Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
COLETÂNEA DE TEXTOS
PARA AS AULAS
IGUATU - CEARÁ
1
De acordo com Kramer (2000, p. 18), nas últimas décadas o campo da leitura
e da escrita vem recebendo contribuições bastante expressivas, tanto no que se refere
a produção teórico acadêmica, a nível nacional e mesmo internacional, quanto no
que diz respeito a propostas de alternativas práticas, o que podemos compreender a
partir da própria autora dentro da ótica contextual:
1
Texto extraído de: LIMA, João Batista; SILVA, Josenildo Marques da; ARAÚJO, Patrícia Cristina de Aragão.
Leitura e escrita em foco: tecendo reflexões sobre práticas de leitura e escrita no espaço escolar. In: ANAIS DO IX
SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUODS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO
BRASIL”. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, 31 jul. – 03 ago., 2012. Disponível em:
<www.histedbr.fe.unicamp.br/acer_histedbr/seminario/seminario9/PDFs/3.46.pdf >. Acesso em 10 ago. 2015.
2
a) CONECTIVIDADE
sentido deste texto. Este sentido, evidentemente, deve ser do todo, pois a coerência é
local. É por isso que uma seqüência como “Maria tinha lavado a roupa quando
chegamos, mas ainda estava lavando a roupa” é vista como incoerente, pois, apesar
de cada uma de suas partes ter sentido, parece difícil ou impossível estabelecer um
sentido unitário para o todo da seqüência. Portanto, para haver coerência, é preciso
que haja possibilidade de estabelecer no texto alguma forma de unidade ou relação
entre seus elementos.
Outro aspecto a ser observado quanto à coerência é que a relação a ser
estabelecida entre os elementos lingüísticos não é apenas semântica, mas também
pragmática, ou seja, a relação tem a ver com os nossos atos de fala.
Ex.: A: É telefone.
B: Estou no banho
A: Tudo bem.
Come é que interpretamos o texto acima?
Por certo, que, nesse caso, devemos imaginar uma situação na qual a
enunciação da primeira frase (o primeiro comentário de A) será interpretada como
pedido, uma vez que é uma frase de clarativa. Tomando o comentário de B como sendo
uma resposta a A e como tendo a força comunicativa de desculpas por não poder o seu
pedido. Da mesma forma, reconhecendo a segunda intervenção de A como aceitação
das desculpas de B e como um oferecimento pessoal para fazer o que A havia solicitado
que B fizesse, podemos considerar como discursos coerentemente constituídos, uma
vez que podemos recuperar os laços proposicionais ausentes e produzir uma versão
com coesão:
A: É telefone. (Você pode atender pra mim, por favor?)
B: (Não vou poder atender porque) Estou no banho
A: Tudo bem. (Eu atendo).
Portando, se há uma unidade de sentido no todo do texto quando este é
coerente, então a base da coerência é a continuidade de sentidos entre os
conhecimentos ativados pelas expressões do texto. Por outras palavras, quer -se dizer
que é através da coerência que percebemos a continuidade de sentido e o
encadeamento entre os componentes de um texto.
b) INTENCIONALIDADE
c) ACEITABILIDADE
d) INFORMATIVIDADE
Diz respeito ao grau em que as informações são esperadas/conhecidas ou não.
Devemos perceber por este fator o quanto é importante apresentarmos nossas
informações num grau satisfatório de aceitabilidade. Por outras palavras, queremos
dizer da importância de sermos claros e objetivos em nossas mensagens, de não sermos
repetitivos e redundantes.
Ex.: “Este líquido é água. Quando pura é inodora, insípida e incolor”. Seria
redundante continuar comentando, por exemplo, que, quando a água não é pura, ela
pode apresentar características de cheiro, cor e sabor.
Há casos em que a informatividade é aparentemente nula. Isto ocorre com
freqüência em textos poéticos, jornalísticos e também em textos public itários.
Exemplo:
Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem-querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder,
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
(CAMÕES, Luiz Vaz de. Sonetos. Lisboa: Publicações Europa-América, 1975. p.181)
e) SITUACIONALIDADE
Refere-se ao conjunto de fatores que tornam um texto relevante para dada
situação de comunicação. Se a condição de situacionalidade não ocorre, o texto tende a
parecer incoere nte, porque o cálculo de seu sentido se torna difícil ou impossível.
No texto oral, a coerência depende muito mais do contexto situacional do que
do escrito, porque, no oral, os elementos da situação cooperam no estabelecimento das
6
relações entre os elementos do texto em mais alto grau do que no escrito, sobretudo por
haver muitas entidades evocadas situacionalmente e por ser decisiva a influência da
situação no cálculo do sentido. Uma evidência dessa dependência é a dificuldade que
se encontra para interpretar a fala gravada. Todavia, há casos de textos escritos muito
dependentes da situação, como placas indicativas de direção, de silencia em hospitais,
indicativas de salas, seções em instituições diversas etc. Esses textos foram chamados
pela teoria lingüística tradicional de frases de situação.
f) INTERTEXTUALIDADE
Além de o texto conter marcas da individualidade do falante/escritor, contém
também marcas históricas deixadas no segmento textual, pois as ideias expressas não
podem ser compreendidas, nem analisadas, sem que estabeleçamos uma relação com a
sua época de produção. Para entendermos as relações sociais, históricas e culturais
existentes no texto, é preciso entender as relações estabelecidas entre sociedade, época
e cultura, é preciso compreender as relações de um texto com outros textos. É o fator
de intertextualidade que permite ao falante/ouvinte recuperar as marcas textuais que
assinalam as relações que um texto estabelece com outros.
A intertextualidade pode ocorrer quanto à forma ou ao conte údo.
Quanto à forma, ocorre quando o produtor de um texto repete expressões,
enunciados ou trechos de outros textos, ou então o estilo de determinado autor ou de
determinados tipos de discurso.
Exemplo:
“Do que a terra mais garrida “Nosso céu tem mais estrelas
Teus risonhos lindos campos têm mais Nossas várzeas têm mais flores
flores Nossos bosques têm mais vida,
Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.”
Nossa vida em teu seio mais amores.” (Canção do Exílio – Gonçalves Dias)
(Hino Nacional – Osório D. Estrada)
Identifique nas ocorrências abaixo se são textos ou não. Justifique sua resposta.
a) b) José viajou para são Paulo, pois gostava do Paraná.
Som Ele adora cidades pequenas, por isso escolheu São
frio. Paulo.
Rio
Sombrio.
O longo som
do rio
frio.
O frio
bom c) Pedro: João, você me empresta seu carro amanhã?
do longo rio. João: Se o homem foi à Lua há trinta anos atrás
como vou te emprestar meu carro?
Tão longe,
7
tão bom
tão frio
o claro som
Do rio sombrio.
c)
Minha terra tem macieiras da Califórni a Minha te rra tem palmeiras,
onde cantam gaturamos de Veneza. Onde canta o Sabiá;
Os poetas da minha terra As aves, que aqui gorjeiam,
são pretos que vivem em torres de Não gorjeiam como lá
[ametista.
Os sargentos do exército são monistas Nosso céu tem mais estrelas,
[cubistas, Nossas várzeas têm mais flores,
os filósofos são polacos vendendo a Nossos bosques têm mais vida,
[prestações. Nossa vida mais amores,
(Murilo Mendes. Poesias: Canção do Exílio) (Gonçalves Dias. Poesias: Canção do Exílio)
d)
e) Em lugar dos homens, uma aranha é que vai escalar e vistoriar os tanques de
armazenagem de gás espalhados pelo Japão. Essa aranha é um robô de oito pernas,
desenvolvida pela Tokyo Gás & Hitachi para detectar falhas e rachaduras no metal dos
tanques. Suas oito pernas, movidas a ar bombeado por um compressor no chão,
grudam na superfície do tanque graças às ventosas nas patas.
g) O Brasil, em pleno início do século XXI, ainda é vítima de doenças que deveriam
estar banidas de seu cotidiano, como é o caso vergonhoso da dengue que assusta,
novamente, o povo brasileiro.
8
2
Texto extraído de: VIANA, Antônio Carlos (coord.) et al. Roteiro de redação: lendo e argumentando. São Paulo:
Scipione, 1998. p. 28-37.
9
10
11
12
13
14
15
16
17
A COERÊNCIA
18
19
20
21
22
23
24
A primeira medida a ser tomada pelo leitor é o estabelecimento de uma unidade de leitura.
Unidade é um setor do texto que forma uma totalização de sentido. Assim, pode-se considerar um
capítulo, uma seção ou qualquer outra subdivisão. Toma-se uma parte que forme certa unidade de
sentido para que se possa trabalhar sobre ela. Desta maneira, determinam-se os limites no interior
dos quais se processará a disciplina do trabalho de leitura e estudo em busca da compreensão da
mensagem.
De acordo com esta orientação, a leitura de um texto quando feita para fins de estudo,
deverá ser feita por etapas, ou seja, apenas terminada a análise de uma unidade é que se passará à
seguinte. Terminando o processo, o leitor se verá então em condições de refazer o raciocínio
global do livro, reduzindo-o assim à sua forma sintética.
25
De posse dos instrumentos de expressão usados pelo autor, do sentido unívoco de todos os
conceitos e conhecedor de todas as referências e alusões utilizadas por ele, o leitor passará, nesta
segunda abordagem, à etapa da compreensão da mensagem global veiculada na unidade.
Trata-se, nesta análise temática, de ouvir o autor, de apreender, sem intervir nele, o
conteúdo de sua mensagem. Praticamente, trata-se de trazer ao texto uma série de perguntas cujas
respostas darão o conteúdo da mensagem.
A primeira questão a se levantar é a de se saber do que fala o texto. A resposta a esta
questão será o tema ou assunto da unidade. Questão aparentemente simples de ser resolvida, ilude
muitas vezes. Nem sempre o título da unidade dá uma ideia fiel do tema. Às vezes, apenas o
insinua por associação ou analogia; outras vezes não tem nada a ver com o tema. O mais das
vezes, o tema tem uma determinada estrutura: o autor está falando não de um objeto, de um fato
bem determinado, mas de relações as mais variadas entre os vários elementos; além desta possível
estruturação, é preciso tentar captar a perspectiva de abordagem deste tema pelo autor: esta
perspectiva define o âmbito dentro do qual o tema é tratado, restringindo-o a limites bem
determinados.
dialogar com o autor. Bem se vê que esta última etapa da leitura analítica é a mais difícil e
delicada, já que os riscos da interferência da subjetividade do leitor são maiores, além de
pressupor mais instrumentos culturais e mais formação específica.
