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PROVA DISCURSIVA

PROVA OBJETIVA 1
COMENTÁRIOS

PRVA DISCURSIVA 1
1. Sobre competência ambiental, assinale a alternativa que está de acordo com a jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal:
a) Compete à União a edição de normas gerais sobre meio ambiente e aos Estados-membros
suplementar a legislação federal no que couber. Somente na hipótese de inexistência de lei federal é
que os Estados-membros exercerão competência legislativa plena. Sendo assim, recentemente, o STF
entendeu pela inconstitucionalidade da lei do Estado de São Paulo que proíbe integralmente o uso do
amianto. Isso porque a lei federal que versa sobre o tema não trouxe restrição absoluta.
b) Os Estados não devem legislar contra as normas federais. Por isso, as Assembleias Legislativas
poderão fabricar leis que simplesmente façam remissão às normas federais, evitando, com isso,
qualquer conflito de constitucionalidade.
c) Ainda que haja lei estadual no sentido da necessidade da redução gradual e progressiva da queima
da palha de cana de açúcar, o Município pode vedar absolutamente a queima, tendo em vista que tal
medida é mais protetiva ao meio ambiente.
d) Na eventualidade de surgirem conflitos de competência na seara ambiental, a resolução deve se dar
pelo princípio da preponderância de interesses e pelo da cooperação entre as unidades da federação.
Desse modo, os Municípios são competentes para legislar sobre normas relacionadas à fiscalização e
controle da poluição atmosférica.
GABARITO: D

a) ERRADA: De fato, o STF apreciou recentemente ação direta de inconstitucionalidade proposta


contra lei paulista que vedava o uso do amianto. A ADI foi proposta porque a lei paulista vedava de
forma absoluta o uso do amianto quando lei federal permitia o uso de uma das espécies do amianto. O
fundamento da ADI era o de que a lei estadual teria que obedecer aos ditames da lei federal, tendo em
vista a competência da União para legislar sobre normas gerais. Desse modo, o STF foi chamado a se
pronunciar sobre o caso, entendendo pela constitucionalidade da lei paulista. O erro da assertiva reside
justamente aí, vez que, ao contrário, a lei federal que foi declarada inconstitucional. Na oportunidade,
o STF disse que houve inconstitucionalidade superveniente da lei federal. É bom lembrar que essa
terminologia (“inconstitucionalidade superveniente”) foi utilizada de uma forma bem atípica.

b) ERRADA: No informativo 914 (ADI 2303), o STF entendeu que são inconstitucionais as leis estaduais
que, ao tratar de matéria de competência concorrente (matéria ambiental), simplesmente fazem

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remissão às regras previstas em lei federal. Com efeito, o STF entendeu que a mera remissão por lei
estadual à lei federal configura renúncia ao exercício da competência legislativa concorrente, de modo
que fragiliza a estrutura federativa descentralizada e consagra o monopólio da União, sem atentar às
peculiaridades locais.

c) ERRADA: No Informativo 776, o STF julgou inconstitucional lei municipal que proibiu absolutamente
a queima da cana de açúcar. Entendeu-se que seria necessário ponderar, de um lado, a proteção do
meio ambiente obtida com a proibição imediata da queima da cana e, de outro, a preservação dos
empregos dos trabalhadores que atuem neste setor. No caso, o STF deu prevalência a garantia dos
empregos dos trabalhadores canavieiros. Ademais, normas federais proíbem gradativamente a queima
da cana de açúcar.

d) CERTA: No RE 194704, o STF entendeu que “Os municípios formam um elo fundamental na cadeia de
proteção ambiental. É a partir deles que se pode implementar o princípio ecológico de agir localmente
e pensar globalmente”, afirmou. Dessa forma, ficou assentado que são constitucionais normas do
município que estipulem aplicação de multas para os proprietários de veículos automotores que
emitem fumaça acima de padrões considerados aceitáveis. Os ministros entenderam que, na defesa de
interesses locais, cabe ao município legislar em relação à proteção ao meio ambiente e combate à
poluição.

2. Acerca dos princípios ambientais, assinale o que está de acordo com a doutrina:
a) O princípio do protetor-recebedor indica a necessidade de criar benefícios em favor daqueles que
protegem o meio ambiente. Tais benefícios são indiretos, sendo realizados mediante a concessão de
créditos subsidiados, redução de base de cálculos e alíquotas de tributos, entre outras possibilidades,
não havendo possibilidade de benefício direto em troca de proteção ambiental, a exemplo do
pagamento de determinado valor por área ambientalmente protegido. Isso porque a doutrina entende
que os benefícios diretos em troca de proteção ambiental equivalem à monetarização do meio
ambiente.

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b) A compensação ambiental efetiva o princípio do poluidor-pagador na medida em que cria um
mecanismo de assunção partilhada da responsabilidade social pelos custos ambientais derivados da
atividade econômica.
c) Sempre que existirem incertezas científicas sobre a possibilidade de um produto, evento ou serviço
desequilibrar o meio ambiente ou atingir a saúde dos cidadãos, exige-se do Estado que analise os
riscos, avalie os custos das medidas de prevenção e, ao final, execute as ações necessárias, as quais
serão decorrentes de decisões universais, não discriminatórias, motivadas, coerentes e proporcionais.
Tal necessidade concretiza dois princípios, quais sejam: o do dever de intervenção estatal e o da
prevenção.
d) Considerando a fundamentalidade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, é de se
considerar que, no que tange à proteção ambiental, a aplicação do efeito non cliquet é vislumbrada na
própria Constituição Federal, que prevê a necessidade de lei para supressão dos espaços especialmente
protegidos. Como se vê, nesse tocante, a aplicação do princípio da vedação ao retrocesso na ordem
jurídica brasileira é de cunho relativo ou dinâmico e não estático ou absoluto.
GABARITO: D

a) ERRADA: De fato, o princípio do protetor-recebedor indica que pessoas físicas ou jurídicas


responsáveis pela preservação ambiental devem ser agraciadas com benefícios de alguma natureza.
Dentre esses benefícios, estão os diretos e os indiretos. Desse modo, a questão se equivoca ao dizer
que benefícios diretos não podem ser dados aos protetores do meio ambiente. Exemplo de benefício
direto é o Programa Bolsa-Verde do Estado de Minas Gerais. Nesse incentivo à proteção ambiental, os
protetores do meio ambiente recebem um bolsa por área protegida.

b) ERRADA: Essa pegadinha é velha. A compensação densifica o princípio do usuário-pagador. Com


efeito, o STF decidiu da seguinte forma na ADI 3.378:

Ação direta de inconstitucionalidade. Art. 36 e seus §§ 1.º, 2.º e 3.º da Lei nº 9.985, de 18 de julho de
2000. Constitucionalidade da compensação devida pela implantação de empreendimentos de
significativo impacto ambiental. Inconstitucionalidade parcial do § 1.º do art. 36. 1. O
compartilhamento-compensação ambiental de que trata o art. 36 da Lei n.º 9.985/2000 não ofende o
princípio da legalidade, dado haver sido a própria lei que previu o modo de financiamento dos gastos
com as unidades de conservação da natureza. De igual forma, não há violação ao princípio da

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separação dos Poderes, por não se tratar de delegação do Poder Legislativo para o Executivo impor
deveres aos administrados. 2. Compete ao órgão licenciador fixar o quantum da compensação, de
acordo com a compostura do impacto ambiental a ser dimensionado no relatório – EIA/RIMA. 3. O art.
36 da Lei 9.985/2000 densifica o princípio usuário-pagador, este a significar um mecanismo de
assunção partilhada da responsabilidade social pelos custos ambientais derivados da atividade
econômica. 4. Inexistente desrespeito ao postulado da razoabilidade. Compensação ambiental que se
revela como instrumento adequado à defesa e preservação do meio ambiente para as presentes e
futuras gerações, não havendo outro meio eficaz para atingir essa finalidade constitucional. Medida
amplamente compensada pelos benefícios que sempre resultam de um meio ambiente
ecologicamente garantido em sua higidez. 5. Inconstitucionalidade da expressão ‘não pode ser inferior
a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento’, no § 1.º do art.
36 da Lei 9.985/2000. O valor da compensação-compartilhamento é de ser fixado proporcionalmente
ao impacto ambiental, após estudo em que se assegurem o contraditório e a ampla defesa.
Prescindibilidade da fixação

c) ERRADA: O único erro da alternativa é trocar o princípio da precaução pelo da prevenção na última
palavra da assertiva. É bom lembrar o seguinte:

PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO Trabalha com o risco certo, pois já há base científica.

PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO Trabalha com o risco incerto e duvidosa.

d) CERTA: A primeira parte da assertiva está inteiramente correta, pois faz menção à necessidade de lei
em sentido estrito para redução ou supressão de espaços ambientais especialmente protegidos.
Observe que essa necessidade foi considerada cláusula pétrea pelo STF, tendo em vista a
fundamentalidade do bem ambiental e a consequente impossibilidade de retrocessão na proteção ao
meio ambiente. A segunda parte da assertiva está igualmente correta. Observe que, ainda que seja
necessária a edição de lei em sentido estrito, é possível retroceder no que se refere à proteção ao meio
ambiente. Ora, uma vez editada lei em sentido estrito, poderá haver a supressão ou redução da área,
de modo que é possível retroceder ambientalmente. O princípio da vedação ao retrocesso ambiental
não é, portanto, absoluto. É dinâmico e relativo, vez que há certa margem de discricionariedade do
legislador.

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3. A respeito do meio ambiente na Constituição Federal, assinale a alternativa correta:
a) Cabe ao Poder Público definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente
através de lei ou medida provisória.
b) A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a
Zona Costeira são bens públicos nacionais, devendo sua utilização ocorrer na forma da lei.
c) Não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam
manifestações culturais, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural
brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei federal específica que assegure o bem-estar dos animais
envolvidos.
d) As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o
que não poderão ser instaladas.
GABARITO: D

a) ERRADA: A alternativa está inteiramente correta, exceto pelo final que fala sobre a possibilidade de
supressão de espaço especialmente protegido por medida provisória. No Informativo 896, o STF o
decidiu que o art. 225, § 1º, III, da CF/88 exigiu que a redução ou supressão de espaços territoriais
especialmente protegidos fosse feita por lei em sentido formal. Ainda que a medida provisória possua
força de lei, é forçoso que a redução ou supressão seja promovida por lei em sentido estrito.

b) ERRADA: Trata-se de pegadinha bem antiga, visto que tais ecossistemas não são bens públicos.
Embora a Constituição Federal diga que eles compõem o patrimônio nacional, isso não quer dizer que
são bens públicos. Em verdade, tal expressão tem o intuito de dar uma especial proteção a tais
ecossistemas. Veja:

Art. 225, §4, da CF: A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-
Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro
de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos
naturais.

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c) ERRADA: A assertiva contraria a Constituição Federal, visto que não se exige que lei federal trate
sobre manifestações culturais. É, inclusive, ilógico que manifestações culturais, que são hauridas do
seio de culturas locais, tenha de ser regulamentado por lei federal. Veja:

Art. 225, §7º, da CF: Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se
consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações
culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza
imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica
que assegure o bem-estar dos animais envolvidos.

d) CERTA: Art. 225, § 6º, da CF: As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização
definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.

4. Sobre responsabilidade ambiental, é correto dizer:


a) Toda responsabilidade ambiental é de cunho objetivo, de modo que é desnecessária a comprovação
do elemento subjetivo da conduta.
b) O princípio ambiental que embasa a inversão do ônus da prova na seara ambiental é o da precaução.
Desse modo, nos casos de incerteza de danos ambientais, deve ser adotada a medida mais protetiva do
meio ambiente. Entretanto, nos casos de certezas de danos ambientais, a inversão do ônus da prova
não pode ser utilizada.
c) A ideia de responsabilização criminal da pessoa jurídica é incompatível com a teoria do crime
adotada pelo Brasil, de modo que pessoa jurídica não pode cometer crime ambiental.
d) Para a responsabilização penal da pessoa jurídica, não é necessário que os seus diretores e gestores
figurem como réus concomitantemente. Isso porque a jurisprudência pátria abandonou a aplicação da
teoria da dupla imputação.
GABARITO: D

a) ERRADA: Nada obstante a discussão que paira sobre a responsabilidade administrativa (prevalece
que é de cunho subjetiva), a responsabilidade criminal não pode ser objetiva no ordenamento jurídico
brasileiro. Sendo assim, a alternativa está incorreta, vez que prevalece que apenas a responsabilidade
civil é de cunho objetivo.

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b) ERRADA: A alternativa está toda correta até o ponto em que diz que, em casos de certezas de danos
ambientais, a inversão do ônus da prova não pode ser utilizada. Com efeito, o próprio STJ sumulou
entendimento que contradiz a assertiva:

Súmula 618 - A inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação ambiental. (Súmula 618,
CORTE ESPECIAL, julgado em 24/10/2018, DJe 30/10/2018)

c) ERRADA: A CF permitiu a responsabilização criminal das pessoas jurídicas. Veja:

Art. 225, § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de
reparar os danos causados.

d) CERTA: Antes o STJ e STF adotavam a teoria da dupla imputação, segundo a qual é possível a
responsabilização criminal da pessoa jurídica, desde que em conjunto com uma pessoa física. Todavia,
tanto o STJ quanto o STF abandonaram tal teoria, entendendo que a pessoa jurídica pode ser punida
penalmente por crimes ambientais ainda que não haja responsabilização de pessoas físicas.

5. Tendo como base a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB, assinale o item
correto:
a) Para ser executada no Brasil, a sentença proferida no estrangeiro precisa ser homologada pelo
Supremo Tribunal Federal e traduzida por intérprete autorizado.
b) Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, por juiz competente, ainda que as
partes não tenham sido citadas.
c) Não conhecendo a lei estrangeira, não poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto, pois é
seu dever conhecer o ordenamento jurídico.
d) A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e
aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.
GABARITO: D

a) ERRADO: O item “a” é falso, pois a competência é do STJ, nos termos da CF:

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Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: i) a
homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias;

b) ERRADO: Conforme previsão da LINDB:

Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes
requisitos: b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;

c) ERRADO: Segundo a LINDB:

Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da
vigência.

d) CERTO: Segundo a LINDB:

Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao
ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira
desconheça.

6. Suponha que uma lei já revogada seja aplicada às relações jurídicas civis consolidadas durante a
sua vigência. Essa situação caracteriza:
a) Aplicação do princípio da segurança jurídica.
b) Ultratividade da norma.
c) Repristinação.
d) Fato vedado pelo ordenamento jurídico.
GABARITO: B

A ultratividade é a aplicação de norma já revogada, mesmo depois de sua revogação. Por outro lado,
a repristinação ocorre quando uma lei é revogada por outra e, posteriormente, a própria norma
revogadora é revogada por uma terceira lei. Para o ordenamento jurídico brasileiro, a lei revogada não
se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. A repristinação só é admitida se for expressa.

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Quanto ao princípio da segurança jurídica, determina o art. 5.º, XXXVI, da CF/1988 que: “a lei não
prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”.

7. Sobre emancipação, assinale a alternativa correta:


a) Sendo a emancipação ato jurídico que antecipa os efeitos da aquisição da maioridade, a
emancipação elide a incidência do Estatuto da Criança e do Adolescente.
b) A emancipação por concessão dos pais está sujeita a desconstituição por vício de vontade. Todavia,
não se pode dizer o mesmo da emancipação por concessão por sentença do juiz.
c) A emancipação judicial se dá por sentença do juiz, em casos, por exemplo, em que um dos pais não
concorda com a emancipação, contrariando um a vontade do outro, devendo o ato jurídico ser objeto
de escritura pública.
d) A emancipação legal por exercício de cargo ou emprego público exige que a nomeação seja feita de
forma definitiva, de modo que a doutrina afasta tal forma de emancipação nas hipóteses de serviços
temporários ou cargos comissionados.
GABARITO: D

a) ERRADA: A emancipação antecipa os efeitos da maioridade e da consequente capacidade civil


plena. Com a emancipação, o menor deixa de ser incapaz e passa a ser capaz. Todavia, ele não deixa de
ser menor. Por essa razão, um menor emancipado não pode tirar carteira de habilitação, não pode
ingerir bebida alcoólica e o ECA lhe é aplicável. Veja o que dispõe o seguinte enunciado da VI da
Jornada de Direito Civil do CJF:

Enunciado n. 530: A emancipação, por si só, não elide a incidência do Estatuto da Criança e do
Adolescente.

b) ERRADA: A concessão da emancipação pelos pais está sujeita à desconstituição por vício de
vontade. Isso não se discute. Todavia, a emancipação judicial também está sujeita à desconstituição
por vício de vontade. Ora, um dos casos de emancipação judicial é aquela que ocorre quando um dos
pais não concorda com a emancipação e, assim, o pai desejoso em emancipar o filho vai

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c) ERRADA: O erro da alternativa reside somente na parte final (“devendo o ato jurídico ser objeto de
escritura pública.”). Com efeito, sendo a emancipação dada de forma judicial, por meio de sentença, a
escritura pública é dispensada. Nesse caso, a emancipação deve ser registrada em registro público
apenas (artigo 9º, II, do Código Civil).

d) CERTA: A doutrina entende que o emprego público ou cargo público que ensejam a emancipação
devem ter o cunho de definitividade. Aliás, o Código Civil fala que a incapacidade para os menores
cessa pelo exercício de emprego público efetivo (art. 5º, inciso III, do CC).

8. Acerca das normas fundamentais previstas no CPC e os princípios que regem o processo civil,
marque a assertiva correta:
a) Em razão do princípio da inércia jurisdicional, não se admite, em qualquer caso, a iniciativa de
processo de ofício.
b) Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida, salvo em
qualquer das hipóteses de tutela provisória, ou para a expedição do mandato monitório.
c) É inviável a conciliação ou mediação em sede de processo executivo ou de cumprimento de
sentença, tendo em vista serem voltados apenas para o processo de conhecimento.
d) Excepciona-se das regras de julgamento cronológico preferencial a decisão do agravo interno.
GABARITO: D

a) ERRADA: O princípio da inércia jurisdicional indica que, como regra, para se manter a imparcialidade
do juízo, não se admite que o processo seja iniciado de ofício, contudo o próprio dispositivo permite
exceções legais:

Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções
previstas em lei.

São situações em que é possível a instauração de ofício do procedimento:


I- restauração de autos (art. 712);
II- arrecadação de bens de herança jacente (art. 738);
III- arrecadação de bens de ausente (art. 744).

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b) ERRADA: Não são todas as hipóteses de tutela provisória. Essas se dividem em:
I- De urgência (cautelar ou antecipada): em ambos os casos, pode ser dada decisão inaudita altera
pars;
II- De evidência: somente pode ocorrer em duas situações, quais sejam:
1. Alegação de fato comprovada documentalmente + tese firmada em julgamento
repetitivo/súmula vinculante;
2. Pedido reipersecutório + Prova documental do contrato de depósito.
Nos outros dois casos (abuso de defesa e ausência de oposição de prova razoável), pela própria
natureza das hipóteses, somente será deferida após o exercício do direito de defesa.
Quanto ao caso de mandato monitório, também se configura como exceção à vedação de decisão sem
contraditório.

c) ERRADA: Apesar de inexistir previsão expressa no art. 2o, §3o, do CPC, os demais dispositivos que
tratam da matéria, além do entendimento doutrinário a respeito, abrem a possibilidade para a
utilização dos meios de catalização da autocomposição:

Art. 3o, § 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão
ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público,
inclusive no curso do processo judicial.

Art. 139, O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores
e mediadores judiciais;

Enunciado 485, Fórum Permanente de Processualistas Civis - (art. 3º, §§ 2º e 3º; art. 139, V; art. 509;
art. 513) É cabível conciliação ou mediação no processo de execução, no cumprimento de sentença e
na liquidação de sentença, em que será admissível a apresentação de plano de cumprimento da
prestação. (Grupo: Execução; redação revista no VII FPPC-São Paulo).

d) CERTA: São exceções ao julgamento cronológico:


I - as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência liminar do
pedido;

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II - o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em julgamento de
casos repetitivos;
III - o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de demandas repetitivas;
IV - as decisões proferidas com base nos art. 485 (extinção sem resolução de mérito) e 932 (decisões
do relator);
V - o julgamento de embargos de declaração;
VI - o julgamento de agravo interno;
VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça;
VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência penal;
IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por decisão fundamentada.

9. Sobre jurisdição e ação, assinale a resposta correta:


a) Segundo entendimento do STJ, a legitimidade pode ser analisada em qualquer momento processual,
por se tratar de matéria de ordem pública, contudo, devem ser levadas em consideração apenas as
afirmações da petição inicial e documentos a ela anexados.
b) Falta interesse de agir ao ajuizamento de ação declaratória quando houver a violação do direito.
c) De acordo com o princípio da indeclinabilidade da jurisdição, é desnecessário o prévio requerimento
administrativo para se pleitear judicialmente benefício previdenciário.
d) Em se tratando da causa de pedir, o CPC adota a teoria da substanciação, na qual aquela é definida
apenas pelos fundamentos de fato, uma vez que os fundamentos jurídicos devem ser conhecidos pelo
juiz de ofício.
GABARITO: A

a) CERTA: O STJ aplica a teoria da asserção na análise das condições da ação, indicando que se deve
utilizar como parâmetro aquilo que é afirmado na inicial, juntamente com os documentos anexados.
Assim, deve-se considerar, abstratamente, como verdadeiras as assertivas da inicial para extinguir ou
manter o processamento da ação. Caso seja necessária a colheita de prova para se determinar, por
exemplo, a legitimidade, estar-se-ia diante de improcedência da ação.
Ressalte-se que as condições da ação são matérias de ordem pública, podendo ser conhecidas a
qualquer momento processual, contudo, sempre com base na análise abstrata do alegado na inicial.

