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Um novo conceito em Educação

INSTITUTO TOCANTINENSE DE EDUCAÇÃO SUPERIOR E


PESQUISA LTDA– FACULDADE ITOP

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU SUPERVISÃO E ORIENTAÇÃO


EDUCACIONAL

MÓDULO: PRÁTICAS DE
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

Prof. Esp. Zilmene Santana Souza

FORMAÇÃO:
- Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário Luterano de
Palmas – TO.
- Especialista em Docência do Ensino Superior – Faculdade ITOP -
TO.
- Atualmente encontra-se matriculada e cursando a Especialização
em Gestão Educacional pela Universidade Federal de Santa Maria.
Santa Maria – RS.

ATIVIDADES EXERCIDAS:

- Coordenação Pedagógica - Colégio Ulbra Palmas – Atualmente.


- Professora de Pós-graduação - IPAE – Instituto de Pós-graduaçao –
201.
- Professora de Pós-graduação - ITOP – Faculdade ITOP – 2010 –
Atualmente.
- Professora de Pós-graduação - INAPES – Instituto Nacional de Pós-
Graduação e Ensino Superior – 2009 – Atualmente.
- Professora de Pós-graduação - ESEA – Programa Reengenharia em
Educação Científica – 2008 – Atualmente.
- Coordenação Pedagógica - Colégio Batista de Palmas – 2007 a
2010.
- Tutora do Curso de Pedagogia - UNOPAR – Universidade do Norte do Paraná – 2007.

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PLANO DA DISCIPLINA

EMENTA: A disciplina tem enfoque teórico-prático sobre a atuação do


especialista em Orientação Educacional na unidade
escolar. Analisa também a papel interdisciplinar deste profissional
frente às novas demandas educacionais e sociais, bem como os enfoques
contextualizados que a atuação exige.

OBJETIVO GERAL: Preparar o profissional da pedagogia e áreas afins para o exercício profissional em
instituições de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, de modo que seja capaz de
exercer uma liderança intelectual, social econômica e política na área educacional.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

• Propiciar aprofundamento teórico e reflexões acerca da atuação do Orientador Educacional;


• Refletir sobre os campos de ação do Orientador Educacional.
• Dimensionar a ação do orientador educacional frente às demandas da educação e da escola
contemporânea;
• Debater a respeito da atuação do orientador educacional em relação à orientação profissional dos
alunos;
• Debater a respeito da atuação do orientador educacional na relação entre a escola, a família e a
comunidade;
JUSTIFICATIVA: Orientação educacional é uma especialidade do pedagogo, que pode ser obtida através de
cursos de habilitação, incorporada ou não à licenciatura em pedagogia, ou através de especialização. O orientador
educacional atua junto ao corpo discente das instituições de ensino, acompanhando as atividades escolares, bem
como o desempenho do estudante, seja em termos de rendimento ou de comportamento. O módulo Princípios da
Orientação Educacional apresenta um processo dinâmico, contínuo e sistemático, estando a Orientação
Educacional integrada em todo o currículo escolar sempre encarando o aluno como um ser global que deve
desenvolver-se harmoniosa e equilibradamente em todos os aspectos: intelectual, físico, social, moral, estético,
político, educacional e vocacional.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
• Orientação Educacional: contexto histórico;
• Princípios e objetivos da Orientação Educacional;
• O papel do Orientador Educacional;
• A formação do Orientador Educacional;
• A atuação do Orientador Educacional nos contextos escolares;
• Técnicas de aconselhamento e de acompanhamento;
• Técnicas de medida e de avaliação em Orientação Educacional;
• A gestão e o Orientador Educacional;
• A Orientação Educacional e a integração do aluno a escola e a sociedade;
• A Orientação Vocacional;
• A preparação para o mundo do trabalho;
• Ensino profissionalizante;

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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: Aula expositiva dialogada com apoio tecnológico. Para
além da exposição e da classificação de conceitos pela professora, haverá recurso à leitura e análise de
textos individual e em grupos, com dinâmicas para a formação de grupos para representar a noção acerca
do currículo e estudo do meio.

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: A avaliação se dará através de discussões de textos, seminários,


participação em sala de aula e ao final o desenvolvimento de uma síntese articulando os conteúdos
ministrados em sala de aula e os de textos recomendados.

BIBLIOGRAFIA:

ANTUNES, Celso. Como identificar em você e em seus alunos as inteligências múltiplas. 5. ed. Petrópolis: Vozes,
2002.

BOCK, Ana Mercês et al. A escolha profissional em questão. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1995.

BOHOSLAVSKY, Rodolfo. Orientação Vocacional: A estratégia clínica. São Paulo: Martins Fontes, 1993

GIACAGLIA, Lia Renata Angelini, Wilma Millan Alves Penteado. Orientação Educacional na Prática: Princípios,
técnicas e instrumentos. 5 ed.São Paulo: Thomson Learning, 2006.

GRINSPUN, Mírian Paura S. Zippin. A Orientação Educacional - Conflito de Paradigmas e Alternativas para a
Escola. São Paulo: Cortez, s/d. 176 p.

LÜCK, Heloísa. Ação Integrada - Administração, Supervisão e Orientação Educacional. Petrópolis: Vozes, s/d. 66
p.

______, Heloísa. Planejamento em Orientação Educacional. Petrópolis: Vozes, s/d.

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PRINCÍPIOS DA
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

INTRODUÇÃO

Orientação educacional é uma especialidade do pedagogo, que pode ser obtida através de cursos de
habilitação, incorporada ou não à licenciatura em pedagogia, ou através de especialização. A Orientação
Educacional tem como objetivo ajudar o aluno no seu desenvolvimento, levando em consideração todo o
contexto onde ocorre o processo e as relações que se estabelecem, o Orientador Educacional é um profissional
da equipe de gestão, que lida diretamente com os alunos, ajudando-os em seu aperfeiçoamento pessoal, seu
compromisso é com a formação permanente no tocante a valores, atitudes, emoções e sentimentos, sempre
discutindo, analisando, buscando alternativas na articulação entre comunidade, a escola e em toda dimensão do
Projeto Político Pedagógico da Unidade Escolar.
A Orientação Educacional tem certas funções (ações) clássicas a serem desempenhadas no contexto
pedagógico em que estejam inseridas, funções essas cujo sentido não é estático, mas sim, transforma-se
continuamente, em razão da interação múltipla de variados fatores, que ocorre no processo dinâmico da prática
social pedagógica.
A disciplina Fundamentos da Orientação Educacional busca trabalhar os conhecimentos dos
especialistas em Gestão, Orientação e Supervisão Escolar, subsidiando teórica e tecnicamente as ações deste
profissional para que possa atuar junto aos alunos, professores e equipe técnico-administrativa, acompanhando
o processo educacional, aconselhando, realizando ações visando favorecer a integração do grupo e realizando a
orientação para o trabalho, também implementando ações que garantam a melhoria da qualidade das relações
no espaço educativo objetivando o melhor desempenho no processo ensino-aprendizagem.

ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
CONTEXTO HISTÓRICO

Desde que se começou a estudar o tema Orientação Educacional de forma sistemática até os dias de
hoje, muitas mudanças se verificaram nessa área, como reflexos das próprias mudanças que ocorreram nas
sociedades. Essas mudanças foram ocasionadas por vários
movimentos, por transformações rápidas e profundas nos
diferentes campos do conhecimento que, evidentemente,
repercutiram, também, na escola.
A complexidade da vida atual, a aceleração técnico-
científica, as transformações sociais e econômicas foram,
pouco a pouco, ampliando e modificando o papel da escola
e a posição do indivíduo dentro dela e da sociedade.
Tem sido uma preocupação constante dos
educadores, hoje, e em especial dos orientadores
educacionais, analisar a serviço de quem e para quem serve
a orientação educacional. Na medida em que essa
especialização sofreu uma transformação em seus
conceitos, parece-nos necessário refletir sobre essa área,
partindo dos próprios conceitos que a caracterizaram em seus diferentes momentos históricos. (GRINSPUN,
1986, p. 96).
Segundo a citada autora, a evolução do conceito de Orientação Educacional, no Brasil, está
estreitamente vinculada a cinco períodos marcantes:
• Período Implementador (de 1920 a 1941);
• Período Institucional, subdividido em Período Funcional (de 1942 a 1950) e Período Instrumental (de 1951 a
1960);
• Período Transformador (de 1961 a 1970);
• Período Disciplinador (de 1971 a 1980);
• Período Questionador (a partir de 1980).
Seguindo o pensamento de Grinspun (1986) como referencial para esse tópico de estudo, no Período
Implementador, “o conceito de Orientação Educacional era o conceito importado de uma orientação nitidamente
vocacional” (p. 96). O objetivo básico da Orientação Educacional, nesse período, era a seleção para o
treinamento profissional, adotando, como estratégias, as técnicas psicométricas, cujos resultados eram

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devolvidos aos alunos sob a forma de “perfis profissionais”. O orientador educacional desenvolveu, nesse
período, o papel de “Técnico em Seleção”. Algumas tentativas de adaptar ao contexto brasileiro as baterias de
testes importadas, sobretudo dos Estados Unidos, ocorreram nessa fase, sem realmente, uma efetivação
significativa.
A Orientação Educacional Métrico-Profissional, conforme conceituação nesse período, estava
intimamente relacionada com as oportunidades profissionais existentes na sociedade brasileira e contribuía, com
empenho, para o desenvolvimento do modelo sócio-econômico existente, adequando, da melhor forma possível,
o jovem estudante às profissões disponíveis. (BONFIM, 1981, p. 21)
O segundo período, o institucional, caracterizou-se, no dizer de Grinspun (1986), pelo surgimento da
Orientação Educacional na legislação brasileira. A obrigatoriedade da Orientação Educacional instituída, em
primeiro lugar, para o Ensino Industrial (Decreto-lei nº 4073, 30/01/42), em seguida para o Ensino Secundário
(Decreto-lei nº 4244, 09/04/42), depois para o Ensino Comercial (Decreto-lei nº 9614, 28/12/43) e, finalmente,
para o Ensino Agrícola (Decreto-lei nº 9693, 20/08/46) gerou a necessidade de formação profissional para o
orientador educacional, o que veio a ser uma das preocupações básicas da Orientação Educacional, nessa
época. Durante esse período, foram organizados os três primeiros simpósios de Orientação Educacional no
Brasil, realizados em 1957, 1958 e 1960.
A Orientação Educacional Psico-Sócio-Pedagógica, conceituação citada por Bonfim (1981, p. 22) para
caracterizar as bases da Orientação Educacional, nesse período em que é instituída por lei, no Brasil, não se
preocupava com a formação da personalidade do aluno em função de princípios morais e religiosos e nem,
especificamente, com a sua adequação ao exercício da profissão. Buscava, com bases científicas, alcançar o
desenvolvimento integral da personalidade do educando, visando o seu ajustamento pessoal, escolar, e social.
Nessa fase, o sucesso do orientador estava na dependência direta da sua compreensão da escola como um
sistema social, a fim de determinar o tipo de ajuda que deveria oferecer e como oferecê-la. As contradições da
própria sociedade não eram questionadas e as atividades de orientação eram marcadas por um cunho
assistencial, cujo objetivo era o desenvolvimento integral das potencialidades do indivíduo. Esta etapa passou a
ser conhecida pelo nome de “Orientação Educacional Centrada no Aluno”, surgiu no cenário educacional, de
forma ampla, nas Leis Orgânicas do Ensino e priorizava, como estratégia de atuação básica, o “Aconselhamento
Stricto Sensu”, visto como “um processo de ajuda pessoa a pessoa, realizado diretamente pelo orientador
educacional, individualmente ou em grupo” (LOFFREDI, 1976, p. 46).
No Período Institucional Funcional, o orientador era visto como um catalisador de conflitos e, “o conceito
de orientação estava diretamente relacionado com o caráter corretivo, isto é, dever-se-ia tratar o aluno nos seus
diferentes campos: saúde, educação, família, etc.” (GRINSPUN, 1986, p.98).
A partir da década de 50 (Período Institucional Instrumental), começa a tomar vulto o caráter profilático
da Orientação Educacional, onde se pretendeu estender a orientação a todos os alunos da escola, na
busca de prevenção de desajustes e comportamentos insatisfatórios.
Esse conceito perdurou até a década de 60, centrado em estratégias como sessões coletivas, onde
eram discutidos e analisados, por meio da aplicação de técnicas de dinâmica de grupo, problemas de liderança,
relacionamento, frustrações, agressões, etc. É a fase que priorizou o movimento psicanalítico e que se
caracterizou, enquanto reflexo ideológico, por uma luta entre as teses liberais e desenvolvimentistas, em meio
às quais a educação procurava um lugar próprio.
A Orientação Educacional Psicológica, caracterização citada por Bonfim, “percebia os problemas e / ou
os desajustamentos individuais como uma questão puramente pessoal e valorizava a eficácia individual e o
ajustamento pessoal e social” (1981, p. 29).
No início dos anos 60, assinala-se o eclodir de um novo período na Orientação Educacional que, por
procurar transformar a orientação importada em uma orientação necessária à realidade brasileira, foi
denominado por Grinspun (1986) de Período Transformador. Cria-se, nessa fase, a profissão do orientador
educacional no Brasil, sistematizada pela Lei de Diretrizes e Bases de 1961, que buscava delinear um campo
próprio para a Orientação Educacional, além de reafirmar a sua obrigatoriedade e estabelecer normas para a
formação desse profissional, por meio de diversos pareceres.
No final da década de 60, em 1968, a Lei nº 5562 preceitua em seu artigo 1º, que a Orientação
Educacional seja realizada de maneira a integrar os elementos que exercem influência na formação do
indivíduo, preparando-o para o exercício das opções básicas. A Orientação Educacional, passa, então, a ser
inserida no programa geral da escola, com vistas a favorecer um clima educativo saudável, pela interação das
várias funções e papéis dos que faziam a comunidade escolar.
É ainda nesse período que o Conselho Federal de Educação, interpretando a Lei nº 5564 / 68, por meio
do Parecer nº 252, de 11 de abril de 1969, e da Resolução nº 269, de 12 de maio de 1969, estabeleceu a
formação do orientador educacional em nível fé graduação, como uma das habilitações do curso de Pedagogia.
Ainda nessa fase, é de importância ressaltar a diversificação dos objetivos da Orientação educacional, que se
desloca do problema para a pessoa do orientando.