A primeira etapa de interpretação consiste na tentativa de situar o pensamento
desenvolvido na unidade, na esfera mais ampla do pensamento geral do autor. Trata-se de ver se
as ideias expostas nesta unidade se relacionam com as posições gerais do pensamento teórico do
autor, tal como é conhecido por outras fontes.
A seguir, o pensamento apresentado na unidade pode permitir a situação do autor no
contexto mais amplo da cultura filosófica em geral. Trata-se de situar o autor, por suas posições aí
assumidas, nas várias orientações filosóficas existentes, mostrando-se assim o sentido de sua
própria perspectiva e destacando-se os pontos comuns como originais.
A discussão da problemática levantada pelo texto e a reflexão a que ele conduz devem
levar o leitor a uma fase de elaboração pessoal ou de síntese. Trata-se, na realidade, de uma etapa
ligada antes à construção lógica de uma redação do que à leitura como tal. Mas, de qualquer
modo, a leitura bem feita deverá possibilitar ao estudioso progredir no desenvolvimento das ideias
lidas, bem como daqueles elementos com elas relacionados. Ademais, este trabalho de reflexão
pessoal de síntese, é sempre exigido no contexto das atividades didáticas, quer como tarefa
específica, quer como parte de relatórios ou de roteiros de seminários. Significa também valioso
exercício de raciocínio – garantia de amadurecimento intelectual. Como a problematização, esta
etapa se apoia na retomada de pontos abordados em todas as etapas anteriores.
Conclusão
Assim, uma leitura analítica bem cuidada desenvolverá no estudante-leitor toda uma série
de posturas lógicas que constituirão a via mais adequada para sua própria formação, tanto na sua
área específica de estudo quanto na sua formação filosófica em geral.
Pra fornecer uma representação global da leitura analítica, assim como para permitir uma
recapitulação de todo o processo, são apresentados a seguir um fluxograma com suas principais
etapas de um esquema detalhado com suas várias atividades.
ESQU EM A
3.1. Situar o texto no contexto da vida e da obra do autor, assim como no contexto da
cultura de sua especialidade, tanto do ponto de vista histórico como do ponto de vista
teórico;
3.2. Explicitar os pressupostos filosóficos do autor que justifiquem suas posturas teóricas;
3.3. Aproximar e associar ideias do autor expressas na unidade com outras ideias
relacionadas à mesma temática;
3.4. Exercer uma atitude crítica frente às posições do autor em termos de:
a) Coerência interna da argumentação;
b) Validade dos argumentos empregados;
c) Originalidade do tratamento dado ao problema;
d) Profundidade de análise do tema;
e) Alcance de suas conclusões e consequências;
f) Apreciação e juízo pessoas das ideias defendidas.
(Do livro VII, capítulo VII da República, Platão) – Diálogo entre Glauco e Sócrates
- E agora – disse eu – compara com a seguinte situação o estado de nossa alma com respeito à
educação ou à falta desta. Imagina uma caverna subterrânea provida de uma vasta entrada aberta para a luz
e que se estende ao longo de toda a caverna, e uns homens que lá dentro se acham desde a infância,
acorrentados pelas pernas e pelo pescoço. Por essa razão eles têm de permanecer imóveis e olhar tão-só
para a frente, pois as ligaduras não lhes permitem voltar a cabeça. Atrás deles, num plano superior, arde um
fogo a certa distância, e entre o fogo e os acorrentados há um caminho elevado, ao longo do qual faz de
conta que tenha sido construído um pequeno muro semelhante a esses tabiques que os titeriteiros colocam
entre si e o público para exibir por cima deles as suas maravilhas.
- Veja daqui a cena - disse Glauco.
- Imagine, então, como ao longo desse pequeno muro passam homens carregando toda espécie de
objetos, cuja altura ultrapassa a da parede, e estátuas de homens e figuras de animais feitas de pedra, de
madeira e outros materiais variados. Alguns desses carregadores conversam entre si, outros se calam.
- Que estranha situação descreves e que estranhos prisioneiros!
- Eles se parecem conosco – disse eu. – Em primeiro lugar, crês que os que estão assim tenham
visto outra coisa de si mesmos ou de seus companheiros senão sombras projetadas pelo fogo sobre a parede
da caverna que está à frente?
- Como seria possível, se durante toda a sua vida foram obrigados a manter imóveis as cabeças?
- E dos objetos transportados, não veriam igualmente apenas as sombras?
- Sim.
- E se pudessem falar uns com os outros, não julgariam estar se referindo ao que se passava diante
deles?
- Forçosamente.
- Supõe ainda que a prisão tivesse um eco vindo da parte da frente. Cada vez que falasse um dos
passantes, não creriam eles que quem falava era a sombra que viam passar?
- É indubitável.
- Eles, – disse eu – só tomariam por verdade as sombras dos objetos fabricados.
- Examina, agora, o que naturalmente aconteceria se os prisioneiros fossem libertados de suas
cadeias e curados de sua ignorância. Quando um deles fosse desatado obrigado a levantar-se, subitamente
virasse o pescoço, caminhasse em direção à luz, e em virtude disto sentisse dores intensas e, com a vista
ofuscada, não fosse capaz de perceber aqueles objetos cujas sombras via anteriormente: e se alguém lhe
dissesse que antes não via mais do que sombras e agora quando se acha mais próximo da realidade e com
os olhos voltados para os objetos mais reais, goza de uma visão mais verdadeira, que supõe que
responderia? Imagina ainda que se lhe fosse mostrando os objetos à medida que passassem e obrigando-o a
nomeá-los: não crês que ficaria perplexo, e o que antes havia contemplado lhe pareceria mais verdadeiro do
que os objetos que agora se lhe mostram?
- Muito mais – disse ele.
- E se o obrigassem a fixar a vista na própria luz, não lhe doeriam os olhos e não se escaparia,
voltando-se para os objetos, que pode contemplar, e que consideraria que eles são realmente mais claros, do
que aqueles que lhe eram mostrados?
- Assim é – respondeu.
- E se o levassem dali à força, obrigando-o a galgar a áspera e escarpada subida, e não o largassem
antes de tê-lo arrastado à luz do próprio sol, não crês que sofreria e se irritaria, e uma vez chegada à luz
teria os olhos tão ofuscados por ela eu não conseguiria enxergar uma só das coisas que agora chamamos
verdadeiras?
- Não, não seria capaz – disse ele – ao menos no primeiro momento.
- Precisaria acostumar-se, creio eu, para poder chegar a ver as coisas lá de cima. O que veria mais
facilmente seriam, antes de tudo, as sombras; depois, as imagens de homens e outros objetos refletidos na
água; e mais tarde os próprios objetos. E depois disto seria mais fácil contemplar a lua e as estrelas, e veria
o céu noturno muito melhor que o sol ou a sua luz durante o dia.
- Como não?
- E por fim, creio eu, estaria em condições de ver o sol – não suas imagens refletidas na água nem
em outro lugar estranho, mas o próprio sol em seu próprio domínio e tal qual é em si mesmo.
- Necessariamente – disse ele.
29
- Mais tarde, passaria a tirar conclusões a respeito do sol, compreendendo que ele produz as
estações e os anos, governa toda a região visível e é, de certo modo, o autor de tudo aquilo que eles (os
prisioneiros) viam.
- É evidente – disse – que veria primeiro o sol e depois pensaria sobre ele.
- E quando se lembrasse de sua habitação anterior, da ciência da caverna e de seus antigos
companheiros de cárcere, não crês que se consideraria feliz por haver mudado e teria compaixão deles?
- E se entre os prisioneiros vigorasse o hábito de conferir honras, louvores e recompensas àqueles
que por distinguirem com maior penetração as sombras que passavam e observassem melhor quais delas
costumavam passar antes, depois ou junto com outras, fossem mais capazes de predizer, pensas que aquele
sentiria saudades de tais honras e glórias e invejaria os que as possuíssem? Não diria ele, com Homero, que
era preferível “lavrar a terra a serviço de um homem sem patrimônio” ou sofrer qualquer outro destino a
viver no mundo das sombras?
- Sim, creio que preferiria qualquer outro destino a ter uma existência tão miserável.
- Atenta agora no seguinte: se esse homem voltasse lá para baixo e fosse colocado no seu lugar de
antes, não crês que seus olhos se encheriam de travas como os de quem deixa subitamente a luz do sol?
- Por certo que sim.
- E se tivesse de competir de novo com os que ali permaneceram acorrentados, opinando a respeito
de tais sombras, que, por não se lhe ter ainda acomodado a vista, enxergaria com dificuldade (e não seria
curto o tempo necessário para acostumar-se), não te parece que esse homem faria papel de ridículo? Diriam
os outros que ele voltara lá de cima sem olhos e que não valia à pena pensar sequer em semelhante
escalada. E não matariam, a quem tentasse desatá-los para a luz, se pudessem deitar-lhe a mão?
- Não há dúvida – disse ele.
- Pois agora, meu caro Glauco, é só aplicarmos com toda exatidão essa imagem da caverna e tudo o
que antes havíamos dito. A caverna subterrânea é o mundo visível. O fogo que ilumina é a luz do sol. O
acorrentado que se eleva à região superior e a contempla é a alma que se eleva ao mundo inteligível. Ou,
antes já que o queres saber, é este pelo menos meu modo de pensar, que só a divindade pode saber se é
verdadeiro. Quanto a mim, a coisa é como passo a dizer-te. Nas últimas fronteiras do mundo inteligível está
a ideia do bem, criadora da luz e do sol no mundo visível, autora da Inteligência e da Verdade no mundo
invisível e, sobre a qual, por isso mesmo, cumpre ter os olhos levantados para agir com sabedoria nos
negócios individuais e públicos.
1. Análise Textual
1.1. O texto é um capítulo do livro República de Platão. Tratando-se de um diálogo entre
Glauco e Sócrates.
1.2. Leitura rápida.
1.3. Esclarecimentos:
a) O autor:
O autor Platão era um filósofo grego conhecido que escreveu a obra República.
b) Vocabulário específico:
Cultura e incultura (educação e falta de educação)
c) Os fatos
A evolução do homem no contexto social.
d) Doutrina
Filosofia.
