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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Banca Avaliadora:
________________________________________________
Prof. Dr. Valdiney Veloso Gouveia (Orientador)
________________________________________________
Prof. Dr. Júlio Rique Neto (Membro)
________________________________________________
Prof. Dr. Genário Alves Barbosa (Membro)
________________________________________________
Profª. Drª. Cleonice Pereira dos Santos Camino (Suplente)
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Dedicatória
Hoje e sempre, à criança que doou uma de suas córneas ao meu filho Itamar.
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AGRADECIMENTOS
Aos amigos e professores Cleonice Camino e Júlio Rique pelos ensinamentos e pela
preciosa contribuição.
Aos professores que tive durante o curso de mestrado pelas reflexões e desenvolvimento
acadêmico.
A todos os aplicadores de questionários, pois sem eles a realidade não teria sido
analisada e confrontada.
Aos ex-alunos PIBIC Viviane, Marcílio e Karla pelo companheirismo e pela ajuda em
todos os momentos.
querida Pollyane, pessoa essencial em todas as fases desta dissertação. Gratidão esta, que
ultrapassa, certamente, as linhas aqui escritas por ser, antes de tudo, o mais puro afeto.
ABSTRACT: The main objective of this dissertation was to know reactions to marital
infidelity scenarios, exploring how the constructs love and jealousy could be correlated to
these reactions. Two studies were planned. In the first study, it was made an attempt to
identify the most frequent reasons and reactions to marital infidelity in the Brazilian
context. The participants were 165 elementary, high-school, and university students from
João Pessoa, with mean age of 23.5 years. They were asked to indicate three main reasons
(motives) for unfaithfulness in intimate relationships, and three possible reactions to the act
of conjugal infidelity. The data were analysed by judges, who categorized them in
affective, sexual and moral reasons, and the reactions as forgiveness, revenge, indifference,
verbal and/or physical aggression, psychological suffering, and separation. The second
study aimed at knowing how people judged the reactions of a fictional character to
scenarios of marital infidelity, and how love and jealousy were associated to these
reactions. In this study, the participants were 307 university students, who were in a stable
heterosexual relationship, with a mean age of 23.4 years. A 2 x 2 x 2 factorial design was
used, where three factors were manipulated in the scenarios: gender of the actor-traitor
(female or male); socioeconomic status of the couple (equality or inequality); and reason
for infidelity (sexual or affective). The participants were asked to judge the most likely
reactions to infidelity by the actor-victim. They have also answered the Triangular Love
Scale, the Romantic Jealousy Scale, questions about their direct and indirect infidelity
experiences, and demographic questions (sex, age, socioeconomic status, religion, and
sexual orientation). The results evinced that the participant’s age influences the judgement
towards the reactions to conjugal infidelity scenarios, as well as the sex of the actor-
cheater. It was observed that when the actor-cheater is male there is a greater likelihood
that the woman (actor-victim) will react with forgiveness, physical and/or verbal
aggression, and psychological suffering. On the other hand, when the actor-traitor is
female, there is a greater likelihood the man (actor-victim) will react with revenge and
separation. It was verified that the separation reaction is positively correlated to the
intimacy dimension of love. Physical and/or verbal aggression reactions and psychological
suffering coherently correlated positively with jealousy dimensions of exclusion, and
negatively with the unthreatening dimension. Finally, the importance of the infidelity
scenarios for the study of marital unfaithfulness is established, suggesting new studies to
replicate these findings.
ÍNDICE
LISTA DE QUADROS.................................................................................................. 11
ÍNDICE DE FIGURAS.................................................................................................. 12
LISTA DE TABELAS................................................................................................... 13
INTRODUÇÃO............................................................................................................ 14
CAPÍTULO I – A INFIDELIDADE CONJUGAL................................................... 019
1.1 – A Infidelidade: Definição, breve contextualização histórica e evidências
empíricas.......................................................................................................................20
1.2 - Principais Razões para Infidelidade............................................................. 30
1.2.1 – Razões Afetivas e Razões Sexuais para Infidelidade............................. 31
1.3 - Reações à infidelidade.................................................................................... 33
1.3.1 – Tipos de Reações à Infidelidade Conjugal.............................................. 34
1.3.2 – Fatores Demográficos............................................................................. 37
1.3.3 – Fatores de Disposições Internas.............................................................. 38
CAPÍTULO II – O AMOR.......................................................................................... 40
2.1 - Diferentes Concepções................................................................................... 41
2.2 - Teoria Triangular do Amor........................................................................... 52
CAPÍTULO III – O CIÚME........................................................................................ 60
3.1 - Definições e Enfoques Empíricos.................................................................. 61
3.1.1 – Personalidade e Ciúme............................................................................ 63
3.1.2 – Teoria Sociocultural, Sociocognitiva e Ciúme....................................... 65
3.1.3 - Teoria Psicológica Evolucionária e Ciúme............................................. 68
CAPÍTULO IV - CORRELATOS DA INFIDELIDADE CONJUGAL.................. 73
4.1 – Estudo 1 - Razões e Reações à Infidelidade Conjugal................................ 74
4.1.1 – Método.................................................................................................... 74
4.1.1.1 - Delineamento e Hipóteses........................................................ 74
4.1.1.2 – Amostra.................................................................................... 74
4.1.1.3 – Instrumentos............................................................................. 75
4.1.1.4 – Procedimento............................................................................ 75
4.1.1.5 – Análise dos Dados.................................................................... 76
4.1.2 – Resultados............................................................................................... 77
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4.1.3 – Discussão................................................................................................ 79
4.2 – Estudo 2 - Reações a Cenários de Infidelidade Conjugal......................... 82
4.2.1 – Método.................................................................................................... 82
4.2.1.1 - Delineamento e Hipóteses........................................................ 82
4.2.1.2 – Amostra.................................................................................... 83
4.2.1.3 – Instrumentos............................................................................. 86
4.2.1.4 – Procedimento............................................................................ 89
4.2.1.5 – Tabulação e Análise dos Dados............................................... 90
4.2.2 – Resultados............................................................................................... 91
4.2.2.1 – Os Participantes e a Experiência com a Infidelidade............... 91
4.2.2.2 – Parâmetros psicométricos das medidas.................................... 99
4.2.2.2 – Testando hipóteses................................................................... 98
4.2.2.3 – Reações a Cenários de Infidelidade, Amor e Ciúme................ 103
4.2.3 – Discussão................................................................................................ 106
4.2.3.1 – Parâmetros Psicométricos........................................................ 107
4.2.3.2 – Principais Resultados............................................................... 109
CAPÍTULO V – DISCUSSÃO GERAL..................................................................... 126
5.1 – Quanto às Limitações das Pesquisas................................................................ 129
5.2 – Quanto aos Principais Resultados.................................................................... 130
5.3 – Aplicabilidade e Direções Futuras................................................................... 135
CAPÍTULO VI – REFERÊNCIAS............................................................................. 142
ANEXOS
1 – Questionário de Razões e Reações à Infidelidade
2 – Cenários de Infidelidade
3 – Escala Triangular do Amor
4 – Escala de Ciúme Romântico
5 – Questionário Sócio-demográfico
6 – Termo de Consentimento Livre Esclarecido
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LISTA DE QUADROS
ÍNDICE DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
INTRODUÇÃO
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na mídia em geral. Porém, embora seja tema de constante discussão e atenção no âmbito da
clínica psicológica, poucas pesquisas empíricas têm sido encontradas a respeito no Brasil.
Por exemplo, em consulta ao Index Psi não foi encontrado nenhum artigo original
publicado nos últimos cinco anos em que aparecessem as palavras infidelidade e/ou
sexual da população brasileira, coordenado por Carmita Abdo (Abdo, 2004; Abdo & cols.,
temática da traição conjugal não é a questão principal, mas sim comportamento decorrente
da sexualidade humana.
intensas, que requer, antes de tudo, uma investigação com todos os cuidados plausíveis,
possibilidade de vivenciar uma história real de infidelidade (Becker & cols., 2004; Buunk
& Dijkistra, 2004; Chang, 1999; Egan & Angus, 2004; Goldenberg & cols., 2003;
Mileham, 2007; Previti & Amato, 2004; Schützwohl, 2004; Shackelford, Goetz & Buss,
Pode-se dizer que, tanto para os homens como para as mulheres, o ato da
& Bennett, 2002), com extremo sofrimento e com uma árdua prova para uma convivência
empíricos sugerem que o sofrimento das mulheres não é maior que o sofrimento dos
homens e, embora os casos extraconjugais possam ser uma atividade dissimulada e, mais
freqüentemente secreta, estima-se que no curso de uma união cerca de 30 a 60% dos
homens e 20 a 50% das mulheres cheguem a trair seu cônjuge. Entretanto, os autores
enfatizam que apesar das estatísticas indicarem que homens traem mais que as mulheres,
aqueles têm tipicamente um maior número de casos extraconjugais por não haver
pessoas com algum tipo de sofrimento psicológico, com baixa tolerância à frustração,
estudar a infidelidade entre os casais, sendo algumas com ênfase em variáveis mais
societais (por exemplo, influência cultural e/ou religiosa) e outras mais individuais (por
Em alguns estudos sobre esta temática, têm-se relatado razões sexuais e razões
afetivas como as principais motivações para se cometer um ato de infidelidade (Becker &
cols., 2004; Schützwohl, 2004; Shackelford, Buss & Bennett, 2002). Quanto às reações,
verifica-se que quando uma pessoa descobre a traição de seu(sua) companheiro(a) uma
como as pessoas julgam as possíveis reações a um ato de traição. Para tanto, busca-se
traição. Também são apresentados fatores de disposição interna, todavia, estes são
discutidos com maiores detalhes nos capítulos posteriores por se tratar, na presente
dissertação, das variáveis propostas como explicativas das reações à infidelidade conjugal.
as com a infidelidade.
correlacionam com tais reações. O método referente aos dois estudos englobam os
procurando descrever os principais achados avaliados por meio das variáveis de interesse e
ainda as discussões correspondentes aos resultados dos estudos acima citados. Finalmente,
expõe-se no Capítulo V uma discussão geral da presente dissertação. Nesta ocasião serão
1 – A INFIDELIDADE CONJUGAL
empíricas.
extremamente complexo, com uma série de conflitos e desafios, entre eles, problemas
financeiros, diferenças de personalidade, porém o que talvez assuma maior ameaça à união
conjugal seja a infidelidade (Shackelford, Goetz & Buss, 2005). Nesta perspectiva, a
duradouro, e pode ser cometido por solteiros ou casados que possuem uma expectativa de
cometido pelo homem não acarretaria este valor de risco, pois a genética materna não era
comprometida (Shackelford, Buss & Bennett, 2002). Tal posicionamento está vinculado à
levantamento teórico, não apenas contemporâneo, mas histórico, considerando que este
fenômeno é tão remoto quanto à própria existência humana. Embora a presente dissertação
não tenha como finalidade maior desenvolver uma discussão mais aprofundada acerca da
Até o século V, quando a Igreja ainda não interferia na celebração das núpcias, a
união dos casais era um ato privado ocorrido entre os nobres, com a função de transmissão
da herança, de títulos e a formação de alianças políticas. Por ser considerada como parte do
esposa transgressora (Araújo, 2002). O amor esteve presente na literatura ocidental pelo
menos desde o século XII, período em que o casamento passou a ser influenciado e
O amor conjugal, mesmo com raras exceções, tinha por função, em todos os níveis
da sociedade, unir duas famílias para que elas se perpetuassem muito mais do que
sexualidade era vivida com prazer (Araújo, 2002; Féres-Carneiro, 1998). Pelo menos até a
Revolução Francesa, momento ainda regido pelos preceitos da moral cristã, a sexualidade
era limitada à procriação; qualquer método contraceptivo era proibido e toda atividade
sexual fora do matrimônio era considerado pecado. Apenas a partir do século XVIII este
opostas, são aproximadas, impondo aos cônjuges que se amem ou que pareçam se amar e
que tenham expectativas a respeito do amor. Desta forma, o erotismo extraconjugal entra
Araújo (2002) destaca que a união que associa amor, sexualidade e casamento é
uma invenção da era burguesa e, com ela, surgiu um elemento revolucionário, pois
proclamava uma nova ordem das coisas, uma mudança radical dos valores até então
afetividade (Araújo, 2002; Bystronski, 1995). Para Gomes e Paiva (2003) os movimentos
familiares da época. A desestabilização social causada por este panorama, junto com a
satisfação pela conquista do que pode ser encarado como independência, crescimento e
movimento em direção a uma vida mais livre e melhor, gera também ansiedades, dúvidas e
equívocos, afirma Bystronski (1995). Logo, como mencionam Gomes e Paiva (2003):
casal. Essa evolução aconteceu a longo prazo, mas conheceu uma aceleração decisiva nas
ocorreu com as reformas do Código Penal Brasileiro (Lei Nº 11.106, de 28/03/2005), onde
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foi revogado o art. 240 que previa o crime de adultério, cuja pena variava de 15 dias a seis
freqüentes as pesquisas sobre o comportamento sexual das pessoas. Por exemplo, no Chile
em 2000, um estudo nacional sobre o comportamento sexual desta população revelou que
masculina em quase 14%, por outro lado, em relação às mulheres esta concordância
diminui para 6%. No Brasil, dados recentes, descritos no Estudo da Vida Sexual do
Brasileiro, apresentados por Abdo (Abdo, 2004; Abdo & cols., 2002), compara a
Como pode ser verificado no quadro acima, dos 3.740 homens que participaram
da pesquisa, 50,6% admitiram estar tendo ou já ter tido uma aventura amorosa. No caso
das 3.106 mulheres entrevistadas, 25,7% confessaram, na época que as informações foram
também que o grau de infidelidade entre os sexos varia de uma região para outra, conforme
apresentado no Quadro 2.
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A partir dos resultados da traição nos diferentes estados brasileiros, descritos neste
quadro, é possível constatarmos que é na Bahia onde os homens, em geral, são mais infiéis
19,3%, respectivamente). O Pará chama a atenção pela discrepância. Ali, 62% dos homens
já foram infiéis, comportamento observado em apenas 20% das mulheres, porém Abdo
adverte que por se tratar de uma região onde as pessoas não estão acostumadas a participar
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de pesquisas sobre a sexualidade, alguns podem estar mentindo por vergonha, outros
exagerando para se mostrar viris. Além disso, no que se refere às regiões participantes, a
satisfação com seus relacionamentos “oficiais” e até mesmo o nível de “ousadia sexual”
dos indivíduos, podem contribuir para tais variações entre um estado e outro.
Faz-se mister destacar que no Estudo da Vida Sexual do Brasileiro, a amostra foi
composta em sua maioria por pessoas da região Sudeste (56%), com características
região Nordeste. Além do mais, não houve a delimitação da opção sexual e do estado civil
referentes ao passado (se já traiu antes) como ao presente (se está traindo no momento).
Aliás, um último e principal ponto a ser enfatizado é que, dos 13 estados participantes da
pesquisa realizada por Abdo (2004), a Paraíba, semelhante a outros estados das várias
regiões do Brasil, não foi contemplada. Fato este que torna as aspirações da presente
contexto sobre a traição. As diferenças entre os sexos são claras; a primeira delas
sexual feminino, bem como o masculino, tem uma base hormonal. A testosterona é o
explica as flutuações do desejo nas diversas fases do ciclo menstrual feminino. No entanto,
No orgasmo, também ocorrem diferenças quanto ao gênero. Uma vez que o orgasmo
masculino está ligado à ejaculação, ele tem por característica a funcionalidade, sendo a
vinculado à zona erógena, como no masculino, ligado ao pênis, sendo imprecisa a sua
Para Parisotto e cols. (2003), com relação às estratégias sexuais, e sob a ótica da
concepção evolucionista, três diferenças básicas universais entre os sexos foram detectadas
lembram que isso não quer dizer que as mulheres não valorizem os aspectos físicos; elas
também o fazem, todavia menos do que os homens. Em seu estudo sobre a sexualidade e
conjugalidade das relações de gênero na França contemporânea, Bozon (2003) aponta que:
homens são mais numerosos ao dizerem que a vontade de ter a relação era igualmente
b) as mulheres que têm filhos pequenos acham que as relações sexuais nesse
freqüentemente continuam a vê-las como uma atividade igualmente desejada por um e por
outro. Bozon (2003) explica que “as coisas se passam como se as mulheres achassem que
seu desejo pessoal e sua participação ativa fossem menos indispensáveis à vida sexual do
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casal” (p.145). Os homens, por seu lado, declaram com mais ênfase do que suas parceiras
que o desejo é compartilhado. Contudo, o autor ressalta que isso não indica,
c) mesmo nos casais estáveis, que fundam uma família, as divergências em relação
freqüência das relações desejadas, são um fato corriqueiro, deste modo é ilusório acreditar
que o fato de viver junto conduza os cônjuges a criar um universo comum de sexualidade;
d) o desejo masculino e o desejo feminino não são simétricos num casal. Nas
representações corriqueiras, uma mulher pode dizer que não tem desejo, sem que sua
identidade social sofra por isso, especialmente depois que ela se tornou mãe. Mas a
uma espécie de consenso em considerar que o desejo masculino tem mais direito a se
e) a maioria dos homens acredita que se pode ter relações sexuais com alguém sem
estar apaixonado, enquanto as mulheres desaprovam esta idéia. Também, a maioria dos
homens pensa que pode ter aventuras sexuais durante o casamento, do mesmo modo que a
atração sexual leva forçosamente a transar com alguém e que pode haver amor sem
muito mais que os homens, mostram-se chocadas com as trocas de parceiros, tanto quanto
com a pornografia. Enfim, Bozon (2003) adverte que enquanto os homens são vistos como
serem possuídos.
sexuais como sendo o ideal de amor, as mulheres não vêem estas variáveis como parte
lo, mas calcula o que vai acontecer ou inventa um novo. Por outro lado, o cérebro feminino
envolvimento emocional.