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O Período Disciplinador nasce com a Lei nº 5692 / 71, que fixa as diretrizes e bases para o ensino de 1º
e 2º graus, nomenclatura da época para o que, hoje, envolve o ensino fundamental e médio. Nessa fase,
observa-se o esboçar de uma ênfase de adaptação às necessidades sociais e à formação profissional, tornando
a Orientação Educacional não apenas obrigatória, como imprescindível. Em seu artigo 10, o aconselhamento
vocacional, em cooperação com os professores, a família e a comunidade, veio fazer brotar uma nova fase em
Orientação Educacional. O Parecer 339 / 72, que trata da significação da formação especial do currículo de 1º
grau, apresenta as diferentes conotações que “qualificação para o trabalho” assume no ensino de 1º e 2º graus:
no 1º grau, o objetivo de sondagem de aptidões e iniciação para o trabalho e, no 2º grau, de habilitação
profissional.
Respaldada pelo Decreto nº 72846 / 73, que regulamenta a Lei nº 5564 / 68, o exercício da função de
orientador educacional põe em destaque a orientação vocacional detalhando-a desde a caracterização da
comunidade, da escola e da clientela, ao processo de sondagem de interesses, aptidões e habilidades, à
informação profissional, ao acompanhamento pós-escolar e à integração escola-família-comunidade.
A Orientação Educacional busca, mais uma vez, a sua inserção no contexto social, devendo o orientador, como
coordenador do processo de escolha profissional, entrar em contato com o real sentido do trabalho inserido em
uma sociedade de classes, passando a tomar consciência de sua função política, postura para a qual não se
sentia e nem havia sido preparado.
Nessa década de 70, surgem várias correntes ou concepções de Orientação Educacional. Segundo
Bonfim (1981), é a fase em que vamos encontrar, nos escritos sobre Orientação Educacional no Brasil, uma
“abordagem discipulocêntrica, que se preocupava em propiciar oportunidades de individuação da educação,
visando garantir a todos os alunos condições de formação de uma personalidade crítica e objetiva, favorecendo
o desenvolvimento de cada aluno no sentido da construção responsável de sua autonomia” (p.29).
Ainda segundo a autora citada, é a fase em que, “visando a uma racionalização nas decisões pessoais e sócio-
profissionais, surgiu no Brasil a corrente decisória da Orientação Educacional” (p. 32). É, também, em meados
da década de 70, que Bonfim destaca o surgimento de uma nova perspectiva de Orientação Educacional:
Essa perspectiva, a Orientação Educacional e os Agentes de Mudança, propunha para o orientador um papel de
mobilizador e estimulador de mudanças, agindo como um especialista em relações interpessoais (BONFIM,
1981, p. 33).
A Orientação Educacional passava a ser vista como preocupada (e ocupada) com o desenvolvimento
das relações interpessoais e, como tal, passível de ser estendida a todos os graus de ensino. Propunha-se uma
nova estratégia de trabalho - a “Orientação Educacional Centrada no Professor” - e enfatizava-se o
envolvimento de toda a equipe educativa, sendo “a primeira reação explícita ao aspecto acomodativo e
adaptador da Orientação” (BONFIM, 1981, p. 55).
Essa perspectiva de orientação Educacional foi a precursora de todo um movimento crítico a se
desencadear na década posterior, quando, a partir dos anos 80, começa-se a sentir, entre os orientadores
educacionais, a instauração de uma verdadeira crise profissional. Começam a surgir os questionamentos dos
profissionais com relação tanto à ideologia que regia a prática da Orientação Educacional, como às próprias
teorias e instrumentos utilizados.
É o início de um novo período - o Período Questionador – que parece levantar o conflito entre a
onipotência e a impotência, gerando nos profissionais, que conseguem perceber a dimensão psicossocial do
problema, uma sensação, no dizer de Bohoslavsky (1983), de “estar jogando no escuro” (p.18).
O Período Questionador refletiu, pois, um momento de parada e reflexão que retrata as inquietações
pelas quais passou a Orientação Educacional, na busca por um espaço próprio, específico e definido no campo
educacional.
Algumas questões bem marcantes do Período Questionador foi uma busca intensa por uma análise
crítica do papel do orientador educacional nas escolas, bem como por uma caracterização do próprio serviço de
Orientação Educacional no processo educativo. Nessa fase, os eventos de orientação estão voltados para a
discussão dos problemas emergentes da educação, e do resgate dos momentos históricos, para a compreensão
dos fenômenos sociais.
Os profissionais da área passam a se voltar para a dimensão social da educação, quase que se
contrapondo à ênfase psicológica com que a Orientação Educacional foi implantada no cenário educacional, o
que gerou um risco de nova radicalização. Nesse sentido, Bohoslavsky (1983) sinaliza as contradições inerentes
aos próprios orientadores educacionais vistos como “profissionais cuja identidade destruiu-se, perdendo o
sentido de sua profissão” (p. 13).
Esse posicionamento é ratificado por Garcia & Maia (1986) ao se indagarem: “afinal, o orientador
educacional é um especialista ou um generalista? Um psicólogo de segunda categoria ou um pedagogo?” (p.
39). Durante mais de vinte anos, a preocupação dos Orientadores Educacionais com a definição de suas
funções permaneceu no cenário da educação brasileira. Interessante destacar, nesse momento, alguns
movimentos que se debruçaram sobre a questão da identidade e da presença dos especialistas do ensino nas
escolas brasileiras, aqui incluindo, além do orientador educacional, também o supervisor pedagógico.
Um deles ocorre em 1996 – a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9394 / 96 que, em seu
Título VI, em alguns artigos e incisos destacados, delibera sobre a formação do pedagogo. Assim, no Art.62, a

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formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de
graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para
o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, oferecida
em nível médio, na modalidade Normal.
Já o Art.63 delibera que os institutos superiores de educação manterão: I – cursos formadores de
profissionais para a educação básica, inclusive o curso normal superior, destinado à formação de docentes para
a educação infantil e para as primeiras séries do ensino fundamental; II – programas de formação pedagógica
para portadores de diplomas de educação superior que queiram se dedicar à educação básica; III – programas
de educação continuada para os profissionais de educação de diversos níveis.
Pelo Art.64, a formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e
orientação educacional para a educação básica será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível
de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. (grifo
nosso).
Em Parágrafo Único: A experiência docente é pré-requisito para o exercício profissional de quaisquer
outras funções de magistério, nos termos das normas de cada sistema de ensino. Em face à nova legislação, e
diante da abertura que ela propicia quanto a diferentes caminhos para a formação acadêmica dos profissionais
da educação, a velha chama se reacende e os órgãos representativos de classe conclamam seus filiados a
reflexões e posicionamentos e movimentos em prol da reformulação da formação dos profissionais da educação
tomam lugar no final da década de 90.
Isto significa lembrar que, mais precisamente em 1997, a Secretaria de Educação Superior do MEC
convocou as Instituições de Ensino Superior (IES) a apresentarem propostas de novas diretrizes curriculares
dos cursos superiores, a serem, em seguida, elaboradas por comissões de especialistas.
Nessas propostas, foram incluídos as Licenciaturas e o Curso de Pedagogia, cujas comissões especiais se
constituíram e passaram a debater questões como:
• O que deve ser um Curso de Pedagogia?
• O que define um trabalho como pedagógico?
• Em que consiste a formação pedagógica e o exercício profissional do pedagogo?
• Há lugar para habilitações ou especializações na formação de graduação em Pedagogia?
• Qual a diferença entre Pedagogo e Professor? Pedagogo e Educador?
Esses temas foram alvos de documentos e debates, e muito tempo se passou sem que se chegasse a
diretrizes norteadoras mais explícitas quanto ao perfil profissional e à estrutura organizacional e curricular dos
cursos de formação de professores e pedagogos. No entanto, coexistiam duas tendências básicas nesse
movimento:
A posição da ANFOPE (Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação – criada no
bojo dos movimentos de ressignificação da formação e prática de docentes e pedagogos nos anos 80), cuja tese
central era a redefinição do Pedagogo, identificando a DOCÊNCIA, como base de sua identidade, com a
sustentação das seguintes teses:
• defesa de um curso de Pedagogia baseado na formação de professores para a Educação Infantil e séries
iniciais do Ensino Fundamental;
• exigência de formação, em nível superior, dos professores de Educação Infantil e 1ª a 4ª séries do Ensino
Fundamental;
• valorização profissional do professor;
• postulação de uma base comum nacional na formação docente;
• defesa da Gestão Democrática na escola.
A posição de um grupo de intelectuais (Libâneo, Pimenta, Nóvoa, Mazzotti), que se contrapunham às teses da
ANFOPE, com base nas seguintes argumentações:
• identificação do curso de Pedagogia como uma Licenciatura – a docência como base da formação pedagógica
– seria um reducionismo do alcance da Pedagogia;
• sobrecarga no currículo de disciplinas ligadas à formação de professores para a Educação Infantil e para as
séries iniciais do Ensino Fundamental, em detrimento do peso das disciplinas teóricas (Fundamentos da
Educação, Currículo, Avaliação, Planejamento, Teorias da Educação);
• exclusão das disciplinas que identificavam o exercício profissional do Pedagogo, como Princípios e Métodos de
Administração Escolar, Fundamentos da Supervisão e Orientação Educacional, Planejamento Educacional,
Didática, Medidas Educacionais, Avaliação Educacional, Práticas de Gestão, Métodos e Técnicas de Pesquisa,
entre outras.
Era proposição básica desse grupo, a tese de que as Faculdades de Educação, ou Faculdades de
Pedagogia, tivessem um Curso de Pedagogia stricto sensu, para a formação do Bacharel em Pedagogia. Esse
profissional, o Pedagogo, não diretamente docente, seria considerado especialista em educação, em áreas
como Planejamento da Educação, Administração de Sistemas Educacionais, Avaliação Educacional e Pesquisa

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Pedagógica. Por outro lado, propunham uma outra linha de formação, representada pela proposta de um Curso
de Licenciatura para Formação de Professores da Educação Infantil ao Ensino Médio.
Esse núcleo de contestação às teses da ANFOPE apresentava algumas argumentações em torno dos seus
posicionamentos, como:
A identificação dos estudos sistemáticos de pedagogia com o curso de licenciatura para a formação de
professores para as séries iniciais, a supressão em alguns lugares da formação de especialista (ou do pedagogo
não diretamente docente), a redução da formação do pedagogo à docência, o esvaziamento da teoria
pedagógica, acabaram por descaracterizar o campo-teórico investigativo da Pedagogia, e das demais ciências
da educação, retirando da universidade os estudos sistemáticos do campo científico da educação, e a
possibilidade de formar o pedagogo para as pesquisas específicas na área e exercício profissional (LIBÂNEO,
2004, p. 11).
Outra argumentação de relevo, também apresentada em oposição às teses da ANFOPE, é a de que a
identificação do curso de Pedagogia com a formação de professores (licenciatura) foi gestada em circunstâncias
peculiares da história da educação do país, quando uma atuação fragmentada, tecnicista e apolítica dos
especialistas do ensino deu origem a um movimento de negação à sua presença nos escolas brasileiras. Por
outro lado, diziam eles, as novas realidades estão exigindo um entendimento ampliado das práticas educativas
e, por conseqüência, da Pedagogia.
Traziam a reflexão de que, no mundo inteiro, existem cursos específicos de Pedagogia (em alguns
lugares denominados “Ciências da Educação”) distintos dos cursos de formação de professores. Advogavam
que a redução da identidade profissional do educador à docência representa um equívoco lógico-conceitual:
A Pedagogia é uma reflexão teórica a partir e sobre as práticas educativas. Ela investiga os objetivos
sociopolíticos e os meios organizativos e metodológicos de viabilizar os processos formativos em contextos
socioculturais específicos (LIBÂNEO, 2004, p. 14).
Era considerado um reducionismo se afirmar que o trabalho pedagógico se resume ao trabalho docente
nas escolas, visto que todo trabalho docente é pedagógico, mas nem todo trabalho pedagógico é docente... O
pedagógico e o docente são termos inter-relacionados, mas conceitualmente distintos: “as práticas educativas
ocorrem em muitos lugares, em muitas instâncias formais, não formais e informais. Uma mãe e uma pedagoga,
mas não é docente”(LIBÂNEO, 2004, p.14).
E, em meio a essa discussão acirrada, terminamos o milênio e um novo século teve início, sem que a questão
central desse estudo tivesse chegado a um caminho de consenso...

O AGORA...

O momento atual que simboliza o “nosso agora” é recente... Data de 15 de maio de 2006, quando o
Conselho Nacional de Educação promulga a Resolução CNE / CP nº 1, que institui as Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura. Tudo começa assim:
O Presidente do Conselho Nacional de Educação, no uso de suas atribuições legais, e tendo em vista o
disposto no art. 9º, § 2º, alínea “e” da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961, com a redação dada pela Lei nº
9.131, de 25 de novembro de 1995, no art. 62 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e com fundamento
no Parecer CNE /CP nº 5/2005, incluindo a emenda retificativa constante do Parecer CNE /CP nº 3/2006,
homologados pelo Senhor Ministro de Estado da Educação, respectivamente, conforme despachos publicados
no DOU de 15 de maio de 2006 e no DOU de 11 de abril de 2006, resolve [...]

E uma nova era se abre para os pedagogos...

A Resolução referenciada institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em


Pedagogia, licenciatura, definindo princípios, condições de ensino e de aprendizagem, procedimentos a serem
observados em seu planejamento e avaliação, pelos órgãos dos sistemas de ensino e pelas instituições de
educação superior do país, nos termos explicitados nos Pareceres CNE/CP nos 5/2005 e 3/2006 (Art. 1º).
Essas diretrizes aplicam-se à formação inicial para o exercício da docência na Educação Infantil e nos anos
iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, e em cursos de Educação
Profissional na área de serviços e apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais sejam previstos
conhecimentos pedagógicos (Art. 2º).
A partir dessa Resolução, o curso de Pedagogia, por meio de estudos teórico-práticos, investigação e
reflexão crítica, propiciarão, o planejamento, execução e avaliação de atividades educativas e a aplicação ao
campo da educação, de contribuições, entre outras, de conhecimentos como o filosófico, o histórico, o
antropológico, o ambiental-ecológico, o psicológico, o lingüístico, o sociológico, o político, o econômico, o
cultural. Em seu Art. 3º, parágrafo único, para a formação do licenciado em Pedagogia é central: o
conhecimento da escola como organização complexa que tem a função de promover a educação para e na
cidadania; a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de investigações de interesse da área
educacional; a participação na gestão de processos educativos e na organização e funcionamento de sistemas e
instituições de ensino.

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Por outro lado, sobre a formação acadêmica dos educadores, o Art. 4º, em consonância com as teses da
ANFOPE, preconiza um curso de Licenciatura em Pedagogia, destinado à formação de professores para exercer
funções de magistério na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino
Médio, na modalidade Normal, de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar e em outras áreas
nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos.
Em parágrafo único, delibera-se que as atividades docentes também compreendem participação na
organização e gestão de sistemas e instituições de ensino, englobando: planejamento, execução, coordenação,
acompanhamento e avaliação de tarefas próprias do setor da Educação; planejamento, execução, coordenação,
acompanhamento e avaliação de projetos e experiências educativas não-escolares; produção e difusão do
conhecimento científico-tecnológico do campo educacional, em contextos escolares e não-escolares. Com
essas resoluções, o egresso do curso de Pedagogia deverá estar apto a, além de compreender, cuidar e educar
crianças de zero a cinco anos, de forma a contribuir, para o seu desenvolvimento nas dimensões, entre outras,
física, psicológica, intelectual, social, deve, também, fortalecer o desenvolvimento e as aprendizagens de
crianças do Ensino Fundamental, assim como daqueles que não tiveram oportunidade de escolarização na
idade própria.
Por outro lado, o formando em Pedagogia, segundo a Resolução em questão, passa a estar habilitado a
trabalhar, em espaços escolares e não-escolares, na promoção da aprendizagem de sujeitos em diferentes
fases do desenvolvimento humano, em diversos níveis e modalidades do processo educativo, além de participar
da gestão das instituições, contribuindo para elaboração, implementação, coordenação, acompanhamento e
avaliação do projeto pedagógico, atuando como profissionais na área de serviço e apoio escolar.
A partir dessas considerações, em seu Art. 9º, os cursos a serem criados em instituições de educação
superior, com ou sem autonomia universitária e que visem à Licenciatura para a docência na Educação Infantil e
nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, de Educação
Profissional na área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos
pedagógicos, deverão ser estruturados com base nesta Resolução. E mais: segundo o que preconiza o Art. 10,
as habilitações em cursos de Pedagogia atualmente existentes entrarão em regime de extinção, a partir do
período letivo seguinte à publicação desta Resolução (grifo nosso). Esta formação profissional também poderá
ser realizada em cursos de pós-graduação especialmente estruturados para este fim e abertos a todos os
licenciados.
Assim, na vigência do ano de 2006, o Período Questionado da Orientação Educacional, que teve como
marco temporal a década de 80, após mais de trinta anos, parece viver um momento de reestruturação legal da
formação acadêmica do orientador, e uma nova fase se descortina em termos de futuro...

E O DEPOIS????

