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DISCIPLINAS COMPLEMENTARES

Landolfo Andrade
Direito do Consumidor
Aula 01

ROTEIRO DE AULA

1. Noções introdutórias

Inicialmente, é importante conhecer os contextos sociocultural e econômico do surgimento do Direito do Consumidor.

Na história do Direito podem ser encontradas normas protetivas dos consumidores no Código de Hamurabi e nos
Direitos romano e grego. Assim, a proteção ao consumidor é de longa data - o ato de consumo acompanha o ser
humano desde sempre. No entanto, mais recentemente, surgiu efetivamente a disciplina Direito do Consumidor como
matéria autônoma do nosso ordenamento jurídico.

I – Revolução Industrial

A Revolução Industrial é um dos maiores fenômenos da história da humanidade. Ela foi responsável pela migração de
milhares de pessoas dos campos para as cidades em razão da mecanização dos meios de produção agrícola. No entanto,
os centros urbanos careciam de infraestrutura (educação, saúde, saneamento básico) para receber tamanho
contingente populacional. Ademais, a convivência dessas pessoas nos núcleos urbanos, em condições muitas vezes
precárias, fez com que surgissem novos conflitos entre seus respectivos membros.

Nessa fase da história da humanidade é possível identificar dois grandes agentes econômicos: fornecedores - poder
econômico e controle dos meios de produção, distribuição e circulação dos bens de consumo – e consumidores.
Entre eles (fornecedores e consumidores) havia um grande desequilíbrio de forças e percebeu-se à época que o Direito
Civil tradicional não era apto para proteger de maneira adequada a categoria mais vulnerável (consumidores). Por não
deterem o controle dos meios de produção, distribuição e comercialização eles ficavam sujeitos ao poder do outro
grupo (fornecedores).

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II – Sociedade de consumo

Foi no contexto histórico da Revolução Industrial que surgiu o conceito de “sociedade de consumo” que consubstancia
um fenômeno relativamente recente.

III – Insuficiência do direito material tradicional e novos instrumentos jurídicos

No cenário atual há relações muito mais sofisticadas quando comparadas às passadas. E, há pouco tempo, não havia um
instrumento jurídico que fosse apto para proteger os consumidores nesse novo cenário de compra de bens de consumo.
Assim, aumentava-se a vulnerabilidade dos consumidores porque o Código Civil de 1916 não era apto a protegê-los
adequadamente. Portanto, o Direito do Consumidor é uma resposta legal protetiva do Estado.

IV – Resposta legal protetiva

São encontrados nos manuais de Direito do Consumidor o discurso do presidente norte-americano John F. Kennedy de
1962 que reconheceu efetivamente os direitos da categoria denominada consumidor. No discurso foi reconhecida a
necessidade de proteção dos consumidores, especialmente no que diz respeito à segurança, à informação, à liberdade
de escolha e ao direito de ser ouvido.

Outros marcos importantes do Direito do Consumidor:

• Conferência Mundial do Consumidor (Estocolmo, 1972).


• Res. n. 39/248 (ONU): estipula um paradigma mínimo de proteção aos consumidores, no sentido de listar
direitos básicos dessa categoria que devem ser observados por todos os Estados-partes, influenciando-os a
reconhecer em seus ordenamentos internos tais direitos.
• No Brasil é a partir da Constituição Federal de 1988 que o Direito do Consumidor surge como uma disciplina
autônoma e é erigido a uma categoria de direito fundamental.

V – Finalidade

A finalidade do Direito do Consumidor é proteger o consumidor. Reconhece-se que há uma desigualdade de forças e é
necessário fortalecer a posição do consumidor no plano normativo para que no plano real haja igualdade entre os
agentes econômicos.

VI – Definição MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790

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Direito do Consumidor é o conjunto de normas e princípios que regula a tutela de um sujeito especial de direitos, a
saber, o consumidor, como agente privado vulnerável, nas suas relações frente a fornecedores.

Observações:

• Por possuir princípios próprios confere-se autonomia ao Direito do Consumidor em relação às outras disciplinas.
• Na França o diploma normativo é denominado de “Código de Consumo”: tutela-se diretamente a relação
jurídica de consumo e de forma indireta ocupa-se da defesa do consumidor. No Brasil optou-se pela
terminologia “Código de Defesa do Consumidor”: sua finalidade não é regular uma relação jurídica, mas a tutela
de um sujeito especial de direitos.