Mais uma peculiaridade sobre as relações de gênero, destacada por Borges (2005),
carreira exige-se dela persistência na obtenção de seu sucesso, no território do desejo ela
autora.
Apesar dessa constatação, Ramos, Carvalho e Leal (2005) afirmam que muitas são
modificação no modo como são vividas as relações e práticas sexuais das gerações
ulteriores.
Não obstante, é essencial salientar que esta dissertação não traz como principal
intenção uma exposição detalhada sobre as questões de gênero. Estas não são consideras
como uma variável de estudo, mas analisadas enquanto elemento absolutamente intrínseco
das relações heterossexuais, ou seja, as questões de gênero são subjacentes ao próprio ato
de infidelidade entre homens e mulheres, sendo, portanto, parte da natureza humana, não
apenas de caráter biológico, mas social, político e econômico. Tratar das questões de
gênero como variável de estudo acarretaria em uma discussão minuciosa sobre, por
exemplo, o sexismo por abordar uma forma de preconceito existente dentro do contexto
social, onde as mulheres, apesar de serem consideradas puras e frágeis, buscam controlar
os homens através de seus atributos sexuais (Glick & Fiske, 1996). Logo, este construto
dos principais componentes que desestabiliza a vida dos casais e, por conseguinte, tema
científicas têm sido encontradas a respeito. Na seqüência, são apresentadas variáveis sobre
a traição que, de acordo com a consulta realizada ao Index Psi, não são evidenciadas no
cometer um ato de traição. Alguns destes motivos são apontados por Blow e Hartnett
social principalmente para os homens), fatores biológicos (idade, sexo), fatores subjetivos
financeira, emprego).
preferências masculinas mudam nessa fase do ciclo (busca por homens com características
psicossexual, a infidelidade não seria esperada, visto que na cultura ocidental, a traição é
autores.
(1997) salientam que é no primeiro ano de casamento que o comportamento infiel é mais
comum. Além disso, em geral, os homens tendem a julgar o caso extraconjugal masculino
como mais justificável ou aceitável do que a traição de uma mulher (Whitty, 2005).
De acordo com Buss (2002), o “desejo” atua neste contexto, como determinante de
quem atrai e de quem seduz, conseqüentemente, influencia nas táticas de atração onde é
possível satisfazer tal desejo ou contrariá-lo. Atender ao desejo e poder manter o parceiro
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fixo nesta relação significa continuar o compromisso. A não satisfação gera a separação do
casal. Este autor salienta que os seres humanos possuem notável criatividade para
combinar estratégias em relacionamentos amorosos, por isso não é incomum que pessoas
que investem intensivamente em uma relação estável (com filhos, projetos de vida em
desta categoria das vontades e anseios, abre-se espaço ao surgimento de causas que
ser atraído.
Neste sentido, verifica-se que são as razões sexuais e as razões afetivas as mais
freqüentemente relatadas nos estudos que tratam da infidelidade conjugal (Becker & cols.,
2004; Goetz & cols., 2005; Preveti & Amato, 2004; Sagarin & cols., 2003; Schützwohl,
2004; Shackelford, Buss & Bennett, 2002; Whitty, 2003). Diante desta perspectiva, são
infidelidade sexual e afetiva foi Alfred Kinsey, na década de 1940. Kinsey e alguns
declarar que o envolvimento extraconjugal é puramente por questões físicas, motivado por
Espanha e do Chile, composta por pessoas com relacionamento estável, verificaram através
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masculino relataram mais que as mulheres, aflição quando a traição é sexual. As mulheres
mas que não vivenciam uma relação de compromisso, por sua vez, os encontros tendem a
ocorreu. Por conseguinte, Buss e Shackelford (1997) advertem que o consumo de bebidas
relacionamentos através da Internet podem ser correlacionados a este tipo de traição por
não haver necessariamente contato visual e/ou físico, ao contrário, este ambiente
possibilita uma atmosfera emocional intensa. Estes autores destacam que na infidelidade
sexual o comportamento é motivado pelo desejo e pela experiência sexual, e não pelo
afetiva que envolve uma quantidade mínima de confiança uma vez que pode perdurar por
muitos anos.
(1997) um dos mais óbvios preditores para se cometer um ato de infidelidade. Embora
ocorram similaridades entre gêneros no que se refere à insatisfação da união devido à falta
de amor, carinho, atenção, tal descontentamento é mais enfatizado nas mulheres tornando-
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Este fato está associado com uma maior probabilidade dos homens envolverem-se
sexualmente com diferentes pessoas. Outra razão potencial para insatisfação são as fontes
de conflito existentes dentro da união. As queixas por um dos parceiros de que o outro está
evitando relações sexuais, por exemplo, podem conduzir a um suscetível ato de traição. O
ciúme, como outro tipo de conflito, pode estar vinculado com sinais que um ou ambos os
Segundo Egan e Angus (2004), aqueles que são infiéis tendem a ser cautelosos ao
discutir tal atividade. Isto ocorre devido aos elementos do comportamento que não são
modo “a infidelidade fornece meios de examinar o lado mais escuro e mais problemático
aceitável socialmente (Egan & Angus, 2004). Quando uma pessoa descobre a traição de
seu companheiro uma série de decisões são enfrentadas, entre elas a de perdoar e
traído sinta uma série de sensações desagradáveis que inclui depressão, raiva, problemas
diretamente nas reações à infidelidade desvelada, tal fato depende também da natureza da
emocional e sexual (Schützwohl, 2004; Schützwohl & Koch, 2004), sendo as mulheres
homens são muito mais prováveis do que mulheres em selecionar a infidelidade sexual, e
quando estes são instruídos a imaginar sobre um dos dois tipos de infidelidade, as medidas
da atividade cutânea e dos batimentos cardíacos comprovam que ambos diferem quanto
Nos resultados sugeridos por Becker e cols. (2004) em estudo sobre diferenças
aversão são eliciadas em maior proporção nas reações à infidelidade do tipo sexual do que
à infidelidade do tipo afetiva, tanto para homens quanto para mulheres. É o ciúme à
infidelidade afetiva que melhor discrimina mulheres de homens. Além disso, as mulheres
relatam suas reações emocionais mais intensamente em comparação aos homens. Pessoas
que, de uma maneira geral, estão envolvidas em relacionamentos estáveis, também expõem
mais densamente suas respostas emocionais do que as que não possuem relacionamentos
estáveis.
seqüencialmente.
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Perdão
ato de infidelidade sexual, que lhes causa maior insegurança e sofrimento. Ao contrário,
emocionais, como, por exemplo, uma relação esporádica com uma prostituta (Mairal,
2004).
relacionamento após uma traição, verificaram que quando uma pessoa revela seu ato de
infidelidade pode através do pedido de perdão reparar o prejuízo causado. Deste modo, o
caso de infidelidade. Shackelford, Buss e Bennett (2002) afirmam que algumas pessoas
extraconjugal.
destaca que entre as décadas de 1970 a 1990 ocorreram várias mudanças nestas relações.
As mulheres antes declaravam que a infidelidade de um homem casado era algo perdoável.
Assim, ao invés da tolerância em relação aos homens, a crescente autonomia das mulheres
manifesta uma exigência maior às suas relações amorosas, na medida em que ficou mais
Vingança
também com traição, ou seja, com vingança a fim de compensar a solidão, reparar a
ofensa, para ferir e humilhar, assegura Mairal (2004). Este tipo de resposta advêm
principalmente da infidelidade sexual. Caso a pessoa não busque de fato envolver-se com
outra pessoa como forma de vingança, ao menos estará mais vulnerável quando a ocasião
ocorrer. O autor ressalta que indivíduos mais impulsivos e com baixa tolerância a
No estudo realizado por Lary e cols. (2004) acerca da Aids e violência na Tanzânia,
país subdesenvolvido e com um dos maiores números de casos dessa doença no mundo, a
identificaram um caso real ou suspeito de infidelidade como a causa mais comum para
como justificativa correta para o uso da força física. Muitas mulheres também
uma ação homicida. Díaz-Loving (2004), em estudo com uma amostra mexicana,
considerou a hostilidade e a afeição como fruto das diferenças entre os sexos. As mulheres
apresentam em geral características mais positivas (por exemplo, delicadeza, ser carinhosa
como compatíveis e isto pode resultar em um número maior de casos de agressão. Esta
homem mexicano: sendo forte o bastante para proteger a família, mas ao mesmo tempo
Separação
dissolução de um relacionamento amoroso (Afifi, Falto & Weiner, 2001; Buss, 2002; Buss
& Shackelford, 1997; Chang, 1999; Graaf & Kalmijn, 2006; Previti & Amato, 2004;
tendem a terminar a relação quando a infidelidade ocorre com caráter afetivo (Shackelford,
Buss & Bennett, 2002). A propósito, Graaf e Kalmijn (2006) observaram em uma amostra
composta por pessoas que já eram divorciadas que os homens mais que as mulheres
destas relações.
contribuir para um possível envolvimento extraconjugal, por exemplo, sexo, idade, grau de
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homens predominantemente são os mais infiéis considerando que na maioria dos casos as
pessoas do sexo masculino não atribuem laços afetivos à relação extraconjugal (Buss &
Shackelford, 1997). Entretanto, Becker e cols. (2004), em recente pesquisa, apontam que
afetiva.
No que se refere à idade, aqueles entre 16 e 18 anos que tiveram uma grande
situações futuras de traição (Blow & Hartnett, 2005). Além disso, no tocante ao grau de
religiosidade, observa-se que quanto maior o envolvimento do individuo com uma religião,
menor será a probabilidade de que este venha a vivenciar uma situação de infidelidade.
afirmar que o ser humano é um animal de natureza monógama ou polígama. Existem, por
exemplo, tribos onde os homens possuem muitas mulheres, inclusive em distintos espaços
geográficos; em outras são as “rainhas” que contam com um harém de homens. Sem
das mulheres de casa, sua incorporação ao trabalho e sua maior liberdade de movimento e
opinião, passaram a facilitar as relações sexuais com outros homens e isto explicaria, por
têm-se enfatizado variáveis societais e outras mais individuais, como, por exemplo, as
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campo das relações interpessoais, no tipo de amor que uma determinada pessoa possa
sentir por outra, bem como na inquietação e no desejo de posse do ser amado, provocados
pelo ciúme. Neste sentido, permite a busca por conhecer a influência destes, enquanto
Com desígnio de comprovar se os tipos de amor e o ciúme romântico são de fato correlatos
das reações à traição, faz-se necessário a exposição de conceitos acerca destes construtos,
CAPÍTULO II – O AMOR
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2 – O AMOR
destaque com a justificativa de ter acompanhado a humanidade desde sempre e por está
presente em todas as culturas, sendo, portanto, universal, apesar das transformações que
este sentimento adquiriu ao longo do tempo. A matéria esclarece que poemas escritos há
mais de 3 mil anos, no Egito, podem ser considerados como prova dos primeiros registros
sobre o amor que se tem notícia na história da humanidade. Mesmo com limitações para
escrita, imagina-se que, assim como a família, o amor nasceu com a descoberta do fogo.
antigamente, aponta Mairal (2004), mas sim produto de um largo processo de elaboração
filosofia platônica (por exemplo, em algum lugar existe minha outra metade perfeita), do
amor cortesão (o amor é como uma enfermidade da alma a que não podemos subtrair,
porém que nos procura os sentimentos mais puros e elevados), do Romantismo (o amor é
uma paixão que nos arrasta mais fortes que nós, que nos obceca) e do Cristianismo com,
por exemplo, Santo Agostinho, São Tomás etc. (o natural é a vinculação amor-
românticos e sexualidade (Alferes, 2002; Engel, Olson & Patrick, 2002; Gao, 2001;
Hendrick & Hendrick, 1986; Serrano & Carreño, 1993; Yela, 1997).
estudo da atração interpessoal que deflagrou nas décadas de 60 e 70 do século XX, com
representantes, entre outros, como Harold Kelley com estudos sobre relacionamentos
diferenciar o simples “gostar” de “amar” (Alferes, 2002). Até então o amor era
conceituado como uma atitude mantida por uma pessoa em relação a uma outra pessoa
multidimensional.
Nesta linha, segundo Kim e Hatfield (2004), o amor revela-se como um importante
preditor para felicidade, satisfação e emoções positivas. Sendo assim, o ato de beijar, a
contentamento entre o casal. A cultura e o gênero são apontados por estes autores como
pessoas tendem a se apaixonarem e como esta relação amorosa progride. Para Gao
destacam que a maioria das pessoas em culturas individualistas casam por amor e
tendem a acreditar que o amor é o fator mais importante para o casamento. Já nas
outro.
Quanto ao gênero, Kim e Hatfield (2004) afirmam que o amor para os homens
Segundo Costa (2005), o anseio por uma relação amorosa que envolva plenamente
os amantes continua sendo uma aspiração generalizada nas sociedades modernas. Desta
forma, o amor romântico segue desempenhando papel central como ideal amoroso e
(2004), a infidelidade é interpretada muitas vezes como sendo fruto do desamor. Sendo
assim, um dos elementos nucleares da concepção do amor, é que o casal compartilha tudo,
assim a intimidade individual se dissolve para formar uma intimidade comum, todavia no
mundo real quase nenhum casal participa absolutamente toda sua intimidade. A
infidelidade é considerada um desses “ocultamentos”, porém grave, que supõe sempre uma
transitórias (como o consumo de bebidas alcoólicas) são situações que podem explicar a
infidelidade com independência do amor que existe entre o casal, assegura Mairal (2004).
destacam Kim e Hatfield (2004). Assim, não considerando a enorme obsessão apresentada
pela mídia sobre o amor, as pessoas ironicamente concordam que este sentimento não é
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simplesmente uma indução para a felicidade, mas sim um misterioso e complexo aspecto
da vida humana.
Para compreensão das várias questões em torno do amor, os modelos globais das
de noções sobre as condições causais e a evolução temporal do amor e do modo como tais
condições influenciam e são influenciadas pela interação e/ou eventos exteriores (Alferes,
2002). Em uma revisão das principais vertentes teóricas no estudo científico do amor,
como as condições que levam a ela, e o curso temporal do amor desempenham um papel
ilimitadas na relação com o outro, parece excluí-lo do campo do dever e haver das trocas
sociais e afetivas (Alferes, 2002). Desta forma, o amor aqui é tratado como
fundamentalmente passional onde seu surgimento é súbito, mas sua duração é breve; como
definitiva. Por ser efêmero e vulnerável, as idéias mais ou menos conscientes que este
amor proporciona constituem parte das condições causais do amor e são determinadas não
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só por nossas experiências amorosas,mas também pela cultura e vida familiar, afirma
Bystronski (1995).
O “cuidado” aqui aparece como estratégia para obter e manter a recíproca por parte do
desenvolve-se mais lentamente e sob maior controle por parte dos envolvidos, assim cada
um sente que retira da relação mais ou menos o mesmo que coloca. Logo, a
empírica, conceitos introduzidos pelas Teorias da Troca Social apóiam as idéias deste
(1995) o amor pragmático, ainda que seja menos intenso e mais tranqüilo, é sobretudo mais
estável.
que benefícios altruístas oferecidos a um parceiro são guiados somente pelas necessidades
deste e não envolve considerações sobre as necessidades daquele que ora oferece os
felicidade que o indivíduo motivado por este tipo de amor encontra sentido e satisfação em
Comprometimento
porém existe um consenso nos trabalhos sobre este tema de que quando alguém fala de
interação entre indivíduos mesmo quando os fatores que favorecem sua adesão são fracos.
