
fcu fobre nome, Christo, que he, unguido, a faber fcu
Prophctico, fcuSacerdotal, eReal Officio, fcuProphetico
Officio, adminiftrou aífi por fi mcfmo, como por ícus difei-
pulos, principalmcntc doze, quem elegiu pera Apôftolos.
Ellc mcfmo pregou o Euangclho, enfinando qucc'ra clle o
prometido Meffiias, co Salvador, e que aquellcs que haõ
de alcançar a íalvaçaõ, devem cre'r n*ellc c converter fc a
Deus. Pera cujo fim também declarou a lcy, c dos falfos
comentos dos Efcribas c Pharifeos alimpou. Dcfpois de fu-
biraos ccos, mandou feus Apoftolos por todo o mundo
os quacs pregáraô a todos os homens o Euangelho e a con-
verfaõ a Deus, afli com boca c com vivas vozes, como
pelas eícrituras c cartas, asqúacs faõhuã grande parte do
Novo Tcftamento.Seu Officio Sacerdotal adminiftron, quan­
do por noífa caufa n’a terra, no corpo e nalma padeceu
a pena que nos mcreciamos por via dc noífos pecados, c
n’a madeira da cruz fendo matado, fi mcfmo porfacrificio
dc reconciliação ao Deus fcu Pac por nos offercceo; eque
agora entrou no Lugar ían&iffimo, afaber,' n’osceos, e
íe aífentou a maõ direita do Pae , aonde cfta orando por
nos. Seu Real Officio Jdminíftrou, a parte n’a terra quan-
' ■ do
do nos livrou do poder de noflos inimigos pela fua morte,
c contra o mcímo nos defende; e qpando d’ifto deu hui
moftra, lançando fora oscfpiritos immundos, e deitando
fora os que vcndiaÕ c comprávaõ n’o templo ,C^por fua
Real entrada dentro dc Jerufalem. Aparte o adminiftraa-
gora ariba n’o ceo, com fua palavra e Efpirito governan­
do fua Igregia , e contra a violência dc ícus inimigos de­
fendendo, e ícus, e noífos inimigos caftigando, epondo-
poreftradodeíèuspces. E perfeitamente o conaprirá, quan­
do virá a juizo, c perfeitamente fua Igreja glorificará, ca
todosfeus inimigos condenará na eterna morte. Eftc hco
compendio do que n’o Novo Tcftamcnto cftacfcri to, eíc
repartem muy bem cftas efcrituras do Novo Teftamento, em
duas partes, c n’a primeira íc deferevem alguãs Hiftorias».
e na fegunda fe trataõ alguãs doutrinas da religião Chri-
ftaã, feja que n*ãs Hiftorias também alguãs doutrinas fc
dcelaraõ.e n'as doutrinas também fe relataõ alguãs Hiftorias
com tudo afli faõ. diftinguidas por refpeito da principal mate*
ria.Os livroshiftoricos do Novo Teftamento trataõ ás coufas
acontecidas, ou ás que ainda aviaõ de acontecer. As coufas
acontecidasfe deícrevemde dôus modos, afaber, as que
acontcce'raõ,ou do mcfmojEsuCHRisTo,contidas nos ^«4-
tros Euangelhos, Matheo, Marco, Lucas, Jòao, ou as que
aõ feitas pelos fanâos Apoftolos, comprendidas de Lupas
n os Afias dos s^ípoftolos. As couíàs que ainde aviaõ de fu—
ceder, faõ eícritas de ]oao n’o fuo Apocalipfe, n’oqualhc
Predito o eftado da Igreja dc Clorijlo, dcípois de fua fubida
aoceo, ate o fim do mundo. Os livros que trataõ as dou­
trinas, faõ as cartas dos fanfios Apofiolos, afli do Apoftolo ‘
como dc alguns outros. O Apoftolo Paulo por dif-
terentes ocafioens efereve quatorze cartas, alguãs a as
Particulares Igrejas, a faber, a os Romanos, a os Corin*
1hi0s duas, a os Gaiatos, Ephefios, Philippenfes, Colcffen-
fes, a os Thejfalonicenfes duas. Alguãs a as pcflbas parti­
culares, com tudo, que o argumento pertence a toda Igre­
ja. A o Timotheo duas, a o Tito e Philemon, etambema
osHebrcui , da qual carta, foraderazaõ, .alguns duvidaó
fe dc Apoítolo Paulohz eferita. Alguns outros Apoílolos
também eferevéraõ a as Igrejas alguãs cartas, como Jacobo,
Pedra duas, ]oao tres, c Judas. Biles faõ as eícrituras do
Teftamcnto Novo, as quaes todas faõ eferitas a eftc fim, pc-
raque, com o Euangelifta JoaÕcap. 20,31. Creamos que Jesit
he 0 Christo o Filho de Deus, e peraque crendo, tenhamos
< vida emfcu nome.

O SAN-
o S A N C T O
E U. A N G E L E 3
De noffo
SENHOR
JESU CHRISTO
SEGUNDO

S. MATTHEUS.
Capitulo I.
i A Linhagem de JESU CHRISTO fegundo a carne d'os paes desde Abra- .
ham. 18 Sua conceiçaã do EfpiritoSanta, enacimentada Virgem Maria, zx Cama
era predito pello Propbeta. ■

•I Ivro da geraçaõ dc Jefu Chriílo, filho dc David,


filho de Abranám.
b- Cen.ai
2UAbraham gerou a Iíãac. e Iíãac gerou a Ja-
cob. ejacobgerou ajudas, e aíèusirmaõs.
3 EJudas gerou dc Thamar a Phares e a Zara.
„. e Pharez gerou a Eírom. c Eírom gerou a Aram.
£ Aram gerou aAminadab. cAminadab gc-
rou a Naafon. e Naaíon gerou a Salmon.
5 E Salmon gerou de Raab a Booz. e Booz gerou dc Ruth a Obed.
e Obed gerou a J cfic.
E jcílè gerou a o Rcy David. c o Rcy David gerou d’aque [foi
mulher J dc Elias aSalamaó.
7 E Salamaõ gerou a Roboam. c Roboam gerou a Àbia. e Abia
gerou a Afã.
a O E ^àgcrouajoíãphat, c Joíàphat gerou ajoram. ejoram gerou

A 9 E
I . o S. E U A NG ELHO
9 E Ozias gepou a Joatham. c Joatham gerou a Achaz. e Achaz
gerouaEzechias.
10 EEzechias gerou aManaflè. eManaílcgerouaAmon. eAmon
gerou aj<,._.
11 ÈJofias gerou ajcchonias, e afeus irmaós naTransmigraçaõ de
Babilónia.
a Tr»njpt>r- I2 g defpoisda ‘Transmigraçaó de Babilónia Jechonias gerou aSa-
^ lathiel. cSafathielgerouaZorobabel.
13 E Zorobabcl gerou a Abiud. e Abiudgerou aEliacim. cElia-
cim gerou a Azor.
14 E Azor gerou a Sadoc. e Sadoc gerou a Achim. e Achim gerou
aEliud.
.15 E Eliud gerou a Elcazar. c Elcazar gerou a Mathan. eMathan
gerouajacob.
16 È Jacob gerou ajofeph, o Marido de Maria, da qual naçeu Jeíus,
chamado o Chnlto.
17 De maneira que todas as geraçoens desde Abraham ate David,
[j/liôQ catorze geraçoens. c desde David até a Transmigraçaó de Ba­
bilónia CP® ] catorze geraçoens: c desda transmigraçao de Babilónia
até Chnlío [jaÕJ catorzegeraçoens.
18 E o naçimento dc Jcíu Chrifto foi aífi; que eftándo Maria faa
b Oa,c<w-maédeípoíâdacomjofeph, antes que iêajuntáflêm, feachouque fceíhí-
abira. vaprdhhedoEípiritoSanóto.
19 Entaõjoicph fcuMarido, comoéra jufto, e a naó quifcílc infa­
mar, quila deixar fccrctamcntc.
20 E intentando elleifto, cisque o Anjo do Senhor lhe aparcçeo no
fonho dizendo, Jofeph, filho de David, naó temas reçebcr a Maria tua
mulher, porque o que nella eítá conçebido, do Eípirito Sanéto he. r
\d-4-‘,í 21 E parirá hum filho, e por lhe ás por nome JESUS porque clle
íãlvará a teu povo de feus pecados.
22 Tudoiftoaconteçcu, para que fccumprifle 0 que d’o Senhor foi
ií.> »4- t dito pelo Prophcta, que diífe:
e Ou, SerÁ* 2 31 Eis que a Virgemc conçeberá, e parirá hum filho, c por lhe ás por
frtnbt.
nome Emmanucl, que declarado, quer dizer, Deus com noíco.
24 E.deípcrtanao Jofeph d’ofono, fez como o Anjo do Senhor lhe
mandára, e reçebeu a íua Mulher.
2 $ Enaô a conheçeu ate que pario a cfte fcu filho o Primogénito, c
pos lhe por nome J E S U S.

Ca-
SEGUNDO S. MATHÈUS. Cap. II.
3
C A P I T l/Í O II.
* Os Magos vtm do Oriente a "jernfalem. x PrcgtmtaÕ a ctrca do rtt •‘•'ida dos "fe-
deos. 4 A qttem , fendo bem informados a cerca o lugar de feu naumehto cmBetMt-
bem, acharaieadoraraÕ. 11 Tornaifepera fua terra, ij Jofrpb tomando a o me-
n>tofugea£gjpto. 16 tiçrodes manda matar a os meninos. 19 Se torna Jofpb a'Ju-
dt*- 11 Masrepeando a Archtlao, foift peraGahlea, e habita emVatjsreth'

1 Tf Sendo Jeíus ja naçido cm Bethlehem de Judea, em dias d’cl


ReyHcrodes, eis que vicraó[A«wrJ a Magos do Oriente a Jeru-a Oa, í<-
falcm. A cfiâ /fnowimerTtõ] nacido? HoS.
2 Dizendo, aondeJwmÍokkíÍo Rey dos Judeo^? Porque vimos fua
cftrella em Oriente, e viemos a o adorar.
3 E ouvindo cl Rcy Hcrodesp/?flJ turbou íc, e com clle todajeru-
íàlcm.
4 E b convocados todos os Prinçepes dos Saçcrdotcs, eosEferibas dob ^u’
povo, perguntou lhes a onde o Chriíto avia de naçer. gregados.
$ E clles lhe dillcraó: Em Bethlehem de Judea, porque affi eftá
cíciito pelo Prophcta:
6 E tu Bethlehem, terra dc Juda, deninhuã maneira es a menor en- r*
tre os Prinçepes deJuda, porque de ty fairá, o Guia, que a meu Povo
Iíraêl ha de apaíçcntar.
7 Herodescntaó, çhamando fccretamentc a as Magos, 'foube dili-c Ou, in-
gentemente d’cllcs o tempo do aparecimento da cftrella. yw/nw.
8 E enviando os a Bethlehem, diífe : Idc*í&piÍiMk com diligençia
polo menino, e cm o açhando, fazeimo logo fàber, paraque eu também
venha c o adore.
.9 E a vendo clles ouvido a cl Rcy, fdraõfc. Ecisque a cftrella, quce
t’nhaõ vifto em Oriente, hia diante dclles, até que, chegando, fe pós
febre a onde eftáva o menino.
10 E vendo elles aEftrella, alcgráraõfe muito com grande alegria.
11 E entrando na ca'íâ, acháraõ a o menino, com fua Mae Maria,
e poftrandofe o adoníraõ. E abrindo feus Theíòuros, lhe oftcreçcraõ
dons, ouro, eençcníò, e mirra.
12 is lendo por divina revelaçao avilados no íònho, que naó vol-
toíicm a Heroues, tomáraó fe a fua terra por outro caminho.
- V e^eys> eis que o Anjo do Senhor âparçco ajofeph no
fenho, dizendo, leváhratc, c toma a o menino, e a fua maé, c fugea
fegypto, e fica te lá até que cud tó diga. Porque Herodcs ha dc bufear a o d Ou, r«
menino para o matár.
A 2
4 O S. EUANGELHO
14 E dcípertando ellc, tomou a o menino, e a íúa maé de noite, c foi
fcparaEgypto.
15 E lá até a morte de Herodes, para que fe cumpriflè o que
t ,tA • 8’ d*o Senhor roi dito peloPropheta,quediflè: de Egyptochaméiameu
f: tl.l’.
filho.
e Oyindi- 16 VcndofccntaõHerodes
Vcndofccntaõ Herodes cícamcçido dosMagos, cindignouíè em
S”ránde “ma-tanta mane'ra’ flue mandou matai- a quantos meninos [avido] cm Bcthle-
„eira > e hem, e cm to cios íêus termos, de \jdade de] dous annos c abaixo, con-
mandou , «forme a o tempo que dos íàbios bem íètinhainformado.
mateih ate- j y Entaõ íc cumprio o que foi dito peio Prophcta J crcmias, que diflè:
d^ses^c. jgij_ju;3 vozícouviocmKhama, lamcntaçao, çhóro, c grandege-
' 1*
3*1' mido: chorava Rachel feus filhos, e naó quis íer confolada, porque ia
f°u5;^-ínaÓfiiõ. •
19 Porem morto Herodes, eis que o Anjo doSnor aparepeb cm E-
gypto a Joícph em íònho».
2 o Dizendo, levantate, e toma a o menino, e a fua maé, c vae te pera
g Ou, aal-tcrradclfracl, que moitos faõ ia osqucprocuravaó a Bmorte a o me-
mu, ou 4 A
Zi dò mtflíy.mno.
21 Entaõ fc levantou ellc, c tomou a o menino, c a fua maé, e veioíè
pera terra de Uracl.
22 E ouvindo que Archelao reinava em judca, em lugardc Hero­
des fcu Pac, receou ir pera lá; mas, amocllado por divina rcvelaçaõ
cm fonho?, foi fc para as partes dc Galilca.
t ,e€o: ii.
11: 23 E veio, ehabitoueem huâ çidadechamadaNazareth; para que
€: * 3 íè cumpriflè o que pelos Prophetas foi dito ; que Nazareo íe avia dc
pharnar.
Capitulo III.
I Jm? Bautifla prega a converftÓ. 3 Sete efficie, veftida e cernida, p Bautita cem
grande cencerrenciadepeve. 7 Reprende es Pbarifees « Saddiecees. 11 meftra a di­
gnidade dapejfea e de batitifino de Cbrifte, de quem fe teflemunba de cee , de feremaf
amadefilbedeDeití.

1 T? naqucllcs dias vciojoaó Baptifta pregando n’o defeito dc Judca.'


a Ou, cen- ■*-' 2 Edizendo, a emmcndae vos, porque çhegado he ja o rcy-
w>7« ves. no dos çcos.
3 Porque cftc hc aqucllc d’oqual foi dito pelo Prophcta Iíàias, que
diflè: Vozdoquccláma em odeíerto; Aparclhae o caminho d'o Sen-
erf^' h°r ’ cn<^crenÇae fuas veredas.
pide"a<> 4 E bo mefinoJoaõ tinha fcu veíHdo dc pelos de camélo e hum cin-t
' tò
SEGUNDO S. MATHEUS. Cap.IV. y
to de couro a o redor defeuslómbos, cícu comer crá* gafanhotos c mel
montefinho. cOtl)WW-
5 Entaõ íàhia ajclle Jeruíàlcm , c toda Judea e d toda * provinda tésouja
-J— T- .1* - x' mata,. ZSou
“ ttl/lfA

7 Evendo ellc a muitos dos Pharifcos, c dos Sadduçeos, que vinhaó a terra.
a leu bautiímo . dizia lhes: raça de bíboras , quem vos e eníinou acOu>

Dae pois fruitos dignos de convcrfàõ. » fOu,


2 £ naóprcfumaes, dizendo em vos mesmos, A Abraliam temos
por Pae. Porque cu vos digo, que e Deus desper­
tar filhos a Abraham.
10 Ejaagora cftátambcm o maçhado porto áraiz das árvores; aíH .
que toda árvore que naó dabomfruitocóitaíc, e lánçafc n’ofogo.
n Quanto a my, verdade hc que eu vasbautizo'com agua, para
6 convcrfàõ; mas aquclle que após my vem, mais poderoíò hc que cu, g Ou, ê-
cujos h çapatos naó íou cu digno levai'. Eftevosbautizarácom Eípirito jrín
Sanétoe com fogo. h Ou, al-
12 Cuja pá tem ja cm fua maõ, calimpará fua eira, e no çcllciroí'nw’
recolherá (cu trigo, e a pálha queimará com fogo que nunca íè apague.
11 Entaõ veio Jefus de Galilca a Joaõ a o Jordaó, para d’clle (cr
bautizado.
14 Masjoaõ lhe refiftia muito, dizendo, Eu hei mifter fer bauti-
^adodety, evenstuamy?
iy Porem rcfpondcndo Jeíus, diílèlhe: Deixa por agora, porque
aíh nos convém cumprir todajurtiça. Entaõ elle o deixou.
bautizado, fubio logo da agoa c eis que os çeos
c lhe abriraõ, e vio a o Eípirito de Deus, que deíçendiacomo pomba,
c vinha fobre elle. n.jtí.-fl:
17 E eis huã voz dos çeos, que dizia: Eftc he meu filho meu ama-
°° cm quem me agrado.

Capitulo IV.

nta° foi Jeíus levado dó Eípirito a o deferto, para do diabo íêr


atentado.
?E
«í OS. EUANGELHO
2 E avendojejumado quarenta dias c quarenta noites; por derradeiro
teve forne.
3 E <'k™?ndofe a clle o atentadór, diflè: fe tu es filho dc Deus, dize"
queclhispeuráslèfaçaôpacs. *
pjuU- * Porem reípondendo clle difle: Eícrito eftá; Naó com fó o paó
aOa.pwr - viviráohomem, mas com toda palavra que da bóca dcDeus *fae.
5 Entaõ o levou, o diabo com figo á (anota çidade, e o pós fobre
o pináculo do templo. ,
6 Ediíle lhe: lc tu es filho de Deus, lança te abaixo, porque cfciito
r.9i: H.í'!-
clláf que ellc te encomendará a feus Anjos, e [^wjnasmaõste alçaraõ,
para que nunca com teu pé tropeços empedra alguã.
ÍM.I ■ éTi I (?■ 7 Diflclhe Jcíús: Ainda eítá eícritófNaõ atentarás a o Senhor teu
Deus.
8 Outra vez o levou o diabo com figo a hum monte muy álto , e
moítroul hc todos os rcyn®s do mundo, e íúa gloria delles.
9 Ediílclhc: tudo iílo te darcf, fcpoítódo me adorares.
tuf í: n- 10 Entaõ lhe diflè Jcíús : arrcGatc íátanas, quae eícríto eftá; a o
e.40: •
Senhor teu Deus adorarás, e a clle fó fervirás.
11 Entaõ o deixou o diabo, c eis que viéraó os Anjos, e o ícr-
viaó.
12 Mas ouvindo Jcíús que Joaõ cftava entregado , tomoufe para
Galilea.
13 E deixando a Nazareth, veio e habitou cm Capernaum, [cidade]
marítima, nos confins de Zabulon, cNephtali.
í.g-.ta. 14 Para que fe cumpriflè o que foi dito pelo Propheta Ifaias, que
difle:
•J. C). I: 15 A temi de Zabulon, e a terra dc Nephtali, [junto J a o caminho
do mar, dá outra banda doJordáó, a Galilea das gentes.
i5 O povo aflentado cm trovas vio huãgrande luz, c a osaflentados
cm regiaó c fómbra de morte a luz lhes aparcçcú.
17 Desde entaõ começou Jcíús a pregar, c a dizer: cmmcndac vos,
porqueja o rcyno dos çeos hc chegado.
18 È andando Jcíús junto a o mar de Galilea, vio a dous irmaõs
[a faber] aSimaó chamado Pedro, ca André fcu irmaõ, que cíLívaó
lançandoarédeao Mar, [porque eraopefeadores,]
'. \C- lí- 19 E diflelhes: vinde apos my , e Parvos hei pescadores dc ho­
mens.
2 o Entaõ clles deixando logo as redes, o feguiraõ.
21 E paílàndo d’ali, vio a outros dous irmãos [a faber] a Jacobo
[Filho]
SEGUNDO S. MATHEUS Cap.V. 7
ÍFilhoJ deZcbedeo, cajoaóícu irmaõ, em hum barco, com Zebc-
deòíèuPae, que eftávaó remendando fuasrálcs, e chamou os.
22 Eellcs logo deixando o bárco, eaíêuPae, oíègúiraó.
2 3 E rodeou JeíustodaGalilca, enfinando emíuasíynusugàs c pre­
gando o Euangelho d’o reyno, e íàrando toda enfermidade , e toda
fraqueza no povo.
E corria fua fáma [_<fahQ por toda a Syria, e traziaó lhe todos
os que íe achávaõ mal,alcançados de diverfas enfermidades e tormentos, e
°sendemoninhados, ealumados, eparalijticos, eíàrávaos.
T 2 r E-ícguiaó o muitascompanhas dc Galilca, e de Decapolis, ede
jcruíalem, edeJudea, cd’alemdojordaó.

Capitulo V.
* M mmtt quem faõ os verdadeiros tem aventurados. 13 compara feus
jcipulos com ofal,com a luz e com tua cidadepoftafobre monte. 17 declara que vejo pera
comprir a ley. 11 contradiz aperverfa explicafaõ dos amigos a cerca 0 feijlo mandamento.
*1 acercado fetimo mandamento, e da carta de desquite, 330 cerca do juramento-.
38 a cerca da vingança. 40 manda a patiencia. 41 a benignidade e verdadeiro amor
ate com os inimigos.

1 Evcndo acompanhas, íúbio ao monte j e asfentandoíê,


chegáraó fc a elle feus Difçipulos.
2 Eabrindofuaboca, cníinavaos,dizendo:
3 Bcmavcnturados [fao J os pobres de Eípirito, porquedclles he o
reyno dos çeos.
4 Bcmavcnturados [po] os triftes, porque elles feráó coníòlados.
5 Bcmavcnturados [fio] os maníòs, porque clles herdarao ateira.
"cmaventurados [fdõ] os que haó fome c íede fitai juíliça, por­ jiX- Tf: •
que elles feráó fartos. * ‘ * 1
ra^mBÇmavc^urades [[do] os mifericórdiofos , porque clles alcança-

ra^ap^avcnturados [/TjS'] 05 limpos dc coraçaó , porque clles ve-

doffilhosdeDèuT^05 1 °S Paf^cos* Por4.uc dlcs chama-

iufticiBImaVCnt?^dol [^®1 os que padecem perfeguiçaó por cauâdi


ii r>POrque dclles he o reyno dos çeos.
c períèfTi^^005'11^05^?.'5.^5 °utros,quando vos[oj Aowíwjiniuriárem,
x, ede vos diflcfcm todo mal, por minha cauíà, mentindo,
zaef^jy e alcgrac*íw>j } que grande [he] voflò galardáó
cm
8 O S. E U A N G E L H O
cm os çcos. Porque alfi perfeguiraõ a osProphctasque [forao] antesdc
vos outros.
13 0 da terra; pois fe o fal fe csvaéçér, com que fe falga-
ra? para nada mais préfta, ienaõ para fe lançar fora, c dos homens
■ fe pilar.
14 Vos íòis a luz d’o mundo : Naó fe pode cíconder a çidade íò-
a Ou ,pt]h. bre o monte a fundada.
15 Ncmfcaçcndc a candca, e fc poem debaixo do algucirc, mas
no candieiro, c alumia a todos quantos cm calã [efáõ.]
16 Afti rcíplandcça voflã luz diante dos homes para que vejaõ vot
íiis boas obras, c glorifiquem a vosfo paê que eftá nos çcos.
. 17 Naó cuideis que vim a delatar a ley, ou os Prophctas: naó vim a
[ os ] delatar, fenaó a os cumprir.
18 Porque cm verdade vos digo, que até que [naõ] páflcm o çeo
caterra, ncmhumjota, nem hum til íe paliará dá ley, quctudo[»4Õ]
aconteça.
> 19 Dc maneira que qualquer que delatar hum deftes mais pequenos
mandamentos, c alli enlinar a os homens, o mais pequeno fera'cha­
mado n’o rcyno dos ecos. Porem qualquer que [oí ] fizer e enfinar,
clle lerá chamado o grande n’o rcyno dos çcos.
2 o Por tanto vos digo, que íè voílàjuftiça naõ íòbrcpujár a dos Escri­
bas c Pharileos, dc ninhuá maneira entraréis no rcyno dos çcos.
c<kL.»<> <s- 21 Ouviftes que foi dito O] os antigos* Naó matarás j masqual-
•* *> b Ou, cal. quer que matar, ferá brcodejuizo.
22 Porem eu vos digo, que qualquer que contra íèu irmaõ íèmra-
zaõ fe indignar fera'rco dejuizo. E qualquer que a íèu irmaõ diílcr Raca,
f íèra' reo d’o liiprcmo coníèlho. Equalqucr que lhe diílcr louco, fera
rco dó fogo do inferno.
2; Por tarttó íètrouxeres tcuprcíèntca o altar, e ali te lembrares
que teu irmaõ tem alguã couíã contra ty.
24 Deixa aliteuprcfèntcdiante d’o altar, evae, reconçilia te pri­
meiro com teu irmaõ, eentaõvem, coffcreçctcupreícnte.
cOujkm- 25 c Concórdatc afinha com teu adveríàrio , entretanto que com
ahate. cuc n’o camirilio, porque naó acontéça que o adveríàrio te entregue
a ojuiz c o juiz te entregue a o miníftro, c te lançcm na priíàõ.
. • 26 Em verdade te digo quede ninhuá maneira fàiras d’ali até naó pa-
garcê o derradeiro ceitil.
27 Ouviftes que foi dito [d’os] antigos: naó adulteraras.
28 Porem cu vos digo, que qualquer que ‘atcnr.tr para O/gwa]
4 mui-
SEGUNDO S. MATHEUS. CapíIV.. 9
mulher, para a cobiçar, ja com cila adulterou cm feu coraçaõ.
2 9 1 ortanto fe tçu.oihodircitotecfcandalizar, arranca o, clançao
oradety; pois mdhor tehe" que hum de teus menbros fe «erca, dó
que todo teu corpo feja lançado no inferno.
30 E íc tua maõ direita te efeandalizar, corta a, e lança a fora de
ty; pois melhor te he' que hum de tuis membros, fe perca, do que todo
teu corpo feja lançado nomferno.
_/tV ,bambem foi dito ;* Qualquer que deixar íuamulher , dc lhe •■
carta de deíquite.
nnC eu vos digo, que qualquer que deixar fua mulher forade
deivo 1 » faz que cila adultere , e qualquer que com a .
deixada fe cafar adultcri \
33 Outrofi,ouviítesquefoydito[^/JAntigos:XNaõteperiu-
raras, mas pagaras a o fenhor teus juramentos.
_ 34 Porem eu vos digo, que em maneira nenhuã jureis, nem polo
Çc°, porque he o throno de Deus. ‘ r
35 Nempolatcrra, porque he o d efcabcllo defeuspés: nem por d OW«-
Jcrulalem, porquehc a çidadc dograó rcy, r do, tu bane».
P0ISnC"’ “^^-"«bellopodcs

i^7afi’ m5,nilÓi 0 <Pe

8 Ouviltes que foi dito: olho por olho, c dente por ddhtc malino.
Huc9aõrcfiftacsa.omalJ antes a qualquer
q v der em tua façe direita, vira lhe também a outra.
lhe4t°ambemqa dpi n8oprcitcar^uifer> «tua roupeta te tomar, lárga

dui1 [fe?SÍ]qUCr QUC teobriSar a caminhar huáldgoa, vae comellc

naote afaftcsqUCm tC PCd’r’ ° * Ticmdctyquifcr tomar empreftado,


teu4iniSgo.^ qUC f0Í dit°: Amaras atcuproximo, c aborrecerás a-

matí£Í Amacavofl°sinimigos, bendizefa


/ osquevos

f» ™ ab01^“”«.
faVufS Tf/ej!,?l'ilh“s * »«®> Pae que eftí nos çeos: porque
j Wlos f “ r<ibrC ““ ’ c bons i « çhove fobre jultls e in.

E 46 Por-
I0 OS. EUANGELHO
46 Porque fc amardes a os que vos amaõ , que galardaõ avereis?
naó fazem os publicanos também o mcfmo ?
47 EfEmentofaudardesavoflòs irmãos, que fazeis demais? naõ
fazem os nubucanos também afli?
48 Sede pois vosoutros perfeitos , como voílò Pac, que eftá nos
£cos, he perfeito.

Capitulo VI.
1 Cbrifto enfina com» avtmos de dar efmola. $ orar. 16 jejttmar. 1 p qrtaes thefim-
ros amontoar. 22 como amifter endereçar 0 intendimento. 24. naõ ptdemos fervir
a dous fenbores. 2y que amifter deixar a. Deus ter cuidad» das coufas d'efta vida.
3 3 e bujear primeiro 0 reino de Deus.

1 Á tentai que naõ façaes voflã efinola perante os homens para que
a Ou, dian- d’elles lejaes viftos: d’outra maneira, naó avereis galardaõ a açcr-
míZe,te, °!t fari> cadcvoflòPacqueeftíírfosçeos.
com. z 'Portanto quando b fizeres efinola, naõ faças tocar trombeta diante
h Ou,.deres. dc fy, COmc> fazem n’as Synagogas e n’as ruas os nypocritas, para dos ho­
mens ferem eftimados: Em vçjdadc vos digo, que ja tem feu galardaõ.
3 Mas quando tu fizeres efinola, naõ fáiba tua [_maSJ ezquerda
o que fas a tua direita.
4 Para que tua efinola feja em oculto, e teu Pac que ve'em oculto r
clle tó renderá em publico.
; 5 E quando orares, naõ fejas como os hypocritas, porque foígaõ
! de orar empe n’as íynagogas, en’os cantos das ruas, para dos homens,
ícfem viftos. Em verdade vos digo, que ja tem íèu galardaõ ?
t i n• $ Mas tu, quando orares ,fentra em tua câmara, e çerrando tua por­
ta , ora' a teu Pae que eftá cm oculto, c teu Pae que vé cm oculto clle tó
renderá em publico. •
jug--7 E orando/naó uícis palavras vaâs como os gentios , que cuidáõ
que por ícu muito fallarhaó de ícr ouvidos.
. 8 Naõ vos façaes pois íemelhantes a clles, qucvoflòPaefabcoque
vos he ncçcílàrio , antes que vos lho peçacs.
9 Vos outros pois orareis aili: Pae noflò que [e/ax] n’os çcos,
íãnctificado lcja o teu nome.
10 Venha o teu rcyno. Seja feita a tua vontade « \_afíi. 1 n’aterra
c Ou, corno, , - J J
n-oceo,tarn-Comor^ÇC2- r 3 ,
bemrfater- u O pao noí lo de cadadia nos dá hoje.
w. i. 2 E perdoanós nollàs dividas, aífi como nos perdoamos a os noflos
devedores..
13 E.
SEGUNDO S.MATHEUS. Cap.VI. n
13 E naõ nos d metas em tentaçaó, mas livranos c dc mal: por-J
que teu hc o reyno, e a potência, e a glória , para todo íemprc.^u
. Amen. nialina
14 Porque fc a os homens perdoardes fuasoffèníàs,^rZ?focm voílõ
Pac çeleftial vos perdoara' a vos.
15 Mas íè aos homensnaõ perdoardesíúas offcnfas, taõ pouco vos
perdoara' voílõ Pae voílãs offeníãs a vos.
E quando jejuardes, naõ vos môftrcis triftonhos, como os hy- ‘-XW! 3.
poentas, que desfiguraõ feus roftos, para a os homens parcçcrem que
J cjuaõ. Em verdade vos digo, que ja tem íèu galardaõ.
17 Porem tu , quando jejuares , unge' tua cabeça c lava teu
roílo.
18 Para a os homens naõ pareceres que jejuas, íènaõ a teu Pae que
eftá cm oculto, c teu Pac que vc cm’oculto, ellc to renderá cm publico,
l<?$Naõ vos ajunteis thelôuros n‘a terra,’aonde a traça c a femí-
gCR^tudo córrumpe e aonde os ladroens minaõ e roubaõ.
20 Masajunctacvosthcfouros n’o çco, aonde a traça c a ferrugem
naõ córrumpe e aonde os ladroens naõ minaõ nem róubaõ.
21 Porque aonde voílò thcíõuro cftiver, ali citará tambem voílõ
• coraçaõ. ç
22 A candeá do corpo he o olho: Afli que íc teu olho for finçero^
todo teu corpo fera' luminofo.
23 Porem fe teu olho for malino, todo teu corpo ferá tenebrofo.
Afli que fe a luz que cm ty ha, faõ trevas 5 quantas feráõ as £ meÇm<u ]
prevas?
24 Ninguém pode íèrvir a dous fenhores : poisouhade aborrecer
a o hum, e amai1 a o outro; ou íè hade chegar a o hum, c dcíprczar
a o outro: Naõ podeis fervir a Deus e a f mamon. f Riquezas.
25° Portanto vos digo, naõ andeis foliçitos por voflã vida, que aveis
de comer, ou que aveis de bcbdr riem por vollò corpo que aveis de 1
veftir; Naõ hea vidamaisque o mantimento, c o coroo mais que o ’
veftido ?
. '26rOlhae para as aves doçco, que nem femeaõ: ncmfcgaõ, nem r.
ajúntaõ em çelleiros, c [com tudo] voílõ Pae çeleftial as alimenta;
Naõ fois vos muito melhores que cilas ?
27 Mas qual dc vos outros poderá com [toda] fua foliçitidaoacrc-
Çtntar hum cóvado a íúa eftátura ?
2$ E polo vertido, porque andaes foliçitos? atcntac para os lyrios
do campo, comovaõ creçcndoj Nemtrabálhaõ, nem nãõ.
B 2 2$) E
12 OS. ÈUANGELHO
29 Evos digo, quem nem ainda Salamaó, com toda íua gloria, fòi
vertido como hum dellcs.
30 Pçk^jcDcus aíli verte a eiva do campo, que hojehe, cáman-
haã fe lança no forno; Naó vos veftirá muito mais a vós, apoucados
n’a fé.
3 r Naó andeis pois foliçítos, diçendo, que comeremos, ou que be­
beremos , ou com que nos veftiremqs ?
3 2 Porque todas ertas coufas búfcaó os gentios: poisbem fabc voflb
Pae çelcrtial que de todas éftas couiàs neçeííitaes.
1 Rio 3 i*.
Pl.
3 3“’ Masbufcaepnmciro o rcynodeÓeus, efuajuftiça, etodasértas
coufas vos ícrao acreçentadas.
34 NaÓ andeis pois foliçitos polo d’ámanhaã; porque a manháã terá
j ftu. bom auidado de 8 íi mellna. Barta a o Q cada ] dia íua affliçaó.

Capitulo VIL
s Cbrifioenfna come'devemos julgar do prúámo, e repremlelo. 6 qut naÕ avimos de-
dar/ucouf/uSanilASaosdejprxadores. 7 qut devemos continuar ríasoraciÕes. 12, e
consoemos de tratar a ospróximas. 15 da porta eflreitae larga. iy de evitar osfal­
fas Prophetas. 10 que na'o qualquer, que em publico fervir a Deus,Jerafalvo. 2^ que
devemos apalavra de Deus naófomente ouvir, mas tambémfater.

i "VT Aójulgueis, peraque naó fcjacs julgados.


' 2 Porque como o juizo quejulgárdes, íereis julgados; e com a
medida que medirdes, vos tomaram a medir.
3 E porque atentas tu pera o argueiro que eftá no olho de teu ir­
maó, e a trave naó enxergas que em teu olho eftá ?
4 Ou como diras tu a teu irmaó: deixame tirar de teu olho o arguei­
ro ; C.eis aqui huã trave em teu olho ?
5 Hypocrita, tira primeiro a trave do teu olho, e entam atentaras
em tirar o argueiro do olho de teu irmaó.
6 Nam deis as couíâs íânétas a os caens, nem lançeis voflàs pérolas
diante dos porcos, para que com fcuspeés as naó vcnhaõapiíaf, e vi­
rando íè vos dcfoedaçem.
7 Pedi, c aarvosham ; bufeae', c achareis ; batei', e abrir vos-
ham.
8 Porque qualquer que pc'de, reçébe; e qualquer que búfca, áclia;
c a qualquer que bate, íè lhe abre,
9 E qual de vos ícra, o homem, que a feu filho dará huã pediu, pe­
dindo lheclle pam ?
10 E íè lhe pedir peixe, lhe dará huáíèrpente?.
li Pois
SEGUNDO S. MATHEÚS Cap.VII.
11 Pois fe vos, fendo maos, fabeis dar boas dádivas a voílòs filhos:
quanto mais dará voílõ Pac, que eftá nos ccos, bens aos que lhos pe­
direm ? *
z i - Por tanto tudo o que vos quiícrdesque oshomésVúsTáçaó, fa-
zeilhos vos também da mcfma maneira : porque éftá he a ley , e os
Prophetas.
13 Entrae pela porta cftreita : porque a porta larga, c o camin-

entram.
*4 Porque eftrcita.hc a porta, e apertada o caminho; que lévaá
V1da:mc poucos há que a achem.
Porem guardae vos dos fàlfcs Prophetas, que vem a vos outros > >»
com veftidos de ovelhas, mas por dentro fam lobos arrebatadores.
J <5 Por feus fruitos os conhecereis, por ventura cólhemfc uvas dos
cípinheiros, ou figos dos abrolhos ?
>7 Afli toda boa arvore dá bons fruitos r mas a aávore a podre dá a Ou» cor*.
maos fruitos.
18 Naõ pode a boa arvore dar maos fruitos: nem a arvore podre
dar bons finitos.
i2 Toda árvore que naó dá bom fruito, fe córta, c íè lança no
fogo,
2 o Afli que por feus fruitos os conhecereis.
21 Naó qualquer que me diz, fenhor, fenhor, entrará no rey­
no dos çcos: mas aquclle que faz a vontade de meu Pae que eftá n’os
Çe0S,p
22 Muitos me diram n’aquclle dia: Senhor, íhór, naoavemospro- p' ,q'
phetizádqnos em teu nome ? c em teu nome naõ avemos lançado fora
osdemonios? e em teu nome fizemos muitas virtudes?
2 3 E entonçes claramcnte lhes direi: nunca vos conheci: apartac b Ou, v»r

24 Por tanto qualquer que me ouve eftas palavras eas guarda, com-^’
paralóci a o varam prudente, q ue edificou íúa caía fobre penha.

;eram aquella caíà, e naó caliio-, por que eftáva fundada fobre raõcom im-

paraloéi a o varao parvo, que edificou íua caía fobre area.


. ?7 E- deçeò a chuva, c vieram rios, e aílòpráram ventos, e comba-
ram aquella caíà, ecahio, e foi grande íúa caifla.
^8 E
«4 O S. EU ANG E-L H O
28 E acontcçeo que acabando Jeíus cftas palavras, fc maravilhãvaó
as companhas de fua doutrina.
d Ou, tendi, 29 Porque os cnfmava como d quem tem autoridade, e nam come
autoridade. OS CiCTlKU''*".

Capitulo VIII.
s Chrifto limpa humleprofo. p faraamopo dl centuriaõ. 14 a fogra de pedra. itS t
ainda muitos outros. 18 declara a hum efcnba, que queria 0 jegetir, fua pobreza.
11 e manda a entrefeguirfefem dilaifaõ. 23 aplaca atempeflade domar. 28 lan-
pa os demonnios fora de deus endemoninhados, e permite lhes entrar n'os perfis.
I
i Tp dcçendo do monte, feguiraó o muitas companhas.
•*-' 2 E eis que veio hum lcproíõ, c o adorou, dizendo, Senhor,
íêquifercs, bem me podes alimpai-.
3 E eílendendo Jeíus a maõ, o tocou, dizendo, quero, íe limpo : c
logo fua lepra foi limpa.
4 Entam lhe diflê Jeíus: olha que naó o digas a ninguém: masvac,
Lev- «1-1 • '*■*• móilratc a o Saçcrdotc, c offcrcçc o prefente que Moyfcs ordenou,
â Gvt,feja pera que lhes 3 cónítc.
em tefti- 5 E entrando Jcfus cm Capernaum, veio [a elle~\ o çentúriam,
tnuube.
rogandolhe,
6 E dizendo, Senhor, o meu moço jaz em caza paralytico, grave­
mente atormentado.
7 E Jeíús lhe diflê: Eu virei, c o Sárarcif
8 E rcfpondcndo a çentúriam, diflê : fnór, naó fou digno dc que
entres debaixo de meu telhado; mas dize íomente huã palavra, cmeu
1 moço íâranú
9 Porque também cu íõu homem de baixo dc poteílade, [4’os outros~\
c tenho de baixo demy íòldados, edigo a eílc vac, evae; e a outro,
vem, evem; eamcuícrvo, fazeifto, efalo.
10 E ouvindo Jeíus maravilhouíc, cdiífe aos que [V] íê-
guiam : cm verdade vos digo, que nem ainda cm lírael achei tan­
ta fé.
bOu,tevan- 11 Mas cu vos digo , que muitos viram do b oriente, c do ocçi-
tee poente, dente, c aflcntaríêhaó á meia no reyno dos çeos com Abraham, e
c o u, choro, Iíãac, e Jacob.
e bater de 12 E os filhos do reyno feram lançados nas trevasdefora: ali fera'
à'on ficou C ° Prant0’ e ° u’emor dc dentes.
oujdroufeà 13 Entonçcs diflê Jcfus a o çentúriam: vae, e aíli como crcítc, te
t»epo. . feja feito.. E ífaquellc mefino inílante d foi feu moço íâm.
14 E
..SEGUNDO S. MATHEUS. Cap. VIII. 15.
14 E vindo Jefus a cafa dc Pedro, vio a fua fogra deitada, ccom
febre.
15 E tocoulhe n’a maó, c a febre a deixou: e levantouíè, c fer­
via os..
16 E comoja foi tarde, trouxeraó lhe muitos endemoninhados, e
lançoulhes fora osEípintos [malinos~\ com a palavra, cíãrou a todos
os flue mal íè achávaó. ,
*7 Pera que fc cumpriflè o que eftáva dito pelo propheta Iíàias,, k-jeí. a.
Hue diflè:k clle tomou noflàs enfermidades, elevou ffobre fi~\ noflàs
doenças.
1 8 E vendo Jeíús muitas companhas a o redor defi, mandou que
paflãnèmda outra banda.
19 E chcgandolè hum eícriba a clle, diflèlhe: Meftre, aonde quer-
que fores te ícguireii
20 E Jeíús lhe diflè: As rapoíàs tom covis, eaS aves do çeo ninhos:
mas o filho do homem naõ tem aonde cncofte a cabeça.
21 E outro de feus diíçipulos lhe diflè: Senhor, dame liçença que
Va primeiro enterrar a meu Pac.
22 E Jefus lhe diflè: íèóueme tu a my, e deixa a os mortos enterrar
leus mortos.
23 E entrando elle no barco, íèus diíçipulos o íèguiram.
24 E eis que íè levantou huá taó grande tormenta no mar, que o
barco fecubna das ondas, c elle citava dormindo. * •
2 5 E chegando feus diíçipulos, o acordaram, dizendo, Senhor fal-
vanos, que nos perdemos!
2 5 E ellc lhes diflè: porque temeis, apoucados na fé? Entonçes,.
levantandoíè, reprendeu a os ventos, e ao miír, e ouve grande bo-
Oança.
z7 E os homens fe maravilharaõ, dizendo, quemheéfle? que até
05 ventos e o már lhe obedecem!
2 8 E como paílòu pera a outra banda , á Provinçia dos Gerge-
tenos , vicfaõ lhe a o encontro dous endemoninhados , que íàhiaõdos- •
fulcros, taó ferozes que ninguém podia paflàr por aquelle ca­
minho.
®
2 9 E eis que clamaraõ, dizendo, que temos com tigo, Jeíús filho-
e Deus? vicíte aqui a nos atormentar antes de tempo?
3° E eflava huá grande manada de porcos longe d’ellespaçcndo..
31 E os diabos lhe rogaraõ, dizendo, fe nos lançaresfóra, permi-
que entremos naquclla manada dc porcos..
• 3 2 E.
15 OS. EUANGELHO
32 E difle lhes: ide e faindocUcs, entraram na manada dos porcos:
e eis que toda aquella manada de porcos íèpreçipitou no mar, e morri
raó n’as aguas.
33 E&Liçcs os porqueiros fugiraõ , e vindo á çidade, contaram
todas citas couíãs, c o que [acontefekíJ a os endemoninhados.
E eis que toda aquellaçidade íãhio a o encontro aJeíús, e vendo
eOu, cm- q pie ropra'VaÔque íc rctiraíle dc feus c termos.
Jíztf. 01

Capitulo IX.
1 Chrifiofiariind9btimparal}tico,m»ílrnij}itti»lMtpo.ierperapirdoaretpecades. 9 cla­
ma a Mathcits, e come com os publicanos. 19 defendejeus difcipulos parque naÕ je-
jttmaõ. 20 cura a huá mulher dc hum fluxts de fungue. 23 refujeita filha de
ieumcenturiaÕ. 27 da viflaaDous cegos. 32 livra a hum endemoninhado, jppre­
ga, efiara muitos enfermes. 35 exhortaptra pedir obreiros ría fiega. '

l T? ntonçes entrando no barco, paíTou d’a outra banda , e veio a


•L/ fua çidade. E cis que lhe trouxeram hum paralytico deitado
em huã cama.
sou,!;» 2 E vèndo Jeíús íúa fcd’elles, diflè ao paralytico: ’ Tcmbomani-
confiança, nio, filho,teus pecados te íãm perdoados. h
** urfa' 3 E eis que alguns dos cícribas diziaõ dentro de fi mefino 3 éftcblaC
fèma.
4 Mas vendo Jeíús íèus penfamentos, diflè : porque pcníãés mal
cm voflòs corações? ,
5 Qual hc mais façil ? dizer, teus pecados te íãm perdoados? ou
dizer, levantatc, c anda? '
4 Hora pera que- facbacs que o filho do homem tem autoridade
n’a terra pera perdoar os pecados, (diflèentonçes a o paralytico) le-
vantate, toma tua cama, e vae te para tua caía.
7 Entonçeslevantouíè, c foiíc pera íúa caía.
, SE vendo as companhas £ ifia J fe maravilháraõ , c glorificáraõ
b Ou, /ate-á Deus, que tal b auétoridade tívcflè dado a os homens.
c Ou lugar 9 E paflàndo Jeíús d’ali, vio ahumhomcn aflèntacjgna * alfande-
das rendas. g;h o qual íè chamava Matheusj e diflè lhe: fegueme. E lcvantãn-
Oi^dospu- doíè clle, íeguio o.
bhcostribu- 10 E acontcçeo que cftáhdo Jcíús aíícntado cm caíã [_dt Mattheo']
d Ou fifii- mC<ã’ e’s que v;cí'aõ jmiitos d publicanos e pecadores , c fc aíièn-
,.Wjuí’/"(„lta'raú juntamente ámcíà-comJefus, e feus diíçipulos.
àeivos. II E Vendo os Phariíèos, difleram a feus diíçipulos: por­
que come voílõ mcftrc com os publicanos, c pecadores.
12 E
SEGUNDO S.MATHEUS Cap.IX. 17
11 E ouvindo Jcfus lhesdiflê: os que1 tcmíãude, naó a Ou, 'Jlaí
ncçcflitaó dc medico, fcnaó os que eítao doentes. f*9f‘
1 ] Mas ide, e aprendei', que couíà he: íruícricordia quero, enaõ
íãaifiçio. Porque eu naó vim a chamar a osjuítos, fenadu óipccadores
a que íc convcmó?
14 Entonçcs vieram a elle os diíçipulos dc Joaó, dizendo, porque
nos c mais os Phariíêos iejum-amos muitas vezes, eteus diíçipulos naó
jejum-am?
15 E Jcfus lhes diflê por ventura podem os que cíláódcbodas an­
dar trittonhos, em quanto o eípoíb com clles ellá ? mas dias viram,
quando o cfpoío lhes for tirado, c entonçcs jejum-aram.
i<5 Também ninguém deita remendo de pano novo cm velti-
do velho: porque o tal remendo b puxa do veílido , e fázfc peior b Ou, t/r*.
rotura.
17 Nem deitam o vinho novo em ordres velhos, d’outra maneira
os ordres íè rompem , e*o vinho íc derrama, c os ordres íê perdem:
tnas deitam o vinho novo em ordres novos , e ambos juntamente íê
confcrváó. „ .
18 E dizendo elle eftas couíàs, eis que veio hum prinçipal, c adorou
o , dizendo , minha filha falcçcó ainda agora : naas vem, c poem
tua maó fobre ella, c vivera'
19 E levantandofe Jcfus, o feguio, e mais feus difçipulos.
20 E eis que huã mulher enferma de hum fluxo dc íàngue, doze
*nnos avia tido, velo por dc tras, c tocou a borda de feu veltido.
21 Porque dizia entre fi: íc eu tam íomente tocar feu veílido, fica­
rei íàã.
22 Entonçcs virahdoíê Jefus, e vendo a, diflê: tem bom animo,
filha, tua fé te falvóu. Edcfdo mcfmoinftante ficou a mulher faã.
23 E vindo Jeíus a cafad’aquellc prinçipal, e vendo os tangcddrcs
das írautas, c a companha que Fazia grande alvoroço.
24 Diflê lhes : atafluevos , porque a moça naó eftá morta ; mas
dorme. E zombavaó dclle.
2 5 E como a companha foi lançada fora, entrou, c pego'u lhe
pela maó, e a moça íê levantou.
26 E correó cita fiiína por toda aquella terra.
27 E paflàndo Jcfus d’ali, feguiram o dous çegos bradando, c
dizendo, tem compaíxaõ de nos, filho de David» ’’ .
28 E como veio a cáía, vicraõ os çegos a elle. Ediflc lhes Jefus:
credes vos que poflò fazer iíto ? clles lnc difleraó, fi fenhor.
C 29 En«
xp Entonçes lhes tocou os olhos, dizendo, conforme a voílà fc fe
vos faça.
30 E os olhos íê lhes abriraó. E Jeíus defendia lhes riguroíà-
mente dizenéíJ'; olhac' que o naó làiba ninguém.
31 Mas faidos ellcs, divulgáraõ fua fama por toda aquella terra..
31 E cm elles faindo, eis que lhe trouxêraõ hum homen mudo ,
e endemoninhado.
j 3 E como o diabo foi lançado fora, fàllou o mudo: e as com­
panhas fe maravilharaó, dizendo, nunca tal íe vio em Ifraêl.
34 Mas os Phaiifcos diziam: Pelo prinçipc dos demonios lança-
fora a os demonios.
3 y E Jefus rodeava por todas as cidades e aldeas, enfinando em fuas.
lynagogas, c pregando o Euangelno. do reyno , e íãrando toda en­
fermidade, e todo mal entre o povo. z
36 E vendo*as companhas, movcib íè a intima compaixaô delias,,
porque andávaó dcígarrádas, e elpalhádas ,*como ovelhas que na&
tem paftor.
>/<*«. 37 Entonçes diflê a feus diíçipulos: grande he em verdade a c Í&.
ga, porem faõ paucos os obreiros.
38 Por tanto rogada o íhórda íèga, que empiíxc obreirosâ.
fua fega.
Càpitvio X.
> Cbrifla dapider afeus 4fftolos perafeter milagres. t fesu nomes. y manda os*
f regar 0 Eteangelio entre os IfrailitÁ 8 enjina os comon’eftt miniflerio fe aviaõ de
aver. 16 ijnats males Ibes encontraraõ t. e comqtee niffõ tudo fe aviaõ de confiar.
ja qual galardaõ acharaÕ efjue a ellecon/lantamentectnfejfaõ. 40 » a feus Jervi-
dores faõ benignos.

1 "E* ntonçes chamando afia feus doze diíçipulos, deu lhes poder
•*-<íobre os eípiritos immundos, pera os lançarem fora, e íàrárem.
toda fraqueza.
2 Hora os nomes dos doze Apoftolos, íàó eftcs: o primeiro, Si-
maõ, chamado pedro, c André ícu irmaó : Jacobo o filho do Zebe-
dco, c Joaõ feu irmaó.
3 Philippe, Bartholomeu: Thome, eMatheus, o publicano : Ja-
coboofilhodeAlphcó; eLebeo, por íòbre nome oThadeb.
4 Simaó cananeb , e Judas Lfcariota, que também o entre­
gou..
5 A eftcs doze enviou. Jeíiis, e. lhes mandou , dizendo, pelo ca­
minho-
SEGUNDO S. MATHEUS. Cap.X.
minho das gentes naõ ireis, nem cm çidade óe Samarita-
nos entrareis.
; 6 Mas ídc antes ás ovelhas perdidas da caía dc Iíracl.
7 E indo, pregae, dizendo, chcgádá he.o reyno dcvIJos.
8 Sáraé a os enfermos, alimpac a os lcproíòs, rcfuíçitac a os mor­
tos , lançae fora a os deinonios: dc graça o rcçebéítcs , dae o de
graça.
9 Naõ poíluacs ouro, nem prata, nem * dinheiro cm voílàs* °u> <*'*■
çintas. '
10 Nem alforges pera o caminho, nem.dous vertidos, nem
bçapatos,’ nem bordam, porque digno he o obreiro de fcu ali-bOu, <rf-
mcntO. x fwtuf.
11 E cm qualquer çidade , ou aldea, que entrardes , informac-
vos dc quem n’clla íèja digno, e pouíãe ali até que íãjaés.
11 E quando entrardes cm [_algua 3 caía, faudae a.
1 j E íe a caía for digna , venha fobre ella voílà, paz : porem íè
digna naõ for, tome fc voflã paz a vos outros.
14 E qualquer que vos naó receber, nem voflàs palavras ouvir r
íàindo daquclla caíà, ou çidade, íacudi'0 pó dos voílòs pcs.
15 Em verdade vos digo, que mais tolerável ferá a os da terra de
Sodóma e Gomofrha no dia do juizo, do que aquella çidade.
16 Vede eu vos envio como a ovelhas no mejo dos lobos: por tanto
féde prudentes como íèrpcntcs, e fimpliçes como pdínbas.
17 E guardaevos dos homens: porque vos entregaram cm conçi-
lios. e vos açoutaram cm fuas íynagogas.
18 E até ante prefidentes e reys fcrcis levados por cauíà dc my,
para que a elles, e a os gentios lhes feja em teftimunho. t
19 Mas quando vos entregarem , naõ andeis foliçitos de como,
ou que fallareis: porque naquellemcímoinftantc vos forã dado o que
aveisdefallar. '
-o Porque naõ fois vòsos que fallacs, mas o eípiritode voílõpac,
que cm vos falia. .
2i’ Ora o irmaõ entregará á morte a o irmaõ , e o pae a o filho:
e os filhos fe levantaraõ contra os pacs , c os c faram morrer. C Oll, 1HX-
E dc todos fereis aborrcçidos por cauíà de meu nome: mas taraí.
aquelle que perfeverar até o fim, eílc ferá falvo.
2 3 Mas quando .vos perfequirem n’efta çidade; fogi pera a outra:
porque em verdade vos digo, que naõ acabareis de correr polas çida-
des dc Iíraél, que naõ venna o filho do homem.
C z 24 O ,
20 os. euangelho
24 0 diíçipulo naóhc mais que feu meftrc, nem 0 íêivo maisque
feu fenhor.
2 5 Baftclhc a 0 diíçipulo íer como feu meftrc , c a p fervo comc
feu fcnhoi até a 0 mefmo pae d’a família chamaráo bcelzcbul,
quanto mais a íèus domcfticos?
26 Aíli que naó os temaes: porque nada ha encubcrto, que fc naó
aja dc dcícuorir; e [nada] oculto,, que fe naõjaja de faber.
27 0 que vos digo em trovas, dizei 0 em luz j c 0 que ouvirdes a
0 ouvido, pregac 0 d’os telfiados.
ÍJ. 11. a8' E naó temaes a os que mataõ. 0 corpo, mas naó podem matar
r. 9. a alma: temei antes, áquelle que pode dcftruir a alma e 0 corpo no
inferno.
29 Naõ íè vendem dous paíiàrinhos por hum çcitil ? e nem hum
delles caira' em terra fem voflò pae.
30 E ate voilòs cabellos da cabeça todos também eftáõ con­
tados.

31 Naó temaes pois: mais valeis vos que muitos paíiàrinhos.
3 2 Por tanto qualquer que me confeílar diante dos homens, tam­
bém eu 0 confcílàrci diante de meu pae que eftá n’os çeos.
• 3.3 E qualquer que me negar diante dos homens também eu 0
negarei'diante de meu pae que eftá n’os çeos.
•-<
fr. 10.
M . 34° Naõ cuideis que vim a meter, paz n’a terra, naõ vim a meter-
paz, fenaõ cutelo.
tk Y í- 3 'y Porque eu vim a. fazer diflèrrfaõ do homen contra ícu pae , e
da filha contra íua maé j e da nora, contra fua íõgra.
f 3,6 E. [feraã J os inimigos do homem > os que. [faõ] ícus do-
»
mefticos.
37 Quem ama pae , ou maé , mais que amy , naó he digno dc
my ; e quem ama filho,, ou filha, mais que a my, naó he digno
de my.
38 E quem naõ tomai’ fua cruz, efeguir a pos my, naó he digno
de my.
39 Quem achar íua alma.perdélahaj e quem perder íua alma , por
cauíà de my, achála ha.
40 Quem a vos vos recçbc, amymercçcbc.i equem a my merc-
çcbc^reçcbc a aquclle que mç enviou.
>7 •■>
<• l#: 1
41 Qucfn rcçcbe propheta cm nome dc propheta , galardaõ de
A
propheta reçcbcraç c quem reçcbc jufto em nome dc jufto, galardaõ
dcjufto reçebcrá..
42 E
SEGUNDO S.MATTHEUS. Gap. XI xx
41 E qualquer que fomente der hum púcaro dc agoa fria a hum
deftes pequeninos cm nome dc diíçipulo , cm verdade vos digo que
•iaõ perderá feu galardacL ' ’
QPT/'
Capitulo XI.
í JoaÕ Baptifla], eflando na prifaÕ , manda dous difcipsJos a C&riflo. 4 a os quaet
Cbrifto mojlrapilafua doutrina t as obras, que tile he 0 Mejfiasprometi3o. 7 da exctl-
lonte tefiemunho de 'Joaõ e feu officie. lá a os Judeos desta em roflo fta dureza.
20 ameaça por ifjb at cidades de eborazim, e bctfaida e capcrnarim com grandes oa-
fllgos. ip de como anima a os humildes. 18 convidatodos os cançadas pecadores a
fl» e lhes promete defeanço. ’

1 "p fuçcdco que acabando Jcíús dc dár mandamentos a feus doze


difçipulos, ic foi d’ali a enfinar e a pregar em fuas çidades d’ellcs.
2 E ouvindo Joaõ na priíàõ as obras de Chrifto, mandoulhe dous
dc fous diíçipulos.
3 Dizendo, es tu aquclle que avia de vir, ou eíperamos a outro ?
4 E rcípondendo Jcíús, dillelhcs: ide, a fazei íãbcrajoaõ as cou-a Ou, de-
íàs que ouvis, e vedes: nunciae.
f Os çegos veein, e os mancos andam: os lcproíòs faõ limpos, e
os fúrdos ouvem: os mortos íãõ refufçitados , c a os pobres b he an- b Ou ,fe a- e
nunçiada a alegre nova: t nunciae / 1
6 E bem aventurado he aquclle que em my fe naó efeandalizar.
7 E idos elles, começou Jefus a. dizer de Joaõ a as companhas:
que faiftes a ver a o defeito? alguá cana que fe abala com o vento?
8 Ou que íàiftes a ver? hum homem cuberto com vertidos bran­
dos ? vede os que trazem £ veftidos J brandos , nas caías dos reys
eftaõ.
9 Ou que faiftes a ver? Prophcta? também vos digo, c mais que
prophcta. ' (-
10 Porque cfte hc.aquelle , de quem eftá eferito : eis que diante
de tua face envio a meu Anjo que aparelhará teu- caminho diante

i i Em verdade vos digo, que d’entre os que de mulheres íàõ


ntçidos, outro fénaõ levantou major que Joamotíaptifta: masaquclle-
que em o rcyno dos çcoshe o menor, major he qucelle.
11 E des dos dias de Joam o Baptifta ate agora íè faz força a o-
rcyno d’os çeos, c os valentes o arrebataõ.
Porque todos os prophctas, e mais a ley, até Joaõ prophcti--

C j. 14 E íè
O S. EUANGELHO
14 E fe o quereis reçcber, elle he Elias que avia dc vir.
15 Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
■16 Mas com quem compararei éfta geraçaó ? femelhante he a o*
rapazes --7^.,-fe aíicntaó n’as praças, c dam gritps a feus compan
hciros,
17 E dizem: tangemos vos com gaita, e naõ balháftcs: cantemos
vos lamentaçoens, e naõ prantcáftcs.
18 Porque veio Joaõ, nem Comendo nem bebendo j e dizem: de-
monio tem. ,
19 Veio o filho do homem, comendo e bebendo e dizem: vedes
<- • •« Z~ «1 ✓ • 1_ .11’
cOu, Mf-aqui hum homem cómiláõ, e e bebarram, amigo depublicanos e po
Jor j» wn- caJorcsj rnas a íâbedoriá he juftificada dc ícus filhos.
20 Entonçcs começou elle a deitar em rofto a as çidades em que
muitas de fuas maravilhas fc fiçcraõ, que naófetinhaóemmendado.
21 Ay de ty Chorazin, ay te ty Bcthíàida: porque fe em Tyro e
em Sidon marayd^as
--- foraó feitas as ..AConi i/ivt , que
- cm vos fe fizéraó, muito ha
que fe ouverao arrependido,, com çinza.
22 Por tanto cu vos digo, que mais tolerável fera pera Tyro c
Sidon, em o dia do juizo, que para vos outras. , ,
2 3 E tu Capcrnaum, que até os çeos cilas levantada, ate os infer­
nos ferás abaixada: porque íê cm os dc Sodoma foraó feitas as mara­
vilhas que em tyfefiçéraõ, até o dia dedioje ouvcraõpcrmaneçido.
24 Por tanto eu vos digo , que mais tolerável fera' pera os de So­
doma, cm o dia dc juizo, que pera ty.
• 2j Naquelle tempo, reípondcndo Jcíiis, diífe: graças te dou,
pae, fenhor do çeo c da terra, que efcondcfte éftas coufas a os fabios
e entendidos, c as revelaíle a os meninos.
2í Aíli he, pae, porque aíli te agradou em teus olhos.
27 Todas as coiifas me eftám entregues de meu pae: e ninguém
conhcçcó a o filho , fenaõ o pae; nem ninguém conheçeo a o pae,
fenaõ o filho, e mais a quem filho o quifer revelar. ' ..
28 Vinde a my todos os que cílacs caníados, c carregados, e eu
vos farei dcfeaníàr.
29 Levae febre vos meu jugo , e aprenda de my, que feu man-
fe e humilde dê coraçaó, e achareis defeanfo para vçílàs almas.
30 Porque o meu jugo hc brando, c leve a minha cárga.

•.
/
SEGUND O S. M ATHEUS. Cap. XII. iy

Capitulo XII.
Cbrijlo defendefeus ^pofloles quando em falado arrancava» efpigas. £> farahuãmai
feca em jabado e o defende. 14 retiraje d,ufiladas dos Pbarifeos e cta.^. r.alqtter en­
fermidades. 16 defende que 0 naõ defcobrijfem, peraque fe compriffe a propbetia d»
Efaia. n lanpabum demonio fera de hum cego emudt, e redarguo a blasfémia dos
pbarifeos. 31 fala do pecado contra 0 efpirit» fat>3o. 36 e que bomé dara centa de
toda palavra vaã. j8 naõ da a os pbarijees outrofinalfenao 0 dejonas. 41 repren-
de a fuaincredulidade com exemplo desde Hinive e da rainba do aujlro. 43 injinee
pela parabolad» demenio immundo faido, » entrado, com»fera com elles. 4Ó e quem
fjafeu verdadeiro irmão > irmaa e mae.

1 tempo hia Jeíúspor huns * paens cm fabado r e feus di-a


■^íçipulos aviaõ fome, ecomcçáraõ a arrancai’ eípigas, e a comer.
2 E vendo [«/?• J os Pharífeos, diflèraó lhe : vede ahi teus diíçi­ L- P..<o4..VO; »
pulos fazem' o que naõ he licito fazer em fabado.
3 E elle lhes diflè : naõ tendes lido o que fez Davicl tendo fome,
ellc e os que com clle [ejltvaõ?3
4 Como entrou na cáíà de Deus, e comeu‘os paens da propofi-
Çaõ, que a elle lhe naõ era liçito comer t nem a os que com elle
[ effvuõj Ycnaó fó a os façerdotes ?
5* Ou naõ tendes lido na ley, como n’os fíbados, em o templo,
profanaõ os íàçerdotes o íàbado ,.e ficaõ fem culpa.
6 Pois eu vos digo ,^que major que o templo eftá aqui.
7 Mas fe vos foubereis que couía he, miícricordia quero, enaó
íàcrifiçio; vos naó condenareis a os inóçentes.
8 Porque até do íàbado he o filho do homem fenhor.
p E paitindofe d’ali, veio a fua fynagoga d’cllcs.
10 E eis que avia ali hum homem que tinha huá maõ feca : c
perguntaraõ lhe, dizendo, he liçito i> curar cm íàbado? pera o acu-5 Ou fe,
larem.
í 1 E elle lhes difle: que homem dc vos outros^averá, que tenha
huá ovelha, e felcair em huá cáva cm fabado, naõ lançe maõ delia,. 1. Êxoà-XJ
» c a levante?-
11 Pois quanto mais vai hum homem, 4ue huá ovelha? afli que
liçito he fazer bem cm íàbados.
13 Entonçes diflè a aquelle homenEfténde tua maõ j c elle a
eftendeb, e foilhe reftituida íàám como a outra.
14 E íàidos osPharifeos, coníultáraõ contra elle pera o matarem;
15 Mas íabendo o Jefus, reciroufe d’ali: e fcguiraõ o muitas com­
panhas, e íãráva os a todos..
tá E
24 O S/EUANGELHO
cOu, efirà- E defendia lhes c rigurofamente que o naõ defcobriílcm.
umeriti. Peraquc fe cumpriflè o queeftáva dito pelo propheta Eíàyas,
quedillê.
184 Vèut 'aqui meu fervo a quem eícólhi, meu amado cm quem -
. minha alma fe agrada: fobre elle porei meu Eípirito , e a as genteí
anunçiara juizo.
iy Naõ contenderá, nem vozeará : nem ninguém íúa voz pelas
ruas ouvira
20 A cána trilhada naó quebrantará , e o pavio que fumea naó
d Ou,»lim- apagará , até <1 que a o juizo tire em vitoria.
pt tire a • z i E cm feu nome elpcraráo as gentes.
22 Entonçes lhe ti-ouxcraó hum endemoninhado, çego, e mudo:
e de tal mancha o fárou , que o çego e mudo fallava e via.
23 E todas as companhas eftávaõ fora dc fi, e diziaó : naóheéftc
aquelle filho de David?
24 Mas avendo ouvido os Pharifcos ifto , diziaó': cfte naõ lança
forá os demonios , fenaõ por beclzebul, prinçipe dos demonios.
25 E como Jcfus fiibia feus pcníãmentos d’eiles , di.íièlhes: todo
reyno contra. íi meímo diviíõ, *lè aílòla: c toda çidade, ou caía, diviíã
contra fi mcfma, naõ permancçerá.
26 E íc íâtanás lança fora a íâtanás, contra fi mefino eftá diviíõ:
como permancçerá logo ícu reyno ? .
27 E fc cu por beclzebul lançó fora a os demonios , porquem os
• lançaõ logo vollòs filhos? portanto elles fcraõ voílõs juizes.
28 Mas fe eu pelo eípirito de Deus lanço fora a os demonios, em
verdade que chegado hc a vos outros o reyno de Deus.
29 Porque como pode alguém entrar em caía d’o valente., e la­
quear ícu fato, fc primeiro naó prender a o valente ; c entonçcs la­
queará fua caía.
3 o Quem comigo naõ hc , he contra my : c quem comigo naó
apanha, cfpalha.
31 Por tanto eu vos digo: todo pcccado e blaíphcmia fe perdoara
a os homens, mas a blaíphcmia contra o Eípirito naó fe perdoará a
os homens.
3 2SE qualquer que fallar contra o filho do homen, fcHlidia per­
doado: mas qualquer queíàllar contra o Eípirito Sanéto, naó lhe fera
cOu,futa-perdoado, nem nefte fceulo, nem no c vindouro.
r*. 33 Ou fazei a árvore boa, c fcufruito bom; ou fazei a árvore po­
dre, c feu fruito podre ; porque pelofruitoíc conhcçc a arvore.
34 Raça
SEGUNDO S. MATHEUS. Cap.XII. 25
•34 Raça de biboras , como podeis vos Fallar bem , fendo maos?
porque dá abundançia d’o coraçaó Fallá a boca.
3 5 O bom homem tira boas coufas d’o bom thcíouro de ícu co-
raçaõ, c o mao horaen do mao thcíòuro tira maas coui«ó.
3 Mas eu vos digo, que de toda palavra vaá que os homens fàl-
lárcm, d’ella daráó conta em o dia do juizo.
37 Porque por tuas palavras feras juftificado, c por tuas palavras
feras condenado.
38 Entonçcs rcíjxindéraô huns dos cícribas c d'ospharifcos, dizen­
do, meftrc, quiíèramos ver de ti algum íinal.
39 E elle rclpondeo, c dilfelhes: a má geraçaõ e adultcrinapede
unãl: mas final íc lhe naó dará, fenaó o íinal de Jonas o propheta.
40 Porque aíli como Jonas efteve tres dias c tres noites n’o ventre
da balda: alll citará também, o filho do homem tres dias e tres noites
n’o coraçaó dá terra.
41 Os de Ninive fc levantaráó cm juizo com cila geraçaõ , e a
condenarão: porque com a prégaçaó dc Jonas fc arrependerão, c eis
que mais que Jonas eftá aqui.
42,k A rainha do auftro íc levantará em juizo com cila geraçaõ c
a condenará; porque veio dos fins da terra a ouvir a íàbcdoriá deSa-
lamaõ: e eis que mais que Salamaõ eftá aqui.
43 Quando o cfpirito immundo fc tem íaido do homem, anda por
lugares íecos bufeando repoufo; e naó o acha. r
44 Entonçcs diz: tománnchci a minha cáfa donde íàhi. E quan­
do vem, ácha a desocupada, barrida, c adornada.
45 Entonçesvae, c toma com figo outrosfetc efpiritos pcioresque
e entrados , móraó ali: e íãó as couíàs derradeiras do tal homé
peiores que as primeiras. Aíli acontcçcrá também a cfta má geraçaõ.
4<S E cftándo elle ainda fàllando a as companhas , eis que eftávaõ
Ua maé ejmais feus irmaõs fora, que lhe queriáó fallar.
47 E diílclhc hum, ves ali cftáo fora tua maé, e maisteus irmaõs,
qUc te querem fallar. '
48 E rclpondendo elle a o que ifto lhe dizia, diílc: quem hc minha
. e quem faõ meus irmãos ?
49 E eftendendo fuamaóperafeusdifçipulos, difle: vedes f aaitil
lnha maé, e £ mais J meus irmaõs.
nos ceS*^-C .todo aquelle qUC fizer a vontadc de meu Pae que eftá
çeos, efle he meu irmaó, e irmaã; e maé.
Z<5 OS. EUANGELHO

Capitulo XIII.

I Cbriflo probof.tfeus ouvidores diverfatparabolas, e a primeira do femeadet, cujo ft


mente cahio im diverfos lugares. 10 declara afeta dtfcipulos a rafaÕporque pelas pa-
rabelas fala. 18 declara efia parabolaa feus d fapulos. 44 e ajunta a parabola de
litania entre 0 trigo. ji dograõdamoflarda. j; doformento, 36 declara a pa~
rabola da litania. 44 e ajunta a parabolado thefouro efcondido. de mercador
que bufia pérolas. 47 da rede, pi debumefiriba quede feu tbefouro tiracoufas no­
vas e velhas. J4 tornafeafuapatria a onde naÕ he mui eflimado.

i Saindo Jefus de caíã aquelle dia, aíléntou fe junto a o mar;


•*-' 2 E chegaraó fe «. elle tantas companhas, que entrando cm
hum barco, fc aílentou nellc; c toda a companha eítáva na práya.
3 Efalloulhes muitas couíàs por a parabolas, dizendo, cisque o
par^ens. ' ícmcador faliio a fcmear.
4 E fcmeando elle , cahio hua parte [da femente~\ junto a o ca­
minho, e vicraó as aves, e coméraó a.
5 E outra cahio empedregáes a onde naõ tinha
¥ Ou,avia, muita terra, e logo naçeo, porque naó b tinha terra profunda.
6 Mas cm faindo o íòl, queimoiifc ; e porque naó tinha raiz,
fccdufe.
7 E outra [parte cahio em eípinhos, e os cípinhos creçcraõ, e
afogáraó a,
8 E outra cabio em boa terra, e deu finito, hum dc até
çento, outro de até ícflènta, c outro de ate' trinta.
9 Quem tem ouvidos pera ouvir, ouça.
10 Entonçes chcgandole os diíçipulos, diíleraó lhe : porque lhes
falias por parabolas? •
11 E rcfpondendo elle , diffelhes : porque a vós he conçedido fa­
ber os myfterios dó reyno dósçcos; mas^ellesnaõlhesheconçedido.
12 Porque a qualquer que tem, ferlhe ha dado, e teramais: mai
a o que naó tem, até aquillo que tem lhe ferá tirado.
13 Por iflò lhes fállo çu por parabolas; porque vendo, naõ vém;
e ouvindo, naó ouvem, nem entendem.
Ç; . 14 E n’elles fe cumpre a propheçia dc Eíãias, que diz: deouvido
ouvireis, c naõ entendereis; e vendo, vereis, e naó « enxergaréis.
tareis. 15 Porque o coraçaó défte povo eftá cngroílàdo , e ouvem peíã-
damente dos ouvidose toíquenejaõ dos olnos : pera que naó véjaõ
d’os olhos, e ouçaódos ouvidos, ecntcndaó do coraçaó, e fe convér-
taó, c cu os Gre.,
16 Mas-
SEGUNDO S. MATHEUS. Cap.XIII. 27
1 <5 Mas bcmaventurados voílòs olhos, porque vém ; c voflòs ou­
vidos , porque ouvem,
11, ^Pr9.uc em verdade vos digo, que muitos proph^as e juftos
defejaraó dc ver o que vos vedes , c naó o viraó ; e ouvir o que vos
ouvis, c naõ o ouviráõ.
18 Ouvi pois vos outros a parabola dó fomeador.
*9 Ouvindo alguém a palavra do reyno , c naó a entendendo,
vem 0 malino , c arrebata o que em íèu coraçaó foi íèmeado , éfte
he o que foi íèmeado junto a o caminho.
20 E o que foi íèmeado cm pedregaes, éfte he o que ouve a pa­
lavra, e lego a reçébe com gozo.
21 Mas naõ tem raiz em íi, antes he temporal: que vinda a affli-
çaò, ou a perfèguiçáõ pola palavra, logo fe offende.
22 E o que foi íèmeado em eípinhos , cite he o que ouve pala­
vra , mas o cuidado dc'fte mundo , e o engano das nquezas afogam
a palavra, e d faz fe fem fruito. z . d Ou > fie*.
2 j Mas o que foi femeado em boa terra , cfte he o que ouve e
entende a palavra, c o que da fruito j e dá dc hum, çénto; e dc ou­
tro, feflènta: e de outro, trinta.
24 Outra parabola lhes porpós, dizendo, o reyno dos çeos he fc-
melhante a o homem que lemea boa íèmenre em íèu campo.
2 $ Mas durmindo os homens, veio íèu inimigo, e femeou ziza­
nia entre o trigo, e foi fe.
26 E como a erva íãhio, e deu fruito, entonces aparçeo também
a zizania.1 1
37 E chegandoíè os íèrvos dopae da família, diílcraólhe: Senhor,
r&õ femeafte tu boa fementè em teu campo? d’ondclhe vem logo a
zizania?
2b8 E elle lhes diflê: o homem inimigo fez ifto c os íèrvos lhedit
leraó: queres logo que vamos, e a colhamos?
2 9 E elle lhes dinc : naõ ; porque colhendo a zizania naõ aran-
«jueis tambem juntamente com ella o trigo.
?o Deixae juntamente crcçér o hum e o outro, até a íega; eao
tempo dá íega. direi a os íègadores : colhei primeiro a zizania , e
a em molhos, pera a queimar: mas o trigo recolhéi o no meu

H Outra parabola lhes propôs, dizendo, o reyno dós çeos he fe-


mclhantc ao graó da moftarda , que tomando o alflucm ,0 femeou
CI« feu campe? S
D 2 32 O
OS. EUANGELHO
p O qual, cm verdade, he o menor de todas as íèmcntes: mas
cm crcçendo, he o major dc todas as ortaliças ; e fazíè
árvore, quç,.vcm as áves do çco, c fazem ninhos em luas ramas.
33 ÔutríTparabola lhes diflè: femelhante he o reynod’os çeos a o
formento, que tomando o a mulher , o efcónde em tres medidas dc
farinha, até que tudo cftcja levedado.
34 Tudo ilto faliou Jcíús por parabolas a as companhas ; e nada
lhes faliou fem parabolas. _
3 y Peraque lê cumpriflè o que foi dito pelo propheta , que diflè:
em parabolas abrirei minha boca ; brotarei coufas eleondidas dcfda
funúaçaó do mundo.
0 Entonçes, despedidas as companhas, veiofe Jeíús pera cáfa: e
chcgandofe feus difçipulos a ellc difléraólhe: deciaranos a parabola da
zizania do campo.
37 E re/pondendo elle, diflèlhcs: o que íèmca a boa íèmente, he
o filho do homem.
3 8 E o campo hc o mundo; e a boa íèmente , eftes faõ os filhos
do rcyno j c a zizania, cites íàó os filhos do malino.
*»• ■
39 E o inimigo, que a íèmcdu, hc o diabo ca íèga, he
do mundo ; c os íègadorcs, faõ os anjos.
40 f)e maneira que afli como a zizania he coifada , c queimada
c Ou , cem. e á fogo afli ferá no fim d’o mundo.
41 Mandara o filho do homem a íèus anjos , e colherão todos os
f Ou, efian- f eftorvos dc íèu reyno, e a os que obráõ iniquidade.
tlal0í- 42 E deitalos ham n’o forno do fogo: ali lera o 8 choro, c o ba-
ROu,r.»«-tcrde.dcntes>

43 Entonçes rcfplandeçcrao os juftos, como o íõl, em o reyno

li OtttYO j*T A.U.VAX* • ivi j -j . *


vai

//. campo, que achando o homem , o encobre; c do gozo dclíe, vae,


e vende' tudo quanto tem, c. compra aquclle campo.
45 Item : icmelhante he o rcyno dos çcos a o homem tratante
que buíca boas pérolas.
46 Que adiando huá pcfola prcçiofa, foi, e vendeo tudo quanto
tinha, e comprou a.
47 Item: lèmelhante he o rcyno dos çcos á rede, que lançada no
már,. colhe dc todas as fortes £ de peixes, j
lífentados,

49 Afli .
SEGUNDO S. MATHEUS Gap.XIV. 29
49 Affiícráno fimdofeculo; fairáó os anjos, c apartarão a os inaos
d’entre os juftos:
50 E dcitalosham no forno de fogo : ali íèrá o choro , c o bater
ie dentes.
51 E diflêlhes Jefus: Entcndéftes todas cftas coufas? reípondcfaó
‘ clles : fi Senhor.
p E elle lhes diflê : portanto todo eferiba douto em o reyno dos
ceos, he femelhante a hum pae de família que de feu thclòuro tira
coulas novas e velhas.
5 3 E aconteçeo que acabandoJeíus eítas parabolas, íc retirou d’ali.
54 E vindo á íua pátria, enfinava os cm íua íynagoga d’ellcs ; dc
tal maneira que eftávaõ fora dc li; c diziaó : d’onde lhe [vem] a
cfte éfta Sabedoria, e cftas maravilhas?
55 Naó he cfte o filho do carpinteiro? naó íê chama íua maé Ma­
ria? e íèus irmãos Jacobo, cjofcs, e Simaó, e Judas?
5 6 E naõ. cftáó todas íuas irmaãs com nofco ? d’ondc lhe QvemJ'
logo a éfte tudo ifto ?
57 E eícandalizávaõ íè n’clle. Mas Jeíus lhes diflê : naó ha pro­
pheta fem honra, ícnaó cm íua patria, c em íua cafa.
58 E naó fez ali muitas virtudes porcauíà de fua incredulidade
d’ellcs..

C A PI tulo XIV.
1 Ofentimento de Herodes acerca, de Cbrifto. 3 fe conta comofeaÕPaftiftafilprefeeãego^
lado pela petição dafilha de Herodias» 15 0 milagre dos cincopaens c dous peixes, 22 che-
ga afew difcipulos que eflavaÕ atormentados no mar andando febre asagoas. 28 ce-
rntfandofe pedra aaffundir, ofalva. J2 aquietando o tormento fica manifejio que
erafilho de Deus. 34. Cbrijlofe torna a terra deGenefareth e Sara muitos enfermos.

1 "JCTaquelle tempo ouvio Herodes, o.a Tetrarcha, a fama, de a Ou, quo


■^■^Jclus. d’Princepc
2 E diflê a ícus criados : cfte he Joam Baptifta ; ja refurgio dos
mortos, e por iflò óbram b cftas virtudes nelle. r”’
3. Porque Herodes prendera a JoaÓ , e o avia liado , e pofto. na?X^
prifaó, por caula de Herodias, mulher dc feu irmaóPhiíipoe. u de ham
4 Porque Joaó lhe dizia: naó te he lipto tela. 1 reyno, o» .
5 E querendo o matar; temiafe do povo porque o tinhaó como a^TX
Pròpheta. ' ravilbao,
6. E çelebrandofe o dia do naçimcnto dc Herodes, dançou a filhamílap»,
de Herodias n’o mejo [_d’(llcs J c agradou a Herodes.
D 7 Por--
3O OS. EUANGELHO
7 Porque prometeu com juramento de lhe dár tudo o que pe-
diflè. t , . ,
8 E éllaAinftruida primeiro de fua mae, difle; dáme aqui n’hum
prato a cáblça dc Joaõ Baptifta.
9 Entonçes fc cntriftiçeoel rcy; mas polo juramento, c polos que
[juntamente J eílávaõ á méíà, mandou que fe [U>eJ déflè.
10 E mandou degolar a Joaõ na priíaõ. ..
xi E foi fua cabeça trazida cm hum prato, e dada á moça ; e
cila a aprefcntou a fua maé.
x i Entonçes chcgáraõ feus diíçipulos, e tomáraõ o corpo, e en-
terráraó o; e foraó, e deram as novas a Jcíús.
x 3 E ouvindo J Jeíús, rctiroufe d’ali, em hum barco, a hum
lugar deleito apartado ; c ouvindo o as companhas , íèguiraõ o a pé
dás çidades:
14 E faindo Jeíús, vio huá grande companha, c movéoíè a intima
compaixaõ d’elles : c farou a os que d’ellcs avia enfermos.
15 E como ja foi a tárde do dia, chcgáraõ fe a elle íèus diíçipulos,
dizendo; o lugar he defeito, e o tempo he ja paflàdo ; manda a as
companhas que fe vaõ pelas aldeas, e comprem para fi de comer.
16 E Jcíús lhes difle: naõ tem neçeflidade de íè irem ; daclhcs
vos outros de comer. •
17 E elles diflèraõ: naõ temos aqui mais que çinco paens, e dous
peixes.
18 E clle lhes diflè: trazeím’os aqui.
19 E naandando a as companhas que íè aflcntaffem pela erva , e
tomando os çinco paens, e os dous peixes, e levantando os olhos a o
c Ou, lem çco , c benzeo os ; e partindo os paens , deu os aos diíçipulos, e os
diíçipulos a as companhas.
20 E comeraó todos, e fartáraõ fe. E levantáraó do que fobejou
dos pedaços, doze alcoías cheas.^
21 E os que coméraõ , fóraõ quafi çinco mil varoens, a fora as
mulheres e os mininos.
22 E logo Jeíús fez entrar no barco a íèus difçipulos, e que fot
fcm diante dellepera a outra banda, entre tanto que deípedia as com­
panhas.
23 E deípedidas as companhas, íúbio a o monte, apartado, a orár.
E como ja íc tinha feito tárde, eflava ali fó.
24 E ja o barco eflava n’o mejo do már atormentado das ondas:
porque o vento crá contrario.
25 Mas
SEGUNDO S. MATHEUS. Gap. XV. 31
2 $ 'Mas á quarta vela da noite foi Jcíiis a clles andando fobre o
már.
26 E vendo o os diíçipulos andai' íõbrc o mar, turbáraõ íè, dizcn-
io, phantaíma he, e deram gritos de medo.
27 MasJefus lhes fallou logo, dizendo afleguraévos, eufou, naó<1 Ou, con-
jacs medo. /•’*> *'”<!•
2 8 Entonpes lhe rcfpondeo Pedro, c diífe: Senhor, fc es tu, man-b°m a,um*‘
da que cu venha a ty lobre as agoas.
2 9 E elle diífe: vem. E, dcçcndo Pedro dobarco, andou fobre as
agoas, pera vir a Jefus.
30 Mas vendo o vento forte, ouve medo : e e começandoíè a af- c Ou, tn-
funuir, deu gritos, dizendo, Senhor, íalvame. - ty' fi* a*
31 E cftcndendo Jeíus logo a maó, pegou d’ellc, e diífelhc : f ovoÍV,
apoucado na fc, porque duvidafte? í,™/
3 2 E como entraraó no bai'co, o vento íè aquietou.
3 3 Entonçcs vicraõ os que cftavaó no barco, e adoráraõ o, dizen­
do , verdadeiramente es filho dc Deus.
34 E chegando á outra banda; vieraõ á terra de Genczareth.
35 E como os varocnsdaquelle lugar o conheçéraÕ, mandaraõ por
toda aquclla terra a o redor, e trouxéraÕ lhe todos os enfermos. r
36 E rogávaó lixe que fomente tocáflèm a bdrda de feu vcftido'
e todos os que a tocavaõ, ficávaó íãõs. ’

Capituio XV.
1 Cbrifto defende os difcipulos acufados dospbarifios e efiribas que comiaõfim lavar as
e engeita as tradiceens de homís. i0 itsfintt, que o efcandalo tomado, naõ.be por
eflimur. 22 livra filha de buãmulher Cananea do demonio. 30 e Sara todas as et*-
firmidades. 31 0 milagre dos fite paens, e bitmspoucos de peixes»

1 "p ntonçes íè chegáraõ a Jefos pertos ] eícribas e phariíèos de Je-


x~* ruíãlcm, dizendo,
2 Porque teus diíçipulos traípáflàó a tradiçaó dos ançiaõs ? pois fò
nao lavaõ as maõs quando comem pam.
3 E íefpondendoelle, diílèlhes: porque vos outros trafpaflâes tam­
bém o mandamento de Deus por vollã tradiçaó ?
4 Porque Deus mandou, dizendo, honra a o teu pae, e a a maér
item; quem mal diílèr a o pae, ou á máe, morra de morte
< Mas vos outros dizeis: qualquer que^SÍÍ a o pae, oú á mac ç
LheJ oíferta tudo o que de myA|fcii8ii aproveitar; e de ninhua ma­
neira honrará a feu pae, ou a fua mac [aqwlle fatisfaxf]
<s E
3z OS. EUANGELHO
6 E invalidaíics o mandamento de Deus por voflã tradi-
çam.
7 Hypoçritas; bem profetizou Eíãias de vos outros, dizendo,
8 EíWfXJVO com fua boca íè achega a my, c com leus beiços me
honra: mas íèu coraçaó eflá longe de my.
a Ou, rlt- 9 Masemvaõmchonraó, ennnando a [por] doótrinos man­
ilrimu l damentos dos homens.
n>.»idamin- 10 E chamando as companhas a fi, dtflclhcs: ouvi e entendei:
tci.
11 Naõ hc o que na boca entra, o que a homem contamina*: mas
o que da boca íãc, iflò contamina a o homen.
12 Entonçes chegandoíe íèus diíçipulos, diflcraõlhe: labes que os
phariíèos, ouvindo cita palavra, fc cícandalizáraó ?
x 3 Mas rcípondcndo ellc, diflè: todapránta que meu pac çclcítial
naõ prantou, lerá deíàrraigada.
14 Deixae os ,K guias ião çegas dc çegos; c íè o çego guiar a o çe­
go, ambos cairáó na cava.
15 E rcípondcndo Pedro, diflelhe: dcclaranos cfta parabola?
16 E Jeíús diflè : até vos outros cftaes ainda íèm entendimento?
17 Naó entendeis ainda, que tudo o que entra na boca , vaé a o
b Ou, pri. ventre, e fe lança na b ncçcflaria?
•vada. 18 Mas o que íâe da bocado meímo coraçaó íãe ; e ifto hc o
que a o homem contaminx
c Ou, pro- 1 Porque do coraçaó c íâcm os maos pcnfimcntos, mortes, adul-
ctdcni. terios, formeaçoens, furtos, falfos tcftimunhos, malediçcnçias.
20 Elias couíàs faó as que a -o homem contaminao ; mas comer
fem lavar as maós, naó contamina a o homem.
21 E faindo jeíús d’ali, foiíè pera as partes de Tyro, ede Sidon.
22 E eis que huã mulher cananea, que tinha íâido d’aqucllcs ter­
mos , clamava, dizendolhe : Senhor, filho dc David, tem miferi-
cordia de my, que minha filha eftá mifcravelmcnte atormentáda do
demonio.
23 Mas clle naólhc rcípondeo palavra.: chegandoíe entonçes ícus
á Ou, dtf- diíçipulos, rogafaõlhe, dizendo, “ deixa a ir, que dá gritos apos nos
_ ' • outros.
24 E rcípondcndo elle, diflè2 naó íòu enviado íènaõ a as ovelhas
perdidas da ciííã dc líraèl.
25 Entonçes vejo ella, cadorou o, dizendo, Senhor, acudeme.
2 d E rcípondcndo clle, difle; naõ he bem tomar o paõ dos filhos,
c lançalo a os cachorrinhos.
27 E
SEGUNDO S. MATHEUS. Cap, XVI, n
ã? hc íní°r: P°rque os cachoninhos comem das
migalhas que caem da mefa dc feus fenhores
r, r? Entonçcs refpondeo Jcfus, e difle : o mulher grmdc he a tua
LISh“” t,B° “”O E fi“U f“ fillH “ fcAqudll

i hum ° «* *

3° fc a elle muitas companhas , que tinhaõ com figo


rai-aõ ™ fC^°S’ mud°s> aleijados, e outros muitos enfermos; c lah-
£»rao os a os pees de Jefus, e elle os faróu.
1 De t{? maneira que as companhas fc maravilhavaõ, vendo fàl-
cenr^ T i °-c ^°-S a ^.aleyados, andar a os mancos, c ver a os
Çegos, e glorificavao a o Deus dc Ifracl.
comn-1S1oChamai-d°JefuS afeus Apulos» «Me: tenhocompaixaõ dá
’ qU5 J.a ha trcsàasque pcrfevéi-aó comigo, e na£ tem que
cam nl" sândalos em jejum, naó quero; porque naõ deímayem no

3 3 Entonçes feus difçipulos lhe diflèraó : donde O»™-] nos tan­


tos paens no dcfòrto , para fartarmos tam grande companha?
54 E Jefus lhes difle: quantos-paens tendes? e clles difleraõ• fere
c mais huns poucos de peixezinhos. ’
• 3 5 E mandou a as companhas que fe aflentaflem * pelo cham e Ou, «m
3? E tomando os fete paens, emais os peixes, e dando gmças
partio OS, e deu os a feus diíçipulos, e os difçipulos a a compaíha.
3 7 E comerão todos e fartaraÓ fc, e levantaraó fete çéftos cheias
aos pedaços que íòbejarao. "
Cia^ OS <lue t*n^ia° comido, quatro mil varoens, a feira as
mulheres e os meninos. .
39 Entonçcs, defoedidas as companhas, íubion’hum barco, c veio
a os termos dc Magdalaí J

Capitulo XVI.

* EafiS^^^^^h^f^.dle.atcnímdoo.pC.
diao lhe que lhes moflraflc algum final do çco.
E a Mas
i Mas*rcípondcndo ellc, diífelhes: quando he a tarde do dia di­
zeis: bom tempo; porque vermelho cila o cco. ’
3 E peUamanhaá: hoje [«wíj tempeftade; porque oteo fc cn-
vermelheçe u-iíle. Hypocritas, fabeis fazerdiffcrençian’aface doceo .
e os finais dos tempos naõ podeis 5 ? > »■
4 A geraçaõ má c adulterina pede final, porem final lhe naõ ferá
dado, fenaó o final de Jonas o prophcta. E deixandoos , foi lê.
5 E vindo feus diíçipulos á outra banda, avião fe efqueçido dc to­
mar paó. . . u y -
6 E Jefus lhes difle: olhae, e guardae vos do formento dos phari-
íeos, c íãdduçeos. r
7 E ellcs penfavaó entre fi, dizendo j he., porque naõ toma­
mos Fcom nofco J paó.
8 E entendendo [o ] Jefusdiflèllics: que penfaes entre vos, apou­
cados na fé? que naõ tomaílcs com voíco pao? r
9 Naõ entendeis ainda, nem vos lembraes dos çinco paens entre
çinco mil [homens, J quantos çeítos levanta'ftes. ’
10 Nem dos fete paens, entre quatro mil [homens] e quantas al­
cofas crgueíles.
11 Como naó- entendeis , que naõ polo paó vos diflè , que vos
guardaílèis do formento dos pharifeos, e fadauçcos?
li Entonçes entenderão qué naõ lhes diílcra que fc guardaC
ícm do formento do paó , ícnaõ da doétrina dos phariíèos , e íãd-
duçcos.
13 Evindo Jefus a as partes dc çefareá de philippo , perguntou
a íèus diíçipulos, dizendo , quem dizem os homens que eu j o filho
do homem, íõu ? 1 ,
14 E elles diflerao: huns Joaõ Baptiíla, c outros Elias, e outros
Jeremias, ou algum dos Prophetas.
15 E clle lhes diflè: c vos outros, quem dizeis que eu fou ?
16 E refpondcndo Simaó Pedro, diílc: tu es o Chriílo, o filho do
Deus vivente.
ç. I7,E™°nV:s respondendo Jefus, diflèlhe : bemaventurado es tu,
a Ou, lar aimao ’ filho de Jonas; porque nem a carne, nem o fanguc t’M re-
velou, fenaó meu pae que çllá n’os çcos. ,
7t; • ví.8 Nlas também cu te digo, que tu es Pedro, e fobre e'fta pedra.
edificarei minha igreja; °c as portas do inferno naó prcvalcçcrao con-

15 E a ty te darei as chaves do reyno dos çcos; c tudo o que ata­


res.
SEGUNDO S.MATHEUS. Cap.XVIL 35
rcs na terra, ferá atado n’os çeos; c tudo que deíàtarcs n’a terra, ferá
delatada n’os çeos.
20 Entonçes tolheo a léus diíçipulos, que a ninguém diflèífcm
que elle era Jefus ó Chrifto.
21 Dcsd’entaó começou Jefus b declarar, a feus diíçipulos, que b O" > >(t
lhe convinha ir a Jeruíàlem, ,c padcçcr muito dos ançiaós, cdospnn-”1^’*1^
çepes dos façerdotes, c dos efcnbas; c fer mono, c refurgir a o ter-
çeiro dia.
22 E tomando o Pedro á parte, começou o a reprender, dizen­
do , Senhor, tem compaixaõ dc ty ; por nenhum modo te aconte­
ça iíto.
2 3 Entonçes virandófe ellc , diflè a Pedro : vae te a tras dè my
fatanás;rquc eftorvo mees: porquenaõ cconfiderás as coufosquech®a’■/*'
íaó de Deus, fenaõ as que faõ dos homens. ''
24 Entonçes difle Jeíús a íèus diíçipulos : íè alguem quiíèr vir a
pos my, negue íè a fi mefmo, e tome ióbre fi íúa crúz, c figame.
25 Porque qualquer quequiícr íãlvaríúa vida, pcrdclaha; e qual­
quer que por amor de my perder fua vida, achálaha. ,
26 Porque, que aproveita a o homem, fe grangear todo o mun­
do , c perder íúa alma ? ou que reGompenfa dará o homem por íúa
alma? '
27 Porque o filho do homem virá em a gloria dc fcu pae, com
feus anjos; e entonçes rendera'a cada hum conforme a íuas obras.
28 Em verdade vos digo, que ha alguns dos que aqui eftáó, qué
naõ goftaraõ'a morte , ate' que naõ ajaó vifto a o filho do homem,
que vem em íèu reyno.

Capitulo XVII.
I TramfgurafaÕ JeChriJlo fobre monte diante defeus difcipulos. f tnjina que^oaõbe t
Elia que avia de vir. 14 fara bú aluído a quem OS dijcipulosnfõpodiaõfarar. 10 cott'
la a virtude dafè e daorafaõ. 3.1 revelafua morte erefureipaõ. 14 e paga 0 tributo.

I Tp dcfpois dc feis dias tomou Jeíús a Pedro, e a Jacobo, c a Joaõ


fcu irmaõ, e levou os á parte, a hum monte álto. 1
2 E transfiguroufe diante d’ellcs; c reíplandeçeo fcu rofto como o
foi, c feus vcltidos íè fizeraó brancos como a lu£
3' E eis que lhes apareçdraõ Moyíès e Elias, foliando com ellc.
4 E rcípondcndo Pedro, diífe a Jeíús: fenhor * bom he que nos cita­
mos aqui; íè queres, foçamos aqui tres cabáliás; huá para ty, e ou­
tra para Moyfcs, e outra para Elias.
E z 5 E
O S. E U A NGE LHO
4»: *
■ * Ou, lu- 5' E citando elle ainda fallando, eis que huã nuvem a de luz b os
cobrio com íua íòmbra , e eis huã voz da nuvem que diflê :béftc he.
*fi°(bmbr»S, 0 mcu amado filho , em quem me agrada: ca elle ouvi:
m nfftmr ’ 6 E ouvurdo os difçipulos [ifto J cahiraõ íõbre feus roítos , c tc-
irtu.. meraó em grande maneira..
7 Entonçes chegando Jefus , tocou os, e diflê :. levantaévos, e
naó temaes..
8 E levantando clles os olhos, naõ viraõ a ninguém , fenaõ fó a
Jeíus..
9 E como deçenderaó do monte, mandoulhes Jeíus, dizendo, naõ.
digacs a viíãõ a ninguem, ate que o filho d’o homem feja refuícitado
. dos mortos.
i o Entonçcs lhe preguntáraõ feus diíçipulos, dizendo, porque di­
zem logo os cícribas; que he ncçeílãno que Elias venha primei­
ro?
11 E reípondendo Jefus, diflêlhes: em verdade Elias virá primei­
ro,. e reftaurarái todas as coufas.
iz Mas digovosque ja veio Elias, e naõ o conhcçcraõ; antes fizo*
raõ d’elle tudo o que quiféraô. Afli padecerá também delles o filho
do homem.,
13 Entonçes entenderão os diíçipulos, que lhes dizia dc
Joam Baptifta.
14 E como chcgáraõ a companha, veio hum homem a elle, pon-
dofe de juclhos, c dizendo.
15 Senhor, tem mifericordia de mcu filho, que he aluado, e pa-
deçe [muito] mal: porque muitas vezes cac'n’o fogo , e muitas ve­
zes n’a agoa.
16 E aprefentei o a teus diíçipulos , c naõ o puderam íarar.
17 E reípondendo Jeíus,. diflê o geraçaõ infiel, e perveríâ! até
quando, hei de cftár com vofco? ate" quando vos liei de íofrer? trazei-
4 m’o aqui.
18 E reprendeo o Jcfus, e íãhio o demonio dclle, e ficou o moço
íaõ dcíd’aquclla hora.. ‘ z'
19 Chegandofc. entonçcs os diíçipulos aJeíus, aparte, difleraõ:
porque o naõ pudemos nos lançar fora?
ao. E Jcfus lhes diflê: Por voífa infidelidade: porque em verdade
vos digo, que íê tiverdes fé como hum gram de moftarda, direis
a c'fte monte: páflàte d*aqui pera acolá, e pallarícha; c nada .vos ferá
ámpoflivcl..
—Zrj u Mas •
SEGUNDO S.MATTHEUS. Cap.XVIII. 37
11 Mas ellc gencro naõ fac , fcnaó por oraçaõ e jejum.
22 E convçrlando cllcs cm Galilea, diflèlhes jcíús: o filho do ho^
mem íerá entregue cm mãos d’os homens.
2 3 E matáloham, mas a o tcrçciro dia refufçitará; e viles íè entri-
ftcçeraõ em grande maneira.
24 E como chegáraõ a Capcrnaum, vicraõ aPedro os que cobrai
vaó as dragmas,_e diflèraõ : naõ paga voflò meftre as dragmas?
-í E elle dillè: fi. E entrando em caía, Jeíús íè lhe anticipou, di­
zendo , que te parece, fimaõ ? dc quem cobraõ os reys da terra os
tributos, ou o c çeníò? de feus filhos,.ou dos alheios? c Ou» reM‘
26 Pedro lhe diflè : dos alheios: dlflclhe Jeíús : logo livres faõ 0Sja ’ <"íalar~
filhos? d°'
27 Mas porque os naõ eícandalizemos, vae a o mar, e lança o
enzol, e o primeiro peixe que vier, toma o c abrindolhe aboca, acha-j ou, bui
tas hum d eftateroj toma o, e dalho por my e por ty. moedà,quo
valia fets,
C A F I T U L o X VIII; »»f«te vin~

l Cbriflo tnjinapelo exemplo de bum tnentno quem be o major no remo dos ceos. d qtte
caftigo faõ dignos que ejcandalizai a alguem. 8 que naõ efeandalizemos a os pequenos.
11 que pera falvar vejo o Cbrifto, como declara pela parabola de ovelha Jejgerada.
i íy como nos avtmos de aver na correição fraterna. 19 quam ejficaz he a comúà
oraçaí dos fieis. 21 quefempreefiemosprej?espera perdoar: 0 quefedeclara compa-
rabola de hum rey quefaz contas comfeus fervos.

x XT aquella mefma hora fe chegáraõ os diíçipulos a Jefus, diaen-


do, quem he porem o major n’o reyno dos çcos?
2 E chamando Jefus a hum menino, pólo n’o mejo d’clles:
3 E diflè : cm verdade vos digo,, que íè vos naõ converterdes,
c fordes como meninos , cm maneira nenhuá entrareis no reyno dos
çeos.
4 Afli que qualquer que fc * abaixar como éfte menino , éfte he » Ou, la*
o major n’o reyno dos çcos. milhar.
5 E qualquer que a hum tal menino reçcbcr cm meo nome, a
my me reçóbe.
. 6 Mas qualquer que efeandalizar a hum d’cftes pequenos que crém
em my, melhor lhe fora que huá mód’atafona lhe ouvera fido pen^
durada a o pefcoço, e fora b anegado n’o profundo do mar. b Ou, /i*
7 Ay do mundo por amor dos cícandalos: porque neçeflàrio he vertido.
que venhaõ cícandalos j mas ay d’aquelle homem porquem o efean-
qalo vem,.
E J; 8 Pòr<-
33 OS. EUANGELHO
8 Portanto fe tua maó, ou teu pé te cícandalizar, corta os, e lan­
ça os dc ty ; melhor te hc entrar manco , ou alcyado na vida , do
que tendo duas maós, ou dous pees, fer lançada n’o fogo eterno.
c Ou, ar- 9 E fe tvd olho te cícandalizar , c tira o , e lança o de ty ; que
ra»ca e. melhor te he entrar com hum olho na vida , do que tendo dous ol­
hos , fer lançado no fogo do inferno.
10 Olhae náõ tenhacs cm pouco a algum deftes pequeninos; por­
que cu vos digo ,‘quc fempre ícus anjos vém , n’os çeos , a façc de
mcu pae que eftá n’os çeos.
11 Porque vindo hc o filho do homem a íàlvár o que íc tinha
perdido.
12 Que vos pareçc ? fe algum homem tivefle çcm ovelhas , c íè
deígâraflè huã d’cllas, naõ iria pelos móntes , deixando as noventa c
nove, cm buíca da que íê tinha delgaçado ?
i j E fc acontcçenc aclrala, cm verdade vos digo que mais íc goza
>d’aquclla, que das noventa c nove que naõ íc deí^açaraõ?
14 Aíli naõ he a vontade de voílo pae que cfta n’os çeos , que íè
perca hum deftes pequeninos.
d Ou, Man- 15 Portanto fc teu irmaópecar d contra ty, vae, e reprende o en-
íe de tj. tre ty e cne fó j 'fe te ouvir, a teu irmaó ganháfte.
16 Porem íè J naõ ouvir, toma ainda com tigo hum ou dous,
c Ou, pera que em boca de duas, ou tres teftemunhas, confifta e toda pa-
negotie. lavra.
_ 17 E íè os naó ouvir a clles, dize .o a f congregaçaõ ; c íc tam-
ij)u, na5 ouvjr á congregaçaõ, tem o por hum gentio e publicano.
18 Em verdade vos digo , que tudo o que atardes n’a terra , íèrá
atado n’o çco ; e tudo o que delatardes n’a terra , ferá delatado n’o
çco.
19 Item , digovos que íc dous dc vos outros íè concordarem na
terra, em qualquer couíà que pedirem, lhes ferá feito por mcu pac
que eftá n’os çeos.
20 Porque a onde dous ou tres eftivércm congregados em meu
nome, ali cftóu cu n’o mejo d’cllcs.
21 Entonçcs Pedro chcgandofe a elle, diflê: Senhor, quantas ve­
ies perdoarei a meu irmaó , que pccár contra my? até fete?
22 Jeíus lhe diflê : naó te digo eu ate fete, mas ainda áté íètcnta
[vezes] fete.
23 Polo que ícmelhante hc o reyno dos çeos a hum certo rcy,
que quis fazer contas com feus íèrvos.
24 E
SEGUNDO S.MATHEUS Cap. XIX.
24 começando a fazer contas, foilhe aprefentado hum, que lhe
devia dez mil talentos.
2 5 Mas cite naó podendo pagar , mandou o feu fenl^y vender a
elle, c a fua mulher, c filhos, com tudo quanto tinha, e pagar
[a divida^
z6 Entonçcs aquelle fervo, poftrandofe, adorava o, dizendo,
fenhor,g dotem a ira pera comigo, e tudo te pagarei. R Ou,/«A
2 7 E o fenhor movido a intima compaixaó a’aquellc fervo, íòltoupw/*\>il
o, c perdooulhe a divida.
28 E faido aquelle fervo, achou hum dc feuscompanheiros, quec,ÍW,a*
lhe devia çem dinheiros; c lançando maó [delle] affogava o, dizen­
do, paga me o que me deves.
29 Entonçes feu companheiro , poftrandofe a feus pees, roga-
valhe, dizendo, detem a ira pera comigo, e tudo te pagarei.
30 Mas elle naõ quis, fcnaõ foi, e lançou o na prilãó, até que
pagaífe a divida.
31 E vendo feus companheiros o que paílàva, entrifteçcraõ fe mui­
to; e vindo , declaráraó a feu fenhor tudo o que paflãra.
32 Entonçcs chamando o feu fenhor, diílelhe : fervo malvado;
toda aquella divida te perdoei, porque me rogafte. 5
3 3 Naó te convinha aty também te«pifeiicordia de teu compan-
■ heiro, como eu também tive mifericoraia de ty?
34 Entonçes feu fenhor indignado, entregou o a os executores,
ate que pagaflè tudo o que lhe devia.
3 5 Afli. fara" também com vofco mcu pae çeleftial, fe de coraça®'
naó perdoardes cada hum a voflòs irmaõs fuas^ffenlàs.

Capitulo XIX.
1 Cbriflo[ara muitos doentes. 3 refiondeapregunta da carta dedefquite. 9 enjinaque
naõhe licito aos enfados largar bum a outro ,Jalvo, por caufa defqwicaçai. ii e que
domdecontinentianaõ be dado a todos. 13 manda vir a fi os meninos, e os benze.-
refpondc a pregunta de hum mancebo, que bem avia defaztr pera alcançar a vida
eterna. 13 qnam dificilmente entrara o rico no reino dos ceos. 17 que galardaõ re~
ceberaõ os que ofeu, polamor dc Cbrijlo, deixaÕ.

1 P aconteçeo que acabando Jefus eftas palavras, pafiòufe de Gali-


-L< lea, c vejo a os termos de Judea, paflàdo o Jordaó..
2 E feguiraó o muitas companhas, e íarou os ali.
3 Entonçcs chcgaraõ fe a elle os pharifeos, atentando o, c dizcndol- a Ou .
hej.hcliçito ao homem? deípedir por qualquer caufa a fua mullier? Xíir ”
y'\ ,
4® O S. E U A NGEL fí O
4 E reípondendo elle, diflèlhes: mó tendes lido, que o que os
■fez a o prinçipio, macho e femea os fez?
5 E difle; portanto deixará o homem .pae c maé, e achcgarfeha a
íua mulher?7 c feraõ dous cm huá .carne.
6 Afli que janaó faõ mais dous, fenaó huá carne: por tanto o que
Deus ajuntou, naõ o aparte o homem.
7 Dizcmlhe ellcss porque mandou logo Moyícs dar [lhe] carta
dc deíquite, c largala?
8 E ellc lhes diflè: pola dureza de voflòs coraçoens vos permitia
Moyfes dcípcdir voflàs mulheres: mas.a o principio naó foi afli.
9 E cu vos digo, que qualquer que deípedir fua mulher, íàlvopor
cauíà de fomicaçaõ, ecom outra íe calar, adultera: co que fe caiar
com a dcfpcdida [também] adultera.
i o Dizem lhe feus diíçipulos: fe afli he o ncgoçio do homem com
a mulher, naõ comvcm caíãr fc. :
11 Entonçes elle lhes diflè : naõ todos faõ capazes defta palavra,
t fenaó aqucllcs aquem he dado.
12 Porque ha caftrados que naçéraõ-afli dó ventre dc [fàa] maé,
ehacaftrados que pelos homens foraõfeitos, eha caftrados que caftrá-
raó a fi mcfmos por caufa do rcyno ,dos çcos quem [»y?o] pode alcan­
çar, alcançc q.
13 Entonçes foraõ lhe aprefentados alguns meninos, pera quepu-
feílc.as maós fobre ellcs, c oraflè; e os diíçipulos os reprendéraó.
14 Mas Jcíús diflè deixae os meninos, c naó os impidaes dc vir a
my, porque dos taes hc o rcyno d’os çeos.
15 E avendo pofto fobre ellcs as maós, partio fe d’ali.
id E eis que chegandoíe a ellc hum, diflelhe : mcftre bom, que
bem farei pera alcançar a vida eterna ?
Ou, ch«- 17 E elle lhe difle : porque me b dizes bom ? ninguém ha bom
fenam hum Q coifem a faber ] Deus. E fe queres entrai- n’a vida,
guarda os mandamentos.
18 Diflèlhe elle; quaes? c Jeíús diflè: fe/Jí/J naõ matarás, naó
adulterarás, naõ furtarás, naó dirás falíõ teftemunho.
19 Honra a teu pac, e a tua maé. Item : amarás a teu proximo
como a ty mofino.
20 Diz lhe o mançcbo: tudo ifto guardeidcíileminha mocidade;
«que mais me falta?
21 Diz lhe Jefus fc queres fer perfeito, vac, vende tudo quanto tens,
£ dá o a os pobres, c terás hum thcfouron’o çco; c vem efegueme.
22 E
SEGUNDO S. MATHEUS. Cap.XX. 41
21 E ouvindo o mançcbo éfta palavra, foi íè triílc; porque tinha
,c muitas poílèilòens. . cOu.wwm
x 3 Entonçes diílè Jeíús a íèus diíçipulos : cm verchdc vos digo
que diffiçilmentc entrará o rico n’o reyno dos çeos.
24 E mais vos digo , que mais façil he paflár hum d calabre pelo d Ou, ca,
olho dc huá agulha, do que entrar hum rico no reyno de Deus.
2$ Ouvindo feus diíçipulos [efia couÇm^ elpantairaó fe muito,
dizendo, queme poderá logo íèr íàlvo? ' eOu, J*/»-
E olhando Jefus [pera elles~\ diílèlhes: açérca dos homens,
impoílivel he iílo; Gnas açefca de Deus, tudo hc poílivel. /««w í« -4»
27 Entonçes, rcípondcndo Pedro, diflèlhe : ves aqui nos temos
deixado tudo, e te avemos íeguido; que avêremos logo?
28 E Jefus lhes diílè: em verdade vos digo, que vos que me ten­
des íèguido na regeneraçaõ, quando o filho do homem fe aflèntar em
o throno dc fua gloria, também vos outros vos aílèntaréis fobre doze
thronos, pera julgar a as doze f tribus de Iíracl. f Ou, /«-
2<)xE qualquer que ouver deixado cáíãs, ou irmãos , ou irmaãs,^'*^^* ***""*’
ou pae, oumac, ou mulher, ou filhos, ou terras por meu nome a
Jçem vezes tanto reçcbera', e s por herança a vida eterna. » ou, í«r-
30 Porem muitos primeiros feraõ"derradeiros ; c[muitos~] derra-**™’
deiros, primeiros.

C A p 1 r v 1 o X X.
1 Tela parabola da vinha reprefenta afenhor , o eflada dt reine das ceas e feu ratar-
daS. 17 propheiix.afuapaixaã,marte> erefurreifaã. 20 reprende aamUçdãaamáe
des filhas de zebedea. 24 amoefla feus difcipttles de que fe guardem da ambipaõ e
da governa mundana. 29 da vifta a daus cegas.

1 "D orque íèmclhante he o reyno dos çcos a hum homem pae dc


Familia, que íãhio de madrugada a alugar trabalhadores pera
íúa vinha.
2 E conçcrtandoíè com os trabalhadores por hum dinheiro a o dia,
mandou os a íúa vinha.
3 E íãindo perto das 1 tres horas, vio outros que eftávaõ na pra- a Ou, »m
Ça OUÇIOÍOS. da dia.
4 E diílèlhes: ide vos outros também a minha vinha, e darvos
hei o que for jufto, e foíaõ, b Ou, doze
5 E fahio outra vez perto das Heis, e das J nove horas, e fez o tres
tneímo. d’atarde.

F 6 E
42
<i Ou , cin­ 6 E faindo peno dasJ onze horas , achou outros que eftavaõ ou-
ta d’atarde cioíõs, c diflèlnes: porque cftaes aqui todo o dia ouçioíòs?
procede ejla
diverjidade 7 w .lhe clles: *porque
, Diflèraô /Jt ninguém nos alugou. E elle. lhes dit
de horas do íè: ide vos outros também a vinha , e reçcbcrcis o que for jufto.
differento 8 E----- ............................
fendo ja a tarde do dia, diflê — o Senhor da vinha a feu procu­
toflume de rador : chama a os trabalhadores , e pagalhes o jornal, começando
eu contar
entre nos e dos derradeiros até os primeiros.
os Ilcbreos. 9 E vindo os [que eraõ alugadosj de perto das onze horas , re-
Torqtte Çcbcraõ cada hum hum dinheiro. ,
quando nòs 10 E vindo também os primeiros, cuidáfaó que aviaõ de reçcber
pela man-
mais: porem também clles rcçcberaõ cadahum hum dinheiro.
baã conta-
mos as )ns
mos as feis , 11 E tomando [ 0 J murmuravaõ contra o pae da familia.
ícontavãõ cl- 12 Dizendo, eftes derradeiros trabalharaó huá . - hora,. e igua-
ks m dote, iafte os com nofco, que levamos a círga c a calma do dia.
« quando
' 13 E reípondendo elle, diflê a hum dcllcs : amigo, naõ te Faço
nos a 0 mejo
dia conta­ agravo ; naõ tç conçertáfte tu comigo por hum dinheiro ?
mos as dote 14 Toma o que he teu, e vaéte ; cu quero dár a éfte derradeiro
tontavaÕ el- [ tanto ] como a ty.
les as feis ; 15 Naõ me he a my liçito fazer do meu o que. quiíèr ? ou he o
LÍ7Z teu olho mao,x porque cu fou bom?
mais em cierradeiros primeiros;, c os primeiros derradeiros:
16 Afli feráo os derradeiros
confeguinte. porque muitos íãó chamados, porem poucos efeolhidos.
7 7 E íõbindo Jcfus a Jeruãlem, tomou feus doze diíçipulos aparte
no caminho , e diflelhes:
18 Vedes aqui fobimos a Jeruíãlcm, e o filho do homem íêra en­
tregue a os prinçcpes dos façerdotes , e a os cícribas ;, c condenalo-
• ham á morte.
19 E entregalohaõ a as gentes, peraque delle efeameçaõ , e o
açoutem, e crucifiquem: mas a o terceiro dia refurgira".
20 Entonçcs fe chegou a elle a mae dos filhos do zebedeo , com
ícus filhos, adorando c pedindolhe alguã couíã.
21 E elle lhe diflê : que queres ? diílelhe cila : dize' que eftes
meus dous filhos íè aflèntem, hum á tua [ntaõj direita, e outro á
tua ezquerda cm teu reyno.
22 Entonçes reípondendo Jeíus ,. diflê : naó íâbcis o que pedis;
podeis vos beber o copo que cu hei dc beber ? e ícr bautizados cõ o
bautifrno com que eu lòu bautizado? difleraõ lhe clles: podemos..
2 ] Diflelhes elle : cm verdade que mcu copo bebereis , e com o
bautiíino cota que cu íõu bautizado,. íefeis bautizados; mas aflentár
á mi-
SEGUNDO S. MATHEUS. Caó XXL 45
á minha [mao] direita, c a minha cfquerda, naõ he meu dalo, mas
[p darcQ a os que de meu pac eftá aparelhado.
24 E como os dez ouviráõ indignáraó fc qontra os dous
irmaós. •
25 Entonçes, chamando os Jefus a .fi, diflè: bem fabeis que os
prinçcpes das gentes fe enlènhoreaó fobre ellas; e os grandes ulaô fo­
bre ellas dc poteftade.
2 d Mas entre vos outros naõ ferá afli- fenaó o que entre vos ou­
tros fe quifer fazer grande, íerá voílõ fcrvidor.
27 E o que entre vos outros quilèr fcr o primeiro, ferá voílõ
fervo.
28 Como o filho do homem, naõ vejo a fcr fervido, fenaó a fer­
vir, e a dár fua vida em refgáte por muitos.
25» Saindo ellcs entonçes dejcricho, feguia o grande companha.
3 0 E eis que dous cegos aflentados junto a o caminho , ouvindo
que Jefus pafláva, braaáiaó, dizendo, fenhor, filho de David, tem
fnifericordia de nos.
3 r E a companha os reprendia que fc calaflèm ; mas elles^braK
davaó mais, dizendo, fenhor, filho de David , tem mifericordia de
tlOS.
32 E parandofe Jefus, chamou os, e difle : que quereis que vos
faça?
3 3 Diziaó lhe ellcs: fenhor, quenoflõs olhos fejaó abertos.
34 Entonçes Jefus, tendo intima compaixaó d’elles , tocoulhes os
olhos > c logo feus olhos delles = rcçebcraõ a vifta, c feguíraõ o. e Ou, vi-
rai.
Capitulo XXI.
t Chrifla, affentadofobre bui barra, entra em Jerufidem. 12 lança fira es qtte ven-
riiaã t compravaÕ no templo, 14 fiara ali cegos e teixos, tf defende 0 brado dos
meninos contra a tnveja dos princepes dosfacerdotes. 19 maldiz a him figueira que
logo fi fica. 11 moflra a força da fi. 23 refponde apreguntn dos princepes dos
ficerdotes e dos anciões do povo com que authoridade fazia ifto , reprcguntatidolbes
acerça do baiitifimo de Joaõ. 18 os convence da desebediencia com bua parabola de
f
dousfilhes. 33 e ameaça fitmdeftruiçaõ d'tiles pelaparabola do bttmfienbor da vinbn
cujos firvos e filbi maltrataraõ e tnatdrao os lavradores.

i como chegáraõ [perto J de Hicruíàlem , e vicraó a Bethpha-


ge, ao monte aãs oliveiras ; entonçes mandou Jefus dous di-
fçipulos dizendolhes. . ,
’ 2 Ide á aldea que diante de vos eftá, c logo achareis huá burra
atada, c hum burrico cora cila; deíãta a, c trazeim’os.
F 2 3 E
• 4<
? mcaigucm vos omcr aigua couia, aizci: uiennoros namiiter,
C Jogo os enviará”.•
4 Etudo iílo acontcçeo, peraque fc cumpriílèo que foi dito pelo
Propheta, qtic diífe: r
jel.Ct; ii.
r J Plzei a hlha de í*a5: vcs aclui tcu rey tc vc'm maníb, aífentado
íobre huã buíra, e hum burrico, filho dc [burra de J jugo.
<> E foraó os difçipulos, c fizeraó como o fenhor lhes mandou.
,7 E trouxefaõ a burra c mais o burrico, c puferaõ fobrcellcsíuas
capas, e fizeraó o aflêntar íõbrc cilas.
8 E muitiífima companha eftendiaõ pelo caminho íúas capas , c
outros cortavaõ ramos das arvores, eeípalhavaóos pelo caminho.
9 E as companhas que hiaó diante, c as que hiaó de tras, brada-
vao, dizendo, floíãnna a o filho de David, bendito o que vem em o
nome do fenhor, Hoíãnna nos altiífimos çeos.
10 E entrando em Jerufalem, toda a çidade fc alvoroçou, dizen-
do, quem he eftc?
11 E as companhas diziaó: efte he Jeíus o propheta dc Nazareth
dc Galilca.
i/E entrou Jcfusnfo templo dc Deus, dançou fora todos os que
vcndiaoc compravaó n’o templo, ctrajtomouasmefas dos cambiado-
I fUy. TJ. ies, e as cadeiras dos que vendiaõ pombas.
j*r.tf-. y. M Ediflêlhes: efento eftá:’minha cáfa, cáfadc oraçaõ ferá cha- x
mada; mas vos outros a'tendes feito cova de íãkeadores.
14 Entonçes viéraõ a elle çegose coixos ao templo, e íarou os
15 Mas os prinçcpcs dos façerdotes, e os eferibas vendo as mara­
vilhas que fazia, eos meninos bradando no templo, e dizendo
fanna a o filho deDavid; indignáraó fe. P dizendo, Ho-
16 E diílcraólhe: ouves o que eftes dizem? c Jefus lhes diífe, fi-
(. i : S.
nunca leftes: da boca dos meninos, c dos que mamaó aperfcicoafte
o louvor? r *
E deixando os fahiofe da çidade pera Bethania, e pou-

18 E pela manhaã, tomando pera a cidade, tévc fome.


19 E vendo huã figueira perto do caminho, vejo a cila, e naõ
achou nella nada , fenao folhas fomente, e diflê lhe nunca de tv mais
naça fiuito peia fompre ; c logo a figueira íc focou.
2° Entonçes os difçipulos, vendo ifto, maravilhados, diziaó-
como fe focou logo a figueira ?
3X EreípondendoJeíus, diílclhes: em verdade vos digo, que fe
tiver-
tiverdes fe, c naõ duvidardes, nao lo tareis o que á ogucira [_acon~
ttçco~\ mas fe a cfte monte diflèrdes: alçatc, clançatcnomár, fãrlèha.
22 E tudo o que pedirdes com oraçaõ, crendo, o recebereis.
23 Ecomo veio a o templo, e cíhvcflè ja enfinando^" chegáraõ a
clle os princepes dos íãçcrdotes, cos ançiaós do povo, dizendo, com-
queautoridade fiizcsifto? equem te deu éfta autoridade?
24 E reípondendo Jeíús, diílèlhes: também eu vos preguntarci
huá palavra-, a qual fe m’a diflerdes, também eu vos direi com que
autoridade iflo faço.
25 O bautifrpo dejoao donde era? doçeo, ou dos homens? El-
les entonçes cuidáraó entre íi, dizendo, fc dilíèrmos do çeo, dimof-
ha: porque pois lhe naó deftes credito ?
26 Ele diflèrmos dos homens; tememos a o povo: porque todos
tem a Joaõ por propheta.
27 Ereípondendoa Jeíús, diflèraó: naó íàbemos: e ellc taínbcm
lhes diflè : nem eu vos direi comque autoridade faço iflo.
28 Mas que vos pareçe? hum homem tinha dous filhos; c che­
gando a o primeiro, diílclhc: filho, vae hoje a trabalhar a minha
vinha.
29 Ereípondendo ellc, diílè: naó quero; masdespois, arrepen­
dido foi.
30 E chegando a o outro diflèlhe da mefma maneira; e reíponden­
do elle, difle: eu, íènhor [W,J e naõ * foi.
31 Qual dos dous fez a vontade de pac? dizem ellcs: o primeiro.
Diz lhes Jefus: Em verdade vos digo, que os publicanos c as rameiras'
íè vos vaó diante a o reyno dos çeos.
32 Porque veio a vos outros Joaõ, por via de juftiça, e naó’lhca OiMnz-
deftes credito; c os publicanos, c as rameras b lhe déraó: e vofou-^
tros,vendo [ifio'] nunca vos arrependeftes pera e lho dár.
33 Ouvi outra parabola: houve hum homem pac dc família, ocou, ocrtri
qual prantou húa vinha, cçercou a com valado, e fundou nella Jium
lagar, e edificou húa torre, e arrendou a a huns lavradores, e par-
tiofe pera longe.
34 E chegandofe o tempo dos fruitos, mandou feusíèrvos a os la­
vradores, peraque rcçebcflèm feus fruitos.
35 Mas os lavradores tomando a os fervos, a hum feríraó, caou-
tro matáraõ, c a terçeiro apedrejáraó.
36 Outra vez mandou a outros fervos mais que os primeiros, e uía-
raó com ellcs da mcíma maneira.
F i 37 E
4<í ')S, EUANGELHO
37 E por oerradciro lhes mandou a feu filho, dizendo, teráó rc-
ípcito a meu filho.
3 8 Mas os lavradores vendo a o filho, diflèraõ entre fi:. efte hc o
herdeiro, vinde, matcmolo, e tomemos íua herdade.
í 39 Etomando o, lançáraó o fora da vinha, e matáraó o.
40 Pois, quando vier o lènhor da vinha, que fará a aquellcs la­
vradores?
‘ 41 Dizem lhe ellcs: a os maosdeftruiradesaftradamente, e íua vin­
ha arrendará a outros lavradores, que lhe paguem o fruito a fcui
tempos. ,
,jeí.*(q. 41 Diz lhes Jeíus: nunca leites nas eícrituras : a pedra que os
que cdificavaó engeitáraó, efta foi feita por cabeça da eiquina? pelo
íenhor foi feito ifto, ehecouíã maravilhoíà em nofiòs olhos.
43 Portanto vos digo, que o reyno dcDeosíè vos tirará a vosou-
jeí. «'.• r. tros, *e fe dará a gente que dellc renda o fruito.
44 Eo que cairíõbrc efta pedia, íèráquebrantado"; eíòbrequem
. cila cair, ferá despedaçado.
45 E ouvindo os prinçcpcs dos íàçerdotcs, c os phariícos eftas
■ íuas parabolas entenderão, que fàllavá delles.
46 E procurando prendelo, temeraó ás companhas; porque o
tinhaõ por propheta.

C A P I T ¥ 2 O XXII.
x Com parabola das bodos moftra 0 fenhor > que fem vivafè, ninbum agrada a Deus,
repojla do cbõ a os pharijeos e Herodianos , fe for licito de dar tributo a (efar.
23 refpondcndo a pregunta dos faddtsceos , prova e confirma a refurreicaõ dos mor­
tos. jy declara qual he major mandamento da lep. 41 0 que 0 Mefitas he , na!
fomente filho de David, mas também feu fenbor.

I1 1 TJ refpondcndo Jeíus, tomoulhcs a fallar por parabolas, dizendo,


i 2 Semelhante he o reyno dos çeos a hum homem rcy, que
fez bodas a íèu filho.
3 E mandou a feus fervos, que çhamaíTem a os convidados a as bo­
das: porem naõ quiícraõ vir.
4 Tomou a mandar outros íèrvos, dizendo, dezei a os convida-
* Ou, tou- dos: vedes aqui mcu jantar tenho aparelhado, meus a bezerros c ce-
*os, tubois.ytâosyx eftam mortos, e tudoeftája preparado; vinde a as bodas.
* 5 Porem clles naõ fizeraó cafo; e foraõfe, hum a íua lavoura, c
outro a ícus ncgoçios.
6 E outros tomando a ícus íèrvos, afrontáraó os, e matáraó os.
7 E
. _ - 47
7 E cl rey ouvindo ifto, indignoufe; e mandando feus cxcrçitos,
deftruhio a aqucllcs homicidas, e pos à fogo íua çidade.
8 Entonçes diílè a íèus íèrvos: em verdade, aparelhadas cftáÕ as
bodas, porem naó eraó delias dignos os convidados.
9 Ide pois a asíahidas dos caminhos, c chamac a as bodas a tantos
quantos achardes.
10 E faindo feus fervos pelos caminhos, ajuntáraõ a todos quantos
acháraó, juntamente maos e bons; c as bodas íc encherão dc con­
vidados.
11 E entrou el rey a ver a os convidados, e vio ali hum hoiíiem
que naó eftava vcftido com vcftido dc bodas.
iz E diflèlhe : amigo, como entrafte aqui, naõ tendo vcftidodc
bodas? e çerrouíèlhe a boca.
13 Entonçes el rey difle a os que íèrviaó: tomae o, c amarrado
depees c demaós lançae j nas trevas dc fora: ali íèráo choro e ó
bater de dentes.
14 Porque muitos íâõ chamados, porem poucos eícolhidos.
15 Entonçes, idos os phariícos, coníúltáraõ como o b apanhariaõ b Ou, enla*
cm alguã palavra. . faria», te-
16 E enviáraõ lhe feus diíçipulos, juntamente com Herodianos,
dizendo, meftre, bem fabemos que es c homem de verdade, e quecOu.» ver"
com verdade cníinas o caminho de Deus, eque de ninguém fc tedá/^w**
porque d naõ tens açeitaçaõ de peflòa de homens. d Ou, »aô
17 Dizcnos, pois, que te pareçe; he liçito dár tributo a Cc£tr,atentaipar»
ou naõ ? 0 r°fl° de bo-
18 Mas Jcíúsentendendo fua malíçia, diflè lhes:, porque meatcn-www>
tacs, hypocritas?
19 Moftracmc a moeda do tributo. E ellcs lhe moftráraõ hum
dinheiro.
?o Entonçes diílèlhes: cuja hc èfta figura? c e a infcripçaõ? eOu,/JW.
zi Dizem lhe ellcs: deCcíàr. E clle lhes diflè. PagacpoisaCeíàjyr/f<’’
o que he de Ccíár, c a Deus o que hc de Deus.
2 z E ouvindo elles ifto, maravilháraõfc, e deixáraõ 0, e foraõ íc.
z» Aquclle mefino dia chegáraõ adie os fadduçeos, que dizem naó
avd-refurreiçaõ; e preguntáraõ lhe,
Z4 Dizendo, meftre/Moyíès difle , fe algum morrer fem filhos,
cáfc fefeu irmaõ com fua mulher, elevantará íèmenteaíèu irmaõ.
zj. Houve pois entre nos outros íètc irmaõs, c o primeiro tomou,
mulher, enaô tendo geraçaõ, deixou íúa mulher a ícu irmaõ.
Da:
4^ E U A N G E L H O
2 <5 Da m&ma maneira também o fcgundo, c o tcrçciro, até
osíète.
2 7 E <Vpois de todos morrco tambcm a mulher.
28 Na fclurreiçaõ, pois, cuja dos íètc lerá a mulher? porque
_ todos a tiveraõ.
fab^ido”ti*y 2? Entonçes, reípondendo Jefus, diílèlhes: Erracs f ignorando as
fiíiõ tntin- cíci ítui as, c a potcnçia dcDeus.
dendt. 30 Porque n’a reíurreiçaõ, nem fe cafaó ncmfe daóem caíãmcn-
to: mas íâõ como os anjos dc Deus no çeo.
31 E da reíurreiçaõ dos mortos, naó tendes lido o que de Deus
vos foi dito, quando diz:
gOu,ww. 32 Eu íòu o Deus dc Abraham, e o Deus de Ifaac, e o Deus dc
Jacob? Deus naõ he Deus dos mortos, mas dos 6 que vivem.
33 Eouvindo ifto as companhas, maravilhavaõ fe de fua doutrina.
34 Entonçes os pharifeos, ouvindo que avia tapado a boca aos íàd-
duçcos, ajuntáraõ íc concordcmente cm hum.
3 5 E preguntou hum delles , interprete d’a ley , atentado o, c
dizçndo,
hOu,»M)w 36 Meftre, qual hc o mandamento h grande na ley?
37 E Jefus lhe diflè: amarás a o fenhor teu Deus de todo teu cora­
ção, ede toda tua alma, ede todo teu entendimento.
38 Eftc heo primeiro, e o grande mandamento.
39 E o fegundo, femelhante a eftc: amarás a teu proximo como
aty mefmo.
40 Deftes dous mandamentos depende toda a ley e os prophetas.
41 Eeftando juntos os pharifeos, Jefus lhes preguntou,
42 Dizendo, que vos pareçe do Chrifto ? cujo filho he? dizem-
lhe clles: dcDavia.
43 Elle lhes diflè : pois como David em eípirito o chama
no: 1. fenhor? dizendo,
44 Diflè o fenhor a meu fenhor, aíTentaté á minha maõ direita,
até que ponha a teus inimigos por eícabello de teus pés.
45 Poisfe David o chama [JewJ fenhor; comohe ícu filho?
46 E ninguém lhe podia rcfponder palavra ; nem ouíòu ninguc
dcsd’aqucllc dia a mais lhe preguntar.

Ç A-
SEGUNDO'S.MATHEUí

Capitulo XX
t Chrifto exborta feus ouvidores, que guardem tudo, o qne de Mofe enfnaõ os ef ribas e
pharijeos, «“« qae naõfaçaõ conformefitas obras, p defcobre a typi^ifia e ambifaõ
d'clles. 8 e amoefla os feus, quefeguardem d'aquella, e fejaõ humildes. 13 de­
nuncia oito vezes 0 aqfobre ospharijeos e efiribas por caufa de diverfu maldades, con­
vém a ftber , que cerravaó 0 reino dos ceos a os homés. 14 as cajos das viuvac
enguliaÕ. 1 y maof profclqtosfaziaõ. 16 que perverfsmente enfnavaõ jurar polo
templo, polo altar e polo ceo. 13 e as coufas pequenas deljmavaõ, deixando 0 que
be mais grave da ley. zq alimpavaõ 0 que efta de fora, e naÕ 0 coraçaó. 17 fea,
do femelhantes a os fepulchros cajados. i.Q.edificavaõ os fcpulcbros dos prophetas an­
tigos, e os novos bufcavaõ de matar. 37 fe queixa fobre contumácia dajertfalem,
e prophetiza fua deftruipaõ.

i T7 ntonçes Jeíus fallou a as companhas, c n ícus diíçipulos,


2. Dizendo * Cobre a cadeira de MoyCes fc aãcntaõ os cCcri-
bas c os phariícos.
3 Afli que tudo o que vos diflèrcm que guardeis, guardac e
fazei mas naó fáçacs conforme a íuasobras, porque dizem e naó
fazem. .
4 Porque ataõ cargas pefadas, e diffiçeis dc levar, e poêm as Co­
bre os ombros dos homens ; porem ellcs né ainda com ícu dedo as
querem mover.
5 Antes todas íuas obras fazem pera ferem viftos dos homens: por­
que alargaõ fuas a philaéterias, e eftendem as bordas de feus ve-a Ou, mei
ftidos. . moriaes, 0
6 E amaõ os primehos aflentos n’as çeas, e as primeiras cadeiras"
n’as fynagogas. de
7 E as láudaçoens n’as praças, e íèrem chamados dos homens Deus, eceur
*Raby, Raby. fasfagra-
8 Mas vos outros naõ ícreis chamados Rabyes; porque hum^Q
he voflò meftrc , [_a faber o Chrifto : e todos vos outros íòis ir-^J1’ me"
maõs.
$> E naõ chameis n’a terra voflò pae a ningem ; porque hum he
VOÍIÒ pae, [f faber] que eftá n’os çeos.
10 Nem W» fcrcis chamados doutores; porque hum he voflò dou­
tor, [a faber] o Chrifto.
11 Porem o mayor entre vos outros, feja voflò íervidor.
12 Porque o que íc alevantar, íèrá humilhado; e o que fe humil­
har íèrá alevantado.
13 Mas ay de vos outros cfaibas c phariícos, hypocricas, porque
G < ceira-
jo OS. EUANGELHO
e Ou, Jia». çcrracs o rcyuo d’os çcos c a os. homens ; c nem vos outros entraes,
d^Ou ca- nem a os ftuc cntra° dcixacs entrar.
meu"' ‘ 14 Ay de vos outros eferibas c pharifeos, hypocritas, porque d en-
gulis as cails das viuvas com cor dc larga oraçaõ ; por iílò levareis
e Ou, maprc mais grave juizo.
ca/xloi^aa. Ay de vos outros eferibas e pharifeos, hypocritas, porque ro-
f Ou, prafe- ^05 o mar, ca terra , por fazerdes hum ‘convertido, equan-
ZOu,iiig»aA°he feito , fazeilo s filho do inferno, cm dobro mais que vos
outros.
16 Ay dc vos outros, guias çegas, que dizeis: qualquer que ju­
rai’polo templo, naõ he nada; mas qualquer que jurar polo ouro
hOu, cal- d’o templo, he h devedor.
fada. 17 Loucos c çegos; qual he mayor ? o ouço; ou o templo que
fanctifica a o ouro ?
18 Item qualquer que jurar polo altar, naõ he nada; mas qual­
quer que jurar polo prefente que eftá fobre elle, he devedor.
19 Lxiucos e çegos; qual ne mayor? o prefente; ou o altar que
fanétifica a o prefente ?
20 Por tanto o que jurar pòlo altar, jura por elle e por tudo o
que fobre ellc eftá.
21 E o que jurar polo templo, jura por elle, e polo que ncl-
lc habita.
22 E o que jurar polo çeo, jura polo throno de Deus, epolo
que fobre clle eftá aftèntado. •
23 Ay de vos outros eferibas c pharifeos, hypocritas, porque dezi-
maes a ortelãa, e o endro, e o cominho; e deixais o que he mais
grave da ley, [convém a faber] ojuizo, e a mifericoraia, eafé:
ílto era neçellàrio fazer, c naõ deixar o outro.
24 Guias cegas, que coaes o moíquito, e tragaes o camelo.
25 Ay dc vos outros eferibas e pharifeos,hypocritas; porque alim-
paes o que eftá de fora do vafò, ou do prato, mas de dentro eftá tu­
do cheio dc roubo c ue deftemperança.
2.6 Pharifco çego, alimpa primeiro o que eftá de dentro do vafo,
ou do prato, pera que também o que efta de fora fique limpo.
27 Ay dc vos outros eferibas e pharifeos, hypocritas; porque fois
iOu, Jr.w-femelhantes a os fepulchros ■ cayados, que dc fora, em verdade, fe
^ueadas. moftram fermoíòs, mas de dentro eftáó cheios dc oflòs dc mortos,
e dc toda immundiçia.
28 Afii também vos outros, de fora, em verdade, vos moftracs
juftos
SEGUNDO S. MATHEUS. Cap./’XIV. 5*
juftos a os homens, porem de d’cntro eftaes cheios-'de hypocrifia
ek maldade. . Uc^oum-s
29 Ay dc vos outros eícribas c phariícos, hypocritas ; porque
dificacs os fepulchros d’os prophctas , c adoniaes os monumentos dos
juftos: , . '
30 E dizeis: fe foramos em os dias de noflos paes, nunca n’o fan-
gue d’os prophetas feus companheiros ouveramos fido.
31 Afli que de vos mcfmos daes teftemunho, que fois filhostd’a-
quclles que matáraó a os prophetas.
3 2 Enchei vos também a medida de voflos paes.
3 3 Serpentes, raça de biboras, como eícaparcis d’a condena­
ção do inferno?
34 portanto vedes aqui vos mando prophetas, e fabios, e eícri­
bas-, e d’clles [4 matareis, e cruçificarçise [/»outroQ açou­
tareis em voflàs íynagogas, e perfeguiréis de çidade em çidade.
3« Peraque venha lobre vos outros todo o íãngue jufto, que foi
£
derramado fobre a terra, fdefd’o íãngue de Abel o jufto,8até o fan-
í2
guede Zacharias, filho de Barachias, a o qual mataftes entre o tem­
plo c o altar. . z
36 Em verdade vos digo que tudo ífto vira íòbre efta geraçaõ.
3-7 Jeruíàlem, Jerufalem, que mátas a os prophetas , e apedrejas k
a os que te faõ enviados; “quantas vezes quis cu ajuntar teus filhos,
como a galinha ajunta a feus pintaõs debaixo de fuas áfas, e naõ qui-
ícftes.
3 8 Vedes aqui voflâ caía fe vos deixa deferta.
39 Porque eu vos digo, que deíd’agora mais me naó vereis , ate
que digaes: bendito aquelle que vem em o-nome d’o fenhor.

C A PITVtO XXIV.
I Chrifto propbetiza deflruifaõ do templo e da jerufalem > contando os males e finaet
que aviaõ de preceder > oh acerca d'aquelle tempo haÕ de acontecer. 1 y citando «
que propLetinou Daniel acerca Aaqutlla mtfina dcfiruiçaÕ^ e exbertanda pera de
fugir e efeapar d’efta grande afflipaõ. íj avifa que fi guardem dos falfis ebriftos
e falfis prophetas. 19 propbetiza do fim do mundo, e da fua derradeira vinda pera
julgar-, cuja gloria e certeza defireve , moftrando Jinaes, que acerca d'ayuella a-
viaõ de acontecer. 36 findo 0 dia e a bora a ninhum manififa , [enao a Deus.
11 compara 0 tempo defta -vinda , com 0 tempo do Voé antes de diluvio. 41 wr-
horta de vigiarpela parabola de bum pae defamilia. trf t do fiel, e do maofrrvo.

1 Tp faindo Jefus d’o templo, foife : c chegaraõ fe a elle feus di-


-‘-'fçipulos. Pera lhe moftrarem os edcfiçios do templo.
Ga a E
p l E U ÁN G E L H O
2 E reipon.zicnao Jefus diílèlhes : vedes tudo ifto? poisem ver­
dade vos digo, que naõ ferá deixada aqui pedra fobre pedra , que
naõ íèja dcítruida.
3 E aílènikndoíè n’o monte das oliveiras, chegaraõ fe a clle íèus
diíçipulos a parte, dizendo , dizenos quando íèráõ eftas couíãs, c
que iinal [avera] dc tua vinda, c d’o hm do mundo. .
4 E rcípondcndo Jeíús, diflèlhes: olhac que ninguém vos
engane.
>r. • 5/Porque viraõ muitos em meu nome, dizendo, cu íòu o Chri-
fto; e a muitos enganarão.
+ 6 E ouvireis guerras, c rumores de guerras: olhae que naõ vos
turbeis; porque he neçeílàrio que tudo ifto aconteça: mas ainda
I naõ he o fim.
7 Porque íè levantará naçaõ contra naçaõ, e reyno contra rcyno;
a Ou, terre­ c averá peítilcnçias, c fomes, e • tremores de terra em divcríòs
moto;. lugares.
8 Mas todas eftas couíàs [fomente faÕJ pnnçipios de anguftias. .
9 Entonçes vos entregarão pera ferdes affligidos, e matarvoshaõj
e fcrcis aborrcçidos dc todas as naçoens por caufa de meu nome.
I o E muitos entonçes ferão cíèandalizados ; c cntregarfchaõ huns
a os outros, c huns a os outros fe aborrcçerãõ.
II E muitos falíòs prophctas fe levantarão, c a muitos enga-
naráõ.
/
11 E por íè aver multiplicado a maldade, a charidade de muitos
fe esfriará.
13 Mas o que pcríèverar ate o fim, efiè ferá falvo.
14 Epregane ha efte Euangclho d’o rcyno cm todo o mundo em
teftemunho a todas as naçoens, c entonçes virá o fim.
>4 n • 5 •J15, Portanto quando 4 virdes a abominaçaõ d’o aílòlamento , que
bOu’, po/la foi ditn por" Daniel n
dita nr>r"nanír1 nrnnhcra,. b que efta n’o lugar íànéto, (quem
o prophcta
•« tdabtit- lé c entenda.)
tida> en col- i<5 — -- ■
Entonçes os que cftivcrem cm Judca, fujaõ pera os montes.
locada.
c Ou, ad­ 17 E o que cftiver fobre o telhado, naõ deça a tomar alguácou-
virta. ía de íúa caía.
18 E o que cftivcr n’o campo, naõ torne a tras a tomar íèuS
vcftidos.
d Ou, da» 19 Mas ay das prenhes, c d’as que n’aquellcs dias d ctíaõ.
dt mamar. 20 Orãe pois que voílà fugida naõ feja em inverno, nem cm dia
dc íàbado.
2i Por-i
SEGUNDO S. MATTHEUS. < 5?
21 Porque averá entonçcs grande affliçaõ, qual nunca nouve des-
d’o prinçipio dó mundo ate agora, nem taó pouco averá.
22 E lc aquelles dias nao foífem abreviados , nenhua carne fe <
falvaria: mas por caulã d’os cfcolhidos, feráó abreVudos aquel­
les dias- . .
23 Entonçes fc aJgucm vos diflèr: eifaqui efta o Chrifto, ou ali,
naó o crcads.
24 Porque fe levantaraó falíòs chriftos; e fàlíõs prophetas; e
taó grandes íinaes c prodigios faraó, que fe poflivel fora, até a os
cfcolhidos enganariáõ.
2 5 Vedes aqui volo tenho dito d’antes.
26 Afli que fe vos diflerem: eilo aqui eftá n’o defeito , naõ
iàiaés; eilo aqui cm as câmaras , naó o creaes.
27 Porque como o relâmpago que fadd’o c oriente, e fe moftrac Ou, »«-
ate ' o ocçidcnte, afli ferá também a vinda d’o filho do homem.
28 Porque a onde quer que eftivcr o corpo morto, ali fe ajunta-
ráo também as aguias. z v. jeí.i i: 1o
29 E^logo dclpois d'a affliçaód’aquclles dias, o foi fe efcurcçera,
e a lua naó dará fua luz, e as eftrellas cairáó d’o çco, e as virtudes
d’os çeos fe comtnovcráõ.
X. DAn t.
3 c> Entonçes fe moftrará o final d’o filho d’o homem em o çeo,
c entonçes lamentarao todas 8 as tribusda terra, e veráõ a o filho dog°u’*í*‘
homem, que virá fobre as nuveis do çco com grande poder e ’ **
gloria. . f '
’ 31 E mandará a feus anjos com grande voz de trombeta, e ajun­
tarão a feus cfcolhidos dcfd’os quatro ventos, defd’o [hum] cabo dos
çeos até o outro.
3 z Da figueira aprendei a comparaçaó; quando ja feus ramos fe
cnverdeçem, e as folhas brotaó, íâbeis que o veráõ eftá perto.
3 3 Afli também vos outros, guando virdes todas eftas coufas, íà-
bei que ja eftá bem perto ás portas.
34 Em verdade vos digo, que naõ paílàrá éfta geraçaõ ate que
todas cftas coufas fcjaõ aconteçidas.
3 •) O çco e a terra * pereçeráõ, mas minhas palavras naó pe-hOu/eX-
reçeráó. farw.
36 Porem o dia nem a hora, ninguém o fabe , né os mcfmos
injos do çco, fenaó fo meu pae.
37 Mas como [_for4Õ] os dias de Noe, afli ferá também a vinda
do fúho do homem.
G 3 38 Por;
54 -OS. EUANGELHO
33 Porqucjcomo cm os dias do diluvio andávaó comendo , e
bebendo , calando fe , c dando cm cafamento, ate' o dia que Noe
na área entrou.
32 E naibconheçcraõ, até que vejo o diluvio c os levou a todos;
Afli ferá tambem a vinda do filho dò homem.
40 Entonçes cllaraõ dous n’o campo , hum ferá tomado , e ou­
tro ferá deixado.
41 Duas [mulhercftaráó moendo a hum moinho, huá ferá to­
mada, e outra ferá deixada.
41 Vigiac, pois, porque naõ fabeis a que hora hade vir voflã
fenhor.
43 Porem ifto fabei, que fe o pae d’a familia foubefle a que vela
da noite o ladraõ avia de vir, vigiaria, c naó deixaria minar fua caía.
44 Por tanto tambem vos outros eftae apcrçebidos, porque o filho
d o homem ha de vir á hora que naõ cuidacs.
4$ Q?cm pois he o fervo fiel c prudente, a o qual o fenhor pos
fobre feus fervidores, peraque [JhesJ dé fuftcnto a fcu tempo?
4<J Bemavcnturado aquelle íervo, a o qual, quando fcu fenhor
vier, o achar fazendo aíli.
47 Em verdade vos digo, que fobre todos feus bens o porá.
48 E fe aquelle fervo mao diílcr em feu coraçaó: mefiícnhor
tarda cm vir;
42 E começar a cípanquear a [feus"] companheiros, e tambem
a comer, e a beber corn os borrachos:
50 Virá o fenhor d’aquclle fervo , o dia que elle naõ efocra e
á hora que elle naõ fabc; r ’
51 E feparáíoha, eporá fua parte cornos hypocritas: ali fera o
choro, e o bater de dentes.

Capitulo XXV.
1 Pela parabola das virgens exborta Cbrijlo de vigiar pera fua vinda. 14 e p,la para-
, jBSr^0Sr txhortra ^‘fisimente tefar a os dons , que Deus a cadabumdiflribuit.
31 aej pois aejereve fua derradeiro vinda a jxizo, o 0 apartamento daí ovelhas dos
cabroens, e a fentenpa fobre ambos.

i J7 ntonçcs o rcyno dos çcos ferá femelhante a dez virgens,, que


tomanuo fuas alampadas, fahiraó a rcçcber a o eípófo.
2 E as çinco d ellas éraó prudentes, c as outras çinco parvoas.
3 As que craó parvoas , tomando fuas alampadas , naó tomáraõ
azeite comíigo.
4 Mas
SEGUNDO S.MATHEUS.
4 Mas as prudentes tonrfraõ azeite cm feus vaio:,, juntamcntc
com fuas alampadas. , , , , > - r
5 E tardando o eípofo, cabcccarao todas, c adormeçcrao íc.
6 E á meja noite lê ouvio hum brado, que dizia , ciíqui vem o
cfpofo, fahi oareçeber. , „ „
7 Entonçes todas aqucllas virgens ie lovantarao , e aparclharao
fuas alampadas.
8 E as porvoas diíleraó a as prudentes : daenos d’o voífo azeite,
porque as noflàs alampadas fe vaõ apagando.
9 Mas as prudentes rcípondéraó, dizendo de ninhuã maneira, pe­
ra que naó nos falte a nós nem a vós, ide antes a os que vendem, c
comprac pera vos outras.
10 E idas ellas a comprar, veio o cfpofo ; e as que [eflávaÕ~\
aparelhadas entráraó com clle a as bodas, c çerroufe a porta.
11 E defpois viéraó tambem as outras virgens, dizendo, fenhor,
fenhor, abre nos.
iz Mas reípondendo elle, difle-* em verdade vos digo, que nao
vos conheço.
13 Vigiae, pois, porque nao íabeis o dia, nem a hora, em que
o filho d’o homem ha de vir.
14 Porque como hum homem, que partindofe para lon­
ge, chamou a feus fervos, e entregoulhes feus bens.
15 E a hum deu çinco a talentos, e a outro dous , c a outro aOu>
hum; a cada hum conforme a fua faculdade, epartiofe logo Pcra *
longe. ... . untos cru-
16 E partido elle, o que tinha reçebido çinco talentos, negoçíou
com elles, c grangeou outros çinco talentos.
17 Semelhantemente tambem Q 0 que tinha reçebido dous, ] gran­
geou tambem outros dous.
18 Mas o que tinha reçebido hum, foi, e enterrou o n’o chaõ,
e efeondeu o dinheiro dc íèu fenhor.
19 E defpois dc muito tempo, vejo o fenhor d’aquellcs íèrvos,
e fez contas com elles.
20 E chegando o que tinha reçebido çinco talentos, trouxe ou­
tros çinco talentos, dizendo, fenhor, çinco talentos me cntregáfte,
cifaqui outros çinco talentos tenho grangeado com ellcs.
21 E feu fenhor lhe difle : bem cita, bom fervo e fiel; fobre
pouco fofte fiel, fobre muito tç porei; entra cm o gozo de teu
fenhor.
22 E
5<j . tO S. EUANGELHO
22 E chcgrrido também o que tinha reçcbido dous talentos, diflê".
fenhor, dous talentos me entregafte, ciíãqui outroç dous talentos gran-
geéi com clles.
23 Seu "nhor lhe diflê : bem eftá, bom íèrvo e fiel; íòbre pou­
co fofte fiel, fobre muito te porei; entra cm o gozo de teu fenhor.
24 E chegando também o que tinha rcçcbido hum talento, dific:
fenhor, cu te conheçia que es homem duro , que fegas aonde naó
femeafte, c apanhas aonde naõ efpalhaftc:
25 Portanto tive medo, efui, e cícondi teu talento, n’a terra;
vcíãqui tens o que hc teu.
26 E refpondcndo ícu fenhor, difle lhe: fervo malino c negli­
gente ; íiibias que iègo' aonde naó femeci, c apanho aonde naó
cfpalhci:
bOu, *«r 2 7 b Portanto te convinha a ty dar mcu dinheiro a os cambia-
ijjimffmo. dores, e vindo eu, rcçcbcríá o que hc mcu com c uíúra,
c Ou,ottx«- 28 Tiraelhc pois o talento-, c dac ó a o que tem os dez talentos.
*"*• 29 Porque a qualquer que tiver ,, íêrlhc ha dído , c tera abun-
dantemente; e a o que naó tiver, até o que tem lhe íèrá tirado.
30 E a o fervo inútil, lançae o nas trevas dc fora: ali ferá o cho­
ro e o bater de dentes.
31 E quando o filho do homem viér em íua gloria, e todas os
fanétos anjos com elle, entonçes íè aflentará íòbre o throno de
íua gloria.
3 2 E ajuntarfeham , diante ddle todas as gentes, c apartalosha
«iOu, ^uns dos oun'os> como aparta o paftor as ovelhas dos d cabroens.
caritos. 3 3 E poraz as ovelhas á íua [mao] direita, e os cabroens a a ez-
querda.
34 Entonçes dira' o rey a os que eftiverem á íúa f mao] di­
reita : vinde, benditos de meu pae poflúi por herança o reyno
que deíd’a fundaçaó do mundo vos eftá aparelhado.
«í. «<£’•> 3 f Porque tive fome, c dcfteíine de comer; tive íèdc, e def
c ou, tf- teime de beber; fuie hofpedc, e rccolheftcs me.
trangtiro. 3 6 Nuo , c cubriftcíme; enfermo, c viíitaftes me; eftivc na
priíàõ, e vieftes a my.
37 Entonçcs os juftos lhe rcípondcraõ , dizendo , fenhor,
quando .te vimos Faminto, c te íiiftcntainos; ou íedento, é te de­
mos de beber?
38 E quando te vimos hofpcde, e te recolhemos; ou nuo, e te
cobrimos ?
39 Ou
/ SEGUNDO S. MATHEUS. Cap. XXVI. y7
3 9 Ou quando te vimos enfermo, ou na prifaõ , e viemos a ty ?
40 E reípondendo cl rey, dirlhcsha : cm verdade yos digo,
que cm quanto [ 0 J fizcftes a hum deftes mais pequeninos dc meus
irmaós, a my £0J fizcftes. z ■ '
41 Entonçes dirá tambem a os que cftivcrcm á [rnõ] czqucrda:
apartacvos de my, malditos , a o fogo eterno, que para o diabo, c
para feus anjos, eftá aparelhado.
42 Porque tive fome, c naõ me deftes de comer-; tire fede, c
naó me deftes dc bçbcr.
43 Fui hóípedc, e naõ me recolheftcs; nuo, e naõ me cobriftes,
enfermo, e na prifaõ cftive, e naõ me vifitaftcs.
44 Entonçes tambem elles lhe refpondcraõ, dizendo, fenhor,
quando te vnnos faminto, ou fedento, ou hoípcde, ou nuo, ou
enfermo, ou na priíaó, e naó te fervimos?
4 Entaõ lhes refponderá, dizendo, em verdade vos digo, que
cmquanto o naó fizcftes a hum deftes mais pequeninos, nem a my
o fizeftcs. , . , .
46 E iraõ eftes a o tormento eterno, e os juftos a vida eterna.

Capituio XXVI.
t Cbrijle propbetiza fua morte. 3 d'aqual es ancioens de povo tomaõ confelho. 6 ce­
rne bui mulher 0 ungio em Bethania. 10 cuje feite defende e louva. 14 Judas
vende a Cbrijle. 17 Cbrijle manda aparelhar a pafchoa: colhe a cem feus difcipules
e prediz a traiçaõ de Judas. 16 inftittii fua fagrada cea. 31 prediz a feus di­
fcipules que aviaõ de fer efpalbades, e a 0 pedro Jua atida. 36 começafua paixaõ
na horta cem grande angujlia e ardente eraçaõ, exhortando feus difcipulos, ja caí­
dos em fono, pera vigiar e orar, ^q Judas entrega 0 cem beyo, e o> Judeos 0 pren­
dem. yi reprende a pedro que cortou a o Jervo de fttmmo pontífice hui orelha.
SI foi levado a Cajapbas. fofos teflemunhes 0 acufaõ. 63 coufejja que elle
he 0 Cbrijlo. 6y -foi per ijfo condenado e maltratado. 6$ a quem nega 0 pedre.
7? mas tornando em fy, chora amargofamente.

1 T? aconteçco que como Jcíús teve acabado todas cfta3 palavras,


•*-* difle a feus diçipulos:
' 2 Bem fabeis que d’aqui a dous dias hc a paíchoa , c o filho do
homem lerá entregue pera fcr cruçificado.
3 Entonçes os prinçipes ^dos íãçcrdotcs , c os eícribas, c os an-
çiaõsdo povo, fe ajuntáraõ n’a fala do fumó pontifiçe, o qual íc
chamava Caiphas.
4 E tiveraó confclho para por engano prender a Jcíús, c ma-
talo.-
H 5 E
$8 '• O & EU ANGELHO
5 E diziaó : naó ja cm dia dc fcfta , porque íc naõ faça alvoro­
ço n’o povo.
6 F, citando-Jeíus em Bethaiiia, cm caía de fimaó o leproíò,
7 Veio a-èlle huã mulher com hum vafo dc alabaílro de unguen­
to dc grande preço, c derramoulho íòbre a- cabeça , eítando cllc
aílèntado £ í meja. J
8 O que vendo feus difçipulos , indignaraõ íê , dizendodc que
ferve eíta perdição?
9 Porque elle ungento fc podia vender por graõ preço, c dáffe
a os pobres.
10 E entendendo o ’ Jefus, diífelhcs: porque moleílaés a cila
mulher, que me fez huã boa obra?
11 Porque a os pobres, fempre com voíco os tereis j porem a
my, naõ me tereis íempre.
11 Porque derramando cila cfte unguento íòbre mcu corpa, por
[preparaçao J deminha íèpultura, o fez.
13 Em verdade vos digo , que aonde quer que efte Euangelho
cm todo o mundo for pregado, também o que Óla fez,íèrá
dito pera fua memória.
14 Entonçcs hum d’os doze, que íè chamava Judas o Iícariota,
íc foi a os prinçipcs dos íãçcrdotes.
15 E diífelhcs: que me quereis dar, e eu volo entregarei? c cl-
Mek.iMx. les affinalaraõ^trinta [moedas J dc prata.
16 E dcícfentonçes^buícava oportunidade pera o entregar.
»Ou>pr J7 E. o primeiro [èli* dáfejla] dos a [paens^ ázimos, vicraó os
itvtdar. difçipulos a Jefus, dizcndolhc , aonde queres que te' aparelhemos
pera comer a Paíchoa ?
18 E elle diífe: ide á çidade a-hum tal, e dizeilhe : o Mefter
dizr meu tempo efta' peito 5 cm tua c;ífa farei a Paíchoa com meus
diíçipulos..
19 E os difçipulos: fizeraó como Jcfus lhes mandara, e a parclhV
raõ a Paíchoa.
20 E como foi a tarde do dia, aílentoufe [ámefa~\ com os doze.
21 E comendo clles, diífe: cm verdade vos digo, que hum de
vos outros me ha de entregar.
22 E. crjtriftcçcndofe clles cm grande maneira, começou cada
hum dcllcs a dizer : por ventura fou cu, fenhor?
p(.<!<•..<>• 23 Entonçcs elle reípondendo, diífe :’o que comigo mete a
maó no prato, elle mc ha dc entregar.
24, Em
SEGUNDO S.MATHEUS Cap.XXVI.
24 Em verdade o filho do homem vae como d’cllc eftá eícrito:
mas ay d’aquclle homem por quem o filho do homem he entregue;
bom lhe fora' a o tal homem naó avCr naçido. \
25 Entonçes reípondendo Judas, o que o entregava diflè : por­
ventura íõu eu, meftre ? clle lhe difle: tu o diflefte.
26 E comendo elles, tomou Jeíús 0 paó , e avendo dado gra­
ças, paitio o, edeuo a íèus diíçipulos, e diflè : tomac, comei,
ilto hc o meu corpo.
27 E tomando o b copo , c dando graças, deu lho , dizendo,h Ou,
Bebei d’elle todos. lií<
28 Porque ifto he o meu íãnguc o [fangue] do novo teftàmcnto,
o qual por muitos fc derrama pera remiflàó dos peccados.
29 E digovos que deícfagora naó beberei mais deite fruito de
vide, ate aquelle dia quando com voíco o beber novo cm o reyno
demeu pae.
3 o E avendo cantado o hymno, fahifaõ íè a o monte das oliveiras.
31 Entonçes Jeíús lhes difle: todos ^vos outros vos cícandalizarcis
cm my elta noite; porque eícrito efta: ferirei a o paftor, c as ovei- p!
has do rebanho íè deígarraraõ.
32 Mas defpois do eu avir rcfufçitado, iréi diante de vos oútros
a Galilea.
33 Ercfpondendo Pedro, diflèlhe: ainda que todos cm ty fc
eícandalizem, eu nunca me efcandalizarci. J
34 Diflèlhe Jefus: cm verdade te digo , que nc'fta meíma noite,
antes que o galo cantd, me negarás trfâ vezes.
3 5 Diflèlhe Pedro : ainda que com tigo morrer me íèja ncçcílà-
rio, naó te negarei. E todos os diíçipulos difleraó o mcímo. •
3 6^Entonçes chegou Jcíús com elles a huá aldea que fc chama
Getíeínanc , c diflè a íèus diçipulos : aflentad vos aqui, ate que cu
ali vá, c ore.
37 E tomando com figo a Pedro, e a os dous filhos do zebedeo,
começouíc a entriftcçer c a anguftiar cm grande maneira.
38 Entonçes Jefus lhes difle : minha alma eftá muy trifte ate a
morte, ficaévos aqui, e vigiai comigo.
39 E indofe hum pouco mais a diante, poftroufe fobre feu rofto ,
orando, c dizendo, pac meu, fe hc poflivel, páflè de my eftc co­
po; porem, naó como eu quero, mas como tu
40 E vejo a feus diíçipulos, e achou os dormindo ; c diflè a pe­
dro: bafta que nem ainda huá hora comigo pudeftes vi°iar?
•Hz ° ' 4! Vi-
ío 0 5. EUANGELHO
41 Vigiac, e orae; pera que naó entreis em tentaçaõ : o eípi­
rito em verdade efta' preftes, mas a carne he fraca.
42 Etompu íegunda vez, eorou, dizendo, pae mcu, íè naó
pode cfte côpo paliar de my, fem que cu o béba, fiíçaíè a tua
vontade.
45 E vejo a par delles, e achou os outra vez dormindo, porque
feus olhos eftávaõ carregados. . -*0 ■
44 E deixando os, tomou, corou., tcrçcira vc^,'dizendo as
mefmas palavras.
45 Entonçcs vejo a feus diíçipulos, c diífelhcs: dormfja e def
caníàe , vcdcíâqui chegáda hc a hófa, c o filho d’o homem he^n-
tregue cm maõs dos pecadores.
45 Levantae vos, vámos nos, vedes aqui chegadohe o que me
trahe.
47 E citando elle ainda fallando, eis que chega Judas, hum d’os
doze, c com elle muita companha, com eípãdas e baftóens, dc paire
dos Prinçepcs dos íãçcrdotes, c dos ançiaós do povo..
48 E o que o trania lhes tinha dáuo final, dizendo, a o que eu
beyar, cífe hc', prendei ó.
t 49 E logo cm chegando a Jeíus , diíle : ajas gozo, méftrc, c
beyou o'.
50 E Jeíus lhe diífe : amigo, acjucvcns? entonçcs chegáraõ, c
lançáraõ maó de Jeíus, e prenderão ó.
51 E eis que hum dos que eftavaõ com Jeíus, cftcndendo a maó,.
puxou dc fua cfpada , c ferindo a o fervo do fummo pontifiçe , cor-
toulhe huã ortílha.
52 Entonçes Jefus lhe diífe : torna tua eípada a feu lugar : por­
que todos os que eípado tomarem, á eípada morrerão.
5 5 Ou cuidas tu que naó poífa cu agora orar a meu pae , e elle
me daria mais de^doze legioens dc anjos?
54 Como pois*íè cumpriríaó as cícrituras, [que que aíli
convém que íc faça?
5 5 N’aquclla hora diífe Jeíus a as companhas: como a ladraõ íãi-
ftes com cípadas e baítoens a me prendír: cadadia me aílentava com
voíco 5 cníinando n’o templo , c naõ me prendeítes.
5 6 Mas tudo ifto fe faz , pera que as cícrituras dos prophetas íe
cumpraó. Entonçcs todos-os diíçipulos fugiraõ, deixando o a elle.
57 E qs que prenderão a Jcfus , trouxeraó ó a Cayphas, fummo
pontifiçe, aonde os eícnbas c os ançiaós eftavaõ juntos.
58 Mas
SEGUNDO S. MATHEUS. Cap.XXVI. 61
58 Mas Pedro o feguia dc ldnge , ate a fala do fummo pontifiçc:
c entrando dentro, aílcntoufe com os criados, até ver o fim.
59 E os prinçipes dos façerdotes, c os ançiáos, c todç o conçilio,
• buicáraõ algum falfo teftemunho contra Jefus pera que b pudeflèm
matar , c naõ o achavaó.
60 E ainda que muitas falias teftemunhas fe apreíèntávaõ , naõ o
acháraõ. ■ .
61 Masjior derradeiro vicraõ duas falias teftemunhas. Que difle-
raõ : e'fte diílè ; cu poflò derribír o templo de Deus, e rec'dificalo
cm tres dias. • >
61 F, levantandofe o íummo pontifiçc; difle lhe : naõ rcípondes-
na'da? que teftiflcáõ éftes contra ty ? ,
<5 3 Porem Jefus calava. E rcípondcndo o fummo pontinyc , dií-
felhe : cíconjuro te polo Deus vivente , que nos digas , íe tu es o
Chrifto, o filho de Deus?
64 Jefus lhe diflè : tu ó diflèfte ; c ainda vos digo que defd a-
gora aveis de vér a o filho do homem allcntado a £ mao ] direita da
potéhçia r</cPíw,'| c vindo em as nuveis do çeo.
6^ Entonçes o íummo pontifiçc rasgou feus vcftidos , dizendo,
blaíphcmou; f a dew~] que maisncçcflitamos dc teftemunhas? vedes
aqui agora ouviftes fua blasfémia.
66 Que vos pareço? c rcípondcndo elles, difleraó:'c culpado hecOu,
de morte.
67°Entonççs lhe cofpiraó no rófto, e lhe deraõ.de bofetadas.
68 E outros o fenaó com punhídas, diçendo, prophctizanos, ó
Chrifto, quem hc o que te ferio?
69 E Pedro eftíva aflcntado fora na fala ; e chcgoufe a clle huá
criada, dizendo, tambem tu cftavas com Jefus o Galileo. _
70 Mas ellc o negou diante de todos , dizendo , naó íei o que
dizes. •
71 -& íaindo á porta , vio o outra £ criada J c difle a os que ali
[eftdvaÕ'. J tambem dite citava com Jcíús o Nazareno.
71 E negou o outra vez com juramento, £ dizendo, J naó con­
heço a f efe homem.
7 3 E d’ali a hum pouco chegaraó os que cftávaõ prcícntes , c
difleraó a Pedro: verdadeiramente tambem tu es dellcs: porque tua
falia te manifcfta.
. 74 Entonçes [fe J começou clle a a anatematizar, e a jurar, d Ou ,
[dizendo[\ naó conheço homem.
O;S. EUANGELHO
7$ E logo o galo cantou. c lembrou fe Pedro das palavras de Tc-
íus , que lne diílera: antes que o galo cante', me negarás tres vezes,
c lãuidofe pçra fora, chorou amargoíãmentc.

Capitulo XXVII.

fo da aleiro , coma Jat predito. n Pil.itos examina o Cbrifto. ip Jiea mulher


mandalhe avijdr. ’ 20 declara a Chrifto par imiocente e bufea de faltalo. 24 naÓ

favaõ lhe diziaó injuriai, e H.ombavaÓ. 4y ouve trevos jobre terra, e daó lhe de
beber fel, c brandando ffue a Jeu pae, deu 0 e/pirito. y 1 diver/as maravilhas
acontecem na hora de fua morte. 5-4 pelas quaes 0 centuriaó confejjd que elle era
filho de Deus. fq •Jefeph de arimatbea 0 fepeelta, e 0 fepulebro fica fortelifado cem ■
guardasfegundo a petifaÕ dos príncipes dos facerdotes.

lST7 vinda a manhaa efltraraõ em eonfelho todos os Prinçcpcs dos


•*-* íãçcrdotes, e ançiaós do povo, contra Jcfus, pera o matarem.
2 E levaraó o amarrado, c entregáraõ o a Ponçio Pilatos, o pre-
íidente.
3 Entonçes Judas , o que o avia entregado , vendo que ja cítíva
condenado, tornou, arrependido,.as trinta \_moêãas'] de prata a os
Prinçepes dos íãçcrdotes, e a os ançiãos.
• 4Z Dizendo, pequei, entregando o fanguc innoçcnrc. Porem clles
diflcraõ: que íc nos dá a nos; viralo tu. *

a Ou, afio'.c a cnforcoufc. ’ ’


fe com 6 E os Prinçipes dos façerdotes, tqmando as f moèdas J dc pra'ta
. //“,;,A"'"^'diílcraó: naõ he liçito lançalas n’a arca da eímola, porque preço de
fanguc he. _ f 1 * *
7 Mas tendo eonfelho, comprarão com ellas o campo do oléiro
para fepultura d’os cftrangciros. ’
8 Polo que foi aquelle .campo chamáíio, campo de fangue, ate o

1 ° £ «J0™ as Pcra comprar o campo do oleiro, como me orde.


nou o íenhor.
ii E
SEGUNDO S. MATHEUS. Cap.XXVII. 63
11 E Jefus cftCve diante do prefidente, e o prefidente lhe pergun­
tou, dizendo, cs tu o rey d’os Judcos? c Jcíús lhe diílè: tu o dizes.
11 E íèndo acuíàdo pelos prinçipes d’osíàçcrdotcs, c pplos ançiáos,
nada rcípondcu. f
13 Pilatos entonçes lhe diílè: naó ouves quantas [ tcíhifi-
caó contra ty ? • .
14h E naó lhe rcípondco nem huá palavra; de maneira que o pre- h .ieí - <?: J
fidente fc maravilhava muito.
15 E n’o dia da fcfta coftumáva o prefidente foltár hum prezo a
o povo, qualquer que quifcflèm.
16 E tinhaõ entonçes hum pre'fo aífamádo , que íc dizia Ba­
rabas.
17 E juntos elles , diíTclhes Pilatos: qual quereis que vos fólte?
a Barabas, ou a Jcíús, que fe diz o Chrifto?
18 Porque fabia que por inveja o aviaõ entregado.
19 E citando elle aílèntado no tribunal , íua mulher lhc inandqu
dizer: naó tenhas que ver com aquclle jufto, porque hoje padeci
muitas couíiis em íonlios por amor d’clle.
20 Mas os prinçipes dos íãçcrdqtes, e os ançiaõs, perfuadíraõ a
o povo que pcdiílè a Barabas, e a’Jefus matafle.
21 E refpondcndo o prefidente, diílèlhes: qual d?os dous que­
reis que vos foltc? elles difleraó : a Barabas.
22 Pilatos lhes diílè : que pois fãrci de Jefus , que fe diz o Chri­
fto? difleraó lhe todos : leja cruçificado.
2 ; E o prefidente' lhes diflè : 'pois que mál tem feito ? porem el- O
les bradávaõ mais, dizendo, feja cruçificado. .
24 E vendo Pilatos quebrada aproveitava, antes fe fazia inais al­
voroço, tomando agoa , layouAis maós diante do povo, dizendo j j ,■
innoçentc eftou dofanguc ddftçjufto; vede o vos outros. -.
25 E reípondendo todo ò povo , diflè: [Jeja'\ fcu íànguc fobre
nos, c fobre noílòs filhos. '
26 Entonçes foltoulhcs a Barabas: e avendo açoutado a Jeíús,
entregou o pera íèr cruçificado.
27 Entonçes os foldados do prefidente. Levando a Jefus á audiéíi-
çia, ajuntáraõ a clle toda a quadrilha.
28 E defoindo o, vcftirao ócom huá capa dc grãa.
29 E puferaõ fobre fua cabeça huá coroa tcçida dc cípinhos, e
huá cána na direita, e pondofe de juclhos diante dclle, zom-bOu ,Dm
bávaódelle, dizendo, b ajas gozo, rey d’os Judcos.. ttfalvr...
30 E.
ç4 OS. EUANGEL HO
30 E coípindo nclle , tomiíraó a cdna, c davaõ lhe [com el!a]
na cabeça. , n.,
,1 E dc*. que o tivCrao efcamcçido, dcfpiraolhe a capa, e veíti-
raô o com “ícus viítidos, e levai aó o a cruçihcai. „
32 Elãindo, achdraó a hum Cyrcnio, que fe chamava íimao:
a cfte obriga'raõ a que lcvaílè fua cruz.
3 3 ?E como chcgáraó a o lugar chamado Golgotha, que íe diz o
3 4 DeSó^íhc a beber vinagre mefturado com fel; e goftando
r/lnaó [>] quis bebóí-. z
3 < E des que o tivdrao cruçificado, rcpaiTirao ícus veítidos, lan­
çando fortes: peraque fe cumpriflè o que foi dito pelo propheta :
r repartirão entre íi meus vcftidos, e fobic minha túnica lançai aõ
fortes. ,
36 E guardiívaõ ó, aflentados ah.
E pufdraó fobre fua cabeça fua caufa efenta: ESTE HE
JE?SUS, O REY DOS JUDEOS

.jeí-íT.n- cOurfal-
38 Entonçes cruçificaraõ com elle dou? cladroensj hum a [mao]
1 teadores.
tcadores. direita, c outro á ezquerda. ,
•Pi.ii.-8. 39VE os que paflàvaó lhe diziaó injurias, meneando as cabeças.
40 E dizendo, tu, que dcrribifc o templo, e em tres dias o re­
edificai, íalvate"a ty mclmo; íè ds filho dc Deus, deíçdide daciuz.
41 Ddfta maneira também os príncipes dos façerdotes, cícarne-
çendo juntamente com oscícribas, e phariícos c ançiaós, diziaó:
42 A outros íalvòii , a fi mcfmo naó fc pode falvar ; fe he o rcy
dclfraêl, defçcnda agora da cruz, e creremos n’elle.
4,y Confiou cm Deus, livre o agora, fe bem lhe quer ; porque
elle diflê: cu íòu filho de Deus.
44 O meíino lhe lançavao também em roftoe os ladroens que
<i Ovi,fal-
teadores.
com elle eftavaõ cruçificados. , , ,
45 E dcfda hora das feis, ouve trevas (obre toda a terra ate a ho­
ra das nove. - .
. PÍ. 2X 2 .
46 E perto da hora das nove, bradou Jefus com grande voz, di­
zendo , ELI, ELI, LAMA SABACHTAN1: íftohe}
Deus meu, Deus mcu, porque me defemparafte ?
47 E alguns d’os que ali eftavaõ, ouvindo o, diziaó : a Elias
chama dfte. „
48bE logo correndo hum dellcs, tomouhua cíponja, c encheo a
pE dc vinagre, e pondo a cm huá cima, davalha pera que bebeflè.
49 E
SEGUNDO S.MATHEUS. Cap.XXVII.
49 E os outros, diziaõ: deixa, vejamos fc virá Elias a livrálo.
50 Mas Jefus avendo bradado outra vez com grande voz, deu o

E os fepúlcros fe abriraõ: c muitos corpos dc íànítos, c que ja 'O“»

53 E faidos dos ícpulcros, defpois de íua reíurreiçaõ, vicrao af ou,/«r»-


fanfta çidade , e apareçeraõ a muitos. , „ fufenarat.
54 E o çenturiáo, e os que có ellc guardando a Jcíús cftavao,
vendo o tremor da terra, e ascouíãs que aviaõ íúçedido, temeraõem
grande maneira, dizendo, verdadeiramente filho de Deus éra eftc.
5 5 E eftávaõ ali muitas mulheres8olhando dc longe, as quacs des-
de Galilea aviaõ fèguido a Jeíús, fervindo o'. . ■ t
^6 Entre as quas eflava Maria Magdalcna, e Maria maedeja-
cobo, c de Jofc, e a mãe dos filhos do Zcbcdco. , 4 .
< 7 E como foi a tarde do dia , vejo hum homem ncode Anma-
thea, chamado Jofeph, o qual tambem avia fido difçipulo dc Jefus.
<8 EÍte chegou a Pilatos, e pedio o corpo de Jelus. Entonçes
Pilatos mandou que o corpo fe [_ihe] de'flè. , *-
59 E tomando Jofeph o corpo, embrulhou ó em hum lençol

60 E polo em hum feu fepulcro novo, que tinha lavrado em huá


g penha, e revolvendo huá grande pedra á porta do fepulcro, foi fc. 8 O“» F'
di E eftavaõ ali'Maria Magdalena, ca outra Maria, aflentadas”'
defronte do fepulcro.
íi E o feguinte dia, que he o íegundo dia da preparaçaõ \_a<i
pafchoa,~\ vieraõ os prinçipes dos íàçerdotès, e os pharifeos juntamen-
tc <1 Pilatos
63 Dizendo, fenhor, lembramos nos que aquclle enganador
difle , vivendo ainda : defpois dc tres dias rcfuíçitarei.
64 Manda pois fortaleçcr o fepulcro ate, o dia terçeíro, porque
naõ veríhaõ feus diíçipulos dc noite, c o furtem, e digaõ a o povo
que refufçitou dos mortos: e ferá o derradeiro erro pejor que o
primeiro. , j
d< E diílèlhes Pilatos: a guarda tendes; ide, foitaleçei o, como
entenderdes.
66 E indo ellcs, fortalcçcraó o fepulcro com guardas, foliando
a pedra.
I
66 OS. EUANGELHO

Capitulo XXVIII.
I As mulheres .vem a ver o fepulebro. i ficao informados pelo bnm anjo , de fua
rejfurreipai. 7 vaem a dar as novas a feus difcipulos. 9 Chrifto aparecelbes no ca­
minho. 11 as guardas dai as mefmas novas a os prinçipes dos facerdotes , mas
corrompidos com dinheiro, divulgai que 0 tinhai furtado do fepulebro. 16 Chrifto
aparece a feus difcipulos em Galilea. 19 manda os a pregar a todas agentes, o
bautitar. 20 prometendolbes fua continua aflfientia.