2. Análise Temática
2.1. Tema Problema: A ignorância e o saber
2.3. Ideia Secundária: Os caminhos para se sair das trevas da ignorância para a sabedoria.
30
O autor faz uma analogia em relação à educação e a sua falta utilizando a alegoria do mito da
caverna, passando a descrever a vida de alguns homens no interior de uma caverna subterrânea, reportando
a libertação de um desses homens, que passa a observar a realidade das coisas e a lembrar dos
companheiros que continuavam na escuridão, para, em seguida, concluir que: a caverna é o mundo visível;
o fogo: a luz do sol; a libertação de um dos homens: a elevação da alma ao mundo inteligível e que só a
divindade pode saber o que é realmente verdadeiro, pois, a essa divindade, cumpre-nos levantar os olhos
para agir com sabedoria.
- Evolução cultural
O Homem - Visão real dos acontecimentos
- Sabedoria
- Leigo
O Homem - Ignorante aos acontecimentos
- Medo da vida real
3. Análise Interpretativa
3.2. Interpretação:
Alguns homens permaneceram no interior de uma caverna subterrânea desde a infância, sem
saberem o que de real e concreto existia fora dessa caverna, vendo, apenas, através dos raios da luz,
imagens (sombras) de objetos refletidos. Um desses homens é libertado e forçado ao contato com a vida
real e passa a ver as imagens reais e, com isso, começa a adquirir noção de educação (cultura), saindo de
uma falsa realidade e, quanto mais esse homem se aproxima da realidade, mais observa que a cultura traz o
que há de real na vida. Depois de certo tempo, após observar e razoar em torno da realidade percebe que
tudo de sua vida outrora era falso e que, agora, já detentor de conhecimento, se aproxima mais da verdade
e passa a imaginar a vida de seus companheiros que continuavam presos na escuridão da ignorância, porém
não havia como convencê-los a saírem daquela falsa realidade e conhecerem seu próprio mundo, assim
como esse homem jamais aceitaria voltar a viver no interior daquela caverna, preferindo qualquer outro
destino. Isto quer dizer que há um mundo visível, real, que remete ao caminho da saber, através da
elevação da alma ao mundo inteligível e um mundo invisível, que é a fronteira do mundo visível, ou seja,
há uma divindade que é a fronteira entre o mundo visível e o mundo invisível, criadora da inteligência e da
Verdade, para a qual devemos nos guiar para agir com sabedoria na vida privada e na vida pública.
O autor fundamenta bem a realidade dos acontecimentos. Apesar de o texto ter sido escrito
há mais de 2.400 anos, ainda condiz, exatamente, com o que acontece hoje, ou seja, existem
pessoas com alto grau de cultura e outras completamente leigas ou alienadas.
ATIVIDADE
Faça a leitura analítica dos textos a seguir. Siga o mesmo roteiro utilizado no texto o mito
da caverna.
31
TEXTO 01
APRESENTAÇÃO
A Observação
Conceito: “A observação consiste na ação de perceber, tomar conhecimento de um fato ou
conhecimento que ajude a explicar a compreensão da realidade objeto do trabalho e, como tal,
encontrar os caminhos necessários aos objetivos a serem alcançados. É um processo mental e,
ao mesmo tempo, técnico.” SOUZA (2000).
As Visitas domiciliares
Conceito: Segundo AMARO (2003), “é uma prática profissional, investigativa ou de atendimento,
realizada por um ou mais profissionais, junto aos indivíduos em seu próprio meio social ou
familiar”, a autora também nos revela que a entrevista possui pelo menos três técnicas
embutidas como: a observação, a entrevista e a história ou relato oral.
O Acompanhamento Social
Conceito: É um procedimento técnico de caráter continuado, e por período de tempo
determinado, no qual é necessário que haja vínculo entre o usuário e o profissional.
As Entrevistas
Conceito: Técnica utilizada pelos profissionais do Serviço Social junto aos usuários para
levantamento e registro de informações. Esta técnica visa compor a história de vida, definir
procedimentos metodológicos, e colaborar no diagnóstico social. A entrevista é um instrumento
de trabalho do assistente social, e através dela é possível produzir confrontos de conhecimentos
e objetivos a serem alcançados. É na entrevista que uma ou mais pessoas podem estabelecer
uma relação profissional, quanto quem entrevista e o que é entrevistado saem transformados
através do intercâmbio de informações (LEWGOY, 2007).
Os Relatórios
Conceito: É um documento de registro de informações, observações, pesquisas, investigações,
fatos, e que varia de acordo com o assunto e as finalidades.
Finalidade: Os relatórios são bastante utilizados na prática profissional do assistente social por
que serve como registro importante capaz de subsidiar decisões.
Os Encaminhamentos
Conceito: É um procedimento de articulação da necessidade do usuário com a oferta de
serviços oferecidos, sendo que os encaminhamentos devem ser sempre formais, seja para a
rede socioassistencial, seja para outras políticas. Quando necessário, deve ser procedido de
contato com o serviço de destino para contribuir com a efetivação do encaminhamento e
sucedido de contato para o retorno da informação.
Finalidade: Os encaminhamentos são peça fundamental para que o trabalho do assistente social
seja efetivado, por exemplo, se o programa está relacionado à inclusão no mercado de trabalho
de pessoas com deficiência, é necessário articular vagas nas empresas privadas ou instituições
33
Fichas de Cadastro
Conceito: É um instrumento de registro de informação destinado a receber informes, a fim de
armazenar e transmitir informações sobre o usuário. As fichas de cadastro servem para
transformar dados em informações.
Finalidade: A ficha de Cadastro serve como fonte para agrupamento de dados e informações
sobre o usuário do programa, por exemplo. A ficha de cadastro é composta de informações
diversas desde dados pessoais, endereço, documentação, parecer técnico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
AMARO, Sarita. Visita Domiciliar: Guia para uma abordagem complexa. Porto Alegre: AGE,
2003.
LEWGOY, Alzira Maria Baptista, SILVEIRA, Esalba Carvalho. A entrevista no processo de
trabalho do Assistente Social. Revista Virtual Textos & Contextos. N.º 8. Ano VI. Dezembro,
2007.
MARTINELLI, Maria Lúcia, KOUMROUYAN, Elza. Um novo olhar para a questão dos
instrumentais técnico-operativos em Serviço Social. Revista Serviço Social & Sociedade. N.º 54.
São Paulo: Cortez, 1994.
Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social de Belo Horizonte. Dicionário de Termos
Técnicos da Assistência Social. 2007.
SOUZA, Maria Luiza de. Desenvolvimento de Comunidade e Participação. 8ª ed. São Paulo:
Cortez, 2000.
TEXTO 02
ENVELHECIMENTO E AÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL
Texto extraído de: GOLDMAN, Sara Nigri. Caderno Especial nº 8. O Serviço Social e a
questão do envelhecimento. Edição 04 a 18 de fevereiro de 2005. Disponível em:
http://:www.assistentesocial.com.b r/novosite/cadernos/cadespecial8.pdf
questões socioeconômicas, quer seja por abandono dos familiares, foi se modificando, no
decorrer de sua história. Os assistentes sociais comprometidos com as causas sociais, se
assumem como agentes políticos de transformação social, ultrapassam a mera execução das
políticas sociais e aliam-se aos movimentos sociais dos usuários na construção de um projeto
que lhes garanta o usufruto da cidadania. A participação de assistentes sociais foi efetiva nos
espaços de luta pela cidadania dos idosos e pela aprovação do Estatuto do Idoso, um avanço
em termos legais, mas ainda distante de ser implementado.
Cabe registrar que os assistentes sociais devem ser solidários na luta, sem serem os
protagonistas das lutas dos idosos, evitando a tutela e a ocupação do espaço político dos
sujeitos idosos.
O assistente social deve atuar, sempre que possível, com os demais profissionais, numa
ação interdisciplinar que congregue esforços no seu fazer cotidiano e na aliança de parceiros
para a consolidação dos direitos dos idosos, principalmente os da seguridade social: saúde,
previdência e assistência social. São importantes, também ações profissionais na esfera da
educação, não só para os idosos, mas para todas as gerações, para que aprendam a conhecer
e a respeitar os idosos, para que estabeleçam laços sociais de intercâmbio intergeracionais e
para que se preparem para a velhice.
O campo profissional de atendimento à população idosa é bastante amplo com
tendências de ascensão a curto, médio e longo prazos, devido ao aumento demográfico e às
demandas crescentes de produtos e de serviços. Sinalizaremos algumas, a título de exemplo,
deixando claro que há áreas e sub-áreas que emergem de acordo com a realidade social e
histórica.
Na área da Saúde: em hospitais, da rede pública e privada, nos postos de saúde, em
instituições asilares, nas campanhas comunitárias de vacinação, de prevenção de doenças, na
prevenção de quedas, no acompanhamento domiciliar, na informação junto à família, na
formulação de políticas de saúde, na orientação, assessoria e consultoria dos movimentos dos
usuários de saúde, que contemplem as demandas dos idosos, não de forma exclusiva e outras
atividades.
Na área da Previdência Social: Nos postos da Previdência Social, orientando e
viabilizando o usufruto dos direitos previdenciários; em todas os locais de atendimento aos
idosos, esclarecendo direitos e informando aos usuários quanto aos benefícios da Previdência,
nas campanhas comunitárias de esclarecimento, na formulação da política previdenciária, na
orientação, assessoria e consultoria dos movimentos dos aposentados e pensionistas e outras
atividades.
Na área da Assistência Social: Nas repartições públicas de todos as esferas, nas
instituições estatais, nas organizações sociais privadas, nas comunidades, em todos os espaços
que congregam idosos e seus familiares para orientação, prestação de serviços e,
especificamente sobre o Benefício da Prestação Continuada. Participar da formulação de
políticas da área, da assessoria, consultoria e orientação aos movimentos dos usuários da
Assistência Social, dos Conselhos da Assistência em todos os âmbitos, além de outras
atividades.
Na área da Educação: Atuar nos espaços educativos destinados aos idosos, como as
Universidades para a Terceira Idade, as escolas para idosos, os grupos de convivência, os
centros-dia, as entidades de cultura e lazer, as associações de moradores de bairros e das
comunidades, as associações de aposentados e pensionistas, para compartilhar das equipes
interprofissionais de experiências de educação social e política, que envolvam e preparem os
idosos para o exercício pleno da cidadania enquanto sujeitos. Campanhas educativas em todas
as áreas da seguridade social, além das voltadas para as barreiras arquitetônicas, para os
transportes, para a inserção nos espaços sócio-políticos, como os fóruns, conselhos e
associações de idosos, aposentados e pensionistas. Há que se pensar, também, em programas
educativos intergeracionais que possibilitem a construção de uma sociedade pautada na
solidariedade entre as gerações para diminuir o preconceito que os jovens têm dos idosos e
vice-versa.