2. Fundamento constitucional

2.1. Direito fundamental

CF, art. 5º: “(...).


XXXII – O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor.
(...)”.

I - A Constituição de 1988 foi o primeiro texto constitucional brasileiro a prever a defesa do consumidor, a qual se
posiciona como um direito fundamental.

II – Efeitos do status de direito fundamental:

• A defesa do consumidor é núcleo imodificável da Constituição Federal (cláusula pétrea). Portanto, não é
admissível nenhuma proposta de emenda constitucional tendente a esvaziar ou a suprimir a defesa do Direito
do Consumidor.
• Eficácia horizontal (direta e indireta) do direito fundamental.
• O Direito do Consumidor se reveste da força normativa da Constituição. Na prática significa que as normas
consumeristas - em especial as do Código de Defesa do Consumidor - devem ser respeitadas pelos outros ramos
do Direito. Em outras palavras, a força normativa da Constituição assegura a primazia das normas do Direito do
Consumidor em face do Código Civil ou da Lei dos planos de saúde, por exemplo.

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Observação n. 1: a força normativa constitucional do Direito do Consumidor é extraída do próprio texto constitucional:
manda proteger o consumidor, erige a defesa desse direito como fundamental e ordena ao Congresso que legisle sobre
o assunto.

2.2. Princípio da ordem econômica

A defesa do consumidor é um princípio da ordem econômica:

CF, art. 170: “A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
(...)
V - defesa do consumidor;
(...)”.

Observações:

• A defesa do consumidor como princípio da ordem econômica é um princípio de ação política porque ele
legitima o Estado a adotar políticas protetivas para o consumidor. Em outras palavras, ele legitima o Estado a
intervir na ordem econômica para a defesa dos interesses dos consumidores.
• O princípio tem um caráter conformador porque ele condiciona todas as ações dos fornecedores. Em outras
palavras, os fornecedores gozam de livre iniciativa, mas ela deve ser exercida em conformidade com o princípio
da defesa do consumidor. Assim, o fornecedor somente empreenderá no mercado de consumo quando
respeitar os direitos do consumidor.

2.3. Competência legislativa concorrente

CF, art. 24: “Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
(...)
V - produção e consumo;
(...)
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico;
(...)”.
Trata-se de uma competência concorrente vertical ou não cumulativa (CF, art. 24, §§ 1º a 4º): a União tem competência
para editar normas gerais de proteção aos consumidores enquanto os Estados e o DF têm competência para editar
MARCIO
normas regionais que adequarão as LIMA DAde
gerais às realidades CUNHA - 05308192790
cada unidade federativa.

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Observação n. 1:

• Em caso de omissão da União os outros entes federativos assumirão a competência plena podendo editar
normas gerais e particularizantes.
• A competência plena - condicionada à omissão da União - é temporária: a União, ao sair da inércia e editar as
normas gerais, as normas gerais editas pelos Estados e pelo DF que forem conflitantes com as normas gerais da
União deixarão de ter validade.

Observação n. 2: os Municípios também tem competência:

CF, art. 30: “Compete aos Municípios:


I - legislar sobre assuntos de interesse local;
(...)”.

Exemplos de assuntos de interesse local: lei que obriga a disponibilização de aparelhos sanitários no primeiro piso de
agência bancárias e lei estipulando o tempo máximo de espera em filas de agências bancárias.

Jurisprudência: STF – RE n. 432.789: “Recurso extraordinário. Constitucional. Consumidor. Instituição bancária.


Atendimento ao público. Fila. Tempo de espera. Lei municipal. Norma de interesse local. Legitimidade. Lei municipal
4.188/01. Banco. Atendimento ao público e tempo máximo de espera na fila. Matéria que não se confunde com a
atinente às atividades bancárias. Matéria de interesse local e de proteção ao consumidor. Competência legislativa do
Município. Recurso extraordinário conhecido e provido”.

2.4. Mandamento constitucional

CF, art. 5º: “(...).


XXXII - O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor.
(...)”.

ADCT, art. 48: “O Congresso nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará Código de
Defesa do Consumidor”.

3. Código de Defesa do Consumidor

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I – Influências do Direito comparado

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O Código de Defesa do Consumidor brasileiro foi a Lei mais revolucionária do século XX em nosso ordenamento jurídico.
Muito da inovação decorre do fato de que os coautores buscaram as fontes mais ricas do Direito comparado (francês,
americano, português, mexicano) - a principal influência do Código de Defesa do Consumidor foi o Código de Consumo
francês.