AOu,efcla-i T? * vefporá do fabado que a amanhéçe pera o primeiro dia da


rece. ’ femana, vejo Maria Magdalena, ea outra Maria, a ver o
fepulcro.
2 E eis que fe fez hum grande tremor dc terra; porque o anjo
do fenhor dcfçcndcndo do çco, e chegando, tinha revolvido a pe­
dra da porta [do fepulcro, ] c cftáva aflêntado íòbrc cila.
v>- £ fua viíta era como de hum relâmpago, bc fcu vcftido branco
como a neve.
4 E dc medo dcllc ficaraó os guardas aílombrados, c tomaraó
fc como mortos.
5 E rcfpondendo o anjo, difle a as mulheres: naó temaes vos
outras, porque cu fei que bufcaes a Jefus, o que foi cruçificado:,
6 Naõ eftá aqui, p®quc ja refufçitou, como difle, vinde, vede
o lugar a onde foi pdfto o íenhor.
7 E ide prcfto , dizei a feus difcipulos , que ja refufçitou d’os,.
mortos, c vedes aqui, elle vos vac adiante a Galilea: ali o vereis, ve­
des aqui volo tenho dito.
8 Entonçes ellas dc preflà íâindo do fepulcro, com temor c gran­
de gozo, foraõ correndo a dar as novas a feus diíçipulos.
9 E indo ellas a dár as novas a ícus diíçipulos, eis que Jefus lhes
fite a o encontro, dizendo , ajacs gozo. E ellas chegáraõ c traváraõ
de feus pees, e adoráraõ o.
10 Entonçes Jefus lhes difle : naõ temais, klc, dae as novas a
meus irmaós, que vaó a Galilea, c lá me veraõ.
11 E indo ellas, eis que huns da guarda vicraó á çidade, e dc'-
raõ avifo a os prinçepcs dos façerdotes dc todas as couíãs que tinhaõ
aconteçido.
12 E ajuntados ellcs com os ançiaõs, c tendo confclho, deraõ
muito dinheiro a os foldados,
1; Dizendo, dizei: feus diíçipulos vicraó de noite, e o furtáraõ ,
eftando nos outros dormindo.
14 E
SEGUNDO S.MATHEUS. Cap. XXVIII.
14 E fc ifto for ouvido do prcfidcntc, nos o pcrfuadircmos, e
vos Faremos feguros. , .
15 E clles tomando o dinheiro, fiçcrao como cltav^o ínitruictos.
E foi éfte dito divulgado entre os Judeos ate o dia dc hoje.
i(5 Porem os onze difçipulos fe foraó â Galilca, a o monte a on­
de Jefus lhes tinha ordenado. . , ,
17 E como o víraó adoráraó ó, mas alguns duvidavaõ.
t. vl.et: >■
18 E chegando Jeíus, Falloulhes , dizendo , toda poteftade me
he dada n’o çeo c n’a terra:
19 Portanto ide, enfinaea todas as gentes, bautizando as cm
nome do pae , e do filho , c do eípirito' fancto. Enfmandolhcs
que guardem todas a?coufas que eu vos tenho mandado.
20 E vcdeíâqui éftóu com vofco todos os dias até o fim do mun-

0 S A N C T O

E U A N G E L H O
De noílõ Senhor

JESU CHRISTO
SEGUNDO
S. MARCO S.
Capitulo I.
1 X pregaçaÓ do euangelho começa com «ferviço de Jo.í» , bautizando e pregando rio
dejerto com grande conctirrencia do povo. 9 fe bautiza 0 Cbriflo , e do ceo fe
teflifica, ferlhe t mui amado filho de Deus. 11 foi atentado n 0 deferto. 14 prega
em Galilea. 16 e chama a [imaõ e andreas. 1 9 como também a Jacobo e Joãn.
li enfina emCapernaum. 23 lança fora hum efpiritoimmtindo. 29 fara afogra
de Pedro. 32 e qualquer enfermos, e endemoninhados, foife a hum lugar de­
ferto bera orar. 38 fai d'ali pera pregar rias aldeas vizinhas. 40 alimpa hum
leprofo , mandando 0 calar, e moflrar fe a 0 facerdote.

1 oméçoTdo euangelho de Jefu Chrifto, filho de Deus.


1 2 Como efta eícrito cm os prophetas : eis que cu envio
mcu anjo diante de tua façc 3 que aparelhe teu caminho
diante de ty.
I z Voz
í8 OS. EUANGELHO
3 Voz dó que brada em o dcfcrto : aparclhae o caminho dó Pen­
hor, cndercçac fuas vcródas.
4 Bautizwa Joaõ n’o dcfôrto , e prégava o bautifmo de arrepen­
dimento, pera rcmiíTaó dos peccados.
5 E falua a elle toda a provínçia de Judca , c os de Hícruíâlem;
c craó todos bautizados delle n’o rio dó Jordaõ, confcflàndo feus pec­
cados. t
6 E Joaó andava veftido de pelos dc camelo, e com hum çinto
de couro a o redor dc feus lombos; c comia gafanhotos, e mel
montcfinho.
7 E prégava , dizendo , após my vem, o que he mais forte que
eu , ao qual cu naó íòu digno de encorvado delatar a correa de
ícus çapatos.
8 Eu vos tenho em verdade bautizado cõ agoa; mas elle vos
bautizará com Eípirito íànóto.
9 E acontcçeo n’aquellcs dias, que vejo Jeíús de Nazareth de
Galilea, e foi bautizado de Joaó no Jordaõ.
10 E logo, fobindo da agoa, vió abriríè os çeos, e a o Eípirito
que, como pomba, deíçendia fobre elle.
a Ou, 11 E, * ouvio fe hua voz d’os çeos: tu es meu filho amtído, em
fe. quem tomo meo contentamento.
i x E logo o Eípirito o levou a o deíerto.
13 E eftéve ali no dcíórto quarenta dias; c éra atentado dc íàta.-
nás; e cftáva com as feras; e os anjos o ferviaô.
14 Poremdefpois que Joaõ foi entregue, vejo Jeíús a Galilea pre­
gando o Euangelho do rcyno de Deus.
1 j E dizendo, o tempo he cumprido, e o rcyno de Deus eftá
perto : cmmendaevos, c crede a o Euangelho.
16 E paliando junto a o már de Galilea, vio a Simaõ, e a An­
dré íèu irmaõ , que lançavaõ a rede a o már ; porque eraó peíca-
dores.
17 E diflelhes Jeíús: vinde apósmy, e farei que fejaes pcícado-
1'Cs de homens.
18 E elles deixando logo íúas redes, o íeguiraó.
19 E paliando d’ali hum pouco mais a diante, vio o Jacobo
[filho] de Zebcdeo, c a Joaõ feu irmaõ, que cftavaõ no
barco conçertando luas redes.
20 E logo os chamou; e ellcs deixando a ícu pae Zebcdeo no
barco com os jornaleiros, foraõ a pós clle.
21 E
SEGUNDO S. MARCOS. Cap.I.
21 E entráraó cm Capemaum, e logo em o fabadó , entrando
na finagoga, enfinava.
22 E efpantdvaó fe dc fua do&rina, porque os cçfinava como
quem tem autoridade, e naó como os Efcnbas.
2 3 E avia em fua fynagoga dclles hum homem com eípirito im-
mundo, o qual bradou,
24 Dizendo, ah, que tens com noíco, Jeíus Nazareno? vicftc a
deftruir nos? bem fci quem es, Qa faberj o íànéto de Deus.
25 E reprendeo o Jeíus, dizendo, emmudeçe, eíàed’elle.
16 E deípedaçando o, o eípiritoimmundo, e bradando com gran­
de voz, fahio delle.
27 E de tal maneira íe maravilháraõ todos, que inquiriaó en­
tre fi , dizendo , que he ifto ? que nova doétrina he éftá ? que
com poteftade até a os eípiritos immundos manda, e lhe obede-
çem?
28 E logo íua faina íãhio por toda a provinçia d’o reddr de
Galilca. x
29 E faindo logo d’a fynagoga, vierao a caía de Simaó, e de An­
dré, com Jacobo e Joaô.^ ,
30 E a ídgra de Simaó eftava deitada com febres , e difleraõ lhe
logo d’ella.
31 Entonçes, chegando elle, tomou a pela maó, e levantou a,,
e logo a febre a deixou; e íèrvia lhes.
3 2 Equando ja foi tarde, c o foi ja pdfto, traziaõ lhe a todos os
que tinhaó algum mal, c a os endemoninhados.

dades, e lançou fora muitos demonios ; e naõ deixáva dizer a os


demonios porque o conheçiaó.
35 E levantandoíè mui de manhaá, e ainda bem de noite; fu
hio, e foiíè a hum lugar defdrto, e ali orava.
3Ó E íèguio o Simaó, ees que cõ elle
37 E achando o, difldraõ lhe: todos te andaó buícando.
38 E elle lhes difiè : vamos a as aldeas vizinhas, peraque pregue
também ali: porque pera ifto fou vindo.
39 E pregava em. fuas fynagogas delles em toda Galilca, e
lançava fora a os demonios.
40 E vejo hum leprofo a elle rogandolhe, e pofto de juelhos
OS, EUANGELHO
7o
41 E Jefus movido a intima compaixaõ, cftcndco fua maõ, e
tocou o, e diflèlhe: quero, fé limpo.
42 E avendo elle: dito [ifto, J logo a lepra fc foi d’cllc, c ficou
limpo.
43 E defendendolhe riguroíãmcntc, logo o deípedio de fi.
44 E diflèlhe : olhd que naõ digas nada a ninguém, fenaó vae,
moftratda o façerdote, c offcrcçe por tua limpeza o que Moyfes
mandou, peraque lhes [fcja~\ cm teftemunho.
45 Mas elle, fohido, começou a pregar muitas coufas, e a divul­
gar o ncgoçio, de maneira que ja naõ podia entrar publicamcnte n’a
çidade: mas cíhíva fora cm lugares defútos; e dc todas as partes
vinhaõ a clle.

1 T? Paflàd°s entrou outra vez cm Capcmaum , e


' ouvio fe que cftdva cm cdíã. .
2 E logo fe ajuntáraõ tantos, que ja naõ os cabiao nem ainda
£ 0 lugar ] perto da pórta : e fallavalnes a palavra.
3 Em " ” r' k ’ ■
eólias dc

defeobriraó o telhado a onde cftdva, e fazendo hum buraco, abaixá-


raó por ellc o leito,, cm que o paralytico eftáva deitado. .
5 E vendo Jefus fua fe d’ellcs , diflè a o paralytico : filho teus
pcccados te faõ perdoados.
6 E cftdvaó ali aflentados alguns d’os eferibas, os quacs penfando
cm feus coraçocns, diziaó:
7 Porque Falia dfte blasfémias ? quem pode perdoar pcccados íc-
naó fo Deus?
8 E conhcçendo logo Jefus cm fcu cfpirito, que pcnfívaõ ifto en­
tre fi , diílèlhes: porque peníacs éftas coufas cm voflòs coraçocns.
9 Qual hc mais façil? dizer a o paralytico: teus peccados tc faõ
perdoados? ou dizci'llie: levántatc, c toma teu leito, canda?
- 10 Pois
SEGUNDO S.MARCOS Cap.il. 71
10 Pois pera que faibacs que o filho d’o homem tem poder na ter­
ra pera perdoai- peccados, diílc a o paralytico:
11 A ty te digo, lcvántatd, e toma teu leito, e^vactc pera
tua cafa.
12 Entonçcs elle fe levantou logo, e tomando feu leito, íàhio fc
diante dc todos, de talmaneira que todos fe cípantáraõ, c glorificáraó
a Deus, dizendo, nunca tal vimos.
1; E tomoufe a íàirpcra o mdr, c toda a companha vinha a elle,
c elle os enfinava.
14 E indo elle paílàndo, vioaLevi, [ojilho~\ de Alpheo, aílcn-
tado na Alfahdcga , c diílelhe : íegue me ; c levantando íc elle, fc-
guio ô.
15 E acontcçeo que citando Jcfus á mdíà cm fua càíà, muitos pu-
blicanos c pcccadores çítavaó também a meíà juntamente com Jcliis, >.
e com ícus diíçipulos; porque avia muitos, e o tinhaõ íeguido.
16 Eos efcnbas, c os phariícos, vendo comer com os publica-
nos c peccadorcs, diflêraó a feus difçipulos: que que come c
bebe com os publicanos , c com os pcccaaoies.
17 E ouvindo £0 J-Jefus, diílelhes: os faos nao neçeíiitaõdc me-
dico, mas os que eftáõ mál. Eu naõ vim a chamai- a os juftos, fc-
naõ a os peccadores a que fc arrependaó.
18 E os difçipulos de Joaó, e os d’os pharifeos, jejumávaó; e vic-
raõ, e diíTdratJ lhe: porque os diíçipulos de Joaó , e os dos phari­
feos jejúmaõ, e tcusdifçipulos naó jejdmaõ?
19 E Jcfus lhes diíle: podem os filhos de bodas jejumar em quanto
o cípofo com clles efta ? entre tanto que tem com figo a o cípoíõ,
naó podem jejumàr: ,
20 Mas dias viráó, quando o cípoíò lhes fcra tirado; c entonçcs
n’aquclles dias jejumaraõ.
21 Ninguém deita remendo de pano nove em veílido velho:
d’outra maneira o mcímo remendo novo a púxa d’o velho, e fazfc a Ou tira.
pcór rotura.
22 Nem ninguém deita vinho novo cm odres velhos; d’outra ma­
neira, o vinho novo rompe os odres, c derramafe o vinho, c os odres
íc perdem : mas o vinho novo , em odres novos fc ha de deitar.
2,3 E acontcçeo que paílàndo elle b pelos femeados cm íàbado,bOu> por
indo feus difçipulos andando,- começáraõ a arrancar cípigas. huns paens.
24 Entonçcs os pharifeos lhe diiieraó : vés ifto ? porque faze o
que em fabado naõ he licito?
25 E
7S OS. EUANGELHO
25 E clle lhes diflè : nunca le'ftcs o que fez David, quando tin­
ha ncçcflidade, c te've foine elle e os que \efldvaf] com elle?
26 Como entrou n’a cálãde Deus, íêndo Abjátar íummo pon-
tifiçc, e comco os paens da propofiçaó d’os quaes naõ he liçito co­
mer , fenaó a os iàçerdotes : e tambem deu a os que com elle
cftávaó ?
27 E dizialhes : o fabado por cauíà d’o homem he feito, e naó
o homem por cauíà d’o íàbado.
28 Afli que o filho d’o homem até do fabado he íènhor.

Capitulo III.
1 Cbriflo fara hum bomê de huâ maõ feca , e moflra que 0 fabado com tal obra naõ
fica profanado. 6 os pharifeos e herodianos tomaõ confelho contra elle , das cujas
filadas fe efcapa, e fegue 0 , hui grande multidão de todas as bandas, entrequaes
muitosfara, lançando os demoniosfora, e defendendolhes, que 0 naõmanifeflajjem.
13 elegia dote apoflolos. 16 faX a conta de feus nomens. 11 feus parentes ditem
que eflava fora de fi. zz os eferibas blasfemaõ os milagres de Cbriflo , dizendo>
que os fatia pelo beelfebul , os quaes com diverfas parabolas redagui. ig declara
que a blasfémia contra 0 efpirito fantopera fempre naõ tem perdoa. 31 moflra quem
fejaõfeus verdadeiros parentes.

1 T? outra vez entrou cm a íynagoga: e avia ali hum homem


•L' que tinha huá maõ íeca.
2. E cftiívaõ atentando para elle, fe em íàbado o íàrrariá, pera o
acufárem.
3 Entonçes diflè a o homem que tinha a maõ íeca; Icváhtate
n’o mejo.
4 E diílèlhes: he liçito fazer bem em fabados, ou fàzcr mal? fal-
vár huá peflòa, ou matala? mas elles calívaó.
5 E olhando pera elles em de redo'r com indignaçaõ, condolc-
çcndofe juntamente,d’a dureza de fcu coraçaó, diflè ao homem:
efttdnde tua maó ; c elle a eítendeo : c íua maõ foi reftituida faá
como a outra.
<5 Entonçes, âindofe os pharifeos, tomáraõ confelho com os
herodianos contra elle, pera o matáré.
7 Mas Jeíús fe {retirou peia o màr com feus diícipulQS. E íèguio ó
grande mukidaõde Galilea, edejudea. ’ J
8 E dc Hicruíàlcm, e. de Iduinea,» c Q da J outra bfnda do ior-
daõ j e grande multidaó d’os que moràvaõ d’oredór de Tyro c dc
Sidon, ouvindo quam giandcs couíãs fiizia, vieraó a ellc. 7
í> E
SEGUNDO S.MARCOS. Cap.III. 7k
9 E dillè a ícus diíçipulos que o barquinho lhe cftiveflc ícmpre
aparelhado, por caufa d’a companha; porque naõ o oprimiflem.
to Por que tinha íãralio a muitos, dc tal maneira quç.pdos quan*
tos tinhaó mál [algum J cahiaó íòbre elle polo tocar.
ir E os eípiritos.immundos, em o vendo, fc poftrávaõ diante
dellc, e davaõ gritos, dizendo, tu cs o filho dc Deus.
12 Mas elle defendialhcs riguroíamente, que o naõ manifcE
táflèm.
13 E fubio a o monte, c chamou a fi, a os que elle quis, c vie-
raõ a elle.
iy E ordenou a os doze, pera que cftivcílèm com elle, c pera os
mandar a pregar.
115 E que tivdlcin poder pera íardr enfermidades, c pera lançar
fora demonios.
16 F, a o Simaõ, pos por [fobre~] nome, pedro.
17 E a Jacobo [filbo J de zebedeo; c a Joaó irmaó de Jacobo, c
pos lhes por nome Boanergcs, que he, filhos do trováõ.
18 EaAndre, eaPlulippc, c a Bartholomco, ea Matheos, e
a Thomas, e a Jacobo [filho j de Alpheo, c a Thadco, c a Simaõ
o Cananeo.
19 E ajudas Iícariota, o que o entregou.
20 E vicraõ pera cáfa, c outra vez íc ajuntou a companha, dc
tal maneira que nem ainda podiaõ comei' paõ.
21 E como ifto ouvíraõ os feus, vidraõ pera o prenderem; por­
que diziaó : eftá fora de fi.
22 E os cícribas que tinhaó vindo dc Hicrufalcm, diziáõ que tin­
ha a beclzebul, c que pelo prinçipc d’os demonios lançava fofa a os
demonios.
2 j E chamando ós, diflelhes por parabolas : como pode íâtanás
lançar fóra a íàtanas ?
24 E íè algum reyno contra fi mcímo cftiver diviíò, naõ pode o
tal reyno pcrmaneçcr.
25 E íc alguã cáfa cftiver diviíã contra fi mefma, naõ pode per­
manecer a tal caía.
2 <5 E fe íâtanás fc levantar contra fi mefmo, c cftiver divifo, naõ
pode pcrmaneçcr, más a tem ícu fim. a Qu
27 Ninguém pode roubar o fáto d’o valente, entrando cm fu-xbxf,. ‘ Ca
cálâ, fc antes naó prcnddr a d valente: c entonçcs roubará íua
cáíã.
K 28 Em
74 OS. EUANGELHO
28 Em verdade vos digo, que todos os pcccados ícráó perdoados
a os filhos d’os homens, c todas c quacfqucr blasfémias com que
blasfcmárem.
29 Porem qualquer que blasfcmár contra o Eípirito íànéto, pera
íempre naõ tem perddõ; mas eftá obrigado a o eterno juizo.
30 Porque diziaó : tem Eípirito immundo.
31 Vicraó pois ícus irmaós c íua maé, e eftando de fora, man-
dáraó o chamdr.
. 3 2 E a companha cftdva aflcntáHa a o redor d’elle, e difleraó lhe;
veíaqui tua mae , c teus irmaós te búícaó lá fora.
3 3 E clle lhes reípondco , dizendo , quem he minha maé , c
meus irmaós?
• 34 E olhando d^reddi^pcra os que a o redor delle cftávaó aflen-
tados, diílè: vedes aqui minha maé, e meus irmaós.
35 Porque qualquer que fizer a vontade de Deus, éftc he meu
irmaõ, e minha irmãa, e minha maé.

Capituio IV.
1 Chri/lo cem diverfas parabolas declara 0 eflado do reino dos teos, primeiramente com
a do femeador , cuja femente cabio em diverfos lugares. 10 da rafaõ porque por
parabolas fala. 14. e explica a feus difcipulos as preditas parabolas. 11 defpois
com a da candea, que fe pos fobre 0 candieiro. 24 da medida. 26 da femente
que de pouco em pouco madurece. 30 do graõ da mo/larda. pajja com feus di­
fcipulos 0 mar , dormindo no barco,,0 dejpertaraõ, e aplaca 0 tormento.

1 T? começou outra vez a enfinar junto a o már, ajuntouíe a elle


gi ande companha 3 cm tanta maneira que entrando em hum
barco, íc aflcntou.no már, e toda a companha eítáva em terra jun­
to a o már.
2 E enfinava lhes por parabolas muitas couíãs; e dizialhes em ÍÍ14
doótrina:
3 Oúvi p vedes aqui o Íèmeador íàhio a Íèmear.
4 E acontcçeo que íèmcando elle , cahio huá {jwte] junto a <p ‘
caminho, e vidraó os pa'flàros d’o çeo, e tragaraõ af.
5 E outra [j>arte~\ cahio cm pcdregacs, onde naó tinha muita
terra; clogoíahio, porque naõ tinha, aterra profunda.
6 Mas íaindo o íòl, qucimouíè; c porque naó tinha raiz, íc-
couíè.
. OU, cre- 7 E outra [parte] cahio entre cfpinhos, c »íòbiraó os eípinhos
mm. c afogáraó a", e naõ deu. fruiro.
8 E
SEGUNDO S.MARCOS. Cap.IV. 7J
8 E outra [parte ] cahio cm boa terra, c deu fruito que íõbio,
e creçco: c levou hum até trinta, c outro até feílcnta, c outro
até çento. ,
9 Entonçes diflelhes: quem tem ouvidos pera ouvir ouça.
10 E quando cftcvc ÍÕ, perguntaraó lhe os que [eftávaõ] com
elle, juntamente com os doze, açCrca da parabola.
11 E diflelhes: a vos outros vos hc dádo faber os myfterios d’o
reyno de Deus: mas a os que cftáó de fora,-por parabolas todasêftas
coufas acontcçem.
iz Peraquc vendo, véjaõ, e nao atentem ; e ouvindo, óuçaó,
e naõ entendaó; porque naó fe convcitaó, c lhes fejaó perdoados
os pcccados.
13 E diflelhes : naó fabeis efta parabola ? como pois entendereis
todas as parabolas?
14 O femeador, he o que fcmea a palavra.
15 E eftes faó os que fe.femcaó junto a o caminho; em os que a
palavra fc fcmea, mas avendo a ouvido, vem logo íâtanás, e tira a
' palavra que foi fcmeada cm ícus coraçoens.
í6 E afli meímo, eftes íãó os que 1c femeaõ entre pedras; oS que
avendo ouvido a palavra, logo a tomaó com gozo.
17 Mas naó tem em fi raiz: antes íàõ temporacs; que cm fe le­
vantando a tribulaçaó, ou a pcrfcguiçaó por cauíà da palavra, logo
fe cfeandalizáó. b
18 E eftes faõ os que fc femeaó entre eípinhos; [convém a faber]
os que ouvem a palavra;
19 Mas b os cuidados de'fte mundo, e o engano das riquezas, eb Ou , m
as cobiças que ha nas outras coufas, entrando, affogaõ a palavra,
fica fem fruito.
20 E eftes íãó os que foraó fcmeados cm boa terra, os que ou­
vem a palavra, carcçcbcm, e daõ fruito, hum até trinta, outro
até feílcnta, outro até çento.
21 Diflelhes também : vem a candea, pera fe pór debaixo do al­
queire? ou dc baixo da cama? naõ vem antes pera fe pór íõbrc o
candiciro ?
2 2 Porque nao ha nada cncubcrto, que naõ ája de vir a fer
manifcfto ; nem taó cm fegredo, que naó ája dc vir a fer dcfcu-
berto.
23 Sc alguém tem ouvidos pera ouvir, ouça.
24 Diflelhes também : olhac o que ouvis>: com a medida que
K z medi-
^6 O S. EUA N G E L II O
medirdes, vos mediraó outros, e fcr vos ha acreçcntado a voíòutros
os que ouvis.
2$ Porque ao que tem, ferlhe ha dado; c ao que naó tem,
ate o que tem lhe íerá tirado.
Dizia mais: afli he o rcyno de Deus, como fe o homem lan-
çafle femente n’a terra.
27 E dormiflè, c íc levantaflè de noite e de dia, c a íèmente
brotaílè, ccrcçeílc, naõ íãbcndo elle como.
28 Porque deli mcfma fruétifica a terra, primeiro érva, logo
cípiga, logo graó chcjo 11’a cípiga.
29 E iendoja o fruito produzido, logo fe mete a fouçe , porque
chegada hc a íega.
30 Dizia mais: a que faremos femelhante o reyno de Deus?
ou com que parabola o compararemos?
3'1 Com o gram da molhírda : que quando íè íèmca cm terra,
hc o mais pequeno dc todas as fomentes que n’a terra.
3 2 Mas fendo ja femeado , íobe , e fazfe a major dc todas as.
hortaliças: e cria grandes rámas, de talmaneira que os páflàrosd’o
Çco poflàõ fazer ninhos debaixo dc íua íombra.
33 E com outros muitas tacs parabolas lhes filiava a palavra,
conforme a o que podiaõ ouvir.
134 E fem porabola naõ lhes fallava ; mas a íèus difçipulos decla­
rava tudo cm particular.
3$ E diílèlhes aquclle dia, quando ja foi tarde: paliemos á ou­
tra bánda.
3 d E deixando a companha, tomiúaó o como cítóva no barco,
e avia tambem có ellc outros barquezinhos.
37 E levantoufe huá grande tempeftade de vento, c lançava as
ondas n’o barco, dc talmaneira que ja íè hia enchendo.
cOu, ca- 38 E clle eílava n’a popa dormindo fobre huá c almofada; c det
W- pertáraõ ó, c difl&aõ lhe: meftre, naõ tens cuidado que nos per­
demos?.
• 39 E levantandofe ellc, reprendeo ao vento, c diflè a o már:
Cdlate, cmmudcçc. E çcflòu o vento, e fczfc grande bonança. .
40 E a elles lhes difle : porque fois tam temcroíòs? como, naõ
tendes fé?
41 "E teméraó com grande temor ; c diziaó huns a os outros:
quem hc cfte ? que ate o vento e o mar lhe obcdcçem ?

C A-
SEGUNDO S.MARCOS Cap. V. 77
Capitulo V.
i Chrifto lança fora de hum homem hui legiaõ de demonios. il e permettlbes entrar
nos porcos. 13 os todos f ajfogaõ no mar. 14 os paflores daõ aífo a os Gada-
renos. >7 que rogaõ Ibe q-te fe foffe de feu termos. 18 0 que fte \ mandando a
0 que fora atormentado, que ficajje ali, e contaffc efte grande henefçio. jr Chrifto
anda comfairo , pera farar fua filba. 24. e livra no caminho bui mulher de hum'
fluxo do fatigue. 3 <5 refnfcita afilha de fairo.

i T? vicraó á outra bánda do már, á provinçia d’os Gadarcnos.


2 E íãindo elle do bárco, logo lhe fahio a o encontro hum
homem das fepulturas com hum eípirito immundo,
3 Que tinha [fua J manida n’as fepulturas, e nem ainda com ca-
deas o podia alguém ter prdfo.
4 Porque muitas vezes fora prefo com grilhoens e cadcas; mas
as cadcas foraó por elle feitas cm pedaços, c os grilhoens- em migál-
has, e ninguém o podia amanfár.
$ E íempre de dia e dc noite andáva dando gritos r?os montes, c
nas fepulturas, e ferindofe com pedras.
6 E como vio a Jefus de lóngc, correo c adorou d.
7 E brandando com grande voz, diífe: que tens comigo Jeíus,
filho do Deus altiflimo? cfconjurotc por Deus que naõ me ator­
mentes.
8 (Porque lhe dizia: lâe d’cfte homem, eípirito immundo.)
9 E perguntoulhe: como te chámas? e reípondendo, dizendo,
legiaó me cnámo: porque fomos muitos.
10 E rogávalhe muito que o naó lançaífe fora d’aquella pro­
vinçia.
11 E eftava ali perto dos montos hua grande manada dc porcos
. paíçcndo.
12 E rogáraó lhe todos aquelles demonios, dizendo, mandános
a os porcos, pera que nellcs entremos.
13 E permitiolho logoJefus. E íãindo aquelles cfpiritos immundos,
entráraó n’os porcos: c a manada' fe lançou d’alto abaixo n’o már ?
(c cfaó como dous mil) e affogáraõ fe no már.
14 E os que apafçentávaõ os porcos fogiraó e deraó avifo rfa ci-
dádc, e n’os campos j e fairaó a ver que cia aquillo que tinha a
conteçido.
15 E viciaõ a. Jefus, c viraÕ a o que fóra atormentado do demo-,
nio, aífentado, e vcftidoj c em feu Íiíò, a o que tivera a Ic.tí-jõ: e
ouvéraõ medo.
K íE
7S OS. EUANGELHO
16 E contáraõ lhes os que aquillo tinhaó vifto , o que acontcçé-
ra ao que tivera o. demomo, c açcrca dos porcos.
17 E comcçáraó a rogarlhe, que fc foífe dc íèus termos.
18 E entrando elle no barco, rogavalhe 0 que fora atormentado
do Demonio, que o dcixaflè eftar com clle.
19 Mas Jeíús naó lho permitio, fenaó diflèlhe : vaéte a tua cá-
fa, c a os teus, e contalhes quam grandes coufas o fenhor com tigo
uíou, e [como] de ty miícricordia teve.
20 E foi fc, e começou a pregar cm Dccapolis, quam grandes
toufas Jefus com ellc ufara : c todos fc maravilhavaõ.
21 E paflândo Jefus outra vez em hum barco pera a outra ban­
da, ajuntoufe a elle grande companha; c citava junto a o mar.
22 E vejo hum dos prinçipes d’a fynagoga, chamado Jairo; e
como o vio, poftrouíc a íèus pees:
23 Erogívalhe muito, dizendo, minha filha eftá á morte, vem
c podm as maos íòbrc cila, pera que fãrc, c vivira'.
, 24 E foi com ellc ; c íèguia o grande companha; e aper-
távaó ó.
2 5 E hua mulher que cftava com fluxo de íàngue, doze an-
nos ayia,
26 E avia padcçido muito de muitos meÚicos, e gaftádo tudo
quanto tinha, e nada lhe aproveitara, antes lhe hia pcjór:
27 como ouvio fallar de Jeíús, vejo entre a companha
por detrás, c tocou íèu vcftido.
28 Porque dizia: fc taó fomente tocar íèu vcftido, íàrareif
29 E logo a fonte dc feu fanguc fc fccou; e fentio n’o corpo que
ja cftava íàá d’aquclle açoute.
30 E conhcçendo Jefus logo em fi mcfmo a virtude que delle íãi-
ra, virahdoíc pera a companha, difle: quem tocou ena meus ve-
ftidos?
31 E difleraó lhe feus diíçipulos: ves que a companha te apóta,
c dizes: quem me tocou ?
3 - E clle olhava a o redor por ver a que ifto fizera.
Eqtonçes a mulher temendo, c tremendo, íabendo o que em
fi fora feito, vejo, c poftrouíc diante delle, c diflèlhe toda a ver­
dade.
34 E clle lhe diflè: filha, tua fé te ídlvou, vac^c em paz, e íâ-
ra de teu açoute.
3) Eftanuo elle ainda fallando , viei-ao Q alguns J dó prinçipc da
‘ íyna-
SEGUNDO S.MARCOS. Cap. VI.
fynagoga, dizendo, tua íilha hc morta; peraque caníãs mais a o
mcftrer
36. Mas Jeíus logo cm ouvindo efta razaõ que fc di; 'a, diflê a o
prinçipc dá fynagoga : naõ temas , cré fomente.
37 E naõ pcrmitio que alguém viéflè após elle, fenaó Pedro, e
• Jacobo, ejoaõ, o irmaó de Jacobo.
38 E vejo á cáíà d’o prinçipc d’a fynagoga, c vio o alvoróço, c
os que eftávaõ chorando c fazendo grande pránto.
39 E entrando, diflelhes: porque vos alvoroçaes, e eftacs cho­
rando? a mo'ça naõ hc moita, mas ddrme.
40 E faziaõ zombaria d’clle, mas elle avendo os lançado a todos
fdra, tomou configo a o pae, e á maé da moça, e a os que £ ejlf-
cõ elle; c entrou a onde a moça cftáva deitada.
41 E tomando a maó da moça, diflèlhc : thalita cumi; que,
declarado, hc. Moça, a ty te digo, levdntatc.
41 E logo a moça fe levantou; e andáva, porque ja éra de doze z
annos: e eípantáraõ fe com grande eípanto.
43 Mas elle lhes mandou muito, que ninguém o foubéflc; c
difle que dcílcm de comer a moça.

COtTUloVf.
1 Chrifto enfnando ria fua patria, foi íefprtfado. 7 envia apregar e ftger milagres
a feus difçipulos. 14 divetfos fentimentos de Chrifto, afli dos Judeos como de He­
rodes, que 0 tinha por Joao l/autifta. 17 de quem por efta occaftaõ fe conta de co­
mo foi prefo, degolado e fepteltado. 30 « Jpoftolos tornaõ fe a Chrifto, efoifecom
elles a bum lugar deferto. 33 aonde huã grande multidão de cinco mil homems
farta com cinco paens-, e dous peixes. 47 fax. embarcar feito difçipulos , e ora en­
tre tanto no monte. 48 vi a elles a noite andando fobre mar, e aplaca a vento-
í"4 chegando a terra, fara qualquer enfermidades.

1 E d’ali, e vejo á fua pátria, e íêguiraõ o feus difçipulos.


. 2 E chegado o Íiíbado , começou a enfinar n’a fynagoga; c
muitos, ouvindo d, eftávaõ atónitos, dizendo, ddnde lhe [vem] a
cfte e'ftas coufas ? c que íãbedoriã he éfta que lhe he dítda ? e tacs
maravilhas que per íuas maós faõ feitas?
3 Naó he éfte o carpinteiro, filho de Maria, irmaó de Jacobo,
e dc Jofes e dc Judas, c de Simaó ? nao eftáo aciui também, com—
nofco ta innaâs? e efandaliaWó & rfelle. H
4 Mas Jefus lhes dizia : naó ha propheta fem honra, fenaó em a Ou,
fuaa terra, e entre [pw] parentes, e cm fu? cáfa. tri*-
. 5 É
8O OS. EU A NG E,L HO’
5 E naõ podia ali fazer nenhuá maravilha ; fomente fárou lmms
poucos dc enfermos, pondo fobre ellcs as maós. z
6 E cíhí maravilhado dc íua incredulidade. E rodeava as aldeas
d’orcddr, eníinarído.
7 E chamou a os doze, c começou os a enviar dc dous cm dous:
c deulhes podc'r contra, os cípiritos iminundos.
8 E mandoulhes que naó lcvifflcm n/dapera o caminho. Senaõ fo­
mente hum bordão; nem alforges, nem paó, nem dinheiro na çinta.
9 Mas que calçáílèm alparcas; e naõ íc vertiflem de dous ve­

io E dizialhes: cm qualquer c-Xía que entrardes , pouíàc ali*, ate


que íãjacs d’ali.
11 E todos aqucllcs que vos nao rcçcbere , nem vos ouvirem;
faindo d’ali, íacudifo pó que eíliver debaixo dc voífos pees cm tcílc-
munho contra elles. Em verdade vos digo , que mais tolcravclmen-
tc feraõ os dc Sodoma c os de Gomorra tratados n’o dia d’o juizo,
do que aquella çidade.
ia Eíaindo elles, pregavaõ, que fe emmcndaílem.
13 E lançíívaé fora muitos demonios, c ungiáõ com azeite a mui­
tos enfermos, eíardvaõ.
14 E ouvio o cl rey Herodes (porque ja feu nome era notono)
e diílc : Joaõ, o que bautizáfva, refurgio dos mortos; e portanto
ditas virtudes óbraõ n’cllc.
1$ Outros diziaó: Elias he; e outros diziaó : propheta he, OU
como álgum d’os prophetas.
16 E ouvindo Herodes £»/?<>] difle : dite hc Joaõ , o que cu de­
golei : rcfufçitado hc dos mortos.
17 Porque o meímo Herodes avia mandado prenddr a Joaõ; e o
tinha preTo na prifaõ, por caufa de Herodias, mulher dc Phelippc
íèu irmaõ: porque a tomara por mulher.^
18. Porque Joaó dizia a Herodes: nao te he liçito ter â mulher
dc teu irmaõ. f
19 Mas Herodias o eípiava, e defejava matalo, c naõ podia.
20 Porque Herodes temia a Joaõ, íàbendo que dra varao juíto,
bOu, foncto; e o b cílimava, e ouvindo d, fazia muitos coufas, c ouvia
Iberejpeito. o de boamente.
21 E vindo hum dia oportuno, em que Herodes, n’a fcfta de
fou naçimcnto, fazia çeaaíèus prinçipes c tribunos, c a os prinçi-
pacs dc Galilea:
22 E
SEGUNDO S. MARCOS. Cap. VI. 81
22 E entrando a filha dc Herodias, e dançando, e agradando a
Herodes, e a os que eflavaõ cõ ellc á mefa ; cl rey diílè á moça:
Peclemc o que quilcrcs; que cu t’o darei.
2 j Ejuroulhe; tudo o que me pedires te darei, até a metade dc
meu Reyno , , .
24 E íàindo cila, diílè a íúa maé: que pedirei? cclla difle; a ca­
beça de Joaõ Baptifta.
2 5 Entonçes ella entrou aprefladamente a el rey, e pedio, dizen­
do, quero que agora logo me dá cm hum prXto a cabeça de Joaó
baptilta.
26 E el rey fc cntriftcçco muito : mas por cauía do juramento,
c dos que cítívaõ com elle á mcíà, naó lho quis negai-.
27 E logo el rey enviando o algoz, mandou que trouxéflcm fua
cabeça. O qual foi, e o degolou n’a priíaó.
28 E trouxe íúa cabeça cm hum prato, e deu aá moça; c a
moça a deu a íúa maé.
29 E ouvindo feus difçipulos, viejaó, c tomáraó fcu corpo
morto e puíeraõ d em hum fepulcro.
30 E os Apoftolos tormíraõ (juntamente) a Jefus, c contaxaó lhe
tudo o que tinhaõ feito, e o que tinhaõ enfinado.
31 E clle lhes diflè : vinde vos outros aqui á pdrtc a o lugar dc-
férto, e repouíàe hum pouco: porque aviaõ muitos que hiaó c
que vinhaõ, que nem tinhaõ4 lugar de comer. * aOu,«#«r-
32 E foraóíè em hum barco a o lugar deférto á párte. tumfadt.
3 3 E víraó os ir as companhas, e muitos conheçéraõ d ; e con­
correrão lá muitos a pc das todas çidades, e vidraó antes que ellcs, c
ajuntáraõ fe a clle.
34 E íàindo Jefus, vio huá grande cbmpanha, c teve intima mi-
ícricordia d’clles; porque Craõ como ovelhas ícm paftdr; c comc-
çoulhes a enfinar muitas couíàs.
3 5 E como ja o dia foflè mui entrado, feus diíçipulos chegáraõ a
elle, dizendo , o lugar hc defeito , c o dia hc ja muito entrado:
3 6 Deixa os ir a os lugares c aldeas d’orcdo'r , c comprem pera
fi paó : porque naõ tem que comer. 1
37 D rcípondcndo clle, diflelhes: daelhes vos outros dc comer. E
elles lhe difldraó : que vamos e compremos duzentos dinheiros de
paõ c lhes ddmos de comér ?
38 E ellc lhes diflè: quantos paens tendes? ide c vede [7] E
■' ^ellcs íabendo o', difleraó: cinco, edousneixcs.
L E
O S. E U A N G E L H O
39 E mandou lhes que fizeílèm aílcntár a todos por meíâs Cobre
a erva vdrde.
40 E aífatílrao fe repartidos por melas dc çento, e de çincoênta
a çincocnta.
41 E tomando elle os çinco paens e os dous peixes , e levantando
os olhos a o çeo, benzeo c partio os paes, e deu os a feus difçipulos,
que lhos aprcíèntáflèm : e os dous peixes repartio a todos.,
42 E coméraó todos, e fartáraó íè.
43 E levantáraó dos pedaços, e dos peixes, doze çeftos chejos.
44 E draô os que coméraó, çinco mil homens.
45 E logo deu preflà a feus diíçipulos a íòbir n’o barco, e ir dian-'
te d’cllc á Bethania á outra banda, entre tanto que elle deípedia o
companha. ,
46 E des que os teve dcípedidos, foiíè a o monte a orar.
47 E como ja foi tdrde, eftáva o barco no mejo do már; c elle
ío cm terra:
48 E vio os que Ce canfdvaõ navegando, porque o vento lhes éra
contrario : e perto da quarta vela da noite vejo a elles andando ío-
bre o már , e queria paflàr por elles [de
49 E.vendo o elles andár íòbre o már, cuidaraó que éra fantáC
ma, e ddraó gritos.
50 Porque todos o viáõ; e turbáraõ íè. Mas logo fallou com elles,
c diflelhes : eftae feguros, eu Íou, naó ajaes mcao.
51 E Íobio a clles no barco , c o vento rcpouíòu: c em grande
maneira eftávaõ atonitos c íc maravilhávaõ:
52 Que ainda naõ tinhaó entendido [a maravilha^ d’os paens:
porque íèus coraçochs eftávaõ endureçidos.
5 3 E quando ja foraó da outra banda, viéraõ a terra de Gcncza-
reth, c tomáraó ali porto.
54 E Caindo elles d’o barco, logo o conheçcraõ.
$$ E correndo toda ateira d’orcdor, começdraõ a trazer de to­
das as paitcs os enfermos cm cámas, aonde quer que ouviaó que
eftáva.
5 6 E aonde quer que entrava, cm aldeas, ou çidades, ou luga­
res, punhaõ n’os mercados a os enfermos , c rogávaõ lhe que fó to-
cáílèm a.bórda de feu vcftído; c todos os que o tocávaõ, íardvaó.

C A-
SEGUNDO S. MARCOS. Cap. VIL

Capitulo VII.
t Os plarifeos e efcribat reprendem a es difcipulos de Cbriflo que comiaõ com maós por lo-
vor. 6 os quaes Cbriflo defende , reprendendo a bqpocrijia dos pha 'eos , e Jeu ex­
terno lavar. 9 engeita as tradiçoens humanas, principalmente na exphcaçaÕ do quinto
mandamento. 14 enjina que coteja propriamente contamina os homens, e que naõ.
24 a hum demonio lança fora da filha de buã mulher fjroflhenifa. 31 Jara hum
furdo e tardamudo , e por ijfo foi mui louvado.

i 17 ajuntáraõ fe a elle os pharifeos, e alguns dos cícribas que


tinhaõ vindo dc Hieruíalem.
2 Vendo a alguns de feus diíçipulos que comiaõ pam com maos
mpuras, convém a íàber por lavár, reprendiaõ [á/. J
$ Porque os phariíèos , e todos os Judcos, guardando a tradiçaõ
d’os antigos, fe muitas vezes íe naõ lavaõ as maós, naõ comem.
4 E tornando da príça, fe naõ íè lavárem , naõ co'mcm : e ou­
tras muitas couíàs ha que tomaraõ pera guardar; como o lavár d’os
váíòs de bcoèr, c dos jarros, c dos vaíõs dc metífl, c d’as cimas.
J E perguntáraó lhe os phariícos , c os eferibas :] porque <cus di­
íçipulos nao ándaõ conforme á tradiçaõ d’os antigos? mas comem
paó com as maós por lavár ?
6 E rcfpondcndo elle, diflclhes: Hypocritas, bem profetizou
de vos outros Efayas, como eftá eferito: eftc povo com os beiços
me hónra; mas feu coraçaó longe eftá de my. ’
7 Porem cm vaõ me hónraõ, enfinando [por] doutrinas, manda,
mentos de homens.
8 Porque deixando o mandamento de Deus, tendes a tradiçaõ
dos homens: [a faber] o lavar dos jarros, cd’ós váfos de beber’, c
fazeis muitas coufas femelhantes a eftas.
9 Dizialhes tanbem : bem invalidacs o mandamento de Deus,
pera guardar voflã tradiçaõ.
10 Porque Moyfes diífe : honra a teu pac, ca tua maé; c quem
maldiflcr a o pae, ou á maé, moira de morte.
• 11 E vos outros dizeis: íc hum homem diílcr a o pae ou á
maé: hc corban, quer dizer,"huá oíferta, tudo o que dc my
Aproveitar [efte fatisfaz.] A
11 E naõ lhe deixacs mais fazer por fcu pac, ou por íua maé.
Invalidando { ajfi] a palavra dc Deus por voflã tradiçaõ, que
vos mefmos ordenaftes; e muitas coufas fazeis femelhantes a éftas,
x4 E chamando a fi toda a companha, diilelli.es; ouvi me todos,
e entendei;
L. z 15 Naõ
84 OS. EUANGELHO
15 Naó lia fora do homem náda que nclle entre, que o póflá
contaminar; mas o que dclle fae, iflò he o que a o homem con­
tamina.
16 Se alguém tem ouvidos pera ouvir, ouça.
17 E entrandofe d’a companha em ca'lã, perguntaraõlhe ícus di­
íçipulos á çerca da parabola.
18 E elle lhes diflê : afli também vos outros eftacs íêm entendi­
mento ? naó entendeis que tudo o que dc fora entra no homem ,
naõ o pode contaminar ?
19 Porque naõ entra em feu coraçkõ, fenaó n’o ventre, e íãc á
fecreta, purgando todas as comidas.
20 Mas dizia, que o que do homem fae, iflò contamina a o
homem.
21 Porque dc dentro dos coraçocns dos homens íàcm os maos
pcníãmcntos, os adultérios, as fornicaçoens, os homkidios,
a Ou, luxtt- 22 Os furtos, as avarezas, as maldades , o engano, os»deíà-
nM. vergoilhamentos, o maó olho, as injurias, aíòbéfba, a louquiçe.
2 3 Todas cftas maldades de dentro íãem , e contaminaõ a o
homem.
24 E levantandoíê d’ali, foiíê a os termos de Tyro c dc Sidon; e
entrando em cíflã, naó quis que ninguém o foubdflc; mas naó fe
pode efconddr.
2 5 Porque huã mulher, cujá.filha tinha hum eípirito immundo,
logo cm ouvindo d’clle, vejo, lançouíe a fcos pees.
26 E a mulher era Gréga, íyrophcniíã de naçaó; e rogavalhe
que lançaflc fora de lua filha a o demonio.
27 Mas Jefus lhe diflê : deixa primeiro fartar-a os filhos; porque
naó he bem tomar o paó dos filhos, e lançalo a os caçhorrinhos.
28 Porem cila reípondco, c diflelhe : afli he fenhor : mas tam­
bém os cachorrinhos comem , debaixo da mdíà , das migalhas dos
.filhos. b
29 Entonçcs lhe diflê elle : por efta palavra, vae, ja o demonio
fahio de tua filha.
_3° & v’n^° a crffa, achou , que ja o demonio era íãido , c a
filha deitada íõbrc a cama.
31 E t“’na^° a ííur dos termos de Tyro e de Sidon , vejo a
o mar dc Galilca,. por mejo dos termos dc Dccapolis.
3 - E troux/raõ lhe hum furdo c tartamudo, c rogííraó lhe que
lhe puíefle a maó cm viína.
33 E
SEGUNDO S.MARCOS. Cap.VIIL 8?
3 3 E tomando d da companha, a parte, mcteo lhe os dedos n’os
ouvidos, ecoípindo, tocoulhe na lingoa.
34 E levantando os olhos a o çco , gemeo, c diflê: íEphata, que
quer dizer, abretc. ,
i < E logo feus ouvidos fc abriraõ , e a atadura d’a lincoa fe lhe
deíatdu, e fallava bem.
3 <í E mandoulhes que naõ o difleflem a ninguém ; mas quanto
mais elle lh’o mandava, tifnto mais o divulgavao clles.
3 7 E íòbre maneira fc maravilhavaó , dizendo , tudo fez bem ;
pois a os íurdos faz ouvir, e a os mudos fàllar.

Capitulo VIII.
1 Cbrijle com fete paens e poucospeixezinbos da de comer aquatremilbomems. it
a ospbar.feos bum final do ceo. avifa feM difçipulos quefeguardemdofirmefto
o>p arifeos,eie jerodes, davijla a bumeego. 17 diverfosfentimeutosdofjtideos
a cerca deChrqtfo, e a confeffaõ de Pedro , que elle era 0 Chriffo. 31 propbetiza
Jua paixao, morte, e refurreifaÕ. 31 reprende a Pedro que naõ queria que padeceffe.
34 exhorta a todos , que qtterem vir a pos d’elle, que tomaffem fua crux fibre fi'
que eiegaffem a ft mefmos , e naõ cem medo fe cmvergunbaffem d'elle e de fua
doutrina. ■>*

1 JQ’ aquelles dias , avendo grande companha , c naõ tendo aue


comer, chamou Jefus a lèus diíçipulos, e diflelhes.
1 Eu tenho intima mifcricordia da companha, porque ia ha tiw
dias que eftao comigo, e naõ tem que comer. J &
hn- 0S jeJuni Pcra fuas ofrasdcfmajáraõ n’o camin-
ho, poiquc alguns dclles tem vindo de longe. J 1n
a X? JCUS dlíi‘PuI?s lhe refpondcraõ : donde poderá alguém fartar
a eftes dc pam, aqui n’o defdrto ? b
1 p Pei'guntoulhes; quantos paens tendes? c clles diflcfaÕ: fete.
mandou a companha que íè aflentáflem no cham F
fc” S; “,fae ea , partio os , c deu „
panha.^ os’ tlue I!10i aprelêntZHêm , e aprelèntaraó os á com-

7 Tinhaó também huns poucos de peixezinhos • r „„„ i i ,


graças , diífe c|ue também lhos aprefentaflêm ’ ’ avendo
, ° E commcraõ, e fartáraõ fe; c levantánA zP™ j
bejáraõ, fete çe'ftos. ’ VanUlao’ d os pedaços que fo-

cdcfpedioos.
tes dc “ ° tec0 com fcus diíçipulos, vejo a as par.

L 3
ix E
«í OS. EUANGELHO
11 Vicraó os pharifeos, c comcçdraó a dilputarcom elle , pedín-
dolhc final dc çco, atentando ó.
12 E gemendo elle profundamente cm ícu eípirito, diílè: porque
pede final dita geraçaõ r cm verdade vos digo que final fenaó dará a
cila geraçaõ.
13 E deixando os, tomou a entrar rio barco , e foife pera a ou­
tra bánda.
14 E ícus diíçipulos tinhaõ íè eíqueçido dc tomar paõ, c naõ tin-
haó íènaõ hum paõ comfigo no barco.
15 E mandoulhes, dizendo, olhae, guardaevos d’o formento d’os
pharifeos, c do formento de Herodes.
16 E contcndiaõ huns com os outros, dizendo, [he] porque naõ
temos pam.
17 E como Jcíús o entendeo, diílèlhes: que contendeis? que naó
tendes paõ? naõ confideraes, nem entendeis? ainda tendes voílò co-
raçaõ cndurcçido ?
18 Tendo olhos, naõ vedes; e tendo ouvidos, naõ ouvis.
13 E naõ vos lembraes ? quando parti os çinco paens entre ç^inco
mil, quantos çeftos chcjos de pedaços levantaftes ? e ellcs difleraó:
doze.
20 E quando partios íète entre quatro mil, quantos çeftos chejos
<le pedaços levantaftes? e elles difleraó: íète.
21 E clle lhes diífe: como, naõ entendeis logo ainda?
22 E vejo á Bethíãida, e trouxéraó lhe hum çego, e rogíraõ
lhe que o toedíle.
23 Entonçes tomando a o çego pela maõ, tirou o fora da aldea,
e coípindo lhe n’os olh’os, c pondo lhe as maós em çirna, pergun-
toulhe fe via algua coufa?
24 E elle olhando, diífe: vejo os homens; porque vejo que
andam como arvores.
25 E pos lhe logo outra vez as maós fobre os olhos, c fez lhe que
vifle, c ficou íàó, e vio de longe, c claramentc a todos.
26 E mandou o pera fua cdíã, dizendo, naõ entres n’a aldea,
nem n’a aldea o digas a ninguém.
27 E fahio Jefus c feus diíçipulos pelas aldeas de Ceíãrea dc Phe-
lippe; e n’o caminho perguntou a feusdiíçipulos, dizendolhes; quem
dizem os homens que eu íòu?
28 E elles refponddraõ: Joaõ baptifta; c outros Elias ; e outros
algum dos propheta*
25) En-
SEGUNDO S. MARCOS. Cap. IX. 87
29 Entonçes clle lhes diílè : e vos outros , quem dizeis que íòu
eu-? c reípondendo Pedro, diflèlhe: tu es o Chrifto.
30 E defendialhos rigurofamente que naó diíièí^m d’cllc a
ninguém. ' '
3 i E começou a enfinar lhes, que convinha que o filho do ho­
mem padecefle muito, c fofle reprovado d’os ançiaós, c d1os prin-
çipes dos íaçerdotes, ed’os eferibas 3 c que fofiè morto, e delpois
de tres dias refufçitaflè. F
_ J.? E ^vremente dizia efta palavra. Entonçes Pedro o tomou á
parte, e começou o a reprender.

j;n- ji r juuuuncnLc com íeus diíçipulos,


. „c1 r aSuem quifer vir após my, neguefe a fi mcfmo, e tó'
me fobre fi fua cruz, e figame. z
3 5 Porque quem quifcr falvar fua vida, perdelaha; e quem per­
der íúa vida por cauíà de my, c d’o Euangelho, eífe a falvará
36 Porque que aproveitaria a o homem fe grangeaílc todo o
mundo, c perdefle íúa alma? “
3 7 Ou que dará o homem por reíèáte de fua alma ?

Capitulo IX.

a E
OS. EUANGELHO
z Efeis días defpois, tomou Jefus a pedro, cajacobo, e a Joaõ,
elevou os a parte íoos a hum monte alto: c transfiguroufe diante
dVllcs
3 É fcus^cftidos fc tornáraó rcíplandeçcntes, muy brancos, co­
mo a neve, quaes lavandeiro os nao pode branquear na terra.
4 E aparcçeu lhes Elias com Moyíès,.quc fallíívaó com Jefus.
5 Entonçes reípondendo pedro, diífe a Jcíús: meftre, bom hc
que nos cftcjamos aqui, c façamos tres cabinas, huá pera ty, c pe­
ra Moyfcs outra, e outra pera Elias.
ó Porque naó labia o que dizia 9 que cftííva.o fora, dc fi.
- i? Ihpí nuvem nne os » cobrio com íúa íombra, c huá voz

8 E olhando logo a o redor, naó viraó mais a ninguém comfigo,


fenaó fó a Jcíús.
$> E depende elles d’o monte, mandoulhes que a ninguém diflcí-
fem o que tinhaõ vifto , fenaó quando o filho do homem ja dos
mortos refuíçitado folfe.
ío E elles retiveraó b o cáfo entre fi, difputando, que feria a-
quillo, rcfufçitiú- dos mortos?
11 E pcrguntdraó lhe, dizendo, que hc logo o que os eícribas
dizem, que he ncçcílàrio que Elias vcfiha primeiro?
12 E reípondendo elle, diílèlhes: em verdade que primeiro
c Ou , rt- Elias vira', c todas as couías c reformara', [_e aconteçcra^ como d’o
ftattraia. filho d’o homem eftá eícrito, que padcçerá muito, e lera aniqui-

13 Porem cu vos digo, que ja Elias hc vindo, e fizéraõ lhe tudo

14 E como vejo a os diíçipulos, vio grande companha a o redor


d’cllcs, c algums eferibas que diíputivaó com elles.
1 $ E logo toda a companha, vendo d, fc cípantou , c correndo
a elle íàudiíraó d.
16 E perguntou a os eferibas: que diíputacs com elles?
17 E rcípondcndo hum d’a companha, diflè; meftre trouxe te
meu filho, que tem hum eípirito mudo.
18 O qual aonde quer que o toma, o dcípcdaça,jíjrdcita eícumas
pola boca, e,morde os dentes , c fe vac íceando: c'àm a teus diíçi-
polos que o lançaílcm fdra, c naó puderaõ.
jp E reípondendo ellc , diflèlhe : ó geraçaõ infiel! ate .quando
cftaíci com voíco? ate quando vos hei dc lòfrer? trazeimo.
SEGUNDO S.MARCOS Cap. IX. 89
*° E trouxeraó Ihó; e como o vio, logo o eípirito o começou a-
^e^pcdaçai-, c caindo cm terra efpojávafe , deitando eícumas pela

ifto2?1 tcmpo haque*“"“5“


2 z E muitas vezes o lançou n’o fogo , e n’a agoa , pera o h ma- b Ou »«•.
dSke^^s^ POdCS a gUa C°ufa ’ airá* nos’ avendo ^na mifcricor-^- ’

zl pícfus Ihe dlíÇ: fe P0^ crer, a o que cretudo he poffivel.


io íLk 1O£° j Pae. , menino clamando com lagrimas, dtíTe: cre-
jo, lenhor, atuda minha incredulidade.
. E como Jeíus vio que a companha concorria, renrendeu *
do^Kdíe^e °’ -d'Zendolh<:,’ <4»™° mudo e íurdo, eu te mm-
< n C le’ e nao entres nelle mais.
2 Entonçes clamando, e deípedaçando o muito, fahio ; e ficou
L tnançeboj como morto, que muitos diziaó que eftáva morto.
2 7 Mas Jeíus tomando o pela maó , ergueo o', c elle fe levan-

18 E como entrou em cáfa, feus difçipulos lhe perguntáraó á nar


te: porque o nao pudemos nos lançar fora? F b 4
• p6ejcjmíelha: CÍleBcncro’coinnildlPodetiir,ftruócomon-

4^“o ’ e m5

mmtóSX^nava’ífçi?ulos’ c: 0dobo-
elle refufrirTi?110 Cm 1?aos dos homens , e matáloaó ; mas morto
rGWtaraao tcrçeirodia.
pregunu? CUCS naÔ entendiaõ dfta Palavra > c tinhaó medo de lhe

qu=

outros *u*5
, ? í Entonçes fentandofe elle , chamou a ™ 3’ j-n-«
fe* ft 0 primeir0’ “ 0 dcrradciro dc e'dXta

, *E tomando hum menino, pdlo n’o meio ,


0 com feus braços, diflelhes: ° no mejo delles, e abraçando
37 O que reçcbcr em meo nome a hum d’os tacs meninos, a
M my
OS. EUANGELHO
my me rcçcbe; e o que a my me rcçcbe, naó me recçbe a my,
ícnaó a o que me enviou.
38 E relrpndculhc Joaó, dizendo, meftre, temos vifto a hum,
que em teu nome lançáva fora os, demonios, o qual naõ nos legue;
c defendemos lho, porque nos naõ fcguc.
■> r> 17. lhe íldlè • nnn Ihn rlefenJoec • nnrnnn ninmwm 1-.^.

'40 Porque quem naó he contra nos, por nos hc.


-41 Porque qualquer que vos der hum jarro de agoa cm meo no­
me, porque fois [ãiffipiiloiJ dc Chrifto, cm verdade vos digo que
nana perdera' feu galardaõ.
41 E qualquer que cícandalizar a hum deftes pequeninos que
.^crcfn em my, melhor lhe fora que a o pcfcoço huá d mó dc atafona
lhe puícraó, c que no már fora lançado.
43 Mas fc tua maó te cícandalizar, corta á; melhor te he en­
trai- n’a vida alcyado, do que tendo duas maós, ir a o inferno, a o
fogo que nunca íè pode apagar.
44 Aonde ícu bicho naó morre, c íèu fogo nunca fe apaga.
45 E íè teu pé te cíèandalizar, corta d; melhor te he entrar na
vida mánco, do qud tendo dous pes, íèr lançado n’o inferno, n’o
fogo que nunca íè pode apagiír.
46 Aonde fcu bicho naó morre, e íèu fogo nunca fc apaga.
47 E íc teu olho te cícandalizar, tira d, melhor te he entrar no
reyno dc Deus com hum olho, do que tendo dous olhos, fcr lan­
çado no fogo d’o inferno.
48 Aonde feu bicho naõ morre, c íèu fogo nunca íè apaga.
49 Porque todo homem ferá íalgado com fogo, e todo íacrifiçio
íèra falgaclo com íal. ,
50 Bom he o íàl; mas fc.oíal fc cívacçéf, com que o adubareis
tende íal em vos mefmos, e tende pifz huns com os outros.
SEGUNDO S. MARCOS. Cap. X.

Cafitulo X.
• Cbriflo refpende a pregunta dos Pharifeos , ft he licito a 0 marido largar a ftsa mul­
her. Í3 quere que os meninos deixaÕ de vir a elle , e lhes benge. 17 refponde «
hum mancebo rico, que perguntava, qtte avia de fiXjer pera poffuir a vida eterna.
e enfina quam dificilmente os ricos entraõ no reino dos ceos. 18 promete a os
toddt íuat CAItCflt f)H)fC/tufd j'ello rleèvan _ 1 1

de petifaõ d'elles de afentar fe a fua mao direita e efquerda, e exherta os a paixaõ


e humildade. 46 da vifla a 0 cego Bartimeo.

1 J7 partindoíè clle d’ali, vejo a os termos de Judea por detrás d’o


Jordaõ; c tomoufe a companha ajuntar a clle, e tornou os a
enhnar, como de coftumc tinha.
2 fhegandofc a elle os Pharifeos, perguntáraô lhe, íè èra liçito
a o mando largar a [fnaj mulher? atentando d.
3 Mas reípondendo elle, diílèlhes: que vos mandou Moyícs?
4 E elles difleraó: Moyíès permitio clèrevcrlhc cárta de deíquite.
c largála.
5 E reípondendo Jeíús, diílèlhes: pola dureza dc voílõ coraçaó
Vos cícrevco elle eflè mandamento.
6 Porem defd’o prinçpio da criaçaõ , macho c femea os fez
Deus.
7 Por iílò, deixará o homem a feu pac e a fua mac, e aiuntar-
feha com íua mulher. J
8 E os dous feráó feitos huá carne : afli que ja nao faõ dous, fe-
nao huã camc.

_ ’1 & diflelhes : qualquer que largar a íúa mulher, c íè caiar


com outra, comdtc adultério contra ella,
dulmr-f fC a muihcr lar8^ a marido, c fe cafar com outro, a-

M z ií &
92 OS. EUANGELHO
i <S E tomando os n’os braços, e pondo as maós íòbre elles, os
benzco.
17 E fair^o elle a o caminho, correu a elle hum; e pondofe dc
juelhos diante delle, perguntoulhe : meftre bom, que farei pera
poíluir a vida eterna ?
18 E Jeíus lhe diflê: porque me chamas bom? ninguém ha bom
fenaó hum \_a faber'] Deus.
19 Os mandamentos fabes; naõ adulteres, naõ mates, naõ fur­
tes, naó digas falfo tcllimunho, naó defraudes a ninguém, honra a
teu pae, e a tua maé.
20 Elle entonçes reípondendo, diílelhe : meftre, tudo ifto guar­
dei deídc minha moçidade.
11 Entonçes Jeíus olhando pera elle, amou ó, c diílelhe: huã
coufa te falta; vae, vende tudo quanto tens, e da o a os pobres, e
teras hum theíòuro no çeo: e vdm, figueme, tomando a cruz.
12 Mas elle entrifteçido por efta palavra, foife pefarofo; porque
tinha muitas poflèílòens.
2; Entonçes Jeíus, olhando a o reddr, diífe a feus diíçipulos:
A Ou » Suam difliçilmente entraráõ os que tem a riquezas no reyno de
IsndM. >eus,
24 E os diíçipulos fe efpantíraó de íuas palavras; mas rcípon-
dendo Jeíus, tornoulhes a dizer: filhos, quam diffiçil he entrar no
reyno dc Deus os que confiaõ n’as riquezas.
b Ou, cala- 2 5 Mais façil he paílãr hum b camelo pelo olho de huã agulha,
ire. do que entrar o rico no reyno de Deus.
16 Mas elles íé efpairtavaó mais, dizendo entre fi, e quem fc
podem falvar?
27 Entonçes Jcfus olhando pera elles, diífe: quanto a os homens,
he impoífivcl; mas quanto a Deus, naó: porque todas as coufas
íàõ pofllvcis quanto a Deus.
28 Entonçes Pedro começou a dizerlhe : veíãqui nos outtos dei­
xamos todas as couías, e te íèguimos.
29 E reípondendo Jeíus, diífe : em verdade vos digo, que naõ
ha ninguém que aja deixado cáíã, ou irmaõs , ouirmaás, ou pae,
ou mae, ou mulher, ou filhos, ou herdades por cauía de my e d’o
Euangelho.
30 Qtie naõ rcçéba çem vezes tanto, agora ncftc tempo, caías/
« Ou, fa­ c irmaáse maés; e filhos, e herdades, com perfeguiçoens, e n’o fc-
turo. culo * vindouro, a vida eterna.
«• , ji Po-
SEGUNDO S.MARCOS. Cap. X. 9*
3 * P01 em muitos primeiros íèr/ó derradeiros > e f muitos"] derra­
deiros, primeiros. .
32 E hiaõ de caminho, fobindo a Hierufalem; c Jr<us hia diante
delles, e clpantavao íe, e íèguiaõ o cõ temor. Entonçes tomando a
tomar a os doze a parte, começoulhes a dizer as coulas que lhe aviaõ
de aconteçer: ■*
33 [Dizendo] vedes aqui fobimos a Hierufalem, e o filho d’o
homem ferá entregue a os Prinçipes d’os façerdotes, e a os Eferibas,
condcnalohao a morte, c cntregalohám a as gentes
maÍÍAW'qUapS 0 efcarnc$erí\ó’ e o açoutarão, cofpirao nelle, e
mataloháo; mas a o terçeiro dia refurgirá. r
elle5 dienT* Jl?b° u J°aõ’ fflhos de Zebcdeo, fe chegáraõ a
pedirmò? d°’ bcm <Julferanios <lue nos faeílcs o que tc

p e|}e diflè: Que quereis que vos faça?


ml7U, ' Danos que, cm tua gloria, nos aflènte-
iiios num-a tua [ mao] direita, c outro a tua czquerda?
.38 Entonçes Jefus lhes difle: Naó fabeis o que pedis: podeis v™
foXpt£E>,UC C“ ’ clerb!1PmJos *> bautifinoSTqueeu

!9 E elles lhe difliíaó: podemos. E elle lhes diflè: Em veria


Cd0 -lu

40 Mas que vos allènteis á minha ímaS"] rW.Vo ' • 1


gga. he meu dalo, mas

JactU^ e°cõm Jotó“ °UV,Í“ ai°’ C°mCsfc15 “ fe

mtó fa^irina?° “Jcfus’ dM'elI’es: J» fabeis « que fe efti


: E “que
Eos ~ entre

VOS fc quifer fazer graEèrf^oflò fOTinte™” qUal<lucr quc ™tre

o Fimeíro. de
faXfcdít° “a0 d>0 <•-

, 4« por muitos.
Ik> c hpã £1Hí j0, S filndo clle C IMÍS feus difcipu-
SWe companha, de H.encho, cftaua Bartimeo o çe.
M3 g<s
94 OS. EUANGELHO
cego, filho dc Timco, aílcntado junto a o caminho, pedindo
cíinola.
47 E ouvido que era Jcfus o Nazareno, começou a da'r brados,
c a dizer: Jeíus, filho de David, tem mifericordia dc my.
. 48 • E muitos o reprendiaó, que íc calálle: mas elle dava maiores
brados: filho dc David, tem miícricordia dc my.
49 Entonçcs parando Jefus, mandou o cham/r; e chamáraó a o
çego, dizendólhe; tem confiança, Jevántate, que te chama.
50 Elle entonçcs largando fua capa, levantoufe, e veio a Jeíus.
51 E reípondendo Jefus, diílelhe: que queres que te faça? e o
çego lhe dillc: Meftre, que cobre a vifta.
52 E Jefus lhe diífe: Vaete: Tua fc te íãlvou. E logo cobrou a
vifta, c feguia a Jeíus pelo caminho.
Capitulo XI.
1 Cbriflo fax. fua entrada em Jerufitlem aflentando fobre bum aftio. 8 accompanba-
do e recebido do povo como 0 Meffiai. 11 maldix. a bua figueira que era fem frui­
to. iy lança fora a os que no templo vendiaõ e compravaõ. 10 louva a força da
fe. 24 amoefta que orando devemos crer, e perdoar a 0 proximo. 27 refponde
a pregunta dos efcnbas , que preguntavaõ, com que autberidade faxja efles coufas,
repreguntandolbes a cerca 0 bautijino de Joaó.

i Tj' Como ja foraó peito dc Hicruíâlcm, em Betphagc e Bctha-


•*-' nia, ao monte das oliveiras, mandou dous de feus diíçipulos.
2 E diflelhes: Ide á aldea que eftá de fronte de vos; e logo, em
n’ella entrando, achareis hum poldro atado , fobre o qual ncnliu
homem fc tem aílcntado; dcíàtae o, c trazei o.
3 E fe alguém vos diíTer: Porque fazeis ifib? dizei que o fenhor
o ha mifter, e logo o mandará para cá.
4 E foraó, e acháraó o poldro atado á porta, fora, entre dous
caminhos, e foltaraõ o. ,
5 E huns dos que eftavaõ ali lhes diflèraÕ, que fazeis foltando a
o poldro ?
6 Elle entonçes lhes diílèraõ, como Jefus lho tinha mandado, e
deixáraõ os ir.
7 E trouxeraõ o poldro a Jeíus, c puferaõ fobre elle feus vcftidos,
e aflentoufe fobre elle.
8 E muitos cftcndiaõ feus veftidos pelo cominho, e outros corta-
bOu,í/?e»-vaõ íamos d’as arvores a eípalhavaó os pelo caminho.
p E os que hiaó diante, e os que feguiaó, clamavaõ, dizendo, Ho-
fanna, bendito o que vem cm o npme d’o fenhor.
10 Bcn
SEGUNDO S.MARCOS. Cap.XI.
10 Bendito C/cm] o reyno dc noilò pae David o que vem em o
nome d’o fenhor > Holànna nos altiflimos ecos.
11 E entrou o fenhor cm Hicrufalcm no templo, c ''vendo viíto
ao redor todas as coufas, c fendo ja tarde, fahiofe pera Bethania
com os doze.
íz E o dia feguinte, faindo elles dc Bethania, teve fome.
13 E vendo de longe huá figueira que tinha folhas, veio [4 ver}
fe por ventura acharia nclla alguá coulã: E corno veio a ella, naó
achou fenaó folhas; porque naõ era tempo de figos.
14 Entonçes Jcfus, reípondendo, dillc á figueira: Nunca dc ti
coma ninguém mais fruito pera fempre. E ílto ouviraõ feus, dií-
cipulos.
15 Vicraõ pois a Hierufalem: c entrando Jcfus no templo, co­
meçou a lançai- fora a os quç n’o templo vendi aõ e compravaõ: c
tiaífornou as mefas d’os cambiadores, c as cadeiras dos que vendiaõ
pombas.
i<5 E naõ confentia que alguém levaífe algú vaíõ pelo templo.
17 E enfinava os, dizendo. Porventura naõ eftá eferito , que
minha cafa, cafa de oi-açaó ferá chamada dc todas as gentes?’evos
outros a tendes feito cova de ladroens.
18 E ouvindo os Efcnbas e os príncipes d’os faccrdotcs H/fo}
bufeavaó como o matariaõ; porque o temiaó : Porquanto toda a
companha citava fora de fi, accrca de fua doétrina.
ij> Mas como ja foi tarde, fahio fe Jefus da cidade.

Entonçes Pedro lembrandofe , diílelhe: Mcílrc, veíãqui a


icira, que amaldiçoaltc, fc tem fecado. '
2“ E reípondendo Jcfus, diflelhes: tende fé dc Deus.
2? oiquc em verdade vos diuo. ciuc niialoncr one differ <1

27 E
wo OS. EUANGELHO
' 27 E. tornáraó a Hicrulàlcm: E andando elle pelo templo, vic-
raõ a elle os Príncipes dos faccrdotcs, c os Eleribas, c os An­
ciãos. ;<
18 E dizemlhe: Com que autoridade fazes eftas couíàs? e quem
te deu cita autoridade pera eftas coufas fazeres?
29 E Jeíus entonçes reípondendo, diflelhes: Eu vos perguntarei
também huã palavra, c rclpondei me; e entaõ vos direi có que au­
toridade faço eftas couíàs:
30 O Bautifmo de Joaó era d’o eco, ou d\>s homens? rcípon-
dei me.
• 31 Entonçes clles penfáraõ entre fi, dizendo, fe diíTermos d’o
eco, dirnosha: Porque pois lhe naó deites credito ?
32 Efe diílcrmos d’os homens, tememos a o povo: porque to­
dos tinhaó de Joaó, que verdadeiramente era Propheta.
33 E reípondendo, diílèraó a Jeíus: Naó íabemos. Entonçes,
reípondendo Jeíus, diíièlhes: tampouco eu vos direi com que auto­
ridade faço eftas couíàs.

C A P U T ELO XII.
i Com a parabola Ja vinha arrendada a hums lavra dores, prophetixji Chrifto a eS^U'
deos 0 engeitamento , e rtíina dtlles. 13 refponde a pregunta , fe he licito, dar
tributo a 0 Cefar. 18 como também a pregunta dos Saduceos, acerca de buâ mui'
her que teve jete maridos , e demoftra contra elotitros , a refurreiçaõ dos mortos.
18 moftra qual feja 0 principal mandamento da ley. enfina que e Mefias he
* fenhor, e 0 filho de David. 38 avifa os ouvidores queJe guardem da ambipaõ 0
hppocrtjia dos Efcribas. 41 louva a pequena efmola da huã pobre viuva. ,

x TJ* Comcçoulhcs per parabolas a dizer ; prantou hum homem


huã vinha, e cercou a com valado, e cavou lhe hum lagar,
' edificoulhe huá torre, e arrendou a a huns lavradores: E pardo fe
pera longe.
2 E chegado o tempo, mandou hum fervo a os lavradores, pe-
raque d’os lavradores recebcíTe do finito d’a vinha.
3 Mas elles tomando o, feriraó o, c mandaraó o vazio.
ftt E tomou a mandarlhes outro fervo ; mas elles apedrejando o,
feriraó o na cabeça, e tomaraó o a mandar afrontado.
5 E tornou a mandar outro, e aquelle matáraó • e a outros mui­
tos, e a huns feriraó, e a outros mataraó.
6 Tendo pois elle ainda hum feu filho amado, mandou lhes tam­
bém por derradeiro a efte, dizendo, pelo menos teraõ cm reveren­
cia a med filho.
■7
SEGUNDO S. MARCOS. Cap. XII. 97
7 Mas aquellcs lavradores difleraó entre fi: Eftc hc o herdeiro,
vinde, matcmolo; e fera noflà a herdade.
8 E pegando d’clle, mataraó o, c lançaraõ fo-a da vinha:
9 Que pois fará o fenhor d’a vinha? virá, e deltruirá a cftes la­
vradores, e dará fua vinha a outros.
ío Nem ainda efta cícrittira tendes lido? a pedra que os que edi-
fiçavaó reprovaraó, efta he pofta por cabeça da eíquina.
11 Pelo fenhor foi feito ifto , c he coufa maravilhoíà cm nofl
fos olhos.
íi E procuraraõ prendclo, mas temiaõ a multidão; porque cn-
tendiaó qnc d’clles dizia aquella parabola : E deixando o, fo-
raó fe.
13 E mandaraõ lhe alguns dos Pharifeos, c dos Herodianos, pe-
raque o apanhaflem em alguã palavra.
, ’4 E vindo elles, dizem lnc : Meftre , bem íãbemos que es
homem de verdade, e naõ fe te da de ninguém, porque naó atentas
pera a aparência dos homens, antes có verdade enílnas o caminho dc
dc Deus: he licito dar tributo aCefar, ou naó? daremos, ou naõ
daremos ?
15 Entonçes ellc, entêndendo fua hypocrifia, diflelhes: Porque
fiieatentaes? trazeime a moeda, peraque a veja?
16 E ellcs lha trouxeraô. E diflelhes: Cuja he efta imagé, c a
infcnpçaó? e elles difleraó: De Ceíàr.
17 E rcfpondendo Jefus, diflelhes: Pagae, pois, aCefar, o que
d’elíe CCÍÍU ’ C a DCUS ’ ° qUC hC dC DeUS‘ E maravilharaó lè

18 Entonçes vicraó a clle os Saduceos, que dizem que naó ha re-


lurrciçaõ; e pcrguntâraõ lhe, dizendo.
19 Meftre, Moyícs nos clcrevco, que fc o irmaõ dc alguem
monefle, e deixafle mulher, c naõ dcixaífe filhos, que ícu irmaó
tome íua mulher, c dcípertc femente a fcu irmaó;
20 Foraõ pois fete irmaós, c o premeiro tomou mulher, c mor­
rendo, naó deixou femente.
21 E tomou a o fegundo, emorreo: E nem aquclle tampouco
ueixou íemente; c o terceiro d’a mcfma maneira.
Zz Etomaraõaos fere, e tamnnuco deixáraõ femente: E, por

dclh-s r 5, c^rrc’Ça°» P°’s» flUíind° rcfuícitárcm, mulher dc qual


ttra. porque os íète a tiveraó por mulher.
N 24 En-
OS. EUANGELHO
24 Entonçes refpondcndo Jefus, diflelhes: Por ventura naõ cr-
racs vos outros, porquanto naó íãbeis as efcrituras, nem a potência
de Deus? .
2 5 Porquê quando rcfurgirem d’os mortos, nem maridos tómaó
mulheres, nem mulheres maridos ; mas íãó como os anjos que
n’os Ocos.
26 E áçerca dos mortos, que ajaõ dc rcíiiíçitar; naõ tendes lido
n’o livro de Moyfes, como Deus lhe fallou em a çarça, dizendo,
cu íòu o Deus dc Abraham , e o Deus dc lfaac, e o Deus de
Jacob ?
27 Deus naó hc fDíwr J de mortos, fenaó Deus de vivos. Afli
que muy errados andacs.
28 E chcgandofc hum dos Efcribas, que os ouvira diíputar, e íà-
bia que lhes tinha bem rcfpondido, perguntoulhe: Qual de todos
lie o primeiro mandamento?
29 E Jcfus lhe reípondeo: O primeiro mandamento de todos,
hc: Ouve Ifraêl, o fenhor noflò Deus he o unico fenhor.
o Amarás pois a a fenhor teu Deus dc todo teu coraçaó, e dc
J a tua alma, e dc todo teu penfamento , c de todas tuas forças:
Efte he o primeiro mandamento. *
31 E o fegundo, femelhante a cfte, hc; Amarás a teu proximo
como a ty mefmo: Naõ ha outro mandamento maior que eftes.
32 EntonçesoEícribalhediíle: Muybem meftre, e com verdade
diflèfte, que hum fo Deus ha, c fora dclle naó ha outro.
;3 Eque amalo de todo coraçaó, e dc todo entendimento, e dc
J a a alma, e de todas as forças: E amai- a o proximo como a fi
mefmo, Mais he, que todas os holacauftos e fàcrincios.
34 Jeíiis entonçes, vendo que avia rcípondidofabiamcnte, diflelhe:
Naó eftas tu longe do Reyno de Deus. E ja ninguém lhe ouíàva
mais perguntai-.
f 35 E refpondcndo Jcfus dizia, enfinando no templo: Como di­
zem os Efcribas que o Chrifto he filho dc David ?
3^ Porque o mefmo David diflê, por Efpirito íánébo: Diflê o
fenhor a meu fenhor, aflentate á minha [maÕJ direita, ate que pon-
a€>u, efea-ha a tcus inimigos por ’ cftrado de teus pés.
37 Logo, chamando lhe o mefmo David. fenhor, como
hc íèu filho ? E a multidão da companha o ouvia dc boa vontade.
38 E dizia lhe$ cm íua doutrina: Guardae vos dos Efcribas, que
folgaõ dc andai- com veftidos compridos, e ámaõ as faudaçoens nas
39 E as
SEGUNDO S.MARCOS. Cap.XIII. 99
39 E as primeiras cadeiras [fem] nas íynagogas, c os primeiros
aflentos nas çcas.
40 Que engolem as cáíâs d’as, viuvas, com preteO dc que fa­
zem larga oraçaõ: Eftes reçeberáõ mais grave condcnaçaõ,
41 Ecftando Jefus aflèntado diante d’a área da offcrta cftava
olhando como o povo lançava dinheiro na arca: E muitos ricos lan-
çavaó muito n’ella.
41 E vindo tambem hua pobre viuva, lançou dous b minutos, bOu,«t«
que he hum quarto. que he mii,
43 Entonçes, chamando Q/efusJ a íèus diíçipulos, diflelhes
Em verdade vos digo, que efta pobre viuva lançou mais, que todos
os, que lançáraó na arca. 1234567
44 Porque todos lançáraó Q n’ella J do que lhes íòbcja; mas efta,
de íua pobreza, lançou Qn’eU<tJ tudo o que tinha, todo feu íu-
ítento. ’

Capitulo XIII.
I fropbetita Cbrijle a deftruifaõ do templo e d’a jerufalem. p contando os males
e Jtnaes que aviaõ de preceder, ott a cerca aquelle tempo acontecer. ío e coníola eu
tre tanto os feus cem o profpero focejjo de Euangelho, e com ajuda de Efptrito fan-
to, exhortando os a perfeverancia. 14 cita a propbetia de Daniel, eacconTelba
pera de preffafugir e eícaoarfe, d’ejta grande afflifaõ. 10 avifa que fe guardem do en-
gano e milagres dos falfos Chrifios eProphetas. 14 definve os jtnaes de fim de mun­
do e dtjua vmda pira julgar fendo aquelle dia, fo a feu pae manifejlo. 11 exbor-
ta for ijjo a vigiar, e orar Jempre.

1 E Meftre, olha quetempedras,


P10 ’ diflèlhe hum dc feus difcipulos:
A <Í!Í° clle d’°
c que edifícios eftes!
2 E reípondendo Jeíús, diflèlhe: Ves tu eftes grandes edifícios?
nao ficara pedra fobre pedra, que naõ feja derribada
3 E aflèntandoíè elle no monte das oliveiras, cm fronte do tem-
pio, perguntárrtõ lhe a parte Pedro, e Jacobo, ejoaõ, eAndre:
4 Dize nos, quando leráó eftas couíãs ■> c que final avera de quan-
do todas eftas couíãs fc haô dc acabar?
5 E reípondendo lhes Jefus, começou a dizer: Olhae que nin­
guém vos engane: n
6 Porque viraó muitos em meo nome, dizendo, cu fou Ta Chri-
J° e a muitos enganaraó.
7 Mas ouando ouvirdes dc guerras, e de rumores dc gueixas,
11:10 vos turbeis; porque convém fozerfe afli: Mas ainda naõ ferá o fim
0 Iorque gente fe levantará contra gente, e Rcyno contra Rcyno,
N 2 c averá
loo OS. EUANGELHO
e averá tremores de terra cm divcríòs lugares c averá fomes , e al­
voroços; eftes coufas íaó [fomenteJ princípios de anguftias
9 Masvc/òutros olhae^^^fin^^ra^y^ entregaraõ
em confelhos, e cm íynagogas: lereis açoutados, por cauía de my,
em teftemunho contra cllcb.
i o E entre todas as gentes importa íc pregue primeiro o Euan­
gelho. •
a.Ou, le?.t- 11 E quando vos 1 trouxerem a fazer entrega dc vos, naõ cui-
rtm a entre- t|cis dantGS o qUC avcis dc dizer, ncmo penfeis: mas o que naquella
hora vos for dado, iflò fallae: porque naõ íòis vos outros os que fal-
laçs, fenaò o Eípirito fanéto.
i z E entregará á morte o irmaó a o irmaó , e o- pae a a filho:
E levantarfehaó os filhos contra os paes, c matalos haõ.
i ] E fereis aborrecidos de todos por meo nome: Mas o que per-
íeverar até o fim, elle ferá íãlvo.
14 Porem quando virdes a abominaçaõ do aflòlamento, que foi
dita pelo Propheta Daniel, que eftand» a onde naõ deve, (quem
le, entenda) entonçes os que eftiverem cm Judea, fujaõ a os
montes.
15 Eoquc cftiver fobre o telhado, naõ dcfccndaa caíà, nem
entre a tomar alguã couíâ de fua caía.
16 E o que cftiver no campo, naõ torne a tras, para tomar
íúa capa.
17 Mas ay das prenhes, e das que criarem naquellcs dias.
18 Orac pois que naõ fuccda voflà fugida em inverno.
19 Porque feraõ aquelles dias dc talaffliçaõ, qual nunca foi des
do principio da criaçaõ das couíàs que Deus’criou, até cfte tempo,
nem ferá.
xo E fc o fenhor naõ abreviaflè aquelles dias, nenhuã carne
fe falvaria: Mas por cauíã dos cfcolhidos, que elle efeolheo, abre-
dias.
. 21 E entonçes fe alguém vos diílcr: Vedes aqui eftá o Chrifto,
cu vedclo ali eftá, naõ o creaes.
J2.2 Porque fc levantaráõ falíòs Chriftos,’e íàlfos Prophetas, c fa-
raõ finacs, c prodígios, pera enganar,, fc poflivcl fora, até aos
eícolhidos.
X] Mas voíòutros olhac, vedes aqui vos tenho dito tudo d’antes.
24 Porem naquellcs dias, dcípoís d’aquclla affliçaõ, o foi fc efeu-
reecrá, c a lua naõ dará ícu rclplandor,.
25 E as
SEGUNDO S. MARCOS. Cap.XIV. ioi

25 E as cftrellas cairáó do ceo, c as virtudes que no eco


feraô commovidas.
26 E entonçes veráõ a o filho do homem, que vira cir as nuvens ,
com muita poteftade e gloria.
27 E entonçes mandará feus anjos e ajuntará feus cfcolhidos dos '*
quatro ventos, des do cabo da terra. Até o cabo do ceo.
28 Da figueira aprendei a femelhança: quando ja feu ramo fe
vae b Fazendo tenro, c brota folhas, bem íãbcis que ja o veraó cftabOibwvjr.
perto.
29 Afli também voíòutros, quando virdes que cftas coufas íucc-
dem, íâbei que ja eftá perto a as portas.
50 Em verdade vos digo que naó paflàrá efta geraçaõ, que to­
das cftas couíàs naó fejaó feitas. ,
3 1 O ceo e a terra paflàráõ ,• mas minhas palavras naõ paf
faraó.
32 Porem daquclle dia, e daquella hora , ninguém íâbc ; nem
ainda os anjos que eftaõ no cco, nem o melmo filho , fenaó
o pae.
33 Olhac, vigiae, e orae ; porque naó fabeis quando ferá o
tempo.
34 Como homem que, partindofe longe, deixou fua cafa, e deu
a feus íèrvos autoridade; e a cada hum fua obra, c a o porteiro man­
dou que vigiaflè. •
35 Vigiaepois, porque naó fabeis quando virá.o fenhor da cafa2
íc a tarde, fe a mea noite, fe a o canto do galo, fe pela manhaá.
36 Porque quando vier d’improvifo, naõ vos ache dormindo.
.3.7 E as couíàs que a vos outros vos digo. A todos as digo:
vigiae.
101 os. euangelho
Capitulo XIV
l Os Prinçipes dos faccrdotcs bufeai eccafaõ de matar a Cbriflo. 3 huá mulher »
nngi em Bet,. .nia, o qual feito Cbriflo defende. ío 'judas o vende par dinheiro a os
i- ?r'ne’Pes faccrii<,tes. 11 faz aparelhar a Pafcboa, e a come com feus difcipulos.
,18 mamfefla a traipaõ de judas. 12 mflitui fua fagrada cea. ít pred.z a feus
dijeipulos que aviai de fer efpalbados, e a Pedra fua caida. 3 2 comeca fua pai-
xao na horta com grande anguflia, e ara a feu pae. 37 exbortando feus dijeipulos a
vigmr. 43 judas a entregue com bejo. 46 e as Judeos 0 prendem. 47 per ijjo Pedra
corta a orelha de hum d'elles. po foi de feus defemparado. pj levado diante de
conjelho dos judcos. p6 dos faljos teflenmnhos accufado. 60 dofummofacerdote exa-
tmnado. 63 como hum blasfemador a morte cendtnado e injuriofamente traãado
66 Pedro 0 nega tres vezes, e amargofamente ebora.

1 E a ^°US- ^ÍaS- era a c C4 feP dos paens'] ázi­


mos; e buícavaõ os Prinçipes dos íàçerdotcs, c os Eferibas,
como o prenderiaõ por engano, e o mátariaõ.
• 2 E diziaó: Naó cm dia dc feita, porque naõ fe .faça alvoroço
entre o povo: s
3 E citando clle em Bethania em caía dc Simaó o leproío, e af-
íentado [á mefa] veio huá mulher que tinha hum vafo de alabaftro
•dc unguento dc nardo puro, dc muito preço, c quebrando o ala-
baílro, dcrramoulho íòbrc fua cabeça.
4 E ouve alguns que fe indignaraõ entre fi, c difleraó: Pcraque
íc fez efta perdição d’o unguento ?
5 Porque bem fe podia iflo vender por mais de trezentos dinhei­
ros, c darfe a os pobres. E bramávaõ contra cila.
6 Mas Jefus lhes diílè: Deixac a; porque a molcftaes? boa obra
me tem feito.
7 Que pobres, ícmpic os tendes co voíco; c quando quiícrdcs,
lhes podeis fazer bem: Porem a my, nem íempre me tereis.
8 Efta, o que podia fez . Poique íc adiantou a ungir meo corpo
pera £p repetracaõ] da ícpultura.
o Em verdade vos digo, que aonde quer que cm todo o mundo
cite Euangelho for pregado, tambem ilto, que efta fez, ferá dito
em íua memória.
10 Entonçes Judas Iícariota, hum dos doze,.hia a os prinçipes
dos íàçerdotcs pera lhe entregar.
n E ellcs, ouvindo f o J folgáraó, c prometerão dc lhe dár din-
hciio; e buícava oportunidade como o entregaria.
1 z & 0 Pljn?9ro d’os paens ázimos, quando íàcrificavaõ a P>
íchoa, íèus difcipulos lhe dizem: Aonde queres que te vamos apa­
relhar pera comeres a Paíchoa ? . 13 E
SEGUNDO S. MARCOS. Cap.XIV. io?
13 E mandou dous de feus diíçipulos, c diflelhes: ide á çidade,
c encontrarvos há hum homem, que leva hum cantaro' de agoa,
ícgui o.
14 E a onde quer que entrar, dizei a o fenhor da caia: O meftre
diz; onde eftá o apouiçnto a onde hei de comer a Paíchoa com
meos diíçipulos?
15 E elle vos moftrará hum grande cenáculo, ornado, £ e] apa­
relhado ; fazei nos alli preftes.
i<5 E foraó feus diíçipulos, e vieraó á çidade ,* e acharaõ coma
Hies tinha dito, c fizeraó preftes a Pafchoa.
17 E chegada a tarde, veio com os doze.
18 E como fe aflêntaflêm [_á mefa,'] e comcflêm, diflê Jefus:
Em verdade vos digo, que hum dc vos outros, que comigo eftá
comendo, me ha de entregar.
19 Entonçcs elles começaraõ a entriftcçerfe, c a dizer lhe cada
hum por fi: Porventura íou eu ? e outro: porventura íou eu ?
20 E reípondendo elle, diflelhes hum dos doze, que mo­
lha comigo no prato.
21 Em verdade, o filho d’o homem vae como d’elle eftá cícrito r
mas ay d’aquelle homem porquem o filho do homem he trahido:
Bom lhe fora a o tal homem naó aver naçido.
22 E eftando elles comendo, tomou Jefus o paõ, e bendizendo,
partio o, e deu lho, e diflê : Tomac , .comei, ifto he o meo-
corpo.
2 3 E tomando o copo, e avendo dado graças, deur/h;1 e bebé-
raõ delle todos.
24 E diflelhes: Ifto he o mcu fangue £0d’o novo tefta
mento, que por muitos fe derrama.
25 Em verdade vos digo, que naõ beberei mais d’o fruyto de
▼ide , até aquelle dia, quando novo o beber cm o Reyno dc
Deus.
26 E como cantaraó o hymno , íâiraõ íc a o monte das oli­
veiras.
27 E Jefus lhes diflê: Todos vos outros fereis efeandalizados cm
my efta noite; porque efento eftá: ferirei a o paftor, c fcraÕ as
ovelhas cfpalhadas.
28 Mas des que aja refurgido, irei diante dc vofoutros a Galilca.
cu r tOnÇr lhe Ainda <luc tráos fe efcandalizaflêm ,
cu nao ferei cfcandajizado-
30 E
•104 OS. EUANGELHO
30 E diílelhe Jeíus: Em verdade te digo, que hoje, nefta noite,
antes que o galo cante duas vezes, me negarás tu tres.
3 1 Mas yílc muito mais dizia : íê com tigo me for neçcílàrio
morrer, naó te negarei: E todos diziaó também o mefmo.
31 E vieraó a o lugar que íc chama Gcthfemane, e diílè a
feus Difçipulos: Aílèntac vos a qui até que ore.
3 3 E tomou com ligo a Pedro, e a Jacobo, c a Joaó, c come­
çou a íè atemorizar, c anguftiar.
34 E diílè lhés: totalmentc eftá minha alma trilhe até a morte.
Efpcrac aqui, c vigiae. • .
35 E indolè hum pouco mais a diante, poftrouíè cm terra; c
orou, que íè foílè poífivcl, paílàfc d’cllc aquella hora.
36 E diílè: Abba, Pae, todas as coufas te íàõ poílivcis; traspaflà
de my cfte copo ; porem naõ o que cu quero, íènaó o que tu
£ quiferes. J
37 E veio, c achou os dormindo; c diílè aPcdro: Simaó, dor­
mes ? naõ pudeftc vigiar huã hora ?
38 Vigiae, e orac, paraque naõ entreis cmtcntaçaó: o eípirito
aOu, •cm verdade J a preftes, mas a carne hc fraca,
19,
39 E tornandoíè a ir, orou, c diílè as mcfmas palavras.
40 E tornando, achou os outra vez dormindo; porque feus olhos
eftavaõ carregados, c naõ íàbiaó que rcíponderlhc.
41 E veio a tcrçcira vez, c diflelhes: Dormi ja e dcícaníàe; Ba-
fta, vinda hc a hora; ciíãqui o filho d’o homem he entregue cm
maõs dos pecadores.
41 Lcvantacvos, vamoínos; eifaqui o que me trahe eftá perto.
43 E logo, eftando elle ainda foliando, veio Judas, que era hum
dos doze, c com elle muita companha, com eínadas e baftoens, de
parte d’os Prinçipes d’os íãçcrdotes, e dos Efcribas, c d’os Ançiaós.
44 E o que o rrahia, lhes tinha dado hum comum final, dizendo,
a o que eu oeyacr, eílè hc: prendei o, c levae o a bom recado.
45 E como veio, chegou fe logo a elle, e diílèlhe: Meftre,
Meftrc, e beyou o.
46 Entonçcs lançáraõ as maõs nelle, c prenderão o.
47 E hum dos que ali preíèntcs eftavaõ puxou da eípada, c ferio
a o ícrvo d’o íúmmo pontifiçe, e cortoulhc a orelha.
48’E refpondcndo Jefus, diUclhcs : como a ladraõ, com cípadas
c com baftoens, me faiftes aprender? *•
49 Cadadia citava com voíco enfinando no templo, c naõ pegafi
‘ tes
SEGUNDO S.MARCOS. Cap.XIV. 105
tcs dc my; mas [affi convem~} pera que fe cumpraõ as Eícri-
turas.
50 Entonçes deixando o, todos fogiraõ. <
51 Porem hum perto mançcbinho o hia feguindo, cubcrto có
hum lcnÇol fobre o [coroo] nuo. E pegaraõ delle os mançebos.
5 3 Mas clle: largando o lençol, fogio d’clles nuo.
53 E trouxeraó aJefus a o fummoPontifeçe, c ajuntaraó a clle to­
dos os Prinçipes dos façerdotes, c os Ançiaós, c os Eferibas.
54 Pedro porem o feguio de longe até dentro d’a íãla d’o íummo
ponufeçe, c eflava aflèntado com os fcrvidores, c aquentandofe a
o fogo.
55 E os Prinçipes dos façerdotes, c todo o Conçilio bufcávaó al­
gum teftemunho contra Jefus, pera o entragarem á morte, mas naó
o achavaó.
56 Porque muitos diziaó falíò tcílcmunho contra ellc, mas ícus
teftemunhos naõ concordavaó.
57 Entonçes levantandoíè huns, deraó contra elle falíò teftemun­
ho, dizendo,
58 Nos lhe ouvimos dizer: eu derribarei eftc templo , que hc
feito dc maós, c em tres dias edificarei outro, feito fem maós.-
59 Mas nem ainda afli concordava o teftemunho deftes.
60 Levantandofc entonçes no meioofummopontifcçe, perguntou
a Jefus, dizendo, Naó rcípondcs alguã coufa? que teftificaó eftes
contra ty?
61 Mas elle calava, e nadarefpondco. O fummopontifeçc lhe tor­
nou a perguntar, e diflèlhe: Es tu o Chrifto, o filho do [DeusJ bendito?
62 E Jefus lhe diflè: Eu o fou: E vereis a o filho d’o homé a£
fentado a [maõ] direita d’a potençia [de Deus,] c que vem cm as
nuveís do çeo.
6 3 Entonçes o pontifeçe rafgando feus vcftidos, diflè: Que mais
ncçcflidadc temos de teftemunhas?
04 Ouvido tendes a blafphcmia; que vos parepe? E todos o con-
denaraó por culpado de morte.
65 E alhuns comcçaraó a cofpir nelle, e a cobrir lhe o rofto, c
adarlhe dc pcícoçadas, c a dizcrihe: Prophetiza. E os fcrvidores
lhe davaõ dc bofetadas.
E citando Pedro em baixo c no pateo, veio huá das criadasaOu nafc.
uo fummopontifeçe. 1*.
E como vio a Pedro que fc cftava aquentando, aten-
O tou
IOÍ O&EUANGELHO
tou pera elle, c diílè: Também tu eftavas có Jeíus o Naza­
reno.
Mas pile o negou, dizendo, naó o conheço, nem fei o que
dizes: E íafiioíè fora á entrada; c cantou o galo.
69 E a criada vendo o outra vez, começou a dizer a os que ali
eftavaõ: Dcllcs he efte.
70 Mas elle negou outra vez. E pouco dcípois diílcraõ os que ali
eftavaõ outra vez a Pedro: Verdadeiramcnte es dclles; pois tambem
b OU; amai-cs Galileo, e tua falia he femelhante.
Jipar 71 E elle Q/èJ começou a b anatematizar, ca jurar: Naõ con­
heço a eílè honrem que dizeis.
72 E cantou o galo a fegunda vez: E Pedro fe lembrou da pa­
lavra que Jeíus lhe tinira dito: Antes que o galo cante duas vezes,
me negarás tu tres; e xethandofc d’ali, chorou.

Capitulo XV.
T Entrega» 0 es Judeos a Pilatos, e diante d'elle e acufaÕ, e fende examinado , calafe
6 Pilatosbttfca defoltalo, mas por caufa da infancia do povo, Jolta a Barabas e entre­
ga a Chrifte,-Pera fer crttcificade. 16 a quem es feldades efcarneceme afrontaõ. 14
a Simaõ Cyrenee obrigaÕ, a que levaffe fua crtti,. 23 daõ lhe de beber vinho mirra-
de. 24 fei crucificado cem dous falteadores. 29 e de os que pqffavaõ, blafphemade.
33 trevos ouve fobre terra. 34 bradando Chrifto a feu pae, foi efcarnecido, 36 e
cerne lhe aprefentaraõ vinagre: efpirou. 38 0 veo do templo fe rafga. 40 alguãs
mulheres de longe eftaõ olhando. 42 fofepb de /drimatbe» 0 fepulta.

1 J7 Logo em amanhecendo tiveraõ coníclho os íumõs Pontifeces


có os Ançiaós, c có os Eícribas, e có todo o Concilio, e amar­
rando a Jcfus, Qo] levaraõ, e entregaraó [oj a Pilatos.
2 E perguntoulhe Pilatos: Es tu o Rey dos Judeos ? e reípon­
dendo elle, diílelhe: Tu o dizes.
3 E acufavaó o os Príncipes dos facerdotes de muitas [cowpj;]
porem elle nada refpondia
4 E perguntoulhe outra vez Pilatos, dizendo, naõ reípondes al-
guá couíà? olha quantas [coufas] tcftificaõ contra ty !
5 Mas Jcfus nada mais rcípondeo; dc maneira que Pilatos íc
maravilhava.
6 Porem no dia d’a fefta lhes íôltava hum preíó, qualquer que
clles pcdiílèm.
7 E avia hum que fc chamava Barabas, prefo com ícus com­
panheiros, os d’a revolta, que cm huá revolta tinha cometido huá
morte.
8 E
SEGUNDO S. MARCOS. Cap.XV.
8 E amultidaó, dando vozes, começou a pedir, [que cllefizeT-
P J como ícmprc lhes tinha feito.
2 E Pilatos lhes rcípondco, dizendo, quereis que' 'os folte a o
Rey d’os Judcos?
ío (Porque bem fabia ellc, que por inveja o tinhaõ os Prinçipes
d’os façerdotes entregue. *
ii Mas os Prinçipes dos façerdotes incitáraõ a multidão, que lhes
foltafle antes a Barabas.
1 icípondendo Pilatos, diflelhes outra vez: Que pois quereis
que faça d’o que chamacs Rey dos Judeos?
13 E elles tornáraó a dar vozes: Crucifica o.
14 Mas Pilatos lhes dizia: Pois que mal fez? e elles davam mais
vozes: Crucifica o.
ij E querendo Pilatos fatisfacer a o povo , foltoulhes a Barabas,
c entregou a Jefus açoutado, peraque foíle crucificado.
16 Entonçes os loldados o leváraó dentro á íàla, a faber á audiên­
cia ; c ajuntaraó toda a quadrilha.
17 E veftiraó o dc purpura, epuíeraó lhe huã coroa tecida dc
eípinhos.
18 E começáraõ a faudalo: ajas go2o Rcy do$

21 E conílrangéraõ a hum Simaõ Cyrineo, que [por alií paflà-


an*. p Vln“a do campo, (o pac de Alexandre e de Rufo) que le-
vaíie fua cruz.
22 E levaraõ o a o lugar de Golgotha, que declarado, quor dizer,
o lugar da Caavcira. a »
2 3 E deraõ lhe a beber vinho mirrado: mas elle naõ f 0 J tomou
24 Edes que o ouveraõ crucificado, repartiraõ feus veíbdos”
lançando fortes fobre elles, que levaria cada hum. ’
25 E era a » hora d’as tres, quando o crucificarão^ aOM/w-
2<S E O titulo de íua cauíà eftava fohre pIU . n nn V veboras an~
io8 OS. EUANGELHO
28 E cumpriofc a cfcritura, que diz : E com os ímpios foi
contado.
29 E os rjuc paílàvaõ, o injuriavaó, meneando fuas cabeças, c
dizendo, ali tu que derribas o templo, c em tres dias o edificas:
3 o Salva te a ty mefino, e dcfcende da cruz.
31 E da meíma maneira tambem os Prinçipes d’os façerdotes,
juntamente com os Eferibas, diziaó huns pera os outros, Zomban­
do : A outros falvou, a fi mefino naó fc pode íalvar.
32 O Chrifto, o Rey de Ifi-aél, dcíccnda a gora da cruz, pera
que o vejamos, c o creamos. Tambem os que juntamente com elle
cftavaô crucificados, o injumvaó.
a on, a a 33 E vinda a a hora fcxta, foraõ feitas trevas fobre toda a terra
meia di<t. até a ’> hora nona
bOu,ústres 34 E á hora nona exclamou Jefus com grande voz, dizendo,
da tarde. EL01, ELOI, LAMMA SABACHTANI; que, decla­
rado, quer dizer, Deusmeo, Deus meo, porque me deíamparafte?
3 5 E ouvindo Q 0 j huns d’os que ali cllavaõ, diziaó: Eis que a
Elias chama.
35 E corco hum, c cnchco dc vinagre hua eíponja, c pondo a
cm hua cana, deulhe de beber, dizendo, dcixac, vejamos fevirá
Elias a tiralo.
37 Mas Jefus, dando hua grande voz, cípirou.
3 8 Entonçes o vco do templo fc raígou cn dous d’alt’abaixo.
39 E o Ccnturiaó’ que ali em fronte d’cllc cftava, vendo que afli
clamando que avia clpirado, difle : Verdadeiramente. Filho dc
Deus era elte homem.
40 E tambem ali cftavaô alguás mulheres olhando de longe, en­
tre as quaes cftava, Maria Magdalena, c Maria maé de Jacobo 0
menor, e de Jofcs, c Salome.
41 As quaes, eftando clle ainda cm Galilea, o feguiaó, c lhe
ferviaõ: E tambem outras muitas que juntamente com elle tinhaõ
fobido a Hicruíàlem.
41 E fcndo ja tarde, porque era a preparaçaõ, a faber a vcípora
do íàbado:
43 Veio Jofeph de Arimathca, Senador honrado, que tambem
cfpcrava, o Reyno de Deus, e oufadamente entrou a Pilatos,
c pedio o corpo dc Jefus.
44 E Pilatos fc maravilhou dc que ja foflè morto. E çharnan-
do a 0 Ccnturiaó, perguntoulhe fc ja era moito muito avia.
45 E'
SEGUNDO S.MARCOS Gap. XVI. io?
4$ E avendo o entendido d’o Ccnturiaõ, deo o corpo a Joíèph.
46 O qual comprou hum lençol fino, c tirando o, envolveu o
no lençol fino, c polo em hum fepulcro lavrado cmhri penha, c
revolveo huá pedra á porta do ícpulcro.
47 E Maria Magdalena, e Maria [mae J de Jofes, olháraõ a on­
de o punhaó.
Capitulo XVI-
1 As mulbcres vem a 0 fepulchro pera 0 ungir. 4 acbaõ « pedra revolvida. f bttm anjo
as infirma como chrifto refurgio dos mortos. 9 omefmo fenhor aparece a Maria magda­
lena. 10 que da as novas a os difçipulos, mas naoocrem. 11 ainda aparece a dous
difçipulos no caminbo. 14 efinalmente também a os onfe, e manda a pregar e baptiiar
por todo 0 mundo. 1 7 promete diverfos Jinaes qtte aviaõ de fegtlir a os crentes. 19 fobe
ao ceo. 20 eos apoftolos profperamente faiem 0qttelhes deCbriJio foi mandado.

i T}, Paflàdo o fabado, Maria Magdalena, e Maria [mae] dc


Jacobo , c Salome, compraraô cipeciarias pera o virem á
ungir.
z E mui dc manhaá, o primeiro [dia J da ícmana, vicraõ a o
Ícpulcro, íàido ja o foi.
3 E diziaó entre fi: Quem nos revolverá a pedra da polta do fe­
pulcro?
4 (E atentando, víraó a pedra revolta) porque era grande.
5 E entrando no fepulcro , viraó hum mancebo aílcntado da
[banda] direita, cuberto de huá roupa comprida branca: E cípan-
taraõ fe.
<5 Mas elle lhes diífe: Naõ temaes ; bufcacs a Jcfus Nazareno
crucificado: Ja he refufeitado; Naõ efta aqui: Vedes aqui o lugar
a onde o puíeráõ.
7 Mas ide, dizei a feus diíçipulos, c aPcdro, que elle vac diante '
de voíòutros a Galilca; ali o vereis, como elle vos diflê.
8 E íãindofe cilas aprefuramente , fogiraõ do íèpulcro; porque as
tinha tomada tremor e eípanto; nem diziaó nada a ninguém, por­
que temiaõ.
9 Mas como [fáts] refurgio pelamanhaá, o primeiro [dial
d’a femana, primeiramente aparecco a Maria Magdalena, da qual
tinha lançado icte demonios.
10 Indo cila, feio faber a os que aviaõ citado com elle, os quaes
eftavaõ tiiíles, e chorando.
** E- ouvindo clles que vivia, e que delia avia fido viílo, naõ
o creraõ.
11 Mas
no os. euangelho
12 Mas defpois aparccco cm outra forma, a dous delles, que hiaó
caminhando para o campo. 1
i j E foi-.yj ellcs, c fizcraõ o íàber a os outros; e nem ainda a!
eftes crcraõ.
14 Finalmcnte aparecco a os onze, eftando elles aflèntados Vá
mefatJ e dcitoulhes em roílo fua incredulidade e dureza dc coraçao,
por naó averem crido a os que ja rcfuícitado o tinhaõ vifto.
15 E diílèlhes: Ide por todo o mundo, pregae o Euangelho a
toda criatura. ®
16 Quem crer e for baptizado, ferá falvo: masquem naõ crer,
fera condenado.
17 L efo? finacs fcguiraõ a os que crerem por meu nome, lan-
çarao fora a os demonios, fallaráõ novas lingoas.
18 Tiraráõ ferpentes; e íè beberem couía alguã mortifera, naõ
lhes fará danõ nenhum; fobre os enfermos poraõ as maõ, e fa-
rarám
19 E avendolhes o fenhor fallado, foi recebido a riba n’o ceo, e
aílèntouílè a ^maõj direita de Deus.
20 E,’ íàindo elles, pregaraó por todas as partes, obrando com
elles o fenhor, e confirmando a palavra com os finaes que apos ell*
fe feguiaõ. Amen.

Fim do San&o Euangelho fegundo S. Marcos,

O_SANCTO
III

O S A> N C T O
EUA*N*GEL H O
Dc noflò Senhor

JESU CHRISTO
SEGUNDO
S. LU C ,A S.
Capitulo I.
1 0 prologo de Lucas tocante a feu Euangelho. f a linhagem de Sacharias e Elifabcth
8 bum anjo aparece a Sacharias no templo i J que lhe predita confeição e nacimento
de joaó, cujo ojficio defcrcve i 8 Sacharias por caufa defua incredulidade emmudece 14.
Elifabetb concebes. 16 0 anjo Gabriel anuncia a virgem Maria que por obradoEfpi-
ritofarião nacerad'ella 0 Mefias. 39 fua vifita a Eiifaheth. 46 e feu divino can.
tico. f7 Elifabcth parifeu filbo, 0 qual fe chama joaó. 64 a boca e a lingoa feabrio a
0 Sacharias e louva a deus eProphetiga do officio deChriflo ede joaó feuprecurfor 80
que no deferto bia creçendo e fe confortando em 0 Efpirito.

1 li Vendo muitos emprendido pór em ordem a relaçaõ das


ZA coufas que entre nos tiveraó iua inteira certeza,
X 2 Como entregue nos foi dos que deldo principio as
raõ, c foraó miniftros d’a palavra.
J Pareccome também a my, avendome primeiro dcfdo principio
ja de tudó muy bem informado, eferever t’as por ordem a ty, ó cx-
cellentiflimo Thcophilo.
4 Pcraquc conheças a certeza das coufas dc que ja cfhís in­
formado.
5 Houvcm cs dias dc Herodes, Rey de Judea, hum íàcerdotc
chamado Zacharias da a ordem dc Abias; c fua mulher das filhas de a Gu, vti t.clire
Aaron, chamada Elifabcth. forte
6 E eram ambos juftos diante de Deus, andando cm todos os*'*-
mandamentos e direitos do fenhor fem reprehenfaõ.
7_ E naõ tinhaó filhos, porque Elifabcth era cftcril, e ambos
«raó ja vindos em altos dias.
8 E acontccco que adminiftrando elle o fiiccrdocio diante de
cus, fegundo a ordem de fua vez,
9 Confor-
III O S. E U A N G E L H O b
9 Conforme a o coftumc íàccrdotal, lhe cahio cm forte entrar
■EX0tl-30:^. cm o templo do fenhor a oftcrccer oSfccrfume.
Jevi». <6: •7-
ío E tcífa a multidão do povo cftava.fora orando, á hora do
perfume.
11 E apareccolhc o Anjo do fenhor, cftando da direita
d’o altar do perfume.
12. E turboufe Zacharias vendo o, c cahio temor fobre clle.
13 Mas o Anjo lhe dillc, Zacharias, naõ temas porque tua ora-
■■ luc.c. 6o.
çaõ foi ouvida , e tua mulher Eliíàbeth te gerará hum filho / e
porlheás por nome Joaó;
14 E teras gozo c alegria, c muitos fe gozaraó dc fcu naci-
mento. , a Senhor f

. Inix.l5.-t- 1$ Porque ferá grande diante do/fiUM, c naó beberá vinho,


nem cidra, c fcrá cheio do Efpirito fanélo, até dcfd’o ventre dc
íúa maé.
;-AU!.4:r.
ií E a ^muitos dos filhos de Iíracl converterá a o fcnhor fcu
Deus delles.
. Mal. 4-e.. 17 Porque irá diante delle com o eípirito e virtude de Elias,‘pe­
ra converter os coraçoens dos pacs para com os filhos, e os rebeldes
para com a prudência d’os juftos; pera preparar a o fcnhor hum po­
vo bem apercebido.
. htn.lj: if. 18 E diílè Zacharias a o Anjo: Em que conhecerei ifto? 'pois cu
ja fou velho, c minha mulher vinda cm altos dias.
19 E refpóndcndo Anjo diflèlhe : Eu fou Gabriel, que affifto
diante dc Deus, c fui mandado a fallar te , c a dar te eftas boas
novas.
20 Vés aqui pois emudecerás, e naó poderás íhllar até o dia cm
que eftas couíàs aconteçaõ, porque naõ crcftc a minhas palavras,
as quaes a fcu tempo fc cumprirão. ■
21 E o povo citava eíperando a Zacharias, e maravilhavaõ fc de
que tanto tardava no templo.
2 2 E íàindo clle; naó lhes podia fallar. E entenderão que tinha
vifto alguã viíàó no templo. E elle lhes fallava por acenos, c ficou
mudo.
23 E fucedco' que cumpridos os dias de fcu oflicio, veio fc pera
fita caía.
24 E defpois d’aquclles dias conccbco fuá mulher Elizabeth, e
cncubriafc por cinco mezes, dizendo,
gui-fW- 1 Porque ifto me fez o fcnhor cm os dias cm que aav atentou
ltfci.4: 1- , jm» tirar minha afronta entre os homens, 1 26 E
SEGUNDO S. LUCAS. Gap. I. Irj
15 Eno feifto mcsfoio Anjo Gabriel enviado dc deus a huã cidade
de Galilea, chamada Nazaretíi.
27 A huá virgem deípofada com hum varaó que fe chamava Jo-
fèph, da cafa de David; c o nome da virgem era Mana.
28 E entrando oAnjoaella, diílè: Gozo ajas b cm graça aceita,b Ou
tn .■
o fenhor [ he ] com tigo; bendita tu entre as mulheres.
29 Mas cila corno L*] vio, turboufe dc feu fallar, c imaginava
que faudaçaó feria efta.
30 Entonçes o Anjo lhediflê: Maria, naõ temas, porque achaftc
graça diante de Deus.
3l*'E vefaqui conceberas em o ventre, c parirás hum filho, c n.l<íai-7. ■
chamarás feu nome Jcfus.
3z" Efte ferá grande, c filho do altiflimo ferá chamado, c darlhe
P.iefty:
ha o fenhor Deus o trono de David feu pae.
33 E reinara em a cafa dc Jacob eternamente, c dc ícu rcvno
naõ averá fim.
34 Entonçes Maria diílè a o Anjo: Como íè fará ifto? porque naõ Y^W,

conheço varaó. pGí>?.


3 5 E reípondendo o Anjo, diflèlhc: OEfpirito fanéto virá fobre • 8&. J;
ÍCr.íl:
ty, e a virtude do altiflimo te « cobrirá com fua fombra, polo quec Ou , t<• P.1n.r...
também o fanéto que dc ty ha dc naccr , íèra chamado filho de
Mick.j

3Í E vefaqui Elifabeth tua parenta também tem concebido Heh. t:

“a°aX “t 5 ' hC ° “° m& d’a<ludla “

. (■ lob-m
37 Porque nenhuã coufa fera a Deus impoflivel. ia*. S?.:
3 $ Entonçes diílè Mana: Eifãqui a ferva d’o fenhor ; cumpraíè • Z»ck. $•,
cm my conforme â tua palavra. E o Anjo fc partio d’ella.
, 39 E levantandofc Maria naquellcs dias, foiíè apreíúradamente
as montanhas a huã cidade dc Judea.
40 E entrou cm cafa dc Zacharias, c íaudou a Elifabcth.
41 E acontccco que como Eliíàbcth ouvio aíàudaçaõ de Maria
faltou a criança cm feu ventre, e Elifabeth ficou chca d’o, Efpiri­
to fanéto. ' 1
4* E exclamou com grande voz, e diflê: Bendita tu entre as
mulheres, e bendito o fruito de teu ventre.
my venhí?ndC ifto a <luc.a maS de irco fcnhor a ’

44 Porque vefaqui que cm a voz de tua faudaçaó chegando


1 P ameos
114 OS. EUANGELHO
a mcos ouvidos, faltou a criança com alegria em meu ventre.
45 E bemaventurada que crço, pois fc haõ dc cumprir as
couíàs que d’o íènhor lhe foraõ ditas.
46 Entonêcs diflè Maria: Minha alma engrandece a 0 fcnhor.
47 E meo eípirito íè alegra cm Deus meu lalvador.
48 Porque atentou pera a baixeza de fua íèrva: pois eiíàqui det
dagora me diraõ bemaventurada todas as geraçoens.
45> Porque grandes coufas me fez 0 Poderoíõ, e fanéto J
ícu nome.
5ovEíua mifcricordia hede geraçaõ em geraçaõ, pera cornos
eí.<i- quc °xtCmem- _y
J ft.'-’ . ÍOu> p*Com feu braço obrou valerofamcnte, e d dcígarrou a osíò-
w.,3:w. berbos do penfamento de feu coraçaó.
j
52 Dos tronos derribou a os poderofos, e a^os humildes le­
vantou..
.a. Tf „:n. 53 A os famintos encheo de bens, e a os ricos mandou vazios.
,jcí.?c» is. í4bTomoú a Iíracl fcu fervo, lembrandofe de [Jm] miíè-
ricordia.
55 Como faliou a noífos pacs/a Abraham, e a fua íèmente, pe­
ra íèmpre.
56 E ficoufc Maria cõ ella, como por tres meies; e tomouíc
pera fua caía.
57 E a Eliíàbeth íè lhe cumprio 0 tempo de parir, c pario
hum filho.
5 8 E ouviraõ os circumvezinhos, c os parentes, que tinha Deus
uíàdo de grande mifcricordia com ella ; e alegráraõ fc juntamente
com ella. e
>. <i. 59E aconteceo que a 0 oitavo dia vicraó pera circuncidarem a 0
lev. its 3.
menino; e chamavaõ 0 do nome de feu pae, Zacharias.
60 E rcípondcndo fua maé, diflè: Naõ, fenaó Joaõ íèrá cha­
mado.
61E diflèraó lhe : Ninguém ha em tua parentela , que deftc
nome íè chame.
6 - E fallaraó por acenos a ícu pae, como queria que lhe cha-
maífcm ?
63 E pedindo ellc a taboinha de cícrevcr, efereveo,. dizendo,
Joaõ hc íèu nome. E todos íè maravilharaõ.
64 E logo a boca c a lingoa fe lhe abrio ; e fallava, louvando
a Deus... ■
áj E
SEGUNDO S.LUCAS. Cap. I. nj
^5 E veio hum temor fobre todos ícus circumvezinhos; e cm
todas as montanhas dc Judca foraõ divulgadas todas citas coufas
66 E todos os qucoouviaõ, fe maravilhavaõ, di. mdo, quem
lera cite menino? E a mao do fcnhor era cõ elle.
67 Zacharias fcu pae foi cheio do Eípirito íãncto, c profeti­
zou, dizendo, 1 r .
° fcnh°r DeUS dc qUC vifitou C C rcdem‘O aeOu,/«cw-
lCUpoVO. dempíde^.
9 E nos levantou o esforço da íàluaçaó, na caía de David(Ou,nttr- .tí^.
leu fervo. 3 ginal eftá 5
pio7[frí™ M°U quedefdoprinci-^S
71‘[Cmwm a[Ar~\ o livramento dc noflõs inimigos, e damaoS”"^- í"'»
ae todos os que nos aborrecem. «■ 3*
72 Pera fazer mifcricordia, a noflòs pacs, c fe alembrar de fcu^T
fanfto concerto. ,uS pf X
73 E d° juramento que a Abraham noflò pae jurou, qucnosS^/XSX
avia de dar. . . •vaçaõ ■, tu t
74 9-ue r dc- nn - mmig°s, fem temor o ferviriamos *
ft£’da ™tapr<*nça, todos osfaSnóf/*'^

7«‘Tu porem , ó menino, Propheta d’o Altiffimo feras cha.


ma^ porque ante a face do fenhor has de ir a aparelhar feus S- m.Míl.4;

faõ7L^apíX™ ° em remif-

'O^teía"^m“a dC ”°ff° DOTS’ C0” qUC°

79 Pera aparacer a os que habitaõ cm trevas, c cm íòmbra de


orte;, pera encaminhar noflòs pes pelo caminho da paz.
ta r ^.o menino h»a crecendo, c fendo confortado cm o efpiri-„rtn
E eíteve em os defertos ate o dia cm quc a Ifraèl fe 5 moftrou. t
*
OS. EUANGELHO
Capituio II.
j Chrifto nact em Betblebem S feri nacimento for hum Anjo a es paftores foi anun­
ciado. i 3 e-pelos exercites celeftiaes gloriofamente celebrado. 1 p os paftores pajfaõ
ateBetblebempera ver o menino, e divulgando o ijneIbes foidito,fe tornaÕ n o me­
nino foi circuncidado, chamado JESUS, o aprefentado n o templo zp aonde Si-
meaõ o toma cm feus braços, e louvando a deus, prophetita d'elle 3 6 como também Aet­
na a Prophetiffd. 41 Cbrifto fendo de idade de doze annos hia comfeuspaes a Jertifalem,
tf e argumenta com os doutores n'o templo, f 1 fe torna a HaZareth, e efta fogetioa
Jeuspaes , crecendo cm fabedoria e em idade e em graça.

1 T7 acontecco naquellcs dias, que fahio hum mandado de par-


•*-* te de Çeíãr Augufto, que todo o mundo foífc matriculado.
2 Èfta primeira matricula foi feita fendo preíidente d’a Syria
Cyrdnio. ■
3 E hiam todos a fe matricular, cada qual a íúa própria çidade.
4 E íõbio Jofcph de Galilca, da çidade de Názarcth â Judéa, á
cidade de David,1 que fc chama Bethlehem; porquanto cráda cáfa
Mtc. <•
c familia dc David.
5 Pera fc matriculai- com Maria Eia mulher, com elle.entaõ dc£
poíacla, a qual citava prenhe. , ■
•t
6 E acontcceo que , eftando clles ali, fc compriraó os dias em
que cila avia dc parir.
7 E parió a íèu filho o primogénito, e envolveo o cm cueiros, c
deitou o na manjadoura; porque naó avia pera clles lugar na
cftalágé.
8 E aviaõ paftores na mcfma terra, qtie eftavaõ no campo, e
a guardavaó as vigias da noite íòbre feu gado.
a Ou, efta- 9
<,_ J o Anjo
E eis que _ do ínõr, fe pós junto a clles, ze a gloria do ícn-
vaõdeguar-}^ os ccrcou de reiplandór, e ouveraõ grande medo.
I danas íír. 10 -Mas - • • ’lhes
o Anjo ’ v<v_:. \
diífe t.'
Naõ temaes; ..
------- < porque, vedes aqui vos
dou novas de grande gozo, que ferá para todo o povo.
11 Que hoje vos he nacido o falvador, que héfo Chrifto, o fen-
hdf, nacidádc dc David. f z
12 E ifto vos íèrá por final: achareis a o menino envolto em
cueiros, c deitado na manjadoura. a
Oar>->zi«- 13 E no mefmo inftante houve com o Anjo multidaõ de Exér­
Ap«*. C.
citos cclcftiács, que louvávaó a Deus, c diziaó: ?
jeí.rr'$• 14 Glória cm altiffimos [ceos] a Deus, c na terra paz, e nos
homens contentamento.
15 E acontecdo que como os Anjos fe partiraó detlcs para o ceo,
diflê-
SEGUNDOS.LUCAS.Cap.il. n7
diffóraõ os naftóres huns a os, outros: Paífómos pois até Bethlehem, e
vejamos óita palavra fuçcdiâa, que o fenhor nos manifeftou.
16 E vieraó aprefuradamente, e acháraó ã Maria, rajofeph, e
a o menino deitado n’a manjadoura.
17 JE. vendo o , divuJgáraõ a palavra que do menino lhes avia
fido dita.
12 E todos os que a ouviraõ íè maravilháfaõ d’o que os paftdres
lhes diziaó.
19 Mas Maria guardava tddas eftas coufas, conferindo as.cm feu
coraçaó.
20 E tomaraó íèzos paftores,.glorificando, c louvando a Deus.
por todas as couíàs que tinhaó ouvido , e vifto; como lhes avia
lido dito,
Gen. <7:1:
21 E paílàdos os oito dias pera çircunçidár a o menino, chamá-
lev. 11.' J
rao feu nome Jeíus; o qual d’o Anjo lhe foi pdfto antes que no Vcííi-
tre foflè concebido. i / /
22 E cumprindofe os dias dc íúa ‘purificaçaó, conforme a ley de i lev. ix': 6
Moyfes, trouxeraó oz a Hicrufalem , pera o' aprcíèntárem a o
fenhor. k
23, Como cm a ley d’o íenhor efta eferito: Todo macho que abrir k. tÇxoct.ij:

a madre, ferá chamado fáncto a o fenhor.


24 E(pcra dár a oflférta, conforme a o que em a ley d’o fenhor
eftádito: Hum par de rolas, ou dous pombinhos. , ,íev. n-f-
25J7, eis que avia hum homem em Hicrufalem, cujo nome era
era efte homem jufto, e'a Deus temáite, e efpcráva a
ontolaçaõ de Ifracl; e o, Efpirito fanéto eftáva íòbre elle.
.26 E^lhe foi feito divinarcvelaçáo doEfpirito fanéto, que naõ ve-
a a morte , antes que viftè a o Chrifto d’o fenhor. ,
2 7 E veio pelo Eípirito a o templo. E como os paésjntroduzjraó
a 0 Minino Jefus pera por álc fazer conforme a o coftuínc da léy.
^.Entonçes o tomou elle cm ícus braços, c louvou a Deus,
C diflc; ^.Gtri.qo-.
2 9 Agora b.defpcdes fenhor em páz a teufervidór, confdrme b Ou dá-
atUapalívra; n xas ir
3°oPois ja meus ólhos"tcm vifto tua íàlvaçaó.
n. 2
3 \ Aqual aparelhaftc em prefença de todos os povos.
a Ad.
Iíraèl Pera dluminaçaó das gdntes, e pera glória de teo povo r.jtí. fi

c fua mac, eftavaõ maravilhados das couíàs que


«elle fe diziaó. p 3 H E
118 O& EU ANGELHO .
3 4 E Simcaõ os abençoou , e diflè a fua maé Maria: Vç? aqui
’-quc cite hcfdaclo pera queda, c pera levantamento dc muitos em
líi aèi; e ptf: a finfl a quem hítdc fer contradito.
c Ou > atw• 35 E huá eípifoa te hade c traípalfár tua própria ãlma, pera‘qué”dc
wtffíir* muitos coraçocns íè manifòftcm os peníàmentosr x
z3<í Eftava tambem ali"Anna Prophctiílà, filha de Phanuèl. da
tribu dcAílcr , aqual ja tinha ^vindo^ cm grande idade, e avia vi-
viâo com mariuo íète annos deide fua virginidacle.
37 E era viuva de até oitenta e quatro annos, e naõ íè apartava
1
d’o templo em jejuns, c oraçoèns/lervindo de noite e"de dia Qa o
fenhor'] f s
38 E fobrevindo efta em a meíma hdra, confeflàva juntamente
a o fenhor, e fallãva delle a todos os que efpcr/vaõ a redcmçaõ cm
Hieruíãlem.
39 Como pois acabáraõ de cumprir todas as couíãs íègundo a ley
do fcnhor, tornaraõ feza Galilea, pera fua cidade dc Nazareth.
)
40 E o menino hia creçéndo, e íèndo confortado d’o Eípirito,
c enchéndofe de íábedoria; c a graça de Deus cftava fobre elle.
41 E hiaó ícus paés todos os anos a Hieruíãlem, á fófta da
Exoá.a>:IF.Q.
''pafchoa: z
41 E íèndo ja de d<4zc anos, fobiraó a Hieruíãlem, conforme a
o coftúme do dia dá fcfta.
43 E acabados jaz aqucllcs dias, tomandofe elles, fiçpu o meni­
no Jeíús cm Hieruíãlem, fòín Joíèph nem íua mac o íãbcrem.
44 E cuidando ellcs quc vinha na companhia, andáraõ caminho
de hum dia: E buícãvaõ oz entre os parentes, e entre os con­
hecidos. , , z z .
4 5 E como naó o açháflèm, tomáraõ crh buíca delle a Hie-
rufalem. z ✓
46 E aconteçeo que , paílãdos trés dias, o açháraõ no templo
aílènt-ádo no meio dos doutóres, ouvindo os, e perguntándolhes.
47 E todos os que o ouviaõ ficavaó fora de íij por feu entendi­
mento c repoftas.
48 E vendo p elles, eípantáraõ fe; e diflèlhe fua maé : filho,
i
porque nos fizelte ifto? veíãquf teu pac, e díi, que com ánçia te
andamos bufcando. . -
í 49 Entonçes clle lhes diflè: que ha, porque me buícãveis?
Naõ fabeis que cm os negóçios que faõ de meo paé’ me convém
cíhfr?
50 Mas
SEGUNDOS.LUCAS.Cap.llI. nj>
50 Mas elles naó entenderão as palavras que lhes dizia.
51 EÀdefçcndco có elles, e veio a Názarcth, c dralhes Íògciío.
E fua maé guard/va tdclas cftas couíàs cm ícu coração.
51 E Jeíus hia^crcçendocmfabedoria, egrandiíra cem grítça pera z-I.SUn.i...
com Deus, c para com os homens.

Caputilo III.
1 0 tempo ‘m que 0 joaó baptifta começou a pregar e baptinar. j afujlamia defua pregaçaõ.
7 como exhorta pera convcrfàõ a todos que fabiaõ a d’elle Jerem baptitados 1o e
T*®* co,npanbas, pubhcanos e foldados 0 que a cada qual convém fazer, em feu
*J a *> vocapaõ, c calidade. íp teftemunbo que da.de Chrifto, e de feubautifmo
*9 Jttn prifaõ n Chriflo de joaõ foi baptiXjado 23 cuja linhagem fe defereve
a adam. J

J? N’o anno quinze do império de Tibcrio Ccíàr, fendo Ponçio'


e f • ”datos prefidente de Judea, e Herodes Tctrarcha de Galilca,
•eu irinaõ Philippe Tetrarcha de Ituria e da Província de Tracho-
te’ c Lyíània Tetrarcha de Abilinia;
2 Sendo Annás c Caiphas íumõs Pontifiçes , íòbrcvcio a palavra
do fenhor a Joaó, filho dc Zacharias, em o defeito.
. 3 E veio por toda a terra d’oredor do Jordam, pregando o bau-
hfmo de arrependimento, pera perdaõ dos pecados.
4 Como eftá efcrito no livro dos fermoens do* Propheta Eíàyas, C.jeí.4®' 3.
que diz: Vozd’o que clama no deferto; Aparclhae o caminho d’o
lenhor, enderençae íuas veredas.
5 T°do vale fe enchera, e todo monte, e outeiro fe abaixará; c
aprainZ^^ torCldoS & endcrcitaraõ ’ e os c^^os afperos fe

P ^ra ^oda carne a íàlvaçaó de Deus.


<L.P(.}0:}.
raà d kk a 35 comPail^as 9ue íàhiaõ a d’elle ferem baptizados: j^rirío.
ravir?6 blboras’ Quem vos enfinou a fogirdes da ira que efta pc-

dÍ7ei- P018 6 r ’tos dignos de arrependimento, e naõ comeceis a


dinn l°r Pae temosa Abraham; porque cu vos
ham * q dcfi;as Práras pode Deus deípertar filhos a Abra-

to ^tod^ tarnt>em ja o machado eftá pofto á raiz das arvores; por tán-
no fogo arvorc ftue na° der bom fruito, fera coitada c lançada

«lostogp?38 Companhas lhc perguntavaõ, dizendo, que fare-

11 E
120 OS. EUANGELHO
ii E rcípondcndo clle, diflelhes: Quem tiver dous veftidos, dc
a o que naó tem; c quem tiver alimentos, Faça o mcfmo.
xi E vicraó tambem a ellc op publicanos pera ferem baptizados;
d difleraó lhe: Mcíbrc que faremos ?
13 E ellc lhes diflè: Naó pccaes mais do que vos eftá ordenado.
14 E perguntaraõ lhe tambem os foldados, dizendo, e nofoutros
que faremos? c clle lhes diflè: Naó trateis mal a ninguém , nem a
ninguém oprimacs; e contcntaevos com voílòs íoldos.
i/E cirando o povo cfpcrando, c cuidando todos dc Joaõ cm
feus coraçoes, fe por ventura feria o Chrifto:
ítí Rcfpondeo Joaó, dizendo a twios; eu vos baptizo cm verda­
de com agoa, mas vem quem hemais poderofo quc eu, de quem cu
jeí q<l: í. mó fou digno dc lhe delatar a correa dc íèus çapatos; !cflè vosbapti-
iS
zará com Eípirito Sanéto c com fogo.
17 Cuja pá eftá em fua maõ, c alimpará fua efta, e ajuntará o
trigo cm ícuccllciro, e queimará a palha com fogo quc nunca fe
apagará.
18 Afli que amoeftando tambem, outras muitas couíàs, anuncia­
va o Euangelho a o povo.
19 Entonçes fendo Herodes Tctrarcha d’clle reprendido, por
caufa de Herodias mulher dc fcu irmaó Phclippe, e por todas as de­
mais maldades que Herodes tinha feito:
20 Acrccentou ainda ifto fobre tudo o dc mais, que encarcerou
a Joaó.
21 E acontecco que como todo o povo íè baptizava, c Jeíús fofle
^tambem'] baptizado, c orafle, o ceo íè abrio.
22 E dcfccndco oEípirito fanóto fobre ellc cm forma corporal,
' como dc pomba ; ,e iobreveio huá voz do ceo quc dizia :p Tu es
meo amado filho, cm ty tenho meo contentamento.
2? E o mefino Jefus começava a fcr como de trinta annos, filho.’,
como fe cuidava, dc Jofeph, [<? fofephl dc Hcli.
24 [j£Z/<r/»Jde Matthat, [Q ÃEittbatJ dc Lcvi, Qe Levijdc
Melchi, [jc MelchQ dejanne, [jr jannc j dc Jofeph.
25 [Ejofeph] de Matthathias, p\e MatthaihiM j dc Amos,
dc Nahú, (je Nahíí J dc Efli, [/ E/fi J de Nagge.
26 f£ dc Maath, [jf Maath J de Matthathias, [e Mat-
thathiàJ dc Semei, Seinei] dc Jofeph, jofeph] dejuda.
2? [T ?uda~^ de Johanna, 'pohaana^ dc Rhclã, [jt Rhepi^
dcZorabâbel, fe ZorobabcQ dc Salaticl, [_eSalatieQ dc Ncri.
• 28 f£
SEGUNDOS.LUCAS.Cap.IV. i*r
13 [ E Neri] dc Mclchi, O AfrH/] de Addi, f e Addi] dc
Cofiam, [e Cofiam] de Elmodam, fr Elmodam ] de Er. .
29 f E Er] de Jofc, f<?/o/?] de Eliczcr, [jEZ/^-] dcjorim,
fe fiorim] de Matthat, fc A-fatthat] dc Lcvi.
[í Levi] de Simeon, fc Simeon] dc Juda, fc finda] dc
Jofeph, fc fi°fepb] de Jonan, f c fionan] de Eliacim.
31 f E Edi/icim] dcMclea, fc Melea] deMainan, fc Àfainan]
de Matthatha, fc Aíatthatha] de Nathan, eNathan] de David.
32 f E2Xmá] de Jeflè, [efiefle] dc Obed, [_eObed] dc Booz,
f cíao^] de Salmon, f c Salmon] de Naaíòn.
33 [ E Naafon] dcAminadab, f c Aminadab] de Arara,
ram] dc Eírom, f eEfrom] dc Pharcz,[_e Phare^fi] dc Juda.
34 [_E finda] dc Jacob, \]e fiacob] de Iíàac, f c Ifaac] dc Abra-
ham, f c Abraham] de Tliare, f c Thare] dc Nachor.
35 f£ Nachor] dc Saruch, f c Saruch] dc Ragau, [_c Ragau]
de Phalcgh, f e Phalegh ] de Hcbcr, f 'Idebcr J dc Sala.
3 6 f E SalaJ de Cainan f e Cainan ] dc Arphaxad, f e Arphaxad]
dc Sem, f e Sem] de Noc, f c No'è] de Lamech.
37 TE Lantech] de Mathufala, fc Mathufala] de Hcnoch, Te
fíenoch] dc Jarcd, fc fiared] de Maleleel , fe Maleleel] dc
Cainan.
38 f E Cainan] de Henos, f c Henos] de Seth , f e Seth] de
Adam, ‘ f e Adam ] dc Deus.

Capitulo IV.
1 0 Cbriflo jejuma quarenta dias, e foi atentado do diabo. 14 Se torna a Galilea, e ehfna
emNafaretb do cap. Efai. 61. que elle be 0 Mefias prometido, 13 E moflra com exem­
plos de Elia e Elifa parque rafaÕ naõ fatia ali milagres. 18 PoriJJo elles fe agaflan
dobufeaõde matalo. 31 Enfna emCapernaum em osSabados. 33 E livra a hum
endemoninhado. 38 Sara a fogra de Pedro, e ainda a outros enfermes e endemonin­
hados. 41 Sae d'ali eprega tambem em as outras cidades da Galilea.

1 J7 cheio Jcíús do Efpirito Sanóto, tornouíc do Jordaõ, c foi lc-


vado do Eípirito a o deferto.
2 E por quarenta dias foi atentado do diabo. E naõ comeo coufa b- -3^'iS
algua naqucllcs dias; os quaes paflàdos defoois teve fome.
3 Entonçes o diabo lhe diflè : Sc tu es filho dc Deus, dize* a efta
pedra quc íe faça pam. f
5 E-Jcípondcndolhe Jefus,. diflè/Efcrito eftá, que naó com fó C. peut.l: 3.

pao vivu-a o homem, mas com toda palavra dc Deus.


Q. SE
m OS. EUANGELHO
5 E levou o o diabo a hum alto monte, e moftrou lhe todoà os
rcynos do inundo cm hú momento de tempo.
■ <5 E dill<C'he o diabo: A ty te darei todo cfte poder, c fua gloria:
porque amy me cítá entregue, e a quem quero o dou.
7 Portanto fe tu me adorares, tudo ferá teu.
8 E reípondendo Jeíus, diílelhe: Arredate' de my íâtanas; por­
. 6*x
e lot »<>•
que cícrito eftá/A o Senhor teu Deus adorarás, c a elle fó íèrviras.
Sflm. 7 • 3 • 9 E levou o a Hieruíàlem, e pôlo íõbrc o pináculo do templo, e
diílelhe: Sc tu es filho de Deus, lánçate d’aqui a baixo.
10 Porque eícrita eftá,'que a feus Anjos dará cargo dc ty, que
te guardem.
11 E que em fuas maõs te levaraõ , pera que nunca tropeçcs
com teu pé cm alguã pedra. f
il E reípondendo Jefus, diílelhe: Dito eftá: Naõ atcntai'ás ao
Senhor teu Deus.
i j E acabada toda a tentaçaó, o diabo íè foi d’cllc por al­
gum tempo.
14 E tornoufe Jeíus em virtude do Eípirito, pera Galilca; c íà-
hio lua fama por toda a terra d’o redor.
15 E enfinava em fitas Synagogas, e dc todos éra louvado.
16 E veio a Nazarcth, aonde fora criado ; e entrou , conforme
a feu coftumc, hum dia deSabado, na Synagoga, ‘ e levantou fe
a lér. , . -
17 E foi lhe dádo o livro do Propheta Efayas; c como abrio o
livro, achou o lugar cm que cftava cícrito:
!.ef. 61 •■ < • 18*0Eípirito do Senhor [//?<»] fobre my, porquanto mc ungio;
pera cuangelizar a os pobres me enviou, pera íàrár a os contritos dc
coraçaó-,
irf. <t - ?• i$>'nPcra apregoar liberdade a os cativos, e vifta a os çegos, pera
e 6i: <-x-
enviar em liberdade a os quebrantados. Pera apregoar o anno agradá­
vel do Senhor.
20 E çerrando o livro, c tornando o a dar a ominiftro, aflèntouíè;
e os olhos de todos os d’a Synagoga eftavaõ fitos ncllc.
z 1 E comcçoulhcs a dizer: Hoje fc cumprio efta eícritura cm.
voflòs ouvidos.
lei. <t>>4- 22 E todos lhe dávaõ teftemunho/c eftávaõ maravilhados das
palavras dc graça que de fua bóca fahiaõ; c diziaó: Naó he cfte o
filho de Joíèph ?
22 E elle lhes diílè: Sem duvida me direis: Medico, cura te a
- ty
SEGUNDO S. LUCAS. CiP. IV.
ty meíino; dc tantas coufas que ouvimos foram feitas em Capcrna-
i.’um, faze também aqui alguãs em tua patria.
24 E diflê: Em verdade vos digo, quC nenhum < Propheta hc
agradavel em íua terra.
25 Porem cm verdade vos digo, r que muitas viuvas avia cm r-1
Ifrael cm dias de Elias, quando o çco fe çerrou por tres annos c feis
melès; dc modo que em toda a terra houve grande, fome.
26 Masjt nenhuã delias foi enviado Elias, ícnaó a Sarcpta dc Si­
don, a huã mulher viuva.
_ 27 E muitos leprofos avia cm Ifrael, cm tempo do Propheta Eli- [
feu; mas nenhum dcllcs foi limpo, íènaó Naãman o Syro.
2 8 Entonçcs todos fc encherão dc ira, na Synagoga , ouvindo
citas coufas. “
29 E levantandofc, lançáraõ o fora da çidade, e leváraõ o até o
cumc do monte, cm que fua çidade d’eiles citava edificada, pera
d ali1 d alt’a baixo o lançdrem. a Ou, «^r«-
30 Mas paliando elle b por meio delles, foi fc. cipitanm.
31 E dcíçcndeo a Capamaum, çidade dc Galilea: e ali nc md bOu» P"
. 1’4 OS. EUANGELHO
íàs enfermidades, lhos traziaó; e pondo as maós fobre cada hum
delles iãrava os.
41 E taitòem os demonios fahiam de muitos, dando brados, e
dizendo, tu es o Chrifto, o filho dc Deus: Mas reprendendo
elle, naó os deixava fallar, porque fabiaõ que ellc era o Chrifto.
42 E fendo ja dc dia, íãhiofc, e foife a hum lugar deferto; e as
companhas o bufeávaõ, c vic'raõ até chegar a ellc : e detinhaó o,
pera quc delles fc naó fofle.
43 Porem elle lhes difle: tambem he ncçeíTario quc a outras
cidades anunçie o Euangelho do reyno dc Deus; porque pera iife>
fou enviado.
4I E prégava nas Synagogas de Galilea.

Capitulo V.
1 0 Cbriflo enfina a companha defde tare» de Pedra. 4 E chama ao Apoflolado aPedrO
e feus companheiros. 12 Purifica a hum leprofo. 17 Sara a hum paralytico e do­
moflra com aquelle que tinha poder pera perdoar os pecados. 27 Chama a Matheo
da alfândega. 29 Come com elle e com outros publicanos. 31 E da rafaõ d’aquel­
le. 33 Defende feus difcipulos com diverfas parabolas, porque nao jejttmavaõ.

i .T? aconteçco que eftando clle junto a o lago dc Gcnezareth,


iOu,aWw J-j a fc derribavaó as companhas fobre ellc, por ouvirem a pala­
vra dc Deus.
2 E vio dous barcos que eftávaó junto [ápraitj do lago: E que
aVcndo os pefcadores dclçendido delles, cltavaõ lavando luas rédes.
3 E entrando cw hum d’aqucllcs barcos, %que era o de Simaõ;
pediolhe quc o desviaflê hum pouco dc terra. E aflentando fc, enfi-
nava as companhas dcsd’o barco.
4 E como çcllòu de Fallar, difle a Simaõ: Leva em alto már, e
lançae voflàs redes pera pclcar.
5 E reípondendo Simaõ, diflèlhe : Meftre, avendo trabalhado
toda a noite, naõ tomamos coufa alguã; mas cm tua palavra lan­
çarei a réde.
6 E fazendo o afli, colherão grande multidão dc peixe, de ma­
neira quc a rede fc rompia.
7 E capeáraõ a os companheiros quc cftavaô no outro barco, quc
os vieflem ajudar; c vicraó, e cnchéraõ ambos os barcos, de tal
jnodo quc quafi fe hiaõ a pique.
bOu, jue- 8 O que vendo Simaõ Pedro, derriboufe a os b pes de Jefus, di-
zendo: Saete dc my,. Senhor, que fou homem pcccador.
p Porque
.SEGUNDO S. LUCAS. Gap. V.
9 Porque cfpanto o tinha rodeado, e a todos os que com elle
eftavaõ, pola prcíà d’os peixes que tomaraõ.'
10 E afli mefmo a Jacobo e a Joaó, filhos dc Zcbed'-'), que crao
companheiros dc Simaõ. E Jcfus dillc a Simaó: Nao temas; dcld a“cOu,/eJí‘t'
gorac tomarás homés. . tá-
11 E como d chegáraó á terra com os barcos, deixando tudo,dou ,/«/<»-

12 E acontcçeo que eftando cm huá daqucllcs çidades- eis quea tcr'“-


hú homem cheio de lepra, vendoajeíus, poftroufe fobreorofto,
c rogou lhe, dizendo, Senhor, fe quiieres, bem me podes
alimpar.
13 Entonçes cftendcndo elle a maó, tocou o, dizendo, quero,
íê limpo; c logo a lepra fe foi dellc.
14 E mandou lhe que o naõ diflefle a ninguém; mas vac, Q dif-
ftQ moftrate a oSaçcrdotc, e offercçe por tua limpeza, como man­
dou Moyfcs paraque ‘ lhes confte. . . c Ou > TV*
1$ Porem fua fama andava mais: c ajuntárao fc muitas compan-
has a o ouvir, c a d’cllc ferem curados de luas enfermidades.
16 Mas elle fe apanava aos defdrtos, e [alQ orava.
17 E acontcçeo hum daquclles dias, que eftando elle enfinan-
do, eftavaõ [ali J aílentados alguns dos Pharifeos e Doutores d’aLey,
que tinhaó vindo de todas asaldeas deGalilea, c dc Judea, e dc Hic­
rufalem; c a virtude d’o Senhor cftava [ali] pera os fará?.
18 E cisaqui homens que traziaó cm huá cama a hum
homé que cftava paralytico; e procuravaõ lcvalo dentro, c pôlo
diante delle.
19 E naõ achando por onde dentro o poder levár, por cauíã da
multidaõ , fobiraõ em çiraa da cáíã, c pelo telhado o abaixáraõ
com a cama a o meio, diante de Jcfus.
20 O qual vendo fuafc dellcs, diílelhe: homem, teus pcccados
, te faõ perdoados.
21 Entonçcs osEfcribas c os Phariícos comcçáraõ a imaginar, di­
zendo , quem hc efte que diz blafphcmias?k Quem pode perdoar,
pcccados ienaó fo Deus ?
22 Jefus, entonçcs, conhcçcndo feus peníamentos dellcs, reípon-
deo, e diflelhes: que imaginacs em voflòs coraçoens.
23 Qual hc mais fapil, dizer: teus pcccados tc faõ perdoados?
i-í O'S. EUANGELHO
pera na terra perdoar peccados, difle a o paralytico: A ty te diuo
levantate, torna tua cama, c vactc pera tua cala. b ’
25 E leysptandoíè clle logo cm lua prefença delles, Til toman­
do o em que eftava deitado, fòilè pera fua cáíã glorificando’ a Deus
id E tomou cfpanto a todos: c gloriflcavaó a Deus; c ficaraó ’
cheios de temor, dizendo, hoje vimos couíàs incríveis.
g Ou, no zj E dcípois deltas coulas , íàhio íe , c vio a hum publicano,
ÍMcodos chamado Levi, aflentado na s alfandega, e diflèlhe; fegueme.
publicos tri­■ 28 E deixando tudo, levantouíè, c feguio o.
buta.
29 Efez lhe Levi hum grande banquete em fua caía, c avia
muita companha de publicanos, e de outros, quc com ellcs cftavaô
a mela.
30 Emurmtiravaó feus Eferibas delles, c os Pharifeos, contra
ícus diíçipulos, dizendo, Porque comeis c bebeis com os publicanos
e peccadorcs ? 1
31 E rcfpondendo Jefus, diflelhes: Os que cftáõ faós, naó neçcf-
litao de medico, fenaó os que elido enfermos. r
n Naó vim a chamar a os juítos, fenaó a os peccadorcs a con-
vcrlao.
. 35j,Entonçes lhe diflèraõ elles: Porque os diíçipulos de Joaó ie-
jumao muitas vezes, e fazem oraçoens; e afli mclmo os dos Plwi-
íeos, e teus diíçipulos comem e bebem?
èí.6i: < ■ j-j- E clle lhes difle: Podeis vosoutros fazer que jejuem os que
eltao dc bodas, cm quanto o eípoíò com ellcs ella?
4íelfeZ^SqlMnd° ‘SC4’Ofol,’e’“ tirad0’ eentonf“

36. E dizial ícs tambem hua parabola: Ninguc deita remendo dc


pano novo cm vcftido velho; d’outra maneira, o novo rompe f ae
velho J ; e a o velho naõ convém remendo novo.
3 7 Nem ninguém deita vinho novo em odres velhos • d’outra
manara romperá o vinho novo os odres, c dcrramarfeha o vinho,
h Ou, «<*■ e os odres fc « perderão.
tiaraõ. , 38 Mas o vinho novo, cm odres novos íè ha dc deitar; e am­
bos hum a o outro fe confervaõ. •
diz^MeChè o vclh„° ''eIh° beber’ 10E° 0 novo; W'

C A-
SEGUNDO S. LUCAS. Cap. VI. 117

Capitulo VI.
1 Os difçipulos arrancaÓ efpigas em Sabado, e Chrifto os defende contra os tifos. 6Chri-
fio fiara a hum homem de huã maó Jeca em Sabado , e defende fiett feiSo. 11 Ora
na montanha, e elegia os dote apofiolos. 17 Sara a diverfios doentes e endemoninha­
dos. 20 Declara quem eraõos bemaventttrados, e quem naõ. z-j Manda amar ate
a os inimigos, 36 Prohibe osjuizos temerários. 38 quere a benignidade. 41 Enfi-
na que antes de reprender a outro, nos amifier atender a nos mesmos. 46 A fim mo-
firaaquemfaõ Jemelhantes os que naõ fomente ouvem, mas guardais finaspalavras.

1 T? acontccco que paílàndo elle por a huns paens, o primeiro a Ou ,feste-


íàbado fegundano, hiaó feus difçipulos arrancando eípigas,ados’
c comendo, esfregando as n’as maós. b
Ir EkoJ.IflUC
2 E alguns dos Phariícos lhes dífleraó: Porque fazeis o que naó
hc licito fazer em Sabados ?
C. l.Sam .2t:é
3 E reípondendo Jcfus, diflelhes: Nunca leftes o que fez David
quando teve fome, elle, e os que com elle eftavaõ?
4 Como entrou na caía dc Deus, c tomou os paes da propofiçaó,
c comco, e deu também a os que eftavaõ com dle: Os quaes naó.
era licito comer,aícnaõ íós os Sacerdotes? J..
5 E dizia lhes: O .filho do homem, até do Sabado he Senhor.
6 E acontcceo também cm outro Sabado, que entrou na Syna­
goga c enfinava : E eftava ali hum homem que tinfia, a maó di­
reita feca.
7 E atentavaõ os Efcribas e ôs Pharifeos para elle, fc íàraria cm
Sabado: Por acharem dc que o acuíàr.
8 Porem bemfabia elle feus peníâmentos d’clles; ediflcaoho-
mem que tinha a maó feca: Levantate, e poente empe no meio: E
levantandofe elle, pós fe em pé.
9 Entonçes Jeíus lhes difle: Huá pergunta, vos hei de fazei*; que
he licito em Sabados, fazer bem, ou fazer mal? falvar huá peflòa,
ou matala?
10 E olhando pera todos a o redor, difle a o homem: Eftende
g. tf^g-is: í
tua maó; e elle o fez afli^E foi lhe fua maó rcftituida íàam como
a outra.
11 E ficáraó cheios dc louquicc; e praticaváó huns com os ou-
tros, que fariaõ a^efys.
*3 E aeonteceo que naquelles dias fe fahio a o monte a orar; c
paflou a noite orando a Deus.
d jFiiCorno ía foi dc dia', chamou a feus difçipulos, e cícolhco
°2C d clles, a quem também chamou Apoftolos.
14 A
• I2g OS. E U A N G E L H O
14 A [coíruem a fâer~\ Simaõ, a o qual tambemchamou Pedro,
c a André fcu irmaó; a Jacobo, ea Joaõ; a Phclippe, c a Bar-
tolomco.
15 A Mattheos, ea Thomas, c a Jacobo [Jí/ãpJ dc Alpheo; c
a Simaõ, o que fc chama Zelofo.
ií Ajudas [irmaõ~\ de Jacobo, c a Judas Ifcariota, que tam­
bem foi o traidor.
17 E dcíccndcndo com elles, parou fc em hu lugar chaó, [junta-
fnente[\ cõ a companha dc feus diíçipulos , e grande multidaõdc povo
ile toda Judea, c dc Hicrufalcm, c da corta de Tyro, e de Sidon.
18 Que tinhaõ vindo a o ouvir, e a fer curados de fuas enfermi­
dades, e os que aviaõ fido atormentados dc cfpiritos immúdos, c
craõ curados.
19 E toda a companha procurava tocaio, porque íãhia d’clle vir­
tude, c curava a todos.
20 E levantando elle os olhos, pera feus difcipulos, dizia: Bc-
maventurados vos pobres, porque voflò he o rcyno de Deus.
. ij.
21*Bcmaventuradosvosquc agora tendes fome, porque ícrcis far­
feí-tfí: 3-
e 6G'. to* tos. Bcmaventurados vos que agora choraes, porque rireis.
22 Bcmaventurados fcrcis quando os homens vos aborrecerem,
e quando vos fepararem, c vos deíprezarem, c regeitarem voílõ no­
me como mao por amor do filho d’o homem.
23 Gozacvos n’aquelle dia, e alegraevos,porque vedesaqui gran­
de hc n’os ccos voílò galardaõ; porque afli fizerao ícus pacs a os
Prophetas.
■ Atnoí 6\». 0-, 24 Mas ay de vos outros ricos, porque ja tendes voflã con-
folaçaó.
25 Ay dé vosoutros os que cftacs fartos, porque avereis fome.
. Í«c . 4 • J •
Ay dc vosoutros os que agora rides/porque lamentareis, e cho-

26 Ay dc vosoutros quando todos os homens de vosoutros diflè-


rem bem; porque afli faziaõ feus pacs a os falfos Prophetas.
27 Mas a vos outros, os quc [iflo ] ouvis, digo: *Amac a voflòs
. E.xoA4-
Ptt>v- xi.
inimigos, fazei bem a os quc vos aborreçcm.
28 Bendizei a os quc vos maldizem, e orae polo? que vos vio-
lcntaó.
29 E a o que te ferir em huã fàcc, offerecelhe tambem a outra j
c a o que te tirar a capa, nem a roupeta lhe defendas [dc
tomar ] •
30 E
SEGUNDO S.LUCAS. Cap. VI. rz>
4 if *.
jq4 E a qualquer que te pedir, dá; e a o que te tomar o teu,
naõ lho tornes a pedir.
3 rE como vos quereis que vos façaõ os homens, r zcilhes vos-
outros também aíli.
32 Porque fe amaes a os que vos amaõ, que graças tereis? por­
que também os pcccadores amaõ a os que os amaõ.
33 E fe fizerdes bem a os que vos fazem bem, que graças tereis?
porque também os pcccadores fazem o meímo.
34 Efe empreftardes a aquelles de quem eipcracs recebei', que <í. Deut. S-
graças tereis? porque também os pcccadores cmprcftaó a os. pccca-
dores, pera outro tanto reccbcrc.
3 5 Amac pois a voflòs inimigos, e fazei bem, c emprcftae, naó
cípcrando diflo nada; c ferá voflò galardaõ grande, é fercis filhos do
altiflimo; que he benigno até pera com os ingratos, c maos.-
$ <5 Sede pois miíèricordioíos, como também voflò pae he miíc-
ricordioíò.
37 Naõ julgueis, e naõ fereis julgados; naõ condeneis, c naõ fe­
rcis condenados; íòltae e íèrcis foltos.
38sDae, c fervos’ha dado,.medida boa, apertada, íãcudida, c g . Prov. 10* aí
tresbordando vos daraó em voflò regaço: Porque com a meíma me­ »<>•»)

dida que medirdes, vos tornáraõ a medir.


39 E dizia lhes huã parabolaPode o cego guiar à o cego? naõ i -leí-41.- ty
cairáõ ambos na cava?’
r .t0.^ he diícipulo fobre feu meftre; mas qualquer perfeito
ferá como feu meftrc.
41 Porque atentas para o argueiro queeftá no olho dc teu irmaó;
c a trave que efta em tuo proprio olho, naõ enxergas?
4* Ou como podes dizer a teu irmaó-: Irmaó, deixame tirar o
argueiro que eftá em tuo olho; naõ atentando tu para a trave que
Cm tuo olho eftá? Hypocrita, tira primeiro fora a trave de teu olho,
9 entonçes atentarás em tirar o argueiro que eftá no olho de teu
irmaó.
43 Porque naõ hc boa a arvore que da mao fruito, nem má a
arvore que dá bom fruito.
34 Porcluc arvorc conhece-por fcu proprio finito : porque
LC°n dos efPinhciros’ nem vendimaó uvas dos abrolhos.
45 0 bom homem, do bom thefouro de feu coraçaó tira o bem;
° ?,Olbcm, d’o mao thefouro de feu coraçaó tira o mal; por-
q da abundancia d’o coraçaó falia íua boca.
R 46 E
130 OS. EUANGELHO
Mal. 46 E porque me chamaes Senhor, Senhor, enaõ Fazeis o
que digo ? • ..
47 Todfj. aquelle que a my vem, couve minhas palavras, c as
faz; eu vos moftrarei aquem he ícmelhante.
48 Semelhante he a o homem que edificou huá caía; que cavou,
c abrio bem. fundo, e pos o fundamento fobre penha; e vindo a
corrente d’o rio, deu com impeto naquella caía, mas naó a pode a-
balar, porque eftava fundada fobre penha.
49 Mas o que as ouvio, e as naó fez, femelhante he a o homé
que edificou húma caía fobre a terra ícm fundamento, naqual o rio
deu com impeto , e logo cahio; c foi grande a caida daquel-
la caía.

. Capitulo VII.
I 0 Cbriflo fara ao ferve do hum Centúria* cuja fe mui louva. 11 Refufcita a 0 filho
dehuãviuva.' 18 Kefponde apregunta dos dijeipulos de JoaÕ, e demofra comfuapró­
pria doutrina e obras que elle he 0 Mefiias. 14 Da hum exçellente teflemunho dapejfoa e
do officio de Joaõ. 19 Que ouvindo 0povo, louvaõa Deus, mas os Pharifeos regeitaÕ 0 con-
felbo de Deus, 31 Deita a osjudeos n'o roflo com parabola dos meninos, fua dureza.
36 Come com Simaõ 0 Pharijeo, aonde huá peccadora rega fettspès com lagrimas, com
quefeefcandaliZAO SimaÕ, mas Cbriflo a defende com parabola de dous devedores.

1 T? como acabou todas fuas palavras em ouvidos do povo, en-


trou em Capcrnaum.
x E eftando o fervo de hum certo Ccnturiaó, a quem ellc tinha
em muita cftima, enfermo; hiaíè ja morrendo.
3 E, como ouvio dc Jeíús, enviou lhe os Anciaós dosJudeos, ro-
gandolhe que viefle, e íãraílè â feu fervo.
4 E vindo elles a Jcíús, rogáraó lhe encarecidamente, dizendo-
lhe, que era digno de lhe conceder aquillo.
■; Porque ama a noílã naçaõ, e nos tem edificado huã Si­
nagoga.
6 E Jeíús foi com elles: Mas como ja naõ eftivcílc longe da caía,
mandou lhe o Ccnturiaó £ huns J amigos, dizendo lhe ; Senhor, naó
tomes trabalho, que naó fou digno que entres debaixo dc meo
telhado.
7 Polo que nem ainda me tive por digno dc a ty vir; mas dize
huã fó palavra , e meo criado farará.
8 Porque tambem cu fou homem fugeito á poteftade [deoutr.es]
quc tenho debaixo dc my foldados; c digo a cite, vae, c vae; ca
outro, vem, c vem; e a meo íèrvo, faze ifto, c falo.
9 O
SEGUNDO S. LUCAS Cap. VII. i;t
j O que ouvindo Jefus, maravilhouíc d’cllc, c virandoíê, diflê
a as companhas que o fcguiaõ: Digo vos que nem ainda cm Ifrael
tenho achado tanta fe.
10 E tornandoíè pera caía os que foraó enviados, acharaõ faõ a
o fervo qpe cftivcra enfermo.
11 E acontccco no \_dia J íeguinte, que hia a huã cidade que íc
chama Naim c hiaó com elle muitos dc ícus difçipulos, c grande
companha.
11 E como chegou perto da porta da cidade, eis que levavaõ hum .
defunto, que cra .o unigénito de fua mac; a qual também QefaJ
viuva. E avia com cila grande companha da cidade.
1 j E como o Senhor a vio, moveu fe a intiny, compaixaõ delia,
c diílelhe: Naõ chores.
H E chegandofe, tocou a tumba; e os que a levavaõ pararaõ; c
diflê: Mancebo, a ty te digo, levantate.
15 Entonçes' íê tornou a aflentar o defunto, c começou a fallar:
E deu o a íua maé.
16 E tomou temor a todos, e glorificavaÕ a Deus, dizendo ,
grande Propheta fc tem levantado entre nos outros, e Deus vifitou
a feu povo.
17 E íâhio efta fama delle por toda Judea, e por toda a terra
d’oredor.
18 E os difçipulos de Joaó lhe denunciaraõ todas eftas coufas.
19 E chamou Joaó a dous de feus difçipulos. E mandou* os a
outro ? dlZend° ’ CS tU a<lueUe Sue avia de vir, ou cfpcramos a

ao E como os varoens vieraõ a elle, diflêraõ: Joaó o Bautifta


nos mandou a ty, dizendo, es tu aquelle que avia de vir, ou eípe-
ramos a outro?
ai E na meíma hora4àrou a muitos de enfermidades, e a males,aOu
e eípintos maos, c a muitos cegos deu a vifta. tes-
21 E refpondcndo Jeíus, diflelhes: Ide, dae párte a Joam do
• que tendes vifto, c ouvido (afaber~\ : Que os cegos veem, os man­
cos andam, os leprofos faõ limpos, os furdos ouvem, os mortos re-
uucitaõ, e a os pobres íè anuncia o Euangelho.
2 3 E bemaventurado he o que em my fe naõ efeandalizar
C°mo fe,foraô os meniagciros de Joaó, começou a dizer de
d’o ventoa ver a 0 defeito? alguã cana que
i3i O & EU A NG E L H O
. . 2Í Mas que faiftes a ver? algum homem cubcrto de vcftidos de­
licados? Eis que os que andam prcciolàmcnte vertidos, cem deli­
cias, nos paps dos reys eftaó.
2 (í Mas quc íàirtcsavcr? algum Prophcta? tambem vos digo
c ainda mais quc Prophcta. h ° *
2 7 Eftc he aquelle de quem eftá eferito : Vésaqui envio meu
Anjo diante dc tua face, o qual aparelhará teu caminho diante dc ty
2 8 Porque cu vos digo, quc entre os nacidos de mulheres naó ha
, maior propheta que Joaó o Báptifta; mas o mais pequeno no rcyno
d’os ceos, he maior que elle.
2 9 E ouvindo o todo o povo, e os publicanos que com o baptif.
mo dc Joaó foraõ Jbaptizados, Juftificaraõ a Deus.
30 Mas os Phanfcos e os Sábios da ley, regeitaraõ o confelho dc
Deus contra fi mefmos, naõ fendo baptizados delle.
31 E diílè o Senhor: Aquem pois compararei os homens defta
geraçaõ? ê a quem íãõ femelhantes?
3 2 Semelhantes íàó a os rapazes aflentados na praça, que daõ
vozes huns a os outros, e dizem: Tangimos vos com frautas, c naó
balhaftes; cantemos vos lamcntaçocns, e naó choraftcs.
33 Porque veio Joaó Baptifta, que nem comia pam, nem bebia
vinho ; e dizeis: Dcmonio tem.
34 Veio o filho do homem, comendo e bebendo; e dizeis: Ve-
bOu> hutn homem comilaõ, e ** bebedor dc vinho, amigo de pu-
iarraé. bhcanos e de pcccadores.
3 5 Mas de todos íèus filhos hc a íâbcdoria juftificada.
36' E rogoulhe hum dos Pharifeos que comcfic com elle- e en­
trando em caía do Phariíèo, aflcntouícf a mefa. 4 ’
37 E cis huã mulher que avia fido pcccadofa na cidade, enten­
dendo que eftava á mefa cm cafa daquclle Pharifeo, trouxe hum vai
fo dc ídabaftro de unguento. .
38 E pondofe de tras a feus pees, começou, chorando, a regar
feus pés com lagrimas; c alimpavalhos com os cabellos de fua cabe­
ça; c beyava íeus pees, e urigialhos com o unguento.
39 E como ifto vio o Phariíca que o tinha convidado, fallava
com ligo , dizendo; 'íc eftc fora Prophcta, bem conhecera quem e
qual he a mulher quc o toca: quc hc pcccadora.
40 Entonçes reípondendo Jeíús, diflèlhe: SimaÓ, huã coufa ten­
ho quc te dizer 3 e clle lhe diífe: Dize Meftre.
41 [frfw dizia J hum acrédor tinlia dous devedores, o
hum
SEGUNDO S. LUCAS. Cap. VIII. 133
hum lhe divia quinhentos dinheiros , c o outro cincocnta.
42 E naó tendo elles com que pagar, foltoulhcs a divida a am­
bos; dize pois, qual deites o amará naais?
43 E rcijxjndcndo Simaõ, difle: Cuido que aquelle a quem mais
foltou. E elle lhe diflê: Bem e direitamente julgaítc.
44 E virandofe pera a mulher, diflê a Simaõ: Ves tu efta mul­
her; cu entrei cm tua caía, c tu naõ me deite agoa pera os pees; e
efta me regou os pees com lagrimas, e m’os alimpou com os cabel-
los dc íua cabeça.
45 Naõ me deite beyo; c cita, deíde que entrou, naõ ccílòu de
me beyar os pees.
46 Naõ me ungifte a-cabeça com oleo, e cita me ungio os pees
com unguento. *
47 Polo qiie te digo, que feus muitos peccados lhe íãó perdo­
ados , porque amòu muito : Mas a o que pouco fe perdoa, pou­
co ama.
48 E a cila lhe difle: Teus pcccados te fam perdoados.
49 E os que juntamente £<* eftavaõ aflêntados, começa-
raõ a dizèr entre fl: quem he cfte, que também perdoa peccados?
50 E difle á mulher: Tua fe tc Uivou; vaete em paz.

Caputilo VIII.
1 Chriflt fai caminbanda par todas as cidades e aldeas pregando a Euangelho , ac-
companhado de alguãs mulheres que lhe ferviaÕ de fuas fazendas. 4 Propoem a cam­
panha parabola da femeador cuja femente cabia em diverfas lugares. 9 dqual par-
ticularmente explica a feus difçipulos. 16 Campara fua palavra com huã candea que
ftpas fobre a candieiro. 18 Enfinaque a qualquer que tiver, fer Ibe ha dado. 19
£ quemfejaÕfua mãe efeus irmaõs. zz -Aplaca a tempe/fade dc venta. z6 Lançafa-
ra hui legiaõ de demonios. 31 £ permete lhes entrar nos percas. 41 Andacomjairo
pera farar fua filha. 43 Livra na caminha huã mulher de hum • fluxa defangue.
49 Refufata a filha dejairo.

1 . T? acontccco dcípois difto, que foi caminhando por cidades c


•*-' aldeas, pregando c anunciando o Euangelho do reyno de
Deus: e os doze \_eftava<Q juntamente com elle.
z E alguãs mulheres que aviaõ fido curadas de cfpiritos malinos,
e dc enfermidades; [ convém a faber ] Maria chamada Magdalena, da
qual aviaõ íiúdo fete demonios.
3 Ejohanna a mulher de Chuíàs , procurador dc Herodes, e
oulana, e outras muitas, que lhe ferviam com fuas fazendas.
OS. EUANGELHO
4 E ajuntandoíè huã grande companha, c vindo a clle de cada
cidade, diílè por porabola:
5 Sahio l'j m ícmcador a íèmcar fua femente: E femeando elle,
cahio huã parte junto a o caminho, c foi piiàda, c as aves do ceo a
comcraó.
6 E outra parte cahio íòbre pedra; c nacida, fccoufc, porquenaõ
tinha humidade.
. 7 E outra parte cahio entre cípinhos, e naccndo os cainhos jun­
tamente, aftògáraó a. J
8 E outra parte cahio em boa tetra, e íèndonacida, deu fruito a
cento por hum. Dizendo ellc citas couíãs, clamava: Quem tem ou­
vidos pera ouvir, ouça.
9 k k>u.s diíçipulos lhe perguntáraõ, dizend>, quc parabola he cila ?
i o E diílè clle : A vosoutros vos he dado entender os myílcrios
do reyno de Deus: Mas a os outros por parabolas ,s peraque
Wck-12: z.
vendo naó vejaó, c ouvindo naó entendaõ.
11 Eíla he pois a parabola: A femente he a palavra de Deus.
n E os dc junto a o caminho [femeados*] cites faõ os que ou­
vem; c defpois vem o diabo, e tira lhes a palavra de íèu coraçaó,
para quc naó aviaõ decrcr e fc falvar.
E os de íòbre a pedra [Çemeados] íâõ os quc ouvindo, rece­
bem a palavra com gozo; mas eites naó temraizes, quefó por hum
tempo crem, e a o tempo da tentaçaõ fe dcíviaõ.
14 E o qqe cahio entre eípinhos, eftes íâõ os que ouviraó, mas
idos fe affogaõ com os cuidados, e com as riquezas, e com os paílà-
tempos da vida, e naõ chegaõ a darj r
1 $ E o que em boa terra [cahio,] cites faõ os quc com bom e
rcéto coraçaó rctem a palavra ouvida, c daó fruito em perfe-
verança.
16 Mas ninguém que acende a candea, a cobre com algum vaíò,
ou a poem de baixo d’a cama, mas poem a nocandieiro, peraque os
quc entraó vejaó o lume.
fobíl:2i«

10 uinae pois como ouvis: porque a qualquer que tiver, fcr lhe
na dado ; e a qualquer quc naõ tiver, ate o que lhe parece que
tem, lhe lera tirado. 1
19 vicraó a elle íúa maé e irmaós, c naó podiaõ chegar a elle
por cauíà da multidão. 0
20 E
SEGUNDO S. LUCAS. Cap. VIII. H5
20 E foilhe dado avifo, dizendo, tua maé, c teus irmaõs eftam
fora, que te querem ver.
21 E reípondendo elle entonçes, diflelhes: Minha «Inae e meus
irmaõs, íiiõ os que ouvem a palavra de Deus e a guardaó.
2i E aconteceo hum daquelles dias, que entrou em hum barco
juntamente com feus difçipulos, c diflelhes: Paflcmos da outra
baiida do lago, e partiraó íc. , •
2 ’ E navegando elles, adormcceoíc: E deíccndeo hua tempcíta-
de de vento no lago, c[_o barco] fe enchia, e perigavaõ.
24 E chegandoíc a elle, deípertáraõ o, dizendo, Meftre, Me­
ftre, que perecemos. E acordado elle, reprendeo a o vento, e a
tempeírade da agoa, c cefláraõ, e fez fc. bonança.
25 E diflelhes: Que hc feito de voflà fé? étemendo clles, ma- i
ravilharaõ fe, dizendo huns a os outros:rQuem hc cfte? que até a r rf.I07- í?.!
os ventos, c á agoa manda, e lhe obedecem?
26 E navegáraõ pera a terra dos Gadarenos, que cita dc fronte
de Galilca. . . i
27 E faindo elle â terra, fahiolhe da cidade a o encontro hum
homem, que ja dc muitos tempos a tras, tinha os demonios no corpo,
e naõ andava veílido, nem parava em caía, fenaó pelas fepul­
turas.
28 O qual vendo a Jefus, clamou, e poftroufe diante dclle, e
difle com grande voz: que tenho eu com tigo, Jeíus, filho do
Deus altiflimo ? peço te que me naõ atormentes.
29 Porque mandava a o efpirito immundo que fahiflé d’aquelle
homem; porque ja de muitos tempos atras, o arrebatava. E guarda-
vaõ o prcío com cadeas e grilhoens, mas quebrando elle as prifoens,
era empuxado do demonio a os dcfèrtos.
3q_ E perguntoulhe Jcfus, dizendo, que nome tens? e elle difle;
legiaõ; porque muitos demonios tinhaó entrado nclle.
3 1 E rogavaõ lhe, qyc naõ lhes mandaflè que fe foíTem pera o
abifmo.
32 E avia ali huã manada dc muitos porcos, que andavaõ pafi.
cendo no monte; c rogaraõlhc, que osdcixaflè entrar nclles: E
deixou os.
33 E faidos os demonios daquelle homem, entraraõ n’os porcos,
c a manada fc arrojou de hum defpcnhadeiro no lago, c affogoufe.
34 E vendo os paftores o que tinha acontecido, fogiraõ : E in­
do, deraõ avifo na cidade, enas herdades.
35 &
136 . OS. EUANGELHO
✓ 3$ E fairaó a ver o que tinha acontecido, c vicraó â Jefus; c
acháraó ao homem, do qual tinhaó íàido os demonios, veílido'c
t
com fifo, alentado a os pés dc Jcfus, c temeraõ.
3 6 E contaraõ lhes os que o tinhaó vifto, como aquelle ende­
moninhado avia fido falvo.
3 7 Entonçes toda a multidão da terra d’os Gadarenos a o redor
lhe rogaraó que fe retiraflè dellcs; porque tinhaó grande medof E
íòbindo elle no barço tornoufe.
38 E aquelle homem, do qual aviaõ faído‘os demonios, lhe ro­
gou pera eiiar cora elle: Mas Jcfus o defpedio, dizendo.
39 Tomate, pera tua caía, c conta quam grandioíàs coufas Deus
te fez. E elle fc foi aprégoando por toda a cidade, qúam grandioíàs
couíàs Jefus lhe tinha feito.
40 E aconteceo que tomando Jeíus, a companha o rccebco;
porque todos o eftavaõ cípcrando.
41 E eis que veio hum vaiaó, chamado Jairo, que era Príncipe
da Synagoga, c caindo a os pees deJefus, rogavalhe que entraflè cm
fua caíà.
42 Porque huã filha unica que tinha, como dc doze annos, efta-
va á morte. E indo elle, apertava o a companha.
fev- ir. a4. 43 E huã mulher que tinha hum'fluxo dc fangue, doze annos
avia, cjacom médicos avia gaftado toda fua fazenda, edenenhú
dellcs-avia podido ícr curada,
44 Chegandofe por dc tras, tocou a borda dc feu veftido; e logo
jeftáncõu o fluxo dc feu íãngue.
45 Entonçes Jefus difle: Quem he o que me tocou? e negando
todos, diílè Pedro, c os que com elle eftavaõ: Meftre, a compan­
ha te aperta e oprime, e dizes: Quem hc o que me tocou.'0
46 E Jefus difle: Alguém me tocou; porque bem conheci que
dc my fahio virtude.
47 Vendo a mulher entonçes que naó íè lhe ocultava, veio tre­
mendo, e poftrando fc diante dcllc, dcclaroulhc diante de todo o
povo, a cauíà porque o avia tocado, c como logo ficara íàam.
48 E elle lhe diílè: Confia filha; tua fé te falvou, vac em paz.
49 Eftando elle ainda fallando, veio hum [_dacaja~\ do Príncipe
da Synagoga, a dizerlhe; tua filha hc ja morta, nao des trabalho a
o Meftre.
jo E ouvindo [0] Jefus, rcípondeolhc: Naó temas; cre fomen­
te, e ferá falva.
51 E
SEGUNDO S. LUCAS Cap. IX. 137
5 r E entrando em cafa, a ninguém deixou ^entrar, fc naõ a Pe­
dro, c a Jacobo, c a Joaó; c a o pae, c á maé da menina.
52 E choravaó todos, e pranteavaõ a; e clle difle:<^aó choreis,
naó lie morta, mas dorme.
53 E faziaó zombaria delle, bem íàbendo quc cftava morta.
54 E lançando os elle a todos fora, e travando ;t da maõ, bra­
dou , dizendo, levantate menina.
5$ Entonçes tornou ícu eípirito, e logo fc levantou: E mandou
quc lhe deflem dc comer.
5 6 E ícus paes cftavaô attonitos: E ellc lhes mandou quc a nin­
guém diffcffé o que avia fuccdido.
»
Capitulo IX.
1 0 Cbriflo envia feus apofiolos a pregar, elhes enferma come fe haõdeaver n'ocamin~
ho. 7 Herodes ouvindo de Cbriflo, procura velo. 10 Os apofiolos fe tornaõ. n
Da de comer a cinco mil homens com cinco paens e dous peixes. 18 Diverfos fentimen-
tos do povo acerca de fua pejjoa: ti Prephetita fua morte erefurreiçaõ. 13 Ex-
horta a hui confiante confeflaõ. 18. Se transfigura no monte diante de tres d'elles e em
brefençade Mofes e Elias. 37 Dançafora hum cruel efpinto tmmundo. 46 Enfina
qual d’elles feria 0 major. 49 Haõ quere que lhe defendejfem que em feu nome lançava '
fora os demonios. fi Indo aferufalem', os Samaritanos lhe negaõa eflalagem. gq
Tres que querido fegttir a Cbrifio, açbaõcada qual fua^repofia.