Se, por um lado, a formação do orientador educacional encontra legitimidade recente com a
promulgação das diretrizes curriculares para o curso de Pedagogia, seu campo básico de formação, isso não
significa dizer que os questionamentos sobre o seu papel profissional no âmbito institucional tenham sido
equacionados. Muito antes, pelo contrário – ao orientador se apresenta o desafio de colaborar nas mudanças
educativas que se processam atualmente, a partir de suas ações, em um campo de trabalho que lhe é próprio.
As tendências educativas atuais são frutos de fenômenos produzidos além de nosso estrito âmbito profissional:
as mudanças políticas, sociais, culturais constituem elementos imprescindíveis de referências para compreender
o que acontece na escola e no sistema educacional, diz Julià (2005, p. 17) e continua:
Nenhum profissional da educação pode ficar à margem do que acontece em seu próprio sistema
educacional, nem tampouco dos desafios que seguramente terá de enfrentar no futuro. Antecipar-se ao mesmo,
participar de sua reorientação, influenciar – definitivamente – seu destino não é uma utopia, mas uma
constatação que devemos renovar com o nosso fazer cotidiano.
Nesse sentido, na visão de Juliá (2005), a Orientação Educacional, pouco desenvolvida em nosso
sistema educacional, em comparação com boa parte dos países da União Européia, continua sendo uma
questão pendente no país. Sem a pretensão de estabelecer uma tipologia precisa e concreta sobre as diferentes
modalidades de Orientação Educacional que possam existir, o autor delimita três grandes âmbitos de atuação
que podem nos servir de referência para uma análise crítica do papel do orientador em sua atuação profissional:
a orientação acadêmica, a orientação profissional e a orientação pessoal.
Juliá (2005) percebe a estreita conexão entre essas três dimensões, tamanha a vinculação entre elas, o
que faz com que, em certas ocasiões, torna-se difícil delimitar quando começa uma e quando termina outra. No
entanto, para efeitos didáticos, apresentamos as distinções entre esses campos de atuação profissional do
orientador.
A Orientação Acadêmica: pensar em uma sociedade educadora como a que se configura nessa Era do

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Conhecimento, supõe dotá-la de profissionais da educação muito diferentes e também muito diversificados
quanto à ocupação. Nesse sentido, diz Martinez (2005, p. 77):
Não se trata de [...] todos os profissionais da educação servirem para tudo, tampouco de inventar
supostas funções ou perfis específicos para forçar a adaptação do profissional a uma ocupação concreta. Tratá-
se, antes, de delimitar funções profissionais e correlacioná-las com necessidades sociais num processo
dialético, que sempre acaba sendo dinâmico pela própria configuração do social.
Toda profissão social – e a do orientador educacional não é uma exceção – encontra-se num permanente
processo de redefinição e reestruturação em face ao que vai se produzindo na sociedade. Considerando essa
reflexão, ao atuar na orientação acadêmica, em qualquer instância ou nível de aprendizagem, o orientador
precisa ter em mente que, diante da velocidade com que evoluem o conhecimento e a tecnologia, a maior
finalidade da sua atuação, nessa área, é a de preparar os alunos para que possam dar continuidade à sua
formação ao longo de toda a vida.
Somente aquele que se preocupar com atualizar-se num processo de formação continuada estará em
condições de enfrentar os desafios profissionais e pessoais que o futuro nos prepara. Daí a importância de
“aprender a aprender”, em que têm cabimento estratégias de aprendizagem autônoma, eficiência de leitura,
conhecimento dos recursos (bibliotecas, telemática, revistas especializadas, organismos, etc.). Esse é um
campo de atuação que vai além do que habitualmente se aprende na maioria das disciplinas regulares (ALZINA,
2005, p. 95).
No âmbito da orientação acadêmica, como membro da Equipe de Apoio da escola, o orientador pode
averiguar, por exemplo, o estilo de aprendizagem do aluno, como e em quais situações aprende melhor, que
recursos pessoais, materiais e funcionais podem ser disponibilizados a seu favor, que material didático
disponível pode vir a ser o mais adequado e o que melhor responde ao estilo de aprendizagem do aluno em
função dos objetivos do ciclo, qual a melhor disposição dos alunos em sala de aula tendo em vista o incentivo às
interações aluno-aluno, em que medida o projeto escolar contempla a construção saudável do autoconceito e da
auto-estima do aluno, a natureza da participação da família na área concreta da aprendizagem do aluno...
Enfim, no campo da orientação acadêmica, o que se torna fundamental à atuação de uma Orientação
Educacional que se deseja instituinte, é a percepção de que a sua ação não se restringe aos aspectos
estritamente pessoais do aluno, como ocorria nos padrões tradicionais de orientação. Trata-se, também, de
desenvolver uma análise investigativa dos elementos do estabelecimento escolar que têm implicações diretas no
processo de aprendizagem do aluno.
A Orientação Profissional: nesse âmbito de atuação, importa lembrar que a Orientação Educacional, em
suas raízes, traz o cunho de orientação profissional. No entanto, a ideologia do dom, que marcou, durante
décadas, a ação dos orientadores, passa a ter, no cenário atual, uma outra configuração. A concepção atual
centra-se no desenvolvimento da carreira, entendida esta como a seqüência de papéis pelos quais deve passar
uma pessoa ao longo de sua vida (ALZINA, 2005, p.94). A orientação para o trabalho é um processo que
deveria ter início desde a infância, segundo um viés referencial desenvolvimentista.
A evolução da Psicologia do Desenvolvimento levou [...] à compreensão de que a escolha profissional é
fruto de um processo e, desta forma, a Orientação Vocacional não se justifica como forma de atendimento
situacional, no “momento da escolha” e sim como acompanhamento e ativação do desenvolvimento vocacional
(ZASLAVSKY, 1979, p.19, apud RIBEIRO, 1984, p.41).
Por isso, continua Ribeiro (1984), a escolha profissional não é um acontecimento isolado num
determinado momento de vida. Ela se processa ao longo da vida e, por isso, pode-se falar de um
desenvolvimento vocacional. As teorias desenvolvimentistas de orientação vocacional, uma dentre outras
referências para o trabalho de orientação vocacional nas décadas de 60 / 70, tiveram no modelo de Super, um
grande incremento e apoio. Segundo essa concepção, a escolha vocacional é um processo contínuo que vai da
infância à velhice. O desenvolvimento é, geralmente, ordenado e previsível, assim como dinâmico, no sentido de
que ele resulta da interação entre as características do indivíduo e as demandas da cultura, o que torna claro
também o fato de tratar-se de um processo psicossocial. No decorrer deste processo, o indivíduo deve cumprir
um certo número de tarefas de desenvolvimento. A natureza precisa destas tarefas e a maneira pela qual ele as
cumpre revela sua maturidade vocacional. Dentro desta ótica, pode-se dizer que um indivíduo se torna maturo,
na medida em que ele está pronto para tomar as decisões e para assumir os comportamentos característicos de
seu estado de desenvolvimento vital.
Os ciclos de maturação vocacional, segundo o referencial de Super, passam por momentos de
crescimento, exploração, estabelecimento, manutenção e desengajamento, a cada um desses estágios
correspondendo tarefas e metas existenciais / profissionais. Como explica Super, os estados têm uma tendência
a se mesclar e não estão, portanto, portanto, claramente definidos por limites de idade. Além disso, os
momentos de transição entre esses ciclos são entrelaçados pelas experiências vividas e as expectativas pelo
que virá. Assim, pode-se considerar que, na infância, a formação da auto-imagem, do autoconceito, da auto-
estima são tarefas primordiais de crescimento pessoal, que irão, futuramente, estar na base de momentos de
escolhas e tomadas de decisões. Ainda nessa idade infantil, as crianças passam a observar e a se identificar
com figuras adultas de trabalhadores (pai, mãe, pessoas significativas), momento em que, a Orientação
Profissional deve atuar, de forma exploratória, sobre o conceito de trabalho, e de profissões.

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Ribeiro (1983) nos fala de uma continuidade desse processo, quando, mais adiante, a criança, a partir
de sua auto-imagem estabelecida, antecipa uma auto-imagem profissional que só mais tarde poderá ser
realizada. A essa fase posterior de realização da auto-imagem profissional antecipada, Super dá o nome de
estabelecimento, ao qual se seguirão momentos de manutenção e desengajamento, conforme a dinâmica
própria da vida.
Ele nos dá um exemplo de como esse processo é dialético e não linear, quando ressalta a
reversibilidade dos ciclos. Assim, em um momento de desengajamento de uma profissão, qualquer que seja o
motivo pelo qual essa decisão esteja sendo tomada, o indivíduo deve pensar em desenvolver novos papéis
ocupacionais (crescimento), procurar um lugar apropriado para quando se retirar (exploração), realizar
atividades que ele sempre quis fazer (estabelecimento), continuar a fazer as atividades que ele sempre amou
fazer (manutenção) e reduzir suas horas de trabalho (desengajamento).
Cabe ao orientador estar atento aos ciclos de desenvolvimento dos orientados, para que possa
estabelecer estratégias de orientação vocacional que se correlacionem com as necessidades específicas de
cada etapa. Assim, na Educação Infantil, é importante dar início a uma fase de descoberta das ocupações, a
partir da exploração das profissões dos membros da própria família, ampliando para as ocupações de outras
pessoas, que estão mais próximas do seu meio ambiente e com as quais mantém contatos. Diz Ribeiro (1983, p.
42): “embora as escolhas das crianças sejam, ainda, muito dominadas pela fantasia, é útil, também que, neste
período, se faça um estudo destas escolhas”.
Já no Ensino Médio, a proposta de Orientação Profissional muda de enfoque, pela proximidade dos
estudantes ingressarem em cursos universitários. Nessa fase, é importante que o orientador possa desenvolver
contatos com as instituições de ensino superior de sua região (e de regiões de interesse dos educandos), com
vistas ao desenvolvimento de projetos de intercâmbio como visitas de portas abertas, folhetos informativos,
palestras nos estabelecimentos de ensino, informações sobre os critérios de acesso às universidades, detalhes
sobre a vida universitária e sua dinâmica própria, incluindo esclarecimentos sobre sistema de crédito, matérias
centrais e optativas, dentre outras.
Importante que o orientador, nessa fase, seja sensível às expectativas, ansiedades e inseguranças
típicas de jovens prestes a alçar um vôo para um universo novo que, naturalmente, assusta. O apoio da
informação é relevante, tanto quando o de ordem emocional.
Posteriormente, no Ensino Superior, de acordo com Alzina (2005, p.95), para orientar e incentivar o
desenvolvimento da carreira, cabe ao orientador desenvolver, junto aos alunos, programas de Orientação
Profissional a partir dos quais lhes seja possível construir seus próprios conhecimentos sobre os aspectos que
se seguem:
• alternativas profissionais dos estudos das diferentes áreas do saber;
• formas de acesso aos espaços de trabalho (concursos, contrato de trabalho, auto-emprego, etc.);
• processos de seleção de pessoal para empresas;
• competências de empregabilidade solicitadas pelas organizações contemporâneas do trabalho;
• conhecimento de si mesmo (pontos fortes, pontos fracos, auto-estima, competências pessoais, acadêmicas,
profissionais, etc.);
• implicações do processo de tomada de decisões;
• consciência do papel do trabalho na sociedade contemporânea.
Todos esses aspectos podem ser trabalhados pelo orientador junto aos alunos, por meio de programas
de orientação profissional propostos em escolas ou universidades. A Orientação Pessoal: promoção do
desenvolvimento humano no sentido amplo. Igea (2005, p.135) apresenta uma visão de cenário sobre a atuação
do orientador educacional contemporâneo: Uma das tarefas mais urgentes que a educação dos próximos dez
anos deve abordar é, sem dúvida, a formação pessoal, moral e ética dos cidadãos. Em grau menor ou menor,
esse âmbito sempre esteve presente em todos os contextos educativos, pois os educadores o conceberam
como implícito em suas funções [...] Nos últimos dez anos, multiplicaram-se, no país, as publicações que
focalizam sua atenção em temas de educação moral, ética e valores [...], e adquirem, assim, categorias de
conteúdo, o conhecimento de si mesmo, a busca do equilíbrio pessoal, a relação com o outro, e, em geral, todos
os valores que poderíamos considerar irrenunciáveis aos cidadãos de uma sociedade democrática: participação,
tolerância, não-discriminação, solidariedade, entre outros.
Essa dimensão formativa é objeto da ação orientadora mediante o uso de técnicas de aconselhamento,
conceito que pode ser entendido como uma série de contatos diretos com um indivíduo no sentido de lhe
oferecer assistência na mudança desejada de suas atitudes e comportamentos (ROGERS, 1942, pp.3-4, apud
SCHEEFFER, 1982, p. 14).
Usado por meio de um conjunto de entrevistas (stricto sensu), o aconselhamento, em Orientação Educacional
apresenta, segundo Erickson (1951, apud SCHEEFFER, 1989, p. 13) algumas características:
• é uma relação entre duas pessoas;
• um dos participantes (o entrevistador) assumiu ou foi levado a assumir a responsabilidade de ajudar o outro

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participante;
• o entrevistando tem possíveis necessidades, problemas, bloqueios ou frustrações que deseja tentar satisfazer
ou modificar;
• o bem estar do entrevistando constitui o interesse central da situação;
• ambos os participantes desejam e estão interessados em tentar encontrar soluções para as dificuldades
apresentadas pelo entrevistando.
Nesse sentido, Erickson ressalta que a entrevista de aconselhamento varia nos seus objetivos,
características e resultados consoantes as necessidades básicas do entrevistando a serem atendidas. Pode ser
uma entrevista inicial de contato, de avaliação, de fornecer informações, de investigar dados, ou de
acompanhamento em de dificuldades de ordem educacional, profissional, vital, visando ajudar o entrevistando a
utilizar melhor seus recursos pessoais. Portanto, no âmbito da orientação pessoal, o aconselhamento é uma
técnica a serviço do orientando, sob condução do orientador educacional, em ambiente escolar.
Por outro lado, o aconselhamento pode ir além da relação face-a-face e estender-se ao envolvimento
dos agentes educativos e, em especial, o professor (lato sensu). Nesse sentido, o orientador atua por meio do
docente, ou de outros agentes educacionais, cuja ação mais abrangente possibilita o efeito multiplicador dos
recursos do aconselhamento. Nesse caso, existem diferentes possibilidades de intervenção grupal, válidas para
qualquer contexto educativo, como a aplicação de programas concretos que atendam a situações detectadas
como demandando um apoio especial. Geralmente, essas intervenções se atualizam a partir da aplicação e
vivências de técnicas de dinâmicas de grupo, que devem ser rigorosamente planejadas de acordo com o
objetivo e o nível de maturidade de cada grupo.