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VI - Para se investigar, entretanto, a presença dessas condições da ação, segundo a teoria da
asserção, a verificação se dá à luz das afirmações feitas pelo demandante em sua petição inicial,
devendo o julgador considerar a relação jurídica deduzida em juízo in statu assertionies, ou seja, à
vista daquilo que se afirmou. A respeito da aceitação dessa teoria no âmbito do Superior Tribunal de
Justiça, vejam-se os seguintes e recentes precedentes de ambas as Turmas que tratam de direito
público: AgInt no REsp 1546654/SC, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado
em 15/5/2018, DJe 18/5/2018; REsp 1721028/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA
TURMA, julgado em 17/4/2018, DJe 23/5/2018.
VII - Ao analisar com certa profundidade as provas para concluir pela ilegitimidade das ora recorridas,
o que o Tribunal de origem fez foi, na verdade, por decisão de mérito, determinar a improcedência dos
pedidos quanto a elas.
VIII - Ao contrário do que concluiu o juízo a quo para o não conhecimento do recurso de embargos
infringentes, ainda que sob a aparência de uma decisão de natureza apenas processual, trata-se de
uma decisão materialmente de mérito e, por isso, como há voto vencido, o recurso de embargos
infringentes deveria ser conhecido, até porque o acórdão recorrido foi proferido ainda no âmbito do
Código de Processo Civil de 1973 que previa essa modalidade de recurso. Precedentes: REsp
1567681/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 1º/12/2015, DJe
4/2/2016; REsp 1479855/PB, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe 19/12/2014;
AgRg no REsp 1397137/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
17/11/2016, DJe 7/12/2016) IX - Agravo interno improvido.
(AgInt no REsp 1711322/RJ, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA, julgado em
06/09/2018, DJe 12/09/2018)

b) ERRADA: O CPC permite o ajuizamento de ação meramente declaratória, ainda que tenha havido
violação de direito:

Art. 20. É admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do direito.

c) ERRADA: O princípio da indeclinabilidade ou inafastabilidade da jurisdição aponta que lei não


poderá impedir o acesso ao Poder Judiciário diante de lesão ou ameaça a direito.

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Em razão disso, veda-se a exigência de prévio esgotamento da via administrativa como requisito para
ingresso com a ação judicial, exceto no caso da Justiça Desportiva, que possui assento constitucional
(art. 217, §1o, CF).
No caso de benefício previdenciário, assim como outros casos em que equivocadamente são
apontados como exceção ao princípio constitucional, inexistindo o requerimento administrativo, não
se pode falar em lesão ou ameaça de lesão, tratando-se, portanto, de ausência de interesse de agir.
No referido caso, não é necessário o prévio requerimento administrativo:
I- Se a posição do INSS é notória e reiterada em desfavor à pretensão do Autor;
II- Na hipótese de revisão, restabelecimento ou manutenção de benefício já concedido, uma vez que é
dever legal do INSS conceder a prestação mais vantajosa.
Observação: Caso haja omissão do INSS em decidir o requerimento, também haverá interesse de agir a
permitir o ingresso da ação.

Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. PRÉVIO REQUERIMENTO


ADMINISTRATIVO E INTERESSE EM AGIR. 1. A instituição de condições para o regular exercício do
direito de ação é compatível com o art. 5º, XXXV, da Constituição. Para se caracterizar a presença de
interesse em agir, é preciso haver necessidade de ir a juízo. 2. A concessão de benefícios
previdenciários depende de requerimento do interessado, não se caracterizando ameaça ou lesão a
direito antes de sua apreciação e indeferimento pelo INSS, ou se excedido o prazo legal para sua
análise. É bem de ver, no entanto, que a exigência de prévio requerimento não se confunde com o
exaurimento das vias administrativas. 3. A exigência de prévio requerimento administrativo não deve
prevalecer quando o entendimento da Administração for notória e reiteradamente contrário à
postulação do segurado. 4. Na hipótese de pretensão de revisão, restabelecimento ou manutenção de
benefício anteriormente concedido, considerando que o INSS tem o dever legal de conceder a
prestação mais vantajosa possível, o pedido poderá ser formulado diretamente em juízo – salvo se
depender da análise de matéria de fato ainda não levada ao conhecimento da Administração –, uma
vez que, nesses casos, a conduta do INSS já configura o não acolhimento ao menos tácito da
pretensão. 5. Tendo em vista a prolongada oscilação jurisprudencial na matéria, inclusive no Supremo
Tribunal Federal, deve-se estabelecer uma fórmula de transição para lidar com as ações em curso, nos
termos a seguir expostos. 6. Quanto às ações ajuizadas até a conclusão do presente julgamento
(03.09.2014), sem que tenha havido prévio requerimento administrativo nas hipóteses em que
exigível, será observado o seguinte: (i) caso a ação tenha sido ajuizada no âmbito de Juizado Itinerante,

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a ausência de anterior pedido administrativo não deverá implicar a extinção do feito; (ii) caso o INSS já
tenha apresentado contestação de mérito, está caracterizado o interesse em agir pela resistência à
pretensão; (iii) as demais ações que não se enquadrem nos itens (i) e (ii) ficarão sobrestadas,
observando-se a sistemática a seguir. 7. Nas ações sobrestadas, o autor será intimado a dar entrada no
pedido administrativo em 30 dias, sob pena de extinção do processo. Comprovada a postulação
administrativa, o INSS será intimado a se manifestar acerca do pedido em até 90 dias, prazo dentro do
qual a Autarquia deverá colher todas as provas eventualmente necessárias e proferir decisão. Se o
pedido for acolhido administrativamente ou não puder ter o seu mérito analisado devido a razões
imputáveis ao próprio requerente, extingue-se a ação. Do contrário, estará caracterizado o interesse
em agir e o feito deverá prosseguir. 8. Em todos os casos acima – itens (i), (ii) e (iii) –, tanto a análise
administrativa quanto a judicial deverão levar em conta a data do início da ação como data de entrada
do requerimento, para todos os efeitos legais. 9. Recurso extraordinário a que se dá parcial
provimento, reformando-se o acórdão recorrido para determinar a baixa dos autos ao juiz de primeiro
grau, o qual deverá intimar a autora – que alega ser trabalhadora rural informal – a dar entrada no
pedido administrativo em 30 dias, sob pena de extinção. Comprovada a postulação administrativa, o
INSS será intimado para que, em 90 dias, colha as provas necessárias e profira decisão administrativa,
considerando como data de entrada do requerimento a data do início da ação, para todos os efeitos
legais. O resultado será comunicado ao juiz, que apreciará a subsistência ou não do interesse em agir.
(RE 631240, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 03/09/2014, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-220 DIVULG 07-11-2014 PUBLIC 10-11-2014)

d) ERRADA: De fato, segundo a doutrina majoritária, o CPC adotou a teoria da substanciação, contudo,
nessa, a causa de pedir é formada por fundamento de fato + fundamento jurídico, ou seja, tanto a
narrativa dos fatos quanto a causa jurídica para o pleito.
Assim, caso o autor pleiteie a nulidade do contrato por motivo de dolo e seja a ação indeferida, poderá
ajuizar uma nova demanda pleiteando a nulidade do mesmo contrato por motivo de lesão.
Ressalte-se que o fundamento jurídico não se confunde com o fundamento legal, que é o
apontamento do dispositivo legal a fundamentar a petição. Nesse caso é que o juiz não se vincula,
podendo utilizar fundamento legal diverso.

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10. Será competente o foro:
a) do domicílio da mulher nas ações de divórcio que não envolva incapaz.
b) do domicílio do incapaz nas ações em que for réu.
c) do local da coisa nas ações que envolvam direitos reais sobre bens móveis.
d) do domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão de
delito de acidente de aeronave.
GABARITO: D

a) ERRADA: Não foi repetida a previsão do CPC anterior de proteção à mulher, havendo o seguinte
foro sucessivo nas ações de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou
dissolução de união estável:
I- Domicílio do guardião do filho incapaz;
II- Último domicílio do casal, se não houver incapaz;
III- Domicílio do réu se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal.

b) ERRADA: O foro competente será do domicílio do assistente ou representante do incapaz.

Art. 50. A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu representante ou
assistente.

c) ERRADA: O foro da situação da coisa somente será o competente se a ação versar sobre direitos
reais sobre IMÓVEIS. As ações de direito real sobre bens móveis seguem a regra das ações de direito
pessoal -> foro do domicílio do réu.
No caso de bens imóveis, haverá competência absoluta se se tratar de ação possessória -> além disso,
não poderá haver opção pelo domicílio do réu ou de eleição se as ações forem obre direito de
propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova (PRO
VIDEMTE NUN DISER).

d) CERTA: É o disposto no art. 53, V, do CPC:

Art. 53, V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em
razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves.

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11. Marque o que for correto acerca dos honorários advocatícios:
a) Ainda que a sentença não se manifeste a respeito da verba honorária, haverá uma condenação
implícita, podendo ser liquidado e cobrado em sede de cumprimento de sentença.
b) Serão devidos em reclamação constitucional no STF.
c) Poderão ser majorados em sede de cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública, mesmo não
havendo impugnação, caso o pagamento seja realizado mediante precatório.
d) Não serão devidos em cumprimento provisório de sentença.
GABARITO: B

a) ERRADA: Apesar de ser considerado um pedido implícito (CPC determina a análise, ainda que não
haja pedido expresso), os honorários não são considerados como uma condenação implícita, devendo,
em caso de omissão na sentença, serem pleiteados através de ação autônoma:

Art. 322, § 1o Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as verbas de


sucumbência, inclusive os honorários advocatícios.
Art. 85, § 18. Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao direito aos honorários ou ao
seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição e cobrança.

b) CERTA: O STF alterou sua jurisprudência para admitir a condenação em honorários advocatícios em
reclamação, dando indícios de aceitá-la como natureza de ação ou invés de exercício de direito de
petição constitucional:

EMENTA: AGRAVO INTERNO EM RECLAMAÇÃO. DIREITO ADMINISTRATIVO E DO TRABALHO.


REMUNERAÇÃO. SÚMULAS VINCULANTES 37 E 42. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM RECLAMAÇÃO.
NOVO REGIME PROCESSUAL. CABIMENTO. 1. Não viola as Súmulas Vinculantes 37 e 42 a decisão que,
com base no Decreto nº 41.554/97 e Lei nº 8.898/94, ambos do Estado de São Paulo, garante a
empregada pública cedida da Fundação Municipal de Ensino Superior de Marília para a Faculdade de
Medicina de Marília – FAMENA o percebimento de remuneração conforme índices estabelecidos pelo
Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo – CRUESP. Precedentes. 2. O CPC/2015
promoveu modificação essencial no procedimento da reclamação, ao instituir o contraditório prévio à
decisão final (art. 989, III). Neste novo cenário, a observância do princípio da causalidade viabiliza a
condenação da sucumbente na reclamação ao pagamento dos respectivos honorários, devendo o

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respectivo cumprimento da condenação ser realizado nos autos do processo de origem, quando se
tratar de impugnação de decisão judicial. 3. Agravo interno a que se nega provimento.
(Rcl 24417 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 07/03/2017,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-082 DIVULG 20-04-2017 PUBLIC 24-04-2017)

Diversamente, a Lei do Mandado de Segurança não admite a condenação em honorários advocatícios,


entendendo o STF não haver condenação à verba na esfera recursal, uma vez que não se pode majorar
algo inexistente.

c) ERRADA: O CPC incorporou entendimento jurisprudencial no sentido de que, não havendo


impugnação ao cumprimento de sentença, a Fazenda Pública não poderá ser condenada em
honorários advocatícios adicionais, tendo em vista que não possui a voluntariedade no pagamento, em
caso de precatório.
Ressalte-se que, se a obrigação for de pequeno valor (RPV), haverá o acréscimo independentemente
de impugnação:

Art. 85, § 7º Não serão devidos honorários no cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública que
enseje expedição de precatório, desde que não tenha sido impugnada.

d) ERRADA: Segundo o CPC, é cabível condenação em honorários em:


I- Reconvenção;
II- Cumprimento de sentença, provisório ou definitivo;
III- Execução, resistida ou não;
IV- Recursos interpostos, cumulativamente (desde que não ultrapasse 20% no somatório).

12. Sobre a intervenção de terceiros, marque a resposta correta:


a) A sentença proferida em processo em que há a intervenção de assistente simples fará coisa julgada
contra este, exceto se pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do
assistido, foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença ou desconhecia a
existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu.

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b) A instauração do incidente de desconsideração de personalidade jurídica requerido na petição inicial
suspenderá o processo a partir da citação do sócio ou da pessoa jurídica.
c) Segundo o CPC, o amicus curiae poderá recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de
demanda repetitiva, bem como daquele que indeferir o pedido de intervenção.
d) Sendo julgada a demanda em favor do denunciante, a ação de denunciação não terá seu mérito
julgado, sem prejuízo da condenação daquele em honorários em favor do denunciado.
GABARITO: D

a) ERRADA: Segundo o CPC, excluídas as hipóteses tratadas na questão, transitada em julgado a


sentença, o assistente simples não poderá discutir a “justiça” da decisão. A eficácia da intervenção,
portanto, vincula apenas em relação à fundamentação, não surtindo efeitos, e nem podendo, em
relação ao dispositivo, já que o assistente não faz parte da relação jurídica discutida na demanda.

Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o assistente, este não
poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que:
I - pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido, foi impedido
de produzir provas suscetíveis de influir na sentença;
II - desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo ou culpa, não se
valeu.

Ao contrário, o assistente litisconsorcial faz parte da relação jurídica, assumindo todos os ônus e
consequências dessa situação, inclusive vinculando-se à coisa julgada.

b) ERRADA: O CPC não indica quais as hipóteses de cabimento da desconsideração da personalidade


jurídica, apenas regulando o seu processamento. Nesse sentido, há dois procedimentos possíveis:
I- Requerida na petição inicial: não será instaurado incidente, devendo o sócio ou a pessoa jurídica (em
caso de desconsideração inversa) ser citado para responder ao processo desde o início, em
litisconsórcio, sem qualquer suspensão;
II- Requerido durante o processo: será instaurado um incidente, suspendendo o processo, devendo ser
citado o sócio ou a pessoa jurídica para responder em 15 dias, sendo julgado por decisão
interlocutória, após instrução, se necessária.
A desconsideração da personalidade jurídica é cabível em todas as fases do processo de conhecimento,
cumprimento de sentença e execução, inclusive nos juizados especiais (art. 1.062, CPC).

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c) ERRADA: O CPC apenas permite uma única legitimidade recursal para o amicus curiae: julgamento
de IRDR. Antes da entrada em vigor do atual CPC, o STF entendia cabíveis também os embargos de
declaração e o agravo da decisão que indeferia sua participação, estando em discussão se ainda seriam
aplicáveis.

d) CERTA: A denunciação da lide ocorre quando há a possibilidade de exercício de direito de evicção ou


de regresso, caso o autor ou réu sejam vencidos na demanda. Assim, diferencia-se do chamamento ao
processo porquanto o denunciado possui relação jurídica somente com o denunciante, enquanto que
o chamado está na relação discutida (fiador/afiançado ou coobrigado).
Sendo sentenciada a demanda:
I- Julgada em desfavor do denunciante: o juiz passa ao mérito da denunciação;
Observação: O autor pode requerer o cumprimento também contra o denunciado nos limites da ação
regressiva.
II- Julgada em favor do denunciante: juiz não analisa o mérito da denunciação, mas pode condenar o
denunciante em honorários em favor do denunciado.

13. Acerca da participação da Advocacia Pública, do Ministério Público e da Defensoria Pública no


processo civil:
a) Haverá nulidade absoluta caso não haja a intimação do Ministério Público em processo no qual sua
participação é obrigatória.
b) A atuação de advogado público em favor da respectiva entidade federativa não depende de
apresentação de procuração, desde que seja servidor público.
c) Não se aplica ao patrocinado da Defensoria Pública a prerrogativa de prazo em dobro para
pagamento voluntário em cumprimento de sentença, uma vez que referido prazo é de direito material
e voltado para a parte.
d) Estando presente a Fazenda Pública em um dos polos da ação, é obrigatória a intervenção do
Ministério Público.
GABARITO: B

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a) ERRADA: Somente haverá nulidade se houver prejuízo para o interesse a ser defendido pelo
Ministério Público. Assim, em ação ajuizada por menor incapaz, sagrando-se esse vencedor, não
haverá nulidade se o Ministério Público não participar. Ressalte-se que o próprio CPC determina a
intimação do MP para se manifestar sobre a existência ou não de prejuízo:

Art. 279. É nulo o processo quando o membro do Ministério Público não for intimado a acompanhar
o feito em que deva intervir.
§ 1º Se o processo tiver tramitado sem conhecimento do membro do Ministério Público, o juiz
invalidará os atos praticados a partir do momento em que ele deveria ter sido intimado.
§ 2º A nulidade só pode ser decretada após a intimação do Ministério Público, que se manifestará
sobre a existência ou a inexistência de prejuízo.

b) CERTA: A representatividade do advogado público decorre diretamente da sua posse e exercício,


sendo dispensada a apresentação de qualquer tipo de procuração:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ASSINADO


POR ADVOGADO SEM PROCURAÇÃO NOS AUTOS. INADMISSIBILIDADE DE REGULARIZAÇÃO
POSTERIOR. RECURSO INEXISTENTE. SÚMULA 115/STJ. AGRAVO REGIMENTAL DO SERVIÇO MUNICIPAL
DE SANEAMENTO AMBIENTAL DE SANTO ANDRÉ-SEMASA A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
1. O Plenário do STJ, na sessão de 9.3.2016, definiu que o regime recursal será determinado pela data
da publicação da decisão impugnada (Enunciado Administrativo 2/STJ).
2. A jurisprudência desta Corte entende que na instância especial é inexistente recurso interposto por
Advogado sem procuração nos autos, nos termos da Súmula 115/STJ, sendo inaplicável a regra
disposta no art. 13 do CPC/1973. Precedentes: AgRg no AREsp. 242.324/SP, Rel. Min. NAPOLEÃO
NUNES MAIA FILHO, DJe 4.3.2016; AgInt no AREsp. 899.007/SP, Rel. Min. REGINA HELENA COSTA, DJe
23.9.2016;
AgInt no AREsp. 902.049/SP, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 23.9.2016.
3. É firme o entendimento desta Corte Superior de que a representação processual dos Entes
Públicos independe de instrumento de mandato, desde que seus procuradores estejam investidos na
condição de servidores públicos, o que não é o caso dos autos, já que o subscritor do Apelo Nobre
apenas se identificou como advogado, com a indicação do respectivo número de inscrição na OAB, não
existindo prova de que seja Servidor Público.

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4. Agravo Regimental do SERVIÇO MUNICIPAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL DE SANTO ANDRÉ-
SEMASA a que se nega provimento.
(AgRg no AREsp 783.412/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado
em 23/10/2018, DJe 31/10/2018)

c) ERRADA: A prerrogativa de prazo dobrado para a Defensoria Pública possui fundamento na


dificuldade de comunicação com o patrocinado, assim, há o mesmo raciocínio em relação ao prazo
para pagamento voluntário em cumprimento de sentença:

RECURSO ESPECIAL - CUMPRIMENTO DE SENTENÇA - DEVEDOR REPRESENTADO POR DEFENSOR


PÚBLICO - ADIMPLEMENTO PARCIAL DA OBRIGAÇÃO DECORRIDOS DEZENOVE DIAS - APLICAÇÃO DA
MULTA PREVISTA NO ARTIGO 475-J DO CPC/73 - TRIBUNAL A QUO QUE INDEFERIU A PRERROGATIVA
DO ART. 5º, §5º DA LEI 1.060/50 AO CASO - INSURGÊNCIA DO RÉU.
Hipótese: Cinge-se a controvérsia a decidir se deve ser contado em dobro o prazo para o cumprimento
voluntário de sentença no caso de réu assistido pela Defensoria Pública.
(...)
3. Conforme a jurisprudência do STJ, a prerrogativa da contagem em dobro dos prazos visa a
compensar as peculiares condições enfrentadas pelos profissionais que atuam nos serviços de
assistência judiciária do Estado, que "enfrentam deficiências de material, pessoal e grande volume de
processos" (REsp 1.106.213/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi. Terceira Turma. julgado em 25/10/2011) 4.
Em caso análogo, no qual se discutia o cumprimento, pela parte, de decisão judicial sobre purgação da
mora, esta Corte superior decidiu ser cabível a contagem em dobro dos prazos para parte assistida
pela Defensoria Pública. (REsp 249.788/RJ, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, SEXTA TURMA,
julgado em 22/08/2000, DJ 11/09/2000) 5. Na hipótese de parte beneficiária da assistência judiciária
integral e gratuita, a prerrogativa da contagem em dobro dos prazos, prevista no artigo 5º, §5º, da
Lei 1.060/50, aplica-se também ao lapso temporal previsto no art. 475-J do CPC/73, correspondente
ao art. 523 caput e §1º do CPC/15, sendo, portanto, tempestivo o cumprimento de sentença, ainda
que parcial, quando realizado em menos de 30 (trinta) dias.
6. Recurso provido para afastar a incidência da multa prevista no art. 475-J sobre a parcela da dívida
depositada no prazo calculado conforme a prerrogativa prevista no artigo 5º, §5º da Lei 1.060/50.
(REsp 1261856/DF, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 22/11/2016, DJe
29/11/2016).