1 TJ* convocando feus doze difcipulos, deulhes virtude e poteftade


íòbre todos os demonios, e que íaraflcm as enfermidades.
i E mandou os a pregar o reyno de Deus, c a íarar a os en­
fermos.
3 E diflelhes: Naó tomeis nada pera o caminho, nembordoens,
nem alforges, nem pam , nem dinheiro, nem tcnhacs dous
veftidos.
4 E em qualquer cafa quc entrardes, ficíMPali, e íàhi d’ali.
5 E quaesquer que vos naó reçcbérem , íàindo vos d’aquel-
la çidade, ate o po íàcudi de voflòs pes, cm teftemunho contra
ellcs.
6 E íàindo elles, rodeávaõ por todas as aldeas, anunçiando o
Euangelho, e curando [os doentes J em todas as partes.
7 E ouvio Herodes o Tetrarcha todas as coufas que fazia, e
cftava em duvida, porquanto alguns diziaó , que Joaõ refufcitára
dos mortos;
8 E outros, que Elias avia apareçido; c outros, que alguem dos
Prophetas dos antigos avia rcfufçitadõ.
S 9 E
q8 os. EUANGELHO
9 E Mc Herodes: A Joaó, eu o degolei; quem pois ferá éfte,
de quem taes coufas ouço? e procurava velo.
10 E tor, idos os Ápoftolos, contarao lhe todas as coufas que
tinhaó feito. E tomando os com figo, rctiroufe a parte a hum lugar
dcfôito da çidade que fe çhama Bcthfaida,
11 O que entendendo as companhas, feguirao o: E elle os reçc-
beo, c lhes foliava do reyno dc Deus; c íárou a os que tinhaó nc-
çcífidade c cuia.^ comcçado a declinar; c çhegandofe a elle os
doze difleraólhe: Defpcde as companhas, pera que indo a os luga­
res e aldeas dó redor, fe agafalhem, c açhem que comer, porque
aqui citámos em lugar deíerto.
ii E diflelhes elle: Daelhcs vosoutros dc comer; e clles diíIL-
raó: Naõ temos mais que çinco paens, e dous peixes, falvo irmos
nos mcfmos a comprar dc comer pera toda cila companha.
14 Porque avia ali como çinco mil homens. Entonçes difle a feus
difçipulos : Fazei os aflentar por meíãs, de çincoenta em çin-
coenta. , r
15 E fizeraó o afli, e aflentaraq fc todos.
16 E tomando os çinco paens c os dous peixes, e ornando para -
o çeo,k benzeo os, c partio os, c deu os a feus difçipulos, peraque
os aprefentaflêm ás companhas. , „ , „ r
17 E’coméraó todos, e fortáraó íc, c levantarao do que lhes ío-
beiou, doze çeftos de pedaços. * , ,
18 E acontcçeo que eftando elle íò orando 5 eftavaõ com elle os
diíçipulos; c perguntoulhes, dizendo, quem dizem as companhas

pondendo Pedro, difle: O Chriíto de DeusT


21 Entonçcs defendia lhes ngurofamente, c mandoulhes que a
ninguém diflêflèm ifto:
22 Dizendo, neçeflàrio hc que o filho do homem padeça mui*
tas couíàs, e feja reprovado dos Ançiaós, c dos Prinçipes dos oaçer-
dotes, c dos Efcribas, c feja morto, e rcfuíçitc a o tercei­
ro dia. .
22 E dizia a todos: Se alguém quer vir a pos my, negueíe a 11
meímo, c tome cadadia fua cruz, e figame.
24 Por-
SEGUNDO S. LUCAS. Cap. IX. .139
14 Porque qualquer que quiíèr íàlvar fua vida, perdcla ha, e *
qualquer quc por amor dc my perder fua vida, cflc a íãlvara'.
25 Porque, que aproveita a o homem grangear tofy> o mundo,
perdendo íè a fi mcfmo, ou ^padcçendo dano.
26 Porque qualquer quc ac my, c dc minhas palavras íè enver­
gonhar, do tal íc envergonhara o filho do homem, quando cm fua
gloria, e [em gloria~\ do pae, e dos íànctos Anios vier.
27 E digovos em verdade, que alguns ha dos que aqui eftaó,
que ã morte naó goftaráõ, até que vejam o reyno dc Deus.
28 E aconteceo que como oito dias deípois deftas palavras, to­
mou a Pedro, c a Joaõ, e a Jacobo, e íõbio a o monte a orar.
29 E eftando clle orando, a aparência de feu rofto íc transfigu­
rou, e ícu vcftido ficou branco, frjmuy refplandecentc.
30 E eis quc dous varoens eftavaó fallando có clle, c craõ
Moyfcs e Elias.
3 1 Que apareceraó em gloria, c fãllavaõ dc íua íãida, aqual
avia dc cumprir cm Hieruíãlem.
3 2 E Pedro c os que com clle £eftavaÕ, J eftavaó carregados de
íõno; e como dcípertáraõ, viraó íua gloria, e a aquelles daus va­
roens que eftavaó com elle.
33 E acontcceo que apartandofe elles delle, diflè Pedro a Jeíús:
Meftre, bom hc que nos fiquemos aqui, c façamos tres1 taberna-a Ou, c»-
culos, hú pera ty, e hum pera Moyfcs, e hum pera Elias: naó fa-^«^-
bendo o que dizia.
34 E eftando ellc dizendo ifto, veio huã nuvé que os b cobrio;bOu,<4W;
e temeraõ indo entrando elles na nuvem. breu.
3 5 E veio huã voz da nuvem que dizia: Eftc hc meo amado
filho/a elle ouvi.
36 E dáda aquella voz, Jcíús íè achou ío: E elles íè caláraõ; e
por aquelles dias naõ diflèraõ a ninguém ndda do quc tinhaõ
vifto.
37 E acontcceo o dia íèguíntc, que deícendcndo elles do monte
lhe íàhio huã grande companha a o encontro. ’
38 E cisque hum homem da companha bradou, dizendo Me-
ftre, peço te que vejas a meu filho, que fó tenho unico *
39 E eis aqui hum eípirito o arrebata, e de repente ‘dá vozes e
* br2do?a PCla b0Ca efcUmar’ C apenas fe aParta delle> flue-
dci^° E rográ a tcus QUe ^o lançaíTcm fora, c naõ pu-
Clao- S 2 4! E
i4o OS. EUANGELHO
** 41 E reípondendo Jcfus, diífe: O geraçaõ infiel e pcrveríà, até
quando eftarci ainda com voíco, e vos iòfrerei ? traze aqui teu
filho. í-
41 E como ainda vinha chegando, o demonio o deíconjuntou, e
Í o J delpedaçou ;^?ias Jeíus reprendeu a o eípirito immundo, e fit­
ou a o menino, e tomou o a feu pae.
E todos eftavaõ fora de fi pola magnificência de Deus, c ma-
ravilhandofe todos de todas as couíàs que fazia, difle a feus di£
cipulos:
Ponde vosoutros em voflòs ouvidos eftas palavras; porque ha
de acontecer que o filho do homem ferá entregue em maõs de
homens.
45 Mas elles naõ entendiaõ efta palavra; e era lhes encuberta,
aflique naõ entendiam : E temiaõ perguntar lhe acerca defta pa­
lavra. *
c Ou, for- ^5 Entonçes entráraõ em c conferencia, dc qual delles íèria o
'1/’‘ maior?
47 Mas vendo Jcfus os peníàmentos de feu coraçaó delles, tomou
a huru menino, e polo a par de fi.
48 E diflelhes: Qual quer que receber efte menino em meo no­
me, a my me recebe: E qualquer que a my me receber, recebe a
o que mc cnvioU, porque o que entre todos vosoutros for o menor,
eflè ha de ícf o grande.
49 Entonçcs refpondcndo Joam , difle: Meftre , temos vifto a
hum que em teu nome lãnça fora a os demonios, e defendemoslho ,
porque com noíco [ te naõ fcguc.
50 E Jefus lhe difle: Naõ lho defendaes; porque qué naõ he
contra nos, por nos he.
51 E aconteçeo que como fe cumprirão os dias de fua afump-
çaõ, endereçou íèu rofto a ir a Hicruíàlcm.
52 E mandou menfageiros diante de fi; os quaes foraó, e entráraõ
cm huã aldea dos Samaritanos, pera ali lhe preparárem [ 0 ne-
cejfario.'}
5 3 Mas naõ o reccbéraõ; porque íèu rofto era Q como J dc quem
hia a Hteruíàlcm.
54 E vendo feus difçipulos Jacobo, c Joaó, diflèraó: Sen­
hor, ^queres que digamos que dcíccnda fogod’o ceo, e os confumafc.
lo.ii- como cambem Elias fez?
55 Porem virandofe elle, reprendeo os, dizendo, vosoutros naõ
íàbcis dc que eípirito fois. 56 Por-
SEGUNDO S. LUCAS. Cap. X. 141
56 Porque o filho do homem naó veio a dcftruir as almas dos ho­
mens, mas a falvalas. E foraõ fe â outra aldea.
57 E acontcceo que indo elles caminhando, lht 'difle hum:
Senhor, aonde quer que fores, te feguirei.
E> diflèlhe Jefus: As rapofas tem covis, c as aves dos ecos
ninhos; mas o filho do homem naó tem aonde recline a cabeça.
59 E difle a outro: Segueme; porem efte diflè: Senhor, dei-
xame que va, e enterre primeiro a meu pae.
60 E Jefus lhe diflè : Deixa a os mortos enterrar a feus mortos j
e tu vae, e anuncia o rcyno de Deus.
, 61 Entonçes diflè tambem outro: Senhor, eu te feguirei, mas P.i&eg.pno
deixame deípedir primeiro dos quc cm minha caía eftaõ.
62 E Jefus lhe diflè? Ninguém que, lançando maõ do arado, S-frov. <€< n.

olhar para tras, he abil para o rcyno dc Deus.

Capitulo X.
« 0 Cbriflo envia ainda fetenta difcipulos a pregar , e Ibes enforma de como fe ba» de
aparelhar a o caminho, e de come fe baõ de aver contra os ouvidores. 13 Jmeaçagran-
descafligos a cidades Cborazim,Betbfaida e Capernaum,por caufa de fua incredulidade.
Os fetenta fe tornaõ, e com alegria contaÕe que fiteraõ. 11 Da grafas a feu pae
como a nnicofonte da fcienciafalvifica. 17 Rejponde a bum doutor da ley quepregunta-
va, quefazendo, poffuira avida eterna, 19 Moflra quem feja oproximo com parabola
de bum homem que cabio em maõsdos falteadores. 38 foi bojpetado de duas irmaás
Martbae Maria, e louva mais a Maria do qtte a Manha.

1 T? Deípois deitas coufas aflinalou o Senhor ainda outros fetenta,


, a os quaes mandou de dous em dous, diante de fi, a todas
çidades e lugares aonde ^lle avia de vir.
2 E dizialhes: Grande hc cm verdade a íèga, mas os obreiros
íâõ poucos; portanto rogac a o Senhor da íèga , que empuxe obrei­
ros a fua íèga.
3 Andae, vedes aqui vos mando como a cordeiros cm meio
de lobos.
4 Naõ leveis bolíã, nem alforges, nem çapatos, e a ninguc fau- Z.lReg.Q: z,

deis pelo caminho.


5 E em qualquer caía que entrardes , dizei primeiro: Paz \Jeja J
nefta caía.
5 E fc ouver ali algum filho de paz, voflã paz repoufará íòbre
cllcj e fe naõ, tomaríc ha [yoffa paz] a vos outros.
7 E- poufae naquella mcfma cafa, comendo, e bebendo o quc vos '
h.Lev-^:^
Pois digno hc o obreiro de íèu falario: Naõ vos paflèis txuu.14:
[decafa^ em caía. S] 8E «. tf. 4
i4J O S. EUANGELHO
8 E cm qualquer çidade cm que entrardes, c vos rcçebercm, co­
mei o que diante vos puíèrcm.
9 E Sarr? os enfermos que nclla ouver, edizeilhes: Çhegado hc
a vosoutros o reyno de Deus.
xo Mas cm qualquer çidade cm que entrardes, e vos naó reçebe-
rem, íãindo per fuas ruas dizei:
11 Até o pó que de voflà çidade fe nos pegou, íàcudimos íòbre
.vosoutros: Iíto porem íàbcí, que ja o reyno dos çeos a vos outros íè
tem çhegado.
ii E digo vos, que mais toleravclmente feraõ naquclle dia tra­
tados os dc Sodoma, do que aquella çidade.
13 Ay dc ty Chorazim, ay de ty Betliíàida; què íè em Tyro e
cm Sidon foraó feitas as virtudes que foraó feitas cm vosoutros,
aOuja ^35 ha que aílèntados cm » cilicio e cm çinza, fc ouveraó ar­
rependido.
14 Portanto Tyro e Sidon terão mais rcmiflàó que vos outras
em o juizo.
15 E tu Capemaum, que até os çeos eftas alevantada, até os in­
fernos íêrás abaixada.
Quem a vosoutros ouve, a my me ouve; c quem a vosou­
tros engeita, a my me engeita; e quem a my me engeita, engeita
a o que me enviou.
17 Etornáraó os fetenta com alegria, dizendo, Senhor, até os
demonios fe nos fugeitaó em teu nome.
18 E diflelhes : Bem via cu a Satanas , que como hum raio
caia do ceo. . .
19 Vedes aqui vos dou poteftade para^iiíâr íòbre as íerpentes, e
fobre os efeorpioens, e fobre toda a força do inimigo, e nada vos
fará danõ.
20 Mas naõ vos alegreis dc que os eípiritos íè vos íògeitcm ; mas
EjfOíí- 3X- 31.
lei. 4- ?■
antes vos alegrae de que voflòs nomes cftáó eícritos n’os çeos.
V>nn. IX: i. 21 Naquella hora fe alegrou Jefus cm eípirito, e diflê: Graças
te dou, o pae, Senhor do çco e da terra; que efcondefte eftas cou-
• lob. f.-iX-.
ías aos íãbios c entendidos, e as rcvelafte a as crianças; afli he,
lei.19:14.
pae,(porque afli te agradou.
PÍ. 8-. r- 22 Todas as couíàs me eftaó entregues dc meupaè; c ninguém
íãbe quem feja o filho , fenaó o pae ; nem quem íeja o pae, ícnaó
o filho; e a quem o filho o quiícr revelar.
23 E virandofe para ícus diíçipulos , particularmente lhes
diílè:
SEGUNDO S. LUCAS. Cap. X. 143
difle: Bcmaventurados os olhos quc vem o que vos vedes.
24 Porque vos digo, que muitos Prophetas c reys deíèjaraó ver
o que vos vedes, c naó o viraõj c ouvir o que ouvO, e naõ o
ouviraõ.
25 E eis que hum doutor da ley fe levantou, atentando o, c di­
zendo, Meftre, que couíà fazendo, pofluirei a vida eterna.
26 E clle lhe diflè: que eftá eícrito na ley? como les?
27 E reípondendo elle diflè/Amarás a o Senhor teu Deus de to-
do teu coraçaó, ede toda tua alma, ede todas tuas forças, ede
todo teu entendimento/c a teu proximo como a ty mcfmo. z-lev.
28 E diflèlhe: Bem reípondeíte, faze iflo, e viviras.
29 Mas querendo íc clle juftificar afi meímo, diflè a Jcíús: E
quem hc ^íco proximo?
30 E reípondendo Jeíús, diflè: Hum homem deíçcndia de Hie-
ruíãlcm a Jcriçho, e cahio em maós de falteadores, os quaes o b dcf-bOu ,
pojaraõ, e ferindo o, foraõ íè, deixando fVJ meio morto. bara£
31 E a cafo decendeo hum Saçerdotc pelo mefmo caminho , c
vendo o, paflòu cie largo.
3 2 E ícmelhantcmente tambem hum Levita, çhegando junto a
aquclle lugar, e vendo o, paflòu de largo.
33 Porem hum çerto Samaritano, que hia de caminho, vindo
junto a clle, e vendo o, moveoíè a intima compaixaó.
34 E açhegando fe, atoulhe as feridas, deitandolhe nellas azeite
e vinho; e pondo o fobre íúa cavalgadura, levou o a huã eftalagem,
c c pólo em cúra. c Ou,
35 E partindofe a o outro dia, tirou dous dinheiros, e deo os
ohoípcde, e diflèlhe: Tem d’elíe cuidado, e tudo o que dc mais"' *'
gaftares, quando tomar, t’o pagarei.
3 6 Quem pois deftes tres te pareçe que foi o proximo daquelle
quc cahio nas maós dos ladroens?
37 E elle diflè : Aquclle que com elle uíòu de miíèricordia. «<;**«*
Entonçes lhe diflè Jefus: Vac, e faze da mefma maneira.
38 E aconteçeo que indo cll^ entrouxem huá aldea, e huá
’ mulher, çhamada Martha, o reçebeo em íúa caía.
39 E efta tinha huã irmaã, que fe çhamava Maria: aqual, af-
íèntandoíè a os pees de Jeíús, ouvia íúa palavra.
40 Martha porem fe diftrahia em muitos ferviços; E íòbre vindo,
diflè: Senhor, naõ fe te da de que minha irmaá me deixe fervir a
my fó? dizelhc pois que me ajude.
41 Re-
i44 O&EUANGELHO
41 Refpondcndo Jcfus entonçcs, diílelhe : Martha , Martha,
cuidadofa c fadigada andas com muitas coufas.
42 M^jiuá couíà hc neçcflària: •Porem Maria eícolhco a boa
. rí. parte,ba qual lhe naó ferá tirada.

C A P l'T U L O XI.
i OChriflo enfinafeus difçipulos a orar, ç Edeclaraa forçada oraçaÕ tem asparabolas
do hum amigo e de hum pae. 14 Lança fora a bum demonio mudo, e convence de
blafphemia a os que diziaó que em virtude de Beclzebul 0fazia. 14 Propoé 0 miferavel
eftado d’aquelle bome em quem fe torna 0 efpirito immundo. 29 OChriflo diz que a os
judeosfera dado 0 final de Jonas. 31 Reprendefua incredulidade d'elles com exemplo da
rainba dofui, e dos de Ninive. 3 3 Enfina com parabola da candea, que a luz do Euange-
liofe naõ ameflerefeonder. Reprende a bppocrifia, ambiçaõ e crueldade dos pharijeos
contra osProphetas e Jpoflolos, e ameaça lhes 0 caftigo de Deus, p^Epor 1JJ0Ibe armaó
dc novo filadas. ' •

1 T? aconteçeo que eftando elle orando cm hum lugar, cm aca-


v •*-' bando, lhe difle hum de feus difçipulos: Senhor, enfinanos
a orar, como também Joam enfinou a feus diíçipulos.
2 E diflelhes: Quando orardes, dizei: Pae noflò que [_eflás^
n’os çcosj.fanftificado feja o teu nome: Venha o teu reyno: Seja
feita a tua vontade, afli na terra como n’o çco.
3 O paó noflò de cadadia nos dá hoje.
4 E perdoanos noflòs peccados, pois também nos perdoamos a
a Ou, indti' todos quantos nos devem; e naõ nos a metas em tentaçaó; mas li-
zas. vranos dc mál.
5 Diflelhes também : Qual de vosoutros terá hum amigo, e
irá a elle á mea noite , c lhe dirá : Amigo , empreftame tres
paens.
6 Porque hum amigo meu veio a my dc caminho, c naó tenho
que lhe aprefentar.
7 E elle de dentro, reípondendo, diga : Naõ me importunes,
ja a porta eftá feçhada, c meus filhinhos eftaõcomigo na cama, naõ
poflò levantar me a dar-tb^f-
8 Digo vos, que ainda, que fe naõ levante a lhe dar, por ícr
feo amigo; com tudo, por íua importunaçaó íè levantará, e lhe da­
rá tudo quanto ouver mifter.
9 E vos digo cu a vosoutros: Pedi, c dar vos haõ: Buícae, e
açharcis: batei, e abrir vos haõ.
10 Porque qualquer que pede, rcçxbe; e quem buíca acha; ea
quem bate, abrem.
11 E
SEGUNDO S. LUCAS. Cap. XI. 145
11 E quc pae dc vosoutros , pedindolhe o filho paõ , lhe dara
huã pedra? ou, fe peixe,’em lugar de peixe, lhe dara huã íerpente?
12 Ou fc lhe pedir hum ovo, lhe dará hum cícorp-')5 ?
13 Pois íè vosoutros, íèndo maos, fabcís dar boas dádivas a vof-
fos filhos, quanto mais dará voílõ pae çcleftial o Eípirito íãncto a a-
qucllcs que lho pedirem?
14 E cftava lançando fora a hum demonio, c cra o tal mudo; c
aconteçeo quc íãido o demonio, o mudo faliou; e as companhas íè
maravilháraõ.
15 E alguns delles diziaó: Por Bcelzcbul, prinçipc dos demo­
nios, lança fora a os demonios.
i<5 E outros, atentandopediaõ lhe final do çeo.
17 Mas conhcçcndo ellc íèus peníàmentos, diílèlhes: todo reyno
divifo contra fi mcfmo, hc aífolado, c cac a cafa contra fi mef-
ma divifa. , . . >
18 E fc tambem íàtanas contra fi mcfmo eftá divifo, como ficara
empé feu reyno ? Porquanto dizeis, quc por Bcelzebul lanço fora a
os demonios. . C
19 Pois íc cu por Beelzebul a os demonios lanço tora; voílos
filhos por quem os lánçaó? portanto ellcs feraõ voílòs juizes.
20 Mas fc eu polo dedo dc Deus lanço fora a os demonios, çlic-
gado pois hc a vosoutros o reyno de Deus.
21 Quando o valente armado guarda fcu paço, cm paz eftá Çtudo^
o quc pofiue.
22 Mas fobre vindo outro mais valente quê clle, c venççndo o,
toma lhe todas fuas armas em que confiava, e reparte ícus dêfpojos.
23 Quem comigo naõ he, contra my he; c quccomigonaõapan­
ha, clle eípalha.
24 Quando o eípirito immundo tem íãido do homem, anda por
lugares íccos, buíèando repoufo; c naõ o açhando, diz: lornarmc-
hci a minha caía d’onde fahi.
2 5 E vindo açha a barrida, c adornada.
26 Entonçes vae, c toma com figo outros fctc eípiritos peioresque
clle, c entrados-, habitaõ ali; c faõ do tal homem as coufas derradei­
ras, pciores que as primeiras.
27 E accmtcçeo quc, dizendo clle eftas couíãs, huã mulher da
companha, levantando a voz, lhe difle: Bcmaventurado o ventre
quc te trouxe, c os peitos quc mamafte.
28 Mas elle diílè: Antes bcmaventurados os que ouvem a pala­
vra dc Deus, c a guárdaõ. T 29 E
I
x46 os. EUANGELHO
29 E juntas as companhas, começoulhes a dizer: Malina he efta.
geraçaõ; final bufca, mas final lhe naó ferá dado, fenaó o final de
Jonas o Prc/p.ieta.
j o Porque afli como Jonas foi final para os Ninivitas; afli o íèrá
também o filho do homem para e'fta geraçaõ.
21 A Rainha do fui fe levantará juntamente em juizo com os ho-
I Reg.to:t.
més defta geraçaõ, c os condenará;°pois até dos fins da terra veio
ifaral. j-.i a ouvir a iãbedoria de Salamaõ: E eisaqui mais que Salamaõ eftá
aqiii.
3 2 Os homens de Ninive fc levantaráõ juntamente em juizo com
efta geraçaõ, c a condcnaráó; pois com a pregaçaõ de Jonas fe con- -
verteraó : E eifaqui mais que Jonas eftá aqui.
33 Nem ninguém açendendo a candea, apoem em lugar ocul­
to, nem de baixo do alqueire; fenaó no candièiro, peraque os que
entraré poífaõ enxergar a luz.
34 A candca do corpo he o olho; pois fe teu olho for fimple,
também todo teo corpo ferá luminofo: Porem fe for mao; também
[todo] teo corpo íèrá tenebroíò.
3 5 Olha pois que a luz que em ty ha, naó íèjaó eícuridades,
36 Afli que íèndo teu corpo todo luminofo, naó tendo parte de
eíèuridade alguã, todo íèrá reíplandepente, como quando a candea
com feu refplandor te alumia.
37 E eftando elle ainda fallando, rogoulhe hu Phariíco que vief
íè a jantar com elle; e entrando^ejy^?aflèntouíè.
3 8 E vendo fojo Phaiiíèo, maravilhouíè, de que naõ íè lavava
antes dc fe pór a jantar. —
39 E o Senhor lhe difle: Báfta.que vosoutros, os Pharifeos, o de
fora do vafo edo prato alimpaes; Porem voflò interior, de rapina
c maldade eftá çheio. •
40 Loucos; porventura o que fez o de fora, nao fez também o
.fei. í<J-.7.
dc dentro?
oan. 4:1>-
41* Porem dae eímola do que tendes; e eisaqui tudo vos fè-
rá limpo.
42y Mas ay de vosoutros Pharifeos, que dezimaes a oitelaam , e a
I Sim.<«•■«.
arruda, e toda ortaliça;* Mas polo juizo e caridade de Deus paflàes
G-. G.
Ojce^l de largo : Porem mifter era fazer eftas coufas, e naó dar de maó
Mick.G-.9-
as outras.
Mítk. tj.-í. 43'1 Ay de vosoutros Pharifeos, que amaes as primeiras cadeiras
nas Synagogas, e as faudaçoens nas praças.
44 Ay
SEGUNDO S. LUCAS. Cap. XI. 147
44 Ay de vosoutros Eferibas e Pharifeos hypocritas, que íòis co­
mo as fcpulturas quc naõ apareçem, e fcm d’ellas faber, andaõ íòbre
ellas os homens.
45 E reípondendo hum dos Doutores da ley, diílè lhe: Meftre,
quando dizes ifto, tambem nos afrontas a nosoutros.
n 4<ícPorem clle diílè: Ay de vosoutros tambem Doutores da ley,
quc carregaes os homens com cargas pefadas pera levar; mas vosou-
tros^ nem jp**^** íX Vmtr» Ac* ns Hitâs curí^íis tocíics.
'T, y *------------ 9 X * C
ifiataraõ ós voílòs pacs. •
48 Bem daes afli teftemunho que confcntis n’os feitos de voflos
paes; porque elles os matáraó, mas vosoutros edificaes feos fe-
pulcros.
49 Portanto diflè a íàbedoria de Deus tambem: Prophetas e A-
poftolos lhes mandarei; e delles, a [huns] mataraõ, e a [outros]
deitaráó fora.
50 Paraquc defta geraçaõ fejarequerido o fanguedetodos os Pro­
phetas, que desda fundaçaõ do mundo foi derramado.
51f Desdo langue de Abel / até o íãngue dc Zacharias, que mof- Í.Cen.<l: O-
réo entre o altar, c a cafa [de Deus:] afli vos digo, fcm defta ge­
raçaõ requerido.
52 Ay de vosoutros Doutores da ley, que tomaftes a çhave da
fapiençia; vosoutros naó entraftes, e a os que entrávaõ , impe-
diftes.
5 3 E dizendolhes c'ftas coufas, os Eferibas e os Pharifeos com eçaraõ
em grande maneira a o apertai-, c ta provocaloj a quc de muitas
couãs fàllaflè.
54 Armandolhc aflifiladas, e procurando caçar alguã coufade íua
boca, pera o poderem acuíàr.

T * C A-
148 \ OS. EUANGELHO
Capitulo XII.
i 0 Chrifloav:J'-;fius difçipulos que fe guardem da formento dos Pharifeoi. 4 Enfinaot
quí nos atniíler temer. 6 Exborta a confiar na divina providencia, e a confejTar feu
nome, e avija que nos guardemos da blafphemia contra 0 Efpirito fantto. 13 Nega a
fer repartidor da herança entre dous irmaõs. 1 f Comparabola de hum rico avifia quefe
guardem da avareza. 11 Enfina com exemplo do corvo, e dos lírios, que dando de maõ
a os cuidados defta vida, bufcemos fobre titdo 0 reino de Deus. 3 3 Exho> ta a dar esmola
3J- E a vigiar pera fuavinda. 41 Defcreveoferviçoe 0 galardaõ de bum fervo fiel,
45: Como também 0ferviço e 0 cafligo do fervo infiel. 49 Diz. que vejo pera padeçer, e a
por fogo na terra. 5-4 Keprendc o^Judeos porque feu tempo nai examinavaõ. fSEx-
horta que nos reconciliemos nos com nojjo adverjdrio.

1 A juntandoíc nifto a milhares muitas companhas, tanto que


huns a os outros fe pifavaó, começou a dizer a feus diícipu-
los: Primeiramente, guardae vos d’o formento dos Phariícos, que
hc hypocrifia.
zk Porque nada ha encubcrto, que naõ aja de fer defeuberto; né
oculto, que naõ aja dc fer fabido;
3 Portanto as couíàs que difleftes-em trevás, á luz ícraõ ouvidas;
e o que a o ouvido Fallaítes nascamaras, n’os telhados ferá apregoado.
rí. f*-T. 4 Mas digovos, amigos meos,c naó temaes a os que mataó o cor­
er. <: 9. po, e dcípois naõ tem mais que póflàõ fazer:
$ Mas eu vos moftraréi a quem aveis de temer; temei á aquelle,
que defpois de matar, tem poteftade pera no inferno lançar: Affi vos
digo, a efte temei.
6 Naó fe vendem çinco paflàiinhos por dous ceitis ? c ncmhum
dellcs eftá eíqueçido diante de Deus.
. i íam.wtf. 7* E ainda ate os cabellos de voflà cabeça todos eftáõ contados.
xS«m.|4'- K.
( R.*^. tf: ft. Naó temaes pois; dem^s eftimafois vos outro^que muitos paflàiinhos.
8 Porem digovos, que todo aquelle que me confeflàr diante dos
homens, também o filho do homem ,o confcllàrá diante dos Anjos
de Deus.
9 Mas quem me negar diante dos homens, íèrá negado diante
dos Anjos cie Deus.
I o E todo aquelle que palavra [a/gtta] contra o filho do homem
difler, íèrlhc ha perdoado: Mas a o que blasfemar contra o Eípirito
íàncbo, naõ lhe ferá perdoado.
II E quando vos trouxerem a as Synagogas, c a Magiftra-
dos epoteftades, naó eftejacs' foliçitos, como, ou que ajacs de rcí-.
ponder, ou que ajaes dc dizer:
iz Por-
SEGUNDO S. LUCAS. Cap. XII. 14?
11 Porque naquclla mcfma hora , vos enfinará o Eípirito fanéto,
o que pz/oíj fera ncccflàrio dizer.
q E diflèlhe hum da companha: Meftre, dizó a m irmaõ que
reparta comigo a herança. ,
14 Mas elle lhe difle: Homem, quem me pos a my por juiz, ou
repartidor fobre vos outros?
15 E diflelhes: Olhae, c guardaevos da avardza; porque a vida
do homem naõ coníifte na abundançia dos bens que poflue.
16 E propds lhes huá parabola , dizendo, a herdade de hum
homem rico avia dado muitos fruitos.
17 E imaginava entre fi, dizendo, que farei? que naõ tenho a
onde ajuntar meos fruitos. •
18 E diflè: Ifto farei; derribarei meos çcllciros, e edificalos hei
maiores, e ali ajuntarei todos meos fruitos, c meos bens.
19. E direi a minha alma: 'Alma, muitos bens tens cm depofito, l. EcJef. f|.- 9.

pera muitos annos; deícaníã, come", c bebe, c folga.


20 E diflèlhe Deus i"Louco, efta noite fera pedida dc ty tua .al­ m. tí. Cl: f.
ma; c o que tens aparelhado,"cujo fera? , . .
21 Afli£be 0 /^ajunta thefouros, e nao he rico
cm Deus. • ' . . .
22 E diflè a íèus difcipulos: Por tanto vos digo, naõ andeis íòh- O.PÍ.fí: If.
citos por voflãvida, quc comereis; nem polo corpo, que veftireis.
23 Mais hc a vida, que a comida, e o corpo, quc o vcftido.
24PConfidcrae os corvos; que nem femeaõ, nc fcgaõ ; quc nem 3.
P. Cob.19:
PÍ. w- 9.
tem celleiro, nem tulha, e Deus os alimenta: Quanto de mais cfti- •
ma fois vos outros que as aves?
25 Quem de voíoutros poderá, com todo íèu folicitidaó, acrc-
çentar a fuaeftatura.hum coVado?
26 Pois fc nem ainda o quc he menos, podeis, porque andaes íò*
licitos polo de mais ?
27 Confidcrac os lirios, como creçcm; naõ lavraõ, nem fiaõ; e
digovos,. que nem ainda Salamaõ, com toda íúa gloria, íè fhegou
a veftir tam bem, como hú delles.
28 E fc afli vefte Deus a erva que hoje no campo eftá, c á man-
haã no forno he lançada; quanto mais a vosoutros, o apoucados na fé?
29 Vos outros pois, naõ pergunteis que ajacs dc comer, ou quc
ajaes de beber; e naõ andeis enlevados.
30 Porque todas eftas coufas, as gentes do mundo-as buícam; mas
íãbe voflò pae quc aveis mifter eftas couíãs.
T 3 31 Mas
IJO O S. EUANGELHO
I Rzp. 3:13- 3irMas bufcac o reyno de Deus, c todas eftas coufas vos feraõ
PÍ ■ Jr' if.
acrecentadas. ?a
• 32, Nap^/mas, ó pequeno rebanho; porqueAvoflò pae agradou dc
a vós vos dar o rcyno.
33 Vendei o que poflúis, c dae efinola; fazei para vos bolíâs quc
naõ fc cnyclheçaõ; tneíòuro n’os ceos, que nunca desfaléça; aonde
ladraõ naõ çhega, nem traça corrompe.
34 Porque aonde cftivcr voflò theíòuro, ali cftará tambem vof-
fo coraçaó.
3$ Eftejaõ cingidos voílòs lombos, e accfas as candeas.
36 E fede vosoutros femelhantes a os homens que cíperaõ quan­
do íèo Senhor das bodas ha de tomar; peraque quando vier, e bater,
logo lhe ábraõ. ’
37 Bemaventurados aquelles fervos, os quaes, quando oSnõr viér,
os açhar vigiando: Em verdade vos digo, que fe cingirá, e os ferá
aflèntar, e çhegandoíè, os íèrvirá.
3 8 E ainda que venha á fegunda vigia; e ainda que venha á terçei-
ra, vigia, e afli os açhar; Bemaventurados faõ os taes fervos.
39 Ifto porem fabei, que íè o pae' de familia foubeflè a que hora
o ladraõ avia de vir, vigiaria: efua caía minar naõ deixaria.
40 Vosoutros pois tambem eftae aperçcbidos; porque a a hora
que naõ imaginaes, vira o filho do homem.
41 Entonçes Pedro lhe diflè: Senhor, dizes efta parabola a nos-
outros, ou tambem a todos? P6if-
42. E diflè o Senhor: hc o mórdomo fiel e prudente, a
uem o Senhor puíèr íòbre luaíamilia, pera que a tempo íua reçaó
S ie dé?
43 Bemaventurado aquelle fervo, a o qual, quando o Senhor
vier, afli fazendo o açhar.
44 Em verdade vos digo, que íòbre todos íèus bens o porá.
4$ Mas fe o mefino íervo em íèo coraçaó diflèr: Meo Senhor
tarda cm vir; e a os fervos e criadas começar a eípanquear, c a co­
mer, c a beber, e a íè emborraçhar.
4<J Vira daquelle fervo ó Senhor, o dia que clle o naõ eípera, e á
hora quc ellc naõ íabe, e feparaloha, c porá íúa parte com os infiéis.
47 Porque o íervo que foubc a vontade de íèu Senhor, e naõ
[f<Q aperçebeo, nem fez conforme à fua vontade, fera com. muy
tos [afoutesj açoutado.
48 Mas o que a naõ foube, e fez porque foflè açoutado, levará
poucos
SEGUNDO S. LUCAS Cap. XIII. i$r
poucos [açoutes Q Porque a qualquer que muito for dado, muito íè
lhe tornará a pedir; e a o que muito cncomcndáraõ, muito mais fe
lhe pedirá. . . . -■'> ■
49 Fogo vim a pór á terra; e que mais quero, feja cita acelo?
lo Porem de hum bautifmo me hc neceílãrio fer baptizado; e
como me anguftio até que a cumprir fc venha!
51 Cuidaes vosoutros que vim á terra a dar paz? Naõjvos digo;
porem antes diflènfam. ,
52 Porque daqui em diante eftaráó finco divifos em hua caía,
tres contra dous, e dous contra tres.
52 O pae eftará divifo contra o filhote o filho contra o pae: A
maé contra a filha, e a filha contra a mae: A fògra conti a íua nói a,
c a nora contra íúa fogra.
54 E dizia também a as companhas: Quando vedes a nuvem que
vem do poente, logo dizeis: Lávcm çhuva; e afli íúçede.
<5 E quando ftípra o íúl, dizeis: cálma averá, e afli fucede.
Hypócritas, que fibeis examinar a fãpe do peo c da terra: E
cfte tempo, .como naõ o examinaes? x .
57 E por que ainda de-vousoutros mefmos nao julgaes o que
he jufto? fr.Prov.xr!
5 8* Pois quando com teo adverfario vas a o Magiftrado, procura
de no caminho d’elle te desembaraçar, porque naó te leve a o juiz,
e 0 juiz te entregue a o merinho, e o merinho te ponha em prifaó.
59 Digo te que d’ali naõ fairás, até que pagues o derradeiro
ceitil.
C AP1TULO XIII.
i, Comasnovasquelbedavaõde Pilatos, e com exemples dos de Stlot,0 Senhor exborta a esn-
tnenãa, 6 ?ropoê também a eftefim a parabola dafigueirafemjruite. xo **
bado a buã mulher, que dez eito annos tinha hum efpirito de enfermidade. 14 ejeti eo,
contra bum Príncipe da Synagoga. 18 Compara 0 reyno dos ceos comgrao da mo/tarda e
comformento. 23 Preguntandolhe bumfe faõ poucos os quefe falvao, exborta a entrar
pela porta eflreita. 31 Refponde a os Pharifeos, que Ibe avifaÕ, quefe guarde de Herodes.
34 Se queixafobre a crueldade e contumacta dos de Jerufalem, epropbetizafua dcftruiçaÕ.

1 17 Ncfte mefmo tempo eftávaõ ali prefentes alguns que lhe con-
tavaõ dos Galileos, cujo fangue Pilatos juntamente com feus
íàcrifiçios avia mefturado.
2 L refpondendo Jefus, diflelhes: Penfaes vosoutros que por eftes
Galileos averem padecido tacs coufas, ajam fido mais peccaaores que
todos os Galileos?
3 Nao
tjí O&.EUANGELHO
3 Naõ vos digo; antes fc vos naõ emmcndardes; todos perece­
reis afli.J ’
4 Ou aq-,-ellcs dez oito, fobre os quaes a torre em Siloc cahio, c
os matou; penfaes que mais culpados foífem, que todos quantos ho­
mens em J cru falem habftaõ?
5 NaõjVos digo; antes fc vos naõ cmmendardes, todos perece­
reis afli. ’ .
<5 E dizia éíta parabola: Tinha hum Çcrto^AowíwJprantada huã
figueira em fua vinha, c veio a cila a bufearfruito, e naó o achou.
• 7 E diílè a o vinheiro: Ves aqui tres annos ha que venho a buí-
car fruito a efta figueira, c naõ o ãçho: Corta a pois,: porque ainda,
ocupará inutilmente a terra?
8 Ellc entonçes reípondendo, diflèlhe: Senhor, deixa
por c'fte anno, até que eu a efeave, c a efterque.
. 9 E fe der fruito, quando naõ, cortalahás dcípois.
ío E enfinando clle em huã Synagoga hum Sabado:
11 Eis que eflava ali huã mulher quc dez oito annos avia tido hum
eípirito dc enfermidade; e taó corcovada andava, quc cm maneira
nenhuã íè podia endereitar. •
ii Ecçmo Jefus a vio, çhamou a, e diflèlhe: Mulher, livre
cftás de tua enfermidade. /
13 E pos lhe as maós cm cima, c logo-fe endereitou, c glorifi­
cava a Deus. -
_ 14 E rcípondcndo o Prinçipe da Synagoga, indignado de que Tc-
ÍUS ouvefle curado cm Sabado, difle á companha Seis dias ha cm
Dettt-. <j, o.
ii. que obrar he mifter: Ncftes pois vinde a fer curados, c naõ cm dia
de Sabado.
‘ 15 Entonçes o Senhor lhe rcípondeo, ediíTe: Hypocrita ?naÕ dc-
fata em Sabado cadahum de vosoutros íèu boy, ou íèu -iíhn
cftrcbaria, c (4 leva a beber? ’
16 E naõ convinha foltar defta atadura cm dia dc Sabado a efta fi­
lha de Abrahaó, que eis quc fatanás avia ligado ja ddzoito annos?
. \7 E dizendo clle dftas couíãs, todos íèus auveríàrios fc confun-
diao; mas todo o povo fc alegrava de todas as couíãs glorioíàs quc
por clle craõ feitas.
18 E dizia: A que hc femelhante o rcyno de Deus? c a que o /
compararei ? 1
ip Semelhante he a o gram da moftarda, que tomando o o ho­
mem, o lançou cm íua horta; c creçeo, c fez fc arvore mande, c
fizeraõ as aves dos çcos ninhos em fuas ramas. & -0 E
SEGUNDO S. LUCAS. Cap. XIII. 153
ao E diílè outra vez: A que compararei o reyno de Deus? •
21 Semelhante hc a o formento, que tomando o a mulher, o
cíconde cm tres medidas dc farinha, até que tudo fe 1/yede.
22 E paflàvadahuâ çidade e aldea para outra enfínando, c ca­
minhando pera Hicrufalem.
23 E dilielhe hum: Senhor, faô poucos os que fc falvaõ ? c elle
lhes diflê.-
24 Trabalhae por entrai- pela porta eftreita: Porque eu vos digo,
que muitos procuraráó entrar, e naó poderáó.
25 [yf faber] des que o pae dc família fc levantar, e a porta çcr-
rar, e a de fora começardes a eflar, e á porta batei-, dizendo, Sen­
hor, Senhor abré nos; c reípondendo elle, vosdiílèr: Naõ fei, don­
de fejaes;
26 Entonçes começareis a dizer: Perante ty avemos comido e be­
bido, e era noflàs praças tens enfinado. k
27 Edirvosha: Digovos que nam fei donde fejaes. Apartac vos k.rí.C:9.
dc my, vos todos os obradores de maldade.
28 Ali ferá o çhoro, e o bater de dentes: Quando virdes a Abra-
haó, c a Ifaac, c a Jacob, e a todos os Prophetas no reyno de
Deus; e a vosoutros wm lançados fora.
2/Eviraó [algums) do oriente, e do ocçidente, c do norte, n.ieí.i-.^
e do íul, e aíTentaríchaó no reyno de Deus.
30 E eisaqui que faó derradeiros, os que eraó os primeiros; e
que faõ primeiros, os que eraó os derradeiros. •
31 Aquelle mefmo dia çhegáraó huns dos Pharifeos, dizendolhe:
Sae te, e vae te d’aquí; porque Herodes te quer matar.
32 E diflelhes: Ide, c dizei a aquella rapoía; eis aqui lanço fora
demonios ,'e acabo curas, hoíe, c á manhaã, e a o terceiro
comfumado.
33 Porem he mifler que hoje, eá manhaã, e deípois damanhãa
caminhe : Porque naõ íuçcdc que algum Propheta morta fora de
Hiefuíãlem.
34 Hieruíàlem, Hieruíàlem, que matas a os Prophetas, e ape-
> .drejas a os que a. ty te faõ enviados',*’quantas vezes quis cu ajuntar -f.
’ teus filhos, como a galinha feus pintaõs debaixo de fuas àfas, c naõ *
quílèftes? oM.
3 5r Eisaqui voílà cáfa fe vos deixa defeíta; e digovos cm verdade, r- rí(&?-
que*naõ me vereis, atequevenha [0 tento,'] quando digaes/Behdi-
to aquelle que vem cm o nome do Senhor. .
OS. EUANGELHO
Caputelo XIV.
* 0 Chri/lo fara em Salada a hum bydropico, e defende iflo. 7 Reprende a ambifaõ dos Pbati-
fieos, e exbort. /> humildade t benignidade. tp Com parabola de huãgrande cea deita a os
‘judeos em refle fua engratidaõ. Prediz feu engeitamento, e vocacaodos gentios em lugar
delles. lf tnjina que, por ferfeu dijciptelo, fe deve tudo renunciar. 18 Com exemple
de edificante bui torre, edebumreyqueaviadeira facer guerra a outro rey, amoefln
fetts difcipulos afazer primeiro fuas contas. 34 £ enjina que 0 falefvaecido naõ prefla
pera nada.

i aconteçco que entrando clle hum Sabado a comer paõ em


caía de hum Prinçipe dos Phariíèos, elles o eftavaó eípiando.
2 E cifaqui hum homem hydropico eftava ali diante delle.
3 E reípondendo Jefiis, faliou a os Doutores da ley, e a os Phari­
feos, dizendo, hc liçito fírar em Sabado?
4 E elles caláraó: Entonçes tomando£« Jelle,. farouo, e man-
dou f 0 J embóra.
5 E ellc reípondendo lhes , diílc : De qual de vosoutros cairá o
t>eu*. xz: 4.
afno, ou o boy em algum pozço, que logo em dia de Sabado a
naõ tire ?
6 E nada a eftas couíãs lhe podiaó replicar.
7 E propôs a os convidados nua parabola , atentando como efeo-
lhiaÓ os primeiros aíléntos, dizendolhes.
8 Quando dc alguem a as bodas fores convidado, naõ te aílentes
no primeiro lugar; porque naõ fuçéda quc outro mais digno quc ty,
tfteja delle convidado.
p E vindo o que a ty e a clle çhamou, te diga: dá lugar a
efte; e entonçes com: vergonha comcçes a te ficar com o derradei­
ro lugar.
Pre v.
iobMas quando fores convidado, vae, aíTcntate no derradeiro lu­
gar: porque quando o que te çhamou, vier, te diga: Amigo, fiíbe
pera riba: Entonçes terás honra diante dos quc juntamente cftiverem
aílèntados.
lofc.tiliy- ncPorquç qualquer que fe alevantar, ferá humilhado; c qual­
Prov,
quer que íc humilhar, ferá alevantadó. d
Af«k-#••<>■
12 dizia tambem a o que o tinha convidado-: Quando fizeres
Prov.jiid». hum jantai-, ou hui çca, naõ çhámcs a teus amigos, nem a teus
irmaós, nem a teus parentes, nem a vezinhos ricos; paraque
tambem ellcs te naõ tornem a convidar, e tc feja recompeníado.
13 Mas quando fizeres convite, çháma. a os pobresr aleyados,.
mancos, e çegos..
14 E
SEGUNDO S.LUCAS. Cap.XÍV.
14 E íèrás bcmaventurado, porquanto naó t’o podem pagár: Po­
rem férte ha págo em a reíúiTciçaõ dos juftos. , i (?
15 E’ ouvindo ifto hum dos que juntamente cftaváó aflèntados,
diílelhe: Bemaventurado aquelle que cm o reyno dc Deus comer
paõ. e
16 Porem elle lhe difle : Hum çerto homem fez huã grande çca,
c convidou a muitos.
17 E á hora dá çca mandou a íèu íervo dizer a os convidados:
Vinde, que ja tudo eftáaparelhado;
18 Mas juntamente [fe] começaraõ todos a cícuíar. O prímeip
lhe diflê; Comprei huá* quinta, e hei mifter fair a vela; rógote»
que me ajas por eíèuíàdo.
19 E o outro difle; Comprei çinco juntas de boys, e Vou a pro-
valos; rógote que me ajas por efeufado.
20 E o outro diílè: Caíéime, c portanto naõ poflò vir.
21 E tomando o mcíino íèrvo, fez íaber cftas couíàs a íèo Snõr.
Entonçes indignado o pae da família, diílè a íèu íèrvo: Sae aíinha
pelas praças, e pelas ruas da çidade, e traze'aqui a os pobres, e a
os aleyados, c a os mancos, e a os çegos.,
zz E diflê o fervo: Senhor, feito efta' como mandafte; c ainda
ha lugar.
23 E difle o Senhor a o fervo: Sae te pelos caminhos, c pelos
b valados, e força os a entrar, peraque minha cáfa fe cnçha. 1
24 Porque eu vos digo, que nenhú daquelles varoens que foraó
■convidados, goftará minha çca.
25fE muitas companhas niaó com elle, e virando íè, diflelhes:
2<S Se alguém a my vier, e a feu pae, e mac, e mulher, c fil­
hos, c irmaãs, c ainda também íúa própria vida naõ aborreçdr, naó
pode íèr mcu diíçipulo.
27 E qualquer que íúa cruz naõ levar c a pos my naõ vier, naõ
pode ícr meo diíçipulo.
28 Porque qual de vosoutros, querendo edificar huã torre, íè
naõ aflènta primeiro a fazer as contas dos gaftos, íè tem com que
• a acabar ?
29 Porque defpois dc aver pofto o fundamento, e naó a podendo
acabar, naõ começcm todos os que o virem a dclle fazer zombaria,
Dizendo,J éfte homem começou a edificar, c naõ pude
acabar.
31 Ou qual rey, avendo dc ir a fazer guerra a outro rcy, fe naó
V 2 aflèn-
OS. EUANGELHO
aflèntará primeiro a confultar, fe com dez mil ao encontro pode fair,
a o que com vinte mil contra elle vem?
32 D’out.-i maneira, eftando o outro ainda de longe, mandando

34 Bomhc o fai; Porem fe o fal lccfvaeçcr, com que íè adubará?


35 Nem pera a terra, nem pera o munturo préfta: Fora o lan-
çaó. Quem tem cuvidos rara ouvir, ouça.

t Os Pharifeos murmuraóporque Chrifto recebe a ospeccadorcs. 3 0 que Chrifto defende com


tres parabplas, com a de ovelha defgerada. 8 Com a de drachma perdida. 11 Ecoma
dofilho perdido a quem 0 pae com alegria recebe, E ifio defende contra a murmu­
ração do irmaó major.

i çhegavaó fe a elle todos ospublicanos, c pcccadores a o ouvir.


■C' 2 E murmurava» osEfcribas, c os Pharifeos ^dizendo: Eft©
a os pcccadores reçcbe, e com clles come.
3 E elle lhes porpós efta parabola, dizendo,
4 Que homem dç vosoutros,ha,, que tendo çcm ovelhas, e per­
dendo íc lhe huá delias, naó deixe no defeito as noventa e nóve, e
fe váL apos a que fc lheperdeo, ate que a açhar a venha?
5 E açhando a, a ponha fobre feus dmbros gozofo.
6 E vmdoacáíà, ajunte a os amigos, c vezinhos, dizendolhes:
Alegraevos comigo, porque ja açhei a minha ovelha que íè me tiix
ha perdido.
7 Digo vos que aíh averá [mais] alegria no çeo por hum pecca-
dor que fc. emmenda, do que por noventa c nove juftos, que dc
emenda naó neçcíTitaó.
cO D 8 Ou que mulher que tendo dczdrachmas, e a huã ‘.drachma
hum real de perder, naó açcnda a candea, e baixa a caía, c a buíque com dili-

9 E açhando,^ajunte as amigas easvezinhas, dizendo, Ale­


graevos comigo, porque ja açhei a drachma que fe me tinha perdido.
10 Affi. vos digo que averá alegria entre, os Anjos de Deus, por
hum pcccador que fe cmmcndar.
11 E elle dizia: Hum homem tinha dous filhos.
12 E diílè o mais mdço delles a feu pae: Pae, dame a parte.da,
fazenda que£«e^ pertenço; e elle lhes repartio a fazenda.
SEGUNDO S. LUCAS. Cap. XV. ij7
i7 E dcfoois de naó muitos dias, ajuntando o filho mais moço tu­
do, partiofe a huã terra muy longe, e ali deíperdiçou fua fazenda,,
vivendo difolutamente. , ’ , c
14 E deíque ja teve tudo deíperdiçado, • veio hua grande fome
naquella terra, e começou a padeçer neçeflidade.
15 E foi, e açhcgoufe a hum dos çidadaõs d’aquella terra, o
qual o mandou â fua quinta a apaçentar os porcos.
16 E defeiava encher feu ventre dasd mondaduras que comiaõ os
porcos, mas ninguém lhas dava. .... -fc
17 E tornando cm fi, dille : quantos jornaleiros de meo pae tcm0U>(/<wW,_
abundancia de paó, e cu aqui pereço de fome. z tííS-
18 Lcvantárme'hei, c irmcheiamcopae, edirlhehci: Pac, con­
tra o çco, c perante ty pequei. z
19 Ja naó lòu digno de fcr çhamado tcú filho , fazeme como a
hum de teus jornaleiros. . .
20 E levantandofe, hia a fcupac, c como ainda cíhvefle de longe,
vio o.feu pae, e moveu fe de intima compaixao, e correndo pera cl­
le, derriboufe fobre fcu pcfcoço, e beyou o.
21 E o filho lhe diflè: Pae, contra o çco, e perante ty pequei;
ja naõ fou digno de fcr çhamado teu filho.
22 Mas 0 pacdifle a feus fervos: Tirae o prinçipal vcftido, e
vefti o; e ponde anel cm fua maõ , e çapatos em fcos pes.
23 E trazei 0 bezerro gordo, e matae o; e comamos, e alegrd-
mos nos.
24 Pc-cuc efte meo filho morto era, e rcviveo; unha fe perdido,
c he achado. E começaraó fe a alegrar.
25 E fcu filho o mais velho eftáva no campo; o qual como veio,
e çhegou perto da cáfa, ouvio a mufica, e as danças. z
26 E chamando a hum dos fervos, perguntoulhe, que eia aquillo.
27 E ellc lhe dille: Teu irmaõ he vindo; e teu pae matou o be­
zerro gordo, porque o recuperou íàõ.
28 Entonçes clle fe anojou, c naó queria entrai’. O pac entonçes,.
íàindo, rogavalhe.
29 Mas rcfpondcndo cllc, difle a o pae : Eifaqui, tantos anós ha
que te firvo, né nunca trafpaflêi teu mandamento, e nunca mc dcfte
num cabrito, peraque com meos amigos me alegraflè.
jL’ Mas em vindo eftc teu filho, quc com mundanas deíperdiçou
•T-*a fazenda, lhe matafte o bezerro gordo.
31 Ellc entonçes lhe difle: filho, tu fempre eftas comigo, c to­
das minhas coufas faó tuas.. V 3 32 Mas
f-fS OS. EUANGELHO
„ 32, Mas alegramos, c folgar nos era neccílàrio; porque efte teu
innaó morto era', t reviveo; tinha fc perdido, e he achado.

C APITVIO XVI.

•nt». 13 E a elle naõ jervir. 14 Reprcnde a avarcta, bypocri/ia, tjoberba dos Rbari-

18 Fala de defeafamento. 19 X parabola do rico avarentos pobre La^aro, e dtffchnte


• eftado de ambos, afí riefta como rioutra vida. *

1 T7 Dizia tambem a Ícus diíçipulos: Avia hum homem rico, o


qual tinha hum mordomo, c cite foi perante elle acuíàdo como
diílipador de feus bens.
2 E chamando o, diílelhe: Que hc iílo que ouço dc ty? dá me
conta de tua mordomia; porque janaõ poderás íèr mais mordomo.
3 Entonçes diílè o mordomo^entre fi: Que farei?, que meo Senhor
aOa , »í»me tira a mordomia: Cavar naó poílò, mendigar tenho vergonha.
defapofta- 4 Eu fei o que hei de fazer, peraque quando 4 me tirarem a mor-
ríW domia, me recolhaõ em fuas cafas.
$ E chamando a cadahum dos devedores de ícu Senhor, diílè a o
primeiro: Quanto deves a meo Senhor?
6 E elle diílè: Cem medidas dc azeite; c diílelhe: Toma teu
conhecimento, e allèntate logo, e eícreve cincoenta.
7 Deípois diílè a outro: E tu quanto deves? e elle diílè: Cem
alqueires dc trigo; e elle lhe diífe: Toma teu conhecimento, e et
creve oitenta.
8 E louvou o Senhor a o injuílo mordomo por prudentemente
averufado: Porque mais prudentes fam os filhos deite feculo, do que
os filhos da luz, em íèu gencro. n
9 E eu vos digo: grangeae amigos com injuíloMammon, pera­
que quando vos faltar, vos rccebaó em os eternos tabernáculos.
10 Quem he fiel no muy pouco, tambem no mais he fiel; c
b Ma- <lucm no,muy Pouco he injuílo, tambem he injuílo no mais.
monhepala- 11 P°is íc no injuílo Mammon naõ foíles fieis; o que heverdadei-
vraSyriaca,r°» Quem volo confiará?
que ftgmfi- 12 E, íè na alheio fieis naõ foíles; o que hevoílo, quem volo dará?
ca , Rtque- Nenhum íèrvo pode íèrvir a dous íènhorcs; porque ou hade
los,interef^eccr a 0 hunl’ c a™r * outro; ou fc ha dc achegar a o cjm,
/is. ou tbe-c ueíprezar a o outro. Nao podeis íèrvir a Deus, c a b Mammófi-. .
SEGUNDO S. LUCAS. Cap. XVI. ry
J$ E diflelhes: Vosoutros íois os que a vos mcfmos diante dos
It-PÍ. 1: 10 .
homens vos juftificaes: mas Deus conhece voílòs coraçocns/porque f. f SSm.íí7.
o que perante os homens he fublime, he perante Deus ôominaçaó.
i(/A ley, e os Prophetas [faò], até JoaãdcíiPentonccs he o rcy­
no de Deus anunciado, c quem quer lhe faz força.
k. Pf. I oi: 2_y.
17’’Porem mais facil coula hc paflãr o ceo c a terra, d’o que per- V
leí.-^o: S.
derfe hum til da ley. 5'1 •. G.
18 Qualquer que àefpeàe fua mulher, efccaíã cõ outra, adul­
tera ; e qualquer quc com á do marido defoedida íè caía, adultera.
19 E avia hum certo homen ricô, quc íe vcftia de purpura, c de
linho fino, e cada dia vivia regaláda c cíplendidamcntc.
20 Avia tambem hum mendigo, chamado Lazaro, o qual jazia á
íúa porta cheio de chágas. <
21 E defejáva fartarfe das migalhas queda mcíà dó rico cahiaõ,
e ainda até” os cacns vinhaõ, c lhe lambíáó as chagas.
22 E aconteceo que morreo o mendigo, e foi levado pelos Anjos
a o regaço de Abraham, P %$
morreo tambem o rico, c foi íèpultado. E levantando ícus
olhos ndònfcrno, eftando nos tormentos, vio a Abraham dc longe,,
e a Lazaro em ícu c regaço. c u>
24 E dando elle gritos, diflè: PaeAbraham, temmifericordia de
my, emanda a Lazaro que molhe na agoa a ponta de feu dedo, c me
refrcíque a* lingoa / porque grande tormento cftou padecendo n’c-
.fta flama. t
25 E diflèlhe Abrahaõ: Filho, lembrate quc em tua vida rcce- lloC.2i:a
befte teus bens, e Lazaro fcmelhantcmente males: Porem agora éftc
heconíòlado, e tu atormentado.
26 E, de mais de tudo ifto, hum taó grande d abifmo eftá pofto d Ou> e^er'
entre nos outros, c vosoutros, que os quc daqui para vosoutros paf
far quifeílcm, naó poderiaõ; nem os dc lá, paflãr para cá.
27 E difle: Rogo tc pois, ó pac, quc o mandes a caía de meo pac.
28 Porque tenho cinco irmaós, a quem d’ifto faça protcfto; pa-
raque tamoem naó venhaõ a cffte lugar de tormento.,
19 E Abraham lhe diífe/A Moyíès,. c a os Prophetas tem, ou<-
çaõ os.
?o Elle 'entonçes difle: Naõ pae Abrahaõ, mas íè algum-dos mor­
tos a^Ucs fofle, viríèhiaó a emendar.
_ p Jorcm [sibrahanij lhe diflè: Se a Moyfes c a os Prophetas
! •. .> orivem, tampouco períúadir fe deixáraô, ainda que algum dos
mortos venha a refufeitar..
>
Ca.-
■ído O S. E U A N G E L H O
Capvtolo XVIL
> 0 Chrifto nosavifa aevitar os efcífudalos, ; E a perdoar a oirmaÕ fefe arrepender. e
Os difcipulo.Sfedcm queacrecejttdèies afe, cuja ‘virtudee força dejcreve. 7 Pelaparabola
do jervo enfina que naõ merecemos nada diante de Deus. 11 Sara a desc leprofos dos quaes
bumjò agradecelhe. 10 Enfinao modo da vinda de feu repno. 16 Defcreve 0fim do mun­
do , comparando 0 com 0 tempo de Koe > e de Lot.

1 E a ^CUS -^'^-’PU'OS ^9 : 'Impoffivcl he que naõ vcnhaõ eícan-


-L' dalos; mas ay d’aqucllc por quem vierem.
2 Melhor lhe fora, pórem lhe a o pefcoço huã mó de atafona, c
lançalo aíli no mar, elo qúc cícandalizar a hum dellcs mais pe­
queninos. 1
L*ev. 17. . 3 Guardaevos; íc pois teu irmaó contra typcccar, reprendeo; efe
Frov. 17: >0. fc arrepender, pcrdoalne.
4 E fe fete vezes contra ty a o dia pcccar, e fete vezes- a o dia a
ty tornar, dizendo, pcfãmc, perdoalhe.
5 E diílèraõ os Apoílolos a o Senhor: Acrcçentanos a fé.
6 Entonçes diílè o Senhor: Sc tanta fé como hum graó dc mo-
ílarda tiveíleis, a cila moreiradiríeis; defarraegatc daqui, e prantate
no mar, e obcdeçervos hia.
7 E qual de vosoutros tera hum íèrvo que lavrando, ou apacen-
dU' tandoande [a beflaf} que tomando do campo, logo lhe dica: che­
ga, caflèntatc.'
8 E naõ lhe diga antes: Aparelha me que çcar, c arremangatc,
c lerveme ate que comido, c bebido aja; e dcípois, come e bebe tu./J
9 I or ventura dalhe graças a o tal Íèrvo, porque fez o que lhe
— avia íido mandado i^Bem cuido que naõ.
■ar Aíli tambem vosoutros, quando fizerdes tudo o que fe vos
mandar, dizei: Servos inutiles fomos; porque fomente} o que dc-
' viamos fazer, fizemos. J
11 E aconteceo que indo elle a Hicrufalem, hia paílàndo por
meio de Samaria, e de Galilca.
12 E entiando cm huá aldea, íãiraõ lhe a o encontro dez homens
leprofos; os quaes íè paráraõ de longe.
13 E levantaraõ a voz, dizendo, Jeíus, Mcílre, tem miícricor-
dia dc nosoutros.
,ev.ií.a .
«• 14: <. 14 E vendo os elle, diflelhes: Ide, moílrae vos a os Sacerdotes.
E aconteceo que indo elles, fc ácharaõ limpos q »•
15 Entonçes vendo fc hum dellcs limpo, tornou, gloriácaíifc-vi. .
Deus a grandes vozes. ■
16 E
SEGUNDO S. LUCAS. Cap. XVII. iíi
i5 E dcrriboufc fobre feu rofto a feus pees1, dandolhe as graças:
E era efte Samaritano.
17 E rcípondcndo Jcíús, diflè: Naó foraõ dez os lir pados? aon­
de eftaó logo os nove?
18 Naó ouve quem tornaflè, c defle gloria a Deus, fenaó efte
cftrangeiro ?
19 E diflèlhe: Levantatò, vaete; tua fé te íãlvou.
20 E perguntado dos Pharifeos*: quando <?Rcyno dc Deusavia-de
vir? reípondeulhes, c diflè; O Reyno dc Deus naõ ha de vir com
externo aparecer. >
21 J4em diraõ: Eilo aqui, ou eilo ali; porque eis que o Rcyno
de Deus entre vos outros eftá.
22 E difle a feus difcipulos: Tempo virá , quando dcfejarcis ver
hum dos dias do Filho do homem, e naõ^oj vereis.
2 j E çntaó vos diraõ eilo aqui, ou eilo ali efta7; naõ vades, nem
figaes.
24 Porque como o rclampago, relampagueando dcsd’a hua [j>ar~
tej de baixo do ceo, reíplandccc ate'a outra dc baixo do ceo, afli
ferá tambem o Filho do homem em feu dia.
2^h Mas primeiro convém padecer, c fer reprovado defta geraçaõ.
26 E como fuccdcu n’os dias de Noc, afli ferá tambem n’os dias
. do Filho do^homem.
27 Comiaõ, bebiaõ, fe caíãvaô e fedavaõ cm cafimcnto atdo
dia que Noê entrou na Arca; e veio o diluvio, c deftruhio os a todos.
28 Afli mcímo tambem como
miaõ, bebiaõ, compravaó, vendiao, prantavaó, e cdificavao.
29 Mas o dia que Lot de Sodoma iàhio, choveo d’o Ceo fogo c
enxofre, e a todos os deftruhio.
3 o Conforme a ifto ferá no dia em que o Filho d’o homem fe hade
manifcftar.
31 Naquclle dia, o quç eftivér no telhado, e fuas alfaias cm caía, naõ
defcenda a tomalas: Eo quc no campo, afli meímonaó torne a tras.
3 2 Lcmbraevos da mulher de Lot.
33 Qualquer que procurar íàlvar íúa vida, a perdera; e qualquer
que a perder, a íalvará. _ f
34 Digovos que naquella noite cftaraõdous em‘huácama, o hum
ferá »‘.nado, c o outro ferá deixado.
? /Duas [mulheres] cftarao juntos moendo ; a huá ferá toma-
vw, 3 a outra fera deixada.
X 3 6 Dous
OS. .EUANGELHO
.-^Dous eftaraó no campo ; o hum ferá tomado, e o outro íc-
rá deixado.
3^ E refi mdendolhe, difleraó lhe: Aonde Senhor P^e clle lhes
difle: Aonde quer que o corpo eftivcr, ali fe ajuntarão as aguias.

Capitul® XVIII.
i 0 Chriffo com exemplo da huá viuva, e de injufldjuix., enfina a orar comfervor. e> £ com

14 Quam difticilmentc 0 rico entrar/Ano reino dos ceos. 18 Promete galardaõa os que tii-
dopor amor de Chrifto deixaõ. 31 PropbctitafuapaixaÕ, morte erefurreifaõ. yp Da
vijla a bum cego.

i TJ1 Propos lhes tambem huã parabola: de que fempre he mifter


orar, c nunca dcsfaleçer.
z Dizendo, Avia hum certo juiz em huã cidade, quc nem a
Deus temia, nem a homem nenhum refpcitava.
3 Avia naquella cidade huá çezta viuva, que a elle acudia, dizen­
do , defendeme dc meo adverfario.
4 Porem porjjwíyíá^ tempo naõ quis : Mas defpois difto , difle
entre fi: Ainda que nem a Deus temo, nerii a homem nenhum
rcípcito:
5 Toda via, porque efta viuva me he molcftá, a hei dc defen-. •
a Ou, <]«ei- der: Porque cm tini naõ venha, c me 3 quebre a cabeça.
meofangue, 6 E difle o Senhor: Ouvio quc diz o mjufto juiz.
naó defenderá Deus a feus efeolhidos, quc dia e noite a elle
clamaóF Ainda quc tardio para com ellcs íeja?
8 Úigovos que depreflà os defenderá. Porem quando o filho do
homem vier,, achará porventura fé na terra?
<? E difle tambem a huns aue dc fi como juftos confiavaó, e a os
outros dcfprczavaó, efta parabola:
10 Dous homens fobifaó a o tejnplo a orar, o hú Pharaíco, e o
outro Públicano.
11 O Pharifco cm pé, orava entre fi defta maneira: Deus, gra­
ças te dou, que naõ íòu como os de mais homens, ladroens, in-
juftos, adúlteros, neni ainda como eftcPúblicano.
11 Jciumo duas vezes na fernana, dou dezimos de tudo quan­
to pofliio. • .
13 Mas o Públicano, eftando dc longe, nem ainda queria lo.'. •>.,
-tar os olhos a o ceo, mas batia nos peitos, dizendo, Deus, teminj-
Icncordia dc my pcccador. 14 Di-
SEGUNDO S. LUCAS Cap. XVIII.
14 Digovos que [mais] juftificado dcfccndco cfte a íua caíâ, do
■ que elle: Porque qualquer que fc exalçar, ferá humilhado; e qual- ’
quer que fe hiigulhar, ferá exalçado. £•
15 E traziao“ tambem fe» meninos, pera que os tocaflc; o quê
vendo os.difçipulos, os reprendiaó.
' 16 Mas chamando os Jefus a fi, difle: Dcixae vir a my os meni­
nos, c naó os empcçaes; porque d’os taes he o Reyno de Deus.
17 Em verdade vos digo, que qualquer que o Reyno de Deus como
hum menino naó receber, naó ha uclle dc entrar. y.
18 E perguntoulhe hum Principe^feendo, bom incílrc, quefa- <^z-"
zendo polluirci a vida eterna?
19 E Jefus lhe diflê: Porque me chamas bom? ninguém ha bom
fenaó íõ Deus.
* 20 Os mandamentos fabes: Naõ matarás, naó adulterarás, naó
furtarás, naõ diras íàlíp teftemunho, honra a teo pae, c a tua maé.
21 E diflê elle: Todas cftas couíàs tenho guardado desde minha
mocidade.
22 E ouvindo Jefus ifto, diflelhe: Ainda huã coufa te falta : Ven­
de tudo o que tens, c reparti o a os pobres, c teras hum thefouro no
cco; c vem, fcguemc. z
23 Porem ouvindo elle cftas couíàs, foi íê muytrifte, porquan­
to era muy rico.
24 E vendo Jeíus o muito que fc avia cntriftecido, diflê: Quam
difficultoíàmcnte entraraõ no Reyno de Deus os queb riquezas poflucm.b
2 5 Porque mais facil coufa he entrar hum c calabre pelo olho de*-'"^’1
huã agulha, do que entrar hum rico no Reyno de Deus. cOu, camt*
26 E os que fojouviaó diílèraõ: quem poderá logo fer íàlvor
27 E elle difle; O que a os homens he impoflivel, poflivcl hc
a Deus.
28 Entonçes difle Pedro: Eifaqui que tudo deixamos, c te ave-
mos feguido. " , •
29 E elle lhes difle: Em verdade vos digo que ninguém ha que
caíâ, ou paes, ou irmaõs, ou mulher, ou filhos, polo Reyno dc
Deus aja deixado,
30 Que muito mais nefte tempo naõ aja de receber, c no ícculo
vindpuro a vida eterna.
yr tomando Tefus rTtTrnr a os doze, diflelhes’: vedes aqui fobi-
■ mH Hierufalcm, e cumprirfehaõ todas as couíàs que do Filho d’o
fiómem pelos Prophetas foraó eferitas.
X 2 32 Por-
!64 .
os euangelho
31 Porquanto ás gentes ha de fcr entregue, c cícarnecido, ê in­
juriado, c coípido.
3 3 E de$) ^ue o ouverem açoutado, matalohaõ: Mas a o terceiro
dia refufeitará.
34 Porem ellcs nada deftas coufas entendiaõ, c cila palavra lhes
era cncubcrta: E naó entendiaõ o que lhes dizia.
3 5 E acontcceo, quc chegando ellc perto de Jerichó, cftava hurh
cego aflèntado junto a o caminho mendigando.
36 O qual como ouvio a cojnpanha quc paflâva, perguntou quc
cra-aquillo? &■
■yj E difleraó lhe, que Jcíús Nazareno paflâva.
38 Entonçes deu gritos, dizendo, Jefus, Filho deDavid tem mi-
fcncordia de my.
39 E os que hiaó paflândo o reprendiaó, peraque calaíTe: Porem •
clle clamava muito mais, Filho de David, tem miíèricordia de my.
40 O Jcíús entonçes, parandofe, mandou o trazer a fi: E che­
gando elle, perguntoulhe,
41 Dizendo, quc queres que te faça? e clle difle: Senhor, que
veja.
42 E Jeíús lhe diflè: Vé, tua fé te íãlvou.
43 E logo vio, e feguia o glorificando a Deus. E vendo todo o
povo [iflo] dava louvores a Deus.
Capitulo XIX.
1 0 Zacbeo recebe 0 Cbriflo comgorj. Efoi confolado d'clle. 11 Peleparabola das minas en-
Jtna que com os dons amifter nos negocear. 19 Entra em^erujalem, ajfentando fe fobre
ímm afno 41 eborafobre "flertefalem oPropbetix.a fita deflruifaô. 4/ Eança feraosqu»
vendiaõ ecompravaõne templo. 47 Os Príncipes dopovoe os Eferibas proctwaãmatalo.

x T? Entrando hia paflândo por Jéricho.


■*-* 2 E eis que avia ali hum varaó chamado Zachco, o qual
.craPrinçipe dos publicanos, e era rico.
3 E procurava vdr quem fofle Jeíús, e naõ podia por caufa da
multidão, porquanto cra pequeno dc eftatura.
4 E correndo diante, fobiofe a huã figueira brava, pera o vér,
porque avia de paflàr por ali.
j E como Jeíús chegou a aquelle lugar, olhando para riba, vio •
o, e diflèlhe: Zachco, date prcílà, dcíccnde; porque hoje im­
porta poufar chi tua caíà.,
<í Entonçes dcícendco depreflâ, c recebeo o gozoíò.
7 E
SEGUNDO S. LUCAS. Cap. XIX.
7 E vendo todos.ifto, murjnuravaõ, dizendo, que entrara a pou- '
fu- com hum homem pcccador.
8 Entonçes levantandoíê Zachco, diflê a o Senhor: Cenhor eis a-
qui a metade de meus bens dou a os pobres; c fe em alguã coufa alguém
defraudei, o reqdo có os quatro tantos.
9 E Jcfus lhe diflê: Hoje foi falva efta cafa, porquanto tambem
efte he filho de Abraham.
10 Porque o Filho do homem veio a baícar e a falvar o que fc
avia perdido.
11 E ouvindo clles eftas couíàs, foí^proflêguindo, e diflê huã pa­
rabola, porquanto cftava’perto de Hieruíàleti, e fpo/^Hí^cuida-
vaõ que logo o Reyno de Deus avia de íêr manifeftado. ■
i z E diflê: Hum homem nobre fe partio a huã terra muy longe
a tomai- poflê dc hum Reyno, e tomar.
ij E chamando a dez íèrvos feus, deulhes dez 1 minas, c diflê-a<X fi­
lhes: Negoceae entre tanto que venho
14 Porem íêus cidadaõs o aborrcciaó; e mandaraõapos elle huã*^r^rf^
embaixada, dizendo, Naó queremos que cfte reine fobre nos outros.dos.

no, mandou chamai- afia aquelles fêrvos, a quem avia dado o din-
. heiro, pera faber o que cada num avia com negocio ganhado.
i<5 E veio o primeiro, dizendo , Senhor, tua mina tem ganhado
dez minas.
17 E elle lhe diílè: Efta bem, bom íèrvo; pois no pouco fofte ’
fiel, fobre dez cidades teras poteftade.
18 E veio o outro, dizendo, Senhor, tua mina grangeou cin­
co minas. *
19 E tambemaefte diífe: Eftá tu£tambem\fobre cinco cidades.
io E veio o outro, dizendo, Scnnor, eis/d^ijtua mina, que
cm hum lenço guardei.
21 Porque tive medo dc ty, que es homem rígurofo, que tomas
o que naó puíêftc, e íegas o que naõ ícmcaftc.
22 EntonçK elle lhe diflê: Servo malino, por tua boca te julga­
rei, íaEiãTque eu era homem rigurofo, que tomo o que naõ pus^ e
que fogo o que naó femeei:
31 Porque pois naó deite meo dinheiro ã o banco, e vindo eu, -
o de ; andara com a onzena ? .... ................................... 2
2 í E diflê a os que eftavaõ preíèntcs: Tiraelhe a mina, e dac a
k"o que tem as dez minas.
\G6 ■ O S. EUANGELHO
25 E elles lhe difleraó: Senhor, dçz minas tem.
26 Porque çu vos digo, que a qualquer que tiver, íêr lhe ha da-
do; mas a ^que naó tiver, ainda o que tem lhe íerá tirado.
27 E- tambem a aquelles meus inimigos, que naó queriam que
cu íòbre elles rcinaflè, trazei os aqui, e degolac os ^diante dc my.
28 ,E-dito ifto, nia caminhando diante, íòbindo a Hieruíãlem.
29 E acontcceo que chegando perto de Bcthphage, ede Bctha-
nia, a o monte que fe chama das oliveiras, mandou dous dc feus
difcipulos.
50 Dizendo, Ide á aldea,*que defronte eftá; aonde, entrando,
achareis hum poldro itado, cm que nenhum homem ja mais fc tem
aflèntado; dclatae o, c trazei o.
• 31 Efe alguem vos perguntar, porque£0} dcíãtaes? dirlhe heis
afli: Porque o Senhor o ha mifter.
3 2 E foraõ os que aviaõ fido mandados, c acharaõ como lhes
difle.
33 E dõíàtando o poldro, ícus donos lhes difleraó: Porquedeíã
tacs o poldro ?
34 E ellcs difleraó: Porque o Senhor ó ha mifter.
3 5 E trouxeraõ o a Jeíús: E lançando feus veftidos íòbre o pol­
dro, puíeraõ em cima a Jeíús.
36 E indo ellc andando, eftcndiaõ íúas capas pelo caminho.
37 E como ja chcgaílcm perto da decida do monte das oliveiras,
toda a multidaó dos diíçipulos, gozandofe, começaraó a com gran­
de voz louvar a Deus, por todas as virtudes que vifto tinhaõ.
38 Dizendo, Bendito o Rey que vem em .0 nome do Senhor;
Paz no ceo, e Gloria cm as alturas.
39 Entonçes alguns dos Phariícos da companha lhe difleraó:
Meftre, reprendea teus diíçipulos.
40 E reípondcndo^êllc, diflelhes: Digo vos que fe eftes fe cala­
rem , as pedras logo haó de bradar.
41 E como jahia chegando perto , e vio a cidade, chorou íò­
bre ella.
-4^ Dizendo ,^Ah fe tambem conhcceflès, a o menos ncfte teu
dia, o que á tua paz [pertence Q Mas agora a teus olhos te eftá cn-
. cuberto. ’
43 Polo que íòbre ty viraõ dias, cm que ícus inimigos com* an-
queiras te cercaráõ, a o redor te fitiaráõ, c dc todas as bandas '
cftreito te poram.
44 E
SEGUNDO S. LUCAS Cap. XX.’ . * 167
44. E a ty, e a teus filhos, que dentro dc ty cftiverem, â terra
te derribaraó; c pedra íòbre pedra cm ty naó deixaraó, porquanto
naõ conhccefte o tempo dê tua vilitaçaó. -O
45 E entrando no templo, começou.a lançar fora a todos os que
nellc vendiaó e compravaõ. r , .
46 Dizcndolljes, cícrito efta: Minha cafa, cafa he do oraçao:
Mas vosoutros cova de ladroens a tendes feito.
47 E enfinava cadadia no templo: Mas os Príncipes dos Sacerdotes,
c os Príncipes do povo, procuravaó matalo. ,
48 E naó achavaó que lhe fazer, porque todo o povo ww*®»**
pendia delle, ouvindo o.

Capitulo XX.
1 0 Cbriflo refronde a pregunta dos Efcribas quepreguntava! com que autoridade faija eftas
coufas , repregundandolbes acerca o bautifmo de Joao. 9 Com aparabola da
rendada abums lavradores, ameacalbes o cafligo de Deus

dar da ambifaí e bgpocri/m dos Ejcnbas.

1 T? Aconteceo humdaquelles dias, que eftando elle enfinando


' .Lu no templo a o povo, canunciando oEuangelho, fòbrevierao
os Príncipes dos Sacerdotes, e os Efcribas, com os Ançiaós.
2 E fallaraó lhe, dizendo , dize nos com que autoridade fazes
cftas coufas? Ou quem hc o que efta autoridade te dêu?
3 Refpondcndo entonçes Jefus, diflelhes: Tambem cu vos per­
guntarei huã palavra; rcípondcime:
4 O baptiíino de Joaó era do cco, ou dos homes.
■5 Mas clles coníultavaó entre fi dizendo, íè diflcimos o cco,
dirnos ha: Porque pois lhe naó deftes credito ? . , .
6 E fc diflermos, dos homens; todo o povo nos apediejara . 1 ois
cítíõ certos que Joaó cra Propheta.
7 E reípondcraó, que naõ íãbiaõ d’onde
8 Entonçes Jcfus lhes difle: Nem taó pouco eu vos digo, com que
autoridade eftas coufas faço.
9 Ii começou a. dizer <1 o povo cíhi píiríibola, * Hu ccito homem
prarron huã vinha, e arrendou a a huns lavradores, c paitio fc fo­
ra fÇr muito tempo. . • .
Yr?iO E a ícu tempo mandou hum íèrvo a os lavradores, peiaque
lhe dcflèm ofruito da vinha; cferindo o os lavradores, Çojmanda-
raõ vazio,. < n E
íris OS. EUANGELHO
11 E tornou a mandar outro fervo: Mas ellcs, ferindo, c afron­
tando també a eftc, foJ mandaraó vazio.
12 E to. Aou a mandar a o terceiro: mas ellcs ferindo tambem
lançaraó fora.
i j Entonçes difle o lenhor da vinha: Quc farei? Mandarei a meu
filho amado, bem pode fcr que quando o virem, J rcípcitaráõ.
14 Mas vendo o os lavradores, coníiiltaraó entre fi, dizendo, efte
he o herdeiro, vinde', matemolo, paraque a herdade feja noflà.
15 E lançando o fora da vinha, mataraó £o:J Quc pois lhes fara
ofenhor da vinha?-
1 d Virá e deftruira a eftes lavradores, c fua vinha dará a outros.
E ouvindo ellcs difleraó: Guarda.
17 Mas olhando clle para elles, diflè: quc pois he o que eftá e-
fcrito? A pedra que os edificadores reprovaraó, eflã foi polca por ca­
beça da cíquina.
18 Qualquer que íòbre aquella pedra cair, ferá quebrantado; mas
aquclle Íòbre quem cair a pedra, efmcuçaloha.
1; E procuravaõ osPnncipcs dos Sacerdotes, e os Eferibas, dc
naquella meíma hora lançarem maõ delle; mastemeraõ a o povo;
porque bé entenderão que contra elles tinha dito efta parabola.
20 E trazendo JoJ dc íòbre olho, mandaraó cípias que fc fingifi
íem juftos, pera o apanharem em fuas palavras, c o entregarem ao
a Ou > ' * Principado, e poder do Prefidente.'
borio.
21 Os quaes lhe perguntaraõ, dizendo, Meftre, bem íàbemos que
direitamente falias, c enfinas, c que naó atentas para a aparência da
pcflòa, antes com verdade enfinas o caminho dc Deus.
22 He nos licito dar tributo a Celãr, ou naõ ?
23 Mas entendendo clle fua aftucia, diílèlhes: Porque me aten-
tacs?
24 Moftracmc amoeda; dc quem tem a imagem, c ainferipçaó?
c rcípondcndo ellcs, difleraó: Dc Ccíàr.
25 Entonçes diílèlhes: Pois dae a Ccíàr o que he de Ccíàr, c a
Deus o que de Deus.
2d E naõ o puderaó apanhar em íúas palavras, diante do povo;
antes, maravilhados dc fua repofta, caláraófc.
2 7 E chegandoíe alguns dos Saduceos, que negaó aver refurrei-
çaõ, perguntaraõ lhe, • ’
28 Dizendo, Meftre, Moyfcs nos cfcrcvco que fc o irma."de.
algum falecer, tendo ainda mulher, eunorrer fem filhos; tome fcu1
irmaó a mulher, c levante femente a feu irmaõ. 29 Fo-
SEGUNDO S. LUCAS. Cap. XX.
29 Foraó pois fete irmaõs, e tomou o primeiro mulher; c mor-
rco fem filhos. x ...... .
50 E tomou a mulher o fegundo; c morreo {yrfw&ewjjjcm filhos.
jr E tomou a mefina {mulher},o terceiro; e afli meímo tambem
todos os fete: E naó deixámó filhos, e morreraó.
3 2 E por derradeiro dc todos, morreo tambem a mulher.
33 Em a rcíurreiçaõ pois, mulher de qual dellcs ferá? pois os
fete a tiveraó por mulher.
34 Entonçes refpondcndo Jefus, diflelhes: Os filhos defte feculo
fe caíãó, c íè daó cm caíãmento.
3 5 Mas os que por dignos forem ávidos dc alcançar aquelle íècu-
lo, ca refurreiçaõ dos mortos, nem fc haó de caíiu-, nem fer dados
em caíãmento.
^ <5 Porque ja ntá podem mais morrer; porquanto íãó iguaes a os
Anjos; e íaó filhos de Deus, pois faõ filhos da refurreiçaõ.
37 E que os mortos ajaõ de refuícitar; Moyfcs meímo junto a o
çarçal o cníinou, quando a o Senhor chaipa: Deus de Abraíiam, e
Deus de Iíãac, e Deus dc Jaêpb.
38 Porque {Z>eus] naõ hc*Deus dc mortos, mas de Vivos; por­
que todos vivem quanto a elle.
39 E rcípondendolhef hús dos Eíciibas, difleraó: Mcílrc, bem
diflefte.
40 E naó ouíàraõ perguntarlhe mais coufa alguá. "
41 E elle lhes dillc: Como dizem que o Chrifto he filho de
David ?
42 Dizendo no livro dos Pfalmoso mefmo David; Difle o Sen- ífiilno
horameoSenhor, aflèntate á minha [mao] direita,
43 Até que a teus inimigos ponha por cftrado dc tcos^cs.''
44 Afli que chamando o David [feu] Senhor, como hc logo
feu filho ?
45 E eftando o todo o povo ouvindo, difle a ícus diíçipulos:
4<j Guardac vos dos Eíciibas, que querem andar com vertidos á
comprida, e amaõ as faudaçoens nas praças, e as primeiras cadeiras,
nas Svnagogas, e os primeirosaflentos nos convites.
.47 Que engolem as cafas das viuvas, ca«í«ímm fazem largas ora-, . .
çoes. Eftes rcccbcráó maior b condenaçaõ. bOu^tr.

1 Y Ca-
OS. EUANGELHO
Capitulo XXI.

lon. i E conta osfinais que Ibc aviaõ de preceder. i z E contra asperfeguipoens que os fins

cercada, a fugir de prejja peraefcaparfe daquelle grande mal. ly Predil os finaesde


fua derradeira vinda, e cõ aparabola das arvores que brotaõ , exhorta aobfirvar a fua
vinda. 34 £ efperala com tcmperanpa, vigia, eorapoens. yj Enfina a 0 povo cada
dia no templo.

1 T7 cftan^° dlc olhando vio a os ncos, que lançavaó fuas offcr-


tas n’o a cofre d’a efinola.
2 E vio tambem a hua pobrezinha viuva, quc lançava ali dous ccitys.
3 E diflè: Em verdade vos digo, quc mais que todos lançou efta
pobre viuva.
4 Porque todos eftes do que lhes fobeja lançíraó pera, as offertas
dc Deus: Mas.Ata de fua pobreza lançou todo quanto foftento tinha.
5 E a huns quedo templo diziaó, quc de fermofas pedrasedonsc-
ílava adornado, diflè:
6 Tocante citas coufas quc vedesj^pois diasviráõ, que naó ficará
pedra fobre pedra, quc naó
7 E perguntaraõ íhc, dizendo, Meftre quando ferá ifto? c quc
final averá, quando eftas couíãs ajaõ de ac&itcccr?
18 Entonçes difle clle: Olhac que naó vos enganem, porque vi­
rão, muitos cm meo nome, dizendo, eu fou[o Cbriflo) cjaofempo
efta perto: Portanto, naó vades após ellcs.
9 Porem quando ouvirdes de guerras, c dc íèdiçocns, naõ vos
efpantcis: Porque ncceflàrio hc que Atas coufas aconteçaõ primeiro;
ínas/wf^logo ferá o fim.
10 Entonçes lhes diflè -: Alevantarfcha gente contra gente , c Rey­
no contra Rcyno:
l.Ou ,terre- T avcn( cm diverfos lugares grandes b tremores dc terra, c fo-
mcSj c peq.qencjas. E averá prodigios e grandes finacs do ceo.
12 Mas antes dc todas eftas coufas, lançardõmaõ dc vosoutros, c
*[w<] perfeguiráõ, entregando jjzw] nasSynagogas, e n’os carçcrcs,
c trazendo vos a osRcys, e a os Preíidcntes, porcaufademcoNome.
13 E fobrevir vos ha \jflo) por teftemunho.
14 Proponde pois em voílòs coraçocns dc naõ imaginar antes
wojriíjacs dc rcfpondcr.
13 Porque cu vos darei boca, c fabedoria, a que todos quari^s fo
vos opuferem naó poderáó rcfiílir, nem contradizer.
16 Mas
SEGUNDO S. LUCAS. Cap. XXL i7i
Mas ate de voflòs paes, e irmaõs, e parentes, e amigos fercis
entregados; c [a a/gr/ns] de vos outros mataráõ.
17 E dc todos fereis aborrecidos por caufa dc mcu nó .íc.
18 Mas hum cabcllo dc voflã cabeça naó perecerá.
19 Em voflã paciência poíluí voflàs almas.
ao E quando a Hicrufalem dc exércitos virdes cercada, fabei enton-
ccs que ja íúa dcftruiçaõ hc chegada.
21 Entonçes os que eftiverem cm Judea, fujaó a os montes; e os que
no meio delia eftiverem ,vaó íc; e os que n’os campos, naó entrem nella.
2 2 Porque dias de vingança íãó eftes: Pera que todas as coufas
que cftáó cícritas fc cumpraó.
25 Mas ay das prenhes, c das que naquellcs dias criaó : Porque
grande aperto averá na terra, c ira íõbrc éfte povo.
24 E a fio da efpada cairáó, c por todas as naçoens cativos os lc-
varaõ: E Hicrufalem fera pifada das Gentes, até que os tempos das
Gentes fc cumpraó.
25 Entonçes averá finacs no foi, c na lua, e nascftrellas: E na
terrac affliçaó dc gentes, com confuíãõ quando o mar c as ondascOu,aptrtí-
daraõ grande zonido.
2<S Defm aiandofc os homens por caufa do temor, cdaeípcraiftdas
coufas que á redondeza d’a terra íòbreviraõ: Porque até as d virtu-d©u , fsr-
des do cco íê abalaráõ. « pf.
27 E entonçes veráõ a o Filho do homem que virá cm huá nuvé
com grande poder e mageftade.
-8 E quando cftas coufas começarem a acontecer , olhac, e le-
vantae voílàs cabeças, porque perto eftá voflã redcmçaó.
29 E diflelhes huã parabola: Olhae pera a figueira, c pera todas
as arvores.
30 Quando vedes que ja brotam, dc vos meímos entendeis que
ja o veraô eftá peito.
3 1 Afli tambem vos outros, quando virdes que eftas couíàs acon­
tecem , entendei que ja eftá perto o Reyno de Deus.
32 Em verdade vos digo, que naõ paflàrá efta geraçaõ, ate que
tudo naó aconteça.
33 O ceo e a terra paflàráõ, mas minhas palavras dc ninguma
maneira paflàraõ.
3 4 E olhae por vosoutros, que por ventura voflòs coraçocns íè
nao «carreguem de glotonaria, e borrachice, e dos cuidados defta vi-
«a; e venha fobre vos outros de repente aquelle dia. i“
Y 2 35 Por-
I7x O&EUÀNGELHO
3 5 Porque como hum laço ha dc vir fobre todos os que habitaó
fobre a face dc toda a terra.
36 VigiiA' pois, orando em todo tempo, que fojaes ávidos, por
dignos dc evitar todas ellas couíãs que haó dc vir, c de citar cm pc
diante d’o Filho do homem.
37 E enfinava entre dia no Templo; e íàindo ás noites, as paflà-
va no monte que chamaó das oliveiras.
3 8 E todo o povo vinha pela manhaã a clle, a o ouvir no
Templo.
Capitulo XXII-
1 Os Prinçipes dos Sacerdotes e os Eferibas procuraõ como 0 matarias. 3 Judas vende ao
Senhor. 7 0 Chrifto manda aparelhar a Pafeboa. 14 E a come com feus ddte Apofiolos.
19 Inftituedefpoisjuafagradacea. 21 Predita traifaÕ de Judas. 24 Avijaa feus
difcipulos a fe guardar da ambipaõ e governo mundano. 28 Prometendolhes a tomu-
niaõ defeu Reyno. 3 t Avtfa a os Apofiolos principalmente a 0 Pedro contra a tentaçaõ do
diabo. 34 Epreditlhe afuacaida, ea os outros feusinfiantes males. Ora no monte­
ei.u oliveiras , efoi confortado do Anjo. 45- Exhorta feus difcipulos, ja caídos no fono,
avigiare orar. 47 Judas 0 entrega com beyo, e as Judeos 0 prendem, yoCura a orelha
de fervo. 5-4 Foi levado ao fumo Pontífice, e ali tres vetes de Pedro negado. 61 Mas
Pedro tornando emfi, chora amargofamente. 63 Chrifiofoi injuriado elevada a 0 Con­
cilio, confefid que elle eraofilha de Deus.

aOQj »-i "p citava peito a fefta [dos *paens] por levedar, que fe cha-
ma a Paíchoa.
2 E os Príncipes dos Sacerdotes, e os Eforibas, procuravam como
o matariaó: Mas aviaõ niedo do povo.
3 E entrou íàtanás cm Judas, o quc tinha por fobre nome Ifca-
riota, c era hum do numero dos doze.
4 E foi, e faliou com os Príncipes dos Sacerdotes, c com os Magi-
ftrados, dccomo lho entregaria.
. 5 Os quaes fòlgaraó, e concertáraó de lhe dar dinheiro.
6 E prometeq lho, e bufeava oportunidade pera lhe entregar
fem alvoroço.
7 E veio o dia [dos paens] por levedar, cm quc cra miílcr íàcri-
ficar a Paíchoa.
8 E mandou a Pedro, c a Joaó, dizendo: Ide , aparclhac nos a -
Paíchoa, peraque a poflàmos comer.
2 E ellcs lhe difleraó: Aonde queres quc a aparelhemos?
10 E clle lhes difle: Eifquc afli como na cidade entrardes;, vos
encontrará hum home quc leva hú cantaro dc agoa: Segui o até ?
cafa aonde entrar.. 11 &
SEGUNDO S. LUCAS. Cap. XXII 173
11 E direis a o pae dc família da caía: O Meftre te diz; Aonde
eftá o apoufento , cm que com meos diíçipulos hei de comei- a
Pafchoa ? f
i 2 Entonçes elle vos moftrará hum grande cenáculo ja preparado;
aparelhae a ali.
13 E indo elles, achitraó tudo como lhes tinha dito; e aparelha-
raó aPaíchoa. .
14 E como ja foi hora, aílentoufe, c com elle os doze Apoftolos.
1 5 E diflelhes: Em grande maneira, tenho dcíèjado deantes que
padeça, comer com vofco éfta Paíchoa.
i<5 Porque vos digo que delia mais naó comcrdi, ate que no Rey­
no de Deus fc cumpra.
17 E tomando o copo, e avendo dado graças, diílè: tomaeifto,
c reparti entre vosoutros.
18 Porque vos digo, que do fruito de vide naó beberei, até que
o Reyno de Deus nao vcnna.
19 E tomando o pam, e avendo dado graças, partioo, c deu
lho, dizendo, ifto hc o meo corpo, que por vosoutros fe da ; fazei
ifto em memória de my.
20 Afli mefino tambem o copo, dcípois da cea, dizendo, éfte
copo o NovoTcftamcnto em meu íãngue, que por vosoutros
fe derrama.
21 Com tudo iflò, vedesaqui, a maó do que me trahe eftá co­
migo á mefa.
22 ,E cm verdade bem vae o filho dohoiné, íegundoo que deter­
minado eftá: Porem ay daquellc homem por que fc entrega.
23 Entonçes comcçáraó a perguntar entre fi, qual dellcs íêria o
que ifto avia dc fazer?
24 E ouve tambem entre elles contenda, de qual delles parecia
que avia de fer o maior?
23 Entonçes lhes difle: OsReysdas gentes fe cnfenhoréaõ delias,
c os que fobre ellas tem poteftade, íaó chamados bemfeitores [Senhoresj
zG Mas vosoutros naó afli: Antes o maior entre vosoutros, íeja
como o menor; c o que precede,, como o que ferve.
27 Porque qual he maior ? o que fc aflenta/w o que ferve?
porventura naó hc o que íc aflenta ? Pois entre vos íou eu como o
que íerve. *
28 Porem vosoutros íòis os que comigo cm minhas tentaçoens
tendes permanecido.
Y 3 =2 E
x74 O S. EUANGELHO
E cu vos ordeno o Reyno, como meo Pae amy m’o ordenou. ’
3° 1 ciaquc cmmeoReyno a minha mefa comacs c bebaes • c íò­
bre tronos Ws aderireis julgando.a os doze tribus dc Ifrael.
n^LD1 C ° Senllor: Simaó, Simaõ; vedes aqui que fata-
ías vos muito deíejou, pera corno a trigo vos cirandar-
31 Mas cu roguei por ty, que tua fé naó desfaleça; e tu quando'
te con\ erteres, confirma a teus irmaõs.
3 3 E elle lhe difle: Senhor, aparelhado citou pera ate a priíàõ,
c ate a moite, com tigo ir. 4 ’
34 Mas elle difle: Pedro, digo te que naõ cantara hoje o calo,
antes que tios vezes negues, que me conheces.
$$ E a clles dillc^ Quando vos mandei fem bolíã, c fem alfor.
V°S a,guá C0UÍàS£ ellcs diílêraõ , nada*
E diflelhes: 1 ois agora o que tembolíá, tome a, ctambemos
alforges, e o que nao tem, venda fua capa, c compre eípada’
37 loique vos digo, que ainda importa que cm my fe cumpra
aquillo que efta efento: [a/aier] e com os maos foi contado; Porque
o que de my [_efla eferito] ícu cumprimento tem. °
lhá diirent°bXdlílÒraÓ dlCS: Scnhor’ cisa<lui duas cípadas. E elle

X“ta dilApXfoh,a’ao inontca"011vciri,Si cfc8ui-

ciareis m°tXp?0U ai‘qUClI'1US”'’ diflahes: Orac’ <luc

lhos,1 orou ™tOU fC deUeS C°m° hum tiro dc Pcdrar^e Poíto de jue-

42 Dizendo, Pae, fc queres, paflã cfte copo de my; porem naõ


fe faça minha vontade, fenaó a tua. J .
43 Eapareceo lhe hum Anjo do cco, que o confortava
tf? E pofto cm agonia, orava mais intenfamenteffc fez fc feu fuor
como gotas grandes de fanguc, que coiriaõ até o cliàõ
do^i„do™taeí daOraÇ“’ Vei°a fCUS <ffiÍI>Ul“’ cacll°uos

nao í»nt-rzv’flèHies: A110 cftacs dormindo ? levantacvos, corac, que


nao cnticis cm tentaçaõ. J
C^‘lnd? fallando, ciíàqui a companha , c hum
dos doze, que Judas fc chamava, hia diante delles E cíicgoufc a
Jcfus-, para o beyar. s ,
48 Entonçcs Jeíus lhe difle: Judas, bafta que com bcyo entrei
gas a o filho do homem? 1 3
- 49 t
SEGUNDO S. LUCAS. Cap. XXII. r7?
49 E vendo os que com elle eftavaó o que avia de ler, difleraó
lhe : Senhor, ferircínos á cípada?
50 E hum delles ferio a hum fervo doPrinçipe d’os SLçcrdotcs, c
tiroulhe a orelha direita.
51 Entonçes reípondendo Jeíús, difle: Deixae òs até aqui; e to­
cando lhe a orelha, íarou o.
51 E diflè Jefus a os Prinçipes d’os Sacerdotes, e a os Magiftra-
dos do templo, e a os Anciaõs, quc contra ellc tinhaõ vindo: Co­
mo a ladraõ faiftes, com cípadas, c com baftoens?
5 5 Avendo eftado com voíco cadadia no templo, nunca contra my
cftendcftes as maós: Mas ífta~hc a voflã hora, c a poteftade das
trevas. , •
54 E prendendo o, trouxéraõ o , c mctèraõ o cm caía do Prín­
cipe dos Sacerdotes. E Pedro o feguia de longe.
55 E avendo ajendido fogo no meio da fala, e aflèntandofc todos
a o redór, aílentou fe Pedro entre elles.
56 E vendo o huã criada, quc cftava aflèntado ao fogo, poftos
os olhos nelle, diflè: Tambem dftc com clle eftava.
57 Entonçes ellc o negou, dizendo, mulher, naõ o conheço.
58 E hum pouco dcípois, vendo o outro, diflè: Tambem tu del-
lcs es. Pedro diflè, Homem, naõ íõu.
59 E Gomo ja quaíl huã hora paflãda, affirmava outro, dizendo,'
verdadeiramente tambem eftc eítava com clle, porque tambem he
Galileo. z
ío E Pedro diflè , Homem, naó íèi o quc dizes. E logo, citan­
do elle ainda íãllando, cantou o galo. •
ít Entonçes, virandoíè o Senhor olhou para Pedro; e Pedro íè
lembrou da palavra do Senhor, como lhe tinha dito : Antes quc o
galo cante, me negarás tres vezes.
í 2 E íàindo Pedro para fora, chorou amargoíàmcntc.
í T, E os homés que tinhaõ préíb a Jefus, zombívaõ delle , fc-
rindq£õj;
64cobrindo o, fciiaõ o no rofto, c perguntavaõ lhe, dizen­
do ; Prophctiza quem he o que te ferio ?
65 E ainda contra clle diziaó outras muitas couíãs, blasfemando,
íí E como ja foi dc dia , ajuntáraõ íc osAnçiaõs do povo, c os
Prinçipes dos Sacerdotes, e osEferibas, e trouxéraõo a feuConcilio.
' Dizendo, es tu o Chrifto? dize nolo^E diílèlhes: Sc volo dif-
ícr, naó me crereis: «z- —
63 Ef
OS. E U A N G E L II O
68 E tambem íè vos perguntar , naó rac rcípondcreis , nem fol-
tarcis.
69 Deííkgora fe aflèntará o filho do homem á [maõ] dercita d*i
potência, de l)cus.
70 E diftéraõ todos: Logo tu cs o Filhodc Deus? e clle lhes dif-
fc: vosoutros dizeis quc cu o íòu. , 1
71 Entonçes diflifraõ elles: quc mais teftemunho dcícjamos? pois
dc íiia boca o temos ouvido.

7 Foi <1 Herodes enviado, d’clle cfcarnecido, e torne a Pilatos mandado. 13 Quempro:::~
ra foltalo,maspor canja da inflancia do povo,folta a Barrab.as,e entrega o Cbrifloperafr
crucificado. 16 OSimaõ cprtneo leva Juacruz. Asmulbcres dc Jerufalcm eborai
por elle, a tts quaes prediz a affliçaõ tjtee a ellcs ca feusfilhos avia de vir. 3 2 Foi crtici-
f.cado entre dous falteadores, c ora por feus inimigos. 3 7 Blaspljemadoe ejcarnecido na
cruz, 0 titulo da cruz 39 Hum dos falteadores 0 Idatpbema: Mas o outro foi con-
vertido, e do Cbriflo confolado. 44 Trevos ouvefobre aterra. Oveodotemploferafga,
e0 Cbrifloefpira. 47 OCentitriaõ, comotambem a companha, confejfa queelleera ju-
flo. po Por Jofeph de Arimatheafoi fepultado. p^ As tnulbercs vedem aonde bcpoflo,

iT cvantandoíc entonçes toda a multidão delles levaraõ o a


Pilatos.
2 E comcçáraõ a acufalo , dizendo, A efte avemos achado, que
perverte a naçaõ, e prohibe dar tributo a Ccíàr , dizendo, quc ellc
hc o Chrifto, o Rey.
3 Entonçes Pilatos lhe perguntou, dizendo, estuo Rey dos Ju­
dcos? e reípondendo clle difle: Tu o dizes.
4 E diile Pilatos a os Prinçipes dos Sacerdotes, e a as companhas:
Culpa nenhuá acho neftc homé.
5 Mas ellcs porfiavaõ, dizendo, Alvoroça a o povo, enfinando
por toda Judca, começando dcíilc Galilea ate aqui.
6 Entonçes Pilatos, ouvindo de Galilea, perguntou, fe aquelle
homem cra Galileo? '*
7 E como entendeo quc a o Senhorio de Herodes pertencia, re­
meteu o a Herodes: O qual tambem entaõ cftava cm Hieruíãlem. '
8 E vendo I-Icrodcs a Jcíiis, folgou muito : Porque avia muito
quc o defejava ver , por d’ellc muitas couíãs aver ouvido; c ainda
tinha cípcrança quc algúdJnal lhe veria fazer.
9 E pci-guntavalhc-compiuitas palavras; mas elle nada lhe rcfpondco:
10 E
SEGUNDO 5. LUCAS. Cap. XXIII. i7?
io^E eftavaõ os Prinçipes dos Saçerdotes, c os Eíciibas, acuíàndo
o com grande inftançia.
11 Mas Herodes, com feus íòldados,o dcíprczou, C fcarncçcndo
d’cllc, c veftindo o dc huã roupa rcíplandcçente o tornou a enviar a
Pilatos.
12 E no meímo dia fc fizeraó Pilatos e Herodes entre fi amigos:
Porque d’antcs eraó entre fi inimigos.
i; Entonçcs convocando Pilatos a os Prinçipes dos Saçerdotes,
e a os Magiftrados, c a o povo^íiflclhcs.
^tjpAvcis me apreícntado a éfte homem, como que perverte a o
povo:*E vedes aqui examinando o cu diante dc vosoutros, nenhuá
culpa, das de que o acufaes, tenho nefte homé achado.
i$ E nem ainda Herodes; porque a elle vos remeti: E ciíàqui
que nenhuá coufa digna de morte tem feito.
16 Soltálohei, pois, caftigadp.
17 E era neçeflãrio foltarlhes hum pela fcfta.
z 18 E toda a multidão deu gritos â huã, dizendo: Tira' a cfte, c
íòltanos a Barabbas.
19 O qual avia fido lançado no cárcere por huã fediçaó c morte,
feita na çidade.
20 E felloulhes outra vez Pilatos, querendo íoltar a Jeíus.
21 Mas elles tomáraõ a dar gritos, dizendo, crucificado ^ cru­
cifica o.
12 E elle lhes difté aterçeiravez: Porque? que mal fez éfte? nen-
huã culpa de morte tenho nclle achado. Caftigalohei, pois, e fol-
talohci.
2 3 Mas elles inftavaó com grandes vozes, pedindo que foílc cru­
cificado. E íuas vozes c as dos Prinçipes dos Saçerdotes, cre-
çiaõ cada vez mais.
24 Entonçes julgou Pilatos que íè fizefle o que pediaõ.
25 E foltoulhcs a o que na priíàõ por huá fediçaó c morte avia
fido lançado, que era o que peairaõ: E entregou lhes a Jcfus á fia-
vontade delles.
25 E indo o ja levando, tomáraõ a hum Simaó Cyrenco , que
a ?wafl'° Camp°’ C Pufcraó Ihc “ coftas a cruz Pcra Quc após Jcfus

s E íeguia o grande multidaõ dc povo, e dc mulheres, que


- ^ao chorando, c lamentando o. ,
28 Mas virandofe Jefus para ellas, lhes difle; Filhas[dc Hieruíà-
Z lem,
i8o OS. EUANGELHO
lcm, naó me choreis a my, mas chorac vos a vos mcfmas, e a vof-
Tos filhos.
29 PorqU.'.> vedes aqui, quc dias haõ devir, cm que dom: Be-
maventuradas as cfteriles, e os ventres que naõ geráraó, e os peitos
. quc naõ criáraõ.
30 Entonçes começaráó a dizer a os montes, cahy fobre nosou-
trosj c a os outeiros, cobrinos.
31 Porque fc á arvore verde eftas couíãs fazem; na feca quc íc
fará?
' 32 E leváraó tambem outros dous ,A malfeitores, a matar có elle.
3 3 E como vicraó a o lugar quc fe chama da caaveira , írucifi-
cáraó o ali a elle, c a os malfeitores, hum a [maõ] direita, c ou­
tro á czquerda.
34 Mas Jefus dizia : Pae, perdoálhes, porque naõ fabem o que
fazem. E repartindo feus vcftidos, lançárao íòrtcs.
3 5 E o povo eftáva olhando : E zombãvaõ tambem delle os Prin­
çipes juntamente com cHcs, dizendo, a outros íãlvóu , íalvcíè a fi
mcfmo, íè he o Chrifto, o cícolhido de Deus.
3 <5 Eícarncçiaó delle tambem os foldados, chegandoíe, e apre-
fcntandolhc vinagre.
37 E dizendo, fc tu es o Rey dos Judeos, falvate a ty meíino.
38 E cftava tambem íòbre elle hum titulo eícrito com letras Grc- .
\gas , e Romanas, eHebraicas: ESTE HE O REY DOS
JUDEOS.
39 E hum dos malfeitores, que eftavaó dependurados, o injuria­
va, dizendo, fe tu es o Chrifto, íãlvatc a ty meíino, e a nosoutros.
40 E reípondendo o outro, reprendeo o, dizendo, nem ainda tu
a Ou, no temes a Deus, eftando a na mcfma condenaçaó*
mcfmojuí- E nos outros cm verdade, juftamcnte ; Porque o que noílòs
feitos merepaó, iflò repebemos; mas efte nenhú mal fez.
42 E diílè a Jefus: Senhor, lembrate de my quando vieres cm
teu Reyno.
43 Entonçes Jefus lhe diílè: Em verdade te digo, quc hoje cita­
rás comigo no Parayíò.
44 E íèndo ja perto das íèis horas, íòbrevicraó trevas em toda a
terra, ate as nove horas.
45 E o SóJ fe efcurcçco, c o Veo do Templo ferafgoupeJo meio.
46 Entonçes Jefus clamando com grande voz diílè: Pae, em tuas
maós encomendo, meo cfpirito. E avendo dito ifto, efpirou.
4.7 E
SEGUNDO S. LUCAS. Cap. XXIV. ifo.
47 E vendo o çenturiaó o que avia aconteçido, deu gloria a
Deus dizendo, verdadeiramente jufto era efte homem.^ ,
. 48 E todas as companhas dos que a cfte cfpcctaculocíavaó.prcfen- j,
tes, vendo o que. avia aconteçido, fe tornavaó, batendo n’os peitos. <Z«í«r.
40 Mas todos ícus conhcçidos, e as mulheres, que defdc Galilca
o aviaó feguido, eftávaõ de longe vendo eftas coufas.
50 E eis que hum varaó chamado Jolcph, fenador, homem de
bem, ejufto.
51 íQj:ie ncm em ^-u eonfelho , nem cm feus feitos d clles avia
confcntidoj e era de Arimathca, çidade dejuda, eque tambem cípe-
ráva o Reyno dc Deus;,
52 Efte, chegando a Pilatos, pedio o corpodc Jefus.
53 E avendo o tirado, envolveu o cm hum lençol^®, c pólo cm
hum fepulcro, lavrado em huá pedra cm que ainda nunca ninguém
avia fido pofto.
54 E era o dia da preparaçaõ, e o Sabado chegava.
55 E tambem as mulheres que com elle tinhaó vindo de Galilca,
o foraó feguindo, e viíaó o fepulcro, e como feu corpo foi pofto.
5<> E tomadas cilas, aparelháraó efpeçicnas c unguentos, c re-
pouíai-aõ o Sabado, conforme a o mandamento.

Capitulo XXIV.
1 Asmulheresvemaofepulcbroeacbaõ 0 vazio. 4 Dous Anjos Ibesmanifeflaõarejurrei-
caõ de Chrifto. 9 ZJ.ié as novas a os apoflolos que 0 naõ crem. 1t Pedro corre a ofepulchro.
13 O Cíiriflo aparece a doits difçipulos que biaõ a Entaus, efica Ibes manifeflo 33 Os quaes
tornaõ je a jerufalem, e 0 contaÕ a os Apoflolos. 3 6 Aparce afeus Apojíoios, mojlraftias
maÕs,epe's,e come diante d'elles. 44 Lhes abri 0 fentido das efcrituras,e ordena os por tejie-
munbas entre todas as gentes, e lhespromete 0 Efpirito fanSo. yo Os abençoa, eje apartan­
do d'elles, foi levado a 0 ceo.
i K O primeiro '\fdia~\ da íõmana muy dc manhaã , hiaó a o fe-
pulchro, trazendo as cípeçicrias que tinhaó aparelhado; c
alguãs com cilas.
2 E acháraõ a pedra ja revolta da porta do fepulcro^
3 E, entrando, naó acháraõ o como do Senhor Jeíus.
4 E acontcçeo que eftando cilas diíto perplexas j eis que dous va-
roens fc paráraó junto a cilas cora veftidos rcíplandcçentcs.
5 E avendo ellas grande temor, c abaixando 0 rofto para o chaó,
elles lhes diíièraõ: Porque entre os mortos bufcaes a o vivente?
6 Naõ eftá aqui, mas ja he rcfufcitado: Lcmbracvos do que vos
fiillou eftando ainda cm Galilca.
Z 2 7 Di-
O S. EUANGELHO
7 Dizendo , importa quc o filho do homem fcja entregue em-
maõs dchomen$peccadorcs, eque íèja crucificado, c a o tcrçciro dia
rciúíçite.^ '??
8 Entonçes íc lembráraõ dc fuas palavras.
$ E tornando do fepulcro, deraõ novas de todas eftas couíãs a os
ónze, c a todos os de mais.
ío E [ejtas] craõ Maria Magdalena, e Joana, c Maria [mae] de
Jacobo, e as dc mais que eftavaó com ellas, as que eftascouíãs aos
Apofiolos diziaó.
11 Mas a ellcs lhes parcçiaõ como deívarias fuas palavras: E naõ
lhes deraõ credito.
12. E levantandoíè Pedro, correoao ícpulcro; e abaixandoíè, vio
fõos os lençoes poftos^pgbg^; e foife maravilhado entre fi defte caíõ.
i j E eis quc dous d’cllcs hiaõ o rnefino dia a huã aldea quc efta-
’ u \ ?frva Hieruíãlem fcflènta a eftadios, chamada Emaus:
Auat léguas 14 E hiam praticando entre fi de todas aqucllas couíãs que aviaõ
tf mea»
15 E aconteç co que indo elles entre fi fallando, e perguntandofe
hum a o outro, o meíinoJeíús fe achegou, e hia juntamente com elles.
16 Mas feus olhos de tal maneira eftavaó retendos, quc o naó
conhepaõ.
17 E diílèlhes: quc práticas íâõ eftas que, indo andando, tratacs
entre vosoutros, c cftaes triftes?
18 E reípondendo o hum, que íc chamava Cleophas, diflèlhe:
Tu ío es peregrino cm Hicrufalcm? c naõ íabes as coufas que nclla
dftes dias tem iúçedido ?
li) Entonçes elle lhes diflè: quaes? e ellcs lhe.difleraó, as coufas
tocanterãjéíus Nazareno, o qual foi varaõ Prophcta, poderoíò em
obra, e cm palavra, diante dc Deus, c dc todo o povo.
20 E como osPrinçipesdos Saçcrdotes, c noflps Prinçipesb á con-
denaçaõ de morte o entregáraõ, c o crucificáraó:
2 1 Mas nosoutros efperavamos quc elle cra o que avia dc redemir
alfiaèl; e ainda íòbre tudo ifto, hoje he o tcrçciro dia que eftas
coufas tem fuçcdido.
z 2 Ainda -qug tambep huãs mulheres dos noflòs nos tem cfpan-
tado, as quacs^wOiwhi foraõ a o fepulcro:
23 E naõ achando íèu corpo, vicraó, dizendo, quetambemtin­
haõ vifto viíaõ dc Anjos, quc dizem que vive.
24 E foraõ alguns dos noflòs a o fepulcro, e acháraõ ftr afli co­
mo as mulheres tmhaõ dito: Mas a clle, naó o víraõ. 2 5 Ert
SEGUNDO S. LUCAS. Cap.XXIV. 18;
1$ Entonçcs elle lhes diflê: O lóucos, e tardios de coraçaó, pe­
ra crer a tudo o que os Prophetas tem dito. *
z6 Por ventura naó importava que padeçcflê o Chrií > citas cou-
íàs, c queí^^cm íua gloria entraflè?
27 E começando dcíclc Moyfcs, e de todos os Prophetas, lhes
declarava cm todas as Efcrituras o que delle eftáva [efmto.]
28 E chegáraõ á aldea a onde hiam, porem elle fe houve como
que ainda hia mais ltínge.
29 Mas clles o conftrangcraó, dizendo, ficate cónofco; porque
ja hc tarde, e ja o dia fe abaixou i e entrou pera ficar com elles.
30 E acontcçeo que eftandocom elles aílcntado, tomando o paó,
o benzeo; c partindo o, lho deu.
21 Entonçes íè lhes abriraõ os olhos, c conhecerão o, mas elle
fe lhes delàparcçeo.
32 E diziaó hum a o outro: Porventura naõnos ardia o coraçaó,
quando pelo caminho nos falláva, e quando as cícrituras nos abria?
3 3 E levantandoíc na meíma hora, tornáraõ íè a Hicruíàlem, e
acharaó juntos a os onze, e a os que cjm elles eftavaõ,
34 Que diziaó: Verdadeiramente refufçitado he o Senhor , e
ja a Simaó tem apareçido.
3 5 Entonçes contáraõ clles as couíàs que no caminho lhes Qtviao
fuçedido: E como dellcs no partir do pam fora conheçido.
3<5' E eftando elles neftas praticas, o meímo Jeíus íè pos no meio
delles, c lhes difle: Paz feja com vofeo.
37 Entonçes clles cfpantados, c afombrados, penfavaó que viaõ
algum efpirito.
3 8 Mas elle lhes difle: Porque eftaes turbados, c íobem [tae/J
peníàmentos cm voflòs coraçoens ?
39 Vede minhas maós,emcospees, que cu meímoíòu: apalpacme,
e vede que o efpirito naõ tem carne, nem ollos, como vedes que cu tenho.
• 40 E ern dizendo ifto, lhes moftrou as maõs, e os pees.
41 E naõ o crendo ainda clles de gozo, e maravilhados, difl’e-
lhes: Tendes aqui alguã couíà que comer?
'42 Entonçes clles lhe aprefentáraó parte de hu peixe aflàdo, c
hum favo de mel. ç
43 O que elle tomou, c comco diante dellcs.’
’ 44 L diflelhes: Eftas faõ as palavras que vosdifle, eftando ainda
com voíco [convém a faber] que era neccflàrio que fe cumpriflcm to­
das as couíàs que na ley dc Moyíès, c n’os Prophetas,' c n’os Píàl-
mos,demy cftaó eferitas. Z 3 45 En-
184 O S. EU A NGE L H O
45 Entonçes lhes abrio o fentido, pera que entendeflem as eícri-
turas. •
46 E d$clhes: Afli eftá eícrito, c afli foi ncccflãrío que o Chri­
fto padeçcflè, e a o tcrçciro dia dos mortos rcfufcitaflc.
q-/ E que em feu nome arrependimento c rcmiflãó tte pcccados
cm todas as naçoés fe pregaflè; começando deídc Hieruíãlem.
48 E deftas coufas lois vosoutros teftemunhas.
49 E vedes aqui, a o prometido dc meo pae fobre vosoutros mando:
Porem vosoutros ficacvos na cidade dc Hieruíãlem, ate que doalco
com potência fejaes reveftidos.
50 Elevou os fora até Bcthania; e levantando íúas maós, osa-
bençoou.
51 E acontcceo quc, eftando os abençoando, fe apartou delles,
e foi levado a-rfoa a o ceo.
52. E avendo o elles adorado, tornáraõ fc com grande gozo a
Hierufalem. .
53 E cftavaô fempre no Templo, louvando e bendizendo a Deus?
Amcn.
Fim do Sanfto Éuangelho Segundo S. fuças.

O S A N c T O
EUANGEL HO
De noflò Senhor

JESU CHRISTO
SEGUNDO
S. J O A O.
Capitulo I.
1 APejJba de Chrifto fè deferevo que elle he a eterna palavra de Deus, verdadeira Deus,
criador de tudo, a-vida e a luzdos homei, principalmente dos fieis. 14 Que efta palavra
fe encarnou, ty Ojoaõbautifta da teftemunho d'elle. ij Como tambem defp mefmo.
ZQ Declaraquc Chrifto he 0 cordeiro,eofilhodeDeuS'. 31 E que lheficou notorio peloJt~
fiai do Efpírito farifto. 37 Dous difcipulosde^oaõ por ijjo /eguem a Chrifto. 41
dreas bum delles traze tambem a Simaõ feu irmaõ. 44 Chrifto chama a Philippe e a Na-
thanael, e louva a finceridade delle,
1 "NJ 0 PrinÇ'P'° cra a Palavra, c a Palavra eftavajunto,de Deus/
e a Palavra era Deus, z Efta
SEGUNDO S.JOAO Cap. I, i8j
2 Efta. cftava no principio junto de Deus.
3 Por efta foraó feitas todas as couíàs; e fem ella fe naó fez coufa
nenhuá do que eftá feito. . 1
4 Nella eftava a vida, é a vida era a luz dos homés.
5 E a luz nas trevas rcíplandeçe: Porem as trevas naó a comprc-
hendéraõ.
6 Houve hum homem enviado de Deus, que tinha por nome Joaó.
7 Efte veio por teftemunho, pera que deílè teftemunho da luz,
pera que todos por elle ci’eílèm.
8 Naõ era elle a luz mas [era cm>iado.~\ peraque deílè teftemu­
nho da luz.
9 Efte era a luz verdadeira, que a todo homem, que neftc mun­
do vem, alumia.
10 No mundo eftava, e por elle foi feito o mundo, e o mundo
o naõ conheçco.
11 A o feu proprio veio, c os feus o naõ reçcberaõ.
iz Mas a todos quantos o receberão, lhes deu poteftade da ferem
feitos filhos de Deus [convém a faber^ a osqueem íèu nome crem.
i; Os quaes naó íaó gerados de íãngue, nem da vontade da car­
ne, nem da vontade de varáõ, fenaõ de Deus.
14 E aquclla'Palavra encarnou, c habitou entre nosoutros: E
vimos fua gloria, gloria como do unigénito do Pae, çheio de graça
e de verdade.
15 Joaó deu teftemunho delle, e clamou, dizendo, efte he a-
quclle de qué cu dizia : O que apos my vem, antes de my hc:
Porque he primeiro que cu.
Ede fua plenidaõ reçcbcmos todos tambem graça por graça.
17 Porque a ley porMoyfes foi dada: Mas a graça c a verdade,
por Jeíu Chrifto foi feita.
18 A Deus , nunca ninguém o vio; o unigénito Filho que eftá.
no regaço do Pae, elle [nolo~\ declarou.
19 E efte he o teftemunho de Joaó, quando osíJudeos mandáfaõ
de Hierufalem Sacerdotes c Levitas , que lhe perguntaílem : Tu
quem es?
-o E confeflòu, e naó negou; e confcflbu, cunaó íòu o Chrifto.
-X E perguntáraõ lhe: Quem pois? es tu Elias ? e diflê: Naõfou’.
Estuo Propheta? e rcfpondeo: Naõ.
2Z Diílèraó lhe pois: Quem es? pera que demos repofta a os que
nos enviaraõ: Que dizes dc ty mefmo ?
23 Difle:
O S. E U A N G E L H O
23 Diflè: Eu fou a voz do que clama no deferto; cnderccae (í
caminho do Senhor, como difle o Prophcta Eíãias.
24 E os.í’'nviados, craó dos Pharifeos.
25 E perguntaraõ lhe, c difleraó lhe: Porque pois bautizas, íè
tu naó cs o Chrifto, nem Elias, nem o Prophcta ?
26 E Joaó lhes rcípondco, dizendo, cu bautizo com agoa, mas
cm meio dc vosoutros eftá, quem vps outros naó conheceis.
27 Eftc he aquelle que apos my vem , que jahc antes de my, do
qual eu naó fou digno dc delatar a correa do çapato. 4
28. Eftas coufas aconteçeraõ em Bcthabara, da outra banda do
Jordaõ, aonde Joaó bautizava.
29 O feguinte dia vio Joaó a Jcíús quc vinha a clle, e diflè: Ve­
des aqui o cordeiro de Deus, que tira o pcccado do mundo.
3 o Efte hc aquclle dc quem cu diflè: Apos my vem hum varaó,
que ja he antes dc my: Porque ja efa primeiro que cu.
jlE cu naó o conhecia; mas paraque a Ifracl foflè manifeftado,
por iflo vim eu bautizanuo com agoa.
32 E Joam deu teftemunho, dizendo, cu vi a o Eípirito, que co­
mo pomba deíçcndia dc çco, e repoufou fobre elle.
3 3 E cu naó o conhcçia, mas aquclle quc com agoa me mandou
a bautizar, cílc me diflè: Sobre aquclle quc dcfçcndcr vires a o Et
pirito, c quc fobre elle rcpouíà, elle he o que com Eípirito íãnóto
oautiza. ' •
34 E cu o vi, c tenho dado teftemunho, quc efte he o Filho de
Deus.
3^ O feguinte dia, eftava outra vez ali Joaó, c dous de íèus dií­
çipulos.
3(5 E vendo [por alQ andar a Jeíús, diflè: Vedes aqui o cordei­
ro dc Deus.
37 E ouviraó £0] os dous difcipulos fallar, e fcguiraó a Jeíús.
38 E virandofe Jefus, e vendo quc o íèguiaó, diílèlhes:
Que bufcacs? c ellcs lhe difleraó: Kabbi, (que declarado, .
quer dizer, Meftre) aonde moras? ’ ’
Diílèlhes: Vinde, evede, vicraó, e víraõ aonde morava,
e íicáraó íè com ellc aquclle dia: Porque ja cra perto das dez horas.
4a Era Andre, o irmaó dc Simaõ Pedro, hum dos dous que ou-
viraó aquillo dc Joaó, c o aviam íeguido.
SEGUNDOS.JOAoCap.il. iS7
E trouxe o a Jefus. E vendo o Jeíiis, ddlc: Tu cs Símam
hlho dc Jonas, tu feras fhamado Ccphas, (que quer dizer, Pedro/)'
2^-4^ O dia ícguinte quis Jcfus ir a Galilea, e açhou a/yhelippe; a
o qual diílè: íègucmc.
e cra Phelippe dc Bethíàida, a çidade de André e dc Pedro.
Phelippe açhou a Nathanaêl, e diflèlhc: Açhado avemos
^auel/ej de quem Moyfcs na ley efereveo, e os Prophetas [a faber) a
Jefus, o filho de Joícph, de Nazarcth.
E diflèlhc Nathanaêl: Pode de Nazareth aver coufa alguâ
boa? diflèlhe Phelippe: Vem, c vé=&
Vio Jefus vir afia Nathanaêl, c difle dellc: Vedes aqui hum
verdadeiramente Ifraêlita, em quem engano naó ha.
E diflèlhe Nathanaêl: Donde me conhcçcs tu a my? rcfpon-
deo lhe Jefus, c diflèlhc: Antes que Phelippe te çhamára, quando
de baixo da figueira eftavas, te vi eu a ty.
$0 Reípondco Nathanaêl, c diflèlhc: Rabbi, tu cs o filho dc
Deus, tu es o Rcy de Iífael. _
Refpondco Jefus, ediíTelhe: Porque te difle: Dc baixo da fi-
gueirate vi, crés: Coufas maiores que eftas veras.
E diílelhe: Em verdade, em verdade vos digo, que d’aqui
'Jcmdiante vereis aberto o Çco, c a os Anjos dc Deus, íòbre o filho
do homem fobendo e defendo.

Capitulo II.’
1 0 Cbrijlon'as bodas em cana converte a aquaem vinho. 11 Que betemeçtde feus mila­
gres. 11 Vae a Capernaum. 13 E d’ali a Jerufalcm. 14 Lança do templo os que ven-
diaÕ,e oscamhiadores. 18 Os Judeospedemhttm final, a osquaesproposodesfacimento
e alevantamento do templo de feu corpo. 13 Muitos vema «elle crer. 24 Masfsaõfo
confiava a fi mefmod'elles, porque os conhecia.
x ‘P a o tcrçeiro dia fe fizeraó huãs bodas em Cana dc Galilea:
E eftava ali a maé de Jeíus.
2 E foi tambem convidado Jeíus, e íèus diíçipulos a as bodas.
3 E faltando o vinho, a maé de Jeíus lhe aiflè : Vinho naó tem.
4 E diflèlhc Jefus: Que tenho cu com tigo, mulher? Ainda mi­
nha hora naó hc vinda.
5 Diílè fua maé a os fervidores: Fazei tudo quanto elle vos diflèr.
6 E eftavaõ ali poftas feis tinas de agoa, dc pedra, conforme á
purificaçaó dos Judeos, que cabia cm cada huá dous ou tres al-
mudes.
Aa 7 Dif-
188 OS. EUANGELHO
■7 Diílèlhes Jeíús: Ençhei cilas tinas de agoa, c ençhéraõ as
até riba.
8 E diflJ Jhes: Tirae agora, e aprefcntae a a o Mcftrefala. E a-
prefcntáraó lha.
9 E como o Meftrefala goílou a agoa feita vinho -(e naó íàbia
d’onde era, porem os fcrvidores, que a agoa aviaõ tirado, o íàbiaõ)
. fhamou o Meftreíàla a o Eípofo. .
ío E diflèlhe: Todo homem poem primeiro o bom vinho, e
quando ja tem bem bebido , entonçes^o que he peior : tu
guardaíle o bom vinho até agora.
11 Efte prinçipio de finaes fez Jeíús em Cana de Galilea, e ma-
nifeftou íúa gloria, e créraó íèus difçipulos nelle.
12, Dcípois difto deíçendeo a Capemaum, elle e íúa maé, c feus
irmaós, e feus diíçipulos, e eftiveraó ali naó muitos dias.
i j Eeftava pertoaPafchoadosJudeos, eíòbioJeíús a Hierufalem.
14 E açhou no Templo a os que vendiaõ boys, c ovelhas, e pom-
bas, e a os cambiadores [ali] allèntados.
15 E feito hum açoute de cordéis, lançou os a todos do Templo,
e a as ovelhas, e a os boys; e efpalhou o dinheiro dos cambiadores,
c traftomou as mefas.
• 16 E aos que vendiaóaspombas difle: tirae d’aquiiftoc naófa.
aOa, ffl«--Ça^sc^a dc ’ venda, acáíii de meoPae.
cada. *7 Entonçes fe lembráraó íèus diíçipulos, que eftdva eícrito: O
zelo de tua cáíà me tragou. ’
18 E rcíponderaõ os Judcos, edifleraólhe: Que finalnos moftras
tu para taes couíãs fazeres?
* 19 Reíjxmdeo Jeíús, e diílèlhes: Desfazei efte Templo, e em tres
dias o levantarei.
20 Diflèraó pois osjudeos: Em quarenta e íeis annos foi efte
Templo edificado, elevantalohas tu em tres dias?
21 Mas elle fallava [iflo] do Templo de ícu corpo.
22 Portanto, quando refufçitou dos mortos, íe lembraraõ feus
difcipulos que iftò lhes avia dito; e créraóáEfcritura, e á palavra que
Jcíús lhes diflèra.
fl3^ E eftando elle cm Hieruíãlem pola Paíchoa, no dia da fefta,
cicraõ muitos em fcu nome, vendo os finaes que fazia.
-4 Mas o mcfmo Jefus fe naõ confiava a fi meíino delles, porque
a todos os conhcçia.
í 2 5 E naõ nepcflitava de que alguem do home lhe deflè teftemu-
nho, porque bem íàbia clle o quc no homem avia, C a»
SEGUNDO S.JOAO. Cap. IIP i8j

Capitulo III.
I Chrifto tnjina a Uicodemus a cerca necefidade e maneira da rtgenerafaÕÍ-'^^ Enfina com
exemplo da fcrpente quehe necejjarie que elle feja levantada pera falvar os que rielle
crem. »» Chrifto e mais Joaõbautitaõ nomefmo tempo, ip Difcipulos dcjoaõfein-
dirnaõ que todos venhaÕ a Chrifto. 17 Por efta ocajiaõ enfina os Joaõ, ofendendo qual
MTerenfa ha entrefi, e Chrifto. 36 E que receberão afií osfieis como os infiéis.

1 T? avia hum homem dos Phariíèos, quc fc chamava Nicodc-


*-* mus, prinçipe dos Judcos.
2 Efte veio a Jeíús de noite, e diflèlhe: Rabbi, bem íàbemos
que de Deus tens vindo por Meftre: Porque ninguém pode fazer
eftes finaes que tu fazes, fc Deus com clle naó for.
3 Refpondeo Jefus e diflèlhe: Em verdade, em verdade, te digo,
quc aquelle que outra vez naó naçer, naõ pode ver o reyno dcDcus.
4 Diflèlhe Nicodemus: Como pode o homemnaçer, fendo ja ve­
lho ? por ventura pode entrar outra vez no ventre dc fua maé, e naçer ?
5 Rcfoondeo Jefus: Em verdade, em verdade, te digo, que aqucl­
le que de agoa e de Eípirito naó naçer, naõ pode entrar no Rcyno
dc Deus.
6 O que he naçido de carne, carne he; e o que he naçido dc
Efpirito, eípirito he. ...
7 Naõ te maravilhes, de quc te diflè: Neçcflàrio Vos he naçer
outra vez:
8 O ventoad’ondc quer íòpra, e ouves feu íòido; porem naó íà-
bes nem d’ondc vem, nem pera onde vae; aífi he todo aquelle quc
he naçido de Eípirito.
9 Refpondeo Nicodemus, e diflèlhe: Como íè pode ifto fazer?
10 Refpondeo Jeíús, e diflèlhe: Tu es Meftre dc líraêl, enem
ifto íabeslV
11 Em verdade, cm verdade te digo, que o que fabemos, iflo
falíamos; e o quevifto temos, iflòtcftificamos; e naó xcçcbcis noflò
teftemunho.
12 Se avendo vos eu dito couíãs tcrreacs, vos as naõ credes; co­
mo crereis íè vos diflèr as celcftiaes ?
13 E ninguém a o Çco fobio, fenaõ o que d’o Çèo defçendeo;
faber] o Filho d’o homem, quc eftá noÇco.
14 E como Moyfes levantou a ferpente no deferto, afli he neçet
íàrio quc o Filho do homem feja levantado.
15 Peraque todo aquclleque nclle crer, naó pereça, mas alcançe
a vida eterna. Aa z 16 Por-,
I5jo OS EUANGELHO
16 Porque de tal maneira amou Deus a o mundo, que deu a íèu
Filho unigénito, pera que todo aquelle que nellc crer, naó pereça
mas alcançe y vida eterna.
17 Porque naó mandou Deus a feuFilho a o mundo, pera que
z a o mundo condene; mas peraque o mundo feja falvo por elle.
18 Quem nclle crer, naó he condenado; mas'quem naó cre; ia
eftá condenado ; porque naõ crco no Nome do unigénito Filho dc
Deus.
15 E efta he a çondenaçaó, que a luz veio a o mundo, e os ho­
mens amáraõ mais as trevas do que a luz; porque eraó más fiias obras.
ío Porque todo aquelle que obra mal, aborreçe a luz, e naõ vem
á luz, porque íuas obras naó fejaõ redarguidas.
21 Mas quem obra verdade, vem á luz, pera que íuas obras íè-
jaó manifeftas, que faó feitas em Deus.
22 Paflàdo ifto, veio Jefus com feus difçipulos a terra dc Judea,
c eftava ali com elles, e bautizava.
2 3 E bautizava tambem Joaó em Enon, junto a Salim; porque
avia ali muitas agoas, e vinhaó ali, e eraó bautizados.
24 Porque ainda Joaó naó avia fido levado á priíàõ.
25 E ouve queftaó entre os diíçipulos de Joaó, e os Judeos, açcr-
ca da purificaçaó.
26 E vieraó a Joaó, e diflèraó lhe: Rabbi, aquelle que comtigo
cftava da outra banda do Jordaó, do qual tu defte teftemunho, ves
aqui efta bautizando, e todos vem a elle:
27 Refpondeo Joam, e diílè: Naõ pode ó homé couíà algua re-
çeber, fed’oCeo lhe naõ for dado.
28 Vosoutros mcfmos me fois teftemunhas, que diílè: Eu naó
íõu o Chrifto; mas que diante dclle íòu enviado.
29 Aquelle que tem a Eípoíà, he oEípofo; masoamigodoEfpo-
íò, que lhe afliíte, e o ouve, gozafe grandemente da voz doEípo-
fo; afli pois ja efte meu gozo he cumprido.
30 A elle convém crcçcr, e a my diminuir.
31 Aquelle que de riba vem, íòbre todos he; aquelle que he da
terra, terreno hc, c couíàs terrenas falia: Aquelle que vem do Ceo,
fobre todos he.
32 E aquillo que vio, eouvio, iflò teftifica; e ninguém recebefeu
teftemunho.
3 3 Aquelle que ícu teftemunho reçcbeo, eflç íèllou que Deus
he verdadeiro,
34 Por-
SEGUNDO S.JOAO. Cap. IV. ipr
34 Porque aquclle que Deus enviou, as palavras de Deus falia;
porque naó Deus 0 EfPint0 Por medida.
*?<■() Pae ama a o Filho, c todas as couíãs deu em Í;"a maó.
16 Aquelle que no Filho crc, tem vida eterna; mas aquelle que
a o Filho hc incrédulo, naó verá a vida, mas a ira de Deus permane-
çe fobre elle.
Capitulo IV.
t Cbriflo fat ebautitja mais difcipulos em^udea do que JoaÕ. 3 Foi' fe d’ali a Galilea
paflando por Samaria, e fendocançado fe affentott alt a par dabua fonte. 7 Sua prati­
ca com a Samaritana, 20 Informa a do verdadeiro neodo de adorar. 16 £ declara que.
elle era 0 Mèfiiasprometido, 28 Ella diflo da parte a os Samaritanos que fabiraõ e vttrao
a elle. 3t Declara a feus difcipulos qual eraJuaprincipal comida, e que 0 tempo da efpiri-
t(íal ftga eflava prefente. 3 9 Muitos Samaritanos trem nelle afit polapalavra da mu­
lher como principalmente pola própria ouvida. 43 Se torna a Cana de Galilea , aon­
de deufaude a e filho de bum regulo.
x T"\ e maneira que como o Senhor entendeo que os Phariícqs ou-
viraô, que Jeíús fazia mais diíçipulos ebautizavaqueJoao.
2 (Ainda que Jefus mcfmo naó bautizava, fenaó feus difcipulos.)
3 Deixou a Judea, e foi fe outra vez a Galilea.
4 E era mifter que paflàflè por Samaria.
5 Veio pois a hua çidade de Samaria, çhamada Sichar, junto á
herdade que Jacob deu a Jofeph fcu filho.
<$ E citava ali a fonte de Jacob; Jefus, pois, canfado do caminho,
fc aílentou afli a par da fonte: Era ifto quafi ás4 feis horas. a Ou, meie
7 Veio hua mulher de Samaria a tirar agoa; é Jefus lhe difle
Da me de beber.
8 (Porque ícus diíçipulos craõ idos á çidade a comprar dc comer.)
9 E a mulher Samaritana lhe difle: Como, íèndo tu, Judco,
me pedes a my de beber, que fou mulher Samaritana? Jporque os
, Judcos naõ íc comúnicaô com os Samarítanos.J
ío Refpondeo Jefus, e diflèlhe :• Se tu o dom de Deus conhe-
çeras, e quem hc o que te diz: Da me de beber; tu lhe pedirias a
elle, c ellc te daria a ty agoa viva.
11 A mulher lhe diflè: Senhor tu naó tens com quc a tirar, e o
poço he fundo: Donde pois tens a agoa viva?
n Es tu maior que noflò pae Jacob, quc nos deo efte poço;
Dfoqual ellemcfmobebeo, efeus filhos, c ícus gados?
Reípondeo Jeíús, e diflèlhe: qualquer que d’efta agoa beber,
ha de tomar a ter fede.
Aa 3 14 Porem
OS. EUANGELHO
Porem aquelle que beber díj agoa que eu lhe dei'; nunca mais
fede ha dc tcr^Mas a agoa que cu lhe der, íefara nelíc fonte dc agoa
que falte pevj. vida eterna.
ij Diílè lhe a mulher: Senhor, da me d*cfta agoa, peraque mais

fede naõ tenha, nem aqui venha a buícala.


16 Jcfus lhe diílè: Vae, çhama a teu marido, c vem cá.
17 Reípondco a mulher, c diflèlhe: Naõ tenho marido, diflè­
lhc Jcfus: Bem diflcfte, naõ tenho marido.
18 Porque çinco maridos tivefte; e o que agora tens, naõ he teu
marido; ifto diflcfte com verdade.
19 Diflèlhe a mulher: Senhor, pareçe me que cs Propheta.
20 Noflòs paes nefte monte adoráraó, c voíoutros dizeis, que cm
Hieruíàlcm he o lugar, aonde amifter íè adorar.
21 Diílelhe Jefus: Mulher, cre me que a hora vem quando, nem
nefte monte, nem cm Hicrufalem, a oPae adorareis.
22 Vosoutros adoraes o que naõ íabeis; nos outros adoramos o
que fabemos: Porque dos Judeos he a íàlvaçaó.
23 Porem a hora vem, e agora he, quando os verdadeiras ado­
radores a oPae adoraraõ em eípirito e em verdade: Porque tambem
o Pae a tacs buíca que o [a/fíj adorem.
24 Deus heEípirito, c os que oadoraõ, cm eípirito e em verdade
hc mifter que o adorem.
2$ Diílelhe a mulher: Eu fei que ha devir o Mcflias,(quc o Chri­
fto fc çhama^quando elle vier, elle nos declarará todas as couíàs.
26 Diflèlhe Jefus: Eu íòu, o que com tigo eftou fallando.
27 E nifto vieraó feus difçipulos: E maravilharaõ íè de que fàlla-
va com huma mulher: Mas nenhum dellcs lhe diflê: Que pergun­
tas? ou, que com ella cftas fallando?
28 Entonçes deixou a mulher feu cantaro, c foi á çidade, e diílè
a aquelles homens:
29 Vinde, vede hum homem, que me diílè tudo quánto tenho
feito; efte naõ he o Chrifto?
30 Entonçes íàhiraõ d’a çidade, e vieraó a elle.
31 E entre tanto lhe rogavaóos diíçipulos, dizendo, Rabby,come.
32 Porem elle lhes diílè: huãcomida tenho que comer, quevos­
outros naó fabeis.
3 3 Entonçcs os difçipulos diziaó entre fi: trouxelhe alguem de comer?
34 Diflelhes Jefus: Minha comida hc, que cu faça a vontade d’a-
( qucllc que me enviou, e que cumpra fua obra.
35 Naó
SEGUNDOS.JOAO.Cap.IV. i5;
55 Naõ dizeis vosoutros, que ainda ha quatro mefcs até a fega?
vedesaqui vos digo: Levantac voflòs olhos, c. vede as terras, que
ja eftaó brancas pera a fega.

na; pera que ambos fe gozem, afli o que ícméa como tambem o

^7 forque nifto he o dito verdadeiro; que hum he o que femea,


e outro o que fega.
38 Eu vos enviei a fegar o que vosoutros naó Iavraftes; outros
lavráraó, e vosoutros entraftes em fuas lavouras.
39 E muitos dos Samaritanos d’aquella Çidade creraónelle pola pa­
lavra da mulher, que dava teftemunho, dizendo, a mi me difle tu­
do quanto tenho feito.
40 Mas vindo os Samaritanos a elle, rogaraó lhe que fc ficaflè
com elles; e ficou fe ali dous dias.
41 E créraó ainda muitos mais por fua palavra d^elte.
42 E diziaó á mulher: Ja naó cremos por teu dito; porque nos
mefmosCoJ temos ouvido, e fabemos que verdadeiramente efte hc
o íâlvador do mundo, o Chrifto.
43 E dous dias defpois, fahio dali, c foiíé a Galilea.^
44 Porque o mefmo Jefus deu teftemunho, que naõ tem o Pro-
pheca honra em íúa patria.
45 E como veio a Galilea, os Galileos o reçebéraõ, viftas todas as
couíàs que em Hierufalem no dia da fefta fizera; porque tambem
clles tinhaó vindo a o dia da fefta.
46 Veio pois Jefus outra vez a Cana de Galilea , aonde da agoa
fizera vinho: E eftava ah hum « da corte dcl Rey, cujo filho eftavaaOa, Ac-
enfermo em Capemaum. . &,tl°
47 Efte, como ouvio que Jeíus vinha de Judea a Galilea; foi ter
com elle, e rogavalhe que deíçendeflè, e CiráíTe a ícu filho, porque
ja hia morrendo.
48 Entonçes Jefus lhe difle: Sc finacs c milagres naó virdes, naõ
aveis de crer.
49 O da corte del Rey lhe difle: Senhor, defçendc, antes que
meu filho morra. 1
50 Diflèlhe Jefus: Vae, teu filho vive. Creo o homem a a pala­
vra que Jcfus lhe difle, e Coife.
51 E indofe elle ja, feus fervos lhe fairaó a o encontro, e lhe dc-
raõ novas, dizendo: Teu filho vive.
52 En-
V4 OS. EUANGELHO
p Entonçes ellc lhes perguntou, a que hora começara a eftar me­
lhor? c difleraó lhe: Honte a as fete o deixou a febre.
5 3 O pag, entonçes, entendeo que aqucllaftrdjmefina hora, quan­
do Jefus lhe difle: Teu filho vive. E crco clle e toda íua caía.
5 4 Eftc fegundo final tornou Jefus a fãzcr quando veio de Judca
a Galilea.

C A r I T U L o V.

i Cbrijlefe torna aferufalem e Sara em Sabado a bum bomê que avia eflado trinta eoito
annos enfermo. 8 A quem, tomando elle fua cama conforme a palavra do Senbor,
os "judcos reprendem. 16 porijjò procuraõ de matar a Chrijla como que quebrantava o
5abado,efazia fe igual a Deus. 19 Cbrijh defendefeufeito, e teftifica que em todasfuas
obras be iguala feu Pae, como em dar a vida, xx Em julgar, 13 em receber divina
honra. 14 Em Jalvar. 1$ E em refufeitar os mortos. 3 i Remite os ao teílemunbo
defeu pae. 33 De joaõ. 36 Ede fuas maravilhas. 38 Repretide a incredulidade dos
"judcos. 39 Remite os aos Efcrituras. 45- Ate aos de Moyjes.

1 TA espois deftas couíãs, era hum dia de fefta dos Judcos e íòbio
** Jcíús a Hierufalem.
2 E eftava cm Hieruíãlem, [áportf] das ovelhas hú tanque, que
em Hcbrco fe çhamaBethcfda, o qual tem çinco alpendres.
3 Neftes eftava deitada grande multidão de enfermos, çegos,
mancos, dcífecados, que eftavaó eípórando o movimento dá agoá.
4 Porque hum Anjo deíçendia a çerto tempo a o tanque, e re­
volvia a agoa; c o que primeiro dcfçcndia no tanque, defpois do
movimento da agoa, hcava íâõ de qualquer enfermidade que tiveílè.
j E cftava ali hum homem, que avia cftado trinta c oito annos
enfermo.
6 Vendo Jeíús a efte deitado, e entendendo que ja avia muito
tempo que eftava deitado, diflèlhe: Queres fcr íàõ.
7 E o enfermo lhe refpondeo : Senhor, naó tenho homem ne­
nhum que, quando a agoa íè revolve, me meta no tanque: Por­
que entre tanto quc eu venho ja outro antes de my tem dcíçcndido.
8 Diflèlhe Jcíús: Levantatc, toma tua cama e anda.
9 E logo aquclle homem foi íãó; c tomou íúa cama, c hiaíè.
E cra Sabado aquclle dia.
10 Entonçes os Judcos diziaó a aquclle que avia fido fárado: Sa-
. bado he, naõ te hc licito levar tua cama.
11 Reípondeulhcs clle: Aquclle que me íàrou, eílè mcímo me
diflè: Toma tua cama, c anda.
12 Per-
SEGUNDO S.JOAO. Cap. V. i93
ix Pcrgunranió lhe entonçes: -Quem he o que te diflê: Toma
tua cama c anda?
13 E o que avia fido fírado naõ fabia quem foflê; porque Jefus fc
tinha retirado da companha que eftava naquelle lugar.
14 Defpois açhou o Jefus no templo e diflèlhc: Vefaqui ia eftas
faõ; naó peques mais, porque te naó fuçcda alguã coufa pcíor.
15 Foi |2wmô] aquelle homem, e deu avifo a os Judeos, queje-
íus era o que o tinha íàrado.
16 E por efta cauíà períeguiaó osJudeos aJefus. Eprocuravaõma-
talo; porque fazia eílas couias em Sabado.
17 E Jcfus lhes rcípondeo: Meu Paeate agora efta obrando, e
eu [tambem^ obro.
18 Poriflò tanto mais procuravaõ ainda os Judeos matalo; porque
naõ fó quebrantava o Sabado, m^s ainda tambem dizia que Deus era
fcu proprioPae, fâzcndofe igual a Deus./<9
ijp Rcfpondeo pois Jeíus, e diflelhes .-^Em verdade, em verdade
VOS digo, que naõ pode o Filho coufa alguã fazer de per fi mefmo,
fe o naó vir fazer a oPae: Porque tudo quanto elle faz, o faz tam­
bem lemelhantemente o Filho.
20 Porque o Pae ama a o Filho, c todas as couíàs quefàz, lhe
moftra: E maiores obras que eftas lhe moftrará, para que vosoutros
vos maravilheis.
21 Porque afli como a Pae reíúfçita a os mortos, e lhes da vida;
afli tambem o Filho, a os que quer, dá vida.
xx Porque o Pae, a ninguém julga; mas todo o juizo deo a o Filho.
x ? Pera que todos honrem a o Filho, afli como honraó a oPae;
quem naõ honra a o Filho, naó honra a o Pae, que o enviou.
24 Em verdade, em verdade vos digo, que quem ouve minha
palavra, e cre a o que me enviou, tem vidactcma, e naõ virá a
condenaçaõ; mas paflòu da morte á vida.
2 5 Em verdade, em verdade vos digo, que virá hora, « agora
he, quando os mortos ouviráõ a voz do Filho de Deus; e. os que a
ouvirem, viviráõ.
26 Porque afli como o Pae tem vida em fi mefmo, afli deo tam­
bem a o Filho que tiveflè vida em fi mefmo.
27 E tambem lhe deu poder para fazer juizo, por em quantohc
o Filho do homem.
28 Naõ vos maravilheis difto: Porque virá hera, quando todos
os que eftaó cm os íepulcros ouviraõ fua voz.
Bb 29 E
196 .
os euangelho
29 Eos que fizcraõ bem, fairáõ à reíurreiçaõ dc vida; mas os
qtíc fizcraõ mal, à reíurreiçaõ dc condenaçaõ.
30 Naõ J.15RÒ cu dc per my mcfmo fazer alguã couíã. afli coma
ouço, julgo; c meo juizo hc jufto, porque naó bufeo minha vonta­
de , mas a vontade do Pac que me enviou.
31 Sc cu dou teftemunho dc my mefmo, meo teftemunho naõ hc
verdadeiro.
32 Outro hc o que dc my dateftemunho, e fei que o teftemunho
que de my da, hc verdadeiro.
3 3 Vos outros enviaftes a Joaõ, e ellc deo teftemunho da verdade.
34 Mas cu naó tomoteftemunho dc homem: Mas digo ifto, pe­
ra que vos íãlvcis.
3 5 Elle cra candca que ardia calumiava: E vosoutros vos quifeftcs
por hum pouco de tempo alegrar cm fua luz.
36 Mas eu tenho maior tcftemilnho que o dc -Joaõ, porque as o-
bras que o Pac me deo que cumpriflè, as mcfmas obras que eu faço,
damteftemunho dc my, que o Pae me tenha enviado. '
3 7 E o Pae que me enviou, elle meíino deu teftemunho de my.
Nem nunca ouviftes fua voz, nem viftes feu parcçcr:
3 8. Nem tendes fua palavra cm vosoutros permancpente; porque
a o que ellc enviou, a eflè vosoutros naõ credes.
39 EfquadrinhacasEícrituras; porque a vosoutros vos pareçc que
nellas tendes a vida eterna, cjellas íãõ as que dc my dam teftemunho.
40 E naõ quereis vir a my, pera que tcnhaes vida.
41 honra dc homens naõ açcito.
42 Mas bem vos conheço, que naõ tendes amor dc Deus cm
vos mcfmos.
43 Eu cm nome dc meoPac vim, c vosoutros me naõ reçcbcis;
fc outro vier cm feu proprio nome, a cflcrcçcbereis.
44 Como podeis vosoutros crer, pois açeitacs a honra os huns dos
outros? e naõ bufcaes a honra que de fo Deus vem?
4 5 Naõ cuideis que diante do Pac vos aja cu dc acuíar: Moyfcs,
em quem vosoutros cíperacs, hc, o que vos acuíii,
_ 46 Porque íè vosoutros a Moyíès crêreis, tambe a my me cre­
ríeis: Porque dc my clle cíôxvcm
47 E fc a íèus clcritosnaõ credes, como a minhas palavras crereis?

C A-
SEGUNDO S.JOAO. Cap. VI. • *97
Capitulo VI.
I Chrifo com cinco paens odorespeixes farta a cinco mil homens. 14 Quèitndo cllespor ijfo
fando Re) ■> je retira /clles. 16 Jnda a noite fobre mar e vem a feus difçipulos. iz 4
companha vem a Capernaum em bufca de Jefus, e 0 acbaõ. 16 Jmocfla os que bufeaf-
fcmpelafehua comida que nao perece. 41 Murmuraõ d'iffo os Judeos.. 43 R.efponden-
do Jefus que a fe fo de feu Pae vem , enfnaque fua carne be a verdadeira comida e feu
fanguc a verdadeira bebida pera avida eterna. <;<) Do que muitos fe efcandalizaÕ. 61
Por ijfo explica Chriftofuac palavras. 66 Muitos de feus difçipulos odeixaõ. 67 Porem
os dozefeficaõ com clle^e confcjfaõ que elle tem acpalavras da vida. 7 o Declara que hum
d'elles era diabo.

1 "D afiadas eftas coufas , pafiòuíè Jeíus da outra banda do mar de


Galilca, que he o [mar] dcTibcrias.
2 E feguia o grande multidão ; porque viaõ os finaes que fazia
n’os enfermos.
3 Sobio pois Jefus a hum monte, e aflèntouíè ali com íèus diíçipulos.
4 E ja era perto da Paíchoa, o dia da fefta dos Judeos.
‘ 5 E levantando Jefus os olhos, c vendo que tinha vindo a elle
grande multidão, diílè a Phelippe: D’ondc compraremos pam, pe­
ra que eftes comaó?
6 ^Mas ifto dizia atentando o; porque bem fabia elle o que avia
de fazer.)-
7 Reípondculhe Phelippe: Duzentos dinheiros de paõ lhes naõ
baftáraõ, peraque cada hum dellcs tome hum pouco.
8 Diflèlhe hum dc feus difçipulos [a faber] Andrc, irmaõ de Si­
maó Pedro:
9 Hum menino eftá aqui, que tem çinco paens de cevada, e dous
peixezinhos; mas que he ifto entre tantos?
10 Entonçcs Jeíus diílè: Fazei aflèntar a gente; c avia muita er­
va n’aqucllc lugar: e aílèntaraó fe como numero de çinco mil varoens.
11 E tomou Jcfus aquelles paens, c avendo dado graças, repar-
tio os a os difçipulos, e os diíppulos a os que eftavaõ aílèntados; at
íi mefmo dos peixes quanto queriaõ.
ii E como ja eftivcraõ fartos, diílè a ícus diíçipulos: Recolhei
os pedaços que tem fobejado, pera que nada fe perca.
13 Recolherão os pois, c ençhcraó doze çeftos dos pedaços d’os
çinco paens dcçevada, que fobejáraõ a os que aviaõ comido.
14 Vcildo aquelles homens, entonçes, o final que Jefus tinha fei­
to, difleraô: Efte he verdadeiramente o Propheta que a o mundo
avia de vir.
Bb a
O&EUANGELHO
15 E entendendo Jefus que aviaõ dc vir, pera o arrebatar, c fa-
zclo Rey, tornou fe clle (ò a retirar a o monte.
16 E cotób ja íè fez tarde, dcíçenderaõ íèus diíçipulos a o mar.
17 E entrando em hum barco, paflàraõ.da outra banda do mar, até
Capernaum: c eraja eíèuro; c ainda Jefos naó tinha vindo a elles.
18 E o mar fe começou a levantar com hú. grande pé de vento.
19 E avendo ja navegado ate. vinte e çinco, ou tnnta cftadios,
viraó a Jeíús que vinha andando íòbre o mai\ e fe vinha chegando
a o barco, e ouveraõ medo.
20 Mas elle lhes diílè: Eu íôu, naõ tenhaes medo.
21 E ellcs o rcçcb.eraó de boa vontade no barco; e logo o barco
çhcgouá terra a onde hiaõ.,
22 O dia íeguinte, vendo a companha que eftava da outra banda
do mar, que nao avia ali mais que hum barquinho, cm que íèus
diíçipulos aviaõ entrado, e quc Jefus naõ entrara com feus difcipulos
naquelle barquinho, mas feos diíçipulos íos fe aviaõ ido:
23 Mas outros barquinhos arribavaõ dc Tiberias, perto do lugar
aonde aviaõ comido o paõ, deípois dc o Senhor aver dado graças.
24. Vendo pois a companha quc Jefus naõ eftava ali, nem ícus.
diíçipulos, entráraõ ellcs tambem n’os barquinhos, e vieraóaCaper­
naum cm buíca dc Jefus.
25 Eaçhando o da outra banda do mar, difleraó Ihô: Rabbi,
quando çhegafte cá?
2.5 Refpondeolhes Jefus, e diflè: Em verdade, cm verdade vos
digo, que me bufcaes, naõ polos finaes que viftes, mas polo pam.
que comeftcs, e vos fartaftes.
' 27 Trabalhac, naõ fyola] comida que pereçe, mas [Wf] comida
que pera vida eterna permanece, aqual o Filho do homem vos dará:
Porque a eftc aíTinalou Deus Pae.
28 E difleraó lhe: Quc faremos para obrarmos as obras de Deus?
29 Rcípondeo Jcíús, c diílèlhes: Efta hc. a obra de Deus, que
crcaes naquelle que elle enviou. ’
30 Diflèraõ lhe:entonçes que final pois fazes tu,, peraque o veja­
mos, e tc crcamos? que obras?
_ 31 Noflòs pacs coméraõ o Mana no defeito, como eftá eícrito:
1 amdoçco lhes deu a comer.
32 E Jefus lhes diílè: Em verdade,, cm verdade vos digo, que-
nao vos deu Moyíès o paõ do Çco; mas meu Paevos.dá o verdadei­
ro paõ do Çco. f
33 Por;
SEGUNDO S.JOAO. Cap. VI.
;; Porque o paó dc Deus he aquelle que dcfçcndedVÇéo, e dá
vida a o mundo.
24 E difleraõlhc: Senhor, danosfempre eftepam.-
□ 5 E Jeíus lhes diflê: Eu fou o paó da vida; quem a my vier,
nunca tera fome; c quem cm my crer, ja mais naõ terá fede.
16 Mas ja vos tenho dito, que me viítes, e naó credes.
jy Todo aquelle queoPae me da,, virá a my; e a o. que a my
vem, naõ o lançarei fora.
58 Porque cu deíçendi do Çeo, naó para fazer minha vontade,
mas a vontade daquelle que me enviou.
39 E efta he a vontade do Pae que me enviou, que tudo quanto
me der, naó perca dellc, mas que no dia derradeiro o rcfuíçite.
40 Efta he tambem a vontade d’aquclle que me enviou que todo-
aquelle que vc a o Filho, e nelle cre, tenha vida eterna; e eu o rc-
fufçitarei no dia derradeiro. .
41 Murmuravaó entonçes d’elle os Judeos, porque unha dito:
Eu fou o paó que deíçendi do Çeo.
41 E diziam: Naõ he cfte Jefus, o filho dc Jofeph, cujos pae e
mae nosoutros conhcçcmos ? como pois diz efte: D’o Çeo tenho def-
^l^E Jefus rcfpondeo, e diflelhes: Naõ murmureis entre vosoutros.
44 Ninguém pode vir a my, fe oPae que me enviou, o naópou-
xar: E no dia derradeiro cu o reíúíçitarei.
45 Efcrito eftá n’os prophetas: E foraó todos enfinados de Deus.
Afli que, todo aquelle que do Pae o ouvio, e aprendeo, efte vem amy.
4Í Naõ^que alguém aja vifto a o Pae, fenaó aquelle que hc de
Deus; eflè tem vifto a oPae.
47 Em verdade, em verdade vos digo, que aquelle que cm my
cré, tem vida eterna.
48 Eu fou o paó da vida.
49 Voflòs paes coméraó o mana no deíèíto, c mõrreraó.
50 Efte he o pam que deíçcndedoÇeo, pera que o que dêlle co­
mer, naó morra.
51 Eu fou 0 paó vivo, que defçcndio d’o Çeoj^Te alguém dcftc
paó comer, para fempre ha de viver: E o paó que eu hei de dar,
he minha carne, aqual hei de dar pola vida ao mundo.
53 Entonçes os Judeos contendiaó entre fi, dizendo, como nos
pode efte dar £ fua j- carne a comer ?
' É Jcfus lhes diífe: Em verdade, erh verdade vos digo, que fe
Bb 3 a. carne
200 OS. EUAN-GELHO
a carne d’o Filho do homem naõ comerdes, nem ícu fãngue beber­
des, naó tereis vida em vos mcímos.
Queífc come minha carne, e bebe meo fãngue, tem vida eter-
^na, c no dia derradeiro eu o rcíúfçitarei.
Porque minha carne verdadeiramente hc comida; e meo fãn­
gue verdadeiramente hc bebida.
Quem comer minha carne, c beber meu fãngue, cm my per­
maneço , c cu nelle.
Afli como °l>ac v’vcnte me enviou, e cu vivo peloPae;
fi tambem^.quem a my me comer, tambem por my ha dc viver.
-$#- Eftc hc o paó que do Çco deíçcndeo; naõ como voílòs pacs,
que comcraó o mana, e morrerão; quem dcfte paó comer, eternal­
mente ha dè viver.
$0 & Eftas couíãs difle naSynagoga, enfinandoemCapernaum.
^7-fe-E muitos dc feus; diíçipulos , ouvindo [7/7o,J difleraó: Dura
he efta palavra; e quem a pode ouvir?
E íàbcndo Jefuscmfi meíinoqueícus diíçipulos difto murmura-
vaó, diflelhes: Ifto vos eícandaliza ?
&& «5- Pois [quefera\ fe virdes a o Filho do homem, íõbir a onde eftava
primeiro ?
á-y O Eípirito he o que dá vida , a carne para nada aproveita; as
palavras que cu vos digo, Eípirito e vida faõ.
Mas haõ alguns de vosoutros, quenaõcrcm. Porque bcmíãbia
Jefus jadcsdoprinçipio, quem eraó os que naõ aviaõ dc crer, c quem
o avia dc entregar.
E dizia : por iflo vos tenho dito, que ninguõ a my pode vir,
fe de meo Pac lhe naó for dado.
674& Dcsd’entaõíctornavaõmuitosdefeus diíçipulos a tras, e ja naõ
andavaó com elle.
6/^ Difleentonçes Jeíús a os doze: naõ quereis vos vosoutros tam­
bem ir?
6$ E reípondeulhe Simaõ Pedro: Senhor, aquem iremos? devi­
da eterna tens tu as palavras.
7o ^9 Eja nos outros cremos, e conhcçcmos, que tu cs o Chrifto,
o Filho do Deus vivente.
7(- Jefuslhes refpondeo: naõ vos cfcolhi cu doze; e hum de vos­
outros he diabo? ti ç .
7'2^ E fallava ifto de Judas dc Simaõ Ifcariota; porque efte cra o quc
o avia dc entregar, quc cra hlim dos doze.
Ca-
SEGUNDO S.JOAO. Cap. VII. 2®r
.Capitulo VII.
i Andado 'jefus em Galilea amoe/laõ o feu irmãos, de ir a jerufalempef-.fefta das caba-
nas, 6 Ó que entonçes nega. 10 Mas fcgue dfpois em fecreto. 14 Enfina no Tem­
plo , e defendefuadoutrina, como tambem a maravilhafeita d'elle no Sabado. ip Di-
•verfds opinioens que 0 povo delle tinha. 30 Alguns procurai prendelo, mas naõpo-
diáo. 31 Os Prinçipes dos Sacerdotes e os Pharijeos mandai fervidores que 0 prendef-
fem. 33 Ameaça a os incrédulos judeos que defpois 0 naõ acbaráõ. 37 Convida»
todos os Cedentes, e promete 0 Efpirito Sanilo aos fieis. 40 Donde avia dijfenfaõ na
companha. qp Os fervidores fe tornai fem traZelo prefo > e louvai fua doílrin»
delle. 47 Indignados os Pharifeos injuriai a Chrifto e a povo, po Nicodemns os
redargui, e avendo dijfenfaõ emre elles foraó fe.

1 T? Peadas cftas couíàs, andava Jeíus cm Galilea ; que ja naõ


queria andar em Judea: por quanto os Judeos procuravaõ de
o matar.
z E eftavaja peito o dia.da fefta das cabanas dos Judeos.
3 Ediflêraólhefeus irmaõs: Paílà tc daqui c vacte â Judea, pera
que tambem teus diíçipulos vejaõ tuas obras que fazes.
4 Que ninguém qué procura fer nomeado, faz alguá coufa em fe-
çrcto; íc cftas couíàs fazes, manifeftate a o mundo.
5 Porque nem ainda feus irmaõs criaõ nclle.
6 Diflelhes entonçcs Jeíus: mcu tempo ainda nao he vindo; mas
voflo tempo íempre eftá preftes. ■
7 Naó vos pode o mundo aborreçcr a vosoutros, mas a my mc
aborreçc; porque delle douteftemunho, que fuas obras íàõ más.
8 Vosoutros fobiaefta fefta: Eu naõ fubo ainda aefta fefta, por­
que ainda mcu tempo naõ hc cumprido.
9 E avendolhes dito ifto, fteoufe cm Galilea.
, 10 Mas avendo feus irmaõs ja fobido, entonçes íõbío elle tambem
a fefta, naõ manifeftamcntc, mas como cm fccrcto.
11 E bufeavaõ o os Judeos no dia da fefta, c diziaó :• Aonde
efta elle?
11 E avia grande murmuraçaõ delle na companha, porque huns-
diziaó: bom hc; c outros diziaó: Naó, antes engana a as companhas.
13 Mas ninguém íallava delle abertamente, com medo dos Judeos'.
1+ E no meio da fefta fobio Jeíus a o Templo, c enfinava.
3$ E maravilhavaõ fe os Judeos, dizendo, como fabc efte letras
naõ as avendo aprendido ? ’
Rcfpondeolhes Jcfus,-c diífe.• Minha doutrina naõ he minha,
fenao d’aquellc que mc enviou.
17 Quem
zoi OS. EUANGELHO
' x-] Quem quifcr fazer fua vontade, da meíina doutrina conhece­
rá, íè veirj de Deus, ^oxjiè eu fallo de my mefmo.
18 Qiieín Falia dc fi meíino, honra própria buíca; mas quem buC
ca a honra daquelle que o enviou, eflè he verdadeiro, e naó ha
nelle injuftiça.
ip Naó vosdeu Moyfcs a ley, e nenhum de vosoutros faz a ley?
porque me procuracs matar?
20 Rciponuco a companha, c diílè: O demonio tens; quem te
procura matar?
21 RcípondeoJeíús e diílèlhes: Hua obra fiz,e todos vos maravilhacs.
2 2 Por diò; Moy íes vos deii a çrunciíaó (naó porque de Moyfcs leia,
mas dos paes:) e no Sabado çircunçidacs a o homem.
2 3 Sc o homem em Sabado rcçebe a çircunçiíàó , peraque a ley
de Moyfes nao íèja quebrantada ; indignacs vos comigo, porque em
Sabado farei, a todo hum homem?
24 Naó julgueis fegundo o que de fora apareçc, mas juhae ju-
fto juizo. &
2 5 Diziaó entonçes alguns dos de Hieruíãlem: Naõ he efte a o quc
buícaó pera o matar?
26 E ciíãqui falia publicamcntc, e naõ lhe dizem nada: Quem
íãbe íè verdadeiramente tem entendido os Prinçipes, quc eftc feja
o Chriftor
27 Mas efte, bem íabemos d’ondc he: Porem quando o Chrifto
vier, ninguém íâberá d’ondc íèja.
28 Entonçes clamava Jcíús no Templo, enfinando, e dizendo: E
a my mc conheçeis, c làbeisd’onde fou; Porem cu naó tenho vin­
do de my mefmo; mas aquelle que me enviou, he verdadeiro, a o
qual vosoutros naó conheçeis.
29 Porem eu o conheço; porque delle íôu, e ellc me enviou.
30 Entonçes procuravaó prenaelo, mas ninguém lançou nelle a
maó, porque ainda fua hora naõ cra vinda.
V E da companha, muitos créraó nelle; e diziaó: Quando o
Chrifto vier fará mais finaes do que os que efte fez?
3 2 Ouviraõ os Pharifeos que a companha murmúrava delle eftas
couíãs: E mandaraó osPrinçipes dos Sacerdotes, e osPharifeos, fer-
vidores quc o prendeílèm.
33 E Jefas lhes diílè: Ainda hum pouco dc tempo eftarei com
voíco, e entaõ mc irei a aquelle quc mc enviou.
34 Buftarmchcis, c naó [mrj açharcis; c a ondccucftivcr, vos­
outros naó podeis vir. 3 5 En-
SEGUNDO S.JOAO. Cap. VII. coj
•35 Entonçes difleraó os Judeos entre fi: Aonde, fc irá eftc, que
nao o açhcmos? Porventura ir fe ha a os eíparzidos entre os Gregos-?
e a enfinar a os Gregos ?
15 Que dito hc cite que difle: Bufcarmeheis, e naó [me] acha­
reis; c aonde cu cftiver, vosoutros naó podeis vir ?*
37 Porem no ultimo dia grande da feita, lê pós Jcíús empé, e
clamou, dizendo, fe alguem tem fede, venha a my e beba.
38 Quem crc em my, como a Eferitura diz, rios de agoa viva
correráó de feu ventre.
39 ifto difle elle doEfpiritoque aviaó de rcçcbcr aquelles que
nelle creflcm: Porque ainda o Eípirito fanéto naõ cra, por quanto ain­
da Jcíús naõ cra glorificado. £
40 Entonçes muitos da companha, ouvindo eftc dito, diziaó:
Verdadeiramente eftc hc o Prophcta.
4i'‘Óutro?»diziS&*>Efte hc o Chrifto ; mas alguns diziaó : De
Galilea ha de vir o Chrifto?
41 Naó diz aEferitura quc da femente dc David, cMa aldea de
Betlehcm, donde cra David, ha de vir o Chrifto?
43 Afli que avia diflènfaõ na companha por anjor delle.
44 E alguns delles o queriaó prender, mas ninguém lançou
maõ delle.
45 E vicraó os fcrvidores a os Pontifiçes c Pharifeos; e ellcs lhes
difleraó: Porque o naó trouxeftcs ?
45 Rcípondcraõ os fcrvidores: Nunca homé nenhú faliou como
efte homem.
47 Entonçes lhes rcípondcraõ os Pharifcos: Tambem vosoutros
eftaes enganados? ,
48 Por ventura creu nelle algum dos Prinçipes ou dos Pharifcos?
49 Senaõ efte vulgo, quc naó íãbe a ley, malditos íâõ:
50 Diílèlhes Nicodemus £0 que a elle dc noite viera, quc era
hum delles.)-
$ 1 Julga'noflà ley a o homem, fcm primeiro o ouvir, c d’cllc o
quc tem feito entender?
$2 Rcfpondcraó elles, e difleraó lhe: Naõ cstutambemGalilco?
cfquadrinha, evé, que nunca dc Galilea fc alevantou Propheta.
53 E tornáraó fe cada hum para fua caza.
fer elle a lutâ&> entendo, i j £ defendeft contra os Pharifeos afit comfeteproprio teflemunbo
como com o de feu Pae. ' 11 Dita os Judeos que de balde lhe btefcar.tõ, e que emJeuspeca­
dos haõde morrer^ fe naõ n elle crem. íf Promete a os que nelle crem noticia da ver­
dade, e liberdade doJervifodepecado, yj Demoftraqtte os incrédulos Judeos nao [aã
filhos de Abraham, nem de Deus, mae do demonio. 46 Reprende a incredulidade d'clles.
48 Sobre 0 que os Judeos 0 injuriaõ. yo Tefiifica que Abraham viofeu dia, e que era
antes que Abraham fojfe, fp Por iffb 0 querem apedrejar.
i V foi fc Jcfus a o monte das oliveiras.
•£-* x E pclamanhaã tomou a o Templo: E todo o povo veio a
elle. E aflèntando íè, os enfinava.
3 Entonçes lhe trouxeraóos Efcribas e Phariícos huã mulher to­
mada em adultério: *
E pondo a no meio,» diílcraó lhe : Meftre j^mulhcr foi to­
mada no meímo feito, adulterando;
5 E na ley nos mandou Moyfes apedrejar a as taes, tu pois que
dizes? ♦
6 Mas ifto diziaó elles, atentando o, para o poderem acuíãr: Mas
inclinando íè Jefus para baixo, pos íè a eícrever com o dedo no çhaõ.
7 E como perleveraflèm, pereuntandolhe, cndcreitouíè, ediflè-
lhes: Aquelle que dc vosoutros íem pecado eftá,+feja o primeiro que
pedra alguã contra cila atire.
8 E tornandofe a inclinar para baixo, efcrevia no çhaõ.
9 Ouvindo pois clles [ifto, ] e redarguidos da coníçiençia, foraó
fc íãindo hum a hum, começando dos mais velhos até os derradeiros,
e ficou Íã-Jefus, e a mulher que no meio eftáva.
10 E endereitandofe Jcfus, enaó vendo q ningué mais que a mu­
lher, diflèlhe: Mulher, aonde eftaó os que te acufavaó? ninguém
te condenou ?
11 E diílè ella: ninguém, Senhor. Entonçeslhe diílèJefus: Nem
eu tc condeno; vaete, e naó peques mais.
ix Efalloulhes Jeíus outra vez, dizendo, eu íòu a luz do mun­
do; quem me feguir, naó andará cm trevas, mas terá lume de vida.
13 Entonçes lhe diflèraó os Pharifeos: Tu dc ty meímo dástefte­
munho , teu teftemunho naõ he verdadeiro.
14 R-cfpondeo Jeíus , e diflelhes : Ainda que eu de my mefino
dou teftemunho, meo teftemunho he verdadeiro; porque íei d’onde
vim, e paráonde vou: porem vosoutros naõ íãbeis aonde venho,
nem para on.de vou.
Vos-

SEGUNDO S.JOAO. Cap. VIII. 205
15 Vosoutros fegundo a carne julgacs; cu naó julgo a ninguém.
E fe tambem julgo, meu juízo he verdadeiro: Porque naõ
fou fó, mas cu, e o Pae que me enviou. >-
17 Porem tambem cm voflã ley efta eícrito, que o Teftemunho de
dous homens hc verdadeiro.
18 Eu fou o que demy mefino douteftemunho, c dá teftemunho
de my o Pac que me enviou.
19 Diflèraõ lhe pois: Aonde eftá teuPae? refpondeo Jeíús: Nem
a my me conheçeis, nem a meo Pae: Sevos a my me conhcçeflcis,
tambem a meo Pae conheçorica.
20 Eftas palavras faliou Jeíús na thefouraria, eftando enfinando
no Templo; e ningué oprendeo, porque ainda fua hora naõ éra vinda.
21 E diílèlhes Jefus outra vez: Eu me vou c búfcarmeéis; mas
em voflò peccado morrereis: Aonde eu vou , naó podeis vosou­
tros vii\
2 2 Diziaó entonçes os Judcos: Haíè de matar a fi mcfmo, *que
djz: Aonde eu vou, vosoutros naõ podeis vir?
23 E dizialhes: Vosoutros Íoís debaixo, eu fou de riba; vosou­
tros íòis defte mundo, eu naõ fou defte mundo.
24 Por iflo vos difle, quc em voílòs peccados morrereis ; porque
fe naó crerdes que eu o fou, em voílòs peccados morrereis.
25 E diziaó lhe: Tu quem és? entonçes Jefus lhes diílè: O quc
desdo prinçipio ja tambem vos tenho dito.
26 Muitas coufas tenho que dizer c julgar de vosoutros: Mas ver­
dadeiro he aquelle quc me enviou; e cu o que delle tenho ouvido,
iílò fallo a o mundo.
27 Mas naó entendiaõ qué lhes falava do Pac.
28 Diflelhes pois Jeíús: Quando levantardes a o Filho do homem,
entaõ entendereis que eu o íou, c nada faço dc my mefmo:
Mas ifto digo afli como o Pae me cníinou.
29 Porque aquelle quc me enviou, comigo eftá: Naõ me tem o
Pae deixado íò; porque fempre faço, o quc a clle lhe agrada.
30 Fallando elle eftas coufas, créraó muitos nelle.
31 E dizia Jeíús a os Judcos que nelle aviaõ crido.- Sc vosoutros
cm minha palavra permaneçerdes, fcrcisvcrdadeiramentcmeos diíci-
pulos.
32 E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
33 E rcípondcraõ lhe: Semente dc Abraham fomos, c nunca a
ninguém fervimos; como dizes tu, livres fereis?
Cc 2 14 Rc£
ici O&EUANGELH O
34 Rcípondeo lhes Jefus: Em verdade, em verdade vos digo, que
todo aquelle que faz pcccado, he fervo do pcccado.
3 $ E o í&vo naó fica em caía para.fcmpre, mas o Filho pera ícm^
pre fica.
3<J Aíli que, fc o Filho vos libertar, verdadeiramente fereis livres..
37 Bem fei que íõis fomente de Abraliam; Porem. Procuraes ma-
tarme, porque minha palavra naó cabe cm vosoutros.,
3 8 Eu, o que junto a mcu Pac vi, falloy c vosoutros, o que
junto a voflò pac vifles, fazeis.
3 9 Reípondcraó, c difleraõ lhe: Noflò pae he Abraham. Diflê-
lhes Jefus: Sc filhos de Abraham fôreis, as. obras de Abraham fizéreis.
40 Porem agora procuraes ipatarme, homem que. vos tenho falla-
do a verdade que dc Deus tenho ouvido:. Naó fez ifto Abraham.
41 Vosoutros fazeis as obias de voflò pae. Difleraõ lhe pois: nos-
outros naó fomos naçidos de fornicaçaõ; humPac temos, [afaberj
Deus.
42 Jeíus entonçes lhes diílè: Se Deus fora voflòPae, verdadeira­
mente me amareis: Porque eu de Deus tenho íaido, e vindo; qut
naõ tenho vindo de my mefmo, porem, elle me enviou.
43 Porque naó reconheçeis minha lingoagem ? [7^] porquanto
naó podeis ouvir minha palavra.
44 Vosoutros de.pae diabo.íõis, e os defejos de voflò pac quereis
cumprir: Elle homicida foi defdo prinçipio, e naó permaneçeo na
verdade ; porque nao ha verdade ncllc ; quando Falia mentira, deíi
propilo falia: Porque hc mentirofo, c pac£^ mentira^
45 Porem a my, que digo a verdade, naõ me credes.
46 Quem de vosoutros me convençe. de peccado? c fc vos digo
a.verdade, porque mc naó credes?
47 Quem hc de Deus, as palavras de Dcusouye; portanto as naõ.
ouvis vosoutros, porquanto naõ íõis de Deus.
48 Reípondcraó entaõ os Judeos, e diílèraó lhe: Naõ dizemos
nos mui bem, que cs Samaritano, c tens o demonio?
49 RcípondeoJcfus: Eu naó tenho o demonio, antes honro a
meuPac; Mas vosoutros mc deshonraes a my.
50 Nem taó pouco buíco minha, honra, ha que a-buíque, e a
julgue.
51 Em verdade, cm verdade vos digo, que quem minha palavra
guardar., nunca pera fempre a morte verá.
52 Entonçes lhe difleraõ os Judeos: Agora conhecemos que tens
o demo-
SEGUNDO S. JOAÕ, Cap. IX. t*7
o demonio: Morreo Abraham, c os Prophetas; c dizes tu: Quem
minha palavra guardar, nunca pera fcmpre a morte goftará?
o £s tu maior que noflò pae Abraham, o qual mó.reo, e mor­
rerão os Prophetas: Quem te fazes a ty mefmo?
54 Refpondeo Jeíús: Se eu a my mefmo mc honro, nada minha
honra he; meoPae quevosoutros dizeis quehe voílòDeus, he o que
me honra. , , . ,
5 5 Porem vos nao o conheçeis, mas cu o conheço: E lc digc^
que o naõ conhéço, ferei, como vosoutros, mentiroío; mas conhe­
ço o, e guardo lua palavra. z
56 Abraham voílò pac fe alegrou com defejo de ver meu dia; c
vio f e alegroufe.
57 Difleraó lhe entonçes os Judeos: Ainda nao tens çincocnta an­
nos, eviftea Abrahaõ?
58 Diflelhes Jefus: Em verdade, cm verdade vos digo, que An­
tes que Abraham foflè, fou eu. . , x
59 Tomáraõ entonçes pedras para lheatirare, mas Jefus fe enco-
brio, efahio do Templo, e atraveflãndo afli por meyo delles, fc paflòu.

Capituio IX.
, Cbriflo da vifla em Sabado a bum cego de nacimento. 8 O que 9 cegoa feuc vizi­
nhos conta. 13 £ tambem a os Pbarifeos. 16 Que blafpbemaõ por iflfl a Cbriflo.
18 Cbamaõ a os paes do cego pera ouvir, fe avia fido cego. 14 Cbamaõ outra vez
• 0 cego e 0 examinaõ. 17 Que lhes refponde, e teftifica que Cbriflo nao he peccador,
fenaó de Deus vindo. 34 £<”' «P lançaõofora. 35- 0 cego fendo ainda rbais
porCbrifloinformado, cre nelle, e 0 adora. 40 Cbriflo a os Pharifeos condena por
cegos efpirituaes.
1T7 indo Jeíús paflàndo, vio a hum homé çego defde feu naçi-
mento.
t E Derguntáraõlhe feus difcipulos, dizendo, Rabbi, quem pcc-
cou? dite, oufeus paes, pera quenaçefleçego?
3 RefpondeoJeíús: Nem dite pcccou, nem feus pacs; mas
fuçedeu\ peraque as obras de Deus nelle fe maniféftem.
4 A my me convém obrar as obras daquelle que me enviou, en­
tretanto que o dia dura: a noite vem, quando ninguém pode obrar.
5 Entre tanto que no mundo dftou, do mundo eu a luz fou.
6 Ifto dito, coípio no çhaó, e fez lodo do cufpo, c untou com
aquelle lodo os olhos d’o çego.
7 E diflelhe: Vae, lava te no tanque de Siloè , (que declarado,
Ggnifica, enviado) foi pois, elavoufc; c tomou vendo.
r Cc 3 8 Em '
ao8 .
os euangelho
8 Entonçes os vizinhos, c os qued’antcso aviaõ vifto que <íra çego,
- .4 ■ -1 /\ Z4 Z, Uni I z> 140 rt / I s-l yxJ X^/_ — — - J 1 J

dizia; que cu íòu.


10 E diziam lhe: Como fctcabiíraõ os olhos?
11 Rcípondeo elle e diílè : Aquelle homem que Ce çhama Jeíus,
fez lodo, e mc untou os olhos, e me diílè: vae a o tanque dcSiloé,
elavate; efui, elavcime, ereçcbiavifta.
12 Ediílèraólhe: Aondeeftaelle? diílèclle: naóoíèi.
x 3 Leváraõ a o que dantes [avia fido] çego a os Pharifeos.
14 E éra Sabado quando Jefus fez aquelle lodo , e lhe abrio os
olhos.
15 E tomáraõ lhe tambem os Phariíèos a perguntar, de que manei­
ra reçebdra a viftape elle diílè: pós mc lodoíòbreos olhos, e lavei-
me, cvéjo.
16 Entonçes alguns dos Pharifeos lhe diziaó: Efte homé naó he de
Deus, pois naõ guarda o Sabado. E outros diziaó: como pode hum
homem peccador fazer eftes finaes? E avia diflèníàõ entre elles.
17 TornaõfpoíjJa dizer a o çego: tu que dizes daquelle que te
abrio os olhos? eellediílè: quehePropheta.
18 Mas os Judeos naó criaó delle que avia (ido çego, c ouvéfic rc-
çebido a vifta; ate que çhamáraõ a os paes do que avia reçebido á vifta.
19 Epcrguntáraó lhes dizendo: Hc efte voflò filho, aquelle que

henoflò filho, equenaçeoçego:


21 Mas como agora veja, naó o íàbémos; ou, quilhe aja aberto
os olhos, taó pouco o làbcmos; idade tem , perjuntaeíhe á elle
meímo, que elle fallará por fi. r
22 Ifto diílèraó feus paes, porque temiaõ a os Judeos: Porquanto
ja os Judeos tinhaó concluído , que íc alguém confeílàílè fór elle o
Chrifto, foflèlançadò da Synagoga.
23 Por iflò difleraõ lèus paes: idade tem, perguntaelheaelle.
n? or’iáraó pois a çhamár a o homem que fora çego, e diflèraó lhe:
Da gloria a Deus ; nosoutros fabemos que cfte homem hepeccador.
25 Entonçcs elle rcípondeo, e diílè : Sc he peccador , naóoíèi;
hua coula lei ,, que avendo cu fido çego, agora vejo.
16 E tomáraõ lhe a dizer : que te fez,? como te abrio cs olhos.
27 Reípondculhes: J a volo tenho dito , e ainda o naõ ouviftes:
Porque
SEGUNDO S.JOAO. Cap. IX. 209.
Porque o quereis ainda outra vez ouvir ? Por ventura quereis vos
tambem fazer feus diíçipulos? _
28 Entonçes o injuriáraô, c difleraó: Tu fejas feu d çipulo; que
nosoutros diíçipulos ocMoyíès íõmos.
29 Bem íabemos nosoutros quc a Moyfcs faliou Deus; mas dite;
Nem de donde tó fatómos.
30 Refpondeolhes aquellehomem, c diílèlhes : Na verdade que
maravilhoíãcoufaheéfta, que vosoutros naõ fabeisde donde éftg fejat
c a my me abrio os olhost-
31 Orabemfabemos que Deus naõ ouve a os peccadores, mas fc
alguem hetemerofo de Deus, c faz fua vontade, aéfteouve.
3 2 Nunca em tempo nenhum fe ouvio, que alguem os olhos a hum,
que naçeo çego, abriíle.
3 3 Se efte de Deus yindo naõ fora, nada fazer pudera.
34 Reípondéraõ elles ediíTéraólhe: Em peccados es todo naçido,
c nos enfinas a nos? elançáraóofora.
35 OuvioJeíúsque o aviam lançado fora, c açhando o, diflèlhe:
cres tu no Filho dc Deus? ■
36 Refpondeo elle, e difle : quem he, Senhor, peraque nelle
crea? *
37 E diflèlheJefus: Jaotensvifto; eoquecom tigo efta fallando,
cílc he •
38 Eelle diflè: Creo, Senhor; eadorou o:
39 E diflè Jefus: Eu perajuizo tenho vindo a éfte mundo, peraque
os que naõ vem, véjaõ; e os que vem, ceguem.
40 E ouviraõ ifto [alguns^dos Pharifeos, qué com elle eftdvaó;
ediflèraólhe: íõmosnosoutrostambemçegos?
'41 DiílèlhesJeíús: feçegos fôreis, peccado naõ tivéreis; mas por
quanto agora dizeis, vemos: por tanto Yoflò peccado pcrmatóçe.