PRINCÍPIOS E OBJETIVOS DA
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

PRINCÍPIOS DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

A orientação educacional desde a sua criação, serviu ao sistema educacional. Atualmente é concebida,
por especialistas, como um processo sistemático e contínuo que se caracteriza por ser uma assistência
profissional realizada por meio de métodos e técnicas pedagógicas ou psicológicas. Ela é exercida direta ou
indiretamente sobre os alunos, levando-os ao conhecimento de suas características pessoais e do ambiente
sociocultural, a fim de que possam tomar decisões apropriadas às melhores perspectivas de seu
desenvolvimento pessoal e social, tornando-se cada vez mais necessária.
Em toda a ação do Orientador Educacional é necessária uma reflexão contínua sobre a realidade que o
cerca, possibilitando-lhe um posicionamento profissional mais adequado. Ter sempre presente em suas
atividades os princípios que servem de suporte ao processo de orientação, levando-o a uma ação mais
consistente e coerente.
A orientação educacional deve ser norteada pelos seguintes princípios:
 Ver o educando em sua realidade bio-psico-social, com todo o respeito e consideração, a fim de que, a partir
dessa realidade, se possa erigir uma personalidade ajustada, segura de si e compreensiva.
 Em reforço ao primeiro princípio, respeitar o educando em sua realidade, qualquer que ela seja.
Realizar trabalho de orientação, sem criar dependências, mas orientar para a autoconfiança, independência,
autonomia e cooperação.
 Em se querendo que o educando seja independente e respeitador, sensibilizá-lo para a necessidade de
também respeitar os seus semelhantes.
 O trabalho de Orientação exige o maior número possível de informes a respeito do educando, o que deve ser
diligenciado por todos os meios.
 Assistir todos os educandos, desde os mais aos menos carentes, bem como os que não revelarem carências.
 Dar ênfase aos aspectos preventivos do comportamento humano, uma vez que é muito mais fácil evitar um
acidente do que se recuperar do mesmo. Este princípio guarda analogia com outro de natureza médica e que
diz: “um grama de prevenção vale mais que uma tonelada de curas”. Assim, o ideal será a Orientação
Educacional agir, preferencialmente, de maneira profilática do que curativa.
 Estabelecer um clima de confiança e respeito mútuo, incentivando a procura espontânea do Serviço de
Orientação Educacional, logo que a dificuldade ou uma dúvida surja na vida do educando, antes que a mesma
tome vulto e desoriente.
 Procurar envolver todas as pessoas com o processo de educação, como diretor, professores, pais, serventes,
etc., para que todos cooperem com a Orientação Educacional, no sentido de ajudá-la a melhor ajudar o
educando.

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 A Orientação Educacional deve ter muito cuidado em formular juízos a respeito do educando, não esquecendo
que este é um ser em evolução, em marcha para a maturidade e que uma série de fatores pode estar
influenciando-o para que ocorra o comportamento anormal que tem apresentado.
 A Orientação Educacional deve ser levada a efeito como um processo contínuo e não como ação esporádica
dos momentos em que faltarem professores ou que surgirem dificuldades maiores. Deve ser trabalho
planejado para todo o ano letivo, sem aquelas características de tapa-buraco.
 A Orientação Educacional tem de trabalhar em estreito entendimento com a direção. Jamais em sentido de
subserviência ou petulância, mas em sentido de cooperação, compreensão e respeito mútuo.
 A Orientação Educacional não deve se envolver em pequenas questões entre educandos e professores.
Ocorrências conflitivas de pouca intensidade são, até certo ponto, naturais. Assim, problemas que não
ultrapassem certos limites devem ser deixados para que os próprios professores os resolvam.
 A Orientação Educacional deve agir, também, como órgão de estudo e de pesquisa de medidas que levem à
superação de dificuldades de natureza disciplinar, não devendo, porém nunca, funcionar como “órgão
disciplinador”. Deve, sim, agir como órgão que leve todos a tomarem consciência do grave problema da
disciplina, que está inutilizando o trabalho de muitas escolas.
 Ressaltar que a Orientação Educacional precisa dar muita atenção ao serviço de anotações, que deve ser o
mais perfeito possível, a fim de que dados a respeito de um educando estejam sempre a mão e atualizados.
 A Orientação Educacional deve estar aberta para a realidade comunitária, a fim de que o seu trabalho esteja
articulado com o meio, para melhor ajudar o educando a integrar-se no mesmo.
 A Orientação Educacional deve esforçar-se para criar na escola um clima de comunidade e sensibilizar a
todos, quanto à necessidade de que cooperem em suas atividades, com entusiasmo, respeito e solidariedade.
 A Orientação Educacional não deve esquecer-se de estimular ao máximo a iniciativa do educando,
principalmente, através de atividades extra classe, empenhando-a na realização com verdadeiro engajamento,
que ajudará na explicitação de suas virtualidades, na conquista da autoconfiança e na revelação de suas
capacidades de liderança.

OBJETIVOS DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

A orientação educacional tem por objetivo promover atividades que favoreçam a integração individual e
social do educando, tais como:
 Orientar o educando em seus estudos, a fim de que os mesmos sejam mais proveitosos.
 Como complementação do primeiro objetivo, ensinar a estudar. É impressionante a quantidade de educandos
de todos os níveis que se perdem nas obrigações escolares por não saberem estudar, com desperdício de
tempo e energia.Este objetivo é dos mais importantes e cuja efetivação deveria ter início no Ensino
Fundamental e continuar por todos os níveis de ensino. Ensinando o educando a estudar em função do nível
de ensino que estivesse cursando, pois muitos fracassos escolares são devido ao fato do educando não saber
estudar, com desperdício de tempo e esforço, conduzindo, o educando a abandonar os estudos. Assim, é
importante, que desde o início da escolaridade intelectual, a Orientação Educacional ensine o educando a
estudar, através de sessões destinadas a todos os educandos de uma classe.
 Discriminar aptidões e aspirações do educando, a fim de melhor orientá-lo para a sua plena realização.
 Auxiliar o educando quanto ao seu autoconhecimento, à sua vida intelectual e à sua vida emocional.
 Orientar para o melhor ajustamento na escola, no lar e na vida social em geral. É fundamental a interação
entre educando e professor, educando e seus colegas, bem como educando e sua família. É importante,
também, que o educando saiba manter um comportamento adequado nas atividades fora da escola e do lar.
 Formar o cidadão que alimente dentro de si um sentimento de fraternidade universal, capaz de fazê-lo sentir-
se irmão, companheiro e amigo de seu semelhante em todas as circunstâncias da vida.
 Trabalhar para a obtenção de um melhor cidadão, por parte do educando, para que este seja um membro
integrado, dinâmico e renovador no seio da sociedade. Enfim, desenvolver ação para que se obtenha o
cidadão consciente, eficiente e responsável.
 Levar a efeito melhor entrosamento entre escola e educando, com benefícios compensadores quanto à
disciplina, formação do cidadão e rendimento escolar.
 Prestar assistência ao educando nas dificuldades em seus estudos ou relacionamento com professores,
colegas, pais ou demais pessoas.
 Levar cada educando a explicar e desenvolver suas virtualidades.

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 Prevenir o educando com relação a possíveis desajustes sociais, que sempre estão eclodindo na sociedade,
como fruto de uma dinâmica negativa de desagregação social.
 Possibilitar aos professores melhor conhecimento dos educandos, oferecendo, assim, maiores probabilidades
de entrosamento positivo entre ambos e mais adequada ação didática por parte dos professores, a fim de ser
obtido maior rendimento escolar.
 Sensibilizar, de forma crescente, professores, administradores e demais pessoas que trabalham na escola,
para que queiram melhorar suas perspectivas atuações, visando à melhor formação do educando.
 Realizar trabalho de aproximação da escola com a comunidade, a fim de proporcionar ao educando maiores
oportunidades de conhecimento do meio e desenvolvimento comportamental de cidadão participante.
 Favorecer a educação religiosa, com suas perspectivas transcendentais, mas desvinculada do compromisso
sócio-ideológico. O bem que a religião infunde pode levar a efeito, na busca da melhoria do funcionamento de
qualquer regime, sem apelos ao ódio e destruição.
 Trazer a família para cooperar de maneira mais esclarecida, eficiente e positivista na vida do educando.
 Proporcionar vivências que sensibilize o educando para os valores que se deseja incorporar no seu
comportamento.
 Trabalhar para instaurar na escola um ambiente de alegria, satisfação e confiança para que se estabeleça um
clima descontraído, evitando os temores, frustrações e humilhações.
 Incentivar práticas de higiene física e mental, procurando conscientizar o educando em relação à importância
e valor da saúde, que pode ser cuidada e preservada individualmente, educando por educando.
 Desenvolver admiração e respeito pela natureza, evitando depredá-la em quaisquer de seus aspectos:
paisagem, fauna e flora.
 Desenvolver atividades de lazer, podendo, algumas delas, em caso de necessidade, transformar-se em
atividades profissionais. Neste particular, orientar o emprego adequado e higiênico de horas de folga.
 Trabalhar para uma adequada formação moral do educando, imbuindo-o de valores éticos necessários para
uma vida digna, humana e coerente, em que o respeito ao próximo deve ser o motivo principal.
 Favorecer a educação social e cívica do educando, sensibilizando-o para a cooperação social e deveres
comunitários. Neste particular, incentivá-lo para a melhoria da estrutura e funcionamento da vida social, sem a
marca de destruição, alertando-o, pois em relação a certos movimentos de fundo comunitário que pregam, em
nome do bem, o ódio, a morte, a violência e a destruição.

O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL

O orientador educacional atua junto ao corpo discente e doscente das instituições de ensino,
acompanhando as atividades escolares, bem como o desempenho do estudante, seja em termos de rendimento
ou de comportamento.
A Orientação Educacional é entendida como um processo dinâmico e contínuo, estando integrada em
todo o currículo escolar. O papel do Orientador Educacional corresponde ao elo entre os alunos e a escola,
favorecendo o processo de integração Escola-Família-Comunidade, numa perspectiva voltada para as
dificuldades pedagógicas, e emocionais, sociais e cognitivas dos alunos.
Para que isso se realize, é necessário que o trabalho esteja integrado com a Direção, Coordenação
Pedagógica, e com o Corpo Docente e a Família.
Desta forma, a Orientação Educacional junto à:

Escola e alunos
• Mobiliza a criança, a escola e a família para a investigação coletiva da realidade na qual todos estão inseridos;
• Realizar o atendimento aos alunos orientando-os de forma individual ou coletiva, com observação,
acompanhamento, aconselhamento e entrevista;
• Acompanha o aluno no processo ensino-aprendizagem, visando o seu relacionamento com a realidade social
e profissional;
• Desenvolve hábitos de estudo e de organização, junto à Tutoria;
• Integra as diversas disciplinas junto a Coordenação Pedagógica, disponibilizando aos alunos assuntos atuais
e de interesse dos mesmos;
• Organiza dados referentes à vida escolar aos alunos;
• Estabelece um vínculo de confiança e cooperação entre os alunos, ouvindo-os com paciência e atenção;
• Desperta no aluno o compromisso com a responsabilidade e autonomia enquanto pessoa e cidadão, para
estimular a reflexão coletiva de valores: liberdade, justiça, honestidade, respeito, solidariedade, fraternidade,
comprometimento social;
• Atua preventivamente em relação a situações e dificuldades próprios do cotidiano, promovendo condições que
favoreçam o desenvolvimento do aluno;

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• Promove palestras de interesse e importância aos alunos;
• Conduz o processo de sondagem de habilidades e interesses oportunizando ao aluno o conhecimento das
diferentes profissões e o mundo do trabalho, de forma que possa preparar-se para a vida em comunidade.

Família
• Esclarece a família quanto às finalidades e funcionamento do SOE (Serviço de Orientação Educacional);
• Orienta a família sobre o desenvolvimento dos alunos sempre que se fizer necessário, realizando reuniões
com os pais juntamente com a Equipe Pedagógica;
• Relaciona-se com os pais e familiares dos alunos de forma que desenvolva a participação ativa dos mesmos
na escola;
• Compromete-se com a integração pais e escola, professores e pais e pais e filhos;
• Acompanha o aluno e sua família nas possíveis dificuldades, encaminhando-os a outros especialistas se
necessário;
• Atende os especialistas multidisciplinares que por ventura, realizem qualquer tipo de acompanhamento com os
alunos.

Professores
• Fornece ficha de encaminhamento para o professor formalizar a solicitação de acompanhamento dos alunos;
• Mantém os professores informados quanto às atitudes e acompanhamentos do SOE junto aos alunos,
principalmente quando esta atitude for solicitada pelo professor;
• Coopera com o professor, estando sempre em contato com ele, auxiliando-o na compreensão do
comportamento das classes e dos alunos em particular;
• Realiza intervenções pedagógicas junto à Coordenação, quando necessário.
A orientação educacional, em sua trajetória, caracterizou-se por atuar quase que exclusivamente na
resolução de problemas individuais dos alunos ou na orientação da escolha profissional. Segundo Grinspun, “a
prática da orientação educacional deve ser vista como um processo ativo e dinâmico, como construção,
produção de conhecimento, de saberes, de comunicações e interações”.
Com esta evolução, não é mais possível pensar a orientação apenas como um serviço assistencialista
onde se buscava resolver os problemas pessoais dos alunos ou, como um serviço contemporizador, chamado
para intervir nos momentos de tensão ou conflito (visão ainda existente, hoje, em muitas escolas).
O momento atual instiga o orientador a assumir em sua prática uma nova abordagem, voltada para a
construção de um cidadão mais comprometido com o seu tempo. Sua ação precisa estar direcionada para
compreender o desenvolvimento do aluno, do ponto de vista cognitivo, da afetividade, da tomada de decisão, da
sua inserção social. Os sentimentos permeiam todo o processo pedagógico, não existe ação ou pensamento
que venha desvinculado dos sentimentos.
A escola constrói sua proposta pedagógica, mas esta tem que estar em consonância com a realidade
social. A sociedade atual exige um novo indivíduo, comprometido e crítico, que saiba conquistar seu espaço. A
nova concepção de educação também exige um educador engajado, participativo e atuante.
O orientador educacional deve estar comprometido com o desenvolvimento do processo pedagógico da
escola e com toda a comunidade escolar para que, através desta articulação e reflexão, se construam novas
propostas de ação. O papel do orientador é auxiliar o educador a estabelecer vínculos de sua prática cotidiana
com a realidade mais ampla. É o elo entre os alunos e a escola, favorecendo o processo de integração escola-
família-comunidade.
A construção de uma parceria entre orientador, supervisor, professores e direção, redimensiona as
práticas pedagógicas, pois encontra a solução dos problemas no coletivo, através do diálogo e do planejamento
de acordo com a realidade, visando alcançar os objetivos propostos e uma maior qualidade na aprendizagem.
Caminha-se em busca de uma ação reflexiva na qual orientadores, supervisores e professores examinam,
questionam e avaliam criticamente a sua prática. Os professores que se prendem somente a sua prática, sem
uma reflexão mais rigorosa sobre ela, acomodam-se a uma única perspectiva, aceitam, sem críticas, o cotidiano
nas escolas.
O orientador educacional caracteriza-se como mediador e articulador do processo educativo, priorizando
a construção de uma escola participativa e transformadora desta sociedade individualista, excludente e
discriminatória.
É um dos profissionais mais procurados para ajudar na solução de problemas, principalmente quando
diz respeito a questões de indisciplina, sexualidade, uso de drogas, gravidez precoce e indesejada, violência,
abuso sexual contra crianças e adolescentes, doenças sexualmente transmissíveis, enfim, buscam neste
profissional informação e ajuda sobre fatos concretos relacionados ao cotidiano da escola e do aluno. Paulo
Freire diz: “O mundo não é. O mundo está sendo”. Assim devemos olhar a ação do orientador educacional,

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buscando no cotidiano a criação do novo, de formas alternativas de atuação, comprometidas com a construção
de saberes que rompam com as velhas estruturas de conhecimento prontas e acabadas. Desta forma, buscar-
se-á transcender para uma visão não excludente, mas que desperte no aluno a alegria do descobrir, do recriar e
de ser cientista do seu próprio processo, de ser o arquiteto de sua própria vida.
Uma reportagem apresentada pela revista Nova Escola (março/2003) ressalta algumas atribuições no
Orientador Educacional. Segundo esta reportagem, na instituição escolar,

o orientador educacional é um dos profissionais da equipe de gestão. Ele trabalha diretamente


com os alunos, ajudando-os em seu desenvolvimento pessoal; em parceria com os professores,
para compreender o comportamento dos estudantes e agir de maneira adequada em relação a
eles; com a escola, na organização e realização da proposta pedagógica; e com a comunidade,
orientando, ouvindo e dialogando com pais e responsáveis.

Destaca-se ainda neste texto, que a remuneração do orientador profissional é semelhante à do


professor, porém suas funções são distintas, uma vez que o professor em sala de aula está voltado para o
ensino e aprendizagem, e o Orientador Educacional não possui um currículo a seguir, sendo sua função voltada
à formação permanente dos alunos no que diz respeito a valores, atitudes, emoções e sentimentos, analisando
e criticando quando necessário.