Do mesmo modo, para Adams e Jones (1997), o compromisso é um fator importante para o
preditor para os aspectos positivos dos relacionamentos, estes autores exemplificam que
e solucionar problemas mais eficazmente, além de serem mais satisfeitas com a vida.
de uma análise causal que pode-se apurar as regularidades e as principais mudanças nos
padrões do compromisso com a relação. Bystronski (1995) aponta que esta análise deve
da adaptação entre duas pessoas; e 3) causas ambientais referentes ao ambiente físico (por
exemplo, o lugar onde vivem) e/ou social como as normas e os valores no qual a relação
está inserida.
(1997) salientam que mesmo havendo compromisso, a satisfação com a união não é
necessariamente uma conseqüência deste, por exemplo, nos casos em que a dissolução do
casamento é desaprovada pela família e pelos amigos, e um dos cônjuges empenha-se para
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mantê-lo a todo custo. Esta idéia baseia-se principalmente nos modelos de compromisso
que envolvem o senso de obrigação moral ou a crença do casamento como uma instituição
sagrada.
peso decisivo nos julgamentos da pessoa quanto a manter ou deixar a relação, pois além de
dinheiro, esforço também serão perdidos. Os custos sociais de terminar a relação podem do
mesmo modo contribuir para estabilidade casal, por exemplo, quando duas pessoas são
julgamentos por parte do seu círculo social. Todavia, tanto a pressão social que trabalha no
que conseqüentemente enfraquece uma união são geralmente diferentes para homens e
mulheres dependendo, entre outras coisas, das diferenças culturais e dos fatores
demográficos.
1995). A fim de não provocar nenhum abalo a auto-estima, devido uma provável
dinâmicas (Adams & Jones, 1997), onde se incluem fenômenos observáveis, estruturas
As Cores do Amor
Sem dúvida a teoria mais conhecida no mundo, esta taxonomia do amor baseia-se
(1995), foi por meio do psicólogo canadense John Alan Lee na década de 1970 que o amor
passou a ser estabelecido como uma analogia das cores, pois há uma tendência de
classificar com uma só palavra as relações satisfatórias – amor – com a existência de uma
amor fosse preto e branco. Situando uma analogia das cores, seu objetivo é justamente
mostrar que, assim como faz mais sentido explicar as diferentes cores do que definir a cor
em si, faz mais sentido tentar distinguir os vários estilos de amor de que perseguir uma
definição do amor que expresse a possível essência do que seria o amor verdadeiro.
Portanto, como a preferência pelas cores, o estilo de amor de uma pessoa pode variar
O grego e o latim são as línguas onde Lee vai buscar os termos para compor sua
mesma maneira como existem as cores primárias – vermelho, amarelo e azul – das quais se
formam todas as outras cores do arco-íris, os três estilos primários de amor são Eros,
Ludus e Storge (Bystronski, 1995; Engel, Olson & Patrick, 2002; Hendrick & Hendrick,
1986; White, Hendrick & Hendrick, 2004), sendo que todos os outros estilos de amor
resultam de alguma combinação destes três. Por conseguinte, os estilos de amor secundário
são Mania (Eros + Ludus), Pragma (Ludus + Storge) e Agape (Eros + Storge). Na
1. Eros: Trata-se da busca por um parceiro cuja aparência física corresponda à imagem
ideal que o indivíduo tem na mente. Chamados de amantes eróticos, o amor aqui começa
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sempre de forma avassaladora e estão sempre prontos aos riscos do amor, pois sabem que o
parceiro ideal é uma raridade. Geralmente querem uma relação exclusiva, mas não são
possessivos nem temem possíveis rivais. Consideram que ter encontrado e viver seu amor
2. Storge: É o estilo de amor onde o indivíduo “se acostuma” com o parceiro ao invés de
“apaixonar-se” por ele, por este motivo, a relação romântica pode começar a partir de um
com o outro, deste modo o amante estórgico não tem nenhum tipo de ideal físico em mente
nem seleciona conscientemente seus parceiros, também não está “à procura” de um amor,
em vez disso, ele seleciona atividades de sua preferência e, através delas, conhece pessoas
que fazem e gostam das mesmas coisas. Na medida em que o relacionamento progride,
3. Ludus: O amante lúdico espera é que o amor seja prazeroso e não comprometedor.
lastimável. Neste estilo de amor há clareza das regras e por isso é complicado mentir,
entretanto as relações são normalmente de vida curta. Acham uma variedade de tipos
lúdicos evitam ver o parceiro com muita freqüência como uma forma de impedir o excesso
que é amado. Ao mesmo tempo ele recua temendo amar demais sem que antes haja
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garantia de que há recíproca. A busca ansiosa de amor funciona como compensação para
sua baixa auto-estima. A mistura de dois estilos primários – Eros e Ludus – faz com que o
típico de Eros; e com habilidade de apaixonar-se por quase todo mundo como
característica do estilo Ludus. Assim, existe uma forte necessidade de estar apaixonado,
todavia com o receio de que o amor vá ser doloroso e difícil. Amantes maníacos
comprometimento.
5. Pragma (Ludus + Storge): Os atributos buscados pela pessoa neste estilo de amor
podem incluir medidas sociológicas, tais como a que diz que pessoas de mesma religião,
opção política e classe social ou interesses pessoais como o esporte favorito, têm mais
parceiro como se já fosse um amigo e usa manipulação consciente para encontrar um. A
procura por um parceiro sensato e não por um excitante romance. Se a relação não
funciona, o pragmático vai em frente, ludicamente, em busca de outro, por isso encontrar
6. Agape (Eros + Storge): É a clássica visão cristã do amor em que este sentimento é
característica consideram amar um dever, sentem um intenso dever de cuidar do ser amado
e se chegam à conclusão de que seu parceiro estaria melhor com outro, são capazes de
Além destes estilos que são compostos a partir da união dos três estilos primários
(Bystronski, 1995; Hendrick & Hendrick, 1986): Eros Lúdico, Eros Estórgico e Ludus
Estórgico, compostos pela combinação de características típicas dos tipos primários e/ou
secundários. Assim como as cores do arco-íris, esta tipologia admite a existência de quase
pesquisas empíricas como sendo os estilos mais básicos, a partir dos quais os outros se
compõem. Além disso, estilos puros dificilmente são encontrados e ao caracterizar cada
um deles, esta taxonomia faz uma espécie de caricatura, destacando o que há de peculiar
em cada estilo e as diferenças entre eles. Do mesmo modo, o estilo de amor de uma pessoa
mais atual e utilizada pela literatura científica e, semelhante ao modelo teórico As Cores do
Amor, sugerido por Lee, fornece também taxonomias do amor (Bystronski, 1995). Esta
teoria foi proposta por Robert J. Sternberg, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, e
amor tornaram-se fonte de referência teórica e empírica indispensáveis para os estudos que
se propunham analisar o amor de maneira sistemática. Por este motivo, nesta ocasião A
Teoria Triangular do Amor será especialmente exposta no tópico seguinte, pois além de
(1997), este sentimento pode ser classificado em três componentes principais: Intimidade,
Paixão e Compromisso, formando vértices de um triângulo (Alferes, 2002; Engel, Olson &
Patrick, 2002; Serrano & Carreño, 1993). Este, por vez, é uma metáfora mais do que
parceiro.
movimentações que conduzem ao romance, atração física, relação sexual (Gao, 2001) e
podem também contribuir para a experiência da paixão (Sternberg, 1997). Dos três é o
mais fácil de ser reconhecido, mas isso não significa que seja o mais fácil de definir ou
controlar. Embora a paixão seja uma sensação física, a atividade sexual preenche muitas
1. As sensações românticas.
Compromisso (vértice direito do triângulo): Trata-se, num aspecto mais restrito, de uma
decisão por amar o outro, e num aspecto mais abrangente, o compromisso desse alguém
para manter este amor. Estes dois aspectos do componente compromisso não precisam
necessariamente estar juntos; compete amar alguém mesmo que o outro não esteja
reconhecendo que não é amado pela outra pessoa (Sternberg, 1997). O comprometimento é
Os três componentes do amor interagem entre si. Por exemplo, grande intimidade
pode levar a uma grande paixão ou compromisso, assim como compromisso pode levar a
uma grande intimidade ou, com pouca probabilidade, a uma grande paixão. Em geral, os
componentes são visto isoladamente, mas interagem entre si (Engel, Olson & Patrick,
2002). Embora todos os três sejam partes importantes de um relacionamento amoroso, sua
diferentes tipos de amor podem ser gerados, limitando-se as circunstâncias das diferentes
É importante compreender que estes tipos de amor são, de fato, casos delimitados:
elementos geram sete possíveis tipos quando combinados (Engel, Olson & Patrick, 2002).
Cada um destes casos dá origem a diferentes tipos de amor (ver Figura 1):
intimidade e compromisso;
Amor romântico: fruto do acordo entre os elementos paixão e intimidade, com a falta do
elemento compromisso;
In timidade
(carinho)
Sternberg (1997) destaca ainda que a geometria deste triângulo depende de dois
quantidade de amor estão representadas por diferentes áreas do triângulo: quanto maior a
quantidade de amor, maior será a área do triângulo. Quando há equilíbrio nos três
cuja representação será de um triângulo eqüilátero. O amor não envolve somente um único
triângulo, mas certamente outros, onde somente alguns são de interesses, tanto teórico
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como prático. Por exemplo, é possível contrastar triângulos ideais com os reais. A pessoa
não tem somente um triângulo representando o seu amor por outro, mas também um
triângulo representando uma pessoa ideal para aquela relação que seria baseada na
experiência em outras relações com o mesmo tipo de amor (Hernandez, 1999). Também é
interação (ação). Uma coisa é sentir de uma determinada maneira o significado do outro; e
outra coisa é agir de forma consistente com esse sentimento. Cada um dos três
pode ser manifesta através de ações que visam dividir o tempo com o indivíduo,
expressando empatia pelo outro, comunicando-se de forma honesta, assim por diante. Já o
casamento etc. É claro que as ações que expressam um componente em particular podem
ser diferentes, em algum nível, de pessoa para pessoa. Não obstante, é importante
porque as ações têm diversos efeitos nos relacionamentos, afirma Sternberg (1997). O
autor, do mesmo modo, assegura ao descrever os três componentes do amor, que nem
sempre estes fazem parte de um relacionamento afetivo, nem possuem peso igual para
todos. Este exemplo pode ser verificado através do amor pela família que, geralmente,
diferentes para os três componentes do amor: (1) Intimidade e compromisso são mais
estáveis do que a paixão, que tende a flutuar amplamente; (2) É possível exercer um grande
controle sobre o compromisso e algum controle sobre a intimidade, mas muito pouco sobre
tem papel importante nos relacionamentos a curto prazo; (5) A intimidade desenvolve-se
com outras teorias psicométricas do amor, depara-se com algumas limitações, mesmo que
limitação deste modelo resulta do fato de não se basear diretamente na análise dos
limitações da teoria de Sternberg sobre o amor, são os desenvolvidos por Carlos Yela
resultados de suas pesquisas, Yela encontrou uma estrutura sintetizada em quatro fatores:
Paixão Erótica, Paixão Romântica, Intimidade e Compromisso. Deste modo, foi plausível
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Triangular do Amor.
Para Yela (1997), boa parte dos problemas nas relações amorosas e sexuais origina-
Por isso, este autor determina alguns elementos básicos para uma compreensão coerente
deste contexto:
de fatores, uns passionais e outros não, e que em função de muitas variáveis, internas e
externas à relação, o amor alterar em intensidade, talvez estes indivíduos tenham melhores
tende, em geral, a flutuar de uma determinada maneira ao longo da relação amorosa, dando
lugar a três fases principais: primeiro o amor romântico precedido por uma breve fase de
enamoramento passional e seguida por uma larga fase de amor companheiro com máxima
se viva com grande pesar e decepção, processos absolutamente normais (por exemplo, a
inevitável, e que posteriormente a relação amorosa entra em outra fase em que essa paixão
é substituída por outra série de fatores positivos que não existiam antes ou existiam com
mútua, apoio etc.), então não deveriam atormentar-se ao comprovar que depois de “x” anos
já não sentem a paixão desenfreada do primeiro dia, nem achar que não há mais o
Por fim, como lembra Alferes (2002), “a conjunção amor/sexo não é uma
necessidade biológica, nem um imperativo social, mas apenas, uma das possíveis soluções
social” (p. 141). Nesta linha, Díaz-Loving (2004) pondera que de fato o mais importante é
que ambos os sexos procurem sempre perceber e sentir que dar e receber amor e afeição, a
táticas de manutenção das relações, o ciúme é igualmente enfatizado nos estudos que
o ciúme.
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3. - O CIÚME
manutenção do poder no âmbito das relações interpessoais íntimas dão geralmente lugar a
conflitos, caso as condições causais que estiverem na sua origem não sejam removidas ou
modificadas. O ciúme surge, portanto, como uma das condições antecedentes a estes
conflitos sociais. Seja ou não de caráter patológico, seja justificado ou não pelo
comportamento do parceiro, o ciúme constitui uma das principais causas de dissolução das
qualidade da relação” (p. 296). Segundo Ramos, Yazawa e Salazar (1994), apesar de serem
três elementos comuns: (1) uma reação frente a uma ameaça percebida; (2) que parte de
um rival real ou imaginário; e (3) que tem como objetivo eliminar os riscos da perda do
amor. Embora seja uma experiência que envolva diferentes níveis de tristeza, irritação e
Ao ser considerado como fenômeno universal, não exclusivo dos seres humanos,
Monclús (2005) adverte que o ciúme se manifesta em todas as idades, porém com
especialmente, as de cunho sexual e/ou afetiva. No entanto, estas não abarcam todas as
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para si, uma pessoa que está envolvida com outra; outras vezes, não é exatamente o amor,
ciúme seria a racionalidade ou não dessas apreensões, assim como o grau de limitação ou
essencial, tendo em vista que as preocupações com fidelidade não são raras nem
Como destaca Harris (2004), o antigo poder exercido pelo ciúme tem inspirado
psicólogos que usaram uma variedade de teorias para sua compreensão científica. As
averiguado outras explicações, por exemplo, no que se refere à natureza ou origem deste
Por refletir uma resposta negativa à participação emocional ou sexual real, prevista
ou não, do parceiro com outra pessoa, Buunk (1997) afirma que muitos pesquisadores têm
pessoa. Estes estudos são fundamentados em acepções teóricas. Três delas serão tratadas
segundo por serem essenciais para a compreensão do ciúme nas relações íntimas no
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intensidade, são mais frágeis às provocações advindas deste e, por outro lado, uns parecem
individuais expressadas nas atitudes que facilitam a ocorrência do ciúme. Nesta linha,
Buunk (1997) estudou como variáveis da personalidade afetavam o ciúme. Mesmo sendo
considerada pela literatura como algo contraditório, a ordem de nascimento foi apontada
em sua pesquisa como uma variável adicional a respeito das experiências na família de
para o ciúme, uma vez que a rivalidade entre irmãos seria um precursor desta situação no
indivíduo adulto. Supõe-se então que o filho primogênito teria que compartilhar o amor e a
atenção dos pais com os irmãos mais novos depois de ter experimentado uma atenção
exclusiva dos pais, conduzindo-o deste modo ao ciúme. Porém, os resultados do estudo de
Buunk (1997) apresentaram exatamente o inverso desta suposição, ou seja, foi verificado,
preliminarmente, que os irmãos mais novos eram mais ciumentos que os primogênitos,
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todavia adverte que o resultado referente a esta variável oferece poucos indícios
constatação de que são os filhos mais novos os mais ciumentos, é igualmente concebida
pela perspectiva psicológica evolucionária, pois os pais investem seus recursos materiais e
afetivos, em maior proporção, nos filhos mais velhos, implicando que, mais que os
primogênitos, são os mais novos que têm durante toda sua infância que disputar o amor e a
esforços para impedir o contato íntimo entre eles. O autor exemplifica que em casos como
estes, são comuns os homens que podem recorrer à violência em um esforço de limitar a
autonomia de suas mulheres. Isto seria resultado de sua insegurança sobre a mera
possibilidade de que sua esposa venha a ser infiel; inclusive existem algumas evidências de
que tal atitude masculina cause quadros de agorafobia em mulheres que vivenciam o
companheiro(a) com alguma outra pessoa implica em uma atividade do processo cognitivo
individual em que a pessoa imagina ou fantasia cenas do seu parceiro junto com o(a)
Nos resultados deste estudo, Buunk (1997) observou que o ciúme é mais
rigidez e hostilidade. Ao contrário dos homens, entre as mulheres, o ciúme era claramente
mais prevalente naquelas com baixa auto-estima, uma vez que as ameaças à relação afetam
sentido, Harris (2004) ressalta com esta justificativa, que pesquisas têm enfocado fatores
culturais e cognitivos na incidência e expressão desta emoção (Sheets & Wolfe, 2001;
Goldenberg & cols., 2003). Tais enfoques exploram as diferenças sociais entre os sexos
cujas experiências de ciúme são mais pronunciadas nas culturas onde se atribui uma
intensa importância social à união conjugal, logo, a gratificação sexual deve ser
Embora seja possível deduzir que o ciúme é uma emoção inata, para Monclús
fomentam, ao mesmo tempo em que outras tendem a minimizá-lo. Neste sentido, o ciúme
próxima e familiar em que se desenvolve. Este autor salienta que ambas as esferas têm seus
Sheets e Wolfe (2001) sugerem que as diferenças entre os sexos para explicar o
Também são moldados, muitas vezes, por princípios familiares que garantem os
níveis diferentes, Sheets e Wolfe (2001) esclarecem que a ameaça de infidelidade sexual
através das distintas conotações da infidelidade sexual: mulheres vêem o amor como um
pré-requisito para o sexo, enquanto os homens têm freqüentemente relações sexuais sem
amor, isso implicaria que as mulheres seriam duplamente infiéis, ou seja, tanto
masculina, isto é, por incluir ao mesmo tempo sexo e amor, conduz em maior proporção a
na ocorrência deste tipo de traição. Esta característica é fruto dos papéis de gênero,
freqüentemente, envolvimento emocional com outras pessoas, por isso, são mais
poderia explicar o ciúme mais intenso experimentado pelas mulheres quando imaginam a
relacionamentos românticos, isto é, os motivos para ser ciumento, o alvo do ciúme, quem o
expressa, a maneira de expressá-la e quem deve levar a culpa pela situação desagradável.
exerce uma função primordial, afirmam Goldenberg e cols. (2003). Por exemplo, é
possível que uma pessoa sinta mais ciúme quando os processos de manutenção da auto-
enfatizam as relações interpessoais e estas lhe servem de parâmetro para a sua auto-
manutenção da auto-estima.
