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COMO RECEBER
RESPOSTAS AS
NOSSAS ORAÇÕES
GENE R. COOK

Deseret Book Company


Salt Lake City, Utah - E.U.A.
© 1996 Gene R. Cook
Todos os direitos reservados. Este livro não pode ser reproduzido sem a
permisão por escrito da editora, Deseret Book Company, P.O. Box 30178,
Salt Lake City, Utah 84130. Este material não é uma publicação oficial de
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. As opiniões nele
contidas são de responsabilidade do autor e nao representam
necessariamente a posição da Igreja ou da Deseret Book Company.
Deseret Book é marca registrada da Deseret Book Company.
Tradução: Simone Carvalho
Revisão e Coordenação do Projeto: Reynaldo Pagura

Library of Congress Catalog Card No. 99-72647

ISBN 1-57345-515-6

Impresso no Brasil 84098-6395


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A todos os que desejem agradecer ao Senhor
pelas muitas orações que Ele respondeu,
e a todos os que estão lutando
para aprender a orar melhor.
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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS IX

INTRODUÇÃO XI
CAPITULO 1
O PODER DA ORAÇÃO 1
CAPÍTULO 2
C O M O PREPARAR O CORAÇÃO
E A M E N T E PARA A ORAÇÃO 15
CAPITULO 3
ALGUMAS SUGESTÕES QUANTO
À PRÁTICA DA ORAÇÃO 34
CAPÍTULO 4
PRINCÍPIOS QUE TORNAM A
ORAÇÃO MAIS EFICAZ 50
CAPÍTULO 5
A S BÊNÇÃOS DA ORAÇÃO 76
CAPÍTULO 6
A ORAÇÃO: BÊNÇÃO PARA OS
PAIS E PARA OS LÍDERES 104
CAPÍTULO 7
A GRAÇA DE D E U S 121
CAPÍTULO 8
QUANDO PARECE QUE N Ã O
RECEBEMOS RESPOSTA 130
CAPÍTULO 9

APLICAR OS PRINCÍPIOS DA ORAÇÃO 154

ÍNDICE 163
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AGRADECIMENTOS

S o u imensamente grato ao Senhor pela bênção de sempre


responder às orações que fiz no decorrer dos anos. Sou
grato à minha família e a muitos outros membros da Igreja
maravilhosos que me falaram de ocasiões em que suas
orações foram respondidas. Agradeço especialmente às
pessoas que me contaram a luta enfrentada para que suas
orações fossem respondidas. Não há dúvidas de que o
Senhor responde a todas as orações humildes e sinceras,
quer o reconheçamos no momento ou não.
Agradeço sinceramente ao irmão Jay A. Perry, que com
sua grande capacidade de seleção fez com que este material
fosse apresentado de modo mais conciso, tornando-o de
mais fácil compreensão. Agradeço também a ajuda de
minha secretária, Stephanie Colquitt, e às outras secretárias
que já tive e que anotaram as experiências pelas quais
passei na vida na época em que aconteceram,
possibilitando-me mencioná-las corretamente aos outros.
Para encerrar, gostaria de dizer que este livro não é, sob
nenhum aspecto, publicação oficial da Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias. Quaisquer enganos, omissões
ou erros são claramente meus, único responsável pelo
material que este livro contém.
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INTRODUÇÃO

T o d o s precisamos muitíssimo do Senhor. Precisamos de


ajuda em todos os aspectos da vida:
• falhas e fraquezas pessoais
• problemas e decisões de família
• trabalho e carreira
• decisões finaneiras importantes
• designações difíceis na Igreja
• ao lidar com as inúmeras provações pelas quais
passamos
• ao aprender a verdade a respeito do evangelho
• todos os outros aspectos da vida.
Uma chave indispensável para o sucesso em todas essas
coisas é a oração. Quando começamos a aprender como
conseguir respostas às nossas orações, estamos prontos para
começar a engatinhar no que se refere ao poder do Senhor
e à bondade com que nos ajuda na vida. Contudo, se nossas
orações não surtem efeito, ou se não sabemos confiar no
Senhor, normalmente somos deixados por nossa própria
conta.
Muitas vezes as pessoas dizem: "Tento orar, mas o
Senhor não fala comigo. Sei que Ele vive e que me ama, mas
o fato é que não responde às orações que faço. Talvez queira
que eu leve a vida sozinho, sem a Sua ajuda".
É verdade que o Senhor quer que exerçamos sempre o
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nosso livre-arbítrio para fazer o bem, crescer,


desenvolvermo-nos, aprender a agir por nós mesmos e não
nos deixarmos levar. Entretanto, prometeu a todos o dom
de ser capaz de receber orientação constante do Espírito
Santo. Prometeu ajudar-nos em todos os aspectos de nossa
vida, contanto que Lhe permitíssemos fazê-lo.
Tenho absoluta certeza de que, quando não recebemos
respostas às orações, o problema nunca é com o Senhor. Ele é
constante e sincero; nunca falta com nenhuma de Suas
promessas; ao contrário, nós é que falhamos.
Muitas vezes, simplesmente não sabemos como
conseguir as respostas que buscamos. Quem sabe não
estejamos sendo bastante diligentes em buscá-las ou, quem
sabe, estejamos fazendo a pergunta sem escutar a resposta
do Senhor. Quem sabe não tenhamos preparado o coração
para receber o que o Senhor nos mandar, seja o que for.
Talvez não estejamos compreendendo e colocando em
prática algum princípio básico relativo à oração que Ele nos
tenha ensinado. Quem sabe estejamos deixando que nossa
vontade predomine, e não estejamos verdadeiramente
buscando Sua santa vontade.
Acho que, às vezes, o Senhor fica triste por ficarmos
satisfeitos com tão pouco, quando Ele nos oferece tanto.
Mas quando começamos a aprender como conseguir
respostas às nossas orações, passamos a ver os métodos
divinos que o Senhor emprega e percebemos que podemos
receber as muitas dádivas do Pai.
Nas páginas deste livro, analisaremos alguns dos
princípios e formas mais básicos da oração, que o Senhor
nos ensinou por intermédio das escrituras e dos profetas
vivos. Iremos empenhar-nos ao máximo para ilustrar esses
princípios com inúmeros exemplos e histórias verdadeiras,
que demonstrem que o Senhor responde às orações e de
que forma isso acontece. Abordaremos com alguma
profundidade as maneiras de saberem se receberam a
resposta a uma oração. Concentrar-nos-emos
principalmente na difícil questão de por que, às vezes,
achamos que não recebemos resposta e o que podemos
fazer para aumentar a fé, até nessas ocasiões.
O que este livro tem de importante para oferecer?
Espero que as idéias que discutirmos nestas páginas sejam
de real valor para todos os que as lerem. Coloquei algumas
perguntas básicas de revisão ao final de cada capítulo para
ajudá-los e sua família. Sugiro que as discutam com outra
pessoa, quando possível, para aumentar seu entendimento.
O Senhor pode ensinar melhor aos dois.
O maior nível de aprendizado que conheço vem
diretamente do Espírito do Senhor. Aprendemos muito
observando outras pessoas ou lendo os conceitos e
doutrinas ensinados. Entretanto, para mim, o aprendizado
que tem maior valor é o que vem do Espírito, ilumina a
mente e fala ao coração. Esses ensinamentos não são nada
menos do que uma mensagem do céu para nós e podem ter
um grande impacto em nossa vida.
Presto meu testemunho de que esse tipo de
aprendizado está ao alcance de todos os que o buscarem,
caso se humilhem perante o Senhor e se empenhem
incessantemente em aprender com Ele. Se tiverem uma
oração no coração sempre que pegarem este livro, o Senhor
os inspirará para que sejam mais capazes de receber as
bênçãos que Ele deseja dar-lhes. Irá conceder-lhes
inspiração e impressões, vocês saberão como a oração pode
abençoá-los e o que fazer para receber orientação divina a
fim de ajudá-los em todos os aspectos da vida.
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CAPÍTULO 1

O PODER DA ORAÇÃO

H á alguns anos, convidaram nossa família para passar as


férias em uma fazenda no Wyoming. Um de meus filhos
tinha acabado de voltar da missão em que servira na
América do Sul, e estávamos ansiosos por sair de casa para
passar algum tempo com ele e com nossos outros filhos.
Divertimo-nos muito, apesar de só podermos andar a
cavalo pela manhã. Conforme o dia esquentava, as mutucas
atacavam, mordendo os cavalos de tal modo que lhes
escorria sangue pelos flancos; eles ficavam nervosos e
tentavam nos derrubar.
Uma noite antes de irmos embora, quando estávamos
indo para a casa da fazenda, meu filho perguntou-me se
podia continuar cavalgando, com um dos filhos do
fazendeiro. "Vamos reunir alguns cavalos", disse, "depois
eu volto para ficar com a família".
Mais ou menos uma hora depois, ele entrou muito
aborrecido. "O que foi, meu filho?" perguntei.
"Estou muito zangado", disse ele, "Perdi o meu chapéu
lá no campo e sei que não vou conseguir encontrá-lo".
Eu sabia de que chapéu se tratava. Era um que ele havia
comprado na América do Sul, como lembrança da missão,
e que considerava insubstituível.
Ele ficou um tempo resmungando e reclamando por
causa do chapéu, depois animou-se um pouco e disse: "Pai,
o que o senhor acha de reunir a família de manhã, antes de
irmos para casa, fazer uma oração familiar e sairmos para
tentar encontrá-lo?"
"Excelente idéia", respondi. "Vamos levantar uma hora
antes do planejado e ver o que se pode fazer".
Eu estava colocando a bagagem no carro, cedo na
manhã seguinte, quando ele veio a passos largos do
barracão onde havia dormido. Pela cara dele, percebi que
estava ainda mais zangado do que na noite anterior.
Ele disse: "Pai, como se não bastasse ter perdido o
chapéu, minha carteira também sumiu. Os dois devem ter
ficado no campo". Aí, descreveu detalhadamente o que
havia em sua carteira: a recomendação (ele tinha acabado
de ser entrevistado), a carteira de motorista (tinha acabado
de tirar), oitenta dólares, que era todo o dinheiro que tinha
(havia gastado todo o seu dinheiro na missão; os oitenta
dólares eram presente dos avós, para ajudá-lo a recomeçar).
"Essas foram as piores férias que já tive", disse ele.
"Quem me dera eu não tivesse vindo." Depois ele disse
velha frase, que todos já conhecem: "Por que isso sempre
acontece comigo?"
"Olha filho, não sei do seu chapéu nem da sua carteira",
disse eu, "o que sei é que não vou reunir a família para orar
a esse respeito".
"Por quê?"
"Porque não se pode escutar a voz do Espírito quando
se está com raiva. Não dá; e eu não vou reunir a família
enquanto essa for a sua atitude."
Ele não respondeu, só deu as costas e foi pisando duro
para casa.
Voltou uns quinze ou vinte minutos depois. Sua
expressão estava diferente e ele disse: "Pai, quero me
desculpar. Não devia ter dito aquilo. As férias foram boas,
desculpe-me por ter reclamado tanto delas".
Conversamos e ele disse-me que se tinha ajoelhado e
confessado sua atitude negativa ao Senhor, pedido perdão
e ajuda para encontrar o chapéu e a carteira. Depois, voltou
para onde eu estava, com o coração quebrantado e o
espírito contrito.
Passei o braço por seus ombros e disse: "Filho, vamos
reunir a família? Quem sabe, se todos juntos exercermos
nossa fé, encontremos o que você perdeu".
Todos se reuniram, ajoelharam e oraram. Sabíamos que
estávamos pedindo o impossível. No dia anterior, tínhamos
percorrido a cavalo centenas de acres; a maior parte do
terreno era coberto de trigo do Wyoming, tão alto que
roçava a barriga do cavalo quando passávamos. Ainda
assim, queríamos tentar e oramos com o máximo fervor
pedindo que o Senhor nos ajudasse.
Meu filho sabia que talvez não tivéssemos sucesso, mas
decidira que aceitaria a vontade do Senhor, que ficaria
satisfeito com o resultado da busca, fosse qual fosse. Ele
disse: "Com certeza posso comprar um chapéu novo,
mesmo que fique aborrecido. Posso conseguir outra
recomendação para o templo e outra carteira de motorista
e posso conseguir mais dinheiro em lugar do que meus
avós me deram, mas sinceramente espero que o Senhor
responda à nossa oração".
Depois da oração familiar, montamos e rumamos para
os campos que percorrêramos no dia anterior. Quando
chegamos ao primeiro campo, apeamos, formamos um
círculo e oramos novamente, pedindo ao Senhor que nos
guiasse ao local que precisávamos encontrar. Pedi a duas ou
três pessoas que, uma de cada vez, proferissem uma oração,
sabendo que isso ajudaria a fortalecer nossa fé. Dissemos ao
Senhor que, afinal de contas, não importava muito se
fôssemos bem-sucedidos ou não, era só um chapéu e uma
carteira, mas acreditávamos nas palavras que diziam: "(...)
Tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, que seja justo,
acreditando que recebereis, eis que vos será dado". (3 Néfi
18:20)
Eu estava à frente no momento em que entramos no
primeiro campo para começar a busca. O trigo roçava a
barriga do meu cavalo, e quase sem refletir, deixei escapar:
"Não dá para ver uma carteira nesse capim alto e escuro.
Quem é que pode ver uma carteira em um lugar assim?"
A família ficou em silêncio por um momento, depois,
outro filho disse: "Sabe pai, acho que não faz diferença a
altura do mato, faz? O Senhor sabe onde está a carteira".
Depois, acrescentou: "Na verdade, poderia até ser duas ou
três vezes mais alto. Não faria diferença, porque Ele sabe,
não é?"
Eu sabia que ele estava certo, e seu gentil lembrete
serviu para repreender-me pela incredulidade. Eu disse: "É,
meus filhos, ele está certíssimo. Seja duas ou três vezes mais
alto, não faz diferença. O Senhor sabe onde está. Continuem
andando e orando. Andem e orem, e vamos".
Então, rumamos para os campos. Éramos meia dúzia
percorrendo uma área que ia até onde a vista alcançava.
Passaram-se somente um ou dois minutos antes que o filho
que falara de sua fé gritou, pulou do cavalo e disse: "Achei
o chapéu!" Ele pegou-o e agitou-o no ar para todos verem.
Todos corremos para onde ele estava, com o dono do
chapéu em primeiro lugar. "O Senhor respondeu às nossas
orações!" disse ele. "Ele nos ouviu e respondeu!" Depois,
fez uma preleçãozinha para a família sobre continuar a orar
e ter mais fé. "Vamos lá encontrar a carteira!"
Começamos a cavalgar de novo, mas não encontramos a
carteira. O tempo foi passando, e a animação inicial de
encontrar o chapéu começou a diminuir. Passamos uma
hora procurando, depois, uma hora e quinze e não
encontramos absolutamente nada.
Então, conforme o dia esquentava, as mutucas
começaram a picar os cavalos e nós também. Assustados e
irritados, os cavalos começaram a escoicear e corcovear, e
todos começamos a ficar temerosos de ser jogados no mato.
Minhas filhas mais novas, principalmente, já estavam
ficando nervosas. Finalmente eu disse: "Bem... filhos, temos
que voltar. Não dá para continuar procurando".
Pusemo-nos na estrada e começamos a voltar para a
casa da fazenda. Enquanto voltávamos, resolvi, sendo o pai
da família, ficar ao lado do filho que havia perdido o
chapéu e a carteira, para ver como ele estava
espiritualmente nesse momento importante.
"É, filho... Como você se está sentindo com isso tudo?"
perguntei.
Ele respondeu: "Estou muito, mas muito agradecido
porque o Senhor fez o chapéu voltar a minhas mãos. Sei que
para os outros é só um chapéu, mas é muito importante
para mim". Fez uma pausa e disse: "Quem dera tivéssemos
encontrado a carteira também! Quem sabe, quando fizerem
a colheita, encontrem-na e mandem para mim... Mas, pai,
quero que saiba que valeu a pena e estou grato por termos
encontrado o meu chapéu".
Fomos para a casa da fazenda, e agradeci ao Senhor por
meu filho ter assumido uma atitude correta e estar no rumo
certo. Apesar de não termos encontrado a carteira, ele sabia
que o Senhor o amava e Se importava com ele; e continuava
a acreditar que ainda poderia ser encontrada.
Chegamos à casa da fazenda e separamo-nos para
terminar de fazer os preparativos para ir embora.
Repentinamente, quando a maioria de meus filhos já estava
no carro e eu estava-me despedindo de nossos anfitriões,
esse filho veio correndo do pátio, acenando e gritando:
"Encontrei a carteira! Encontrei a carteira!"
Depois que passou a agitação, perguntamos a ele como
a encontrara. Ele disse: "Entrei no barracão para pegar
minha mala e, ali, sozinho, senti que deveria ajoelhar-me e
agradecer ao Senhor por ter-me ajudado a encontrar o
chapéu.
Quando levantei para sair, senti que deveria ir até onde
aqueles casacos velhos e sujos ficam pendurados na
parede". Os casacos formavam uma fileira comprida; eram
uns 10 ou 15. De repente, enquanto estava ali sem saber o
porquê, ele escutou o barulho de uma coisa caindo a seus
pés. Olhou e viu seu pente.
"Quando vi meu pente, meu coração disparou. Sempre
levo o pente na carteira, vi que havia perdido o pente e a
carteira. Fui lá e sacudi os casacos e minha carteira caiu no
chão".
Não fazemos idéia de como a carteira foi parar no
casaco. Nenhum de meus filhos brincou perto deles (os
casacos estavam empoeirados e sujos demais). Contudo,
por causa da fé e oração, o Senhor possibilitou a meu filho
encontrar a carteira que havia perdido.
Ele ficou exultante de alegria. Ajoelhou-se no barracão
e fez outra oração de agradecimento. Depois, voltou
correndo com a carteira para dizer a todos que nossas
orações foram respondidas e que nossa fé no Senhor havia
sido compensada.
Depois, entramos no carro e fomos embora, mas assim
que saímos das terras da fazenda, encostamos o carro
novamente e fizemos uma oração de pura gratidão,
agradecendo ao Senhor Sua prontidão em ouvir e abençoar-
nos.
Entretanto, talvez essa experiência ainda estivesse por
surtir um de seus "efeitos" mais importantes. Foi
maravilhoso encontrarmos a carteira de meu filho, mas a
maior bênção foi que a fé dos membros da família
aumentou por causa disso. Passaram também a saber mais
a respeito de como conseguir respostas para as orações.
Com certeza os membros de nossa família nunca poderiam
negar o fato de que viram a mão do Senhor agir em nosso
benefício, de modo miraculoso.

A S E G U N D A CARTEIRA PERDIDA

Uma semana depois de chegarmos em casa, um de


meus filhos mais novos, com 16 anos, foi convidado para
acompanhar a família de um amigo na viagem a Lake
Powell que faziam todos os anos. Haviam acabado de
comprar um barco novo e estavam ansiosos por
experimentá-lo.
Depois de três ou quatro dias no barco, saíram de onde
estavam acampados e voltaram para a marina. Meu filho
levou a carteira, mas não tinha bolsos; por isso, pediu ao
amigo que colocasse a carteira no bolso da camisa e o
abotoasse. Na carteira, havia uns 25 dólares, todos os seus
documentos: a carteira de motorista, o cartão da biblioteca,
a carteirinha da academia e a de estudante; e o mais
importante... um pequeno retentor dentário que custava
mais de 75 dólares.
Mais tarde, no mesmo dia, voltaram para o
acampamento e foram nadar. Mergulharam de muitas
pedras e rochedos. De repente, o amigo de meu filho
lembrou-se de que estava com a carteira no bolso... e
percebeu que a perdera.
Àquela altura, já tinham passado por toda aquela parte
do lago. Parecia impossível que a encontrassem; mas meu
filho disse consigo mesmo: "Se o Senhor sabia onde estava a
carteira do meu irmão naquela fazenda enorme, sabe em
que parte do lago a minha está". Aí, começou a orar
mentalmente. Depois de alguns minutos, resolveu que isso
não bastava. Ajoelhou-se atrás de umas pedras altas e orou,
pedindo ao Senhor que o ajudasse a encontrar a carteira
perdida.
Continuaram a procurar, mergulhando repetidas vezes
até o fundo escuro e lamacento da lagoa. Procuraram a
tarde toda até a noite, mas não encontraram nada; até que
ficou escuro demais para continuarem, e tiveram de voltar
ao acampamento.
Nessa noite, ele orou. Prometeu ao Senhor que se o
ajudasse a encontrar a carteira, leria as escrituras mais
fielmente, controlaria mais os pensamentos, não escutaria
música ruim, oraria mais vezes e melhor. Depois, o que é
muito importante, comprometeu-se a honrar a promessa
mesmo que não recuperasse a carteira.
Depois da oração, o Espírito fez com que se sentisse
muito bem. Quando lhe perguntavam se havia encontrado
a carteira, respondia simplesmente: "Ainda não".
Na mesma noite ele e o amigo conversaram. O amigo
disse que achava que seria impossível encontrar a carteira.
A lagoa era muito funda e a carteira provavelmente
afundara na lama e musgo do fundo. Meu filho concordou
que a lagoa era funda, mas disse que nem a profundidade,
nem toda a lama em que a carteira estivesse enterrada nem
nada impediria que a encontrasse. Disse que o que contava
era que tivessem a fé no Senhor necessária para isso.
Depois do café da manhã, ele e o amigo saíram para
procurar outra vez. As outras pessoas do acampamento
falaram coisas bastante desanimadoras, dizendo que, com
certeza nunca encontrariam a carteira e que o melhor que
tinham a fazer era desistir.
Enfim, meu filho subiu um morro, encontrou um lugar
isolado, ajoelhou-se e fez outra oração. Disse outra vez ao
Senhor que cumpriria as promessas que fizera, mesmo que
não encontrasse a carteira. Depois da oração, teve a certeza
de que tudo daria certo. Orou continuamente enquanto
mergulhava procurando, mas não tiveram êxito. Estavam a
ponto de desistir quando o amigo de meu filho gritou:
"Achei!"
Meu filho ficou emocionado... e contente por ter sido o
amigo quem encontrou a carteira, já que ele ainda se sentia
culpado por tê-la perdido. Depois de agradecer ao amigo,
subiu o morro outra vez e agradeceu ao Senhor de todo o
coração por ter-lhes mostrado onde procurar. Outra vez,
comprometeu-se a cumprir as promessas que havia feito.
Depois, escreveu o testemunho da experiência que teve.
Testificou que:

O Senhor ajuda-nos na vida e responde às nossas


orações quando:
1. Oramos e pedimos sinceramente;
2. Arrependemo-nos. Quanto mais prontamente
escutarmos ao Senhor, mais prontamente Ele irá escutar-
nos;
3. Lemos as escrituras e temos o Espírito;
4. Prometemos melhorar em pontos em que temos
dificuldades;
5. Tiramos todas as dúvidas e toda a raiva do coração.
Testifico a vocês que se fizerem essas coisas, e se for
bom para vocês, o Senhor responderá à sua oração. Sei
que não foi sorte nem acaso encontrarmos a carteira, e sei
que o Senhor realmente me orientou para que a
encontrasse quando estivesse preparado. Testifico-lhes
que é verdade e aconteceu de fato. (...) Tenho testemunho
de que o Senhor vive e ama a cada um de nós, e irá
ajudar-nos se simplesmente O buscarmos e obedecermos
aos Seus mandamentos.
*

Foi compensador ver a família inteira unida para tentar


encontrar o chapéu e a carteira do primeiro filho; mas deu-
me especial satisfação ver nosso filho mais novo exercer fé
suficiente para passar por esse tipo de experiência sozinho.
Naquela noite, ele foi ao nosso quarto para contar-nos o
que acontecera. Nunca me esquecerei do que ele disse. Estas
foram suas palavras: "Pai, mãe, não fiquei muito espantado
por encontrarmos o chapéu e a carteira do meu irmão
quando a família inteira orou... Mas dessa vez fui só eu. Só
eu orei. Tenho só 16 anos e mesmo assim o Senhor
respondeu!"
Esse filho aprendeu que o Senhor é verdadeiramente
generoso com todos os que se humilham e pedem com fé.
Essa experiência boa ajudou-o a passar por outras
experiências do tipo. Agora, quando precisa buscar as
bênçãos do Senhor em assuntos muito mais importantes
que uma carteira perdida, sabe pedir e está aprendendo a
pedir com fé.

