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RADIOGRAFIA TEXTUAL
PRINCIPAIS PASSAGENS:
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Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFPA-2018.
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O pós-colonial e o decolonial localizam historicamente a subalternização da
diferença, não que o restrinjam ao colonialismo, mas destacam como o sistema colonial
e os imperialismos funcionam como uma eficaz “máquina” a produzir a subalternidade,
fazendo uso, dentre outros, da invenção da “raça”. (p.27)
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microrrelações entre as pessoas, tornando possível o controle social nas mais recônditas
dimensões, a exemplo da sexualidade. [...] É nessa esfera de produção de relações de
poder que o saber sobre o corpo se constitui, gerando uma forma de disciplinamento.
(p.29)
[...] Um corpo dócil seria, portanto, um corpo facilmente manipulável, “que pode
ser submetido, que pode ser utilizado, que pode ser transformado e aperfeiçoado”
(FOUCAULT, 2008, p.118), ou seja, disciplinado, compreendendo-se que a disciplina
tem o papel de promover a submissão. Assim, a regra torna-se uma norma a direcionar
todos os setores da vida dos sujeitos dóceis. Como revela Foucault (2008), a norma se
constitui na nova lei da disciplina da sociedade moderna, assim “[...] o normal se
estabelece como princípio de coerção” (Foucault, 2008, p.153). (p.30)
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Ao explorar a mutabilidade do signo, percebemos que o filósofo age em favor
das diferenças indefinidas que permeiam o universo da linguagem. O termo francês
différance de Derrida (1991,p.43) ressalta a diferença como um “movimento pelo qual a
língua, ou qualquer outro código, qualquer esquema de reenvios em geral se constitui
‘historicamente’ como tecido de diferenças”. Este movimento se constitui num jogo, a
partir do qual só é possível significar o presente quando relacionado com os elementos
fora de si. (p.33)
O jamaicano Stuart Hall (2014), nos estudos culturais britânicos dos quais é um
dos fundadores, o Grupo de estudos Subalternos Indianos devem em muito sua inspiração
a Derrida, como também a Foucault. (p.34)
Segundo Stuart Hall (2014), até os elementos que por muito tempo projetaram
nossas identidades culturais se tornaram provisórios. Nesta inédita abordagem:
Outro ponto relevante para nós está no tratamento que hall (2014) dá ao
descentramento do sujeito. Segundo este estudioso, a defesa das identidades
fragmentadas na modernidade tardia – outro nome para pós-modernidade- perpassa pela
concepção de que houve um deslocamento do sujeito moderno, fenômeno que ocorreu
por conta de uma série de rupturas no campo do conhecimento. (p.35)
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différance e que os sujeitos híbridos são constituídos. O autor pensa aqui acerca da
produção literária latino-americana:
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Não é gratuito que o giro decolonial latino-americano tenha visto na crítica
advinda de África e de Ásia possibilidades de uso. Ballestrin (2013) alerta-nos, porém
que o Grupo de Estudos Subalternos Latino-Americano nascido a partir de tais
referências, uma radicalização do pensamento pós-colonial indiano, dá-se uma cisão de
maneira que os dissidentes se recompõem como modernidade/colonialidade, dispostos a
uma ruptura epistêmica com quaisquer referências eurocêntricas, ainda que com os
cultuados pós-estruturalistas. (p.40)
[...] Se o teor principal estava na renomeação dos pós-modernos a partir da
posição do pós-colonial, os latino-americanos passam a exigir menos de Foucault e
Derrida e mais de Bartolomé de Las Casas, Guaman Poma de Ayala, José Martí, José
Carlos Mariátegui, José Vasconcelos, Enrique Rodó, Leopoldo Zea, Salazar Bondy,
Darcy Ribeiro, dentre outros. (p.41)
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legitimam dizimações e destruições. Também é um empenho crítico epistemológico o
chamado feminismo decolonial. (p.43)
Essa autora chama especial atenção para a condição da mulher em meio a essas
relações de subalternidade, que além de estar submetida ao sistema, vive sob a égide do
sujeito masculino, subalterno ou não. (p.44)
Lerma (2010) intenta mostrar que ao valorizar somente a produção crítica das
teóricas do centro, desconsideramos a produção de um pensamento feminista a partir das
periferias. A autora alerta-nos que ao considerar o feminismo vindo de fora como a única
estratégia de emancipação para as mulheres daqui, não fazemos nada mais do que
reproduzir um discurso colonial escondido por trás de um feminismo monolítico. A autora
em questão aponta o pensar-pensamiento decolonial como uma ruptura com o
conhecimento eurocêntrico. Trata-se, pois, de um “desprendimento epistemológico que é
muito mais do que a negação das categorias com as quais, desde a Europa, são usadas
para interpretar o mundo” (LERMA, 2010, p.10, tradução nossa). Na verdade, o
pensamento decolonial consiste numa crítica profunda do paradigma desenvolvido e
sustentado a partir da Europa, que entende a modernidade como um projeto capaz de
emancipar toda a humanidade. (p.46)
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colonialidade de gênero, que implica em mecanismos de autoridade e dominação sobre a
mulher, oprimindo-a, marginalizando-a. (p.47)
Tais autoras nos convidam a pensar o gênero desde uma perspectiva outra.
Busca-se uma descolonização também do sujeito feminino, dando visibilidade à
diversidade social, cultural das várias mulheres e que as tornam plurais, distantes de uma
homogeneidade idealizada (MIGLIEVICH-RIBEIRO, 2014, p.85). (p.48)
PARÁGRAFO SÍNTESE: