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Fundamentos e Metodologia
Walquíria O. Gomes
Marileni O. de A. Passos
Vívian de Camargo Bastos
do Ensino Especial
Fundamentos e Metodologia
do Ensino Especial
Marileni O. de A. Passos
Vívian de Camargo Bastos
Walquíria O. Gomes
Curitiba
2011
Ficha Catalográfica elaborada pela Fael. Bibliotecária – Cleide Cavalcanti Albuquerque CRB9/1424
FAEL
Diretor Executivo Maurício Emerson Nunes
Diretor Acadêmico Osíris Manne Bastos
Diretor Administrativo-Financeiro Cássio da Silveira Carneiro
Coordenadora do Núcleo de Vívian de Camargo Bastos
Educação a Distância
Coordenadora do Curso de Ana Cristina Gipiela Pienta
Pedagogia EaD
Secretária Geral Dirlei Werle Fávaro
EDITORA FAEL
Coordenadora Geral Dinamara Pereira Machado
Coordenador Editorial William Marlos da Costa
Edição Ivana Valeria Gonçalves
Revisão Thaisa Socher
Projeto Gráfico e Capa Denise Pires Pierin
Ilustração da Capa Cristian Crescencio
Diagramação Sandro Niemicz
Ilustrações Igor Santos
apresentação
apresentação
Ao ser convidada para fazer a apresentação desta obra, senti‑me
enaltecida, pois, como formadora de professores há muitos anos, reco‑
nheço as dificuldades teóricas e práticas do tema. Para cumprir meu papel
nesse momento, optei por utilizar dois caminhos: a leitura e a coleta de
informações, que auxiliam os leitores no processo de formação continua‑
da. Como momento derradeiro, apresentarei aos apreciadores da filosofia
inclusiva as autoras Marileni, Walquíria e Vívian que, juntas, construíram
uma obra que contribuirá com a formação de docentes e, principalmente,
com a disseminação da inclusão como característica social.
O livro apresenta o percurso histórico na construção da filosofia
inclusiva, buscando vencer o estigma preconceituoso de incapacidade do
ser humano. O processo de construção histórica das políticas públicas
e das mudanças de conceitos éticos e religiosos e da pluralidade dos
povos e culturas estabeleceu novas formas de se compreender os seres
humanos e suas características. Nesta obra, as autoras conseguiram
percorrer as iniciativas legais de inclusão, propostas pela Lei de Dire‑
trizes e Bases da Educação Nacional (LDB) n. 4.024/61, que, dentro do
possível, instituiu a obrigatoriedade da inserção do aluno com deficiência
no sistema geral de educação. O acesso e a permanência no sistema
público se dá na asseguridade como direito constitucional na atual LDB.
Entende-se que novos cenários e novos desafios estão dando lugar
a novas concepções de educação; no entanto, o processo inclusivo de‑
mandará a provisão de auxílios e serviços de apoio pedagógico espe‑
cializado. No livro, as autoras apresentam as principais patologias das
deficiências mental/intelectual, física neuromotora, visual e auditiva, da
surdocegueira, da superdotação e das altas habilidades e, ainda, desta‑
cam a importância da integração entre família e escola, como agentes
inclusivos que ajudam na construção de uma sociedade ética e que res‑
peite as diferenças.
apresentação
apresentação
Proceder à leitura de uma obra e, a partir dela, assumir os princípios
apontados, implica, também, estender os conceitos de vida dos autores,
que debruçaram momentos valorosos de suas vidas, compartilhando com
os leitores suas experiências e conquistas. Nesse sentido, escolher as
palavras para falar de Marileni, Walquíria e Vívian requer mostrar além
do apresentado em seus currículos lattes, pois são p rofissionais da edu‑
cação que, há vários anos, batalham para a propagação da educação
inclusiva, realizando palestras em diversos lugares do país, não abando‑
nando o ambiente da sala de aula e acreditando que a reflexão faz parte
da formação continuada dos professores.
Prefácio.........................................................................................7
1 Educação especial: sua história....................................................9
2 Educação inclusiva......................................................................23
3 Deficiência mental/intelectual e
as características biopsicológicas..............................................55
4 Deficiência física neuromotora...................................................69
5 Deficiência visual, deficiência auditiva e surdocegueira............85
6 Altas habilidades, superdotação e
os transtornos globais do desenvolvimento.............................123
7 Família parceira da inclusão escolar........................................145
Referências...............................................................................153
prefácio
prefácio
O anseio por uma educação inclusiva, que possibilite a participação
de todas as pessoas, indistintamente, na comunidade escolar, induziu o
sistema educacional brasileiro a se organizar e instrumentalizar seus
profissionais para receberem alunos com necessidades educacionais es‑
peciais em escolas regulares de ensino.
Sendo assim, esta obra permite ao educador conhecer os recursos
e as interlocuções pedagógicas que viabilizam a participação acadêmica
de alunos que apresentam dificuldades de ordem cognitiva, intelectual,
visual ou física neuromotora, surdez ou altas habilidades nos mesmos 7
programas que são ofertados para alunos sem deficiências.
Por meio de uma viagem que compreende a Idade Antiga até as
recentes conquistas legais e sociais do movimento inclusivo, o primeiro
capítulo mostra, brevemente, a trajetória histórica do processo inclusivo.
O segundo capítulo, por sua vez, contempla os desafios de uma educação
inclusiva. Os capítulos três, quatro, cinco e seis focalizam as áreas das
deficiências. Por fim, o sétimo capítulo ilustra a importância da participa‑
ção da família no processo inclusivo.
As autoras.*
* Marileni O. de A. Passos é Mestre em Educação pela PUCPR e Especialista em E ducação
Especial pela FAFI (Palmas). Atua como professora em escola especializada na área i ntelectual,
ministra disciplinas no ensino a distância pela FAEL e cursos presenciais de Pós-graduação em
diversas instituições da rede particular.
Vívian de Camargo Bastos é graduada em Processamento de Dados pela UEPG e em Formação
Pedagógica pela UTFPR, Especialista em Educação a Distância pela FAEL. Atua como coorde‑
nadora do Curso de Pedagogia EaD na FAEL.
Walquíria O. Gomes é graduada em Psicologia pela Universidade Tuiuti do Paraná, Especia‑
lista em E ducação Especial pela UFPR, Mestre em Educação pela UFPR. Atua como docente
nos cursos de Graduação e Pós-graduação em instituições particulares. Atualmente, é chefe
do Departamento de Educação Especial e Inclusão Educacional da Secretaria de Estado da
Educação do Estado do Paraná.
1
Educação
especial:
sua história
M esmo com o desenvolvimento histórico da educação especial
no Brasil, com as informações veiculadas pela mídia e com o crescimen-
to da tecnologia e das ciências da saúde, que possibilitam uma melhor
qualidade de vida para o ser humano, ainda há um número significati-
vo de pessoas que não tem informação necessária sobre as implicações
da deficiência. Isso as impede de ter acesso aos programas e cuidados
com a prevenção, o que resulta na marginalização e segregação dessas
pessoas, que ficam sem atendimento educacional e com problemas de 9
convivência social.
A filosofia inclusiva permitiu que os programas de educação es-
pecial fossem reconhecidos como modalidade do ensino regular. Essa
conquista histórica ainda está sendo implementada, mas já permite que
pessoas com deficiências participem da comunidade escolar mais próxi-
ma de sua residência com os mesmos direitos de outros alunos.