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d) ERRADA: A mera presença da Fazenda Pública em um dos polos da ação não justifica a
obrigatoriedade de participação do MP na causa, tendo em vista que o interesse público a
fundamentar a intervenção é primário. Assim, estando em discussão direitos disponíveis, meramente
patrimoniais, não há a necessidade de intimação do MP para participar do processo:

RECURSO ESPECIAL - AÇÃO ANULATÓRIA - MULTA DE TRÂNSITO - DEFICIÊNCIA NA


FUNDAMENTAÇÃO: SÚMULA 284/STF - INADMISSIBILIDADE. INTERVENÇÃO - MINISTÉRIO PÚBLICO -
DESNECESSIDADE.
1. É deficiente a fundamentação do especial que não demonstra contrariedade ou negativa de
vigência a tratado ou a lei federal.
2. O interesse patrimonial da Fazenda Pública, por si só, não se identifica com o "interesse público" a
que alude o art. 82, III, do CPC, para fins de intervenção do Ministério Público no processo.
3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido.
(REsp 1191269/AM, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/06/2010, DJe
01/07/2010).

14. Concernente ao Direito do Trabalho, responda a alternativa que apresenta correto embasamento
no regime principiológico aplicado a esta seara:
a) O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o
despedimento, é do empregado.
b) Pode-se dizer que o princípio da proteção consiste na aplicação ao direito do trabalho do princípio
da igualdade em seu aspecto substancial.
c) O princípio da primazia da realidade é aquele segundo o qual os fatos, para o direito do trabalho,
serão sempre mais relevantes que os ajustes formais, não tendo sido, ainda, positivado no
ordenamento pátrio.
d) Diante da hipossuficiência do empregado, o princípio da inalterabilidade contratual lesiva tem
aplicação de forma absoluta.
GABARITO: B

a) ERRADO: A Súmula nº 212 do TST estabelece o contrário:

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DESPEDIMENTO. ÔNUS DA PROVA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 O ônus de provar
o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do
empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao
empregado.

b) CORRETO: O princípio da proteção, também chamado de princípio protetor ou tutelar ou tuitivo,


consiste na utilização da norma e da condição mais favoráveis ao trabalhador, de forma a tentar
compensar juridicamente a condição de hipossuficiente do empregado.

c) ERRADO: O princípio da primazia da realidade foi consagrado pelo art. 9° da CLT, segundo o qual
“serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a
aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação”.

d) ERRADO: O princípio da inalterabilidade contratual lesiva não é absoluto, como, aliás, nenhum
direito o é. Ele é mitigado pelo chamado jus variandi conferido ao empregador em decorrência do
poder diretivo. O jus variandi torna lícito ao empregador efetuar pequenas alterações não substanciais
no contrato de trabalho, de forma a melhor organizar, sob critérios objetivos, o seu empreendimento.

15. Com base nas alterações propostas pela Reforma Trabalhista responda qual assertiva está de
acordo com o texto legal:
a) O banco de horas pode ser celebrado apenas por força de por convenção coletiva de trabalho e o
excesso de horas em um dia ser compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de
maneira que não exceda, no período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho
previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de onze horas diárias.
b) O banco de horas pode ser celebrado por força de acordo individual de trabalho e o excesso de
horas em um dia ser compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não
exceda, no período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja
ultrapassado o limite máximo de nove horas diárias.
c) O banco de horas pode ser celebrado por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho e o
excesso de horas em um dia ser compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de

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maneira que não exceda, no período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho
previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias.
d) O banco de horas pode ser celebrado apenas por força de acordo coletivo de trabalho e o excesso
de horas em um dia ser compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que
não exceda, no período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem
seja ultrapassado o limite máximo de doze horas diárias.
GABARITO: C

Esse é o modelo de questão que torna a prova altamente cansativa. Infelizmente ainda é uma
realidade e é necessário que o aluno esteja preparado para notar os detalhes nessa situação.
O tema é de grande importância. Com a reforma trabalhista a redação ficou assim:

Art. 59. A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente
de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho.
§ 2º Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de ACORDO OU CONVENÇÃO coletiva
de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro
dia, de maneira que não exceda, no PERÍODO MÁXIMO DE UM ANO, à soma das jornadas semanais de
trabalho previstas, nem seja ultrapassado o LIMITE MÁXIMO DE DEZ HORAS DIÁRIAS.
[...] § 5º O banco de horas de que trata o § 2º deste artigo poderá ser pactuado por ACORDO
INDIVIDUAL ESCRITO, desde que a compensação ocorra no período MÁXIMO DE SEIS MESES.

a) ERRADO: O banco de horas pode ser celebrado tanto por acordo ou convenção e em um limite
máximo de dez horas diárias e não de onze horas diárias, como foi apresentado na alternativa.

b) ERRADO: Embora seja possível Banco de horas por acordo individual escrito, este apenas é cabível
quando a compensação ocorra no período máximo de seis meses e não de um ano, como foi
apresentado na alternativa. Lembrando, sempre, que esse acordo individual de banco de horas deve
ser ESCRITO.

c) CORRETA: Essa assertiva está de acordo com a legislação supratranscrita.

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d) ERRADO: O banco de horas pode ser celebrado tanto por acordo ou convenção e em um limite
máximo de dez horas diárias e não doze horas diárias, como foi apresentado na alternativa.

16. A Lei 13.467/2017 promoveu alterações no âmbito trabalhista. Conforme essa novidade
legislativa marque a alternativa correta:
a) As condições estabelecidas em convenção coletiva de trabalho sempre prevalecerão sobre as
estipuladas em acordo coletivo de trabalho.
b) No exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho terá ampla
autonomia para analisar a conformidade dos elementos essenciais do negócio jurídico e
compatibilidade material com as regras da seara trabalhista.
c) Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com
subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de
inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do
empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação própria.
d) Poderá ser realizada a alteração do regime de teletrabalho para o presencial por determinação do
empregador, garantido prazo de transição mínimo de vinte dias, com correspondente registro em
aditivo contratual.
GABARITO: C

a) ERRADO: Por disposição legal expressa na CLT, o art. 620 estabelece que as condições estabelecidas
em acordo coletivo de trabalho sempre prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de
trabalho.

b) ERRADO: Com a Reforma foi consagrado o princípio da intervenção mínima na autonomia da


vontade coletiva, estampado no art. 8º, § 3º da CLT:

Art. 8º - (...) § 3º No exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, a Justiça do


Trabalho analisará exclusivamente a conformidade dos elementos essenciais do negócio jurídico,
respeitado o disposto no art. 104 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e balizará
sua atuação pelo princípio da intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva.

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c) CORRETO: De acordo com o artigo 443, § 3º, da CLT: Considera-se como INTERMITENTE o contrato
de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação, NÃO É CONTÍNUA, ocorrendo com
alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou
meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os
aeronautas, regidos por legislação própria.

d) ERRADO: Consoante Art. 75-C, da CLT: A prestação de serviços na modalidade de teletrabalho


deverá constar expressamente do contrato individual de trabalho, que especificará as atividades que
serão realizadas pelo empregado. [...] § 2º Poderá ser realizada a alteração do regime de teletrabalho
para o presencial por determinação do empregador, garantido prazo de transição mínimo de quinze
dias, com correspondente registro em aditivo contratual.

17. No tocante a salário e remuneração no âmbito do Direito do Trabalho assinale a alternativa


correta:
a) Considera-se gorjeta apenas a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, não
sendo considerado, portanto, o valor cobrado pela empresa, como serviço ou adicional, a qualquer
título, e destinado à distribuição aos empregados.
b) O salário, em regra, não pode ser objeto de renúncia ou de transação prejudicial ao trabalhador, no
contexto da relação de emprego, consagrando, então, seu caráter forfetário.
c) O salário complessivo, em regra, não é admitido pela jurisprudência, entendimento este já
consolidado há muito pelo TST, por meio da Súmula.
d) Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e de função, diárias para
viagens e abonos pagos pelo empregador.
GABARITO: C

a) ERRADO: O parágrafo 3º do art. 457 da CLT estabelece que “considera-se gorjeta não só a
importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também o valor cobrado pela
empresa, como serviço ou adicional, a qualquer título, e destinado à distribuição aos empregados.

b) ERRADO: Uma das características do salário é seu caráter forfetário: o salário é definido
previamente, independentemente do resultado da atividade do empresário, ou seja, o empregado tem

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a certeza do quanto deverá receber, não assumindo os riscos do negócio; A questão tentou confundir
o aluno com outra característica do salário: a indisponibilidade.

c) CORRETO: O salário complessivo é o pagamento englobado sem discriminação das verbas quitadas
ao empregado. Sua nulidade está determinada em enunciado de súmula:

Súmula 91: Nula é a cláusula contratual que fixa determinada importância ou percentagem para
atender englobadamente vários direitos legais ou contratuais do trabalhador.

d) ERRADO: A reforma trabalhista alterou o §1º do art. 457 da CTL para restringir as parcelas de
natureza salarial: art. 457, § 1º integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais
e de função e as comissões pagas pelo empregador.

18. Acerca dos empregadores, julgue o item correto:


a) Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade
econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços. Sendo assim, diante de um
cenário de crise econômica, não é possível a redução salarial dos empregados, ainda que seja pactuado
por convenção ou acordo coletivo.
b) Acerca dos empregadores por equiparação, há duas correntes distintas que explicam sua existência
na CLT. A primeira corrente defende que empregadores por equiparação são empregadores que não
exercem atividade econômica na condição de empresa ou empresário. Ou seja, os empregadores por
equiparação existem para que fique claro que, ainda que não haja intuito lucrativo, o vínculo de
emprego pode ficar configurado. A segunda corrente defende que a CLT quis deixar claro que pessoas
sem personalidade jurídica própria também podem admitir empregados.
c) Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria,
estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial
ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para efeitos da relação de emprego, solidariamente
responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.
d) Ainda que a mera existência de sócios em comum não seja suficiente para configuração de um
grupo econômico, a presença de sócios em comum sugere forte indicativo de que esse grupo pode

29
existir, devendo o empregado inexoravelmente demonstrar concretamente os requisitos de
configuração do grupo econômico.
GABARITO: B

a) ERRADO: A questão versa sobre o princípio da irredutibilidade salarial. Todavia, a própria CF


comporta a possibilidade de redução salarial, desde que haja convenção ou acordo coletivo (art. 7º, VI,
da CF).

b) CERTO: Vólia Bonfim explica:

Teria sido proposital o uso do vocábulo “equiparam-se” ou foi uma “falha técnica” da lei? Duas
correntes tentam resolver a questão.
A primeira, por nós defendida, no sentido de que o § 1º quis esclarecer que a pessoa física ou jurídica
que não explore atividade lucrativa também é empregadora quando contratar empregados.
Na verdade, a lei afirma “equiparam-se ao empregador”, mas, na verdade, quis dizer “também é
empregador” aquele que emprega trabalhadores, mesmo que não se enquadre no conceito formal de
“empresa”, já que o caput do art. 2º conceitua o empregador como a “empresa”. Logo, houve falha
técnica na redação.
Isto porque os profissionais liberais, associações beneficentes e outras entidades sem fins lucrativos
não são considerados empresas ou empresários e, sob este argumento, poderiam tentar burlar a
aplicação da lei trabalhista.
Em outras palavras: o legislador incluiu como empregadoras as pessoas que, embora não se
enquadrem no conceito técnico de empresa ou de empresário, têm os mesmos direitos e obrigações
dos demais empregadores mencionados no caput do art. 2º da CLT.
A segunda vertente prefere afirmar que “empregadores por equiparação” são os entes sem
personalidade jurídica.

c) ERRADO: A assertiva corresponde à redação antiga do artigo 2º, § 2º, da CLT: Sempre que uma ou
mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção,
controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra
atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a
empresa principal e cada uma das subordinadas.

30
d) ERRADO: É o empregador que tem que demonstrar que os requisitos do grupo econômico não
estão preenchidos, pois ele tem maior aptidão para produção dessa prova. Eis o Enunciado 5 da
Jornada Trabalhista:

Enunciado n° 5 da 2ª jornada de Direito Material e Processual do Trabalho. Grupo econômico


trabalhista. Distribuição racional do ônus da prova.
1. A lei 13.467/2017 reconheceu expressamente a figura do grupo econômico trabalhista por
coordenação (art. 2°, § 2°) e estabeleceu requisitos subjetivos (interesse integrado e comum) e
objetivo (atuação conjunta) para a caracterização do grupo, a serem verificados no caso concreto pelo
juízo (art. 2°, § 3°);
2. Nas hipóteses restritas de aplicação do parágrafo 3° do artigo 2° da CLT, a mera identidade de sócios
entre as empresas integrantes, embora não baste à caracterização do grupo econômico, constitui
indício que autoriza a inversão ou redistribuição do ônus da prova, nos termos do art. 818
§ 1° da CLT, com redação dada pela Lei 13.467/2017. Incumbe então ao empregador o ônus de
comprovar a ausência de interesses integrados, da comunhão de interesses e/ou da atuação conjunta
das empresas.

19. Sobre Processo do Trabalho, assinale a alternativa correta:


a) Apresenta-se exceção de incompetência territorial no prazo de cinco dias a contar da notificação,
antes da audiência e em preliminar de contestação.
b) O juiz, presidente ou vogal, é obrigado a dar-se por impedido, e pode ser recusado, inimizade
pessoal com um dos litigantes.
c) A circunstância de a testemunha formular pedido que coincida, no todo ou em parte, com o objeto
da presente reclamação trabalhista, a torna suspeita.
d) É do empregador o ônus de comprovar que o empregado não satisfaz os requisitos indispensáveis
para a concessão do vale-transporte ou não pretenda fazer uso do benefício.
GABARITO: D

31
a) ERRADA: Exceção na assertiva está utilizada no sentido de defesa. Essa defesa, diferentemente do
NCPC, não é apresentada em preliminar de contestação e sim por meio de exceção de incompetência
(instrumento). Veja:

Art. 800. Apresentada exceção de incompetência territorial no prazo de cinco dias a contar da
notificação, antes da audiência e em peça que sinalize a existência desta exceção, seguir-se-á o
procedimento estabelecido neste artigo.
§ 1º Protocolada a petição, será suspenso o processo e não se realizará a audiência a que se refere o
art. 843 desta Consolidação até que se decida a exceção.

b) ERRADA: É muito importante saber a diferença entre suspeição e impedimento. A suspeição é


subjetiva e admite prova em contrário. O impedimento é objetivo e é absoluto. O caso se refere à
suspeição. Veja:

Art. 801 - O juiz, presidente ou vogal, é obrigado a dar-se por suspeito, e pode ser recusado, por
algum dos seguintes motivos, em relação à pessoa dos litigantes:
a) inimizade pessoal;

b) amizade íntima;
c) parentesco por consangüinidade ou afinidade até o terceiro grau civil;
d) interesse particular na causa.

c) ERRADA: Súmula 357 do TST: A circunstância de a testemunha formular pedido que coincida, no
todo ou em parte, com o objeto da presente reclamação trabalhista, também não a torna suspeita.

d) CERTA: Súmula 460 do TST: É do empregador o ônus de comprovar que o empregado não satisfaz os
requisitos indispensáveis para a concessão do vale-transporte ou não pretenda fazer uso do benefício.

20. Sobre os princípios da seguridade social e da previdência social, julgue os itens a seguir:
a) A universalidade de cobertura restringe-se ao aspecto objetivo da seguridade social, significando
que a abrangência deve abarcar os riscos sociais e a prevenção do surgimento da necessidade
protetora em qualquer circunstância.

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b) O princípio da irredutibilidade dos benefícios impõe que estes mantenham seu valor real,
considerando-se as perdas inflacionárias.
c) O princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios previdenciários é extensível à saúde e à
assistência social, sendo obrigatório o reajuste anual.
d) Estabelecido o princípio constitucional da irredutibilidade material dos benefícios previdenciários, o
Superior Tribunal de Justiça não admite a aplicação de índice inflacionário negativo sobre a correção
monetária de débitos previdenciários.
GABARITO: B

a) ERRADO: O art. 194, Parágrafo único, previu o princípio da universalidade da cobertura e do


atendimento. De fato, a universalidade de cobertura corresponde ao aspecto objetivo e a
universalidade do atendimento ao aspecto subjetivo. Todavia, o erro da assertiva está no final em que
diz que a universalidade abrange medida protetora de qualquer circunstância. Isso porque, para
previdência, a universalidade será limitada por sua necessária contributividade.

b) CERTO: Os benefícios previdenciários gozam de irredutibilidade nominal e real, ao passo que os


benefícios assistenciais apenas gozam de irredutibilidade nominal. Ademais, como se verá abaixo, o
STJ admite a aplicação de índices de deflação.

c) ERRADO: O princípio da irredutibilidade material, que impõe o reajuste anual, é aplicável apenas ao
ramo previdenciário, porque é contributivo.

d) ERRADO: O STJ entende que é possível a aplicação de índices de deflação, desde que o valor
nominal seja respeitado. Veja:

ÍNDICES DE DEFLAÇÃO. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO 1.361.191/RS. INAPLICABILIDADE NO CASO


CONCRETO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.
2. De acordo com novel precedente da Corte Especial, Recurso Especial Repetitivo 1.361.191/RS, de
Relatoria do Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, aplicam-se os índices de deflação na correção
monetária de crédito oriundo de título executivo judicial, preservado o seu valor nominal.

33
(…)Embargos de declaração rejeitados. (EDcl no AgRg no AgRg no AREsp 160.223/SP, Rel. Ministro
MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 26/05/2015, DJe 01/06/2015)

21. A respeito da responsabilidade civil do estado, marque a alternativa correta:


a) Na hipótese de prejuízo gerado por ato omissivo de servidor público, a responsabilidade desse será
subjetiva.
b) A vítima que busca reparação por dano causado por agente público poderá escolher se a ação
indenizatória será proposta diretamente contra o Estado ou em litisconsórcio passivo entre Estado e o
agente público causador do dano.
c) A reparação do dano fundado na responsabilidade civil do Estado pode derivar somente de processo
judicial.
d) É admitida a responsabilidade per saltum do agente, ou seja, mesmo antes de o Estado reparar o
dano já é possível a ação de regresso para a restituição ao Estado sobre o valor por ele desembolsado.
GABARITO: A

a) CORRETA. (Concurso MPU/2018). Na doutrina, a posição majoritária é a de que a responsabilidade


civil do Estado em caso de atos omissivos é SUBJETIVA, baseada na teoria da culpa administrativa
(culpa anônima). Assim, em caso de danos causados por omissão, o particular, para ser indenizado,
deveria provar: a omissão estatal, o dano, o nexo causal e a culpa administrativa (de que o serviço não
funcionou). Posição majoritária no STJ (Vide: STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1345620/RS, Rel. Min.
Assusete Magalhães, julgado em 24/11/2015.). No STF, porém, tem ganhado força nos últimos anos o
entendimento de que a responsabilidade civil nestes casos também é OBJETIVA. STF. 2ª Turma. ARE
897890 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/09/2015. No mesmo sentido: STF. 2ª Turma. RE
677283 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/04/2012. Observe que o CESPE em 2018 opta
pela posição do STJ.

b) ERRADA. (Concurso MPU/2018). Observa-se que o CESPE optou pela teoria tradicional da dupla
garantia, consubstanciada no RE 327904, Rel. Min. Carlos Britto, julgado em 15/08/2006 (STF).
Segundo esta teoria, a vítima somente poderá ajuizar a ação contra o Estado. Se este for condenado,
poderá acionar o servidor que causou o dano. Assim, o ofendido não poderá propor a demanda

34
diretamente contra o agente público. Em sentido contrário STJ no REsp 1.325.862-PR, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 5/9/2013 (Info 532).

c) ERRADA. Para que a Administração repare o dano causado, a vítima não necessita recorrer somente
ao Poder Judiciário, podendo fazê-lo na via administrativa.

d) ERRADA. Somente após o Estado reparar o dano, é possível a ação de regresso para a restituição ao
Estado sobre o valor por ele desembolsado. É necessário que a Administração tenha de fato ressarcido
a vítima para que ocorra a responsabilidade do agente.