A educação para a cidadania amplia a ação do Serviço Social em programas dirigidos
aos idosos. Há que se atentar para as demandas que emergirão, certamente, no transcorrer da
história. Mas certamente, o Serviço Social terá espaço de participação em todas elas e nossa
expectativa é de que sua atuação seja comprometida com a cidadania dos idosos, seja
35
competente e crítica, rumo a um mundo em que a Justiça Social se faça presente não só para
os idosos, mas para toda a sociedade brasileira.
TEXTO 03
O TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL COM MULHERES IDOSAS DA UnATI/UERJ
Texto extraído de: LOBATO, Alzira Tereza Garcia. In: Caderno Especial nº 8. O Serviço
Social e a questão do envelhecimento. Edição: 04 a 18 de fevereiro de 2005. Disponível
em: http://:www.assistentesocial.com.b r/novosite/cadernos/cadespecial8.pdf
.
Segunda fase: ESCRITA - você escreve o texto com total liberdade, sem medo de errar.
Nessa fase, executa-se o projeto do texto.
Terceira fase: REVISÃO - você faz a leitura crítica do texto: lê, relê, risca, acrescenta,
retira, altera, reescreve. Nessa fase, você se torna um leitor crítico do próprio texto.
Assunto: Drogas
Tema: Drogas: liberar ou não liberar
Tipo: Argumentativo
Gênero (formato): Artigo
Destinatário: Público em geral
Propósito: Argumentar a favor ou contra a liberação das drogas
1. Não liberar
decisão equivocada e pouco racional
39
2. Liberando
2.1. quem sairia ganhando?
2.2. a posição do governo
2.3. seria o “traficante oficial”
2.4. países onde há liberação estão revendo a situação
3. A liberdade
3.1. bem maior
3.2. jamais abrir mão dela
Conclusão
- Liberar é desistir do combate e juntar-se ao inimigo
- O futuro das crianças
A liberação oficial das drogas é, sem dúvidas, uma decisão equivocada e pouco
racional, uma vez que as tornariam vulgares e ocasionaria um descontrole geral no aumento do
consumo. Além disso, os prejuízos causados por conta dessa liberação seriam incalculáveis, por
conta da sensação de poder que as drogas proporcionaram e a consequente falta de disposição
para o trabalho.
Devemos questionar, no caso de uma provável liberação para essas substâncias, quem
sairia ganhando com isto? A sociedade, certamente, nada ganharia. Ademais, qual seria a função
do governo nesse caso? Seria o “traficante oficial” da nação? Países que as liberaram estão
revendo suas posições, exatamente porque a situação estava ficando caótica.
Além desses questionamentos, devemos refletir em torno da nossa liberdade. Que
liberdade tem uma pessoa que vive presa à sensação de uma substância? Não abramos mão do
nosso bem maior!
Liberar as drogas é, portanto, desistir do combate e juntar-se ao inimigo. É tolher o
futuro brilhante de uma criança. Sejamos mais racionais e não troquemos a beleza do nosso
mundo pela obscura trilha que tem a morte como ponto final.
Assunto: Futebol
Tema: O brasileiro em época de copa do mundo
Tipo: Expositivo-argumentativo
Gênero (formato): Artigo
Destinatário: Público em geral
Propósito: Expor opinião sobre o brasileiro em época de copa do mundo
40
O julgamento exaustivo
A investigação e a revelação dos indícios que apontam o pai e a madrasta da vítima como
suspeitos principais
A inexistência de provas da participação de uma terceira pessoa
A figura do promotor
A montagem da linha do tempo com base no trabalho pericial
Dois anos se passam
Os advogados de defesa e a crítica aos trabalhos policial e pericial
O pai de Nardoni tenta macular a imagem dos policiais e dos peritos para desconsiderar as
provas levantadas
A presença do público e a pressão por justiça
A condenação: expressão dos acusados e a manifestação de satisfação da mãe de Isabella
A reconstituição do ocorrido
A consciência de justiça feita
Uma menina de cinco anos de idade cai do sexto andar do Edifício London
Alguém grita: ladrão!
A certeza de que não haverá novo julgamento
O recurso
1º PARÁGRAFO:
- Uma menina de cinco anos de idade cai do sexto andar do Edifício London
Alguém grita: ladrão!
Uma cena de terror se instala na mente das pessoas
Surpresa e perplexidade das pessoas
2º PARÁGRAFO:
Movimento policial e ação pericial
A investigação e a revelação dos indícios que apontam o pai e a madrasta da vítima como
suspeitos principais
A inexistência de provas da participação de uma terceira pessoa
3º PARÁGRAFO:
A reconstituição do ocorrido
O pai de Nardoni tenta macular a imagem dos policiais e dos peritos para desconsiderar as
provas levantadas
Os advogados de defesa e a crítica aos trabalhos policial e pericial
4º PARÁGRAFO:
Dois anos se passam
O julgamento exaustivo
A figura do promotor
A montagem da linha do tempo com base no trabalho pericial
A presença do público e a pressão por justiça
5º PARÁGRAFO:
A condenação: expressão dos acusados e a manifestação de satisfação da mãe de Isabella
A consciência de justiça feita
O recurso
A certeza de que não haverá novo julgamento
42
3
Texto extraído de: OLIVEIRA, Ana Tereza de Oliveira. Técnicas de redação. São Paulo: Centro Universitário das
Faculdades Integradas Alcântara Machado, 2012. p. 64-73
44
45
46
47
48
49
50
51
52
7.1.1 Conceito
De acordo com Campos (2010, p. 11)5 , fichar um texto significa “sintetizá-lo, o que
requer a leitura atenta do texto, sua compreensão, a identificação das ideias principais e seu
registro escrito de modo conciso, coerente e objetivo”.
Segundo a autora citada, pode-se dizer que esse registro escrito (o fichamento)
é um novo texto, cujo autor é o "fichador", seja ele aluno ou p rofessor. A prática do
fichamento representa, assim, um importante meio para exercitar a escrita, essencial para
a elaboração de resenhas, papers, artigos, relatórios de pesquisa, monografias de
conclusão de curso, etc.
4
Texto adaptado de: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ. Elaboração de trabalhos acadêmico-científicos.
Disponível em: < https://www.univali.br/pos/mestrado/mestrado-em-administracao/documentos -
diversos/Documents/elaboracao-de-trabalhos-academico-cientificos-caderno-n-4.pdf>. Acesso em: 25 ago. 2016.
5
CAMPOS, Magna. Gêneros acadêmicos: resenha, fichamento, memorial e projeto de pesquisa. Mariana-MG:
Fundação Presidente Antônio Carlos/Faculdade Unipac de Educação e Ciências de Mariana/MG, 2010.
53
As fichas, sejam elas de cartolina ou de papel A-4 (que substituíram as de cartolina pelas
facilidades oferecidas pelos micros), devem conter três elementos:
• Cabeçalho: no alto da ficha ou da folha, à direita, um título que indica o assunto ao
qual a ficha se refere; pode ser adotado o uso, após o título geral, de um subtítulo;
• Referência: o segundo elemento da ficha será a referência completa da obra ou do texto
ao qual a ficha se refere, elaborada de acordo com a NBR-6023/2002 da ABNT;
• Corpo da ficha, ou seja, o conteúdo propriamente dito, que variará conforme o tipo de
fichamento que o estudante ou pesquisador pretenda fazer.
7.1.2 Procedimentos
6
SANTOS, E. C. dos. Uma proposta dialógica de ensino de gêneros acadêmicos: nas fronteiras do Projeto SESA.
2013. 218 f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Linguística, Centro de Ciências Humanas, Letras e
Artes, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2013. Disponível em:
<http://tede.biblioteca.ufpb.br/bitstream/tede/6432/1/arquivototal.pdf>. Acesso em: 21 ago. 2016.
7
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 11. ed. São Paulo: Cortez, 1984.
54
As fichas, sejam elas de cartolina ou de papel A-4 (que substituíram as de cartolina pelas
facilidades oferecidas pelos micros), devem conter três elementos:
• Cabeçalho: no alto da ficha ou da folha, à direita, um título que indica o assunto ao qual
a ficha se refere; pode ser adotado o uso, após o título geral, de um subtítulo;
• Referência: o segundo elemento da ficha será a referência completa da obra ou do texto
ao qual a ficha se refere, elaborada de acordo com a NBR-6023/2002 da ABNT;
• Corpo da ficha, ou seja, o conteúdo propriamente dito, que variará conforme o tipo de
fichamento que o estudante ou pesquisador pretenda fazer.
Segundo Campos (2010), o fichamento bibliográfico deve conter o nome do autor (na
chamada), o título da obra, edição, local de publicação, editora, ano da publicação, número do
volume se houver mais de um e número de páginas e, no corpo do texto, um resumo sobre o
assunto do livro, do capítulo ou do artigo, incluindo detalhes importantes sobre o tema tratado que
possam ajudar ao pesquisador em sua tarefa de pesquisa, seja em que nível de for.
EXEMPLO 1
TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo:
Brasiliense, 1993.
EXEMPLO 2
Exemplos de citações:
Citação completa
cotidiana da sociedade (camada social) em questão. É adulto capaz de viver por si mesmo a sua
cotidianidade"8 .
Para HELLER (1992, p. 19), "O adulto deve dominar, antes de mais nada, a manipulação
das coisas [...] Mas embora a manipulação das coisas seja idêntica à assimilação das relações
sociais, continua também contendo inevitavelmente, de modo imanente , o domínio espontâneo
das leis da natureza".
OBSERVAÇÕES:
Quando a citação passar de uma página para outra, deve-se conter o número das duas
páginas (Exemplo: p. 325-326);
Quando a supressão é de vários parágrafos deve se usar uma linha pontilhada entre as
transcrições. Exemplo:
.......................................................................................................................................................
EXEMPLO 1
HELLER, Agnes. O cotidiano e a história. 4.ed. São Paulo: Paz e Terra, 1992.