II – Microssistema jurídico

O Código de Defesa do Consumidor possui uma característica que o diferencia dos demais ramos do Direito. Ele criou
um microssistema jurídico de defesa do consumidor.

O CDC é um microssistema porque ele não procurou regulamentar as relações jurídicas de consumo em todas as áreas
de atividade econômica (transporte urbano, hotelaria, educação). A opção do legislador foi a de estabelecer os
princípios e as bases do microssistema que alcançarão toda e qualquer relação jurídica de consumo, mesmo que
regulada por outras leis setoriais.

Assim, conclui-se que no plano material o CDC é uma lei incompleta porque ele não exaure todas as matérias no plano
material.

III – Lei principiológica

A partir da característica de microssistema, o CDC é considerado uma lei principiológica.

Lei principiológica é aquela que possui uma base principiológica e tem por objetivo tutelar um sujeito especial de
direitos. Exemplo de leis principiológicas: CDC e ECA.

IV – Normas de ordem pública e interesse social

CDC, art. 1º: “O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse
social (...)”.

Observação n. 1 (em relação ao art. 1º):

• Normas de ordem pública: são aquelas que trazem valores considerados importantes para toda a coletividade.
Por transcenderem os interesses particulares, as normas de ordem pública não podem ser derrogadas pela
vontade das partes (normas cogentes).
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• Normas de interesse social: a finalidade do CDC é trazer equilíbrio na relação jurídica colocando o consumidor
em condição de igualdade frente ao fornecedor. Ele resgata da marginalidade toda uma coletividade de
agentes econômicos vulneráveis.

Observação n. 2 (retroatividade): a professora Claudia Lima Marques, partindo da compreensão de que o CDC é uma
norma de ordem pública, defende que as normas consumeristas alcançariam contratos celebrados antes da sua entrada
em vigor.

No entanto, é uma posição incorreta, pois não subsiste aplicação retroativa do CDC por suas normas serem de ordem
pública. Como regra, uma lei é criada para regular situações futuras. Para que uma lei alcance fatos pretéritos é
necessário previsão expressa e o Código de Defesa do Consumidor não a possui. Ademais, a retroatividade de uma lei é
condicionada, pois deve respeitar direito adquirido, coisa julgada e ato jurídico perfeito.

Quanto ao contrato de trato sucessivo, cuja execução se protrai no tempo, ele renova-se com o passar do tempo.
Portanto, caso haja a celebração de um contrato de plano de saúde, por exemplo, antes do CDC e permanece válido
atualmente, ele é alcançado pelo CDC. Assim, não se trata de retroatividade.

Observação n. 3: (reconhecimento de ofício da abusividade de cláusulas contratuais): o fato das normas do CDC serem
de ordem pública autoriza os juízes a reconhecerem de ofício as matérias relacionadas aos direitos dos consumidores.
Exemplo: reconhecimento de ofício da nulidade de cláusula que derroga o direito à inversão do ônus da prova.

Ademais, a S. 381 do STJ é criticada pela doutrina especializada porque ela ignora o CDC, art. 1º: “Nos contratos
bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas”.

V – Política Nacional das Relações de Consumo

O art. 4º do CDC é definido pela doutrina como uma norma narrativa. É uma norma que traz objetivos e princípios, os
quais vinculam o Estado e os fornecedores e se espraiam por todo o direito consumerista. Em outras palavras, são feixes
de luz que iluminam toda e qualquer relação jurídica de consumo.

Objetivos:

• Defesa dos interesses dos consumidores.


• Transparência nas relações de consumo.
• Harmonia entre consumidores e fornecedores.
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Observação n. 1 (em relação ao objetivo “harmonia entre consumidores e fornecedores”): o CDC não é uma norma
paternalista, pois sua ideia não é proteger o consumidor a qualquer custo, mas sim de trazer um equilíbrio para uma
relação jurídica que nasce desigual.

4. Diálogo das fontes

O Código de Defesa do Consumidor, como lei principiológica, “corta” o ordenamento jurídico e alcança todas as relações
jurídicas que são consideradas relações de consumo, ainda que as relações jurídicas também estejam disciplinadas, ao
mesmo tempo, por outras leis setoriais.