Além das concepções acima descritas, Mairal (2004) adverte que as mudanças
ocorridas nas últimas décadas tornaram mulheres e filhos mais independentes dos homens,
podem manter relações sexuais com maior freqüência devido aos métodos
morais e religiosas enfraqueceram, além dos testes laboratoriais que cada vez mais são
utilizados para confirmar a paternidade dos filhos. Portanto, neste contexto as influências
evolutivas perdem seu sentido, pois: “Como seres humanos, e não puramente como
não são traços biológicos, mas nossa maneira de ser, nosso carinho, nossa memória” (p.
13).
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teorias de Darwin aos comportamentos dos seres humanos (Harris, 2004). Com isso, surge
uma nova teoria sobre a origem do ciúme. Através da história da evolução humana (Buss,
2002; Shackelford, Buss & Bennett, 2002), verificou-se que os indivíduos, ao longo dos
companheiro, e para esta relação tornar-se bem sucedida eram necessárias algumas
soluções para resolver certos problemas, incluindo, a procura por um parceiro com garantia
de fertilização e o devido afastamento de outras pessoas que por ventura pudessem atrair
associadas com ao vínculo conjugal, passou a ter um caráter diferente entre os homens e as
mulheres (Becker e cols., 2004; Goldenberg e cols., 2003; Harris, 2004; Shackelford,
2001).
Tais conceitos têm como base a perspectiva psicológica da teoria evolucionária das
seja, a infidelidade sexual das mulheres podia por em risco o sucesso da reprodução
masculina e sem a certeza que os filhos gerados num relacionamento são verdadeiramente
seus. Este fato teria conseqüências substanciais para a auto-estima masculina, gerando,
portanto, episódios de ciúme (Ramos & Calegaro, 2001). O sucesso reprodutivo feminino,
considerando que a mulher tem sempre a certeza que os filhos gerados em seu ventre são
forte envolvimento afetivo com uma outra mulher, não sendo unicamente sexual, oferece
traição afetiva masculina, há possibilidade de perda ou, pelo menos, diminuição dos
Por isso, o desenvolvimento do ciúme feminino ocorre como forma de manutenção deste
com emoções negativas mais fortes à infidelidade emocional e homens respondem mais
que se refere ao tempo de decisão dos homens. Estes resultados suportam a suposição de
conflito conjugal prováveis em causar forte impacto para auto-estima. Isto inclui, dentre
outras, a infidelidade sexual (Shackelford, 2001). Além disso, têm-se relatado que a aflição
reação emocional à infidelidade requer experiência real e por isso espera-se que os
indivíduos que foram vítimas da infidelidade relatem ciúme em maior intensidade. Vale
salientar que para muitos estudiosos evolucionários e teóricos da emoção, como, por
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outras emoções.
nos tópicos anteriores). Segundo os autores, a “seletividade perceptiva” amparada por esta
Além disso, para Harris (2004), o ciúme pode ser uma característica inata e de
adaptação dos seres humanos, porém considera que suas formulações são mais
pelas teorias baseadas nas diferentes estratégias para unir homens e mulheres utilizadas por
nossos antepassados. Neste sentido, Monclús (2005) considera ainda a existência do ciúme
seu atual parceiro amou e tem sido amado, conseqüentemente, para desencadear uma
reação de ciúme, basta a simples menção do nome ou um casual encontro com esta pessoa,
bem como com alguém ou algo relacionado a ela. O ciúme prospectivo faz referência ao
futuro, com temor a situações que, segundo o ciumento, as justifiquem. Assim, por
exemplo, uma pessoa pode atormentar-se e atormentar o parceiro predizendo que ao ficar
Por fim, Monclús (2005) destaca que o fenômeno do ciúme é dimensional e não
categorial, pois embora possua aspectos comumente qualitativos, sua intensidade varia não
apenas de um indivíduo a outro, como também em um mesmo indivíduo. Por ser universal,
o ciúme pode apresenta também aspectos positivos, ou seja, o receio de perder a pessoa
pode ser representado como manifestação de amor, onde a pessoa por qual se zela, sente-se
valorizada, distinta das demais e aceita mutuamente. Inclusive, em algumas situações, sua
sujeito passivo deixa de agradecer a atenção exagerada, por ser agora incômoda e
angustiante; além disso, teme a agressão verbal e/ou física do parceiro ciumento. O
sofrimento que esta condição produz, tanto para o indivíduo ativo como para o passivo,
pretende esquecer, porém não pode pensar em outra coisa” (p. 19).
com tais julgamentos. Para consecução deste objetivo geral, planejaram-se dois estudos.
Triangular do Amor (Sternberg, 1997) e Escala de Ciúme Romântico (Ramos, Yazawa &
demográficas dos respondentes (sexo, idade, estado civil e religião) para as reações a
4.1.1 – Método
mencionadas.
4.1.1.2 - Amostra
médio (42,5%) e universitário (46,9%), da cidade de João Pessoa, com idade média de 23,5
católica (66,9%). Cabe ressaltar que no caso dos participantes dos ensinos fundamental e
médio, estes foram de escolas públicas dos períodos noturno e diurno, respectivamente.
4.1.1.3 - Instrumento
O questionário conteve primeiramente duas questões para se indicar (1) três razões
(motivos) principais para a traição nos relacionamentos amorosos e (2) três possíveis
4.1.1.4 - Procedimento
aplicação e esta aconteceu em ambientes coletivos de sala de aula, tendo sido informado
de suas respostas. Enfatizou-se também que não existiam respostas certas ou erradas,
conjugal, sendo duas categorias referentes às razões para se cometer infidelidade: afetivas
e sexuais, e quatro categorias relativas a possíveis reações por parte da pessoa traída ao
descobrir a traição do(a) parceiro(a): perdão, vingança, agressão verbal e/ou física e busca
da separação. As respostas dos participantes foram depois consideradas por quatro juízes,
antes mencionadas. O objetivo era verificar a pertinência das razões e reações à traição no
achados empíricos de pesquisas nesta área. Estes analisaram as respostas dos participantes
resposta. Eliminaram-se aquelas respostas que não obtiveram uma concordância mínima
do percentual estabelecido, assim como foram excluídas as respostas não condizentes com
4.1.2 - Resultados
infidelidade puderam ser então agrupadas nas categorias afetivas e sexuais. Todavia, no
decorrer deste procedimento, foram constatadas respostas que preenchiam a uma outra
categoria até então não averiguada no levantamento teórico. Respostas como “falta de
pudor. Logo, as razões para se cometer um ato de infidelidade conjugal foram qualificadas
para a infidelidade conjugal foram as afetivas, mencionadas por 61,3% dos participantes, e
as sexuais, indicadas por 12,3% deles. Não obstantes, as razões morais, que não foram
inicialmente previstas, aparecem como a terceira mais freqüente, lembrada por 5,5%
previa a aparição das categorias vingança, agressão verbal e/ou física, busca da
Fim do relacionamento,
separação. 5,9%
Especificamente, embora as respostas dos participantes tenham podido ser agrupadas, após
a análise de juízes, nas categorias vingança, agressão verbal e/ou física e busca da
respostas que pudessem ser relacionadas com esta palavra ou mesmo a ocorrência de
no marco teórico. Estes foram os casos para as categorias indiferença, com respostas
como “agir com indiferença” e “fingir que nada aconteceu” e sofrimento psicológico,
Finalmente, embora a presente dissertação não procure fazer uma análise das razões
atribuem mais razões sexuais (60%) enquanto as mulheres pensam haver mais uma razão
afetiva (77,9%).
4.1.3 – Discussão
conjugal no contexto brasileiro. Espera-se que estes tenham sido cumpridos. Não obstante,
brasileiro nem mesmo do paraibano; compreende uma amostra de conveniência, não sendo
coerência dos achados deste estudo com aqueles de pesquisas prévias, estima-se que os
resultados são adequados e podem arrojar luz a esta temática e suscitar novas pesquisas no
contexto brasileiro.
foram as citadas, tendo inclusive sido os principais motivos para se cometer um ato de
infidelidade conjugal, corroborando o que se descreve na literatura (Becker & cols., 2004;
Buss, 2002; Goldenberg & cols., 2003; Shackelford, 2001; Shackelford, Goetz & Buss,
2005; Schützwohl, 2004). O fato de as razões afetivas terem predominado pode ser
mulheres, no entanto, apontam razões de cunho mais afetivo como justificativa para
infidelidade (Becker & cols., 2004). Embora seja necessário ponderar o fato de a amostra
deste estudo ter sido composta, predominantemente, por mulheres, estes achados foram
perdão, vingança, agressão verbal e/ou física e busca pela separação como reações ao
ato da traição. De acordo com os resultados, das quatro categorias preestabelecidas, as três
seguintes foram observadas: vingança, agressão verbal e/ou física e busca pela
separação, as quais aparecem em estudos prévios (Afifi, Falato e Weiner, 2001; Becker &
cols., 2004; Harris, 2003; Shackelford, Buss & Bennett, 2002; Schützwohl, 2004).
Contudo, a categoria perdão, que tem sido citada na maioria destes estudos, não obteve
Apesar de o resultado antes descrito não ser plenamente explicável, cabe uma
conjetura que deverá merecer atenção no futuro. A maioria dos estudos acerca desta
Estados Unidos (Afifi, Falato e Weiner , 2001; Blow & Hartnett; 2005; Hall & Fincham,
2006; Shackelford, Buss & Bennett, 2002) é possível que neste contexto haja maior
especificamente, a Paraíba (Gouveia e cols., 2002), esta reação pode ser minorada,
principalmente entre pessoas que têm acesso à educação formal, como os participantes da
presente pesquisa. Contudo, não se pode fechar os olhos para que esta estratégia é sim
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dissertação manter a categoria perdão como uma possível reação à traição do(a)
parceiro(a). Por outro lado, embora não fossem inicialmente previstas como categorias de
atribuições, ou seja, 28,3% das respostas. Com esta condição, além da indiferença, a
presente dissertação.
realização de um segundo estudo. Neste intenta-se conhecer como as pessoas julgam que
dois tipos principais de razões para a infidelidade (afetiva vs sexual), o sexo do ator-traidor
Embora esta tenha sido lembrada pelos participantes do estudo, reuniu uma porcentagem
que é menos da metade daquela observada para a segunda mais importante (sexuais).
pretendeu-se ainda neste estudo conhecer em que medida o amor e o ciúme romântico
4.2.1 – Método
de amor e ciúme romântico figurado como variáveis antecedentes. Com base na revisão da
literatura, realizada acerca dos temas em questão, e diante dos objetivos mencionados,
referem:
Variáveis Demográficas
respondente.
respondente.
Hipótese 11. Reagir com agressão física e/ou verbal a cenários de infidelidade se
4.2.1.2 – Amostra
Pessoa, de ambos os sexos e que tinham uma relação heterossexual estável. Foram
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aplicados 610 questionários, sendo que deste total a maioria foi do sexo feminino (69,4%),
solteira (82,6%) e heterossexual (94,9%), com idade média de 23 anos (DP = 6,35;
encontrava-se namorando fixo (41,4%). No que diz respeito à religião, a maior parte disse
Noivo(a) 36 7,0
Se não é
Namorando Fixo 212 41,4
casado(a),
Com namorado(a) ocasional 88 17,2
atualmente está...
Sem relacionamento 176 34,4
impor algumas restrições para formar a amostra definitiva. Portanto, como o propósito é
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exclusão: (1) não participaram os respondentes que indicaram ser solteiros, sem qualquer
na Tabela 5.
Se não é casado,
Noivo 33 14,5
atualmente está...
Namorando 194 85,5
feminino (69,4%) e solteiros (73%), neste caso majoritariamente namorando fixo (85,5%),
com uma média de idade de 23,4 anos (DP = 6,22; amplitude de 17 a 56 anos). Em sua
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4.2.1.3 – Instrumentos
retratava uma história presumível de infidelidade vivenciada por um casal, fictício, cujos
personagens / atores eram Nívea e Paulo (Anexo 2). Em cada história, de um parágrafo,
correspondendo à metade de uma folha Ofício A4, manipularam-se três fatores: sexo do
SEXO DO TRAIDOR
_________________________________________________________________________________________________
FEMININO MASCULINO
1
Ressalta-se que os fatores sexo do ator-traidor e razão para infidelidade foram originados a partir das
evidências teóricas e das categorias levantadas na pesquisa previamente descrita (Estudo 1). No tocante ao
fator condição sócio-econômica do casal, este foi determinado em razão do contexto em que esta pesquisa se
insere, isto é, a região Nordeste. Neste âmbito, a maioria dos chefes de família é constituída por indivíduos
do sexo masculino [Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (DIEESE, 2003)],
o que pode influenciar diretamente na forma como as pessoas reagem ao descobrirem que foram traídas.