22. No que se refere aos princípios que regem o procedimento licitatório, julgue os itens a seguir,
com base nas disposições da Lei n.º 8.666/1993, marcando a alternativa incorreta:
a) O princípio da vedação à oferta de vantagens proíbe que o licitante apresente benefícios não
previstos no edital, inclusive financiamentos subsidiados e a fundo perdido.
b) Em regra, as provas de regularidade fiscal e trabalhista dos participantes nos processos licitatórios
são apresentadas na fase de habilitação.
c) Dado o princípio da competitividade, é vedada, em licitações, a exigência de qualificação técnica.
d) Nas licitações para fornecimento de bens, a comprovação de aptidão, quando for o caso, será feita
através de atestados fornecidos por pessoa jurídica de direito público ou privado.
GABARITO: C

a) CORRETA: Trata-se do princípio da vinculação ao edital licitatório. Vide art. 3o da lei de licitação:
“A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da
proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável
e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da
impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da
vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.” Além
deste princípio, veda-se a oferta de vantagens para que não ocorra julgamento de proposta de forma
não objetiva entre os licitantes. É com base nesse princípio que há a seguinte previsão no art. 44 da
mesma lei: “No julgamento das propostas, a Comissão levará em consideração os critérios objetivos

35
definidos no edital ou convite, os quais não devem contrariar as normas e princípios estabelecidos por
esta Lei. § 2o Não se considerará qualquer oferta de vantagem não prevista no edital ou no convite,
inclusive financiamentos subsidiados ou a fundo perdido, nem preço ou vantagem baseada nas ofertas
dos demais licitantes.”

b) CORRETA: A fase de habilitação no procedimento licitatório, segundo Rony Charles e Fernando


Baltar Neto (Coleção Sinopse Jurídica. Direito Administrativo. Editora Jus Podivm 8ª edição, 2018), “é o
momento do procedimento licitatório em que o órgão licitante buscará identificar a aptidão ou
capacidade do licitante”. Já o art. 27 da Lei de Licitações prevê que “Para a habilitação nas licitações
exigir-se-á dos interessados, exclusivamente, documentação relativa a: I - habilitação jurídica; II -
qualificação técnica; III - qualificação econômico-financeira; IV – regularidade fiscal e trabalhista; V–
cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7o da Constituição Federal.”

c) ERRADA: Não há quaisquer impedimentos para que ocorra e exigência de qualificação técnica em
licitações públicas, inclusive este é entendimento recorrente nas jurisprudências do Tribunal de Contas
da União e no Superior Tribunal de Justiça. O art. 27 da Lei de Licitações prevê que “Para a habilitação
nas licitações exigir-se-á dos interessados, exclusivamente, documentação relativa a: I - habilitação
jurídica; II - qualificação técnica; III - qualificação econômico-financeira; IV – regularidade fiscal e
trabalhista; V – cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7o da Constituição Federal.

d) CORRETA: Trata-se de exigência prevista no § 4o do art. 30 da lei de Licitações. Essa comprovação


está atrelada à documentação relativa à qualificação técnica do licitante.

23. Sobre a atualização legislativa, no ano de 2018, diversas leis do rol de direito administrativo
foram atualizadas. Dentre as recentes atualizações, assinale a alternativa correta:
a) As modalidades licitatórias tiveram valores atualizados. Contudo, a modalidade convite permanece
com valores inalterados. (Lei n. 8.666/93).
b) Transferir recurso a entidade privada, em razão da prestação de serviços na área de saúde sem a
prévia celebração de contrato, convênio ou instrumento congênere, constitui ato de improbidade que
atenta contra princípios. (Lei n. 8.429/92).

36
c) Somente é impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que tenha
apenas interesse direto na matéria. (Lei n.9.784/99).
d) Poderá ser concedida ajuda de custo ao servidor que se afastar do cargo, ou reassumi-lo em virtude
de mandato eletivo, não podendo exceder a importância correspondente a 3 (três) meses de
remuneração. (Lei n.8.112/90).
GABARITO: B

a) ERRADA. Em relação às modalidades licitatórias, recentemente houve atualização legislativa dos


valores previstos no art. 23 da Lei n. 8.666/93. A doutrina administrativista criticava os valores
obsoletos previstos na referida lei. Assim, o Decreto nº 9.412, de 18 de junho de 2018 atualizou todos
os valores de TODAS as modalidades licitatórios previstas no art. 23 da Lei n. 8.666/93. IMPORTANTE
observação é a de que esta atualização ocorreu por meio de decreto presidencial em função da
previsão contida na própria lei de licitação (Art. 120. Os valores fixados por esta Lei poderão ser
anualmente revistos pelo Poder Executivo Federal, que os fará publicar no Diário Oficial da União,
observando como limite superior a variação geral dos preços do mercado, no período.).

b) CORRETA. Esta previsão foi inserida recentemente na lei de improbidade administrativa, art.11, X,
Lei n. 8.429/92.

c) ERRADA. O art. 18, I, da Lei do Processo Administrativo Federal (Lei n.9.784/99) prevê como
hipótese de IMPEDIMENTO a atuação do servidor ou autoridade que tenha tanto interesse DIRETO
quanto INDIRETO na matéria. Além disso, a alternativa se torna incorreta pelo fato de não ter ocorrido
qualquer alteração legislativa neste dispositivo.

d) ERRADA: Em que pese a ajuda de custo não pode exceder a importância correspondente a 3 meses
da remuneração do servidor (art.54 da Lei n. 8.112/90), o art. 55 da mesma lei veda a concessão da
ajuda de custo ao servidor que se afasta em decorrência do exercício do mandato eletivo. Mais uma
vez, ressalte-se que não se trata de qualquer inovação legislativa.

37
24. Não compete aos Estados:
a) explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás natural, na forma da lei,
vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
b) editar lei complementar para instituição de região metropolitana, que será de participação
compulsória aos municípios relacionados.
c) regulamentar, mediante lei, homologação judicial de acordo alimentar nos casos em que há
participação da Defensoria Pública.
d) exigir, mediante lei, a instalação de dispositivos de segurança em agências bancárias.
GABARITO: A

a) CERTA: Como regra, a repartição de competência na CF atribui competências enumeradas à União e


aos Municípios, deixando aos Estados a competência residual. Ocorre, entretanto, que existem pelo
menos 04 competências enumeradas aos Estados:
I- Instituição de região metropolitana, microrregião, ou aglomeração urbana mediante LC;
II- Explorar serviço de gás canalizado, vedada edição de MP;
III- Editar Constituição Estadual;
IV- Regulamentar a criação de distritos municipais (art. 30, IV).
Quanto ao gás natural, esse é derivado de petróleo, inserindo-se no monopólio da União:

Art. 177. Constituem monopólio da União:


I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos;
§ 1º A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades previstas
nos incisos I a IV deste artigo observadas as condições estabelecidas em lei. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 9, de 1995)

b) ERRADA: Conforme mencionado na questão anterior, compete aos Estados instituir Região
Metropolitana através de Lei Complementar, tendo o STF decidido que é dispensável qualquer
autorização dos municípios participantes, sendo de incorporação obrigatória:
O STF ainda estabeleceu outras regras na instituição de Região Metropolitana (ADI 1.842):
I- É possível que lhe se atribua a gestão do serviço público de saneamento básico, não obstante ser de
competência municipal;

38
II- Não pode haver mera transferência ao estado-membro do poder concedente de funções e serviços
públicos de interesse comum;
III- O poder concedente deve ser atribuído a um colegiado -> não precisa ter composição paritária, mas
deve evitar que o poder decisório fique concentrado nas mãos de um único ente.

Ação direta de inconstitucionalidade. Instituição de região metropolitana e competência para


saneamento básico. Ação direta de inconstitucionalidade contra Lei Complementar n. 87/1997, Lei n.
2.869/1997 e Decreto n. 24.631/1998, todos do Estado do Rio de Janeiro, que instituem a Região
Metropolitana do Rio de Janeiro e a Microrregião dos Lagos e transferem a titularidade do poder
concedente para prestação de serviços públicos de interesse metropolitano ao Estado do Rio de
Janeiro. 2. Preliminares de inépcia da inicial e prejuízo. Rejeitada a preliminar de inépcia da inicial e
acolhido parcialmente o prejuízo em relação aos arts. 1º, caput e § 1º; 2º, caput; 4º, caput e incisos I a
VII; 11, caput e incisos I a VI; e 12 da LC 87/1997/RJ, porquanto alterados substancialmente. 3.
Autonomia municipal e integração metropolitana. A Constituição Federal conferiu ênfase à autonomia
municipal ao mencionar os municípios como integrantes do sistema federativo (art. 1º da CF/1988) e
ao fixá-la junto com os estados e o Distrito Federal (art. 18 da CF/1988). A essência da autonomia
municipal contém primordialmente (i) autoadministração, que implica capacidade decisória quanto
aos interesses locais, sem delegação ou aprovação hierárquica; e (ii) autogoverno, que determina a
eleição do chefe do Poder Executivo e dos representantes no Legislativo. O interesse comum e a
compulsoriedade da integração metropolitana não são incompatíveis com a autonomia municipal. O
mencionado interesse comum não é comum apenas aos municípios envolvidos, mas ao Estado e aos
municípios do agrupamento urbano. O caráter compulsório da participação deles em regiões
metropolitanas, microrregiões e aglomerações urbanas já foi acolhido pelo Pleno do STF (ADI 1841/RJ,
Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 20.9.2002; ADI 796/ES, Rel. Min. Néri da Silveira, DJ 17.12.1999). O
interesse comum inclui funções públicas e serviços que atendam a mais de um município, assim como
os que, restritos ao território de um deles, sejam de algum modo dependentes, concorrentes,
confluentes ou integrados de funções públicas, bem como serviços supramunicipais. 4. Aglomerações
urbanas e saneamento básico. O art. 23, IX, da Constituição Federal conferiu competência comum à
União, aos estados e aos municípios para promover a melhoria das condições de saneamento básico.
Nada obstante a competência municipal do poder concedente do serviço público de saneamento
básico, o alto custo e o monopólio natural do serviço, além da existência de várias etapas – como
captação, tratamento, adução, reserva, distribuição de água e o recolhimento, condução e disposição

39
final de esgoto – que comumente ultrapassam os limites territoriais de um município, indicam a
existência de interesse comum do serviço de saneamento básico. A função pública do saneamento
básico frequentemente extrapola o interesse local e passa a ter natureza de interesse comum no caso
de instituição de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, nos termos do art.
25, § 3º, da Constituição Federal. Para o adequado atendimento do interesse comum, a integração
municipal do serviço de saneamento básico pode ocorrer tanto voluntariamente, por meio de gestão
associada, empregando convênios de cooperação ou consórcios públicos, consoante o arts. 3º, II, e 24
da Lei Federal 11.445/2007 e o art. 241 da Constituição Federal, como compulsoriamente, nos termos
em que prevista na lei complementar estadual que institui as aglomerações urbanas. A instituição de
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas ou microrregiões pode vincular a participação de
municípios limítrofes, com o objetivo de executar e planejar a função pública do saneamento básico,
seja para atender adequadamente às exigências de higiene e saúde pública, seja para dar viabilidade
econômica e técnica aos municípios menos favorecidos. Repita-se que este caráter compulsório da
integração metropolitana não esvazia a autonomia municipal. 5. Inconstitucionalidade da transferência
ao estado-membro do poder concedente de funções e serviços públicos de interesse comum. O
estabelecimento de região metropolitana não significa simples transferência de competências para o
estado. O interesse comum é muito mais que a soma de cada interesse local envolvido, pois a má
condução da função de saneamento básico por apenas um município pode colocar em risco todo o
esforço do conjunto, além das consequências para a saúde pública de toda a região. O parâmetro para
aferição da constitucionalidade reside no respeito à divisão de responsabilidades entre municípios e
estado. É necessário evitar que o poder decisório e o poder concedente se concentrem nas mãos de
um único ente para preservação do autogoverno e da autoadministração dos municípios.
Reconhecimento do poder concedente e da titularidade do serviço ao colegiado formado pelos
municípios e pelo estado federado. A participação dos entes nesse colegiado não necessita de ser
paritária, desde que apta a prevenir a concentração do poder decisório no âmbito de um único ente. A
participação de cada Município e do Estado deve ser estipulada em cada região metropolitana de
acordo com suas particularidades, sem que se permita que um ente tenha predomínio absoluto. Ação
julgada parcialmente procedente para declarar a inconstitucionalidade da expressão “a ser submetido
à Assembleia Legislativa” constante do art. 5º, I; e do § 2º do art. 4º; do parágrafo único do art. 5º; dos
incisos I, II, IV e V do art. 6º; do art. 7º; do art. 10; e do § 2º do art. 11 da Lei Complementar n. 87/1997
do Estado do Rio de Janeiro, bem como dos arts. 11 a 21 da Lei n. 2.869/1997 do Estado do Rio de

40
Janeiro. 6. Modulação de efeitos da declaração de inconstitucionalidade. Em razão da necessidade de
continuidade da prestação da função de saneamento básico, há excepcional interesse social para
vigência excepcional das leis impugnadas, nos termos do art. 27 da Lei n. 9868/1998, pelo prazo de 24
meses, a contar da data de conclusão do julgamento, lapso temporal razoável dentro do qual o
legislador estadual deverá reapreciar o tema, constituindo modelo de prestação de saneamento básico
nas áreas de integração metropolitana, dirigido por órgão colegiado com participação dos municípios
pertinentes e do próprio Estado do Rio de Janeiro, sem que haja concentração do poder decisório nas
mãos de qualquer ente.
(ADI 1842, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno,
julgado em 06/03/2013, DJe-181 DIVULG 13-09-2013 PUBLIC 16-09-2013 EMENT VOL-02701-01 PP-
00001)

c) ERRADA: Apesar de ser privativa da União a competência legislativa sobre processo, é concorrente a
competência para legislar sobre procedimento em processo civil, além de tratar sobre a Defensoria
Pública. Desse modo, o STF entendeu constitucional norma estadual nesse sentido:

Ação Direta de Inconstitucionalidade. 2. Lei Estadual que disciplina a homologação judicial de acordo
alimentar firmado com a intervenção da Defensoria Pública (Lei 1.504/1989, do Estado do Rio de
Janeiro). 3. O Estado do Rio de Janeiro disciplinou a homologação judicial de acordo alimentar nos
casos específicos em que há participação da Defensoria Pública, não estabelecendo novo processo,
mas a forma como este será executado. Lei sobre procedimento em matéria processual. 4. A
prerrogativa de legislar sobre procedimentos possui o condão de transformar os Estados em
verdadeiros “laboratórios legislativos”. Ao conceder-se aos entes federados o poder de regular o
procedimento de uma matéria, baseando-se em peculiaridades próprias, está a possibilitar-se que
novas e exitosas experiências sejam formuladas. Os Estados passam a ser partícipes importantes no
desenvolvimento do direito nacional e a atuar ativamente na construção de possíveis experiências que
poderão ser adotadas por outros entes ou em todo território federal. 5. Desjudicialização. A vertente
extrajudicial da assistência jurídica prestada pela Defensoria Pública permite a orientação (informação
em direito), a realização de mediações, conciliações e arbitragem (resolução alternativa de litígios),
entre outros serviços, evitando, muitas vezes, a propositura de ações judiciais. 6. Ação direta julgada
improcedente.

41
(ADI 2922, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 03/04/2014, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-213 DIVULG 29-10-2014 PUBLIC 30-10-2014)

d) ERRADA: O STF entendeu que a questão se insere na competência concorrente dos Estados para
legislar sobre consumo e proteção ao consumidor:

(...) é constitucional a lei estadual que prevê a instalação de dispositivos de segurança nas agências
bancárias, considerada a competência concorrente entre União e Estados federados para legislar em
matéria de segurança nas relações de consumo (art. 24, V e VIII e § 2º, da Carta Magna).
[ARE 1.013.975 AgR-Segundo, rel. min. Rosa Weber, j. 17-10-2017, 1ª T, DJE de 22-11-2017.].

O STF também já entendeu que compete aos municípios legislar (também) sobre a instalação de
equipamentos de segurança em instituições bancárias (AI 347.717 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 31-
5-2005, 2ª T, DJ de 5-8-2005), além de tempo de permanência em fila (RE 610.221 RG, rel. min. Ellen
Gracie, j. 29-4-2010, P, DJE de 20-8-2010, Tema 272).

25. A intervenção federal:


a) terá, em qualquer caso, seu decreto submetido, no prazo de vinte e quatro horas ao Congresso
Nacional, o qual poderá suspender a sua execução.
b) será requisitada ao Presidente da República por Assembleia Legislativa estadual caso o Poder
Executivo esteja interferindo em sua autonomia.
c) dependerá de provimento pelo STF de representação do Procurador-Geral de Justiça do Estado cujos
princípios sensíveis estejam sendo violados.
d) poderá ser decretada em caso de não pagamento voluntário de precatório por parte do Estado.
GABARITO: D

a) ERRADA: Nos casos de intervenção federal determinada pelo Poder Judiciário (descumprimento de
ordem ou decisão judicial; provimento pelo STF de ADI interventiva ou ação de execução de lei
federal), o decreto interventivo limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se bastar,
dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional.

b) ERRADA: A intervenção federal poderá ser:

42
I- Espontânea: reconhecida de ofício pelo Presidente da República, de acordo com sua
discricionariedade (para Defesa da Unidade Nacional, da Ordem Pública ou das Finanças Públicas);
II- Provocada por solicitação do Poder Executivo ou Legislativo coacto: também discricionário (para
garantia do livre exercício dos poderes Executivo ou Legislativo);
III- Provocada por requisição do Poder Judiciário: ato vinculado (para garantia do livre exercício do
Poder Judiciário; para promover cumprimento de ordem ou decisão judicial; para prover a execução de
lei federal ou observância dos princípios sensíveis).
Obs.: No caso de violação de princípios sensíveis e para execução de lei federal, deverá haver a
representação do PGR perante o STF.
Assim, somente haverá requisição quando se tratar de provocação do Poder Judiciário (STF, STJ ou
TSE). No caso da questão, trata-se de mera solicitação.

c) ERRADA: Tanto a ADI interventiva quanto a ação de execução de lei federal possui como legitimado
exclusivo o PGR, não sendo possível o ajuizamento através do PGJ.

d) CERTA: Uma das hipóteses de cabimento da intervenção federal é o descumprimento de ordem


judicial, razão pela qual o não pagamento de precatório possibilita a situação excepcional. Ressalte-se
que, segundo o STF, o descumprimento deve ser intencional e voluntário, não sendo cabível quando o
precatório não é pago por efetiva ausência de recursos públicos:

O descumprimento voluntário e intencional de decisão transitada em julgado configura pressuposto


indispensável ao acolhimento do pedido de intervenção federal. A ausência de voluntariedade em não
pagar precatórios, consubstanciada na insuficiência de recursos para satisfazer os créditos contra a
Fazenda estadual no prazo previsto no § 1º do art. 100 da Constituição da República, não legitima a
subtração temporária da autonomia estatal, mormente quando o ente público, apesar da exaustão do
erário, vem sendo zeloso, na medida do possível, com suas obrigações derivadas de provimentos
judiciais.
[IF 1.917 AgR, rel. min. Maurício Corrêa, j. 17-3-2004, P, DJ de 3-8-2007.]

43
26. Em se tratando de acumulação de cargos, empregos e funções públicas, marque a resposta
correta:
a) Segundo entendimento do STF, mesmo em caso de acumulações lícitas, a carga horária total não
pode superar o limite de sessenta horas semanais, em virtude de prejudicar a saúde do servidor.
b) Havendo cumulação lícita de cargos públicos, cada remuneração individualmente deverá respeitar o
teto respectivo, contudo o somatório não poderá ultrapassar o subsídio do Ministro do STF.
c) A vedação de acumulação remunerada de cargos públicos também se aplica os empregos públicos
em empresas estatais, mesmo que não recebam recursos públicos para pagamentos de despesas de
pessoal ou de custeio em geral.
d) Aposentado pelo regime próprio de previdência social em cargo técnico ou científico que ocupe
cargo em comissão terá suspenso o pagamento dos respectivos proventos até sua exoneração, em
razão da impossibilidade de cumulação dos cargos na atividade.
GABARITO: C

a) ERRADA: A CF não dispõe sobre qualquer limite de carga horária para acumulação de cargos,
empregos ou funções públicas, somente indicando a necessidade de compatibilidade de horários.
Administrativamente, a AGU editou parecer (GQ-145/98) limitando a 60h por semana, sendo seguido
pelo TCU (Acórdão 2.247/07).
Ocorre, entretanto, que o STF, em recentes julgados, manifestou-se no sentido da impossibilidade de
limitação com base nesse único critério:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO – ACUMULAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS – PROFISSIONAIS DA ÁREA DE


SAÚDE – LIMITAÇÃO DA JORNADA SEMANAL A 60 (SESSENTA) HORAS POR NORMA
INFRACONSTITUCIONAL – REQUISITO NÃO PREVISTO NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA –
INVIABILIDADE DA RESTRIÇÃO COM BASE UNICAMENTE NESSE CRITÉRIO, DEVENDO AVERIGUAR-SE A
COMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS – AGRAVO INTERNO IMPROVIDO.
(RE 1023290 AgR-segundo, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em
06/10/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-251 DIVULG 31-10-2017 PUBLIC 06-11-2017)

O STJ possui julgados, inclusive recentes, indicando que, em se tratando de cargos da área da saúde,
deve prevalecer a limitação de 60h, contudo há divergência entre as turmas.