Outro ponto importante, segundo o texto é que, embora o que foi citado acima seja papel fundamental
do orientador educacional, muitas escolas não têm mais esse profissional na equipe, o que não significa que não
exista alguém desempenhando as mesmas funções pois, "qualquer educador pode ajudar o aluno em suas
questões pessoais". Porém, não se pode confundir professor com psicólogo escolar.
O texto traz, ainda, que o orientador educacional lida mais com assuntos que dizem respeito a escolhas,
relacionamento com colegas, vivências familiares. Sendo assim, o papel do orientador educacional dentro da
escola se faz necessário para que haja uma melhor integração entre escola-família-aluno.

A FORMAÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL

O Orientador Educacional é a pessoa responsável pelo serviço de orientação, cabendo a ele planejar,
organizar e implementar a Orientação Educacional na escola. Ele deve conscientizar todos os agentes
educativos da escola, tanto da educação infantil e ensino fundamental, como também do ensino médio, de que
estes, enquanto membros ativos dentro da escola, são peças fundamentais para o bom desenvolvimento da
Orientação Educacional.
O Orientador Educacional deve possuir um bom preparo em nível universitário, que lhe forneça
adequados conhecimentos de Psicologia Educacional, Psicologia da Criança e do Adolescente, Psicologia
Pedagógica, Sociologia Educacional, Filosofia da Educação, Biologia Educacional, estatística Educacional,
Estrutura e Funcionamento do Ensino. Ainda, segundo o autor, seria importante que todo o Orientador
Educacional tivesse boa experiência no magistério e conhecimentos básicos das disciplinas do curso que está
orientando (Educação Infantil – Ensino Fundamental – Ensino Médio, etc.).
MARTINS considera ainda que o Orientador Educacional deve estar sempre em processo de
atualização, através de leituras, congressos, simpósios, etc.
Sob o ponto de vista legal, o exercício da profissão de Orientador Educacional foi previsto na Lei nº.
5.564/68, regulamentada pelo Decreto nº 72.846/63. Onde o Orientador Educacional é formado em curso de
Licenciatura em Pedagogia com habilitação específica em Orientação Educacional. (MARTINS, 1992, p.31)
Porém, hoje, através da nova Lei nº. 9.395/96, o Orientador Educacional necessita apenas do Curso de
Licenciatura em Pedagogia e Gestão Escolar para exercer a função de Orientador Educacional.
MARTINS (1992, p.31) lembra ainda que, pela responsabilidade que o Orientador Educacional tem no
processo de relação de ajuda através das relações interpessoais e visando o desenvolvimento integral do
educando, o Orientador Educacional precisa possuir alguns requisitos pessoais, os quais, segundo o autor, são
imprescindíveis ao cumprimento de sua missão, sendo estas condições pessoais, as seguintes:

• Equilíbrio emocional e de personalidade que não sofra influência pelos problemas do educando nem permita
que seus problemas pessoais interfiram em seu trabalho.
• Empatia para ser capaz de colocar-se no lugar do educando a fim de melhor compreender os problemas do
mesmo.
• Iniciativa e liderança a fim de transmitir segurança e confiança aos educandos.
• Entusiasmo para contagiar de otimismo o educando.
• Domínio e vivência prática dos princípios de Psicologia das Relações Humanas a fim de relacionar-se bem
com os agentes educativos e com os educandos.
• Ilibadas qualidades morais, bom senso, justiça, veracidade a fim de levar o educando à auto-educação pelo
exemplo de vida.

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• Estímulo às relações entre as pessoas, nas comunidades a que pertencem e nas instituições da sociedade.
(MARTINS, 1992, p.31)
Constituem atribuições do orientador educacional além do aconselhamento dos alunos e outras que lhe são
peculiares, lecionar as disciplinas das áreas da orientação educacional (Art. 5º da Lei 5.564/68).

A Orientação Educacional é entendida como um processo dinâmico, contínuo e sistemático, estando integrada
A ATUAÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL
em todo o currículo escolar sempre encarando o aluno como um ser global que deve desenvolver-se
harmoniosa e equilibradamente em NOS CONTEXTOS
todos os aspectos: ESCOLARES
intelectual, físico, social, moral, estético, político,
educacional e vocacional.

O serviço de Orientação Educacional faz parte das atividades pedagógicas no Brasil, desde o ano de
1920 e no decorrer de seu desenvolvimento se caracterizou por diversas fases e se institucionaliza com a Lei nº
5.692/71, que aborda a obrigatoriedade da orientação educacional.
Na maior parte dos casos, os orientadores educacionais são consultores para a Direção e interlocutores
entre os pais, o aluno e a escola. Disciplinam o estudante, reúnem-se e discutem problemas didáticos e
disciplinares com os professores e com os pais do aluno, aplicam e interpretam testes padronizados, promovem
eventos que estimulam o relacionamento interpessoal, e aconselham o encaminhamento a psicólogos e
psiquiatras dos casos de desvios mais complexos.
Aspectos Legais do Orientador Educacional no Contexto Educacional

A Orientação Educacional no Brasil nem sempre aconteceu de forma sistemática na escola. Encontra-se
suas raízes na Lei Orgânica do Ensino Industrial de 30 de janeiro de 1942 e no Decreto Lei nº 4244 de 04 de
abril de 1942 que estabelece as diretrizes para a Orientação Educacional como função de encaminhar os alunos
nos estudos e na escolha da profissão, sempre em entendimento com sua família. Porém, em seu artigo 50, a
Orientação Educacional é concebida como um processo de adaptação do sujeito ao meio visando os problemas
dos alunos, seus desvios que perturbam a vida da escola.
Com o passar dos anos, o Orientador Educacional continuou a dirigir sua atenção ao aluno “irregular”,
tendo que, “corrigir, encaminhar, isto é, adaptar o aluno a rotina da escola, ao invés de dirigir a sua ação ao
processo integral de desenvolvimento da atividade educativa. Desta forma, se efetivava as intenções do Decreto
Lei nº 4073/42 que reduz as funções da Orientação Educacional às atividades isoladas do contexto da escola,
reduzindo-a a um veículo escolar repudiado por alunos e professores.”
Em dezembro de 1968, em Brasília, foi aprovada a Lei nº 5564 que provê sobre o exercício da profissão
do Orientador Educacional. A promulgação da Lei em 21 de dezembro de 1968 significou um avanço na
definição e profissionalização do Orientador Educacional.
Até a década de 70, em todo nosso país, a Orientação Educacional se apoiou num referencial
basicamente psicológico reforçando a ideologia de aptidões. Com a Lei 5692/71, a Orientação Educacional
passa a ser obrigatória no Ensino de 1º e 2º graus, para atender o objetivo de “qualificação para o trabalho” e de
“sondagem de aptidões”. O artigo 10 refere-se: “Será instituída obrigatoriedade a Orientação Educacional nas
escolas, incluindo Aconselhamento Vocacional, em cooperação com os professores, a família e a comunidade”.
A partir das determinações desta lei, a Orientação Educacional desenvolve a sua prática nas escolas, baseada
no autoconhecimento, nas relações pessoais, sondagem de aptidões e interesses, informações sobre as
profissões e mercado de trabalho. As técnicas de aconselhamento, entrevistas, aplicação de testes, inventário
de interesses, sociogramas, atendimentos a problemas disciplinares pautam a ação cotidiana do Orientador
Educacional.
Portanto, em 26 de setembro de 1973, é assinado o Decreto nº 72.846 regulamentando a Lei nº 5.564,
de 21 de dezembro de 1968 que provê sobre o exercício da profissão de Orientador Educacional. Ainda a
Orientação Educacional é também considerada uma ação importante na melhoria da qualidade dos padrões
educacionais em países nos quais se destinam recursos significantes à educação e impõe-se, no meio social,
não só como um recurso somatizado para o aprimoramento da escola mas, sim, como um fator urgente para
responder às necessidades do desenvolvimento pessoal e social do aluno.
Pode-se dizer que, em certos momentos, o papel da orientação educacional é conservador, na medida
em que ajusta o educando à escola e prepara-o para seu ajustamento na sociedade e para a realidade em que
vive. Tanto a escola quanto a sociedade se apresentam oferecendo igualdade de oportunidades para todos mas,
como os indivíduos são diferentes uns dos outros, não só em relação as suas aptidões naturais como ao esforço
realizado, nem todos conseguem atingir os mesmos resultados e isso é perfeitamente normal.
A orientação educacional contribui, então, para a movimentação da escola com o mercado de trabalho,
tendo como principal objetivo a segurança e o desenvolvimento, como peças de fundamental importância no
sistema educacional.

23
Assim, para um desenvolvimento eficiente e de abrangências de suas funções, o Orientador Educacional
necessita: conhecer e manter contato com as famílias dos alunos; colaborar para o bom aproveitamento escolar
da clientela; integrar-se com a equipe técnica e docente para atuar em relação aos aspectos morais, cívicos bem
como nas áreas do desenvolvimento físico, emocional e vocacional dos educandos.
Na verdade o orientador educacional não é o único trabalhador da educação, uma vez que ele pertence
a um coletivo de trabalhadores da educação que refletem juntos sobre a sociedade, sobre a relação educação –
sociedade e sobre a relação educação–trabalho.
Enquanto alguns orientadores educacionais preparam o aluno para o trabalho, por meio da orientação
vocacional, outros fazem a crítica a sua própria prática e buscam outros caminhos, sendo que o objetivo
principal é fazer com que o aluno compreenda que deve fazer algo que o torne feliz tanto no aspecto
profissional, quanto no pessoal.
O melhor caminho para se trabalhar a orientação educacional é em conjunto, ou seja, de forma
integrada à supervisão mobilizando, desta maneira, a escola, a família, e a comunidade, para que ocorra uma
investigação coletiva da realidade à qual todos pertencem.
Enquanto alguns orientadores estão preocupados em criar um clima facilitador de relações, outros
instalam um clima facilitador de aprendizagem, ficando assim claro, para eles, qual a verdadeira função da
escola. Para eles, a escola não é lugar em que as pessoas vão para viver momentos agradáveis, mas sim uma
instituição que tem que transmitir a cultura e criar novos conhecimentos.
É importante ressaltar que, dentro de qualquer sistema escolar, tanto público, quanto particular, é
necessário que seja observado o decreto que regulamenta a profissão do Orientador Educacional e que
estabelece, entre outras coisas, as atribuições privativas que competem a este profissional, coordenar e aquelas
das quais deve participar, juntamente com os demais membros da equipe escolar.

Segundo GIACAGLIA e PENTEADO (2000, p.4), o decreto n° 72846 de 26.09.1973 que regulamenta a lei n°
5564 de 21.12.1968, traz em seus artigos 8º e 9º a definição mais específica, na abrangência nacional, dos
encargos do Orientador Educacional,

Artigo 8°. – São atribuições privativas do Orientador Educacional:

a) Planejar e coordenar a implementação e funcionamento do Serviço de Orientação Educacional em nível de:


1 – Escola
2- Comunidade.
b) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de Orientação Educacional dos órgãos do
Serviço Público Federal, Estadual, Municipal e Autárquico; das sociedades de Economia Mista, Empresas
Estatais, Paraestatais e Privadas.
c) Coordenar a orientação vocacional do educando, incorporando-a no processo educativo global.
d) Coordenar o processo de sondagem de interesses, aptidões e habilidades do educando.
e) Coordenar o processo de informação educacional e profissional com vistas à orientação vocacional.
f) Sistematizar o processo de acompanhamento dos alunos, encaminhando a outros especialistas aqueles que
exigirem assistência especial.
g) Coordenar o acompanhamento pós-escolar.
h) Ministrar disciplinas de Teoria e Prática da Orientação Educacional, satisfeitas as exigências da legislação
especifica do ensino.
i) Supervisionar estágios na área da Orientação Educacional.
j) Emitir pareceres sobre matérias concernentes à Orientação Educacional.
Artigo 9°-Compete, ainda, ao Orientador Educacional as seguintes atribuições:
a) Participar no processo de identificação das características básicas da comunidade;
b) Participar no processo de caracterização da clientela escola;
c) Participar no processo de elaboração do currículo pleno da escola;
d) Participar na composição, caracterização e acompanhamento de turmas e grupos;
e) Participar do processo de avaliação e recuperação dos alunos;
f) Participar no processo de encaminhamento dos alunos estagiários;
g) Participar no processo de integração escola – família - comunidade;
h) Realizar estudos e pesquisas na área da Orientação Educacional.

CONTINUAÇÃO...
Integrada com a Orientação Pedagógica e Docentes, a Orientação Educacional no contexto escolar
deverá ser um processo cooperativo devendo:

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- mobilizar a escola, a família e a criança para a investigação coletiva da realidade na qual todos estão inseridos;
- cooperar com o professor, estando sempre em contato com ele, auxiliando-o na tarefa de compreender o
comportamento das classes e dos alunos em particular;
- manter os professores informados quanto às atitudes do SOE junto aos alunos, principalmente quando esta
atitude tiver sido solicitada pelo professor;
- esclarecer a família quanto às finalidades e funcionamento do SOE;
- atrair os pais para a escola a fim de que nela participem como forca viva e ativa;
- desenvolver trabalhos de integração: pais x escola,professores x pais e pais x filhos;
- pressupor que a educação não é maturação espontânea, mas intervenção direta ou indireta que possibilita a
conquista da disciplina intelectual e moral;
-trabalhar preventivamente em relação a situações e dificuldades, promovendo condições que favoreçam o
desenvolvimento do educando;
- organizar dados referentes aos alunos;
- procurar captar a confiança e cooperação dos educandos, ouvindo-os com paciência e atenção;
- ser firme quando necessário, sem intimidação, criando um clima de cooperação na escola;
- desenvolver atividades de hábitos de estudo e organização;
- tratar de assuntos atuais e de interesse dos alunos fazendo integração junto às diversas disciplinas;

 JARDIM A 4ª SÉRIES
Junto aos professores:
- treinamento de professores em observação e registro do comportamento do aluno;
- orientação e pesquisa sobre as causas do desajustamento e aproveitamento deficiente do aluno;
- assessorar os professores no planejamento de experiências diversificadas que permitam ao aluno;
- descobrir através da auto-avaliação e da execução de atividades, suas dificuldades e facilidades;
- descobrir o seu modo e ritmo de trabalho;
- descobrir sua forma de relacionar-se com os colegas e profissionais da escola;
- fazer escolhas;
- treinar a auto-avaliação;
- recursos teóricos para interpretar os dados obtidos nas observações;
- desenvolvimento de acordo com a faixa etária;
- pesquisa sobre as causas de desajustamento e aproveitamento deficiente do aluno;

Oferecer subsídios aos professores quanto a:


- coleta e registro de dados de alunos através de observações, questionários, .....entrevistas, reuniões de
alunos, reuniões com pais.
desenvolver um trabalho de prevenção:
- estudo sobre o rendimento dos alunos e tarefas educativas conjuntas que levem ao alcance dos objetivos
comuns;
- sugerir Direção da realização de estudos por profissionais especializados a pais, alunos e professores;
- avaliação dos resultados do processo ensino-aprendizagem, adequando-os aos objetivos.educacionais,
assessorando e decidindo junto com o professor e Conselho de Classe os.casos de aprovação e reprovação do
aluno.
Junto às famílias dos alunos
- entrevista com os pais para troca de dados e informações acerca do aluno;
- propiciar aos pais o conhecimento de características do processo de desenvolvimento;psicológico da criança,
bem como de suas necessidades e condicionamentos sociais;
- refletir com os pais o desempenho dos seus filhos na escola e fornecer as observações sobre a integração
social do aluno na escola, verificando variáveis externas que estejam interferindo no comportamento do aluno,
para estudar diretrizes comuns a serem adotadas;
- a orientação familiar se fará através de reuniões individuais com os pais, em pequenos grupos e nas reuniões
bimestrais programadas constantes do Calendário Escolar.
Junto aos alunos
- atendimentos individuais, sempre que for necessário para análise e reflexão dos problemas encontrados em
situações de classe, recreios, desempenho escolar, pontualidade, cuidado com material de uso comum,
relacionamento com os colegas de classes e outros alunos do colégio, respeito aos professores e funcionários;
- atendimentos grupais sempre que for necessário para reflexão de problemas citados acima ocorridas em
situações de grupo.
- esclarecer quanto a regras e sanes no que diz respeito ao cumprimento das normas do colégio.