O acesso à “escola de todos”, revela o avanço educacional que o
país promove aos que não tiveram ingresso em idade própria, e busca
em suas diretrizes educacionais o atendimento especializado na escola
de ensino regular. No entanto, não se pode negar a contribuição que as
entidades filantrópicas destinam para essa população, no que se refere
ao atendimento educacional, clínico e terapêutico, assumindo, dessa
forma, um compromisso social com essas pessoas.
FAEL
Capítulo 1
Dica de Filme
O filme Os 300 de Esparta conta a história do Rei Leônidas mostrando
o rigor da disciplina durante sua infância. Como introdução, a história
é narrada por um orador que apresenta a filosofia espartana e como
era conduzida a educação das crianças ditas “normais” e as com defi-
ciências. Quando a criança sem deficiência atingia sete anos de idade,
era tirada de sua família e iniciava um período de preparação que tinha
como objetivo torná-lo cidadão e, para tanto, passava por um longo pe-
ríodo de privações.
Nesse cenário de rigor a criança com deficiência não tinha chance de sobre-
viver e era lançada ao infortúnio e oferecida em sacrifício aos deuses.
OS 300 de Esparta. Direção de Rudolph Maté. EUA: 20th Century Fox,
1962. 1 filme (144 min.).
Dica de Filme
11
Com o advento da idade média surge a igreja cristã, que conce-
bia o homem como imagem e semelhança de Deus. Essa crença não
aceitava que crianças “imperfeitas” pudessem ser filhos do criador e,
por consequência, eram tidas à margem da raça humana por serem
consideradas imorais ou pecadoras. Crianças com má formação eram
isoladas, menosprezadas e estigmatizadas, chamadas de doentes, loucas,
sem possibilidade de conviver com as demais.
Influenciados pelo Cristianismo, alguns feudais criaram e man-
tiveram casas de abrigo onde era ofertada assistência humanitária aos
desfavorecidos. No segundo século da Idade Moderna, Henrique II
criou um programa de assistência social e obrigou a população a pagar
taxas púbicas objetivando manter os atendimentos a essas pessoas.
No Renascentismo, a visão assistencialista perde espaço e inicia-se
uma nova fase com a ideia de integração social. Os movimentos cultu-
rais e intelectuais dessa época estimulam a ciência a pesquisar possíveis
causas da deficiência dentro de um espírito humanístico, mas crítico e
científico. Nessa época já se busca uma legislação capaz de amparar e
ajudar a população com alguma deficiência.
1 A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, criada pelo governo francês,
foi inspirada na Revolução Americana de 1776 e sintetiza em 17 artigos os ideais libertários
e liberais da Revolução Francesa. Esse documento proclama a liberdade e os direitos do
homem pela primeira vez na história da humanidade.
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Capítulo 1
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Capítulo 1
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Capítulo 1
FAEL
Capítulo 1
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Capítulo 1
Síntese
22 O movimento inclusivo é resultante de acordos e manifestações
públicas da sociedade em prol dos direitos e deveres da pessoa com
deficiência. No Brasil, é notória a contribuição da filantropia no aten-
dimento à pessoa com deficiência, no entanto, ainda caminhamos para
as adequações e adaptações necessárias no ensino regular para que a
criança tenha acesso e permanência em estabelecimentos de ensino que
ofertem educação regular.
Outro avanço da educação especial está no reconhecimento edu-
cacional enquanto modalidade do ensino regular. Essa conquista pro-
move ao aluno que apresenta dificuldades individuais e que necessita
de apoio especializado o direito de frequentar escolas próximas de sua
comunidade e ainda obter o benefício da escola especial.
O reconhecimento da importância do trabalho, enquanto ativi-
dade vital ao ser humano, trouxe uma nova visão social para a pessoa
com deficiência e estimulou os segmentos da sociedade a garantir legal-
mente seu ingresso no mercado de trabalho, bem como alertou sobre o
papel da família e escola para sua efetivação.
FAEL
Educação inclusiva
2
N este capítulo, destacaremos alguns contributos que emergem na
educação inclusiva, voltados às implicações pedagógicas no E nsino Fun-
damental, ou seja, ações que atendam às necessidades específicas das pes-
soas com características diversificadas. Nessa compreensão, pautada pelo
contexto do século XXI, entende-se que novos cenários, n ovos desafios
estão dando lugar a novas concepções de educação sobre a vertente das
transformações sociais e dos avanços científicos. Para tanto, é emergente
refletir que o processo inclusivo demandará a provisão de auxílios e servi- 23
ços de apoio pedagógico especializado. Nessa dimensão, o processo de in-
clusão necessita de professores especializados para atender todos os alunos.
Sob essa ótica, é importante entender que a inclusão do aluno com ne-
cessidades especiais em classes comuns é vista como uma tendência dos sis-
temas de ensino e de acordo com os dispositivos da LDB, Lei n. 9.394/96,
o atendimento em classes e escolas especializadas somente deve ser ofer-
tado quando for mais indicado para suprir a necessidades desse aluno.
É importante mencionar que a inclusão dos alunos no Ensino
undamental é regulamentada pela Constituição Federal de 1988,
F
Art. 208, inciso III, fazendo parte da política governamental. Ainda
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Capítulo 2
FAEL
Capítulo 2
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Capítulo 2
Reflita
Reflita
No início da história da humanidade, os seres animalescos, indiferen-
ciados, que mal sabiam andar, que se comunicavam com grunhidos,
como mostra Jean-Jacques Annaud (1976) no filme A guerra
do fogo, dividiram-se em tribos numa tentativa de iniciar uma dife-
renciação. Aqueles que possuíam mais pelos no corpo faziam par-
te de um grupo mais agressivo e mais ousado, enquanto aqueles
que descobriram o fogo, acidentalmente, formavam outro grupo,
um pouco mais humanizado.
Dica: entendemos que somos diferentes uns dos outros, para tanto,
sugere-se que o leitor assista esse filme, no intuito de contextualizar
seu entendimento com vistas ao processo de inclusão.
Agora atenção: a expressão necessidades especiais foi legalizada no
Art. 58 da LDB n. 9.394/96, em seu Capítulo V, que trata do alunado
FAEL
Capítulo 2
FAEL
Capítulo 2
3 O termo deficiência mental deixa de ser utilizado por entender que a área responsável
pela aprendizagem é o intelecto, sendo que as demais áreas podem estar preservadas, per‑
mitindo ao sujeito desenvolver outras habilidades no tocante a atividades laborais, convívio
social, autonomia e independência.
FAEL
Capítulo 2
Reflita
Reflita
Os desafios apresentados pelas diferenças humanas é o grande
questionamento que se interpõe à educação contemporânea. Partindo
desse pressuposto, como podemos vencer esses desafios?
Reflita
Reflita
Considerando a proposta curricular dos Parâmetros Curriculares
Nacionais, que traz na sua estrutura a preocupação com a “educação de
massa”, sem perder de vista as preocupações com as particularidades da
36 aprendizagem, que diferem de uma para outra criança.
O Ministério da Educação, ao adotar a concepção de “adaptações
curriculares”, não se preocupou em elaborar uma proposta localizada
a partir da engenharia de currículo. No entanto, para compreender as
estruturas de tais propostas, nos obrigamos a buscar explicações na lite-
ratura internacional que alavanca a proposta de adaptações curriculares
no cenário brasileiro, destacando-se, entre outros, os estudos realizados
por Giné e Ruiz (COLL, 1995, p. 298-301), Torres Gonzáles (2002,
p. 127-188) e Manjoan, Gil e Garrido (BAUTISTA, 1997, p. 13).
