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CPF: 122.164.

647-83 ALUNO: Aline Monteiro Porto


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NFPSS1
DIREITO CONSTITUCIONAL

Olá, futuros Delegados e Delegadas de Polícia!!! Animados??? O NFPSS será mais um instrumento
para que sua pontuação na prova objetiva seja um sucesso!!! Em breve vocês estarão curtindo as belezas
das cidades de Santa Teresa (ES) e Domingos Martins (ES)!!! Mas antes, foco total na reta final. Faremos
uma super revisão!!

Vamos começar?

CONSTITUCIONALISMO

Canotilho define o constitucionalismo como uma “... teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do
governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização polí-
tico-social de uma comunidade. Neste sentido, constitucionalismo moderno representará uma técnica
específica de limitação do poder com fins garantísticos. O conceito de constitucionalismo transporta, assim,
um claro juízo de valor. É, no fundo, uma teoria normativa da política, tal como a teoria da democracia ou
a teoria do liberalismo”.

CONSTITUCIONALISMO ANTIGO CONSTITUCIONALISMO MODERNO


- O constitucionalismo teve origem na antigui-
dade clássica (povo hebreu), que se organizava
politicamente por meio do regime teocrático. São marcos do constitucionalismo moderno a
- Os detentores do poder estavam limitados pela Constituição dos Estados Unidos da América
lei do Senhor, que também precisava ser respei- (1787) e a Constituição da França (1791). O cons-
tada pelos governados. titucionalismo moderno nasce com um forte
viés liberal, consagrando como valores maiores
- Considerando-se que todo e qualquer Esta- a liberdade, a proteção à propriedade privada,
do tem uma Constituição, a lei do Senhor pode a proteção aos direitos individuais (evidenciando
ser vista como uma verdadeira Constituição em o voluntarismo) e a exigência de que o Estado
sentido material. se abstenha de intervir na esfera privada (absen-
- Na Idade Média, uma importante manifestação teísmo estatal). Para Canotilho, “representa uma
do constitucionalismo foi Magna Carta inglesa técnica específica de limitação do poder com fins
(1215). Anos mais à frente, na Idade Moderna, a garantísticos.”.
doutrina identifica novas manifestações do cons-
titucionalismo, como o Petition of Rights

1 Por Carlos Eduardo Menezes (@prof.cadumenezes).

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(1628), Habeas Corpus Act (1679) e o Bill of Rights


(1689). Todos esses foram documentos que
garantiram proteção aos direitos fundamentais
da pessoa humana, limitando a ingerência estatal
na esfera privada.

A diferença entre as posturas procedimentalistas e substancialistas é um dos pontos mais doutri-


nários do nosso edital. Adotaremos a doutrina do Professor Lenio Streck eu seu livro: Hermenêutica Jurí-
dica e(m) Crise, 11ª Edição, Editora: Livraria do Advogado, página 42.

Importante assinalar que a discussão contemporânea sobre a hermenêutica jurídica passa pelo
enfrentamento do problema que envolve o papel dos Tribunais no contexto de um Estado Democrático
de Direito.

Essa questão vem sendo trabalhada, por diversos autores, a partir de dois eixos temáticos, que
são chamados procedimentalismo e substancialismo. A grande diferença de cada um destes aportes
teóricos está no tipo de atividade que a jurisdição realiza no momento em que interpreta as disposições
constitucionais que guarnecem direitos fundamentais. As posturas procedimentalistas não reconhecem
um papel concretizador à jurisdição constitucional, reservando para esta apenas a função de controle das
“regras do jogo” democrático; já as posturas substancialistas reconhecem o papel concretizador e veem
o Judiciário com um locus privilegiado para a garantia do fortalecimento institucional das democracias
contemporâneas.

CONSTITUIÇÃO

CONCEITOS DE CONSTITUIÇÃO

POSITIVISTA - Conceito estritamente formal.


(KELSEN) - CF = norma jurídica que valida as normas que lhe são inferiores.

SOCIOLÓGICA - CF é a soma dos fatores reais do poder.


(LASSALE) - O resto é "mera folha de papel".

POLÍTICA - CF = decisão política fundamental.


(SCHMIDT) - O resto, que está escrito na CF, é apenas "lei constitucional".

- CF= não é apenas norma nem apenas fator social. Ela incorpora norma e
CONCRETISTA realidade.
(HESSE)
- Força normativa da CF.

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Adere ao conceito de constituição total (aquela que não se contenta em


regular apenas as relações de poder, tratando de todos os aspectos da vida
social). Esta concepção culturalista não introduz nenhuma novidade, fazendo
CULTURALISTA verdadeiramente a reunião de todas as concepções anteriores. Traz uma ideia
(MEIRELLES de complementaridade entre os fundamentos das concepções anteriores. A
TEIXEIRA) concepção culturalista afirma que o fundamento da constituição seria a cultu-
ra de seu povo. Assim seria, ao mesmo tempo, condicionada e condicionante
da cultura de um povo (ela conforma e é conformada pela cultura de um
povo).

CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES

1. QUANTO À (a) Escrita/dogmática: formalizada em um texto escrito.


FORMA (b) Não escrita/histórica: não há texto único centralizado.

(a) Flexível: é alterada da mesma forma que as leis inferiores.


(b) Semirrígida: uma parte é flexível e outra é rígida.
2. QUANTO À
(c) Rígida: a alteração é mais difícil do que as leis inferiores.
ESTABILIDADE
(d) Super-rígidas: uma parte é rígida e outra é imutável.
(e) Imutáveis: todo o texto é imutável.

(a) Outorgada: imposta pelo detentor do poder.


(b) Promulgada: elaborada com ampla participação popular.
3. QUANTO À (c) Cesarista: o soberano edita o texto e, posteriormente, o submete a um
ORIGEM referendo popular.
(d) Pactuada (dualista): elaborada através de um pacto realizado entre os
detentores do poder político.

4. QUANTO À (a) Heterônoma: é aquela que é imposta por outro país.


VOLUNTARIEDADE (b) Autônoma: elaborada pelo próprio país.

(a) Sintética/concisa: apenas definem os princípios gerais da organização


5. QUANTO À do Estado.
EXTENSÃO
(b) Analítica/prolixa: trata de muitos temas.

(a) Dirigente: traça metas.


(b) Ortodoxa: comprometida com uma ideologia específica.
6. OUTRAS
CLASSIFICAÇÕES (c) Compromissária (pluralista): contempla várias ideologias.
(d) Dúctil: não impõe um modelo de vida, mas apenas assegura as condi-
ções para o exercício do projeto de vida de cada pessoa. É fácil de mudar

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(flexível).
(e) Balanço: visa reger o ordenamento por um determinado tempo.
(f) Classificação Ontológica de Karl Loewenstein:
1) Normativa: sai do papel, sendo de fato cumprida;
2) Nominal: não consegue sair do papel, embora exista a boa intenção;
3) Semântica: legitima o status quo injusto, sendo feitas para se perpetua-
rem no poder (ditatoriais).

CLASSIFICAÇÃO Escrita, promulgada, rígida, analítica, normativa, dirigente, eclética,


CF/88 principiológica e dogmática.

O preâmbulo apenas tem função interpretativa, não servindo como parâmetro para o controle de
constitucionalidade. O ADCT, por seu turno, possui status de norma constitucional e força normati-
va, podendo ser parâmetro do controle de constitucionalidade.

HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL

MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO
A Constituição deve ser encarada como uma lei e, assim, todos os métodos
1. Hermenêutico
tradicionais de hermenêutica deverão ser utilizados na tarefa interpretativa;
Clássico
Critérios clássicos: gramatical, histórico, sistemático, teleológico.

Parte-se de um problema concreto para a norma, atribuindo-se à interpreta-


2. Tópico-
ção um caráter prático na busca da solução dos problemas concretizados. A
problemático
Constituição é, assim, um sistema aberto de regras e princípios.

Diferentemente do método tópico-problemático, que parte do caso concreto


3. Hermenêutico
para a norma, o método hermenêutico-concretizador parte da Constituição
-concretizador
para o problema. Busca concretizar o sentido da norma (Konrad Hesse).
4. Científico-
A análise da CF deve levar em conta também a realidade social.
espiritual
Não há identidade entre texto e norma, que compreende também um pedaço
5. Normativo- da realidade social. Assim, o teor literal da norma (elemento literal da doutrina
estruturante clássica), que será considerado pelo intérprete, deve ser analisado à luz da
concretização da norma em sua realidade social.

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PRINCÍPIOS DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL


UNIDADE DA O texto constitucional deve ser interpretado como um todo, de modo a evitar
CONSTITUIÇÃO contradições entre suas normas.

Na solução dos problemas jurídico-constitucionais, deve-se dar primazia aos


EFEITO
critérios que favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade
INTEGRADOR
política.

MÁXIMA Deve-se atribuir à norma constitucional o sentido que confira a ela maior
EFETIVIDADE eficácia, mais efetividade social.

Na interpretação constitucional, o órgão interpretador não pode chegar a


JUSTEZA um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório-funcional
estabelecido pelo constituinte.

Decorre da unidade da constituição. Os bens jurídicos tutelados pelo texto


HARMONIZAÇÃO constitucional devem coexistir harmoniosamente, sem predomínio, em abstra-
to, de uns sobre outros.
FORÇA
Deve-se dar prevalência aos pontos de vista que contribuem para a máxima
NORMATIVA DA
eficácia e aplicabilidade do texto constitucional.
CONSTITUIÇÃO
INTERPRETAÇÃO
Se a norma admite mais de um significado, deve-se dar preferência à inter-
CONFORME A
pretação compatível com o conteúdo da constituição.
CONSTITUIÇÃO

PODER CONSTITUINTE

Originário Derivado
 Limitado
Condicionado
 Ilimitado Jurídico
 Incondicionado - Reformador: produz EC
 Inicial - Decorrente: elabora as Constituições estaduais
e a LODFT
 Indivisível
- Revisor: art. 3º do ADCT permitiu uma revisão
 De fato e Político
da CF, com quórum diferenciado, ocorrida em
1993.
- Difuso: mutação constitucional

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#SELIGANADIFERENÇA

Trata-se de mecanismo que permite a transformação do sentido e do


alcance de normas da Constituição, sem que se opere, no entanto, qual-
MUTAÇÃO quer modificação em seu texto (alteração informal da CF). A mutação está
CONSTITUCIONAL associada à plasticidade de que são dotadas inúmeras normas constitucio-
nais. A doutrina considera a mutação como uma espécie de poder consti-
tuinte derivado.

Ocorre a recepção quando se verifica a compatibilidade MATERIAL entre


uma norma e a Constituição que lhe é posterior. A não recepção é a não
RECEPÇÃO/NÃO
incorporação de uma norma anterior à nova ordem constitucional, que
RECEPÇÃO
equivale a sua revogação. Lembrem que as normas não recepcionadas não
podem ser objeto de ADI, em razão do princípio da contemporaneidade.

Ocorre quando algumas normas da Constituição anterior são recepcio-


DESCONSTITUCIO-
nas pela posterior com status infraconstitucional. A doutrina brasileira não
NALIZAÇÃO
admite.

#EMENDASÀCONSTITUIÇÃO

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: (LIMITES FORMAIS)

I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;

II - do Presidente da República;

III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se,
cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa
ou de estado de sítio. (LIMITES CIRCUNSTÂNCIAIS)

§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, consi-
derando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. (LIMITES
FORMAIS)

§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal, com o respectivo número de ordem. (LIMITES FORMAIS)

§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

(CLÁUSULAS PÉTREAS = LIMITES MATERIAIS)

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I - a forma federativa de Estado;

II - o voto direto, secreto, universal e periódico;

III - a separação dos Poderes;

IV - os direitos e garantias individuais.

§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. (LIMITES FORMAIS)

#OLHAOGANCHO

CF, art. 5º, § 3º - Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem apro-
vados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respec-
tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

DIREITO CONSTITUCIONAL INTERTEMPORAL

# RETROATIVIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS:

Retroatividade
A lei nova retroage para atingir os atos ou fatos já consumados (direito
MÁXIMA (ou restitu-
adquirido, ato jurídico perfeito ou coisa julgada).
tória)
A nova lei, sem alcançar os atos ou fatos anteriores, atinge os seus efei-
Retroatividade tos ainda não ocorridos (efeitos pendentes). Exemplo: Lei que diminuísse
MÉDIA a taxa de juros e se aplicasse aos já vencidos mas não pagos” (prestação
vencida mas ainda não adimplida).

Retroatividade A nova lei incide imediatamente sobre os efeitos futuros dos atos ou fatos
MÍNIMA (temperada pretéritos, não atingindo, entretanto, nem os atos ou fatos pretéritos nem
ou mitigada) os seus efeitos pendentes.

 O STF vem se posicionando no sentido de que as normas constitucionais fruto da manifestação


do poder constituinte originário têm, regra geral, retroatividade mínima, ou seja, aplicam-se a fatos que
venham a acontecer após a sua promulgação, referentes a negócios passados. Todavia, é possível, se
houver disposição expressa nesse sentido, que as Constituições apliquem-se aos fatos já consumados no
passado (retroatividade máxima) ou aos efeitos pendentes (retroatividade média).

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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

PRINCIPAIS ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE


POR AÇÃO Ocorre quando um ato estatal viola preceitos constitucionais.

Ocorre quando um poder do Estado deixa de fazer algo que a constituição deter-
mina. Não basta a inexistência de lei sobre determinada matéria para que se
verifique uma inconstitucionalidade por omissão. Devem estar presentes dois
requisitos:
POR OMISSÃO - Dever constitucional de legislar.
- Mora legislativa (elemento temporal): decurso de um tempo para que a norma
seja produzida. Existem hipóteses em que o próprio texto constitucional fixa o
prazo para a edição da norma. Do contrário, caberá ao Poder Judiciário definir
qual o prazo razoável, conforme a complexidade de cada caso concreto.

Divide-se em:
 Procedimental (ou propriamente dita): não são observadas as normas cons-
titucionais sobre processo legislativo. Pode ser subjetiva (vício de iniciativa) ou
objetiva (demais regras do processo legislativo). Exemplo: ausência de retorno à
Casa iniciadora após alterações substanciais operadas pela Casa revisora.
 Orgânica: vício de competência. Exemplo: lei estadual que dispõe sobre
matéria de competência federal
FORMAL (OU  Por violação aos pressupostos objetivos do ato: violação de pressupostos
NOMODINÂMI- definidos na constituição como elementos determinantes de competência para
CA) órgãos legislativos no exercício da função legiferante. É o caso, por exemplo, das
medidas provisórias, que têm por pressupostos objetivos a relevância e a urgên-
cia.
#OLHAOGANCHO: Vem sendo mencionada também a inconstitucionalidade
por vício de decoro parlamentar. É o caso, por exemplo, de vendas de votos
para a aprovação de leis ou emendas constitucionais. A doutrina aponta que isso
geraria a inconstitucionalidade do ato. O STF, no entanto, apreciou a matéria em
obter dictum, rejeitando o argumento.
MATERIAL (OU
Incompatibilidade substantiva, ou seja, de conteúdo, entre normas constitucio-
NOMOESTÁTI-
nais e infraconstitucionais.
CA)
DIRETA Desconformidade entre leis ou outros atos normativos primários e a Constituição.

O vício não decorre da violação direta da Constituição, mas sim de outro ato
INDIRETA (OU
normativo no qual encontra fundamento. Exemplo: decreto que extrapola os
REFLEXA)
limites da lei por ele regulamentada, ainda que isso tenha causado também, de

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certa forma, a violação de determinada norma constitucional. A jurisprudência


do STF tem tratado essas hipóteses como mera ilegalidade, e NÃO INCONSTI-
TUCIONALIDADE.
#NÃOCONFUNDA: não se trata aqui da inconstitucionalidade derivada (ou conse-
quente), em que a declaração de inconstitucionalidade da norma regulamentada
(primária) acaba por ensejar automaticamente o reconhecimento da invalidade
das normas regulamentadoras (secundárias) que em função dela foram expedi-
das.

CONTROLE DIFUSO
É aquele que pode ser exercido por qualquer juiz ou Tribunal, em caráter inciden-
CONCEITO
tal!

Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros
do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalida-
de de lei ou ato normativo do Poder Público. (Cláusula de Reserva de Plenário
– Full Bench)
#EXCEÇÕES:
CLÁUSULA DE (a) Se o Tribunal já tiver decidido o tema.
RESERVA DO
PLENÁRIO (b) Se o STF já tiver reconhecido a inconstitucionalidade.
(c) Decisão pela constitucionalidade da norma.
(d) Decisão de não recepção de norma.
(e) Interpretação conforme a constituição.
(f ) Atos normativos de efeitos concretos.

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:


X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional
por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;
#ATENÇÃO: Se uma lei ou ato normativo é declarado inconstitucional pelo
STF, incidentalmente, essa decisão, assim como acontece no controle abstrato,
SUSPENSÃO DA também produz eficácia erga omnes e efeitos vinculantes. Assim, se o Plenário
NORMA PELO do STF decidir a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma lei ou ato
SENADO normativo, ainda que em controle difuso, essa decisão terá os mesmos efeitos do
controle concentrado, ou seja, eficácia erga omnes e vinculante. Houve MUTA-
ÇÃO CONSTITUCIONAL do art. 52, X, da CF/88. A nova interpretação deve ser
a seguinte: quando o STF declara uma lei inconstitucional, mesmo em sede de
controle difuso, a decisão já tem efeito vinculante e erga omnes e o STF apenas
comunica ao Senado com o objetivo de que a referida Casa Legislativa dê publi-
cidade daquilo que foi decidido (Info 886, STF).

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CONTROLE CONCENTRADO
(a) Processo objetivo: não há partes;
(b) Causa de pedir aberta: o STF pode reconhecer a inconstitucionalidade em face
de artigo diverso do apontado pelo autor da ação. Apesar da causa de pedir ser
Noções Gerais aberta, o pedido deve ser fechado.
(c) Competência: STF ou TJ (no caso de controle estadual).
(d) Legitimados: art. 103, CF/88.

ADI
Cabível contra Lei ou ato normativo geral e abstrato.

(i) Atos regulamentares; (ii) Normas constitucionais originárias; (iii) normas ante-
riores à CF/88 (nesse caso, a análise será da RECEPÇÃO da norma); (iv) leis revo-
gadas; (v) súmulas; (vi) projeto de lei ainda não promulgado.
Não cabe contra OBS: No julgamento da ADI 5.449-MC (10/03/2016), o Plenário do STF, conso-
lidando o seu entendimento, afirmou ser possível a impugnação, em sede de
controle abstrato de constitucionalidade, de LEIS ORÇAMENTÁRIAS; As leis orça-
mentárias que materializem atos de aplicação primária da Constituição Federal
podem ser submetidas a controle de constitucionalidade em processos objetivos.

Limite espacial Lei ou ato normativo FEDERAL ou ESTADUAL.

Cautelar Erga omnes, EX NUNC, vinculante.


Efeitos da deci-
Vinculante, EX TUNC, ERGA OMNES, repristinatório tácito.
são
ADC
Objeto Lei ou ato normativo FEDERAL.
Requisito adicio-
Controvérsia judicial relevante.
nal
Cautelar Suspensão dos processos nos quais se discute o tema pelo prazo de 180 dias.
ADPF
Legitimados Mesmo da ADI.

Objeto Qualquer ato do poder público que viole preceito fundamental.


Caráter subsi-
Só cabe se não for possível ADI nem ADC.
diário

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Objeto Qualquer ato do poder público.


Aspecto tempo-
Pode ser até mesmo anterior à CF/88.
ral
Aspecto espacial Pode ser federal, estadual ou MUNICIPAL.
ADO
Objeto O objetivo é conferir efetividade às normas constitucionais de eficácia LIMITADA.

Legitimidade Autoridade ou órgão responsável pela medida para tornar efetiva a norma cons-
passiva titucional.

(a) Poder competente: será dada ciência ao poder competente.


Efeitos da deci- (b) Órgão administrativo: deverá editar a norma em 30 dias, sob pena de
são responsabilidade. A lei permite que o STF fixe outro prazo, se entender mais
conveniente.

#MODULAÇÃODEEFEITOS

Lei nº 9.868/1999, artigo 27: Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo
em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal
Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir
que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ESTADUAL


Art. 125. § 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstituciona-
LEGITIMIDADE lidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição
Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.

OBJETO Leis ou atos normativos estaduais ou municipais.

COMPETÊNCIA TJ.

PARÂMETRO Constituição Estadual.


EFEITOS DA
EX TUNC, vinculante, ERGA OMNES.
DECISÃO

#AJUDAMARCINHO

Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis municipais utili-
zando como parâmetro normas da Constituição Federal, desde que se trate de normas de reprodu-

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ção obrigatória pelos estados (Info 852, STF).

Não se conta em dobro o prazo recursal para a Fazenda Pública em processo objetivo, mesmo que
seja para interposição de recurso extraordinário em processo de fiscalização normativa abstrata.
Não há, nos processos de fiscalização normativa abstrata, a prerrogativa processual dos prazos em
dobro. Não se aplica ao processo objetivo de controle abstrato de constitucionalidade a norma que
concede prazo em dobro à Fazenda Pública. Assim, por exemplo, a Fazenda Pública não possui
prazo recursal em dobro no processo de controle concentrado de constitucionalidade, mesmo que
seja para a interposição de recurso extraordinário. (Info 929)

Coexistindo duas ações diretas de inconstitucionalidade, uma ajuizada perante o tribunal de justiça
local e outra perante o STF, o julgamento da primeira – estadual – somente prejudica o da segun-
da – do STF – se preenchidas duas condições cumulativas: 1) se a decisão do Tribunal de Justiça for
pela procedência da ação e 2) se a inconstitucionalidade for por incompatibilidade com preceito da
Constituição do Estado sem correspondência na Constituição Federal. (Info 927)

É irrecorrível a decisão denegatória de ingresso no feito como amicus curiae. Assim, tanto a decisão
do Relator que ADMITE como a que INADMITE o ingresso do amicus curiae é irrecorrível. (Info 920)

Caso o STF, ao julgar uma ADI, ADC ou ADPF, declare a lei ou ato normativo inconstitucional, ele
poderá, de ofício, fazer a modulação dos efeitos dessa decisão. (Info 918)

#SELIGANASSÚMULAS

Súmula 642, STF: Não cabe ação direta de inconstitucionalidade de lei do Distrito Federal derivada
da sua competência legislativa municipal.

Súmula 614, STF: Somente o Procurador-Geral da Justiça tem legitimidade para propor ação direta
interventiva por inconstitucionalidade de Lei Municipal.

#SELIGANADIFERENÇA

Constituição Federal Constituição do Estado do Espírito Santo


Controle de Constitucionalidade Do Controle de Constitucionalidade
Art. 103. Podem propor a ação direta de incons- Art. 112. São partes legítimas para propor ação de
titucionalidade e a ação declaratória de constitu- inconstitucionalidade de leis ou de atos normati-
cionalidade: vos estaduais ou municipais em face desta Cons-
I - o Presidente da República; tituição:

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II - a Mesa do Senado Federal; I - o Governador do Estado;


III - a Mesa da Câmara dos Deputados; II - a Mesa da Assembleia Legislativa;
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da III - o Procurador-Geral de Justiça;
Câmara Legislativa do Distrito Federal; IV - o partido político com representação na
V - o Governador de Estado ou do Distrito Fede- Assembleia
ral; Legislativa;
VI - o Procurador-Geral da República; V - a secção regional da Ordem dos Advogados
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advoga- do Brasil;
dos do Brasil; VI - a federação sindical ou entidade de classe
VIII - partido político com representação no de âmbito
Congresso Nacional; estadual, e municipal quando se tratar de lei ou
IX - confederação sindical ou entidade de classe ato normativo local;
de âmbito nacional. VII - o Prefeito Municipal e a Mesa da Câmara,
§ 1º O Procurador-Geral da República deverá ser em se tratando de lei ou ato normativo local.
previamente ouvido nas ações de inconstitucio- § 1° O Procurador-Geral de Justiça será sempre
nalidade e em todos os processos de competên- ouvido nas ações diretas de inconstitucionalidade
cia do Supremo Tribunal Federal.
§ 2° Declarada a inconstitucionalidade, a decisão
§ 2º Declarada a inconstitucionalidade por omis- será comunicada à Assembleia Legislativa ou à
são de medida para tornar efetiva norma consti- Câmara Municipal para suspensão, no todo ou
tucional, será dada ciência ao Poder competente em parte, da execução da lei ou do ato impug-
para a adoção das providências necessárias e, em nado.
se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo
em trinta dias. § 3° Declarada a inconstitucionalidade por omis-
são de medida para tornar efetiva norma desta
§ 3º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar Constituição, a decisão será comunicada ao
a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal Poder competente para a adoção das providên-
ou ato normativo, citará, previamente, o Advoga- cias necessárias à prática do ato que
do-Geral da União, que defenderá o ato ou texto
impugnado. lhe compete ou início do processo legislativo, e,
em se
tratando de órgão administrativo, para sua ação
em trinta dias, sob pena de responsabilidade.

#COLANARETINA

É possível que seja celebrado um acordo no bojo de uma arguição de descumprimento de precei-
to fundamental (ADPF)? SIM. É possível a celebração de acordo num processo de índole objeti-
va, como a ADPF, desde que fique demonstrado que há no feito um conflito intersubjetivo
subjacente (implícito), que comporta solução por meio de autocomposição. Vale ressaltar
que, na homologação deste acordo, o STF não irá chancelar ou legitimar nenhuma das teses jurídi-

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cas defendidas pelas partes no processo. O STF irá apenas homologar as disposições patrimoniais
que forem combinadas e que estiverem dentro do âmbito da disponibilidade das partes. A homo-
logação estará apenas resolvendo um incidente processual, com vistas a conferir maior efetividade
à prestação jurisdicional. STF. Plenário. ADPF 165/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
1º/3/2018 (Info 892).

#ATENÇÃO: Efeito vinculante de declaração incidental de inconstitucionalidade. Se uma


lei ou ato normativo é declarado inconstitucional pelo STF, incidentalmente, ou seja, em sede de
controle difuso, essa decisão, assim como acontece no controle abstrato, também produz eficácia
erga omnes e efeitos vinculantes. O STF passou a acolher a teoria da abstrativização do controle
difuso. Assim, se o Plenário do STF decidir a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma
lei ou ato normativo, ainda que em controle difuso, essa decisão terá os mesmos efeitos do controle
concentrado, ou seja, eficácia erga omnes e vinculante. Houve mutação constitucional do art. 52, X,
da CF/88. A nova interpretação deve ser a seguinte: quando o STF declara uma lei inconstitucional,
mesmo em sede de controle difuso, a decisão já tem efeito vinculante e erga omnes e o STF apenas
comunica ao Senado com o objetivo de que a referida Casa Legislativa dê publicidade daquilo que
foi decidido. STF. Plenário. ADI 3406/RJ e ADI 3470/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 29/11/2017
(Info 886).

TJ pode julgar ADI contra lei municipal tendo como parâmetro norma da Constituição Federal?
Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis municipais utili-
zando como parâmetro normas da Constituição Federal, desde que se trate de normas de repro-
dução obrigatória pelos estados. STF. Plenário. RE 650898/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/
o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 1º/2/2017 (repercussão geral) (Info 852).

DIREITOS FUNDAMENTAIS

TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


São direitos ou posições jurídicas que investem os seres humanos, individual ou
coletivamente considerados, em um conjunto de prerrogativas, faculdades e insti-
Conceito
tuições imprescindíveis para assegurar uma existência digna, livre, igual e fraterna
entre todas as pessoas.

1ª Dimensão Direitos civis e políticos.


2ª Dimensão Direitos sociais, econômicos e culturais.
Dimensões
3ª Dimensão Direitos de solidariedade e fraternidade.
4ª Dimensão Globalização (não é pacífico).

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Passivo: o sujeito está subordinado aos poderes estatais.


Teoria dos 4 Ativo: sujeito pode participar da formação da vontade do Estado.
Status
(JELLINEK) Negativo: ao sujeito é assegurada uma esfera indevassável ao Estado.
Positivo: sujeito tem direito de pedir certas prestações ao Estado.

(a) Relatividade; (b) Universalidade; (c) Aplicabilidade imediata; (d) Atipicidade;


Características
(e) Indisponibilidade; (f ) Imprescritibilidade.

- Vertical incidem na relação entre sujeito e Estado;


- Horizontal incidem na relação entre sujeitos privados;
Eficácia
- Diagonal incidem na relação entre privados em posição de desigualdade. Ex.:
consumidor e fornecedor.

PRINCIPAIS DIREITOS FUNDAMENTAIS EM ESPÉCIE (art. 5º, CF/88)


I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Igualdade
Constituição;

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em


Legalidade
virtude de lei;

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;


IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunica-
Liberdade de
ção, independentemente de censura ou licença;
expressão
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte,
quando necessário ao exercício profissional;

Direito de V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indeniza-


resposta ção por dano material, moral ou à imagem;

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre


exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
culto e a suas liturgias;
Liberdade VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas enti-
religiosa dades civis e militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convic-
ção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

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X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,


Privacidade assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;

Liberdade XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as quali-
profissional ficações profissionais que a lei estabelecer;

XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter para-
militar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem
de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
Liberdade de XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas
associação atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito
em julgado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimi-
dade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
Direito adqui-
rido,
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
ato jurídico
Julgada;
perfeito
e coisa julgada
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
Direitos
fundamentais LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade compe-
processuais tente;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes;

DIREITOS SOCIAIS
Os direitos sociais, direitos de 2ª dimensão, são prestações positivas a serem imple-
mentadas pelo Estado e tendem a concretizar a perspectiva de uma isonomia subs-
tancial e social.
CONCEITO Segundo a CF/88 (Art. 6°), são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o
trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a prote-
ção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição.

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Surgem com a crise do constitucionalismo liberal;


HISTÓRICO As primeiras Constituições que tratam do tema são do séc. XX (México - 1917).
Posteriormente, foram veiculados da Constituição de Weimar (1919).

Os direitos sociais se efetivam especialmente pela implementação de políticas públi-


cas pelo Estado. O Judiciário não é o local adequado para a implementação desses
JUDICIALIZA-
direitos, mas sim o Executivo e o Legislativo. No entanto, não se nega que, diante da
ÇÃO
inércia desses poderes, a judicialização seja uma medida importante para a imple-
mentação de tais direitos.

PODER LEGISLATIVO

PODER LEGISLATIVO SENADO FEDERAL CÂMARA DOS DEPUTADOS


Representantes dos ESTADOS
Composição Representantes do POVO
e DF

Princípio proporcional à popu-


Sistema de eleição Princípio majoritário lação
de cada Estado e do DF

LC 78/93 fixou em 513 Deputa-


3 Senadores por Estado e DF, dos
Número de parlamentares cada qual com 2 suplentes. Há Federais. (Nenhum Estado terá
um total de 81 senadores. menos que 8, nem mais de 70
Deputados).

Mandato 8 anos = 2 legislaturas 4 anos = 1 legislatura

Renovação A cada 4 anos, por 1/3 e 2/3. A cada 4 anos.

Idade mínima 35 anos. 21 anos.

# ESTATUTO DOS PARLAMENTARES

Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões,
palavras e votos. IMUNIDADE MATERIAL.

§1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento peran-
te o STF.

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§2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional NÃO poderão ser presos,
SALVO em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de 24 horas
à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.

§3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o
STF dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto
da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação.

§4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de 45 dias do
seu recebimento pela Mesa Diretora.

§5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.

§6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas
ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles
receberam informações.

§7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em
tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva.

§8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser
suspensas mediante o voto de 2/3 dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora
do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida.

# PERDA DO MANDATO

Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:

I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior;

II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar;

III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da
Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada;

IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;

V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição;

VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado.

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§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o
abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vanta-
gens indevidas.

§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou
pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido
político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 76, de 2013)

§ 3º Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de
ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no
Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.

§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato,
nos termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que tratam os §§ 2º
e 3º.

Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador:

I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito


Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária;

II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de inte-
resse particular, desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por sessão
legislativa.

§ 1º O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura em funções previstas neste artigo
ou de licença superior a cento e vinte dias.

§ 2º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição para preenchê-la se faltarem mais de
quinze meses para o término do mandato.

§ 3º Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador poderá optar pela remuneração do mandato.

#COLANARETINA

Possibilidade de juiz afastar vereador da função que ocupa. É possível que o Juiz de primeiro
grau, fundamentadamente, imponha a parlamentares municipais as medidas cautelares de afasta-
mento de suas funções legislativas sem necessidade de remessa à Casa respectiva para deliberação.

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STJ. 5ª Turma. RHC 88804 RN, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 07/11/2017 (Info
617).

Judiciário pode impor aos parlamentares as medidas cautelares do art. 319 do CPP, no entan-
to, a respectiva Casa legislativa pode rejeitá-las (caso Aécio Neves). O Poder Judiciário possui
competência para impor aos parlamentares, por autoridade própria, as medidas cautelares previstas
no art. 319 do CPP, seja em substituição de prisão em flagrante delito por crime inafiançável, por
constituírem medidas individuais e específicas menos gravosas; seja autonomamente, em circuns-
tâncias de excepcional gravidade. Obs: no caso de Deputados Federais e Senadores, a competência
para impor tais medidas cautelares é do STF (art. 102, I, “b”, da CF/88). Importante, contudo, fazer
uma ressalva: se a medida cautelar imposta pelo STF impossibilitar, direta ou indiretamente, que o
Deputado Federal ou Senador exerça o seu mandato, então, neste caso, o Supremo deverá enca-
minhar a sua decisão, no prazo de 24 horas, à Câmara dos Deputados ou ao Senado Federal para
que a respectiva Casa delibere se a medida cautelar imposta pela Corte deverá ou não ser mantida.
Assim, o STF pode impor a Deputado Federal ou Senador qualquer das medidas cautelares previstas
no art. 319 do CPP. No entanto, se a medida imposta impedir, direta ou indiretamente, que esse
Deputado ou Senador exerça seu mandato, então, neste caso, a Câmara ou o Senado poderá
rejeitar (“derrubar”) a medida cautelar que havia sido determinada pelo Judiciário. Aplica
se, por analogia, a regra do §2º do art. 53 da CF/88 também para as medidas cautelares diversas
da prisão. STF. Plenário. ADI 5526/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 11/10/2017 (Info 881).

Quando a condenação do Deputado Federal ou Senador ultrapassar 120 dias em regime


fechado, a perda do mandato é consequência lógica. Se o STF condenar um parlamentar fede-
ral e decidir que ele deverá perder o cargo, isso acontece imediatamente ou depende de uma
deliberação da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal respectivamente? • Se o Deputa-
do ou Senador for condenado a mais de 120 dias em regime fechado: a perda do cargo será
uma consequência lógica da condenação. Neste caso, caberá à Mesa da Câmara ou do Senado
apenas declarar que houve a perda (sem poder discordar da decisão do STF), nos termos do art.
55, III e § 3º da CF/88. • Se o Deputado ou Senador for condenado a uma pena em regime aber-
to ou semiaberto: a condenação criminal não gera a perda automática do cargo. O Plenário da
Câmara ou do Senado irá deliberar, nos termos do art. 55, § 2º, se o condenado deverá ou
não perder o mandato. STF. 1ª Turma. AP 694/MT, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 2/5/2017 (Info
863). STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866). Obs: existem
decisões em sentido diverso (AP 565/RO Info 714 e AP 470/MG Info 692), mas penso que, para fins
de concurso, deve se adotar o entendimento acima explicado (AP 694/MT).

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#SELIGANASSÚMULAS

Súmula 245 STF: A imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem essa prerrogativa.

Súmula 397 STF: O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em caso de
crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o regimento, a prisão em flagrante
do acusado e a realização do inquérito.

Súmula 653 STF: No Tribunal de Contas estadual, composto por sete conselheiros, quatro devem
ser escolhidos pela Assembleia Legislativa e três pelo Chefe do Poder Executivo estadual, cabendo
a este indicar um dentre auditores e outro dentre membros do Ministério Público, e um terceiro à
sua livre escolha.

Súmula vinculante 3 STF: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram se o
contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de conces-
são inicial de aposentadoria, reforma e pensão. #SEMPRECAI

Súmula 6 STF: A revogação ou anulação, pelo Poder Executivo, de aposentadoria, ou qualquer outro
ato aprovado pelo Tribunal de Contas, não produz efeitos antes de aprovada por aquele tribunal,
ressalvada a competência revisora do judiciário.

# COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO

Art. 58. (...) §3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação
próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas,
serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente,
mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por
prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que
promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

#MEDIDAPROVISÓRIA

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provi-
sórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.

§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:

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I – relativa a:

a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral;

b) direito penal, processual penal e processual civil;

c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus


membros;

d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplemen-


tares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º;

II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo finan-
ceiro;

III – reservada a lei complementar;

IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto
do Presidente da República.

§2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos
arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido conver-
tida em lei até o último dia daquele em que foi editada.

§3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição,
se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma
vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações
jurídicas delas decorrentes.

§4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida provisória, suspendendo-se


durante os períodos de recesso do Congresso Nacional.

§5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provi-
sórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais.

§6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publi-
cação, entrará em regime de urgência, subseqüentemente, em cada uma das Casas do Congresso
Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas
da Casa em que estiver tramitando.

§7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória que, no prazo

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de sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do
Congresso Nacional.

§8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos Deputados.

§9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas provisórias e sobre
elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das
Casas do Congresso Nacional.

§10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada
ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.

#CUIDADO#NÃOCONFUNDIR: Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente


poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maio-
ria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional. #ATENÇÃO

§11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou
perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos prati-
cados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas.

§12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta
manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto.

PODER EXECUTIVO

Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.

Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República realizar-se-á, simultaneamente,


no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo
turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente.

§ 1º A eleição do Presidente da República importará a do Vice-Presidente com ele registrado.

§ 2º Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por partido político, obtiver a
maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos.

§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far-se-á nova eleição em
até vinte dias após a proclamação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais votados e

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considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.

§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de
candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação.

§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato
com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.

Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em sessão do Congresso


Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis,
promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil.

Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presi-
dente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago.

Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-


-Presidente.

Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições que lhe forem conferidas
por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para missões especiais.

Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos


cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos
Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.

Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa
dias depois de aberta a última vaga.

§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os
cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.

§ 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores.

Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro
do ano seguinte ao da sua eleição.

Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso Nacio-
nal, ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo.

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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL


FORMA DE ESTADO FEDERAÇÃO

FORMA DE GOVERNO REPÚBLICA

SISTEMA DE GOVERNO PRESIDENCIALISTA

REGIME DE GOVERNO DEMOCRÁTICO

DECRETO EXECUTIVO DECRETO AUTÔNOMO


Trata-se de instrumento que tem como viés a
Trata-se de instrumento que tem como escopo a inovar no ordenamento jurídico, criando, modi-
regulamentação de ato normativo primário, para ficando ou extinguindo direitos.
fiel execução e melhor compreensão da lei. Ato normativo primário.
Ato normativo secundário. Pode ser contrário à lei que regulamente, inclusi-
Não pode ser contrário à lei que regulamente. ve, com prevalência sobre lei que discipline dife-
Não pode ser objeto de ação direta de inconsti- rente anteriormente.
tucionalidade. Pode ser objeto de ação direta de inconstitucio-
Não há possibilidade, segundo texto da Consti- nalidade.
tuição, de delegação. Pode ser delegado aos Ministros de Estado, PGR
e AGU.

#RESPONSABILIDADES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

CRIMES DE RESPONSABILIDADE
Infrações de natureza política administrativa que pode levar ao impeachment. Legislação é privativa
da
UNIÃO – lei 1079/50.  Súmula Vinculante 46: A definição dos crimes de responsabilidade e o
estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são de competência legislativa
privativa da União.

Acusação pode ser formalizada por QUALQUER CIDADÃO em pleno gozo de seus direitos políticos.
Procedimento é BIFÁSICO:
1. Câmara dos deputados faz o juízo de admissibilidade;
2. Será processado e julgado pelo Senado Federal.

A acusação deve ser admitida por 2/3 da Câmara em votação aberta. O Senado, então, decide se
recebe ou não a denúncia.

O Presidente da República ficará afastado por 180 dias.

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Senado é presidido pelo Ministro Presidente do STF; Sentença condenatória se materializa por meio
de uma RESOLUÇÃO: Esta, se aprovada por 2/3, acarreta o impedimento para o exercício de qualquer
função pública por 8 anos. A renúncia ao cargo, depois de já iniciado o processo, não obsta o regular
prosseguimento da ação.

Praticam crimes de responsabilidade:


Presidente
Vice Presidente
Ministros de Estado, nos crimes conexos com os praticados pelo PR
Ministros do STF
PGR
AGU
Governadores
Prefeitos
Membros do CNJ
Membros do CNMP

CRIMES COMUNS
Infrações de natureza penal, crimes ou contravenções.

Será processado e julgado pelo STF e a denúncia é oferecida pelo PGR.

A acusação também deve ser admitida por 2/3 da Câmara, e a instauração do processo é ato discri-
cionário do STF.

PR só poderá ser preso depois que sobrevier sentença PENAL condenatória.

PODER JUDICIÁRIO

Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:


I - o Supremo Tribunal Federal;
I-A o Conselho Nacional de Justiça;
COMPOSIÇÃO II - o Superior Tribunal de Justiça;
III-A – O Tribunal Superior do Trabalho
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;

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V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;


VI - os Tribunais e Juízes Militares;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais
Superiores têm sede na Capital Federal.
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo
o território nacional.

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:


I - vitaliciedade, que, no 1° grau, só será adquirida após 2 ANOS de exercício,
dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que
o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em
julgado;
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93,
VIII;
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, §
4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
GARANTIAS Parágrafo único. Aos juízes é VEDADO:
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de
magistério;
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III - dedicar-se à atividade político-partidária.
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físi-
cas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos
TRÊS ANOS DO AFASTAMENTO do cargo por aposentadoria ou exoneração.

SÚMULA VINCULANTE – LEI Nº 11.417/06

CF, Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de
dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula
que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos
do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal,
bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emen-
da Constitucional nº 45, de 2004)
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca
das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública

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que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmu-
la poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente
a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando a procedente, anulará o ato
administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou
sem a aplicação da súmula, conforme o caso. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).

O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas decisões sobre
matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir de sua publicação na imprensa
oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração
pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão
ou cancelamento, na forma prevista na Lei nº 11.417/06.

O enunciado da súmula terá por objeto a validade, a interpretação e a eficácia de normas deter-
minadas, acerca das quais haja, entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública,
controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos
sobre idêntica questão.

O Procurador-Geral da República, nas propostas que não houver formulado, manifestar-se-á previa-
mente à edição, revisão ou cancelamento de enunciado de súmula vinculante.

A edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de súmula com efeito vinculante dependerão


de decisão tomada por 2/3 (dois terços) dos membros do Supremo Tribunal Federal, em sessão
plenária.

No prazo de 10 (dez) dias após a sessão em que editar, rever ou cancelar enunciado de súmula com
efeito vinculante, o Supremo Tribunal Federal fará publicar, em seção especial do Diário da Justiça e
do Diário Oficial da União, o enunciado respectivo.

São legitimados a propor a edição, a revisão ou o cancelamento de enunciado de súmula vinculante:


I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III – a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV – o Procurador-Geral da República;
V - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VI - o Defensor Público-Geral da União;
VII – partido político com representação no Congresso Nacional;
VIII – confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional;
IX – a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;

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X - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;


XI - os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça de Estados ou do Distrito Federal e Territórios, os
Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regionais do Trabalho, os Tribunais Regionais Eleitorais e os
Tribunais Militares.

O Município poderá propor, incidentalmente ao curso de processo em que seja parte, a edição, a
revisão ou o cancelamento de enunciado de súmula vinculante, o que não autoriza a suspensão do
processo.

No procedimento de edição, revisão ou cancelamento de enunciado da súmula vinculante, o relator


poderá admitir, por decisão irrecorrível, a manifestação de terceiros na questão, nos termos do
Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.

A súmula com efeito vinculante tem eficácia imediata, mas o Supremo Tribunal Federal, por decisão
de 2/3 (dois terços) dos seus membros, poderá restringir os efeitos vinculantes ou decidir que só
tenha eficácia a partir de outro momento, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excep-
cional interesse público.

Revogada ou modificada a lei em que se fundou a edição de enunciado de súmula vinculante, o


Supremo Tribunal Federal, de ofício ou por provocação, procederá à sua revisão ou cancelamento,
conforme o caso.

A proposta de edição, revisão ou cancelamento de enunciado de súmula vinculante não autoriza a


suspensão dos processos em que se discuta a mesma questão.

Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de súmula vinculante,


negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá RECLAMAÇÃO ao Supremo Tribunal Fede-
ral, sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação.

Contra omissão ou ato da administração pública, o uso da reclamação só será admitido após esgo-
tamento das vias administrativas.

Ao julgar procedente a reclamação, o Supremo Tribunal Federal anulará o ato administrativo ou


cassará a decisão judicial impugnada, determinando que outra seja proferida com ou sem aplicação
da súmula, conforme o caso.

SEGURANÇA PÚBLICA

CAPÍTULO III
DA SEGURANÇA PÚBLICA

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes

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órgãos:

I - polícia federal;

II - polícia rodoviária federal;

III - polícia ferroviária federal;

IV - polícias civis;

V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.

§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União
e estruturado em carreira, destina-se a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e inte-
resses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações
cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se
dispuser em lei;

II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho,


sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;

III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado
em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado
em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada


a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais,
exceto as militares.

§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos

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de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de
defesa civil.

§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército,


subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal
e dos Territórios.

§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança


pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.

§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, servi-
ços e instalações, conforme dispuser a lei.

§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será
fixada na forma do § 4º do art. 39. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)

I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades previstas


em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 82, de 2014)

II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou
entidades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014).

#SELIGANADIFERENÇA

Constituição do Estado do Espírito Santo


TÍTULO V
DA DEFESA DO CIDADÃO E DA SOCIEDADE
CAPÍTULO I
DA SEGURANÇA PÚBLICA

Art. 124. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, consiste em
garantir às pessoas o pleno e livre exercício dos direitos e garantias fundamentais, individuais, coleti-
vos, sociais e políticos estabelecidos na Constituição Federal e nesta Constituição.Parágrafo único. Fica

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assegurado, na forma da lei, o caráter democrático na formulação da política e no controle das ações
de segurança pública do Estado, com a participação da sociedade civil.

Art. 125. Os Municípios poderão instituir guardas municipais destinadas à proteção dos seus bens,
serviços e instalações, conforme dispuser a lei municipal.

Art. 126. São órgãos da administração pública encarregados especificamente da segurança pública e
subordinados ao Governador do Estado e à Secretaria de Estado da Segurança Pública:

I - a Polícia Civil;

II - a Polícia Militar;

III - o Corpo de Bombeiros Militar.

Art. 128. À Polícia Civil, essencial à defesa dos indivíduos, da sociedade e do patrimônio, dirigida por
delegado de polícia de carreira, incumbem as funções de polícia judiciária, polícia técnico-científica e
a apuração das infrações penais, exceto as militares.

§ 1º O delegado-chefe da Polícia Civil será nomeado pelo Governador do Estado e escolhido entre
os integrantes da última classe da carreira de delegado de polícia.§ 2° O exercício da função de auto-
ridade de polícia judiciária e de apuração de infrações penais compete ao delegado de carreira.

§ 3º No desempenho da atividade de polícia judiciária, instrumental à propositura das ações penais, a


Polícia Civil exerce atribuição essencial à função jurisdicional do Estado e à defesa da ordem
jurídica.

§ 4º Os Delegados de Polícia integram as carreiras jurídicas do Estado, dispensando-lhes o mesmo


tratamento legal e protocolar, motivo pelo qual se exige para o ingresso na carreira o bacharelado
em Direito e assegura-se a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases do
concurso público. #VAICAIR

§ 5º O cargo de Delegado de Polícia tem o subsídio previsto em lei própria.

§ 6º O Delegado de Polícia é legítima autoridade policial, a quem é assegurada independência funcio-


nal pela livre convicção nos atos de polícia judiciária.

Art. 129. O exercício do cargo policial civil é privativo do servidor policial de carreira, recrutado
exclusivamente por concurso público de provas ou de provas e títulos, submetido a curso de forma-
ção policial, em consonância com os princípios constitucionais e fundamentais da defesa da pessoa
humana.

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ORDEM SOCIAL

Atenção aos dispositivos da Constituição Federal! #COLARNARETINA.

BASE E OBJETIVOS DA ORDEM SOCIAL

A ideia de constituição social está materializada no Título VIII da CF/88, que trata da ordem
social. Nos termos do art. 193, a ordem social tem como base o primado do trabalho e como objeti-
vo, o bem-estar e a justiça sociais, estabelecendo perfeita harmonia com a ordem econômica, que se
funda, também, a teor do art.170, caput, na valorização do trabalho humano e na livre-iniciativa. A ordem
econômica tem por fim (objetivo), em igual medida, assegurar a todos existência digna, conforme os
ditames da justiça social.

Segundo José Afonso da Silva, “ter como objetivo o bem-estar e a justiça sociais quer dizer que as
relações econômicas e sociais do país, para gerarem o bem-estar, hão de propiciar trabalho e condição de
vida, material, espiritual e intelectual, adequada ao trabalhador e sua família, e que a riqueza produzida
no país, para gerar justiça social, há de ser equanimemente distribuída”.

SEGURIDADE SOCIAL

Segundo dispõe o artigo 194 da CF: “A seguridade social compreende um conjunto integrado de
ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à
saúde, à previdência e à assistência social.”

Atenção aos OBJETIVOS da organização da seguridade social: #APOSTACICLOS

- universalidade da cobertura e do atendimento;

- uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;

- seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;

- irredutibilidade do valor dos benefícios;

- equidade na forma de participação no custeio;

- diversidade da base de financiamento;

- caráter democrático e descentralizado da administração.

De acordo com os ensinamentos do Professor Marcelo Novelino, a universalidade da cobertura e

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do atendimento possui uma dupla dimensão: subjetiva e objetiva.

»» A universalidade subjetiva se refere ao dever imposto ao Estado no sentido de garantir a todas as


pessoas que se encontrem no território nacional, independentemente de sua nacionalidade, o acesso
aos direitos compreendidos pela seguridade social.

»» A universalidade objetiva refere-se às situações de risco social, devendo ter não apenas um caráter
reparador, mas também preventivo.

Diante das limitações orçamentárias e materiais, se toma como evidente que os direitos à saúde,
previdência e assistência social não são assegurados indistintamente, de forma integral, a todas as pessoas.
Existem limites e requisitos constitucionais e legais a serem observados. Assim, o princípio da universali-
dade deve ser harmonizado com os princípios da seletividade e distributividade.

Financiamento da seguridade social:

Segundo o art. 195 da CF/88, a seguridade social será financiada por toda a sociedade (princípio·
da solidariedade), de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribui-
ções sociais:

- do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a)


a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa
física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro;

- do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre
aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;

- sobre a receita de concursos de prognósticos;

- do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.

#LEISECANELES:

Atenção redobrada com os parágrafos do artigo 195 da CF:

§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social
constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União.

§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos


órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e
prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de

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seus recursos.

§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não
poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.

§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguri-
dade social, obedecido o disposto no art. 154, I.

§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido
sem a correspondente fonte de custeio total.

§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noven-
ta dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando
o disposto no art. 150, III, “b”.

§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência


social que atendam às exigências estabelecidas em lei.

§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os


respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empre-
gados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota
sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei.

§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter alíquotas ou bases
de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra,
do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho.

§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema único de saúde e ações de
assistência social da União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os
Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos.

§ 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais de que tratam os incisos
I, a, e II deste artigo, para débitos em montante superior ao fixado em lei complementar.

§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na
forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas.

§ 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de substituição gradual, total ou parcial, da


contribuição incidente na forma do inciso I, a, pela incidente sobre a receita ou o faturamento.

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DA SAÚDE

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas
que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações
e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e cons-
tituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes DIRETRIZES:

- Descentralização, com direção única em cada esfera de governo.

- Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
assistenciais.

- Participação da comunidade.

Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes comunitários de saúde e
agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e
complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação.

A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. Assim, as instituições privadas poderão participar
de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de
direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.

A Constituição Federal proíbe a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às


instituições privadas com fins lucrativos, bem como, veda a participação direta ou indireta de empresas ou
capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei (Art. 199, §2 e §3º).

OBS: TRANSPLANTE, PESQUISA e TRATAMENTO: A Lei nº 9434/97 dispõe sobre a remoção de


órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento, sendo vedado todo
tipo de comercialização.

Fiquem de olho nas competências atribuídas ao SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE:

- Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e partici-


par da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;

- Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do traba-


lhador;

- Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;

- Participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;

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- Incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação;

- Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como
bebidas e águas para consumo humano;

- Participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e


produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;

- Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

#DEOLHONAJURISPRUDENCIA #AJUDAMARCINHO

Requisitos para a concessão judicial de medicamentos não previstos pelo SUS:

Em, 25/04/2018, o STJ, ao julgar o REsp 1.657.156-RJ (Info 625), afirmou que o poder público é
obrigado a conceder medicamentos mesmo que não estejam incorporados em atos normativos do SUS,
desde que cumpridos três requisitos.

A concessão dos medicamentos não incorporados em atos normativos do SUS exige a presença
cumulativa dos seguintes requisitos:

a) Comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e circunstanciado expedido por médico
que assiste o paciente, da imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim como da ineficácia,
para o tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos pelo SUS;

b) incapacidade financeira de arcar com o custo do medicamento prescrito;

c) existência de registro do medicamento na ANVISA, observados os usos autorizados pela agência.

STJ. 1ª Seção. EDcl no REsp 1657156-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 12/09/2018 (recur-
so repetitivo) (Info 633).

Constitucionalidade do ressarcimento ao SUS previsto no art. 32 da Lei 9.656/98:

É constitucional o ressarcimento previsto no art. 32 da Lei nº 9.656/98, o qual é aplicável aos proce-
dimentos médicos, hospitalares ou ambulatoriais custeados pelo SUS e posteriores a 4.6.1998, assegura-
dos o contraditório e a ampla defesa, no âmbito administrativo, em todos os marcos jurídicos.

O art. 32 da Lei nº 9.656/98 prevê que, se um cliente do plano de saúde utilizar-se dos serviços do
SUS, o Poder Público poderá cobrar do referido plano o ressarcimento que ele teve com essas despesas.
Assim, o chamado “ressarcimento ao SUS”, criado pelo art. 32, é uma obrigação legal das operadoras de
planos privados de assistência à saúde de restituir as despesas que o SUS teve ao atender uma pessoa que
seja cliente e que esteja coberta por esses planos. STF. Plenário.RE 597064/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes,

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julgado em 7/2/2018 (repercussão geral) (Info 890).

Ação pedindo suplemento para criança lactente não perde o objeto pelo simples fato de
terem se passado vários anos sem o julgamento:

Não há perda do objeto em mandado de segurança cuja pretensão é o fornecimento de leite


especial necessário à sobrevivência de menor ao fundamento de que o produto serve para lactentes e o
impetrante perdeu essa qualidade em razão do tempo decorrido para a solução da controvérsia.

Como se trata de direito fundamental da pessoa e dever do Poder Público garantir a saúde e a
vida, não há que se falar que o pleito se tornou infrutífero pelo simples fato de a solução da demanda ter
demorado.

A necessidade ou não do fornecimento de leite especial para a criança deverá ser apurada em
fase de execução. Se ficar realmente comprovada a impossibilidade de se acolher o pedido principal, em
virtude da longa discussão judicial acerca do tema, nada impede que a parte requeira a conversão em
perdas e danos.

STJ. 1ª Turma. AgRg no RMS 26647-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, , julgado em 2/2/2017
(Info 601).

É inconstitucional a possibilidade de um paciente do Sistema Único de Saúde (SUS) pagar


para ter acomodações superiores ou ser atendido por médico de sua preferência, a chamada
“diferença de classes”. STF. Plenário. RE 581488/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/12/2015 (reper-
cussão geral) (Info 810).

Judiciário pode obrigar administração pública a manter quantidade mínima de medicamen-


to em estoque:

A Administração Pública pode ser obrigada, por decisão do Poder Judiciário, a manter estoque
mínimo de determinado medicamento utilizado no combate a certa doença grave, de modo a evitar
novas interrupções no tratamento. Não há violação ao princípio da separação dos poderes no caso. Isso
porque com essa decisão o Poder Judiciário não está determinando metas nem prioridades do Estado,
nem tampouco interferindo na gestão de suas verbas. O que se está fazendo é controlar os atos e servi-
ços da Administração Pública que, neste caso, se mostraram ilegais ou abusivos já que, mesmo o Poder
Público se comprometendo a adquirir os medicamentos, há falta em seu estoque, ocasionando graves
prejuízos aos pacientes.

Assim, não tendo a Administração adquirido o medicamento em tempo hábil a dar continuidade
ao tratamento dos pacientes, atuou de forma ilegítima, violando o direito à saúde daqueles pacientes, o
que autoriza a ingerência do Poder Judiciário. STF. 1ª Turma. RE 429903/RJ, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,

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julgado em 25/6/2014 (Info 752).

DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à


seguridade social, e tem por OBJETIVOS:

- A proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice.

- O amparo às crianças e adolescentes carentes.

- A promoção da integração ao mercado de trabalho.

- A habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integra-


ção à vida comunitária.

- A garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao


idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua
família, conforme dispuser a lei.

A Lei nº 8.212/91, em seu artigo 4º, define a Assistência Social como sendo “a política social que
provê o atendimento das necessidades básicas, traduzidas em proteção à família, à maternidade, à infân-
cia, à adolescência, à velhice e à pessoa portadora de deficiência, independentemente de contribuição à
Seguridade Social”.

A finalidade de atendimento às necessidades vitais básicas revela a íntima conexão entre a assistên-
cia social e o princípio da dignidade da pessoa humana, o qual impõe o dever de proteção e promoção
dos bens e utilidades indispensáveis a uma existência digna (mínimo existencial).

OBS.: O STF adotou a seguinte tese – Tema 173 - Concessão de benefício assistencial a estran-
geiros residentes no Brasil: “Os estrangeiros residentes no País são beneficiários da assistência
social prevista no artigo 203, inciso V, da Constituição Federal, uma vez atendidos os requisitos constitu-
cionais e legais”.

EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO

#DA EDUCAÇÃO

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercí-

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cio da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Princípios Informadores do Sistema de Ensino:

- Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola.

- Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber.

- Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e


privadas de ensino.

- Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais.

- Valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carrei-
ra, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas.

- Gestão democrática do ensino público, na forma da lei.

- Garantia de padrão de qualidade.

- Piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos
de lei federal.

O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:

- Educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, asse-
gurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria.

- Progressiva universalização do ensino médio gratuito.

- Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na


rede regular de ensino.

- Educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade.

- Acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capaci-
dade de cada um.

- Oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando.

- Atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas


suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.

ATENÇÃO: O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo e o não-ofere-


cimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da

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autoridade competente.

#COLANARETINA: Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educa-


ção infantil. Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio.

#DEOLHONAJURISPRUDENCIA #AJUDAMARCINHO

Não é possível, atualmente, o ensino domiciliar (homeschooling) como meio lícito de


cumprimento, pela família, do dever de prover educação. Não há, na CF/88, uma vedação absoluta
ao ensino domiciliar. A CF/88, apesar de não o prever expressamente, não proíbe o ensino domiciliar. No
entanto, o ensino domiciliar não pode ser atualmente exercido porque não há legislação que regulam
ente os preceitos e as regras aplicáveis a essa modalidade de ensino. Assim, o ensino domiciliar somen-
te pode ser implementado no Brasil após uma regulamentação por meio de lei na qual sejam previstos
mecanismos de avaliação e fiscalização, devendo essa lei respeitar os mandamentos constitucionais que
tratam sobre educação. STF. Plenário. RE 888815/RS, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o acórdão
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 12/9/2018 (repercussão geral) (Info 915).

São constitucionais a exigência de idade mínima de quatro e seis anos para ingresso, respec-
tivamente, na educação infantil e no ensino fundamental, bem como a fixação da data limite de
31 de março para que referidas idades estejam completas. STF. Plenário. ADPF 292/DF, Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 1º/8/2018 (Info 909).

O ensino religioso nas escolas públicas brasileiras pode ter natureza confessional:

A CF/88 prevê que “o ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários
normais das escolas públicas de ensino fundamental.” (art. 210, § 1º). Diante disso, nas escolas públicas
são oferecidas aulas de ensino religioso, normalmente vinculadas a uma religião específica. É o chamado
ensino religioso confessional. Assim, deve ser permitido aos alunos, que expressa e voluntariamente se
matricularem, o pleno exercício de seu direito subjetivo ao ensino religioso como disciplina dos horários
normais das escolas públicas de ensino fundamental, ministrada de acordo com os princípios de sua
confissão religiosa, por integrantes da mesma, devidamente credenciados a partir de chamamento públi-
co e, preferencialmente, sem qualquer ônus para o Poder Público. Dessa forma, o STF entendeu que a
CF/88 não proíbe que sejam oferecidas aulas de uma religião específica, que ensine os dogmas ou valores
daquela religião. Não há qualquer problema nisso, desde que se garanta oportunidade a todas as doutri-
nas religiosas. STF. Plenário.ADI 4439/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 27/9/2017 (Info 879).

A garantia constitucional da gratuidade de ensino não obsta a cobrança por universidades


públicas de mensalidade em cursos de especialização. STF. Plenário. RE 597854/GO, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 26/4/2017 (repercussão geral) (Info 862).

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São constitucionais o art. 28, § 1º e o art. 30 da Lei nº 13.146/2015, que determinam que as
escolas privadas ofereçam atendimento educacional adequado e inclusivo às pessoas com defi-
ciência SEM que possam cobrar valores adicionais de qualquer natureza em suas mensalidades,
anuidades e matrículas para cumprimento dessa obrigação. STF. Plenário. ADI 5357 MC-Referendo/
DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/6/2016 (Info 829).

O Poder Judiciário pode obrigar o Município a fornecer vaga em creche a criança de até 5
anos de idade. A educação infantil, em creche e pré-escola, representa prerrogativa constitucional indis-
ponível garantida às crianças até 5 anos de idade, sendo um dever do Estado (art. 208, IV, da CF/88). Os
Municípios, que têm o dever de atuar prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil (art.
211, § 2º, da CF/88), não podem se recusar a cumprir este mandato constitucional, juridicamente vinculan-
te, que lhes foi conferido pela Constituição Federal. STF. Decisão monocrática. RE 956475, Rel. Min. Celso
de Mello, julgado em 12/05/2016 (Info 827).

#DA CULTURA

A CF88 estabelece em seu artigo 215 o seguinte: “O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos
direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão
das manifestações culturais”.

Segundo leciona Marcelo Novelino os direitos culturais integram, ao lado dos direitos sociais e
econômicos, a segunda dimensão dos direitos fundamentais. Imprescindíveis ao pleno desenvolvimen-
to e à promoção das condições de vida digna, tais direitos são ligados ao valor de igualdade e a uma de
suas facetas, o direito à diferença (pluralismo), como fica evidenciado no dispositivo sobre a criação por
Lei do Plano Nacional de Cultura visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração das ações
do poder público, tendo como uma de suas finalidades a valorização da diversidade étnica e regional (CF,
art. 215, § 3º, V).

Segundo previsto na Constituição Federal, constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de


natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identi-
dade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

- As formas de expressão.

- Os modos de criar, fazer e viver.

- As criações científicas, artísticas e tecnológicas.

- As obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artís-


tico-culturais.

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- Os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontoló-


gico, ecológico e científico.

ATENÇÃO: O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patri-


mônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropria-
ção, e de outras formas de acautelamento e preservação.

#DO DESPORTO

De acordo com os ensinamentos do Professor Marcelo Novelino, a Constituição de 1988 inovou em


relação aos regimes anteriores ao conferir estatura constitucional às normas referentes à organização e
política de desenvolvimento do desporto. A consagração deste tema na Lei Maior pode ser justificada
não apenas pela prolixidade que a caracteriza, mas também pela importância do esporte como instru-
mento para o pleno desenvolvimento das faculdades físicas, intelectuais e morais do ser humano,
seja na esfera educacional, seja nos demais aspectos da vida em sociedade.

A CF88 consagra ser dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como
direito de cada um, observados:

- A autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e


funcionamento.

- A destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em


casos específicos, para a do desporto de alto rendimento.

- O tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não- profissional.

- A proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional.

ATENÇÃO: O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas


após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. A justiça desportiva terá o prazo
máximo de sessenta dias, contados da instauração do processo, para proferir decisão final.

MEIO AMBIENTE

A degradação ambiental resultante da evolução industrial e tecnológica aliada à maior conscienti-


zação do ser humano em relação à natureza e à qualidade do ambiente em que vive, fizeram com que a
proteção ao meio ambiente passasse a ser consagrada, inicialmente, nos tratados e convenções interna-
cionais e, em seguida, nas constituições do segundo pós-guerra como um direito fundamental de terceira
dimensão.

A CF88 elenca em seu artigo 225: “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equi-

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librado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

Como forma de assegurar a efetividade do direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado, incumbe ao Poder Público:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies
e ecossistemas.

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades


dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético.

III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, veda-
da qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção.

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de


significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade.

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que


comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente.

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para


a preservação do meio ambiente.

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua
função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

A CF88 elenca como PATRIMÔNIO NACIONAL:

- A Floresta Amazônica brasileira.

- A Mata Atlântica.

- A Serra do Mar

- O Pantanal Mato-Grossense.

- A Zona Costeira.

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ATENÇÃO: No Informativo nº 842 o STF entendeu ser inconstitucional lei estadual que regulamen-
ta a atividade da “vaquejada”. Segundo decidiu o STF, os animais envolvidos nesta prática sofrem
tratamento cruel, razão pela qual esta atividade contraria o art. 225, § 1º, VII, da CF/88. A crueldade
provocada pela “vaquejada” faz com que, mesmo sendo esta uma atividade cultural, não possa ser
permitida. #CUIDADO: apesar do entendimento, foi editada a Emenda Constitucional 96, em junho
de 2017, com o seguinte conteúdo:

Art. 225. § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se conside-
ram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais,
conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial
integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que asse-
gure o bem-estar dos animais envolvidos.” Assim, o constituinte reformador, a partir de uma reação
legislativa à decisão de inconstitucionalidade, editou a Emenda Constitucional 97 de 2017, que acres-
centa o § 7º ao art. 225 da CF/88 “para determinar que práticas desportivas que utilizem animais não
são consideradas cruéis”, em verdadeiro ativismo congressual.

FAMÍLIA, CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO

# DA FAMÍLIA

A família desempenha um papel fundamental tanto para o indivíduo, quanto para a sociedade de
uma forma geral, sendo reconhecida pela Constituição Federal como sendo a base da sociedade e tem
especial proteção do Estado.

#LEISECANELES #ARTIGOIMPORTANTE #APOSTACICLOS

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.

§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.

§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher
como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.

§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e
seus descendentes.

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§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem
e pela mulher.

§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.

§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o


planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacio-
nais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de insti-
tuições oficiais ou privadas.

§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando
mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.

# DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

A CF88 consagrou em seu texto o princípio do melhor interesse da criança que guarda íntima liga-
ção com a doutrina da proteção integral prevista pelo artigo 1º do ECA (Lei nº 8.069/90). Com o trata-
mento conferido pela Constituição, crianças (até 12 anos incompletos) e adolescentes (de 12 aos 18 anos)
passaram a ser considerados titulares dos direitos fundamentais, substituindo, assim, o antigo modelo
da “situação irregular” pelo da “proteção integral”, no qual as crianças e adolescentes são vistos como
titulares de direitos e deveres.

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao


jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer,
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.

§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente e do


jovem, admitida a participação de entidades não governamentais, mediante políticas específicas e
obedecendo aos seguintes preceitos:

I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-infantil;

II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as pessoas portadoras


de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente e do jovem
portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do

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acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as
formas de discriminação. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)

§ 2º A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de
fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portado-
ras de deficiência.

ATENÇÃO: Aspectos abrangidos pelo direito a PROTEÇÃO ESPECIAL:

I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º,
XXXIII;

II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;

III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola;

IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na


relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar
específica;

V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de


pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade;
#APOSTACICLOS

VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos
da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado;

VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao adolescente e ao jovem


dependente de entorpecentes e drogas afins.

§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adoles-


cente.

#COMPLEMENTANDO: Pedofilia poderá ser incluída no rol dos crimes hediondos. A Comissão de
Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado Federal aprovou (25/04/2019) o Projeto de
Lei (PLS) 496/2018 que prevê a inclusão do crime de pedofilia como um dos crimes hediondos. O projeto
segue para análise da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).

§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições

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de sua efetivação por parte de estrangeiros.

#DEOLHONAJURISPRUDENCIA: Lembre-se que o STJ tem precedente importante no que se refe-


re à possiblidade de adoção de crianças e adolescentes por casais homossexuais. Nos termos
do entendimento do STJ, a análise sobre a adoção deve ter como critério o princípio do melhor
interesse da criança, o que significa dizer que, devidamente comprovado os laços afetivos de toda
a família, a solução deve ser favorável à adoção por casal homossexual. (REsp. 889.852-RS, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão).

§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e
qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.

Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legis-
lação especial.

Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o
dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.

# PROTEÇÃO AO IDOSO:

#LEISECANELES:

Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando
sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito
à vida.

§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares.

§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos
urbanos.

ÍNDIOS

De acordo com os ensinamentos do Professor Marcelo Novelino, a Constituição de 1988 foi, sem
dúvida, a que mais se preocupou com os direitos indígenas, dedicando um Capítulo específico ao tema,
além de consagrar diversos dispositivos protetivos dos índios. A fim de assegurar a proteção da identida-

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de e a preservação do habitat natural deste segmento, foram reconhecidas expressamente a organização


social, costumes, línguas, crenças e tradições indígenas, bem como os direitos originários sobre as terras
que tradicionalmente ocupam (CF, art. 231).

#LEISECANELES:

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradi-
ções, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à
União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.

§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter perma-
nente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos
ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo
seus usos, costumes e tradições.

§ 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente, caben-
do-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.

§ 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra


das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do Congresso
Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resulta-
dos da lavra, na forma da lei.

§ 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas,
imprescritíveis.

§ 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, “ad referendum” do Congresso
Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua população, ou no interesse
da soberania do País, após deliberação do Congresso Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o
retorno imediato logo que cesse o risco.

§ 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a
ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas
naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da União,
segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a indenização
ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de
boa fé.

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DIREITO ADMINISTRATIVO2

E aí #FAMÍLIACICLOS, animados para nossa #DELTAREVISÃO?! O NFPSS de DIREITO ADMINIS-


TRATIVO é uma excelente forma de revisar os pontos mais relevantes do nosso edital! #FOCOTOTAL
#VEMDISTINTIVO

Vamos começar!

INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO

O Direito Administrativo é o ramo do Direito Público que tem por objeto as regras e os princípios
aplicáveis à atividade administrativa preordenada à satisfação dos direitos fundamentais.

O nascimento do Direito Administrativo relaciona-se diretamente com a consagração dos ideais


da Revolução Francesa de 1789 e o surgimento do Estado de Direito. A partir dos ideais liberais revolucio-
nários da burguesia (separação de poderes, princípio da legalidade e Declaração dos Direitos do Homem
e do Cidadão), o poder estatal é limitado e o Direito Administrativo é concebido como ramo especial do
Direito, ao lado do Direito Privado, regulador das relações envolvendo o Estado e o exercício das ativida-
des administrativas.

Critérios para conceituação do Direito Administrativo


(Lorenzo Meucci) o objeto do Direito Administrativo estaria relacionado à
Critério do Poder
atuação, exclusiva, do Poder Executivo. Essa corrente é insuficiente, uma vez
Executivo
que os PL e o PJ também exercem função administrativa.

(Léon Duguit e Gaston Jéze), o objeto do Direito Administrativo envolveria


a disciplina jurídica dos serviços públicos prestados. Corrente também insu-
Critério do Serviço ficiente, uma vez que a Administração Pública, no exercício de sua função
Público administrativa, exerce outras atividades, além da prestação de serviço público,
que são também reguladas pelo Direito Administrativo, como: a atividade de
fomento e de poder de polícia, entre outros.

(Laferriere) o Direito Administrativo seria o conjunto de regras disciplinadoras


das relações entre a Administração e os administrados. Também aqui pode
Critério das ser suscitada certa imprecisão, uma vez que essas relações jurídicas, muitas
Relações Jurídicas vezes, são objeto de outros ramos do direito público. Ademais, esse critério
despreza a atuação administrativa, em seu âmbito interno, como nas relações
entre seus órgãos, sem participação dos administrados.

2 Por Carlos Eduardo Menezes (@prof.cadumenezes).

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O Direito Administrativo seria o conjunto de normas que disciplinariam o


Poder Público para a consecução de seus fins. Esse raciocínio, embora não
Critério Teleológico
esteja errado, parece insuficiente para delimitar, com precisão, esse ramo do
ou Finalístico
Direito. No Brasil, essa corrente foi defendida por Oswaldo Aranha Bandeira
de Mello.

(Tito Prates da Fonseca) o Direito Administrativo deveria ser definido por


Critério Negativo exclusão. Assim, pertenceriam ao Direito Administrativo as atividades que não
ou Residual pertencessem aos demais ramos jurídicos, nem aquelas relacionadas a sua
função legislativa ou jurisdicional.

(Hely Lopes) essa corrente, que nos parece a mais acertada, prestigia o critério
Critério da
funcional, segundo o qual o Direito Administrativo seria o ramo do direito que
Administração
envolve normas jurídicas disciplinadoras da Administração Pública, no exercí-
Pública
cio de sua função administrativa.

Fontes do Direito

a) fontes formais: são aquelas que emanam do Estado, criadas por meio de processos formais
estabelecidos pela ordem jurídica (ex.: lei); e fontes materiais (ou reais): são produzidas fora do ambiente
institucional (ex.: costumes).

b) fontes imediatas ou diretas: são aquelas que possuem força suficiente para gerar normas jurí-
dicas (ex.: lei e costume); e fontes mediatas ou indiretas: não possuem força suficiente para produção
de normas jurídicas, mas condicionam ou influenciam essa produção (ex.: doutrina e jurisprudência).

c) fontes escritas (ex.: lei em sentido amplo) e fontes não escritas ( jurisprudência, costumes e os
princípios gerais de direito).

As fontes do Direito Administrativo são: a lei ( juridicidade), a doutrina, a jurisprudência, os costu-


mes e os precedentes administrativos.

Segundo leciona Celso Antônio Bandeira de Melo, o Direito Administrativo possui duas pedras de
toque, dos quais decorrem todos os demais princípios, são eles:

1) Princípio da supremacia do interesse público;

2) Princípio da indisponibilidade do interesse público.

Regime Jurídico Administrativo

 É o conjunto de normas que norteiam a atuação da Administração Pública:

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- A supremacia do interesse público traz como efeito uma relação de verticalidade, uma relativa
preponderância dos interesses defendidos pela Administração, tidos como públicos ou gerais, daqueles
interesses defendidos por particulares.

- A indisponibilidade do interesse público traz como efeito a impossibilidade de livre transigên-


cia, por parte do Administrador, dos interesses públicos tutelados.

- Interesse público primário (interesse da coletividade) e o interesse público secundário (interesse


do Estado, enquanto sujeito de direitos).

#SELIGANADIFERENÇA:

»» Regime Jurídico da Administração  Designa, em sentido amplo, os regimes jurídicos de direito


público e de direito privado a que pode submeter-se a Administração Pública.

»» Regime Jurídico Administrativo  designa os traços que tipificam o Direito Administrativo, colocan-
do a Administração Pública em uma posição privilegiada, vertical, na relação jurídico-administrativa.

A lista de princípios não está totalmente definida, mas todos guardam com os demais uma relação
lógica de coerência (sistema unidade). Por essa razão, compõe-se como conjunto harmônico de princí-
pios e regras.

Princípios da administração pública

Princípios previstos na Constituição Federal: Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e


eficiência.

• Legalidade: a atuação da Administração Pública deve ser autorizada por lei.

Legalidade - Prismas:

• Vinculação Negativa: segundo a qual a legalidade representaria uma limitação para a atuação do
administrador.

• Vinculação Positiva: segundo o qual a atuação dos agentes públicos depende de autorização legal.

• Impessoalidade: pode ser analisado sob duas perspectivas:

- (a) Isonomia: a Administração deve tratar todos os administrados da mesma forma.

- (b) Proibição de promoção pessoal: o administrador não pode se valer das realizações públicas
para se promover.

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• Moralidade: o administrador deve se pautar de acordo com padrões éticos.

#SELIGANASÚMULA: Súmula vinculante 13-STF: A nomeação de cônjuge, companheiro ou


parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou asses-
soramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratifica-
da na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
Constituição Federal.

• Publicidade: os atos da Administração devem ser públicos, o que permite maior controle pelo povo.

Informativo 782 – STF: “É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Adminis-
tração Pública, dos nomes de seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagens
pecuniárias.” STF. Plenário. ARE 652777/SP. Rel. Min. Teori Zavascki. DJ: 23/04/2015 (Repercussão Geral).

• Eficiência: introduzido pela EC 19/00, esse princípio impõe a busca por melhores resultados, com o
menor custo possível.

#ATENÇÃO: É muito comum a afirmação de que o princípio da eficiência promoveu a substituição


da Administração BUROCRÁTICA pela Administração GERENCIAL (ou de RESULTADOS).

• Razoabilidade/Proporcionalidade: é a mesma ideia que aprendemos em direito constitucional, no


sentido de que a atuação administrativa deve respeitar os subprincípios da (i) adequação; (ii) necessi-
dade e (iii) proporcionalidade em sentido estrito.

• Indisponibilidade do interesse público: à medida que o administrador exerce função pública (múnus
público – atividade em nome do interesse do povo), ele não pode abrir mão desse interesse (direito),
justamente porque tal direito não o pertence.

• Autotutela: a Administração possui o poder-dever de anular seus atos ilegais e revogar os inconve-
nientes.

• Consensualidade: hoje em dia, verificamos o aumento de instrumentos que permitem a participação


direta do cidadão na formação da vontade do Estado (ex.: audiências e consultas públicas). É o forta-
lecimento da democracia DELIBERATIVA.

Princípios previstos na Lei 9.784/1999 – Processo Administrativo Federal, art. 2.º: Legalidade, finali-
dade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança
jurídica, interesse público e eficiência.

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#OBS: Doutrina dos Atos Próprios  Integra o conteúdo dogmático do princípio da moralidade
administrativa; preconiza a obrigação do sujeito titular de direitos ou prerrogativas públicas de respeitar
a aparência criada por sua própria conduta anterior nas relações jurídicas subsequentes, resguardando
a confiança gerada em terceiros, regra fundamental para a estabilidade e segurança no tráfego jurídico.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ÓRGÃOS PÚBLICOS

Quanto à relação a. Teoria do mandato.


entre o Estado e os b. Teoria da representação.
agentes públicos: c. Teoria do órgão (é a que prevalece).

a. Subjetiva: identifica os órgãos com os agentes públicos;


b. Objetiva: órgãos seriam apenas um conjunto de atribuições ou unidades
Quanto à natureza
funcionais da organização administrativa;
dos órgãos:
c. Eclética: os órgãos seriam formados pela soma dos elementos objetivos e
subjetivos, ou seja, pelo plexo de atribuições e pelo agente público.

CLASSIFICAÇÃO DOS ÓRGÃOS


1. Quanto à posição que ocupa na escala governamental ou administrativa:
a. Órgãos independentes;
b. Órgãos autônomos;
c. Órgãos superiores;
d. Órgãos subalternos.

2. Em relação ao enquadramento federativo:


a. Órgãos federais;
b. Órgãos estaduais;
c. Órgãos distritais;
d. Órgãos municipais.

3. Quanto à composição / atuação funcional:


a. Órgãos singulares ou unipessoais;
b. Órgãos coletivos ou pluripessoais.

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4. Em relação às atividades que, preponderantemente, são exercidas:


a. Órgãos ativos;
b. Órgãos consultivos;
c. Órgãos de controle;

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Conjunto de órgãos e entidades que integram a estrutura do Estado e tem como
Aspecto
função satisfazer o interesse público, a vontade política governamental. Nesse
Subjetivo
sentido, deve ser grafada com letras maiúsculas, pois refere-se aos sujeitos.

Aspecto Conjunto de atividades que esses órgãos e entidades desempenham. Ex.: fomentar
Objetivo iniciativa privada, prestar serviço público, exercer poder de polícia.

DESCENTRALIZAÇÃO DESCONCENTRAÇÃO
Distribuição interna de atividade dentro de uma
Transferência da atividade administrativa para
mesma PJ, resultando na criação de centros de
outra pessoa, física ou jurídica, integrante ou
competências, denominados órgãos públicos,
não do aparelho estatal.
dentro de uma mesma estrutura hierárquica.

Nova pessoa jurídica. Mesma pessoa jurídica.

Não há hierarquia, apenas controle e fiscaliza-


Há hierarquia.
ção.

Relação de vinculação. Relação de subordinação.

ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA


Pessoa jurídica de direito público que exerce atividade típica do Estado –
regime jurídico de direito público similar ao da Administração Direta. Os
atos praticados são atos administrativos.
Os contratos são contratos administrativos. Bens autárquicos são bens
AUTARQUIA públicos: Em regra, inalienáveis de forma relativa ou alienáveis de forma
condicionada; Impenhoráveis; Impossibilidade de oneração – direito real de
garantia; Imprescritíveis. #SV 27, STF - Compete à Justiça estadual julgar
causas entre consumidor e concessionária de serviço público de telefonia,
quando a ANATEL não seja litisconsorte passiva necessária, assistente, nem
opoente.

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Nada mais é que uma espécie de autarquia. É chamada de fundação autár-


FUNDAÇÃO PÚBLICA
quica. É uma espécie do gênero autarquia e por isso, a lei não autoriza a sua
DE DIREITO PÚBLICO
criação. A lei cria fundação pública de direito público.

Também chamada de fundação governamental. Segue um regime misto,


FUNDAÇÃO PÚBLICA
híbrido, igual ao da empresa pública e sociedade de economia mista. Nesse
DE DIREITO PRIVADO
caso, a lei autoriza a criação.

EMPRESA PÚBLICA é a entidade dotada de personalidade jurídica de direi-


to privado, com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo
capital social é integralmente detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios.
EMPRESA PÚBLICA #ATENÇÃO: Desde que a maioria do capital votante permaneça em proprie-
dade da União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município, será admiti-
da, no capital da empresa pública, a participação de outras pessoas jurídicas
de direito público interno, bem como de entidades da administração indire-
ta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

É a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com cria-


ção autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com
direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito
Federal, aos Municípios ou a entidade da administração indireta.
SOCIEDADE DE
ECONOMIA - O estatuto da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas
subsidiárias deverá observar regras de governança corporativa, de transpa-
rência e de estruturas, práticas de gestão de riscos e de controle interno,
composição da administração e, havendo acionistas, mecanismos para sua
proteção.

ATOS ADMINISTRATIVOS

ATO ADMINISTRATIVO
É a manifestação unilateral de vontade da Administração Pública ou de seus
delegatários, no exercício da função delegada, que, sob o regime de direito
CONCEITO
público, pretende produzir efeitos jurídicos com o objetivo de implementar
o interesse público.

FORMA, FINALIDADE, COMPETÊNCIA, OBJETO e MOTIVO (os dois últi-


ELEMENTOS
mos são discricionários).

Presunção de legalidade, veracidade e legitimidade.


Imperatividade.
ATRIBUTOS
Tipicidade.
Autoexecutoriedade.

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- Simples: formado pela vontade de um único órgão.


- Composto: há duas vontades, no mesmo órgão, uma que define o conteú-
do e outra que atesta a validade. Ex. atos dependentes de visto, homologa-
PRINCIPAIS ESPÉCIES ção.
- Complexo: há duas vontades igualmente importantes, em órgãos dife-
rentes, que produzem um único ato. Ex. nomeação de dirigente de agência
reguladora, concessão de aposentadoria.

Delegação: é a transferência, total ou parcial, do exercício de determinadas


atribuições para outro agente público. De acordo com a lei 9.784/99, NÃO
SE ADMITE DELEGAÇÃO: (a) edição atos normativos; (b) recursos adminis-
DELEGAÇÃO E trativos e (c) competência exclusiva.
AVOCAÇÃO Admite-se fora da estrutura hierárquica.
Avocação: é o chamamento, pela autoridade superior, das atribuições
inicialmente outorgadas pela lei ao agente subordinado. Tem sempre PRAZO
DETERMINADO. Não se admite fora da estrutura hierárquica.

I. Normal = o ato produziu todos os efeitos desejados;


II. Subjetiva = o beneficiário desaparece;
III. Objetiva = o objeto desaparece;
IV. Vontade do particular;
V. Vontade da Administração:
EXTINÇÃO a) Caducidade: lei superveniente torna o ato ilegal.
b) Cassação: o particular descumpre as condições do ato.
c) Contraposição: incompatibilidade material com ato administrativo poste-
rior.
d) Anulação: o ato era ilegal.
e) Revogação: em juízo de conveniência e oportunidade, a Administração
decide retirar do mundo jurídico um determinado ato DISCRICIONÁRIO.

(a) Convalidação voluntária: a Administração quer salvar o ato que tem vício
de FORMA ou COMPETÊNCIA (são vícios passíveis de convalidação). Parte
da doutrina diz que, na hipótese de OBJETO PLURÍMO, também é possível
a convalidação voluntária.
CONVALIDAÇÃO (b) Convalidação involuntária: ocorre a decadência de anular os atos vicia-
dos. Veja a redação do art. 54 da lei nº 9784/99: Art. 54. O direito da Admi-
nistração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favo-
ráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que
foram praticados, salvo comprovada má-fé.

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Anulação: o ato ilegal, vinculado ou discricionário, deve ser anulado pela


Administração Pública ou pelo Poder Judiciário.
Revogação: atos DISCRICIONÁRIOS podem ser extintos pela ADMINISTRA-
ÇÃO PÚBLICA, em juízo de conveniência e oportunidade.
#ATENÇÃO: não admitem revogação:
- Atos que exauriram seus efeitos.
- Atos vinculados.
- Atos que geraram direito adquirido.
- Atos integrativos de processo ou procedimento administrativo, em razão
ANULAÇÃO E da preclusão administrativa.
REVOGAÇÃO
- Meros atos administrativos, como pareceres, certidões e atestados.
Súmula 473-STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando
eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direi-
tos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respei-
tados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação
judicial.
Conversão: É a transformação de um ato em outro, para aproveitar o que
for válido. ex tunc (retroativo).
Convalidação: É a transformação de um ato em outro, para aproveitar o
que for válido. ex tunc (retroativo).

Lei nº 9.784/1999 - Pontos Importantes


Para os fins da Lei nº 9.784/99, consideram-se:
I - Órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da
Administração indireta;
II - Entidade - a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica;
III - Autoridade - o servidor ou agente público dotado de poder de decisão.

Princípios previstos na Lei nº 9.784/99: 1) legalidade; 2) finalidade; 3) motivação; 4) razoabilidade; 5)


proporcionalidade; 6) moralidade; 7) ampla defesa; 8) contraditório; 9) segurança jurídica; 10) interesse
público;
9) eficiência.

# DA COMPETÊNCIA:
- A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como
própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.

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- Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte
da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente
subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econô-
mica, jurídica ou territorial.
#COLANARETINA: Não podem ser objeto de delegação:
I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos;
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
- O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites da atuação do
delegado, a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva de
exercício da atribuição delegada.
- Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avoca-
ção temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.
- Inexistindo competência legal específica, o processo administrativo deverá ser iniciado perante a
autoridade de menor grau hierárquico para decidir.

# DA MOTIVAÇÃO:
Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídi-
cos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos,
propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.
- A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concor-
dância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste
caso, serão parte integrante do ato.
- Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que repro-
duza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados.
- A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais constará da
respectiva ata ou de termo escrito.

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# DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO:


- A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode
revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
- O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para
os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada
má-fé.
- No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do
primeiro pagamento.
- Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que
importe impugnação à validade do ato.
- Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros,
os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.

#DEOLHONASÚMULA - Súmula 633-STJ: A Lei nº 9.784/99, especialmente no que diz respeito


ao prazo decadencial para revisão de atos administrativos no âmbito da administração pública
federal, pode ser aplicada de forma subsidiária aos Estados e municípios se inexistente norma local
e específica regulando a matéria. Aprovada em 12/06/2019.

#DEOLHONASÚMULA - Súmula 635-STJ: Os prazos prescricionais previstos no artigo 142 da Lei


nº 8.112/90 iniciam-se na data em que a autoridade competente para a abertura do procedimento
administrativo tomar conhecimento do fato, interrompendo-se com o primeiro ato de instauração
válido, sindicância de caráter punitivo ou processo disciplinar, e volta a fluir por inteiro após decor-
ridos 140 dias desde a interrupção. Aprovada em 12/06/2019.

#DEOLHONASÚMULA - Súmula 611-STJ: Desde que devidamente motivada e com amparo em


investigação ou sindicância, é permitida a instauração de processo administrativo disciplinar com
base em denúncia anônima, em face do poder-dever de autotutela imposto à Administração.

#SELIGANAJURIS#AJUDAMARCINHO:

(MS 18.338/DF) O art. 54 da Lei nº 9.784/99 prevê que a Administração Pública federal possui o
prazo de 5 anos para anular um ato administrativo ilegal, salvo comprovada má-fé (quando, então,
não haverá prazo). Trata-se, portanto, de um prazo para o exercício da autotutela.

- A Lei nº 9.784/99, em princípio, deveria regular apenas e unicamente o processo administrativo no


âmbito da Administração Federal direta e indireta. O processo administrativo na esfera dos Estados
e dos Municípios deve ser tratado por meio de legislação a ser editada por cada um desses entes,

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em virtude da autonomia legislativa que gozam para regular a matéria em seus territórios.

- No entanto, o STJ entende que, se o Estado ou o Município não possuir em sua legislação previsão
de prazo decadencial para a anulação dos atos administrativos, deve-se aplicar, por analogia inte-
grativa, o art. 54 da Lei nº 9.784/99.

- Essa conclusão é baseada nos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.

(Info 913) É possível o compartilhamento, para outros órgãos e autoridades públicas, das provas
obtidas no acordo de leniência, desde que sejam respeitados os limites estabelecidos no acordo em
relação aos aderentes.

(MS 19.726/DF) O indiciado se defende dos fatos que lhe são imputados e não de sua classificação
legal. Assim, a posterior alteração da capitulação legal da conduta, não tem o condão de gerar
nulidade o Processo Administrativo Disciplinar. A descrição dos fatos ocorridos, desde que feita de
modo a viabilizar a defesa do acusado, afasta a alegação de ofensa ao princípio da ampla defesa.

(MS 11.493/DF) A Portaria de instauração do Processo Administrativo Disciplinar dispensa a descri-


ção minuciosa da imputação, exigida tão somente após a instrução do feito, na fase de indiciamen-
to, o que é capaz de viabilizar o exercício do contraditório e da ampla defesa.

(MS 11.493/DF) As irregularidades verificadas no processo disciplinar, para justificarem a sua anula-
ção, devem ser graves a ponto de afetar as garantias do devido processo legal, dependendo,
portanto, da efetiva demonstração de prejuízos à defesa do servidor, segundo o princípio da instru-
mentalidade das formas (pas de nullité sans grief).

(Info 598) A instauração de processo disciplinar contra servidor efetivo cedido deve ocorrer, prefe-
rencialmente, no órgão em que tenha sido praticada a suposta irregularidade.

- Por outro lado, o julgamento e a eventual aplicação de sanção só podem ocorrer no órgão ao qual
o servidor efetivo estiver vinculado.

(Info 576) As informações obtidas por monitoramento de e-mail corporativo de servidor públi-
co não configuram prova ilícita quando relacionadas com aspectos “não pessoais” e de interesse
da Administração Pública e da própria coletividade, especialmente quando exista, nas disposições
normativas acerca do seu uso, expressa menção da sua destinação somente para assuntos e maté-
rias afetas ao serviço, bem como advertência sobre monitoramento e acesso ao conteúdo das
comunicações dos usuários para cumprir disposições legais ou instruir procedimento administrativo.