C fr~
2 IO O S. EUANGELHO

Capitulo X.
i Cem exemplfcfo bom paflor demoflra Cbriflo que elle era o verdadeiro patlor díts
Juas ovelhas enaõ jornaleiro. 19 Eoitve diffenpaõ fobre iffo entre os jrtdeos. n Os
judeos, fendo Cbriflo em jerufalem na ffla , 0 rodeaõ, e preguntaÕ fe elle era 0
Cbriflo. if O que teflifica , e demoflra pelas fuas obras. id Prz que elles nao
crem por quanto de fuas ovelhas naõ faõ. 17 Que fuas ovelhas nelle crem , e que
pera fmp-e nunca perecerão. 5 1 Os judcos querem 0 apedrejar como bum blafpbe-
tnador. 34 Mas defende fe com dEferitura e com fuasobras. 39 £ fahio de fuas
maós pera a jordaõ.

1 pm verdade, cm verdade vos digo, quc aquclle que no curral


das ovelhas pela porta naõ entra, mas por outra parte fobc, la­
draõ hc o tal, eroubador.
2 Mas aquelle, que pela porta éntra, o paftor das ovelhas hc.
3 A ellc abre o porteiro, e as ovelhas ouvem foa voz, ca fuas ove­
lhas chámanorncpor nome, c as leva fora.
4 E tirando fora luas ovelhas, íè vae diante delias, c as ovelhas o
íègucm, porque conhdccm fua voz.
5 Mas a o eftranho naõ fcgiíiraõ, antes delle fogiraõ; porquanto a
voz doseftranhos naó conhécem.
6 Efta parabola lhes diílèJefus; porem ellcs naó entenderão quc óra
o quc lhes dizia. .
7 TornoulhespoisJefusa dizer: Em verdade, cm verdade vos di­
go, quc cu fou a portadas ovelhas.
■8 Todos quantos antes demy vicraó, ladroens íãm, croubadores:
mas naõ os ouviraó as ovelhas.
9 Eu fou a porta; 'Quem por my entrar, haíè de falvar : e entra­
rá, c fairá, c partos achará.
10 .0 Ladraõ naó vem lènaõ pera roubar, e matár, e dcftruir: cu
vim pera quc tcnlíaõ vida, c pera que tenhaó abundância.
11 Eu fou o bom paftor : O bom paftor, polas ovelhas fua vida
poem.
a Ou , Mer­ 12 Mas o a jornaleiro, e quenao hc opaftor, cujas naó faõ próprias
cenário.
as ovelhas, vé vir a o lobo, e deixa as ovelhas, cfbgc: e o lobo arre­
bata c diíllpa as ovelhas.
13 E o jornaleiro foge , porquanto he jornaleiro, c das ovelhas
naó tem cuidado:
14 Eu fou o bom paftor, c conhdço as minhas, c as minhas me con­
hecem a my.
15 Como o Pac me conhece a my,f^Jconhéço cu a o Pac: c minha
vida polas ovelhas ponho. 16 Ainda
SEGUNDO S.JOACT Cap. X. sn
16 Ainda tenta outras ovelhas, que delle curral naõ íãó; aquel-
las tambem mc convém trazer, c, ouviráõ minha voz, c farfeha hum
curral e hum paftor.
. 17 Por iflò mc dma o Pac, porquanto minha vida ponho, para
tornala a tomar.
18 Ninguém m’atira a my, mas de my meímo a ponho.- por­
quanto para a pór poder tenho,.c teitho poder pera a tornar a tomar.
Elle mandamento recébi de meo Pae.
19 E tornou a avcr diílcníãó entre osJudeos, por eftas palavras.
10 E muitos dellcs diziaó, o demonio tem , c eftá fora de fi,
pera que o ouvis ? f
21 Diziaó outros: Eftas palavras naõ faó dc endemoninhado; po­
de o demonio abrir os olhos a os çegos?
2 2 E çelebravafe entaõ a renovaçaõ do Templo em Hicrufalem;
e éra inverno.
23 E andava Jeíus paflèando no Templo, no alpendre dc Sala­
maõ.
24 E rodeáraó o os Judeos, c difleraõ lhe , ate quando terás cm
fuípcnfo noflà alma? íc tu es o Chrifto, dizcnolo abertamente?
25 Rcfpondculhcs Jeíus, dito volo tenho ja , e naó o crédcs, as
obras que eu em nome de meoPae faço, eflàs dam teftimunhodemy.
26 Mas vosoutros naõ crédcs, porquanto dc minhas ovelhas naõ
íõis, como ja dito volo tenho.
27 Minhas ovelhas ouvem minha voz, e eu as conhéço, c ellas
me íègucm.
28 E eu lhes dou a vida etema, c pera fempre núca percccníó,
e ninguém as arrebatará de minha maó.
29 Meu Pae que m’as deu, maior que todos hc, e ninguém as
pode arrebatar da maó dc mcu Pae. •
30 Eu c o Pae, hum fomos.
31 Entonçes tomáraõ os Judeos a tomar pedras, pera o apedrejar.
3 2 R-cípondeulhcs Jefos, muitas boas obras de meo Pae vos tenho
moftrado; porqual obra deftas mc apedrejaes?
33 Rcípondéraõ lhe os Judeos, dizendo, pola boa obra naõ te
apedrejamos, fenaó pola blasfémia , c porque fendo tu homem , te
fazes Deus.
34 Rcípondeulhes Jefus, naó eftá em voílà Ley efcrjto, cudif-
fc, deufes fois?
3 5 Pois fc [4 ley^ a aquelles «gramou deufes, a quem a palavra
2It os. EUANGELHO
de Deus era encaminhada, e a Efcritura naó pode fer quebrantada:
36 [^4mj,J a quem o Pae íànótificou, e a o mundo mandou,
dizeis vosou&js, blasfemas, porquediílè, Filho de Deus fou?
37 Se as obras de meo Pae naó faço, naó me creaés.
'3 8 Porem fe he que as faço, ainda que a my me naó creaés, cré-
de a as obras; pera que conheçaés e creaés, que o Pae eftá em my >
eeu nelle. A Olrtra •
39 E procuravaóA«Bi» vez prendelo; porem elle ie lahio dc
fuas maÕS. a outra vet , , t _ j - „ ,
40 E paílòu feAW*» da outra banda do Jordão, a aquelle lu­
nar aonde Joam primeiro bautizava. E ficou fe ali.
41 E muitos vinhaó a elle , e diziaó , em verdade que nenhum,
final fez Joaó^èias tudo quanto Joaó défte diílè, éra verdade.
E muitos créraó ali nelle.
C A B l T U L O XI-
» De como 0 Ldtaro eftava enfermo, marre», efai refufcitadopelaCbrifa. tf Per
i/Jb muitas nelle crem. 46 E as eutros da» m novas a as Pbartjeos. 47 Qjee con-
vocaõ par iffa a Concilia, fo 4 ande Cajupbas , femfaber a que ditta, prafetiia da
fruito dit morte de Chrifla. E confultaõ de matula. Mis Je rtt,ra *
Ephraim. ff BufcaÕ a na fefta da Pafcboa. fj Os Prinçipes das Sacerdotes daa
mandamento que fe alguém JoubeJJe aonde eftivejjb, que 0 manifeflaffe.
i T7 eftava enfermo hum çerto [homem fhamado] Lázaro de Be-
thania da aldea de Maria, e de Martha, fuas irmaas.
1 (E éra Maria a que a o íènhor ungio com o unguento, e com íèus
eabellos lhe alimpou os pees, cujo u*maó Lazaro era o que enfer­
mo eftáva.) ,
3 Enviáraó pois fuas irmaas a elle, dizendo, íenhor, vesaquia-
quelle que ámas eftá enfermo.
4 E ouvindo £ o J Jefus diífe , éfta enfermidade nao he para,
morte, mas para gloria de Deus; paraque o Filho de Deus por ella
íèja glorificado.
5 E amava Jcfus a Martha, e a fua irmaa; e a Lazaro.
6 Ouvindo pois, que eftáva enfermo, ficoufe com tudo [ainda]
dous dias naquellc meímo lugar aonde eftáva.
7 Defpois difto difle a feus difçipulos, vamos outra vez a Judea.
8 Dizem lhe os diíçipulos, Rabbi, inda agora te procuravaó os
Judeos apedrejar; e ainda te tomas para lá?
2 Reípondeo Jeíiis, naó tem doze horas-o dia ? quem de dia an­
da, naó tropeça; por quanto vé a luz defte mundo.
‘ LO Mas
SEGUNDO S.JOAu. Cap. XI. 213
xo Mas quem de noite anda, tropeça.; porquanto nelle luz naõ lia.
ix Dito ifto, diflelhes deípois: Lazaro, noflò amigo, dorme;
mas vou a deípertalo do íonõ.
iz Diflèraõ lhe entonçes feus difcipulos: Senhor fc dorme, fal-
vo cftará:
i j Mas ifto dizia Jclus de fua morte; porem ellcs cuidavaõ que
foliava do repoufo dò ÍMI dormir.
14 Entonçes pois lhes difle Jefus claramcnte: Lazaro he morto.
15 E folgome, por amor de vosoutros, que cu la naõ eftiveflè,
para que creaès: Mas vamos ter com elle.
16 Diflè entonçes Thomas, chamado o Didymo, a os condiíçi-
pulos: Vamos nosoutros tambem, pera quc com elle morramos.
17 Veio pois Jefus, e açhou que jaavia quatro dias que na fepul-
tura eftava.
i8(E Bcthania eftáva como quafi quinze eftadios perto de Hic-
rufclem;') . A .
19 E muitos dos Judcos tinhaõ vindo a Martha, c a Maria, a
Confolálas açérca de fcu irmaó.
20 Entonçes Martha, ouvindo que Jclus vinha, lahio o a rcçc-
ber; mas Maria fc ficou em cafa.
21 E diflè Martha a Jefus , Senhor fe tu aqui eftiveras, naõ fora
morto meu irmaõ.
22 Porem tambem fei agora, que tudo o que a Deus pedires, t’o
dará Deus.
23 Diflèlhe Jefus, Teu irmaõ refufeitará.
24 Martha lhe diflè: Eu fei que ha de refufcitár, na refurreiçaó,
cm o dia derradeiro.
25 Diflèlhe Jeíús, Eu fou a reíurreiçaõ, e a vida; quem cm my
cré, ainda que morto efteja, vivirá.
26 E todo aquelle que vive, e em my cré, naõ morrerá eterna­
mente. crés ifto?
27 Diflè lhe ella, Si fenhor, ja tenho crido que tu es o Chrifto,
o Filho de Deus, que a o mundo avia de vir.
28 E dito ifto, foife, e çhamou em fegredo a Maria fua irmaá,
dizendo, aqui eftá o Meftre, c te çhama.
Eaffi como ella ouvio, logo fe levantou, e foi ter com elle.
3° Que ainda naõ era çhegado Jelus á aldea; mas eftava naquel-
le lugar, aonde Martha o íaira a reçebcr.
31 Entonçes os Judcos que com ella em caía eftávaõ, e a confo-
Dd 2 lavaõ,
214 OS. EUANGELHO
lavaó, vendo que Maria aprcíuradamente fe levantara, c íàira, íè-
gufraó a, dizendo a a íèpultura vae, a lá prantear.
22 MasMndo Maria aonde Jclus eftáva, c vendo o, derribou íè
a ícus pees, dizendolhe, Senhor, íè tu por cá cftivéras, naó fora
meo irmaõ morto.
33. Jeíús entonçes como a vio chorando, caosJudcos que juntamen­
te com.ella tinhaõ vindo [tambem} çhorando, moveu íè em eípirito, c al­
voroçou íè a fi meíino.
3 4 E diílè, aonde o puíèftes ? Diflèraõ lhe, Senhor, vem e vé o.
35 EçhorouJclus,
36 DiílèraõentonçesosJudeos, vcdecomooamáva!
37 E alguns delles diflifraõ, naõ podia dite, queabrio os olhos a o
çego, fazer que éftc naó morrera?
3 8 E Jclus crabraveçcndofc outra vez cm fi mesmo, veio a o fepul-
chro, e éra huã ípelunca, que tinha huã pedra em çiína.
3 9 Diílè Jefus, tirae a pedra. Martha, a irmaã do defunto, lhe diílè,
Senhor, ja faie, que hc ja quatro dias [ali poflo^
40 Jclus lhe diílè, naõ te tenho dito, que íè creres, verás a gloria de
Deus?
41 Èntonçes, tiráraõ a pedra d’onde 0 defunto fora porto, c levantan­
do J cíús pera riba os olhos diílè, Pae, graças te dou, quej a me tens ouvi­
do.
42 Quc bem fabia eu, quc fempre mc ouves; mas por cauíà da com­
panha que eftá a o redor, o dille; pera que crèaó quc tu es o quc mc tens
enviado.
43 E avendo dito ifto, clamou com grande voz, Lazaro, vem fora.
44 Entonçes fahio o defunto atadas as maós e os pees com tiras, e
com o rorto envolto em hum fudario. Diílèlhes Jefus, defatae o, e dei-
xaeoir.
4 5 Polo que muitos dos Judeos, quc a Maria tinhaõ vindo, co quc
Jefus fizera, aviam vifto, créraónelle.
4<S Mas alguns delles foraõ a os Pharifeos, e difièraõ lhes o que Jcíús
tinha feito.
47 E os Pontificcs, e os Phariíèos, ajuntáraõ coníèlho, e diziaó: que
faremos ? que efte homem faz muitos finaes
48 Se afli o deixamos, todos nelle creráõ, e viráõ os Romanos, c
tomarnos haõ o lugar e a naçaõ.
49 EntonçesCayphas,humdelles, fumõPontifeçed’aquellc anno,
lhes diílè, vosoutros naõ íàbeis nada;
$0 Nem
SEGUNDO S.JOAO. Cap. XII. 215
50 Nem coníidcracs que nos convém, que morra polo povo hum
homem: c naõ que toda a naçaõíe perca.
ci Mas ifto naó o diflêdefi meímo, fenao que como Cià o íummo
pontifeçc d’aqucllc anno, profetizou que polo povo avia Jefus dejmorrer.
1 <2 E nao fomente por aquelle povo, mas tambem peraque cm
hum ajuntafle a os Filhos dcDcus, que eípalhados andávaõ.
5 3 Afli que defd’aquelle dia coníultávaõjuntos de 0 matarem.
54. Demaneira que ja Jeíus naó andava maismanifeftamcnte entre
os judeos, mas foi fe dali á terra, que eftá junto a 0 deférto, a huã
çidade chamada Ephraim; e converlava ali com feus difçipulos.
55 E eftáva perto a Paíchoa dos Judeos, c muitos daquella terra
íòbiraó a Hierulàlem antes da Paíchoa, perá íè irem a purificar.
56 E buícavaõ a Jeíus; eeftando ja no Templo diziaó huns a os
outros: Que vos parcçe^parcce-vosa ves.gue naó virá a o dia da fefta ?
^£?E os Pontifeccs, e os Phariíèos, tinnaódado mandamento, que
íè alguém íòubefle aonde cftiveíTe, qucomanifeftallè, pera que pren­
der o pudeílèm.
Capitulo XI!•
1 Chrifto ceando com Lazaro, Maria ottngtti. 4 A qual Judas reprende. f MasChrido
a defende. 9 Muitos Jtuleos vem por ver a Lazaro. 10 £ por ifto conjultaõ os
Príncipes dos Sacerdotes de tambem a elle matarem. 11 Chrifto entra gloriofamen-
te em Jeruíalem. 20 Alguns gregos chegando a Pbilippe nogavaõ lhe de ver tc
Chrifto. 13 E por efta occafiaõ Chrifto fala do fruito da fua morte pela parabola
elograi de trigo. 17 Sua alma efta turbada, ora a fett Pae efica glorificado pila
hui voz do ceo 26 Informa torne a companha do fruito e da maneira de fua mor»
te, e amoefta pera andar na luz. 37 Oj Judeos permanecem endurecidos como
fra predito pelo Efaias. 42 Muitos Prinçipes crem nelle em fecreto. 44 Amoefta.
torno a fi, ta confeffaõ dafe.

* "V
«o
* pois Jefus, íeis dias antes da Paíchoa, a Bethania, aonde
Lazaro eftava que falecera, a quem Jefus dos mortos reíúícitara.
2 E fizeraó lhe ali huá çea, e Martha fervia; e Lazaro era hum dos
quejuntamente com elle & mefa^táriõ aflèntados.
3 Entonçes tomou Maria hum arratel de unguento de nardo puro
- dc muito preço, e ungio os pees a Jcfus, e alimpou feus pees com íeus
cabcllos; e ençhco fc a cafa do çheiro do unguento.
4 E difle Judas de Simaõ Ifcariota, hum de feus difçipulos, quce'ra
o que o avia de entregar:
5 Porquefenaõvendeoéfte unguento por trezentos «dinheiros, e300»^'^ *
fedeu a os pobres?
Dd 3 6 Mas
216 OS. EUANGELHO
6 Mas ifto diflè clle , naó polo cuidado quc dos pobres tiveflè;
mas porque cra ladraõ, e tinha a.bolíà , e trazia o que nella fe lan­
çava. .5 . •
7 Entonçes diflè Jeíús, deixa a, que para o dia de minha íçpul-
tura tem guardado ifto.
8 Porque a os pobres íèmpre com vofco os tereis, porem amy naó
me tereis íèmpre.
9 Entendeo pois muita companha dos Judeos que elle ali eftáva*:
c vieraó , naõ fomente por cauíà de Jcíús , mas tambem por ver a
Lazaro: aquém dos mortos refuíçitára.
xo E confultáraõ os Prinçipes aos Sacerdotes de tambem a Laza­
ro matárem.
11 Porque muitos dosJudeos hiaõ , ecriaõ em Jeíús por amor delle.
u O íeguinte dia, ouvindo huã grande companha que a o dia da
fefta viera, que Jefus vinha aHieruíãlem. * , \
ii Tomáraõ ramos de palmas, eíàhiraó o a rcçcber; e clamavaõ:
Hoíaíía. Bendito aquclle que vem em o nome dyo Senhor, o [que he ]
Reydelírael.
14 E açhou Jcíús hum aíninho, eaflèntouíè íòbre elle, como eftá
eícrito.
15 Naó temas o filha de Siaõ , eisaqui teu Rey vem aflèntado íò­
bre o burrico -debuí burra.
Porem ifto naõ entenderão feus diíçipulos a o principio : mas
fendo Jcíús jaglorificado, entonçes fe lembráraó queiftod’ellecftáva
eícrito, e J ifto lhe fizéraó.
17 E acompanha quejeom cllecftáva, dava teftemunho dc como da
íèpultura a Lazaro chamara, c dos mortos o reíúícitára.
18 Polo que tambem a companha o viera a reçebér, por quanto
ouvíraó que nzéra efte final.
19 Mas os Pharifeos diflèraõ entre fi, vedes bem que nada aprovei-
tacs ? Eis que o mundo íè vae a pos elle.
20 E avia certos Gregos d’os que no dia da feftá a adorar aviaõ íòbido.
21 Eftes pois fe chegáraõ aPnilippe, £que eradeBethfaidadeGali-
lea^e rogáraõ lhe, dizendo, Senhor, queríamos ver aJefus.
22 VeioPhilippe, e diflè o a André; André, entonçes, e Philippe,
o difleraó aJefus.
, 2 3 Entonçes Jefus lhes refpondeo, dizendo, a hora vem que o Filho
dó homem ha de fcr glorificado.
24 Em verdade, em verdade vos digo, quefeograõ de trigo que
cae
SEGUNDO S. JOAO. Cap. XII. 217
cae na terra, naó morrer/"elle íòfe fica; porem íe morrer, muito frui­
to traz. n .. ., '
g^rQuem fua vida ama perdelaha; c quem nefte mune» lua vida ab-
omíçe, para vida eterna a guardará. t ’
26 Quem me ferve, figame; e aonde eu eftiver, ali cftera tambem
meu fervídor. E quem me íervir, meu Pae o ha de honrar.
27 Agora eftá turbada minha alma; e que direi? Pac, íàlvamedefta
hora; mas por ifto tenho eu vindo nefta hora.
28 Pae, glorifica teu Nome, entonçes veio hua voz d’o Ceo :£dizen-
^ojjafojtenho glorificado, e tambem outra vez ^^glorificarei.
2 9 E a companha que eftáva prefente, e a avia ouvido, dizia, que avia
fido trovaó; outros diziaó, algum Anjo lhe tem fallado.
3 a Refpondeo Jefus e diílè, naõ veio efta voz por amor de my, fe-
naõ por amor de vosoutros. . .
31 Agora he defte mundo o juizo: agdra íèrá lançado fora o Pnnçi-
pédefte mundo.
3 2 E eu, íè da terra levantado for, a todos a my trarei.
3 2 ÍE ifto dizia, dando a entender de que morte avia de morrer^
3 4 Refpondeulhe a companha, d’a Ley temos ouvido, que pera fem-
pre o Chrifto pcrmanéçe; como dizes tu logo convém que o Filho do
homem feja levantado ? Quem he éfte Filho do homem ?
3 < Entonçes lhes diílè Jefus, ainda por hum pouco eftara entre vos­
outros a luz; andae entre tanto que luz tivérdes, peraque as trevasvos
naó comprdndaó; porque quécm trévas anda, naó fabe para onde vae.
36 Entre tanto que luz tendes,crédc na luz, peraque da luz fejaes fil­
hos. Eftas coufas fallou J efus, e foife, e efeondeofe delles.
37 E ainda que perante elles tantos finaes tinha feito, nem por iflò
n’elle criaõ.
3 8 Peraque Íè cumprifle a palavra que diílè o Propheta Eíàyas: Sen­
hor, quem deu credito a noflò dito? E o braço do Senhor, a quem he re­
velado?
39 Por ifto naõ podiaõcrér, porquanto outra vez difle Eíayas:
40 Os olhos lhes cegou, c o coraçaó lhes endureceu, paraquedos
olhos naó vejaó, nem de coraçaó entendaõ, e fe convertaó, e eu os fáre.
4 j Eftas coufas diílè Efayas, quando fuagloria vio, e delle fallou.
42 Com tudo iflò, ainda até dos Prinçepes créraõ muitos tambem ncl-
le: Mas naõ o confeflàvaó por caufa dos Pharifeos, por da Synagoga naõ
'ferem lançados.
43 Porque amayaõ mais a hónra dos homens y do que a honra dc
Deus,. 44,
218 OS. E U ANGELHO
44 MasJeíúsclamou, c diílè, quem cm my cré, naõcrccmmy,
. ícnao ííaquclíe quc me enviou ; 1*
345
45 E 11 my me vc, vé a aquclle quc mc enviou.
4<í Eu-íou a luz que a o mundo vim, para quc todo aquclleque
cm my crer, naõ permaneça cm trevas.
47 Equcm^ minhas palavras ouvir, casnaõcrér, naõojul^o
cu; porque naõ vim a julgar a o mundo, mas a o mundo falvdr.
48 Quem a my me cngcitJr , e minhas palavras naõ receber , ia
quem o julgue, tem; a palavra que fallado tenho, ella oha dciuhnu7 * 9
no dia derradeiro. J ”
42 Porque naõ tenho eu fallado dc my meímo : porem o Pac que
mc enviou, elle mc deu mandamento do que hei dc dizer, edoaue
hei dc fallar. n
50 E lei que fcu mandamento he vida eterna; afli que o que cu
fíllo, como o Pac m’ó tem dito, afli o fifllo. n

Capitulo XIII.
I Cbriflo levantandofe da cea, cingi fe, e lava espies a feus Apofiolos. tiOs exhorta
a Jeguirem iflo exemple de fua humildade. 18 lhes difeubri a traipaõ de Judas, e
costjola feus Apoflolos. 31 Fala despois cem es outros difcipulos de fua glertficacaõ
34 Exhorta os a amar huns a os outros. 37 A 0 Pedro , que queriapòr fita vida
per Cbriflo, predix, que tres vexes o avia de negar. J
1 E antCS d°. kfta da Paíchoa , fabendo Jeíús que ja fuaho-
ra cra vinda , peraque delle mundo pallàflè a o Pae , avendo
amado a os leus, que no mundo eftavaó, amou os até o fim.
x li, acabada a Çca^avcndo ja o diabo metido no coraçaó dc Tudas
de Simaõ lfcanota., que o entrégafle) J
3 Sabendo Jclus que ja o Pae todas as couíãs cm as maós lhe tin
ha dado, c que de Deus avia faido, e a Deus fe hia,
4 Levantouíè da Cca, e tirandofeos veftidos, c tomando huí toal­
ha , cingio íè. ‘ ‘
5 E logo deitou agoa cm hua bacia, c começou a lavar os pees’
a os diíçipulos , c a alimparlhos com a toalha com que eftava cinmdo.
<5 Veio pois a Simaõ Pedro; c Pedro lhe dille : Senhor, tu a my
me lavas os pees ? 1 *
dcípoi^o^àbcS ’ ° CU * naÕ ° fat>CS tU 3SOra ’ maS

nnndenlfílííJCTP^r0 ’ Nunca jamais a my os pees me lavarás. Ref-


tdns ’ ÍC CU a ty te mó ayar ’ partC comig° nsl6

9 DiG ,
SEGUNDO S.J0AC5. Gtp. XIII. 219
9 Diflèlhe Simaõ' Pedro , Senhor, naó fó meos pees , mas ainda
as maós c a cabeça. f
10 Diflèlhe Jclus, Aquclle quc efta lavado, naojnectàita demais,
que de lavar ospees, mas todo eftálimpo. E vosoutros limpos cftacs,
ainda quc naó todos. ' .
11 Porque bem íàbia quem era o quc o avia de entregai-: por
iflo diflè , naó todos cftaes limpos.
12 Afli quc avendo lhes lavado os pees , e tomado feus vcftidos,
e tornando le a aflentar £á meÇa diílèlhes: Sabeis o que vos tenho
feito.
1 3 Vosoutrosme chamaes Meftre, c Senhor, e bem dizeis, por­
que cu o fou:
14 Pois fe eu, o Senhor, eoMcftrc, vos tenho lavado-os pes,
tambem vosoutros vos deveis lavar os pees huns a os outros.
15 Porque exemplo vos tenho dado, paraque como cu vos tenho
feito, Façaes vosoutros tambem.
16 Em verdade, cm verdade vos digo , que naõ he o íervo ma­
ior que fcu Senhor, nem hc maior o embaixador , que aquelle que
o enviou. .
17 Sc eftas couíãs fabeis, bcmaventurados fereis, íè as fizerdes.
18 Naó fàllo de todos vosoutros*; que bem fei a os quc eícolhido
tenho; mas [ifto acontece J peraque íc cumpra a Eferitura, o que
•comigo paó come, contra my feu calcanhar levantou.
Desd*agora, antes quefe faça, volo digo , paraque, quando íè
fizer, creaes que cu o fou.
20 Em verdade, em verdade vos digo , que^w^Ja o que cu en­
viai-, receber, a my me recebe: e quem a my mc receber, recebe a
aquelle que me enviou.
21 Avendcrjeíus dito ifto, comoveu fe cm eípirito, e proteftou,
e diflè.- Em verdade, cm verdade vos digo, que hum de vosoutros
me ha de entregar.
2 2 Entonçes os difcipulos íc olhavaõ huns para osoutros , duvidan­
do de quem [ifto} dizia.
23 E hum de feus difcipulos, a quem Jeíús amava, eftava aíTen-
tado f a rnefaj no regaço de Jeíús.
24 A efte pois1 fez final Simaõ Pedro, que perguntafle,quemcra ’ -
aquelle de quem dizia.
2 5 Elle entonçes, recoftandoíè a o peito de Jeíús, diflclhe : Sen­
hor, quem hc?
Ec 2<íR^
210 Õ S. È U A N G É L H O
i(5 Reípondeo Jeíus, aquelle he, a quem eu der o bocado mol­
hado: E molhando o bocado, deu o ajudas dcSimaóllcanotn,
27 E a pos o bocado, entrou nelle íatanas. Entoncesjefus lhediílè:
O que fazes, faze o depreila.
28. Mas ifto nenhum dos que [ á mefa ] eftávaõ entendeo a que
porpoíito lho diflera.
29 Porque os huns.cuidavaõ, que por quanto Judas tinha a bolfa,
lhe dizia Jcfus: Compra as couíàsque pera o dia da fefta nos faõ nc-
ccflãrias; ou, que deílè alguã couiã a os pobres.
30 Avendo elle, pois, tomado abocado, logofcfahio; e craja
noite.
31 E faido elle, diflêJefus : Agorahe oFilho do homem glorificado,
c Deus he glorificado n^lle;
3 2 Sc Deus nelle he glorificado, tambem Deus o glorificará em
fi mefmo; e logo o ha de glorificar.
3 3 Filhinhos, ainda hum pouco eftou com voíco; buícarmeheis:
Mas, como a os Judeos diílè, aonde cu vou, naó podeis vosoutro6
Vir: [/jf/íJ agora volo [tambem} digo.
3 4 Mandamento novo vos dou , que vos ameis huns a os outros;
como eu vos amei a vos, que tambem vos huns a os outros vos
ameis.
3 $ Nifto conhèccráó todos que meus difçipulos fois, fe huns a os
outros vos amardes.
3 6 Diílè lhe Simaõ Pedro : Senhor, aonde vas ? Reípondeu lha
Jeíus: Aonde cu vou, me naõ podes tu agora, feguir; porem dcípofe
me feguirás.
3-7 Diflèlhc Pedro , Senhor, porque agora te náõ poflò feguir?
por ty minha vida porei. -
38 Reípondeu lhe Jeíus, por my tua vida porás r Em verdade,
fem verdade tc digo, que o galo naõ cantará; antes qúc tres vezéS
me negues.

C A-
SEGUNDO S.JOAO. Cap. XIV. axi

Capitulo XIV.
l-Cbri/h confola a feus difçipulos com prometa de aparelhar lhes bega^ p Declaraa
Tbomasque elle beecammho,a verdade, e a vida. 7 E a Phelippe q ie quem a elle
viHttem, tem vifto a 0 Pae. Prometelbes que grandes milagres aviaõ de fater,
e receber o E-pinto fau&o* Exhortn pera amor e obediência de Jetts mxitdamen-
to< cem prometa que tile e mais feu Pae aviaõ de morar com elles. 16 E que 0
Eípirito lanílo todas as cottfas lhes alembrara. 17 Deixlbes a fuapat- 18 Declara
que per via da Jua ida pera 0 Pae , lhes convém de fe alegrar. 30 Moflra Jita
promtidai pera ate a paixaS obedecer a 0 Pae.

i "VT aõ fe turbe voflò coraçaó : credes cm Deus , crede tambem


cm my. ,
x Em cafa de mcò Pae, muitas moradas ha ; quando nao , eu
yolo dina, cu vou a vos aparelhar lugar.
. 3 E fc eu mc for, c lugar vos aparelhar; outra vez virei, e co­
migo vos tomarei, peraque , aonde cu cftiver , vosoutros tambem
eftejaes.
4 E ia fabeis aonde vou , e ja p caminho fabeis.
5 Diflèlhc Thomas : Senhor , naó labemos aonde vas , como
pois o caminho podemos laber ?
6 Jeíus lhe dillc: Eu fou o caminho, e a verdade, e a vida, nm-
guem vem a o Pac fenaó por my.
. . 7 Se vos a my me conhecereis, tambem a meuPae conheceríeis,
''** ia_desdagora o conheceis, e ja o tendes vifto.
8'Difle lhe Phiiippe: Senhor, moftra nos a o Pae, ebaftanos.
9 Jeíus lhe diílè: Tanto tempo ha que com vofco eftou , e ainda
conhecido me naõ tendes Phihppe ? quem a my vifto mt tem, ja
tem vifto a o Pac: como dizes tu logo , moftranos a o Pac ?
10 Naó cres tu que cu no Pae, e que o Pac ellá cm my?
as palavras que cu vos fallo, naó asfallo de my mefmo , mas o Pae
que cm my permanece, elle he o que as obras faz. ,
11 Crcdeme que nó Pac^f/íow J c que o Pae efta cm my^qUan»
donao, crede mepolasmefmasobras.
tt Em verdade , em verdade vos digo , que aquelle que em my
crer, as obras que eu faço, tambem elle as fará:c maiores que cftas
as fará; porquanto eu vou a o. Pac.
13 E tudo quanto em meo. nome pedirdes cu o farei: peraque o
Pae em o Filhofejaglorificado.
14 Sc alguã couíà em meo nome pedirdes, falahei.
15 Se me amacs, guardae meos mandamentos.
Ee z 16 E
22i O&EUANGELHO
16 E cu rogarei a o Pac, e clle vos dará outro Coníòlador, pera-
• quc para fcrnvre com vofco permaneça.
17 [Corfbem a faber'] o Eípirito dc verdade , a’ quem o mundo
receber naó pode, porquanto nem o vé, nem o conhece ; mas vos-
outros o conheceis, porque com vofco permaneceste com vofcoha-.
dc eftar. '^a-
18 Nem orfaõs vos deixarei’; Q outra vez ] a vos venho.
19 Ainda hum pouco, e naó me verá o mundo mais: masvosou­
tros mc vereis: porquanto vivo cu, e vosoutros vivireis.
20 Naquelle dia conhecereis que eu em meu Pae [_eflou] c vosou­
tros cm my, c cu cm vosoutros.
21 Quem tem meos mandamentos e os guarda , elle he o que a
my me ama: e quem a my me ama, ferá amado de meo Pae, eeu
a ellc o amarei, c a clle me manifeítarei. '
22 Diífe lhe Judas: (naó o Ifcariota Senhor, que ha , porque
a nosoutros te has demanifeftar, e naó a o mundo?
23 Refpondeo Jefus, e diflèlhe: Quem a my me ama,minha pa­
lavra guardara, e meu Pac o amará, c a elle viremos, e com elle
morada faremos.
24 Quem a my me naó ama , minhas palavras naó guarda , e a
palavra que ouvis naõ hc minha, fenaó do Pae que me enviou.
25 Elbas coufas vos tenho dito, permanecendo ainda com vofco. çm
2 <5 Mas aquclle Confolador, o Efpirito fanéto, a o qual o Pae
meu nome hade enviar, elle vos enfinará todas as couíãs , e todás as
COUÍàs quc dito vos tenho, vos alembrará.
27 A paz vos deixo, minha paz vos dou: naõ como o mundo
dá, vola dou. Naó íè turbe nem tema voflò coraçaó.
28 Ja ouviftes como vos tenho dito: Vou, c[_ outra vez] venho a
vosoutros: fe me amáreis, vos gozaríeis, porque tenho dito , a o Pae
vou: Pois maior he o Pae que eu.
29 Eja agora, antes que fefaça, ditovolotenho, peraque quan­
do fe fizer, o creaes.
3 o Ja com vofco muito naó fallarci; pois ja o príncipe defte mundo
vem; porem nada em my tem.
3 1 Mas pera que o mundo conheça, que cu amo a o Pae; e co­
mo o Pac mc deu o mandamento, afli o faço, lcvantac vos, vamos
nos d’aqui.

CA-
SEGUNDO S.JOAÕ. Cap. XV. 223
Capitulo XV.
t Cbrijle compara a fi mefmo cem hu.í videira, e fetu Jpoftolos cem '• vides. Ç) Te-
ftifica feu efpecial amor cem que es amava, e exhorta es aguardar Jetismandamen­
tos, e a amar buns a os outros. 13 Efte feu amor oftcnde com fua morte por elles,
■ e nomeando os feus amigos e eleitos. 18 Conjola os contra a inveja do mundo com
feu exemplo, 11 Moftra que os judeos pela fua palavra e obras faõ inexcufaveih
3.6 E que 0 Efpirito janõto emitis feus apofiolos aaráõ teftimunbo d’elle.

1 p u fou a verdadeira videira, c meo Pae he o lavrador.


■Lu 2 Toda vide que em my fruito naõ traz,a tira: e todaaquella
que trax fruito, alimpa peraque mais fruito traga.
3 Ja vosoutros eftaes limpos pela palavra que dito vos tenho.
4 Ficae em my e eu cm vosoutros: como a vide de fi mefma dar
fruito naó pode, fe na videira naõ fica, afli taó pouco vosoutros, fc
naó ficáes em my.
5 Eu fou a videira , vosoutros as vides : que em my fica , e eu
nelle, efle traz muito finito ; porquanto ícm my nada podeis fazer.
6 Quem em my naó ficar helançado fo®,como avide,che feca: e
colhem as, e lançaó as no fogo, e ardem.
7 Se vos emmypermanecerdes, e minhas palavras cm vosoutros,
tuao o que quiferdes pedireis, e fer vos ha feito.
8 Nifto he glorificado meo Pae, em que muito finito deis, emeus
difcipulos fejaes.
como o Pae a my me amou , tambem cu a vosoutros vos
amei, ocrmanecei cm meu amor.
10 Se meus mandamentos guardardes, em meu amor permanece­
reis, Como eu tambem os mandamentos de meu Pad guardado ten­
ho, e em íèu amor permaneço.
11 Eftas coufas vos tenho dito , peraque meu gozo cm vos per­
maneça, e voílò gozo íèja cumprido.
12 Efte hc meu mandamento , que vos ameis huns a os outros,
afli como eu vos amei.
13 Ninguém tem maior amor que efte, que por amor dc íèus ami­
gos alguem íua vida ponha.
14 Meus amigos íòis vosoutros, fe as couíãs que eu vos mando,
fizerdes.
15 Ja vos naó chamo mais fervos, porquanto o fervo naó fabeque
hc o que ícu Senhor faz: Mas tenho vos chamado amigos, porquan­
to tudo quanto de meuPae ouvi, vos tenho feitonotono.
i<5 Naó me elegeftes vosoutros a my; porem eu vos elegiavosou-
Ee 3 tros:
224 OS. EUANGELHO
tros: c vos tenho pofto peraque vades, e fruito deis; e voflò finito
pumaneça,.tpcraquc tudo quanto aoPac em meo nome pedirdes, el-
lc volo dé. 4
17 ifto vos mando, que huns a os outros vos ameis.
18 Sc o mundo vos aborrece, íàbei que antes que a vosoutros, me
aborreceu a my.
i p Sc vos do mundo forcis, o murido amaria o que hc íèu: mas
porquanto do mundo naó íõis, antes eu do mundo vos elegi, por iflò
vos aborrece o mundo.
20 Lembraevos da palavra que dito vos tenho : Naó he o fervo
maior que íèu Senhor , fc a my mc perfeguiraó, tambem.a vos yo6
pcríèguiráó; íè minha palavra guardaraó, tambem a voflã guardaraó.
21 Mas tudo ifto vos faráo por amor de meo nome: porquanto naó
, conhecem a aquelle que me enviou.
22 Sc cu naó viera, nem faltado lhes ouvera, pcccado naó teriaõ;
mas ja dc ícu pcccado agora naó tem efeufa.
Quem a my mc aborrece, tambema meo Pae aborrece.
24 Se eu entre elles obras naó .fizera , quaes nenhum outro tem
feito, pcccado naó teriaó 5 mas agora ja as tem vifto , e aborreccraó
me a my, e a meu Pae.
25 Porem [ifiobcj peraque íè cumpra aquella palavra que em
fua Ley efta eícnta: fem caufa me aborreccraó.
26 Mas quando vier aquelle Coníòlador, que cu d’o Pae vos hçj
dc enviar [a faber^ aquelle Eípirito dc verdade, o qualproceciêcto
Pae, elle dãra tcftimunho de my.
27 E tambem vosoutros dareis tcftimunho, porquanto comigo
dcfd’o principio eftivcftes. “

. ■ C A P I T U L O XVI.
i Propbetixa » Cbrijlo a fttts difçipulos as affliçoens. j E confola os com promejja do
Efpirito fanão. i 6 Declara que deprefa d'elles fera tirado, mas que hum pouco de
tempo torne o neraÕ. to E que a tri(leX.a delles deprefla fe tornara em gox.o,co*
nu as dores da mulher que pare, i j Os exborta a em feu nome orarem cem pro-
mejja de ouvidos Jerem. Claramente e fem parabolas falia que deixa a o mundo,
3 • rívifa os deferem efpalbados, e prometelbes fua paX..
i T7ftas couíàs vos tenho dito, peraque vos naõ cícandalizeis.
2 Lançarvos haôifora das Synagogas : c ainda a hora vem,
quando qualquer que vos matar , cuidará que a Deus faz ferviço.
3 Eftas couíàs vos íàraó , porque nem a o Pae, nem a my mc
-conhecem.
4 Porem
Segundo s.joao. Cap.xvi. 22$
4 Porem ifto vos tenho dito , peraque quando aquella hora vier,
vos lembreis que ia dito volo tenho/ mas ifto vos naó. diílè cu a o
principio, porquaiitocom vofco cftava. «
r E agora vou a aquclle que me enviou, c nenhum de vosoutros
^d^Antes; porque eftas*coufas vos tenho dito, detriftezafe cnchco

voílõ coraçaó. .
7 Porem a verdade, vos digo, qucproveitoío vos he, que cu me
vá: porquanto fe cu me naõ for naõ vira a vosoutros o Coníòlador;
porem fe eu me for, hei volo de enviar.
8 E quando elle vier, a o mundo ha de convencer de peccado, e
flcjuftiça, edejuizo.
9 De peccado, porquanto em my naõ crem.
10 E de juftiça, porquanto a o Pae vou , e mais mc nao aveis
deiT*Mas de juizo, porquanto jaoprinçipe deftemundoeftajulgado
12 Ainda tenho muitas coufas que vos dizer , mas agoia ainda as
^FporcmquaÀdo aquclle Eípirito de verdade vier, elle vos guia­
rá cm toda verdade : Porquanto de fi mefmo naõ ha dc fallar ; mas
tudo o que ouvir ha de dizer: e ascoufasquc ham de vir, vos ha de
anunciar. , r•
.74 Elle me ha de glorificar, porquanto ha de tomar do meu , c
Volo ha dc anunciar. ,
1 $ Tudo quanto o Pae tem , meo hc : por iflo difle, que ha dc
tomar do meu, c volo ha de anunciar.
16 Hum póuco, e naõ me vereis ; c outra vez, hum pouco,
vcrmeheis: porquanto vou a o Pac.
17 Entonçes difleraó ^«t/gwwjjdc ícus diíçipulos huns a os outios,
que hc ifto que nos diz. Hum pouco, e naõ me vereis; e outra vez,
hum pouco, e vcrmeheis : porquanto vou a o Pac.
18 Afli que diziam: que hc iflo que diz? hum pouco? Nao fabc-
mos o que diz,
19 E conhecia Jefus quc lhe queriaõ perguntar, e diílèlhes: Per-
guntaes entre vosoutros acerca diíto que diflè : Hum pouco, e naõ
me vereis; e outra vez, hum pouco, e vermeheis?
. 20 Em verdade, em verdade vos digo, que vosoutros chorareis,
e lamentareis; e o mundo fc alegrará, e vosoutros eftareis triftes: Mas
' cm gozo íc tornará voflã trifteza.
21 A
Z16 OS. EUANGELHO
2 í A mulher quando pare, dores tem, porquanto íua hora ja he
vinda: mas avendo parido a criança, ja fc naó lembra do aperto, po­
lo gozo qui* cm dc que hum homem no mundo aja nacido.
22 'lambem pois agora vosoutros, na verdade trifteza tendes:
mas outra vez vos verei, c gozar fe ha voífo coraçao, e ninguém ti­
rará dc vos voflò gozo.
23 E n’aqucllc. dia nada mais mc perguntareis. Em verdade , em
verdade vos digo, que tudo quanto a meu Pac em meo nome pedir­
des, volo ha dc dar.
24 Ate agora nada em meo nome pediftes ; pedi, e recebereis,
peraque voflò gozo fe cumpra.
, 2 5 Eftas couíàs vos tenho dito cm parabolas : a hora vem quandej
ja por parabolas vos naó foliarei, mas claramente acerca do Pac vos
anunciarei.
2 Naquclle dia em meu nome pedireis ; c naõ vos digo , que
por vosoutros cu a o Pac rogarei.
27 Pois o meímo.Pae vos ama, porquantovosoutros me amaftes,
e que de Deus fohi crcftes.
28 Do Pae fahi, e a o mundo vim ; outra vez a o mundo deixo,
c me vou para o Pae.
2 p Dizemlhe feus diíçipulos: Eisaqui claramcnte agora folias , c
nenhuá parabola dizes.
30 Agora entendemos que fabestodasas couíàs; e naó has mifter
que ninguém te pergunte, por iflò cremos que dc Deus íàifte. - '
31 Reípondculhcs Jcfus: Agora credes?
3 2 Vedes aqui a hora vem , e jahc vinda, quando cada hum por
íèu cabo eípalhados fercis , eíomc deixareis : porem fó naõ cftou,
pois comigo efta o Pac.
33 Eftas coufas vos tenho dito, peraque em my paz tcnhaes: em
o mundo tereis aperto;mas tende bom animo, ja eu venci n 0 mundo. ,
*

C A-
SEGUNDO S.JOAQ. Cap. XVII. . «7
Capituio XVII.
í Ghrtflí ttparelhanda fe a paixae e marte, faí fua fiimê facerdetal o\~apaõ regateda <t
feu Pae, que lhe glarificajfe , e a ■vida eterna deffe a as fieis. 4 Canta quam fiel­
mente e ccm que gaze a abra campeia que lhe tinha dada que fizejje. 9 Ora par Jcut
Apapalas que a Pae as gnardajje na unidade e amar. ly De mal. 17 £ fantifi-
cujfe na fua verdade. 20 Ora par tados as de mais que par fua palavra d'elles nelle
aviai de crer. 11 Paraque ttdes bum fijat. 24 E eflivejfem elles cem Jiga, para­
que vijjern fua glarin.

i J7 ftas couíãs faliou Jefus ; c levantando os olhos a o Ceo, diflè:


•^Pae, chegada he a hora, glorifica a teu Filho , peraque tam­
bém teu Filho te glorifique aty.
2 Como tambem fobre toda carne lhe tens dado poder , peraque,
a todos aquelles que lhe delle, a vida eterna lhes dc.
3 Efta porem he a vida eterna, que aty tcconheçaó fó Deus ver­
dadeiro, e a Jeíu Chrifto a quem tens enviado.
4 Ja eu na terra te glorifiquei , acabado tenho a obra quc me de­
fte que fizcílè.
$ Agora pois, o Pae, glorificame cm ty mofino com aquella glo­
ria quc em ty tive antes que o mundo folie.
6 Manifcftado tenho teu nome a os homens, que d’o mundo mc
defte: teuseraó, c tu m’os defte, c guardáraõ tua palavra.
7 Agora tem ja conhecido, que de ty he tudo quanto me defte.
Porquanto as’palavras que mc defte , lhes tenho dado a ellcs.
E ja elles as reccbéraó, c verdadeiramente tem conhecido , que dc
ty íãido tenho, e créraó que mc enviafte.
9 Eu por elles rogo , naó rogo polo mundo , fenaó por aquelles
quc mc defte, porque teus faõ.
I o E todas minhas couíãs, íâõ tuas; c tuas couíãs íãõ minhas: c
n’ellcs fou glorificado.
II E eu ja no mundo naõ cftou: porem eftes ainda cílaõ no mundo,
C eu a ty venho. Pae íãnóto, guarda cm teu nome a aquelles que mc
tens dauo, peraque hum íejaó, como tambem nos.
12 Quando cu no mundo com ellcs citava , em teu nome cu os
guardava : Aaquelles que tu me defte, guardado os tenho, c nenhú
delles fc perdeo, fenaó o filho dc perdiçaó , peraque a Eferitura fc
cumpriflè.
í 3 Mas agora venho a ty, e fallo.ifto no mundo, peraque em fi
mcfmos minha perfeita alegria tenhaõ.
Ff 14 Tua
0 S. E U A N G E I, H O
14 Tua palavra lhes dei, c o mundo os aborrccco, porquanto do
mundo naó Íãó, como taó pouco cu do mundo fou..
15 Naó fogo que do mundo os tires, fenaó que de mal os guardes.
16 Naó faõ do mundo, como tampouco cu do mundo íòu.
17 Sanótifica os na tua verdade, .tua palavra hc a verdade.
18 Como tu a o mundo me enviafte, tambem cu a o mundo os enviei.
19. Epor elles a my mefmo mc fmctihco, para que tambem elles
na verdade fejaó fanéhficados.
10 Porem naó fomente por elles rogo , fenaó tambem por aqucl-
lcs que cm my, por fua palavra, hande crer.,
' 21 Paraque todos hum íèjam, como tu , ó Pae , cm my , e cu
cm ty, que tambem clles em nos fejaó hum: peraque o mundo crca
que tu me tens enviado.
22 E eu a gloria que a my medefte, lhes tenho dado a elles:pa­
raque hum fejaó, como tambem nos fomos hum.
23 Eu nellcs, c tu cm my; peraque perfeitamçnte em hú ícjaõ;
e que o mundo conheça que tu me enviafte amy , c que a elles os
t.cns amado, como a my me amafte.
24 Pac,aquelles que me tens dado , quero que aonde eu eftou,
cftejaó clles comigo tambem, paraque vejaó minha gloria que me
tens dado , porquanto tu mc amafte desdantes da fundaçaó do
mundo.
2 5 Pae jufto, o mundo te naõ tem conhcçido , mas eu te tenhp
conhecido, e éftes tem conheçido que tu a my mc enviafte.
2 6 T cu lhes, fiz faber teu nome, c lho farei iaber; peraque o amor
com que me amafte, nclles cftcja, e eu nellcs.
Capitulo XVIII.

dos criados bofetado , a quem reprendt. Kegado ainda dous vezes de Pedro.
18 Despois foi levado a cafa de Pilatos, a qual pregunta a os Judeos defua acu-
fdfai delles, e a Cbrifío de feu reino , e ouvindo que (eu reino naõeradeflemun­
do, logo por innocente 0 declara, e quere foltalo. 40 Mas os Judeosque JoltaJJelhes
a Barábbam.
1' A vcn^° Jcfus dito cftas couíàs , íãhiofe com íèus diíçipulos para
alem do ribeiro de Cedraó , aonde cftava huã horta, em que
entrou elle c feus difçipulos.
2
SEGUNDO S. JOA(T Cáp. XVIII.
2 E tambem Judas, o quc o entregava, labia aquelle lugar; por­
que muitas vezes fc ajuntava ali Jefus com íèus difcipulos.
3 Judas pois tomando hum cíquadraó [de foldados,'j • c [alguns]
miniftrôs dos Pontífices e dos Pharifcos, veio ali com lanternas , c
com fachas, c com armas.
4 Mas íãbcndo Jeíús todas as couíãs quc íòbre clle aviaóde vir, íè
adiantou, c lhes dille: A quem bufcacs?
5 Rcíponderaõ lhe : A Jefus Nazareno. Diz lhes Jcíús : Eu fou.
E eftava tambem com ellcs Judas, o quc o entregava.
6 E como lhes diílè : Eu íou , tornáraõ pera tras , c cairaó cm
terra.
7 Tomoulhes poisa perguntar: A quem bufetes? e elles difleraó:
A Jefus Nazareno.
8 Rcípondeo Jcíús: Ja vos tenho dito quc eu íou : por tanto íc a
my mc bulcacs, dcixac ir a eftes.
9 Peraque fc cumpriflè a palavra , quc dito tinha: dos que mc
defte, a nenhum delles perdi. •
ío Entonçes Simaó Pedro quctinha eípada, puxou d’ella, c ferio
a hum íervo do Pontífice, e cortoulhe a orelha direita. E o fervo fc
chamava Malco.
11 J£i}^uentouccs diflè a Pedro: Mete tua eípada na bainhá; naõ ■
«I bebercizo copo quc o Pac me deu?
*■ -12 Entonçes o efquadraõ , c o Tribuno , e os fervidores dos Ju­
dcos prenderão a Jeíús, e o amarraraó.
ij E trouxéraõ o primeiramente a Annás, porque cra fogro dé
Cayphás, o qual cra Pontificc d’aquelle anno.
14 E era Cayphas o quc avia dado o confelho a os Judeos, que
era util que hum homem morreflè polo povo.
15 E lèguia a Jefus Simaõ Pedro , e outro diícipulo : c aquelle
diícipulo era conhecido do Pontifcce , e entrou com Jcíús no pateo
do Pontifcce.
16 Mas Pedro eftava fora á porta , e íàhio aquclle diícipulo que-
era conhecido do Pontifcce, c faliou á porteira, c meteo dentro a
Pedro.
17 Entonçes a criada porteira diflè a Pedro : Naõ es tu tambem
dos difcipulos defte homem ? difle clle, naõ fou.
18 E eftavaó ali, os fervos, e os criados , quc aviaõ feito braíàs,
porque fazia frio, e aquencavaó fc : e eftava tambem com elles Pe­
dro aquentandofe.
Ff z 19E
OS. EUANGELHO
19 E o Pontifiçe perguntou a Jcfus acerca de feus diíçipulos , e
de lua doutrina.
20 Jeíúi the rcfpondco: Eu manifeftamentc tenho foliado a o mun­
do; cu fempre enlinci na Synagoga c no Templo, aonde íè ajtmtaõ
os Judeos dc todos os lugares, c nada tenho foliado em oculto.
21 Que me perguntas a my ? pergunta a os que ouviraõ, que he
o que foliado lhes tenho #vés aqui elles fabem que hc o que tenho
foliado.
22 E dizendoelle ifto,hum dos criados, que ali cftava, deu aje-
fus huã bofetada, dizendo afii refpondcs a o Pontifece?
23 Rcípondcolhe Jcfus; Se mal foliei, dá teftemunho do mal; c
fe bem, porque mc feres?
24 fAfli amarrado o mandara Annas a o Pontifece Cayphas:'}
2 5 È cftandofc Simaó Pedro aquentando , difleraõ lhe : Naó cs
tu dc feus diíçipulos? E elle negou, e dillc: Naó fou.
26 Hum dos fervos do Pontífice , parente d’aquellc a quem Pe­
dro avia cortado a orelha , lhe difle: Naó te vi eu na horta com elle?
27 E negou Pedro outra vez, c logo o galo cantou.
28 E dc Cayphas leváraõ a Jefus a Audiência; c era pela manhaã:
c mó entráraõ na Audiência, por naõ ferem contaminados, mas que
pudeflem comer a Pafchoa.
29 Entonçes íàhio Pilatos a elles fora, e difle : que acuíãçaó tra
zcis contra cfte homem?
30 Reljxjndcraó , e difleraõ lhe: fe efte malfeitor naõ forafhaí
Po entregáramos.
3 1 Diflelhes entonçes Pilatos : Tomac o vosoutros , c íegundo
voflã ley 0 julgae. E os Judeos lhe difleraõ: A nos naõ nos hc licito
matar a ninguém.
3 2 Para que fe cumpriflè a palavra de Jefus, que tinha dito, dan­
do a entender de que morte avia de morrer.
33 Afli que Pilatos tornou a entrar na Audiência, e chamou a
Jcfus, e diflelhe: Es tu o Rcy dos Judeos/
34 Rcfpondcolfie Jçfus : Dizes tu iflò de ty mefmo ? ou difleraõ
Po outros de my ?
3 5 Pilatos refpóndco: Por ventura fou eu Judco ? tua gente , c
os Pontifeccs tc entregáraõ a my, que fizeftc?
36 Rcfpondco Jcfus: Meu Reyno naó hc dcfte mundo: fe
mcu Reyno deite mundo fora , meus fervidores pelejáraó , peraque
eu a os Judeos entregue naõ folie: agora , pois, meu Reynonaó
h,cd’aqui. - 37 Dif-
SEGUNDO S.JOAO. Cap. XIX. 231
37' Diflclhe entonçes Pilatos: logo Rey es tu? Refpondeo Jeíús:
tu dizes que cu íòu Rey ; cu pera ifto íòu naçido , e pera ifto a o
mundo vim, pera dar teftemunho á verdade: todo aque^.- quc heda
verdade, ouve minha voz.
3 8 Diflclhe Pilatos: que coufà lie verdade ? E, avendo dito ifto,
tornou a os Judeos, c diflelhes, Nenhú crime acho nelle.
39 Mas vosoutros tendes porcoftumc, quc eu vos foltc hum pela
Paíchoa: quereis pois quc vos íòlte a o Rey dos Judcos?
40 Entonçes todos bradáraó outra vez, dizendo, Naó a eftc, íè»
naó a Barabbas. E efte Barabbas cra hum íãltcador.

Capitulo XIX.
1 Pilatos manda e açoutar, e os Joldadts 0 efearnecem • t afronta». 4 Foi afi apre-
fentad» a 01 Judeos. 6 Que bradavaõ, crucifica»: mas Pilatos por innocente 0 de­
clara. n E procura torne feltalo, mas os Judeos 0 ameaçai com desfavor do
Cefar. j 6 E por iff» entrega a Chrifto pera fer crucficado. 17 Leva Jua cruz.
18 Foi crucficado no mejo de dous falteadores. 19 0 titulo da cruz. 23 Os fol­
dados repartem veftidos d'elle. zç Encomenda fua mae a 0 difcipulo , a quem ama­
va. 28 Tem fede, e daõ lhe de beber vinagre. 50 Efpira na cruz. 31 Os ojjos de
falteadores fe quebrai. 34 O lado d» Cbriflo fe abri com huã lança. 38 Jojeph d»
^rimatbea mais Nicodemos 0 enterraÕ.

1 \ fli que entonçes tomou Pilatos aJefus, c açoutou foj


2 E entretecendo os foldados huã coroa dc eípinhos, puíè»
.-a.Ól'fobre fua cabeça, e veftiraó o dc hum roupaõ de graã.
3 E diziaó: Deus te ialvc, Rey dos Judeos; c davaó lhe de bo­
fetadas.
4 Entonçes Pilatos fahio outra vez fora , c diílèlhes: Vedes aqui
volo trago fora, peraque entcndaes que nenhum crime nelle acho.
5(Sahio pois Jefus fora, levando a coroa dc eípinhos, c o roupaõ
dc graã£jc Q Pila tos J diflelhes: Vedes aqui o homem.
6 E vendo o os Prinçipes dos Sacerdotes, c os fervidores, deraõ
, brados, dizendo, Crucifica .£ o\ Crucifica £ oj?diflelhes Pilatos:
Tomae o vosoutros, e crucificas porque eu nenhum crime nel-
1c acho.
7 Rcíponderaõ lhe os Judeos: Nosoutros temos ley , c fogundo
noflà ley deve morrer: porque fo fez Filho dc Deus.
8 Como j-joís Pilatos ouvio efta palavra, teve mais temor.
9 E entrou outra vez na Audiência, e diflè a Jefus : D’ondc es
tu? Mas Jefus naó lhe deu repofta.
10 Entonçes lhe difle Pilatos >Amy me naõ falias? Naõ fabes quc
Ff j tenho»
Ó & EU ANGELHO
tenho poder pera te crucificar, cque tenho poder pera te íoltar?
ii Rcípondeo Jefus, Nenhum poder contra my terias, federibt-
.dado te naôjfoflc; por tanto o que a ty mc entregou , maior pecca-
do tem.
, 11 Dcsdcntpnccs procurava Pilatos foltalo , mas os' Judeos bra-
davaó, dizendo, fe a cfte foltas , de Ccíãr naó es amigo ; qualquer,
que Rey íc faz, a Ccfar contradiz.
1 3 Ouvindo Pilatos entonçes cite dito , levou fora a Jeíus , e af
fentoufe no tribunal , no lugar que fc chama lithoílrotos, e cm He­
braico , Gabbatha. .
■ 14 E cra a vcípora da Pafchoa , c como a as fcis horas: entonçes
diílè a os Judeos : Vedesaqui voílò Rcy.
Mas elles bradaraõ : Tira, tira, crucifica o. Diflelhes Pilatos j
A voflò Rcy hei de crucificar? Refponderaó os Pontífices: Naó te­
mos outro Rcy fenaó a Ccfar.
16 Entonçes lho entregou, pera que foflè crucificado : c tomáraõ
aJeíus, e levaraõ-foj.
17 E levando elle fua cruz veio a chamado o Calvario
è em Hebraico Golgotha.
18 Aonde o crucificáraó, c com elle outros dous, dc cada banda,
hum, c Jcfus no meio.
19 Eícrcveo tambem Pilatos hum titulo que pos em cima da cruz,
em que cftava eicrito : J E S US N AZ A RE N O RE Y D O S
JUDEOS.- -
20 E leraõ cíte titulo muitos dos Judeos ; porque o lugar aonde
Jefus cftava crucificado, era peito da cidade $ c eftava cícrito çm
Hebraico, e cm Grego, c cm Latim.
21 E diziaó aPilatos os Pontífices dos Judeos, Naõ eferevas Rcy
dos Judeos: fenaó que diílè, Rcy fou dos Judeos. 7
2 2 Rcípondeo Pilatos: f O que cfcrevi, efcrcvi.
23 E avendo os íòldados crucificado a Jcfus, tomáraõ feus vefti-
dos,^ fizeraó quatro partes , a cada íòldado huáparte,")c a túnica.
A túnica era fem coftura , toda tecida deíde riba até baixo.
14 E difleraõ entre fi:Naó apartamos, ícnaó lancemos fortesíò­
bre cila, a cuja ferá : Paraque íc cumpriflè a Efcrítura, que diz:
Entre fi partiraó meus veftidos , c íòbre minha túnica lançaraõ for­
tes. E OS íòldados pois fizeraó ifto.
2$ Eftavaõ junto á cruz dc jeíus, íua maé, c a irmaãdc íuamaé,
Maria [mulher J de Clcophas,cMarjaMagdalcna.
' • • 26 E
SEGUNDO S.JOAO. Cap. XIX.
26 E vendo Jefus a [fua J maé, e a o diícipulo que clle amava,
que citava prefente, dille a íúa maé: Mulher, ve teu filho.
27 Edespois difle ao difcipulo : Vctua maé. E des dàpiellahora
a recebeo em fua caía o diíicpulo.
2 8 Dcspois fabendo Jcíús quc todas as coufas ja eítavaõ cumpridas,
pera que a Eferitura fe cumpriflè, diflè: íède tenho.
29 Eítava pois ali hum vafo cheio de vinagre, entonçes cnchcraõ
huã cíponja de vinagre , e envolvendo a com hyfopo chegaraõ lha
dboca;
• 30 E como Jeíús tomou o vinagre, diflè : Consumado he ; e a-
baixando a cabeça, deu o Efpirito. '
31 Entonçes os Judcos, porque os corpos naõ ficaflèmoíàbadona
cruz; (pórquanto entaõ era apreparaçaõ, porquecrao grande diado
Sabado) rogárao aPilatos, que fc lhes qucbralicub«»i<»a«, cfoflcm
tirados. . .
3 z E vieraõ os foldados, c na verdade qucbráraõA «Miaííhl a o
primeiro, e a o outro que juntamente com clle fora crucificado.
3 3 Mas como vieraó a Jefus, c o virão ja moito , naõ lhe que­
brarão «aMttMl« Pcrna« ■
34 Mas hum aos foldados lhe abrio com huá lança o lado , e to­
no fahio fãngue e agoa.
3 $ E o que ifto vio, o tcftificou; e fcu teftemunho hc verdadei-
fabe quc verdade diz, paraque vosoutros tambem crcaes.
3 6 Porque eftas coufas aconteccraó paraque fc cumpriflè a Eícri-
’ ra[<3«« diz] ninhurn oflò delle fera quebrado. ■
37 E outra vez diz outra Eferitura :r Vcráõ a o que traspaflãraõ.
38 Paflàdas eftas couíãs , rogou a Pilatos Joícph dc Arimathca
( que cra diícipulo de Jcíús, porem oculto por medo dos Judcos) quc
lhe permitifle tirar o corpo dc Jeíús; o que Pilatos lhe permitio. En-
tonccs veioc tirou o corpo de Jefus.
39 Entonçes veio tambem Nicodemos (aquelle que dantes de noi­
te ta Jcíús tinha vindo £ trazendo hú compofto dc mina , e de aloes,
eomo quafi cem arrateis.
40 Tomáraõ pois o coipo de Jefus, c envolverão o cm lcn-
iarias , como hc coftume dos Judeos fc-

41 E avia huá hoita naquelle lugar, aonde fora crucificado!; c


na horta hum fcpulchro novo, em que ainda ninguém avia fido
pofto.
O S. E U A N G E L H O
4Z Ali pois (por caufi da veípora da Pafchoa dos [udeos, e poi'-
que aquelle fcpulchro citava perto^pufcraó a Jcfus.

Capitulo XX.
1 Murà Magdalena vae a 0fepulctro, e achando 0 vazio, da as novas a 0 Pedro e
faõ. 3 Que ambos /untos correm a 0 jepulchro,e afi 0 acbaõ. 11, Maria ve no
fepttlcbro dous Ânjos. i^Cbrifto aparece a ella, e Ibe manda a dar as novas de ftsa
fcjtsrreifaõ a os difçipulos.' 19 J os quaes tambem a tarde aparece. 11 Da lhes
■tf Efpirito fanHo, e poder pera perdoar 0 reter os peccados. A 0 qree Tbontat nao
quer dar credito por fe naõ aver achado prefente. 16 Mas oião dias despeis vi a
Chrifto, e 0 confejfa. 30 faõ declara > porque de muitos outros fintes fo elles eftaó
eferitos.

T7 nojjrimeiro [dia J da íòmana veio Maria Magdalena pela mhn-


haázinha, fendo ainda cfcuro , a o Ícpuichro ; c vio a pedra ja
•do fcpulchro tirada. ■ ■
2 Entonçes corrco, c veio a Simaõ Pedro, e a o outro difcipulo
a quem amava Jcliis, c diílclhes : do fcpulchro levado haõ a o Sen­
hor, e naõ fabemos aonde o puíeraõ.
3 E íàhio Pedro e o outro difcipulo, c vieraó a ò fcpulchro.
4 E corriaõ ambos juntos: mas o outro difcipulo correo mais dc-
preílãquc Pedro, e veio primeiro a o fcpulchro.
5 E abaixandolè, vio citar os lençoes: mas naó entrou.
<í Veio pois Simaõ Pedro fcguindo o, e entrou no fcpulchro, c vio
citar os lençoes. ,s'
7 E o íiidario que fobre lua cabeça fora pofto , naõ Q vio "j eítar
com os lençoes, Icnaõ envolto^m hum lugar â parte.
8 Entonçes pois entrou tambem o outro difcipulo , que viera pri­
meiro a o fcpulchro, e vio, c crco.
9 Porque ainda naó fabraó a Efcritura, que era neceflàrioqucdos
mortos reliifcitafc.
j o E tornáraó os diíçipulos a os fcus.
11 Mas Maria cftava fora chorando junto a o fcpulchro c eftando
afli chorando, abaixoufc a o fcpulchro.
E vio a dous Anjos [vcjfidosJ dc branco , que eftavaõ afc
fentados o hum a cabeceira , c o outro a os pees , aonde o corpo dc
Jeíus avia fjdo pofto. . ,
13 E diílêraõ lhe, mulher, poraue choras ? diflelhes ella leváraõ
a mcu Senhor, e naõ fci aonde o pufcmõ.
iqE avendo dito ifto, viroufe pera tras,c vio a Jeíus, que cftava
ali; porem naõ íabia que era ' ~
ij Dillc
SEGUNDO S.JOAO. Cap. XX. 235
1$ Difle lhe Jcíús: Mulher porque choras? a quem buícas ? Ella
cuidando que era o hortelão, diflèlhe: Senhor, íe tu o l^aftc, dize-
me aonde o puícíle, que eu o levarei.
16 Diflelhe Jefus: Maria FVirandofe ella diflèlhe: Rabbonif (quc
quer dizer Meftre.) '
17 Diflèlhe Jeíús: Naõ me toques; porque amda nao fobi a meu
Pae: porem vae a meus irmaós, edizelhes: luboa meu Pae, ca voílõ
Pac; meu Deus, e a voílõ Deus.
x8 veio Maria Magdalena dando as novas a os diíçipulos, que vi­
ra a o Senhor, e que eftas couíãs lhe diflera.
19 E como ja foi tarde aquelle dia, o primeiro dos Sabados, citan­
do çerradas as portas , aonde os difcipulos por medo «dos Judcos fe
tinhaõ ajuntado, veio Jeíús e pos fc no meio, c diflelhes: A paz feja
com volco.
20 E dizendo ifto, moftrou lhes^iasjmaõs, c Q fa] lado: enton-
çcs íè gozáraõ os difcipulos, vendo a o Senhor.
21 E diílèlhes outra vez: A paz feja com vofco, como me enviou
o Pac, afli vos envio eu tambem a vosouti os.
22 E avendo ifto dito , aflòprou [fobre elles~\ e diflelhes : rece­
bei o Efpirito íànéto.
23 A os que perdoardes os peccados, lhes faõ perdoados; eaos
que os retiverdes, lhes íâõ retidos.
- 2 4 Mas Thomas, hum dos doze, quc fedizoDidimo, naõ eíta-
va com elles quando Jefus veio ahif]
25 Difleraó lhe pois os outros difcipulos: A o Senhor ave-
mos vifto. E ellc lhes diílè : fe em fuas maós o final dos
cravos naõ vir, e meu dedo no lugar dos cravos naõ meter, c
cm íèu lado naó meter minha maõ, de ninhuma maneira hcy de
crer. r % . .
26 E oito dias despois , eftando outra vez feus diíçipulos recolhi­
dos, com ellcs Thomas , veio Jefus, fechadas ja as portas , e
pos fe no meio, c diflè: A paz feja com voíco.
27 Despois diflè a Thomas : Mete teu dedo aqui, Ç_vc minhas
maós; c chega tua maõ, c mete a em meo lado, e riaõ fejas incré­
dulo, fenaó fiel.
28 Entonçes Thomas refpondeo ediflèlhe : Senhor meo, cDeus
meo.
29 Diflclhe Jefus: Porqqc me vifte, o Thomas creftc; bcmaven­
turados aquelles que naó viraõ,c créraó.
Gg 30 Ou-
2^6 OS. EUANGELHO
30 Outros muitos finacs fez tambem Jeíus cm prefença dc léus
diíçipulos, í]ue nefte livro naó eftaó eferitos.
31 Poràn eftes eftaó eferitos, peraque creaes queJefushcoChri­
fto, o Filho dc Deus, e peraque , crendo, tcnhacs vida cm feu
nome.
Capitulo XXI.
1 Eftando alguns difçipulos pefeando, 0 Senhor lhes aparece. 6 Eenx.e os com huã gran­
de prefa dos peixes, por d'onde 0 conhecem. 7 0 Pedro lança fe a 0 mar pera chegar
a elle , e os outros como barco feguent. 9 Chrifto janta com elles. if £ <» Pedro
tres vex.es pergunta fe 0 amava, e fuas ovelhas Ibe encomenda. 18 Lhe profetisa a
morte comqiie a Deus avia de glorificar, xo Reprende fua pergunta- d'elle acerca
•joaÓ. 14 Conclui joaó feu Evangelho.

1 r)cíPois diíto fe manifcftou Jcfus outra vez a feus diíçipulos no


U mar dc Tibe rias; e manifeftoufedefta maneira.
2 Eftavaõ juntos Simaõ Pedro , c Thomas que fe diz o Didimo,
e Nathanaêl o que era de Cana dc Galilca, e£<uJí/Zw^doZcbcdco,
c outros dous de feus diíçipulos.
3 Diflelhes Simaõ : A peícar vou; dizem lhe elles: Vamos nos-
outros tambem comtigo. Foraó, e íòbiraõ logo emliumbarco; po­
rém aquclla noite nada tomáraõ.
4 E vinda a manhaã, Jeíus fc foi pór na praija: poremos difeipú-
los naõfabiaó que era Jefus.
$ Afli que Jefus lhes difle: Filhinhos, tendes alguã coufa qucco
mer ? Rcíponderaolhe: Naõ.
6 E elle lhes difle : Lançac a rede da banda direita do barco , e
achareis: entonçes a lançárãó , e em maneira nenhuã a podiaõ tirar
pola multidaõ dos peixes.
7 Diflê entonçes aquelle diíçipulo , A quem Jcfus amava, a Pe­
dro : O Senhor hc. Ouvindo pois Simaõ Pedro que era o Senhor,
cingioíc com o capote,/porque eftava deípido 3 e lançou fc a ornar.
8 E os outros diíçipulos vieraõcomo barcoftrazendo apos fia re­
de de peixes,fporque naõ eftavaõ íènaõ como duzentos covadoslon­
ge de terra^ \
9 E como defeeraó à terra, viraõ ja as braíàs poftas, e hum peixe
cm cima delias, e mais pam.
to Diflelhes Jefus: Trazei dos peixes que agora tomaftes.
11 Sobio Simaó Pedro , c trouxe a réde a terra, cheia dc cento
e cincocnta e tres grandes peixes; c íendo tantos, a rede naó íê
rompeo.
n Dif-
SEGUNDO S. J OAO. Cap. XXI. 237
12 Diflelhes Jefus: Vinde , jantae; c nenhum dos difcipulos lhe
ouíãva perguntar, tu quem es? fibendo que era o Senhor.
13 Afli que veio Jeius, e tomou o pam , c deu lho;v-e afli mch
mo tambem do peixe.
14 E efta era ja a terceira vez que Jefus a feus difcipulos fc maru-
feftou depois de dos mortos aver refufeitado. , t
i< E avendo ja jantado, diífe Jefus a Simaõ Pedro: Simaõ, [Jii-
/;o2dc Jonas, amás me ainda mais que eftes? diflclhe ellc: Si Senhor,
tu fabes que te amo. Diflèlhe: Apaçcnta meus cordeiros.
16 Tornoulhe a dizer a fegunda vez : Simaõ, [filho J de Jonas,
amas me ? Reípondcu lhe : Si Senhqr, tu fabes que te amo. Difle-
lhe: Apacenta minhas ovelhas. ■
17 Diflèlhe a terceira vez: Simaõ, [filho^ de Jonas, amas me.
Entriftcçeufe Pedro de que ja pela terceira vez lhe diflefle: amas me.
E diflclhe: Senhor, tu fabes todas as coufas, tu fabes que eu te amo.
“ MCS ^quando
co cinXte, e hiasaondequermsmasquandojaforcsvclho, çfteii.
SAnuá, c outro tc cingira', e te levara aonde tu nao qut-

C1Tp E ifto difle dando a entender com que morte a Deus avia de
glorificar. Edito ifto, diflèlhe: fegue me.
20 E virandofe Pedro, vio que o fcguia aquelle difcipulo a quem
amava Jefus, e que tambem na jea a feu peito fe rccoftara , e lhe
diflèra: Senhor, quem he o que te ha de entregar.
21 Afli quc vendo Pedro a eftc,dillcajeíus:Senhor, eefteque.
22 DiflèlheJefus: fe cu quero que clle fe fique ate que cu venha,
que fc tc da a ty? fegue me tu. ,-r • 1 - •.
23 Sahio pois efte dito entre os irmaós, que aquelle diícipulo nao avia
dc morrer. Porem Jeíús naõ lhe diflè, que elle naõ morreria, íenao, lc cu
quero que elle fe fique ate que cu venha, que fe te da a ty ?
24 Efte he aquelle difcipulo quedeftas couíãs da teftemunho, e eftas
coufas efereveo; c fabemos quc fcu teftemunho he verdadeiro.
2< Ainda porem ha outras muitas coufas quc Jefus fez, que fe cada
huã de por fi fe efcreveflèm, nem ainda no inteiro mundo, cuido, quc
caberiaooslivros qucdeliasfe averiaõ de eferever. Amen

Fim do fatiflo Euangelho fegtwdo S. fao.

Gg 2 AC-
2:1
A C T O S
** DOS

S. APOSTOLOS
escritos
PELO EUANGELISTA
S. ' L U C A S.

, c.» lTr/r
.. fendo refujcitado dos mortos, conver a com Jeusaijcipuios p y jt.l^nde a

pergunta d'elles quando reflaurara o repto a IJrael. 9 A vt\t , ^.(tA.,


10 0 que dous Anjos teflificaí, predizendo tambem Jua vmda
nandofe a Jerufalem perfeverai ali concordemente emoraçoens, com í,lS'l‘t‘ ”>,t‘he
rês, e com Lê de Cbrtfto. P<dro conta 0 que PrfJ'^ je Ídl dous
fahida d-elle. 21 E exhortando pera ordenar bum outro em lugar j
foraõ aprejentados. 14 £ avendo feita orapaõ bum delles jot e et

iz cu o primeiro Tratado , o Theophilo» açcica dc todas as


Fcouíàs que Jeíus começou a fazer c a enunar.
2 Até o dia cm que, avendo pelo Efpuito íàncto dado man­
damentos aos Apoftolos que cfcolhera,foi anbarcçcbido.
, A os quaes, despois de aver padeçido , feaprefentouivivo
muitas provas ; aparependolhes por quarenta dias , c fallandolhes do
Revno de Deus. r . p
4 E eftando com elles ajuntado, lhes mandou que fe nao apart. -
fem dc Hicrufalem,mas que cíperaflêmapromeflado Pac, quc^J-
■ W5“p^ue em verdade bem baurizou Joaó com

outros fcrcis bautizados com o Eípirito íànéto , na


r"rt ErnÔnçK os que fe aviaõ ajuntado , lhe çrgtmtfaó , dizendo.
Senhor reftauraras tu nefte tempo o Reyno a liraei.
7
S. AP O ST O LO S Cap. I. 239
7 E diílèlhes : Naó he voflò faber os tempos, ou asíàzoés, que o
Pae em feu proprio poder pos. ,
8 Mas reçebcrcis a virtude do Eípirito fanéto, qu\. vira íòbre
vosoutros, e íèrmeheis tcftimunhas em Hieruíãlem , e em toda Ju-
dca, e Samaria, e ate'' o fim da terra.
9 E avendo dito eftas couíãs , vendo o elles , .foi alevantado em •
alto- e huá nuvem o tirou de feus olhos.
10 E eftando elles com os olhos poftos no Ceo, entre tanto que çl-
le hia[/ò^«dó, J eis que dous varocns veftidos de branco íc puferaó
junto a elles.
11 Os quaes tambem difleraó : Varoens Galileos, que eftaés ol­
hando pera oCeo? Ellc Jefus quc dc vosoutros a riba a o Ceofoi to­
mado, afli virá como a o Ceo ir o viftes.
12 Entonçes tornáraó fe a Hicrufalem do monte quc fe yhama
das Oliveiras, o qual efta perto de Hierufalcm, caminho de hum Sa­
bado. z
12 E entrando , íòbiraõ a o cenáculo , aonde íè ficarao [_** faber J
Pedro e Jacobo , ejoaó , e André, Phijippe e Thomas, Bartholo-
meo c Matheos , c Jacobo [filho] de Alphco, e Simaõ o Zelofo, c
Judas[irmaõ]deJacobo. ,
14 Todos eftes perfeverávaó concordcmcnte em orações e rogos,
juntamente com as mulheres, e com Maria a mac de Jefus, c com ícus
irmaós.
.15 Elevantandofc Pedro naquelles dias, no meio dos diíçipulos, .
diflè: (cera a companha, que junta eftáva, como de ate pento c vin­
te pcflòas.) f
16 Varoensirmaós, convinhaquc fecumpriflè eftaEferitura, que
ja d’antcs o Eípirito íànóto pela boca de David tinha dito açcrca de
Judas, quefoioguiad’aquelles quc a Jefus prendéraõ.
17 E foi contado entre nosoutros, e tinha 3 forte ncftc minifterio. a0u, Parir,
18 Eftc pois adquirio o campo do galardaõ da maldade, e precipi-
tandofe arrebentou pelo meio, c todas íuas entranhas íèderramáraõ.
19 E foi notorio a todos moradores dc Hieruíãlem ; dc maneira
que aquelle campo fe çhama, em fua própria lingoa, Aceldama, quc
quer dizer, campo dc fãngue.
2 o Porque no livro dos Pfalmos eftá eferito: fua habitáçaõ fc ven­
ha a fazer dcíèrta, e naó aja quem nclla more. E tome outro
fcu biípado.
21 He pois ncçeflàrio que dczftes varoens quc com nofco tem con-
Gg 2 veríã-
T4® ACTOSDOS
vcrfido todo o tempo quc o Senhor Jefus entre nosoutros íàliio c
entrou.
22 Começando dcfdo bautifmo dc Joaó, atd o dia em que dentre
nos a riba foi tomado, íejahum juntamente com nofco feito teftimun-
ha dc íúa reíurreiçaõ.
z 3 E aprefentáraõ dous: a Joícph , çhamado Baríàbas que tinha
por iòbrenome o jufto, c a Matthias.
.24 E orando , difleraó : Tu Senhor , que de todos conhéçes os
coraçocs, moflra a qual deftes dous tens efeolhido.
25 Pera qúe tome a forte defte minifterio e do Apoftolado , do
qual Judas fe defviou para fc ir a ícu proprio lugar.
2 6 E lançáraó lhes as fortes; c cahio a forte fobre Matthias. E
por votode todos foi contado entre os onze Apoftolos.

Capitulo 11.
1 0 Efpirito fanão vifivelmente fii enviado fobre ff Apoftelot. 4 Comunicandolhcs e
dom das lingoas com quaes fallavaõ M grandes obras de Deus, p Eftando por ijjo
toda a multidão das naçoens confufa, huns fe maravilbavaõmas outros zombavaÕ.
1 4 Pedro redargui os Zombadores^ e mofira que com iffbje compri a profecia de Joel.
22 Demoftra pelos Pfalmos de David a refurreiçaõ de Cbriflo, e qtce elle derramou
eftes dons. 36 £ que elle por ijjo be 0 Mefias prometido. yj O que muitos ouvindo
foraõ compungidos de coraçaó, e fendo pelo Pedro amoeftados'. que fe emendajfcm,
tres mil d'elles foraõ bautizados. 42 Os quaes perfeveraõ na doutrina dos Apofiolos,
tendo todas as coufas comuas. 47 A egregia fe vae acrecentando cada dia.

1 T7 como fe compriraõ os dias de Pentecoftc , eflávaõ todos con-


-■-'cordcincnte juntos.
2 E dc repente fe fez hum foido do Ceo, como de hum vento vc-
hemente, que vinha com impeto , o qual ençheo toda a caía aonde
eftavaó aílentados.
3 E aparcçcraõ lhes huas lingoasrepartidas como de fogo, que íè
a Ou, pòs. 4 puferaó fobre cada hum delles.
4 E foraõ todos fheios do Efoirito íànóto, ecomeçáraõ a fallar em
outras lingoas, como o Eípirito íanéto lhes dava que fallaflcm.
5 Morávaó entonçes em Hicrufalem Judcos, varoens religiofos, de
todas as naçoens que eftáó de baixo do Ceo.
d E feitae'fta voz, ajuntoufe a multidaó; c eflávaõ confuíos, por­
que cada hum os ouvia fallar cm íúa própria lingoa;
7 E eflávaõ todos atonitos, e maravilhados, dizendo os hunsa os
outros; vedes aqui naó faõ Galilcos todos eftes que eftaõ fallando?
8 Como
f
S. APOSTOLOS.Cap.il. 241
8 Como pois os ouvimos fallar cada hum em noílà própria lingoa,
cmque fomos naçidos ?
9 Paithos e Medos, c Elamitas , e os que habitambs cm Mcfo-
potamia, em Judea, e em Capadoçia, no Ponto, c na Afia.
10 Em Phrigia, e cm Pamphilia, em Egipto e nas partes deLi-
bya, que eftá á par de Cyrene, e Romanos eftrangeiros, e Judeos,
cprofclytos.
11 Crcteníès c Arábios, os ouvimos fallar cm noflàs próprias lin-
goas as grandes obras de Deus.
12 E eftávaõ todos atonitos e maravilhados, dizendo os huns a os
outros, que quererá vir a for ifto?
13 Mas outros zombando, diziaó: eftáõ pheios de mofto.
14 Entonçcs Pedro, pondofe empe com os onze, levantou foa voz,
e faloulhes, dizendo, varoens Judeos, e todos os que habitaes cm
Hieruíãlem, foja vos ifto notorio, e ouvi minhas palavras:
15 Porque éftes naõ eftáõ bêbedos, como vosoutros cuidacs, fendo
ainda as b tres horas do dia. bfitw-fa/r
i<í Mas ifto hc o que foi dito pelo Propheta Joèl: asntve lo-
17 E íèrá'cm os derradeiros dias, \_ctiz. Deus^\ que eu derrama-man~
rei de mcu Eípirito fobre toda carne , e voflòs filhos c voflàs filhas*4*'
profetizaráõ, e voflòs mancebos veráõ vifocns, c voflòs velhos fonha-
ráÓ fonhos.
18 E tambem fobre meus fervos, c fobre minhas fervas, derra­
marei naquellcs dias de meu Efpirito, e profetizaráõ.
19 E darei prodígios a riba no Ceo, c íinaes a baixo na terra,
íãngue, e fogo, c vapor de fumo.
20 O foi fc convertera em trevas, e a Íúa em íãngue , antes que
venha o dia grande e illuftre do Senhor.
21 E fora que todo aquelle que invocar o nome do Senhor, íèrá
íàlvo.
2 2 Varoens Iíraelitas, ouvi cftas palavras : Jeíus Nazareno varaó
entre vosoutros dc Deus aprovado com virtudes, e prodígios, e íinaes,
que Deus por elle no meio de vosoutros fez, comotambem vos mef-
ntos bem íabeis.
Efte, fendo entregue pelo determinado eonfelho eprovidencia
de Deus, tomando o vosoutros, por maõs dos alcivcs, ocrucificaftes.
c o mataftes.
> m A? T*1 Drus rcfufPtou> foltas as dores da morte; porquan-
» to impoflivel era fer delladetido. ‘
25 Por-
ACTOS DOS
2 5 Porque delle diz David: Sempre eu via diante dc my a o Sen­
hor, porquanto á minhaQ direita o tenho, paraque comovido
naó| íèja. '•í'-
26 Polo que jmeu coraçaó fe alegrou , e minha lingoa íc gozou,
c ainda minha carne ha de repouíãr cm elperança.
cOu.tó 2 7 Pois naó deixaras minha c alma no inferno , nem darás a teu
fttfefulcbrt.GvnQco quc veja corrupção.
28 Òs caminhos da vida notorios mc fizcítc: com tua façc dc go­
zo me ençhcrás.
29 Varoens irmaós, livremente íc vos pode dizer do Patriarcha
David, que morreo, c foi fepultado, c ainda íua fepultura eftá com
nofco até o dia dc hoje. " .
3 o Afli que íèndo Propheta , e fabendo quc com juramento lhe
avia Deus jurado, que do fruito dc feus lombos, quanto ácarne, lhe
levantaria a o Chrifto, que fobre feu trono fe avia de aflèntar.
31 Vendo o antes, faliou da refurreiçaõ de Chrifto , que íua al­
ma naõ aja fido deixada no inferno, nem fua carne aja viíto corrup­
ção.
3 2 A eílc Jefus refufçitou Deus, do que todos nosoutros íõmos
teftimunhas.
3 3 Afli que exalçado já pela [ mao ] direita de Deus, e re-
çebendo do Pac a promeflã do Efpirito íanéto , derramou ifto que
agora vedes, e ouvis. .
34 Porque naõ fobio David a os Ceos; antes diz : diílè o Senhor
a meu Senhor, aílèntate'á minha (2 m^o J direita.
3 5 Até quc ponha a teus inimigos por cítrado dc teos pés.

to Deus o Senhor e ó Chriíto, a efte Jefus, que vosoutros cruçifi-

«IOu, Ttc»- 57 Lr ' j~ ~ uu vvia


d,s. çao, e difleraó a Pedro , c a os demais Apoftolps: Varões irmãos,
que faremos ?
3 8 E Pedro lhes diflè : cmmendai vos, e bautizefe cada hum de
vosoutros cm o nome de Jcíu Chriíto, pera perdaó dos peccados; c
rcçcbcréis o dom do Efpirito íanéto. .
3 9 Porcjue a vos vospertenfc a promeíli, c a voflos filhos , c a todos
os quc amda cítáó longe ; a tantos quantos Deus noflò Senhor'
chamar. -
4© E com outras muitas palavras lhes tcftincava , e J exhor-
tava,
S. A P O S T O L O S. Cap. III. 14;
tavi, dizendo-, íãlvaivos deita perveríâ raça.
41 Afli que os quede boamente reçeberaó íua palavra, foraó bau­
tizados ; e acreçentíraõ fe naquelle dia Q á Igreja J como quaíl tres
mil almas.
42 E pcrícveravaó na dottrma dos Apoftolos, c na comúnhaó, e
no partir do paó, c nas oraçoens.
. 4j E temor vinha fobre todas as almas, e muitas maravilhas c íi­
naes fe faziaó pelos Apoftolos.
^4 E todos os que criaó eftavaõ juntos, c todas coufas tinhaó
comuas.
45 E vendiaõ [fuas J poflèflòens, c as fazendas', e com todos as
repartiaó, como cada hum avia mifter.
46 E perfeverando cada dia concordcmcnte no templo , e partin­
do o pam pelas cáfas , comiaó' juntos com alegria , e com fingcleza
dc coraçaó.
47 Louvando a Deus, c tendo graça pera com todo o povo; c
acreçentava o Senhor cada dia á Igreja osqucíc aviam dc íãlvar.
Capitulo III.
x O Pedro mais "João farat a bum coixo de nacimento. 3 E eftando 0 povo efpantado, Pedro
0 informa que iffb nao por fua virtude, fenaó per virtude de Chrifto tinha feito.
17 Confola osj e exborta que fe emendajfem. 10 Peraque conforme 0 teftimunbo de
Moyfes, e de todos es Prophetas recebaõ a bençaó dc Abraham.

i T? fobiaó Pedro e Joaó juntos a o templo á hora da oraçaó das


•Lha nove.
2 E vinhaõ trazendo a hum varaó que era coixo deído ventre dc h^as *tar'
fua maé , a o qual cada dia punhaó á porta do templo, chamada a
formofa, peraque pediflé eíinola a os que no templo entravaõ.
3 Elle vendo a Pedro e a Joaó, que vinhaõ entrando no templo,
lhes pedio huã eíinola.
4 E pondo Pedro, juntamente com Joaó , nelle os ôlhos, difle ;
Atenta pera nos.
5 Entonçes efteve atentando pera elles, eíperando receber delles
alguã coufa.
f E difle Pedro : Nem prata nem ouro tenho; mas o que tenho
iflò te dou : levantate, c anda, cm o nome de Jefu Chrifto o Na­
zareno.
7 E tomando o pela maó direita, levantou [ o ] e logo feus pees
c artelhos íè affirmáraõ.
Hh 8 E
244 ACTOSDOS
8 E faltando, pos fe cm pé, c andou, e entrou com elles no tem­
plo , andancjjp, e faltando, c louvando a Deus.
9 E todò' o povo o vio andar, e louvar a Deus.
ío E conheçiaó o , que cra o que fe aílentava á efinola á porta
formoíã do templo j e ficáraõ cheios de páfmo, c dceípanto, do que
lhe acontcçcra.
ii E avendo o coixo, que fora (arado, pegado dc Pedro ede Joaõ,
todo o povo concorreo atomto a elles a o alpendre que fe chama jje
Salamaõ.
1 z [2 O ] que vendo Pedro , refpondeo a o povo : Varoens Iírae-
litas , porque vos maravilhacs difto ? Ou porque em nos pondes os
bOu,Fwp».olhos, como que fc por noílà b virtude, oufanctidade, fizcílcmosan­
dar a efte ?
13 O Deus de Abraham, c de Ifaac, e de Jacob, oDeusdenot
fos paes glorificou a feu filho Jeíús, a o qual vosoutros entregaftes, c
diante de Pilatos o negaftes , julgando ellc quc ouverá de íèr
íòlto. t ,, /
14 Mas vosoutros a o fanéto, c a ojufto negaftes, e pediftes que
fe vos deffe hum homem homiçida.
' 15 E mataftes a o prinçipe da vida , a o qual Deus reíúíçitou dos
mortos, do que nosoutros fomos teftimunhas.
16 E pela fé dc fcu nome confirmou feu nome a efte que vedes e
conheceis, e a fé que por ellc hc, deu a efte efta perfeita íàude em
prefença dc todos vosoutros.
17 Mas agora irmaós , eu fei que por ignorância o fizeftes , co­
mo tambem voílòs prinçipes.
18 Mas Deus cumprio affi o que ja d’antes per boca de todos feus
Prophetas avia denunciado, que o Chrifto avia de padecer.
z 19 Arrependei vos pois c convertei vos, peraque voílòs peccados -
íèjaó apagados , quando os tempos do refrigério da prefença do
Senhor ferao vindos.
20 E enviar a Jefu Chrifto, que ja- d’antes vos foi anun­
ciado.
cO»>rtctl>a- 21 Ao qual convém que o Ceo c retenha até os tempos da reftau-
raçaó dc todas as coufas, de que Deus faliou per boca de todosíèus
íãnétos Prophetas, que ouve defdo principio do mundo.
2 2 Porque a os Paes diflè Moyíès : De voflòs irmaós vos levan-
tara"o Senhor voílõ Deus hum Prophcta como cu , a elle ouvireis,
cm tudo quanto vos diílcr.
23 E
S. APOSTOLOi Cap. IV. 245
23 E fera'que qualquer alma que a aquelle Propheta naõ ouvir,
do povo fera" uefarraigada.
24 E tambem todos os Prophetas delde Samuel e os feguintes,to­
dos quantos tem fallado, dcnunciaraó eftes dias.
25 Vosoutros fois os filhos dos Prophetas, e doConçerto que Deus
com noflos Paes contratou, dizendo a Abraham , e em tua íèmentc
íèraõ benditas todas as familias da terra.
Kj a vosoutros he que primeiramente , refufçitando Deus a foi
Filho Jeíus, volo enviou que vos bcndiflèflê, peraque cada qualQsfc
vos ] converteflc de vollas maldades.

Capitulo IV.
< Sendo Pedro mais Joaó for ijfo prefes e examinados no eonfelho acerea d'e/ta curai
tc/tifica Pedro, que em nome de Jefus o fiteraõ. n A quem cenfeffa fer lhe a pe­
dra reprovada, e unico Salvador. IJ O eonfelho ainda que era convencido, man-
doulhes e ameaçou rigurefamente que a ninguém ne/le nome mais fallajjem > e
os largava. 21 Contaõa es feus 0 que lhes fucedia. 14 Todos rogao a cuspo a
pr,pança. do Euangelho ,0 que os ouvi , dando bum final a fab.rtremor da
terra? 32 A cencordia e amor dos fieis, que vendiao Juas faxendasftr fujlento dos
pobres. 30 Como tambem BarnabM 0 fix..

t T7 eftando elles fallando a 0 povo), fobrevieraõ osSaçerdotes, e o


■C*Magiftrado do templo, e os Saduçeos.
2 Peíàndolhes dc que em o nome de Jeíus enflnaflem , e anun-
çiaílèm a o povo a reíurreiçaó dos mortos.
3 E lançáfaõ maó d’elles, e puferaó os na priíàõ ate o dia feguin-
te, porquanto ja era tarde.
4 Mas muito dos que tinhaó ouvido a fermaó, crcraõ : e fczfe o
numero dos varoens como atezçinco mil.
E acontcíçeo o dia feguinte que feus Prinçipes delles, c os An­
ciãos, c os Efcribas, le ajuntárao em Hierufalem.
<5 E Annas , o Prinçipc dos Saçerdotes , e Cayphas , e Joam , e
Alexandre, e todos os que eraó da linhagem íãçerdotal.
-7 E pondo òs nomeio, pcrguntutiõlhes: com que podei-, ou em
cujo nome fizeftes ifto?
8 Entonçes Pedro, cheio do Eípirito fanéto, lhes difle: Prinçipes do
povo, e vosoutros Ançiaósde Iíracl.
9 Pois que hoje fomos demandados açerca do benefiçio [feito J a
hum homem enfermo, como o tal aja Gdo farado?
10 Seja vos notorio a todos vosoutros, c a todo o povo de Ifrael,
n Hh 2 que
24 6 ACTOSDOS
que cm o nome dc Jefu Chrifto , o Nazareno , aquclle que vosou­
tros crucifiçaftcs, c Deus dos mortos rcfuícitou, neftc [digo] eftá
efte, cm Vvflã prefença, íâõ.
11 Efte he aquella pedra dc vosoutros os edificadores reprovada,
aqual por cabeça da efquina eftá pofta.
12 E em nenhum outro ha falvaçao: porque tambem naó ha ou­
tro nome debaixo do Ceo, dado a os homens, cm que devemos fer (alvos.
13 Vendo elles entonçes a confiança dc Pedro, ede Joaõ, e fa-
bendo tambem quc draó homens fem letras, c idiotas, maravilhá'-
raó fe: e bem os conheçiaó, que aviaó éftado com Jefus.
14 E vendo a o homem que avia fido farado, que juntamente
eftáva eom elles, náda podiaõ dizerem contrario.
15 Mas mandaraó lhes que fc fahilíem fora-do confelho; e con-
feriaó entre fi,
16 Dizendo , que hemos de fazer a eftes homens? porque,
que hum notorio final por elles foi feito, manifefto he a todos os quc
moraõ cm Hicrufalern, e naó o podemos negar.
17 Toda via porque naó fe divulgue mais pelo povo, ameaçe-
molos rigurofamentc que a homen nenhú ncfte Nome mais fallem.
18 E chamando os, mandaraólhes que cm nenhuã maneira mais
fallaífem, riem enfinaflem, em o nome dc Jefus.
15 Entonçes rcípondcndo Pedro, cjoaó, difleraó lhes: Julgac
vos mefmos lc he juftó diante de Deus, obcdeçer antes a vos, do
que a Deus?
20 Porque naó podemos deixar dc dizer o quc viftoe ouvido temos.
21 Elles entonçes naõ achando jx>rque os caftigar, ameaçando
os ainda mais, por cauíà do povooslargaíaõ: porque todos glorifica-
vaõ a Deus acerca do quc acontcçcra.
az Porque o homem, em quem fc fizera efte milagre de íàude,
cra dc mais de quarenta annos.
2; E folros ellcs, vieraó ter com osfeus, econtáraõtudo quanto
os Prinçipes dosSaçerdotcs, cosAnçiaõs, lhesdifleraõ.
24 [O] que ouvindo, levantaraó unanimes a voz a Deus, c difleraó:
Senhor, tu cs o Deusquc fizeftc o Ceo, e ateira, comár, etodas
as coufas que nclles ha.
2 5 (h.ie pela boca de David teu íervo diflcftc : Porque bramao
as gentes, c os povos peníaraõ couíãs vans?
. 26 Os Rcys da terra fcp«»r4mente] levantaraó, e os Prinçipes íc
ajuntáraõ cm hum contra 0 Senhor , e contra fcu ungido.-
27 Por-
S. APOSTOLO S. Cap. V. 147
27 Porque verdadeiramente contra teu Sanéto Filho Jefus, ao
qual tu ungifte, feajuntáraó Herodes ,ePonçio Pilatos, com as Gen­
tes, e os povos de líraèl. -
28 Pera fazerem o que tua maó, e teu eonfelho, ja dantes tinhá.
determinado , que íc avia dc fazer.
■ 29 E agora, Senhor, poem os olhos em fuas ameaças, c dá a
teus fervos que com toda confiança fallem tua palavra.
30 Que eftendas tua maó a que curas, c milagres, c prodigios
fe foçaó pelo nome de teu Sancto filho Jefus.
31 E avendo orado, tremeo o lugar em que eftavaõ ajuntados, c
foraó todos cheios do Efpirito Sanéto, c falláraõ a palavra de Deus com
confiança.
32 E da multidaó dos que aviaõ crido, era hum coraçaó c[huZ]
alma; c ninguém dizia fer feu alguã coufa do que poíluhiaô, mas
todas as couíàs lhes eraó comuas.
3 3 E os Apoftolos davaó teftimunho da refurreiçaõ do Snor Jefus
com grande esforço; e em todos elles avia grande graça.
34 Porque nenhum ncçeflirado avia entre elles; porquanto todos
os que pofluhiao herdades, oucafas, vendendoas, traziao o preço do
vendido, e depofitavaó o a os pees dos Apoftolos,
3 5 E a cada hum fe repartia fegundo fua ncçcíTidadc.
3 6 Entonçes Jofes, que dos Apoftolos por fobre nome foi chamado
' Barnabas (que declarado, quer dizer, filho dc confolaçaõ) levita,
natural de Cypro,
3 7 Como tambem tivefiè huã herdade, vendeo [4; ] e trouxe o
preço, e depofitou o a os pees dos Apoftolos.

Capitulo V.

I Pedro reprende dous bvpocritas Ananias e Saphira: e Deus caftiga os cot» morte fulei-
. tanta. 1 z Muitos milagres faõ. feitos pelos dpoflolos. i 7 Sendo os Apoftolos prefosj
foraÕ foltos por hum Anjo. 2t Confelbo dos Judeos monda tratelos, mas acbaõ apri~
■ faÓ valja. l6Do templo foraó levados a 0 eonfelho. 29 Diante do qual fe defendem,
e teftificaÓ do Chrifto e fua refurreicaÕ. 33 Confultaó de os matar. 34 Mas pelo
' avifo de Gamaliíl os foltaÓ, fendo primeiro açoutados. 40 0 qttepadeceraõ comgran*
de alegria, e naó cejfevaó de pregar livremente.

1 "p hum varaó chamado Jknanias, com Saphira fua mulher, vendeo
huã poflcfaó.
z E.defraudou do preço , fabendo o tambem fua mulher; etra-
Hh 3 zen.
x48 ACTOSDOS
zendo huá parte delle, depofitou^ ] a os pees dos Apoftolos.
3 E diflè Pedro : Ananias , porque enchco fatanás teu coraçaó,
peraque menGfes a o Eípirito fanéto, e dcfraudaílés do preço da her­
dade? . , ,
4 Guardandoa, naó fc ficam para ty? c vendida; nao citava em
teu poder? porque propufeftc ifto em teu coraçaó? naó mentifte aos
homes, fenaó a Deus. .
$ Entonçes Ananias, ouvindo eftas palavras, cahio, c cfpirou; e
veio hum grande temor fobre todos os quc o ouviraõ.
a Ou, Atíi- 6 E levantandofe os mançebos, »tomáraõ o , e levando o d’ali,
viarriofer»Q ££aõ fèpultar.
enterramen- ? £ paflàj0 ja efpaço como de tres horas, entrou tambem fua
mulher, naó íàbendo o que aviaaconteçido.
8 Entonçes Pedro lhe diflè : Dizeme, vendeftes por tanto aqucl-
la herdade? e ella diílè: fi, por tanto,
p E Pedro lhe diflè: Porque vos conçertaftcs pera atentar a o Et
pinto do Senhor? Ves aqui á porta os pes dos que ateu maridofcpul-
táraó,que tambem aty te levaráó.
ío E logo cahio a feus pees, c cípirou. E entrando os mançebos,
acharaó a moita; c leváraó ad’ali, caforaõ fepultarjunto a íèuma­
rido. •
ii E veio hum grande temor cm toda a Igreja, e em todos os
que eftas coufas ouviraõ. . .
11 E por maós dos Apoftolos fc faziaõ muitos finaes c prodígios,
no povo; e eftavaó todos u nanimes no alpendre de Salamao.
i j E dos de mais , ninguém fc bufava a ajuntar com ellcs ; com
tudo iflo , o povo os cftimava grandemente. z
14 E amuitidaó dos que cm o Senhor criaô, afli dc varoês como
dc mulheres, fe hia augmentando de mais em mais.
15 Em tanta maneira, que lançavaó a os enfermos pelas ruas , e
os punhaó cm camas, e cm leitos, peraque vindo Pedro, tocaflè a
o.' menos fua fombraem algum delles. „
16 E ainda tambem ate"das çidadçs vezinhas concorria a multidão
a Hieruíãlem, trazendo a os enfermos, e a tormentados dc eípiritos
immundos, c todos éraó curados.
17 Entonçes, levantandofe o Prinçipe dos Saçerdotes, c todos os
quc com ellc eftavaó (quc hc a Sccta dos Saduçcos) cnchcraõ fe
dc inveja. z -
18 JElançaraõ maó d’osApoftolos, cpuícraóosnaprifaópublica.
.19 Mas
S. APOSTOLO S. Cap. V. 249
19 Mas abrindo o Anjo do Senhor dc noite as portas da priíàõ 9 c
tirando os fora, difle: >
20 Ide , e pondovos no templo, fallai a o povo todas "as palavras
défta vida.
21 Elles entonçes, como ouviraõ, entráraõ pela manhaã
no templo , e enfinávaó. Vindo pois o Príncipe dos Sacerdotes, c os
que com elle eftavaõ, convocáraõ o eonfelho, e a todos os Ançiaós
dos filhos de Ifrael, e mandáraõ á prífaó, peraque os trouxcflèm.
2 2 E como la vieraó os fervidores, naó os acháraõ na prífaó » c
tornandofe,deraó avifo.
23 Dizendo, Bem achamos nos çerrada a priíàõ com toda feguri-
dade, e as guardas quede fora ás portas eftavaõ; mas como [j<?xjabrí-
mos, a ninguém dentro achamos.
24 Ouvindo entáõ eftas palavras o Pontifiçe , c o Magiftrado do
templo, e os Príncipes dos Sacerdotes, duvidávaó d’o que delles feria
feito.
25 E vindo hum, avifouos, dizendo, Vedes aqui os varoens que
na priíàõ pufeftes, eftaó no templo eníinando a o povo.
26 Entonçes foi o Magiftrado como os fervidores, e trouxe os fem
violcnçia, (porque tinhaó medo de do povo ferem apedrejados.)
27 E como os trouxéraó, aprefentaraõ os a o eonfelho. Entonçes
Príncipe dos Sacerdotes lhes perguntou, dizendo:
' 28 Naõ vos dcnunçiamos nos cncareçidamente , que mais nefte
nome naõ enfinaífeis ? E vedes aqui ja tendes chea a Hierufalem de
voflã doctrina, c íòbre nosoutros quereis trazer o fangue deftc ho­
mem.
29 E reípondendo Pedro, e osApoftolos, difleraõ: Mais impor­
ta obedecer a Deus, que a os homens.
30 O Deus de noflòs Paes reíufcitou a Jeíus , ã o qual vosoutros
mataftes, pendurando o no madeiro.
3 1 A efte exalçou Deus com fua Q mao J direita por Príncipe c
Salvador, pera a Ifrael dar arrependimento e remiflàõ dc peccados.
32 E nosoutros lhe fomos teftimunhas bdcftas coufas , e tambem b
0 Efpirito fanéto, o qual Deus tem dado a os que lhe obedece. falairJ.
31 Ouvindo clles arrebentavaõ de raiva, e confultavaõ de
os matar.
34 Levantandofe entonçes no eonfelho humPharifeo chamado
Gamalièl, Doutor da Ley , e de todo o povo venerado , mandou
que levaífem hum pouco fem a os Apoftolos.
, 35E
v:
ACTOSDOS
3 $ E diflelhes: Varoens Ifraclitas , olliae por vosoutros, que he
o que açcrca-Jcftcs homens aveis de fazer,
36 Porqúè antes deftes dias fe levantou Theudas,, que dizia qj.ió
cia alguem;, a o quaHè^achegaraõ perto de quatroçcritos homescm
numero. O qual FoíJmmní»; e todos os que lhe daraõ ouvidos foraõ
diflipados, c tornados cm nada.
3 7 Deípois defte fc levantou Judas o Galileo , cm os dias da ma­
tricula; elevou muito povo’apos fi:Pcrcçéb tambem eftc, c todos os
quo lhe deraõ ouvidos foraõ diflipados.
38 E agora, digovos, dae de maõ a eftes homens, e deixac os;
porque fe dc homens he dftc confelho, ou efta obra , cm náda fc
desfará.
39 Mas fe he de Deus, naõ a podereis desfazer: porque naõ pare­
ça que a Deus quereis repugnar.
e 17' /Mitri/ine T7 rt z\r> A 1 -.— ~ _____J

Jefus; e íòltáraõ os.


4 1 Mas elles fe fyiraõ de diante do Confelho, gozoíòsdc quc fofc
íèm ávidos por dignos de padeçeré afrófltapol’0 nome d’elle. M
41 E todos os dias no Templo, c pelas cáíàs, naõ ^eflávaõ dc cn-
finar e pregar o Euangelho deJefu Chrifto.

Capitulo VI.
1 Pola mnr>ntiraçaÕ iles ureios, fendo fete Diáconos eleitos pela Tgreja, Apofiolos os

conos,fazendo muitos milagres , c convencendo e confundendo os libertinos, fei le­


vado a 0 Confelho, efaljamente delles àeufado. iy Foi apedrejado , ejete roílo
como roflo de hum Anjo réfplandece.

i 17 naquellcs diás, creçendo o numero dos diíçipulos, ouve huá


murmuraçaõ dos Gregos contra os Hcbreos, açdrca de. quc
fuas viuvas craõ dcíprczadas no minifterio quotidiano.
a Afli quc convocando os doze a multidão dos difcipulos, difleraó:
Naó hc razaõ quc nosoutros deixemos a palavra de Deus, efirvamos ,
a ■as mcíàs.
3 Coníiderac pois irmaós, íète varoens d’cntrc vosoutros, de £ bom J
teftimunho, cheios do Efpirito fanéto, c dc íàbcdoria, a os quaes pof-
timos encarregar eftc negoçio.
^On.Ptrfe- 4 E nosoutros* inflaremos na oraçaõ, c po minifterio da palavra.
veraremos. j E contentou efta palavra a toda a multidaõ, c elegeraõ aEfte-
vaó,
S. APOSTOLOS. Cap. VII.
Vaõ, varaó cheio de fe e do Efpirito íãnóto, c a Philippe, e a Pro-
choro, e a Nicanor, e a Timon, e a Parmenas, e a Niçolao o pro-
■felyto dc Antiochia.
6 A cites aprefcntáraõ ante os Apoftolos, os £ quaes]orando, lhes
puferaõ as maõs em çima.
7 E a palavra 'dc Deus hia creçcndo, e o numero dos diíçipulos fc
hia multiplicando muito cm Hicrufalem ; e muita companha dos Sa-

8 Mas Eftevaõ cheio de fc, e de potençia, fazia milagres e íinaes


grandes entre o povo.
9 Levantáraó fe entonçcs huns da Synagoga , que fc chama dos
Libertinos, e Cyrencos, e Alexandrinos, e dos que éraó de Ciliçiá,
e dc Afia, c puleraó íê a diíputar com Eftevaó.
i o Mas naó podiaó rcfiftir á fabedoría , c a o Efpirito com que
falláva.
11 Entonçes fobomáraó a huns homens, que difleflem que lhe
aviaõ ouvido fallar palavras blasfemas contra Moyícs, e E)^us.
11 E commovcraó a o povo , c a os Anciaõs , c a os Efcribas j
c arremetendo Qa elle'] arrebatáraó o, e leváraó [o] a o con-
fellio. *
i j E aprefentaraõ -teftimunhas falfas, que diflèílêm : Efte ho­
mem naó çéilà dc fallar palavras blasfemas contra ifto fanébo lugar,
■‘•c a Ley.
14 Porque nos lhe avemos ouvido dizer, que éfte Jcfus Nazare­
no ha dc dcftruir e'fte lugar, e mudar as tradiçoens que Moyfes nos
deu.
1 $ Entonçes todos os que no eonfelho eftávaõ aílentados, pondo
nelle os olhos, vifaó feu rofto como o rofto dc hú Anjo.
Capitulo VII.
•í EflevaÕ defendendo fe ne eonfelho, conta as ceifas do Jlerabam. fi De "Jofepb. ji De
facob e feus defcmdentes. 10 De Moyfes'. ^9 Do bezerro dourado , e de Moloch.
44 Do tabernáculo do te/timunhe, e de templo, fi DiZ ainda que faõ endureci­
dos, e crisets como feus paes. 54 Elles rebentados em Jeus coraçoens oapedrejaõ,mat
•lie encomendando fua alma a 0 Senhor, e rogando por elles, ejptra.

x TA iíle entonçes o Príncipe dos Sacerdotes: he ifto afli ?


z E elle dillc: Varoens irmaõs, e paes, ouvi: AnoflòPae
Abraham aparcçco o Deus da gloria, eftando Q ainda J em Mcfo-
potámia, antes que moráfle em Charran.
Ii
ACTOS DOS
3: E lhe difle: Sae te^dc tua terra, e de tua parentela , e vemá
terra quc cu te moftrarci.
4 Entopes íè íâhio da terra dos Chaldeos, c foi habitar em Char-
ran; edali, morto íèu pae, o traípallòuacfta terra, emquc vosou­
tros a^ora habitaes.
, 5 E naõ lhe deu nella. poflèflaó , nem ainda huã pifada de hum
pé ; mas prometeu lhe que lha daria em pofléflàõ , e a fua femente
despois delle, naõ tendo elle [ xW* J filho,
6 E falloulhe Deus afli; que cm terra alhea peregrinaria fua fe­

tos annos os maltratariáõ.


7 Mas a gente a quem ouverem de fervir, eu a julgaréi,. diflè
Deus, e despois difto lc íàiráô, e ncfte lugar me ferviráo.
8 E deulhe o Concerto da çirimçiíãõ; c afli gerou a Iíàac, e a
o oitavo dia o çircunçidou; e lfaac [gerou ] a Jacob , c Jacob a os
doze Patriarchas.
9 E os Patriarchas , movidos de inveja, vendéraõ a Jofeph pera
Egipto ;*mas Deus eftava com elle.
10 E o livrou dc todas fuas tribulaçoens , e lhe deu graça e íàbe-
doria em preíènça de Pharao, Rey dc Egipto; o qualopós por Go­
vernador fobre Egipto,^ e fobre toda fua cáiã.
k ii Véio entonçes fome cm toda a terra de Egipto, e dc Cha-
a Ou, Apr- naan, e grande • tribulaçaõ ; c noflòs paes naõ açhavaõ ali-
mentos.
12 E como Jacob ouviflè quc em Egipto avia trigo, mandou la a
noflos paes a primeira vez.
. ?3 E fegunda [ vez. ] foi Jofeph de feus irmaós conhecido, e
foi manifeíta a Pharao a linhagem dc Jofeph.
14 Entonçes mandou Jofeph chamar a feu pae Jacob , c a toda
fua parentela, fetenta c çinco.almas [por todos.
*5 Afli defçendeo Jacob a Egipto, aonde morreo, ellc, e noflò<

Os quaes foraõ traípafládòs a Siclicm , e os puferaó na fcpul-


tura que Abraham por preço de dinheiro comprou a os filhos de He-
deSichem. r
1 ? p ® <romo 0 tempo da promeflà , que Deus a Abraham tinha
> c hia çhegando, foi o povo crcçendo c multiplicando fe em

18 Ate que fc levantou outro Rey , que naó conhcçia a Jofeph.


S. AP O S T O L O S. Cap. VII.
1? Efte , ufando de aftuçia com noflà linhagem maltratou a nof
fos paes, ate'lhes fazer engeitar fuas crianças,.peraque çeftàflèagcra-
çaô,
20 Naquelle mefmo tempo naçeo Moyfes , e foi muy fcrmófo, c
criado tres metes em cáíà de teu pae.
21 Mas fendo engeitado , a filha de Pharao o tomou , c o criou
por feu filho. . . ,
2 2 E foi Moyfes inftruido em toda a fabedonados Egipçios, c era
poderoíò em ditos e feitos.
23 E como fe lhe cumprio o tempo de quarenta anos, veio [Use]
ao coraçaó ir vifitar a feus irmaõs, os filhos de Ifrael.
24 E vendo i> injuriara hú [d’elles,] defcndco ^«,JematandoabOu,xp'«-
0 Egipçio, vingou a o«injuriado. «Ou,^
25 Mas elle cuidava que teus irmãos entendiao , que Deus lnes^,
avia de dar liberdade por fua maó.; mas elles naó o aviaõ enten­
dido. ' / ,
E o dia feguinte ; pelejando elles , o virão ; e metia os em
paz , dizendo , varoens, irmaõs íõis5 .porque vos agravacs hum ao
outro? . , - .
27 Entonçes o que agravava a feu proximo, o rempuxou , di­
zendo, quem te pós a ty por Prinçipe, ejuiz, fobre nosoutros?
28 Queres me tu matár a my [_ tambem] como matáfte hontem
"A 0 Egipçio? r ,
29 A efta palavra fogio Moyfes, e fez fe eftrangeiro em terra de
Madian, aonde gerou dos filhos.
3 o E compridos quarenta anos, o Anjo do Senhor lhe apareçco
no defeito do monte de Sina, em çhamas de fogo, emhum carçaL
31 Entonçes Moyfes vendo £ 0,] ficou maravilhado da viíàõ ; e
chcgandofc a vér, veio lhe a voz do Snor.
3 2 £ Dizendo ] cu fou o Deus de teus paes, o Deus de Abraham,
. c o Deus de Iíãac, e o Deus de Jacobj mas Moyfes, tremendo, nao
OUÍãva olhar [aquella.]
3 3 E diílè lhe o Senhor: Tira os çapatos de teus pees ; porque 0
lugar em que eftas, terra íànéta hc. ,
34 d Vifto tenho, vifto tenho^ affliçaó de mcu povo, que efta'em j on.frr-
Egipto , c feu gemido ouvi, e defçcndi a os livrar j agora pois vetn,Miimiw
enviarte hei a Egipto. hoviflt.
35 A éfte hfoyfes, a 0 qual aviaõ refafado, dizendo, quem te
pós por Prinçipe e Juiz ? a éfte [ digo ] enviou Deus por Pnnçipé,
’ li z . cli-
Jí4 ACTOSDOS
c Libertador, com amaõ do Anjo, que no carçal lhe aparfiçeo.
36 Efte.ps-tirou, fazendo milagres, e finaes na terra de Egipto,.c-
no míír vehnelho, e no deferto, por quarenta anos.
37 Eítc he aquelle Moyfes, que aos filhos dcjfraêldifle:huPro­
phcta vos levantaraó Senhor Deus voflò,. de voílòs irmaós, afli co­
mo cu, a elle ouvireis.
38 Elle hc aquelle que eftévc na congregação [ do povo J. em o
defeito, com o Anjo que lhe fallava no monte de Sina, e [ww] nof-
íòs pacs 3 e reçebco as palavras de vida, pera nolas dár.
3 9 A o qual noflòs paes naõ quiferaõ obedeçcr ; antes [ 0 ] en-
geitáraó, e apartáraõ le de coraçaó a Egipto.
40 Dizendo a Aaraõ: Fazcnos Deufes, quc vaó diante de nosou­
tros; porque a elle Moyfes, que nos tirou da.terra de Egipto, naõ;
íàbcmos que lhe acontcçeo. '
41 Entonçes fizcraõ o bezerro, c offereçeraõ facrifiçio a o Iddlo^
c nas obras de íuas maós alegráraõ fc. . .
42 Mas Deus [fe] virou, e os entregou a que ferviflem a o exer-
çito do Ceo, como eílaz eícrito no livro dos Prophetas: Offereçeíles-
mc vos viétimas, e facrificios no deferto , por quarenta anos,. ocá-
íà dc lfracl? , ' á ■
43 Antes alevantaíles o. tahemaculo de Moloch , ca cftrçlla dc.
voflò Deus Remphan, figuras que vos vos fizéftes , pera adoralas;
trafportar vos hei pois pera os termos de Babiloniaf , » .
44 No deferto tiveraó noflòs Paes o tabcmaculo do teftimunho5 co­
mo Deus lhes ordenara, dizendo a Moyfcs que o fizefle iegundo xfòrmíL
que avia, viílo.
45 O qual recebido, o leváraÕ’tambem noflòs Paes, juntamente■.
comjefus á poílèflãó das gentes,, que Deus lançou daprefençadenof-
fos Paes, ate<os dias deDavid.
4<í O qual açhóú graça diante de Deus,. c pedio que achaflc ta­
bernáculo para o Deus de Jacob.
47 E Salamaõ lhe edificou caía.
48 Mas o Altiflimo naó habita em templos feitos de maõ , como
o Prophcta diz: r
49 O Ceo he meo trono, e a terra o eílrado dc meos pees; que cala mc
edificareis, diz o Senhor, ou qual he o 1 ugar de meo repoulo ?
50 Naó fez minha maõ todas citascouíãs? _ .
5 1 Duros dec pefcoço, c inçircumçifos dc coraçao, ede ouvidos; fem-
pre vosoutros rcíulis a o Eípirito íãnéto; como voflos Paes \jijfi] tambem
vosoutros. 5Z A
S. A P O S T O L O S. Cap. VIII. ajy
52 A qual , dos Prophetas naõ perfeguiraõ voflòs Paes ? matáraó
aos que antes dçnunçiâraó avinda do jufto, do qual voywos agora
foíles os trahidores, c hómiçidas.
- 5 3 Que reçcbcftcs a Ley por difpoíiçaó dos Anjos» c naó a guardáftes.
54 E ouvindo eftas coulás, rebentavaóem ícus coraçocns, eran-
giaó os dentes contra elle.
5 5 Mas élle eftando cheio do Efpiritoíãnófo, e poftos os olhos no-
Ceo, vio. a gloria de Deus, e a Jefus que cftava a dextra de Deus.
5^ E difle : Eis que vendo eftou os Ceos abertos, e a o Filho do
homé que efta' a dextra de Deus.
57 Entonçes elles, dando grandes gritos, tapáraó feus ouvidos, c
arrementeraó unanimes contra elle.
58 E,lançando o fora da çidade, apedrejávaó [0. ] E as teftitnun»
has puferaodeus veftidos a os pees de hum mançebo, que fc chama­
va Saulo. ,
59 E apedrejáraõ a Eftévaõ, invocando elle, e dizendo : Senhor
Jefus, rcçebe'meu efpirito.
60 E pofto de juclhos , clamou com grande voz : Senhor , naõ
lhes imponhas éfte peccado. E avendo dito ifto, adormeçeó.
C A P t T u 1 o VI I.L
1 A igreja pela perfigutçaõ foi efpalhada. 3. EftevaÕ fi enterra. 3 0 Saulo ajjbla a
-> igreja, j Pbilippe prega em Sanearia , e fazendo muitos milagres, muitos crem,
entre quaes tambem SimaÕ Magico, e fora» bautizados. 14 Mandadosevindos a
Sumaria Pedro eJoaÕ,oraô por elles, e pela impofiçdõ das maõs recebem 0 Efpiritofim-
do. 18 Que poder querendo SimaÕ comprar com dinbeiro, foi rigurofamente reprendi-
dode Pedro, e amoe/lado qtte fi tmendnjfi. 16 Pbilippe catecbiía e bautiza a «
eunuclfo. 39 Efoi arrebatado^pelo Efpirito do Senhor,» achado em Azoto.
1 tambcm^wíiw^âíi» cm fua morte. E naquelle dia foi
feita huã grande perfeguiçaõ contra a Igreja que cftava cmje-
ruíalem; e todos foraó cípalhados pelas terras de Judea, e deSamaria,.
cxçepto os Apoftolos.
2 E (_AÍgMt.sJ varoens pios leváraó £ a enterrar J a Eftcvaõ, e fi­
zeraó fobre elle grande pranto.
3 Entonçes Saulo allòlava a Igreja, entrando pelas cafas, e tra­
zendo varoens e mulheres, entregava os na priíàõ.
4 Mas osque andavaóeípalhados, hiaô paílàndo, pola[terra J e
’ anunciando a palavra do Euangelho. 3 Ou, Euan-
Cln-iífontOn?CS dcfçcndo PMiPPe a cidade de Samaria, pregavalhes a|^/" °

'* Ii ? 6 E
ACTOS DOS
6 E as companhas eftavaó conformemente atento ás couíãs que
Philippe drqa , ouvindo, e vendo os finaes que fazia.
7 Porqifê os cfpiritos immundos íãhiaõ de muitos que os tinhaõ,
clamando a grandes gritos; e muitos paralyticos e coixos eraó cura­
dos.
8 AlTi que avia grande gozo naquella cidade.
' 9 Entonçes hum çcrto varaô, chamado Simaõ, avia fido antes Ma­
gico naquella çidade, e enganado a gente de Samaria, dizendo dc fi
ler algum grande.
ío A o qual todos eftavaó atento, desdo mais pequeno ate o mais
grande, dizendo, Efte he a grande virtude de Deus. _ *
í i E eftavaó lhe atento, porque com fuas artes magicas os avia ja
de muito tempo entonteçido.
12 Mas como créraó a Philippe, que lhes anunciava o Euangelho
do Rcyno de Deus, e o Nome de Jeíús Chrifto, bautizavaó fe, afli
varoens, como mulheres.
13 Entonçes até o mefmo Simaõ creu; e fendo bautizado, chegou
fc de continuo a Philippe. E vendo os finaes , e as grandes virtudes que
íèfàziaõ, eftava atonito.
14 Ouvindo pois os Apoftolos, que eftavaó em Jeruíàlem, que
Samaria avia recebido a palavra de Deus, enviáraõ lhes a Pedro e a
Joaó.
1 $ Os quaes vindos, oráraõ por elles, pera quc recebeífem o Eípi­
rito Sanéto.
16 Porque ainda naõ avia defeendido em algum delles, masíõmen-
te eraó bautizados em o Nome dc Jeíús.
17 Entonçespuferaólhes asmaós em cima, e reçebéraõ oEípirito
Sanéto.
18 E como Simaõ vio, que pela impoíiçaó das maós dos Apofto­
los fe dava o Eípirito Sanéto, ofícreccu lhes dinheiro,
19 Dizendo, Daeme tambem a my eftc poder, que a qualquer que
puíèrasmaósemçnna, reçeba o Efpirito Sanéto.
20 Entonçes Pedro lhe diflè: teu dinheiro pereça com tigo, que
cuidas que o dom de Deus por dinheiro fe alcánça.
,b Ou.Ne/?.« 21 Naõ tens tu parte nem forte bnefte negocio 5 Porque teu cora-
fahvra. çaõ naó hedireitodiantede Deus.
22 Arrepcndcte'pois defta tua maldade, c roga a Deus, feporven-
tura té fera perdoado czftc peníàmcnto de teu coraçaó ?
2 3 Porque cm fel de amargura,e cm priíãó dc maldade, vejo que eftas.
24 Rc
S. APOSTOLO S. Cap. VIU. 2$7
24 Reípondendo entonçes Simaó, difle: Rogae vos outros por
my a o Senhor, que nenhuá coufa d’cftas, que tendes dim, venhafo-
bre my. r-'-
25 E cllesavendo teftificado efallado a palavra do Senhor,, tomá-
raõfea Jcrufalem;. e em muitas aldeas dos Samaritanos anunciáraó õ
Euangelho.
16 Mas o Anjo doSnor foliou a Philippe , dizendo, levántate, e
vaeperaabandadoful, a o caminho que defçende de Jerufalem pera
Gáza; aqualhedcíerta.
27 Elleentonçes felevantou, efoi. E eis qúe hum Ethiope, Etr-
nucho, Camereiro de Candaçe, Rainha dos Ethiopes, o qual eftava.
pofto íòbre todos íèus theíòuros , que avia vindo a adorar âJeruíàlem
28 E fe tomava aflèntado em feu carro, lendo a o Propheta Efavas.
29 E o Efoirito difle a Philippe: Ach^ate, c ajuntateaefte carro.
Io Eacedindo Philippe, ouvioo, que liá a o Propheta Eíâyas; c
difle: Mas entendes tuo que lés?.
31 E elle diílè: E como poderia , íc alguém m’o naõ enfinaflè ?
E rogou a Philippe que fobiílè, c íè aflentaflè com elle.
32 E olugardaEícrituraqucliá, era elle: Como ovelha á morte
foi levado, c como cordeiro mudo, diante do que o tofquia, aflinaõ
abri íúa boca.
3 3 Em fua humilhaçaó foi feu júizo tirado; mas fua geraçaõ quem
"a contará ? porque da terra he íúa vida tirada. 1
34 E reípondendo o Eunúcho a Philippe, diílè: Rógote, de quem,
dis ifto o Propheta ? de fi mefmo, ou dc outrem alguém ?
3 j EntonçesPhilippe abrindofua boca, e começando défta Efcri-
tura, anunçióulhe o EuangelhodeJefus.
3<í Eindocllescaminhando, chegáraõa huaçcrtaagoa; c diflèlhe
o Eunucno: Eiíaqui agoa, que me empede que naõ íèja bautizado ?
37 EPhilippe difle: fede todo coraçaó crés, liçitotehe: Ereíporu
dendoellc, difle: Creoquejeíu Chrifto he o Filho dc Deus.
3 8 E mandou parar, o carro. E dcçcraõ ambos á agoa, Philippe
eoEunucho, ebautizouo. ’
32 Ecomofobiraõdaagoa, o Efpirito do Senhor arrebatou a. Phú
lippc, enaõoviomaisoEunucho; efoifc fcu caminho gozoíò.
40 MasPhilippefe achou em Azoto; e indo paílàndo, anunciava
0 Euangelho cm todas, as çidades, ate que véio a Ceíarca,

l
ACTOSDOS
Capitulo IX.
i PerfeguiMi Paulo cruclmente a igreja ato Damafco, do Senhor miravilhofamentv
foi convertido. io£ lhe envia a Ananias. 17 Do qual avendo Jido curado, inftrtti-
do e bautizado, começa apregar a Chrifto em Damajco. 23 Com ajuda dos difii-
pulos fe efcapa dasSiladas dos 'judeos. 16 Veio a jerufalem, e fendo pelo Barnabaí
trazido-à os Apoftolos, prega em Jerufalem a Chrifto. 30 Foi fe a Tarfo pera fe
efcapar dasSiladas dos judeos. 31 As Igrejas tinhaõpaZ, e biaõ acrecendo. 31 Pe­
dro cura em Lydda a Eneam. 36 E em joppe refttfcita a Tabitha. 42 Poloquo.
muitos crem.
1 T? Saulo ainda refoprando ameaças c mortes contra os diíçipulos do
£-» Senhor, veio a o Prinçipe dos Sacerdotes.
2 Epediolhc cártas pera Damafco, para as Synagogas, peraque
n Ou, Defta achando alguns varoens, ou mulheres, a defte caminho, os trouxeflè
feda. prelos a Jerufalem.
3 E indo ja de caminho, acontcceo que chegando perto de Da-
mafco, fubitamente o cercou hum refplandor dc luz do Ceo.
4 E caindo em terra, ouvio huá voz, que lhe dizia: Saulo, Saulo,
porque me pcríègues?
5 E clle diflè: Quem es Senhor ? E o Senhor diflè: Eu fou Jefus a
quem tu perfegues; dura coufa te hc dar couçes contra o aguilhaó.
6 Elletremendo, ctemeroíò, diflè: Senhor, quc queres quc fa-
•ça? E o Senhor lhe [difle í] Lcvantate, centra na çidade, c dir fe te
ha [alQ o que te convé fazer.
7 E os varoens que de caminho hiaõ com elle, íè pararaõ atonitos,
ouvindo na verdade a voz, porem naõ vendo a ninguém.
bOujDu 8 Entonçesíèlevantou Saulo bda terra, e abrindo os olhos, naó
dsoõ. via a ninguém. Afli quc guiando o pela maõ , oLcváraõ aDamaíco.
<7 Eeftcvetresdiasfemver; cnaócomeo, nembebeo.
I o Avia entonçes em Damaíco hum difcipulo, chamado Ananias,
a o qual o Senhor em viíàó diflè: Ananias? E ellc reípondco: Eis me
aqui Senhor.
II E o Senhor lhe [difle f\ Levantate, e vac á rua que íè chama a
direita, c pergunta em cafa dcJudas polo que chamaó Saulo, o de Tar-
ío; porque vesaqui quc eftá orando.
li E tem viftoemviíàó, que hum varaó chamadoAnanias entra­
va, c lhe punha a maõ em cima, peraquercçcbeílèavifta.
13 Entonçes Ananias reípondco : Senhor, a muitos tenho ou­
vido dèfte varaó, quantos males tem feito a teus íànótos em Jeruíà-
lem.
14 E
S. A P O S T O LO S. Cap. IX. 2^
14 E ainda aqui tem poder dos Prinçipes dos Sacerdotes, para pren­
der a todos os que invocaó teu nome.
15 E diílelhe o Senhor; Vae, porque inftrumcnto cícòlhidomc he •
efte, peraque leve mcu nome em preíènça das gentes, c dos Reys,
e dos filhos dc Ifrael.
16 Porque cu lhe moftrarci quanto lhe feja neceftàrio que por meo
nome padeça.
17 Ananias entonçes foi, e entrou na c^fa, c pondolhe as maõs
cm cima, diílè: Saulo irmaó , o Senhor J efus, que no caminho por
onde vinhas, te aparcçco, me enviouperaque recebas a vifta, c íèjas
cheio do Efpirito faneco.
18 E logo lhe cairaó dos olhos como cícdmas y c reccbeo logo a
vifta, e lcvantandofe,foi bautizado.
19 Ecomocomco, ficou confortado; e cftcve Saulo com os difci-
pulos, que eftavaõ em Damafco, por alguns dias.
20 E logo nas Synagogas pregava a Chrifto : que aquelle cfra o
Filho dc Deus.
21 E todos os que o ouviaõ, eftavaõ atonitos, ediziaó: Naõ hc
éfte aquelle que em Jeruíàlem aflolava a os que- cfte nome invoca-
vaó. E a iflò veio ca', pera os levár préfos a os Prinçipes dos Sacerdotes?
22 Mas Saulo muito mais íè esforçava , e confundia a os Judeos
que moravaó em Damafco, provando que aquelle erá o Chrifto.
2 3 E como paflarao muitos dias, tomarao os Judeos entre fi con-
felho, para o matarem.
24 Mas fuas ciladas foraó entendidas dc Saulo; porem elles guar-
davaó de dia e de noite as portas pera o mat^em.
2 $ Entonçcs tomando o os difçipulos de noite, f o"l guindáraõ pelo
muro abaixo cm hum çefto. ® r
,.3.^ E como Saulo veio a Jeruíàlem, procurava ajuntarfe com os
diíçipulos; porem todos íè temiaó delle, naó crendo que foílè difcipulo.
2 7 Entonçes Bámabas tomando o com figo , trouxe 0 J a os
Apoftolos, c contou como no caminho avia vifto a o Senhor , e lhe
tinha fàllado, c como cm Damafco fallfra confiadamente em o no­
me de Jeíus.
2 8 E entraVa e fahia com elles em Jcrufalem.
2S> E fallava confiadamente em o nome do Snor Jefus; c difputa-
va com os [?udeos~\ Gregos, porem elles procuravaó matalo.
30 O que entendendo os irmaõs, acompanháraõ o até Cefarca, c
enviarao o a Tarfo
Kk 31 As ,
ser» ACTOSDOS
31 z\s Igrejas entonçes por toda Judea, c Galilea, e Samaria,
tinhaõ paz > c eraó edificadas , andando em o temor do Senhor; c
com a coníoíaçaó do Eípirito íanéto íè hiaõ multiplicando.
a Ou, Todos. 3 2 E acontcceo que rodeando Pedro’ por,3 todas as partes, veio
tambem a os íànétos que habitavaó cm Lydda.
33 E açhou ali a hum çerto homem, por nome Eneas, que avia
ja oito annos que jazia cm huã cama, c cra paralytico.
34 E diflèlhe Pedro: Eneas, Jcfu Chrifto tc da íãudc, levantate,.
faze tua cama. E logo fc levantou.
. 3 5 E viraó o todos os que habitavaó em Lydda, e em Sarona, os
quaes fe converterão a o Senhor.
3 <5 Entonçes avia cm Jope huã difcipula, chamada Tabitha, que
declarado quer dizer, Dorcas. Eíla cftava chea de boas obras, e et
molas que fazia.
37 E aconteçeo naquelles dias, que enfermando ella, morreo; c
deípois de laváda, puferaó a em hum cenáculo.
38 E como Lyddaeftava perto de Jope, ouvindo osdifcipulosque
Pedro eftava ali, mandaraó lhe dous varoens, rogandolhe que naõ
íè dctiveflè em vir ter com elles.
39 Pedro entonçes levantandofe, veio com elles; e como chegou,
leváraõ o a o cenáculo , aonde o rodeáraó todas as viuvas, choran­
do, e moftrandolhe as túnicas , e os veftidos que Dorcas avia feito
quando cftava com ellas.
40 Entonçes lançando os Pedro fora a todos, pós íc de juelhos , c
orou ; e virandofe para o corpo, diflè: Tabitha, levantate , e ella,
abrio os olhos, e vendo a Pedro, tomoufe a aflèntar.
41 E dando lhe elle a maõ, levantou a; entonçes chamando aos
íànétos, eás viuvas, aprcfcntoulha viva.
42 [IftoJ foi notorio por todo Jope, e créraó muitos noSenor.
43 E aconteceo quc fe ficou muitos dias em Jope , cm cífa de
hum çerto Simaõ o curtidor..

Ca*
S. A P O S T O L O S. Cap. X.
Capitulo X.
r 0 Centuriaõ Cornelio chamar a Pedro confirme e mandam -to do Anjoqtte
lhe aparecia na orapaõ. 9 Pedro entretanto em vifaõ foi avifado que a dijferenpa
entre os "Judeos c gentios he tirada. 1 7 E vindo os enviados de Cornelio a Pedro,
fii fe com elles a Cefarea. 14 Aonde ejlando 0 Centuriaõ, ajuntado com feus pa~
rentes, 0 recebe com grande reverencia. 18 Hum a outro conta 0 que lhe Deusma-
nifeftou. 34. Pedro lhes prega a Cbriflo. 44. Recebem 0 Efpirito Janão. 46 Pal-
laõ em lingoas eflrangeiraí. 47 E fe batttfíCaõ.

1 K' avia hum varão em Ccíãrtfa , chamado Cornelio , Centuriaõ


•^da companhia que íè chamava a Italiana.
2 Pio, e temerofo de Deus, com toda fua cãíã; e quc Fazia mui­
tas efmolas a o povo, e que de contino a Deus eftava orando.
3 [ Efle vio manifeítamente em vifaõ , como ás nove horas do
dia , ao Anjo de Deus, quc entrava a elle , c lhe dizia : Cor­
nelio ?
4 E ellc poftos nelle os olhos, cípantado, diflè: Quc hc Senhor?
E diflclhe: Tuas oraçoens, c tuas efmolas, tem íòbidocm memória
diante dc Deus.
5 Envia pois agora alguns varoens a Jope, e manda chamar a hum
Simaõ, que tem por fobrenome Pedro.
6 Efte poufa em cafa de hum Simaõ o curtidor, quc tem [faz]
caía junto a o mar; efte te dirá o que te convém fazer.
7 E ido o Anjo, que fallava com Cornelio , chamou a dous de
feus criados, e a hum foldado temerofo d’o Senhor , dos que lhe at
fiftiaõ dc contino.
8 E avendo lhes contado tudo, enviou os a Jope.
9 E hum dia deípois, indo elles ja de caminho, c chegando per­
to da cidade, íobio Pedro ao* terrado da caía a orar , quafi á hora a Ou, Eijra-
das íeis. . d°-
10 E tendo ellc fome , quis comer; c aparelhandolho , cahio fo­
bre elle hum arrebatamento dc fentidos.
11 E vio o Ceo aberto, e que deícendia a elle hum vãío, como
hum grande lençol, quc atado pelos quatro cantos , fc abaixava à
terra.
12 No qual avia de todos os [animaes~\ da terra, de quatro pés,
c feras, e reptiles, eãvesdoCeo.
13 E veiolhe hua voz: levantate Pedro mará, e comc.
14 Entonçes Pedro diílè : Senhor , dc ninbíra maneira ; porque
•coufa nenhuã comua, nem immunda, comi jamais.
* Kk 2 E
■z6z ACTOSDOS
1 j E tornou a voz a dizerlhe a fegundavcz: O que Deus purifi­
cou , naõ o faças tu comum. -
16 E fo* ifto feito por tres vezes; e tornouíè o vaíò a recolher a
o Cco.
17 E eftando Pedro duvidando entre fi , que feria aquella vifiiõ,.
que avia vifto;. eis que os varoens •> que de Cornelio foraó enviados,,
perguntando pela caía dc Simaó, fe paráraó á porta.
18 E chamando [a algum J perguntáraó, fe hum Simaõ, que tinha
por fobrenome Pedro, poufavaali?
19 E eftando Pedro peníãndo naquella viíãõ, diflèlhe oEípirito:.
Eis que tres varoens tc eltaõ bufeando.
20 Levantate pois , e deícende , c naõ duvides de ir com clles.;
porque cu os tenho enviado.
21 Entonçes deíccndendo Pedro a os varoens, que de Cornelio lhe
foraó enviados, difle : Eis me aqui, cu fou o que buícaes, qual he a
cauíà porque aquieftaes?
22 E clles difleraõCornelio o Centuriaõ, varaó jufto, c teme-
roíò de Deus , e que tem [_ bon J teftimunho de toda a naçaõ dos
Judeos, foi por divina revelaçaõ amoeftado de hum íànéto Anjo,
que te fizeílè chamar a fua caía, e ouviílè de ty as palavras f da Çal~
'VAçaÕ^
2 3 Entonçes convidando os dentro , hoípedou os; e o dia feguin-
te , foi íc com elles ; e acompanháraó o alguns dos irmaõs de Jope.
24 E o dia íeguinte entráraõ cm Ceíàrea , c Cornelio os eftava
cfperando, avendo ja convocado a feus parentes, e a os amigosmais
familiares.
25 E íuçedeu quc entrando Pedro, Cornelio o fahio a receber, e
derribandoíe a [feus] pés, adorou o.
26 E Pedro o levantou , dizendo, levantate, qUe tambemeu
meímo íòu homem.
27 E fallando com elle, entrou; e achou a muitos que ali íè aviaõ
ajuntado.
28 E diflelhes.-; Bem íàbcis vosoutros, como naõ he licito a hum
varaó Judeo ajuntaríè, ou achcgarfe a cftrangeiros: porem Deus me
moftrou que a nenhum homem chame comum ou immundo.
29 Polo que chamado , vim fem contradizer ; afli que pergunto,
porque razaõ mc mandaftes chamar?
30 Fmtonccs Cornelio difle: quatro dias ha que eftando cu ainda
ate' efta hora emjejum , e as nove horas em minha caíâ orando.
3,1 Es.
S. APOSTOLOS Cap. X. zS;
31 Eis quc hum varaó fe pos diante dc my com vertidos resplan­
decentes. E diílè : Cornelio , tua oraçaó he ouvida, e tuas efmolas
tem vindo em memória diante de Deus. '
32 Manda pois a Jope, c faze vir a hum Simaõ, quc tem porfo-
brenome Pedro; efte poufa em caía dc Simaõ o curtidor, junto ao
mar, o qual vindo te fàllara.
3 3 Afli quc logo enviei a ty ; e bem fizcfte cm vir. AgoA pois
£ aqui J cftamos todos prefentes diante de Deus , pera ouvir tudo
quanto Deus tc mandou.
34 Entonçes abrindo Pedro íúa boca , diflè : Por verdade acho
que Deus naõ he aceitador de pcflòas.
3 5 Senaõ que de qualquer naçaõ que o teme , e obra juíliça, íè
agrada.
. 36 [ Efta he~\ á palavra que enviou a os filhos dc Iíracl, anun­
ciando a paz por Jefu Chrifto; cftc hc o Senhor de todos.
37 Bem fabeis vosoutros a palavra que veio por toda Judea , co­
meçando deíde Galilea , despois do bautifmo que Joam pregou.
28 Como Deus ungio com Efpirito fanfto , e com potência, a
Jcíús de Nazareth , que andou [ pola ferra ] fazendo bem , e cu­
rando a todos os oprimidos do diabo ; porquanto Deus cra com
clle.
39 E nosoutros fomos .teftimunhas de todas as coufas que fez em
a terra de Judea, e em Jcrufalem ; a o qual matáraó, pendurando
C«J de hum madeiro.
40 A efte refufçitou Deus a o terceiro dia , c fez que aparcccflè
manifefto;
41 Naõ a todo o povo , íènaõ a as teftimunhas que Deus dantes
tinha ordenado; a nosoutros, quc juntamente com elle comemos, e
bebemos, despois quc dos mortos rcíúícitou.
42 E nos mandou que pregaílèmos a o povo , e teftificaflèmos
que elle he aquelle que Deus tem ordenado por Juiz dos vivos e dos
mortos.
43 A efte dam teftimunho todos os Prophetas , de quc todos os
quc nelle crerem, receberão perdaõ de peccados por fcu nome.
44 E eftando Pedro ainda fallando eftas palavras,, cahiooEfpirito
fanéto íòbre todos os que a palavra eftavaó ouvindo.
, 45 E os fieis que eraó da circuncifaó , c que juntamente tinhaõ
vindo com Pedro , fe efoantáraó de que tambem fobre as gentes fe
derramaflè o dom do Eípirito fanéto.
Kk 3 4Í Por-
2^. ACTOSDOS
46 Porque os ouviaó fallar em lingoas [j Jeque magnifi-
■cavaõ a Deus. Entonçes reípondeo Pedro:
47 Podú \lguem impedir a agoa que naõ fejaó bautizados eftes, que
tambem, comonosoutros, tem recebido o Efpirito fanóto?
48 E mandou os bautizar cm o nome do Senhor , e rogáraõ lhe
que íè ficaílc com clles por alguns dias.

Capitulo XI.
1 Vindo Pedra a Jcrufalem , e fenda ali atufada de que comunicava com as gentias,
fe defende, e os contenta. 19 Os efpalhados fieis pregaõ a Chrijla ene Pbenicia e Cq-
pro ate Antiocbia, e muitas crem. iz Barnabas fenda de Jcrufalem enviada a An-
tiacbia pera confortar es crentes, foi fc a Tarfa em bnfca de Paula, a quem trate a
Antiocbia. z6 Aonde os difçipulos primeiramente foraó chamadas Çbriftaãs. 27 A-
gabo propbetita huã careflia. 28. Por ijfa tnandaÕ as irmaõs bum Socorropela maõ
de Paulo e Barnab.ua Jcrufalem.

I T? ouviraõ os Apoftolos e os irmaõs que eftavaõ em Judea , que


•*-* tambem as gentes aviaõ recebido a palavra de Deus.
2 E fobindo Pedro a Jeruíàlem, contendiam contra elle os que eraó
d’a circunciíaõ,
3 Dizendo, que entrafte a varoens que tem prcpuçio e comefte
juntamente com elles.
4 Entonçes começando Pedro, dcclaroulhcs tudo por ordem, di­
zendo ,
5 Eftando cu orando cm a cidade de Jope , vi, arrebatado dos
fentidos , cm vilàõ , dcíccndcr hum vaíò como hum grande lençol ,
que polos quatro cantos era abaixado do Ceo , c vinha ate' junto
de my.
6 E pondo eu nelle os olhos’, confidcrei, e vi Q animaes J ter-
rcftrcs de quatro pes, c feras, creptilcs, e aves do Ceo.
7 E ouvi tambem huá voz que me dizia: Levantate Pedro, mata,
c come.
8 E cu diífe : Senhor, naõ ; porque nenhuá couíà comua, nem
immunda, entrou jamais em minha boca :
9 Entonçes a voz me rcfpondco do Ceo , pela íegunda vez : O
que Deus purificou, naõ o chames tu comum.
1 o E fuçedcu ifto por tres vezes j e tornou íc tudo a recolher a
riba no Cco.
j 1 E eis que na meíma QboraJ tres varoens, enviados a my de
Ceíãrea, íc paráraõ junto á caíâ aonde cu cftava.
12 E o Efpirito mc dillc , que fem nr la duvidar me foílc junta-
men-
S. APOSTOLOS. Cap. XI. 16$
mente com elles; e vicraó tambem comigo eftes leis irmaós , c en­
tramos em caía d’aquellc varaó.
13 O qual nos contou como vira eftar hum Anjo em Tua caía, que
lhe diílè: Emvia a Jope , e manda chamar a hum Simaõ , quc tem
porfobrenome Pedro.
14 O qual te fallará palavras, com que tu , e toda tua caía te
íàlves. . .
15 E como comecei a fallar, cahio o Efpirito fanóto tambem fo­
bre elles, como a o principio fobre nosoutros.
i<5 Entonçes me lembrei do dito do Senhor que difle: Bem bauti-
zou Joaó com agoa , mas vosoutros fereis bautizados com o Efpirito
fanéto.
17 Afli que fe Deus lhes deu omefmodom, como tambemanos­
outros , que ja em o Senhor Jefu Chrifto avemos crido j quem era
eu, que a Deus pudeflè eftorvar ?
18 Entonçes ouvidaseftascouíãs, caláraófe, eglorificáraóaDcuí’,
dizendo , dc maneira que tambem a as gentes deu Deus arrependi­
mento para vida!
19 E os que aviaõ fido efparzidos por cauíà da opreflàó, que íú-
cedeu por via de Eftevaõ , paflãraó ate Phenicia , e Cypro F
e Antiochia, naó fallando a ninguém a palavra, fenaó a lós os
Judeos.
20 E avia delles huns varoens Cyprios, e Cyreneníês, os quaes
como entráraó em Antiochia, fallaraó a os Gregos, anunciandolhes
a o Senhor Jeíús.
_ 21 E a maõ do Senhor era com elles, e muito numero, crendo,
ic converteo a o Senhor.
22 E chegou a íama delles a ouvidos da Igreja que eftava cm Je-
ruialem; e enviáraõ a Barnabas, que foflè ate'Antiochia.
23 O qual como chegou, e vio a graça de Deus, gozoufe; eex-
hortou a todos, quc com propofito do coraçaó permaneçeflèm 'em o
Snor. . ‘
„ 24 Porque era homem de bem, e cheio do Efpirito fanóto, e de
fc i e muita companha fe achegou a o Senhor. ’
2 5 E partiofe Barnabas a Tarfo , a bufear a Saulo; e achando o .
trouxe o a Antiochia, *
2(í E fucedeu que converíaraõ todo hum ano ná Igreja, eenfiná-
c2mPanha i e flue os diíçipulos foraõ primeiramente cha-
mados Chriftaos em Antio/.iia.
27 E
*S6. ACTOSDOS
27 E naquellcs dias defccnderaó de Jcrufalem [algumf~\ Prophe­
tas a Antiocbia. E
28, E lcvantandofc hum dellcs, chamado Agabo, dava a entender
por Efpirito, que avia dc aver huá grande fome em toda a redondeí
za da terra, a qual tambem veio cm tempo de Cláudio Ccíàr.
29 Entonçes os difçipulos determináraó de cada hum , conforme
a o que pudefle, mandar algum focorro a os irmaõs que habitavaõ cm
Judea.
30 O que tambem afli fizeraó, enviando o a osAncioenspcrmaó
dc Barnabas, c dc Saulo. r

Capitulo XII.

* Herodes perfegtti a fgreja. 1 Mata a Jacobo. 3 Encarcera a Pedro, c A quem


Deus pela orqpaõ dos fieis milagrofamente livra. t1 chega a cafa de Maria , e
batendoa porta, lhe abrem, e contalhesfua livrapaS. . 18 Herodes manda fax.trin-
• quijipaõ das guardas e levalas. 10 Faz-patcom os de Tyro e de Sydan. zi Em fua
foberba foi ferido pelo hum Anjo, e comido'todo de bichos, zy Sarnabat e Saulo fe
tornaõ a Antiocbia. J

i p n’eftc mefmo tempo pos el Rey Herodes as maõs em algús da


•L‘Igreja, pera os maltratar.
2 E matou a Jacobo, o irmaó de Joaó, á eípada>?e
3 E vendo que ifto agradara a os Judeos, paflòu a diante , pera
aOu,^X/- prender tambem a Pedro (e eraó entaõ os diás dos í petens J 4 por le­
onos. vedar.
4 O qual prefo, lançou o na priíàõ, entregando £ 0 J a quatro
quatrenas de íòldados, que o guardaflem ; querendo tiralo a o povo
despois da Paíchoa.
j Afli que Pedro era guardado na prifaô; e a Igreja fàzía fem çef-
far oraçaó por elle a Deus.
6 E quando Herodes o avia de tirar, aquella meíma noite cftava
Pedro dormindo entre dous foldados, prefo com duas cadcas; e as
guardas diante da porta, que guardavaõ a priíàõ.
7 E eis que fobreveio o Anjo do' Sííor, c huã luz reíplandeçeo na
priíàõ; e tocando a Pedro na ilharga, dcípcrtouo, dizendo, levan­
tate apreforadamente , e as cadeas íc lhe cairaõ das maõs.
8 E diílelhe o Anjo : Cingctc , c átate tuas alparcas ; c feio afli.
E diflèlhe: toma ás coftas tua capa, c íegueme.
9 E íãindo, íeguia O; c naõ fabia que foflè verdade o que fazia o
Anjo; mas cuidava que via alguã yiíâó.' *
10 E
S. A P O S T O L O S. Cap. XII. 267
10 E comopaflãraó a primeira, e a íègunda guarda , vicraó á
porta do ferro, quc vae para a çidade, a qual íc lhes abriodefi mcf-
nia; e fahidos pafláraó huá ma, e logo o Anjo fc apartei delle.
11 Entonçes Pedro tomando cm íi, diílè : Agora entendo que
verdadeiramente enviou o Senhor fcu Anjo, e me livrou da maõ de
Herodes, c de todo o povo dos Judeos, quc efperando mc cftava.
11 E indo conlidcrando n’ifto , chegou à caía dc Maria , a maé
dc Joaõ , que tinha por íòbrcnomc Marcos, aonde muitos cftavaô
ajuntados, c orando.
13 E batendo Pedro á porta do patio, fahio huã menina, chama­
da líodc, a efeutar.
14 E conheçendo a voz de Pedro , dc gozo , naó abrio o patio,
fenaó correndo: para dentro, deu novas quc Pedro cftava fora á
porta. z „
15 E difleraó lhe : Eftas douda. Mas cila aífirmava que aíii era.;
cntonccs diziaó: feu Anjo hc. z „
16 Porem Pedro perfeveráva em bater; e como Ihc abnrao , vi-
raõ o, c cípantáraó íè. •
17 Efazcndolhcs clle final com a mao, quccalaflem, contoulhes
como o Senhor o livrara da prifaõ; e diílè: fazei faber ifto a Jacobo
c a os irmaós. E faido, partiofe para outro lugar.
18 Sendo pois ja de dia, avia naó pouco alvoroço entre os folda-
- dos, quc fe ouvcfte feito de Pedro.
19 Mas como Herodes o bufeou, e naõ o achou feita inquifiçaó
das guardas, mandou os levar. E defçcndo de Judea a Ccfarea , fi-
couíè [ali. ]
20 E Herodes tinha determinado fazer guerra a òs deTyro , c
dc Sydon ; porem vindo elles de hum comum acordo a elle , c per-
íuadindo a Blafto, quc cra o Camareiro dcl Rey, pediao paz; poi-
que fuas terras fe fuftcntavaõ d’as d’El Rey. ,
21 E hum dia aflinalado , vcftindofe Hcfodcs de vcftidosReaòs,
ílflèntoufc no tribunal, c arrezooulhcs.
22 E o povo exclamava: voz dc Deus, c naõ de homem.
2 3 E logo o Anjo do Senhor o ferio , porquanto naó deu a glo­
ria a Deus; c comido de bichos, cfpirou.
24 Mas a palavra de Deus hia creçendo, e fe multiplicava.
25 E Barnabas e Saulo , avendo cumprido com fcu ferviço , fc
tornáraõ dcjcrufalem, tomando juntamente comfigo a Joaõ, o que
tinha por fobrenome Marcos.
LI Ca-
168 ACTOS DOS
Capitulo XIII’
10 Efpirito íilQo envia <» Paulo e a Barnabas a pregar o Euangelho a os gentios. ^.Os
quaes caminhando peta Seleucia a Cypro pregai et» Salamma e em Papho. 7 ^onde
0 Proconful Sérgio Paulo, defejando ouvir a palavra de Deus, fe converte, n/ular-
jeftts, que procurava impedilo, fica cego. 13 Dali vem a Perges , e pajfando de Per-
gsvtl a Antiocbia de Pifidfa, tf Aonde Paulo pregando, conta os
Deus ate a o David fct a os Ifraehtas. ij Mo/lra que a promeffa da Jen.inte de
David foi comprida em Chrifto jefu que em jcrufalem foi crucificado, e
dos mortos, como predix. David. ?8 Eque nelle fe juftficao todos os crentes. V-Huns
dos fiedeos crem, mas outros contraditem. 46 E por ifib fe tornao aos
quaes todos aquelles crcraó que fera a vida eterna ordenados effavao. $o Os judeos
levantaõ perfeguifaõ contra Paulo e Barnabas, queftcudmdo contra elles 0 po de feus
pees, hiaó a Iconio.

1 A via entonçes n’a Igreja, que eftavaem Antiocbia, algunsPro-


xx phetas e Doutores Barnabas e Simaõ, o que fe chama niger,
e Lucio Cyreneo, c Manahcn, que avia fido criado com Herodes o
Tctrarcha,eSaulo. . . ..... . cf. .
2 Servindo pois eftes a o Senhor , e jejumando , difle o Efpirito
fànóto: Apartacmc a Barnabas, e a Saulo , pera a obra peraque os
tenho chamado. , „ , ■ „
3 Entonçes jejumando, c orando, e pondolhes as maos cmçima,
enviáraô os. _. . . _ , / „ n ap
4 E clles entonçes, enviados pelo Eípirito fanóto , deçerao
lcucia; cdali navegáraó para Cypro. . z ;
5 E chegados a Salamina , anunpiavao^a palav
a Ou.fiw «Synagogas dos Judeos; e tinhaó tambem aJoaóa poi mini tro.
afiiflia. 6 E avendo atraveflàdo a ilha ate'Papho , achai ao a hum homen
Mano, falfo propheta, Judco, chamado Bar Jcfus.
' O qual eftáva com o Proconful Sérgio Paulo , varaó prudente.
Efte chamado a Barnabas, e a Saulo , defejava ouvir a palavra de
DTMas rcíiftialhes Elymas, o encantador, ( que afli fe interpreta
feu nome) procurando apartar d a fe a o Pioconíul.
9 Entonçes Saulo, que tambem chamado J Paulo, ciicioao
Eípirito íiinéto, pondo nelle os olhos diífe: , ,
10 O cheio de todo engano e de toda maldade , 10. ‘
inimigo dc toda juftiça , naó peílãías dc traftornar os caminhos direi­
tos do Senhor?
11 Agora pois ves aqui a maó do Senhor contra ty , e feras cego,
naõ vendo o lòl por algum tempo. E lqgo cahio nelle efcuridaue,
. c
S. APOSTOLOS. Cap. XIII.
e trevas ; e andando a ò redor , bufcava quem Q lhe J guiaflè a
maõ.
12 Entonçes o Proconíul, vendo o que avia íúccdido, crco, ma­
ravilhado da doótrina do Síior.
i j E partidos de Papho, Paulo, c os que com clle eftavaó, víe-
raó a Pcrges [cidade J dc Pamphilia. EntonçesJoaõ, apartandofc delles,
' tornoufe a Jcruíãlcm.
14 E ellcs paflãndodc. Pcrges, vicraó a Antiochia [cidade^ dc
Pifidia , c entrando na Synagaga hum dia dc Sabado , aftentá-
raó íè.
15 E despois da lição da Ley e dos Prophetas, os Príncipes da Syn­
agoga lhes mandaraó dizer: Varoés irmaós, fc ha cm vosoutros [al-
gua J palavra de confolaçaó pera o povo, fallac.
16 Entonçes Paulo levantandofe, e feito fiíençio com a maó, dit
fe: V aroens lfraèlitas, e os que temeis a Deus, ouvi:
17 O Deus defte povo de Ifracl eícolhco a noflòs Pacs, e exalçou
a o povo, fendo elles eftrangciros cm terra de Egipto, c com braço
levantado os tirou d’clla.
18 E por tempo, como dc quarenta annos, fuportou feuscoftu-
mes no deferto.
ip E dcftruindo as fetc gentes na terra de Chanaan , repartiolhes
por forte fua terra.
20 E despois de quafi quatro çentose cincoenta annos [Zkrjdcu
osjuizes, até o Prophcta Samuel.
ai E entonçes pedirão Rey, e deulhes Deus a Saul, filho dcCis,
varaó da b linhagem de Benjarain, por cfpaço dc quarenta annos. bOn, Cers-
a2 E tirado aquclle, levantoulhes a el Rey David; a o qual deu p»».
teftimunho , dizendo , a David £ filho J de Jcílc, achei varaó con­
forme a meu coraçaó, que fara toda minha vontade.
23 Da femente defte, conforme á promeflà, levantou Deus aje-
fus por Salvador dc Ifracl.
24 Avendo Joaó primeiro, antes dc fua vinda , pregado a todo o
povo dc Ifracl o bautifmo de arrependimento.
2| Mas como Joaó cumpriflè íua carreira, diífe: quem cudais que
fou?cu naó fou o [Chrifto J mas eis que aposmy vem aquelle , cu­
jos çapatos dos pees naó íòu digno delatar.
Varoens irmaós, filhos da Linhagem de Abraham , e os quc
entre vosoutros temem a Deus, a vosoutros he enviada a palavra
d efta falvaçaõ.
LI z 27 Por-
i7o ACTOSDOS
27 Porque mó conhecendo os quc habitavaó em Jcrufalem, nem
feus Princiq^s, a elle , nem as vozes dos Prophetas , quc todos os
Sabados fchem, condenando f 0 J as vicraó a cumprir.
28 E fem achar cauíà dc morte , pediraõ a Pilatos que o ma-
tallèm,
29 E avendo cumprido todas ascoufas que d’cllc eílavaó cícritas, ti­
rando f 0] do madei ro, [0] puferaó na Íèpultura.
30 Porem Deus o reíulcitou dos mortos.
31 E por muitos dias foi viílo dos quc juntamente com ellc dc
Galilea aviaõ íõbido a Jcruíàlem , os quaes íâõ luas teftimunhas para
com o povo.
3 2 E nosoutros vos euangelizamos a prometia , que a os Paes foi
feita j a qual Deus ja nos tem cumprido a nosoutros, feus filhos del-
lcs,rcfufcitando a Jefus.
3 3 Como tambem no Pfalmo fegundo efta eícrito: Meu Filho cs
tu, hoje tc geréi.
3 4 E que o refufeitafle dos mortos pera nunca mais tomai- â cor­
rupção, alfi o diílè : Por firmes vos darei as beneficências dc David.
3 j Porquanto tambem cm outro Q/yà/wojdiz: Naõdarits teufan-
óto a quc veja corrupção.
3 6 Porque na verdade , avendo David cm fcu tempo fervido a o
Confelho de Deus, dormio, e foi ajuntado comfeuspaes, e viocor­
rupção.
37 Mas aquclle que Deus rcíufcitou, naó vio corrupção.
3 8 Seja vos pois notorio , varoens irmaós, quc por eftc vos hc
anunciada a rcmillàó dos pcccados.
3 9 E de tudo do quc pela Ley dc Moyfes naó pudeftes fcr juftifica-
dos, nefte hc juftificado todo aquelle que crer.
40 Vede pois que naõ venha íòbre vosoutros 0 quc nos Prophetas
eftá dito:
41. Vede, ó dcíprczadorcs, e eípantacvos, c cfvaeceivos, por­
que obra obro' cm voílòs dias, obra quc naõ a crcréis, íè alguem
vola contar.
4- E íàidos da Synagoga dos Judcos, lhes rogáraó as gentes, que
o Sabado feguinte lhes falaflcm as melinas palavras.
41 E dcípedida a congregaçaõ, muitos dos Judcos, c dos R.cli-
gioíòs prolèlytos , íeguiraó a. Paulo c a Barnabas ; os quaes fal-
landolhcs, pcríuadiaõlhcs quc pcrmancccílcm na graça dc Deus.
41E o Sabado feguinte ajuntouíc quafi toda a cidade a ouvir a palavra
dcDcus.. 45 Em-
S. APOSTOLOS. Cap. XIV. 271
4$ Entonçes os Judeos, vifta a companha, fc enchcraõ dc enveja;
e contradiziaó a o que Paulo dizia, contradizendo, e blasfemando.
46 Entonçes Paulo e Barnabas , uíãndo de liberdade^ diíldraõ:
A vosoutros na verdade cra mifter que fc vos fallallc a palavra de
Deus; mas pois a cngeitacs , c da vida eterna indignos vos julgaes,
vedes aqui nos tornamos ás gentes.
47 Porque afli nolo mandou o Senhor £ dizendo J ; Por luz das
gentes te pus, peraque fcjas por falvaçaó ate o cabo da terra.
48 E ouvindo [ iflo] as gentes, alegráraõ fe , e gloriíicavaó a
palavra do Senhor ; e crciaó todos aquelles que pera a vida eterna
ordenados eftavaó.
49 E affi fc* divulgava a palavra do Senhor por toda aquella pro-
vincia.
5 o Mas os Judeos incitáraõ alguãs mulheres devotas c honradas,
e a os principaes da cidade, c levantaraó perfeguiçaõ contra Paulo e
Barnabas; a os quaes lançáraó fora de feus termos.
51 Sacudindo elles entonçes contra elles o po' dc ícus pees, vicraó
fc a Iconio.
p E os difcipulosfccnchiaõ de alegria, e do Eípirito íiufcto.

Ca pitu lo XIV.
1 Paulo e Barnabas pregando e fazendo milagres em Iconio, muitos gentios e Judeos
crem. 4 5 por ijfo logo foraõ perfeguidos, e fe retiraõ a Lfllra e Derbes. 8 Paulo
em Lfllrafara a bum coixo. 11 Tendo os 0 povo por iflo por deufes, e qutrcndolbesfa-
crifcar , 0 impedem. 19 Mae os Judeos de Antíocliia e Iconio incitai a 0 povo que •
apedrejaflema Paulo. 10 Mas levantandofe, partio com Barnabas pera Derbe . 11 Ex-
bortai os irmaós a perfeverancia. 2} Conflituem dnciaõscm cada huã das Igrejas.
í I23
4 E paflando por alguás terras e cidades, fetortiaõ a dmiocbia. 17 Kelataõ quam
grandes coufas Deus por mejo d’elles fizera.

I "J7 aconteceo cm Iconio que entrando ellcs juntamente na Syna-


■*-' goga dos Judeos falláraó de tal maneira , quc creo delles huã
grande multidão, afli dejudcqsfcomodc Gregos. _ xirrrtáraõ
• 2 Mas os Judeos que fc ficáraô incrédulos, incitáraõ c
os ânimos das gentes contra os irmaós. •
3 Com tudo ifto fe detiveráõ muito tempo fallando45confia- a Livremt^
damente no Senhor , o qual dava teftimunho á palavra de fua graça,u*
dando que finaes c milagres fc fizeflem por fuas maós.
4 E« a multidaó da çidade fcdividio;eos huns eraó polasJudeos, c
OS outros polos Apoftolos.
5 E fazendo os Judeos c as gentes, juntamente com feus
r Lí 3 . Princi-
ACTOSDOS
prinçipes huá revolta, pera os afrontííré, e apedrejarem:
b 6 [intendendo o elles, acolhéraó fe a as cidades dc Lyftra e Der-
bes, cidade!.'de Licaonia, e por toda a terra d’o redor.
7 E ali nrcgavaõ o Euangelho. ,
8 E citava ali aílcntado hum varaó de Lyftra, impotente dos pes,
coixo deícfo ventre dc íua mac, que nunca tinha andado.
9 Efte ouvio fallar a Paulo; o qual pondo os olhos nelle, cven­
do que tinha fé pera íarar. . ' ,
10 Diílè cm alta voz: Levantate direito íòbre teus pes; ccllcíal-
t0Ui’i Entonçes as companhas, vendo o que Paulo fizdra, levantáraõ
a voz , dizendo em lingoa Licaonia , Deufes femelhantes a homens
deícenderaõ a nosoutros.
12 E a Barnabas chamávaó Júpiter, c a Paulo Mercúrio, porque
cfte era o que fallava.
r Eo Sacerdote dc Júpiter , que cftava diante de fua cidade ,
trazendo touros coroados a entrada das portas , queria íacrificai lhes,
iuntamente com o povo.
14 O que ouvindo os Apoftolos Barnabas e Paulo, íaltarao entre
as companhas, e rafgando ícus veftidos, deraó gritos,
15 Dizendo, varoens, porque Fazeis ifto? tambem nos fomos ho­
mens coníovos, fugeitos ás mcímaspaixoés que vos, anunciamos que
deitas vaidades vos convertaes a o Deus vivo , que fez o Cco , e a
terra, e o mar, c tudo quanto nellcs ha.
16 O qual n’os tempos paflàdos deixou andar a todas as gentes ca-
da huá em feus caminhos.
17 Ainda que com tudo a fi mefmo íè naõ deixou fem tcftimunho,
bemfazcndo deído Ceo , dando nos chuvas, e tempos fruétiferos,
enchendo dc mantimento e de alegria noílòs coraçocns.
18 E dizendo eftas couíàs, apenas apaziguáraô as companhas que
lhes náõ íacrificáflcm. f
. 19 Entonçes fobrevicraõ hunsJudeos de Antiochia, e dc Iconio, que
perfuadi^aó a multidão; c avendo apedrejado a Paulo, frouxcraõoar-
raftrando fora da cidade, cuidando queja eftava morto.
10 Mas rodeando o os diíçipulos, lcvantouíè, c entrou na cidade,
e hum dia despoisícpartiocom Barnabas pera Derbe.
21 E avendo anunciado o Euangelho a aquelle cidade , c aven­
do feito muitos diíçipulos, tomáraõ fe a Lyftra, c a Iconio, caAn­
tiochia.
22 Con-
S. A P O S T O L O S. Cap. XV. 273
22 Confirmado os ânimos dos diíçipulos, [>] cxhortando os oue
permancçeílcm na fé , e que por muitas tribulaçocns j^s hc miíter
entrar em o Reyno de Deus.
23 E avendolhes, porconlcntimcnto de todos, conftituido Ançiaós
em cada huã das Igrejas, c feita oraçaó com jejuns, cncomcndáraó
os a o Senhor, cm o qual aviaõ crido.
24 E paliando por Pifidia, vieraó a Pamphilia. ,
25 E avendo fallado a palavra em Perges, deíçenderaó a Attalia.
26 E d’ali navcgáraó para Antiochia , aonde aviaõ fido encomen­
dados á graça de Deus, pera a obra que ja tinhaó acabado. ■
27 E como vieraó , e ajuntáraó a Igreja , relatáraó quá grandes
coufas Deus por meio delles fizera ; c como tambem a as gentes
abrira a porta da fé.
28 E ficaraó íc ali, naó pouco tempo, com os diíçipulos.

Capitulo XV.
I Antiocbia ouve dijfenfaõ acerca da Ley e circuncifaõ. i EnviadosPaulo e Bar*
nabasfobre ijj~o a jcrufalem, contai a converjaó das gentes, e aqueftaÕ. 6 Congre-
gados os apoftolos, deraÕfim a efta dijfenfaõ, refolvendo deninguá outra cargo lhes
impor mais, que quatrd coufas nece[fartas. 11 6 que fizeraófaber a as Igrejas pelo
Paulo e Barnabas. Sendo httma contenda entre Paulo e Barnabas por caufa de
joaó Marco, fe apartaóhum do outro. 39 Navigattdo Barnabas com Marco para Cy-
pro, e Paulo com Silos para Syria e Cilicia.

i T7 ntonces alguns quetinhaóvindodcJudea, cnfinávaóaos irmaõs


^[ãixsndo] que le conforme a o rito de Moyfes vos naó circun­
cidardes, naó vos podereis íàlvar.
2 E feita pelo Paulo c pelo Barnabas hua contradição e contenda
naó pequena contra clles, determináraõ que fobiílèm Paulo , c Bar­
nabas, e alguns outros delles, a os Apoftolos, e a os Ançiaós, a Jc-
ruíàlcm fobre efta qucftaó.
3 Acompanhados pois elles da Igreja, paflãraó por Phenice, e Sa-
maria, contando a convcrfàõ das gentes: e davaó grande alegria a to­
dos os irmaõs.
4 E chegados a Jcrufalem, foraó recebidos da Igreja, e dos Apo­
ftolos, e dos Ançiaós j e fizdraó lhes faberquam grandes coufas Deus
por clles tinha feito.
5 Mas \_diúaõ elles'] alguns da feétadosPharifeos, queaviaõcri­
do, fc levantáraõ, dizendo, que hencceflãriocircuncidalos, cman-
darlhcs que guardem a Ley de Moyfes.
6 E
274 ACTOSDOS
6 E ajuntáraõ fc os Apoftolos, e os Anciaós, pera atentarem nc-
fte negocif;
7 E avendo [fobre ijfo ] grande contenda , Pedro fe levantou,
c lncs diflè: Varoens irmaós, bem fabeis como ja vae por muito tem­
po, quc Deus dentre nos clcolhcoamy, paraque por minha
boca ouviílcm as gentes a palavra do Euangelho, e creílèm.
8 E Deus, que conhece os Coraçocns,-lhes deu teftimunho, dan-
dolhes o Eípirito lãnólo, ,como tambem a nosoutros.
$> E nenhuá diftèrença fez entre nosoutros e elles; purificando pe­
la fc Íèus coraçocns.
ío Agora pois, porque atentaes a Deus , pondo hum jugo fobre
o peícoço dos diíçipulos , quc nem nollòs paes , nem nosoutros ave-
mos podido levai-?
11 Antes cremos quc pela graça do Snor Jcfu Chrifto feremos fal-
vos, da mefina maneira coino elles.
12 Entonçes toda a multidão calou ; e ouviraõ a Barnabas c a
Paulo, qúe contávaõ quam grandes maravilhas, e finaes, -Deus por .
ellcs entre as gentes tinha feito.
13 E avendo fe calado , refpondeo Jacobo , .dizendo , varoens ir­
maós, ouvifne:,
14 Simaõ tem contado como primeiro Deus vifitou as gentes, pe­
ra tomar f cFiIImJ hum povo pera ícu nome.
1 $ E com ifto concordaó as palavras dos Prophetas , como efta
eícrito:
16 Despois difto tornarei, e reftaurarei o tabernáculo dc David,
que cftava caido : e renovarei fuas ruinas, e tornalohei a levantai
17 Peraque o refto dos homens bufquc a o Senhor: e todas as de­
mais gentes, fobre as quaes meu nome hc invocado, diz o Senhor, •
que todas eftas couíãs faz. ?
18 Notorias íàõ a Deus desd’ab eterno todas fuas obras.
19. Poloque julgo que os que das gentes a Deus fc convertem,
naõ devem dc fer desenquietados.
2 o Scnaõ efereverlhes quefe abftenhaõ das contaminaçoens dos ído­
los, e dc fornicaçaó, e de aftogado, c de fãngue.
2 1 Porque Moyfes, dcfclos tempos antigos, tem em cada çidade
quem o preguem nas Synagogas, aonde cada Sabado he lido.
2 2 Entonçes pareçco bem a os Apoftolos, c a os Anciaós , com
toda a Igreja , elegir varoens dentre ellcs, e envialosa An­
tiochia, juntamente com Paulo c Barnabas: [a faber'] a Judas,quc
tinha
S. A P O ST O L O S. Cap. XV.
tínhapor fobre nome Barfabas, caSiias, varoens principaes entre os
irmãos.
23 E eforever com elles afli : Os Apoftolos, cosAfíciaõs, e os
irmaós , a os irmaóscias gentes, que cltáóem Antiochia, cm Svria,
e em Ciliçia, íàudc:
24 Por quanto avem.os ouyido que alguns, que dentre nosoutros
fairaó , vos tem deicnquictado com palavras, traftornanuo vollas al­
mas, mandanuo vos çircunçidar, c guardar a ley; a osquaes \j«l]
naó avemos mandado.
2 5 Pareçeu nos [bem, j ajuntados conformcmcnte em bum, ele­
ger [alguns] varoens , e cnviarvolos juntamente com nollos amados
Barnabas, ePaulo. .
2<í Homens que ja tem entregues fuas almas polo nome de noílò
Senhor |eíu Chriíto.
-7 Afli que vos enviamos a Judas, c a Silas, os quaes tambem de
boca vos fariíó íãbcr o meimo.
28 Pois a o Eípirito íânéto, e a nosoutros, parecco bem , de
nenhuá outra cárga vos impor mais , que eftas coufas ncccílà-
rias:
2<> Que vos abftenhaesdas coufas facrificadas a osidolos, edefan-
gue, eueaffogado, e de fornicaçaó; das qtiacs coufas, fevoscuarl
dardes, fareis bem.Tenhaisíaude. , b
30 E dcípcdidos elles, defenderão a Antiochia, c ajuntando a
niultidam, cntregáraóacárta.
•se. a 1 1 ✓ - .* / - « , __

tarao, e confirmáraõ a os irmaós com abundançia de pala-

* 1 P P^ndo algum tempo, os tomáraõ os irmaós a enviar


a os Aput tolos etn paz.
3 a Sdlas parcceo bem ficar fc ali.
3 5 rb Paulo, c Barnabas íe ficáraõ em Antiochia, enfinando c euan
gclizando, com outros muitos, a palavra do Senhor.

I * *'-'*>'* v Alvillv 1vAcUIAa>*

38 Mas a Paulo lhe parcçia que naó deviaó tomar com figo
ACTOSDOS
aquelle, que dcfde Pamphilia delles fe apartara, e com ellcsaaqueb
la obra naó rdra.
39 E oth/e tal contenda entre elles, que fc apartara ó hum do ou­
tro: c Baniabas, tomando com figo a Marcos, navegou paraCypro.
40 E Paulo, cícolhendo a Silas, partio íc dali, encomendado dos
irmaõs á graça de Deus. •
41 E foi paliando porSyria, e por Cilicia, confirmando as Igrejas.

Capitulo XVI.

1 Pattlo circuncida a Timotheo e leva com Jiga. 4 PaJJando pelas cidades lhes entrega
as decretas das Apopolos. 6 Defendelbe a Efpirito Janela de pregar em Ajta. 9 JS
pela vijaõ chamada para Macedonia, prega fora da cidade de Pbibppis aonde Lydia
cre, e foi bautizada cam fua família. 1 ó O Paula lançando fara bum e/pirito ade-
vinbador', fej cam Silas levada a Audiência , acujddo , açoutado e lançado na pri-
faõ, cujas portas na meja noite fe abriraÕ com terremoto. 27 Como 0 carcereiro fe
convertes, e foi bautizado com toda fita familia. 37 Os do Governo mandaõfelta-
los, mas Paulo fendo Romano quere por elles mefmos fer tirado, como fizeraó.

j T7 vei° atc Dcrbe e Lyftra : e eis que eftava ali hum diíçipulo,
chamadoTimothco, filho de huãmulher Judea , fiel:Mas dc
pae Grego.
2 Ddfte davaõ [bonf] tcftimunho os irmaõs que eftávaõ em Ly­
ftra, e em Iconio.
3 Efte quis Paulo que foílc com elle : e tomando o, çircunçidou
o, por cauíà dos J udeos que eftavaõ naquelles lugares : porque todos
fabiaó que íèu pae era Grego.
4 E como hiaó paílàndo pelas cidades , lhes entregavaõ os decre-’
tos que pelos Apoftolos , c Ançiaós, que eftavaõ cm Jcrufalem,
aviaõ fido determinados, peraque os guàrdaflêm.
5 Aíli que as Igrejas íc confirmávaõ na fé, e cada dia fe hiaõaug-
mentando cm numero. -
6 E paílàndo â Phrigia, e á província de Galacia, foilhes defendi­
do pelo Efpirito íancto dc fàllarem a palavra em Afia.
7 E como vieraó a Myfia, intentaraõ dc ir a Bethinia ; mas naõ
os deixou o Eípirito ir.
8 E paílàndo por Myfia, defeenderaõ ate Troas.
9 E apareceu a Paulo dc noite, em viíàõ , hum varaó Macedo»
nio, que pondofelhe d.antc , lhe rogava , c dizia : Paílà a Maccdo-
nia, cajudanos.
ío E como vio a vifao, logo procuramos partir pera Macedonia,
confia»
S. APOSTOLO S. Cap.XVl. t77
confiados que Deus nos*chamava, pera lhes anunciarmos oEuan->
gelho. ., ,r
11 E partidos de Troas , viemos caminho direito a bamothracia,
eo|>] lèguintcaNeapoles.
12 E dali'a philipços, que he a primeira çidade deita banda de
Macedonia , c hc huá Colonia : c eítivemos naquella cidade alguns
dias. . • .. y
i j E hum dia dos Sabados fahimos da cidade a o no , aonde fc
coítumava fazer a oraçaó: e allcntandonos, falíamos a as mulheres que
fe aviaõ ajuntado.
14 Entonçes nos ouvio huã çeíta mulher , chamada Lydia, que
vendia purpura, da cidade dos Thyatireos, temeróla de Deus, o
coraçaó da qual o Senhor abrio, peraque eítiveíTe aténta ao que Pau­
lo dizia.
1 $ E como foi bauti/ada juntamente com íua cafa, rogounos, di­
zendo, fe aveis julgado que cu feja fiel a o Senhor, entrae cm min­
ha cafa, c pouíàe ali; e conih-angeo nos. ~
ií E aconteceo que indo nosoutros a oraçao , nos íahio a o en­
contro huá menina que tinha efpirito aPhitonico: aqual comadevin-a^"^<«n
har dava grande ganancia a feus Senhores. adevinh»-
17 Eíta íèguindo a Paulo, e a nosoutros, dava gritos, dizendo, ’
Eftes homens faõ fervos do Deus Altiflimo , os quaes nos anunciaó
o caminho da falvaçaõ.
18 E ifto fazia ella por muitos dias. Porem deícontentando iftoa
Paulo , virou fe , e diílè a o eípirito : Em nome de Jefu Chrifto tc
mando que íâias delia, e na mcfma hora fahio.
19 E vendo ícus Senhores que a eíperança de fua ganancia era
ida, prcndcíaó a Paulo, c a Silas; e trouxeiaó os á Audiência, a o
Magiftrado.
20 E aprefentando os a os do Governo, difleraõ : Eftes. homens
àndaõ alvoroçando noflà cidade, naõ obftante ferem Judeos.
21 E pregaõ ritos que naó nos hc licito receber , nem fazer; vi­
fto que fomos Romanos.
22 E concorrco o povo contra elles; e rasgandolhes os do Gover­
no os vcftidos, mandaraõ os açoutar.
2 3 E avendolhes dado muitos açoutes, lançáraõ os na prifaó; man­
dando a o Carcereiro que os guardaflè com diligençia.
2 4 O qual recebido efte mandamento , meteo os na priíàõ dc mais
•adentro, c polos dé.pés no çepo.
Mm 2 25Mas
17» ACTOSDOS
2 5 Mas á meia noite orando Paulo e Silas,‘ c cantando hymnos, ou-
viaó os os ostros preíòs.
16 Entôíices íòbreveio de repente hum taó grande terremoto,
quc os aliccrfes da priíãó fc moviaõ: c logo todas as portaste abriraó,
c as prifocns dc todos fc foltáraõ.
27 E acordando o Carcereiro, e vendo abertas as portas da pri-
íàõ, tirando da eípada, queria fe matar, ■ cuidando que ja os preíòs
eraó fogidos.
28 Entonçes Paulo bradou com grande voz, dizendo , Naõ te fa­
ças nenhum mal, que todos eftamos aqui.
29 Elle entonçespedindo luz, laltou dentro, c tremendo , der-
riboufe £ a os pees~\ dc Paulo, c de Silas.
30 E tirando os fora, diflelhes : Senhores, quc me he neceflario
fazer, para me falvar ?
31 E elles lhe difleraó: Creem o SenhorJçíu Chrifto, efalvarteas,
tu, e tua caía.
3 2 E fàlláraõ lhe a palavra do Senhor, c a todos os quc eftavaó cm
fua caía.
3 3 E tomando os clle configo , naquella meíina hora da noite,
lavoulhes os açoutes , e bautizoufe logo elle, e todos os feus.
34 E levando os a fua caía , pos \Jhes J a mefa ; e gozoufe dc
que com toda fua caía ouvefle crido a Deus.
3 5 E fendo ja de dia, mandaraó os do Governo a os alcaides, di­
zendo , íòlta a aquelles homens.
3<5 E o Carcereiro fez íaber eftas palavras a Paulo, [dizendo, J
mandado tem os do Governo , quc vos íoltcm : afli que agora íàhi,
c ide vos em paz.
37 Entonçes Paulo lhes diflè : Açoutados publicam ente , e ícm
avernos ouvido, fendo homens Romanos, nos lançáraó na prifaõ; c
agora encubcrtamente nos enviaõ: Naõ por certo; lênaõquevenhaó
ellcs meímos, e nos tirem.
38 E os alcaides tomáraó a dizer a os do Governo eftas palavras: e
temeraõ, ouvindo que eraó Romanos.
39 E vindo pediraõ lhes perdão; c tirando os fora, rogáraõ lhes
quc fc íahiflem da cidade.
40 Entonçes faindo da prifaõ, entráraõ f emeafd.'] dc Lydia, c
viftos os irmaós, confoláraõ os; e íãiraõ fe da cidade.