Ao incorporar o ideário da educação inclusiva, o Ministério de Edu-
cação, no que tange às necessidades educativas especiais, ressignificou os
termos empregados por Blanco (1999), adotando no contexto da educa-
ção brasileira os termos adaptações de pequeno e grande porte, manten-
do em algumas publicações oficiais os termos sugeridos por essa autora.
O documento original dos Parâmetros Curriculares Nacio-
nais – adaptações curriculares (1999) esclarece que essas são
chamadas de adaptações curriculares significativas, mantendo-
se a denominação utilizada na Espanha. Considerando que
o vocábulo “significativo” em espanhol tem um significado
diferente do que tem em português (vide Aurélio), optou-se
FAEL
Capítulo 2
FAEL
Capítulo 2
FAEL
Capítulo 2
FAEL
Capítulo 2
Fase 1
Diagnóstico de alunos que apresentam dificuldades: avaliação ini-
cial, histórico escolar, relatórios de orientação, informação da família,
avaliações das equipes multiprofissionais, entre outros.
Fase 2
O professor observa e avalia os fatores que dificultam os processos
de aprendizagem: tal avaliação deve levar à realização de adaptações não
específicas, com pouco grau de significância, por intermédio dos recur-
sos habituais que os professores costumam empregar – mudanças em
alguns conteúdos, diversificação de materiais, atividades alternativas,
mudanças na localização, entre outras.
É relevante acrescentar que em ambas as fases não se produzem
fatos que conduzam à rotulação de alunos. Se com essas medidas for so-
lucionada a problemática do aluno, este acompanharia a programação
Fase 3
Se as medidas adotadas não forem suficientes para o aluno poder
acompanhar a programação comum, deve-se recorrer à incorporação
da equipe técnico-pedagógica ao processo de colaboração iniciado na
segunda fase. É o momento de operacionalizar o processo de decisão
que abarcaria uma série de atividades relacionadas com as funções e
competências de cada um dos membros, internos e externos, da comu-
nidade que intervém no processo. Nessa fase considera-se necessária
uma nova incorporação: o núcleo familiar.
As atividades do processo de avaliação, que a maioria dos autores
denomina psicopedagógicas, girariam em torno das seguintes questões
44 (EVANS, 1989):
●● O que o aluno não sabe fazer e o que esperamos que seja capaz
de fazer?
●● Quais os aspectos de seu desenvolvimento biológico, intelec-
tual, motor, afetivo, de relacionamento e de comunicação po-
dem influir sobre o processo de aprendizagem?
●● Qual é o ponto de partida? O que é que o aluno sabe? Implica
determinar o nível de competência curricular do aluno nas
áreas em que apresenta maiores dificuldades?
●● Qual é o seu estilo de aprendizagem e a sua motivação para
aprender?
●● Quais as estratégias de ensino mais adequadas às característi-
cas do aluno?
●● Análise do contexto socioeducativo e familiar. Sessões de re-
flexão e questionamento dos dados fornecidos.
Com os dados obtidos, pode-se determinar o tipo de necessidade
educacional do aluno, o que, sem dúvida, constitui um avanço qualita-
FAEL
Capítulo 2
Fase 4
Projeto da adaptação curricular: tem como marco referencial a
proposta curricular da série em que se encontra o aluno. É necessário
chegar a um consenso, por meio de um modelo de trabalho interdisci-
plinar, sobre:
●● a formulação dos objetivos de área;
●● a sequência e priorização de conteúdos;
●● a graduação e tipos de atividades;
●● a metodologia a empregar;
●● horários e distribuição de tempos;
45
●● critérios de avaliação e promoção.
Fase 5
Desenvolvimento curricular: delimitação de responsabilidades no
desenvolvimento do processo que afetará os três níveis de intervenção,
já resumidos e o papel desempenhado pela família. Será estabelecido,
de forma clara e precisa, o processo de intervenção que se relacionará
aos seguintes aspectos:
●● Modalidade de apoio: na aula comum ou fora dela?
●● Quais aspectos o aluno trabalhará na orientação?
●● Como vinculamos o seu trabalho à aula de apoio?
●● Mecanismos de relação.
●● Modificações na programação da aula para ajustar a intervenção.
●● Confecção de materiais curriculares adequados.
●● Assessoramento externo sistemático.
Fase 6
Avaliação da adaptação curricular individualizada e resultados: es-
calas de registro e observação, nas quais deverão ser destacados aspec-
tos referentes à evolução do aluno, às modificações sobre as decisões
curriculares adotadas, mudanças nas modalidades de apoio, linhas de
colaboração familiar e decisões sobre a promoção do aluno.
Os diferentes acordos feitos em cada uma das fases constituirão o
documento de adaptação curricular, que pode apresentar diferentes for-
matos, tanto em termos de Ministério de Educação e Cultura como nos
diferentes segmentos que fazem parte dos estados. Acredita-se que o
documento já elaborado pode retirar autonomia e realismo do trabalho
docente. Por isso, considera-se que esse venha a contribuir com uma
reflexão compartilhada entre os membros da comunidade educativa em
relação às diferentes fases descritas.
Segundo Pérez (2003, p. 76), “as adaptações curriculares são re-
ferenciais de um processo na tomada de decisões, compartida para
46 ajustar, modificar e complementar o currículo comum as necessidades
educativas dos alunos com objetivo de conseguir seu máximo desenvol-
vimento pessoal e social”.
Para que o lócus das adaptações curriculares se estabeleça como
inovador, é preciso conhecer, também, os tipos de adaptações curricu-
lares propostas por Pérez (2003). Existem vários pontos a serem tocados
sobre as adaptações curriculares, a saber, os principais:
1. Adaptações de acesso ao currículo – são modificações que se rea
lizam para adequar os espaços e a provisão de recursos técnicos,
materiais, de comunicação, para facilitar aos alunos que têm di-
ficuldades (físicas e de comunicação) consentir as experiências de
ensino e aprendizagem. As adaptações de acesso podem ser de:
a) espaços – suprimento das barreiras arquitetônicas, adaptação
de aulas (sonorização e luminosidade) para favorecer a mobi-
lidade e autonomia;
b) materiais – adaptação ou provisão de mobiliário, equipa-
mentos específicos ou ajudas técnicas para favorecer o deslo-
camento, reeducação visual e auditiva;
FAEL
Capítulo 2
FAEL
Capítulo 2
Sugestão de Leitura
O livro Aprendendo a incluir e incluindo para aprender fundamenta indaga-
ções sobre a capacitação dos profissionais da educação para aprenderem
o que e como fazer a inclusão na escola, preferencialmente nas salas de
aula do ensino comum, bem como das preocupações dos educadores que se
sentem despreparados, mas muito estimulados a aprenderem a lidar com
esses alunos, ao longo do processo educacional escolar.
PAROLIN, I. C. H. Aprendendo a incluir e incluindo para aprender. São
José dos Campos: Pulso Editorial, 2006.
Sugestão de Leitura
Permite-se ilustrar, ainda, a partir desse pequeno parágrafo, que o
professor é a chave do processo pedagógico e o modelo a ser espelhado
em diversas situações pelos alunos. Sob essa ótica, o processo de inclusão
necessita de professores especializados e comprometidos com todos os alu-
49
nos. Para tanto, esses devem estar voltados à práxis, no sentido de ressigni-
ficar as suas práticas e buscar metodologias inovadoras para o ensino.
O aluno, por sua vez, é o sujeito do processo ensino-aprendiza-
gem. Nesse âmbito, a qualidade de ensino vai depender do processo
interativo aluno-professor. Com isso, o educando aprende a refletir e
a discernir sobre as questões/conhecimentos e a ter competência para
lidar com as situações de aprendizagem.