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PODERES ADMINISTRATIVOS

PODERES ADMINISTRATIVOS
Classificação feita de acordo com o
grau de liberdade conferido ao admi-
Excesso X Desvio.
nistrador.
O excesso de poder ocorre em casos
a) Poder vinculado é aquela situa-
nos quais a autoridade pública atua
ção em que o administrador não tem
fora dos limites de sua competência, ou
liberdade, juízo de valor, conveniência
seja, exorbita ou extrapola a compe-
e oportunidade. Preenchidos os requi-
tência que lhe foi atribuída, praticando
sitos a autoridade tem que praticar o
Poder Vinculado atos que não estão previamente esti-
ato.
/ Discricionário pulados por lei.
b) Poder discricionário – no poder
O desvio de poder estará presente
discricionário há a conveniência e
sempre que o agente do Estado prati-
oportunidade do administrador. Essa
car o ato, até mesmo dentro dos limites
discricionariedade tem de estar dentro
da competência a ele conferida, mas
dos limites da lei, sob pena de se tratar
visando a alcançar outra finalidade que
de conduta arbitrária, sendo conside-
não aquela prevista em lei.
rada ilegal. Conveniência: modo de
atuação, oportunidade, momento.

Poder É a prerrogativa reconhecida à Adm. P.


Decreto Regulamentar (não confundir
normativo / para editar atos administrativos gerais
com o Decreto Autônomo)
Regulamentar para fiel execução das leis.

4 fases (CICLO DE POLÍCIA"):


1. ordem (legislar);
2. consentimento (delegável);
a. licença
Compreende a prerrogativa reconheci-
da à Adm. P. para restringir e condicio- b. autorização
Poder de Polícia nar, com fundamento na lei, o exercício 3. fiscalização (delegável);
de direitos, com o objetivo de atender 4. sanção
ao interesse público.
Atributos:
- Discricionariedade;
- Coercibilidade;
- Autoexecutoriedade;

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Avocação: desde que as atribuições


não sejam da competência exclusiva
do órgão subordinado, o chefe poderá
chamar para si, de forma temporária, a
É a prerrogativa que garante ao admi-
competência que deveria inicialmente
nistrador estruturar, escalonar e hierar-
ser exercida pelo agente subalterno.
Poder quizar os seus quadros. Existência de
Hierárquico subordinação dentro Delegação: é a extensão de atribui-
ções de um órgão a outro de mesma
de uma mesma PJ - resultado da
hierarquia ou de hierarquia inferior,
desconcentração.
desde que não sejam exclusivas. Não
configura uma transferência, mas
sim uma extensão ou ampliação de
competência.

Prerrogativa reconhecida à Adm. P.


Poder para investigar e punir, após o contra-
Exercido por meio do PAD
Disciplinar ditório e ampla defesa, os agentes
públicos e particulares.

Súmula 510/STF: Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela
cabe o mandado de segurança ou a medida judicial.

SERVIÇOS PÚBLICOS

Serviço público é o prestado pela Administração Pública para satisfazer necessidades da coletivi-
dade ou do Estado.

Princípios dos serviços públicos


Continuidade  Impõe a prestação ininterrupta do serviço público, tendo em vista o dever do
Estado de satisfazer e promover direitos fundamentais.

Igualdade / uniformidade  Dever de prestar o serviço de maneira igualitária a todos os parti-


culares.

Mutabilidade /atualidade  Os serviços públicos devem se adaptar a evolução social e tecnoló-


gica.

Generalidade / Universalidade  Exige que a prestação do serviço público beneficie o maior


número possível de beneficiários.

Modicidade  O valor cobrado do usuário deve ser proporcional ao custo do respectivo serviço.

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Modos de Prestação de serviços públicos


CONCESSÃO PERMISSÃO AUTORIZAÇÃO
Delegação (transferência Delegação (transferência
apenas apenas da Delegação
da execução) execução)

Apenas PJ ou consórcio de
PF ou PJ PF ou PJ
empresas

Ato unilateral, discricionário,


Formalizada por contrato Formalizada por contrato
precário (sem necessidade de
administrativo administrativo
indenização).

Mediante licitação na
Qualquer modalidade licitatória Não precisa licitar
modalidade CONCORRÊNCIA

Lei nº 8.987/1995 - Pontos Importantes


A União, o Estado, o Distrito Federal ou o Município, em cuja competência
Poder Concedente se encontre o serviço público, precedido ou não da execução de obra
pública, objeto de concessão ou permissão.

A delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante


Concessão de Serviço licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio
Público de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua
conta e risco e por prazo determinado.

A construção, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melho-


ramento de quaisquer obras de interesse público, delegada pelo poder
Concessão de
concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa
Serviço Público prece-
jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para a sua
dida da execução de
realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da conces-
obra pública
sionária seja remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço
ou da obra por prazo determinado

A delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de servi-


Permissão de Serviço
ços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que
Público
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco.

É o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência,


Serviço Adequado segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modici-
dade das tarifas.

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INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO - DESAPROPRIAÇÃO

DESAPROPRIAÇÃO
É a intervenção através da qual Estado se apropria da propriedade alheia,
após o devido processo legal, transferindo-a compulsoriamente e de manei-
CONCEITO
ra originária para o seu patrimônio, com fundamento no interesse público e,
normalmente, mediante indenização.

- Procedimento
- Aquisição originária (livre, portanto, de todos os ônus)
CARACTERÍSTICAS - Todo e qualquer bem ou direito que possua valor econômico pode ser
desapropriado
- Competência LEGISLATIVA é PRIVATIVA da União

A competência DECLARATÓRIA (1ª fase do procedimento) é apenas dos


entes políticos. Para fins de reforma agrária, a competência é EXCLUSIVA DA
UNIÃO.
COMPETÊNCIA
Por outro lado, a competência EXECUTIVA (para ajuizar a ação de desapro-
priação, pagar o preço...) pode ser repassada, por meio de lei ou contrato, à
administração indireta e aos concessionários/permissionários.

(a) Comum/ordinária/regular: justificada por utilidade/necessidade pública


ou por interesse social.
(b) Florística: proteção ambiental.
ESPÉCIES
(c) Sancionatória: divide-se em: (i) Urbana (prevista no estatuto da cidade);
(ii) Rural para fins de reforma agrária (previsão no art. 184/CF, LC 76 e lei nº
8.629/93); (iii) Confiscatória (art. 243, CF).

É fato administrativo pelo qual o Estado se apropria de bem particular, sem


observância dos requisitos da declaração e da indenização prévia. De acordo
DESAPROPRIAÇÃO com o artigo 35 do Decreto 3365/41, uma vez incorporado ao patrimônio
INDIRETA público, não será possível a sua reivindicação pelo particular. Diante disso, o
particular deve ajuizar uma ação de desapropriação indireta, que, a rigor, é
uma ação de indenização.

É aquele pelo qual o expropriado requer que a desapropriação e a respec-


DIREITO DE tiva indenização incidam sobre a totalidade do bem, pois a parte então não
EXTENSÃO abarcada ficou inservível ou esvaziada de interesse patrimonial. São para os
casos de desapropriação parcial.

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É a mudança da destinação do bem expropriado – Poder Público diz que


faria uma coisa no decreto, mas depois faz outra. Será ilícita quando houver
DESVIO DE FINALIDADE (o bem não foi usado para atender o interesse
TREDESTINAÇÃO público), caso em que o particular deve ser reintegrado (retrocessão). Será
lícita quando, embora divergente do planejamento inicial, permanece aten-
dendo o INTERESSE PÚBLICO. Ex.: iria construir escola, mas constrói hospital.
Nesse caso, o particular não poderá reaver o bem.

O direito de o expropriado exigir a devolução do bem desapropriado que


RETROCESSÃO não foi utilizado pelo Poder Público para atender o interesse público. Há
controvérsia sobre qual seria o prazo para o particular ajuizar a ação.

(Info 626) Nas ações de desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária descabe a
restituição, pelo expropriado sucumbente, de honorários periciais aos assistentes técnicos do INCRA
e do MPF.

#Súmula 479 STF: As margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de
expropriação e, por isso mesmo, excluídas de indenização.

LICITAÇÕES

LICITAÇÕES
Licitação é o processo administrativo utilizado pela Administração Pública e pelas
demais
pessoas indicadas pela lei, com o objetivo de garantir a isonomia, selecionar a
CONCEITO melhor proposta e
promover o desenvolvimento nacional sustentável, por meio de critérios objetivos
e impessoais, para
celebração de contratos.

a) garantir a observância do princípio constitucional da isonomia;


OBJETIVOS b) selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração; e
c) promover o desenvolvimento nacional sustentável.

COMPETÊNCIA A União possui competência legislativa PRIVATIVA para editar normas gerais sobre
LEGISLATIVA licitações e contratos.

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- PRINCÍPIO DA COMPETITIVIDADE
- PRINCÍPIO DA ISONOMIA
PRINCÍPIOS - PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO AO INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO
- PRINCÍPIO DO PROCEDIMENTO FORMAL
- PRINCÍPIO DO JULGAMENTO OBJETIVO

(i) obras
(ii) serviços, inclusive de publicidade.
(iii) compras
OBJETO
(iv) alienações
(v) concessões e permissões
(vi) locações da Administração Pública

- Garantir a observância do princípio constitucional da isonomia,


FINALIDADE - Seleção da proposta mais vantajosa para a administração
- Promoção do desenvolvimento nacional sustentável

ATENÇÃO: Faça uma leitura atenta aos artigos 20 ao 26 da Lei nº 8.666/93.

CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

CONTRATOS CONVÊNIOS
Interesses antagônicos Interesses convergentes

Destinação dos recursos não interessa ao Poder


Dever de prestação de contas.
Público.

Precisa de licitação Não precisa de licitação.

CONTRATOS ADMINISTRATIVOS – Lei nº 8.666/93


A Administração Pública deve exteriorizar a sua vontade para desempenhar
CONCEITO suas funções. A manifestação pode ser unilateral (atos administrativos), bilate-
ral (contratos da Administração) ou plurilateral (consórcios e convênios).

- FORMALISMO MODERADO
CARACTERÍSTICAS - BILATERALIDADE
- COMUTATIVIDADE

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- PERSONALÍSSIMO (INTUITU PERSONAE)


- DESEQUILÍBRIO
- INSTABILIDADE
- ONEROSIDADE

1. ALTERAÇÃO UNILATERAL
2. RESCISÃO UNILATERAL
CLÁUSULAS
3. FISCALIZAÇÃO
EXORBITANTES
4. APLICAÇÃO DE SANÇÕES
5. OCUPAÇÃO PROVISÓRIA
EQUILÍBRIO (i) Reajuste: mantém o equilíbrio.
ECONÔMICO-FI-
NANCEIRO (ii) Revisão: RECOMPÕE o equilíbrio que foi rompido.

1. INEXECUÇÃO CULPOSA:
(a) Culpa do contratado: Deve a Administração aplicar sanções, respeitados
o contraditório e a ampla defesa, sendo possível também a rescisão unilateral
do contrato.
(b) Culpa da Administração (“Fato da Administração”): Consiste na inexe-
cução das cláusulas contratuais por parte da Adm. Nesse caso, a Adminis-
tração deve rever as cláusulas do contrato para não prejudicar o contratado
(prorrogação do contrato, revisão dos valores devidos, etc.). O particular pode
tentar o distrato ou proceder à rescisão judicial do contrato.
2. INEXECUÇÃO SEM CULPA: fatos não imputáveis às partes
INEXECUÇÃO
A. TEORIA DA IMPREVISÃO: É aplicada aos eventos imprevisíveis, superve-
nientes e extracontratuais de natureza econômica (álea extraordinária econô-
mica), não imputáveis às partes, que desequilibram desproporcionalmente o
contrato.
B. FATO DO PRÍNCIPE: É fato extracontratual praticado pela Administração
que repercute no contrato administrativo (ex.: aumento de alíquota do tributo
que incide sobre o contrato). É fato GENÉRICO (álea extraordinária adminis-
trativa).
C. CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR: Os artigos 78, XVII, e 79, §2º, impõe
à Administração o dever de indenizar o contratado em virtude da ocorrência
de caso fortuito ou força maior.

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1. Motivos imputáveis ao contratado: a Administração poderá rescindir unila-


teralmente o contrato (incisos I a XI e XIII).
2. Motivos imputáveis à Administração: incisos XII a XVI.
EXTINÇÃO 3. Motivos não imputáveis às partes: inciso XVII (fortuito ou força maior).
#NÃOCONFUNDA: resilição (extinção pela vontade das partes) x resolução
(extinção sem culpa das partes) x rescisão (extinção pelo inadimplemento de
uma das partes. Pode ser unilateral, amigável ou judicial).

(i) Advertência (infrações leves)


(ii) Multa (infrações médias)
(iii) Suspensão temporária de participação o em licitação e impedimento
de contratar com a Administração por até dois anos (infrações graves).
SANÇÕES (iv) Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Adminis-
tração Pública enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição
ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que
aplicou a penalidade, que será concedida sempre que o contratado ressarcir
a Administração pelos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo de 02
anos (infrações gravíssimas).

#DEOLHONASÚMULA: Súmula 635-STJ: Os prazos prescricionais previstos no artigo 142 da Lei


nº 8.112/90 iniciam-se na data em que a autoridade competente para a abertura do procedimento
administrativo tomar conhecimento do fato, interrompendo-se com o primeiro ato de instauração
válido, sindicância de caráter punitivo ou processo disciplinar, e volta a fluir por inteiro após decor-
ridos 140 dias desde a interrupção. Aprovada em 12/06/2019.

#DEOLHONASÚMULA: Súmula 633-STJ: A Lei nº 9.784/99, especialmente no que diz respeito ao


prazo decadencial para revisão de atos administrativos no âmbito da administração pública federal,
pode ser aplicada de forma subsidiária aos Estados e municípios se inexistente norma local e espe-
cífica regulando a matéria. Aprovada em 12/06/2019.

Súmula vinculante 43-STF: É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao


servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento,
em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido. STF. Plenário. Aprovada em
08/04/2015 (Info 780).

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BENS PÚBLICOS
CRITÉRIO DA AFETAÇÃO PÚBLICA
Uso comum do povo De uso especial Dominicais
Bens especialmente afetados Bens públicos desafetados, ou
Bens destinados ao uso da aos serviços administrativos e seja, que NÃO são utilizados
coletividade em geral (rios, aos serviços públicos (aeropor- pela coletividade ou para pres-
praças...) tos, escolas e hospitais públi- tação de serviços administrati-
cos...) vos e públicos.

Podem ser alienados na forma


da lei (bens públicos disponí-
Não podem ser alienados. Não podem ser alienados.
veis/domínio privado do Esta-
do)

 Alienabilidade relativa
 Impenhorabilidade
REGIME JURÍDICO
 Imprescritibilidade
 Não onerabilidade

Afetação é o fato administrativo pelo qual se atribui ao bem públi-


co uma destinação pública especial de interesse direto ou indire-
AFETAÇÃO E DESAFETAÇÃO
to da Administração. A afetação pode decorrer de: (i) lei; (ii) ato
administrativo; (iii) fato administrativo. Desafetação é o inverso.

UTILIZAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS


AUTORIZAÇÃO PERMISSÃO CONCESSÃO
É ato administrativo, discricio- É ato administrativo, discricio-
nário, precário, editado pelo nário, precário, editado pelo
Poder Público para consentir Poder Público É contrato administrativo atra-
que determinada pessoa utilize vés do qual a Administração
para consentir que determina-
privativamente um Pública confere a pessoa deter-
da pessoa utilize privativamen-
minada o uso privativo de
bem público. Há preponderân- te um bem público. Há prepon-
determinado bem público. Por
cia do derância do
ser contrato, PRECISA DE LICI-
interesse particular e, por se interesse PÚBLICO e, por se TAÇÃO.
tratar de ATO, NÃO precisa de tratar de ATO, NÃO precisa de
licitação. licitação.

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INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE


Medidas de caráter geral, previstas em lei, com fundamento no PODER DE POLÍ-
CIA do Estado, gerando para os proprietários obrigações positivas e negativas,
Limitação
com o fim de condicionar o exercício do direito de propriedade ao bem-estar
Administrativa
social. Pode ser exigência de obrigação positiva, negativa ou permissiva. Atinge
bens móveis, imóveis e serviços.

Caracteriza-se pela utilização TRANSITÓRIA, gratuita ou remunerada, de IMÓVEL


de propriedade particular, para fins de interesse público. Ex.: uso de escola para
eleição; uso de imóveis para o Poder Público colocar máquinas e operários. O
Ocupação Pressuposto é a
Temporária
necessidade de realização de OBRAS ou SERVIÇOS públicos normais (ao contrá-
rio da requisição, em que há situação de perigo). Recai sobre o bem imóvel,
embora haja discussão sobre a possibilidade de atingir bens móveis e serviços.

Direito real público que permite a utilização da propriedade alheia pelo Estado
ou por seus delegatários com o objetivo de atender o interesse público; Incidem
Servidão
apenas sobre bens imóveis, os quais devem ser vizinhos, mas não precisam ser
Administrativa
contíguos (prédio dominante e prédio serviente). NÃO há servidão sobre bens
móveis ou direitos.

É a intervenção autoexecutória na qual o Estado utiliza-se de bens imóveis,


Requisição
móveis e de serviços particulares no caso de iminente perigo público; Incidem
Administrativa
sobre bens imóveis, móveis e serviços particulares.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO


CF. Art. 37. § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes,
FUNDAMENTO
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.

(i) TEORIA DA IRRESPONSABILIDADE: Estado não responde civilmente, pois é


representante de DEUS, que não erra.
(ii) TEORIAS CIVILISTAS: são três:
a. Atos de império X atos de gestão: o Estado não responde por atos de impé-
rio, mas responde por atos de gestão, caso em que sua responsabilidade será
HISTÓRICO
SUBJETIVA.
b. Culpa do servidor: o Estado responde SUBJETIVAMENTE, desde que compro-
vada a culpa do agente público.
c. Culpa do serviço (FAUT DU SERVICE ou culpa anônima): não precisa provar a
culpa do agente, mas apenas que (i) o serviço não foi prestado; (ii) foi prestado

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com falha ou (iii) foi prestado com atraso.


(iii) TEORIAS PUBLICISTAS: A responsabilidade do Estado passa a ser objetiva.
São duas:
a. Teoria do risco administrativo: embora a responsabilidade seja objetiva, admi-
te-se a exclusão do nexo causal em alguns casos (é a teoria adotada no Brasil,
em regra). No entanto, o STJ e a doutrina tradicional entendem que, em caso de
omissão, a responsabilidade será SUBJETIVA. O STF, no entanto, em alguns julga-
dos, já disse que a responsabilidade será sempre objetiva, pois a CF (art. 37, §6º)
não distingue ação de omissão.
b. Teoria do risco integral: não admite a exclusão do nexo causal (ex. dano
ambiental)

Aplicam-se normalmente todas as excludentes do nexo de causalidade (caso


EXCLUDENTES fortuito, força maior e culpa exclusiva da vítima). Na hipótese de culpa concor-
rente, deve ser diminuído o valor da indenização.

Hoje, prevalece o entendimento de que a vítima pode escolher se vai processar o


Estado, o servidor ou os dois, solidariamente. No entanto, há precedente do STF
aplicando a teoria da DUPLA GARANTIA, que diz que a vítima só pode ajuizar a
QUEM
ação contra o Poder Público, uma vez que o servidor tem, a seu favor, a garantia
RESPONDE
de só ser processado via ação de regresso proposta pelo Estado. ATENÇÃO: se
a vítima decidir processar o servidor, ela deverá provar a sua culpa/dolo, pois a
responsabilidade do agente público é SUBJETIVA.

STJ pacificou o entendimento de que o prazo é de 05 anos (analogia ao Dec.


PRAZO
20.910/32).

#SELIGANAJURIS#AJUDAMARCINHO:

(Info 932) O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que,
no exercício de suas funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o
responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa. O Estado possui
responsabilidade civil direta, primária e objetiva pelos danos que notários e oficiais de registro, no
exercício de serviço público por delegação, causem a terceiros.

(Info 901) Concessionária de rodovia não responde por roubo e sequestro ocorridos nas dependên-
cias de estabelecimento por ela mantido para a utilização de usuários.

- A segurança que a concessionária deve fornecer aos usuários diz respeito ao bom estado de
conservação e sinalização da rodovia.

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- Não tem, contudo, como a concessionária garantir segurança privada ao longo da estrada, mesmo
que seja em postos de pedágio ou de atendimento ao usuário.

- O roubo com emprego de arma de fogo é considerado um fato de terceiro equiparável a força
maior, que exclui o dever de indenizar. Trata-se de fato inevitável e irresistível e, assim, gera uma
impossibilidade absoluta de não ocorrência do dano.

(Info 854) Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus
presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico, é de sua respon-
sabilidade, nos termos do art. 37, § 6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive
morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das
condições legais de encarceramento.

(AREsp 483398/PR) A demora injustificada da Administração em analisar o pedido de aposentadoria


do servidor público gera o dever de indenizá-lo, considerando que, por causa disso, ele foi obriga-
do a continuar exercendo suas funções por mais tempo do que o necessário. Exemplo de demora
excessiva: mais de 1 ano.

(Info 581) O anistiado político que obteve, na via administrativa, a reparação econômica prevista
na Lei nº 10.559/2002 (Lei de Anistia) não está impedido de pleitear, na esfera judicial, indenização
por danos morais pelo mesmo episódio político. Inexiste vedação para a acumulação da reparação
econômica com indenização por danos morais, porquanto se tratam de verbas indenizatórias com
fundamentos e finalidades diversas: aquela visa à recomposição patrimonial (danos emergentes e
lucros cessantes), ao passo que esta tem por escopo a tutela da integridade moral, expressão dos
direitos da personalidade.

(Info 563) É de 5 anos o prazo prescricional para que a vítima de um acidente de trânsito proponha
ação de indenização contra concessionária de serviço público de transporte coletivo (empresa de
ônibus). O fundamento legal para esse prazo está no art. 1º-C da Lei 9.494/97 e também no art. 27
do CDC.

(Info 523) As ações de indenização por danos morais decorrentes de atos de tortura ocorridos
durante o Regime Militar de exceção são imprescritíveis. Não se aplica o prazo prescricional de 5
anos previsto no art. 1º do Decreto 20.910/1932.

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IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA – Lei nº 8.429/1992


Segundo Rafael Oliveira, consiste no “Ato ilícito, praticado por agente público ou
terceiro, geralmente de forma dolosa, contra as entidades públicas e privadas,
CONCEITO
gestoras de recursos públicos, capaz de acarretar enriquecimento ilícito, lesão ao
erário ou violação aos princípios que regem a Administração Pública”.

O art. 37, §4º, não delimitou de quem seria a competência para legislar sobre a
probidade administrativa, nem tampouco os artigos tradicionais de competência
COMPETÊNCIA trazem a resposta. Em regra, a LIA trata de matéria cível e política, o que atrai a
LEGISLATIVA competência privativa da União. Além disso, a LIA traz normas sobre processo civil,
o que novamente atrai a competência privativa da União. No entanto, as normas
meramente administrativas devem ser consideradas apenas federais.

Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor


ou não, contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de
empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou
custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do
SUJEITO patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei. Parágrafo único.
PASSIVO Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade praticados
contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo,
fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou
custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cinqüenta por cento
do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial
à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.

Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce,
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, desig-
nação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior. Art. 3°
As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não
sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade
ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
SUJEITO
ATIVO OBS: Os agentes políticos, com exceção do Presidente da República, encon-
tram-se sujeitos a duplo regime sancionatório, de modo que se submetem tanto à
responsabilização civil pelos atos de improbidade administrativa quanto à respon-
sabilização político-administrativa por crimes de responsabilidade. O foro espe-
cial por prerrogativa de função previsto na Constituição Federal em relação às
infrações penais comuns não é extensível às ações de improbidade administrativa.
STF. Plenário. Pet 3240 AgR/DF, rel. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Roberto
Barroso, julgado em 10/5/2018 (Info 901).

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ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA – Lei nº 8.429/1992


VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO
DANO AO ERÁRIO (ART. 10) DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLI-
(ART. 9º)
CA (ART. 11)
Art. 9° Constitui ato de improbi-
dade administrativa importan-
Art. 10. Constitui ato de impro- Art. 11. Constitui ato de impro-
do enriquecimento ilícito aufe-
bidade administrativa que causa bidade
rir qualquer tipo de vantagem
lesão ao erário qualquer ação administrativa que atenta
patrimonial indevida em razão
ou omissão, dolosa ou culposa, contra os princípios da admi-
do exercício de cargo, manda-
que enseje perda patrimonial, nistração pública qualquer ação
to, função, emprego ou ativida-
desvio, apropriação, malbara- ou omissão que viole os deve-
de nas entidades mencionadas
tamento ou dilapidação dos res de honestidade, imparciali-
no art. 1° desta lei, e notada-
bens ou haveres das entidades dade, legalidade, e lealdade às
mente.
referidas no art. 1º desta lei, e instituições, e notadamente.
ELEMENTOS ESSENCIAIS: notadamente.
ELEMENTOS ESSENCIAIS:
(i) Percepção de vantagem ELEMENTOS ESSENCIAIS:
patrimonial pelo agente, (i) Conduta funcional, comissiva
(i) Conduta, comissiva ou omis- ou omissiva, dolosa do agente
mesmo que não haja dano ao
siva, dolosa ou CULPOSA. público.
erário.
(ii) Perda patrimonial. (ii) Ofensa aos princípios da
(ii) Essa vantagem deve ser
indevida. (iii) Nexo causal entre o exer- administração pública
cício funcional e a perda patri- (iii) Nexo causal entre o exercí-
(iii) Conduta dolosa do agente.
monial. cio funcional e a violação dos
(iv) Nexo causal entre o exer-
(iv) Ilegalidade da conduta. princípios
cício funcional e a vantagem
indevida.

DECORRENTES DE CONCES-
SÃO OU APLICAÇÃO INDE-
VIDA DE BENEFÍCIO FINAN-
CEIRO OU TRIBUTÁRIO (ART.
10-A)
Art. 10-A. Constitui ato de
improbidade administrativa
qualquer ação ou omissão para
conceder, aplicar ou manter
benefício financeiro ou tributá-
rio contrário ao que dispõem o
caput e o § 1º do art. 8º-A da
Lei Complementar nº 116, de 31
de julho de 2003 (ISSQN).

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Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem
ser propostas:
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão
ou de função de confiança;
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares
puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo
PRESCRIÇÃO efetivo ou emprego.
III - até cinco anos da data da apresentação à administração pública da prestação de
contas final pelas entidades referidas no parágrafo único do art. 1º desta Lei.
REPARAÇÃO AO ERÁRIO = IMPRESCRITÍVEL
CF. Art. 35. § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por
qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as
respectivas ações de ressarcimento.

Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério
Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da
medida cautelar.
§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de que trata o caput.
§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as ações necessárias à
complementação do ressarcimento do patrimônio público.
§ 3º No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Ministério Público, aplica-se,
no que couber, o disposto no § 3º do art. 6º da Lei no 4.717/1965.
§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atuará obrigato-
riamente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade.
§ 5º A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações poste-
PROCEDI- riormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
MENTO
JUDICIAL § 6º A ação será instruída com documentos ou justificação que contenham indícios
suficientes da existência do ato de improbidade ou com razões fundamentadas da
impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação
vigente, inclusive as disposições inscritas nos arts. 16 a 18 do CPC.
§ 7º Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notifica-
ção do requerido, para oferecer manifestação por escrito, que poderá ser instruída
com documentos e justificações, dentro do prazo de quinze dias.
§ 8º Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, em decisão
fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da inexistência do ato de improbida-
de, da improcedência da ação ou da inadequação da via eleita.
§ 9º Recebida a petição inicial, será o réu citado para apresentar contestação.
§ 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo de instrumento

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§ 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a inadequação da ação de impro-


bidade, o juiz extinguirá o processo sem julgamento do mérito.
§ 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas nos processos regidos por
esta Lei o disposto no art. 221, caput e § 1º, do CPP.
§ 13. Para os efeitos deste artigo, também se considera pessoa jurídica interessada o
ente tributante que figurar no polo ativo da obrigação tributária de que tratam o §
4º do art. 3º e o art. 8º-A da LC nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído pela LC nº
157, de 2016)

Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar


enriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável pelo inquérito
representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recairá
sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo
patrimonial resultante do enriquecimento ilícito.
Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao
Ministério Público ou à procuradoria do órgão para que requeira ao juízo compe-
tente a decretação do sequestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enri-
quecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público.
§ 1º O pedido de sequestro será processado de acordo com o disposto nos arts. 822
MEDIDAS e 825 do Código de Processo Civil.
CAUTELARES § 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de
bens, contas bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no exterior,
nos termos da lei e dos tratados internacionais.
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério
Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da
medida cautelar.
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se
efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá deter-
minar o afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou
função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instru-
ção processual.

SANÇÕES – Lei nº 8.429/1992


ENRIQUECIMENTO ILÍCITO DANO AO ERÁRIO VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS
(ART. 9º) (ART. 10) DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLI-
(a) Perda de bens e valores (a) Ressarcimento integral do CA

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acrescidos ilicitamente ao patri- dano (ART. 11)


mônio. (b) Perda dos bens e valo- (a) Ressarcimento integral do
(b) Ressarcimento integral do res acrescidos ilicitamente ao dano, se houver.
dano, quando houver. patrimônio, se concorrer essa (b) Perda da função pública.
(c) Perda da função pública. circunstância.
(c) Suspensão dos direitos polí-
(d) Suspensão dos direitos polí- (c) Perda da função pública. ticos de 3 a 5 anos.
ticos de 8 a 10 anos. (d) Suspensão dos direitos polí- (d) Pagamento de multa civil de
(e) Pagamento de multa civil de ticos até 100 X a remuneração rece-
até 3X o valor acrescido ilicita- de 5 a 8 anos. bida pelo agente.
mente (e) Pagamento de multa civil de (e) Proibição de contratar com
(f ) Proibição de contratar com até o Poder Público ou receber
o Poder Público ou receber 2X o valor do dano. benefícios fiscais ou creditícios,
benefícios fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda
direta ou indiretamente, ainda (f ) Proibição de contratar com que por intermédio de PJ da
que por intermédio de PJ da o Poder Público ou receber qual seja sócio majoritário, pelo
qual seja sócio majoritário, pelo benefícios prazo de 03 ANOS.
prazo de 10 ANOS. fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por
intermédio de PJ da qual seja
sócio majoritário, pelo prazo de
05 ANOS.

DECORRENTES DE CONCES- (a) Perda da função pública.


SÃO OU APLICAÇÃO INDE-
(b) Suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos.
VIDA DE BENEFÍCIO FINAN-
CEIRO OU TRIBUTÁRIO (ART. (c) Pagamento de multa civil de até 3X o valor do benefício finan-
10-A) ceiro ou tributário concedido.

#SELIGANASÚMULA: Súmula 634-STJ: Ao particular aplica-se o mesmo regime prescricional


previsto na lei de improbidade administrativa para os agentes públicos. Importante. Aprovada em
12/06/2019.

#SELIGANAJURIS#AJUDAMARCINHO:

(Info 914) A nomeação do cônjuge de prefeito para o cargo de Secretário Municipal, por se tratar
de cargo público de natureza política, por si só, não caracteriza ato de improbidade administrativa.
STF. 2ª Turma. Rcl 22339 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 4/9/2018. Exceção: poderá ficar caracterizado o nepotismo mesmo em se tratando de cargo
político caso fique demonstrada a inequívoca falta de razoabilidade na nomeação por manifesta

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ausência de qualificação técnica ou inidoneidade moral do nomeado. STF. 1ª Turma. Rcl 28024 AgR,
Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 29/05/2018.

(Info 910) São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso
tipificado na Lei de Improbidade Administrativa.

(Info 901) Os agentes políticos, com exceção do Presidente da República, encontram-se sujeitos a
duplo regime sancionatório, de modo que se submetem tanto à responsabilização civil pelos atos
de improbidade administrativa quanto à responsabilização político-administrativa por crimes de
responsabilidade. O foro especial por prerrogativa de função previsto na Constituição Federal em
relação às infrações penais comuns não é extensível às ações de improbidade administrativa.

(Info 609) O Ministério Público pode instaurar inquérito civil para apurar ato de improbidade prati-
cado por magistrado e solicitar seu depoimento pessoal.

(Info 607) A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência de ação de improbidade
administrativa está sujeita ao reexame necessário, com base na aplicação subsidiária do CPC e por
aplicação analógica da primeira parte do art. 19 da Lei nº 4.717/65.

(Info 584) Não configura bis in idem a coexistência de título executivo extrajudicial (acórdão do TCU)
e sentença condenatória em ação civil pública de improbidade administrativa que determinam o
ressarcimento ao erário e se referem ao mesmo fato, desde que seja observada a dedução do valor
da obrigação que primeiramente foi executada no momento da execução do título remanescente.

(Info 576) A condenação pela Justiça Eleitoral ao pagamento de multa por infringência às dispo-
sições contidas na Lei n. 9.504/1997 (Lei das Eleições) não impede a imposição de nenhuma das
sanções previstas na Lei nº 8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa), inclusive da multa civil,
pelo ato de improbidade decorrente da mesma conduta.

(Info 581) No caso de condenação pela prática de ato de improbidade administrativa que atenta
contra os princípios da administração pública, as penalidades de suspensão dos direitos políticos e
de proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou credi-
tícios não podem ser fixadas abaixo de 3 anos, considerando que este é o mínimo previsto no art.
12, III, da Lei nº 8.429/92. Não existe autorização na lei para estipular sanções abaixo desse patamar.

(Info 580) Ainda que não haja dano ao erário, é possível a condenação por ato de improbidade
administrativa que importe enriquecimento ilícito (art. 9º da Lei nº 8.429/92), excluindo-se, contudo,

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a possibilidade de aplicação da pena de ressarcimento ao erário.

(STJ - AgInt no REsp 1542025/MG) Em regra, para a configuração dos atos de improbidade adminis-
trativa previstos no art. 10 da Lei nº 8.429/92 exige-se a presença do efetivo dano ao erário. Exceção:
no caso da conduta descrita no inciso VIII do art. 10, VIII não se exige a presença do efetivo dano
ao erário. Isso porque, neste caso, o dano é presumido (dano in re ipsa). Art. 10 (...) VIII - frustrar a
licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração de parcerias com entidades
sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL3

PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL

PRINCIPAIS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL

• PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA

 Consiste no direito de não ser declarado culpado, senão após o trânsito em julgado de senten-
ça penal condenatória (ou, na visão do STF – HC 126.292, ADCs 43 e 44; RE 964.246/SP com Repercussão
Geral – Após a prolação de Acórdão Condenatório por Tribunal de Segunda Instância, ao término do
devido processo legal, em que o acusado tenha se utilizado de todos os meios de prova pertinentes para
sua defesa (ampla defesa) e para a destruição da credibilidade das provas apresentadas pela acusação -
contraditório).

 Desse princípio derivam duas regras fundamentais:

- Regra probatória: a parte acusadora tem o ônus de demonstrar a culpabilidade do acusado além
de qualquer dúvida razoável;

- Regra de tratamento: vedação de prisões processuais automáticas ou obrigatórias e a impossi-


bilidade de execução provisória ou antecipada da sanção penal.

• PRINCÍPIO DO “NEMO TENETUR SE DETEGERE”

 Ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo.

 Desdobramentos do Princípio do nemo tenetur se detegere:

a) Direito ao silêncio e direito de ser informado sobre tal direito: O silêncio não importa em
confissão ficta e não pode ser interpretado desfavoravelmente ao acusado.

b) Direito à Mentira: (Inexigibilidade de Dizer a Verdade): No Brasil não há o crime de perjúrio,


portanto não é exigível do acusado que ele diga a verdade. Ex.: Falso Álibi. No entanto, eventual mentira
agressiva, ou seja, uma mentira incriminando terceiro inocente é fato típico (a depender do contexto pode
configurar o crime de calúnia ou o crime de denunciação caluniosa – Arts. 138 e 339 do CP).

c) Direito de não praticar nenhum comportamento ativo que possa incriminar:

3 Por Carlos Eduardo Menezes (@prof.cadumenezes).

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- Reconstituição: O acusado não é obrigado a participar.

- Exame Grafotécnico: O acusado não é obrigado a fornecer o material.

- Reconhecimento: Não demanda comportamento Ativo (apenas Passivo) por parte do acusado,
portanto o acusado é obrigado a participar, podendo ser determinada a condução coercitiva.

d) Direito de não produzir prova incriminadora invasiva:

- Prova Invasiva são as intervenções corporais que pressupõem penetração no organismo humano,
implicando na utilização ou extração de alguma parte dele. Ex.: Exame de Sangue.

- Prova Não Invasiva consiste numa inspeção ou verificação corporal, sem que haja penetração no
organismo humano. Ex.: Revista Corporal; Etilômetro Passivo.

#ATENÇÃO: A Testemunha pode invocar o Princípio do “nemo tenetur se detegere”? Em regra, a


Testemunha tem a obrigação de dizer a verdade sob pena de falso testemunho (Art. 342 do CP). No
entanto, se das respostas puder resultar Autoincriminação, também terá a Testemunha o direito de não
produzir prova contra si mesma, devendo a autoridade encerrar o seu depoimento como testemunha e
abrir novo depoimento, agora como investigado, onde poderá nada responder. STF, HC 73.035.

• PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO

 É a ciência bilateral dos atos ou termos do processo e a possibilidade de contrariá-los.

- Direito à informação: A parte adversa deve estar ciente da existência da demanda ou dos argu-
mentos da parte contrária.

- Direito de participação: Possibilidade de a parte oferecer reação, manifestação ou contrariedade


à pretensão da parte contrária.

- Direito e obrigatoriedade de assistência técnica de um Defensor (art. 261, CPP): “Nenhum


acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado e julgado sem defensor”.

#SELIGANADIFERENÇA

a) CONTRADITÓRIO REAL ou CONTRADITÓRIO SOBRE A PROVA: Ocorre quando a parte


acompanha a produção da prova.

b) CONTRADITÓRIO DIFERIDO ou CONTRADITÓRIO PARA A PROVA: Aqui o contraditório


acontece após a produção da prova (ex. provas urgentes).

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• PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA

- (Renato Brasileiro) O princípio da ampla defesa é dividido em:

(i) defesa técnica e

(ii) autodefesa.

- Embora a ampla defesa se relacione com o contraditório, o professor Gustavo BADARÓ explica a
diferença entre eles:

- O contraditório se aplica às duas partes (defesa e acusação).

- Ampla defesa só se aplica à defesa.

- Logo, é possível violar o contraditório sem violar a ampla defesa.

 Defesa Técnica: é a defesa exercida por Advogado. É obrigatória, sob pena de nulidade abso-
luta.

- Súmula 523 – STF: “No processo penal, a falta da defesa constitui NULIDADE ABSOLUTA, mas a
sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.” #SEMPRECAI

- Súmula 708 – STF: “É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renún-
cia do único defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro.”.

- Súmula 707 – STF: “Constitui Nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrar-
razões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo.”.

- Súmula 533 – STJ: “Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução
penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento
prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor público
nomeado.”.

 Autodefesa: é a defesa exercida pelo próprio acusado. É renunciável, pois o acusado pode
optar pelo seu não exercício. Se desdobra em:

- Direito de audiência: direito de apresentar ao juiz da causa a sua defesa, pessoalmente, que se
materializa através do interrogatório. Daí o entendimento majoritário hoje sobre a natureza jurídica do
interrogatório, que é meio de defesa. Mas, por força do direito ao silêncio, não é obrigado a responder
qualquer indagação (Art. 5º, LXIII, CF).

- Direito de presença: assegura-se a oportunidade de ao lado de seu defensor, acompanhar os


atos de instrução, auxiliando-o na realização da defesa. Daí a importância da obrigatória intimação do

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defensor e do acusado para todos os atos processuais. Direito fundamental de presenciar e participar da
instrução processual. Mas não é absoluto.

- Direito a postular pessoalmente: em alguns momentos específicos do processo penal, defere-se


ao acusado capacidade postulatória autônoma, independentemente da presença de seu advogado.

• PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL

- Ninguém será processado e julgado senão pela autoridade competente de acordo com normas
preestabelecidas.

- Veda-se o Tribunal de Exceção.

- Imparcialidade do Magistrado;

- Vedação ao Tribunal de Exceção ou juízo post factum.

APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL

• LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO

O CPP adota o PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE OU DA LEXFORI (art. 1º, CPP). Assim, como
regra, todo e qualquer processo penal que surgir no território nacional deve ser solucionado de acordo
com as regras do CPP.

#SELIGANASEXCEÇÕES:

a) Tratados, convenções e regras de direito internacional (art. 1º, I, CPP): Chefes de governo
estrangeiro ou de Estado estrangeiro (e suas famílias), embaixadores (e suas famílias), funcionários estran-
geiros do corpo diplomático (e suas famílias), funcionários de organizações internacionais em serviço
(ONU, OEA, etc.) gozam de imunidade diplomática, ou seja, gozam da prerrogativa de responderem em
seu país de origem pelo delito praticado no Brasil;

b) Prerrogativas constitucionais do Presidente da República e de outras autoridades (art. 1º,


II, CPP): Trata-se de atividade jurisdicional exercida por órgãos políticos cuja finalidade é analisar o afas-
tamento do agente político por crime de responsabilidade (ex. art. 52, I e II, CF);

c) Processo de competência da Justiça Militar (art. 1º, III, CPP): isso porque na Justiça Castrense
se aplica o Código Penal Militar e o Código de Processo Penal Militar, conforme previsão do art. 124, CF;

d) Processos de competência do tribunal especial (art. 1º, IV, CPP): Esse inciso faz menção ao
antigo Tribunal de Segurança Nacional (vigente à CF de 1937). Hoje, os crimes contra a segurança nacio-

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nal estão definidos na Lei n 7.170/83 e compete ao STF processar e julgar os crimes políticos, com recurso
ordinário para o Supremo (art. 102, II, “b”, CF);

e) Crimes de imprensa (art. 1º, V, CPP): #LEMBRAR que o STF não recepcionou a Lei de Imprensa.
Eventuais ilícitos ou crimes cometidos nessa seara deverão analisados sob a égide do CC, CP, CPP e CPC.

• LEI PROCESSUAL NO TEMPO

- “TEMPUS REGIT ACTUM” ou PRINCÍPIO DA IMEDIATIDADE: enquanto no direito penal se


aplica o princípio da irretroatividade, no sentido de que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o
réu, no direito processual penal se aplica o princípio da aplicação imediata (tempus regit actum), no senti-
do de as leis processuais penais serão aplicadas desde logo, sem prejuízo da validade dos atos praticados
na lei anterior (art. 2º, CPP).

#SELIGANADIFERENÇA:

- Normas Genuinamente Processuais: São aplicadas imediatamente sem prejuízo dos atos prati-
cados na vigência de lei anterior. Ex. normas de citação e intimação.

- Normas Processuais Mistas: São aquelas que contêm uma parte de normas penais e outra de
normas processuais penais. Aplica-se a regra das normas penais, ou seja, se for mais benéfico, retroage;
se for mais prejudicial, não retroage. Ex: art. 366 do CPP. Dispõe sobre a suspensão do processo – matéria
processual, mas também determina a suspensão da prescrição – direito material.

- Normas Processuais Heterotópicas: São normas processuais inseridas em diploma penal e vice-
-versa. Há de se olhar a real natureza da norma: se penal, não retroage, salvo para beneficiar o réu; se
processual penal, tem aplicação imediata, respeitando-se os atos praticados na vigência da lei anterior. Ex.
o direito ao silêncio está previsto no CPP (embora seja lei de cunho material).

• INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL.

A lei processual penal admitirá INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA e APLICAÇÃO ANALÓGICA, bem como
o SUPLEMENTO DOS PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO (art. 3º, CPP).

SISTEMAS PROCESSUAIS

SISTEMA INQUISITORIAL SISTEMA ACUSATÓRIO


Não há separação das funções de acusar, Separação das funções de acusar, defender e
defender e julgar, que estão concentradas em julgar. Caracteriza-se pela presença das partes
uma única pessoa, que assume as vestes de um (actum trium personarum), contrapondo-se
juiz inquisidor; acusação e defesa em igualdade de condições,

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sobrepondo-se a ambas um juiz, de maneira


equidistante e imparcial.

Como se admite o princípio da verdade real, o


O princípio da verdade real é substituído pelo
acusado não é sujeito de direitos, sendo tratado
princípio da busca da verdade, devendo a prova
como mero objeto do processo, daí por que se
ser produzida com fiel observância ao contradi-
admite inclusive a tortura como meio de se obter
tório e à ampla defesa;
a verdade absoluta;

Gestão de prova: recai precipuamente sobre


as partes. Na fase investigatória, o juiz só deve
Gestão da prova: o juiz inquisidor é dotado de intervir quando provocado, e desde que haja
ampla iniciativa acusatória e probatória, tendo necessidade de investigação judicial.
liberdade para determinar de ofício a colheita
de elementos informativos e de provas, seja no Durante a instrução processual, prevalece o
curso das investigações, seja no curso da instru- entendimento de que o juiz tem certa iniciativa
ção processual. probatória, podendo determinar a produção de
provas de ofício, desde que o faça de maneira
subsidiária;

A concentração de poderes nas mãos do juiz e a A separação das funções e a iniciativa probatória
residual restrita à fase judicial preservam a equi-
iniciativa acusatória dela decorrente são incom-
distância que o magistrado deve tomar quanto
patíveis com a garantia da imparcialidade (CADH,
ao interesse das partes, sendo compatíveis com a
art. 8º, §1º) e com o princípio do devido processo garantia da imparcialidade e com o princípio do
legal. devido processo legal.

 SISTEMA MISTO OU FRANCÊS

Esse modelo mistura os outros dois. Portanto, há uma fase inquisitorial e uma fase acusatória. Rena-
to Brasileiro fala que, quando entrou em vigor o CPP, muitos defendiam que havia sido adotado o sistema
misto. Hoje em dia, porém, diante do novo texto constitucional, que expressamente separa cada uma das
funções e assegura ao acusado o exercício pleno de todos os seus direitos de defesa, não há dúvidas de
que adotamos o sistema acusatório.

Embora, hoje em dia, o IP seja inquisitorial, é certo, por exemplo, que o juiz não tem iniciativa
probatória no curso do inquérito.

INQUÉRITO POLICIAL

• CONCEITO

Procedimento administrativo inquisitório que visa colher elementos de formação, no tocante a

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materialidade e indícios de autoria, devendo lhes entregar ao titular da ação penal (MP ou ofendido) a
fim de formar a opinio delicti.

#ATENÇÃO: Em que pese a natureza jurídica de Procedimento Administrativo INQUISITIVO, foi


publicada a Lei nº 13.245/2016 (modificando o Estatuto da OAB), que, para alguns, abre certo espaço
para o CONTRADITÓRIO no IP. Renato Brasileiro alerta que a Lei nº 13.245/2016 não afastou a natureza
Inquisitorial do IP.

- SÚMULA VINCULANTE Nº 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso


amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por
órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

• NATUREZA JURÍDICA

Procedimento de natureza administrativa.

• VALOR PROBATÓRIO

É relativo, uma vez que consiste na juntada de elementos de informação quanto à materialida-
de e os indícios de autoria para formar a opinio delicti do titular da ação penal, não realizado sob o
crivo do contraditório e da ampla defesa.

Os elementos de informação não podem, isoladamente, ser usados para fundamentar uma conde-
nação, de acordo com a inteligência do Art. 155 do CPP – “O juiz formará sua convicção pela livre aprecia-
ção da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente
nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas.”.

# Exceções – Elementos Migratórios:

- PROVAS IRREPETÍVEIS: São aquelas provas de iminente perecimento que não tem como ser
refeitas na fase processual (a evidência do fato desaparece depois). Exemplo: constatação de embriaguez
ao volante.

- PROVAS CAUTELARES: A cautelaridade é justificada pela necessidade e urgência e, normal-


mente, contam com a intervenção judicial. Exemplo: interceptação telefônica. Detalhe: as provas caute-
lares e irrepetíveis são colhidas de maneira inquisitiva e, quando levadas ao processo, se submetem ao
contraditório e a ampla defesa de forma diferida ou postergada.

- INCIDENTE DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA: Instaurado perante o magistrado e


respeitado o contraditório e ampla defesa e o fruto do incidente poderá ser usado validamente na fase
processual. Conta com a intervenção das futuras partes do processo. Art. 225, CPP - Se qualquer teste-

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munha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da
instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-
-lhe antecipadamente o depoimento.

• CARACTERÍSTICAS

(a) SIGILOSO.

(b) DISPENSÁVEL.

(c) ESCRITO.

(d) INQUISITORIAL: Em regra, não há contraditório ou ampla defesa.

(e) OFICIAL: Elaborado pela Autoridade Competente.

(f) OFICIOSO: O delegado deverá abrir IP de ofício nos casos de crimes submetidos à ação penal
pública incondicionada

(g) INDISPONÍVEL: O delegado, uma vez instaurado o IP, não poderá arquivá-lo.

OBS: Caráter Sigiloso  Atenção ao disposto no artigo 23 da Lei 12.850/2013 (Organi-


zações Criminosas): Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela Autoridade Judicial
competente, para garantia da celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao
defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao
exercício do direito de defesa, devidamente Precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes
às diligências em andamento. Parágrafo Único. Determinado o depoimento do investigado, seu defensor
terá assegurada a prévia vista dos autos, ainda que classificados como sigilosos, no prazo mínimo de 3
dias que antecedem ao ato, podendo ser ampliado, a critério da autoridade responsável pela investiga-
ção.

• INDICIAMENTO

Ato formal realizado pelo Delegado de Polícia no sentido de imputar ao investigado a materialidade
de um fato delituoso, desde que haja prova de materialidade e indícios de autoria.

Ato privativo do Delegado de Polícia. #VOCÊDELTA! O STF já decidiu que o ato de indiciar é priva-
tivo de delegado de polícia71 (art. 2º, § 6º, Lei 12.830/13), em que pese a atividade investigativa não ser
privativa da autoridade policial (ex. MP pode investigar).

OBS: Indiciamento envolvendo autoridades com foro por prerrogativa de função. Em regra, a auto-
ridade com foro por prerrogativa de função pode ser indiciada. Existem duas exceções previstas em lei
de autoridades que não podem ser indiciadas: a) Magistrados (art. 33, parágrafo único, da LC 35/79); b)

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Membros do Ministério Público (art. 18, parágrafo único, da LC 75/93 e art. 41, parágrafo único, da Lei nº
8.625/93). Excetuadas as hipóteses legais, é plenamente possível o indiciamento de autoridades com foro
por prerrogativa de função. No entanto, para isso, é indispensável que a autoridade policial obtenha uma
autorização do Tribunal competente para julgar esta autoridade (Info 825).

• NOTITIA CRIMINIS: Trata-se do conhecimento de um crime pelo delegado de polícia.

- NOTITIA CRIMINIS ESPONTÂNEA  Mediante atividades rotineiras do policial (ex. Abordagem).

- NOTITIA CRIMINIS PROVOCADA  Mediante representação do ofendido, por exemplo.

- NOTITIA CRIMINIS DE COGNIÇÃO COERCITIVA Agente preso em flagrante.

- NOTICIA CRIMINIS INQUALIFICADA  É a denúncia anônima.

• Polícia: art. 144 da CF e Lei nº 12.830/13 (entrou em vigor em 20/06/2013).

a) polícia administrativa ou ostensiva, que tem o papel preventivo. Figuram como polícia adminis-
trativa: polícia rodoviária, ferroviária, marítima, militar.

b) polícia judiciária ou civil seja ela na esfera estadual ou federal. Polícia civil é o gênero, cujas espé-
cies são as polícias federais e estaduais. O papel da polícia judiciária é repressivo.

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes
órgãos:

I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V -
polícias militares e corpos de bombeiros militares.

Obs: Estrutura. Com o advento da CF 88, a polícia judiciária passou a ser gerida por Delegados de
carreira, leia-se concursados e, necessariamente, bacharéis em direito, sendo que o tratamento protoco-
lar é o mesmo dispensado aos juízes, promotores, defensores e advogados - art. 3º da Lei 12.830/13:
O cargo de delegado de polícia é privativo de bacharel em Direito, devendo-lhe ser dispensado o
mesmo tratamento protocolar que recebem os magistrados, os membros da Defensoria Pública e
do Ministério Público e os advogados.

Obs: Papel funcional. Qual o papel funcional da polícia judiciária? Cabe à polícia civil auxiliar o poder
Judiciário e confeccionar o inquérito policial ou outros procedimentos investigativos (art. 2º, §1º, da lei
12.830/13). § 1º Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, cabe a condução da
investigação criminal por meio de inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei, que

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tem como objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações
penais.

ATENÇÃO! O direito do advogado está substanciado no art. 7º do Estatuto da OAB, Lei n°


8.906/94.

A redação original do artigo art. 7º sofreu importante alteração com as Leis nº 13.245/2016 e Lei nº
13.793/2019.

O art. 7º do Estatuto da OAB (Lei nº 8.906/94) traz um rol de direitos que são conferidos aos advo-
gados. #COLANARETINA

XIII - examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da Administração Pública
em geral, autos de processos findos ou em andamento, mesmo sem procuração, quando não esti-
verem sujeitos a sigilo ou segredo de justiça, assegurada a obtenção de cópias, com possibilidade de
tomar apontamentos; (Redação dada pela Lei nº 13.793, de 2019)

(...)

XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procu-
ração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda
que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital;
(Redação dada pela Lei nº 13.245, de 2016)

(...)

XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade abso-
luta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investi-
gatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no
curso da respectiva apuração: (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)

a) apresentar razões e quesitos; (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)

b) (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016).

#APROFUNDANDO #AJUDAMARCINHO

Não é necessária a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada de


depoimentos orais na fase de inquérito policial. Não haverá nulidade dos atos processuais caso

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essa intimação não ocorra. O inquérito policial é um procedimento informativo, de natureza inquisi-
torial, destinado precipuamente à formação da opinio delicti do órgão acusatório. Logo, no inqué-
rito há uma regular mitigação das garantias do contraditório e da ampla defesa. Esse entendimento
justifica-se porque os elementos de informação colhidos no inquérito não se prestam, por si sós, a
fundamentar uma condenação criminal. A Lei nº 13.245/2016 implicou um reforço das prerrogativas
da defesa técnica, sem, contudo, conferir ao advogado o direito subjetivo de intimação prévia e
tempestiva do calendário de inquirições a ser definido pela autoridade policial. STF. 2ª Turma. Pet
7612/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 12/03/2019 (Info 933).

ATENÇÃO! O artigo 2º, §2º, da Lei nº 12.830/2013, de forma não exaustiva, também nos apresenta
um rol de diligências que poderão ser adotadas. Art. 2º, § 2º: Durante a investigação criminal, cabe ao
delegado de polícia a requisição de perícia, informações, documentos e dados que interessem à apuração
dos fatos.

Obs.1: Os requerimentos apresentados pela vítima ou pelo suspeito poderão ser indeferidos se o
delegado reputá-los impertinentes (art. 14 CPP: O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado
poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade), ressalve-
-se, contudo, o exame de corpo de delito quando o crime apresentar vestígios (art. 158 CPP: Quando
a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não
podendo supri-lo a confissão do acusado.). Em que pese à omissão da lei, por analogia para combater
o indeferimento caberá recurso administrativo endereçado ao chefe de polícia. Nada impede que o MP
seja acionado para requisitar a diligência. (art. 184 CPP: Salvo o caso de exame de corpo de delito, o
juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária
ao esclarecimento da verdade).

#PRAZOPARACONCLUSÃODOIP SELIGANATABELA

RÉU PRESO RÉU SOLTO


JUSTIÇA ESTADUAL 10 dias 30 dias

JUSTIÇA FEDERAL 15 + 15 dias 30 dias

JUSTIÇA ELEITORAL 10 dias 30 dias

LEI DE DROGAS 30 + 30 dias 90 + 90 dias

ECONOMIA POPULAR 10 dias 10 dias

INQUÉRITO MILITAR 20 dias 40 + 20 dias

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ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO X ARQUIVAMENTO INDIRETO

ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO ARQUIVAMENTO INDIRETO


Ocorre quando o MP recebe indiciamento pela
Ocorre quando o MP não denuncia por enten-
prática de certa quantidade de crimes e decide
der que se trata de competência da JF (ex. crime
denunciar apenas por algum deles, sem falar
de moeda falsa) e o juiz não concorda porque
nada sobre os demais, ocorrendo, assim, o arqui-
entende que a moeda é grosseiramente falsa, do
vamento implícito dos crimes ou das pessoas não
que caracteriza estelionato, de competência da
denunciadas. Veda-se porque todo arquivamen-
JE.
to deverá ser fundamentado.

Arquivamento do Inquérito Policial: #APOSTACICLOS

MOTIVO DO ARQUIVAMENTO É POSSÍVEL DESARQUIVAR?


SIM
1) Insuficiência de provas
(Súmula 524-STF)

2) Ausência de pressuposto processual ou de


SIM
condição da ação penal

3) Falta de justa causa para a ação penal (não há


SIM
indícios de autoria ou prova da materialidade)

4) Atipicidade (fato narrado não é crime) NÃO

5) Existência manifesta de causa excludente de STJ: NÃO (REsp 791471/RJ)


ilicitude STF: SIM (HC 125101/SP)

6) Existência manifesta de causa excludente de NÃO


culpabilidade* (Posição da doutrina)

NÃO
7) Existência manifesta de causa extintiva da (STJ HC 307.562/RS)
punibilidade (STF Pet 3943)
Exceção: certidão de óbito Falsa

#SELIGANASSÚMULAS:

SÚMULA 524, STF: Arquivado o Inquérito Policial, por despacho do Juiz, a requerimento do Promo-
tor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.

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Súmula 234, STJ: A Participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não
acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.

# FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO I.P.

 Portaria: é a peça escrita que demarca o início da investigação policial. A Portaria contém o
fato a ser investigado, os eventuais envolvidos, possíveis testemunhas, diligências imediatamente cumpri-
das e o desfecho onde o delegado determina que o escrivão a reduza a termo, instaurando-se assim
o inquérito. Obs: A portaria pode ser substituída por outras peças. Eventualmente o auto de prisão em
flagrante ou até mesmo a requisição emanada do juiz ou do MP funcionam como portaria, dispensando
que o Delegado baixe uma nova.

O modo de instauração do inquérito policial dependerá da espécie de ação penal aplicável


ao caso.

1) Nos crimes de ação penal pública incondicionada o inquérito policial pode ser instaurado:

a) de ofício: por força do princípio da obrigatoriedade, devendo a autoridade policial instaurar


deve instaurar o inquérito policial de ofício, ou seja, independentemente da provocação de qualquer
pessoa (CPP, art. 5º, I).

b) por requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público: (art. 5º, inciso II, do CPP).

Apesar de o CPP fazer menção à possibilidade de a autoridade judiciária requisitar a instauração de


inquérito policial, a doutrina controverte sobre o tema, tendo em vista ter a Constituição Federal adotado
o sistema acusatório. O tema está na ordem do dia! Recentemente o Supremo Tribunal Federal foi alvo de
críticas após a instauração de inquérito “de ofício” para investigação de crimes contra a honra e ameaças
dirigidas aos ministros. Patente o eventual conflito entre o Código de Processo Penal, em seus artigos 5º,
II e o art. 40 com o artigo 43 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal (RISTF).

c) por requerimento do ofendido ou de seu representante legal: CPP, art. 5º, § 1º.

d) notícia oferecida por qualquer do povo: segundo dispõe o art. 5º, § 3º, do CPP, qualquer
pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública pode-
rá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das
informações, mandará instaurar inquérito. Cuida-se da chamada, comumente realizada através de uma
ocorrência policial (delatio criminis simples).

e) auto de prisão em flagrante delito: o auto de prisão em flagrante poderá servir como uma
das formas de instauração do inquérito policial, funcionando o próprio auto como a peça inaugural da

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investigação.

2) Nos crimes de ação penal pública condicionada o inquérito policial dependerá da represen-
tação do ofendido (delatio criminis postulatória) ou de requisição do Ministro da Justiça (CPP, art. 5º, §
4º). A representação, entendida como a manifestação da vítima ou de seu representante legal no sentido
demonstrando interesse na persecução penal, independe de maiores formalidades.

3) Nos crimes de ação penal de iniciativa privada: segundo prescreve o art. 5º, § 5º, do CPP,
a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito nos crimes de ação privada a requerimento
de quem tenha qualidade para intentá-la. No caso de morte ou ausência do ofendido, o requerimento
poderá ser formulado por seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CPP, art. 31). O requerimento
é condição de procedibilidade do próprio inquérito policial, sem o qual a investigação sequer poderá
ter início. Esse requerimento deve ser formulado pelo ofendido dentro do prazo decadencial de 6 (seis)
meses, contado, em regra, do dia em que vier a saber quem é o autor do crime.

OBS: Atenção especial aos crimes contra a dignidade sexual. A Lei nº 13.718/2018 modificou o
tratamento legal anteriormente conferido ao tema. Indicamos a leitura da seguinte publicação no site do
Professor Márcio André: https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/16de63b2df-
373d5a9da881c8a1c58794

#NOVIDADESLEGISLATIVAS

Art. 6º - CPP - Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência
e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.

Art. 13-A - CPP. Nos crimes previstos nos arts. 1481, 1492 e 149-A3, no § 3º do art. 1584 e no art. 1595
do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069,
de 13 de julho de 19906 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério Público ou
o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da
iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos.

Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá:

I - o nome da autoridade requisitante;

II - o número do inquérito policial; e

III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação.

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Art. 13-B - CPP. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas,
o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante autorização
judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem
imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a
localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso.

§ 1º Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de cobertura, setorização
e intensidade de radiofrequência.

§ 2º Na hipótese de que trata o caput, o sinal:

I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que dependerá de auto-
rização judicial, conforme disposto em lei;

II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não superior a 30
(trinta) dias, renovável por uma única vez, por igual período;

III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a apresentação de ordem
judicial.

§3º Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo máximo de
72 (setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva ocorrência policial.

§4º Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente requi-
sitará às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem
imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a
localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz.

JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA

Competência absoluta X Competência relativa:

COMPETÊNCIA ABSOLUTA COMPETÊNCIA RELATIVA


Regra de competência criada com base no Regra de competência criada com base no interes-
interesse público. se preponderante das partes.

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Não pode ser modificada. É improrrogável (art.


62, CPC).
Art. 62. A competência determinada em razão Pode ser modificada ou prorrogada.
da matéria, da pessoa ou da função é inderro-
gável por convenção das partes.

É causa de nulidade absoluta: (a) pode ser


arguida a qualquer momento, mesmo após o
trânsito em julgado; (b) o prejuízo é presumido. É causa de nulidade relativa: (a) deve ser arguida
#ATENÇÃO: Sentença absolutória proferida por no momento oportuno, sob pena de preclusão;
juiz absolutamente incompetente não poderá (b) o prejuízo deve ser comprovado.
ser desfeita, pois não existe revisão PRO SOCIE-
TATE.

Pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, porém


somente até o início da instrução, em virtude do
Pode ser reconhecida de ofício pelo juiz,
princípio da identidade física do juiz (art. 399, §2º).
enquanto não esgotada a jurisdição pela prola-
Não se aplica no processo penal a súmula 33 do
ção da sentença.
STJ (A incompetência relativa não pode ser decla-
rada de ofício).

Pode ser arguida por meio de exceção de


Pode ser arguida por meio de exceção de incom-
incompetência. Porém, como o magistrado
petência. Porém, como o magistrado pode conhe-
pode conhecê-la de ofício, nada impede que
cê-la de ofício, nada impede que a parte aborde a
a parte aborde a incompetência absoluta de
incompetência relativa de outra forma.
outra forma.

Como não pode ser modificada ou alterada, a


Conexão e continência podem alterar a compe-
conexão e continência não alteram a compe-
tência relativa.
tência absoluta.

Ex. Competência territorial, competência por distri-


buição ou por prevenção.
Ex. Competência em razão da matéria, da
função e funcional. Súmula 706, STF: É relativa a nulidade decorren-
te da inobservância da competência penal por
prevenção.

Regra na Distribuição da Competência: O art. 69, CPP, traz as regras de fixação da competência:
a) o lugar da infração; b) o domicílio ou residência do réu; c) a natureza da infração; d) a distribuição; e)
a conexão ou continência; f ) a prevenção; g) a prerrogativa de função.

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Crime consumado: lugar em que se consumar a infração;


Crime tentado: lugar em que for praticado o último ato de execução.
REGRA Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se
consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for prati-
cado o último ato de execução.
→ TEORIA DO RESULTADO

Art. 70. § 1º Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se


consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que
tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.
§ 2º Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacio-
ENVOLVENDO MAIS nal, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente,
DE UM PAÍS tenha produzido ou devia produzir seu resultado.
§3º Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou
quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada
nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela
prevenção.

INFRAÇÃO Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada


CONTINUADA ou em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela
CRIME PERMANENTE prevenção.

Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-


NÃO SENDO -se- á pelo domicílio ou residência do réu.
CONHECIDO O § 1º Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela
LUGAR prevenção.
DA INFRAÇÃO § 2º Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro,
será competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato.

Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o
AÇÃO PENAL
FORO DE DOMICÍLIO OU DA RESIDÊNCIA DO RÉU, ainda quando conhe-
PRIVADA
cido o lugar da infração.
CRIMES
Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será
PRATICADOS
competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido
FORA DO
o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo
TERRITÓRIO
da Capital da República.
BRASILEIRO
Justiça Estadual. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
(...) IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento
CONTRAVENÇÃO
de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas
PENAL
ou empresas públicas, EXCLUÍDAS AS CONTRAVENÇÕES e ressalvada a
competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;

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#OLHAOGANCHO:

TIPO DE CRIME COMPETÊNCIA


CRIMES PLURILOCAIS COMUNS Teoria do resultado

CRIMES PLURILOCAIS DOLOSOS CONTRA A


Teoria da atividade
VIDA

JUIZADOS ESPECIAIS Teoria da atividade

ATOS INFRACIONAIS Teoria da atividade

CRIMES FALIMENTARES Local onde foi decretada a falência

#SELIGA: No JECRIM aplica-se a teoria da atividade (a competência será do lugar da ação ou omis-
são). Por sua vez, na ação penal privada, a competência será do lugar da infração ou do domicílio do réu
(foros concorrentes).

 Também há a exceção nos casos de crimes contra vida, em que a competência será determi-
nada pela teoria da ATIVIDADE. Assim, no caso de crimes contra a vida (dolosos ou culposos), se os atos
de execução ocorreram em um lugar e a consumação se deu em outro, a competência para julgar o fato
será do local onde foi praticada a conduta (local da execução).

#DEOLHONASSÚMULAS:

Súmula 38-STJ: Compete a Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o proces-
so por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da
União ou de suas entidades.

Súmula 73-STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime
de estelionato, da competência da Justiça Estadual.

Súmula 104-STJ: Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação e
uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino.

Súmula 107-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato pratica-
do mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não
ocorrente lesão à autarquia federal.

Súmula 140-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena

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figure como autor ou vítima.

Súmula 546-STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firma-
da em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado documento público, não importando a
qualificação do órgão expedidor.

Súmula 522-STF: Salvo ocorrência de tráfico com o exterior, quando, então, a competência será
da Justiça Federal, compete a justiça dos estados o processo e o julgamento dos crimes relativos a
entorpecentes.

Súmula 498-STF: Compete a justiça dos estados, em ambas as instâncias, o processo e o julgamento
dos crimes contra a economia popular.

Quem julga, no Brasil, crime cometido por brasileiro no exterior e cuja extradição tenha sido negada?
• STF: Justiça Estadual • STJ: Justiça Federal. O fato de o delito ter sido cometido por brasileiro
no exterior, por si só, não atrai a competência da Justiça Federal. Assim, em regra, compete à Justiça
Estadual julgar o crime praticado por brasileiro no exterior e que lá não foi julgado em razão de o
agente ter fugido para o Brasil, tendo o nosso país negado a extradição para o Estado estrangeiro.
Somente será de competência da Justiça Federal caso se enquadre em alguma das hipóteses do
art. 109 da CF/88. STF. 1ª Turma. RE 1175638 AgR/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 2/4/2019
(Info 936). Compete à Justiça Federal o processamento e o julgamento da ação penal que versa
sobre crime praticado no exterior que tenha sido transferida para a jurisdição brasileira, por negativa
de extradição. STJ. 3ª Seção. CC 154656-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/04/2018 (Info
625). STJ. 6ª Turma. RHC 88.432/AP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/02/2019.

Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir


material pornográfico envolvendo criança ou adolescente (arts. 241, 241-A e 241-B do ECA), quan-
do praticados por meio da rede mundial de computadores (internet). STF. Plenário. RE 628624/MG,
Rel. Orig. Min. Marco Aurélio, Red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 28 e 29/10/2015
(repercussão geral) (Info 805).

O STJ, interpretando a decisão do STF, afirmou que, quando se fala em “praticados por meio da
rede mundial de computadores (internet)”, o que o STF quer dizer é que a postagem de conteúdo
pedófilo-pornográfico deve ter sido feita em um ambiente virtual propício ao livre acesso. Por outro
lado, se a troca de material pedófilo ocorreu entre destinatários certos no Brasil, não há relação de
internacionalidade e, portanto, a competência é da Justiça Estadual. Assim, o STJ afirmou que
a definição da competência para julgar o delito do art. 241-A do ECA passa pela seguinte

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análise: • Se ficar constatada a internacionalidade da conduta: Justiça FEDERAL. Ex: publicação


do material feita em sites que possam ser acessados por qualquer sujeito, em qualquer parte do
planeta, desde que esteja conectado à internet. • Nos casos em que o crime é praticado por meio
de troca de informações privadas, como nas conversas via Whatsapp ou por meio de chat na rede
social Facebook: Justiça ESTADUAL. Isso porque tanto no aplicativo WhatsApp quanto nos diálogos
(chat) estabelecido na rede social Facebook, a comunicação se dá entre destinatários escolhidos
pelo emissor da mensagem. Trata-se de troca de informação privada que não está acessível a
qualquer pessoa. Desse modo, como em tais situações o conteúdo pornográfico não foi disponibi-
lizado em um ambiente de livre acesso, não se faz presente a competência da Justiça Federal. STJ.
3ª Seção. CC 150564-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 26/4/2017 (Info 603).

QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES

#FOCONALEI #COLARNARETINA

# DA RESTITUIÇÃO DAS COISAS APREENDIDAS

Art. 118. Antes de transitar em julgado a sentença final, as coisas apreendidas não poderão ser
restituídas enquanto interessarem ao processo.

Art. 119. As coisas a que se referem os arts. 74 e 100 do Código Penal não poderão ser restituídas,
mesmo depois de transitar em julgado a sentença final, salvo se pertencerem ao lesado ou a terceiro
de boa-fé. (Art. 91, II, CP).

Art. 120. A restituição, quando cabível, poderá ser ordenada pela autoridade policial ou juiz, median-
te termo nos autos, desde que não exista dúvida quanto ao direito do reclamante. #SEMPRECAI

§ 1º Se duvidoso esse direito, o pedido de restituição autuar-se-á em apartado, assinando-se ao


requerente o prazo de 5 (cinco) dias para a prova. Em tal caso, só o juiz criminal poderá decidir o
incidente.

§ 2º O incidente autuar-se-á também em apartado e só a autoridade judicial o resolverá, se as coisas


forem apreendidas em poder de terceiro de boa-fé, que será intimado para alegar e provar o seu
direito, em prazo igual e sucessivo ao do reclamante, tendo um e outro dois dias para arrazoar.

§ 3º Sobre o pedido de restituição será sempre ouvido o Ministério Público.

§ 4º Em caso de dúvida sobre quem seja o verdadeiro dono, o juiz remeterá as partes para o juízo

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cível, ordenando o depósito das coisas em mãos de depositário ou do próprio terceiro que as detinha,
se for pessoa idônea.

§ 5º Tratando-se de coisas facilmente deterioráveis, serão avaliadas e levadas a leilão público,


depositando-se o dinheiro apurado, ou entregues ao terceiro que as detinha, se este for pessoa idônea
e assinar termo de responsabilidade.

# DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS

Art. 125. Caberá o sequestro dos bens imóveis, adquiridos pelo indiciado com os proventos da infra-
ção, ainda que já tenham sido transferidos a terceiro.

Art. 126. Para a decretação do sequestro, bastará a existência de indícios veementes da proveniência
ilícita dos bens.

Art. 127. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do ofendido, ou mediante repre-
sentação da autoridade policial, poderá ordenar o sequestro, em qualquer fase do processo ou ainda
antes de oferecida a denúncia ou queixa.

Art. 128. Realizado o sequestro, o juiz ordenará a sua inscrição no Registro de Imóveis.

Art. 129. O sequestro autuar-se-á em apartado e admitirá embargos de terceiro.

Art. 130. O sequestro poderá ainda ser embargado:

I - pelo acusado, sob o fundamento de não terem os bens sido adquiridos com os proventos da
infração;

II - pelo terceiro, a quem houverem os bens sido transferidos a título oneroso, sob o fundamento de
tê-los adquirido de boa-fé.

Parágrafo único. Não poderá ser pronunciada decisão nesses embargos antes de passar em julgado
a sentença condenatória.

Art. 131. O sequestro será levantado:

I - se a ação penal não for intentada no prazo de sessenta dias, contado da data em que ficar
concluída a diligência;

II - se o terceiro, a quem tiverem sido transferidos os bens, prestar caução que assegure a aplicação

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do disposto no art. 74, II, b, segunda parte, do Código Penal;

III - se for julgada extinta a punibilidade ou absolvido o réu, por sentença transitada em julgado.

Art. 132. Proceder-se-á ao sequestro dos bens móveis se, verificadas as condições previstas no art.
126, não for cabível a medida regulada no Capítulo Xl do Título Vll deste Livro.

Art. 133. Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz, de ofício ou a requerimento do inte-
ressado, determinará a avaliação e a venda dos bens em leilão público.

Parágrafo único. Do dinheiro apurado, será recolhido ao Tesouro Nacional o que não couber ao lesa-
do ou a terceiro de boa-fé.

Art. 134. A hipoteca legal sobre os imóveis do indiciado poderá ser requerida pelo ofendido em
qualquer fase do processo, desde que haja certeza da infração e indícios suficientes da autoria.

(...)

Art. 136. O arresto do imóvel poderá ser decretado de início, revogando-se, porém, se no prazo de
15 (quinze) dias não for promovido o processo de inscrição da hipoteca legal.

Art. 137. Se o responsável não possuir bens imóveis ou os possuir de valor insuficiente, poderão
ser arrestados bens móveis suscetíveis de penhora, nos termos em que é facultada a hipoteca legal
dos imóveis. .

§ 1º Se esses bens forem coisas fungíveis e facilmente deterioráveis, proceder-se-á na forma do § 5º


do art. 120.

§ 2º Das rendas dos bens móveis poderão ser fornecidos recursos arbitrados pelo juiz, para a manu-
tenção do indiciado e de sua família.

AÇÃO PENAL

CONCEITO: “ação penal” é o direito público subjetivo de pedir ao Estado-Juiz que aplique o direito
penal objetivo a um caso concreto.

CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL: são também chamadas de condições de procedibilidade.

• CONDIÇÕES GENÉRICAS (toda ação penal tem que ter):

- POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO: o pedido deverá ser juridicamente possível. Para o STJ,

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pedido juridicamente impossível é aquele que encontra expressa vedação legal. Ex.: pedido de condena-
ção criminal de agente menor de 18 anos (inimputável) na data do fato típico.

- LEGITIMIDADE AD CAUSAM: é a pertinência subjetiva da ação. Ex. MP tem legitimidade na AP


pública e na ação penal pública condicionada à representação. O ofendido ou seu representante legal
tem legitimidade na ação penal privada.

- INTERESSE EM AGIR:

1. Necessidade: não há pena sem processo. É inerente ao processo penal. Exceção: Juizados Espe-
ciais.

2. Adequação da via eleita: Em se tratando de ação penal condenatória, a adequação, em verda-


de, é irrelevante no processo penal, porque, por óbvio, sempre será a mesma espécie de ação (ação
penal condenatória), ou seja, não há diferentes espécies de ação penal, como acontece no processo civil
onde há várias espécies próprias de ação. O acusado se defende dos fatos e não da classificação jurídica
a eles atribuída no processo penal. Portanto, conclui-se que a adequação só interessa quanto ao estudo
de ações penais não condenatórias. Ex.: HC, que somente poderá ser impetrado quando houver privação
da liberdade do agente;

3. Utilidade: o processo vai servir aos interesses do autor?

- JUSTA CAUSA: é um mínimo de lastro probatório necessário para o ajuizamento da ação penal,
demonstrando a viabilidade da pretensão punitiva.

• CONDIÇÕES ESPECÍFICAS (nem toda ação penal tem que ter):

- Representação do ofendido.

- Requisição do Ministro da Justiça.

- Laudo preliminar no caso de envolver drogas.

- Entrada do agente no território nacional no caso de extraterritorialidade da lei penal.

CONDIÇÃO DA AÇÃO X CONDIÇÃO OBJETIVA DE PUNIBILIDADE:

CONDIÇÃO DA AÇÃO CONDIÇÃO OBJETIVA DA PUNIBILIDADE


Relaciona-se ao direito processual penal Relaciona-se ao direito penal
São necessárias para que o fato se torne punível.
São necessárias para o exercício do direito de Exemplos:
ação
- Sentença declaratória de falência;

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- Decisão final do procedimento administrativo


de lançamento nos crimes materiais contra a
ordem tributária;
- Entrada de brasileiro no território nacional.

Princípios da Ação Penal:

PRINCÍPIOS PRINCÍPIOS
AÇÃO PENAL PÚBLICA AÇÃO PENAL PRIVADA
Princípio do NE PROCEDAT IUDEX EX OFFI-
CIO (princípio da iniciativa das partes): com
a adoção do sistema acusatório pela CF, ao juiz
Também se aplica nas ações de iniciativa privada.
não é dado iniciar um processo de ofício. Ou seja,
existe no Brasil o processo judicialiforme. Obs. A
execução pode se iniciar de ofício.

Princípio do NE BIS IN IDEM: ninguém pode


ser processado duas vezes pela mesma imputa- Também se aplica.
ção.

Princípio da intranscendência: a ação só pode ser


proposta em face do provável autor do crime, e Também se aplica.
ninguém mais.

Princípio da obrigatoriedade (legalidade


processual): presentes as condições da ação, Princípio da oportunidade ou da conveniência: o
o MP é obrigado a denunciar (art. 24, CPP). Há ofendido não é obrigado a oferecer queixa. Ele
exceções: (a) Transação penal; (b) Acordo de pode ficar inerte durante 06 meses ou renunciar
leniência; (c) TAC; (d) Parcelamento do débito o direito de queixa.
tributário; (e) Colaboração premiada.

Princípio da indisponibilidade: oferecida a


denúncia, o MP não pode desistir do processo Princípio da disponibilidade: o querelante
(art. 42) ou do recurso interposto. No entanto, pode desistir do processo em curso. Ex. Perdão
pode pedir a absolvição. do ofendido, perempção e conciliação nos crimes
contra a honra de competência do juiz singular
Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir (art. 522).
da ação penal.

Princípio da divisibilidade (doutrina majoritária): Princípio da indivisibilidade: o ofendido só


pode agir contra todos os envolvidos (art. 48).
O Ministério Público não é obrigado a denunciar Se deixar um de fora, há renúncia tácita, que se
todos os envolvidos nos fatos tidos por delituo- estenderá aos demais. O MP pode intimar o ofen-
sos, dado que não vigora, na ação penal pública dido para se manifestar a respeito, pois talvez ele
incondicionada, o princípio da indivisibilidade. apenas tenha se esquecido de um dos

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envolvidos.
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do
crime obrigará ao processo de todos, e o Minis-
tério Público velará pela sua indivisibilidade.

Princípio da oficialidade: a persecução penal,


Só se aplica na fase pré-processual, já que o
nas investigações e durante o processo, é feita
processo é conduzido pelo ofendido.
por órgãos estatais.

Princípio da autoridade: o órgão referido acima Só se aplica na fase pré-processual, já que o


é uma autoridade pública. processo é conduzido pelo ofendido.

Princípio da oficiosidade: nos crimes de ação NÃO SE APLICA, pois até mesmo o início das
incondicionada, as autoridades devem agir de investigações depende de requerimento do
ofício, mesmo sem requerimento do ofendido. ofendido.

Na ação penal pública NÃO vigora o princípio da indivisibilidade. Assim, o MP não está obrigado
a denunciar todos os envolvidos no fato tido por delituoso, não se podendo falar em arquivamen-
to implícito em relação a quem não foi denunciado. Isso porque o Parquet é livre para formar sua
convicção, incluindo na denúncia as pessoas que ele entenda terem praticado o crime, mediante
a constatação de indícios de autoria e materialidade. STJ. 6ª Turma. RHC 34233-SP, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, julgado em 6/5/2014 (Info 540).

Não oferecida a queixa-crime contra todos os supostos autores ou partícipes da prática delituosa,
há afronta ao princípio da indivisibilidade da ação penal, a implicar renúncia tácita ao direito de
querela, cuja eficácia extintiva da punibilidade estende-se a todos quantos alegadamente hajam
intervindo no cometimento da infração penal. STF. 1ª Turma. Inq 3526/DF, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 2/2/2016 (Info 813).

#Renúncia X Perdão:

RENÚNCIA PERDÃO DO OFENDIDO


Causa extintiva da punibilidade nas hipóteses de
Causa extintiva da punibilidade nas hipóteses de
ação penal exclusivamente privada ou persona-
ação penal exclusivamente privada ou persona-
líssima. Pode ser expressa ou tácita, admitindo
líssima. Também pode ser expresso ou tácito.
todos os meios de prova (art. 57).

Decorre do princípio da oportunidade ou conve-


Decorre do princípio da disponibilidade.
niência.

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Ato bilateral: depende de aceitação do réu (art.


51). A aceitação pode ser expressa ou tácita (art.
Ato unilateral: não depende de aceitação.
58). O procedimento da aceitação está previsto
entre os artigos 52 a 55.

É concedido durante o curso do processo. Pode


ocorrer até o trânsito em julgado (art. 106, §2º,
É ato extraprocessual (pode ocorrer até o ofere-
CP). No entanto, pela redação do CPP, percebe-
cimento da queixa-crime).
-se que também pode ser extraprocessual (arti-
gos 56 e 59).

Por força do princípio da indivisibilidade, a renún- Por força do princípio da indivisibilidade, o perdão
cia concedida a um dos coautores ou partícipes concedido a um dos coautores ou partícipes do
do delito estende-se aos demais (extensabilidade delito estende-se aos demais, desde que haja
da renúncia – art. 49). aceitação.

#DEOLHONASSÚMULAS:

SÚMULA 714, STF: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa e do Ministério


Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de
servidor público em razão do exercício de suas funções; sem representação, não há procedibilidade
da ação penal.

SÚMULA 542, STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência domés-
tica contra a mulher é pública incondicionada.

Súmula 594, STF: Os direitos de queixa e de representação podem ser exercidos, independente-
mente, pelo ofendido ou por seu representante legal.

#CONEXÃO E CONTINÊNCIA

• CONEXÃO (Art. 76):

- Conexão intersubjetiva (inciso I): envolve a prática de vários crimes por várias pessoas.

(i) Por simultaneidade (conexão subjetivo-objetiva ou intersubjetiva ocasional – inciso I, 1ª parte):


duas ou mais infrações são praticadas ao mesmo tempo por diversas pessoas ocasionalmente reunidas.
Exs. Diversos torcedores que nem se conhecem depredam um estádio; diversas pessoas saqueiam um
supermercado.

(ii) Por concurso (concursal – inciso I, 2ª parte): duas ou mais pessoas, em concurso, praticam dois

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ou mais crimes, ainda que em tempo ou locais diversos.

(iii) Por reciprocidade (inciso I – parte final): duas ou mais infrações são praticadas por várias
pessoas, umas contra as outras. Ex. Duas gangues combinam brigar. Nesse caso, teremos várias lesões
corporais. E quanto ao crime de rixa? Não é um bom exemplo, pois, nesse caso, teremos apenas um único
crime de rixa.

- Conexão objetiva, lógica, material ou teleológica (inciso II): ocorre em duas situações:

(i) Um crime é praticado para facilitar a execução do outro (conexão objetiva teleológica); Ex.
Mata o segurança para facilitar o sequestro da vítima;

(ii) Um crime é praticado para garantir a vantagem ou a impunidade do outro (consequencial);


Ex. Estupra a vítima e depois mata a única testemunha do crime.

- Conexão instrumental, probatória ou processual (inciso III): quando a prova de um crime


influencia na existência do outro. Exemplos: Prova da infração antecedente auxilia na prova do crime de
lavagem; prova do furto auxilia na prova do crime der receptação.

#SELIGANASÚMULA

Súmula 122-STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos
de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art.78, II, alínea “a”, do Código de
Processo Penal.

• CONTINÊNCIA (Art. 77):

- Continência subjetiva (inciso I): duas ou mais pessoas praticam um crime, como na coautoria.

- Continência objetiva (inciso II): ocorrerá nos casos de concurso formal de crimes (70, CP), aber-
ratio ictus (73, CP) e aberratio delicti (74, CP).

• REGRAS NA DETERMINAÇÃO DA COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA (art. 78,


CPP):

1ª) prevalece o juiz que atua no local da consumação do crime mais grave (o que vale é a pena em
abstrato);

2ª) se os crimes têm a mesma gravidade, prevalece o juiz que atua no local da consumação do
maior número de infrações;

3ª) por sua vez, se os delitos têm a mesma gravidade e a mesma quantidade por comarca, preva-
lece o juiz prevento.

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• SEPARAÇÃO FACULTATIVA DOS PROCESSOS (art. 80, CPP): quando as infrações tiverem sido prati-
cadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de
acusados e para não lhes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar
conveniente a separação.

• SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DOS PROCESSOS: se houver concurso entre a jurisdição comum e a


militar; se houver concurso entre a jurisdição comum e o juízo de menores (ECA) – art. 79 CPP; se
sobrevier doença mental em relação a um corréu (art. 79, §1º, CPP); se houver corréu foragido; se não
houver número mínimo de jurados no tribunal do júri (estouro de urna) – art. 79 §2º, CPP.

#DEOLHONASSÚMULAS:

Súmula 38-STJ: Compete a Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o proces-
so por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da
União ou de suas entidades.

Súmula 73-STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime
de estelionato, da competência da Justiça Estadual.

Súmula 104-STJ: Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação e
uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino.

Súmula 107-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato pratica-
do mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não
ocorrente lesão à autarquia federal.

Súmula 140-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena
figure como autor ou vítima.

Súmula 546-STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firma-
da em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado documento público, não importando a
qualificação do órgão expedidor.

Súmula 522-STF: Salvo ocorrência de tráfico com o exterior, quando, então, a competência será
da Justiça Federal, compete a justiça dos estados o processo e o julgamento dos crimes relativos a
entorpecentes.

Súmula 498-STF: Compete a justiça dos estados, em ambas as instâncias, o processo e o julgamento
dos crimes contra a economia popular.

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PROVAS

# CONCEITOS IMPORTANTES

• FONTE DE PROVA: designa as pessoas ou coisas das quais se consegue a prova.

• MEIOS DE PROVA: são os meios através dos quais as fontes de prova são introduzidas no processo.

• MEIOS DE OBTENÇÃO DE PROVA (MEIOS DE INVESTIGAÇÃO): são procedimentos (em regra,


extraprocessuais) regulados por lei, com o objetivo de conseguir provas materiais, e que podem ser
realizados por outros que não o juiz (ex. policiais).

CPP, Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório
judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos
na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. #SEMPRECAI

• CONCEITO DE PROVA: trata-se de um conjunto de atos praticados pelas partes, pelo juiz ou por 3º
(ex. perito), objetivando formar a convicção do juiz no tocante à existência ou inexistência de um fato,
falsidade ou veracidade de uma afirmação.

• FINALIDADE DA PROVA: formar a convicção do juiz no tocante à existência ou inexistência de um


fato, à veracidade ou negativa de uma afirmação.

• SUJEITOS DA PROVA: podem ser pessoas ou coisas. Ex. a testemunha que diz que viu o agente
ceifando a vida da vítima é uma prova pessoal. O projétil de bala desferido contra a vítima é uma prova
real.

• FORMA DA PROVA: a prova poderá ser documental (ex. documento), material (ex. arma apreendida)
ou testemunhal (ex. depoimento de testemunha).

• FATOS QUE NÃO DEPENDEM DE PROVA: fatos axiomáticos ou intuitivos (fatos evidentes, ex. carro
atropela a vítima e corta seu corpo em 2 pedaços), fatos notórios (ex. a água molha), presunções legais
(ex. inimputabilidade) e fatos inúteis (ex. provar a cor do prato que o agente lançou na vítima).

• FATOS QUE DEPENDEM DE PROVA: imputação constante da peça acusatória (o MP tem que provar
que houve o crime, sob pela de absolvição do acusado), costumes (ex. provar que foi durante o repou-
so noturno e que naquela cidade o repouso noturno se dá às “x” horas), direito estrangeiro, estadual
e municipal e fatos incontroversos e fatos controversos. Mesmo o fato sendo incontroverso, ou seja, já
admitido pelas partes, o juiz não está adstrito a ele.

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• DESTINATÁRIO DA PROVA: em regra, o destinatário da prova é o juiz a quem competirá formar seu
livre convencimento sobre o fato. O Ministério Público, por sua vez, é o destinatário dos elementos de
informação (para a formação da sua opinio delicti).

• ÔNUS DA PROVA: o ônus da prova compete a quem alega. Contudo, é possível que o juiz determine
de ofício a realização de provas que repute relevantes (art. 156, CPP).

# SISTEMA DE APRECIAÇÃO DA PROVA:

• PROVA TARIFADA: é quando o legislador já determina a espécie de prova para aquele caso em
concreto. Ex. se a infração deixar vestígio haverá de se ter o exame de corpo e delito.

• LIVRE PERSUASÃO RACIONAL DO JUIZ: o juiz fica livre para produzir a prova que entender mais
válida para aquele caso concreto, assim como a acusação e a defesa poderão requerer provas que
entendam hábeis a provar suas alegações.

• SISTEMA DA ÍNTIMA CONVICÇÃO DO JUIZ: aplica-se no caso do tribunal do júri.

• QUAL O SISTEMA DE APRECIAÇÃO DA PROVA QUE O CPP ADOTOU? O CPP adotou o sistema da
livre persuasão racional do juiz. O juiz está livre para fundamentar sua decisão mediante análise das
provas constantes dos autos, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos de
informação contidos no IP, salvo em se tratando de provas cautelares, antecipadas ou não-repetíveis.

TEORIAS SOBRE PROVAS ILÍCITAS:

• Teoria da proporcionalidade: utilização de prova ilícita em favor da defesa, em razão da prevalência


da liberdade sobre a legalidade.

• Teoria da prova ilícita por derivação ou dos frutos da árvore envenenada: provas ilícitas por deri-
vação são os meios probatórios que, não obstante produzidos, validamente, em momento posterior,
encontram-se afetados pelo vício da ilicitude originária, que a eles se transmite, contaminando-os, por
efeito de repercussão causal. É adotada pelo CPP. Vamos ver as teorias que excepcionam essa ilicitude:

• Teoria da descoberta inevitável, fonte independente ou desdobramento inevitável;

• Teoria da limitação da mancha purgada, tinta diluída ou conexão atenuada: baixo nexo causal
entre a prova ilícita e a derivada;

• Teoria da serendipidade, encontro fortuito ou crime achado: trata-se de descoberta acidental,


desde que ausente de desvio de finalidade.

