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CULTIVO DE ALGAS: BENEFÍCIOS NUTRICIONAIS E SOCIAIS COM BAIXO IMPACTO

AMBIENTAL

(*) Valéria Cress Gelli, pesquisadora científica, Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento do Litoral
Norte (Centro do Pescado Marinho, do Instituto de Pesca), da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo, setembro 2015

A algicultura, ou ficocultura, (cultivo de algas) tem se consolidado como importante atividade


econômica. Dados estatísticos da FAO (2014) demonstram que a produção mundial de algas
em 2012 foi de 23.776.449 toneladas (US$ 6,4 bilhões), sendo aproximadamente 9%
correspondente à macroalga ‘Kappaphycus alvarezii’. A maior parte desta produção é obtida
dos países em desenvolvimento, onde se prevê que a aquicultura continuará contribuindo para
a produção de alimentos e mitigação da pobreza. A maioria das práticas aquícolas tem
permitido a obtenção de notáveis benefícios nutricionais e sociais com baixo impacto
ambiental.

De acordo com a FAO (2014), o Brasil produziu 700 toneladas de macroalga fresca em 2012.
Entretanto, esta produção pode estar superestimada pelo desinteresse e abandono dos
produtores dos cultivos comerciais nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, em
consequência das restrições das legislações ambientais desses estados, dos preços baixos
praticados pelas indústrias (R$ 2,80/kg macroalga seca ou R$ 0,25/kg de macroalga fresca),
assim como dos problemas de infraestrutura e técnicas de manejo.

A macroalga marinha ‘Kappaphycus alvarezii’ (sin. K. cottonii), alga vermelha do grupo


Rhodophyta, é a principal fonte mundial de carragenana do tipo ‘Kappa’, hidrocolóide utilizado
como aditivo alimentar, tendo ação gelificante, espessante, emulsionante e estabilizante nas
indústrias alimentícia, farmacêutica e de cosméticos (Hayashi e Reis, 2012). Essa espécie de
alga também pode ser utilizada na composição de adubos e rações (Oliveira et al., 2005);
estudos recentes apontam para o seu potencial na produção de biocombustível e
biofertilizante (Candra et al, 2011; Zodape, 2001; Zodape et al., 2009; Babu e Rengasamy,
2012; Pramanick et al., 2014).

A macroalga ‘K. alvarezii’ foi introduzida no Brasil em 1995 por iniciativa da USP e da Secretaria
de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto de Pesca, com a
finalidade de realizar estudos sobre sua biologia e técnica de cultivo, visando mitigar a
exploração dos bancos naturais da macroalga nativa ‘Hypnea musciformis’ (fonte de
carragenana) e suprir as crescentes demandas por alga importada, assim como pelo produto
carragenana propriamente dito (Oliveira, 1990; Paula et al., 1998; Paula et al., 2002). Segundo
Paula et al. (1998), do tetrasporófito (talo filamentoso de algas rodofíceas) original de
coloração marrom, introduzido em 1995, surgiram espontaneamente os tetrasporófitos
vermelho e verde, que foram cultivados por propagação vegetativa. Por possuir alta
plasticidade, outros diferentes tetrasporófitos foram surgindo replicados, dando origem a 11
diferentes tipos, que, ao longo deste texto, serão denominados ‘linhagem’.

Os primeiros cultivos comerciais da referida macroalga surgiram no Estado do Rio de Janeiro,


em 2004 (Castelar et al, 2009), por apresentar, segundo Paula et al (1998), ótima adaptação
aos cultivos e alta taxa de crescimento: 4 a 8% ao dia. A macroalga também foi introduzida
para fins experimentais em Santa Catarina, em 2008, e no estado da Paraíba, onde há cultivos
comerciais.

De acordo com Hayashi (2007), vários estudos com a espécie ‘K. alvarezii’ foram realizados
visando: sua introdução responsável no Litoral Norte de São Paulo, envolvendo aspectos
reprodutivos e biológicos em ambiente marinho (Bulboa, 2001; Bulboa e Paula, 2005);
aspectos biológicos em condição de laboratório (Paula et al., 2001); aspectos da tecnologia e
bioecológicos do cultivo em ambiente marinho (Paula et al., 2001; Paula et al., 1998; Paula et
al., 1999; Paula et al, 2002; Paula e Pereira, 2003); cultivo integrado com camarões e
mexilhões (Lombardi et al., 2001a, 2001b); aproveitamento e produção da carragenana
(Hayashi, 2001; 2007; Hayashi et al., 2007a); e seleção de linhagens da macroalga em
laboratório para cultivo (Paula et al., 1999), dentre outros.

Uma das preocupações frente a propostas de cultivo de organismos não nativos consiste no
risco de bioinvasão. A este respeito, Reis (2007) afirma que o risco de invasão da macroalga ‘K.
alvarezii’ pode ser considerado baixo. Paula et al. (1998) afirmam que a invasão de ‘K.
alvarezii’ no ambiente natural da costa paulista é improvável, pois os clones não produzem
esporos. As estruturas masculinas são difíceis de ocorrer no ambiente e, quando isso ocorre,
são geralmente estéreis, não tendo sido, também, encontradas em plantas cultivadas (Bulboa,
2001; Ask e Azanza, 2002). Os espécimes femininos foram considerados inviáveis por Paula et
al. (1999). Estudos de biologia molecular constataram a ocorrência de espécimes
tetrasporofíticos (Zuccarello et al., 2006), porém, em espécies cultivadas normalmente, não
são reconhecidos tetrasporófitos, que podem produzir tetrásporos, embora estes sejam
raramente viáveis, mesmo em condições de laboratório (Ask e Azanza, 2002; Paula et al.,
1999).