Frente às diferenças das capacidades acadêmicas observadas em
sala de aula, Carvalho (apud GOMES, 2005, p. 53) comenta que é
[...] necessário que todos os professores assumam que as diferenças
individuais no processo de aprendizagem são inerentes à condi-
ção humana, explicam porque alguns alunos são mais dedicados
e esforçados; outros dão preferência a determinados conteúdos;
há aqueles que são mais lentos, enquanto que outros realizam
a transferência de aprendizagem com enorme facilidade. Alguns
exigem muitos estímulos para se manterem atentos e interessados
enquanto há os que aprendem com, sem ou apesar do professor.
FAEL
Capítulo 2
Reflita
Reflita
A formação docente atual corresponde às expectativas inclusivistas?
Pode-se pensar em algumas alternativas para essa pergunta. Na pri-
meira, o professor que não possui experiência educacional pode se
deixar dominar pelas instituições e pelos programas a serem seguidos,
tolhendo ou limitando a sua prática. Algumas vezes, por não ter sido
FAEL
Capítulo 2
Síntese
O desafio pedagógico que a inclusão nos apresenta é muito mais
amplo do que aquilo que se revela no contexto educacional regular.
Nessa concepção, requer consciência social e política dos gestores, pais,
profissionais da educação e comunidade, mas, especialmente, uma ati-
tude ética com os alunos.
O desenvolvimento da aprendizagem de qualquer aluno implica,
54 para o professor, saber o que é o processo ensino-aprendizagem e de
como ele se dá. Partindo desse pressuposto, faz-se necessário que esse
conheça o processo de desenvolvimento humano, em suas diversas fa-
cetas, contextualizando suas relações com a aprendizagem.
No lastro do entendimento de que a prática pedagógica esteja
centrada no respeito ao desenvolvimento biopsicossocial e cultural da
criança, o sucesso da aprendizagem dela vai depender da intencionali-
dade e da ação do professor.
Portanto, o contexto educacional deverá ressignificar as suas ações,
com vistas à tomada de consciência à luz de uma postura pedagógica re-
almente preocupada com o desenvolvimento cognitivo de seus alunos,
bem como a formação inicial e continuada dos professores autores do
processo de ensino-aprendizagem.
FAEL
Deficiência
mental/intelectual
e as características
biopsicológicas
3
N este capítulo, temos a intenção de destacar conceitos impor-
tantes acerca da deficiência mental/intelectual por meio de renoma-
dos pesquisadores da área da educação especial, os quais, acrescidos
aos conceitos contemporâneos, permitiram-se vislumbrar a evolução
conceitual à luz das variáveis neles contidas e que permaneceram inal-
teradas ao longo do tempo.
FAEL
Capítulo 3
FAEL
Capítulo 3
FAEL
Capítulo 3
Por lei, o teste do pezinho é obrigatório em todo o Brasil, afinal, com esse
exame, doenças irreparáveis podem ser detectadas e tratadas muito antes
do aparecimento dos sintomas. A deficiência, uma vez presente no corpo,
não poderá ser curada.
FAEL
Capítulo 3
Divulgação
fenilcetonúria, hipotireoi-
dismo congênito, anemia
falciforme e fibrose cística.
Existe uma nova versão do
teste do pezinho, em que é
possível detectar mais de
30 tipos de doenças antes
dos sintomas aparecerem.
Além de eficaz, é um recur-
so muito caro, o qual não
está disponível na rede pública de saúde.
Sugestão de Leitura 63
FAEL
Capítulo 3
Dica de Filme
O filme Meu nome é rádio tem Ed Harris no papel de Harold Jones, um treina-
dor local de futebol americano. Ele fica tão envolvido em preparar o time que
passa pouco tempo com sua filha, Mary Helen (Sarah Drew), e sua esposa Lin-
da (Debra Winger). Jones conhece um jovem “lento”, James Robert Kennedy
(Cuba Gooding Jr.). James não falava e só perambulava em volta do campo de
treinamento. Por não saber o nome do jovem e observar que ele gostava muito
de rádios, Jones passa a chamá-lo de Rádio. Para não repetir uma omissão que
cometera quando garoto, Jones acaba colocando James sob sua proteção.
MEU nome é Rádio. Direção de Michael Tollin. EUA: Columbia Pictures
Corporation, 2003. 1 filme (109 min.), color.
Outra sugestão é Gilbert Grape – aprendiz de sonhador. A história se passa em
uma pequena cidade do interior dos EUA, onde vive Gilbert Grape (Johnny
Depp), um adolescente comum que sustenta a família desde a morte do pai.
Além das duas irmãs, Gilbert cuida do irmão deficiente mental (Leonardo
Di Caprio) e da mãe obesa. O filme expõe o tédio da vida de cidades provin-
66
cianas, como no clássico A última sessão de cinema, e o drama trágico do
jovem adolescente que sustenta o fardo familiar.
GILBERT Grape – aprendiz de sonhador. Direção de Lasse Hallström. EUA:
Editora NBO, 1993. 1 filme (118 min.), color.
Dica de Filme
FAEL
Capítulo 3
dizem que não percebem nada de errado na filha, mas a ajudam com as
lições de casa. Sabemos que essa é a terceira escola particular que Ana
frequenta. Hoje ela está com nove anos e na terceira série. Tem muitas
dificuldades em realizar as atividades, está sempre atrasada e distraída. As
professoras relatam que ela fica muito isolada, às vezes abana as mãos e a
cabeça. Fala consigo mesma e com frequência repete as últimas palavras
que lhe são ditas. Perturba muito o andamento da sala, fazendo coisas
“estranhas” enquanto a professora explica, tirando a atenção dos colegas.
Essa semana ela cortou uma grande quantidade de cabelo da colega que
senta à sua frente. A coordenadora pedagógica diz que a professora fica
tão nervosa com ela que às vezes chora, pedindo ajuda.
Como pedagogo pertencente a essa escola, elabore uma proposta de
intervenção na área da educação. Faça-o a partir do referencial teórico
de sua escolha e considere os aspectos de natureza ética nela envolvidos.
Para realizar essa tarefa, indique na proposta os seguintes elementos:
●● problema a ser trabalhado;
●● ações que serão realizadas.
67
Agora reflita sobre as diferentes trajetórias históricas que construí
ram os conceitos de deficiência intelectual elaborando um pequeno
texto, evidenciando as questões mais significativas de cada tempo. É
necessário registrar as considerações.
Síntese
Em decorrência dos avanços científicos que refletiram diretamente
nas ações frente à educação, especificamente na educação especial, sobre o
enfoque da deficiência intelectual, bem como no processo ensino-apren-
dizagem do aluno que apresenta em sua historia de vida a deficiência
intelectual. Nesse sentido, concebe-se que o contexto do século XXI per-
meia ações voltadas à inclusão, seja ela em qualquer instância e níveis de
escolaridade. Para tanto, se fez necessária a ressignificação dos conceitos
que caracterizavam e estigmatizavam os sujeitos ditos d eficientes mentais,
assim como os encaminhamentos educacionais a que esses vinham sendo
submetidos, excluindo-os dos direitos como pessoa e cidadão.
Paralisia cerebral
A paralisia cerebral, anteriormente denominada “encefalite crôni-
ca”, foi descrita em termos médicos no ano de 1843, pelo ortopedista
70
Willian John Little. No entanto, devido à mortalidade de crianças com
a síndrome, associou-se esta a um grave atraso mental, acreditando-se
que pouco se podia fazer por essas crianças. Após cinco décadas, Sig-
mund Freud criou o termo “paralisia cerebral”, sendo este aceito uni-
versalmente (TELFORD; SAWREY apud GOMES, 2009).