#SELIGANADIFERENÇA

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Elementos indiciários ou de Informação Elementos de Prova


Em regra, são produzidos na fase processual e,
São produzidos na fase do inquérito;
excepcionalmente, de maneira extraprocessual;

São produzidos de maneira dialética, com respei-


São produzidos de maneira inquisitiva; to ao contraditório e a ampla defesa, real (imedia-
to) ou diferido;

As provas serão produzidas na presença do


magistrado (princípio da imediatidade ou judicia-
lização da prova) e, além disso, o CPP adotou
O juiz é provocado nas hipóteses de cláusula expressamente o princípio da identidade física do
de reserva jurisdicional e funciona como órgão juiz (art. 399, §2º, do CPP), de forma que o juiz
de controle do procedimento, preservando as que preside a instrução deverá, em regra, profe-
regras do jogo; rir a sentença; ATENÇÃO! Presença do julgador
direta (presença física do juiz na audiência) ou
remota (quando se utiliza a videoconferência, Lei
nº 11.900/09);

Finalidade (teleologia): fomentar a formação da


Finalidade (teologia): objetiva contribuir no
opinião delitiva do titular da ação penal e contri-
convencimento do juiz para prolação do provi-
buir na adoção de medidas cautelares no trans-
mento jurisdicional adequado;
correr da persecução;

# QUEBRA DE SIGILO FISCAL, BANCÁRIO E DADOS:

SIGILO BANCÁRIO
Os órgãos poderão requerer informações bancárias diretamente das instituições financeiras?
POLÍCIA NÃO. É necessária autorização judicial.

NÃO. É necessária autorização judicial (STJ HC 160.646/SP, Dje 19/09/2011).


Exceção: É lícita a requisição pelo Ministério Público de informações bancárias de
MP contas de titularidade de órgãos e entidades públicas, com o fim de proteger o
patrimônio público, não se podendo falar em quebra ilegal de sigilo bancário (STJ.
5ª Turma. HC 308.493-CE, j. em 20/10/2015).

NÃO. É necessária autorização judicial (STF MS 22934/DF, DJe de 9/5/2012).


TCU Exceção: O envio de informações ao TCU relativas a operações de crédito origi-
nárias de recursos públicos não é coberto pelo sigilo bancário (STF. MS 33340/
DF, j. em 26/5/2015).

SIM, com base no art. 6º da LC 105/2001. O repasse das informações dos bancos
Receita Federal
para o Fisco não pode ser definido como sendo "quebra de sigilo bancário".

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Fisco estadual,
SIM, desde que regulamentem, no âmbito de suas esferas de competência, o art.
distrital,
6º da LC 105/2001, de forma análoga ao Decreto Federal 3.724/2001.
municipal
SIM (seja ela federal ou estadual/distrital) (art. 4º, § 1º da LC 105/2001).
CPI
Prevalece que CPI municipal não pode.

# INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA: #APOSTACICLOS

INTERCEPTAÇÃO telefônica ESCUTA telefônica GRAVAÇÃO telefônica


Ocorre quando o diálogo
Ocorre quando um tercei-
Ocorre quando um tercei- telefônico travado entre duas
ro capta o diálogo telefônico
ro capta o diálogo telefônico pessoas é gravado por um dos
travado entre duas pessoas,
travado entre duas pessoas, próprios interlocutores, sem o
sendo que um dos interlocuto-
sem que nenhum dos interlo- consentimento ou a ciência do
res sabe que está sendo reali-
cutores saiba. outro. É também chamada de
zada a escuta.
“gravação clandestina”.

É válida mesmo SEM autoriza-


ção judicial. A única exceção é
Para que seja realizada, é indis- quando a conversa é amparada
Para que seja válida, é indis-
pensável autorização judicial por sigilo (ex.
pensável a autorização judicial.
(posição majoritária).
advogados e clientes, padres e
fiéis).

#DEOLHONOSJULGADOS:

Momento do interrogatório: O art. 400 do CPP prevê que o interrogatório será realizado ao final
da instrução criminal. Este dispositivo se aplica: • aos processos penais militares; • aos processos
penais eleitorais e • a todos os procedimentos penais regidos por legislação especial (ex: lei de
drogas). STF. Plenário. HC 127900/AM, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/3/2016 (Info 816). STJ. 6ª
Turma. HC 403.550/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 15/08/2017.

Depoimento sem dano (INFO 556, STJ): admite-se nos casos de crime contra a dignidade sexual
contra criança ou adolescente; não gera nulidade o fato de o advogado/Defensor, Juiz e Promotor
não estarem presente fisicamente (acompanham, simultaneamente, por sistema de vídeo); é possí-
vel ainda que antes da fase judicial; não tem previsão legal expressa (Recomendação 33/2010 - CNJ).

A busca em veículo é equiparada à busca pessoal e não precisa de mandado judicial para a
sua realização. #EXCEÇÃO: será necessária a autorização judicial se o veículo é destinado à habita-

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ção do indivíduo (ex.trailers, cabines de caminhão, barcos), uma vez que serão inseridos no conceito
jurídico de domicílio (STF, Info 843).

São nulas as provas obtidas por dados ou conversas registradas no Whatsapp sem autorização
judicial (STJ, Info 583).

Inobservância da ordem de inquirição de testemunhas (art. 212, CPP) é causa de nulidade relativa,
do que depende de arguição em momento oportuno e comprovação do prejuízo à defesa (STJ, HC
212.618/RS).

Não há ilegalidade na perícia de aparelho de telefonia celular pela polícia, sem prévia autorização
judicial, na hipótese em que seu proprietário - a vítima - foi morto, tendo o referido telefone sido
entregue à autoridade policial por sua esposa. STJ. 6ª Turma.RHC 86076-MT, Rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 19/10/2017 (Info 617). CUIDADO PARA NÃO
CONFUNDIR: Sem prévia autorização judicial, são nulas as provas obtidas pela polícia por meio da
extração de dados e de conversas registradas no Whatsapp presentes no celular do suposto autor
de fato delituoso, ainda que o aparelho tenha sido apreendido no momento da prisão em flagran-
te. STJ. 5ª Turma. RHC 67379-RN, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/10/2016 (Info 593). STJ. 6ª
Turma. RHC 51531-RO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/4/2016 (Info 583).

#APOSTACICLOS: Sem consentimento do réu ou prévia autorização judicial, é ilícita a prova, colhi-
da de forma coercitiva pela polícia, de conversa travada pelo investigado com terceira pessoa em
telefone celular, por meio do recurso “viva-voz”, que conduziu ao flagrante do crime de tráfico ilícito
de entorpecentes. STJ. 5ª Turma. REsp 1630097-RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 18/4/2017
(Info 603).

Deve ser rejeitada, por ausência de justa causa, a denúncia que, ao arrepio da legalidade, baseia-
-se em supostas declarações, colhidas em âmbito estritamente privado, sem acompanhamento de
qualquer autoridade pública (autoridade policial, membro do Ministério Público) habilitada a confe-
rir-lhes fé pública e mínima confiabilidade. STF. 1ª Turma. AP 912/PB, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
7/3/2017 (Info 856).

DA PRISÕES E DA LIBERDADE PROVISÓRIA

• LEITURA OBRIGATÓRIA: CCP, Artigos 282 ao 350.

• CONCEITO: é medida cautelar de privação da liberdade de um indivíduo, mediante cárcere, seja em

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razão de flagrante delito, seja em razão de ordem escrita ou fundamentada de autoridade judicial.

• ESPÉCIES DE PRISÃO:

PRISÃO EXTRAPENAL: ex. prisão civil;

PRISÃO PENAL: sentença condenatória com trânsito em julgado;

PRISÃO CAUTELAR: prisão em flagrante, prisão preventiva e liberdade provisória.

• DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS DOS PRESOS:

 Direito à integridade física e moral do preso;

 Direito ao não uso de algemas: súmula vinculante 11 (O uso de algemas somente se faz neces-
sário quando para fins de evitar fuga do preso, preservar sua integridade física ou de terceiro e deve ser
fundamentado);

 Comunicação imediata da prisão ao MP e ao juiz (com o encaminhamento do auto de prisão


em até 24 horas);

 Comunicação da prisão à família ou a alguém indicado pelo preso;

 Entrega da nota de culpa em até 24 horas ao acusado;

 Direito ao silêncio;

 Assistência de advogado ou defensor;

 Direito de identificação dos responsáveis por sua prisão e por seu interrogatório policial.

Trata-se de medida cautelar e se considera em flagrante o agente que está


cometendo a infração ou que acaba de cometê-la; aquele que fugiu, mas foi
encontrado logo após por policiais e aquele que é encontrado com instrumen-
tos do crime que se façam presumir ter sido o autor do delito (art. 302, CPP).
- Flagrante facultativo: é a faculdade que qualquer um do povo tem de pren-
PRISÃO EM der quem esteja em situação de flagrante delito;
FLAGRANTE - Flagrante obrigatório: a autoridade policial e os agentes de polícia estão
obrigados a prenderem quem esteja em situação de flagrante delito.
#INOVAÇÃOLEGISLATIVA: Da lavratura do auto de prisão em flagrante deve-
rá constar a informação sobre a existência de filhos, respectivas idades e se
possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável
pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa (art. 304, §4º, CPP).

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Trata-se de prisão cautelar requerida pelo MP ou pela autoridade policial, se no


curso de investigação criminal; ou se no curso de ação penal, de ofício pelo juiz
ou a requerimento das partes, objetivando recolher o acusado de cometimen-
PRISÃO to de crime doloso, cuja pena seja maior do que 4 anos, ao cárcere, em razão
PREVENTIVA da presença dos requisitos do art. 312, CPP (garantia da ordem pública, da
ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para asse-
gurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime
e indício suficiente de autoria).

Consiste numa prisão cautelar substitutiva da prisão preventiva quando presen-


tes alguns requisitos (art. 318, CPP): I - maior de 80 anos; II - extremamente debi-
litado por motivo de doença grave; III - imprescindível aos cuidados especiais
de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; IV – gestante;
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; VI - homem,
PRISÃO caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de
DOMICILIAR idade incompletos. #INOVAÇÃO LEGISLATIVA: incisos IV, V e VI.
#NÃOCONFUNDIR com as hipóteses de prisão domiciliar previstas na LEP: Art.
117, LEP - Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto
em residência particular quando se tratar de: I - condenado maior de 70 (seten-
ta) anos; II - condenado acometido de doença grave; III - condenada com filho
menor ou deficiente físico ou mental; IV - condenada gestante.

a) imprescindível para as investigações; b) réu não possuir residência fixa ou não


fornecer elementos para sua identificação; c) houver fundadas razões de autoria
PRISÃO ou participação nos crimes previstos na Lei nº 7.960/89.
TEMPORÁRIA
Lei nº 7.960/89 #ATENÇÃO! Só pode ser determinada no inquérito policial e pelo prazo de 5
dias, podendo ser prorrogada por mais 5 dias. Nos crimes hediondos, o prazo
é de 30 + 30.

#DEOLHONOSJULGADOS:

O art. 318-A do CPP, introduzido pela Lei nº 13.769/2018, estabelece um poder-dever para
o juiz substituir a prisão preventiva por domiciliar de gestante, mãe de criança menor de
12 anos e mulher responsável por pessoa com deficiência, sempre que apresentada prova
idônea do requisito estabelecido na norma (art. 318, parágrafo único), ressalvadas as exce-
ções legais. A normatização de apenas duas das exceções não afasta a efetividade do que foi
decidido pelo STF no HC 143.641/SP, nos pontos não alcançados pela nova lei. O fato de o legislador
não ter inserido outras exceções na lei, não significa que o magistrado esteja proibido de negar o
benefício quando se deparar com casos excepcionais. Assim, deve prevalecer a interpretação teleo-
lógica da lei, assim como a proteção aos valores mais vulneráveis. Com efeito, naquilo que a lei não
regulou, o precedente do STF deve continuar sendo aplicado, pois uma interpretação restritiva da

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norma pode representar, em determinados casos, efetivo risco direto e indireto à criança ou ao defi-
ciente, cuja proteção deve ser integral e prioritária. STJ. 5ª Turma. HC 470549/TO, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, julgado em 12/02/2019.

#ESPÉCIES DE FLAGRANTE: temos as hipóteses legais e as hipóteses doutrinárias/jurispru-


denciais:

HIPÓTESES DOUTRINÁRIAS/
HIPÓTESES LEGAIS
JURISPRUDENCIAIS
- FLAGRANTE PREPARADO, CRIME DE ENSAIO
OU DELITO PUTATIVO POR OBRA DO AGENTE
PROVOCADOR: quando o agente de polícia ou
um particular instiga alguém a cometer um crime
para que seja preso em flagrante. Em razão da
súmula 145/STF, não há crime quando a prepa-
ração do flagrante pela polícia torna impossível
sua consumação. Trata-se de crime impossível;
- FLAGRANTE PRÓPRIO ou REAL: quando o - FLAGRANTE ESPERADO: ocorre quando a
agente está cometendo a infração ou acaba de autoridade policial toma conhecimento da ocor-
cometê-la; rência daquele crime (ex. por interceptação tele-
- FLAGRANTE IMPRÓPRIO (IRREAL OU QUASE fônica autorizada judicialmente) e se dirige ao
FLAGRANTE): quando o agente está em fuga e local para prender os agentes em flagrante;
é capturado pela autoridade policial, logo após a - FLAGRANTE DIFERIDO OU RETARDADO:
prática da infração penal; ocorre quando a autoridade policial posterga
- FLAGRANTE PRESUMIDO (FICTO): quando o o flagrante para um momento mais oportuno,
agente é encontrado, logo após a infração penal, a fim de colher mais materialidade e um maior
com os objetos materiais do crime; número de autores envolvidos, a exemplo do
que ocorre na ação controlada. Tem previsão na
lei de lavagem de capitais, organização criminosa
e na lei de drogas;
- FLAGRANTE FORJADO OU URDIDO: ocor-
re quando um particular ou policiais implantam
uma situação de flagrante. A autoridade policial
pode responder por abuso de autoridade e o
particular por denunciação caluniosa.

#DEOLHONASSÚMULAS:

Súmula 64, STJ: Não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução, provocado
pela defesa;

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Súmula 21, STJ: Pronunciado o réu, fica superada a alegação do constrangimento ilegal da prisão
por excesso de prazo na instrução;

Súmula 347, STJ: O conhecimento de recurso de apelação do réu independe de sua prisão.

#NOVIDADELEGISLATIVA - Lei 13.769/2018:

Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crian-
ças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que:

I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;

II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.

Art. 318-B. A substituição de que tratam os arts. 318 e 318-A poderá ser efetuada sem prejuízo da
aplicação concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 deste Código.

# FIANÇA:

• Delegado pode decretar fiança se a pena máxima for até 4 anos.

• Não admitem fiança: racismo, ação de grupos armados, terrorismo, tortura, tráfico e hediondos.

• A fiança pode ser dispensada, reduzida ou aumentada, de acordo com a situação econômica do preso.

#SELIGANOLINK #NOVIDADELEGISLATIVA

PROGRESSÃO ESPECIAL PARA MULHERES INCLUIDA NA LEP PELA LEI 13.769/2018:

Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência
para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos
um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo
diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.

§ 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com defi-
ciência, os requisitos para progressão de regime são, cumulativamente:

I - não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;

II - não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente;

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III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior;

IV - ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento;

V - não ter integrado organização criminosa.

§ 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará a revogação do benefício previsto
no § 3º deste artigo.

#PERGUNTA: O delegado de polícia pode aplicar as medidas protetivas da Lei Maria da


Penha?

Foi publicada a Lei nº 13.827, de 13.5.2019 que altera a Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha),
para autorizar, nas hipóteses que especifica, a aplicação de medida protetiva de urgência, pela autorida-
de judicial ou policial, à mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou a seus dependentes, e
para determinar o registro da medida protetiva de urgência em banco de dados mantido pelo Conselho
Nacional de Justiça. Vejamos como ficou a nova redação do artigo 12-C: “Verificada a existência de risco
atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação de violência doméstica e familiar,
ou de seus dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência
com a ofendida:

I - pela autoridade judicial;

II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou

III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível
no momento da denúncia”.

A alteração realizada permite a aplicação de medida protetiva de urgência pela autoridade policial.

Alteração importante! #VAICAIRNAPROVA

SUJEITOS DO PROCESSO PENAL

#JUIZ

CAUSAS DE IMPEDIMENTO CAUSAS DE SUSPEIÇÃO


- As causas de impedimento referem-se a vínculos - As causas de suspeição referem-se ao ânimo
objetivos do juiz com o processo, independen- subjetivo do juiz quanto às partes, em regra são
temente de seu ânimo subjetivo. Há presunção encontradas externamente ao processo.

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absoluta de parcialidade. - Há divergência se gera nulidade relativa ou


- São causas de nulidade absoluta, alegáveis a absoluta.
qualquer Renato Brasileiro diz que são causas de nulidade
tempo pelas partes. Renato Brasileiro diz que os absoluta, porque o art. 572 não a inclui no rol
atos praticados são inexistentes. daquelas que podem ser sanadas.

- Rol é taxativo. - Rol é exemplificativo, porque permite a expan-


são por
razões de foro íntimo.

CPP. Art. 107. Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas
deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal.

(...)

CPP. Art. 112. O juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários ou funcionários de justiça
e os peritos ou intérpretes abster-se-ão de servir no processo, quando houver incompatibilidade
ou impedimento legal, que declararão nos autos. Se não se der a abstenção, a incompatibilidade ou
impedimento poderá ser argüido pelas partes, seguindo-se o processo estabelecido para a exceção
de suspeição.

#MINISTÉRIOPÚBLICO

 É função institucional do Ministério Público promover, privativamente, a ação penal pública, na


forma da lei (art. 129, I, CF), com os atos destinados a efetivação do jus puniendi (requerer diligências, ser
intimado, impetrar recursos, etc.).

 O Parquet deve conduzir-se com imparcialidade, pois deve defender os interesses da socieda-
de e fiscalizar a aplicação e a execução das leis, podendo, inclusive, pleitear a absolvição do acusado e
recorrer em favor do réu (órgão legitimado para a acusação e não órgão de acusação).

 É sua atribuição, ainda, o controle externo da atividade policial. Para o exercício de suas funções
com autonomia e segurança, a Constituição garantiu os membros do MP vitaliciedade (após 2 anos),
irredutibilidade de vencimentos e inamovibilidade.

 Os membros do MP estão sujeitos às seguintes vedações: receber, a qualquer título e sob qual-
quer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais; exercer a advocacia; participar de socie-
dade comercial, na forma da lei; exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública,
salvo uma de magistério; exercer atividade político-partidária; receber auxílio ou contribuições de pessoas

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físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções legais.

#OFENDIDO

 O ofendido ou vítima é o sujeito passivo da infração penal. Em casos excepcionais, o Estado


concede ao ofendido ou a quem legalmente o represente o jus persequendi, permitindo assim ao sujeito
passivo do crime o jus accusationis (direito de acusar). O acusador particular é chamado de querelante e o
sujeito contra quem se pede a atuação da pretensão punitiva de querelado. O ofendido ou seu represen-
tante legal poderá ser também sujeito processual principal na chamada ação penal privada subsidiária da
pública (art. 5.°, LIV, da CF e art. 29 do CPP), quando o órgão do Ministério Público não oferecer denúncia
no prazo legal.

Observações:

a) O ofendido pode participar como assistente de acusação.

b) Pode existir litisconsórcio impróprio entre MP e ofendido (até mesmo no Júri), quando houver
crime de ação penal pública conexo com crime de ação penal privada. Esse litisconsórcio é chamado
de impróprio porque são duas peças de acusação (queixa e denúncia), que se reunirão em um mesmo
processo por causa da conexão. Tem doutrinador que chama de Ação Penal Adesiva.

c) a vítima pode ser conduzida coercitivamente para prestar depoimento (art. 201, § 1º, CPP).

- A corrente majoritária defende que o assistente também tem interesse em uma condenação
justa e proporcional ao fato praticado, isto é, ele não possui apenas interesse econômico, mas também
busca que a justiça seja feita. O artigo 268 do CPP concede ao ofendido o direito de, facultativamente,
auxiliar o Ministério Público na acusação referente aos crimes que se apuram mediante ação pública,
incondicionada ou condicionada, dando-lhe a denominação de assistente.

- O CORREU NÃO PODE INTERVIR COMO ASSISTENTE DO MP, sob pena de ocasionar tumulto
processual, pois ora estaria acusando, ora se defendendo.

DA SENTENÇA

• EMENDATIO LIBELLI:

 É o instituto que permite ao juiz corrigir os equívocos de enquadramento de artigo existentes


na inicial acusatória. Os fatos narrados estão perfeitos e foram confirmados na instrução.

 O entendimento dominante é o de que, em regra, o momento adequado para a emendatio


libelli é na prolação da sentença e não no recebimento da denúncia. Isso se justifica, ainda, pela posição

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topográfica do art. 383 no CPP (que está no título que trata sobre sentença) e pelo fato de que o acusa-
do se defende dos fatos imputados, e não da classificação que lhes atribuem. De forma excepcional,
jurisprudência e doutrina afirmam que é possível antecipar o momento da emendatio libelli nas hipóteses
em que a inadequada subsunção típica (tipificação): - macular a competência absoluta; - o adequado
procedimento; ou - restringir benefícios penais por excesso de acusação. STJ. 6ª Turma. HC 241206-SP,
Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 11/11/2014 (Info 553). STJ. 5ª Turma. HC 258581/RS, Rel. Min. Ribeiro
Dantas, julgado em 18/02/2016.

• MUTATIO LIBELLI:

 Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato,
em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não conti-
da na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se
em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o
aditamento, quando feito oralmente.

 O juiz precisa realizar a mutatio para reconhecer agravantes? Não. Juiz pode conhecer de
ofício. Não é necessária a mutatio. Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença
condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agra-
vantes, embora nenhuma tenha sido alegada.

#SELIGANASSÚMULAS

Súmula 453-STF: Não se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo único do Código de
Processo Penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em virtude de circunstância
elementar não contida, explícita ou implicitamente, na denúncia ou queixa.

HABEAS CORPUS

- Dosimetria da pena e negativa de autoria não são aferíveis por meio de HC, em razão das restri-
ções ao exame fático e probatório.

- Súmula 395 - STF: Não se conhece de recurso de habeas corpus cujo objeto seja resolver sobre o
ônus das custas, por não estar mais em causa a liberdade de locomoção.

- Súmula 606 - STF: Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de turma,
ou do plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso.

- Súmula 693 - STF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou
relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.

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- Súmula 695 - STF: Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade.

- Súmula 208 - STF: O assistente do Ministério Público não pode recorrer, extraordinariamente, de
decisão concessiva de “habeas corpus”.

- Pessoa sem ter capacidade postulatória que impetra um HC e este é negado, poderá ingressar
com recurso contra a decisão? Info 747 – STF: 1ª Turma do STF: SIM; 2ª Turma do STF e STJ: NÃO.

JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS

Princípios: oralidade, informalidade, economia processual, simplicidade, celeridade.

• Competência: infrações penais de menor potencial ofensivo (contravenção penal e crimes com pena
máxima não superior a 2 anos, cumulada ou não com multa).

• Flagrante de menor potencial ofensivo: se o capturado assumir o compromisso de comparecer ao


juizado ou a ele comparecer imediatamente, não será lavrado o APF, mas tão somente o TCO, com sua
imediata liberação.

• Medidas despenalizadoras: composição civil dos danos, transação penal, representação nos crimes de
lesões corporais leves e culposas, suspensão condicional do processo.

#FOCONALEI:

Lei nº 9.099/95 - Dos atos processuais

Art. 12-A. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, para a prática de qual-
quer ato processual,

(...)

Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração
penal.

Art. 64. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno e em qualquer
dia da semana, conforme dispuserem as normas de organização judiciária.

Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades para as quais
foram realizados, atendidos os critérios indicados no art. 62 desta Lei.

§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo.

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§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio hábil
de comunicação.

§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos havidos por essenciais. Os atos realiza-
dos em audiência de instrução e julgamento poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente.

Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado.

Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes
ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.

Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, com aviso de recebimento pessoal ou, tratando-
-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será
obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente de
mandado ou carta precatória, ou ainda por qualquer meio idôneo de comunicação.

Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência considerar-se-ão desde logo cientes as partes, os
interessados e defensores.

Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do mandado de citação do acusado, constará a neces-
sidade de seu comparecimento acompanhado de advogado, com a advertência de que, na sua falta,
ser-lhe-á designado defensor público.

LEIS PENAIS ESPECIAIS

#ATENÇÃO: As leis penais especiais previstas no edital (PC-ES) foram tratadas no NFPSS
de Direito Penal e no NFPSS de Direito Processual Penal. Como forma de evitar repetições
desnecessárias, sugerimos aos nossos alunos que façam a leitura dos dois materiais.

CRIMES CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO E CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA

Lei no 8.137/1990

• Natureza das infrações: no art. 1º, I a IV8 da Lei 8.137/90 estão previstos os crimes materiais contra a
ordem tributária, pois nestes existe uma conduta instrumental, que é a fraude, e uma conduta final, que
é a supressão ou alteração do tributo. Não basta que o agente cometa as condutas previstas, pois elas

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também exigem o resultado de supressão ou redução de tributo.

• O pagamento da penalidade pecuniária imposta ao contribuinte que deixa de atender às exigências


da autoridade tributária estadual quanto à exibição de livros e documentos fiscais não extingue a puni-
bilidade do delito. Isso porque não se adequa a nenhuma das hipóteses de extinção de punibilidade
previstas no § 2º do art. 9º da Lei nº 10.864/2003 (Info 598 - STJ).

• Parcelamento do crédito tributário: acarreta a suspensão da pretensão punitiva e a suspensão do prazo


prescricional, não podendo haver o oferecimento da denúncia nesse meio tempo. Deve ser feito antes
do recebimento da denúncia.

• Pagamento integral: a) antes da condenação (extingue a punibilidade); b) depois da condenação, mas


antes do trânsito em julgado (extingue a punibilidade); c) depois do trânsito em julgado (NÃO irá inter-
ferir no crime, persistindo a condenação).

• SV 24: não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei
nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.

• Para caracterizar o delito previsto no art. 7º, IX, da Lei 8.137/1990 (crime contra relação de consumo), é
imprescindível a realização de perícia a fim de atestar se as mercadorias apreendidas estão em condi-
ções impróprias para o consumo, não sendo suficiente, para a comprovação da materialidade delitiva,
auto de infração informando a inexistência de registro do Serviço de Inspeção Estadual (SIE) - (Info 533
e 560 - STJ).

• A Súmula Vinculante 24 tem aplicação aos fatos ocorridos anteriormente à sua edição. Como
a SV 24 representa a mera consolidação da interpretação judicial que já era adotada pelo STF e pelo
STJ mesmo antes da sua edição, entende-se que é possível a aplicação do enunciado para fatos ocor-
ridos anteriormente à sua publicação. STF. 1ª Turma. RHC 122774/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
19/5/2015 (Info 786). STJ. 3ª Seção. EREsp 1318662-PR, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 28/11/2018
(Info 639).

• Não pratica o crime do art. 3º, III, da Lei 8.137/90 o auditor fiscal que corrige minuta de impug-
nação administrativa que posteriormente é ajuizada na Administração Tributária. É atípica a
conduta de agente público que procede à prévia correção quanto aos aspectos gramatical, estilísti-
co e técnico das impugnações administrativas, não configurando o crime de advocacia administrati-
va perante a Administração Fazendária. STJ. 6ª Turma. REsp 1770444-DF, Rel. Min. Antonio Saldanha
Palheiro, julgado em 08/11/2018 (Info 639).

• A conduta de não recolher ICMS em operações próprias ou em substituição tributária enqua-


dra-se no tipo previsto no art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90 (apropriação indébita tributária). A

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conduta de não recolher ICMS em operações próprias ou em substituição tributária enquadra-se


formalmente no tipo previsto no art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90 (apropriação indébita tributária), desde
que comprovado o dolo. O não repasse do ICMS recolhido pelo sujeito passivo da obrigação tributária,
em qualquer hipótese, enquadra-se (formalmente) no tipo previsto art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90, desde
que comprovado o dolo. Em outras palavras, o tipo do art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90 não fica restrito
apenas às hipóteses em que há substituição tributária. O que se criminaliza é o fato de o sujeito passivo
se apropriar do dinheiro relativo ao imposto, devidamente recebido de terceiro, quer porque descon-
tou do substituído tributário, quer porque cobrou do consumidor, não repassando aos cofres públicos.
STJ. 3ª Seção. HC 399109-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 22/08/2018 (Info 633).

• O prazo da prescrição da pretensão punitiva fica suspenso durante o parcelamento do débito


tributário. O que acontece se o réu de um crime contra a ordem tributária aderir ao parcelamento
da dívida? Haverá a suspensão do processo penal. Nos crimes contra a ordem tributária, quando o
agente ingressa no regime de parcelamento dos débitos tributários, fica suspensa a pretensão puni-
tiva penal do Estado (o processo criminal fica suspenso). Durante o parcelamento o que ocorre com
o prazo prescricional? Também fica suspenso. O prazo prescricional não corre enquanto estiverem
sendo cumpridas as condições do parcelamento do débito fiscal. É o que prevê o art. 9º, § 1º da Lei nº
10.684/2003. Se, ao final, o réu pagar integralmente os débitos, haverá a extinção da punibilidade. STF.
2ª Turma. ARE 1037087 AgR/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/8/2018 (Info 911).

• Extinção da punibilidade pelo pagamento integral de débito mesmo após o trânsito em julga-
do. O pagamento integral do débito tributário, a qualquer tempo, até mesmo após o trânsito em
julgado da condenação, é causa de extinção da punibilidade do agente, nos termos do art. 9º, § 2º, da
Lei nº 10.684/2003. STJ. 5ª Turma.HC 362478-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 14/9/2017 (Info 611).
STF. 2ª Turma. RHC 128245, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23/08/2016.

• Pagamento da multa tributária não extingue a punibilidade do crime previsto no art. 1º, V, da
Lei 8.137/90. O pagamento da penalidade pecuniária imposta ao contribuinte que deixa de atender
às exigências da autoridade tributária estadual quanto à exibição de livros e documentos fiscais não
se adequa a nenhuma das hipóteses de extinção de punibilidade previstas no § 2º do art. 9º da Lei
nº 10.684/2003. STJ. 6ª Turma. REsp 1630109-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
14/2/2017 (Info 598).

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LAVAGEM DE DINHEIRO

LEI Nº 9.613/1998

• FASES DA LAVAGEM DE CAPITAIS:

1ª FASE: Nessa fase o agente introduz o dinheiro ilícito no sistema financeiro, dividin-
COLOCAÇÃO do-o em várias partes menores (uma parte ele transfere para paraísos fiscais,
através de mulas, outra parte ele troca por moeda estrangeira, etc.). Esse
- placement - procedimento é chamado de SMURFING.
2ª FASE:
DISSIMULAÇÃO Aqui o agente começa a fazer várias movimentações financeiras para dificul-
ou tar ainda mais o rastreamento da origem dos valores ilícitos. Ex.: transferên-
MASCARAMENTO cias eletrônicas.
- layering-
3ª FASE:
INTEGRAÇÃO Com a aparência lícita, os bens são formalmente incorporados no sistema
econômico. Ex.: compra de carro, compra de uma casa, etc.
- integration -

• DA ACESSORIEDADE NO CRIME DE LAVAGEM DE CAPITAIS: O crime de lavagem de capitais é um


crime acessório ou parasitário, porque necessita da existência de uma infração penal que lhe seja
antecedente. Apesar disso, o seu julgamento não está vinculado à infração penal antecedente, sendo
dela independente, conforme se depreende do art. 2º, II, Lei nº 9.613/98. Assim, se não houver uma
infração penal antecedente, haverá ATIPICIDADE do crime de lavagem de dinheiro. #VAICAIR.

• O fato anterior precisa ser típico, ilícito e culpável? #CUIDADO! O fato anterior precisa ser apenas
TÍPICO e ILÍCITO, sendo irrelevantes discussões sobre autoria, culpabilidade36 ou punibilidade da
infração antecedente (art. 2º, §1º).

• CUIDADO COM A PRESCRIÇÃO DO CRIME ANTECEDENTE: A extinção da punibilidade pela pres-


crição quanto aos crimes antecedentes não implica o reconhecimento da atipicidade do delito de
lavagem de dinheiro (art. 1º da Lei n. 9.613/1998) imputado ao paciente.

• Justa causa duplicada e crime antecedente: Sabemos que uma das condições da ação penal é a
justa causa, ou seja, o lastro probatório mínimo que o Promotor deverá instrumentalizar em sua denún-
cia. Pois bem. Aqui na lei de lavagem de capitais, o membro do Parquet deverá ficar atento a 2 (dois)
lastros probatórios, do que chamamos de “justa causa duplicada”: Comprovar que houve ocultação ou
dissimilação de dinheiro, bens ou valores; Comprovar que essa ocultação ou dissimilação de dinheiro,
bens ou valores se deu em razão da existência de uma infração penal, direta ou indiretamente.

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• COMPETÊNCIA: Como regra, a competência será da JUSTIÇA ESTADUAL. Será da Justiça Federal nas
hipóteses previstas no art. 2º, III, “a”.

• AUTOLAVAGEM (selflaudering): aqui o autor da infração penal antecedente é o mesmo que comete
o crime de lavagem. Para o STF e o STJ, é possível puni-lo tanto pela infração penal antecedente quan-
to pelo crime de lavagem, por serem delitos autônomos, não havendo o que se falar em bis in idem.

• MEDIDAS ASSECURATÓRIAS (art. 4º): A Lei de lavagem de dinheiro prevê a possibilidade de o


membro do MP ou o delegado de polícia, após ouvir o MP, requerer/representar ao juiz pela decreta-
ção de medidas assecuratórias a fim de salvaguardar o efeito prático de futura condenação. Para tanto,
é preciso se provar a existência de indícios suficientes de infração penal.

• AÇÃO CONTROLADA: Trata-se de retardamento da interferência estatal, por motivo de política inves-
tigatória, a fim de se alcançar um maior número de participantes daquela associação, especialmente
os “chefes” dela.

• EFEITOS DA CONDENAÇÃO (art. 7º): Em caso de eventual condenação do acusado, quais os efeitos
de sua condenação? - Perda de bens em favor da União ou do Estado (a depender da competência);
- Interdição de do exercício de cargo ou função pública.

• CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO E CITAÇÃO DO ACUSADO POR EDITAL: sabemos que o art.
366 do CPP preconiza que, na hipótese de o acusado ser citado por edital, não comparecer e nem
constituir advogado, os autos ficarão suspensos (e a prescrição também), à exceção da produção
antecipada de provas. Pois bem. Como fica aqui na lei de lavagem de dinheiro? Na Lei de lavagem,
segundo o art. 2º, §2º, não há o que se falar em suspensão do processo e da prescrição nos casos
de acusado citado por edital que não comparece e nem constitui advogado. De toda forma, o juiz irá
nomear um defensor dativo para esse acusado aparentemente inerte.

• ACESSO A DADOS CADASTRAIS DOS INVESTIGADOS: o art. 17-B da lei nº 9.613/93 permite que a
autoridade policial e o MP tenham acesso aos dados cadastrais do investigado, independentemente
de autorização judicial. São eles: qualificação pessoal, filiação, endereço. O STJ já decidiu que o princí-
pio da intimidade (art. 5º, X, CF) não é absoluto.

• INDICIAMENTO DE SERVIDOR PÚBLICO: Em caso de indiciamento de servidor público, este será


afastado, sem prejuízo de remuneração e demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente
autorize, em decisão fundamentada, o seu retorno (art. 17-D).

#SELIGANADIFERENÇA

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COLABORAÇÃO
LAVAGEM DE CAPITAIS ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
O juiz poderá, a requerimento das partes, conce-
der o perdão judicial, reduzir em até 2/3 a PPL ou
substituí-la por PRD daquele que tenha colabo-
rado efetiva e voluntariamente com a investiga-
ção e com o processo criminal, desde que dessa
A pena poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3 e ser colaboração advenha um ou mais dos seguintes
cumprida em regime aberto ou semiaberto, resultados:
facultando-se ao juiz deixar de aplica-la ou subs- I - a identificação dos demais coautores e partí-
tituí-la, a qualquer tempo, por PRD, se o autor, cipes da organização criminosa e das infrações
coautor ou partícipe colaborar espontaneamente penais por eles praticadas;
com as autoridades, prestando esclarecimentos
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divi-
que conduzam à apuração das infrações
são de tarefas da organização criminosa;
penais, à identificação dos autores, coautores e
III - a prevenção de infrações penais decorrentes
partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou
das atividades da organização criminosa;
valores objeto do crime.
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou
do proveito das infrações penais praticadas pela
organização criminosa;
V - a localização de eventual vítima com a sua
integridade física preservada.

#NOVIDADELEGISLATIVA

Art. 9º Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas físicas e jurídicas que tenham,
em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não:

V - as empresas de arrendamento mercantil (leasing), as empresas de fomento comercial (factoring)


e as Empresas Simples de Crédito (ESC); (Redação dada pela Lei Complementar nº 167, de 2019).

CRIMES RESULTANTES DE PRECONCEITOS DE RAÇA OU DE COR

LEI Nº 7.716/1989

#FOCONALEI #ARTIGOSMAISCOBRADOS:

Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de

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raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da Adminis-
tração Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços públicos.

Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou função pública, para o servidor público,
e a suspensão do funcionamento do estabelecimento particular por prazo não superior a 3 meses.

Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei não são automáticos, devendo ser moti-
vadamente declarados na sentença.

IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL

LEI Nº 12.037/2009

#FOCONALEI #ARTIGOSMAISCOBRADOS:

Art. 1º O civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nos casos previstos
nesta Lei.

Art. 2º A identificação civil é atestada por qualquer dos seguintes documentos:

I – carteira de identidade;

II – carteira de trabalho;

III – carteira profissional;

IV – passaporte;

V – carteira de identificação funcional;

VI – outro documento público que permita a identificação do indiciado.

Parágrafo único. Para as finalidades desta Lei, equiparam-se aos documentos de identificação civis os
documentos de identificação militares.

Art. 3º Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal


quando:

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I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação;

II – o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado;

III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre
si;

IV – a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da autori-


dade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade policial,
do Ministério Público ou da defesa;

V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações;

VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do docu-


mento apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais.

Parágrafo único. As cópias dos documentos apresentados deverão ser juntadas aos autos do inquéri-
to, ou outra forma de investigação, ainda que consideradas insuficientes para identificar o indiciado.

Art. 4º Quando houver necessidade de identificação criminal, a autoridade encarregada tomará as


providências necessárias para evitar o constrangimento do identificado.

Art. 5º A identificação criminal incluirá o processo datiloscópico e o fotográfico, que serão juntados
aos autos da comunicação da prisão em flagrante, ou do inquérito policial ou outra forma de inves-
tigação.

Parágrafo único. Na hipótese do inciso IV do art. 3º, a identificação criminal poderá incluir a coleta
de material biológico para a obtenção do perfil genético. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012).

Art. 5º-A. Os dados relacionados à coleta do perfil genético deverão ser armazenados em banco
de dados de perfis genéticos, gerenciado por unidade oficial de perícia criminal. (Incluído pela Lei nº
12.654, de 2012).

§ 1º As informações genéticas contidas nos bancos de dados de perfis genéticos não poderão reve-
lar traços somáticos ou comportamentais das pessoas, exceto determinação genética de gênero,
consoante as normas constitucionais e internacionais sobre direitos humanos, genoma humano e
dados genéticos. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012).

§ 2º Os dados constantes dos bancos de dados de perfis genéticos terão caráter sigiloso, respon-
dendo civil, penal e administrativamente aquele que permitir ou promover sua utilização para fins

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diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão judicial. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012).

§ 3º As informações obtidas a partir da coincidência de perfis genéticos deverão ser consignadas em


laudo pericial firmado por perito oficial devidamente habilitado. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012).

Art. 6º É vedado mencionar a identificação criminal do indiciado em atestados de antecedentes ou


em informações não destinadas ao juízo criminal, antes do trânsito em julgado da sentença conde-
natória.

Art. 7º No caso de não oferecimento da denúncia, ou sua rejeição, ou absolvição, é facultado ao


indiciado ou ao réu, após o arquivamento definitivo do inquérito, ou trânsito em julgado da sentença,
requerer a retirada da identificação fotográfica do inquérito ou processo, desde que apresente provas
de sua identificação civil.

Art. 7º-A. A exclusão dos perfis genéticos dos bancos de dados ocorrerá no término do prazo estabe-
lecido em lei para a prescrição do delito. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012).

Art. 7º-B. A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados sigiloso, conforme
regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012).

CÓDIGO ELEITORAL

LEI Nº 4.737/65

 Quando houver lacuna no Código Eleitoral deve-se utilizar o procedimento previsto no CPP.

 Ação penal pública incondicionada.

 É possível usar ação penal privada subsidiária da pública.

 Crime eleitoral é crime comum e não crime de responsabilidade.

 Inquérito: não cabe instauração de ofício pelo delegado, é necessária a requisição do MP ou do


juiz eleitoral. Mas há a exceção do caso de prisão em flagrante, comunicando ao juiz em 24h.

 Prisão em flagrante:

Eleitor não poderá ser preso

- desde 5 dias antes

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- até 48 horas depois do encerramento da eleição, salvo em 3 casos:

a) em flagrante delito de crime inafiançável.

b) em virtude de sentença criminal condenatória pro crime inafiançável.

c) desrespeito ao salvo-conduto.

Membros das mesas receptoras e os fiscais de partido não poderão ser presos nem detidos:

- durante o exercício de suas funções.

- salvo o caso de flagrante delito.

Candidatos:

-desde 15 dias antes das eleições.

-gozarão da mesma garantia dos membros das mesas e fiscais.

 Prazo do inquérito: igual do CPP – 10 dias se o investigado está preso e 30 dias se estiver solto.

 Denúncia em 10 dias.

INVESTIGAÇÃO CRIMINAL CONDUZIDA PELO DELEGADO DE POLÍCIA

LEI Nº 12.830/2009

#FOCONALEI #ARTIGOSMAISCOBRADOS:

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a investigação criminal conduzida pelo delegado de polícia.

Art. 2º As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado
de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado.

§ 1º Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, cabe a condução da investigação


criminal por meio de inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como objetivo
a apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais.

§ 2º Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de polícia a requisição de perícia, informações,


documentos e dados que interessem à apuração dos fatos.

§ 4º O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso somente poderá ser avocado

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ou redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho fundamentado, por motivo de inte-
resse público ou nas hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em regulamento
da corporação que prejudique a eficácia da investigação.

§ 5º A remoção do delegado de polícia dar-se-á somente por ato fundamentado.

§ 6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante


análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias.
#APOSTACICLOS

Art. 3º O cargo de delegado de polícia é privativo de bacharel em Direito, devendo-lhe ser dispen-
sado o mesmo tratamento protocolar que recebem os magistrados, os membros da Defensoria Públi-
ca e do Ministério Público e os advogados.

LEGISLAÇÃO ESTADUAL4

DIREITOS, DEVERES E RESPONSABILIDADES DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO


ESTADO DO ESPÍRITO SANTO NA LEI COMPLEMENTAR Nº 46/94.

DOS DIREITOS
DOS DIREITOS E VANTAGENS
CAPÍTULO I
DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO

Art. 66 - Vencimento é a retribuição pecuniária mensal devida ao servidor público civil pelo efetivo
exercício do cargo, fixada em lei.

Art. 67 - Os vencimentos do servidor público, acrescidos das vantagens de caráter permanente, e


os proventos são irredutíveis, observarão o princípio da isonomia, e terão reajustes periódicos que
preservem seu poder aquisitivo.

§ 1º - O princípio da isonomia objetiva assegurar o mesmo tratamento, a equivalência e a igualdade


de remuneração entre os cargos de atribuições iguais ou assemelhadas.

§ 2º - Na avaliação da ocorrência da isonomia serão levados em consideração a escolaridade, as atri-

4 Eder Viegas

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buições típicas do cargo, a jornada de trabalho e demais requisitos exigidos para o exercício do cargo.

Art. 68 - Os vencimentos dos servidores públicos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário são
idênticos para cargo de atribuições iguais ou assemelhadas, observando-se como parâmetro aqueles
atribuídos aos servidores do Poder Executivo.

Art. 69 - Remuneração é o vencimento do cargo, acrescido das vantagens pecuniárias esta-


belecidas em lei.

Art. 70 - A revisão geral da remuneração dos servidores públicos da administração direta, das autar-
quias e das fundações públicas far-se-á sempre na mesma data e nos mesmos índices.

§ 1º - Os vencimentos e os proventos dos servidores públicos estaduais deverão ser pagos até o último
dia útil do mês de trabalho, corrigindo-se os seus valores, se tal prazo ultrapassar o décimo dia do
mês subsequente ao vencido, com base nos índices oficiais de variação da economia do país. (Nova
redação dada pela Lei Complementar nº 80/1996).

§ 2º - As vantagens pecuniárias devidas ao servidor público serão pagas com base nos valores vigen-
tes no mês de pagamento inclusive quanto às parcelas em atraso.

Art. 71 - Nenhum servidor público poderá perceber, mensalmente, a título de remuneração ou proven-
to, importância superior à soma dos valores fixados como remuneração, em espécie, a qualquer título,
por membro da Assembleia Legislativa, Desembargadores e Secretários de Estado, respectivamente,
de acordo com o Poder a cujo quadro de pessoal pertença, observado o disposto no art. 69.

§ 1º - Excluem-se do teto da remuneração os adicionais e gratificações constantes do art. 93, I, c a I,


II, a, b e c, e III, o décimo terceiro vencimento, as indenizações e os auxílios pecuniários previstos nesta
Lei. (Sob ADI nº 1344 que, conforme decisão monocrática, foi extinta)

§ 2º - O menor vencimento atribuído aos cargos de carreira não poderá ser inferior a um trinta avos
do maior vencimento, na forma deste artigo, incluída a gratificação de representação, quando houver.

Art. 72. O servidor público efetivo enquanto em exercício de cargo em comissão deixará de perceber
o vencimento ou remuneração do cargo efetivo, ressalvado o direito de opção, na forma do art. 96.

Art. 73 - O vencimento, a remuneração e os proventos não sofrerão descontos além dos previstos em
lei, nem serão objeto de arresto, seqüestro ou penhora, salvo quando se tratar de:

I – prestação de alimentos, resultante de decisão judicial; e

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II – reposição de valores pagos indevidamente pela Fazenda Pública estadual, hipótese em que o
desconto será promovido em parcelas mensais não excedentes a vinte por cento da remuneração, ou
provento.

§ 1º - Caso os valores recebidos a maior sejam superiores à cinquenta por cento da remuneração que
deveria receber, fica o servidor público obrigado a devolvê-lo de uma só vez no prazo de setenta e
duas horas.

§ 2º - A indenização de prejuízo causado à Fazenda Pública Estadual em virtude de alcance, desfal-


que, remissão ou omissão em efetuar recolhimentos ou entradas nos prazos legais será feita de uma
só vez, em valores atualizados.

§ 3º - O servidor público em débito com o erário, que for demitido, exonerado ou que tiver a sua
aposentadoria ou disponibilidade cassadas, terá o prazo de até sessenta dias, a partir da publicação
do ato, para quitá-lo.

§ 4º - A não-quitação do débito no prazo previsto no parágrafo anterior implicará sua inscrição em


dívida ativa, sendo o mesmo tratamento observado nas hipóteses previstas no § 2º.

Art. 74 - Mediante autorização do servidor público, poderá haver consignação em folha de pagamen-
to, a favor de terceiros, custeada pela entidade correspondente, a critério da administração, na forma
definida em regulamento.

Parágrafo único - A soma das consignações facultativas e compulsórias não poderá ultrapassar seten-
ta por cento do vencimento e vantagens permanentes atribuídos ao servidor público.

Art. 75 - A remuneração ou provento que o servidor público falecido tenha deixado de receber será
pago ao cônjuge ou companheiro sobrevivente ou à pessoa a quem o alvará judicial determinar.

VANTAGENS PECUNIÁRIAS

SEÇÃO I

DA ESPECIFICAÇÃO

Art. 76. Juntamente com o vencimento, serão pagas ao servidor público as seguintes vantagens pecu-
niárias:

I – indenização;

II – auxílios financeiros;

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III – gratificações e adicionais; e

IV – décimo terceiro vencimento.

§ 1º - As indenizações e os auxílios financeiros não se incorporam ao vencimento ou provento para


qualquer efeito.

§ 2º - As vantagens pecuniárias não serão computadas nem acumuladas para efeito de concessão
de quaisquer outros acréscimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fundamento.

§ 3º - As gratificações e os adicionais incorporam-se ao vencimento ou provento, nos casos e condi-


ções indicados em lei.

§ 4º - Nenhuma vantagem pecuniária poderá ser concedida sem autorização específica na lei de
diretrizes orçamentárias.

SEÇÃO II

DAS INDENIZAÇÕES

Art. 77 - Constituem indenizações ao servidor público:

I – ajuda de custo;

II – diária; e

III – transporte.

SUBSEÇÃO I

DA AJUDA DE CUSTO

Art. 78 - A ajuda de custo é a retribuição concedida ao servidor público estadual para compen-
sar as despesas de sua mudança para novo local, em caráter permanente, no interesse do
serviço, pelo afastamento referido no art. 83, por prazo superior a 15 (quinze) dias e pelo
afastamento previsto nos arts. 57, II e 128 devendo ser paga adiantadamente.

§ 1º - Correrão à conta da administração pública as despesas com transporte do servidor


público e de sua família, inclusive um empregado.

§ 2º - Nos casos de serviço ou cumprimento de missão em outro Estado ou no estrangeiro, a


ajuda de custo será paga para fazer face às despesas extraordinárias.

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§ 3º - À família do servidor público que falecer na nova sede são assegurados ajuda de custo
e transporte para a localidade de origem.

Art. 79 - A ajuda de custo será fixada pelo Chefe do Poder competente e será calculada sobre
a remuneração mensal do servidor público, não podendo exceder a importância correspon-
dente a 03 (três) meses de vencimento, salvo a hipótese de cumprimento de missão no exte-
rior. (Nova redação dada pela Lei Complementar nº 80/1996)

Art. 80 - Não será concedida ajuda de custo ao servidor público que se afastar do cargo, ou
reassumí-lo, em virtude de mandato eletivo3, por ter sido cedido, na forma dos arts. 54, 55 e
56 ou afastado na forma do art. 57, I e III.

Art. 81 - O servidor público restituirá a ajuda de custo quando:

I – não se transportar para a nova sede no prazo determinado;

II – pedir exoneração ou abandonar o serviço;

III – não comprovar a participação em missão a que se refere o art. 57, II.

IV - Ocorrer qualquer das hipóteses prevista no art. 84. (Acrescentado pela Lei Complementar
nº 80/1996).

Parágrafo único - O servidor público não estará obrigado a restituir a ajuda de custo quando
seu regresso à sede anterior for determinado de ofício ou decorrer de doença comprovada na
sua pessoa ou em pessoa de sua família.

Art. 82 - Será concedida a ajuda de custo àquele que, sendo servidor público do Estado, for
nomeado para cargo em comissão, com mudança de domicílio.

DOS AUXÍLIOS FINANCEIROS

SUBSEÇÃO I

DA ESPECIFICAÇÃO

Art. 88 - Serão concedidos ao servidor público:

I – auxílio-transporte;

II – auxílio-alimentação;

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III – auxílio-creche; e

IV – bolsa de estudo.

SEÇÃO IV

DAS GRATIFICAÇÕES E ADICIONAIS

SUBSEÇÃO I

DA ESPECIFICAÇÃO

Art. 93 - Poderão ser concedidos ao servidor público:

I – gratificação por:

a) exercício de função gratificada;

b) exercício de cargo em comissão;

c) exercício de atividades em condições insalubres, perigosas e penosas;

d) execução de trabalho com risco de vida;

e) prestação de serviço extraordinário;

f) prestação de serviço noturno;

g) participação como membro de banca ou comissão de concurso; (Revogada pela Lei Comple-
mentar nº 80/1996)

h) encargo de professor ou auxiliar em curso oficialmente instituído, para treinamento e


aperfeiçoamento funcional; e

i) produtividade;

II – adicional de:

a) tempo de serviço;

b) férias;

c) assiduidade;

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III – gratificação de representação.

IV - gratificação especial de participação em comissão de licitação e de pregão. (Acrescenta-


do pela Lei Complementar nº 291/2004)

SUBSEÇÃO II

DA GRATIFICAÇÃO POR EXERCÍCIO DE FUNÇÃO GRATIFICADA

Art. 94 - Ao servidor público efetivo investido em função gratificada é devida uma gratificação pelo
seu exercício.

Parágrafo único - A gratificação prevista neste artigo será fixada por lei e recebida concomitantemen-
te com o vencimento ou remuneração do cargo efetivo.

Art. 95 - Não perderá a gratificação o servidor público que se ausentar em virtude de férias, luto,
casamento, licenças previstas no art. 122, I a IV e X, e serviço obrigatório por Lei.

SUBSEÇÃO III

DA GRATIFICAÇÃO POR EXERCÍCIO DE CARGO EM COMISSÃO

Art. 96 - A gratificação por exercício de cargo em comissão será concedida ao servidor públi-
co que, investido em cargo de provimento em comissão, optar pelo vencimento do seu cargo
efetivo.

Parágrafo único. A gratificação a que se refere este artigo corresponderá a 65% (sessenta e
cinco por cento) do vencimento do cargo em comissão. (Nova redação dada pela Lei Comple-
mentar nº 408/2007) 4

SUBSEÇÃO IV

DA GRATIFICAÇÃO POR EXERCÍCIO DE ATIVIDADE EM CONDIÇÕES INSALUBRES, PERIGO-


SAS OU PENOSAS

Art. 97 - O servidor público que trabalhe com habitualidade em locais considerados insalubres ou
perigosos ou que exerça atividades penosas fará jus a uma gratificação calculada sobre o vencimento
do cargo efetivo ou em comissão que exerça.

§ 1º - Considera-se insalubre o trabalho realizado em contato com portadores de moléstias infec-


to-contagiosas ou com substâncias tóxicas, poluentes e radioativas ou em atividades capazes de

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produzir sequelas.

§ 2º - Considera-se perigoso o trabalho realizado em contato permanente com inflamáveis, explosi-


vos e em setores de energia elétrica sob condições de periculosidade.

§ 3º - Consideram-se penosas as atividades normalmente cansativas ou excepcionalmente desgas-


tantes exercidas com habitualidade pelo servidor público, na forma prevista em regulamento.

§ 4º - As gratificações referidas neste artigo serão fixadas em percentuais variáveis entre quinze e
quarenta por cento do respectivo vencimento, de acordo com o grau de insalubridade, periculosidade
ou penosidade a que esteja exposto o servidor público, e que será definido em regulamento.

Art. 98 - Será alterado ou suspenso o pagamento da gratificação de insalubridade, periculosidade ou


penosidade durante o afastamento do efetivo exercício do cargo ou função, exceto nos casos de férias,
licenças previstas no art. 122, I, II, IV e X, casamento, luto e serviço obrigatório por lei, ou quando
ocorrer a redução ou eliminação da insalubridade, periculosidade ou penosidade ou forem adotadas
medidas de proteção contra os seus efeitos.

Art. 99 - É proibida a atribuição de trabalho em atividades ou operações consideradas insalubres,


perigosas ou penosas à servidora pública gestante ou lactante.

SUBSEÇÃO V

DA GRATIFICAÇÃO POR EXECUÇÃO DE TRABALHO COM RISCO DE VIDA

Art. 100 - A gratificação por execução de trabalho com risco de vida será concedida ao servidor
público que desempenhe atribuições ou encargos em circunstâncias potencialmente perigosas à sua
integridade física, com possibilidade de dano à vida.

§ 1º - A gratificação de que trata este artigo variará entre os limites de vinte e quarenta por cento,
calculados sobre o valor do vencimento do cargo exercido e será fixada em regulamento.

§ 2º - A gratificação por execução de trabalho com risco de vida apenas será devida enquanto o
servidor público execute suas atividades nas mesmas condições que deram causa à concessão da
vantagem, mantido o direito à percepção da mesma apenas nas ausências por motivo de férias, luto,
casamento, licenças previstas no art. 122, I a IV e X, e serviço obrigatório por lei.

§ 3º - A gratificação prevista neste artigo não será concedida ao servidor público que já estiver perce-
bendo a gratificação constante do art. 97.

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SUBSEÇÃO VI

DA GRATIFICAÇÃO POR PRESTAÇÃO DE SERVIÇO EXTRAORDINÁRIO

Art. 101 - O serviço extraordinário será remunerado com acréscimo de cinquenta por cento em rela-
ção à hora normal de trabalho.

§ 1º - Somente será permitido serviço extraordinário para atender a situações excepcionais e tempo-
rárias, respeitado o limite máximo de duas horas diárias, e não excederá 180 (cento e oitenta) dias
por ano.

§ 2º - A gratificação somente será devida ao servidor público efetivo que trabalhe além da jornada
normal, vedada sua incorporação à remuneração.

DO ADICIONAL DE TEMPO DE SERVIÇO5

Art. 106 - O Adicional de Tempo de Serviço, respeitado do disposto no artigo 166, será conce-
dido ao servidor público, a cada 05 (cinco) anos de efetivo exercício, no percentual de 5%
(cinco por cento), limitado a 35% (trinta e cinco por cento) e calculado sobre o valor do
respectivo vencimento. (Nova redação dada pela Lei Complementar nº 92/1996)

Parágrafo único - Em caso de acumulação legal, o adicional de tempo de serviço será devido
em razão do tempo prestado em cada cargo.

DO ADICIONAL DE ASSIDUIDADE

Art. 108. Após cada decênio ininterrupto de efetivo exercício prestado a administração direta, autar-
quias e fundações do Estado do Espírito Santo, o servidor público em atividade terá direito a um
adicional de assiduidade, em caráter permanente, correspondente a 2% (dois por cento) do venci-
mento básico do cargo, respeitando o limite de 15% (quinze por cento) com integração de mesma
vantagem concedida anteriormente sob regime jurídico diverso.

§ 1º A gratificação de assiduidade para o decênio em curso na data de promulgação desta Lei Comple-
mentar será calculada proporcionalmente e de forma mista.

§ 2º Para aplicação do disposto no § 1º será considerado percentual de 5% (cinco por cento) para os
anos já trabalhados e de 2% (dois por cento) para os anos a serem trabalhados até a Complemen-
tação do decênio. (Artigo 108 e §§ 1º e 2º nova redação dada pela Lei Complementar nº 141/1999)

Art. 109 - Interrompem a contagem do tempo de serviço, para efeito de cômputo de decênio previsto

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no “caput” deste artigo, os seguintes afastamentos: (Nova redação dada pela Lei Complementar nº
80/1994)

I - Licença para trato de interesses particulares;

II - Licença por motivo de deslocamento do cônjuge ou companheiro, quando superiores a 30 (trinta)


dias ininterruptos ou não;

III - Licença por motivo de doença em pessoa da família, quando superiores a 30 (trinta) dias ininter-
ruptos ou não;

IV - Licença para tratamento da própria saúde, quando superiores a 60 (sessenta) dias, ininterruptos
ou não.

V - Faltas injustificadas;

VI - Suspensão disciplinar, decorrente de conclusão de processo administrativo disciplinar;

VII - Prisão mediante sentença judicial, transitada em julgado.

§ 1º - A interrupção do exercício de que trata o “caput” deste artigo, determinará o reinício da conta-
gem do tempo de serviço para efeito de aquisição do benefício, a contar da data do término do afas-
tamento.

§ 2º - Excetuam-se do disposto no inciso IV deste artigo os afastamentos decorrentes de licença por


acidente em serviço ou doença profissional e aqueles superiores a 60 (sessenta) dias ininterruptos de
licença concedidos por junta médica oficial.

§ 3º - A exceção constante do parágrafo anterior aplica-se à hipótese de afastamento determinado


por junta médica oficial para tratamento de doenças graves especificadas no Art.131, independente
do período de licença concedido.

§ 4º - As licenças concedidas em decorrência de acidente em serviço após o período no §


2º, desde que necessárias ao prosseguimento de tratamento terapêutico, serão consideradas
como de efetivo exercício para a concessão do adicional de assiduidade.

§ 5º - As licenças da natureza gravídica da servidora concedidas antes ou após a licença de


gestação, serão também consideradas como de efetivo exercício para a concessão do adicio-
nal de assiduidade. (Incisos I a VII e §§ 1º ao 5º acrescentados ao artigo 109 pela Lei Comple-
mentar nº 80/1996)

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Art. 110 - As faltas injustificadas ao serviço, bem como as decorrentes de penalidades disciplinares e
de suspensão, retardarão a concessão da assiduidade na proporção de sessenta dias por falta.

Art. 111 - O servidor público com direito ao adicional de assiduidade poderá optar pelo gozo de 3 (três)
meses de férias-prêmio, na forma prevista no art.118.(Nova redação dada pela Lei Complementar nº
80/1996)

DA GRATIFICAÇÃO DE REPRESENTAÇÃO

Art. 113 - A gratificação de representação destina-se a atender às despesas extraordinárias, decorren-


tes de compromissos de ordem social ou profissional inerentes a representatividade de ocupantes de
cargos de proeminência e destaque dentro da administração pública estadual.

§ 1º - A gratificação de que trata este artigo não poderá ser percebida cumulativamente pelo servidor
público que ocupe cargo efetivo e em comissão aos quais a mesma seja atribuída, distintamente,
sendo facultada, nesta hipótese, a opção pela de maior valor.

§ 2º - A gratificação de representação será fixada por lei até o limite máximo de cinqüenta por cento
do vencimento do cargo.

DO DÉCIMO TERCEIRO VENCIMENTO

Art. 114. O servidor público terá direito anualmente ao décimo terceiro vencimento, com base no
número de meses de efetivo exercício no ano, na remuneração integral que estiver percebendo ou no
valor do provento a que o mesmo fizer jus, conforme dispuser o regulamento.

§ 1º O 13º vencimento será pago no mês de dezembro, proporcionalmente aos meses trabalhados, à
razão de 1/12 (um doze avos) por mês de efetivo exercício no ano.

§ 2º A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias será considerada como mês integral.

§ 3º No mês de aniversário do servidor será efetuado o pagamento de adiantamento do 13º venci-


mento, deduzidos os valores correspondentes ao Imposto de Renda e à contribuição previdenciária do
servidor, os quais serão liquidados no mês de dezembro.

§ 4º Quando a admissão do servidor ocorrer durante o decurso do ano civil, o pagamento do 13º
vencimento será feito exclusivamente no mês de dezembro, na proporção dos meses de efetivo exer-
cício, observada a regra prevista no § 1º.

§ 5º Quando o servidor se afastar do exercício do cargo, antes do recebimento do adiantamento do

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13º vencimento, o pagamento será efetuado no mês subsequente ao do afastamento, à razão de 1/12
(um doze avos) por mês de efetivo exercício.

§ 6º Quando ocorrer o afastamento do exercício do cargo, após o recebimento do adiantamento do


13º vencimento, o servidor restituirá ao Erário os valores antecipados, à razão de 1/12 (um doze avos)
por mês não trabalhado no ano em curso.

§ 7º São hipóteses de afastamento a que se referem os §§ 5º e 6º:

I - licenças sem vencimentos;

II - afastamento para exercício de mandato eletivo;

III - exoneração;

IV - falecimento;

V - aposentadoria. (NR) (Parágrafos 1º ao 7º e incisos, incluídos no Artigo 114 pela Lei Complementar
nº 880/2017).

DAS LICENÇAS

SEÇÃO I

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 122 - Conceder-se-á licença ao servidor público em decorrência de:

I – tratamento da própria saúde;

II – acidente em serviço ou doença profissional;

III – gestação, à lactação e adoção;

IV – motivo de doença em pessoa da família;

V – motivo de deslocamento do cônjuge ou companheiro;

VI – serviço militar obrigatório;

VII – atividade política.

VIII - trato de interesses particulares e licença especial. (Acrescentado pela Lei Complementar nº

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137/1999)

IX - desempenho de mandato classista;

X - paternidade.

DAS RESPONSABILIDADES

Art. 225 - O servidor público responde civil, penal e administrativamente, pelo exercício irregular de
suas atribuições.

Parágrafo único. A exoneração, aposentadoria ou disponibilidade do servidor público não extingue a


responsabilidade civil, penal ou administrativa oriunda de atos ou omissões no desempenho de suas
atribuições. (Acrescentado ao artigo 225 pela Lei Complementar nº 173/2000)

Art. 226 - A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que
importe prejuízo à Fazenda Pública estadual ou a terceiros.

§ 1º - A indenização de prejuízo causado à Fazenda Pública estadual deverá ser liquidada na forma
prevista no art. 73, § 2º.

§ 2º - Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o servidor público perante a Fazenda


Pública estadual, em ação regressiva.

§ 3º - A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e contra eles será executada, até o
limite do valor da herança recebida.

Art. 227 - A responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções imputados ao servidor público,
nessa qualidade.

Art. 228 - A responsabilidade administrativa resulta de ato ou omissão, ocorrido no desem-


penho do cargo ou função.

Art. 229 - As cominações civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes
entre si, bem assim as instâncias.

Art. 230 - A absolvição criminal só afasta a responsabilidade civil ou administrativa do servidor públi-
co, se concluir pela inexistência do fato ou lhe negar a autoria.

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CÓDIGO DE ÉTICA POLICIAL (ART. 3º), PRERROGATIVAS (ART. 62), HIERARQUIA


POLICIAL CIVIL (ART. 179 a 182) E REGIME DISCIPLINAR (ART. 183 a 239) NA LEI Nº
3400/1981 (ESTATUTO DOS POLICIAIS CIVIS DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO).

TÍTULO II
CAPÍTULO ÚNICO
Do Código de Ética Policial

Art. 3º - O funcionário policial manterá observância dos seguintes preceitos de ética:

I – servir à sociedade como obrigação fundamental;

II – proteger vidas e bens;

III – defender o inocente e fraco contra o engano e a opressão;

IV – preservar a ordem, repelindo a violência;

V – respeitar os direitos e garantias individuais;

VI – jamais revelar tibieza ante o perigo e o abuso;

VII – exercer a função policial com probidade, discrição e moderação, fazendo observar as leis com
polidez;

VIII – não permitir que sentimentos ou animosidades pessoais possam influir em suas decisões;

IX – ser inflexível, porém, justo, no trato com delinqüentes;

X – respeitar a dignidade da pessoa humana;

XI – preservar a confiança e o apreço de seus concidadãos pelo exemplo de uma conduta irrepreen-
sível na vida pública e na particular;

XII – cultuar o aprimoramento técnico-profissional;

XIII – amar a verdade e a responsabilidade, como fundamentos da ética do serviço policial;

XIV – obedecer às ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais;

XI – não abandonar o posto em que deva ser substituído sem chegada do substituído;

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XVI – respeitar e fazer respeitar a hierarquia do serviço policial;

XVII – prestar auxílio, ainda que não esteja em hora de serviço:

1 – a fim de prevenir, ou prevenir perturbação da ordem pública;

2 – quando solicitado por qualquer pessoa carente de socorro policial, encaminhando-a à autoridade
competente, quando insuficientes as providências de sua alçada.

Dos Direitos e Vantagens

CAPÍTULO I

Das Prerrogativas

Art. 62 - Constituem prerrogativas dos funcionários policiais:

I – o desempenho de cargos e funções compatíveis com a sua condição hierárquica;

II – o uso de insígnia e identificação funcional;

III – acesso a locais fiscalizados pela Polícia Civil vetado;

IV – assistência jurídica prestada pelo Estado, quando submetido a processo em juízo em


razão do exercício do cargo;

V – assistência médico-hospitalar às expensas do Estado, quando ferido ou acidentado em


serviço;

VI – portar armas, mediante autorização do órgão competente. (Nova redação dada pela lei Comple-
mentar nº 03/1990).

Da Hierarquia Policial Civil

Art. 179 - A função policial, pelas suas características e finalidades, fundamenta-se na hierarquia e na
disciplina.

§ 1º - A hierarquia policial civil é ordenação das autoridades, em diferentes níveis; segundo a compo-
sição do organismo da Polícia Civil e a classificação dos cargos dentro da estrutura do Quadro de
Pessoal da Polícia Civil.

§ 2º - A disciplina policial civil é a rigorosa observância e o acatamento das leis, regulamentos e


normas de serviço.

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Art. 180 - A hierarquia da função prevalece sobre a hierarquia do cargo.

§ 1º - A ordenação dos cargos se faz por escalonamento vertical, de acordo com os padrões de
vencimentos fixados em lei, entendendo-se que os funcionários policiais de padrão mais elevado tem
precedência hierárquica sobre os de padrão inferior, quando exercerem funções no mesmo órgão ou
prestarem serviços em conjunto.

§ 2º - Na igualdade de padrões, prevalecerá a superioridade do mais antigo.

§ 3º - Fora do mesmo órgão, a hierarquia é apenas de ordem disciplinar.

§ 4º - A hierarquia da função tem por base a posição das unidades administrativas na estrutura
organizacional da Polícia Civil e em relação ao titular da Secretaria de Estado da Segurança Pública,
entendendo-se que os dirigentes de cada órgão se subordinam às chefias que lhes sejam superiores
e os funcionários policiais às autoridades sob as quais servirem.

Art. 181 - Os funcionários policiais integrantes do Quadro de Pessoal da Polícia Civil e demais funcio-
nários em exercício em órgãos policiais civis, sediados no interior do Estado, ficam subordinados à
autoridade policial local.

Art. 182 - Nos serviços em que intervier o trabalho de equipe, os funcionários especializados, técnico-
-científicos e administrativos ficam subordinados à autoridade policial que presida ao procedimento
formal.

Do Regime Disciplinar

CAPÍTULO I

Da Acumulação

Art. 183 - Ao funcionário policial é vedado exercer outra atividade, qualquer que seja a forma de
admissão, remunerada ou não, em entidade pública ou empresa privada, ressalvada a prática profis-
sional em estabelecimento hospitalar, para os ocupantes de cargos de carreira Médico Legista, o
magistério da Escola de Polícia Civil, a participação em órgão de deliberação coletiva e o encargo
de auxiliar ou membro de banca ou comissões de concurso, assegurado, porém, o direito dos atuais
ocupantes de dois cargos públicos em regime de acumulação legal remunerada. Vetado.

Parágrafo único - A ressalva prevista neste artigo fica necessariamente condicionada à compatibili-
dade de horários.

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CAPÍTULO II

Da Responsabilidade

Art. 184 - Pelo exercício irregular de suas atribuições, o funcionário policial responde civil, penal e
administrativamente.

Art. 185 - A responsabilidade civil decorre de procedimento doloso ou culposo; que importe em prejuí-
zo da Fazenda Estadual ou terceiros.

§ 1º - A indenização do prejuízo causado à Fazenda Estadual poderá ser liquidada mediante desconto
em prestações mensais não excedentes da décima parte do vencimento, à míngua de outros bens que
respondam pela indenização.

§ 2º - Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o funcionário perante a Fazenda Esta-


dual, em ação regressiva proposta depois de transitar em julgado a decisão de última instância, que
houver condenado a Fazenda a indenizar o terceiro prejudicado.

Art. 186 - A responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções imputados ao funcio-


nário policial nessa qualidade.

Art. 187 - A responsabilidade administrativa resulta de atos ou omissões praticados no desem-


penho do cargo ou função.

Art. 188 - As cominações civis, penais e disciplinares poderão cumular-se sendo umas e outras inde-
pendentes entre si, bem assim as instâncias civil, penal e administrativa.

Art. 189 - As faltas disciplinares cometidas por policiais militares postos à disposição de órgãos da
Polícia Civil ou que se encontrem na execução de serviços vinculados a autoridade policial civil, serão
levadas pela própria autoridade responsável pelo serviço ao conhecimento do organismo a que
pertençam, para o fim de que a apuração das faltas seja promovida de acordo com os regulamentos
específicos de cada órgão.

Art. 190 - Nas ações policiais, cabe ao superior hierárquico a responsabilidade integral das decisões
que tomar ou de atos que praticar, inclusive de missões e ordens por ele expressamente determinadas.

Parágrafo único - No cumprimento da ordem emanada de autoridade superior, o agente executante


não fica exonerado da responsabilidade pelos excessos que cometer.

Art. 191 - Cometerá falta de natureza grave o superior hierárquico que dificultar, impedir ou de algu-
ma forma frustrar a aplicação de penalidade disciplinar.

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CAPÍTULO III

Das Transgressões Disciplinares

Art. 192 - Constituem transgressões disciplinares:

I – falta de assiduidade ou impontualidade habituais;

II – divulgar ou propiciar divulgação de fatos ocorridos na repartição bem como a de boatos e notícias
tendenciosas;

III – deixar habitualmente de saldar dívidas legítimas ou de pagar com regularidade pensões a que
esteja obrigado em virtude de decisão judicial;

IV – contrair dívidas ou assumir compromissos superiores à suas possibilidades financeiras compro


metendo o bom nome da organização policial civil;

V – deixar de portar sua credencial oficial, estando ou não em serviço;

VI – permutar o serviço sem expressa permissão da autoridade competente;

VII – concorrer de qualquer forma para a defesa de interesse de pessoa custodiada ou presa, fora dos
casos previstos em lei;

VIII – manter relações de amizade ou exibir-se em público com pessoa de má reputação ou de notó-
rios e desabonadores antecedentes criminais, salvo em razão do serviço;

IX – freqüentar, fora do serviço lugar incompatível com o decoro da função policial;

X – deixar, sem justa causa, de submeter-se à inspeção médica determinada por lei ou pela autori-
dade competente;

XI – negligenciar a utilização e guarda de objetos pertencentes à repartição policial e que, em decor-


rência da função ou para seu exercício, lhe hajam sido confiados, possibilitando que os danifiquem
ou extraviem.

XII – deixar de tratar com deferência e urbanidade devidas, intencionalmente ou por negligência, os
superiores hierárquicos e os subordinados;

XIII – deixar de exercer a autoridade compatível à sua classe, cargo ou função ou prevalecer-se, abusi-
vamente da condição de funcionário policial;

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XIV – comparecer a qualquer ato de serviço em visível estado de embriaguez ou ingerir bebidas alcoó-
licas durante o mesmo;

XV – deixar de assumir no prazo legal, a função para a qual foi designado;

XVI – faltar ou chegar atrasado ao serviço e deixar de participar, com antecedência, à autori-
dade a que estiver subordinado, a impossibilidade de comparecer à repartição, salvo motivo
plenamente justificável;

XVII – não se apresentar ao serviço, sem motivo justo, ao fim de licença, de qualquer natureza, férias,
dispensa de serviço, ou ainda, depois de saber que qualquer delas foi interrompida por ordem legal
e superior;

XVIII – simular doença, para esquivar-se ao cumprimento do dever;

XIX – deixar de freqüentar, com assiduidade, cursos instituídos pela Escola de Polícia Civil, quando
esteja matriculado;

CAPÍTULO IV

Das Penas Disciplinares

Art. 194 - São penas disciplinares

I – advertência;

II – repreensão; (Revogado pela Lei Complementar nº 03/1990)

III – suspensão;

IV – destituição de função;

V – alteração compulsória de localização;

VI – demissão;

VII – cassação de aposentadoria ou de disponibilidade.

Parágrafo único - Todas as penas disciplinares aplicadas constarão do assentamento indivi-


dual do servidor policial civil, devendo as previstas nos incisos III a VII ser oficialmente publi-
cadas. (Nova redação dada pela Lei Complementar nº 03/1990)

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Art. 195 - Na aplicação de qualquer pena disciplinar serão previamente considerados:

I – a natureza da transgressão, sua gravidade e as circunstâncias em que foi praticada;

II – os danos dela decorrentes para o serviço público;

III – a repercussão do fato;

IV – os antecedentes do funcionário;

V – a reincidência;

VI – as circunstâncias atenuantes;

VII – as circunstâncias agravantes;

VIII – as causas de justificação.

§ 1º - são circunstâncias atenuantes da pena:

I – haver sido mínima a cooperação do funcionário no cometimento da infração;

II – ter o funcionário:

a) procurado espontaneamente e com eficiência, logo após o cometimento da infração, evitar-lhe ou


minorar-lhe as conseqüências ou ter, antes do julgamento, reparado o dano civil;

b) haver cometido a infração sob coação irresistível de superior hierárquico ou sob influência de
violenta emoção provocada por ato injusto de terceiros;

c) ter confessado espontaneamente a autoria da infração, ignorada ou imputada a outro;

d) ter mais de 5 (cinco) anos de serviço, com bom comportamento, antes da infração.

§ 2º - São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituam ou qualifiquem outra trans-
gressão disciplinar;

I – reincidência;

II – prática de transgressão durante a execução de serviço policial ou em prejuízo deste;

III – coação, instigação ou determinação para que outro funcionário policial, subordinado ou não,
pratique a transgressão ou dela participe;

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IV – impedir ou dificultar, de qualquer maneira, a apuração da falta funcional cometida.

V – concurso de dois ou mais agentes na prática da transgressão;

VI – premeditação.

§ 3º - São causas de justificação:

I – motivo de força maior, plenamente comprovado;

II – ter sido cometida a transgressão na prática de ação meritória, no interesse do serviço, da ordem
ou da segurança pública.

Art. 196 - A aplicação das penas de suspensão superior a 60 (sessenta) dias, demissão, cassação de
aposentadoria ou disponibilidade será sempre precedida de processo administrativo disciplinar. (Nova
redação dada pela Lei Complementar nº 03/1990)

Art. 197 - A aplicação das penas de suspensão até 60 (sessenta) dias, de destituição de função, de
alteração compulsória de localização e de advertência será precedida de investigação sumária. (Nova
redação dada pela Lei Complementar nº 03/1990)

Art. 199 - O ato punitivo mencionará sempre os fundamentos da penalidade, bem como, se tratando
de demissão, o período de incompatibilidade para o exercício de outro cargo ou função.

Parágrafo único - A incompatibilidade referida neste artigo será:

a) de 2 (dois) anos a 4 (quatro) anos, quando se tratar de demissão simples;

b) de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, quando a demissão for aplicada com nota “a bem do serviço público”.

Art. 200 - A pena de advertência será sempre aplicada por escrito ao infrator destinando-se às faltas
consideradas leves. (Nova redação dada pela Lei Complementar nº 03/1990)

Art. 201 - A pena de suspensão será aplicada nos casos de:

I – reincidência de faltas leves;

II – faltas médias;

III – faltas graves, quando couber pena de demissão.

§ 1º - A pena de suspensão importa na perda total da remuneração correspondente aos dias que
durar. (Nova redação dada pela Lei Complementar nº 03/1990)

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Art. 202 - A destituição de função terá por fundamento a falta de exação no cumprimento do dever.

Art. 203 - A pena de alteração compulsória de localização será aplicada quando constatada a incom-
patibilidade ou inconveniência de permanecer o funcionário policial no exercício de suas atividades em
determinado órgão ou localidade.

Art. 204 - A pena de demissão será aplicada quando caracterizar:

I – crime contra os costumes ou contra o patrimônio e que por sua natureza e configuração, seja
considerado como infamante, de modo a incompatibilizar o funcionário policial para o exercício do
cargo ou função;

II – tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica;

III – lesão aos cofres públicos e dilapidação ao patrimônio estadual;

IV – ameaça ou ofensa física em serviço, contra superior hierárquico, funcionário vetado ou particular,
salvo se em legítima defesa;

V – aplicação irregular de dinheiro público;

VI – insubordinação grave em serviço;

VII – abandono do cargo, como tal entendida a ausência ao serviço, sem causa justificada, por mais
de 30 (trinta) dias consecutivos;

VIII – ausência ao serviço sem causa justificada, por mais de 45 (quarenta e cinco) dias, não
consecutivos, no decurso de 1 (um) ano;

IX – transgressões dos incisos XXIX a LXXXI do artigo 192; (Nova redação dada pela Lei Complementar
nº 03/1990)

X – outros crimes contra a administração pública.

Parágrafo único - Poderá ser ainda aplicada a pena de demissão ocorrendo contumácia na prática de
transgressões disciplinares, de qualquer natureza, desde que o funcionário policial tenha sido punido
com pena de suspensão, por mais de 3 (três) vezes.

Art. 205 - Atendendo-se à gravidade da falta, a demissão poderá ser aplicada com a nota “a bem do
serviço público”, a qual constará sempre dos atos de demissão fundada nos incisos I, II, e IV do artigo
204 e nos incisos XLVIII, LVIII, LXXI, LXXIII, LXXV e LXXIX, do artigo 192.

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Art. 206 - Serão cassadas do funcionário policial, a quem for atribuída transgressão punível
com pena de demissão, as prerrogativas de uso da insígnia e identificação funcional e o porte
de armas, durante o período em que esteja respondendo ao competente processo administra-
tivo disciplinar.

Parágrafo único - O não atendimento à determinação deste artigo implica em suspensão de venci-
mento ou remuneração do indiciado, sem prejuízo das demais sanções disciplinares cabíveis.

Art. 207 - A cassação de aposentadoria ou disponibilidade será aplicada ao funcionário policial se


ficar provado que o mesmo praticou, ainda no exercício do cargo, falta a que é cominada a pena de
demissão, ou que exerce, ilegalmente, cargo, função ou emprego público.

Art. 208 - Ocorrendo a perda de função pública do funcionário policial, em razão de sentença conde-
natória transitada em julgado, será expedido pelo Governador do Estado ato declaratório de sua
desinvestidura.

CAPÍTULO V

Da Competência para Imposição de Penalidades

Art. 209 - Para imposição das penas disciplinares são competentes:

I – o Governador do Estado e o Secretário de Estado da Segurança Pública, em qualquer caso;

II – o Conselho de Polícia Civil, nos casos previstos no artigo 196;

III – o Delegado Chefe da Polícia Civil, nos casos previstos no artigo 197;

IV – o Delegado de Polícia nos casos previstos no artigo 200. (Nova redação dada pela Lei Comple-
mentar nº 03/1990).

SEGURANÇA PÚLICA NA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO


(ARTIGOS 125 A 129)

DA DEFESA DO CIDADÃO E DA SOCIEDADE


CAPÍTULO I
DA SEGURANÇA PÚBLICA

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Art. 124. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, consiste em
garantir às pessoas o pleno e livre exercício dos direitos e garantias fundamentais, individuais, coleti-
vos, sociais e políticos estabelecidos na Constituição Federal e nesta Constituição.

Parágrafo único. Fica assegurado, na forma da lei, o caráter democrático na formulação da política e
no controle das ações de segurança pública do Estado, com a participação da sociedade civil.

Art. 125. Os Municípios poderão instituir guardas municipais destinadas à proteção dos seus bens,
serviços e instalações, conforme dispuser a lei municipal.

Art. 126. São órgãos da administração pública encarregados especificamente da segurança pública e
subordinados ao Governador do Estado e à Secretaria de Estado da Segurança Pública:

I - a Polícia Civil;

II - a Polícia Militar;

III - o Corpo de Bombeiros Militar.

Art. 127. Os órgãos estaduais de segurança pública, referidos no artigo anterior, serão regidos por
legislação especial que definirá suas estruturas, competências, direitos, garantias, deveres e prerro-
gativas de seus integrantes, de modo a assegurar a eficácia de suas atividades e atuação harmônica,
respeitada a legislação federal.

Art. 128. À Polícia Civil, essencial à defesa dos indivíduos, da sociedade e do patrimônio, dirigida por
delegado de polícia de carreira, incumbem as funções de polícia judiciária, polícia técnico-
-científica e a apuração das infrações penais, exceto as militares.

§ 1º O delegado-chefe da Polícia Civil será nomeado pelo Governador do Estado e escolhido


entre os integrantes da última classe da carreira de delegado de polícia.

Redação original em vigor, tendo em vista a ADI nº 2710-7. (acórdão pub. No D.J. do dia 13.06.2003)

§ 2° O exercício da função de autoridade de polícia judiciária e de apuração de infrações penais


compete ao delegado de carreira.

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DIREITO CIVIL5

DAS NORMAS GERAIS DO DIREITO BRASILEIRO. INTREPRETAÇÃO DA NORMA


JURÍDICA E PRINCÍPIOS DO DIREITO CIVIL. DIREITO SUBJETIVO E
POTESTATIVO. DIREITOS IMPRESCRITÍVEIS. LESÃO DE DIREITO. RELAÇÃO
JURÍDICA. LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO.

A LINDB é uma norma de sobredireito, ou seja, é uma norma sobre como se elaboram, se inter-
pretam e se aplicam as normas do ordenamento jurídico brasileiro.

- LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO

Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país QUARENTA E CINCO DIAS
depois de oficialmente publicada.

- Vacatio Legis: é o período que medeia entre a publicação da lei e a sua entrada em vigor. Existem
três espécies:

• Lei com “vacatio legis” expressa: é a lei de grande repercussão. Exemplo: no novo CPC geralmente
temos a expressão na lei determinando “entra em vigor um ano depois de publicada”.

• Lei com “vacatio legis” tácita: é aquela que continua em consonância com o artigo 1.º da Lei de Intro-
dução, ou seja, no silêncio da lei entra em vigor, no país, 45 dias depois de oficialmente publicada ou,
no estrangeiro, quando admitida, três meses após a publicação oficial.

• Lei sem “vacatio legis”: é aquela que, por ser de pequena repercussão, entra em vigor na data de publi-
cação, devendo esta estar expressa ao final do texto legal.

§ 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia TRÊS
MESES depois de oficialmente publicada.

§ 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o
prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.

- Revogar é tornar sem efeito uma norma, retirando sua obrigatoriedade e pode ser:

5 POR EDER VIEGAS

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CLASSIFICAÇÃO:

• Quanto à extensão:

Revogação total ou ab-rogação: ocorre quando se torna sem efeito uma norma de forma integral.

Revogação parcial ou derrogação: uma lei nova torna sem efeito parte de uma lei anterior.

• Quanto ao modo:

Revogação expressa (ou por via direta): a lei nova taxativamente declara revogada a lei anterior
ou aponta os dispositivos que pretende retirar.

Revogação tácita (ou por via obliqua): a lei posterior é incompatível com a anterior, não
havendo previsão expressa no texto a respeito da sua revogação.

§ 4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.

Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revo-
gue.

§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incom-
patível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

§ 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, NÃO revoga
nem modifica a lei anterior.

§ 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a
vigência.

Repristinação: é a restauração da vigência de uma lei anteriormente revogada em razão da


revogação da lei revogadora. A regra é não ocorrer a repristinação, entretanto, excepcionalmen-
te, a lei revogada pode ser restaurada se houver disposição expressa.

#ATENÇÃO: repristinação não se confunde com efeito repristinatório! O efeito repristinatório se


configura quando há o renascimento de uma lei, já revogada, mas sem que isso esteja expresso
em uma nova norma. É muito comum que ocorra em controle concentrado de constitucionalidade.
Ex.: Lei B revoga a Lei A. Tempos depois, o STF entende que a Lei B é inconstitucional. Nesse caso,
a declaração de inconstitucionalidade da Lei B já faz com que, automaticamente, a Lei A volte a
produzir efeitos. Perceba que, diferentemente da repristinação, o efeito repristinatório é a REGRA

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nas ações de controle concentrado de constitucionalidade, já que a declaração de inconstituciona-


lidade da lei revogadora faz com que a lei revogada retorne automaticamente.

Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito.

Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adqui-
rido e a coisa julgada.

§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.

§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer,
como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalte-
rável, a arbítrio de outrem.

§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.

#APOSTACICLOS: A cobrança de dívida de jogo contraída por brasileiro em cassino que funciona
legalmente no exterior é juridicamente possível e não ofende a ordem pública, os bons costumes
e a soberania nacional. STJ. 3ª Turma. REsp 1628974-SP, Rel. Min. Ricardo Villas BôasCueva, julgado
em 13/6/2017 (Info 610).

#DEOLHONATABELA #PRINCIPAISREGRAS

CASAMENTO
O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge,
requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, que se apostile ao mesmo a adoção
do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao
competente registro.
Realizando-se o casamento no Brasil, aplica-se a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e
às formalidades da celebração.

As invalidades e o regime de bens serão regidos pela lei de domicílio dos nubentes. Tendo eles domi-
cílio diverso, se regerão pelo primeiro domicílio conjugal.
Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o
casamento e os demais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de
óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascidos no país da sede do Consulado.
Atenção, pois ambos devem ser brasileiros.

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DIVÓRCIO
As autoridades consulares brasileiras também poderão celebrar a separação consensual e o divór-
cio consensual de brasileiros, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os
requisitos legais quanto aos prazos, devendo constar da respectiva escritura pública as disposições
relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto
à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se
deu o casamento
Nesse caso, é indispensável a assistência de advogado (que deverá assinar a petição), mas dispensa-se
sua assinatura na escritura pública.
SUCESSÃO
Pela regra geral, a sucessão é regida pela lei de domicílio do de cujus. Porém, quanto aos bens situa-
dos no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos sucessores brasileiros, a não ser que a lei pessoal
do de cujus seja mais favorável a eles.
A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder.
BENS
Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que
estiverem situados.
Aplica-se, todavia, a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens móveis que
ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares. Exceção: quando se tratar de penhor
aplica-se a lei do domicílio da pessoa que tem a coisa empenhada.
OBRIGAÇÕES
Para qualificar e reger as obrigações, aplica-se a lei do país em que elas foram constituídas.
A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente.
Cuidado: o art. 435 do CC diz que se reputa celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. Há,
portanto, duas regras distintas e a doutrina alega que a LINDB será aplicada aos contratos interna-
cionais (reputando-se celebrado no local em que residir o proponente), ao passo que o CC se aplica
a contratos nacionais. Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma
essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos
extrínsecos do ato.

#ATENÇÃO: as recentes alterações na LINDB, trazida pela Lei n.º 13.655/18, são no sentido de trazer
regras de interpretação, voltadas para principalmente para a administração pública. O tema pode cair
tanto em Direito Civil como em Direito Administrativo e é bastante rico em detalhes!

#NOVIDADELEGISLATIVA

Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurí-

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dicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.

Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da


invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possí-
veis alternativas.

Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação
de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas
consequências jurídicas e administrativas.

Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar as
condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos
interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das
peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos.

Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e as difi-
culdades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos
dos administrados.

§ 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, processo ou


norma administrativa, serão consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto, limita-
do ou condicionado a ação do agente.

§ 2º Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os


danos que dela provierem para a administração pública, as circunstâncias agravantes ou atenuantes
e os antecedentes do agente.

§ 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na dosimetria das demais sanções de
mesma natureza e relativas ao mesmo fato.

Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orientação
nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento de
direito, deverá prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou condi-
cionamento de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo
aos interesses gerais.

Parágrafo único. (VETADO).

Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato,
contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará

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em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de
orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas.

Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as interpretações e especificações contidas em


atos públicos de caráter geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e ainda as
adotadas por prática administrativa reiterada e de amplo conhecimento público.

Art. 25. (VETADO).

Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na aplicação do direito
público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa poderá, após oitiva
do órgão jurídico e, quando for o caso, após realização de consulta pública, e presentes razões de
relevante interesse geral, celebrar compromisso com os interessados, observada a legislação aplicá-
vel, o qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial.

§ 1º O compromisso referido no caput deste artigo:

I - buscará solução jurídica proporcional, equânime, eficiente e compatível com os interesses gerais;
II – (VETADO);

- não poderá conferir desoneração permanente de dever ou condicionamento de direito reconhecidos


por orientação geral;

- deverá prever com clareza as obrigações das partes, o prazo para seu cumprimento e as sanções
aplicáveis em caso de descumprimento.

§ 2º (VETADO).

Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, poderá impor
compensação por benefícios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos resultantes do processo
ou da conduta dos envolvidos.

§ 1º A decisão sobre a compensação será motivada, ouvidas previamente as partes sobre seu cabi-
mento, sua forma e, se for o caso, seu valor.

§ 2º Para prevenir ou regular a compensação, poderá ser celebrado compromisso processual entre
os envolvidos.

Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso
de dolo ou erro grosseiro.

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Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por autoridade administrativa,
salvo os de mera organização interna, poderá ser precedida de consulta pública para manifestação
de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a qual será considerada na decisão

§ 1º A convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará o prazo e demais condições da consul-
ta pública, observadas as normas legais e regulamentares específicas, se houver.

Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na aplicação das
normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respostas a consultas.

Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste artigo terão caráter vinculante em relação
ao órgão ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão.

DAS PESSOAS. PESSOA NATURAL. DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE. DOS


DIREITOS DA PERSONALIDADE. DA AUSÊNCIA. DA CURADORIA DOS BENS DO
AUSENTE. DA SUCESSÃO PROVISÓRIA. DA SUCESSÃO DEFINITIVA.
PESSOA JURÍDICA. DISPOSIÇÕES GERAIS. DAS ASSOCIAÇÕES. DAS FUNDAÇÕES.

Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde
a concepção, os direitos do nascituro. Parte inferior do formulário

Início da personalidade civil: Nascer com vida.