Conforme a afirmação acima se verifica que haverá duas ou mais leis sendo aplicadas ao mesmo fato ou relação jurídica.
Exemplo: relação entre usuário de plano de saúde e operadora do plano de saúde. Trata-se de uma relação jurídica de
consumo, na qual se aplica tanto a Lei dos planos de saúde como o CDC.

É natural que exista conflito entre normas (antinomias). Nesse cenário, existem ferramentas a solucioná-lo. Dentre elas,
as tradicionais:

• Cronológico.
• Especialidade.
• Hierarquia.

No entanto, os critérios tradicionais não são mais aptos para a solução das atuais antinomias. Assim, a técnica do
diálogo das fontes é mais uma ferramenta a solucionar conflitos de normas.

Observação n. 1: (expressão “diálogo”): nas ferramentas tradicionais há um monólogo, pois apenas uma lei será
adotada pelo operador para solucionar o conflito - não são raras vezes em que a aplicação dos critérios tradicionais
provoca a exclusão da norma do ordenamento jurídico.

A técnica do diálogo das fontes propõe um diálogo entre as diversas fontes que estão regulando uma mesma relação
jurídica. Assim, duas ou mais normas irão se aplicar a um só tempo e a mesma relação jurídica. Evidentemente, uma
delas aplicar-se-á de forma preponderante e a outra em caráter residual ou complementar.

Observação n. 2 (LINDB): a técnica do diálogo das fontes está em consonância com a LIDNB, art. 2º (princípio da
continuidade das normas): “Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou
revogue”.
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Observação n. 3 (reconhecimento do diálogo das fontes na jurisprudência): STF – ADI n. 2.591/DF: “A Emenda
Constitucional 40, na medida em que conferiu maior vagueza à disciplina constitucional do sistema financeiro (dando
nova redação ao art. 192), tornou ainda maior esse campo que a professora Claudia Lima Marques denominou “diálogo
entre fontes” – no caso, entre a lei ordinária (que disciplina as relações consumeristas) e as leis complementares (que
disciplinam o sistema financeiro nacional)”.

Observação n. 4 (espécies de diálogos):

• Diálogo sistemático de coerência: utilização da base conceitual de uma norma e aplicação em outra. Exemplo: o
CDC não traz os conceitos de bem móvel e imóvel (lacuna). Aplica-se o conceito fornecido pelo Código Civil.
• Diálogo sistemático de complementariedade: o CDC, ao não regulamentar determinado tema, aplica-se a ele a
norma do Código Civil em caráter complementar. Exemplo: o CDC não traz o prazo prescricional de uma ação de
repetição de indébito. Aplica-se o prazo previsto no Código Civil.
• Diálogo das influências recíprocas sistemática: uma lei influencia na interpretação de aplicação de outra.

Jurisprudência: “É aplicável aos contratos de prestações de serviços educacionais o limite de 2% para a multa moratória,
em harmonia com o disposto no art. 52, § 1.º, do CDC” (STJ, AgRg no Ag 572.088, Rel. Min. Humberto Gomes, j.
09.05.2006).

Quadros:

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5. Princípios gerais do Direito Consumidor

Observação (inicial): noção de princípios de direito:

A noção de princípio evoluiu com o tempo com as escolas do Direito.

Para a escola jusnaturalista (século XVI), os princípios gerais do Direito não eram considerados normas e sequer
encontravam-se no ordenamento jurídico, pois eram extraídos de um plano superior. Ademais, os princípios eram
normas secundárias de Direito.

Já na escola positivista (século XIX) a percepção de princípio foi modificada, pois ela o considera como parte integrante
do ordenamento jurídico. Em outras palavras, buscam-se os princípios dentro do ordenamento jurídico (e não no plano
do Direito natural). No entanto, os princípios continuaram não tendo força normativa, pois eram considerados como
mera fonte supletiva do Direito (suprir lacunas legais).

Finalmente, a escola pós-positivista (século XX) continuou a entender que os princípios são extraídos do ordenamento
jurídico, mas a grande mudança de paradigma foi no sentido de compreender que os princípios são normas e, portanto,
seriam aplicados imediatamente, independentemente da existência de lacunas na lei. Em suma, a norma é o gênero, do
qual são espécies os princípios e as regras.