Embora os termos tenham sido descritos precocemente à inves-
tigação profunda nessa área, os estudos só tiveram início nos Estados
Unidos, a partir de 1930, por Heinz Werner e Alfred Straus, que traba-
lharam associados durante 10 anos numa instituição, buscando compre-
ender o impacto da lesão cerebral sobre o desenvolvimento psicológico
em crianças de vários níveis intelectuais, que resultou na publicação de
dois volumes de seu trabalho inicial, que ainda traz contribuições na
área educacional para pessoas com lesão cerebral (GOMES, 2009).
Bobath (apud GOMES, 2009, p. 206) apresenta a seguinte definição:
Paralisia cerebral é o resultado de uma lesão ou mau desen-
volvimento do cérebro, de caráter não progressivo, existindo
desde a infância. A deficiência motora se expressa em padrões
anormais de postura e movimentos associados a um tônus
postural anormal.
FAEL
Capítulo 4
FAEL
Capítulo 4
Prevenção
O quadro a seguir apresenta as causas e prevenção da deficiência
física e transtornos e dados de saúde, apresentados por Smith (2008).
CAUSAS PREVENÇÃO
Equipamentos para criança
CAUSAS PREVENÇÃO
Equipamentos de proteção, boné
Lesão por esportes
Roupas e locais seguros
(boxe, esqui, futebol)
Condicionamento, treinamento
Serviços de apoio familiar
Maus tratos infantis
Treinamento dos pais
Conhecimento de recursos nas emergências
Envenenamento, tóxicos
Local seguro para veneno
Doenças como pólio,
Vacinações
sarampo
Nascimento prematuro Cuidados pré-natais
Vacinações
Doenças infecciosas
Boa higiene
Abstinência, ou sexo seguro
Evitar drogas
Infecção por HIV
Não dividir seringas
74
Selecionar suprimento de sangue e plasma
Deficiências genéticas Seleção genética
Ataques Medicação
Hidrocefalia Cirurgia e tecnologia médica
Asma Eliminação de alergênicos no ambiente
Fonte: Smith (2008, p. 277).
FAEL
Capítulo 4
Dica de Filme
Segundo comentários de Smith (2008, p. 294), o filme X-Men foi baseado
em uma história em quadrinhos do final dos anos de 1960 e fala sobre pes-
soas chamadas de mutantes que são tratadas, arrebanhadas, numeradas
e colocadas em centros específicos. A escola para mutantes, desenvolvida
pelo Dr. Xavier e seus mutantes mais importantes (os X-Men), é um lugar
seguro onde as pessoas mutantes supostamente vivem juntas e em paz.
Contudo, um grupo abominável de mutantes não concorda e parte para a
guerra com as pessoas ”normais”.
76
O líder dos X-Men é um homem que precisa de cadeira de rodas para se lo-
comover, mas seus comandos são perfeitos. O maior significado desse filme
é que as pessoas que são diferentes não devem ser vistas como párias ou
banidas da sociedade. A história em quadrinhos na qual o filme foi baseado
data de trinta anos atrás e tenta promover a tolerância.
X-MEN. Direção de Bryan Singer. EUA: Fox Film, 2000. 1 filme (104 min.), color.
Dica de Filme
FAEL
Capítulo 4
FAEL
Capítulo 4
79
FAEL
Capítulo 4
Tecnologia assistiva
O Caderno de Recursos Pedagógicos Adaptados, divulgado pela
Secretaria de Educação Especial do Ministério de Educação (apud
MANZINI, 2007), diz que a tecnologia assistiva pode ser entendida
como recursos que ajudam o desempenho de atividade. Lauand (apud
MANZINI, 2007, p. 10) define tecnologia assistiva como
[...] variedade de recursos destinados a dar suporte (mecâni-
co, elétrico, eletrônico, computadorizado, etc.) a pessoas com
deficiência física, visual, auditiva, mental ou múltipla. Esses
suportes podem ser, por exemplo, uma cadeira de rodas [...],
uma prótese, uma órtese, e uma série infindável de adaptações,
aparelhos e equipamentos nas mais diversas áreas de necessida-
de pessoal (comunicação, alimentação, transporte, educação,
lazer, esporte, trabalho, elementos arquitetônicos e outros).
CLASSIFICAÇÃO EXEMPLOS
Barras de apoio em paredes, vasos sanitários,
Elementos arquitetônicos fechaduras, torneiras, rampas, elevadores,
pisos, etc.
Recursos ópticos, auditivos, sistema de
Elementos sensoriais comunicação alternativa ou complementar,
aparelho de amplificação sonora, etc.
Computadores Hardware e software.
Acionadoress para cortinas, acionadores
Controles ambientais para diminuir ou aumentar luminosidade,
acionadores para TV e som, etc.
Adaptações para alimentação, vestuário
82 Vida independente adaptado, dispositivos para auxiliar na
higiene pessoal.
Carros adaptados, carrinhos especiais,
Mobilidade andadores, bengalas, muletas, cadeiras de
rodas, etc.
Próteses e órteses Abdutor de joelhos, perna mecânica, etc.
Brinquedos, equipamentos para recreação e
Recreação, lazer, esporte
lazer, pesca, etc.
Mobiliário modificado Mesas, cadeiras, camas, etc.
Serviços de tecnologia
Serviços de agência de empregos.
assistiva
Fonte: Manzini (2007, p. 10).
FAEL
Capítulo 4
●● Abrevie as atividades;
●● Crie um programa flexível;
●● Eleja tutores e convoque familiares para ajudar;
●● Providencie lápis grossos e prenda a folha de tarefas;
●● Procure gravar tarefas e peça que um colega faça cópia usando
papel carbono.
Aproveitando esses apontamentos, crie um ambiente e atividades a
serem trabalhadas com seus alunos.
Síntese
Neste capítulo, desmistificamos o prejuízo cognitivo decorrente da
deficiência neuromotora, em que constata-se que 50% das pessoas com
paralisia cerebral possuem inteligência dentro da média esperada.
84
FAEL
Deficiência visual,
deficiência auditiva
e surdocegueira
5
O trabalho com a educação especial, em virtude das políticas
de inclusão, tem sido alvo de inúmeras discussões e até mesmo polê-
micas no âmbito da escola. Professores com lacunas em suas formações
buscam subsídios que possibilitem promover a inclusão educacional de
todos aqueles que, marginalizados, têm seu direito subjetivo à educação
resgatado em virtude de tais políticas inclusivas.
Nesse contexto, destacamos aqueles que, primeiramente, levanta-
ram a bandeira da inclusão, ou seja, as pessoas com deficiência. Neste 85
capítulo, em especial, trataremos da deficiência visual, deficiência audi-
tiva e a associação destas, denominada surdocegueira.
É importante salientar que as deficiências visual e auditiva e a
surdocegueira enquadram-se nas chamadas deficiências sensoriais,
visto que sua manifestação decorre do comprometimento de um ou
mais sentidos, diferenciando-se dessa forma das deficiências físicas e/
ou intelectuais.
FAEL
Capítulo 5
FAEL
Capítulo 5
FAEL
Capítulo 5
Reeducação visual
Aprendemos a ver, e esse processo se efetiva em torno dos 5 aos 6 anos,
na chamada idade sensorial. À medida que há estímulo conduzido através
do sistema visual, há condições do indivíduo aprender a utilizar-se plena-
mente de seus recursos visuais. Se há, nesse percurso, comprometimento
de estruturas oculares ou do sistema visual dificultado, tanto no nível de
sistema nervoso central e/ou periférico, isso causará dificuldades visuais que
podem ser no nível de captação de imagem ou de associação e interpretação.