Basta nascer e respirar pela primeira vez para se tornar pessoa humana, para adquirir direitos e
contrair obrigações. Colocar a salvo seus direitos do nascituro significa impedir que situações que venham
prejudicar os direitos que vão ser estabelecidos com seu nascimento possam ocorrer antes do mesmo.

Quanto ao início da personalidade e a natureza jurídica do nascituro, recordemos das principais


correntes:

a) Teoria natalista (Caio Mário, Venosa, Tepedino): a personalidade jurídica se inicia com o nasci-
mento com vida (momento da primeira respiração).

b) Teoria concepcionista: a personalidade jurídica se inicia com a concepção. Logo, o nascituro


teria personalidade jurídica.

c) Teoria da personalidade condicionada (Serpa Lopes): nascituro teria personalidade jurídica

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sujeita a condição suspensiva. É superada porque praticamente se equipara à concepcionista.

d) Teoria híbrida entre natalista e concepcionista (Maria Helena): alguns sustentam que o
nascituro tem personalidade jurídica apenas para o exercício dos direitos da personalidade (ex. plei-
tear alimentos, exigir paternidade). Essa é a chamada de personalidade jurídica formal. No entanto, não
tem personalidade para o exercício dos direitos patrimoniais (personalidade material). Essa teoria é mais
afinada com a ideia de despatrimonialização, pois divide bem essa distinção entre direitos existenciais e
patrimoniais.

- CAPACIDADE:

Lembrem-se da alteração dos artigos 3º e 4º realizada pelo Estatuto da Deficiência (Lei 13.146/2015),
táokei?

Agora, somente os menores de 16 (dezesseis) anos que são absolutamente incapazes! Os


demais, são relativamente incapazes.

#SEMPRECAI: Aqueles que, por causa transitória ou permanente não puderem exprimir sua vonta-
de são RELATIVAMENTE incapazes.

Ressalto ainda, que a Deficiência não é motivo para nenhuma incapacidade.

A menoridade cessa aos dezoito anos. Já a incapacidade cessa: a) pela concessão dos pais ou de
um deles na falta de outro, mediante INSTRUMENTO PÚBLICO, independentemente de homologação
judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; b) pelo casa-
mento; c) pelo exercício de emprego público efetivo; d) colação de grau em curso de ensino superior ; e)
pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que em função
deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.

- AUSÊNCIA: Sobre ausência, ler os artigos do CC (arts. 22 a 39). #ATENÇÃO aos artigos 25, 26,
28, 37 e 38, pois, estabelecem prazos relacionados aos procedimentos de ausência;

Atenção também à possibilidade de declaração de morte presumida SEM decretação de ausên-


cia: a) Se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; b) Se alguém, desapa-
recido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até DOIS anos após o término da guerra.
Obs.: A declaração de morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgota-
das as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.

- COMORIÊNCIA: Art. 8º do Código Civil. Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião,
não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultanea-
mente mortos.

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Obs.: Ôôô, Delta? Atente-se ao detalhe: o artigo fala na mesma ocasião (TEMPO), em razão do
mesmo evento ou não, sendo essas pessoas ligadas por vínculos sucessórios, ok?

- DIREITOS DA PERSONALIDADE:

Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, OS DIREITOS DA PERSONALIDADE SÃO INTRANS-
MISSÍVEIS E IRRENUNCIÁVEIS, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

Além disso, observar o entendimento dos Tribunais Superiores, no informativo 911 do STF, pois, o
Transgênero pode alterar o prenome e gênero sem cirurgia e sem necessidade de autorização judicial.

Também, no Informativo 632, o STJ afirmou que a inobservância do dever de informar e de obter o
consentimento informado do paciente viola o direito à autodeterminação e caracteriza responsabilidade
extracontratual, ou seja, passível de danos morais.

#OUSESABER: A dimensão objetiva contrapõe-se à dimensão subjetiva dos direitos fundamentais.


A dimensão subjetiva é a perspectiva clássica em que há um sujeito, titular de direitos, que demanda do
Estado a tutela de seu interesse. Logo, nota-se uma relação bilateral de demanda, em que um sujeito
exige do outro uma contrapartida. A dimensão objetiva, por sua vez, desprende-se desse caráter pessoal/
individual. A dimensão objetiva cria deveres apriorísticos de proteção dos direitos fundamentais pelo Esta-
do. Há um caráter preventivo. O Estado passa a ter deveres independentemente de um titular que esteja
demandando a proteção.

O rol dos direitos da personalidade é exemplificativo. Existe uma cláusula geral de proteção da
personalidade no direito brasileiro: a dignidade da pessoa humana. Dignidade não comporta um
conceito unívoco, mas comporta um núcleo duro, um conteúdo mínimo: (i) respeito à integridade
física e psíquica; (ii) reconhecimento de liberdade e igualdade; (iii) reconhecimento de um direito a um
mínimo existencial.

#SELIGA: quem tem personalidade jurídica tem capacidade genérica, mas a recíproca não é verda-
deira. Ex.: entes despersonalizados. Ter personalidade jurídica significa ter uma proteção funda-
mental (direitos da personalidade) enquanto a capacidade jurídica é a possibilidade de titularizar atos
jurídicos.

Lesados indiretos (art. 12, p. único, CC): ocorre quando a lesão é dirigida à personalidade de
alguém que já morreu. A lesão atinge diretamente o morto, mas não produz nenhum efeito, porque sua
personalidade já se extinguiu. Contudo, além do morto, serão atingidos indiretamente os familiares do
morto. Os familiares estarão legitimados a requerer indenização em nome próprio, defendendo
interesse próprio. Trata-se de uma legitimidade autônoma (ordinária) para o processo

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- NOME

Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.

Art. 19: O pseudônimo adotado para atividades LÍCITAS goza da proteção que se dá ao nome.

#CASCADEBANANA: a legitimação para proteger os direitos da personalidade do morto varia. A


regra geral é que tem legitimação o cônjuge ou qualquer parente em linha reta ou colateral até o quarto
grau. Mas, se tratando de direito à imagem, a legitimidade é apenas do cônjuge ou dos descendentes.
Veja:

Art. 12: Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão a direito da personalidade, e reclamar perdas
e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

Parágrafo único: em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste
artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta ou colateral até o quarto grau.

Art. 20: Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da


ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra ou a publicação, a exposição ou a
utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da
indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se desti-
narem a fines comerciais.

Parágrafo único: Em se tratando de morto ou ausente, são partes legítimas para requerer essa prote-
ção o cônjuge ou os descendentes.

#APOSTACICLOS

Jornal divulgou a foto do cadáver de um indivíduo morto em tiroteio ocorrido em via pública. Os
familiares do morto ajuizaram ação de indenização por danos morais contra o jornal alegando que
houve violação aos direitos de imagem. O STF julgou a ação improcedente argumentando que
condenar o jornal seria uma forma de censura, o que afronta a liberdade de informação jornalística.
STF. 2ª Turma. ARE 892127 AgR/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 23/10/2018 (Info 921).

#DEOLHONAJURIS

Determinada “farmácia de manipulação” utilizou o nome e a imagem da atriz Giovanna Antonelli,

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sem a sua autorização, em propagandas de um remédio para emagrecer. O STJ afirmou que, além
da indenização por danos morais e materiais, a atriz também tinha direito à restituição de todos
os benefícios econômicos que a ré obteve na venda de seus produtos (restituição do “lucro da
intervenção”). Lucro da intervenção é uma vantagem patrimonial obtida indevidamente com base
na exploração ou aproveitamento, de forma não autorizada, de um direito alheio. Dever de resti-
tuição do lucro da intervenção é o dever que o indivíduo possui de pagar aquilo que foi auferido
mediante indevida interferência nos direitos ou bens jurídicos de outra pessoa. A obrigação de
restituir o lucro da intervenção é baseada na vedação do enriquecimento sem causa (art. 884 do
CC). A ação de enriquecimento sem causa é subsidiária. Apesar disso, nada impede que a pessoa
prejudicada ingresse com ação cumulando os pedidos de reparação dos danos (responsabilidade
civil) e de restituição do indevidamente auferido (lucro da intervenção). Para a configuração do
enriquecimento sem causa por intervenção, não se faz imprescindível a existência de deslocamen-
to patrimonial, com o empobrecimento do titular do direito violado, bastando a demonstração de
que houve enriquecimento do interventor. O critério mais adequado para se fazer a quantificação
do lucro da intervenção é o do enriquecimento patrimonial (lucro patrimonial). A quantificação do
lucro da intervenção deverá ser feita por meio de perícia realizada na fase de liquidação de sentença,
devendo o perito observar os seguintes critérios: a) apuração do quantum debeatur com base no
denominado lucro patrimonial; b) delimitação do cálculo ao período no qual se verificou a indevida
intervenção no direito de imagem da autora; c) aferição do grau de contribuição de cada uma das
partes e d) distribuição do lucro obtido com a intervenção proporcionalmente à contribuição de
cada partícipe da relação jurídica. STJ. 3ª Turma. REsp 1698701-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 02/10/2018 (Info 634).

- PESSOA JURÍDICA

O estudo do Código é suficiente para a resolução das questões (arts. 40 a 69).

Atenção aos artigos. 41, 42, 43, 44, 5, 47, 50, 51, 52, 53, 55, 56, 59, 60, 61, 62, 65, 66, 67, 68, 69!!

Você precisa saber que:

- As pessoas jurídicas de direito público externo são os Estados estrangeiros e todas as pessoas que
forem regidas pelo direito internacional público;

- Que os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado;

- A existência legal das pessoas jurídicas de direito privado começa com a inscrição do ato consti-
tutivo no respectivo registro.

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- Decai em 03 (três) anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado,
por defeito do ato respectivo, contado do prazo da publicação de sua inscrição no registro.

- O direito de anular as decisões quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo,
simulação ou fraude.

- Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.

- Na Desconsideração da Personalidade Jurídica, precisa da comprovação de um ato concreto prati-


cado pela PJ (abuso de poder, desvio de finalidade, falência, etc.) e, que o encerramento irregular não é
causa, por si, somente para desconsideração;

- Nas associações, não há entre os associados, direitos e obrigações recíprocos;

- Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens
especiais;

- A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário; a transferência


de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, não importa, de per si, na atribuição da qualidade
de associado ao adquirente ou herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto.

- Quanto às fundações, o instituidor fará, por escritura pública ou por testamento, dotação especial
de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira como administrá-la.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: o STJ entende que apenas pessoas jurídicas de DIREITO PRIVA-


DO podem sofrer dano moral (empresas). Pessoa jurídica de direito público não (Informativo 534).

- ASSOCIAÇÕES

Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econô-
micos. Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.

Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vanta-
gens especiais.

Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário.

Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a
transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade de associado ao adquiren-
te ou ao herdeiro, SALVO disposição diversa do estatuto.

Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedi-

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mento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto.

- FUNDAÇÕES

Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por ESCRITURA PÚBLICA OU TESTAMENTO,
dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a manei-
ra de administrá-la.

Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de:

– assistência social;

– cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; III – educação;

– saúde;

– segurança alimentar e nutricional;

– defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável;

– pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de


gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos;

– promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos;

IX – atividades religiosas; e

X – (VETADO).

Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.

§ 1º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público do


Distrito Federal e Territórios.

§ 2º Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao


respectivo Ministério Público.

Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma:

I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação; II - não
contrarie ou desvirtue o fim desta;

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III - seja aprovada pelo órgão do Ministério Público, e, caso este a denegue, PODERÁ O JUIZ SUPRI-
-LA, A REQUERIMENTO DO INTERESSADO.

III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias,
findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do
interessado.

Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores da
fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à
minoria vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias.

Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo
de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção,
incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto,
em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.

- DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

#SELIGA #TEORIAS

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA:

A pessoa jurídica traduz uma realidade técnica.

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou
pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público
quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obri-
gações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica
(desconsideração da pessoa jurídica).

DESCONSIDERAÇÃO DIRETA x INDIRETA:

Pessoal, atentem à seguinte diferença:

• Desconsideração direta (regular): bens dos sócios ou administradores respondem por dívidas da
pessoa jurídica.

• Desconsideração inversa: bens da pessoa jurídica respondem por dívidas dos sócios e administra-
dores.

Atualmente é prevista expressamente no CPC (Art. 133).

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• Desconsideração expansiva: tem o escopo de atingir o patrimônio do sócio oculto que se utiliza de
um terceiro aparente (“laranja”, “testa de ferro”) para controlar a sociedade.

• Desconsideração indireta: É aplicável substancialmente aos grupos/conglomerados econômicos em


que a empresa controladora utiliza de sociedades menores, controladas/filiadas, que estão à beira da
insolvência, para praticar atos abusivos.

É possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica sempre que o cônjuge ou


companheiro empresário valer-se de pessoa jurídica por ele controlada, ou de interposta
pessoa física, a fim de subtrair do outro cônjuge ou companheiro direitos oriundos da socie-
dade afetiva. STJ. 3ª Turma. julgado em 22/10/13 (informativo 533).

TEORIA MAIOR x MENOR:

Para a teoria maior, dois são os requisitos para aplicação da desconsideração:

(i) Abuso da personalidade jurídica.

(ii) Prejuízo ao credor.

Para a teoria menor basta um único requisito para aplicação da desconsideração:

(i) prejuízo ao credor (art. 4º, Lei nº 9605/98 e art. 28, §5º, Lei nº 8078/90).

#ALTERAÇÃO LEGISLATIVA:

A Medida Provisória 881/2019, alterou o Código Civil no artigo que trata sobre a possibilidade de
desconsideração da personalidade jurídica, vejamos:

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade
ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público
quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e deter-
minadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores
ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.

§ 1º Para fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização dolosa da pessoa
jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natu-
reza

§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimô-


nios, caracterizada por:

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I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou


vice-versa;

II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto o de valor


proporcionalmente insignificante; e

III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.

§ 3º O disposto no caput e nos § 1º e § 2º também se aplica à extensão das obrigações de


sócios ou de administradores à pessoa jurídica.

§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o
caput não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica.

§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade origi-


nal da atividade econômica específica da pessoa jurídica.

DOS BENS. BENS CONSIDERADOS EM SI MESMO. MÓVEIS E IMÓVEIS. FUNGÍVEIS


E CONSUMÍVEIS. DIVISÍVEIS. SINGULARES E COLETIVOS. BENS RECIPROCAMENTE
CONSIDERADOS. PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS. BENFEITORIAS E SUA CLASSIFICAÇÃO.
BENS PÚBLICOS. DISTINÇÃO DOS PARTICULARES. CLASSIFICAÇÃO.

Bens considerados em si, observem que não perdem o caráter de imóveis, os materiais provisoria-
mente separados de um prédio, para nele se reempregarem.

E são móveis, para os efeitos legais, os materiais destinados a alguma construção que não forem
empregados; Readquirem a essa qualidade, os provenientes da demolição de algum prédio.

#CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS: o art. 99 do Código Civil classifica os bens públicos de
acordo com a sua destinação (ou afetação): #JÁCAIUÉ? #UMAVEZSIMOUTRATAMBÉM

Bens de uso comum do povo: São aqueles destinados à utilização geral pelos indivíduos, poden-
do ser utilizados por todos em igualdade de condições independentemente de consentimento individua-
lizado por parte do Poder Público (uso coletivo). Exs: ruas, praças, rios, praias etc.

Bens de uso especial: São aqueles utilizados pela Administração para a prestação dos serviços
administrativos e dos serviços públicos em geral, ou seja, utilizados pela Administração para a satisfação
de seus objetivos. Exs: prédio onde funciona um órgão público.

Bens dominicais: São aqueles que não estão sendo utilizados para nenhuma destinação públi-

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ca (estão desafetados), abrangendo o denominado domínio privado do Estado. Exs: terras devolutas,
terrenos de marinha, prédios públicos desativados, móveis inservíveis, dívida ativa etc. Os bens públicos
dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.

Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam
sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.

#ATENÇÃO: NAVIO E AEROVAVES: admitem hipoteca e possuem registro especial, no entanto são
bens móveis especiais.

CLASSIFICAÇÃO QUANTO À DEPENDÊNCIA. Bens reciprocamente considerados.

a) Bem principal: é um bem autônomo (independente) no plano concreto ou abstrato.

b) Bem acessório: é um bem cuja existência supõe a do bem principal.

O Código Civil trata dos bens públicos do art. 99 ao 103, além da CF em seus art. 20 e 26. Vale a
pena a o estudo!

- UNIVERSALIDADE DE FATO E DE DIREITO

Art. 90. Constitui UNIVERSALIDADE DE FATO a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à
mesma pessoa, tenham destinação unitária.

Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas
próprias.

- BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS

Sobre o tema, podemos ter três classificações distintas: bem principal, bem acessório e pertença.
Vejamos:

Art. 92. PRINCIPAL é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; ACESSÓRIO, aquele cuja
existência supõe a do principal.

Art. 93. São PERTENÇAS os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo
duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.

Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal NÃO abrangem as pertenças, salvo
se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.

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Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de
negócio jurídico.

#DEOLHONAJURIS: O equipamento de monitoramento acoplado em caminhão é qualifica-


do como pertença e pode ser retirado pelo devedor fiduciante que o colocou. CC/Art. 94. Os
negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se
o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso. STJ. 3ª
Turma. REsp 1667227-RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 26/06/2018 (Info 629).

Havendo adaptação de veículo, em momento posterior à celebração do pacto fiduciário,


com aparelhos para direção por deficiente físico, o devedor fiduciante tem direito a reti-
rá-los quando houver o descumprimento do pacto e a consequente busca e apreensão do
bem. STJ. 4ª Turma. REsp 1305183-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 18/10/2016
(Info 594).

DOS FATOS JURÍDICOS. NEGÓCIO JURÍDICO. DISPOSIÇÕES GERAIS. REQUISITOS


DE VALIDADE, FORMA, MODO DE INTERPRETAÇÃO E BOA-FÉ. REPRESENTAÇÃO.
CONDIÇÃO, TERMO E ENCARGO. DEFEITOS. ERRO SUBSTANCIAL. DOLO. COAÇÃO.
ESTADO DE PERIGO. LESÃO. FRAUDE CONTRA CREDORES. CARACTERÍSTICAS E
CONSEQUÊNCIAS. INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO. NEGÓCIO NULO.
CONDIÇÕES DE NULIDADE. SIMULAÇÃO. NEGÓCIO ANULÁVEL. CONDIÇÕES DE
ANULABILIDADE. CONVALIDAÇÃO. REQUISITOS. DECADÊNCIA. PRAZO. PROVA
DOS FATOS JURÍDICOS.

Atenção aos artigos: 108, 110, 119, 121, 123, 124, 125, 131, 133, 136, 137, 139, 143, 149, 153, 156, 157, 159,
167, 169, 170, 171, 182, 178, 179, 181!!

FATO JURÍDICO, NEGÓCIO JURÍDICO E ATO-FATO

Planos de análise do negócio jurídico (Existência + Validade + Eficácia = Escada Ponteana).

1) PLANO DE EXISTÊNCIA: Trata-se do plano substantivo do negócio jurídico, em que se analisam


os elementos que compõem a sua existência e sem os quais o negócio é um nada jurídico (inexistente).
Apesar de não haver sido regulado na parte geral do CC, é amplamente aceito pela doutrina e pela juris-
prudência. Então, temos como pressupostos de existência do negócio jurídico os seguintes:

a) Manifestação de Vontade: É a soma da vontade interna + externa. Em geral pode ser expressa

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ou tácita. Todo negócio pressupõe, para existir, um agente emissor de vontade, em geral pessoa física ou
pessoa jurídica. Com base no princípio da boa-fé, o silêncio pode traduzir aceitação para evitar compor-
tamento contraditório. A proibição do comportamento contraditório encontra base na teoria do “Nemo
potest venire contra factum proprium”.

b) Agente Emissor da Vontade: Todo negócio deve ter um declarante, sob pena de não existir.

c) Objeto do Negócio: É o bem jurídico visado.

d) Forma: Trata-se do “revestimento exterior da vontade” do negócio jurídico. Isso significa que a
forma é o “veículo/meio” pelo qual a vontade se manifesta (Ex.: escrita, oral). Por isso, não se confunde
com a própria vontade, apesar de estar intimamente ligada a ela.

São, portanto, 4 os pressupostos de existência, sem os quais o negócio jurídico é inexistente (mani-
festação de vontade + agente emissor da vontade + objeto do negócio + forma).

2) PLANO DE VALIDADE: Verifica se o negócio possui aptidão para produzir efeitos. Os pressu-
postos de validade nada mais são que os pressupostos de existência qualificados.

Portanto, são considerados pressupostos de validade do negócio jurídico:

a) Manifestação de Vontade LIVRE e DE BOA-FÉ: Percebam que os vícios de vontade (Erro,


Dolo, Coação, Lesão ou Estado de Perigo) são “qualificadoras” que atacam diretamente a vontade do
agente, incidindo exatamente sobre o plano de validade do negócio jurídico.

b) Agente Emissor da Vontade CAPAZ e LEGITIMADO.

c) Objeto LÍCITO, POSSÍVEL E DETERMINADO/DETERMINÁVEL: No Brasil, a doutrina tradicio-


nal enxerga a licitude do objeto não apenas com base na legalidade estrita, mas também como aquele
que não atentar contra o padrão médio de moralidade e dos bons costumes (com este entendimento
afasta-se, portanto, a validade de um contrato de prestação de serviços sexuais).

d) Forma LIVRE (NÃO DEFESA) OU PRESCRITA EM LEI: O CC consagra o princípio da liberdade


da forma para os negócios jurídicos. Vale dizer: os negócios jurídicos no Brasil, em geral, têm forma livre
(art. 107 do CC – “A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a
lei expressamente a exigir”).

A Lei, porém, excepcionalmente, exige a forma do negócio como pressuposto de validade do negó-
cio jurídico (negócio ad solemnitatem – art. 108 do CC: “Não dispondo a lei em contrário, a escritura
pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação
ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a 30 Vezes o maior salário mínimo vigente
no País”).

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3) PLANO DE EFICÁCIA: No plano da eficácia estudam-se os elementos que interferem na eficácia


jurídica do negócio jurídico. Esses elementos também são chamados de elementos acidentais do negócio
jurídico (acidentais porque podem ou não ocorrer). São eles: Condição, Termo e Meio (ou Encargo).

DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO:

Vício de consentimento: o defeito está na formação da vontade (vontade interna) e o prejudicado


é um dos contratantes. Ex.: Erro, Dolo, Coação, Lesão ou Estado de Perigo.

Vício social: o defeito está na manifestação da vontade (vontade externa) e o prejudicado é sempre
um terceiro. Ex.: fraude contra credores e simulação.

1) ERRO:

O erro é causa de anulabilidade do negócio jurídico

Espécies de erro:

• Negócio: é o que incide sobre a natureza da declaração negocial da vontade.

• Objeto: é o que incide sobre as características do objeto do próprio negócio.

• Pessoa: é aquele que incide sobre os elementos de identificação do próprio declarante.

• Erro impróprio? Incide apenas na vontade declarada, e não em sua intenção. Não foi adotada pelo
sistema jurídico brasileiro.

2) DOLO.

Causa de anulabilidade do negócio jurídico e consiste no artifício ou ardil empregado pela outra
parte ou por terceiro para prejudicar o declarante enganado. É um erro provocado.

Nos termos do art. 145, somente terá efeito invalidante o dolo principal, ou seja, se atacar a causa
do negócio. O dolo acidental, previsto no art. 146, por atacar aspectos secundários do negócio, não o
invalida, gerando apenas obrigação de pagar perdas e danos.

Dolo negativo consiste em uma omissão dolosa de informação ou silêncio intencional que
prejudica a outra parte do negócio. Traduz quebra do dever de informação e violação à boa fé obje-
tiva (art. 147, CC). Gera a invalidade do negócio jurídico.

Dolo Bilateral: Já no dolo bilateral, previsto no art. 150, nenhuma parte pode alegar dolo da outra
para anular o negócio.

3) COAÇÃO. Art. 151.

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A coação traduz violência. Consiste em uma ameaça ou violência psicológica. Não se confun-
dem com a coação física (vis absoluta), causadora da inexistência do próprio negócio.

4) ESTADO DE PERIGO.

Não era previsto no CC/16. É causa de anulação do negócio jurídico, quando o agente, diante
de uma situação de perigo de dano conhecido pela outra parte, assume uma obrigação excessiva-
mente onerosa, em franco desrespeito ao princípio da função social.

#COLANARETINA: para o estado de perigo exige-se o DOLO DE APROVEITAMENTO.

CHEQUE CAUÇÃO: o cheque caução como condição para atendimento emergencial em hospitais
é exemplo da teoria do estado de perigo para justificar a invalidade do ato praticado.

5) LESÃO:

É inovação do CC/02. Requisitos: premente necessidade ou inexperiência (elemento subjetivo)


+ onerosidade excessiva (elemento objetivo). Ex.: compra de imóvel financiado no Brasil.

6) SIMULAÇÃO. ART. 167, CC.

Vício social do negócio jurídico. O negócio interno não é o mesmo do negócio manifestado.

Enunciado 152, III, Jornada de Direito Civil: “toda simulação, inclusive, a inocente (que não causa
prejuízo), é invalidante”.

#NÃOCONFUNDA:

• Simulação absoluta: na aparência há determinado negócio, mas na essência não há negócio algum,
o que gera a nulidade do ato praticado.

• Simulação relativa: na aparência há determinado negócio (simulado), mas na essência há outro


negócio (dissimulado). Prevê o art. 167, CC, que nulo é o negócio simulado e válido o dissimulado, se
apresentar os mínimos requisitos de validade.

No CC/02, a simulação absoluta e a relativa geram nulidade absoluta do negócio jurídico.

Enunciado 578 CJF: Sendo a simulação causa de nulidade do negócio jurídico, sua alegação pres-
cinde de ação própria.

7) FRAUDE CONTRA CREDORES: É um vício social do negócio jurídico. Para fins de prova objeti-
va, os negócios praticados em fraude contra credores são anuláveis (art. 171, CC).

Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: (...)

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II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.

Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo
sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores.

Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais, mediante
hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na anulação da preferência ajus-
tada.

A ação anulatória é chamada de pauliana (origem romana) ou ação revocatória.

Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor insolvente, a
pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que
hajam procedido de má-fé.

Requisitos para Caracterização da Fraude Contra Credores.

• Disposição onerosa: exige a colusão fraudulenta entre as partes (consilium fraudis – elemento subje-
tivo) e o prejuízo ao credor (eventus damni – elemento objetivo).

Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a
insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante.

• Disposição gratuita: basta o prejuízo ao credor (eventus damni).

Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o


devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser
anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.

§1º Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.

§2º Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles.

NULIDADE ABSOLUTA (ART. 166, CC)

Súmula 381 do STJ: nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusivi-
dade das cláusulas Ação de nulidade – Efeitos da Sentença: Erga omnes e Ex tunc.

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NULIDADE RELATIVA (ART. 171, CC):

Ação anulatória é constitutiva negativa sujeita a prazo decadencial (art. 178 e 179, CC).

Enunciado 538 CJF: No que diz respeito a terceiros eventualmente prejudicados, o prazo decaden-
cial de que trata o art. 179 do Código Civil não se conta da celebração do negócio jurídico, mas da
ciência que dele tiverem.

O entendimento majoritário é de que os efeitos são ex nunc.

NULIDADE ABSOLUTA (NULIDADE) NULIDADE RELATIVA (ANULABILIDADE)


Atinge interesse público Atinge interesse particular

Pode ser suscitada por qualquer interessado,


Só pode ser suscitada pelos interessados (art.
pelo MP e deve ser reconhecia de ofício pelo juiz
177).
(art. 168).

É irratificável (art. 169, 1ª parte), ou seja, é insus- É ratificável (art. 172). Pode ser suprida, sanada,
cetível de confirmação. inclusive pelas partes.

Sentença produz efeitos EX TUNC, pois, regra


O tema se tornou controvertido.
geral, o ato nulo não produz efeitos.

Não convalesce pelo decurso do tempo (art.


Ação anulatória possui prazos decadenciais (4 ou
169, parte final). Isso significa que a nulidade é
2 anos – art. 178 e 179, CC);
imprescritível.

Art. 166. É NULO o negócio jurídico quando:


- celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
- for ilícito, impossível ou indeterminável o seu
objeto;
Art. 171. Além dos casos expressamente declara-
- o motivo determinante, comum a ambas as dos na lei, é ANULÁVEL o negócio jurídico:
partes, for ilícito;
- por incapacidade relativa do agente;
- não revestir a forma prescrita em lei;
- por vício resultante de erro, dolo, coação, esta-
- for preterida alguma solenidade que a lei consi- do de perigo, lesão ou fraude contra credores.
dere essencial para a sua validade;
- tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
- a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-
-lhe a prática, sem cominar sanção.

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DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA. CONCEITOS. TRATAMENTO DISPENSADO PELO


ATUAL CÓDIGO CIVIL. DISPOSIÇÕES GERAIS DE PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA.
SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO. PRAZOS.

A base da prescrição e da decadência é o decurso do tempo. A prescrição ataca a pretensão. A


pretensão, por sua vez, traduz o poder jurídico conferido ao credor de coercitivamente exigir o cumpri-
mento da prestação violada. A pretensão nasce no dia em que o direito à prestação é violado e morre no
último dia do prazo prescricional.

Prescrição, portanto, é a perda da pretensão de reparação do direito violado em virtude da inércia


do seu titular, no prazo previsto em lei. Desse modo, o prazo prescricional é o prazo para exercício da
pretensão.

OBS: Os prazos prescricionais estão SEMPRE previstos na lei, e, no Código Civil, estão em 2 únicos
artigos (arts. 205 e 206).

PRAZO HIPÓTESES
01 ANO (i) Segurado contra o segurador, ou deste contra aquele.

02 ANOS (i) Prestações alimentares.

03 ANOS (i) Aluguéis de prédios; (ii) enriquecimento sem causa; (iii) reparação civil.

04 ANOS (i) Pretensão relativa à tutela.

(i) Cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular; (ii)


05 ANOS
pretensão de profissionais liberais.

#JURISPRUDÊNCIA: É decenal o prazo prescricional aplicável às hipóteses de pretensão funda-


mentadas em inadimplemento contratual. É adequada a distinção dos prazos prescricionais da
pretensão de reparação civil advinda de responsabilidades contratual e extracontratual. Nas contro-
vérsias relacionadas à responsabilidade CONTRATUAL, aplica-se a regra geral (art. 205 CC/2002)
que prevê 10 anos de prazo prescricional e, quando se tratar de responsabilidade extracontratual,
aplica-se o disposto no art. 206, § 3º, V, do CC/2002, com prazo de 3 anos. Para fins de prazo pres-
cricional, o termo “reparação civil” deve ser interpretado de forma restritiva, abrangendo apenas
os casos de indenização decorrente de responsabilidade civil extracontratual. Resumindo. O prazo
prescricional é assim dividido: • Responsabilidade civil extracontratual (reparação civil): 3 anos (art.
206, § 3º, V, do CC). • Responsabilidade contratual (inadimplemento contratual): 10 anos (art. 205 do
CC). STJ. 2ª Seção. EREsp 1280825-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 27/06/2018 (Info 632).

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DAS OBRIGAÇÕES. MODALIDADES. OBRIGAÇÕES DE DAR. OBRIGAÇÕES DE FAZER E


NÃO FAZER. OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS, DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS. OBRIGAÇÕES
SOLIDÁRIAS. SOLIDARIEDADE ATIVA E PASSIVA. TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES.
ADIMPLEMENTO, INADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES.

Artigos mais cobrados: 233, 234, 235, 238, 241, 243, 244, 246, 252, 256, 259, 260, 262, 265, 269, 270,
272, 273, 275, 276, 277, 279, 280, 282, 283, 289, 290, 291, 296, 299, 300, 302, 303, 305, 309, 310, 313, 314,
315, 317, 320, 327, 330, 331, 333, 346, 347, 250, 356, 360, 362, 363, 364, 366, 369, 371, 372, 373, 381, 385,
388, 393, 395, 397, 398, 399, 408, 409, 412, 413, 414 e 416.

Os artigos trazidos acima, devidamente estudados, auxiliarão (e muito!), na resolução das questões
da prova. (depois você me conta!)

Vai que aparece na prova??

• Supressio: perda de um direito ou de uma posição jurídica pelo seu não exercício no tempo. Haveria
uma perda por renúncia tácita do titular do direito não exercido em determinado período de tempo.

• Surrectio: é o surgimento de um direito diante de práticas, usos e costumes. É o outro lado da moeda
da supressio. Um perde o direito em razão de sua inércia e o outro ganha.

• Tu quoque: (“Até tu, Brutus?”). Traduz a regra de ouro da boa-fé. Não faça com o outro o que você
não faria contra si mesmo. Visa a impedir que uma das partes na relação negocial surpreenda a outra,
colocando-a em situação injusta de desvantagem.

• Exepctio doli: excepctio é defesa e doli é dolo. É a defesa contra o dolo alheio. Ex. exceção do contrato
não cumprido.

• Venire contra factum proprium non potest: é a vedação de comportamento contraditório.

• Duty to mitigate the loss: a boa-fé objetiva impõe ao credor o dever de mitigar o próprio prejuízo,
evitando o aumento da dívida do devedor, quando possível

#AJUDAMARCINHO

A mera notícia de decisão judicial determinando a indisponibilidade forçada dos bens do réu, no
cerne de outro processo, com objeto e partes distintas, NÃO possui o condão de interromper a
incidência dos juros moratórios. STJ. 3ª Turma. REsp 1740260-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 26/06/2018 (Info 629).

Se a proporção entre a quantia paga inicialmente e o preço total ajustado evidenciar que o paga-

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mento inicial englobava mais do que o sinal, não se pode declarar a perda integral daquela quantia
inicial como se arras confirmatórias fosse, sendo legítima a redução equitativa do valor a ser retido.
STJ. 3ª Turma. REsp 1513259-MS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 16/2/2016 (Info 577).

Constatado o caráter manifestamente excessivo da cláusula penal contratada, o magistrado deverá,


independentemente de requerimento do devedor, proceder à sua redução. Fundamento: CC/Art.
413. A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido
cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em
vista a natureza e a finalidade do negócio. STJ. 4ª Turma. REsp 1.447.247-SP, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 19/04/2018 (Info 627).

DA RESPONSABILIDADE CIVIL. OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR. ELEMENTOS ESSENCIAIS


À RESPONSABILIDADE CIVIL. RESPONSABILIDADE SEM CULPA E ATIVIDADES
PERIGOSAS. RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATO OU FATO DE TERCEIRO.
INDENIZAÇÃO.

Artigos mais cobrados: 927, 928, 931, 932, 933, 934, 935, 936, 937, 938, 940, 943, 944 e 945.

Fazendo um paralelo com o estudo dos atos ilícitos, importante falar sobre as excludentes de ilici-
tude, lembrem-se que, nem sempre, elas isentam o agente do dever de ressarcir. Vejam:

a) Estado de necessidade (artigo 188, II, CC): se no atuar em estado de necessidade o agente
atingir terceiro

inocente (que não tiver sido responsável pelo dano), deverá indenizá-lo, com direito de regresso
contra o causador do dano, na forma dos artigos 929 e 930.

b) Legítima defesa (artigo 188, I, 1a parte, CC): Se atinge um terceiro inocente, deverá indenizá-
-lo, cabendo a regressão ao causador do dano, aplicando-se também os artigos 929 e 930.

c) Legítima defesa putativa: há o dever de indenizar. Nesse caso haverá a exclusão da culpabili-
dade, mas não da antijuridicidade.

d) Excesso na legitima defesa: a indenização deverá ser proporcional ao excesso.

e) Estrito cumprimento do dever legal e Exercício regular de direito (188, I, 2a parte, CC): É
óbvio que o estrito cumprimento do dever legal afasta a responsabilização, desde que não haja abuso.

Teoria da Perda de uma Chance:

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Trata-se de teoria inspirada na doutrina francesa (perte d’une chance). Na Inglaterra é chamada
de loss-of-a-chance. Segundo esta teoria, se alguém, praticando um ato ilícito, faz com que outra
pessoa perca uma oportunidade de obter uma vantagem ou de evitar um prejuízo, esta conduta
enseja indenização pelos danos causados. Em outras palavras, o autor do ato ilícito, com a sua
conduta, faz com que a vítima perca a oportunidade de obter uma situação futura melhor. Com
base nesta teoria, indeniza-se não o dano causado, mas sim a chance perdida. Esta teoria é apli-
cada pelo STJ, que exige, no entanto, que o dano seja REAL, ATUAL e CERTO, dentro de um juízo
de probabilidade, e não mera possibilidade, porquanto o dano potencial ou incerto, no espectro
da responsabilidade civil, em regra não é indenizável (REsp 1.104.665-RS, Rel. Min. Massami Uyeda,
julgado em 9/6/2009). (CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Ausência de coleta das células-tron-
co no momento do parto e teoria da perda de uma chance. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/647b-
ba344396e7c8170902bcf2e15551>. Acesso em: 28/03/2019)

Aqui, temos que lembrar que a responsabilidade civil se subdivide em subjetiva, que é a regra, e
objetiva. De acordo com o art. 927 parágrafo único do CC, a responsabilidade objetiva ocorrerá nos casos
especificados em lei ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por
sua natureza, risco para os direitos de outrem. Veja:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos espe-
cificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por
sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Logo:

1. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA: A vítima tem o ônus de provar a culpa lato sensu do réu.

2. RESPONSABILIDADE OBJETIVA: Constitui exceção no CC/02 por decorrência evolutiva da teoria


do risco. A vítima não tem o ônus de provar a culpa do réu.

A responsabilidade objetiva decorre:

(i) da lei;

(ii) atividade de risco (cláusula geral de responsabilidade objetiva). Ex.: acidente de trabalho.

Principais casos de responsabilidade objetiva no Código Civil:

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a) Responsabilidade Objetiva Indireta ou por Atos de Outrem (art. 932 e 933). Os responsáveis só
respondem objetivamente se provada a culpa daquele por quem são responsáveis – responsabilidade
objetiva impura – (Villaça).

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:

I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;

II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;

III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho
que lhes competir, ou em razão dele;

IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo

para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;

V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.

Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de
sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.

Art. 942. (...) Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os coautores e as
pessoas designadas no art. 932.

Os casos previstos no art. 932, CC, são de responsabilidade solidária.

A responsabilidade do incapaz é subsidiária, excepcional e equitativa (#APOSTACICLOS).

Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tive-
rem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. Parágrafo único. A indenização
prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou
as pessoas que dele dependem.

Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele
por quem pagou, SALVO se o causador do dano for DESCENDENTE seu, ABSOLUTA OU RELATIVA-
MENTE INCAPAZ.

A responsabilidade civil do incapaz pela reparação dos danos é subsidiária, condicional, mitigada e

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equitativa Os incapazes (ex: filhos menores), quando praticarem atos que causem prejuízos, terão
responsabilidade subsidiária, condicional, mitigada e equitativa, nos termos do art. 928 do CC.
Subsidiária: porque apenas ocorrerá quando os seus genitores não tiverem meios para ressarcir a
vítima. Condicional e mitigada: porque não poderá ultrapassar o limite humanitário do patrimônio
mínimo do infante. Equitativa: tendo em vista que a indenização deverá ser equânime, sem a priva-
ção do mínimo necessário para a sobrevivência digna do incapaz. A responsabilidade dos pais dos
filhos menores será substitutiva, exclusiva e não solidária. STJ. 4ª Turma. REsp 1436401-MG, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, julgado em 2/2/2017 (Info 599)

Não há como afastar a responsabilização do pai do filho menor simplesmente pelo fato de que ele
não estava fisicamente ao lado de seu filho no momento da conduta O art. 932 do CC prevê que os
pais são responsáveis pela reparação civil em relação aos atos praticados por seus filhos menores
que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia. O art. 932, I do CC, ao se referir à auto-
ridade e companhia dos pais em relação aos filhos, quis explicitar o poder familiar (a autoridade
parental não se esgota na guarda), compreendendo um plexo de deveres, como proteção, cuidado,
educação, informação, afeto, dentre outros, independentemente da vigilância investigativa e diária,
sendo irrelevante a proximidade física no momento em que os menores venham a causar danos. Em
outras palavras, não há como afastar a responsabilização do pai do filho menor simplesmente pelo
fato de que ele não estava fisicamente ao lado de seu filho no momento da conduta. STJ. 4ª Turma.
REsp 1436401-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/2/2017 (Info 599).

Um menor, após ingerir bebida alcoólica, pegou o carro que pertencia à empresa de sua família e
foi dirigir levando um amigo no carona. O menor conduzia o automóvel em alta velocidade e, após
perder o controle em uma curva, colidiu com um poste, ocasionando graves lesões no amigo que
resultaram, inclusive, na amputação parcial de um de seus braços. O STJ afirmou que os pais e a
empresa proprietária do veículo são responsáveis solidariamente pelo pagamento da indenização
à vítima (amigo que estava no banco do carona). Em regra, a responsabilidade civil é individual de
quem, por sua própria conduta, causa dano a outrem. Porém, em determinadas situações, o orde-
namento jurídico atribui a alguém a responsabilidade por ato de outra pessoa – como no caso em
questão, em que cabe aos pais reparar os danos causados pelo filho menor, conforme prevê o art.
932 do Código Civil. Além disso, em matéria de acidente automobilístico, o proprietário do veículo
responde objetiva e solidariamente pelos atos culposos de terceiro que o conduz e que provoca o
acidente. Assim, a empresa proprietária do veículo também tem responsabilidade. A vítima terá que
ser indenizada porque o menor agiu com culpa grave, nos termos da Súmula 145 do STJ: “No trans-
porte desinteressado, de simples cortesia, o transportador só será civilmente responsável por danos
causados ao transportado quando incorrer em dolo ou culpa grave”. STJ. 3ª Turma. REsp 1637884/

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SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/02/2018.

Uma revista fez uma reportagem sobre trabalho infantil. Para ilustrar a matéria, a revista utilizou
fotos de crianças simulando como se estivessem trabalhando em minas de talco. Ocorre que os pais
das crianças não autorizaram essas imagens. A revista deve ser condenada a pagar indenização por
danos morais pela violação do direito de imagem das crianças que tiveram as fotos publicadas na
reportagem sem a autorização dos pais. O ordenamento pátrio assegura o direito fundamental da
dignidade das crianças (art. 227 do CF/88), cujo melhor interesse deve ser preservado de interesses
econômicos de veículos de comunicação. O dever de indenização por dano à imagem de criança
veiculada sem a autorização do representante legal é in re ipsa. STJ. 3ª Turma. REsp 1628700/MG,
Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 20/02/2018.

b) Responsabilidade por ato ou fato de animal.

Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da
vítima ou força maior.

c) Responsabilidade Objetiva pelo Fato da Coisa.

Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta
provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.

É objetiva. Teoria do risco criado.

Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que
dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.

Enunciado 557 CJF: Nos termos do art. 938 do CC, se a coisa cair ou for lançada de condomínio
edilício, não sendo possível identificar de qual unidade, responderá o condomínio, assegurado o
direito de regresso.

#ATENÇÃO: Responsabilidade alternativa: técnica de responsabilização decorrente de danos


causados por objetos caídos ou lançados de um prédio, “pela qual todos os autores possíveis - isto é, os
que se encontravam no grupo - serão considerados, de forma solidária, responsáveis pelo evento, em
face da ofensa perpetrada à vítima por um ou mais deles, ignorado o verdadeiro autor, ou autores”.

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- Espécies de danos a serem indenizados:

a) Danos materiais: é o dano patrimonial causado à parte lesada. Divide-se em:

• Danos emergentes: o que o indivíduo efetivamente perdeu, em virtude da conduta;

• Lucros cessantes: o que o indivíduo deixou de ganhar, em virtude da conduta

#MARTELANDOJURIS

CURATELA

(637/2018): O magistrado poderá (EXCEÇÃO) decretar a prestação de contas pelo cônjuge cura-
dor, resguardando o interesse prevalente do curatelado e a proteção especial do interdito quando:
a) houver qualquer indício ou dúvida de malversação dos bens do incapaz, com a periclitação de
prejuízo ou desvio de seu patrimônio, no caso de bens comuns (EXCEÇÃO = precisa indício prejuí-
zo); e b) se tratar de bens incomunicáveis (REGRA = prestação contas, independente prejuízo),
excluídos da comunhão, ressalvadas situações excepcionais. REGRA: O art. 1.783 do CC prevê que se
o curador for o cônjuge do curatelado e eles forem casados sob o regime da comunhão universal,
em regra, ele não será obrigado à prestação de contas dos bens administrados durante a curatela,
“salvo determinação judicial” que o obrigue a prestar.

INTERDIÇÃO

(611/2017): A participação do MP como custos legis NÃO supre a ausência de nomeação de cura-
dor à lide. Mesmo a ação tendo sido proposta por outro legitimado, seria necessária a nomeação de
curador à lide. Com o CPC/2015, não importa, para fins de curador especial, se a ação foi propos-
ta ou não pelo MP. Se o interditando não apresentar advogado, o juiz deverá, obrigatoriamente,
nomear curador especial mesmo que o autor da ação não tenha sido o MP e mesmo que o Promo-
tor de Justiça esteja atuando nos autos como fiscal da ordem jurídica. A ausência de realização do
interrogatório do interditando (atual “entrevista”) acarreta a NULIDADE do processo de interdição.
O interrogatório (entrevista) do interditando é medida que garante o contraditório e a ampla defesa
de pessoa que se encontra em presumido estado de vulnerabilidade.

NOME

(892 e 911/2018): Os transgêneros, que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de


transgenitalização, ou da realização de tratamentos hormonais ou patologizantes, possuem o direi-
to à alteração do prenome e do gênero (sexo) diretamente no registro civil, não se exigindo, para

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tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, o qual poderá exercer tal faculdade
tanto pela via judicial como diretamente pela via administrativa (INDEPENDE ordem judicial). Nas
certidões do registro não constará nenhuma observação sobre a origem do ato, vedada a expedi-
ção de certidão de inteiro teor, salvo a requerimento do próprio interessado ou por determinação
judicial.

(Info 627/2018): É admissível o restabelecimento do nome de solteiro na hipótese de dissolução


do vínculo conjugal pelo falecimento do cônjuge. A lei somente prevê a possibilidade de o homem
ou a mulher voltarem a usar o nome de solteiro (a) em caso de divórcio (art. 1.571, § 2º, do CC).
Apesar disso, o STJ entende que isso deve ser permitido. A viuvez e o divórcio são hipóteses muito
parecidas e envolvem uma mesma razão de ser: a dissolução do vínculo conjugal. Logo, não há
justificativa plausível para que se trate de modo diferenciado as referidas situações.

(608/2017): O direito dos transexuais à retificação do prenome e do sexo/gênero no registro civil


NÃO é condicionado à exigência de realização da cirurgia de transgenitalização.

DIREITO AO ESQUECIMENTO

(628/2018): É possível determinar o rompimento do vínculo estabelecido por provedores de aplica-


ção de busca na internet entre o nome de prejudicado, utilizado como critério exclusivo de busca,
e a notícia apontada nos resultados. O STJ afirmou o seguinte: em regra, os provedores de busca
da internet (ex: Google) não têm responsabilidade pelos resultados de busca apresentados. Há,
todavia, circunstâncias excepcionalíssimas em que é necessária a intervenção pontual do Poder
Judiciário para fazer cessar o vínculo criado, nos bancos de dados dos provedores de busca, entre
dados pessoais e resultados da busca, que não guardam relevância para interesse público à infor-
mação, seja pelo conteúdo eminentemente privado, seja pelo decurso do tempo (DIREITO AO
ESQUECIMENTO). o STJ não determinou a retirada do resultado do “índice” do Google; o Tribunal
determinou apenas a “reordenação” do índice. STF 889 a 927/ STJ 617 a 638 / SUM 629/STJ / STJ EM
TESES 2015/2018 - 43

ASSOCIAÇÕES

(2017): O art. 1.023 do CC/02 – que trata da responsabilidade dos sócios da sociedade simples –
NÃO SE APLICA às associações civis.

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ENTIDADE DESPORTIVA

(2017): A autonomia das entidades desportivas não é absoluta. O art. 59 do CC é compatível com
a autonomia constitucional conferida aos clubes pelo art. 217, I, da CF/88.

SIGILO

(2017): A divulgação de elementos cadastrais dos beneficiários de decisão proferida em ação civil
pública que determinou o pagamento dos expurgos inflacionários decorrentes de planos econômi-
cos configura quebra de sigilo bancário.

DIREITOS AUTORAIS

(2017): O autor de projeto de obra arquitetônica, ainda que situada permanentemente em logra-
douros públicos, integrando de modo indissociável o meio ambiente, a compor a paisagem como
um todo, faz jus ao ressarcimento por danos de ordem material e moral em virtude da representa-
ção por terceiros de sua obra, com fins comerciais, sem a devida autorização e indicação de autoria,
ainda que tenha havido aquiescência do proprietário da obra.

(2017): Nos contratos sob encomenda de obras intelectuais, a PESSOA JURÍDICA que figura como
encomendada na relação contratual pode ser titular dos direitos autorais, conforme interpretação
do art. 11, parágrafo único, da Lei nº 9.610/98. Assim, ocorrendo a utilização indevida da obra enco-
mendada, sem a devida autorização, caberá à pessoa jurídica contratada pleitear a reparação dos
danos sofridos.

(2017): A transmissão de músicas por meio da rede mundial de computadores mediante o emprego
da tecnologia streaming (webcasting e simulcasting) demanda autorização prévia e expressa
pelo titular dos direitos de autor e caracteriza fato gerador de cobrança pelo ECAD relativa à explo-
ração econômica desses direitos

(2017): A simples disponibilização de aparelhos radiofônicos (rádios) e televisores em quartos de


hotéis, motéis, clínicas e hospitais autoriza a cobrança de DIREITOS AUTORAIS por parte do ECAD.
Não há bis in idem nas hipóteses de cobrança de direitos autorais tanto da empresa exploradora
do serviço de hotelaria (hotel) como da empresa prestadora dos serviços de transmissão de sinal
de TV por assinatura (ex: NET). A cobrança em juízo dos direitos decorrentes da execução de obras
musicais sem prévia e expressa autorização do autor envolve pretensão de reparação civil, a atrair
a aplicação do prazo de prescrição de 3 anos de que trata o art. 206, § 3º, V, do Código Civil.

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Por ausência de previsão legal e ante a inexistência de relação contratual, é descabida a cobrança
de multa moratória estabelecida unilateralmente em Regulamento de Arrecadação do ECAD. se
enquadra como direito conexo ao de autor, não encontra proteção na Lei de Direitos Autorais.
Isso porque a Lei nº 9.610/98 protege apenas os intérpretes ou executantes: de obras literárias
ou artísticas; ou de expressões do folclore. A simples locução de uma saudação telefônica não se
enquadra nessas situações que merecem proteção da Lei nº 9.610/98. O exercício dos direitos da
personalidade pode ser objeto de disposição voluntária, desde que não permanente nem geral,
estando condicionado à prévia autorização do titular e devendo sua utilização estar de acordo com
o contrato estabelecido entre as partes.

(2017): É possível averbar o contrato de cessão de direitos autorais firmado na vigência da Lei
nº 5.988/73 mesmo sem que tenha havido anterior registro da obra por seu titular no órgão oficial
competente. Em outras palavras, ainda que o titular dos direitos autorais sobre a música (cedente)
não tenha registrado sua canção no registro adequado, o cessionário tem legitimidade para fazer
a averbação.

(2017): As IDEIAS que servem de base e a BIBLIOGRAFIA de que se vale autor de texto de disser-
tação de mestrado não estão abarcadas pela proteção aos direitos de autor.

(2017): A criação de nova espécie de seguro NÃO POSSUI a proteção da Lei de Direitos Autorais.

Súmula 63-STJ: São DEVIDOS direitos autorais pela retransmissão radiofônica de música em
estabelecimento comerciais.

Súmula 261-STJ: A cobrança de direitos autorais pela retransmissão radiofônica de músicas, em


estabelecimentos hoteleiros, deve ser feita conforme a taxa média de utilização do equipamento,
apurada em liquidação.

Súmula 228-STJ: É INADMISSÍVEL o interdito proibitório para a proteção do direito autoral.

NEGÓCIO JURÍDICO

(2017): A FRAUDE À EXECUÇÃO só poderá ser reconhecida se o ato de disposição do bem for
posterior à citação válida do sócio devedor, quando redirecionada a execução que fora origi-
nariamente proposta em face da pessoa jurídica. ** O entendimento acima exposto permanece
válido com o CPC/2015? Haverá polêmica, mas pela redação literal do novo CPC, não. Isso porque
o CPC/2015 traz uma nova regra, que não havia no Código passado, afirmando que a fraude à

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execução tem como marco a data da citação da pessoa jurídica que é objeto da desconsideração:
Art. 792 (...) § 3º Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à execução veri-
fica-se a partir da citação da parte cuja personalidade se pretende desconsiderar.

PRESCRIÇÃO

(619/2018): O pedido de concessão de prazo para analisar documentos com o fim de verifi-
car a existência de débito NÃO tem o condão de interromper a prescrição.

(632/2018): É DECENAL o prazo prescricional aplicável às hipóteses de pretensão fundamen-


tadas em inadimplemento contratual. Nas controvérsias relacionadas à responsabilidade
CONTRATUAL, aplica-se a regra geral (art. 205 CC/2002) que prevê 10 anos de prazo prescri-
cional e, quando se tratar de responsabilidade extracontratual, aplica-se o disposto no art.
206, § 3º, V, do CC/2002, com prazo de 3 anos.

(633/2018): É DECENAL o prazo prescricional aplicável à ação do adquirente contra a incor-


poradora que visa a cobrança da multa prevista no art. 35, § 5º, da Lei nº 4.591/64. O incorpo-
rador só se acha habilitado a negociar unidades autônomas do empreendimento imobiliário
depois que registrar, no Registro de Imóveis, os documentos elencados no art. 32 da Lei nº
4.591/64. Descumprida essa exigência legal, impõe-se a aplicação da multa do art. 35, § 5º,
da mesma lei. Não se aplica o art. 27 do CDC porque este dispositivo é restrito às ações que
busquem a reparação de danos causados por fato do produto ou do serviço e essa situação
não se enquadra como fato do produto ou serviço (não se trata de acidente de consumo).

(2016 - REPETITIVO): Na vigência dos contratos de plano ou de seguro de assistência à saúde, a


pretensão condenatória decorrente da declaração de nulidade de cláusula de reajuste nele prevista
prescreve em 20 anos (art. 177 do CC/1916) ou em 3 anos (art. 206, § 3º, IV, do CC/2002), observada
a regra de transição do art. 2.028 do CC/2002.

(2016): É TRIENAL o prazo prescricional da pretensão de entidade de previdência privada comple-


mentar de reaver verbas relativas a benefício indevidamente apropriadas por terceiro.

(2016): Prescreve em 10 anos (art. 205 do CC) a pretensão de cobrar dívida decorrente de conserto
de automóvel por MECÂNICO que não tenha conhecimento técnico e formação intelectual sufi-
ciente para ser qualificado como profissional liberal.

(2016): A pretensão deduzida em demanda baseada na garantia da EVICÇÃO submete-se ao prazo

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prescricional de 3 ANOS.

(2017 - REPETITIVO): Na vigência do Código Civil de 2002, é de 5 anos o prazo de PRESCRIÇÃO


para que o condomínio geral ou edilício (vertical ou horizontal) exercite a pretensão de cobrança
de taxa condominial ordinária ou extraordinária, constante em instrumento público ou particular, a
contar do dia seguinte ao vencimento da prestação.

(2017): A interrupção do prazo prescricional operada contra o devedor principal prejudica o fiador.
A interrupção do prazo prescricional operada contra o fiador não prejudica o devedor afiançado,
salvo nas hipóteses em que os devedores sejam solidários.

(2017 - REPETITIVO): O prazo prescricional para as ações de repetição de indébito relativo às


TARIFAS DE SERVIÇOS DE ÁGUA E ESGOTO cobradas indevidamente é de: (a) 20 anos, na forma
do art. 177 do Código Civil de 1916; ou (b) 10 anos, tal como previsto no art. 205 do Código Civil de
2002, observando-se a regra de direito intertemporal, estabelecida no art. 2.028 do Código Civil de
2002.

Súmula 547-STJ: Nas ações em que se pleiteia o ressarcimento dos valores pagos a título de
participação financeira do consumidor no custeio de construção de rede elétrica, o PRAZO
PRESCRICIONAL é de 20 anos na vigência do Código Civil de 1916. Na vigência do Código Civil de
2002, o prazo é de 5 anos se houver previsão contratual de ressarcimento e de 3 anos na ausência
de cláusula nesse sentido, observada a regra de transição disciplinada em seu art. 2.028.

Súmula 106-STJ: Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por
motivos inerentes ao mecanismo da justiça, não justifica o acolhimento da arguição de prescrição
ou decadência.

Súmula 150-STF: Prescreve a EXECUÇÃO no mesmo prazo de prescrição da AÇÃO.

Súmula 154-STF: Simples vistoria NÃO INTERROMPE a prescrição.

DEPOSITÁRIO

(2016): O particular que aceita exercer o múnus público de depositário judicial tem o direito de
reter o depósito até que sejam ressarcidas as despesas com armazenagem e conservação do bem
guardado e pagos os seus honorários.

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OBRIGAÇÕES

(610/2017): A cobrança de DÍVIDA DE JOGO contraída por brasileiro em cassino que funciona legal-
mente no exterior é juridicamente POSSÍVEL e não ofende a ordem pública, os bons costumes e a
soberania nacional.

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DIREITOS HUMANOS6

TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS: CONCEITO; TERMINOLOGIA; EFICÁCIA


VERTICAL E EFICÁCIA HORIZONTAL; CARACTERÍSTICAS; GERAÇÕES DE DIREITOS.

CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS:

A definição da noção de direitos humanos é objeto de polêmica. Há muitas acepções de direitos


humanos. Segundo Gregorio Robles, a questão não só não é pacífica, como também é influenciada
por pontos de vista de cunho político e ideológico. Para Portela, direitos humanos são aqueles direitos
essenciais para que o ser humano seja tratado com a dignidade que lhe é inerente e aos quais
fazem jus todos os membros da espécie humana, sem distinções.

André de Carvalho Ramos define direitos humanos como um conjunto de direitos considera-
do indispensável para uma vida humana pautada na liberdade, igualdade e dignidade. Os direitos
humanos são, em suma, todos os direitos essenciais e indispensáveis à vida digna, não havendo um rol
predefinido.

São três as principais teorias:

(i) Teoria JUSNATURALISTA (PRINCIPAL)  Os direitos humanos se fundamentam em uma ordem


superior, universal, imutável e inderrogável;

(ii) Teoria POSITIVISTA  Alicerça tais direitos na ordem jurídica posta, pelo que somente seriam
reconhecidos como direitos humanos aqueles positivados.

(iii) Teoria MORALISTA (DE PERELMAN)  Fundamenta os direitos humanos na “experiência e


consciência moral de um determinado povo”, ou seja, na convicção social acerca da necessidade da
proteção de determinado valor.

Na atualidade, encontra-se difundida a visão de que os direitos humanos se fundam nos reconhe-
cimentos da dignidade inerente a todos os membros da espécie humana, iguais em sua essência.

#POSIÇÃODEPROVA: O entendimento majoritário é o de que os direitos humanos não encontram


seu fundamento na positivação de suas normas.

6 Eder Viegas

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CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS

a) UNIVERSALIDADE  Atribuição desses direitos a todos os seres humanos, não importando


nenhuma outra qualidade adicional, como nacionalidade, opção política, orientação sexual, credo, entre
outras. A universalidade possui vínculo indissociável com o processo de internacionalização dos direitos
humanos – a barbárie do totalitarismo nazista gerou a ruptura do paradigma da proteção nacional dos
direitos humanos, graças a negação do valor do ser humano como fonte essencial do Direito.

b) INERÊNCIA  Os direitos humanos pertencem a todos os indivíduos pela simples circuns-


tância de serem pessoas humanas. Em suma, basta a condição de ser pessoa humana. É a qualidade
de pertencimento desses direitos a todos os membros da espécie humana, sem qualquer distinção.

A Edição da Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948: marco da universalidade e


inerência dos direitos humanos.

c) TRANSNACIONALIDADE  Os direitos humanos pertencem à pessoa independentemente


de sua nacionalidade ou do fato de ser apátrida. Os direitos humanos não mais dependem de reconhe-
cimento por parte de um Estado ou da existência do vínculo de nacionalidade, existindo o dever inter-
nacional de proteção aos indivíduos, confirmando-se o caráter universal e transnacional desses direitos.

d) HISTORICIDADE E PROIBIÇÃO DE RETROCESSO  Não configuram uma pauta fixa e estática,


definida em um único momento da história. Ao revés, há um catálogo aberto a novos direitos.

Proibição ao retrocesso

“Efeito Cliquet” ou Consiste na vedação da eliminação da concretização já alcançada na


princípio do não retorno proteção de algum direito, admitindo-se somente aprimoramentos e
da concretização acréscimos.

Consiste na preservação do mínimo já concretizado dos direitos funda-


Entrechment ou entrin- mentais, impedindo o retrocesso, que poderia ser realizado pela supres-
cheiramento são normativa ou ainda pelo amesquiamento ou diminuição de suas
prestações à coletividade.

Este é proibido por ofensa ao ato jurídico perfeito, à coisa julgada e ao


Proteção contra efeitos
direito adquirido. Difere da vedação do retrocesso, que proíbe a supres-
retroativos
são ou diminuição da satisfação de um dos direitos humanos.

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1. Estado Democrático de Direito;

Fundamentos da 2. Dignidade da pessoa humana;


Constituição 3. Aplicabilidade imediata das normas definidoras de direitos funda-
brasileira para a mentais;
proibição ao retrocesso 4. Proteção da confiança e segurança jurídica;
5. Cláusula pétrea prevista no art. 60, §4º, IV.
Condições para que
eventual diminuição na 1. Que haja justificativa também de estatura jusfundamental;
proteção normativa ou 2. Que tal diminuição supere o crivo da proporcionalidade;
fática de um direito seja 3. Que seja preservado o núcleo essencial do direito envolvido.
permitida

#OBS: A proibição do retrocesso não representa uma vedação absoluta a qualquer medida
de alteração da proteção de um direito específico.

#CUIDADO: a noção de historicidade dos direitos humanos não comporta a possibilidade de que
as normas que consagram certos direitos desapareçam do ordenamento jurídico ou tenham seu
escopo de proteção reduzido. Vigora a proibição do retrocesso.

e) INDISPONIBILIDADE, INALIENABILIDADE E IRRENUNCIABILIDADE  Os direitos humanos


são indisponíveis, inalienáveis e irrenunciáveis.

f) IMPRESCRITIBILIDADE  Os direitos humanos são imprescritíveis. Mas atente: o Brasil não assi-
nou a Convenção sobre a Imprescritibilidade dos Crimes de Guerra e dos Crimes contra a Humanidade.

Imprescritibilidade, inalienabilidade e indisponibilidade

São características que, em conjunto, compõem uma proteção de intangibilidade aos direitos tidos
como essenciais a uma vida digna.

Implica o reconhecimento de que os direitos humanos não se perdem pela


Imprescritibilidade
passagem do tempo.

Pugna pela impossibilidade de se atribuir uma dimensão pecuniária dos direi-


Inalienabilidade
tos humanos para fins de venda.

Revela a impossibilidade de o próprio ser humano – titular dos direitos huma-


Irrenunciabilidade
nos – abrir mão de sua condição humana e permitir a violação desses direitos.

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· Apesar de não se admitir a eliminação ou disposição dos direitos humanos


em abstrato, seu exercício pode ser facultativo, sujeito inclusive a negociação
ou mesmo prazo fatal para seu exercício.
· Pela própria definição de direitos humanos, o indivíduo não é livre para
não exercer os direitos quando há lesão a dignidade humana – limites da
Observações liberdade de exercício dos direitos calcada na autonomia da vontade.
· Tais características perdem utilidade em um cenário marcado pela expan-
são dos direitos humanos, já que os conflitos entre direitos humanos fazem
com que a sua interpretação tenha que ser acionada para estabelecer os limi-
tes entre eles, sem que seja útil apelar à proteção da intangibilidade conferida
genericamente a todos, pois ambos os direitos em conflito também a terão.

g) INDIVISIBILIDADE, INTERDEPENDÊNCIA E COMPLEMENTARIDADE  Os direitos humanos


são indivisíveis, interdependentes e complementares.

Indivisibilidade, interdependência e unidade

Conceito: reconhecimento de que todos os direitos humanos possuem a


mesma proteção jurídica, uma vez que são essenciais para uma vida digna.
Possuem duas facetas:
1. Implica reconhecer que o direito protegido apresenta uma unidade
incindível em si;
2. Assegura que não é possível proteger apenas alguns dos direitos huma-
Indivisibilidade nos reconhecidos.
Objetivo do seu reconhecimento:
1. Exigir que o Estado também invista nos direitos sociais, zelando pelo
chamado mínimo existencial, ou seja, condições materiais mínimas para
sobrevivência digna do indivíduo;
2. Exigir o combate tanto às violações maciças e graves de direitos consi-
derados de primeira geração quanto aos direitos se segunda geração.

Conceito: reconhecimento de que todos os direitos humanos contribuem


Interdependência (ou
para a realização da dignidade humana, o que exige a atenção integral a
inter-relação)
todos os direitos humanos, sem exclusão.

· Proclamação de Direitos Humanos da 1a Conferência Mundial de Direi-


Normais internacio- tos Humanos da ONU (Teerã, 1968)
nais que confirmaram
· Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento (1986)
a indivisibilidade e
interdependência · Declaração de Viena (aprovada na 2a Conferência Mundial de Direitos
Humanos da ONU, 1993)

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h) PRIMAZIA DA NORMA MAIS FAVORÁVEL  Os direitos humanos não podem ser empre-
gados para eliminar direitos ou para justificar a inobservância de um direito. Diante d e um conflito
entre duas normas de direitos humanos, deve ser aplicada aquela que melhor proteja a dignidade
humana.

Esse princípio é consagrado no art. 5º do Pacto dos Direitos Civis e Políticos, que determina
que “2. Não se admitirá qualquer restrição ou suspensão dos direitos humanos fundamentais reconhecidos
ou vigentes em qualquer Estado-parte no presente Pacto em virtude de leis, convenções, regulamentos ou
costumes, sob pretexto de que o presente Pacto não os reconheça ou os reconheça em menor grau”.

Essa norma também é reiterada pelo art. 29 da Convenção Americana de Direitos Humanos
(Pacto de São José):

Art. 29 - Nenhuma disposição desta Convenção pode ser interpretada no sentido de:

a) permitir a qualquer dos Estados-Partes, grupo ou pessoa, suprimir o gozo e exercício dos direitos e
liberdades reconhecidos na Convenção ou limitá-los em maior medida do que a nela prevista;

b) limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade que possam ser reconhecidos
de acordo com as leis de qualquer dos Estados-Partes ou de acordo com outra convenção em
que seja parte um dos referidos Estados;

c) excluir outros direitos e garantias que são inerentes ao ser humano ou que decorrem da forma
democrática representativa de governo; e

d) excluir ou limitar o efeito que possam produzir a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do
Homem e outros atos internacionais da mesma natureza.

i) CARÁTER NÃO EXAUSTIVO DA LISTAS DE FATORES DE DISCRIMINAÇÃO  A lista de fatores


de discriminação apresentadas nas normas de direitos humanos não têm caráter exaustivo. Ex.: é proibida
a discriminação de cor, sexo, língua, religião etc. (rol exemplificativo).

- GERAÇÃO DE DIREITOS

PRIMEIRA GERAÇÃO  Direitos civis e políticos, ou direitos de liberdade. Afirma-se a partir de


ideais iluministas e liberais em voga nos séculos XVIII e XIX e dos movimentos político-sociais da desco-
lonização da América Latina. Tais direitos são oponíveis contra o Estado.

SEGUNDA GERAÇÃO  Refere-se aos direitos econômicos, sociais e culturais. São também conhe-
cidos como “direitos de igualdade”. Relaciona-se com as consequências negativas da Revolução Industrial

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e do liberalismo sobre significativos contingentes humanos. Exigem do Estado prestações positivas.

TERCEIRA GERAÇÃO  São os “direitos de fraternidade”, de caráter difuso, que não se distinguem
especificamente a um indivíduo ou a um grupo social, mas ao próprio gênero humano como um todo.
Ex.: direito ao meio ambiente, à comunicação e ao patrimônio comum da humanidade.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: #STF: No julgamento do MS 22.164/SP, o Tribunal Pleno, de Rela-


toria Celso de Mello, DJ de 17.11.195, p. 392206, sintetizou a classificação dos direitos humanos em
gerações: Os direitos de primeira geração (direitos civis e políticos) compreendem as liberdades
clássicas, negativas ou formais, realçam o princípio da liberdade. Os direitos de segunda gera-
ção (direito econômico, sociais e culturais) que se identificam com as liberdades positivas, reais ou
concretas, acentuam o princípio da igualdade. Os direitos de terceira geração materializam pode-
res de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais, consagram o
princípio da solidariedade e constituem um momento importante no processo de desenvolvimento,
expansão e reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados enquanto valores fundamentais
indisponíveis, pela nota de uma essencial inexauribilidade.

QUARTA GERAÇÃO (?)  PAULO BONAVIDES defende a existência de uma quarta geração dos
direitos humanos, adequada ao período da globalização na área política e à formação de um mundo
marcado por fronteiras nacionais mais permeáveis, incluindo o direito à informação, à democracia e
ao pluralismo.

QUINTA GERAÇÃO (?)  PAULO BONAVIDES defende ainda a existência de uma quinta gera-
ção de direitos humanos, preocupada com a PAZ MUNDIAL, entendida como fundamento da ‘alforria
espiritual, moral e social dos povos, das civilizações e das culturas’ da forma de governar a sociedade ‘de
modo a punir terrorista, julgar criminoso de guerra, encarcerar o torturador, manter invioláveis as bases
do pacto social, estabelecer e conservar por intangíveis as regras, princípios e cláusulas da comunhão
política.’

#APROFUNDAMENTO: Para alguns autores, a caracterização dos direitos humanos em gerações


fere a indivisibilidade e a interdependência desses direitos, gerando uma visão fragmentária e hierar-
quizada. Afinal, o surgimento desses direitos não necessariamente se deu em caráter sucessivo, mas
de forma concomitante, quando não em ordem diversa, como cita Mazzuoli ao recordar a criação
da OIT em 1919, quando muitos direitos sociais se consolidaram no campo internacional antes dos
direitos políticos. Também, certos direitos civis e políticos podem requerer aplicação progressiva,
como aqueles voltados a assegurar o bem-estar dos presos no Brasil atual. Já direitos econômicos
como a liberdade sindical são imediatamente aplicáveis, exigindo apenas que o Estado e o setor

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privado se abstenham de violá-la. Por fim, tal categoria de gerações fere a indivisibilidade e a inter-
dependência desses direitos, abrindo a possibilidade de que prevaleça uma visão fragmentária e
hierarquizada dos direitos humanos, que permita ‘justificar políticas públicas que não reconhecem
indivisibilidade da dignidade humana e, portanto, dos direitos fundamentais, geralmente em detri-
mento da implementação dos direitos econômicos, sociais e culturais ou do respeito aos direitos
civis e políticos.

#QUADRO RESUMO:

CLASSIFICAÇÃO CONFORME O DIREITO


GERAÇÕES
INTERNACIONAL - DIMENSÕES
1a geração: direito de liberdade Direitos civis e políticos

2a geração: direito de igualdade Direitos econômicos, sociais e culturais

3a geração: direito de fraternidade vinculados


à cooperação internacional e à promoção da
Direitos globais
igualdade entre os povos (paz, desenvolvimento,
meio ambiente, etc.)

4a geração: globalização dos direitos humanos -

5a geração: paz -

AFIRMAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS

A formação do rol de normas de direitos humanos confunde-se com a história da humanidade e é


produto de diversas origens, que podem ser localizadas em diferentes civilizações e que se apoiam nos
mais variados fundamentos. Confira-se:

ANTIGUIDADE

Parte importante dos povos da Antiguidade já definia normas relativas à proteção de valores vistos
como essenciais para a vida humana. O Código de Hamurabi (1690 a. C) consagrava a todos os indiví-
duos direitos como a vida a propriedade e a honra.

O Povo Judeu, nos Dez Mandamentos, definia normas relativas à proteção à vida (“não matarás”),
ao direito de propriedade (“não roubarás”), à proteção da família (“não cometerás adultério”) e da honra
(“não darás falso testemunho”).

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Na Grécia Antiga, fazia-se alusão a um Direito natural anterior ao indivíduo e superior a suas leis e
valores como a liberdade, a igualdade e a participação política.

Em Roma, a Lei das Doze Tábuas também conferir direitos como a igualdade e a propriedade
aos cidadãos romanos.

#ATENÇÃO: Nesse momento histórico, era traço comum a praticamente todos os povos o fato
de que os estrangeiros não faziam jus aos mesmos direitos. A mudança veio com a DOUTRINA
CRISTÃ, que não só veio a reiterar e acrescentar novos valores, como também avançar enfati-
camente na consagração da universalidade que é inerente aos direitos humanos. Também veio
conferir atenção especial a certos grupos de pessoas que se encontravam em situação de maior
fragilidade na sociedade, como os órfãos, viúvas, estrangeiros, doentes e as mulheres, antecipando
o espírito dos atuais sistemas de proteção dos direitos humanos, que consagram normas específicas
de proteção especial a pessoas em determinadas condições, como as crianças e as mulheres.

#CONCLUSÃO: A gênese da noção de direitos humanos e de parte de seu conteúdo tem marcante
influência religiosa.

IDADE MÉDIA

A Magna Carta, outorgada pelo Rei João Sem Terra, da Inglaterra, em 1215, é um marco impor-
tante, ao limitar os poderes do monarca inglês frente aos membros da nobreza que, em contrapartida,
adquiriam certos direitos, como a liberdade de locomoção, o livre acesso à justiça e certa proteção na
área tributária.

O Bill of Rights7, de 1689, avançaria na garantia de direitos e na limitação do poder estatal, fator
estreitamente relacionado com a proteção dos direitos humanos.

IDADE MODERNA E IDADE CONTEMPORÂNEA

O ideário iluminista marcou a Independência Americana, em 1776, e alguns dos principais docu-
mentos relacionados com esse fato, a exemplo da Declaração de Direitos do Bom Povo da Virgínia,
de 1775, e a Constituição dos EUA, de 1787.

A Revolução Francesa também foi guiada pelo ideário iluminista e veio a consagrar diversos direitos
da pessoa em documentos como a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, e as
Constituições de 1791 e 1793, que reconheceram expressamente a liberdade e a igualdade inerentes ao
ser humano.

7 Inglesa.

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A partir da segunda metade do século XIX, a preocupação com os direitos humanos passa a abran-
ger as questões sociais, emergindo ideários como o Marxismo.

Também no século XIX, a difusão de valores humanistas leva ao fortalecimento da preocupação


com a regulamentação da guerra, com vistas a diminuir seu impacto negativo sobre a vida humana. É
quando surge o direito humanitário.

O início do século XX foi marcado por uma maior preocupação social. Após a I Guerra, surgem as
primeiras organizações internacionais que atribuíram relevância à proteção dos direitos humanos: a Liga
das Nações e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Após a II Guerra Mundial, os direitos humanos adquirem o caráter de prioridade da sociedade inter-
nacional, mormente a partir da criação da ONU (1945) e da proclamação da Declaração Universal
dos Direitos Humanos (1948). Ela consiste em uma mera resolução da ONU e que, nesse sentido, não
é tecnicamente um tratado e não teria, a princípio, forca vinculante. Esse período pós-II Guerra é carac-
terizado pela abrangente positivação.

#OUSESABER: “A DUDH é um tratado, logo, possui efeito vinculante”. Errado! Na verdade, parcial-
mente, errado. Errado, pois, tecnicamente, a DUDH de 1948 é uma recomendação. Isso se deve,
inclusive, a razões históricas. A DUDH foi pensada inicialmente pela Comissão de Direitos Humanos
da ONU como uma etapa preliminar de um tratado específico sobre o assunto. Então, já, por isso,
a afirmação está errada. Uma ressalva, todavia, deve ser feita: As recomendações, em regra, real-
mente, não têm força vinculante. Esse não é, contudo, o entendimento majoritário sobre a DUDH.
Em razão de sua importância histórica e por funcionar como uma pauta mínima para os Direitos
Humanos, a Declaração é tida por integrante do conjunto de costumes e princípios gerais do direito
internacional, compondo, assim, o chamado “jus cogens”, logo, a doutrina majoritária entende que
a DUDH possui força vinculante! Nesses termos, a parte da afirmação que fala que a DUDH tem
força vinculante está certa.

Atualmente, em decorrência da complexidade da vida social, o escopo dos direitos humanos aumen-
tou sensivelmente, abrangendo inclusive outras áreas, como o meio ambiente e o comércio.

- AFIRMACÃO HISTÓRICA DO DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS

#IMPORTANTE: A história do Direito Internacional dos Direitos Humanos não se confunde intei-
ramente com a evolução histórica dos direitos humanos em geral (visto acima).

A partir de certo momento histórico, começa a afirmar-se a noção de que todos os seres huma-

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nos, indistintamente de quem sejam ou do lugar onde se encontrem, são destinatários de um rol comum
de direitos. O marco do Direito Internacional dos Direitos Humanos é a UNIVERSALIDADE.

#OBS: A internacionalização dos direitos humanos não ocorreu por meio da formação de um arca-
bouço normativo internacional, mas sim do próprio direito interno. Somente a partir do século XIX,
a proteção começa a se fundamentar também no DIP. Um dos primeiros tratados foi a Convenção
de Genebra para a Melhoria da Sorte dos Feridos e Enfermos dos Exércitos em Campanha.

Foi no Cristianismo que a noção de universalidade teve difusão generalizada. A Igreja Católica
medieval contribuiu para fortalecer a noção de um patrimônio jurídico comum a todo o gênero humano,
inclusive por meio dos estudos desenvolvidos por membros do clero, inclusive os que levaram ao desen-
volvimento do conceito e ‘intervenção ou ingerência humanitária’, que consistia na possibilidade de ação
de um povo no território onde vivesse outro povo cujos direitos não estivessem sendo respeitados.

Com o Iluminismo houve o verdadeiro processo de internacionalização de valores jurídicos comuns.


A propagação se deu por ocasião da Independência dos EUA e da Revolução Francesa. A internacionali-
zação dos direitos humanos se deu pelo próprio Direito Interno.

A partir da segunda metade do século XIX, em 1864, com a assinatura do tratado voltado dire-
tamente à proteção da pessoa humana: Convenção de Genebra para melhoria da Sorte dos Feridos e
Enfermos dos Exércitos em Campanha, os direitos humanos passaram a ser positivados no Direito Inter-
nacional, e ser um direito interestatal.

No início do século XX as organizações internacionais começaram a incluir a proteção humana como


um tema prioritário, como exemplo a Liga das Nações, criada em 1919, logo após a 1ª Guerra Mundial. Há
que se destacar que a preocupação internacional com os direitos humanos incluiu a dimensão social, ou
seja, iniciativas voltadas a regulamentar as relações laborais, que ocorreu com a criação da OIT, entidade
que ainda existe e que é voltada até hoje à tutela de padrões trabalhistas mínimos e à proteção do direito
do trabalhador.

#JÁCAIUEMPROVA (MPF): Quais são os marcos iniciais do processo de internacionalização


dos direitos humanos? Segundo Flávia Piovesan, são três os marcos: o Direito Humanitário; a
Liga das Nações; a Organização Internacional do Trabalho (OIT)

A II Guerra Mundial foi o marco mais significativo da formação do Direito Internacional dos Direitos
Humanos. No universo jurídico, vivia-se a época do positivismo exacerbado, em que a dimensão axio-
lógica da norma tinha importância reduzida ou nula. A soberania nacional era entendida como pratica-

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mente absoluta, protegendo o Estado contra ações internacionais motivadas pela situação dos direitos
das pessoas nos respectivos âmbitos de competência.

Com o avanço da II Guerra, no Direito, a doutrina promovia o resgate do valor como elemento rele-
vante da norma, e afirmava-se uma nova orientação: a de que a soberania perderia seu caráter absoluto
quando ocorressem atos que violassem a dignidade da pessoa e que pudesse pôr em risco a estabilidade
internacional.

A criação da ONU marca o fim da II Guerra, e intensificam-se as negociações voltadas a consagrar


as normas internacionais de direitos humanos, em processo cujo marco inicial é a proclamação, em 1948,
da Declaração dos Direitos Humanos.

Na esteira da II Guerra, surgem, ainda, os primeiros Tribunais Internacionais voltados a julgar indi-
víduos envolvidos em violações de normas internacionais de direitos humanos, cujo maior exemplo é o
Tribunal Militar Internacional (conhecido como Tribunal de Nuremberg), precursor do Tribunal Penal Inter-
nacional (TPI).

Na atualidade há um número significativo de tratados de direitos humanos, inclusive, também, há


tribunais internacionais de direitos humanos em funcionamento de caráter permanente.

Noções iniciais sobre a ideia de liberdade. Prevalecia, entretanto, que os


Antiguidade
estrangeiros não mereciam os mesmos direitos.

Primeira doutrina que defendia a noção de universalidade. Aparecimen-


Início da era cristã
to de novos direitos.

Papel da Igreja Católica no desenvolvimento da noção de um patrimônio


Idade Média
jurídico comum da humanidade.

Idade Moderna (séc. Iluminismo. Revolução Francesa. Internacionalização dos Direitos Huma-
XVIII) nos e consagração nas Constituições.

Segunda metade do Início do emprego nos tratados para promover os direitos humanos. Perda
século XIX do caráter meramente estatal.

Afirmação do papel das organizações internacionais na proteção dos direi-


Começo do século XX tos humanos (Liga das Nações) e da proteção internacional com os direitos
sociais (OIT).

É o marco mais significativo da formação do Direito Internacional dos Direi-


tos Humanos. Foi marcada por atrocidades e violação da dignidade da
II Guerra pessoa humana, com regimes autoritários, como o fascismo e o nazismo.
Resgate do papel axiológico da norma. Limitação da soberania nacional.

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Importância da cooperação internacional. Promoção dos direitos humanos


como fundamento da paz.

Criação da ONU. Proclamação da Declaração Universal dos Direitos Huma-


nos. Elaboração da maior parte dos tratados.
Pós-II Guerra
Surgem os primeiros tribunais internacionais voltados a julgar indivíduos,
como o Tribunal Militar Internacional (Tribunal de Nuremberg).

#COMPLEMENTAÇÃO: Até a fundação das Nações Unidas, em 1945, não havia, em DIP, preocu-
pação consciente e organizada sobre o tema dos direitos humanos. Havia alguns textos esparsos
para proteger minorias dentro do contexto da sucessão de Estados, além da proteção humanitária
em caso de guerra (Rezek). O direito humanitário é o precedente histórico mais concreto do
atual sistema internacional de proteção dos direitos humanos. Regulamento: Convenção de
Genebra (1830). Aplica-se em caso de guerra, mesmo que interna. Busca reduzir o impacto dos
conflitos armados na dignidade da pessoa humana, regulando a proteção jurídica mínima e a assis-
tência às vítimas dos conflitos (militares fora de combate e civis). Aplica-se independentemente do
motivo para o conflito. O direito humanitário, a Liga das Nações e a OIT são os primeiros marcos de
internacionalização dos direitos humanos. O moderno DIDH é um fenômeno pós-guerra. Surge da
necessidade de se evitar novas atrocidades cometidas pelos regimes totalitários e conflitos armados
do período (Flávia Piovesan). A criação do Tribunal de Nuremberg – com competência material para
julgar crimes do regime nazista – e a criação da ONU foram instrumentais para a internacionaliza-
ção dos direitos humanos.

SELIGA NA TABELA:

EVOLUÇÃO HISTÓRICA

1) Código de Hamurabi (1690 a. C): consagrava a todos os indivíduos direitos


como a vida a propriedade e a honra.
2) Povo Judeu: lembrar-se dos 10 mandamentos de Moisés, que envolviam normas
relativas à vida, direito à propriedade e à honra.
3) Grécia Antiga: se alusão a um Direito natural anterior ao indivíduo e superior a
ANTIGUIDADE
suas leis e valores como a liberdade, a igualdade e a participação política.
4) Roma: na Lei das Doze Tábuas também se conferiram direitos como a igualda-
de e a propriedade aos cidadãos romanos.
5) Doutrina Cristã: consagrou a universalidade dos direitos humanos ao garantir
aos estrangeiros o mesmo direito e a igualdade de tratamento, bem como tutelar

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Magna Carta (1215): outorgada pelo Rei João Sem Terra, da Inglaterra, limitou os
poderes do monarca inglês frente aos membros da nobreza que, em contrapar-
IDADE MÉDIA
tida, adquiriam certos direitos, como a liberdade de locomoção, o livre acesso à
justiça e certa proteção na área tributária.

1) Petition of Rights (1628): estabelece o dever do rei de não cobrar impostos sem
autorização do Parlamento e trata sobre o devido processo legal.
2) Habeas Corpus Act (1679): formalização da criação do habeas corpus para a
tutela da liberdade.
IDADE 3) Bill of Rights (1689): avança na garantia de direitos e na limitação do poder esta-
MODERNA tal, ainda que beneficiando mais a nobreza.
4) Revolução Americana: retrata o processo de independência das colônias britâ-
nicas na América do Norte, culminado em 1776, e ainda a criação da Constituição
norte-americana de 1787. Somente em 1791 foram aprovadas 10 Emendas que,
finalmente, introduziram um rol de direitos na Constituição norte- americana.

1) Revolução Francesa: adoção da Declaração Francesa dos Direitos do Homem


e do Cidadão pela Assembleia Nacional Constituinte francesa, em 27 de agosto de
1789, que consagra a igualdade e liberdade, que levou à abolição de privilégios,
direitos feudais e imunidades de várias castas, em especial da aristocracia de terras.
Lema dos revolucionários: “liberdade, igualdade e fraternidade” (“liberté, egalité et
fraternité”).
2) Século XIX: surgimento de movimentos socialistas, em favor dos direitos dos
IDADE trabalhadores. Principais teóricos: Proudhon, Marx e Engels.
CONTEMPO-
3) Direitos sociais: reconhecidos, pioneiramente, pelas Constituições do México
RÂNEA
(1917) e Alemanha (Weimar, 1919).
4) Surgimento da primeira organização internacional: a OIT (Organização Interna-
cional do Trabalho), em 1919, no pós primeira guerra mundial.
5) Segundo pós-guerra mundial: surgimento da ONU pela Carta de São Francisco
(1945) e aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948). Marca a
efetiva internacionalização dos Direitos Humanos, com o reconhecimento da digni-
dade da pessoa como valor supremo.

DIREITOS HUMANOS E RESPONSABILIDADE DO ESTADO

A responsabilidade internacional do Estado consiste, para parte da doutrina, em uma obrigação


internacional de reparação em face de violação prévia de norma internacional. A responsabilidade é
característica essencial de um sistema jurídico, como pretende ser o sistema internacional de regras de
conduta, tendo seu fundamento de Direito Internacional no princípio da igualdade soberana entre os
Estados.

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Por seu turno, a jurisprudência internacional determinou que a responsabilidade internacional do


Estado é um princípio geral do Direito Internacional.

Observadas essa posições doutrinárias e jurisprudenciais, consideramos, em essência, que a respon-


sabilidade internacional do Estado é uma reação jurídica, qualificada como sendo instituição, princípio
geral de direito, obrigação jurídica ou mesmo situação jurídica pela doutrina e jurisprudência, pela qual
o Direito.

DIREITOS HUMANOS NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO E NA


CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. NATUREZA JURÍDICA DOS TRATADOS
INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS. CONTROLE DE
CONVENCIONALIDADE

De acordo com o art. 5º, § 3º, da CF: “os tratados e convenções internacionais sobre DH’s que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso nacional, em dois turnos, por 3/5 dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais”.

Anteriormente, CF/88 apenas previa que “direitos e garantias expressos na CF não excluem outros
decorrentes do regime e princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais de que a República
do Brasil seja parte”.

A hierarquia dos tratados no plano interno sempre suscitou diversas discussões. Num primeiro
momento, entendia-se que os tratados incorporados ao nosso ordenamento tinham a mesma força
hierárquica que uma lei federal, não importando o tema que veiculavam (RE 80.004/SE).

Com base na tese do Min. Gilmar Mendes, o STF passou a entender que antes da EC 45/04 os
tratados de Direitos Humanos, incorporados ao nosso ordenamento teriam o status de norma supralegal
(entre a legislação ordinária e a CF). Esse mesmo status é dispensado àqueles tratados de Direitos Huma-
nos incorporados depois da EC 45/04 e que não tiverem o mesmo trâmite das Emendas Constitucionais.

Portanto, os tratados de Direitos Humanos: terão status supralegal os anteriores à EC 45/2004 e os


posteriores aprovados por maioria simples e único turno pelo Congresso;

Já os Tratados de Direitos Humanos serão equivalentes à Emenda Constitucional os posteriores à EC


45/2004 e aprovados na forma do art. 5, §3º, da CF.

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CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE:

O controle de convencionalidade consiste na análise da compatibilidade dos atos internos (comissi-


vos ou omissivos) em face das normas internacionais (tratados, costumes internacionais, princípios gerais
de direito, atos unilaterais, resoluções vinculantes de organizações internacionais). Há duas subcategorias:

• O controle de convencionalidade de matriz internacional, também, denominado controle de


convencionalidade autêntico ou definitivo: Consiste na análise da compatibilidade dos atos internos
(comissivos ou omissivos) em face das normas internacionais (tratados, costumes internacionais, princí-
pios gerais de direito, atos unilaterais, resoluções vinculantes de organizações internacionais), realizada
por órgãos internacionais. Na seara dos direitos humanos, exercitam o controle de convencionalidade
internacional os tribunais internacionais de direitos humanos (Corte Europeia, Interamericana e Africa-
na), os comitês onusianos, entre outros.

• O controle de convencionalidade de matriz nacional, também denominado provisório ou preli-


minar: Consiste no exame de compatibilidade do ordenamento interno diante das normas interna-
cionais incorporadas, realizado pelos próprios Tribunais internos. No Brasil, como vimos, o controle
de convencionalidade nacional na seara dos direitos humanos consiste na análise da compatibilidade
entre as leis (e atos normativos) e os tratados internacionais de direitos humanos, realizada pelos juízes
e tribunais brasileiros, no julgamento de casos concretos, nos quais se devem deixar de aplicar os atos
normativos que violem o referido tratado.

CC DE MATRIZ INTERNACIONAL CC DE MATRIZ NACIONAL


(autêntico ou definitivo) (provisório ou preliminar)
É atribuído a órgãos internacionais, compostos
Consiste na análise da compatibilidade entre as
por julgadores independentes, criados por trata-
leis e atos normativos e os tratados internacionais
dos internacionais, para evitar que os próprios
de DH, realizados pelos juízes e tribunais brasilei-
Estados sejam, ao mesmo tempo, fiscais e fisca-
ros, no julgamento de casos concretos, nos quais
lizados, criando a indesejável figura do judex
devem deixar de aplicar os atos normativos que
in causa sua. Na seara dos DH, exercitam o CC
violem o referido tratado.
internacional os tribunais internacionais de DH.

Parâmetro de confronto  norma internacional. Limite no objeto  os juízes e tribunais não


ousam submeter uma norma do Poder Consti-
Objeto  norma interna, não importante sua tuinte originária à análise de compatibilidade
hierarquia nacional com determinado tratado do DH.

O tratado de DH é sempre a norma paramétrica A hierarquia do tratado-parâmetro depende do


superior. Todo o ordenamento nacional lhe deve próprio direito nacional, que estabelece o estatu-
obediência. to dos tratados internacionais.

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1) O parâmetro de confronto no controle de convencionalidade internacional


é a norma internacional; seu objeto é toda norma interna, não importando a
Diferenças entre sua hierarquia nacional, podendo mesmo ser oriunda do Poder Constituinte
controle de Originário. No controle nacional, há limite ao objeto de controle, uma vez que
convencionalida- não se analisam as normas do PCO.
de internacional e 2) No controle de convencionalidade nacional, a hierarquia do tratado-pa-
nacional râmetro depende do próprio direito nacional, que estabelece o estatuto dos
tratados internacionais. No controle de convencionalidade internacional, o
tratado de direitos humanos é sempre a norma paramétrica superior.