5.1. Princípio da vulnerabilidade

I – Definição: o ponto de partida do Direito do Consumidor é o princípio da vulnerabilidade. Em outras palavras, a base
de todo o Direito do Consumidor é o reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor, justificando prerrogativas e
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direitos desse agente econômico frente ao fornecedor, o qual se encontra em posição superior.

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II – Fundamento constitucional: CF, arts. 5º, XXII e 170, V.

III – Fundamento legal:

CDC, art. 4º: “(...).


I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
(...)”.

IV - Há uma presunção legal absoluta de vulnerabilidade, pois todo e qualquer consumidor é vulnerável.

Questão n. 1: a vulnerabilidade alcança o consumidor de alto padrão? Sim, pois há vulnerabilidade independentemente
da condição do consumidor. Seja no prisma econômico, técnico ou jurídico verifica-se a vulnerabilidade.

V – Espécies de vulnerabilidade:

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5.2. Princípio da boa-fé objetiva

I – O princípio da boa-fé objetiva já possuía previsão legal no antigo Código Comercial e no antigo Código Civil (contrato
de seguros). Contudo, ele não detinha aplicabilidade ou respaldo da jurisprudência. A primeira vez em que o princípio
foi levado a sério foi com o Código de Defesa do Consumidor.

II – Fundamento constitucional: implícito (CF, arts. 1º, III e 3º, I).

III – Fundamento legal: expresso (CDC, art. 4º, III e CC, arts. 113, 187 e 442).

CDC, art. 4º, III: “harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da
proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os
princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e
equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores”.

IV – Definição: o princípio da boa-fé objetiva traduz a ideia de que as partes, em uma relação jurídica de consumo,
devem adotar uma postura correta, ou seja, que esteja em conformidade com os padrões sociais de ética, correção e
transparência, respeitando a legítima expectativa que a outra parte deposita naquela relação jurídica.

V - Ao analisar se um fornecedor respeitou a boa-fé objetiva em uma determinada relação de consumo, não se
questiona qual a sua intenção quando da previsão de uma cláusula ou da prática de uma conduta, por exemplo. Analisa-
se a boa-fé objetiva no plano objetivo, isto é, confronta-se a conduta adotada pelo fornecedor e a coteja-se com a
conduta standard de que age com correção, honestidade, lealdade e ética.

Assim, é possível distinguir a boa-fé objetiva da subjetiva, pois nesta perquire-se o elemento psicológico. Exemplo: CC,
art. 1.201: “É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa”.

VI – Funções da boa-fé objetiva:

a) Função interpretativa ou critério hermenêutico (CDC, art. 4º, III e CC, art. 113)

O operador do direito, ao deparar-se com um contrato que tem duas ou mais interpretações, deve eleger a
interpretação que esteja em maior consonância com a boa-fé objetiva.

CC, art. 113: “Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração”.
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b) Função integrativa ou de criação de deveres jurídicos

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O princípio da boa-fé objetiva cria deveres anexos à obrigação principal que também devem ser respeitados pelo
fornecedor. São eles:

• Cuidado: o fornecedor deve esclarecer o consumidor sobre a maneira mais segura de utilizar o bem de consumo
para que ele não corra riscos de dano à saúde.
• Informação: o fornecedor deve informar o consumidor sobre a maneira mais adequada e segura de utilizar o
bem de consumo para que o consumidor extraia o maior beneficio possível.
• Cooperação: obriga o fornecedor a atender demandas do consumidor com o intuito de cumprimento da
obrigação.

O descumprimento dos deveres anexos recebe a denominação “adimplemento ruim do contrato” ou “violação positiva
do contrato”.

Jurisprudência: “Aplicação do princípio da boa-fé contratual. Deveres anexos ao contrato. O princípio da boa-fé se aplica
às relações contratuais regidas pelo CDC, impondo, por conseguinte, a obediência aos deveres anexos ao contrato, que
são decorrência lógica deste princípio. O dever anexo de cooperação pressupõe ações recíprocas de lealdade dentro da
relação contratual. A violação a qualquer dos deveres anexos implica em inadimplemento contratual de quem lhe tenha
dado causa” (REsp 595.631/SC).

c) Função de controle ou limitativa do exercício de direitos subjetivos

Em uma relação jurídica de consumo o exercício dos direitos por parte do fornecedor deve ser observado em
conformidade com a boa-fé objetiva.