O T E S T E M U N H O DA O R A Ç Ã O

É claro que o verdadeiro tema dessas histórias não é o


chapéu nem as carteiras. Contei-as para demonstrar como
a oração pode representar uma força verdadeira em nossa
vida. Nas próximas páginas, tentaremos explanar alguns
princípios que o Senhor ensinou e que, espero, nos ajudem
a orar de modo mais eficaz. Entretanto, para encerrar o
capítulo, gostaria de prestar meu testemunho de que a
oração funciona de fato.
Presto testemunho de que os princípios necessários para
recebermos respostas que foram ilustrados nessas histórias
são verdadeiros.
Presto testemunho de que vivemos muito aquém do
que poderíamos, no que se refere andarmos com o Senhor.
Somos muito rápidos em recorrer à nossa própria força sem
confiarmos Nele. Quem sabe, tenhamos medo de que não
dê certo ou de nossa própria incapacidade; mas presto
testemunho de que podemos todos aprender a utilizar
melhor a oração e aumentar nossa capacidade de receber
respostas para elas.
Presto testemunho de que aprendemos com o Pai, por
intermédio do Espírito do Senhor. O Pai é capaz de
comunicar-se com os filhos. Ele o faz com clareza,
diariamente, para avisar-nos, ajudar-nos, fortalecer-nos,
incentivar-nos, encher-nos de alegria e paz, ajudar-nos a
vencer os obstáculos e dificuldades.
Acredito que, em toda a história do mundo, Deus nunca
deixou de responder às orações sinceras e humildes, não
importando quem as fizesse; fosse homem ou mulher,
jovem ou velho, fraco ou forte, membro ou não. O Senhor é
assim. É muito bom; está ansioso por responder.
Obviamente, a resposta pode ter sido "não". Pode ter dito:
"Sim, mas não agora". Pode ainda ser que tenha respondido
em uma voz suave e delicada e que a pessoa não tenha
escutado. Mas respondeu, e acredito que, quando
passarmos pelo véu e virmos mais claramente como
funcionam as orações e revelações, iremos ajoelhar-nos
humildemente e pedir perdão ao Senhor por não havermos
reconhecido melhor a Sua mão em nossa vida.
Tenho certeza de que o Senhor anseia por responder às
súplicas de Seu povo; basta que ele se humilhe e peça com
fé, acreditando sem duvidar. Podem contar que o braço do
Senhor agirá em seu favor.
Como testificou Morôni: "(...) Tão certo como Cristo
vive, falou ele a nossos pais dizendo: Tudo o que for bom,
se pedirdes ao Pai em meu nome, com fé e crendo que
recebereis, eis que vos será concedido". (Morôni 7:26)

EXERCÍCIO DE F É PARA E M P E N H A R - S E EM DESEJOS JUSTOS

Antes de passar aos princípios que fazem a força da


oração, quero aconselhá-los a escolherem um desejo justo
e empenharem-se diligentemente em alcançá-lo por meio
de oração. Em Doutrina e Convênios está escrito que nossa
Igreja não somente é a verdadeira, mas que é " a única
igreja verdadeira e viva na face de toda a Terra". (D&C 1:30;
grifo do autor) As doutrinas são vivas. O Senhor está vivo.
O Espírito está vivo; e nós também poderemos estar vivos,
caso tenhamos mais energia e envolvamo-nos mais com
Ele.
Pensando nos ensinamentos da Igreja e do evangelho,
sinto que o que faz com que não somente sejam
verdadeiros, mas estejam vivos é nosso desejo e capacidade
de colocá-los em prática. Para mim, o conhecimento
sozinho não tem nem de longe a mesma importância que
adquire quando combinado à vontade de utilizá-lo.
Quando aprendemos, temos de tomar a decisão de
arrependermo-nos, exercer a fé e fazer tudo o mais que for
necessário para colocar em prática na vida tudo o que
aprendemos.
Eis o que gostaria que fizessem: Peguem um papel e
anotem algo bastante pessoal que desejem do Senhor. Algo
que queiram muito. Não escolham qualquer coisa fácil.
Quanto mais difícil, melhor. Aí, poderão ter uma
experiência verdadeira com a fé. Talvez estejam
preocupados com o marido ou a mulher. Talvez um de seus
filhos tenha rejeitado o que vocês lhe ensinaram e estejam
preocupados. Talvez estejam lutando com um problema de
saúde. Talvez estejam passando por grandes problemas
financeiros. Talvez, tudo o que queiram seja mais fé,
testemunho, força para arrepender-se e mudar, capacidade
de vencer uma fraqueza pessoal. Escrevam o que desejam
em um papel e empenhem-se nisso enquanto continuam a
leitura deste livro.
Não pensem que não são dignos de que o Senhor os
ajude. Viajando pelo mundo, conheci muitos membros da
Igreja que acham que nunca se qualificarão para receber
respostas para suas orações. Dizem: "É claro que se eu fosse
Autoridade Geral, presidente de estaca ou bispo receberia
respostas, mas sou muito...[preencha a lacuna]".
Presto testemunho de que isso não é verdade. O Senhor
ama a todos nós e está ansioso por responder a todos,
ajudar-nos com os desejos justos de nosso coração. Contei
duas histórias que falam de como o Senhor ajudou em
coisas de pouca importância, na busca de um chapéu e duas
carteiras. Ele quer sinceramente nos ajudar nessas coisas;
mas é muito maior Seu desejo de ajudar-nos com as coisas
importantes da vida.
Prometo-lhes em nome do Senhor que se realmente
desejarem o que escreveram, se o desejo for justo e se pedirem
que se faça a vontade do Pai, Ele haverá de conceder-lhes o que
desejam... caso vocês aprendam e obedeçam aos princípios e
leis dos quais as coisas que desejem dependam. Não tenho a
menor dúvida disso. Presto testemunho que isso é verdade
porque o Senhor o disse.

Pontos a Ponderar
1. No caso da carteira perdida, por que mais de uma pessoa orou?

2. Qual foi o papel das orações de agradecimento no caso do


chapéu e da carteira perdidos?
3. Onde "fazer tudo a seu alcance" entra quando a questão é
receber a resposta a uma oração?

—? jj = "
4. Quantas vezes Deus responde a nossas orações humildes e
sinceras?

5. O que faz com que os ensinamentos do evangelho sejam


"verdadeiros e vivos" para cada um de nós?

6. Que outros princípios de oração vocês conseguem identificar


na história do chapéu e da carteira perdidos?
C A P Í T U L O 2

C O M O PREPARAR o CORAÇÃO E
A M E N T E PARA A ORAÇÃO

v^erta manhã, quando morávamos em Quito, no Equador,


liguei para casa para dizer à minha mulher que um
visitante importante chegaria ao aeroporto em cerca de uma
hora, e que eu gostaria de convidá-lo para almoçar em
nossa casa. Animada, ela disse que faria o máximo para que
a casa estivesse em ordem e a comida estivesse pronta.
Nessa época havia uma mulher chamada Roza, que
morava conosco e ajudava minha mulher com a cozinha e
outras tarefas domésticas. Roza tinha mais ou menos 30
anos e era bem firme em sua religião. Muitas vezes
tentáramos falar com ela da Igreja, mas ela não nos
escutava. Na verdade, normalmente encarava nossas
tentativas muito friamente.
Nessa manhã em especial, quando ela e minha mulher
estavam correndo com os preparativos do almoço,
descobriram que Roza tinha perdido a batedeira de que
precisariam para fazer o bolo. Foi um momento frustrante.
Naquela época, no Equador, não era possível usar uma
massa de bolo semi-pronta; tínhamos de fazer tudo, e elas
não tinham o instrumento de que precisariam para isso.
Foi aí que nosso filho de sete anos entrou na cozinha e
viu o que estava acontecendo. Ficou quieto por um tempo,
depois disse inocentemente para Roza: "Então você perdeu
a batedeira, né?" Com isso ela ficou um pouco mais
zangada. Depois ele disse: "Bem, se você quer mesmo
encontrá-la, por que não pergunta ao Senhor? Ele sabe onde
ela está".
Ela respondeu rispidamente: "Isso não é coisa que se
peça em oração! Agora, saia da cozinha, que precisamos
achá-la".
Ele correu da cozinha, mas depois de uns minutos, ela
ficou aborrecida por ter magoado uma criancinha e foi
procurá-lo. Encontrou-o no quarto, de joelhos, orando. "Pai
Celestial, elas têm um problema sério na cozinha. O papai
está trazendo uma pessoa importante para almoçar. A
mamãe está chateada. Roza perdeu a batedeira e acha que
o Senhor não sabe onde está. Se o Senhor nos mostrasse
onde ela está, o problema ficaria resolvido."
Instantes depois, encontraram a batedeira. Há quem
diga que foi por acaso, mas acho que foi a fé no Senhor
Jesus Cristo; a fé de um menininho. Roza ficou muito
espantada com o fato de o Senhor responder a oração de
uma criança tão pequena, principalmente se tratando de
uma batedeira, assunto aparentemente tão insignificante.
Essa experiência deixou-a muito impressionada
espiritualmente no que se refere ao valor da oração.
O melhor de tudo foi que duas ou três semanas depois,
tive o privilégio de batizar Roza na Igreja. Eu realizei a
ordenança, mas o instrumento do Senhor para convertê-la
à verdade foi um menino de sete anos. Ele ensinou a ela
que, qualquer que seja o problema, se estivermos
verdadeiramente preocupados com ele, o Senhor também
estará. Ele irá ajudar-nos em todos os assuntos que forem
realmente importantes para nós.
É verdade que o Senhor responde às orações das
criancinhas, mesmo quanto às pequenas coisas. É verdade
também que responde às orações dos adultos e que está
interessado em nos ajudar em todos os aspectos de nossa
vida. Contudo, nossa capacidade de receber respostas às
orações aumentará conforme prepararmos o coração e a
mente para comunicarmo-nos com nosso Pai Celestial; e,
conseqüentemente, prepararmo-nos para escutá-Lo.
Seguem algumas maneiras importantes de prepararmos
a mente e o coração para orar.

T E N H A F É EM C R I S T O

A coisa mais importante a fazer quando tentamos nos


comunicar com nosso Pai Celestial é ter fé em Jesus Cristo.
Se tivermos fé em Cristo, teremos fé em nosso Pai Celestial,
porque Cristo deu testemunho Dele claramente.
Há quem pense na fé como sendo uma atitude positiva.
Isso é só uma pequena parte do que a fé é de fato. A fé é a
força que mantém os mundos no lugar. A fé é o poder pelo
qual Deus trabalha. Se tivermos fé, teremos acesso ao Seu
poder.
Lembrem-se, porém, de que o mandamento não é ter fé
só de maneira genérica. Devemos ter fé em uma pessoa:
Jesus Cristo. Se nos empenharmos em compreender isso
melhor, compreenderemos por que terminamos todas as
nossas orações "em nome de Jesus Cristo". Quando oramos
dessa forma, pedimos que a graça do Senhor Jesus Cristo
opere a nosso favor. Se conseguirmos manter nossa fé
centralizada Nele, ela irá ajudar-nos a alcançar muito mais
poder do que se orássemos sem fé.
Quando Néfi foi atado com cordas pelos irmãos, que
tentaram matá-lo, clamou em oração, dizendo:

Ó Senhor, de acordo com a minha fé em ti, livra-me


das mãos de meus irmãos; sim, dá-me forças para romper
estas cordas com que estou amarrado.
E aconteceu que quando eu disse estas palavras, eis
que as cordas se soltaram de minhas mãos e pés; e pus-
me de pé diante de meus irmãos e tornei a falar-lhes.
(1 Néfi 7:17-18)

Alma e Amuleque, que também foram atados com


cordas, passaram por experiência semelhante:

E Alma clamou, dizendo: (...) Dá-nos forças, ó Senhor,


de acordo com nossa fé em Cristo, para que sejamos
libertados. E eles arrebentaram as cordas com que
estavam amarrados (...). (Alma 14:26)

Observem que eles não tiveram fé na própria força;


confiaram no Senhor e em Sua força. É a fé em Cristo o que
nos libertará do que nos prende; é aumentando nossa fé em
Cristo que nossa oração terá mais poder.
Podemos edificar a fé sabendo o seguinte:
1. Deus escuta nossas orações e responde-as. (Ver D&C
98:2-3; 88:2.) Creio que desde o "princípio", nenhuma
oração sincera de qualquer pessoa ficou sem resposta.
2. Deus vive, ama-nos e dará a resposta certa a todas as
orações sinceras, não importa qual seja a pergunta. (Ver
Morôni 10:4-5.)
3. Somos filhos de Deus e servos do Senhor. Podemos
orar do mesmo modo que Samuel: "Fala, porque o teu
servo ouve". (I Samuel 3:10)
4. Não importa nossa idade, nosso cargo na Igreja ou há
quanto tempo sejamos membros dela. O Senhor quer
responder nossas orações sinceras seja como for.
Se sua fé é fraca, você pode apoiar-se no testemunho de
outra pessoa (um pai, professor ou líder) enquanto tenta
edificar a própria fé.

A R R E P E N D A - S E DE S E U S P E C A D O S

O arrependimento é um elemento essencial para


conseguir bênçãos do Senhor.
A história do chapéu perdido mostra a necessidade do
arrependimento, no que se refere à questão de que tratamos
ao orar. Primeiro, meu filho ficou zangado com a perda do
chapéu e da carteira e teve de arrepender-se antes de
continuar. Depois, por um momento, duvidei de que
conseguíssemos encontrar o que fora perdido em meio ao
mato alto e tive de arrepender-me.
Há outras coisas de que nos precisamos arrepender,
caso esperemos merecer as bênçãos do Senhor. Quanto
mais dignos formos, mais capazes seremos de dirigirmo-
nos ao Senhor confiantes e receber respostas para nossas
orações.
Muitas vezes não basta ser "digno de entrar no templo".
O arrependimento pode levar-nos a um estado em que
jejuemos mais, oremos mais, sejamos mais humildes,
examinemos as escrituras e assim por diante. O Senhor
pode purificar-nos, e podemos influenciar vicariamente os
acontecimentos e as pessoas, na mesma medida em que
estejamos prontos a mudar e abrir mão de nossos próprios
pecados. Se nos sacrificarmos e pagarmos o preço, e se for
da vontade do Senhor, receberemos as coisas justas que
desejarmos.
A confissão faz parte do arrependimento. Nela,
reconhecemos nossos pecados diante de outra pessoa.
Existem pecados graves que temos de confessar ao bispo,
mas podemos confessar praticamente todos os pecados ao
Senhor. As palavras que o Senhor disse a Martin Harris
aplicam-se a todos:

E agora, a não ser que se humilhe e reconheça perante


mim os seus erros e faça convênio comigo de que
guardará meus mandamentos e exerça fé em mim, eis
que lhe digo que não [receberá as bênçãos que busca].
(D&C 5:28)
H U M I L H E - S E D I A N T E DO S E N H O R

Em Doutrina e Convênios, o Senhor traçou uma relação


direta entre a humildade e a resposta às orações ao dizer:

Sê humilde; e o Senhor teu Deus te conduzirá pela


mão e dará reposta a tuas orações. (D&C 112:10)

Quando somos humildes, sentimos o quanto


dependemos do Senhor. Graças a essa sensação de
dependência, procuramo-Lo para conseguir ajuda e
orientação em muitos assuntos... e abrimos o coração e a
mente para recebê-la.
Certas pessoas dizem que não devemos aborrecer o
Senhor com coisas sem importância. Essa não deixa de ser
uma atitude orgulhosa, atitude de quem quer fazer as coisas
sozinho, em vez de ter o desejo de descobrir qual é a
vontade do Senhor e fazê-la.
No mundo, ouvimos falar muito de independência e
auto-confiança. Ouvimos falar muito de aprendermos a agir
por nós mesmos; afinal, não foi o Senhor quem nos
abençoou com um bom cérebro e a capacidade de raciocinar
e chegar a conclusões sozinhos?
Ainda assim, essa atitude afasta-nos do espírito de
humildade e confiança no Senhor. É claro que o Senhor quer
que façamos tudo o que estiver a nosso alcance, mas se
levarmos essa atitude de auto-suficiência a extremos,
começaremos a pensar que podemos levar a vida sem a
ajuda Dele.
Néfi abordou esse mesmo assunto: Será que existe algo
a respeito do qual eu não deva orar? Ou Será que devo orar
a respeito de tudo. Se é assim, por que não o fazemos? Por
que passamos dia após dia confiando em nossa própria
força?
Néfi lastima isso ao falar aos irmãos da igreja. Depois
de ensinar-lhes que o Espírito Santo "vos mostrará todas
as coisas que deveis fazer" (2 Néfi 32:5), diz: "E agora,
meus amados irmãos, percebo que ainda meditais em
vosso coração; e é-me doloroso falar-vos sobre isso". Em
outras palavras, ele diz: "Irmãos, detesto ter de falar essas
coisas a respeito da oração, porque vocês já deveriam
saber que é assim que recebemos esse tipo de orientação
do Espírito Santo. Entristeço-me de ter falar do assunto a
vocês, mas vou fazê-lo mesmo assim, porque é disso que
precisam".
Depois faz esta importante afirmação:

Porque, se désseis ouvidos ao Espírito que ensina o


homem a orar, saberíeis que deveis orar; porque o
espírito mau não ensina o homem a orar, mas ensina-lhe
que não deve orar. (2 Néfi 32:8)

O Senhor quer que cresçamos e nos tornemos fortes e


capazes de fazer muitas coisas boas, mas com tudo isso,
quer que confiemos no Espírito do Senhor para receber
orientação.
Satanás, porém, quer que dependamos dele. O diabo
não nos ensina a orar. Com isso não me refiro só a quem
não é da Igreja, digo que ele está trabalhando com cada um
de nós: "Como é, João, não precisa orar para falar disso; é
um assunto tão sem importância... Não perturbe o Senhor".
Ou então: "Maria, você consegue resolver sozinha". Ou
então: "Sei que hoje você está cansado. Não precisa orar
hoje, basta amanhã". É isso o que o diabo sussurra a nosso
ouvido, pois o espírito mau ensina o homem a não orar. Ao
mesmo tempo, o Espírito Santo ensina-nos a orar.
Pense neste versículo: "Mas eis que vos digo que deveis
orar sempre e não desfalecer". Quando devemos orar?
Sempre! "E nada deveis fazer", como? Nada!
(...) E nada deveis fazer para o Senhor sem antes orar ao
Pai em nome de Cristo, para que ele consagre para vós a
vossa ação, a fim de que a vossa ação seja para o bem-
estar de vossa alma. (2 Néfi 32:9)

Não se trata somente de orar antes de realizar nosso


trabalho na Igreja. Devemos orar pedindo orientação e
bênçãos em todas as áreas de nossa vida. Como ensinou
Alma:

(...) Roga a Deus por todo o teu sustento; sim, que todos
os teus feitos sejam para o Senhor e, aonde quer que
fores, que seja no Senhor; sim, que todos os teus
pensamentos sejam dirigidos ao Senhor, sim, que o afeto
do teu coração seja posto no Senhor para sempre.
Aconselha-te com o Senhor em tudo que fizeres e ele
dirigir-te-á para o bem (...). (Alma 37:36-37)

Muitas coisas foram ditas nesses versículos. O Senhor


sabe que há coisas que seríamos capazes de fazer sozinhos
se quiséssemos. (Ainda que em um nível mais profundo,
não sejamos capazes de fazer nada sozinhos, já que
pertencemos a Ele, o ar que respiramos pertence a Ele...
tudo em nossa vida é dádiva de Deus.) Contudo diz: "Sei
que são capazes de fazer muitas coisas sozinhos, mas se
quiserem que suas ações sejam para seu bem-estar
espiritual, têm de orar e consagrá-las a Mim". Muitas vezes
o objetivo desse tipo de oração é somente Lhe comunicar,
dizer a Ele o que pretende fazer e pedir Suas bênçãos.
Entretanto, ao mesmo tempo, devemos pedir que nos
ensine e oriente: "Será que estou no rumo certo? Haveria
alguma coisa que o Senhor gostaria que eu mudasse no que
estou para fazer? Está tudo bem? Será que haveria um jeito
melhor?"
É sempre perigoso dar tanta ênfase a essas idéias de ser
totalmente dependente do Senhor. Para algumas pessoas, é
muito fácil tornar-se fanático. Há quem ache que deveria ficar
o tempo todo ajoelhado orando, quando o que deveria fazer
é ir à luta, depois de orar, sem parar de orar mentalmente.
Algumas pessoas esperam que o Senhor faça tudo e lhes
revele coisas que não se deram ao trabalho de primeiro
ponderar mentalmente. (Ver D&C 9) Há quem se torne
extremista e, talvez, chegue a dizer com bastante orgulho:
"Nas duas últimas noites, orei a noite inteira; não dormi
nada", ou "jejuei três dias seguidos". Pode ser que algum
jovem ex-missionário diga: "Já esperei cinco anos para
encontrar uma esposa. Oro, oro, mas o Senhor ainda não a
colocou em meu caminho. Raramente saio com moças, mas
tenho certeza de que, quando o Senhor a encontrar, fará
com que ela me encontre".
Pode ser que outras pessoas fiquem estáticas, esperando
uma resposta do céu, quando na verdade, o Senhor talvez
exija que elas sigam em frente, continuem da melhor
maneira possível, antes de dar-lhes confirmação quanto ao
rumo que tomaram.
Brigham Young disse certa vez:

Caso eu não saiba qual é a vontade de meu Pai e o que


Ele quer de mim em determinado negócio, se Lhe pedir
que me conceda sabedoria no que se refere a qualquer
exigência da vida, ou a respeito do curso que eu, meus
amigos, família, filhos ou as pessoas a quem presido
devemos seguir, e Ele não responder; e, depois,
empenhar-me ao máximo para agir conforme o máximo
de minha sabedoria, Ele estará obrigado a reconhecer e
honrar o negócio, e o fará no que se refere a todos os fins
e propósitos. (Journal of Discourses 3:205)

À medida em que reconhecemos nossa dependência do


Senhor, nossa humildade aumenta, e aumenta nossa
capacidade de comunicação verdadeira com Ele. As pessoas
que se humilham sinceramente também fazem
sinceramente tudo a seu alcance para cumprir sua parte;
pois sabem que para que as suas orações sejam respondidas
é preciso que as duas partes estejam empenhadas, é preciso
que tanto o homem quanto Deus se envolvam.

O B E D E C E R OS M A N D A M E N T O S

O Rei Benjamim ensinou:

(...) Quisera que considerásseis o estado abençoado e feliz


daqueles que guardam os mandamentos de Deus. Pois
eis que são abençoados em todas as coisas, tanto
materiais como espirituais; (...). (Mosias 2:41)

Quanto mais guardamos os mandamentos, mais nos


tornamos capazes de receber as bênçãos do Senhor,
incluindo as respostas às orações.
Essa relação entre obedecer e conseguir respostas é
ensinada abertamente nas escrituras. Citarei apenas dois
exemplos:

Se não endurecerdes vosso coração e me pedirdes com fé,


acreditando que recebereis, guardando diligentemente os
meus mandamentos, certamente estas coisas vos serão
dadas a conhecer. (1 Néfi 15:11)

E qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos,


porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos o
que é agradável à sua vista. (I João 3:22)

ESTAR DISPOSTOS A FAZER SACRIFÍCIOS

Normalmente, as bênçãos não são gratuitas; é


característico do Senhor exigir obediência e sacrifício em
troca. Temos de "fazer sacrifício, pagar o preço".
Na maioria das vezes, o sacrifício toma a forma de
arrependimento: abandonamos os pecados e maus hábitos
aos quais insistimos em nos apegar. Contudo, quando os
abandonamos, somos muitíssimo abençoados, não somente
por livrarmo-nos do pecado, mas também porque a
influência que o Espírito tem em nossa vida aumenta.
O Senhor também Se referia ao sacrifício do
arrependimento quando disse:

Oferecerás um sacrifício ao Senhor teu Deus em


retidão, sim, um coração quebrantado e um espírito
contrito. (D&C 59:8)

Os sacrifícios podem, de fato, aumentar a força de nossa


oração, se os consagrarmos ao Senhor. Suponhamos, por
exemplo, que tenham um filho que se está desviando do
caminho da retidão. Creio que podem ajudar muito se
orarem por ele em casa. Podem arrepender-se de seus
pecados a ponto de a intervenção do Senhor na vida do
rapaz aumentar e salvá-lo. Não é que estejam pagando os
próprios pecados, isso Jesus fez. Contudo, por intermédio
de seu livre-arbítrio, de seu sacrifício, conseguem bênçãos
que não receberiam de outra forma. (É claro que tudo
continua a depender do livre-arbítrio da outra pessoa.
Nossas orações não suplantam o livre-arbítrio das pessoas
por quem oramos. Contudo, o sacrifício e oração fervorosa
podem ser de grande ajuda. Podemos realizar muitas coisas
por intermédio desse tipo de oração, mesmo que ele não
traga nossos entes queridos de volta para casa. Sem isso,
estamos perdidos.)
Precisamos também nos lembrar de sempre orar
pedindo que nos sujeitemos à vontade do Senhor em todas
as coisas. Com certeza, a vontade do Senhor será feita
sempre. Podemos fazer uma lista de todos esses pontos
importantes para melhorar nossas orações, elementos que
controlamos até certo ponto, mas temos de lembrar-nos
sempre que, a despeito do que desejemos e da diligência de
nosso empenho em fazer a nossa parte, a vontade do
Senhor é o fator final de controle.

INTENSIFICAR N O S S O D E S E J O

O Senhor disse que nos daria conforme nossos desejos.


(Ver, por exemplo, Enos 1:12; Alma 9:20; 18:35; 41:3-5; D&C
11:17.) Quando preparamos nossa mente e coração para
orar, podemos intensificar o desejo que temos de falar com
o Senhor, podemos empenhar-nos mais plenamente em
acertar os nossos desejos pelos de Deus e podemos desejar
com mais intensidade receber Suas respostas.
Quando os discípulos nefitas estavam orando na
presença de Jesus, "não repetiam muitas palavras, porque
lhes era manifestado o que deviam dizer e estavam cheios
de anelo." (3 Néfi 19:24)
Em nossa época, o Senhor prometeu:

E então, eis que te será feito de acordo com teus desejos,


sim, de acordo com tua fé. (D&C 11:17)

Essas promessas podem ser nossas, se as buscarmos.


Empenharmo-nos sinceramente faz parte da capacidade
de intensificar nosso desejo. Anteriormente, já examinamos
a promessa do Senhor a Martin Harris:

(...) Se prostrar-se perante mim e humilhar-se em


fervorosa oração e fé, com o coração sincero, então
permitirei que veja as coisas que deseja ver." (D&C 5:24)

Morôni também salientou a necessidade de sermos


sinceros na oração, quando disse:

[Perguntai] a Deus (...) se estas coisas não são


verdadeiras; e se perguntardes com um coração sincero e
com real intenção, tendo fé em Cristo, ele vos manifestará
a verdade delas (...)• (Morôni 10:4)

ELIMINAR A RAIVA E A C O N T E N D A DO C O R A Ç Ã O

Na ocasião em que meu filho quis ajuda para procurar


o chapéu e a carteira, eu sabia que não poderíamos ajudá-
lo por meio de oração, porque ele estava muito zangado.
Simplesmente não é possível conseguirmos respostas para
as orações quando estamos sentindo raiva. Contudo, depois
de passar algum tempo de joelhos, para humilhar-se e
deixar que o Senhor eliminasse a raiva que sentia, ele estava
preparado para que tentássemos ajudá-lo a buscar a
resposta que desejava.
É claro que esse princípio não se aplica somente à raiva,
mas a todas as emoções negativas: luxúria, ciúme, cobiça,
contenda, vingança, amargura, dúvida, etc.