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provável cada uma das seguintes reações por parte da pessoa traída: perdão, vingança,
Suas respostas foram dadas em uma escala do tipo Likert, de 7 pontos, com os seguintes
três componentes principais do amor, cada um representado por 15 itens: intimidade (por
exemplo, Sinto que _____ realmente me compreende), paixão (por exemplo, Eu não
imagino outra pessoa me fazendo tão feliz como _____ me faz) e compromisso (por
exemplo, Espero amar _____ por toda minha vida). Os espaços em branco não precisam
ser preenchidos pelos respondentes; estes precisam apenas imaginar que nele figura o
em uma escala do tipo Likert, com 9 pontos, com os seguintes extremos são: 1 = Não me
se aplica ao relacionamento do(a) respondente com o(a) outro(a). Esta versão foi
sexo oposto. Esta medida foi empregada no contexto paraibano e checada sua validade
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fatorial e consistência interna por Belo (2003). No presente estudo a versão desta autora é
tiveram as cargas fatoriais maiores (Anexo 4). Estes itens, respondidos em escala tipo
0,79; por exemplo, Não tem nada de mal ela / ele ir à festa sozinha / o; É natural ela / ele
ter muitos / as amigos / as) e exclusão (Alfa de Cronbach = 0,73; por exemplo, Fico
furioso / a quando ela / ele conversa com um / a amigo / a que acha bonito /a; Ela / ele
Experiência de Infidelidade
traição, enquanto traidor e/ou traído, ou conhecimento de alguém próximo que estivesse
passando por esta situação. Os participantes deveriam indicar apenas uma das respostas
dicotômicas – sim ou não – para as seguintes questões: (1) Você tem algum familiar ou
amigo que trai atualmente? (2) Você tem algum familiar ou amigo que é traído
atualmente? (3) Você pensa que poderia vir a trair seu (sua) parceiro (a)? (4) Você
alguma vez já traiu seu (sua) parceiro (a)? (5) Você está traindo atualmente o(a) seu (sua)
Perguntas Demográficas
procurando retratar o perfil dos participantes do estudo, testar algumas das hipóteses
formuladas e/ou tê-las controladas com respeito a outras variáveis. No total foram
formuladas nove perguntas: (1) sexo, (2) idade, (3) estado civil, (4) em caso de não estar
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fixo, indicar o tempo em anos e meses, (6) religião, (7) grau de religiosidade, avaliado em
escala de cinco pontos, com os extremos 0 = Nada religioso e 4 = Totalmente religioso, (8)
classe sócio-econômica, com os níveis baixa (opões 1, 2 e 3), média (opção 4) e alta
4.2.1.4 – Procedimento
condição “experimental” foi numerada e recebeu uma letra de identificação que ia da letra
“A” até a letra “H”. A aplicação dos questionários seguia a seqüência estabelecida nesta
no processo, bem como sobre o modo correto de entrega dos questionários que deveria
instituição de ensino.
aos participantes o objetivo geral da pesquisa, indicando que se tratava de conhecer algo
sigiloso de sua participação, indicando que não existiam respostas certas ou erradas,
termo de consentimento livre e esclarecido foi lido e assinado por cada um dos
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forma de proceder. Por fim, foram realizados os devidos agradecimentos. Um tempo médio
Sciences) foi utilizada para tabulação e análise dos dados. Utilizaram-se estatísticas
dos Componentes Principais (PC) foi empregada a fim de compreender a estrutura fatorial
das medidas de amor e de ciúme romântico. Comprovou-se sua consistência interna através
do Alfa de Cronbach. Com este mesmo pacote estatístico, foram empregadas estatísticas de
qui-quadrado (²) para comparar homens e mulheres em termos das vivências com a
(sexo, idade, estado civil e religião) e dos cenários manipulados (gênero do ator, condição
4.2.2 – Resultados
Amor (Sternberg, 1997) e Escala de Ciúme Romântico (Ramos, Yazawa & Salazar, 1994).
demográficas dos participantes (sexo e idade) afetam o julgamento acerca das reações de
atores fictícios a cenários de infidelidade, e (2) se estas reações também podem ser
afetadas por fatores manipulados nas histórias (sexo do ator, condição sócio-econômica do
casal e razão para a infidelidade). Por fim, apresentam-se os resultados das correlações
com as reações a cenários de infidelidade (perdão, agressão física e/ou verbal, separação,
traído, foram realizadas algumas perguntas, descritas com detalhe na Tabela 6 a seguir.
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maioria dos participantes disse ter algum familiar ou amigo que traía naquele momento
amigo que estava sendo traído (53,3%). No tocante às questões sobre suas próprias
experiências de infidelidade, predominaram os que não pensam que poderiam vir a trair
seu parceiro (71,5%) e os que disseram nunca ter traído seu parceiro (65,5%). Ao serem
questionados se estavam traindo o seu parceiro naquele momento, a maior parte disse que
não (94,4%). Do mesmo modo, achar que estavam sendo traídos naquele período, também
caberia indagar se este sofre influência do seu sexo, o que se comprovou em quatro das
variáveis analisadas: se o participante conhece algum familiar ou amigo que trai [² (1) =
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8,26, p = 0,004], se pensa que pode vir a trair [² (1) = 28,79, p = 0,000], se já traiu
alguma vez [² (1) = 9,46, p = 0,003] e se acha que está sendo traído [² (1) = 6,16, p =
0,03]. Especificamente, excetuando a porcentagem dos que indicaram sim para esta última
pergunta, para todas as demais os homens apresentaram maior porcentagens (66,7%, 50%,
respectivamente).
original (Sternberg, 1997) e realizar algumas modificações. Uma versão reduzida post hoc
foi produzida a partir dos resultados da adaptação brasileira, considerando para cada
componente desta medida os cinco itens com maiores saturações. Esta é uma solução mais
parcimoniosa, permitindo que em estudos futuros se tenha em conta esta nova versão.
(105) = 2.663,49, p < 0,001. A propósito, decidiu-se realizar uma análise de Componentes
Principais, fixando a extração de três componentes, com rotação varimax, primando por
uma estrutura simples. Estes resultados podem ser vistos na tabela 7 a seguir.
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05 Espero amar ____ por toda minha vida. 0,81 0,09 0,29
Eu vejo meu relacionamento com ____ como permanente
10
(duradouro). 0,75 0,21 0,31
07 Posso contar com ____ na hora que eu necessitar. 0,20 0,09 0,81
em conta saturações iguais ou superiores a 0,50 para que o item fosse considerado como
sendo responsável pela explicação de 23,6% da variância total. Compôs-se de cinco itens,
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com saturações variando de 0,69 (Eu não poderia deixar que nada interferisse de algum
modo meu compromisso com ____.) a 0,81 (Espero amar ____ por toda minha vida.),
parecendo clara sua interpretação: diz respeito ao componente compromisso do amor. Sua
Componente II. Este componente apresentou valor próprio de 3,40, explicando 22,7% da
variância total. Cinco itens o representaram, com saturações variando de 0,66 (Meu
saturações variando de 0,57 (Sinto que realmente posso confiar em ____.) a 0,81 (Posso
contar com ____ na hora que eu necessitar.). De acordo com a semântica destes itens,
amor, realizou-se uma nova análise de Componentes Principais, agora fixando a extração
variância total, com saturações acima de 0,60 e Alfa de Cronbach de 0,93. Portanto, pode-
2237, 769, p < 0,001. Nesse sentido, realizou-se uma análise de Componentes Principais
(PC), utilizando rotação Oblimin, tal como indicado nos estudos de Ramos, Yazawa e
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Salazar (1994), e fixando a extração de dois componentes, coerente com o que compõe
total. De acordo com a solução obtida, tais componentes podem ser definidos como segue:
Componente I. Este pode ser denominado de não-ameaça, tendo apresentado valor próprio
catorze itens, com saturações variando de 0,43 (É aceitável ela / ele aparecer com um
perfume estranho na blusa) a 0,70 (É perfeitamente normal ela / ele conversar longamente
com um / a amigo / a). Sua consistência interna (Alfa de Cronbach) foi 0,87.
Componente II. Segundo se observa com a leitura dos itens com maiores saturações, este
explicando 16,1% da variância total. As saturações dos seus itens variaram de 0,40 (Fico
furioso / a quando ela / ele conversa com um / a amigo / a que acha bonito / a) a 0,71
(Você ligar para ela / ele e uma voz masculina / feminina não-familiar atender, causa-lhe
raiva). Este fator apresentou índice de consistência interna (Alfa de Cronbach) de 0,80.
A comprovação de correlação entre estes dois fatores (r = -0,47, p < 0,001) sugeriu
chegar se poderia ser considerada também uma estrutura unidimensional. Neste sentido,
fez-se uma nova análise de Componentes Principais, fixando a extração deu um único
componente. Este explicou 28,7% da variância total (valor próprio de 6,90), com cargas
indecente ela / ele dar olhadas para outros / as homens / mulheres em uma festa) a 0,71 (É
perfeitamente normal ela / ele conversar longamente com um / a amigo / a). Invertendo-se
os itens com saturações negativas, comprovou-se que sua consistência interna foi 0,88.
Portanto, além dos fatores específicos, pode-se igualmente considerar esta pontuação total.
pontuação total, correspondendo à soma de todos os seus itens, como aqueles dos seus
acerca das reações dos atores a cenários de infidelidade em função de características sócio-
demográficas (sexo e idade) e dos fatores manipulados nas histórias (sexo do ator-traidor,
variáveis sexo e idade dos participantes em relação à avaliação que estes faziam das
reações dos atores diante dos cenários de infidelidade. A primeira hipótese (Hipótese 1)
em razão do sexo do participante, não tendo sido corroborada, Lambda de Wilks = 0,97, F
No caso da variável idade, como foi obtida como contínua, decidiu-se categoriza-la.
No caso, foram elaboradas três categorias principais: participantes com até 19 anos,
aqueles entre 20 e 29 anos e os que tinham 30 anos ou mais. Tomou-se como referência a
faixa corresponde àquela em que as pessoas costumam casar-se, e a última a que elas
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efeito da idade dos participantes em relação ao seu julgamento quanto às reações dos atores
das histórias. Esta foi corroborada, Lambda de Wilks = 0,91, F (12, 544) = 2,10, p = 0,01.
reações: indiferença [F (2, 242) = 6,97, p = 0,001] e sofrimento [F (2, 242) = 7,39, p =
0,001]. No caso da indiferença, o teste post hoc de Bonferroni indicou que os participantes
= 2,5); a média dos participantes com até 19 anos (M = 3,7) não diferiu da destes dois
grupos. Por outro lado, em relação à reação de sofrimento, a média dos que tinham até 19
anos (M = 4,6) foi superior a daqueles com 30 anos ou mais (M = 2,7); esta última foi
ainda inferior a dos participantes do grupo dos que tinham entre 20 e 29 anos (M = 4,3).
Apesar de não ter sido formulada qualquer hipótese acerca do estado civil e da
religião dos participantes, decidiu-se realizar uma MANOVA para conhecer seus efeitos.
como “já casados”; os demais (solteiros) ficaram como “nunca casados”. Razão similar fez
com que se categorizasse a religião, ficando formada por católicos, sem religião (e deístas),
suportaram o efeito do estado civil [Lambda de Wilks = 0,97, F (6, 266) = 1,48, p = 0,18]
ou da religião [Lambda de Wilks = 0,92, F (18, 753) = 1,23, p = 0,23] dos participantes.
Portanto, estas variáveis não têm efeito principal quanto ao julgamento dos participantes
acerca da probabilidade com que os atores adotariam cada uma das reações frente a
cenários de infidelidade.
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consideradas, unicamente sua idade se mostrou relevante para explicar suas respostas
quanto à probabilidade de dois tipos de reações por parte dos atores: indiferença e
covariante, uma vez que se mostrou preponderante neste contexto, conforme a análise
previamente realizada.
A Hipótese 3 previa que a probabilidade julgada das reações do ator traído variaria
segundo o sexo do ator-traidor. Esta foi corroborada [Lambda de Wilks = 0,73, F (6,269) =
indiferença não houve diferença significativa [F (1, 274) = 0,53, p = 0,47]; os resultados
para as demais reações foram como segue: perdão [F (1, 274) = 21,67, p = 0,000],
vingança [F (1, 274) = 39,59, p = 0,000], agressão [F (1, 274) = 6,02, p = 0,01],
sofrimento [F (1, 274) = 4,40, p = 0,04] e separação [F (1, 274) = 8,44, p = 0,004].
3,2, 4,5 e 4,2, respectivamente). Por outro lado, a vingança e a separação são mais
julgamento dos participantes quanto às reações do ator traído (Hipóteses 4). Não foi
possível corroborar esta hipótese [Lambda de Wilks = 0,96, F (6,269) = 2,03, p = 0,06].
Apesar desta evidência, considerando que o nível de significância foi próximo do critério
comprovou que separação foi a única razão que diferenciou em função da razão [F (1,
274) = 4,28, p = 0,04]. Especificamente, a separação foi considerada mais provável quando
a razão para a traição foi afetiva (M = 5,3) do que quando foi sexual (M = 5,0).
acerca das reações aos cenários de infidelidade. Esta hipótese não foi corroborada [Lambda
a pessoa (o ator) traída. A razão para a infidelidade é apenas relevante no caso de explicar
a probabilidade julgada com que a pessoa traída deveria buscar a separação como forma de
enfrentar a traição.
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uma vez que analisa a relação entre as reações a cenários de infidelidade, tratadas como
variáveis critérios, e o amor e o ciúme, por sua vez, tratadas como variáveis antecedentes.
Neste momento, importa testar as sete últimas hipóteses desta dissertação. A matriz de
correlação das reações a cenários de infidelidade com os tipos de amor e ciúme são
apresentadas na Tabela 9.
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TABELA 9
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indicam o perdão como reação aos cenários de infidelidade (correlação positiva). Embora
a direção tenha sido esta, o coeficiente não foi significativo (r = 0,02, p > 0,05). Portanto,
teoria triangular do amor, estaria diretamente correlacionada com a probabilidade com que
a vingança era considerada uma reação aos cenários de infidelidade. Esta hipótese também
não pôde ser corroborada. O coeficiente de correlação observado é positivo, mas muito
baixo (r = 0,03, p > 0,05). Por outro lado, a hipótese seguinte (Hipótese 8) previu uma
separação como reação aos cenários de infidelidade. Esta foi plenamente corroborada: r =
esta hipótese. Além disso, este componente do ciúme também se correlacionou com a
probabilidade com que se sugere reagir com sofrimento psicológico frente a cenários de
infidelidade (r = 0,13, p < 0,05), corroborando, por sua vez, a Hipótese 10.
ciúme e a probabilidade de reagir com agressão física e/ou verbal (Hipótese 11) e
Embora não tenha sido elaborada nenhuma hipótese acerca das pontuações totais de
amor e ciúme com o julgamento da probabilidade apresentar cada um dos tipos de reações
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aos cenários de infidelidade, decidiu-se explorar o que acontece. No caso, a pontuação total
separação aos cenários de infidelidade (r = 0,16, p < 0,01). Por outro lado, em se tratando
de que a pessoa (o ator) traída deveria reagir com agressão física e/ou verbal (r = 0,26, p <
4.2.3 – Discussão
infidelidade conjugal pode ser influenciado por fatores manipulados de tais cenários e
atributos do amor e ciúme romântico apresentados pelos participantes. Espera-se que estes
objetivos tenham sido alcançados. Não obstante, não se descartam potenciais limitações, a
exemplo da amostra considerada. Esta não foi aleatória, mas sim de conveniência, tendo
Portanto, não representa a população brasileira, nem mesmo a pessoense. Fruto deste
Estatística, 2003).
O fato de a amostra ter sido composta em sua maioria por indivíduos solteiros e que
pesquisas abordadas no referencial teórico sobre infidelidade têm considerado pessoas com
principal motivo da dissolução, sobretudo, do casamento (Afifi & cols., 2001; Buss, 2002;
Buss & Shackelford, 1997; Chang, 1999; Graaf & Kalmijn, 2006; Previti & Amato, 2004;
a amostra final (N = 307) foi obtida a partir de uma amostra maior, composta por 610
amostra.
Apesar do que antes foi comentado, confia-se que estas limitações potenciais não
validade externa. Entretanto, não se pretendeu realizar generalizações, mas testar hipóteses
estudo.
forma consideradas: (1) Escala Triangular do Amor (Sternberg, 1997) e (2) Escala de
Ciúme Romântico (Ramos, Yazawa & Salazar, 1994). Coerente com a literatura,
discutido.
Esta escala foi originalmente composta por 45 itens distribuídos igualmente em três
possibilidade de contar com uma versão abreviada desta. Como critérios para selecionar os
itens, consideraram-se os seguintes: (1) o item deveria ter saturação mínima de |0,60| em
Segundo Hair e cols (2005), cargas acima de 0,50 são consideradas com nível de
significância prática, sendo, portanto, substancial o bastante para garantir uma ação, além
A estrutura fatorial desta escala foi claramente identificada, de acordo com a teoria
(Sternberg, 1997), com resultados inclusive mais nítidos do que os observados por
Hernandez (1999). A consistência interna de cada um dos três componentes ficou acima de
0,80, mais promissor que o 0,70 que se espera para assegurar este parâmetro psicométrico
(1999). Neste sentido, pareceu justificável o uso desta versão, sugerindo seu emprego em
estudos futuros; seu formato abreviado é sem dúvida um atrativo, principalmente quando
instrumentos.