44
b) ERRADA: O STF entendeu que a observância do teto é somente em relação a cada uma das
remunerações individualmente, não havendo limite para o somatório:

Nas situações jurídicas em que a CF autoriza a acumulação de cargos, o teto remuneratório é


considerado em relação à remuneração de cada um deles, e não ao somatório do que recebido.
[RE 612.975 e RE 602.043, rel. min. Marco Aurélio, j. 27-4-2017, P, DJE de 8-9-2017, tema 377 e tema
384.].

Ressalte-se que, em caso de ocupante de cargo efetivo exercendo função de confiança, não havendo
acúmulo de cargos, a soma da gratificação da função com a remuneração do cargo efetivo não pode
ultrapassar o teto remuneratório.

c) CERTA: A vedação de acumulação e suas exceções aplicam-se a toda a Administração Pública, Direta
ou Indireta, de direito público ou privado, além das fundações mantidas e instituídas pelo Poder
Público:

Art. 37, XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias,
fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades
controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)

A exceção em relação às estatais não dependentes (não recebem recursos para pagamento de
despesas em geral ou com pessoal) é ao teto remuneratório.

d) ERRADA: Permite-se a acumulação de proventos de aposentadoria com cargo eletivo ou cargo em


comissão de livre nomeação e exoneração:

Art. 37, § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40
ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos
acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei
de livre nomeação e exoneração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

45
27. No que diz respeito ao regramento do Estatuto dos Congressistas na Constituição Federal,
marque o que for correto:
a) Os deputados estaduais são invioláveis, civil e penalmente, por suas opiniões, palavras e votos,
desde que proferidas na circunscrição territorial de seu mandato.
b) A vedação à prisão preventiva não alcança as medidas cautelares diversas da prisão, podendo o
Poder Judiciário, por autoridade própria, impô-las, contudo deve submeter, em vinte e quatro horas, à
Casa respectiva para deliberar sobre sua manutenção, caso impeça o exercício do mandato.
c) A instauração de investigação criminal em face de Senador depende de autorização do STF,
independentemente de o crime ter sido cometido ou não no exercício da função.
d) A perda do mandato de deputado federal condenado criminalmente, com sentença transitada em
julgado, à pena de multa, será declarada pela Mesa da Câmara dos Deputados, de ofício ou mediante
provocação de qualquer de seus membros ou de partido político representado no Congresso Nacional,
assegurada ampla defesa.
GABARITO: B

a) ERRADA: Os deputados estaduais possuem as mesmas prerrogativas e imunidades dos congressistas


federais, assim a imunidade não possui restrição territorial, diversamente do que ocorre com os
vereadores.
Para que incida a imunidade, o parlamentar deve estar no exercício da função, já tendo o STF decidido
que, se proferida no recinto do Congresso, haverá presunção de conexão com o mandato.

b) CERTA: Após a diplomação, os parlamentares ficam imunes à prisão processual (inclusive civil), salvo
prisão em flagrante delito por crime inafiançável.
O STF, entretanto, no caso Aécio Neves, entendeu que o Poder Judiciário pode aplicar medidas
cautelares distintas da prisão, independentemente de autorização prévia do Poder Legislativo, mas
deve, à semelhança do que ocorre com a prisão, comunicar a Casa em 24h, para que delibere, por
maioria absoluta, acerca de sua manutenção.

CONSTITUCIONAL E PROCESSO PENAL. INAPLICABILIDADE DE PRISÃO PREVENTIVA PREVISTA NO


ARTIGO 312 DO CPP AOS PARLAMENTARES FEDERAIS QUE, DESDE A EXPEDIÇÃO DO DIPLOMA,
SOMENTE PODERÃO SER PRESOS EM FLAGRANTE DELITO POR CRIME INAFIANÇAVEL. COMPETÊNCIA

46
PLENA DO PODER JUDICIÁRIO PARA IMPOSIÇÃO DAS MEDIDAS CAUTELARES PREVISTAS NO ARTIGO
319 DO CPP AOS PARLAMENTARES, TANTO EM SUBSTITUIÇÃO A PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO POR
CRIME INAFIANÇÁVEL, QUANTO EM GRAVES E EXCEPCIONAIS CIRCUNSTANCIAS. INCIDÊNCIA DO §2º,
DO ARTIGO 53 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL SEMPRE QUE AS MEDIDAS APLICADAS IMPOSSIBILITEM,
DIRETA OU INDIRETAMENTE, O PLENO E REGULAR EXERCÍCIO DO MANDATO PARLAMENTAR. AÇÃO
PARCIALMENTE PROCEDENTE. 1. Na independência harmoniosa que rege o princípio da Separação de
Poderes, as imunidades do Legislativo, assim como as garantias do Executivo, Judiciário e do Ministério
Público, são previsões protetivas dos Poderes e Instituições de Estado contra influências, pressões,
coações e ingerências internas e externas e devem ser asseguradas para o equilíbrio de um Governo
Republicano e Democrático. 2. Desde a Constituição do Império até a presente Constituição de 5 de
outubro de 1988, as imunidades não dizem respeito à figura do parlamentar, mas às funções por ele
exercidas, no intuito de preservar o Poder Legislativo de eventuais excessos ou abusos por parte do
Executivo ou Judiciário, consagrando-se como garantia de sua independência perante os outros
poderes constitucionais e mantendo sua representação popular. Em matéria de garantias e
imunidades, necessidade de interpretação separando o CONTINENTE (“Poderes de Estado”) e o
CONTEÚDO (“eventuais membros que pratiquem ilícitos”), para fortalecimento das Instituições. 3. A
imunidade formal prevista constitucionalmente somente permite a prisão de parlamentares em
flagrante delito por crime inafiançável, sendo, portanto, incabível aos congressistas, desde a expedição
do diploma, a aplicação de qualquer outra espécie de prisão cautelar, inclusive de prisão preventiva
prevista no artigo 312 do Código de Processo Penal. 4. O Poder Judiciário dispõe de competência para
impor aos parlamentares, por autoridade própria, as medidas cautelares a que se refere o art. 319 do
Código de Processo Penal, seja em substituição de prisão em flagrante delito por crime inafiançável,
por constituírem medidas individuais e específicas menos gravosas; seja autonomamente, em
circunstancias de excepcional gravidade. 5. Os autos da prisão em flagrante delito por crime
inafiançável ou a decisão judicial de imposição de medidas cautelares que impossibilitem, direta ou
indiretamente, o pleno e regular exercício do mandato parlamentar e de suas funções legislativas,
serão remetidos dentro de vinte e quatro horas a Casa respectiva, nos termos do §2º do artigo 53 da
Constituição Federal, para que, pelo voto nominal e aberto da maioria de seus membros, resolva sobre
a prisão ou a medida cautelar. 6. Ação direta de inconstitucionalidade julgada parcialmente
procedente.(ADI 5526, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ALEXANDRE DE

47
MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 11/10/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-159 DIVULG 06-08-2018
PUBLIC 07-08-2018)

c) ERRADA: A instauração de investigação/inquérito contra autoridade que goze de foro por


prerrogativa de função depende de autorização do órgão jurisdicional competente. Ocorre, entretanto,
que, na AP 937 (QO), o STF decidiu que a prerrogativa de foro somente se aplica aos crimes cometidos
conexos ao mandato praticados após a diplomação, devendo os demais ser processados e julgados
perante o juízo de 1o grau.
Desse modo, não sendo mais de competência do STF julgar senadores por crimes praticados fora da
função, tampouco deverá necessitar de autorização para a instauração da respectiva investigação:

As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de função
devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados
durante o exercício do cargo e em razão dele.
Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado como Deputado
Federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª instância mesmo
ocupando o cargo de parlamentar federal.
Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após a investidura no mandato, se o delito não
apresentar relação direta com as funções exercidas, também não haverá foro privilegiado.
Foi fixada, portanto, a seguinte tese:
O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo
e relacionados às funções desempenhadas.
STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018.

d) ERRADA: Há dois procedimentos para a perda de mandato de parlamentar:


I- Decisão política da Casa (requerimento da Mesa ou partido político no Congresso): incorrer nas
proibições; quebra de decoro; sofrer condenação criminal transitada em julgado;
II- Declaração da Mesa (de ofício ou por requerimento de membro ou partido político no Congresso):
faltar mais de 1/3 das sessões ordinárias no ano; perda ou suspensão de direitos políticos; ou
decretação de perda pela Justiça Eleitoral.

48
O STF (AP 694, em 02.05.2017) entendeu que deve prevalecer a regra especial a impor a decisão
política pela Casa, salvo se a condenação for em regime fechado e não admitir trabalho externo a
acarretar a ausência em mais de 1/3 das sessões, nesse caso, a perda será automática:

EMENTA DEPUTADO FEDERAL. OPERAÇÃO SANGUESSUGA. INÉPCIA DA DENÚNCIA NÃO


CONFIGURADA. QUADRILHA E CRIMES LICITATÓRIOS. PRESCRIÇÃO. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA.
ATIPICIDADE. CORRUPÇÃO PASSIVA E LAVAGEM DE DINHEIRO. COLABORAÇÃO PREMIADA.
CORROBORAÇÃO DAS PROVAS OBTIDAS. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. CONDENAÇÃO.
(...) 7. Perda do mandato parlamentar: É da competência das Casas Legislativas decidir sobre a perda
do mandato do Congressista condenado criminalmente (artigo 55, VI e § 2º, da CF). Regra
excepcionada – adoção, no ponto, da tese proposta pelo eminente revisor, Ministro Luís Roberto
Barroso -, quando a condenação impõe o cumprimento de pena em regime fechado, e não viável o
trabalho externo diante da impossibilidade de cumprimento da fração mínima de 1/6 da pena para a
obtenção do benefício durante o mandato e antes de consumada a ausência do Congressista a 1/3 das
sessões ordinárias da Casa Legislativa da qual faça parte. Hipótese de perda automática do mandato,
cumprindo à Mesa da Câmara dos Deputados declará-la, em conformidade com o artigo 55, III, § 3º, da
CF. Precedente: MC no MS 32.326/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, 02.9.2013. 8. Suspensão dos direitos
políticos do condenado quando do trânsito em julgado da condenação (art. 15, III, da CF).
(AP 694, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 02/05/2017, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-195 DIVULG 30-08-2017 PUBLIC 31-08-2017)

28. Acerca das normas regentes do processo legislativo, bem como o entendimento jurisprudencial
sobre a matéria, marque a resposta correta:
a) Em razão da hierarquia entre as espécies normativas, lei ordinária não pode tratar de matéria
reservada à lei complementar.
b) Aprovado o projeto pela Casa Revisora com emendas formais, deverá retornar à Casa Iniciadora que
terá competência para decidir, definitivamente, sobre a manutenção ou não da alteração.
c) Caso não seja apreciada medida provisória editada após quarenta e cinco dias de sua edição, haverá
o sobrestamento da pauta da respectiva Casa, impedindo a votação de propostas de emendas
constitucionais.

49
d) Dispensa-se a sanção presidencial caso haja a aprovação de medida provisória sem alteração pelo
Congresso Nacional.
GABARITO: D

a) ERRADA: À exceção da Emenda Constitucional, que adquire status supralegal, as espécies


normativas listadas no art. 59, da CF, não guardam entre si qualquer tipo de hierarquia, somente
possui atribuições específicas. Assim, a lei ordinária não pode tratar de matéria reservada à lei
complementar em virtude de reserva constitucional a essa espécie normativa, e não devido a uma
suposta hierarquia:

Ementa: AGRAVO INTERNO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL. EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ACOLHIMENTO DOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO. 1. Embora, em regra, não caibam embargos de divergência
quando o acórdão recorrido não examina o mérito do recurso, por não cumprir os requisitos
processuais, esse entendimento comporta pelo menos uma exceção: quando se colocam sob cotejo
processos em que constam acórdãos e recursos extraordinários substancialmente idênticos, como no
caso dos autos. Precedentes. 2. É assente nesta CORTE o entendimento pela legitimidade do art. 56 da
Lei 9.430/96 para revogação da isenção prevista na LC 70/91, uma vez que (a) esta é, materialmente,
lei ordinária e (b) não há hierarquia entre lei ordinária e lei complementar. O posicionamento foi
firmado pelo Tribunal Pleno nos autos do RE 377.457 (Rel. Min. GILMAR MENDES, DJe de 19/12/2008,
Tema 71 da repercussão geral). 3. Agravo Interno a que se nega provimento.
(RE 516195 ED-AgR-EDv-AgR, Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em
26/10/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-236 DIVULG 06-11-2018 PUBLIC 07-11-2018)

Assim, é possível que lei ordinária altere/revogue lei complementar, desde que essa apenas o seja
formalmente.

b) ERRADA: Em regra, havendo alterações (emendas) em projeto de lei pela Casa Revisora, deverá
aquele retornar à Casa Iniciadora a qual pode aprovar o projeto de lei com as alterações; rejeitá-las e
aprovar o projeto com o texto original; ou arquivar o projeto.
Ocorre, entretanto, que esse procedimento apenas terá lugar se a alteração for material ou
substancial, querendo dizer que, em caso de emendas meramente formais ou redacionais, sem alterar
o sentido da norma, não haverá a necessidade de submissão à Casa Iniciadora:

50
O parágrafo único do art. 65 da CF só determina o retorno do projeto de lei à Casa iniciadora se a
emenda parlamentar introduzida acarretar modificação no sentido da proposição jurídica.
[ADI 2.238 MC, rel. p/ o ac. min. Ayres Britto, j. 9-8-2007, P, DJE de 12-9-2008.]

c) ERRADA: A MP deve ser editada em situações de relevância e urgência, possuindo tanto prazo de
eficácia (60 + 60 dias), como prazo para deliberação legislativa (45 dias). Extrapolando o prazo, será
sobrestada a pauta da Casa onde estiver tramitando a MP, independentemente de quem deu causa ao
atraso.
Ocorre, entretanto, que o STF chancelou o entendimento interno do Congresso no sentido de que o
sobrestamento de pauta ocorre apenas em relação às matérias que são passíveis de serem tratadas
através de medida provisória, não alcançando os casos em que é vedada sua edição (EC, Lei
complementar...):

O STF (...) denegou a ordem em mandado de segurança impetrado por parlamentares contra decisão
do presidente da Câmara dos Deputados em questão de ordem. No ato coator, foi fixada a orientação
de que a interpretação adequada do art. 62, § 6º, da CF implicaria o sobrestamento apenas dos
projetos de lei ordinária, apesar de o dispositivo prever o sobrestamento de todas as deliberações
legislativas da Casa em que estiver tramitando medida provisória não seja apreciada em 45 dias (...). O
Colegiado entendeu que a interpretação emanada do presidente da Câmara dos Deputados reflete,
com fidelidade, solução jurídica plenamente compatível com o modelo teórico da separação de
poderes. Tal interpretação revela fórmula hermenêutica capaz de assegurar, por meio da preservação
de adequada relação de equilíbrio entre instâncias governamentais (o Poder Executivo e o Poder
Legislativo), a própria integridade da cláusula pertinente à divisão do poder. Nesse contexto, deu
interpretação conforme ao § 6º do art. 62 da CF, na redação resultante da EC 32/2001, para, sem
redução de texto, restringir-lhe a exegese. Assim, afastada qualquer outra possibilidade interpretativa,
fixou-se entendimento de que o regime de urgência previsto no referido dispositivo constitucional -
que impõe o sobrestamento das deliberações legislativas das Casas do Congresso Nacional - refere-se
apenas às matérias passíveis de regramento por medida provisória. Excluem-se do bloqueio, em
consequência, as propostas de emenda à Constituição e os projetos de lei complementar, de decreto
legislativo, de resolução e, até mesmo, de lei ordinária, desde que veiculem temas pré-excluídos do
âmbito de incidência das medidas provisórias (...).

51
[MS 27.931, rel. min. Celso de Mello, j. 29-6-2017, P, Informativo 870.]

d) CERTA: Somente é exigível a remessa de MP aprovada ao Presidente da República para fins de


sanção caso haja mudança substancial em seu texto. Caso contrário, haverá comunhão de vontades
entre o Poder Executivo e Legislativo, dispensando-se a nova manifestação do Presidente da
República:

Conversão em lei das medidas provisórias, sem alteração substancial do seu texto: ratificação do ato
normativo editado pelo presidente da República. Sanção do chefe do Poder Executivo. Inexigível.
Medida provisória alterada pelo Congresso Nacional, com supressão ou acréscimo de dispositivos.
Obrigatoriedade da remessa do projeto de lei de conversão ao presidente da República para sanção ou
veto, de modo a prevalecer a comunhão de vontade do Poder Executivo e do Legislativo.
[RE 217.194, rel. min. Maurício Corrêa, j. 17-4-2001, 2ª T, DJ de 1º-6-2001.]

Espécies normativas que dispensam sanção/veto do Presidente da República:


I- Emenda Constitucional;
II- Decreto Legislativo e Resoluções;
III- MP convertida em lei sem alterações;
IV- Leis delegadas.

29. Sobre o Poder Executivo, marque a resposta correta:


a) Aplica-se aos Governadores a necessidade de autorização prévia do Superior Tribunal de Justiça
para instauração da ação penal, em razão da simetria em relação ao Presidente da República.
b) Admite-se a delegação de desprovimento de cargos públicos ao Ministro de Estado.
c) A decisão da Câmara dos Deputados em admitir a acusação contra o Presidente da República vincula
a instauração do processo por crime de responsabilidade no Senado Federal, contudo, no caso de
crime comum, cabe ao STF exercer o juízo jurídico de recebimento da denúncia ou queixa-crime.
d) Cabe ao Presidente da República nomear, após aprovação pelo Congresso Nacional, os Ministros do
STF, dos Tribunais Superiores, o Procurador-Geral da República, dentre outros.
GABARITO: B

52
a) ERRADA: As imunidades formais e materiais do Presidente da República lhe são deferidas em razão
de sua posição como chefe de Estado, sendo inconstitucional previsão em Constituição Estadual de
necessidade de autorização prévia para processamento de Governador pelo STJ, tendo em vista que
compete à União legislar sobre direito penal e processual penal.
Quantos aos Governadores:
I- Não possuem imunidade em relação à prisão, cabendo prisão provisória na forma do CPP;
II- O recebimento de denúncia pelo STJ não acarreta o afastamento automático do Governador,
devendo haver decisão cautelar fundamentada nesse sentido.