DISCIPLINAR-SE M E N T A L M E N T E

Jacó falou da bênção que recebemos sendo mentalmente


disciplinados quando oramos:

(...) Eu, Jacó, desejo falar a vós, que sois puros de coração.
Confiai em Deus com a mente firme e orai a ele com
grande fé; e ele consolar-vos-á nas aflições e defenderá
vossa causa e enviará justiça sobre os que procuram a
vossa destruição. (Jacó 3:1)

O Senhor aconselhou Oliver Cowdery, dizendo que não


mais seria bem-sucedido em receber inspiração para
traduzir o Livro de Mórmon, se primeiro, não o
"[estudasse] bem em [sua] mente". (D&C 9:8) Concentrar os
pensamentos em um problema ajuda-nos a estar abertos à
inspiração do Senhor.
Tiago, no Novo Testamento, acrescenta o seu
testemunho de como a concentração mental é importante
no que se refere a receber respostas para as orações:

E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a


Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto,
e ser-lhe-á dada.
Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; porque o
que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada
pelo vento, e lançada de uma para outra parte.
Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma
coisa.
O homem de coração dobre é inconstante em todos os
seus caminhos. (Tiago 1:5-8)

Centralizar e concentrar os pensamentos na oração e na


bênção que buscamos, é um importante exercício de arbítrio
que nos ajuda a qualificarmo-nos para receber as bênçãos
do Senhor. Essa concentração faz parte da fé, e a fé é
fundamental para recebermos respostas para as orações.
Há duas bênçãos importantes que alcançamos quando
preparamos o coração e a mente para receber as respostas e
bênçãos do Senhor:
Primeiro, isso ajuda-nos a qualificarmo-nos para receber
a bênção que buscamos. O Senhor atende-nos quando nos
empenhamos em ser íntegros, tanto na aparência exterior
quanto interiormente, e deseja responder às nossas orações
e ajudar-nos em nossos problemas.
Segundo, quando voltamos o coração e mente para o
Senhor, aumenta a nossa capacidade de receber as respostas
que Ele envia. Por intermédio de Joseph Smith, o Senhor
disse:

(...) Eis que eu te falarei em tua mente e em teu coração,


pelo Espírito Santo que virá sobre ti e que habitará em teu
coração.
Ora, eis que este é o espírito de revelação (...). (D&C
8:2-3)

O Rei Lími disse aos de seu povo que receberiam as


bênçãos que buscavam do Senhor caso "[se voltassem] para
o Senhor com todo o coração e [colocassem a] confiança
nele e o [servissem] com toda diligência de [sua] mente".
(Mosias 7:33)
O mesmo acontecerá conosco. Se quisermos receber as
respostas para nossas orações, como meu querido filhinho,
no caso da batedeira perdida, temos primeiro de preparar
nosso coração e mente.

R E C E B E R RESPOSTAS COM R A P I D E Z

Antes de encerrarmos o capítulo, quero responder a


uma pergunta que sempre me fazem: Haverá alguma coisa
que determine a presteza com que o Senhor responde?
Por trás da pergunta temos a observação de que parece
que o Senhor responde às orações de algumas pessoas
imediatamente, enquanto outras têm de lutar por muito
tempo.
Acho que em Doutrina e Convênios 101 encontramos
uma boa resposta para essa pergunta:

Foram vagarosos em atender à voz do Senhor seu


Deus; portanto o Senhor seu Deus é vagaroso em atender
a suas orações, em responder-lhes no dia de suas
tribulações.
No dia de sua paz, trataram com leviandade meus
conselhos; mas, no dia de suas tribulações, buscaram-me
por necessidade, (vv. 7-8)

Nesses versículos o Senhor lamenta; lamenta que a


maioria de nós não encare as coisas com seriedade, exceto
em casos de extrema urgência. Então, imploramos a ajuda
do Senhor.
Ele está dizendo basicamente: "Onde estavam quando
as coisas iam bem? Por que não Me buscaram então?"
Acredito que quando somos vagarosos em dar ouvidos
à voz do Senhor, Ele seja vagaroso em dar ouvidos a nossas
orações e responder-nos no dia de nossas tribulações.
É claro que, ainda que no passado tenhamos sido lentos
em voltar-nos a Deus, podemos arrepender-nos; pois o
Senhor prossegue:

Em verdade eu te digo: Apesar de seus pecados,


minhas entranhas estão cheias de compaixão por eles.
(D&C 101:9)

Acho que se quiserem aumentar a presteza com que o


Senhor lhes responde, precisam aumentar a presteza com
que vocês respondem à voz do Espírito.
Há uma segunda condição: Não podemos atender de
má vontade. "(...) O Senhor requer o coração e uma mente
solícita (...)"; não somente exige que sejamos "obedientes",
mas também que sejamos "solícitos". (D&C 64:34) Exige
ainda que recebamos todas as Suas dádivas com gratidão,
até as que aparentem ser provações:

Tendes ordem porém de, em todas as coisas, pedir a


Deus, que dá liberalmente; e aquilo que o Espírito vos
testificar, assim quisera eu que fizésseis em toda
santidade de coração, andando retamente perante mim,
refletindo sobre o resultado de vossa salvação, fazendo
todas as coisas com oração e ação de graças (...). (D&C
46:7)

Para concluir, se queremos que o Senhor responda


rapidamente, temos de ser humildes. Em Doutrina e
Convênios 112 encontramos estas belas palavras: "Sê
humilde; e o Senhor teu Deus te conduzirá pela mão e dará
resposta a tuas orações", (v. 10) Que pensamento! Se formos
humildes, Ele há de conduzir-nos pela mão e mostrar-nos
que sacrifício temos de fazer; depois, dará a resposta a
nossas orações.
Com tudo isso, temos, porém, de lembrar-nos de que
mesmo que o Senhor seja rápido em responder, talvez nem
sempre Sua resposta seja " s i m " . Dependendo de Sua
sabedoria e vontade, a resposta pode ser "não" ou "talvez
depois".
Então, em resumo, o que normalmente determina nossa
capacidade de receber respostas com rapidez somos nós
mesmos: nosso próprio coração e mente. Se formos puros
de coração e mente, se eles estiverem voltados para o
Senhor, e se estivermos tentando colocar em prática os
princípios que discutimos neste capítulo, aprenderemos a
aumentar a nossa capacidade de receber respostas com
maior rapidez e clareza.

Pontos a Ponderar
1. Por que é tão importante preparar o coração e mente antes de
orar?

2. Cite algumas das principais maneiras pelas quais podemos


edificar a fé.
3. Por que o arrependimento é tão importante para recebermos
bênçãos do Senhor?

4. De acordo com os ensinamentos de Néfi, quais são algumas das


coisas pelas quais não devemos orar? Ou será que devemos orar
por tudo? Por quê?

5. Quem nos ensina a não orar? Por quê?

6. Qual é o risco de salientarmos a verdade de que somos


totalmente dependentes do Senhor? Como podemos ser
dependentes sem incorrer nesse risco?

7. O que Brigham Young ensinou que deveríamos fazer se


pedíssemos orientação ao Senhor e não recebêssemos resposta?
8. Quando pedimos uma bênção, normalmente temos que dar
algo em troca. Na maioria das vezes, o que é exigido?

9. Que forma a maioria dos sacrifícios assume?

10. Como podemos intensificar os desejos adequados?

11. Por que é impossível ouvir a resposta do Senhor quando


estamos raivosos ou cheios de qualquer outro sentimento
negativo?

12. O que determina se receberemos as respostas com rapidez ou


não? (Perguntem-se: "Em que posso melhorar para receber
respostas com maior rapidez na vida?")
C A P Í T U L O 3

ALGUMAS SUGESTÕES QUANTO


À PRÁTICA DA ORAÇÃO

S e já preparamos o coração e mente para orar, o Senhor irá


ouvir-nos e abençoar-nos. A disposição de nosso coração é
mais importante do que a nossa forma de abordagem em si.
Contudo, seremos mais abençoados se orarmos da
maneira que o Senhor prescreveu. Falarei a vocês de alguns
elementos essenciais na prática da oração.

D I R I G I R - N O S A D E U S COMO N O S S O PAI

No Pai Nosso, Jesus disse que deveríamos começar


dizendo: "Pai nosso, que estás no céu". (Mateus 6:9)
Em uma reunião em Kirtland, no Estado de Ohio, Heber
C. Kimball contou uma experiência que teve com a filha, e
que demonstrou o poder compensador que advém de
dirigirmo-nos a nosso Pai com fé:

"Um dia, quando minha mulher estava saindo para


fazer uma visita, deu ordens à minha filha Helem Mar de
que não tocasse nos pratos; pois se ela quebrasse alguma
coisa em sua ausência, iria apanhar quando voltasse.
Enquanto minha mulher não estava, minha filha
derrubou a mesa e quebrou vários pratos. Então foi lá
para fora e orou embaixo de uma macieira, pedindo que
o coração da mãe se abrandasse, de modo que, quando
voltasse, não lhe batesse. Quando prometia algo às
crianças, a mãe fazia questão de cumprir; e quando
voltou, considerou seu dever cumprir a promessa que
fizera. Foi com ela para o quarto, mas não teve forças
para castigá-la. Seu coração estava tão brando, que lhe foi
impossível levantar a mão para a filha. Depois, Helen
contou à mãe que havia orado pedindo ao Senhor que ela
não lhe batesse".
Heber interrompeu a história singela que contava. Os
olhos de quem o ouvia estavam rasos d'água. O Profeta
Joseph chorava como criança. Ele disse aos irmãos que
esse era o tipo de fé que precisavam: a fé de uma
criancinha, que se dirigia humildemente ao Pai e pedia o
que almejava. (Orson F. Whitney, The Life of Heber C.
Kimball, Salt Lake City: Bookcraft, 1945, p. 69.)

Tivemos uma experiência semelhante em nossa própria


família. Certo dia, cheguei do trabalho e encontrei meu filho
mais novo muito sério. Com ar de extrema tristeza,
abraçou-me e pediu-me que fosse ao quarto com ele.
Ali, em cima da cama, estavam o meu termômetro do
quintal e uns sete dólares em notas e moedas (todo o
dinheiro que ele tinha). Entre suas lágrimas, percebi que ele
estava triste de verdade, mas tinha quebrado o termômetro
com uma bolada. O pior é que, uma semana antes, tinha
quebrado também o termômetro do jardim. (Esse eu
consegui consertar.) Ele sabia que tive trabalho para regular
os dois termômetros de modo a funcionarem em harmonia
para medir a temperatura de dois lugares, e que também
regulara o termostato que tínhamos dentro de casa de
acordo com eles. Ele tinha certeza absoluta de que eu ficaria
muito aborrecido.
Abracei-o e disse que o perdoava. Ele estava tão
arrependido que não tive coragem de fazer com que pagasse
o estrago, apesar de ser o que eu normalmente faria.
Mais tarde, na mesma noite, ele me disse que, de
manhã, havia orado fervorosamente, pedindo ao Senhor
que o pai não ficasse zangado com ele. Ele sabia que sua
oração tinha sido respondida.
Algo que aconteceu na manhã seguinte fez com que
tudo isso fosse ainda mais enternecedor. Quando estávamos
lendo as escrituras, começamos a falar de como o Espírito
se achega a nós e nos abençoa. Perguntei às crianças: "Qual
foi a última vez em que verdadeiramente sentiram que o
Espírito os ajudou?" Meu filho mais novo respondeu, muito
emocionado: "Foi ontem".
Então, contou-me que, assim que saí do quarto na noite
anterior, orou outra vez. Ajoelhou-se e agradeceu a Deus
de todo o coração por responder-lhe a oração e ajudar seu
pai a não ficar aborrecido com ele. Disse: "Acho mesmo
que Espírito me influenciou e consegui que minha oração
fosse respondida. Fico contente por ter agradecido ao
Senhor."
Sou grato porque podemos recorrer ao Pai com
simplicidade, como essas histórias e o Pai Nosso
demonstram. O que Ele quer não é ouvir palavras difíceis;
quer ouvir palavras simples que venham do coração e
digam o que sentimos. Se O reconhecerem como sendo o
seu Pai Celestial e tratarem-No assim (e eu saliento: como
sendo seu Pai), suas orações terão muito mais impacto.

O R A R EM N O M E DE JESUS C R I S T O

Jesus é o nosso Senhor e Salvador. É nosso advogado


junto ao Pai. Devemos fazer tudo em Seu nome. Essa é uma
das regras dadas por Deus desde o princípio. Um anjo
ensinou a Adão:

(...) Farás tudo o que fizeres em nome do Filho; e


arrepender-te-ás e invocarás a Deus em nome do Filho
para todo o sempre. (Moisés 5:8)

Néfi reiterou esse princípio:

(...) Nada deveis fazer para o Senhor sem antes orar ao


Pai, em nome de Cristo (...). (2 Néfi 32:9)

O Senhor ensinou a mesma coisa a Seus discípulos


quando estava na Terra:

(...) Tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para


que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma
coisa em meu nome, eu o farei. (João 14:13-14)

Estes são os princípios básicos da oração: Orar com


sinceridade de coração e pensamento, dirigir-se ao Pai e
orar em nome de Jesus Cristo. Se fizermos essas coisas, tudo
mais entrará nos eixos.
Há, porém, mais coisas que devemos considerar. Aqui
estão alguns aspectos da prática da oração que devem ter
em mente:

E N C O N T R A R UM L U G A R C A L M O

O Senhor disse a Oliver Cowdery:

Se desejas mais um testemunho, volve tua mente para a


noite em que clamaste a mim em teu coração a fim de
saberes a respeito da veracidade destas coisas.
Não dei paz a tua mente quanto ao assunto? Que
maior testemunho podes ter que o de Deus? (D&C
6:22-23)

O Senhor normalmente nos fala por sussurros


tranqüilos. Se não estivermos em um lugar tranqüilo,
sossegado, quando nos dirigirmos a Ele, é possível que não
escutemos (ou sintamos) Suas respostas.
AJOELHAR-SE

O ato de ajoelharmo-nos, quando possível, demonstra


nossa humildade e confiança no Senhor. Demonstra que
reconhecemos a Sua grandiosidade e nossa "nulidade",
como diria o Rei Benjamim. (Ver Mosias 4:11.)
Já citamos o que o Senhor disse a Martin Harris como
censura e promessa:

(...) Ele se exalta a si mesmo e não se humilha


suficientemente perante mim; mas se prostrar-se perante
mim e humilhar-se em fervorosa oração e fé, com o
coração sincero, então permitirei que veja as coisas que
deseja ver. (D&C 5:24)

PONDERAR E ESTUDAR M E N T A L M E N T E

No que se refere à oração e revelação, nossa mente


precisa estar ativa e envolvida em algo, caso queiramos
receber respostas do Senhor. Se tudo o que fizermos for
esperar passivamente que surja algo em nossa mente vazia,
vamos ficar esperando. O Senhor exige que utilizemos
nosso arbítrio como um requisito prévio importante para
recebermos as respostas para as orações. O processo inclui a
ponderação e a reflexão.
O Senhor disse a Oliver Cowdery:

Eis que não compreendeste; supuseste que eu o


concederia a ti, quando nada fizeste a não ser pedir-me.
Mas eis que eu te digo que deves estudá-lo bem em
tua mente; depois me deves perguntar se está certo e, se
estiver certo, farei arder dentro de ti o teu peito; portanto
senti rás que está certo.
Mas se não estiver certo, não terás tais sentimentos;
terás, porém, um estupor de pensamento que te fará
esquecer o que estiver errado; portanto não podes
escrever aquilo que é sagrado a não ser que te seja
concedido por mim. (D&C 9:7-9)

Como percebem nesta declaração do Senhor, Ele não


quer que somente peçamos, supondo que Ele resolverá
todos os nossos problemas. Isso faria com que ficássemos
dependentes e fracos. Em vez disso, quer que participemos
da solução de nossos problemas; portanto, temos de pensar
no assunto, ponderá-lo, quem sabe pedir conselhos a outras
pessoas e, depois, pedir ao Senhor que confirme nossa
decisão ou rumo.
O Senhor deixa claro também que se o rumo ou decisão
que tomamos não estiver certo, Ele nos dará um estupor de
pensamento, que fará com que esqueçamos o rumo ou
decisão que tomamos. Se uma coisa não é certa e
esperarmos um pouco, muitas vezes, em poucos dias
teremos sentimentos diametralmente opostos aos que
tivemos anteriormente e, com isso, receberemos a resposta
para nossa oração.

PEÇAM!

O Senhor raramente responde às perguntas que não


fizemos. Raramente concede-nos coisas que não pedimos.
Jesus ensinou esse princípio quando estave na Terra. Ele
disse:

Pedi, e dar-se-vos-á; buscai,e encontrareis; batei, e


abrir-se-vos-á.
Porque, aquele que pede, recebe; e, o que busca,
encontra; e, ao que bate, abrir-se-lhe-á.
E qual de entre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o
seu filho, lhe dará uma pedra?
E, pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente?
Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos
vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus,
dará bens aos que lhe pedirem? (Mateus 7:7-11)

Encontramos essa promessa em muitas passagens de


escrituras. Se quiserem ver com os próprios olhos a
abrangência do que o Senhor nos promete caso peçamos,
vejam Tiago 4:2-3; 2 Néfi 32:4; 3 Néfi 27:28-29 e Doutrina e
Convênios 6:5, 42:68 e 103:31.
Entretanto, existem certas condições. Temos de crer
(Mateus 21:22; Enos 1:15); temos de estar em Cristo e
permitir que as Suas palavras estejam em nós (João 15:7);
temos de "[guardar] os seus mandamentos e [fazer] o que é
agradável à sua vista" (I João 3:22); temos de pedir
"segundo a sua vontade" (I João 5:14); temos de "não pedir
impropriamente" (2 Néfi 4:35); temos de pedir o que é
"justo" (Mosias 4:21; 3 Néfi 18:20); temos de "crer em Cristo,
sem de nada duvidar" (Mórmon 9:21); temos de pedir "o
que for bom, (...) com fé e crendo que [receberemos]"
(Morôni 7:26) e temos de pedir o que for "para [nosso]
bem" (D&C 88:64).
Néfi resume muito bem essas exigências:

Se não endurecerdes vosso coração e me pedirdes com fé,


acreditando que recebereis, guardando diligentemente os
meus mandamentos, certamente estas coisas vos serão
dadas a conhecer. (1 Néfi 15:11)

O ato de pedir é tão importante que dele dependeu até a


restauração do evangelho. Eis o relato que Joseph Smith fez
falando de como o ato de pedir levou-o a ter a Primeira
Visão (e a todos os acontecimentos posteriores):

Em meio à inquietação extrema causada pelas


controvérsias desses grupos de religiosos, li um dia na
Epístola de Tiago, primeiro capítulo, versículo cinco, o
seguinte: £, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a
Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e

Jamais uma passagem de escritura penetrou com mais


poder no coração de um homem do que essa, naquele
momento, no meu. Pareceu entrar com grande força em
cada fibra de meu coração. Refleti repetidamente sobre
ela, tendo consciência de que se alguém necessitava de
sabedoria de Deus, era eu, (...)
Finalmente cheguei à conclusão de que teria de
permanecer em trevas e confusão, ou fazer como Tiago
aconselha, isto é, pedir a Deus. Resolvi "pedir a Deus",
concluindo que, se ele dava sabedoria aos que tinham
falta dela e concedia-a liberalmente, sem censura, eu
podia aventurar-me.
Assim, seguindo minha determinação de pedir a Deus,
retirei-me para um bosque a fim de fazer a tentativa. Foi
na manhã de um belo e claro dia, no início da primavera
de 1820. (Joseph Smith-História 1:11-14; grifo do autor)

Joseph escreveu o seguinte, depois que o céu se abriu e


Deus concedeu-lhe a Sua luz da verdade:

Descobrira ser verdadeiro o testemunho de Tiago: que


um homem que necessitasse de sabedoria podia pedi-la a
Deus e obtê-la, sem ser repreendido. (Joseph
Smith-História 1:26; grifo do autor)

Pela experiência que tenho com muitos membros, o que


percebi é que se lutam para conseguir respostas, não é
porque não sejam dignos ou não estejam à altura, mas
porque não pedem (ou p e d e m u m a ou duas vezes e
desistem, sem verdadeiramente persistir e implorar que o
S e n h o r responda). É claro que a dignidade pessoal é
necessária, como já discutimos, mas esta é a promessa: se
pedirmos com sinceridade de coração, receberemos.
Q u a n d o estiverem lutando contra a sensação de não
serem dignos, de não merecerem ou de não estarem à
altura, lembrem-se de que o Senhor não exige que sejamos
perfeitos nem quase perfeitos para responder às nossas
orações. O que deseja é dar-nos as respostas que nos serão
de ajuda no longo caminho da perfeição. O que exige é que
peçamos... e não basta pedir uma vez e acabar com a
história. Temos de pedir repetidamente, com persistência e
vontade sincera.
Não nos devemos esquecer de que existe uma grande
diferença entre pedir conhecimento ao Senhor e pedir que
Ele interfira nos acontecimentos da vida ou em fatores como
o tempo, doenças, o comportamento de outras pessoas, etc.
Por um lado, o Senhor prometeu muitas vezes que está
à espera para derramar conhecimento sobre a cabeça dos
membros da Igreja. Nesse caso, parece que há poucas
barreiras para recebermos as repostas, contanto que nos
humilhemos e peçamos.
Por outro lado, pedir que o Senhor mude
acontecimentos ou fatores que afetem a nós mesmos ou
outras pessoas é bem mais complicado porque há muitas
variáveis. No caso de tentar alterar fatores como o tempo,
as provações de alguém e os acontecimentos da vida, pode
ser que o Senhor tenha determinado muitos desses fatores
ou acontecimentos com algum propósito que
desconheçamos.
Quando a questão é orar pedindo a modificação do
comportamento de outra pessoa, não se pode desrespeitar
o livre-arbítrio dela, ou, talvez, o Senhor tenha um plano
particular em andamento para o desenvolvimento dessa
pessoa, ou outros estejam sendo influenciados ou
abençoados por orar por ela, etc.
Considerando-se tudo o que não sabemos, quando
pedimos ao Senhor que mude determinados
acontecimentos ou fatores, faríamos bem se orássemos
sinceramente ao Senhor, pedindo que faça o melhor para
todos os envolvidos, e confiássemos sempre Nele.

A L I N G U A G E M DA O R A Ç Ã O

Deus fica feliz quando demonstramos respeito a Ele


utilizando a linguagem de oração formal. Em vez de utilizar
expressões altamente familiares como "você" e similares,
devemos utilizar a linguagem das escrituras: "vós",
"vosso", etc.
Há quem não se sinta à vontade para utilizar esse tipo
de linguagem por achar que não a emprega bem. Porém,
quanto mais orarmos dessa maneira e aprendermos esse
tipo de linguagem respeitosa, imergindo-nos nas escrituras,
maior será nossa facilidade de utilizá-la em nossas orações.

Assim pois é que vós haveis de orar: Pai nosso que


estais nos céus: santificado seja o vosso nome. (Mateus
6:9)

N Ã O REPETIR M U I T A S PALAVRAS

Quando os discípulos nefitas estavam orando na


presença de Jesus, deram-nos um bom exemplo. Diz o
relato:

(...) Continuavam orando a ele, sem cessar; e não


repetiam muitas palavras, porque lhes era manifestado o
que deviam dizer e estavam cheios de anelo." (3 Néfi
19:24)

Isso está em harmonia com o mandamento que o


Senhor deu aos judeus, em Seu ministério mortal. Ele disse:
"E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios,
que pensam que por muito falarem serão ouvidos".
(Mateus 6:7; ver também, 3 Néfi 13:7.)
Quando oramos em público, devemos tomar o cuidado
de nunca ser dominados pelo desejo de ser honrados pelos
homens. (O que faria com que orássemos sem sinceridade
ou que alongássemos a oração sem necessidade.) Devemos
tomar o mesmo cuidado quanto a orarmos para o público
de pessoas mortais, em vez de orarmos apenas para ser
ouvidos pelo Senhor. Devemos sempre ter o cuidado de
evitar os floreios quando oramos e de não orarmos para
impressionar. Certamente esse tipo de abordagem não
agrada ao Senhor, e Ele não responderá às orações de
alguém que não estava concentrado no Senhor, ou que ora
sem sinceridade.

O R A R EM V O Z A L T A

O Senhor disse a Martin Harris uma coisa que se aplica


a todos nós:

(...) [Ordeno-te] que ores em voz alta, assim como em teu


coração; sim, perante o mundo, como também em
segredo; em público, assim como em particular. (D&C
19:28)

Existe certa força na oração em voz alta. Ela ajuda-nos a


concentrar os pensamentos e sentimentos.
Algumas das orações mais importantes que temos
registradas foram feitas em voz alta. Falando da grandiosa
oração intercessória que Jesus proferiu pouco antes de
entrar no jardim do Getsêmani, João disse: "Jesus falou
assim (...)". (João 17:1) Temos algumas das palavras que
Jesus disse no jardim, o que indica que, pelo menos parte da
oração foi em voz alta. (Ver Mateus 26:39^44.) Quando Jesus
esteve entre os nefitas, orou em voz alta, com palavras que
"não podem ser escritas". (3 Néfi 17:15)
Ao que parece, houve outras pessoas que oraram em
voz alta. Néfi escreveu: "Durante o dia eu ousadamente lhe
dirigi fervorosa oração; sim, elevei minha voz (...)". (2 Néfi
4:24) Enos disse:

(...) Ajoelhei-me ante o meu Criador e clamei-lhe, em


fervorosa oração e súplica, por minha própria alma; e
clamei o dia inteiro; sim, e depois de ter anoitecido,
continuei a elevar minha voz até que ela chegou aos céus.
(Enos 1:4)

Néfi, filho de Helamã, foi à torre em seu jardim para orar, e


os passantes ouviram a oração. (Ver Helamã 7:6-11.) Na
ocasião em que Alma e seu povo foram sujeitados ao
cativeiro pelos lamanitas, clamaram a Deus pedindo que os
libertasse, até que os guardas receberam ordens de matar
todos os que orassem em voz alta. (Ver Mosias 24:10-12.)
Finalmente, temos Joseph Smith, que orou em voz alta
no Bosque Sagrado e, com isso, abriu as portas da grandiosa
restauração do evangelho nesta última dispensação dos
tempos. (Ver Joseph Smith—História 1:14.)
Ainda que essas instruções quanto à oração em voz alta
sejam muito importantes, o Senhor constantemente ensina
também a orar em segredo. Às vezes pode ser somente um
pensamento, um sentimento ou uma expressão de gratidão,
mas esse tipo de oração é igualmente eficaz. A oração pode
ser simples como se disséssemos no coração: "Pai Celestial,
ajude-me, por favor", ou "Fale, Senhor, o Teu servo ouve",
sabendo que o Senhor realmente responde esse tipo de
oração, bem como ao outro. O Senhor disse a Oliver
Cowdery:

[Procuraste-mel e eis que, tantas vezes quantas inquiriste,


recebeste instruções de meu Espírito. (...)
Eis que tu sabes que me inquiriste e que te iluminei a
mente; e agora te digo estas coisas para que saibas que
foste iluminado pelo Espírito da verdade;
Sim, digo-te para que saibas que ninguém há, a não ser
Deus, que conheça teus pensamentos e os intentos de teu
coração. (D&C 6:14-16)

Fica claro que Oliver Cowdery tinha perguntado algo


ao Senhor e não percebeu que havia recebido a resposta. O
Senhor, então, revelou que sabia que Oliver tinha orado a
Ele e que havia respondido à oração. Outra coisa que
deixou claro foi que somente Deus sabe os intentos do
coração das pessoas.
Há muitas ocasiões em que é adequado que oremos em
silêncio, e há outras em que preferimos orar em voz alta.
Seja como for, no decorrer dos anos, os profetas ensinaram
que ao menos duas vezes ao dia, devemos arranjar um
lugar isolado, ajoelhar-nos e abrir nosso coração ao Pai
Celestial. Depois, durante o dia, podemos empenhar-nos ao
máximo para ter sempre uma oração no coração. Fazendo
isso, se nossa intenção for correta, veremos que a força e
objetividade de nossas orações aumentou e que estamos em
melhores condições de receber respostas.