Previsões:

• CDC, art. 51, IV: nulidade das cláusulas incompatíveis com a boa-fé.
• CC, art. 187: “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”.

5.3. Princípio do equilíbrio (CDC, art. 4º, III)

O princípio traduz a ideia de que nas relações, contratuais ou extracontratuais, deve haver um equilíbrio. O princípio do
equilíbrio é um desdobramento lógico do princípio da vulnerabilidade: a ideia do CDC é conferir benefícios e
prerrogativas tanto no plano material como no processual para que haja um maior equilíbrio nessa relação jurídica
entre fornecedor e consumidor. MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790

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5.4. Princípio da defesa do consumidor pelo Estado (CDC, art. 4º, II)

O Estado tem o dever de promover a efetiva defesa dos direitos do consumidor. O Código refere-se ao Estado-
legislador, Estado-executivo e Estado-juiz.

5.5. Princípio da harmonização (CDC, art. 4º, III)

Mais do que um equilíbrio deve haver uma harmonia nas relações de consumo.

A ideia do Direito do Consumidor é tratar de maneira desigual os consumidores na proporção das desigualdades para
que haja um equilíbrio na relação contratual. Mas mais do que isso. Busca-se uma harmonia na relação entre
consumidor e fornecedor, pois caso este seja muito tolhido em seus direitos, não se sentirá motivado a continuar
investir em seu empreendimento.

5.6. Princípio da transparência (CDC, art. 4º, “caput”)

O princípio da transparência é um desdobramento do princípio da boa-fé objetiva. A transparência nas relações de


consumo deve ser observada nas três etapas de uma relação jurídica:

5.7. Princípio da confiança

O princípio da confiança também é um desdobramento lógico do princípio da boa-fé objetiva. Ele traduz a ideia que
cada uma das partes da relação jurídica de consumo deve respeitar as legítimas expectativas que a outra parte deposita
naquela relação contratual.

A expectativa deve ser observada em dois flancos:

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Observação n. 1: o princípio da confiança é implícito do sistema consumerista.

Jurisprudência: “A empresa que fornece estacionamento aos veículos de seus clientes responde objetivamente pelos
furtos, ocorridos no seu interior, uma vez que, em troca dos benefícios financeiros indiretos decorrentes desse
acréscimo de conforto aos consumidores, o estabelecimento assume o dever de lealdade e segurança, como aplicação
concreta do princípio da confiança” (STJ, AgInt no AREsp 844449 / SP, 4ª T, rel. Min. Maria Isabel Galotti, j. 06.09.2016).

5.8. Princípio do combate ao abuso (CDC, art. 4º, VI)

Traduz a ideia de que os fornecedores devem respeitar os direitos dos consumidores.

Não se combate apenas o abuso entre consumidor e fornecedor, mas também aquele entre fornecedores (concorrência
desleal, cartel).

5.9. Princípio da educação e informação (CDC, art. 4º, IV)

Os consumidores devem ser educados e esclarecidos sobre seus direitos e deveres nas relações jurídicas de consumo.
Quanto maior a educação e o esclarecimento, menor o campo de abusos e de conflitos.

5.10. Princípio da precaução

O princípio da precaução tem aplicação nas relações jurídicas de consumo, mas ele é estudado especialmente no Direito
Ambiental.

6. Direitos básicos dos consumidores

I – A inspiração dos direitos básicos dos consumidores é a Resolução n. 39/248 da ONU de 1985. A Resolução
estabeleceu um patamar mínimo de direitos básicos dos consumidores e objetivou estimular os Estados-partes a
implementarem em seus ordenamentos jurídicos os direitos básicos para os consumidores.
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II – O art. 6º do CDC traz um rol de direitos básicos para os consumidores. Trata-se de um rol exemplificativo, pois
encontramos direitos básicos em outros pontos do Código de Defesa do Consumidor e em outros diplomas legais (CF,
leis especiais, atos infralegais).

O Código possui uma cláusula de abertura do microssistema:

CDC, art. 7º: “Os direitos previstos neste Código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções
internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas
autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia,
costumes e equidade”.