Ementa: Direito Constitucional. Ação Direta de Inconstitucionalidade. Governador de Estado. Normas


da Constituição Estadual sobre Crimes de Responsabilidade. Licença Prévia da Assembleia Legislativa
para Instauração de Processos por Crimes Comuns . 1. “A definição dos crimes de responsabilidade e o
estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são da competência legislativa
privativa da União” (Súmula Vinculante 46, resultado da conversão da Súmula 722/STF). São, portanto,
inválidas as normas de Constituição Estadual que atribuam o julgamento de crime de responsabilidade
à Assembleia Legislativa, em desacordo com a Lei nº 1.079/1950. Precedentes. 2. A Constituição
Estadual não pode condicionar a instauração de processo judicial por crime comum contra Governador
à licença prévia da Assembleia Legislativa. A república, que inclui a ideia de responsabilidade dos
governantes, é prevista como um princípio constitucional sensível (CRFB/1988, art. 34, VII, a), e,
portanto, de observância obrigatória, sendo norma de reprodução proibida pelos Estados-membros a
exceção prevista no art. 51, I, da Constituição da República. 3. Tendo em vista que as Constituições
Estaduais não podem estabelecer a chamada “licença prévia”, também não podem elas autorizar o
afastamento automático do Governador de suas funções quando recebida a denúncia ou a queixa-
crime pelo Superior Tribunal de Justiça. É que, como não pode haver controle político prévio, não deve
haver afastamento automático em razão de ato jurisdicional sem cunho decisório e do qual sequer se
exige fundamentação (HC 101.971, Primeira Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. em 21.06.2011, DJe
02.09.2011; HC 93.056 Rel. Min. Celso de Mello, Segunda Turma, j. em 16.12.2008, DJe 14.05.2009; e
RHC 118.379 (Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, j. em 11.03.2014, DJe 31.03.2014), sob pena de
violação ao princípio democrático. 4. Também aos Governadores são aplicáveis as medidas cautelares
diversas da prisão previstas no art. 319 do Código de Processo Penal, entre elas “a suspensão do
exercício de função pública”, e outras que se mostrarem necessárias e cujo fundamento decorre do
poder geral de cautela conferido pelo ordenamento jurídico brasileiro aos juízes. 5. Pedido julgado

53
integralmente procedente, com declaração de inconstitucionalidade por arrastamento da suspensão
funcional automática do Governador do Estado pelo mero recebimento da denúncia ou queixa-crime.
Afirmação da seguinte tese: “É vedado às unidades federativas instituírem normas que condicionem a
instauração de ação penal contra o Governador, por crime comum, à prévia autorização da casa
legislativa, cabendo ao Superior Tribunal de Justiça dispor, fundamentadamente, sobre a aplicação de
medidas cautelares penais, inclusive afastamento do cargo".
(ADI 4764, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ROBERTO BARROSO,
Tribunal Pleno, julgado em 04/05/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-178 DIVULG 14-08-2017 PUBLIC
15-08-2017)

b) CERTA: Segundo a CF, o Presidente da República pode delegar três atribuições ao PGR, Ministro de
Estado e AGU:
I- Conceder indulto e comutar penas;
II- Editar decreto autônomo;
III- Prover cargos públicos federais.
O STF entendeu que a atribuição de prover contém a de “desprover” (demitir):

Presidente da República: competência para prover cargos públicos (CF, art. 84, XXV, primeira parte),
que abrange a de desprovê-los, a qual, portanto é susceptível de delegação a ministro de Estado (CF,
art. 84, parágrafo único): validade da portaria do ministro de Estado que, no uso de competência
delegada, aplicou a pena de demissão ao impetrante.
[MS 25.518, rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 14-6-2006, P, DJ de 10-8-2006.]

c) ERRADA: Em nenhum dos dois casos, a decisão da Câmara vincula a instauração do processo, seja
pelo STF, seja pelo Senado, sendo necessária apenas maioria simples:

Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE


PRECEITO FUNDAMENTAL. PROCESSO DE IMPEACHMENT. DEFINIÇÃO DA LEGITIMIDADE
CONSTITUCIONAL DO RITO PREVISTO NA LEI Nº 1.079/1950. ADOÇÃO, COMO LINHA GERAL, DAS
MESMAS REGRAS SEGUIDAS EM 1992. CABIMENTO DA AÇÃO E CONCESSÃO PARCIAL DE MEDIDAS

54
CAUTELARES. CONVERSÃO EM JULGAMENTO DEFINITIVO. I. CABIMENTO DA ADPF E DAS MEDIDAS
CAUTELARES INCIDENTAIS (...)
II. MÉRITO: DELIBERAÇÕES POR MAIORIA 1. PAPÉIS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS E DO SENADO
FEDERAL NO PROCESSO DE IMPEACHMENT (ITENS C, G, H E I DO PEDIDO CAUTELAR): (...) 3. RITO DO
IMPEACHMENT NO SENADO (ITENS G E H DO PEDIDO CAUTELAR): 3.1. Por outro lado, há de se
estender o rito relativamente abreviado da Lei nº 1.079/1950 para julgamento do impeachment pelo
Senado, incorporando-se a ele uma etapa inicial de instauração ou não do processo, bem como uma
etapa de pronúncia ou não do denunciado, tal como se fez em 1992. Estas são etapas essenciais ao
exercício, pleno e pautado pelo devido processo legal, da competência do Senado de processar e julgar
o Presidente da República. 3.2. Diante da ausência de regras específicas acerca dessas etapas iniciais
do rito no Senado, deve-se seguir a mesma solução jurídica encontrada pelo STF no caso Collor, qual
seja, a aplicação das regras da Lei nº 1.079/1950 relativas a denúncias por crime de responsabilidade
contra Ministros do STF ou contra o PGR (também processados e julgados exclusivamente pelo
Senado). 3.3. Conclui-se, assim, que a instauração do processo pelo Senado se dá por deliberação da
maioria simples de seus membros, a partir de parecer elaborado por Comissão Especial, sendo
improcedentes as pretensões do autor da ADPF de (i) possibilitar à própria Mesa do Senado, por
decisão irrecorrível, rejeitar sumariamente a denúncia; e (ii) aplicar o quórum de 2/3, exigível para o
julgamento final pela Casa Legislativa, a esta etapa inicial do processamento.
(...)
(ADPF-MC 378, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ROBERTO BARROSO,
julgado em 17/12/2015, publicado em 08/03/2016, Tribunal Pleno)

d) ERRADA: O Presidente possui atribuição de nomeação de diversas autoridades, algumas


dependentes de aprovação prévia do Senado e outras não. O erro da questão é indicar que a
aprovação é do CONGRESSO NACIONAL e não do Senado Federal.
Atribuições de nomeação do Presidente da República:
I- Após aprovação do Senado Federal -> STF, Tribunais Superiores, TCU (03 ministros), PGR,
Governadores de Território, Presidente e Diretores do BACEN;
II- Sem a necessidade de aprovação do Senado -> Tribunais inferiores federais (TRE, TRF, TRT),
Comandantes das Forças Armadas, 02 membros do Conselho da República, AGU.

55
30. No que concerne às limitações constitucionais ao poder de tributar, responda qual a assertiva
correta:
a) Segundo o Supremo Tribunal Federal, as prestadoras de serviços de composição gráfica, que
realizam serviços por encomenda de empresas jornalísticas ou editoras de livros, estão abrangidas pela
imunidade tributária prevista no art. 150, VI, d, da CF.
b) Para o Superior Tribunal de Justiça, os Estados estrangeiros gozam de imunidade tributária. Tal
imunidade abrange as taxas que são cobradas por conta de serviços individualizados e específicos que
sejam prestados ao Estado estrangeiro.
c) De acordo com o Código Tributário Nacional, um dos requisitos para que uma entidade seja
considerada sem fins lucrativos, para efeito de gozo da imunidade tributária, é a aplicação parcial de
seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais.
d) Para o Supremo Tribunal Federal, a autarquia que presta serviços públicos remunerados por meio
de tarifas possui imunidade tributária recíproca.
GABARITO: D
O tema imunidade tributária é considerado um dos mais importantes no direito tributário, a incidência
é alta em provas de concurso público. Por este motivo, vale a pena focar os estudos na jurisprudência
dos tribunais superiores, pois estes costumam ser a baliza orientadora deste assunto. Desse modo,
vale mencionar que as imunidades tributárias estão espalhadas pelo texto constitucional vigente.
Assim, utilizaremos na análise das questões os principais dispositivos constitucionais e os
entendimentos jurisprudenciais dos tribunais superiores.

a) ERRADO: Não se pode garantir a imunidade tributária prevista no art. 150, VI, d, da CF, as
prestadoras de serviços de composição gráfica, que realizam serviços por encomenda de empresas
jornalísticas ou editoras de livros. De acordo com o Supremo Tribunal Federal as empresas que fazem
composição gráfica para editoras, jornais etc. são meras prestadoras de serviço e, por isso, a elas não
se aplica a imunidade tributária (STF, 2ª Turma, RE 434826 Agr/MG, Info 729).

b) ERRADO: Os estados estrangeiros de fato possuem imunidade tributária, mas tal imunidade não
abrange as taxas que são cobradas por conta de serviços individualizados e específicos que sejam
prestados ao Estado estrangeiro. Este entendimento resplandece a posição do Superior Tribunal de
Justiça noticiada no Informativo 538.

56
c) ERRADO: O artigo 14, II do Código Tributário Nacional, exige a aplicação INTEGRAL de seus recursos
na manutenção dos seus objetivos institucionais para que a entidade sem fins lucrativos possa gozar
da imunidade assistencial prevista no ART. 150, VI, c, da CF/88.

d) CORRETO: segundo o Supremo Tribunal Federal, a autarquia que presta serviços públicos
remunerados por meio de tarifas possui imunidade tributária recíproca. Assim, o simples fato de haver
a cobrança de tarifas não descaracteriza a regra imunizante (STF, 1ª Turma, RE 741938 Agr; STF, 2ª
Turma, RE 482814 Agr).

31. No que concerne aos princípios e imunidades tributárias, assinale a opção correta com base nas
disposições constitucionais e o entendimento jurisprudencial pátrio:
a) O princípio da anterioridade do exercício financeiro determina ser absolutamente vedado à União,
Estados, DF e Municípios cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a
lei que os instituiu ou aumentou.
b) O STF entende que não configura aumento de tributo a mera redução ou extinção de desconto
legalmente previsto, não sendo o caso, portanto, de incidência do princípio da anterioridade.
c) Conforme o STF, a fim de evitar guerra fiscal ou de gerar risco ao pacto federativo, é exigível a
celebração de convênio no âmbito do CONFAZ para que haja a concessão de isenção do ICMS a
templos de qualquer culto.
d) Consoante o que dispôs em recente julgado, o STF entende que a chamada imunidade cultural,
constante no artigo 150, inciso VI, alínea d, da CF, aplica-se ao livro eletrônico (ebook), inclusive a
todos os suportes utilizados para fixá-lo.
GABARITO: B

a) ERRADO: O legislador constituinte impediu a cobrança no mesmo exercício financeiro em que haja
sido publicada a lei que instituiu ou aumentou a exação (art. 150, III, b, da CF/88. Porém não fez de
forma absoluta como exposto no enunciado. Os seguintes impostos são as exceções do referido
princípio e precisam ser compreendidos pelo aluno: II, IE, IPI, e IOF / Imposto Extraordinário de Guerra;
Empréstimos compulsórios: a) de guerra b) de calamidade / Contribuição para financiamento da Seg.

57
Social / ICMS monofásico sobre combustíveis (Exceção parcial, porque só vale para redução e
restabelecimento, se aumentar além do restabelecimento tem que respeitar a anterioridade) - e CIDE
combustível (Exceção parcial, porque só vale para redução e restabelecimento).

b) CORRETO: O STF (ADI 4.016/PR) entende que NÃO configura aumento de tributo a mera redução ou
extinção de DESCONTO legalmente previsto, não sendo o caso, portanto, de incidência do princípio da
anterioridade.

c) ERRADO: Em um caso específico, analisado pelo STF sobre uma Lei do Paraná que concedia isenção
do ICMS nas contas de água, luz, telefone e gás utilizados por templos de qualquer culto, houve
entendimento de ser inexigível a celebração de convênio porque a isenção concedida não tem aptidão
para deflagrar guerra fiscal ou gerar risco ao pacto federativo (é o que o convênio quer evitar). (ADI)
3421/PR.

d) ERRADO: O erro do enunciado está na expressão 'todos os suportes', uma vez que em julgado sobre
o tema, O STF afirmou que a imunidade tributária aplica-se ao livro eletrônico e aos “suportes
exclusivamente utilizados para fixá-lo”. Ou seja, um “smartphone”, um “tablet” ou um “laptop” não
podem ser considerados suportes utilizados exclusivamente para fixar um livro eletrônico. Ao
contrário, tais aparelhos possuem centenas de funcionalidades e a leitura de livros digitais neles é
apenas uma das possibilidades, podendo até mesmo ser considerada secundária. STF. Plenário. RE
595676/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/3/2017 (repercussão geral) (Info 856).

32. Assinale a opção correta quanto às espécies tributárias.


a) A competência tributária é discriminada pela Constituição Federal, que cria os impostos de
atribuição da União, dos Estados e dos Municípios.
b) A CIDE-Combustíveis é a única contribuição de intervenção no domínio econômico que possui fatos
geradores definidos na própria CF.
c) Segundo o STF, o recapeamento da via pública já asfaltada justifica a cobrança da contribuição de
melhoria, tendo em vista a valorização imobiliária decorrente.

58
d) Os empréstimos compulsórios são tributos de competência exclusiva da União e devem ser
instituídos mediante lei complementar, à exceção daqueles instituídos em caso de guerra externa, de
sua iminência ou calamidade pública, os quais poderão ser instituídos por medida provisória, devido a
urgência.
GABARITO: B

a) ERRADO: A Constituição Federal NÃO cria tributos, apenas atribui competência para que os entes
políticos o façam. Não há tributo sem lei anterior que o defina. Para que sejam criados tributos, o ente
tributante deve editar lei (ou ato normativo de igual hierarquia, diga-se, Medida Provisória)
instituindo-os abstratamente, ou seja, definindo seus fatos geradores, bases de cálculo, alíquotas e
contribuintes.

b) CORRETO: Na CIDE combustíveis, a única com fatos geradores delineados na própria CF, a
intervenção também se concretiza pela destinação do produto da arrecadação a determinadas
atividades:

Artigo 177, § 4º, CF: a lei (ordinária ou medida provisória) que instituir contribuição de intervenção no
domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus
derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos:
(...) II - os recursos arrecadados serão destinados: a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte
de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; b) ao financiamento de
projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; c) ao financiamento de
programas de infraestrutura de transportes.

c) ERRADO: Segundo o STF, a realização de pavimentação na rua, suscetível de valorizar o imóvel, pode
justificar a cobrança de contribuição de melhoria, o que NÃO acontece com o mero recapeamento da
via pública já asfaltada (RE 115863).

d) ERRADO: A Constituição Federal dispõe, no seu art. 148:

Art. 148: A UNIÃO (competência exclusiva), mediante LEI COMPLEMENTAR, poderá instituir
EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS:

59
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou
sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o
disposto no art. 150, III, "b".
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será VINCULADA à
despesa que fundamentou sua instituição.

A instituição dos empréstimos compulsórios em qualquer hipótese só é possível mediante LEI


COMPLEMENTAR. Como a CF exige a lei complementar para a criação dos empréstimos compulsórios
e proíbe que as medidas provisórias regulamentem matérias sujeitas a reserva de lei complementar,
logo: leis ordinárias e medidas provisórias não podem criar empréstimos compulsórios.

33. As taxas são espécies tributárias que se caracterizam por serem vinculadas a uma atuação estatal
específica. A esse respeito é correto afirmar:
a) O serviço de iluminação pública, em função de disposição expressa introduzida na Constituição
Federal por meio de emenda, pode ser custeado por taxa.
b) A cobrança da taxa de serviço justifica-se pelo exercício potencial ou efetivo do poder de polícia. É
necessário que estes serviços sejam divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por
parte de cada um dos seus usuários e específicos, quando possam ser destacados em unidades
autônomas.
c) O STF tem entendido de forma pacífica que os serviços públicos gerais devem ser financiados com a
arrecadação de taxas, já os serviços públicos específicos e divisíveis por meio de impostos.
d) É inconstitucional a adoção no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo
própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra.
GABARITO: B

a) ERRADO: A Súmula Vinculante 41 determina que o serviço de iluminação pública não pode ser
remunerado mediante taxa. A questão fala sobre emenda constitucional, mas foi uma tentativa de
confundir o aluno, pois através de uma emenda constitucional foi possibilitada a instituição pelos
municípios da COSIP.

60
b) CORRETO: Os serviços são específicos quando possam ser destacados em unidades autônomas de
intervenção, de utilidade ou de necessidade pública; são divisíveis quando suscetíveis de utilização,
separadamente, por parte de cada um de seus usuários.

Art. 79: Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se:


[...]
II - Específicos, quando possam ser destacados em Unidades Autônomas de intervenção, de unidade,
ou de necessidades públicas; (EUA).
III - Divisíveis, quando suscetíveis de UTilização, separadamente, por parte de cada um dos seus
usuários. (DUT).

c) ERRADO: Nos Serviços públicos gerais, também chamados de universais (prestados uti universi), o
benefício abrange indistintamente toda a população, sem destinatários identificáveis. Já nos serviços
públicos específicos, também chamados singulares (prestados uti singuli), os usuários são identificados
ou, ao menos, identificáveis. Sua utilização individual é mensurável. O STF adota essa classificação e
tem pacificamente entendido que os primeiros devem ser financiados com a arrecadação de impostos,
e os últimos por meio de taxas. Os impostos remuneram os serviços universais (uti universi)
exatamente por não gozarem de referibilidade (especificidade e divisibilidade). A referibilidade está
relacionada às taxas.

d) ERRADO: A Súmula Vinculante 29: É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou


mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral
identidade entre uma base e outra.

34. A respeito do tema espécies tributárias, assinale a alternativa que não possui respaldo
constitucional ou não está alinhada ao entendimento atual dos Tribunais Superiores:
a) Com base na Constituição Federal, é vedado instituir impostos sobre os fonogramas e
videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores
brasileiros, inclusive na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.

61
b) O entendimento prevalecente na doutrina é que a normatividade do art. 4º do Código Tributário
Nacional foi parcialmente não recepcionada pela CF, não sendo mais aplicável às contribuições
especiais.
c) A utilização da lei complementar para instituição de tributos é regra excepcional no ordenamento
jurídico. A União deve se valer deste processo legislativo para instituição de Imposto sobre Grandes
Fortunas, Impostos Residuais e Empréstimos Compulsórios.
d) São subespécies de contribuições sociais: contribuição para seguridade social, destinadas à
manutenção ou à expansão da seguridade social; outras contribuições sociais instituídas por lei
complementar e as contribuições sociais gerais, destinadas a outras atuações da União na área social.
GABARITO: A

Há três enunciados verdadeiros na questão, mas atente-se, foi solicitado o enunciado sem respaldo
jurídico. Analisemos, portanto, os itens à luz do que foi solicitado.
a) CORRETO: De acordo com a disposição expressa do art. 150, VI, “e”, da CF/88, a imunidade sobre
fonogramas e videofonogramas não se aplica na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de
leitura a laser. O conhecimento da letra da Constituição é fundamental.

b) ERRADO: Prevalece na doutrina, que a normatividade do art. 4º foi parcialmente não recepcionada
pela CF, não sendo mais aplicável às CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS. Porque as contribuições especiais só
se distinguem dos impostos pelo nome e produto da arrecadação, que segundo o art. 4º são critérios
irrelevantes. Exemplos: IRPJ e ISLL. Também não se aplica o art. 4º aos EMPRÉSTIMOS
COMPULSÓRIOS, já que estes só se distinguem das demais espécies pelo fato de serem restituíveis.

c) ERRADO: O art. 154, I, da CF/88 autoriza que a União institua, mediante lei complementar, Impostos
Residuais. Ademais, o art. 148, I e II, da CF estabelece que empréstimos compulsórios só podem ser
instituídos por lei complementar. Um terceiro tributo que só pode ser instituído pela União por lei
complementar são os Impostos sobre Grandes Fortunas (art. 153, VII, CF/88). Embora não tenha
menção no enunciado, é importante registrar que os IMPOSTOS EXTRAORDINÁRIOS DE GUERRA NÃO
são instituídos por lei complementar, ISSO PEGA MUITO EM PROVA.

d) ERRADO: Contribuições sociais é um tópico que o aluno tende a não dominar tão bem quanto o

62
início das considerações sobre o tema espécies tributárias. Em função disso, é importante que seja
dada uma atenção especial. As contribuições sociais são espécies de contribuições especiais. Segundo
entendimento do STF, essa espécie ainda está sujeita a mais uma subdivisão: contribuições de
seguridade social (para o financiamento da seguridade social, art. 149 e art. 195 da CF), outras
contribuições sociais (o 195, § 4º permite que a União institua novas fontes destinadas à manutenção
ou à expansão da seguridade social, classificadas pelo STF como “outras contribuições sociais”) e as
contribuições sociais gerais (destinadas a outras atuações da União na área social como o salário
educação e as contribuições para os serviços sociais autônomos (CF, art. 212, § 5º).

35. Sobre o perfil do orçamento no ordenamento jurídico brasileiro, assinale a alternativa correta:
a) Em sua concepção moderna, o orçamento é visto apenas como uma peça que contempla a previsão
da receita e a fixação das despesas, restringindo-se, portanto, ao aspecto contábil.
b) Por se tratar de instrumento jurídico, o orçamento deve ser imune às influências dos diversos
grupos políticos detentores do poder.
c) O Brasil adota o posicionamento de Léon Duguit sobre a natureza jurídica do orçamento,
entendendo-o como ato administrativo em relação às despesas e lei em sentido formal no atinente às
receitas.
d) Para Gaston Jèze, o orçamento é um ato-condição para a realização do gasto e para o ingresso da
receita.
GABARITO: D

a) ERRADA. Na realidade, o orçamento era visto como simples peça contábil em seu conceito clássico.
A concepção moderna o entende como lei que programa a vida financeira do Estado, permitindo-se
até mesmo haver endividamento desde que haja atingimento dos interesses públicos da sociedade.

b) ERRADA. O orçamento possui aspectos político, econômico, contábil e jurídico. De fato, sua
elaboração reflete a execução do programa político-partidário dos governantes que estão no poder.
Assim, trata-se de instrumento de manifestação desses ideais e planos políticos.
Quanto ao aspecto econômico, o orçamento é importante instrumento na redistribuição de renda ou
instrumento regulador da economia.

63
Possui, ademais, perfil contábil ou técnico, na medida em que deve observar regras contábeis e
racionais em sua elaboração.
No atinente ao aspecto jurídico, o orçamento é uma lei formal especial com conteúdo definido na
Constituição, destinada a regular as ações públicas quanto à aplicação dos recursos públicos.

c) ERRADA. De fato, Léon Duguit entende que o orçamento público, em relação às despesas é um
mero ato administrativo, ao passo que, no referente às receitas, é lei em sentido formal. Entretanto,
tal posicionamento não é adotado no ordenamento brasileiro, o qual disciplina o orçamento como lei
em sentido formal, tanto para as receitas, quanto para as despesas.

d) CORRETA. Primeiramente, impende ressaltar que o ato-regra é aquele que contém normas de
Direito em caráter geral e impessoal. Por sua vez, o ato subjetivo é o praticado pelos indivíduos nas
suas relações recíprocas sem caráter de generalidade. A seu turno, o ato-condição tem como
finalidade tornar aplicável a determinados indivíduos ou situações fáticas as situações gerais estatuídas
no ato-regra.
Assim, Gaston Jèze entende que o orçamento é um ato condição, ou seja, que não aumenta nada no
conteúdo da lei, mas a torna eficaz para determinadas situações.