Esta foi originalmente desenvolvida para o contexto brasileiro por Ramos, Yazawa
e Salazar (1994), contando com 59 itens. Na presente pesquisa teve-se em conta sua versão
superior a |0,30|, segundo Belo (2003). Esta autora propôs dois fatores para esta versão
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superiores inclusive aos encontrados por Belo (2003). Além disso, todos os itens
a matriz fatorial (Hair & cols, 2005). Portanto, corroboram-se as evidências de validade
fatorial e consistência interna desta medida, bem como sua adequação, empregada no
fatores manipulados nas histórias (sexo dos atores, condição sócio-econômica do casal e
razão para infidelidade). Finalmente, são discutidas as relações entre o amor, o ciúme e o
metade da amostra afirmou conhecer pessoas (amigos e/ou familiares) que estão
vivenciando uma situação de infidelidade, seja como traidores ou traídos. Isto demonstra
que mesmo não se aludindo diretamente às suas experiências, as pessoas estão inteiradas
com as questões que envolvem um caso extraconjugal por conviverem indiretamente com
Pensar que poderiam vir a trair seu parceiro é um outro ponto interessante, uma
vez que pode ser condizente com o grau de satisfação nos relacionamentos “oficiais”
Shackelford (1997) um dos mais evidentes motivos para se cometer um ato de infidelidade.
Nesta questão, a maioria dos respondentes afirmou não pensar que poderia vir a trair seu
participantes, constatou-se que os homens, mais que as mulheres, pensam que poderiam vir
a trair sua parceira. Estariam os homens, então, mais insatisfeitos com os seus
Abdo (2004). Suas respostas podem perfeitamente ser uma tomada de consciência da
seu parceiro. No caso, averiguou-se que o sexo dos participantes influenciou suas
respostas; a que pese que a maioria afirmou não ter traído o parceiro no passado, os
homens foram mais propensos a indicar ter traído, o que pode simplesmente reforçar o
achado anterior. Contudo, cabe descartar que, talvez por uma questão de desejabilidade
ser mais tendentes a omitir atos de traição, aspecto que pode ser visto como mais “natural”
no caso dos homens em uma cultura tradicional como a paraibana. Este aspecto
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seguramente demandará novos estudos, e poderá arrojar luz ao fato de que em uma
sociedade mais “liberal”, como o Rio de Janeiro, as mulheres admitem em maior medida
contexto brasileiro foi o realizado por Abdo (2004). Esta autora considerou participantes
de 13 estados, não sendo incluída a Paraíba; porém, participaram dois estados vizinhos,
menos uma vez seu parceiro: Pernambuco (49,2% dos homens; 26,5% das mulheres) e Rio
Grande do Norte (51,8% dos homens; 30,2% das mulheres). Na presente pesquisa,
constatou-se que 47,3% dos homens e 28,9% das mulheres da amostra admitiram já terem
traído. Estes números parecem bastante consistentes, embora na pesquisa de Abdo (2004)
não se fez qualquer restrição sobre orientação sexual ou tipo de relacionamento entre as
pessoas. Apesar de não ter objetivado tais comparações, estas mostraram-se relevantes
demográficas e culturais semelhantes entre si, porém distintas das peculiaridades de outras
regiões do país, o que pode influenciar diretamente no modo de pensar e agir dos
Finalmente, a maioria afirmou que não achar que esteja sendo traído. No entanto,
deve-se ter em conta que aqui também se verificou a influência do sexo dos participantes.
Mais mulheres admitiram que poderiam estar sendo traídas, e este pode ser um dado
preocupante. Embora possa ser coerente com a idéia e os dados de que os homens admitem
trair mais, pode indicar uma suscetibilidade da mulher ao sentimento de estarem sendo
traídas mesmo que não seja o caso. Acreditar que estar sendo traído pode ser concebida
e, portanto, de ciúme (Buunk, 1997; Ramos, Yazawa & Salazar, 1994). Ainda que os casos
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evidências mostrem que tal idéia seja na verdade imaginária, o que pode comprometer o
demanda-se em pesquisas futuras conhecer a relação entre achar que está sendo traído e os
anseios provocados pelo ciúme, avaliando inclusive sua implicação na satisfação conjugal
e no bem-estar da mulher.
agressão verbal e/ou física, sofrimento psicológico e busca da separação) em função das
características demográficas dos participantes (gênero, idade, estado civil e religião). Cabe
lembrar que neste estudo não são consideradas quais as possíveis reações à infidelidade
que os participantes da amostra teriam; é analisada somente a percepção que estes possuem
acerca das prováveis reações que os personagens fictícios apresentados nos cenários,
“Paulo” e “Nívea”, teriam ao descobrirem que estavam sendo traídos. Formularam-se duas
Embora a variável sexo possa ser decisiva para explicar comportamentos e atitudes
das pessoas quanto à infidelidade (Blow & Hartnett, 2005), no presente estudo esta não
influenciou as respostas dos participantes (Hipótese 1). Cabe, entretanto, ponderar que as
expressar o quanto seria provável por parte da pessoa traída (fictícia, ator) cada uma das
reações listadas.
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Quanto à idade dos participantes (Hipótese 2), sim esta variável foi preponderante
participantes que se situam na fase dos 20 a 29 anos, quando comumente tem lugar o
infidelidade seria a indiferença, contrastando com aqueles que têm 30 anos ou mais,
Estatística, 2005). Quanto à reação de sofrimento psicológico, os mais jovens, com até 19
julgar esta reação como provável no contexto de infidelidade; esta postura é mais nítida do
que ocorre com os outros dois grupos, sendo que o mais velho é o que indica ser esta a
ineficaz para resolver o dilema moral da infidelidade. Contudo, esta é uma conjetura que
nem todas. Apenas a idade dos respondentes teve influência sobre suas respostas, mas
nas histórias (sexo dos atores, condição sócio-econômica do casal e a razão para
tendo sido corroborada esta hipótese. Constatou-se que quando o sexo do ator é masculino,
ou seja, quando é “Paulo” que trai, os participantes do estudo atribuem a “Nívea” uma
quando o sexo do traidor é feminino, ou seja, quando é “Nívea” quem trai, julga-se haver
uma maior possibilidade de que “Paulo” reaja com vingança, procurando, desta forma,
desvelada. Isso seria esperado, haja vista que, culturalmente, a infidelidade tem sido tratada
de forma diferente quando o seu perpetrador é homem ou mulher (Shackelford, Buss &
infidelidade do companheiro ocorre principalmente quando esta é de cunho sexual, por não
perdoar quando a companheira comete um ato de infidelidade sexual, que lhes causa maior
razão para se trair, estima-se que quando é a mulher (Nívea) a pessoa traída, o perdão ao
parceiro infiel (Paulo) é mais provável. Contudo, é possível que este contexto esteja
tradicional já se fazia desgastar, e a maioria das mulheres passou a não achar mais tão
Agressão física e/ou verbal. Díaz-Loving (2004), em estudo com uma amostra
mexicana, aponta as dimensões de hostilidade e afeição com resultado das diferenças entre
os sexos. Sugere que, diferente das mulheres que concebem estas dimensões como opostas,
os homens as percebem como análogas. Esta percepção, segundo sugere, poderia ser um
precursor da violência doméstica, já que o homem teria que ser “afetivo” o suficiente para
cuidar da família, mas ao mesmo tempo “forte” para protegê-los. Do mesmo modo, Buss e
de estar sendo traído levam alguns homens a cometerem atos de violência chegando
Mesmo estas pesquisas sugerindo que os homens são mais prováveis em agredir a
e/ou verbal enquanto reação à traição é considerada mais provável entre as mulheres. Isto
pode ser justificável considerando que quando uma pessoa descobre a traição de seu
exemplo, a raiva e o ciúme (Egan & Angus, 2004). As mulheres, em termos das emoções,
parecem mais contagiadas do que os homens (Gouveia, Singelis, Guerra, Rivera &
Vasconcelos, 2006) e também têm maior facilidade para expressar suas emoções (Baron-
Cohen, 2004), o que pode resultar no julgamento de que são mais prováveis reagir com
agressão, expressando sua raiva. Porém, cabe ainda uma explicação alternativa; a agressão
foi apresentada como física e verbal, sendo este último tipo uma forma mais comum de
resolver conflitos por mulheres (Archer, 2004), o que pode ter inclinado a avaliação dos
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participantes deste estudo. Entretanto, apenas estudos futuros ajudarão a dirimir dúvidas
Sofrimento psicológico. Pode-se dizer que, tanto para os homens como para as
e com extremo sofrimento (Mairal, 2004; Shackelford, Buss & Bennett, 2002). Segundo
Buss e Shackelford (1997), o sofrimento das mulheres não é maior que o sofrimento dos
como um tipo de reação à infidelidade. Esta foi incluída por ter aparecido no Estudo 1,
comumente atribuídos a homens e mulheres (Bozon, 2003; Goldenberg & cols., 2003) –, o
infidelidade? É possível que haja alguma, ainda que seja inversa. Compreendem dois
reações se sustentam, e mesmo se não estariam pautadas por prioridades valorativas das
pessoas.
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caso extraconjugal do parceiro(a) reagem também com traição, ou seja, com vingança a
fim de compensar a solidão, reparar a ofensa, ferir e humilhar o outro – pagar na mesma
moeda –. Caso a pessoa não busque de fato envolver-se com outra pessoa como forma de
vingança, ao menos estará mais vulnerável quando a ocasião ocorrer. A propósito, ressalta
este autor, tal tipo de resposta incide principalmente como reação à infidelidade sexual,
independente do sexo da pessoa traída. Faz necessário enfatizar que, segundo Schützwohl
auto-estima masculina do que feminina. A vingança pode surgir então por parte do homem
Neste sentido, é coerente que a reação vingança seja considerada como mais provável
2002; Chang, 1999; Buss & Shackelford, 1997; Graaf & Kalmijn, 2006; Previti & Amato,
2004; Shackelford, Buss & Bennett, 2002). Embora considerado um fenômeno universal
na espécie humana, sua prática é raramente aceita socialmente. Quando uma pessoa
terminar a relação (Egan & Angus, 2004). De acordo com Shackelford, Buss e Bennett
mulheres tendem a terminar a relação quando a infidelidade ocorre com caráter afetivo.
Entretanto, no presente estudo julgou-se que o homem (Paulo) seria mais provável reagir
Este resultado é consistente com o que descrevem Buss e Shackelford (1997), que afirmam
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dos homens.
decisão da mulher em terminar com o casamento após descobrir que foi traída possibilita a
perda ou pelo menos a diminuição dos recursos materiais, financeiros e afetivos, por
conseguinte, ameaça à segurança familiar (Grice & Seely, 2000). Assim, os custos sociais
acarretados pela separação são muito mais intensos para a mulher do que para o homem.
Afinal, a decisão por manter ou deixar a relação envolve questões que atingem diretamente
inesperado, de acordo com as evidências reunidas na literatura (Afifi & cols., 2001; Becker
& cols., 2004; Harris, 2003; Olson & cols., 2002; Shackelford, Buss & Bennett, 2002;
Schützwohl, 2004). Contudo, não há que se perder de vista que não foram avaliadas as
pessoas faziam de cenários de infidelidade, tendo sido manipuladas as razões desta. Este
autoras propõem que se considere uma amostra composta por pessoas que foram vítimas
reais da traição. Observam que os homens que foram vítimas de infidelidade podem sentir
que não passaram por tal situação. Da mesma forma, as mulheres podem sentir-se
angustiadas com a infidelidade sexual do parceiro, mais do que as mulheres que não foram
experiências próprias dos indivíduos que distinguem qual o tipo de infidelidade que mais
os aflige.
ou desigualdade).
foi possível verificar, que a condição sócio-econômica do casal não interfere no tipo de
indicarem que no contexto nordestino os homens são em sua maioria os chefes de família,
comprovou-se, ao menos aqui, que esta variável não se figura essencial ao desvelar da
traição. Entretanto, por serem estes detentores da manutenção familiar, condição que
controle de seus dependentes (Blow & Hartnett, 2005), faz-se necessário uma reavaliação
Brasil.
“transgressão” e “violação” à exclusividade conjugal (Afifi & cols., 2001; Previti &
Amato, 2004; Shackelford, Buss & Bennett, 2002). De acordo com Mairal (2004), a
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“ocultamento”, porém grave, que supõe sempre uma dura prova para a estabilidade
matrimonial. Além disso, segundo Buss e Shackelford (1997), mesmo que ocorram
similaridades entre os sexos no que se refere à insatisfação da união devido, por exemplo, à
falta de amor, tal descontentamento é mais enfatizado nas mulheres, tornando-as ao mesmo
infiéis está relacionada igualmente com a qualidade do sexo no casamento. O ciúme entra
neste contexto como um sinal de ameaça à relação, pois o parceiro pode estar
Para Becker e cols. (2004) é o ciúme à infidelidade afetiva que melhor discrimina
mulheres de homens. Além disso, as mulheres relatam suas reações emocionais mais
que os episódios de ciúme masculinos são mais comuns quando a infidelidade feminina é
Seely, 2000).
Yazawa & Salazar, 1994), que aponta os elementos não-ameaça e exclusão como
estruturando o ciúme. Nesta ocasião foram testadas as cinco últimas hipóteses deste estudo,
não necessariamente implica no perdão. De acordo com Goetz e Buss (2005), muitos
ato de infidelidade. Portanto, desculpar a infidelidade do parceiro seria muito mais uma
traição. Conjetura-se que o perdão pode existir também como conseqüência de um pacto
conjugal, não exatamente do amor ou de um dos seus componentes que unem os parceiros.
Seja como for, não se pode esquecer que no presente estudo não se considerou a resposta
de pessoas traídas, mas de leitura de cenários fictícios, aos quais deveriam indicar a
Esta também não foi corroborada. Revendo esta hipótese e tendo em conta a literatura,
pode-se encontrar uma possível explicação. Segundo Mairal (2004), pessoas mais
impulsivas e com baixa tolerância a frustrações são as mais propensas à vingança. Deste
modo, poder-se-ia conjeturar que este tipo de reação seria mais esperado em razão de
algum traço de personalidade, não sendo inferido ou atribuído pelo participante em razão
1999; Stenberg, 1997). Portanto, estão presentes, por exemplo, o desejo de promover o
mútuo, compreensão e estar presente nos momentos difíceis da vida. Para Mairal (2004)
compartilhada, porém adverte que quase nenhum casal participa absolutamente toda sua
terminar uma relação, buscar a separação ao descobrir a traição do parceiro, pode ser deste
vínculo que une o casal, como se o outro fosse se tornando distante, frio, provavelmente
devido à diminuição do amor (Ramos, Yazawa & Salazar, 1994). Segundo Alferes (2002),
o ciúme surge como uma das condições antecedentes para determinados conflitos nas
Buunk (1997) considera que no ciúme preventivo (ver o Capítulo III), quando há indícios
ou sinais do interesse do parceiro em uma terceira pessoa, surgem os esforços para impedir
o contato íntimo entre eles, e é neste contexto que muitos homens e também mulheres
podem recorrer à agressão como forma de limitar a autonomia do(a) parceiro(a). Neste
contexto, cabe lembrar que a influência do sexo do ator-traidor (fator manipulado nos
cenários) para as reações à infidelidade revelou que as mulheres são as mais prováveis a
reagir com agressão. Enfim, quando uma ameaça à estabilidade do casamento é percebida,
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reagir com agressão física e/ou verbal pode ser explicado enquanto desígnio de eliminar os
Com relação à Hipótese 10, esta também foi corroborada. Presumia-se que reagir
tratada como momento de absoluto transtorno e com extremo sofrimento para os casais
(Mairal, 2004; Shackelford, Buss & Bennett, 2002), reagir com sofrimento psicológico
(tristeza, angústia, mágoa, ansiedade) ao desvelar de uma traição seria semelhante ao que
Buunk (1997) chamou de ciúme ansioso (ver o Capítulo III), onde o possível envolvimento
sexual e/ou emocional do(a) companheiro(a) com alguma outra pessoa implica na
imaginação de cenas (fantasiar um encontro, por exemplo) do(a) parceiro(a) junto com o(a)
uma terceira pessoa na relação do casal, considerando isso como natural e aceitável
(Ramos, Yazawa & Salazar, 1994), é plenamente explicável a relação inversa entre uma
de forma agressiva.
A última hipótese testada foi confirmada (Hipótese 12). Isso indica que as
inversamente com o julgamento que estes fazem acerca de reagir com sofrimento
comentado quanto à hipótese anterior; a pessoa que pontua alto em não-ameaça parece não
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outro, sem se importar com o seu envolvimento com uma terceira pessoa (Ramos, Yazawa
& Salazar, 1994). Daí, o sofrimento psicológico não ser encarado como uma reação
Faz-se necessário destacar que além dos resultados inicialmente antevistos pelas
separação como reação a cenários de infidelidade é respaldado pelo construto amor em sua
totalidade. Além disso, o julgamento das reações agressão física e/ou verbal e sofrimento
amor paixão, possivelmente por este componente ser baseado em necessidades de absoluta
sensação física (Sternberg, 1997), ao ser revelada uma traição, reações que atuam em nível
justificáveis.
ameaça, podendo ser justificada, mais uma vez, pela contradição entre a impassibilidade
de não sentir ciúme (Ramos, Yazawa & Salazar, 1994) e uma reação comportamental à
daqueles que fazem tal julgamento, mas também de atributos ou fatores específicos dos
cenários. Finalmente, o embasam construtos de natureza mais pessoal, como são o amor e
o ciúme que caracterizam estas pessoas. No capítulo a continuação faz-se uma discussão
geral dos resultados dos dois estudos aqui apresentados, sugerindo direções para pesquisas
futuras.