O dispositivo é no sentido de que, além dos direitos básicos arrolados exemplificativamente no art. 6º, qualquer outro
direito do consumidor pertence ao microssistema de proteção ao consumidor. O art. 7º, portanto, consiste em uma
grande “janela”. Exemplos:

• Gratuidade do transporte coletivo urbano e semiurbano para os maiores de 65 anos (CF, art. 230, §2.º e
Estatuto do Idoso, art. 39).
• No transporte doméstico de crianças com menos de 2 (dois) anos de idade não poderá ser aplicada tarifa maior
do que o equivalente a 10% (dez por cento) da tarifa do adulto, desde que não ocupem assento e estejam ao
colo de um passageiro com mais de 12 (doze) anos de idade (Portaria n. 676/2000, ANAC).

É realizado um diálogo entre essas fontes normativas e o CDC.

III – Rol do art. 6º do CDC.

a) Direito à vida, saúde e segurança (inc. I)

Os consumidores tem o direito à proteção, o qual impõe, ao fornecedor, o dever de segurança.

b) Direito à educação formal e informal (inc. II)

Os consumidores devem ser educados. Quanto mais educados, mais condições de praticarem atos de consumos
refletidos terão.

A educação pode ser realizada tanto no plano formal como no informal:


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• Formal: inserção na grade curricular do ensino básico temas relacionados às relações de consumo.
• Informal: promovida pelo órgãos de defesa do consumidor, mídia e associações.

Observação n. 1: a Lei n. 13.186/15 instituiu a Política de Educação para o consumo sustentável. Consumo sustentável é
aquele que leva em consideração os direitos das próximas gerações.

c) Direito à liberdade de escolha (inc. II)

De nada adianta fornecer educação aos consumidores, se eles não possuírem liberdade de escolha. A liberdade de
escolha fortalece a livre iniciativa e a livre concorrência.

Aplicação prática: “venda casa” em cinemas (STJ – REsp n. 744.602/RJ). A “venda casada” é uma cláusula abusiva
justamente por ferir o direito básico à liberdade de escolha.

d) Direito à igualdade nas contratações (inc. II)

A igualdade também deve ser observada entre os consumidores.

e) Direito à informação (inc. III)

A condição de vulnerabilidade do consumidor decorre muitas vezes da sua falta de informação sobre determinado
produto. Portanto, o consumidor precisa ser devidamente informado para ter reduzida essa vulnerabilidade
informacional. Ademais, o dever de informação deve ser observado em todas as fases contratuais (pré-contratual,
contratual e pós-contratual).

Quando o consumidor é devidamente informado fala-se em consentimento informado ou vontade qualificada.

Exemplos:

• Ausência de informação sobre o descredenciamento de hospital da rede conveniada (REsp n. 1.144.840-SP).


• S. 595 STJ: “As instituições de ensino superior respondem objetivamente pelos danos suportados pelo
aluno/consumidor pela realização de curso não reconhecido pelo Ministério da Educação, sobre o qual não lhe
tenha sido dada prévia e adequada informação”.

f) Direito à proteção contra práticas e cláusulas abusivas (inc. IV)


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g) Direito à “modificação” e “revisão” das cláusulas contratuais (inc. V)

O objetivo é reestabelecer o equilíbrio econômico-financeiro do contrato. Sempre que o equilíbrio entre as prestações
não existir será necessário modificar ou rever as cláusulas contratuais para o reestabelecer o equilíbrio do contrato.

Trata-se de um caso claro de dirigismo contratual: o Estado-legislador e o Estado-juiz intervindo na economia do


contrato. Rompe-se o dogma do “pacta sunt servanda” e trabalha-se com esse novo cenário.

Duas situações distintas:

1º - Modificação cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais:

• Parte-se da premissa que desde o início do contrato havia desequilíbrio. Portanto, afeta o sinalagma genético do
contrato.
• O consumidor pode solicitar:

✓ A modificação da cláusula geradora das prestações desproporcionais (CDC, art. 6º, V); ou
✓ A declaração da sua nulidade (CDC, art. 51).

2º - Revisão, em razão de fatos supervenientes que as tornem as prestações excessivamente onerosas:

• Parte-se da premissa que o contrato nasceu equilibrado. Portanto, afeta o sinalagma funcional do contrato.
• Questão n. 1: o fato superveniente precisa ser imprevisível ao consumidor? Não. Adotou-se a teoria da base
objetiva do negócio jurídico (CDC, art. 6º, V) e não a teoria da imprevisão.

Observação n. 1: a teoria da base objetiva do negócio contenta-se com duas condições: superveniência de um fato e
desequilíbrio das prestações originais. Já a teoria da imprevisão exige um fato superveniente e que seja imprevisível.