Esses fatores esclarecem porque o ato de ver depende de aprendizado.
Levando em conta que a aprendizagem acontece durante toda nos-
sa vida, o ato de ver alcança o ápice na chamada idade sensorial, em
92 torno dos seis anos, e os progressos são mais satisfatórios, mas, durante
toda a vida, podemos dispor de mecanismos que nos conduzem a en-
xergar com eficiência, independentemente da faixa etária
A reeducação visual consiste no ato de utilizar a visão residual por
meio de exercícios específicos, baseados no funcionamento da visão.
Objetiva alcançar o mais alto potencial possível, a eficiência que con-
duz ao bom desempenho visual. Portanto, o tempo e a intensidade
do trabalho necessitam ser mais constantes na faixa etária posterior à
sensorial, visto que o tempo e o ritmo individual de cada um precisam
ser considerados no ato de aprender a ver.
Quanto antes perceber-se a perda visual, antes se pode iniciar um
processo de aproveitamento e desenvolvimento visual. Para tanto, é pre-
ciso atentar para o desenvolvimento do bebê e para os sinais que podem
representar uma limitação. É preciso observar se a criança percebe e
procura fontes de luz, se acompanha visualmente pessoas e objetos, mo-
vimenta as mãos frente aos olhos, vira-se no berço da posição frontal
para dorsal, reage aos estímulos visuais (como cor, intensidade de luz),
se estende os braços, se reconhece visualmente familiares e responde
a sorrisos. São sinais simples que muitas vezes passam despercebidos
FAEL
Capítulo 5
Orientação e mobilidade
A pessoa privada da visão não possui referenciais visuais que lhe per-
mitam construir uma imagem corporal e nem uma percepção integral
dos ambientes. Ela constrói tais referenciais a partir das sensações táteis,
FAEL
Capítulo 5
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Capítulo 5
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Capítulo 5
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Capítulo 5
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Capítulo 5
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Capítulo 5
FAEL
Capítulo 5
FAEL
Capítulo 5
Surdocegueira
Gabriel Chalita (2005), em seu trabalho Mulheres que mudaram o
mundo, apresenta de forma simples a história de Helen Keller e Anne
Sullivan, mulheres que realmente mudaram o mundo com sua coragem
e determinação. Não inventaram ferramentas tecnológicas, nem armas
poderosas, nem cura para uma doença grave. Helen Keller (surdocega)
e Anne Sullivan (professora de Helen Keller) mostraram ao mundo o
que é o potencial humano de superação, de vencer obstáculos ditos
intransponíveis. Pautando-nos nessa história iniciamos este item refe-
rente à surdocegueira.
FAEL
Capítulo 5
FAEL
Capítulo 5
Jan Van Dijk (apud MEC, 2006), aponta em seus estudos seis fases
essenciais para viabilizar a interação, a comunicação e a aprendizagem
da criança surdocega.
a) Primeira fase: relação de apego e confiança – vínculo afetivo entre
a criança e o adulto. Considera que a primeira linguagem utilizada
pela criança é a emocional.
b) Segunda fase: fenômeno da ressonância – vínculo corporal entre
o adulto e a criança. O adulto passa a fazer parte do mundo da
criança, o contato corporal estabelece um diálogo por meio do
movimento. Criança e adulto formam um único corpo, sendo um
a extensão do outro.
c) Terceira fase: movimento coativo – mão sobre mão; lado a lado.
Objetiva ampliar os recursos de comunicação e a ação motora
dando maior segurança para a exploração espacial e temporal dos
acontecimentos (início e fim das atividades). Assemelha-se aos mo-
vimentos de ressonância, mas busca desvincular o corpo do adulto
do corpo da criança, ampliando-lhe a consciência corporal.
113
d) Quarta fase: referência não representativa – após a exploração e
reconhecimento do próprio corpo, o professor indicará referências
naturais do ambiente e, posteriormente, referências não represen-
tativas com o uso de representações mais abstratas, mediante uti-
lização de objetos de referência, com equivalências simbólicas. Por
exemplo, quando pelo tato a criança consegue associar as partes
do corpo de um boneco tridimensional e as partes de seu próprio
corpo.
e) Quinta fase: imitação, que é o prolongamento do movimento
coativo, diferenciando-se desse pelo fato de que, na imitação,
a criança realiza ação após demonstração do adulto e no movi-
mento coativo o movimento é simultâneo. Nessa fase, a criança
deve ser estimulada em suas iniciativas e até mesmo imitada pelo
adulto, a fim de ampliar seus recursos de comunicação.
f ) Sexta fase: gestos naturais, aqueles que surgem, segundo Van Dijk
(apud MEC, 2006a), a partir das experiências da criança nas fases
anteriores e que se assemelham aos gestos culturalmente cons-
truídos e aceitos pela sociedade na qual a criança está inserida.
Sugestão de Leitura
O trabalho com a surdocegueira tem sido alvo de atenção de muitos profis-
sionais da educação, preocupados com as questões da inclusão educacional,
no entanto, há poucos documentos oficiais que tratam dessa temática. O
MEC disponibiliza em seu site um valioso documento da série “Saberes e
práticas da inclusão”, confira:
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Difi-
culdades de comunicação e sinalização: surdocegueira/múlti-
pla deficiência sensorial. Brasília, 2006. (Saberes e práticas da inclusão.).
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=860&catid
114 =192%3Aseesp‑esducacao-especial&id=12654%3Asaberes-e-praticas-
da-inclusao-educacao-infantil&option=com_content&view=article>.
Acesso em: 9 dez. 2010.
Sugestão de Leitura
FAEL
Capítulo 5
a fala, mas, mesmo assim, podem se expressar por meio de outras vias
sensoriais. A comunicação pode ser receptiva e expressiva. Por comu-
nicação receptiva entende-se o processo de recepção e compreensão de
mensagens, e por comunicação expressiva a forma pela qual a criança
expressa suas necessidades, vontades e sentimentos.
Os recursos de comunicação usados pelas crianças surdocegas são
variados, sendo a língua de sinais a mais utilizada, além dos gestos na-
turais, a linguagem oral, a leitura labial, sinais do corpo e outros, sendo
que os contatos táteis são os mais utilizados e eficientes no estabeleci-
mento das interações com o meio.
São muitos os meios desenvolvidos para a comunicação com a
criança surdocega. Na sequência, apontaremos alguns deles, salientan-
do que não são os únicos, mas que são indicações a serem aprofundadas
quando de sua necessária aplicação.
Dividimos, para fins didáticos, as formas de comunicação para o
surdocego em comunicação receptiva e expressiva na fase pós-linguísti-
ca, e comunicação receptiva e expressiva na fase pré-linguística.
115
FAEL
Capítulo 5
Reflita
Reflita
O que você olharia se tivesse apenas três dias de visão?
Várias vezes pensei que seria uma benção se todo ser humano, de re-
pente, ficasse cego e surdo por alguns dias no princípio da vida adulta.
As trevas o fariam apreciar mais a visão e o silêncio lhe ensinaria as
alegrias do som.
Há pouco tempo perguntei a uma amiga que voltava de um longo pas-
seio pelo bosque que ela observara. “Nada de especial”, foi a resposta.