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6º AO 9º ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO
Objetivo Geral
A Orientação Educacional se propõe em ser um processo educacional organizado,dinâmico e contínuo.
Atua no educando, através de técnicas adequadas às diferentes faixas etárias ,com a finalidade de orientá-lo na
sua formação integral, levando-o ao conhecimento de si mesmo,de suas capacidades e dificuldades oferecendo-
lhe elementos para um ajustamento harmonioso ao meio escolar e social em que vive.
Objetivos específicos relacionados aos professores
- assessorar o professor no acompanhamento e compreensão de sua turma;
- Integrar-se às diversas disciplinas visando o desenvolvimento de um trabalho comum e a formulação das
habilidades didático-pedagógicas a serem desenvolvidas com os alunos;
- garantir a continuidade do trabalho;
- avaliar e encaminhar as relações entre os alunos e a escola;
- assessorar o professor na classificação de problemas relacionados com os alunos,colegas etc;
- desenvolver uma ação integrada com a coordenação pedagógica e os professores visando a melhoria do
rendimento escolar,por meio da aquisição de bons hábitos de estudo.
Atividades junto aos professores
- divulgação do perfil das classes;
- organização de arquivos e fichas cumulativas;
- proposição de estratégias comuns entre os professores,coordenação e orientação;
- análise junto a coordenação dos planejamentos das diversas disciplinas;
- realização de atendimentos individuais e/ou grupo nas reuniões de curso para receber ou fornecer informações
necessárias dos alunos;
- realização de atendimentos individuais na O.E para fornecer ou receber informações necessárias dos alunos;
- análise e avaliação dos resultados quantitativos e qualitativos dos alunos, das classes junto à coordenação
para posteriores encaminhamentos;
- participação nas reuniões de curso;
- participação nas reuniões de E.T;
- participação na preparação e realização dos Conselhos de classe;
- participação nos eventos da escola;
- organização e participação junto à coordenação das atividades extra-curriculares.

Objetivos específicos relacionados aos alunos

- orientação vocacional;
- instrumentalizar o aluno para a organização eficiente do trabalho escolar, tornando a aprendizagem mais
eficaz;
- identificar e assistir alunos que apresentam dificuldades de ajustamento à escola, problemas de rendimento
escolar e/ou outras - dificuldades escolares;
- acompanhar a vida escolar do aluno;
- assistir o aluno na análise de seu desempenho escolar e no desenvolvimento de atitudes responsáveis em
relação ao estudo;
- promover atividades que levem o aluno a analisar,discutir,vivenciar e desenvolver atitudes fundamentados na
filosofia cristã de valores;
- promover atividades que levem o aluno a desenvolver a compreensão dos direitos e deveres da pessoa
humana,do cidadão,do Estado,da família e dos demais grupos que compõem a comunidade e a cultura em que
vive o aluno;
- despertar no aluno o respeito pelas diferenças individuais,o sentimento de responsabilidade e confiança nos
meios pacíficos para o encaminhamento e solução dos problemas humanos;
- promover atividades que levem o aluno a desenvolver a compreensão dos valores,das implicações e das
responsabilidades em relação à dimensão afetiva e sexual do indivíduo de acordo com a filosofia da escola e os
valores da família;
- identificar na escola,eventos esportivos,culturais e de lazer que possam ser utilizados pelos alunos;
- desenvolver atitudes de valorização do trabalho como meio de realização pessoal e fator de desenvolvimento
social;
- Levar o aluno a identificar suas potencialidades, características básicas de personalidade e limitações
preparando-o para futuras escolhas;
- Preparar o aluno para a escolha de representantes de classe e/ou comissões;
- Preparar e acompanhar os representantes de classe para o exercício de suas funções;
- Promover atividades que desenvolvam aspectos relativos a dificuldades e /ou necessidades inerentes à faixa
etária;

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- Desenvolver o relacionamento interpessoal e hábitos de trabalho em grupo.

Atividades junto aos alunos


- Realização de sessões de orientação com cada série, previamente agendadas em calendário, onde o O.E
estará propondo temas(textos, trabalhos em grupo, vídeo, informática, debates, atividades extra-classe etc) que
vão ao encontro dos objetivos propostos e às necessidades e interesses da faixa etária a ser trabalhada;
- Realização de reuniões com representantes de classe e/ou comissões;
- Participação dos eventos da escola(atividades extra-classe, jogos, festa junina, encontros, viagens etc);
- Realização de atendimentos individuais e/ou pequenos grupos.
Objetivos específicos relacionados aos pais
- Oferecer às famílias subsídios que as orientem e as façam compreender os princípios subjacentes à tarefa de
educar os filhos, para maior auto realização dos mesmos;
- Garantir o nível de informações a respeito da vida escolar dos alunos;
- Interpretar e encaminhar dúvidas, questionamentos.

Atividades relacionadas aos pais


- Entrevistas solicitadas pelas famílias;
- Entrevistas solicitadas pela escola;
- Palestras (junto à coordenação e APM);
- Reuniões.

TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO
E DE ACOMPANHAMENTO

A orientação educacional se destina a assistir ao educando, individualmente ou em grupo, no âmbito das


escolas e sistemas escolares de nível médio e primário visando ao desenvolvimento integral e harmonioso de
sua personalidade, ordenando e integrando os elementos que exercem influência em sua formação e
preparando-o para o exercício das opções básicas. Por intermédio do aconselhamento, o orientador pode ajudar
a tomar decisões mais adequadas a cada caso.
A conceituação de “aconselhamento” não constitui, de forma alguma, um ponto pacífico. Há opiniões das
mais variadas, tanto de autores americanos como europeus. Registra-se aqui o ponto de vista de E. G.
Williamson, extraído de "Counseling Adolescents" publicado em 1950. Para ele, é a
"parte da moderna educação que se refere a processos personalizados e individualizados, destinados a
ajudar o indivíduo a aprender matérias escolares, traços de cidadania, valores e hábitos pessoais e
sociais, e todos os outros hábitos, habilidades, atitudes e crenças que irão construir um ser humano
normalmente ajustado... O aconselhamento ajuda o indivíduo a escolher objetivos ou alvos que facilitarão
seu ajustamento podendo tais alvos serem profissionais, pessoais, éticos ou quaisquer outros que o
indivíduo deseje estabelecer com imediato ou remoto objetivo a ser atingido através da aprendizagem".
Entre as características do aconselhamento pode-se mencionar as seguintes: - centraliza-se no aluno com
seus problemas, necessidades e objetivos; - é fortemente dirigido para a auto-realização do aluno (como
profissional e como indivíduo); - busca desenvolver a compreensão do aluno no que se refere a si mesmo e às
suas relações com o meio; - é uma situação de aprendizagem estruturada; - é essencialmente preventivo e não
um processo corretivo.
No tangente a técnicas de aconselhamento pode-se apontar três correntes:
 clínico ou diretivo
 não-diretivo
 eclético.
O aconselhamento clínico ou diretivo consiste em uma análise prévia da situação do orientando. A
base desse método é chegar a um diagnóstico preciso e válido. Neste o conselheiro assume a iniciativa da
condução da entrevista. No método diretivo o conselheiro assume grande responsabilidade pela solução, colhe

27
informações, analisa as dificuldades e formula a solução (junto com o aconselhado). Registra a entrevista e
acompanha o caso.
No aconselhamento Não-diretivo a atenção do conselheiro estará concentrada no aconselhado, visando
permitir a este expressar livremente suas emoções, descarregando as tensões emocionais e habilitando-o a
equacionar melhor os elementos de seu plano de conduta. Aplica-se esta técnica, como diz Rogers, mesmo a
orientadores não treinados e não oferece riscos. Baseia-se no fato de que todo indivíduo tem tendência a
crescer e progredir, servindo isto de motivação para a solução de seus problemas. Consiste nas seguintes
operações que serão levadas a efeito sucessivamente: eliminação das pressões e afrouxamento das tensões;
autocompreensão; reestudo dos objetivos e desenvolvimento de ação para atingi-los. Assim, o Conselheiro não
diz o que fazer; conduz o jovem a se conhecer melhor, habilitando-o a chegar ao seu problema de base.
O aconselhamento eclético o conselheiro preocupa-se com o uso de técnicas que melhor se adaptem
às situações pessoais do orientando, levando-o à responsabilidade pela decisão tomada. Exige um prévio e
profundo conhecimento do
caso, mas não realiza as entrevistas de aconselhamento com atitudes e idéias já formadas.

As Três Fases do Aconselhamento

O processo de aconselhamento costuma ser visto em três fases distintas:

 Investigação: descobrir o problema, a relação do sujeito com o problema, clarificar o tipo de ajuda que
necessita, etc, apoiando-lhe em habilidades de vários tipos;

 Decisão: sobre que ação o/a jovem vai tomar. O/a conselheiro/a introduz novas formas de ver o problema;

 Ação: refere-se à ação que o/a conselheiro/a e o sujeito decidiram implementar.


No aconselhamento há recomendações básicas, entre as quais as seguintes:
a) conhecer o aluno através de todos os elementos possíveis (informes sociais, médicos, escolares,
psicológicos etc);
b) conhecer o mundo das oportunidades (escolas, cursos, ocupações, passatempos, interesses etc);
c) verificar a personalidade do aconselhado em função do ambiente total: - que tipos de ajustamento busca
o indivíduo? - a que pressões está sujeito? - que mecanismos de ajustamento utiliza? - quais as
possibilidades de ajustamento em função da dinâmica de sua personalidade?
d) prever as áreas de aconselhamento, a duração deste e as possíveis limitações do conselheiro, em
função das quais seria lembrado o encaminhamento do caso a um psicólogo, médico ou outros
elementos.
O trabalho do Orientador Educacional é de grande importância e responsabilidades e, para que este seja
realizado de acordo, exige-se muito desse profissional, não só em termos de formação, de atualização constante
da prática pedagógica e de características de personalidade como também de comportamento ético. Segundo
GIACAGLIA e PENTEADO (2003, p. 9), “embora não haja um código de ética elaborado especificamente para o
Orientador Educacional, como todo profissional, ele deve ter sua atuação pautada por princípios éticos.”
O comportamento ético em relação às informações sobre alunos, funcionários e pessoas da comunidade
é um dos principais aspectos que devem ser considerados, pois a interação do Orientador Educacional com os
educandos se caracteriza pelo seu caráter de relação de ajuda: tanto o aluno pode expor, espontaneamente,
fatos ou situações de ordem pessoal e familiar, como o Orientador pode necessitar fazer indagações sobre o
problema em questão. Esses dados, por serem sigilosos ou confidenciais, não devem ser expostos a outras
pessoas, sob qualquer circunstância.
A mesma atitude, serve para os prontuários dos alunos. Sendo assim, questionários preenchidos com
dados mais íntimos sobre o aluno e seus familiares, resultados de entrevistas e de testes e opiniões de
professores sobre determinado aluno, devem ser mantidos fora do alcance de pessoas que, propositada ou
casualmente, possam chegar a eles. Por este motivo, tais dados devem ser arquivados no Serviço de
Orientação Educacional em local seguro, com chave, ao qual apenas o Orientador Educacional tenha acesso.
Às vezes, os professores necessitam de informações especificas sobre seus alunos. Mesmo nesses
casos, é preferível que o Orientador Educacional, com base nos dados de que dispõe, elabore um resumo e
forneça, na medida em que julgar conveniente, as informações a serem passadas ao professor.
Outro campo com o qual o Orientador Educacional precisa ter cautela é o que diz respeito aos valores
da família e da comunidade. Na área do aconselhamento, é importante ter sempre presente que aconselhar não
significa recomendar determinadas atitudes, opções ou comportamentos. Segundo GIACAGLIA e PENTEADO
(2003, p. 11), aconselhar é assistir a pessoa, levando-a a refletir sobre determinada situação, problema ou
dificuldade; sobre as implicações e conseqüências de diferentes alternativas disponíveis, no caso, para que
possa discernir e decidir-se, por uma ou por outra, conforme seu arbítrio, suas possibilidades e sua convivência.
Assim, O Orientador Educacional deve ter sempre em mente que as famílias dos aconselhados ou a
comunidade à qual ele pertence, possuem seus próprios valores e buscam não só transmiti-los aos seus

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membros como também fazer com que tais valores atuem como normas de conduta. Não cabe ao Orientador
Educacional levar ao aluno a confrontar-se com os valores da família.
Quanto aos limites em uma relação de ajuda, o orientador Educacional precisa se conscientizar das
suas condições e preparo para prestar uma ajuda efetiva. Este não deve ir além do que é capaz. Nos casos
mais difíceis, em relação aos quais não se sinta seguro e apto, não deve assumir sozinho o aconselhamento,
mas, sim, procurar o auxílio de outros profissionais.

TÉCNICAS DE MEDIDA E DE AVALIAÇÃO


EM ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

Constitui condição importante para que o OE exerça suas atribuições, a contento, o conhecimento das
pessoas, principalmente dos alunos. Quanto mais sistemático, completo, profundo e acurado for este
conhecimento, maior a probabilidade do seu trabalho se tornar mais fácil e eficaz. Assim, o preparo teórico do
profissional, aliado ao convívio diuturno e prolongado com o aluno, os pais, os professores, os funcionários e
demais membros da comunidade, contribuirá para aumentar a capacidade para o desempenho.
No exercício de suas funções, são utilizadas várias técnicas e instrumentos de medida para coleta de
dados, entre os quais destacam-se:
 A observação sistemática e assistemática;
 A entrevista estruturada e a não-estruturada;
 Os questionários.
A técnica conhecida como “teste sociométrico” e, eventualmente, também outros testes psicológicos
como ES de interesses que são adquiridos em firmas especializadas. Além dos instrumentos que aplica, o OE
pode receber, ainda, resultados de testes aplicados por psicólogos.
A observação, que tem grande emprego e importância na OE, pode ser assistemática, quando ocorre
casualmente, isto é, quando algo chama a atenção do observador, ou sistemática, isto é, quando há uma
intenção de observar algo definido, bem como regras estabelecidas para realizar tal observação. A observação
sistemática exige planejamento anterior adequado, incluindo-se nele:
 O que deve ser observado
 Por quem
 Quando
 Onde
 Em que circunstancias
 Por quanto tempo
 Além das condições de registro das observações, durante e/ou logo após a sua realização.
Esta técnica pode ser empregada pelo OE, funcionários e professores. Estes últimos, como mantém
contato freqüente com os alunos, podem vir a se constituir em auxiliares valiosos para esta tarefa, sendo
importante que sejam preparados por ele, principalmente em relação aos aspectos éticos, o que observar e
como registrar o que foi observado. Esse registro deve ser preciso, isto é, deve-se descrever,
pormenorizadamente, apenas o que pôde ser observado, sem interpretações pessoais. Caso o observador
tenha alguma opinião sobre o ocorrido, ou suposição não diretamente observada ou comprovada pelos fatos, ele
deverá ter o cuidado de indicar, nas anotações, que se trata apenas de hipóteses. Observações posteriores
poderão confirmar ou não tais hipóteses.
A entrevista constitui outra técnica também muito usada pelo OE, porque ele lida essencialmente com
pessoas, necessitando manter contato mais ou menos freqüente com elas. Para entrevistas mais estruturadas,
ele levará um roteiro no qual tanto o conteúdo quanto a ordem das questões a serem formuladas são muito
importantes. Por exemplo, é necessário atentar para que a ordem não influa nos resultados, isto é, para que
uma questão apresentada antes não induza a resposta da questão seguinte. Convém que o número de itens
não seja muito grande, pois a entrevista muito longa torna-se prejudicada pelo cansaço. Assim, deve-se evitar
que constem do roteiro de entrevistas itens que forneçam informações irrelevantes ou que possam ser obtidas
por outros meios, como, por exemplo, na secretaria da escola ou mesmo no fichário cumulativo do SOE (Serviço
de Orientação Educacional). Quando isto ocorre, tais itens podem estar tomando o lugar de outros mais
necessários, que deixem de ser respondidos.
É necessário que as questões sejam formuladas com clareza, de acordo com o vocabulário e o nível de
compreensão de quem irá respondê-las. O entrevistador deve manter um comportamento receptivo, sem
manifestar, por palavras, gestos ou expressões faciais, sua reação ao conteúdo das respostas.