Observação n. 2: reconhecimento da adoção da teoria da base objetiva pelo CDC pela jurisprudência: “O preceito
insculpido no inciso V do artigo 6.º do CDC dispensa a prova do caráter imprevisível do fato superveniente, bastando a
demonstração objetiva da excessiva onerosidade advinda para o consumidor. A desvalorização da moeda nacional
frente à moeda estrangeira que serviu de parâmetro ao reajuste contratual, por ocasião da crise cambial de janeiro de
1999, apresentou grau expressivo de oscilação, a ponto de caracterizar a onerosidade excessiva que impede o devedor
de solver as obrigações pactuadas” (STJ, REsp 361.694/RS).

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f) Direito à efetiva prevenção e reparação danosDA CUNHA e- 05308192790
patrimoniais morais, individuais, coletivos e difusos (inc. VI)

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Como regra, o Código adota o princípio da reparação integral do dano (“restitutio in integrum”). Questão n. 1: existe
alguma exceção à regra? Sim (o direito não é absoluto, portanto):

• CDC, art. 51, I, 2ª parte: “Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a
indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis1”.
• STF: no transporte aéreo internacional de passageiros prevalece o sistema de indenização tarifada em relação
aos danos materiais (fundamento: CF, art. 178) – prevalência da Convenção de Varsóvia (RE n. 636.331/RJ, j.
25.05.2017 - Tema 210). Observação n. 1: no âmbito do STJ há prevalência do CDC em razão da força normativa
constitucional (aplicação do princípio da reparação integral do dano).

Observação n. 2: (reparação do dano moral):

• Fundamento constitucional: CF, art. 5º, V e X.


• Fundamento legal: CDC, art. 6º, VI.
• Definição: dano moral é a ofensa a um direito personalíssimo – a dor ou o abalo psicológico decorrente do dano
moral são efeitos.
• Dupla função:

✓ Compensatória: por ser impossível retornar ao estado anterior estabelece-se uma compensação.
✓ Punitiva.

• Questão n. 2: o descumprimento de um contrato, por si só, gera direito à reparação por dano moral? Como
regra, não. Contudo, em situações excepcionais, admite-se a reparação por dano moral em razão do
inadimplemento – exemplos (STJ): negativa de cobertura de plano de saúde; negativação indevida; e atraso de
voo. Esses exemplos caracterizam o dano moral “in re ipsa”: é o dano que se presume em razão da prática do
ilícito.
• Súmulas do STJ:

✓ N. 370: “Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado”


✓ N. 385: “Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano
moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento”
✓ N 387: “É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral”

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Para a doutrina será “situação jurídica justificável” aquela em que estiverem presentes três requisitos: a)
prévia negociação (portanto, a regra não é aplicada aos contratos de adesão); b) vantagem econômica para o
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consumidor na negociação; e c) a limitação não pode importar em desequilíbrio das prestações.

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✓ N. 388: “A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral”.

Observação n. 3 (dano moral coletivo):

Atualmente, há fundamento legal para a reparação do dano moral coletivo: CDC, art. 6º, VI e LACP, art. 1º, II.

O STJ construiu em sua jurisprudência dois requisitos que devem ser observados para a condenação a um dano moral
coletivo:

• Razoável significância do fato transgressor (fato grave) (desvalor da conduta).


• Repulsa social (desvalor do resultado).

Decisões sobre dano moral coletivo (STJ):

• 1ª T. - comercialização de leite com vício de qualidade (AgRg no REsp n. 1.283.434/GO).


• 2ª T. – passe livre – Idosos - transporte coletivo urbano gratuito (REsp n. 1.057.274/RS).
• 3ª T. – caixa preferencial em segundo andar de agência (REsp n. 1.221.756/RJ).
• 4ª T. – infidelidade de bandeira em posto de combustível – dano moral “in re ipsa” (REsp n. 1.487.046).

i) Direito de acesso à Justiça (inc. VII)

A ideia é facilitar o acesso à Justiça para os consumidores. Para tanto o Código traz ferramentas:

• Assistência jurídica, administrativa e técnica aos necessitados.


• Foro privilegiado (CDC, art. 101, I).
• Ações coletivas.

j) Direito à inversão do ônus da prova

k) Direito à prestação adequada e eficaz de serviços públicos

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