O R A R REPETIDAMENTE

O Senhor não gosta de repetições vãs, mas quando


oramos com toda a sinceridade, nossos pedidos não são
"vãos", ainda que muitas vezes sejam repetidos.
Quando estávamos tentando encontrar o chapéu e a
carteira de meu filho, achamos que vinha ao caso invocar o
Senhor várias vezes. Oramos juntos, depois, oramos
novamente quando chegamos ao campo. Enquanto o
percorríamos, não deixamos de ter uma oração no coração.
Depois que encontramos o que havia sido perdido, fizemos
uma oração sincera de agradecimento.
Logo depois de ter-nos ensinado a orar, com o Pai
Nosso, o Senhor deu-nos uma parábola que nos ajuda a
compreender esse conceito. Ele disse:
Qual de vós terá um amigo, e, se for procurá-lo à meia-
noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães,
Pois que um amigo meu chegou a minha casa, vindo
de caminho, e não tenho que apresentar-lhe;
Se ele, respondendo de dentro, disser: Não me
importunes; já está a porta fechada, e os meus filhos estão
comigo na cama; não posso levantar-me para tos dar;
Digo-vos que, ainda que não se levante a dar-lhos, por
ser seu amigo, levantar-se-á, todavia, por causa da sua
importunação, e lhe dará tudo o que houver de mister.
E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e
achareis; batei, e abrir-se-vos-á. (Lucas 11:5-9)

Aqui, o Senhor está dizendo que podemos invocar o Pai


Celestial repetidas vezes para pedir a mesma coisa. Desse
modo, demonstramos nossa sinceridade e a intensidade de
nosso desejo. Pode haver quem tema que nesse processo nos
repitamos demais. O Senhor sabe que pediremos as mesmas
coisas em oração muitas vezes no decorrer dos anos. Talvez
até repetindo muitas palavras. Isso não é problema. A meu
ver, a repetição só é problema quando não há sinceridade de
nossa parte, e estamos meramente proferindo palavras; aí,
passa a ser a repetição vã, que o Senhor condena.

ESTAR A T E N T O PARA ESCUTAR AS RESPOSTAS

Considerando-se que o Senhor fala normalmente com


voz mansa e delicada, muitas vezes não escutamos Suas
respostas, a menos que despendamos tempo para escutar.
Creio que as melhores orações são muitas vezes pontuadas
de silêncio; não estamos somente falando com nosso Pai,
estamos também escutando o que Ele responde. Sendo
assim, quando terminamos a oração, permanecemos de
joelhos por alguns momentos, antes de darmos
prosseguimento aos afazeres do dia, para continuarmos a
buscar sentimentos e respostas.
Pontos a Ponderar
1. Cite alguns dos princípios mais básicos da oração.

2. Por que é bom procurar um lugar silencioso e tranqüilo para


orar?

3. O que o ato de ajoelharmo-nos diante do Senhor simboliza?

4. Por que o Senhor muitas vezes exige que ponderemos como


parte de nossa preparação para receber a resposta de nossa
oração?

5. Apesar de serem dignos, muitos membros têm de lutar para


receber respostas. Por quê?
6. Por que é importante que sejamos persistentes em orar e não
desistamos facilmente?

7. Quais são as vantagens de orarmos em voz alta? E as de


orarmos em silêncio?
C A P I T U L O 4

PRINCÍPIOS QUE TORNAM A


ORAÇÃO MAIS EFICAZ

M á não muito tempo, um de nossos filhos, que estava na


missão, escreveu para casa e contou-nos uma experiência
comovente que teve com a oração.
Ele estava andando de bicicleta no escuro, atrás do
companheiro, em algum lugar de Pachua, no México.
Estavam atrasados para uma palestra. Ele disse: "Enquanto
corríamos no escuro, senti que devia orar. Foi o que fiz. Orei
agradecendo por ser missionário, por estar no México e por
servir aos lamanitas. Fiz o melhor que pude para exprimir
minha gratidão ao Senhor;
Bem no meio da oração, senti o Espírito dizer-me:
'Coloque a outra mão no guidom'. (Como sabe, sempre
ando de bicicleta com uma só mão.) Obedeci e, em questão
de segundos, quase dei com a bicicleta em um buraco fundo
no meio da estrada. Como eu estava usando as duas mãos,
consegui desviar do buraco e ir em frente em segurança."
Ele poderia ter-se machucado gravemente, mas saiu
ileso. Desse incidente, tirou duas conclusões importantes.
Disse: "Muitas vezes acontece algo que me lembra de como
a voz do Espírito é suave. É tão suave que se não estivermos
tranqüilos, não a escutaremos". Ele testificou também:
"Acredito que se não estivesse orando naquele exato
momento, não teria ouvido a voz. Como estava orando,
ouvi".
Ouvimos a voz do Espírito mais facilmente quando
estamos constantemente em oração; e quando a
reconhecemos e obedecemos, nossa oração torna-se mais
eficaz.
Creio, portanto, que aprendemos a ouvir melhor o
Espírito quando aprendemos a orar constantemente. Acho
que precisamos aprender a orar o dia todo; orar quanto a
coisas grandes e pequenas só para ter certeza, só para
conversar, dizer ao Senhor o que sentimos e o que estamos
fazendo.
Mas isso não é tudo. Temos ainda de estar abertos a
qualquer ordem que Ele nos queira dar. Às vezes a ordem
chega de um modo impressionante; às vezes, não chega
quase nada, mas precisamos estar abertos.
Quero salientar que, quando aprendemos
verdadeiramente a orar sem cessar (a ter o coração
quebrantado e voltado para o Senhor, e o espírito contrito);
quando aprendemos a fazer isso, criamos um ambiente em
que o Senhor pode falar diretamente a nós; e no qual
ouvimos a Sua voz.
O Senhor quer que sejamos Seus amigos em oração, tanto
quando tudo vai bem quanto nos dias difíceis. Temos de
tentar "[buscar a Deus] em cada pensamento". (D&C 6:36)
Este é um importante princípio da oração: reconhecer
que dependemos de Deus e sempre na vida buscar Seu
poder e bênçãos. Neste capítulo, falaremos desse princípio
da oração e de vários outros.

RECONHECER QUE D E P E N D E M O S DO S E N H O R

Parece que a maioria de nós tenta resolver os problemas


sozinha, contando com a própria força. E, na verdade, o
Senhor ordenou que orássemos quanto a todas as coisas:
Portanto permita Deus, meus irmãos, que comeceis a
exercer vossa fé para o arrependimento, que comeceis a
invocar seu santo nome, para que tenha misericórdia de
vós.
Sim, clamai a ele por misericórdia, porque ele é
poderoso para salvar.
Sim, humilhai-vos e continuai em oração a ele.
Clamai a ele quando estiverdes em vossos campos,
sim, por todos os vossos rebanhos.
Clamai a ele em vossas casas, sim, por todos os de
vossa casa, tanto de manhã como ao meio-dia e à noite.
Sim, clamai a ele contra o poder de vossos inimigos.
Sim, clamai a ele contra o diabo, que é o inimigo de
toda retidão.
Clamai a ele pelas colheitas de vossos campos, a fim de
que, por meio delas, prospereis.
Clamai pelos rebanhos de vossos campos, para que
aumentem.
Mas isto não é tudo; deveis abrir vossa alma em vossos
aposentos e em vossos lugares secretos e em vossos
desertos.
Sim, e quando não clamardes ao Senhor, deixai que se
encha o vosso coração, voltado continuamente para ele
em oração pelo vosso bem-estar, assim como pelo bem-
estar de todos os que vos rodeiam. (Alma 34:17-27)

Aparentemente, não restam dúvidas de que devemos


orar quanto a todas as coisas. Como o Senhor disse nesta
dispensação:

Tendes ordem porém de, em todas as coisas, pedir a


Deus, que dá liberalmente; e aquilo que o Espírito vos
testificar, assim quisera eu que fizésseis em toda
santidade de coração, andando retamente perante mim,
refletindo sobre o resultado de vossa salvação, fazendo
todas as coisas com oração e ação de graças (...). (D&C
46:7)
Tenho a impressão que muitos de nós passam os dias
tentando resolver sozinhos os problemas (espirituais,
temporais e outros) e não se voltam para o Senhor como
deveriam. Podemos receber todo tipo de bênçãos do
Senhor, mas temos de pedir, temos de pedir com fé, e temos
de saber que somos totalmente dependentes do Senhor em
todo o nosso sustento.

O R A R INCESSANTEMENTE

"Ora sempre, para que saias vendedor", disse o Senhor,


"sim, para que venças Satanás". (D&C 10:5)
No magnífico sermão que acabei de citar a respeito da
oração, Amuleque lembra-nos: "(...) quando não clamardes
ao Senhor, deixai que se encha o vosso coração, voltado
continuamente para ele em oração (...)". (Alma 34:27)
Quando o nosso coração está continuamente voltado
para o Senhor, abrimos mais o canal de comunicação entre
Ele e nós, o que nos ajuda a ser mais receptivos a Suas
respostas a nossas orações.

O R A R FERVOROSAMENTE

Tiago escreveu: "A oração [fervorosa! feita por um justo


pode muito em seus efeitos". (Tiago 5:16) E Morôni
prometeu que nossas orações seriam respondidas se
pedíssemos "com um coração sincero e com real intenção,
tendo fé em Cristo". (Morôni 10:4)
Quando oramos com fervor, oramos com real intenção,
oramos com o coração. Queremos dizer de fato o que
dizemos e dizemos o que sentimos. Isso nos dá mais
humildade, dá à nossa oração mais força do que temos
quando oramos apenas superficialmente, quando, talvez,
estejamos apenas dizendo palavras.
FAZER PEDIDOS ESPECÍFICOS

O Senhor Se envolverá em coisas específicas de sua vida


se O convidarem. Em minha própria vida, vi repetidamente
o quanto isso é verdadeiro. Posso estar lutando com um
problema e experimentando todos os tipos de solução. Aí,
depois de sentir a frustração que normalmente vem de
confiar em minha própria força, finalmente me humilho e
peço ajuda de forma bem específica. Sou testemunha de que
o Senhor sempre me faz ter idéias ou pensamentos ou
sentimentos que me ajudem a chegar à solução do
problema. Certamente, sou grato por ter um Pai Celestial
bondoso e amoroso, que responde às orações e o faz
imediatamente.
Testifico que o problema que a maioria de nós tem é não
ser suficientemente específico no que pedem ou, quem sabe,
não o fazer com a força da real intenção. O Senhor quer
muito abençoar-nos, mas muitos não pedem.
Testifico também que o Senhor responde às orações de
Seus filhos, quando feitas com fé. Ele dará respostas quanto
a qualquer assunto importante para nós, devido ao imenso
amor que tem a cada um dos filhos. Que cada um de nós
seja mais específico quando orar e o faça com real intenção,
para que o céu nos responda mais efetivamente.

LIVRAR-SE DA D Ú V I D A E DO M E D O

Sempre fico impressionado quando penso na força


negativa que a dúvida e o medo exercem na força da fé.
Joseph Smith disse basicamente: "Não é possível que a
dúvida e o medo tenham lugar na mente do homem ao
mesmo tempo que a fé. Ou um, ou o outro terá de sair".
[Ver N. B. Lundwall (org), Lectures on Faith, Salt Lake City,
s/d, preleção 4, parágrafo 13.]
Uma das maiores dificuldades de tentar realizar algo
por meio de fé e oração é verdadeiramente acreditar que
dará certo. A dúvida e o medo têm tanta força que, às vezes,
dissuadem-nos de tentar logo de início, ou quando
começamos, podem induzir-nos a abandonar tudo.
Todos conhecem a história de quando Pedro andou
sobre as águas. Ele viu Jesus aproximar-se na superfície do
mar e, em um ato de muita fé, disse: "(...) manda-me ir ter
contigo". (Mateus 14:28). Jesus ordenou que fosse, e Pedro
saiu do barco. Imaginem o que ele sentiu ao colocar todo o
peso nos pés e começar a entrar no Mar da Galiléia. Então,
repentinamente, ele começou a caminhar, foi o segundo
homem na história (pelo que sabemos) a andar sobre a
água! Nesse momento, parece que o diabo entrou em cena.
O vento se enfureceu, as ondas aumentaram e Pedro
começou a duvidar; ficou atemorizado e afundou na água
escura e assustadora.
Jesus estendeu a mão e salvou-o, dizendo: "Homem de
pouca fé, por que duvidaste?" (Mateus 14:31) Jesus poderia
também ter acrescentado: "Pedro, meu poder suste-lo-ia
enquanto você acreditasse, andasse e tivesse fé. Mas no
momento em que deu lugar à dúvida, viu o que
aconteceu?"
Que lição! Como é importante! Tenho de dizer que
conforme minha mulher e eu tentamos aumentar nossa fé e
a de nossa família no transcorrer dos anos, o maior
obstáculo que enfrentamos foi acreditar verdadeiramente,
de todo o coração, acreditar de antemão, não duvidar nem
temer, e não desistir. Se conseguirem fazer isso e tiverem fé
inabalável, receberão as bênçãos que buscam (presumindo-
se, é claro, que o que desejem esteja em harmonia com a
vontade do Senhor).
Já ouvi algumas pessoas dizerem: "Vou tentar, mas
tenho certeza que não vai dar certo". Elas estão certas. Estão
cheias de dúvidas. Ouvi também outras pessoas dizerem:
"Não sei como vai ser, mas o Senhor prometeu, e eu tenho
certeza que vai dar certo". Elas estão certas, porque estão
cheias de fé.

ACREDITAR QUE, PARA D E U S , N A D A É IMPOSSÍVEL

Na ocasião em que o Senhor prometeu que Abraão e


Sara teriam um filho na idade avançada em que estavam,
Sara questionou a promessa, e o Senhor respondeu:
"Haveria coisa alguma difícil ao Senhor?" (Gênesis 18:14) E
quando o anjo prometeu que Isabel teria um filho "em sua
velhice", apesar de ela sempre ter sido estéril, ele disse:
"Porque para Deus nada é impossível". (Lucas 1:36-37)
Nas tentativas de receber respostas para nossas orações,
temos de realmente acreditar que esse princípio é
verdadeiro. Parece que o Senhor trabalha melhor em
situações impossíveis, ou quase!

FAÇA T U D O O QUE ESTIVER A S E U A L C A N C E ;


D E I X E QUE O S E N H O R FAÇA O R E S T O

Há outro modo de expressar esse princípio: Ore como


se tudo dependesse do Senhor; depois, aja como se tudo
dependesse de você.
Lembrem-se da experiência que tivemos quando
procuramos o chapéu e a carteira perdidos: oramos várias
vezes, depois, montamos e procuramos. Não demos só uma
procuradinha e desistimos. Passamos o máximo de tempo
possível procurando, orando mentalmente pelo caminho.
Quando conseguimos uma bênção do Senhor, não é só
pelo trabalho que tivemos. O trabalho não proporciona a
bênção necessariamente, mas demonstra nosso desejo
sincero, o que permite que o Senhor nos abençoe.
Sendo assim, aqui vai o princípio: Temos de fazer tudo o
que estiver a nosso alcance e, depois, deixar que o Senhor
faça o resto. Isso indica que precisamos descobrir o que o
Senhor exige e, então, fazê-lo.
Tem uma coisa que eu aprendi com os anos. É que
temos de saber o preço logo do início. Precisamos decidir
com certeza o que faremos antes de buscarmos determinada
bênção. Que sacrifícios e ofertas o Senhor exige? O que
estamos dispostos a fazer? O que faremos se não
recebermos a bênção que buscamos? Endureceremos o
coração? Ficaremos zangados com o Senhor? Diremos que
as orações não têm efeito? Ou será que diremos: "Pai
Celestial, não sei por que não deu certo. Dei o máximo de
mim e, ainda assim, não deu certo, mas sei que não foi Sua
culpa. Talvez não fosse da Sua vontade, ou eu tenha
deixado a desejar".
Minha experiência indica que normalmente o problema
é de nossa parte. Muitas vezes não nos sacrificamos o
suficiente (ou seja, não pagamos o preço) e, por isso, o céu
não responde. Contudo, se estivermos dispostos a pagar o
preço, o Senhor sussurrará e dirá algo específico que ainda
temos de fazer. Um pouquinho aqui, um pouquinho ali,
passa-se mais um mês ou dois e aí conseguimos. Já que
fizemos o que o Senhor exigiu, Ele responde. É claro que
temos de ter em mente que todos esses princípios estão
sujeitos à supremacia da vontade do Senhor. Ele fará
sempre o melhor para nós.

F A Ç A O QUE O S E N H O R E X I G E ,
M A S NÃO A C H E QUE T E M DE FAZER M A I S

Esse é um princípio derivado do que acabamos de


discutir. Precisamos dar ao Senhor tudo o que Ele exige,
mas não precisamos dar mais do que isso. Vejamos um
exemplo.
Há alguns anos, eu morava em Quito, no Equador. Eu
havia tomado um avião para ir a uma conferência de estaca
em Caracas, na Venezuela. A quantidade de problemas com
vôos que eu tivera nesse dia era incrível.
Estava acertado que eu viajaria pela Ecuatoriana, para
Cali, na Colômbia, onde faria uma conexão para Caracas,
mas o vôo foi cancelado e tive de tomar outro avião, da
Braniff. Infelizmente, a Braniff não me avisou que faria uma
parada de uma hora em Guayaquil, no Equador. Quando
cheguei a Cali, já havia perdido o avião para a Venezuela.
Senti-me pior ainda quando vi o avião da Ecuatoriana,
aquele do vôo supostamente cancelado, parado na pista em
Cali. A essas alturas eu já estava ficando frustrado de
verdade. Continuei a fazer de tudo, com a ajuda do
presidente da missão local, para tentar chegar a Caracas
pelo Panamá ou por alguma outra rota, mas não consegui.
Depois que perdi o avião, os funcionários do aeroporto
disseram-nos que na Colômbia haveria dois dias de feriado
nacional e que todos os outros vôos que saíam de Cali
estavam lotados. Fiquei sem idéias e já não sabia mais o que
fazer.
Na mesma noite, na casa da missão, orei ao Senhor e
disse: "A conferência da estaca é Tua. Fiz tudo o que pude
para chegar lá e não tenho outras opções. O que devo fazer
agora?"
Nessa noite, o presidente da missão disse que havia um
vôo de Bogotá para Caracas... se eu conseguisse chegar a
Bogotá. Contudo, nós dois sabíamos que todos os vôos
estavam lotados. Então, o presidente da missão disse: "Se
você quiser mesmo fazer tudo o que estiver ao seu alcance,
pode tomar um ônibus agora e passar a noite viajando para
Bogotá. Aí, chegaria lá pela manhã, a tempo de tomar o
avião para Caracas".
Eu sabia que ele estava certo, mas achei que minha noite
seria de maior proveito se ficasse com o presidente da
missão, aconselhasse-o e ensinasse-o, em vez de viajar de
ônibus sozinho. Sabia também que passar a noite toda
viajando de ônibus iria deixar-me exausto e, com o cansaço,
eu não estaria em condições de desempenhar meu papel
nas reuniões da conferência de estaca. Oramos juntos e
resolvemos que seria melhor para mim passar a noite em
Cali; depois, de manhã, voltaria a tentar tomar um avião.
Senti que a viagem de ônibus não era o que o Senhor exigia
de mim.
Eu sabia que essa era uma decisão arriscada. Poderia
acontecer de ficar preso em Cali e perder a conferência. Mas
senti que esta era a resposta a minha oração: Espere até de
manhã, depois, volte a tentar.
No dia seguinte também não havia lugar no avião, mas
o Senhor abriu-me o caminho e peguei o avião para Caracas
mesmo assim: consegui convencer o piloto a deixar que eu
viajasse na cabine com ele! Escapei de uma viagem
exaustiva de ônibus e tive a noite inteira para continuar o
trabalho com o presidente da missão.
Precisamos tomar muito cuidado quando estamos
tentando determinar o quanto o Senhor exige. Queremos
fazer tudo o que Ele pede, mas fazer mais do que isso
pode ser perda de tempo, energia ou dinheiro; e pode
haver outras coisas que Ele queira que façamos em vez
disso.
O princípio de fazermos tudo o que pudermos, mas não
mais do que o que o Senhor exige, está relacionado à
verdade de que o Senhor, muitas vezes, faz com que
paguemos um preço espiritual quando pedimos bênçãos.
Não se esqueçam de que o preço a ser pago (o sacrifício)
varia de acordo com a situação. Às vezes, temos de pagar
sem evasivas, outras vezes alguém o pagará vicariamente
por nós, ou outras pessoas irão ajudar-nos com sua fé.
C O N F I E M EM S U A CAPACIDADE
DE T E R A C E S S O AOS PODERES DO C É U

Acredito que muitas pessoas confiem que a vontade do


Senhor será feita e que Ele pode fazer qualquer coisa, mas
não confiam que Ele o faça por elas ou que queira fazê-lo no
presente momento.
Essa falta de confiança em nossa capacidade de ter
acesso aos poderes do céu é uma das principais razões por
que a maioria de nossas orações não recebe resposta. Na
verdade, em minhas viagens por toda a Igreja, muitas vezes
encontro pessoas que dizem: "Minha oração não foi
respondida porque não era mesmo da vontade do Senhor".
Elas querem responsabilizar o Senhor por não terem
recebido resposta para a sua oração. Contudo, muitas vezes
a verdade é que elas simplesmente não tiveram fé
suficiente; não confiaram suficientemente na própria
capacidade de receber respostas.
É verdade que devemos pedir que se faça a vontade de
Deus, como escreveu João:

E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos


alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve.
E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos,
sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos. (I
João 5:14-15)

Entretanto, muitas vezes usamos isso como desculpa.


Em vez de tentar passar a responsabilidade para o Senhor
quando não recebemos as respostas que queremos ("claro
que não era da vontade de Deus"), deveríamos aprender a
ter confiança diante Dele, para que "cheguemos, pois, com
confiança ao trono da graça" (Hebreus 4:16) e alcancemos o
que o nosso coração almeja.
Como podemos tornarmo-nos mais confiantes diante do
Senhor? As escrituras dão alguns esclarecimentos que nos
podem ajudar.
1. Se temos de pedir o que for da vontade de Deus,
podemos ficar sabendo por revelação o que Ele deseja: "(...)
pelo poder do Espírito Santo podeis saber a verdade de
todas as coisas". (Morôni 10:5)
2. É o sacrifício expiatório de Jesus Cristo que possibilita
sermos confiantes diante do Pai, e isso acontece com quem
tiver fé nele: "(...) [anuncio] entre os gentios (...) as riquezas
incompreensíveis de Cristo, (...) no qual temos ousadia e
acesso [ao Pai] com confiança, pela nossa fé nele". (Efésios
3:8-12)
3. Quem é temente a Deus torna-se confiante: " N o
temor do Senhor há firme confiança (...)". (Provérbios 14:26)
4. Passamos a ser confiantes diante de Deus à medida
que nosso coração confirma que Ele nos aprova: "(...) não
amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em
verdade. E nisto conhecemos que somos da verdade, e
diante dele asseguraremos nossos corações. (...) Amados, se
o nosso coração não nos condena, temos confiança para
com Deus". (I João 3:18-21)
5. Passamos a ter confiança quando recebemos o dom
da caridade e praticamos a virtude: "Que tuas entranhas
também sejam cheias de caridade para com todos os
homens e para com a família da fé; e que a virtude adorne
teus pensamentos incessantemente; então tua confiança se
fortalecerá na presença de Deus (...)". (D&C 121:45)
Se acham que não têm confiança em sua capacidade de
receber respostas de Deus, não coloquem a culpa Nele.
Caso decidam se achegar a Ele, empenhando-se em fazer as
coisas que acabei de citar, sua confiança aumentará.
Vejam que maravilha: Não precisam ser perfeitos nessas
coisas para serem confiantes diante de Deus. Têm só que
empenhar-se honestamente, dia após dia, para que sua
confiança Nele e em si mesmos aumente cada vez mais.

O R A R P E D I N D O O QUE É C E R T O

Tocamos nesse assunto quando falamos de aumentar a


confiança. A força de nossa oração aumenta quando
sabemos que estamos pedindo coisas que estão de acordo
com o que Deus deseja para nós.
Às vezes, oramos com real intenção, para pedir algo que
não é certo para nós. Por exemplo: Antes de sair em missão,
havia uma jovem que eu achava que era a pessoa com
quem verdadeiramente queria casar-me, e tinha certeza de
que essa era a coisa certa a fazer. Lembro-me de orar
pedindo ao Senhor que nos abençoasse para que, se fosse
correto, nosso relacionamento florescesse. Mas tinha certeza
de que estava certo e sentia que praticamente não havia
necessidade de orar.
Quando cheguei de missão e vi que ela já aprontara o
vestido de noiva e tudo o mais, fiquei com medo de
verdade. Foi aí que começamos a levar mesmo a sério a
história de buscar a vontade do Senhor. A conclusão é que
o casamento não deveria realizar-se e não se realizou. Ela
era uma moça adorável e continua a ser uma boa amiga de
minha família; mas casar-me com ela não era a coisa certa a
fazer, e estamos muito gratos porque o Senhor nos deu os
companheiros de que precisávamos. Estou muito contente
porque o Senhor não me deu o que eu pedi.

S E R H U M I L D E E ACEITAR
A V O N T A D E DO S E N H O R EM T U D O

Quando estamos tratando com o Senhor, temos mesmo


é que ser humildes de coração. O coração orgulhoso
impedirá literalmente que recebamos as respostas. Estar
disposto a submeter-se à vontade do Senhor, seja qual for,
faz parte da humildade. Se a disposição de nosso coração
estiver correta logo do início, seremos capazes de dizer
humildemente ao Senhor: "Conforme o melhor de minha
sabedoria, quero tal coisa e vou orar de todo o coração para
recebê-la, mas sei que não conheço todas as coisas (como o
Senhor, Pai) e caso haja algo que eu não compreenda nisso
tudo, submeterei minha vontade à Sua alegremente".
Lembro-me de um magnífico exemplo das escrituras,
que ensina esse princípio. Em Daniel 3, o rei estava
preparando-se para jogar três fiéis rapazes hebreus na
fornalha ardente.