Ca*
S. APOSTOLOS Cap. XVII. 27?
Capitulo XVII.
1 Pregando Paula em TbeJJalonica, alguns Judios e muitos Gregos fi ;-nvertrm a fi;
- AÍ4í outros alvoroçando a o povo contra clles, tratem a Jafin a os Magiftra-
dos. 1 o Mas Paulo e SíIm fi efiapaõ a Serea , aonde pregaõ. i i Muitos efqua-
drinhãdo a Efiritura, crem-, e feito ali tambem hum alvoroço, Paulo foi enviado e
levado a Menos. 16 donde Jeu ejpirito je desfitendo nelle por caufa da grande
idolatria , difputa com os Judeos e Pbilofiphos dos Epicureos e Eftoices, anunciando
lhes a Deus o feu verdadeiro firvipo. 30 Exborta os que fi convtrteffim a Chrifto,
refufiitado dos mortos, e determinado por fer Jtcit do mundo. Com que alguns
tomhaõ: mas alguns crem , entre quaes era Dionifo dreopagita e Damaris.

1 TT paílàndo por Amphipolis, e por Apollonia , vieraó a Theflã-


-‘-'lonica, aonde avia huá Synagoga dc Judeos.
2 E entrou Paulo a elles, como de coftume tinha, c por tresSa­
bados difputava com clles pelas Efcrituras.
Declarando as, e Ipropondo lhes, que convinha que o Chriftopa-
dcceílè, e dos mortos refuícitaílè: e que elle JcfushcoChrifto, que
eu [dizjal vos anuncio., . , „
4 E alguns delles creraõ, e fc ajuntarao com Paulo , c com Si-
las: c dos°Grcgos Religiofos , grande multidão ; c mulheres nobres
naó poucas.
5 Entonçes os Judeos desobedientes envejando [ aquillo ] to-
mávaó com figo a alguns ouciofos, homens malinos, c ajuntando a
companha, alvoroçávaó a cidade: e acometendo a cafa de Jafon,pro-
curávaó tiralos a o povo.
6 E naó os achando, trouxeraó a Jaíòn, e a alguns irmaõs, aos ,
Magiftrados da cidade , dando gritos i eftes íãó os que andaó alvoro­
çando o mundo, e tambem tem vindo aqui.
7 A os quaes Jaíòn tem recolhido , e todos eftes fazem contra os
decretos de Ceíàr, dizendo, que he outro Rey,Q« fctber J Jeíus.
8 E alvoroçáraõ a o povo, c a os Magiftrados da cidade, que ou-
viaõ eftas couíàs.
9 Porem recebida íàtisfaçaõ dc Jaíòn , c dos dc mais, íòltáraóos.
iq Entonçes logo os irmaõs enviáraõ dc noite a Paulo, e a Silas»
a Bcrca : os quaes cm,la chegando, entráraõ na Synagoga dos
Judeos.
11 E foraó eftes mais nobres que os Judeos, que eftavaõ em
Theflàlonica, pois receberão a palavra com toda boa affciçaõ,
cíquadrinhando cada dia as Efcrituras, fe cftas coufas eraó
afli.
j Mm 3 ij A1U
4Ío '’ ACTOSDOS
11 Afli que crcraõ muitos delles: e das mulheres Gregas honra­
das, como tambem dos varoens, naõ poucos.
13 Mas'como os Judeosde Thcflàlomca entenderão que tambem
cm Bcrca era por Paulo anunciada a palavra dc Deus; vicraó íè
tambem la, alvoroçando a o povo.
14 Porem logo os irmaós enviáraó a Paulo, que fc fofle como a o
mar: c Silas c Timothco fc íicáraõ ali.
15 E os quc a feu cargo aviaõ tomado a Paulo, o leváraó ate A-
thenas; e tomando delle mandado pera Silas, cTimothco, que vicí-
fem a ellc o mais çedo que pudeflem, fc partiraõ.
16 E efpcrando os Paulo cm Athcnas, feu eípirito fc desfazia ncl-
lc, vendo a cidade toda dada â idolatria.
17 Afli que difputava na Synagoga com os Judcos, e Rcligiofos;
c na praça cada dia, com os quc [Jhí] occorriaõ.
18 E alguns Philofophos dos Epicureos, c dos Eftoicos, difputá-
vaó com elle. E huns diziaó : que quer dizer efte Paroleiro ? E ou­
tros: Parece que hc pregador dc cftranhos Deuícs; porque lhcsprc-
gávaõaJefus, e a reíurreiçaõ.
aQnirdix.tr, E tomando o, trouxéraõ ao»Areopago» dizendo, Afli-
« cafa de poderemos íaber, qual feja efta nova doõtrina que dizes ?
^Hdie‘M 2 0 P°rclue nos trazes a os ouvidos couíãs eítranhiííimas : queremos
majár"* P°’s ^cr, quc heoqueiftohadeviraíèr.
21 (Entonçes-todos os Athcnicníès, eoshoípedescftrangeiros,
em nenhuá outra couíã entendiaõ , íènaõ cm dizer, ou em ouvir,
alguã couíã de novo.)
2 2 Eflando pois Paulo no meio do Arcopago, diflè: Varoens A-
thenieníès, cm tudo vos veio como mais íupcrftiçióíòs
2 3 Porque indo cu paílãndo [a cidade^ e vendo voflõs íãnóhuarios,
achei tambem faim altar, em que eflava efta inícripçaõ ; A Ó
DEUS NAO CONHECIDO. Aquelle pois que vosoutros
honracs ícm o conhecer, a efle vos anungio'eu.
24 O Deus que fez o mundo, e todas as couíãs que nelle ha; efte,
como feja Senhor do Ceo c da terra, naó habita cm templos fei­
tos dc maós.
2 Nem hc íervido por maós de homens; como ncceflitando de
alguã couíã: pois clle ío hc o que a todos dá a vida, e a rcípiraçaõ,
e todas as couíãs.
26 E de hum fãngue fez toda a geraçaõ dos homens, pera­
que habitaflem fobre toda a-fáçe da terra, determinando as íã-
zoens
S. APOSTOLOS. Cap. XVIIÍ. 281
Zocns que dantes tinha limitado, e os termosdc fua habitaçaõ.'
2.7 Peraque bufcãflèm a Deus, fe cm alguã maneira ,< apalpando,
o pudeflcm achar : aindaque naõ efta' longe de cada liúm de nos­
outros.
28 Porque nelle vivemos, e nos movemos, c fomos; como tam­
bem alguns de voflòs Poetas difleraõ : Porque linhagem fua fomos
tambem.
29 Sendo pois liphagem de Deus, naó avemos dc cuidar que a
Divindade feja femelhante a ouro , ou .a prãta, ou a ptídra eículpida
por artificio, ou imaginaçaõ dc homens.
3 o Afli que difíimulando Deus os tempos defta ignorançia , ago­
ra denunçia a todos os homens, e cm todos os lugares, que fe arre-
pendaó.
31 Porquanto tem cftaWcçido hum dia, cm que juftamente a
todo o mundo ha de julgar , por aquelle varaó que ^ftaraijfo^ tcin
determinado ; dando diflò çcrtéza a todos, rcfolçitando o dos
mortos. ♦ . , , ,
32'E como ouviraõ da refurreiçao dos mortos , alguns delles
zombavaõ , e outros diziaó : Outra vez te ouviremos açúrca difto.
33 E afli fc fahio Paulo dentre elles.
34 Porem ajuntando fe alguns varoens com elle, creraõ: entre os
quaes foi tambem Dionifio Areopagita , e huã mulher chamada Da-
maris, e outros mais com elles.

Capitulo XVIII. •
1 Paulo achando em Corintho a Aquila e a Prifcilla, poufoucom elles, fatendo ten-
dasy e enfinandona Synagoga. 6 Sacudi feus veftidts contra os blasphemadorts.
7 O Cri/po g mustos dos Corintbios creraõ t foraÕ bautizados. 9 Vaulo fica alo
pela huã vifaõ. 11 O Proconful Gallio naõ quere ouvir acufafoens cmIM Paulo.
*7 Os Xregos ferem a Softhenes diante do Tribunal. 18 Paulo foife d alt a Epbe-
fo, Cejarea, ea Antiocbia. ij PaJJa pela Galatia e Pbrygia. 14-
nando em Ephefo a o bautifmo deJoaó, eJrnilo mais particularmente inftrtiido pelo-
Aquila e Prifcilla, convence os Judeos em Achaia, provandolbes pela Sfcntura em
como Jefus era o Chrifto.

i p aflàdas eftas coufas, Paulo fe partio dc Athenas, e fe veio a


A Corintho.
2 Eachando a hum Judeo, chamado Aquila, natural do Ponto, que
avia pouco que tinha vindo de Italia , (porquanto Cláudio mandara
que todos os Judeosfc fahiflemdc Roma ) caPrifcillafua mulher,
véiofe a clles. j „
r 3 E
aSz ACTOSDOS
3 E porque era de feu offiçio , poufoú com elles , e trabalhava:
porque atnhjs tinhaõ por officio fazer tendas. •
4 E dilputava na Synagoga todos os Sabados ; e períuadia aju-
déos, c a Gregos [afi].
5 E como Silas c Timotheo vicraó dc Macedonia, foi Paulo
conltrangido do Eípirito, teftificando a os Judcos que Jêíús era o
Chrifto.
6 E contradizendo lhe, c blasfemando ellesdiflelhes, íàcudindo
os veftidos: Voflò íanguc \_feja] fobre volla cabeça ; limpo cftou del­
le : deídagora me irei a as gentes.
7 E partindo dali, entrou em cafa de hum, chamado Jufto, temo
rolo dc Deus, a cala do qual cftava junto á Synagoga.
8 E Criipo, o Prepolito da Synagoga , creo em o Senhor cóm
toda fua cala; e ouvindo [oJ muitos dos Corinthos, crcraõ, cfófam
bautizados.
9 Entonçes o Senhor difle de noite, em viíàó, a Paulo: Naõte-
mas, íenaõ falia, e naõ cató. •'
i o Porque comtigo cftdu eu, e ningué ;fe arremetára pera fâzer tc
mal algum: porque muito povo tenho nefta çidade.
11 E ficou íe [*/z J hum ano e leis méfes, enfinandolhes a pala­
vra de-Deus.
li E fendo Gálion Proconful de Achaia , íè alevantáraõ os Ju­
deos de hum comum acordo contra Paulo , c trouxéraõ o a o Tri­
bunal,
• Dizendo, Efte he o que pcríuade a os homens a fervir a Deus
contra a Ley.
14 E começando Paulo a abrir a boca, diflè Galiori a osJudcos •
fe ouvera algutnagravo, ou algum cnme enorme, ó Judcos com
razaõ vos íofrena. ’
15 Mas 1c a qucftaõ he dc palavras, ede nomes, ede voflãLey;
vede o vosoutros: porque delias coufas naó quere cu fer juiz. 1
16 E deípcdioos doTnbunal.
*7 Entonçes tomandó todos os Gregos a Softhencs, prepoíito da
Synagoga, feriaó foi diante do Tribunal; caGalion nada diflõ íè
lhe dava.
. 18, ^orcm ficandoíc Paulo ainda ali muitos dias , dcípcdiç íè dos
irmãos, c navegou ^era Syria, c com clle Priícilla, e Aquila:avcn-
do fe primeiro tolquiado a cabeça cm Ccnchras., porquanto o tinha
aOK.Pw- * votado. r
mrttdf. r,
jp E
S. APOSTOLOS. Cap. XIX. íSj
19 E chegando a Ephefo , deixou os ali: c entrando na Synago­
ga, difputou com os Judeos. r .
20 Os quaes rogandolhc que fe ficafle com clles por ^íus tempo,
naó lho conçedco. ,
21 Antes fc dcfpedio dellcs, dizendo, He ncceílario que em to­
do cafo to'me a fefta que vem em Jcrufalem: mas outra vez, queren­
do bcus, tornarei a ter com voíco; c partiofe de Ephefo.
22 E deíçendendo a Ccfarea, fobio [ ] c faudando
a Igreja, defçcndeoaAntiochia.
25 E avendo eftado Q ali] algum tempo, partiofe, atraveflando
de caminho por toda a província dc Galaçia , c da Phrigia, confir­
mando a todos os difçipulos.
24 Entonçes chegou a Ephefo hum çertojudeo, chamado A-
pollos, natural de Alexandria , varaó eloquente , poderofo em as
Elcrituras. , r.
2$ Efte era ja inftruido no caminho do Senhor; c fervente ae eipi-
rito , foliava e enfinava diligentemente as coufas que fao do benor:
tendo fomente noticia dobautifmo de Joam.
26 E começou a fallar confiadamente na Synagoga; e ouvindo o
Prifcilla e Aquila, tomáraõ o com figo, e declaráraó lhe mais parti-
cularmcnte o caminho de Deus.
27 E querendo elle paliar a Achaia, exhortando j_o J os irmãos,
efereveiao a os diíçipulos que o recebéllèm; e vindo elle, aprovei­
tou muito a os que pela graça aviaó crido.
28 Porque com grande vehcmcnçia convençia publicamente a os
Judeos; moftrando, pelas Efcrituras, que Jefus craoGhnfto.

CapituioXIX.
1 stchand» Pgtiío em Ephefo dolje diícipuits bat<tii.ndcs cem hatitifm* delhes
pos a» maes em cima, ' recebem „ dons de Ejpirito fanão. 6 Enjmaah P"
ço de dons annos, confirmando [t<a prevaçaõ com vartos milagres. tw
ate. feus lentos e cendaesje levava» fobre es enfermes. Ij O» fete exorciftMf OS t
hum Sceva. 18 Alguns os livros de conofdades tratem, e queima». 13 Dimetrit
inata a « fO™ centra Paul». 3; Mm o eferiva» apatiguaM companhas.
i X? entre tanto que Apollos ainda eftáva cm Conntho, fuçedeo
tL quc, avcndo Paulo paliado por todas as ngioens fupenores, veio
z^Llies <Jillc: Tendes vosoutros recebido o Efpirito fanéto , des-
pois de averdes crido? E clleslhe diíldraó, antes nem ainda ouvimos,
Íc aja Eípirito firneto. r,,
/ Nn _ 3 En-
x84 ACTOSDOS
3 Entonçes lhes diflè: Em que pois íòis bautizados?E ellcs difli>
raõ: No bautiímo de Joaó.
4 E diu- Paulo: Bem bautizou Joaõ com o bautifmode arrepen­
dimento , dizendo a o povo , que crcflèm em o que a pós clle avia
dc vir: convém a fiibcr, em Jeíu Chrifto.
5 E os quc £ o ] ouviraõ, foraõ bautizados em o nomedoSnor
Jefus.
6 E como Paulo lhes pós as maós cm çima, veio íòbre ellcs o Et
pirito íànéto, e fallávaõ cm lingoas [eftranh^ c profetizávaõ.
7 E eraó todos como ate' doze.
8 E entrando clle na Synagoga, fallava livremente por eípaçode
tres mefes, difputando, c períuadindo , £ lhes J as coufas do Rey­
no dc Deus.
9 Mas cndurcçcndoíè alguns , e naõ obcdcçcndo , e maldizendo
do caminho [do Senhor J diante da multidaõ ; desviouíc delles , e
apartou a os diíçipulos, diíputando cada dia na eícola de hum perto
Tyrano.
x o E ifto durou por eípaço dc dous annos; de tal maneira quc
todos os que habitavaó cm Afia, afli Judeos como Gregos, ouviraõ
a palavra d’o SenhorJcíús.
11 E fazia Deus virtudes extraordinárias por maós de Paulo.
12 De tal maneira que até os lenços e cendacs de fcu corpo íc le­
vavam íòbre os enfermos, e delles as enfermidades fe hiaõ, e os et
piritos malinos fe íahiâó.
i j E alguns exorciftas dos Judeos, vagabundos, intentáraõ invo-
GÍr o nome do Senhor Jeíús íòbre os que tinhaõ e/piritos malinos
dizendo, Por aquclle Jefus quc Paulo prega, vos eíconjuramos. *
14 E [eftes J eraó huns lcte filhos de hum Sceva, Judeo, Prin-
pipe dos Sacerdotes, que ifto andávaõ fazendo. ’
15 E rcfpondcndo o eípirito malino, diflè : Bem conheço ajcíús,
c bem íci quem Paulohe; porem vosoutrosquem íòis?
16 E íãltando ncllcs o homem cm quem o eípirito malino eftava,
e enfenhoreandofe delles, podia mais que elles ; dc tal maneira quc
nuos , e feridos daquclla caía fogíraõ.
17 E foi ifto notorio a todos os que cm Epheíòhabitávaõ, afli aJu­
dcos como a Gregos; c cahio temor íòbre todos elles; c afli era en­
grandecido o nome do SenhorJcíús.
18 E vinhaõ muitos dos quc aviaõ crido, confcflândo, c publican­
do feus feitos.
i$»Afli
S. APOSTOLOS. Cap. XIX., 287
1 p Afli mcfmo muitos dos quc aviaõ fcguido coriofidalJes, trou­
xéraõ tambem os livros, c qucimáraõ os diante dc todos; e lançada
a conta dc feu preço, acháraó que montava cincoèntá mil din­
heiros.
20 Afli hia podcrofamcnte crcçcndo, e prevalcçendo a palavra do
Senhor. .
21 E cumpridas eftas coufas, propos Paulo em Eípirito , dc aca­
bando de paflár por Maccdonia, e Achaia, partirfe a Jcruíalcm, di­
zendo , Defdc que la ouver citado, mc convém tambem ver a
Roma.
22 E enviando a Macedonia dous daquelles quc lhe afliftiaó, [ <i
faber^ a Timotheo, c a Erafto, fe ficou ellc por algum tempo em
Áfia.
2 3 Entonçes houve hum alvoroço naõ pequeno acerca do camin­
ho^0 Senhor.
24 Porque hum çerto ourivez da pníta, chamado Demetno, que
de prata fazia templos de Diana , dáva a os Artifcçes delles naõ pou-
cagaímpa. cg avcnjo juntado os officiaes de femelhante offi-
çio , diflè: Varoens, ja fabeis , que defte offiçio tiramos toda nofla
ganancia.
26 E bem vedes, e ouvis, que efte Paulo , naõ fomente em
Ephefo, mas-tambem ainda até em quafi toda Afia, com fuas perfua-
foens tem apartado huá grande multidão , dizendo , que naõ faõ
Deufes os que íè fazem com as maós.
27 E naõ fomente ha perigo de que ifto fe nos torne cm defprc-
zo, porem tambem ainda, que até o mefmo templo da grande Dcu-
fa Diana ícja eftimado em nida; c que íúa Mageltadc a quem toda
a Afia, e o mundo [ univerfo~\ adora, venha a fdr dcftruida.
28 Ouvidas eftas coufas, enchéraõ fé de ira ,j e déraõ gritos , di­
zendo, Grande he a Diana dos Ephefios.
29 E toda a çidade fc cnchco de confuíâõ, e unanimes arrcmctc-
raõ a o theatro , arrebatando a Gaio, e a Ariftarcho, Maccdonios,
companheiros de Paulo.
30 E querendo Paulo fair a o povo, os difcipulos onaõdeixáraõ.
31 Tambem alguns dos prinçipacs dcAfia, que eraó feus ami­
gos, cnviáraõlaelle, rogando lhe, quenaõfcaprcfentaílè no Theatro.
32 E outros gritávaõ de outra maneira; porque o ájuntttmcnto cra
coíifufo; e os mais naõ íabiaõporque íè aviaõ ajuntado.
r Nn 2 33 E
186 ACTOS DOS
3 3 E tiráraõ d’entre a multidão a Alexandre-, rempuxando o os '
Judeos: err.onçes Alexandre açcnando com a maó, queria dar razaõ
a o povo. '
34 Porem entendendo que erajudeo, levantouíè huã voz de
todos, gritando por quaíi eípaço de duas horas , grande he a Diana
dos Epheíios.
3 5 Entonçcs o eferivaõ apaziguando as companhas, diílè: Varoens
Epheíios, quem dos homes ha que naõ faiba , que a çidade dos E-
phcíios hc guardadora do templo da grandeDeuíàDiana, c^diurax-
aem J que do Ceo dcíçcndcu.'
3 6 Afli que pois ifto naõ pode fer contradito, convém que vos
apazigueis, c que nada temevariamente focara.
37 Pois trouxéftes [agnij a eftes homens, naõ fendo porem íà-
crilcgos, nem blasfemadores dc voflã Dcuíã.
38 Que fe Demctrio, e os officiaes que com elle eftáõ, com al­
guém algum negoçio tem; Audiençias íc fazem, e Proconfulos ha,
accúfcmíe huns a os outros.
3 9 E fe coufa outra alguã demandara , cm legitimo ajuntamento
íè poderá' defpachar.
40 Que perigo ha de que por hoje, dc Sediçam naó fejamos ar­
guidos : naó avendo caufa nenhuá porque dcfte confurfo alguã razaõ.
dar políamos. E avendo dito ifto, deípedio a õ ajuntamento.

Capitulo XX.
1 PrtrtZo com algrtns de jtjia fe parti pera Macedonia e Grécia. 7 Enfínando em Tro.it
no primeiro dos Sabados, e alargando 0 Scrmaõ ate a mrja noite, bum Eutycbo for
derribado do Joeto, e cabio abaixo morto, aquém Paulo refujeita. 1, Pittlo vin­
do a - ’ ’ ’ ......

defpedida fat com elles oraçaõ, e 0 acompanbaõ com grande trifleza ate 0 navio.

i p çeflàndo o alvoroço , chamou Paulo a os difçipulos, c abra-


•*-*çandoos, dcípcdiofe delles; e partiofe pera Macedonia.
2 E avendo andado por aquellas partes, e cxhortando os com
abundançia de palavra , veio a Grécia.
3 Aonde , hcandoíè tres mefes , e avendo de navegar para Sy-
ria, foraõlhe pelos Judeos. poftas ciladas : c afli íc determinou a tor­
nar por Macedonia.
4 E acompanháraô o até Afia Sopatcr Bcrocníc , c os Theílàlo-
niccníès Ariftarcho , c Segundo, e Gaio Dcrbco , e Timothco, c
os Alianos Tichico, c Trophimo.
5. Eftes,
S. APOSTOLOS. Cap. XX. 287
5 EÍtes, indo fc diante, nos fóraó cípcrar a Troas.
6 E nosoutros, paliados os dias dos paens por levedar.navegamos
dç Philippos, c cm çinco dias viemos ter com elles a Tiws , aonde
nos ficamos íète dias.
7 E o primeiro dos Sabados, ajuntandofe os difcipulos a partir o
pam, Paulo os enfinava, avendofc de partir o dia leguinte ; e alar­
gou o fcrmáó ate'ameia noite.
& 8 E avia muitas alampadas cm o cenáculo, aonde fe tinhaõ ajun­
tado.
9 E eftando hum çerto mancebo, chamado Eutycho, aílèntado
em huã janella, tomado de hum fóno profundo, como Paulo ainda
cftiveflc largamentc fallando, foi derribado do fóno , e cahio defdo
terpeiro fobrado a baixo; e levantaraó o morto.
10 Porem dcfçendendoPaulo, derriboúfe fobre ellc, c abraçando
QQdiílè: Naó vos alvoroçcis, que ainda fua alma nelle efta'.
11 E fobindo, e partindo, c goftando o paõ , faliou lhes longa­
mente até-a alva do dia; e afli fe partio. ~
12 E trouxéraõ a o moço vivo, e nao pouco foraõ confolados.
11 E adiantandonos nosoutros a o navio , navegamos a Afon,
pera d’ali reçeber a Paulo j porque aífi o avia determinado, queren­
do vir por terra a pé.
14 E como com nofco fe ajuntou cm Afon, tomamolo comnof.
co, e viemos a Mitylene.
15 E navegando d’ali, viemos o [ dia ] feguinte de fronte da
Chio , c a o outro [ dia } tomamos porto em Samo : e avendo re-
poufado cm Trogylho, o [dia] feguinte viemos a Milcto.
16 Porque ja Paúlo -ayia determinado de paflãr mais a diante de
Ephefo,por em Aíia fc náó deter: porque fe aprefurava a [j fe pojfi-
•vel Ihefoffe] tomar o dia dc Pcntecoftc em Jerufalcm.
17 E enviou defde Milcto a Ephcfo, a chamar os Anciaós da I-.
greja.
18 Os quaes como a clle vicraó, diílèlhes: Bemíãbciscomofcm-
pre com vofco me houve, defdo primeiro dia que cm Afia entrei.
19 Servindo a o Senhor com toda humildade , c com muitas la­
grimas, c tentaçoens, quc pelas ciladas dos Judcos me tem vindo.
20 Como nada, que util vos fofle, deixei de publicamente, e pe­
las caías, vos anunciar, c cnfinar.
21 1’eftificando afli a os Judcos, como a os Gregos, a convcrCíó
a Deus, e a fé cm noílò Senhor Jefu Chrifto.
’ > Nn 3 . 22 E
288 ACTOSDOS
22 E agora, eis quc atá^o do Efpirito, mcvoua Jcrufalem, íèm
faber o queja mc ha dc aconteçer.
2 3 Scnau quc o Eípirito fanóto por todas as çidadcs mc teftifica*
dizendo , quc prifoens, e tribulaçoens mc cfperam.
24 Mas dc nenhuá couta faço cáfo, nem minha própria vida cfti-
mo, peraque com alegria acabe minha carreira , e o minifterio que
do Senhor Jefus rççébi, pera dar teílimunho do Euangelho da graça
dc Deus. D s
2 5 E agora vedes aqui quc bem fei, quc nenhú dc todos vosou­
tros, porquem pregando o Reyno de Deus paílèi, vera'nunca mais
meu rolto.
26 Por tanto, o dia de hoje, vos protefto, que do íãnguc dcTt^/l
todos eftou limpo. ,
27 Porque naó deixei dc vos anunçiár todo o confelho dc
Deus.
28 Por tanto atcntac por vosoutros, c por todo o rebanho, fobre
quc o Eípirito fãnóto por Biípos vos tem poilo, pera apaçentardes a
a Ou, Ac- Igreja de Deus, aqual com léu proprio fãngue a ganhóu.
quiria, ou 29 Porque eu fei que, defpois de minha partida , entrarao entre
«IcMçatt.
vosoutros lobos taó crucis, que naó perdoarao a o rebanho.
30 E que dc entre vosoutros mefmos fe levantaraó homens, que
fallem coufas pervertas, pera apos fi levarem a os difcipulos.
31 Por tanto vigiac, lembrando vos como por eípaçode tres anos,
nem dc noite, né de dia dcfcanfei dc a cadahum dc vosoutros com
lagrimas vos amoeftar.
3 2 E agora tambem irmaós, a Deus , c á palavra dc íúa graça
vos encomendo j pois poderofo he pera ívotl fobrcedificar e dar
herdade entre todos os íãnótificados. ’
3 3 De ninguém cobipei nunca a praia, nem o ouro, nem o ve­
rtido.
3 4 Antes vos meírnos fabeis quc, pera 0 que a my, e a os que
comigo eftám neceíTario me foi, me íerviraõ eftas maós. '
35 Em tudo vos tenho moftrado, que trabalhando aífi, hcneccf-
lan« fobrelevar aos enfermos: e lembramos do dito do Snor Jefus, o
MaÍS bemavcnturada coufa he, dár, do quc reçcbér.
dos ellc acaband° de dizer ifto , pós fc de juelhos, e orou com to-

3 7 Entonçes houve hum grande pranto dc todos , e derribdndo-


íe fobre o peleoço dc Paulo, beijávaó o.
' 38 Pe-
S. APOSTOLOS. Cap. XXI. 289
38 Pcíàndolhes muito , prinçipalmente pola palavra que diíléra,
que mais naó aviaõ de ver feu roíto. E acompanharão v até o navio.

Capitulo XXI.
I Paulo partindo fe tf ali vejo a Tfro. 4. 0; difçipulos diíem a elle que naõ fobiffe
a Jerufalem. f Partiofe d'ali a Ptolcmaà, e d'ali a Cefarea, aonde per alguns
dias fica em cafa de Philippe, cujas quatro filhas profetizavaõ. io ^rabolhe profe-
teta fua prtjai, mas elle, ainda que os irmaõs Ibe rogaõ , que naõ fobiffe a jertffa-
lem,foife conjtantemente para la. 18 Conta a Jacobo e a os Anciaõs 0 que Deuspor ’ ’
mejo delle fel., 10 Entra no templo com quatro varoens. 27 Aonde vindo 0 al­
guns Judeos, alvoropaõ a « povo , e btifcai matalo. 31 Mas fendo livrado pelo Tri­
buno e levado a 0 arrapal, acha licença de fallar a 0 povo.

I J7 acontcçeo que como delles nos deípedimos, e navegando fd-


■*~*mos, viemos caminho direito aCoos, e o Q dia J ieguinte a
Rhodas, e d’ali a Patara.
I E achando hum navio que paliava a Phcnice, embarcamos nos
nelle, e partimos.
3 E indo ja á vifta dc Cypro, deixando a á [ mao} ezqucrda, na­
vegamos pera Siria, c viemos a Tyro; porque a naó avia dedefear-
regar ali lua cárga.
4 E ficamos nos ali fete dias , achando a os diíçipulos ; os quaes
pelo efpirito diziaó a Paulo, que naõ íòbiílè a Hieruíalem.
5 E avendo aífi paliado aquelles dias, partimos nos d’ali, c fegui*'
mos noflò caminho, acompanhando nos todos com fuas mulheres, c
filhos, até fora da çidade; e poftos de juclhos na práija fizemos ora-

é E abraçando nos huns a os outros , fobimos a o navio; e clles


íe tomáraõ para íuas calas.
7 E nosoutros , acabada a navegaçao , viemos de Tyro a Pcolc-
maida ; c avendo íãudado a os irmaõs , ficamos nos com elles hum
dia.
8 E o [dia} íèguinte, partindoíè d’ali Paulo, e os que çomelle
cftávamos, viemos a Cefarea ; e entrando em cala de Philippe , o
Euangclifta (que tambem era [hum} dos’fete) poufamos ali com a Hum dos
tile. primeirosfe-
9 E efte tinha quatro filhas donzellas, que profetizavaõ. “ Diítce»oh
10 E detendonos [ali} por muitos dias,defcendeo dc Judea humJXtíí-
Prophcta, chamado Agabo. fiítuiraõ.
II O qual como veio a nosoutros, tomou a cinta dc Paulo , e
5 atan-
z9o ACTOSDOS
atandofe os pcs e as maós com ella, diflè : Iflo diz o Efpirito íànfto:
Afli ataníé-.os Judeos em Hicruíàlcma o varaó cuja hc eftayinta, co
cntrcgaráô' em maós das gentes.
12 O quc ouvindo nosoutros , afli nos como os quc daquelle lu­
gar éraõ, ihc rogamos quc naõ iobillè a Hieruíãlem.
1 j Entonçes Paulo reípondco : Que fazeis chorando , e aífligin-
dome o coraçaó? porque eu, naõ fó a fer atado, mas ainda atdmor­
rer cm Hieruíãlem cítóu preftes, polo nome do Senhor Jclus.
14 E como pcrfuadir o naó pudemos, repouíamos nos, dizendo, fá-
çafe a vontade do Snor.
í $ E paílàdos eftes dias , e ja apcrçebidos, fobimos a Hieruíãlem.
ió E vicraó tambem com nolco de Cclãrca J diíçipulos,
trazendo [com figo] a hum çerto Mnafon, Cypro, diícipulo antigo,
com o qual aviamos dc pouíar.
17 E como chegamos a Hieruíãlem, os irmaós nos rcçcbéraõ dc
muy boa vontade.
18 E o Q di<t J feguinte foi Paulo com nofco a ter com Jacobo,
aonde todos os Anciaós fe ajuntáraõ.
19 E avendo os íãudado, contou lhes por meudo o 'que Deus en­
tre as gentes por ícu minifterio fizéra.
2 o O que ouvindo elles, glorificáraó a o Senhor ; c diflèi-aólhe:
Bem ves innaõ , quantos milhares de Judcos ha quc crem : porem
todos íãó zeladores da Ley.
J1 E tem ja ouvido de ty , por relaçaó de outros , que a todos
os Judcos que eftiíó entre as gentes, enfinas a apartaremíè dc Moyfes;
e quc dizes, quc naõ devem çircunçidar feus filhos , nem .andar fc-
gundo a ocoftuinefãór/d-j.J
22 Quc ha pois ? Em todo caíõ he ncccflãrio que a multidaó fe
ajunte, porque ouviraõ que ja es vindo.
23 Faze pois ifto que te dizemos: Entre nos haõ quatro varoens,
que íòbre fi tetn feito voto.
24 Tomando a eftes, fan&ificate com elles, e gafta com ellesal­
guã coufa, pera quc fc rapem as cabeças, e que todos entendaõ quc
naó ha nada do que de ty por fiíma tem ouvido , mas quc tambem
ru andas guardando a Ley.
25 Porem quanto a os que das gentes créraó , ja nosoutros ave-
mos eícrito, c determinado, que naó guardem nada difto; fenaóquc
fomente íc abftenhaõ do que a os idolos for facrificado, e dc langue,
c dc aftogado, ede fomicaçaõ,
2 6 En-
S. APOSTOLOS. Cap. XXL
26 Entonçcs tomando Paulo a aquelles varoens, c fanótificando
fe com elles o dia ieguinte, entrou no Templo, dcnuivãando ferem
ja cumpridos os dias da íãnétificaçaõ, [ficando alt} até pór cada hum
delles íe oflcrcçer a offerta. .
27 E indo feja os lcte dias acabando, vendo o huns Judeos de Afia
no Templo, alvoroçáraõatodo o povo , e lançáraó maó delle.
28 Dando gritos : Varoens Ifraclitas, ajudáe; efte he aquelle ho­
mem, que por todas as partes anda enfinando a todos contra o povo, c
a Ley, c efte lugar; e ainda de mais difto tambem no Templo mtrodu-
zio a os Gregos, c tem contaminado cite íàncto lugar.
29 Porque d’antcs tinhaó vifto com elle na çidade a Trophimo o E-
phcíio, o qualpcnfávaó que Paulo no Templo avia introduzido.
30 Afli que toda a çidade fe alvoroçou , e fez fe hum concurlo
do povo ; e pegando de Paulo, trouxdraõ o parajfora do Templo : e
logo as portas íefccháraó.
p E procurando elles matalo , foi dado avifo a o Tribuno d*
guarda , que roda a çidade de Hieruíalem eftava alvoroçada.
3 2 O qual, tomando com figo foldados e Centuriocns, coneolo­
go a clles. E vendo elles a o Tribuno , e a os foldados, ceílaraõ de
ferir a Paulo.
33 Entonçcschegando o Tribuno , prendeo o , e mandou [oj
amarrar com duas.corrrentes: e perguntoulhe quem cra, e que tin­
ha feito?
34 E outros dávaó gritos de outra maneira na companha : c co­
mo por caufa d’o alvoroço nada de çerto entender podia , mandou
o levar a o arraijal.
3 5 E chegando ás efeadas, íúçedeo que por caulâ da violençiado
povo, o levaraó ás coftas os foldados.
3 <5 Porque a multidão do povo o vinha feguindo, c dando gritos:
fora com elle. , , .
Paulo ao arraijal, diflê elle a o Tri­
buno : Ser me ha liçito fallar te alguã couíà ? c elle difle : Grego
íàbes ? °
38 Naó cs tu' aquelle Egipçio , que antes deftes dias levantafte
huã fediçaó , c comtigo levafte a o defeito quatro mil faltea-
dores ? ,
39 Entonçes Paulo lhe diflê: Na verdade que fou hum homem
Judco, vczinho dc Tarfo, çidade çclebrc de Cilicia: rogòte, porem,
que me permitas fallar a 0 povo.
) Oo
a;?1 ACTOSDOS
40 E avendo lho permitido, pos fe Paulo empc'nas efeadas, e”fcz
fnal com a maó a o povo, c feito grande filençio , fallou lhes em
lingoa Hebtea, dizendo:

Capitulo XXII.
1 Paul» Ja rata» diante do povo de como foi inflituido. 4 De como Zelou , e perfe- i
çhío os Chriflaõs. 6 De como foi chamado e convertido, de Jnanias informado»
'bautizado. 17 De como lhe Chrifto apareceo outravez no Templo, zz 0 que ouvin­
do os Judeos levantara» a voz dizendo, naõ convém que viva. 24 Portffb 0 Tri­
buno 0 manda amarrar e açoutar, zp Mas dizendo Paula fer elle cidadaõ Ro­
mano aprefentáraõ 0 diante do Confelbo dos Judeos.

1 V aroens irmaós, c Paes, ouvi, em defeníà minha, oqueago-


• ra vos quero dizer.
2 I£ como ouviraó que lhes fallava em lingoa Hcbrea , deraó lhe
mais filcnçio. Emtaó difle:
j Quanto a my , varaó Judeo íou , em Tarfo de Ciliçia naçido,
porem nefta çidade a os pees do Gamalièl criado, conforme á pure­
za da Ley da Patria eníinado, e da Ley zeloíò , como tambem to­
dos vosoutros hoje o fois.
4 Que ate' a morte efte caminho perfcguido tenho, afli a varoens
como a mulheres prendendo, e cm prifoes entregando.
$ Como tambem o Prinçipedos Saçerdotes me he tcftimunha, e
•odos os Ançiaós: dos quaes ainda tomando ldtras para os irmaõs, hia
a Damafco a tambem prefos a Hicrufalem trazer a os que ali efti-
vdflcm, peraque caftigadosfoflcm.
6 Porem acontcçeo me; qlie, indo cu caminhando, eja perto de
Damafco chegando, como ao meio dia , de repente me rodeó huã
grande luz do Ceo.
7 E cahi no cham , e ouvi huã voz que me dizia : Saulo , Sau­
lo ; porque mc perfegues ?
8 Entonçes reípondi eu : Quem es Senhor ? E diílcme : Eu íòu
Jcfus o Nazareno, aquem tuperfegues.
9 E os que'comigo eftávaõ, viraó em verdade a luz, c muito íè
cípantáraó : porem naó ouviraó a voz do que comigo fallava.
10 Entonçesdifle eu: que farei, Senhor ? E o Senhor mc difle:
Levantate, c vae a Damafco, c ali fe tc dirá tudo o que fàzcr tehe
ordonado.
11 E como cuja naõ via, por caufa da gloria da luz; leváraõme
pela maó os que comigo eftávaõ, e afli vim a Damafco.
12 En-
S. APOSTOLOS. Cap. XXII. 293
12 Entonçes hum certo Ananias , varaó pio , conforme a Ley,
que tinha teftimunho de todos os Judoos que [a/i} moqivaõ;
rj Vindo a my, eapreíèntandofe me, me diflè.'Saulo úmaõ, re­
cebe a viftã; e naquella meíina hdra o vi.
14 E dille me: O Deus dc noflòs Paes te tem predcftinado pera­
que Gonhcccflès fua vontade , e viflès aquelle jufto , e a voz de fua
bdcaouviíics.
15 Porque íua teftimunha para com todos os homens has dc fer,
do que vilto, e ouvido tens.
16 Agora, pois, porque tc detens? Levantate, cbautizate; cla­
va teus pcccados, o nome a do Senhor invocando.
17 E acontcpeomc , tomando a Hierufalem , quc orando eu no
Templo, fui arrebatado fora de my.
x8 E vi o, que me dizia : Date preflà, e fac te aprcíuradamcn-
te fóra dc Hieruíãlem : porque naõ repebéraõ teu teftimunho dc
my.
15) E eu difle: Senhor, bem fabem ellcs quc eu em prifam cnçcr-
rava, e açoutava nas Synagogas, a os que enaó cm ty.
20 E quando o fanguc dc Eftcvaõ tua teftemunha, íc derrama­
va, tambem eu prefente eftava , e em fua morte tinha gofto , e os
veftidos dos que o matãvaó, guardava.
21 E diflè me: Vae, porque longe te hei de enviar, a os gentios.
22 E ouviraõ o até efta palavra. Entonçes levantaraó a voz, di­
zendo , fora da terra com tal homem ; porque naó convém que
viva.
23 E eftando elles dando gritos, e lançando de fifeusveftidos, e
deitando pó pera o ãr.
24 Mandou o Tribuno que o levaflèm a o arrayal, dizendo, que
o examinaflem com açoutes, pera faber porque caufa contra clle af-
fi clamávaõ.
2 5 E eftando o amarrando com correas , diflè Paulo a o Centu-
riaó quc prcícnte cftava: He vos liçito açoutar a hum homem Ro­
mano, fem primeiro fcr condenado?
26 E ouvindo o Centuriaõ [ifto} foi a o Tribuno, c deulhe aviíõ,
dizendo, olhae que fazeis: porque eftc homem he Romano.
27 E vindo o Tribuno , diflèlhe : Dizeme , es tu Romano ? c
elle diflè fi.
2 8 E refpondeo o Tribuno: Com muita fomma[ã/e dinheiro^lainçei
eu o fcr cidadaô d’efta cidade. E Paulo diflè: E cu o fou de naçimento.
> Oo 2 29 Afli
2^ ACTOSDOS
29 Afli que logo delle fe apartáraó os que o aviaõ de examinar:
c ainda atd o. meímo Tribuno teve tambem temor, entendendo que
era Romano, por avelo amarrado.
30 E o [diá] feguinte, querendo íaber de certo a caufa porque
dos Judeos era acufàdo , foltou o das prifoens, c mandou vir a os
Prinçipes dos Saçerdotes, e a todo ícu Confelho; e trazendo a Pau­
lo, api clêntou Qc J diante delles.

Capitulo XXIII.

1 Começando Paulo a fallarperante do Confelho 0 manda ferir 0 fummo Pontífice:


3 Aquem reprendefem faber que elle era 0 fumo Sacerdote. 6 Por fua caufa bote-
ve huã grande dtjjinçae no Confelho, e os Pharifeos 0 declarai por tnnocente. 11 Foi
conjolado do Senhor. 11 Confpiraõ quarenta Judeos para 0 matar. 16 0 que fabeti­
do Paulo da avifo a 0 Tribuno. 23 Que manda 0 da noite levar, com hui carta
a Felix Prefidente da Cefarea. 34 Fcltx avendo lido a carta manda guardar a
Paulo na Audiência de Herodes.

i 17 ntonçcs pondo Paulo os olhos no Confelho , difle : Varoens


irmaõs, com toda boa conícicncia tenho convcríãdo diante dc
Deus, ate' o dia de hoje. ’
2 Porem o Prinçipc dos Saçerdotes, Ananias , mandou a os que
com elle eftávaõ, que na boca o feriflem.
3 Entonçcs Paulo lhe difle: Ferir tchá Deus, parede caiada, cftás
tu aqui aílcntado. para conforme a Ley mc julgar , e contra a Ley
me mandas ferir ?
4 E os que preícntcs eftavaõ difleraõ : A o fummo Pontifiçe- de
Deus maldizes?
5 E Paulo difle: Naó íabia.Jirmaõs, que era 0 Príncipe dos Sacer­
dotes : porque cícrito eftá : A o Prinçipe de teu povo naó maldirás.
6 Entonçes Paulo , íàbendo que ajiuã parte era dc Saduçeos, c
a outra dc Pharifeos, exclamou noConíèlho: Varoens irmaõs, cu
Phariíêo íòu, filho dc Pharifco ; pola eíperança , c refurreiçaó dos
mortos íou julgado.
.7 E avendo dito ifto; ouve diflènçaõ entre os Pharifeos, c osSa-
duceos: c a multidão fc dividio.
8 Porque os Saduçeos dizem que naõ ha reíurrciçaõ , nem An­
jo, nem Efpirito : mas os Pharifeos confcflãó ambas as couíàs.
$> E fez fe huá grande grita: e levantandofe os Efcribas da parte dos
Phariícos, contendiaó dizendo; nenhum mal achámos nefte honicm:quc
fc algum Efpirito, ou Anjo, lhe tem fallado; naó repugnemos a Deus.
10 E
S. APOSTOLOS. Cap. XXIII. 295
10 E avendo grande diflènçaõ, e temendo o Tribuno que Paulo
por elles naõ folie deípadaçado , mandou vir huã comp.^lua de fol­
dados , e arrcbatalo do meio delles, e levalo a o arraijal.
11 E a noite feguinte apreícntandoíè lhe o Senhor, diflèlhe: Confia
Paulo; que como dc my em Hieruíãlem teftificaftc, affi te comem
tcílificar tambem eihKoma.
12 E vindo o dia, alguns dos Judeos fe ajuntáraõ, e prometéraõ
fob pena de maldiçaõ, dizendo, que nem comeriãó, nem beberiãó,
ate' que a Paulo naó mataífem. ?
13 E eraó mais dc quarenta os que éfta conjuração tinhaõ
feito.
14 E fdraó fe a os Prinçipes dos Sacerdotes , e a os Anciaós, e
diílèraó : prometido avemos iòbpepadc maldiçaõ, que nada avemos
dc golfar, até que a Paulo naó matemos.
15 Agora pois vosoutros , juntamente com o Confelho , fazei ííi-
ber a o Tribuno quc á manhaã volo trága , como quc delle alguã
couíã mais çerta quereis entender; e antes que chegue , aparelha­
dos citamos pera o matar.
16 Entonçes hum filho da irmaã de Paulo, ouvindo eftas ciladas,
veio, centrou no arraijal, c deu avifo a Paulo. ’
17 E Paulo chamando a hum dos Centuriocns , diílè : Leva eftc
mancebo a o Tribuno, porque tem çerto avifo que lhe dar.
18 Elle entonçes, tomando o com figo, levou [0] a o Tribuno, e
diflè : Chamandóme o prefo Paulo, me rogou que tc trouxefle efte
mançebo, que tem alguã coufa que te dizér.
19 E o Tribuno, tomando o pela maõ , c apartandoíc com elle
a huá banda, perguntoulhe: que hc o que tens dc quc mc avifar?
5 o E clle diflè : Os Judeos íc conçcrtáraõ de rognrte que á man-
naã leves a Paulo a o Conlèlho, como que delle hajaó de inquirir al-
huã couíã mais çérta:
21 Porem tu naõ o crcas: porque mais de quarenta homens delles
0 ãndaõ cípiando, os quaes fob pena de maldiçaõ prometéraõ de nem
comérem nem bebéré , até quc morto o naõ tinhaõ : e ja agora
cftáõ apercebidos, cfperando tó tua. prometia.
21 Entonçes o Tribuno dcípcdio aomançcbo, mandandolhc,naõ
digacs a ninguém que d’iftomc avias dado avifo.
E chamando a dous çertos Centuriocs, mandoulhes que lhe aper-
çebcflèm duzentos foldados que foíTem até Cefarea, c fetenta de cavalo,
com duzentosa archeiros, para as tres lroras da noite. a Ou, Fr>~
i Oo 3 # 24 Echt,rtt'
ACTOSDOS
24 E-que aparclhaílèm cavalgaduras, peraque pondo nellas a
Paulo, o Içvallcm cm falvo a Fchx o Prefidente.
25 Efeu vendo lhe juntamente huã círta, que cm fumã continha
ifto:
26 Cláudio Lyfias, a Felix, potentiflimoPrefidente, íàude.
27 Lançando os Judeos maó d’cftc varaó, c eftando ja em
ponto de o matarem , fobrevíçucomhuãcompanhiadc foldados, c
xircilhod’asmaós, entendendo que era Romano.
28 E querendo lãber a caufa porque o acufávaó , leveilho a íèu
Confelho.
29 E achei que o acuíàvaódc alguãs qucftoens da fua Ley; eque
nenhum crime digno de morte, ou de priíàõ tinha.
30 Porem fendome dado avifo das çiladas que os Judeos armado
lhe tinhaó, na meíma hora t o enviei a ty: mandando juntamente a
os acufadores , que perante ty vaó tratar o que contra elle tivdfem.
Bem ajas.
31 E tomando os foldados com figo a Paulo, como mandado lhes
fora, trouxdraó o de noite a Antipatris.
3 2 E o dia feguinte, deixando ir com elle a os dc cavalo , tomí-
raófe a o arraijal.
3 3 E como chcgáraõ a Cefarea, e deraõ a carta a o Prefidente,
aprelèntáraó lhe tambem a Paulo.
, 34 E o Prefidente, lida a{fárta, J perguntou, dcque provinçia
era; e entendendo que de Cilicia.
3 5 Ouvir tc hei, dillc, quando tambem vierem teus acuíàdores.
E mandou que o guardallèm na Audicnçiadc Herodes.
Capitulo XXIV.
1 Sendo Paulo acufado perante Felix com muitas e graves actefaçocns pelo 0 fummo Sa­
cerdote, os Jnciaõs do povo e orador Tertullo, animofamente da ratCaõ com confifídS
defuafe e religiaõ. 22 Felix dilata 0 negocio ate avinda do Lyfias, e da hum
pouco mats de liberdade a Paulo. 24. Paulo enfina 0 efua mulher nafe. 16 Mui­
tas vex.es manda chamar a Paulo, ejperando que Ibe daria algum dinheiro. 27 E
querendo comprazer a os Judeos, deixou prefo a Paulo.

1 y? paliados çinco ’dias, dcfçcndeo o Príncipe dos Saçerdotes Ar


nanias, juntamente com os Ançiaós, c o Orador Tertullo; e
compareedraõ ante o Prefidente contra Paulo.
2 E fendo citado, começou Tertullo a o acufir, dizendo:
3 Como aíli feja que em grande paz por tua cauíà vivamos , e
que pci tua piudcnçia, fe hzeiao a efte,povo muitos elouváveisíer-
• viços,
S. APOSTOLOS. Cap. XXIV.
viços, íèmpre c em todo lugar o açeitamos, opotentiflimoFclix,com
todo agradecimento. _ 7)
4 Porem porque mais te naóenfiídc, rógof/íj quc brevemente,
Conforme a tua equidade, nos ouças.
5 Porque temos achado quc clle homem hepcftilençial, e levanta-
dór de fediçoens, entre todos os Judcos, por todo o [univerfiQ mun­
do, c principal dcfcnfdr da fccta dos Nazarenos.
<5 O qual tambem intentou dc profanar a o Templo: e prendendo
o nosoutros, quifeínolo julgar conforme â noflã Ley.
7 Porem entrevindo o Tribuno Lyfias, com grande violência no-
lo tirou d’entre as maós.
8 Mandando a feus acufadores, que viéífem ter com tigo: do qual
tu meíino , tomando informação , poderás bem entender tudo o de
que o acuíãmos.
9 Noque tambem os J udeos coníèntiraõ, dizendo íèrcm eftas cou­
fas afli.
ío Entonçes Paulo, fazendolhe o Prefidente final que fallaflè, re­
fpondeo : Como bem fei que ja vae por muitos annos quc défta na-
çaó es Juiz, com muito ínelhor animo reípondcréi por my.
11 Pois bem podes entender, que ainda naõ ha mais de doze dias
que a Jerufalem fóbi a adorar.
12 E nem com ninguém no Templo me acWraó difputando,
nem n’a$ Synagogas, nem na çidade, a multidaõ amotinando.
n Nem taó pouco provar te podem as coufas de que agora me
acuíaõ.
14 Ifto porem te confeílò , que conforme a aquelle caminho, a
que chamaõ íèóta, afli firvo a o Deus dos paes, crendo tudo quan­
to n a Ley e n’os Prophetas eftá eícrito.
15 Tendo cm Deus eíperança que, (comoeftesmcfmostambem
afli o eípcraõ) hade aver refurreiçaõ dos mortos, afli dos juftos, co­
mo dos injuftos.
ií E nifto me exerçito dc reter, afli para com Deus, como pa-

fertas a minha naçaõ.


O rfiftome acháraõ ja fanétificado no Templo ( naõ com al­
guã multidaõ , nem com algú alvoroço ) huns çcrtos; Tudeos de
Afia. , ’
19 Os quaes convinha, que perante ty fc aprefentaflem ; e fe
alguã
M ACTOSDOS
alguã coufa contra my tinhaó, [ me J acufaflém.
20 Ougígaó eftes mofinos, feem my algum mal acháraó, quan.
do no eonfelho eftava.
.2 1 Senaõ foo cfte grito!, que, eftandoentreelles, dei: Polarcfur-
reiçaô Ylos mortos fou de vosoutros julgado.
22 Entonçes avendo Felix ouvido eftas coufas, pos lhes dilaçaõ,
dizendo, Avendome melhor dcfte caminho informado, c dcíçcndcn-
, dooTribunoLyfias, acabarei de íàbcr dc voflò negoçio.
2; E mandou a o Centuriaó que guardaftem ídlto a Paulo , c
que ninguém dos (cus prohibiflêm que o ícrviílè , ou a tér com elle
vieflc.
24 E paflàdosalguns dias, veio Felix com Drufilla ííia mulher,
que cia Judea j c mandou chamàr a Paulo , c ouvio delle a fé cm
Chrifto.
bOu.Tím/e- 25 E tratando elle da Juftiça, cdabcontinehpia , e Juizo
♦•anp». vindouro: eípavoreçido Felix, rcípondeo: Vácte por agora; e, cm
tendo oportunidade, te chamarei.
26 Eíperando tambem juntamente, com ifto, que Paulo lhe da­
ria algum dinheiro, paraque o foltáílc. Poloque tambem muitas ve­
zes o mandãva chamàr, e com elle fallava.
27 Porem acabados dous annos, téve Felix por fuçeffóra Porcio
•^âOu,c»w. Fefto. E querendo Felixc contentar a os Judeos, deixou lhes prefo
praX.fr. a Paulo.

Capitulo XXV.
1 Os judeos regao a Feflo qtte mttndaffe Paulo a feru/alcm fara no caminho 0 mata-
rf»i. 4 Mas Fefto querendo que perante elle comparecerem , 0 acufao com muita*
e graves acufaçoens > que nao podiaõ provar. 9 Paulo ouvindo que Fefto 0 queria
mandar a jcrufalem apela para Cefar. 1 3 El Rey Jgrippa e TScrnice vem n Cefa­
rea, a os quaes 0 negocio de Paulo Fefto conta, n Jgrippa defejando de ouvir a
Paulo. 0 dia feguinte. 0 ouvi. 24 Fefto contando 0 que tiefle negocio de Paulo avia
fiíto. declara 0 por innocente.

1 J7 ntrando pois Fefto na Provinçia, fobio d’ali a tres dias de Cc-


■^íãrca atê Jeruíàlem.
2 E comparcçcraõ ante elle o Príncipe dos Saçerdotes, e os prin-
Çipac^sdos Judeos, contra Paulo, e rogaíaó lhe,
3 Pedindo contra elle favdr, paraque o fizeflé vir a Jcruíà-
lem , armandolhe çiWdas, para no caminho o matarem:
4 Porem Fefto rcípondeo, que em Cefarea cftava Paulo
guan-
S. APOSTOLOS. Cap. XXV. 199
guardado, c que preito [para la ] íc partiria:
5 Os que pois, difle, d’entre vosoutros podem, deíçé^aõ junta­
mente comigo, e fe neíte varaó coufa alguã indcçente óuver, acú-
fem o.
6 E naó fe avendo entre ellcs detido fenaódez dias femente, dc-
feendeo a Celàrca; c, aílèntandofe no Tribunal o dia feguinte, man­
dou quctrouxcflèmaPaulo.
y O qual vindo, rodeáraófjJos Judeos, quede Jeruíàlem aviaõ
deícendido; trazendo contra Paulo muitas e graves acufaçoens, que
naõ podiaó provai*.
8 Dando Paulo, cmfuadcfeníàpor razaó, que nem contra a Ley
dos Judcos, nem contra o Templo , nem contra Ccíàr , cm couíá
alguã pequei.
Porem querendofe Feito congraçiar cornos Judeos, rcípondcn­
do a Paulo, diflè: Queres tu fobir ajeruíàlcm, c íer la' perantemy
açdrca deftas couiasjulgado ?
ío E Paulo difle : A o Tribunal deCefaraflifto, aonde convém
que julgado feja. A os Judeos nenhum agravo lhes fiz , como tam­
bem tu mui bem o fabes.
11 Porque íc [a alguem'] agravo, ou coufa alguã digna de mor­
te fiz, naó refufo de morrer Porem fe nada das coufas de que dites
mc acuíàó,ha, ningucih^p&iSí&i aelles mepode entregar:aCefar
apcllo.
i z Entonçes, avendo Feito fallado com oConfelho, refpondeo:
A Ccíàr apellafte / a Ceíàr irás.
13 E paflàdos alguns dias, vicraó cl Rey Agrippa, cBernice,a
Ceíàrca a íàudar a Feito:
14 E como alicítivdraõ muitos dias, declarou Feito a cl Rey o ne­
gocio de Paulo, dizendo, hum certo varaó deixou Fclix [aquQ prefo.
15 Por cuja via , citando cu em Jcrufalcm, vicraó a my os Prin­
çipes dos Sacerdotes , e os Anciaós dos Judeos, pedindo contra clle
COlldenaçao. . • acíc por comprazimento
16 A os quaes rcípondi, naõ fcrcoítumedos Romanos
a alguem entregar a morte antes que o,quehc acuíàdo,prcfentes ten­
ha ícus acufadores, e aja lugar dc da acuíàçáõ fc poder defender.
17 Afli que, chegando juntos aqui, fem nenhuá dilaçaó : logo
o[dia~] feguinte, aflèntado no Tribunal, mandei trazer a o homem.
118 E citando prefentes feus acufadores, nenhum crime lhe opu-
fcraód’aqucllc$que eu fuípeitava.
/Pd 10 So-
JOO ACTOS DOS
19 Somente contra elle çertas queítoens tinhaõ açérca de íua fu-
perítiçaõ 3 r-.e de hum çerto Jefus defunto , quc Paulo affirmava
viver.
20 E duvidando eu açerca da inquifiçaõ d’iíto , diílè ; fe queria
ir a Jerufalem, e lá acerca deitas couíãs fcr julgado.
21 Porem apellanao Paulo a fer refervado a o conheçimento de
Auguíto, mandei que o guardaílèm, ató que a Cefar o envie.
2 2 Entonçes diílè Agrippa a Feito : Tambem eu quiíèra ouvir a
cílè homem. E elle dille: á manhaã o ouvirás.
23 E o dia feguinte, vindo Agrippa, e Bernice, com muito aparato,
c entrando no Auditorio , juntamente com os Tribunos , e varoens
mais principaes d’a cidade, mandou Feito trazer a Paulo.
24 Entonçes diílè Feito : Rey Agrippa, c todos os varoens que
[aqui] juntos com [nofco eítaes, vedes aqui aquelle, por quem toda
a multidaõ dos Judeos, afli em Jerufalem, como aqui, importunado
me tem, dando gritos, que naó convém que mais viva.
2 5 Porem achando cu que nenhuá coufa digna de morte tem fei­
to , e apcllando clle mefmo para Auguíto, tenho determinado en-
viarlho.
26 E naõ tendo coufa alguã çérta que d’elle a ó Senhor eferóva,
o trouxe perante vosoutros; e mormente perante ty, o Rey Agrip­
pa, peraque, feita informação, tenha delle que eíerever.
27 Porque contra razaõ me partíçe , enviar a hum prefo , íèm
juntamente de íuas culpas dar inteira informaçaõ.

Capitulo XXVI.
1 Paulo aebado licença pera fi defender, conta perante el Rey Agrippa , e todo a da
maii ajuntament», fua vida antes de fua converfaõ. 12 Sua converfaõ » vocaçaÕ
a 0 Àpojlolad», «9 E fua vida despois da fua converfaõ. 10 0 que fez., padece»
e enfmou. 14. <4 qual defenfaõ ouvindo Fefto,dtl que tresvalia, 0 que Paul» ne­
ga, 17 Agrippaporpoucoficaperfuadido, a que fe faça Cbriflaõ. j* Todos julga»
que era innoctnte , e que bem fe podia foitar, fe a Cefar apellad» naõ ouvern.

1 p ntonccs diílè Agrippa a Paulo: Permite íè td por ty fallar.


Pau-
■*“*lo entonçes cítcndcndo a maõ, começou a dar razaõ defi,di­
zendo:
x Por venturoíò me tenho, o Rey Agrippa, dc que perante ty
me aja hoje de defender de todas as couíãs dc que dos Judeos íòu
acufado.
3 Mormente fabendo eu que tambem tu tcYis boa noticia de to­
dos
S. APOSTOLOS. Cap. XXVI. 30:
dos os coftumcs , c queftoens que ha entre os Judeos : poloque te
rogo me ouças com paçitíhçia:
4 Quanto á minha vida, até defda moçidade (tal qual dcfdoprin­
cipio entre os de minha naçaó em Jeruíàlem aja fido) todos os Judeos
a íiíbem:
1 Como aquelles que ja de muito antes me conheçéraõ (íèhequc
teftificar o querem ) como conforme á mais perfeita fcóta de noflà
Religiaó, íempre vivi Pharifeo.
6 E agora pola efperança da promcíTa que Deus a noflòs Paes fez,
me vejo çitádo em juizo.
7 A a qual noflãs doze tribus (fervindo continuamcnte dc diaede
noite a Deus) tambem efperaó que haõ de chegar: E por cftaeípc-
rança, oReyAgrippa, fou cu dos Judeos acufado.
8 Como? julgaíc porcouía incrível entre vosoutros, que Deus aos
mortos refufcite?
2 Bem me tinha cu imaginado , que contra o nome de Jcfus
Nazareno me importava a my uíàr de grandiílima refiftcnçia.
10 O que tambem em Jeruíàlem fiz ; e avendo recebido poder
dos Prinçipes dos Sacerdotes , a muitos dos Sanétos cm priíòcns en­
cerrei: e quando os matávaó, tambem eu meu voto dáva.
11 E caftigando os muitas vezes por todas as Synagogas?, os forçei a
blasfemar. E enfureçido demafiadamente contra elles, ate nas cidades
cftranhas os períegui.
12 Ao que indo ainda a Damafco , com poder e comiflàõ dos
Prinçipes dos Sacerdotes.
13 Na metade do dia, vi no caminho, o Rey, huã luz do Ceo,
que a o reíplandor do foi íõbrcpujava , e juntamente a my , e a os
que comigo.hiaó, com íúã claridade rodeou.
14 E caindo todos em terra, ouvi huã voz que mc fallava , cem
lingoa Hebraica dizia : Saulo , Saulo, porque me perfegues ? Dura
coufa te he dar cduçcs contra os aguilhoens.
15 Eu Entonçes diílè: Quem es , Senhor ? E elle diílè : Eu íòu
Jefus, a quem tu perfegues.
its Mas levantate, e poente' fobre teus pees, porque por iflò te
apareçi, pera por miniftro e teftemunha te pôr, afli das coufas que
ja tens vifto, como das em que [ ainda} te hei de apareçdr. '
17 Livrandoté defte povo, e das gentes, aquem agora te en­
vio.
18 Peraque lhes ábras os olhos , c das efcuridadcs á luz fe con-
Pp 2 vertaõ,
?oz ACTOSDOS
vcrtaõ, e do poder de fatanas a Deus: peraque, pela fé em my, are-
miflàó dos -secados alcíínecm, e forte entre os íanótificados.
19 Poloquc, o Rey Agrippa, naó fui rebelde á vifam ccleftial.
20 Antes primeiramente a os que em Damafco c em Jerufalem, & .
portodaa terra de Judea cftáõ,e a as gentes, anunçiéique fecmmen-
daftèm, econverteflèmaDcus, fazendo obras dignas de converíàõ.
21 Por cauíà difto lançáiaõ os Judeos maõ de my no Templo, e
mc procuráraõ matar.
22 Porem, ajudado do favor de Deus, ainda até o dia de hoje per-
fcvero, dando teftimunho , afli a pequenos , como a grandes : naó
dizendo nada dc mais do quc os Prophetas, e Moyfes, diflèraó que
avia de vir.
23 [ Convém a faber J quc o Chrifto avia de padeçdr, e o primei­
ro da refurreiçaõ dos mortos avia de fer, que a luz a éfte povo, ea
as gentes, avia de anunciar.
24 E dizendo clle ifto, em fua defenfa, diífe Fefto em alta voz:
Treívalias, Paulo, as muitas letras te fazem tresvaliar.
25 Porem Paulo: Naó trcfvalio, diífe, ó potentiflimo Fefto; ío
fallo palavras de verdade, ede íàaõ juizo.
z6 Porque el Rcymeímo, perante quem taó livremente fallo, fa-
be muy bem deftas couíãs ; pois naõ penfo que nada difto ignore:
quc naó fe fez ifto em algum canto.
27 Cres, o Rey Agrippa, a os Prophetas ? bem fei que crees.
28 Entonçes Agrippa difle a Paulo : Por pouco me períúadiras a
que me faça Chriftaó.
29 E diflè Paulo: Prouvera a Deus quc , ou pôr pouco, ou por
muito, naõ fomente tu porem tambem todos quantos hoje ouvindo
mc eftaõ (cxcepto eftas cadeas) taes, qual eu íòu, vos tomareis.
30 Edito ifto, levantouíè el Rey, e o Prefidente, eBemice,c
os quc com elles aflentados cftavaô.
31 E apartandofc a huã banda, fallavaõ entre fi, dizendo , Que
nada efte homem faz , nem dc morte, nem de prifaõ digno.
32 E diflè Agrippa a Fefto: Bem fc podia eftc homem íòltar, fe
* Cefar apcllado nao ouvéra.

Ca-
S. APOSTOLOS Cap. XX VIL
Capitulo XXVII.
i Paulo cam outros prefts foi levado pele CenturiaÕ Jtilio a Roma , » entrando com
tiles e Ariftarche em hui nao chegue a Sidon. 4 Avendo pajjitdo muitos
lugares, chegai a hum lugar , que fe chama os bons portos. 9 Aonde Paulo
da confelho a 0 CenturiaÕ de ficar por algum tempo por caufa da navegaçaõ pe-
rigofa, mas 0 CenturiaÕ dando mais credito a 0 meftre , e a 0 piloto , manda
partir, e vindo em grandifiimo perigo] ate lançarem da nao a armaçaõ : amoe-
fta os Paulo de ter bom animo, Jendolhe avifado pelo hum Anjo , que nenhuá
perda avera da vida de alguém. 29 Lançai da popa quatro anchorM. 30 Procu­
rando os marinheiros fogir da nao com batel , impedi 0 Paulo. 3 3 Avendo elles
jejumado por muitos dias, exbortando Paulo, puferaõ fe a comer, e lançáraõo graõ
a 0 mar. 41 Perece a nao. 41 Os Joldados querem matara os prefos, mas 0 Cen­
túrias 0 impedi, 0 manda cada hum que fe JalvaJJe em terra.

1 IVf as como íè determinou, que aviamos de navegar pera Italia,


entregáraõ a Paulo, c a alguns outros prefos, a humCentu­
riaÕ, chamado Julio, da companhia Imperial. •
2 Aíli que embarcandonos em huã nao Adramitina, c avendo dc
navegar por junto a os lugares dc Afia, nos partimos; eftando junta­
mente eom nofco o Ariftarcho, o Macedonio de Theífalonica.
3 E o Qdial feguinte chegamos a Sidon; e Julio tratando huma­
namente a Paulo, permitiolhe que foífe a ter com] os amigos,
a Ou, Apara
« [para delles'] fer bem tratado. fi algum re~
4 E dando d’ali á vela, fomos navegando por mais abaixodcCy-/r/y£t'w"~
pro: porquanto os ventos draó contrários.
5 E avendo paflàdo o mír de junto a Cilicia ePamphilia, viemos
a Myra de Lycia.
6 E achando o CenturiaÕ ali huã nao Alexandrina, que para Ita-
lia navegava , nos mandou embarcar n’ella.
7 E indo ja por muitos dias muy d’efpaço navegando , e avendo
a penas de fronte dc Guido chegado, naõ nolo permitindo o vento,
fomos navegando ate mais a baixo de Creta, á vifta de Salmonc.
8 E indo acofteando, a penas chegamos a hú lugar, a que cha-
maõ os Bons portos, perto do qual cftava a cidade de Laica.
9 E paífado ja muito tempo , e fendo a navegaçaõ perigofa, por
quanto tambem ja era paflàdo o jejum', Paulo os amoeftava.
10 Dizendo: Varoens, bem vejo que com incomodo, e muito
danno, naõ fó da carga, e da nao; porem tambem ainda atd denof-
fas próprias vidas, avera'de fora navegaçaõ.
11 Mas o CenturiaÕdava mais credito a o Meftrc , c a o Piloto,

12 E
/
3°+ ACTOS DOS
11 E naõ fendo aquelle porto acomodado pera invernar , foraõ
os mais de p.-ueper de ainda d’ali paflàr, fe porventura pudeflèm to­
mar a Phemx’, e invemarem ali: que he hú porto de Creta da banda
do vento Africo, e do Poente.
13 E ventando ia o íúl, c parecendo lhes que ja tenhaõoque dc-
fejavaõ, levantando as velas, fórao coftcando à Creta.
14 Porem naõ muito despois deu nella hum vento tcmpcftuoíò,
que íè chama Euroclydon.
15 E fendo anaodelle arrebatada, enaõ
to, dando dc maõ a tudo, nos deixamos ir a tóa.
16 E navegando pera huá pequena ilha , quc fe chama Clauda,
a penas pudemos ganhar o batel.
17 O qual tomado, ufáraõdosremediospofliveis, cingindo a nao;
e temendo darem á coftaemSyrtc b abaixadas as velas, nos deixamos
’afll ir a tóa.
18 E andando ja muy atormentados dc hua vehemente tempefta-
de, o dia feguinte aleviáraõ a nao.
19 E a o terceiro [ dia, ] nós mefmoscom noflàs próprias maós
lançamos d’a nao a armaçaõ.
20 E naõ aparecendo ainda íòl nem eftrellas , ja hia por muitos
dias, c fobrevindo J hua tempeftade naõ pequena , toda a eípe-
rançade a falvamento irmos totalmente fe hia perdendo.
21 E avendo ja muito que naó comíamos, entonçes pondoícPau­
lo cm pc no meio delles, diílè: Mais conveniente ouvera fido, ova­
roens, averme ouvido a my, c naõ aver partido de Creta, eevitar
efte inconveniente, eleita perdição.
2 2 Porem agora vos amoéfto quc tenhaes bom animo; porque nen­
huá perda avera da vida de algum de vosoutros, fenaó fomente da
nao.
23 Porque ainda efta meíma noite efteve comigo o Anjo do Deus,
cujo íòu, eaqucmfirvo,
24 Dizendo Paulo, naõ temas: importa quc a Ccíàr fejas apre-
fentado : c ves aqui Deus te tem dado a todos quantos comti-
go navegaõ:
25 Portanto, o varoens, tende bom animo; porque em Deus con­
fio, quc afli ha dc íèr, como a my me foi dito.
26 Porem he neccflàrio que vamos dar em huã ilha.
27 Vinda pois a catorzena noite, cindo nos afli, no mar Adriáti­
co, andando dc huã para a outra banda á toa; Ia pela mea noite
S. APOSTOLOS. Cap. XXVII. joj
imagináraõ os marinheiros que chegavalhes alguã terra.
28 E lançando o prumo, acháraõ viftte braças; e paílàndo hum
pouco mais a diante, tomando a lançar o prumo , acháraõ quinze
Draças.
29 E temendo de ir dar cm alguns lugares aíperos, lànçáraõ da
popa quatro ancoras, defejando que ja fe fizeíle dia.
3 o Entonçes procurando os marinheiros fogir da nao , e lançan­
do o batel a o mar, como que queriaõ larg,ar as ancoras da proa;
31 Diílè Paulo a o Centuriao , e a os Íòldados: Se eftes na nao
naõ ficarem, naó vos podeis vosoutros íàlvar.
3 2 Entonçes os íòldados cortáraõ os cabos do batel, e deixáraó 'o
cair.
3 3 E entre tanto que o dia vinha, exhortava Paulo á todos que
comeílèm alguã couíã, dizendo , Hoje he ja o catorzeno dia que
ainda eíperaes, c permaneçeis fem comer, naõ avendo nada pro­
vado.
34 Por tanto amoefto vos que comaés alguã coufa, fe quer, por
voífa íàude, que né ainda hum cabello da cabeça de nenhum de vos­
outros ha de cair.
3 5 E avendo dito ifto, e tomando o paó, deu graças a Deus em
prefença de todos: e partindo [Vj começou a comer.
3 6 Entonçes, tendo ja todos melhor animo , puftraõ fe tambem
a comer.
37 E éramos por todos, -nanao, duzentas e fetentá efeis almas.
■ 38 E abaftadosja com a comida, aleviáraõanao, lançando o graó
a o mar.
3 9 E como ja íè fizeíle dia, naó conhcçiaõ a terra : enxergáraõ
porem huã cnícada que tinha praija , na qual fóraõ de pareçer , íè
pudeílèm, de irem uar com a nao.
40 Poloque levantando as ancoras , deixáraó íè ir a o mar , lar­
gando tambem as amarraduras dos lemes: c alçando a cevadeira a o
vento, hiaó íè a dar com figo na praija.
41 Dando porem em hum lugar de dous mares, deo a'nao a o
traves: e fixa a proa, ficou immovel, e a popafe abria com a força
das ondas.
42 Entonçes foraó os foldados de pareçer,quemataílèmaosprcíòs,
peraque nenhum fogiílè, efeapandoíe a nado.
43 Porem querendo o CenturiaÕ falvar a Paulo, eftorvou cftc
pareçer; c mandou que os que pudeífem nadar, fe lançallèm
ao mar
jotí ACTOSDOS
. a o mar os primeiros, c cm terra fe falvaflcm.
44 E o-.rie mais, parte «cm taboas, e parte cm coufas da nao. E
afli-acontcceo, que todos fe falváraó cm terra. ,

Capitulo XXVIII.
I Vinde Paul» t todos fulvos a Milcto, bumanamente os recebem es Barbaros. 3 Huá
bibora lhe acomete a maõ, 0 nao padecf nenhum mal. 7 Da faude a 0 Pae de
Publio, e tambem a futres muitas. 10 Par tres mefes fende ali boesradamente bef-
fedades, partiraõ fe a Italia, e chegáraõ a Rema. tó Aonde Paulo foi entregada
a 0 General dos exercitos , e com bum feldado guardada. 17 Convocando Paula a
os principaes dos Judeos, contalbes, porque prefo foi enviada a Roma. 11 Mae elles
naõ tendo aebade nenbuis nevas, querem ouvir, 0 que fintia da religiaõ. 23 0 que
faz Paulo , demoflrando afli pela Ley de Moyfes, como pelas Prephetas que Jefus era
0 Cbrijle. 24 A que alguns davaÕ credite, e alguns naõ. zç Os quaes com palavra
de Deus reprende, e prediz lhes que aviaõ de fer lançados fora , e os gentios toma­
dos em feu lugar delles, 30 Paule fica ali dous annos livremente pregando e
Euangelho.

1 f? avcndo cfcapado, cntonccs entenderão que a ilha fe chamava


Mclita.
2 E ufáraõ os Barbaros com noíco de naõ pouca humanidade: por­
que açendcndo hum grande fogo , nos reçcberaõ a todos, afli por
caufa de chuva que vinha, como por amor do frio.
3 Entonçes avendo Paulo achegado alguá cantidade dc vides,’ c pon­
do as no fogo , fogindo da quentura hua bibora , lhe acometeo á
maõ.
4 E vendolhe os Barbaros a befta dependurada da maõ , diziam.
huns a os outros: Certamente homiçida he dite homem ; pois atd do
mar eícapando, o naó deixa a vingança viver.
5 Porem íàcudindo elle a befta no fogo, naõ padeceo nenhum
mal.
6 Mas elles eftavaó elpcrando quando fe avia de inçhar, ou cair
morto dc repente : porem avendo ja eíperado muito , e vendo quc
nenhum mal lhe vinha, mudados de pareper, diziaó, quc cra
Deus.
• Pei, t0 d'aquclle mcímo lugar cftavaô as herdades dc hum prin­
cipal d’a ilha, chamado Publio; o qual nos recebeo, cnoshoípedou
por tres dias amigavelmente.
8 E acontcceo que eftando o pac dc Publio na cima, enfermo dc
febres, edefenteria, foi fc Paulo a ter com clle; e avendo orado, pos
lhe as maós cm çima, e farou o.
2 E
S. A P O S T O L O S. Cap.xxvni. ?07
9 E feito ifto vieraó tambem a elle todos os de mais que na
ilha tinhaó enfermedades , c alcançàraó faude.
10 Os quaes tambem nos honraraõ com muuas honras:
e avendo dc navegar, nos carregáraõ das couíàs neccflà-
rins.
11 Afli que, paliados tres mefes , nos fomos navegando emhuã
nao Alexandrina , que a^a invernado na ilha : a qual tinha por inl
fignia a Caftor, c mais a Pollux.
ix E chegando â Syracuíà, cftivcmos tres dias.
13 D onde, indo colteando, viemos a Rhegio > c hum dia despois,
ventando o foi, viemos o fegundo dia a Puteolos.
14 Aonde achando alguns irmaõs, rogáraó nos que por fete dias
nos ficaflèmos có clles. E afli viemos a Roma.
15. D’ondc, ouvindo dc nos os irmaõs, íàhiraõ nos a receber atd
a praça dc Appio, e a as tres vendas : E vendo os Paulo, deo gra­
ças a Deus, e tomou animo.
16 E como chegamos a Roma , entregou o CenturiaÕ os prefos
a o General dos exércitos: porem a Paulo íè lhe permitio morar fo­
bre fi â parte, com hum foldado que o guardafle. 1
17 E aconteçeo que, tres dias despois, convocou Paulo a os
principaesdosjJudeos; e juntos elles, diflelhes : Varoens irmaõs, naó
avendo eu feito nada, nem contra o povo , nem contra os ritos da
‘Patria, vim com tudo prefo defde Jerufalem, entregue em maõs dos
Romanos.
18 Os quaes, avendome examinado, [wt] queriaõ foltar, por naó
aver em my nenhuá cauíà de morte.
19 Porem contradizendo o os Judeos, me foi forçofo apellar a
e>ar: aít ^-PoremJ 9ue tenha de que acuíàr a minha naçaõ.
r ij2°. "* C1UC Por c^a cauíà vos tenho chamado, pera vos ver c
ta ar. porquanto pola eíperança dc lífaci cftou cu rodeado defta

11 Entonçes clles lhe difleraõ: Nosoutros nem de Judea cãrtas alguãs


açcrca de ty avemos reçcbido , nem vindo algum dos irmaõs nos de-
nunçiou, nem fallou de ty mal al^m.
zz Toda via bem quifòramos ouvir de ty o que fintes - por­
que, quanto a efta feéta, notorio nos he, que em todo luizar felhê
contradiz. - 5
2 3 E avendolhe aflinalado hum dia, vieraó a elle muitos ápou-
fada, a os quaes declarava, c tcftificava o Reyno de Deus, procu-
- Q.q rando
3o8 ACTOS DOS S. APOSTOLOS. Cap.XXVHI.
rando perfuadilos a fc de Jeíiis, afli pela Ley de Moyfes, como pe­
los Prophet';, defde pela manhaã ate' a tarde.
24 E alguns dávaó credito a o quefe dizia j porem os outros naó
criam.
25 E como ficáraó entre fi difcordes, dcípediraõfe, dizendo Pau­
lo Qefia J palavra : Quc bem quefaliou, o Eípirito Sanfto peloPro-
pheta Eíayas a noflòs paes, •
«íeí.6^. 2Ó Dizendo? Vae a efte povo, e dizelhe ; De ouvido ouvireis,.
’ e na6 entendereis: e vendo, veréis, e naó enxergareis.
27 Porque engrofládo eftá défte povo o coraçaó , e dos ouvidos
pefadamente ouviraõ, e dos olhos tofquenejáraó; paraque dos olhos
. naó vejaó, nem dos ouvidos ouçaõ, nem de coraçaó entendaó, e fe
çonvertaó, e eu os íare.
• 28 Seja vos pois notorio, que a as gentes he enviada aíalvaçaóde
Deus: e ellas a ouviráó.
29 E avendo dito ifto, fairaó fe os Judeos, tendo entre fi gran­
de contenda.
30 Porem Paulo fe ficou ainda dous annos inteiros em feu proprio
aluguer: E recebia a todos quantos a elle vinhaó?
31 Pregando o Reyno ae Deus, e enfinando com toda confian»
aOu,l»J«r.ça e fem impedimento algum, 4 a doutrina do Senhor Jefa Chrifto.
Soai*
Fim dos Afios dos fanEios Apofiolos.

EPIS-
3°$
EPISTOLA
D O
APOSTOLO S. PAULO
AOS
ROMANOS.
Capitu.lo I.
■X Na começo defta carta fi declara quem he o efcrivaÕ ( a faber ) Paulo, o qual
fiu ojjicio, vocaçaõ, e a pejjoa de Cbriflo, brevementedefireve. 6 As pejfias aquaes
efireve , e fi delles louva. ç> Seu defejo de vir a elles, e de euangelizar a todos.
16 Propoem e demo/lra com fagrada Efcntura a verdadeira ju/lificaçai pela fe.
,8 Redarguindo a outros , demoftra que os gentios pela luz da natureza naõ po­
dem fir jufl ficados diante de Deus. 19 Por via que encobrem efla luz , e a
fciencia de Deus defufam para idolatria. 24. Por sfi os entregou Deus em hum
porverfi fintido, e fi encberaõ de todas infamidades.

1 yy aulo fervqjefu Chrifto, chamado paraApoftolo, apartado


a o Euangelho de Deus.
.1 2 (Que d’antes por feus Prophetas em as íànótasEícritu-
ras avia prometido.)
j Açcrca de feu Filho ( que foi feito da femente de David fegun-
do a carne:
4 E declarado Filho de Deus em potençia, íêgundo o Eípirito dc
fanétificaçaõ, bela reíurrciçam dos mortos ) f convém a faber] noflò
Senhor Jefu Chrifto.
5 (Pelo qual reçebcmos a graça, e o Apoftolado, pera a obediên­
cia da fc, entre todas as gentes, por feu nome.
6 Entre as quaes íõis vos tambem, os chamados de Jeíu Chrifto.)
7 A todos os que cftaes em Roma , amados de Deus, cha­
mados íanétos: Tcnhaes graça e paz de Deus noflò Pae, e do Senhor
Jeíu Chrifto.
8 Primeiramente dou graças a meu Deus por Jeíu Chrifto acer­
ca de todos vosoutros, de que voflà fc he » divulgada cm todo oa 3lb pr“
1 D gada, ou
mundo. nomeada,<M
9 Q_q 2. 2 Poi- apregoada.
3ío EPISTOLA DE S. PAULO
2 Porque o Deus, a quem firvo cm meu eípiritonoEuangelhodc
íèu Filho , íic he tcftimunha, que ícm £cflàr mc lembro ae vos­
outros.
ío Rogando íèmpre em minhas oraçocs , íc porventura cm al­
gum tempo pofla vir a tcrocafiam dc, peja vontade dcDcus, vir a
vosoutros.
11 Porque deíèjo de vos vér', pera vos repartir algum dom eípiri-
tual, peraque fiqueis confirmados.
1 z líto nc, peraque juntamente com voíco fique confolado, pela
fc mutua, afli voflã como minha.
13 Oia irmaós, naó quer® que ignoreis, quc muitas vezes pro­
pus dc vir a vosoutros (fui porem cftorvado ate o prefente), pe­
raque tambem tiveflè algum fruito entre vosoutros, como tambem
entre as de mais gentes.
bOu,N«« J4 Afli a Gregos como a Barbaros, afli a íàbios como a b igno-
fabios. rantes, íòu devedor.
15 Afli quc qtianto a my, preftes cftou, pera tambem a os quc eftaes
em Roma vos anunciar o Euangelho.
16 Porque naõ mc envergonho do Euangelho dc Chrifto , pois
cOii.Vinu-hc a c potcnçia de Deus para falvaçaõ dc todo aquclle que crer. Do
de efficaz. Judeo primeiramente e [tambem] do Grego.
17 Porque nelle íè deícobre a Juftiça de Deus dc feem fé: como
u» f 4 eftá eícrito: Mas o jufto vivira d d’a fé.
’ 18 Porque a ira de Deus íè manifcfta do Ceo íòbre toda a impie­
dade c injuítiça dos homens ( porquanto ) detem a verdade em in-
juftiça.
19 Porque o que de Deus conheçer fc pode , nclles eftaz manife-
fto: porque Deus lho manifeftou.
20 Porque fuas couíãs inviíiveis, afli íúa eterna potência, como íúa
divindade , fe entendem , e veem claramcntc pelas criaturas dcfda
criaçam do mundo, peraque fiquem incxcuíãvcis.
21 Porque conhcçcndo a Deus, naó [ 0 ] glorificáraõ como a
Deus, nem [Me]deraõ graças: antes fe cfvacçeraó cm íèus diícur-
íos, c feu tonto coraçaó ficou cntcnebreçido.
2 2 Dando íè por lábios, íè tornáraó loucos.
2 3 E mudãraõ a gloria do Deus incorruptível em íèmelhança
d’a imagem d’o' homem corruptível, e de aves, e dc animaes de qua­
tro pees, edereptiles.
u 24 Polo que tambem Deus os entregou áscomcupi^ençiasde feus
' cora-
A OS ROMANOS. Cap. II. 311
coraçoens, pera immundiçia, pera contaminarem ícus proprios cor­
pos entre fi: < .
2-5 [ C°mo J aquelles. que mudáraó a verdade de Deus em men­
tira, e honráraó e ferviram a a criatura e mais que a o Criador, que e
1 he bendito etemamente.Amen. dando d»
2 6 Polo que Deus os entregou a affèótos infames: porque até fuas XõT/
mulheres mudáraó o ufo natural, no que he contra natureza. fou. Deve
z7 E femelhantemente tambem os machos, dqjxando oufonatu-/"--
ral da mulher íè ? apenderam cm íua concupiíjençia huns com osou-gO“>^*''**
tros, cometendo infamidades machos com machos, c recebendo em-^’’'’**
fi meímos a rccompeníà, que convinha a feu erro.
28 E como a clles bem lhes naõ parcçcodc a Deus reconhcçerem,
afli os entregou Deus em hum perverto íèntido, pera cometérem cou­
íàs indcçcntes.
29 Ateftados de toda injuftiça , fomicaçaõ , malicia, avareza,
maldade: cheyos de inveja, homiçidio, contenda, engano, maligni­
dade. .
3ohMalfins, detraótores, aborrecedores dc Deus, injuriadores,hOu ,w«r-
íòbcrbos, prefuntuoíòs , inventores de males, reveis a paes e a”luratl«rtst
maes: ou ajjo-
31 ’ Sem entendimento, quebrantadores de concertos, fem affe-Yo m r
ótonatural, irreconciliáveis, íem miícricordia. cios*^'
3 2 Que avendo conheçido o juro de Deus, [afaber~\ queosque
taes couíàs cometem , íàm dignos dc morte : naó fomente as come­
tem , mas tambem dos que as cometem fe agrádaó.

Capitulo II.
Pa,^a * efi,s 1ue cuidava! de fer inflas, porquanto taes infamidades nao
Deus eíl ”,a* ern antros as condenava». 3 E a eftes que da graça áe
fem mliU b‘nfoens temporaes. 5 Demolira 0 contrario, que Deus,
como <rentiaè° ‘ julgar a todos, conforme fuas obras, afi Judeos
ffS ^'t^eõs Pelit felencia da Ley, e enjina dos ignorantes,
s c"cuncifaõ, e outras prtrogativas externas. 28 Enfi­
nando quaes fao os verdadeiros Judeos, e a verdadeira circuncifai. J

1 Portanto inexcufavel es, ó homem , qucmqucr que feias que


[dos outros ] julgas, porque n’aquillo que do outro iubas \e
pois“que

brp bcm &bcmos s“c 0 iuizo Jc Deus he fegundo verdade fo-


re a4ueUes que taes coufas cometem.
' Qs 3 ! E
. EPISTOLA DE S. PAULO
3 E cuidas tu, o Home, quc julgas a os que tacs couíãs cometem,
quc comete; rio as tu, has de eícapaí do juízo de Deus?
4 Ou defprezas tu as riquezas de fua benignidade, e paçiençia, e
longanimidade , ignorando que a benignidade de Deus te convida
aOu.Ow- aaarrepcdimento?
v erjaõ. 5 Mas por tua duréza, e teu coraçaó b impenitente^ te amontoasJ
b Ou, Obfli-
ira como hum theíõuro para o dia da ira , e da manifcftaçaó do ju-
nado,o»Jem , n
arrependi- ftO JUÍZO de DeUS,
tnento. ( 6 O qualc recompcnfará a cada hum fegundo fuas obras:
cOu, Paga­ 7 A os que perfeverando em bemfazer DUÍcám gloria, honra, c
rá,ourende- incorrupçao,avida eterna:
ra.ou remu­
nerará.
8 Mas a os que íãm contcnçiofos, e <* íè rcbelaó contra a verdade,
d Ou, ttaõ e obedecem* á injuítiça; [fe recompenfird j indignaçaõ, eira,
obedecem. 9 Tribulaçaô, e anguftia fobre toda alma d’o homem quee obra
eOu, Que o mal, do Judeo priíneiramente, e [tambem] do Grego,
faz mal.
ío Porem gloria, honra, c paz a qualquer quc obra o bem: a o
Judeo primeiramente, e [tambem] a o Grego, .
11 Porque naó ha açeitaçãõ de peUòas açerca de Deus.
i z Porque todos os que lèm Ley pecaram , íêm Ley tambem
pereceram : c todos os quc de baixo da Ley pecaram, pelaLeyjul­
gados ferám.
«
i; (Porque naõ os ouvidores d’a Ley íãm juftos diante dcDcus;
Mas os obradores d’a Ley haõ de fer juftificados.
14 Porque quando as gentes,que naõ tem a Ley, fazem natural­
mente as couíãs que famda Ley: eftes,naótendo Ley, pera fi me£
mos íãó Ley.
15 Moftrando a obra da Ley eícrita em feus coraçocs; dandojun­
tamente teftemunho fua confciençia, e acuíãndo fe, ou tambem ef-
cuíãndofe entre fi feus penfamentós.)
16 No dia cm que Deus ha de julgar os íccretos dos homes por
Jefu Chrifto, fegundo meu Euangelho.
17 Eis que tu te chámas por lòbrenome Judeo, c te repoufas na
f Ou, Exa­
Ley, e te glorias cm Deus:
minas,on
provas. 18 E íabes [fua ] vontade , e f diíccmes o contrario , íendo in-
g Ou,Da ftruido g pela Ley, f
Lt-/. 19 E confias quc es guia dos çegos, luz dos quecftaó cm trevas:
hOu.fi»» 20 h lnftruydor dos ignorantes, Meftre dos neíçios , que tens a
anjinas a os
forma da ícicnçia, ed’a verdade d’a Ley.
ignorantes,
■ou enjítiador. 21 Tu pois, que enfinas a outrem , naõ tc enfinas a ty met
das. ‘ < mo?
A OS ROMANOS. Cap. III. P3
mo ? tu que pregas que naõ fc ha dc furtar, furtas ?
22 Tu que dizes que naõ fe ha dc adulterai', adulte» s ? Tu que I
abominas os idolos, cométes facrilcgio?
2 3 Tu que te glorias na Ley, deshonras a Deus pela tranígref
fam da Ley ?
24 Porque blasfemado he o nome de Deus por caufadc vosoutros
entre as gentes, como eftá eferito.
25 Porque bem he a çircunçifaó proveitofa, fe tu guardares a Ley:
porem fe tu da Ley es tranígreílòr, tua çircunçifaó íè torna empre-
puçio.
' 26 Pois fe o prepucio guardar os juros da Ley, naõ ferá fcu pre-
pucio avido por circunçiíam ?
27 E fe o que de íuanaturezaheprepucio, cumpre a Ley, Dmo]
te julgará [^y] que pela letra e circunçiíam es tranígreílòr da Ley?
28 Porque naõ he Judeo , o que por de fora o he ; nem he cir-
cunçiíàõ, a que por de fora o he na carne:
29 Mas Judeo he , o que por dc dentro o he , c çircunqiíàm he
a que o he do coraçaó: cm eípirito, naõ na letra : Cujo louvor naõ
[vem] dos homens, fenaó de Deus.

Capitulo III.
1 Moflrando 0 Apoflolo alguas prerogativas dos Judeos. 3 E refpondendo a algttãs
contrapojiçoens que fe podiaõ tirar de Jua doutrina precedente , demeflra com claros
teflemunbos d» Velho Teftamento, que bem dilia , que os Judeos tambem cemeterai
graves pecados centra a Lep de Deus. 10 Conclui por ijfo, que ninguém pode fer
juflificado pelas obras da Lep. 11 Mas da outra maneira, a Jaber, pela fé em Cbriflo
Jefu. 17 Por qual a gloriaçaõ be excluída, afii a os Judeos coma tambem a os
gentios,

1 Q uc mais tem logo o Judto, ou que aproveita a circunciíàõ?


x Muito, em toda maneira : lobre tudo , que as palavras
de Deus lhes foram confiadas.
3 Pois que? fe alguns foraõ infleis; anularáfuaincredulidade a fc
de Deus?
4» Em nenhuá maneira : antes feja Deus verdadeiro , c todo ho-
mem mentirofo; como eftá eferito: peraque fejas juftificadocm tuas msUvre..
1 z 1*1 * J ,J ^1X4 LVlíW 730) HVTlp
palavras, e venças quando julgares. , ou,tainal
5 E fe noílà injuftiçab encareçe a juftiça de Deus, que diremos ?a,a'
Sera Deus injufto trazendo ira fobre [nos] ? (fallo como homem 1 b °“j £”'
6 Em maneira nenhuá :d’outro modo, como julgaria Deus a o mun4,X7XU
7 Por-
314 EPISTOLA DE S. PAULO
7 Porque fc a verdade de Deus por minha mentira para fua glo­
ria foi maifMibundante». porque ainda fou condenado como pecador?
. 8 E naó (dizemos.antes como de nos blafphemaó, e fegundoal­
guns dizem, que nos dizemos:) façamos malesperaque venham bens ?
Cuja condénaçaó hc jufta.
Ou Somos 9 ^°'s ftue ? C ^'omos nos ma's exçclcntcs ? Etn nenhuá maneira,
fiosmtlborts.poYc^ic ja temos acufado, afli a Judeos, como a Gregos, que todos
eftaó debaixo d c pecado.
10 Como eftá eferito : Naó ha jufto, nem ainda hum.
11 Naó ha ninguém que entenda , naõ há ninguém que bufquc
a Deus.
12 Todos fe apartáraó, c foram juntamente feitos inúteis: naó
ha ninguém que bcmfaça, naó ha nem ainda hum.
t 13 Sepulcro aberto he fua gargdnta: Com fuas lingoas tra-
d Ou,F««e. taó enganoíàmentc : d peçonha de aípides eftá debaixo de feus
«tf. beiços.
14 Cuja boca eftá chca de maledi^cnçia, e de amargura.
maledi^ençia, ede
15 Seus pees fam ligeiros pera derramar íàngue.
16 Dcftruyçaô e miferia
mifcria ha cm feus caminhos.
17 E o caminho de paz naõ conheçeram.
18 Naó ha temor dc Deus diante de Se feus
ícus olhos.
19 Ora nos íàbcmos que tudo o que a Ley diz, a os quecftám
debaixo dc Ley o diz , peraque toda boca fc tape , e que todo o
e mundo feja d condenável [dúnrej de Deus.
w!, òufe 2 0 Poloque nenhuá carne íèrá juftificada diante de Deus pelas
fugtite 4 obras da Ley: porque pela Leyjhc o conhecimento do pecado.
coM^enaçaS , r Mas agora fc manifcftou a juftiça dc Deus fem a Ley, fendo
teftificada pela Ley, c pelos Prophetas.
2 2 Convém a íaber a juftiça de Úeus pela fé de Jefu Chrifto, pe­
ra todos, e fobre todos os que creem : porque naó ha nenhuá diftè-
rença:
2 3 Por quanto todos pecáram, e cftám deftituidos da gloria de
Deus.
fOu ,0/ 24 Sendo juftificadosf gratuitamente por fua graça, pela redem-
jnip. çam que eftá cm Jeíu Chrifto.
2 í Ao qual Deus propos J aplacaçao pela fe cm feu íãn-
Ou Pcra 8 moftrar fua juftiça pela remiflam [dos pecados dantes co-
/i-flafíiõ do metidos debaixo da papiençia de Deus.
aí Pera manifcftaçaõ da fua juftiça no tempo prefente , pera-
quc
A OS ROMANOS. Cap. IV. jxj
que elle feja o jufto, e o que júftifica a o quc hc da fc de Jcíús.
17 Aonde cltá logo a lljaótancia? excluída hc:Por cal Ley?das 1> Ou.Ga-
obrasPNaõ: Mas pela Ley da fé. ‘ ' vatifa,mi
28 Afli quc concluymos, que o homé hc juftificado pela fé,fcm^
as obras da Ley.
' 29 He Deus fomente [Dm] dos Judeos? porventuranaõ o he tam­
bém das gentes? çerto tambemfo^J das gentes.
30 Porque elle he hum fó Deus, o qual juftificará * da fc a cir-»

31 Desfazemos logo a Ley pela fc ? Em nenhuá maneira: Antes


cftabclc^cmos a Ley.

Capitulo IV.
1 PrZ» exemplo de Abraham , de David , e com authoridade da Eferitura demoftra
0 Apoflole que a juflificaçaõ hepela fé. 9 Declara pela circunflancia do tempo, em que
Abraham recebeo 0 final da circuncifaõ , que naõ Jemente a os •judeos , mas tam­
bem a OS gentios ajuflipaje imputa pela fe. >3 Demoflra 0 mefmo pela origem
(t,que Abrabamjtria herdeiro do mundo. 17 Defcreve afortaleza, e
as propriedades dafé de Abraham. 11E teftifica que pela eftá fé ajuftiça lhe foi impu­
tada. ij E que amefma, conforme feu exemplo, a todos tambem fera imputada,
que pele Chrifto creem em Deus.

1 O uc dirémos logo? fluc Abraham noflo pae achou fegundo a carne?


2 Çerto fc Abraham foi juftificado pelas obras, tem de que
fe gloriar, mas naó açcrca dc Deus.
3 Porque, que diz a Eferitura ?E creu Abraham a Deus, c foilhe
* contado por juftiça. a Ou
4 Ora aquelle que obra, naó lhe he o galardaõ contado por graça,taíle'
mas por divida. ,
5 Porem a aquelle que naõ obra , mas cré n’aquellc qucjuftifi-
ca a o impio, íua fé lhe hc contada por juftiça.
6 Como tambem David diz : Ser bemaventurado o homem,
a quem Deus imputa ajuftiça fem as obras:
[ Dizjendo: J Bemaventurados aquelles , cujas iniquidades íâõ
perdoadas, c cujos pecadosfam cubcrtos.
8 Bemaventurado o homem , a o qual o Senhor naõ imputa os : x
pecados.
9 Pois jíftá éfta bcatificaçaõ [fomente J na çircupíàõ, ou tambem no
prepuçio ? porque dizemos que a fc foi contada porjuftiça a Abraham.
10 Como pois [lhe J foi contada ? eftando na pcunpfaõ, ou no '
3i<S EPISTOLA DE S. PAULO
prepuçio ? naõ n’a çircunçifaõ , fcnaõ durante o prepudo.
ii E reç^eo o final da çircunçifaõ £ por J fcllo da jultiça da fé
a qual lhe \_era imputada] no prepuçio, peraque folie pac de todos
os que crcfm eftando no prepuçio, a fim que tambem a juftiça lhes
folie imputada.
u E pae da çircunçiíãm, daquelles que naõ fomente íàm da çir-
cunçifam : Mas que tambem leguem as pifadas da fé de noflò pac
Abraham, que durante o prepuçio téve.
13 Porque a promeflà naõ [ fei feita ] pela Ley a Abraham,
ou a fua fcmente ; que feria herdeiro do mundo , mas pela juftiça
da fé.
14 Porque, fc os que íàm da Ley, íàm herdeiros, váã hc logo a
fc, e anulada he a promeflà.
1 $ Pois a Ley óbra ira; porque aonde naõ haLey, tambemnaó
ha tranígreflàõ.
16 Portanto hé pela fé: peraque feja por graça, afim que a pro­
meflà feja firme a toda a fcmente: naó fomente a a que he da Ley,
mas tambem a a que he da fc de Abraham : o qual he pae de nós
todos,
17 ( Como eftá efcrito : por pae de muitas gentes te pusjdian-
bOu,nw.te de Deus , a o qual creu : o qual b|da vida aos mortos , e cháma
fca. a as couíàs que naõ íàm, como que feja foflèm.
18 O qual com elpcrança creu contra elpcrança , peraque fofle
feito pae dc muitas gentes: conforme a o que lhe fora dito: Afli ferá
tua femete.
15 E naó fe enfraqueçeo na fc , nem atentou pera fcu corpo ja
amorteçido, pois ja era de quafi çém annos, [ nem J tambem pera
a madre de Sara ja amorteçida.
20 E naó duvidou na promeflà de Deus por defconfiança : Mas
foi esforçado ná fc, dando gloria a Deus.
21 E íàbcndo çertamente que o que lhe tinha prometido, cra
tambem poderofo pera o fazer.
22 Polo que tambem lhe foi contado por juftiça.
cOu,impu- 23 Ora que lhe foílèc contado, naó íó porelle foi efcrito:
todo. A 24 Mas tambem por nos, a os quaesferá contado, [a faber] a
os que creem naquelle que refuíçitou dos mortos aJeíus noflò Senhor.
2 5 O qual foi entregue por nollòs pecados,, e reíúíçitou pera noflà
juftificaçaõ.

Ca-
A OS ROMANOS. Cap. V.
CaPJTVLoV.

I 0 Jprfhlo moflraos fruitos Ja juftiça da fi , a faber a paz pira cem Deus, a pa­
ciência, a efperanpa, e a certeza de amor de D»#r. p Declara osfundamentos d'e-
fla efperartpa e certeza, a faber o tcflemunbo de Efpirito fanãe em noffos coraçocns,
e que Deuf per amer de nos , fende ainda inimigos, a Cbrijle entregou n'a morte.
9 Conclui diflo que a mtjlcr peis nos eflar certos da neffd perfeverancia , e gloria-
(aí em Deus, n Faz buâ contrapofifaí cem Jdame Cbriflor e declara que co­
mo pela tranfgrejjaõ de -ddam o pecado , e a morte vejo fobre todos os homens , afli
tambem pela obedicncia de Cbriflo, vira fobre muitos a juftiça e a vida. 20 -dfim
declara porque a Ley bt dada.

1 C endo pois juftificados pela fé , tómos paz pera com Deus por
noflò Senhor Jefu Chrifto.
2 Pelo qual tambem tdmos entrada pela fé a éfta graça, em a
qual cftámos, e nos gloriamos na eíperança da gloria de Deus.
3 E naõ fomente [_ ijlo,J mas tambem nos gloriamos n’as tribula­
ções; fabendo que a tribulaçaó » produz paçiençia. a Ou Q,
4 E a paçiençia, expenençia, c a expenençia eíperança.
j E a eíperança b naõ confunde, porquanto cf amor de Deus eftá|, o N -
derramado em noflòs coraçoés pelo Efpirito íànóto que nos foi dado.ew,L#X;
6 Porque Chrifto, eftando nos ainda bem fracos, morréo a feu *
tempo polos impios.
7 Porque apenas morrerá alguem pòr hum jufto: c porque poloe Ou, tá*
bom poderá fer que alguem oulará tambem morrer. tambípode-
8 Mas Deus encarcçe fua charidade pera com nofco, queChriftor'"tf,r’iue
morreo por nós, fendo nós ainda pecadores. fari^m^er
9 Logo muito mais-agora , fendo juftificados em feu íãnguc, fe-por algum
remos por elle íãlvos da ira. bemfaujo,
ío Porque fc fendo nos ainda inimigos , fomos reconçiliados com
Deus pela morte de feu Filho, muito mais fendo ja reconciliados, fe-
remos falvos por fua vida.
11 E naó fomente J Mas tambem nos gloriamos em Deus
(>or noflò Snor Jefu Chrifto : pelo qual alcançamos agora a rcconçi-
iaçaó.
ti Polo que, afli como por hum homé entrou o pecado no mun­
do, e pefo pecado a morte, e afli a morte paífóu a todos os homés,
cm quem todos pecáraó. ’
i ] Porque ate a Ley, eftava 0 pecado no mundo: ára o pecado naõ
he imputado, naõ avendo Ley,
Rr a 14 Mas
3i8 ' EPISTOLA DE S. PAULO
14 Mas a morte reinou defde Adam até Moyfes, atéíòbreaqucl-
les que naç-jwecáraó á maneira da tranígreflàra de Adam;: o qual he
figura daquelle que avia de vir.
15 Mas naó he o dom gratuito como aoficnfa: porqtie fe pela of-
fenfa dc hum f/oj morrerão muitos, muito mais a graça de Deus,
c a doaçaõ pela graça , de hum [fo] homem Jeíu Chrifto, abun-
■ dou fobre muitos.
16 E naó hc 0 dom como £ a culpa que cra~] por hum que pecou:
dOu>o</<wí. porque a culpa hc de huá fó [pffcnfa J pera condenaçaó: Mas ad gra­
ça he de muitas oftenfas pera juftificaçaõ.
17 Porque fe pela oftenía de hum , reinou por hum a morte;
muito mais os que reçebem a abundançia da graça , e do dom da
juftiça, rcinaráó em vida por cftc hum ío [a faber^\ Jcfu Chrifto.
18 Afli que como por huá oftenía £ veio a culpa J fobre todos
os homens pera condenaçaó, afli tambem por huá fó juftiça,[veio
a graça. ] fobre todos os homens para juftificaçaõ de vida.
19 Porque afli como pela delobediençia ddftc hum fó homem,
muitos fóram feitos pecadores; afli pela obediençiadehumío, mui-
tos ferám feitos juftos.
dijfo\nrou 20 P°rclP e íòbreveio a Ley, peraquea oftcníàfabundaflc: Mas
fOu,cwe/i aonde o pecado abundou, ? abundou mais a graça.
fe- 21 Peraque afli como o pecado reinou pera morte , yifij reinaflè
gou,sobre-tambem a graça por juftiça pera vida eterna, por JcfuChrifto Scn-
hor noflò.
irafa' Capitulo VI.
I D'aqui por diante enjlna Paulo, mie os juftificados pela fè , tambem pela morte e
refurreiçao de Chrifto ficaõ renovados e fanãificados, demofhatido aquillo pelo bau-
tifmo. f E que fomos tinidos com Cbrifto. Peftifica adiante , que como o Chri­
fto nao mais , que huá vèt morreo, e pera fempre vive na gloria , nos tambem
crendo, morremos a o pecado pera adiante fanãamente viver. i z Exborta por
ifto, que o pecado fe nao enfenhoree fobre nos , mas nos fobre o pecado , decla­
rando que afi convém a os juftificados e livrados. 21 E mais quando confdéramos
♦ fruito de pecado, que hea morte, eofimda fanãificaçaõ, que he a vida eterna,
de graça a nos dada.

1 O ue diremos logo ? Pcríêveráremos em pecado peraque a graça


'"'Vxbúde ?
2 Em nenhuá maneira. Nos que eftiímos mortos a o pecado, co­
mo ainda viviremos nelle ?
j Ou naõ íàbcis que todos os que fomos bautizados em Jeíu Chri­
fto, cm fua morte íomos bautizados ?
4 Afli
A OS ROMANOS. Cap. VI. 319
4 Afli quc eftámos fcpultados com elle na morte pelo bautifmo:
peraque afli c®mo Chrifto refufçitou dos mortos pera glom doPae,
afli andemos nos tambem em novidade de vida._
5 Porque fe com ellc fomos feitos huá mefma pránta na confor­
midade de fua morte, tambem o fcremos [na conformidade de fua}
refurreiçaõ. . . .
6 Sabendo ifto, que noflò velho homem foi cruçificado com [el­
le,} peraque o corpo do pecado foílè a desfeito: Paraque mais naõ a Ou, Refa-
4 ífirvamos a o pecado. ,
7 Porque o que ja he morto, juftificado eftá do pecado.
8 Ora fc ja com Chrifto morremos, cremos que tambem com
elle viviremos.
9 Sabendo que avendo Chrifto refufçitado dos mortos, ja naõ
mórre mais: nem a morte tem mais fobreellefenhorio.
ío Porque, que morreo; morreo húa vez para o pecado: Mas
que vive, para Deus vive.
11 Afli tambem vos, fazei conta quc morreftes para o pecado:
Mas que viveis para Deus cm J efu Chrifto fcnhor noflò.
n Bor tanto nam reine o pecado cm voflò corpo mortal, pera lhe
■ obedeçer nas concupiíçcnçias do mefino [corpo.J
13 Nem tampouco b apliqueis voílòs membros a o pecado por in- b Ou, a-
ftrumentos dc iniquidade: Maisc aplicaévos a Deus, d como fendo freíe,lteú-
de morto? feitos vivos, ee voílòs membros a Deus por inftrumcntos de£°";
juftiça. d Ou, Conto
■ 14 Porque 0 pecado naõ fe enfenhorcara de vos, pois naõ cftaesrT»/?'^^
debaixo da Ley, fenaó de baixo da graça. cOuZS-
15 Pois que ? pecaremos, porquanto naõ cftamos dc baixo da Ley,
íènão de baixo da graça ? Em ncnhúa maneira. numíros à
16 Nam íãbeis vos, que a quem vos offereçerdcs por fervospera Deus por tn~
[lhe} obedeçer, íòis fervos d’aquelle aqué obedeçeis, feja do pecado
pera morte, ou da obediençia pcrajuftiça? ' JN‘
17 Ora graças a De^s que|_bem}foftes vosfervosdopecado: Mas
que [agora} de coração obedeçdtcs a a forma da doutrina a que
foftesf atrahidos. . f Ou,
18 Afli que fendo livres do pecado, eftaes feitos fervos da juftiça. tre£,ies-
19 Como homem digo, pola fraqueza de voflã camc: Que afli
como aplicaftes voílòs membros C/w*] ferviré á immundiçia e á ini­
quidade, pera iniquidade: Afli aplicãe agora voflòs membros [pera}
em fan&idadc fervir a ajuftiça. ’
Ru 3 20 Por-
720 EPISTOLA DE S. PAULO
20 Porque quando éreis íèrvos de pecado , livres eftáveis da ju-
ftiça.
21 Poi^que fruito tinheis entám das coufas de que agora vos en-
vergonhaes? Porque o fim d’ellas hc a morte.
2 2 Mas agora avendo fido livres do pecado, e feitos íèrvos de
Deus, tendes voflòs fruito em fanétificaçaõ, e por fim á vida
eterna.
2 ; Porque as pagas dò pecado, hea morte: Mas o dom gratuito
de Deus, he a vida eterna por noflò SenhorJeíu Chrifto.

Capitulo VII.

1 0 Apoftolo avendo declarado no capitulo pajjado que 0 pecado fe nao mais Ohfenbo-
reaffofobre osfieis comofobre os que faõ debaixodaLey, 0 mefmo agora demoftra com ex­
emplo da hui mulher, que pela morte do maridofica livre de feu Senhorio, aplicando
0, a ps regenitos. 7 Enfina porque fim [èrvi a Ley , o demoftra que a Ley naõ he
caufa do pecado em os irrigenitos , aindaque 0 pecado fe enfenhorea fobre elles
pela Ley. 14. Defcreve depois a batalha , que he entre a carne 0 0 efpirito, o
moflra 0 poder que 0 refto da carne .ainda tem contra 0 efpirito em osfieis. 14, Con­
clui efta declarapao com hui querela, edefejo de Jer totalmente livre defta batalha,
dando graças a Deus por Itvrafaõ ja feita. #

x ("Au naõ íàbeis vos, irmaõs , (fallo com os que enténdem a


''•'Ley ) que a Ley tem fenhorio fobre o homé todo quanto
tempo vive ?
aOu>E>np- 2 Porque a mulher que efta ’ íugeita a marido, cm quanto o ma-
ho ada. r^° v*ve ’ b obrigada pela Ley: porem morto o marido, livre
© u, m 4. marido.
3 Afli que vivendo o marido, ícrâ chamada adultera, íè a outro
marido fc ajuntar; mas morrendo o marido, livre eftá da Ley de
maneira que naõ ferá adultera, fe fe ajuntar a outro marido.
4 Afli .que , irmaõs meus, tambem vos eftaes mortos a a Ley
pelo corpo de Chrifto: peraque d’outro fejaes, [ a fatber~] daquelle
que dos mortos refurgio, peraque frutifiquemos a Deus.
5 Porque quando nos eftavamos na carne , as affciçoés dos peca­
dos que íaõ pela Ley, tinhaó vigor cm noflòs membros , pera fru­
tificarem para morte.
/ 6 Mas agora eftamos livres da Ley , íèndo mortos a aquella em
que eftavamos retidos: aíli que firvimos em novidade dc Eípirito, e
naõ{jfm~] velhice dc letra.
7 Quê diremos logo ? He a Ley pecado? cm nenhuá maneira:
mas
A OS ROMANOS. Cap. VII.
Mas antes eu naó conheci o pecado, fenaó pela Ley; porque taq pou­
co conheçéra eu a c concupiíçençia [ferpecado fc a L %inaõdillc-cOu, OW»
ra: Naó cobiçaras. ' p-
8 Mas o pecado, avendo tomado ocafiam pelo mandamento, ge­
rou cm my toda concupifçençia; Porque fem a ley o pecado eftá
morto.
P Porque fem a Ley, vivia eu dantes: Mas quando veio ojnan-
damento, o pecado começou a reviver e eu morri:
ío E o mandamento que era pera vida, foi achado pera my mor­
tal.
11 Porque o pecado tomando ocafiaõ pelo mandamento, me en­
ganou ; e por elle me matou.
12 AÍH que a Ley fanda he, e o mandamento íàndo, e jufto,
c bom.
13 Logo tornoufe me o que he bom em morte ? em nenhuá ma­
neira. Mas o pecado [tornoufe me em morte] peraque íè moftraflê
[fer 3 pecado, obríndome a mortepelo bem: a fim que o pecado,
pelo mandamento, fe fizeíle d cxçeflivamcnte pecante. d Ou >Sclre
14 Porque bem fabemos que a Ley he cípiritual: Mas eu fou car-mane,ra'
nal, vendido debaixo de pecado. Ou c
15 Porque eu naó e aprovo o que faço, , poisnaõ faço o que
quero, mas o que aborreço, iflò faço.
16 Ora fe eu faço o que naõ quero, coníintocomaLcy, queheÍOu>

17 De maneira que agora eu naõ faço aquillo, fenão o pecado


que cm my habifa. mim tfii
18 Porque cu fei que em my, convém a íàbcr em minha carne,.
naõ habita o bem: porque o querer f eu o tenho: porem s aperfei- u’
çoarobem, naÓoalcãço. hÓu,Omal
19 Porque nao faço o bem que quero, mas o mal que nao quero, efià afinca*
iflò fáço. de em mim,
20 Que fe eu faço o que naõ quero, ja naõ íòu cu o que o faço,ou W-em
mas o pecado que em my habita.
21 Afli que acho efta Ley cm my, que quando quero fazer o bem, \er‘” "/mí
í o mal me he proprio.
22 Porque'tomo prazer na Ley de Deus fegundo o homem interior.k Ou>
23 Mas vejo outra Ley em meus membros, que batalha contra ou
Ley de mcu animo, e me k prende debaixo da Ley do pecado que eftáX 'aVít*
em meus membros. de^cade.
24 Mi-
EPISTOLA DE S. PAULO
2 4 Miícravcl homem dc my ! Quem mc livrará do corpo ddfta
morte ? }
25 Graças dou a Deus por Jefu Chrifto Senhor noflò.
26 Afli que cu mcfmo lirvo com o animo a a Ley de Deus, mas
com a carne a a Ley do pecado.
Capitulo VIII.
1 T>o que ate agora he declarado tira Paulo efta confolapaõ , que nenhuá condenaçaõ
ha mais para os fieis. 4. £ os amorfa com diverfu rai.oens de que naõ andem fe-
gundo a carne, mas fegundo 0 Sfpirito. sf Declaraqitt ajsrte dosfieis n efta vida
'he padecer com Chrifto, e confola os , com a grande gloria que ha de feguir. 19 A
qttal as criaturas naturalmente eftaõ defitjando. 13 Confola os ainda com a efpe-
ranca ntce elles mefmos d'aquella tem. 16 Com ajuda do Efpirito fanilo na ora-

i A fli que agora nenhuá condenaçaó ha pera os que cftáó cm


** Chrifto Jefus , que naó andaó iegundo a carne , mas fegun­
do o Efpirito.
' 2 Porque a Ley do Eípirito de vida, em Jcíu Chrifto, me livrou
da Ley do pecado, e da morte.
j Porque o que era impoflivel a a Ley, porquanto cra fraca pe­
la carne, Deus enviando a feu Filho em femelhança de carne de pe­
cado, c rx/JòTpofopecadp, condenou a o pecado em a carne
4 Peraque a juftiça da Ley foflè cumpriaa ,cm nos , quc nao an­
damos fegundo a carne, mas fegundo o Eípirito.
__ _ ____ r.__ c_____ ~ a rnnMHPran íiq rnnAc no

* 7 Porquanto a confideraçáó da carne he inimizade contra Deus:


porque naó fe fugeita á Ley de Deus': nem taó pouco pode.
8 Portanto os quc cftám na carne, nam podem agradar a Deus.
.$> Ora vosoutros naó eftaes na carne , fendm no Eípinto; le he
Ou, ai- que.° Eípirito de Deus cm vos habita : Mas fe <= alguem nao tem o
ww.’ Efpirito dc Chrifto, o tal naó he íèu.
1 o E íè Chrifto eftá em vosoutros, o corpo em verdade efta mor­
to por cauíà do pecado; mas o Eípirito hc vida por cauíàda juftiça.
1 r Ora fc o Efpirito daquelle que refufçitou dos mortos a Jefus,
A OS ROMANOS. Cap.VIII.
habita tm vos, aquclle que a Chrifto refufçitou dos mortos vivificará
tambem voílòs corposmortacs, por fcuEípirito, que cr. yosffifbita.
u Dc maneira irmaós , quc devedores ídmos, nao a a carne,
pera viver iegundo a carne.
13 Porque fc fegundo a carne viverdes, morreréis: Mas fe pelo É£
pirito mortificardes as obras do corpo, vivircis.
14 Porque todos os que fam guiados pelo Efpirito dc Deus, fam fil­
hos dc Deus.
15 Porque vos nam fcçebcTtcs o Eípirito d® íervidam, outra vez
pera temor3 mas antes rcçcbdtes o Eípirito dc adopçaó, pelo qual
“ bradamos, Abba, Pae. d Ou, efa-;
16O meíino Eípirito dá teftemunho com noflò eípirito, que
mos filhosde Deus.
17 E fc íòmos filhos, fomos logo tambem herdeiros,herdeiros de Deus,
ecohcrdeirosdeChrifto: fe he que com[elk J padeçcraos, peraque
tambem com[clle']glorificadoslejámos. •
18 Porque eu me rcíòlvo em quee os íòfrimcntos do tempo prefente e Ou, 0 qttt
naó faõ pera contrapeíàrcom a gloria que cm nos ha devir aferma-f^ padece»»'
nifeftada. 1 ump» Pr>-
19 Porque a criatura f como] com alevantada cabeça efpera^^'”40"*
a manifeftaçaó dos filhos dc Deus.
10 Porque a criatura eftá fugeita á vaidade, naõ por fua vontade, glmafut^
mas por cauíà do que a fugeitou. »'4,ou w»-
21 Com eíperança que tambem a mefma criatura vira a fcr livred°ur*’
da íervidam de corrupção , pera liberdade da gloria dos filhos de
Deus.
2 2 Porcjue bem íabémos que toda a criatura íuípira , c eftá junta­
mente ate agora £ como ] de parto.
2 3. E; naó fomente ella, J mas tambem nos mefinos, que temos
as pnmiçias do Eípirito , nos mcfmos f digo J fufpirámos em nos
mcfmos, efpcrando a f adópçaó [convém a faber] a redemçam de fOu,p«-#
noflo corpo. J '
24 Porque em eíperança íòmos íãlvos : Ora a eíperança que fe
vé , naó he efperança : Porque o que alguem vé , porque tambem
o ha de cfpeiar?
o Mas fe eíperamos o que nam vemos, com paçiençia he que
. 26 E da meíma maneira tambem o Eípirito ajuda juntamen-
te nolias fraquezas : Porque naó íàbemos, como convém , o
i Sf . que
354 EPISTOLA DE S. PAULO
que avemos dc orír; Mas o mefmo Eípirito orá por nos com fuípi-
ros in&SibeK Atencaõ
Ou ConR- 2 7 Mas o que cíquadrinha os coraçocs, conhece qual he a^ft»
^crafa^oà W*®* do Efpirito: Porque elle ora'polos ianctos fegundo Deus.
fentido. 28 Ora bem fabeinos nos tambem, que todas as couíàs ajudam
juntamente cm bem a os que arnaoaDeus, \_convem a, faber] a os
que fegundo [jeu J propofito íàm chamados.
29 Porque a os que çlled’antcs conhcçeu, tambem os prcdcftinou,
• para que foílèm feitos conformes a a imagédc feu Filho : Peraque
elle íeja o primogénito entre muitos irmaõs.
30 E a os que prcdcftinou , a eílès tambem chamou: Eaos que
chamou , a eílès tambem juílificou: E a os que juílificou , a eílès
' tambem glorificou.
31 Pois que diremos a cftas couíàs ? íè Deus he por nos, quem
ferá contra nos?
h Ou, Per-' 32 Aquelle que tambem nçm a feu proprio Filho h poupou , mas
dfnh antes por nos todos o entregou: Como naó nos dará tambem com elle
todas as couíàs?
3 3 Quem intentará‘acuíàçaõ contra os eícolhidos de Deus?Deus
hc o que juftifica.
3 4 Quem he o que condena ? Chrifto he o que foi moito ? e o
que mais he, o que tambem reíúíçitou: o que tambem eftáá f
direita de Deus, c o que tambem por nos róga.
3 $ Quem nos apartará do amor dc Chrifto ? tribulaçaõ , ou an-
guftia, ou perfeguiçam, oufdme, ounueza, ou perigo, ou eípada? ,
3 6 ( Como eftá eícrito: Por amor dc ty íòmos todos os dias a a mor-
• Ou D.» matc entregues > c como ovelhas da > carniçariâ fomos cftimados.)
ou, 37 Antes em todas dftas coufas fomos mais que vençcdores por
mataileiro. aquelle que nos amou.
38 Porque cu cftdíi £crto, que nem morte, nem vida, nem An­
jos, nem Principados, nem Potcítados, néoprcíèntç/nemoporvir.
39 Nem altura, nemprofundura , nem alguã outra criatura nos
poderá apartar do amor dc Deus, que em ChriftoJcfuSenhor noflò
eftá.

Ca-
A OS ROMANOS. Cap. IX. 325

Capitulo IX.
T Testifica » Apostolo fua grande tristeza fobre dcfobedieucia e durei, a dos Judeos.
4 E cousa 1ts frcrogasiv.is que Deus lhes uo velho Teftameisso deu. 6 Mo fira queat
prome/fas uaõ Je estjraqtttfem , forque faõ festas naõ a os filhos da carue, mas a os
da promejfa, afiber, a oselcssos, com exemplo de Ifmael e Ifastc. 10 Depois com
exemplo de Efau e Jacob. 14 Demoftra que Deste he jufto , feja que elegi a hum e
regesta a ousro, pelo exemplo de Moyjes e PharM. 19 Reffonde a alguas contrapo-
Jtçoens carnaes, e moftra 0poder de Desce nijfo, com exemplo de hum ollesro. 24 Declara que
Deus tambem chama a eftes elessos ejjicazmeuse, afii dos Judeos como prsacipal-
tneuse dos geutsos. 0 q ue demoftra com vários teftemnuhos dos Prophesas. joaí-
fim , da razaõ porque os geussos a juftiça pelo Chrifto alcauçiraõ: mas major parte
de Ifrael uaõ.

1 'VT erdade digo cm Chrifto , e naó jnihto (dando me minha con-


* fçiençia teftemunho pelo Efpirito fanéto.)
2 Que tenho grande trifteza e continuo tormento em mcu co-
raçaõ.
3 Porque eu mefmo defejára fer'apartado dc Chrifto por meus ir­
maõs , que íàm meus parentes íegundo a carne:
4 Que fam Ifraclitas, alòs quaes he a adopçaõ , e a gloria, e os
conçertos, c a ’ data da Ley, e o b íerviço £ divino^ c as promeflàs.
5 Dos quaes íàm os paes, c dos quaes he Chrifto íegundo a car-a Ou’ Ortíe‘
ne, o qual hc Deus íòbre todas as coufas bendito eternamente. ”Stu^.
Amcn. b Ou, culto.
•> 6 Com tudo naó [ digo ijfo ] como que a palavra de Deus aja
s.
c cahido : porque nem todos os que faõ de Ifrael, fam por iflb«Ou,Dej?«j-
Ifraèl: * do, ou Jalta-
7 Nem por ícrem fcmente de Abraham, por iflò íàm todos filhos: dóu,£/w
Mas em líàacte íerá chamada ícmcnte. feréfemwte
8 Quer dizer , naõ os que íàm filhos da carne , fim filhos de de Abraham,
Deus : Mas os que fam filhos da promeflà , fam contados por fe.Mmporfff
mente. r fam to dos-,
9 Porque éfta he a palavra da promeflà; Perto dcfte tempo, vi­
rei c terá Sara hum filho.
10. Enaó fomente [efte: J Mas tambem Rebcca [he prova dijfo[\
quando dc hum conçcbio [a faherj dc noflò pae líàac.
11 Porque antes que [ os meninos ] naçeífem, nem fizeíle bem
nem mal , peraque o propofito dcDcus, que hc fegundo a eleiçaó,
ficaflê Naõ pelas obras, mas por aquelle que chama. e Ou, Per-
12 Lhe foi dito: O mayor fervirá a o menor. maueceffe.
1 Sf 2 x 3 Co-
3^ EPISTOLA DE S. PAULO
13 Como eftá eferito : A Jacob amei, e a Eíauaborreci.
14 Pois me diremos ? Que há injuftiçaaçéfcadc DeusPEmnen-
huã maneirai
1 $ Pois diflè a Moyfes: Terei miícricordia do que tiver miíèricor-
dia: c compadecer mçjiei d’o que me compadeçer.
16 Afli quc naó [Ae] do que quer, nem do que corre , fenaó
de Deus que tem miícricordia.
17 Porque a Eferitura diz a Pharao: Para ifto mcfmo te levantei,
para moftrar cm ty minha potençia, e para que meu nome feja anun-
Çiado cm toda a terra.
18 Demodo quc do quc quer tem mifcricordia, e a o quc
quer enduréçc.
19 Ora tu me dirás: f pois ] porque fe f queixa ainda ? porque
quem rcíiftio a fua vontade ?
20 Mas antes , ó homem, quem es tu , que 8 conteftes contra
aiter^àe^ Deus? porventura dirá a coufa " formada a o que a formou, porque
hOu,FMM,me fizeíte afli?
ou lavrada, 21 Ou naó tem o olleiro poder pera fazer de hua rnefina máílà
ou afatura. hum va(o pCra honra, e outro pera deshónra ?
21 E quc ha , fe Deus, querendo moftrar \_fua J ira , e dar a
conheçer fua potência, fuportoucom grandepaçiençia os vafosdeira,
preparados pera perdiçam:
E para dar a conheçer as riquezas de íua gloria, nosvaíõsde
miíèricordia, que para gloria d’antcs tem aparelhado?
2 4 A os quaes tambem, chamou, f convém a faber a nos, naõ
fomente d’cntre os Judcos, mas tambem d’entre as gentes ?
25 Afli como tambem diz em Oícas: Chamarei meu povo a o quc
meu povo naó cra: E [ minha) amada, a a quc naó éra amada.
26 E aconteçcra, quc no lugar, aonde lhes foi dito, vosoutros
naó fois meu povo, ahi ferám chamados filhos do Deus vivente.
*Ou, Se o 27 E Ifàyas bráda açdrca de Iíraèl:1 Aindaque o numero dos fil­
Híontro,
hos de Ifraêl foílè como a area do már, ferá o reftante falvo.
28 Porque k dá fim c abrevia o negoçio em juftiça: Pois o Senhor
k Ou,Confu-
,
ma, ou,aca­
fará hum negoçio abreviado fobre a terra.
ta, ~9 E como Ifàyas d’antes tinha dito: Se o Senhor dos exerçitos nos
naó deixara femente , como Sodomafôramos feitos, ca Gomora
fôramos femelhantes.
3 o Pois quc diremos ? Que as gentesque naó buícávaõ ajuftiça, tem
alcançado juftiça ? porem ajuftiça quc hc pela fé.
31 Mas-
A OS ROMANOS. .Cap. X. 527
' $ t Mas Iíracl quc bufcáva a Ley de juftiça , naõ chegou a a Ley
da juftiça. *
p Porque? porque fVJnaó [bufeavao] pela fé, mas como pe­
las obras da Ley: porquanto tropeçaram na pedra de tropéço.
3 3 Como eftá eferito: Eis que eu ponho em Siaó a pedra de tro­
peço , e a rocha de cfcandalo: e quem quer quc n’cllc crer, naó ferá.
confundido.

Capitulo X.

1 Depois de teflificar ftea boa aJfeipaÕ , trata o dpoflolo mais largamente acerca da
próxima catefa da defobediência dos "judeos. j Faz com palavra de Moyfes hnâdif-
ferenpa entre a juflifa da .Ley e a juftipa, da fé , e defereve ambas com fuas pro­
priedades. 11 Declara que Deus agora no todo mundo chama, afi a os judeos
como a os gentios, pela pregapao do Euangelho. 16 Mas que conforme as Prophecias
os judeos ficM dejòbedientes, e os gentios obedecem a efta vocapaõ.

I T rmaõs, quanto a a boa aflèiçaõ de meu coraçaó, eáoraçaõquc


a Deus por Ifraêl, he pera làlvaçaõ.
2 Porque cu lhes dou teftemunho que tem zelo dc Deus, mas /
naõ com entendimento.
3 Porque naõ conhcçendo a juftiça de Deus, c procurando eftabe-
lcçer fua própria juftiça, naó fe íugeitaõ ajuftiça de Deus.
4 Porque Chrifto ne o fim da Ley, pera juftiça de todo aquelle
que cree.
$ Porque 4 defereve Moyfes ajuftiça que heb pela Ley [diz.en- aou,Dedo-
do: j O homem que éftas coufas fizer, por ellas vivira. ra, oúpinta,,
€ Masajuftiça quc he pela fé, diz afli: Nam digas em teu cora-°M defefra..
çaó, quem fubirá a o Ceo? ifto.he trazer do alto a Chrifto : Ou,Da
, 7 Ou, quem defeenderá a o abiímo ? ifto hc trazer dos mortos a
Chrifto:
8 Mas que he o que diz? Junto a ty eftá a palavra, emtuabóca,
ecm tcucoraçám. Efta hc a palavra da fé, quc pregámos.
9 £ A faber ] fc com tua boca ao Senhor Jeíús confeflares, c
em teu coraçam créres, quc Deus dos mortos o refufçitou, ícrás
íalvo.
10 Porque com o coraçaó íè cree pera juftiça, e com a bócaíè
faz confeflàm para fal vaçam.
r 1 Porque^ Eferituradiz: Todo aquelle que nelle crer, naó ferácon­
fundido.
0 STj iz Por-
t
3i8 EPISTOLA DE S. PAULO
ii Porquanto naó ha difterença do Judeo, nem do Grego* Por­
que hum 1; Tmo he o Senhor de todos, o qual he rico pera com to­
dos os que o invócaô.
13 Porque todo aquelle que invocár o nome do Senhor, ferá íãlvo.
14 Como invocaram logo [aquelle ] em qyem nam creram ? E
como creram Q naquelle j de quem naó ouviraó ? E como ouviraó
íèm aver quem £ lhes J pregue ?
15 E como pregaráó iènaó forem enviados ? Como eftá cícrito:
c Ou.Gr.i- O quaõ c formoíòs iam os pees dos que anunciaó a paz, dos que a-
C'VW- nunciam as couíàs boas !
16 Mas naó todos obedecerão a o Euangelho : Porqtie líàyas diz:
d Ou, Ouvi- Senhor, quem creu a nollà a pregaçaó ?
17 Aíli que a íé hc pelo ouvir, c o ouvir pela palavra de
Deus.
18 Mas digo porventura naó o ouviraó ? antes çerto por toda a
tem tem faydo lòydo delles, e fuas palavras ate oscábos domutido.
19 Mas digo porventura naó o conhcçco Iftaèl ? primeiramente
Moyfes diz: Eu vos provocarei a çiumcscom aquelle que naó^AeJ
povo : Com gente ignorante vos provocarei a ira.
20 E Ifayas fc atreve a dizer: Achado fui dos que me naõ
, buícávam : E manifefteime a os que por mim naó perguntávaõ,
21 Mas contra Ifrael diz: Todo o diaeftcndi minhas maósalium
povo rebelde ccontradizente.

Capitulo XI.
1 Enfina 0 jdpoflolocomjuo exemplo que efte tngeifamentt naõ he detodos es Judea!
2 Como tambem com a immutavel eleição de Deus , c cem exemplo de tempo de
'Elias, 5 Mas que a falvaçaõ he pela graça , e naõ pelas obras, e que outros pela
fua defobedtencia perecem. t O que demojlra com Eícritura. 11 Donde exborta»
os gentios a que naõ prefumaÕ centra os Judeos cabidos por fua defobediência, pois
elles tambem por fua infidelidade poderiaõ ainda vira cair, xp a efle fim defeubri
0 Jègredo da converfaõ dos Judeos. 29 O que confirma com Efcrttura.e com amor
que Deus ainda tem para com elles, por caufa dos paes. 33 a fim fe efpanta de
profunda jabedoria de Deus, pela qual obra a falvaçaõ dos homens. $6 Cujo começo
acrecentamento, efim, a foDeus feattribue. , ’

aOu,Rfg«-1 J)’go pois, porventura a engeitou Deus a feu povo ? em nen-


tou. , huã maneira: porque tambem eú fou Iífaclita da bdeícenden-
bOibSr>»e»-çia de Abraham, da linhagem de Bcnjamin.
te». 2 Deus naó engeitou a íèu povo, a o qual d’antcs conhcçêo. Por­
ventura naõ íabeis vos o que a Efcritura diz dc Elias, como falia a
Deus contra Ifrael, dizendo,
3 Senhor
A OS ROMANOS. Cap. XI: Pí>
3 Senhor a teus Prophetas matáraó, e a teus altares derribáraõ:
c eu fó fiquei, c biífcaõ minha alma.
4 Mas que lhe diílè a divina reporta? [ainda J fétc milhomesme
refervei, quc naó dobráramos juelhosdiante[da imagem] dcBaal.
5 Afli que tambem n’eftc tempo ficou hum c reftante, fegundo c Ou, Rcpo.
a eleiçaó d’a graça.
, 6 E fc he por graça, naó he mais pelas obras: D’outra maneira
naó he a graça ja graça: Mas íè he pelas obras, janaó he por graça:
D’outra maneira naó hcaobrajaobra.
7 Pois quc? O que lfraêl buícáva, naõ alcançou: Mas os eleitos o
alcançáraó, e os outros foraõ endureçidos.
8 (Como eftá eícrito : Dculhcs Deus Eípirito do profundo fono:
e olhos pera nam vdr, e ouvidos pera naõ ouvir) ate o dia pre­
fente.
9 E David diz: Que fua meíà fe lhes torne cm Líço, c cm rdde,
c em tropeço, e para fua retribuiçam.
ío Que íèus olhos íè eícuréçam pera naó verem , e cncorvalhes
continuamente as cortas.
11 Digo pois porventura tropeçáraõ peraque cayílèm? em nenhuá
maneira ? mas por fua cayda Q veio J a falvaçaõ a as gentes, pera
os provocar a çiumes.
iz Ora fe fua cayda he a riqueza do inundo, e fua diminuição a
riqueza das gentes: Quantomais íuaabundançia?
13 Porque com voíco fallo, gentes, por cm quanto das gentes fou
Aportolo, meu minifterio hónro:
14 Se de alguã maneira a os de minha carne provocar poflò açiu-
mes, e falvar a algús d’cllcs.
1 $ Porque fe leu rejeitamento he do mundo a reconçiliaçaõ, qual
fei á o recebimento, íè naó vida d’entre os mortos?
1 ? , a k as primiçias fam íãnétas , tambem a ma'flà o he : E fc
3. raiz hc fanóta, tambem os ramosoíàm.
17 E íè alguns dos ramos foram a quebrados , c fendo tu azam- j Ou Cor
bugeiro, cm lugar] d’cllcs forte e enxertado, e feito participante da titios*
rayz, e da groflura da oliveira: c Ou, £»-
18 Naó te glories contra os ramos: que fe tu te glorias, naõ cs*"7^’
tu oquefuftcntas a raiz, fenaó a raiz a ty.
I $> Diras pois:Os ramos foram quebrados pera que cu foflè enxertado.
20 Bem, por incredulidade foram quebrados, c tu por fé eftas em­
pe: Nao te cníòberbcças, mqstcme.
21 Por-
EfISTOLA.DE & PAULO
fOu,Pf^/o«. 21 Porque fe Deus naó fpoupou aos ramos naturaes, £olh<f\que
gOujPm/w.tambcma ^tc naó s poupe.
22 Portanto atenta para a benignidade c feveridade de Deus: [<«
faber] a feveridade íòbre os que cayraó, c a benignidade pera com-
tigo, ieperfeverares na benignidade : d’outra maneira tambem tu íc-
ras cortado.
23 E tambem clles, fe naó perfeverarem em incredulidade, íèrám w
enxertados: Porque poderolõ hc Deus pera os tornar a enxertar.
24 Porque fc tu foíte cortado do natural azambugciro , e con­
tra natureza enxertado na boa oliveira , quanto mais cites que íàm
osnaturaes[>4wo/]feram,enxei-tados cm fua própria oliveira?
25 Porque naõ quero, irmaõs, que ignoreis efte icgredo (pera­
que naó lejacs fabios em vos rnelmos:) que o enduríçimento acontcçeo
em parte cm Ifrael, até que entre o enchimento dos gentios.
26 E afli todo líracl ferá falvo , como cítá cícrito: Virá dcSiaó
o libertador, c deíviará as impiedades dcJacob.
2 7 E ifto lhes he de mim £ hum 3 concçrto, quando eu tirar feus pe­
cados.
28 Aflique, quanto a o Euangelho, inimigos fam, por caufa dc
vosoutros: Mas quanto a a cleiçaó, amados, por cauía dos paes.
' 29 PorqueosdonscavocagamdeDeus, íàm íèm arrependimento.
30 Porque afli como vosoutros foftes tambem antigamente rebel­
hOu.Vffo-
bedtttuta.
des a Deus, e agora alcançaftcs mifericordia pela11 rebeliaó deites ?
31 Aflitambemagoraeftesforaórebeldes, peraque tambem alcan-
çcm miícricordia por voflã miíencordia.
3 2 Porque Deus cnçerrou a todos debaixo dc rebeliaó , pera dc
todos avérmifcricordia.
3 3 O profundidade das riquezas d’a íàbedoria e d’a fçicnçia de Deus!
quam incomprchenfivcis fam feus juizos, c inpervcííigaveis feus ca­

iOu,penfa-
minhos!
imntf.
34 Porque quem entendebo ' intento do Senhor? ou quem foi íèu
confclhciro?
35 Ou quem hc, o que lhe deu a elle primeiro, e ferlhe ha
, tornàdo ?
3<> Porque d’ellc, e por elle, c pera elle fam todas as couíàs: A
elle [feja] a gloria etemamente. Amen.

Ca-
A OS ROMANOS: Cap. XII. Hl

mos ofereçamos a Deus-, e naõ nos conformemos com eflemundo. 3 Depois cm par­
ticular amoejla os que fcrviaõ n'a Igreja , e tinbaÕ dons particulares , que delles
tifajjcm para major edificaçaõ da Igreja, fem alçii prefunpaõ. 6 Afi os Doutores
da palavra, como os Anciaós e Diáconos, 9 Diverjas amoejlaçocns para qualquer
-virtudes Chriftaãs, quaes todas conta,
1 I? °S° vos P°ís’j irmaós, pelasmiíèricordias de Deus, que apre-
fenteis voílòs corpos cm facrificio vivo, fancto [ e J agradavcl
a Deus, \_que hc} voflò culto raçional.
2 E naó vos conformeis com efte mundo, mas reformac vos pe­
la renovaçaõ dc voflò animo, peraque experimenteis qual feja a boa,
e agradavcl, c perfeita vontade de Deus.
3 Ora pela graça que me he dada digo a cada hum dc vosoutros,
quc ninguém íaibã mais do quc íàber convém : Mas que íaiba com
temperança , cada hum conforme a a medida de fé que Deus lhe
tem repartido.
4 Porque afli como cm hum fó corpo temos muitos membros, e
todos os membros nam tem huá mcfma operaçaó:
< Afli muitos fomos hum fó corpo cm Chrifto :a Mas cada qual n ,,
membros huns dos outros
6 Dcinodo que tendo differentes dons, fegundo a graça que nos J'eu lugar
hedáda. membros
^[Empregímospois ijlos dons} feja propheçia,fegundo a b analogia da
fé: Seja minifterio em adminiftrar: Seja que alguem enfine, em enfinar. bOu.k^,
8 Seja que alguem exhorte, cm exhortar: Seja que alguem repar- ou propor-
ta, em fimpliçidade': Seja quc alguem prefida,c com cuidado: Seja fa0-
quc alguem excrçite miícricordia,d com alegria. Cdo/am"íte‘>~
9 O amor feja fem fingimento. Aborrecendo o mal, achegando- aou Ale
VOS a o bem grfm’nte '
10 Tende huns pera com os outros cordial charidadc com frater­
nal amor: PrevcnindoVos com honra huns a os outros,
11 No cuidado naõ lêjaes perguiçoíòs: Sede ardentes cm Eípiri­
to : Servi a o Senhor.
12 Sede gozofos na eíperança : Píçicntes na tribulaçaõ : Pcríè-
verantes na oraçaõ:

Tt
l
332 EPISTOLA DE S. PAULO
Bendizei aos que vos pcrfcguem : bendizei, c naõ maldigaes.
14
Aleg.,’ hevos com os que fc alegram: c chorác com os que chó-
J5
raõ.
16 Tcnde hum mefmo íèntimcnto huns pera com os outros. Naó
£Ou, Defe- f affe<Steis coufas altivas : Mas acomodacvos a as baixas: Naó fejaes
yw. fabios cm vos meíinos.
17 Naó torneis a ninguém mal porifí^^gcuracas couíàs hone-
ftas diante de todos os homes.
18 Sc poffivel fór, quanto em vos TOrténdc paz com todos os
homens.
19 Nam vos vingueis a vos meíinos,. meus amados, antesdaelu­
gar a a ira, porque efcrito eftá: Minha a vingança: cu o pa­
garei', diz o Senhor.
20 Por tanto fe teu inimigo tiver fome, dalhe dc comer: fctiver
fóie, dalhe de bcbCr: Porque fazendo ifto, brafas de fogo lhe amon­
toaras fobre a cabeça.
g Ou, Sejas
21 Naó s te deixes vcnçér do mal: Mas vençe a o mal com o
vencido d» bem.
mal.
Capituio XIII.

1 A es fieis exborta a obedecer a 0 Magiftrado , porquanto de Deus he ordenado.


8 £ a fer caridofios. 11 Sanãos e virtuofos na vida. 14 £ por ifto fim a vejlir
fe do Senhor Jefu Cbrtfto, fem ter cuidado da carne em feus defejos.

i r | ' oda alma cftcja íúgeita a as poteftades íuperiores: Porque naõ


ha poteftade , fenaó dc Deus , c as poteftades que ha , fam
ordenádas de Deus.
2 Peloquc quem rcíiftc á poteftade , a a ordenaçaõ de Deus re-
tOu^uitiS^- c os que lhe refiftcm, íòbre fi^mcíinos traráóacondenaçaõ.
bOu.J.M» n
3 Porque os Magiftrados naó 1.b faó de temer para os que 1.bem
A-J-*. . obraõ,
temerofos, íènaó pera os que obraómal. Ora queres tu naó temer a poteftade?
oufaopcra
temer.
faze bem, e terásd’clla louvor. /
c Ou,Oíz<- 4 Porque he tniniftro de Deus pera teu bem: Mas fe mal fizeres,
tello. tdmc; porque nao traz c a eípada íèm cauíà : Porque hc miniftro de
Deus, pera com vingança caftigar a o que faz mal.
d Ou, Por 5 Portanto ncccflario hc cftar íúgeitos, naó íòmcnte d polo cafti-
caufa do ca-
go, mas tambem pola coníçiençia.
figo, mas
6 Porque por efta cauíà pagaes vos tambem tributos : porquanto
tambc por
canft da íàm miniftros ac Deus, ocupandofe fempre n’ifto mcfmp.
ccufcitncia. 7 Por-
A OS ROMANOS. Cap. XIV. 333
7 Portanto pagae a cadahum o quc lhe hc devido : Aquem tri­
buto, tributo: Aquem. rçndá, renda: Aquem temor, tencx: Aquem
honra, honra. ,
8 Naõ devaes nadaaninguém, lenao que vos ameis huns a os ou­
tros; Porque quem a outro ama, cumprioaLey.
9 Porque iflo: Naõ adulterarás: Naõ matarás: Naõ furtarás: Naõ diras
falfo teftemunho: Naó cobiçarás: E fe ha algum outro mandamen­
to, n’efta palavra fumariamente fe comprcndc, amarás a teu proxi­
mo como a ty mefmo.
10 A charidade naõ faz mal a o proximo: Aífique o cumprimento
da Ley he a charidade.
11 E ifto [digo tanto mais ] fabendo o tempo , que ja heorade
nos alevantarmos do fono : Porque -agora eftá a falvaçaõ mais perto
de nos, do que quando[noprincipio]cremos.
11 A noite hç paflâda, c o dia he chegado : Portanto edeixánosc Ou,d#ww
as obras das trevas, c viftamos nos das ármas da luz. de ma°-
13 Andemos honeftamente, como dc dia : Naõ cm glotonarias,
■nem cm borrachipes : Nao cm cámas , .nem cm difloluçoens : Nao
cm oendcnçias, nem em inveja.

fermo na fc, b rcçebci o £

z [Porque] hum crc que dc tudo fc pode comer, c o outro, que “'
he c enfermo, comed ortaliças. c Ou, Fraco.

come, naó julgue a o que come: Porque Deus o tomoucpara fi. cargo.
4 Tu quem es, que julgas a o fervo alhcyo ? para feu proprio
Tt 2 Senhor
334 EPISTOLA DE S. PAULO
Senhor eftá empe, ou cae : Mas affirmaríèha ■, porque poderofo hc
Deus pera J -l- afti rmar.
5 O hum eftima £ hum J dia mais que [ outro, J mas o outro
£Ou, Certo, eftima todos os diás [ iguaes. J Cadahum efteja f íeguro em feu
animo.
6 Aquelle que faz cafo do dia, falo pera o Senhor; e o que naõ
faz calo do dia, naó £ o ] faz pera o Senhor. O que come , come
pera o Senhor, porque da graças a Deus : E o que naó come, naõ
come pera o Snor, e da graças a Deus.
7 Porque nenhum dc nos vive pera fi: E nenhú morre pera fi.
8 Porque íeja que vivamos, pera o Senhor vivemos: Ou fejaque
morramos, pera o Snor morremos. Aífique feja que vivamos, iéja
que morramos, do Senhor fomos.
9 Porque pera ifto morreo Chrifto , c rcfuícitou, c tornou a vi­
ver : Peraque tenha fenhorio , afti fobre os mortos, como fobre os
vivos.
1 o Mas tu, porque julgas a teu irmaó ? Ou tu tambem, porque
deíprezas a teu irmaó ? Porque todos avemos dc apareçer perante o
Tribunal dc Chrifto.
11 Porque eforito eftá: Vivo cu, diz o Senhor, que todójuclho
fc ^obrará diante de my: E toda lingoa confcflàrá a Deus.
12 Demaneira que cada hum dc nos dará conta de fi a Deus.
13 Afli que naõ julguemos mais huns a os outros: Mas julgae an­
tes, que naõ ponhaes algum tropeço, ou cfcandalo a o irmaó.
x 14 Eu fei e çerto cftóu no Senhor Jeíus, que nenhuá couíã de fi
mcfma he immunda, fenaó para aquelle que alguã couíã eftima fer
immunda, para cílè he immunda.
15 Mas íe teu irmaó íê contrifta por amor da comida, ja naó an­
das conforme a a charidade : Naó deftruas com tua comida aqucl-
lc porquem Chrifto morreo.,
16 Portanto naó íeja voflò bem blaíphcmado.
17 Porque o Reyno dc Deus naó hc comida , jicm bebida ; íê-
naó juftiça, c paz, c gozo pelo Efpirito íànóbo.
Porque quem nifto ferve a Chrifto, agrada a Deus, eheaçci-
to aos homens.
19 Profigamos pois as couíàs que"[fiw J da paz, c dc edificaçaõ
dos huns pera com os outros.
2 o Naõ deftruas a obra dc Deus por amor da comida, verdade he que
todas a> coufas fam limpas, mas mao hepara o homem que come com
efcandalo. 21 Bom
A OS ROMANOS. Cap. XV.
21 Bom hc naõ comer carne, c naõ beber vinho, nem [fcoufa
alguma ] cm que teu irmaõ tropeçe , ou lê cícandalizè ou íc en­
fraqueça.
22 'Tens tu fé? tem cm ty meíino diante dc Deus: Bemaven­
turado aquelle quc fi meíino, cm o que aprova, íc naõ julga. •
23 Mas o que tem eícrupulo, fe come, ja eftá condenado, por­
que naõ [come J por fé: Ora tudo o que naó he dc fé, he pecado.

Capitulo XV.

1 O rdpoflolo exborta os fortes, ( confotme exemplo de Chrifto ) a fobrelcvar a os en­


fermos , concordamente fervindo a Deus, e a Cbriflo nojfo Senhor. 7 Explica 0
exemplo de Cbriflo, como fervio afli a os 'judeos como a os gentios , 0 que moflra
pelas E/crituras. 13 Dcfija que vaem a diante em fciencia, e todas virtudes
Cbriflaãs. 14 Começa acabar efa carta, fe efeujando, que lhes livremente efereveo.
17 E contando quam eJJtcalmenSe feu ferviço Deus beni.eo , e quam fielmente elle
fervio.xx Promete que em partir pera Efpanha vira a Roma. igDade Jabcr, que bia
primeirameme a Jerufalem pera levar la a contribuição de Macedenia e .debaja.
30 Pedi que oraffem por elle, epor feu ferviço. Dejèja'que Deus Ibes dè tudo bom.

x A/f as nosoutros» 4UC íòmos fortes , avemos de íúportar as fra-


JV1 quezas dos fracos, c naõ agradamos a nos mcfmos.
2 Portanto agrade cada qual dc nos a [j/è« J proximo em bem,
pera edificaçaõ.
3 Porque tambem Chrifto íè naóagradou a fimefmo; mas como
eftá eícrito: Sobre my cahiraó as injurias dos que te injuriam.
4 Porque todas as couíãs que d’antes fóram eferitas, pera noflò
enfino fórameferitas: Peraque por paçiençia, econíòlaçamdasEícri-
turas, tenhamos eíperança,
5 Ora o Deus dc paçiençia e confolaçaõ vos de a que entre vos a Ou, Que
fintacs huá mcfma couíà, fegundo Jefu Chrifto. K7X7?
6 Pera quc todos concordamente com huã bóca glorifiqueis a o7",“u
Deus e Pae de noflò SenhorJefu Chrifto. . conjormes.
7 Portanto rcçebci vos huns a os outros , como tambem Chri-LOll T ,
fto nos fobrelcvou pera gloria de Deus. Tomai.
8 Digo pois, que Chrifto Jefus foi miniftro da çircunçiíãõ, pola
verdade dc Deus, pera ratificar as promeflàs feitas a os pacs.
9 que as Sentcs a Pcus por viadamifcricordia; co­
mo efta eícrito: Portanto cu tc confcílàrci entre as gentes, e c plàl- c Ou Can,
modiarci a teu nome.
ío E outra vez diz; Alcgraevos gentes com íèu povo.
0 Tt 3 ii E
^6 EPISTOLA DE S. PAULO
11 E outra vez : LouvacaoSenhortoáasas gentes, c çclebraco
touos os pç! Ls.
u E outra vez diz IFayas: Huã raiz de Jeíle lm de aver, e hum
f que fe alevantará pera as gentes governar : N’ellc cfpcraráõ as
o gentes.
13 Ora o Deus dc cfpcrança vos cnçha dc todo gozo, c de paz,
cm fc , peraque abundeis cm cfpcrança pela virtude do Eípirito
fancto.
14 Porem meus irmaós, çerto cftóu dc vosoutros, que tambem
cftacs cheios dc bondade, recheios de todo conhecimento, e que tam­
bem podeis amoeftar hús a os outros.
d Ou, Ou- i) Mas; irmaós, cm alguã maneira vos eferevi maisd livremente,
fad.imtntc.
como trazendo vos outra vez [ ifto ] a memória pola graça que dc
Deus mc foi dáda.
16 Peraque feja miniftro dc Jcfu Chrifto entre as gentes , admi-
niftrando 0 Euangelho dc Deus: Peraque a offerta das gentes feja
agradavcl, fendo Fanctificada pelo Eípirito íànóto.
17 Tenho logo de que me gloriar em Jeíu Chrifto , nas couíàs
que pertençem a Deus.
18 Porque naó oufaria dizer alguã couíà que Chrifto naõ tenha
• feito por mim , pera obcdicnçia das gentes, por palavra, e por
obra.
19 Com potençia dc íinaes e milagres , c pela virtude do Efpiri­
to dc Deus: Dc maneira que deíde Jeruíàlem e a o redor, até Illiri-
co, compri'o Euangelho dc Chrifto.
20 Esforçando mc défta maneira affcétuofamentc a anunçiar o
tO\i,Tenbít'Euangelho, naó aonde antes fe e fizéra mençaó alguã de Chrifto,
fino. peraque naó cdificaílê íòbre fundamento alheio.
zi Mas antes, como eftá cícrito, os aquém dellenaó foi anuncia­
do, o veráõ, c os que nada ouviraó, o entenderam.
22 Pelo que tambem muitas vezes impedido fui de a vosoutros vir.
23 Mas agora, pois neftas partes naõ tenho mais lugar, c ja por
muitos annos tenho grande deíéjo dc vir a vosoutros:
24 Quando mc partir pera Éfpanha , virei a vosoutros : Porque
cípero que indo paílàndo vos verei, c lá dc vos ícrci guiado, deípois
■ " fOu, Dí de primeiro em. parte me faixar de f eftar com voíco.
avir eflailo
com vofco. M Mas por agora mc vou a Jeruíàlem , pera 8 focorrer a os
n /fdmini- Íancíos.
jlrar. 26 Porque parcçco bem a os Maçcdonios, caos Achayanos, fa­
zer
A OS ROMANOS. Cip. XVI. n7
zer huã 11 contribuição pera os pobres d’cntrc os íanftos, que cftam h Ou.CcZ-
em Jcrufalem. ; heitapera
27 Porque lhes parcçeu bem, c tambem lhes fara deve-*
dores. Porque fc as gentes foraó partiçipantes de feus [ bens j cf-csí°res'
pirituacs, tambem cilas lhes devem admmiftrar os carnacs.
28 Aíli que como tiver concluydo ifto, c lhes tiver > coníignadoi Ou, Entre-
efte fruito, irei a Eípanha [p afiando] por vosoutros.. gue.
29 E bem fei que quando a vosoutros vier, virei com abundan-
çia de bendiçam do Euangelho de Chrifto.
30 Orarogovos, irmaós, poqnoífo Senhor Jefu Chrifto , c pela
charidade do Eípirito , que conbataes comigo em oraçoes a Deus
por my.
31 Peraque feja livre dos rebeldes que cftam cm Judea, c que
efta minha adminiftraçam, que em Jcrufalem [faz.o j feja k agra-kOu,^^
davel a os íànétos: <>»•
3 2 Peraque com alegria, pela vontade dcDcus, a vosoutros pof-
ía vir, e com voíco me recrear.
3 3 Ora o Deus dc paz feja com todos vosoutros. Amcn.

Capítulo XVI.
i Lhes encomenda a Phebe. j Sauda a alguns principaes irmaõs e irmaas defla Igre­
ja, louvando piedade d’elles. ~ 17 Os amoefta aguardar fe dos que fazem diflen-
foês e efeandaios, e que fejaÕ prudentes. 10 Prometendo que Deus quebrantara
fefto a fatanas debaixo dejeuspees. u Sauda a Igreja por nome de alguns irmaõs,
que eftavaõ com elle, 24 Afim conclui efta carta com hum defejo , » louvor a
Deus por abundante revelaçaõ do Euangelho. •

1 nc°mcndovos porem a Phebe noflã irmaá, aqual he íervidora


da Igreja de Ccnchrea. •
£ fraque a rccolhaés em o Senhor, como convcm a os íãnétos;
e.lhe em tudo o que dc vos tiver neçefíidade: Porque a mui­
tos tem hoípedado, como tambem a my mefmò.
3 Saudae a Prifcilla, e a Aquila, meus coadjutores em Jefu.
Chrifto:
4 Os quaes puíeraõ feu pefcoço por minha vida , a os quaes naõ
10 eu dou graças, mas tambem todas as Igrejas das gentes.
5 L Saudae j tambem a a Igreja que efta ,cm fua caí;;. Saudae a
EP’n^to meo amado , que hc as primiçias de Achaya em Chrifto.
oaudac a Maria, a qual trabalhou muito por nos.
7 Sauda a Andronico , e a Junia, meus parentes, e meus com-
• ; panhei-
ns • EPISTOLA DE S. PAULO
panhciros na prifam, os quaes fam infignes entre os Apoftolos, eque
tambem fií^õ antes de mim cm Chriíto:
8 Saudac a Amplias, meu amado em o Senhor.
2 Saudac a Urbano, noflò coadjutor em Chrifto , c a Stachys,
meu amado.
ío Saudae a Apellcs, aprovado em Chrifto. Saudac a os [_dafa­
mília"} dc Ariftobolo.
11 Saudae a Herodiaõ, meu parente, íãudae a os [ da família J
deNarciflò, £a faber j que eft.im cm o Senhor.
12 Saudac a Tryphcna , e a Tryphoíã, as quaes trabalham em
o Sííor. Saudac a Pérfida, a amada írmaZ J a qual trabalhou mui­
to cm o Sííor.
15 Saudac a Rupho , o eleito em o Senhor , c a fua maé e
minha.
14 Saudae a Aíyncrito , aPhlegonte, a Hermas, a Patrobas, a
Hermes, e a os irmaós que eftám com ellcs.
15 Saudae a Philologo; c a Julia: A Nerco, c a íua irmaá; ca
Olympa, c a todos os lanctos que cftáó com elles.
16 Saudac vos huns a os outros com fanéto bejo. As Igrejas de
Chrifto vos faudam. ,
17 Ora rogo vos, irmaós, que atenteis polos quefazédiflcmçocs
c cícandalos contra a doutrina que tendes [_ de nos J aprendido , e
d’cllcs vos dcfvicis.
18 Porque os tacs naõ íervem a noflòSenhor JcíuChrifto, íénaó
a fcu ventre : E com íuaves palavras c afagos enganaó os coraçocs
dos fimplcs.
19 Porque chegada he voflã obcdicnçiaa[o conhecimento de} to­
dos: Afli que me gózo de vosoutrosj mas quero quefejaesfabiosem
o bem, e fimplcs cm 0 mal.
20 Ora o Deus de paz quebrantara prefto a íãtanas debaixo dc
voílòs pees. A graça dc noflò Sííor Jeíii Chrifto feja com vofco.
Amen. '
21 Timothco meu coadjutor vos Saúda , c Lucio , c Jafon , e
Sofipater, meus parentes.
22 EuTcrcio que [_é(la J carta cícrcvi, vosíãudocm o Senhor. 1
-3 Gayo meu holpede, c dc toda a Igreja,,vos íãuda. Erafto o
procurador da çidade vos íãuda, c mais Quarto o irmaõ.
2 4 A graça dc noflò Senhor Jeíú Chrifto feja com todos vosou­
tros. Amen. ' ■
25 Ora
A OS ROMANOS. Cap. XVI.
z 5 Ora a aquelle que hc poderofo pera vos confirmar fegundo
meu Euangelho , c a pregaçam de Jefu Chrifto , ; -enforme a a
revelaçam do íccrcto que eftévc cncuberto Q defdos J tempos de
íèculos.
z6 Mas agora fe manifcftou e deu aconheçerpelas Efcrituras dos
Prophetas , Íegundo o mandado do Deus eterno, peraque entre to­
das as gentes aja obedicnçia dc fé:
27 A o [mefmo J fô Deus fábió feja gloria por Jeíu Chrifto pera
todo íempre. Amcn.
Eícrita de Corintlio a os Romanos , [ • enviada ] por Phcbc ferva da Igreja
dc Cenchrca.
Fim da Epiftola tfo ^poflolo S. Paulo a os Romanos.

PRIMEI RÃ EPISTOLA
D O
APOSTOLO S. PAULO
AOS
c O R I N T H I O S.
Capitulo I.

1 intreduçaõ que chega ate 0 io verfo puem no principio 0 .Apoftolo feu nome,
fendo eferevedor d'efta carta, e 0 nomem daquelle aqttem efereve, com as coíluma-
das Apoflolicas faudaçoens- 4 Da graças a $us pelas merces a efta Igreja dadas.
8 £ ajjigura da fieldade de Chrifto, 0 fie comprira fua comejjada obra, ro £
declara como entendeu, que avia contendas entre elles , e que httms diziaó eu
Jeu de Paulo , e 0 outro eu fou de Ccpbas. 1 J Por ijjb os reprende com diverfas
razoens, e declara que em nome de Chrifto fomente feraÕ bautizados cm final da
untao. 18 Defpois trata contra aquelles que gloriavaõ na eloqsiertcia do mundo, o
declara que por efla Deus naõ foi efticaz, mas por fingela pregaçaò do Chrifto cru­
cificado. 16 E que efta efficacia fe manifeftou em arrependimento, nao dos muitos
fabios , nem fortes :mas dosloiiquos e fraquos dcfte mundo. ítf ' Peraque naõ fe
gloriájjem em fi mefmos , m.ss em Chrifto, no quem tenhaõ todo oque he neceíTario
pela falvaçaõ. •"

aulo chamado Apoftolo dc Jcfu Chrifto pela vontade dc


Deus, e o irmaó Softhcnes:
2 A a Igreja de Deus que eftá em Corintho , a os fan-
ctificados cm Jcfu Chrifto,que lois chamados fanétos, com todos os
Vv que
34o I. EPISTOLA DE S. PAULO
que invócam o nome de noflò Senhor Jefu Chrifto cm todo lugai 4
[ Senhor} de'les c noflò.
3 Graçá^ajaes , c paz dc Deus noflò Pac , c do Senhor Jeíu
Chrifto. ( '
4 Sempre a meu Deus graças' dou por cauíà dc vos, açcrca dá
graça de Deus que vos he dada cm Jefu Chrifto.
5 Que cm todas as couíãs eftaes cnriqueçidos nelle, cm toda fal-
aOu.Em tf. la,3 e cm todo conheçimento.
Ja noticia, 6 Como o teftemunho dc Jeíu Chrifto foi confirmado cm voj.
mfetencta. De mancã-A que naõ vos falta algum dom , cípcrando a mani-
feftaçaõ dc noflò Senhor Jeíu Chrifto.
8 O qual vos confirmará tambem irrcprchenfivcis até o
fim cm o dia de noflò Senhor Jefu Chrifto.
9 Ficlhe Deus, pelo qual foftes chamados a a comunham de íèu
Filho Jefu Chrifto noflò Senhor.
ío Ora rógo vos , iimaós, polo nome de noflò Sííor JeíuChri­
fto, quc falíeis todos huã méfma couíã, e \_que J naõ aja diflençoes
entre vosoutros.'Anteseftejaes bem unidos cm hum meíino ícntido,
e em hum mcfmo parcçcr.
11 Porque irmaós meus, .dc vos mc foi declarado pelos [ áa fa­
mília} de Chlocs, que ha contendas entre vosoutros.
\' 12 E ifto digo, quc cadahum dc vos diz: Eu fou dcPaulo, c cu
\ deApollos, ecudcCephas, c cu dc Chrifto.
13 Eftá Chrifto divifo? foi Paulo cruçificado por vosoutros oufo­
ftes vos bautizados em nome de Paulo ?
14 Graças dou a Deus, quc a nenhum de vos bautizei, fenaó a
Criípo, e a Gayo.
i j Peraque ninguém diga, que cu tenha bautizado em meu nome.
16 E tambem bautizei a familia dc Eftephanas: No demaisnaó
fei fe a outrem alguem bautizado tdnha.
17 Porque Chriíto naõ mc enviou a bautizar, ícnaõ a euangeli-
zar: Naõ ja com fãbedoria dc palavras, peraque a cruz dc Chrifto
naó feja b aniquilada.
bOu , £/- xS Porque cm verdade a palavra da cruz he loucura pera os que
vaní a’ pcrcçcm: Mas pera nos que nos íãlvamos, he potençia dc Deus.
19 Porguc eícrito efta: Eu dcftruirci a íàpicnçia aosíãbios, c ani­
quilarei a intcligcnçia dos entendidos.
20 Quedo lábio ? quedo Efcriba ? quedo inquiridorddftc fccu-
lo? Naó cnlouqucçco Deus a íãpicnçia defte mundo?
21 Por-
A OS CORINTHIOS. Cap. II. j4t
21 Porque dcídc que na íãpiençia de Deus o mundo naó conhc-
co a Deus pela fapicnçia , agradou a Deus falvar a o. :rentcs pela
aucura da pregaçaõ.
22 Pois que os Judeos pedem final, e os Gregos bufeam íà-
picnçia.
2 2 Mas nosoutros pregamos a Chrifto cruçificàdo , que he c£
candalo pera os Judeos, e loucura pera os Gregos.
24 Porem a os que fam chamados , afli Judeos como Gregos,
[lhes preg*mos[\ a Chrifto, potençia de Deus, e làpiençiadcDcus.
25 Porque a louquiçe de Deus, he mais fabia que os homens: E
a fraqueza de Deus, he mais forte que os homés.
26 Porque bem vedes voflà vocaçaó , irmaõs, que naó [ fois J
muitos lábios fegundo a carne, nem muitos fortes, nem muitos
nobres.
27 Mas Deus eícolheo a louquiçe défte mundo, pera confundira
os fabios: E a fraquezadéftemundo eícolheoDeus, pera cconfundir
a os fortes.
28 E o vil c defprezivcl defte mundo, e o que naõ he, efeolheo
Deus, pera desfazer o que he.

31 Peraque [feja j como eftá efcrito , aquelle que fe gloria,


glorie em o Senhor.
Capitulo II.
1 O exem^ (9mt „ tmifler qlee fe
ttaõcom fapiencia humana, mas cem JingeletA e potência de Efpirito. 6 De-
qual celeflial Jabedaria nifte he comprehendida. 10 E como je revelou por 0
£fp.rito,e naõ por a Japiencia humana. 13 Declara com quaes palavras

-C™’rcllie naó propus faber alguã coufa entre vosoutros, fenaó a

vosoutros em fraqueza, em temor,


Vv 2 E
I
341 I. EPISTOLA DE S. PAULO
4 E minha palavra, c minha pregaçaõ, naõ foi cm palavras per-
.fuaforias dc .9‘piençia humana, mas em cvidençia dc Eípirito , c dc
potençia.
.5 Peraque voflã fé naõ feja cm fãpicnçia de homens, mas cm po­
tençia dc Deus.
6 Ora nos falíamos fapiençia entre os perfeitos: Porem hua íã­
picnçia, naõ deite mundo-, nem dos prinçipes defte mundo , que
fe desfazem.
7 Mas falíamos a fapiençia de Deus , em myfterio efeondida, a-
qual Deus tinha determinado antes dos fcculos pera noflã gloria.
8 Aqual nenhum dos prinçipes defte mundp conhcceo: Porque íc
elles a conheçéilèm, nunca cruçificariáõ a o Senhor aa gloria.
Mas como eftá eferito: As couíãs quc olhos nunca vií-aõ, nem
ouvidos ouviraõ, nem em coraçaó de homem fobíraó, as que
Deus tem preparado pera os que o amam.
ío Porem Deus nolas revelou çor fçu Efpirito : Porque o Efpiri­
to cfquadrinha todas as coufas, até as.profundézas dcDcus.
i i Porque quem ha dos homens que íãiba as couíãs que íãm do
homem, fenaó o Eípirito do homé que n’clle eftá ? da mefma ma­
neira tambem ninguém conheçe as couíãs de Deus, ícnaõ o Eípiri­
to dc Deus.
12 Ora nos temos reçebido, naõ o Eípirito defte mundo, mas o
Efpirito que he de Deus: peraque conheçamos as coufas que’de Deus
nos faõ dadas.
13 As quaes tambem falíamos, naõ com palavras quc a fapiençia
humana enfina, ícnaõ com quc enfina o Eípirito íãnóto, aco­
modando as coufas cípirituacs a as cfpirituacs.
14 Mas o homem animal naõ comprehcnde as coufas que fam do
' Efpirito de Deus: b Porque lhe fam louquíçe: E naõ as pode enten-
der, porquanto fe \ difeerne cípiritualmcnte.
frò doudict. ■ 1 5 Porem o cípiritual £ homem J diíccme todas as coufas, mas
«Ou,_e»«. cuc naõ fe diíccrnc de ninguem.
Atendem1 16 Porque quem conheçco a intenção do Senhor,d que o poflã in-
d Ou, ftruir ? Mas nos temos a intenção, de Chrifto.
que*

Ca-
A OS CORINTHIO & Cap.HL 343
•'_> Capitulo III.

l Ai o Jpo/lolo outras ratoens porque Ibes predicou o Euangelho com toda fingelex.»
a Mer polo pouco entendimento delles, e poliu carnaes contendas. y Da dignida­
de dos minifiros > e de‘como o louvor da fua obra amifler attribuir , naõ aos que
pranti, nem a os que regam fcnaõ a Deus que da o crecimento. to Que o ojficio
delles he, edificar fobre Chrifto o fundamento naõ madeira, feno, palha mas ouro ,
prata e pedras preciofas. 13 £ que a obra de cadabum por fogo fera provada, e
que receberão galardaõ conforme je achar. 16 Que naõ fe profane 0 Templo de Deus
pelas dijfenpoens. 18 Porque a Jabedoria defte mundo he louquice diante de Deus.
21 Peloque ninguém fe glorie nos homens, porem que fomos de Chrifio.

1 K/f as cu ’ ’rma°s ’ na° VOS pude fallar como a eípirituacs: Mas


corno a carnaes, como a meninos em Chrifto.
I ManiJevos com leite , c naõ com manjáres, porque £ entonçcs ]
naõ podiéis, nem tambem ainda agora podeis.
3 Porque ainda fois carnacs. Porque como éntre vos ája enveja,
c contóndas, e diflénçoés, porventura naõ fois carnaes, e andaes.íé-
gundo o homem ?
4 Porque dizendo o hum : Eu fou dc Paulo : E o outro , cu de
Apollos; porventura naõ fois carnaes?
5 Quem pois he Paulo, e quem he Apollos, fenaõ miniftros pe­
los quaes creeftes, e conforme o Snor a cadahum deu?
6 Eu prantei, JKpollos regou: Mas Deus deu o crcçimcnto.
7 Peloque nem o que pranta he nada , nem o que rega : Senaó
Deus que da o crepimento.
8 Ora aíli o que pranta, como o que rega, fam hum ; mas ca­
dahum reçeberá feu galardaõ fegundo feu lavor.
9 Porque nosoutros fomos obreiros com Deus : vos fois a a lavoi-aOtlj Lí,~
ra de Deus, e o edifício de Deus. w‘w(a'
10 Segundo a graça de Deus que me foi da'da , pus cu o funda­
mento como fabio architeéto, c outro edifica fobre elle : Mas olhe
cadahum como fobre elle edifica.
II Porque ninguém pode pór outro fundamento, doque ja eftá
pofto, o qual heJefuChrifto.
11 E fc alguem edificar fobre éfte fundamento ouro, prata, pe­
dras preçiofas,5 madeira, feno,j>al ha. bOu,Prt».
13 A obra dc cadahum feramanifeftada: Porque o dia a declarará,
poi quanto fera' manifeftada por fogo: E qual hc a obra de cadahum,
o fogo fara a próva.
<3 Vv 3 i4Se
344 I. EPISTOLA DE S. PAULO
M Se a obra de alguem quc fobreclle edificar, permanecer, re­
ceberá galaPAió. *
15 Se a obra de alguem fc queimar , pcrdclaha: Elle porem ferá
íalvo, todavia como por fogo.
16 Ounaó làbeis vos que fois o templo de Deus, eque o Efpiri­
to de Deus habita em vos ?
17 Se alguem profanar o templo de Deus, Deus o deftruiráael­
lc: Porque o templo dc Deus, que fois vosoutros, hc íãncto.
18 Ninguém íc engane a fi mefmo: fe algum entre vosoutros
ncfte mundo cuida fcr íabio , façaíe louco , peraque fabio venha
a fér.
15) Porque a íãbedoria defte mundo hc louquipe diante de Deus;
porque eferito efta: Elle he o que a os íãbios cm íua aftuçia
colhe. ’
20 E outra vez: O Senhor conhece os difeurfos dos fábios, quc
íãm vaós.
21 Pelo que ninguém fe glorie nos homens: Porque tudo hc
voflò.
22 Seja Paulo , fejaApollos, íèja Cephas , feja o mundo , feja
a vida, íèja a morte, feja o prefente, feja o porvir, tudo he voflò:
23 Porem vos fois de Chrifto, eChriftode Deus.

Capitulo IV.
I Da eflima dos minifiros da Igreja, e que delles fe requere. 3 Edima muy pouco
0 dos homens , e moflra por feu exemple que principalmente daram conta a
Deus de feu minifterio. 6 Amoeda naõ fomente os minifiros • porem tambem todos
es fieis que naõ preftmaõ de fi mefmos. 7 Por tarefa que elles naõ fe dijeernem a
ff porem Deus polos feus dons. 8 Poem huma diferença entre fuas prefumpoens,
e entre 0 miferavel efiado dos derradeiros Apofiolos nifto mundo. 14 Peraque por
efia comparapaã tiveflem de fi mefmos menor prefumpaõ. 17 Por efia caufa man­
dou a Timotheo. 18 Redargui a foberba eameapa os com fua vinda, 10 Peraque
deprefa a fafiajfem do mal e fe livrem do cafiigo.

1 T7 ftime nos cada hum como a miniftros dc Chrifto, c diípenfei-


•*-' ros dos myfterios de Deus.
fi Mas no demais, requereíc entre os difpcníêiros, que cadahum
feja achado fiel.
â Ou, May 3 Quanto a my, a bem pouco íêmc dá fcr julgado dc vosoutros
pO'!CO.
ou dc juízo de homem: Nem eu tambem a my mclmomejulgo.
b Ou,Ainda
que de nada 4 Porque b cm nada me finto culpável: Mas nc por iflo cftóu ju­
tenha ma ftificado: Antes o que me julga, he o Senhor.
ctufcicncia.
5 Pelo-
A OS CORINTHOS. Cap. IV. 34y
$ Peloque naõ julgueis de nada antes de tempo , até" que venha
o Senhor , o qual tambem c trará â luz as coufas ocultlj nas trevas, c Ou.^to-
. e manifeftará os confclhos dos coraçocs: ,E entonçcs cadahum terá rara.
louvor de Deus.
6 Ora irmaós1, por amor dc vosoutros me acomodei por fcmcl-
hança a my e a Apolloras eftas coufas : peraque cm nos aprcndaes a
naó prefumir mais do que eftá efcrito: Peraque por amor d’outro fc ’
naó inçhe o hum contra o outro.
7 Porque quem tc diíçcrnc a ty? E que tens tu que o naóajasrc-
çebido ? E fe o reçcbéfte, porque te glorias, como que lê o naó ouveras
recebido?
8 Ja cftaes fartos, ja cftaes ricos,(em nos reinaftes c oxala' reineis,,
peraque tambem nos reinemos com voíco.
9 Porque tenho para my que Deus nos pósámoftra £ a nos, ] que
fomososultimosdos Apoftolos, comoja condenados a a morte : Pois
eftamos feitos o efocétaculo do mundo, c dos Anjos, c dos homens.
ío NosQowo.rJ loucos por amor dc Chrifto, mas vos fabioscm
Chrifto: Nosf/òwo/Jfraco^ , evos fortes: Vos d gloriofos, c nosviis.dou,
11 Ate cila preícntehorapadeçemosfómcelede, e eftamosnuostWw.
c fomos esbofeteados, e naó temos çerta poufáda:
12 E trabalhamos, obrando com noflàs próprias maõs: dizem mal
de nos, e nos bendizemos: Somos perfeguidos, cfofrémolo:
13 Somos blasfemados, e rogamos: Somos feitos comoc as bar-c Ou, 0
reduras do mundo £ como a rapadura dc todos até o prefente.
14 Naó eferevo éftas coufas pera vos envergonhár: Mas amodfto
[vosJ como a meus amados filhos.
15 Porque ainda que tivereis dez mil ayos cm Chrifto: Naõ [ten­
des J com tudo muitos paes : porque cu vos gerei cm Chrifto pelo
*
, 16 Portanto vos amocfto que f fejaes meus imitadores. . < f Ou, Me
*7 Por éfta cauíà vos mandei a Timothco , que hc meu amado imitei/.
e fiel filho cm o Senhor: O qual vos g lembrará meus caminhos S,Ou,r>''n7*
em Chrifto, 11 como por todas as partes eníino em cada Igreja. "m!nwria-
18 Mas alguns ’ andam inchados, como fc eu a vosoutros naó ou- ho“,n“l“<
vcflèdevir. . . TouTmw*
19 Porem muy prefto virei a vosoutros, fe o Senhor k for fervido: E kOM«,>
\jntaÕ~\ entenderei, naõ as palavras, fenaó a virtude dos que1 andam lOu.fifli»..
inchados.
20 Porque o Reyno de Deus naõ [coníifte] em palavras, fenaó cm mOu,p«-
virtude. 3 - XI Quctc,/f"’-
I- EPISTOLA DE S. PAULO
z i Quc nuercis ? Virei a vosoutros com vára, ou com charidade
c Efpirito t<É manfidam ?