36. Considere as seguintes competências:


- dispor sobre limites globais da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
- dispor sobre limites globais da dívida mobiliária da União;
- dispor sobre limites globais para o montante da dívida consolidada dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios;
- dispor sobre limites globais para o montante da dívida consolidada da União.
Assinale a alternativa que indica, respectivamente, quais órgãos detêm as atribuições acima
elencadas:
a) Câmara dos Deputados; Congresso Nacional através de Lei; Senado Federal; Senado Federal.
b) Senado Federal; Congresso Nacional através de Decreto Legislativo; Senado Federal; Congresso
Nacional através de Decreto Legislativo.
c) Senado Federal; Congresso Nacional através de Lei; Senado Federal; Congresso Nacional através de
Lei;

64
d) Senado Federal; Congresso Nacional através de Lei; Senado Federal; Senado Federal;
GABARITO: D

A competência para legislar em Direito Financeiro é abordada, de forma recorrente, em provas da


Advocacia Pública.
Nesse contexto, importa ressaltar que o Senado Federal, como Casa Legislativa da Federação, tem
importante papel no controle do crédito público, nos termos do art. 52 da CF/88:

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:


V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios e dos Municípios;
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida
consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas
pelo Poder Público federal;
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito
externo e interno;
IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios;
MAS CUIDADO, compete ao CONGRESSO NACIONAL dispor sobre moeda, seus limites de emissão e o
MONTANTE DA DÍVIDA PÚBLICA MOBILIÁRIA FEDERAL, nos termos do art. 48, inciso XIV, da CF/88:

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o
especificado nos art. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União,
especialmente sobre:

(...)

XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal.

Sobre o assunto, vejamos o seguinte quadro resumo:

65
FIXAR O MONTANTE DA: COMPETÊNCIA

DÍVIDA PÚBLICA CONSOLIDADA DOS ESTADOS E SENADO (PROPOSTA DO PRESIDENTE DA

MUNICÍPIOS REPÚBLICA)

DÍVIDA PÚBLICA CONSOLIDADA DA UNIÃO SENADO (PROPOSTA DO PRESIDENTE DA

REPÚBLICA)

DÍVIDA PÚBLICA MOBILIÁRIA DOS ESTADOS SENADO

E MUNICÍPIOS

DÍVIDA PÚBLICA MOBILIÁRIA DA UNIÃO CONGRESSO

Nesse contexto, passemos a analisar as alternativas:

a) ERRADA, pois a Câmara dos Deputados não dispõe sobre a dívida mobiliária dos entes públicos.

b) ERRADA, pois a competência do Congresso Nacional para deliberar sobre a dívida mobiliária da
União é exercida através de lei, além de ser atribuição do Senado e não do Congresso tratar da dívida
pública consolidada.

c) ERRADA, pois a competência para tratar sobre dívida consolidada da União é do Senado e não do
Congresso.

d) CORRETA, porquanto está em consonância com o quadro-resumo acima apresentado.

37. Determinado governante pretende que todos os recursos solicitados sejam criticamente
analisados e questionados, com necessidade de que cada órgão justifique todo o programa no início
do ciclo orçamentário. Ademais, deseja que o montante gasto no exercício anterior não funcione
como parâmetro para fixação de despesa, sem descurar, contudo, das preocupações das

66
necessidades populacionais. Nesse contexto, o referido gestor público deve optar,
preferencialmente, pela seguinte técnica orçamentária:
a) Tradicional;
b) Desempenho;
c) Programa;
d) Base Zero ou por estratégia.
GABARITO: D

a) ERRADA. O orçamento tradicional era desvinculado de qualquer planejamento, com foco em


questões meramente contábeis, em detrimento da atenção às reais necessidades da coletividade e da
administração. Não há, portanto, preocupação do gestor com o atendimento das necessidades
populacionais. É espécie de orçamento e não de técnica orçamentária.

b) ERRADA. O orçamento desempenho apenas estima receita e autoriza receitas pelos produtos finais
a obter ou tarefas a realizar com ênfase limitada no resultado, sem vinculação a um programa ou
planejamento governamental central das ações do governo. É espécie de orçamento e não de técnica
orçamentária.

c) ERRADA. O orçamento-programa é modalidade em que os recursos se relacionam a objetivos, metas


e projetos de um plano de governo, ou seja, a um programa. Trata-se, portanto, de um instrumento de
planejamento da ação governamental. É espécie de orçamento e não de técnica orçamentária.

d) CORRETA. É técnica orçamentária segundo o qual todo recurso solicitado é criticamente analisado a
fim de que, quando da elaboração da proposta orçamentária, haja um real questionamento dos
recursos nas respectivas áreas, sem qualquer compromisso com um montante inicial de dotação, bem
como sem utilizar o montante do exercício anterior como parâmetro.
Pode ser aplicada nas espécies de orçamento. Assim, por exemplo, o orçamento programa pode ser
construído com base na técnica ou metodologia base-zero.

67
38. O fundo público não é pessoa jurídica, órgão ou unidade orçamentária. Trata-se, na realidade, de
individualização de recursos e na sua vinculação ou alocação a uma área específica. Portanto, é
exceção aos seguintes princípios orçamentários:
a) especificação e unidade de tesouraria;
b) exclusividade e unidade de tesouraria;
c) especificação e legalidade;
d) exclusividade e universalidade.
GABARITO: A

a) CORRETA. O princípio da especificação ou especialização preconiza que o orçamento não pode ser
genérico, estabelecendo gastos sem precisão (art. 5º da Lei nº 4.320/641). Veda-se, portanto, que se
consignem dotações globais. Entretanto, no caso dos fundos, apenas se determina a fonte de suas
receitas e o seu objetivo, sem detalhar, no orçamento, as atividades concretas de sua atuação.
Por sua vez, o princípio da unidade de tesouraria impõe que todo recurso carreado ao erário, de
caráter originário ou derivado, seja alocado em uma única conta, a fim de facilitar sua gerência (art. 56
da Lei nº 4.3202). Entretanto, as disponibilidades dos fundos são alocadas em contas próprias,
havendo, portanto, uma individualização prévia da receita.

b) ERRADA. Pelo princípio da exclusividade, a lei orçamentária não conterá dispositivo estranho à
previsão de receita e à fixação de despesa (art. 165, §8º, da CF/883). Ora, quando o orçamento prevê
determinada receita para um fundo não se distancia do princípio da exclusividade. Assim, os fundos
não são exceção ao princípio da exclusividade.
Para fins didáticos, vejamos o seguinte quadro:

1 Art. 5º A Lei de Orçamento não consignará dotações globais destinadas a atender indiferentemente a despesas de
pessoal, material, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras, ressalvado o disposto no artigo 20 e seu
parágrafo único.
2
Art. 56 da Lei nº 4.320/64. O recolhimento de todas as receitas far-se-á em estrita observância ao princípio de unidade de
tesouraria, vedada qualquer fragmentação para criação de caixas especiais.
3
Art. 165, §8º, CF/88. A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da
despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações
de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.

68
PRINCÍPIO DEFINIÇÃO EXCEÇÃO

EXCLUSIVIDADE A lei orçamentária não conterá • Autorização para abertura de

dispositivo estranho à previsão de crédito suplementar;

receita e à fixação de despesa (art. • Autorização para contratação de

165, §8º, da CF/88). operações de crédito, ainda que por

ARO.

ESPECIFICAÇÃO São vedadas as dotações genéricas, • Programas especiais de trabalho

OU tanto as com dotações ilimitadas, (art. 20, parágrafo único, da Lei nº

ESPECIALIZAÇÃO quanto as que apresentam 4.320/644);

finalidade genérica. • Reserva de contingência (art. 5º,

III, da LRF5).

• Fundos.

c) ERRADA. Como já explicado, os fundos são exceção ao princípio da especificação. Entretanto, não o
são em relação ao princípio da legalidade, segundo o qual as finanças públicas não poderão ser
manejadas sem autorização da lei.
Ora, a previsão de receita para os fundos depende de autorização legislativa, bem como a sua própria
instituição nos termos do art. 71 da Lei nº 4.320/646.

4
Art. 20 da Lei nº 4.320/64. Os investimentos serão discriminados na Lei de Orçamento segundo os projetos de obras e de
outras aplicações. Parágrafo único. Os programas especiais de trabalho que, por sua natureza, não possam cumprir-se
subordinadamente às normas gerais de execução da despesa poderão ser custeadas por dotações globais, classificadas
entre as Despesas de Capital.
5
Art. 5o, III, da LRF. O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compatível com o plano plurianual, com a lei
de diretrizes orçamentárias e com as normas desta Lei Complementar: conterá reserva de contingência, cuja forma de
utilização e montante, definido com base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias,
destinada ao atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos.
6 Art. 71 da Lei nº 4.320/64: Constitui fundo especial o produto de receitas especificadas que por lei se vinculam à
realização de determinados objetivos ou serviços, facultada a adoção de normas peculiares de aplicação

69
d) ERRADA. Como afirmado, o princípio da exclusividade é respeitado quando há previsão de receita
para os fundos.
Por sua vez, a universalidade impõe que todas as receitas e as despesas governamentais sejam
integrantes do orçamento (art. 2º da Lei nº 4.320/64). Ora, as verbas são destinadas aos fundos
através do orçamento, de forma que tal princípio é respeitado.

39. Conforme disposições constitucionais, assinale a alternativa que indique a operação financeira-
orçamentária vedada:
a) Remanejamento de recursos por decreto do Poder Executivo entre categorias de programação no
âmbito de atividades da ciência com objetivo de viabilizar os resultados de projetos restritos a tal
função.
b) Vinculação de receita de IPTU por município para prestação de contragarantia à União.
c) Realização de transferência voluntária pelo Estado em favor de Município, através de convênio, para
pagamento de despesa com pessoal da referida municipalidade.
d) Vinculação de receita de imposto para prestação de garantia às operações de crédito por
antecipação de receita.
GABARITO: C

a) ERRADA. O princípio da proibição do estorno veda que o gestor público efetive transposição,
remanejamento ou transferência de recursos entre categorias de programação sem prévia autorização
legislativa (art. 167, inciso VI, da CF/887). Entretanto, o art. 167, §5º, da CF/888, possibilita a realização
de tais operações através de ato do Poder Executivo desde que no âmbito das atividades de ciência,
tecnologia e inovação, com o objetivo de viabilizar os resultados de projetos restritos a essas funções.

7 Art. 167, inciso VI, da CF/88: São vedados: VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma
categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa
8 Art. 167, §5º, da CF/88A transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de
programação para outra poderão ser admitidos, no âmbito das atividades de ciência, tecnologia e inovação, com o objetivo
de viabilizar os resultados de projetos restritos a essas funções, mediante ato do Poder Executivo, sem necessidade da
prévia autorização legislativa prevista no inciso VI deste artigo

70
b) ERRADA. Em regra, é vedada a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, nos
termos do art. 167, inciso IV, da CF/889.
Trata-se do princípio da não afetação ou não vinculação das receitas de impostos. Entretanto, são
apresentadas as seguintes exceções, recorrentes em questões:
(i) repartição constitucionais de impostos nos termos dos art. 158 e 159 da CF/88;
(ii) destinação à saúde;
(iii) destinação à educação;
(iv) destinação à administração tributária;
(v) prestação de garantia às operações de crédito por ARO;
(vi) garantia, contragarantia à União e pagamento de débitos para com esta;
(vii) vinculação de até 0,5% da receita tributária líquida para os Programas de Apoio a Inclusão e
Promoção Social;
(viii) vinculação de até 0,5% da receita tributária líquida para Fundos destinados ao financiamento de
programas culturais;

Assim, considerando que é possível vincular receita de impostos para a concessão de garantia ou
contragarantia à União, a assertiva está falsa.

c) CORRETA. Conforme dicção do art. 167, inciso X, da CF/88, a transferência voluntária de recursos e a
concessão de empréstimos, inclusive por antecipação de receita, pelos Governos Federal e Estadual e
suas instituições financeiras, para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Assim, trata-se de alternativa que evidencia,
corretamente, uma vedação orçamentária.

d) ERRADA. Como afirmado, em regra, é vedada a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou
despesa, nos termos do art. 167, inciso IV, da CF/88. Trata-se do princípio da não afetação ou não

9 Art. 167, inciso IV, da CF/88: São vedados: IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa,
ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de
recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de
atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a
prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o
disposto no § 4º deste artigo.

71
vinculação das receitas de impostos. Entretanto, são apresentadas as seguintes exceções, recorrentes
em questões:
(i) repartição constitucionais de impostos nos termos dos art. 158 e 159 da CF/88;
(ii) destinação à saúde;
(iii) destinação à educação;
(iv) destinação à administração tributária;
(v) prestação de garantia às operações de crédito por ARO;
(vi) garantia, contragarantia à União e pagamento de débitos para com esta;
(vii) vinculação de até 0,5% da receita tributária líquida para os Programas de Apoio a Inclusão e
Promoção Social;
(viii) vinculação de até 0,5% da receita tributária líquida para Fundos destinados ao financiamento de
programas culturais.

40. Em relação aos créditos adicionais, assinale a alternativa correta:


a) A abertura de crédito especial pode ser autorizada de forma genérica na LOA;
b) Nos créditos suplementares, especiais e extraordinários é sempre necessária a indicação dos
recursos que irão custeá-los.
c) A diferença entre ativo e passivo financeiro, conjugando-se, ainda, os saldos dos créditos adicionais
transferidos e as operações de crédito a eles vinculadas pode ser utilizada como fonte para abertura
de créditos especiais.
d) Todos os créditos adicionais têm vigência limitada ao exercício financeiro em que foram abertos.
GABARITO: C

a) ERRADA: Somente os créditos suplementares podem ser autorizados na LOA, constituindo exceção
ao princípio da exclusividade (art. 165, §8º, da CF/8810). Assim, os créditos especiais devem sempre ser
autorizados por lei, que não pode ser a LOA.

10 Art. 165, §8º, da CF/88: A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da
despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações
de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.

72
b) ERRADA: A abertura de créditos suplementares e especiais pressupõe a indicação obrigatória de
recursos, o que, entretanto, é facultativo em relação aos extraordinários. Com o efeito, o art. 167,
inciso V, da CF/88, veda a abertura de créditos suplementares ou especiais sem indicação dos recursos
correspondentes, não abrangendo, portanto, os extraordinários.

c) CORRETA: Nos termos do art. 43, §1º, inciso I, da Lei nº 4.320/64, “o superávit financeiro apurado
em balanço patrimonial do exercício anterior” pode ser utilizado como fonte para a abertura de
créditos adicionais.
Nos termos do art. 43, §2º, da Lei nº 4.320/64, “entende-se por superávit financeiro a diferença
positiva entre o ativo financeiro e o passivo financeiro, conjugando-se, ainda, os saldos dos créditos
adicionais transferidos e as operações de credito a eles vinculadas”.
Assim, o enunciado elucida justamente o conceito de superávit financeiro que pode ser utilizada para a
abertura de créditos especiais.

d) ERRADA: O art. 167, §2º, da CF/88, disciplina que “os créditos especiais e extraordinários terão
vigência no exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de autorização for
promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus
saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro subsequente”. Assim, os créditos
especiais e extraordinários podem ter vigência superior ao exercício financeiro em que abertos.

41. De acordo com a CF/88, as leis urbanísticas e os entendimentos do STF é correto afirmar, sobre o
Plano Diretor, que:
a) Plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil
eleitores, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.
b) A lei que instituir o plano diretor deverá ser revista, pelo menos, a cada três anos.
c) No caso de cidades com mais de quinhentos mil habitantes, deverá ser elaborado um plano de
transporte urbano integrado, compatível com o plano diretor ou nele inserido.
d) Os Municípios com mais de 20 mil habitantes, quando forem legislar sobre programas e projetos
específicos de ordenamento do espaço urbano, devem fazê-lo por meio plano diretor,
necessariamente.

73
GABARITO: C

Tema de suma importância para o Estado do Direito urbanístico é o Plano Diretor. Conhecendo as
regras previstas na CF88, no Estatuto da Cidade e as decisões mais recentes do STF e do STJ, torna-se
tranquila a resolução de qualquer questão.

a) ERRADO: Na realidade, ele é obrigatório para cidades com MAIS DE 20 MIL HABITANTES, e não
eleitores, conforme Art. 182, § 1º, da CF.

b) ERRADO: A revisão, conforme o Estatuto da Cidade deve ser pelo menos a cada 10 anos (Art. 39, §
3º).

c) CORRETO: Art. 41, § 2º, do Estatuto da Cidade:

§ 2o No caso de cidades com mais de quinhentos mil habitantes, deverá ser elaborado um plano de
transporte urbano integrado, compatível com o plano diretor ou nele inserido.

d) ERRADO: Pelo contrário, conforme recente entendimento do STF, os Municípios com mais de 20 mil
habitantes e o Distrito Federal podem legislar sobre programas e projetos específicos de ordenamento
do espaço urbano por meio de leis que sejam compatíveis com as diretrizes fixadas no plano diretor.
Isso significa que nem sempre que o Município for legislar sobre matéria urbanística, ele precisará
fazê-lo por meio do Plano Diretor. O Plano Diretor é o instrumento legal que dita a atuação do
Município ou do Distrito Federal quanto ao ordenamento urbano, traçando suas linhas gerais, porém a
sua execução pode se dar mediante a expedição de outras lei e decretos, desde que guardem
conformidade com o Plano Diretor (STF. Plenário. RE 607940/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em
29/10/2015 (Info 805).

74
42. Considerando as normas constitucionais, julgue os itens:
I – Havendo propriedade não edificada, subutilizada ou não utilizada, o Poder Público municipal é
obrigado a, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal,
que promova seu adequado aproveitamento.
II - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de
ordenação da cidade expressas no plano diretor
III - Decorridos cinco anos de cobrança do IPTU progressivo sem que o proprietário tenha cumprido a
obrigação de parcelamento, edificação ou utilização, o Município poderá proceder à desapropriação
do imóvel, com pagamento em títulos da dívida pública, que terão prévia aprovação pelo Senado
Federal e serão resgatados no prazo de até dez anos, em prestações anuais, iguais e sucessivas,
assegurados o valor real da indenização e os juros legais de seis por cento ao ano.
A par dos enunciados, está/estão correto(s) apenas:
a) I e III.
b) I, II e III.
c) III.
d) II e III.
GABARITO: D

ITEM I: ERRADO. Realmente, os requisitos da imposição estão adequadamente elencados. No entanto,


não se trata de uma obrigação do Município, mas de uma faculdade, conforme consta do Art. 182, §
4º, da CF88.

ITEM II: CORRETO. Art. 182, § 2º, da CF88:

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme
diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais
da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil
habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de
ordenação da cidade expressas no plano diretor.

75
§ 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.

ITEM III: CORRETO. Previsão exata do Art. 8º e seu § 1º do Estatuto da Cidade:

Art. 8o Decorridos cinco anos de cobrança do IPTU progressivo sem que o proprietário tenha cumprido
a obrigação de parcelamento, edificação ou utilização, o Município poderá proceder à desapropriação
do imóvel, com pagamento em títulos da dívida pública.
§ 1o Os títulos da dívida pública terão prévia aprovação pelo Senado Federal e serão resgatados no
prazo de até dez anos, em prestações anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da
indenização e os juros legais de seis por cento ao ano.

43. Considerando as previsões do Estatuto da Metrópole, julgue os itens que seguem:


I – No exercício da governança das funções públicas de interesse comum, o Estado e os Municípios da
unidade territorial deverão observar o compartilhamento da tomada de decisões, mas a
responsabilidade na gestão de ações e projetos das funções públicas de interesse comum é
individualizada, não havendo integração dos órgãos dos respectivos Entes.
II – Considera-se Área Metropolitana a unidade regional instituída pelos Estados, mediante lei
complementar, constituída por agrupamento de Municípios limítrofes para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
III – No caso de região metropolitana ou de aglomeração urbana que envolva municípios de mais de
um Estado, até a aprovação das leis complementares exigidas para a instituição, a região
metropolitana ou a aglomeração urbana terá validade apenas para os Municípios dos Estados que já
houverem aprovado a respectiva lei.
IV – É princípio da chamada governança interfederativa - compartilhamento de responsabilidades e
ações entre entes da Federação em termos de organização, planejamento e execução de funções
públicas de interesse comum - a prevalência do interesse comum sobre o local.
Considerando as assertivas, estão corretos apenas:
a) I e IV
b) II e IV

76
c) I, II e IV
d) III e IV.
GABARITO: D

ITEM I: ERRADO. Pelo contrário, além do compartilhamento da tomada de decisões o Art. 7º-A prevê
como diretriz geral também o compartilhamento de responsabilidades na gestão de ações e projetos
relacionados às funções públicas de interesse comum, os quais deverão ser executados mediante a
articulação de órgãos e entidades dos entes federados.