Responderam Sadraque, Mesaque e Abedenego, e


disseram ao rei Nabucodonosor: Não necessitamos de te
responder sobre este negócio.
Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos
pode livrar; ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e
da tua mão, ó rei.
E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus
deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.
(Daniel 3:16-18)

Puxa! Que lição isso ensina! Esses rapazes sabiam que


Deus tinha o poder de livrá-los, mas não tinham certeza de
que essa fosse a Sua vontade. Mesmo assim, confiaram
humildemente na misericórdia de seu Senhor e que Ele faria
o que fosse melhor.
Lembram-se de que, na história, isso fez com que o rei
ficasse tão enraivecido que aqueceu a fornalha sete vezes
mais. Ficou tão quente, que os homens que jogaram os
jovens hebreus na fornalha morreram com o calor. Depois,
Nabucodonosor olhou para o interior da fornalha e disse:
"Não lançamos nós, dentro do fogo, três homens atados?"
Seus homens responderam: "É verdade, ó rei". Então ele
disse: "Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam
passeando dentro do fogo, sem sofrer nenhum dano; e o
aspecto do quarto é semelhante ao Filho de Deus". (Daniel
3:24-25)
Jesus Cristo, com sua graça, interveio e salvou os
rapazes por causa da fé que tinham em Deus e de sua
humildade perante Ele. Estavam dispostos a aceitar a Sua
vontade que, nesse caso, era proteger, preservar e salvá-los.

S E R PROFUNDAMENTE G R A T O PELAS B Ê N Ç Ã O S DO S E N H O R

Ser profundamente grato é um dos princípios mais


importantes para recebermos respostas para as orações.
Como disse o Senhor em Doutrina e Convênios: "E no
Espírito deveis render graças a Deus por todas as bênçãos
com que sois abençoados". (D&C 46:32) Posteriormente,
disse: "(...) aquele que receber todas as coisas com gratidão
será glorificado; e as coisas desta Terra ser-lhe-ão
acrescentadas, mesmo centuplicadas, sim, mais". (D&C
78:19)
Sendo assim, o que acontecerá se eu for grato pelo que o
Senhor me dá? O que essa passagem diz? Receberei mais,
"mesmo centuplicadas".
Na história do chapéu e da carteira perdidos, fomos
abençoados repetidamente por esse princípio de gratidão.
A família ficou grata por termos encontrado o chapéu,
apesar de ainda não termos encontrado a carteira.
Agradecemos a Deus diversas vezes a bênção de
encontrarmos os dois objetos perdidos. Chegamos a parar
o carro depois de sairmos da fazenda, para fazer outra
oração de agradecimento.
Meu filho, aparentemente, era quem estava mais
consciente dessa verdade. Quando foi ao barracão, depois
de encontrar o chapéu, ajoelhou-se e tornou a orar. Depois
ele disse: "Não acredito que teria escutado o sussurro
dizendo que me aproximasse dos casacos, se não tivesse
orado agradecendo". Acho que aconteceu o mesmo com
nosso filho que estava em missão, na ocasião em que estava
andando de bicicleta em uma rua escura do México. Como
ele estava abrindo o coração e agradecendo ao Senhor, o
canal entre ele e Deus estava aberto e ele conseguiu escutar
o aviso que ajudou a evitar que se machucasse.
Não acredito que seja possível ser demasiadamente
grato ao Senhor. Ele concede-nos tantas bênçãos (sendo que
nem percebemos a maioria) que acho que é impossível
agradecermos o bastante.
O Senhor dá-nos um excelente exemplo de pessoa que
dá anonimamente. Ainda que Ele esteja sempre fazendo
boas coisas por nós, temos de esforçar-nos bastante para
surpreendê-Lo.
É pena que muitas pessoas não tenham fé e digam:
"Pois é, Deus nunca me ajudou. Nunca recebi uma bênção
na vida. Tudo o que tenho consegui sozinho". Acho que elas
não sabem o que estão dizendo; pois o Senhor abençoa-nos
constantemente, como o Rei Benjamim ensinou. (Ver Mosias
2:19-25.)
A gratidão inclui reconhecermos a mão do Senhor em
nossa vida. O Senhor disse:

E em nada ofende o homem a Deus ou contra ninguém


está acesa sua ira, a não ser contra os que não confessam
sua mão em todas as coisas e não obedecem a seus
mandamentos. (D&C 59:21)

Lembro-me de que quando era moço, a questão de


reconhecer a mão do Senhor em minha vida era inquietante
para mim. "Foi Ele mesmo, ou não? E se eu Lhe agradecer
e, na verdade, não tiver sido Ele?" Há muito tempo deixei
disso. Convenci-me de que, como dizem as escrituras, tudo
o que nos acontece de bom em qualquer momento, acontece
graças à misericórdia e amor do Senhor Jesus Cristo e de
Seu Pai. Considero impossível agradecer-Lhe algo de bom
em que Ele não tenha tido participação alguma.
O Senhor lamentou o fato de não poder abençoar os
homens, se não O reconhecerem como sendo quem concede
todas as boas dádivas:

Pois de que vale a um homem ser-lhe conferida uma


dádiva e não a receber? Eis que ele não se regozija no que
lhe foi dado nem se regozija naquele que faz a doação.
(D&C 88:33)

O Senhor está dizendo, em outras palavras: "De que Me


adianta responder às suas orações se você não vai receber a
resposta, já que não reconhece a resposta como sendo
Minha?" Quando isso acontece, não nos alegramos por
termos recebido a dádiva, nem nos alegramos com o
Senhor, que a concedeu. Não faria diferença se não
tivéssemos recebido a dádiva. Por outro lado, se
reconhecermos a mão do Senhor em nossa vida, pedindo
bênçãos e alegrando-nos com toda boa dádiva que
recebemos, o Senhor responderá.

O R A R COM F É , ACREDITANDO QUE RECEBEREMOS

No capítulo dois, falamos de ter fé em Jesus Cristo. Além


disso, temos de acreditar que receberemos o que queremos.
O Senhor disse a quem deseja o Espírito Santo: "Pedi ao Pai,
em meu nome, com fé, acreditando que recebereis, e tereis o
Espírito Santo, que manifesta todas as coisas que são
convenientes aos filhos dos homens". (D&C 18:18)
O Senhor ensinou também que "tudo quanto pedirdes
ao Pai em meu nome, que seja justo, acreditando que
recebereis, eis que vos será dado". (3 Néfi 18:20)
Esse é um ótimo exemplo de uma ocasião em que o
Senhor nos aconselha a acreditar para recebermos;
entretanto, como sempre, a promessa depende de ser
"justo", ou seja, da vontade do Senhor.
Caso achem que sua fé é pouca, podem fazer em oração
o mesmo pedido do homem que pediu que Jesus expulsasse
um "espírito mudo" de seu filho. "E Jesus disse-lhe: Se tu
podes crer, tudo é possível ao que crê. E logo o pai do
menino, clamando, com lágrimas, disse: Eu creio, Senhor!
ajuda a minha incredulidade." Então, Jesus "repreendeu o
espírito imundo" e curou o menino. (Ver Marcos 9:14-29.)
Alma fez um grandioso discurso sobre o que fazer caso
nossa fé seja pouca. Ele disse:

Comparemos a palavra a uma semente. Ora, se derdes


lugar em vosso coração para que uma semente seja
plantada, eis que, se for uma semente verdadeira, ou seja,
uma boa semente, se não a lançardes fora por vossa
incredulidade, resistindo ao Espírito do Senhor, eis que
ela começará a inchar em vosso peito; e quando tiverdes
essa sensação de crescimento, começareis a dizer a vós
mesmos: Deve ser uma boa semente, ou melhor, a
palavra é boa porque começa a dilatar-me a alma; sim,
começa a iluminar-me o entendimento; sim, começa a ser-
me deliciosa. (Alma 32:28)

Nossa capacidade de acreditar aumenta, à medida que


recebemos a palavra do Senhor no coração, damos lugar a
ela e deixamos que o Espírito opere em nós.

L A N Ç A R M Ã O DO JEJUM

"(...) [Dou-vos] um mandamento de que continueis em


oração e jejum a partir de agora." (D&C 88:76)
A história que acabei de citar, em que Jesus expulsa um
espírito maligno de um menino, ensina também a
importância do jejum. Antes que Jesus entrasse em cena
nessa história, Seus discípulos haviam tentado sem sucesso
expulsar o espírito. Depois que Jesus o fez, "seus discípulos
lhe perguntaram à parte: Por que o não pudemos nós
expulsar? E disse-lhes: Esta casta não pode sair com coisa
alguma, a não ser com oração e jejum". (Marcos 9:28-29)
O jejum é um sacrifício pequeno que fazemos na
tentativa de receber bênçãos maiores do Senhor. Quando
jejuamos tentando receber a resposta a uma oração,
demonstramos ao Senhor a intensidade do que desejamos
e, por termos utilizado o livre-arbítrio para fazer o sacrifício,
colocamo-nos em melhores condições de receber a bênção
que desejamos.

U N I R - S E A O U T R A S PESSOAS

Temos mais força quando nos unimos em oração.


Quando conseguimos que várias pessoas orem por nós
(uma família, nossos irmãos, amigos, os membros da ala) a
força que essa união traz ajuda a aumentar a força de nosso

pedido.
Com o tempo, aprendi mais e mais que, quando temos
um problema sério que não seja muito pessoal, devemos
pedir que toda a nossa família ore quanto a ele,
principalmente as criancinhas. Talvez elas não entendam
todos os detalhes do que precisamos, mas basta que saibam
o suficiente para orarem dizendo que o papai ou a mamãe
precisam de tal coisa. Parece que quando elas oram, têm um
canal aberto diretamente com o céu. Elas não só o ajudarão
a receber a resposta à sua oração, mas o processo em si irá
ensinar-lhes várias vezes que o Senhor de fato responde às
orações. *

E, como está escrito: Tudo o que pedirdes com fé, estando


unidos em oração, de acordo com minhas ordens,
recebereis. (D&C 29:6)

O R A R EM FAVOR DE O U T R O S

As orações feitas em favor de outros têm grande força,


talvez até mais do que quando simplesmente oramos por
nós mesmos. O Senhor disse a Thomas B. Marsh, que na
época era o presidente do Quorum dos Doze:

Conheço teu coração e ouvi tuas orações a respeito de


teus irmãos. Não sejas parcial em relação a eles, amando-
os mais que muitos outros, mas ama-os como a ti mesmo;
e que sobeje teu amor por todos os homens e por todos os
que amam meu nome.
E ora por teus irmãos dos Doze. (D&C 112:11-12)

Quando oramos fervorosamente por outras pessoas,


estamos obedecendo ao segundo grande mandamento:
amar nosso próximo como a nós mesmos. O Senhor escuta
nossa súplica em favor delas e as abençoa de acordo com o
que desejem receber.
Foi-me proveitoso orar da seguinte maneira, em
ocasiões em que estava tentando ajudar outra pessoa:
"Senhor, revela-me o que ele tem no coração. O que posso
fazer para ajudá-lo neste momento? Como posso aliviar o
seu fardo?" É tão importante ser especifico quando oramos
por outras pessoas quanto quando o fazemos por nós
mesmos.

O R E P E D I N D O O ESPÍRITO E T E N H A O ESPÍRITO AO O R A R

O Espírito é o agente do Senhor para dar-nos muitas


bênçãos na vida. Quanto mais tivermos o Espírito conosco,
mais força terão nossas orações.
"(...) O Espírito ser-vos-á dado pela oração da fé (...)".
(D&C 42:14)
O Espírito Santo pode ajudar-nos até a saber o que pedir
em oração. "Aquele que pede em Espírito pede de acordo
com a vontade de Deus; portanto é feito como pede." (D&C
46:30) Se recebermos o Espírito por intermédio da oração da
fé, poderemos pedir "de acordo com o Espírito" e isso nos
ajudará a pedir "de acordo com a vontade de Deus".
Orações assim sempre recebem resposta.
O Espírito pode contribuir de outras maneiras com o
processo de comunicação:

E da mesma maneira também o Espírito ajuda as


nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de
pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por
nós com gemidos inexprimíveis.
E aquele que examina os corações sabe qual é a
intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede
pelos santos. (Romanos 8:26-27)

Fica claro que o Espírito nos ajudará revelando o que


devemos pedir em oração.

A P R E N D A A RECONHECER OS SUSSURROS DO ESPÍRITO

Temos de aprender a seguir os sussurros do Espírito,


quando estamos tentando conseguir respostas para as
nossas orações e receber orientação do Senhor. Esses
sussurros haverão de ajudar-nos a saber o que o Senhor
exige de nós no que se refere à bênção que buscamos. Eles
irão ajudar-nos a saber o que pedir em oração e o que fazer a
partir daí. Conforme prosseguirmos, os sussurros do
Espírito também nos dirão quanta fé precisamos além da
que já temos para conseguir o que desejamos. Pode ser que
ouçamos um sussurro nos dizer do que precisamos
arrepender-nos, como nos achegar mais ao Senhor, que
passos precisamos dar para alcançar a bênção e assim por
diante. Resumindo, o Senhor irá guiar-nos nessa experiência,
se nos empenharmos em seguir os sussurros que Ele envie.
Lembram-se da história que contei no começo do
capítulo (aquela em que nosso filho que estava na missão
foi inspirado a colocar as duas mãos no guidom da bicicleta
e que fala de como isso o ajudou a evitar um acidente
perigoso). Esse incidente ajudou-o a lembrar-se de "como a
voz do Espírito é suave. É tão suave que se não estivermos
tranqüilos, não a escutamos", disse ele. Lembram-se de que
disse também: "Acredito que se não estivesse orando
naquele exato momento, não teria ouvido a voz. Como
estava orando, ouvi".
Não há dúvidas da verdade de que ouvimos a voz com
muito mais facilidade quando estamos orando. Por via de
regra, precisamos concentrar-nos para escutar a voz.
Normalmente a sentimos mais do que ouvimos. Sendo
assim, se não estivermos tranqüilos e serenos, normalmente
não perceberemos as palavras. Néfi disse aos irmãos:

(...) Haveis ouvido sua voz de tempos em tempos; e ele


vos falou numa voz mansa e delicada, mas havíeis
perdido a sensibilidade, de modo que não pudestes
perceber suas palavras (...). (1 Néfi 17:45)

A voz é mesmo mansa e suave, como lemos em Helamã:

E aconteceu que quando ouviram essa voz, notaram


que não era uma voz de trovão nem uma voz de ruído
tumultuoso, mas eis que era uma voz mansa, de perfeita
suavidade, semelhante a um sussurro que penetrava até o
âmago da alma. (Helamã 5:30)

Já que a voz é tão suave, temos de estar realmente


atentos para escutá-la e esperar que sejamos capazes de
fazê-lo; caso contrário não o conseguiremos. Se quisermos
aumentar a nossa capacidade de escutar a voz, o melhor
que temos a fazer é aprender a orar sem cessar. Sei por
experiência própria que quanto melhor aprendemos a orar
o dia todo, melhor ouvimos os sussurros que nos ajudam e
inspiram quanto ao que devemos fazer.
Já vi minha mulher (que sempre sente, ou tem a
impressão, quando um de nossos filhos precisa de alguma
coisa) manifestar muitas vezes o dom de reconhecer a
inspiração. Quando agimos de acordo com a inspiração,
sempre passamos por mais experiências que promovem a
fé. Houve ocasiões em que isso chegou a livrar um filho
nosso de algo que colocaria sua vida em risco. Em muitas
outras ocasiões, foram experiências mais simples, que o
filho envolvido poderia ter superado sozinho, mas nas
quais, graças à atuação do Espírito do Senhor, tudo
terminou melhor do que seria de se esperar.
Além das sensações a que chamamos de sussurros, o
Espírito também nos orienta e responde iluminando o
nosso entendimento. O Senhor disse a Hyrum Smith:

Dar-te-ei do meu Espírito, o qual iluminará tua mente e


encher-te-á a alma de alegria (...). (D&C 11:13)

E a Oliver Cowdery, disse:

Eis que tu sabes que me inquiriste e que te iluminei a


mente; e agora te digo estas coisas para que saibas que
foste iluminado pelo Espírito da verdade (...) (D&C 6:15)

Se nos achegarmos ao Senhor e aprendermos a escutar


a voz do Espírito, seremos capazes de receber a orientação e
ajuda de que precisarmos, o que nos levará a receber as
respostas para nossas orações.
Pontos a Ponderar
1. O que podemos fazer para criar um ambiente em que
consigamos escutar a voz do Senhor?

2. Por que temos "ordem (...) de, em todas as coisas, pedir a


Deus"?

3. Por que é importante sermos específicos nos pedidos que


fazemos ao Senhor?

4. Por que é tão importante que nos livremos de toda a dúvida e


temor ao buscarmos as repostas para nossas orações? (Pergunte a
si mesmo: O que posso fazer para ser mais eficiente em eliminar
todas as dúvidas de minha mente e meu coração?)

5. Quando estamos tentando receber as bênçãos do Senhor, o que


podemos fazer para descobrir o que ele exige de nós?
6. Citem de modo específico algumas sugestões que este capítulo
dá quanto ao que fazer para aumentar nossa confiança diante do
Senhor.

7. Por que é essencial que aceitemos a vontade do Senhor quanto


ao que desejamos? Como podemos aprender a descobrir qual é a
Sua vontade e a nos sujeitarmos a ela?

8. Por que a gratidão é tão importante para conseguirmos


respostas para nossas orações? (Pergunte a si mesmo: De que
modo posso demonstrar melhor minha gratidão ao Senhor?)

9. O que vocês podem fazer para aumentar a fé que têm de que o


Senhor concederá o que pedirem?

10. Citem as maneiras pelas quais o Espírito Santo pode ser uma
bênção para vocês nas orações que fizerem?
11. Este capítulo trata de vários princípios importantes que
aumentam a força de nossas orações. Qual desses princípios vocês
pretendem incorporar melhor à própria vida? Qual é a maneira
mais eficaz de fazerem isso?
C A P Í T U L O 5

A s BÊNÇÃOS DA ORAÇÃO

r l á alguns anos, um de nossos filhos apegou-se muitíssimo


a um hamster a que deu o nome de Hammy. Esse nosso
filho sempre gostou de animais, mas gostava especialmente
de Hammy. Meu filho deixava o bichinho andar por suas
costas, subir pela manga da camisa e entrar nela. Adorava
andar pela casa com Hammy no bolso da camisa. Colocava
o bichinho para dormir em uma gaiola ao lado de sua cama.
Adorava brincar com ele pela casa toda, não importava o
que estivesse fazendo. Hammy passou a ser o "melhor
amigo" de meu filho.
Em várias ocasiões Hammy fugiu de meu filho, que
teve de procurá-lo e sempre acabou por encontrá-lo.
Certo dia, porém, Hammy sumiu e não conseguimos
encontrá-lo. Passou-se um dia inteiro sem que Hammy
aparecesse, e ficamos com medo de que tivesse ficado preso
em algum lugar ou que estivesse perdido e morresse de
fome. Meu filho havia orado quanto ao problema e tinha
procurado com toda a família, mas o hamster não foi
achado em lugar algum.
Nosso filho disse-nos que havia tentado de tudo e não
sabia mais o que fazer, mas não adiantara nada. Foi então
que percebeu que ainda que tivesse orado, não havia
pedido com fervor ao Senhor que o ajudasse. Com muita
humildade, ele ajoelhou-se no quarto e implorou ao Senhor
que salvasse o hamster e o trouxesse de volta. No instante
em que abriu os olhos viu o bichinho sentado ao seu lado
no tapetinho, olhando para ele como se dissesse: "Amigo,
sua oração trouxe-me aqui".
Ainda que esse exemplo seja de algo de pouca
importância, é excelente exemplo de como funciona a
oração. Presto testemunho, como faria meu filho, do motivo
porque o Senhor respondeu à sua humilde oração. Ele orou
com fé, implorou ao Senhor humildemente... e depois, viu
o Senhor dar-lhe uma resposta singular.
Teria sido diferente se tivesse encontrado o hamster
depois de algumas horas, ou até de alguns minutos, mas o
fato de o bichinho aparecer sentadinho ao lado de meu filho
no momento em que ele orou, fez com que a experiência
fosse particularmente impressionante.
Há quem diga que o Senhor não liga para as coisas
menos importantes de nossa vida. Uso esse exemplo para
demonstrar que o Senhor se importa até com um
menininho e seu hamster. Se isso é verdadeiro, o quanto
não desejará abençoar-nos nas coisas de grande
importância?

A C H A V E PARA AS B Ê N Ç Ã O S DO S E N H O R

O Senhor quer sinceramente nos abençoar em todos os


aspectos de nossa vida: nossas necessidades físicas, metas,
relacionamentos, desejos espirituais e todas as outras coisas.
A chave para receber essas bênçãos é pedir em oração. As
pessoas que pedem com fé e depois obedecem à orientação
que Ele lhes dá recebem as bênçãos. É claro que se
decidirmos não obedecer ao Senhor, como conseqüência de
nossa desobediência, nada nos é prometido.
Acho que muitos de nós têm a tendência de orar de
manhã e à noite, e, quem sabe, até orem mais algumas vezes
durante o dia, sem orarem verdadeiramente. Faço-lhes esta
pergunta: Quando encontram uma nova dificuldade
durante o dia, qual é a primeira coisa que lhes passa pela
cabeça? Para onde se voltam em primeiro lugar? Espero que
seja para o Senhor. É o que acontece caso estejam tentando
orar sem cessar. Se não estão, eu diria que estão "resolvendo
tudo" sozinhos. Estão tentando enfrentar os muitos
problemas do dia na esperança de que a oração que fizeram
de manhã baste para todos.
É de grande valia que, quando nos depararmos com
qualquer situação nova ou estivermos tentando ajudar
alguém, estejamos orando mentalmente. "Como devo agir
nesta situação? O que devo fazer? Haveria alguma
particularidade que eu deveria saber? Pai Celestial, ajude-
me. Ajude-me".
Infelizmente, muitos não pedem. Aí, arranjam-se
sozinhos e não conseguem a ajuda que poderiam ter
recebido para enfrentar os problemas diários.
Mais uma vez, presto testemunho humildemente de
que, como as escrituras repetem várias vezes, se pedirmos
receberemos. Outra vez, presto testemunho de que não há
uma oração sincera feita desde o início dos tempos que o
Senhor tenha deixado sem resposta. Nenhuma. O problema
é que não pedimos. (É claro que é possível que não
reconheçamos a resposta ou não gostemos dela.)
Se pedirmos, teremos os dons do Espírito com muito
mais profusão. É verdade que pode ser necessário que nos
tornemos mais dignos, mas normalmente, já somos dignos
de receber mais, se nos dermos ao trabalho de pedir. Então
esses dons irão ajudar-nos a tornarmo-nos mais dignos,
para que recebamos ainda mais.
Não se esqueçam do que falamos anteriormente de ser
fanático nessas coisas. O diabo trabalha muito bem com os
extremos. É bem-sucedido quando nos incentiva a não orar
de uma vez, e é bem-sucedido também quando nos
incentiva a passar horas de joelhos, quando o que
deveríamos estar fazendo é agir para resolver nossos
problemas.
Como o diabo não é temperante nem comedido, quase
sempre o encontramos trabalhando com os extremismos.
Normalmente não consegue agarrar as pessoas religiosas
com pecados gritantes, mas é capaz de conseguir tentá-las
a exagerarem nos dons que têm, talvez até em nome da
espiritualidade. Talvez, tente-as a jejuar e orar
exageradamente. Se passarmos a fazer essas coisas com
exagero, é bem possível que fiquemos receptivos à
orientação do próprio adversário. Considerando-se isso,
sinto-me compelido a repetir a advertência de que sejam
cautelosos e comedidos no empenho quanto às coisas
relativas ao Espírito.
Pode ser que a verdadeira chave de tudo seja o coração.
Em que está o seu coração? O que realmente querem? Estão
dispostos a fazer o que lhes cabe para ter a certeza de
receber as respostas certas para as orações que fizerem?
Minha intenção era contar-lhes, neste capítulo, diversas
experiências (minhas e de outras pessoas) que
exemplifiquem os muitos tipos de resposta e bênçãos que o
Senhor gosta de dar. Obviamente, elas são apenas uma
pequena amostra. Espero que se lembrem de outros
exemplos dados neste livro. Caso acrescentem suas próprias
experiências, o número de exemplos pode multiplicar-se
muitas vezes.

O R A R PEDINDO A FORÇA
PARA A B A N D O N A R OS M A U S - H Á B I T O S

Faz algum tempo, recebi uma carta muito especial de


um membro que me contou como a oração foi um elemento
importante em seu empenho para superar os problemas
com o álcool e o cigarro. Ele disse o seguinte (mudei os
nomes):

Estou escrevendo para contar-lhe uma bênção muito


especial que nossa família recebeu depois que Cindy foi
para o Centro de Treinamento Missionário, em outubro
passado.
Na época em que Cindy foi para o CTM, tanto eu
como minha mulher fumávamos e bebíamos. Todos
sabiam que bebíamos muito. No domingo em que Cindy
foi para o CTM, senti-me vigorosamente compelido a
deixar de fumar e beber. Já era a noite de domingo, e
havíamos bebido muito no fim de semana. A irmã de
minha mulher e o marido conversaram conosco nessa
noite. Pedi a ajuda de qualquer um que estivesse em
condições de ajudar. Não queria desonrar o chamado de
minha filha querida.
Minha cunhada ligou para um representante dos
Alcoólatras Anônimos, e nós conversamos. Ele ofereceu-
se para levar-me às reuniões e ajudar-me se eu quisesse.
Combinamos tudo para que eu fosse à próxima reunião.
Minha mulher telefonou para o bispo, que veio à nossa
casa com seu segundo conselheiro na mesma noite. O
bispo sugeriu que jejuássemos e orássemos pedindo
ajuda para deixar de fumar e beber e que, depois, nos
reuníssemos a ele no bispado, para receber uma bênção
especial.
Eu já fumava havia 40 anos e era alcoólatra inveterado.
Minha mulher já fumava há vinte anos e bebia para fazer-
me companhia. Fizemos 24 horas de oração e jejum,
depois, encontramo-nos com o bispo, que nos abençoou
para que conseguíssemos abandonar o vício e não ter
mais vontade de consumir bebidas alcoólicas nem
cigarros. A bênção teve efeito imediato. Quando saímos
da sala do Bispo Stanley aquela noite, não tínhamos mais
vontade de fumar nem beber.
Liguei para o representante dos Alcoólatras Anônimos
e disse-lhe que não precisaria mais da ajuda deles, pois já
contava com todo o auxílio divino de que precisava para
abandonar o vício.
Em julho, farei 51 anos e, agora, conheço o poder de
Deus e sei das coisas que Ele pode realizar. É pena que eu
tenha demorado tanto a ver a luz. Há pouco tempo fui
entrevistado pelo bispo para tornar-me um élder em
nossa conferência de estaca, que será em junho, e estamos
na expectativa de casarmo-nos no templo em agosto.
[Esse excelente casal foi mesmo selado no templo
naquele mês de agosto, e os três filhos que ainda
moravam em casa também foram selados a eles. Uma
semana depois de voltar da missão, a filha missionária
teve o imenso privilégio de ir ao templo e ser selada aos
pais.]