"O adulto deve dominar, antes de mais nada, a manipulação das coisas [...] Mas
embora a manipulação das coisas seja idêntica à assimilação das relações sociais,
continua também contendo inevitavelmente, de modo imanente , o domínio espontâneo
das leis da natureza" (p. 19).
8
HELLER, Agnes. O cotidiano e a história. 4. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1992. p. 18.
57
EXEMPLO 2
TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo:
Editora Brasiliense, 1993.
"[...] uma das primeiras feministas do Brasil, Nísia Floresta Augusta, defendeu a
abolição da escravatura, a o lado de propostas como educação e a emancipação da
Mulher , e a instauração da República". (p. 30)
"[...] a mulher buscou com todas as forças sua conquista no mundo totalmente masculino".
(p. 43)
Biblioteca em que se encontra a obra: Biblioteca da UNIT (UNIVERSIDADE
TIRADENTES – Campus II - FAROLANDIA)
EXEMPLO 1
TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo:
Editora Brasiliense, 1993.
58
EXEMPLO 2
Consiste na explicação ou interpretação crítica pessoal das ideias expressas pelo autor ao
longo de seu trabalho ou parte dele. Pode apresentar:
a) comentário sobre a forma pela qual o autor desenvolve seu trabalho, no que se refere
aos aspectos metodológicos;
b) análise crítica do conteúdo, tomando como referencial a própria obra;
c) interpretação de um texto obscuro para tomá-lo mais claro;
d) comparação da obra com outros trabalhos sobre o mesmo tema;
e) explicitação da importância da obra para o estudo em pauta.
Texto da Ficha:
Caracteriza-se por uma coerência entre a parte descritiva, entre a consulta bibliográfica
e a pesquisa de campo. Tal harmonia difícil e às vezes não encontrada em todas as obras dá
uma feição específica do trabalho e revela sua importância.
Os dados, obtidos por levantamento próprio, com o emprego do formulário e
entrevistas, caracterizam sua originalidade.
Foi dado especial destaque à fidelidade das denominações próprias, tanto das
atividades de garimpo quanto do comportamento e atitudes ligadas ao mesmo.
O principal mérito é ter dado uma visão global do comportamento do garimpeiro, que
difere da apresentada pelos escritores que abordam o assunto, mais superficiais em suas
análises, e evidenciando a colaboração que o garimpeiro tem dado não apenas à cidade de
Patrocínio Paulista, mas a outras regiões, pois o fruto de seu trabalho extrapola o município.
Carece de uma análise mais profunda da inter-relação entre o garimpeiro e o rurícola, em
cujo ambiente às vezes trabalha, e o citadino, ao lado de quem vive.
De todos os trabalhos sobre garimpeiros é o mais detalhado, sobretudo nos aspectos
socioculturais, porém não permite uma generalização, por se ter restrito ao garimpo de
diamantes em Patrocínio Paulista.
Essencial na análise das condições econômicas e socioculturais da atividade de
mineração do Nordeste Paulista.
9
Produção de textos na universidade:
SILVA, Ananias Agostinho da e BESSA, José Cezinaldo Rocha.
uma proposta de trabalho com sequências didáticas com o gênero fichamento. Juiz de Fora/MG:
UFJF, 2011. Disponível em: <http://www.ufjf.br/revistagatilho/files/2011/10/agostinho.pdf>. Acesso em: 13 jul.
2017.
60
7.2 RESUMO
O resumo, seguramente, é um dos gêneros mais solicitados na esfera acadêmica, seja por
professores (as), seja pelas comunidades científicas, tendo em vista que, segundo Schneuwly e
Dolz (1999, p. 15), é um “eixo de ensino-aprendizagem essencial para o trabalho de análise e
interpretação de textos e, portanto, um instrumento interessante de aprendizagem”10 . Para Abasse
(2008, p. 27), “a produção de resumo é útil tanto ao aluno, como instrumento de estudo, quanto ao
professor, como instrumento de avaliação para verificar a compreensão global do texto lido”.11
De acordo com Ferreira (2011), o resumo, que é tido como gênero, constitui exemplo de
práticas de linguagem com particularidades no que diz respeito à esfera comunicativa de
circulação, funções, objetivos, estilos, entre outras, sendo um dos gêneros mais importantes no
meio escolar e acadêmico, em função da sua constante solicitação pelos professores. A autora
citada salienta que as capacidades necessárias para a produção desse gênero são necessárias,
também, para a produção de outros gêneros de igual importância na academia, como resenhas e
artigos científicos, pois envolve habilidades não só relativas à escrita, mas também à leitura
compreensiva.12
Para Ferreira (2011, p. 64), resumir, numa perspectiva mais cognitiva, “seria depreender
as sequências maiores do tema global de um texto-base e realizar o processo mental de
sumarização das informações, através do uso de macrorregras: apagamento, substituição,
generalização e construção”.
Nesse sentido, Ferreira (2011, p. 64) afirma que, na produção de um resumo,
De acordo com Matencio (2002) apud Ferreira (2011, p. 64), a produção do resumo
envolve também uma retextualização, isto é, a produção de “um novo texto a partir de um texto-
base, pressupondo-se que essa atividade envolve tanto relações entre gêneros e textos – o
fenômeno da intertextualidade – quanto relações entre discursos – a interdiscursividade”.
Levando-se em consideração que o resumo é apresentado em dois tipos distintos, ou seja,
o resumo síntese e o resumo de planejamento de trabalhos acadêmicos , importa ressaltar que,
de acordo com o tipo a apresentação da situação enunciativa muda, tendo em vista que, segundo
Schneuwly e Dolz (2004) apud Ferreira (2011, p. 64-65), o resumo síntese
7.2.1 Conceito
França e Vasconcellos (2004, p. 80-81), por sua vez, define o resumo como “a
apresentação concisa e seletiva de um texto, ressaltando de forma clara e sintética a natureza do
trabalho, seus resultados e conclusões mais importantes, seu valor e originalidade”. 15
Quando estávamos expondo a situação, vimos que o resumo se apresenta em dois tipos
distintos: o resumo síntese e o resumo de planejamento de trabalhos acadêmicos.
13
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-6028: informação e documentação-resumo-
apresentação. Rio de Janeiro: 2003.
14
THEREZO, Graciema Pires. O resumo como prática de leitura e produção de texto. Revista de Letras, Campinas:
PUC, v. 20, n. 1/2, p. 20-43, dez. 2001.
15
FRANÇA, Junia Lessa & VASCONCELLOS, Ana Cristina de Vasconcelos. Manual para normatização de
publicações técnico-científicas. MG: Editora da UFMG, 2004.
62
16
KINTSCH, W. & VAN DIJK, T. A. (1983) Strategies of discourse comprehension. San Diego, California,
Academic Press.
17
KINTSCH, W. & VAN DIJK, T. A. (1985) Cognitive psychology and discourse: recalling and summarizing
stories. In: SINGER, H. & RUDELL, R. (eds.). Theoretical models and processes as reading. Newark, Delaware,
IRA, 794-812.
63
Cultura da paz18
18
Texto extraído de: MACHADO, Anna Rachel (Coord.); LOUSADA, Eliane Gouvêa; ABREU-TARDELLI, Lília
Santos Abreu. Resumo. São Paulo: Parábola, 2004. p. 33-35.
64
desentranhemos tais forças para conferir rumo mais benfazejo à história. Toda protelação é
insensata.
O ser humano é o único ser que pode intervir nos processos da natureza e copilotar a
marcha da evolução. Ele foi criado criador. Dispõe de recursos de reengenharia da violência
mediante processos civilizatórios de contenção e uso de racionalidade. A competitividade
continua a valer mas no sentido do melhor e não de destruição do outro. Assim todos ganham e
não apenas um.
Há muito que filósofos da estatura de Martin Heidegger, resgatando uma antiga tradição
que remonta aos tempos de César Augusto, veem no cuidado a essência do ser humano. Sem
cuidado ele não vive nem sobrevive. Tudo precisa de cuidado para continuar a existir. Cuidado
representa uma relação amorosa para com a realidade. Onde vige cuidado de uns para com os
outros desaparece o medo, origem secreta de toda violência, como analisou Freud. A cultura da
paz começa quando se cultiva a memória e o exemplo de figuras que representam o cuidado e a
vivência da dimensão de generosidade que nos habita, como Gandhi, Dom Helder Câmara e
Luther King e outros. Importa fazermos as revoluções moleculares (Gatarri), começando por nós
mesmos. Cada um estabelece como projeto pessoal e coletivo a paz enquanto método e enquanto
meta, paz que resulta dos valores da cooperação, do cuidado, da com-paixão e da amorosidade,
vividos cotidianamente.
Resumo Síntese do texto com análise (adaptado de Ferreira (2011))
RESUMO DO TEXTO “A CULTURA DA PAZ” IDENTIFICAÇÃO DO TEXTO
DE LEONARDO BOFF RESUMIDO
Fulano de Tal
Leonardo Boff inicia o artigo "A cultura de paz" Autor do
Resumo
apontando o fato de que vivemos em uma cultura que
se caracteriza fundamentalmente pela violência. Referência ao autor do texto
Diante disso, o autor levanta a questão da resumido
possibilidade de essa violência poder ser superada ou
não. Inicialmente, ele apresenta argumentos que
sustentam a tese de que seria impossível, pois as Indicação de ações realizadas
próprias características psicológicas humanas e um pelo autor do texto resumido
conjunto de forças naturais e sociais reforçariam essa
cultura da violência, tornando difícil sua superação.
Mas, mesmo reconhecendo o poder dessas forças,
Boff considera que, nesse momento, é indispensável Menção ao texto
estabelecermos uma cultura da paz contra a da resumido
violência, pois esta estaria nos levando à extinção da
vida humana no planeta. Segundo o autor, seria
possível construir essa cultura, pelo fato de que os
seres humanos são providos de componentes Tese do texto resumido
genéticos que nos permitem sermos sociais,
cooperativos, criadores e dotados de recursos para Argumentos apresentados pelo
limitar a violência e de que a essência do ser humano autor do texto resumido para
seria o cuidado, definido pelo autor como sendo uma
defender a tese
relação amorosa com a realidade, que poderia levar
à superação da violência. A partir dessas
constatações, o teólogo conclui, incitando-nos a
despertar as potencialidades humanas para a paz, Conclusões do autor do texto
construindo a cultura da paz a partir de nós mesmos, resumido.
tomando a paz como projeto pessoal e coletivo.
