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Uma mistura delicada de absurdo e melancolia, o novo filme do diretor segue uma parcela da
vida de Arman, ainda não muito maduro, que decide tomar conta de sua vida no alvorecer de
seus trinta e três anos. O destino o faz cruzar com o caminho de Amelie no jardim de
Luxemburgo: está aí a promessa de uma grande história de amor através da qual todos
poderão se emocionar.
Assim está a vida, composta de altos e baixos, momentos de euforia e angústia, felicidade e
decepção, capturadas perfeitamente pela câmera de Sébastien Betbeder. As coisas nunca são
simples. Para alguns, os problemas são semelhantes às tempestades de verão, fugazes, mas
violentas, para outros parecem um inverno eterno, uma camada de neve pesada e gelada que
adormece corações e almas.
Não há dúvida de inadequação para a felicidade no filme Betbeder. A pequena depressão que
ameaça cada personagem torna-se surpreendentemente o motor de uma narrativa generosa
em momentos tragicômicos ou absurdos. Completamente bipolar, o filme alterna entre
euforia e declínio, dando um pouco mais de profundidade a esse exercício introspectivo.
Ao longo do filme, o cineasta joga com contrastes. A primeira parte, que trata de assuntos tão
graves como a solidão, dificuldades de uma vida bem sucedida, doenças, medo de envelhecer
e morrer, são realizados em um tom muito leve, muito engraçado às vezes. A segunda parte, o
que deveria acontecer no auge da história de amor dos dois casais, banha-se constantemente
num clima melancólico e causa desconforto. É no hospital, numa atmosfera quase desoladora,
que os dois amigos têm a oportunidade de conhecer as mulheres de suas vidas. E é durante
um passeio, em um cenário imaculado, que a escuridão aparece.
Uma vez dentro da história, não podemos deixar de perceber que o filme é muito rápido.
Como a vida. Este é o coração do trabalho: a consciência da brevidade da existência, a
fragilidade das coisas e a amargura que resulta, mas também a necessidade de viver cada
momento de forma plena.