ITEM II: ERRADO. O conceito fornecido foi o de região metropolitana. Entende-se como área
metropolitana a representação da expansão contínua da malha urbana da metrópole, conurbada pela
integração dos sistemas viários, abrangendo, especialmente, áreas habitacionais, de serviços e
industriais com a presença de deslocamentos pendulares no território.

ITEM III: CORRETO. Art. 4º e parágrafo único. A instituição de região metropolitana ou de aglomeração
urbana poderá englobar Municípios pertencentes a mais de um Estado. No entanto, neste caso,
deverão ser aprovadas leis complementares pelas assembleias legislativas de cada um dos Estados
envolvidos (Art. 4º). Até a aprovação das leis complementares por todos os Estados envolvidos, a
região metropolitana ou a aglomeração urbana terá validade apenas para os Municípios dos Estados
que já houverem aprovado a respectiva lei (art. 4º, parágrafo único).

ITEM IV: CORRETO. Art. 6º, I c/c Art. 2º, IV.

Art. 6o A governança interfederativa das regiões metropolitanas e das aglomerações urbanas


respeitará os seguintes princípios:
I – prevalência do interesse comum sobre o local;

Art. 2o Para os efeitos desta Lei, consideram-se:


IV – governança interfederativa: compartilhamento de responsabilidades e ações entre entes da
Federação em termos de organização, planejamento e execução de funções públicas de interesse
comum;

77
44. Sobre a disciplina do ordenamento urbano e os entendimentos dos Tribunais Superiores, indique
a alternativa correta:
a) Compete privativamente à União legislar sobre direito urbanístico.
b) A Lei nº 12.587/12, que trata sobre a Mobilidade Urbana, foi omissa quanto às novas modalidades
de transporte individual remunerado das grandes cidades, como é o caso do Uber.
c) A instituição de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas ou microrregiões pode vincular a
participação de municípios limítrofes, com o objetivo de executar e planejar a função pública do
saneamento básico, seja para atender adequadamente às exigências de higiene e saúde pública,
sendo, segundo o STF, compulsória a participação dos Entes municipais.
d) O Plano Direito de determinado município brasileiro prevê que o módulo urbano mínimo deve ter,
no mínimo 125m². Se determinada pessoa possuir como sua área de 50m², por mais de 7 anos
ininterruptos, sem oposição de terceiros, utilizando o bem para sua moradia e sem possuir outro
imóvel urbano ou rural, estará obstada de adquirir o imóvel pela chamada usucapião especial urbana.
GABARITO: C

a) ERRADO: Não se trata de competência privativa da União, prevista no Art. 22 da CF88, mas de
competência legislativa concorrente, de sorte que União, Estados e o DF podem legislar sobre o
assunto (Art. 24, I). Não custa lembrar que, no âmbito dessa competência, inexistindo lei federal sobre
normas gerais, os Estados exercem competência legislativa plena (Art. 24, § 3º), até que sobrevenha a
aludida lei federal geral e suspenda a eficácia da norma estadual no que lhe for contrário (Art. 24, §
4º).

b) ERRADO: não houve omissão. Em 2018, a Lei 13.640 incluiu o inc. X ao Art. 4º, tratando sobre o
transporte remunerado privado individual de passageiros: serviço remunerado de transporte de
passageiros, não aberto ao público, para a realização de viagens individualizadas ou compartilhadas
solicitadas exclusivamente por usuários previamente cadastrados em aplicativos ou outras plataformas
de comunicação em rede.

c) CORRETO: é o gabarito, O STF, interpretando o art. 25, § 3.º, reconheceu o caráter compulsório da
participação, bastando a existência de lei complementar estadual (ADI 1.841, Rel. Min. Carlos Velloso,

78
j. 1.º.08.2002, Plenário, DJ de 20.09.2002). O tema voltou a ser reafirmado no julgamento da ADI 1.842
(j. 06.03.2013), também envolvendo lei complementar específica estadual que criou a Região
Metropolitana do Rio de Janeiro e a Microrregião dos Lagos. Conforme ficou estabelecido, “a
instituição de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas ou microrregiões pode vincular a
participação de municípios limítrofes, com o objetivo de executar e planejar a função pública do
saneamento básico, seja para atender adequadamente às exigências de higiene e saúde pública, seja
para dar viabilidade econômica e técnica aos municípios menos favorecidos. Repita-se que este caráter
compulsório da integração metropolitana não esvazia a autonomia municipal”. Porém, o STF deixou
claro que a autonomia municipal deverá ser preservada. Assim, a organização, o planejamento e a
execução de funções públicas de interesse comum, bem como o seu processo decisório, não poderão
ser transferidos com exclusividade para o Estado-Membro, devendo ser assegurada a participação
tanto dos municípios compreendidos como do referido ente federativo.

d) ERRADO: é importante que você conheça, além dos requisitos constitucionais dessa modalidade
especial de usucapião, o entendimento do STF sobre o tema. De acordo com o Art. 183 da CF88, a
usucapião especial urbana (pro misero) exige que o interessado possua área urbana de até 250m², por
5 anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando para sua moradia ou de sua família e que não
seja proprietária de qualquer outro imóvel urbana ou rural. De acordo com o STF (Info 783),
preenchidos esses requisitos constitucionais, a pessoa terá direito à usucapião, sendo irrelevante o
fato de o imóvel em questão não atender ao módulo mínimo fixado pelo respectivo Plano Diretor.

45. Marque o item INCORRETO sobre a desconsideração da personalidade jurídica:


a) O encerramento irregular das atividades de uma sociedade empresária caracteriza abuso do direito
e, por isso, permite a desconsideração da personalidade jurídica.
b) A teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica tem como pressuposto para sua
aplicação o não pagamento da dívida, possuindo ela aplicabilidade do Direito do Consumidor.
c) O Código Civil não exige a demonstração da insolvência da pessoa jurídica como um requisito da
desconsideração de sua personalidade.
d) Mesmo sem previsão legal, é possível ignorar a separação patrimonial entre sociedade e sócio para
que o credor do sócio possa buscar patrimônio “escondido” fraudulentamente na sociedade.

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GABARITO: A

a) ERRADO. IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 282: O encerramento irregular das atividades da
pessoa jurídica, por si só, não basta para caracterizar abuso da personalidade jurídica.

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. ARTIGO 50, DO CC. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.


REQUISITOS. ENCERRAMENTO DAS ATIVIDADES OU DISSOLUÇÃO IRREGULARES DA SOCIEDADE.
INSUFICIÊNCIA. DESVIO DE FINALIDADE OU CONFUSÃO PATRIMONIAL. DOLO. NECESSIDADE.
INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. ACOLHIMENTO.
1. A criação teórica da pessoa jurídica foi avanço que permitiu o desenvolvimento da atividade
econômica, ensejando a limitação dos riscos do empreendedor ao patrimônio destacado para tal fim.
Abusos no uso da personalidade jurídica justificaram, em lenta evolução jurisprudencial,
posteriormente incorporada ao direito positivo brasileiro, a tipificação de hipóteses em que se autoriza
o levantamento do véu da personalidade jurídica para atingir o patrimônio de sócios que dela
dolosamente se prevaleceram para finalidades ilícitas. Tratando-se de regra de exceção, de restrição
ao princípio da autonomia patrimonial da pessoa jurídica, a interpretação que melhor se coaduna com
o art. 50 do Código Civil é a que relega sua aplicação a casos extremos, em que a pessoa jurídica tenha
sido instrumento para fins fraudulentos, configurado mediante o desvio da finalidade institucional ou a
confusão patrimonial.
2. O encerramento das atividades ou dissolução, ainda que irregulares, da sociedade não são causas,
por si só, para a desconsideração da personalidade jurídica, nos termos do Código Civil.
3. Embargos de divergência acolhidos. (EREsp 1306553/SC, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 10/12/2014, DJe 12/12/2014) – Informativo n. 554/2014.

b) CORRETO. (...) 11. De acordo com a Teoria Menor, a incidência da desconsideração se justifica: a)
pela comprovação da insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, somada à
má administração da empresa (art. 28, caput, do CDC); ou b) pelo mero fato de a personalidade
jurídica representar um obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores, nos
termos do § 5º do art. 28 do CDC.
12. Na hipótese em exame, segundo afirmado pelo acórdão recorrido, a existência da personalidade
jurídica está impedindo o ressarcimento dos danos causados aos consumidores, o que é suficiente para

80
a desconsideração da personalidade jurídica da recorrente, por aplicação da teoria menor, prevista no
art. 28, § 5º, do CDC.
13. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, desprovido. (REsp 1735004/SP, Rel.
Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 26/06/2018, DJe 29/06/2018).

c) CORRETO. IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 281: A aplicação da teoria da desconsideração,


descrita no art. 50 do Código Civil, prescinde da demonstração de insolvência da pessoa jurídica.

d) CORRETO. IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 283: É cabível a desconsideração da


personalidade jurídica denominada "inversa" para alcançar bens de sócio que se valeu da pessoa
jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuízo a terceiros.

46. Sobre a empresa individual de responsabilidade limitada e a sociedade limitada, marque o item
correto.
a) A empresa individual de responsabilidade limitada - EIRELI é uma sociedade limitada constituída por
uma única pessoa titular da totalidade do capital social.
b) Desde que haja previsão no contrato social da sociedade limitada, poderão ser-lhe aplicáveis
supletivamente às regras da sociedade simples.
c) É possível a integralização das cotas de uma sociedade limitada por meio de bens e serviços
d) Na sociedade limitada, a responsabilidade dos sócios é restrita ao valor das suas quotas, salvo
quanto à obrigação de integralização do capital, que é solidária.
GABARITO: D

a) ERRADO. A EIRELI é uma pessoa jurídica diversa da sociedade, razão pela qual foi adicionado o VI ao
art. 44 do CC que enumera as pessoas jurídicas. Não sendo uma sociedade, não poderá ser uma
sociedade limitada.

b) ERRADO. A regra é a aplicação das regras da sociedade simples.


Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas normas da sociedade
simples.

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Parágrafo único. O contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade limitada pelas
normas da sociedade anônima.

c) ERRADO. Art. 1055, § 2o É vedada contribuição que consista em prestação de serviços.

d) CORRETO. Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de
suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.

47. Sobre a história do Direito Empresarial marque o item correto:


a) Na época das Corporações de Ofício, o Direito Comercial possuía um caráter marcadamente
subjetivista, em que o Estado definia quem seria comerciante conforme o sujeito da relação.
b) Pela teoria da empresa, passou-se a enxergar a empresa como um fenômeno econômico poliédrico
com quatro perfis distintos (perfil subjetivo, perfil funcional, perfil objetivo e perfil corporativo) e
passíveis de serem transpostos para o Direito.
c) A teoria dos atos de comércio apresentou um avanço sobre o momento anterior do Direito
Comercial, haja vista tê-lo objetivado e sendo os atos de comércio um termo de fácil conceituação.
d) A teoria dos atos de comércio surgiu com o Código Civil napoleônico e separava o Direito Civil do
Direito Comercial a partir de atos específicos positivados em lei. No Brasil, essa teoria não chegou a ser
adotada.
GABARITO: B

a) ERRADO. De fato, à época das Corporações de Ofício o Direito Comercial possuía um caráter
acentuadamente subjetivista. Contudo, quem definia quem seria comerciante não era o Estado, mas
sim as próprias Corporações de Ofício.

b) CORRETO. A teoria da empresa é uma criação de Alberto Asquini que enxergava a empresa sobre
diferentes perspectivas: perfil subjetivo, perfil funcional, perfil objetivo e perfil corporativo. Nesse
sentido, coube a lei especificar e tratar tais perfis, sendo o perfil subjetivo encarado como o
empresário; o perfil objetivo, o estabelecimento; enquanto o perfil funcional, a atividade econômica

82
organizada, mas sem correspondência no mundo jurídico; e, por fim, o perfil corporativo, uma
reminiscência fascista e que hoje não possui qualquer relevância.

c) ERRADO. A teoria dos atos de comércio objetivou o Direito Comercial, pois a partir de sua
positivação, quem definia quem era comerciante seria a sua atividade praticada. Contudo, não havia
uma definição precisa do que seria um ato de comércio, vigorando muito mais uma escolha legislativa
(e, portanto, atrasada em relação ao mundo dos fatos) do que um critério lógico. Confira o que Brasílio
Machado dizia sobre essa teoria: “problema insolúvel para a doutrina, martírio para o legislador,
enigma para a jurisprudência”.

d) ERRADO. O Código Comercial de 1850 adotou a teoria francesa dos atos de comércio, somente
vindo ela a ser legalmente suplantada com a edição do CC/02

48. Sobre o empresário individual, marque o item correto.


a) Joãozinho, hoje com 14 anos, decidiu investir os seus recursos advindos de mesada e pequenos
serviços manuais. Para isso, pretendia tornar-se sócio de sociedades anônimas mediante a compra de
suas ações no mercado financeiro. De acordo com o Código Civil, não poderá fazê-lo, haja vista ser
absolutamente incapaz.
b) O empresário casado sob o regime de comunhão universal precisa da outorga conjugal para alienar
os imóveis que integrem o patrimônio da empresa.
c) O empresário individual responde pelas dívidas contraídas pela atividade com todo o seu
patrimônio, ainda que ele tenha se tornado incapaz após o início da atividade empresarial.
d) O incapaz somente pode ser empresário individual caso a incapacidade seja superveniente ao início
da atividade empresária.
GABARITO: D

a) ERRADO. O fato de Joãozinho ser absolutamente incapaz não o impede de ser sócio de qualquer
sociedade empresarial. O art. 974 do CC trata do caso de empresário individual. O caso desse item é de
um sócio. Logo, o caput do art. 974 do CC não veda a situação em referência. Ademais, o §3º trata
justamente do sócio incapaz, vedando apenas determinadas circunstâncias. Veja.

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Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa
antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.
§ 1º Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos
da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz,
ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos
adquiridos por terceiros.
§ 2º Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da
sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do
alvará que conceder a autorização.
§ 3º Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos
ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma
conjunta, os seguintes pressupostos:
I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade;
II – o capital social deve ser totalmente integralizado;
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado
por seus representantes legais.

Sobre o assunto, é válido lembrar o que se segue:

Enunciado 467 do CJF: A exigência de integralização do capital social prevista no art. 974, § 3º, não se
aplica à participação de incapazes em sociedades anônimas e em sociedades com sócios de
responsabilidade ilimitada nas quais a integralização do capital social não influa na proteção do
incapaz.

b) ERRADO. Art. 978, CC. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer
que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de
ônus real.

c) ERRADO. Art. 974, § 2o do CC - Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já
possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais
fatos constar do alvará que conceder a autorização.

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d) CORRETO. O incapaz nunca poderá ser autorizado a iniciar o exercício de uma empresa, apenas
poderá ser autorizado, excepcionalmente, a dar continuidade a uma atividade empresarial. Isso
ocorrerá nos casos em que (i) ele mesmo já exercia a atividade empresarial, sendo a incapacidade,
portanto, superveniente; (ii) a atividade empresarial era exercida por outrem, de quem o incapaz
adquire a titularidade do seu exercício por sucessão causa mortis.

49. Sobre o empresário e a atividade empresarial, marque o item verdadeiro:


a) População ribeirinha, visando a criação de peixes e crustáceos para venda, constitui uma
cooperativa para reger as relações entre seus partícipes. Nesse caso, essa pessoa jurídica possui a
natureza empresarial.
b) Caso um impedido de exercer a atividade própria de empresário o faça, responderá pelas
obrigações contraídas.
c) Considera-se empresário aquele que, com auxílio de colaboradores, exerce profissão intelectual, de
natureza científica, literária ou artística, constituindo esse exercício elemento de empresa ou não.
d) A inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis é requisito para a
caracterização do empresário e sua consequente submissão ao regime jurídico empresarial.
GABARITO: B

a) ERRADO. Não importa a atividade exercida. Pelo art. 982, §1º do CC, uma cooperativa sempre será
uma sociedade simples (não empresária).

b) CORRETO. Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a
exercer, responderá pelas obrigações contraídas.

c) ERRADO. Art. 966. (...) Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou
colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.

d) ERRADO. A inscrição na junta comercial é obrigatória para o empresário, mas não é um requisito
para sua caracterização. Enunciado 199 do CJF, aprovado na III Jornada de Direito Civil, “a inscrição do

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empresário ou sociedade empresária é requisito delineador de sua regularidade, e não da sua
caracterização”.

50. Sobre o nome empresarial, assinale o item verdadeiro:


a) De acordo com o princípio da veracidade, o nome empresarial não poderá conter nenhuma
informação falsa. Isso implica a modificação do nome empresarial quando o sócio, cujo nome está
presente no nome empresarial, venha a falecer.
b) O nome empresarial de uma EIRELI é do tipo firma.
c) A proteção do nome empresarial decorre, automaticamente, do ato de inscrição e é protegido em
todo o território nacional.
d) O nome empresarial da sociedade “Carmen Miranda e companhia” denomina uma sociedade
anônima em razão da palavra “companhia” ali presente.
GABARITO: A

a) CORRETO. O princípio da veracidade requer que o nome empresarial esteja de acordo com a
composição de sócios ou com a atividade exercida. O nome empresarial não pode conter dados
inverídicos, ou seja, nomes de sócios que não fazem parte da sociedade empresário ou indicação de
atividade que não está no objeto social.
A legislação prevê:
IN n. 104 do DNRC, art. 5º, § 2º: O nome empresarial não poderá conter palavras ou expressões que
denotem atividade não prevista no objeto da sociedade
Por sua vez, o CC prevê:
Art. 1.165. O nome de sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não pode ser conservado na
firma social.

b) ERRADO. O nome empresarial da EIRELI pode ser tanto firma como denominação.
Art. 980-A. (...) § 1º O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão "EIRELI" após a
firma ou a denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada. (Incluído pela Lei nº
12.441, de 2011)
Qual a diferença entre firma e denominação?

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FIRMA DENOMINAÇÃO

É uma espécie de nome empresarial utilizada, em É uma espécie de nome empresarial utilizada,

regra: em regra, pelas sociedades em que os sócios

respondem de forma LIMITADA.


• pelo empresário individual (firma individual)

• pelas sociedades em que existam sócios de

responsabilidade ILIMITADA (firma social).

Observação: A Sociedade Limitada, cuja Observação: Sociedade em comandita por

responsabilidade dos sócios é limitada, pode utilizar ações, cuja responsabilidade dos sócios é

firma ou denominação. ilimitada. O referido tipo societário pode

utilizar firma ou denominação.

É privativa de empresários individuais e de É privativa de sociedades de capital.

sociedade de pessoas.

Subdivide-se em firma individual e firma social.

A firma individual é composta pelo nome civil do É composta por qualquer expressão linguística

empresário. Exemplo: Dino da Silva Sauro. O ramo e a indicação do objeto social.

da atividade é FACULTATIVO.
Exemplo: Família Dinossauro Artigos para

A firma social é composta pelo nome de um ou mais Répteis.

sócios.
O ramo da atividade é OBRIGATÓRIO.

O ramo da atividade é FACULTATIVO.

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Empresário individual sociedade anônima (denominação + S/A)

cooperativa (denominação + cooperativa)


Sociedade em nome coletivo
sociedade limitada (denominação + Ltda.)
Sociedade em comandita simples
sociedade em comandita por ações

Sociedade limitada (firma + LTDA.) (denominação + em comandita por ações).

EIRELI (firma + EIRELI)

Sociedade em comandita por ações (firma + em

comandita por ações)

c) ERRADO. A proteção do nome empresarial ocorre automaticamente após a inscrição dos atos
constitutivos em registro próprio. Qual é o registro próprio? O registro próprio são as Juntas Comerciais,
que são órgãos estaduais. Sendo assim, a proteção do nome empresarial está limitado ao Estado. Nesse
ponto, a assertiva está errada. Veja:
Art. 1.166. A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as respectivas
averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado.
E se a sociedade empresária quer dar proteção ao nome empresarial no país inteiro?
Art. 1.166, parágrafo único: O uso previsto neste artigo estender-se-á a todo o território nacional, se
registrado na forma da lei especial.
A lei especial prevê que é necessário o arquivamento do pedido de proteção ao nome empresarial nas
juntas de todos os Estados em que se quer proteção.

d) ERRADO. O caso do item demonstra uma sociedade em nome coletivo, pois há uma firma seguida da
expressão "e companhia". Para uma S/A, a lei exige denominação designativa do objeto social e as
expressões "sociedade anônima" ou "companhia". Note que além de faltar o objeto social, havia
menção a expressão "e companhia" e não "companhia". Veja:

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Art. 1.157. A sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada operará sob firma, na qual
somente os nomes daqueles poderão figurar, bastando para formá-la aditar ao nome de um deles a
expressão "e companhia" ou sua abreviatura.

Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob denominação designativa do objeto social, integrada pelas
expressões "sociedade anônima" ou "companhia", por extenso ou abreviadamente.
Parágrafo único. Pode constar da denominação o nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja
concorrido para o bom êxito da formação da empresa.

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