(MACHADO, Anna Rachel (coord.) et alli. Resumo.
São Paulo: Parábola Editorial, 2004.)
65
Para Ferreira (2011), esse tipo de resumo, também denominado abstract ou ainda resumo
acadêmico-científico, originalmente se constituiu como parte inicial de um texto maior (artigos
científicos, monografias, teses etc.), entretanto, “começa a se fixar como gênero autônomo, uma
vez
que aparecem desligados dos gêneros a que pertenciam originalmente” (MACHADO, 2010, apud
FERREIRA, 2011, p. 71).
É importante destacar que, independente de estar ligado ou não ao gênero base, o resumo
de planejamento de trabalho acadêmico é produzido pelo próprio autor do texto resumido, isto é,
há apenas um autor: o que produziu o resumo é o mesmo que produziu o texto-base ou que irá
produzi-lo posteriormente, em primeira ou terceira pessoa.
Para Ferreira (2011), esse autor, em ambos os textos, desempenha um papel social de
especialista que aborda um determinado tema e tem como interlocutores outros membros da
comunidade acadêmica-científica, ou seja, é um texto previsto para circular na área de
conhecimento específica. Entretanto, de acordo com Guimarães Silva e Da Mata (2002) apud
Ferreira (2011), esse circuito comunicativo de produção e difusão é mais amplo que o do resumo
síntese, visto que vai além das relações de sala de aula (professor/aluno(s)), difundindo-se entre
leitores membros da academia e outros leitores que apenas consultam periódicos, livros ou sites, à
procura de material bibliográfico que atenda aos seus interesses.
Ainda segundo Ferreira (2011), sua função é resumir as informações do texto mais longo,
permitindo que os leitores tenham acesso mais rápido ao conteúdo desse texto, apresentando, de
forma breve, informações de cunho teórico e metodológico, sobre o objeto em discussão no texto-
fonte. Assim, geralmente, segue a mesma estruturação do texto resumido (objetivo, indicação dos
fundamentos teóricos e metodológicos, resultados e conclusões).
A seguir, apresentamos, de forma clara e concisa, um exemplo de resumo de
planejamento de trabalho acadêmico, destacando suas partes (marcas discursivas), para melhor
compreensão:
66
Resumo: Muitas mulheres param de fumar durante a gestação, Breve introdução sobre o
mas a maioria volta ao tabagismo pouco tempo após o parto. O assunto (O quê)
objetivo da pesquisa relatada neste artigo é testar um
programa para a prevenção da recidiva do tabagismo no Objetivos (Para quê, qual o
período pós-parto comparando-se os índices de abstinência ponto de partida?)
contínua do fumo, os cigarros fumados por dia e a
autoconfiança no abandono do fumo nos grupos em tratamento
e de controle. Os métodos envolveram um ensaio clínico
aleatório, realizado inicialmente no hospital, na época do
nascimento, em que as enfermeiras proporcionaram sessões de Métodos (Como?)
aconselhamento face a face, seguidas por aconselhamento por
telefone. A população alvo incluía as mulheres que
interromperam o fumo durante a gestação e deram à luz em
um de cinco hospitais. As 254 mulheres participantes foram
entrevistadas seis meses depois do parto e investigadas
bioquimicamente para a determinação do estado de tabagismo.
Os resultados indicaram que o índice de abstinência contínua Resultados (O que
do fumo foi de 38% no grupo de tratamento e 27% no grupo de encontramos?)
controle [...]. Mais participantes do grupo de controle (48% ) do
que do grupo de tratamento (34% ) declararam fumar
diariamente [...]. A autoconfiança no abandono do tabagismo
não variou significativamente entre os grupos. As conclusões
são de que as intervenções para o abandono do tabagismo Conclusões (Qual o ponto de
concentradas no período pré-natal não resultaram em chegada? Indicativos para um
abstinência a longo prazo e que elas podem ser fortalecidas se estudo maior? Há relação com os
forem estendidas no período pós-parto. objetivos?)
Palavras-chave: Tabagismo; Gravidez; Cuidado Pré-Natal;
Abandono do Uso de Tabaco.
Portanto, diante do que foi abordado, percebe-se que a principal diferença entre resumo
síntese e resumo de planejamento de trabalho acadêmico apresentada por Ferreira (2011), está
relacionada à marcação linguística do autor, tendo em vista que, no resumo síntese, o autor deve
fazer menção ao autor do texto fonte, colocando-se como uma terceira pessoa (aquela que fala
sobre o referente). Já no resumo de planejamento de trabalho acadêmico, o autor é o próprio
autor do texto fonte (que pode ser um artigo científico ou uma monografia, por exemplo),
devendo ele falar sobre o que foi por ele pesquisado (ou ele e sua equipe, quando for o caso).
Além disso, como observado acima, o resumo de planejamento de trabalho acadêmico deve
apresentar as seguintes marcas discursivas: breve introdução sobre o assunto; objetivos,
métodos, resultados e conclusões.
67
Esquema é um registro dos principais pontos de um texto. Deve ter, segundo Salomon
(2004, p. 105), as seguintes características:
Fidelidade ao texto original: o autor do resumo deve manter as ideias do autor do texto,
mesmo quando fizer uma paráfrase.
Estrutura lógica do assunto: a partir da ideia principal e dos detalhes importantes você
pode organizar as ideias partindo das mais importantes para as menos importantes.
Adequação ao assunto estudado e funcionalidade: esta característica significa que
quanto mais complexo o texto, mais complexo o esquema. Para assuntos com menos
profundidade, o esquema consequentemente é mais simples, apresentando somente palavras-
chave.
Utilidade de seu emprego: como instrumento de estudo, o esquema deve ser útil, isto é,
deve facilitar seu retorno ao texto, para revisão, sobretudo quando próximo da avaliação, e para
elaboração de trabalhos acadêmicos.
Cunho pessoal: você pode desenvolver seu modelo de esquema, conforme suas
tendências, hábitos, cultura, recursos e experiência pessoal. Por isso, um mesmo texto estudado
por duas pessoas pode apresentar esquemas diferentes.
A história demonstra que a região nordestina é marcada pela falta de chuvas. Entretanto,
faz-se necessário compreender como o fenômeno da escassez pluviométrica ocorre no Nordeste.
Para tal, convém analisar este fenômeno nos seus aspectos geográficos, políticos e sociais.
O problema da seca não é só um problema de falta d´água, como se imagina
superficialmente, é um problema muito mais grave que envolve muitas outras variáveis e ciências
diversas como a economia, a política, a sociologia, a meteorologia, a engenharia, dentre outras, ou
seja, é um problema complexo, mas que se consegue conviver com o mesmo, como acontece em
outros países situados em regiões geográficas mais desfavoráveis que a do semiárido nordestino.
Apesar de ser um fenômeno meteorológico previsível, as secas continuam ainda hoje a
atingir de forma devastadora as populações carentes nordestinas, que vivem na zona rural e nos
pequenos municípios no interior da região e que têm como fonte de renda principal a agricultura
de subsistência.
Na realidade, o problema das secas no Nordeste e dos flagelos causados as populações já
foram documentados e relatados na imprensa desde inicio do século, e foi um tema que
sensibilizou os grandes escritores, músicos e artistas do Nordeste.
a) Por enumeração
1. Região nordestina
1.1 Fenômeno da escassez pluviométrica
1.1.1 Aspectos geográficos, políticos e sociais.
1.2 O problema da seca
1.2.1 Envolve diversas variáveis e ciências
19
Feito a partir de: DINIZ, Célia Regina e SILVA, Iolanda Barbosa da. Metodologia científica. Campina Grande;
Natal: UEPB/UFRN - EDUEP, 2008.
20
SOUZA, C. A. F. Águas: legislações e políticas para uma utilização racional, o caso dos irrigantes do açude
Epitácio Pessoa – Boqueirão- Paraíba – Brasil. 2001. 159f. Dissertação (Mestrado Interdisciplinar em Ciência da
Sociedade) – Universidade Estadual da Paraíba. Campina Grande: Universidade Estadual da Paraíba, 2001.
68
b) Por chaves
Região nordestina
- Envolve diversas variáveis e
- O problema ciências
da seca
- Atinge populações carentes Zona rural e pequenos
municípios
c) Por caixas
Região nordestina
O problema da seca
Fenômeno da escassez
pluviométrica
Atinge populações
Envolve diversas
Aspectos geográficos, carentes
variáveis e ciências
políticos e sociais
ATIVIDADE DE APLICAÇÃO:
Leia com atenção o fragmento de texto abaixo, intitulado Os sistemas ambientais 21 e elabore um
esquema.
21
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional da Saúde. Saneamento ambiental. In: ______. Manual de
saneamento. 3. ed. rev. Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2006, p. 15.
69
7.4 RESENHA
Para início de conversa, é necessário entender que, como um gênero textual, a resenha é
um texto em forma de síntese, que expressa a opinião do autor sobre um determinado fato
cultural, podendo ser um livro, um filme, peças teatrais, exposições, artigos, shows etc., pois,
segundo Jorge (2007, p. 26 ), a resenha, tal como o resumo, que já estudamos no Módulo II deste
curso, “apresenta informações resumidas de determinado texto, mas, além dessas informações, ela
apresenta comentários e avaliações sobre esse texto. Esses comentários e avaliações são feitos
pelo autor da resenha”.22
Nesse sentido, ao escrever uma resenha escolar/acadêmica, você deve levar em
consideração, segundo Machado (2004, p. 31), que estará escrevendo para seu professor, o qual
indicou a leitura e deve conhecer a obra. Por isso, “ele avaliará não só sua leitura da obra, através
do resumo que faz parte da resenha, mas também sua capacidade de opinar sobre ela”. 23
Além disso, a resenha apresenta algumas divisões. Neste estudo vamos enfocar a
resenha acadêmica, que é a mais conhecida e que apresenta moldes bastante rígidos,
responsáveis pela padronização dos textos científicos. Ela se subdivide em resenha crítica,
resenha descritiva e resenha temática.
A resenha-crítica (ou avaliativa) é um texto que, além de resumir o objeto, faz uma
avaliação sobre ele, uma crítica, apontando os aspectos positivos e negativos. Trata-se, portanto,
de um texto de informação e de opinião, denominado de recensão crítica.