Pensei: como é possível caminhar durante uma hora pelos bosques e
não ver nada digno de nota? Eu, que não posso ver, apenas pelo tato
encontro centenas de objetos que me interessam. Sinto a delicada
simetria de uma folha. Passo as mãos pela casca lisa de uma pétala ou
FAEL
Capítulo 5
FAEL
Capítulo 5
Síntese
Os caminhos da inclusão educacional passam, necessariamente,
por práticas inclusivas na escola, de forma que o aluno com deficiência
possa sentir-se respeitado em suas peculiaridades. A deficiência é vista
121
como característica individual e não como rótulo classificatório, que
designa aqueles que farão parte ativa da sociedade e aqueles que ficarão
à margem desta.
Nesse sentido, este capítulo explicitou, de maneira geral, o que
são as deficiências visual e auditiva e o que é a surdocegueira, de modo
que o leitor possa instrumentalizar-se teoricamente nas áreas aborda-
das, da mesma forma que toma consciência de que o tema não se es-
gota, que o capítulo apenas indica caminhos possíveis e que no campo
da educação especial, não há receita, não há via de mão única, é um ir
e vir constante.
Buscou-se, além de discutir as características e especificidades das
áreas abordadas, mostrar quais as principais metodologias utilizadas,
quais ferramentas pedagógicas e linhas teóricas que sustentam as práti-
cas apresentadas.
O que é inteligência
Segundo Gomes (2009), inteligência refere-se à capacidade intelectu-
al enraizada na função cognitiva do cérebro, localizada no córtex frontal.
Fundamentos e Metodologia do Ensino Especial
FAEL
Capítulo 6
Dica de Filme
Para melhor compreender a superdotação, uma boa dica é o filme Mentes
que brilham. Ele conta a história de um garoto (Tate) de sete anos que é
notável em várias áreas. O garoto é descoberto por Jane, diretora de uma
escola para crianças superdotadas. Tate tinha dificuldade em se ajustar
a outras crianças de sua idade e, consequentemente, era muito infeliz e
depressivo. Jane é prodigiosa na música e oferece a Tate a oportunidade de
frequentar uma escola que permita a ele crescer acadêmica e socialmente.
Esse filme transmite conceitos sobre a alienação normalmente vivida por
jovens superdotados. Incapaz de se ajustar a outras crianças de sua idade,
Tate matricula-se em um curso de férias que o desafia academicamente, mas
demonstra que estar alienado a um grupo da mesma idade pode conduzir
ao isolamento social. Uma vez no programa para crianças superdotadas,
Tate começa a se sentir bem com suas habilidades excepcionais, pois muitos
de seus colegas vivenciam situações similares (SMITH, 2008, p. 224).
MENTES que brilham. Direção de Jodie Foster. EUA: Orion Pictures 125
Corporation, 1991. 1 filme (99 min.), sonoro, dublado, col.
Dica de Filme
FAEL
Capítulo 6
INTELECTUAL/ACADÊMICA SOCIAL/EMOCIONAL
Prefere aprender em ambiente Tem um senso de humor maduro;
silencioso; É dissidente;
Adapta-se a novas situações de Usa expressões diferentes;
aprendizagem;
Busca perfeição;
Aplica várias habilidades de
pensamento e raciocínio; Vivem grande estresse em razão de
falhas.
Usa grupos de informações não
padronizadas;
É altamente motivada pelas tarefas
acadêmicas;
Focaliza e concentra-se em um
assunto ou em uma ideia por
longo tempo.
Fonte: Smith (2008, p. 209).
FAEL
Capítulo 6
FAEL
Capítulo 6
Definição
Kaplan; Sadoke; Grebb (1997), ao se referirem aos transtornos do
desenvolvimento, o definem como:
Um grupo de condições psiquiátricas nas quais as habilidades
sociais, o desenvolvimento da linguagem e o repertório com-
132 portamental esperados não se desenvolvem adequadamente
ou são perdidos no início da infância. Em geral, os transtor-
nos afetam múltiplas áreas do desenvolvimento, manifestam-
se precocemente e causam disfunção persistente (KAPLAN;
SADOKE; GREBB, 1997, p. 979).
Stephen Wiltshire é um artista com autismo. Ele era “mudo” quando crian-
ça e, aos cinco anos, começou a se comunicar por meio de desenhos em
pedaços de papel. Agora, fala com repórteres e com outras pessoas que que-
rem entrevistá-lo sobre seu trabalho. Wiltshire vive na Inglaterra, mas tem
viajado muito para os Estados Unidos. Essas viagens tornaram-no muito
conhecido e estimularam sua série artística “sonho americano”. Ele utiliza
sua memória visual para relembrar cenas que quer desenhar posteriormen-
te. Raras vezes desenha ou pinta quando vê uma imagem pela primeira vez.
Muitos de seus primeiros trabalhos eram feitos a bico de pena, mas há pou-
co tempo ele completou o curso na escola de arte onde aprendeu as técnicas
de usar cor e tinta. Desenho de St. Peters, Kensington Park Road.
Fonte: Smith (2008, p. 354).
FAEL
Capítulo 6
Autismo infantil
Esse transtorno foi observado inicialmente pelo psiquiatra Henry
Maudsley, em 1867, ao analisar o comportamento de crianças pequenas
que apresentavam transtornos mentais severos com distorções nos proces-
sos de desenvolvimento, considerados anteriormente como psicoses. Em
1943, a síndrome foi denominada de “autismo infantil” por Leo Kanner,
ao descrever crianças com extrema solidão e atrasos na linguagem.
A taxa de incidência do transtorno autístico, segundo Kaplan; Sa-
doke; Grebb (1997), pode ocorrer na taxa de dois a cinco casos a cada
10 mil crianças com idade até 12 anos. Em situações de deficiência
intelectual com aspecto autista, essa taxa pode ser de 20 casos por 10
mil crianças. O autismo em crianças pode surgir antes dos três anos, no
entanto, o laudo dificilmente poderá ser aferido nesse período, exceto
em casos graves do transtorno.
Gomes (2009) refere-se ao DSM IV (Manual Diagnóstico e Esta
tístico de Transtornos Mentais, 1995) para identificar um comprome-
timento severo em três áreas do desenvolvimento: habilidades de inte-
ração social recíproca, comunicação, presença de comportamentos e
133
interesses e atividades estereotipadas. As habilidades de interação são
caracterizadas pela dificuldade de relacionamentos sociais, ausência de
imitação e desenvolvimento nas brincadeiras. Nas habilidades de co-
municação, apresentam atraso na aquisição da fala, gestos, estereotipias
na linguagem (repetição de palavras ou frases). Nas atividades estereoti-
padas aparecem comportamentos repetitivos, como juntar brinquedos
de uma mesma forma repetindo este movimento diariamente.
A descrição do autismo apresentada pelo U. S. Department of
Education (apud SMITH, 2008, p. 357) define-se como:
Um transtorno do desenvolvimento que afeta significativamente
a comunicação verbal e não verbal e a interação social, em geral
evidente antes dos 3 anos de idade; que afeta de várias maneiras
o desempenho da criança. Outras características, muitas vezes,
estão associadas ao autismo e envolvidas em atividades repeti-
tivas e movimentos estereotipados, em resistências à mudança
ambiental ou mudança na rotina diária e em respostas incomuns
a experiências sensoriais. O termo não se aplica no caso do de-
sempenho educacional estar, a princípio, afetado, em razão de
um sério distúrbio emocional apresentado pela criança.
Uma das características predominantes do transtorno autístico é
a ausência da verbalização ou a troca dela por uma comunicação não
FAEL
Capítulo 6
simbólicas ou imaginativas.
C. O transtorno não é bem explicado pela Síndrome de Rett ou pelo
transtorno desintegrativo da infância.