Em sistemas de cultivo, a espécie K. alvarezii reproduz-se por propágulos (=estruturas


constituídas basicamente por células meristemáticas que se desprendem da planta,
geneticamente idênticas à planta de origem), através de fragmentação do talo. As mudas são
cultivadas durante ciclos de 30 a 60 dias e posteriormente colhidas. A planta é mais densa que
a água do mar, submergindo quando separada do substrato. Quando submersa e na ausência
de luz, não sobrevive. A espécie não possui apressórios (= estruturas de fixação que só dão
suporte ao talo e à raiz, mão havendo absorção de nutrientes) e disco de fixação. Outro ponto
a se destacar é o consumo dessa alga por lebres do mar, peixes e tartarugas (Paula et al., 2002;
Reis, 2007; Costa, 2008; Castelar, 2009; Carvalho, 2011).

Grande parte de todos esses estudos embasou tecnicamente o IBAMA na emissão da Instrução
Normativa no 185, de 22 de julho de 2008, que permite sua introdução e cultivo na região
entre Ilhabela (SP) e Baía de Sepetiba (RJ). Cabe ressaltar que todas as áreas propícias para
implantação de maricultura estão dentro da Unidade de Conservação - Área de Proteção
Ambiental Marinha do Litoral Norte, criada pelo decreto 53.525, de 8 de outubro de 2008, com
a proposta de estabelecer normas específicas sobre o cultivo da alga em seu Plano de Manejo
ou através de resoluções específicas (Piatto, 2012).

Visando ao desenvolvimento do setor pesqueiro e, em particular, aquele relacionado à


produção aquícola famíliar/artesanal, a difusão de informações sobre a utilização sustentável e
integral de ‘K. alvarezzi’ pode contribuir para a valorização e incentivo ao consumo de novos
produtos à base de pescado que apresentem grande aceitação e apelos nutricionais. Agentes
ligantes, como a carragena, em especial a do tipo ‘kappa’, interferem na textura da Carne
Mecanicamente Separada (CMS), promovendo uma considerável melhoria do produto.

Em relação às possibilidades de aproveitamento da macroalga K. alvarezii, Eswaran et al.


(2005) extraíram sua seiva por processamento simples de trituração e filtração. O extrato da
alga foi considerado um biofertilizante foliar e vários estudos comprovam a sua eficiência.
Zodape et al (2008) estudaram o uso de diferentes concentrações do extrato na cultura do
quiabo (Albemoschus esculentus), com eficiência na concentração de 2,5%. Zodape et al (2009)
também estudaram sua utilização no cultivo do trigo (Triticum aestivum), afirmando haver
diferença significativa no crescimento do cereal com a utilização do extrato a 1%; Zodape et al
(2010) afirmam que, utilizando o extrato de macroalga a 1%, obtiveram maior rendimento e
qualidade nutricional na grama, e Zodape et al (2011) utilizaram o extrato da macroalga em
tomates (Lycopersicon esculentum), obtendo melhor resultado com a concentração de 5%.
Babu e Rengasamy ( 2012) obtiveram bons resultados no crescimento da pimenta e do arroz, e
Shad et al. (2013), no crescimento do trigo, comparando extratos de duas diferentes
macroalgas (K. alvarezii e Gracilaria sp.).

Ainda sobre as propriedades e benefícios da utilização de macroalgas, Athukorala et al (2007)


afirmam que as algas marinhas também podem ser utilizadas como prebióticos, pois são ricas
em polissacarídeos sulfatados. Tais substâncias são constituídas por uma gama de moléculas
como açúcares raros e grupos sulfato, cuja elevada biodisponibilidade lhes confere atividades
biológicas como anticoagulante, antitrombótica, antiviral, antitumoral, antiproliferativa e anti-
inflamatória. Análises fotoquímicas primárias de ‘Kappaphycus sp’, realizadas por
Rajasulochana et al. (2009), indicam que esta macroalga possui utilidade em vários produtos
nutricionais para uso como alimento natural ou suplemento nutracêutico. Estudos de
composição e ensaios ‘in vitro’ têm sido realizados nos últimos anos, porém ainda são poucos
os relatos encontrados na literatura da sua aplicação efetiva comprovando suas propriedades
funcionais. Segundo Saboya et al. (2012), a adição dos polissacarídeos sulfatados (PS) da
‘Kappaphycus alvarezii’ em ração da tilápia-do-nilo em fase de reversão sexual melhorou a
taxa de sobrevivência, peso médio final e ganho médio de peso diário dos peixes, após o
estabelecimento de uma situação de estresse na criação.

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 Imagens: Dia de campo: monitoramento e bioalgas, Ubatuba (SP)

 Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com

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