A resenha descritiva (ou resenha-resumo) é um texto que se limita a resumir o
conteúdo de um livro, de um capítulo, de um filme, de uma peça de teatro ou de um espetáculo,
sem qualquer crítica ou julgamento de valor. Trata-se de um texto informativo, pois o objetivo
principal é informar ao leitor.
Já a resenha temática, é um texto no qual você fala de vários textos que tenham um
assunto (tema) em comum.
Nesse sentido, a situação de produção da resenha no ensino superior se difere de resenhas
produzidas em outros contextos, a exemplo de uma resenha que você vai fazer de um filme que
assistiu para publicar em um jornal de grande circulação, pois você vai ter que privilegiar algumas
informações, como o tipo de leitor desse jornal, que vai influenciar no seu estilo de escrita e
quantas vezes vai ter que assistir ao filme para escrever a resenha. Por isso, é necessário refletir
sobre a produção da resenha no contexto universitário. Por isso, antes de escrever a resenha, Jorge
(2007) recomenda que você deve observar os procedimentos sintetizados abaixo para entender
bem a situação enunciativa que se apresenta para a escrita do texto:
22
JORGE, Gláucia Maria dos Santos. Prática de leitura e produção de texto. Ouro Preto-MG: UFOP/CEAD, 2007.
23
MACHADO, Anna Rachel; LOUSADA, Eliane; ABREU-TARDELLI, Lília Santos. Resenha. São Paulo: Parábola
Editorial, 2004.
70
1. Leitura do texto a ser resenhado: verificar quantas vezes você necessita ler o texto, se
é necessário grifar (marcar, sublinhar) partes do texto lido e como selecionar essas
partes;
2. A quem o texto resenhado se destina: o destinatário será seu professor, colegas de
curso, você mesmo, ou leitores de uma revista acadêmica? Isso determina o estilo de
escrita que você deve utilizar na resenha;
3. Qual é o suporte/espaço de circulação da sua resenha: Trabalho exclusivo a ser
entregue a um professor? O jornal da sua instituição? Um mural? Seus arquivos
pessoais de resenhas?
4. Seus objetivos ao produzir a resenha: Simplesmente cumprir uma tarefa solicitada
pelo professor? Posicionar-se de maneira crítica ante uma obra lida? Criar um
arquivo para facilitar seus estudos e sistematizar conteúdos apreendidos durante a
leitura de determinado texto?
5. Aspectos da resenha que vão ser observados ou avaliados pelo destinatário: verificar
se você compreendeu o texto lido e soube posicionar-se criticamente em relação a
esse texto.
I. Resenha crítica
No que diz respeito à elaboração da resenha crítica, devemos observar que ela deve
conter a seguinte estrutura:
1) Identificação da obra (Referência bibliográfica), indicando: Autor, título da obra,
edição, lugar de publicação, editora, ano de publicação e número de páginas.
2) Credenciais do autor (biografia);
3) Resumo da obra (de que se trata o texto);
4) Conclusões da autoria (a que conclusões o autor chegou);
5) Metodologia da autoria (qual é o gênero? Que técnicas utilizou?);
6) Quadro de referência do autor (em que autores o autor se apoiou);
7) Crítica do resenhista (apreciação; pode ser positiva ou negativa). Nesse caso, você
deve ficar atento também em relação aos comentários (críticas) que faz sobre a obra.
Segundo Jorge (2007, p. 43), caso a crítica seja negativa:
é preciso ser polido e respeitoso com o autor. Por exemplo: em vez de escrever „o texto é
muito vago e confunde absolutamente o leitor‟, opte por expressões que funcionam como
„atenuadoras‟ das críticas: „o texto apresenta algumas lacunas, como, por exemplo, a
ausência de definições conceituais importantes para a compreensão da obra...‟.
Para que você entenda a estrutura da resenha crítica, veja um exemplo apresentado Por
Belmont (2004)24 , seguido de comentários feitos pela citada autora:
24
BELMONT, Rejane Cléia Canonice. Como elaborar resenhas. Revista Uningá, nº 01, p. 115-118, jan./jun. 2004.
71
Pode-se afirmar que Edivaldo Boaventura exibe com clareza e de uma forma simples e
compreensível o que foi proposto, sendo, assim, de grande utilidade para todos, em especial para
os universitários, professores, escritores e palestrantes.
O texto é uma resenha crítica, pois nela a resenhadora analisa as partes que compõem o
objeto, o livro, e faz uma apreciação do seu valor, seguindo a estrutura trabalhada em sala de aula
da teoria citada acima.
No 1º parágrafo, faz a referência bibliográfica, abordando os devidos aspectos, tais como:
autor, título da obra, editora, data e número de páginas. A parte descritiva da obra é reduzida ao
mínimo indispensável.
Nos 2º e 3º parágrafos, faz uma breve biografia do autor; abordando os aspectos
mais relevantes da obra.
Do 4º ao 9º parágrafo, apresenta o resumo, que é uma indicação do conteúdo global
da obra.
No 10º parágrafo, a resenhista aborda os autores dos quais o autor do livro se apoiou para
enriquecer a sua obra, finalizando, desta forma, a parte de narração da resenha.
No último parágrafo, emite juízo de valor positivo sobre a obra. Comenta ser um livro
que apresenta clareza e de fácil compreensão, fazendo, em seguida, indicações a quem a obra
pode ser dirigida. Representa a parte de dissertação da resenha. E, ao final, assina a resenha.
Estamos diante de uma resenha bem elaborada, pois informa ao leitor o conteúdo do
livro com objetividade.
Por fim, na resenha temática, você fala de vários textos que tenham um assunto (tema)
em comum, sendo que a estrutura é mais simples que os outros tipos de resenha. Ou seja:
1. Apresentação o tema: informação ao leitor sobre qual é o assunto principal dos textos
que serão tratados e o motivo por você ter escolhido esse assunto;
2. Resuma os textos: utilizando um parágrafo para cada texto, dizendo, logo no início,
quem é o autor e explique o que ele diz sobre aquele assunto;
3. Conclusão: Após explicar cada um dos textos, agora é sua vez de opinar e
tentar chegar a uma conclusão sobre o tema tratado;
4. Mostre as fontes: colocando as referências Bibliográficas de cada um dos textos que
você usou;
5. Assine e identifique-se: Coloque seu nome, o curso e a Universidade.
Veja o modelo abaixo:
O que vem a ser o bullying? É um termo utilizado para descrever atos de violência física
ou psicológica, intencional e repetida, praticada por um indivíduo ou grupo de indivíduos
causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder.
Escolhi esse tema por ser algo que está sendo discutido atualmente pela sociedade, apesar
de ser uma situação já muito existente nas escolas. Verificando essa temática no artigo de Mônica
Machado, Bullying em contexto escolar: uma proposta de intervenção, percebe-se que a autora
procura mostrar, de forma detalhada, como este fato ocorre e o que pode acontecer com os que
sofrem tais agressões e também o que leva os agressores a ter estas atitudes. Enfoca também o
papel da escola com relação ao assunto e procura trazer proposta para solucionar a situação. Em
suma o artigo traz uma analise sobre a violência escolar, como uma elevada importância nos
últimos tempos. A identificação dessa problemática se apresenta como um ponto importante para
que as escolas possam encontrar meios para melhor se defenderem. Considera-se, assim,
importante que todos os seus elementos sejam englobados neste processo de prevenção da
violência escolar, procurando este artigo apresentar algumas sugestões de intervenção a serem
implementadas.
Já no artigo de Aramis A. Lopes Neto, o Bullying é visto como Comportamento
agressivo entre estudantes, também focado basicamente nos mesmos moldes já descritos acima,
com a diferença que o autor, neste caso, procura enfatizar a importância de se identificar desde
sedo uma criança que possa vim a ter uma personalidade mais agressiva para que assim seja
encaminhada a um tratamento adequado. Encontram-se também dados quantitativos da situação e
um enfoque na responsabilidade da sociedade e governo junto à questão.
Para mim, o bulliing geralmente começa a ocorrer no âmbito familiar entre primos,
irmãos etc. No bairro, com vizinhos, mostrando que não é só na escola que acontece.
A questão tem todo um contexto para ser avaliada, uma criança agride, muitas vezes, por
não ter sido devidamente orientado e monitorado no berço familiar. Por isso, é necessário que os
pais procurem estar presentes no cotidiano dos seus filhos, verificando seus atos, posturas e
comportamentos para, assim, identificarem, o quanto antes, se seus filhos são agressores ou
vítimas desse ato cruel.
REFERÊNCIAS
LOPES NETO, Aramis A. Comportamento agressivo entre estudantes Neto. Jornal de Pediatria,
vol. 81, nº 05 (Supl.), 2005. Disponível em: <
http://www.scielo.br/pdf/jped/v81n5s0/v81n5Sa06.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2017.
ROSILANE VALENTIM
ESTUDANTE DE CONTABILIDADE DA UNEB
Portanto, diante do que foi abordado, percebe-se que fazer uma resenha parece muito
fácil à primeira vista, mas é necessário ter muito cuidado, pois, dependendo do lugar, os
resenhistas podem fazer um livro mofar nas prateleiras ou transformar um filme em um
verdadeiro fracasso.
De acordo com NBR 6022, artigo científico é “parte de uma publicação com autoria
declarada, que apresenta e discute ideias, métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas
áreas do conhecimento.”25
7.5.1 Estrutura
25
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: Informação e documentação: artigo em
publicação periódica científica impressa – apresentação. Rio de Janeiro: mai. 2002, p. 2.
76
3 cm
Dois espaces de
1,5 entre o título
O ARTIGO CIENTÍFICO: COMO ESTRUTURÁ-LO e Autor(s).
→
são digitadas em
←
original.
fonte 10.
Key-words: Xxxxxxx. Zzzzzzzz. Sssssssss. Aaaaaaa.
3 cm 2 cm Key-words (em
inglês) ou Palabras
clave (em espanhol)
ou Mots-clés (em
francês): aqui as
______________________ palavras-chave são
1
Professor – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
traduzidas para a
Ceará – Campus Iguatu. Graduado em letras – Universidade Estadual do
mesma língua
Ceará. E-mail: nunespereira@ifce.edu.br
2 estrangeira do
Bibliotecaria - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
resumo.
Ceará – Campus Iguatu. Graduado em biblioteconomia– Universidade
Estadual do Ceará. E-mail: rejane@ifce.edu.br
2 cm
↑ 2 cm
Breve currículo do (s) autor (s),
em notas de rodapé.