Capitulo V. "

i Fliy profegulndo o Apofiolo e rnoftra peLu falt.es que ainda fe acbavaõ na Igreja
dos Corinthios,que tinhaõ major rataã de fe humilhar, que de je foherbeçer, e pri­
meiramente por via que fuffriaõ hum efcandolofo entre elles. z -4moefta os, que o
, tal tirajjem domeyo delles, e entregajjem a fatanac. 6 Pera o que trai. diverfisra-
X_oens,e em particular tirada do formento, o qual no TeflamentoVelhodeviaõalirn- -
par na celebraçaõ da Pafcboa. 9 Despois enfina largamente contra qnaes pefftoas
aviaõ de executar e(la dijeiplina Ecclejiaftica, i t jt faber contra aquelles que fe
cbamaõ irmaós, e davaõ tal efcandalo. i z Deixando a os que eftavaó fora da.
Igreja pera juito de Deus,

i 'T5 otalmcnte fe ouve entre vosoutros fornicaçaõ , c tal fomica-


-** çaó, qual nem ainda fe nomea entre as gentes: Dc maneira
que hum tenha a mulher de feu pae.
_ z E [awcfa] eftaes inchados, a e naõ trouxeftcs antes luto, pc-
tiveftès^an- racluc ° 4ue tal feito cometeu fofle tirado do meyo de vosoutros.
tesdò^vt 3 Porem eu como aufente de corpo mas prefente de Efpirito , ja
naõ vosen- b determinei como [fi eu eftivéra ] prefente , que o que tal [feito J
b Ou ‘con Comcteu-
clui, ou déii- 4 Eftando vos c meu eípirito juntos , cm nome de noflò' Sen-
berei. hor Jeíu Chrifto, com a poteftade de noflò Senhor Jeíu Chrifto.
5 Seja o tal entregue a íàtanas, pera deftruíçaó da carne: Peraque
o eípirito feja Eilvo cm o dia do Senhor Jeíús.
6 Naó he boa voflà jaótancia: Naó fabeis que hum pouco de for­
mento faz levedar toda a mitílà ?
7 Alimpaepois o velho formento , peraque fejaes nova maflà,
como eftaes fem formeto: porque Chrifto noílâPafchoa foi facrifica-
do por nos. -
■8 Pcloque façamos fcfta, naõ com o velho formento , nem com
o formento dc maldade e de maliçia , fenaó com £ yaens J por le­
vedar dc íiiiçcridade c de verdade. '
9 Por carta vos tenho eícrito, que naõ vos mcftureis com os for-
nicarios.
ío Naó porem dc todo com os fornicarios déftc mundo,ou com os
avarentos, oucomosroubadorcs, ou com os idólatras: Porque d’ou-
tra maneira ncçeflârio vos feria íàir do mundo.
11 Mas agora vos eferevi que naõ vos mcftureis, [qttero diz.erj
que
A OS C O R I N TH I O S. Cap. VI. 347
quc fe algum, chamandofe irmaó, for fornicario, ou avarento, ou
idóllatia, ou maldizente, ou bêbado, ou roubador, cc\y o tal nem
ainda comacs. . ,
12 Porque, que tenho eu quc tambem julgar do.s quc dc fóra citam ?
Naójulgaes vosoutros dos quc cftãmdc dentro ?
x j Mas Deus julga a os que eftám de fóra. Tirae pois dentre vos­
outros aóftemao.
Capitulo VI.

1 0 Apoflolo redargui outras faltas dos Corinthios, a primeira que as demajtdas fo-^
bre coajas d'efle mundo naõ ajurlavaõ entre Ji cm caridade : mas antes trabiaS
diante dos infiéis jnist.es. 2 Prova qt:e 0 tal jeito a os fieis tiaõ convenha porquanto
ellesjulgaram a 0 mundo, e a os Anjos. 7 Despois moflra a origem das tais de­
mandas , a faber, a falta da caridade, paciência e jujlifa. 9 Protejia nue os in-
juslos naõ ham de herdar 0 Reyno dos Ceos. 1 1 fique lhes era indecente igualar fe com
os injtiflos porquanto pelo E,'pinto de Deus foffem livrados do Domínio dos pecados.
12 Redargui outra falta, a /libero abafo dos manjares, e principalmenteo adultério.
1 r Despois prova com muytas razoens Tomo inconveniente fio he pera os Chnftaos._
10 Cujos corpos faõ templo do Efpirito fanllo, e caros comprados, porque raZao
devem glorificar a Deus em corpo e em Efpirito.

1uíà algum dc vosoutros, tendo ncgoçio contra outro , ir a


Vz juizo perante os injuftos, e naó perante os fanctos.
2 Ou naó fabeis vos que os fanétos ham de julgar a o mundo?
E fe o mundo por vos ha de fêr julgado, fois porventura indignos de
julgai* de coufas rrjnimas.
3 Ou naó fabeis vos que avemos de julgar a os Anjos ? quanto
maisas couíãs a éfta vida pertencentes?
4 Afli que fe tiverdes ncgoçios de juizo pertcnçentes a éfta vida,
ponde 11a cadeira a os qúe de menos cftima íãm na Igreja.
5 Pera vos envergonhar [ 0 ] digo : fiPoffivel he J que naó aja
entre vosoutros nem ainda hum fabio, que entre feus irmaós julgar
póífa?
6 Mas irmaõ com irmaó vae a juizo, c ifto perante infiéis.
7 Aífi que totalmente ja entre vosoutros ha fálta , pois entre vos
demãndas tendes. Porque naó fofreis antes a injuria? Porque naõ
fòfreis antes o dano?
8 Mas vos mefmos fazeis a injuria, c o dano, e ifto a os irmâõs.
9 Ou naó fabeis vos que o» injuftos naó ham de herdar o Reyno
deDeus?
10 Naõ erreis: nem os fornicarios, nemosidollatras, ncmosadul-
M
. Xx .* teros,
348 I. E P I S______ ~ E S. P A U L C
aOu,Cmr-toros, nem os a afteminados , nem os fomitigos, nem os ladro».
/«,ouOT«/-nem os avai^ntos, nem os bêbados, nem os maldizentes , nem os
roubadores haó de herdar o Reyno dc Deus.
n E libo éreis almiris dí vosoutros: Mas \_ja J cftaes lavados,

me do SenhorJefus, e pelo Eípirito dc noflò Deus.


12 Todas as couíàs me fam liçitas, mas nem todas as couíàs con­
vém : Todas as coufas mc íàm liçitas, porem cu naó me fugcitarci
a o poder de ninguém.
13 Os manjares fam pera o ventre, e o ventre pera os manjares:
Mas Deus os deftruiráafliao hum como a o outro. Porem o corpo
naó hc pera a fomicaçaõ , ícnaó para o Senhor , e o Senhor pera o
corpo.
14 Ora Deus refuíçitou a o Senhor , e tambem por íúa potcnçia
nos refuíçitará a nos.
15 Ou naó fabeis vos que voflòs corposfammembros deChrifto?
Tirareipois os membros de Chrifto, e ralos hei membros dc huãfol-
teira: Tal naó ája.
i<S Ou naó íàbeis vos que o que com a íòlteira fc ajunta , fe faz
hum mefmo corpo £ com elWy porque dous,diz, ícrám huã mef-
ma carne.
17 Mas o que com o Senhor fe ajunta, he [com eZ/ejhummcf
mo Eípirito.
18 Fugi da fomicaçaõ : Porque qualquer pecado que o homem
fizer, fóra do corpo hc: Mas o que fomica, contra íèu proprio cor­
po peca.
1 9 Ou naõ fabeis vos que voflò corpo he templo do Eípirito íàn-
éto, que eftá em vos, o qual tendes de Deus, e [^wejnaó íòis voflòs
proprios.
io Porque cáros foftescomprados: GlorificaepoisaDeus em vof-
íò corpo e em voflò Eípirito, os quaes fam de Deus.
A OS CORINTHIOS. Cap. VII. 349
CapituioVII. ‘3
1 0 Mio refponde fobre pregunta , fc he bom tomar mulher. 3 Prohibe aot enfa­
dos ntte fe naó defraudem bum a 0 outro, f Senaó for for conjentiminto de ambot
por aditem tempo, peraque fe ocupem em jejum e em orafaÒ. 8 Dtl. a os folteiros.
e a M viuvas que he bo»\ naõ cafar , a faber , pera os que conterje podem.
10 ^4 os enfados mtwda que naõ Jc apartem» 11 Nem o fiel do infiel quando con-,
finte em com elle habitar, 1; Mas Jo 0 tnfiel fe apartar, em tal cajo 0 fiel naó
eflu fugeito a Jervidaõ. 18 Declara pois qtte cadahum fe contente na vocaçaó em
que foi chamado afii 0 circuncidado como 0 que eíld no prepuçio. H ffi os fervos
como os livres. ly Trata despois das virgems as quaes eílaõ em poder de outro,
e moílra em que cafo fe poderaó darem cafamcnto ou naó. 31 £ que proveito tem
as virgems mais , do qtte as cafadas pera fe chegar a 0 Senhor. 56 Com todo nao
peca 0 que cafa fua virgem. 39 Declara outra veí. que os cajados eitao atados
todo 0 tempo que vivem.

1 ra tocante ás couíàs de que me efcrcvcftes, bom4 feria a o ho- a Ou,h«.


mem naó tocár mulher.
2 Mas por cauíà das fornicações, tenha cada hum íua propua mu­
lher, e cada huá feu proprio marido. .
3 Pague o marido a a mulher a dévidabenevolcnçia, efemelhan-
temente a mulher a o marido. „
4 A mulher naõ tem a poteftade de feu proprio corpo , íenao o
marido : E tambem da meíma maneira o marido naó tem a potefta­
de de feu proprio corpo, fenaó a mulher.
< Naó vos defraudeis hum ao outro, fenaó for por confentimento
[ de ambos ] por algum tempo , peraque vos ocupeis em jejum, e
em oraçaõ : E tomae vos outra vez a ajuntar, peraque íâtanás vos
naó atónte por caufa de voflà incontindnçia.
6 Ifto porem digo por permiftàm, naó por mandamento.
7 Porque quifera que todos os homens foífem como eu meímo
Q/o«:Jmas cadahum tem feu proprio dom de Deus, b hum de .
maneira, c outro de outra. /y,-’
8 Ora digo a os folteiros, e a as viuvas que bom lhes hé íc como
eu fe ficárem.
9 Mas fe conter fe naõ podem , cáfemfe: Porque melhor hc ca-
fárfe, que queimárfe. * *
ío Porem a os cafádos mando, nao eu , íenao o benhor, que a
mulher naõ fe aparte do marido.
ii E fc fe apartar, fiquefe por cafar, ou íe reconçilie como ma­
rido. E que o marido naõ deípida a mulher.
u Mas a os outros digo cu, naó o Senhor: Sc algum irmaó
» Xx 2 tem
t
3)° I. EPISTOLA DE S. PAULO
tem mulher,infiel, e cila confentc cm com ellc habitár, naõ a deí-
pida.
. 1; E fc alguã mulher tem marido infiel , e ellc confentc em ha­
bitar com ella, naõ o deixe.
14 Porque o marido infiel he fanótificado pela mulher: E a mu­
lher infiel hc fanctificada pelo o marido: D’outra "maneira feriàõ vof-
íòs filhos immundos: Porem agora fim íànétos.
1$ Mas fe o infiel fc apartar, apártefe Q embóra: J Porque em tal
Ccaf° J naó eftá fugeito a fervidaõ o irmaõ, ou a irmaã : Mas Deus '
nos chamou à paz.
16 Porque, quc íãbcs tu ó mulher , fc naõ falvarás a o marido?
ou que fabes tu, o marido, le naó falvarás a a mulher.
J^orem cadahum ande como^Dcus lhe repartiò, cadahum co-
mo o Senhor o chamou. E afli ordeno em todas as Igrejas.
e Ou,p.-<xe. 18 He alguem
18 Fie alguem chamado ditando ja
chamado éftando çircunçidado ?F naó
ja çircunçidado eítenda
naó «« eftenda
circuncZar, J? PfJ he algum chamado eftando aindad no prepucio? naõ
X I 4 t . - —1 UJ -- --- —
ou incirctm.Je çjrcunçide.
cifo. 19 A çircunçiítiô nada he , e o prepuçio náda he , ícnaõ a e ob-
e Ou, Citar--fcrvançia dos mandamentos de Deus. •
Jil.
20 Cadahum fc fique na vocaçaó em que foi chamado.
21 Es tu chamado fendo fervo ? naõ fe te dé [dffi: j Mas fc tam­
bem te podes fazer livre , procura [oj mais.
22. Porque o que em o Senhor hechamadoíèndoíervo, forro he
do Sííor: Da mclina maneira tambem o que fendo livre he chama-
do, íervodc Chrifto he.
23 Ciros fortes comprados, naõ vos façaes íèrvos dos homens.
24 Iimaos , cadahum íc fique açerca de Deus naquillo em quc
eftá chamado. ”
2 5 Ora tocante a as virgens, naõ tenho mandamento do Senhor;
dou porem O?» J parcçcr, como quem tem alcançado mifericordia
do Senhor pera fár fiel.
f Ou, Pre­ 26 Tenho pois ifto por bom, por cauíà da neçeflidade f inftante,
fente.
g Oa,Puf-
quc bom he a o homem cftaríè afli.
ques aparta­ 27 Eftas atado â mulher ; naõ S procures foltártc. Eftás ídlto dc
mento. mulher; naó procures mulher.
28 Mas fc tc caiares, naõ pccaes: E íc a virgé íè caiar , naõ pe-
h Ou, Ejcu- ca; toda via terío os taes na carne tribulaçam: Porem eu vos h poupo
/*• 29 Ifto porem digo, irmaós, que o tempo, quc refta, hc breve: Quê
os que tem mulheres, fejam como os que as naó tem.
30 ,E
AOS CORINTHIOS. Cap. VII. 351
30 E os que çhoram, * como os que naó çhóraó,;. c os que;comt>ftt:a$
> migam, como os que naõ folgam, e os que cómpram, cimo oscpidhorÁraõ.
nao poíluem.
31 E os que uíàm dcfte mundo , como os que naó k abuíàm: kOu, vfai
Porque a aparência deftc mundo paflà. m,l!-
32 Bem quifera eu que eftivefleis fem cuidádo. O foltciro
tem cuidado das couíàs que íiun do Senhor, como a o Senhor ha
de agradár.
33 Mas o que he cafàdo tem, cuidado das coufas défte mundo, co­
mo ha dc agradar á mulher:
34 A mulher , e a virgem íãó deferentes. A que naõ he cafàda,
tem cuidado das coufas que fim do Senhor, pera fer íànéta, afli do
corpo como de Eípirito: Mas a que he caíàda tem cuidado das cou­
íàs do mundo, como ha de agradara o marido.
3 5 Ifto porem digo pera voflò proprio proveito , naó para vos
enlaçar , < íenaõ pera [ vos guiar ] a o que he deçente c conve­
niente , pera íèm algum impedimento vos chegar a o Senhor.
36 Masíèa alguém lhe pareçe que inconvenicntcmentc trata com
íua virgem ,• fc páflà a flor da idade , e que afli convenha que fc
fáça: faça o tal o que quizer, naó pdea, caíèmfe.
37 Porem o que eftá firme em [feaj coraçaó , e naó tem nc-
çeflidade, mas tem poder íòbre fua própria vontade, c em íèucorá-
çaó propos de fua virgem guardar, bem faz.
3 8 Poloque o que dá cm cafamento [fua virgem, ] faz bem: Mas
o quef aj naó da em caíàmcnto, faz melhor.
3 9 A mulher eftá atáda pela Ley todo 0 tempo que feu marido
vjvc; Mas fe feu marido morre, livre fica pera com quem quiferfe
ealár, com tanto &ue feja] em o Senhor.
4o . oda via mais bem • aventuráda hc', íc afli íc ficar , íegun­
do meu parcçér. Ora tambem cu cuido que tenho o Efpirito de
Deus.

Xx 3 Ca-
351 I. EPISTOLA DE S. PAULO
fit Capitulo VIII.
1 Tocante a as coufas facrificadas a os idelss , enfina'o Jpoftolo que naõbafta que
jabemos que o ídolo naõ he nada, f E que naõ temosmais que hum fò e
hum fò Senhor 7 Porquanto que ay muptos fracos que fe ejcandalizeriaõ de ta!
obra, 1 o E fegundo 0 exemplo delles tomariaò .» liberdade pera 0 faw com ma.i
confidencia , e fe perder, t z Declara que afi contra Chrijlo pecaõ. 1 3 Poloque por
ufo das comidas naõ convém a ninh.im efcandalitar fcu irmaõ.

1 'T1 ocante a as couíãs íãcrificãdas.a os iâolos , £ bem J /abemos


quc todos temos íçicnçia : A fçiençia inçha, mas a caridade
edifica.
2 Porem íè algum cuida' que fabc alguã couíã , ainda nada tem
conhcçido como convém conheçer.
3 Mas íc algum ámã a Deus, o tal hc delle conhcçido.
4 Afli quc quanto a o comér das couíãs íãcrificadas a os i'dolos>,
£bemj íãbemos que o idolo naõ he nada no mundo, e que naó ha
outro algum Deus mais que hum.
5 Porque ainda quc aja f algus ] quc fc chamam Deuíès , íèja
no Ceo , feja na terra : (Como ha muitos Dcufes, C muitos Sen­
hores. )
6 Toda via nos nam temos mais que hum fó Deus , o Pae , do
quairpõj todas as coufas, e nosoutros pera elle: E hum fó Senhor
Jefu Chriíto, pelo qual £ famJ todas as coutas, e nos por elle.
7 Mas naó em todos ha o conhcçimento: Porque alguns cómcm até
agora com coníçicnçia do idolo, como fde coufasJ íàcníicadas a os Ído­
los : E íèndo fua coníçicnçia fraca, fica contaminada.
8 Ora o manjar naõ nos faz agradáveis a Deus: porque fe com&.
mos, nada de mais temos, e fe naõ comemos, naõ temos menos.
iVaõefcan- 9 Masolhae que dita voílãpoteftade,a naó feja em alguã maneira
dalite em
alguã ma­ eícandalo para os fracos.
neira a os 10 Porque íè algum tevératy, que tens o conhecimento, bafl’en-
fracos.
b o ’ n tar no templ° d°s ídolos , a coníçiençia do que hc fraco naó fcráin-
,a
a a mefa.
duzida a comer das couíãs íãcrificadas a os idolos ?
11 E pereçerá afli, por teuconhcçimento, oirmaó que he fraco,
polo qual Chriíto morreo ?
11 Ora quando afli contra voílòs irmaós pecaes, e íua coníçicnçia
que he fraca, feris, contra Chriíto pecacs.
c Ou, Por 13 Poloque, fc o manjar efeandaliza a meu irmaõ , nunca carne
naõ efcan-
daliiar a comerei, c peraque a meu irmaó naó eícandalizc.
meu irmaõ. Ca-
OS CORINTHIOS. Cap. VIII. 3H
Capitulo IX. • f-.
_ j rim (eu eremolo exborta a os Corintbios a ela liberdade Cbriftai
tíetela em como\ambem elle. tinha poderfera receber juffentocomo os outros rlpo-
' Por diferentes razoens Ibes moflra t/lo, a Jaber daquelle; que vao aguer­
ranne prantaõa vinha", que afatentai) o gado. 9 Do boq que trtlba. 1 . Do fe-
Zeetdor 1 2 Dos que admintftraô as coufa; Jdgradas. 1? Declara que todavta nao
Zou 'e e.aõ quis ttfar, de iflo poder, fara 0 naõ abufar. 19 Mas que tudofefiza
tidos, ftraquinas coufas nai diferentes a alguns fracDS ^^rlm IrnoZor-
24 Finalmente afi porjeu exemflo, como por comparando; que correm em
ro, e dos que lutaõ, exborta os for piedade.

I XT^õ fou cu Apoftolo ? Naó fou livre? Naõ vi eu a noflo Senhor


JN Jcfu Chrifto ? Naõ fois Vosoutros minha obra em o Senhor.
2 Se para os outros naõ fou Apoftolo, polo menos para vos o fou:
Porque vos
Poraue o fello
fois o
vos fois fello de meu Apoftolado
de meu Apoltolado em em oSenhoi.
oaeniioi. a Ou, /?«-
. 2 Tal he minhaa defenfa pera com os que me perguntam.
a Ou naõõ temos nos poder dc comdr ec dc beber?
bcbdr? . . „
noddr de trazdr
í Ou naõ temos poddf trazér, [
f cõnofto huá mulher irmaa, co
J hua
c5nofc<f\ co-­
mo’tambem os outros Apoftolos, c os irmaõs do Senhor, eCephas.
d Ou fó cu, e Barnabas, nao temos poder de nao trabalhar í b Ou
7 Quem vae jamais a a guerra b a feu proprio foldo? Que pranta
a vinha e naõ cóme dc feu fruito ? ou quem apaçenta o c gado, e c Ou,/fe-
naõ come do leite do gado? . - ianbt‘
8 Porventura digo cu ifto fegundo o homem ? Naõ diz a Ley tam­

9 Porque efcrito eftá na Ley dc Moyfes: Nao ataras a bóca a o


boy que trilha. Porventura tem Deus cuidado dos boys. ,
10 Ou Qo] diz totalmcnte por nosoutros? Çerto por nos cita \jj
efcrito : Porque o que lavra', com eíperança ha de lavrar; eo qu
trilha com eíperança de íêr partiçipante do [JtmíoJ queeípera.
11 Se-nos vos lemeamos as couíàs eípirituaes , hc muito que ie-
guemos as voífas carnaes?
12 Se outros fam partiçipantes defta poteftadefobre vos, [_ d por-Á Ou rPír,
que] naõ antes nosoutros ? Mas nos naõ ufamos défta poteftade: antes tu- que] naõ o
do íuportámos, peraque naó demos algum impedimento a o Euangelho nos
deChrifto. . j • -n - r r . . eOu.Tr^
1 3 Naõ fabeis vos que os que adminiftraõ as couíàs fagi adas, do p^ihao no
que hc íagrado comem? ^wtf^jos queaoaltái fervem, com o tiltái janãuario.
ptóppw?
I. EPISTOLA DE S. PAULO
14 Afli ordenou tambem o Senhor, quc osquc anunciam oEuan- •
gelho, viv^y.i do Euangelho.
15 Toda via cu naõ ufei dc nenhuá ddílas coufas, nem cícrcvi
iíto peraque afli fc fiíça comigo : Porque melhor mc he antes mor­
rer, do que aniquilar algué dita minha gloria.
Porque aindaque anunçic o Euangelhe, naõ tenho dequeme
glomr, porquanto ncçcflidade mc hc impdíta; c ay dc my, fe naó
cuangclizar.
17 Porque íc de boamente o faço, premio tenho: Mas fe de ma­
mente, [ todavia J a diípenfaçaõ me eftá encarregada.
r 1 Õlle P1™™ terei logo ? [ a Jaber j que pregando o Euangel-
fOu^«Aho , proponha o Euangelho de Chriíto dc bálde , peraque naõ * ufc
mal dc minha potcítadc no Euangelho.
g Ou, Me
jHgeitei a x9 Porque aindaque pera com todos livre eíteja, g me fiz fervo
Itdes. dc todos, por ainda ganhar a mais. &
20 E me fiz a os Judeos, como Judeo, por ganhar a os Judcos:
A os quc citam debaixo da Ley , como fe eu cítiveflê dc baixo da
Ley, por ganhar a os quc de baixo da Ley eíliím.
2 i A os que eílám fem Ley [_ me flzl como íc cu ícm Ley cíli-
vdflc ( quanto a Deus, naõ citando fem Ley;A Xias a Chriíto debaixo
da LeyJ por ganhar a os que fem Ley eítám.
22 1'iz me como fraco a os fracos, por aos fracos ganhar: Tudo
me fiz a todos, peraque- por todas as vias a alguns venha a íàlvar.
2-j Eiíto faço cu por cauíà do Euangelho, peraque tambem d’el-
lc íeja feito participante.
24 Ou naó labeis vos que todos os que correm cm o corro, todos
em verdade correm, mas [.?«<] hum foo levá o premio ? correi dc tal
' maneira que [V] leveis.
25 Ora todo aquclle que luta [por premio] de tudo fe abítc: E
quanto a aquelles, £ fazem iflo J por ío aver huá coroa corruptível:
1
mas nosoutros, huá incorruptível.
26 Aífi que afli corro, naõ fem faber como : Afli combato, naõ
como ferindo o ár.
a 27 ^,ntesh rcfreb c reduzo meu corpo em íèrvidám, peraque aven-
J S - do pregado a os outros, a my meíino cm alguma maneira me naõ
raça reprovado.

C A-
A OS CORINT BIOS. Cap. X. 3 jy

Capitulo X.
1 Declara » dpoftolo que todos os ifrailitM foram biuttizados na nuvem, e no mar'
3 £ que todos de hum mefmo manjar efpiritual comeram , e de hum mefmo be­
ber efpiritual beberam, p Mas com tudo de Deus foraõ caftigades. 7 Pm quando
cometeram idellatría. 8 On fornicação. 9 £ quando atentaraõ aCbrifto. 10 Ou
contra elle murmttráraõ. 11 Protefta que eftas coufas fervem pera nojfo avifo,
pera naõ cometer femelhantes pecados. 13 Promete ajuda de Deus nas tentaçoetis,
e a boa fayda. tq Por quanto pelottfo da fanila Cea tem comnnbam do corpo, t
do fãngue de Chrifto, mas pela idollatria tem comttnham com os diabos.de cujas
tnefas por ijfo amifter que fe afaftem. iz E de baixo de nenhuma capa irritar a
Deus nem dar efcandalo a 0 proximo. zp Com tudo permite fem inqtterir, que
comaÕ de tudo 0 qUe fe vende na carniçaria. 27 £ fendo convidados do infiel qtte
comeriaõ 0 que felhes pufer diante, fora que fc algum de a faber. 31 Conclui com
htsma utiiverfal amoeftaçaÕ pera tudo fai.tr pera honra de Deus , e edificação do
proximo.

1 O ra? irmáÓs,mnam quero que ignoréis quc noflòs paes todos dc


baixo da nuvem cftivéraõ, e todos pelo miír paílaram:
2 E todos na nuvem e ho már em Moyfes fóram bautizados:
3 E todos de hum mcfmo manjar efpiritual comeram:
4 E todos de hum mcfmo bcbdr efpiritual beberam : Porque be­
biam da pedra efpiritual que feguia ; e a pedra era Chrifto.
$ Mas de major parte delles fc naõ agradou Deus: Porque fóraó
proftrados em o deferto.
6 Ora éftas coufas fóram exemplos pera nosoutros, peraque * naóa Ou>
cobiçemos coufas roins, como ellcs cobiçaram: $an'9!‘f'
7 Nem vos façaes idóllatras, como alguns d’ellcs, como eftá cf-
ento : Aífcntoufc o povo a comer , c a béber, c lcvantáraõfê a
brincíír.
8 Nem forniquemos, como alguns d’elles fornicáfam , e cahiraõ
em hum dia vinte c tres mil.
z 9 Nem atcntdmos a Chrifto, como tambem algfis d’ellcs o aten-
tájraó; e pereçcraó pelas ferpentes.
I o Nem murmureis, como tambem alguns d’elles murmuráraõ,
c pereçéram pelo deftruydor.
II Ora todas eftas coufas lhes aconteçcram em figura , e eftam
eferitas pera b noflò avifo , como aquelles em quem os derradeiros bOu, Koffts
tempos íãm chegados. amocftaçaõ.
■ 12 Poloque o que cuida quc efta empé, olhe que nam eaya.
13 Naó vos tomou tentaçaõ, fenaó humana: porem fiel he Deus,
Yy ' que
3 tf I. EPISTOLA DE S. PAULO
que maia do que podeis vos naó deixará atentar, antes juntamente
com a tentfoaó dará a fayda, paraque a poflàcs íuportar.
eOu Co>h» 14 Po^ánto, meus amados, fugi da idollatriá.
ajablosfal- 15 c Oomo a entendidos fállo: J ulgae vos mcímos o que digo.
lo. 16 O cópo de bendigam, a o gual [ dando graça J bendizemos,
naõ hc a comunham de fanguc do Chrifto? E o pam que quebramos,
naõ hc a comunham do corpo de Chrifto?
17 Porque hum paó [he,a[fi] muitos fomos hum corpo, porque
todos participamos de hum pam.
x 8 Vede a Ifrael fegundo a carne : Naó fam os, que cómem os
facrificios, partiçipantcs do altár?
19 Que digo logo? que o ídolo he alguã couíã? ou que o que he
íãcrificado a os ídolos, he alguã coufa?
20 Mas antes [digo,] que as coufas que os gentios facrificaó , a
os demonios as facrificaó, e naó a Deus : Ora naó qudro que fejaes
partiçipantcs dos demonios.
21 Naó podeis bebér ó cópo do Senhor, c o cópodos demonios:
Naó podeis fer paryçipantes da mdíà do Snor , c da mdfa dos de­
monios.
22 Ou irritamos a o Senhor? Somos nos mais fortes que elle?
2 3 Todas as couíàs me íàm liçitas , mas todas as couíàs naó íàm
convenientes : Todas as coufas me fam liçitas , mas todas as couíàs
naõ edificam.
24 Ninguém buíque o íèu proprio , antes cadahú o que he do
outro.
2 5 Comei de tudo o que íê vende na carniçariá, ícm vos inquerir
poi' cauíà da confçiençia.
26 Porque a terra he do Senhor, e o que nella fe cónte.
27 E íè algum dos infiéis.vos convidar, e quiíèrdes ir, comei de
tudo o que fc vos puíèr diante, íèm vos inquerir por cauíà da con­
íçiençia.
28 Mas fc alguém vos diílèr: Ifto foi íãcrificado a os idolos, naõ
comacs, por cauíà daquelle que Qfox] o advirtio, e [por caufa]
da coníçiençia: Porque -a terra hc do Senhor, c o que nella íc
contem.
2 9. A coníçiençia digo, naótua,íènaõ a do outro. Mas porque razaó
hc minha liberdade-julgada pela coníçiençia dc outrem?
30 E íè eu por graça partiçipo[>o manjar,] porque fou blaíphe-
mado naquillo dc que graças dou?
31 Afli ’
A OS CORINTHIOS. Cap. XI.
31 Afli quc feja que comacs, feja que bebaes, ou que façaes ou-.
■- tra qualquer coufa, fazei tudo pera gloria de Deus. i*v
32 Sede tacs que naó deis eícandalo, nem a os Judeos, nem a os
Gregos, nem a a Igreja de Deus.
3 3 Como tambem a todos em tudo agrado , naõ bufeando min­
ha própria d comodidade, íenaõ a de muitos, peraque afli íèóOu,^-'
fílvem. veito, ou
utilidade.
Capitulo XI.

1 0 dpoftolo amoefla os Corinthios pera imitar a elle , e louva os qtte guardavaõ


fuas ordenanças. 3 Emmendaalgtems abufos, primeiramentequc em orar e prophe-
titar os homens cubriaõ fuas cabeças , e as mulheres fem ter a cabeça ctsberta.
4* £ proba que naõ he decente nem para 0 homem, porquanto he a cabeça da mu-
Iber , nem para a mulher, que amifter cubrir a cabeça em final que efta baixe
do homem, em outra maneira os homens e as mulheres deshonraõ fua própria cabe­
ça. 14 E falem contra a natureia. 18 Que eraó dijjemfoens na Igreja. xo E
que naõ ujavaõ bem a S.Cca, por quanto os ricos tomavaõ antes em particular fua
cea , e algums chcgavaõ a S. Ceabebedos. x3 Pera emmendar ijfo propoem a infti-
tuiçaõ da S. Cea, e 0 que a fignifica. xó E pera qual fim,e em qual maneira
amifter a celebrar, xç E quanto caftigo levaraò os que a naõ ttfaÕ bem. 33 Fi­
nalmente enfina como emmendaraõ os abufos. ’’

i g ede meus imitadores, como tambem cu [ o fou ] de Chrifto.


2 Ora irmaós, louvo vos de quc cm tudo vos lembraes
de my, e guardaes as ordenanças afli como volas»dei. a Entwei.
3 Mas quero que íãibacs, quc a cabeça de todo b varaó hc Chri- b Ou, uò-
flo s c a cabeça da mulher hc o varaó , e a cabeca de Chrifto hc mem‘
Deus. *
4 Qualquer varaó quc c ord, ou prophctiza tendo f alrHa coufa “lc ou, Fai
° rc^cabeça, fua cabeça deshonra. orafAÔi
I d* t0^a mulher quc orí, ou profetiza , fem ter a cabeça cu-
berta, deshonrí fua cabeça: Porque o mcfmo hequcíè íè rapaflè.
6 Portanto íè a mulher íè naó cóbrc , toíquie fc tambem : E íè
para a mulher hc deshonefto toíquiaríè, ou rapáríè, cúbraíè.
7 Porque o d varaó naõ ha de cubrir a cabeça, pois hc a imagem • n
c a gloria de Deus: Mas a mulher he a gloria do varaó. a Ou’ Ha~
K Porque o varaó nao hc da mulher fenaó a mulher, do varaó.
9 Porque tambem o varaó naõ foi criado por amor da mulher íè-
naõ a mulher por amor do varaó.
xo Portanto ddvc a mulher ter fobre a cabeça poteftade, porcau-
fados Anjos.
. Yy 2 11 To-
3?3 I. EPISTOLA DE S. PAULO
11 Toda via nem o varaó hc fem a mulher, né a mulher ícm ó
varaó, cm penhor.
11 .Porque afli como a mulher hc d’o varaó , afli hc tambem o
varaó pela mulher: Porem tudo dc Deus.
13 Julgac vos mcfmos: Hc dcçCntcquc a mulher orc a DeusdcC
cuberta?
14 Naó vos enfina a mcíina natureza, que criaf cabcillcira , he
deshonra para o varaó?
15 Mas criar a mulher cabellcira,lhc hc gloria, porquanto íúa ca-
belleira lhe he dada por cubertura.
16 E fc algum pardçc fer contcnçioíô, nos naó temos tal coftu-
me, nem tambem as Igrejas dcDcus.
17 Ifto porem [que ^o/Jdenunpio, naõ louvo,[a faber] que vos ajun-
taes naó para melhor, íenaó para peiór.
18 Porque primeiramente, quando vos ajuntaes na Igreja, oúço
que ha diflémíoés entre vosoutros: E em párte o créo.
19 Porque até heregiás importa que aja entre vosoutros, peraque
e Ou,P«w, os qUe fam e aprovados íè maniféftcm entre vos.
nn^T 20 Afli que quando em hum vos ajuntaes, naõ he comer a
Çca do Senhor.
fou, Toma 21 Porque cadahum f fe adianta no comer a tomar íúa çca parti-
ames fua cular: E hum tem fome, e o outro eftá borraçho.
tt,K 22 Porventura naõtendes cáíãs pera comer , c pera beber ? Ou
dcfprczacs a Igreja dc Deus? e envcrgonhaesaos que naó tem? Que
vos direi ? Louvarvos hei ? N’ifto naó louvo.
23 Porque eu reçcbí do Senhor, o que tambem vos ténhoentre­
gue: que o Senhor Jefus na noite em que foitrahido, tomou o pam:
24 E avendo dàdo graças, o quebrou, e diílè: Tomae, comei:
ifto he o meu corpo, que por vosoutros hc quebrado:Fazei ifto cm
memória de my.
2 j Semelhantemente tambem despois de çcár [tomou] o cópo, di-
zcndojEfte cdpo hc o novo Tcftamcnto em mcu íàngue: Fazei ifto
todas as vezes que QoJ bebdrdes, em memória de my.
26 Porque todas as vezes que comérdcs éftepam, cbcbérdcséfte
cdpo, a morte do Senhor anunçiaesatdque vénha.
27 Poloquc qualquer que comer éfte pam, ou bebér éfte cdpo do
Senhor indignamente, Íenícuipado do corpo c íàngue do Senhor.
28 Portanto próvefc cadahum a fimefmo, e aflicóma ddfte pam,
ebébadéftecdpo.
29 Por-
A OS CORINTHIOS. Cap. XII. w
29 Porque o quc indignamente cómc c bdbc, júizo cómc cbébc
' para fi, naó 8 diíçernindo o corpo do Senhor. gOu, Dijfe-
jo Por dfta caufa ha muitos fràcos c doentes entre vosoutros, crencianíía‘
muitos dórmem.
31 Porque fe nos nos julgáramos a nosmcímos, naõ feríamos jul­
gados. •
32 Mas quando fomos julgados, fomos caftigados do Senhor; pe­
raque com o mundo naõ íêjamos condenados.
33 Portanto, meus irmaós, quando vos ajuntacs a comer, eíperac
hús a os outros.
34 Porem fe algum tiver fome, coma em íúa cáíà ; peraque
vos naó ajunteis para juizo. As dc mais coufas ordenarei quando viér.

Capitulo XII.

I Reprende e ^poftolo a difeordia que ay entre et Coriutbios per refpeito du diferen­


tes dons efpirituaes e dos miniftertos Ecclefiafticot , e enfina em cerne es naõ fi de­
vem emfoberbecer , eu menos cabar a outros per fer que antes d'ifo eraó tedes el­
les gentios , e que o Efpirito S. lisos deu. Que o mefmo Efpirito deu efles dons a
hnms menos, a outros maú, dijferentemente, conforme fita •vontade: afim quefe im-
pregem eftes dons pelo ttfo commttm e utilidade da Igreja , os quaes dons relata ate
nove. 11 Iflo declara com huma comparaçaÕ des membros do corpo, com o que en­
fina que tambem os menores dens tem fua utilidade e necefiidade, e por i/lo aquel­
les que receberão os melhores dons naõ devem defprezar a os que tem menos.
Porem cadahum amifter ufar dc feu dom pera o ferviço de outro, como tam­
bem a o geral de toda a Igreja. 18 Como faõ diferentes dons, afli tambem faõ
diferentes mtnifterios na Igreja. 3 1 Porem qualquer deve procurar os melho­
res dous.

1 tocante a os [fions J eípirituaes, naó quero, irmaós, quc


y-Jiejacs ignorantes.
1 Vos fabeis que crcis gentios levados a os ídolos mudos, fegundo
que ereis levados. '
3 Por illò vos faço íãbeí, quc ninguém fallando pelo Eípirito de
Deus, a diz, que Jefus hc maldiçaõ : E ninguém b pode dizer
Jefus [he] o Senhor, ícnaõ pelo E ípirito íãnóto. anathema.
4 Ora hadiverfidáde dc dons: Mas he o meíino Efpirito. b.Ou ’ ptJe
5 E ha diverfidadede adminiftraçoens: Mas hc o mefmo Senhor. fifZ^sen-
6 E ha diverfidade de operações: Mas he o mcfmo Deus, quc hor, fenaó,
abra todas as coufas em todos. &■
7 Mas a cadahum hc dada a manifeftaçaó do Eípirito pera o que
accutil. c°u;,^r
- _z . vetto/o, ou
- Xy 3 i PoT-tifpedients-
?<5o I. EPISTOLA DE S. PAULO
d Oujciti;- 8 Porque a hum hc dada , pelo Eípirito, a palavra da íãpiénçia:
E a outro,fegundo o mefmo Efpirito , a palavra de d conhcçi- <■"
mento.
9 A outro fé pelo mefmo Eípirito-. A outro dons de « farár, pe­
lo mefmo Eípirito :
ío A outro operaçoes dc virtudes: E a outro profecia: E a outro
o dom de difçcrnir os eípiritos: E a outro diverfidade ae lingoas : E
a outro o dom de interpretai’ varias lingoas.
11 Mas éfte íò c mclino Efpirito faz todas dftas coufas: diftribuin-
do partieularmente a cadahíí íegundo quer.
12. Porque afli como o corpo hc hum , e tem muitos membros:
E todos os membros ddftc hum corpo fendo muitos, íàm [fomente]
hum corpo: Afli tambem Chrifto.
i 3 Porque todos íòmos bautizados por hum Eípirito, pcra[/7r]
hum corpo , quer fejaó Judeos , quer Gregos, quer íèrvos , quer
livres; e todos fomos abeberados pera hum Eípirito.
14 Porque tambem o corpo naó hc hum fó membro, fc-
naõ muitos.
15 Se o pee dífler: Pois que naó íou maó, naó íòu do corpo; Naõ
he por iflò do corpo ?
16 E íè a orélha diílcr : Pois que naõ íòu olho , naõ íòu do cor­
po ; Naõ hc por iflò do corpo ?

’ tf°'ra~] ouvido, aonde [ejlaria] o fcheiro ?


18 Mas agora Deus pós a cada membro no corpo afli como cl-
le quis.
19 Que íc todos foram hum ío membro, aonde [eftaria] 0
corpo ? '
20 Mas agora ha muitos membros: porem hum fó corpo.
21 Nem o olho pode dizer aamaõ; Naõtenhoneçcflidadedcty:
nem tambem a cabeça a os pees; Naó tenho ncçcfliuadcdevos.
2 2 E ainda até os membros do corpo que parcçem fér os mais
fracos, fira muito mais ncpcflàrios.
g Otb Maií 2 3 E os que cuidamos que no corpo fim os mais vys Q membros J
honram»s. a cflcs s vcftímos nos mais honradamente : E os que em nos íàm os
hOii>r»^í- h mais feos [membros] tem mais 1 atavio.
os que cm nos fim os mais honcftos, dc nada tem ncçefll-
Mas Deus temperou o corpo juntamente, dando mais
w, ouím-honra a 0 que tinha íàlta,
25 Pc:
A OS CORINTHIOS. Cap. XIII. 3Í1
25 Peraque naó aja diviíàõ cm o corpo, porem quí: os membros
teíihaô hum mutual cuidado os hums dos outros. ”
26 E fe hum dos membros paddçe alguã couíã , todos os mem­
bros padepem juntamente com elle : Ou íè hum dos membros he
honrado, todos os membros juntamente fe gozaõ.
27 Ora vos fois o corpo dc Chrifto , e membros cadahú cm
particular.
18 E Deus pós a huns na Igreja, primeiramente Apoftolos, fc-
gundamente Prophetas, terçeiramente Doutores: E despois ás virtu­
des, logo os dons de * farár, os focorros, os governos, .as diveríi- j, Qa>s,Wi.
dades de lingoas. dades.
29 Sam todos Apoftolos ? SaÕ todos Prophetas ? Saó todos Dou­
tores? Saõ todas virtudes?
3 o Tem todos dons de íàrar ? Fállam todos [divirfas] lingoas ? Inter­
pretam todos?
31 Porem os melhores dons , e eu vos moftro ainda .
hum caminho mais exçclente.
Capitulo XIII»

1 Wiflo capitula moflra a apoftolo bum caminha mais excelente , cama prometeu,
enjinando que a caridade be mais excelente dam, qual cedes devem procurar, epro­
ba que outros dons, fora da caridade, naõ faõ nada. 4 E louva 0 amor por fua ex-
celencia e obras. 8 E que a caridade nunca fe perdera , e quanto as outras dadi­
vas, cejfaráô. 9 Por quanto ftefla vida nao faõ perfeitas. 10 0 que declara por
duas comparapoês. 13 Derradeiramente por via que a caridade be major do que
afeeea efperanpa.

1 'n<^a 9UC eu as lingoas dos homens , c dos Anjos , e


x x naõ tivcílè caridade , feria como o metál que tine , c como
o fino que retine.
2 E ainda que tiveílc [ o dom J dc profecia , c conhcçcflè todos
os íècrétos, e toda a fçicnçia : E ainda que tivcílè toda a fc, dc tal
maneira que traípáílàfe os montes, e naõ tiveflè caridade , nada
feria.
3 E ainda que diftribuiílè toda minha fazenda pera mantimento
[í/oj pobres ] e ainda que entregafle mcu corpo pera fer queimado,
e naõ tivcílè caridade, nada me aproveitaria.
4 A caridade he 4 paçicnte : hc benigna: A caridade naó he a Ou
envejofa : A caridade naó b faz fem razaõ, naó fe incha. U’
5 Naó trata indcçentcmènte : Naó búfca ícu proveito : Naó febou, Vfa
agãfta; Naó cuida mal, demfoienèia
6 Naó
3(íz I. EPISTOLA DE S. PAULO
6 Naó fóJ^a da injuftiça : Mas folga da verdade.
7 Tudo uheobre, tudo cree, tudocípdra, tudo fuportá.
8 A caridade nunca fe perde: Mas quanto ás profeçias, aniqui­
ladas feriíô : E quanto ás lingoas, çeílàraó : E quanto a o conheci­
mento, ferá-aniquilado.
9 Porque cm párte conhecemos, e em parte profetizamos.
ío Mas quando a perfeição vier , entonçes o que he cm parte,
Ou,Dír- ferác aniquilado. t
ito.
11 Quando cu dra menino , falláva como menino, d fabia como
Ou, Era
ajfeiçoado.
menino, cuidava como menino : Mas como me fiz homem , o que
efa dc mcniniçc desfiz.
iz Porque agora vdmos por efpelho cm enigma, mas entaõ [w-
rémos ] cára a ciíra: Agora conheço cm parte-, mas entaõ conhece­
rá como tambem fou conhecido.
,i 3 Pórem agora permandçcm ditas tres coufas, fec, eíperança
caridade. Porem a maior déítas hc a caridade.

Capitulo XIV.
i Enfina o Jpoflolo os que procttraõ os donl efpirituaes, que fobre tudo devem procu­
rar a profecia, p Nem porem ai lingoas eflranhas naõ faõ para defprezar, mas
amifler que fe interprete. 7 O que proba com a comparaçaÕ da frauta , viola 0
trombeta. 10 E moflra que be contra natureza, e como fe fallajfemos cem 0 Bar­
bara. 13 Enfina que orimos naõ fò com 0 efpirito , mas tambem com 0 entendi­
mento. 16 D'outra maneira aquelle que naõ entende lingoa eflratiha naõ poder»
dizer amen fobre tal oraçaõ. 18 0 qtte affirma com feu proprio exemplo pera 0 fe-
guir. xj Enjtna que caujaria efearneo fe todos faliem lingoas eflranhas , mas fe­
ria por edificaçaõ dalgreja fe todos profetizarem. x6 Propoem algumas regras para
Jeguir no tifo dos extraordinários dons, a faber, que tudo fe faça para edificaçaõ.
27 Em qttando algum falia lingoa eflranha, aja bum que a interprete. 29 Que
a profecia Je faça a revezes. 32 E que outros Prophetas diflo julgem. 34 Que as
mulheres calem fe nas Igrejas, yj Que eflasfuas ordenaçoens fam mandamentos do
Senhor. 40 /fim que tudo fefaça decentemente e com ordem.

x p roílegui a caridade , A os [ dons J efpirituaes : Mas


fobre tudo que perfetizeis.
1 Porque o que falia lingoa [eflranha^ naõ falia a oshomes, íc­
naõ a Deus: porque ninguém [_ o J entende , mas cm Efpirito fál-
la miíldrios.
3 Mas o quc profetiza, falia a os homens para edificaçaõ, e cx-
hortaçáõ, c coniolaçaõ. /
4 O quc falia lingoa [eflranha] a fi mefmo fc edifica: mas o que
profetiza, edifica á Igreja.
5 Aífi
A OS CORINTHIOS. Cap.XIV.
J Afli que bem quifera cu que todos vosoutros fallafleis lingoas
[_eftranhosmas muito mais que profetizaflcis: porque c^que profeti­
za he maior do que o que falia lingoas [efiranhas, j fc naó tór que
juntamente interprétc, peraque a igreja a tome edificaçaõ. • a Oll
6 Agora pois , irmaõs , le eu vier a vosoutros fallando lingoas
[efiranhas J que vos aproveitarei, fc naó vos fallar por rcvclaçaõ, ou
poríçicnçia, ou por profcçiã, ou por doutrina ?
7 E defeito as couíàs fem vida que daó foydo , feja fráuta , íeja
vióla, íe naõ derem diftinçaó de vozes , conto fc íàbcrá o que íc
tange' com a fráuta, ou com a vióla ?
3 Porque tambem fc a trombe'ta b der íoydo inçcrto, quem fea-b Ou,Dá
pciyeberá pera a batdlha? . bttmjtm.
9 Afli tambem vosoutros , fe com a lingoa naó c pronunçiaídcscou derj
palavra que bem íe poflà entender, como íc entenderá o quefediz?palavra bem
porque citareis [como~\ fallando a o ár. Jigníficante
ío Por exemplo, tantos senerosde vozes haó n’o mundo, cnen-í”’ wfl*
huã delias hc muda. . lÍH^
11 Pois fe cu naõ íòuber d a potenpia da voz , feréi Bárbaro a o a Ou Avir-
que falia: E o que falia me ferá Bárbaro a my. tude'
i z Aíli tambem vosoutros , ja que tanto defejacs os dons cípiri-
tuacs, procurae de n’ellcs abundar, para cdiíicaçaó da Igreja.
. 13 Poloquc o que falia lingoa Q eftranha J óré que polia inter­
pretar.
14 Porque fe cu orar em lingoa [ eftranha^ mcu efpirito orá,
mas meu entendimento fica fem fruito.
15 Pois que ? orarei com o eípirito , mas tambem orarei com o
entendimento: Cantaréi com o eípirito , mas tambem cantaréi com
o entendimento.
i<S D’outra maneira íc tu bendifleres com o eípirito , como dirá
o que ocupa' lugar dc idiota Amcn íõbrc tua bendiçaõ ? pois nam
íabe o que dizes.
17 Porque verdade hc que bem dás tu graças : Mas o outro naõ
hc edificado.
18 Graças dou a mcu Deus, que mais lingoas [ ejlranhaQ fállo
que todos vosoutros.
19 Mas [ antes 3 quero fallar na Igreja çinco palavras com meu
entendimento, peraque tambem inftrua a os outros, do que dez mil
palavras cin lingoa [e^ranha^ . c 0(j
zo Irmaós naõ fejaes ' meninos no fentido, mas fede meni-í»"^,?4'
Zz nos tendimentf.
,<j4 I. EPISTOLA DE S. PAULO
fOtbWa- nos na majíçia : Porem féde 1 perfeitos no fentido.
méscrteidos. 2I Em aícy eftá eferito : Fallúreí a eftc povo por gente de ou­
tra lingoa, c por beiços cftranhos: E nem ainda afli me ouviraõdiz
o Senhor.
2 2 Poloque as lingoas £ ef ranhas ] íãm por final, naõ pera os
fieis, .fenaó para os infleis : Porem a profecia naõ hc para os infleis,
fenaó para os fieis.
23 Afli que fe toda a Igreja fe ajuntar cm hum , e todos, fállem
g Ptrvnitt-lingoas f_efiranhv c entrem idiotas, ou infleis, g naõ dirám por-
ra naõ diraõ ventura mip que eftaes (Xra
fora Hde 11117.0??
p juizo
quee/lais 24 Mas íe todos profetizarem, c entre algum infiel, ou idiota, de
loucos. todos he convençido, [r] de todos hcjulgado.
25 E afli ficaõ manifeftos os fecretos de feu coraçam, por onde fc
lançará fobre f feu J rofto , e adorará a Deus, publicando que ver­
dadeiramente eftaT)cus entre vosoutros.
26 Que ha pois, irmaós? Quando vos ajuntardes, fegundo cada­
hum de vos tiver píãlmo, ou doutrina, ou lingoa, ou revelaçaõ,ou
interpretação, tudo fe faça pera edificaçaõ.
27 Seja que algum fàlle lingoa ^eftranha^ faça íè iílò por dous,
ou a o mais por tres-, c a revezes, porem aja hum que interprete:
28 E fenaó ouver interprete, cale fe em a Igreja, efalleafimc£
I
mo, e a Deus.
h Ou, ?*- 29 i' E fallem dous ou tres Profetas, e os outros julguem.
rtm os P ro-
r fl j|o E feaalgum, que cftiver aflèntado, for revelada [algui cou-
i*-A rtiuuiii j u
/L fa J ca'e íc 0 primeiro.
lem dotu 011J -> n 1 ,
tres.eos de 3 1 P°rí]ue todos podeis profetizar, hum a pós o outro, peraque
maífjul- todos aprendam, c todos fejam confolados.
Suem. 3 2 E os efpiritosdos Profetas eftam fugeitosaos Profetas.
33 Porque Deus naó he [ Deus ] de confufám , fenaó de paz,
como cm todas as Igrejas dos íãnótos.
34 Voflàs mulheres cálem fe n’as Igrejas: Porquenaólhesheper­
mitido fallarem, mas [ mandado ] citar fugeitas: como tambem a
Ley diz.
3 $ E fe alguã couíã quiíercm aprendér, perguntem em caía íèus
proprios maridos: porque deshoncfto hc fallarem as mulheres n’a
Igreja.
íOu Salio 36 Porventura ‘ veio dc vosoutros a palavra de Deus ? Ou tam
’ 'fomente avos chegou?
37 Se algum cuida que hc Profeta, ou eípiritual, reconheça
quc
A OS CORINTHIOS, Cap. XV. 36$
que as couíàs que vos eícrevo fam mandamentos do Senhor.
38 E fe algum ignora^ i^gr^do .
3 9 Portanto, irmãos, profetizar, e nao impidaes o fal­
lar lingoas fefira»hasf\ ,
40 Fííçafc tudo decentemente, e com órdem.
Capitulo XV.

t O Apoftolo prava a refurreiçaò dos mortos f eia refurreiçaò de Chrifto. 4 0 qual foi
vifto do Pedro. 6 E demais de quinhentos irmaõs. 7 De "jacobo e outros Apoftolos.
8 E de fi mefmo. 15 Conclui que d'outra maneira nem 0 Chrifto refufeitou. 14 O
qual prova fer falfo, por via que feria aniquilado teftemunho delloutros , os fun­
damentos dafee Cbriftaá, e a tfperança dos Cbriftaõs. 21 Enfina que Chrifto re-
fufeitara es mortos. 29 Que d'outra maneira 0 bautifmo polos mortos fofte de bal­
de. 30 Que os fieis e elle mefmo, tantos perigos de balde ouvejjem padecido, e que
os epicureos teriaÒ ratab, 37 Q»e os mortos refurgimõ com MmefmoS corpos, mao
com outras qualidades efpirituaes. 47 E que os fieis teraò corpos naó como Adam
tinha, mas como Chrifto 0 Senhor tem. pi Revela hum mpfterio.que.os vnios na
vinda de Chrifto naõ morreraõ, mas que feraõ[transformados. jq. E entonçes fera
tragada a morte em vittoria. 78 com hum» amoeftapaÒ a os Cennthios para per­
manecer firmes na fee.

1 np ambem , irmaõs, vos avifo açerca d’o Euangelho que vos


* tenho anunciado, o qual tambem reçebeftes, cm o qual
tambem eftaes.
2 E pelo qual tambem fois falvos, fe o retiverdes n’a maneira em
que volo tenho anunciado: Se naõ he que tenhaes crido em vam.
3 Porque ante tudo vos entreguei o que tambem tinha reçebido,
que Chrifto morreo por noílòs pecados, fegundo as Efcrituras.
4 E que foi fcpultado, c que refuíçitou a o terçciro dia , fegun­
do as Efcrituras.
5 E que foi vifto dc Cephas, c despois dos doze.
6 Despois foi vifto dc mais de quinhentos irmaõs , n’huma vez,
dos quaes ainda a major parte, até o prefente, permaneçe , e alguns
dormem.
7 Despois foi vifto dc Jacobo, c despois de todos os. Apoftolos.
8 E despois de todos, * tambem foi vifto de my , como de humaOu, Tam-
abortivo. bemmeapa-
9 Porque eu fou o menor dos Apoftolos, que naó. fou digno de"^*^
fer chamado Apoftolo, porquanto perfegui a Igreja de Deus. ' SX/ou
1 o Mas pela graça de Deus íòu o que fou : E fua graça que a mal parido.
my rp’ dacLÍ] naõ foi vam : Antes trabalhei mais que todos elles:
toda via naõ cu, fenaó a gmça de Deus que eftá comigo.
Zz z nAf
3*í I. EPISTOLA DE S. PAULO
11 Afliquc , ou feja cu , ou fejam ellcs , afli pregamos, c afli
creftes. $
l>Oy,Seprt. 1Z Ora b íè íè prega que Chrifto rcfuíçitou dos mortos, como di-
Za0' zcm aígús dc vosoutros, que naó ha refurreiçaõ dos mortos.
13 Porque fe naõ ha refurreiçaõ dos mortos, tambem Chrifto naõ
rcfuíçitou.
14 E fc Chrifto naõ rcfuíçitou, vaã helogo noflãprcgaçaõ, evaã
he tambem voífa fc.
15 E afli íòmos tambem achados falíàs teftemunhas dc Deus: pois
de Deus temos tcftificado , que a Chrifto rcfuíçitou ; a o qual po­
rem naó refufçitou, fe os mortos naõ reíufçitam.
1 1 6 Porque fc os mortos naõ refuícitam, tambem Chrifto naõ rc­
fuíçitou.
17 E fe Chrifto naõ refufçitou, debaldehevoflã fé, caindaeftaes
cm voílòs pecados.
> 18' E tambem os que dormem cm Chrifto íãm perdidos.
19 Se nefta vida fomente cfperamos em Chrifto; os mais miíèra-
veis dc todos os homes íòmos.
20 Mas agora Chrifto rcfuíçitou dos mortos, (jrj foi feito as pri-
miçias dos que dormiraõ.
cOu,d^w 21 Porque c pois que a morte hc por hum homem, tambempor
que a inortey hum homem he a reíurreiçaõ dos mortos.1
- oMporqunn. 22, Porque afli como cm Adam todos morrem, afli tambem cm
tettmerte. Chrifto ferám todos vivificados.
2 3 Mas cadahum cm íua ordem : Chrifto as primiçias : Defpois,
os que íãm dc Chrifto, em fua vinda.
24 Despois ferá o fim, avendo entregado o Reyno a Deus, e a
^tff>VeS' °^e’ cd aniquilado todo império, c toda potéftade, e força,
2 5 Porque convém que reyne até quc aja pofto a to­
dos feus inimigos debaixo de íèus pees.
26 E o ultimo inimigo, que ha-dc fer deftruydo, he a morte.
27 Porque todas as coufas íugeitou debaixo de ícus pees. Ora quan­
do diz, que todas as couíãs [lhe J eftám fugeitas, claro eftá que íe
exçcptua aquelle quc todas as coufas lhe fugeitou.
28 E quando todas as coufas lhe forem fugeitas, entam tambem
o mefmo Filho íc fugeitaráa aquclle que todas as coufas lhefugeitou,
peraque Deus feja tudo cm todos.
2 9 D’outra maneira, quc faráõ os que fe bautizam polòs mortos, fe to­
talmente os mortos naõ reíufçitam ? Porque fc bautizam lo^o polos mor­
tos? ,
A O S Ç O R. I N T H I O,S. Cap. XV. 3^7
30 E porque tambem â toda ora cftamos em perigo?
31 Cada dia morro [0 que tcflifico] por noflàglona^õaqual ten­
ho cm Chrifto Jcftl noflò Senhor.
p Se como homem cmEphefo contra asbeftascombati, queme
aproveita , fc os mortos naó refufçitam ? Comamos e bebamos, que
amanham morremos.
1 j Naõ wi erreis. As más converfaçoens corronpcm os bons co-
ftumes.
34 e Velae juftamente , c naõ pequeis: Porque alguns naõ con-c Ou, Mi-
hcçem a Deus, pera vergonha volla o digo. ’
3 5 Mas dirá alguém: Como refufçitaráõ os mortos? E com que f
corpo fahiráõ? *
3 6 f Ah doudo , o que tu femeas , naõ torna a viver , fc naõfo«,p«rw
morrer. "• ou louco.
37 E o que femeas, naõ femeas o corpo que ha dc fair: Scnaõo
graó nuo, como o dc trigo, ou outro qualquer
38 Mas Deus lhe dá o corpo como quer , c a cada fcmente feu
proprio corpo.
32 Toda carne naõ hc a mcfma carne : Mas hua he a carne dos
homens, e outra hc a carne dos animaes, e outra a dos peixes , e
outra a das aves.
40 E ha corpos çeleflãaes, e corpos terreaes: Mas huã he a gloria
dos çeleftiacs, e outra a dos terreaes.
41 Outra he a gloria do foi, c outra a gloria da lua, c outra a
gloria das eftrellas: Porque [hux ] cftrella S he em gloria diftetcntegOu» oif-
outra] eftrella. Jèrotmgto-
42 Afli tambem ha dc fer a refurreiçaò dos -mortos: Semea fer"’‘
[_o corpo] cm corrupção, levántarfeha cm incorrupçaó:
43 Semea fe cm dcshónra, levantarfc ha crfi gloria: Semcafecm
fraqueza, levantarfc ha em força:
44 Semea fc corpo b animal, reíúfcitará corpo cípiritual: Ha corpo h Ou, ttatte-
animal, c ha corpo cípiritual. ml.
45 Afli eftá tambem efcrito: Foi feito o primeiro homem
Adam cm álma vivente: o ultimo Adam cm eípirito vivifi-
cante,
4<í Mas o cípiritual naó he primeiro : Senaõ 0 1 animal, despois iOu,^»-
o cfpiritual. _ ml.
47 O primeiro homé he da terra , terreno : O fegundo homem
hc 0 Senhor, do Cco.
Zz 3 48Qual
3d8 I. EPISTOLA DE S. PAULO
48 Qual [ he ] o terreno, taes [fam ] tambem os terrenos :E
qual o çclcftx-;, taes tambem os çcleltiaes.
k Afiitrare- 49 E afli como trouxemos a imagem do terreno,^[ajff\tambem
mostambé. avemos de trazer a imagem do çcleítial.
50 Porem ifto digo, irmaós, que a carne e o íângue naõ podem
herdár o Rcyno de Deus, nem a corrupção herdá a mcorrupçaõ.
$ 1 Vedes aqui vos digo hum myfteno : Nem todos em verdade
1 Ou.AWa-avcmos de dormir: Porem todos avemos de fcr 1 transformados.
díS‘ p Em hum momento, cm hum abrir de olho, aaultimatrom-
bóta : Porque a trombéta ha de foar, c os mortos refufçitaráõ in-
m Ou, Mu- corruptíveis: Mas nosoutros avemos de fcr m transformados. .
d>i<bs. j i Porque Q convém J quc ifto corruptível feja veftido dc incor-
•rupçaó, c ifto mortal feja veftido de immoitalidade.
54 E quando ifto corruptivcl for vcftido dc incorrupçaõ , c ifto
mortal for veftido de immortalidade , entonçes ferá cumprida á pala­
vra quc eftá cfcrita: Tragada he a morte cm viétoria.
~ , 55 Aonde eftá o morte tua viétoria ? Aonde eftá o n inferno teu
nz)\i>oepul- >.
cro,ou mertt agulham.
56 Porem o agulham da morte hc o pecado: E a potençia do pe­
cado he a Ley.
57 Mas graças a Deus, que nos deu viétoria por noflò Senhor
Jeíu Chrifto.
58 Pcloquc, meus amados irmaós, eftaes firmes e immoveis, abun­
dando fempre na obra do Senhor , fabendo quc voflò trabalho naõ
hc vain cm o Snor.

Capitulo XVI.

1 Dm colheitas pera es pobres fieis em "jerufalem. 5 Promete que vira por Macedonia,
e ficara com elles. 8 Da razaõ porque ficara em Ephefo ate o Pentecojle. ío En­
comenda Timotbeo. 13 Ajunta univerfal amoeflapaõ para afirmeza nafite, e na
caridade. 19 Saúda a Igreja dos Corinthios da parte das IgrejM de Afia.
21 E os fauda de fua própria maõ. 22 Anuncia a todos a maldiçaõ que naõ
amaõ a 0 Chrifto.

1 '~JT' ocante a colheita pera os íànétos, fazei tambem da maneira


quc ordenei a as Igrejas dc Galacia.
a Ou,G«»r- 2 Qpecada primeiro [_ dia J da femana cadahum de vos a tome
’ com.figo á parte [algud, coufa,j ajuntando thefouroconforme apro-
íperidade quc alcançou: Porque quando cu vier fe naõ façam entam
■ as colheitas.
3 E
. A OS CORINTHIOS. Cap. XVI. 3(S9
3 E vindo eu, enviarei a os que por cartas aprovardes, que a Je-
rulalcm levem voflà liberalidade.
4 E fe [owgoçio] foi digno dc que eu fjwr/wojtambé vá, iram
comigo.
5 Porem virei a vosoutros, quando paliar por Macedonia: (Por­
que por Macedonia hei de paflàr.)
6 E bem pode íèr que mc ficarei com voíco, ou tambem inver-
narci: Peraque me b leveis aonde quer que ouver de ir. bOu>
7 Porque naõ vos quero ver agora de paílàgem: Mas efpero cftár C0>nP1,nl,tu-
com vofco algum tempo, fe o Senhor c o permitir. cOu,
8 Porem ficarei em Ephefo ate o Pentecoftc. - Jervídt.
9 Porque fe me abrio nua porta grande, e efficaz, e ha muitos
adverfarios.
ío E fe Timothco vier , olhae quceftéja íeguramente com vof­
co : Porque taó bem como euj faz a obra do Senhor.
11 Portanto ninguém o d tenha cm pouco: Mas e levae o em paz, d Ou,o def-
peraque venha ter comigo: Porque com os irmaós o efpero. preze.
12 E açcrca do irmaó Apollos, cu lhe roguei muito que cornos6
irmaós vieflè a vosoutros: Mas cm nenhuá maneira teve vontade àcfanhae'
por agora ir: Porem, tendo{ tempo, irá. f0u
13 Velae, éftae na fé: Avei vos varonilmente, esforçae vos. did"de"oú'
14 Todas voílãs coufas fe fãçaõ em caridade. ‘ ' epertunida-
15 Rogovos porem , irmaõs, ( bem fabeis que a cafa de Efte-^'
phanas he as primiçias de Achaya, e que s fe tem dedicado a o mi. ,
nifterio! dos fanétos:)
16 Que vos fugeiteis tambem a os taes, e a todos os que junta-//
mente ajudam e trabalham.
17 Folgo da vinda dc Eftephanas, e de Fortunato, e dcAchai-
co: Pois éltes íuprifaó o que [_a m^J-dc vos faltava.
18 Porque recrearam mcu efpirito e o voflò. Reconhecei pois a
os taes. r
19 As Igrejas dc Afia vos faudam. Aquila e Prifcilla, com a Igreja
que eftá'cm fua calã, vos faudam affectuoíãmente cm o Snor. b
20 Todos os irmaõs vos faudam. Saudae vos huns a os outros com
fanfto beyo.
2 1 Saudaçaõ de minha própria maõ, de Paulo.
21 Se alguém naó ama a o Senhor Jefu Chrifto , feia anathemi
maranatha. J
23 A graça do Senhor Jefu Chrifto feja com vofco.
24 Minha
37o II. EPISTOLA DE S. PAULO .
24 Minha caridade feja com todos vosoutros em Jefu Chrifto.
Amen. $
A primeira Epiftoia a os Corinthios foi cfcrita de Phelippos [ 0 enviada ] por
Eftcphanas , Fortunato, Achaico, c Timotheo.

Fim da primeira Epiflola d?o ^poflolo S. Paulo a os Corinthios,

SEGUNDA EPIS TO L A
D O
APOSTOLO S. PAULO
AOS
CORINTHIOS.

x Capitulo I.
I Despois da coflumada fuperfcripçaõ. 3 0 Paulo agradece a Deus por via da conjo-
laçaõ, a qual recebia em todos ajflipoens por Chrifto, a outros por exemplo. 8 Des-
fois conta qual grande tribulaçaõ em Ajia lhe acontcceo. 10 Da qual elle era li­
vrado por orapoens delles. 1 z Protefla que em todaJinceridade no mundo, principal-
mente entre elles converfete. iq E que em toda Jinceridade queria vir a elles.
> 7 Seja que ainda naõ era vendo. 18 Uaõ porque jiea palavra para com elles foi
Ji , e naõ. 10 'Mas que tod.ee as promeffds de Deus no Chrifto fam Ji e amem.
21 E polo Efpirito fando em nos faõ confirmadas. 23 Protefla com juramento
que dilatou fua vinda por lhes tiaõ fer carga.

j aulo Apoftolo de Jefu Chrifto, pela vontade de Deus, e o


l-X irmaõ Timotheo , a a Igreja de Deus que eftá cm Corin-
JL tho, com todos os íànétos que eftatm em todaAchaya.
2 Tcnhacs graça e paz de Deus noflò Pac , c do Senhor Jeíu
Chrifto.
3 Bendito íèja o Deus e Pae dc noflò Senhor Jeíu Chrifto, oPae
de miíêricordias, e o Deus de toda coníòlaçaõ:
li-. 4 Quc nos conlòla em todas noflàs tribulações, peraque tambem
poflàmos coníòlar a os quc cftám em qualquer affliçaó, comaconíò-
laçaó com quc de Deus íòmos confolados.
5 Porque
A OS CORINTHIOS. Cap. I. 37I
f Porque afli como cm nos abundam as affliçoens de Chrifto, a£
fi abunda tambem por Chrifto noflã coníòlaçaõ. Q
6 Porem feja que fejamos atribulados, Jpor voflã coníòlaçaõ,
e fàlvaçaõ , a qual fe produz íòfrendo as mcímas affliçoens quc nos
tambem padcçcmos: Ou feja que fejamos coníòlados, por voflãcon-
íòlaçaó e fàlvaçaõ [fe.]
7 E noflã eíperança de vosoutros he firme , eftando çertos quc
afli como fois partiçipantes das affliçoens, afli í‘ í™ participantes i
tambem da coníòlaçaõ.
8 Porque irmaós, naó queremos que ignoreis a noflã tribulaçaó,
que em Afia a nos aconteçeo , que fobre maneira fomos carregados a Ou,$e*w.
íòbre L J forças, dc tal modo que cftivcmos cm duvida dafic
vida.
9 Em tánta maneira que tivemos cm nos mefmos a fcntença dc
morte, peraque naõ confiemos em nos mcfmos, íènaõ cm Deus quc
rcfulçfca a os mortos.
ío O qual nos livrou, e livra de tamanha morte; cm o qual tam­
bem £Ípcrámos que ainda [wj] livrará.
11 Ajudando nos vos tambem com oraçaó por nos, peraque pela
merçé quc nos foi feita, por muitas peílòas, por muitos f tambem 1
íejam dadas graças por nos outros. •
iz Porque éfta he noflã gloriaçaõ f a faber ] o teftemunho dc
noflã confçicnpa: Que com limpliçidadê e finçeridade de Deus, naõ
com fabedoria carnal, mas com a graça de Deus, temos converfa-
do cm o mundo, e mayormente com vofco.
i 3 Porque naó vos eferevemos outras coufas, fenaóasquejacon­
heçeis, ou tambem rcconheçeis: E efpero que tambem ate o fim as
rcconheçereis.
*4 Afli como tambem ja em parte tendes rcconheçido, que nos
lomqs voflã gloriaçaõ, como tambem vos íòis a noflã no dia ao Sen­
hor jefus.
1 í E coxm dfta confiança quis primeiro vir a vosoutros, peraque
tivefleis nua fegunda graça.
itf E por voflã [ cidade J paflàr a Macedonia: E de Macedonia
▼ir outra vez a vosoutros, e fcr levado de vosoutros a Judea.
17 Afli que tendo ifto propofito, ufei porventura de leviandade? Ou
o quc b penfo porventura penfo o fegundo a carne, peraque ajàem b Ou.Mde;
mySi, fi; eNao,nao? 1 j
18 Antes Deus he fiel, que noflã palavra para com vofco, naõ foi Si, e
Aaa 19 Por-
W II. EPISTOLA DE S. PAULO
19 Porque o Filho dc Deus Jefu Chrifto , o qual por nos entre
vosoutros foi pegado, por my, c por Silvano, e por Timotheo,naõ
foi Si, cNaõ: MasfoiSin’ellc.
2 o Porque todas as promeflàs de Deus fam Si n’elle, c n’clle Amen,
pera gloria dc Deus por nosoutros. '
2 í Mas o que com voíco nos confirma cm Chrifto, c o que nos
ungio, hcDcus.
2 2 O qual tambem nos fellou, e nos deu as arras do Eípirito em
noflòs coraçocs.
23 Mas eu chamo a Deus por teftemunha íòbre minha alma, que
ate agora naó vim a Corintho por vos perdoar.
24 Naó que dc voflà fc nos enfenhoreemos, poré íòmos ajuda-
C Otb Pela dores de voflo gozo: Porque c por fé cftaes [ empé. J
fi'
Ç A PITVLOlI.
j 0 apoftolo profegue de dar rat.aõ porque ate agora a Corintho naõ era -vindo,
a faber por refpeito que'naõ com trifteza , porem com alegria com elles queria eflar.
4 Que antes acerca do fornicario tinha efcrito requere, qtte fix. com lagrimas, e
por caridade pera com clles. 6 Manda lhes , que por rarjtõ da fua penmncia 0
a-viaõ de receber e confolar, porque da demajiada trisleta naõ feja 0 tal codftemi-
do. 11 No demais conta como fi pregou 0 Euangelho em Troas, e defpois em Ma­
cedonia. 14 Requere que em toda parte fua pregapaõ para Deus he bom cheiro em
os que fe falvatn, e em os que fe perdem. 17 Por raiaõ qtte em toda parte com
finceridade propos. ,

1 p orem ifto tenho' determinado em mym mefmo , que naõ hei


de vir outra vez a vosoutros com trifteza.
2 Porque fc cu vos contrifto, quem íerá logo o que mc alegrará,
a Ou, fia* ííênaô aquelle 4 que por mim for contriftado?
contriflar. 3 E ifto mefmo vos tenho cícrito , paraque quando [ la J vier
naó tenha trifteza dosque avia de ter gozo : confiando em todos vos
outros, que meu gozo he [gozo] de todos vosoutros.
4 Porque pola muita tribulaçaó e anguftia do coraçaó vos eícrevi
com muitas lagrimas, naó peraque vos contriftaflèís, mas peraque
conheçeflèis a caridade que tenho abondoíàmente pera com voíco.
5 Que fe alguém contriftou; naõ me contriftou a my, fenaó em
parte, a vos todos (paraque [j?J naõ carrcgc.)
<5 Baftelhc a o tal efta rcprcníãó [feita) por muitos.
7 Peraque antes a o contrariolhe) perdoeis, cconíòleis, por­
VOujTm- que da demafiada trifteza naõ feja o tal cm alguma maneira bcon-
gado. íumido.
8 Polo-
A OS CORINTHIOS. Cap. III. 37?
8 Poloquc vos rogo que pera com elle confirmeis a charidade.
p Porque tambem por ifto vos cícrcvi, pera conhí^ervoflà expe-
riençia, fc em tudo fois obedientes.
i o E a o que vosoutros perdoardes, tambem eu [ lhe perdoo: ]
Porque tambemeu, o que tenho perdoado, aquemperdoado tenho,
por amor de vos £ o tenho feito, ] em prefença dc Chrifto : Paraque
de íâtanás naó fejamos vençidos.
11 Porque naó ignoramos íèus « ardys.
12 No demais, como a Troas vim pera
de Chrifto , aindaque em o Senhor me foi aberta porta, naõ tivc/"Mí» ou
porem repoufo em meu Efpirito , por naõ aver achado a Tito mcu,ntcll^ef>'
irmaó. .
13 E afli deípedindome d’clles, me parti pera Macedonia.
14 Mas graças a Deus, que fempre nos faz triunfar emChrifto:
E por nosoutros em todo lugar manifefta o cheiro dc íèu conheçi-
mento.
15 Porque para Deus íòmos bom cheiro de Chrifto , em os que, ■
íè íàlvam, e em os que fe perdem.
16 Para eftes çcitamente cheiro de morte, pera morte: E para
• aquelles cheiro de vida, pera vida. E pera eftes coufas quem hefuf-
fiçiente ?
17 Porque nos naõ d trazemos , como muifos, a venddr a pala-d Somoí ta- ‘
vradeDeus, antes como dc ílnçcridade, « como de Deus, empre-wr««r"^’
íènça de Deus, o falíamos em Chrifto. palavra de
Deus.
c Ou, En­
Capitulo III. viados de
1 O Apo/lolo da ratao porque fou minifterio do Euangelho no fim do precedente capi-Deus.
tulo em tanta maneira exalçou , apella a experietteia dos mefmos Corinthios , os
quaes por ifto feu minifterio ferai convertidos a Chrifto. $ ajunta , que efta vir­
tude naõ era defi, mas de Detes. 6 Demoftra 0 mefmo por comparaçaõ com 0 mi«
nifterio de Moyfes, 0 qual chama Letra morta, imprejja em pedras, e minifterio de
condenaçaõ, qual naó permanece, e com 0 minifterio dos apoftolos, 0 qual chama
hum minifterio do Efpirito da vida e da juftiça, e fempro permanece. 13 Declara
quefobreface de Moyfes era pofto bum veo, e tambem na liçaõ da Ley, de tal ma­
neira que os Judeos naõ entendiaõ 0 feu fim. 16 Quando fe converterem a Deus

1 forneçamos nos nos encomendar [avos] outra vez anos met


mos? Qu temos neçcflidade como alguns, de Cílrtas de enco­
menda pera vosoutros, ou de encomenda dc vosoutros ?
2 Vosou-
374 II. EPISTOLA DE S. PAULO
z Vosoutros fois noflã cárta, eícrita em noflòs coraçocs, conhc-
çida e lida de£>odos os homens.
a Ou, £«- 3 » Como he manifefto que vos íòis a carta de Chrifto , admini-
S”ou/^Ó^ia^a Por nos ’ e c^cr*ta» naó com tinta, fenaó com o Efpirito d’o
wJw^fl^Deus vivo : Naó cm taboas de pedra : Senaó em taboas de car-
* nc do coraçaó.
4 E tal confiança temos por Chrifto pera com Deus.
5 Naó que íêjamos fuffiçientes pera penfar alguã couíã denos,co-
bOu,rw». mo nosmeímos, mas noflã fuffiçiençiab he de Deus.
6 O qual tambem nos fez fuffiçientes Q para fer J miniftros do
Novo Teftamcnto: Naõ da Létra, fenaó do Eípirito; Porque a Letra
c©u d« mata, mas o Efpirito c vivifica.
w./ 7 E fc o minifterio dc morte cm letras, impreflò em pedras, foi glo-
d Ou, olbar riofo, de maneira que os filhos de Ifraèl naó podiam d pór os offios
fcDe “r&Hi na &Ç0 Moyfes, por caufa da gloria dc feu rofto , que avia c de
, . , . . .- . , vr.. '
à Como nao fera pera major gloria o miniiter ío do Eípirito ?
9 Porque fe o minifterio de condenaçaó foi de gloria, muito mais
íòbrepujará em gloria o minifterio de juftiça.
i o Porque tambem o que foi glorificado naó foi glorificado nefta .
parte, por cauíã d’efta exçcllcnte gloria.
11 Porque fc o quc perdçe foi glorioíò, muito mais o [ hc J em
gloria o quc pcrmanéçe.
i z Afli que tendo tal eíperança, falíamos com muyta con­
fiança.
x ? E naõ £ fazemos ] como Moyícs, f que ] punha hum veo
íòbre íua façc , paraque os filhos de líracl naõ puzeflcm os olhos no
fim do que avia de pcreçcr.
f Ou,e»/m- i 4 E alfi os1 fentidos d’clles fe endureçcraõ: porque até [ o dia ]
dimeutes. de hoje fica o meímo veo por deícubrir na liçdó do Velho Tefta-
gOu,^W/-mentO} 0 qUa| por Chrifto hc 8 tirado.
*5 Antes ate [o dia] dc hoje, quando Moyíès he lido , eftá o
To^àdo. veo pofto íòbre leu coraçaó d’clles,
xd Porem quando fc convertórcm a o Snor, entaõ íè tirará o veo.
J7 Óra o Senhor he o Efpirito: E aonde ha o Efpirito do Snor,
ahi ha liberdade.
18 Portanto nosoutros todos, poftos os olhos, como em hum eípelho,
cm a gloria do Senhor,com cára dcícubérta,íòmos transformados de glo­
ria cm gloria cm a mefma imagem, como pelo Eípirito do Senhor.
Ca-
A OS CORINTHIOS. Cap. IV. ?7>

CapituloIV.

I Da grande fidelidade do Apoftolo no minifterio d» S. Euangelho. ; E fie o Euange-


Iboeftá encuberto , fara 01 que Jie perdem efta encuberto, e cujos entendimentos o
fatanas cegou. f Que efta ejficacia he de Chrifto e de Deus , o qual alumia os
corafoés, e uaõ dos mtnifíros. 8 Que efta ejficacia maravilhojamente fe demoftra
ate nos Apoftolos de Chrifto , em vencer M tribulaçoens e anguftias quotidianas.
ij Proponde defipoú diverjds razoetis da confolaçaõ pelas quaes fimefimoe e outros
confirmem, tomadas dos exemplos de David. 14 Da bemaventurada refurreiçam.
ly Do agradecimento pelas taes liberaçeens. 16 Da renovaçaÕ do interior homem.
Finalmente da grandeza de gloria eterna.

i "D cio que tendo éfte minifterio , fegundo a mifericordia que al-
cançado avemos, naõ defmayamos.
2 Mas antes renunçiamos as 1 eícondedalhas de vergonha, naõan-aou
dando com aftuçia, nem falfificando a palavra de Deus: Mas enco- dedeíroe de
mendando nos a toda coníçiençia humana diante dc Deus, pela mani- todahipocri-
fcftaçaó da verdade. z
3 Que íè noflò Euangelho eftá encuberto, para os que íè perdem
eftá encuberto.
4 Em os quaes o Deus d’éftc íèculo çegou os >> entendimentos b.®11 • Sen"
pfor Jd’os incrédulos, peraque lhes naó refplandeça o lume do Eu-*' •
angelho da gloria de Chrifto, que he a imagem de Deus.
$ Porque naó nos pregamos a nosmeímos, fenaó a Jeíu Chrifto,
o Senhor: E nosoutros que voflòs fervos [fomos ] por amor de Jefus.
6 Porque o Deus que difle que das trévas rcíplandcçeflè a luz,he
o que reíplandcçeo em noflòs coraçoés, pera illuminaçaõ do
conheçimento da c gloria de Deus em a façe de Jeíu Chrifto. c®a>
‘7 Porem temos éfte thefouro em vafos de barro , peraque a ex-r,iiade'
Çellençia da efficdçia íeja de Deus, e naõ de nosoutros.
8 Em tudo fomos atribulados, mas nam nos cftrcitamos: Duvi­
damos, mas naõ deícíperamos.
9 Padecemos perfeguiçaõ, mas naó fomos defemparados: Somos
abatidos, mas naó perecemos.
ío Sempre por todas as partes trazemos a mortificaçãodo Senhor
Jefus no corpo , peraque tambem a vida dc Jcfus cm noflòs corpos
feja manifeftáda.
11 Porque fempre nos, os que vivemos, fomos por amor de Jefus en­
tregues a a morte , peraque tambem a vida de Jcfus fe manifcfte em
noíla carne mortal.
Aaa 3 iz Dc>
II. EPISTOLA DE S. PAULO
ii Dc nyncira quc a morte obra em nosoutros, c cm vosoutros
a vida. *’■
13 Mas porque temos o meíino Eípirito de fc, conforme ao que
eftá eícrito: Cn, por iílò fallci; nosoutros tambem cremos, poriflò
tambem falíamos.
14 Eftando çertos que o que a o Senhor Jefus refufçitou, nosre-
*. fuíçitará tambem por J cíus a nosoutros; e nos Q <nhiJ porá com voíco.
15 Porque todas ditas couíãs íãm por amor dc vosoutros, pera­
que a copiofiflima.graça abunde pera gloria dc Deus, pelo faziraen-
to de graças de muitos.
16 Portanto naó dcíinayamos : Antes aindaque noflò homem ex­
terior dfteja corrompido , todavia o interior' fe renova de dia cm
dia.
17 Porque a leve c momentânea noflã tribulaçaó, produz a nos
hum pelo eterno de gloria exçclentiflima. .
18 Naõ atentando para as coufas vifiveis, fenaó para as invifiveis:
Porque as coufas viíiveis íàó temporaes: mas as invifiveis íãm etemaes.

Capitulo V.

1 0 Jpoflolo profegtse moflrar a efperanpa de falvaçaõ , pela qual fomos certas fe esle
corpo, 0 qual he bum terrefire tabernáculo, fe desfizer, que temos hum eterno edifi-
cio nos Ceos. 4 Defejamos pelo com iflo ferem reveflidos. 6 For quanto, fendo nefle
corpo paffagetros, fiamos atifentes do Senhor. 9 Feloque cadaqual deve procurar
fer lhe agradavcl. 1 o Forque a todos nol be neceffario comparecer perante 0 Tribu­
nal dc Cbriflo. jy Enfina que Cbriflo morreo e refufçitou , peraque todos vivaõ
pera aquelle. 1 6 pe maneira que d’aqui por diante a ninguém conhece fegundo a
carne. 17 Mas fegundo a nova criaçaõ de Deus cm Cbriflo- 19 Por ijfo Juõ elles
embaixadores, pera reconciliar os homens com Deus em Cbriflo.

1 T) orque bem fàbemos que , íc noflã cdíã tcrreftre d’dfte ta-


bcmaculo fe desfizer, temos hum edifiçio de Deus, huã cáfa
etema em os Ceos, quc naó he feita de maós.
2 Porque cm iílò tambem gememos, defejando fér revcftidosd’a-
quella noflã habitaçaó çeleftial.
3 Sc tambem fórmos adiados veftidos, [7J naõ nuos.
a Ou, Polo _ 4 porq lle tambcm nos} os qUe cabana citamos, gememos a de
pejo a car carregados : Porquanto naó queríamos fcr deípidos ,. antes rcvcfti-
b Óu, Tra''• Peraque o quc hc mortal, pela vida fcjab confumido:,
gado,Q\\for- 5 Mas o quc para ifto meíino nos fez, he Deus, o qual tambem
vida. nos tem dado as arras do Eípirito.
d'Po«
A OS CORINTHIOS. Cap. V. 377
<í Poloque tendo fempre confiança, c íàbcndo que habitandone­
fte corpo, peregrinamos do Senhor. 1 ■'
7 Porque andamos por fc, J naó por vifta.
8 Porem bom animo temos, e mais queremos dcfte corpo fer cí
trangeiros, e cftfr com o Senhor.
9 Poloque tambem muy/defejamos fer lhe agradaveis, ou prclèn-
tes, ou auíéntes.
ío Porque a todos nos he neçeflàrio cõparcçer «dnte o Tribunal cou, Ar.
de Chrifto, pera que cada hum levd o que pelo corpo tiver feito, ou rnmc-
bem, ou mal.
11 Afli que fabendo o terror de Senhor, perfuadimos os homens
a a fé, e a Deus fomos manifeftos: E tambem eípero que emvoflàs
confçicnçias cftamos manifcftados.
12 Porque naõ nos encomendamos outra vez a vosoutros: Mas da­
mos vos ocafiaó de de nos vos gloriar : peraque tcnhaes refpon-
der J a os que fc gloriaõ na façe, c naó no coraçaó.
13 Porque feja que trcfvalicmos, para Deus f trefualiamos J otl
feja que eftejamos cm noflò fifo, para vosoutros o eftamos.
14 Porque a charidade deChriito nos conftrange.
15 Tendo ifto por reíòlvido, que fe hum por todos foi mor­
to, logo todos eftáõ mortos. E elle morreo por. todos, peraque tam­
bem os que vivem , naó vivaõ d’aqui por diante pera fi, fenaó pera
aquelle que por elles morreo e refufçitou.
itS De maneira que d’aqui por diante a ninguéconheçemos fegun­
do a carne, e aindaque ajamos conheçido a Chrifto fegundo a car­
ne, todavia ja agora£0]naóconhecemosAcarte.]
17 Afli que íe alguém eftá cm Chrifto , nova criatura he : ja as
velhiçcs pafláraó, cts que tudo eftá feito novo.
18 Ora tudo ifto vem de Deus , o qual por Jeíu Chrifto com fi­
go nos rcconçiliou, e nos deu o minifterio da reconçiliaçaõ.
19 Porque Deus eftáva em Chrifto reconçilianao com figo a o
mundo, naõ lhes imputando ícus pecados, e pós em nosoutros a pa-'
lavra da reconçiliaçaõ. •
20 Affi que fomos embaixadoresd em nome de Chrifto, como fe d oa.^r.
Deus por nos rogaílè. Rogamos cm nome de Chrifto,e que vosrc- cOu,Rw»’
conçiheis comDcus. VÍS'.
21 Porque a o que naõ conheçeo pecado,' fez pecado por nosou­
tros-. peraque nosoutros n‘elle fóílcmos feitos juftiça de Deus.

Ca-
37» II. EPISTOLA DE S. PAULO
63 Capitulo VI.

i Paulo amoefla a os Corinthios, sj^o a graça de Deus, da qual cra embaixador, naí
ajaò recebido em vaõ. j £ conta como fielmente, atemeijo das tribulaçoens, cttm-
frio Jeu minifterio. 6 E com quaes virtudes e ejjicacias fua obra era acompanha­
da. 11 Declara fita inclinaçaõ para com ellcs. i j £ pede a mefma em recom-
penfa. 14 Jmoefta os defe naõ ajuntar em jugo com os infiéis. 16 E naõ tercommtt-
. w/wpw com os idolos-, porque os fieis faõ templo de Deus. 17 Porem apartar fe
d'elles. 18 Por via que Deus lhes be for Pae, e elles lhe por filhos.

i A fli quc fendo juntamente obreiros, [^w] rogamos tambem,


que a graça de Deus em vaó reçebido naó ajaes.
2 Porque diz : Em tempo agradavcl tc ouvi', e no dia de falva-
çaõ te focorri; vedes aqui agora o tempo agradavcl, vedes agora
aqui o dia de falvaçaó: b
3 Naó dando a ninguém algú efcandalo, peraque o minifterio naõ
feja vituperado:
4 Mas nos cm todas as couíãs como miniftros de Deus fazemos
nos agradaveis em muita paçiençia, em affliçoes , em neçeflidadcs,
cmanguftias.
â Ou> divo- 5 Em açoutes, em prifocs, em* revoltas, em trabalhos, em vi-
roqos. gibas, em jejuns.
6.Em caftidade , em fçiençia, em manfidam , cm bondade , çm
Eípirito fanéto, em charidade naó fingida.
• 2 ^mzPa'avra de verdade, em potençja de Deus, pelas ãrmasde
juftiça, ás direitas, e ás ezqudrdas.
8 Por honra e por deshonra, por infamia c por boa fáma: Como
enganadores; e[todavia]verdadeiros.
5> Como“ignorados, e [ todavia] conheçidos: Como morrendo,
e vedes aqui vivemos: Como caftigados, porem ainda naó mortos.
10 Como contriftados, e [ todavia j fcmpre alegres: Como po­
bres, c [ todavia j enriqueçendo a muitos: Como naõ tendo náda,
e £ todavia J pofluindo tudo.
11 Para com vofco, o Corinthos, eftá aberta noflã bdea, noflò
coraçaó eftá dilatado.
u Naó cftáes eftreitos cm nosoutros: Mas eftáes eftrcitos cm
vollas entranhas.
13 Hora cm recompeníã d’ifto, ( como a filhos fallo ) vos dila-
tac vosoutros tambem.
14 Náõ vos ajunteis em jugo com os infiéis, porque quc partiçi-
paçaõ
A OS CORINTHIOS. Cap. VII., 379
paçaõ tem a juftiça com o injuftiça ? E que communi^açaó tem a

15 E que conveniençia tem Chrifto com Belial ? ou que paYte tem


o fiel com o infiel ? .. , ,
i 6 E que confentimento tem o templo dc Deus cem os ídolos ? por­
que vosoutros fois o templo do Deus vivente, como Deus difle :N’cl-
lcs habitarei, c entre \_clles] andarei: E cu o íeu Deus ferei, e cl­
les fenfó meu povo. , -
17 Poloque íãhi do meio delles, c apartacvos, diz o bnoi: E nao
toqueis couíã immunda, c cu vos rcçeberdi:
18 E eu vos feréi por Pae , e vos me fcrc'is por filhos, e por fil­
has, diz o Snor todopoderofo.

Capitulo VII.

rrllliao um. r----- í 7----- j i a £


roemfeu tornar. 14 Quem tudo experimentou, como 0 Jpo]lolod elles tinha conjiaao.

1 /"Ara amados, pois taes promeflás temos, alimpemos nosdeto-


V da immundiçia da carne c do eípirito , * aperfeiçoando a fan-a Ou, Cum-
ftificaçaó em o temor dc Deus. . , .
2 Admiti nos , a ninguém temos injuriado , a ninguém, temos
corrompido , para com ninguém avemos bufcado noflò pro-

3 Naõ digo, f ] b pera [vojfal condcnaçaõ: Porquê ja difle d’ãn- bOu, Pera
tes que eftiíes cm noílòs coraçocs, pera juntamente [_com nofcoj moi- vos cou citar
rer e viver. . ' „ .
4 Muyto atrevimento tenho pera com voíco; muytaglonaçao ten­
ho dc vosoutros; chcyo cftóii dc coníõlaçaó ; íòbreabundo de gozo
cm todas noflàs tribulações. ’
5 Porque ainda quando a Macedonia viemos, nenhum repoufo
tive nofla carne: antes cm tudo fomos atribulados: combates por fo­
ra, temores por dentro.
6 Mas Deus, que a os abatidos confóla, nos coníòlóu com avin­
da dc Tito.
7 E naó fomente com fua vinda, mas tambem com a coníò-
Bbb
380 II. EPISTOLA DE S. PAULO
c Ou, De. laçaõ com eme foi confolado c cm vosoutros, contando nos voflò
°r°“’grande defcjS-J voflò chdro, d voflò zelo por mim, da maneira que
■ fei(T^ã
'comigo. 8 Porque aindaque por ciírta vos contriftei, naõ me arrependo':
Aindaque me pefou ; porque vejo quc aquella cárta, pofloquc por
pouco tempo, vos contriflou.
9 Agora folgo , naõ porque foftes contriftados, mas porque foftes
^endintciuo contr*^ados pera c emmcnda : Porque foftes contriftados fegundo
íOu,D#»«j Deus; dc maneira que naõ tendes padeçido nenhuá perda f por noflã
ou for nos. parte.
xo Porque a trifteza que he fegundo Deus, produzemmcndape ­
ra falvaçaõ , da qual naó ha arrependimento: Mas a trifteza d’dfte
mundo, produz morte.
11 Porque vedes aqui, ifto meíino , que iegundo Deus foftes
g Ou, Dili-contriftadOs, quantoS cuidado produzio em vosoutros? Antes defen-
pa> antcs indignaçaõ, antes temor, antes defejo, antes zelo, antes
vingança: Em tudo vosmoftraftespuros nVfte negoçio.
i z Aindaque vos eferevi, naõ- [ vos eferevi J por caufa do que
fez a injuria, nem por caufa do que apadecço, mas porque noflã di-
ligençia por.vosoutros, diante de Deus, vos fofle manifefto.
13 Portanto fomos coníòlados por voflã confolaçaó: porem muito
mais nos alegramos pola alegria de Tito , de quc .feu eípirito foi re­
creado de todos vosoutros.
14 Porque fe em alguã couíã pera com elle dc vosoutros mc glo­
riei , naó fiquei envergonhado : Antes como tudo vos tínhamos dito
com verdade , afli tambem noflã gloriaçaõ f gloriei "| nara
com Tito, fòi achada verdadeira.
hOu, Sua 13 E fuash entranhas eftáõ mais abundantes pera com voíco, quan­
interior af- do fe lembra da obediençia de todos vosoutros: E de como o reçc-
beftes com temor e tremor.'
i Ou, Me
pojjb ajjegte- 16 Afli que me gozo dc que em tudo ’ eftóu confiado de vosou­
rar de vos. tros.

Ca-
A OS CORINTHIOS. Cap. VIII. 381
Capitulo VIII. U

1 Com 0 exemplo <1,1 Igreja de Macedonia exborta o Paulo a os Corinthios a libe­


ralmente dar efinola por os pobres fieis em Jerufalem. $ Propds lhes o exemplo de
Cbriflo, eptit fendo rico por amor de nos fe fel. pobre, perajue com fua pobreza fi-
cajfemos ricos, i o Amoejla a dar bom fim a colheita começada defdo anno pajfado.
I 3 Naõ peraque os outras fejant aleyiados e elles atropelados , mas pera da fua
abundância fuprir a falia dos outros, i p Como foi feito em recolhimento do mnn-
na. só Lhes encomenda a Tito. 11 £ a os irm.iõs que com elle foraõ. 20 Pe­
ra evitar tudo •vitupério.

1 íYa’ irmaós’. fazemos vos faber a graça de Deus, quc foida-


da a as Igrejas de Macedonia:
z Quc cm grande prova dc tribulaçaõ tresbordou a abundançia
de fcu gozo, c fua profunda pobreza cm riquezas dc fua [prompta]
liberalidade.
3 Porque teftcmunlia fou cu , quc iegundo ícu poder, e ainda
íòbre [feuj poder, fóraó voluntários.
4 Pcdindonos com grandes rogos que reçcbeflèmos a graçaeaco-
munícaçaõ d’cfte íerviço, que [fi faz] pera os íànétos.
f a E naõ [ fztraõ fomente J como nos cfperavamos, mas a fi a Ou, £ *,„•
mefmos fe deraõ , primeiramente a o Senhor, e[defpois J a nosou-
tros, pela vontade dc Deus. com°'
<5 De maneira que exhortavamos a Tito , que affi como dantes
começou, afli acaoe tambem éfta graça entre vosoutros.
7 Portanto afli como em tudo abundaes cm fé, c em palavra,c
cm fçicnçia , c cm todo b cuidado, eem voflá caridade pera com nof-b o ú,dhí.
co; [olhae 1 que tambem abundeis n’dfta graça. í™'*-
8 Naõ digo T ifo J como quem manda: Senaó por tambem ex­
perimentar a unçeridade de voflà caridade, c polo cuidado dose Ou, Pol.t
OUtrOS. ■ diligencia.
cp Porque ja fabeis a graça dc noflò Senhor JeíuChrifto, queíèn­
do rico, por amor de vos íe fez pobre; peraque com íúa pobreza fi-
caflèis enriquecidos.
10 E n’ifto dou [ meu] pareçcr: porque ifto vosd convém a vos-d Ou, ^r«-
outros, que naõ fomente a fazclo , mas tambem a querelo, comc-w'^-
çaftes doido anno paflàdo.
II Agora pois acabae tambem o feito: peraque afli como o
animo foi prompto cm o querer, afli íèja tambem em do que ten­
des, o cumprir.
Bbb 2 11 Por-
381 II, EPISTOLA DE S. PAULO
12 Porque fc a promptidam do animo vac diante, íèrá algum açei-
to fegundo êíque tem, c naó fegundo o que naó tem.
12 Porque I’iílo'\ naó Tdiço I peraque os outros fcjam aleviados,
c vosoutros atropelados: * .
14 Mas [peraque J igualmcnte [fiípra"] rfcfte tempo voflà abun-
dançia a falta dos outros , peraque tambem íua abundançia d’elles
[fupra] voflà fiílta, peraque aja igualdade.
15 Como eftá cícrito: O que muito [colhco j naó teve mais:Eo
que pouco, naó teVe menos.
í6 Porem graças a Deus , que por vosoutros deu 0 meímo cui­
dado no coraçaó dc Tito.
cOu.fiifere- l7 c Ql:ie tcvc a exhortaçaó por agradavel, e que tambem dc
cebiò a ex- mui afleiçoado fc partio para vosoutros voluntariamente.
Iwtaçaò, e 18 E tambem com elle enviamos a o irmaó, cuio louvor cftdn’o

19 E naó fomente ifto, mas tambem foi efcolhido das Igrejas por

fartíoftra admutiftrada pera gloria do meímo Snor , e promptidaó dc voflò


, vcsoHtrts. animo.
20 Evitando ifto, que ninguém nos vitupere n’cftaabundanpa, que
por noshc adminiftrada:
2 x E procurando o que hc honefto, naó fomente diante do Sen­
hor, mas tambem diante dos homens.
22 Com elles enviamos tambem a noflò irmaó , a o qual temos
experimentado muitas vezes em muitas couíàs, que he diligente , e
agora ainda muito mais diligente pola muita confiança que em vos
tem. J
2] Afli que quanto a Tito, meu companheiro ecoadjutorhepe­
ra com vofco: E quanto a noflòs irmaós, embaixadaores íàó das Igre­
jas, a gloria dc Chrifto.
fou,fAtftra *4Portanto moftracpcra comclles, emprefcnçadas Igrejas, afa-
provaçaó de voflà charidadc, c de noflà gloriaçaõ dc vosoutros.
A OS CORINTHIOS. Cap. IX. 38?
Capitulo IX. 0

I Apoílolo teílifica que baftantemente era afigurado da inclinação dos Corinthios fe­
ra recolher cila colheita. 3 Da razaõ porque enviou eftes irmãos , a faber , pera­
nte efíeiiõ preftes em J'ua vinda. 6 Amotfta os a dar hbcralmente e voluntaria­
mente com diverfas raZoens tomadas da benza Ò, amor e graça Jobre os que liberal­
mente femeaõ. 11 muitos daraõ graças a Deus que defta liberalidade Jeram
participantes. 14 E a Deus por elles haõ de orar.

i porque da adminiftraçaõ que [ fefaz. ] pera os íànctos, a poraOu,Srçw-


de mais me he cícrcvcrvos. . flut-
g Porque bem lei voflò prompto animo , do qual mc glorio en­
tre os de Macedonia ; que Achaya eftá preftes defdo anno paflado;
c o zelo que começou de vosoutros tem provocado a muitos. _
2 Porem'enviei éftes irmaós , porque noflà gloriaçaó açcrca de
vosoutros naó feja vam n’cfta parte : peraque cftcjaes preftes como
•5
1 4 Porque fel cafo vierem comigo os Maccdonios , c vos achem
. deíapcrçebidos, naó nos envergonhemos a nos mcfmqs, (por nao
dizer a vosoutros) n’efte firme fundamento de glonaçao.
5 Portanto tive por coufa neçeflàna exhortar a cites irmãos, que
vieflèm primeiro a vosoutros, c aparelhaflem primeiro voflà b bene- b Ou>Bw-
fiçençia d’antes anunçiada, peraque efteja aparelhada , como benefi- diçaõ.
çençia, e naó como elcaflèza. .
6 Ifto porem 4ueo 9ue femca efeaflamente, tambem cí-
caílàmentc c ferará, e o que d liberalmcnte femea, tambem fcgarácou,c«/-
libcralmente. °
7 cadahum como em J coraçao propos, nao
com trifteza, ou por c ncçcflidadc : Porque Deus ama a o uauoi c Ou>
alegre. ftrangido.
8 E poderoíò he Deus pera fazer que toda graça abunde cm vos­
outros, peraque tendo fempre cm tudo, tudo o que báfta, abundeis fOu.He»»-
pera toda boa obra. . fir.
9 Como eftá efcrito : Derramou , deu a os pobres; Sua juftiça
permanece pera fempre. , , ,
I o E o que da a fcmente a o que femea, dara tambem pam pe­
ra comer : E multiplicará voflà fementeira , e augmentará os efefi-
mentos dos fruitos dc voflà juftiça.
II Peraque fejais cnrcqucçidos cm tudopara toda benignidade, a
qual faz que por nos feiam dadas graças a Deus.
e Bbb 3 '12 Por-
384 II. EPISTOLA DE S. PAULO
12 Porque a adminiftraçaõ d’cftc ícrviço, naõ fomente fupre o
gOu,w«i- quc a os íài&os falta, mas tambe abunda cm g que muitos dam íira-
^"çasaDeus.
«Dm™''"1 /^Glorificando a Deus pela prova defta adminiftraçaõ por fub-
miflàõ da voflã confcflào^bajxo do Euangelho de Chrifto, c por be­
nignidade da communicaçaõ pera com elles e pera com todos.
14 E pela fua oraçaó por vos, que vos defejam por cauíà da ex-
Çclentc graça dc Deus íòbre vosoutros.
15 Ora graças a Deus por fcu inefíãbil dom.

Capitulo X.
1 Paulo defende fita mtboridade contra os falfos Apofiolos que a calttmniavaÕ, di-
Undo, M cartas faõ graves, mas a prefonça fraca. 3 Trata do poder A00
ftohco , 0 qual Deus lhe tenha d-tdo pera Con/lrinftr os defobedientesna tareie
4 N<w peLts armas carnaes fenaõ efpirituaes podcrofds de parte de Deu. 8 O l
poder Ibe foi dado pera edificaçaõ, e naõ pera deftrttiçaõ. ío O qual naõ fomento
anfente por cart.ts, fenaõ tambem prejente pelas obras moflrara. 12. Ejfortelizado
com efte poder dilatou 0 ULuangelbo ate abi. 15- NaÕ aonde outros d’antes tralalhà-
raõ. 16 £ qtte ainda cuidava anunciar 0 Euangelho a os qtte maio alem d'elles
efíavaò. 17 Efte dizia naõ prezando fe afi mefmo entre elles, fenaõ fò a oraca
de Deus. J & t

1 A nignidade
d’lftovos rog° » cu mefino Paulo , pela manfidam e be­
dc Chrifto , quc eftando prefente; fou cm verdade
a Ou,baixo. a ,----
pequeno entre vosoutros : Mas aufcntc íòu b confiado pera com
do, oh atre­
vido. 2 Portanto peço que quando prefonte eftiver , naõ venha a for
c Ou, De­ atrevido com a confiança de que ouíãdamentc c fou eftimado uíàr
termino. com alguns, que nos tem como Ce andaflemos fegundoa carne-
3 Porque andando cm a carne, naómilitamos fegundo a carne.
4 Porque as armas da noflã miliçianaõ fam carnacs, fenaõ pode-
rofas por Deus pera deftruiçaõ dc fortalezas. r
, r DcíJrujpdo confelhçs c toda alteza quc fc levanta contra a
àOudevan- fcicncia de Deus: E caw*í«a» em obediência dcChrifto atodacn-
tôio^enfs- tcndimcnto-
mento a a 6 £ tendo preftes a vingança contra toda dcfobcdicnçia, quando
obediência J‘l v°ha obcdicnçia for cumprida.
de Chrifto.• 7 Atcntacs vos para as couíãs fegundo a aparcnçia ? íc alguem cm
fi mefmo confia quc dc Chijíto he , penfo a tal outra vez ifto cm íT
meíino, que afli como ellc de Chrifto hc,afli fomos nos tambem dc Chrí
_____ jn-
fto. 8 Por-
A OS CORINTHIOS., Cap. XI. 3S5
8 Porque fc cu tambem me quifer ainda gloriar dc noflà potcnçia,
a qual o Senhor nos deu pera cdificaçaõ , e naó pera v\sflà dcftruy-
çaõ, naó mc envergonharei:
9 Peraque naó pareça que vos quero cípantar por cartas.
10 Porque as cartas1 Q diz.em ] íàm em verdade graves c fortes:
Mas‘a preícnça corporal he fráca, e a palavra desprezível.
11 Ifto penfe o tal, que quaes fomos cm a palavra por cartas au-
fentes, taes fomos tambem na obra prefentes.
12 Porque naó ouíàmos a nos entremeter , ou comparar com
alguns que fc louvam a fi mefmos: Mas naó entendem que com fi­
go mefmos fc midem, e a fi mefmos fe compàraõ.
15 Mas nos naó gloriaremos fóra de medidà : Senaó que confor­
me a a medida da regra, a qual medida Deus nos repartio , tambem
avemos chegado até vosoutros.
14 Porque naó nos cftendcmos a nos mefmos mais do que con­
vém, como fe até vosoutros naó ouvéramos chegado: Pois tambem
até vosoutros avemos chegado cm o Euangelho de Chrifto.
1 $ Naó nos gloriando fora dc medida em trabalhos alheios : An­
tes tendo efpcrança, * que vindo voflà fé a creccr cm vos , feremos cOa>Dl)cn,
largamente engrandeçidos conforme á noflà regra: cimento de'
16 Pera anunçiar oEuangelho nos [ lugares'} f que mais alcmdc
vosoutros eftáõ: É naõ nos gloriar em regia dc outro nas coufas que/^ww-
ja aparelhadas eftaó. fOu, £>vj?e
17 Mas o que fe gloria, glorie fe cm o Senhor. 'outro'™
18 Porque naõ o que a fi mefmo fe8louva, fenaó o a quem, louvagou,Pr««.
o Senhor, he o aprovado.

Capitulo XI.
I 0 Apoftolo declara feu grande Zelo, fara es Corinthios deter na Jimplicidade que
ejld em Chrifto. 3 £ exborta es de naõ defviar d'aquella Jingelefa como aferpente a
Eva enganou. 4 Porque nem outro filfo Apoftolo, nem mefmo outro Apoftolo de Chrifto
nao lhes podia de mais pregar do que delle tiverai recebidos. 6 Que entre clles naõ
gloriou fe , como eftes , mas fe hutniliou, e que a ninguém delles efteve carga como
a as outras Igrejas. 11 E ifto naõ porque os naõ amava. 11 Mas pera tirar a
gloria dos falfos Apoftolos que transfiguram fe em Anjos àe lut. 16 E feja que
naõ be obra dos fabios gloriar fe, 18 Com tudo demoftra que ninguém delles podia
gloriar de qual 0 Apoftolo tambem naõ podia gloriar. 13 Qge em padecer e obrar
todos elles jobrepujava. 28 Alem 0 cuidado de todas as Igrejas. 31 £ as dijjicul-
dades no principio do feu miniílerio em Damafco.
1 Ouxalá mc fopertaflèi8 ^um pouco » na louquiçc : Mas fupor-aOu,z»>-
^taeme ainda. prudência.
2 Por-
O
38<í II. EPISTOLA DE S. PAULO
2 Porque zcloío eftou dc vosoutros com zelo dc Deus: Porque
b Ou,limpa, vos tenho íçhrelhado para vos [ como J huá virgem b cáfta, a hum
. marido aprelcntar, [convém a faber ] a Chrifto.
3 Mas temo que afli como a ferpente com fua aftupa a Eva en­
ganou , naó íèjam tambem afli corrompidos cm alguã maneira vot
íòs íentidos, [defvianilofe] da íimplipdade que eftá cmChrifto.
4 Poloque íc vier algum que outro Jefus pregar dc mais do que
ja temos pregado , ou íc outro eípirito rcçeberdes dc mais do que
• recebido tendes: ou outro Euangelho do que açeitaftcs, AÃÀb
fãij Dem.f<l íôfre.r íeis. ,
5 Porque penfo que cm nada fui inferior a os mais exfelentesA-
poftolos.
c Ou,porque 6 C E íè tambem .íòu rudo cm a palavra , com tudo naó o íòu
aindaque. na íçicnçia, rnas em tudo cftamos ja totalmcnte manifcftos en­
tre vos.
7 Pequei porventura humilhandome a my mcfmo, peraque vos
fofleis enfalçados ? porquanto de graça o Euangelho dc Deus
vos preguei ?
d Ou,Entre- 8 Dcípojjci as outras Igrejas, recebendo d falario, pera vos
tenimento. fcrvir a vosoutros: E eftando com voíco , c tendo neçcflidade , a
nenhum fui caíga.
9 Porque o que mc Faltava fupriraó os irmaós que dc Mapc-
donia vicraó : E em todas as coufas mc guardei de vos fcr pcíãdo,
c me guardarei.
ío A verdade de Chrifto cftáfcm my, qucdfta gloriaçaõ menaõ
ferá impedida nas partes dc Achaya.
11 Porque ? porejue vos naó amo ? Deus o íâbc.
12 Mas o que faço, ainda o farei: Pera tirar a ocafiam a os que
ocafiaó pedem: peraque íèjam achados femelhantes anosn’aquillocm
que fe gloriáó.
13 Porque os taes falfos Apoftolos fam obreiros fraudulentos, trans­
figurando íc cm Apoftolosdc Chrifto.
14 E naó hc maravilha : Porque o meímo íàtanás íc transfigura
«m Anjo de luz. ‘
rJ 1 Ãffi que naó he muito, íè íèus miniftros íè transfiguraõcpmo
e Ou, Cujo l Je f°rao j miniftros de juftiça:e O fim dos quaes íerá conforme a
ftm. íuas obras.
ió Outra vez digo, que ninguém cuide que íou lóuco: Senaõ, re-
Çebeime como a louco, peraque tambem hum pouco me glorie.
17 O
A OS C O R I N T H I O S. Cap. XI, 387
17 O que digo naõ o digo fegundo o Senhor , fenaó como por
louquiçç, n’efte firme fundamento de gloriaçaõ.
18 Pois muitos fc gloríaó fegundo a carne : tambem cu me glo­
riarei.
1 9 Porque de boamente tolcracs os loucos, porquanto Íõis lábios.
X 20 Porque toleraes íc alguém vos poem cm fervidtm, fc alguém
Ttoj] devora, fe alguém [de vos] reçcbc, fc alguém fc enlalça,

21 Por afronta [ 0 ] digo : Como fe fracos ouveílèmos fido: An­


tes n’o que outro tiver ouíadia (com louquiçe fallo) tambem eu ten­
ho ouíàdia. '
22 SamHcbreos? tambem cu. Sam Iíraclitas? tambem eu. Sam
ícmcnte dc Abrahaó ? tambem eu.
23 Sam miniftros de Chrifto? (como imprudente fallo) cumais:
Em trabalhos, mais: em e açoutes, mais: Em priloens, mais:
da morte, muitas vezes. cadíU.
24 Dos Judeostenhoreçebidoçinco quarentenas de açoutes, me­
nos hum.
25 Por tres vezes fui açoutado com vergas, huã vez fui apedrejado,
tres vezes padeçi naufragio, huã noite e hum dia cftive no abifmo.
2Ó" Em viagens muitas vezes, em perigos dc rios, em perigos de
ladroes, em perigos dos da [minha} naçaó, cm perigos dos gentios,
em perigos nas çidades, em perigos no deférto, em perigos no már,
em perigos entre falíòs irmãos:
27 Em trabalho e fadiga, em vigilias muitas vezes, em fome e em
fede, em jejuns muitas vezes, cm frio e nudza.
28 Alem das couíàs de fóra, me combate cadadia o cuidado de
todas as Igrejas.
29 Quem enfraqueçe , que eu tambem naó enfraqueça ? Quem
fe efcandaliza, que eu mc naó queime ?
3 o Se convém gloriarfc,das couíàs de minha fraqueza me gloriarei.
31 O Deus e Pae de noílò Senhor Jefu Chrifto, queetemamen-
tc hc bendito, fabe que naó minto.
3 2 Em Damafco guardava J o Capitaõ de cl Rey Aretas a cidade
dos Damafcenos, pera rrie prender:
3 3 E em hum çefto fui deçido do muro por huá janclla: E aíli
me efcapei de fuas maõs.

Ccc
388 II. EPISTOLA DE S. PAULO
s Capitulo XII.
i 0 Apoflolo conta que foi arrebatado ate o terceiro Ceo, e ouvio palavras inenarra-
vete. 7 £ porque naõfe levantaffe , Ibe foi dado bum Anjo de fatanas pera abofe.
tear o. 8 Contra quem tres vex.es orou, e cobrou repojta que a graca de Deus
Ibe baftajjl. Portanto, antes fe gloria cm fraquexae humildade, n Excuíd Ce
de gloriar das veras marcas de feu Apoflolado. 13 Entre ellcs cumpridas. 14 Pro-
tefta que a terceira vex. vira a elles fem os ferpefado. 16 Como outros deft envia­
dos, nem 0 Tito, osnaò agravaraô. 20 Avifa pera emendar, antes de fua vinda
as pendências , foberbas , fornicapoés, por naõ fer necefitado de eefar 0 poder Auò-
flolico contra taes. J r p

i P m verdade que mc naõ convcm gloriar: Porque virei ásvifoens


c revclaçoens do Snor. '
2 Conheço hum homem cm Chrifto', que antes dc catorze an­
nos ( fe [fucedeo] no corpo , naó o fei: Se fora do corpo, naõ o fei:
Deus o íabc) foi arrebatado até o terçciro Ceo.
3 E conheço tal homem (íè no corpo, ou fora do corpo, [7^.
c/eoj naõ o fei: Deus o íãbc.) L
nOu,$ecre- 4 í'oi arrebatado a o parayfo, eouvio palavras»inenarráveis, as
tas. quaes a o homem naõ hc liçito exprimir. ,>
,n , 5 Pe hum tal me gloriarei cu, mas de my mefmo naõmc gloriai
1C1 ’ fCna° em minhas b fraquezas.
' .6 Porqnc fc gloriar me quiíèr, naõ ferei imprudente: Porque dí-
5 161 a verdade: Porem deixo o, porque ninguém c me eftimemaisdo
f ° 9“ ouvi.
que Joumais, 7 & poique mc naõ levantafle por cauíà da cxçclençia das rcve-
do que. laçoes, me foi poíta huã cípinha na carne, [a faber] hum Aniode
íàtanas, pera me abofetear, peraque me naõ levantafle. J
8 Sobre o quc tres vezes orei a o Senhor, que de mim fe apar-
tafle.
9 Mas diflè mc , minha graça te bafta: Porque minha potência
na fraqueza, fc cumpre. Afli que de melhormente .me gloriarei antes
cm minhas fraquezas, peraque a potençiadeChrifto em myhabite.
2-°, i Portiinto tcnh° prazer nas fraquezas, nas injurias , nas nc-
cs’ nas períeguiçoés, nas anguftiás por amor de Chrifto:
P° cme quando cítóu fraco, entonçes Íou poderofo.
an. 11 mPl'l‘dentc fui cm mc gloriar: vos me conftrangeftes: quede
’ ' ' -vosoutios avia eu dc ícr louvado, pois em
o, pois nenhuá couíã
em dd nenhuá coufa fui
fui menos
menos
que os mais exçclentcs Apoftolos, ainda que nada fou.
12 Certo
A OS CORINTHIOS. Cap. XII. 589
1 z Çerto moftradas fóraõ entre vosoutros com toA paçicnçia as
marcas de hum Apoftolo com finacs, maravilhas, c virtudes.
1 3 Porque em que fortes vosoutros menos, que as outras Igrejas,
fenaó em que cu mefmo vos naó tenho fido carga , perdoaime efte
agravo.
14 Vedes mc aqui cftóu preftes pera a tcrçeira vez vir a vosou­
tros, e naó vos ferei peíàdo : Porque naó bufeo e o voflò , fenaó acOu^r^
vos mefmos: Porque os filhos naó dobem de ajuntar thefouros pera<w'Aw-
os paes, ícnaó os paes pera os filhos.
15 É quanto a my, de boniflimamente f gaftarei, e g gaftar mefou,
deixarci por voflãs almas , ainda que amando vos mais, feja amado?*«rfw«.
menos. ^^nd‘do‘
16 Porem íeja afli, naõ vos tenho h agravado: Mascomocraaftu-jjo^Crtrre-
to, tomei vos por engano. ' gadòw/idi»
17 Porventura * aprovèiteime dc vos, por algum dos que vos cn-f

18 A Tito roguei, e com elle a o irmaó mandei; porventura a-*"™™*


proveitoufe Tito dc vos? Naõ andamos cm o mefmo efpirito? E em mento.
as meímas piíãdas?
19 Ou cuidaes outra vez, que com voíco nosk difculpamos?Pe-kOu, E[at-
rante Deus cm Chrifto falíamos: Porem tudo, ó amados pera voílà/4'"^
cdificaçaõ.
20 Porque arrcçco que quando vier, vos naó achetaes quaes eu
quifera: E ] eu de vos achado feja tal qual vosoutros naõ qui-
íercis: E que em alguã maneira naõ \_aja entre ^wjpendençias, en-
vejas, iras, porfias, detraçoés, murmurações, foberbas, deíordcns,
e íediçoes:
ii Porque quando tomar, naó me humilhe mcu Deus pera com
voíco, e çhore por muitos dos que d’antcs pecáraõ, e ainda naó íè
emmendáraõ da immundiçia e fomicaçaõ, c deshoneftidade que
cometerão.

Ccc a C A«
«
3S>o II. EPISTOLA DE S. PAULO
à Capitulo XIII.
’ ?>■«*/?* que avia de vir pera fem dilatafaò caftigar es obreiros dospre-
cedentes pe„d„ MÕ ,^endadoh ? £ ]lle d( c/ ?
elle. fdmoefta os de fe examinar, fe eCbri]h era em elles. Defeia aue com
^i^Perm ev'ta^erm * 9 fdeclara que entonçes fobre elles tomara gozo,
tora A Wlr '1'" f'u/9ller he t” edificapaÕ, e naõ por deftruipaõ. n Amoefta os
11 E cenclui comacojlumada faudaçaó. 13 £ oracaõ pera
fem Deus Pae, Filbo > 0 Efpirito fanelo. ’ *

> Ou, Sera


confirmada,
’ E? ja pcln terfe,ira vez vcnho a noutros : Em boca dc
ou trcs. teftemunhas«confiftirá toda palavra.
QUfirme. * Ja dantes tenho dito, e o torno a dizer a fegunda vez como pre-
fcnte, e agora auíentc o eferevo a os que d’ant« pecáraó, e atSos
os de mais: que fe outra vez venho, naõ f/AwJ perdoarei.
3 Pois buícaes a expenençia dc Chnfto que em mv falia
o qual para com vofco naó hc fraco, antes he poderoíò em
vosoutros. h^uwoio em
4 Porque ainda que por fraqueza foi cruçificado, com tudo vive
peto potenpa de Deus: Porque tambe nos n’elle fomos fracos, porem
£ e vlvucmos pela potençia de Deus em vosoutros.
mefmosaOnnJ°S 3 V°S íncfm°S ’ fc cílae's na fé : ^evos a vos
™ Z? Ç - K V0S conhcfC1S a vos mefmos, que Jeíu Chrifto eftá
vos. Senão he queja cm alguã maneira fejaes reprovados.
n fx<as j Pero 9ue conhecereis que nos naó íòmos reprovados,
nnrnwi <* r-ejO de Ueus que naó fàçaes nenhum mal:Naó peraque
aprovados fejamos achados\ mas pemque fàçaes o que he bem
nos fejamos como reprovados. n ’ e
d^Porque nada podemos contra a verdade, fenaó pola ver-

bOu,Per- tPÇ? m°'S n°S &o^^.os de 9ue Icjamos fracos, edeque vos fejaes for-
feiçaõ. cs-líto porem defejamos, vollo inteiro b cumprimento. J
naõ Zq. rn° C r °11 aufcntc; Paraque quando prefente cftiver,
para r ifí r,?.or ’ ^gundo a poteftade que o Senhor me tem dado
p \ I N CaFa° ’ •C naÓ P?ra deftrui'çaõ.
dos, fede tdc.maij’ Irmaós, gozaevos, fede perfeitos, fcdeconíõla-
charidade Z T dc Çoníentimento, vivei em paz, e o Deusde
i
ç ’ 1 QC Paz» *cra coln vofco.
ótos vos faúdmS hUnS 3 °S °UUos com fanóho bcjo' Todos os fan'

13 A
A OS G A L A T A S. Cap. I. 391
13 A graça do Senhor Jeíu Chrifto, e a charidadeÇe Deus, ca
comunicaçaó do Eípirito fanéto, feja com,todos vosoutros. Amen.
A fegunda [ Carta ] a os Corinthios foi eferita dc Phclippis , cm Macedonia,
[ 1 enviada ] por Tito c Lucat

Fim da fegunda Fpifiola (Po ^ípojlolo S. Paulo a os Corinthios.

E P I S T O L A
D O
APOSTOLO S. PAULO
AOS
G A L A T A S.
Capitulo I.
l Despois do fobreferito. 3 Coftumada faudaçaõ. 4E agradecimento a Deus. 6 0 Apo-
ftolo redargui a Igreja da Galatia por via que tam de preffa defviaraò da doutrinei
Apoftelica. 7 Que naõ pode eftar outra doutrina pera falvaçaõ. 8 Seja que hum
■Anjo a pregava. 10 A doutrina qual elle pregou, aprendes do Senhor Chrifto, o
naõ dos homens. 1 3 A qual prova da fua primeira convorfapaõ e zelo em "judaif-
mo. tpEdo feu maravilhofo arrependimento e vocafaõ pera tApoftolado. 17 B
fendo chamado , acerca da doutrina com outros Apoftolot naõ faliou > 'antes que fc
foi a Arabia. 18 Paffados tres annos de feu minifterio , vio fomente a Pedro e a
l "Jacobo. xi Defpois hia nas partes de Spria e de Cilicia, e que naõ era conhecido de
viflo nas Igrejas de "Judea.

i TFX aulo Apoftolo [chamado^ na° dos homens, nem por ho-
IJ mc, mas por Jelú Chrifto, c por Deus o Pac, que dos mor-
tos o refuíçitou.
2 E todos os irmaós que comigo eftám, ás Igrejas de Galacia.
3 Graça tenhaes c paz dc Deus o Pae , e de noflò Senhor [e-
íu Chrifto:
4 O <jual fe deu a fimeímo por noflòs pecados, pera nos ti­
rar d’efte prefente mao mundo, fegundo a vontade de noflò Deus
c Pac.
' Ccc 3 5 A
32Z EPISTOLA DE S. PAULO
aOu,Por «- $ A o qu?l,fcja á gloriaa para todo íèmpre. Amen. '
d2 ZZiZ 6 MíU’aviV<tode q^e tam prcfto vos ajaes trafpaílàdo do
todos os agraÇa dc Çhriíto vos tinha chamado, a outro Euangelho.
los dosjecu- 7 *■01 que naó ha outro, fenaó que ha alguns que vos definquic-
los. tam, c querem traílornar o Euangelho dc Chriíto.

b Ou.Exe- outro Euangelho alem do que ja vos temos anunciado , feia b mal-
cravejou, Jito * 7 J
anathemis. Como d’antes temos dito, torno tambem agora a dizer, fe al­
guem vos anunçiar outro Euangelho alem do quc ja tendes reçebido,
leja maldito. *
10 c PrcS° P°is e? aSora * homens, ou a Deus ? Ou procurò
raaosbo. comprazer a os homes ? porque fc ainda comprazera a os homens.
.............
mtns^oua nao íena Cn,-<T
fervo Ja Chriíto.
n de í^k<MÍl-zx ■ *
... • - >
Dtus. 11 Mas faço vos faber , irmaós, que o Euangelho quc por mim
vos foi anunçiado, naó hc fegundo o homem.
12 Porque naó o rcçcbi, nem aprendi dc algum -homem, fenaõ
por revelaçaõ dc jcftf Chriífo. ■ ■ '
13 Porque ja tendes ouvido qual foi minha convcríãçaõ no tem­
po paílàdo em o Judaiíino: Que íòbre maneira períèguia a Igrcia de
Deus, e a deílruhia. & b J
14 E [ que ] levava ventagem no Judaifmo a muitos da minha
idade cm minha naçaõ : Sendo o mais fervoroíò zelador das tradi­
ções dc meus paes.
15 Mas quando Deus foi fervido, ( apartándome deído ventre dc
minha may, c chamandomc por íua graça.)
16 Dc em my revelar a fcu Filho , peraque cntr,c os gentios o
cuangclizaílci, naõ tomei logo confelho com carne, e langue-
17 Nem tomei a Jerufalem a os que antes de my ja érao Apoíto-
los: Antes me fui a Arábia, c tornei outra vez a Damafco. *
18 Defpois paífados tres annos, torneia Jerufalem a vera Pedro:
e fiquei com elle quinze dias.
dOu, Ktn- I9 E naõ via npnlmm A__r._________ s . t___ t._

23 Mas
A OS G A L A T A S: Cap. 1I.
23 Mas fomente [de mf\ tinham ouvido: Que o qucQcmpo paflib
HAQ perfeguia, anunçia rtrrAV.1
do nos agora a £< ___ ____
fé, que _ deftruhia.
d’antcs 1/1 \ * 4
24 Por onde a Deus em my glorificavaõ.

Capitulo II.

1 De come o Jpoflolo acerca da fua doutrina tratou com ós principaes Jpefíolos •/„-
cobo, Pedro, e Joaó , e que a em todas as. partes aprol/araÒ. 2 0 Tito tiaõ foi
confrangido a circuncidar fe. 7 Os Apoftolos em final da uniaõna doutrina de-
/ ffw<’ "mpanbia. 9 Peraque ellesfojfem a

1 Efpois, paflàdos catoríè annos, lõbi outra vez a Jeruíàlem com


Barnabas, tomando tambem comigo a Tito.
2. E íõbi por fevelaçaõ, e conferi com clles o Euangelho que en­
tre as gentes prego , e particularmente com os que eftávaõ em efti­
ma: peraque em alguã maneira naó correflé , ou tiveflè corrido cm
vaõ.
3 Põrem tambem nem ainda Tito que comigo eftáva, fendo Gre­
go, foi conftrangido a çircunçidaríê.
4 E [ifto] Por caufa dos fàHõs irmaõs, que fecretamcnte fe en
trávaõ a eípiar noflà liberdade , que cm Chrifto Jefus temos noí
nos porem cm feryidam. ’
ncXnÓA08 qu^ n?vinda Por hua hora çedemos fugeitandonos,
P JJ verdade do Euangelho permancçcflè-cm vosoutros.
* d aflueflcs-ciue eraó eftimados de.íêr alguã couíà , quaes an­
tes ajam lido, nao fe mc dá ; Deus náõ aceita aparência de peílòas;
porque os que eftávaõ em eftima, naõ me ’ deraõ nada demais.3 °»iTrou
7 Antes a o contrario, como viraõ que o Euangelho do prepu xeraS'
çio mc b cftava confiado, como a Pedro o da çircunçifam • r "b Ou, £«-
8 (Porque 0 que por Pedro com. cfficáçia obrou no APõftoladod/‘,WíJ‘’^"
$ircun$iíàm , efle obrou tambem com cfficáçia por mim entre as

5> E como Jacobo, e Cephas, e JoaÕ (que eraó eftimad™

10 So-
394 EPISTOLA DE S. PAULO
10 Som^te que tiveflêmos lembrança dos pobres: o que tambem
fiz com cuidado.
11 Porem vindo Pedro a Antiochia , lhe refifti cm a caía, por
c Ou quanto cra para e rcprehender.
ceiidénar. i 2 Porque antes que vicílèm alguns de parte de Jacobo , comia
com as gentes: Mas como vicraó, [Je J retirou , c d’cllcs fc apar­
tou, temendo a os que eraó da çircunçiíam.
13 E tambem os outros Judeos fimulavaó com clle , de maneira
que até Barnabas fe deixava levar de fua fimulaçaô.
14 Mas quando vi que naó andávaõ bem e direitamente confor­
me á verdade do Euangelho , dille diante de todos a Pedro: Se tu,
que es Judeo, vives como Gentio, e naócomo Judeo, porquecon-
ítranges as gentes a judaizar?
15 Nos (Jomos j Judeos naturacs , c naõ pecadores d’as gentes:
16 Sabendo que o homem naó he juftificado pelas obras da Ley,
fenaó pela fé de Jefu Chrifto; tambem temos crido emChrifto, pe­
raque foílèmos juftificados pela fé de Chrifto , e naõ pelas obras da
Ley : porquanto nenhuá carne ferá juftificada pelas obras da
Ley.
dOu,5«r- 17. fc nos
17- Mas ie nos“d pi
procurando fcr juftificados cm Chrifto , fomos
tnndo. ;achados *pecadores, he por iílò Chrifto miniftro de pecado ?e em
cOu,r«l nenhuá maneira.
rnto actnte-
ça, ou livre, 18 Porque fc as couíãs que deftrui, as meímas tornoa edificar, a
fíts Dm. my mcfmo mc conftituo por tranígreílòr.
19 Porque pela Ley cftdu morto á Ley, peraque viva para
Deus.
20 Com Chrifto eftóu juntamente crucificado, e vivo, naõ mais
eu, mas Chrifto vive em mim: E o que agora na carne vivo, pela
fé do Filho de Deus o vivo, o qual me amou, e fc deu a fimeímo
por my.
ÍOu.d«/&- 21 Naõ {annulo a graça de Deus : porque fc ajuftiça fofic pela
fe, ou «te,. Ley, logo de balde fena Chrifto morto.
r- ’

Ca-
A OS GA LATAS. Cap. III. 395
f. ,
Capitulo III.
< Defpois da afpera reprençaÕ, prava q'te o homem naõ fe jttflifica pelas obras da Ley
Fenaó pelafi de frfa Cbriflo. 1 Porquanto elles mejmos expermentaraÕ qtte recebe­
rão o Efpinto, nao pelas obras da Ley , fenaõ pela fi. 6 O qtte proba tambem peb
exemplo de Abraham pae dos fieis. io E pelas claras teflemnnbas da S. Eferitura.
,, /rr.aefla que o Chriflo tios refgatou da maldiçaõ da Lty, e alcançou a bençaõ.
J Pela ifl.t doutrina nem a Ley fe desfat, pera invalidar a promejfa de Desce.
ío Antes que a Ley nos moflra o pecado. 24 E como nofib ayonos leva «Cbriflo. •
25- Despois enfina em como a Ley de Moyjes be desfeita por Cbrtffo. 18 Sem dife­
rença da naçaõ. íçf Porquanto todos jaõ femente de Abraham.

i Gaiatas fem fifo 1 quem vos enfeitiçou pera naó obcdcçcr á


^verdade, a os quaes Jefu Chrifto ja foi retratado diante dosol-
hos, fendo entre vosoutros cruçificado.
a Ifto fó de fos quifera faber; rcçcbeftcs o Eípirito pelas obras da
Ley, ou pela pregaçaõ da fc?
i Tam parvo-os íòis, que avendo começado pelo Efpirito, ‘aca-^Ou,^
^4 TantoPcm vl? tendes padcçido? Se he que tambem hc cm vao.^-
/ Logo o quc vos dá o Efpirito, c as virtudes entre vos obra, [fa.
/<□ pelas obras da Ley, òu pela pregaçaõ da fé?
6 Como Abraham, quc creu a Deus, efoilhe contado por juftiça.
7 Sabeis pois quc os quc fam da fc, fam filhosdc Abraham.
8 E vendo a Eferitura dantes, que Deus pela fé avia de juftificar
as gentes, euangclizou d5antcs a Abranam, £ cliz.eneloy I odas as gentes
feráõ benditas em ty. ,<toS
9 Logo esquefaó da fc,AfcbcndÍMMl com o crcente Abraham. i1
ío Porque todos os que fam áas obras da Ley, cftám debai­
xo dc maldiçaõ; porque eícrito eftá : Maldito todo aquelle que
naó pcrmancçér cm todas as couíãs que cftám eferitas no livro da Ley,
pera as fazer.
11 Mas quc pela Ley ninguém fc juftifica açerca de Deus, fica
claro, que o jufto vivirá pela fe.
12 Porem a Ley naó hc da fc:Mas o homem que ditas coufas fi­
zer, por ellcs vivirá.
i; Chrifto nos refgatou da maldiçaõ da Ley , quando ;por .
nos foi feito maldiçaõ:(porque eferito eftá: Maldito todo aquclle que
cm o madeiro for dependurado. )
14 Peraque a bençaó de Abraham a as gentes viefle cm Chrifto Jefu
Q3 peraque [nos Jpclã fc rcçebamos a promeífa do Efpirito.

X
39<5 EPISTOLA DE S. PAULO
i $ Irmíçv?, ( como homem fallo ) ate o concerto confirmado de
hum homem, nmgucm o desfaz, ou lhe acrcçénta.
1 <j A Abraham foraó ditas as promeflàs, e a fua íèmente. Naõ
diz: E a fuas fomentes, como dc muitos: Scnaõ como de hum: E a
tua ícmentc, aqual he Chrifto.
17 Ifto pois digo, que o conjcrto d’antcs confirmado de Deus pe­
ra com Chrifto, a Ley que veio quatrocentos e trinta annos despois,
naó o desfaz pera invalidar a promeflà.
18 Porque fe a herança hc pela Ley, ja naõ he mais pela promeflà:
porem Deus pela promeflà gratioíàmente deo a Abraham.
19 Dc que ferve logo a Ley ? alem cfiflò foi pofta por caufa das
tranfcreflòcs, (até que vieífe a fcmente, a quem a promeflà foi fei-
b Ou >Oriie- ta) “ entregada pelos Anjos, em a maó do Mediador.
.
fiada. 20 Ora o Mediador naõ he [ Mediador J de.ftum : Mas Deus
jj,e hum.
21 He logo a Ley contra as prorneflãs de Dcusíem nenhuá ma­
neira, porque fe k*a Ley fora dada^à podér«^aw»M«, fora a ju­
ftiça verdadeiramente pela Ley.
2 2 Mas a Efcritura ençcrrou tudo debaixo de pecado , peraque a
cOa,fieif. promeflà foflè diída a osc creentcs, pela fé de Jeíu Chrifto.
2 7 Porem antes que vicflè a fc , eftavamos guardados debaixo da
Ley, ençerrados pera aquella fé que avia de for defeubérta.
d Ou,Ptr<i 24 De maneira que a Ley foi noflò ayod pera Chrifto , peraque
[„«j leva­
ra.-} pela fé foflèmos juftificados.
2 5 Mas vinda a fé, ja naó cftamos debaixo dc ayo.
2(5 Porque todos fois filhos dc Deus pela fé em Chrifto Jeíu.
27 Porque todos os que foftes bautizados em Chrifto, deChrifto
cftaes veftidos.
28 Naó ha n’ifto Judco nem Grego, naó ha n’ifto íèrvo nem li­
vre , naó ha n’ifto maçho e femea: porque todos vosoutros fois hum
cm Chrifto Jefu. j
29 E fc vosoutros fois de Chrifto, foi^pS a fcmente dc Abraham,
c conforme á promeflà, os herdeiros.

Ca-
AOS Ç AL AT AS. Cap. IV. 397
Capitulo IV.

i Que a Ley efíivc noffo ayt , prova o com huma comparaçaÕ dos meninos que eflaõ
debaixo de tutores. 4 £ prntefla que pola vinda de Filho de Deus na carne Jomos
liverados da fervidaò ja Ley. 6 E fendo nos filhos de Deus, podemos nos poffmr
noflà própria herança. 8 Reprende os Gaiatas , que fendo convertidos da sdolatria
dos ventios , tornavaõ a a fervidaõ das ccremoniaí exteriores. 11 Jmoefla qrieper-
feverajfcm no Zelo e boa incliteaçaõ para com elle. 17 dvifa os do Zelados
falfos doutores. ii Prova que p< la Ley naõ podenios fer jujlfficados. 18 EnJ-.naqtie
pela promejfa do Euangelho alcdnfamos a herança , como 0 Ijasc. 30 £ qne. osqtee
pela Ley bufeaõ a falvaçaõ ,'naõ ferai herdeiros, como 0 Ifmaél.

1 TVfrts^S°’ que entretanto que o herdeiro he menino, em nada


differe do iervo, aindaque de tudo he Senhor.
2 Mas eftá debaixo de tutores c procuradores até o tempo pelo
Pac aflinalado. , f
3 Afli tambem nosoutros : quando éramos meninos , ciamos cr-
vos debaixo de rudimentos do mundo. r vi
4 Mas vindo o cumprimento do tempo , enviou Deus a leu pil­
ho, feito dc mulher, J feito fugeito a a Ley.
5 Peraque reígataflè a os que eftávaõ debaixo da Ley: e J pera­
que reçebcflcmos a adopçaó dc filhos.
6 E por refaõ que íois filhos, enviou Deus o Eípirito de fcuFil-
ho, em voflòs coraçoés, o quala brada |Abba,Pae; aOu.CMmí
7 Afli que janaõ és mais íervo, fenaó filho :Efc és filho, tambem
íõis herdeiro de Deus por Chrifto.
8 Antes quando cm outro tempo naõ conheçieis a Deus, fervíeis
a os oue dc natureza naó íàm Deufes.
9 Mas agora, pois a Deus tendes conheçido, ou antes foíles con-
heçidos dc Deus, como de novo vos tornacs a os fracos c pobiesru­
dimentos, a os quaes outra vez dc novo quereis íèrvir?
10 Guardaes dias, c mefes, e tempos, e annos.
11 Arreçeio dc vosoutros que em vaõ ftn vos naó aja trabalhado.
12 Sede como eu: porque tambem eu fou como vosoutros, irmaós,
rógo vos: Nenhum agravo mc tendes feito.
13 Que vosoutros labeis que com fraqueza de carne vos anunçiei
o Euangelho a o prinçipio.
14 E naó engeitaftes nem dcfprezaftcs minha tentaçaõ, quc[p*/'-
fava'] em minha carne : Antes mc reçebcftcs como a hum Anjodc
Deus, M como a o meímo Jcfu Chrifto.
Ddd 2 15 Qual
398 EPISTOLA DE S. PAULO
bOu.ote- 15 Qual ej;a logo b a voflã beatificaçaõ ? porque eu vos dou te-
ftimunho, q-ic fcpoflivel fora, voílòs olhos tiráreis pera mós dãr.
'Jenínr‘in(â 16 F’z me logo voflò inimigo, dizendovos a verdade?
cOu,zelos. 17 Tem c çiumcs de vosoutros, £ mas J naó cm boa maneira:
Antes nos querem lançar fóra, peraque vos os zeleis a elles.
18 Bom he fer zelolos, [mas] íempre em bem: Enaó íoquan­
do com voíco eftóu prefente. •
19 Mcus.filhinhos , outra vez de vosoutros torno a eftdr de par­
to , até que Chrifto íèja formado em vos.
2 o Bem queria eu citar agora com voíco, e mudãr minha voz: por-
Ou.D? vos. quc J quanto a vos, cítdu duvidoíò.
21 Dizeime, os que quereis eítár debaixo da Ley ; naõ ouveis a
Ley?
2 2 Porque eícrito eftá, que Abraham teve dous filhos, hum da
ferva, c outro da livre. z
23 Mas o quc era da íèrva, naçeo fegundo a carne: E o qucera
da livre, pola promeflà.
cfhi.por * jq. As quaescoufas fe dizem por « allcgoria: porque dites fam os
‘<w7"’r‘If'M>dous conpcrtos: o hum do monte de Sina , que gera pera íervidam,
f,Z"- queheAgar.
2 5 Porque ifto [a faber] Agar hc Sina,' hum monte de Arabia, quc
correípondcaaqueagorahc Jerufalem; a qual ferve com íèus filhos.
26 Mas aquella Jeruíalcm que a riba cítá, he livre : aqual he a
maé de todos nosoutros.
17 Porque eícrito eftá : Alcgrate a eíleril que naõ páres : Esfór-
çate e bráda tu a quc ainda naõ cftiís dc parto : porque mais faõ os
filhos da deixada, quc da quc marido tem.
28 Afli quc irmaós, nosoutros, comolíàac, fomos filhos da pro­
meflà.
29 Porem como entonçes, o que era gerado fegundo acame, per-
feguia a o que [fora naciao] fegundo o efpirito, afli tambem agora.
30 Mas que diz a Efwitura ? Deita fora a criada , e a íèu filho,
porque de nenhuá maneira ferá o filho da criada herdeiro com o fil­
ho da livre.
31 Dc maneira, irmaós, quc naõ fomos filhos da criada, ícnaõ
qa livre.

Ca-
A OS G A L A T A S. Cap. V. 399
C A P I T U L O' V.

I 0 Apofolo avendo provado a liberdade dos Cbri/laõs, amoefla os Gaiatas , qutpcr-
manecejfcm ne/la liberdade; 1 D« outra maneira Chriflo os naõ aproveitara nada,
f E que naõ fe alcança a juflificaçaó fenaó pela fe, ejjicat pelas obras. 7 A dou­
trina dos falfos doutores, naó he de Deus, antes he como formento: e aquelles leva-
raó caftigo de Deus. 13 Amifltr nos ufar a liberdade Cbrijlai com amor de proxi­
mo, e fem contendo. 16 Amotjla os pera vencer a concupijceutia da carne pelo po- '
der do Efpirito. 19 Trata dosfruitos da carne. zz E do Ejpirito. 24. Moftrando
que os verdadeiros Chriflaõs vencem « carne pelo efpirito.

1 P Poís firmes na liberdade com que Chrifto nos libertóu: E


J--* naó tomeis a fer prefos com o jugo de fervidám. :
2 (Vedes aqui, cu Paulo , vos? digo , que fc vos çircunçidardes,
naó vos aproveitará Chrifto nada.
3 E outra vez torno a proteftar a todo homem que feçircunçidar,
que obrigado fica a cumprir toda a Ley. .
4 Vazios eftáes de Chrifto os que pela Ley £ quereis J fer juftifi­
cados , da graça tendes cahido.
5 Porque eíperamos pelo eípirito da fc a cíperança da juftiça.
6 Porque em Jefu Chrifto nem a çircunçiíàm tem alguã virtude,
nem o prepuçio: Scnaó a fé, que obra por charidade. '
7 Corríeis oem; quem vos embaraçou peraque naõ obedcçcílèis
á verdade ?
8 Naõ he éfta perfuaíam do que vos chama,
p Pouco formento leveda toda a maílà.
10 ‘Confio de vos em o Senhor, que nenhuá outra couíã lenti-
rcis :^Mas o que vos defenquieta , levará o juizo , a qucmqucr que a Ou, seja
11 Quanto a my, irmaõs, fe ainda prego a çircunçiíàm, porque ‘l,,ert,teftr'
logo padéço perfeguiçaõ ? annulado he logo o cfcándaío da cruz.
12 Oxala' tambem cortados foflêm os que vos alvordçaó.
13 Porque vosoutros irmaõs, à liberdade foftes chamados: So­
mente naó uícis á liberdade por ocaíiaó á carne, porem por carida­
de vos firvacs huns a os outros.
14 Porque toda a Ley n’hua palavra fe cumpre; [ a faber J n’c-
fta, amarás a teu proximo como a ty meímo.
1 $ E fc huns a os outros vos mordeis, e vos comeis, olhae que
tambem huns a os outros vos naó coníumaes.
16 E digo, andac em Eípirito: E naó façaes oqueacarnedefeja.
Ddd j . 37 P01- f
400 EPISTOLA D E ;S. PAULO
17 Porqrrç a carne cobiça contra o Efpirito, e oEípirito contra
a carne: E Õftas couíãs fc opoém hua á outra ; afli quc naõ façaes
o que quiídrdcs.
ib E fc pelo Eípirito fois guiados, naõ efta'es debaixo da Ley.
. 19 Porque manifcftas fam as obras da carne , quc fam adultério,
bOu, Lu­ fornicação, immundiçia,1» diflòluçaõ.
xuria. 20 idolatrias, feitiçarias, inimizades, demandas, c zelos, iras,
c Ou, Ciit- contendas, diflençoés, heregiãs,
meS. 21 Envcjas, homiçidios, d bcbédiçes, banquetariás, c coufasfe­
dOu. Borra-
cbices.' melhantes a éftasidas quaes vós dcnunçio', como ja vos tenho denun-
çiado, que os que-taes couíãs fãzcm, naõ herdarão o Reyno dcÓeus.
cOu, Sofri-, 22 Mas o fruito do Eípirito hc charidade,gozzo, pãze tolcfançia,
mento, ou benignidade,bondade , fc, manfidam, tcmperãnça.
frtcienaa. Contra os taes naó ha Ley,
24 Porque os que fam de Chrifto , çruçificáraõ a carne com ícus
affectos c concupiícénçias.
25 Se em Efpirito vivemos, andemos tambem cm eípirito.
26 Naõ fejamos cobiçoíõs de vaã gloria, irritando huns a òs oú->
tros , envejando huns a os outros.

Capitulo VI.

i Amocjla 0 Apoflolo os Gaiatas pera differentes virtudes Cbriflaãs , a faber , manji-


daô em redarguir. 1 Paciência de buns com os outros, 3 Humil fentido de Jitnef-
mo. 6 Suplente dos pregadores, -j Que bem veremos 0 tjue fenteamos. 9 Pera li­
beralidade pera com os pobres, principalmetite os fieis. 11 Conclui a carta. 11 A-
moefia os dos falfos Apofiolos, cuja ambipaõ e hypecrifia defereve. 14 • propoittt
feu proprio exemplo. 1 $ Enfina brevemente na fitai canja confifte a verdadeira
Chriflaudade , e fitai efperanpa a tem. 17 Amoe/la qtte por diante ninguém íbt
molejafie. 18 Acaba com a foida faudaçaô.

, - A*
1 T rmaõs, fe tambem algum homem for fobreíòlteado de algúã
falta, vos quc fois efpirituaes, reftaurae a o tal com eípiritodc
manfidaó, coníidcrando te a ty mcfmo, porque tambem naõ fejas
atentado.
2 Lcvae os huns as cargas dos outros: E cumpri afli a Ley dc
Chrifto.
3 Porque fe algum cftima dc fcr alguãcoufa, naõíèndo náda, ’ a
íi mcfmo !<■ engana no animo.
4 Mas cadahum examine fua obra, e entonçes terá gloria cm fi-
mcfmo, c naõ, cm outrem.
5 Porque
A OS GALATAS. Cap. VI. 401
5 Porque cadaqual levará fua própria cárga. ...
6 E o que na palavra he a inftruido, de rodos [/í«A/bcns com-aQ A
xnunique com aquelle que [V] inftrue. . fiada »a pala.
j Naó wa erreis: Deusnaó fc deixa efcarneçér : porque tudo ovraffaça
que o homem femcar,.iflò tambem fegará. participante
8 Porque o que em fua carne íèmca, da carne fegará corrupçáõ
porem o que em o Eípirito femea, doEfpirito fegará a vida eterna. ttnjin£
Ora naõ nos canícmos em bem fazer, porque a feu tempo fc-
gáremos, fc defmaiado naó ouvermos.’
10 Afli que entre tanto que tempo temos, façamos bem a todos:
porem prinçipalmente a os aoméfticos da fé.
11 Olhae que b ldrga cárta de minha maó vos eícrévi. bOu,Gr<«».
12 Todos os que em a carne boa apardnçiamoftrarqudrcm, eftes
a çircunçidarvos , vos conftrangem : por fomente naõ padcçcrcm a
perfeguiçaõ por cauíà da Cruz de Chrifto.
12 Porque nem ainda os mefmos que íè çircunçidaõ guardam a
Ley: Mas querem que vosoutros vos çircunçideis, por cm voflà cai-
ne fe gloriarem. ,
14 Mas longe cfteja de my gloriarme, fenaó em a cruz de noílo
Senhor Jeíu Chrifto , pelo qual o mundo me he cruçificado a my,
c eu a o mundo. ' . z .
’ 15 Porque cm Jeíu Chrifto , nem a çircunçifaõ tem alguã virtu­
de, nem o prepuçio, fenaó a nova criatura.
16 E todos quantos conforme a efta régra andárc , paz e miferi- ’
cordia [ fera] fobre elles, e fobre 0 Ifrael de^Dcus.
17 c D’aqui por diante ninguém me d dê moléftia. : porque eme Ou> Rw7‘»
meu corpo trago as marcando Senhor Jefus. ^o‘u> Mefc-
_ A graça dé noflò Senhor Jeíu Chrifto feja, irmaós, comvoC-jaenfadonho,.
ío efpirito. Amen. oumolejlo.

Efcrita dc Roma a os Gaiatas.

Fim da Epijlola <Po dpojMo S, Paulo a os Gaiatas.

EPIS-
401. EPISTOLA DE S, PAULO
-s£ P I S T O L A
D 0

APOSTOLO S. PÀULO
AOS
E P H E S I o s.
C A P I.T V L O I.

i Defpois tio coflttmttdo fobrefcrito. $ Da graçM a Detes por toda bendiçaò efpiritual,
cam qual nos fomos benditos em Cbriflo. 4 X faber, que antes da fundapaò do
mundo nellefomos elevidos. 7 Que no Cbriflofomos ordenados pela adopçaò em
filbos. 7 Que por feu Jangue fomos reconciliados com Deus. 8 Que pelo Euangelho
nos cbamou. 1 o Que todos efcolbidos por Cbriflo faò colligidos em bum, afi os qtte
nos Ceos, como os que na terra eflam. 13 Em quem tambem fao os Epbejios, quaeS
crem em Cbriflo , e per certepa d'ijfo alcanparaõ as arras do efpirito. 1 y Ora a
Deus que alumie 0 intendimento d'elles mais e mais. 19 E que pelo feu Efpirito
lhes fata fentir a virtude de fua obra neflas todas. xo X qual be a mefmo pela
qual refufçitou a Cbriflo dos mortos , e fat ajfentar a fua dextra, a Fera fer
cabeço da fua Igreja.

aulo Apoftolo dc Jeíu Chrifto pela vontade de Deus, a os


íànétos quc cftáó cmEphcíò, c Heis em JeíuChrifto,
1 Graça e paz tcnhacs dc Deus noflò pae, e do Senhor
Jefu Chrifto.
3 Bendito feja o Deus c Pae dc noflò Senhor Jefu Chrifto , b
qual nos bendifle com toda bendiçaõ efpiritual cm o Ceo c.m
• Chrifto.
, 4 Como nelle nos elegeo antes da fundaçaõ do inundo, peraque
fóflcmos íànétos c irrcprehcnlivcis diante d’cile em charidadc.
aOu,J««»« 5 E nos prcdeftinou pera 1 nos adoptár cm filhos por Jeíu Chrifto
fcSundo ° bencPlaS'to dc fua vontade.afi naSfe < ivei9
or^à / x. Pcra lcuvor da Sloria dc fua graça , pela qualAMN^K*
em o amado. b * 1
stgradavets. •
7 Em o qual temos redempçaó por ícu íàngue [_a faber,Jremií-
fun das ofleníàs pelas riquezas dc lua graça.
8 Com
çito; o qual ja d’antcs em íimcfmo tinha4 determinado : dOufzvm-
10 Pera cmadiípeníàçaõ do comprimento dos tempos cm Chrifto fiõ,
e reftaurar todas as couíàs, afli as que cftam cm os Ccos, como ascOu,s»>M-
que eftám em’ a tcifa. ""
11 Naquelle em quemf fomos feitos herança, avendo fido prede- You', Temes
ftinados confprme a o propofito d’aquellc que todas as couíàs faz íà-jirte’
gundo o confelho de íua vontade.
i z Peraque fejamos pera louvor de fua gloria , nos os primeiros
que em Chrifto avemos cfpcrado.
13 Em quem vos tambem ^rjfotfjdeípoisqucouviftcs a palavra da
verdade, faber~] o Euangelho de voflà íalvaçaó: Em quem tambem,
avendo cnd®,foftcs fclladoscom o Eípirito íànóto da promeflà.
14 O qual he g as arras dc noflà herança11 até \_alcançttr ] a rc-g Oa,open-
dcmçaõ, aequerida pera louvoi- de fua gloria. •’«»j
1 $ Poloque tendo ouvido eu tambem a fe, que no Senhor JefusnUu> Pilr*'
tendesc a charidade pera com todos os íànctos.
i(5 Naó çcflò de dár graças por vosoutros, tendo lembrança de
vos em minhas oraçoes.
17 Peraque o Deus dc noflò SenhorJefu Chrifto, o Pae da gloria,vos
dc o Efpirito de fabedoria, e de rcvelaçaó no feu conheçimcnto.
18 r A f*ber,~] illuminados olhos de voflò entendimento, pera­
que faibaes qual feja a cfperança de fua vocaçaó, e quaes as riquezas
da gloria de fua herança cm os fanétos.
19 E qual feja aquella fobreexçelcnte grandeza dc fua potência em
nosoutros, os que ja cremos fegundo a operaçáo da força dc fua po-
tençia.
20 Aqual em Chrifto obrou rcfuíçitando o dos moitos, c fazen-
do[oj aflçntaijafua'dcxti-aemosCeos. / i Ou.Miô
21 Muipsitói"tbdo prinçipado, epoteftade, c potençia, c íenho-direita.
rio, cátodo nome que íè nomea, naõ fomente néite k mundo, fenaókOu.Sw»/,.
tambem no que 1 ha dc vir. 1 Ou, rm-
22 E fugeitandolhe tambem todas as coufas dc baixo dc feus pees,/l<>uri>'
e dando o por cabeça fobre todas as coufas á Igreja.
23 Aqual hc feu corpo, [e] o m cumprimento daquelle que cm to-mou,EwW-
jdos cumpre todas as coufas.
encbtj$c.
Ece
404 EPISTOLA DE S. PAULO
Capitulo II.
i Peru moftrar a grandeza dos beneficias quaes Deus a nosfvE em tuffa regeneração,
conta o Jpoftolo o miferavel eftado do qual fomos livrados. 4 Declara que Deus
por fua pura graça, eftando nos ainda mortos em pecados, nos vivificou comChri.
fto, e nos pus em os Ceos com elle, 8 Que por ijfo fomos Jalvos. pelafè, e nao por
obras. 10 Mas que Jomos criados em Chrifto pera boas obras. 1,1 Enfina que os
gentios eftavaó fora de concerto de Deus, e fem efperança de falvaçaò. 13 Mas
agora foraõ participantes defta graça em Chrifto, 0 qual desjez 0 apartamento da
parede, ea Ley dos mandamentos em ordenanças. 17 Pela qual caufa juntamen­
te os gentios com ot Judeos jaò chamados pelo Euangelho , e por hum Efpirito tem
entrada a 0 Deus. 19 Por ifio conclue que juntamente faõ edificados Jobre 0 fun­
damento dos Prophetas e dos apoftolos, cuja pedra da ejquina he Chrifto. 21 Pera
templo e morada de Deus.

i 17 [juntamente vos vivificou ] eftando vosoutros ainda mortos em


•*-' voílòs deliótos c pecados.
a Em que d’antes andáftes conforme a o feculodc'fte mundo, con­
forme a o Prinçipe da poteftade do ár , do Eípirito que agora obra
cm os filhos da deíòbedieriçia.
3 Entre os quaes tambem nos d’antes converíavamos cm os deíè-
jos dc noflã carne , fazendo a vontade da cajnc e dos peníãmcntos,
e íèndo da natureza filhos de ira, como tambem os de mais.
4 Porem Deus, que he rico em mifericordía, por fua muitacha-
ridade , com que nos amóu.
5 Eftando nos ainda mortos cm a pecados, £ nos J deu vida junta­
mente com Chrifto, ( por graça foftes íãlvos.)
6 E juntamente f nos~] rcfuíçitou, e juntamente [nos J fez aflentar
cm os Ceos em Jeíu Chriíto.
7, Pera n’os feculos b quc aviaõ de vir moftrar as abundantes re-
quezas dc íua graça pela fua bondade pera com noíco em
Chrifto.
8 Porque por graça íòis íãlvos pela fé, e ifto naó de vos, domdc
Deus hc.
9 Naõ por obras, peraque ninguém íè glorie.
10 Porque feitura íua fomos, Criados em Jefu Chrifto pera boas
obras, as quaes Deus preparou peraque n’ellas andáílèmos.
11 Portanto tende lembrança dc que fendo vos o tempo paflãdo
gentios em a carne, c chamados preptíçiodosquc cm a carne íè cha-“
ma çircunçiíãm, quc com a maõ íc faz:
1 z E eftando n’aquellc tempo íèm Chrifto , alienados da rc-
A OS EPHESIOS. Cap. III. 40?
publica dc Ifraél, e eftrangeiros dos conçcrtos da prot^flà, femef-
perança, c femDeus em o mundo:
13 Mas agora em Chrifto JeCu , vos que o tempo paflàdo eftá-
veis longe, ja pelo fãngue de Chrifto vos tendes chegado perto.
14 Pois elle he noflã paz, que de ambos fez hum, eavendodes­
feito o apartamento da pardde.
15 Desfe em fua carne as inimizades [4 faber} a Ley dos man­
damentos, em ordenanças: pera criar cm fimcímo os dous em hum
novo homem, fazendo a paz.
16 E pela cruz reconçiliar com Deus a ambos cm hum corpo,
n’ella as inimizadese matado. cOu, De-
17 E vindo vós anunçiou polo Evangelho a paz a vosoutros os uan *'
que eftáveis longe, c a os quc eftavaó perto.
18 Porque por elle, ambos temos entrada por hum Eípirito a o
Pae.
19 Afli que ja naó íòis eftrangeiros nem forafteiros , fenaõ junta­
mente çidadaõs com os íànétos, c domefticos dc Deus.
20 Edificados fobre o fundamento dos Apoftolos , e dos Prophc- '
tas, dc quc Jefu Chrifto hc a fumma pedra da d cfquina. a ou d»
2t Em o qual todo edifiçiobcm ajuftado, vadcreçendo pera tem- cante’.
pio fanéto em o Senhor. f
22 Em quem tambem juntamente vos eftaes edificados pera mo­
rada de Deus cm eípirito. ,
<
C AP1TULO III.

remite eflava pre/o fervia da fuafirmem na doutrina de chamamentodos


em 3 Qual por efifecialrevelaçaõde Deus lhefei declarada. f A qual
firo do rfiS ^ec,*l°s ™ foi dada a entender em tal maneira. 7 Que foi pofto mini-
notificar Ua,lselh°. Per° anunciar efta doutrina entre os gentios. 1 o E pela Igreja
nnstribuhco ''‘''i” nt C,° a n,uIt'firme fabedoria de Deus. 1 3 Amoefta os qtte
17 Pera»,te cíL’?0 4efmafim- '+ Ora a Deus, que os maio c mais conforte,
bender a largur!° lZfi »rafaoés d'eUes. <8 E elles po(fa5 compre*
20 Condue iflo ' *mOr em Ciri/Í0'

‘ P“‘“>P^“rodeJefuChrifto, por
para coS™ fo.Zií * de Deus, quc
3 Eee 2 3 Que
406 EPISTOLA DE S. PAULO
3 Que ponçevelaçaó mc foi declarado ifto myftcrio, como dan­
tes em breve tenho efcrito.
4 Doquc ldndo podeis entender qual minha intelligençia feja cm
o myftcrio dc Chrifto:
5 O qual cm outros fcculos naó foi dádo a entender a os filhos
dos homens , como agora pelo Eípirito hc revelado a Ícus lànétos
Apoftolos, cProphetas.
6 [_j4 jaber: J Que as Gentes fam juntamente herdeiras, e cn-
corporadas, e confSrtcs de fua promeflà em Chrifto pelo Euan­
gelho.
7 Do qual cu fou feito miniftro pelo dom da graça de Deus, que
dado mc foi íegundo a operação de lua potençia.
8 A my, o menor de todos os fanétos, he dáda éfta graça para
entre as gentes anunciar pelo Euangelho a incomprehcnfivel riqueza
de Chrifto. .
9 E illuminar a todos [pera intender] qual feja a communiaõ do
myftcrio efeondido deíde Q tedos J os feculos cm Deus, que por Jeíu
Chrifto criou todas as couíàs.
10 Peraque pela Igreja feja agora notificada a os prinçipadosc po­
teftades em o Ceo a multiforme labedoria de Deus.
11 Conforme ó eterno propofito que fez em noflò Senhor Jcfu
Chrifto.
12 Em o qual temos ôuíãdia e entrada com confiança pela fé
n’elle.
13 Portanto rógo que naó defmaieis cm minhas tribulações por
vosoutros, que hc voílà gloria.
14 Por dita cauíà pónho meus juelhos ànte o Pac de noflò Sen­
horJeíu Chrifto:
15 Do qual todo o parentéfco he nomeado em os Ceos, ecm
a terra.
16 Que, conformeás riquezas de fua gloria, vos dé que com,po­
tençia ícjacs corroborados por feu Eípirito em o homem intepiorV. .*
17 Peraque por fc habite Chrifto cm voflòs coraçoens :
d» arraigados c fundados cm charidade.
18 Peraque pollàes finalmentc com todos os fanétos comprehen-
der qual Íeja a largura , e a longura , c a profundura, c a al­
tura :
ip E conheçcr a charidade dc Chrifto, aqual fobrepuja o 1 enten­
a O u,O»-
beãmtntf. dimento: peraque fejaes cheios dc todo enchimento dc Deus.
20 Ora
ÁOS E P H E S I O S. Cap. IV. 407
«
20 Ora a aquelle que he poderofo para tudo fazer lymaisabun-
âantemente do que pedimos, ou peníamos, íegundo a potençia que
em nosobrá:
21 A elle a gloria em a Igreja, por Jefu Chriftoem
todas as geraçõesb para todo fempre. Amcn.
Capitulo IV. ,t!'

1 0 dpoftolo tendo nas tres precedentes capítulos fummariamente propoflo a doutrina


do Euangelho ; amoefla agora os Gaiatas> peraque andem como he digne da vo-
caçaõ d’elles. 1 Exborta os por paciência no amor, j Pat e uniaõ. 7 Chrifto
fttbindo nos Ceos repartio diverfos dons. 1 1 E ordenou diverfos ojjicios. 11 Mas que
tudo ijjo avia de Jervir pera edificaçaõ da Igreja, e confervaçaõ contra todo enga­
no. 16 Toda efta virtude decen.le do Cbriflo como da cabeça nos todos membros
sq S.eqttetre que naõ andem como coftumavaõ , eftando ainda gentios. 11 Que
defpojem o velho homem. 1J E veftcm 0 novo, if Que deixem a mentira. zóQse
naõ fe ponha ofol fobre ira d'elles. 18 Que naõ furtem. 19 Fugiem palavras cor­
ruptas. 31 E toda jorte da màlicia. ;x Perdoando huns a.os outros, como Deus
em Chrifto nos perdoou.

1 T? «^govos pois, cu o preíò cm o o Senhor , que andeis como


he digno da vocaçam com que fois chamados:
2 Com toda humildade e manfidam: com paçiençia, fuportando-
vos huns a os outros em charidade :
2 Cuidaddíòs dc guardar a uniaó do Eípirito 4 pelo b vinculoa Ou, Em o.
da paz. . bOu.^M.
4 Hum corpo htf e hum Efpirito , como tambem fois chamados™'
a huã elpcrança de volfa vocaçaó.
5 Hum Senhor, huã fc, hum bantiftno.
6 Hum Deus e pac de todos, o qual hc fobre todos, c por todos,
C cm todos vosoutros.
7 Porem a cadahum de nosoutros he díúda a graça conforme á me­
dida do dom de Chrifto.
• 8 Poloque diz: Subindo a o alto levou cativa a catividadc, ca os
homens deu dons.
9 E iflò que fubio, que he , íênaõ que tambem avia primeiro de-
çendido em as mais baixas partes da terra?
Jo Aquelle que dcfcegdeQ. he o mefmo que tambem, para cum­
prir todas as coulas, nuqy «Aurtodos os çeos fubio.
11 E o mefmo deu huns para Apoftolos, e outros para Pro-
phetas, e outros para Euangcliftas, e outros para Paftores c Dou­
tores.
Eec 3 i2 Pa-
«oS 1 EPISTOLA DE S. PAULO
■cVajerfei- 11 Paraosjamprimento dos íànétos, paraaobra do minifterio, pa-
pò. ra a edificaçaõ do corpo de Chrifto.
15 Ate quc todos venhamos á unidade d’a fc, c d’o conhcç imen-
to do Fiiho de Deus a o homem perfeito , á medida da eftatura do
comprimento de Chrifto. A flutuantes
14 Paraque mais naõ fejamos mcninos^fBidsatów, e a o redor le­
vados com todo vento de doutrina pelo engano dos homes pela aftu-
pia, pera frauduloíamente enganai'.
15 Antes feguindo a verdade em charidade , vamos creçcndo cm
tudo n’aquellc que he a cabeça, [co»wm a JaberJ Chrifto.
i(> Do qual todo o corpo bem ajuftadp c ligado juntamente por
todas as conjunéturas dc alimento, Iegundo a operaçaõ de cada mem­
bro, conforme a Q/TmJ medida, vae tomando augmento de corpo,
edificandofc cm charidade.
17 Afli que ifto digo e requeiro n’o Snor , quc naó andeis mais
como as outras gentes, que ãndaó cm a vaydade de fcu animo.
18 Tendo o entendimento cntenebreçido , alhcyos da. vida dc
Deus pola ignorançia que n’clles ha, pola dureza de feu coraçaó.
■d Ou, L«- Os^qu^e^aycndo perdido o fentido , fe entregáraó â d diílòlu-
çaõ, pcraAiww0Íirnente toda immundiçia cometer.
20 Mas vosoutros naõ aprendeftes afli a Chrifto.
2 x Sc porem o tendes ouvido, e por ellc foftes cníinados, como
a verdade cm Jefus eftá.
2 - [ A faber, J que quantQ á paflàda converfaçaó deípojeis o vel­
ho homem, o qual fe corrompe pelasconcupifçençiasdeengano.
23 E vos renoveis cm o efpirito de voflò animo.
24 E vos viftaes do novo homem , que fegundo Deus he criado
cm verdadeira juftiça e em íànétidade.
25 Peloquc deixando a mentira, fallae verdadecadahum comíeu
proximo: porque membros íõmos huns dos outros.
2<5 Iraévos, e naó pequeis: Naó fe pónha o foi fobre voflã ’
eOu.^4 ej, X» r
...
coicr.i, 27 Nem deis lugar a o diabo.
28 O que furtáva, naó furte mais: Antes trabalhe, obrando com
íiias maós o que he bom: Pera quc tenha quc dar a o que tiver ne-
Çcflidadc.
29 Naõ.fàia dc voflã boca nem huã palavra corrupta: Mas fc ha
alguã boa [palavra J pera aproveitofa edificaçaõ; peraque dc graça
a os que a ouvem. ' b
30 E
A OS EPHESIOS. Cap. V. 40^
30 E naó contrifteis a o Eípirito íãncto de Deus, elo qual cftaes
fellados pera o dia da redempçaõ..
31 Toda f amargura, c cólera, c ira, e grita, emalcdiçençia. feja f Ou,
tirada dc vosoutros, c toda maliçia. rulencia.
32 Antes fede huns pera com osoutros benignos, mifcricordioíòs,
perdoandovoshuns a osoutros, como tambem Deus vos perdoou cm
Chrifto.

Capitulo V.
1 0 ^pojlolo os exhorta que andem em charidade. 3. E fugiem fomicaçaõ, avareía,
chocorrice, CS“c. e que os taes nltò teraõ herança no remo dos Ceos. 8 E eftando
elles agora na lux., qtte andem como filhos da luz. 11 £ naõ tenbaò communiaõ
com as obras das trevas. 1 j aproveitando fe do tempo. 18 Que naõ je embebe­
dem do vinho, mas enchem do Ejptrito. 19 Cantando a 0 Deus pfalmos e canti­
gas. 21 -Exborta que fegeitem fe huns a os outros no temor de Deus. 22 Princi-
palmentc as mulheres a os proprios maridos, ip Exborta os maridos que amem
fuas mulheres. 28 Como feu proprio corpo. 31 Prova da inflituiçaõ de Deus, que
0 homem e a mulher faõ huã carne , applicando tfio fobre Chrifio e fua Igreja.

i Ç ede poi6 imitadores dc Deus como amados filhos.


2 E andae em.a charidade como tambemChriftonos amou,aOu,^w°r*
e fe entregou a fimefmo por nosoutros em offérta e facrifiçio a Deus
cm íuave cheiro.
3 Mas fomicaçaõ e toda immundiçia, ou avareza, nem ainda íè
nomee entre vosoutros, como convé a os fanctos.
4 Nem btorpeza, nemlouquiçe, nem chocarriçe, que naõ con-b Ou,d«^-
vem: Mas antes fazimento dc graças. ' wftidadc.
’$ Porque bem fabeis que nenhum fornicario , ou immundo, ou
avarento , que hc ícr idólatra, tem Jhcrança no Reyno dc Chrifto e
de Deus.
6 Ninguém vos engane com palavras vans; porque por éftascou-
fas vem a ira de Deus lobre os fiihosdcdcíòbcdiençia.
7 Portanto naõ lèjacs ícus companheiros.
8 Porque trevas creis o tempo paflàdo , mas agora fois luz em o
Senhor: andae como filhos dc luz.
P (Porque o fruito do Eípirito eftá cm toda bondade , c iuflica»
e verdade.) *
10 Experimentando o que he agradavel a o Senhor.
11 E naõ comuniqueis com as obras infru&uofas das trevas, mas
antes as redargui.
12 Por-
. 4to EPISTOLA DE S. PAULO
c Ou, njies j z PorquÇJb que'por elles em oculto fe faz; torpe coufa hctam-

t 3 Mas todas eftas coufis fe manifcftaõ, fendo da luz redarguidas:


porque tudo o que manifcfta he luz.
14 PolaquG diz: Dcfpcrtate tu que dormes, c levantate dos mor­
tos, e Chriíto te alumiará.
d0u,c«íj4- 1 5 Portanto olhac como andeis d avifadamente, naõ como ncçios,
Jofame*te. ícnaõ como lábios.
cOu,ç<w- j6 e Aproveitando vos d’o tempo: porque os dias íam maos.
Aaai/o. j ? Poloque naó íèjas imprudentes, mas entendei qual feja a von­
tade do Senhor.
18 E naõ vos embebedeis dc vinho , cm quc ha diflòluçaõ, mas
cncheivos do Efpirito.
19 Fallando entre vosoutros com píàlmos, c louvores, c can­
tigas efpirituaes; Cantando c píãlmodiando a o Senhor cm voflòco-
raçaq.
10 Dando fempre graças por todas as coufas a Deus e Pac ; cm
• nome de noflò Senhor Jeíu Chrifto.
21 Sogeitandovos huns a os outros em o temor de Deus.
22 Vos mulheres fogeitaevos a voílòs proprios maridos, como a
o Senhor.
• 23 Porque o marido lie a cabeça da mulher, como tambem Chri­
fto hc a cabeça da Igreja: E ellc he o Salvador do corpo.
24 Afli que como a Igreja eftá fugeita a Chrifto, afli tambemás
mulheres a ícus proprios maridos em tudo.
2 y Vos maridos amac a voílàs mulheres , como tambem Chrifto
amou a fua Igreja, e fe deu a fimeíino por ella;
26 Peraque a fanctificaflè, avendo [4] alimpado com 0 lavácro
dc agoa pela palavra, ^pn-fenar
27 Peia para fimefmo aAÊftim huã Igreja gloriofa, que naõtiveflc
tQu.TrtíRf macula, nem ruga, nem coufa femelhante: Mas que fofle fanótac
irrcpreheníivcl.
28 Afli ddvem os maridos amdr a íiias próprias mulheres, co­
mo a feus proprios corpos. Queáma a íua própria mulher, a fimet
mo ama.
29 Porque ninguém aborreçeo jamais fua própria carne, mas an­
tes a alimenta eíuftenta, como tambem o Senhora Igreja.
30 Porque fomos membros de feu corpo, de fua carne c dcícus
óflòs. ’
31 Por-
A OS E PHESIOS. Cap. VI. 411
% 1 Portanto deixará o homem a feu pae e a íua ipae, e ajuntar
féhá com fua mulher: E feráó cadous huá carne^ .to<fc
osdous huá/a^ne^^j^ _ „
32 Grande he éfte g myfterio : Chrifto eda
Igreja. hOib Por re*
Afli tambem vosoutros cadahum em particular, cada qual
H
f própria mulher como a íimcfino, c a mulher téma a o marido, igreja.
a fua
, Capitulo VI.
1 Defereve 0 ^poflolo o devido oflicio dos filbos pera com os paes. 4 E dos paes pera
com os filbos. p Dos fervos pera com os feus Senhores. 9 £ dos Senhores pera cem
os feses fervos, 1 3 Amoefla os de fer confortados no Senhor. 11 E dejereve as ci*
lados do diabo. 1 3 Contra ejlas os arma com toda a armadura de Deus. 18 E
et amoefla pera continua oraçaõ. 19 E que tambem orajfem por elle, peraque
nas fuas grilhoens fslloffe livremente 0 Euangelho. 21 Requeire que lhes manda a
Tichico, a fim que Jaibaô feus negocies. 23 Conclue a carta dejejando lhes paz,
amor, fe e grafa.

i AT osoutros filhos fede obedientes a voflòs paes cm o Senhor:


’ porque ifto he jufto. . .
2 Honra a teu pae, c mae ( quehc o primeiro mandamento com
promeflà.) •
3 Peraque te vá bem, e vivas longamente íòbre a terra. ,
4 E vospaes naõ provoqueis a ira a voflòs filhos, masciíacos em a® u» 'V'«f1
a difciplinaeamocftaçaó do Senhor.
’ 5 Vos fervos fede obedientes a [voffos ] Senhores fegundo a car­
ne , com temor e tremor, com fimphcidade dc voflà coi açaó, como a
Chrifto.
6 Naó fervindo a o olho, como querendo comprazer a os homens,
fenaó como fervos de Chrifto, fazendo b dc coraçaó a vontade debOu, De
Deus. , aMmo-
7 Servindo de boamente a o Senhor, e naó a os homens.
8 Sabendo que cadahum receberá do Senhor o bem que fizer, íe­
ja fervo, feja livre. .
9 E vosoutros Senhores fazei o meímo pera com,elles,-deixando
as ameaças, fabendo tambem que voflò Senhor eftá n’osCcos, c[que]
pera com elle naó ha accitaçaó de pcflòas.
- io No de mais, meusirmaós, confortae vos cm o Senhor, cem.
a força de fua potência.
11 Vcfti vos dc todas as armaduras de Deus, peraque poflàcs re-
fiftir contra as ciladas do diabo.
Fff . 12 Por-
4n EPISTOLA DE S. PAULO
i z Porque -nam temos a luta contra o fãngue e a carne , fenaõ
contra os principados, contra as poteftades, contra os Senhores do
mundo , das trevas d’eíte fceulo , contra as malícias cípirituaes em
os ares.
i 3 Portanto tomae todas armaduras dc Deus, peraque poflàcsrc-
fiítircm o dia mao, e avendo acabado tudo, ficai- firmes.
14 Eftac pois firmes, çingidos voílòs lombos com a verdade , c
eOu,s.ii/í veftidos com a c coura de juftiça.
cT°U ’5 calçadosos pees com a á promptidaó do Euangelhode paz.
dOu/pn/x»- Tomando fobre tudo o eícudo da fé, com o qual poífaes apa-
gar todos os dardos inflamados do maligno.
17 Tomae tambem o capaqctc da íalvaçaó , c a eípada do Eípi­
rito, que he a palavra de Deus:
18 Orando em todo tempo com toda forte de oraçaó, e rogo cm
Eípirito , c velando n’ifto em toda períèvcrança , c íúplicaçaó por
todos os íànétos.
19 E por my, peraque me feja dada palavra em abrimento de
minha boca com confiança, pera fazer notorio o myílerio do Euan­
gelho.
c Ou 20 flual f°u ambaixadore em a c^dca: peraque d’elle livremen-
dtudt. te fallar poílà, como me convém fallar.
21 E peraque tambem vosoutros poífaes faber meus negoçios;
que fàço, {/tquillo J tudo fará íaber Tichico, o irmaõ amado c
f Ou mw-f ‘crvo cm 0 Senhor.
fír), ’ 22 O qual pera ifto mcfmo vos enviei, a fim que íàibaes noflòs
ncgoçios, c ellc confole voílòs coraçocns.
2 ’ Paz feja a os irmaós, e charidade com fc dc Deus o Pac , c
do Senhor J efu Chrifto.
24 A graça \JejaJ com todos os que ámaó a noflò Senhor Jefu
Chriíto cm incorrupçaó. Amen.

Eícrita dc Roma a os Ephcíios, [ t taviada'] por Tychico.

Fim dít Epifiola Fo j4poftolo S. Paulo a os Ephepos.

EPIS-
A OS PHILIP PENSES. Cap. I. 41^
epistola
D o
APOSTOLO S. PAULO
AOS
PHILIPPENSES.
Capitulo I«
1 Defpoú dofolerefirito t cojbomada faudajaô. 3 Da graçao a Dw ?*»■««/* <*»
' cwmuHiwaÒ £elles com 0 Euangelho. 6 Ejlaxdo confiado que nofia » nae outrM
■ .,,1,. rL-.n Ãt maii e mais aviaõ de aurmeietar. 11 Defereve fuat afflifoens fe-
"tanto major adiantamento do Euangelhe. if Enfina qu, alguns enfinaõ , Eu-
lh. eer koa. vontade por fe* alivio, 0 outros anunciao for enveja e porfia, pe.
^aâcr.centamento doa fiL afflifoens m» fuasprifoen 19 Com tudo confia que ifla
redmedara emfuafalvafaÕ, » engrandecimento do Chrifle, Jeja na vida, feja na
morte, n Declara que era aparelhado for ambos. if Efpera de ficar em carno
algum tempo pera froveito da Igreja, if Ajunta exhortapaò pera umao e paciência
HM affliçoens. 30 Seguindo feu exemplo.