#CUIDADO: André de Carvalho Ramos lembra que nem sempre os resultados do controle de
convencionalidade internacional coincidirão com os do controle nacional. Por exemplo, um
Tribunal interno pode afirmar que determinada norma legal brasileira é compatível com um tratado
de direitos humanos; em seguida, um órgão internacional de direitos humanos, ao analisar a mesma
situação, pode chegar à conclusão de que a referida lei viola o tratado.

INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE PROTEÇÃO


AOS DIREITOS HUMANOS

De acordo com o art. 5º, §1º, da CRFB/88, as normas definidoras de direitos e garantias fundamen-
tais têm aplicação imediata.

#ATENÇÃO: A partir desse dispositivo, parte da doutrina entende que a emissão do Decreto do
Presidente da República, que promulga o tratado e ordena sua publicação, não seria mais necessá-
ria para que as normas internacionais gerem efeitos em território nacional.

Nesse sentido, Flávia Piovesan afirma que “basta o ato de ratificação (antecedido da assinatura do
tratado e de sua aprovação pelo Poder Legislativo) para que o tratado de direitos humanos tenha aplicabi-
lidade nos âmbitos internacional e interno”.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Essa é a posição do STF? NÃO!!!! Decerto, a dispensa do


Decreto presidencial está em consonância com princípios como o da máxima efetividade das
normas constitucionais e o da interpretação sistemática. Entretanto, essa não é a posição acolhida
pelo STF, que continua entendendo que a emissão do Decreto Presidencial é o ato final do
processo de incorporação do tratado. No julgamento da CR-AgR 8.279/AT, o STF não reconhe-
ceu nem o princípio do efeito DIRETO (aptidão de a norma internacional repercutir desde logo

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na esfera de particulares) nem o da aplicabilidade imediata (diz respeito à vigência automática


da norma na ordem interna).

SISTEMAS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS. SISTEMA GLOBAL DE


PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS. SISTEMA INTERAMERICANO DE
PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS. PACTO DE SÃO JOSÉ DA COSTA RICA

O sistema global de proteção aos direitos humanos, possui como documentos mais importantes:

a) A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948;

b) Pacto sobre Direitos Civil e Políticos;

c) Pacto sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, de 1966;

É composto por tratados abertos à adesão de todos os Estados, independentemente de sua locali-
zação geográfica e de órgãos voltados a promover a dignidade humana em todo o mundo, sendo admi-
nistrado principalmente pela ONU.

Já o Sistema Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos, importante estudar acerca da


Convenção Interamericana de Direitos Humanos (composição da Comissão Interamericana de Direitos
Humanos, competência, órgãos auxiliares, apresentação de petições pelos indivíduos, a organização da
Corte Interamericana, quórum de deliberação).

SISTEMA GLOBAL SISTEMAS REGIONAIS


Visam a promover os direitos humanos em deter-
É conhecido como o sistema “internacional” ou
minadas regiões do mundo, atentando para as
“universal” e visa abranger o mundo inteiro. É
respectivas especificidades e beneficiando-se da
administrado fundamentalmente pela Organi-
maior facilidade de promover o consenso entre
zação das Nações Unidas (ONU) e seu principal
Estados. Os mais conhecidos são o Europeu, o
órgão é o Alto Comissariado das Nações Unidas
Africano e o Interamericano, do qual o Brasil faz
para os Direitos Humanos. parte.

Seus documentos mais importantes são:


· A Declaração Universal dos Direitos Huma- O sistema interamericano é organizado pela OEA
nos, de 1948; – Organização dos Estados Americanos.
· Pacto sobre Direitos Civis e Políticos e; Seu principal órgão é a Comissão Interamericana
· Pacto sobre Direitos Econômicos, Sociais e de Direitos Humanos.
Culturais, de 1966.

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Aceita denúncias de Estados? Aceita petições individuais?


1) Alto comissariado NÃO NÃO

NÃO

2) Comitê (Pacto direitos *OBS: Consta no protocolo


NÃO facultativo tal possibilidade,
econômicos e sociais)
porém não foi aderido pelo
Brasil.

3) Conselho de DH SIM NÃO

NÃO
4) Comitê para os Direitos *OBS: Consta no protocolo
SIM facultativo tal possibilidade,
das Crianças
porém o Brasil assinou mas não
promulgou.

5) Comitê de Direitos Huma- SIM (O Brasil ainda não promul-


SIM
nos (Pacto d. Civis) gou o decreto).
6) Comitê Eliminação Discri-
SIM SIM
minação Racial
SIM (O Brasil, apesar de ter acei-
tado a competência do Comitê
7) Comitê contra Tortura SIM
para petições individuais, ainda
não promulgou o decreto.)

8) Comitê Deficiência SIM SIM


9) Comitê sobre a Eliminação
da Discriminação contra a SIM SIM
Mulher

Aqui, vale ressaltar que o Brasil não promulgou o decreto que reconheceu a competência do Comi-
tê de DH para apreciar petições individuais, apesar de ter cumprido todas as demais fases de internaliza-
ção do tratado: assinatura, aprovação pelo CN e ratificação.

Órgãos do Sistema Interamericano

COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS


HUMANOS HUMANOS
É órgão da OEA. É órgão autônomo.

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É sediado em Washington, capital dos EUA. É sediada em São José, Costa Rica.

Não é órgão jurisdicional. É ÓRGÃO JURISDICIONAL.

Composta por 7 (SETE) MEMBROS, pessoas


de alta autoridade moral e de conhecimento na
área, com MANDATO DE 4 ANOS c/ 1 reelei-
ção. #OBS1: Além dos 7 juízes, determinado caso
pode ter um “juiz ad hoc” na jurisdição conten-
ciosa, caso o Estado Réu não possua um juiz de
sua nacionalidade em exercício na Corte. A Corte
IDH restringiu em 2009 – por meio de Opinião Composta por 7 (SETE) JUÍZES, nacionais dos
Consultiva n. 20 – a interpretação do art. 55 da Estados-membros da OEA eleitos a título pessoal
Convenção, que trata do juiz ad hoc, eliminando dentre juristas da mais alta autoridade moral. São
tal figura nas demandas iniciadas pela Comissão eleitos por voto SECRETO da MAIORIA ABSO-
LUTA dos Estados-partes, para MANDATO DE 6
a pedido de vítimas e mantendo-o somente para
(SEIS) ANOS c/ 1 reeleição.
as demandas originadas de comunica-
ções interestatais.
#OBS2: Também em 2009, na mesma Opinião
Consultiva n. 20, a Corte restringiu a possibili-
dade do juiz que porventura possuir a mesma
nacionalidade do Estado Réu atuar no caso.
Somente o fará nas demandas interestatais

Não pode haver mais de um juiz nacional do


mesmo ente estatal.
Mas atente: OS JUÍZES PODEM CONHECER
FEITOS RELATIVOS A SEUS ESTADOS DE
ORIGEM (SÃO INDEPENDENTES), caso em
Não pode haver mais de um nacional do mesmo
ente estatal. que o outro Estado poderá designar um JUIZ AD
HOC para integrar a Corte e participar do exame
desse caso específico.
E mais: se nenhum dos juízes for de nacionalida-
de do Estado envolvido, cada Estado poderá
também escolher um juiz ad hoc.

COMPETÊNCIAS: formular recomendações; COMPETÊNCIA: processar e julgar qualquer caso


preparar estudos; solicitar informações aos Esta- relativo à interpretação e à aplicação das dispo-
sições do Pacto de São José; apreciar consultas;
dos; atender às consultas dos Estados; prestar emitir pareceres; realizar controle de convencio-
assessoramento; apresentar relatório anual à nalidade.

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Assembleia Geral da OEA. Sua competência é CONTENCIOSA E CONSULTI-


Os Estados deverão submeter anualmente à VA (arts. 61-64).
comissão cópias os relatórios que fornecerem a
outros órgãos da OEA.

A comissão pode receber PETIÇÕES INDIVI-


-
DUAIS relativas a violações do ESTADO.

*Há também a possibilidade de recebimento


de petições INTERESTADUAIS.

Legitimidade para seu acionamento:


• Estados; Somente os ESTADOS-PARTES e a COMISSÃO
• Órgãos da OEA; podem submeter casos à Corte.
• Qualquer pessoa; Além disso, SOMENTE ESTADOS PODEM SER
RÉUS.
• ou grupo;
• ou entidade não governamental legalmente Assim, o indivíduo não tem legitimidade ativa
nem passiva na Corte.
• reconhecida em um ou mais Estados-
membros da OEA.

ATENÇÃO: A CLÁUSULA QUE PREVÊ O DIREI-


ATENÇÃO: a Corte somente pode atuar APÓS
TO DE PETIÇÃO INDIVIDUAL É OBRIGATÓRIA, A APRECIAÇÃO DA SITUAÇÃO PERANTE A
AO PASSO QUE A CLÁUSULA DE COMUNICA- PRÓPRIA COMISSÃO!
ÇÕES É FACULTATIVA.

REQUISITOS: REQUISITOS:
• Esgotamento dos recursos internos, salvo • Aceitação da competência;
ineficácia ou inércia;
• Prévia avaliação pela Comissão;
• Petição apresentada dentro do prazo de 6
(seis) meses após a notificação da decisão • Quórum para deliberação: 5 juízes.
interna definitiva; Obs.: o Brasil reconheceu a competência obriga-
• Matéria não pendente em outro órgão inter- tória da corte por prazo indeterminado e fatos
nacional. ocorridos após 1998. Esse reconhecimento foi
feito SOB RESERVA DE RECIPROCIDADE.
ATENÇÃO: NÃO É NECESSÁRIO O ENDOS-
A sentença é obrigatória e INAPELÁVEL. Todavia,
SO DO ESTADO OU A COMPROVAÇÃO DA no caso de divergência, cabe pedido de esclare-
CONDIÇÃO DE VÍTIMA. cimento, DENTRO DO PRAZO DE 90 DIAS. ALÉM
DISSO, É DISPENSADA A HOMOLOGAÇÃO DA
O exame do caso gera um relatório (solução
SENTENÇA NA CORTE PARA FINS DE APLICA-
amistosa), a partir do qual são elaboradas reco-
mendações, ou encaminhamento do caso à ÇÃO NO BRASIL.

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Corte (a própria comissão pode remeter à corte).


Se nenhuma das alternativas do relatório vier a
ocorrer em TRÊS MESES, a Comissão novamen-
te fará as recomendações e fixará novo prazo.
Após esse prazo, a comissão decidirá, pelo voto
da MAIORIA ABSOLUTA, se o Estado tomou ou
não as medidas.
Atenção: a Comissão poderá remeter o caso à
Corte INDEPENDENTEMENTE DE QUALQUER
AÇÃO DOS ESTADOS OU DOS EVENTUAIS INTE-
RESSADOS.
Obs.: o Brasil formulou RESERVAS ao Pacto de
São José, no que concerne ao direito automático
de a comissão fazer visitas e inspeções in loco.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (RESOLUÇÃO NO 217A (III)


DA ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS, DE 10 DE DEZEMBRO DE 1948)

Atente-se que a Declaração Internacional dos Direitos Humanos orienta-se pelos princípios da
universalidade, da igualdade e da não-discriminação

LEMBRE-SE:

A Organização internacional do Trabalho (OIT) é uma organização internacional que tem por objeti-
vo melhorar as condições do trabalho no mundo. Foi criada em 1919, como parte do Tratado de Versalhes,
que pôs fim à Primeira Guerra Mundial

Nas disposições gerais da referida Declaração, no artigo XII afirma que “...Ninguém será sujeito à
interferência em sua vida privada, em sua família, em seu lar ou em sua correspondência, nem a ataque
à sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou
ataques...”

A Declaração Universal de Direitos Humanos não confere hierarquia entre as categorias de direitos
humanos.

A DUDH assegura a toda pessoa o direito de participar do governo e de seu próprio país, direta-
mente ou por meio de representantes.

Artigo 17.

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1. Constituir-se-á um Comitê contra a Tortura (doravante denominado o “Comitê) que desempenhará


as funções descritas adiante. O Comitê será composto por dez peritos de elevada reputação moral e
reconhecida competência em matéria de direitos humanos, os quais exercerão suas funções a título
pessoal. Os peritos serão eleitos pelos Estados Partes, levando em conta uma distribuição geográfica
eqüitativa e a utilidade da participação de algumas pessoas com experiência jurídica.

2. Os membros do Comitê serão eleitos em votação secreta dentre uma lista de pessoas indicadas
pelos Estados Partes. Cada Estado Parte pode indicar uma pessoa dentre os seus nacionais. Os Esta-
dos Partes terão presente a utilidade da indicação de pessoas que sejam também membros do Comi-
tê de Direitos Humanos estabelecido de acordo com o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos
e que estejam dispostas a servir no Comitê contra a Tortura.

3. Os membros do Comitê serão eleitos em reuniões bienais dos Estados Partes convocadas pelo
Secretário-Geral das Nações Unidas. Nestas reuniões, nas quais o quorum será estabelecido por dois
terços dos Estados Partes, serão eleitos membros do Comitê os candidatos que obtiverem o maior
número de votos e a maioria absoluta dos votos dos representantes dos Estados Partes presentes e
votantes.

4. A primeira eleição se realizará no máximo seis meses após a data de entrada em vigor da presente
Convenção. Ao menos quatro meses antes da data de cada eleição, o Secretário-Geral das Nações
Unidas enviará uma carta aos Estados Partes para convidá-los a apresentar suas candidaturas no
prazo de três meses. O Secretário-Geral organizará uma lista por ordem alfabética de todos os candi-
datos assim designados, com indicações dos Estados Partes que os tiverem designado, e a comuni-
cará aos Estados Partes.

5. Os membros do Comitê serão eleitos para um mandato de quatro anos. Poderão, caso suas candi-
daturas sejam apresentadas novamente, ser reeleitos. No entanto, o mandato de cinco dos membros
eleitos na primeira eleição expirará ao final de dois anos; imediatamente após a primeira eleição, o
presidente da reunião a que se refere o parágrafo 3 do presente Artigo indicará, por sorteio, os nomes
desses cinco membros.

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CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS


CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES (DECRETO NO 40, DE 15 DE
FEVEREIRO DE 1991)

Atenção aos artigos: art. 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 8º, 15, 22, 30, 31, 33.

A convenção possui 33 (trinta e três) artigos, sendo que o estudo da lei, juntamente com a legisla-
ção interna, conseguiremos acercar a questão da prova, pois, nas provas de Delegado foram cobradas
questões com texto literal da Convenção.

De acordo com o Art. 1º da referida Convenção, “...Para os fins da presente Convenção, o termo
“tortura” designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos
intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa, informações ou confissões;
de castigá-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido; de
intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação de
qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimentos são infligidos por um funcionário público ou outra
pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquies-
cência. Não se considerará como tortura as dores ou sofrimentos que sejam consequência unicamente
de sanções legítimas, ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram.”

Os membros do Comitê serão eleitos para um mandato de quatro anos. Poderão, caso suas candi-
daturas sejam apresentadas novamente, ser reeleitos. No entanto, o mandato de cinco dos membros elei-
tos na primeira eleição expirará ao final de dois anos; imediatamente após a primeira eleição, o presidente
da reunião a que se refere o parágrafo 3 do presente Artigo indicará, por sorteio, os nomes desses cinco
membros.

LEI 13.060/2014. RESOLUÇÃO DA ONU N° 34/169 DE 1979 – CÓDIGO DE


CONDUTA PARA POLICIAIS. MANUAL DE FORMAÇÃO EM DIREITOS HUMA-
NOS PARA AS FORÇAS POLICIAIS DA ONU

Resolução da ONU n° 34/169 de 1979 – Código de Conduta para Policiais

Nenhum funcionário responsável pela aplicação da lei pode infligir, instigar ou tolerar qualquer ato
de tortura ou qualquer outra pena ou tratamento cruel, desumano ou degradante, nem invocar ordens
superiores ou circunstâncias excepcionais, tais como o estado de guerra ou uma ameaça à seguran-
ça nacional, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pública como justificação para
torturas ou outras penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.

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DIREITO PENAL8

Tudo bem meus Delegados e Delegadas!

Vamos ao NFPSS – Não Faça a Prova Sem Saber de Direito Penal.

A matéria é longa e o momento é de revisão, portanto vamos abordar os pontos de maior rele-
vância, não sendo possível querer esgotar a matéria ou abordar de forma minuciosa todos os pontos do
nosso edital, neste momento temos que ser o mais objetivo possível.

Vem comigo!

INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL

CRIMINOLOGIA: É uma ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do crime, da criminali-


dade e suas causas, da vítima, do controle social do ato criminoso, bem como da personalidade do
criminoso e da maneira de ressocializá-lo.

POLÍTICA CRIMINAL: A Política Criminal é a disciplina que oferece aos poderes públicos as opções
científicas concretas mais adequadas para o eficaz controle do crime.

#ATENÇÃO Assim, a Criminologia tem a função de reunir um núcleo de conhecimentos verificados


empiricamente sobre o problema criminal (momento explicativo) e a Política Criminal transforma
essa base empírica em opções, alternativas e programas científicos, a partir de uma ótica valorativa
(momento decisivo).

POLÍTICA PENITENCIÁRIA: disciplina que define as diretrizes e as metas existentes para a gestão
do sistema penitenciário de um determinado local.

CRIMINALIZAÇÃO
PRIMÁRIA SECUNDÁRIA
Transformação de um fato em crime. Em essência
não há nenhuma diferença entre um fato crimi-
Transformação de uma pessoa em criminoso
noso e um fato normal, exceto pelo fato crimino-
so ter o rótulo de crime.

Poder Legislativo Poder Judiciário, Ministério Público, Polícia.

8 Por Tiago Pozza.

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SELETIVIDADE DO SISTEMA PENAL: há uma forte tendência de ser o poder punitivo exercido
precipuamente sobre pessoas previamente escolhidas em face de suas fraquezas, a exemplo dos mora-
dores de rua, prostitutas e usuários de drogas.

DIREITO PENAL DO AUTOR DIREITO PENAL DO FATO


O que configura o delito é a capacidade de delin-
A culpabilidade resulta de um juízo do delito
quir do agente, constatada através do seu modo
como ato concretizado pelo autor
de ser.

A pessoa é punida mais pelo que é e menos pelo A pessoa é punida pelo que fez, não pelo que é.
que fez. A gravidade do ato que mensura o rigor da pena.

#OLHAOGANCHO DIREITO PENAL DO INIMIGO, teoria de Jakobs, prega um tratamento diferen-


ciado aos indivíduos que vão de encontro às normas estabelecidas pela sociedade de uma forma
tão grave que não mereceriam mais ser considerados cidadãos. O direito penal do inimigo é um
direito de guerra e, dessa forma, o Estado não é obrigado a obedecer a regras preestabelecidas, o
importante é vencer o inimigo. Para cumprir tal objetivo, segundo Jakobs, será permitida a flexibili-
zação ou até mesmo a eliminação de direitos e garantias, permitindo-se, por exemplo, a utilização
da tortura como meio de obtenção de provas.

GARANTISMO PENAL (FERRAJOLI): O garantismo, à luz da hermenêutica constitucional, tutela


não apenas os direitos individuais dos acusados, investigados ou processados na esfera criminal, devendo
valorar todos os direitos e deveres previstos na Constituição Federal. Isso porque os direitos fundamentais
não preveem apenas uma proibição de intervenção (proibição de excesso), mas também uma vedação à
omissão (proibição da proteção deficiente, proibição da proteção insuficiente). Dessa forma, o garantismo
penal integral ou proporcional é aquele que assegura os direitos do acusado, não permitindo violações
arbitrárias, desnecessárias ou desproporcionais, e, por outro lado, assegura a tutela de outros bens jurí-
dicos relevantes para a sociedade, em consonância com as duas vertentes do princípio da proporcionali-
dade, incluindo a proibição do excesso e a proibição da proteção deficiente.

#OLHAOGANCHO GARANTISMO HIPERBÓLICO OU MONOCULAR (#SELIGANOSINÔNIMO)


é aquele aplicado de maneira ampliada e desproporcional, monocular. Tutela apenas os direitos
fundamentais do investigado/processado, desconsiderando-se o interesse coletivo. Contrapõe-se
ao garantismo penal integral, que resguarda os direitos fundamentais afetos à coletividade.

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PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO DIREITO PENAL – A LEI PENAL

»» Princípio da Reserva Legal ou Estrita Legalidade:

Somente a lei pode criar delitos e cominar penas. Como consequência lógica, não se admite a utili-
zação de medida provisória em matéria penal.

#CUIDADO! O STF já admitiu MP na seara penal, desde que para favorecer o réu. Ex.: MP 417 que
prorrogou a “atipicidade temporária” nos crimes de posse de armas.

O princípio da legalidade possui algumas funções fundamentais:

• Lei estrita: é proibida a analogia contra o réu.

• Lei escrita: é proibido o costume incriminador.

#OLHAOGANCHO: da mesma forma que o costume não tem o condão de incriminar, também não
tem de descriminalizar (os costumes contrários às leis são chamados de DESUETUDO: contrariam
uma lei penal, mas não a revogam. Ex.: crime de casa de prostituição/jogo do bicho).

• Lei certa: é proibida a criação de tipos penais vagos e indeterminados.

• Lei prévia: é proibida a aplicação da lei penal incriminadora a fatos - não considerados crimes - prati-
cados antes de sua vigência. Engloba aqui o da anterioridade, cláusula pétrea.

»» Princípio da Intervenção Mínima:

Afirma ser legítima a intervenção penal apenas quando a criminalização de um fato se constitui
meio indispensável para a proteção de determinado bem ou interesse, não podendo ser tutelado por
outros ramos do ordenamento jurídico. A intervenção mínima é gênero do qual são espécies: a fragmen-
tariedade e a subsidiariedade. Vamos conferir?

• Princípio da Fragmentariedade: no universo da ilicitude, somente alguns poucos fragmentos cons-


tituem-se em ilícitos penais. O Direito Penal é a última etapa de proteção. #ATENÇÃO! O princípio da
fragmentariedade atua no PLANO ABSTRATO (na criação de tipos penais).

#SELIGA: FRAGMENTARIEDADE ÀS AVESSAS: É o contrário da fragmentariedade; o crime deixa


de existir, pois a incriminação se torna desnecessária. Por exemplo, o adultério.

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• Princípio da Subsidiariedade: incide no PLANO CONCRETO, ou seja, no momento de aplicação da


lei penal. É analisado se, naquele caso concreto, seria possível solucionar através de outros ramos do
direito, ou se será preciso utilizar a ultima ratio, o executor de reserva, isto é, o direito penal.

»» Princípio da Ofensividade:

Possui quatro funções principais:

1) Proibição da incriminação de uma atitude interna, como as ideias, convicções, e desejos dos
homens.

2) Proibição da incriminação de uma conduta que não exceda o âmbito do próprio autor (princípio
da alteridade).

3) Proibição da incriminação de simples estados ou condições existenciais (aplica-se o direito penal


do fato e não do autor).

4) Proibição da incriminação de condutas desviadas que não afetem qualquer bem jurídico.

»» Princípio da Insignificância:

Pode ser visto como instrumento de interpretação restritiva do tipo penal. Possui natureza jurídica
de causa supralegal de exclusão da tipicidade material, devendo ser analisado em conexão com os postu-
lados da fragmentariedade e da intervenção mínima.

Vamos dar uma conferida nos requisitos desse princípio?!

Objetivos: mínima ofensividade da conduta do agente; nenhuma periculosidade social da ação;


reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; Inexpressividade da lesão jurídica provocada.

Subjetivos: importância do bem para a vítima (STF) e condições do agente (#SELIGA: a reincidên-
cia, a reiteração criminosa, a habitualidade delitiva NÃO são suficientes, por si sós, para afastar a aplicação
do princípio da insignificância – STF Info 793).

#ATENÇÃO: Os tribunais superiores, em algumas situações concretas, têm afastado o princípio da


insignificância nos casos de reincidência e de furto qualificado.

#OLHAOGANCHO. #BAGATELAIMPRÓPRIA. No caso do princípio da insignificância impróprio


ou bagatela imprópria ocorre o injusto penal. Entretanto, verifica-se que no caso concreto a pena é
desnecessária (incidência dos princípios da desnecessidade da pena com o princípio da irrelevância
penal do fato).

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Vamos entender melhor?

O princípio da insignificância impróprio pressupõe a análise do que ocorreu após a prática do crime
até o momento do julgamento. Ex.: O réu casou, teve filhos, tem uma empresa com 50 funcioná-
rios?! Nesses casos, o juiz reconhece a existência do crime, mas conclui que a pena não é necessária.
Aqui não há causa supralegal de exclusão da tipicidade, há causa supralegal de extinção da
punibilidade. O Estado reconhece o crime, mas conclui pela desnecessidade de punição. A puni-
ção não é mais vantajosa para a sociedade.

A análise da pertinência da bagatela imprópria há de ser realizada, obrigatoriamente, na situação


fática, jamais no plano abstrato. Atente-se também para a necessidade de se observar que a baga-
tela imprópria tem como pressuposto inafastável a não incidência do princípio da insignificância
(própria). Afinal, se o fato não era merecedor da tutela penal em decorrência da sua atipicidade,
descabe enveredar pela discussão acerca da necessidade ou não de pena.

A bagatela imprópria se ASSEMELHA ao perdão judicial (art. 107, IX, do CP). O fundamento da
bagatela imprópria e do perdão judicial é o mesmo, só que o perdão judicial está duplamente
previsto em lei, enquanto instituto bem como em relação às hipóteses legais em que ele incide. Em
contrapartida, no Brasil, não há previsão legal do princípio da insignificância impróprio.

Pessoal, por fim, COLEM NA RETINA essa revisão sobre a aplicação do princípio da insignificância.
Trata-se de um compilado das principais informações extraídas da jurisprudência, tomando por base os
comentários do Dizer o Direito. #DEOLHONAJURIS. #AJUDAMARCINHO.

NÃO SE APLICA A INSIGNIFICÂNCIA

Delitos praticados em violência doméstica: não se aplica o princípio da insignificância.

Posse ou porte de arma ou munição.

Estelionato contra o INSS (estelionato previdenciário).

Tráfico de drogas.

Crime de moeda falsa.

Contrabando.

Roubo.

Lesão corporal.

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Falsificação de documento público.

Estelionato envolvendo o seguro-desemprego.

Estelionato envolvendo FGTS.

Violação de direito autoral (§ 2º do art. 184 do CP).

Tráfico internacional de arma de fogo ou munição.

Furto qualificado.
Obs. Como regra, a aplicação do princípio da insignificância tem sido rechaçada nas hipóteses de
furto qualificado, tendo em vista que tal circunstância denota, em tese, maior ofensividade e reprova-
bilidade da conduta. Deve-se, todavia, considerar as circunstâncias peculiares de cada caso concreto,
de maneira a verificar se, diante do quadro completo do delito, a conduta do agente representa maior
reprovabilidade a desautorizar a aplicação do princípio da insignificância. STJ. 5ª Turma. AgRg no
AREsp 785755/MT, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 22/11/2016. STJ. 6ª Turma. AgRg
no AREsp 746011/MT, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 05/11/2015.

Crimes militares. Trata-se de tema extremamente polêmico, mas a posição majoritária é no sentido
de que não se aplica o princípio da insignificância aos crimes militares, sob pena de afronta à autorida-
de, hierarquia e disciplina, bens jurídicos cuja preservação é importante para o regular funcionamento
das instituições militares. O caso mais comum e que é provável que seja cobrado em sua prova é o
crime de posse de substância entorpecente em lugar sujeito à administração militar (art. 290 do CPM).
O Plenário do STF já assentou a inaplicabilidade do princípio da insignificância à posse de quantidade
reduzida de substância entorpecente em lugar sujeito à administração militar (art. 290 do CPM). STF.
2ª Turma. HC 118255, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 19/11/2013. STF. 2ª Turma. ARE 856183
AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 30/06/2015.

POSSÍVEL APLICAR A INSIGNIFICÂNCIA

Crimes ambientais.
#AJUDAMARCINHO: É possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes ambientais,
devendo ser analisadas as circunstâncias específicas do caso concreto para se verificar a atipicidade da
conduta em exame. STJ. 5° Turma. AgRg no AREsp 654.321/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
julgado em 09/06/2015. É possível aplicar o princípio da insignificância para crimes ambientais. STF. 2ª
Turma. Inq 3788/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 1°/3/2016 (Info 816).
PORÉM, CUIDADO:
#AJUDAMARCINHO: O princípio da bagatela não se aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c
parágrafo único, II, da Lei 9.605/98: Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em
lugares interditados por órgão competente: Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou
ambas as penas cumulativamente. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: II - pesca quan-
tidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos

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não permitidos; Caso concreto: realização de pesca de 7kg de camarão em período de defeso com
o uso de método não permitido. STF. 1ª Turma. HC 122560/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
8/5/2018 (Info 891). #JULGADORECENTE.

Descaminho.

Furto Simples. PORÉM, CUIDADO:


Se o valor do bem é acima de 10% do salário mínimo vigente na época, o STJ tem negado a aplicação
do princípio da insignificância. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1558547/MG, Rel. Min. Maria Thereza de
Assis Moura, julgado em 19/11/2015.

“Flanelinha” e exercício da profissão sem registro no órgão competente (não configura a contravenção
penal prevista no art. 47 do Decreto-Lei 3.688/1941: exercício ilegal de profissão ou atividade).

#DIVERGÊNCIA entre o STJ e o STF.

MANTER RÁDIO CLANDESTINA

STJ: NÃO STF: SIM


STJ: NÃO. É inaplicável o princípio da insigni-
ficância ao delito previsto no art. 183 da Lei nº
STF: SIM, é possível, em situações excepcionais,
9.472/97, nas hipóteses de exploração irregular
o reconhecimento do princípio da insignificância
ou clandestina de rádio comunitária, mesmo que
desde que a rádio clandestina opere em baixa
ela seja de baixa potência, uma vez que se trata
frequência, em localidades afastadas dos grandes
de delito formal de perigo abstrato, que dispensa
centros e em situações nas quais ficou demons-
a comprovação de qualquer dano (resultado) ou
trada a inexistência de lesividade. STF. 2ª Turma.
do perigo, presumindo-se este absolutamente
HC 138134/BA, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
pela lei. Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. AgRg no
julgado em 7/2/2017 (Info 853).
AREsp 740.434/BA, Rel. Min. Antonio Saldanha
Palheiro, julgado em 14/02/2017.

APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA

STJ: SIM STF: NÃO


O STJ já firmou o entendimento de que é possível O bem jurídico tutelado pelo delito de apropria-
a aplicação do princípio da insignificância ao deli- ção indébita previdenciária é a subsistência finan-
to de apropriação indébita previdenciária, desde ceira da Previdência Social. Logo, não há como
que o total dos valores retidos não ultrapasse o afirmar-se que a reprovabilidade da conduta
valor utilizado pela Fazenda Público como limite atribuída ao paciente é de grau reduzido, consi-
mínimo para que sejam ajuizadas as execuções derando que esta conduta causa prejuízo à
fiscais. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1241697/PR, arrecadação já deficitária da Previdência Social,
Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 06/08/2013. STJ. configurando nítida lesão a bem jurídico

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6ª Turma. RHC 59839/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, supraindividual. O reconhecimento da atipicida-
julgado em 07/04/2016. de material nesses casos implicaria ignorar esse
preocupante quadro. STF. 1ª Turma. HC 102550,
Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 20/09/2011. STF.
2ª Turma. RHC 132706 AgR, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 21/06/2016.

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

STJ: NÃO STF: SIM


Há julgados da 2ª Turma admitindo a aplicação
Súmula 599-STJ. do princípio mesmo em outras hipóteses além
do descaminho.

PORTE DE DROGAS PARA CONSUMO PESSOAL

STJ: NÃO STF: SIM


A jurisprudência de ambas as turmas do STJ
firmou entendimento de que o crime de posse
de drogas para consumo pessoal (art. 28 da Lei
STF: possui um precedente isolado, da 1ª Turma,
nº 11.343/06) é de perigo presumido ou abstrato
aplicando o princípio:
e a pequena quantidade de droga faz parte da
própria essência do delito em questão, não lhe
sendo aplicável o princípio da insignificância

CRIMES PRATICADOS POR PREFEITOS

STJ: NÃO STF: SIM


Possui precedentes afirmando que não é possí-
vel a aplicação do princípio da insignificância a
prefeito, em razão mesmo da própria condição
que ostenta, devendo pautar sua conduta, à Possui julgados entendendo ser possível.
frente da municipalidade, pela ética e pela moral,
não havendo espaço para quaisquer desvios de
conduta.

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#RESUMINDO #COLANARETINA #RELERPARAREFORÇAR

APLICABILIDADE INAPLICABILIDADE DIVERGÊNCIAS


Crimes ambientais, Crimes
cometidos por prefeitos (STF já
admitiu, STJ não); Apropriação
indébita previdenciária (STF já
lesão corporal; roubo; tráfi-
admitiu, STJ afasta); Porte de
co de drogas; moeda falsa e
droga para consumo pessoal
outros crimes contra a fé públi-
(STF tem um precedente isola-
ca; contrabando, estelionato
do); Crimes contra Adminis-
Furto simples, crimes contra a contra o INSS, envolvendo FGTS
tração Pública (STJ afasta, STF
ordem tributária e descaminho ou envolvendo seguro-desem-
já admitiu); Rádio comunitária
(STJ e STF: 20 mil reais); “Flane- prego; violação de direito auto-
clandestina (STF admite em
linha” e exercício da profissão ral; posse ou porte de arma
rádios com baixa frequência e
sem registro no órgão compe- de fogo/munição (Cuidado
em locais afastados dos gran-
tente. com a exceção: porte ilegal de
des centros, quando demons-
uma munição como pingente);
trada a inexistência de lesivida-
delitos praticados em violência
de – Info 853.O STJ, por sua vez,
doméstica; provedor clandesti-
não admite); furto qualificado
no de internet sem fio.
(em alguns casos o STJ já admi-
tiu o princípio da insignificância,
como no furto qualificado pelo
concurso de pessoas).

#VAICAIR: Com relação à polêmica sobre os crimes contra a Administração Pública, o STJ, em
novembro de 2017, editou a Súmula nº 599:

SÚMULA 599 DO STJ:O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a admi-
nistração pública.

#MAISUMA O STJ recentemente editou súmula em relação ao delito de rádio clandestina:

Súmula 606-STJ: Não se aplica o princípio da insignificância aos casos de transmissão clan-
destina de sinal de internet via radiofrequência que caracterizam o fato típico previsto no
artigo 183 da lei 9.472/97.

#CUIDADO: Nos crimes ambientais, há divergência no STF sobre a possibilidade de aplicação do


princípio da insignificância quanto à pesca ilegal.

#AJUDAMARCINHO: A Lei de Crimes Ambientais tipifica a pesca ilegal, nos seguintes termos: “Art.

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34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão compe-
tente:” Se a pessoa é flagrada sem nenhum peixe, mas portando consigo equipamentos de pesca,
em um local onde esta atividade é proibida, ela poderá ser absolvida do delito do art. 34 da Lei de
Crimes com base no princípio da insignificância?

2ª TURMA DO STF
SIM. É possível aplicar o princípio da insignificân- NÃO. Não é possível aplicar o princípio da insig-
cia para crimes ambientais. nificância para crimes ambientais.

Na estação ecológica, os servidores do IBAMA


encontraram uma pequena embarcação com
Ex.: pessoa encontrada em uma unidade de um indivíduo. Apesar de não estar com peixes,
conservação onde a pesca é proibida, com vara ele estava com vara de pescar, linha e anzol. O
de pescar, linha e anzol, conduzindo uma peque- pescador foi autuado administrativamente pelo
na embarcação na qual não havia peixes. IBAMA por pesca ilegal, e o MP ofereceu denún-
cia contra ele, pela prática do crime previsto no
art. 34, caput, da Lei nº 9.605/98.

STF. 2ª Turma. RHC 125566/PR e HC 127926/SC,


STF. 2ª Turma. Inq 3788/DF, Rel. Min. Cármen
Rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 26/10/2016
Lúcia, julgado em 1°/3/2016 (INFO 816 DO STF)
(INFO 845 DO STF)

»» Princípio da Culpabilidade:

Possui três consequências materiais:

a) Não há responsabilidade penal objetiva;

b) A responsabilidade penal é pelo fato praticado e não pelo autor;

c) A culpabilidade é a medida da pena.

»» Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos:

O Direito Penal possui como função a proteção de bens jurídicos mais relevantes para a sociedade.
Assim, o Estado não pode utilizar o Direito Penal para tutelar a moral, a religião, os valores ideológicos
etc., sob pena de prevalecer a intolerância.

»» Princípio da Proporcionalidade:

O princípio da proporcionalidade adveio do direito alemão. É chamado de razoabilidade (direito


italiano) ou de convivência das liberdades públicas (direito norte-americano). É desdobramento lógico do
Princípio da Individualização da Pena. Em síntese, o que a proporcionalidade impõe é que a pena seja
proporcional à gravidade da infração penal.

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Não é possível analisar esse princípio sob uma única ótica. Há dois aspectos fundamentais. Vamos
conferir?

• Garantismo negativo: proibição contra os excessos do Estado. Não se pode punir mais do que o
necessário para a proteção de um bem jurídico.

• Garantismo positivo: proibição da proteção insuficiente do bem jurídico.

»» Princípio da Pessoalidade ou da intranscendência da Pena:

A pena deve ser aplicada somente ao autor do fato e não a terceiros.

CF, art. 5, XLV - Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar
o dono e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e
contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.

Teoria da atividade: considera-se praticado o crime no momento da ação ou omis-


são, ainda que outro seja o momento do resultado.
TEMPO DO
CRIME: #SELIGANASUMULA SÚMULA 711 DO STF: Nos casos de crime continuado,
permanente ou habitual, aplica-se a lei mais grave, se vigente antes de cessada a
continuidade, permanência ou habitualidade.

Teoria da ubiquidade: considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu


a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria
LUGAR DO produzir-se o resultado).
CRIME
#NÃOCONFUNDA: Com o artigo 70 do CPP, que adota a teoria do resultado no
que diz respeito à competência para julgar crimes.

#DECORE #OLHAOMACETE: LUTA: Lugar = Ubiquidade / Tempo = Atividade.

LEI PENAL NO ESPAÇO


TERRITORIALIDADE: consiste na aplicação da lei brasileira aos crimes pratica-
REGRA
dos no Brasil (art. 5º, CP).

EXTRATERRITORIALIDADE: na qual INCONDICIONADA (art. 7º, I, CP)


aplica-se a lei brasileira a crimes (não CONDICIONADA (art. 7º, II, CP)
EXCEÇÃO
inclui contravenção penal) pratica-
HIPERCONDICIONADA (art. 7º, §3°,
dos no exterior. CP)

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#ATENÇÃO diz-se que o Código Penal adotou a Teoria da Territorialidade mitigada ou temperada.

LEI PENAL NO TEMPO


PRINCÍPIO DA ATIVIDADE: A lei é aplicada aos fatos praticados durante a sua vigên-
cia.
REGRA
IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL: Em regra, a lei penal não retroage para alcançar
fatos anteriores a sua vigência.

RETROATIVIDADE DA LEI PENAL BENÉFICA: A lei nova mais benéfica retroage, de


forma que será aplicada aos fatos criminosos praticados antes de sua entrada em
vigor. Ex: ABOLITIO CRIMINIS: lei nova que deixa de considerar um fato como crimino-
EXCEÇÕES so, aplica-se inclusive aos processos já transitados em julgado. Nesse caso, a compe-
tência será do juiz das execuções penais.

ULTRATIVIDADE DA LEI PENAL BENÉFICA: A lei mais benéfica, quando revogada,


continua a reger os fatos praticados durante a sua vigência.

#ATENÇÃO LEX TERTIA: é a combinação de aspectos mais benéficos de mais de uma lei, criando
uma terceira lei. É vedada (súmula 501 do STJ).

#SELIGA Princípio da descontinuidade normativo-típica ou da transmudação geográfica: Pode


ocorrer a revogação formal da lei sem que ocorra a abolitio criminis, em razão de inexistir a descontinui-
dade normativo-típica. Como exemplo, pode ser citado o crime de atentado violento ao pudor (CP, art.
214), que passou a ser considerado como estupro (CP, art. 213).

#NÃOCONFUNDA Em relação às normas processuais penais não se aplica a retroatividade, vigora


o princípio do tempus regit actum.

LEI PENAL Leis que tratam de matéria penal, mas que estão fora do Código Penal. Ex:
ESPECIAL: Lei de drogas.

LEI PENAL É a que tem vigência predeterminada no tempo. Ex. Lei nº 12.663/12 (Lei
TEMPORÁRIA: Geral da Copa do Mundo de Futebol de 2014).

São aquelas que são produzidas para vigorar durante determinada situação.
LEI PENAL
Ex: Uma lei definindo crimes durante o período de intervenção federal no
EXCEPCIONAL:
estado do Rio de Janeiro.

#ATENÇÃO A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessa-
das as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência (art. 3, CP).

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INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL X ANALOGIA


INTERPRETAÇÃO INTERPRETAÇÃO
ANALOGIA
EXTENSIVA ANALÓGICA
Existe norma para o Existe norma para o
Não existe norma para o caso concreto
caso concreto caso concreto

No caso em que há lacuna (caso omisso), o juiz


aplica, por analogia (por assemelhação), uma lei
que trata sobre o caso semelhante.
Não pode ser prejudicial ao réu (in malam
O legislador previu partem).
uma fórmula genéri- OBS: também chamada de analogia legal ou
ca, permitindo ao juiz “legis”.
encontrar outras. Ex. adolescente estuprada que pretende inter-
Pode ser prejudicial ao romper a gestação do seu feto pode fazer uso
Amplia-se o alcance.
réu. do aborto sentimental previsto no art. 128, II, CP,
Ex: na palavra “arma” –
apesar deste não ter sido editado quando da
art. 157, § 2° do CP. Ex. art. 121, §2º, I -
previsão legal do estupro de vulnerável, portan-
mediante paga ou
to, não abrangendo essa hipótese.
promessa de recom-
pensa, ou por outro #CUIDADO: A analogia não é forma de interpre-
motivo torpe (qualifi- tação da lei penal, mas sim técnica de integração
cadora do homicídio); ou colmatação do ordenamento jurídico. A lei
pode ter lacunas, mas não o ordenamento jurí-
dico. Trata-se de aplicação, ao caso não previsto
em lei, de norma reguladora de caso semelhante.
Não se aplica às leis excepcionais, justamente em
razão de seu caráter extraordinário.

PRINCÍPIOS PARA SOLUCIONAR O CONFLITO APARENTE DE NORMAS


PENAIS (#MNEMÔNICO SECA)
Atua no plano concreto. O crime tipificado pela lei subsidiária, além de menos
grave do que o narrado pela lei primária, dele também difere quanto à forma
de execução, já que corresponde a uma parte deste. Em outras palavras, a
SUBSIDIARIEDADE figura subsidiária está inserida na principal. No princípio da subsidiariedade
a comparação sempre deve ser efetuada no caso concreto, buscando-se a
aplicação da lei mais grave. A subsidiariedade pode ser tanto expressa (por
exemplo, disparo de arma de fogo), como tácita.

Sua aferição se estabelece em abstrato, ou seja, para saber qual lei é geral
ESPECIALIDADE e qual é especial, prescinde-se da análise do fato praticado. Pouco importa
também a quantidade de sanção penal reservada para as infrações penais.

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A comparação entre as leis não se faz da mais grave para a menos grave, pois
a lei específica pode narrar um ilícito penal mais rigoroso ou mais brando.

Também é analisado no plano concreto. Difere-se da subsidiariedade em dois


aspectos. Na regra da subsidiariedade, em função do fato concreto praticado,
comparam-se as leis para saber qual é a aplicável. Por seu turno, na consun-
ção, sem buscar auxílio nas leis, comparam-se os fatos, apurando-se que o
mais amplo, completo e grave consome os demais. O fato principal absorve
o acessório, sobrando apenas a lei que o disciplina. Lei consuntiva é aquela
que define o todo, o fato mais amplo. Lei consumida define a parte, o fato
menos amplo. A consunção é aplicada nos casos de crimes progressivos, na
progressão criminosa ou nos atos impuníveis.
#EXEMPLIFICACOACH: Na subsidiariedade, o constrangimento ilegal só
pode ser praticado se houver a ameaça. Um crime está obrigatoriamente
dentro do outro, a ameaça é elemento do constrangimento ilegal. Por outro
lado, na consunção, tomemos como exemplo a lesão corporal e o homicídio.
A lesão corporal não é um elemento do homicídio. O homicídio pode ser
praticado por outro modo que não a lesão corporal. Um crime não está obri-
gatoriamente dentro do outro, comparam-se os fatos.
CONSUNÇÃO
SÚMULA 17 DO STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais poten-
cialidade lesiva, é por este absorvido.
#DEOLHONAJURIS: um crime não pode ser absorvido por uma contraven-
ção penal.
#NÃOCONFUNDA
CRIME PROGRESSIVO
A intenção do agente é, desde o início, cometer o crime mais grave. Ex.: obje-
tiva cometer um homicídio. Contudo, para se chegar até o homicídio, ocorre
primeiro a lesão corporal (crime de ação de passagem). Pela consunção, a
lesão corporal é absorvida pelo homicídio.
PROGRESSÃO CRIMINOSA
Há uma mudança no ânimo do agente. Ex.: ele deseja inicialmente causar lesão
corporal. Contudo, durante a execução muda de intenção e acaba cometen-
do o homicídio. Pela consunção, a lesão corporal é absorvida pelo homicídio.

Se refere aos crimes plurinucleares, ou seja, aqueles crimes que apresentam


vários verbos, a exemplo do artigo 33, caput, da Lei n. 11.343/2006. A prática
de mais de uma dessas condutas configura crime único, podendo a pena ser
ALTERNATIVIDADE majorada em razão dos vários núcleos praticados na fase da dosimetria da
pena. É também chamado de “tipo penal misto alternativo”. #NÃOCONFUN-
DIR com o princípio da alteridade, segundo o qual não se deve punir condu-
tas que prejudicam apenas o próprio agente. Ex: autolesão.

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TEORIA GERAL DO CRIME

TEORIAS DO DELITO
SISTEMA CLÁSSICO (POSITIVISMO JURÍDICO)
FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE
Conduta: movimento corporal
voluntário; Imputabilidade
Resultado naturalístico; Relação de contrariedade entre Dolo normativo ou culpa – inclui
o fato e o direito a consciência atual da ilicitude
Relação de causalidade;
Teoria psicológica
Tipicidade
SISTEMA NEOCLÁSSICO / NEOKANTISMO
FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE
Conduta: ao invés de ação,
prefere-se comportamento, Imputabilidade
abrangendo omissão (adota Dolo normativo ou culpa - inclui
teoria causalista para o a consciência atual da ilicitude
conceito de crime, agregando Relação de contrariedade entre
ao tipo dados valorativos - o fato e o direito Exigibilidade de conduta
diversa
Resultado naturalístico;
Teoria psicológica-normativa
Relação de causalidade; da culpabilidade
Tipicidade
SISTEMA FINALISTA
FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE
Potencial consciência da ilicitu-
Conduta - dolo e culpa (o dolo de
é natural, pois não contém a Exigibilidade de conduta diver-
consciência da ilicitude); sa
Relação de contrariedade entre
Resultado naturalístico; o fato e o direito Teoria normativa pura.
Relação de causalidade; Imputabilidade
Tipicidade. Teoria normativa pura.
Imputabilidade

#ATENÇÃO O FUNCIONALISMO busca explicar as funções do direito penal e não apenas


conceituar o crime em si. Temos duas principais espécies:

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FUNCIONALISMO MODERADO OU FUNCIONALISMO SISTÊMICO OU


DUALISTA DE ROXIN RADICAL DE JAKOBS
O Direito Penal tem limites impostos pelo O Direito Penal só reconhece os limites impostos
próprio direito penal e demais ramos do direito. pelo próprio Direito Penal.

A função do Direito Penal é tutelar os bens jurí- A função do Direito Penal é punir, aplicar a norma.
dicos. O Direito Penal se ajusta à sociedade. A sociedade é que deve ajustar-se ao Direito Penal.

Tem como norte a política criminal. Direito Penal do inimigo.

ELEMENTOS DO FATO TÍPICO (TIPICIDADE)


Conduta

Resultado

Nexo Causal

Tipicidade Formal e Material

#SELIGA A tipicidade penal é formada pela tipicidade formal + tipicidade material. A tipicidade
formal é o juízo de subsunção/adequação entre o fato e a norma. O fato praticado na vida real se
encaixa no modelo de crime previsto pela norma penal. A tipicidade formal não é suficiente, sendo
necessária a tipicidade material, expressada na lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico penal-
mente protegido. O princípio da insignificância exclui a tipicidade material.

TEORIAS DA TIPICIDADE
TEORIA DO TIPO AVALORADO/
Fato típico não constitui emissão de valor sobre ilicitude.
TIPO MERAMENTE DESCRITIVO:
Trata-se da teoria majoritariamente aceita. Coloca a tipicidade
como ratio cognoscendi, sendo vista, portanto, como um indí-
TEORIA INDICIÁRIA DO TIPO cio da ilicitude. Todo fato típico também é presumidamen-
(RATIO COGNOSCENDI): te ilícito, operando-se uma presunção relativa de ilicitude. O
efeito prático da teoria indiciária é a inversão do ônus da
prova no tocante as excludentes da ilicitude.

TEORIA DA RATIO ESSENDI: Fato típico e ilícito seria um elemento só.

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Tipicidade legal + antinormatividade. Para que uma condu-


ta seja crime é necessário que seja proibida pelo ordenamen-
TEORIA DA TIPICIDADE to jurídico globalmente considerado. Antecipa a análise de
CONGLOBANTE (ZAFFARONI): excludentes de ilicitude: exercício regular de direito e o estri-
to cumprimento do dever legal são analisados como causas
excludentes da tipicidade penal.

TEORIAS DA CONDUTA
Conduta é um movimento corporal (ação) voluntário que
Teoria Causalista produz uma modificação no mundo exterior perceptível pelos
sentidos.

Conduta é um comportamento (ação ou omissão) voluntário


Teoria Neokantista que produz uma modificação no mundo exterior perceptível
pelos sentidos.

Conduta é um comportamento humano voluntário psiquica-


Teoria Finalista (Welzel) mente dirigido a um determinado fim. Por essa teoria, o dolo e
#IMPORTANTE a causa compõe o elemento “conduta”. Foi a teoria adota-
da pelo nosso Código Penal.

Foi criada para explicar o elemento vontade (controle da vonta-


Teoria cibernética da ação
de) nos crimes culposos. Afirmava Welzel que a vontade estava
(Welzel)
no resultado e não na conduta.

Teoria significativa da ação Valoriza o significado da ação em um contexto social em detri-


(Vivés Anton) mento da vontade do agente.

Conduta é um comportamento humano voluntário dirigido a


Teoria Social da Ação (Wessels)
um fim socialmente reprovável.

Conduta aparece como comportamento humano voluntário,


Funcionalismo Moderado
causador de relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao
(Roxin)
bem jurídico tutelado pela norma penal.

Conduta é comportamento humano voluntário causador de


Funcionalismo Radical (Jakobs) um resultado evitável, violador do sistema, frustrando as expec-
tativas normativas.

CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA:


Caso fortuito (homem) ou força maior (natureza).

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Atos ou movimentos reflexos. #ATENÇÃO Não se confundem com as ações em curto circuito que
são explosões emocionais repentinas (há conduta e crime, em regra).

Coação Física irresistível (#OLHAOGANCHO Se for resistível, é atenuante).

Sonambulismo e Hipnose

#ATENÇÃO Não há crime sem conduta, pois o Direito Penal do fato não aceita os crimes de mera
suspeita, isto é, aqueles em que o agente não é punido por sua conduta, mas sim pela suspeita
despertada pelo seu modo de agir.

Relação de causalidade

Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.

Superveniência de causa independente

§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só,


produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.

Relevância da omissão

§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resulta-
do. O dever de agir incumbe a quem:

a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;

b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;

c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

A relação de causalidade ou nexo causal pode ser conceituado com o vínculo formado entre a
conduta praticada pelo agente ativo de um crime e o resultado por ele produzido. É através dela que se
conclui se o resultado foi ou não provocado pela conduta, autorizando, desde que presente a tipicidade
(adequação do fato à norma) a configuração da tipicidade.

Encontra previsão legal no artigo 13 e parágrafo primeiro, do Código Penal, onde está expresso que
o resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa, sendo

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esta a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido, bem como de que a superveniência
de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultados, impu-
tando-se os fatos anteriores a quem os praticou. A relação de causalidade, portanto, está relacionada
aos crimes materiais, compostos pelos delitos em que o tipo penal descreve uma conduta e um resultado
naturalístico, exigindo a produção deste para a consumação.

»» Teorias:

1. Equivalência dos Antecedentes Causais:

No art. 13, caput, do CP, foi adotada a teoria da equivalência dos antecedentes causais, ou teoria da
conditio sine qua non, criada por Glaser, e posteriormente desenvolvida por Von Buri e Stuart Mill.

Para esta teoria, causa é todo fato humano sem o qual o resultado não teria ocorrido, quando ocor-
reu e como ocorreu. Toma como base o processo hipotético de eliminação de Thyrén para se constatar
se algum acontecimento deve ser inserido ou não no conceito de causa.

2. Teoria da Causalidade Adequada:

No art. 13, §1°, do CP, foi adotada a teoria da causalidade adequada, que teve origem nos estudos
de Von Kries. Segundo esta teoria, causa é o antecedente não só necessário, mas adequado à produção
do resultado.

3. Teoria da Imputação Objetiva:

Em uma perspectiva clássica, o tipo penal apresentava apenas aspectos objetivos, representados
na relação de causalidade. Buscando resolver esse problema, o sistema finalista conferiu ao tipo penal
também uma feição subjetiva, com a inclusão na conduta do dolo e da culpa. Para os adeptos da teoria
da imputação objetiva, contudo, o sistema finalista, ao liminar o tipo objetivo à relação de causalidade,
de acordo com a teoria da equivalência dos antecedentes, não resolve todos os problemas inerentes à
imputação.

Buscando solucionar tal problema, a teoria da imputação objetiva inseriu no tipo objetivo, dois
novos elementos, quais sejam, a criação de um risco proibido e a realização do risco no resultado, além
da já presente causalidade. A criação do risco proibido considera perigosa a ação que, aos olhos de um
observador objetivo dotado dos conhecimentos especiais do autor, situado no momento da prática da
ação, gere real possibilidade de dano para um determinado bem. Ademais, para que o resultado possa
ser atribuído ao agente, o risco proibido por ele criado deve ser realizado no resultado.

A teoria da imputação objetiva está intimamente ligada ao funcionalismo penal, pois este questiona
a validade do conceito de conduta desenvolvido pelos sistemas clássicos e finalista, sendo que ao conce-

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ber o Direito como regulador da sociedade, delimita o âmbito das expectativas normativas de conduta,
vinculando-se à teoria em comento.

Para o funcionalismo teleológico de Claus Roxin, parte-se da premissa de uma ideia a respeito do
Direito Penal, identificada como a proteção subsidiária de bens jurídicos mais relevantes e a respeito
da pena, que vem a ter um caráter preventivo geral e especial, para chegar a composição de um novo
modelo de sistema de imputação.

Já o funcionalismo sistêmico de Gunther Jakobs trabalha com a ideia central de competência e papel
social, sendo que em relação à imputação objetiva, com fundamento no argumento segundo o qual, o
comportamento social do homem é vinculado a papeis, traça quatro instituições -penais sobre as quais
desenvolve a referida teoria, quais sejam; risco permitido, princípio da confiança, proibição do regresso e
competência ou capacidade da vítima.

APLICAÇÃO PRÁTICA: Rumoroso caso do afogamento em piscina de um jovem, em uma festa


de formatura, onde havia livre trânsito de substâncias psicotrópicas. O MP denunciou todos os
integrantes da comissão de formatura, o que foi rechaçado pelo STJ, nos seguintes termos: “4.
Ainda que se admita a existência de relação de causalidade entre a conduta dos acusados
e a morte da vítima, à luz da teoria da imputação objetiva, necessária é a demonstração da
criação pelos agentes de uma situação de risco não permitido, não-ocorrente, na hipótese,
porquanto é inviável exigir de uma Comissão de Formatura um rigor na fiscalização das
substâncias ingeridas por todos os participantes de uma festa”. (HC 46.525/MT, Rel. Ministro
ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 21/03/2006, DJ 10/04/2006, p. 245).

»» Concausas:

É a convergência de uma causa externa à vontade do autor da conduta, influindo na produção do


resultado naturalístico por ele desejado e posicionando-se paralelamente ao seu comportamento, omis-
sivo ou comissivo.

#SELIGANATABELA:

Causa Dependente Causa independente

Foge da linha normal de desdobramento da


Emana da conduta do agente, se insere no curso conduta. Aparecimento é inesperado e imprevi-
normal do desenvolvimento causal. sível.
Não exclui a relação de causalidade. Capacidade por si só de produzir o resultado.
Há dependência entre os acontecimentos. Pode ser absoluta ou relativamente independen-
te a depender da sua origem.

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Classificação da causa independente em razão da origem:

Causa absolutamente independente Causa relativamente independente

Se originam da conduta do agente.


Não se originam da conduta do agente. Essas causas não existiriam sem a conduta do
agente.

Podem ser: preexistentes, concomitantes e Podem ser: preexistentes, concomitantes e


supervenientes. supervenientes.

Efeito jurídico:
1. preexistente e concomitante: o agente respon-
de pelo resultado naturalístico
2. superveniente:
2.1. que produzem por si só o resultado: agente
Efeito jurídico (em todas as modalidades): agente não responde pelo resultado naturalístico, mas
não responde pelo resultado naturalístico, mas somente pelo seu dolo (atos até então pratica-
somente pelo seu dolo (atos até então pratica- dos). Rompimento do nexo causal. Art. 13, §1º,
dos). CP (teoria da causalidade adequada). Exemplo:
acidente com a ambulância que transportava o
enfermo.
2.2. que não produzem por si só o resultado:
agente responde pelo resultado naturalístico.
Exemplo: omissão no tratamento médico após
um ato de atentado contra a vida da vítima.

»» Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz:

Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado
se produza, só responde pelos atos já praticados.

São formas de tentativa abandonada, ou seja, a consumação do crime não ocorre em razão da
vontade do agente. A natureza jurídica da desistência voluntária e do arrependimento eficaz majoritaria-
mente na jurisprudência é de causa de exclusão da tipicidade.

Na desistência voluntária, o agente voluntariamente interrompe o processo executório do crime,


abandonando a prática dos demais atos necessários e que estavam à sua disposição para a consumação.

Diferencia-se da tentativa através da Fórmula de Frank (#SELIGANONOME), pois na desistência


voluntária o agente pode prosseguir, mas não quer, enquanto na tentativa o agente quer prosseguir, mas

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não pode.

No arrependimento eficaz, o agente já praticou todos os atos executórios suficientes à consumação


do crime, mas adota providências aptas a impedir a produção do resultado. Possível somente nos crimes
materiais (que necessitam de resultado).

#ATENÇÃO

A desistência voluntária e arrependimento eficaz são comunicáveis no concurso de pessoas?

1ª corrente: caráter subjetivo dos institutos, não se comunicam.

2ª corrente: caráter misto (objetivo e subjetivo), se comunicam. (#DOMINANTE)

#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #AJUDAMARCINHO

O instituto do arrependimento eficaz e da desistência voluntária somente são aplicáveis a delito que
não tenha sido consumado. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1549809/DF, Rel. Min. Maria Thereza de
Assis Moura, julgado em 02/02/2016.

»» Arrependimento Posterior:

Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou resti-
tuída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será
reduzida de um a dois terços.

É a causa pessoal e obrigatória de diminuição da pena que ocorre quando o responsável pelo crime
praticado sem violência à pessoa ou grave ameaça, voluntariamente e até o recebimento da denúncia ou
queixa, restitui a coisa ou repara o dano provocado por sua conduta. Seus fundamentos são a proteção
da vítima e o fomento ao arrependimento por parte do agente.

#OLHAOGANCHO:

Em regra, o arrependimento deve ser integral, mas o STF já admitiu o arrependimento posterior na
reparação parcial do dano.

Há comunicabilidade aos demais coautores e partícipes em razão de sua natureza objetiva.

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O índice de redução da pena em função da maior ou menor celeridade no ressarcimento do prejuí-


zo à vítima.

#VAIMARCINHO #DIZERODIREITO

Não se aplica o instituto do arrependimento posterior (art. 16 do CP) para o homicídio culposo na
direção de veículo automotor (art. 302 do CTB) mesmo que tenha sido realizada composição civil
entre o autor do crime a família da vítima. Para que seja possível aplicar a causa de diminuição de
pena prevista no art. 16 do CP é indispensável que o crime praticado seja patrimonial ou possua
efeitos patrimoniais. O arrependimento posterior exige a reparação do dano e isso é impossível
no caso do homicídio. STJ. 6ª Turma. REsp 1561276-BA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
28/6/2016 (Info 590).

Desse modo, os crimes contra a fé pública, semelhantes aos demais crimes não patrimoniais em
geral, são incompatíveis com o instituto do arrependimento posterior, dada a impossibilidade mate-
rial de haver reparação do dano causado ou a restituição da coisa subtraída. STJ. 6ª Turma. REsp
1242294-PR, Rel. originário Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz,
julgado em 18/11/2014 (Info 554).

»» Crime Impossível:

Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impro-
priedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

Quando por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, jamais ocorrerá
a consumação. No crime impossível não há perigo ao bem jurídico penalmente tutelado. Tem natureza
jurídica de causa de exclusão da tipicidade.

Teorias sobre o crime impossível:

1. Teoria Sintomática: Preocupa-se com a periculosidade do autor. Justifica-se em qualquer caso a


aplicação de medida de segurança.

2. Teoria Subjetiva: Leva em conta a intenção do agente.

3. Objetiva Pura: Quando nenhum bem jurídico foi lesado ou exposto. Mas não importa se a inido-
neidade do meio ou do objeto é absoluta ou relativa.

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4. Objetiva Temperada: Haverá crime impossível quando a inidoneidade do meio ou a improprie-


dade do objeto for absoluta. #ADOTADAPELOCP

#DEOLHONASSÚMULAS

Súmula 145-STF. Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a
sua consumação.

Súmula 567-STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de
segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração
do crime de furto.

#MAISJURISPRUDÊNCIA

O STF em julgamento do dia 22/08/17, publicado em 06/02/2018, entendeu que a Súmula 567 do
STJ pode ser relativizada a depender do caso concreto. vejamos a ementa do julgado:

Recurso ordinário em habeas corpus. Penal. Furto simples tentado. Artigo 155, caput, em combinação
com o art. 14, inciso II, ambos do Código Penal. Conduta delituosa praticada em loja de departamento.
Estabelecimento vítima que exerceu a vigilância direta sobre a conduta do paciente. Acompanhamen-
to ininterrupto de todo o iter criminis. Ineficácia absoluta do meio empregado para a consecução do
delito, dadas as circunstâncias do caso concreto. Crime impossível caracterizado. Artigo 17 do Código
Penal. Atipicidade da conduta. Recurso provido. Com fundamento diverso, votaram pelo provimento
do recurso os eminentes Ministros Celso de Mello e Edson Fachin. 1. A forma específica mediante
a qual os funcionários do estabelecimento vítima exerceram a vigilância direta sobre a conduta do
paciente, acompanhando ininterruptamente todo o iter criminis, tornou impossível a consumação
do crime, dada a ineficácia absoluta do meio empregado. Tanto isso é verdade que, no momento
em que se dirigia para a área externada do estabelecimento comercial sem efetuar o pagamento do
produto escolhido, o paciente foi abordado na posse do bem, sendo esse restituído à vítima. 2. De
rigor, portanto, diante dessas circunstâncias, a incidência do art. 17 do Código Penal, segundo o qual
“não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do
objeto, é impossível consumar-se o crime”. 3. Esse entendimento não conduz, automaticamente, à
atipicidade de toda e qualquer subtração em estabelecimento comercial que tenha sido monitorada
pelo corpo de seguranças ou pelo sistema de vigilância, sendo imprescindível, para se chegar a essa
conclusão, a análise individualizada das circunstâncias de cada caso concreto. 4. Recurso provido
para conceder a ordem de habeas corpus, reconhecendo-se a atipicidade da conduta imputada ao

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paciente na Ação Penal 0000802-76.2016.8.24.0039, com fundamento no art. 17 do Código Penal. 5.


Com fundamento diverso, votaram pelo provimento do recurso os eminentes Ministros Celso de Mello
e Edson Fachin.

ERRO DE TIPO
Trata-se de uma falsa percepção da realidade, em que o agente não sabe o que faz. Possui previsão
expressa no art. 20 do Código Penal, podendo o erro recair sobre circunstâncias essenciais (erro
essencial) ou agregadas ao tipo penal (erro acidental).
Exclui o dolo, mas admite a responsabilidade a título de
ERRO DE TIPO EVITÁVEL
culpa, se prevista em lei.
ESSENCIAL
INEVITÁVEL Exclui o dolo e a culpa.

Art. 20, CP: O erro quanto à pessoa contra a qual o crime


é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste
ERRO SOBRE A caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da
PESSOA pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. Ex.
agente que pretende ceifar a vida de A, mas termina por
cometer o homicídio contra seu irmão gêmeo, crendo ser A.

Agente projeta sua conduta sobre um objeto, mas na reali-


ERRO SOBRE O
dade incide sobre coisa diversa. Ex. Acredita que está furtan-
OBJETO
do um relógio de ouro, mas é uma bijuteria.

O engano é no tocante à causa do crime. O resultado


ERRO SOBRE O buscado pelo agente ocorreu em razão de um aconteci-
NEXO CAUSAL mento diverso daquele que ele inicialmente idealizou. Ex. A
empurra B da ponte para matá-lo afogado. B vem a falecer,
ou ABERRATIO
ERRO DE TIPO mas não por asfixia derivada do afogamento, mas sim em
ACIDENTAL CAUSAE decorrência do traumatismo craniano, pois se chocou com
uma pedra antes de ter contato com a água.

Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios


ERRO NA de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que
EXECUÇÃO ou pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se
tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao
ABERRATIO
disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser
ICTUS também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender,
aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
RESULTADO
DIVERSO DO Erro na execução com unidade complexa, com resultado
PRETENDIDO duplo: é a situação descrita pelo art. 73, in fine, do Código
Penal, na qual o sujeito, além de atingir a pessoa inicialmen-
ou ABERRATIO
te desejada, ofende também pessoa ou pessoas diversas.
CRIMINIS

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Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por


acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resulta-
ERRO SOBRE A do diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se
PESSOA o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também
o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste
Código.

Exemplo: Ciclano joga uma pedra na vidraça de seu rival, mas


ERRO SOBRE O acaba atingindo pedestre que passava naquele momento. O
OBJETO agente, em razão do erro, acaba por atingir bem jurídico
diverso.

ERRO DE PROIBIÇÃO
No erro de proibição o agente sabe exatamente o que está fazendo, mas desconhece a ilicitude
do fato. Não é que o agente ignore os termos da lei, até porque o art. 21, “caput”, do CP, considera
que “o desconhecimento da lei é inescusável”, não admitindo, portanto, a ignorantia legis. No erro de
proibição, o agente apesar de saber dos termos da lei, desconhece ou interpreta mal o seu conteúdo,
ou seja, não compreende com clareza seu caráter ilícito.
EVITÁVEL Causa de diminuição de pena de 1/6 até 1/3.
INEVITÁVEL Isenção de pena.

ERRO DE TIPO ERRO DE PROIBIÇÃO


O agente sabe o que faz, mas pensa que sua
O agente não sabe o que faz. conduta é lícita, quando, na verdade, é proibi-
da.

É o erro incidente sobre os elementos objetivos


É o erro quanto à ilicitude da conduta
do tipo

Afasta a POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICI-


Trata-se da má interpretação sobre os FATOS. TUDE, que é requisito da culpabilidade. Não há
Recai sobre os requisitos ou elementos fático- erro sobre a situação de fato, já que essa está
-descritivos do tipo, como também sobre requi- incontestável, mas não há a exata compreensão
sitos jurídico-normativos do tipo. sobre os LIMITES JURÍDICOS DA LICITUDE da
conduta.

Exclui a CULPABILIDADE, se INEVITÁVEL ou


Exclui sempre o DOLO, se poderia ser evita- ESCUSÁVEL.
do (inescusável), responde pela culpa, caso haja
previsão da forma culposa do delito. Diminui a pena, se EVITÁVEL ou INESCUSÁ-
VEL.

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Exclui CRIME Exclui PENA

Exemplo: pessoa que levou o carro de outrem Exemplo: holandês que acreditou que no Brasil
achando que fosse o seu. poderia usar drogas sem que praticasse crime.

CONCURSO DA Art. 72. No concurso de crimes, as penas de multa são apli-


PENA DE MULTA cadas distinta e integralmente.

SISTEMA DO Art. 69. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou


CÚMULO omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não,
MATERIAL: CONCURSO aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberda-
Impõe ao juiz a MATERIAL de em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa
soma de todas as de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro
penas dos crimes aquela.
praticados pelo
réu. Art. 70. 2ª parte (concurso formal imperfeito ou impró-
CONCURSO
prio). As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se
FORMAL
a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resul-
IMPRÓPRIO
tam de desígnios autônomos.

Art. 70. 1ª parte (concurso formal próprio ou perfeito)


Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão,
CONCURSO
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-
FORMAL
-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente
PRÓPRIO
uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto
até metade (...).

Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou


SISTEMA DA omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie
EXASPERAÇÃO: e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução
O juiz aplica e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos
somente uma das como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um
penas, aumenta- só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas,
da de determina- aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
do percentual. CRIME
CONTINUADO Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas
diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça
à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os
antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente,
bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena
de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diver-
sas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único
do art. 70 e do art. 75 deste Código.

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#SELIGANAJURIS #AJUDAMARCINHO

Impossibilidade de aplicação concomitante da continuidade delitiva comum e específica.

Se reconhecida a continuidade delitiva específica entre estupros praticados contra vítimas diferentes,
deve ser aplicada exclusivamente a regra do art. 71, parágrafo único, do Código Penal, mesmo que,
em relação a cada uma das vítimas, especificamente, também tenha ocorrido a prática de crime
continuado. STJ. 6ª Turma. REsp 1471651-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/10/2015
(Info 573).

Não há continuidade entre o art. 6º da Lei 7.492/86 e o art. 1º da Lei 9.613/98

Não há continuidade delitiva entre os crimes do art. 6º da Lei nº 7.492/86 (Lei dos Crimes contra o
Sistema Financeiro Nacional) e os crimes do art. 1º da Lei nº 9.613/98 (Lei dos Crimes de “Lavagem”
de Dinheiro). Não incide a regra do crime continuado na hipótese, pois os crimes descritos nos arts.
6º da Lei 7.492/86 e 1º da Lei 9.613/98 não são da mesma espécie. STJ. 6ª Turma. REsp 1405989/SP,
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. p/ Acórdão Min. Nefi Cordeiro, julgado em 18/08/2015 (Info 569).

Aumento de pena no máximo pela continuidade delitiva em crime sexual

No caso de crime continuado, o art. 71 do CP prevê que o juiz deverá aplicar a pena de um só dos
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de 1/6 a 2/3. O
STJ entende que, em regra, a escolha da quantidade de aumento de pena deve levar em conside-
ração o número de infrações praticadas pelo agente com base na seguinte tabela: O critério para o
aumento no crime continuado é o número de crimes praticados: 2 crimes — aumenta 1/6 3 crimes
— aumenta 1/5 4 crimes — aumenta 1/4 5 crimes — aumenta 1/3 6 crimes — aumenta 1/2 7 ou
mais — aumenta 2/3 Porém, nem sempre será fácil trazer para os autos o número exato de crimes
que foram praticados, especialmente quando se trata de delitos sexuais. É o caso, por exemplo, de
um padrasto que mora há meses ou anos com a sua enteada e contra ela pratica constantemen-
te estupro de vulnerável. Nessas hipóteses, mesmo não havendo a informação do número exato
de crimes que foram cometidos, o juiz poderá aumentar a pena acima de 1/6 e, dependendo do
período de tempo, até chegar ao patamar máximo. Assim, constatando-se a ocorrência de diversos
crimes sexuais durante longo período de tempo, é possível o aumento da pena pela continuidade
delitiva no patamar máximo de 2/3 (art. 71 do CP), ainda que sem a quantificação exata do núme-
ro de eventos criminosos. STJ. 5ª Turma. HC 311146-SP, Rel. Min. Newton Trisotto (Desembargador
convocado do TJ-SC), julgado em 17/3/2015 (Info 559).

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Roubo praticado em ônibus contra o patrimônio de vários passageiros

O sujeito entra no ônibus e, com arma de fogo em punho, exige que oito passageiros entreguem
seus pertences (dois desses passageiros eram marido e mulher). O agente irá responder por oito
roubos majorados (art. 157, § 2º-A, I, do CP) em concurso formal (art. 70). Atenção: não se trata,
portanto, de crime único. Ocorre concurso formal quando o agente, mediante uma só ação, prati-
ca crimes de roubo contra vítimas diferentes, ainda que da mesma família, eis que caracterizada a
violação a patrimônios distintos. STJ. 5ª Turma. HC 207.543/SP , Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em
17/04/2012. Nesse caso, o concurso formal é próprio ou impróprio? Concurso formal PRÓPRIO.
Praticado o crime de roubo mediante uma só ação contra vítimas distintas, no mesmo contexto
fático, resta configurado o concurso formal próprio, e não a hipótese de crime único, visto que
violados patrimônios distintos. STJ. 6ª Turma. HC 197684/RJ , Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado
em 18/06/2012. STJ. 5ª Turma. HC 455.975/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 02/08/2018.

Existe precedente do STJ reconhecendo continuidade entre o art. 168-A e o art. 337-A do CP

Em função da melhor hermenêutica, os crimes descritos nos arts. 168-A e 337-A, apesar de cons-
tarem em títulos diferentes no Código Penal e serem, por isso, topograficamente díspares, refletem
delitos que guardam estreita relação entre si, portanto cabível o instituto da continuidade deliti-
va (art. 71 do CP). STJ. REsp 1212911/RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, julgado em
20/03/2012.

CAUSAS EXCLUDENTES DA ILICITUDE


GERAIS (Art. 23 do CP) ESPECÍFICAS SUPRALEGAIS
- Estado de Necessidade
- Legítima Defesa - Art. 128 do CP
-Consentimento do ofendido
- Estrito Cumprimento do - Art. 37, Lei 9.605/98
- outras
Dever Legal - outras
- Exercício Regular do Direito

#CUIDADO: o consentimento do ofendido também pode atuar como excludente de tipicidade,


quando envolve bem jurídico indisponível e houver necessidade de dissenso da vítima para
configurar o tipo penal. Exemplo: estupro.

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ESTADO DE NECESSIDADE LEGÍTIMA DEFESA


Conflito de vários bens jurídicos diante da mesma
Ameaça ou ataque a um bem jurídico
situação de perigo

Pressupõe: perigo atual + sem destinatário Pressupõe: agressão humana injusta + atual ou
certo. iminente + com destinatário certo.

Os interesses em conflito são legítimos. Os interesses do agressor são ilegítimos.

Conclusão: cabe estado de necessidade Conclusão: não cabe legítima defesa contra
contra estado de necessidade. legítima defesa.

#ATENÇÃO: Em relação ao estado de necessidade, o Código Penal adotou a teoria unitária, de


modo que sempre será uma causa de exclusão de ilicitude (estado de necessidade justifican-
te). Na teoria diferenciadora, é possível que o estado de necessidade configure exclusão de ilici-
tude (estado de necessidade justificante: o bem protegido é de valor superior ao bem sacrifi-
cado) ou exclusão da culpabilidade (estado de necessidade exculpante: o bem protegido é de
igual ou menor valor que o bem sacrificado). Atenção: o CPM adotou a teoria diferenciadora.

ESPÉCIES DE LEGÍTIMA DEFESA


LEGÍTIMA DEFESA AGRESSIVA OU ATIVA Pratica um fato previsto em lei

LEGÍTIMA DEFESA DEFENSIVA OU PASSIVA Apenas se defende, sem praticar fato típico.

Pressupondo agressão injusta, não é possível


LEGÍTIMA DEFESA RECÍPROCA duas pessoas simultaneamente agirem uma
contra a outra em legítima defesa.

LEGÍTIMA DEFESA SUCESSIVA É a reação contra o excesso do agredido

É descriminante putativa. Legítima defesa puta-


LEGÍTIMA DEFESA CULPOSA tiva por erro de tipo evitável. Ex. Confunde b
com pessoa que pretendia matá-lo.

LEGÍTIMA DEFESA AUTÊNTICA OU REAL Afasta a ilicitude

Afasta a culpabilidade ou tipicidade, depende da


LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA
teoria da culpabilidade adotada.

É o excesso por erro de tipo inevitável. Ex. Bate


LEGÍTIMA DEFESA SUBJETIVA OU EXCESSIVA em b (de alto porte) que desmaia. A não percebe
e continua agredindo. B morre.

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Não é possível. A tipicidade gera presunção rela-


LEGÍTIMA DEFESA PRESUMIDA tiva de ilicitude, de forma que o ônus de provar a
excludente é do acusado.
LEGÍTIMA DEFESA REAL CONTRA LEGÍTIMA
A agressão é injusta.
DEFESA CULPOSA (PUTATIVA)
É possível também legítima defesa putativa de
LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA RECÍPROCA legítima defesa putativa. Os dois imaginam que
vão ser agredidos pelo outros e atacam.

#OBS: Não é possível legítima defesa contra estado de necessidade ou outra excludente real
(não pode ser encarado como agressão injusta). Assim, se dois náufragos se agridem pelo colete
salva-vidas, ocorre estado de necessidade x estado de necessidade, pois nenhuma das agressões
é injusta.

#ATENÇÃO: A legítima defesa pode ser invocada diante de agressão perpetrada por inim-
putável? SIM. A legítima defesa, enquanto excludente da ilicitude, segundo substrato do conceito
analítico de crime, deve ser aferida objetivamente, de forma que a injustiça da agressão independe
da capacidade de entendimento e autodeterminação do indivíduo, pois a inimputabilidade constitui
elemento da culpabilidade. No entanto, o agente deve ter maior cautela ao reprimir a agres-
são injusta no inimputável, se tinha consciência desse fato. Deve fugir ao combate, se possível.

CULPABILIDADE
Consiste no juízo de reprovação do agente por ter praticado um fato
típico e antijurídico, quando podia entender o caráter ilícito do fato e agir
CONCEITO conforme o direito.
#ATENÇÃO Para os adeptos do conceito bipartido de crime, é pressuposto
de pena.

TEORIA PSICOLÓGICA DA CULPABILIDADE: é o vínculo psicológico entre


autor do fato e um resultado típico e ilícito, ou seja, uma mera imputação
(cunho subjetivo: análise do dolo e culpa). É formada pela imputabilidade
e dolo normativo/culpa.

TEORIA PSICOLÓGICO-NORMATIVA DA CULPABILIDADE: A culpa-


TEORIAS bilidade é vista como um juízo de valor que necessita de uma avaliação
simultânea do vínculo psicológico do autor (dolo ou culpa) e da repro-
vação social, o que a torna psicológico-normativa. O novo elemento da
culpabilidade é de natureza normativa (exigibilidade de conduta diversa). É
formada pela imputabilidade, dolo normativo/culpa e inexigibilidade
de conduta diversa.

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TEORIA NORMATIVA Teoria normativa extremada, estrita ou


PURA DA CULPABI- normativa pura da culpabilidade: para essa
LIDADE: A culpabili- vertente, todas as discriminantes putativas confi-
dade deixa de analisar guram erro de proibição indireto.
elementos subjetivos,
tornando-se exclusi-
vamente normativa,
Teoria normativa limitada: o erro sobre as hipó-
formada pela inimpu-
teses (existência) e os limites das discriminantes
tabilidade, inexigi-
putativas (causas de exclusão da ilicitude) confi-
bilidade de conduta
guram erro de proibição indireto, ao passo que
diversa e potencial
o erro relacionado aos pressupostos fáticos que
consciência de ilici-
autorizam a discriminante putativa (causas de
tude. É o exercício
exclusão da ilicitude), caracteriza-se como erro
inadequado do livre-
-arbítrio. Foi a teoria de tipo indireto ou permissivo. Adotada pelo CP
adotada pelo CP.

Doença mental ou
desenvolvimento
mental incompleto/
CAUSAS DE retardado
IMPUTABILIDADE
INIMPUTABILIDADE Menoridade

Embriaguez comple-
ta e acidental

POTENCIAL
CAUSA DE Erro de proibição
CONSCIÊNCIA
EXCLUSÃO inevitável
ELEMENTOS DA ILICITUDE

Coação moral irresis-


tível
#NÃOCONFUNDA:
A coação física irre-
EXIGIBILIDADE
CAUSA DE sistível leva à exclusão
DE CONDUTA da conduta e, conse-
EXCLUSÃO
DIVERSA quentemente, ao fato
atípico.

Obediência hierár-
quica

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Para Zaffaroni, existe uma parcela de culpa da sociedade, que contribui


para a prática do delito. Assim, a depender do grau de exclusão social,
parcela da doutrina defende a aplicação da coculpabilidade como atenuan-
te genérica inominada (art. 66 do CP).
#ATENÇÃO COCULPABILIDADE ÀS AVESSAS - É dividida em duas perspec-
tivas:
1ª) É o abrandamento da aplicação da pena nos crimes praticados por
COCULPABILIDADE pessoas de alto poder socioeconômico, como é o caso da extinção da
punibilidade pelo pagamento da dívida nos crimes contra a ordem tributá-
ria, previstos na Lei 8.137/1990, quando na verdade, essas mesmas pessoas
deveriam sofrer um maior rigor na aplicação da pena, porquanto tiveram
maiores oportunidades perante a sociedade.
2ª). É a criação pelo Estado de leis que incriminem as condutas passíveis de
estarem sujeitas somente as pessoas de menor capacidade socioeconômi-
ca, como é caso da vadiagem e mendicância.

#SELIGANOTERMO – TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA: Essa teoria surgiu na Itália e foi cria-
da para solucionar os crimes cometidos em estado de embriaguez preordenada. No momento do
crime o sujeito está inconsciente. A teoria antecipa o momento da análise da imputabilidade.
A imputabilidade não será analisada no momento em que o crime foi praticado. Nesse momen-
to ele estava inconsciente. É antecipada para o momento anterior àquele em que o agente
livremente se colocou no estado de embriaguez. Para a embriaguez preordenada essa teoria
é perfeita, pois no momento anterior já existia o dolo - o fundamento é a causalidade mediata.
Antes de começar a beber já havia o dolo de cometer crime. O art. 28, II CP acolheu essa teoria
também para a embriaguez voluntária e culposa. No momento anterior, antes de beber, já
existia o dolo? Não. Por esse motivo, a doutrina critica a aplicação desta teoria à esta hipó-
tese, alegando que é um resquício da responsabilidade penal objetiva.

#OLHAOGANCHO O art. 45 da Lei de Drogas de fato traz uma causa especial de exclusão da
culpabilidade, que ocorre em razão da dependência. Essa excludente, não incide apenas no
delito de portar ou trazer consigo drogas, mas sim sobre qualquer infração penal praticada.

#ATENÇÃO: CAUSAS SUPRALEGAIS DE INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA: cláusula de


consciência, desobediência civil, conflito de deveres, excesso intensivo exculpante (legítima defesa
excessiva), legítima defesa preordenada diante de uma ameaça factível, estado de necessidade
exculpante (não é adota no ordenamento pátrio).

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»» Tratamento Legislativo do Concurso de Pessoas:

As regras inerentes ao concurso de pessoas estão disciplinadas pelos artigos 29 a 31 do Código


Penal.

TÍTULO IV

DO CONCURSO DE PESSOAS

Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na
medida de sua culpabilidade.

§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.

§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena
deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais
grave.

Circunstâncias incomunicáveis

Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando


elementares do crime.

Casos de impunibilidade

Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário,


não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.

Concurso de pessoas pode ser conceituado como a colaboração empreendida por duas ou mais
pessoas para a realização de um crime ou de uma contravenção penal, dependendo da existência de
cinco requisitos para sua configuração: pluralidade de agentes culpáveis, relevância causal das condutas
para a produção do resultado, vínculo subjetivo, unidade de infração penal para todo os agentes e exis-
tência de fato punível.

a) Pluralidade de Agentes Culpáveis: As condutas devem ser praticadas por pelo menos duas
pessoas, e, consequentemente, de ao menos duas condutas penalmente relevantes. Essas condutas
podem ser principais, no caso da coautoria, ou então uma principal e outra acessória, praticadas pelo
autor e pelo partícipe, respectivamente. Os coautores ou partícipes, entretanto, devem ser culpáveis, ou
seja, dotados de culpabilidade.

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b) Relevância Causal das Condutas para a Produção do Resultado: Concorrer para a infração
penal importa dizer que cada uma das pessoas deve fazer algo para que a empreitada tenha vida no
âmbito da realidade. O caput do art. 29 fala em de qualquer modo, expressão que deve ser compreendi-
da como uma contribuição pessoal, física ou moral, direta ou indireta, comissiva ou omissiva, anterior ou
simultânea à execução, devendo a conduta individual influir diretamente na produção do resultado.

c) Vínculo Subjetivo: Também denominado de concurso de vontades, impõe que todos os agen-
tes estejam ligados entre si por um vínculo de ordem subjetiva, um nexo psicológico, pois caso contrário
não haverá um crime praticado com concurso, mas vários crimes simultâneos, caracterizand0º a autoria
colateral. Os agentes devem revelar vontade homogênea, visando a produção do mesmo resultado, é o
denominado princípio da convergência, o que impede a contribuição dolosa para um crime culposo, nem
a concorrência culposa para um delito doloso. Por fim, cumpre salientar que o vínculo subjetivo não exige
ajuste prévio, muito menos estabilidade da união, sendo suficiente a atuação consciente do partícipe no
sentido de contribuir para a conduta do autor, ainda que este desconheça a colaboração.

d) Unidade de Infração Penal: Para a caracterização do concurso de pessoas, adotou-se, como


regra, a teoria unitária, monística ou monista, segunda a qual, quem concorre para um crime, por ele
responde, sujeitando-se todos os coautores e partícipes a um único tipo penal.

e) Existência de Fato Punível: O concurso d pessoas depende da punibilidade de um crime, a


qual requer, em seu limite mínimo, o início da execução, constituindo o princípio da exterioridade. Neste
sentido, conforme expresso no art. 31 do Código Penal, o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio,
salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.

»» Teorias sobre a Autoria:

Existem diversas teorias que buscam fornecer o conceito de autor, cumprindo trazer as mais impor-
tantes e com maior chance de cobrança em nossa prova.

a) Teoria Subjetiva ou Unitária: Não diferencia o autor do partícipe. Autor é aquele que de qual-
quer modo contribuir para a produção de um resultado penalmente relevante. Seu fundamento deriva
da teoria da equivalência dos antecedentes ou conditio sine qua non, pois qualquer colaboração para o
resultado, independente do seu grau, a ele deu causa.

b) Teoria Extensiva: Também com fundamento da teoria da equivalência dos antecedentes, não
distingue o autor do partícipe, todavia, ao admitir causas de diminuição da pena para estabelecer diver-
sos graus de autoria, é mais suave em relação à teoria anterior. Aparece nesse âmbito a figura do cúmpli-
ce, ou seja, o autor que concorre de modo menos importante para o resultado.

c) Teoria Objetiva ou Dualista: Opera nítida distinção entre autor e partícipe, tendo sido a teoria

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adotada pela lei 7.209/84 – Reforma da parte Geral do Código Penal, sendo subdividida em outras 03
(três) teorias:

d) Teoria objetivo-formal: Autor é quem realiza o núcleo (verbo) do tipo penal, ou seja, a conduta
criminosa descrita pelo preceito primário da norma incriminadora. Por sua vez, partícipe é quem de qual-
quer modo concorre para o crime, sem praticar o núcleo do tipo. A atuação do partícipe seria impune
se não existisse a norma de extensão pessoal prevista no caput do art. 29 do Código Penal, ou seja, a
adequação típica, na participação, é de subordinação mediata.

É a teoria adotada pelo Código Penal, devendo, entretanto, ser complementada pela teoria da
autoria mediata.

Teoria do Domínio do Fato: Foi criada na Alemanha, em 1939, por Hans Welzel, com a finalidade
de ampliar o conceito de autor. Por força dessa teoria, pode também ser considerado autor aquele que,
mesmo não realizando o núcleo do tipo, domina finalisticamente todo o seu desenrolar. Welzel dizia
que autor é o senhor do fato.

Em outras palavras, autor é quem executa uma tarefa essencial para a ocorrência do delito. Se
deixar de praticar sua conduta, o delito não acontece da forma planejada. É quem controla finalistica-
mente o fato, ou seja, quem decide a sua forma de execução, seu início, cessação e demais condições.

Já o partícipe é quem executa tarefa não essencial (secundária, acessória). Será aquele que, embora
colabore dolosamente para o alcance do resultado, não exerce domínio sobre a ação.

Podemos afirmar que tem o controle final do fato:

a) Aquele que por sua vontade executa o núcleo do tipo (autor propriamente dito).

b) Aquele que planeja o crime para ser executado por outras pessoas (autor intelectual).

c) Aquele que se vale de um não culpável ou de pessoa que age sem dolo ou culpa para executar
o tipo (autor mediato).

Embora a teoria objetivo-formal seja adotada pelo Código Penal, a doutrina moderna tem traba-
lhado com a teoria do domínio do fato, como no caso de crimes tributários, onde é comum o Ministério
Público invocar a aplicação desta teoria para pedir a condenação do sócio, pois na maioria dos casos,
quem pratica a conduta de suprimir ou reduzir tributo é o empregado, gerente ou contador da pessoa
jurídica.

Contudo, os Tribunais Superiores têm advertido que a teoria do domínio do fato não permite que
a mera posição de um agente na escala hierárquica sirva para demonstrar ou reforçar o dolo da
conduta, fixando, então, certos limites a sua aplicação.

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#DEOLHONAJURIS

Não há óbice para que a denúncia invoque a teoria do domínio do fato para dar suporte à impu-
tação penal, sendo necessário, contudo, que, além disso, ela aponte indícios convergentes no
sentido de que o Presidente da empresa não só teve conhecimento do crime de evasão de divisas,
como dirigiu finalisticamente a atuação dos demais acusados.

Assim, não basta que o acusado se encontre em posição hierarquicamente superior. Isso
porque o próprio estatuto da empresa prevê que haja divisão de responsabilidades e, em grandes
corporações, empresas ou bancos há controles e auditorias exatamente porque nem mesmo os
sócios têm como saber tudo o que se passa.

STF. 2ª Turma. HC 127397/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/12/2016 (Info 850).

O diretor-geral da empresa de telefonia Vivo foi denunciado pelo fato de que na filial que funciona
no Estado de Pernambuco teriam sido inseridos elementos inexatos em livros fiscais.

Diante disso, o Ministério Público denunciou o referido diretor pela prática de crime contra a ordem
tributária (art. 1º, II, da Lei nº 8.137/90).

A denúncia aponta que, na condição de diretor da empresa, o acusado teria domínio do fato, o
poder de determinar, de decidir, e de fazer com que seus empregados contratados executassem o
ato, sendo responsável pelo delito.

O STF determinou o trancamento da ação penal afirmando que não se pode invocar a teoria do
domínio do fato, pura e simplesmente, sem nenhuma outra prova, citando de forma genérica
o diretor estatutário da empresa para lhe imputar um crime fiscal que teria sido supostamente prati-
cado na filial de um Estado-membro onde ele nem trabalha de forma fixa.

Em matéria de crimes societários, a denúncia deve apresentar, suficiente e adequadamente,


a conduta atribuível a cada um dos agentes, de modo a possibilitar a identificação do papel
desempenhado pelos denunciados na estrutura jurídico-administrativa da empresa. Não se pode
fazer uma acusação baseada apenas no cargo ocupado pelo réu na empresa.

STF. 2ª Turma. HC 136250/PE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/5/2017 (Info 866).

#ATENÇÃO: A teoria do domínio do fato tem aplicação apenas aos crimes dolosos e comissivos.

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#ATENÇÃO: É preciso destacar que no julgamento da Ação Penal 470 – Caso Mensalão – alguns
ministros do STF adotaram a teoria do domínio do fato, que posteriormente ganhou força com a
edição da Lei 12.850/13 – Lei do Crime Organizado, em especial no art. 2°, § 3°, que traz a previsão
de que a pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização
criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução.

