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2 Outonos 3 Invernos - Crítica por Fernanda Novaes

O longa-metragem de Sébastien Betbeder é ambientado em, como o próprio título sugere,


dois outonos e três invernos - distribuídos por três anos consecutivos. O filme nos convida a
acompanhar a evolução de dois casais, desde o encontro amoroso, inevitavelmente mágico,
até momentos mais difíceis, onde a solidez do relacionamento é posta à prova.

Uma mistura delicada de absurdo e melancolia, o novo filme do diretor segue uma parcela da
vida de Arman, ainda não muito maduro, que decide tomar conta de sua vida no alvorecer de
seus trinta e três anos. O destino o faz cruzar com o caminho de Amelie no jardim de
Luxemburgo: está aí a promessa de uma grande história de amor através da qual todos
poderão se emocionar.

Os protagonistas de “2 outonos, 3 invernos”, constroem uma memória de impressões e


sentimentos, conscientes de um presente que desliza em suas mãos, anunciando um futuro
incerto.

Assim está a vida, composta de altos e baixos, momentos de euforia e angústia, felicidade e
decepção, capturadas perfeitamente pela câmera de Sébastien Betbeder. As coisas nunca são
simples. Para alguns, os problemas são semelhantes às tempestades de verão, fugazes, mas
violentas, para outros parecem um inverno eterno, uma camada de neve pesada e gelada que
adormece corações e almas.

Não há dúvida de inadequação para a felicidade no filme Betbeder. A pequena depressão que
ameaça cada personagem torna-se surpreendentemente o motor de uma narrativa generosa
em momentos tragicômicos ou absurdos. Completamente bipolar, o filme alterna entre
euforia e declínio, dando um pouco mais de profundidade a esse exercício introspectivo.

Ao alternar cenas da vida cotidiana e monólogos de personagens de frente para a câmera em


um fundo brega, o diretor toma o lado de uma artificialidade que rompe completamente com
a tentação de certo naturalismo. Arman, Amelie, Benjamin e Katia contam suas histórias
diretamente na frente da câmera, no presente, e comentam a ação “ao vivo”. O encontro de
Arman com Amelie, por exemplo, consiste em dois monólogos sucessivos em que os
personagens explicam por que eles correram naquela manhã e como seus caminhos se
cruzaram. Então a própria ação se desdobra diante de nossos olhos: uma colisão e uma
discussão de uma banalidade angustiante. "Era inútil essa discussão, mas esse é o começo da
nossa história...” e assim por diante, durante todo o filme. Cada ação dos personagens sendo
destacada por uma frase introdutória ou um pequeno comentário.

Dessa forma, os personagens dão a si mesmos a liberdade de reescrever, de seus pontos de


vistas, uma situação que já foi vivenciada. Mas essa repetição, que nada tem de redundante,
revela apenas a discrepância e as interferências afetivas que isolam cada uma delas de uma
realidade coletiva. Afinal, não importa: é a liberdade da palavra e a sua leveza que dá a cada
um suas próprias armas contra um desencantamento que isola irreparavelmente o antes e o
depois. Não é comum ver um filme que combina tanta doçura e lucidez.

Ao longo do filme, o cineasta joga com contrastes. A primeira parte, que trata de assuntos tão
graves como a solidão, dificuldades de uma vida bem sucedida, doenças, medo de envelhecer
e morrer, são realizados em um tom muito leve, muito engraçado às vezes. A segunda parte, o
que deveria acontecer no auge da história de amor dos dois casais, banha-se constantemente
num clima melancólico e causa desconforto. É no hospital, numa atmosfera quase desoladora,
que os dois amigos têm a oportunidade de conhecer as mulheres de suas vidas. E é durante
um passeio, em um cenário imaculado, que a escuridão aparece.

Desta forma sutil, constantemente misturando comédia e drama, um pouco de felicidade e um


pouco de desconforto, leveza e profundidade, conversa fiada e questões existenciais,
autobiografia e ficção, que o filme retrata as imprevisibilidades da vida. É esse lado
imprevisível que traz o encanto deste trabalho.

As histórias de amor que terminam mal, as perambulações sentimentais, existencialismo e


mágoas têm sido o negócio do cinema francês a um bom tempo. O filme de Sébastien
Bedbeder é baseado em uma construção narrativa bastante incomum, escolhas de encenação
interessantes e um tom muito menos deprimente que a média.

Uma vez dentro da história, não podemos deixar de perceber que o filme é muito rápido.
Como a vida. Este é o coração do trabalho: a consciência da brevidade da existência, a
fragilidade das coisas e a amargura que resulta, mas também a necessidade de viver cada
momento de forma plena.

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