Fonte: Smith (2008, p. 359).
para que fizesse uma atividade. Sempre que tinha oportunidade, saía
constantemente da sala de aula. Nos momentos de brincadeira em g rupo,
atirava os brinquedos, observando a queda. Não aceitava atividades de
lápis e papel ou jogos de construção. Na hora do recreio isolava-se e não
suportava pisar na areia ou grama. Chorava muito quando chegava a hora
do recreio, mas em outros momentos chorava ainda mais quando tinha
que voltar para a sala.
No final do ano, Paulo já aceitava explorar todo o pátio e permitia a apro-
ximação de outras crianças. Buscava alguns colegas espontaneamente,
em brincadeiras de “pega-pega” ou com blocos grandes de madeira, os
quais empilhava ou enfileirava. Gostava de música e aceitava permane-
cer na rodinha, folheando livros. Ia e retornava do recreio sem grandes
dificuldades. Demonstrava muito interesse por letras, números e figuras
geométricas, embora sua representação gráfica estivesse ainda na fase
de garatujas.
Fonte: Gomes (2009, p. 200).
136
FAEL
Capítulo 6
Síndrome de Asperger
A Síndrome de Asperger, do espectro autista foi descrita pelo mé-
dico austríaco Hans Asperger, que a denominou de psicopatia autista.
Inicialmente a descreveu como pessoas com inteligência normal, com-
portamento social estranho e sem atrasos na linguagem.
Na CID 10 (OMS, 1997a), o transtorno é denominado de Asperger
e caracterizado por comportamento social qualitativo, ausência de lin-
guagem e sem atrasos significativos da cognição. Observa-se a prevalên-
cia no sexo masculino. O resumo do quadro do DSM IV (Manual Diag-
nóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 1995) a seguir descreve os
critérios de diagnóstico para a Síndrome de Asperger:
• comprometimento qualitativo na interação social;
• padrões de comportamento, de interesses e de atividades estereotipa-
das, restritos e repetitivos;
• o transtorno causa prejuízo clínico significante nas áreas social e
ocupacional ou em outras áreas vitais;
Síndrome de Rett
A Síndrome de Rett foi descrita em 1965, pelo médico austríaco
Andreas Rett, ao verificar uma similaridade entre 22 meninas atendidas
durante um período de seis meses de acompanhamento. Na descrição ini-
cial, o médico observou que ao nascer a criança aparentava normalidade e
durante seu desenvolvimento surgiam sinais da síndrome. A síndrome ca-
racteriza-se por movimentos rotatórios e repetitivos das mãos, dificuldade
no controle muscular, problemas de comunicação verbal e carência social.
Segundo Kaplan; Sadock; Grebb (1997), a síndrome de Rett é
observada em meninas e sua incidência indica uma prevalência de seis a
sete casos a cada nascimento de 100 mil crianças do sexo feminino.
138
Do nascimento aos cinco primeiros meses, o bebê apresenta desen-
volvimento motor adequado à sua idade e dos seis meses aos dois anos
já surge um declínio cognitivo, perda de movimentos voluntários das
mãos e, simultaneamente, surgem movimentos estereotipados como
retorcer as mãos, declínio da fala adquirida até o momento, retardo
psicomotor e ataxia. Nesse período já surge microcefalia, em que 75%
dos casos são acompanhados de convulsões.
FAEL
Capítulo 6
Dica de Filme
O filme Enigma das cartas mostra a história de uma menina que desen-
volveu os sintomas do autismo após a morte de pai. Ruth, sua mãe, leva-a
139
a um especialista em autismo infantil chamado Jake, que emprega um mé-
todo de terapia estritamente tradicional em sua escola especial. Contudo,
Ruth não aceita que o método de Jake seja o único meio de tratamento.
Então, ela procura se unir à filha para ver o mundo através de seus olhos.
Com exames mais completos, Ruth e Jake descobrem que a pequena garota
não era realmente autista, mas estava se protegendo da perda do pai de
uma maneira não muito convencional.
O filme Rain man explora uma forma rara de autismo, na qual a pessoa que
é superdotada (autista inteligente) em matemática apresenta um extremo
baixo funcionamento em habilidades adaptativas. Embora Raymond seja
mais verbal do que muitas pessoas com autismo, muitas cenas ilustram o
“desligamento” que eles, em geral, demonstram.
RAIN Man. Direção de Barry Levinson. EUA (1988). 1 filme. (133 min), color.
Dica de Filme
Fundamentos e Metodologia do Ensino Especial
Fundamentos e Metodologia do Ensino Especial
FAEL
Capítulo 6
Síntese
Neste capítulo, pudemos analisar a força das emoções no desenvol-
vimento pessoal e social da criança refletidas na aprendizagem. Crian-
ças que têm a oportunidade de crescer e se desenvolver em ambientes
estruturados, que recebem afeto da família e dos educadores, têm mais
oportunidades de sucesso em sua vida presente e futura.
As teorias apresentadas, das inteligências múltiplas de Gardner
(2000) e da inteligência emocional de Goleman (1995), abrem leques
de oportunidades para que pessoas não consideradas inteligentes, por
testes padronizados de QI, vislumbrem novas áreas de habilidades e de-
senvolvam competências acadêmicas ou laborais dentro de seus ”dons”
ou capacidades.
FAEL
Capítulo 6
143
FAEL
Capítulo 7
FAEL
Capítulo 7
149
“A escola, em parceria com a família, é eleita para promover o desenvolvi-
mento infantil, é a instituição social que se apresenta como responsável pela
educação sistemática das crianças, jovens e até mesmo adultos.” (DAVIS;
OLIVEIRA, 1994, p. 23).
Dica de Filme
Powaqqatsi – uma vida em transformação é um filme corajoso, pertur-
bador e épico em sua grandeza, que coloca em discussão tudo o que pensa-
mos saber sobre a sociedade contemporânea. Por meio da justaposição de
imagens de culturas antigas com as da vida moderna, esse filme expõe o cur-
so do progresso humano. É um filme que fala à alma, assim como à mente.
POWAQQATSI – uma vida em transformação. Direção de Godfrey Reggio.
EUA: Fox Home Entertainment, 1988. 1 documentário (100 min.), sono-
ro, color.
Dica de Filme
Síntese
O processo de democratização da educação inclusiva tem sido de-
finido no Brasil de forma mais intensa nas últimas décadas, tanto na
questão familiar quanto no acesso e na permanência na escola das crian-
ças que apresentam histórico de necessidades educacionais especiais.
FAEL
Capítulo 7
151
FAEL
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ROUTLEDE, L. El Niño con deficiencias físicas. Barcelona: Editorial
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FAEL
Fundamentos e
Metodologia
do Ensino Especial
A amplitude do ensino a distância permite que um contin
gente significativo de pessoas receba a informação nos
mais longínquos lugares deste país, onde a educação
presencial esteja longe do alcance dos estudantes, seja
por locais distantes dos centros urbanos ou em comuni‑
dades de difícil acesso.
O conhecimento das peculiaridades das pessoas com necessi
dades educacionais especiais, proporcionado pela infor
mação, no contexto educacional do Ensino Superior, contribui
de forma significativa para a inclusão educacional e social
desta população, bem como minimiza as incidências de casos
de deficiências que podem ser evitados pela informação dos
procedimentos necessários de prevenção.
Com uma linguagem clara e objetiva, a produção deste livro
contempla a informação e a instrumentalização da prática
pedagógica necessária aos futuros profissionais da edu‑
cação para que possam atender alunos com algum tipo de
deficiência no contexto educacional do ensino regular.