»» Circunstâncias Incomunicáveis:

Circunstâncias incomunicáveis são as que não se estendem, isto é, não se transmitem aos coautores
ou partícipes de uma infração penal, pois se referem exclusivamente a determinado agente, incidindo
apenas em relação a ele.

Circunstâncias incomunicáveis

Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando


elementares do crime.

A compreensão deste dispositivo depende, inicialmente, da diferenciação entre elementares e


circunstâncias.

Elementares são os dados fundamentais de uma conduta criminosa. São os fatores que integram
a definição básica de uma infração penal. No homicídio simples, por exemplo, as elementares são matar
e alguém.

Circunstâncias, por sua vez, são os fatores que se agregam ao tipo fundamental, para o fim de
aumentar ou diminuir a pena. No caso acima usado como exemplo, o homicídio, são circunstâncias o
relevante valor moral, o motivo torpe, o motivo fútil, dentre outras.

Existe ainda a classificação em elementar ou circunstância de caráter pessoal ou subjetivo, que


nos moldes do art. 30 do Código Penal, não se comunicam, que são as que se relacionam à pessoa do
agente, e não ao fato por ele praticado. Em sentido oposto, existe a elementar ou circunstância de cará-
ter real ou objetiva, que dizem respeito ao fato, à infração penal cometida, e não ao agente. Por fim,
deve-se distinguir as condições de caráter pessoal, aquelas qualidades, os aspectos subjetivos inerentes
a determinado indivíduo, que o acompanham em qualquer situação, independente da prática de uma
infração penal, como a reincidência, por exemplo.

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TEORIA GERAL DA PENA

INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA
Individualização da pena legislativa ou É a cominação da pena. Ocorre com a criação
abstrata: do tipo penal.

É aquela efetuada pelo magistrado mediante a


Individualização da pena judicial ou concreta:
dosimetria da pena.
Individualização da pena administrativa ou
É a que ocorre no cumprimento da pena.
executória:

DOSIMETRIA DA PENA – SISTEMA TRIFÁSICO


Circunstâncias judiciais do art. 59 do O juiz não pode elevar a pena acima
1ª FASE
CP: fixação da pena-base do máximo previsto no tipo penal, nem
2ª FASE Atenuantes e agravantes diminuí-la abaixo do mínimo legal.

Causas de aumento e diminuição de O juiz pode elevar ou diminuir a pena


3ª FASE
pena além dos limites revistos no tipo penal.
Determinação do regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade.
Análise sobre a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos ou multa.
Não sendo cabível a substituição, análise sobre a concessão ou não da suspensão condicional da
pena (sursis), se presentes os requisitos legais.

#OLHAOGANCHO: em relação aos maus antecedentes, o STJ adota o sistema da perpetuidade,


enquanto que o STF adota o princípio da temporariedade (#OLHAOTERMO “direito ao esqueci-
mento na seara penal” – Gilmar Mendes). Assim, para o STJ, após o período depurador de cinco
anos a reincidência passa a ser considerada como maus antecedentes, ao passo que para o
STF não poderá mais ser considerada.

REGIMES
Não reincidente, com pena igual ou inferior a 4 anos. Casa de albergado ou outro
ABERTO
estabelecimento adequado.

Não reincidente, com pena superior a 4 anos e não excedente a 8anos. Colônia
SEMIABERTO
agrícola, industrial ou em estabelecimento similar.

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Pena superior a 8 anos.


FECHADO Estabelecimento de segurança máxima (presídios) ou média (centro de ressocializa-
ção).

SUBSTITUIÇÃO POR PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS – REQUISITOS


Aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa;

Aplicada pena privativa de liberdade com qualquer pena, se o crime for culposo;

O réu não for reincidente em crime doloso (salvo se a medida for recomendável e não ocorra
reincidência específica);

Circunstâncias judiciais favoráveis.

#SELIGANASSUMULAS

Súmula 718 do STF: a opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui
motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena
aplicada.

Súmula 719 do STF: a imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada
permitir exige motivação idônea.

Súmula 440 do STJ: fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime
prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravi-
dade abstrata do delito.

O condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos e não exceda a 8 anos, tem o direito
de cumprir a pena corporal em regime semiaberto (art. 33, § 2°, b, do CP), caso as circunstâncias
judiciais do art. 59 lhe forem favoráveis. A gravidade em abstrato do crime não constitui motivação
idônea para justificar a fixação do regime mais gravoso (Info 859 - STF).

-Súmula 241-STJ: A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e,
simultaneamente, como circunstância judicial.

Súmula 444-STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar
a pena-base.

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Súmula 231-STJ: A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal.

Súmula 545-STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador,
o réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.

#OLHAOGANCHO: a confissão espontânea, parcial, qualificada ou retratada, todas elas, podem ser
utilizadas pelo juiz, em conjunto com as demais provas, para condenar o réu. Para o STJ, é irrelevan-
te se a confissão é total ou parcial, condicionada ou restrita, com ou sem retratação posterior. Basta
que ela tenha sido levada em consideração pelo magistrado para proferir a condenação. Essa é a
conclusão da Súmula 545/STJ.

Súmula 269 STJ: É admissível a adoção do regime prisional SEMIABERTO aos REINCIDENTES conde-
nados a PENA IGUAL ou inferior a quatro anos SE FAVORÁVEIS AS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS.

#DEOLHONAJURIS

DOSIMETRIA DA PENA. Determinado réu foi condenado por furto qualificado por rompimento
de obstáculo (art. 155, § 4º, I, do CP). O STF considerou incorreta a sentença do juiz que, na 1ª fase
da dosimetria da pena, aumentou a pena-base com fundamento em três argumentos: a) Culpabi-
lidade. O magistrado afirmou que era patente a culpabilidade do réu considerando que ele tinha
plena consciência da ilicitude de seu ato. O juiz confundiu os conceitos. Para fins de dosimetria da
pena, culpabilidade consiste na reprovação social que o crime e o autor do fato merecem. Essa
culpabilidade de que trata o art. 59 do CP não tem nada a ver com a culpabilidade como requisito
do crime (imputabilidade, potencial consciência da ilicitude do fato e inexigibilidade de conduta
diversa). b) Antecedentes. O juiz aumentou a pena pelo fato de o agente já responder a quatro
outros processos criminais. A jurisprudência entende que, em face do princípio da presunção de não
culpabilidade, os inquéritos policiais e ações penais em curso não podem ser considerados maus
antecedentes (Súmula 444-STJ e STF RE 591054/SC). c) Circunstâncias do crime. O julgador conside-
rou que as circunstâncias do crime eram negativas porque o crime foi praticado com rompimento
de obstáculo à subtração da coisa. Aqui, o erro do magistrado foi utilizar como circunstância judicial
(1ª fase da dosimetria) um elemento que ele já considerou como qualificadora (inciso I do § 4º do
art. 155). Houve, portanto, bis in idem (dupla punição pelo mesmo fato). STF. 2ª Turma. HC 122940/
PI, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/12/2016 (Info 851).

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SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA


a) qualidade da pena (art. 77, caput): pena privativa de liberdade (reclusão,
detenção ou prisão simples);
b) quantidade da pena: pena privativa de liberdade não superior a 2 (dois) anos
(art. 77, caput).
REQUISITOS
OBJETIVOS Exceção: pena não superior a 4 (quatro) anos, no caso de ser o condenado maior
de setenta anos de idade (sursis etário), ou por razões de saúde (sursis huma-
nitário) que justifiquem a suspensão (art. 77, § 2°).
No caso de concurso de crimes considera-se a soma das penas.

REQUISITO Não ser o réu reincidente em crime doloso, salvo se na condenação anterior
SUBJETIVO: foi aplicada somente a pena de multa (art. 77, I, e § 1°)

a) sursis simples: no primeiro ano, o condenado presta serviços à comunida-


de ou submete-se à limitação de fim de semana. Aplica-se aos casos em que o
condenado não reparou o dano injustificadamente ou quando as circunstâncias
do art. 59 do CP não são favoráveis.
b) sursis especial (art. 78, § 2°, do CP): o condenado não precisa prestar serviços
à comunidade e não se submete à limitação de fim de semana no primeiro ano
do período de prova. Aplica-se aos casos em que o condenado reparou o dano,
salvo justificativa, e desde que as circunstâncias do art. 59 do CP sejam favoráveis.
c) sursis etário (art. 77, § 2º): a execução da pena privativa de liberdade, não
ESPÉCIES:
superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o
condenado seja maior de setenta anos de idade (...).
d) sursis humanitário (art. 77, § 2°, segunda parte): a execução da pena priva-
tiva de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a
seis anos, desde que (...) razões de saúde justifiquem a suspensão.
#ATENÇÃO importante observar que o sursis etário aplica-se ao maior de 70
anos condenado a pena que seja superior a dois e não exceda a quatro anos de
prisão. Se a sua condenação não for superior a dois anos, o prazo do período de
prova será o comum (2 a 4 anos).

Pode ocorrer que o réu obtenha dois sursis ao mesmo tempo. Exemplo: durante
SURSIS SIMUL-
o período de prova o réu é condenado por crime culposo ou contravenção não
TÂNEOS:
sendo revogado o sursis anterior (hipótese de revogação facultativa).

I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso;


II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem
REVOGAÇÃO
motivo justificado, a reparação do dano;
OBRIGATÓRIA:
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código (PSC ou Limitação de
FDS).

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A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra


REVOGAÇÃO
condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por
FACULTATIVA:
contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos.

LIVRAMENTO CONDICIONAL
Forma de liberdade antecipada para crimes em que a pena privativa de
CONCEITO:
liberdade seja igual ou superior a dois anos.

1/3: Crimes comuns – primário


1/2: Crimes comuns – reincidente
REQUISITOS
2/3: Crimes hediondos – primário
OBJETIVOS:
Não se admite para o reincidente em crime hediondo.
Tenha reparado o dano, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo.

Comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena,


bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à
própria subsistência mediante trabalho honesto.
REQUISITOS
SUBJETIVOS #ATENÇÃO Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou
grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada
à constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não
voltará a delinquir.

#DEOLHONASÚMULA

SÚMULA 715 DO STF: A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento,
determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefí-
cios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução.

EFEITOS DA CONDENAÇÃO
EFEITOS
Pena e medida de segurança
PRINCIPAIS
Penais (reincidência e seus efeitos na concessão de benefícios);

Extrapenais automáticos: perda de bens/instrumentos e obrigação de indenizar;


EFEITOS
SECUNDÁRIOS Extrapenais não automáticos: perda do cargo (salvo no crime de tortura, em que
o efeito é automático - art. 1, § 5° da lei 9.455/97), do poder familiar, inabilitação
para dirigir.

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#IMPORTANTE PERDA DO CARGO:

a) pena privativa de liberdade igual ou superior a 1 ano, desde que o crime tenha sido cometido
com abuso do poder ou violação de dever para com a Administração Pública;

b) pena privativa de liberdade superior a 4 anos: demais casos.

#DEOLHONAJURIS

REGRA: a pena de perdimento deve ser restrita ao cargo público ocupado ou função pública exer-
cida no momento da prática do delito. EXCEÇÃO: se o juiz, motivadamente, considerar que o novo
cargo guarda correlação com as atribuições do anterior, ou seja, daquele que o réu ocupava no
momento do crime, neste caso mostra-se devida a perda da nova função como uma forma de
anular (evitar) a possibilidade de que o agente pratique novamente delitos da mesma natureza (Info
599 - STJ)

Não pode ser interpretado extensivamente com o intuito de permitir a cassação da aposentadoria,
ainda que a aposentadoria ocorra no curso da ação Penal, ou seja, antes da condenação. O rol do
art. 92 do CP é taxativo, consoante o STJ. (INFO 552, STJ).

#OLHAOSUPERGANCHO: Vamos analisar os efeitos da condenação em algumas legislações


extravagantes que poderão cair na prova:

SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS: um dos efeitos da condenação, automático, é a


suspensão dos direitos políticos (at. 15, III, CF).

#DEOLHONASÚMULA:

SÚMULA 9 DO TSE: A suspensão de direitos políticos decorrente de condenação criminal


transitada em julgado e cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, independendo de
reabilitação ou de prova de reparação dos danos;

LEI DE FALÊNCIA: o art. 181, da Lei nº 11.101/05 estabelece como efeitos da condenação: a inabi-
litação para o exercício de atividade empresarial (inciso I), o impedimento para o exercício de cargo
ou função em conselho de administração, diretoria ou gerência das sociedades sujeitas a esta Lei
(inciso II) e a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio (inciso III).
Tais efeitos não são automáticos, devendo ser declarados na sentença (art. 181, §1º); (#OLHAOGAN-
CHO Com o edital de empresarial)

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LEI DE TORTURA: a condenação pela prática de crime de tortura, se praticado por funcionário
público, acarretará a perda do cargo, função ou emprego público, bem como a interdição para
seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada (art. 1º, §5º, Lei nº 9.455/97). Trata-se de efeito
automático, segundo o STJ (REsp 1.044.866/MG);

LEI DE DROGAS: no caso de crime de tráfico de drogas envolvendo funcionário púbico, o art. 56,
§1º, da Lei nº11.343/06 permite ao juiz promover o afastamento cautelar do servidor, comunicando
ao órgão respectivo. Em caso de condenação, a perda do cargo ou função pública seguirá a regra
do art. 92, CP;

CRIMES RESULTANTES DE PRECONCEITOS DE RAÇA E DE COR: o art. 16, da Lei nº 7.716/89


estabelece como efeito da condenação a perda do cargo ou função pública, para o servidor público
envolvido na empreitada criminosa. Trata-se de efeito não automático devendo ser expressamente
declarado na sentença (art. 18);

CRIME DE LAVAGEM DE CAPITAIS: o art. 7º, da Lei nº 9.613/98 traz os efeitos da condenação,
além dos previstos no CP: I - a perda, em favor da União - e dos Estados, nos casos de competência
da Justiça Estadual -, de todos os bens, direitos e valores relacionados, direta ou indiretamente, à
prática dos crimes previstos nesta Lei, inclusive aqueles utilizados para prestar a fiança, ressalvado o
direito do lesado ou de terceiro de boa-fé; II - a interdição do exercício de cargo ou função pública
de qualquer natureza e de diretor, de membro de conselho de administração ou de gerência das
pessoas jurídicas referidas no art. 9º, pelo dobro do tempo da pena privativa de liberdade aplicada.

MEDIDAS DE SEGURANÇA
Recebem uma sentença absolutória imprópria para cumprir medida de
INIMPUTÁVEIS:
segurança.

a) internação (penas de reclusão);


ESPÉCIES:
b) tratamento ambulatorial (penas de detenção).
DURAÇÃO
Prazo mínimo de 1 a 3 anos.
MÍNIMA:
Há divergência:
STJ: SÚMULA 527 DO STJ: O tempo de duração da medida de segurança não
DURAÇÃO
deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito
MÁXIMA:
praticado
STF: 30 anos

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Adota-se o sistema vicariante ou unitário (ou aplica uma pena reduzida ou uma
SEMI-
medida de segurança), que se contrapõe ao sistema do duplo binário (em que
IMPUTÁVEIS:
era possível a aplicação de ambos).

#ATENÇÃO A Lei da Reforma psiquiátrica propõe uma superação desse paradigma de interna-
ção/tratamento ambulatorial com base na espécie de pena! Há doutrina que defende que o trata-
mento da Medida de Segurança pelo CP fora revogado pela referida lei, mas fique atento ao texto
legal para as questões.

EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE – PRESCRIÇÃO

CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE


Morte do agente

Anistia

Graça

Indulto

Abolitio criminis

Prescrição

Decadência

Perempção

Renúncia

Perdão do Ofendido

Retratação

Perdão Judicial

AÇÕES PENAIS PRIVADAS E CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE:


É A perda do direito de ação penal ou de representação em razão de seu não
DECADÊNCIA exercício no prazo legal.
Prazo legal: Em regra, 6 meses a contar do conhecimento da autoria do fato.

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RENÚNCIA AO É o ato unilateral (não depende de aceitação) e voluntário por meio do qual a
DIREITO DE pessoa legitimada ao exercício da ação penal privada abdica do seu direito de
QUEIXA queixa, antes do início do processo.

É o ato bilateral (demanda aceitação) por meio do qual, no curso do proces-


PERDÃO DO
so penal, o querelante resolve não prosseguir com a demanda, perdoando o
OFENDIDO
acusado.

É a perda do direito de prosseguir no exercício da ação penal privada em virtu-


de da negligência do querelante, com a consequente extinção da punibilidade.
Hipóteses (art. 60 do CPP):
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do
processo durante 30 dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não compa-
recer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta)
PEREMPÇÃO
dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art.
36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qual-
quer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido
de condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar
sucessor.

#AJUDAMARCINHO #NÃOCONFUNDA

GRAÇA INDULTO
ANISTIA
(Indulto individual) (Indulto coletivo)
É um benefício concedido pelo
Congresso Nacional, com a Concedidos por Decreto do Presidente da República. Apagam o
sanção do Presidente da Repú- efeito executório da condenação.
blica (art. 48, VIII, CF/88) por A atribuição para conceder pode ser delegada ao(s):
meio do qual se “perdoa” a
prática de um fato criminoso. • Procurador Geral da República
Normalmente incide sobre • Advogado Geral da União
crimes políticos, mas também
pode abranger outras espécies • Ministros de Estado
de delito.

É concedida por meio de uma


Concedidos por meio de um Decreto.
lei federal ordinária.

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Pode ser concedida: Tradicionalmente, a doutrina afirma que tais benefícios só podem
ser concedidos após o trânsito em julgado da condenação. Esse
• antes do trânsito em julgado entendimento, no entanto, está cada dia mais superado, consi-
(anistia própria) derando que o indulto natalino, por exemplo, permite que seja
concedido o benefício desde que tenha havido o trânsito em julga-
• depois do trânsito em julga- do para a acusação ou quando o MP recorreu, mas não para agra-
do (anistia imprópria) var a pena imposta (art. 5º, I e II, do Decreto 7.873/2012).

Extingue os efeitos penais


(principais e secundários) do Só extinguem o efeito principal do crime (a pena).
crime. Os efeitos penais secundários e os efeitos de natureza civil perma-
Os efeitos de natureza civil necem íntegros.
permanecem íntegros.

O réu condenado que foi anis-


O réu condenado que foi beneficiado por graça ou indulto se
tiado, se cometer novo crime
cometer novo crime será reincidente.
não será reincidente.

PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA


Perda do direito de executar a punição já
Perda do direito de punir.
imposta.

Ocorre após o trânsito em julgado.


Ocorre antes do trânsito em julgado. Impede somente a execução da pena (os
demais efeitos penais e extrapenais perma-
Impede qualquer efeito de eventual condena- necem).
ção (penais ou extrapenais).
Exemplo: impede a execução da pena, mas não
impede a reincidência.

Divide-se em quatro espécies:


a) Em abstrato (P.P.P.A) – art. 109, CP;
b) Retroativa (P.P.P.R) – art. 110, §1º, CP;
c) Superveniente (P.P.P.S) – art. 110, §1º, CP; Única forma.

d) Virtual ou antecipada ou em perspectiva


(P.P.P.V) – não tem previsão legal, sendo rechaça-
da pelos Tribunais Superiores.

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ESPÉCIES DE PPP
ENQUANTO NÃO TRANSITAR Prescrição em abstrato
EM JULGADO A SENTENÇA
(ART. 109, CP) Pena em abstrato

Conta-se da publicação da sentença condena-


Prescrição
APÓS O TRÂNSITO EM tória para trás e pressupõe trânsito em julgado
retroativa
JULGADO DA SENTENÇA para a acusação.
(ART. 110, CP) Prescrição Conta-se da publicação da sentença condenató-
Pena em concreto superve- ria para frente e pressupõe trânsito em julgado
niente para a acusação.

CAUSAS INTERRUPTIVAS DA PRESCRIÇÃO: art. 117, CP.

a) Recebimento da Denúncia ou Queixa: se a denúncia for recebida por juiz de 1º grau, interrom-
pe-se com a publicação do despacho que a recebeu. Se for recebida por Tribunal, aí se conta da sessão
do julgamento do recurso (Súmula 709, STF). Se proferida por juiz incompetente, não tem o condão de
interromper.

#DEOLHONASÚMULA

SÚMULA 709, STF: Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso
contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela.

#FOCANAJURISPRUDÊNCIA:

O recebimento da denúncia por magistrado absolutamente incompetente não interrompe a


prescrição penal, uma vez que o referido ato processual é NULO, não passível de convalidação (CP,
art. 117, I) - INFO 626, STF.

Tratando-se de incompetência relativa, o exame da prescrição da pretensão punitiva deve consi-


derar o recebimento da denúncia realizado pelo Juízo incompetente, e não a convalidação posterior
do Juízo que detém competência territorial, uma vez que este último ato possui natureza declarativa,
prestando-se unicamente a confirmar a validade do primeiro. Em outros termos: pelo princípio da
convalidação, o recebimento da denúncia por parte de Juízo territorialmente incompetente
tem o condão de interromper o prazo prescricional (STJ - RECURSO ORDINARIO EM HABEAS
CORPUS RHC 40514 MG 2013/0294693-6 (STJ), 2014).

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b) Pronúncia: conta-se da publicação da sentença de pronúncia. Se o juiz de 1º grau impronun-


ciou e a acusação recorreu, conta-se da sessão do julgamento que pronunciou o agente.

#DEOLHONASÚMULA:

SÚMULA 191 DO STJ: A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri
venha a desclassificar o crime.

c) Decisão confirmatória da pronúncia: houve recurso e o Tribunal confirmou os termos da


pronúncia. Conta-se da sessão de julgamento.

d) Publicação da Sentença ou Acórdão Condenatório Recorrível: no caso da sentença, conta-se


da publicação da sentença condenatória e no caso de acórdão conta da sessão de julgamento (e não
da data da veiculação no DO ou outro meio de comunicação congênere).

#ATENÇÃO: O acórdão só é condenatório se a sentença for absolutória. Se o acórdão confirma a


condenação ou altera a pena, não interrompe a prescrição.

CAUSAS SUSPENSIVAS DA PRESCRIÇÃO:

• Questões prejudiciais: do art. 92 e ss., CPP;

• Suspensão do processo parlamentar: art. 53, § 3º a 5º, CF;

• Suspensão condicional da pena: art. 77, CP (STJ);

• Suspensão condicional do processo: art. 88, § 6º, Lei 9.099/95;

• Réu revel citado por edital: art. 366, CPP.

REDUÇÃO PELA METADE DA PPP: a) menos de 21 anos, ao tempo do crime; b) maior de 70 anos,
ao tempo da sentença.

#DEOLHONAJURIS:

Para que incida a redução do prazo prescricional prevista no art. 115 do CP, é necessário que,
no momento da sentença, o condenado possua mais de 70 anos. Se ele só completou a idade
após a sentença, não terá direito ao benefício, mesmo que isso tenha ocorrido antes do julgamento
de apelação interposta contra a sentença. Existe, no entanto, uma situação em que o condena-
do será beneficiado pela redução do art. 115 do CP mesmo tendo completado 70 anos após a
“sentença” (sentença ou acórdão condenatório): isso ocorre quando o condenado opõe embargos

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de declaração contra a sentença/acórdão condenatórios e esses embargos são conhecidos. Nesse


caso, o prazo prescricional será reduzido pela metade se o réu completar 70 anos até a data
do julgamento dos embargos. Nesse sentido: STF. Plenário. AP 516 ED/DF, rel. orig. Min. Ayres
Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 5/12/2013 (Info 731). STF. 2ª Turma. HC 129696/
SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/4/2016 (Info 822).

No caso de crimes conexos que sejam objeto do mesmo processo, havendo sentença conde-
natória para um dos crimes e acórdão condenatório para o outro delito, tem-se que a prescrição
da pretensão punitiva de ambos é interrompida a cada provimento jurisdicional (art. 117, § 1º,
do CP). STJ. 5ª Turma. RHC 40177-PR, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/8/2015
(Info 568).

#SÚMULAS

STJ:

Súmula 191 - A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri venha a
desclassificar o crime.

Súmula 220 - A reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva.

Súmula 415 - O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena
cominada.

Súmula 338 - A prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas.

Súmula 415 - O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena
cominada.

Súmula 438 - É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com
fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal.

STF:

Súmula Nº 497: Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta
na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação.

Súmula nº 592: Nos crimes falimentares, aplicam-se as causas interruptivas da prescrição, previstas
no código penal.

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CRIMES CONTRA A PESSOA

HOMICÍDIO (ART. 121, CP):

HOMICÍDIO Em regra, não é crime hediondo, salvo quando praticado em atividade de grupo
SIMPLES de extermínio, ainda que por só um agente (art. 1º, I, 1ª parte, Lei nº 8.072/90).

O homicídio é privilegiado quando o agente comete o crime impelido por motivo


de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção,
logo em seguida a injusta provocação da vítima. Nesse caso, o juiz pode
reduzir a pena de um sexto a um terço. As hipóteses legais do privilégio apresen-
tam caráter subjetivo.
#NÃOESQUECER: são de natureza objetiva, portanto admitem o homicídio
privilegiado-qualificado, as hipóteses do art. 121, §2º, III e IV, (referentes aos
HOMICÍDIO meios e modos de execução), com exceção da traição.
PRIVILEGIADO As demais qualificadoras, nos demais incisos, são de natureza subjetiva.
#MEMORIZAR as objetivas, por exclusão ( já que são em menor quantidade).
#ATENÇÃO: O homicídio privilegiado não é crime hediondo por ausência de
previsão legal. Lembrem que o rol dos crimes hediondos é um rol taxativo.
#CONCURSO DE AGENTES: em caso de concurso de agentes as causas privile-
giadas não se comunicam, uma vez que são circunstâncias subjetivas do crime
(e não elementares). Art. 30, CP.

MOTIVO TORPE = motivo vil, repugnante. Ex.: matar um parente para ficar com
sua herança.
MOTIVO FÚTIL = insignificante, desproporcional à natureza do crime pratica-
do. Ex.: Concurseiro mata dono da salinha de estudo porque fechou o estabeleci-
mento mais cedo do que o previsto. #NãoFaçaIssoJamais #VaiReprovarNoPsico-
técnico #EAindaVaiPraCadeia (Rsrsrs).
Obs.: a ausência de motivo não se equipara a motivo fútil.
HOMICÍDIO
QUALIFICADO MEIO INSIDIOSO: agente usa de fraude para cometer crime sem que a vítima
perceba. Ex.: agente retira óleo do carro da vítima para lhe causar acidente fatal.
MEIO CRUEL: é aquele que proporciona à vítima um intenso (e desnecessário)
sofrimento físico ou mental quando a morte poderia ser ocasionada de forma
menos dolorosa.
TORTURA: o agente usa da tortura como meio para conseguir a morte da vítima,
ou seja, trata-se de morte dolosa. Vai responder por crime de homicídio quali-
ficado.

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OBS: TORTURA COM RESULTADO MORTE (art. 1º, §3º, Lei nº 9.455/97): crime
essencialmente preterdoloso. O agente tem o dolo de torturar a vítima e, por
excesso, finda por causar-lhe a morte, culposamente.
TRAIÇÃO: é o ataque desleal, repentino e inesperado. Ex.: atirar na vítima pelas
costas.
EMBOSCADA: pressupõe o ocultamento do agente, que ataca a vítima com
surpresa. Ex.: o agente, escondido no jardim de entrada da casa da vítima, a ataca
quando esta chegava do serviço.
DISSIMULAÇÃO: fingimento, disfarçando o agente a sua intenção criminosa. Ex.:
o agente convida a vítima para jantar, levando-a para lugar ermo onde ocorre o
ataque fatal.
OUTRO RECURSO QUE DIFICULTE OU TORNE IMPOSSÍVEL A DEFESA DO
OFENDIDO: trata-se de caso clássico de interpretação analógica.

Trata-se de figura qualificada no homicídio doloso, de competência do Tribu-


nal do Júri e considerada crime hediondo (art. 121, §2º, VI, CP c/c art. 1º, I, Lei
FEMINICÍDIO nº 8.072/90).
#JURIS: Recentemente, o STJ decidiu que a qualificadora do feminicídio é de
natureza objetiva.

A Lei nº 13.142/2015 alterou o Código Penal com escopo de criar uma nova quali-
ficadora ao crime de homicídio.
Considera-se homicídio funcional quando o agente passivo for autoridade ou
agente descrito nos artigos 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
HOMICÍDIO
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
FUNCIONAL
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou paren-
te consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição.
#SELIGA: houve também alteração na Lei nº 8.072/ 1990, tornando o homicídio
funcional espécie de crime hediondo.

É possível a aplicação do perdão judicial nos casos de homicídio culposo. Trata-


-se de causa de extinção da punibilidade (art. 107, IX, CP).
HOMICÍDIO #DEOLHONASÚMULA:
CULPOSO Súmula 18, STJ: A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da
extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.
HOMICÍDIO CULPOSO NO TRÂNSITO: deveremos aplicar o art. 302, CTB.

PRINCIPAIS JULGADOS SOBRE OS CRIMES CONTRA A VIDA #AJUDAMARCINHO

STF INFO 849 - A interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gestação provocada pela própria

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gestante (art. 124) ou com o seu consentimento (art. 126) não e ́ crime. E ́ preciso conferir inter-
pretação conforme a Constituição aos arts. 124 a 126 do Código Penal – que tipificam o crime de
aborto – para excluir do seu âmbito de incidência a interrupção voluntária da gestação efetivada no
primeiro trimestre. A criminalização, nessa hipótese, viola diversos direitos fundamentais da mulher,
bem como o princípio da proporcionalidade. STF. 1a Turma. HC 124306/RJ, rel. orig. Min. Marco
Aurélio. julgado em 29/11/2016 (Info 849)

HOMICÍDIO QUALIFICADO X DOLO EVENTUAL:A qualificadora do motivo fútil (art. 121, § 2º,
II, do CP) é compatível com o homicídio praticado com dolo eventual? SIM. O fato de o réu
ter assumido o risco de produzir o resultado morte (dolo eventual), não exclui a possibilidade de
o crime ter sido praticado por motivo fútil, uma vez que o dolo do agente, direto ou indireto, não
se confunde com o motivo que ensejou a conduta. STJ. 5ª Turma. REsp 912.904/SP, Rel. Min. Laurita
Vaz, julgado em 06/03/2012. STJ. 6ª Turma. REsp 1601276/RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado
em 13/06/2017

Não incide a qualificadora de motivo fútil (art. 121, § 2º, II, do CP), na hipótese de homicídio suposta-
mente praticado por agente que disputava “racha”, quando o veículo por ele conduzido - em razão
de choque com outro automóvel também participante do “racha” - tenha atingido o veículo da
vítima, terceiro estranho à disputa automobilística. Motivo fútil corresponde a uma reação despro-
porcional do agente a uma ação ou omissão da vítima. No caso de “racha”, tendo em conta que
a vítima (acidente automobilístico) era um terceiro, estranho à disputa, não é possível considerar a
presença da qualificadora de motivo fútil, tendo em vista que não houve uma reação do agente a
uma ação ou omissão da vítima (INFO 583 DO STJ).

No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 se o agente deixa de prestar imediato socorro
à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante
(§ 4º do art. 121 do CP). Se a vítima tiver morte instantânea, tal circunstância, por si só, é suficiente
para afastar a causa de aumento de pena prevista no § 4º do art. 121? NÃO. No homicídio culposo,
a morte instantânea da vítima não afasta a causa de aumento de pena prevista no art. 121, §
4º, do CP, a não ser que o óbito seja evidente, isto é, perceptível por qualquer pessoa (INFO
554 DO STJ).

LESÃO CORPORAL GRAVE LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA


I - Incapacidade para as ocupações habituais, por
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
mais de trinta dias;

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II - perigo de vida; II - enfermidade incurável;

III - perda ou inutilização do membro, sentido ou


III - debilidade permanente de membro, sentido função;
ou função;
IV - deformidade permanente;

IV - aceleração de parto: V - aborto:

Pena - reclusão, de um a cinco anos. Pena - reclusão, de dois a oito anos

#VAIMARCINHO: A qualificadora “deformidade permanente” do crime de lesão corporal (art. 129,


§ 2º, IV, do CP) não é afastada por posterior cirurgia estética reparadora que elimine ou minimize a
deformidade na vítima (INFO 562 do STJ).

A qualificadora prevista no § 9º do art. 129 do CP aplica-se também às lesões corporais cometidas


contra HOMEM no âmbito das relações domésticas (INFO 501 do STJ).

CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

FURTO (ART. 155, CP):

Repouso Noturno: a causa de aumento de pena do repouso noturno pode ser aplicada tanto para
o furto simples como para o furto qualificado.

#AJUDAMARCINHO:

É legítima a incidência da causa de aumento de pena por crime cometido durante o repouso notur-
no (art. 155, §1º) no caso de furto praticado na forma qualificada (art. 155, §4º). Não existe nenhuma
incompatibilidade entre a majorante prevista no § 1º e as qualificadoras do §4º. São circunstâncias
diversas, que incidem em momentos diferentes da aplicação da pena. Assim, é possível que o
agente seja condenado por furto qualificado (§ 4º) e, na terceira fase da dosimetria, o juiz
aumente a pena em 1/3 se a subtração ocorreu durante o repouso noturno. A posição topo-
gráfica do §1º (vem antes do §4º) não é fator que impede a sua aplicação para as situações de furto
qualificado (§ 4º) - (Info 851-STF).

#DEOLHONASSÚMULAS:

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Súmula 511-STJ (furto privilegiado-qualificado ou furto híbrido): É possível o reconhecimento


do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estive-
rem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem
objetiva.

Súmula 567-STJ (idoneidade relativa do meio – não se aplica o crime impossível): Sistema
de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de
estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto.

#SELIGANATABELA:

REQUISITOS DO FURTO PRIVILEGIADO


Primariedade do agente Pequeno valor da coisa furtada

O agente (criminoso) deve ser primário. Segundo a jurisprudência, para os fins do § 2º


do art. 155, coisa de pequeno valor é aquela cujo
Primário é o indivíduo que não é reincidente, nos preço, no momento do crime, não seja superior
termos do art. 63 do CP. a 1 salário-mínimo.

Furto Privilegiado X Pequeno Valor: o STJ consolidou entendimento no tocante ao conceito de


pequeno valor, a saber, quando não suplantar 1 (um) salário mínimo. Vale lembrar quer o juiz não fica
radicalmente adstrito a esse patamar, caso consiga justificar no caso concreto outro valor. De acordo com
o STJ, não se trata de um teto máximo e intransponível.

Furto Privilegiado X Pequeno Valor X De Crime Continuado: Nos casos de continuidade delitiva,
o valor a ser considerado para fins de concessão do privilégio (artigo 155, § 2º do CP) ou do reconheci-
mento da insignificância é a soma dos bens subtraídos.

#NÃOCONFUNDIR: Para efeito da aplicação do princípio da bagatela, é imprescindível a distinção


entre valor insignificante e pequeno valor, uma vez que o primeiro exclui o crime e o segundo pode
caracterizar o furto privilegiado.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA

Possibilidade de aplicar o regime inicial aberto ao condenado por furto, mesmo ele sendo
reincidente, desde que seja insignificante o bem subtraído. A reincidência não impede, por si
só, que o juiz da causa reconheça a insignificância penal da conduta, à luz dos elementos do caso
concreto. No entanto, com base no caso concreto, o juiz pode entender que a absolvição com
base nesse princípio é penal ou socialmente indesejável. Nesta hipótese, o magistrado condena o

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réu, mas utiliza a circunstância de o bem furtado ser insignificante para fins de fixar o regime inicial
aberto. Desse modo, o juiz não absolve o réu, mas utiliza a insignificância para criar uma exceção
jurisprudencial à regra do art. 33, § 2º, “c”, do CP, com base no princípio da proporcionalidade STF.
1ª Turma. HC 135164/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
23/4/2019 (Info 938).

PEQUENO VALOR VALOR INSIGNIFICANTE


- Mínima ofensividade da conduta;
- Ausência de periculosidade;
- Reduzido grau de reprovabilidade do compor-
Quando não suplantar 1 (um) salário mínimo.
tamento;
Analisar caso concreto.
- Inexpressividade da lesão jurídica.
Requisito subjetivo: importância do bem para a
vítima.
CAUSA DE EXCLUSÃO DA TIPICIDADE
FURTO PRIVILEGIADO
MATERIAL

Consumação do Furto: Consuma-se o crime de furto com a inversão da posse do bem, ainda
que por breve tempo, seguida de perseguição imediata do agente ou recuperação da coisa roubada,
sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada (STF e STJ). TEORIA DA AMOTIO ou
APPREHENSIO.

Furto Qualificado: as qualificadoras do art. 155, §4º, CP dizem respeito ao modo de execução do
agente.

- Destruição: comportamento que faz desaparecer. Ex.: explo-


Com destruição ou rompimento sivos em caixas eletrônicos.
de obstáculo à subtração da coisa - Rompimento: é o ato de deteriorar. Ex.: abrir um cofre com
barra de ferro.

- Abuso de confiança: tem que ter relação de confiança (ex.:


empregado que já trabalha há anos com a vítima). Não basta
a mera alegação de que o agente trabalhava na empresa. É
Com abuso de confiança, ou preciso se provar que a vítima depositou confiança no agente.
mediante fraude, escalada ou
- Mediante fraude: furto qualificado pela fraude (#NÃOCON-
destreza.
FUNDIR com o estelionato!).
- Mediante destreza: presença de uma habilidade excepcio-
nal, desde que não seja descoberto no ato da conduta delitiva.

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Assim, o magistrado apenas poderá acatar o furto qualificado


pela destreza quando o agente tenha excepcional habilidade
em retirar o bem da vítima sem que ela se aperceba (punguis-
ta) – STJ (INFO 554).

- O conceito de chave falsa abrange todo o instrumento,


com ou sem forma de chave, utilizado como dispositivo para
Com emprego de chave falsa.
abrir fechadura, incluindo mixas (STJ, HC n. 101.495/MG, Rel.
Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, DJe 25/8/2008).
Mediante concurso de duas ou
- Partícipes são computados, inclusive o inimputável.
mais pessoas.

#DEOLHONASÚMULA:

SÚMULA 442, STJ: É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majo-
rante do roubo.

#NOVIDADESSLEGISLATIVAS:

Art. 155, CP.

§ 4º-A. A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de


explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

§ 7º. A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substân-
cias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação,
montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

ROUBO (ART. 157, CP):

ROUBO PRÓPRIO ROUBO IMPRÓPRIO


ART. 157, “caput”, CP. ART. 157, §1º, CP.
A grave ameaça ou a violência é empregada A grave ameaça ou a violência é empregada
antes ou durante a subtração a fim de que o após a subtração a fim de assegurar impunidade
agente possa alcançar a subtração do bem. do crime ou a detenção da coisa.

#DEOLHONASÚMULA:

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Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem, mediante
emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida a perseguição
imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica
ou desvigiada.

#NOVIDADESSLEGISLATIVAS #AJUDAMARCINHO:

A Lei nº 13.654/2018 acrescentou uma nova hipótese de roubo majorado no inciso VI.

Art. 157, CP.

§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)

(...)

VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isolada-


mente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

A mesma lei acrescentou um novo parágrafo ao art. 157 prevendo duas novas hipóteses de roubo
circunstanciado, com pena maior.

Art. 157 (...)

§ 2º-A. A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; (Incluído pela Lei nº
13.654, de 2018) II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de
explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

Além disso, foi alterada a redação do § 3º do art. 157 do Código Penal. Duas mudanças foram veri-
ficadas:

1) melhorou a redação dividindo os dois tipos penais em incisos diferentes.

2) aumentou a pena do roubo com resultado lesão corporal grave. Antes era de 7 a 15 anos. Agora
é de 7 a 18 anos. Neste ponto, a Lei nº 13.654/2018 é mais gravosa e, portanto, irretroativa.

Art. 157 (...) § 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)

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I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; (Incluído
pela Lei nº 13.654, de 2018)

II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº
13.654, de 2018)

#ESQUEMATIZANDO:

ROUBO MEDIANTE EMPREGO DE ARMA


Antes da Lei 13.654/2018 Depois da Lei 13.654/2018 (atualmente)
Apenas o emprego de arma de fogo é causa
Tanto a arma de fogo como a arma branca eram de aumento de pena.
causas de aumento de pena. O emprego de arma branca não é causa de
aumento de pena.

O emprego de arma (seja de fogo, seja branca)


O emprego de arma de fogo é punido com um
era punido com um aumento de 1/3 a 1/2 da
aumento de 2/3 da pena.
pena.

ROUBO MEDIANTE EMPREGO DE ARMA


Antes da Lei 13.654/2018 Atualmente
Continua sendo causa de aumento de
Arma de Era causa de aumento de pena
pena.
FOGO A pena aumentava de 1/3 a 1/2.
Mas agora a pena aumenta 2/3.

Deixou de ser causa de aumento de pena.


Arma Era causa de aumento de pena.
BRANCA A Lei 13.654/2018 é mais benéfica e irá
A pena aumentava de 1/3 a 1/2.
retroagir neste ponto.

#DEOLHONAJURIS:

O emprego de arma branca deixou de ser majorante do crime de roubo, com a modificação
operada pela Lei nº 13.654/2018, que revogou o inciso I do § 2º do art. 157 do Código Penal. Diante
disso, constata-se que houve abolitio criminis devendo a Lei nº 13.654/2018 ser aplicada retroa-
tivamente para excluir a referida causa de aumento da pena imposto aos réus condenados
por roubo majorado pelo emprego de arma branca. Trata-se da aplicação da novatio legis
in mellius prevista no art. 5º, XL, da Constituição Federal. STJ. 5ª Turma. REsp 1519860/RJ, Rel. Min.
Jorge Mussi, julgado em 17/05/2018.

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Não há continuidade delitiva entre os crimes de roubo e extorsão, ainda que praticados em
conjunto. Isso porque, os referidos crimes, apesar de serem da mesma natureza, são de espécies
diversas. STJ. 5ª Turma. HC 435.792/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/05/2018. STF. 1ª
Turma. HC 114667/SP, rel. org. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em
24/4/2018 (Info 899).

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA

FURTO. É legítima a incidência da causa de aumento de pena por crime cometido durante o repou-
so noturno (art. 155, § 1º) no caso de furto praticado na forma qualificada (art. 155, § 4º). Não existe
nenhuma incompatibilidade entre a majorante prevista no § 1º e as qualificadoras do § 4º. São
circunstâncias diversas, que incidem em momentos diferentes da aplicação da pena. Assim, é possí-
vel que o agente seja condenado por furto qualificado (§ 4º) e, na terceira fase da dosimetria, o juiz
aumente a pena em 1/3 se a subtração ocorreu durante o repouso noturno. A posição topográfica
do § 1º (vem antes do § 4º) não é fator que impede a sua aplicação para as situações de furto quali-
ficado (§ 4º). STF. julgado em 13/12/2016 (Info 851). STJ, julgado em 4/12/2014 (Info 554).

LATROCÍNIO. Carlos e Luiza estão entrando no carro quando são rendidos por João, assaltante
armado, que deseja subtrair o veículo. Carlos acaba reagindo e João atira contra ele e Luiza, matan-
do o casal. João foge levando o carro. Haverá dois crimes de latrocínio em concurso formal ou um
único crime de latrocínio? STJ: concurso formal impróprio. STF e doutrina majoritária: um único crime
de latrocínio. STJ, julgado em 17/11/2015. STF, julgado em 21/2/2017 (Info 855). #IMPORTANTE!

LATROCÍNIO. Aquele que se associa a comparsa para a prática de roubo, sobrevindo a morte da
vítima, responde pelo crime de latrocínio, ainda que não tenha sido o autor do disparo fatal ou que
sua participação se revele de menor importância. Ex: João e Pedro combinaram de roubar um carro
utilizando arma de fogo. Eles abordaram, então, Ricardo e Maria quando o casal entrava no veículo
que estava estacionado. Os assaltantes levaram as vítimas para um barraco no morro. Pedro ficou
responsável por vigiar o casal no cativeiro enquanto João realizaria outros crimes utilizando o carro
subtraído. Depois de João ter saído, Ricardo e Maria tentaram fugir e Pedro atirou nas vítimas, que
acabaram morrendo. João pretendia responder apenas por roubo majorado (art. 157, § 2º, I e II)
alegando que não participou nem queria a morte das vítimas, devendo, portanto, ser aplicado o
art. 29, § 2º do CP. O STF, contudo, não acatou a tese. Isso porque João assumiu o risco de produzir
resultado mais grave, ciente de que atuava em crime de roubo, no qual as vítimas foram mantidas
em cárcere sob a mira de arma de fogo. STF, julgado em 21/2/2017 (Info 855). #IMPORTANTE

EXTORSÃO. O crime de extorsão consiste em “Constranger alguém, mediante violência ou grave

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ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer,
tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa” (art. 158 do CP). A ameaça de causar um “mal
espiritual” contra a vítima pode ser considerada como “grave ameaça” para fins de configuração do
crime de extorsão? SIM. Configura o delito de extorsão (art. 158 do CP) a conduta do agente que
submete vítima à grave ameaça espiritual que se revelou idônea a atemorizá-la e compeli-la a reali-
zar o pagamento de vantagem econômica indevida. STJ, julgado em 14/2/2017 (Info 598)

#DEOLHONASÚMULA:

SÚMULA 567 DO STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou


por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna
impossível a configuração do crime de furto.

SÚMULA 610 DO STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não
realize o agente a subtração de bens da vítima.

SÚMULA 96 DO STJ: O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vanta-


gem indevida.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:

#ATENÇÃO CONSUMAÇÃO E TENTATIVA PARA OS DELITOS DE FURTO E ROUBO: Os Tribunais


Superiores adotam a teoria da amotio, também adotada no delito de roubo, segundo a qual o
crime está consumado com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve espaço de
tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou
desvigiada (STJ, 3ª Seção, Recurso Repetitivo, REsp 1524450, 14/10/2015).

SÚMULA 582 DO STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem,
mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida a
perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa
e pacífica ou desvigiada.

FURTO MAJORADO: A causa de aumento de pena do repouso noturno pode ser aplicada tanto
para o furto simples como para o furto qualificado.

FURTO PRIVILEGIADO: § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o


juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou
aplicar somente a pena de multa.

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#DECORE SÚMULA 511 DO STJ: É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do


art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do
agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva

#SELIGANADIFERENÇA

FURTO MEDIANTE FRAUDE ESTELIONATO


Fraude é utilizada pelo agente com o fim de Fraude é usada como meio de obter o consenti-
burlar a vigilância da vítima que, desatenta, tem mento da vítima que, iludida, entrega voluntaria-
seu bem subtraído sem que perceba. mente o bem ao agente.

ROUBO PRÓPRIO ROUBO IMPRÓPRIO


A grave ameaça ou a violência é empregada A grave ameaça ou a violência é empregada
antes ou durante a subtração a fim de que o logo após a subtração a fim de assegurar impu-
agente possa alcançar a subtração do bem. nidade do crime ou a detenção da coisa.

ROUBO E CONCURSO DE CRIMES


Reconhecimento de crime único, diante da evidência de que embora
UMA VÍTIMA E PATRI-
subtraídos patrimônios distintos, os mesmos estavam sob os cuidados
MÔNIOS DIVERSOS
de uma única pessoa, que sofreu a violência ou grave ameaça (STJ, 2014).

MAIS DE UMA VÍTIMA E Ainda que no mesmo contexto fático, mediante uma só ação pratica-
PATRIMÔNIOS da contra vítimas diferentes, configura-se concurso formal de crimes,
DIVERSOS visto que violados patrimônios distintos (STJ, 2016).

Se a intenção do agente é direcionada à subtração de um único patri-


MAIS DE UMA VÍTIMA E mônio, estará configurado crime único, ainda que no modus operandi
PATRIMÔNIO ÚNICO seja utilizada violência ou grave ameaça contra mais de uma pessoa (STJ,
2015).

MAJORANTE DO EMPREGO DE ARMA DE FOGO


Absolutamente ineficaz: não caracteriza a causa de aumento de pena
(roubo circunstanciado), mas pode configurar o roubo simples (art. 157,
ARMA COM DEFEITO “caput”, CP).
Relativamente ineficaz: incide a causa de aumento.

Apesar de constituir-se um meio relativamente ineficaz (o que permitiria


ARMA DESMUNICIADA a causa de aumento de pena), o STJ entende que não incide a majo-
rante, caracterizando roubo simples.

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De acordo com o STF e o STJ, não incide a majorante, caracterizando-


ARMA DE BRINQUEDO
-se roubo simples.
CONCURSO MATERIAL
Se após o contexto fático o agente é surpreendido portando ou na
ENTRE ROUBO E PORTE/
posse de arma de fogo, após roubo cometido, vai responder por crime
POSSE DE ARMA DE
de roubo circunstanciado c/c as penas do Estatuto do Desarmamento.
FOGO

EXTORSÃO (ART. 158, CP):

EXTORSÃO ROUBO
O agente faz com que a vítima entregue a coisa. O agente subtrai a coisa pretendida. Subtrair.
Constranger #OLHEOVERBO. #OLHEOVERBO.

A colaboração da vítima é indispensável. A colaboração da vítima é dispensável.

A vantagem buscada pelo agente é contemporâ-


A vantagem buscada é para agora.
nea ao constrangimento ou posterior a ele.

Vantagem econômica indevida: bem móvel ou Vantagem econômica indevida: somente bem
imóvel. móvel.

DANO (ART. 163, CP) e RECEPTAÇÃO (ART. 180, CP): A Lei nº 13.531/2017 promove alteração
nas qualificadoras dos crimes de dano (art. 163 do CP) e receptação (art. 180) envolvendo bens públicos.
Corrigiu essas duas falhas e incluiu o “Distrito Federal”, as “autarquias”, as “fundações” e as “empresas
públicas” no rol do inciso III do parágrafo único do art. 163 do CP. Compare:

Antes da Lei nº 13.531/2017 ATUALMENTE


Art. 163 (...)
Art. 163 (...)
Parágrafo único. Se o crime é cometido:
Parágrafo único. Se o crime é cometido:
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do
III - contra o patrimônio da União, Esta-
Distrito Federal, de Município ou de autarquia,
do, Município, empresa concessionária de
fundação pública, empresa pública, sociedade
serviços públicos ou sociedade de economia
de economia mista ou empresa concessionária
mista;
de serviços públicos;

Antes da Lei nº 13.531/2017 ATUALMENTE


Art. 180 (...) Art. 180 (...)
§ 6º Tratando-se de bens e instalações do § 6º Tratando-se de bens do patrimônio da União,
patrimônio da União, Estado, Município, de Estado, do Distrito Federal, de Município

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empresa concessionária de serviços públi- ou de autarquia, fundação pública, empre-


cos ou sociedade de economia mista, a pena sa pública, sociedade de economia mista ou
prevista no caput deste artigo aplica-se em empresa concessionária de serviços públicos,
dobro. aplica-se em dobro a pena prevista no caput
deste artigo.

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL

Súmula 593, STJ: “O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou práti-
ca de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima
para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com
o agente.”

O STJ rechaçou totalmente a possibilidade de acolhimento da “Exceção de Romeu e Julieta.”

#SELIGANAJURIS

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL. No caso de crimes contra a liberdade sexual (arts. 213 a
216-A) e crimes sexuais contra vulnerável (arts. 217-A a 218-B), se o autor do delito for ascendente da
vítima, a pena deverá ser aumentada de metade (art. 226, II, do CP). O bisavô está incluído dentro
dessa expressão “ascendente”. O bisavô está no terceiro grau da linha reta e não há nenhuma regra
de limitação quanto ao número de gerações. Assim, se o bisavô pratica estupro de vulnerável contra
sua bisneta, deverá incidir a causa de aumento de pena prevista no art. 226, II, do CP. STF. 2ª Turma.
RHC 138717/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/5/2017 (Info 866).

ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR: crime único ou concurso material? Para o STJ,
caso as condutas tenham sido praticadas contra a mesma vítima e no mesmo contexto fático,
trata-se de crime único, pois é um tipo penal misto alternativo (e não cumulativo). Consequên-
cia: a lei nova é mais favorável. Aplicação retroativa (INFO 543 DO STJ).

O agente abordou de forma violenta e sorrateira a vítima com a intenção de satisfazer sua lascívia,
o que ficou demonstrado por sua declarada intenção de “ficar” com a jovem – adolescente de 15
anos – e pela ação de impingir-lhe, à força, um beijo, após ela ser derrubada ao solo e mantida
subjugada pelo agressor, que a imobilizou pressionando o joelho sobre seu abdômen. Tal conduta
configura o delito do art. 213, § 1º do CP. STJ. 6ª Turma. REsp 1611910-MT, Rel. Min. Rogerio Schietti
Cruz, julgado em 11/10/2016 (Info 592).

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O agente que passa as mãos nas coxas e seios da vítima menor de 14 anos, por dentro de sua roupa,
pratica, em tese, o crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP). Não importa que não tenha
havido penetração vaginal (conjunção carnal). STF. 1ª Turma. RHC 133121/DF, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/o acórdão Min. Edson Fachin julgado em 30/8/2016 (Info 837).

A conduta de contemplar lascivamente, sem contato físico, mediante pagamento, menor de


14 anos desnuda em motel pode permitir a deflagração da ação penal para a apuração do
delito de estupro de vulnerável. Segundo a posição majoritária na doutrina, a simples contem-
plação lasciva já configura o “ato libidinoso” descrito nos arts. 213 e 217-A do Código Penal, sendo
irrelevante, para a consumação dos delitos, que haja contato físico entre ofensor e ofendido. STJ. 5ª
Turma. RHC 70976-MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 2/8/2016 (Info 587).

#INOVAÇÃOLEGISLATIVA A Lei 13.772/2018 incluiu o art. 216-B ao Código Penal, com o seguinte
texto: Registro não autorizado da intimidade sexual - Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou
registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter
íntimo e privado sem autorização dos participantes: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano,
e multa. Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia, vídeo,
áudio ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou
libidinoso de caráter íntimo.

#INOVAÇÃOLEGISLATIVA A Lei 13.718/2018 alterou o art. 225 do Código Penal, que passa a ter o
seguinte texto: Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante
ação penal pública incondicionada. Assim, a discussão que havia na doutrina e na jurisprudência
acerca da ação penal ser pública incondicionada ou pública condicionada à representação, para
alguns crimes contra a dignidade sexual, perdeu objeto, sendo que todos os crimes contra a digni-
dade sexual passam a ser de ação pública incondicionada.

#INOVAÇÃOLEGISLATIVA O crime de tráfico interno de pessoa para fim de exploração sexual


foi revogado pela Lei 13.344/2016, que criou o delito de tráfico de pessoas, que é bem mais amplo
e abrange diversas situações, tais como a remoção de órgão, submissão a trabalho condições
análogas à de escravo e adoção ilegal. Vale a pena ler o dispositivo que é rico em detalhes que
podem ser explorados pelo examinador!

#OLHAOGANCHO Apesar de não ser equiparado a hediondo, por expressa disposição legal, o
crime de tráfico de pessoas exige o cumprimento de 2/3 da pena para concessão de livra-
mento condicional.

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CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

FALSIDADE MATERIAL (Art. 297 e 298 do CP) FALSIDADE IDEOLÓGICA (Art. 299 do CP)
O documento não possui vício em sua forma
O documento possui vício em sua forma.
(refere-se ao conteúdo do documento).

Não há rasuras ou supressão de palavras no


O documento apresenta defeitos extrínsecos
documento. A pessoa que elabora o documento
(rasuras, novos dizeres, supressão de palavras).
possui legitimidade para isso.

É imprescindível a perícia. Em regra, não há necessidade de perícia.

FALSA IDENTIDADE (307 do CP) USO DE DOCUMENTO FALSO (304 do CP)


Consiste na simples atribuição de falsa identida- Aqui há obrigatoriamente o uso do documento
de, sem a utilização de documento falso. falso

Ex. ao ser parado em uma blitz, o agente afir-


Ex. ao ser parado em uma blitz, o agente afirma
ma que seu nome é Pedro Silva e apresenta RG
que seu nome é Pedro Silva, quando na verdade
falsificado com esse nome, quando na verdade é
é João Lima.
João Lima.

#AJUDAMARCINHO #DEOLHONAJURIS

Inserir informação falsa em currículo Lattes não configura crime de falsidade ideológica.
Não é típica a conduta de inserir, em currículo Lattes, dado que não condiz com a realidade. Isso não
configura falsidade ideológica (art. 299 do CP) porque: 1) currículo Lattes não é considerado documento
por ser eletrônico e não ter assinatura digital; 2) currículo Lattes é passível de averiguação e, portanto, não
é objeto material de falsidade ideológica. Quando o documento é passível de averiguação, o STJ entende
que não há crime de falsidade ideológica mesmo que o agente tenha nele inserido informações falsas.
STJ. 6ª Turma. RHC 81451-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 22/8/2017 (Info 610).

Falsa declaração de hipossuficiência não configura falsidade ideológica (art. 299). É atípica
a mera declaração falsa de estado de pobreza realizada com o intuito de obter os benefícios da justiça
gratuita. A conduta de firmar ou usar declaração de pobreza falsa em juízo, com a finalidade de obter
os benefícios da gratuidade de justiça, não é crime, pois aludida manifestação não pode ser considerada
documento para fins penais, já que é passível de comprovação posterior, seja por provocação da parte
contrária seja por aferição, de ofício, pelo magistrado da causa. STJ. 6ª Turma. HC 261074-MS, Rel. Min.
Marilza Maynard (Desembargadora convocada do TJ-SE), julgado em 5/8/2014 (Info 546).

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Colocar fita na placa: crime do art. 311 do CP. A norma contida no art. 311 do Código Penal
busca resguardar a autenticidade dos sinais identificadores dos veículos automotores, sendo, pois, típica,
a simples conduta de alterar, com fita adesiva, a placa do automóvel, ainda que não caracterizada a fina-
lidade específica de fraudar a fé pública. Assim, a conduta de colocar uma fita adesiva ou isolante para
alterar o número ou as letras da placa do carro e, assim, evitar multas, pedágio, rodízio etc., configura o
delito do art. 311 do CP. STF. 2ª Turma. RHC 116371/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/8/2013 (Info
715). STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1327888/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 03/03/2015.

Desnecessidade de prova pericial para condenação por uso de documento falso (art. 304):
É possível a condenação pelo crime de uso de documento falso (art. 304 do CP) com fundamento em
documentos e testemunhos constantes do processo, acompanhados da confissão do acusado, sendo
desnecessária a prova pericial para a comprovação da materialidade do crime, especialmente se a defesa
não requereu, no momento oportuno, a realização do referido exame. O crime de uso de documento
falso se consuma com a simples utilização de documento comprovadamente falso, dada a sua natureza
de delito formal. STJ. 5ª Turma. HC 307586-SE, Rel. Min. Walter de Almeida Guilherme (Desembargador
convocado do TJ/SP), julgado em 25/11/2014 (Info 553).

O falso pode ser absorvido pelo descaminho, ainda que a pena da falsidade seja maior que do
descaminho (Info 587-STJ).

Súmula 522-STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica,
ainda que em situação de alegada autodefesa. Aprovada em 25/03/2015, DJe 06/04/2015.

SÚMULA 546 DO STJ:A competência para processar e julgar o crime de uso de documento
falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não
importando a qualificação do órgão expedidor.

SÚMULA 73 DO STJ:A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese,


o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual.

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CRIME FUNCIONAL PRÓPRIO CRIME FUNCIONAL IMPRÓPRIO


Faltando a condição de servidor público o fato
Faltando a condição de servidor público, o fato deixa de ser crime funcional, mas permanece
deixa de ser crime: ATIPICIDADE ABSOLUTA. criminoso, ajustando-se a outro tipo incrimina-
dor: ATIPICIDADE RELATIVA.

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Empresa que comete ato equivalente ao deli-


to de prevaricação com seus funcionários não Ex.: se não for peculato poderá ser furto.
comete crime.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES

CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO: Bastante amplo!! Basta o exercício temporário de uma


função pública, ainda que gratuita, para ser considerado funcionário público, a exemplo dos jurados no
Tribunal do Júri e dos mesários no dia das eleições.

#ATENÇÃO PROGRESSÃO DE REGIME X REPARAÇÃO DO DANO: O condenado por crime


contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada
à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acrésci-
mos legais (art. 33, §4º, CP).

PECULATO
PECULATO-APROPRIAÇÃO: o agente tem a posse do bem em virtude do cargo
PECULATO e passa a agir como dono.
PRÓPRIO PECULATO-DESVIO: o agente tem a posse do bem em virtude do cargo e desvia
em proveito próprio ou de terceiro.

PECULATO PECULATO-FURTO: o agente não tem a posse do bem, mas se vale das facilidades
IMPRÓPRIO do cargo para subtrair ou concorrer para subtração.

O agente não observa seu dever de cuidado e, por negligência, imprudência ou


imperícia, concorre para que outrem subtraia, desvie ou se aproprie do bem.
É infração de menor potencial ofensivo, admitindo transação penal e suspen-
PECULATO são condicional do processo.
CULPOSO
#IMPORTANTE REPARAÇÃO DO DANO: No peculato culposo, se reparar até a
sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se após isso, reduz a pena pela
metade. No peculato doloso pode ser aplicado o instituto do arrependimento
posterior (artigo 16 do CP) ou a atenuante do art. 65, III, ‘b’ do CP.

PECULATO- O agente se apropria de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo,


ESTELIONATO recebeu por erro de outrem.

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O funcionário insere ou facilita a inserção de dados falsos, altera ou exclui indevida-


PECULATO-
mente dados corretos nos sistemas informatizados ou banco de dados da Admi-
-ELETRÔNICO
nistração Pública, com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem
(313-A)
ou para causar dano.

CONCUSSÃO CORRUPÇÃO PASSIVA CORRUPÇÃO ATIVA


Funcionário público solicita, Particular oferece ou prome-
O funcionário público exige
recebe ou aceita vantagem te vantagem indevida a funcio-
vantagem indevida.
indevida. nário público.

CONCUSSÃO E CORRUPÇÃO ATIVA: Segundo a jurisprudência, são incompatíveis esses crimes,


isto é, não é possível a existência concomitante de ambos. É que a vítima, ao entregar o dinheiro
exigido no crime de concussão, não pode ser considerada sujeito ativo do delito de corrupção
ativa, pelo simples fato de que a corrupção ativa pressupõe que o particular livremente ofereça ou
prometa a vantagem, o que não ocorre quando há primeiramente a prática do delito de concussão,
pois o particular é constrangido a entregar a vantagem.

CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA PREVARICAÇÃO


O agente viola o dever funcional para satisfazer
O agente viola o dever funcional cedendo a pedi-
interesse ou sentimento pessoal, de modo
do ou influência de outrem. Envolve a figura do
que não envolve um terceiro corruptor (não há
corruptor.
pedido de outrem).

RESISTÊNCIA DESOBEDIÊNCIA DESACATO


Utilizar de palavras de menos-
O agente se opõe ao ato legal Basta que o agente descumpra
prezo para com o funcionário
mediante violência ou ameaça a ordem legal de forma pacífi-
público no exercício da sua
à pessoa ca, sem violência ou ameaça.
função ou em razão dela.
COMUNICAÇÃO FALSA DE
DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA AUTOACUSAÇÃO FALSA
CRIME
Agente denuncia terceira Não há acusação contra pessoa
Agente denuncia a si mesmo
pessoa, sabendo da inocência. alguma

Crime ou contravenção penal,


nessa última reduz a pena pela Crime ou contravenção penal. Apenas crime.
metade.

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Súmula 599, STJ: “O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração
pública.”

#DEOLHONAJURIS

Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela continua a ser crime,
conforme previsto no art. 331 do Código Penal. STJ. 3a Seção. HC 379.269/MS, Rel. para acórdão
Min. Antônio Saldanha Palheiro, julgado em 24/05/2017.

O advogado que, por força de convênio celebrado com o Poder Público, atua de forma
remunerada em defesa dos hipossuficientes agraciados com o benefício da assistência judi-
ciária gratuita, enquadra-se no conceito de funcionário público para fins penais. Sendo equi-
parado a funcionário público, é possível que responda por corrupção passiva (art. 317 do CP). STJ.
5ª Turma. HC 264459-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/3/2016 (Info 579).

O simples fato de o réu exercer mandato eletivo não é suficiente para a causa de aumento
do art. 327, § 2º, do CP. (Info 816 - STF). É necessário que ele ocupe uma posição de superior
hierárquico (o STF chamou de “imposição hierárquica”). A causa de aumento do § 2º do art. 327
aplica-se aos agentes políticos, inclusive o Chefe do Poder Executivo (ex.: Governador de Estado) –
Info 757 do STF.

#SELIGA O STF (INFO 712) considerou atípica a conduta de “peculato de uso” de um veículo para
a realização de deslocamentos por interesse particular.

#NÃOCONFUNDIR: Caso o agente público seja prefeito, há crime de peculato de uso, por expres-
sa previsão legal. Veja a redação do art. 1°, II, do Decreto-Lei 201/67: Art. 1º São crimes de respon-
sabilidade dos Prefeitos Municipal, sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente
do pronunciamento da Câmara dos Vereadores: II - utilizar-se, indevidamente, em proveito próprio
ou alheio, de bens, rendas ou serviços públicos.

o crime de concussão, a situação de flagrante delito configura-se no momento da exigência da


vantagem indevida (e não no instante da entrega). Isso porque a concussão é crime FORMAL, que
se consuma com a exigência da vantagem indevida. Assim, a entrega da vantagem indevida
representa mero exaurimento do crime. (Info 564-STJ).

A obtenção de lucro fácil e a cobiça constituem elementares dos tipos de concussão e corrupção
passiva (arts. 316 e 317 do CP), sendo indevido utilizá-las para aumentar a pena-base alegando que
os “motivos do crime” (circunstância judicial do art. 59 do CP) seriam desfavoráveis. STJ. 3ª Seção.
EDv nos EREsp 1196136-RO, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/5/2017 (Info 608).
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FALSO TESTEMUNHO: O crime de falso testemunho é de natureza formal. Consuma-se no


momento em que é feita a afirmação falsa a respeito de fato juridicamente relevante, aperfeiçoan-
do-se quando encerrado o depoimento, podendo, inclusive, a testemunha ser autuada em flagrante
delito. Para que esse delito ocorra, não interessa se as afirmações feitas possuem ou não potenciali-
dade lesiva. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 603.029/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 23/05/2017.
STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 723.184/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 22/11/2016

ESTATUTO DO DESARMAMENTO

POSSE PORTE
Arma de fogo, acessório ou munição for encon- Arma de fogo encontrada em local diverso da
trada na residência ou no local de trabalho, residência ou do local de trabalho (nesse últi-
nesse último caso, desde que seja proprietário ou mo caso apenas para os proprietários e respon-
responsável pelo estabelecimento ou empresa. sáveis da empresa).

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES

NORMA PENAL EM BRANCO: Os tipos penais, ao fazerem menção a arma de fogo, acessório
ou munição de uso permitido ou restrito, devem ser complementados pelos Decretos 3.665/2000 e
5.123/2004.

PORTE DE MUNIÇÃO, SEM ARMA: É crime. Excepcionalmente, o STF (INFO 826) entende ser
atípica a conduta de portar munição desacompanhada de arma de fogo na forma de pingente.
#ATENÇÃO

OMISSÃO DE CAUTELA: Único crime do Estatuto que admite a modalidade culposa. Para ocor-
rer a consumação é necessário que o menor de 18 anos, ao menos, se apodere da arma de fogo. É um
crime omissivo, culposo e próprio. É um exemplo de crime culposo com tipo penal fechado (aquele tipo
em que a conduta ilegal do agente é completamente prevista pelo código)

#ATENÇÃO Se o agente tem a posse ilegal de arma e a deixa ao alcance de um menor, responde
pelos delitos de posse ilegal de arma de fogo (art. 12) e omissão de cautela (art. 13) em concurso material
de crimes (art. 69 do Código Penal).

CRIANÇA E ADOLESCENTE: vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo,
acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente constitui o crime do art. 16, V (tipo penal autô-
nomo).

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#SELIGANAJURIS

ESTATUTO DO DESARMAMENTO. É típica e antijurídica a conduta de policial civil que, mesmo


autorizado a portar ou possuir arma de fogo, não observa as imposições legais previstas no Esta-
tuto do Desarmamento, que impõem registro das armas no órgão competente. STJ. 6ª Turma. RHC
70.141-RJ, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 7/2/2017 (Info 597).

ESTATUTO DO DESARMAMENTO. A conduta de portar granada de gás lacrimogênio ou grana-


da de gás de pimenta não se amolda ao delito previsto no art. 16, parágrafo único, III, da Lei nº
10.826/2003. Isso porque elas não se enquadram no conceito de artefatos explosivos. STJ. 6ª Turma.
REsp 1627028/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 21/02/2017 (Info 599)

Não configura o crime de posse ilegal de arma de fogo (art. 12 da Lei nº 10.826/2003) a conduta
do agente que mantém sob guarda, no interior de sua residência, arma de fogo de uso permitido
com registro vencido. Se o agente já procedeu ao registro da arma, a expiração do prazo é mera
irregularidade administrativa que autoriza a apreensão do artefato e aplicação de multa. (Info 572
do STJ)

A posse (art. 12 da Lei nº 10.826/2003) ou o porte (art. 14) de arma de fogo configura crime
mesmo que ela esteja desmuniciada. Da mesma forma, a posse ou o porte apenas da munição
(ou seja, desacompanhada da arma) configura crime. Isso porque tal conduta consiste em crime de
perigo abstrato, para cuja caracterização não importa o resultado concreto da ação. STF. 1ª Turma.
HC 131771/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/10/2016 (Info 844).

Para que haja condenação pelo crime de posse ou porte NÃO é necessário que a arma de
fogo tenha sido apreendida e periciada. Assim, é irrelevante a realização de exame pericial para
a comprovação da potencialidade lesiva do artefato. Isso porque os crimes previstos no arts. 12, 14
e 16 da Lei 10.826/2003 são de perigo abstrato, cujo objeto jurídico imediato é a segurança coletiva.
No entanto, se a perícia for realizada na arma e o laudo constatar que a arma não tem nenhu-
ma condição de efetuar disparos não haverá crime.

SÚMULA 513 DO STJ: A abolitio criminis temporária prevista na Lei nº 10.826/2003 aplica-se ao
crime de posse de arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal
de identificação raspado, suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005.

#NOVIDADELEGISLATIVA LEI 13.497/2017. Altera a Lei n°. 8.072 de 25 de julho de 1990, para
incluir o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (art. 16) no rol dos

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crimes hediondos.

#ATENÇÃO O novo decreto de armas alterou os calibres que são permitidos ou restritos, não alte-
rando o estatuto em si no tocante aos crimes.

CRIMES HEDIONDOS

CRIMES HEDIONDOS
a) homicídio, quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio,
ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado;
b) lesão corporal dolosa de natureza gravíssima e lesão corporal seguida de
morte, quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142
e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
terceiro grau, em razão dessa condição;
c) latrocínio;
d) extorsão qualificada pela morte;
d) extorsão mediante sequestro e na forma qualificada;
ROL TAXATIVO
e) estupro;
f ) estupro de vulnerável;
g) epidemia com resultado morte;
h) falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a
fins terapêuticos ou medicinais;
i) favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de
criança ou adolescente ou de vulnerável;
j) genocídio;
k) posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no
art. 16 da Lei no 10.826/03 #NOVIDADE #VAICAIR.

a) Tortura;
EQUIPARADOS b) Tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins;
c) Terrorismo.

LIVRAMENTO Cumprir 2/3 da pena, desde que não seja reincidente específico em crimes
CONDICIONAL hediondos.

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a) cumprir 1/6 da pena (crime s cometidos antes da Lei 11.464/07 - Súmula


PROGRESSÃO DE 471 STJ);
REGIME b) cumprir 2/5 da pena, se réu primário, ou 3/5, se reincidente específico
(crimes cometidos após a Lei 11.464/07).

a) anistia, graça e indulto; e


VEDAÇÕES
b) fiança.

A vedação da concessão de liberdade provisória sem fiança e de penas restri-


INCONSTITUCIO-
tivas de direitos, além do cumprimento de pena em regime integralmente
NALIDADE
fechado.
PRISÃO
30 + 30 dias.
TEMPORÁRIA

#ATENÇÃO #AJUDAMARCINHO

O chamado “tráfico privilegiado”, previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº1 1.343/2006 (Lei de


Drogas), não deve ser considerado crime equiparado a hediondo. STF. Plenário. HC 118533/MS,
Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 23/6/2016 (Info 831).

O tráfico ilícito de drogas na sua forma privilegiada (art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006) não é crime
equiparado a hediondo e, por conseguinte, deve ser cancelado o Enunciado 512 da Súmula do
Superior Tribunal de Justiça. STJ. 3ª Seção. Pet 11796-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
julgado em 23/11/2016 (recurso repetitivo) (Info 595).

O que dizia a Súmula 512-STJ: “A aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º,
da Lei n. 11.343/2006 não afasta a hediondez do crime de tráfico de drogas.”

CRIMES RESULTANTES DE PRECONCEITO DE RAÇA OU COR

Atendendo o mandato constitucional de criminalização, constante do art. 5°, XLII, da CF, que expres-
sa que a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito á pena de reclusão, nos
termos da lei, foi editada a lei n°. 7.716/1989 que disciplina os crimes resultantes da discriminação ou
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

Note-se que a Constituição Federal determina ser inafiançável e imprescritível apenas a prática do
racismo, não podendo o preceito constitucional ser aplicado às demais formas de discriminação, sob
pena de incidência em analogia in mallam partem.

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Ainda neste ponto, cumpre trazer recente decisão do STJ no AREsp 686.965/DF, onde se decidiu
que a injúria racial (art. 140, § 3°, do CP) deve ser considerada imprescritível. O fundamento da
decisão foi no sentido de que a imprescritibilidade do delito de injúria racial foi reconhecida ao entendi-
mento de que esse crime, por também traduzir preconceito de cor, atitude que conspira no sentido da
segregação, veio a somar-se àqueles outros, definidos na Lei n°. 7.716/89, cujo rol não é taxativo.

Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de
raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

Discriminar significa diferenciar, distinguir, tratar de forma diferente e prejudicial, enquanto a expres-
são preconceito, derivada do latim praejudicium, onde prae significa anterior e judicium traduz a ideia
de julgamento, pode ser definido como o conceito, opinião, sentimento ou juízo antecipado, formado
pela pessoa antes de possuir ou formar dados e elementos adequados para formar um conceito ou uma
opinião, independentemente de qualquer razão.

Raça: É o conjunto dos indivíduos identificados pela semelhança de características corporais, como
estrutura, cor da pele, forma física dentre outros, como produto de sua hereditariedade.

Cor: Expressão utilizada para determinar o aspecto cromático de alguma matéria. No sentido da lei,
cor é expressão utilizada para denotar a tonalidade da pele da pessoa, como cor branca, preta, amarela
e vermelha.

Etnia: Expressão utilizada para caracterizar o conjunto de pessoas identificadas pela similitude de
linguagem, cultura, traços físicos e mentais e tradição comuns.

Religião: É a crença ou doutrina religiosa. É a crença em relação a uma divindade ou a sua adoração.

Procedência Nacional: É o elemento identificador da origem da pessoa.

#ATENÇÃO

O legislador não inseriu outras formas de discriminação na lei, como a discriminação sexual, em
razão da idade, por questões filosóficas ou políticas, razão pela qual, caso seja praticada discrimina-
ção em decorrência de qualquer destes motivos, a conduta será atípica em relação aos tipos penais
desta lei, podendo configurar crimes previstos no Código Penal.

Importante destacar que o STF já formou maioria para considerar que a homofobia deve receber o
mesmo tratamento da presente lei, no entanto, na data da elaboração deste material, ainda não foi
concluído o julgamento, sendo importante estar atento aos próximos andamentos, em especial às
conclusões finais do julgamento.

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ABUSO DE AUTORIDADE

A Lei de Abuso de Autoridade tem como principal função proteger os cidadãos de qualquer abuso
de poder por parte de um agente público, regulando o procedimento para que tais fatos sejam levados
ao conhecimento das autoridades e possibilitando a responsabilidade Administrativa, Civil e Penal do
autor do fato.

Dessa forma, a lei vai muito além de apenas definir o crime e os modos pelo qual pode ser pratica-
do, estabelece também as sanções cíveis e administrativas.

Cumpre ressaltar que a proteção do cidadão frente ao abuso de poder tem expressa previsão cons-
titucional: Art. 5°, inc. XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o
direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; (...)

Vamos observar alguns detalhes importantes sobre o crime de abuso de autoridade:

#SELIGANATABELA

BEM JURÍDICO O regular funcionamento da Administração Pública e os direitos e garan-


PROTEGIDO tias fundamentais previstos na CF/88.

Autoridade pública. Crime próprio. É possível o concurso de pessoas com


SUJEITO ATIVO
particular, desde que tenha conhecimento da qualidade do agente público.

Mediato/ indireto ou permanente = Estado


SUJEITO PASSIVO Imediato/ direto ou eventual = o indivíduo vítima do abuso. (inclusive pessoa
jurídica)

COMPETÊNCIA Justiça Estadual, Federal ou Militar.

Adota-se o rito dos juizados especiais, pois é infração de menor potencial


ofensivo (pena máxima de 6 meses de detenção. Aplica-se a Lei n° 9.099/95 e
os seus institutos despenalizadores).
PROCEDIMENTO #CAIUEMPROVA: Na prova de Advogado da União/2015 foi considerada
CORRETA a seguinte afirmativa: “crime de abuso de autoridade, em todas as
suas modalidades, é infração de menor potencial ofensivo, sujeitando-se seu
autor às medidas despenalizadoras previstas na lei que dispõe sobre os juizados
especiais cíveis e criminais, desde que preenchidos os demais requisitos legais.”

AÇÃO PENAL Pública incondicionada.


PRAZO PARA
48 horas #SELIGA
DENÚNCIA

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#ATENÇÃO A regra é a competência da Justiça Estadual. No entanto, se causar violação a bens,


serviços ou interesse da União será de competência da Justiça Federal.

Art. 1º O direito de representação e o processo de responsabilidade administrativa civil e penal, contra


as autoridades que, no exercício de suas funções, cometerem abusos, são regulados pela presente lei.

Art. 2º O direito de representação será exercido por meio de petição:

a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal para aplicar, à autoridade civil ou militar
culpada, a respectiva sanção;

b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competência para iniciar processo-crime contra a
autoridade culpada.

Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e conterá a exposição do fato constitutivo
do abuso de autoridade, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado e o rol de teste-
munhas, no máximo de três, se as houver. #COLANARETINA

#NÃOCONFUNDA

A representação mencionada no dispositivo não se trata daquela condição de procedibilidade para


a propositura de ação penal, nesse delito a ação será sempre AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDI-
CIONADA. O termo representação seria apenas uma manifestação do direito constitucional de
petição, tendo natureza de mera notitia criminis. Tal conclusão é reforçada pelo disposto no art. 1°
da Lei n° 5.249/67: “A falta de representação do ofendido, nos casos de abusos previstos na Lei nº
4.898, de 9 de dezembro de 1965, não obsta a iniciativa ou o curso de ação pública.”.

O agente pode receber três espécies de sanção: administrativa, cível e penal, sem que isso confi-
gure bis in idem. Tais sanções são autônomas e podem ser aplicadas cumulativamente.

#SELIGANATABELA

Advertência;

Repreensão;
ADMINISTRATIVA
Suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a cento e oitenta
dias, com perda de vencimentos e vantagens;

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Destituição de função;

Demissão;

Demissão, a bem do serviço público.

CÍVEL Pagamento de indenização.

Multa;

Detenção por dez dias a seis meses (crime de menor potencial ofensivo);
PENAL
Perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função
pública por prazo até três anos.

LEI DE TORTURA

ESPÉCIES DE TORTURA
Causa sofrimento físico ou mental através do emprego de violência ou
grave ameaça (art. 1º, I, alíneas “a”, “b” e “c”, da Lei 9.455/97). Subdivide-se
em: tortura probatória (alíneas “a”), tortura crime (alíneas “b”) e tortura
discriminatória (alíneas “c”)

Com o fim de obter informação, declara-


TORTURA TORTURA PROBATÓRIA ção ou confissão da vítima ou de terceira
PROPRIAMENTE DITA pessoa.

Para provocar ação ou omissão de natu-


TORTURA CRIME
reza criminosa.

TORTURA Em razão de discriminação racial ou reli-


DISCRIMINATÓRIA giosa.

Causa INTENSO sofrimento físico ou mental por meio de violência ou


TORTURA CASTIGO
grave ameaça (art. 1º, II, da Lei 9.455/97).

Art. 1º, II, parágrafo 1º, Lei 9.455/97 (Submeter pessoa presa ou sujeita a
TORTURA SEM
medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da
MOTIVAÇÃO
prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal)

Art. 1º, II, parágrafo 2º, da Lei 9.455/97 (aquele que tinha o dever de evitar
TORTURA IMPRÓPRIA ou apurar, se omite diante da conduta daquele que submete pessoa presa
ou que cumpre medida de segurança a sofrimento físico ou mental).

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TORTURA CASTIGO MAUS TRATOS


Dolo de causar padecimento à vítima, causan-
Para fim de educação, ensino, tratamento ou
do-lhe sofrimento físico ou mental, sem nenhum
custódia.
cunho educativo.

Crime de dano Crime de perigo

HOMICÍDIO QUALIFICADO PELA TORTURA TORTURA QUALIFICADA PELA MORTE


Artigo 121, §2º, III do CP. Artigo 1º, §3º da lei 9.455/97.

O dolo é de matar. O dolo é de torturar.

Há dolo de matar e a tortura é o meio de execu- Há dolo de torturar e a morte é resultado culpo-
ção escolhido para matar. so decorrente da tortura.

Pena de 12 a 30 anos. Pena de 8 a 16 anos.

Competência do júri. Competência do juiz singular.

OMITIR-SE NO DEVER DE EVITAR OMITIR-SE NO DEVER DE APURAR


Trata-se da omissão imprópria. Temos aqui a figu-
ra do garante ou garantidor. Logo, deve respon-
Trata-se de omissão própria. Nesta hipótese a
der pelo crime que tinha o dever de evitar e não
tortura já ocorreu. Não há o que ser evitado, mas
por essa figura mais branda. Ex.: Delegado que
sim apurado.
percebe os seus agentes levando um preso para
tortura e não busca evitar.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:

A Convenção contra a Tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanas ou degra-


dantes (1984) rotulou o delito de tortura como próprio, só podendo ser praticado por funcionário públi-
co ou pessoa no exercício da função pública. No entanto, a lei 9.455/97, em regra, não exige qualidade
ou condição especial do agente. No Brasil, em regra, o crime é comum. Apesar de haver doutrina
lecionando que o legislador nacional não poderia ter destoado do legislador internacional, vêm enten-
dendo o STJ e o STF que o crime de tortura não exige do autor condição de agente público.

EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI DE TORTURA: É aplicada ao crime de tortura ocorrido fora


do Brasil, se a vítima for brasileira e o torturador se encontrar em território nacional. #OLHAAJURIS: No
Brasil, a competência para julgar será da Justiça Estadual.

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CAUSAS DE AUMENTO:

a) tortura praticada por agente público;

b) tortura contra criança ou adolescente, gestante, portador de deficiência, maior de 60 anos;

c) tortura mediante sequestro (tem que ser meio para a tortura).

#SELIGANADIFERENÇA EFEITO DA CONDENAÇÃO: perda do cargo e interdição pelo dobro


do prazo da pena para seu exercício. Diferente da regra geral do artigo 92 do Código Penal, tais
efeitos são automáticos.

#DIZERODIREITO #DEOLHONAJURIS

O Plenário do STF, ao julgar o HC 111.840/ES, declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do §


1º, do art. 2º, da Lei nº 8.072/90, com a redação que lhe foi dada pela Lei nº 11.464/2007, afastando,
dessa forma, a obrigatoriedade do regime inicial fechado para os condenados por crimes hedion-
dos e equiparados, incluído aqui o crime de tortura.

Dessa forma, não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da
pena no regime prisional fechado.

STJ. 5ª Turma. HC 383090/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 21/03/2017.

STJ. 6ª Turma. RHC 76642/RN, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 11/10/2016.

Obs: existe um julgado da 1ª Turma do STF afirmando que o regime inicial no caso de tortura deveria
ser obrigatoriamente o fechado: HC 123316/SE, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/6/2015. Penso
que se trata de uma posição minoritária e isolada do Min. Marco Aurélio. Os demais Ministros acom-
panharam o Relator mais por uma questão de praticidade do que de tese jurídica. Isso porque os
demais Ministros entendiam que, no caso concreto, nem caberia habeas corpus, considerando que
já havia trânsito em julgado. No entanto, eles não aderiram expressamente à tese do Relator. Não há
fundamento que justifique o § 1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90 (que obriga o regime inicial fechado
para crimes hediondos) ter sido declarado inconstitucional e o § 7º do art. 1º da Lei nº 9.455/97 (que
prevê regra semelhante para um crime equiparado a hediondo) não o ser. Em provas de concurso,
deve-se ter atenção para a redação do enunciado.

No caso de crime de tortura perpetrado contra criança em que há prevalência de relações domésti-
cas e de coabitação, não configura bis in idem a aplicação conjunta da causa de aumento de pena

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prevista no art. 1º, § 4º, II, da Lei nº 9.455/1997 (Lei de Tortura) e da agravante genérica estatuída no
art. 61, II, “f”, do Código Penal. STJ. 6ª Turma. HC 362634-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
julgado em 16/8/2016 (Info 589).

O STJ, no Informativo de nº 577, decidiu que a tortura de preso custodiado em delegacia praticada
por policial constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública.

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

#FOCONAJURIS

Competência para julgar o delito do art. 241-A do ECA praticado por meio de WhatsApp
ou chat do Facebook: Justiça Estadual. O STF fixou a seguinte tese: Compete à Justiça Federal
processar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir material pornográfico envol-
vendo criança ou adolescente (arts. 241, 241-A e 241-B do ECA), quando praticados por meio da
rede mundial de computadores (internet). STF. Plenário. RE 628624/MG, Rel. orig. Min. Marco Auré-
lio, Red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 28 e 29/10/2015 (repercussão geral) (Info 805).
O STJ, interpretando a decisão do STF, afirmou que, quando se fala em “praticados por meio da
rede mundial de computadores (internet)”, o que o STF quer dizer é que a postagem de conteúdo
pedófilo-pornográfico deve ter sido feita em um ambiente virtual propício ao livre acesso. Por outro
lado, se a troca de material pedófilo ocorreu entre destinatários certos no Brasil, não há relação
de internacionalidade e, portanto, a competência é da Justiça Estadual. Assim, o STJ afirmou que
a definição da competência para julgar o delito do art. 241-A do ECA passa pela seguinte análise:
• Se ficar constatada a internacionalidade da conduta: Justiça FEDERAL. Ex: publicação do mate-
rial feita em sites que possam ser acessados por qualquer sujeito, em qualquer parte do planeta,
desde que esteja conectado à internet. • Nos casos em que o crime é praticado por meio de troca
de informações privadas, como nas conversas via WhatsApp ou por meio de chat na rede social
Facebook: Justiça ESTADUAL. Isso porque tanto no aplicativo WhatsApp quanto nos diálogos (chat)
estabelecido na rede social Facebook, a comunicação se dá entre destinatários escolhidos pelo
emissor da mensagem. Trata-se de troca de informação privada que não está acessível a qualquer
pessoa. Desse modo, como em tais situações o conteúdo pornográfico não foi disponibilizado em
um ambiente de livre acesso, não se faz presente a competência da Justiça Federal. STJ. 3ª Seção.
CC 150564-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 26/4/2017 (Info 603).

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Disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo criança ou adolescente. Compe-


te à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir material
pornográfico envolvendo criança ou adolescente (arts. 241, 241-A e 241-B do ECA), quando pratica-
dos por meio da rede mundial de computadores (internet). STF. Plenário. RE 628624/MG, Rel. Orig.
Min. Marco Aurélio, Red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 28 e 29/10/2015 (repercussão
geral) (Info 805)

Competência no caso de pessoa que “baixa” conteúdo pedófilo da internet. Pessoa que
“baixa” da internet e armazena, em computador da escola, vídeos pornográficos envolvendo crian-
ças e adolescentes pratica o delito do art. 241-A, § 1º, I, do ECA, sendo esta conduta, neste caso
concreto, crime de competência da Justiça Estadual. STJ. 3ª Seção. CC 103011-PR, Rel. Min. Assusete
Magalhães, julgado em 13/3/2013 (Info 520).

Possibilidade de configuração dos crimes dos arts. 240 e 241-B do ECA mesmo que as víti-
mas estivessem vestidas. Fotografar cena e armazenar fotografia de criança ou adolescente em
poses nitidamente sensuais, com enfoque em seus órgãos genitais, ainda que cobertos por peças
de roupas, e incontroversa finalidade sexual e libidinosa, adéquam, respectivamente, aos tipos do
art. 240 e 241-B do ECA. Portanto, configuram os crimes dos arts. 240 e 241-B do ECA quando
fica clara a finalidade sexual e libidinosa de fotografias produzidas e armazenadas pelo agente,
com enfoque nos órgãos genitais de adolescente — ainda que cobertos por peças de roupas —,
e de poses nitidamente sensuais, em que explorada sua sexualidade com conotação obscena e
pornográfica. STJ. 6ª Turma. REsp 1543267-SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
3/12/2015 (Info 577).

#APOSTACICLOS Se a infração penal envolveu dois adolescentes, o réu deverá ser conde-
nado por dois crimes de corrupção de menores (art. 244-B do ECA). A prática de crimes
em concurso com dois adolescentes dá ensejo à condenação por dois crimes de corrupção de
menores. Ex: João (20 anos de idade), em conjunto com Maikon (16 anos) e Dheyversson (15 anos),
praticaram um roubo. João deverá ser condenado por um crime de roubo qualificado e por dois
crimes de corrupção de menores, em concurso formal (art. 70, 1ª parte, do CP). STJ. 6ª Turma. REsp
1680114-GO, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 10/10/2017 (Info 613).

Súmula 500-STJ: A configuração do crime previsto no artigo 244-B do Estatuto da Criança e do


Adolescente independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal.

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CRIME ORGANIZADO

ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS
Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais
pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de
tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou
indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de
CONCEITO (Lei infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro)
12.850/13) anos, ou que sejam de caráter transnacional. Trata-se de crime de
perigo abstrato.
#ATENÇÃO Antes da Lei 12.850/13, não existia a previsão de tipo penal
incriminador para Organizações Criminosas. A Convenção de Palermo era
inaplicável para tipificar crime ou cominar pena.

Se o agente participar de organização criminosa e ainda vier a praticar


CONCURSO DE
crimes, responderá pelo crime do art. 2º, Lei 12.850/13 em concurso mate-
CRIMES
rial com os crimes que tiver cometido.
OBSTRUÇÃO OU
EMBARAÇO DE O art. 2º, §1º, da lei nº 12.850/13 traz causa de equiparação de pena àque-
INVESTIGAÇÃO DE le que de alguma forma impedir ou embaraçar a investigação penal que
INFRAÇÃO PENAL envolva organização criminosa. Não é delito de concurso necessário (como
REFERENTE À ORGA- o caput). O bem jurídico tutelado, nesse caso, é a Administração da Justiça.
NIZAÇÃO CRIMINOSA
A Lei 13.260/16 alterou a legislação e passou a prever que se aplica a Lei
ORGANIZAÇÕES
12.850/13 às: “organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas
TERRORISTAS
para a prática dos atos de terrorismo legalmente definidos”.

Se houver indícios suficientes de que o funcionário público integra orga-


AFASTAMENTO nização criminosa, poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar
CAUTELAR do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a
medida se fizer necessária à investigação ou instrução processual.

Colaboração premiada, captação ambiental, ação controlada, acesso


a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais de
MEIOS DE OBTENÇÃO bancos públicos ou privados, interceptação de comunicações telefônicas
DE PROVA (Art. 3°) e telemáticas, afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, infiltra-
ção de agentes e cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais,
estaduais e municipais.