Vale a pena examinar o que ajudou esses bons irmãos.


O chamado missionário da filha preparou-lhes o coração;
depois, a oração, o jejum e uma bênção do sacerdócio
deram-lhes a força para prosseguir.

O R A R PEDINDO CONSOLO E PAZ


INTERIOR DURANTE AS PROVAÇÕES

Quando eu era presidente de missão, houve uma


ocasião em que um missionário ligou para a casa da missão
mais ou menos às duas horas da manhã, dizendo que o
companheiro havia saído à noite, dividindo com uma
pessoa da ala e não voltara mais para casa. Meus assistentes
foram à minha casa para inteirar-me do acontecido; assim
que fiquei sabendo, liguei para o missionário e perguntei se
havia acontecido alguma coisa na noite anterior. Ele disse
que não. Perguntei-lhe se o companheiro estava de bom-
humor antes de sair para o proselitismo nessa noite. Ele
disse que sim.
Agradeci, desliguei e, então, ajoelhei-me na sala de estar
com meus dois assistentes e fiz uma oração. Ao orar, tive a
certeza de que o Élder Jones estava bem e que não
precisávamos ficar preocupados. Não fazia idéia de onde
estivesse ou de quando voltaria, mas sabia que estava bem.
Depois da oração, os assistentes perguntaram o que fariam.
Eu disse: "Acho que devem ir para casa e dormir um pouco.
Não se esqueçam de que viajamos para o Paraguai às nove
da manhã". Um deles perguntou-me: "Quer dizer que
iremos para o Paraguai mesmo que o Élder Jones ainda não
tenha voltado?" e eu disse: "Não, ele terá voltado. Tenham
fé e ele voltará".
Às 8h30 da manhã seguinte, o Élder Jones ainda não
havia voltado. Eu estava no escritório dos assistentes, com
eles. Oramos outra vez e dissemos ao Senhor que tínhamos
coisas muito importantes a fazer no Paraguai e que
queríamos saber o que fazer. Tive a mesma impressão da
noite anterior. "Não fique preocupado; ele voltará antes que
vocês partam". Levantamo-nos depois da oração e eu disse
a meus assistentes: "Irmãos, não nos preocupemos. Ele
voltará a tempo".
Mais ou menos às dez para as nove, quando estávamos
de malas prontas, prontos para ir, o Élder Jones chegou à
porta da casa da missão. É claro que todos ficaram aliviados
em vê-lo. Imediatamente levei-o para o escritório, para
entrevistá-lo e perguntar-lhe onde estivera e o que fizera a
noite toda. Fiquei sabendo que, muito zeloso em pregar o
evangelho, ele e o membro com quem fizera a divisão foram
a uma cidade vizinha em que não havia missionários. Ele
havia ido à casa de uma família de membros e ali formado
um grupo de pessoas para ser ensinado, e pregara a elas até
tarde da noite. Nem lhe passou pela cabeça que o
companheiro estivesse preocupado. Foi ao escritório da
missão todo animado, para sugerir que abríssemos uma
nova cidade e enviássemos missionários para lá.
Fiquei muito agradecido ao Senhor por ter respondido
à minha oração. Presto testemunho de que a sensação de
paz e segurança que tive não tinha origem humana;
provinha do Senhor. Ela permite-nos prosseguir com nossas
tarefas ou com a vida, com a segurança de que tudo há de
acabar bem (mesmo que não tenhamos conhecimento dos
fatos).

O R A R P E D I N D O A ELIMINAÇÃO DOS O B S T Á C U L O S
QUE NOS IMPEÇAM DE A L C A N Ç A R AS B O A S M E T A S

Nunca é fácil atingir as boas metas. Sempre existem


obstáculos, e parece que, assim que traçamos a meta de
melhorar de fato ou realizar algo que valha a pena, não só
aparecem obstáculos imprevistos, como também começam
a surgir todos os tipos de oposição. A melhor reação à
oposição e a outros obstáculos é a perseverança e a oração.
Darei alguns exemplos.
Quando eu era presidente de missão, havia uma dupla
de missionários que estava sendo muito bem-sucedida.
Como conseguiam? Em dado momento, um dos
missionários respondeu, prestando o testemunho:
"Gosto muito de meu companheiro, e estamos
totalmente concentrados na obra do Senhor", disse ele.
"Não batemos em nenhuma porta sem que estejamos
orando mentalmente, ou antes de termos orado no carro."
Disse também que achavam emocionante ver que as portas,
as tradições dos homens, as coisas que cegam as pessoas,
todos esses obstáculos simplesmente esvaeciam.
Houve outro missionário que me enviou esta carta:

Nunca hei de esquecer a experiência sublime que


tivemos, cumprindo a promessa que fizemos a um servo
do Senhor de que faríamos 10 batismos no mês de março.
Não foi fácil, por causa da forte oposição de Satanás.
Até o dia 28 de março, fizemos apenas cinco batismos e
começamos a ficar muito preocupados. Trabalhamos
muito arduamente o mês inteiro e tentamos cumprir
todas as regras da missão.
No dia vinte e nove, meu companheiro e eu
resolvemos jejuar pedindo que tudo desse certo no
batismo de uma família de cinco pessoas, que havíamos
marcado para esse dia. Contudo, naquela tarde, somente
quatro resolveram ser batizadas, o que nos deixou com
apenas nove batismos. Apesar de todo o nosso empenho,
não alcançaríamos a meta. Entretanto a mão do Senhor
manifestou-se. Enquanto os quatro estavam sendo
batizados, o membro da família que havia decidido não
se batizar procurou-nos e disse: "Élderes, quero ser
batizado agora".
Minha gratidão ao Senhor é tanta, que fica difícil de
exprimir. Meu testemunho da oração e do jejum
fortaleceu-se imensamente, e a satisfação que sinto por
ter cumprido uma promessa que fiz ao Senhor é muito
grande.

Eu mesmo já vi como o Senhor remove os obstáculos


que nos impedem de alcançar nossas boas metas,
principalmente quando O procuramos com orações
fervorosas. Certa vez, quando estava tentando fazer uma
viagem importante por uma de nossas missões na
Colômbia, passei por uma experiência maravilhosa
relacionada a esse princípio. Eu havia chegado ao Equador
com minha família no dia 10 de outubro e tinha planos de
ir para a Colômbia exatamente uma semana depois. Um dia
depois da nossa chegada, designamos alguns missionários
para registrar nossos vistos para validá-los de modo que eu
pudesse utilizar o meu na viagem para a Colômbia. Os
missionários disseram-me que levaria pelo menos dez dias
para registrá-los... e tínhamos somente três dias úteis antes
que eu viajasse.
Na quarta-feira, dia 12 de outubro, telefonei para o
presidente da missão e aconselhei-o a ter um plano
alternativo pronto, já que parecia que, provavelmente, eu
não poderia juntar-me a ele na viagem.
Entretanto, não desistimos facilmente. Lançamos mão
de nossa fé e orações. Sabíamos que o presidente da missão
e os missionários na Colômbia estavam fazendo o mesmo.
Entramos em contato com a embaixada americana no
Equador para ver se eu conseguiria uma permissão
temporária para viajar, mas não foi possível.
Na quinta-feira, dia 13 de outubro, fomos à seção de
vistos do consulado para conversar com o funcionário
encarregado do controle dos vistos e ver se seria possível
conseguir um jeito para eu viajar. Quando chegamos lá, o
funcionário havia saído, mas seu chefe estava e ofereceu-se
para ajudar-nos. Explicamos o problema. Depois de passar
alguns minutos escutando-nos, ele falou diretamente com a
pessoa que nos estava impondo obstáculos e perguntou se
havia algo que os impedisse de registrar nosso visto. O
homem respondeu todo submisso: "Não, não há motivo
algum. Podemos registrá-los". Então, o chefe sugeriu: "Que
tal agora?" Foi o que o homem fez e, em menos de uma
hora saímos do escritório com os sete vistos registrados.
Viajei para a missão Cali, na Colômbia, na data prevista.
Presto testemunho de que o Senhor é capaz de intervir
em situações difíceis fazendo com que se transformem em
vantagem para nós, principalmente quando Lhe pedimos.
Darei a vocês um último exemplo de como o Senhor
remove os obstáculos que nos impedem de alcançar as boas
metas, se pedirmos. Há algum tempo, fui a Autoridade
Geral visitante em uma conferência de estaca, em um lugar
bem distante da sede da Igreja. O presidente da estaca
aproximou-se e disse-me: "Élder Cook, como sabe, esta
estaca é bem nova. O patriarca da estaca foi convidado pela
Igreja a ir a Salt Lake City para assistir à conferência daqui a
30 dias e para receber a investidura lá. Ele quer levar
também a esposa para serem selados, mas não tem
dinheiro. Isso custaria uns 700 dólares. Será que a Igreja tem
dinheiro para ajudá-lo a levar a mulher consigo?"
Tive de dizer-lhe que não. A Igreja não cede dinheiro
para esse tipo de coisa. Ele ficou bem desanimado e triste.
Então senti que devia acrescentar: "Mas presidente, se você
tiver fé e pedir que o patriarca e a mulher façam o mesmo,
ele irá à conferência e ela irá com ele. Na verdade, prometo-
lhe que se tiverem fé total, ela irá. Prometo-lhe em nome do
Senhor que conseguirão o dinheiro e ela irá".
Assim que disse isso, veio-me um pensamento: "Élder
Cook, você não tem nenhuma cerimônia com o meu
dinheiro. Como é que você empenha 700 dólares do meu
dinheiro?" Essa era a essência da mensagem. Tentando
corresponder a essa impressão, apressei-me em dizer ao
presidente da estaca (que, obviamente não sabia o que eu
tinha na idéia): "Presidente, o que eu disse é verdade. Se
acontecer de vocês não terem conseguido o dinheiro até o
dia 23 de setembro, ligue-me a cobrar; pois ela vai". Ele não
sabia, mas na verdade, o que eu estava dizendo era que o
Élder e a irmã Cook dariam os 700 dólares se o Senhor não o
fizesse. Eu não tinha 700 dólares sobrando. Seria difícil, mas
eu o faria. Foi como se o Senhor dissesse: "Até onde você
acredita, Élder Cook?" e eu respondesse: "Particularmente,
aposto 700 dólares que o dinheiro aparecerá". Eu não fazia
idéia do que aconteceria, mas acreditava na intuição que me
dizia que ela iria à conferência.
Pouco antes de vencer o prazo de trinta dias, apareceu
um homem que se ofereceu para custear a ida da mulher do
patriarca a Salt Lake City em companhia do marido. Pelo
que sei, o bem-feitor não fazia idéia do pedido do
presidente nem da promessa que fiz. O Senhor escutou
nossas preces, tocou o coração desse homem, e ele
correspondeu.
O Senhor quer que sejamos pessoas que contribuem
para que as coisas aconteçam. Ele não quer que nos
deixemos vencer pelos empecilhos nem pela oposição. Quer
que confiemos no braço todo-poderoso de Deus e utiliza-o
para complementar a força que cada um tem em si. Se
fizermos isso, aprendermos a fazer as coisas à maneira do
Senhor; se pedirmos ajuda, seremos ajudados.

A O R A Ç Ã O A J U D A A S E R H U M I L D E DE C O R A Ç Ã O

Não há maior milagre do que quando o Espírito faz com


que o coração de alguém se abrande e torne-se humilde e,
depois, que o poder de Cristo o transforme. A oração é um
elemento vital nesse processo.
Há alguns anos, uma família de sobrenome Jensen foi
batizada no Estado de Nova York. Todos os membros da
família batizaram-se, menos um dos filhos. Ele não estava
interessado e continuou levando sua vida voltada para as
coisas do mundo. Após algum tempo, uma das moças da
família ingressou na Universidade Brigham Young, em
Utah. Ela insistiu com o irmão mais velho, que não era da
Igreja, dizendo-lhe que estudasse nessa universidade, até
que, finalmente, ele resolveu experimentar. "Quem sabe eu
não encontro um monte de moças bonitas lá", disse.
Ele admite que, quando chegou à BYU, sua principal
idéia era: "Tomara que me arrumem um colega de quarto
que seja bom companheiro de noitada". Em vez disso,
designaram como seu colega de quarto um membro fiel da
Igreja; um jovem ex-missionário, paralítico da cintura para
baixo, que não podia nem andar.
As semanas foram-se passando e, noite após noite,
Jensen chegava bêbado ao apartamento, depois de sair com
moças que não eram da Igreja para divertir-se. Até que um
dia, o companheiro de quarto, a quem chamarei de Smith,
não agüentou mais. Deitado na cama, no escuro, disse:
"Jensen, você se acha mesmo o máximo, não é?"
"O que você quer dizer?" disse Jensen.
"Você se acha mesmo o máximo. Pode sair para beber
todas as noites, divertir-se com as meninas e fazer tudo o
que quiser na vida, e acha mesmo que está enganando a
BYU, o Senhor e todo mundo. Bem, digo-lhe que o Senhor
vai chamá-lo às falas, e é melhor que você se arrependa,
senão, francamente, sabe muito bem onde vai parar".
Jensen deu de ombros. "Até que não é ruim".
Smith não deixou em branco. "Você precisa é
arrepender-se. Hoje é o dia certo para isso. Você precisa
arrepender-se e acertar as contas com o Senhor".
De repente, Jensen ouviu um baque. Smith tinha ido
para o chão. "Agora está orando por mim", pensou Jensen.
Tentou fingir que nada estava acontecendo. Enfim, disse:
"Ande, termine logo essa oração, que eu o ajudo a voltar
para a cama".
Smith respondeu: "Eu não preciso orar. Já orei. Quem
precisa orar é você".
Jensen não gostou, mas Smith não deixou por menos.
Finalmente, Jensen concordou e ajoelhou-se ao lado do
colega. Foi a primeira vez que orou na vida. A oração foi
simples, mas antes que terminasse, o Espírito Santo tocou-o
e, naquele instante, enquanto orava, ele começou a mudar.
Imediatamente aceitou receber as palestras dos
missionários.
Em menos de um mês, foi batizado pelo colega
paraplégico, com a ajuda de dois outros homens que o
sustentaram na pia batismal. Um ano depois, foi chamado
para servir como missionário. Tudo isso foi conseqüência de
uma oração feita num apartamento de estudantes.
A ORAÇÃO AJUDA-NOS A
E N S I N A R A V E R D A D E CORAJOSAMENTE

Quando eu era calouro na Universidade do Estado do


Arizona, tinha uma bolsa de estudos e estava desejoso de
manter a média alta. Sendo assim, matriculei-me em um
curso de oratória, que diziam ser muito fácil. Achei que com
isso conseguiria os créditos de que precisava, com boas
notas, sem que representasse um grande acréscimo em meu
volume de estudos.
Depois do último dia do prazo para mudar de curso, a
professora, que era uma senhora de uns sessenta anos,
disse: "Gente, vocês gostarão de saber que nos últimos 25
anos em que lecionei, só dei 'A' cinco vezes". Quando ouvi
isso, fiquei com o coração apertado, e a turma ficou num
estado de desânimo generalizado. Tentei mudar de curso,
mas foi impossível, porque o prazo já se havia esgotado.
Fiquei desanimado, mas, pensando no assunto, tive
vontade de aceitar o desafio e assegurar para mim o sexto
" A " que ela desse. Entretanto, com o passar dos meses,
apesar de empenhar-me de fato em cada trabalho, eu tirava
B, B-menos e, de vez em quando, B-mais; mas nunca tirei
um A.
Faltando um mês para o fim do semestre a professora
levantou-se e disse à turma: "Vocês têm um último discurso
a fazer. Ele valerá metade de nota final. Quero que cada um
escolha um tema bem polêmico e faça um discurso de 25
minutos para o resto da turma. Quando terminarem, os
outros alunos tentarão colocar abaixo os seus argumentos e
seu método de apresentação, enquanto o orador tenta
defendê-los. Depois, cada aluno escreverá uma crítica a
respeito do que o orador fez".
A classe ficou bastante agitada, principalmente por
causa da dúvida e do medo. Depois começaram a pensar
nos assuntos que poderiam abordar: o comunismo versus a
democracia, questões raciais, controle de natalidade,
qualquer assunto polêmico. Eu não fazia idéia de que
assunto abordaria.
Fizeram um sorteio para escolher quem falaria
primeiro. Tirei o número nove. Lembro-me dos primeiros
três ou quatro alunos que se apresentaram. Algumas moças
chegaram a chorar. Era mesmo difícil... a turma era bem
crítica. Havia um rapaz chinês que era muito sagaz e
parecia capaz de desmantelar tudo o que disséssemos.
Com o passar dos dias, eu via o quanto a experiência era
penosa e fui ficando muito temeroso quanto ao que deveria
fazer.
Orei quanto a um tema, mas não conseguia decidir-me
por nenhum. Os dias passaram, faltavam apenas mais dois
para o meu discurso e eu ainda não tinha escolhido o tema.
Mas várias vezes tive uma impressão: "Se o que quer é um
tema polêmico, fique com o Livro de Mórmon. Você deveria
defender o Livro de Mórmon no discurso".
Com isso a idéia de fazer o discurso ficava ainda mais
assustadora. Não havia nenhum membro da Igreja na classe
além de mim. A professora era protestante; chegou até a
usar a Bíblia em classe e deixou claro que, para ela, a Bíblia
era a única revelação de Deus aos homens. Eu ainda não
havia servido como missionário; tinha o ofício de sacerdote
do Sacerdócio Aarônico. Entretanto, havia sido missionário
de estaca no verão anterior e conhecia a velha palestra
missionária que fala de como o Senhor, que não faz acepção
de pessoas, chamou os profetas do Novo e do Velho
Mundo.
Fiquei muito nervoso. Nunca fui muito medroso para
falar, mas lembro-me que dessa vez estava com muito
medo. Orei muitas vezes pedindo ajuda para preparar-me
e muitas vezes mais, pedindo ajuda com a apresentação em
si. Ainda assim, quando me levantei para fazer o discurso
estava trêmulo e de mãos frias. Disse que o tema do qual
falaria era o Livro de Mórmon; depois comecei a ensinar
misturando o ponto de vista histórico ao acadêmico,
tentando não ofender ninguém.
Mas não demorou muito para que o Espírito do Senhor
começasse a inspirar-me o pensamento: "Não posso falar do
livro só do ponto de vista histórico. Não me importa o que
achem de mim nem que nota eu tire. O Livro de Mórmon é
verdadeiro, e todos têm de ficar sabendo".
Comecei a dar uma palestra bem parecida com as
palestras dadas aos visitantes, prestando meu testemunho
diversas vezes. À medida em que o fazia, o Espírito Santo
começou a prestar testemunho aos vinte alunos da classe de
que o que eu estava dizendo era a verdade, e senti-me
tranqüilo. Utilizei os últimos três ou quatro minutos para
responder à pergunta: "Como podemos saber se esse livro
é verdadeiro?" Li para eles a promessa de Morôni (ver
Morôni 10:4) e prestei-lhes meu testemunho de sua
veracidade. Disse-lhes: "Não importa o que digam,
critiquem o que quiserem; o livro é verdadeiro e é de Deus!"
Eu estava tão envolvido pelo Espírito, que terminei o
discurso "em nome de Jesus Cristo. Amém".
Quando acabei, havia tal silêncio na sala que não sabia
se havia arrumado um problema daqueles ou se o Espírito
havia de fato envolvido os outros alunos. Logo percebi que
era efeito do Espírito. Por fim, a professora quebrou o
silêncio e tentou instigar e convencê-los a atacar-me, mas
eles não o fizeram. (Fiquei contente porque uma das
condições que ela havia estabelecido era de que ela mesma,
sendo a professora, não poderia tomar parte.) Como
ninguém dizia nada, a professora, frustrada, acabou
dizendo: "Parece que ninguém tem nada a dizer. Sente-se,
Gene."
Depois, quando os alunos estavam entregando a
avaliação escrita que fizeram, todos demonstraram uma
reação positiva. Quatro ou cinco disseram basicamente:
"Quase me persuadistes". Uma moça disse: "Sou metodista
e não acredito em nada disso acerca do Livro de Mórmon,
mas você quase me convenceu de que é verdadeiro". O
rapaz chinês, que havia sido especialmente crítico, disse:
"Nunca tinha ouvido falar no Livro de Mórmon. Onde
posso conseguir um?"
Sei que o Senhor me abençoou nessa apresentação
dificílima. Ele responde mesmo às nossas orações, quando
nos empenhamos em ensinar a verdade às outras pessoas;
abençoa-nos quando cumprimos os mandamentos e não
temos medo de prestar testemunho Dele. Naquele dia, a
caminho de casa, lembrei-me destas palavras de Doutrina e
Convênios:

Portanto, em verdade vos digo: Clamai a este povo;


expressai os pensamentos que eu vos puser no coração e
não sereis confundidos diante dos homens;
Pois naquela mesma hora, sim, naquele mesmo
momento, ser-vos-á dado o que dizer.
Mas um mandamento vos dou, de que tudo o que
declarardes declarareis em meu nome, com solenidade de
coração, com espírito de mansidão em todas as coisas.
E prometo-vos que, se fizerdes isso, derramar-se-á o
Espírito Santo testificando todas as coisas que disserdes.
(D&C 100:5-8)

Não restaram dúvidas de que eu vira essa promessa se


cumprir.
Algumas semanas depois, recebi o boletim em casa,
pelo correio. Abri-o um tanto nervoso. Como fiquei
contente quando vi que havia tirado " A " por aquele
discurso em classe! A primeira idéia que me ocorreu foi:
"Ela é íntegra mesmo". Eu sabia que ela não acreditava no
que eu havia ensinado sobre o Livro de Mórmon.
Contudo, veio-me outro pensamento: "Não, filho. Fui
Eu que lhe dei esse 'A'".
Essa experiência serviu de excelente preparação para o
jovem que estaria no campo missionário poucos meses
depois.

A O R A Ç Ã O E AS B Ê N Ç Ã O S DO SACERDÓCIO

No que se refere às bênçãos do sacerdócio, há muitas


maneiras pelas quais as orações nos ajudam. Ajudam os
portadores do sacerdócio a saberem o que dizer na bênção,
para que digam o que o Senhor deseja. Ajudam as pessoas
doentes, ou sua família, a receber o testemunho de que o
que foi dito é a verdade. Ajuda-os a sentirem paz e consolo;
e ajuda a fé de todos os envolvidos a aumentar.
Gostaria de contar-lhes algo que aconteceu com minha
mulher. Na família dela há casos de câncer; por isso ela
ficou muito preocupada quando descobriu um caroço que
parecia ser algum tipo de tumor. O médico marcou a
cirurgia para extraí-lo, e nós começamos a orar pedindo as
bênçãos do Senhor.
Minha mulher estava muito preocupada; tanto, que
quase não conseguia dormir à noite e passava o dia ansiosa.
Conversamos sobre o assunto, e ela admitiu que, na
verdade, estava cheia de dúvidas e com medo.
O médico pretendia fazer uma biópsia para ver se o
tumor era maligno. Falando com minha mulher, notei que
ela estava esperando pelo resultado do exame para saber
como aplicar a fé. Conversamos sobre o fato de que
poderíamos demonstrar ainda mais fé se confiássemos no
Senhor, mesmo antes de saber se o tumor era maligno. Ou
seja: se confiássemos no Senhor "logo de início", quem sabe
ela não recebesse do Senhor a paz de que precisava, em vez
de depender inteiramente do exame feito pelo médico. Ela
estava cheia de fé e decidiu passar a aplicá-la
imediatamente. Tentei utilizar minha fé em seu favor e
nossos filhos fizeram o mesmo.
Sou de opinião sincera de que, quando temos um
problema, se nos voltarmos ao Senhor e nos humilharmos
logo de início, estaremos dando a maior prova de
espiritualidade e fé. Por outro lado, se demorarmos a
confiar no Senhor, pode ser que não sejamos tão
abençoados.
Enquanto minha mulher passava a ter mais fé,
empenhei-me em preparar-me para dar-lhe uma bênção. Fiz
um dia de jejum e, dois dias depois, fiz outro. No dia em
que fiz o segundo jejum, que seria o dia da bênção, orei
enquanto ia para o trabalho e pedi para saber o que dizer
na bênção. Há ocasiões em que ficamos sabendo qual é a
vontade de Deus, mesmo antes de sairmos para dar a
bênção, mas dessa vez tive a impressão que o Senhor queria
que eu esperasse. Orei fervorosamente todo o dia pedindo
ao Senhor que fosse misericordioso e me dissesse qual era
Sua vontade quando eu estivesse abençoando minha
querida esposa.
À noite, depois que voltei do trabalho, reuni a família.
Pedi que nosso filho de dez anos fizesse a oração. Com
ternura e entre lágrimas, ele pediu que a mãe ficasse boa.
Depois, um de meus filhos mais velhos ungiu a mãe e,
então, eu selei a unção e dei a bênção.
Passei o dia inteiro orando e pedindo que, na bênção,
dissesse apenas o que surgisse em minha mente naquele
mesmo instante. Conforme prosseguia, soube que deveria
dizer-lhe que descobririam que o tumor era benigno, que
tudo correria bem e que, naquela mesma hora no dia
seguinte, ela estaria bem, feliz e muito animada. Todos
sentiram o Espírito intensamente.
Todos dormiram bem a noite toda. De manhã, quando
fomos ao hospital, nós dois estávamos verdadeiramente em
paz.
A cirurgia levou uma hora, o tumor era benigno, e, em
pouco tempo, ela recuperou-se totalmente.
Às vezes o Senhor permite a um portador do sacerdócio
ser o instrumento da cura de alguém. Quando isso acontece,
a oração pode possibilitar que ele fique sabendo qual é a
vontade do Senhor, e isso ajuda-o a aumentar a fé que tem.
Não sei se nessa ocasião o Senhor curou minha mulher,
fazendo com que o tumor maligno se transformasse em
benigno, ou não. Na verdade não é isso o que importa. O
que sei é que, por meio da oração, o Senhor concedeu-nos a
bênção de saber o que esperar e deu-nos paz de espírito.
Uma das coisas mais importantes que aprendi com essa
experiência, foi que, às vezes, o Espírito sussurra com tanta
sutileza e brandura, que fica muito difícil mesmo saber se a
resposta é "sim" ou "não". Às vezes é muito difícil saber se
o Espírito falou ou não conosco.
Raramente o Espírito fala em voz audível, que captemos
com os ouvidos. Ao contrário, normalmente, ele fala por
meio de sentimentos, idéias e impressões. A voz do Espírito
é mansa e suave e, se estivermos esperando algo diferente
disso, ou não ficarmos bem quietos e atentos,
provavelmente não escutaremos a resposta, quando ela for
dada.
Nesse caso, compreendi que o Senhor me inspiraria
durante a bênção, e orei com fé, pedindo que todos os
pensamentos que me viessem à mente naquele momento
fossem inspirados pelo Senhor. Quando estava abençoando
minha mulher, falei as palavras que me vinham à mente, o
que, por si só, já era uma demonstração de fé.
Em Doutrina e Convênios, o Senhor dá um
mandamento e faz uma promessa que podemos aplicar não
somente ao que dizemos, como também às bênçãos que
damos: "(...) Expressai os pensamentos que eu vos puser no
coração (...); pois naquela mesma hora, sim, naquele mesmo
momento, ser-vos-á dado o que dizer". (D&C 100:5-6)