77
5.1.2.1 Introdução
5.1.2.2 Desenvolvimento
5.1.2.3 Conclusão
O texto deve ser digitado no anverso da folha, utilizando-se papel no formato A4, (210 x
297 mm), e impresso na cor preta, com exceção das ilustrações.
O tipo de fonte a ser utilizada é TIMES NEW ROMAN e o tamanho da fonte deve ser 12
para o título do artigo (em letras maiúsculas), o texto (introdução, desenvolvimento e conclusão)
e as referências. O tamanho da fonte deve ser 10 para nome(s) do(s) autor(s), titulação do(s)
autor(s), notas de rodapé, resumo, palavras-chave, abstract, Key-words, citações diretas longas,
paginação, legendas das ilustrações e das tabelas.
5.2.2 Margens
As margens são formadas pela distribuição do próprio texto no papel, justificado, dentro
dos limites padronizados com as seguintes medidas:
Superior e esquerda: 3,0 cm
Inferior e direita: 2,0 cm.
5.2.3 Paginação
5.2.4 Espaçamento
7.6 PAPER
O paper é um artigo menos abrangente, um pequeno artigo. De acordo com Souza (apud
TEIXEIRA, 2005, p. 45), as características desse trabalho acadêmico “podem
convencionalmente consistir em atividade acadêmica, servindo usualmente como um trabalho
escrito para a avaliação do desempenho em seminários, cursos e disciplinas. Devem possuir a
mesma estrutura formal de um artigo”.
Ainda conforme essa autora, as principais características do paper são: “a) estudo sobre
um autor; estudo de um tema num autor; c) estudo de uma obra de um autor; e d) estudo de um
tema / questão / problema em diversos autores”. (apud TEIXEIRA, Elizabeth. As Três
Metodologias: acadêmica, da ciência e da pesquisa. Petrópolis: Vozes, 2005. p.45).
79
7.7 SEMINÁRIO26
O QUE É UM SEMINÁRIO?
FINALIDADES
ETAPAS DE UM SEMINÁRIO
26
COM BASE EM: ANDRADE, Antonio Abreu de. Guia de apresentação de seminários com os recursos do
Microsoft Powerpoint. Cascavel-PR: Centro Universitário Fundação Assis Gurgacz (FAG), 2010.
80
NA APRESENTAÇÃO
NA APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO
82
NA APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO
7.8 PAINEL
De interrogação:
Os participantes responderão questões básicas indicadas pelo professor.
De debate:
Além de expressar ideias, os participantes também questionam as ideias dos demais.
7.10 PALESTRA
Com base em: PARRA FILHO, Domingos. SANTOS,
João Almeida. Metodologia Científica . 6. ed. São
Paulo: Futura, 1998.
A palestra, por ser temática, pode ser apresentada no contexto de um evento mais
abrangente como congressos, simpósios e encontros científicos, e, nestas ocasiões o
pesquisador pode participar de duas maneiras. Conforme salienta Parra Filho e Santos (1998, p.
159), o pesquisador pode participar da palestra como “palestrante – de modo a colocar em
discussão suas ideias, e para tanto deve estruturar tecnicamente o discurso a ser proferido – ou
como ouvinte, e neste caso deve se preparar, estudando o tema, para conseguir um bom
aproveitamento”.
A Palestra é...
Uma exposição oral individual, na qual o palestrante deve informar, esclarecer e divulgar
um tema relacionado ao seu trabalho
7.11 CONFERÊNCIA
Modalidade de comunicação oral que ocorre na comunidade científica São
apresentações mais curtas que as palestras. É uma exposição c ientífica sobre um tema,
realizada por um especialista na área. Pode ou não permitir a participação da plateia, que lança
questionamentos ao conferencista para que ele possa esclarecer pontos que não ficaram claros.
Possui, em média, a duração de uma hora.
7.12 RELATÓRIOS
Incluiu-se o relatório entre os tipos de trabalhos acadêmico-científicos por ser
uma modalidade de trabalho escrito solicitada com alguma regularidade ao aluno de
graduação, em diversas disciplinas, com vistas a um conjunto bastante variado de
propósitos pedagógicos, geralmente relacionados a atividades práticas – visitas, viagens
de estudo, experimentos ou testes de laboratório, observação de eventos, aplicação de
uma determinada técnica, realização de uma intervenção ou procedimento
especializado, etc. – as quais, após terem sido desenvolvidas, são complementadas ou
concluídas pelo relato de sua realização. Embora seja utilizado com freqüência, esse
tipo de trabalho acadêmico por vezes tem sua elaboração negligenciada, seja no seu
conteúdo, na sua organização ou apresentação, talvez por ser consi derado um trabalho
"pequeno" ou "rápido", de menor importância, ou mesmo por não serem muito
difundidas orientações para sua elaboração.
O relatório de que se trata aqui é uma modalidade de trabalho escrito que não
se confunde com o relatório de pesquisa – esse destinado exclusivamente à
85
comunicação dos resultados de uma pesquisa científica –, o qual, embora seja um dos
principais trabalhos acadêmico-científicos comumente realizados na universidade, não
é abordado neste documento.
Conceito
A compreensão do que é um relatório pode começar pelo exame das definições
que os léxicos oferecem. Em Michaelis (1998, p.1808) encontram-se as seguintes:
Propósitos do relatório
Tipos de relatórios
Procedimentos
Avaliação
Para assegurar que nada tenha sido esquecido na versão final do relatório,
Laville e Dionne (1999) sugerem a seguinte verificação, que tanto pode ser usada pelo
acadêmico para verificar se seu trabalho está bem feito, antes de entregá -lo ao
professor, como pode ser um roteiro adequado para que este avalie os relatórios
elaborados por seus alunos.
- O título do relatório diz explicitamente do que ele trata?
- O plano do relatório permite conduzir o leitor por meio de uma demonstração
eficaz, e seu sumário reflete isso?
- O relatório se limita ao essencial, afastando o supérfluo ou não-pertinente?
- É escrito em um estilo simples e preciso?
- O leitor encontra nele todas as informações e referências de que precisa para
assegurar-se da boa condução da testagem ou da atividade realizada?
- As regras de apresentação (citações, notas e referências, etc.) são aplicadas de
forma metódica e homogê nea?
- As tabelas e figuras, se houver, são apresentadas de maneira uniforme, com
seus títulos e legendas?
REFERÊNCIAS
ABASSE, Maria Cristina Jacob Pessoa. A produção do resumo-escolar como resultado da
atividade de retextualização. 2008, 137f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação
em Estudos Linguísticos da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais. Belo
Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 2008. Disponível em:
<http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/DAJR-
88TETE/1191m.pdf?sequence=1>. Acesso em: 20 fev. 2017.
88
BELMONT, Rejane Cléia Canonice. Como elaborar resenhas. Revista Uningá, nº 01, p. 115-118,
jan./jun. 2004.
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional da Saúde. Saneamento ambiental. In: ______.
Manual de saneamento. 3. ed. rev. Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2006.
DINIZ, Célia Regina e SILVA, Iolanda Barbosa da. Metodologia científica. Campina Grande;
Natal: UEPB/UFRN - EDUEP, 2008.
FERREIRA, Elisa Cristina Amorim. Fazer um resumo, mas como? Revista ao Pé da Letra. Vol.
13.1, p. 61-78, 2011.
FRANÇA, Junia Lessa & VASCONCELLOS, Ana Cristina de Vasconcelos. Manual para
normatização de publicações técnico-científicas. MG: Editora da UFMG, 2004.
HELLER, Agnes. O cotidiano e a história. 4. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1992.
JORGE, Gláucia Maria dos Santos. Prática de leitura e produção de texto. Ouro Preto-MG:
UFOP/CEAD, 2007.
KINTSCH, W. & VAN DIJK, T. A. (1983) Strategies of discourse comprehension. San Diego,
California,
Academic Press.
KINTSCH, W. & VAN DIJK, T. A. (1985) Cognitive psychology and discourse: recalling and
summarizing stories. In: SINGER, H. & RUDELL, R. (eds.). Theoretical models and processes
as reading. Newark, Delaware, IRA, 794-812.
LIMA, João Batista; SILVA, Josenildo Marques da; ARAÚJO, Patrícia Cristina de Aragão.
Leitura e escrita em foco: tecendo reflexões sobre práticas de leitura e escrita no espaço escolar.
In: ANAIS DO IX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUODS E PESQUISAS “HISTÓRIA,
SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL”. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, 31
jul. – 03 ago., 2012. Disponível em:
<www.histedbr.fe.unicamp.br/acer_histedbr/seminario/seminario9/PDFs/3.46.pdf >. Acesso em
10 ago. 2015.
OLIVEIRA, Ana Tereza de Oliveira. Técnicas de redação. São Paulo: Centro Universitário das
Faculdades Integradas Alcântara Machado, 2012.
PARRA FILHO, Domingos. SANTOS, João Almeida. Metodologia Científica. 6. ed. São Paulo:
Futura, 1998.
SANTOS, E. C. dos. Uma proposta dialógica de ensino de gêneros acadêmicos: nas fronteiras
do Projeto SESA. 2013. 218 f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Linguística,
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2013.
Disponível em: <http://tede.biblioteca.ufpb.br/bitstream/tede/6432/1/arquivototal.pdf>. Acesso
em: 21 ago. 2016.
SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. Os gêneros escolares: das práticas de linguagem aos objetos de
ensino. Revista Brasileira de Educação, n. 11, p. 5-16, maio/jun./jul./ago. 1999.
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 20. ed. ver. e ampl. São
Paulo: Cortez, 1996.
_____________. Metodologia do trabalho científico. 11. ed. São Paulo: Cortez, 1984.
SOUZA, C. A. F. Águas: legislações e políticas para uma utilização racional, o caso dos irrigantes
do açude Epitácio Pessoa – Boqueirão- Paraíba – Brasil. 2001. 159f. Dissertação (Mestrado
Interdisciplinar em Ciência da Sociedade) – Universidade Estadual da Paraíba. Campina Grande:
Universidade Estadual da Paraíba, 2001.
THEREZO, Graciema Pires. O resumo como prática de leitura e produção de texto. Revista de
Letras, Campinas: PUC, v. 20, n. 1/2, p. 20-43, dez. 2001.
VIANA, Antônio Carlos (coord.) et al. Roteiro de redação: lendo e argumentando. São Paulo:
Scipione, 1998.