29
Embora a entrevista estruturada leve a resultados mais precisos, o tipo de entrevista mais empregada em OE e
a não estruturada. Ela pode ser solicitada pela outra parte interessada ou pelo OE. Este deve ouvir com atenção
e encorajar o entrevistado a colocar seus problemas, dúvidas e sugestões.
A gravação da entrevista, qualquer seja o seu tipo, ou a anotação das respostas no momento em que a
mesma se realiza, se bem que ofereça condições para um registro mais completo e objetivo de aquilo que foi
manifestado, costuma inibir o entrevistado. Recomenda-se, por tanto, que as respostas dadas sejam registradas
logo após o seu término.
A entrevista visa, de modo geral, um atendimento individual e tem indicações específicas. Quando a
finalidade do contato é obter informações para eventual uso futuro, poderão ser empregados os questionários de
aplicação muito mais prática. Se necessário, todavia, estes poderão ser seguidos por entrevistas.
Os questionários, bem como as questões neles contidas, da mesma forma como ocorre em relação a
entrevista, somente terão sentido se forem úteis para alguma coisa. Neles, cada questão deverá ter, pois, uma
finalidade. Perguntar por perguntar, ou por mera curiosidade, aborrece, cansa e indispõe quem responde para
ocasiões em que as respostas venham a ser importantes ou muito necessárias.
Um dos problemas mais freqüentes com o emprego de questionários é que, quando não respondidos na
hora, correm o risco de ser perdidos pelos alunos e/ou de não serem respondidos ou devolvidos pelos pais. Por
este motivo, o OE deverá manter controle da entrega e da devolução dos questionários, bem como ter
mecanismos para assegurar o seu retorno.
Além dos instrumentos citados, há outros que serão apresentados nos capítulos seguintes. Um modelo
de roteiro para observação sistemática, um exemplo de relatório de observação assistemática e um exemplo de
roteiro para entrevista estruturada encontram-se nesta apostila.

A GESTÃO E O ORIENTADOR EDUCACIONAL

A gestão da escola é desenvolvida de modo coletivo com a participação de todos os segmentos nas
decisões e encaminhamentos, oportunizando alternância no exercício da representatividade. Tal processo é
coordenado pelo Conselho Escolar e Equipe Diretiva.
Conselho Escolar: Constitui-se no órgão máximo da escola de natureza consultiva, deliberativa e
fiscalizadora. Sua composição, organização e funcionamento são definidos pela legislação vigente e seu
regimento interno. São atribuições do Conselho Escolar, além das já previstas em legislação vigente e no
Regimento Interno as disciplinadas no Plano Anual da escola.
Equipe diretiva: Órgão colegiado responsável pela direção e coordenação do trabalho pedagógico
coletivo e tem como funções articular, propor, problematizar, mediar, operacionalizar e acompanhar o processo
político pedagógico da escola, a partir das deliberações e encaminhamentos do Conselho Escolar. A Equipe
Diretiva é responsável pela organização do cotidiano escolar buscando a superação da dicotomia do
administrativo/pedagógico.
A Orientação Educacional é provida por profissional habilitado, indicado pela direção com aval do
Conselho Escolar.
No contexto da Gestão Escolar a Orientação Educacional tem como principal função investigar e
analisar vivencia do educando inserido em sua comunidade de forma a garantir que a pratica docente possa
atribuir no processo do seu desenvolvimento global, redirecionando permanentemente o currículo. O
Orientador Educacional tem como principais atribuições:
a) Estimular e promover iniciativas de participação e democratização das relações na escola, visando a
aprendizagem do aluno, bem como a construção de sua identidade pessoal e grupal;
b) Contribuir para que a avaliação se desloque do aluno para o processo pedagógico como um todo, visando o
replanejamento;
c) Coordenar o Conselho de Classe, juntamente com o supervisor, garantindo que o mesmo seja participativo no
âmbito da proposta pedagógica da escola, participando de seu planejamento, execução e desdobramentos;
d) Assessorar o Conselho Escolar, direção e professores em assuntos pertinentes à orientação escolar;
e) Cumprir as demais atribuições contida no plano atual da escola.
Encontramos dentro da escola diversas lideranças, atuando cada qual na sua função e que precisam
definir suas ações em harmonia com o Projeto Político Pedagógico da escola. É importante sempre lembrar que
para tornar a escola um espaço especial, visando a construção de uma sociedade melhor, precisamos
desenvolver um trabalho em equipe, um trabalho solidário entre todos os que compõem o cotidiano escolar.

A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E A
INTEGRAÇÃO DO ALUNO A ESCOLA E A SOCIEDADE

Ao entrar na escola, deve se considerar que o aluno irá passar nela muitas horas do dia e muitos dias de
sua vida. É importante, pois, que ela se constitua em um ambiente interessante e agradável que, além da
formação intelectual, favoreça o desenvolvimento sadio do educando. Entretanto, por outro lado, ela pode vir se

30
tornar, e infelizmente as vezes se torna, pelo menos para alguns alunos, um meio hostil onde problemas
preexistentes se agravaram e/ou onde sérios conflitos têm início.
Pode-se dizer que, em grande parte, experiências positivas ou negativas vivenciadas na escola irão
refletir-se pela vida toda do indivíduo. Gostos, traumas, aversões por determinadas matérias, opções
profissionais, amizades e até apelidos, em geral tiveram seus origens nos bancos escolares. Portanto, a
adaptação do estudante à escola torna-se muito importante e deve ser preocupação de todos, inclusive do OE,
desde o inicio da vida escolar, para que a escola represente um ambiente acolhedor e afetivo para o pré-escolar.
É comum que ao entrar pela primeira vez na escola, a criança sinta-se abandonada pela mãe, temendo
que a mesma não volte mais, principalmente se ela se atrasar na hora de vir buscá-la. A existência e a
permanência, no lar, de irmãos menores, em especial de recém-nascido, podem agravar a situação, pois a
criança passa a conceber a escola como local onde ela é deixada para que a mãe possa dar mais afeto aos que
ficam em casa. Nessas circunstâncias, a escola adquire, para a criança, uma conotação desagradável e
ameaçadora, apesar do esforço de professores e funcionários para confortá-la, agradá-la, e dos brinquedos e
atividades lúdicas disponíveis.
Conversas ou expressões que a criança costuma ouvir, em casa, de pais, irmãos ou colegas mais
velhos sobre a vida escolar ou sobre determinada escola, contendo juízos de valor –positivos ou negativos-,
também serão significativas na determinação de atitudes da mesma em relação à escola e aos seus
ajustamentos e integração futuros.
Alunos das 5ª séries do ensino fundamental e das 1ª séries do ensino médio, em particular, são também
susceptíveis de apresentar problemas de adaptação. Mesmo quando permanecem na mesma escola, a
formação dessas classes, geralmente com colegas, professores e matérias totalmente novos, costuma
representar, em boa parte dos alunos, um processo de readaptação a escola. Muitas vezes, há, ainda,
agravando esta situação, a necessidade de mudança de escola e/ou período de aulas, quando a anterior não
oferece continuidade de estudos, ou quando a escola e o aluno precisam, por questões práticas, que o aluno a
freqüente em outro período. Portanto, o OE deve programar um atendimento especial, ao longo do ano letivo,
para essas séries que, no por acaso, são as que apresentam grandes índices de evasão e de repetência.
O aluno que se transfere de uma escola para outra (e, às vezes, muda até de cidade, estado ou país),
qualquer que seja a série em qual tal ocorra, poderá sentir-se inseguro e deslocado, pois, ao chegar, já
encontrará grupos formados e de difícil acesso, e, caso seja tímido, terá ainda mais dificuldades de adaptação e
de integração. Cabe ao OE, mais uma vez, dar-lhe assistência, planejando atividades que visam recepcionar,
envolver e integrar aqueles que ingressam na escola. Um exemplo dessas atividades e a realização de uma
gincana com tarefas relacionadas à descoberta de determinados locais e de quem são as pessoas que atuam
na escola.
Não apenas alunos novos enfrentam problemas sérios de adaptação e integração a escola. Costuma
ocorrer, com freqüência, a existência de estudantes que, por pertencerem a minorias de algum tipo (cor, religião,
classe social), são rejeitados pelos colegas. Em escolas de nível socioeconômico elevado, um aluno bolsista, de
família pobre, pode ser facilmente discriminado, sentindo-se só ou até sofrendo com a hostilidade e desprezo
dos demais. Crianças e jovens que apresentam problemas físicos permanentes, defeitos de fala, atraso de
crescimento ou no desenvolvimento sexual, dificuldades motoras, de audição ou de visão, ou algo que os
diferencia dos demais, também podem ser vítimas de discriminação. Com relação a esses alunos discriminados,
o OE deve recorrer a técnica de aconselhamento para ajudá-los a enfrentar situações difíceis que irão vivenciar,
na escola e na vida em geral. Entretanto, não basta dar apenas assistência às vítimas de discriminação. Ele
deve, também, aproveitar o ensejo para orientar as maiorias que exercem a discriminação.
Alunos mais jovens costumam ser particularmente cruéis em relação a colegas diferentes e menos
afortunados. Se não for dada a devida atenção a tais problemas, eles poderão contribuir para a deterioração das
relações entre a totalidade da classe e causar sérios problemas na escola. Como nos demais casos, a atuação
do OE deverá ser de preferência preventiva. Estratégias como palestras, filmes, leituras, intercâmbios, visitas e
discussões em grupos sobre a diversidade de costumes, religiões, crenças, etnias, classes sociais, etc.,
existentes entre as pessoas, devem ser empregadas para desenvolver o respeito e a tolerância do aluno quanto
as diferencias individuais.
Ainda em caráter preventivo, os professores devem ser assessorados com relação a formação de
equipes para os trabalhos em grupo, no sentido de eliminar problemas de discriminação e de rejeição. A
composição dos grupos e a decisão de passar ou não trabalhos a serem realizados em conjunto, nas
residências dos alunos, merecem especial atenção. Ao solicitar tais trabalhos, o professor precisa estar seguro
de que os alunos tem a possibilidade de freqüentar, e sem constrangimento, as casas dos colegas. Isso porque,
às vezes, há alunos que moram em bairros distantes, outras vezes, há grande diferencia de nível
socioeconômico entre um dos componentes do grupo e os demais e, outras vezes, ainda por questões étnicas,
religiosas ou outras, já citadas anteriormente neste capítulo, o trabalho em grupo se torna inviável para um o
mais estudantes. É relevante, pois, que se conheça a composição e a dinâmica de cada classe. Por tanto, para

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o OE poderá começar por usar a sociometria, uma técnica bastante útil e interessante, tanto para o
conhecimento de aspectos individuais como de grupos. A técnica sociométrica indica a existência de “panelas”,
rejeições, clivagens, antagonismos latentes e manifestos e, eventualmente, até os critérios para os mesmos. Ela
contribui, ainda, para a identificação de líderes ou estrelas nas classes. Essa descoberta é importante, pois tais
alunos são mais ouvidos e seguidos pelos colegas, podendo portanto se constituir em valiosos auxiliares do OE.
Entretanto, é necessária a rigorosa observância dos princípios éticos no relacionamento com os líderes, às
vezes chamados de “representantes” da classe, pois o que, infelizmente, ocorre na prática e que adultos
desavisados e inescrupulosos usam estes líderes indevidamente, para delação de colegas e para manter
artificialmente a disciplina em classe. O OE deve estar atento para que não venha a ocorrer a utilização indevida
de informações coletadas sobre os alunos.
Feitos os levantamentos, o diagnóstico e localizados eventuais problemas, o OE poderá procurar contato
com os alunos, pais e professores, sempre com o devido cuidado para que sua atuação não seja fator de
aumento da problemática existente.
Nem só minorias e alunos discriminados por diferentes motivos apresentam problemas de ajustamento
na escola. Às vezes, a filosofia ou as diretrizes educacionais de uma dada escola estão em desacordo com as
da família ou com as características do aluno. Nesses casos, principalmente em se tratando de alunos mais
jovens, seria aconselhável a família procurar outro tipo de escola. Entretanto, às vezes isso não é possível, seja
por falta de outras alternativas seja porque é mais prático para os pais manterem os filhos em determinado
estabelecimento de ensino. Nessas situações, recomenda-se aconselhamento com pais e filhos.
Por outro lado, não é recomendável, ainda que seja possível para os pais, mudar o filho da escola
sempre que houver algum problema, pois essa atitude pode passar à criança a noção de que são as escolas
que devem ajustar-se a ela.
Estudantes com falta de base ou com dificuldades de aprendizagem também requerem atenção especial
para que estes problemas não dêem origem a desajustamentos com relação a escola. Tanto os defasados dos
demais, em conteúdos e em ritmos de aprendizagem, quanto os superdotados costumam apresentar
dificuldades de adaptação ao novo sistema escolar e dificilmente as escolas estão preparadas para lidar de
modo adequado com esses dois tipos de estudantes. De modo geral, a seleção dos conteúdos e o ritmo do
processo de ensino-aprendizagem são baseados na capacidade média da classe e, por esse motivo, acabam
não sendo adequados para os menos aptos e também não representam desafios para os superdotados. Esta
situação leva tanto a uns como a outros a aborrecerem-se com os professores e com a escola, enfim, ao
desinteresse e à falta de motivação para o estudo. Colabora também para esse quadro o fato de serem, os
superdotados, mais rápidos na execução das tarefas propostas para a classe e, não tendo o que fazer, podem
partir para atos de indisciplina. Em cooperação com os professores, o OE deve procurar identificar tais
estudantes para buscar desenvolver suas potencialidades e canalizá-las tanto em beneficio do próprio aluno
como de seus colegas e da escola como um todo.

É necessário que o OE tenha sempre em mente, para melhor compreender o comportamento dos
alunos, que, principalmente na adolescência, dois motivos mostram-se particularmente importantes na
determinação desses comportamentos. São os motivos de afiliação e de gregário. O adolescente deseja
verdadeiramente “pertencer” ao grupo do qual faz parte e, muitas vezes, para conseguir se integrar chega a
comprometimentos extremos para chamar a atenção e conquistar simpatia e, conseqüentemente, um lugar
definido no grupo de classe. Assim, em determinadas oportunidades, um estudante educado, cortês e até tímido
pode cometer agressões e grosserias para com os professores ou outros adultos, coisas das quais não seria
capaz se estivesse sozinho. Alunos e, principalmente alunas bem dotadas, podem chegar a tirar notas baixas,
propositalmente para não destoar e conseqüentemente, sofrer a rejeição dos colegas. Outros, mais inseguros,
podem ceder à oferta de drogas pelos mesmos motivos.
Cabe ao OR, com auxilio dos demais educadores, o desafio de fazer da escola um ambiente adequado
e agradável para todos e, sobretudo, fazer dela uma instituição educativa, no sentido mais amplo do termo.