O R A R PARA PEDIR A J U D A EM C O I S A S MATERIAIS

O Senhor não quer que nos envolvamos demais com as


coisas materiais, superficiais ou secundárias, nem que
fiquemos muito absortos com elas. Precisamos lidar com
essas coisas, mas devemos fazê-lo com espiritualidade.
Conheço um homem que estava trabalhando havia
pouco tempo como autônomo e estava tendo dificuldades
quase intransponíveis para começar o negócio. Quase não
entrava dinheiro e ele tinha a família para sustentar. Além
do mais, havia-se comprometido a contribuir com dinheiro
para a construção de um novo templo na região em que
morava e cumpriu o compromisso, apesar de estar com
muitas dificuldades financeiras.
"Orei com muito fervor naquela semana", disse ele,
"com muita fé que o Senhor nos ajudaria a conseguir algum
dinheiro para o nosso sustento". Duas horas depois de orar,
ligaram para ele oferecendo-lhe o que seria seu primeiro
trabalho como autônomo. Uma hora depois, apareceu outro
trabalho.
Presto testemunho de que o Senhor livrará quem orar
com fé. Ele quer abençoar-nos material e espiritualmente, e
em todos os outros aspectos da vida.
Certa manhã, há alguns anos, eu estava lendo os
capítulos 13 e 14 de 3 Néfi, no Livro de Mórmon. À medida
em que lia, percebi que bobagem é imaginar que o Senhor
não esteja desejoso de ajudar-nos com o que precisamos.
(Ver 3 Néfi 14:7-11, que se aplica tanto às bênçãos materiais
quanto às espirituais.)
Senti-me mais vividamente impressionado enquanto lia
o capítulo 13, em que o Senhor diz aos Doze que não
deveriam ficar preocupados com as coisas materiais (roupa
e comida); mas promete a Seus servos que, se tiverem fé,
haverá de vesti-los, alimentá-los e cuidar de suas
necessidades materiais, para que continuem a servi-Lo e a
atender a Sua vontade.
Não sei por que, essa idéia arraigou-se profundamente
em minha mente. Fiquei aliviado ao perceber que, apesar de
todos os problemas materiais que tenho, o Senhor deseja
ajudar-me a resolvê-los, caso eu não deixe de concentrar-me
em fazer a Sua obra. Devo acrescentar que acredito que a
promessa não diga respeito somente às autoridades gerais.
Acho que Ele abençoará a todos, se tiverem o desejo de
obedecer e servi-Lo.
Na mesma noite, minha mulher falou-me de um
problema sério no encanamento da casa, que precisava ser
resolvido logo. Eu detestava a idéia de tentar fazer esse tipo
de conserto, mas não tinha dinheiro para chamar o
encanador; além do mais, de manhã, eu teria de viajar para
ir a uma conferência de estaca e teria de resolver o
problema antes de sair. Para piorar, depois de passar uns
minutinhos tentando resolver o caso, envolvi-me com
outras coisas e só me lembrei do problema de manhã.
No dia seguinte, enquanto me vestia, orei umas duas ou
três vezes pedindo que o Senhor solucionasse o problema
por mim. Já não gosto mesmo de fazer esse tipo de serviço...
Enquanto orava, repetidamente veio-me a idéia de que se
me concentrasse em pregar o evangelho e salvar almas, o
Senhor iria ajudar-me a resolver meus problemas materiais,
inclusive o do encanamento. Enquanto orava, tive a certeza
de que Ele me ajudaria.
Deu trabalho (o problema não desapareceu sozinho),
mas quando tudo ficou resolvido tive plena certeza de que
essa havia sido a resposta a minhas orações.
Pode haver quem não considere esse tipo de bênção
grande coisa, mas, para mim, fazer consertos é difícil e não
sou muito seguro nessa área. Estou convicto de que se algo
representa um problema para nós, seja o que for, representa
um problema para o Senhor e Ele irá ajudar-nos. Com essa
experiência, mais uma vez, tive o testemunho de que se nos
empenharmos sinceramente em servir ao Senhor, Ele irá
ajudar-nos a resolver os problemas materiais.
Vou contar mais uma história que ajuda a ilustrar essa
verdade.
Há algum tempo, a Igreja enfrentou um problema grave
com uma missão que ficava em uma cidade no exterior. A
Igreja vinha tendo problemas nesse lugar há mais de cem
anos, e precisávamos de um casal de muita fé e de um
engenheiro para ajudar-nos lá.
Encontramos um casal que correspondia ao perfil.
Depois que foram chamados e foram inteirados das
dificuldades de sua designação, ficaram muito preocupados
com a questão de como resolver um problema tão antigo
em apenas um ou dois anos. Dissemos a eles que, se
tivessem fé, o Senhor certamente os ajudaria a conseguir.
Ofereci-me para dar-lhes uma bênção para ajudá-los na
difícil tarefa que tinham pela frente.
Alguns dias depois, encontramo-nos para a bênção.
Esse bom casal estava com o espírito muito humilde nesse
dia e deram-me a entender que, apesar de não saberem o
que fariam para resolver o problema, estavam
absolutamente confiantes.
"Por que estão tão confiantes?" perguntei, e eles
responderam: "Porque o Senhor nos ajudará".
Então o homem, que já tinha certa idade, disse: "Vou
contar-lhe uma história.
Quando eu era moço, estava trabalhando para uma
empresa de engenharia nos Estados Unidos. Um dia, nossos
técnicos estavam viajando a serviço e uma empresa de
Newfoundland ligou para a nossa empresa pedindo ajuda.
Não fazia muito tempo, haviam instalado uma grande
caldeira industrial, e ela não estava funcionando. Não havia
mais ninguém que meu chefe pudesse mandar; portanto,
disse que me mandaria. Eu era jovem, não tinha experiência
e fiquei com muito medo quando ele disse qual era a minha
tarefa. Tentei convencê-lo a mudar de idéia, e ele disse:
'Acontece que você é o melhor que temos. Temos de
mandar você'. Sendo assim, acabei indo a Newfoundland
para tentar ajudar a empresa.
Enquanto andávamos pela fábrica, os gerentes
observaram-me examinar tudo e depois disseram: 'E aí, o
que está errado com essa caldeira? Por que não funciona?'
Eu não sabia o que dizer, estava cheio de dúvidas e morto
de medo. Finalmente respondi: 'Preciso de uns minutinhos
para pensar'. Afastei-me, deixando-os ali, de pé, e fui
andando até encontrar um depósito escuro. Ali, ajoelhei-me,
orei e implorei ao Senhor que me inspirasse quanto ao que
fazer. Disse a ele que meu chefe e a empresa em que
trabalhava contavam comigo, bem como os homens que
estavam na fábrica. Disse que não fazia idéia do que estava
errado e pedi humildemente ao Senhor que me revelasse.
Depois, terminei a oração e voltei para onde os homens
estavam esperando.
Começamos a andar em volta da grande caldeira outra
vez. Enfim, um dos homens perguntou: 'E então, qual é o
problema?' Foi como se a resposta simplesmente me viesse
dos lábios, e eu disse: 'Não há dúvida nenhuma, a caldeira
foi montada ao contrário'. Eles disseram: 'O quê?' e eu
respondi: 'É isso mesmo, foi montada ao contrário. Se
ligarem para os fabricantes, eles dirão exatamente o que
vocês devem fazer'.
Eles, então, ligaram para os técnicos da empresa que
fabricara a caldeira, explicaram o problema e receberam a
seguinte resposta: 'É, parece que a caldeira foi montada ao
contrário. Façam tal e tal coisa e o problema estará
solucionado"'.
Depois de contar-me essa história, esse homem fiel, que
a essa altura já se aposentara, disse: "Élder Cook, sei
exatamente o que fazer nessa difícil designação. Sei que
devo pedir ao Senhor e, então, conseguiremos resolver o
díficil problema que estamos enfrentando". Por sua fé,
testemunho e determinação, eu soube que seria exatamente
o que aconteceria.
Os dois anos seguintes provaram que isso era verdade.
Esse bom homem e sua mulher realizaram um milagre no
lugar em que foram chamados a servir.
Mais uma vez, ficou claro que a fé no Senhor Jesus
Cristo dá conta de todas as coisas. O obstáculo que a
maioria de nós tem à frente é confiar logo de início e com
bastante fervor no poder que o Senhor coloca à nossa
disposição.

V E N C E R OS O B S T Á C U L O S POR MEIO DA O R A Ç Ã O

Fiquei surpreso com as respostas que recebi ao


perguntar a famílias e indivíduos da Igreja em diversos
lugares o motivo por que não oram pedindo coisas como as
que discutimos neste capítulo. Há quem fique espantado
que alguém chegue a pensar em tratar desses assuntos em
oração. Outros não estão dispostos a fazer o esforço
necessário. Outros, ainda, talvez sintam que não têm fé
suficiente. Entretanto, sei que o Senhor quer ajudar-nos em
muitas coisas. Quando nos oferece uma dádiva, o que mais
Lhe agrada é que a aceitemos.
Perguntei às pessoas por que não são mais persistentes
ao orar e ouvi várias respostas:
— Não tenho tempo suficiente.
— Ainda não criei o costume.
— Minha família não costumava fazê-lo; por isso não
sou muito de orar.
— Acho que eu devia. Mas acho que ainda não me
determinei de verdade a fazê-lo.
— Detesto admitir, mas às vezes não acredito que a
oração tenha tanta importância assim.
Qualquer que seja a razão, espero que não se esqueçam
de que é o diabo que nos ensina a não orar. (Ver 2 Néfi
32:8-9.) Acredito que o diabo treina parte de seus melhores
emissários em como fazer com que os homens não orem.
Diz coisas simples como: "Você está muito cansado".
"Amanhã você ora". "Agora não dá tempo. Há muitas
outras prioridades". "Veja os seus pecados! Você acha
mesmo que é digno de orar?" "Orar não adianta. Não se
lembra de quando orou e não aconteceu nada?" E assim por
diante, tentando convencer as pessoas de que a oração não
adianta de nada ou não vale a pena. É claro que essas
inspirações são mentirosas.
Espero que se decidam a não dar ouvidos ao diabo, mas
ao Senhor, que nos convida continuamente a orar ao Pai
Celestial, para que Ele nos abençoe.
No meu entender, todas as desculpas e motivos que
temos para não orar se extinguirão, contanto que façamos o
seguinte:
1. Decidamos que devemos orar,
2. Acreditemos que orar adianta e
3. Determinemos quando, onde e de que forma o
faremos.
No que se refere ao horário, se nossas ocupações não nos
deixam tempo para orar, estamos mais ocupados do que
deveríamos. Talvez tenhamos de acordar um pouco mais
cedo de manhã ou ficar acordados até um pouco mais tarde,
à noite. Talvez tenhamos de fazer ajustes no que se refere ao
tempo que gastamos com um passatempo, assistindo à
televisão ou fora de casa, com lazer. Talvez seja necessário
que façamos ajustes aqui e ali; contudo, qualquer que seja
nossa decisão, temos de perceber que não orar não deve ser
uma das opções.
Caso não tenham o costume, é hora de criarem-no. Caso
não acreditem que devam orar acerca de coisas de pouca
importância, repassem as histórias e testemunhos deste
capítulo. Caso não acreditem que orar adianta, é ora de
voltarem a colocar a oração à prova. Prometo-lhes que, se
seguirem ao Senhor e buscarem-No de todo o coração,
certamente Ele os abençoará; e com certeza responderá às
suas orações.

Pontos a Ponderar
1. Como as nossas intenções podem proteger-nos dos excessos
que Satanás quer promover?

2. Na história do irmão que era alcóolatra e de sua mulher, o que


tornou possível que eles se livrassem do vício?
3. Quais são as melhores reações à oposição e a outros obstáculos?
Como pode aplicar isso à sua vida?

4. Neste capítulo há histórias que falam de várias maneiras


importantes pelas quais o Senhor nos ajuda. Como essas histórias
podem ser aplicadas a você? Pergunte-se: O que eu posso fazer
para buscar receber as bênçãos do Senhor em mais áreas da
minha vida?)

5. As pessoas dão muitas desculpas para não persistirem em orar.


Você está entre essas pessoas? (Pergunte-se: Como me arrepender
e melhorar?
C A P Í T U L O 6

A ORAÇÃO: BÊNÇÃO PARA


o s PAIS E PARA OS LÍDERES

l l a v e r á um pai que nunca tenha orado por um filho


doente ou que se tenha desencaminhado? Haverá um líder
que nunca se tenha ajoelhado para orar pelas pessoas a
quem foi chamado a servir e abençoar? A oração é um dos
instrumentos mais eficientes que temos para conseguir as
bênçãos do Senhor para outras pessoas.
Vejam algumas experiências que fortaleceram meu
testemunho relativo aos muitos modos de utilizarmos a
força da oração em nossa responsabilidade de pais em Sião
e líderes no reino de Deus.

ORIENTAÇÃO PARA L I D A R COM O U T R A S PESSOAS

Certa vez, tive uma entrevista muito penosa com um


homem a quem conhecia havia vários anos. Ele havia-se
desviado dos ensinamentos da Igreja e chegara às raias da
excomunhão. Infelizmente, não estava sendo honesto com
os líderes locais.
Durante quase meia hora, lutei para que se abrisse
comigo (e para que se dispusesse a fazer o mesmo com o
presidente de sua estaca).
Ele estava inflexível. Não dava o braço a torcer.
Acabei ficando de mãos atadas, sem saber o que dizer.
Clamei ao Pai Celestial que me ajudasse e, enquanto orava,
senti que devia aproximar-me dele, abraçá-lo e dizer-lhe
que o amava. Levantei-me, ele pensou que eu estivesse
encerrando a entrevista; só que, em vez disso, fui até ele
abracei-o e disse-lhe que o amava do fundo de meu coração.
Nesse momento, o coração dele abrandou-se e ele cedeu aos
sentimentos infundidos pelo Espírito. Finalmente, dispôs-
se a contar todos os seus problemas e pecados... e com isso,
a dar os primeiros passos para voltar a ser digno e a
integrar-se totalmente na Igreja.

DISCERNIR O QUE V A I NO ÍNTIMO DOS O U T R O S

Certa ocasião, quando eu servia em uma presidência,


fiquei sabendo que precisaria trocar um de meus
conselheiros. Falei de diversas opções com os líderes locais
e acabei ficando inclinado por chamar o irmão João da Silva
(esse não é o nome real). Estive com ele uma vez e senti-me
bem quanto a ele.
Contudo, falando do irmão João a seu presidente de
estaca, ele disse: "Ele nunca trabalhou bem de verdade. Fez
parte do sumo-conselho, mas não cumpriu as designações
e nem sempre fazia o que lhe pedíamos. Agora está
servindo na ala, no programa dos jovens".
Conversei com os líderes do escritório da área, onde ele
trabalhava. Eles disseram que, no passado, algumas pessoas
haviam acusado o irmão João, sugerindo que ele não tinha
sido totalmente honesto nos negócios com outras pessoas.
Essas mesmas pessoas suspeitavam de que tivesse havido
desvio de fundos da Igreja, mas nenhuma das acusações
chegou a ser provada. Então, fiquei sabendo que uma
Autoridade Geral que estava ao par da questão havia
defendido o irmão João, dizendo que ele era honesto mas
que não entendia bem de contabilidade.
Passei algum tempo em dúvida. Será que devia chamá-
lo? Será que as acusações de desonestidade eram
verdadeiras? Ao orar sobre esse assunto, tive a impressão
clara de que ele devia ser meu conselheiro. Liguei para a
Autoridade Geral que me servia de contato e conversei
longamente com ela a esse respeito. Quando terminei, o
conselho que me deu foi: "Caso se sinta bem com relação a
ele, e o Espírito indique que ele é a pessoa certa, chame-o".
Essa havia sido a indicação do Espírito, e eu acatei-a. Ele
estava servindo como meu conselheiro havia menos de um
mês, quando escrevi em meu diário que poderia substituir-
me no cargo de presidente. Ele era muito espiritual, sabia
lidar com as outras pessoas, era fiel no cumprimento das
designações; era tudo o que eu esperava de um conselheiro.
Depois, tive o imenso prazer de vê-lo ser chamado para
presidir uma missão.
O Senhor conhece os filhos que tem muito melhor do
que nós; e se O procurarmos com humildade, ele haverá de
ajudar-nos a discernir o que vai no íntimo das pessoas com
quem trabalhamos. Esta foi a lição que aprendi com isso:
Siga os sussurros do Espírito e tudo dará certo.

A J U D A PARA T O C A R O U T R A S PESSOAS

Numa ocasião em que eu estava visitando a Missão


Chile Concepción, tive uma grande reunião com a maioria
dos missionários. No transcurso da reunião, diversas vezes
peguei-me orando, sentado ao púlpito, quanto ao que
deveria falar. Pensei em um assunto após o outro e não me
senti bem com nada.
De repente, quando faltava pouco para o momento em
que eu falaria, dois missionários entraram no fundo do
recinto, trazendo consigo um grupo de 14 visitantes.
Já que a reunião era para ajudar-nos a treinar os
missionários, o presidente da missão e eu chegamos à
conclusão de que os missionários deveriam ensinar os
visitantes em outra sala. O presidente foi falar com eles,
mas, alguns minutos depois, voltou e disse: "Élder Cook, os
missionários pediram desculpas por trazerem esses
visitantes, mas prometeram-lhes que ouviriam uma
Autoridade Geral. Eles vieram de longe para ouvi-lo falar".
Resolvemos deixar que ficassem por alguns minutos,
para ouvirem meu testemunho. Quando chegou a minha
vez de falar, ainda não tinha a menor idéia do que o Senhor
queria que eu dissesse. Contudo, ao ficar de pé diante do
púlpito, tive a impressão que deveria convidar os quatorze
visitantes para sentarem-se nas primeiras fileiras. Fiz
algumas perguntas a eles e fiquei sabendo que todos
haviam recebido três ou quatro palestras, exceto uma
família, que recebera apenas uma.
Tentei preparar o espírito de minha parte da reunião,
prestando o meu testemunho e falando do que sentimos
quando o Espírito Santo presta testemunho da verdade.
Depois, disse aos visitantes: "Eu gostaria muito que me
ajudassem a ensinar algumas coisas a esses missionários.
Vocês aceitariam?" Eles ficaram bastante espantados e sem
saber ao certo o que dizer, mas fui em frente. "Será que
vocês, que são visitantes, poderiam dizer-nos como é
começar a ter um testemunho?", perguntei.
Uma senhora de uns cinqüenta anos disse: "Sei que é
verdade, porque li metade do Livro de Mórmon. Não tenho
dúvidas porque sinto que o Livro de Mórmon é verdadeiro
e sei que tudo o mais é verdadeiro também". O testemunho
que ela prestou foi muito ardoroso, dizendo que sentiu
tranqüilidade e paz verdadeiras com os ensinamentos do
evangelho.
Um homem prestou testemunho de que o Senhor o
havia ajudado a vencer alguns problemas sérios, e que
nunca se sentira melhor ou estivera mais contente do que
depois de os missionários terem começado a ir à sua casa,
nas últimas duas semanas.
Notei que uma das mulheres tinha o testemunho
particularmente fraco e chamei-a para dizer o que sentia.
Ela disse que não havia ficado muito convencida da
veracidade do evangelho, mas que a influência da força dos
outros aumentou o testemunho que tinha. Ela resolveu que
estava pronta para ser batizada.
Depois, convidei uma mocinha de quinze anos para
subir ao púlpito, e perguntei: "Como é que uma moça de
quinze anos pode saber se essas coisas são verdadeiras?"
Ela prestou testemunho de que sentira o Espírito penetrar-
lhe o coração e dar testemunho de Joseph Smith. Disse que
passou a haver mais paz, harmonia e espiritualidade em
sua casa após o surgimento dos missionários do que em
qualquer outra época de que se lembrasse.
Os visitantes falaram do amor que tinham aos
missionários; depois, pedi que os dois missionários
subissem e prestassem o testemunho e falassem do amor
que tinham aos visitantes. Foi muito comovente, e fiquei
sabendo que todos os 14 visitantes expressaram o desejo de
ser batizados em poucas semanas.
No fim, passamos quase uma hora com os visitantes,
antes de dispensá-los. Eu tinha poucas coisas a acrescentar à
reunião. Os missionários foram treinados e ouviram o que
o Senhor queria que ouvissem. Depois, perguntei-lhes o que
haviam sentido e fiz questão de que atentassem para a
importância do que havia acontecido. No final das contas,
a experiência foi bastante espiritual.
Presto testemunho de que se orarmos com humildade,
o Senhor nos revelará, no momento exato, o que devemos
falar, e isso mudará os sentimentos das pessoas. Tenho
certeza de que realizamos mais nos minutos que passamos
com os visitantes do que com qualquer coisa que eu
dissesse por minha própria conta.

SOBREPUJAR AS FRAQUEZAS E A B R A N D A R OS C O R A Ç Õ E S

Após u m a conferência de estaca a que assisti na


Colômbia, recebi uma carta de um representante regional.
Ele prestava testemunho de como a oração pode ajudar-nos
a tocar o coração de outras pessoas (e, ao m e s m o tempo,
fortalecer nossos pontos fracos).

Enquanto estávamos juntos na sessão geral da


conferência em Cali, algo muito especial aconteceu
comigo, e quero contar-lhe o que foi. (...)
Entre os ensinamentos que deu aos missionários na
sessão para missionários, você salientou a firmeza, a
resolução, a determinação, o desejo de alcançar algo e o
espírito que devemos ter para atingirmos nossa meta.

Esse representante regional disse que vinha lutando


para conseguir esse tipo de atitude ou traço de caráter. Na
verdade ele não tinha a determinação de ser firme com as
pessoas a quem dirigia no trabalho da Igreja. Disse que
existiam alguns problemas graves em sua região, mas que
ainda não se tinha ocupado deles.

Havia orado ao Senhor, pedindo-lhe que me ajudasse a


encontrar um remédio para essa minha fraqueza. (...)
Nessa noite, no hotel, pedi ao Senhor que me inspirasse
para saber como receber ajuda para solucionar esse
problema. Logo cedo no domingo, antes de sair do hotel,
tornei a orar para pedir inspiração. (...) Sei que o Senhor
sempre me escuta e responde. Por isso tinha muita fé e
fiquei atento para escutar a resposta.
Para mim, foi decisivo o momento em que, dez
minutos antes do início da sessão geral, o senhor disse-
me: "José, é bem provável que aquele líder do sacerdócio
não venha à conferência. Há quem diga que ele vem, mas
quero ter certeza. Por favor, procure-o".
Compreendi a magnitude da tarefa porque sabia da
inatividade e ressentimento desse líder do sacerdócio;
mas senti também que era muito importante para ele e
para todos os demais que ele estivesse na sessão.
Pus-me a caminho em companhia de um rapaz,
orando para ter sucesso em minha designação. Quando
chegamos à casa dele, encontrei-o lendo o jornal, com a
televisão ligada. Ele não estava arrumado para ir à Igreja
e o pior é que sua atitude era muito negativa. Disse-lhe,
em uma voz que nem reconheci, mas com energia e
determinação: "Irmão, em nome de Jesus Cristo e com a
designação especial que me foi feita pelo Élder Cook, vim
procurá-lo para que vá à conferência".
Ele respondeu: "Nem pensar! Com todo o respeito que
devo a você e ao Élder Cook, digo que não vou.
Aconteceram muitas coisas que..." Eu o interrompi para
dizer que o amávamos e esperávamos que reconsiderasse
a decisão, mas, ao mesmo tempo, demonstrei a firmeza
de minhas intenções. Disse-lhe que não sairia da casa sem
ele. Disse que em outra oportunidade conversaríamos
sobre os problemas, mas nesse instante, tínhamos de ir à
conferência.
Nesse momento, operou-se em mim uma mudança
maravilhosa. Repentinamente, percebi que o fato de ter-
me mandado àquela casa havia sido uma resposta direta
às minhas orações. Eu havia orado pedindo mais
coragem e força espiritual, o Senhor havia-me colocado
em uma situação em que elas seriam testadas e
desenvolvidas. Compreendi como nunca o que é agir em
nome de Jesus Cristo, pelo poder do sacerdócio e
designação de um líder que seja servo do Senhor.
Passaram-se 10 minutos e eu estava certo de que a
conferência já havia começado, mas disse comigo mesmo:
"Não voltarei sozinho para a capela. Se não tiver a força
necessária para fazer com que esse líder do sacerdócio me
acompanhe, ficarei aqui até o fim da conferência; depois,
irei para casa sem voltar à capela. Mas não sairei daqui
sozinho." Estas palavras de Néfi serviram-me de
inspiração: "Assim como vive o Senhor e vivemos nós,
não desceremos para o deserto onde está nosso pai até
havermos cumprido o que o Senhor nos ordenou". (1
Néfi 3:15)
De alguma maneira esse bom homem deve ter
percebido que eu estava decidido, porque apesar de ter
dado mil desculpas para não ir, depois de ajoelharmo-nos
e orar, ficou com um pouco de remorso por fazer-me
perder parte da conferência. Ele disse: "Está bem! Eu vou,
mas com a condição de voltar para casa assim que a
conferência acabar".
Aceitei isso com muita alegria e pedi ao Senhor que
ajudasse esse líder do sacerdócio a receber tanto amor e
compreensão na capela, que se dispusesse a mudar de
atitude.
Nunca havia visto uma pessoa se aprontar tão
depressa. Em cinco minutos ele estava pronto para ir
comigo, e sua aparência era a de um líder, movido pelo
Espírito e pronto para cumprir seus deveres.
#

FORTALECER N O S S O S IRMÃOS

Sei de uma estaca em que 150 h o m e n s receberam o


Sacerdócio de M e l q u i s e d e q u e em um espaço de tempo
muito breve. O que os líderes das alas e da estaca fizeram?
O que tornou possível que acordassem tantos homens que
estavam adormecidos espiritualmente?
N a s entrevistas com os líderes dessa estaca,
descobrimos que o sucesso que alcançaram teve início com
uma atitude de determinação. Um bispo disse: "Para mim,
tudo começou no dia em que o presidente da estaca decidiu
o que faríamos. Não estou dizendo que ele tenha achado
que isso seria uma boa idéia ou que ele iria tentar. Digo que
ele tomou uma decisão".
O presidente da estaca decidiu que não podia mais
tolerar na estaca o tipo de atitude que permite que um
número crescente de homens terminem ficando no grupo
dos élderes em perspectiva.
O Senhor ensinou esse princípio, o espírito de resolução,
por intermédio de Néfi, que disse as palavras que acabamos
de citar:

Assim como vive o Senhor e vivemos nós, não


desceremos para o deserto onde está nosso pai até
havermos cumprido o que o Senhor nos ordenou". (1
Néfi 3:15)

Depois de tomarem a decisão, os líderes depositaram


total confiança no Senhor. Humilharam-se; pediram a ajuda
do Senhor com sinceridade e fervor. Certo bispo disse:
"Depois que percebemos a atitude do presidente da estaca,
que ele verdadeiramente tinha a intenção de fazer aquilo,
percebemos que nunca fizéramos algo assim anteriormente.
Buscamos o Senhor, jejuamos juntos e oramos perguntando:
'Como conseguiremos? O que faremos?"
Ao tentarem dar continuidade ao que tencionavam
fazer, não deixaram de buscar a influência do Espírito.
Outro bispo disse: "Não me concentrei somente nos seis
passos fáceis para entrevistar alguém que havia aprendido.
Em vez disso, resolvi que o Senhor teria de me dizer o que
eu precisaria fazer para ajudar cada homem a passar por
uma mudança em seu íntimo. Entrevistei alguns sozinho,
como bispo; outros entrevistei com o presidente da estaca
ou o presidente do quorum de élderes. Todas as vezes
oramos sem cessar, implorando ao Senhor que nos
desvendasse o íntimo de cada um".
O Senhor prometeu que nos utilizaria como
instrumentos para ajudar a converter o Seu povo.