1 aul0 e Timotheo , fervos de Jefu Chrifto , a todos os fan-


iJétósem Chrifto Jefu, que eftaó cm Philippos, com osaOUjP/r/?tf.
JL a Bifpos e Diáconos. res.
2 Graça e paz de Deus noftò Pae, e do Senhor Jefu Chrifto. b Ou, Faft
3 Dou graças a meu Deus todas as vez.es que de vos s me'"“ííW’
lembro.
4 (Sempre em todas minhas oraçoens fazendo com gozo oração
por todos vosoutros.)
5 Por caufa dc voíla comúnicaçaó com o Euangelho delao pri­
meiro dia ategora.
6 Eftando confiado d ifto meímo, quc o que em vosoutros hua boa
obra começou, apcrfèicoara até o.dia de Jefu Chrifto.
7 Como tenho por jufto íentir ifto de vos todos, porquanto re­
tenho em [me«J coraçaó, que todos vosoutros foftes participantes da
minha graça comigo, afii em minlaas. prifoés, como na defeníà c con­
firmação do Euangelho.
Fff 1 8 Por-
414 EPÍSTOLA DE S. PAULO
8 Porque Deus mc hc teftemunha do muito que a todos vos dc-
fejo cora cntíhnhavcl affciçaó deJeíu Chrifto.
9 E ifto peço [a Deus,] que voflà charidade abunde ainda cada '
cOu, Senti-vez mais em reconhecimento c em toda c intclligencia.
do< 10 Peraquejráàcs difeernir as coufas que [ cfclles 1 deferem, pe­
raque fejaes fingUMl, e fem dar cfcandalo até odiadeChrifto.
11 Cheios dc fruitos dc juftiça que por Jefu Chrifto faõ pera rlo-
ria e louvor de Deus. 0
1 z Ora irmaós,^quero que faibacs que as couíàs que mc [acon­
d Oú, Pra- tecerão,] fucederaõ pera tanto maior d adiantamento'do Euangelho
veita. 1; Dc maneira que minhas prifocs cm Chrifto foraó manifeftascm
toda a Audiência, c a todos os outros.
«Ou,#- 14 E [que] a major [parte] dos irmaõse n’o Senhor,tomando
guradospor animo por minhas priiòens, oufaó fallar mais abundantamente a pa­
minhas. lavra, íèm temor. p'
15 Verdade he.quc almins pregam a Chrifto por inveja c porfia’
Mas outros tambem por boa vontade. ’ r
16 Huns em verdade anunciaó a Chrifto por porfia, naõ puramen­
te, cuidando acrecentar affliçaó a minhas prifoens.
f Ou, Orde­ 17 Mas outros por charidade, fabendo que cftou f pofto pera a
nada ciefeníà do Euangelho. * r
18 Pois que? Todavia cm qualquer maneira que feja, ouporfin-
gimento, ou em verdade, Chrifto he anunciado: E n’ifto me gozo,
c mc gozarei.
]9 Porque íèi que ifto me redundará cm íàlvaçaó por voflà ora-
çao, c focorro do Efpirito de Jefu Chrifto.
pOu,Firme. 20 Segundo mcu ? grande delcjo, c eíperança que em nadaferei
conf“r°:,4™“ co;n toJ» o"6”?*> fempre, affi embem
s agora fera Chrifto engrandecido cm mcu corpo , feia por vida ou
por morte. j r ,
iOu.Hepe- ii Porque Chrifto j me hc a vida, c a morte [me] he Pa­
ra mim. nança. L J °
22 Mas fc o viver cm a carne me hc proveitofo, e que hc o que
deva cícolher, naó o lei.'
i>orflue d’cílcs ambos cftou apertado, tendo defejo dc fer defa-
o,e cftar com Chrifto. Porque hc muito melhor.
2 M‘isncár cm carne, he mais ncceflario por amor de vosoutros.
25 E ifto confio c fei que ficarei, e ainda perfeverarci com todos
kOu,^van.vosoutros, pera voflò k proveito, c gozo da fc.
f.imentt. . D •
z6 Pc-
A OS PHILIPPENSES, Cap. II.
26 Peraque voflã gloriaçaõ abunde a my cm Jefu ^jirifto , por
minha tornada a vosoutros.
27 Somente convcrfac dignamente , a o Euangelho'de Chrifto:
peraque, ou feja que venha, c vos veja, ou que auícnte cfteja, ou­
ça de voflò cftado , que eftaes eta hum Eípirito , com hum animo
combatendo todos juntamente pela fc do Euangelho.
28 E que em nada dos advcríãrios vos eípanteis ; que para ellcs
em verdade he indicio de perdiçaó, mas para vosoutros dc làlvaçaó;
e ifto dc Deus.
29 Porque a vosoutros vos foi gratuitamente dado cm o negocio
de Chrifto, naó fomente o n’clle crer , mas tambem o por elle pa­
decer.
30 Tendo o mefmo combate que cm my ja viftes, c agora dc
my ouvis.

Capitulo JI-
t 0 ^poflolo amoefía os Pbilippenfes que ttnhaò bum mefmo fentido. 3 Que fejaS
humildes. y Ctmo tem ftr exemplo nejjò Senhor Jefa Cbriflo, 6 O qual fendo
verdadeiro Detto, aniquilou fe, tomando a natureza humana > em qual morreo '
na cruz por nos. 9 S despois foi exalçado. 1z ajunta burna exbortaçaò pera obe­
diência , temor de Deste, e outras virtudes Cbrífíaãs. i q Peraque mojlrajfem fe
. como IttZjs no mejo dos infeit. i j Promete de mandar lhes a Timptheo de prejfa.
24 E ejpera de vir mefmo a elles. zq Encomenda a Epapbrodito. 26 0 qual de.
feito doente efleve> mas reconvalefeeupelo Senhor. 29 Âmoejla os Pbilippeufes qtte
0 recebejfem com todo

1 A fli quc fe ha alguã confolaçaó cm Chrifto, fc ha algum ali-


vio de charidade, fe ha alguã comúnicaçaó de Efpirito, feha
alguás cordiaes afteiçoens e compaixoés:
2 Cumpri afli meu gozo , de maneira que tcnhaes hum mofino
fentido, tendo hua meíma charidade , eftando concordes, [>J fen-
tindo huã mefina couíã.
3 Nada [façaes] por contenda, ou por vaá gloria: Mas por hu­
mildade vos eftimac inferiores huns a os outros.
4 Naó olheis cadahum para o que hc feu, mas tambem
para o quc he dos outros.
5 Porque efte fentimento feja em vos mcfmós, o que tambem cm
Chriftojeíu efteve.
6 Quc íèndo cm forma de Deus, naó teve por rapina fcr igual a
Deus.
Fff 3 7 Mas
O
EPISTOLA DE S. PAULO
7 Mas aniquiloufe a fi meímo , tomando forma de íèrvo, e foi
feito lemclhaiite a os homens.
8 E íèndo achado em forma de homem, fc humilhou a fi meímo,
e foi obediente até a morte, c [ejfa] morte dc cruz.
2 Poloque tambem Deus fuprerpamente o exalçou, e lhe deu
hum nome, que hc íòbre todo nome.
ío Peraque no nome de Jeíus íè dobre todojuelho d’aqucllesque
Citam n’os Ccos, c n’a terra, e debaixo da terra.
i i E que toda lingoa confcflè que Jefu Chrifto he o Senhor , pe­
ra gloria de Deus Pae. f
iz Poloque meus amados, afli comofempre obedcçeftcs, naõ fo­
mente como cm nynlm prefença , mas muito mais agora cm minha
aufençia, obiac voflà íàlvaçaó com temor c com tremor.
a Ou, i j Porque Deus he o que em vos obra aflio querer como o »cf-
/tifoar. feituar, fegundo[fua] boa vontade.
14 Fazei todas as couíàs fem murmurações, e contendas.
15 Peraque fejaes irreprehenfiveis, e fingelos, filhos de Deus, íèm
culpa no meio da geraçaõ maligna eperverfa: Entre os quaesrefolan-
deçcis como luminárias n’o mundo:
16 Retendo a palavra da vida: peraque n’o dia de Chrifto me poflà
gloriar, que naõ tenho corrido nem trabalhado cm vaõ.
x7 E aindaque facrificado feja por afperfam de facrificio. e fer-
viço de voflà fè, com tudo me alegro, e me gozo com todos vos­
outros.
conftg^^e^raC V°S V°S P°l° mcPmo > c gpinc vos tambem

, _n . E efpero em o Senhor Jcfus que prefto vos mandarei a Timo-


pc‘‘7,c b tenta untomelhor animo, avendo cn-
me. tendido voflo eítado.
20 Porque a ninguém de taó igual animo tenho, que Gnçeramcn-
te de voflòs negoçios cuide. *
Por<luc to<JOS bufam 0 que he feu , naõ 0 que he de Tefu
Chrifto. 4 J
z z Mas bem íàbcis íua expcriençia , que comigo no Euangelho
ícivio, como o filho a [feu] pac.
- ? Afli que a cfte enviar vo$ efpero logo em vendo como meus
negoçios vaõ.
z 4 E em o Senhor confio que tambem eu meímo virei muv pre­
ito [a vtsoutros. J }r
2j PO-
A OS PHILIPPE NSES. Cap. III. 417
2 5 Porem tive por coufa ncçcflària mandarvos a F.paphrodito,
meu irmaó, c e companheiro na obra e nas armas, c voflòcnbaixa'<0u\Cm'
dor, e adminiftrador de minha neçcflidadc.
26 Porque fmgularmente vos defejava a todos, c cftava muyan-írtfrril(tmi-
guftiado, de quc tivefleis ouvido que eftivera doente. g0; 0 qU.il
E defeito doente efteve até a morte : Porem teve Deus d’clleí"’/.f'”wíf”‘
miícricordia, e naó d’elle fomente , mas tambem dc my : peraqueefVMfl,s fe:
naó tivefle trifteza fobre trifteza.
28 Afli que tanto mais depreflà o enviei, peraque vendo o outra/<xí«7«e»w»
vez, vos rcgozyeis, c eu tenha menos trifteza.
29 Rcçebei o pois em o Senhor com todo gozo : d E tende
eftima a os taes.
30 Porque pola obra de Chrifto chegou até bem peito da morte,
naó fazendo Cíffo da vida, por mc fuprir a my a falta de voflò íer-
viço.

Capitulo III.

I Jdverti • ■dpoflolo es Fbilippenfes contra o engana das jalfas Apofiolos, miflurando


n Ley cem o Euangelho. 3 Enfina o centraria que naõ a exterior, mas a efpi­
ritual ctrcetncifaõ ha necejfaria pera falvaçaô. 4 0 qual cem feu proprio exemple e
fi confirma. f E por ijfo fim canta qtte tenha todo exterior privilegie, de qualefles
gloriavnõ. yMat que naò netles, antes no Cbriflo confiava, 9 Naõ tendo fua pró­
pria jnfliça qtte be da Ley, mas fomente a jujfiça de Cbriflo. u Como quanto
profiiguea perfeição,cem tudo confejfa fua imperfeição, if Exhorta os Pbilippenfes,
que tambem profiiguijfem a perfeição conforme efla regra e feu exemplo. 18 Redar­
guindo os que contrario fazem. z» Confola os verdadeiros fieis com a gloria
futura.

I f^Xquerdfta, meus irmaós, he quc vos gozeis cm o Senhor.


• Efcrevervos as mcfmas coufas naó me hc moléfto a my, e a
vos vos hc íeguro.
2 Guardae vos dos cacns, guardae vos dos mãos obreiros , guar-
dae vos doa cortamento. a Quer dizer,
3 Porque nós fomos a çircunçiíãm , os que a Deus em Efpiritollacfrcl<l"i'
fervimos, e cm Jefu Chrifto nos gloriamos, naó tendo confiança na^0,
carne.
4 Aindaque tambem tenho de que em a carne confiar: fc algum
cuida que em a carne tem de que lc confiar, maisainda eu.
5 Çircunçidado a o oitavo dia, da linhagem de Ifraèl, da tribu b ?uJeP/f£
de Benjamin, Hcbrco dc Hebrcos,b quanto á Ley, Pharifeo. oÚ/7- ”
6 Quan-gundo a Le/
3
4i8 .EPISTOLA DE S. PAULO
6 Quantc^i o zelo j perfeguidor da Igreja : Quanto a juftiça que
ha na Ley, irrcprchcníivcl.
7 Mas o que pera my era gánho , o tive por pérda por amor de
Chrifto.
8 E n’a verdade todas as coufas tenho por pérda pola cxçclençia
do conhecimento. dc meu Senhor Jefu Chrifto , por amor do qual
cOu, tive por perda todas eftas coufas :c E as tenho por cftcrco, por po-
eftimoctrn» dér ganhar a Chrifto.
a eflerct-, fe- por n’cllc íèr achado , naõ tendo minha juftiça que he da
^y» mas a 9UC 'ie Pcla & Chrifto, [a faber J a juftiça que hc
dc Deus pela fé.
d Ou,Virtu- lo Pera o conhcçcr, e a d fdrça dc fua rcíurrciçaõ, c a comúni-
Je‘ caçaõ dc fuas aftliçoes, fendo feito conforme a íua morte. ,
11 Se em maneira alguã pofla chegar á refurreiçaò dos mortos.
12 Naõ queja o^tegha alcançado , ou queja íeja perfeito: Mas
prolfigo 'pera oJKmmÍm, para o que tambem de Jelú Chrifto fui
])MMNWBkapreheii<iiclo.
13 Irmaõs [quanto a my] ainda mc naõ eftimoayclo ywwiiiiiiiiitai-
14 Porem huã couíã [faço,] cíqucccndome das coufas que a tras
e Ou, £/!e»-.ficaru , e c adiantandome ás que citam a diante, figo a o alvo, a o
ttwdeme. prcmj0 vocaçaõ dc Deus que he do alto em Jcfu Chrifto.
15 Peloque todos os que ja íòmos perfeitos, fintamos ifto : E fc
algua coufa íentis d’outra maneira, Deus volo revelará tambem.
16 Todavia andemos por huã mefma regra, [rfaquillo] a que che­
gado avemos, [>j fintamos huã meímacouíã.
17 Sede tambem meus imitadores, irmaós, e atcntacparaosquc
* Oa,Molde. afij andam, como nos tendes por f exemplo.
18 Porque muitos andam [de outra maneira] dos quaesvos diflê
muitas vezes, c agora o digo tambem chorando , que íàm inimigos
da cruz de Chrifto.
19 Cujo fim hc a perdição: Cujo Dcusheo ventre, c[euja]glo­
ria eftá cm fua confuíaõ, que cuidaõ de couíàs terrenas.
20 Mas noflà converíaçaõeftá n’osCeos, d’ondc tambem eípera-
mos a o Salvador, [a p£erj a 0 Senhor Jeíu Chrifto.
21 O qual transformará noflò humilde corpo , peraque íeja feito
gOu, Pc a conforme a íèu glorioíò corpo 8 fegundo a cfflcacia pela qual tambem
W- a fi lugeitar pode todas as couíàs.

Ca-
A OS PHILIPPENSES. Cap. IV, .4>3>
Capitulo IV. 0
i Exbrna o Jpoftolo es Vhiljfiprnfes pera firmei^ na'rfè. i -A duas mulheres perit
uftiaò. 4 Goto Chriflaò. ç Equidade. 6 Securidade do animo. 8 E diverjas outras
virtudes. 10 Da graças a os Pbilippenfes por via do fu/lento-, 0 qual lhe manda­
ra ô par Epaphrodito. it £ que iflo n.iõ tomou ptla avareza. 14 Que nijfo bem
fizeraõ e mais do que at outr.cs Igrejas. 18 Q«e 0 bem recebeo. 19 £ que Deus 0
pagará. 10 Conclue efta carta com facimento de graças e coftumada fàudaçaò.

i T) orfanto meus amados e muy queridos irmaós,1 minha'alegria a Ou, Meu


c coroa, h perfevcrae afli cm o Senhor, [meus J amados. g»eo.
i Amoefto a Euodias, c amoefto a Sinticho, que íejaó de hum Eílíte
fentido cm o Senhor. . a$,firm's'
3 Peço tc tambem a ty, [ mcu 2 verdadeiro companheiro, * ajudac Ou,
a eflàs[mulheresj quc comigo no Euangelho combatcraó juntamen-ajudes.
te com Clemente, e os dc mais meus companheiros na obra , cujos
nomes citam no livro da vida.
4 Rcgozyaevos fempre em o Senhor: Outra vez digo, rcgozyaevos.
5 Seja voflã d equidade notoria a todos os homes. Perto efta o Senhor, j Ou.aW#-
6 Dc nada cftcjaes folicitos: antes cm tudo fejam voflàs petiçoes/íú. ’
notoriasaDcus por oraçaô,e fuplicaçaõ, com fazimentode graças.
7 E a paz de Deus, aqual íòbrepuja todo entendimento, guar­
dará voílòs coraçoés e voílòs íentidos em Jefu Chrifto.
' 8 O que refta, irmaós, hc, que tudo o que he verdadeiro, tudo
o quc he honefto, tudo o que he jufto, tudo o que he puro, tudo
o qúe hc amavel, tudo o;que he de e boa fama, fe ha a!guá virtude, íè
ha algum louvor, ifto penfae.
9 O que tambem aprendeftes, e rccebeftcs, c ouviftes, c em
my viftes, iflò fazei, c o Deus de paz ferá com voíco.
ío Ora grandemente mc gozei cm o Senhor , de quc finalmente
vos reverdcccftcs quanto o cuidado que dc my tendes: d’o que tam­
bem folicitos eftaveis, mas naõ tinheis a oportunidade.
11 Naõ que £ iífo ] digo por rcípeitp de alguã ncccflidadc: por­
que ja aprendi a contentarmcf com o quc tenho. f Ou D
n Porque bem fei eftar humilhado, tambem fei ter abun-««Am fe-
dancia: em toda maneira, e cm todas as coufas eftou inftruido ian~^<n<to n,e
to a eftar farto como a ter fome: tanto a ter abundancia, como a tcr4fia‘
ncccflidadc.
13 Todas as coufas poílò em Chrifto que mc fortalece.
14 Todavia bcnfizcftcs g de comunicar com minha affiçaó. gOU)2,w «-
^£8 t j ^-^múnicaftes.
4io. EPISTOLA DE S. PAULO
1 f Bem íà’ eis tambem, vos Philippenfes, que a o principio do
Euangelho, quando parti de Macedonia , nenhuá Igreja me comu­
nicou L nada] cm matéria de dar e receber, fenaó vosoutros íos:
i<5 Porque tambem, eftando eú emTcflàlonica, me mandaftes o
que mc era neceflàrio huá e duas vezes.
17 Naó que buíque dadivas, mas buícoofruitoque heabundan­
te á voflà conta.
h0u,7W<> 18 Mas tudo tenho recebido,h e aflàz tenho, cheyo cftou: aven-
aiundaticia. do recebido de Epaphrodito o que de voflà parte [me foi enviado co­
mo] cheiro dc fuavidade, e facrificio agradavel e aprazivel a Deus.
i$> Porem meu Deus fuprira a tudo o de que neceflidade tiverdes,
fegundo fuas riquezas, n’a gloria por Jefu Chrifto.
20 Ora a noflò Deus e Pae íeja a gloria pera todo íèmpre.
Amen.
21 Saudae a cadahum dos íànétosemjefu Chrifto:Os irmaós que
cftam comigo vos íàudam.
22 Todos os íànétos vos íàudam, e principalmente os que íàm da
caíà de Ccíàr.
2 3 A graça de noflò Senhor Jeíu Chrifto feja com todos vosou­
tros. Amen.

Eícrita dc Roma a os Philippenfes [ e tnviada ] por Epaphrodito.

Fim da Epijlola (fe sfpoftolo S. Paulo a et Philippenfee.

EPIS-
-A OS COLOSSENSES. Cap. I. 4-i

E P I S T O L k
D O
APOSTOLO S. PAULO
AOS
COLOS ENSES.
Capitulo I.

i Despois do cofluntade fobrefcrito. 3 0 dpeflolo da grafas a Deus per rataâ que cs


Coloffenfes creraõ em Chrifto. f Pela prega faõ dc Euangelho, a qual no todo mundo
producia fitos fruitoc. "j Como tambem entre elles. 9 Ora a Deus que nas virtudes
Chriftaãs mais e mais fiquem corroborados. 11 Declara como da poteftade das tre­
vas faõ livrados pelo jangue de Chrifto. if Cuja pejfoa de/lreve. . a Jaber, que be
a imagem de Deus invifiiel. 16 Que todas as coufas por elle faõ criadas, ig Que
be a cabefa da Igreja. 13 ' dmoefta os pera perjeverar nefta fi. 14 Porquanto
compre tambem a paixaò de Chrifto por elles. if Por via que he chamadoperu anun­
ciar ifto mjfterio entre ot gentios. z8 E todos os homens Jiftir perfeitos fomente em
Cbriflo, conforme a obra de Deus em elle.

1 -w-x aulo Apoftolo de Jcfu Chrifto pela vontade de Deus, e


l-Jo irmaó Tiinotheo:
2 A os fanétos e irmaós fieis em Chrifto, que eftam em
Coloflãs: Graça e paz ajaes dc Deus noflò Pac , e do Senhor Jeíu.
Chrifto.
3 Graças damos a o Deus c Pac de noflò Senhor Jcfu Chrifto,
orando fempre por vosoutros.
4 Avendo ouvido de voflã fé em Jeíu Chrifto, cdacharidadepe­
ra com todos os fanétos:
5 Por cauíà da elpcrança que vos eftá *1234567refervada cm os Ccos, da a Ou,Cuar-
qual d’antes tendes ouvido pela palavra da verdade, [ a jaber,] do
Euangelho.
6 O qual tem chegado a vosoutros, como tambem por todo o
mundo; c ja vacfrutificando, comotambem cmvosoutros, deídodia
que ouviftes c conhcceftes a graça dc D cus cm verdade.
7 Como tambem tendes aprendido de Epaphra noflò amado
Ggg 2 confcr-
EPISTOLA DE S. PAULO
confervo , o uai para vosoutros hc hum fiel miniftro de,Chriíto.
. 8 O qual tambem nos declarou voflã charidade em o eípirito.
9 E portanto tambem defdo dia que ifto ouvimos, naõ çeflàmos
dc por vosoutros orar, e pedir que lejacs cheios do conhcçimentodc
fua vontade, cm toda fapiençia c.intelligenciaeípiritual.
ío Peraque pofiaes andar dignamente n’oSenhor, agradandolhe
em tudo , frutificando cm toda boa obra, c creíccndo cm o conhe­
cimento de Deus.
11 Corroborados cm toda fortaleza , fegundo a potência dc íúa
gloria, cm todo íòfri mento e longanimidade com gozo:
1>Ou,Capa- 11 Dando graças a o Pae, que nos fez b idoneos de participai-na
w. ' herança dos fanctos cm a luz.
13 O qual nos tirou da poteftade das trevas, e nos traníportou a
o Rcyno dc feu amado Filho.
c O»,Livra- u Em o qual temos c redempçaõ por íèu íãngue, V a
miflãó dc pecados.
i $ O qual he a imagem de Deus invifivel, o primogénito de to­
da criatura.
16 Porque por clle foraõ criadas todas a$ couíãs que haõ nos Ceos,
c na terra, viíiveis e invifiveis,quer fejam thronos, querdominaçoés,
quer principados, quer poteftades: Todas as couíãs foraõ criadas por
elle, e pera elle.
17 E elle he antes de todas as couíãs, e todas as couíãs confiftem
por elle.
18 E clle he a cabeça do corpo,[a faber] Igreja, ellc quehe
o principio, o primogénito dos mortos, peraque cm todas as couíãs ten­
ha o primado.
d Ou,Enchi- 19 Porque o bom prazer [ do Pae ] foi, que todad plenidam n’el-
mem». le habitaílè. ‘
2o E qtic avendo por elle feito a paz pelo íãnguedc íúa cruz,por
clle [digo] reconciliaflc todas as coufas pera fi mcímo , afli as que
[eftam J na terra, como as quc [e/lam j n’osCeos.
. 2i Ea vos que o tempo paliadoereiseftranhos,e inimieosem [vojfo]

tre toda criatura que eftá debaixo do Ceo: do qual cu Paulo fui feito mi-
A OS COLOSSENSES.Cap.il. 423
24 O que agora me gozo cm e meus íõfrimcntos or vosoutros,eOu.0que
c çumpro cm minha carne o refto das affliçocs dc Chrifto , por Ícu^^í®-
corpo, que hc a Igreja:
2 5 l)a qual cu fui feito miniftro fegundo a difpcníãçaó dc Deus,
que pera com vofco- me foi dada , pera^cumprir a palavra dc Deus.
26 [_Convcm a faberj o myftcrio f cfcondido deídc [ todos J oSfOu QCttit),
feculos c dc [ftodu J as gerações : Mas agora he manifcfíado a ícus
íànctos.
27 A os quaes Deus quis dar a conhecer qyacs fejaó as riquezas da
gloria dcfte myfterio entre os gentios, que entre vosoutrosheChri­
fto, a cfperança da gloria:
28 A o qual anunciamos, amoeftando a todo homé , c enfinjuv,
do, a todo homem em toda fapiencia: peraque a todo homei^fiíÈSiííP0
perfeito cm Jcfu Chrifto.
29 Em o que tambem trabalho, combatendo fegundo fua 8 cffi-gOu,o^M-
cacia, que em mim obra com potência.

Capitulo II-
t o- apoftolo protefta como cttidadofo era por os Colojfenfes e outros > peraque mais e
mais ficaftem corroborados na fê e conhecimento de Detu, e Chriflo , em quem
eftaó efeondidos todos os thefourot de fabedoria. 4 Amsefta os que naõ fe dei-
xaffem enganar por algumas palavras perfuaforias- 8 Auifa os que naõ mifluraflem
efta doutrina cem Philofophia ou tradiçoent da Leq. <) Por rejpeito que fomos per­
feitos em Chrifto- 11 Em 0 qual tambem efpiritualmente fomos circuncidados. /
11 Eftando obautifmo d'efte. humfeio. 13 Chrifto as ceremonias aniquilou, e fobre 0
fatanas triunfou. 16 Trata contra a difterenpa entre a comida e entre os tem­
pos. 18 Contra 0 jerviço do Anjos. 10 E contra todas ordenanças humanas e vo­
luntária devaçaõ.

i p orque quero que fiibaes quam grande combate tenho por vos,
*■ c polos que cftam cm Laodicca, c quantos mcu * rofto cm car-» Ou, Pre-
ne naõ viram. /'"P*
2 Peraque feus coraçocs fejam coníõlados, c eftejam unidos cm
charidade, e[»jòj para todas riquezas da -inteira certeza de intelli-
gencia, pera conhecimento do myftcrio do Deus, e de Pae , e de
Chrifto.
3 -Em quem eftam efeondidos todos os thefouros dc íàpiencia ede
fcienpia.
4 Ora ifto digo, peraque ninguém vos engane com palavras per-
fuaíòriasA<fitâMMi aparência,
Ggg 3 ' 5 Por-
<3
424 EPISTOLA DE S. PAULO
b Ou,Cem
5 Porque (Jada quc com bo corpo efteja aufente, todavia com o
a carne.
Eípirito citou com voíco , gozanaome, e vendo voílà ordem e a
firmeza de voílà fc em Chriíto. *
6 Como pois a o Senhor Jefu Chriíto recebeftcs, [afii 1 tambem
n’elle andae: «
7 N’clle arraigados e fobre-cdificados, c confirmados na fé, co­
mo ja foftes enfirtados, n’clla abundando com fazimento de graças.
cOu, En- 8 Olhae que ninguém vos cfalteie por Philofophia, evaõ engano,
l*ne. fegundo a tradiçaõ dos homens, fegundo os rudimentos do mundo,
c naõ iegundo Chrifto.
9 Porque n’clle habita corporalmente toda plenidaõ de divin­
dade.
« 10 E eftaes perfeitos n’elle, o qual he a cabeça de todo princi­
pado e poteftade. -
11 Em o qual tambem eftaes circuncidados com huã circunciíãõ feita
fem maós, em o defpojamento dò corpo dos pecados da carne, pela
circunçifaó de Chriíto: r
11 Eftando juntamente fepultados com clle em o bautifmo , em
quem tambem eftaes juntamente refufeitados pela fé da operaçaó de
Deus, quc dos mortos o rcfuíçitou.
ij E eftando vos mortos cm voílàs offcníâs, e prepuciode
voílà carne, vos vivificou juntamente com clle, perdoandovos gra-
tuitamente todas [vcjfas J offcníâs.
d Ou, Jpa- 14 Avendo riícado a.d cédula que contra nos avia cm ordenanças
1 ■ -L confj‘e>Jd°,~\ aqualf^o J « cm alguã maneira nos cra contraria, e
c u, e ri- a tilou do meyo, avendo a encravado na cruz.
íou?^«-- 1 í AvÇndo dc,P°jado a os principados e poteftades, a os quaes
^léiandea trouxe pubhcamcnte a vergonha, triunfando d’ellcs n’ella.
inteiram',,- 16 Portanto ninguém vos S julgue cm comer, ou cm beber ou
P<?1’ rcíPcit0J> díaJ de feita, ou de lua nova, ou de Sabados.’
gOu,c.»- *7 Qyc í:lm a fombra das coufas vindouras, mas a corpo hc de
áene. E Imito. r
r ^,ngucm [pois J vos governe a ícu prazer cm humildade e
Aqjos , metendoíè cm ccuías que nunca vio , de balde
«nuo mchado peia intclligcncia de íua carne.
r , 9 ' na<> ictcndo a cabeça, da qual todo o corpo, fendo alimen-
nvnro dmno*0 P°!‘1S ataduras c conjunturas, vae crcccndo emaug-

20 Sc pois a os rudimentos do mundo mortos conj Chrifto


eftaes,
A OS COLOSSENSES. Cap. 111. 415
cftaes, porque ainda dc ordenanças h vos carregaó, cd.^o fc no mun-h Ou, soú
do viveflèis? carregados,
21 QConvem a ftberj naó comas, naó goftes, naõ toques. Mvoscar-
22 As quaes coufas todas pelo ufo perecem , Q introduxjdas ] Cc-jí^ísí-ítos.
gundo os mandamentos e doutrinas dos homens. J •
2 3 As quaes todavia tem alguã aparência de fabedoria , cm dc-
vaçaó voluntária, e humildade, e em que em nenhuá maneira pou-
paõ o corpo; naó íàm [porem] pera alguã honra, mas para fartu­
ra da carne.

Capitulo III.
1 Nas datis frguintes capitulas amoeflaa Apoflolo pera piedade , e principalmente que
btsfcajjem as coufas que eftaó nas Ceos. 3 Dos quaes agora poffium algum princi­
pia, mas a perfeição efperaÕ na revelação de Chrifto. y Despois propoetn 0 camin­
ho qual os guia pera iffo. 16 ajunta alguns médios, 17 .Amoefla que tudo
enderencem pera honra de Deus. 18 Defcrcve as obrigaçoens das mulheres e mari­
dos huns contra os outros. 10 Dos filhos contra es paes , e dos paes contra osfilhos.
32 £ finalmente dos fervos contra os Senhores.

i "P ortanto fe ja tendes refufeitado com Chrifto , bufeae as cou-


* fas que eftam lá a riba, aonde Chrifto eftá aílcntado á dextra
dc Deus.
2 Peníàe nas couíàs que eftam lá a riba , paô nas que eftam’na
terra.
3 Porque mortos eftaes ja, e voflà vida eftá efeondida comChri­
fto em Deus.
4 Quando ChriftQ, que he noflà vida, fe manifeftar, entonçes
aparecereis vos tambem com elle cm gloria.
5 Portanto mortificae voflòs membros que eftam íòbre a terra, £ a
ftber] fomicaçaõ , immundiçia , apetite [defordenado, J roim con-
cupifçençia, e avareza, aqual he idolatria.
6 Polas quaes coufas vem a ira de Deus fobre os filhos dc ’
belliao,
7 Nas quaes tambem o tempo paflàdo andaftes, quando n’cllas
vivieis.
8 Mas agora deixae tambem todas cftas coufas, £ a faber 3
ira , cólera, maliçia, malediçençia, torpes palavras dc voflà •
boca.
9 Naõ mintaes huns a os outros, pois ja vos dcfpiftes do velho
homem com feus feitos. •
<3 ío E
EPISTOLA DO S.' PAULO
ío E vos JJcftiftcs do novo [homem] o qual íc rcnóva cmconhe-
Çimcnto, fegundo a imagem d’aquclle quc o criou.
i i Aonde nao ha Grego, nem Judeo, nemcircunciíãõ, nempre-
pucio, £ nem J Barbaro, [ nem J Scy tha, [ nem j fervo, [nemj livre: mas
Chrifto hc tudoc cm todos.
11 Por iílò vcftivos ( como eleitos de Deus, íânctos, e amados) de
entranhas dc miícricordia, dc benignidade , dc humildade, de man-
fidaó, de paçiençia:
13 Suportandovos huns a os outros, c perdoandovos huns a os ou­
tros, fc algum tiver queixa contra outro: afli como Chrifto vos per­
doou, afli I perdoae J vos tambem. 1
14 E fobre tudo ifto, [ vejtívos de J charidade, que he o vínculo da
perfeição.
15 E a paz de Deus governe cm voílòs coraçoés, pera aqual tam­
bem cm hum corpo foischamados, e fede agradeçidos.
16 Habite a palavra dc Chrifto em vos abundantemente cm toda íã-
bedoria , enfinandovos e amoeftandovos hús a os outros com Píàl-
mos, louvores, e cantigas efpirituaes, cantando ao Senhor com craca
em voflò coraçaó. * *
17 E qualquer couíãque fizerdes por palavra ou por obra, [fazei]
tudo em nome do SnorJefus, dando graças a Deus e a o Pae por clle.
18 Vos mulheres íede fugeitas a voílòs proprios maridos , como
convem cm o Senhor.’
bOu, Ama- J9 Vos maridos amae a voflàs mulheres , e naó fcjaes b aíperos
rtdtntos. pera com cilas.
20 Vos filhos obedcçei em tudo a £ vofos] pacs: porque ifto hc
c Ou, Agra-c aprazível a o Senhor.
Íom, 2 ‘ X“;|WCSd "Titeis a to1!òs E™!?' n“ F-™ o animo.
,2 2 Vos íervos obcdcpci em tudo a Senhores' carnacs, naó fcr-
q»titaira. vindo a o olho, como querendo comprazer a os homens , mas com
çOu,Seg,tn- íimpliçidadc dc coraçaó, temendo a Deus,
‘ eí,car"e- 2 i E qualquer coufa quc fizerdes, fazei tudo de coraçaó como a
£Ou, J??«-OÍ>Cn ,or* cnaó [como] a os homens.
btrái efa- ^Scndo quc do Senhor f aveis dc receber o cal ardam da he- >
lario. lança:porque ao SenhorChrifto fervis.
ha reíj^ío dc pSíòaJZCr rcfcbcra a “iiuria Sue fizcr •’ cnaó

Ca-
A OS COLOSSENSES. Cap. IV. 427
Capitulo IV. *■

l O Apoftolo amiefla os Senhores pera equidade contra feus fervos, 1 E a cada


qual ptra pcrfeverancia nas orafoens. 3 E primipalmetite por elle que por fuas
grilhoens naõ fofle eftorvado na obra do Euangelho. f Amoefla que andajfem fa-
biamente com os que faõ de fora. 10 Sauda os da parte de Ariftarcho e dos ou­
tros. 1S Manda jaudar os irmaõs em Laodicea , e que tambem aviaõ de ler efta
carta. 17 £ dtgaò a Archippo que compre feu minifterio. 18 Concluo cila car­
ta com fua faudafaõ.

1 V os Senhores, fazei direito e equidade a [vofos ] fervos, íã-


V bendo que tambem tendes hum Senhor cm os Óeos.
2 Perícverae cm. oraçaó, velando n’clla com. façimcnto de
graças:
3 Orando tambem juntamente por nos, peraque Deus nos ábra
a porta da palavra, pera anunçiar o myftcrio dc Chrifto, polo qual
ainda eftou prefo.
4 Peraque o manifeftc, como mc convém fallar.
5 Andae fabiamente pera com os que faó de fora, reígatando o
tempo.
6 Voflà palavra íeja fempre adubada com fal, com graça, peraque
íàibacs como a cadahum relponder vos convenha.
7 Tichico noflò amado irmaó , e fiel miniftro, e coníèrvo em o
Senhor, vos fará làbcr 1 todos meus negoçios. a Ou,Todo '
8 A o qual pera dite fim vos enviei, peraque dc voflòs negoçios”;e'tí/W£’-
faiba, e voflòs coraçocs confole:
9 Juntamente com Oncfimo, o fiel e amado irmaó , o qual hc
dos voflòs, clles vos advirtiraó de tudo o que por cá vae.
ío Sauda vos Ariftarcho, b o que comigo eftá prclò, e Marcos obOu.yw*
fobrinho dc Barnabas, acerca do qual tendes recebido mandamento;ctmPa”b»n
íe a vosoutros vier, rccolhcio.
ii E J efus, o que fe chama o jufto: os quaes fim da çircunçiíâó:
eftes foo3 íãó [s meus J companheiros de obra no Reyno dc Deus, c c Ou,
d mc foraó pera coníòlaçaó. co-
n Sauda vos F paphras, que hc dentre vosoutros, fervo de Chri-'’^",<’w’*'<
fto, combatendo fempre por vosoutros cm oraçaó , peraque fiqueis ^'uda^
perfeitos e acabados cm toda a vontade de Deus.
i í Porque cu lhe dou teftemunho que por vos tem "rande zelo pimpem
e poíos que eftam em Laodiçea, e polos que eftam cm Hicrapolis. '
*4 Sauda vos Lucas o medico amado, c Demas.
Hhh ijSau-
0
428 I. EPISTOLA DE S. PAULO
15 Saudae ^os irmaós que eftam cm Laodicea, c a Nimpha, c
á Igreja quc efta cm fua cafa.
16 E quando eftá carta for lida entre vosoutros, fazei que tam­
bem. feja lida na Igreja dos Laodicenfes, c qucaqucQn^oJdcLao-
dicca a leaes tambem vosoutros.
17 E dizei a Archippo : Olha que cumpras o minifterio que n’o
Senhor rcccbcfte.
' 18. Saudaçaó dc minha maõ , dc Paulo. Lcmbracvos de minhas
prifocs. A graça feja com vofco. Amen.
Efcrita dc Roma a os ColoíTcnfcs, [ « enviada ] por Tychico, e Onefimo.

Fim da Eptftola eflo ^Ipoflolo S. Paulo a os Coloflenfes.

PRIMEIRA EPISTOLA
D O

APOSTOLO S. PAULO
AOS
THESSALONICENSES.
Capitulo I*

1 Defpois do coflnmado fohrefcrito. 2 0 Apoflolo da graças a Deus acerca da fe,


amor, e efperança emt Cbriflo. 4 dffegurandoje que a eleifaô d'elles era de Deus,
q QUe prova da potência , qual Deiu por 0 Efpirito ajuntou com a palavra. 6 E
da obedtencia a 0 Euangelho. 8 d qual em todos lugaresfoi feita notoria. 9 E
cadadia Je anuncia como, deixando aos idolos, faõ convertidos a Deus. 10 Pera doí
Ceos efperar 0 Filho de Deus, oqual nos livrou.

1 'W”xxaulo, e Silvano, c Timotheo, á Igreja dos Thcflâloniccn-


• íés, [qual he J em Deus o Pae, c n’o Senhor JefuChrifto:
JL Graça c paz ajacs dc Deus noílò Pac , c do Senhor Jeíu
Chriíto.
• 2 Sempre damós graças a Deus acerca de todosvosoutros, fazen­
do mençaõ dc vos cm noflàs oraçoes.
3 Lem-
A OS THE.SSALONICENSES. Cap. II. 429
3 Lcmbrandonos fem ceflàr da obra de voflà fé ji. c do trabalho
dc voflà charidade, c da paciência da efperança cm noflòSenhorJc­
fu Chriflo, diante de noflo Deus e Pae.
4 Sabendo, amados irmaós, voflà eleiçaõ dc Deus.
■5 Porque noflò Euangelho naó foi entre vosoutros fomente cm
palavra, mas tambem em potência, c em Efpirito íancto, cem gran­
de certeza : Como tambem vos fabeis quaes, por amor dc vos, en­
tre vosoutros avemos fido.
6 E foíles noflòs imitadores, c do Senhor, avendo com gozo do
Efpirito fanóto recebido a palavra, cm muita tribulaçaó.
7 De maneira que a todos os fieis cm Macedonia c Achaya tendes
. fido por exemplo.
8 Porque por vosoutros retenio a palavra do Senhor, nao fomente
em Macedonia e Achaya, mas tambem em todo lugar, c voflà fe pera
com Deus dc tal maneira eftá divulgada, que ja[_<A7óíJ nos nao he
ncccflario nada fallar:
9 Porque clles mefmos contam de nos qual entrada a com vofco» »u, Pera
temos, c como a Deus foíles convertidos, deixando a osidolos, pc-^™>’_
ra íervir a o Deus vivo e verdadeiro:
10 E pera dos Ccos cfpcrar a feu Filho Jefus, aquem dos mortos
refufeitou, o qual nos livra da ira que ha dc vir.

Capitulo 11.

1 Declara Paulo fua fingelex.» e conflancia em anunciar t> Euangelho entreelles. 6Vaô
bufando algum proveito d'elles. 1 • Mojlra lhes como fanílnmente entre elles con-
vtrftu, peraque andafem dignos do Euangelho. I 3 E que receberão fua palavra
naõ como a palavra de homem, mas como a palavra de Detu. 14 E faõ feitos imi­
tadores das Igrejas em judea. 17. Declara feu grande flejejo pira os rever.
19 Porquanto tiles faõ fua gloria e gozo na vinda deChriflo.

i "D orque vos mefmos íàbeis, irmaós, que noflà entrada pera com
volco naó foi vaã:
2 Antes, aindaque em Philippos afflígidos c agravados fomos,co­
mo vosoutros [ bem ] fabeis, tomamos £ com tudo ] oufadia em
noflò Deus, pera com grande combate vos anunciar o Euangelho dc
Deus.
3 Porque noflà exhortaçaó naõ foi com engano , nem com im-
mundicia, nem com fraudulência. , '
4 Mas afli como aprovados do Deus fomos, peraque a pre-
gaçaõ do Euangelho nos fofle encarregada, afli falíamos; naó co-
n Hhh 2 mo
4jo I. EPISTOLA DE S* PAULO
mo querendo/J«mprazcr a os homens, mas a Deus que prova noflòs
coraçocns.
5 Porque como vos bem fabeis, nunca uíàmos palavra liíòngeira,
nem com preteiíto de avareza: Deus hc teftemunha.
6 Nem buícamos gloria dc homens, nem de vos, nem dcoutros:
aindaque como Apoftolos dc Chriíto , bem (2 vos J podíamos fcr
carga. .
7 Mas antes fomos brandos entre vosoutros, como a ama que a
ícus filhos regala.
8 que J eftando vos tam affciçoados, w* de boa vontade vos
a Ou, Fater quiícramos » entregar , naõ fomente o Euangelho de Deus, mas.
p.irncipM- tambem até noflàs próprias almas , porquanto taó chariífi aos nos
itifíg-c. erejs.
? Porque bem voslembraes, irmaós, de noflò trabalho efadiga:
pois, de noite e de dia trabalhando, vos pregamos o Euangelhodc
Deus, por a nenhum de vosoutros vos fermos pcíàdos.
ío Vos c Deus íòis teftemunhas , dc quam íànétos, c juftos, e
irreprehcnfiveis fomos pera com voíco os que crcítes: .
11 Como bem fabeis como a cadahum dc vos, como o pae a feus
filhos cxhortavamoseconíòlavamos.
12 E vos proteftavamos que andafléis dignamente fegundo Deus',
que pera fcu Rcyno e gloria vos chama.
13 Poloque tambem lem ceflàr a Deus graças damos, de que,’
. avendo dc nos recebido a palavra da pregaçaõ de Deus, a rcccbcfte?,
nao M/woJà palavra de homens, mas (como cm verdade he )
mo _ â palavra dê Deus, aqual tambem obra cm vosoutros os quc
credes.
14 Porque, irmaós, imitadores íòis feitos das Igrejas de Deus,
que eftam cm Judea, em Jefu Chrifto: porquantotambemdevoílòs
proprios cidadoés as mcímas couíãs padcceftcs, como tambem elles
dos Judeos.
15 Os quaes tambem matáraó a o Snor Jefus , e a íèus proprios
Prophetas, canos nos perfeguiraó: E a Deus naó agradam, cátodos
os homens fam contrários :
16 E impedem-nos quc naó fallcmos ás gentes , peraque fe íàl-
vem : peraque fempre cncheflcm [a medida ] de feus pecados. E
Vinda hc íòbre ellcs a ira ate o cabo.
T7 Mas, irmaós, fendo nos por hum momento dc tempo, ( de
vifta, naó do coraçaó)de vosoutrosprivados-, procurámos com tan­
to major defejo dc ver voflò rofto. 18 Pe-
AOSTHESSALONlCENSES.Cap.nl. 4H
18 Peloque bem quifemos vir a vosoutros ( polo^Ycnos cu Pau­
lo) huá c outra vez: Mas impedionolo íatanas.
19 Porque, qua! he noflà elpcrança, ou gozo, ou coroa denofl
íã gloria ? porventura naõ o fois tambem vosoutros diante dc noflò
Senhor Jcfu Chrifto, cm fua vinda?
20 Pois vosoutros fois noflà gloria e gozo.

Capitulo III.

1 Enviou 0 apoftolo aTimotbeo pera elles corroborar na fé. 3 £ confilar nas affii-
foens, pera quaes os fieis ejl.iõ ordenados. 6 Que alegrottfe mtiyto acerca da vinda
de Timotbeo, entendendo a conflancia e firmeza d'elles. 9 Aeerca d'ijfo da grayts
a Deus, e roga que fíiut ibe deffe ocajiaõ de os rever pera perfeipaò da fua fe d el­
les. íz E conclue a primeira parte d'efia carta.

i peloque [ efie.defejo ] naó podendo mais fofrer , nos parcceo


bem ficarnos íos em Athenas.
2 E avemos mandado a Timotheo noflò irmaó , c miniftro dc
Deus, e noflò coadjutor em o Euangelho de Chrifto, pera vos con­
firmar, c vos cxhortar acerca de voflã fé.
3 Peraque ningnem n’eftas tribulações íc â perturbe : Porque vos» Ou, s*
mefmos fabeis que pera ifto cftamos ordenados. movejje.
4 Porque tambem quando com vofco eftavamos, vos dizíamos
d’antes, que aviamos dc padecer tribulações, como tambem affi. ter»
acontecido , c vos o íàbeis.
5 E portanto tambem naó podendo [dk defejo'} mais fofrer,[o]
mandei a íàbcr do eftado dc voflà fc: fc porventuranaõ em alguãma­
neira vos atentaflè o atentador, c noflò trabalho naó vicílc a fer em
vaõ.
(ó Porem tornando Timotheo agora defde voíòutros a nosoutros,
c trazendonos boas novas acerca de voflãféecharidade, e como fem­
pre tendes boa lembrança de nos, dcíêjando muito dc nos ver , como
tambem nos á vosoutros:
7 Com ifto , irmaós, ficamos confolados acerca de vos em toda
noflà affiiçaó c neccflidadc, por voflà fc.
8 Porque agora nos vivemos, fc he que no Senhor [frmes J
cftaes. • J
9 Porque, que fazimentode graças podemos nos dar a Deus acer­
ca de vosoutros, por todo o gozo, comquc diante dc noflò Deus por
voflà cauíà nos gozamos?

o Hhh $ 10 Oran-
I. EPISTOLA DE S. PAULO
ío Orand-^de dia c de noite abundantçmcnte, peraquepoílàmos
ver voflò rolfo, peraque o que a voflã fé falta cumpramos.
x i Ora o mcfmo noflò Deus e Pac , e noflò Snor Jefu Chrifto,
queira encaminhar noflã viagem a vosoutros.
11 E o Senhor vos acrecentc, e [ vos J faça abundar cm chari­
dade huns pera com os outros, c pera com todos, como tambem
nos Íòmos pera com voíco:
13 Pera confirmar voflòs coraçocs , peraque fcjaes írreprchcníí-
veis enj íãnélidadc diante dc noflo Deus c Pae , na vinda de noflò
Senhor Jeíii Chrifto com todos feus íànétos.

Capitulo IV.

I 0 Jpoflolo amoefla os pera piedade. j Principalmente pera caffidade e honeflidade.


6 'Juftiça nos contratos, ylmor fraternal. 1 t Vida pacifica, i j Qtte avtaò tem­
perar a trifiepa acerca dos mortos. 14 Porque Deus os refujcttarà por Cbrífto-
1 f 0 qual de/cendera dos Ceos com grandes bradoS> pera os mortos d"antes refujei-
tar. 17 £ dejpois oí, com os outros vivos arrebatar pera com elle.

aOu,Re/la- 14 "M-o dc mais pois, irmaós, rogamos vos c amoeftamos vos cm


poisármaõs, o Senhor Jeíús, que afli como de nos rcccbcftes como vos
que vos ro- convenha andai- c agradar a Deus, afli vades cadavez T n>tílo~\ mais
*'<emoS- abundando. •
2 Porque bem íàbeis vos quc mandamentos vos temos dado pelo
Senhor Jclus.
3 Porque efta he a vontade de Deus , voflã fanétificaçaõ, que
vos abftcnhacs dc fornicaçaõ:
b Ou, Ttr 4 Plaque cadahum de vos íãiba «> poflúir fcu vaíò em fanétifica-
jett corpo. çao c honra.
c Ou, ^1- 5 Naó n’o e mao motivo de concupifccncia , como as gentes que
ão,oupat- na5 conhecem a Deus.
.V4P,
d bsíingucm oprima nem engane n o íèu negocio a feu irmaó : Por­
que vingador he o Senhor de todas eftas couíãs, como ja tambem
d Ou, Te- v°l° tenios dito c d proteftado. _ ,
(l ficado. _ 7 Porque Deus naõ nos chamou pera immundicia, íènaó pera
íànétificaçaó. ■
eOu.DfiM 8 Poloque quem [ ijfo "] « engeita, naõ engeita a ho-
fora, ou mem , ícnaõ a Deus , o qual tambem nos deu ícu Eípirito
defpreSjt. íàncto.
y Quanto a o amor fraternal, naõ tendes ncceflidade dc que
A OS THE&SALONICENSES. Cap. V. -4n
vos efcreva: porque vos mefmos eftaes jacnfiyydosdcDcus,
que huns a os outros vos ameis.
zo Porque tambem vos o fazeis afli pera com todos os irmaós que
cftam em toda Macedonia: exhortamos vos porem, irmaós , que a-
bundeis mais. ^^5
11 E vosa«Hw a viver quictamcnte , c a fazer voflòs proprios
negoçios, c a trabalhar de vollãs próprias maõs, como ja volo temos
mandado.
12 Peraque andeis honeftamente para com os eftranhos, e de na­
da tenhacs neccflidade.
13 Ora, irmaós, naó quero que fejaes ignorantes acerca dos que
dormem; paraque naó vos cntrifteçaes, como os outros que naó tem
elpcrança.
14 Porque íè cremos que Jeíus morreo, e refuícitou , afli
tambem a os que dormem cm Jeíiis, os tomará Deus com cllc
a trazer.
15 Porque ifto vos dizemos pela palavra do Senhor, que nosou­
tros os que vivermos, c pera a vinda do Senhor ficarmos, naó pre­
cederemos a os que dormem.
16 Porque o mefmo Senhor dcícendcrá do Ceo com algazara, e
com voz de Archanjo , c com a trombeta de Deus : E os que em
Chrifto morreraõ, refuícitarám primeiro.
17 Dcfpois nosoutros os que vivermos, c até cm taó ficarmos,
feremos juntamente com elles cm as nuveis arrebatados a receber a
o Senhor em o ar: E afli cftarcmos fempre com o Snor.
18 Portanto confolae vos huns a os outros com eftas palavras.

Capitulo V.
I O .dpoftolo etifina que Chrifto vira de improvtfto fera julgar. 4 Por ijfo amoefta
de Jempre ferem cuidadofos e fobrios. 8 Eftando armados com coura da fe. 11 Ro­
ga que reconhe^aô os que entre elles trabalhai. 14 £ exborta pera dijferentes vir­
tudes Cbriftaás. 23 Ora a Deus que os guarde fem refrehenfaÕ ate a vifida de
Chrifto. tf Pede que roguem for elle. 27 Efconjura oj que a todos os irmaõs
fe lea efta carta.

1 CVa’ 'rma°s» accrca d°s tempos e dos' íãzocsnaõ tendes ncccf-


fidade de que * fc vos efereva. a Ou
2 Porque vos mefmos labeis muy bem que o dia do Senhor virá
como o ladram de noite.
3 Que quando diflèrem, paz, efeguridade, entonçes lhesfobrevi-
4^ I- EPISTOLA DE S. PAULO
rá dc rcpentcfdeftruiçaó, como as dores de parto á que efta prenhe,
e naó cícaparaó.
4 Mas quanto á vos, irmaós , ja em trevas naõ eftaes: peraque
aqueile dia vos apanhe çomo ladram.
5 'Iodos íois filhos da luz, c filhos do dia: nem nos fomos da noi­
te , nem das trevas.
6 Afli quc naó durmamos como os demais , mas velemos c feja­
mos íòbnos.
7 Porque os que dormem , de noite dormem : e os que fc em­
bebedam , dc noite íè embebedam.
8 Mas nos quc íõmos do dia , íèjamos temperados , veftindonos
da coura da fc, e da charidade , e [_ per J capacete a cfperança da
íãlvaçaõ.
9 Porque Deus naõ nos tem ordenado pera ira, fenaó pera alcan­
çar a íalvaçaó por noflò Snor Jefu Chrifto.
ío O qual morreo por nosoutros, peraque, quer velemos, quer
durmamos, juntamente com elle vivamos.
11 Poloquecxhortae vos huns a os outros, e hús a os outros vos
cdificae , como tambem o fazeis.
< 2 Ora irmaós, rogamos vos que rcconhcçacs a os que entre vos
outros trabalham, c lobre vos em o Senhor prefidem , c vos a-
moeftam.
13 Eeftimae os muito cm amor, por caufa dc fua obra. Tende paz
entre vosoutros.
14 Semelhantemente vos rogamos, irmaós , quc amoefteis a os
dcíordcnados, quc conlòleis a os dc pouco animo , quc íuporteis a os
fracos, que icjaes pacientes pera com todos.
15 Olhae que mnguern torne a outrem mal por mal, mas prof-
íègui íèmpre o quc he bom, afli o huns pera com os outros, como
pera com todos.
16 Eftae fempre gozoíòs.
17 Orae fem ceflar.
18 Dae em tudo graças [a Deus'. J Porque tal he a vontade dc
Deus cm Jefu Chrifto pera com voíco.
19 Naó apagueis o Eípirito.
20 Naõ deíprezeis as prophccias.
21 Examinae todas as coufas: Retende o bom.
2 2 Apartae vos de toda aparência dc màl.
.23 Ora o meíino Deus dc paz vos fanótifique em tudo a todos:
A OS THESSALONICENSES. Cap. I. 4H
E voflò fingelo eípirito, c alma , e corpo, feja coníjrvado fem re-
preheníaó n’a vinda de noflò Senhor Jeíu Chriíto.
24 Fiel he o que vos chama, o qual tambem o fará.
25 Irmaós, rogae por nosoutros.
26 Saudae a todos os irmaós com fanctobcyo.
27 Efconjuro vos pelo Senhor, que a todos os irmaós fe lea efta
carta.
28 A graça de noflò Senhor Jefu Chriíto feja com vofco. Amen.

A primeira a os Theflaloniccnfcs foi cícrita de Athenas.

Fim da primeira Epijlola d’0 a4pofiolo S. Paulo a os Theffalonicetifics.

SEGUNDA EPISTOLA
D o

apostolo S. PAULO
AOS

THESSALONICENSES.

Cap-ituloI. •
1 Defpois do esfumado Jcbrefriso. 3 O dpoflolo da grafas a Dens acerca dos Tbef-
jalonicenfes, que grandemente creciam na fi, charidade , paciência e ajflipoens.
6 Reqteeire qtle Deus osatribstladores\d'elles caftigará e elles livrará e dará repou-
fo n'a glorioja vinda de Chrifto. 11 Roga a Deus que os correbore em bom. n Pe­
raque 0 nome de Cbriflo rielles feja mais glorificado.

1 eSilvano, e Timotheo, á Igreja dosTheflàloniccn-


l«Z fes [que efiá ] em Deus noflò Pae , e n’o Senhor Icíii
JL Chriíto.
2 Graça e paz ajaes dc Deus noflò Pac, e do Senhor Jefu
Chriíto.
Sempre a Deus devemos dar graças acerca de vosoutros, ir­
maós, como he rezaó porquanto voílà fé vae grandemente crecen-
Iii do,
9
II. EPISTOLA DE S. PAULO
a Ou, Entre do, e a char^jide de cadahum de todos vosoutros, abundando 4 dc
‘ÍC1, huns pera com os outros.
4 Dc maneira que nos mefmos nos gloriamos de vos em as Igre­
jas dc Deus, por cauíà dc voflà paciência c fc, cm todas voílàs per-
íeguiçoes c affliçoens que fofreis.
5 Huã prova do jufto juyzo dc Deus, peraque' ícjacs ávidos por
dignos do Reyno de Deus, polo qual tambem padeceis.
6 Pois hc jufto accrca de Deus , pagar com tnbulaçaó a os que
vos atribulaó.
7 E a vosoutros, que fois atribulados, repoufo com nofco, na rc-
vclaçaõ do Senhor Jelqg do Ceo com os Anjos de fua potência,
8 Com lavareda dc fogo, tomando vingança dos que naó con­
hecem a Deus, c dos que naó obedecem a o Euangelho de noflò
Senhor Jcfu Chrifto:
9 Os quaes foram caftigados com eterna perdiçam , da face do
b O ti, Pa- gnor, c £|a giorja jc fua b força.
nc,‘ ’ ío Quando vier a for glorificado cm fous íànótos, c a n’aqucllc
dia fc fazer admiravcl cm todos os que crem, ( porquanto noflo te­
ftemunho entre vosoutros foi crido.)
11 Poloque tambem fempre por vosoutros rogamos, que noflò
Deus vos faça dignos da vocaçaó , c cumpra todo o bom prazer de
[fita J bondade, c a obra da fc com potência.
1 z Peraque o nome dc noflò Senhor J efu Chrifto feja glorificado
cm vos, c vos n’cllc, fegundo a graça de noflò Deus, c do Senhor
Jcfu Chrifto.

* Capitulo II.

1 Declara o apoftolo que Cbriflo tam depreffa nao vira pera juizo como alguns Ibes
queriaõ perfuadir. j Mas que a apoftafia e o Anticbri/h d’antes aviaõ de vir.
$ O qual tambem Ibes d’antes tinha dito. 8 Declara que dejpois o Antichriflo de­
veras vira. Avtja os acerca da potejlade do engano. 13 slfiegura os Thtffdlo-
nicenfes da fua eleição d’clles pera falvaçaõ em fe e fanftificaçaõ. ip Jmoeftaque
nefles permanecefem firmes. 16 E roga a Deus que os confole e conforte.

1 irmaós,- rogamos vos pola vinda dc noflò Senhor Jeíu


Chrifto, c [por j noflò recolhimento a elle.
2 Que facilmente do entendimento vos naõ movaes, nem pertur­
beis, nem por Eípirito , nem por palavra , nem por carta como dc
nos [eferita, J como íc o dia de Chrifto ja perto cftivcra.
3 Ningucm. vos engane em nenhuá maneira : porque £ nao vem
aquelle]
A OS'THESSALONICENSES. Cap. II. 457
«cjuellc~\ até que primeiro naó venha a apollafia, c íc/^iamfcftc 0 ho­
mé dc pecado, o filho dc pcrdiçaó:
. 4 O qual íc opocm, c íc levanta íòbre tudo o quc íè chama Deus,
ou [como Deus] hc adorado; alfi que como Deus, no templo de
Dcusfe aflcntará,3 fazendo íc parecer Deus. a Ou, Jn-
5 Naó vos lembra quc, quando ainda com voíco cftava, eftas cou-
las vos dizia?
6 E agora [ bem J fabeis vos que he o que [ 0 J rctem , pera­
que a íèu proprio tempo feja mamfcftado.,
7 Porque ja o myftcrio de injuftiçá fe vae obrando : fomente o
quc agora o rctem, o retera ate que do meyo íeja [tirado.]
' 8 E entonçes ferá manifcftado o injufto , a o qual o Senhor deft
fará com o Eípirito dc fua boca , c pelo aparecimento de íúa vinda
o b deftruirá. bOu,^»/-
9 Aquelle [ digo, J cuja vinda he fegundo a cíficacia de íàtanas,
em toda potência, c ímaes, e milagres mentiroíos.
10 E em todo engano de injuftiçá, cm os quc perecem: porquan­
to naõ receberão'o amor da verdade, pera ferem íãlvos. coU) Acn-
11 E por tanto Deus lhes enviará cfficacia dc error, peraque creaõ rirl^Àe.
á mentira.
iz Peraque fejam condenados todos os que naó crcraõ á verdade,
antes tomáraô prazer em a injuftiçá.
1; Mas o irmaós amados do Senhor, fempre devemos dar graças a
Deus acerca dc vosoutros, de que Deus vos elegeo defdo principio
pera fàlvaçaõ, em íanétificaçaõ de Eípirito, e fc da verdade.
14 A o quc por noflò Euangelho vos chamou , pera alcançai- a
gloria de noflò Senhor Jefu Chrifto.
15 Pcloque, irmaós, eftac [firmes ] e retende as tradições que
tendes aprendido , íeja por f noffit J palavra, ou por carta noílà.
16 Ora o meíino jeíu Chrifto nôílò Senhor, e noflò DeuscPac,
que nos amou c nos deu a eterna coníòlaçaõ , c boa eíperança cm
graça.
17 Coníòle voílòs coraçocs, e vos confoitc em toda boa palavra
c obra.

Iii z Ca-
9
. 438 II. EPISTOLA DE S. PAULO
Capitulo III.
i 0 .dpoflolo amoefla os Tbeffdlonicenfes que rogem por elle. p, 0 Apoflolo roga per .
elles. 6 E reqteeire que apartem fe de todo irmaó que attdar defordenadamente.
7 Demeflra com feu exemplo que cadaqual deve trabalhar por feu feftento. i j Ex-
horta os de naõ defmajar em bem fator. 14, E que notem os taes que nao obede­
cem fete mandamento. 16 Conclue com acojlumada faudaçaó.

i "VT ’o dc mais, irmaõs, rogae por nós, peraque a palavra do Sen-


hor ajaQ/íwJ curíò, c íeja glorificada, como tambem entre
vosoutros.
2 E que íejamos livres dc homens diílòlutos , e maos : porque
naó he de todos a fé.
3 Mas fiel hc o Senhor, que vos confortará , e guardará do ma-
lino.
4 E de vos confiamos em o Senhor , que fazeis , c fareis o que
vos mandamos.
$ Ora o Senhor enderece voflòs coraçoes a o amor de Deus, ea
paciência de Chrifto.
6 Tambem vos denunciamosirmaós, em nome de noflò Sen­
hor Jcfu Chrifto, que vos aparteis de todo irmaó que andar deíòrde-
nadamente, e naó Íegundo a tradiçaó que de nos recebeo.
7 Porque vos meímos íàbeis como convém que nos imiteis: pois
deíordenadamcnte entre vos nos naõ ouvemos.
8 Nem debalde o pam de alguém comemos , mas com trabalho.
aO11, ç fadiga, trabalhando de noite e dc dia: » por.a nenhum de vosou-
naõ darmos tl'OS VOS fer pcfldos.
trabalhou $ Naó porque a authoridade naõ tenhamos , fenaó porque nos
>Mros! nicí*nos O^cxemplo a vosoutros nos deflemos, peraque.nos imi-
”v”fb
taflèis.
10 Porque tambem quando cóm voíco eftavamos, vos denunciá­
vamos ifto mefmo, que fe alguém trabalhar naõ quiícr, tambem naõ
coma.
11 Porque ouvimos que alguns ha entre vosoutros, que andam
defordenadamente, naõ trabalhando, mas coufas vaas fazendo.
12 Peloque a os taes denunciamos, e por noflò Senhor Jefu Chri­
fto exhoitamos, que quietamente trabalhando, ícu proprio pam
comaõ.
13 Mas vos, irmaós, naõ deímacis cm bem fazer.
14 E fe algum a noflà palavra por éfta càrta £ eferita J naó-
ob.c-
A OS THESSALONICENSES. Cap. III. 439
obedecer, notae a o tal, e com clle naõ convcrfcis/peraque tenha
vergonha, ...
15 Todavia naó tenhaes como a mimigo, mas como a irmaó [0 J
amoeftae.
16 Ora o mcfmo Senhor da paz vos de fempre cm toda maneira
pàz. O Senhor feja com todos vosoutros.
17 A faudaçaõ de minha própria maó, dc Paulo, quc he hum fi­
nal em cada carta: afli eferevo:
18 A graça de noflò Senhor Jefu Chrifto feja com todos vosou­
tros. Amen.
A fcgtinda [carta] a os Thcflaloniccnfcs foi [efer/ta] de Athenas,
Fimdit fegundii EpiJloLi ífo ^poflolo S.Pstulo a os Thtjfalonicenfcs.

PRIMEIRA EPISTOLA
DO

APOSTOLO S. PAULO
A
TIMOTHEO.
Capitulo I.
1 Defpois do coftumadofobrefcrito d'efla carta, 1 Diz Apoflolo que a Timotheo deixou
em Ephefo fera ter cuidado , que naõ entraffe alguma vaã doutrina, j Moflra o
verdadeiro fim da Ley. 8 Que naõ efld pofla fera o juflo Jenaõ fera injuflo.
. li E que o Euangelho de Deus lhe foi confiado. 13 Cujo atalho fropoem. 17 Dan­
do per iffb graças a Deus. 18 E encomendando iflo a Timocheo. 10 Protefla qut
Hpncneo e Alexandre fizeraõ naufragio da ftj os quaes entregou a jatanas.
■1
1 aulo Apoftolo de Jefu Chrifto , fegundo^ * a comiflãm dc a ou.arXc
I -J Deus noflò Salvador, c do Senhor Jeíu Chrifto [o qunl he] nafai
«A noflà efperança.
i A Timotheo [ meu 3 verdadeiro filho em a fé , graça, mi-
fcricordia, e paz dc Deus noflò Pae, c de Jcft\ Chrifto noflò
Senhor. \
<j. Iii 3 * 5oCo-
4P I. EPISTOLA DE S. PAULO
3 Como te ’ Jthortei, quando hia pera Macedonia, que te ficaflés
cm Epncíò [ affi te ainda exhorto J paraque denuncies a alguns que
naó cnfinem diveria doutrina.
4 E que naõ lé dem a fabulas, c a genealogias infinitas, que mais
produzem qucltocs , do que cdificaçaó de Deus, que na fé ha.
5 Mas o hm do mandamento he a charidade de hum coraçaó
puro, c(j<i<?J huá boaconlcicncia, c [de] huá fc naó fingida.
6 Do que apartandofe alguns, íè divertiráó a vaidade dc palavras.
7 Querendo ícr doutores da Ley, [ e J naó entendendo nem o que
dizem, nem o que alfirmaõ.
8 Ora bem fabemos que a Ley hc boa , fc d’clla Icgitimamcnte
fc ufi.
9 Sabendo que a Ley naõ eftá pofta pera o jufto , fenaó pera os
injuftos c obftinados, pera ós impios epecadores, pera os malyados,
c profanos, pera os matadores dc paes c de maés, pera os homicidas:
ío Pera os fornicadores, fodomitas, ladroes de homes , mentiro-
íòs, perjuros, c íc couíã outra alguã ha que á íãã doutrina contraria
íeja.
x i Segundo o Euangelho da gloria do Dcusbcmavcnturado, que
a my me eftá confiado.
11 E dou graças a o que confortado mc tem , [ a faber] a Jeíu
b Ou, orde- Chrifto Senhor noflò , de que me teve por fiel,b pondo f me J no
nande. minifterio:
i 3 Avendo fido d’antes hú blasfemo , c perfeguidor, e oprcflòr :
porem foi mc. feita miíericordia , porquanto por ignorância.o fiz cm
|_ mtnha] infidelidade.
14 Mas a graça dc noflò Senhor foi muy abundante , com a fc
c amor, que eftá cm Jeíu Chrifto.
15 Ella hc huma palavra fiel, c digna de de todos fer recebida, que
Jeíu Chrifto vejo4 o mundo, pera íalvar a os pecadores, dosquaes
cu íou o principaí.
x 6 Mas por iflò me foi feita miíericordia, peraque Jcíú Chrifto
moftrafleem my, M que íòuAprincipal, toda [ Çua J clemência, pera
exemplo dos que n’ellc para vida eterna aviaó dc crer.
, '7 .Or:}.a 0 Rcy dos ícculos, incorruptível, invifivcl, a o Deus
ío Íabio, íeja honra, c gloria, pera todo iempre Amen.
18 Efte mandamento tc encomendo, [meu] filho Timotheo, .
que íegundo as profecias, que d’antcs houve dc ty, milites em ci­
las boa
a milícia;
19 Re-
A TIMOTHEO. Cap. II. 44I
19 Retendo a fc, ca boa confciencia, a qual enjeitando alguns,
fizcraõ naufragio da fc.
20 D’entrc os quaes lie Hymcneo, c Alexandre, que cu a íiita-
nas entreguei, peraque aprendam naõ [ mais J blasfemar.

Capitulo II.

i Paulo manda que fefaçao oraçoens por rodos os homens, principalmeiite por os Reis,
e que eflaõ poftos em eminentia. j Porque ifto he agrailavel diante de Deus, e
Chrifto he medianeiro de todos. 8 Manda que os homens levantem maós puras em
todos lugares. 9 Mas que as mulheres em veftido houefto e Jilencio aprendaõ.
13 Porque primeiro foi criado Jdatn e a mulher primeira foi enganada. iy Com
tudo requeire que falvar fe ha pela fè, gerando filhos.

1 "D ortanto amoefto ante tudo, que íc façaó petições, oraçoes,


A íúplicaçocs, efazimentos de graças por todos os homens.
2 Polos Rcys, c por todos os quc eftam poftos cm eminentia, pe­
raque políamos viver • quieta e foílcgadamcnte , cm toda piedade c a Ou, paci-
honcftidade. v fica.
3 Porque ifto hc o bom e agradavel diante de Deus noflò Salvador.
4 O qual quer que todos os homens fc íalvem , c venham a õ
■ conhecimento da verdade.
5 Porque ahi ha hum Deus, e hum Medianeiro entre Deus eos-
homens, o homem Jefu Chrifto.
6 9 51n;^-fc dc,u * G mefmo preço dc redempçaõ por to­
dos, [ fendo ] teftemunho cm ícu tempo. .
C-a ° ^UC- fuÍP0Íl° Por Pregador e Apoftolo, ( verdade digo
Cn« Air °’ m'nto) Doutor das gentes em fé e cm verdade.
Aíli que quero que os homens façao oraçaó em todo lugar, le­
vantando as maós puras ícm ira nem contenda.
9 Igual mente tambem quc as mulheres íc ataviem de vcfti­
do honcfto , com vergonha c modcftia , naó com f cabellos]
encrelpados, ném com ouro, nem com pérolas, nem com vcfti-
dos preciolos.
10 Mas com boas obras, ( como hc decente a mulheres quc de
b lervir a Deus fazem profiflaó.) . 1
11 A mulher aprenda em lilcncio , com toda fu^eicaó bOu.Pi^-
foblc o mS 1M? pcn“° mulher enfine , nfde autoridade *.
looic o mando ufe, mas que cftcia em hlcncio,
J 3 1 orque primeiro foi formado Adam, c entaõ Eva.
O 14 E
I. EPISTOLA DE S. PAULO
14 E naó iôi Adam enganado.: mas a mulher, fendo enganada '
ficou cm tranígrcílàõ. *
1 y Porem talvarfcha gerando filhos, fe permanecer em a fé, c
charidade, c fanctificaçaó, com modeftia.
Capitulo III.
1 0 Jpoflolo declara a propriedade de oficio de hum Paftor ots Eifpo. 2 E defereve
as propriedades e virtudes quaes fi requere „'elle , e os viçios dos quaes amifler
eftar apartado. 8 0 mefmo fax, dos Diáconos. 11 £ das fu.u mulheres delles
12 E fanulia. iy Declara a dignidade da Igreja de Deus tflWdo a columna e
firmeza d(t verdade. 16 Summartameiite defere ve os principais mfilerios da fi

1 p fia hc hurna palavra fiel: fe algum defeja fer Bifpo , cxcclen-


tc obra defeja.
2 Mas convém que o Bispo feja irrcprehcnfivel, marido de huã mul­
her, vigilante, temperado , . modefto, holpedador, apto pera cn-
fillíU’. 1
3 Naõ dado a o vinho, naõ efpanqucador, naõ cobiçofodcgan-'
ho deshonefto: mas benigno, naó contcncioíò, naõ avarento.
4. Que governe bem Íúa própria cafa, tendo a [feus í filhos fu-
geitos em toda modeftia.
5 (Porque o que naó fabe governar fua própria cafa, como terá
cuidado da Igreja de Deus ?)
d ib nov’Ço: Porcluc incfcandofc , naõ caia na condenaçaõ do
7 Convém tambem que tenha bom teftemunho dos cftranhos:'
porque naó caia cm affronta, c [em] laço do diabo.
8 Semelhantemente os Diáconos [convém que fejaõ] >honctt:os naõ
dc duas.lingoas, naó dados a muito vinho , naó cobiçoíõs de canho
deshonefto. b
9 Tendo o myftcrio da fé em pura coníciencia. z
10 E tambem eftes fejam primeiro provados, f e J dcfpois firvaõ,
lendo achados irrcprehenfiveis.
3 1 Semelhantemente as mulheres [convém qtte fejctõ J honeftas,
* 1'í^ntcs> temperadas, fieis cm todas as couíàs.
, rr S -?^fonos fcjam maridos dc huã mulher , que governem
bem [feus J filhos, c fuas próprias caías.
13 L orque os que bem íêrvircm, aqúírcmpera fi húbomdcgrao,
c hua giande confiança cm a fé, que ha cm Chrifto'Jefu.
iqEftas
, A T I M O T H E O. Gp. IV. w
14 Eftas coufas tc cfcrevo , cfperahdo que bc< ) prefto virei
a ty.
1 j Mas fc tardar, peraque íâibas como convém convcríàr cm a
cafa dc Deus, que hc a Igreja do Deus vivo , a coluna e firmeza da
verdade.
16 E fem duvida nenhuá , grande he o myftcrio da piedade:
Deus foi manifcftado em a carne, foi juftificado em Efpirito , vifto'
dos Anjos, pregado a os gentios, crido no mundo, e recebido a ri­
ba cm gloria.

C API TULO IV.


Paulo prediz b apofiajia dos alguns n’os últimos tempos, 3 Probibindo 0 matrimo­
nio e ufo d'algums manjares. 6 Amoejla a Timotheo de propor a verdadeira
doutrina, e rejeitar tu fabulas. 8 Z antes de tudo exercitar je na piedade, iz En­
comenda qtte je pujeJTe por exemplo das virtudes. 13 Ocupajfe em ler. 14 Haô
âefprezajje 0 dom recebido, tp jdproveitajje em bom. 16 Com promejjd que fa­
zendo ijlo avia de falvar a ji mejmo e mais a os que 0 ouvem.

1 ra o Efpirito diz manifeftamcnte, que n’os últimos tempos fe


^defviaraõ algús da fé,a dando fc a efpiritos enganadores e a a Ou, Efru-
doutrinas de demonios. ’ tando, ou
a Por hypocrifia dos mentiroíòs, tendo cauterizado íúa proDria 0'"’'’®ouvi-
—dando ww"
confciencia: r ‘ dosaefpiri-
3 Piohibindo o matrimonio , £ e mandando 1 abfteríè dos manja­ tos de error.
res que Deus criou pera os fieis, e pera os que conhecerão a ver­
dade, pera d’elles ufare com fazimento de graças.
4 Porque toda criatiíra de Deus he boã, c naõ ha nada que en­
gatar, tomandoíè com fazimento de graças.
$ P°rque pela_palavra deJDeus e \_pela’] oraçaó he íànótificada.
i r rZ vT5 cou. os irmaós propuicres , ferás bom miniftro de
guifte nít° ’ Cria<^° 11:13 Palavras da fc, c da boa doutrina que fc-
7 Mas rejeita as fabulas profanas das velhas: e exercitate em Die
dade. ■ . r
8 Porque o exercício corporal pera pouco aproveita, poremaoie-
Som “da “ i’r0VClt0&’ “ndo 03 ‘,romcllàs d'cífa Ftícnteed»
9 Efta hc palavra fiel, e digna de toda aceitaçaõ
ío forque por ifto tambem trabalhamos, c fomos injuriados, por-
( Kkk quanto 3
/ 5
m I. EPISTOLA DE S. PAULO
quanto avcmoíl/fpcrado cm o Deus vivente , que he o coníèrvador
de todos os homens, [ masj principalmentc dos fieis.
11 Eftas coufas encomenda c enfina.
12 Ninguém menos preze tua mocidade , mas fé exemplo dos
fieis em palavra, cm convcríàçaõ , cm charidade, cm eípirito , cm
• fé, cm pureza. '
13 Entre tanto que venho, ocupate em lér, exhortar, c cn-
finar.
bOu,Dr/í«. 14 Naõ b desprezes o dom que cm ty eftá, o qual te foi dado por
^<s‘ profecia, com impofiçaó das maõs da Anciania.
i $ Medita eftas couíàs, n’cllas te ocupa : peraque teu aproveita­
mento á todos feja manifefto.
16 Tem cuidado de ty meímo, c da doutrina: n’cftas couíàs per-
ícvéra: Porque fazendo ifto, tc falvarás a ty meímo, e mais a os que
te ouvirem. u

Capitulo V.
i O Apostolo enfina como a amoefíaçaõ fe fiça a' os velhos e a os mancebos, j Man-
Ja honrar a as verdadeiras viuvas. 4 Mas a os filhos e netos, que fufientem fuas
viuvas e paes. 9 Defereve d idade e outras qualidades das viuvas, quaes faõ af­
tas fera 0 fervi ço da Igreja. 11 Mas que as viuvas moças naõ admitaõ. 14 £
que fe cafem. 17 Qual honra e rçfpeito devemos a os Anciaõs. 1 j Que naõ rece­
bamos contra elles acufaçaô fenaó com tejlemunhas. z 1 Requeiro diante de Deus
e feus fanllos Anjos , que n'ejle faça fem inclinação. 14 Concluo com huma de-
claraçaõ como os Ançiaós fe fodem for conhecidos.

a Ou. Jfpe-1 "KT aõ reprendas ’ rudamente a o velho , mas-amoefta como


ramente. a pae : a os mancebos como a irmaós;
2 A as velhas, como a maésf.a as moças, como a irmaãs, em
toda pureza.
3 Honnfa as viuvas, que verdadeiramente íàõ viuvas.
4 Mas íc alguã viuva tiver filhos, ou netos, aprendam primeiro
a exercitar piedade [em ] fua própria cáfa , e arccompeníar a feus
paes: Porque ifto he o bom e agradavel diante de Deus.
5 Ora a que verdadeiramente he viuva , e folitaria , eípéra em
Deus, e pcríèvéra dc noite e de dia em rógos e oraçoes.
6 Mas a que vive cm delicias, vivendo eftá morta.
7 Djrtanto denuncia eftas couíàs, peraque fejam irreprehcnfiveís.
8 Porem fc algum naõ tem cuidado dos íèus, c principalmentc
dos de fua familia, a fé negou, c peior he que hum infiel.
9 Seja
A TIMOTHEO. Cap. V. 44?
9. Seja elegida a viuva naõ menos quc dc ícílcnu. pnnos, a qual
aja fido mulher de hum \Jo J marido:
10 E tenha teftcmunha de boas obras, fc criou filhos, fehofpedou,
fe lavou os pees a os Íànétos, fc focorrcu a os aftligidos , íc fcguio
toda boa obra.
11 Mas as viuvas moças naó admitas: porque avendo vividodiífo-
hitamcnte contra Chrifto, entaõ fc querem cafar.
12 Tendo ja ] i> condcnaçaõ, por averem aniquilado [fua ] b Ou> >**•
primeira fc.
13 E juntaménte tambem aprendem oucioíàmcnte andar de caía
cm cafa: e naõ fomente oucioías, mas tambem paroleiras, e curio-
fas, parolando o que naõ convém.
14 Quero pois que as moças [j viuvas J fe cáícm , criem filhos,-
e governem a caía : c quc nenhuá, ocaGaõ dem a o adverfario pera
maldizer.
15 Porque ja alguãs íc tornárao a tras apds íàtanàs.
i(J Se algum fiel, ou alguã fiel, tem viuvas, mantcnhaas , enaõ
feja carregada a Igreja, peraque ája o que hc neceflàrio pera as que
dc véiras iám viuvas.
17 Os Anciaós que bem govemaó , fejam cítimados por dignos
de dobrada honra, e c maiofmente os quc em a palavra e doutrina cOu.Priwí-
trabalham. palmente.
18 Porque a Eferitura diz: Naõ atarás a boca a o boy que trilha.
E, Digno hc o obreiro de feu jornal.
19 Contra o Anciaõ naõ 4 recebas acuíàçaõ, fenaõ com duas ou dOu, âch-
tres teftemunhas. t,í-
20 A os que pecarem redargue os diante dc todos, peraquetam­
bem os outros tenham temor.
21 Requeiro diante de Deus, e do Senhor Jefu Chrifto,
e dc ícus Anjos eícolhidos, quc feçti prejuizd algum eftas cou-
íàs guardes, que nada .faças arrimaqdote á huá [j ou á outra ]
parte.
2 2 Naõ depreíTa ponhas as maós íòbre algum, nem comuniques
cm pecados alneyos: confervate em pureza.
23 Naõ bébas d’aqui pordiante [fomente] agoa, mas ufa [ tam­
bem] de hum pouco de vinho, por caufa dc teu eftamago, e de tuas
€ continuas enfermidades. . eOu,Dmr-
2-4 Manifeítos antes fam de alguns homens os pecados, e precedem pa-/'M‘
ra fua condcnaçaõ: e em os outros feguem.
Kkk 2 25 Afli
44á. I. EPISTOLA DO S. PAULO
2$ AlTi mcfyp tambem as boas obras fam d’antes manifeftadas:c
as que d’outra maneira íàm, naó fe podem cíconder.
Capitulo VI.
i 0 4'jlol, „ferw>s qtu oMefaS filts Stnhores. 3 Defereve os falfos e en-
Zanejos doutores. 6 Exborta pera piedade. 11 E diverfos outr.tf virtudes 11 R.e-
de DeUi, ' Cbrille’ W &“”*'• <f £ meditando avin-
aa do Chnflo perajulgar, e a gloria de Dow, começa louvar a Deus. 17 Como os
devem ‘V,Wf ‘b',nte d‘ D,US * bomtns- 10 'iviía ° da doutrina.-
zi £. conclue a carta com a cojlumada Jaudaçaõ.

1 Q s fervos quantos debaixo de jugo;cftaõ, tenham a feus Senhores


por dignos de toda honra, peraque o nome dcDeus e a dou-
a Ou, seja tnna nao a ^jaó blasfemados.
hUsfemado. 2 Eos que tem Senhores fieis, naó fw] tenhaó em menos, por*
ícrem irmaós : antes tanto melhor os íirvaó, porquanto íàm fieis c
amados^c^participantcs d’efte beneficio. Ifto enfina e exhorta.
3 SeAqi» enfina outra doutrina, e naõ íè achega ás íãâs palavras
de nollo Senhor Jefu Chrifto , e á doutrina que he conforme á pie­
dade. x
, _ 4 Inchado he, nada íàbe, enlouquece accrca de queftoés e
mandat ‘ contfn(ias de palavras: das quaes naçem invejas, b preitos, maledi-
çençias, roins foípeitas.
5 Pcrvcríòs combates de homens corruptos de entendimento ,' e
dos" taes VCr^a^c ’ cuxdandoque a piedade heganancia: Apartatc
6 Grande ganancia he porem a piedade com o contentamento.
7 Porque nada a efte mundo trouxemos, c íèm duvida nadad’el-
le levar poderemos.
8 Afli 5Pe tcn(i° 0 fiiftento, e o com que nos cubramos, efteia-
mos com iflò contentes. ”
9 Porque os que cnriqueçcr fe querem., caem cm tentaçaõ, e
laço, e [em] muitas loucas c danoíãs cobiças , que aos ho-
mes anegam em perdição e deftruiçaõ.
c Ou>^w»- 10 101 que a c cobiça das riquezas he a raiz dc todos os males : a
r«w. X»a aPetcc.end°a algums fe deíviáraódafc, e traípaflàraó a fi mefmos
de muitas dores. r
. /•1 ^as Fu 0 fiomem de Deus, foge d’cftas couíàs: c proíligue a
j iça, a piedade, a fé, acharidade, a paciência, a maníidao.
12 Batalha a boa batálha da fé : lança maó da vida eterna, pera
aqual
A TIMOTHEO. Cap. VI. 447
aqual tambem eftas chamado, avendo ja feito boa! ^rofiflâó diante
de muitas teftemunhas. •
1 j Mandote diante de Deus, que a todas as coufas dá vida, ede
Jefu Chrifto, que diante de Poneio Pilatos a boa profiflâõ teftificou:
14 Que guardes efte mandamento fem macula nem reprenfaõ,
até quc noflò Snor Jefu Chrifto apareça.
15 A o qual a feu tempo moftrará o bemaventurado e fó pode-
rofo Senhor, Rcydosjcys, e Senhor dos Senhores.
16 O qual fó tem ímmortalidade, e habita em hua luz inacccfli-
vcl: aquem nenhum dos homens vio, nem tam pouco pode ver: a o
qual feja a honra, e a potência fempitema. Amen.
17 Aos ricos defte mundo manda que naõ fejaó altivos, nem pon­
ham [_fua ] confiança na incerteza das riquezas , ícnaõ cm o Deus
vivo, quc todas as coufas nos dá em abundancia, paraque d’çllasgo­
zemos.
18 Quc fcjaõ bemfcitores, riquecendo em boas obras, dando com
facilidade, c afaveis. •
19 Atefourando pera fi bom fundamento pera em o por vir, para­
que alcançcm a vida eterna.
20 O Timotheo, guarda o depofito a ty confiado, e defviatc das
vozes profanas dc coufas vans, e dos argumentos do vaô nome de
iciencia:
21 A qual alguns profeflàndo , fe defviáràõ da fé : A graça feja
com tigo.Amcn.
. A primeira [ carta ] a Timotheo foi eferita dc Laodkca, quc he a Mctropoli
da Pkrygia Paca^iana.

Fim cia primeira Epiftola d’o Jlpojiolo S.Paulo a Timotheo.

Kkk 3 ' SE-


44§
SECUNDA EPISTOLA
DO
APOSTOLO S. PAULO
A
TIMOTHEO.
Capitulo. I.
i T)efpois da coflumado fobrefcrito. J Declara o grande amar cem qual ama a Ti­
motheo. 4 £ a razaõ parque 0 ama. 6 Exhorta a pera defpertar fem dons. 7 E
naõ temer^tem envergonhar fe da doutrina de Euangelho. 9 Por ijfo defereve a
excellencia de nojfa vocaçaò. n E lhe propoem feu proprio exemplo, tz Exhorta
0 de ter a mefma doutrina porforma e firmemente a guardar, if Que todos de Afia
0 defemparáraò. 16 Mas que Onefiphero com elle fico» fielmente. 18 Porque razaõ
roga a Deus que lhe gratiofamente retribuo.

aulo Apoftolo de Jeíii Chrifto pela vontade de Deus, íc-


gundo a promeflà da vida que he em Jefu Chrifto.
- A Timotheo amado filho, graça, mifericoj-
dia , e paz íèja vos J de Deus o Pae, c de Jeíu Chrifto Senhor
nofto.
aOu,P/««. 3 Dou graças a Deus, a o qual defdc £ meus ] « antepaflados
b Ou, Faço com limpa conlciencia firvo, como fem ccflar b tenho lembrança de
menção de ty cin minhas oraçoes de noite c de dia.
»/•
4 Defejando ver te , lembrandome de tuas lagrymas, pera mc
encher de gozo:
$ Trazendo á memória a fé naõ fingida que eftá cm ty , aqual
habitou primeiro cm tua avo Loyda, c cm tuamacEunice : ccftdu
çerto quc tambem emty.
Poloque tc alembro que delpertes o dom dcDcus, que cm ty
cita pola impofiçaõ de minhas maós.
7 1 orque Deus naõ nos tem dado o Efpirito de temor , ícnaõ o
dc foi taleza, c de amor, e dc temperança.
8 Portanto naõ te envergonhes do teftemunho de noflò Senhor,
nem
A TIMOTHEO. Cap. 11. 449
nem de my que íòu feu prifioneiro: antes padece aífli, pés como Eu­
angelho íegundp a virtude dc Deus.
9 O qual nosTalvou, c nos chamou com huã fancta vocaçaõ:
naõ por- noflàs obras, mas íegundo feu intento, c pela graça
que em Jcfu Chrifto nos foi dada antes dos tempos dos íc-
culos.
10 Mas agora hc manifcftada pela vinda de noflò Salvador Jcíii
Chrifto, o qual deftrúhio a morte , e trouxe cm luz a vida, c a in-
corrupçaõ pelo Euangelho:
11 Do qual cftou pofto por Pregador, c Apoftolo, c Doutor das
gentes.
12 Polo que tambem padeço ifto : porem naõ me envergonho.
Porque eu íci aquem cri, e eftou certo que poderofo hc pera meu
depofito até aquelle dia guardar.
13 Retem a forma das íããs palavras que de my ouvido tens, em
a fé e charidade que cm Chrifto Jeíu eftá.
14 Guarda o bom depofito [ a tf] confiado pelo Eípirito íànéto, que
cm nosouaros habita.
15 Sabes ifto que os que cm Afia cftaõ, dc me todos e fc apartá-cOu,síi?A-
raõ': dos quaes he Phygello, e Hermogcnes. fldraõ.
16 De o Senhor miíericordia á caíâ dc Oncfiphoro , que muitas
vezes me d recreou, e de minha cadea fe naõ envergonhou: d Ou,d«m
17 Antes vindo elle a Roma, com muito cuidado me buícou, çrfw™-
[me] achou.
18 O Senhor lhe dé que n’aquelle dia ache mifcricordia diante do
Senhor, e quanto cm Ephefo £ me] ajudou, tu o fabes muyto bem.
Capitulo II.
1 Ex hirta a Apoftolo a Timotheo, que o Euangelho e/lendejje pelos fieis homens. ; E
qtte por ■via do Euangelho fofrijje ajftifoens. 4 Contra as quaes 0 confieia. ■ / Ex­
borta 0 de diligentemente erífinar 0 artigo da refitrreifaò da carne. 9 A fi tnef-
tno propoem por exemplo pera 0 confolar , e 0 certo galardaõ qual Chriflo despois da
paixaõdara. 14 Amoejla o> que bem corte apalavra, e refijle a Hymeneo e Pbi-
leto, que negaõ a refurreiçaò. 19 Seja que alguns traflornaõ, todavia 0 funda-
• mento da eterna eleição fica firme. Finalmente amoe/laode fugir os deíejos da
mocidade e feguir as virtudes Cbrifiaãs. JJ

1 Tu Po>s, mcu filho, esforçate em a graça que eftá em Jefu


Chrifto.
2 E o que de-my entre muitas teftemunhas teus ouvido,4 encar-aOuA»fa.
réga
45<> II. EPISTOLA DE S. PAULO
rega o a homcJA fieis, que forem idoncos pera tambem a outrosen-
finárem.
3 Tu pois íôfre as affliçoes como bom íòldado de JefuChrifto.
bOu, o» 4 Nenhum que milita fc embaraça cm negocios u defta vida, por
ahmcir/i. agradar a aquelle que por a guerra [_ojtomou.
5 E fe algum milita, naó hc coroado, fc legitimamente militado
naó ouver.
ó Pera o lavrador os fruitos receber, ncceflàrio lhe he primeiro
trabalhar.
7 Confidcra o que digo : dc te pois o Senhor entendimento em
tudo. . .
8 Lembrate que Jefu'Chrifto refiifcitou dos mortos, o qual foi
da íèmente dc David, conforme a o meu Euangelho.
Polo qual ate as prifoens, como malfeitor, ando oprimido: mas
a palavra dc Deus naó eftá preíà.
ío Portanto tudo íòfro por amor dos efeolhidos, "peraque tam­
bem elles alcançcm a fàlvaçaõ, que com gloria eterna cmJeíuChri­
fto eftá. •
11 Efta he palavra fiel, quc íè com [elle J morrermos, tambem
com [ elle J viveremos.
12 Sc íòfrermos, tambem com [_elle~^ reinaremos: íè oJnegar­
mos, tambem elle nos negará.
13 Sc infiéis formos, clle fe fica fiel: naõ íè pode a fi meíino
negar.
14 Eftas couíãs alcmbra,proteftando diante doSnor, quelnaõten­
ham contendas em palavras, [gwej pera nada aproveitam, fjfwrej]
traftornaó a os ouvintes.
15- Procura com diligencia dc a Dcús aprovado te aprefentares,
C comt j obreiro que naó tem de quc fe envergonhar, quc bem cor­
ta a palavra da verdade.
16 Mas reprime os profanos e vaós clamores: porque iraó muya
diante em a impiedade.
cOil>Gn»»- 17 Efuap
E fua p
gren^htr- meneo, c Phileto:
r's’ ’ 1 Os quaes da verdade fe defviáraõ , dizendo que ja a refurrei-
çao he feita, e traftornaó a fé de alguns.
19 Todavia o firme fundamento de Deus fica, tendo efte fcllo: O
Senhor conhece os que íâõ feus , c quem quer que invoca o nome
dc Chrifto, apartefe dc injuftiçá.
20 Ora
A TIMOTHEO. Cap. III, 4<t
20 Ora cm huã grande caía, naó fomente ha va.ós dc ouro e de
prata, mas tambem de pao c dc barro ; huns pera honra c os ou­
tros pera deshonra. ’
21 Aíli que fe alguem d’eftas coufas fe purifica , fera hfi vaíõ
fanctificado pera honra, c util pera os ufos do Senhor, caparelhado
pera toda boa obra.
zz Mas d foge dos desejos da mocidade , e proífigue ajuftiça, adoUjEW74
fé , a charidade , e a paz com os que de puro coraçaó invócaõ ao'
Scrthor.
z] E rejeita as queftocs loucas, c fem inftruçaô , íàbendo que
produzem contendas.
24 E naó convém quc o fervo do Senhor feja contcnciofo: fenaõ
manlò pera com todos, apto pera enfinar , e que pode fuportar a
os maos.
2 5 Enfinando com maníidaõ a os que refiftem : íè porventura
Deus lhes de que ainda íè arrependam pera conhecerem a verdade.
26 E fc tornem a deípertar do laço do diabo, em que á fua von­
tade cativos eftavaó.

Capitulo m.

I Predit e Âpeílole quaes enganadores em es ultimes dias JobreviraÒ, e ameefla que


aberecefle d‘elles. 6 Enfina em qual maneira enganaraò es hemens e principalmeu.
te as mulberestinhas. 8 Em reffiir a verdade feraõ iguaes cem Jannes e lam­
irés. 10 Jmeefla e fera feguir jets exemple em fofrer as perfegttiçeens. 14 E cen-
flamemente perseverar na aprendida doutrina. i; ^finnland» • ptrfeiçaò, divi-
nidade e mteltifaria utilidade da Jdgrada Eferitura , a qual da meninice apren-
dee, e ua qual ejla doutrina eftá fundada.

1 T fto porem íãcbas, que cm os últimos dias íòbrcviraó tempos


A molefto^.
2 Porque averá homens amadores de fi mcímos, avarentos, pre-
funtuoíòs, foberbos, infamadores, dcíõbcdicntes a paes, ingratos,
profanos: &
? Sem caridade natural, irreconciliáveis, calumniadores, incon­
tinentes, crucis, fem amor a os bons.
4 Trahydorcs, temerários, inchados, amadores dos deleites mais
que de Deus.
Sgfo a 5Pa^ncia da piedade , mas negando a efficaçia d’ella.
tambem d’cftes taes.
A L1I d Por-
II. EPISTOLA DE S. PAULO
6 Porque JAftcs íaõ os que fc entremetem nas caías, e trazem
cativas ás mulhcrcszinhas carregadas dc pecados, levadas dc divcrlàs
concupiíccncias.
7 Mulhcrcszinhas que fempre aprendem , c nunca podem chegar
a o conhecimento da verdade.
8 E aíli como Janncs c Jambres refiftíraó a Moyfes, aíU tambem
eftes refiftem a verdade : homens de todo corruptos dc entendimen­
to , reprovados quanto a fc.
2 Mas naó iraó mais por diante: porque a todos ferá fua louquice
manifeílada, como tambem o foi a êfaqucllcs.
ío Porem tu tens feguido minha doutrina, modo dcfazer, inten­
ção, fc, longanimidade, charidade, paciência.
. 11 [ Minhas J perfeguiçoens, minha paixaó, taes quaes me acon-
téccraõ cm Antiochia, em Iconia, [>3 cm Lyftra: quaesper-
aOu/«/ri- feguiçoes a tenha padecido, c o Senhor dc todas me livrou.
dojou fefn. 12 E tambem todos os que piamente querem viver cm Jeíu
Chrifto, padcccraõ pcrfcguiçaó.
i 3 Mas os homens maos, e enganadores iraó por diante dc mal
cm peior, enganando, e fendo enganados.
14 Porem tu fica .nas coufas que tens.aprendido, e as quaes tefo-
raõ confiados, fabendo de quem aprendido as tens:
15 E que deíde tua meninice íòubefte as íàgradas letras: as quaes
te podem fazer fabio para falvaçaõ pela fé que em Chrifto Je­
íu ha.
, n _ 16 Toda * he de Deus infpirada, e proveitofc. pera
wwíer. " en^nar» Pera b redarguir pera reprender, c para inítruir em ju­
ftiça. ’
c Ou, pre- 17 Paraque o homem de Deus feja perfeito, e perfeitanjcntecjn-
far»dt, ta ftruido pera toda boa obra.
armadt. '4

" ■ ■ . ■ . . . . C a-
J 1 V-
’ ■ r
A TIMOTHEO. Cap. IV. 49
Capitulo IV.

I Exborta Paulo a Timotheo fera continuamente e fielmtnte comprir fel( ojfido.


3 Moflrando a necefiidade porvta da maltcia d'i homens qual /cra no tempo fu­
tura. 6 Prediz que de prejja fera matado, confola fe com boa confidencia, e com •
o galardaõ , qual clle e todos os fieis efperaõ de Deus. 9 Amorfa ,0 de vir para
com elle. 11 E trazer junto a Marcos. 14 A vifia 0 de Alexandre olateeiro 0 qual
0 oca/ionou muitos males. 1 6 Queixa Jobre alguns irmaós , que 0 de/emparáraõ
na primeira defenfia. 17 Mae que 0 Senhor 0 afirfio e per efta vez 0 livrou,
18 Confiando que 0 Scuhor adiante tambem lhe afiiftirà. 19 £ mandando alguns
recados, zz Concltte efla carta com a coftumada /'and4(aõ.

1 T? cquciro pois diantb de Deus, c do Senhor JeíuChrifto, quc


ha de julgar a os vivos c aos mortos cm fcu aparcçimcnto c
[cm] fcu Rcyno:
2 1’regua a palavra, infifta em tempo c fora dc tempo:redargue,
rcprcnde, exhorta com toda brandura c doutrina.
3 Porque averá tempo quando a íàa doutrina’'naõ fofreraõ; antes
tendo nas orelhas comiçham, fe amontoaráõ Doutores fegundo feus
proprios defejos:
4 E apartaráó £ feus J ouvidos da verdade , c ás fabulas fc tor-
naráõ.
$ Porem tu vela em todas as couíãs , fofre as affliçoes, faze a
obra de hum Euangelifta, faze que de voflò minifterio fejamos aflè-
gurados.
. 6 Porque cu ja agora me .vaó offereccndo por afperfam de facrifi-
cio, eja o tempo da minha foituraeftá perto.
7 Bom combate tenho combatido, acabada tenho a carreira, guar- •
dqda tenho a fc.
8 No de mais a coroa de juftiça mc eftá guardada, a.qual me da­
rá o Senhor, aquelle jufto juiz, n’aquclle dia: c naõ fomente a my,
porençcambcm a todos os que amáraó íèu aparecimento.
p 1 Procura de muy preito vir a my. a Ou, Poe»
1 o Porque Dcmas mc deíãmparou, amando efte prefente fccvL-‘iil&ncía'
lo, e fe foi a Thcflãlonica, Crefccntc a Galacia, Tito a Dal-
macia.
1 í Lucas íò efta comigo: Toma a Marcos e traze [ o ] com tigo :
Porque mc hc muy proveitofo pera o minifterio.
12 Mas a Tychico mandei a Epheíò.
13 Quando vieres, traze [ com tigo J a maleta que deixei cm
LU 2 Troas
454 II. EPIST. DE S. PAULO A TIMOTHEO.
Troas em caía? dc Carpo , e os livros , mormente os perga­
minhos.
bOu,F?x,<?« Alexandre o b Latoeiro me ocafionou muitos males: pague lhe
tnoflrou. Q Senhor fegundo fuas obras.
• 15 Do qual tu tambem tc guarda, porque cm grande maneira rc-
fiftio a noftàs palavras.
16 Na minha primeira defenfà ninguém mc affiftio, antes
todos me defemparáraõ. Ouxala lhes naó lèja imputado.
17 Mas o Senhor me affiftio , e me esforçou , peraque por my
foíTe a pregaçaõ inteiramente confirmada, c todas as gentes [a J ou-
viflem: e fiquei livre da boca do leaõ.
18 E o Senhor me livrará de toda mit obra, e me {alvará
cOu, Bw-pera feu Reyno celeftial: a elle feja a gloria c para todo fempre.
namerne. Amen.
19 Sauda a Priíca, e a Aquilla, e á família de Onefiphoro.
20 Erafto ficou cm Corintho, e a Trophymo deixei doente em
Milcto.
d Ou, Pet»
21 d Procura de vir antes do inverno. Eubulo, ePudcns, e Lino,
tliligtncia e Claudia, e todos os irmaós te lãudaó.
em vir. 22 O Senhor Jefu Chrifto feja com teu Eípirito. A graça feja com
vofco. Amen.

A fegunda carta a Timotheo (o primeiro Bifpo ordenado em Ephefo ) foi eferi­


ta de Aoma, guando Paulo a fegunda vczaCeíàrNcronfoiaprefentado.

Tw dafegunda Epijlola d'o ^pojiolo S. Paulo a Timotheo,

EPIS-
APOSTOLO S. PAULO
A
T I T O.

Capitulo I.

I Defpoit do fobrejcrito no qual o -dpoftolo defereve a dignidade do feu Jpo/lolado. '


$ Declara per qual caufa deixou a Tito em Creta. 6 £ defereve as qualidades
e dons quaes fe requerem no Pregador ou Bifoe. 10 Exborta o pera rejijlir os fal-
ladores de vaidades, e enganadores, e tapalos a boca. ii £ fendo os Cretenfes
bemens malinos conforme o teftemunbo do hum dos feus P ditas que os afperamente
redargue. 14 Exbortando pera fugir as fabulas Judaicas e ordenanças humanas. '
15- Principalmente da differença dos manjares. 16 Dejcreve a hqpocrifa dos en­
ganadores pera os tanto mtlbor evitar.

i aulo fervo de Deus, e Apoftolo dc Jefu Chrifto , fegundo


a fé dos eleitos de Deus, e o conhecimento da verdade, que
JL he fegundo piedade.
2 Em elpcrança da vida eterna, a qual Deus, que naõ pode men­
tir, prometeu antes dos tempos de feculos, mas a feu tempo a ma-
nifeftou.
3 C ] fua palavra , pela pregaçaó que me eftá * encar-aOu, Con-
regada íegundo o mandamento dc Deus nollò Salvador :ATito[w<?Kjj*»‘’^.
verdadeiro filho, íegundo a comum fé.
■ 4 Graça , mifericordia , c paz de Deus Pae , c do Senhor Jeíu
Chrifto, noflò Salvador.
5 Por efta caufa te deixei em Creta, peraque em boa ordem pu-
feflês as coufas que [_aindst J faltam, e cltabelcceflès Ançiaós de ci­
dade cm cidade, como ja te ordenei:
<5 Se algum for irreprenfivel, marido de huã mulher , que ten- ■
bedie ?S ’ ^ue n‘^ acu^os diflòluçaõ , ou defo-
Lll 3 7 Por-
#6 EPJSTOLA DE S. P-AUL O
7 Porque cóíivem que o Bifpo feja irreprcnfivel, como diípcn-
fciro de Deus, naó cabeçudo, nem colérico , nem dado a o vin­
ho, nem cfpanqucador, nem cobiçofo dc ganho deshonefto:
8 Mas hoípedador, amador dos bons, temperado, jufto, fancto,
continente:
p Retendo firme a fiel palavra que he conforme, a doutrina., pc«.
•raque íèja íuflicientc afli pera com a faá doutrina amoeftar, como
a os contradizcntes convencer.
ío Porque ha muitos defordenados, falladorcs de vaidades, cen­
ganadores dos íentidos, mormente os que íàõ da circunciíâm.
11 A os quaes convém tapar a boca , quc traftornaó as cafas in­
teiras , enfinando o que naó convém, por torpe ganancia.
i z Diflè hum d’ellcs, fcu proprio Prophcta , os Crctenfcs fem-
pre fim mentirofos, bcftas roins, ventres perguiçofos.
12 Efte teftemunho he verdadeiro. Portanto redargue os aípera-
mente, peraque fejam.faós na fé.
14 Naó fe dando a fabulas Judaicas, ca mandamentos de homens,
quc da verdade fe defviaô.
15 Porque todas as couíàs fam puras’a os puros*: mas nada he pu­
ro aos contaminados, e infiéis ; antes feu entendimento e coníèien-
cia ambos cftaó contaminados.
16 Profeflàm fe conhecer a Deus , mas com as obras £ 0 J ne­
gam , pois faõ abomináveis, c defobedientes, c inúteis pera toda
boa obra.

Capitulo II.

1 jdmoefta a Tito dereitamente propor a faã doutrina t a tnfinar. z Como os


velhos. j £ <ti velhas. 4 £ por ellas as mulheres mopas. 6 £ os mancebot ham
de viver. 9 Defpois como os fieis fervos fe ham de ter. 11 Pera mover todos a
piedade ajunta razoem tomadas do fim porque Deus 0 Euangelho nos revelou. 1 3 Da
efperança de galardaõ na vinda de Chrifto. 14 Da grandeza, fruito, e fim dos be­
neficies de Chrifto. if Querendo que iflo cuidadofamente tnfine.

1 ,rjp u porem, falia o quc á íàã doutrina convém.


2 A os velhos que fejain fobrios, graveis, prudentes, íâõs
11a fc, na charidade, na paciência.
? As velhas da mcíina maneira , quc [anelem^ cm habito como
convém a fanctas, naó calumniadoras , naó dadas a muito vinho,
[ nws J mcftras dc honcftidadc:
4 Que
A T I T O Cap. I I I. • 4;y
4 Que cnfincm a as moças a ferem prudentes ,V amarem a feus
maridos, a amarem a feus filhos:
5 A que fejam temperadas, caftas, que a tenhaõ cuidado da ca-aOu.Gz/.ir-
íà , boas, íugeitas a feus maridos: paraque a palavra dc Deus naó dtm “fi-
feja blasphcmada.
6 Exborta afli meímo a os mancebos que fejaó temperados.
7 Em tudo tc dá por exemplo dc boas obras, em doutrina [ rnofiraf]
inteireza, gravidade, finccridadc.
8 Palavra íaa [ e J irrcprenfivcl: peraque o advcríàrio fc enver­
gonhe , naó tendo mal nenhú que de vosoutros dizer:
9 A os fervos, amoefta que íèjam fugeitós a feus Senhores, que
agradem cm tudo, naõ rcfpondoens.
ío Naõ defraudando cm nada , antes moftrãdo toda boa lealda­
de : peraque çm tudo adornem a doutrina dc Deus noflò Salvador.
11 Porque a graça b falutifcra de Deus fc manifcftou a todos os b Ou,saltt-
homens. .
12 Enfinandonos, que renunciando á impiedade , c a os defejos
mundanos, vivamos n’cfte prefente ícculo temperada , jufta, epia-
mente.
.. 13 Efperando, aquella bemaventurada cfperança, c 0 apareci­
mento da gloria do grande Deus, c Salvador noflò Jcfu Chriíto.
14 O qual fe deu a fi mefmo por nosoutros, pera de toda inju-
ftiça nos redimir, e para fi alimpar hum povo proprio , zelador de
boas' obras.
15 Ifto falia, e exhorta, c redargue com toda autoridade : Nin­
guém tc deípreze.

C A PI T U l 9 III-

I Amoefta a Tito de ettfinar feus 'ouvintes obedecer a o Magiftrado. i Jfaõ infa­


mar ou porfiar , ujando toda manfidaõ fara com todos, j Propondo o eftado cor­
rupto , no qual eftiveraò ames da fita oonverfitõ. 4 E corno e polo rjual fim d'ifto
por Chrifto Jaó livrados. 8 Que os de fifo exborte aplicar fe a boas obras. 9 Qnf
todas porfias regrite.- 10 Qne os beregios frgd. ix Manda 0, vim Nicopolis.
13 Acompanhando a Zenas. 14 Que os fieis aprendao aplicar fe a boas obras.
1 y E cenclue a carta .com a coftumada fattdapaõ.

1 A moe^a ószque fe fugeitem a os Principados e Poteftades, que


x C Ibes ] obedeçaó , que eftejam aparelhados pera toda boa

.2- Que naõ infamem a ninguém , que naõ fejaó pcndenciofos,


04]
4j8 E.PISTOLA DE S. PAULO
£ mas 3 modeítos, moftrando toda manfldam pera com todos os
homens.
? Porque tambem nos d’antes éramos loucos, defobedientes, er­
rados , fcrvindo a dwcrias concupifccncias c deleites, vivendo emma-
' licia c inveja, aborrcciveis, [je J aborrecendo huns a os outros:
4 Mas quando a bondade e o amor de Deus noflò Salvador pera
com os homens fc manifeftou:
5 ( Naó pelas obras dc juftiça , que tínhamos feito, mas por fua
miícricordia ) nos falvou pelo lavamento da regeneraçaó , c da re-
novaçaó do Efpirito fànéto.
6 A o qual em nosoutros abundantemente derramou por Jeíu
Chrifto noflò Salvador.
7 Peraque fendo juftificados por fua graça, fejamos feitos herdei­
ros fegundo a eíperança da vida eterna.
8 Efta he palavra Hei, e ifto quero que de fifo aflirmes, que os
que a Deus crcraõ, procurem dc te aplicar a boas obras, eftas cou-
las faó boas e proveitofas a òs homens.
9 Mas refifte as queftoés loucas, e as genealogias, e contençocs,e
Ou Per- * debates da Ley : porque faó inúteis c vaás.
•a»»

at. ’ ío A o homem herege, defpois de huã, e outra amocftaçaõ,re-


geita o.
11 Sabendo que o tal eftá traftomado, c peca, fendo condenado
dc fcu proprio juizo,
i z Quando te enviar a Artemas, ou a Tychico, procura dè vir,
a my a Nicopolis, porque lá tenho determinado de invernar.
i j Acompanha com muito cuidado a Zenas Doutor da Ley, c
a Apollo, procurando que nada lhes falte.
14 Aprendam os noflòs tambem a fc aplicarê.a boas obras pera,
os uíòs neceflàrios, peraque naó fejam infruótuofos.
15 Todos os que eftam comigo tc íàudam. Sauda a os que nos
. amaô em a fc. A graça feja com todos vosoutros. Amen.
Eferita aTito, ( que .foi tfligido o primeiro Biípo da Igreja dos Cretenfes) dc
, Nicopolis cm Macedonia.

Fim da Epjlola ifoyípojlolo S. Paulo a Tito. 1

EPIS-
■ 45>

E P I S T O L
uA
D O

APOSTOLO S. PAULO
A
P H I L E M O N.
i aulo prifionciro dc Jefu Chrifto , e o irmaó Timotheo, a.
1-X Philcmon, noflò amado e coadjutor.
1 . £ á amada Apphia , c a Archippo 1 companheiro de a Ou> Vtfl*
nolla milícia , e á Igreja que efta em tua cafa. SÍZ
2 Graça e paz ajacs dc Deus noflo Pae, c do Senhor Jclu Chrifto. nM armM^
4 Dou graças a mcu Deus , fazendo fempre dc ty mençaó cm
minhas oraçoens.
5 Ouvindo tua charidade, e a fé que tens pera com o Senhor Jc­
fus , c pera com todos os fan&os.
6 Paraque a comúnicaçaó de tua fé moftre íua efficacia na ftiani-
fcftaçaõ de todo o bem, que'em’yosoutros’ha em Chrifto Jefu.
7 Porque temos grande gozo e confolaçaô de tua charidade, dc-
que por ty, ó irmaó, fóraõ as entranhas dos fanétos recreadas.
8 Poloque ainda que em Chrifto grande confiança tenha para o
que tc convém te mandar:
9 [j Todavia. J te peço antes por charidade, ainda que tal cu íeja,
a íãber, Paulo o velho, c tambem agora o prefo de Jefu Chrifto.
ío Peço te por meu filho Oncfimo , que -cm minhas prifocs ge­
rado tenho.
11 O qual d’antes te foi inútil, mas agora tc he aílàz util, a ty
e à my: o qual tornei; a enviar.
ii Porem recebe o tu , \_aÇaber“\ a minhas entranhas.
13 Bem o quifera eu reter comigo , peraque cm teu lugar mc
ferviílc nas priíòcns do Euangelho.
14 Porem nada quis fazer fem teu parecer ,’ peraque) tua
beneficência naó foflècomo por força, mas voluntária.
Mmm 15 P01-
460 EPIST. DE S. PAULO A PHILEMON. '
15 Porquf^cm pode fcr quc por efta caufa fc apartou elle por
tempo [fae 7» Jperaque pera fempre o tornaflês a cobrar:
16 [D’aqui] por diante naõ ja como a íervo, porem mais que a íer­
vo, [4 faber'] a amado irmaõ, principalmcntc amy, c quantomais
a ty, e na carne, c no Senhor ?
17 Afli que fepor companheiro me tens, como a mim mcfmo o
recebe.
18 Que fe algum dano te fez, ou [coufaalgua] tc deve, á min­
ha conta o poem.
19 Eu Paulo o eferevi de minha própria maõ, eu o pagarei: por
tc naõ dizer, que tambem alem d’iíto tu te me deves a ty melmo
a my.
20 Afli que, irmaõ, receba cu de ty [n’ijfo] efte b prazer em o
b Ou, Frui- Senhor: que c em o Senhor minhas entranhas recrecs.
t<». - - certo de
21 Eferevi■ te, eftando '
i tua obediência, fabendo que ain­
<Ou, Rtcrta
mhtbas m- da farás mais do quc tc digo.
trunluutmo 2 2 Mas juntamente me aparelha r tambem pouíàda
. : porque eípc-
stnbtr. ro que por voflàs oraçoens vos hei de íèr d concedido.
dOu, Dt»a-. 23 Saúdam te Epaphras (e meu companheiro ’ na prifaõ em Chri-.
do.
cQuyPrrfo fto Jefu.)
amigo. 24 Marcos, Ariftarcho , Demas, Lucas, meus companheiros
na obra.
2 5 A graça de noflò Senhor Jefu Chrifto feja com voflò efpirito.
Amen. ‘ ,
Efcrita dc Roma a Phílcmon , [ e tnviada ] pelo Cervo Onefimo.
Fim da Epijlola (To /Ipoftolo S. Paulo a PhilemoM.

EPIS-
4<St
E P I S T O L 'A
D O
APOSTOLO S. PAULO
A O S
H E B R E O S.
Capitulo I.

i Teftifica o Apoflolo, qtte, avendo Deus antigamer.te fallado a os paes pelos ProphetM,
agora a nos falia por féu Filho, i Cuja divimdade, majeftade , t ojficio em breve
defereve. 4 E demojlra com diverjos lugares do Velho TeflaratHto, que a gloria
do Filho be muita mais fteferior que a gloria dos Anjos. 8 Q»e feu Tbrono he divi­
no, e que foi ungido mais do qtte feus companheiros. 10 O Ceo e a terra, fendo
obras de fuas maós , tcraõ fim • mas elle be fem principio e fem cabo. 1 3 Que elle
fò eftá a(fentado a maõ direita de Deus Pae. 14 Mas que todos os Anjos faõ ejpi-
ritos adminiffradores.

I >4 vendo Deus antigamente muitas vezes,e em muitas maneiras,


ZÀ pelos Prophetas fallado a os pacs, nos faliou a nos cm c-
/V ftes últimos dias pelo Filho.
2 A o qual conllituio por herdeiro de todas as coufas, pelo qual
tambem fez o mundo.
3 O qual lendo o rcíplandorde gloria, ea»expreflã ima-»Ou» A
gem dc lua b peflòa , c liiftcntando todas as couíãs pela palavra de^f"
lua potência, avendo feito por fi melmo a purgaçaõ dc noflòs peca- £ q^sm.
dos, fe aílentou á dextra d’a Magcftade n’os aitiflimos QCeos.J (lencía.
4 Feito tanto mais excelente que os Anjos, quanto maisexçelcn-
te nome herdou do que elles.
j Porque a qual cios Anjos difle jamais, Tu es meu Filho, hoje
tc gerei ? E outra vez, Eu lhe ferei por Pac, e clle mc lerá por
Filho.
6 E outra vez, introduzindo no mundo a primogénito, diz: E
adorem o todos os Anjos dc Deus.
7 E quanto a os Anjos, diz, Fazendo a feus Anjos efpiritos, e a
íèus Miniftros lavareda de fogo.
Mmm z 8 Mas
4
4<íi EPISTOLA DE S. PAULO
8 Mas a olJho O Deus, teu throno [he ] por feculosdc
c Ou, De di- feculos, O ceptro de teu Reyno [fo] hum ceptroc direito.
reiteta. $ Tu amaítc a juftiça, c aborreçcílc a injuíliça; Por iflò, o Deus,
teu Deus te ungio com oleo de alegria mais do que a teus compan­
heiros.
ío E tu, Senhor, fundafte n’o prinçipio a terra, c os Ceos íàm
obras de tuas maób.
11 Elle's pereçeráo, porem tu es permaneçcnte: e todos clles co-
<1 Ou, Vefti- mo d roupa íè cnvelheçcráó.
12 E como hum veílido os envolverás, e feraõ mudados: porem
tu cs o mefmo, c teus annos naõ çcflàráõ.
13 E a qual dos Anjos difle jamais , Aflcntate a minha dextra
ate' que ponha a teus inimigos por eícabello de teus pees ?
14 Porventura nao fam todos cfpiritos adminiítradores, enviados
a fervir, por amor d’aquellcs que ham de herdar a íàlvaçaó?

Capitulo II.
i Dj doutrina precedente tira 0 Apoftolo bum avifo de cuidadofamente atentar pam
a palavra de Chrifto. p Demoftra defpoií com Pfalmo oitavo; primeiro a humil­
dade , e fegundo a dignidade de Chrifto. 11 E ainda com outros lugares do Velho
Teflamentp, que Chrifto com nofco participa da mefma natureza e paixaò. 16 E
naõ com os Anjos. 17 A efte fim, peraque fojfe bum fummo Pontifiçe, mifericor-
diofo, e fiel.

< i p ortanto nos convém atentar com mais diligençia para as cou­
fas que ja temos ouvido , peraque a cícorrcr nos naõ ven­
hamos.
2 Porque fc a palavra pelos Anjos pronunçiada, foi firme, etoda
tranígreflàra edcíòbedicnçia reçebco jufla retribuiçam:
3 Como efeaparemos nosoutros, íc naõ tivermos cuidado de huã
tam grande íalvaçaô ? a qual começando a pelo Senhor fer publica­
da, nos foi confirmada pelos que [a elle j o tinhaó ouvido.
4 Dandolhes Deus ainda demais juntamente teflemunho por fi-
naes , c milagres , e diverías virtudes , e deftnbuiçocs do Eípirito
íànóto, íegundo fua vontade.
f Porque naó íúgeitou a os Anjos o mundo que cila por vir , de
que agora falíamos.
6 E cm çerta parte teílificou alguem], dizendo , Que he o ho­
mem , que tu d^Uc te alembres? ou o Filho do homem, paraque tu
o vi fites? ' ’ ? Fi-
A OS HEBREOS. Cap. II.
7 Fizeíle o hum pouco menor que os Anjos, ccíoaílc o de glo­
ria edehonra, e íòbre as obras de tuasmaõs o cftabele^eftc.
8 Todas as couíàs de baixo dos pees lhe fugeitaíle. Ora por em
quanto todas as couíàs lhe fugeitou, nada deixou quefugeitolhenaõ
íeja: porem ainda naó vemos que todas as couíàs lhe eftejaó fugeitas.
9 Vemos porem coroado de gloria e dc honra aaquelle Jefusque
hum pouco menor que os Anjos foi feito por caufa dc paixam da
morte: peraque pela gríiça de J^cus por todos a morte goftafle.
ío Porque convinha,^ior cuja caufa[pwj todas ascoufas, c
pelo qual •> todas as couíàs iaõ, que trazendo a gloria muitos filhos,
’ coníagraflê por aíHiçoés a o prinçipe dc fua falvaçaõ d’cllcs. a Ou, c<w*
11 Porque afli o que íànftifica , como os que iam fanélificados,/"'”^-
todos faõ de hum: Poloque naó fe envergonha de os chamarirmaõs.
i z Dizendo, A meus irmaós anunçiarci teu nome, no meyo do
ajuntamento te louvarei.
xj E outra vez, N’cllcmc confiarei. E ainda; eis me aqui, amy
e a os filhos que Deus mc deu.
14 Afli que por quanto os filhos participam a carne c a o íàngue,
tambem elle participou a as mefmas couíàs, peraque pela morte de-
ftruillè a o què unha o império da morte , convém a faber , à o
diabo:
15 E livraflè a *todos os que com medo da morte toda [j fua jj
vida eftávaõ fugeitos a fervidaõ.
’ 16 Porque na verdade naõ toma a os Anjos, mas toma á femen-
tç de Abranam.
17 Poloque foi ncçeflàrio que em todas as couíàs fofle femelhan-
te a os irmaõs, peraque foflè hum fummo Pontifiçe miíèricordioíoe
fiel nas couíàs que pera com Deus '\_ fazer fe eleviaõ,^ pera fazer
propiçiaçaó polos pecados do povo.
18 Porque n’aquillo que padeçeo fendo atentado, pode focorrer
a os que atentados forem.

Mmm j Ca-
4^4 EPISTOLA DE S. PAULO
Capitulo III.
i Propondo os oflicios do Cbriflo , começa do propbetico enfinando que devemos eflar
obedientes <l fua palavra, z Compara Cbriflo com Moyfes, declarando que eilo
he muito mais excelente. 7 Confirma fua amiefl.içaô com aquella de David no
Pfalmo çp, avifando a os Hebreus, qtte naõ endureçam feus coraçotnt, mis fir­
mes fiquem na fe. i f Explica a citado lugar do Pfalmo çp, e a aplica a os He-
breos. 17 Hvifatido os de tiaõ fegiur a 0 predito exemplo , e cair em os mefmos
cafligos.

1 T> oloque íànétos irmaós, quc fois participantes davocaçaó £elc~


ftial, coníiderac a o Apoltolo c liimmo Pontifiçe de noflã pro-
fiflàó, Chrifto JeíilS. Aeftakleçeo
2 Que he fiel a o quc oApW, como tambem Moyfcs foi em toda
fua caía.
. 3 Porque eftimado he eftc por digno dc tanto mayor gloriá
quc Moyfcs, quanto mais dignohc, que a cafa, aquelle quc a e-
difiequ.
4 Porque toda caía he por alguem edificada: Ora Deus he o quc
todas eftas coufas fabricou.
5 E qdanto a Moyfes, cm verdade que fiel foi, como fervo,
em toda fua caía, pera tcftificar as couíãs que fc £ defpois J aviaõ
dc dizer.
6 Mas Chrifto , como Filho , fobre fiia própria cafa , cuja caía
nos fomos, fc fomente atp o fim retivermos firme a confiança , e a
gloria da eíperança.
-7 Portanto, como diz o Eípirito íânóto, Sc hoje ouvirdes
fua voz:
8 Nata cndureçaes voílòs coraçocs, como [acontefeo J cm a ir-
ritaçaó, no dia da tentaçaó, cm o defeito:
9 Aonde voílòs paes mc atentáraó, c me prováraó, e minhas obras
por quarenta annos viraó.
10 Por onde mc indignei contra efta geraçaõ , e diflè, Sempre
em feus coraçocs erraó, e naõ tem conhecido meus caminhos.
11 Afli quc cm minha ira jurei, que em meu repoufo naó cn-
trariaó.
12 Olhae, irmaós, que nunca cm nenhum dc vosoutros aja hum
mao coraçaó dc incredulidade , pera do Deus vivente fe a-
paitar.
13 Mas antes vos cxhortac cadadia huns a os outros, entretanto
quc
- A' O S H E B R E O S. Cap. I V. 4^
que fc diz hoje: paraque nenhum de vos fe endureç^por engano dc
pecado.
14 Porque participantes dc Chrifto eftamos feitos , fe porem até
o fim finnemcntc retivermos o prinçipio d’efte finnc fundamento.
15 Entretanto que lc diz: Se hoje ouvirdes fua voz, naõ endurc-
çaes voflòs coraçocs, como cm a irritaçaó {/rcmrfeo. j
i<j Porque avendo a alguns ouvido, J irritáraó, mas naó to­
dos os que por Moyfes de Egipto fahiraõ.
17 Mas com quaes fe indignou por quarenta annos ? porventura
naó foi com os que pecaram, cujos corpos no deferto cayraó ?
18 E a quaes jurou que em feu repoufo naó entrariam , fenaó a
os que rebeldes foram ?
19 E vemos que naó puderaó entrar por cauíà da [fua J incre­
dulidade. 1234*67

C A P I T V L O IV.

i eiinda exborta a obediência do Euangelho , e avifa os com precedente exemplo dos


ifraèlitae que por fua incredulidade naõ entráraõ em repouja de Deus. 4 Demo­
ftra que 0 Pfalmo çç nao falia acerca repoufo do fetimo dia. 6 Piem de reponjoda
Canaan. 9 Senaõ de hum outro que foi pelos precedentes Jignificado. 11 Confirma
fua exbortaçaõ , dejerevendo a penetrante potência da palavra de Deus, e como
Chrifto tudo fabe. 14. Sendo 0 Chrifto Filho de Deus, e bum excelente e fiel fum­
mo Pontifiçe, exborta os qtte com confiança fe chegem a elle.

i HC emamos pois, que naõ, fendo em algum tempo deixada a pro-


meflàde em feu repoufo entrar, alguémdcvosoutrospareça
ficar atras.
2 Porque tambem afli a nos, como a elles, nos foi Euangeliza-
do: mas a palavra da pregaçaó nada lhes aproveitou, porquantonaõ
cftava mefturada coni a fe n’aquellcs que a ouviraó.
3 Porque nos, os que ja temos crido, entramos no repoufo, co­
mo difle , Portanto jurei cm minha irafe entraram cm mcu repoufo:
pofto que ja [fuas J obras eftiveílc acabadas dcfda fundaçaó do
mundo:
4 Porque afli difle em hum certo lugar, tocante a o fetimo
E repoufou Deus de todas foas obras a o fetimo dia.
J E ainda outra vez n’cfler/®^r, Jfc entraram cm meu repoufo.
6 Afli que pois refta que alguns n’o meímo [repoufo} entraó, e
que aquelles, a os quaes primeiro foi Euangelizado , naó entraram
por cauíà da defobcaiencia:
7 De-
4d<> EPISTOLA DE S. PAULO
7 Dctcrmin: butra vez hum certo dia, [ et Jaberj Hoje, dizendo
por David, ainda tanto tempo defpois: (Iegundo o que rica dito ) Se
hoje ouvirdes fua voz: naó cndurcçacs voílos coraçocs.
8 Porque fe Jefus a o repoufo introduzido os ouvera, nunca det
pois d’illò dc outro dia fallára.
5 Afli que ainda relia hum repoufo pera o povo dc Deus.
í o Porque o que em fcu repoufo entrou, clle melmo tambem dc
fuas obras rcpouíotfcomo Deus das iuas.
i í Procuremos pois dc entrar n’aqucllc repoufo, paraque ninguém
caia em femelhante exemplo dc incredulidade.
iz Porque a palavra dc Deus hc viva e cfficaz, c mais penetran­
te do que nenhuá eípada de dous cortes , e vem a ter até a divilào
da alma, e do eípirito, c das conjunturas, c dos tutanos, c hejuiz
dos peníãmcntos c intenções do coraçaó:
13 E naõ ha criatura alguã invifivcl diante d’elle :• antes todas as
coulas eftam nuas c patentemente abcitas a os olhos d’aquelle com
quem o negocio avemos. ‘
14 Alli que pois ja temos hum fummo Pontifico, £<1 faber J a
Jefus, o Filho de Deus, que pelos Ceos penetrou, retenhamos fir­
memente efta profiflàó.
15 Porque naõ temos hum fummo Pontífice , que de noflàs fra­
quezas naõ poflà ter compaixam: antes hum tal que, como nos, em
- tudo atentado foi, cxccpto b pecado.
id Cheguemos nos pois com confiança a oThrono da graça , pe­
raque alcançcmoj mifcricordia, e achemos graça pera fermos ajuda­
dos cm tempo oportuno.

Capitulo V.

4Paulo avendo declarado 0 officio propbetico de Cbriflo,declarafeu officiofacerdotal, e couta


as propriedades que faõ necejfarias no fummo Sacerdote. 4 Como tambem convém que
hritimamente a ijfo feja chama lo. p Tejlifica que Chrtjfo a ijfo fegundo a ordem de
Mclchifedech foi chamado. 7 E que nos dias de fua carne oferecei oraçoés e fu-
plicapoés. 9 Sendo afii feito bum fummo Pontífice e autor da neffia falvapaò. 11 Do
' qual tnyflerio de Melcbijedech tendo muito que dii.er> efperta feus corapoés. 11 Por­
que muitos d'elles tinhaõ meninos e naõ perfeitos, necefitados de leyte, e naõ de mato-
timcMo firme.

1 Porfluc tod° fummo Pontifico tomandofo dentre os homens, hc


-1- pofto cm lugar dos homes nas coufas quc pera com Deus [p
hcio de fazer, J peraque oftereça dons e làcrificios polos pecados.
z Quc
~ ' A OS H E B R E O S. Cap. V. 4^7
2 Que fc poflà compadecer dos ignorantes e crraò.C: pois tambem ,
elle meímo eitá. rodeado de fraqueza.
3 Epor via d’cfta [fraqueza Jdcve, aíli polo povo, como tambem
por fi mefmo, ofFcrcccr polos pecados.
4 Nem ninguém fe atribue cita honra , fenaó o que dc Deus he
chamado, como Aaron.
5 Afli tambem Chrifto naõ fc glorificou a fi mefmo , para fer fum­
mo Pontifiçe, mas aquelle que lhe difle: Tu cs meu Filho , hoje tc
gerei.
6 Como tambem em outro £ lugar] diz, Tu cs Sacerdote eter-
■namente fegundo a ordem de Mclchifedcc.
7 O qual em os dias de íua carne oíFerecendo com grande clamor
c lagrimas .oraçoés e íuplicaçocs a o que da morte o podia livrar , c
fendo ouvido do medo. ...
,8 Ainda que era Filho, [todavia] aprendeu obediência pelas cou­
íàs que padeceu. , . ,n . r
9 E fendo «fanótificado, foi autor da eterna falvaçaõ a todos os que
lhe obedecem.
ío E nomeado dc Deus por fummo Pontifiçe fegundo a ordem
de Melchiíèdcc.
11 Do qual temos muito que dizer, e diíficil de declarar: por­
quanto fois b negligentes pera ouvir. b Ou, Pre- .
12 Porque n’aquillo em queja avieis de fer meítrcs, vifto o tem- &>tipffs.
po, ainda tendes ncccflidade de que íe vos torne a enfinar quaes faõ
os rudimentos do principio das palavras de Deus: c vos tendes feito
[taes,] que ainda tendes neceflidade de leyte, c naõ de mantimen­
to firme.
13 Porque qualquer que ainda ufa do leite, naõ hcexperimenta­
do n’a palavra da juftiça, porque he menino:
14 Mas o mantimento firme he pera os perfeitos , os quaes por ja
eftarem coftumados, tem os fentidos exercitados para diícemiràflã o
bem como o mal.

Nnn Ca-
468 EPISTOLA DO S. PAULO
,b>
Capitulo VI.
1 Tejlifica 0 jfpoflolo qtte quere ir adiante para a perfeição , e naõ tratar des prin-
cipiosda rtltgiaò Cbrtfiaa , cujas principaes pontos em breve couta. 3 O que com
tudo na outra ocajiaõ promete pera fai.tr. 4 Porquanto he impofiivel, que je tor­
nem a converter os que goflàraõ os dons do Efpirito e defcaem. 7 Ijfo declara com
bua parabola da terra frutífera e efleril. 9 Teftifica que d'elles efpera coufas
melhores, e que ijfo dix. fomente pera ejpertalos a diligencia e mais firme efperan-
fa na promeffa de Deus. 1 3 Porquanto Deus aquella ate com juramento confir­
mou a abraham e a fita femente. 16 O qual juramento he 0 fim de toda contra­
dição entro os homens, quanto mais pois para com Deus. 19 Por ijfo convém que
temos nojja cjperança como por bua ancora firme no Ceo, aonde Cbriflo nojfo fummo
Pontifico entrou.

i "D oloque deixando o principio da doutrina de Chrifto, vamos a


diante á perfeição, naõ pondo outra vez o fundamento da con­
verfaõ das obras moitas, c da fc cm Deus:
i Da doutrina dos bautifmos, e da impofiçaõ das maós, e darc-
íúrrciçaõ dos moitos, e do juizo eterno.
3 Ê ifto tambem faremos, fe he que Deus o permitir.
4 Porque impoflivelhe que, os que ja huã vez"ílluminados foraõ, c
o dom celeftial goftáram, c do Efpirito lànõto participantes foraõ feitos.
5 E a boa palavra dc Deus, c as potências do( leculo que ha dc
vir, goftáraõ:
6 E vierem a recair, fejam outra vez renovados para convcríãõ,
pois afli, quanto a ellcs, outra vez a o Filho de Deus crucificaõ,
e o expoem a vitupério.
7 Porque a terra que embebe a agoa que muitas vezes fobre ella
vem, c erva acomodada produz pera os porquem he lavrada , re­
cebe a bençaó dc Deus.
8 Mas a que eípinhos e abrolhos produz, herejeitada, eeftáper­
to da maldiçaõ, cujo fim hc fer queimada.
9 Porem de vos, o amados, nos certificamos a nos melhores
couíãs, e mais chegadas á falvaçaõ, ainda que afli falíamos.
10 PorqUe Deus naõ hc injulto pera pór cm cíquecimcnto voflã
obra , c o trabalho da caridade quc pera com fou nome moftrado
tendes, cm quanto focorreftes a os íãnótos, e \_ainda~] osfocorrcis.
11 Mas defejamos que cada qual dc vosoutros moftre o melmo
cuidado, pera inteira certeza da eíperança, ate o fim:
a Ou,Pr«- 12 Peraque naõ fejacs a negligentes, mas imiteis a os que por fc
guiçofos. c paciência herdaõ as promcflàs.
13 Por-
A OS HE BREOS. Cap. V IJ. 469
13 Porque quando Deus fez a promeflà a Abraham , porquanto
naó podia jurar por outro major, jurou por fi meímo.
14 Dizendo , Certamente benzendo te te benzerei, e multipli­
cando te te multiplicarei.
15 E afli eíperando com paciência, alcançou a promeflà.
16 Porque em verdade os homens juraõ por algum major [ que
elles,] c o juramento pera confirmaçaó, lhes he o fim de toda con-
tradiçam.
17 Em o que querendo Deus moftrar mais abundantemente a im-
mudavcl firmeza dc feu confelho a os herdeiros da promeflà , fe cn-
trepós com juramento:
18 Peraque por duas couíàs immudavcis , em que he impoflivel
que Deus minta, tenhamos firme coníolaçaó, [ a fruber J nos que
temos noflò refugio pera reter a propofta eíperança.
' 19 A qual temos como por huá fegura e firme ancora da alma, c
que até dentro do veo penetra.
20 Aonde prccuríòr, pornosoutros, entrou [ a faber J Jefus, ícn-
do eternamente feito fummo Pontifiçe , fegundo a ordem de Mcl-
chiíêdcc.
Capitulo VII.
-1 Ceuta a Hifloria de Mtlcbifedec e ainda alguãs outras propriedades , n‘as quaes
foi femelhante a filho de Deus. 4 He mais Juperior a 0 Abraham por caufa de
Dezimo e que a Abraham benZeo. 11 Demoftra que a perfeição naõ efteve no fa-
cerdotio Levitico por fer predito que fe Itvantaffe outro Sacerdote fegundo a ordem
de Melcbifedec. 14 A Jaber nojfo Senhor, que fahio de 'juda, e naõ de Levi. 16 Cu­
ja Ley naõ avia de fer fraca, e mudável, mas immtsdavel e perfeita. 20 Epor
ifft> feu facerdotio foi com juramento confirmado e dura fempre, por eflar elle fem­
pre vivo, ay Doudo, tambem os fuos perfeitamente pode falvar. z6 D iflb tudo fe
concluo a gloria e dignidade de nojfo fummo Pontifico. 27 E a perfeição de feufa-
crificio bua vez ojferecide.

i 'porque cfte Mclchiíedcc era Rey de Salem, Sacerdote do Deus


altiflimo, o qual veio a o encontro a Abraham , tornando el­
le do combate dos Reys, e o benzeo.
2 A o qual tambem Abraham repartio o dezimo de tudo , e pri­
meiramente fe interpreta Rcy de juítiça, e dcfpois tambem Rey dc
Salem, que quer dizer, Rey dc paz.
3 Sem pae, fem maê, fem linhagem, que nem tem principio de dias,
nem fim de vida: mas fendo feito femelhante a o Filho de Deus, fi­
ca Sacerdote pera fempre.
Nnn 2 4 Ora
47o EPISTOLA DE S. PAULO
4Ora confiduac quam grande foi efte, a o qual até Abraham o
Patriarcha deu o dczimo do defpojo.
5 E quanto a os quc dentre os filhos dc Levi recebem o cargo do
a Ou, Te- faccrdocio , bem tem elles ordem dca dezimar a o povo fegundo a
meros <i«x<-Lcy, convc a faber, b a feus irmaós, ainda quc dos lombos dcAbra-
mos do po- foido tenllam>
bõu, o? & Mas aquelle que na mcfma linhagé com elles naõ hc contado,
feus irmãos, tomou dezimo de Abraham, e benzeu a o quc tinha as promcflàs.
7 Ora, fem contradiçam alguã, o que hc menor, he bendito pe­
lo quc he maior.
8 E cm verdade aqui tomaõ os homens mortaesos dezímostmas
la [/j tomaJ aquclle do qual fc teftifica que vive.
9 E, por modo de fallar , tambem Levi, que toma os dezimos,
foi dezimado cm Abraham.
ío Porque ainda clle cftava nos lombos de pae, quando Melchi-.
fcdec lhe fahio a o encontro.
11 Afli quc fc a perfeição cftivera pelo íàcerdocio Lcvitico: (por­
que debaixo d’cllc recebeu o povo a Ley ) que mais nccefíidade
avia dc que fc levantafle outro Sacerdote fegundo a ordem de Mel-
chifedcc, c que naõ fofle dito fegundo a ordem de Aaron?
12 Porque fendo o façcrdoçio mudado , neceflàrio hc que tam­
bem aja mudança dc Ley..
13 Porque aquelle por cujo refpeito eftas couíãs fe dizem , per­
tence a outra tribu, da qual ninguc a o altar afliftio.
cOu Por I4 Y’^0 ^ei notorio quc noflò Senhor fahio dc Juda ,c íòbre a
rrfpe/to da 4ua^difle Moyíes nada do íàcerdocio.
?ím/. ' i$ E ainda eftá mais notorio, fc outro facerdotefelevan­
tar á femelhança de Melchifedcc.
16 O qual £iMNj naõ foi feito iegundo a Ley do mandamento car­
nal, mas por virtude da vida incorruptível.
17 Porque teftifica ellc: Tu cs Sacerdote eternamente fegundo a
ordem dc Melchifedcc.
> 8 Porque o mandamento precedente fc abroga por cauíà dc fua
fraqueza c inutilidade.
19 Porque a Ley nenhuá couíã aperfeiçoou : fenaõ a introduçam
dc hua melhor eíperança, pela qual nos achegamos a Deus.
20 E tambem cm quanto naõ [foi feito] fem juramento: (por­
que aquclloutros cm verdade fem juramento foraõ feitos Sacer­
dotes:
21 Mas
A OS HEBREOS. Cap. VIH. 47i
21 Mas cfte com juramento , por aquelle que llie difle: Jurou o
Senhor, e naó fc arrependerá, Tu es Sacerdote eternamentefegun­
do a ordem dc Melchilcdcc.
22 De tanto mHB melhor conceito foi Jeíus feito fiador.
2 3 E clles em verdade foraó muitos Sacerdotes, porquanto pela
morte foraó impedidos de permanecer. ,
24 Mas cfte, porquanto eternamente permanece, tem hum fa-

Deus íc achegam, vivendo fempre pera por clles intcrçedcr.


26 Porque tal fummo Pontifiçe nos convinha, fanóto, innocente,
fem mácula, apartado dos pecadores, c feito mais fublime que os
Ceos:
27 Que, como os fummos Pontífices, naõ tinha neceflidadedcof-
ícrcccr cadadia íãcrificios primeiramente por feus pecados , e deípois
polos [pecados] do povo: porque ifto fez elle huâ vez offcrcccndoíè
a fi mclmo.
28 Porque a Ley ordena por íúmmos Pontífices homens fracos:
mas a palavra do juramento, que [he J deípois da Ley, [ ordena J a o
Filho, que pera fempre he confagrado.

C A HTU1O VÍII.

ms/lra que /eu minijleria nao devia fer aqui na terra, cama 0 das outras Sacer­
dotes, mos na Cea. 6 Defereve a excelentia da novo concerto, da qual elle he Me­
dianeira. 8 £ canta de capitula 31. de jeremia a injlituiçaÕ, e pramejfa d'aqtiil-
la. E cancluepar ijfa que 0 velha he ubragado.

1 O ra a ^Urnma noflò propofito he £ que J temos hum tal íum-


mo Pontifiçe , que eftá aílcntado á dextra dothronodaMage-
ftade cm os Ceos. ®
2 Miniftro doSanftuario c verdadeiro Tabcmaculo, o qual o Sen­
hor a fundou, c naõ o homem.
3 Porque todo fummo Pontifiçe he ordenado pera offercccr preJww
fentese facrificios: peloque ncccílàrio era que tambem cfte tenha al.
guã coufa que offercccr.
4. Afli que fe na terra èftiveíTe, nem ainda feria Sacerdote, aven- -
do ainda faccrdotes que fegundo a Ley offereçaõ prefentes:
í Os quaes fervem a o exemplo c a fombra das coufas ccleftiaes,
Nnn 3
EPISTOLA DE S. PAULO
iegundo a Moyíes dc Deus foi rcfpondido , quando ja eftava para
acabar o tabernáculo: olha' diz que tudo fiiças conforme a o molde
que no monte te foi moftrado.
6 Mas agora alcançou tanto mais excelente minifterio , quanto
hc Medianeiro de bum mais melhor conçerto, que cm melhores pro­
mcflàs eftá cftabclcçido.
7 Porque fe aquelle primeiro £ conçerto 3 fora irreprchcnfivel,
nunca fe ouvera bufcado lugar pera fegundo.
S Porque reprendendo [_ o-Q diz: Lis que dias vírám, diz o Sen­
hor , cm quc cltabelecerei íòbre a cafa dc líraél, c fobre a cafa dc
Juda, hum novo concerto.
2 Naó fegundo o concerto que com íèus paes fiz no dia que pela
maóos tomei, pera os tirar fora da terra de Egipto: porque em meu
conceito naó permanecéraõ , e eu a elles os menos prezei, diz o
Senhor.
ío Porque efte he o concerto, que defpois d’aquclles dias com a cafa
de Iíraè'1 farei, diz o Senhor: Minhas Leys cm fcu entendimento
porei, e cm feu coraçaó as eíereverei, e eu por Deus lhes lerei, ç
ellcs a my por povo.
11 E ninguém enfinará a feu proximo , nem ninguém a íèu ir­
maõ, dizendo, Conhece a o Senhor : porque todos me conheccráó
deído menor entre elles at<ío major.
i z Porque íèrei miíèricordioíò a fuas injuftiças, e nunca mais mc
lembrarei de feus pecados, nem de fuas iniquidades.
13 Dizendo novo £ concerta, 3 deu por velho a o primeiro:
bOu,D<jírora o qUC pOr vcih0 he dado, c fc envelhece , peito eftá de b fe cf-
»nKlaao>»u . 1 , t .
»hrogaJ»,tu VílCÇei.
‘itsfiit».

Ca-
A OS HEBREOS. Cap. T X.
Capitulo IX.
I 0 dpofíolo pera moftrar a excelencia da facerdotio de Cbrfio Cair, « r
defereve afigura da externo Tabcmaculo e d.is coufas que ririfo tinbaÒ 6 Cento
tambem a minifterio das Mates. 8 Declara que tudo aquillo era naõ mahZce
fombra, como tambem ^purijicacao
apurificacaSque rielle jejazta.
que neise fe fazia. 11
11 Mas que na Cbrifla
Mas que com
Cbrifla com
feu jaçrficta e entrada no verdadeiro Sanãuano tudo ijfo compria, avendo effeitua
da bua eterna redempçao. iy lesífica que com fua morte o Teflamento Novo be con­
firmado. 16 Como na morte do t fiador todo tfiamente fe confirma. 18 Que
por effo tambem no Klbo Teflamento tudo fe com fangue borrifava, e nue fém
derramamento de fangue naõ fe fazia rernifaò. 23 Mas que as coufas celefiiats
tom melhores facr/fictos fe deviaò purificar. 24 Que Chriflo por ijfo entrou no Ceo
pera ah por nos comparecer perante a face de Deus, ip Avendo íe huã vez na ter­
ra ojjerecido. 27 £ que ba de tornar do Ceo pera falvar a os que rielle efperaò.

<
qUC tambem
1 A ?ferviço 0 primeiro [concerto]
e o (arátuario mundano.
tinha * ordenanças deaOu/H?/.
ficais,tv
101 que o Tabernáculo foi preparado: £ afaber] o primeiro, cm
que eftava o candieiro, e a mefa, e os paens da propofiçaõ , que
chamaõ o Sanótuano: n
gar fanétiffuno ° ^Un<^° veo c^ava 0 Tabcmaculo que chamaõ o Lu-

4 Que tinha hum encenfario dc ouro, e a Arca do concerto cu-


berta de todas as bandas a o redor de ouro : em que cftava huã tal­
ha de ouro, aonde eftava o manna e a vara de Aaron que reverde-
ceo, c as taboas do concerto. 1
? E fobre efta [^rca] eftavaõ osCherubins de gloria, que b fa- bou,c<j
Ziao fombra a o propiciatono, das quaes coufas naõ hc agoÁ necef-
11U’1O til inr Pm nnrhrnki* °
c Ora eftando cftas couíàs afli ordenadas , bem entravaó íèmpre
otcsnoPnmc’ro Tabernáculo pera cumprir o ferviço [dc

7 Mas no fegundo f Tabernáculo entrava ] fó o fummo Pontifiçe


hua vcz no anno, nao fem fangue, o qual oftcrecia nor ÍW™ .rL
474 EPISTOLA DE S. PAULO
ío [Confiado'] lòmcntc cm manjares e beberes, e diverfos'la-
vamentos, e juftificaçoés carnaes, impoftas ate o tempo da cor-
reiçao.
,xi Mas vindo Chrifto, o íummo Pontífice dos bens que aviaõdc
vir, por hum majore mais perfeito Tabernáculo, naõ feito de maós
convém a faber, naõ d’cftc edifício. ’
iz E naõ por fãngue dc bodes, e dc bezerros, mas por fcupro­
prio íãngue entrou huã vez cm oSanótuario, avendo effeituado huã
eterna redempçaõ.
13 Porque íc o fãngue dos touros c dos bodes , c a cinza da be
zerra eíparzida aos ímmundos, [>] fanétiíku pera limnc-A A
carne: 1
14 Quanto mais o fãngue de Chrifto , quc pelo Efpirito eterno
fe oíferecco a fi meíino íem macula a Deus, alimpara vofiàs con-
lcicncias das obras mortas, pera a o Deus vivo íèrvirdes ?
15 Afli que por iflo he Medianeiro do Novo Tcftamento, pera
que cntrcvmdo a morte , pera redempçaõ das tranfgreflòés que avia
debaixo do primeiro Tcftamento, recebam os que íãm chamados a
promefla da herança eterna.
16 Porque aonde ha tcftamento , neccflãrio he que f entre 1
venha a morte do teftador. u L J
dOu>c«»<» 17 Porque d nos mortos fc confirma o teftamento : porque naõ
m»rte. ne valido, quando o teftador vive.
18 Poloque tambem o primeiro naõ foi coníàgrado íèm íãngue.
19 orque avendo Moyíes recitado a todo o povo todos os man­
damentos Iegundo a Ley , tornando o íãngue aos bezerros e dai
bodes, com agoa e laam tingida cm graã , e hyfopo , borrifou ao
livro, c a todo o povo.
20 Dizendo, Eftc he o fãngue do Tcftamento, o qual Deus vos
tem mandado. a
21 E femelhantemente tambem borrifou com o fãngue a o Ta-
beinaculo, e a todos os valos do íèrviço.
cou^s íègundo a Ley fim purificadas
*inguc, e íem derramamento dc fãngue naó íc faz remif

ncceí^iri° foi que as figuras das couíãs celcftiaes, fof

24 Poiquc Chrifto naõ entrou no Sanótuario feito dc maõ, que


era
• ».
Z "A OS HEBREOS. Cap. X. x 475
era figura do verdadeiro , porem no mcfmo Ceo-.pera agora por
nos comparecer perante a face dc Deus.
25 Nem tambem peraque muitas vezes a fi mefmo fc offcrcça,
como o fummo Pontifice , que com fãngue alhcyo cada anno entra
no Sanótuario. .
26 (D’outra maneira lhe fora ncceflano padecer muitas vezes
deída fundacaó do mundo,) mas agora na confummaçaõ dos fecu-
los comparecco huã vez, pera desfazimento do pecado , pelo facnfi-
cio de fi mefmo. ,
2 7 E afli como a os homens efta ordenado morrerem hua vez, c
defpois d’iflb o iuiz.0*. _ .
2 8 Afli tambem Chrifto, avendo fido huã vez onerecido pera ti­
rar os pecados de muitos, aparecerá a íegunda vez fem pecado a os
que para fàlvaçaõ o cípcraó.

com juaumea o*iaçao p»™ m . 1 Q r , . j


o aovo concerto Jerm. 31.no q^ f‘ Promete a Perfe,ta «8 Concluindo
... iff. „aõ ia mais temos necefcdade de offerecer por pecado. 19 Segue a on-

gem das couíãs,nunca pelos mcfmos fãcrificios,que cada anno con-


tinuamente fe ofterccem,a pode íanótificar a os que a elles fe achegam. > <• «r
2 D’outra maneira ceílàriaó de fe offerecer , porquanto purifica fc^rummitn
dos huã vez os fàcrificantes, naó teriaó mais nenhuá confcicncia de

dr>c n."r!»cloS.

fefte, mas o corpo me preparaftc:


6 Nem tam pouco cm holocauftos e [obláçccs'] pelo pecado pmzci
íomafte. Ooo
47^ EPISTOLA DE S. PAULO . '•
7 Entonçes çy fallava : Eis que venho; (no principio do livro eftá
efcrito dc my:) paraque faça, o Deus, tua vontade. ’
8 Dizendo d’antes, Sacriricio, nem oflcrta,ncm holocauftos, nem
£ oblações J polo pecado naó quiícftc , nem n’iflò prazer tomafte;
(o que fegundo a Ley íè offerecc.)
9 Entonçes fallava: Eis que venho pera fazer, o Deus, tua von-
tade. tira o primeiro, pera cftabeleccr o fegundo.
bOu,o/ír- IQ a qUaj vontac[e fomos fanétificados pela boblaçaó do corpo
de Jcfu Chrifto huã vcz[feita. ]
11 Aíli que todo Sacerdote afliftia cadadia adminiftrando e offe- -
recendo muitas vezes os mefmos íàcrificios, que nunca os pecados ti­
rar podem:
11 Mas efte avendo oíFerecido hum íãcrificio polos pecados, eftá
aflèntado pera fempre á dextra de Deus:
13 Eíperando o que r efta, [^4 faber ] até que feus inimigosíèjam
poftos por cícabcllo de feus pees.
14 Porque por huã oblaçaó coníàgrou pera íèmpre a os que fam
fanétificados.
15 E tambem o Eípirito íãnéto nolo teftifica.
16 Porque avendo d’antcs dito: Efte he o concerto que eu com
elles deípois d’aquelles dias farei, diz o Senhor, minhas Leys cm
feus coraçocs porei, c cm feus entendimentos as eícreverci:
17 Nem de feus pecados, nem de fuas iniquidades, mais me a-
lembrarei.
cOu, offtr- P°is aonde d’ifto ha remiflãm, naó ha maisc oblaçaó pelope-
cado.
dOu.z/íer- ip Afli que irmaõs, poisja temos d ouíãdia pera pelo íãngue de
jcfus no Sanctuario entrar.
20 Pelo novo e vivo caminho que elle nos confagrou pelo veo,
convém a faber, [per] fua carne:
21 E [ pcis que temas J hum grande Sacerdote fobre a caía de
Deus:
22 Acheguemos nos com hum verdadeiro coraçaó e com huá in­
teira certeza de fc, tendo ja da maa confciencia purificados £ nojfo s]
coraçocs, c o corpo cpm agoa limpa lavado.
23 Retenhamos a^Sfvanavel profiflàó da cfpcrança (porquefiel
he o que o prometeo. J
e Ou,o/í«- , 24 e confideremos nos huns a os outros, pera nos provocarmos
moshnHSfo- á charidade, e a boas obras.
bsantros. 2 J Naó
** A OS H E B R EO S. Cap. X. 477
2 $ Naó deixando noflã mutua congregaçaó , como alguns ia de
coftumc tem : antes amoedando nos [_hnns <i os outros: ] cfijlo]
tanto mais, quanto vedes que aquelle dia íè vae chegando.
26 Porque fe defpois de ja ter recebido o conhecimento da verda­
de, voluntariamente pecarmos, japolos pecadosnaó relia mais lacri-
fiçio:
27 Senaó huã horrenda eíperança de juizo , e hum ardor de fo­
go, que a os advcríàrios ha de tragar.
28 Se aquelle que a Ley de Moyíes menos prezava, fem nenhuá
mifcncordia, por ló o tcltemunho de duas ou tres teftemunhas,
morria;
29 Dc quanto maior caftigo cuidacs vos que íèra digno aquelle
que a os pees a o Filho de Deus pilar , e por couíã profana tiver a
. o fãngue do Teftamento, pelo quaí fanétificado foi, c injuriai- a o
'Efpirito da graça?
30 Porque bem conhecemos o que diflè , Minha he a vingança,
cu darei o pago , diz o Senhor. E outra vez , O Senhor julgará a
íèu povo.
31 Horrenda coufa hc cair em as maós do Deus vivente.
3 2 Lembraevos dos dias paflàdos, crfi que defpois dc aver íido
illuminados, grande combate de affliçoés fuportaftes.
3 3 Quando de huã banda, com vitupérios e tribulações , foftes
feitos hum efpeétaculo: e da outra foftes feitos companheiros dos que
de tal maneira foraó tratados. 1
34 Porque tambem vos compadeceftcs da affliçaõ de minhas pri-
foens, c com gozo rcccbcftes o roubo de voílòs bens, bem. faben-
do que cm vos meímos ainda tendes huã melhor e pcrmancccnte fa­
zenda cm os Ceos.
3 $ Portanto naõ rejeiteis voflã fconfiança, que grande remunera- fOu, o«/i-
çao de galardaõ,tem. liM*.
3 5 Porque de paciência tendes ncccflidadc, peraque avendo feitodf‘
a vontade de Deus, alcançar pcflãcs a promeflà.
37 Porejue ainda hum poucochinho, [>] o que ha de vir, virá c
naõ tardara. ’
38 Mas o jufto vivira da fé: porem fe retirar, naõ to­
ma minha alma n’clle prazer.
39 Mas naó fomos d’aquclles que pera perdição fe retiraõ, lenaÕ
u aquelles que crem pera a confcrvaçaõ da alma.

Ooo 2 Ca-
478
' ■
EPISTOLA
o,-
DE S. PAULO
Capitulo XI.
i Defcrevclbes a fè com fuu propriedades c efeito’, propondo exemplos cia fè dos paes
antigos , e primara de Abel, f De Enoch , de Vóé , de Abraham, e de Sara.
13 0!íe cll>' JUítfcmente a promeffa de Canaan receberão , mas 0 comprimento d'sequei-
la naõ cupii n.t terra fenaó no Ceo alcançáraõ. 17 Conta a fè de Abraham quan­
do offeretia a fete filho ifaac. < 10 O exemplo de Ifaac, de facob, e de fefcph.
13 Defpois 0 dos paes de Moyfes, e de Moyfes mefmo. jo Defpoio de fojua, de
Rachah , e jur.tamente dos Juízes e dos Reys, que pela fè grandes coufas fizeraó.
3í defpois falia de alguãs mulheres, que grandes males padeeeraõ por amor da fè:
como tambem de diverfos Prophetas e Martyres' 39 Conclue que efles todos morre­
rão na jè aindaque a coufa prometida fem nos naõ receberão.

a Ou,S«- 1 O ra a hC 4 ^um ^rmC- fundamento das couíàs que íc èíperaó


fiancia, J a dcmoftraçaó das coufas que fe naó vém.
firme con­
fiança.
2 Porque por ella alcançáraó os antigos teftemunho.
b Ou, Com- 3 Por fé entendemos que foi b ordenado o mundo pela palavra dc
foílo. Deus, dc maneira que as coufas que íe vec, foraó feitas das quccfe
cOu.Naò naó viaõ.
apareciaã. 4 Por fé offcrcceo Abeld mais excelente íãcrificio a Deus, do que
dOu,Mayor
'Caim: pela qual alcançou teftemunho de que era jufto; porquanto
Deus deu teftemunho de feus prefentes: c defunto ainda por mefma
[/XJfala. ,
5 Por fé foi Enoch tranfportado, pera a morte naõ ver: enaófoi
achado, porquanto Deus o avia tranípoitado : porque antes detranf
portado alcançou teftemunho que a Deus agradava.
6 Ora íèm fé impofiivel hc agradar £ a Deus. J Porque ncccflà-
rio he que aquelle que a Deus íc achega, crea que o ha , c que dos
que o buícaó he galardoador.
7 Por fé Noè, fendo divinamente advertido das couíàs que ainda
fc naó viam, tcmco,c fabricou a Arca perafalvamento dc fua familia:
pela qual "] condenou a o mundo, e foi feito herdeiro da ju­
ftiça que he fegundo a fé. *
8 Por fé Abrahkm , fendo chamado, obedccco , pera íàhir a o ■
lugar que por herança avia de receber, c fe partio naó íàbcndoaon­
de avia de vir.
9 Por fé foi morador na terra dc promiflàó , como cm T terra J
ameia, habitando cm cabanas com Iíãac e com Jacob , herdeiros
com elle da meíma promeflà.
10 Porque eíperava a cidade que tem fundamento, c daqualDcus
fyc 0 artificç e o fabricador.
11 Por«
A OS H E B R E O S. Cap. X I. 47*
11 Por fé recebco Sara tambem virtude de dar femente, e pario
ia fora dc'idade, porquanto confiou que fiel cra aquelle quc prome­
tido [ lho ] tinha.
12 Poloque tambem de hum, cefiè ja amortecido nacéraõ,[tan­
tos ] em multidam como as efircllas do Ceo , e como a innumera-
vel arca que cílá na praya do mar.
1 j Em a fc morrerão todos cites, fem averem recebido as pro­
metias, fenaõ vendo as de longe, e crendo e abraçando, confellàraõ
quc eraó eftrangeiros e peregrinos na terra.
14 Porque os que ifto dizem, claramente a entender dam quebuf-
caó huá patria.
15 Que íè fe lembráraõ d’aquella [patria ] de que aviaõ faido,
na verdade que tempo tinhaõ pera íè para la tornarem.
16 Mas agora defejam huá melhor, convém a faber, a celcftial.
Peloque tambem Deus naõ fe envergonha de íèr chamado fcu Deus,
porque ja lhes tinha preparado huá cidade.
17 Por fé offcrecco Abraham a Iíàac , quando foi atentado , e
aquelle que as promefiàs tinha recebido , oftcreceo a [feu ] unigé­
nito.
18 (Avendo lhe fido dito: Em Iíaac te ferá chamada íèmente,) con-
fiderando quc ainda até dos mortos o podia Deus reíúícitar:
19 Poronde tambem por comparaçaÕ o tomou a cobrar.
20 Por fc deu Iíàac a bençaõ a Jacob, c aEíàu, tocante áscou­
tas que aviaõ dc vir.
21 Por fé Jacob, eftando á morte, benzeo a cada hum dos filhos
dc Jofeph: e adorou [encóftado^ á ponta de feu bordam.
22 Por fc, eftando Joícph á morte, fez mençaõ da íãida dos fil- '
hos de IiTael, e deu cargo e de íèus oflòs. > c Ou, Jcer-
2 3 Por fé Moyíes, ja naçido, foi por tres meies eícondidodcfcus«»
paes, porquanto viram quc cra hum fermoíò menino, c naõ tcmé-íl7"*
raõ o mandamento d’el Rey.
24 Por fé Moyfcs, fendo ja grande , refufou ter chamado filho
da filha de Pharao:
2 5 Eícolhendo antes fer affligido com o povo dc Deus, do quc
gozar por hum pouco de tempo das delicias de pecado.
26 Tendo por majores riquezas o vitupério de Chrifto , do que
os tefeuros de Egipto: porque atentava pera a remuncraçaõ.
27 Por fé deixou a Egipto, naõ temendo o furor d’el Rey:por­
que fc esforçou, como vendo a o que he invifivcl.
• Ooo 3 28 Por
480 EPJSTOLA DE S. PAULO
28 Por fc ccíebrou a Pafchoa, c o derramamento de íàngue, pe­
raque o que a os primogénitos dcftruhia, os naó tocaflc.
29 Por fc paflàram o mar vermelho , como por terra feca, o que
f Ou, querendo f tambem ] intentar os Egipeios, ficaraó fíõrvidos.
30 Por tc cairaó os muros de Jencho, dcfpois de fete dias averem
fido rodeados.
31 Por fé Rachab a foltcira naõ per ecoo com os incrédulos re­
colhendo em paz as eípias.
3 2 E que f mais J direi ? que o tempo me faltará , fe quifer
contar dc Gcdeon, c de Barac, c dc Sampíòn, c de Jcphte , e de
David, e de Samuel, e dosProphetas.
a 3 Os quaes por fc venccraó Reynos, obráraó juftiça, alcançá-
raõ as promcílàs, tapáraõ as bocas a os leoés;
3 4 Apagáraó a força do fogo , efeapáraõ do fio da cfpada , da
fraqueza tiráraó forças , e cm batalha lê moftráraõ fortes, puíèraõ
cm fugida a os exercitos dos eftranhos.
3 5 As mulheres reccbéraó da refurreiçaò feus mortos: outros foraó
cftirados,. menofprezando alivraçâó[ oferecida Jpor alcançarem huã
melhor refurreiçaò.
36 E outros experimentáraó vitupérios e açoutes :e ainda tambem
cadeas e priíòés.
37 Foraó apedrejados, com ferra dcfpedaçados, atentados, a o fio
d’a eípada mortos, andáraõ veftidos de pellcs dc ovelhas f ejdccâ-
bras, deíèmparados, affligidos, fendo maltratados:
3 8 ( Dos quaes o mundo naó era digno ) perdidos pelos defertos,
c montes, e covas, c cavernas da terra.
39 E todos eftes avendo alcançado teftemunho pela fc, naó re- '
ceberaó a promeflà.
40 Provendo Deus alguã coufa de melhor pera nosoutros, pera­
que fem nos aperfeiçoados naó foflem.

Ca-
OS HE BRE OS. Cap. XII. 481

Capitulo XII.
1 Pelos exemplos precedentes exhorta os a perfeverancia n'efperança, e a paciência n’M
tribul.tçoens. z Propondolbes a efle fim o exemplo de Cbriflo, que pela paixaô en.
troa Ht fax gloria, p Tambem o exemplo de todos os verdadeiros filhos, que naõ
faõ fora de cafligo de feut paes. 9 Moflra os fruitos dos cafligos. iz Exhorta os
a 0 major zelo. 14 À paz e fanflidade. iy Avifa os contra rebelião, Jornicafaõ,
e profanidade, com exemplo de Efint. 18 A eflefim tambem lhes propoe a digni­
dade da congregaçaõ no Ceo t na terra, á qual Jè chegáraõ , com huã contrapoji-
faõ da terrível deaçaõ da Lep. zç Avifa os otttra vez contra a rebelião com cap.
2. v. j. de Haggai, 28 E exhorta de ter firme a graça de Deus, propondo 0 cafli-
go que a os rebeldes ha de vir.

1 TD ortanto nos tambem, pois dc huã tam grande nuvem detefte-


munhas eftamos rodeados, deixando todo peíò , c o pecado,
que tam facilmente [jjos J rodea, corramos por paciência a carreira
que nos eftá prppofta.
2 O(hando pera Jefus, Capitaõ e confumraador da fc: o qual po­
lo gozo que lhe.cftavaj^ropoíto, íuportou a cruz, menoíprezando a
afronta, e íç aílentou a dextra do throno de Deus.
3 Peloquc confidcrae aquelle que contra fi meímo huã tal contra­
dição dos pecadores fuportou : peraque naó vos4 acobardeis, desfa- ar a-
lecendo em voílòs ânimos. .
4 Ainda nao rcíiítiftes ate o íãngue , combatendo contra o pe- apouqueis,««
cado. defmayeis.
5 E ja vos eíqueceis da exhortaçaõ que com vofco , como a fil­
hos vos fala , filho meu , naõ menos deíprezes a difeiplina do Sen­
hor, nem deíinayes quando d’clle fores reprendido.
6 Porque o Senhor a o que ama caftiga , c a qualquer filho a
quem recebe açouta.
7 Se íofreis a difeiplina, Deus íc vos aprefenta como a filhos:
( porque qual he o filho aquem o pae naó caftigue?)
8 Mas íe eftaes fem difeiplina , daqual todos fam participantes
baftardos íòis logo, e naó filhos. r »
9 E pois por caftigadores tivemos a os pacs dc noflã carne, ea os
taes reverenciávamos: naó nos fugeitaremos antes muito mais a o Pae
dos cípiritos, evivirémos?
rnii° Ponqu^ quai5° a aquclIcs’ porpouco tempoMcaftigavaó,
como a ellcs bem lhes parecia; poremefte caftiga por |
proveito, peraque. dc. fua íãnótidade íejamos participantes.
ii Ora
48a EPISTOLA DE S. PAUL O
11 Ora toda'difciplina quando efta prefente naõ parece ícr de go­
zo, fenaó de trifteza: mas deípois dá hum fruito pacifico dc juftiçaa
os que por ella forem exercitados.
1 2 Portanto levantae outra vez as maõs canfadas, e os juclhos
desconjuntados.
í 3 E enderençae as veredas a voflòs pees: peraque o que man-
qucya fe naõ atorça , mas que antes feja lãrádo.
14 Profegui a paz com todos, e a íanctificaçaõ, fem a qual nin­
guém a o Senhor verá.
bOu,^« 15 Olhando bem que ninguém da graça de Deus bfe aparte: que
* nenhuá raiz de amargura brotando vos perturbe , c por ella muitos
fejam contaminados.
16 Que ninguém feja fornicador, ou profano, como Eíàu, que
por hú manjar vendeu léu direito de primogenitura.
17 Porque bem íàbeis que ainda deípois dclljando de herdar a
bençam, foi rejeitado : porque naó.achou lugar dc arrependimento,
ainda que com lagrimas a buícou.
18 Porque naõ tendes chegado a o monte que tocar fe podia,
nem a o fogo cnçcndido, nem á trevas, nem á efeuridade e tempe-
ftade.
19 Nem a o foydo da trombeta , nem á voz das palavras: aqual
os que a ouviaõ pediraõ que mais fe lhes naõ fallaíTe.
20 ( Porque naõ podiaõ íòportar o que íc lhes mandava , que íê
até huá beíta no monte a tocar viefle , feria apedrejada , ou com
hum dardo paílàda.
21 E tam terrivel era a viíãõ , que chegou Moyfes a dizer : AC ‘
íòmbrado e tremendo eftou.)
22 Mas antes chegaftes a o monte dc Siam e á çidade do Deus vi­
vente, á Jeruíàlem ccleftial, e a os milhares de Anjos.
23 E a univeríàl congregaçaõ e Igreja-dos primogénitos que cftam
eferitos nos Ceos, c a Deus que he o juyz de todos, e a oscípiritos,
dos ja perfeitos juftos.
24 E a Jeíus o Medianeiro do Novo Tcftamento , c a o fanguc
do cfparzimento, que falia melhores coufas que [0 de] Abel.
2 y Olhac que naõ regeiteis a o que fala : porque íè aquelles que
rcgcitaraó a o que 11a terra dava divinas reportas , naõ cícapáraõ;
muito menos [ejcapare'>nos] nosoutros, íc nos dcfviarmos d’aqucllc
que dos Ceos £ he. J
26 A voz do qual commovcu entonçes a terra; mas agora denun­
ciou,
"''^A OS HEBREOS. Cap. XIII. 4*3
dou, dizendo; Ainda huã vez, c commovcrci naó. 'omcnte a terra,
mas tambem o Ceo.
27 Ora cila [palavra: J Ainda huã vez, moflra a mudança das
couíãs moviveis como quc foram feitas, peraque fiquem as im-
moveis.
28 Peloquc recebendo o Reyno immovel, retenhímos a graça,
com quc a Deus dc tal maneira íirvamos , que com reverencia c
piedade lhe fejamos agradaveis.
2p Porque noflò Deus hc hum fogo coníuraidor.

Capitulo XIII.
1 Exhorta es a o amer fraternal , a bofpedagem e compaixaõ des affligidos. 4. De­
clara que 0 matrimonio be cajlo, • avifa Ibes que Je guardem da avareia , e fe
contentem cem 0 prefente. 7 'Propondolbes 0 exemplo de Jetis conduílores. y ^ívtfa
lhes tambem que je guardem das doutrinas eftranbas e particularmente da deferen-
(a dos manjares. 1 o Proponde lhes a efte fim 0 exemplo do jacnficio da propicia­
ção, de quem comer a ninguém era lietto. íy Exhorta os a oferecimento aa grati-
daõ , principalmente a confejfaõ de nome de Deus, a beneficencia e a obediência ct
feus Paftores. iS Amoefta os que rogem a Deus peraque elle lhes feja reflituido.
20 Roga a Deus que elles aperfeiçoe em toda boa obra. 22 Acaba a efta carta
com huã nova amoeftafnõ. 23 £ promete que deprefla elles virá a ver com 0 Ti-
motbeo. 24. Alguãs faudaçoous manda.

i A charidade fraternal permaneça.


, 2 Naó vos efqucçacs da hoípedagem: porque por ella hoípe- ,
’dáraó alguns a os Anjos, naó o fabendo.
3 Tende lembrança dos prefos, como fe com elles prefos effi-
vcrcis : £ < J dos maltratados, como íèndo vos mefmos tanabem n’o
corpo f maltratados. J
4 Venerável [ he J entre todos o matrimonio, e a cama fem
macula: porem a os fornicadores, e a os adultçros, Deus os ha-
de julgar.
$ a Voílà convcríàçaõ feja fem avareza , contcntandovos com OaOu,rA
prefente. Pois diílè : Naõ te deixarei, nem tc deícmpararei. coftumes.
6 De maneira que com confiança dizer podemos: O Senhor he
meu ajudador; pcloque naó temerei coufa alguã que o homem fà-
’zcr me poílà.
7 Lembrae vos de voílòs >» condu&ores, que a palavra de Deus b OMlo-
vos ralaraó:c a fc dos quaes imitae, confidcrando qual foi a fthidaw’<wG"''w’
de [ftsa] converfaçaó. c Ou' c">“
PPP gjcfuy.’
0
484 EPISTOLA DE S. PAULC •"
8 Jcfu Chrih.0 hc o mefmo hontcm, e hoje, e tambem etcr-
namcntc.
9 Naó vos deixeis levar de huã pera a outra banda por doutrinas
diverfas e eílranhas. Porque bom he que o coraçaó efteja fortaleci­
do por graça, e naó por manjares, os quaes nada aproveitáraó a os
que [ n^lles j fe ocuparam.
10 Hum altar temos do qual naó tem poder para comerem os
que fervem a o Tabcmaculo.
11 Porque os corpos dos animaes (cujo fangue polo pecado fe tra­
zia pelo lummo Pontífice a o Sanétuario) eraó queimados fora do
arrayal. •
12 Portanto tambem Jefus, peraque a o povo, por ícu proprio
íàngue fanétificaílê, padece© fora da porta.
13 Sajamos pois a elle fora do arrayal, levando feu d vitupério.
14 Porque naó temos aqui cidade permancccntc, mas bulcamos
a que eftá por vir.
1$ Portanto offereçamos fempre por elle facrificio de louvor
a Deus, convém a fàbcr, o fruito dos beiços que confcflèm a feu
nome.
16 E naó vos efqucçaes da bencficcncia c communicaçaõ : por­
que em taes facrificios toma Deus prazer.
- 17 Obedecei a voífose conductorcs, e vos fugeitac a elles. P01-
"que vélam por voflàs almas , como aquelles que ham de dar conta:
peraque o que fazem, o façam com alegria , c naó gemendo: por­
que aquillo naõ vos hc util.
18 Rogac por nos: porque confiamos que temos boa conícicncia,
deíêjando de entre todos honeftamente convcrfar.
19 E tanto mais [w][rogoque afli o façaes, peraque cu tanto
mais preito vos íeja rcftituido.
aPaz’ (quepelofanguedoTcftamcntoeterno, dos
,mortosA: a o grande Paftor das ovelhas noflò
Senhor Jefu Chrifto.)
2i Vos aperfeiçoe em toda boa obra , pera fazer fua vontade,
obrando em vos o que diante d’clle he agradavel por Chrifto Jeíu,a
o qual Íeja a gloria pera todo fempre. Amen.
ÍOi^Exbcr- 22, R°g°vos pois irmaós, que fuporteis a palavra d’efta f amoe ■
flaçaó: que cm breve vos cícrcvi.
23 Sabei que ja o irmaó Timotheo eftá folto, com o qual vos vi­
rei a ver, (fche que prcfto vier.)
24 Sau-
Z OS HEBREOS, Cap. JIII. 485

24 Saudae a todos voflòs conduótores , e a todos os íãnétos. Os


dc Italia vos faudam.
2 j A graça feja com todos vosoutros. Amen.

Eferita dc Italia a os Hebreos, [«wmW#] por Timotheo.

Fim da Epiflola cPo apoftolo S. Paulo a os Hebreos.

EPISTOLA UNIVERSAL
d o

APOSTOLO S. TIAGO
Capitulo I.
1 Defpois Ja infcripçaõ. 2 Exborta 0 Apoftolo os efpalhados fieis de Ifrael a paciên­
cia. 3 Polamor de feeu fruito!. f Os que naó tem efta fabedoria enjina que a
pedeffem de Deus, mas com fè, naõ duvidando. 9 Confola os humildes, eexborta
os ricos a humildade, por caufa de inconftancia das riquezas e de vida. 13 Enfina
que a tentaçaô fara fecado naõ vem de Deus , mas da própria cotuapifiencia que
concebe e pare 0 pecado. 17 Que Deus he origem de todo bem, e principalmentc de
regenerará. 19 Exborta a paciência , a manfidaò, e pera guardar a palavra de
Deus, 0 que declara com bum exemplo. 16 Afim enjina que a religiaõ pura con-
fifte principalmente tm refrear fua língua, 27 Em ufar de amor com as viuvas e
orfaõs, e em huma fanaa vida.

1 acobo íervo de Deus c do Senhor Jeíu Chrifto, ás doze»Tri- a Ou.Lzs-


I bus que eftaó efpalhadas, íãudc. bagens.
I' xbMeus irmaõs, tende por grande gozo, quando cairdes em Ematf-u
Ronv. f; 3
Cr diveríàs tentações: Lfetnr. ç,
^Sabendo que a prova de voflà fé produz paciência.
d-írDV. 2: 3
4 Tenha porem a paciência a obra perfeita, peraque fejaes per­
I
feitos e inteiros: dc maneira que cm nada falteis.
fc algum de vosoutros tem falta de fabedoria, peça a a Deus
Sue a todos libcralmente [_a] da, e cm rofto [o] naõ deita: e lcr-
ic ha dada.
6 Mas peça a com fc, naó duvidando : porque o que duvida hc
Ppp 2 femelhante
486 EPISTOLA UNIVERSAL
fcmclhante á oíida do mar , quc do vento hc movida , e d’hua a
outra parte lançada.
7 Naó penfe pois o tal homem receber couíã alguã do Senhor.
8 O homem de dobrado animo cm todos feus caminhos £ he J '
inconftantc.
9 Porem o irmaó quc for humilde, glorie fe.em fua alteza.
Ou, Hh. i o Mas o rico, cm fua b baixeza: porque como a flor da erva íè
úlMe. paílàrá.
11 Que faindo com ardor o foi, a erva fe fecou, a fua florcahio,
c fua fermofa aparência pcreceo: affi tambem fe murchara o rico cm
feus caminhos.
Bem-aventurado o homem quc fofre a tentaçaó: porque quan­
do for.provado, receberá a coroa da vida, aqualDeus tem prometi­
do a os que o amaó.
13 Ninguém fendo atentádo, diga,que de Deus he atentado: por­
que Deus naó pode fer atentado dos males, nem tampouco a alguem
atenta.
14 Porem cadahum he atentado, quando de íúa própria concu-
pifcencia hc atrahido e engodado.
1 $ Defpois avendo a concupifcencia concebido, pare o pecado; e
fendo o pecado cumprido, gera a morte.
. 16 Meus amados irmaós, naó erreis:
17 Toda boa dádiva , c todo dom perfeito hc do alto , que dc-
feende do Pae das luzes : cm. quem naó ha mudança, nem íombra
de variaçaõ.
18 Segundo fua própria vontade nos gerou pela palavra da ver­
dade: peraque foflemos [comoj as premiçias de fuas criaturas.
19 Aífique , meus amados irmaós, todo homé feja promptopa-
ra ouvir, tardio para fallar, tardio pera fc irar.
20 Porque a ira do homem naó obra ajuftiça de Deus.
21 Poloque dando de maõ a toda immundiçia, c luperfluidadede
cOu p/4„.naalicia, recebei com maníidaõ a palavra çm vos4 enxertada, aqual
tada, otte»-pode íàlvar voílàs almas:
xeridíi. 22 E fede obradores da palavra, c naó taó fomente ouvidores,
enganandovos a vos meímos com vaós diícurfos.
2 3 Porque o quc ouve a palavra, c por obra a naó poem, hc íè-
mclhantc a o homem quc a o eípelho íèu rofto natural confidCra.
24 Porque avendo fc coníidcrado a fi mefmo, c indo ic, logo íè
cfoucçeu qual crá.
x 25 Po-
v DE S. TIAGO. Cap. 487
2$ Porem o que bem atenta n’a perfeita Ley"dc liberdade, c
n’iflò perfeverar, naó fendo ouvidor efqucccdiço, ícnaõ fazedor da
obra: cfte talí[y(ço, J ferá bem-aventurado em leu feito.
26 Se algum entre vosoutros cuida fer religioíò, e naõ refreafua
lingua, antes ícu coraçaó engana, vaã he a religiaó do tal.
27 A religiaó púra c fem macula pera com Deus c Pac, he vifi-
tar a os orfaós, c ás viuvas em fuas tribulações, c d conícrvarfe femdPu>.G«*”r-
mancha alguã do mundo. dar

Capitulo II.
1 Enjina que nao convém a es Cbrifiais aceitar a pejjba dos ricos , e defprezar os
pobres fieis, vifto que os fieis faõ aceitos para com Deus , e que muitos ricoS faõ
maos. 8 O que tambem be contrario a o amor do proximo , e faz nos trafpajjar
a Ley. i o ^dindaque todos os outros mandamentos guardemos, i J E que os taes
tambem receberaõ bum juizo fem mifericordia. 14 Enfina que a fe fem boas tbras
naõ he fè falvifica. ty Naõ mais que amor fem obras de charidade he amor.
17 Porque tal fi bemorta, e tambem diabólica. 20 Tefl fica que tal"fi naõ pode
yuftficar, 0 que demoftra com exemplos de abraham, de Habab, e com parabola de
bum corpo morto.

1 M cus *rma°s » na° tenhacs a fé de noflò Senhor Jcfu Chrifto


[do Senhor’] da gloria em aceitaçaó de pcflòas.
2 Porque íê cm voflò ajuntamento entra [tlgum] homem que no
dedo traz anel de ouro], com vcftidos preciofos, c entre tambem al-
gú pobre jingclamente vcftido:
3 E tiverdes refpeito a o que traz o vcftido preciofo , e lhe di-
gaes, Aflcntatc tu aqui honradamente ; c a o pobre digaes, Fica te
tu ali empé; ou, Afléntate a baixo de mcu eflrado:
‘ 4 vcntura naõ fizcftes difterença cm vos meímos , e vos fi-
zeftes juizes dc maos peníãmcntos.
5 Ouvi meus amados irmaós , por ventura naõ eícolhco Deus a
os pobres deftc mundo , [ pera fer] ricos em fc , e herdeiros do
Reyno, que a os que o amaó promete.
6 Porem vosoutros1 injuriaftes a o pobre. Porventura naó vos o
oprimem os ricos com tyrania, c vos levaó a os tribunacs? L/k/ **"
7 Porventura naó faõ clles os que blasphcmaó o bom nome que ‘
íòbre vosoutros foi invocado ?
8 Todavia, fe , conforme á Efcritura , cumprirdes a Lev real:
Amaras a teu proximo como a ty mefmo, bem fazeis.
9 Porem fe ápeflòaaceitacs, cometeis pecado, c da Ley como tranf-
grcflòrcs fois redarguidos. Ppp ♦ ío Por-
® •
4SS EPfSTO L A UNIVERSAL
ío Forque qualquer que toda a Ley guardar , c em hum f fój
vier a offender, culpado fica de todos.
11 Porque aquclle que difle : Naó cometeras adultério: tambem
diflè, Naó mataras. Pois fe tu adultério naó cometeres, mas mata­
res, tranígreílòr ficas da Ley.
i.^Afli.fallac , c afli obrae , como aquelles quc ham dc fer jul-
gados>-pèla Ley da liberdade.
i 3 Porque juizo fem mifericordia £ fera ] fobre aquclle que naó
uíàrdc miícricordia: e a mifericordia lé gloria-contra o juizo.
14 Meus irmaós , que aproveita , fe alguem diflèr quc tem a fé,
c naó tiver as obras ? por ventura podeloha a tal fé íàlvar ?
15 E fe o irmaó , ou a irmaá eítiverem nuos, e tiverem falta do
mantimento quotidiano.
16 E quc algum de vos lhes diga , Ide em paz,’ aqucntaevos, e
fàrtaé vos: c naó lhes derdes as couíãs ncccflàrias pera o corpo, quc
aproveitará?
17. Afli tambem a fc, fe naó tiver as obras, cm fi mcíina eftá
morta.
18 Porem dira alguem , Tu tens a fc, c cu tenho as obras:
moftra mc tua fé por tuas obras, e cu tc moftrarei minha fé por min­
has obras.
19 Tu crees que Deus he hum fó [jDr«r:]bem fazes ; os demo­
nios tambem o creem, e cftrcmeçem.
20 Mas Q homem vaó, queres tu faber quc a fé íèm as obras eftá
z morta ? '
21 ’ Por ventura naõ foi Abraham noflò pac juftificado pelas obras,
quando oífèreccu a feufilhoIfaac íòbre o altar?
22 Vés tu logo que a fc trabalhava com fuas obras, c que pelas
obras foi a fé aperfeiçoada?
2} E a Eferitura fe cUmprio , dizendo, Creu Abraham a
aOu,r>Mp«- Deus, c foilhe a contado por juftiça, c foi chamado amigo dcDcus.
M 24 Vedes logo quc o homem hc juftificado pelas obras, e naó
fomente pela fé.
25 Semelhantemente Rahab a íòlteira, por ventura naó foi tam­
bem juftificada pelas obras, quando rccolheo a os mcníàgciros, cos
deípedio por outro caminho ?
2<S Porque afli como o corpo fem o eípirito eftá morto, afli tam­
bém a íc íem as obras eftá morta.