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A Lei exige efetividade da colaboração, consubstanciada na obtenção


de pelo menos um dos seguintes resultados:
1) Identificar os demais coautores e partícipes da organização criminosa e
as infrações penais por eles praticadas;
2) Revelar a estrutura hierárquica e a divisão de tarefas da organização
COLABORAÇÃO criminosa;
PREMIADA
3) Prevenir as infrações penais decorrentes das atividades da organização
criminosa;
4) Recuperar total ou parcialmente o produto ou o proveito das infrações
penais praticadas pela organização criminosa;
5) Localizar o paradeiro da vítima com a sua integridade física preservada.

O réu que colaborar poderá ter direito aos seguintes benefícios:


-Redução da pena em até dois terços;
-Substituição por PRD;
BENEFÍCIOS
-Não oferecimento da denúncia; e
-Redução da pena até a metade ou progressão de regime, no caso de
colaboração posterior à sentença.

Trata-se de uma exceção ao princípio da obrigatoriedade. Para que o


MP deixe de oferecer a denúncia contra o colaborador é necessário o
preenchimento dos seguintes requisitos:
PERDÃO MINISTERIAL
a) A colaboração deve ser efetiva e voluntária;
b) O colaborador não pode ser o líder da organização criminosa;
c) O colaborador deve ter sido o primeiro a prestar efetiva colaboração.

O réu que colaborar também renuncia o direito ao silêncio, assumindo


DIREITO AO SILÊNCIO
o compromisso de dizer a verdade.

Em todos os atos de negociação, confirmação e execução da colaboração,


DEFENSOR
o colaborador deverá estar assistido por defensor (§ 15 do art. 4º).

O acordo sobre a colaboração premiada jamais poderá ser feito na


PARTICIPAÇÃO DO
presença do Juiz, sob pena de violação à imparcialidade. O juiz apenas
JUIZ
analisa a regularidade do acordo, para fins de homologação.

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Não se pode condenar com base, exclusivamente, no depoimento/


confissão do colaborador. É necessária a colheita de outras provas com
base em sua confissão. É o que se chama de regra de corroboração.
VALOR PROBATÓRIO Ainda que existam duas ou mais colaborações no mesmo sentindo, o STF
DA COLABORAÇÃO entende que deve haver necessariamente uma fonte diversa de uma cola-
boração.
#SELIGA O STF não admite a chamada “corroboração cruzada”, em que a
colaboração de um agente é confirmada por outra colaboração premiada.

É medida excepcional e subsidiária. Somente poderá ser decretada após


autorização judicial, que definirá os seus limites. O agente precisa consentir
com a infiltração. Prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais
renovações.
LIGHT COVER
É modalidade mais branda de infiltração. Não ultrapassa 06 (seis) meses.
DEEP COVER
Trata-se de modalidade de infiltração mais complexa. Ultrapassa 06 (seis)
meses de duração.

INFILTRAÇÃO DE #OLHAOGANCHO:
AGENTES LEI DE DROGAS
Não há previsão de prazo.
LEI DE ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS
Prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações.
ECA
Não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem prejuízo de even-
tuais renovações, desde que o total não exceda a 720 (setecentos e vinte)
dias e seja demonstrada sua efetiva necessidade, a critério da autoridade
judicial.
TODOS EXIGEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL

Lei 12.694 - Em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes


praticados por organizações criminosas, o juiz de primeiro grau poderá
decidir pela formação de colegiado para a prática de qualquer ato
processual; decisão fundamentada; o colegiado será formado pelo juiz
FORMAÇÃO DE
do processo e por 2 (dois) outros juízes escolhidos por sorteio eletrônico
COLEGIADO
dentre aqueles de competência criminal em exercício no primeiro grau de
jurisdição; as decisões do colegiado, devidamente fundamentadas e firma-
das, sem exceção, por todos os seus integrantes, serão publicadas sem
qualquer referência a voto divergente de qualquer membro. #VOCÊJUIZ

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#NÃOCONFUNDA: Exercer o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa tem


natureza jurídica de agravante! As demais, tais como emprego de arma de fogo, participação
de criança ou adolescente, participação de funcionário público, são causas de aumento de
pena.

#MAISUMGANCHO

LEI DE ORGANIZAÇÕES
LEI DE DROGAS LEI DE LAVAGEM DE CAPITAIS
CRIMINOSAS
Art. 53. Em qualquer fase da
persecução criminal relativa aos
crimes previstos nesta Lei, são
permitidos, além dos previstos
em lei, mediante autorização Art. 8º Consiste a ação contro-
judicial e ouvido o Ministério lada em retardar a interven-
Público, os seguintes procedi- ção policial ou administrati-
mentos investigatórios: va relativa à ação praticada por
II - anão-atuação policial organização criminosa ou a ela
sobre os portadores de drogas, vinculada, desde que mantida Art. 4º-B. A ordem de prisão
seus precursores químicos ou sob observação e acompa- de pessoas ou as medidas
outros produtos utilizados em nhamento para que a medida assecuratórias de bens, direi-
sua produção, que se encon- legal se concretize no momen- tos ou valores poderão ser
trem no território brasileiro, to mais eficaz à formação de suspensas pelo juiz, ouvido o
com a finalidade de identifi- provas e obtenção de infor- Ministério Público, quando a
car e responsabilizar maior mações. sua execução imediata puder
número de integrantes de § 1º O retardamento da inter- comprometer as investiga-
operações de tráfico e distri- venção policial ou administrati- ções.
buição, sem prejuízo da ação va será previamente comuni-
penal cabível. cado ao juiz competente que,
Parágrafo único. Na hipótese se for o caso, estabelecerá os
do inciso II deste artigo, a auto- seus limites e comunicará ao
rização será concedida desde Ministério Público.
que sejam conhecidos o itine-
rário provável e a identificação
dos agentes do delito ou de
colaboradores.

EXIGE AUTORIZAÇÃO JUDI- EXIGE APENAS COMUNICA- EXIGE AUTORIZAÇÃO JUDI-


CIAL ÇÃO PRÉVIA CIAL

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ESCUTA TELEFÔNICA

Inicialmente, devemos salientar que a Constituição Federal, em seu art. 5°, XII, afirma que:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das


comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

Em atenção ao inciso XII acima transcrito, foi editada a presente lei disciplinando os casos em que a
interceptação é autorizada, bem como indicando quais os seus requisitos.

#SELIGANATABELA:

INTERCEPTAÇÃO – ESCUTA – GRAVAÇÃO TELEFÔNICA

INTERCEPTAÇÃO
ESCUTA TELEFÔNICA GRAVAÇÃO TELEFÔNICA
TELEFÔNICA
Ocorre quando o diálogo
telefônico travado entre duas
pessoas é gravado por um dos
Ocorre quando um tercei-
Ocorre quando um tercei- próprios interlocutores, sem
ro capta o diálogo telefônico
ro capta o diálogo telefônico o consentimento ou a ciência
travado entre duas pessoas,
travado entre duas pessoas, do outro. Também é chamada
sendo que um dos interlocuto-
sem que nenhum dos interlo- de gravação clandestina (obs.:
res sabe que está sendo reali-
cutores saiba. a palavra "clandestina" está
zada a escuta.
empregada não na acepção de
"ilícito", mas sim no sentido de
"feito às ocultas").

Ex.: polícia, com autorização


Ex.: polícia grava a conversa
judicial grampeia os telefones Ex.: mulher grava a conversa
telefônica que o pai mantém
dos membros de uma quadri- telefônica no qual o ex-marido
com o sequestrador de seu
lha e grava os diálogos manti- ameaça matá-la.
filho.
dos entre eles.

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A gravação telefônica é válida


mesmo que tenha sido realiza-
Para que a interceptação seja Para que seja realizada é da SEM autorização judicial.
válida é indispensável a auto- dispensável a autorização judi- A única exceção em que have-
rização judicial (entendimento cial, pois não há previsão na ria ilicitude se dá no caso em
pacifico). presente lei. que a conversa era amparada
por sigilo (ex.: advogados e
clientes, padres e fiéis).

Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investi-


gação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de
ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça.

Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em


sistemas de informática e telemática.

Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das
seguintes hipóteses:

I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;

II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;

III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.

Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investi-
gação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta,
devidamente justificada.

Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício
ou a requerimento:

I - da autoridade policial, na investigação criminal;

II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução proces-


sual penal.

Pelo seu conteúdo, podemos concluir que a presente lei tem aspectos predominantemente proces-
sual. Embora ela traga um tipo penal no art. 10, a maior parte do seu conteúdo tem como objeto a regu-
lamentação da obtenção de um meio de prova, que é a interceptação telefônica, que, na realidade, será

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apenas mais um elemento de prova dentro do processo, não podendo prevalecer sobre nenhuma outra
prova, nem ser desprezada em detrimento de qualquer outro elemento probatório, em homenagem ao
princípio da relatividade das provas.

#OLHAOGANCHO: Teoria do Juízo Aparente: É competente para autorizar a interceptação telefô-


nica o juízo competente para eventual e futura ação penal, com base nas informações existentes,
quando do deferimento da interceptação.

Importante destacar que o juiz pode determinar a interceptação de ofício, sendo que o Delegado
de Polícia só pode representar pela mesma em sede de Inquérito Policial, enquanto o Ministério Público
pode requerer tanto no Inquérito Policial, quanto no curso da Ação Penal.

Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá a demonstração de que a sua


realização é necessária à apuração de infração penal, com indicação dos meios a serem empregados.

§ 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde que
estejam presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão será
condicionada à sua redução a termo.

§ 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá sobre o pedido.

Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a forma de execu-
ção da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo
uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #AJUDAMARCINHO

É inconstitucional Resolução do CNJ que proíbe o juiz de prorrogar a interceptação telefônica duran-
te o plantão judiciário ou durante o recesso do fim de ano. STF (Inf 899)

Prorrogação do prazo.

I- As interceptações telefônicas podem ser prorrogadas sucessivas vezes pelo tempo necessário,
especialmente quando o caso for complexo e a prova indispensável.

II- A fundamentação da prorrogação pode manter-se idêntica à do pedido original, pois a repetição
das razões que justificaram a escuta não constitui, por si só, ilicitude. STJ. Julgado em 14/02/2012.

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Não há restrição legal ao número de vezes em que pode ocorrer a renovação da intercepta-
ção telefônica. A Lei n. 9.296/96 prevê que a interceptação telefônica “não poderá exceder o prazo
de quinze dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de
prova”. A interceptação telefônica não pode exceder 15 dias. Contudo, pode ser renovada por igual
período, não havendo restrição legal ao número de vezes para tal renovação, se comprovada a sua
necessidade. STF (Info 855).

Em relação às interceptações telefônicas, o prazo de 15 dias, previsto na Lei n 9.296/96, é contado


a partir do dia em que se iniciou a escuta telefônica e não da data da decisão judicial. STJ. Julgado
em 20/3/2012.

Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de interceptação, dando


ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização.

§ 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação interceptada, será deter-


minada a sua transcrição.

§ 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da interceptação ao juiz,


acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o resumo das operações realizadas.

§ 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providência do art. 8°, ciente o Ministério Público.

#ATENÇÃO #COLANARETINA

Não é necessária a transcrição integral das conversas interceptadas, desde que possibilitado ao
investigado o pleno acesso a todas as conversas captadas, assim como disponibilizada a totalidade
do material que, direta e indiretamente, àquele se refira, sem prejuízo do poder do magistrado em
determinar a transcrição da integralidade ou de partes do áudio. STF. (lnfo 742).

Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que trata esta Lei, a autoridade policial poderá
requisitar serviços e técnicos especializados às concessionárias de serviço público.

Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer natureza, ocorrerá em autos


apartados, apensados aos autos do inquérito policial ou do processo criminal, preservando-
-se o sigilo das diligências, gravações e transcrições respectivas.

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Parágrafo único. A apensação somente poderá ser realizada imediatamente antes do relatório da
autoridade, quando se tratar de inquérito policial (Código de Processo Penal, art.10, § 1°) ou na
conclusão do processo ao juiz para o despacho decorrente do disposto nos arts. 407, 502 ou 538 do
Código de Processo Penal.

#MAISJURISPRUDÊNCIA:

A ausência de autos apartados configura mera irregularidade que não viola os elementos essenciais
à validade da interceptação. STF. (lnfo 811)

Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o inquérito,
a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da parte
interessada.

Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público, sendo facul-
tada a presença do acusado ou de seu representante legal.

Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática


ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não
autorizados em lei.

Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa.

Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #AJUDAMARCINHO

Obrigar o suspeito a colocar seu celular em “viva voz’” no momento de uma ligação é consi-
derado prova ilícita. STJ. (lnfo 603).

Degravação não precisa ser feita por peritos oficiais. É obrigatório que a degravação das conver-
sas interceptadas seja feita por perito oficio? NÃO. A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que
não há necessidade de degravação dos diálogos em sua integridade por peritos oficiais, visto que a
Lei 9.296/96 não faz qualquer exigência nesse sentido. STJ. Julgado em 18/06/2013

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Indícios de autoria surgidos fortuitamente durante interceptação. A sentença de pronúncia


pode ser fundamentada em indícios de autoria surgidos, de forma fortuita, durante a investigação
de outros crimes no decorrer de interceptação telefônica determinada por juiz diverso daquele
competente para o julgamento da ação principal. STJ. (lnfo 546).

Encontro de diálogos envolvendo autoridade com foro privativo e demora na remessa das
interceptações para o Tribunal competente para investigar o titular do cargo. A partir do
momento em que surgem indícios de participação de detentor de prerrogativa de foro nos fatos
apurados, cumpre à autoridade judicial declinar da competência, e não persistir na prática de atos
objetivando aprofundar a investigação. No caso concreto, um famoso “bicheiro· foi interceptado
pela polícia. Ele conversava constantemente com um Senador, a quem prestava favores. Depois de
meses de conversas gravadas entre o “bicheiro” e o Senador, o Juiz responsável remeteu os diálogos
para o STF. As interceptações foram declaradas nulas por violação ao princípio do juiz natural. STF.
Julgado em 25/10/2016.

Possibilidade de compartilhamento das provas obtidas em outro processo criminal. O fato


de a interceptação telefônica ter visado elucidar outra prática delituosa não impede a sua utilização
em persecução criminal diversa por meio do compartilhamento da prova. STF. (Info 811).

“Denúncia anônima”, quebra de sigilo e renovação das interceptações. “Denúncia anônima” e


quebra de sigilo Segundo a jurisprudência do STJ e do STF, não há ilegalidade em iniciar investiga-
ções preliminares com base em “denúncia anônima” a fim de se verificar a plausibilidade das alega-
ções contidas no documento apócrifo. A Polícia, com base em diligências preliminares para atestar
a veracidade dessas “denúncias” e também lastreada em informações recebidas pelo Ministério da
Justiça e pela CGU, requereu ao juízo a decretação da interceptação telefônica do investigado. O
STF entendeu que a decisão do magistrado foi correta considerando que a decretação da intercep-
tação telefônica não foi feita com base unicamente na “denúncia anônima” e sim após a realização
de diligências investigativas e também com base nas informações recebidas dos órgãos públicos de
fiscalização. Renovação das interceptações A Lei nº 9.296/96 prevê que a interceptação telefônica
“não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a
indispensabilidade do meio de prova.” (art. 5º). A interceptação telefônica não pode exceder 15 dias.
Contudo, pode ser renovada por igual período, não havendo restrição legal ao número de vezes
para tal renovação, se comprovada a sua necessidade. STF. 2ª Turma. RHC 132115/PR, Rel. Min. Dias
Tóffoli, julgado em 6/2/2018 (Info 890).

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CÓDIGO DE TRÂNSITO

Os crimes de trânsito possuem as seguintes naturezas jurídica:

CRIMES DE PERIGO CRIMES DE PERIGO


CRIMES DE DANO
CONCRETO ABSTRATO
- Trafegar em velocidade
incompatível com a segurança
- Homicídio culposo no trânsito nas proximidades de determi- - Embriaguez no volante (306)
(art. 302) e nados lugares (art. 311) - Permitir ou entregar a direção
- Lesão corporal culposa no - RACHA (art. 308) de veículo automotor a pessoa
trânsito (art. 303) não habilitada (310)
- DIRIGIR SEM PERMISSÃO (art.
309)

#SELIGANASÚMULA

Súmula 575, STJ. Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção de veículo
automotor a pessoa não habilitada ou que se encontre em qualquer das circunstâncias descritas no art.
310, do CTB, independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução de
veículo automotor. NÃO CONFUNDIR COM O 309, QUE É DE PERIGO CONCRETO:

Crime de Dano – Exige um efetivo dano ao bem jurídico protegido para que o delito seja conside-
rado consumado.

Crime de Perigo Concreto – Neste tipo penal a consumação se dá com o resultado, exige uma
comprovação de que realmente houve perigo de risco e de que houve uma lesão ao bem jurídico. O
delito dependerá sempre do resultado. São os crimes que necessitam de efetiva comprovação no caso
concreto mediante instrução probatória. Não existe presunção legal, contudo, a configuração do crime
vai depender de comprovação concreta de que existiu risco de perigo e de lesão.

Crime de Perigo Abstrato – É o perigo que já é considerado pela lei (de maneira presumida) por
simplesmente praticar conduta típica. O disposto no tipo penal retrata e descreve tão limitada a conduta,
sem fazer referência ao resultado naturalístico, ou seja, não faz referência ao resultado oriundo daquele
ilícito penal. Por essa razão grande parte dos doutrinadores denominaram tais crimes de crime de mera
conduta. Trata-se de presunção legal absoluta de perigo, independentemente de instrução probatória

Quase todos os crimes positivados no CTB correspondem também a uma infração administrativa
prevista no CTB. Assim, uma mesma conduta pode perfeitamente configurar crime e infração administra-
tiva. Não há bis in idem, uma vez que as sanções possuem naturezas diversas, sendo uma de natureza
penal e outra de natureza administrativa.

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#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:

A sanção do art. 277, § 3º, do CTB dispensa demonstração da embriaguez por outros meios de
prova, uma vez que a infração reprimida não é a de embriaguez ao volante, prevista no art. 165,
mas a de recusa em se submeter aos procedimentos do caput do art. 277, de natureza instrumen-
tal e formal, consumada com o comportamento contrário ao comando legal. STJ. 2ª Turma. REsp
1.677.380-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 10/10/2017 (Info 612).

Obs: a conclusão acima exposta foi acolhida pelo legislador que, por meio da Lei nº 13.281/2016,
acrescentou uma infração administrativa exclusivamente para o condutor que se recusar a se subme-
ter ao teste de etilômetro e/ou exames clínicos. Logo, atualmente, tais situações se enquadram no
novo art. 165-A ao CTB, que tem a seguinte redação: Art. 165-A. Recusar-se a ser submetido a teste,
exame clínico, perícia ou outro procedimento que permita certificar influência de álcool ou outra
substância psicoativa, na forma estabelecida pelo art. 277.

Neste ponto, os crimes, suas causas de aumento e causas de diminuição devem ser lidos na literali-
dade da lei, pois as questões normalmente abordam de forma expressa seu texto.

EXECUÇÃO PENAL

CLASSIFICAÇÃO DO PRESO (Lei 13.167/2015) #INOVAÇÃOLEGISLATIVA


PRESOS PROVISÓRIOS PRESOS CONDENADOS
Os presos condenados definitivamente ficarão
separados de acordo com os seguintes critérios:
Os presos provisórios ficarão separados de I - condenados pela prática de crimes hediondos
acordo com os seguintes critérios: ou equiparados;
I - acusados pela prática de crimes hediondos ou II - reincidentes condenados pela prática de
equiparados; crimes cometidos com violência ou grave amea-
II - acusados pela prática de crimes cometidos ça à pessoa;
com violência ou grave ameaça à pessoa; III - primários condenados pela prática de crimes
III - acusados pela prática de outros crimes ou cometidos com violência ou grave ameaça à
contravenções diversos dos apontados nos inci- pessoa;
sos I e II. IV - demais condenados pela prática de outros
crimes ou contravenções em situação diversa das
previstas nos incisos I, II e III.

#ATENÇÃO #NÃOCONFUNDA

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EXAME DE CLASSIFICAÇÃO EXAME CRIMINOLÓGICO


Realizado quando ingressa no sistema. Realizado durante a execução.

Amplo e genérico. Específico.

Orienta o modo de cumprimento da pena, norte Busca construir prognóstico de periculosidade,


da ressocialização. partindo do binômio delito-deliquente.

Envolve aspectos relacionados com a personali- Envolve a parte psicológica e psiquiátrica ates-
dade do condenado, seus antecedentes, sua vida tando a maturidade e disciplina do reeducando,
familiar e social, sua capacidade laborativa. sua capacidade de suportar frustrações.
Feito pela comissão técnica de classificação. - É um prognóstico criminológico.

#SELIGA: O exame criminológico e o exame de classificação também não se confundem com a


identificação do perfil genético previsto no artigo 9-A da LEP, que serve para guardar dados
que podem, no futuro, subsidiar eventual investigação, seja pela Polícia Civil ou pela Polícia Federal.
Requisitos: autor de crime doloso, praticado com violência de natureza grave contra a pessoa ou
delito hediondo.

#AJUDAMARCINHO #COLANARETINA

CONSEQUÊNCIAS DA FALTA GRAVE


ATRAPALHA NÃO INTERFERE
PROGRESSÃO: interrompe o prazo para a
progressão de regime.
LIVRAMENTO CONDICIONAL: não interrompe
REGRESSÃO: acarreta a regressão de regime. o prazo para obtenção de livramento condicional
(Súmula 441-STJ).
SAÍDAS: revogação das saídas temporárias. INDULTO E COMUTAÇÃO DE PENA: não inter-
fere no tempo necessário à concessão de indul-
REMIÇÃO: perda de até 1/3 do tempo remido. to e comutação da pena, salvo se o requisito for
expressamente previsto no decreto presidencial
SANÇÕES DISCIPLINARES: pode sujeitar o
(Súmula 535 – STJ).
condenado ao RDD; acarretar suspensão ou
restrição de direitos e isolamento.

#SELIGA A prática de falta grave interrompe o prazo para a concessão da saída temporária
e para o trabalho externo?

O tema é polêmico, estando o STJ dividido:

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SIM. 5ª Turma do STJ. HC 374086/DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/06/2017.
NÃO. 6ª Turma do STJ. AgRg no REsp 1549712/DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 17/10/2017.

#DEOLHONAJURIS Inobservância do perímetro rastreado pelo monitoramento eletrônico não


configura falta grave. A não observância do perímetro estabelecido para monitoramento de torno-
zeleira eletrônica configura mero descumprimento de condição obrigatória que autoriza a aplicação
de sanção disciplinar, mas não configura, mesmo em tese, a prática de falta grave. Não confundir: •
Apenado que rompe a tornozeleira eletrônica ou mantém a bateria sem carga suficiente: falta grave.
• Apenado que descumpre o perímetro estabelecido para tornozeleira eletrônica: não configura a
prática de falta grave. STJ. 6ª Turma. REsp 1519802-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julga-
do em 10/11/2016 (Info 595).

PRESCRIÇÃO DE FALTA GRAVE: Apesar do silêncio da LEP, o STF entende que, por analogia, deve
ser aplicado o prazo prescricional penal mínimo de 3 anos (art. 109, VI do CP).

AUTORIZAÇÕES DE SAÍDA
SAÍDA TEMPORÁRIA PERMISSÃO DE SAÍDA
Cunho ressocializador Cunho humanitário
Concedida por ato motivado do Juiz da execu-
ção, ouvidos o Ministério Público e a administra-
ção penitenciaria e dependerá da satisfação dos
seguintes requisitos:
I - comportamento adequado; Concedida pelo diretor do estabelecimento onde
II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da se encontra o preso.
pena, se o condenado for primário, e 1/4 (um
quarto), se reincidente;
III - compatibilidade do benefício com os objeti-
vos da pena.

A autorização será́ concedida por prazo não


Não há prazo determinado, pois está vinculada à
superior a 7 (sete) dias, podendo ser renovada
finalidade, mediante vigilância direta.
por mais 4 (quatro) vezes durante o ano.

Regime fechado ou semiaberto e os presos


Regime semiaberto.
provisórios.

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I - visita à família;
II - frequência a curso supletivo profissionalizan- I - falecimento ou doença grave do cônju-
te, bem como de instrução do 2º grau ou supe- ge, companheira, ascendente, descendente ou
rior, na Comarca do Juízo da Execução; irmão;
III - participação em atividades que concorram II - necessidade de tratamento médico.
para o retorno ao convívio social.

REMIÇÃO DE PENA
REMIÇÃO PELO TRABALHO REMIÇÃO PELO ESTUDO
Pode ser aplicada ao condenado que cumpra
Somente é aplicada se o condenado cumpre pena em regime fechado, semiaberto, aberto
pena em regime fechado ou semiaberto. ou, ainda, que esteja em livramento condicio-
nal.

Abatimento de 1 dia de pena a cada 12 horas


de estudo, dividas em pelo menos 3 dias.
Abatimento de 1 dia de pena a cada 3 dias de O tempo a remir será acrescido de 1/3 no caso
trabalho. de conclusão do ensino fundamental, médio ou
superior durante o cumprimento da pena (art.
126, §3° da LEP).

#DEOLHONAJURIS #INFORMATIVOS

É possível a remição pela participação em coral musical. O reeducando tem direito à remição
de sua pena pela atividade musical realizada em coral. STJ. 6ª Turma. REsp 1666637-ES, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/09/2017 (Info 613)

Trabalho cumprido em jornada inferior ao mínimo legal pode ser aproveitado para fins de
remição caso tenha sido uma determinação da direção do presídio. Segundo o art. 30 da LEP,
a jornada diária de trabalho do apenado deve ser de, no mínimo, 6 horas e, no máximo, 8 horas.
Apesar disso, se um condenado, por determinação da direção do presídio, trabalha 4 horas diárias
(menos do que prevê a Lei), este período deverá ser computado para fins de remição de pena.
Como esse trabalho do preso foi feito por orientação ou estipulação da direção do presídio, isso
gerou uma legítima expectativa de que ele fosse aproveitado, não sendo possível que seja despre-
zado, sob pena de ofensa aos princípios da segurança jurídica e da proteção da confiança. Vale
ressaltar, mais uma vez, o trabalho era cumprido com essa jornada por conta da determinação do
presídio e não por um ato de insubmissão ou de indisciplina do preso. STF. 2ª Turma. RHC 136509/

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MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/4/2017 (Info 860).

PROGRESSÃO DE REGIME LIVRAMENTO CONDICIONAL


Visa a reinserção gradativa do sentenciado ao
Forma de liberdade antecipada para crimes em
convívio social, através do sistema progressivo,
que a pena privativa de liberdade seja igual ou
passando de um regime mais rigoroso para um
superior a dois anos.
menos rigoroso.

Requisito Objetivo:
1/6 : Crimes comuns e Crimes hediondos come-
tidos antes da vigência da Lei n° 11.464/2007 (SV Requisitos Objetivos:
26) 1/3: Crimes comuns - primário
2/5: Crimes hediondos – primário 1/2: Crimes comuns - reincidente
3/5: Crimes hediondos – reincidente 2/3: Crimes hediondos – primário
#ATENÇÃO: Nos crimes contra a administra- Não se admite para o reincidente em crime
ção pública em que decorra prejuízo ou enrique- hediondo.
cimento ilícito, impõe-se, como condição para a
progressão de regime, a reparação integral do -Tenha reparado o dano, salvo efetiva impos-
dano causado ou a devolução do produto do sibilidade de fazê-lo.
ilícito praticado, com os acréscimos legais, nos
termos do artigo 33, §4º, do Código Penal.

Requisitos Subjetivos:
Comprovado comportamento satisfatório
durante a execução da pena, bom desempe-
nho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão
para prover à própria subsistência mediante
Requisito Subjetivo: trabalho honesto.
Bom comportamento carcerário. #ATENÇÃO Para o condenado por crime dolo-
so, cometido com violência ou grave amea-
ça à pessoa, a concessão do livramento ficará
também subordinada à constatação de condi-
ções pessoais que façam presumir que o libera-
do não voltará a delinquir.

A prática de falta grave NÃO interrompe o prazo


A prática de falta grave interrompe o prazo para
para o Livramento Condicional (Súmula 441 –
progressão de regime.
STJ0).

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#DEOLHONAJURIS #INFORMATIVOS

O indulto da pena privativa de liberdade não alcança a pena de multa se o condenado


parcelou este valor para ter direito à progressão de regime. O indulto da pena privativa de
liberdade não alcança a pena de multa que tenha sido objeto de parcelamento espontaneamente
assumido pelo sentenciado. O acordo de pagamento parcelado da sanção pecuniária deve ser
rigorosamente cumprido sob pena de descumprimento de decisão judicial, violação ao princípio
da isonomia e da boa-fé objetiva. STF. Plenário. EP 11 IndCom-AgR/DF, rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 8/11/2017 (Info 884).

Data da prisão preventiva como marco inicial do tempo para a progressão de regime. Se o
condenado estava preso preventivamente, a data da prisão preventiva deve ser considerada como
termo inicial para fins de obtenção de progressão de regime e demais benefícios da execução penal,
desde que não ocorra condenação posterior por outro crime apta a configurar falta grave. STF. 1ª
Turma. RHC 142463/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 12/9/2017 (Info 877).

Condenado tem direito à progressão a partir da data em que preenche requisitos legais.
A data-base para subsequente progressão de regime é aquela em que o reeducando preencheu
os requisitos do art. 112 da LEP e não aquela em que o Juízo das Execuções deferiu o benefício. A
decisão do Juízo das Execuções que defere a progressão de regime é declaratória (e não consti-
tutiva). Algumas vezes, o reeducando preenche os requisitos em uma data, mas a decisão acaba
demorando meses para ser proferida. Não se pode desconsiderar, em prejuízo do reeducando, o
período em que permaneceu cumprindo pena enquanto o Judiciário analisava seu requerimento
de progressão. STF. 2ª Turma. HC 115254, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/12/2015. STJ. 6ª
Turma. HC 369774/RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 22/11/2016 (Info 595).

A decisão que indefere o pedido do condenado para ser dispensado do uso da tornoze-
leira eletrônica deverá apontar a necessidade da medida no caso concreto. A manutenção
de monitoramento por meio de tornozeleira eletrônica sem fundamentação concreta evidencia
constrangimento ilegal ao apenado. No caso concreto, o condenado pediu para ser dispensado do
uso da tornozeleira alegando que estava sendo vítima de preconceito no trabalho e faculdade e
que sempre apresentou ótimo comportamento carcerário. O juiz indeferiu o pedido sem enfrentar
o caso concreto, alegando simplesmente, de forma genérica, que o monitoramento eletrônico é a
melhor forma de fiscalização do trabalho externo. Essa decisão não está adequadamente motivada
porque não apontou a necessidade concreta da medida. STJ. 6ª Turma. HC 351273-CE, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, julgado em 2/2/2017 (Info 597).

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Se a defesa ainda não foi intimada do acórdão condenatório, não é possível se iniciar a
execução provisória da pena. Pedro foi condenado a uma pena de 8 anos de reclusão e o TJ
manteve a condenação. O Ministério Público foi intimado do acórdão e requereu que o Tribunal
determinasse imediatamente a prisão do condenado, dando início à execução provisória da pena.
Vale ressaltar, no entanto, que a Defensoria Pública ainda não foi intimada do acórdão. Diante deste
caso, o TJ poderá determinar a imediata prisão do condenado, mesmo antes da intimação da defesa
acerca do acórdão? NÃO. Se ainda não houve a intimação da Defensoria Pública acerca do acór-
dão condenatório, mostra-se ilegal a imediata expedição de mandado de prisão em desfavor do
condenado. Como a Defensoria Pública ainda não foi intimada, não se encerrou a jurisdição em 2ª
instância, considerando que é possível que interponha embargos de declaração, por exemplo. STJ.
5ª Turma. HC 371870-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 13/12/2016 (Info 597).

#DIVRGÊNCIA É possível a execução provisória de penas restritivas de direito? • SIM. A execu-


ção provisória de pena restritiva de direitos imposta em condenação de segunda instância, ainda
que pendente o efetivo trânsito em julgado do processo, não ofende o princípio constitucional da
presunção de inocência. STF. 1ª Turma. HC 141978 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 23/06/2017.
• NÃO. Não é possível a execução da pena restritiva de direitos antes do trânsito em julgado da
condenação. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.619.087-SC, Rel. para acórdão Min. Jorge Mussi, julgado em
14/6/2017 (Info 609). #SELIGANASSÚMULAS

Súmula 192/STJ: Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das penas impos-
tas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos
sujeitos à administração estadual.

Súmula 439/STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em
decisão motivada.

Súmula 491/STJ: É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional.

Súmula 493/STJ: inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição especial
ao regime aberto.

Súmula 520/STJ: O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é ato jurisdicional
insuscetível de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional.

Súmula 526/STJ: O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido

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como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal
condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato.

Súmula 533/STJ: Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução


penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabele-
cimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou
defensor público nomeado.

Súmula Vinculante 9: O disposto no artigo 127 da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) foi
recebido pela ordem constitucional vigente, e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput
do artigo 58.

#APOSTACICLOS Súmula Vinculante 56: A falta de estabelecimento penal adequado não auto-
riza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa
hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS.

DÉFICIT DE VAGAS NO ESTABELECIMENTO ADEQUADO E PARÂMETROS ADOTADOS NO RE


641.320/RS (PARTE FINAL DA SV).

O que fazer em caso de déficit de vagas no estabelecimento adequado? Havendo “déficit” de vagas,
deve ser determinada:

1) a saída antecipada de sentenciado no regime com falta de vagas;

2) a liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em


prisão domiciliar por falta de vagas;

3) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progrida ao regi-
me aberto.

Súmula 700/STF: É de cinco dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do juiz da
execução penal.

Súmula 715/STF: A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determi-
nado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como
o livramento condicional ou regime mais favorável de execução.

Súmula 716/STF: Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação

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imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença
condenatória.

Súmula 717/STF: Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença
não transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.

JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS

JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS


Oralidade, informalidade, economia processual, simplicidade, celeridade.

PRINCÍPIOS: #INOVAÇÃOLEGISLATIVA: A Lei nº 13.603, de2018 acrescentou a


simplicidade expressamente entre os princípios norteadores do processo
perante o Juizado Especial.

Infrações penais de menor potencial ofensivo (contravenção penal e


COMPETÊNCIA: crimes com pena máxima não superior a 2 anos, cumulada ou não
com multa).

CITAÇÃO POR EDITAL: Incabível, os autos deverão ser remetidos ao juízo comum.

Se o capturado assumir o compromisso de comparecer ao juizado ou a


FLAGRANTE: ele comparecer imediatamente, não será lavrado o APF, mas tão somente
o TCO, com sua imediata liberação.

MEDIDAS Composição civil dos danos, transação penal, representação nos crimes
DESPENALIZADORAS: de lesões corporais leves e culposas, suspensão condicional do processo.

#SELIGANASSÚMULAS

Súmula Vinculante 35: A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/95
não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possi-
bilitando ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de
denúncia ou requisição de inquérito policial.

Súmula 696 DO STF: reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do


processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a ques-
tão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal.

Súmula 723 do STJ: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se

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a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior
a um ano.

Súmula 337 do STJ: É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime e


na procedência parcial da pretensão punitiva.

LEI MARIA DA PENHA

REQUISITOS PARA APLICAÇÃO DA LEI:


a) Ação ou omissão;

b) que cause violência física, sexual, psicológica, patrimonial ou moral;

c) praticada contra a mulher;

d) por motivação de gênero;

e) numa situação de vulnerabilidade;

f ) no âmbito da unidade doméstica, familiar ou em qualquer relação íntima de afeto (art. 5º):
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de
pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofen-
dida, independentemente de coabitação.

FORMAS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER (ROL EXEMPLIFICATIVO)


VIOLÊNCIA
Qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal.
FÍSICA
Qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou
que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar
ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante amea-
VIOLÊNCIA
ça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante,
PSICOLÓGICA
perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limita-
ção do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde
psicológica e à autodeterminação.

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Qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de


relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da
força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexua-
VIOLÊNCIA
lidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao
SEXUAL
matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chanta-
gem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos
sexuais e reprodutivos.

Qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total


VIOLÊNCIA de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e
PATRIMONIAL direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas neces-
sidades.
VIOLÊNCIA
Qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
MORAL

#SURRADESUMULAS #SAINDODOFORNO

Súmula 588, STJ: “A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou
grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade
por restritiva de direitos.”

Súmula 589, STJ: “É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais
praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas.”

Súmula 600, STJ: “Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei
n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a coabitação entre autor e vítima.”

LEI MARIA DA PENHA. A ação penal nos crimes de lesão corporal leve cometidos em detrimento
da mulher, no âmbito doméstico e familiar, é pública incondicionada. STJ. 3ª Seção. Pet 11.805-DF,
Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 103/5/2017 (recurso repetitivo) (Info 604).

Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica
contra a mulher é pública incondicionada.

SÚMULA 536 DO STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se apli-
cam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.

#INOVAÇÃOLEGISLATIVA #NOTÍCIAQUENTE

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A Lei n° 13.641/2018 alterou a Lei Maria da Penha passando a prever expressamente um crime
específico para o descumprimento de medidas protetivas:

“Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas
nesta Lei: (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)

Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.”

#ATENÇÃO Antes da inovação legislativa, o STJ entendi que o descumprimento das medidas prote-
tivas não ensejava o delito de desobediência (art. 330, CP)

Outro ponto que merece destaque é a previsão expressa da impossibilidade de concessão de fiança
por parte do Delegado de Polícia para o referido crime, que em tese comportaria tal medida caute-
lar pelo quantum da pena:

“§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder


fiança.”

#SELIGA Era costume falar que a Lei Maria da Penha não trazia crimes, mas apenas os mecanismos
para coibir a violência doméstica e familiar com a mulher, mas com o novo art. 24-A passamos a ter
o primeiro delito previsto expressamente na Lei n° 11.340/2006.

#INOVAÇÃOLEGISLATIVA #NOTÍCIAQUENTE

A Lei n° 13.827/2019 alterou a Lei Maria da Penha passando a prever a possibilidade do delegado
de polícia determinar medidas de proteção:

Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher
em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será imediatamen-
te afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida:

I - pela autoridade judicial;

II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou

III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no
momento da denúncia.

§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo

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de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medi-
da aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente.

§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de urgên-
cia, não será concedida liberdade provisória ao preso.

LEI DE DROGAS

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:

O art. 33, caput, é um crime de ação múltipla, de modo que, se praticar diferentes condutas previs-
tas nesse dispositivo, apenas resta configurado um único crime.

Não há causa de aumento pelo concurso de pessoas;

Prazo do IP: 30 + 30 (preso) e 90 + 90 (solto)

ATENÇÃO: A condenação pelo art. 28 da Lei de Drogas não gera reincidência, segundo entendi-
mento do STJ que mudou sua posição anterior.

O Art. 28 não importará prisão em flagrante, devendo o autor ser imediatamente encaminha-
do ao juízo competente, ou, na falta, assumir o compromisso de comparecer, lavrando-se termo
circunstanciado. Aqui a impossibilidade é absoluta. Jamais haverá prisão.

#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO

Súmula 630-STJ: A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de


entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a mera admissão
da posse ou propriedade para uso próprio.

Súmula 607-STJ: A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei 11.343/06) se
configura com a prova da destinação internacional das drogas, ainda que não consumada a trans-
posição de fronteiras.

TRÁFICO DE DROGAS. Agente que pratica delitos da Lei de Drogas envolvendo criança ou adoles-
cente responde também por corrupção de menores? Caso o delito praticado pelo agente e pelo

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menor de 18 anos não esteja previsto nos arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, o réu responderá pelo
crime da Lei de Drogas e também pelo delito do art. 244-B do ECA (corrupção de menores). Caso
o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos seja o art. 33, 34, 35, 36 ou 37 da Lei nº
11.343/2006: ele responderá apenas pelo crime da Lei de Drogas com a causa de aumento de pena
do art. 40, VI. Não será punido pelo art. 244-B do ECA para evitar bis in idem. Na hipótese de o
delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos não estar previsto nos arts. 33 a 37 da Lei de
Drogas, o réu poderá ser condenado pelo crime de corrupção de menores, porém, se a conduta
estiver tipificada em um desses artigos (33 a 37), não será possível a condenação por aquele delito,
mas apenas a majoração da sua pena com base no art. 40, VI, da Lei nº 11.343/2006. STJ. 6ª Turma.
REsp 1.622.781-MT, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 22/11/2016 (Info 595).

LEI DE DROGAS. É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para
formação da convicção de que o réu se dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o bene-
fício legal previsto no art. 33, § 4º, da Lei n.º 11.343/2006. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.431.091-SP, Rel. Min.
Felix Fischer, julgado em 14/12/2016 (Info 596). #IMPORTANTE

LEI DE DROGAS. Se o réu é primário e possui bons antecedentes, o juiz pode, mesmo assim, negar
o benefício do art. 33, § 4º da LD argumentando que a quantidade de drogas encontrada com
ele foi muito elevada? O tema é polêmico. 1ª Turma do STF: encontramos precedentes afirmando
que a grande quantidade de droga pode ser utilizada como circunstância para afastar o benefício.
Nesse sentido: não é crível que o réu, surpreendido com mais de 500 kg de maconha, não esteja
integrado, de alguma forma, a organização criminosa, circunstância que justifica o afastamento
da causa de diminuição prevista no art. 33, §4º, da Lei de Drogas (HC 130981/MS, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 18/10/2016. Info 844). 2ª Turma do STF: a quantidade de drogas encontrada não
constitui, isoladamente, fundamento idôneo para negar o benefício da redução da pena previsto
no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 (RHC 138715/MS,Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
23/5/2017. Info 866). STF. 2ª Turma. RHC 138715/MS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
23/5/2017 (Info 866). Obs: o tema acima não deveria ser cobrado em uma prova objetiva, mas caso
seja perguntado, penso que a 2ª corrente é majoritária.

Se o agente financia ou custeia o tráfico, mas não pratica nenhum verbo do art. 33, responderá
apenas pelo art. 36 da Lei de Drogas.

Se o agente, além de financiar ou custear o tráfico, também pratica algum verbo do art. 33, respon-
derá apenas pelo art. 33 c/c o art. 40, VII da Lei de Drogas (não será condenado pelo art. 36) - (Info
534 - STJ)

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Segundo o STJ e o STF, para configuração do tipo de associação para o tráfico (art. 35), é necessá-
rio que haja estabilidade e permanência na associação criminosa. É atípica a conduta se não
houver ânimo associativo permanente (duradouro), mas apenas esporádico (eventual).

Tráfico de drogas x envolvimento de menor de 18 anos:

a) se o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos não está previsto nos arts. 33 a 37 da
Lei de Drogas, o réu poderá ser condenado pelo crime de corrupção de menores, além do tráfico
de drogas;

b) se a conduta estiver tipificada em um desses artigos (33 a 37), não será possível a condenação por
aquele delito, mas apenas a majoração da sua pena com base no art. 40, VI, da Lei nº 11.343/2006
(Info 595 -STJ).

Se o tráfico de drogas ocorrer nas imediações de um estabelecimento prisional (art. 40, III), inci-
dirá a causa de aumento, não importando quem seja o comprador do entorpecente. É irrelevante
se o agente infrator visa ou não aos frequentadores daquele local (Info 858).

É inadmissível a aplicação simultânea das causas de aumento da transnacionalidade (art. 40, I) e da


interestadualidade (art. 40, V) quando não ficar comprovada a intenção do importador da droga de
difundi-la em mais de um Estado-membro (Info 586 - STJ).

Para incidir a majorante do art. 40, III, é necessário que haja a efetiva comercialização da droga pelo
agente dentro do meio de transporte público.

A natureza e a quantidade da droga NÃO podem ser utilizadas para aumentar a pena-base do
réu e também para afastar o tráfico privilegiado ou para, reconhecendo-se o direito ao benefício,
conceder ao réu uma menor redução de pena, sob pena de bis in idem.

#CUIDADO: A súmula 512, STJ foi cancelada, de maneira que o crime de tráfico privilegiado
não deve ser considerado hediondo.

O crime de associação para o tráfico não é equiparado a hediondo.

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LEI DE CRIMES AMBIENTAIS

LEI DOS CRIMES AMBIENTAIS


a) prestação de serviços à comunidade;
b) interdição temporária de direitos;
PENAS RESTRITIVAS
c) suspensão parcial ou total de atividades;
DE DIREITO
d) prestação pecuniária;
e) recolhimento domiciliar.

1. multa;
2. restritivas de direitos:
2.1. suspensão parcial ou total de
atividades;
2.2. interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;
PENAS APLICADAS
2.3 proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsí-
ÀS PESSOAS
dios, subvenções ou doações;
JURÍDICAS
3. prestação de serviços à comunidade:
3.1. custeio de programas e de projetos ambientais;
3.2. execução de obras de recuperação de áreas degradadas;
3.3. manutenção de espaços públicos;
3.4. contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.

SUBSTITUIÇÃO DA Nos crimes dolosos a pena do crime deve ser inferior a 4 anos.
PPL PELA PRD: #NÃOCONFUNDA: no CP a pena deve ser de até 4 anos.
SUSPENSÃO Condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos.
CONDICIONAL DA
PENA: #NÃOCONFUNDA: no CP a pena deve ser não superior a 2 anos.

Exige a prévia composição do dano ambiental atestada pelo laudo compe-


TRANSAÇÃO PENAL:
tente.

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Admite-se em sede de crimes ambientais, desde que a pena mínima comi-


nada seja igual ou inferior a 1 ano.
Ademais, a lei ambiental exige o laudo de constatação da reparação do dano
para fins de extinção da punibilidade após o período de prova.
Condições para o Suspensão do Processo:
SUSPENSÃO
1. Reparação do dano ambiental;
CONDICIONAL DO
PROCESSO: 2. Caso não tenha havido a reparação integral é possível prorrogação [4
anos + 1 ano];
3. Após os 5 anos, se não houver reparação, poderá ser prorrogado por mais
5 anos;
4. Esgotado o prazo máximo à declaração de extinção, faz‐se um novo laudo
de avaliação.

A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de


LIQUIDAÇÃO permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decreta-
FORÇADA: da sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do
crime e, como tal, perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.

Ao aplicar a pena, além de obedecer aos critérios da parte geral, no crime


FIXAÇÃO DA PENA ambiental, deve atentar-se aos seguintes elementos: Gravidade do Crime;
Antecedentes Ambientais do réu; Situação econômica do réu.

Nos crimes contra a fauna:


Não é crime o abate de animal, quando realizado:
- em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família
(trata-se da caça/pesca famélica).
EXCLUDENTES DE
ILICITUDE - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destrui-
dora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autori-
dade competente;
- por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão compe-
tente.

#DEOLHONAJURIS

O delito previsto na primeira parte do art. 54 da Lei nº 9.605/98 possui natureza formal, sendo
suficiente a potencialidade de dano à saúde humana para configuração da conduta delitiva, não se
exigindo, portanto, a realização de perícia. Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis
tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade
de animais ou a destruição significativa da flora. Pena — reclusão, de um a quatro anos, e multa. STJ.

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3ª Seção. EREsp 1417279-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 11/04/2018 (Info 624).

É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente


da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. A jurisprudência não
mais adota a chamada teoria da “dupla imputação”.

A pessoa jurídica, mesmo podendo ser sujeito passivo de crimes ambientais, não pode ser paciente
de habeas corpus. Pode até ser impetrante, mas nunca paciente, o que não a afasta a possibilidade
de ser beneficiada indiretamente por um HC trancativo.

É possível aplicação do princípio da insignificância nos crimes ambientais.

REGRA: COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL

EXCEÇÕES

Obs.: Crimes cometidos nas áreas do artigo 225, §4º da CF seguem a regra geral de competência.
Ou seja, somente serão (rio interestadual, por ex.) da competência da justiça federal se houver inte-
resse específico e direto da União. Atenção! Patrimônio nacional é sinônimo de patrimônio da nação
brasileira e não patrimônio da União.

Tráfico internacional de animais é de competência da justiça federal. Exportar peles e couros de


anfíbios e répteis também.

Se o animal estiver na lista do IBAMA dos animais ameaçados de extinção, a competência será da
justiça federal.

Crime de liberação de OGM (organismo geneticamente modificado – Ex.: Soja transgênica) no meio
ambiente será julgado pela justiça federal, já que os efeitos do crime extrapolam as fronteiras do
estado onde está o OGM.

Unidade de conservação por órgão federal.

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CRIMINOLOGIA9

Tudo bem meus Delegados e Delegadas do Espírito Santo!

Vamos ao NFPSS – Não Faça a Prova Sem Saber de Criminologia. Abordaremos os principais
pontos do nosso edital, procurando, de forma didática, sanar eventuais dúvidas e fixar os pontos que
merecem atenção, para que na hora da prova possamos marcar todas as questões com confiança e
certeza de que vamos fechar a matéria, garantindo pontos rumo à aprovação.

Vem comigo!

CONCEITO – MÉTODOS: EMPIRISMO E INTERDISCIPLINARIDADE

A palavra Criminologia tem sua etimologicamente do latim crimino, que significa crime, e do grego
logos, que consiste em estudo, significando, portanto, o estudo do crime. O termo Criminologia foi utiliza-
do pela primeira vez em 1883 por Paul Topinard, sendo que foi Raffaele Garófalo, em seu livro Criminolo-
gia, lançado em 1885, quem deu notoriedade ao termo.

Para Antonio García-Pablos de Molina, a Criminologia é a ciência empírica e interdisciplinar que tem
por objeto o crime, o delinquente, a vítima e o controle social do comportamento delitivo; e que aporta uma
informação válida, contrastada e confiável, sobre a gênese, dinâmica e variáveis do crime – contemplando
este como fenômeno individual e como problema social, comunitário - assim como sua prevenção eficaz,
as formas de estratégias de reação ao mesmo e as técnicas de intervenção positiva no infrator.

CONCEITO TRADICIONAL CONCEITO MODERNO


Incorpora o estudo da vítima e do
OBJETO Estudo do crime e do delinquente
controle social

ORIENTAÇÃO Orientação repressiva Orientação “prevencionista”

- Intervenção no cenário do crime


INTERVENÇÃO Tratamento do criminoso - Delito nasce na comunidade e deve
ser enfrentado no âmbito da comu-
nidade

Análise dos modelos de reação ao


Análise etiológica: estuda as causas/ delito (processos de criminalização),
PARADIGMA
raízes da criminalidade sem renunciar à análise etiológica do
crime.

9 Por Tiago Pozza.

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A Criminologia é uma ciência do ser, empírica, na medida em que seu objeto (crime, criminoso,
vítima e controle social) é visível no mundo real e não no mundo dos valores, como ocorre com o direito,
que é uma ciência do dever-ser, portanto, normativa e valorativa.

CIÊNCIA DO “SER”
CRIMINOLOGIA
(empírica)
CIÊNCIA DO “DEVER SER”
DIREITO
(caráter normativo e valorativo)

Com o advento da fase científica da Criminologia, esta passou a utilizar o método empírico ou
experimental e indutivo, cunhado pela Escola Positiva, para estudar seu objeto (crime, criminoso, vítima
e controle social), partindo da análise de fatos, do mundo do ser, para a regra, com base no método
biológico e sociológico.

A interdisciplinaridade da Criminologia decorre de sua própria consolidação histórica como ciên-


cia dotada de autonomia, à vista da influência profunda de diversas outras ciências, tais como a sociolo-
gia, a psicologia, o direito, a medicina legal etc.

OBJETOS DA CRIMINOLOGIA

Durante sua evolução histórica, a Criminologia passou por importantes mudanças em seu objeto
de estudo. A Escola Clássica, através dos pensamentos de Beccaria, se preocupava apenas com o estudo
crime, enquanto a Escola Positiva, capitaneada por Lombroso, se valia do estudo do delinquente. Em
meados do século XX a vítima passou a ter maior destaque, assim como os mecanismos de controle
social, assumindo um caráter interacionista e pluridimensional.

Hodiernamente, o objeto da Criminologia se divide no estudo do delito, do delinquente, da víti-

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ma e do controle social, sendo que tais pontos merecem atenção, pois são rotineiramente cobrados em
questões de concursos públicos.

Delito  Em relação ao delito, a Criminologia tem toda uma atividade de análise, que verifica a
conduta antissocial, suas causas, o tratamento dado ao delinquente, visando sua reinserção na sociedade
e coibindo sua reincidência, bem como as falhas dos processos preventivos.

A Criminologia moderna deixou de aceitar o dogma de que nossa sociedade é consensual, afirman-
do ser uma sociedade conflitiva. Não se limita ao conceito jurídico-penal de delito, sob pena de perder
sua autonomia e funcionar como instrumento de auxílio do direito penal. Da mesma forma, rompe com o
conceito sociológico de que o crime seria uma mera conduta desviada que foge aos padrões. Portanto, o
delito é um fenômeno social e comunitário, que exige o estudo de suas múltiplas formas e enfoques para
a análise do fenômeno criminal.

#OLHAOGANCHO: Justiça Restaurativa – É uma nova perspectiva, oposta à ideia de Justiça


Retributiva (retribuir o mal com outro mal), fundada basicamente na restauração do mal provocado
pela infração penal. Busca o restabelecimento do status quo ante dos protagonistas do conflito
criminal, com a composição de interesses entre as partes envolvidas e reparação do dano sofrido
pela vítima, por meio de acordo, consenso, transação, conciliação, mediação ou negociação, propi-
ciando a restauração do controle social abalado pela prática do delito, a assistência ao ofendido e a
recuperação do delinquente.

Delinquente  Passou a ter destaque com o surgimento da Escola Positiva e o desenvolvimen-


to das ciências sociais, como a Antropologia e a Sociologia, que entendiam que o criminoso era um ser
atávico, preso a sua deformação patológica.

Os clássicos entendiam o autor do fato, dotado de livre arbítrio, era visto como um pecador que
teria optado pelo mal quando poderia ter direcionado sua conduta para o bem.

Segundo os correcionalistas, o criminoso era um ser inferior e incapaz de governar a si próprio,


merecendo atitude pedagógica e de piedade por parte do Estado. De acordo com os marxistas, o crimi-
noso é uma vítima inocente das estruturas econômicas impostas pelo capitalismo.

A Criminologia moderna trata o delinquente como um ser histórico, real, complexo e enigmático,
um ser normal que pode estar sujeito às influências do meio e não aos determinismos.

Vítima  Inicialmente deixada de lado no estuda da Criminologia, que a considerava como algo
insignificante na existência do delito, passou por 03 (três) grandes momentos nos estudos penais. A idade
de ouro, que compreende os primórdios da civilização até o fim da Alta Idade Média, onde a vítima

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possuía papel de destaque, traduzido pela Lei de Talião. O período de neutralização, que surgiu com
a Santa Inquisição, passando a vítima a perder importância frente ao Poder Público e ao monopólio da
jurisdição. Por fim, a revaloração da vítima, que ganhou destaque no Processo Penal com os pensamen-
tos da Escola Clássica, sendo objeto de leis como no caso dos Juizados Especiais Criminais, que conferiu
grande destaque processual à vítima.

Vitimização Primária Prejuízo oriundo diretamente do delito.

Vitimização Secundária, Sofrimentos adicionais advindos do sistema de justiça crimi-


Revitimização ou nal (processo e investigação), decorrentes do tratamento dado
Sobrevitimização pelas instâncias formais de controle social.

Humilhação e abandono pelo Estado e pelo próprio grupo


social.
Vitimização Terciária Vitimização indireta – Sofrimento suportado por pessoas rela-
cionadas intimamente à vítima do delito, que, embora não direta-
mente lesionadas pela conduta criminosa, partilham de seu sofri-
mento.

Controle Social  Formado por um conjunto de mecanismos e sanções sociais que submetem os
indivíduos às normas de convivência social. Há dois sistemas de controles que coexistem, o primeiro
deles, dito informal, está relacionado com a família, religião, escola, profissão, clubes e outros, enquanto
o segundo, chamado de formal, é representado pela Polícia, Ministério Público, Forças Armadas e demais
órgãos públicos, com caráter nitidamente mais rigoroso e com conotação político-criminal.

CONTROLE SOCIAL INFORMAL CONTROLE SOCIAL FORMAL


Família, escola, religião, clubes recreati- Polícia, Ministério Público, Poder Judi-
AGENTES
vos, opinião pública etc. ciário, administração penitenciária.

Disciplina o indivíduo por meio de um


largo e sutil processo de socialização, Entra em funcionamento quando as
MOMENTO
interiorizando ininterruptamente no instâncias informais de controle falham.
indivíduo as pautas e conduta.

Distintas estratégias (prevenção, repres- Atua de modo coercitivo (violento) e


são, ressocialização etc.) e diferentes impõe sanções mais estigmatizantes,
ESTRATÉGIAS modalidades de sanções (positivas, que atribuem ao infrator da norma um
como recompensas, e negativas, como singular status (de desviado, perigoso
punições). ou delinquente).

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A eficaz prevenção do crime não


Costuma ser mais efetivo, porque é depende tanto da maior efetividade do
ininterrupto e onipresente, o que ajuda controle social formal, senão da melhor
a explicar os níveis mais baixos de crimi- integração do controle social formal e
nalidade nas pequenas cidades do inte- informal.
EFETIVIDADE rior, onde é mais forte. O controle razoável e eficaz da crimi-
O atual enfraquecimento dos laços nalidade não pode depender exclusiva-
familiares e comunitários explica em mente da efetividade das instâncias do
boa medida a escassa confiança depo- controle social, pois a intervenção do
sitada na sua efetividade sistema legal não incide nas raízes do
delito.

FUNÇÕES DA CRIMINOLOGIA –
RELAÇÃO COM A POLÍTICA CRIMINAL E O DIREITO PENAL

A função da Criminologia, como ciência interdisciplinar e empírica, é submeter o crime a uma


análise rígida, eliminando contradições e complementando lacunas. Assim, suas principais funções são:
explicar e prevenir o crime, intervir na pessoa do infrator e avaliar os diferentes modelos de resposta ao
crime.

Ademais, também se considera função da Criminologia desenhar um diagnóstico qualificado


e conjuntural sobre o delito, de modo a permitir a compreensão científica do problema criminal,
visando a sua prevenção e interferência no homem delinquente.

Direito Penal Criminologia Política Criminal

Analisa os fatos humanos inde-


sejados, define quais devem Ciência empírica que estuda o Trabalha estratégias e meios de
ser rotulados como crime ou crime, a vítima e o comporta- controle social da criminalida-
contravenção, anunciando as mento da sociedade. de.
penas.

Ocupa-se do crime enquanto Ocupa-se do crime enquanto Ocupa-se do crime enquanto


norma. fato. valor.

A Política Criminal é a disciplina que oferece aos poderes públicos as opções científicas concre-
tas mais adequadas para o eficaz controle do crime.

Assim, a CRIMINOLOGIA tem a função de reunir um núcleo de conhecimentos verificados


empiricamente sobre o problema criminal (momento explicativo) e a POLÍTICA CRIMINAL transforma

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essa base empírica em opções, alternativas e programas científicos, a partir de uma ótica valorativa
(momento decisivo). O DIREITO PENAL, por sua vez, analisa os fatos humanos indesejados, rotulando
crimes e cominando penas.

MODELOS TEÓRICOS DA CRIMINOLOGIA

Os Modelos Teóricos da Criminologia podem ser classificados como Criminologia Clássica e Neoclás-
sica, Positivista e Moderna. Vamos analisar os pontos principais de cada um deles, buscando uma melhor
compreensão da matéria.

A Criminologia Clássica parte das ideias consagradas pelo Iluminismo, adotando as teorias do
Jusnaturalismo de Grócio e do Contratualismo de Rousseau, tendo como principais fundamentos que o
crime é um ente jurídico, não o considerando uma ação, mas sim uma infração; a punibilidade deve ser
baseada no livre-arbítrio; a pena deve ter nítido caráter de retribuição pela culpa moral do criminoso,
de modo a prevenir o crime com celeridade e severidade, restaurando a ordem social; utiliza o método
lógico-dedutivo.

A Criminologia Neoclássica parte das ideias da Criminologia Clássica, destacando-se a teoria


da Escolha Racional de Clark e Cornish e a Teoria das Atividades Rotineiras de L. E. Cohen e Felson. A
primeira, partindo do pressuposto de que o homem é um ser racional, entende essa racionalidade como
relativa, pois algumas variáveis fazem com que seja feita uma análise subjetiva do autor do delito, em
certo momento e contexto. Já a segunda, também chamada de Teoria da Oportunidade, analisa o delito
sob um aspecto situacional, analisando o contexto atual da situação para entender os motivos que levam
à delinquência.

A Criminologia Positivista rompe com os dogmas dos Clássicos, abandonando seus estudos,
centralizando suas pesquisas no delinquente. O positivismo nega com veemência o livre arbítrio como
fundamento da responsabilidade, por ser o homem determinado em suas ações por causas endógenas e
por causas exógenas derivadas de fatores físicos, econômicos e sociais, servindo-se do método indutivo
ou experimental no estudo do crime. Para os positivistas, o criminoso era um ser atávico, fruto da regres-
são a estados primitivos da humanidade, sendo este o núcleo da construção da ideia do criminoso nato,
que seria uma variedade humana que se distinguia entre si por uma rica gama de anomalias ou estigmas
de origem atávica ou degenerativa.

Por fim, na Criminologia Moderna, o estudo do homem delinquente migrou para um segundo
plano, como consequência de mudanças sociais e da necessária superação dos enfoques individualistas
em atenção aos objetivos político-criminais, deslocando-se prioritariamente à conduta delitiva, à vítima e
ao controle social. O delinquente é examinado, em suas interdependências sociais, como unidade biop-

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sicossocial e não de uma perspectiva biopsicopatológica como em obras orientadas pelo espírito indivi-
dualista e correcionalista da criminologia tradicional.

TEORIAS SOCIOLÓGICAS

As teorias criminológicas são concebidas dentro de uma perspectiva macrocriminológica, ou seja,


não examina a interação entre indivíduos e pequenos grupos. Faz uma abordagem da sociedade como
um todo, mediante o estudo do fenômeno delituoso, obtendo diferentes respostas explicativas da crimi-
nalidade.

As duas principais divisões da macrossociologia que influenciam o pensamento criminológico são


as teorias do consenso ou da integração, de caráter funcionalista, e as teorias do conflito, com caráter
mais argumentativo, dividindo visões conflitivas da sociedade.

Nos dizeres de Shecaira, qualquer que seja a visão adotada para a análise criminológica, a sociedade
é como a cabeça de Janus, e suas duas faces são aspectos equivalentes da mesma realidade (SHECAIRA,
Sérgio S. Criminologia. P. 131).

Segundo a Teoria do Consenso, a finalidade da sociedade é atingida quando há um perfeito


funcionamento das suas instituições de forma que os indivíduos compartilham os objetivos comuns a
todos os cidadãos, aceitando as regras vigentes e compartilhando regras sociais dominantes. A ordem
é baseada em um consenso geral em torno de valores, derivando destes o estabelecimento da força.
As principais Teorias do Consenso são a Escola de Chicago, a Teoria da Associação Diferencial, Teoria da
Anomia e a Teoria da Subcultura Delinquente.

Já as Teorias do Conflito pregam que a coesão e a ordem da sociedade são fundadas na força e
na coerção, na dominação de alguns e sujeição de outros, ignorando a existência de acordos de valores
que dão origem e estabelecem a força. A coerção imposta que traz coesão às organizações sociais. A
Teoria do Lebelling Approach ou Etiquetamento e a Teoria Crítica são as teorias com maior repercussão
dentro do conflito.

ESCOLA DE CHICAGO

A Escola de Chicago possui base sociológica inserida no que se chama de Teorias do Consenso. Isso
significa que, para a teoria, a finalidade da sociedade é atingida quando há um perfeito funcionamento
das suas instituições de forma que os indivíduos compartilham os objetivos comuns a todos os cidadãos,
aceitando as regras vigentes e compartilhando regras sociais dominantes. A ordem é baseada em um
consenso geral em torno de valores, derivando destes o estabelecimento da força.

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A escola de Chicago também é chamada de escola ecológica, por tratar a criminalidade com base
na análise das relações dos indivíduos com o meio em que vivem. Os Estudos foram feitos na cidade
de Chicago, onde se buscou observar a disposição geográfica do aparato urbano, a fim de se verificar
padrões de maior ou menor criminalidade.

A cidade foi dividida em vários círculos concêntricos, em que seu centro era chamado de Loop. Foi
observado, que quanto mais próximas deste loop, maiores os índices de criminalidade da região. Parale-
lamente, verificou-se que quando mais longe do loop, melhores as condições financeiras da população.

A desorganização urbana de áreas próximas ao centro faz com que nesses locais sejam desenvol-
vidas atividades ilícitas. Ademais, há maior abandono do Estado com relação à iluminação, à segurança
pública e outros fatores que contribuem para a deterioração do ambiente, já que poucas pessoas vivem
nesses locais.

Somado a isso, muitas das pessoas que vivem nessas regiões de alta criminalidade são imigrantes,
que não estão integrados à sociedade. Por essa razão, tem-se uma ausência de controle social informal, já
que foram separados de seus familiares e amigos ao se mudarem para o novo local (no estudo em ques-
tão, a cidade de Chicago). Essa ausência de controle social informal contribui também para o aumento
do número de delitos.

#SELIGANATABELA:

ESCOLA DE CHICAGO OU ESCOLA ECOLÓGICA


Relação entre criminalidade e crescimento desordenado das cidades.
Divisão da cidade de Chicago em zonas, verificando-se maior criminalidade em zonas
mais próximas do centro, habitadas por imigrantes e indivíduos marginalizados pela
sociedade. Em regiões mais distantes do centro, pessoas com melhores condições
Aspectos financeiras e menor criminalidade.
Principais Ausência de controle informal (realizado pela sociedade, por meio de suas instituições,
como vizinhança, família, igreja etc.).
Propõe o aumento do controle informal, por meio de mecanismos que promovessem
maior integração da sociedade, em atividades comunitárias e recreativas. Ainda, quanto
aos imigrantes, projetos para o resgate de suas raízes culturais.

Abriu um novo campo para a criminologia, que até então se preocupava com a pessoa
do criminoso. Rompeu, portanto, com o positivismo criminológico. Até a Escola de
Pontos
Chicago, a solução proposta para o combate da criminalidade era centrada na pena.
Positivos
Aqui, por outro lado, já se verificam ideias de planejamento urbano, com políticas públi-
cas de integração dos indivíduos marginalizados à sociedade.

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Não leva em consideração a criminalidade das classes abastadas da sociedade (crimes


de colarinho branco).
Críticas
Se por um lado rompe com o positivismo, por outro traz um forte determinismo na
análise da criminalidade com base em cada uma das zonas da cidade.

TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL

Também denominada como uma Teoria do Consenso, tem como expoente Edwin Sutherland. O
autor tratou da criminalidade de colarinho branco, isto é, de crimes cometidos por pessoas das classes
mais ricas, buscando compreender o que levava esses indivíduos a praticaram delitos.

Sutherland percebeu que o delito surge com a inclusão da pessoa em uma associação diferencial,
que seria um grupo de pessoas que predispõe seus membros à violação da lei. O autor parte da premissa
de que toda conduta humana, inclusive a de praticar crimes, é aprendida. E o crime, assim como qualquer
outra conduta, é aprendido nas relações sociais em que a pessoa está inserida.

Normalmente, a pessoa aprende suas condutas em suas associações comuns com os demais
membros da sociedade e também nas associações diferenciais, em que a carga de aprendizado se dirige
à violação de normas. E quanto mais próximas e íntimas essas associações diferenciais, maior o grau de
aprendizado do comportamento criminoso.

#SELIGANATABELA:

TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL

O crime, assim como os demais comportamentos sociais, pode ser aprendido.


O aprendizado do crime se dá por meio das associações diferenciais que o indivíduo
forma com os demais membros da sociedade.
Aspectos Quanto mais íntima a associação, maior a intensidade do aprendizado.
Principais O delinquente surge quando as definições favoráveis à violação da norma superam
as desfavoráveis.
A teoria tenta explicar a criminalidade do colarinho branco, já que nesses casos ela
não podia ser justificada por meio da miséria.

Assim como a Escola de Chicago, a Teoria da Associação Diferencial rompe com


o positivismo criminológico, desconsiderando os aspectos biológicos do indivíduo
Pontos como determinantes para a prática de delitos.
Positivos
Chamou a atenção para a existência de criminalidade fora dos setores marginalizados
da sociedade.

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Não questiona a seletividade do sistema penal.


Críticas Desconsidera a autonomia dos indivíduos, que se tornariam criminosos simplesmente
em razão da convivência com determinadas pessoas. Deixa de lado muitos outros
fatores que contribuem para a criminalidade em uma postura determinista.

TEORIA DA ANOMIA

Inserida no tronco das Teorias Estruturais Funcionalistas, que se caracterizam por interpretar e
analisar o crime como fenômeno social, normal e funcional, a Teoria da Anomia tem origem no pensa-
mento de Émile Durkheim e é desenvolvida por Robert Merton, que adaptou a teoria em questão ao
modelo de vida americano da primeira metade do século XX. Durkheim desenvolve a ideia de que em
uma sociedade é necessário identificar quem cumpre cada função e como as funções de cada um se
relacionam. Para que isso funcione, deve haver uma consciência coletiva, que nada mais é do que um
conjunto de valores, regras, modos de agir, partilhados por toda a sociedade.

O crime, dentro de certos limites, era visto como algo natural, que possui sua própria função na
sociedade. Anomia não seria o crime, e sim o desmantelamento da consciência coletiva. Isto é, a popu-
lação passa a não mais agir de acordo com aqueles valores e regras dominantes, quebrando os vínculos
de solidariedade ora existentes.

A teoria tem caráter funcionalista e vê no crime até mesmo uma utilidade. A função na pena, porém,
não seria a prevenção, e sim a satisfação da consciência coletiva, reforçando aqueles valores sociais.
Merton vai além e institui as noções de metas culturais e meios institucionalizados para obtê-las. A socie-
dade de consumo impõe metas que os indivíduos, diante da ausência de oportunidades, não conseguem
atingir utilizando meios institucionalizados.

Diante desse cenário, alguns indivíduos cometem crimes, como os patrimoniais, para que consigam
alcançar as metas culturais. Merton se refere a esse tipo como não conformista inovador, por não se
conformar com a impossibilidade de atingimento dos objetivos sociais e inovar nos meios para atingi-los,
por meio do crime.

A situação de anomia, portanto, instala-se diante do esfacelamento da consciência coletiva a respei-


to dos valores predominantes no campo social. E isso se dá quando os indivíduos não se conformam com
a ausência de meios institucionais para que se atinjam os objetivos impostos pela sociedade.

#SELIGANATABELA:

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TEORIA ESTRUTURAL FUNCIONALISTA DA ANOMIA

Considera o crime algo normal.


A teoria falha ao explicar as razões para o cometimento de crimes não patrimoniais, ou
mesmo aqueles que apesar de não serem patrimoniais geram lucro com a sua prática.
A teoria não explica a criminalidade de colarinho branco, praticada por aqueles que
possuem os meios institucionais para atingir as metas culturais.
Críticas
Não há uma visão crítica da imposição de metas culturais por grupos opressores das
classes mais altas da sociedade.
Na formulação, todos os indivíduos pertencentes aos estratos sociais inferiores fatal-
mente praticariam crimes, eis que sujeitos à mesma pressão derivada da estrutura social
defeituosa.

TEORIA DA SUBCULTURA DELINQUENTE

Tem como representante Albert Cohen. A teoria, também inserida nas teorias do consenso, tem
um objeto mais restrito: as gangues urbanas. Ela não se propõe a estudar o fenômeno criminal de forma
ampla, restringindo a análise a gangues de jovens dos Estados Unidos.

A sociedade americana dos anos 50 vivia o chamado American Dream, em que determinados valo-
res eram impostos à sociedade como corretos e como aquilo que deveria ser alcançado. No entanto,
grande parte dos jovens americanos não podiam usufruir desses valores da cultura dominante, de modo
que acabavam formando as chamadas subculturas.

Esses jovens, desde cedo, internalizam a ideia de que vão fracassar na busca desses valores que se
mostram tão distantes. Com isso, acabam preferindo ser o oposto do que a sociedade espera que eles
sejam. Dessa forma, eles acabam por não buscar os valores dominantes, que só serviriam para lembra-los
de seu próprio fracasso. Criam, então, sua própria cultura dentro da cultura dominante. Exemplo disso
pode ser encontrado nas pichações em grandes cidades, que não deixam de ser uma forma de inserção
dessa subcultura em meio à cultura imposta.

Esses indivíduos buscam seus semelhantes no meio social e formam subculturas delinquentes, que
terão por referência valores com os quais todos os seus membros concordam.

#SELIGANATABELA:

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TEORIA DA SUBCULTURA DELINQUENTE

As minorias possuem subculturas que diferem e se chocam com as maiorias. Baseiam-se principal-
mente no jovem delinquente, sob o ponto de vista da rebeldia contra os valores estabelecidos pela
classe média dominante, razão pela qual passam a professar outros valores e metas, ou legitimando
práticas ilegais para alcançar as metas gerais.
Cohen se propôs a tentar explicar porque os jovens das classes mais baixas e de determinados bairros
tendem à delinquência, afirmando que por causa da estruturação das classes sociais, é muito difícil
para os membros da classe baixa terem acesso aos valores professados pelas classes dominantes.
Disso deriva um estado de frustração que culmina com a delinquência.
Não-utilitária: Não possui objetivos de ganhos.
Maldosa: Tendo em vista derivar do desprezo da sociedade da qual estão
despojados.
Características das
Negativista: Por possuir regras que, apesar de irem de encontro aos valores
Subculturas
da classe dominante, são legítimas conforme seus próprios padrões.
Delinquentes
Flexível: Não se especializa em determinado desvio.
Short-run Hedonism: Prazer imediato, sem objetivos ou metas em longo
prazo.

The College Boy: O jovem aceita as metas estabelecidas.


Stable Corner-boy Response: Aceita seu caminho de vida, mas não rompe
Modos de
com a sociedade.
Adaptação
Delinquent Response: Rejeita todos os padrões estabelecidos e segue sua
subcultura.

#DICADOCOACH: Subcultura não se confunde com contracultura. Esta tem seus valores em contra-
dição aos pregados pela sociedade tradicional, ao passo que a subcultura está inserida no contexto dos
valores dominantes, embora crie valores próprios diante da impossibilidade de atingimento dos que lhes
foram impostos.

LABELLING APPROACH

Aqui não temos uma teoria do consenso, mas sim uma teoria do conflito, que prega que a coesão
e a ordem da sociedade são fundadas na força e na coerção, na dominação de alguns e sujeição de
outros, ignorando a existência de acordos de valores que dão origem e estabelecem a força. A coerção
imposta que traz coesão às organizações sociais.

Também chamada de reação ou rotulação social ou teoria do etiquetamento. Contrapondo o fato


de que o desviante sempre foi visto como alguém que trazia em si o próprio desvio, busca mudar essa

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ideia, pois, na verdade, o desvio decorre de um rótulo que é atribuído a esses indivíduos.

Deixa-se de tentar entender as razões da prática de crimes, passando-se a refletir a respeito de


como são selecionadas as condutas a serem criminalizadas. Trata-se do grande mérito da teoria: demons-
trar que o sistema penal seleciona uma parcela população sobre a qual incidirá com mais veemência.

O rótulo funciona de duas maneiras: quando uma pessoa é rotulada, ela sofre um impacto em sua
própria identidade, passando a se comportar conforme as expectativas que os demais têm delas. O fenô-
meno está intrinsecamente relacionado à institucionalização e à prisionização. As pessoas presas ou insti-
tucionalizadas mudam muito, conforme sua personalidade vai sendo deteriorada pelo regime do local
em que estão. Ao final, esses indivíduos perdem grande parcela de sua identidade individual, passando a
adotar o rótulo que lhes foi atribuído. Deve-se ter visão crítica e perceber que o sistema, da forma como
é construído, serve apenas ao estímulo da reincidência, criando verdadeira carreira criminal.

DESVIO PRIMÁRIO DESVIO SECUNDÁRIO

O sistema punitivo acionado em razão do desvio


secundário redefine a personalidade do indiví-
duo, acabando por direcioná-lo a uma “carreira
Contrariedade da conduta do indivíduo às
criminosa”, gerando sua reincidência (ideia de
normas, o que gera a aplicação de uma pena.
“profecia autorrealizável”: a pena servirá para
consolidar o desviado em seu papel de delin-
quente).

#DICADOCOACH: A criminalização terciária significa que existem agentes estigmatizantes que


vão desde o mercado de trabalho até o próprio sistema penitenciário e rotulam o indivíduo. Nada
mais é que o etiquetamento tratado pelo Labelling Approach. Importante lembrar que a criminali-
zação primária está atrelada ao poder de criar a lei. É o ato legislativo que estabelece o programa
punitivo. Isto é, a escolha do que seria ou não crime. Na criminalização primária, a seletividade do
sistema penal já atua, atendendo aos interesses das classes dominantes. A criminalização secun-
dária, por sua vez, refere-se ao poder de aplicá-la. É a concretização do programa punitivo criado
pelo Legislativo.

CRIMINOLOGIA CRÍTICA

Aqui não temos teoria do conflito, que também é conhecida como criminologia radical, nova
criminologia ou criminologia moderna, surgiu nos anos setenta do século passado. Tem como premissa o
redimensionamento do objeto da Criminologia a partir de uma nova visão do fenômeno criminal. Neste

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novo cenário, o papel desempenhado pelas estruturas de poder é reconhecido como relevante, ingres-
sando na atmosfera de análise científica como vetor produtor da criminalidade.

Alessandro Baratta, criminólogo italiano que inspirou a Criminologia Crítica no Brasil, tenta articular
uma ideia de mínima intervenção penal, um modelo de substituição de formas de controle, sem, contu-
do, abdicar das garantias. Como ele sintetizou: superação do sistema penal tradicional em direção a um
sistema de defesa e garantia dos direitos humanos.

#DICADOCOACH – As principais críticas direcionadas à criminologia Crítica dizem respeito à


desconstrução do sistema penal sem nenhuma alternativa programática. Apesar disto, não há como
negar o mérito de advertir o criminólogo sobre a importância.

Dentro desta análise da Criminologia Crítica, em especial da ideia de mínima intervenção penal
proposta por Baratta, devemos destacar alguns pontos sobre o Direito Penal Mínimo, que nos dizeres de
Paulo Queiroz, dizer que a intervenção do Direito Penal é mínima significa dizer que o Direito Penal deve
ser a ultima ratio, limitando e orientando o poder incriminador do Estado, preconizando que a criminaliza-
ção de uma conduta somente se justifica se constituir um meio necessário para a proteção de determinado
bem jurídico. O Direito Penal somente deve atuar quando os demais ramos do Direito forem insuficientes
para proteger os bens jurídicos em conflito (QUEIROZ, Paulo. Sobre a Função do Juiz Criminal na Vigên-
cia de um Direito Penal Simbólico. IBCcrim, nº 74, 1999).

Para defender este entendimento os doutrinadores se apoiam em diversas garantias constitucionais


e princípios básicos do direito, tais como: insignificância, adequação social da conduta, interven-
ção mínima, subsidiariedade, proporcionalidade e dignidade humana, princípios corolários de
um estado democrático de direito, sendo, portanto, inegável que o Direito Penal deve se adequar a
estas garantias e princípios constitucionais, exsurgindo-se daí, a necessidade de uma política criminal que
busque restringir a aplicação do Direito Penal para quando o bem jurídico penalmente protegido sofra
efetivamente uma lesão que autorize a aplicação da medida devassadora à liberdade do cidadão.

Destarte, sob o prisma do direito penal mínimo, deve-se observar o grau de lesividade da conduta
tida como ilícita, isto é, deve-se aferir se a conduta praticada pelo agente lesou o bem jurídico penalmen-
te protegido de tal sorte a merecer a aplicação da medida de ultima ratio. Somente vislumbrando-se uma
significante lesão ao bem jurídico tutelado é que as sanções penais poderão ser aplicadas em detrimento
do infrator.

Importa destacar que a teoria do direito penal mínimo não se resume a defender a exclusão da
tipicidade nos casos em que o grau de lesividade da conduta assim recomendar, pois, essa premissa é
típica do princípio da insignificância. Mais do que isso, o direito penal mínimo representa, antes e acima
de tudo, uma política criminal em crescente evolução que proclama a necessidade de ponderações que

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torne a persecução penal mais justa, mais razoável. A título de exemplo, podemos citar a Lei 12.403/11
(denominada Lei das Medidas Cautelares) que retrata nitidamente a busca por um direito penal minima-
lista, inovando de forma significativa a seara processual penal, corroborando com a excepcionalidade da
prisão provisória, antes tão banalizada.

A teoria do direito penal mínimo ganha ainda mais força quando observamos a real condição do
sistema prisional brasileiro, um meio cruel de punir o apenado, em total dissonância com a garantia conti-
da no art. 5º, XLVII, e, da Constituição Federal (proibição de penas cruéis). Assim, antes de submeter um
cidadão a medida tão degradante, há que se avaliar - com extrema prudência - a real necessidade de tal
censura.

Ao ensejo, cumpre trazer a lição de Callegari, para quem haja vista que o Direito Penal lida com o
bem jurídico liberdade, um dos mais importantes dentre todos, nada mais lógico do que esse ramo do Direi-
to se obrigar a dispor das máximas garantias individuais. E mais, conhecendo o nosso sistema carcerário,
fica claro que só formalmente a atuação do Direito Penal restringe-se à privação da liberdade. Na prática,
a sua ação vai mais além, afetando, muitíssimas vezes, outros bens jurídicos de extrema importância, como
a vida, a integridade física e a liberdade sexual, verbi gratia; uma vez que no atual sistema prisional são
frequentes as ocorrências de homicídios, atentados violentos ao pudor, agressões e diversos outros crimes
entre os que ali convivem (CALLEGARI, André Luiz. O Princípio da Intervenção Mínima no Direito Penal.
IBCcrim, n°. 70, 1998, p. 47).

#DICADOCOACH – Importante frisar que o Direito Penal Mínimo não busca a abolição do Direito
Penal, mas sim a indevida inflação deste, defendo a criação de crimes que efetivamente coloquem
em risco o bem jurídico que merece proteção. Assim, vale ressaltar que seus extremos opostos são
as teorias do Direito Penal Máximo e do Abolicionismo Penal.

PREVENÇÃO DA INFRAÇÃO PENAL NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

Prevenção do delito no Estado Democrático de Direito é o conjunto de ações que visam coibir a
ocorrência de delitos. São divididas em medidas diretas e indiretas.

As medidas diretas estão relacionadas com o iter criminis, sendo implementadas através da repres-
são aos crimes mais graves, implementação de programas de tolerância zero, atuação da polícia ostensi-
va na comunidade, que nos pequenos crimes, adotam medidas administrativas em substituição ao direito
penal, aparelhamento e treinamento das polícias judiciárias, buscando a prevenção e a repressão de
todos os seguimentos da criminalidade, além da elevação de valores morais, através do culto à família,
religião e costumes.

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Já as medidas indiretas visam a causa dos delitos, sem atingi-los de imediato, focando dois cami-
nhos, quais sejam: o indivíduo e o meio em que este está inserido. Quanto ao indivíduo, as ações devem
considerar seu aspecto pessoal, levando em conta seu caráter e temperamento, moldando e motivando
sua conduta. Por fim, em relação ao meio social, este deve ser analisado sob uma ampla perspecti-
va, visando a redução da criminalidade, conjugando ações sociais, políticas e econômicas, que trazem
melhora na qualidade de vida da comunidade.

Ainda sobre a prevenção da Infração Penal no Estado Democrático de Direito, há que se ressaltar a
existência da Prevenção Primária, Secundária e Terciária, sendo que adotaremos os conceitos fornecidos
por Antonio García-Pablos de Molina, referência no saber criminológico.

A Prevenção Primária ou programas de prevenção primária se orientam para as mesmas causas,


para a origem do conflito criminal, neutralizando-o antes que se manifeste. Tratam de criar pressupostos
necessários ou de resolver as situações criminógenas de maior carência, procurando uma socialização de
acordo com os objetivos sociais. Nesse sentido, educação, trabalho, socialização, qualidade de vida,
bem-estar social, são pilares para que os cidadãos possam melhorar seu comportamento, resolvendo
conflitos sem o uso da violência.

Já a Prevenção Secundária, atua nos locais onde os índices de criminalidade são mais avançados.
É uma atuação mais concentrada e objetiva, com foco em áreas de maior violência, como comunidades
carentes dominadas pelo tráfico. Outra vez adotamos os ensinamentos de Antonio García-Pablos de
Molina, segundo quem os programas de prevenção secundária atuam mais tarde em termos etiológi-
cos e não quando ou onde o conflito criminal se produz ou é gerado, mas quando e onde o mesmo se
manifesta, quando e onde se exterioriza. Opera a curto e médio prazo, se orientando de forma seletiva
a setores específicos da sociedade.

Esta prevenção se manifesta através da política legislativa penal e da ação policial, visando uma
prevenção geral. Programas de prevenção policial, de controle dos meios arquitetônicos como instru-
mento de autoproteção, desenvolvidos em bairros localizados em terrenos mais baixos, são exemplos
dessa modalidade de prevenção.

Por fim, a Prevenção Terciária tem um único destinatário: a população carcerária, buscando
evitar a reincidência. É caracteriza por programas que atuam tardiamente no problema criminal, sendo na
maioria das vezes ineficazes, pois enfrentam um conjunto de regras informais existentes dentro das peni-
tenciárias, tanto por parte da população carcerária, quanto pela administração, que geram um estado
permanente de angústia e sofrimento, que ataca e imputa sofrimento ao condenado. Através de punições
formais e informais, ataques, violações morais e físicas, esse conjunto de regras busca despersonalizar o
indivíduo no cárcere, transformando-o em um objeto. Essas regras comprovam que o sistema prisional é
um mal necessário, porém, cruel.

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PROGRAMAS DE PREVENÇÃO
PRIMÁRIA SECUNDÁRIA TERCIÁRIA
Estratégias de preven-
ção de natureza mais
CARACTERÍSTICA Combate as causas, a situacional que etiológi- Prevenção especial do
raiz do crime – preven- ca (não combate a raiz delito (ressocialização
PRINCIPAL ção etiológica. do crime, mas o impe- do criminoso).
de de se manifestar em
determinadas situações).

Não atua quando nem A mais distante das


onde a vontade de prati- raízes do crime.
Atua antes de o crime
MOMENTO car um crime se produz,
ser gerado. Opera no âmbito peni-
senão quando e onde se
manifesta ou exterioriza. tenciário.

Se orienta seletivamente
aos grupos que osten-
O recluso (população
DESTINATÁRIO Todos os cidadãos. tam maior risco de sofrer
encarcerada).
ou protagonizar um
crime.

Política legislativa penal,


Política cultural, econô- ação policial.
mica e social (educa- Instrumentos não penais
ção e socialização, casa, que alteram o cenário
trabalho, bem-estar criminal modificando Programas reabilitado-
INSTRUMENTOS social, qualidade de alguns dos elementos res, ressocializações e de
UTILIZADOS vida). do mesmo (espaço físi- inclusão.
Intervenção comunitá- co, desenho arquitetôni-
ria, e não mera dissua- co, urbanístico, atitudes
são penal (intimidação). de vítimas, efetividade
policial).

Efeito dissuasório indireto.


FIM Neutralizar as causas da Pretende-se colocar
obstáculos de todo tipo Evitar a reincidência.
PERSEGUIDO criminalidade.
ao criminoso no proces-
so de execução do plano

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criminal, mediante uma


intervenção seletiva no
cenário do crime que
encarece os custos deste
para o criminoso (incre-
mento do risco, diminui-
ção dos benefícios).

MODELOS DE REAÇÃO AO CRIME

Os Modelos de Reação ao Delito podem ser divididos em modelo clássico ou dissuasório, resso-
cializador e restaurador ou da justiça restaurativa.

O Modelo Clássico se polariza em torno da pena e do rigor e severidade da aplicação desta, com
o fim preventivo e de mecanismo intimidatório. Para esse modelo, a pena apresenta finalidade exclusiva-
mente retributiva, devendo ser proporcional ao dano causado e ostentar caráter intimidatório, para
a reprovação com a retribuição do mal causado e a prevenção de futuros delitos. Não há, portanto, preo-
cupação com a ressocialização do condenado ou a reparação dos danos causados pela infração penal.
Tem como protagonistas o Estado e o delinquente, assumindo a vítima e a sociedade posição secundária.

#OLHAOGANCHO – Existe ainda um viés Neoclássico que trabalha a efetividade do impacto


dissuasório ou contramotivador, analisando o sistema legal pela ótica do infrator, deixando a severi-
dade abstrata das penas, característica do Modelo Clássico, para segundo plano.

Com relação ao Modelo Ressocializador, atribui-se à pena a finalidade (utilitária ou relativa) de


ressocialização do infrator, também chamada de prevenção especial positiva. Segundo esse modelo,
acredita-se que o Direito penal poderia de forma eficaz, intervir na pessoa do delinquente, sobretudo
quando ele estivesse preso, para melhorá-lo e reintegrá-lo à sociedade.

Assim, considerado humanista, o modelo ressocializador defende que a pena, com caráter utilitário,
apresenta finalidade de prevenção especial positiva, destinando-se à reinserção social mediante uma
intervenção positiva na pessoa do condenado, não se restringindo à noção de castigo, ou seja, de retri-
buição ao mal causado.

Ataca a raiz do conflito (educação, emprego, moradia, segurança), despontando a inelutável neces-
sidade de o Estado, de forma célere, implantar os direitos sociais progressiva e universalmente, atribuin-
do a fatores exógenos a etiologia delitiva; a prevenção primária liga-se à garantia de educação, saúde,
trabalho, segurança e qualidade de vida do povo, instrumentos preventivos de médio e longo prazo.

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Por fim, a Justiça Restaurativa pode ser conceituada como uma resposta ao crime diferente da
resposta da justiça criminal. Atua de forma objetiva quando busca solucionar o problema do crime consi-
derando suas causas e consequências, e de forma subjetiva quando incluiu pessoas direta e indiretamente
afetadas pelo crime, na solução dos problemas. As vítimas, em especial, têm um papel de maior relevân-
cia e proteção, sendo que ao infrator é oportunizado a reparação dos danos por ele causados.

Busca o restabelecimento do status quo ante dos protagonistas do conflito criminal, com a
composição de interesses entre as partes envolvidas e reparação do dano sofrido pela vítima, por
meio de acordo, consenso, transação, conciliação, mediação ou negociação, propiciando a restauração
do controle social abalado pela prática do delito, a assistência ao ofendido e a recuperação do delinquen-
te. No Brasil, um exemplo clássico da Justiça restaurativa, são os Juizados Especiais.

Segundo Natacha Alves, por conceber o crime como um conflito interpessoal, a solução do conflito
deve advir das próprias partes nele envolvidas, de forma flexível e informal, por meios alternativos ao
castigo, majorando a possibilidade de pacificação social do problema e reduzindo os efeitos deletérios e
estigmas oriundos da tradicional persecução penal.

Assim, a atuação das partes no processo restaurativo deve compreender a exposição dos fatos
e sentimentos da vítima e a assunção da culpa pelo ofensor, de forma voluntária e confidencial, pelo
processo de compreensão do mal praticado, garantindo-se a assistência jurídica necessária.

CRIMINOLOGIA CULTURAL

Considerando o ineditismo do tema e a profundidade de estudos a respeito, vamos trazer para


vocês dois artigos como referencial teórico. O primeiro, sobre criminologia cultural, publicado por Arcênio
Francisco Cuco10 e o segundo, que trata a criminologia ambiental, do português Rafael Vinha Valente11.

Segundo Jock Young, citado por Arcênio Cuco, “a Criminologia Cultural revela quase exatamente o
oposto da vida do crime mundano, enfatizando a natureza sensual do crime, o ímpeto de adrenalina de se
correr riscos – a voluntária assunção de risco ilícito e a dialética do medo e prazer. Quer dizer, regras são
transgredidas porque elas estão postas, o risco é um desafio e não um dissuasivo e o firme crescimento no
controle, a assustadora criminalização da vida cotidiana, provoca transgressão ao invés de conformidade.”

