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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
GEOGRAFIA POLÍTICA – AVALIAÇÃO 3
Daniel Augusto Rodrigues Barreto

Introdução

A judicialização da política é um fenômeno cada vez mais identificável no


Brasil. Desenvolvendo-se uma leitura de geografia política a respeito da questão,
pode-se partir da própria definição da disciplina como sendo uma análise da ação
dos agentes no espaço que não aquela da disputa ideológica ou simplesmente
fenomênica, como pontuou COSTA (1991, p. 16), mas que reconheça no Estado -
no caso, o Estado brasileiro -, conceitos próprios da leitura científica dos
acontecimentos.
Esse tipo de leitura se aplica ao tema em questão porque o suposto
pragmatismo que considera a questão como mera realização da justiça está imbuído
numa linha de raciocínio ideológica, pois nem sequer é capaz de notar o efeito da
implantação de um estado político diferenciado no país, algo que será esmiuçado
neste trabalho.

Judicialização da política no Brasil: uma leitura em geografia política

No que diz respeito à judicialização, o sociólogo Jessé Souza (2016) vê na


ação do poder judiciário do Brasil uma seletividade para com os acusados de
corrupção, sendo que em alguns episódios recentes, houve um aparentemente
deliberado trabalho da justiça no sentido de escolher prioridades nos processos de
algumas figuras políticas específicas. E ainda, a mídia apareceu como um
importante elemento com propósito de moldar a opinião pública a respeito.
A reflexão de COSTA (1991) deixa em aberto a possibilidade que essas
ações deliberadas de dois agentes políticos (a mídia e participantes do poder
judiciário) estejam agindo em nome de fins geopolíticos. Assim, é possível inferir que
não estejam simplesmente cumprindo o trabalho a que são delegados - ou dizem se
delegar, no caso da mídia -, como também agindo estrategicamente para alcançar
determinados fins que vão redirecionar as relações de poder no Brasil.
Ainda, a “coisificação” do Estado denunciada por COSTA (1991, p.20) é muito
válida para situar a leitura da judicialização, uma vez que pontuar o Estado como
conceito genérico inferiria que os juízes são integrantes destes e totalmente
imbuídos em seus interesses. Mas a realidade é outra: o Brasil revela acirradas
disputas em diversas esferas públicas e privadas, sendo insensato - principalmente
para a análise aqui em curso - considerar o país como apresentador de uma
coalescência de propósitos por parte dos agentes envolvidos na política do Brasil.
Também, de acordo com RAFFESTIN (1993, p.53), “O poder é a parte
intrínseca de toda relação.” As contradições internas em níveis do poder federal
brasileiro são exemplos para a multidimensionalidade do poder trabalhada pelo
autor.
Cabe aqui identificar um fenômeno social identificado por SOUZA (2016): o
apoio, por parte da classe média brasileira - ao menos aquela que fez protestos
contumazes e de ampla adesão contra a “corrupção” - à figura do “justiceiro”, sendo,
no caso do judiciário, o juiz como aquele investido do papel de “salvador” e outras
funções na verdade estranhas ao sistema liberal democrata.
A respeito dessas funções, vale aqui citar o que a jurista Carol Proner (Carta
Capital, 2017) disse a respeito da judicialização da política brasileira:
“O ministro do STF (Luís Eduardo) Barroso certa vez distinguiu entre judicialização da política
e ativismo judicial, entendendo-os como primos de uma mesma família: enquanto que a judicialização
seria um fato, decorrente do modelo constitucional adotado no Brasil, permitindo ao juiz deduzir, a
partir da norma constitucional, uma pretensão e decidir sobre a matéria, o ativismo decorreria de uma
escolha, uma forma proativa de interpretar a Constituição, expandindo o seu alcance e sentido.
Ainda de acordo com o ministro, esta hipótese de ativismo normalmente se instalaria em
situações de retração do Poder Legislativo, de um certo descolamento entre classe política e
sociedade civil, gerando uma demanda mais ampla e intensa do Poder Judiciário na concretização
dos valores e fins constitucionais.”
Ora, essa “forma proativa de interpretar a Constituição”, para além da
possibilidade constitucional de deduzir e se posicionar sobre matérias a partir da
norma - o que ainda condiz com o sistema liberal - enquadra-se no que se entende,
de acordo com Agamben (2007, p. 56) apud Schmitt (1922), como decisão:
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“[...] o operador da inscrição do estado de exceção na ordem jurídica é a distinção entre dois
elementos fundamentais do direito: a norma (Norm) e a decisão (Entscheidung, Dezision) [...].
Suspendendo a norma, o estado de exceção "revela (offenbart) em absoluta pureza um elemento
formal especificamente jurídico: a decisão" (Schmitt, 1922, p. 19). Os dois elementos, norma e
decisão, mostram assim sua autonomia.”
A exceção, a despeito da comum associação que se faz a regimes ditatoriais,
acaba sendo, portanto, um aspecto perceptível até mesmo nas constituições e nos
rumos políticos de sociedades liberais. Exatamente por isso é possível falar no
contexto brasileiro, por exemplo, em estado de urgência. A decisão que escapa a
norma em estados de exceção iria além para o jurista alemão Carl Schmitt, sendo o
soberano aquele capaz de decidir sobre o estado de exceção (AGAMBEN 2007,
p.11 apud SCHMITT 1922).
No contexto brasileiro, a mídia e alguns setores populares interpretam a
situação atual como sendo, justamente, um caso de exceção pelo desgaste dos
poderes executivo e legislativo, a quem seriam normalmente delegadas muitas das
funções exercidas hoje por juízes. Não obstante, Carol Proner (Carta Capital, 2017)
pontua facetas geralmente pouco consideradas da justiça seletiva:
“[...] o que parece mais grave, tanto no processo de impeachment quanto agora – com a
revelação do imenso conluio para a compra de votos para tal – o STF tem tido um papel silente,
omisso, ou procedimental que não evitou a quebra da institucionalidade democrática.”
Diante disso, faz-se curioso que ditos liberais - imbuídos em posicionamento
reacionário - considerem como naturais e necessários estados de exceção tão
questionáveis em vista às normas - isto é, seriam perfeitamente passíveis de serem
resolvidos a partir da lei. A tão elogiada postura para com questões econômicas
perpetradas pelo atual governo, de caráter neoliberal e patente impopularidade, são
acentuações que se fazem, uma após a outra, do apelo ao excepcional. Pelo
pretexto de corrigir um suposto problema contemporâneo, adotam-se medidas que
perdurarão décadas.
A ampla e influente atuação do poder judiciário na política brasileira

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Referências bibliográficas
AGAMBEN, Giordio. Estado de Exceção. Tradução de Iraci D. Poleri. São Paulo:
Boitempo, 2007.
COSTA, Wanderley Messias da. Geografia Política e Geopolítica. São Paulo:
Editora da Universidade de São Paulo, 2008, p.15-29.
RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. Tradução de Maria Cecília
França. São Paulo: Ática, 1993.

OLIVEIRA, Caroline. Não é de bom-tom que um magistrado brilhe mais do que a


causa julgada. Carta Capital. 2017. Disponível em
<https://www.cartacapital.com.br/politica/201cnao-e-de-bom-tom-que-um-
magistrado-brilhe-mais-que-a-causa-julgada201d/>. Acesso em 01 dez. 2017.

SOUZA, Jessé. Quem deu o golpe, e contra quem? Folha de São Paulo. 2016.
Disponível em <http://m.folha.uol.com.br/ilustrissima/2016/04/1763753-quem-deu-o-
golpe-e-contra-quem.shtml?cmpid=compfb/>. Acesso em 01 dez. 2017.

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