Ca-
; rDE S. TIAGO. Cap. IJ I. . • 4^

f CautuloIII.

I Reprende os qtte facilmente com» meflres a outros reprendem, vifioque elles mefmos
em muitM coufas tropeçam, x E enfntt qtte o que fede refrear a fua lingoa, to.
do 0 corpo fabf governar, 3 Com exemplo do cavallo e da nao. y Mu a lin*oa
desrefreada be como foge. 7 Que refrear a lingoa he muito mais dijficil do que
amaxfar as bcjlas feras. 9 Qne nao convém qtte com bui e mefma lingoa bendtze-
mos aDeus, e maldizemos a 0 proximo. 11 Declara ijfo com exemplo}dafonte, eda
figueira. 13 Defpois exhorta a manfidaõ e pera deixar a enveja e contenda, l q De­
fereve a natureza dafabedoria terrena eceleflial, e os fruitos das ambas.

1 K/ícus “mrás» naõ vos façaes muitos mcftres, fabendo quc rc-
ceberémos tanto major juizo.
2 Porque todos tropeçamos em muitas couíãs. Se algum naó tro­
peça cm palavra, o tal he homem perfeito, c tambem pódc refrear
todo o corpo.
3 Vedes aqui nosoutros pomos a os caválos freyos n’as bócas, pe­
raque nos obedeçaó, c fcom ijfa^ virámos todo léu corpo.
4 Vedes aqui tambem as náos, íèndo tam grandes, e lcvádas de
ynpctuóíos ventos , que íè viraó com hum bem pequeno leme para
onde quer que quifer a vontade d’aquelle que as governa.
5 Afli tambem a lingoa he hum bem pequeno membro , e fe
gloria de grandes coufas. Vedes aqui hum pequeno fogoquam grande
bofque ençcnde.
6 A lingoa tambenj he hum fogo, hum mundo de iniquidade:
afli a lingoa eftá pdfta entre noflòs membros, c contamina todo o
corpo , c inflama a roda de noflã naçença, c fc inflama do in­
ferno.
7 Porque toda a natureza de béftas fóras , c dc áves, e de ’ íèr-aOn, Rc-
pdntes, c de peixes do már, fe amáníà, c foi amaníàda pela náturç-/n/«.
za humana.
8 Mas nenhum homem pode amaníãr a lingoa. Ella hc hum mal
que fe naó pode refrear, e eftá chçya de peçonha mortal.
9 Com ella bendizemos a Deus', e Pac, c com ella maldizemos
a os homens feitos a femelhança de Deus.
10 De huá meíma boca proçecle bendiçaó, e maldiçaõ. Meus ir­
mãos, naó convém que eftas coufas paflèm afli.
11 Por ventura deita alguã fonte por hum mefmo manançial o
doçe, e o amargofo ?
iz Meus irmaós, pode por ventura a figueira produzir azei-
, tonas?
490 EPISTOLA UNIVERSAL
tonas? ou a videira figos? Afli nenhuá fonte f pode 1 djír dc fi agoa
falgada, c doce. .
13 Quem ne fabio e entendido entre vosoutros ?Moítrc por [fia']
boa convcríàçaõ fuas obras cm manfidam dc fabedoria.
14 Porem fe tendes inveja amírga , c contenda em voflòs cora­
çocs, naõ vos glorieis, nem mintaes contra a verdade.
15 Porque naó hc dita a íãbcdoria que do alto dcçende, fenaó
bOtbN<«i«- tcrréna, Hèníual, c diabólica.
r,», anima. por£jue aonje jw invcja e contenda , ahi ha perturbaçaõ , c
toda obra perveríà. '
17 Mas a fabedoria que he do alto, primeiramente he pura, deípois
pacifica , moderada, traóiavel, chca dc miíericordia, c dc lx>ns
fruitos, naó parcial em julgar, c naó fingida.
*8 Óra o fruito de juftiça fc femea em paz pera os quec fazem
f paz.

Capitulo IV.

< Da remedio centra et precedentes pecados , e exborta es a desfizer ai concttpifcen-


cias carnaes, moftrando pera efte fim os pernicie/es finitos d'ellas, come contendas,
impedimento das oraçoes, e inimizade com Deste, p O que demolira com Efcrittira
fagrada. 7 Exborta os que J’e fugeitem a Deus, mas ao diabo refiflaõ. 8 Amoefta-
paõ pera converfaõ, aqual defereve. 11 £ principalmente que naõ julgem a 0 proxi-
mo > porque ijfo convém fò a Deus. 13 Reprende tambem aquelles que difpeem de
feus negocies fem fe remeter a providencia divina, e confiderar a fraqueza da vida.
17 Conclue que 0 que fitbe fazer bem, e naõ 0 fiz > mas grande pecado commcte,

i T\ onde [vem] as guerras c pelejas entre vosoutros? porventu-


■*-'ra naó [heJ d’aqui [ afiber] dc voflòs deleites, que guer-
réam em voflòs membros. Acoíiçoíòs
2 Cobiçacs, çcnada tendes: íòis invcjoíòs c
c naõ podeis alcaqjàii», combateis e gucrrcacs, enaó tendes,porque
o naó pedis.
3 . Pedis, e naõ rcçcbeis: porque pedis mal, pera o gaitardes cm
voflòs deleites.
4 Adúlteros, c adulteras; naõ íàbeis que a amizade do mundo,
hc inimizade contra Deus ? porquanto qualquer que quifer ícr ami­
go do mundo, fc conftitue por inimigo de Deus.
5 Ou cuidacs que a Elcntura diga cm vaó : Por ventura o Efpi­
rito que cm nos habita , cobiça pera inveja ?
6 An-
;'f DES. TIAGO. Cap. IV 491
6 Ante' ainda dá major graça. Portanto diz [a Eferitura, ] Deus
refifte a js íòbdfbos, porem dií graça a os humildes.
7 Portanto fugeitaevos a Deus , rcfifti a o diabo, e clle fugirá de
vosoutros.
8 Achegacvos a Deus, e clle fc achegará a vosoutros. Pecadores,
alimpae voilãs maós: e vosoutros dobrados de animo purificae voílòs
coraçocs.
2 Tende vos como miícravcis, c lamentae , c chorae: voflò riíò
fc convCrta cm chdro, c gozo cm trifteza.
10 Humilhaevos ánte a prclença do Senhor, e elle vos exal­
ará-
11 Irmaós, naó murmureis huns dos outros. Quem murmu­
ra de [ feu J irmaõ , e quem julga a fcu irmaó , da Ley mur­
mura, e a Ley julga. Ora julgando tu a Ley, ja naó es guardador
da‘Lcy, ícnaõ juiz.
1 z Hum íõ Legiflador ha, que pode falvar, e deftruir. Quem és
tu logo quc a outrem julgas?
13 Ea pois agora vosoutros os quc dizeis, Irémos hoje ou a man-
hám a huã tal cidade , c eftaremos nos lá hum anno , e contratare­
mos, e ganharCmos:
14 E todavia naó fabeis o quc a manhaã f acontecerá-, ] Porque,
quc hc voflã vida? Porque he hum vapdV, que por húpouco (jre»í-
fo J aparece, c defpois fc efvaéçe.
1 j Em lugar que devieis dizer, Se o Senhor quifer, e fe vivér-
mos, faremos ifto, ou aquillô.
16 Mas agora vosoutros vos gloriaes dc voflàs prefunçoes : toda a
tal gloriaçaõ he roim. /a °
*7 Portanto o quc íãbc fazer bem, c naõ f ° J faz^lheWhc
pecado.

Qaq
*x._
49- EPISTOLA UNIVEE
VJ.
Capitulo V.
»•
, Exborta ainda a buã Cbriftaã. converfaçaõ , e moftra es males que fem a os ri­
cos por fia que fruftraò a os pobres do fiu jornal, malrejaò das riquezas, e os ja­
pas oprimem. 7 Exbrta os oprimidos a paciência pela vinda do Chrifto, com exem­
plos do lavradar, dosErot betas, eprincipalmente de Job. n Avsja que fe guar­
dem do temerário juramento, i 3 Enjina come nos avemos de aver na adverjidado
e na pro/pertd.ide. 14 Que devem faier os doentes, e que nos convém lhes Jazer.
17 Woftrando com exemplo de Elias a efiicacia das orapoés dos fieis. 19 A fim
exborta pera converter os errantes da verdade , meftrfndo qteam excelente be efla
obra.

tOu.era i ’ I? a pois agora, vos ricos, chorae c pranteae por voílàs mife-
fus. . -Lu rjas, qUe fobrc vos b viraó a cair.
bOu,Cajrao * Voílàs riquezas cítara apodrecidas: e voflosvertidos cftam todos
fobre vos. .; , *• 1
J comidos da traçaf
3 Voflò ouro c voflà prata eftá ferrugento : e fua ferrugem vos
fera cm teftemunho , e comerá voflà carne como fogo : ajuntado
cOu ím. tendes thefouros c pera os últimos dias.
4 Vedesaqui o jornal dos trabalhadores, -que voílàs terras íêgá-
raõ (do qual por vos foraó fruftrados) eftá bradando : c os brados
dos que as fegaraõ entráraõ nos ouvidos, do Senhor dos exercitos.!
5 Em delicias tendes vivido íòbre a terra, e feguido os deleites,
[_ e j recreado voflòs coraçoens como em dia dc íacrificios.
<5 Condenado, [r] morto tende? a o. jufto : [* J vos naó reíiftc.
7 Ora pois irmaõs, fede longanimos ate á vinda do Senhor.
Eis aqui o lavrador eípera o fruito precioío da terra , aguardando
com paciência ate que receba a chuva temporaá e forodea.
8 Vos tambem fede longanimos, c esforçac voflòs coraçocs: por­
que ja a vinda do Senhor .vem chegando.
9 Irmaós, naó/wNN^Maa* huns contra os outros, peraque naó
fejaes condenados. Vedesaqui o Juiz eftá ápórta.
10 Meusirmaõs, tomae por exemplo de aífliçaó, c dc pacicnçia,
a os Prophetas que íalláraõ £ em J nome do Senhor.
11 Vedes aqui temos por bem-aventurados a os que fofrem. Bem
ouviftes a paciência, dc Jod, c viftes o fim do Senhor; que o Senhor
he muy mifcricordioíò, e piedoíò.
* 12Ora fobre tudo, meus irmaõs , naõ jureis pelo Cco, nem pe­
ja terra , ncin por qualquer outro juramento : mas voflò íi , íeja
HOu,7«ix<^li> c voflò naõ, nao: peraque nao caiacs cm d condcnaçaõ.
TIAGO. Cap. V. 4P;
13 LAt* algú entre vosoutros affligido ? faça oração : eftá algum
alegre ?' lálmodie.
14 tá entre vosoutros algum doente ? chame a os Anciaós da
Ie.re;-’, e orem c lóbre ellc, ur.gindo o com azeite cm o nome doe®l’,P/r
Senhor.
x 5 E a oraçaõ de fé (alvará a o doente , c o Senhor o alcvia-
rá : c fe ouver cometido pecados, íerlheham perdoados.
ió Confefiáe voflas f faltas huns a os outros, c orae huns po-f0
los outros, peraque fareis. A oraçaô efficaz do jufto pode}'&.
muyto.
17 E'ias era homem como nos, fugeito ás mcfmas paixões , c
com tudo pedio, orando, que naõ chovcílè: e naó choveu fobrea
terra por tres annos e íeis meles.
18 E outra vez pedio , orando , c o Ceo dçu chuva , c a terra
produzio íeu fruito.
19 Irmaós , fe algum d’entre vos outros veio a errar da verdade,
C algum o converter. z
xo Saeba quc o que a hum pecador do erro de íèu camin­
ho converter, da morte Clivará huá alma, c cubrirá multidaõ dc

Qqq 2 PRI-
494
PRIMEIRA EPISTi
UNIVERSA L
do -
APOSTOLO S.PEDRO.
Capitulo I.

i Defpois da infcripfaò d'efla carta. J Da graça a Deus que nos regenerou a he­
rança incorruptível, g E pela fi nos guarda a falvaçaô, alegrando nos no niejo de
todas as tentações. 8 Poloque o tambem com alegria amamos, aindaque o naõ ve­
mos. i o Declara que a doutrina d'ofla graça naõ he nova, mas pelo Efpirito dt Cbriflo
antigamente predica, ii £ que os Anjos tambem dejejáraô olbar nella. ij Di-
vtrfas amoeflaçeís, e principalmente a bná firme ejperatiça n’efla grafa. 14 A
fanílidade e apártaçaò da vaã converfaçaõ. 10 Enfina que, Jendo Cbriflo elegido
ja des d’antes dá fundaçaõ do mundo, agora fe manifeflou por amor de nos. zi Ti­
ra d'aquillo huá amoeflaçaõ que amemos buns a os outros com amor fraternal*123456fen­
do regenerados a iffo pela incorruptível femente do Euangelho.

i TTX edro Apoftolo de Jefu Chrifto a os eftrangeiros cípalha-


dos cm Ponto, em Galacia, cm Cappadoçia, cm Alia, e
JL em Bythynia.
2 Elegidos Iegundo a providcnçia dc Deus Pac, cm íãnétificaçaõ
dc Eípinto, para a obediência e borrifadura do fãngue dc Jeíu
Chrifto:Graça c paz vos Íèja multiplicada.
3 Bendito Íeja o Deus c Pae de nollò Senhor Jefu Chrifto, o qual
fegundo íua grande miícricordia nos regenerou cm viva eíperança,
peia refurreiçaõ de Jeíu Chrifto d’entre os mortos.
4 Pera a herança incorruptível, c quc naó íc pode contaminar,
nem murçhar, conícrvada cm os Ceos pera vosoutros.
5 Que pela fé eftaes guardados cm a virtude dc Deus, pera a íâlva-
çaõ ja preitos- pera fer manifeftada em o ultimo tempo.
6 No que vosoutros vos alegraes, eftando agora (íè hc quc
afli importa) por hum pouco f_de tempo J contriftados com diver-
ías tentações.
jef. 4&;L<>- ‘ 71 Pcraquq a prova dc ‘voflã fc , muito mais prcçiofa quc o ouro
quc
í S. PETRO. Cap. L 49 y
que pcre^ > e touavia pelo fogo hc provado , fe [fvoi ] torne cm
louvor/c honra, c gloria, quando Jcfu Chrifto fc manifcftar.
8 'h. o qual, £ pofto J o naó tcnhacs vifto, o amaes, em o qual,
rr/-..o, [ pofto que J agora o naó vcjaes , vos alcgracs com gozo ine­
fável c gloriofo:
9 Alcançando o fim dc voflà fc, £ a fdber J a falvaçaõ das
almas.
n.GenxM:
ío Da qual íàlvaçaó’os Prophetas, que profetizaráõ da graça que
Pân. o-:
a vos \_AConteçeof^inquirirão, e diligentemente a bufcáraô. r
n*Eíquadrinhando quando ou em qual tempo oEfpiritodeChri­ Í.(1C •&
J. Dan .g ■■
fto, que n’clles eftava, d’antes dava teftemunho, e denunçiava as '■JÍ.-21-. 7
paixões [ que J a Chrifto £ aviaõ de vir J c a gloria que Q a via de jeLfa: 3-

feguir. J
11 A os quaes foi revelado, que naõ para fi mefmos, fenaó pera
nosoutros adminiftravaõ as coufas, que agora vos fóraõ anunciadas pe­
los que, pelo Eípirito íànólo do Çeo enviado, ò Euangelho vospré-
gáraó: nas quaes couíàs os Anjos dcíejaó olhar ainda até o mais in­
terior.
13 Portanto avendo cingido os lombos dc voflò entendimento
com temperança, efperae perfeitamente rih graça que fe vos offcre-
çe na revclaçaó de Jefu Chrifto.
14 Como filhos obedientes, naõ vos conformando com voílàs pat
fadas concupiíçençias no tempo de voflà ignorançia.
15 Mas como aquelle que vos çhamou he fanéto , vos tambem
da mefrna maneira lede fanótos cm toda \_voffd^ convcrfaçaó.
16 Porquanto eftá efcrito, Sede fanctos, porque eu fou lijnéto.
17 E íc por Pae invocacs a aquelle que íem açcitaçaó de pcflòas
julga fegundo a obra de cadahum , converíàe em temor durante o
tempo de voflà * habitaçaõ temporal: a Ou’ De~
18 Sabendo que foftes reígatados de voflà vaa convcrfàçaõ , que
por tradiçaódos paes b reçcbeftcs, naõ com coufas corruptíveis, co-bOu r •
mo COm piata OU OUIOZ be entrega-
19 Scnaõ com o prcçiofo fangue dc Chrifto , como de hum cor- d*.-
deiro irreprcnfivcl, c fem alguã contaminaçaó.
20 Conhecido ja desd’antes da fundaçaó do mundo, mas mani-
fcftado n’eftes últimos tempos por amor de vosoutros. $
2. 1 Que por elle crédes cm Deus, que dos mortos o refuf-
çitou, c lhe deu gloria , peraque voflà fé c cfpcrança cftiveflè em
Deus,


Qqq ? 22 [ Por-
496 I. EPISTOLA UNIVERSAL
ii avendo purificado vofiàs almas pelo Eíp.-íto cm
a obaucnçia da verdade, paf^íS&fingida charidade fraternal, .amac
vos aidcntcmcnte hums a os outros dc hum puro coraçaó:
i ^ Sendo ja regenerados, naõ de íèmente corruptível, fcnaò n.
raà1jUçcVC ’ pcbl Pa^avra v*ventc dc Ucus, c que para íèmpre per-

14 Porque toda carne, he como a diva , e toda a gloria do ho­


mem como a flor da drva. Secouíè a érva, e cahio íúa flor:
25 Mas a palavra do Senhor perinaneçe para íèmpre: c efta Ire a
palavra quc vos foi Euangclizada.

Capitulo II.
1 Amofia os qu, fi,apartem dos divtrfos vicies, e dtfiejem , lejte qltt j}( r ■
no. peraque cre(aofiobem,,Sofl,ma hudad, de Deu,. 4 E q„, elmo pedr”
fe tdtficem eu, cafa efpsntnal e fiando Sactrdotio. 6 Porque 0 Ckri/lo,d, d,m be
pojlo por p,drada efquma, eleita e preciofid a os fieis, mas por pedra de tropeço a
os rebeldes 9 T</^ qtt, tíl„fifS a 'W*
miferico dia. 1 1 Exhorta os por iffo a fanda converfaepò peraque com ella vlorfi.
quem a Deus. 13 fimoefta os a obedecer a os fuperiores. tS £ os fervos dt Mar
JSe*í!'“í Wt5/ r5r^s- * 1* ‘M* Ihrspropoimapaixâido
CC,ii,r ^C,yc‘* d dlí‘ .*♦ £ ctnJ°^ ts com os fruitos da me/ma paixaÒ
jeiiJt a canja da JÍm canverfao d'elles, * * 9

1 P®Mo avcndo dcixado toda maliçia > C todo engano , c fingi-


nentos, e mvejas, e todas murmurações.
aOu, fi*? o leite ricional C?“í "T r ’ COlno mc™ novamente naçidos,
naõbe faie-
>iaõ befififi- raílonal> c quc hc fem engano, peraque por cllevadescrc-
ficado.
3 Se porem ja goftaftes quc o Senhor he benigno
4 Aoqualachegandovos, J huã pedra'viva , quedos
homens foi reprovada, porem eleita c preciola pera com Deus-
fjA i •°n,° pcdmS vivas’r vos edlHcac cm caPa cípirituàl, e
ílÚpÕÍ jlCChS” r “ ‘<i>nnuae,, ajU^gnu

cm%nõ^7amibcní1 na Efcrjtura fc contem , Eis que cu ponho


,t>;. <i,.z i, P; 1,1 da cíquina, eleita, e precioíà: e,Qucin n’elic crer
bOu, Cw-naó
— (crá •> envcrgonhado.
desf fcciizl A nSr iltlOS he PT- lofo W que credes: mas a os rebeí-
cOu élciuini c ir irí 1UC0S cd,hcador« 1-epiwáraó, foi feita a cabeça
cOu, Gfe„ da cíquina, c pedrauc tropeço, e pedra dc < eicandalo. "
8[^í
E S. PEDRO. Cap. J. 497
o L. r /«í;er J a aquelles que tropeçam cm a palavra , c &m re­
beldes';’ pera o qual tambem foraó portos.
^hfMas vos fois a geraçaó eleita, o Sacerdócio real, a gente íànóta, k- E*
r^vo aequerido : peraque anuncieis as virtudes dàiquellc que das
trevas vos chamou pera íua maravilhofâ luz:
ío A vos, que antigamente naó ereis povo, mas agora íõis o po­
vo de Deus: que f AntigamenteJ naó tínheis alcançado mifcricordia,
mas agora alcançaftcs mifcricordia.
11 Amados, como a moradores e cftrangeir os £ vo s j exhorto, que
vos abftenhaes das concupifcencias carnaes, que contra a alma
gucrrcaó.
12 Tendo voflà convcrfaçaõ honefta entre as gentes: peraquecm
o que de vos, como de malfeitores, murmuraó, glorifiquem a Deus
no dia da vifitaçaõ pelas boas obras que em vos virem.
13 Portanto íúgeitaevos a toda ordenaçaõ humana por amor de
Deus: íeja a o Rcy, como a íuperior:
14 Seja a os d Governadores, como a os que d’elle íàm enviados^Ou>
para caftigo dos malfeitores, mas[pera J louvor dos que bem fazem.
1*5 Porque efta he a vontade de Deus, que fazendo bem, tapeis
a boca á ignorância de homens loucos. ,
16 Como libertos, c naó como tendo a liberdade por cubertura
de malícia, fertaõ' como fervos de Deus.
17 Honrac a todos: amae a fraternidade: temei a Deus: honrac
a 0 Rey.
18 Vosoutros fervos, fugeitaevos com todo temor a voflos Sen­
hores, naó fomente a os bons c humanos, mas tambem afos riguroíòs.
19 Porque ifto he graça, íc algum,, por cauíà da coníciencia que
tem pera com Deus, íofre moleftias, padecendo injuftamente.
20 Porque que honra hc , fc abofeteados por averdes pecado , o
fofreis?.Mas fe fazendo bem, [<r j todavia fois affligidos, c o fofreisi
iflò he graça para com Deus.
21 Iorque pera ifto fois chamados, pois tambem Chrifto pade-
eco por nos, deixandonos exemplo, peraque figacs fuas pifadas:

2 v e O qual quando o injuriavaó, naó tornava a iniuriar. e ouan- w-

24 O qual rnefmo levou noflòs pecados cm feu corpo fobreoma-r^JJX


. dciro:/i.
498 1 ISTOLA UNIVERSA,
deiro: peraque fendo mortos a os pecados, vivamos a juftiça : por
cuja ferida vosoutros foíles curados.
25 Porque vos éreis como ovelhas dcfgarradas: mas agora'' ]& 1
cftaes convertidos a o Paftor c Biípo de voílàs almas.

•CapituioIII.

t Exhorta as mulheres a fer fugeitac« proprios maridos, e que fe ataviem naõ com
0 homem exterior, mas com o interior. f Por ijfo lhes propoem o exemplo das fatt-
ílas mulheres no Kelho Teflamento , e principalmente o de Sara. 7 Exborta tam­
bem es maridos que babitem com fuas mulheres diferetamente. 8 Torna a exhor-
tar a amor fraternal, e principalmentc a paciência e paz, citando de Pfalmo 34.
a promejfa de Deus. 13 Moflra que naõ devem temer quando fem culpa padecem,
e que convém que eflejaõ fempre aparelhados pera dar raZam da efperança que nel-
les ha. 18 Propondolhes 0 exemplo da patxaõ de Cbriffo. 19 £ hum contrario ex- -
emple de caftigo de mundo antigo e da falvaçaõ de Nce pola agoa. 11 Cuja cor-
tejpondcnte figura he oBautifmo, que nos moflra a refurreiçaò e a gloria de Cltriflo.

i C emelhantemente vos mulheres., fode fugeitas a voflòs proprios


maridos: peraque tambem avendo alguns que naó obedeçaóá
palavra , fejam ganhados fem palavra , pela convcríàçaó das «piul-
heres.
aOu, confi- 2 3 Avendo vifto voflà cafta convcríàçaó em temor.
derado. 3 A compuftura das quaes feja, naó a exterior, £ que confifte'] em
cncrefpamento de cabcllos, ou atavio de ouro , ou ornamento de
veftidos:
4 Mas o homem encuberto do coraçaó em incorruptível
bOu,fi£M>- J dc Eípirito manfo e b pacifico : que hc prccioíò diante dc
to. Deus.
5 Porque afli fe ataviavaó tambem antigamentc as fanctas mul­
heres , que efperavaó em Deus, fendo íugeitas a feus proprios
maridos.
6 Como Sara obedecia a Abraham , chamandolhc Senhor , da
qual vosoutros fois filhas, fazendo bem, c naó temendo nenhum eí-
panto.
7 Vos maridos da meíma maneira, habitae com £ ellas~} difore-
tamente, dando honra á mulher, como a hum vafo mais frágil, co­
mo aquelles que tambem juntamente £ com cilas j fois herdeiros da
graça da vida: peraque voílàs oraçoés naó fojam impedidas.
8 E finalmentc, lede todos de hum meímo fentido , compaflivos,
amando a os irmaõs, entranhavclmcntc miícricordiofos, amorofos.
Nam
DE S. PEDRO. Cap. IH 499
9 Nam cornando mal por mal, nem injuria por injuria: antes, a
o contra 10, bendizendo: fabendo que fois chamados, peraque alcan-
çeis cr, herança de bendiçaó.
. Porque quem quer amar a vida , e ver os dias bons, refreie
íúa lingoa de mal, c ícus.beiços que naó fallenvengano.
11 Aparte fc do mal, e faça o bem: bufquc a paz, c a profíiga.
ix Porque os olhos do Senhor cftam fobre os juftos , e Ícus ou­
vidos a fuas oraçoes : mas o rofto do Senhor he contra os que males
fàzcm.
13 E qual he aquelle que mal vos fará; imitando vosoutros o bem ?
14 Mas padecendo alguã coufa por amor da juftiça, fois bem-
aventurados: porem naó temaes de feu temor d’clles, nem taó pou­
co vos turbeis.
15 Antes fànótificae a o Senhor Deus em voflòs coraçocs: ecítae
fempre aparelhados pera relponder com mánfidaó c temor a cada
qual que vos pedir razam da cfpcrança que em vos ha.
16 Tendo huá boa confciencia , peraque os que blasfcmaõ voflà
converfaçaõ em Chrifto , fiquem c envergonhados em o que de S.Ou> Í‘í**
vos, como de malfeitores, murmuraõ. fimdtdfs.
17 Porque melhor he que padeçacs fazendo bem (fe talhe a von­
tade de Deus,) do que fazendo mal.
18 Porque tambem Chrifto padeceo huã vez polos pecados, elle
jufto polos injuftos: peraque nos levaíle a Deus, avendo fido morti­
ficado em a carne, porem vivificado pelo Efpirito:
19 d N’o qual tambem foi, e pregou a os efpiritos que em pri-<fOu,p^
fam [ejfaõ.]
20 Os quaes antigamente foraó defobedientes, quando a paciên­
cia de Deus eíperava huá vez em os dias de Noe aparclhandolè a Ar­
ca ’ em a qual poucas, [afaber oitoj almas, pela agoa foraó íâlvas.
21 Cuja correfpondcntc figura, o bautiíinonos agora tambem fal-
va, naõ o com que fe alimpaó as immundicias do corpo, mas que
he pregunta da huã boa confciencia para com Deus, pela rcíur-
reiçaó de Jefu Chrifto:,
22 O qual avendo fqbidoaoCeo, eftá á dextra dcDeus:e aven-« Ou.e/?*»-
dofelhe fogeitado os Anjos, e as poteftades, e as virtudes. dtlhefari-

Rrr C A-
5 oo I. E MS TO LA UNIVE
Capitvlo IV.
1 Avendo confiderado 4 paixao de Chrifto, exhorta pera naõ viver mais feg’nio m
concupifcenaas da carne: mas fegundo a, vontade de Dem. 4 £ enjma qu< „ t
0 contrario fz.traã e outros defvidraõ , h.iõ de dar conta a Deus. 6 Que por ijfo
tambem a os mortos 0 Euangelho foi anunciado, 7 Elles exhorta a temperança, a
orapaõ, a charidade, e a outras virtudes. 10 £ tambem a bem ufir de dons ead-
mintflraçoens que cadahum recebeo. 11 Enfina que as affliçoens faõ próprias a os
fieis, e pefa fua falvaçaô. ip Mas avifa que ninguém padeça como malfeitor
Jenaí como Chriftaõ. 17 Porque 0 juizo de Deus começa da fua cafa. 18 _Mas
que os impios, defpois (Cefla vida, mais grande juizo receberão.

! /'Vra pois ja que Chrifto padeceo por nos em a carne, vos tam-
- bem eftae armados com efte mefmo penfamento, [_ a ftber j
quc o qucpadeceo em a carne, ja dcfiítio do pecado:
z Peraque o tempo que ainda refta em a carne , naó vivaes mais
• fegundo as concupiícencias dos homens, mas fegundo a vontade de
Deus. „ , , .
3 Porque bem nos deve baftar que o tempo paliado da vida aja­
mos cumprido a vontade dos gentios, quando ainda converfavamos
em luxurias, concupiícencias , borrachiees’, glotonarias, bebedices,
e abomináveis idolatrias.
■ 4 Do que blasfemando, fe admiraó, vendo que naõ correis com
aOu.DfJà- ellcs no mefmo a defenfréamento dc diílõluçaõ:
/at». $ Os quaes haó de dár conta a o quc aparçlhado eftá pera julgar
a os vivos, c a os mortos. -
<5 Porque por ifto foitambem Euangelizado aos mortos, peraque
' bem foliem julgados fegundo os homens cm a carne , porem vivct
íem fegundo Deus em Eípirito.
7 Ora ja o fim de todas as coufas eftá perto: Portanto fede fobrios,
e vigiae em oraçoés.
8 E fobre tudo tende entre vos outros fervente charidade: porque
a charidade cubrira multidaõ de pecados.
9 Hoípedaevos huns a os outros íem murmurações.
10 Cadahum' fegundo o dom que recebeo, o adminiftre a os ou­
tros, como bons diípenfciros da varia gra^a de Deus.
11 Se alguem falar, [ fale J como as palavras de Deus: fe al­
fa Ou,Da,ou guem adminiftrar, fadminiftre'] como da potência que Deusboutor-
concede. ga; peraque cm tudo feja Deus glorificado por Jeíu Chrifto: aquem
pertence a gloria e a fortaleza dera fempre jamais. Amen.
1 12 Cha-
■ . S. PEDRO. Cap. y. 5<n
entre voÇ^wi vo^WMR ^ra^tàMÍf*, comofealguacoufacltran-
ha vo aconteceíle:
r *• Antes como communicacs n’as paixões de Chrifto, Q ajft J vos
alegrac: peraque tambem cm a manifeftaçaõ de fua gloria vos gozeis
e alegreis.
14 Sc polo nome de Chrifto fois vituperados, bemaventurados
fois: porque fobre vosoutros repqufa.o Efpirito da globa, e Q 0 Ef­
pirito ]dc Deus: o qual, quanto a elles, heblasfemado, mas quanto
a vos, he glorificado.
15 Porem nenhum de vos padeça como homicida, ou ladram, ou
malfeitor, ou que fc mc'te cm negoçios alhejos.
16 Mas fe [algum padece'] como Chriftam, naõ fe envergonhe,
antes glorifique a Deus n’efta parte.
17 Porque ja he tempo que o juizo comece da Cafa dc Deus: e fc
primeiro de nos [comefa,] qual ferá o fim d’aquelles que naõ obe­
decem a o Euangelho de Deus?
18 E fc o jufto apenas fe falva, aonde aparejerá o impio e o pe­
cador ?
Portanto tambem os que fegundo a vontade deDeuspadeçem,
écomendem [7^3 fuas almas, como a o fiel criador, fazendo bem.

Capitulo V.

1 Amoefia os Anciãos que 0 rebanho de Deus abacextem couvcuicutemeiite. 4 E preme-


Stlbes for galardaõ a coroa da gloria, f Exborta os mancebos a Jugeiçaõ e humilda­
de. 7 E cadahum qtte fua folieitidaô deite Jibre Deus. 8 Lhes propoem a a/lucia e
feder de diabo, amoeftandolhes que velem. 1 o Roga a iõeur que elles fortifique, e e
louva. 1 2 Declara a razaõ porque em breve Ibes ejereveo. i j Acaba efia carta
com faudaçoês de huns e dos outros.

1 A moefto a os Ançiaós que entre vosoutros cftám, eu quetam-


A bem juntamente com clles fou Ançiaõ, c teftemunha das af-
fliçoés de Chrifto , e tambem partiçipantc da gloria que ha de fér
manifeftada.
1 Apacentae o rebanho de Deus que vos efta encarregado, ten­
do cuidado [d’elle] naõ por força , mas voluntariamente : naó por
ganancia dcshoncfta, mas dc hum animo prompto:
3 Nem como tendo íenhorio fobre as herdades [ do Senhor, J fo-
naõ [de tul maneirst] que lejaes exemplos do rebanho.
Rrr z 4 Ei
5oz EPISTOLA UNIVI
4 Equando apãaçer o Summo Paftor, recebereis a coioa da gloria
que naõ fe pode murchar.
5 Semelhantemente vos mancebos, fede íúgeitos a os velhos, dc
maneira que todos fejaes fugeitos huns a os outros: veftivos ?<* hu­
mildade : porque Deus refiíte a os íòberbos, mas da graça a os hu­
mildes.
6 Portanto humilhaevos debaixo da poderoíàmaõde Deus, pera­
que vos exalce quando for tempo:
7 Deitando íobre clle todo voflò íòliçitidaó: porque elle tem cui­
dado de vosoutros.
8 Sede fobrios, Qr] velae: porque voflò adverfario, o diabo, an­
da como lcam bramindo a o redor dc vosoutros , buícando aquem
poflà tragar.
9 A o qual refifti firmes na fé : fabendo que as meímas affliçoes
fe cumprem em a companhia dc voílòs irmaós que eftáó no mundo.
i o Óra o Deus de toda graça, que em Jefu Chrifto a fua eterna
gloria nos chamou, avendo ainda hum pouco tempo padecido, omef-
mo vos aperfeiçoe, affirmé, fortifique, funde.
11 A clle íeja a gloria, c fortaleza pera fempre jamais. Amen.
12 Por Silvano, como cuido , voflò fiel irmaó , eícrevi breve­
mente, exhortando e teítificando, quc efta he a. verdadeira graça de
Deus em que eftaes.
13 A [ Igreja ] que eftá em Babilónia, juntamente com noíco
eleita, c Marcos meu filho, vos íàudaõ.
14 Saudae vos huns a os outros com beyo dc charidade. Paz íèja
com todos vosoutros, os que eftaes cm Chrifto Jefu. Amen.

SE.
5°}

JNDA EPISTOLA
JNIVERSAL
D o
APOSTOLO S. PEDRO.
Capitulo I.

I Defpois da infcripcaõ e faudaçaõ conta quam grande grafa e beneficias Deus des
a os 'Judeos para fuafalvacaõ d’ elles. p PoriJJo amoefta os pera crecer mais emais na
tiedade. e acrecentar a fi ainda outras virtudes. 8 Enfinando que entaõ feraõ

trada no reino de Cbriftõ. i 2 Declara que aindaque faibaõ eftas coufas, quis lhes
efpertar com efta amoeflafaõ. 14 Porque fegundo aprophecia de Chrifto, brevemen­
te avia de deixar a feu tabernáculo, peraque defpois da fua fahida tToftas lem­
brafem., 16. Teftifica que a doutrina de Cbriflo e de fita vinda naõ faõ fabulas,
mas que elle mefmo e ainda dous outros Apoftolos viraõ no monte a gloria de Cbri­
flo, e Jo'Ceo ouviraõ 0 teflemunbo do Pae. 19 E que ella tambem efta teftemun-
bada pelas efcritnras propheticas. 10 Infpiradas pelo Efpirito de Deus.

j a. imaó Pedro, fervo c Apoftolo dc Jefu Chrifto, a os que a Ou.


tem alcançado com nofco a igual preçiofa fé pela juftiça de mew.
k_J noflò Deus e Salvador Jefu Chrifto.
2 Graça e paz vos feja multiplicada pelo conheçimento de Deus,
e dc Jcíús noflò Senhor:

ria c virtude.
4 Pelas quaes nos fam dadas grandiffimas e preciofas promeflàs,
peraque por ellas fejaes feitos participantes da natureza Divina, avendo
efeapado da corrupção que ha no mundo pela concupiícencia.
5 Portanto vss tambempondo nifto mefmo toda diligencia, acre-
ccntac á voílà fé virtude, c á virtude, feiencia,
6 E áfeiencia, temperança, e átemperança, paciência, eápaciên­
cia, piedade,
7 E á piedade, amor fraternal, e a o amor fraternal, charidade
[pera çptn tedos- J
Rrr 3 8 Por-
504 II. J..PISTOLA UNIVERSAL
8 Porque fc citas coufas cm vos ouver, c abundarem ,£ ves J naõ
deixarão eftar;ouçiofos, nem efteriles.em o conhecimemofte nollò
Senhor Jcfu Chrifto.
9 Porque aquçlle em quem, eftas coufas fe.naõ achaõ, hé.;$go,c
naõ vd náda de longe, avendofe cíqueçido da purificação de feusan-
tcpaflàdos pecados.
10 Portanto , irmaõs, tanto mais procurae com diligencia de fa­
zer firme voflà vocaçaó c eleiçaó. Porque fazendo ifto nunca trope­
çáreis.
b Ou, s«J- j r porqUC afli vos fèrá abundantemente b fomeçida a entrada em
ZÍÍ o Rçyno ctenio de ngtojnor e Salvador JefuChrifto.
prada. 12 Peloque nao^w^j«m de fempre vos amoeftar éftas coufas,
ainda que bemasfaibaes, e na verdade prefente confirmados efteiaes,
13 Porque por jufto. tenho,. em quanto n’efte tabernaculo eftcíu,
dc com amocftaçoés vos deípertar.
14‘Sabendo que brevemente d’efte meu tabemaculo me hei dc
c0u,D«*4rc mudar, como tambem noflò Senhor Jefu Chrifto ja declarado
*/?« mettCg-c. m’o tem. >
iy Mas eu procurarei com diligencia na qualquer ocafiaó, que
tambem .deípois ae mcu ■ faleçimçnto poflàçs ter lembrança d’eftas
coúíàs. '
16 Porque naó vos temos dado a conhecer a potência c a vinda
de noflò?Senhor Jcfu Chrifto. feguindo fabulas artificialmente compo-
ftas., fenaó como i com noflòs proprios olhos íúa Mageftade avendo
vifto. * .
37 iPorque de Deus.Pac rccebco honra c gloria, quando huã tal
voz da magnifica gloria lhe foi enviada, Efte he mcu amado Filho,
cm quem tomei meu bom contentamento. >
18 ;E ouvimos efta vdz enviada do Ceo, eftando com elle n’o
monte fanéto.
19E temos a palavra dos Prophetas, aqual hc muy firme: a aqual
fazeis bem dc eftardes atentos como a huã lume que alumia em lu­
d Ou > 0 lu­ gar efcuro , até que o dia começe a efclareccr, e a a eftrclla d’alva
zeiro da laia em voflòs coraçocs:
manhiti.
20 Sabendo primeiramente ifto, que nenhuá prophccia da Eícri-
tura he dc( própria interpretação.
• 21 Porque a prophécia naó fc trouxe antigamente por vontade al-
gu;? humana,; mas os < íãnétosihomens do Deus. a. faUáraó,fcndo com­
pelidos do Eípirito fanéto,
C A‘
I
S. PEDRO. Gap. IJij $05
5o5
Capitulo II.'

tllts mefmos fervos de corrupção. 10 Enjina que o estado dos Cbriflaõt que delles
ficaò engastados, pejor he do que fe nunca a o Cbriflo conbecèraò, 11 Cemparande-
Ihes cem os cais e os porcos > que fe tornaô a fuas çugidades.

1 K/f 33 tam^cm houve falfos prophetas entre o povo, como tam-


bem entre vosoutros averá falfos doutores, quc encuberta-
mente introduzirão íêétas de perdição , e negaraó a o Senhor que os
comprou, trazendo fobre fi mefmos^» repentina perdição. a Ou, Acele-
2 E muitos feguiraó fuas perdições, pelos quaes o caminho da vex-rada, ou
dade ferá blafphemado: aprefada.
E por avareza faraó b mercadoria de vosoutros com palavras fin- b Ou,Con-
gidas, fobre os quaes ja de largo tempo naó efta ocioíà ae condena- trato.
çaó, e fua perdiçaó naó fe adormece. cOu'
4 Porque íè.Deus naó d perdoou a os Anjos que peccáraÓ , antesj qu
avendo os precipitado no inferno a cadeas deefcuridaae, os entregou^#. *
a para o juizo ferem refervádos.-
5 E naó'perdoou a o mundo f antigo, mas guardou a Noê 8 ooi-eOl]jPw-
tavo, o pregoeiro de juftiça , e troixe o deluvio fobre o mundo dos^fl«.
malvados: _ f Ou, Telho.
6 E cóndénou as cidadesdc Sodoma e Gomorra com a deftruiçaõ,2Ou>Ct,n.
reduzindoas em cinza , e pondoas por exemplo a os que em impic-^rf/w/w’
dade aviaõ de viver.
7 E livrou a o jufto Lot, que da luxurioíã convcrfaçaó dos abo­
mináveis homens andava11 enfadado. h Ou, Can-
8 ( Porque , habitando efte jufto entre elles, cada dia affligià^0,
f/wa] almajufta poloque de [fou ] injuftas obras via e ouvia.)
9 Affi íãbc o Senhor livrar das tentações a os pios, c refervar a
os injuftos pera n’o dia do juizo ferem caftigados:
10 E principalmente a os que fegundo a carne andam em concú-
pifeencia de immundicia, caos1 íenhorios desprézaó , atrevidos,’Ou, Matf-
■agradandofe a fi mefmos, nem arreceando de blasfemar d’as dignida-#'’4^-
. desfupçriores. n Co-
5oí II. ^PISTOLA UNIVERSAL
11 Como qucrquc até os mcímos Anjos, aindaque majores em
força c cm potência, naó daõ contra ellas diante do Senhor lcntcnça
dc blasfémia. -•
k Ou, irra- 12 Mas eftes, como bcftas k brutas, que feguem a natureza, fei-
cio/iais. tas pera fêrem prefas e mortas, blasfemando do que naó entendem, fc-
raó corrumpidos em fua própria corrupção:
13 Recebendo o galardaõ dc injuftiça , tomando £ J prazer
ío e / cm quotidianas delicias, fendo taçhas, e maculas, recreando fe
/?«X erX-"cnl fcl^lenganos, banqueteando com voíco.
res.’ *4 Tendo os olhos cheyos de adultério, e nunca ceílàndo de pe­
car : engodando as almas inconftantes , tendo o coraçaó exercitado
cm avareza, filhos de maldiçaó:
15 Que, deixando o caminho direito, erráraõ, feguindo o camin­
ho dc Balaam [filho ] de Boíòr, que amou o galardaõ de iniqui­
dade.
16 Mas foi redarguido de íúa injuftiça: [Porque J o mudo [ani­
mai} de jugo, falando em voz dc homem , impedio a louquicc do
Propheta.
17 Eftesfam fontes fem agoa, e nuveis levadas do redemoinho
de vento: pera os quaes a efeuridade das trevas etcrnalmcntc eftáre-
fervada.
18 Porque falando palavras arrogantes de vaidade , engodaó com
as concupilcencias da carne , e com luxurias , a os que ja dc veras
m Ou»/«- aviaó cícapado dos que cm error m converíãó:
19 Prometendolhes liberdade, fendo clles mcímos íèrvos de cor­
rupção. Porque o que dc algum hc vencido , reduzido eftá áíèrvi-
' daód’aquclle que o venceo.
20 Porque íe deípois de ja, pelo conhecimento do Senhor e Sal­
vador Jefu Chrifto, das çugidades do mundo fe averem efeapado, c
envolvendofe outra vez mcllas jfe deixaõ vencer, pcjor.vem em taó
a fer. íúa ultima, do que íúa primeira forte.
21 Porque melhor lhes ouvera fido naó averem conhecido o ca­
minho da juftiça, do que deípois de [0 ] conhecer, tomarfe a tras
do fanéto mandamento que lhes fora dado.
22 Porem acontcceolhcs o que por hum verdadeiro provérbio [fe
Joe aizer-. } Tornou fe o caó a feu proprio vomito: e a porca lavada
a oefpojadouro do lamaçal.

Ca-
DE S. P E D R O. Cap. f/lL J07
Cafitulo III.

K, 3 Xw/ã os contra efcarnrccdores qtte n'os últimos dial d vinda de Chri-


julgar e 0 fim do inundo negarão. f Convencendolbes pela criapaò, fu-
■i de mundo. 6 E deluvio. 7 Enfina que como 0 mundo antigo pela agoa

vur umut » j■■■ > r »


1 3 £ tnjina que haô de Jer hum novo Ceo, e nova terra. ly Confirmando ifio
tudo como teffemunho de Paulo, cujas cartas alguns tor\aõ. 17 A fim conclue, amoe­
dando de que fe guardem dos faljos doutores e efcarnecedores , e louva a Cbriflo.

hariflimos . efta fecunda carta vos efcrevo agoi-a , cin quaes

ftolos do Senhor e Salvador fomos. . „


2 Sabendo primeiro ifto, que cm os últimos dias virão cfcamece-
dorcs, andando fegundo luas próprias concupiícencias.
1 n n_ j_ J- 1 tOllj Qttcdí}

defdo principio da criaçaõ.


<t Porque voluntariamente ignoraó qucpcla palavra de Deus,
defda antiguidade , tiveraó ícu fcr os Ceos, e a terra , quc pela
agoa e na agoa coníifte.
d Poloque 0 mundo d’entonces pereceu, anegado pelo deluvio
das agóas. -
7 Mas os Ceos e a terra que agora ião , pela mefina palavra íerc-
ícrvaô como tefouro, c íè guardao pera o fogo em o dia dc juizo, c
da deftruiçaõ dos homens ímpios.
8 Mas ó amados , naõ ignoreis efta huã couíã, quc hum dia pe­
ra com Senhor, hc como mil annos i cmil annos, como hum dia.
9 kJ
9 Senhor Iiau
O ÒCniKH naó ICliUUa
retarda aua
fua promefià, ( vvxuu tem pui
como alguns a.a uvili por
tardança) mas he paciente pera com/nofco , naó querendo que al­
guem fe perca, fenaó quc todos venhaó a fe arrepender.
ío Mas o dia do Senhor vira como o ladraõ em a noite, n’oqual
os Ceos paflàraó com grande cftrondo , e os elementos fe abrafaráó
e desfaráó, e a terra, c todas as obras quc n’ella ha, fe qucimjráó.
11 Pois como afli íeja quc todas eftas coufas fe desfazem, quaes
vos convém a. vosoutros fer em fandtas converfaçoens, c piedade?
Sff iz Efpc-
jo8 II.EPIST. UNIVERSAL DE S. PEDRO. Cap.IIL
12 Efpcrando , e apreíúrandovos pera a vinda do dia de Deus,
em que os Ceos, fendo encendidos, fe desfaráõ; e os elementos, fen-
c Ou, Dere- do abrafados, c fe fundiraó.
teraõ. 13 Porem íegundo íua promeflà efperámos novos Ceos, e nova
terra, em que a juftiça habita.
14 Poloque, o amados , eíperando eftas coufas , procurae com
j diligencia , que d’elle achados fejaes fem d taçha , e fem repren-
a’ faó em paz.
15 E tende por íàlvaçaó a longanimidade de noflò Senhor: co­
mo tambem noflò amado irmaó Paulo vos eícreveu, fegundo a fabe­
doria que lhe foi dada:
16 Como tambem em todas as cartas, n’ellas d’eftas couíàs falan­
do : entre ás quaes ha alguãs difficeis dc entender, que os indoétos
e inconftantes £ homens 3 torcem , corúo tambem as de mais Eícri-
■ turas, pera íúa própria perdiçaó.
17 Portanto vosoutros, o amados, £ fabendo d’antes, guar-
daevos que pelo engano dos abomináveis homens vos naó deixeis
com elles juntarrfente arrebatar , e afli dc voflà firmeza,
caiaes.
18 Antes ide crecendo em a graça, e conhecimento de noflò Sen­
hor, e Salvador Jeíu Chrifto. A elle íeja a gloria , e agora , e n’o
dia da eternidade. Amen.

Fim da [egundt Epijiola univerÇal de S. Pedre..

PRI-
50?

PRIMEIRA EPISTOLA
UNIVERSAL
D O

APOSTOLO S. JOAO.
Capitulo I.

1 Declara e Âtofítla que a doutrina cll* axiiucia, be mui certa e excelente, j E


a bromem. teraaueet fieis pele mej» d'ella tenhaõ communhaó cem Deus, e fua

bad tm quanta em trevae andamee. 7 Maefena luz andamos, quenojfos fecados


* . * • — e -n_ f-S -H-.nxJAt Q Duo taU tlatiintnt w/if imeafririet* fav orne

* nu.

! que éra defdo principio, o que ouvimos, o que com nof-


■ 1 (os olhos vimos, o que contemplamos, e noflãs maõsto-
cáraó, acerca da palavrada vida.
2 ( Porque mamfefta eftá ja a vida, e nos a vimos, e teftificamos,
e vos anunciamos aquella vida eterna, que com oPac eftava, ema-
nifeftada nos foi.)
3 [uffíi que} o que vimos e ouvimos, ifto vos anunciamos, pe­
raque tambem com noíco communhaó tcnhaes , e noflà commun-
liao \_ feja] com o Pae, e com feu FdhojcfuChrifto.
4 E eícrevemos vos eftas couíàs, peraque voflò gozo feja cum­
prido.
5 Ora efta he a anunciaçaõ que d’elle temos ouvido, e vola
anunciamos, que Deus he luz, e naõ ha n’elle trevas nenhuãs.
6 Sc diflèrmos que com elle communhaó temos, e em trevasan­
darmos, mentimos, e a verdade naõ fazemos.
7 Porem fe na luz andarmos, como elle na luz eftá, commun-
haõ huns com os outros temos; e o fangue de J,efu Chrifto feu Fil­
ho nos purga de todo pecado.
8 Sc diflèrmos que pecado naõ temos, a nosmefmos nos engana­
mos, e naõ ha em nos verdade.
Sff z 9 Sc
po I. EPISTOLA UNIVERSAL
9 Se noflòs pecados confeflãrmos, fiel e jufto he ellc pera nos
perdoar os pecados, e de toda maldade nos alimpar.
i o Se diflermos que naó avemos pecado, fazemolo a clle menti-
rofo, e fua palavra em nos naó eftá.

CapitvloII.

1 Declara qne a promejfa da perdoaò des pecadas propus, nao pera mal utar d’ella tt
pecada, mas por confdaçaõ dos pecadores. 3 Exhorta os*qiu conhecem a Cbriflo a
guardar os mandamentos de Cbriflo. 7 Enfinando que efles por diverfos refpeitosfaõ /
bum mandamento uivo e velho. 9 Defpois a amor de proximo. 1 3 £ aplica efta
exbortaçaô a os paes , a os mancebos e meninos, i p Enfina que os Chrifliaõs, nem
a 0 mundo, item a 0 que nelle ha, devem amar. 18 E que Jeguardem d'os falfos doutores
e ^ínticbriftes. 10 Lhes moflra aue a tenção do Efpirito S. os guardará da concupi-
fcexcia 'mundana e do engano aos dnticbriflos. 22 Os quaes defereve. ipPre-
poem lhes a promeffa da vida eterna. 17 L defereve a potência da unçaõ do Efpi-
rito S. qtee recebèreeò. 28 £ exhorta os pera conflantemente ficar na doutrina do
Cbriflo, peraque quando aparecer tenhaõ confiança. 29 £ que utaô dajnfliçapor
moflra que faõ regenerados.

i A/TEusfilhinhos, eftas coufasvosefcrevo, peraque naó pequeis :


c fc algum pecar, temos hum avogado diante do Pac, a Je-
íú Chrifto o jufto.
x E clle he a propiçiaçaó por noflòs pecados , c naó fomente po­
los noflòs, mas tambem polos de todo o mundo.
3 E por ifto íãbemos que conheçido o temos, fe feus manda­
mentos guardarmos.
4 Quem diz, Eu o conheço, e feus mandamentos naó guarda,
mentirofo hc, c verdade nelle naõ ha.
5 Mas quem íúa palavra guarda, nelle efta verdadeiramente o
amor dc Deus cumpndò: por ifto fabemos que nelle eftamos.
6 Quem diz que nelle permanece, tambem deve andar como
ellc andou.
7 Irmaós, naõ vos efcrevo hum mandamento novo, fenaó o man­
damento antigo, quc desdo prinçipio tiveftcs. Eftc mandamento
antigo hc a palavra que deído prinçipio tendes ouvido.
8 Outra vez vos efcrevo hum mandamento novo: que hc a ver­
dade nelle, feja tambem [a verãaãe] em vosoutros: porque as tre- '
vas íam paliadas, e a verdadeira luz ja alumia.
9 Quem diz quc eftá cm luç, e aborrece a feu irmaó, ate agora
efta em trevas.
1 o Quem ama a fcu irmaó, permanece cm luz, e w ha nelle tro­
peço. , : ’’;' 11 Mas
DE S. J O H A O. CapJjI.
11 Mas quem aborrece a feu innao, eftá em trevas, e anda em
trevas, c naó fabe pera onde vá: porque as trevas lhe tem pegado
os olhos.
12 Filhinhos, eícrevo vos, porque por feu nome vos fam per­
doados os pecados.
13 Paes, eícrevo vos, porque conheceftes [a aquelle} que ja hc
defdo principio. Mancebos, eícrevo vos, porque venceftcs a o mali-
110. Filhos, eferevovos, porquejaconheceftesaoPac.
; 4 Paes, eferevi vos, porque conheceftes [a aquelle} que ja he deído
principio. Mancebos, eferevi vos, porque fois fortes, e a palavra de Deus
permanece em vós, evençcftes ao malino.
1 $ Naó ameis a o mundo, nem as couíàs que ha no mundo: fc
algum áma a o mundo, o amor do Pae naó eftá nelle. (
16 Porque tudo o que ha no mundo, £eomo} a concupiícenciada
carne, e a cobiça dos olhos , e a íòbeiba da vida nao hc do 1 ae,
fenaó do mundo. ’. _
17 E o mundo paíTa, e fua concupifcencia:. mas quem faz a von­
tade dc Deus, permanece para fempre.
18 Filhos, ja he a ultima hora: e como ja ouviftes., que o Anti-
chrifto vem, (afli) tambem ja agora ha muitos Antíchriftos; por
onde conhecemos queja efta he a ultima Jiora.
19 De nos fe íàiraó, porem naó eraó de nos: porque fe de nos
foraó, com nofeo ficáraó; mas \jjlo he} peraque fe manifeftaílè que
nem todos de nos íãó. •
20 Mas vos outros tendes a unçaó do fanéto, c conheceis todas
as coufas.
11 Naó vos eferevi como fe a verdade naó conhccefleis , mas an-
tes porque a conheceis, e que nenhuá mentira hc da verdade.
22 Quem he o mentirofo, fenaó aquelle que nega que Jefusheo
Chrifto? Aquelle he o Antichrifto que nega a o Pac e ao Filho.
23 .Qualquer que nega a o Filho, tam pouco tem a o Pae:
24 Portanto o que deído principio ouviftes, fique cm vosperma-
necente: Porque fe o que desdo principio ouviftes, em vos perma-
nccente ficar, tambem permanecereis em o Filho c cm o Pae.
25 E dfta he a promeflà que elle nos prometeo, [a faber} a vi­
da eterna.
2 6 Eftas coufas vos eferevi accrca d’os que vos enganaó.
27 E a unçaó que vos d’cllerecebcftes, fica em vos, e naõ tendes
ncccflidade de que alguém vos enfine: antes como a mcfma unçaó
Sffj vos
5 ii 1 lk? ISTO LA UNIVERSAL
vos enfina todas as coufas , £ ajfi ] tambem he verdadeira , e naõ
mentira, e afli como ella vos enfinou, [ajfQ ifelle ficareis.
28 Portanto agora filhinhos, ficae n’clle -. peraque, quando apa­
recer , tenhamos confiança , e naõ fiquemos confundidos d’elle em
lua vinda.
29 Se fabeis quc clle he jufto , fabeis que qualquer que faz jufti­
ça , d’clle hc naçido.

Capitulo III.
;i Moflra <1 dignidade dos fieis , que agora faò filhos de Dtuj , aindaque fita gloria
delles defpois fia vinda de Chriflo perfeitamente fera mantfeflada. 3 Amoefta os
que Ji mejmos alimpem. y A 0 qual fim Chrifto apareçeo. q Que pelo ijfo oífilbos
de Deus, e oS filhos de diabo fe dijeertiem. 1 ■■ Exhorta tambem elles pera amar
huns a os outros. 11 E do exemplo de Cain fe guardar. 14 Enjina que 0 amorbe
hum verdadeiro Jinal que da morte fomos livrados, e que quem aborrece a feu pro­
ximo, be homicida diante do Deus. 16 Propoem 0 amor de Cbriflo e exhorta de 0 imi­
tar. 17 Naõ fomente de palavra fenaõ de obra e de verdade, 19 Enfinando que
com ijfo maio e mais fitamos certos, que JomoS verdadeiros CbriflaÓs. 11 E que
tiojfat orapoeus feraõ ouvidas. 13 Que n'iflo confifle a forna dos mandamentos de
Cbriflo, a Jaber, em crer n'elle, e em amar 0 proximo. 14 Ijfo fazendo temts
commutihaõ com tUt, e d'ijfo nos ajfegura 0 EJpirito d’elíe.

1 Olhae 3ue Srandc charj^ade nos tem dado o Pae, £ a faber j


que fejamos chamados filfios de Deus. Por ifto nos naó con­
hece mundo, porquanto a elle o naó conheçe.
2 ChariflimoS, agora íõmos filhos dc Deus , mas o que avemos
de íèr, ainda naõ cita manifeftado. Porem íãbemos que quando \jl-
le J aparcçer, lhe feremos femelhantes: porque afli como he o ve­
remos.
5 E qualquer que n’elle e*fta eíperança tem, a fi mefmo fe purifi­
ca , como tambem elle he puro.
a Ou, Eaz 4 Qualquer que faz pecado, â faz tambem a injuftiçá: Porque
■tambem eon- o pecado he a injuftiçá.
traa Ley -. o Ora 5em fabeis vos que elle apareçeo , pera noflòs pecados ti-
pecado.
a Ley. 12*56*8 Qpalquer que n’e!le permaneço , naõ péca ; qualquer que pe­
ca , nem o vio, nem o conheçeo.
• 7 Filhinhos, ninguém vos engane. Quem faz juftiça , he jufto,
alli como elle he jufto.
8 Quem faz pecado, fie do diabo-.porque o diabo peca defdo prin­
cipio. Por iílò o Filho de Deus apareçeo pera desfazer as obras do
diabo. 9 Qual-
DE S. JO AO. Cap. III. /
9 Qualquer que he naçido de Deus, naõ faz pecado: porque fua
fcmente permaneçc ifcllej e naõ pode pecar, porque hc naçido de
Deus.
ío N’ifto íàm manifcftos os filhos de Deus, e os filhos do diabo,.
Qualquer que naõ faz juftiça, e que naõ ama a feu irmaó, naõ he
de Deus.
11 Porque ifto he o que defdo pnnçipio tendes ouvido anunciar,
que huns a os òutros nos amemos.
iz Naõ como Caim éra ma^*no» e matou a feu irmaó.
E porque cauíà o matou? Porque fuas obras eraó maas, e as de feu
irmaó eraó juftas. ,
13 Meus irmaõs, naõ vos maravilheis fc o mundo vos abqrrcçc.
u t-s • rui/» ío /-V.i mr\rr/*«3 V)/4<i Í/\_K /"V. .

umiauvô. \yuvuA a I J J ........ , « . . w, . r ■


1 c Qualquer que a íèu irmãô aborreço, he homiçida. E bem ía-
beis que nenhum homíçida tem cm íi permaneçentc a vida eterna.
16 N’ifto temos conhcçido a charidade em que fua vida por nos
pós: e nos devemos por a vida polos nmaos. *
iq Porem quem tiver os bens do mundo, e vir a feu irmaó que
tem neçeflidade, e fuas entranhas lhe çerrar, como fica a charidade
de Deus n’elle ? .*
18 Meus filhinhos, naó amemos de palavra, nem dc lingoa, ie-
naó dc obra c de verdade.
19 E n’ifto conhcçcmos que fomos da verdade, e diante delle
noflòs coraçocs afleguraremos.
20 Que fe noflò coraçaó J condena, major hc Deus do que
noflò coraçaó, c conheçe todas as coufas.
2 í Chariflimos, íc noflò coraçaó nos naõ condena, confiança te­
mos pera com Deus.
22 E tudo o que pedirmos d’elle o rcçebcmos: porque feus man­
damentos guardamos, e as couíiis que lhe agradaó fazemos.
2 2 E cite he feu mandamento , que crcamos em o nome de feu
lho Jeíu Chrifto, c que huns a os outros nos amemos, como elle
nolo tem mandado. , z
24 E aquelle que feus mandamentos guarda, n’ellc permaneçe,,
e elle n’clle. E n’ifto íabemos que elle em nos pcrmjmcçe, [4 faber)
«pelo Efpirito que nos tem dado- cOu,DK.

Ca-
jHSTOLA universal
Capitulo IV.

i Torna a avifar que fe guardem dos falfos doutores. 1 Os quaes defereve. 4 E


confola os contra 0 engano d'ellcs com 0 dom da regeneração que receberão 6 Ex-
hortantlolbes a confiantemente ficar na doutrina dos Apoftolos. 7 Torna fe a e mu­
tuo amor, quc he final da verdadeira regenera faõ. 9 A efie fim lhes propeem e
exemplo de Deus •> e fett grande amor para com nofie. 11 Enfina qtte cem aqitel-
le pelo Efpirito ficamos certos que com Deus temos communhaõ. 14 Como tambem
quando confiffamos, que "jefus be e Salvador de mundo e Filho de Deus. 16 Que
pelo amor permanecemos em Deus , e temos confiança no dia de juito. 1 S Que 0
amor laiifa fora a 0 temor da cciidenaçai, e a pena do animo. 20 Que naõ podemos
amar a Deus fenaõ amemos tambem a os preximos. 11 Sendo ambos eftes manda­
mentos juntamenle a nos dados.

i A mados, naõ crcaes a todo eípirito, mas provaca os eípiritos fe


faó dc Deus; porque muitos falfos prophetas tem ja faido no
mundo.
2 N’ifto conheçeis a o Eípirito dc Deus. Tpdo eípirito que con-
fcflà que Jeíu Chrifto veio em a carne, he de Deus.
5 E todo efpirito que nao confeíla quc Jefu Chrifto em a carne
veio, naó hc de Deus: mas efte he o [efpirito] do Antichrifto, do
qual [ efpirito J ja tendes ouvido que ha dc vir , e ja agora eftá no
mundo.
4 Filhinhos , de Deus íòis, e ja os tendes vençido: por­
que aquelle que cm vos eftá, major he do quc o que efta no
mundo.
<Ou,0iw. 5 Uo mundo fam, por iílò do mundo faliam, e o mundo osa et
. cuta.
6 Nosoutros íõmos de Deus. Quem conhcçe a Deus, nos cicuta,
quem naó he de Deus, naó nos cicuta: n’ifto conhecemos nos o Et
pirito da verdade, c o efpirito de error.
7 Amados, amemos nos huns a os outros: porque a charidade he
de Deus , c qualquer que ama , hc naçido dc Deus , e conheçc a
Deus.
8 Quem naó ama, naó tem conhecido a Deus: porque Deushe
charidade. >
9 N’ifto fc manifcftou a charidade de Deus pera com nofco, quc
Deus enviou a feu Filho unigénito a o mundo, peraque por ellc vi­
vamos.
10 l^ifto eftá a charidade, naó que nosoutros a Deus ajamos a-
A mado,
mado, mas que elle a nos nos amou, ca leu Filho enviou, [per*]
por noflòs pecados |_/?rj propiçiaçaô.
11 Amados,. fe Deus afli nos amou , tambem hús a os outros
nos devemos dc'amár.
12 Ninguém vio nunca a Deus: fc huns a osoutros nos amamos,
cm nos fica Deus, c cm nos eftá íua charidade perfeita.
13 N’ifto conhecemos que n'ellc ficamos, ecllc em nos, porque
de íeu Eípirito nos Deo.
14 E vimoló , e teftiâcamos que o Pae enviou a £ ] Filho ’
[par* J Salvador do mundo.
15 Qualquer que confeflàr que Jefus hé o Filho de Deus, Deus
fica n’clle, c elle cm Deus.
i<S E ja temos conhcpido, e crido a charidade que Deus nos tem.
Deus hc charidade : e quem fica cm charidade,fica cm Deus , c
Deus n’cllc.
17 N’ifto he perfeita a charidade para com nos , peraque em o
dia do iuizo póílãmos ter confiança, [a faberl que tal qualellehei
taes fomos nos tambem n’cfte mundo.
18 Em a charidade naó ha temor, antes a perfeita charidade lan­
ça fora a o tcmdr : porque o temor traz pena , c o que tem temor,
naó eftá perfeito cm charidade.
19 Nos o amamos a elle, porquanto elle primeiro nos amou.
20 Se algum diz, Eu amo a Deus, e aborreço'a feu irmaó, men-
tirofo he.z Porque quem naó ama a feu irmaó,’ a o qual vio, como
pode amar a Deus, a 0 qual naó vio?
21 E nosoutros temos d’elle éfte mandamento, [a faber J que
quem a Deus ama, ame tambem a ícu irmaó.
5i<$ I. EPISTOLA UNIVERSAL

Capitulo V.

1 Demoflra que e amor de Deus e de fem filhos fempre efla conjunta, j £ enfina
qtte o amor dc Deus fe moflra pela objervaçao de feus mandamentos, e feia vito­
ria do mundo, o que os regenerados fazem em jefu Chrifto. 6 O qual demolira
fer elle o Filho de Deus e nojfo Salvador com dous tcflemunbes, noceo, comodetri-
nidade. 8 E na terra, com o do EJpirito, da Agoa , e do Sangue, Ç) Enfinandoque'
efíes teflemttnbos devemos receber, je naõ que Deus fazemos mentirofo. 11 Mas
que os recebem, que pelo jefu Chriflo tem a vida eterna. 14, E bua cotfiança que
pelas fuas oraçoes receberão tudo 0 que he neceffario a falvaçaõ. 16 E ijfo naõ fo­
mente por fi mefmos, mas tambem por fere irmaó , que naõpeca pera morte. 18 Em
qual pecado os regenerados naõ caem , por quanto a Deus c a feu Filbo Jefu Cbri-
flo na verdade conhecem e nelle eflaõ. ii Afim exborta os fieis que fe guardem
dos idolos.

i *T'odo aquelle que cré que Jefus he o Chrifto, he naçido dc


* Deus: e todo aquelle que ama a o que gerou, ama tambem
a o que d’elle naçido he.
2 Nifto conneçemos que a os filhos de Deus amamos, quando a-
mamos a Deus, e feus mandamentos guardamos.
3 Porque éfte he o amor de Deus, que guardemos íêus manda-
a Ou, Cra- mentos: e feus mandamentos naó fam a pefádos.
ves, oudif- 4 ~ Porque tudo o que ‘he naçido
•••■. —
de Deus, vénçc a o mundo: e
ficultofos.
efta hc a vitória que a o mundo vénçe, [ convém afitber] noflà fé.
$ Quem he aquelle que a o mundo vençc, fenaó aquelle que cré
que Jeíus hc o Filno de Deus ?
6 Efte he'aquelle Jcfu Chrifto que veio por agoa, c por fangue:
naõ fomente por agoa, mas por agoa e por fangue. E o Efpirito he
o que dá teftemunho, que o Efpirito hc a verdade.
7 Porque tres fam os què dam tcftimunho no çeo, o Pae, a Pa­
lavra, e o Eípirito Sanéto: ee'ftes tres íàó hum.
8 E tres fam os que dam tcftimunho na terra, o Eípirito, a Agoa,
bOu> Xe- c o Sangue: e eftes tres íc b concórdamemhum.
portão a
bum*
9 Se o teftemunho dos homens reçebemos, oteftimunhodeDeus
he major: porque c'fte he o teftimunho de Deus, que defeuFilho
tcftificou.
10 Quem cree no Filho de Deus, tem teftimunho emfimefmo:
quem a Deus naó cré, mentirofo o féz: porque naó creu a o tefte­
munho que Deus dc feu Filho tcftificou.
11 E cfte he o teftimunho, [4 faber'] que Deus nos deu a vida
eterna: eeftavidaeftáemfeuFilho.
12 Quem
DE S. JOAo. Cap. p?
12 Quem tem a o Filho, tem a vida: quem naõ tem a o Filho de
Deus, naó tem a vida.
i \ Eftas coufas vos eferevi a vosoutros, osque credes em o nome
do Filho dc Deus: peraque faibaes que tendes a vida eterna, e pera
que creacs em o nome do Filho dc Deus.
14 E efta he a confiança que pera com elle temos, que fc alguã
coufa fegundo fua vontade pedirmos, ellc nos óuve.
15 E í'e íãbemos que, cm qualquer couíã que pedirmos, nos óuve,
tambem fabemos que as petições, que lhe pedirmos, as alcançá­
mos.
16 Se alguem vir pecar a feu irmaõ, pecado que naõ he pera
morte, pedirá [a Deus] c darlhe ha a vida: a aquelles [digo] que
pera morte naõ pecárcm. Pecado ha pera morte, peio qual [pecado]
naõ digo que rogue'
17 Toda injuftiçá he pecado: porem pecado ha quc naõ he dc
morte.
18 Bem fabemos que todo aquelle que de Deus he naçido, naõ
peca, mas o que de Deus he gerido, fe conferva a fi me’fmo, c o
malino lhe naõ pega.
19 Sabido temos que de Deus íòmos, e que todo o mundo jaz
em maldade.
20 Porem íãbemos queja o Filho de Deus he vindo, c nos tem
dado entendimento, pera conheçer a o verdadeiro: e no verdadeiro
cftámos, [a faber] em feu Filho Jefu Chrifto. Eftehc o verdadeiro
Deus, e a vida eterna.
21 Filhinhos, guardae vos dos iâolos. Amen.

Fim da primeira Epiftola Catholica de S. foao.

Ttt 2 SE-
APOSTOLO S. JOAÕ.
i Ançiaó á íènhóra eleita, c a feus filhos, a os quaes em
■ ■ verdade ámo: e naó lòmcnte cu, mas tambem todos os
quc a verdade tem conheçido:
2 Por amoi da verdade que em nos permaneço, c comnoícope­
ra fempre eftará.
$ A graça, miícricordia, e paz de Deus Pae, e do Senhor Jeíu.
Chrifto, o Filho do Pae, íèja com voíco em verdadeecharidade.
4 Muito me alegrei por achar que de teus filhos andam em a ver­
dade, fegundo reçcbcmos o mandamento do Pae.
■ 5 E agora, íènho'ra [eleita J te rógonaócomoeícrevèndotéhum
novo mandamento, mas o quc desdô prinppiotivemos, [a faber J
que nos amemos huns a os outros.
6 E éfta he a charidade, que andemos fegundo íèus mandamen­
tos. Efte he o mandamento, conforme ao quejadesdo prinppio ou­
vido tendes, quenelleandeis.
7 Porque muitos enganadores faõ ja entrados no mundo, os quaes
naõ conféflãõ que Jeíu Chrifto hc vindo cm a carne. Eftc tál hc o en­
ganador co Antichrifto.
8 Olhae por vos mcímos, peraque o quc ja feito temos, a per­
der o naó venhamos, mas antes o inteiro galardaõ reçebãmos.
a Ou, Tm 9 Todo aquclle quc » prevaricd, e na doutrina de Chrifto naõ
Mj, *>«Ppcrfevcrií, naó tem a Deus: quem na doutrina dc Chrifto pcríevó
“j"’*- ra> tem a o pae> c a o pdho.
ío Se alguem a vosoutros vem, c eftadoutrina naótraz, naõorc-
b Ou, Nem çcbacs em volla cf(a, b nemtaõpoucooíãudeis.
'tb‘ 11 Porque quem o íàúda, com fuas tnaásobrascommunica.
&Mtffal- .11 AnKlaque muitas couíãs tinha que vos eicrever, naõ as qtiis
ve. . eicrever com papel e tinta: mas cípcro vir a vosoutros, e fallar de
bdea a boca, peraque noílò gozo íeja cumprido.
ij Os filhos de tua irmaá, a eleita, tcíaudam.

TEIV
PP
TERCEIRA EPISTOLA
D O
APOSTOLO S.JOAÕ,
Ançiaõ a o amado Gayo, aquem em verdade amo.
O 2 Amado, defejó pnnçipalmente que • fejas profperado,aout£mf«.
e tenhas faude, como tambem tua alma eftá em profpc-^ ttv» '

2 rorque muito me aiegrci


ftemunho de tua verdade, como tu em a veidadc andas.
4 Major gozo naó tenho do que efte, que ouço que meus filhos
indam em a verdade.
5ç Amacio, fiel mente fozes v.em tudo o que fozes pera com os ir-
Amado, huihuhiv
maõs, e pera com os eftranhos.

j ||U - ll V/U ^v***«v j f-j ■—> X


háres, bem farás. • , , , ,
7 Porque por feu nome ic lairao, nao tomando nada dos gentios.
8 Portanto devemos reçcber a os taes, peraque fejamoscoadjuto-
res da verdade.
$> Efcrito tenho a Igreja: porem Diotrephes, que entre clles de­
feja ter o primado, naó nos reçebe.
10 Por dita cauíà, íè eu vier", trarei á memória fuas obras que fa­
zendo anda, palrando contra nos com maliçióíàs palavras:enaócon­
tente com ifto , naó íòmente a os irmaós naó reçébe , porem tam­
bem impede a os que [ reçeber os J querem , c fora da Igreja os
- t *
i 1 Amado, naõ b figas o mál, fenaó o bem.Quem foz bem, hebOuji»/-
de Deus: mas quem foz mál, naó tem vifto a Deus. t*"-
12. Tódos dam teftemunho de Dcmetrio, ate a mefma verdade;
e tambem nos damos teftemunho, e bem íàbeis vos quenoflò tefte­
munho he verdadeiro.
1; Muitas coufas que eferever tinha, porem naó te quero eferé-
ver com tinta e pena:
Ttt ? 14 Mas
po EPlyTOLA UNIVERSAL
14 Mas efpero orevcmcnte vdr te, e faltaremos de boca a boca.
15 Paz feja comtigo. Os amigos te íàudaõ. Sauda a os amigos
nome por nome.
Fim ãa terceirt EpifioLt do ^ípo^olo S. fao.

EPISTOLA
UNIVERSAL
D o

APOSTOLO S. JUDAS.
1 TTudas fervo de Jefu Chrifto , e irmaõ de Jacobo, a os ia cha-
I mados, fanctificados pelo Deus Pae, c [por ] Jefu Chriíto con-
■ íervados.
z Mifericordia, cpaz, e charidade f vos j fe'ia multipli­
cada.
,3 Amados, procurando eu de com toda diligençia vos eferevér á
cerca da commum íàlvaçaó foi me neçeílàrioefcrevervos, e exhortár
Lt-cj] n batalhar pola fé, que huã vez a os íãnótos foi entregada.
4 Porque encuoertamente íc tem entrado alguns que ja dantes eftá-
a Ou, Orde- vam *1*45678cícritos pera efta mefina condenaçaõ , ímpios , que convcr-
Mdos. tem a graça de Deus em b diflòluçaõ , e négaô ao fó Enfenhorea-
b OujZ/ww-Jqp j)eus e no^Q Senhor Jefu Chrifto.
5 Porem quero vos lembrar, como a os que ia huã vez ifto fa­
beis, que avendo o Senhor a o povo de Egipto livrado, deftruhio
defpois a os que naõ criâm.
6 E debaixo de eícuridade em priíoés eternas refervou ate o jui­
zo d’aquelle grande dia a os Anjos quc íua origem naõ guardjíraõ,
antes fua habitaçaõ deixáraõ.
7 Como Soddma e Gomdrra, e as cidades circumvizinhas , as
quaes a o modo d’aqueiles avendo fornicado, e avendo íc após ou­
tra carne desenfreado , foraõ propoftas por exemplo, avendo reçe­
bido a pena do fogo eterno. ’
8 E cambem óftes fcmclhantcmcntc adormcçidos, contami-
naõ
3
DE S. J U D A S. pi
naó a carne, e menosprczaó o fcnhorio, £ vituperaõ as c dig-cOu,/»^.
nidadcs. - . jWtsfw
9 Todavia Michaêl o Archanjo , quando contendia com o diabo™”™'
fobre o corpo de Moyfes, naõ oufou a contra ] uíàr de juizo
de maldiçaó : mas diílè, O Senhor tc redargua.
10 Porem éftes diíem mál do que naõ enténdem , c fc corróm-
pcm em tudo o que, como d béítas brutas, naturalmentc con-jOllj
hepem. ... mati ’rra~
11 Ay d’ elles: porque o caminho de Caim feguiraõ, e pelo cn-fxw*’w!
gano do galardaõ de Balaam fe derramáraó , e pela contradiçaó de
Coré pcreçéraõ.
12 Eftes fam mançhas em voflòs convites de charidade, banque­
teando com vofco, apaçcntandofe afi mefmos íèm temór algum:íãó
nuveis íèm agoa, levadas dos ventos dc huá a outra bánda: íãó como ar­
vores murchas, [/] íèm fruito, duas vezes mdrtas, deíàrraigádas:
13 Ondas impetuoíàs do mar, que eícumaõ fuas mefmas abomi­
nações: cftrellas errantes, pera os quaes a eícuridade das trevas eftá
eternamente reíèrvada.
14 Dos quaes prophetizou tambem Enoch , o íètimo deípois
de Adam, dizendo, Eis que vindo hc o Senhor com feus íànctos
milhares. . ...
15 Pera contra todos juizo fazer , e a todos os ímpios dentre el-
lcsc convencer de todas íuas más obras que impiamente comctcraó, e Ou, R*-
e de todas asf rudas f palavras 1 que contra elle falláraõ os Ímpios^’'/'"’--
. r f O\i,DnrMt
16 Eftes faõ murmuradores, quereloíòs açercade íèu eftado, que™
andaõ fegundo fuas concupifcencias: e fua boca falia coufas muy
arrogantes: tendo em admiraçaó as pcllòas por cauíà de pro­
veito.
17 Mas vosoutros , amados, tende lembrança das palavras que
dantes foraó ditas pelos Apoftolos de noflò Senhor Jefu Chrifto.
18 Como vos diziaó, Que no ultimo tempo averiaefcarneçedorcs,
que fegundo fuas malvadas concupifcencias andariaó.
19 Eftes íàm os que a fi mefmos fe íepáraô,[ homens] naturaes,
c que naó tem o Eípirito.
20 Mas vosoutros, amados, ediíicaevos a vos mefmos fobre voflà
fanótiflima fé, orando em o Efpirito Sanóto.
21 Confervaevosa vos mefmos em o amor de Deus, cípcrandoa
miíericordia de noflò Senhor jeíu Chrifto pera vida eterna:
22 E
pa EPIS’?? UNIVERSAL DE S. JUDAS.
2 2 E tende piedade^Jos liuns, ufando dc diícriçaó:
g Ou, T«r- 2 3 Mas falvac a os outros por 8 temor, arrebatando os do fogo,
tor. c aborrecendo tambem, ate a roupa mançhada da carne.
24 .(Jra a aquelle que poderolo he pera de tropeçar vos guardar,
c com alegria perante íua gloria irreprenfiveis vos apreíêntar:
25 A o fo íabio Deus, noflò Salvador, feja gloria emageftade,
força e potência, agora e pera todofempre. Amen.

Fim da Epiflola univerfal de S. ^udas.

A P O CALIPSE
O U A

REVELAÇAÕ DE S. JOAO
O THEOLOGO.

Capitulo I.
I 50ilõ coitado Je quem e pela quem lhe efla revelapaò foi feita. 3 E dit»
quam bemaventurada! fam os que a tem e guardai. 4 Defeja graça e pat a aS
Jète Igrejas em Afta, de Deus, d'os fete Efpiritos e de Cbriflo jefu, cuja peffoa,
btwficios, e vinda pera julgar mais larga defereve. 9 A revtlafaitnefma, aquem,
e aonde feita. 1 f A voz d'aquelle que Ibe manda eferever. 12 Defcteve*a pri­
meira vifaõ dos fete candieiros de ouro. 13 E do Cbnfto em bua grande magefla-
de. 17 De como joaõ foi efpantado fibreeftavifaõtconfirmadopeloCbrifio. 19 Que
mandalbt eferever. 20. E declara que Jignificaõ os fete cflrcUas mais os fete can­
dieiros de ouro.

1 T) evelaçaó de Jeíu Chrifto, a qual Deus lhe deu, pera a


r< feus fervos manifeftar as couíãs que a muy çedo ham dc
a Ou, D» fuccdcr: E por feu Anjo as enviou, c as declarou aJoaó
W*- feu íervo.
2 O qual teftificou a Palavra de Deus, e o teftimunho de Jefu
Chrifto, c todas as couíãs que tem vifto. ,
3 Bemaventurado aquelle quc lc, e os quc ouvem as palavras
defta
DE S. J O A O. Cap. 1. ¥ S1?
d’cfta propliccia, e guardam as couíàs que n’ella eftam efcritas: Por-
•quc o tempo eftá perto.
4 Joaó ás fete Igrejas que eftam cm Afia : Graça e paz feja com
voíco (Paquellc^Que he, e Q-ie éra, c Que ha de vir: c dos fete Elpt- c- Ex’A»: *
■ritos que diante de ícu throno cftam:
. $ E dc Jefu Chrifto/que hc a fiel teftemunha , o primogénito «L.ieísn*-
dos mortos, e o Príncipe dos Rcys da terra. A aquelle que nos a-
mou, e de noflòs pecados em feu Íàngue nos lavou,
6 E nôs fez Rcys c Sacerdotes para Deus e feu Pae : A elle Q di-
feja a gloria e a potência para todo fempre. Amen.
y Eisque, com as nuveis vem , c todo olho o vera, ate os mcímos
■que o tralpaflàram-. e todas as tribus da terra lamentaráó fobre elle:

ilha chamad *Patmos, pola palavra de Deus, c polo teftemunhode


Jeíu Chrifto.
ío Fui cm efpirito hum dia dc c domingo, e ouvi dc tras de mycOu.Do^»-
huá grande voz como de huá trombeta, h°r,.fI!,cS'
11 Que dizia , Eu fou o Alpha e Omega , o Primeiro c o perra-
deiro', elereve o que vés em hum livro, e envia o ás fete Igrejas que
eftaó em Afia, [ afaber J a Ephefo , e a Smyrna , c a Pcrgamo,^^/»»;-»-
<e a Tyatira, e a Sardo, e a Philadclphia, e a Laodicca. H.i.cbimtfe
12 Entonçes virei me pera ver a voz que comigò fallava: eviran-
dome, vi íêtc d caftiçaes de ouro. dtx.trdt» dv
i ? E no meyo dos fete caftiçaes, hum femelhante a o Filho do ho-Snfr)ptrqlíe
/I * 1 até os pés
mem , vcftido S _ dc
.1 thuá
— vcftidura /4 ZA cir«A
yj ■ v aazA á comprida/c
pelos peitos com hum cinto de ouro: r 1
r 14 E fua cabeça c feus cabcllos eraó brancos como laã branca, c'
como a neve: ’e feus olhos como chama dc fogo.
E feus pés ícmelhantcs a lataó reluzente , ardentes como em
fornalha: e fua voz, como roido de muitas agoas.
. 16 E em fua maó direita tinha fete cftrellasj c de fua boca fahia
huá cfpada aguda de dous fios: e leu rofto éra femelhante a o foi
quando cm íua força refplandcce.
17 E vendo 0 eu,cahi a feus pcs como morto: c elle pós fobre my fua
maó direita, dizendo mc-, Naó temas: cu fou 0 Primeiro e 0 Derradeiro. t.lef. 41.3.
Vvv 18 E
524 1 A PO C ALIPSE'
18 E o que vivo, e fui morto : e eis aqui vivo pera todo ícm-
X . lob í ? : pre. Amen.* E tenho as chaves do inferno e da morte.
UÍ".V; Z1. 19 Eícrcve as coufas quc tens vifto, c as que íãm , c as que def-
pois d’dtas ham dc ler.
• Mal . x: 7.
20 O myftcrio das ícte eftrellas que vifte em minha [mAÕ] di­
reita , c os íète caftiçacs dc ouro. As fete eftrellas íãm os^Anjos das
íète Igrejas: c os ícte caftiçacs que vifte, fam as íète Igrejas.

Capitulo II.
I Cbriflo Ibe manda eferever , primeiramente a o Anjo da fyreja de Epbejo. 1 Quem
louv.i par feu bom cuidado e outras varias virtudes. 4. Mm o reprende que tinha
deixado jua primeira chiredade. 7 E promete a 0 que vemer de darlhe a eomerda
dfvoredt vida. 8 A Jegunla carta a ojlt •mqrna, a quem louva por muit.es vir­
tudes , e anima contra as pirfyuifoes, prometendo a 0 que vencir a coroa da vi­
da. 11 A terceira carta a 0 de Pergamo, aquem louva por fua conflancia, mas o
reprende por f< defcuidado contra os que retem M doutrm.tS de Balaam e dos ttico-
Iditas. 1 7 M.ts promete a 0 que vencer , de dar lhe 0 Manna ejcondtdo. com butn
fetxmho bran 0. 18 A quarta carta a 0 dc Tyatira , aqts-m louva por (tu acrecen-
tamen to em divirjas virtudes. 10 Mas 0 reprende porque deȇva profetizar a
mulher “JeZabel. 11 Aquem rfniMça cot» caffígos. 14. Avifa dejpots a os que as
profundet-M de /atariM naõ conheciaò, de reter 0 que tem. z6 E promete a 0 que
vencer de darlbe pader jobre as Gentes > e a eftrella da manbaã.

1 T7 íereve a o Anjo da Igreja de Epheíò : Aquelle que as ícte e£


" trellas em íua [ maõ J direita tem , que no mcyo dos ícte ca­
ftiçacs dc ouro anda, diz citas couíãs:
2 Eu íei tuas obras, e teu trabalho, e tua paciência, e quc naõ
podes íofrer a os maos: c [ que 1 provafte a os que fc dizem lèr A-
poftolos, e naó o íaô: e os achaíte mcntirolos.
i, E lófrcfte, e tiveftc paciência: e trabalhafte por meu nome, c
naó te canlàfte.
4 Porem tenho contra ty, que tens deixado tuã primeira chari­
dade.
5 Peloque lembrate d’onde tens cahido , e te arrepende , e faze
a Ou,De- as primeiras obras : fenaó virei 12*456muy cedo a ty , e de leu lugar te
prejfa. tirarei teu caftiçal, fe hc quc te naó arrependeres.
6 Mas tens íito, que aborreces as obras dos Nicolaítas , a os
quaes cu tambem aborreço.
Quem tem ouviuo , ouça o que o Eípirito diz ás Igrejas. A o
quc vencer darlhvhci a comer da arvore da vida > 4ue no meyo do,
parayío de Deus eftá.
8 Efcre-
8 Efcrévc tambem a o Anjo da Igreja dos de Smyrna:CO primei­
ro e o Derradeiro , que foi morto , c tomou a viver, diz eftas
coufas:
9 Eu fei tuas obras, e [ tua] tribulaçaó , e pobreza,
tu es rico] e a blaíphcmia dos que íè dizem fer Judeos, c naõofam
fenaó a Synagoga dc íatanas.
fenao fatanas. • ’
ío b Nada temas das couíàs que has dc padecer. Eis que o dia- b Ou.NaS
bo lançara [a/giís] de vosoutros em prifam , peraque fejaes atenta-
dos: c tereis tribulaçaó por dez dias. Sc fiel ate a moite, c cu tc temar'
darei a coroa da vida. •
11 Quem tem ouvidos ouça o que o Eípirito diz ás Igrejas. O
que vencer naó receberá dano da moue íegunda.
12 Eícrcve tambem a o Anjo da Igreja que eftá cm Pergamo,
Aquelle que tem a eípada aguda dc dous fios,' diz cftas couíàs.
13 Eu fei tuas obras', e aonde habitas, £ a faber J aonde eftá o
throno de íàtanas: e retens mcu nome, e naó negafte minhafc, ate
n’os dias cm que Antipas mcu fielc martirc foi morto entre vosou- cOu> Tffle~
tros, lá aonde íàtanas habita. munhs.
,14 Porem tenho [buas] poucas de couíàs contra ty, que tens lá
a os queA-etcm a doutrina de Balaam , que a Balac enfinava a pór ’
eícandalo diante dos filhos de Ifrael, peraque das couíàs a osidolos íà-
crificadas comeflèm, c fornicaflcm.
1 s Afli tens tambem a os que rctem a doutrina dos Nicolaítasio
qual eu aborreço.
16 Arrependete: e fe naó, virei a ty d muy cedo, e contra elles doU)ot-
batalharercom a eípada de minha boca. ' prtjj».
17 Quem tem ouvidos, ouça o que oEípiritodiz ás Igrejas: Ao
que vencer, darlhehci a comer do Mana eícondido, c lhe darei hum
fcixinho branco, c rio feixinho hum nome novo cícrito, o qual nin­
guém conhece, íènaó aquelle que o recebe.
18 Efcreve tambem a o Anjo da Igreja que eftá cm Tyatira: O
Filho de Deus que tem feus olhos como chama de fogo , c fc.us pes ’
femelhantes a o lataó reluzente, diz cftas couíàs: ' r
19 Eu fei tuas obras, e charidade, e ferviço, e fc, e tuapacien-

as primeiras.
ao Porem t^nho [ buís] poucas de coufas contra ty:e que con- e Ou, qu
fentes a mulher Jezabel, que fe diz Prophetiflà , que enfina , c cn- permites. í rm.khj,
gane a meus fervos, que formquem, e das coufas a os Ídolos facrifi-
cadas cornaó. Vvv z zi E
zi E dei lhe tempo peraque dc fua fornicaçaó íè arrcpcndeílè, c.
naó fc arrependeo.
zz Eis quc na cama a deito, e a os que com ella adultcraó, cm
grande tribulaçaó, fc dc luas obras fe naó arrependerem:
E a ícus filhos matarei de morte : c fabeiúm todas as Igrejas
quc cu íou aquclle quc os rins e os coraçocs cfquadrinho. E a caca-
hum dc vos iegundo íuas obras darei.
'4 Mas cu vos digo a vos , ca os de mais que eftam cm Tyati-
ra, a todos quantos efta doutrina naó tem, e^as profundezas de íáta-

25 Porem retende o quc tendes, até quc cu venha.


z6 Porque a o que vencer*, e minhas obras até o fim guardar-,
íòbre as Gentes lhe darei poder:
fOu,regra. 27 E com vara dc ferro as f apacentará :. c como vaíòs dc oleiro
feraó quebrantadas: como tambem de meu Pac rcccbi.
28 E a cítrella da manhaã lhe darei.
29 Quem tem ouvidos, ouça o que o Eípirito diz ás Igrejas.

C A P I T U I, Q IIL

»: A quinta carta eferita por mandado de Cbrijle a 0 Anjo da Igreja em Sarda. 1 A


quem amoejta de vigiar e ter mais cuidado. 5 Senão que avia de vir como hum
ladraõ de noite. 4. Promete a 0 que naõ contaminar juas veftidurat, que com elle
andara , e que feu nome naõ feri tirado do livro da vida, q A jei/la carta eferi­
ta ao de Philaielpha , anuem louva por fua conffancia. o F. «remete aue os 'ludcet

ll Prometendo-tambem aquem vencer de o Jazer colunna em 0 templo de Deite,


e morador da nova Jerufalem. 14. A Jetima e ultima carta eferita a 0 Anjo da
Igreja de Laodicea , aquem reprende por fua mornidaõ e vaã gloria de Jer rico.
1S Lbe acoitfelha que d'elle compre ouro, vefliduras e colyrio. 10 Tejlijica que eíld
batendo a porta, e promete aquem vencer de darlbe ajfentar a .fua meia e em fete
t brjmo.

T? íereve tambem a o Anjo da Igreja que eftá em Sardo , O quc


•^ternos fete Eípiritos de Deus, casfete eftrellas, diz eftas cou-
aO«, jfrwrfòs: Eu fei tuas obras; que tens a lama dc viver, e cftás morto.
de que vives, i Sé vigilante, e confirma o refto quc pera morrer eftá : porque
nao achei tuas obras perfeitas diante de Deus.
3 Portanto lembratc do quc recebido c ouvido tens, e guarda o,
e te arrepende. E fenaó velares, a ty virei como ladraõ., c naó fa*
berás a quc hora a ty virei.
4 Todavia tambem cm Sardo tçnsfTíw] poucas de pcílòas, quc
íuas.
D E S. J O ,A O. Cap. WII. r-7
fuas veftiduras naó contamináraó, e comigo crd [yefaduras J bran­
cas andai -ó: porquanto d’illò jfaó dignos.
5 O que vencer, de veftiduras brancas ferá vcftido: c do livro dafaOu Tjr^
vida leu nome naó b apagarei, antes.diante-demcu Pae, cdiante derci>0’trijcaf.
fcus Anjos ícu nome confcflãrci. , r«.
6 Quem tem ouvidos, ouça o que o Efpirito diz as Igrejas.
7 Eícrcve tambem a o Anjo da Igreja que eftá em Pmladclphia:
OSanéto e o Verdadeiro , quer tem a chave dc David: que abre, e
ninguém cerra: que cerra, e ninguém abre, diz cftas couíàs: ,
8 Eu fei tuas obras: Eisque a porta aberta diante dc ty tc dei, e
ninguém a pode cerrar; porque tens huá pouca de força , e minha
palavra guardafte, e meu nome naõ negafte.
9 Eisaqui M do da Synagoga de fatanas, quelu-
dios
acos
fe dizem
ui&ciu
ler
íu
,
9
e naó o fam
... ................ /
, mas
>i
mentem : cisque
*
cu os
' farei vir, c adorar diante de teus pes, e íàbcr que eu te amo.
io Porquanto a palavra de minha paciência guardafte , tambem
• i l_____r>n/> tA/iA r\ milFlriA llíl fl/*

raque ninguém tua coroa tome. '


11 A quem vencer, eu o farei coluna em o templo de meu Deus,
e d’clle nunca mais fahirá : e fobre elle efereverei o nome de mcu
Deus, e o nome da cidade de meu Deus, [4 faber J da nova Jcru-
falcm’, que doceo de meu Deus decçnde , e [tambem] meu nova
nome. -
13 Quem tem ouvidos, ouça o que o Efpirito diz as Igrejas.
14 Elcrcvc tambem a o Anjo da Igreja dos dc Eaodicca. O A-
men, ftteftemunha fiel e verdadeiro, o principio da criaçao de Deus,
diz eftas coufas:
1 5 Eu fei tuas obras, que nem es frio , nem quete : oxala frio
foras, ou quente!
16 Afli que porquanto es morno, c nem frio, nem quente cs,de
minha boca te vomitarei. 1 .
17 Porque dizes: rico fou, e enriquecido eltrou, ede nada tenho
falta : e naó fabes que cs coitado, c mifcravcl, c pobre, c cego,
c nuo.
18 Eu tc aconfelho que de my compres ouro pelo fogo provado, dfíebilimt,
peraque rico te faças: e veftiduras brancas, peraque fiques veftido, ti„bafra.
c naó apareça a vergonha de tua nueza : e teus olhos com co\yviOfriaptr.xcti
unjas, peraque vejas.. Vvv 3. 19 Eu^W'-
*9 Em rcprcndo c caftigo a todos aquelles que amo : portanto fé
zeloío c tc arrepende. r
20 Eisque á porta eftou, c bato : fe alguem minha voz ouvir,
e a porta abrir; a ellc entrarei, c com elle cearei, e elle comigo.
2 i Aquem vencer , comigo o farei aflentar cm meu throno : co-
XutambCm CU VCnC1 ’ C C°m mCU PaC Cm ÍCU thron° afl^nta^° ■

2 ~ Quem tem ouvidos, ouça o quc. o Eípirito diz ás Igrejas.

Capitulo IV.

. i D aqu. ate o fet,mo capitulo fe defereve * f ja vifaõ, e comprtndeem fratri


meirq propbecia das coufas que despois aviaõ de Acontecer. x E' ou
prtmttrantente hum throno , m^efiade de Deus. 4 Detpoir Jn
aaot coroados e affentados a o redor do throno. 6 E hum mar de vidro Ornais nua ’
tro Animaer de muitos olhos e «fias. 9 Afim, como os quatro Ammaes e ^vin-
te quatro Anciãos louvdvaõ a Deus. 1

1 £)elpois d’eftas coufas olhei, e eifaqui huã porta aberta cm o


. hh£C?:iiC a Pr.lmeiravoz> quc, como dc huã trombeta, ouvi-
aqui> '
ceo2, | fog ItóE ÓéUÍm

huã ncdri^i^’nrC^e a^1}.ta<^° eftava, era, a o parecer, fémclhante a


do throno n Pc e dc íardonio: c o arco celcftial eftava a o redor
do throno, a o parecer fémclhante a huã efmcralda.
4 E ao redor do throno avia vinte e quatro thronos: c vi fobre
os- thronos vinte c quatro Anciaós aflêntados, veftidos de veftidum
brancas. e fobi e fuas cabeças tinhaõ coroas de ouro
aOy,Prw- 5 E do throno ’ fahiam relâmpagos, e trovoÓs, e vozes- e
on^- ^?alamPadrasdg>’ Queefcívfóa^
mieirasde <Pacs íam os fete Eípiritos dc Deus.
fogo, qucar. 6 E diante do throno avia como hum mar de vidro, fémclhante
dtao .ouar a cnttal. E no meyo do throno, c a o-redondothrono, ouatroAni.
dendo. macs chcyos de olhos dc diante c de tras. '
7 E o primeiro Animal éra femelhàntc a hum leaó- c o fegundo
Animal lemelhante a hum he?™-,,. „ ■ ,, , • , &unoo
j 1 * v 1 uum Dczciio. c o terceiro Animal tinhaõ rnfto
como dc homem: c o qituto Animain 1 oito
voa co A nim*l u a lemelhante a hua aguia que

8 E
D E S. J O A Õ. Cap. V. 529
8 E os quatro Animacs tinhaó cadahum dc por fi feis afas a o re­
dor , c por dentro eftávaõ chcyos dc olhos: c naó tem repoufo dia
nem noite, dizendo, Sanóto, Sanóto, Sanóto hc o Senhor DeusTo-
dopodcroíò,-Que era, e Que hc, c Que ha devir.
9 E quando os Animacs davam gloria, e honra, c fazimento de gra­
ças a o que eftáva aílcntado fobre o throno, a o que vive pera todo
fempre. . , - „ , - , r,
i o Os vinte e quatro Anciãos fc poftravao diante do que íòbre o
throno eftáva aflèntado, e adorávaó a o que vive pera todo íempre
ja mais, e lançávaó fuas coroas diante do throno, dizendo,
ii Digno es, Senhor, de receber gloria, c honra, epotenciaj
porque tu criafte todas as coufas, e por tua vontade c fam, e foraój^ u»
criadas.
Capitulo V.

Js nropriedades do livro fellado que eftáva na mao deDetu. ; Que per criatura nenhui
nodendo ftr aberto, fe • leaõ da tribu de Juda foi achado por digno de abrir, y Que
torna o livro de J'ua maó. 8 Eouvaõ fua dignidade os quatro Animaes, e vinte e
quatro Anciões. »I Como tambem a multidaõ dos Anjos, i 3 E todas as criaturas
tio ceo e na terra.

1 -p vi na [maoj direita do que eftáva aílcntado fobre othrono,


tL hum livro elerito por de dentro e por de fora, e fellado com
fete íèllos. .
2 E vi hum forte Anjo, apregoando em alta voz, Quem hedi-
gno dc o livro abrir, cfeusfellosdefatar?
3 E ninguém no ceo, nem na terni, nem dc baixo da terra po­
dia o livro abrir, nemn’elleolhar. . , ,
4 Poronde eu chorava muito, porquanto ningue digno achado
fora de o livro abrir, ncmdeolér, nemn’elleolhar.
s E hum dos Ançiaós me difle, Nao chores: vefaqui o leao da
tribu de Juda, a raiz de David venceo, pera o livro abrir, céus fete
íellos delatar.
6 E olhei, c eisaqui no mcyo do throno, e dos quatro Animacs,
c no meyo dos Ançiaós, hum Cordeiro que eftáva comoAMMri», e
tinha lcte cornos, e fete olhos: que fam osíctcElpiritosdeDcuscm
toda a terra enviados. -
7 E vcyo e tomou o livro da direita do que fobre o thro­
no aflèntado eftáva.
8 E como avia tomado o livro , os quatro Animaes, e os vinte e
■quatro Ançiaós fe poftrávaó diante do Cordeiro, tendo cada hum
harpas, c garrafas dc ouro chcyas dc perfumes, que fara as oraçoês
dos íànctos.
9 E cantávaó huá cantiga nova, dizendo^JJHgno és de o livro to­
mar, ede ícus fcllos abrir: porque tu foftcAw«aà», ecomtcufãn-
guc pera Deus nos rcígatalte dc toda tribu , c lingoa, e povo, e
naçaó:
i o E pera noflò Deus Rcys e Sacerdotes nos fizcftc: c íòbre a
terra reinaremos.
11 Entam olhei, e ouvi huã Voz dc muitos Anjos á o redor do
■ throno, e dos Animaes , e dos Ançiaós: e éra d’ellcs o numero mil-
tôéns de milhoés, e mil dc milhares.
12 Dizendo com grande voz, Digno he o Cordeiro, qucfoim®rto
tada, de receber potência, e riquezas, e íãpicncia, e força, ehon-
a Ou , B/w-ra, cgloria,ae louvor.
diçaò, e afii i ? E ouvi a toda criatura que eftá no cco, c na terra, c debaixo
no virfojt-
gttinte. da terra , e que eftá no mar, e todas ascoufasquen’cllcsha, dizen­
do, A o que iobre o thronoeftá aílcntado, e ao Cordeiro, fcjalou-
vor, e honra, c gloria, e potência, pera todo fempre ja mais.
14 E os quatro Animaes diziam, Amen. E os vinte c quatro An­
ciãos ícpoftráraõ, e adoráraô a o que pera todo fempre vive.

Capitulo VI.
•I ÃbertO o primeiro filia. aparece brim cavallo branco ajferrtando im cima bum ~t>l-
tartufo. 5 Aberto o fegundo fello, aparece hum cavallo •vermelho , affcutanrlo em ci­
ma bum que tira p.ttda urra. ç aberto o terceiro jello, aparece bum cavallopre­
to , a[fintando etn cima bum com balança na maõ. 7 Aberto 0 quarto jello, apa­
rece bum cavallo amartllo , ajftntMtdo em cima a morte, 9 Aberto 0 quinto jel­
lo , as almas debaixo de altar bradai a Deus, e ficai coujoladoi. 1 x A fim aber­
to 0 fixto fello, grandes jmaes aparecem no tio enaurra. 11 umgrande rjpantoe
tremor de todos os bomes. ' *

I J7 nronces, avendo o Cordeiro aberto hum dosfcllos, olhei, c


ouvi a hum dos quatro Animaes, dizendo como com huá voz
detrovaó, Vem, cve. , '
2 E olhei,, c eis hum cavallo branco: c o que cm. cima cftava aft

V
\

DE s. JoAõ. Cap. и. …
Е fabio outro cavallo vermelho: e foi dado a о que em cima
allentado efláva [poder] de a paz da terra tirar, peraque huns a os
outros Ге matem: e foi lhe dada‘hui grande efpada.
5 Е 'avendo aberto o terceiro (ello, ouvi o. terceiro Animal, di
zendo, Vem, e vé. E olhei, eeis hum cavallo preto, e о queem
cimaaflentadoeíláva, tinha huã balança em fua maõ. `
6 Eouvi huã voz no meyo dos quatro Animaes, que dizia, Hum
' cheniz de trigo por hum dinheiro, e tres chenízes de cevada por = EM I
hum dinheiro: e naõ façaes daño ao vinho nem a о azeite. ЁЁ?!“ "
7 E Iavendo abate/to quatro fallo, ouvi a voz .do quatro Animal , ‚„„„ 475;:
que dizia, vem, e ve. Ь… ‚мм
8 E olhei, с eis hum cavallo amarello: eo que em cima all'enta- *eque/mf
do ellâva, tinha por nome, Morte, e o Infernoo feguia. E'foilhes ”'" 'i' ""
dada poteitade'fobrea quarta [parte] da terra, pera matar com el'pzf
da, eeom Fome, ecom mortandade, e corn as feras da terra.
9 E avendo aberto о quinto fello, vi debaixo do altar as almas
-dos que por amor da palavra de Deus foraõ matados, c por amor
do teflemunho que tinham.
to E bradãvaõ com grande voz, dizendo, Até quando, Enfen
horeador, fanólco , e verdadeiro, naõ julgas e vingas noflb fangue
dos que fobre a terra habitaõ.
1 x Eforaõ lhes dadas acadahum veí'cidums brancas compridas, efoi
lhes dito que regoul'all'em ainda hum pouco de tempo, até que Ге
cumprifi'em (cus confervos, efeus irmaõs, quc tambem aviaõ de fer :2,351";
matados como elles. fem“
u E olhei, abrindo 'elleo fexto lello, ecis quclfoi feito hü gran
de tremor de terra: e o fol Ге tornou preto como hum [aco de eili
'cio, в a lüa fe tornou toda como fatigue. _
I; Е as eílrellas do cco cahiraõ ГоЬге a tem , como quandoa
figueira lança (eus figos verdes, fendo abalada de hum grande vento.
14. E о сео Ге retirou como hum livro que Ге envolve: e todo
monte, e ilhas de l'eus lugares foraõ movidos.
15 Е os Rcys da terra, e os Principes, o os Ricos, e os Capi.
taens , e os Poderofos, e todo fervo, etodo livre fe efconfléram nas
cavernas, с entre as rochas das montanhas.
16 Б, diziaõ a os montes, e ás rochas, Cahi fobre nosoutros, e
el'condei nos de diante' do rollo d’aqucllc que (obre o throno efié af
fcntado , e de diante da ira do Cordeiro.
' x7 Porquc vindo he о grande dia de Гия ira: e quem poderá fub.
' ? Xxx CА
ril

„ь -a.P~­ocrir..1rs.li:r­
__
_.

<. Clarifuzo VII.


_

1 Шинник)“ que tinhixä poder de dunißrrir а term. a. Hum outra Anja фи ‚ nad
_ —_ .
'Permite/bar antes qm todo: are/cito: jbrnäajfinaladu. `4. O numero ffl/0;. 9 E/la'
wurde hui ти./114116 que ninguem podia cantar de radin as цца?! diante de rbnmo,`
guelorrmâ а Ош: : а rardrzra. 1 1 Coma tambem [дат и Anja: , м quarry Акі
Wm' .`-. там с todos ai' Акгілдд. 13 10.10“ ffm :):/птахи рс/о bum du Aktiven: аист filo'
ц de vc/Íidum (franca. l; E cm que can/ißt’ jim детишки/мр feller.
_.

-—. _— _ —-_. _ 1. Е dcfpoisdeilas coufâsvi quatro Anjos quel eílávaö ГоЬге os qua.
3_2.'
' tro cantos da terra, retinhaö os quatro ventos da terra , рега
,iLove-l' que о чето naô fopraíïefobre a terra, nem l'obre о таг, пет contra
“_ “ `:№_ч"`
*
arvore alguä.v
’_ -._ 2. Е ч1 cutro Anjo, que fobia da banda do oriente, tendo o fel-f
_ _,
lo do Deus vivente, о qual bradou com rande voz a os quatro,
- Anjos, aquemvêra dada [рт/1441] peta tazer daño á terra, е a,>
o mar,
3 Dizendo,_Naô Façaes daño á terra, nem a о mar, nem ás ar
vores, até queaos fervos de noITo Deus em Гааз teltas aûìnalado
naô ajamos. ’ ` _
4 Eouvi-onumero dos que eflávaô ailinalados: cento e quarenrI
ta el quatto mil allinalados de todas as tribus dos., filhos де…
Шаё : .
5' Da tribu de juda, doze mil aHl'nalados: da tribu de Ruf
b_em, doze mil allinalados: da tribu de Gad, doze mil aflinalados.
vli, 6doze
Da tribu de Afer, doze
mil aflinalados: mil ailinalados:
da tribu de Manalfe, dadoze
tribu
mildeailinalados:
Nephtha-_

7 Da tribu de Simeon, дозе mil aíliualados: datribu де Ьечіь


îloze mil allinalados: da,l tribu de Шафак, doze mil aíiina»
ados: ' ‚
8 Da tribu de Zabulon, дозе mil aliinalados;-da tribu de Jœ
lfeành,l доке mil afiinalados: datribu de .Benjamirh доже mil 11111113.
a 05- `
9 Defpois d`eflas coulas olhei„e eisaqui huä grande multidam,„_
que ninguem podia contar, де. todas as nagoës', e tribus, ‚_е `р‚0ч05‚_`
e lingoas, que eilävaô diante do tbrono, e ein aprefença do $301"
'.___-
n».
deiro, vciìidos de veftes brancas compridas, e [сат] palmas em._
fuas maôs. ’ ` › Í
19… E bradáyad com grande voz,f dizendo,._$alvaçaö fcja a _1130111).
i . gus#
D Е s. j o -A б. Сар. . vm. …
313903 que fobre o throno ella all'entado, e tambem a jo Cor
. ciro. _ , ›
и Е todos os Anjos eltávaö a o redor do throno, ye dos­ An
`rsiat'as, e dos quatto Animaes: el'e poltrávaô lobte l'cus roltos diante
_ xdo throno, eadorávaöaDeus. ­
Iz Dizendo, Amen. ALouvor , c gloria, e fapiencia, e Fazimefb
lto de gragns, e honra, e potencia, e forca leja a nolTo Deus peta '
todo lempre. Amen. _: ‹ ‘
‚13 Entonces hum dos Anciaôs rel'pondeo, dizendo me, Elles
v'que de velìes brancas compridas ellam vellidos, quem fam , o don
-de tem vindo? ' _`
14. Е eu lhe dille: Senhor, tu о labes. › Eelle me dille, Elles làö
'os que tem vindo de grande tribulaçaô: e laváraö Гааз compridas
'velìes, е fuas compridas velles branqueáraó no langue do Cor
dciro. ` ' ‚
15 Рог ill`o ePtám diante do throno de Deus, e lhe Гоп/ещ dia е
noite em Гец templo: с aquelle que ella allentado ГоЬге o thi-ono os
amparará com fuafombra. ‹ _ '
16 Naô teraô mais-fome, nem teraö mais fede, e [obre elles naô
fhairâuiais'ofol, nemcal'ma alguä. ^ _ __ _ .i1
17 Porque о Согдеіго, que ellá no meyo do throno, os apacen
tara, e guiará ás Fontes vivas das agoas: e dc leus olhos I alimpará ‚о…;„хи.“
Deus toda lagrima. ­ gara'
‘CAPITUL'O VIII. ' ‘
'i Ihm o/ëtimofellafêz/ìßlmcio em всео , е Jefpaix' имееет/сп Адамом/Эм tram
дни, 3 Мп: шт bum sutra Anjo que #receperßamu juntamente com a: отцом:
do: Лийм. y E [лира/оди do altar [abre a terra. 7 [[а _]Еім, toca о primeiro
Anja a погибель 8 E tambrma f2 und: , e [е_/Гилл cou/ar фата/а:. lo Ofer
т'та Anjo tam fromëera , e hui e/frella cabin иа: aguas. п. "фт a quarta Anjo
пт „отдал , е a terceìrapane ala/ol , ¿alia , 'e du №1143]: финка. l 3 Hum
outra Anjo ¿rada a) fable a terra. _

1' Е avendo aberto o letimo lello, lez Ге lilencio em о ceo quali


por mea hora. .
z E vi os Гесс Anjos que allìllem diante de Deus, a os quaes Го
raö dadas fete trombetas.
3 E veyo outro Anjo, e elleve diante do altar, tendo hum = en- а OU, Тагіт
cenlario de ouro: e loram lhe dados muitos perfumes, pera сГГегесег ""»
[сат] as omçoësde todos os lanëcos lobi-e o altar de ouro, que ella
l_diante do throno Xxx z „à 4 E
1'34 - APOCALIPSE
_ 4. E o filmo dos perfumes [comj‘as oraçoês dos №08, ГцЬіо да!-'
a:
Ь 00,4 ”" da maõ do Anjo até bdiante dc Deus.
fim'- i E o Anjo tomou о encenfario , e о` encheo do Rago do a1
vw
ч. -'"“
__ tar , с о lançou fobre a terr-a: e fizeraõ Ге trovoés e_vozcs, e relam
pages . etremor daterra.
- 6. Entonces os fete An'os , que tinhaõ as fete trombetas , (e pref
paráraõ pera tocar astrom etas.
7 E tocou o primeiro Anjo a trombeta., e fer. Ге faraiva- e
fogo mcfiurados com fangue , e foraé lançados na terra: e a tercei.
“"`"
"'v
ra [pane] das arvores foi queimada , e toda a erva verde foi quei- -
mada. -
8 E tocou ofs-gundo Anjoa trombeta: e como hum grande mon
\“.“nz'т.-.д-д;—чт te ardendo em fogo, Foi lançado mamar.: e a terceira [рапс] do mar
‘ fe converteo em fangue.
9 E morreo a terceira [ рат] das criaturas qpc tinhaõ vida no
t Он ‚ I’m- mar: e a terceira [рат] das naos c íc perdeo.
“" . 10 Е tocouo terceira Anjo atrouxbeta, e cahiodo ceo huã ran.
de eflrella ardente como huã tocha acefa ‚. e cahio na terceira раг
\
-_'
__..а te] dos rios, c nas fontesdas agoas. '
юмфм. x r E o nome da cítrella fe chama d'Abí'ynthio : с a terceira. [par
*'
‚“_ _“-_ - и] das agoas fc converteo em abl'ynthio : e muitos homens, morri:-A
_ тб das agoas, porque Ге tornáraõ amargas. ' _
... _ и, Е tocou о quarto Anjo a trombeta: c fox fcridaaterceira
. ...—д'- Lyme] do fol , e a terceira [parte] da lüa , e aterceira [pane]
das eflrellas : peraque a terceira [ рит] d’elles Ге efcurafl'e ‚ C a.
ь ...L terceira [рат] do dia naõ dava luz., e femelhantemente dar
none.
'о——u-..иII
\
13 Entonces olhei , с ouvi hum Anjo que hãa voando pelo meyo
do ceo, dizendocom grande voz, Ay, ay, ay dos que habitam lo
е0ч‚тпт-. bre a terra , r caufa das outras vozes das trombetas dos tres An
mu. 108,. que [№453 ham de ctocar..
' .
-.-I
«"—›--_ _-_.

.JJJ

;(: ‘

.
‚];—‚`
n.1; s. joaöî cagna “531
Capl'run-o IX.
'i DI time, tocando o quinto Anjo [im trombe“ , cabía lmâ' e/ìrelld 10 «а, qlc fißba a :have
Je alvyfma, ‚, ита ßufume e gofimboto: реп :: bomen: atormenmrem. 7 орд
rcccr da: {придет, feu „ши„ e feu Re) delle: ¿ra Идти“. 13 таты”
[exto Anja, farai/'allor u quairo Anjo: , c buâgrande multidao’ do: идиш.-інши
пп ‚ que avioô de matar . ппеіт рат dos homem. zo E com sudo „“ Ь,.
mem /ì mi „прокат.

1l Е ntonces tocou о quinto Anjoa trombeta: : evi huâcllrella que


cahio do ceo na terra , e foi lhe dada a chava do pogo do
abyfmo. *
z Eabrio о pogo do- abyl'mo: c l'ubio- Fumof do pogo como o
gime de huä grande fornalh'a: e о Го1-‚ е о ár 11: еГсцгесео до Fumo
о o. ' '
{01% до fumo fahiraô galanhotes fobre a terra-z e Гоі lhes dada
poteltade l'emelhante á poteltade que tcm-oselcorpioês da terra.
4. E foi lhes dito que naö lizelTem daño á erva da terra , nem a
_ nenhua'. verdura , nem a nenhuâ arvore : mas fomente a os homens
que em l`uas teltasolînal de Deus naö tem.
; Е Гоі lhes dada [pore/lade ] naö que ­os matalfem , lènaô que
por cinco meles os atormentall'em : e Гец tormento éra lemelhante a
о tormento do lel'corpiaô uando fere a o homem.
6 E n’aquelles dias bu caráô os homens a morte e 'naö aacharáô :
e dele'arâm morrer, el'ugirá d’elles a morte.r - _
7` .' o parecer dos gatanhotos éta lemelhante a о de cavallos pe. гоа, 4/37
ra a guerra aparelhados : e lobte fuas cabeças avia como coroas Гс- ""
melhantes a oouro: e leus 101105 éraö como 101105 де homens. -
8 E tinham cabellos como cabellos de mulheres : e. leus dentes
¿raô comol [dentes] de lcoês.
9 E­ tinharn couragas como couraças d'e Ferro : е 0 ruido de l'uas
al'as éra como o ruido de carros , quando muitos cavallos correm a o
combate.
ro Е tinham rabos femelhantœa os dos el'corpioês , e a 11111065
'ет Гец5 rabos : e lin potcltade éra de por cinco meles a os omcns
fazerem daño. _
1 1 Е tinhaö lobre l'1­ por Rey a o Anjo do'abylmo , que tinhaiy
por nome em Hebreo Abaddon , e em Grego tinha por no me Apollyon.
12. Pallado he ja hum ay , eisque ainda delpais dfilta vem
dous nys.
Xxx _; :; Еш
536 APOCA'LIP'SE
1; Entonces tocou о fexto Anjo a trombeta, e ouvi huä voz dos
quatto cornes do altardeouro, que eflâva diante de Deus.
14 фе dizìa a o (exto Anjo , que tinha a trombeta , Solta a os
quatro Anjos que apar dogrande rio de Euphrates eílám prefos.
i; E f'oram foltos os quatto Anios, que eilávaô prelìœ pera a
hora, c dia, e mes , e anno , pera matarem alterccira [рапе] dos
homcns. .
16 E o numero do exercito dos de cavallo éra duzëntos mil
hcês : _porque cu ouvi о numero d`elles. ’ * '
17 Е аИі vi a qs cavallos -n’dta vifaö :cos que fobre _elles &&&/аб
аГГсшасіоз tinham couraças dc Fogo, e de jacinto, e de enxofre-z
-e as cab as dos cavallos éraô como cabeças de leoês : le de Гааз bo
ч
№. cas fahia ego, e fumo, c enxoii'e.
18 Por ellas tres couías foi matada a terceira [рапе] dos ho
'“КМ"“?
""'.-..."
‘ .-
. 'mens , [и [лён] pelo Fogo, -e pelo fumo', e pelo enxofre que de
[на boca iahia.
19 Porque [ua poteílade elláva cm Гия boca , eem leus rabos. ›
Ptrque feus rabos laô {emclhantes aferpcntes e tem cabeças com que
danaö. ‚
zo E о rcûo dos homens , que por citas pragas naö foraô mata
dos , naö fe convertéraô das obras de Гааз maös, pera naö adorarem
-a os demonios , e a os ídolos de ouro, c de prata , e de lataô, e de
”">—№.. pedra, e cle madeira, ue nem ver, nem ouvir, nem andar podem.
zx Nem саб pouco e arrependéram de fcus homicidios , nem de
funs feitiçarias, lnein de Гоа foruicagaö, nem de (uas ladroices.
CAPITULO X.
.; Avendo болд типів м male: que л'ш'аб de vir a Cbrißundanlc ml Oriente e Pam
“ , ‹іесдп‘а „`в/Ре capital@ a que par :aqfalagaó da [!"]?! ainda avia de feguir, e pn'
meírumfnte прагне/шт Anjo que defienda: da ceo com grande glnría , tenda bum
_UWM/,0 „„ md5, 3 0 qual ¿mda cam grande voz, , e fc питт fue travaux.
f jin“ "[07" vim Frm tada ]Ётрп", que man' tempo паб а'иетіи defini; le гасит
afuima "uml/rw. 8 На de :omer о !ітіиЬо a о Apo/falo. lo @t im fm fia!
для доп, ти „fm „шп М“!" … Маяіпііи gu вата търгорітіи.

...
1 Е топссз vioutro forte An'o, quedecendiado ceo, rodeado de
. ' ' hui nuvem: e cm [[на cabeça efláva o arco celefte: e ieu
rolle êra como o fol , e {сиз pês como Coluñasde Fogo.>
:, Е tinha em (ua таб hum livrinho aborto: e pós feu pé direito
-. —_ .-

(obre omar, eoezquerdo fobre a terra.
‚ 3 Е
D Е S. ]? О А 6. Сар ХГ. 537
';- E bradou com grande voz.; como quando brama hum leaö: e
avendo bradado, aderaô os fete trovoês {uas чеш.
__ aOu,Falldf
4 Е avendo os fete trovoes dado Гааз vozeS, eu as ouvera de ef- mi
crever: e ouvi huä voz do ceo que me dizia, Sella as coul'as que os.
fete trovoês Faláiaô,­_ e паб as el'crevas. . .
5 Е 0 Anjo que eu tinha viflo, que elhíva fobre o mar e (obre я:
terra, levantou (`на maô perao ceo,
6 E jurou poloque vive pera todo femprc jamais,­ que criou о
ceo e as coufas que n’elle ha, e a terra e as. coufas que n”ella ha, e
omar с as coulâs que n’elle ha, que mais tempo паб avería:
` 7 Porem que n’os dias da vozdo fetimo Anjo, quando comegar
a toœr a trombeta, {era-confirmado o fecreto de Deus, como a (eus
fcrvos os Prophetas о declarou.
8 Ea voz que eu do сео tinha ouvido, fallou comigo outra vez,
dizendo, Vae, e toma о livrinho aberto, que ей!! m maô do Am
joque СМ (obre o mar e fobre a terra. _ _
9 E fuime a о Anjo, e dille lhe: Dame o livnnho. E elle me
dille: Toma o,_ e engole о: e farte ha amargarfteufventre: porem.
em tua boca fer-í doce como mel.
1o~E tomeio livrinho da maô do Anjo, e enguli o: eréra cm
minha boca .doce como mel: рогещ como ocnguli, :ou meu ven`
tre amargo.' \
1 1 Entonces elle medille., >Importa que outx'atveziproìsvhetimsa»A
_muitospovos, œuaçoês, e lingoas,` e Reys.
CAPIJquLOy XI..

1 Ca то ]ллб media о сетріа :!: 'Deus deixandv defun a o palio. 3 Cbrißo da par
der á: dus: премии‚)“ da prophetizaf , е fluter mal а ffm inimìgar. 7 A lle/la
SM de аду/то : тип и: lcßemunlur. 9 Sobre uc fr gmac? и: “идет. x l Mar
de/pui: de tres día: e mejo ferai refufìitaa'ax, с île-:salvada: а a сео. x3 E falli-1_
hum grande tremor da terra, e dime obre a cidad: grande. »1f Tomada a [літо
Anja а tramávtn, „duw "Блад/`: ugfítaî a Deu: e a Chri/10. 16 Pm' ‚'Ла or»
'vinteo eдвигай/2714440
тм quatre Anciaâ; lauva'o' a Dau. 19 18O Vem
aasßnfior. „mpha deimDeu:
de Deu: febr:
[e alanl и: карт!, _
na tea.

x, Entonces me foi dada huâ cana femelhante a h_uä vara de medi'-`


’ da: e' о Anjo eltáva: e dille, Levantate,¢emcde.o templo de _
Deus, eo altar, eos quen’elle adoram. .
:.„Porem dcixa de fora ao юбочку: сша fora do templo, е'паб
' одинъ- `
538 A-POCA-LIPSE
отца:: .porque he dado а -os Gentios: epifarím a (даём cidade
porquarenta edous metes. ›
‚__—. g E. darci [ ‚или ] ás minhas dnas teflcmunhas, e prophetizaráô
__
por mil e duzennos e _leflenta dias, veûidos de faoos.
……
4 Е(Ъаз Габ as duas olivciras , e os dous caíliçaes , que >efìám dian~
,: te dc Deus da terra.
nOu,Faur 5 Е Ге alguem lhcr quer ' стрессг, {âirí Fogo de (ua-boca, e
'"“l' devorará a leus inimigos: e fe alguem .lhes quer empecer., imporre.
que .cambem о :al feja matado.
~6 Eůastem poteitadc pera ¿errar olceo, paraque em os dias dc
fun'prophecia паб çhova: e rem poteßade fobre asagoas pera as con
. "ч.—_ l verter em langue, e pera ferira terra com coda forte de praga, todas
quantas vezes quiferem. ‚ _
'*`—“"'?”
__
»7 E-como acabarem feu teflemunho, а Befla que 4fobe do abyf
mo, faráguerra contra ellas, eas vencerá, easmatará.
_
8 Е (eus corpos mortes [маша] nas praças da grande cidade,
quecfpirirualmcnte fe chamo Sodoma e Egipto, ~:zonne rrollo Senhor
l
ii
tambem foi crucificado. , '
9 Е [и hamm] das tribus., с dos povos, e das lingoas, e das
\, naçoês, veraô feus corpos mortos por tres dias e meyo, e паб рег
! ЬОи, ser@ mitiraô que f'eus corpos шок-сов lejam Ь pollos cm iepulcros.
mln. lo Е os moradores da terra le gozaráô с ГоЬгс elles, 'e ie'alegra
_T.:;_ _._.—«.… ‹сОи, В‘гі— ráö, e mandaráô prefentes buns a los outros: porquanto efkes-dous
l _ ’ Prophetas atormentáraô a os que fobre a xcrra habitam. ~
l _ 'il' _ п Mas defpois d’aquelles tres dias e meyo, entrou n’elles о ef
1- 4pirito da vida de Deus, e zivéraô (e fobre (сиз pés, e cahio grande
‹ temor (obre os que os viraö.
1 z ‘E ouviram huä grande voz do ceo que lhes dizia, Subi ca. E
fu'biraö a о ceo em huâ nuvem: e (eus inimigos os vii-am.
13 Е. n°aquclla mefma hora (e fez hum grande tremor de terra;
e a decima [ рат] dacidade cahio, e Foraô marados no tremor de
_ і terra fete mil поте; de homens: e os outros ñcáraö efpantados, с
dcram gloria a o Deus do' ceo.
l Aou, De-
pff/ja.
x4. Paflädo 'he o fcgundo ay: cisque о terceiro ay virí f mui
cedo.
c Ou , Hau
l w.
x; Е tocou ofetirno Anjoarrombetn, e ° fizcraö fe grandes vo
zes no ceo, dizendo , Os Reynos do mundo fam rcduzidos a noiTo
ln Senhor, e a feu Chriílro, e Reinarâ pera todo fempre ja mais.
ll 16 Entonces os vinte e quatro Ancioês, que diante de Deus cm
ll
ll . , №
D в s. ‚10 А 6. Сар. хп. …;
«leus thronos eftaö a fi'entados, Ге apofìríraô lbbre [eus rollos, e ado
ráraô a Deus. ’
1 7 Dizendo , Damos te gragas , Senhor Deus Todopoderof'o,Que es,
`e que éras, e ue has de vir , (Дю tomalìe tua grande potencia, e
ja tens Reinado.
18 Е as naçoês Ге iráraö, e чеуо tua ira, e о tempo dos mor
;tos, peraque Герт julgados, e pera dares о galardam a teus ervos
os Prophetas, e a os Sanetos, е a os que temem teu nome, ape
quenos e a grandes; e pera dellruir a os que a terra deflruiam.
19 Entonces Ге abrio о templo de Deus no ceo, е a Arca de Геи
concerto foi villa em Гец templo: е ñzeram Ге relampagos., е vozes,
`e trovoês, ctremores de terra, e grande faraiva. . ,_

CAPi'ruLo XII.
‘1 Hu.; 'ui/216 la Миди? que е/ід' пари“: ‚ l ¿a Drugaö 'vermelůo que queria tragar a/craßï
Ьа. ; о qual be arrebatado fem Вт;, eellaguardada ио defrm. 7 E vencida l Du
gaî par мЫм'е'і c feux Anja! be (enfada Jo ceo almixa. lo Hum [шпатели _fi
«uve по его. i; O Drague’ perjëgue a Mulber, que rom aß: de agnia vm я о dr
ffrta. 1 f А pas di: quan .: отгиб lança rl: fu.: bpm rias Je при, с а term п
traga. 17 0 рыдай/2113111771; comm d: ¿e тли Jefrm gfmgacî. 18 Е:}иб
fe para febre a area do mar.

1 Е apareceo hum grande final no ceo: [‘я/дт] huä Mulhervefiida


do Го1 ‚ е a lůa éra debaixo de feus pés: e ГоЬге fuacabeça hui
coroa de doze eítrellas:
2.' Е ейёчяргепъще gritíva com dores de parto,e com ancias de parir.
3 Е aparcceo outro linal no ceo ; е eisaque hum grande Dragaô ver
lmelho, que tinha fete cabegas edez сотов. е 10Ь1е lìias cabeças fete
' Diademas. ` 1 011,001
4. Е Гец rabo leväva an'aftrando a terceira [рат] das eilrellas do "“ "“"
сео, e langouasem terra: е о Dragam Ге parou diante da Mulher que
avia de parir: peraque em parindo, tragaiii: a ieu filho.
5 Е pario humFilho magho,que com vara de Ferro todas asGentes avia
.de governar; e Геи Filho Гоі arrebatado pera Deus, epera Гец throno.
6 Е a Mulber fogio pera о deferto, aondc tenha lugar [Лп] aparelha
do de Deus, peraque l'í a mantenhammil e duzentos с1сГГе111а dias.
7 Е Fez Ге huä batalha no ceo: Michaël e mais feus Атон combatiam
contra о Dragam:­ e combatia o Dragam e mais Геиз Anjos:
8 Masnaô b prevalecéraô, nem Геи lugar Гоі mais aghado no ceo. b0u,rms
9 Efoilançado ogrande Dragaö , [диет] aSerpente amiga, cha- ‘f "ufff"
YУу тада "".
щ?
54° APOCALIPSE
mada o Diabo e Satanas, que engana a todo o mundo , elle [digo] fbi Ian
gado em a terra, e [eus Anjos foraô lançados com elle.
xo Entonces ouvi huã grande voz no cco, quc dizia, Agora eflâ
feita a (alvaçaõ, e a força, e o Reino de noflo Deus, e a potencia
de feu Chrillo: porque 1a о асцЕиіог de nofios irmaõs he derribado ,_
oquuldiante ne noflo Deus dia e noite os acufava.
и Е elles о vencéraõ polo längue do Cordeiro, e pola palavra
de feuteflemunho, eatéá morte naõ amáraõ (uas vidas.
п. Portanto alegraevos ceos, e os que n’cllcs habitaes. Ay dos
moradores da terra, e do mar; porque com grande ira decendeo o
diabo a vosoutros, fabendo que Ja tem pouco tempo.
13 Е vendo o Dragnõ que o langáraõ na terra, perfeguio a Mu
lher que paríra о [Риш] maçho.
14 E foraõ dadas á Mulher duas afas de grande aguia, pcraquc
voafl'e da prefenga da Serpente a odefertoa iéulugar, aonde he Гц
Ptcndada por tempo, e tempos, ea metade de tempo.
15' Ea Serpente lançoude fua boca a pós a Mulger agoa como
hum rio, peraquc do rio a fizell'c arrebatar.
16 E a terra ajudou áMulher, e abrio a terra fun boca , e tmgou
a o rio, que o Dragaõ de Гиз. boca lançára.
17 Entonceso Dragamfe irou conti-aa Mulher, e Ге Foi a fazer
guerra contra os demais de Ган Гетепсе, quc guardac') os mandamen.
"tos de Deus, e tem o teflemunho dejefu Chriíto.
с Ou , Fi 18 E cu me c parei (obre a area do mar.
quel.A
C-APITULO XIII.
1 was da bui Beffa com fete сидера: e dez. camas, e Imã d'el/e: firidu de mur
u , fai curadr. 4. Тоа'ща term adora a' Берл г а o Drague' par апатит : dm: mefu.
6 Jf Beffa На:/Эта comm Dem e fen: Sunflex, ejhz gum: comm :!!и. 8 Vm
ипів undo: cuja: name: n.16 2/140' qfirita; no limo do Cordeiro. n Hui outra
Befi‘a fa: du term ‚ а qua/firth: dum uma; /èmelbwtes a o! da Cerdeira, т.ч.:/2:
zia а: abra: du primeira Beßa. 13 Fax, grand” findes, e engana o: moradora da
term, dc maneira que fãzímo' [mi imagem, pang”: tada: а adanwfim. 16 E filz,
ur todas tama/fem Ьит final , ок тнт du Br/la , an fin numen, que be fei: auto:
‘ [етим ели.
r. ntonces vi l'obir do mar huã Bella que tinha fete cabeças e dez.
cornos, e [obre feus cornos dez Diademas: e fobreíuas cabe
gas hum nome dc blasfemia.
z Ea Beita que vi, éra í'cmelhante a hum leopardo, cfeus pés
como [о; p51] de hum urfo, e (ua boca como a boca dc hum lcaõ:
e о Dragaõ lhe deu. fua potencia, e feu thi-ono, c grande poder.
3. Е
' D E s. ]о A б. Cap. xm. „:
; Е vi huã de (uas cabeças como ferida de morte, mas fua cha.
Vga mortal Foi curada : e maravilhoufe todaa terra apos a Beita.
4. E adoráraõ a o Dragaõ que á Beita déra o poder; eadoráraõ ã
Beita, dizendo , (Mem he femelhante á Beita? quem poderá con
tra ella combater?
5 Efoi lhe dada boca pera Falar grandezas, e blasfemias , e foilhe
dada potencia de iíl'o Fazer quarente e dous meíes.
6 Е аЬгіо (ua boca em blasfemias contra Deus , pera blasfemar
feu nome, e feu Tabernaculo, ea osquenoceo habitam.
7 E foi lhe dada [pare/fade] peta fazer guerra contra os fan&os,
e vencelos: tambem lhe foi dada potencia lobte toda tribu , e lin
goa, cnaçaõ.
. 8 E todos os que habitam (obre a terra a adoraráõ , cujos nomes
naõ eí'tam efcritosn'o livro da vida do Cordeiro, que defda fundaçaõ
do mu ndo foi matado.
9 Sc alguem tem ouvidos, ouça.
to Se alguem leva em cativeiro, em 'cativeiro ferá levado: fe al
gucm â cfpnda matar, he neceffario que á efpada feja matado. Aqui
effáa paciencia e a Fé dos fanátos.
t t E vi outra Bef'ta que fobia da terra , aqual tinha dous cornos
femelhantes a os do Cordeiro: e fallava como o Dragaõ.
la E ufa dc toda a potencia da primeira Beffa em fua prefença :
e faz que a terra» e os moradores d'ella adoraõ á primeira bci’ca1
cuja chaga mortal Fora curada. _
1 E 'Faz grandes limes , de maneira que ate' do ceo faz десен:
der égo á terra , diante dos homens.
14. E. en ana a os moradores da terra , com os [inaes que diante da
Beita lhe отб dados que fizefle , dizendo a os moradores da terra
que fizeflem huã imagem á Beita ‚ que a ferida da efpada recebera,
e tomou a viver.
x; E foi lhe dada [рые/гие] que defl'e alma â imagem da Bc
íta , paraque tambem a imagem da Beita fallafl'e, e fizefle que'fof- “о… M":
fem mortos todos os que a imagem da befia naõ adorafl'em. "/f'm'
16 E faz que a todos , pequenos e grandes, ricos c pobres,
livres с fervos, hum final em fua maõ direita, ou em fuas tefizas
defl'e.
17 E quc ninguem pudefl'e comprar , ou vender, Ге naõ tivefl'e
ofinal , ouonome da Beffa, ouo numero de feu nome.
18 Aqui eflá a fabedoria: quem tem entendimento , conte о
‹ Yyy z ' nume
„s APoCALirsa
numero-da Bella: porque numero de homem be; el'eu numero he
feis се11105е fellenta eleis.
CAr'ITULo XIV.
l., Ниі ‘ui/215 do Cordeiro no monte de Sioâ. a Hui comigo nova no ceo., а qual nin
guempode aprender fenaö o: fle Cordeiro. 1|. E/le: _ßó virgen; ‚ e [сдаёт „ , са,-
dei". 6 Нит Juju von pela meja :lo ceo, e eunngellzao Euangrllio eterno. 8 А”
quem [ские bum outro Anjo que prophets-La а cabal.: de Babilonia. 9 E Ьтт rerceira ,_
que аты” ‹: o! que ¿dormí a Беда, “Лк/1111111077146, com califfo eterno. | 1 Е.:—.
borra o: Jandia: а paciencia , ecerrlßca or que marrem ст o Senhor da jiu jàl'w
[115. 14, Арнем bum/obre hui r/uz/cmbmnm, a emo/lo com bui coran de aura, c.
cm Гид тао' bui fonce, quem atb.: mandado de [стри- /и4 foute em [гда madura.
17 Aimln fle Imm Anjo do lem/:lo de ceo com outra fonce, que athis man (aio de
'vendimar os miba: de шас/1.1 d.: terra. 19 @e lança no lugar du :rade Deur., quo»
fc prf.; are We ‘heglnjiwgue а effrayer dus car/Allos.

1- Е ntonces olhei, e eis que o Cardeino ellava I'obre о monte de.


:'O“’F"”' de feuSiaô', e com
_Pac ern fuas elle centoe
a teltasv quarenta
tinhaô elcrito.e quatro mil, que 0 nome
ffl 2» Е ouvivhuâ vozr do ceo como о roydo de lmuitas agoas, `e со
ьощддт mo o broydo de hum grande trövaô :. e ouvi hui voz. de tangcdorœ
Je,”10,40. de harpas, que com luas harpas tangiaô.. ’
; Е cantavaô como huâ cantiga nova- diante do throno,4 e diante>
dos­ quatro Animaes, e dosy Anciaôs: c ninguem podia aprender a
cantiga, lenaö os cento e quarenta е quatto mil, que dfentre os da'.
terra Foraö; compilados. _ .
4 Elles laöos que com mulheres naö Гад contaminados: porque.
faö virgens. Elles l`amfos que legucm a o Cordeiro para onde quer
que For. Elìesläm os que d’entre os homens lorani comprados [ parl
primicias pera Deus, c_pera o.Cordeiro'. _
5 Eengano le naö achou ern lua boca: porquanto ell-a6 fem шап—_
çha diante do throno de Deus. .' _ ,
6 Е v_i outro Amo, que pelomeyo do ссо hia voando, c tinhat
o Euangelho eterno, peraqueaos que habitam-lbbreaterra, c atoda.
nagaö, e tribu, e lingoa, с povo euangelizaile. _
7- Dizendo com grande_vi>a, Temci a Deus, e dailhe gloria:
porque vinda he a hora de leu jwzo. E adoraea aquelle que fezoceo.
с aterra, omar, e as fontesdas agoas. _ __ ; _ _
8 Е leguio _o outro Anjo, dizendo, Cayda he, cayda he Babilo.-`
nia, aquella grande cidade, porquanto a todas as naçoês deu de be
berdoyinho dairadelua fornicaqaô. 2 Е,
‘DE SeIOAÖ. Cap.XIV. и;;
9 Е 0 terCeiro Anjo os feguio , dizendo com grande voz , ie al
uem adorar a Befta ea fua 1111agem, e о [inal em [ua tcfta, ou em
ua таб tomar:
1o Tambem o tal beberá do vinho da ira de Deus, que puro eil-.í
langado no copo de Гиз ira: ecom Fogo e enxofre ferá atormentadov
diante dos fanâtos Anjos, ediante do Cordeiro.
11 Е o fumo de leu tormento ГоЬі pera todo (empre ja mais : c
nem de dia , ncm- de noite tem repoulo os que á baita c a Гид ima
gem adoraô , е qualquer que o linal de feb nomey tomar.
u. Aqui cftá a paciencia dos fanátos : aqui eílaô os que guardam.
os­ mandamentos de Deus, e a fé de jefus.
13 Е ouvi Ешё voz. do сео, que me dizia , Efcreve : Bem-aven
turados os mortos, que morrcm emo Senhor , d’aquipor diante: Si,
diz o ЕГрігію : peraque defcanlem de leus trabalhos , е iuas obras.
os feguem. "
14. Е olhei , e eisaqni huâ nuvem brancal , e fobre a nuvem аГ
fentado hum femelhante a o Filho do homcm, que tinha fobre Гиа
cabcga huäcoroa de ouro, e em fua шаб huá Гоисе aguda.
:; Е fabio outro Anjo do templo , bradando com grande voz a»
aquelle que ГоЬгс a nuvem efìáva aflentado, Langa tua fouce, e Ге
ga: porque veio a vos a- hora de fcgar: porquanto ja a fegada da [ег—_
ra elta madura.
16 Е aquelle que fobrea nuvem eftáva afl'entado, lançou fuafou.
ce fobrea terra, e aterra Гоі fegada.
17 Eliihio do templo que cibi4 no ceo, outro Anjo, que tambem'
tinha hui fouce aguda.
18 Е fabio do altar outro Anjo, que tinha poder ГоЬгс o Fogo,
e bradou com grande voz a 0 que tinha a fouce aguda , dizendo ,.
Langa tua Fouce aguda, e vendimaos caghos da vinha da terra: por
que maduras eftarnja íuas uvas. .'
19 E langou o Anjo lua fouce na terra, e vendimou a vinha da
c Ou, Lage,
terra , elançou a no grande ° lagar da ira de Deus. onruóu ‚ он
zo Е Гоі pifado о lagar Гога da cidade: e ГаЬіо fangue do lagar dorm: , e и];
все os freyosdos cavallos, por mil eieis centos eůadios.. no 'ver/u [в
дити

УП ; Св
544. _ APOCALIPSE
CAPITULO XV.
х Jpnrmmfm Afijn que tinhaâas [тим-‚„„рмдм. z E Ьчт тп de „м,-„ ‚ арду ‚1,
ты! :[Iámó com harp# е_: que тиши-лба Be/Ía. 3 Ща lauwo'a Deutejnujuizn,
5 O trmpln на на fe ab", 6 D'fmie шт …! Anjo: com 'ne/hda! re/plnndecemef.
7 ,l quam foraö dadas fete дп,-4111: cbm: im de Dew. 8 о „mi/afg си
:be dafumad.: mage/fade de Deu/s. ­

1 vi outro final no ceo, grande e admitavel, [а [aber] fete An


jos, quetinhaôas fete ultimas ptagas: porque por ellas he a ira
de Deus conlumnda.
2. Е vi como hum mar de vidro melturado com Fogo: e a os que
tinhaö alcangado viëtoriada Bella, e de Гиз. imagem, е de feu final ,
[с] do numero de feu nome, que ellávaô apar do mât de vidro, etim
hao as harpas de Deus.
Ecantávaôacantiga de Moyfes, fervo de Deus , e a cantiga do
Cordeiro, dizendo, Grandes, e maravilhofas fam tuas obtas,S-:nhor
DeuSTodopoderofo: Teus caminhos, óRey dos fanëtos, famjuítos
e verdadeitos.
a Ou , Eu 4 @am te паб temetá, oSenhor, спада magnificatá teu nome?
granieten'.
Porque tu (ó es ianóto: peloque todas as naçoês vitaôe diante de ty
adoratáô : porque manifeftos iam teus juizos.
5 Е defpois d’if’to olhci , e cisquc o templo do Tabernaculo do
teltemunho foi aberto em o ceo
6 Е os fete Anjos, que tinham as fete pragas, fahiraö do templo,
hOu , Lim
veflidos de linho Ь puto e refplandecente , e cingidos com cintos de
PO. ouro a o redor de feus peitos.
7 Ehum dos quatto Animaes deu a os fete Anjos fete garrafas de
ошо, cheas da 1ra do Deus que peta todo femprejamais vive. _
8 Е 0 templofe encheo do fumo, da magellade de Deus , e de
fuit potencia; e nl_nguem no templo podia entrar, :ité que as fete pra
gas dos fete Anjos le пас conlumallem. '

СА
DE s: JoAö. Сар xvi. ‚45- ‘
CAPITULO XVI»
1- 11 garrafa; /ë derramaâ, aaprimeirafabreanrra. 3 А /ègunla ет отм. 4, ‚‹
пгиіт folm- а: гім, porque a jußifa de Deaußi lauf/ada. 8 А quartafoâre afal.
lo А quinta fabre a cadrira da Brßa , e tam mda a: bomen! f2 пид erregenden».
n A ferm /bóreo Eupbrnru. 13 Tm' rf/liritor immundax, fame/kann: а rnñ:
van' a n Ксу: d4 terra , per.: o: ajuntarpam bam/lm. l ; НиіцтосгЪтрао'рет velar.
17 A [тп… !“"ф/д derrama no ar, e rudo f/Ín' acabada. :! В:]сеиіе jblm
u lao/nm: hulì grande jàraiva , for mj.: tarifa blaffenmâ ‹: Бет.

1 ntonces ouvi hui grande voz do templo, que dizia a- os fete


Anjo: Ide, e derramae fobre a terra as [[т:] garrafas da ira
de Deus. ,
:. Е foi o primeiro, e derramou fua garrafa fobre a terra: e fez
Ге huä praga má e doñofa {obre ~os homens que o final da bella tin
haô , e (obre os que fua imagem adorávaö.
; Е derramou о fegundo Anjo Гия garrafa em o mar, о qual fe
converteo em fangue como de hum morto, e toda alma vivente mor
reo em omar.
r4. E derramou о terceiro Anjo fua garrafa fobreos rios, efobreas
fontes das agoas , e converréraô fe em langue
Eouvia oAnjodas agoas que dizia, Juftoêstu, oSenhor, ще
és, e Que eras, e @le has de fer: pois tal juizo ñzefte.
6 Porque o fatigue dos Sanéìos , e dos Prophetas derramáraö,
lhes delle tu tambem a beber fangue. Porquanto diffu [am dignos.
7 Е ouvi a outro do altar, dizendo, Porcerto, ó Senhor Deus
Todopoderofo, que verdadeiros e juíìos {àô teus juizos.
8 Ederramou о quarto Anjo Ша garrafa fobre ofol, e foi lhe
dada [ ритме,] ue a os homens com fogo = abrafalfe. nou, ”ЁЁ/'
9.Е os homens oraö abrafados com grandes calmas, e blafphe. діте
máraöa о nome de Deus, que fobre cflas pragas tem poder: e naô
fe arrependéraò, pera lhe darem gloria.
lo Е dcrramou о quinto Anjo fua garrafa fobre o throno da Be
lla, efeu reyno fe fez tenebrofo, e de dor ь maßigávaö Гааз lingoas. ъ Симт
л Е рог caufa de fuas penas, e de fuaspragas ao Deus doceo 4W»
blasfemáraö: ede fuas obras fe паб arrependéraô. ^
12. Е derramou o feillo Anjo fua garrafa fobre о grande rio de
Euphrates, efua agoa Ге Гссоирега, que Гс aparelhaffe о caminho a
os Reys , [que шта] da ° parte donde Ге levanta о fol. св. lfm-»tf
tg Е vi [ßibirjdaboca do Dragaó, edaboca daBeiln, edn boca f“
do falfo Propheta, tres efpiritos immundos , femelhantes a rañs.
14. 1,01--A
54.6 APOCALIPSE
14 Porque Гат еГрігісоэ де demonios, que Гнет finaes , que гас…
a os Reys da terra, e de todo o mundo, a. os ajuntar pera a batalha
d’aquelle grande dia do Deus Todopoderof'o.
1 ; Eisque eu 'venho como ladraô. Bemfaventurado o que velan
do eftá, е luas veliiduras guarda, peraque naô ande nuo, e vejam
fuas vergonhas.
'16 Е ajuntáraô os no lugar, que Ге chama em Hebreos Arma.
gedon. '
17 Ederramou o fetimo Anjo Гоа garrafa no ar: е fabio hui
grande voz do templo do ceo , do throno, dizendo, Fcito he.
18 Е Ге ñzêraö relampagos, e vozes, e trovoe's: e Foi Feito hum
grande tremor de terra, tal tremor, e tam grande, qual пипса Гоі
eito defpois que os homens eitiveraô ГоЬге a terra.
19 E a grande cidade Ге dividio em tres partes, e as cidades диз
rGentes cairaö: e a grande Babilonia veyo em memoria diante de
Deus, pera lhe dar о copo do vinho da indignaçaö de Гиз ira.
zo Е toda ilha Fugio, е os montes Ге naô açháraô.
zr Е деГсепдсо до сео iobre os homens hui grande faraiva, со.
то де реГо де hum talento: е blasfemáraô os homens a Deus рог
' .caula da praga da íaraiva: porquanto a praga éta muy grande.,

CAPITULO XVII.
\

1 Hum J’aqufllrxjìte.,4nja.r lena o Apo/lola a bum afg/iria, l [be тиры ‚: grand,


famiradora de Babi/ama , aßìmadajbßre bui ВИА: vermellm de jŕte саде“; „{“
comu. 4. Seu wejiido, ata-via, с crucldade. 7 Exp/:rafßö da mjŕ'kria da Bc
jla, darfërecabefai. п. Edordrzwrnar. 15' Da: aguas. 16 Emma ”“ЪК“!"
da а fornitadam. 18 Afm declara фит be a förnicadarq.

1 veyo hum dos fete Anjos, que tinhaô as fete garrafas,’e Fal
10u comlgo’ 'dilendomca уе… › e mOÍÍrarte ei acondeñaçam
da grande Fornitadora , que eflá afientada ГоЬге 1111111213 a oas.
z Com a qual Fornicáraö os Reys da terra, e os moradores da,
terra Ге embebedáraö com ó vinho de Гия fornicaçaó.
E levoume em efpirito ahum deferto, e vi huä Mulher allen
аОц , Pur- tada ГоЬге huá Вейц de cor de l graä, que еГЬіча с11еа de Потсз де
para. blafphemia, e tin'ha Íete cabeças, e dez cornes.
4 E a Mulherefláva vcñida de purpuraede graâ, eadornada com
__ 01110, е cc-m pedras preciofas, ecom perolas, etinha em 1112111261105.
`сора. де ouro theo das abominaçcês e da gugidade de fuafornicagaö.
5 Е
___—‹ _ ...... ___—___." . ,- —
__-...___.___

D Е s. Jo А ó', Сар. XVII. ,-47


. 3 E em f'ua tefh'l éra hum nome efcrito , [а [aber] МуіЪсгіо`
‘ a grande Babilonia , a maê dos fornicaçoês e abominaçoês da terra. '
6 Е vi que а Mulhcr eltáva bebada do langue dos Sanëtos , e do
fangue dos Martyres de jefus. Е vendo a eu , maravilheime com gran
de admiraçaô. _
7 Е 0 Anjo me dille: Porque te maravilhas `? Eu te direi о mylìa
­rio da Mulher, e da Bella que a traz , que tem lere -cabcças с dez
comos.
'8 A Beůnquevilìe, Foi, eja naö he: ehade fobir do abyl'mo, е
- Íir Ге a perdiçaô: e os moradores da terra , ( cujos nomes naö eltam
efcritos п’о livro da vida defda Fundaçaô do mundo) Ге maravilharám
vendoaBellaque éra, e ja naô he, ainda que he. .
9 Aqui ha fcntido que tem fabedoria. As (ete cabeças fam lere
'montes , fobreos quaes a Mulher сша allentada.
1o Е faô [тупит] lere Rcys: os cinco fam caidos : о hum ja
'he-, e о outro ainda naô he vindo; e quando vier, convem que b ñ“ bOu, Вип
чиерогЬпт pouco de tempo. ‘ А """ "тгт
1 1 Ea Bella que éra , e ja naô he, elta he tambem о oitavo [18:7]
'e he dos Гесс , ele vae á perdigaô.
и. Е os dez cornos que ville , faö dez Reys , que ainda паб со
megáraö a Reinar, porem tomaô potencia como Reys em hum mel1
mo tempo juntamente com a Baila. _
l; Elles tem hum mefmo confelho, e daráô fua potencia e au
'thoridadc á Belta.
14. Elles combateráö contra о Cordeiro: mas о Согдеіго os ven- l
cerâ: (porquanto elle he о Senhor dos fenhores, e o Rey dos ­reys)
e os que com elle eftaô, [Тат] os chamados, e eleitos, eñcis.
l; Е дііТе me, As agoas que ville, l'obre as quacs a Fornicadora
fe all'enta, lam povos, е multidoês, e mçoês, e linguas.
16 E os dez cornos que na Bella ville, G16 os que haô de abor
recer á Fornicadora, e-a Faráô allblada, e nua: e comcníô (ua car
ne, e a queimaráö com Fogo.
17 Porque Deus pos em l'eus coraçoês que Façaô coque aelle lhe C0“ »d 51M
agrada, e que fejam de hum mefmo confentimento , ‘e que dem ”“”“ "
feu Reyno á Bella até que as palavras de Deus le cumpraô.
18 Е aMulher que ville, he a grande cidade, que tem o Reyno
~(obre os Reys da terra.

Zzz См '
5-48 APOCALIPSE

CAPI'ruLo XVIII.
| Hum Anjo дфмн: da ceu , :Je now anuncia а мы… da grande Bubilom'u. 4. Hui
exhormpao' que а pava de Der“ fabiße d'ella. 7 Centra [к.к/джинсы , e que jun
г.ппгте [he vimó [ma сит/113% 9 Блит hum grande ритм рог alla , as Re):
merca/lares, e nmrmhezrru. zo Forum ограда; ¿fervor de Вет/е goLnô e ale
gmo'. :! Сат bui grande ,vedra Invitad.: ил mar predil» bum Anja л extrem.: ca
bida da BJlulania. 2.2. E ¿rc/.1m que ninlmm ¿r1/Immune: de gozo/2mn" mais ет
‚Ц„ „т.т. 2.3 Parjìlufeitifuriu ¿crue/dad: contra а:12111305. '

1 Е despois d`eftas coulas vi outro Anjo que defccndia do ceo com


grande potencia , e a terra foi alumiada de (ua gloria:
2. Е. bradou fortemente com grande voz , dizendo , Caida he,~
а-Оидпаг- caida he a grande Babilonia, c feita he morada de demonios, c & гс.
di'. pairo dc todo cfpirito immundo ‚, с о repairo de toda ave immunda.
e aborrecivcl.
3 Porque todas as gentes bebêraö do vinho da ira de Гиз fornica
çaô: e os Keys da terra fornicáraö com ella: e os mercadorœ da ter
b Ouyifm- ra Ге enriquccéraô du b abundancia de Гааз delicias.
а. 4, Е ouvi outra voz do ceo , que dizia , Sai d’ella povo meu , porque
паб fejacs participantes de leus pecados , e porque паб recebaes deV
leus calligos.
$ Porque ja feus pecados fe tcm amontoado até o ceo , e Deus fc
lembi'ou de funs maldades.
6 Tornne lhe a dar alli como ella vos tem dado , e pagaelhe em*r
dobro conforme a (nas obras : na copa cm que vos deu de beber a.
vos, llie dae ern dobro de beber aella. ‹
A7 (Диме ella Ге gloriñcou ‚ e em delicias elleve ‚. tanto lhe
dac de tormento c pratico. Porque em feu coraçaô diz , [ Со
та] Raynha cltou allentada ‚, e viuva паб Гоц, e nenhum prantov
verei. -
_ 8 Portanto cm hum dia viráô feus caltigos,I [а [aber] morte, :
p_ranto , efome, ccom Fogo ferâqueimada: porque forte hevo Scnhor
‚ Deus, queahadejulgar.
9 В а chorarám , e batendo n’os peitos prantearáô fobre ella 0s
Reys da terra, que com elle fornicáraö,` e em delicias vivéraô, ven.
do o fumo de feu incendio.
lo Eltando de longe polo temor de feu tormento, dizendo , Ау,.
ay, aquella grande cidade de Babilonia , aquella forte cidade , pois
сш hua hora veyo вси juizo.
ILE
D Е s. J о А 6. Сар. XVIII. 149
11 Е ГоЬге ella chorarám e lamentaráô os mercadorcs da terra,
'porquanto ninguem mais compra fuas mercancias.
rz Mercancía deouro, e de prata, e de pedras preciol'as, с de
perolas, е de_linho finiíïimo, e de purpura, c дс Геда, е де graam:
же dc todo pao cheirolò, e de todo iïalb de marñm, e de todo vafo
de madeira preciofilîìma, e de lataô, e дс1сг10 , e de marmore.
13 Ecanela, e cheiros, е unguentos, c encenfo, e vinho, e a
zeite, e Hor defarinha, ctrigo, ecavalgnduras, eovelhas, ест/21
los, e carros, e corpos e almas de homens.
I4 Е os fruitos do dcfejo dc tua alma Ге apartáraô de ty: e to
das as coul'as delicadas е схсс1с111е5 Ге 1с регдёгаб: е daqui pordian~
te ja naö acharás mais 1:11:15 coufas.
I; 05 mercadores d’eílas coufas, que d’ellas Ге cnriquecéraô, Ге
-iraô por longe d’ella, polo temor de 11:11 tormento, chorando e la:
mentando: -
16 Е dizendo, Ay, ay, aquella grande сідаде, que de linho 11
111111100, e 'de purpura, c de efcarlata, efìíva veflida, е com ouro
‚110111-ада, e[cam]pedras precioläs, е [сот] perolasadornada: por
queem huma hora 101116 alìblatlas tantas riquezas?
17 Е todos os pilotos, е toda Companhia dos que em naos ггг
tam , e todos os marinheiros, e todos os que 101110 0 mar contratam ,
ешё/116 de longe: ‘
18 Е vendo о fumo де 11:11 іпсепдіо, bradávaö, dizendo, le
{cidade} éra femelhante aelìa grande cidade?
It) Е lancávaö pô fobre fuas cabcgas, е bradávaô, chorando, е
lamentando, edizendo, Ay, ay, aquella, grande cidade, ern que
»todos os que no mar mos tinhaö,_ de fuas riquezas Ге vieraö :1 enri
quecer: porque em huma hora 101 allolada? '
20 Alegrate (obre ella, ceo, е mais vosoutros fanëtos Apollo
los , e Prophetaes: porque Deus tem ­Iulgado voilà caufa d’ella.
zt Е hum Forte An'o tomou huâ pedra como huä grande m6, e
lançou [а] no már, izendo, Com tantoimpeto ferálangada Babilo
nia, aquella grande cidade: e naö ferâ mais achada.
zz. Е voz ° де tangedores de 111111115, e де mulicos, e de d tange- со“. №1`
dores дей-1111111, c de toœtìores de trombeta,
ouvida: c todo artifice de qu;;lqucr officio que 11:16
feja, ferá
naö mais em em
ferá mais ty ЁЁ”-
‚„-„`;: Fzu'
ty achado: c roido де 1116 naö ferá mais em ty_ouvido. длина;.
z; Е luz de candea naö alumiará em ty mais: e voz de еГроГо е
de еГроГа naö ferâ mais em ty ouvida: porquanto teus mercadores
' Zzz :. éram
,-10 APoCALIPsE
éram os princepaes da terra, porquanto por tuas feitiçarias todas as
gentes foraö enganadas. {_
и, Еп’епа ieachou ofangue _dos Prophetas, e dos Sanétos, c_dev ‘
todos OS que Гогаб lllllïadOS 11'11 [СГГЗ

САР1Т'ЦЬ0 XIX.
x Na по [а canta .1 H.1ll¢lu.jab porvi.: da juiujabreagrand: fornicadora. f Hui
outra ш: da tbrana ждал.-г tadas а: [ег-ил de Deus а двиг , parque viuda: fui a:
bada: da Cordura, e/ua Мидии/`: remja afan/bada. 9 Baniaz'emuradaxfr digg,”
a: que a cra .Tr/hu badiußzö Mamadas. lo [миранда/е о-АроЛоіа a of Pm do
Anja, _fai prohibida dea aulrfm aáarar, [таб ]оттпаопа. l 1 juó ш na bmi
amm 111/116 bum cavallo ‘branca com bum им!/тп, que/e dcfrem. 15- Eße рх];
Над-пт da im de Deut. ló E be Rey da; rays. 17 Hum outra Anja hama a fo
ам _а: аш: реп :amer а mme da: capitan: , : das outras, juntado: рту/‚"иди
guerra contra 0 que /abrea :nz/alla aß'emado e/iávil. zo Mas а ßeßße а alfa Pra.
Phetafaraó [Jugada: em o luga da figa. 2.1 E с "На ‘ffl/nja: marta :am л eff
padua
l.v defpois defi-'as coufas ouvi huä grande voz de hui grande mull.
' tidaô em о ceo, dizendo, Hallelujah; Salvaçaö , е gloriak
c honra, e, potencia teja a o Senhor noílb Deus. _
z Porque.` verdadciros ejuflos fam feus juizes, pols fezjufliça da
grande Fornicadora, que com fuafornicagaô tinha corrompidaa terra,
e da таб della vingou о langue dc (eus Геи/оз. '
‘;:Е diileraó outra vez: Hallein-jab. Е Гец fumo d’clla ГоЬе pera
i (empre ja mais.
4._ Е os vinte e quatro Anciaôs, е_ os quatro Animaes Ге lançáraô
ГоЬге (eus rollos, e adoráraô a Deus, 'queeíbíva aßentado nothrono ,
dizendo , Amen , Hallelujah,
; _P. thio huä voz do throno , dizendo, Louvaea nofi'o` Deus to
âos leus fervos, е vosoutros que otemcis, añi pequenos como gran.
es.
6 E ouvi como avoz de _huä grande multidaö, ecomo о roido
de uiuitas agoas, e como a voz de grandes trovoës, dizendo, Hal
lelu jah , pois o Senhor Deus Todopoderofo como Rey Reynou.
7 Gozemofnos , ealegremos nos, edemos lhe gloria: porque vin<
das faô as bodas do Cordeiro, e Гиз mulher Ге tem ja a arelhada.
8 Е foilhe dado que Ге villa de pano de linho Eni 11110, limpo e
refplandecente; vporque olinho ñniHîmo fam as juftiŕìcagoës dos San-­
álos.. '
9_A E .
D E s. 10 А 6. Сар. XIX. „ï
E me diffe , El'créve. Bem-nventurados aquelles que á cea das
bodas do Cordeiro ßm chamados. Difl`e me tambem: Ellas fam as.
verdadeiras palavras de Deus.
19 Eeumelancei afeus рёв pera о adorar. Eelle me dille, Olha
queo naö [Гари,] teu confetvo fou, emais deteus irmaös, que о
tcllirnunho de Jeílls tem. Adotaa Deus, porque о геіЪітцпЬо de Je»
fus-he o el'pirito de profecía.
и Е vi o ceo abetto, e eis hum `cavallo branco: e aquelle que
fobre elle eíláva all'entado, fe chamava О Eel с verdadeiro , que ju
{tamente julga e batálha.Y
11 Е leus olhos éraô­ como chama de Fogo: e [avia] fobte Гия.
cabeça muitas Diademas: etinha hum nome elctito , oqual ninguem
fabia fe naö elle mefmo.
13 E elláva veftido de huä velle tingida em langue, .e feu nome:
fe chama , a palavra de Deus.
14.. E os exercitos no ceo o feguiaô emcavallos btancos , vefìidos
dc ñniflìmo linho btanco'e limpo.
t; E de lila boca fahia huä >efpada aguda, peracom ella ás Gen
tes fetir.' porque com Vara de ferro as governata: e pifao lagar do
vinho do furor e ira do Todopoderofo Deus.
16 Е em [[на] vefle e em fua coixa tinha el'ctito elle nome,
Rey dos reys, e Senhor dos fenhores.
17 Е vi hum Anjo que сш“… dentro do fol, ebradou com gran
de voz, dizendo a todas )as aves -que pelo meyo do ceo hiaô voando,
Vinde, e ajuntae vos a cea do grande Deus:
18 Peraque comaes a (ите dos Keys, e a came dos Capitaens,
e a carne dos fortes , e a; carne dos cavallos e dos que fobte elles Гс
Aall'entaö , e a carne de todos os livres c fervos, pequenos e grandes.
19 Е vi a Bella, e os Reys da tetta, e feusexetcitos juntos,
peta t'azetem­ guerra contra”o que fobre o cavallo allentado eltáva,
e. contra` Гец exercito.
zo Mas a Belta foi ptelà, e com ella >o Fallo Propheta que diante
d’cl|a Hzêra os Gnaes, com que enganára a os que о Gnal da Bella
tomáraô, e Гид imagem adorátarn. Elles dous fotaö langajos vivos
em о lago do Fogo de enonro ardente.
и Е 0 rcito Foi motto com a efpada que l'ahia da boca do que
fobre o cavallo eftáva allentado, e de fuas carnes fe fartáraô todas.
ast aves.
Zzzg.I Cay
.gp ArocALIPsE
CAPITULO ХХ
:1 Hum Anjo Är/Èemle do ceo com а chau: da лёг/то e amarm а _]Ъыии рп mil ли
им. 4, 0r тянут., е_и que nu' adara'mâ а Br/la , a/jenm'rao'fefobre tbrcnu e
com Cbrlr'ia mil дит; тиипб. ; М.:: а rtf/laßt.: morro. 6 Вет-‚шинный; [ед
Lem al que rem parle ma primeira refurreífaä. 1 fopaisdc mil мм: foi/blu a fu
xarms. 8 Eagan.: :lenovo тиім: пасиба, е ajimta a Gag e a Марг риа gurrrl
contra а ridad: amada. 9 С.;/1130 rl'el/er e de [дням. и «eilt-arzt: Imm Ihre»
un Были, fobre qual efli'ua итти/о bram d: сир preferita filgi a terra : o cu.
и. О: morta: ¿rundet a pequena; :#45 diante de Dem, taluno: as lit/raf, [вид]}!
gada: conforme л Jim: abra. i4. А „лапе e n in ето farai [enfado: no lage ¿c
fuga com tarlo: que каб/отб мыш efrrila: no livre da pida.

I Е vi bum Anjo defcender do ceo. que tinha a chave do Abif


mo , ehuä grande cadea em Гиз maô.
a. Е prendeo a о Dragam, a Serpente antiga, que he о Diabo e
Satanás, e amarrou o por mil annos. ­ _
; Elancouoemoabifmo, e encerrou o, e fellou fobre elle: рс
raque mais паб engane as gentes , até que 0s mil annos Ге cumpraö.
Е defpois importa que feya folto por hum pouco de tempo.
4. Е vi thronos, e affentáraö le fobre elles, e foi lhes dado о jui
zo: e [ті] asalmas d’aquelles que polo tellimunho de Iefus foraô
ngOlßdOS, с pola palavra de Deus, enem aßetla, nem a Гиз ima
kgem adoríraô, nem Геи final em (ua tellas, ou em funs maös to
máraô, e com Chrillo mil annos viviáö e Reinávaô.
5 Mas o refto dos mortos naô liade refufcitar, até que os mil an
-nos Ге naö cumpraô. Ella he a refurreiçaö primeira.
6 Bem-aventurado e fanfto aquelle que tem parte na primeira re-_
farreigaô: fobre elles паб tern a fegunda morte poder', porem de
Deus, е de Chriûo Sacerdotes feráò, e com elle mil annos Reina
ram.
7 Е cumprindofe os mil annos, fera fatanás folto de Гиз pri
fam.
8 Е fahirâ a enganar as gentes que ellaö fobre os quatro cantos
daterra, a Gog, ea Magog, pera os ajuntarem batalha: dos quae:
о numero lie como a area do mar.
9 Е fubiraô fobre a largura da terra, e cercáraö a o campo dos
fanEtos, ей cidade amada: е defcendeo fogode Deus do ceo, e de-l
vorou os.
10 Е 0 Diabo, que os enganáva, foi langado no lagode fogoe
C
D E S. IO A О. Сар XXI. 55g
deenxofrc, aonde eftáa Beita e mais o falfo Propheta, с dia e 1101
te ferám atormentados pera (empre jamais.
11 E vi hum grande throno branco, e a o que eüáva alfentado
fobre elle, de спіа' ргеБсп9а fogio aterra e 0 сео: e naô fe achou“ ou» FW:
lugar pera elles.
11. Е vi a os mortos, grandes, e pequenos, que eftávaö diante
de Deus: e foraô abertos os livros: e foi abcrto outro livro, que he
o da vida: e foraöjulgados os mortos pelas coufas que nos livros cita
vaô efcritas, conforme a Гааз obras.
_ 1; E o mar tornou a dar os mortos que n’ollc eftávaö; e a morte>
eo inferno tornáraô a dar os mortos que n’elles eltávaöi с foi julgaf
do cadahum fegundo fuas obras.
14 Е оіп1`сгпо ea morte foraô langados no lago de Fogo: ella he
a morte fegunda.
15 E quem naô foi achado efcrito no livro da vida, foi lançado
em o lago de fogo.
CAPI'ruLo XXI.
[70115 № bum nava сео e bufì наш terra. z Com а Nova jerufalem como a Еда];
Je Chri/Ia ntaviada. 3 Hui ‘um da tra com grander рота/Тм. 8 Huä ammçaä
comm todo: or Madryn e derarrependldar prenderci'. 9 Ham Anja do; que tivù-.15
r11/Ere garrafu, и сил а hum alto manu e/be то,/1714 или 'jerufi/cm сат radar»
_[2141fiúrím, :gloria e moradores'. a.; Caja: parta: ßmpre c/iaó адепт. 7.7 ММ
naô а or ;и)“ e abmmaveir.

1 Evi hum novo ceo, е_ huä nova terra. Porque o primeiro сео
e a primeira terra fe tinhaido, e o mar ja naô éra.
z E eu _loaô vi a laneta cidade, a nova Ierulîllem , que de Deus»
defcendia do ceo, adereçada comoa efpofa pera feu marido ataviada.
3 Eouvihuä grande vozdoceo, quedizia, Eifaquio Tabernacu
lo de Deus com os homens, е com elles habitará, e elles feraô feu
povo, e o mefmo Deus ferai feu Deus com elles [грима.]
4. Е alimpará Deus toda lagrima de leus olhos, e naô averá mais
morte :. nem averamais pranto, nemclamor, nem trabalho: porque
as primeiras coufas fam paffadas. ^ _
5: E oque eítáva allentado fobreo throno difl'e: Eis que todas as cou~
fas Paço novas. E difleme, El'creve, porque eftas palavras faô 61315
e verdadeiras.
6 rIÉambernrnr: diffe, Feito he, Eu fou Alpha e Omega , o Prinri
pio
…. 'АРОСАЬіРЗЕ
ріо e о Fim: aqucm .river fede , de graça lhe darei da Гоше da agua.
da vida.
7 Quem vencer, herdarâ todas as coufas: e eu í'erei feu Deus, e
elle feráineu ñlho. —'
яОп,Тете-` % Mas a os * тедгоГоз, е a os incrcdulos, с a os abominavcis, «e
wf“, ”‘ fi' a os homicidas, e a os forniçadores, e a os feiticeiros, e a os idola
“"“" tras, e a todos os'mentirofos, ferá {царице п’о lago, que com fo
go e cnxofre ardendo ella: que he a morte fegunda.
9 E vcyo a my hum dos fete Anjos, que tivéraô as fete garrafas
cheas das lere derradeiras pragas, е fallou comigo, dizendo, Vern,
‹: тоі’сгагсе cil a Eí'pofa, a Mulher do Cordeiro.
чо E lcvoume em cfpirito a hum grande monte , e alto : е
шоі’сгоите a grande cidade, a fanëta _]erufalem, que de Deus do
` сео defcendia. ^ _ '
11 E tinhn a gloria de Deus: e Гиз luz [е’м] femelhante a huä
pedra precioíiílima, [4 [мг] como a pedi-a de jafpe, a о modo de
спад! rcfplandeceme.
и. Е. unha hû grande е alto muro com доте portas, e n’as por
ltris doze Anjos, e nonies n’ellas efcritos, que laô os [пошет] das
. доже lribus ~dos ñlho@ de lüaël. l

Ь 011.0…" 1 3 Da banda do'b Levante avia tres portas . da banda do Norte , tres
COU, Offi- рогшз, da Ьапда do MCYO día» ‹П'б Portas, е da banda do * Poentc,
It.

dam. [TCS POTtaS.


14 Е o muro da cidade tinha doze Fundamentos, e №115 05 по
-mes dos doze Apoilolos do Cordeiro.
.я; anuellequecomigofalláva, tinhahuäca-nadeouro, регате.
dir a cidade, е iuas portas, е Гец тиго. ,
_ 16 E n cidade efláva Íîtuada em quadro, e [[на] longura бгг.
tanta como .Гиа largura. E. medio a cidade com о сапа até dozc
mil ell-adios: e lua longura , e largura, е altura d’ella , éraô
iguaes.
17 E medio Íèu muro de cento e quarenta e quatre covados, de
а Ou, mr- medida de homem, d que éra a do Anjo.
‘ упак"? 18 Ea fabrica de {ён muro éra de jal'pe: masa cidade éra de ouro
ngz; puro, fcmelhanteavxdro clpunûîmo.
„„„/‚‚_ 19 Е, os fundamentos du muro da cidade eflávaô adornados com
… imma”, toda pedmpreciofa. О primeiro fundamento (Ета jafpe: o fegundo {à
~¢0U ‚сп- phira: о terceiro calcldonia: о quarto efmeralda:
ра…. zo Oquimo fardonix: о Гсіі‘со fardio: о fetimo chrifoliro: ooita
- vo
D Е s. JO A б. Сар. XXII. „,
vo beril: о nono topazio: o decimo chrifopralb: f о undecimo ja- {Отт
сіпю: S o duodecimo amethyíto. g Dm":
zt Е as doze portas éraö doze perolas: cadahuâ , das portas éra
de huâ perola : e a praga da cidade éra de ouro puro , como vidro
muy rcfplandecente.
zz Е. паб vi templo nella: porque o Scnhor Deus Todopoderofo
he d`cllao templo , etambem o Cordeiro.
z; E a cidade паб tem neceflidade de fol, пё de luä peraque nel
la refplandeçam: porque agloria de Deus a alumiou, e о Cordeito
he fua candea.
24. Е a gentes que Ге falvarcm , andaráô em fua luz': e a ella tra
zem fua gloria e honra os Regis da terra.
. 25'_ E Гааз portas Ге naô «echarám dedia: por quanto ali паб ave
rá noire.
26 E a ella lcvaráô a gloria , e honra das gentes.
2.7 Е nella naö entrará coula nenhuä que çuja, ou que abomina
(даб faz e mentiras [falla :] porem fomente os que no livro da vida *
do Cordeiro eûám elcritos.
CAPITULO XXII.

x. Fax' торг-Мо n o Apoßolo bum filo de «gaa da vida, иа mja pmja eßáva а aware
da vida. 3 Alguä: outra: ртр-[сдаём da: твта'оп: da nova Лифт/ет fé ¿aftre
шт. .6 А certeza c firmeza d'cßa: vg'oenuprapbnìar. 8 Paßrandojé jaag” ошт
vez, a o: рт :llo “(під ‚ ju reprendída. lo Hum mandada de m15ДЛ” aspalmera;
4.41: livro,v amdaque algun: а r/Iuaviaôdaduuzarpamjeu majarmßlga. 13 р,
clara о Clmßa que elle he в Alpha c Omega, e que [ад éema'vmfumdoxax que guar
duö Ли: mandammrn , ma: malapenmrada: o: que [лит aůamimçoms. 16 Tf/l
:Fim que mundo# feu ~Anja , pcm “тиаприд/ид Igreja. 17 A Eßmß de Chri/Ia
déja. а fun vinde. 13. Hua“ expreßîl defënjà de :auf: algun' [he: atrcfwfar au di
тітт. 20 Chri/10 "119906 опт '061, que cada ата d: vir, :acaba ‚Голд/сайта
com [які jkudaçaô Арфоіісл.
ï. . .
I Е me moftrou hum rio = uro de agoa viva , claro como cnftal, a0u,Limf«.
que procedia do throno eDeus, edo Cordeiro.
z No meyo de fua praga, e das duas bandas do rio, ePcáva aar
vore da vida, que dá doze fruitos, dando cada més Гец fruito: e as
folhas da arvore fam pera a Ъ faude das Gentes. b Ou ‚ Cum.
3 Е naö avera nenhua maldigaô contra [;;/диет :] mas n`el­
la elìará о throno de Deus , e do Cordeiro , e feus Гед-703 o Гег
\ПГдО.
А aaa 4. Е
556 APOCALIPSE
c Ou , '_1-'rau 4. Е veráô Гец rollo , e eltará em l'uas ‹ 1е11а5 Геи поте.
1er. Е naö averá ali mais noite, enaô teraô neccllìdade de luzdc сап
dea, nem de luz de Г01: porque o Senhor Deus os alumia , e pera
todo l'empre Reinarím. .
6 E me dille, Ellas palavras Габ certase verdadeiras: е о Senhor,
oDeus dos Sanâtos Prophetas , cnviou Гец Anjo, a mollrar a leus Гег
vos as coufas que cedo ham de acontecer.
'7 Eisaqui eu vcnhocedo: bem-aventuradoaquelle que guarda as
Palavras da Prophecia d’eltc livro.
8 Е eu joaöl'ou aquelleque ouvi, evi ellas coufas. Е delpois que
ouvido c villo as tive, pollreime , pera adorar ante os pés do Anjo
que ellas coulas me moltríva.
9 Рогет elle me dille, Olha que o naö [fawn] porquanto eu
Гоц teu conlervo , e de teus irmaös os Prophetas, е dos que as pa
lavras d’elte livro guardam ; Adora a Deus.
10 Dillème tambem: Naö [elles as palavras da Prophccìa (Рейс
livro : porque perto eltá о tempo. .
1 1 Qucm he injullo, lejat ainda injulto : е quem he çujo, gugeà
Ге ainda : e quem he julio, leja ainda jultiñcado : e quem he Гап
6to, leja nindalànétilîcado.
17. Ora eisaqui eu venho cedo, ecoŕnigo ellá meu galardaô, pe­
d Ou , Rf ra a œdahum d render conforme lua obra Гог.
(стр:/фи, 13 Eu Го'и 0 Alpha, e Omega , 0 Primeiro e о Всггасіеіго, о
Principio с о Fim.
14 ch-avcnturados aquelles que guardam leus „mandamento,
peraque 11’а arvoi'e da vida poder tenhaô , e que п`а cidade pelas
portas entrem. _
15 Рогст de Гога ellaráô os caens , с os Feiticeiros , e os for
nicadores, е_ os homicidas, e os idolatras , e qualqucr que ama c
comete mentira.
16 Eu Jefus enviei meu Anjo pera ellas coulas n’as Igre'as vos
telliñcar: eu lou a raiz е a delcendencia de David, a refplan ecentc
eltrclla da alva.
17 Е o Elpirito, e aEl'pofadizem, Vem. E quem ouve, diga,
ch. Е quem tem fede, venha: c quem quiler, de graça tomeda
agoa davida. _
18 Ora eu protello a cada qual queV as palavras da Prophecia d’e
ltr: livro ouve , que Ге algucm a ellas соиГаз acrecentar , Deus lhc
acrecentará as pragas que п’сі‘се livro ellam elcritas. Е
‚ 19
D E S. J O A О. Cap. XXII. 5-57
19 E (E: a] uem das palavras do livro d’eIta-Prophecia diminuir ,
Dcus lhe tiram (ua parte do livro da vida, c da fanãa cidade, c das
coufas que n”c&c livro ef’cam cfcritas.
zo Aquellc que d’cf‘tas couras da teficmunho , diz , Certamente
ccdovcnho. Amen. eAfiifejavemSenhorjcfus.
c Ou , От ,
и А graça dc подо ScnhorJefu Chrifto [faja] com todos vos vem.
outros. Amen.

Fim do Apamh'pfe de S. f O A õ , : de todooNo'va Tcßammro.


с
I1
\
.
.t l Y. : ..— ..
1 ‚. .o
f vl .
.
.
.. n nl u
. . о
’ \ I в .
l . _ ....
\. ‚
. l в o .n `в
. И....
в.
\ \
_
\
~
\
\,
_ .
т
l
f
s '
l
94: v
.
.
` .
Рю г\
\ 'n . n f ‘
\ »»\
s n . l : ‚ь. \!
'l о ..
I lo 'o ol
‘ .
’L и
' .
l o e \:
I r ца
. ч "!
l в
:
а Il с
. " \ .'
.
o
l
, ‚|.
О"
, l
o I
v
. А
( ь .
`
.
\
о
. о
и
. l
'n
l n »A ‚ .`!
. ou .. .
.
'l ,
I ‚\
o
д
о
..

S-ar putea să vă placă și