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5 – DISCUSSÃO GERAL
suas pontuações nas medidas de amor e ciúme, mas também em razão da manipulação dos
tempos mais remotos e, portanto, confundir-se como à própria existência humana, verifica-
em outros países (Becker & cols., 2004; Buunk & Dijkistra, 2004; Chang, 1999; Egan &
Angus, 2004; Goldenberg & cols., 2003; Mileham, 2007; Previti & Amato, 2004;
Schützwohl, 2004; Shackelford, Goetz & Buss, 2005; Whitty, 2003). No Brasil ainda são
sobre porcentagem de pessoas que traem mais em razão do estado ou sexo (Abdo, 2004).
Este aspecto, seguramente, justifica e dá sentido a esta dissertação, que não tem o poder de
encerrar ou dar a palavra final sobre a infidelidade, mas sim instigar estudos futuros que
visem conhecer como esta se apresenta neste país e o que poderia explicá-la.
esperar oferecer qualquer resposta definitiva à questão; mas isso não deve ser motivo de
sabe, modos de intervenção que visem minimizar o impacto que esta tem na vida dos
casais.
décadas, manter um relacionamento romântico torna-se cada vez mais difícil. Como
principal, um dos fatores mais importantes para a dissolução de uma união conjugal,
representando uma violação às normas que orientam um relacionamento estável (Barta &
social relevante, que deve ocupar os psicólogos sociais, e que há muito ocupa espaço de
infidelidade, os estudos empíricos acerca das reações à traição conjugal não são
que naquela ocasião – há cinco anos aproximadamente –, nenhuma pesquisa foi encontrada
que tratasse dos fenômenos específicos, observados depois que uma traição é desvelada.
previamente descritos, bem como suscitadas indicações para estudos posteriores, demanda-
se retomá-los genericamente a fim de alçar novas hipóteses que poderão merecer a atenção
que por sua vez exigem do pesquisador toda uma atenção dos fatos, além de todo o
cuidado metodológico. Mesmo assim, é improvável que uma pesquisa empírica não figure
eventuais limitações, visto que algumas variáveis de estudo não são contempladas, as
Deste modo, torna-se sensato aqui discutir ser mais enfático em algumas limitações
alcance, isto é, os sigmas ou a área sob a curva normal. Além disso, consideraram-se
aspecto, compuseram a amostra mais mulheres, e isso pode gerar vieses em razão de dois
aspectos: (1) não são as mulheres as que traem mais, mas sim os homens, possivelmente
Shackelford, 1997). Neste sentido, seria possível que estes dois grupos devessem ser
analisados separadamente, e não como o que ocorreu aqui, que foram tratados
freqüência das razões afetivas para a traição, como manifestas no Estudo 1. Como
asseveram Becker e cols. (2004), as razões afetivas para traição são mais enfatizadas pelas
concordância com os descritos na literatura, o que pode fazer menos contundente este
problema da amostra.
evidências favoráveis de sua validade fatorial e consistência interna, ambas podem conter
um elemento de desejabilidade social. Enquanto se apresentar como alguém que ama pode
ser desejável, revelar o ciúme pode não ser tão apreciável, sobretudo aquele do
componente de exclusão. Neste sentido, talvez fosse recomendável ter em conta este
aspecto, incluindo uma medida de desejabilidade social, que precisaria entrar como uma
julgamento das reações mais prováveis a cenários desta natureza. Neste contexto, aponta-
fosse mais adequado definir o componente paixão como dois sub-componentes, tratados
como paixão romântica e paixão erótica, como recentemente propõe Yela (2006).
regem-se por princípios diferentes, algo como a divisão entre “amor” (o sentido sublime da
expressão, sendo duradouro, que pode existir inclusive sem o outro) e “sexo” (algo mais
razões principais esta conduta de traição são a afetiva e a sexual, que têm norteado,
culturais e sociais distintas da brasileira (Becker & cols., 2004; Buss, 2002; Goldenberg &
cols., 2003; Schützwohl, 2004; Shackelford, 2001; Shackelford, Goetz & Buss, 2005). De
agressão verbal e/ou física e busca pela separação) já presentes na literatura sobre o tema
(Afifi, Falato & Weiner, 2001; Becker & cols., 2004; Harris, 2003; Schützwohl, 2004;
Shackelford, Buss & Bennett, 2002). Porém, cabe destacar a aparição das reações de
indiferença e sofrimento psicológico, frutos dos resultados empíricos deste estudo. Seriam
que a estadunidense, por exemplo? Não é possível oferecer uma resposta a esta pergunta,
ao menos de momento. Novos estudos devem ser realizados para dirimir dúvidas sobre este
aspecto. Finalmente, a reação perdão, apesar de não ter sido mencionada, foi incluída
como variável de estudo por ser usualmente pesquisada e admitida em outras culturas
(Shackelford, Buss & Bennett, 2002), e pareceu sim ser adequada no contexto brasileiro.
reações frente à infidelidade. Por exemplo, o sexo de traído e traidor pode jogar um papel
Hartnett, 2005; Buss & Shackelford, 1997; Shackelford, Buss & Bennett, 2002). Contudo,
estas parecem ser menos preponderantes quando se trata do julgamento que se faz acerca
de qual a probabilidade de adotar cada uma das seis reações listadas no Estudo 2. Neste
vivências que pessoas de diferentes faixas etárias tem em suas relações com os (as)
Talvez fosse mesmo pertinente fazer o que propõem Berman e Frazier (2005), que
amostra fosse composta unicamente por pessoas que vivenciaram alguma situação de
As reações de homens e mulheres, como esperadas, vão dentro do que se concebe como os
papéis assumidos por cada um (Baron-Cohen, 2004; Bozon, 2003; Goldenberg & cols.,
2003), isto é, as mulheres mais passivas, perdoando e sofrendo, enquanto os homens mais
de agressão física e/ou verbal [realce para indicar, como discutido previamente, que esta
dimensão pode ter se imposta], explicando-se em termos de ser mais comum entre as
mulheres (Archer, 2004). Estes resultados também são consistentes com as respostas à
traição, geralmente declaradas no processo terapêutico, daqueles que foram traídos: raiva,
implicações sociais depois que a traição é revelada costumam ser dificuldade em manter
infidelidade, como se constatou nos resultados, faz-se necessário uma reavaliação das
ter uma relação positiva. Por exemplo, a traição é mais provável quando um dos cônjuges
não significa que careça de sentido, merecendo atenção especial em estudos futuros,
fictícios.
probabilidade das reações a cenários de infidelidade. Todavia, observou-se que nas últimas
décadas os motivos que levam uma pessoa a trair foram sucessivamente estudados,
Falato & Weiner, 2001; Becker & cols., 2004; Harris, 2003; Olson & cols., 2002;
Schützwohl, 2004; Shackelford, Buss & Bennett, 2002). Deste modo, é imprescindível
recuperar em novas pesquisas as razões para infidelidade conjugal, por serem estas
O amor, importante preditor para felicidade, satisfação e emoções positivas (Kim &
ou não, do parceiro com alguma outra pessoa (Buunk, 1997), são igualmente fenômenos
desvelar da infidelidade.
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Apesar da infidelidade ser tema constante (se não diário) na mídia em geral e nos
especificamente, aqueles sobre as reações que esta provoca, são ainda pouco comuns
evolucionária, o que torna emergente a necessidade por buscar em outros contextos, teorias
diferentes das que se destacam ultimamente, por exemplo, uma conjetura através da
romântico.
separação após a revelação de uma traição está relacionada com o amor em sua totalidade,
enquanto empenho por manter este amor são, conjuntamente, componentes fundamentais
amor, pode ser razão primordial para se cometer um ato de infidelidade (considerando-os
do mesmo modo, parte das razões sexuais e afetivas), bem como a causa para uma possível
Quanto ao ciúme, enquanto empenho por afastar a ameaça provocada pela presença
de uma terceira pessoa na relação, pôde-se igualmente verificar a relação entre a agressão
como reação de caráter comportamental. Por outro lado, e de modo mais subjetivo,
também foi possível constatar a relação entre o ciúme e o sofrimento psicológico, derivado
diante de uma situação que, em geral, promove fortes emoções e conseqüentemente induz
verificar que sentir ou não ciúme diante de uma situação de traição, também pode elucidar
título da presente dissertação: São o amor e o ciúme explicações? De fato, como foi
para agir ou reagir deste ou daquele modo. Isso sugere que estas são variáveis importantes
Embora esta dissertação não tenha como propósito último a aplicabilidade dos
influência exercida pela pelo amor e ciúme para as reações à traição conjugal – mesmo que
para uma adequada compreensão das sensações, percepções e decisões enfrentadas após o
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concernem as varas da família, onde psicólogos jurídicos lidam constantemente com casais
surgir.
infidelidade conjugal (ou cenários desta) considerarem esta dissertação como provedora de
introduziram uma nova dinâmica aos relacionamentos conjugais: nunca foi tão fácil em
Whitty (2003; 2005), esta nova modalidade de traição está pautada na alteração do
fixo e que, através da Internet (trocas de e-mail, salas de bate-papo, Messenger, Orkut etc.)
concretização do envolvimento.
Em um mundo onde as interações on-line são cada vez mais freqüentes, tornou-se
das repercussões destas. Whitty (2003; 2005) descreve estudos que sugerem que a
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fantasia sexual é avaliada como a maior ameaça ao relacionamento atual. De acordo com
Angus (2004), as fantasias sexuais são mais focalizadas pelos homens do que as mulheres,
e aqueles são mais prováveis em idealizar tal atividade com pessoas desconhecidas; já as
fantasias sexuais das mulheres são mais prováveis de serem imaginadas com pessoas
conhecidas.
proporciona uma modificação na vida dos envolvidos; no caso da segunda, não causa
companheiros. Em seus resultados, Whitty (2003; 2005) sugere que as pessoas percebem o
envolvimento infiel on-line tão legítimo e real quanto o envolvimento infiel off-line.
Certamente, não há nos relacionamentos on-line nenhum contato físico, entretanto, isto não
significa que estes sejam “irreais”. Não obstante, estes estudos indicam que em muitos
casos a infidelidade virtual termina em envolvimento sexual real, e ainda que as reações
reações podem desaparecer por não fornecerem riscos à continuidade das gerações ou
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provavelmente desviados para manutenção de um (a) amante e aos filhos que desta relação
surgirem nas relações com o sexo oposto. Desta forma, nas relações homossexuais os
gêneros são iguais e suas respostas de ciúme à traição podem ser similares, variando em
Goetz e Buss (2005), muitos casais utilizam formas de manutenção do relacionamento com
o fim de evitar, por exemplo, a competição entre eles, e impedir, além de uma possível
mulheres em usarem táticas referentes, por exemplo, à não exposição da sua companheira a
outros homens; já as mulheres mais do que os homens utilizam como tática a valorização
quando estes possuem recursos financeiros mais elevados e, conseqüentemente, com maior
status social (Shackelford, 2001). Shackelford, Goetz e Buss (2005) ressaltam para a
ocorrência de atitudes violentas dos homens contra as mulheres como fonte de manutenção
inconscientemente, além de, indiretamente, causar sensação de culpa no (a) parceiro (a)
pelo simples fato deste (a) falar com outra pessoa. Estas diversas táticas precisam ser
melhor conhecidas, sobretudo em culturas coletivistas, como a brasileira, haja vista que a
Unidos. É possível que táticas mais grupais, como confiar a esposa ou esposo a amigos,
surja como forma de assegurar o não envolvimento extraconjugal do (a) outro (a).
que o comportamento agressivo causado pelo ciúme patológico é mais comum nos
homens. Esta constatação surgiu como resultado de uma pesquisa, por meio de imagens em
afetiva. Ainda que não houvesse nenhuma diferença entre os sexos na auto-avaliação do
ciúme como reação aos dois tipos de traição, homens e mulheres apresentaram padrões
contendo fotografias com representações neutras e outras com infidelidade sexual e afetiva.
Solicitou-se aos participantes que imaginassem seu parceiro vivenciando tal situação.
Nesta condição reproduzindo o ciúme, a atividade cerebral nas regiões que envolvem o
comportamento sexual e agressivo, como a amígdala e o hipotálamo, foi mais intensa nos
atividade no lóbulo temporal superior posterior. Novas pesquisas neste campo poderão ser
entre os pesquisados.
terapeutas e leigos como preditora da infidelidade. Do mesmo modo, para Egan e Angus
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(2004) traços típicos do indivíduo são importantes para traição nos seres humanos. Muitos
com a auto-estima e ao narcisismo (Foster & Campbell, 2005). Embora estas especulações
sejam comuns, são escassas as pesquisas que avaliem prévia e sistematicamente o papel da
psicoticismo são desencadeantes da traição; mulheres com estas características são mais
configura-se como uma violação às normas que regem o relacionamento entre as pessoas.
seriam mais resistentes à traição (ver Gouveia, 2003). Contudo, estas são apenas
conjeturas; demandar-se-iam estudos futuros que averiguassem o papel dos valores para
defendê-la, caberia também assinalar que algo de positivo pode resultar, ao menos na vida
que para alguns casais, a infidelidade promove reações positivas, isto é, seus integrantes se
família. Cabe ressaltar, que estas verificações ocorreram no âmbito terapêutico, portanto,
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para sua confirmação, seriam necessários outros estudos abrangendo não apenas o caráter
qualitativo das suposições acima descritas, mas também o quantitativo. Esta parece ser
dos cenários de infidelidade para análise das reações que esta produz. Embora não
estudos futuros. Tais cenários foram primordiais, designadamente no que se refere à (1)
ampliação do estudo das relações íntimas no Brasil. Não obstante, é imprescindível para
sua concretização que este seja respaldado por um consistente aparato teórico e técnicas de
mestrado tenha contribuído para compreensão e para o avanço da pesquisa sobre este tema,
CAPÍTULO VI – REFERÊNCIAS
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6 – REFERÊNCIAS
Paulo: Summus.
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ANEXOS
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1. Cite três razões (motivos) principais para a traição nos relacionamentos amorosos:
A.___________________________________________________________________
B.___________________________________________________________________
C.___________________________________________________________________
4. Cite três possíveis reações ao ato da infidelidade conjugal, isto é, como as pessoas se
comportam nesta situação com relação à (ao) parceira (o):
A.___________________________________________________________________
B.___________________________________________________________________
C.___________________________________________________________________
1. Nívea, 37 anos, conheceu Paulo, 38 anos, quando ainda era estagiária de uma grande
empresa e resolveram se casar quando ela se formou. Nívea, atualmente, mantém um cargo
de alta chefia nesta mesma empresa, com um salário compatível com sua função. Quanto a
Paulo, que era filho de um médico renomado, formou-se em Medicina e abriu uma grande
clínica, contando com diversos clientes, o que tem lhe proporcionado bons rendimentos.
Atualmente as despesas da casa e da família são assumidas por ambos, que desfrutam de
boa condição financeira. Eles tem dois filhos, com 9 e 7 anos e mês passado completaram
dez anos de casados. Contudo, hoje em dia Nívea se queixa do marido, considerando-o
ausente e sem interesse sexual por ela. Recentemente, ao participar de um processo seletivo
para preenchimento de uma vaga na empresa na qual é diretora, Nívea conheceu Roberto,
da sua idade, candidato ao cargo. Ela se sentiu atraída por Roberto que era extremamente
sedutor, logo não resistiu e iniciaram uma relação. Nívea não o amava; unicamente
pretendia satisfazer seus desejos sexuais. Passados dois meses, Roberto e Nívea seguiam se
encontrando e mantendo relações sexuais. Certo dia, por acaso, Paulo descobriu a relação
que sua esposa mantinha com Roberto.
2. Nívea, 37 anos, conheceu Paulo, 38 anos, quando ainda era estagiária de uma grande
empresa e resolveram se casar quando ela se formou. Nívea, atualmente, mantém um cargo
de alta chefia nesta mesma empresa, com um salário compatível com sua função. Quanto a
Paulo, que era filho de um médico renomado, formou-se em Medicina e abriu uma grande
clínica, contando com diversos clientes, o que tem lhe proporcionado bons rendimentos.