10 CUCO, Arcênio Francisco. Introdução à criminologia cultural: novo olhar sobre o velho objeto. Retirado de <http://ebooks.
pucrs.br/edipucrs/anais/cienciascriminais/IV/53.pdf>

11 VALENTE, Rafael Vinha. (Re)contextualizando o Homicídio: A Perspetiva da Criminologia Ambiental. Retirado de <https://
bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/4953/1/PG%20RVV%2027476.pdf>

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Em texto publicado por Raphael Schimidt, Otávio Corrêa e Bruna Rivera12, os autores delimitam o
estudo da criminologia cultural da seguinte forma:

“A Criminologia Cultural, traz a necessidade de entender as representações simbólicas, imagens e


significados do crime, das subculturas em relação aos produtos culturais dominantes na sociedade. O
estudo desta criminologia, destaca Álvaro Oxley (2002, p. 185), “se vale de ferramentas não somente liga-
das ao âmbito jurídico, mas também para com áreas relacionadas aos estudos diversos como a filosofia,
a sociologia, a geografia humana e cultural, além de estudos midiáticos”, buscando uma análise capaz de
entender e dialogar melhor com um fenômeno tão complexo, interpretativo e rico em significados como o
crime. Através de um estudo multidisciplinar, ou indisciplinar, a Criminologia Cultural busca romper com
o monólogo racional, incluindo em seu pensar categorias antes rejeitadas pelo ideal da ciência moderna
e vistas com suspeição, como sentimentos e angustias, fazendo com que, por exemplo, o tédio (FERREL,
2010), seja o elemento de análise para se compreender o crime.

O estudo midiático está ligado a esta nova criminologia, pois aquele interfere diretamente na criação
de um pensamento, deformado, sobre o crime na grande massa. Enquanto a apresentação das subculturas
à sociedade e seus significados são exteriorizados por aqueles que as vivem, a mídia distorce e criminaliza
tais subculturas e suas representações. Esta produção cultural e a alimentação de ideias em grupos sociais,
vez mais é banalizada e difundida no senso comum.”.

É essencial a reflexão sobre esta proposição que a Criminologia Cultural suscita, abordar o crime e
seu contexto com um todo e não isoladamente, olhar ao redor e perceber o quão complexo são as rela-
ções produzidas pela cultura na qual se está inserido e quanto isto interfere na criminologia.

Sobre o tema, vale citar relevante estudo realizado por Arcénio Francisco Cuco:

“A Criminologia Cultural é desenvolvida inicialmente por Jeff Ferrell e Clinton Sanders, mas também se
podem encontrar algumas referências anteriores nas escolas sociológicas e criminológicas com maior ênfa-
se para a “nova criminologia” dos anos 70, particularmente, na Escola de Estudos Culturais de Birmingham.
Ainda se pode referir aos clássicos da Sociologia, em especial aos trabalhos de Karl Marx, Émile Durkheim,
Talcott Parsons e Robert Merton e também à Antropologia Social e a Sociologia Urbana de Jonathan Raban
e Michel de Certeau como tendo desempenhado algum papel para que Jeff Ferrell sugerisse a Criminologia
Cultural como “uma matriz emergente”, preocupadas com representações, imagens e significados do crime.

Para Ferrell, a Criminologia Cultural explora as diversas formas em que a dinâmica cultural se entre-
laça com as práticas do crime e controle da criminalidade na sociedade contemporânea. É possível dizer-se,
por isso, que a Criminologia Cultural enfatiza a centralidade do significado e representação na construção

12 https://jus.com.br/artigos/41911/criminologia-cultural-novos-horizontes-de-compreensao-nas-ciencias-criminais

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do crime como um acontecimento momentâneo, esforço subcultural e questão social. Com este sentido,
a Criminologia Cultural tenta quebrar as visões da Criminologia tradicional sobre o crime e as causas do
crime para incluir imagens de comportamento ilícito e representação simbólica da aplicação da lei, constru-
ção da cultura popular do crime e da ação penal e as emoções compartilhadas que animam acontecimen-
tos criminais, percepção de ameaça criminal e os esforços públicos no controle da criminalidade. Trata-se
de um foco que permite que os criminólogos percebam o crime como uma ação humana significativa,
permitindo também, que penetrem profundamente na política impugnada de controle da criminalidade.

Hayward define Criminologia Cultural como uma abordagem teórica, metodológica e intervencionista
para o estudo do crime, que coloca a criminalidade e o seu controle no contexto da cultura, ou seja, ela vê o
crime e as agências e instituições de controle da criminalidade como produtos culturais – como construções
criativas e, como tal, deve ser entendido em termos dos significados que carregam. Para além destes aspec-
tos, Hayward afirma que a Criminologia Cultural procura destacar a interação entre dois elementos-chave:
a relação entre construções ascendentes e construções descendentes. Sendo assim, o seu foco se assenta na
geração contínua de significado em torno da interação, concretamente no concernente às regras criadas, as
regras quebradas, da interação constante de empreendedorismo, inovação moral política e transgressão.

Ferrell (1995) afirma que Sutherland e a Escola de Chicago já sabiam desde a metade do século
passado, mediante inúmeros estudos de casos realizados na altura, que subculturas criminais incorporam
muito mais do que simples proximidade de associação de pessoas. Nesse sentido, importa salientar o
trabalho realizado por Donald R. Taft (1942), Professor de Sociologia na Universidade de Illinois que fez um
importante estudo sobre a criminalidade na sociedade americana, no qual analisou o crime como produto
cultural.

Nesse estudo, o autor tenta entender o crime a partir da cultura norte-americana, afastando-se, desta
forma, da explicação do crime segundo traços de personalidade anormal ou situação social anormal, pois,
para ele, nestes dois casos, o crime é pensado como algo incomum, explicável em termos de características
pessoais ou experiências de vida um tanto diferente daqueles que produzem padrões de comportamento
aprovados.

O autor apercebeu-se de que algumas práticas criminais nos Estados Unidos eram produto da própria
cultura americana. Constatou, por exemplo, que:

• A onda crescente de índices de criminalidade praticado por negros tinha como razão (não raramente) a
prevalência de atitudes raciais as quais negavam o status social do negro;

• As falhas econômicas eram grande fonte de sentimento de inferioridade e ressentimento que levava os
indivíduos ao crime, isso como resultado da natureza competitiva do sistema econômico americano;

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• O crime estava centrado em certos tipos de áreas de inadimplência das grandes cidades, sendo essas
áreas produto do crescimento normal da indústria dessas mesmas cidades;

• O submundo do crime (criminal underworld gang) depende do considerado mundo superior (upper-
world) de padrões considerados normais e, alguns dos seus valores, refletiam os valores aprovados no
grupo social normal;

• Havia prevalência de crimes de colarinho branco e de exploração de natureza graves não definidos como
crime.

(...)

Para Taft uma cultura normal não pode produzir crime anormal e, por isso, todas as pessoas deve-
riam ser consideradas criminosas e o crime em si ser tratado como normal. Duas observações são apre-
sentadas pelo autor: a primeira é que o normal pode produzir o anormal se os valores, na cultura geral,
resultarem em diferentes experiências para uns do que para outros. Por exemplo, americanos valorizam a
competição e o individualismo. Estas questões implicam experiências diferenciais porque alguns devem ter
sucessos e outros, falhas. Sendo assim, as falhas vão ajudar a explicar o crime.

A segunda observação aponta para a originalidade de alguns tipos de crime. A originalidade de


alguns tipos de crimes tem sido exagerada e sua semelhança com a exploração não criminosa muito pouco
reconhecida. Comportamentos aproximados ao crime são muito difundidos. Por exemplo, alguns tipos e
grau de exploração dos companheiros são, presumivelmente, um padrão de comportamento da maioria
nos Estados Unidos. Por isso, não é ilógico traçar o comportamento criminal a partir da cultura geral e isso
não vai implicar que todos são criminosos ou igualmente exploradores.

O autor afirma que o crime é produto da própria cultura americana pelas seguintes razões: ela está
enraizada numa grande variedade de conflitos culturais entre comunidades onde jornais, revistas, rádios e
imagens expõem a atenção voluntária ou não a uma mistura de ideais conflitantes de padrões de compor-
tamento; personifica o materialismo e o consumismo; aumenta o individualismo declinando as relações
entre as pessoas promovendo desta forma o crime; promove uma cultura de lealdade entre grupos do
crime ou outsiders; promove a justiça privada; promove a ausência de uma atitude social; tolera a corrup-
ção; grande fé na lei e na punição como soluções para problemas sociais; não exige ou aprova a obediência
a todas as leis; dificulta a distinção do crime do não-crime.

O que se pode observar aqui é que todas estas questões que o autor elencou constituem ou corpori-
zam, hoje em dia, o debate da Criminologia Cultural, que no dizer de Hayward “tenta reorientar a crimino-
logia para as mudanças sociais e culturais contemporâneas13”, fundindo a fenomenologia das transgres-
sões contemporâneas com análises sociológicas da cultura da modernidade tardia.”

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CRIMES COMO CULTURA

“O comportamento criminal é tido, na maioria das vezes, como um comportamento subnatural.


Os criminólogos reconheceram a partir da Criminologia interacionista da Escola de Chicago e de Edwin
Sutherland, das teorias subculturais de Cohen, Cloward e Ohlin, que as ações e identidades marcadamente
criminosas, normalmente são geradas dentro dos limites de subculturas desviantes e criminais.”

Nas palavras de Arcênio Francisco Cuco, Ferrel e Sanders afirmam:

“...falar de subcultura criminal é reconhecer não apenas uma associação de pessoas, mas uma rede
de símbolos, significados e conhecimentos. Os membros de uma subcultura criminal aprendem e negociam
motivos, unidade, racionalizações e atitudes, elaboram convenções de linguagem, aparências e formas de
se identificarem entre eles. A participação de maior ou menor grau, em uma subcultura, cria uma forma
coletiva de vida. Por sua vez, estas subculturas moldam a forma como seus membros devem se entender e
se valorizar. Uma íntima participação na forma de vida coletiva demonstra e exibe, para o membro e para
os outros, os atributos pessoais que o tornam digno de pertencer e ser aceito pelo grupo e, potencialmente,
tornando-se importante.

(...)

A pesquisa de Katz, por exemplo, relacionou os atos criminosos e estética, examinando estilos e signi-
ficados simbólicos que emergem na dinâmica cotidiana de acontecimentos criminais e subcultura criminais.
Ao prestar atenção aos óculos escuros e camisetas brancas, aos estilos precisos de andar e falar e outras
formas de identidade criminal esboçou a “cultura alternativa desviante”, o “desviante coerente estético”, na
qual membros de gangues de jovens e outros integram. Nestes casos, tal como em outras formas de crime,
dentro e fora da rua, o significado da criminalidade está ancorado no estilo das práticas coletivas.

(...)

Para Ferrell e Sanders, estes ensaios demonstram que, ambas subculturas criminais e seus estilos,
crescem fora da classe, idade, sexo e desigualdades étnicas, e em volta reproduzem-se e resistem a essas
falhas sociais. Por isso, os guardiões do status quo moral, regularmente concentram seus esforços no
controle social e jurídico sobre os símbolos coesos adotados e difundidos por membros jovens – insubordi-
nados a “gostos públicos”. E enquanto isso, a criminalização deste estilo de grupo pode, na essência, cons-
tituir uma tentativa “estúpida” para acabar com os grupos dissidentes e seus atos, negando a exibição de
símbolos de adesão e a conseqüência irônica dessa criminalização, é muitas vezes a ampliação do poder
desses símbolos de estilo, e por sua vez maior compromisso entre os membros do grupo que os criaram.”

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CULTURAS COMO CRIME

“Ferrell e Sanders afirmam que da mesma forma que o crime e a criminalização operam como
empresas culturais, todos os dias empresas de culturas populares (atividades sociais organizadas em torno
da arte, música e moda) são regularmente reformuladas como crime. Em alguns casos, os produtores de
arte ou música criam controvérsia para atiçar o consumo dos seus produtos culturais; em outros casos, os
grupos de extrema-direita, fundamentalistas religiosos e outros promovem esses conflitos culturais como
parte das suas agendas teo-políticas. Estes dois aspectos entrelaçam-se num dinâmico relacionamento
irônico e simbiótico de mútua amplificação.

Nesta análise vamo-nos concentrar naqueles casos em que tais conflitos não só criam controvér-
sias, mas também reconstroem a produção cultural, distribuição e consumo criminal e criminogênico, em
particular na música, arte, campanhas de criminalização e mídia, aspectos que dominaram as reflexões
de Ferrell e Sanders. O surgimento da música punk na Grã-Bretanha durante os anos 70, por exemplo,
incorporou a controvérsia e a criminalização. A mídia Britânica condenou de forma veemente o movimento
punk, chamando-o de uma violenta ameaça à sociedade britânica. Políticos britânicos aliados a empresá-
rios moralistas juntaram-se à crítica generalizada dos mídia, classificando o movimento como uma ameaça
a ordem civil e a moralidade.

Atualmente, outra controvérsia inspirada na experiência do punk britânico, ocorreu na música popu-
lar dos Estados Unidos. Durante os princípios dos anos 90, por exemplo, o governador da Flórida pediu ao
Ministério Público para indiciar o grupo de rap negro Live Crew sob a acusação de extorsão. Porque esta
tentativa falhou, um xerife local levou a banda ao tribunal civil sob acusação de obscenidade. Enviou seus
delegados e outros agentes disfarçados em lojas de discos, e, finalmente, prendeu o produtor e proprietário
do estúdio do grupo, também sob acusação de obscenidade. E em vários outros Estados norte-americanos,
várias outras atividades foram levadas a cabo pelas autoridades com vista ao desmantelamento do movi-
mento rap.

Se o “baixo” mundo da cultura punk e rap não escapou a criminalização, o mesmo se pode dizer em
relação à “alta cultura”, em particular nos escalões da galeria de arte e museu. Em 1990, a polícia de São
Francisco e a FBI invadiu o estúdio de Jock Sturges, fotógrafo cujos trabalhos pairam no Museu Metropolita-
no de Arte, o Museu de Arte Moderna, e de outras galerias e museus aclamados. A polícia prendeu também
o sócio de Sturges, Joe Semien, a quem o interrogou por dois dias antes de sua liberação. Com base em
uma série de fotos casuais que Sturges havia tirado com amigos em uma praia de nudismo, na França, os
promotores federais acusaram os dois homens de envolvimento com pornografia infantil.

(...)

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Na verdade, o que se tenta fazer com estes modelos crimogênicos construídos sobre arte e música
como núcleo desse pânico moral24, é desviar a atenção da discussão dos grandes e problemas políticos
mais complexos como a desigualdade econômica e étnica e da alienação da população jovem e trabalha-
dores criativos de instituições de confinamento. Esta idéia de associar a arte e a música ao crime dá uma
falsa e demagógica esperança ao público em geral que a insubordinação pode ser banida sem se precisar
de reformulação das estruturas de autoridade, quando pelo contrário dá origem a ambos (por um lado, a
insubordinação e, por outro, aos empresários moralistas que desejam suprimir a insubordinação).

(...)

A conclusão a que se pode chegar é de que tanto a produção coletiva da arte e música, assim como
as respostas midiatizadas das autoridades legais e morais incorporam políticas contínuas de crime, crimina-
lização e controle do crime. Isto implica que pesquisas em arte, música e cultura devem incorporar análise
crítica das campanhas de criminalização, procedimentos legais e teorias criminológicas. Quer dizer, ao
estudarmos a cultura, temos que prestar atenção aos aspectos ligados ao crime e à criminalização.”

COLISÕES ENTRE A CULTURA E O CRIME:


CAMINHO PARA A CRIMINOLOGIA CULTURAL

Nesta parte interessa tentarmos estabelecer fronteiras entre estas três categorias, objetivando enten-
der se as manifestações nelas incorporadas são culturais ou criminais, se se tomar em consideração que
há sempre uma confusão e ambigüidade para se entender, se uma determinada manifestação é cultural
ou criminal. O exemplo elucidativo desta ambigüidade é como compreender melhor os músicos rap, punk
e outros grupos considerados outsiders? Como criminosos ou como promotores de obscenidade ou ainda
promotores de uma cultura marcam uma determinada geração? Estas ambigüidades, também são eviden-
tes quando a intenção é estabelecer fronteiras entre a cultura e o crime e mais difícil ainda quando há que
ter em consideração o poder e prestígio dos envolvidos.

Estas ambigüidades, no dizer de Ferrell e Sanders só podem ser explicadas por uma criminologia críti-
ca cultural. Pese embora estejam convencidos de que, esta criminologia, ainda irá confundir as categorias
de “cultura” e crime, para eles, o mais importante é que ela vai, ao mesmo tempo, começar a esboçar um
modelo para dar sentido a essa confusão. Existem já vários ensaios com esse sentido, alguns que se preocu-
pam em analisar as empresas da mídia, a midiatização do crime, as experiências cotidianas e a percepção
das conexões do crime com a mídia; outros que exploram estilos particulares de crime que surgem dentro
de subculturas criminalizadas e a interação desses estilos com a percepção coletiva da criminalização, do
controle social e criminal. Hoje em dia, a Criminologia Cultural também se preocupa em estudar os crimes
violentos e violência estatal, os crimes que ocorrem na guerra (por ambos os lados), no terrorismo e em sua

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resposta e no desenvolvimento e implementação de genocídios.

Em City Limits, crime, consumer culture and urban experience Keith Hayward estabelece uma conexão
entre a lógica da cultura de consumo e certas práticas de crime na cidade. Ele mostra no livro que é possível
compreender a transgressão e o crime a partir do estudo do impacto da cultura de consumo e as experiên-
cias vividas nos grandes centros, entrelaçando esse fato ao conhecimento espacial da cidade. Jeff Ferrell, na
mesma senda do Hayward, em Tédio, crime e criminologia: um convite à criminologia cultural28 observou
que nas condições desumanizadoras do modernismo, o tédio havia se tornado parte da experiência da vida
cotidiana e que o tédio coletivo produz não apenas momentos ilícitos de excitação, mas irrupção da rebelião
política e cultura.

(...)

A Criminologia Cultural explora as diversas formas em que a dinâmica cultural se entrelaça com as
práticas do crime e controle da criminalidade na sociedade contemporânea. Ao incluir imagens de compor-
tamento ilícito e representação simbólica da aplicação da lei, construção da cultura popular do crime e da
ação penal e as emoções compartilhadas que animam acontecimentos criminais, percepção de ameaça
criminal e os esforços públicos no controle da criminalidade, a criminologia cultural tenta quebrar as visões
da Criminologia tradicional sobre o crime. Ela também deixa evidente que diferentes atores sociais intera-
gem dentro das interseções ambíguas de produção simbólica, experimentando a cultura e o crime como
resultado de processos emergentes dentro da dinâmica da vida cotidiana, sendo que pesquisa dentro do
âmbito criminológico devem ser orientado tendo em conta a dualidade – cultura/crime – para examinar
as diversas formas em que a cultura e o crime, não só colidem entre si, mas como também um produz o
outro.”

CRIMINOLOGIA AMBIENTAL

A ciência criminológica se encontra, nos dias atuais, focada numa cultura de controle, onde, cada
vez mais, o ideal da reabilitação é envolto em um descrédito pessimista, onde o foco acadêmico se altera,
perdendo o interesse no estudo etiológico e preocupando-se mais com a gestão dos riscos que advém
da ação, ou potencial ação, criminosa.

Em profundo estudo sobre o tema, Rafael Vinha Valente afirma:

“Esta mudança de foco e até de paradigma, deve-se ao descrédito na reabilitação dos ofensores que
começou na década de 60 do século XX; e ao facto de existir uma necessidade cada vez maior de empre-
gar estratégias de prevenção mais simples, pragmáticas e eficazes (Newburn, 2007). É desta forma que, a
partir da década de 70 do século passado, surgiram perspetivas e teorias que alteram o foco da interven-

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ção, procurando “manipular ambientes em vez de humanos e dissuadir ofensores ao invés de os reabilitar”
(Newburn, 2007, p. 280), sendo que o âmago do estudo académico desloca-se para as dinâmicas do crime
e para a prevenção da conduta criminal (Wortley & Mazerolle, 2008).

É neste contexto histórico e epistemológico que surge a criminologia ambiental, termo que apesar de
ter sido inicialmente cunhado por Jeffery em 1971, foi desenvolvido por Brantingham e Brantingham que
procuraram dar mais ênfase ao ambiente e aos fatores a ele inerente. De acordo com Brantingham e Bran-
tingham (1981; 1991), o evento criminal comporta quatro elementos essenciais (ou dimensões), sendo eles o
ofensor, o seu alvo (vítima), a lei e o local (localizado, como já foi dito, no tempo e no espaço).

É necessário que todas estas dimensões estejam presentes para que se verifique um crime, senão
vejamos: Sem um ofensor disposto a quebrar a lei e sem um alvo que o ofensor possa atacar, não se pode
verificar um crime. Da mesma forma, se não houver uma lei que tipifique tal conduta como crime, também
não se poderá estar perante um ato ilícito. E mesmo que todas estas dimensões estejam presentes, é neces-
sário um local onde todas elas possam interagir, ou seja, é necessário que exista uma convergência espacial
e temporal dos intervenientes. Para a vítima (neste caso alvo), seria o proverbial “estar no local errado à
hora errada.”.

Assim, a criminologia ambiental procura estudar esta quarta dimensão, isto é, a dimensão espácio-
-temporal (Brantingham & Brantingham, 1991), bem como as interações entre as pessoas e o ambiente
circundante (Brantingham & Brantingham, 1998).

Wortley e Mazerolle (2008) apontam três premissas que basilam a perspectiva ambiental: (1) O
ambiente envolvente tem um papel preponderante no evento criminal, sendo que este poderá iniciar e
influenciar o comportamento (neste caso criminal) das pessoas que se encontram a interagir com deter-
minada situação. Contrariamente a perspetivas anteriores, a criminologia ambiental considera que o local
onde se dá o evento criminal pode ter características criminógenas, e não apenas os seus intervenientes
(ofensor e alvo); (2) Ao contrário do que se possa pensar, o crime não é aleatório, isto é, forma padrões
espácio-temporais. Por sua vez, estes padrões associam-se às localizações dos supra mencionados ambien-
tes com características criminógenas e aos fatores situacionais a estes inerentes que facilitam, propiciam, e
estabelecem oportunidades para que o evento criminal possa ocorrer (Brantingham & Brantingham, 1991);
(3) Por fim, fica claro que conhecer e perceber os referidos ambientes criminógenos, bem como os padrões
criminais, constitui uma vantagem imensurável na prevenção e controlo criminal, permitindo, sobretudo,
alterar as características criminogénicas dos ambientes, e dos alvos que os tornam especialmente vulnerá-
veis para os ofensores. Este é um dos pontos fortes desta perspetiva que a tornam especialmente pragmá-
tica e voltada para a prevenção.

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De facto, a criminologia ambiental preocupa-se, primordialmente, em estudar os fatores ambientais


e os padrões criminais, permitindo que sejam elaboradas predições sobre as tendências criminais, e imple-
mentadas estratégias preventivas (Wortley & Mazerolle, 2008). A criminologia ambiental moderna envere-
da pelo estudo de áreas tão diversas como a padronização espacial dos crimes, a viagem até ao local do
crime, o processo cognitivo pelo qual os ofensores escolhem potenciais oportunidades e locais, entre outros
(Burke, 2009).

No seio académico existe ainda alguma confusão no que toca ao foco de estudo da criminologia
ambiental. Por norma, tal equívoco deve-se à existência de uma escola anterior, a denominada Escola de
Chicago (ou Ecológica) que, nas décadas de 20 e 30 do século XX, procurou estudar as relações simbióti-
cas entre as diversas populações da cidade de Chicago e as suas diversas áreas. Para explicar esta relação
surgiu a famosa teoria das zonas concêntricas, ficando patente que o meio envolvente onde as pessoas
viviam dentro da cidade, condicionava a sua conduta, podendo fomentar a criminalidade ou o comporta-
mento normativo. Desta forma, almejava-se alterar a conduta humana, alterando o meio em que que as
pessoas viviam (Newburn, 2007; Burke, 2009; Bernard, Snipes & Gerould, 2010).

Embora a criminologia ambiental tenha evoluído, em parte, a partir da escola de Chicago, esta forma
uma doutrina distinta e autónoma. Como explica Rossmo (2000), a principal diferença prende-se com a já
mencionada mudança de foco, neste caso passou-se do estudo do ofensor para o estudo do ato criminal.

Por sua vez, Brantingham e Brantingham (1981) denotam três diferenças preponderantes. Primeira-
mente, os criminólogos ambientais demonstram uma maior facilidade em utilizar conhecimentos de outras
áreas científicas, não se mantendo exclusivamente focados na sua área de origem. De facto, esta área é
particularmente multidisciplinar, procurando “beber” do conhecimento de várias áreas, nomeadamente a
ecologia humana, psicologia ambiental, geografia comportamental e ciências da cognição (Rossmo, 2000;
Wortley, 2012). Outra diferença apontada pelos Brantingham, prende-se com a disposição criminal. Com
esta perspetiva a criminologia deixa de se preocupar com as causas e motivações criminais, preocupando-
-se sim, com o evento criminal e com os padrões inerentes ao mesmo, procurando, sobretudo, estabelecer
como, onde e quando este ocorre. Por último, os académicos têm colocado mais relevo na imaginação
geográfica, usando-a de forma concomitante com a, anteriormente mais em voga, imaginação sociológica.
Desta forma, consegue-se uma imagem mais abrangente e fidedigna do evento criminal, o que por sua
vez facilita o entendimento e prevenção do mesmo (Brantingham & Brantingham, 1981). Ademais, como
alertam Brantingham e Brantingham (1981), esta perspetiva não postula um determinismo ambiental,
sendo que o ofensor passa por um processo de decisão, influenciado por esse mesmo ambiente, que visa
identificar oportunidades criminais e decidir qual a melhor forma de proceder face às mesmas. Nesta linha
de pensamento, Rossmo (2000) alerta que, embora o ambiente e os seus fatores possam estruturar e faci-
litar a oportunidade criminal, é o indivíduo que escolhe praticar um crime.

(...)

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Como já foi visto, a criminologia ambiental vê o crime como a interação entre o ofensor, a vítima e o
ambiente (cf. Anexo A). Tendo isto em mente, Rossmo (2000) propôs diferentes áreas de estudo consoante
a área (ou interação de áreas) em que se pretende focar. Desta forma, quanto ao ofensor pode-se estudar
a sua tipologia; quanto à vítima a vitimologia; e quanto ao ambiente a situação, paisagem e bairro envol-
ventes. No que concerne à interação ofensor/alvo pode-se estudar a preferência por determinados tipos de
vítima, as suas especificidades, e o estilo de caça do ofensor. No que toca à interação ofensor/ambiente, o
método de transporte do ofensor, os seus mapas mentais e espaços de atividade, bem como o seu território
de caça. Quanto à interação alvo/ambiente, o background do alvo, as dinâmicas do bairro envolvente, e
o local de encontro. Por último, no que diz respeito à interação ofensor/vítima/ambiente, o crime e a cena
do mesmo.”

TEORIA DA ESCOLHA RACIONAL

“Pode-se resumir numa frase, nas palavras de Newburn (2007), o propósito desta teoria que é o
“estudo da razão pela qual determinados indivíduos decidem comportar-se de determinadas formas, em
determinadas circunstâncias” (p. 281); isto é, investigar o processo de tomada de decisão que culmina na
perpetração de uma ofensa (Beauregard & Leclerc, 2007). Apesar da sua denominação oficiosa, esta teoria
assume-se mais como uma ferramenta conceptual e heurística do que uma teoria criminológica no seu
conceito tradicional e convencional. Ao contrário de outros corpos teóricos, teoria da escolha racional preo-
cupa-se com a influência do meio ambiente e dos fatores situacionais no comportamento humano, focan-
do-se, essencialmente, no presente ao invés de se focar nas influências passadas (Cornish & Clarke, 2008).”

Segue o autor:

“(...)A principal premissa desta perspetiva é a de que o comportamento criminal resulta de uma
sequência de escolhas feitas pelo ofensor, sendo que este processo cognitivo é influenciado por fatores
psicossociais inerentes ao indivíduo que facilitam ou dispõe o seu envolvimento criminal (Cornish & Clarke,
1986a; Clarke, 1987). Este processo não se revela, de todo, estático, na medida em que a interação entre
ofensor e meio ambiente permite ao primeiro refinar e melhorar as decisões que toma e, por conseguinte,
todo o processo de tomada de decisão (Cornish, 1993). Segundo Nee e Ward (2015) a criação de esquemas
cognitivos é um dos exemplos deste dinamismo. Estes esquemas formam-se devido à repetida aprendi-
zagem e exposição a que o ofensor fica sujeito, guiando as respostas do mesmo em situações específicas,
no que pode ser entendido como uma espécie de atalho cognitivo. Ademais, a exposição a determinados
ambientes pode facilitar o desenvolvimento de esquemas cognitivos que tendam a percecionar a violência
de forma positiva.”

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TEORIA DOS PADRÕES CRIMINAIS

“Brantingham e Brantingham (1993a, p. 264; 2008) definem padrão como sendo uma “relação reco-
nhecível de interconectividade de objetos, processos e regras.”. No âmbito da criminologia ambiental, os
padrões englobam diversos eventos criminais e respetivos comportamentos criminais, sendo a preocupação
desta perspetiva identificar e analisar tais padrões. Para tal, procede ao estudo dos processos intrínsecos
ao “evento criminal, à situação, ao espaço de atividade, a eventos precipitadores e potencial de motivação”
(Rossmo, 2000). Brantingham e Brantingham (2008) alertam para o facto de os padrões nem sempre serem
óbvios e facilmente discerníveis, adiantando que por vezes é necessário analisar o contexto ambiental de
forma holística em que determinado padrão, ou padrões, se insere(m). Tais padrões são, assim, fenómenos
complexos que poderão ser entendidos através da seleção do local do crime, e de modelos de processamen-
to de informação subjetivos e idiossincráticos em relação ao ofensor (Rebocho, 2009).

Brantingham e Brantingham (1984; 1993a; 2008) vão contra a ideia de que a ocorrência criminal é
aleatória, argumentando que existem padrões observáveis quanto à sua distribuição espacial e geográ-
fica. Nas palavras de Rossmo (2000): “Por muito caótico que o crime pareça ser, existe usualmente uma
aparente estrutura subjacente à sua distribuição espacial.”. Brantingham e Brantingham (2008) argumen-
tam ainda que existem locais mais propensos à atividade criminal do que outros, assim como populações
que cometem a maior parte das ofensas, e populações que tendem a ser vitimizadas de forma reiterada.
De facto, os “crimes são padronizados; as decisões para cometer os crimes são padronizadas; e o processo
de cometer um crime é padronizado.” (Brantingham & Brantingham, 2008, p. 79).

Brantingham e Brantingham (2008) entendem o crime como sendo o resultado de uma série de ações
que tomam lugar aquando um determinado sujeito, que está pronto para cometer uma ofensa, encontra
um alvo adequado; e sempre que os benefícios esperados superem os riscos. Este último ponto é congruen-
te com a perspetiva da escolha racional anteriormente exposta; e, sendo o resultado de uma tomada de
decisão, esta pode ser consciente ou inconsciente (até mesmo mista), mas nunca completamente aleatória
(Brantingham & Brantingham, 1993a).

(...)

No entanto, este processo não é, de todo, fixo. Assim, podem existir variâncias quanto à perceção do
ofensor no que toca às oportunidades existentes para delinquir, no que diz respeito ao nível de prontidão
criminal que este possui, no que concerne à distribuição espácio-temporal e adequabilidade dos alvos, e,
por último, nas situações que propiciam a ativação do comportamento criminal (Brantingham & Bran-
tingham, 1984; 2008).”

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TEORIA DAS ATIVIDADES ROTINEIRAS

“A teoria das atividades rotineiras teve a sua génese nos finais da década de 70 do século passado,
preocupando-se em explicar as taxas da criminalidade a um nível micro e macro. Assim, a nível micro, a
teoria postula que um crime ocorre quando um ofensor motivado encontra um alvo adequado, na ausên-
cia de um guardião capaz. Esta noção será desenvolvida mais à frente e em maior pormenor. Quanto ao
nível macro, a teoria postula que a interação que toma lugar ao nível micro pode ser facilitada por fatores
intrínsecos à sociedade/comunidade onde os intervenientes se encontram (Felson 2008). Criada por Cohen
e Felson, a perspetiva pretendia, inicialmente, explicar o aumento das taxas da criminalidade no período do
pós-guerra (segunda guerra mundial), sendo que os autores explicaram esta tendência em termos de opor-
tunidades criminais, resultantes de alterações nas atividades rotineiras (locais de lazer, trabalho e educa-
ção) das pessoas. “O crime é uma atividade tangível dependente de outras atividades da vida quotidiana”
(Felson, 2002, p. 165). Desta forma, Cohen e Felson argumentaram que alterações sociais e culturais cria-
ram novas oportunidades para a prática delitiva, argumentando ainda que existiu um aumento de alvos
disponíveis e uma redução de pessoas capazes de guardarem tais alvos visto que, cada vez mais, se verifica
uma descentralização das atividades rotineiras do contexto familiar/domiciliar (Cohen & Felson, 1979).

Embora não exista uma grande quantidade de estudos referentes à sazonalidade do crime de homi-
cídio, os poucos que, de facto, foram levados a cabo, mostram resultados que se afiguram congruentes
com a premissa da tangibilidade do comportamento criminal face às atividades rotineiras. No seu estudo,
Almeida (1999) verificou que a maior parte dos homicídios se davam nos meses de verão. Assim, adiantou
a hipótese de que isto poderia estar relacionado com o facto de nesta estação em particular os dias serem
mais longos, o que por sua vez proporciona um maior convívio interpessoal, coadjuvado com um maior
consumo de álcool. Por sua vez, Mohanty e colaboradores (2005), embora tenham associado a ocorrência
de homicídios aos meses de inverno, também descobriram que estes se davam, na sua maioria, durante os
períodos da tarde/noite, e aos fins-de-semana. Já Ceccato (2005) confirmou, até certo ponto, a tendência
de ambos os estudos anteriores, associando os homicídios aos meses quentes do ano, em que as pessoas
estão, por norma, de férias, a períodos noturnos, e aos fins de semana.

No fundo, o que estes estudos transparecem, é que o homicídio, à semelhança de outros crimes, asso-
cia-se às atividades rotineiras e aos fluxos de deslocação humana. Assim, períodos noturnos, de fim-de-se-
mana, e de férias, são os que, naturalmente, deixam as pessoas mais livres, e mais propensas ao convívio
com outros indivíduos. Por conseguinte, isto proporciona uma maior exposição a oportunidades criminais,
e uma maior probabilidade de exposição à violência.

No fundo, os autores pretendiam, com a criação desta perspetiva, proporcionar uma conceção do
crime alternativa à das teorias criminológicas dominantes (Felson & Cohen, 1980 cit. in Felson, 2008), sendo
que à semelhança da corrente teórica em que se insere (criminologia ambiental), postula a importância
do evento criminal em detrimento da habitual e já tão estudada, motivação do ofensor (Newburn, 2007).”

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MEDICINA LEGAL13

Tudo bem meus Delegados e Delegadas!

Dando continuidade aos estudos de Medicina Legal, vamos ao nosso NFPSS – Não Faça a Prova
Sem Saber. De forma resumida, vamos abordar todos os temas do edital, dando atenção especial aos
temas recorrentes em provas de delegado. Assim como nos demais materiais, nossas apostas ciclos vão
abordar o que cada ponto tem de mais importante.

Vem comigo!

CONCEITOS – IMPORTÂNCIA – DIVISÕES DA MEDICINA LEGAL

A Medicina Legal, segundo os ensinamentos de Delton Croce, conceitua como sendo a ciência e
arte extrajurídica auxiliar alicerçada em um conjunto de conhecimentos médicos, paramédicos e biológi-
cos destinados a defender os direitos e os interesses dos homens e da sociedade. Ainda, de acordo com
o referido autor, a Medicina Legal serve mais ao Direito, visando defender os interesses dos homens e da
sociedade, do que à Medicina.

Outro grande nome da Medicina Legal, Genival Veloso de França, conceitua a matéria como sendo
a contribuição da medicina, da tecnologia e outras ciências afins, às questões do Direito na elaboração das
leis, na administração judiciária e na consolidação da doutrina.

Devemos atentar para as principais divisões da matéria, a saber:

Estuda o ser humano a partir de sua morfologia (forma), buscando sua


ANTROPOLOGIA
identidade e a identificação, seus métodos, processos e técnicas.

Estuda os aspectos médico-legais da morte e do morto, os fenômenos


TANATOLOGIA cadavéricos, data e diagnóstico da morte, morte súbita e agônica, inuma-
ção e exumação, embalsamento, necropsia e a causa jurídica da morte.

TRAUMATOLOGIA Trata das lesões corporais e das energias causadoras do dano.

Estuda os vestígios decorrentes dos crimes contra a liberdade sexual,


SEXOLOGIA
infanticídio, aborto, bem como os desvios sexuais e parafilias.

TOXICOLOGIA Estuda os cáusticos, envenenamentos e intoxicações por álcool ou drogas.

13 Por Tiago Pozza.

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PSIQUIATRIA Estuda os distúrbios mentais, visando diagnosticar imputabilidade e peri-


FORENSE culosidade.

Presta auxílio aos fenômenos volitivos, afetivos e mentais que podem


PSICOLOGIA
influenciar na formação, reprodução e deformação do testemunho ou
JUDICIÁRIA
confissão.

CORPO DE DELITO – PERÍCIA – PERITOS

Corpo de Delito  Enquanto o exame de corpo de delito é o registro, no Laudo Pericial, da exis-
tência e da realidade do delito, o corpo de delito é o próprio crime em sua tipicidade, é o conjunto
de vestígios materiais deixados pelo fato criminoso. O exame do corpo de delito pode ser direito,
quanto persistem os vestígios da infração, ou indireto, quando os vestígios materiais deixaram de existir
ou nem mesmo existiram.

Perícia Dentro da Medicina Legal, pode ser conceituada como todo procedimento médico, reque-
rido por autoridade policial ou judiciária, praticado por médico, visando esclarecer fatos de interessa da
justiça. É, portanto, toda sindicância praticada por médico, com o objetivo de esclarecer à justiça, fatos
específicos de natureza permanente, atendendo determinação de autoridades competentes.

Peritos  São indivíduos com conhecimento técnico em determinados assuntos, incumbidos de


esclarecer pontos de sua área de conhecimento, em inquérito policial ou processo judicial. Presta esclare-
cimentos sobre fatos, pessoas ou coisas, sendo suas considerações sobre o assunto examinado, início de
prova. Perito Médico, profissional que interessa à Medicina Legal, analisa sempre fatos, obviamente, sob
o aspecto médico.

#DICA DO COACH  Obrigatória a leitura dos artigos 158 a 184 do Código de Processo Penal,
legislação aplicável ao tema e fonte da maioria das questões que envolvem este ponto do edital!

DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS

Os Documentos médico-legais são toda a gama de documentos elaborados por peritos, oficiais ou
extraoficiais, e podem ser classificados como:

• Atestados: Consiste na declaração escrita de determinado fato médico e suas possíveis consequên-
cias. É o resultado da avaliação realizada em um paciente, o teor de sua doença.

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• Notificações Compulsórias: Notificações obrigatórias às autoridades sanitárias competentes por


razões sociais ou sanitárias, como em casos de doenças.

• Relatórios Médico-Legais (Autos e Laudos): Resultantes da atuação médico-legal, onde o perito


emite seu parecer sobre a perícia realizada e responde os quesitos formulados. Quando é ditado para
o escrivão, denomina-se Auto, sendo que se for elaborado pelo próprio médico, é denominado Laudo.

• Pareceres: De natureza subjetiva, expressa a opinião de um profissional, ainda que fundamentada.

• Depoimentos Orais: Normalmente prestados pelos peritos em face de autoridade policial ou judicial,
com o intuito de esclarecer uma questão médica específica.

IDENTIDADE – IDENTIFICAÇÃO – RECONHECIMENTO

Identidade  Conjunto de caracteres próprios e exclusivos, capazes de individualizar as pessoas,


os animais e as coisas.

Identificação  A determinação da identidade, a demarcação da individualidade.

Reconhecimento  É o ato de certificar, conhecer de novo, afirmar que é a mesma identificada


antes.

PRINCIPAIS MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO

Identidade Médico-Legal  A Identidade Médico-Legal, pode ser feita no vivo ou no cadáver,


estando este inteiro, despojado, reduzido a fragmentos ou ossos. Estuda a raça, o sexo, a estatura, a
idade, os dentes, o peso, as malformações, sinais profissionais e individuais, tais como cicatrizes, tipos
sanguíneos, tatuagens, dinâmica funcional, caracteres psíquicos e a prosopografia, que nada mais é do
que a descrição da face.

Vamos dar atenção especial ao estudo da raça e do sexo, temas com maior incidência de cobrança
nas provas de Delegado de Polícia. Em relação ao estudo das raças, incialmente devemos considerar que
não existem raças superiores ou inferiores, nem mesmo raças puras. Existem diversas classificações de
raças, mas a classificação mais aceita doutrinariamente é feita por Ottolenghi, que divide as raças em 05
(cinco) tipos étnicos fundamentais, descritos na tabela abaixo:

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Classificação das Raças de ottolenghi


(Tipos Étnicos Fundamentais)
Pele branca ou trigueira. Cabelos lisos ou crespos, louros ou castanhos. Íris azul ou
Tipo
castanha. Contorno crânio-facial ovoide ou ovoide poligonal. Perfil fácil ortognata e
Caucásico
ligeiramente prognata.

Pele amarela. Cabelos lisos. Face achatada de diante para trás. Fronte larga e baixa.
Tipo
Arcadas superciliares pouco salientes. Espaço interorbital largo. Fenda palpebral
Mongólico
pouco ampla, em amêndoa. Nariz curto, largo. Maxilares pequenos e mento saliente.

Pele negra. Cabelos crespos, em tufos. Crânio geralmente dolicocéfalo. Perfil prog-
Tipo nata; fronte alta, saliente, arqueada. Íris castanha. Nariz pequeno, de perfil côncavo e
Negroide narinas curtas e afastadas. Zigomas salientes. Prognatismo acentuado. Mento peque-
no.

Pele amarela trigueira, tendendo para o avermelhado. Estatura alta. Cabelos lisos
Tipo como crina de cavalo, pretos. Íris castanha. Crânio mesocéfalo. Supercílios espessos.
Indiano Ausência de barba e bigode. Orelhas pequenas. Nariz saliente, longo e estreito. Fron-
te vertical. Zigomas salientes e largos. Mandíbula desenvolvida.

Estatura alta. Pele trigueira. Cabelos pretos, ondulados e longos. Fronte estreita. Zigo-
Tipo
mas proeminentes. Nariz curto com narinas afastadas. Prognatismo, maxilar e alveo-
Australoide
lar. Dentes fortes. Maxilar desenvolvido. Cintura escapular larga; bacia estreita.

Determinar o sexo no vivo ou em cadáver recente e sem mutilações do aparelho reprodutor, via de
regra, não oferece grandes dificuldades. No entanto, quando nos deparamos com cadáveres em avan-
çado estado de putrefação, corpos carbonizados ou reduzidos a esqueleto, a tarefa deixa de ser simples,
exigindo conhecimentos mais técnicos.

Tanto o crânio, quanto o tórax, indicam elementos de presunção, tendo em vista que o primei-
ro, nas mulheres, tem a fronte mais vertical, a articulação frontonasal curva, saliências ósseas e apófises
mastoides e estiloides menos desenvolvidas que o crânio dos homens. Já o tórax feminino tende à forma
ovoide, mais achatado no sentido anteroposterior, enquanto no homem tende à forma conoide.

A bacia ou pelve, no entanto, é o elemento de certeza que diferencia homens e mulheres, pois
como às mulheres incumbe a maternidade, suas bacias têm constituição mais frágil, com diâmetros trans-
versais maiores. A grande e a pequena bacia mais largas, o sacro mais baixo e côncavo semente na sua
metade inferior. A inclinação da sínfise vertical é menos pronunciada na mulher. Por fim, as dimensões
verticais da bacia masculina são maiores que as referidas dimensões na bacia feminina. A figura abaixo
demonstra com clareza as diferenças:

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Identidade Policial ou Judiciária  A identidade policial é a forma de identificação de crimi-


nosos, tendo passado, na antiguidade, por processos bárbaros e cruéis, com mutilações e marcações de
infratores, sendo que com o surgimento, em 1882, do método antropológico de Bertillom, marco da base
científica da Identidade Policial, em consonância com as disposições dos direitos humanos, deixou de
lado os processos infamantes da antiguidade, adotando a referida bertilonagem e a datiloscopia, como
métodos de identificação, sendo este último, universalmente aceito e adotado pelas polícias de todos os
países.

A bertilonagem tem fundamentos na antropometria, sendo complementada pelo retrato falado, a


fotografia e as impressões digitais.

BERTILONAGEM

Considera as medidas dos diâmetros longitudinal e transversal do crânio, o


diâmetro bizigomático, o tamanho dos dedos médio e mínimo, o do antebraço e
do pé, ambos do lado esquerdo, a altura da orelha direita, a cor da íris esquerda,
Antropometria
a estatura, a envergadura e a altura do busto, tudo anotado em milímetros, além
da descrição de todos os sinais profissionais e individuais, tatuagens, deformida-
des, malformações e cicatrizes encontradas.

Resultado da descrição analítica dos caracteres antropológicos, morfológicos e


cromáticos da face, em assinalamento sucinto de frente e de perfil direito da fron-
Retrato Falado te, nariz e orelha, supercílios, cabelo, barba, bigode, rugas, tatuagens e demais
características, sempre definidas como pequeno, médio e grande. Não é meio
de prova, mas método auxiliar nas investigações.

Concebida por Bertillon, é uma fotografia comum, com redução fixa de 1/7 de
frente e de perfil direito, mantendo exata distancia focal, permitindo calcular
Fotografia
o tamanho exato do indivíduo. A comparação minuciosa dos elementos como
Sinalética
altura da fronte e aspecto da fenda palpebral, entre outros, ajudam na identifi-
cação.

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Impressões As impressões digitais, último ponto que Bertillon incluiu em sua ficha, teve cará-
Digitais ter de inferioridade em relação à antropometria.

A datiloscopia, estudo das digitais, tem como base a existência, na polpa dos dedos, de desenhos
característicos, individuais, formados pelas cristas papilares na derme. Conforme ensina Lacard, possuem
03 (três) propriedades que a valorizam: a perenidade, pois os desenhos surgem no sexto mês de gesta-
ção, conservando-se durante toda a vida e permanecendo após a morte, sendo destruídos apenas pela
putrefação; a imutabilidade, pois ainda que sofram queimaduras de 1° e 2° grau, limagem dos dedos ou
exposição a ácidos, em 48 (quarenta e oito) horas de repouso, reaparecem sem qualquer alteração; e por
fim, a variedade, ou seja, desenhos individuais, sendo que até os dias atuais, considerando as milhares
de fichas datiloscópicas, jamais foram encontradas duas impressões digitais idênticas.

#OLHAOGANCHO – Os gêmeos univitelinos podem apresentar desenhos semelhantes, mas não


idênticos. Podemos encontrar indivíduos com a mesma ficha datiloscópica, mas nunca os desenhos serão
idênticos, sendo que exame minucioso apontará as diferenças.

O Sistema Decadactilar de Vucetich, forma de individualização pelo preenchimento de uma Indi-


vidual Datiloscópica, é o método com maior aceitação e praticidade na atualidade.

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As linhas papilares das falanges se agrupam em 03 (três) sistemas: basilar, marginal ou central. Essas
linhas se dispõem em ângulos obtusos envolvendo o núcleo central das impressões digitais, formando o
delta – letra grega em forma de triangulo – base da classificação de Vucetich, sendo que a presença ou
não do delta caracteriza os 04 (quatro) tipos fundamentais, quais sejam: arco (ausência de delta), presilha
interna (delta à direita do observador), presilha externa (delta à esquerda do observador) e verticilo
(possui dois deltas, círculos concêntricos no centro da falange).

A Individual Datiloscópica se utiliza de letras maiúsculas para os polegares (A, I, E, V) e números


para os demais dedos da mão (1, 2, 3, 4), de forma que o Arco será representado por A ou 1, a Presilha
Interna por I ou 2, a Presilha Externa por E ou 3, e o verticilo por V ou 4. Se for impossível a classificação
da impressão digital, por deformações como cicatrizes e malformações, assinala-se X, na falta parcial ou
total do dedo, é assinalado 0 (zero).

A Individual Datiloscópica é composta por duas partes. A primeira parte consiste na série, dada
pela mão direita, que compreende a fundamental, correspondente ao polegar direito, e a divisão,
que corresponde aos demais dedos da mão direita. A segunda parte consiste na seção, dada pela mão
esquerda, composta pela subclassificação, correspondente ao polegar esquerdo, e a subdivisão, que
corresponde aos demais dedos da mão esquerda.

LESÕES E MORTES POR AÇÃO CONTUNDENTE – POR ARMAS BRANCAS –


POR PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO COMUNS E DE ALTA ENERGIA

Ação Contundente  Os instrumentos contundentes, que agem de forma ativa, passiva ou


mista, determinam lesões superficiais e profundas, denominadas contusão e ferida contusa. Contusão é o
derramamento de sangue nos interstícios tissulares, sem qualquer efração dos tegumentos. É lesão fecha-
da, com comprometimento do tecido celular subcutâneo, mas com integridade da pele e das mucosas. Já
a Ferida Contusa é a contusão que sofreu solução de continuidade pela ação traumática do instrumento
vulnerante. É a lesão aberta.

As feridas decorrentes de instrumentos contundentes, podem ser subdivididas em vários tipos de


contusões e feridas contusas, são elas: rubefação, escoriação, equimose, hematoma, bossas sanguínea ou
linfática, fraturas, luxações, entorses, roturas viscerais, encravamento, empalamento e explosão.

Considerando o tamanho da matéria e a riqueza de detalhes de cada ponto, não há tempo hábil
para discorrermos sobre cada ponto, no entanto, vale destacar a equimose superficial, que ao se rege-
nerar, passa por uma contínua sucessão de cores, que se inicia pelas bordas, chamada por Legrand du
Saulle, de Espectro Equimótico. Em geral, é lívida ou vermelho escuro no 1° dia, violeta ou arroxeada
entre o 2° e o 3°, azul entre o 4° e o 6°, esverdeada entre o 7° e o 10°, amarelo-esverdeada entre 0 10° e
o 12°, e, por fim, amarelada entre o 12° e o 17° ou mais, conforme tabela abaixo:

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No entanto, o espectro equimótico nem sempre segue esta ordem cronológica. As petéquias geral-
mente desaparecem entre 04 (quatro) e 05 (cinco) dias. Nas pálpebras e bolsa escrotal não há alteração
de cores, permanecendo vermelho-escura durante todo o período. Nas crianças e jovens tendem a
desaparecer em menor período. A aplicabilidade do espectro equimótico tem validade para efusões de
sangue com cerca de 2 a 3 centímetros.

Sua importância médico-legal é extraordinária, pois permite ao perito precisar a sede da contusão e
precisar a data provável da violência, indicar o instrumento contundente, afirmar a natureza do atentado
e informar se a lesão foi causada em vida ou post mortem.

#OLHAOGANCHO – As equimoses puntiformes recebem o nome de petéquias. Quando a forma


é alongada ou em estriar, denominam-se víbices, enquanto sugilação é um aglomerado de peté-
quias e a sufusão é ampla área de efusão sanguínea.

#OLHAOGANCHO – Na equimose profunda, o espectro equimótico tem coloração vermelho-es-


cura, não modificando durante sua evolução, assim como nos casos das pálpebras e da bolsa escro-
tal, que permanecem com a mesma coloração durante toda a evolução pela porosidade do tecido
que favorece a oxigenação, impedindo a transformação da oxiemoglobina e sua decomposição.

Armas Brancas  As lesões causadas por armas brancas possuem como característica marcan-
te as soluções de continuidade da pele, chamadas de feridas incisas, produzidas por instrumentos que,
agem por um gume afiado – navalha, bisturi, faca, lâminas – por pressão ou deslizamento, linear ou
obliquamente sobre a pele e órgãos. As principais características das feridas incisas são: regularidade das
bordas e do fundo da lesão, ausência de vestígios traumáticos, hemorragia abundante. Em relação às

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bordas das feridas incisas, devemos ressaltar a predominância do comprimento sobre a profundidade;
afastamento das bordas das feridas; vertentes emparedadas; verticais se o instrumento agiu de forma
perpendicular ou em bisel, se o instrumento agiu de forma inclinada; profundidade maior no terço inicial
da ferida, sendo que a partir de então, gradualmente vai se aproximando da superfície, terminando em
uma escoriação linear que indica a saída do instrumento, chamada de cauda de escoriação, que estará
voltada para o lado em que terminou a ação do instrumento.

FERIDAS POR AÇÃO CORTANTE NO PESCOÇO

ESGORJAMENTO DEGOLAMENTO DECAPITAÇÃO


Região posterior do pescoço.
Região anterior (frente) OU Separação total da cabeça do
DeGOLAmento (lembrar de
LATERAL do pescoço. corpo
onde fica a gola)

Lesões por Projéteis de Armas de Fogo  Os tiros, a depender da distância em que o projétil
é disparado em relação ao alvo, podem ser classificados como:

• Tiros com a Arma Apoiada ou Encostada: Tiros disparados com a boca do cano da arma direta-
mente encostada na superfície do alvo, dando origem ao orifício de entrada em câmara de mina e
queimaduras, sendo que no geral, não teremos os sinais de zona de tatuagem e negro de fumo (zona
de esfumaçamento).

• Tiros a Curta Distância ou à Queima-Roupa: Indicam disparo com a arma posicionada a pouca
distância do alvo, estando presentes a maioria dos sinais, sendo que neste caso, inexistem os sinais de
queimaduras.

• Tiros de Longa Distância: Disparo realizado com a arma afastada do alvo. O orifício de entrada, via
de regra, é menor que o diâmetro do projetil, de aspecto circular. Há a presença da orla de contusão e
halo de enxugo, podendo haver ou não a aréola equimótica, estando ausentes todos os demais sinais
de vizinhança.

Os projéteis de arma de fogo, por sua peculiar ação, ao atuar sobre o alvo, perfurando e contun-
dindo de forma simultânea, produzem lesões características, que podem ser classificadas como de efeitos
primários ou secundários.

Efeitos Primários  Produzidos exclusivamente pela ação mecânica do projétil, são caracterís-
ticos dos pontos de impacto, estando presentes em todos os casos, independente da distância do
tiro. Os efeitos primários resultam da ação do projétil contra um alvo animado ou não animado. No alvo
animado o projétil atinge a pessoa produzindo orlas de impacto ou embate, formando zonas de contorno

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que possuem características como a Orla de Escoriação, que é consequência da escoriação tegumentar
produzida pelo impacto rotatório e atrito do projétil, que inicialmente tem ação contundente. Pode ser
circular nos tiros perpendiculares ou ovalada nos tiros oblíquos, sendo meio de identificar a direção do
tiro; e a Orla de Enxugo, pois o projétil, ao deixar o cano da arma, carrega resíduos de pólvora, ferrugem,
graxa e outras substancias, que ao entrar em contato com a pele do indivíduo, resulta em uma auréola
escura em volta do orifício de entrada, decorrente da limpeza dos resíduos.

Existe ainda a orla de equimose formada enquanto no trajeto pelo tecido subcutâneo, onde o
projétil rompe vasos de calibres médio e pequeno, o que provoca infiltração hemorrágica que se traduz
externamente por uma orla equimótica ao redor do orifício de entrada. A união dessa Orla de Equimo-
se, com a Orla de Escoriação e com a Orla de Enxugo, forma o denominado Anel de Fisch. Importante
mencionar, que para alguns doutrinadores, o Anel de Fisch é formado exclusivamente pelas Orla de
Escoriação e Orla de Enxugo.

Efeitos Secundários  Resultam da ação explosiva contra um alvo animado ou não animado.
Os efeitos secundários são os que resultam nos tiros à curta distância, assim como, da ação dos gases
e resíduos da combustão da pólvora, formando a Zona de Chamuscamento, formada pela ação dos
gases superaquecidos e inflamados que queimam a pele; Zona de Esfumaçamento, produzida pelo
depósito de fuligem decorrente da combustão da pólvora, também chamada de Negro de Fumo; e a
Zona de Tatuagem, produzida pelos grânulos de pólvora combusta ou incombusta que acompanham o
projétil, agindo como projéteis secundários, penetrando a pele.

Tiros com a Arma Encostada  A boca da arma é firmemente apoiada na pele, sendo que
todo o material que sai do cano (cone de dispersão) não vai ter espaço para se expandir, penetrando
pelo orifício de entrada, formando uma ferida circular, com uma orla de escoriação, orla de enxugo e
com queimadura ao redor. A queimadura ao redor acontece em razão dos gases superaquecidos, que ao
entrar em contato com a pele, a queimam.

Esta modalidade de tiro possui alguns sinais característicos, encontrados apenas neste, que mere-
cem estudo em razão da constante cobrança em provas, vamos a eles:

Tiros com a Arma enconstada


Boca de Mina de Hoffman Sinal de benassi

A expansão dos gases ocorre dentro do túnel


aberto pelo projétil, ficando os bordos do orifício No crânio, a orla de esfumaçamento aparece
de entrada evertidos. A lesão apresenta prolon- ao redor do orifício de entrada, superfície exter-
gamentos radiados e internamente se manifesta na do plano ósseo, permanecendo após a fase
por devastação intensa, como na explosão de esqueletização do cadáver.
uma mina.

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Sinal de bonnet Sinal de Puppe-werkgartner

Quando um projétil transfixa o crânio, forma um


O disparo encostado pode também produzir a
cone na entrada, com a base maior voltada para
impressão da alça de mira e do cano quente na
dentro, e um cone de saída com a base maior
pele.
voltada para fora.

Orifício de Saída  A lesão de saída exige uma maior atenção, pois o projétil, vindo de dentro
para fora, atinge primeiro a derme que é elástica, fazendo uma curvatura para fora. No entanto, a epider-
me, que não é tão elástica, não acompanha a derme, sendo que no momento em que a derme rompe, o
projétil arrasta a epiderme em seu trajeto, voltando a derme para sua posição anatômica inicial, trazendo
junto a epiderme. Portanto, a epiderme se torna rota, impossibilitando enxergar a derme por baixo, o que
significa ausência de orla de escoriação. Como o projétil passou por outras partes do corpo, deixando
todos os resíduos originários do disparo, também não há orla de enxugo. A lesão de saída normalmente
é maior que a lesão de entrada, via de regra, sem orla de escoriação, e sempre sem orla de enxugo.

Para fixar o tema e melhor diferenciar as lesões de entrada e de saída do projétil, conforme segue
ilustrado na tabela abaixo:

ENTRADA SAÍDA
Forma Arredondada (regular) Irregular

Borda Invertidas, salvo na mina de Hoffman Evertidas

Sem Zonas (pode ser orla equimó-


Orlas e Zonas (salvo se houver
Elementos tica e de escoriação, mas nunca de
compensador ou roupa)
enxugo)

Diâmetro Menor ou proporcional ao projétil Maior ou desproporcional

Sangramento Pouco ou Ausente Muito sangue

Trajeto e Trajetória  Enquanto o trajeto é o percurso do projétil dentro do organismo, traje-


tória é o percurso do projétil desde que sai do cano da arma até entrar no organismo.

Ao entrar no organismo, o projétil está cheio de energia, sendo que a medida que vai tendo conta-
to com ossos, tecidos e órgãos, essa energia vai se dissipando, de acordo com a resistência oferecida
pelos ossos, tecidos ou órgãos. Ademais, o projetil pode transfixar ou não o corpo, atravessando, será
um ferimento transfixante, sendo que se não transfixar, será o caso de um ferimento penetrante,
também chamado de ferida cega ou em fundo de saco, que pode ser em sedenho, quando não para

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em nenhuma cavidade do corpo, ou cavitária, quando o projétil para em uma cavidade. Por fim, o trajeto
pode ser retilíneo ou sofrer desvios, como nos casos em que bate em ossos.

Projéteis de Alta Energia  Os projéteis de alta velocidade possuem mais energia, e ao entrar no
corpo, empurra os tecidos para o lado. Quanto maior for a velocidade do projétil, essa força ou onda de
pressão que empurra os tecidos para o lado será maior, fazendo um túnel dito permanente, pois empurra
o tecido para o lado com força capaz de causar lesões, produzidas pela onda de pressão gerada pelo
projétil, e não pelo impacto direto deste. Essas lesões são de maior ou menor gravidade, a depender da
resistência oferecida pelos tecidos em volta do túnel.

Quanto aos sinais, os projéteis de alta energia possuem algumas diferenças em relação aos proje-
teis comuns, o Orifício de Entrada possui bordas irregulares e a presença de orla de escoriação ocorre
em poucos casos, enquanto o Orifício de Saída é maior, sendo equivalente a um rasgo. Estes projeteis
possuem maior poder de parada, o chamado stop power da arma, também se diferindo dos projeteis
comuns pela maior potência das ondas de pressão que produzem, visualizadas nas cavidades temporá-
rias pulsantes.

CONCEITO E DIAGNÓSTICO DA MORTE

Como não se pode definir a vida, é teoricamente impossível conceituar a morte. No entanto, hodier-
namente, existem dois conceitos de morte, a cerebral, que consiste na cessação da atividade elétrica do
cérebro, na cortiça e nas estruturas mais profundas, e a circulatória, por parada cardíaca irreversível às
manobras de ressuscitação.

O diagnóstico da morte é matéria de estudo da Tanatologia Forense, sendo que quanto mais próxi-
mo o momento da morte, mais difícil seu diagnóstico, trazendo a Medicina Legal uma série de eventos
que auxiliam no diagnóstico da morte, como os fenômenos abióticos imediatos e consecutivos, e os
fenômenos transformativos, que serão objeto de estudos nos tópicos abaixo.

FENÔMENOS CADAVÉRICOS

Os fenômenos cadavéricos, sinais de diagnóstico da morte, são subdivididos em três grupos:

• Fenômenos Abióticos Imediatos: Possuem valor relativo, pois apenas insinuam a morte, sendo
caracterizados pela perda de consciência, abolição do tônus muscular, perda da sensibilidade, relaxa-
mento dos esfíncteres, cessação da respiração, cessação dos batimentos cardíacos, ausência de pulso,
fácies hipocrática e pálpebras parcialmente cerradas.

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• Fenômenos Abióticos Consecutivos: Sinais que não apenas insinuam, mas indicam a morte, tais
como o resfriamento paulatino do corpo, rigidez cadavérica, espasmo cadavérico, manchas de hipós-
tase e livores cadavéricos e o dessecamento, que consiste na perda de peso, pergaminhamento da
pele e das mucosas dos lábios, modificação dos globos oculares, mancha da esclerótica, turvação da
córnea transparente, perda da tensão do globo ocular e formação da tela viscosa.

• Fenômenos Transformativos: Sinais de certeza da morte, pois resultam de alterações tão intensas
que tornam a vida absolutamente impossível. Compreendem os destrutivos, autólise, putrefação e
maceração, quanto os conservadores, mumificação e saponificação.

CRONOTANATOGNOSE – COMORIÊNCIA - PROMORIÊNCIA

Cronotanatognose  Estuda a data e a hora aproximada da morte. Considerando que os fenô-


menos cadavéricos não obedecem uma marcha exata, estando sujeitos a diversos fatores extrínsecos,
não há certeza do momento da morte, mas apenas um diagnóstico aproximado, tendo como base os já
mencionados fenômenos cadavéricos, além de outros fatores relacionados com o tempo decorrido desde
a morte, que auxiliam na definição do momento em que a morte ocorreu, como a crioscopia do sangue,
cristais de sangue putrefato, crescimento dos pelos da barba, conteúdo gástrico e a fauna cadavérica.

Comoriência  Quando não é possível auferir qual dos indivíduos morreu antes do outro, as
mortes são tidas como havidas no mesmo instante.

Promoriência  Ocorre quando é possível verificar a ordem das mortes, no caso de dois indiví-
duos que tiveram mortes em tempo próximo.

EXUMAÇÃO

O ato de exumar um cadáver, nada mais é do que desenterrar. Normalmente ocorre para fins de
perícia de DNA, para confirmar a identidade ou relações de parentesco, ou então, para apurar alguma
circunstância da morte, podendo influir diretamente na persecução penal. Embora o edital não traga
especificamente, importante saber que o ato enterrar cadáver é denominado inumação. Há também a
cremação, que consiste na redução do corpo a cinzas, através da queima do cadáver.

CAUSA JURÍDICA DA MORTE

Causa jurídica da morte é toda e qualquer causa violenta ou acidental capaz de determinar a morte
do indivíduo, sendo que sua elucidação gera consequências legais, dependendo da causa determinante.

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A causa jurídica da morte pode ser dividida em:

• Homicídio: Morte voluntária ou involuntária do indivíduo, praticada por outrem.

• Suicídio: Morte ocasionada por aquele que deliberadamente consuma a própria morte.

• Morte Acidental: Morte decorrente dos mais variados meios de acidentes, desde que não produzida
dolosa por outrem.

MORTE SÚBITA – MORTE SUSPEITA

Morte Súbita  Surge sem sinais de trauma, sem previsão, sem que haja um agente provocador,
o indivíduo apresenta quadro de saúde aparentemente saudável, sendo que subitamente, desencadeia
processo que gera a morte, como nos casos de ataques do coração.

Morte Suspeita  Ocorre quando não se pode afirmar a real causa da morte, podendo ser em
decorrência de violência praticada por outrem ou por causas naturais, dependendo de investigação para
apurar a real causa jurídica da morte.

EXAME DE LOCAIS DE CRIME

Local do crime é toda área em que tenha ocorrido um fato, que pelo contexto assuma a configura-
ção de crime. O exame de tal local, ganha relevância na Medicina Legal, pois sua análise, feita por peritos,
serve como base para a identificação e responsabilização penal do autor. Para que a perícia reflita com
exatidão os acontecimentos, necessário se faz a preservação do local e de todos os vestígios e evidências,
sendo esta, inclusive, uma das obrigações do Delegado de Polícia, prevista no artigo 6° do CPP, que assim
prescreve:

Art. 6° Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:

I – Dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das
coisas, até a chegada dos peritos criminais;

Este exame busca levantar todos os vestígios deixados pelo criminoso e pela ação delituosa, forne-
cendo elementos para que os Peritos, mediante análise técnica, esclarecem à Autoridade Policial ou
Judicial, a dinâmica dos acontecimentos, fornecendo provas para embasar a identificação e a responsa-
bilidade penal do infrator.

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TOXICOMANIA E EMBRIAGUEZ

Toxicomania  Segundo o Comitê dos Peritos da Organização Mundial de Saúde, é um estado


de intoxicação crônica ou periódica, prejudicial ao indivíduo e nociva à sociedade, pelo consumo repetido de
determinada droga, seja ela natural ou sintética. É o abuso de substâncias tóxicas, que pela quantidade de
droga ingerida, bem como pelo tempo do vício, pode modificar a imputabilidade penal e a capacidade
civil, sendo as mais comuns, o abuso de cocaína, morfina, heroína, maconha e drogas psicotrópicas.

Embriaguez  Pode ser conceituada como a intoxicação alcoólica, ou por substancia de efeitos
análogos, aguda, imediata e passageira. Pode ser completa ou parcial, podendo ter caráter patológico,
pode ainda ser acidental, voluntária ou culposa, e ainda preordenada. A depender do caso concreto,
pode gerar inimputabilidade ou então excluir a imputabilidade.

Tanto as toxicomanias, quanto a embriaguez, por configurar casos de limitadores e modificadores


da capacidade civil e da responsabilidade penal dos usuários, podendo influir na aferição destas, possuem
grande importância médico-legal.

AÇÃO TÉRMICA – AÇÃO ELÉTRICA – BAROPATIAS – AÇÃO QUÍMICA

Ação Térmica  As lesões causadas por ação térmica, estão relacionadas com o calor e o com
frio, assim como com a variações elevadas de temperatura.

• Frio: quando há ação do elemento frio, podem ser observados três graus de geladuras. No primeiro
grau encontramos o eritema, enquanto no segundo grau estão presentes as flicteneas, bolsas com
transudação do plasma, sendo que por fim, no terceiro grau encontramos a necrose ou gangrena.

• Calor: Pode agir de forma difusa, através de insolação decorrente da incidência dos raios solares, e
através da intermação, que é a exposição a calor em ambientes confinados ou abertos, sem o areja-
mento necessário. Quando age de forma direita, através de chamas ou gases, a consequência são as
queimaduras, que podem ser classificadas em graus, assim como no caso das geladuras. O primeiro
grau é caracterizado pela aparição de eritema simples, também chamado de Sinal de Christinson.
O segundo grau apresenta flictenas com liquido límpido ou amarelado, também chamado de Sinal
de Chambert. No terceiro grau surge a escarificação por comprometimento e posterior necrose de
toda a pele. Por fim, o quarto grau é representada pela carbonização dos tecidos.

Ação Elétrica  A eletricidade, forma de energia de ordem física, tem origem cósmica ou indus-
trial. A eletricidade atmosférica, quando atinge o indivíduo de forma letal, é denominada fulminação.
Se não houver o evento morte, ou seja, for não-letal, será chamada de fulguração. O sinal característico

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dessa origem de eletricidade, é o Sinal de Lichtenberg, que possui aspecto arboriforme. Se a origem da
descarga elétrica for eletricidade industrial, havendo morte, segundo alguns autores, estaremos diante
da eletrocussão. No entanto, a doutrina majoritária denomina que as lesões decorrentes de eletricidade
industrial, havendo ou não êxito letal, serão denominadas como eletroplessão. Nestes casos, o sinal
é de aspecto circular, elíptica ou em roseta, podendo inclusive não existir, sendo denominado Sinal de
Jellineck.

Baropatias  As Baropatias estão relacionadas com as variações bruscas de pressão atmosférica.


Podem ocorrer em decorrência de altitude elevada, sendo denominada mal das montanhas ou dos
aviadores, onde há diminuição do oxigênio, ocasionando náuseas, aceleração dos batimentos cardía-
cos, dispneias e desmaios, podendo ocorrer morte por hemorragia cerebral. A doença dos caixões ou
mal dos escafandristas, de natureza eminentemente acidental e relacionada com a infortunística, afeta
mergulhadores e escafandristas que trabalham submetidos a pressão elevada, muitas vezes superior a
cinco atmosferas. O aumento da pressão pode desencadear uma compressão, gerando intoxicação por
oxigênio, gás carbônico e nitrogênio. No entanto, o maior risco está na descompressão, ou seja, quan-
do o mergulhador retorna a superfície, pois se retornar muito rápido, pode ocorrer hemorragia interna,
edema pulmonar e até a morte por embolias gasosas formadas pelo nitrogênio anteriormente dissolvido
no sangue pelo efeito da pressão.

Ação Química  As lesões por ação química estão relacionadas com cáusticos, produtores de
lesões viscerais e cutâneas, denominadas vitriolagem. Os venenos também estão relacionados com a
ação química.

• Cáusticos: Os cáusticos são tanto os ácidos, quanto as bases cáusticas, que determinam, na pele e nas
mucosas, ulcerações não hemorrágicas, causam queimaduras químicas ou danos progressivos até que
sejam inativadas as reações com os tecidos.

• Venenos: Não há uma definição satisfativa para veneno, pois até alimentos e medicamentos, inclusive
a água, a depender de determinadas circunstâncias, podem causar dados à saúde. Assim, poder-se-ia,
talvez, conceituar, conforme ensina Delton Croce, como toda substância de origem animal, vegetal ou
mineral, que independente da dose, introduzidas no organismo, danificam a saúde, podendo causar a
morte.

ASPECTOS MÉDICO-LEGAIS DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL

A Sexologia Forense é a parte da Medicina Legal que estuda as questões médico-biológicas e as


perícias ligadas aos delitos contra a dignidade e a liberdade sexual. Os crimes sexuais, constituem objeto
de estudo desse ramo da Medicina Legal, diretamente relacionadas com o estudo do o hímen e a exis-

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tência de lesões genitais, presença de pelos ou manchas de sêmen, elementos capazes de comprovar a
existência dos crimes contra a liberdade sexual.

Perícia na Conjunção Carnal  Conjunção carnal é o coito vaginal, isto é, a relação de contato
do pênis com a vagina, com ou sem ejaculação. Na mulher que não teve conjunção carnal, o exame do
hímen adquire importância.

No caso de vítima virgem, a perícia de coito vaginal se fundamenta no estudo da integridade


himenial. A himenologia é o estudo do hímen, que é a membrana que circunda o orifício de entrada da
vagina. É variável em forma e tamanho e tem uma abertura única (o óstio himenial), que pode existir
em número maior ou até mesmo não existir. Sua borda pode ser regular, irregular ou picotada, nesse
último caso assemelhando-se a rupturas incompletas (sinônimo de entalhe), devendo o legista fazer a
diferenciação:

RUPTURA ENTALHE
Se estendem até as bordas (completos). Não se estendem até as bordas (incompletos).

As bordas se coaptam, se encaixam. As bordas não se coaptam, não se encaixam.

As bordas apresentam cicatriz. As bordas são do mesmo tecido do hímen.

Sob luz ultravioleta, apresenta-se pálida. Apresenta-se mais vermelha.

São assimétricos. São geralmente simétricos.

Ângulo em forma de V. Ângulo arredondado.

Por outro lado, nos casos de mulheres de vida sexual pregressa ou hímen complacente, a perí-
cia se baseia na presença de gravidez, de esperma na cavidade vaginal, contaminação venérea profunda,
ou então presença de fosfatase ácida ou de glicoproteína P30 (esses dois últimos podem ser citados em
nossa prova, devemos decorar os nomes).

Perícia no Ato Libidinoso  Ato libidinoso é todo ato praticado com a finalidade de satisfazer
com ou sem ejaculação o apetite sexual. Pode ser coito anal, oral, apalpadas e qualquer outro ato capaz
de satisfazer a lascívia do indivíduo.

Coito Oral: O coito oral é também chamado de felação. É preciso realizar o exame da secreção
bucal o mais precocemente possível. As lesões são raras, dificultando a constatação, tanto nos lábios
como na cavidade bucal. O diagnóstico de certeza é feito através de provas biológicas que identifiquem
o sêmen na boca e das possíveis manifestações tardias de doenças sexualmente transmissíveis na mucosa
bucal. Pode-se também realizar a pesquisa de glicoproteína P30 ou PSA na secreção oral.

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Coito Anal: O orifício anal é diferente do vaginal, permanece fechado por conta da ação do esfínc-
ter anal. O esfíncter é composto tanto por músculos cuja contração não controlamos (esfíncter interno),
como músculos que controlamos (esfíncter externo). Quando ocorre o coito anal é possível perceber
sinais dele resultantes, tais como lesões anais e perianais, com a presença de escoriações e equimoses;
fístulas retrovaginais, que são rupturas dos tecidos entre o reto e a vagina; e, por fim, lesões em forma
de fenda ou de triângulo, chamadas de rágade.

ASFIXIAS: CONSTRIÇÃO CERVICAL – SUFOCAÇÃO – RESTRIÇÃO AOS MOVIMENTOS


DO TÓRAX – MODIFICAÇÕES DO MEIO AMBIENTE

Para a Medicina Legal, asfixias são energias físico-químicas que impedem a passagem de ar e
alteram a composição bioquímica do sangue, produzindo asfixia, alteram a função respiratória, inibindo
a hematose (transformação de sangue venoso em sangue arterial), alterando a bioquímica do sangue.
Asfixias são todas as formas de carência ou ausência de oxigênio, vital para o ser humano. Podem ser
classificadas em naturais ou violentas. Podem ainda ser classificadas em asfixias por constrição cervical,
por sufocação, restrição aos movimentos do tórax e por modificações do meio ambiente.

Por Constrição Cervical  Constrição Cervical é a constrição do pescoço, podendo esta classe
de asfixias ser dividida em:

• Enforcamento: Asfixia determinada pela constrição do pescoço por um laço cuja extremidade se
acha fixa a um ponto, sendo que o próprio peso do corpo age como força vida. A posição da cabeça
sempre será oposta a posição do laço. O sulco formado pelo laço será sempre oblíquo ascendente e
com profundidade variável. Possui natureza eminentemente suicida.

• Estrangulamento: Asfixia por constrição do pescoço por laço tracionado por qualquer força que não
seja o próprio peso da vítima. O sulco formado pelo laço é horizontal e com profundidade uniforme.
Este tipo de constrição cervical é de caráter homicida.

• Esganadura: Asfixia por constrição anterolateral do pescoço, impeditiva da passagem do ar atmosféri-


co pelas vias aéreas. A força que age sobre o pescoço, gerando compressão, é sempre efetuada pelas
mãos do agressor, não havendo laços.

Por Sufocação  É o impedimento de entrada do ar atmosférico nas vias aéreas, de forma direta
ou indireta, ou ainda por permanência forçada em ambiente fechado.

• Sufocação Direta: Pode ocorrer por oclusão dos orifícios externos respiratórios pelo emprego da mão
ou objetos moles, pressupondo acentuada desproporção de forças entre o agente e a vítima. Também
pode ocorrer por oclusão das vias respiratórias por corpos estranhos (engasgamento) impedindo a
passagem de ar até os pulmões.

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• Sufocação Indireta: Causada pela compressão do tórax e abdome, ou seja, pela restrição ao movi-
mento do tórax, impedindo os movimentos respiratórios, levando à asfixia. Pode ser causada por
desmoronamento, atropelamentos de multidões, ação criminosa e crianças que dormem com os pais.

Por Modificações no Meio Ambiente  As asfixias decorrentes de modificação no meio ambien-


te ocorrem quando há elementos líquidos, sólidos ou gasosos que impedem a livre inalação do oxigênio,
gerando a morte. Podem ser dividas em:

• Afogamento: Modalidade de asfixia desencadeada pela penetração de líquidos ou semilíquidos nas


vias respiratórias, por permanência da vítima, totalmente ou apenas extremidade anterior do corpo,
imersa. Pode haver ainda afogamento no próprio sangue ou no conteúdo estomacal.

Importante diferenciar, no caso dos afogamentos, os casos de afogamento branco e de afoga-


mento azul. No primeiro caso, também chamados de afogados secos, o indivíduo morre por inibição ao
tocar a água. Inexiste líquido nos pulmões, pois a morte ocorre por parada cardíaca reflexa, não havendo
respiração quando o indivíduo submerge. Já no afogamento azul ou afogamento propriamente dito, a
morte ocorre por entrada de água nos pulmões.

• Asfixia por Gases: Asfixia decorrente da exposição a gases irrespiráveis da mais variada gama de clas-
sificações, como gases de combate (lacrimogêneos e sufocantes), tóxicos (ácido cianídrico e monóxido
de carbono), industriais (ligados a infortunística) ou anestésicos (que interessam à Medicina Legal pela
possibilidade de responsabilização dos anestesistas).

• Asfixia por Sólidos: Ocorre quando há supressão de ar, impedindo a respiração, como nos casos de
soterramento que é a asfixia motivada por obstrução por terra ou substâncias pulverulentas. Na
maioria dos casos é de natureza acidental causada por desmoronamento ou desabamento. É possível,
também, o soterramento em grãos (soja, trigo etc.). A presença de material estranho nas vias respi-
ratórias e digestivas é do mais alto valor no diagnóstico, porque depende essencialmente do ato vital
de respiração e deglutição, não podendo, portanto, introduzirem-se tais substâncias post mortem. No
soterrado sempre se encontram lesões traumáticas de várias espécies que por si só podem produzir a
morte ou contribuir para tanto.

ABORTO – INFANTICÍDIO – ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO

Aborto  Abortar é o conjunto de meios e manobras empregados com o fito de interromper a


gravidez, independente da expulsão do feto. Interessa à Medicina Legal o estudo do aborto criminoso,
restando o aborto natural ou acidental indiferentes para este ramo da ciência. Para que se caracterize
o aborto, deve haver a interrupção ilícita da vida intrauterina em qualquer fase de sua evolução até

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momentos antes do início do trabalho de parto. A perícia do aborto consiste no diagnóstico de gravidez
pregressa.

Não constitui crime o aborto natural ou espontâneo, o aborto acidental e o aborto legal ou permiti-
do, qual seja, o terapêutico ou necessário, feito nos casos em que a interrupção da gravidez é necessária
para salvaguardar a vida da gestante, ou o sentimental, humanitário ou ético, consistente na interrupção
da gravidez, autorizada judicialmente, quando esta é decorrente de estupro.

#DICA DO COACH – Atentar para as decisões recentes do STF sobre aborto, em especial a deci-
são constante do Informativo 661, que autorizou o aborto do feto anencéfalo, não se exigindo
autorização judicial para tanto, e para a decisão constante do informativo 849, que reconheceu que
a interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gestação provocada pela própria gestante
(artigo 124, do CP) ou com o seu consentimento (artigo 126, do CP), não devem ser consideradas
como crime, sendo necessário conferir interpretação conforme a Constituição Federal aos artigos
124 a 126 do Código Penal – que tipificam o crime de aborto – para excluir do seu âmbito de inci-
dência a interrupção voluntária da gestação efetivada no primeiro trimestre. A criminalização, nessa
hipótese, viola diversos direitos fundamentais da mulher, bem como o princípio da proporcionali-
dade.

Infanticídio  Caso a interrupção da vida ocorra a partir do início do trabalho de parto, deixará
o crime de ser considerado aborto, caracterizando o infanticídio, que conforme preceitua o artigo 123
do Código Penal, consiste no ato da mãe, matar o próprio filho, durante o parto ou logo após, sob
influência do estado puerperal. Assim, cumpre diferenciar dois institutos do tipo penal:

• Durante o parto: Período que vai desde a rotura das membranas até a expulsão do feto da placenta.

• Logo após o parto, sob a influência do estado puerperal: Possui sentido mais psicológico do que
cronológico. É um estado e não um tempo definido. O estado puerperal é justificado pelo trauma
psicológico e pelas condições do processo fisiológico do parto (angústia, inflamação, dores, sangra-
mento e extenuação), cujo resultado traria o estado confusional capaz de levar a mãe ao ato criminoso.

Necessário se faz diferenciar puerpério de estado puerperal. Enquanto puerpério é o período que
se inicia com a expulsão do feto e eliminação da placenta, durando entre 6 e 8 semanas, estado puerpe-
ral é uma alteração temporária da puérpera anteriormente sadia, que diminui sua capacidade de enten-
dimento e libera seus instintos. Como as alterações psíquicas do estado puerperal normalmente não mais
existem por ocasião da perícia psiquiátrica, em decorrência do seu caráter temporário, torna-se difícil o
diagnóstico diante de uma mulher que se encontra dentro dos padrões da normalidade mental. Assim,
a perícia do infanticídio é comumente feita na placenta, na mãe ou na criança, sendo que esta última

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pesquisa a prova de ser nascente, de infante nascido ou recém-nascido e a prova de vida extrauterina
autônoma.

Abandono de Recém-Nascido  Havendo o nascimento com vida, além da autonomia para a


vida extrauterina, e não havendo o infanticídio, pode ocorrer o abandono de recém-nascido, termo que
gera discussão doutrinária, podendo tal característica durar até a queda do cordão umbilical, conforme
Damásio e Mirabete, ou poucos dias, não ultrapassando um mês, segundo ensinamentos de Fragoso e
Bitencourt.

Abandonar implica em um fazer ou não fazer, podendo ser caracterizado por deixar o recém-nasci-
do em local que o exponha a risco concreto, ou então o deixar desprovido dos cuidados necessários para
sua sobrevivência, exposto à própria sorte.

MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE PENAL E DA CAPACIDADE CIVIL

As legislações civil e penal fixam, de forma expressa ou implícita, respectivamente, os limitadores e


os modificadores da capacidade civil e da responsabilidade penal. A capacidade civil, tratada obviamente
pela lei civil, segundo Washington de Barros Monteiro é a aptidão para adquirir direitos e exercer, por si ou
por outrem, atos da vida civil. A responsabilidade penal, por seu turno, é o conjunto de condições exigidas
para que um sujeito possa se tornar titular de direitos ou obrigações no campo do Direito Penal. Vamos
aos principais modificadores da Imputabilidade Penal e da Capacidade Civil:

Menoridade  O Código Penal adota o critério puramente biológico. Até os 18 anos o menor é
penalmente inimputável, ficando sujeitos aos preceitos de lei especial (ECA). Os menores com idade entre
12 e 18 anos são submetidos a processo especial, enquanto o menor de 12 anos fica excluído do direito
repressivo.

Sono Patológico  O sono normal não pode ser considerado modificador. Já o Sono Patológi-
co, deve ser considerado como Fator de Modificação. Compreende o sonambulismo e o hipnotismo. O
primeiro é sintoma de perturbação mental, mais comum na infância que na idade adulta, é um sonho que
se executa durante o sonho. Já o hipnotismo é um processo para produzir, por sugestão, um estado de
transe que submete o hipnotizado, até certo ponto, à influência do hipnotizador.

Emoção e Paixão Ambos os sentimentos são gerados pelo sistema límbico, sendo que descar-
gas elétricas neste sistema podem desencadear sintomas semelhantes aos das psicoses ou aos produzi-
dos por drogas psicodélicas ou alucinógenas. O Código Penal em vigor, em seu art. 28, I, não considera
a emoção ou a paixão, excludentes de imputabilidade penal, porém reconhece atenuação da pena ao
agente. Também assim dispõe o art. 121, § 1.º, e os artigos 129, § 4.º, e 65, III, c, desde que a ação delituosa

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resulte da violenta emoção, logo em seguida à injusta provocação da vítima.

Surdo-Mudo  A ausência de sensações auditivas afeta o contato com o meio exterior e a aqui-
sição de noções que dependem da linguagem falada, comprometendo o discernimento, principalmente
quando a deficiência for de nascença. No entanto, a surdo-mudez, por si só, não é suficiente para
determinar a inimputabilidade de alguém. Podem ser considerados inimputáveis, semi-imputáveis ou
com a plena capacidade de responder pelo fato.

Afasia  É a impossibilidade de falar. É a perda total ou completa da fala. A afasia resulta de


parada de desenvolvimento ou de grave lesão congênita ou adquirida, podendo, ainda, ser dependente
de patologias nervosas ou mentais.

Silvícolas  São os habitantes das matas brasileiras, não integrados à vida em sociedade. Quando
se tratar de um índio que teve pouco ou nenhum contato com o homem civilizado, terá que ser totalmen-
te inimputável. À medida que for tomando conhecimento das normas da vida civilizada, sua capacidade
de entendimento quanto à ilicitude da conduta irá aumentando. Daí concluir-se que pode chegar a ser
semi-imputável ou totalmente imputável. Segundo o parágrafo único do art. 4 do CC: Parágrafo único. A
capacidade dos índios será regulada por legislação especial.

Toxicomanias  É o abuso de substâncias tóxicas, que pela quantidade de droga ingerida, bem
como pelo tempo do vício, pode modificar a imputabilidade penal e a capacidade civil, sendo as mais
comuns, o abuso de cocaína, morfina, heroína, maconha e drogas psicotrópicas.

DOENÇA MENTAL – DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO OU RETARDADO

Doença Mental  Não existe uma definição para doença mental, deve-se atentar às manifes-
tações que refletem anomalias do pensamento, do sentimento e da conduta. O pensamento racional
está deformado, comprometendo o juízo valorativo das alternativas existentes para a ação. Inimputável
é o indivíduo que, pela ausência total de entendimento do caráter ilícito do fato, realiza uma conduta
criminosa que tem relação com seu estado mental, isto é, a conduta é mero sintoma da doença. São
consideradas doenças mentais as demências, as psicoses, o alcoolismo crônico e as toxicomanias graves.

Oligofrenia  Grupo caracterizado pelo desenvolvimento mental incompleto ou retardado, de


natureza congênita ou decorrente de causas patológicas no primeiro período da vida, com acentuado
déficit de inteligência. Os oligofrênicos são divididos em:

• Débil Mental: Com quociente intelectual entre 50 e 90, e idade mental entre 07 e 12 anos, são incapa-
zes de manter luta pela vida em igualdade de condições com pessoas normais, mas em circunstâncias
favoráveis, podem prover seu próprio sustento. São irritáveis, podendo facilmente se envolver em

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casos de violência, lesões corporais e homicídios. Integram o maior percentual das oligofrenias, sendo
considerados semi-imputáveis.

• Imbecil: Podem alcançar aprendizado medíocre, mediante grande esforço, em estabelecimentos espe-
cializados. Articulam a palavra e podem ter boa memória, sendo seu quociente intelectual entre 25 e
50 e a idade mental entre 03 e 07 anos. Sugestionáveis, são propensos à cólera e à violência, podendo
praticar atos de pequenos delitos. Têm precocidade sexual. São incapazes de prover a própria subsis-
tência em condições normais.

• Idiota: Caracterizados pela ausência ou parada do desenvolvimento das faculdades. Têm idade mental
abaixo dos 03 anos e quociente intelectual inferior a 25. São incapazes de cuidar da própria vida, sendo
que os idiotas profundos têm vida psíquica inferior a de animais superiores, como os primatas. O idiota
incompleto articula minimamente as palavras e possui acentuado instinto sexual.

ASPÉCTOS MÉDICO-LEGAIS DAS LESÕES CORPORAIS

Capítulo da Medicina Legal no qual se estudam as lesões corporais resultantes de traumatismo de


ordem material ou moral, danosos ao corpo ou a saúde física ou mental.

A quem prefira, por mais abrangível, a denominação lesões pessoais, dado que envolve todas as
faces da pessoa, compreendendo dano ao corpo e/ou à saúde física ou mental, decorrente de agressões
materiais ou marais. Prima facie, o raciocínio verdadeiro sabido é que a pessoa se integra pela reunião
da parte corporal propriamente dita às partes fisiológica e psíquica. Fiquemos, porém, com a designação
consagrada em nosso diploma legal: lesões corporais.

Lesão corporal é todo e qualquer dano ocasionado à normalidade do corpo humano, quer do
ponto de vista anatômico, quer do fisiológico ou mental. O crime de lesão corporal é, assim, definido no
Código Penal como ofensa à integridade corporal ou à saúde de outrem, isto é, pela existência de dano
somático, funcional ou psíquico.

Neste ponto, fazemos referência ao estudo do artigo 129 do Código Penal, com todos seus pará-
grafos, pois é de lá que se extraem os conceitos de lesão corporal leve, grave e gravíssima, devendo
cada caso ser devidamente analisado e estudado em nossa NFPSS de Direito Penal, evitando repetições
e primando pela objetividade desse momento de revisão.

No entanto, neste ponto da matéria, importante traçar algumas explicações relacionadas ás crianças
e aos idosos, que me decorrência de suas particularidades, possuem pontos específicos a cada um.

No tocante às crianças, merece atenção especial a Síndrome da Criança Espancada, sendo que

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a maioria das vítimas são encontradas na faixa entre 0 (zero) e 4 (quatro) anos, as lesões são múltiplas e
variadas, podendo atingir várias partes do corpo, merecendo destaque a coexistência de lesões praticadas
em diferentes épocas. As lesões e maus-tratos são desencadeadas, na maioria dos casos, por pobreza,
ignorância, deficiências da criança, envolvimento dos pais com drogas e/ou álcool, bem como por pouca
idade e alterações psicoemocional grave dos pais ou responsáveis. O abuso físico está entre as principais
formas de maus-tratos, não possuindo, os pais, explicações plausíveis sobre as lesões, que em sua grande
maioria são compostas por equimoses, queimaduras, escoriações, fraturas, lesões com assinatura (cintos,
fios ou varas), assim como por traumatismos recentes associados com outros mais antigos, sendo que
nestes casos, o espectro equimótico, é de grande importância para a comprovação, lembrando que a
efusão de sangue tende a desaparecer em menor período nas crianças e jovens.

Crianças e idosos podem sofrer ainda maus-tratos decorrentes da privação de alimentação e/ou
privação de cuidados de higiene, apresentando desnutrição, doenças dermatológicas e outras doenças
relacionadas com a desnutrição, tais como impetigo e escabiose. Há ainda casos de maus-tratos envol-
vendo negligência de assistência médica; negligência de segurança; abuso emocional, que no caso da
criança, aumenta a possibilidade de, no futuro, esta vir a repetir os abusos com outras crianças; adminis-
tração intencional de remédios e drogas, normalmente com a intenção de atrair a atenção do cônjuge;
abusos sexuais, praticados na maioria das vezes na intimidade do lar, pelos pais, irmãos ou responsáveis
pela criança.

Chegamos ao fim de nossa revisão!!!

Nos tópicos acima, procuramos trazer os pontos principais de cada tema cobrado pelo nosso edital.
Com uma leitura atenta, sem dúvida a prova que se aproxima será resolvida com facilidade, nos colocan-
do à frente de nossos concorrentes, pois vamos gabaritar a não mais temida Medicina Legal.

Boa prova a todos...


Abraços.

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