A ORIENTAÇÃO VOCACIONAL

Quando se pensa em orientação vocacional, pensa-se em um profissional que me dirá para que sirvo,
para que curso tenho que prestar o vestibular e em que tipo de trabalho e área eu me daria bem. Será que é
algo assim? Por que é tão difícil decidir?
Vocacional vem de vocação que tem como um dos significados a predestinação. Você estaria, então,
decidindo o que já está pré-destinado a você, algo que você teria nascido para ser ou fazer. Desta forma, não
caberia a você decidir e sim descobrir o que já está determinado, mas a palavra vocação tem como significado
também a palavra escolha e é nesse sentido que deveria ser entendida a orientação vocacional. Vamos
considerar você, leitor desta matéria: com esse sentido, seria então uma opção, alternativa sua e caberia, então,
a você, seria de sua responsabilidade. Isso não quer dizer que não seria difícil mesmo assim, creio ser mais
difícil por exigir que você se coloque e pense no que quer ou não para você, pense no que gosta e no que não

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gosta. Isso também não quer dizer que você não sofreria as mesmas pressões de familiares, de amigos entre
outras influências deste momento. Então qual a diferença? Justamente você! O que você quer e não, o que
dizem que é melhor, ou está pré-determinado a você. Nesse sentido, a orientação trabalha com as suas
escolhas, gostos e influências. Busca clarear tudo o que está envolvido neste processo e com uma maior
clareza é possível perceber o que você quer, a sua escolha e as suas conseqüências.
A orientação profissional com abordagem fenomenológica é diferente do trabalho com testes por
priorizar a escolha do individuo, seus riscos e responsabilidade frente à situação e não o resultado de um teste
que tira a responsabilidade e autonomia da pessoa. Ela é feita através de sessões focais, ou seja, são sessões
de psicoterapia focada, especificadamente, na escolha profissional e desta forma é mais rápida do que um
processo terapêutico tradicional . Entretanto, nas sessões são abordados também, diversos assuntos e não só a
escolha profissional, apesar de tê-la como norteadora. É necessário, portanto, saber um pouco da vida, das
relações, saber um pouco do modo-de-ser para que seja possível compreender o sentido das coisas e assim
clarear a decisão, ampliando a possibilidade da escolha. Nessa perspectiva prefiro denominar o trabalho como
orientação profissional, ou seja, orientá-lo na busca de sua escolha profissional e não vocacional.
A orientação educacional tem por objetivo promover atividades que favoreçam a integração individual e
social do educando, tais como:
• Processo de acompanhamento dos educandos com propósito de auxiliá-los na solução de seus problemas de
vida e de estudo
• Promover ações que conduzam à integração harmônica da comunidade escolar
• Propor ações voltadas ao engajamento da escola na vida da comunidade e vice-versa
• Contribuir para a organização de turmas e grupos para atividades
Já a orientação vocacional tem por objetivo realizar de forma dinâmica e participativa, a orientação vocacional e
profissional dos educandos, como segue:
• Através de uma ação refletida, compreender a orientação vocacional e profissional como um processo com
características específicas, seja em relação ao orientando, às profissões e carreiras e à realidade sócio-
econômica e cultural.
• Desenvolver a fundamentação teórica e prática das diversas linhas em orientação vocacional e profissional
usadas no Brasil hoje.
• Propiciar aos alunos condições tanto teóricas quanto práticas para formulação de propostas novas e próprias
de orientação vocacional, seja em consultório, escolas ou instituições.
A orientação profissional não é algo automático; trata-se, antes de tudo, de um diagnóstico humano. Por isso,
deve-se exigir do Orientador Educacional:
 Uma informação realista do campo ocupacional na sociedade, com amplidão de informações sobre possíveis
profissões.
 Formação suficiente para poder dirigir, aconselhar, solucionar dificuldades e problemas teóricos e práticos.
 Domínio da técnica que facilite a aquisição e interpretação dos dados pessoais de cada orientando.
 O conhecimento, quando possível, do ambiente da vida profissional em cada uma das ocupações.
Importante saber que é essencial para escolher uma profissão ou ocupação o autoconhecimento. O objetivo
principal no processo de orientação profissional é fazer com que o adolescente ou adulto, faça um
autoconhecimento, conhecendo suas habilidades, potencialidades, profissões e inclusive seu momento pessoal
para que trace um plano de vida. A orientação vocacional e profissional é um processo dinâmico podendo ser
usados testes e outras técnicas como facilitadores e não como resultado final.

A PREPARAÇÃO PARA O MUNDO DO TRABALHO

O artigo 205 de nossa Constituição responde de maneira muito clara: “A educação, direito de todos e
dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Assim, a escola tem como um de seus deveres a preparação para o trabalho. Ocorre que é muito comum
percebermos crianças, jovens e adultos em uma sala de aula apenas como estudantes.
Entretanto, quando consideramos a realidade brasileira, muitas dessas crianças e adolescentes
começam a trabalhar desde muito cedo. Assim, a escola tanto tem como tarefa a preparação para um trabalho
futuro, como também a reflexão e debate em torno da própria situação presente de seus alunos. Muitos deles já
estão hoje, no presente, inseridos no mercado de trabalho, tendo começado inclusive antes da idade permitida
por lei. Não é apenas para o futuro que a escola deve olhar, é preciso contemplar a situação presente dos
alunos em relação ao trabalho. O que fazem quando não estão na escola? Eles trabalham? Em qual trabalho?
Procuram emprego?

33
Apesar dos vários esforços que vêm sendo realizados por uma ou outra escola, um ou outro professor,
pesquisas recentes têm apontado que ainda predomina um certo distanciamento da escola em relação à vida
dos jovens. Em geral os jovens são percebidos e considerados apenas em sua condição de estudantes. Mas
não podemos esquecer que, além de alunos, são também jovens, moças e rapazes de diferentes classes e
raças, trabalhadores ou desejosos de um trabalho e possivelmente também podem estar envolvidos em
diferentes grupos e movimentos ligados à religião, à música, ao meio ambiente etc.
Algumas escolas tentam aproximar-se da realidade desses alunos por meio da implementação de
projetos que geralmente repercutem pouco no cotidiano da sala de aula. Ou seja, muitas escolas até realizam
projetos diferenciados nas escolas, em horários alternativos ou nos horários de intervalo das aulas, mas as
aulas dos professores permanecem as mesmas e muitos jovens têm reclamado da grande distância entre suas
vidas e os conteúdos aprendidos na esfera escolar.
A tarefa primordial da escola é responder ao seu projeto pedagógico. Nesse sentido, o próprio projeto pode e
deve incorporar questões relativas às mudanças, mas também às inúmeras permanências observadas no
mundo do trabalho.
Quanto ao como, um passo importante pode ser conhecer a própria realidade de trabalho dos alunos
e/ou de seus pais. Certamente eles terão muito a informar sobre essa temática. Mas não sepode atribuir apenas
à escola a responsabilidade pelo diálogo com o mundo do trabalho. Seriam necessárias políticas e programas
específicos que contribuíssem para a aproximação entre a escola e o mundo do trabalho. Além disso, as
próprias empresas deveriam assumir mais fortemente essa responsabilidade.
Escolher uma profissão é uma opção, relativamente recente. Durante muitos anos, a ocupação de uma
pessoa era geralmente determinada pela camada social ou mesmo pela família. Na maioria das vezes a
profissão era seguida de pai para filho. Seus pais ensinavam seus ofícios aos filhos.No passado não havia
muitas profissões como existe hoje.
Há inúmeras maneiras de qualificar-se para o mercado de trabalho e atualmente um dos discursos mais
correntes é que a obtenção de uma vaga no mercado de trabalho depende de qualificação. Assim, não são
poucos os jovens e adultos que procuram diferentes alternativas para qualificar-se. Também são inúmeros e
muito diversos os cursos oferecidos por programas de governo, empresas e ONGs. Essa tendência que foi
fortalecida nos anos 90 vem sendo fortemente questionada.
É inegável que um maior número de estudos e cursos realizados podem contribuir, mas sozinhos não
conseguem garantir uma vaga no mercado de trabalho atualmente. Esta é uma questão a ser enfatizada. Muitos
indivíduos acabam sentindo-se culpados por não conseguirem uma vaga no mercado de trabalho: “Não
consegui porque não me qualifiquei”. No entanto não são poucas as pesquisas que têm enfatizado vários outros
fatores que entram em jogo no momento de obter uma vaga: o sexo, a tal da aparência, o local de moradia, as
redes de relações, o conhecido quem indica, dentre outras. Além disso, é evidente que o país precisa crescer
economicamente, crescer tendo como elemento central a geração de trabalho e renda. O final da década de 90
marcou uma difícil transição, onde o desemprego e a luta pelo acesso ao trabalho e à renda passaram a ser
características centrais de uma sociedade marcada não mais pelo incessante crescimento da economia e das
oportunidades de emprego.
A carteira de trabalho passa a ser um sonho, objeto de desejo e de veneração. Agora, é o chamado
mercado informal que dá as cartas. E o chamado trabalho informal que predomina, trabalho incerto e inseguro,
trabalho literalmente temporário, na ampla maioria dos casos. Não é ainda o fim dos empregos, mas é o tempo
do desemprego como epidemia social e econômica. Assim, é preciso ir muito mais além do debate em torno de
como e onde qualificar-se.
Quando se fala em preparação para o mercado de trabalho, do que estamos falando? Eu ampliaria o
conceito de trabalho. Entendo o trabalho como a transformação da natureza em produtos ou serviços, portanto
em elementos de cultura. O trabalho é, desse modo, o esforço realizado, e também a capacidade de reflexão,
criação e coordenação. Ao longo da história, o trabalho assumiu múltiplas formas. No mundo capitalista o
trabalho assumiu uma forma muito específica: o emprego assalariado. Para que os trabalhadores fossem
convencidos a vender seu trabalho em troca de salário, foi preciso destruir formas autônomas de sobrevivência,
criar leis obrigando pessoas livres a trabalhar, reprimir todos aqueles vistos pela elite dominante como
vagabundos e indignos. Só no fim do século XIX começam a ser legalizados os sindicatos e esboçadas as
primeiras leis em defesa dos trabalhadores. Vale ressaltar que, em determinados grupos sociais, o trabalho
pode fazer parte do processo de socialização das crianças, como em sociedades tribais, por exemplo.
Em nossa sociedade, ele está associado mais fortemente à sobrevivência. Mas o conceito de trabalho
vai além do seu formato como emprego assalariado, embora nossa tendência seja associá-los. Um exemplo
pode ajudar aqui: as mulheres que cuidam de suas casas e filhos estão trabalhando? Evidentemente, mas estão
empregadas? Na grande maioria, não! São poucos os países que reconhecem os direitos das mulheres que
trabalham no próprio lar! Caminhando nesse sentido, poderíamos imaginar vários outros tipos de trabalho que
vão muito além do emprego, tais como o trabalho cooperativo, o trabalho por conta própria etc. Assim, de
antemão parece importante ampliar o conceito de trabalho para além do trabalho assalariado. De todo modo, o
mercado de trabalho assalariado está atravessando uma de suas maiores crises e vem se transformando ao
longo dos últimos anos. No Brasil, é especialmente a partir dos anos 90 que observamos um aumento dos

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índices de desemprego e uma intensa precarização do mercado de trabalho. No interior dos espaços de trabalho
é inegável reconhecer algumas mudanças: ampliam-se ofertas de trabalho que exigem novas competências em
uma sociedade do conhecimento.
Importante ressaltar que a dificuldade na escolha profissional não é um problema exclusivo da
adolescência. O momento de escolha de uma profissão é, com certeza, um momento de conflito para qualquer
pessoa como adultos jovens e adultos aposentados que estejam sentindo a necessidade de começar uma nova
jornada profissional.

ENSINO PROFISSIONALIZANTE

Ensino profissionalizante no Brasil é uma uma categoria de cursos escolares (chamados freqüentemente
de cursos técnicos) destinados a formar profissionais de nível técnico. Há a opção de se fazer esses cursos
integrados com o ensino médio ou separados, a partir do término do 2º ano do ensino médio.
Por necessidade de reformulação do ensino brasileiro, surge nova LDB 9394/96, em substituição à antiga
5692/71. O capítulo III da nova LDB 9394/96, com seus quatro artigos (39 ao 42), confere um tratamento
especial e diferenciado ao ensino profissionalizante no Brasil, Regulamentando, em linhas gerais, o ensino
profissionalizante brasileiro.
Art. 39 - A educação profissional, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à
tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva.
Parágrafo Único: o aluno matriculado ou egresso no ensino fundamental, médio e superior, bem como o
trabalhador em geral, jovem ou adulto, contará com o acesso à educação profissional”.
Art. 40 – “A educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensino regular ou por diferentes
meios de estratégias de educação continuada, em instituições especializadas ou no [próprio] ambiente de
trabalho”.
Art. 41 – “O conhecimento adquirido na educação profissional, inclusive no trabalho, poderá ser objeto de
avaliação, reconhecimento e certificação, para prosseguimento e conclusão de estudos”.
Parágrafo único: os diplomas de cursos de educação profissional de nível médio, quando registrados, terão
validade nacional”.
Art. 42 – “As escolas técnicas e profissionais, além de seus cursos regulares, oferecerão cursos especiais,
abertos à comunidade, condicionada a matrícula à capacidade de aproveitamento e não necessariamente ao
nível de escolaridade”.
O texto original da LDB promulgada representa a “pedra angular” de toda discussão sobre educação
profissionalizante no Brasil, conferindo, portanto, à Educação Profissional suas diretrizes básicas.
A realização do curso técnico-profissionalizante, concomitante ou seqüencial ao ensino médio, é
alternativa que já está sendo implementada por várias instituições de ensino. Os cursos técnicos podem ser
realizados concomitantemente com o ensino médio ou após a conclusão deste, sendo oferecidos pela mesma
instituição ou não. Há que se ressaltar, finalmente, que só farão jus ao diploma de nível técnico, os alunos que
comprovarem a conclusão do ensino médio.
Os cursos técnicos duram três ou quatro anos quando são integrados ao ensino médio, e dois anos
quando são subseqüentes. Estes cursos são opções curtas às faculdades e formam pessoal qualificado a atuar
em quase todas as áreas do mercado de trabalho. No entanto é o setor industrial que mais absorve estes
profissionais. Na hierarquia de uma empresa um técnico geralmente é subordinado a um profissional de nível
superior, mas também pode exercer chefia sobre profissionais de nível básico.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

ANTUNES, Celso. Como identificar em você e em seus alunos as inteligências múltiplas. 5. ed. Petrópolis:
Vozes, 2002.

BOCK, Ana Mercês et al. A escolha profissional em questão. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1995.

BOHOSLAVSKY, Rodolfo. Orientação Vocacional: A estratégia clínica. São Paulo: Martins Fontes, 1993

GIACAGLIA, Lia Renata Angelini, Wilma Millan Alves Penteado. Orientação Educacional na Prática: Princípios,
técnicas e instrumentos. 5 ed.São Paulo: Thomson Learning, 2006.

35
GRINSPUN, Mírian Paura S. Zippin. A Orientação Educacional - Conflito de Paradigmas e Alternativas para a
Escola. São Paulo: Cortez, s/d. 176 p.

LÜCK, Heloísa. Ação Integrada - Administração, Supervisão e Orientação Educacional. Petrópolis: Vozes, s/d.
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______, Heloísa. Planejamento em Orientação Educacional. Petrópolis: Vozes, s/d.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

GRINSPUM, Miriam P. S. Zippin (org). A prática dos Orientadores. 4 ed. São Paulo: Cortz, 2001.

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questionamentos. 2 ed. Campinas – SP: Papirus, 1998.

GARDNER. H.;Hatcb, T. Multiple intelligences go to school: educational implications of the theory of Multiple
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