Atualmente as despesas da casa e da família são assumidas por ambos, que desfrutam de
boa condição financeira. Eles tem dois filhos, com 9 e 7 anos e mês passado completaram
dez anos de casados. Contudo, hoje em dia Nívea se queixa do marido, considerando-o
pouco carinhoso e afetivo, inclusive sem demonstrar que a ama. Recentemente, ao
participar de um processo seletivo para preenchimento de uma vaga na empresa na qual é
diretora, Nívea conheceu Roberto, da sua idade, candidato ao cargo. Ela se sentiu atraída
por Roberto que era extremamente sedutor. Eles saíram uma vez para tomar café e ela logo
se apaixonou, percebendo que estava amando-o, não sendo apenas uma atração sexual.
Passados dois meses, Roberto e Nívea seguiam se encontrando e bastante enamorados.
Certo, dia, por acaso, Paulo descobriu que sua esposa estava amando um outro homem
(Roberto).
3. Nívea, 37 anos, conheceu Paulo, 38 anos, quando ainda era estagiária de uma grande
empresa e resolveram se casar quando ela se formou. Nívea, atualmente, mantém um cargo
de alta chefia nesta mesma empresa, com um salário compatível com sua função. Quanto a
Paulo, era proprietário de uma oficina mecânica. Ele enfrentou uma grave crise financeira
no oitavo ano de seu casamento e o seu negócio acabou falindo. Atualmente ele está
desempregado e todas as despesas da casa e da família são mantidas por Nívea. Eles tem
dois filhos, com 9 e 7 anos e mês passado completaram dez anos de casados. Contudo, hoje
em dia Nívea se queixa do marido, considerando-o ausente e sem interesse sexual por ela.
Recentemente, ao participar de um processo seletivo para preenchimento de uma vaga na
empresa na qual é diretora, Nívea conheceu Roberto, da sua idade, candidato ao cargo.
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Nívea se sentiu atraída por Roberto que era extremamente sedutor, logo não resistiu e
iniciaram uma relação. Nívea não o amava; unicamente pretendia satisfazer seus desejos
sexuais. Passados dois meses, Roberto e Nívea seguiam se encontrando e mantendo
relações sexuais. Certo dia, por acaso, Paulo descobriu a relação que sua esposa mantinha
com Roberto.
4. Nívea, 37 anos, conheceu Paulo, 38 anos, quando ainda era estagiária de uma grande
empresa e resolveram se casar quando ela se formou. Nívea, atualmente, mantém um cargo
de alta chefia nesta mesma empresa, com um salário compatível com sua função. Quanto a
Paulo, era proprietário de uma oficina mecânica. Ele enfrentou uma grave crise financeira
no oitavo ano de seu casamento e o seu negócio acabou falindo. Atualmente ele está
desempregado e todas as despesas da casa e da família são mantidas por Nívea. Eles tem
dois filhos, com 9 e 7 anos e mês passado completaram dez anos de casados. Contudo, hoje
em dia Nívea se queixa do marido, considerando-o pouco carinhoso e afetivo, inclusive
sem demonstrar que a ama. Recentemente, ao participar de um processo seletivo para
preenchimento de uma vaga na empresa na qual é diretora, Nívea conheceu Roberto, da sua
idade, candidato ao cargo. Ela se sentiu atraída por Roberto que era extremamente sedutor.
Saíram uma vez para tomar café e ela logo se apaixonou, percebendo que estava amando-o,
não sendo apenas uma atração sexual. Passados dois meses, Roberto e Nívea seguiam se
encontrando e bastante enamorados. Certo, dia, por acaso, Paulo descobriu que sua esposa
estava amando um outro homem (Roberto).
1) Em que medida esta narrativa pode retratar um fato verídico, que realmente acontece
(verdadeiro), ou simplesmente se refere a uma estória, algo que é irreal, que não ocorre
(falso)?
Opine circulando um número na escala de resposta abaixo.
2) Pense por um momento na situação de Paulo, a pessoa que foi traída no casamento. Das
reações listadas a seguir, indique em que medida cada uma delas é improvável ou provável.
Mais ou menos provável
Totalmente improvável
Totalmente provável
Bastante improvável
Bastante provável
REAÇÕES À INFIDELIDADE
Improvável
Provável
3) Considere outra vez a lista de reações antes apresentadas. Qual, em sua opinião pessoal,
independente do que possam pensar os demais, seria mais adequada Paulo adotar frente à
sua esposa? ______________________________________________________________.
5. Paulo, 38 anos, conheceu Nívea, 37 anos, quando ainda era estagiário de uma grande
empresa e resolveram se casar quando ele se formou. Paulo, atualmente, mantém um cargo
de alta chefia nesta mesma empresa, com um salário compatível com sua função. Quanto a
Nívea, que era filha de um médico renomado, formou-se em Medicina e abriu uma grande
clínica, contando com diversos clientes, o que tem lhe proporcionado bons rendimentos.
Atualmente as despesas da casa e da família são assumidas por ambos, que desfrutam de
boa condição financeira. Eles tem dois filhos, com 9 e 7 anos e mês passado completaram
dez anos de casados. Contudo, hoje em dia Paulo se queixa da esposa, considerando-a
ausente e sem interesse sexual por ele. Recentemente, ao participar de um processo seletivo
para preenchimento de uma vaga na empresa na qual é diretor, Paulo conheceu Roberta, da
sua idade, candidata ao cargo. Ele se sentiu atraído por Roberta que era extremamente
sedutora, logo não resistiu e iniciaram uma relação. Paulo não a amava; unicamente
pretendia satisfazer seus desejos sexuais. Passados dois meses, Roberta e Paulo seguiam se
encontrando e mantendo relações sexuais. Certo dia, por acaso, Nívea descobriu a relação
que seu marido mantinha com Roberta.
6. Paulo, 38 anos, conheceu Nívea, 37 anos, quando ainda era estagiário de uma grande
empresa e resolveram se casar quando ele se formou. Paulo, atualmente, mantém um cargo
de alta chefia nesta mesma empresa, com um salário compatível com sua função. Quanto a
Nívea, que era filha de um médico renomado, formou-se em Medicina e abriu uma grande
clínica, contando com diversos clientes, o que tem lhe proporcionado bons rendimentos.
Atualmente as despesas da casa e da família são assumidas por ambos, que desfrutam de
boa condição financeira. Eles tem dois filhos, com 9 e 7 anos e mês passado completaram
dez anos de casados. Contudo, hoje em dia Paulo se queixa da esposa, considerando-a
pouco carinhosa e afetiva, inclusive sem demonstrar que o ama. Recentemente, ao
participar de um processo seletivo para preenchimento de uma vaga na empresa na qual é
diretor, Paulo conheceu Roberta, da sua idade, candidata ao cargo. Ele se sentiu atraído por
Roberta que era extremamente sedutora. Eles saíram uma vez para tomar café e ele logo se
apaixonou, percebendo que estava amando-a, não sendo apenas uma atração sexual.
Passados dois meses, Roberta e Paulo seguiam se encontrando e bastante enamorados.
Certo, dia, por acaso, Nívea descobriu que seu marido estava amando uma outra mulher
(Roberta).
7. Paulo, 38 anos, conheceu Nívea, 37 anos, quando ainda era estagiário de uma grande
empresa e resolveram se casar quando ele se formou. Paulo, atualmente, mantém um cargo
de alta chefia nesta mesma empresa, com um salário compatível com sua função. Quanto a
Nívea, que era filha de uma costureira na mesma época em que conheceu Paulo, abriu uma
pequena loja de confecções. Ela enfrentou uma grave crise financeira no oitavo ano de seu
casamento e o seu negócio acabou falindo. Atualmente ela está desempregada e todas as
despesas da casa e da família são mantidas por Paulo. Eles tem dois filhos, com 9 e 7 anos
e mês passado completaram dez anos de casados. Contudo, hoje em dia Paulo se queixa da
esposa, considerando-a ausente e sem interesse sexual por ele. Recentemente, ao participar
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8. Paulo, 38 anos, conheceu Nívea, 37 anos, quando ainda era estagiário de uma grande
empresa e resolveram se casar quando ele se formou. Paulo, atualmente, mantém um cargo
de alta chefia nesta mesma empresa, com um salário compatível com sua função. Quanto a
Nívea, que era filha de uma costureira na mesma época em que conheceu Paulo, abriu uma
pequena loja de confecções. Ela enfrentou uma grave crise financeira no oitavo ano de seu
casamento e o seu negócio acabou falindo. Atualmente ela está desempregada e todas as
despesas da casa e da família são mantidas por Paulo. Eles tem dois filhos, com 9 e 7 anos
e mês passado completaram dez anos de casados. Contudo, hoje em dia Paulo se queixa da
esposa, considerando-a pouco carinhosa e afetiva, inclusive sem demonstrar que o ama.
Recentemente, ao participar de um processo seletivo para preenchimento de uma vaga na
empresa na qual é diretor, Paulo conheceu Roberta, da sua idade, candidata ao cargo. Ele se
sentiu atraído por Roberta que era extremamente sedutora. Saíram uma vez para tomar café
e ele logo se apaixonou, percebendo que estava amando-a, não sendo apenas uma atração
sexual. Passados dois meses, Roberta e Paulo seguiam se encontrando e bastante
enamorados. Certo, dia, por acaso, Nívea descobriu que seu marido estava amando uma
outra mulher (Roberta).
1) Em que medida esta narrativa pode retratar um fato verídico, que realmente acontece
(verdadeiro), ou simplesmente se refere a uma estória, algo que é irreal, que não ocorre
(falso)?
Opine circulando um número na escala de resposta abaixo.
Totalmente provável
Bastante improvável
Bastante provável
REAÇÕES À INFIDELIDADE
Improvável
Provável
3) Considere outra vez a lista de reações antes apresentadas. Qual, em sua opinião pessoal,
independente do que possam pensar os demais, seria mais adequada Nívea adotar frente à
seu esposo? ____________________________________________________________.
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1 3 5 7 9
2 4 6 8
Não me Me descreve Me descreve Me descreve Me descreve
... ... ... ...
descreve nada um pouco mais ou menos bastante totalmente
01. ( ) Eu não imagino outra pessoa me fazendo tão feliz como _____ me faz
02. ( ) Sempre sentirei uma forte responsabilidade por _____
03. ( ) Não há nada mais importante para mim do que minha relação com _____
04. ( ) Eu recebo considerável suporte emocional de _____
05. ( ) Espero amar _____ por toda minha vida
06. ( ) Não me imagino vivendo sem _____
07. ( ) Posso contar com _____ na hora que eu necessitar
08. ( ) Meu relacionamento com _____ é muito romântico
09. ( ) Me pego pensando frequentemente em _____ durante o dia
10. ( ) Eu vejo meu relacionamento com _____ como permanente (duradouro)
11. ( ) _____ pode contar comigo na hora que necessitar
12. ( ) Só em olhar para _____ é excitante
13. ( ) Não imagino terminar o relacionamento com _____
14. ( ) Valorizo _____ muitíssimo em minha vida
15. ( ) Eu vivencio muitas alegrias com _____
16. ( ) Eu adoro _____
17. ( ) Eu tenho _____ como modelo de perfeição
18. ( ) Estou seguro(a) do meu amor por _____
19. ( ) Eu estou comprometido(a) em manter meu relacionamento com _____
20. ( ) Estou pronto(a) para compartilhar minha vida e meus bens materiais com _____
21. ( ) Existem coisas quase “mágicas” no meu relacionamento com _____
22. ( ) Sinto-me emocionalmente próximo de _____
23. ( ) Eu não poderia deixar que nada interferisse de algum modo meu compromisso
com _____
24. ( ) Acho _____ muito atraente
25. ( ) Eu dou considerável suporte emocional para _____
26. ( ) Confio na estabilidade do meu relacionamento com _____
27. ( ) Prefiro estar com _____ do que com qualquer outra pessoa
28. ( ) Vejo meu relacionamento com _____ como uma decisão bem tomada
29. ( ) Sonho de olhos abertos com _____
30. ( ) Eu tenho um relacionamento confortável com _____
31. ( ) Eu tenho um relacionamento agradável com _____
32. ( ) Quando vejo filmes românticos ou leio livros românticos, eu penso em _____
33. ( ) Reconheço que considero muito _____
34. ( ) Eu sinto que sou responsável por _____
35. ( ) Me comunico bem com _____
36. ( ) Eu particularmente gosto do contato físico com _____
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37. ( ) Por causa do meu compromisso com _____ eu não permitiria a intromissão de
outra pessoa
38. ( ) Compartilho informações íntimas da minha vida quando converso com _____
39. ( ) Mesmo quando _____ é inflexível com um assunto, eu permaneço
comprometido com a nossa relação.
40. ( ) Meu relacionamento com _____ é apaixonante
41. ( ) Sinto que realmente compreendo _____
42. ( ) Eu vejo meu compromisso com _____ como sólido
43. ( ) Sinto que _____ realmente me compreende
44. ( ) Eu planejo continuar meu relacionamento com _____
45. ( ) Sinto que realmente posso confiar em _____
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INSTRUÇÕES. A seguir você encontrará uma lista com 24 afirmações com as quais
poderá ou não estar de acordo. Pedimos-lhe, por favor, que leia todas com atenção. Elas
podem ser aplicadas a homens e mulheres, cabendo a você responder de acordo com seu
sexo. Indique ao lado de cada uma o seu grau de acordo ou desacordo, utilizando a escala
de resposta a seguir:
1 = Discordo Totalmente
2 = Discordo
3 = Nem concordo, nem discordo / Indeciso
4 = Concordo
5 = Concordo Totalmente
19. ____Encontrar um isqueiro no bolso dela(dele), sabendo que ela(ele) não fuma, o(a)
deixa indignado(a).
20. ____É aceitável ela(ele) sonhar com outro(a).
21. ____É natural ela(ele) passar algumas horas ouvindo músicas na casa de um(a) amigo(a).
22. ____É indecente ela(ele) dar olhadas para outros(as) homens(mulheres) em uma festa.
23. ____É tolerável ela(ele) ficar de papo com alguém.
24. ____Ela(ele) trabalhar num ambiente onde há predominância de homens(mulheres) lhe
incomoda.
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18. Imagine que você descobre que a pessoa com quem mantêm um relacionamento
estável está envolvida afetivamente com uma outra pessoa, isto é, elas estão
apaixonadas, se amando mutuamente. Qual seria sua reação mais provável?
Ciúme Raiva Mágoa Aversão Perdão
19. Imagine que você descobre que a pessoa com quem mantêm um relacionamento
estável está envolvida sexualmente com uma outra pessoa, isto é, elas apenas mantêm
relações sexuais. Qual seria sua reação mais provável?
Ciúme Raiva Mágoa Aversão Perdão
20. Você se considera...
Heterossexual Homossexual Bissexual
Obrigado por sua colaboração!
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Estamos realizando uma pesquisa na cidade de João Pessoa com a finalidade de conhecer
questões referentes às relações interpessoais e afetivas. Este estudo compreende uma pesquisa da
Pós-graduação em Psicologia Social da Universidade Federal da Paraíba, sob a coordenação do
Prof. Dr. Valdiney Veloso Gouveia.
Para realização desta pesquisa, gostaríamos de contar com a sua colaboração respondendo
a este questionário. Esclarecemos que serão respeitados todos os princípios éticos relacionados a
pesquisas com seres humanos, conforme o Conselho Nacional de Saúde e o que estabelece o
Comitê de Ética na Pesquisa.
Apesar deste estudo não oferecer benefício imediato aos participantes, contribuirá ao banco
geral do conhecimento psicológico, neste sentido pedimos que expresse o que pensa da maneira
mais sincera possível, sem deixar nenhuma questão em branco. Todas as informações são
confidenciais e não existem respostas consideradas certas ou erradas. Suas respostas não serão
computadas individualmente, mas consideradas no conjunto. Salienta-se, portanto, a garantia do
anonimato dos participantes.
As informações coletadas na pesquisa estarão disponíveis provavelmente no segundo
semestre de 2006. Para obtê-las, favor contatar os responsáveis através dos meios acima citados.
Desde já, agradecemos enormemente a colaboração dada a esta solicitação.
TERMO DE CONSENTIMENTO
Certifico haver lido o anteriormente descrito, compreendo que os dados serão mantidos em sigilo e
que estou participando voluntariamente. Pela presente, dou meu consentimento para participar do
estudo.
____________________________________________
Assinatura/rubrica do participante