E se perguntares, conhecerás mistérios que são grandes


e maravilhosos; (...) para que leves muitos a conhecerem
a verdade, sim, para convencê-los do erro de seus
caminhos. (D&C 6:11; grifo do autor)

Parte do plano era entrevistar todos os élderes em


perspectiva sob sua responsabilidade. Certo bispo disse:
"Ajoelhávamo-nos para orar com cada homem que entrava,
e eu rogava ao Senhor diante do homem, que ele sentisse o
Espírito e tivesse o desejo de voltar à plena comunhão com
o Senhor e Sua Igreja. A maioria desses homens eram
difíceis. A maioria estava inativa havia muito tempo, não
era de recém-conversos".
Outro bispo disse: "Entrevistei literalmente cada
homem, mulher e jovem de minha ala. Deixei de ficar só
falando e passei a entrevistar com o Espírito. Desafiei
famílias inteiras a virem e participarem do reino.
Desafiávamos o marido e a mulher especificamente a
participarem do curso de preparação para o templo, que foi
marcado para uma data determinada. Dissemos a eles que o
Senhor esperava que comparecessem e que havia mandado
que lhes déssemos o recado. Foi emocionante ver a reação
que tiveram! Nossos irmãos, os élderes em perspectiva,
verdadeiramente sentiram o amor que lhes dedicávamos.
Não poderiam fazer outra coisa senão corresponder. O
amor era constante, forte e dominador; pois não éramos
somente nós, mas o Espírito do Senhor que estava em nós".
O sucesso alcançado nessa estaca foi fruto de três
elementos espirituais simples. Em primeiro lugar, os líderes
tomaram uma resolução: "Nós o faremos". Depois,
concentraram-se inteiramente no Senhor, com a consciência
de que é Ele quem revela o que há no coração das pessoas; e
oraram pedindo-Lhe essa bênção especificamente. Por
último, trabalharam arduamente, em espírito de oração,
entrevistando a todos sob a influência do Espírito, para
fazer com que se arrependessem, sentissem que eram
amados e voltassem ao rebanho.

C O M O V E R E PROMOVER A M O D I F I C A Ç Ã O INTERIOR

Algo semelhante foi feito em outra estaca. Em uma


conferência de estaca, fiquei surpreso com o número de
rapazes dignos que não haviam sido missionários, apesar
de serem maiores de idade. Na conferência, eram tantos,
que lhes pedi que ficassem de pé. Levantaram-se 76
rapazes. Fiquei espantado e perguntei-me: "O que os nossos
líderes estão fazendo?"
Após a conferência, convoquei uma reunião especial
com a presidência da estaca e os bispos. Depois que
terminamos, fiz-lhes um desafio: "Irmãos, peço-lhes que
entrevistem esses 76 rapazes, cada um deles. Conversem
com eles tendo o Espírito do Senhor e peçam-lhes que
aceitem o chamado Dele. Procurem-me em uns dois meses e
façam-me um relatório sobre cada rapaz".
Umas seis semanas depois, o presidente da estaca
procurou-me com um relatório. Ele disse: "Élder Cook,
fizemos todas as entrevistas".
"Ótimo", respondi. "Quantos estão indo para a
missão?"
Ele ficou quieto, estava contente com o fato de todos os
rapazes terem sido entrevistados, mas não queria dizer-me
o resultado das entrevistas. Por fim, acabou dizendo: "Bem,
uns três ou quatro... E há cinco ou seis que provavelmente
irão no ano que vem".
Orei. O que deveria dizer? Então senti que o Senhor
queria que eu falasse francamente, e disse: "Presidente, só
há duas conclusões possíveis".
"Quais?", perguntou.
Eu respondi: "Que esses sejam os rapazes mais indignos
e apáticos que já vi".
Ele maneou a cabeça. "Não é verdade, Élder Cook. São
ótimos rapazes".
"Eu sei. Conversei com vários na conferência".
Falamos dos rapazes por uns instantes e, depois ele
perguntou: "Qual é a outra conclusão?"
Respondi: "Acho que se a outra era falsa esta é
necessariamente verdadeira."
"E qual é?"
Nunca teria respondido se o Senhor não me houvesse
inspirado a fazê-lo, mas sabia que era importante que eu
fosse bem direto. Disse: "Acho que esse é o grupo de líderes
do sacerdócio mais ineficiente que já conheci". E não disse
isso com um sorrisinho.
O presidente da estaca levou a mal, e eu sabia que o
faria; mas no fundo, era disso que ele precisava. Ele não
estava sendo humilde como deveria. Tinha agido
meramente como homem, e foi por isso que alcançara
aqueles resultados.
Ao término da entrevista, abracei-o com amor.
Ajoelhamo-nos e oramos juntos. Depois, prestei meu
testemunho a ele: "Presidente, a partir de agora, aja com a
autoridade de Deus, e Ele corresponderá. Vá à casa dos
rapazes, ajoelhe-se e ore com eles. Peça a cada um que
explique ao Senhor em sua presença por que não pode
servir como missionário. Aí, se o Senhor disser que ele não
precisa ir, para mim está bem; mas se o Senhor disser que
ele tem de ir, diga ao rapaz que tenha a decência de fazê-
lo". Combinamos que ele me procurasse após mais seis
semanas e fizesse um relatório.
Depois dessa conversa, chamei o representante regional
responsável por ele e disse: "Acabei de ter uma conversa
difícil com o presidente fulano. Tenho certeza que ele está
bem abatido. Por favor, procure-o para fortalecê-lo e
abençoá-lo".
Seis semanas depois, o presidente de estaca voltou com
o relatório. Disse o seguinte:
"Irmão Cook, saí do seu escritório ofendidíssimo.
Estava humilhado e zangado. Passei uma semana
remoendo. Nesse tempo todo, senti-me péssimo mesmo.
Até que contei tudo para minha mulher. Ela escutou e,
depois, disse: 'Meu bem, não quero ofendê-lo, mas foi um
servo do Senhor que falou com você, e sinto algo dizer-me
que ele disse o que o Senhor diria. Ele só está pedindo que
você volte a conversar com eles. Pare de resistir. Aja'.
Sabia que ela tinha razão. Pela primeira vez, humilhei-
me e tive o desejo de agir à maneira do Senhor. Ajoelhamo-
nos, oramos juntos, e senti que estava recebendo muito
poder. Senti-me como se pudesse fazer qualquer coisa, até
mover uma montanha, e disse: 'Não arrumarei mais
desculpas. Farei o que me pedem'".
Então ele foi e, com a ajuda dos bispos, começou a
entrevistar os rapazes outra vez. Em seis semanas,
entrevistou 27 rapazes. Deles, 25 aceitaram servir como
missionários e preencheram os papéis. A oração abrandou-
lhes o coração para que eles aceitassem.
Um rapaz cujo nome estava na lista de entrevistados,
costumava visitar o filho do presidente. Irei chamá-lo de
João. Ele não era plenamente ativo e não tinha vontade de
ir para a missão, mas era basicamente digno e deveria estar-
se preparando para isso.
Um dia o João foi visitar o filho do presidente. Assim
que o viu, o presidente começou a orar: "Pai Celestial, o que
devo fazer? O que devo dizer ao rapaz? Como tocarei seu
coração?" Então, o presidente saiu com esta: "João, ouvi
dizer que você vai para a missão".
João ficou espantado. "Presidente, o senhor sabe que
não tenho a menor intenção de ir para a missão. Quem disse
uma coisa dessas?"
Então, o presidente respondeu com toda a sinceridade:
"Filho, foi o Senhor e o Espírito Santo". João ficou sem ter o
que dizer; e o presidente disse: "Por que não oramos, João?"
Eles ajoelharam-se no mesmo momento e oraram. Em
questão de quatro ou cinco minutos, João resolveu que
serviria como missionário. O que fez com que mudasse? O
Espírito Santo, que agiu vigorosamente nele enquanto
estava orando com o presidente da estaca.
Mas a história não termina aí. João ficou preocupado,
achando que os pais, que estavam inativos na Igreja, não
aprovariam que fosse para a missão. O presidente disse:
"João, não se preocupe com isso. Se o Senhor quer que vá,
não devemos ficar preocupados com os outros, não é?
"É... Acho que não".
Eles visitaram os pais do rapaz e oraram com eles. Em
menos de vinte minutos os pais concordaram e João pode
servir como missionário com a aprovação dos pais.
O mesmo presidente de estaca teve outra experiência
que demonstra o poder da oração para ajudar-nos a tocar o
coração de outras pessoas. Havia uma moça de 22 anos que
pertencia à estaca e queria servir como missionária; mas os
pais, que não eram membros, se opunham. Estavam
preocupados com duas coisas: que a filha perdesse a
castidade no campo missionário e que perdesse o emprego,
num país com altos índices de desemprego.
O presidente da estaca visitou-os em casa; durante a
visita ficou orando mentalmente e pedindo a ajuda do
Senhor. Ele não sabia o que fazer nem o que dizer, mas
acreditava que o Senhor o ajudaria. De repente, enquanto
conversavam, ele lembrou-se de uma jovem ex-missionária
que morava por ali. Ele pediu licença e foi buscá-la, orando
durante todo o trajeto para pedir a Deus que ela estivesse
em casa e livre. A moça estava em casa e aceitou de boa-
vontade prestar seu testemunho a esses não-membros. Ela
disse-lhes mais coisas acerca do que era a missão, como
havia mudado sua vida e como havia fortalecido seus
valores morais, ao contrário de enfraquecê-los.
Isso contentou e convenceu os pais; mas ainda havia a
questão do emprego da filha. O próximo passo do
presidente da estaca foi visitar o chefe da moça, que era o
gerente de uma loja de departamentos, e explicar-lhe o que
ela estava tentando conseguir. A moça era uma das
melhores funcionárias que tinha, disse ele, e não pretendia
deixar que ela se ausentasse por um ano e meio. Se
resolvesse sair, perderia o emprego.
Ainda orando em pensamento, o presidente da estaca
falou dos benefícios da missão. O gerente comoveu-se e
ofereceu-se para assinar um acordo que permitiria a ela
voltar ao emprego depois da missão (o que, na época, não
tinha precedentes no país). Ele ofereceu-se também para
ajudar a sustentá-la na missão e deu uma importância em
dinheiro ali mesmo.
Presto testemunho de que, se pedirmos, o Senhor irá
ajudar-nos nas conversas que tivermos, visitas que
fizermos, entrevistas e todos os outros contatos com as
pessoas a quem servimos.
Temos de orar com fervor durante essas ocasiões para
que "[expressemos! os pensamentos que [o Senhor nos]
puser no coração e não [sejamos] confundidos diante dos
homens; pois (...) naquele mesmo momento, [ser-nos-á]
dado o que dizer". Não há dúvidas de que Ele nos dará "a
porção que será concedida a cada homem". (D&C 100:5-6;
84:85)
É verdade que a oração nos ajuda a passar por uma
mudança interior e ajuda-nos a tocar o coração das pessoas
com quem trabalhamos. Não faz diferença estarmos
lidando com um filho rebelde, com um cônjuge
descontente, com um membro menos ativo, um amigo,
colega ou até conosco mesmos: o efeito da oração é
verdadeiro e duradouro.

Pontos a Ponderar
1. Releiam a carta do representante regional. De que forma a
oração o ajudou no problema que teve com o líder do sacerdócio?

2. Qual foi o papel da oração na história da estaca em que 150


homens receberam o Sacerdócio de Melquisedeque?

3. Qual foi o efeito da oração na história do presidente de estaca


que entrevistou 76 rapazes para que saíssem em missão?
4. A oração pode representar uma importante influência que ajude
a promover a mudança interior. Como suas orações podem ajudar
os membros da família que precisem passar por uma modificação
interior? E as pessoas com quem trabalham ou têm contato na
Igreja?

5. Este capítulo contém várias histórias de como a oração ajuda os


pais e os líderes. O que podem fazer para utilizar a oração como
uma bênção que os ajude nas dificuldades que enfrentam como
pais, ou no chamado que têm na Igreja?
C A P Í T U L O 7

A GRAÇA DE DEUS

Q u e m nunca tentou resolver os problemas da vida


sozinho, sem pedir que o Senhor interferisse em sua vida?
Tentamos arcar sozinhos com o peso.
Da mesma maneira, quantas vezes nos privamos do
poder de Deus ao orarmos pedindo ajuda com nossos
problemas, por termos dúvidas ou medo e, assim, não
recebemos as bênçãos que Ele nos daria? (Ver D&C 6:36; 76:3.)
Há quem diga, quando tenha de passar por provações e
momentos aflitivos: "Por que Deus não me ajuda?" Há
quem chegue a inquietar-se com dúvidas quanto à oração e
à sua dignidade pessoal, e digam: "Será que adianta orar?"
Presto testemunho de que orar adianta e que o Senhor
está pronto a ajudar-nos. Parece-me que aprender com o
Senhor a utilizar melhor os poderes do céu em nosso favor é
um elemento essencial, algo que conseguimos quando
recebemos Sua graça.

O P O D E R DE D E U S QUE T U D O T O R N A POSSÍVEL

A melhor definição que conheço do que é graça


encontra-se no dicionário da edição SUD da Bíblia [em
inglês]. Diz o seguinte:

A idéia central da palavra é o meio divino de ajudar ou


fortalecer, concedido por intermédio da imensa
misericórdia e amor de Jesus Cristo. (...) A graça é o poder
que torna tudo possível. (Holy Bible, Salt Lake City, The
Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1979,
apêndice, p. 697.)

Portanto, a graça é o poder de Deus que tudo torna


possível. Na verdade, se substituíssemos a palavra "graça"
por "poder de Deus que tudo torna possível" sempre que a
encontrássemos nas escrituras, compreenderíamos muitas
coisas.
Citarei um exemplo de Jacó:

Portanto estudamos os profetas e temos muitas


revelações e o espírito de profecia; e com todos estes
testemunhos obtemos uma esperança e nossa fé torna-se
inabalável, de sorte que podemos verdadeiramente
ordenar em nome de Jesus e as próprias árvores ou as
montanhas ou as ondas do mar nos obedecem. (Jacó 4:6)

Que declaração! As montanhas, árvores e ondas do mar


atendiam as suas ordens. Mas como conseguiram isso?

Não obstante, o Senhor Deus mostra-nos as nossas


fraquezas a fim de que saibamos que é por [seu poder,
que tudo torna possível] e sua grande condescendência
para com os filhos dos homens que temos poder para
fazer estas coisas. (Jacó 4:7)

E então, Jacó, onde você conseguia poder para fazer


isso? Fazia essas coisas devido à graça, ao poder de Deus
que tudo torna possível, e à Sua condescendência para com
os filhos dos homens.
Vejamos outra escritura que salienta a importância
desse poder:

Há uma lei, irrevogavelmente decretada no céu antes


da fundação deste mundo, na qual todas as bênçãos se
baseiam - E quando recebemos uma bênção de Deus, é
por obediência à lei na qual ela se baseia. (D&C
130:20-21)

Esse é o tipo de escritura que tudo abrange. A lei foi


decretada irrevogavelmente (não pode ser alterada). Todas as
bênçãos baseiam-se nela (não há exceções). Quando
recebemos uma bênção, é por obediência à lei (novamente
não há exceções).
Acredito que o Senhor esteja dizendo que existem leis e
condições que regem todas as bênçãos. Quando cumprimos
a lei e a condição, recebemos a bênção (presumindo-se que
não estejamos agindo contrariamente à vontade de Deus).
Como isso atende ao princípio da graça?
Digamos que um homem fiel chamado João esteja
orando e pedindo uma bênção de todo o coração. Ele faz
tudo a seu alcance para contribuir para que ela se
concretize, mas não basta. Ele faz quase tudo o que é
necessário, mas nem tudo. Acontece que ele não tem a
capacidade necessária para fazer tudo o que é preciso; mas,
persiste e recebe a bênção.
Pergunta: Quem fez o que faltava? É preciso que a lei ou
exigência seja cumprida, mas João não tinha capacidade de
fazê-lo. Quem compensou sua incapacidade?
Resposta: O Senhor, Jesus Cristo. O poder de Deus que
torna tudo possível, ou a graça, interveio e Jesus Cristo
contribuiu com o que faltava a João. Portanto, a lei foi
cumprida.
Compreendam isso. Jesus não somente nos salva de
nossos pecados, mas também nos ajuda em nossas
debilidades, aflições, fraquezas, problemas e quando
estamos desanimados; e ao fazer isso, ajuda-nos a
qualificarmo-nos para receber as bênçãos que buscamos. A
isso, chamamos graça.
Pensem agora em outro homem. Ele tem menos fé que
João. Foi batizado na semana passada. Está tentando
alcançar a mesma bênção que João, mas ainda não tem tanta
fé quanto João. Ao tentar obedecer a lei, não consegue
cumprir mais de 10% das exigências. Mesmo assim, recebe
a bênção. Como? Outra vez, porque Jesus foi a
compensação e entrou com o que faltava. Depois que
fazemos tudo o que podemos, acontece a intervenção da
graça de Deus. O profeta Néfi disse magnificamente:

Pois trabalhamos diligentemente para escrever, a fim


de persuadir nossos filhos e também nossos irmãos a
acreditarem em Cristo e a reconciliarem-se com Deus;
pois sabemos que é pela graça que somos salvos, depois
de tudo o que pudermos fazer. (2 Néfi 25:23)

A meu ver, esse princípio explica porque as criancinhas


são abençoadas tão prontamente quando oram. Há muito
pouco que as crianças possam fazer além de abrir o coração,
mas isso basta. O Senhor entra com o restante. As crianças
têm pleno acesso aos céus.
Também podemos ter esse acesso, caso oremos de todo
o coração e façamos tudo o que pudermos para merecermos
a bênção que buscamos. Então, pela graça de Cristo, ou o
poder que torna tudo possível, há uma intervenção divina
que nos concede o que desejamos.
Quero, porém, salientar novamente que todos esses
princípios são sempre dependentes da supremacia da
vontade do Senhor. Devido ao grande amor que nos tem,
Ele sempre fará o que for melhor para nós, tanto a curto
quanto a longo prazo.

C O M O T E R A C E S S O À G R A Ç A DE D E U S

Considerando-se que essas coisas são verdadeiras, como


ter acesso à graça da qual falamos, para receber ajuda dos
céus? As escrituras ensinam alguns dos pré-requisitos.
Primeiro, ter fé. Paulo ensinou:

Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com


Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo;
Pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça
(...). (Romanos 5:1-2)

Se realmente tivermos fé, deixando de lado as dúvidas e


o medo, receberemos a graça, que nos conferirá o poder
necessário para que nossas orações sejam respondidas.
Segundo, arrepender-se e praticar boas obras. Lemos em
Helamã:

Portanto benditos são os que se arrependem (...).


E permita Deus, em sua grande plenitude, que os
homens sejam levados ao arrependimento e às boas
obras, para que lhes seja restituída graça por graça,
segundo suas obras. (Helamã 12:23-24)

O que se exige para que recebamos a graça é exatamente


que estejamos arrependidos de coração e pratiquemos boas
obras. Quando rogamos fervorosamente uma bênção em
oração, pode ser que a reposta dependa mais de nossos
próprios pecados do que de qualquer outro fator. (Ver D&C
101:7-8; Mosias 11:23-24.)
Terceiro, ser humilde. Tiago disse:

Antes, ele dá maior graça. Portanto diz: Deus resiste aos


soberbos, mas dá graça aos humildes. (Tiago 4:6)

Parece que a essência de quem somos intimamente é a


humildade. Se nos humilharmos diante de Deus, e se o que
desejamos estiver em harmonia com a vontade do Senhor,
receberemos a graça, o poder que intervirá a nosso favor, e
nossa oração será respondida.
Esse princípio também foi revelado pelo Senhor por
intermédio de Morôni:
E se os homens vierem a mim, mostrar-lhes-ei sua
fraqueza. E dou a fraqueza aos homens a fim de que
sejam humildes; e minha graça basta a todos os que se
humilham perante mim; porque caso se humilhem
perante mim e tenham fé em mim, então farei com que as
coisas fracas se tornem fortes para eles. (Éter 12:27)

Se nos achegarmos a Cristo, tivermos fé Nele nos


humilharmos ante Ele, Ele nos concederá a graça. Quanto
de Sua graça? Tanto quanto precisemos, a Sua graça é
suficiente para todos.
Quarto, fazer tudo o que estiver a nosso alcance. Néfi
declarou esta grande verdade:

(...) Sabemos que é pela graça que somos salvos, depois


de tudo o que pudermos fazer. (2 Néfi 25:23)

Em outras palavras: não conseguiremos que a graça (ou


o poder que torna tudo possível) atue a menos que
tenhamos feito tudo o que pudermos. Depois de havermos
atendido o melhor possível às exigências do Senhor, temos
todo o direito de esperar que o Senhor interfira, e Ele o fará,
presumindo-se que o que buscamos seja honrado e correto.
Joseph Smith foi inspirado ao reiterar essa verdade
quando disse:

(...) Façamos alegremente todas as coisas que estiverem a


nosso alcance; e depois aguardemos, com extrema
segurança, para ver a salvação de Deus e a revelação de
seu braço. (D&C 123:17)

A menos que tenhamos feito tudo o que estava ao nosso


alcance, não podemos esperar que a graça de Deus se
manifeste. É maravilhoso compreender este princípio: A
ajuda que recebemos do Senhor (seja nossa fé forte ou fraca;
sejamos homens, mulheres ou crianças) não depende
somente do que saibamos, de nossa força, ou de quem
sejamos; depende muito mais de que nos empenhemos ao
máximo e façamos tudo o que pudermos, de acordo com as
exigências do Senhor e de nossa capacidade atual. Depois
de empenha rmo-nos ao máximo, o Senhor, por meio de Sua
graça, poderá ajudar-nos.
Quinto, guardar os mandamentos. Essa exigência está
intimamente ligada à de arrepender-se e praticar boas
obras. O Senhor disse:

(...) Se guardardes meus mandamentos, recebereis de sua


plenitude (...); portanto digo-vos: Recebereis graça por
graça. (D&C 93:20)

Para alcançarmos a graça, não precisamos ser perfeitos,


mas temos de estar empenhados em guardar os
mandamentos o melhor que pudermos. Então, o Senhor
talvez permita que recebamos esse poder.
Estes são, portanto, alguns dos elementos capitais de
que precisamos quando estamos tentando receber a graça,
que, por sua vez, irá proporcionar-nos as bênçãos dos céus,
a força que dele emana: fé, arrependimento, boas obras,
humildade, fazer tudo o que estiver a nosso alcance e
guardar os mandamentos.
Presto testemunho de que se buscarmos a graça de
Deus, Ele haverá de ajudar-nos e a nossos entes queridos
quando necessitarmos. Ele ouvirá as nossas súplicas e,
segundo Sua santa vontade, responderá às nossas orações.
Intercederá por nós e irá conceder-nos as bênçãos que
buscamos. Se fizermos a nossa parte, com certeza Ele fará a
Sua.

Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça,


para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a
fim de sermos ajudados em tempo oportuno. (Hebreus
4:16)
Pontos a Ponderar
1. O que significa a palavra graça?

2. Caso estejamos tentando com todo empenho conseguir uma


bênção, e ela representar a vontade de Deus, mas não tivermos
como cumprir todas as exigências, o que o Senhor faz para nos
ajudar?

3. Citem alguns pré-requisitos para que recebamos graça.

4. Não é tanto nosso conhecimento, força ou quem sejamos o que


determina se o Senhor nos ajudará; mas o fato de estarmos
empenhados ao máximo e fazendo tudo a nosso alcance. Quando
estiver lutando para receber uma resposta ou bênção, pergunte-
se o que mais pode fazer. O que mais você pode fazer para receber
as bênçãos do Senhor?
5. Não temos de ser perfeitos para recebermos a graça. Contudo, o
que temos de estar fazendo para recebermos essa dádiva de
Deus?
C A P I T U L O 8

QUANDO PARECE QUE N Ã O


RECEBEMOS RESPOSTA

N ã o faz muito tempo, recebi uma carta pungente de uma


irmã solteira da Igreja que passara por u m a experiência
frustrante quanto à oração. Ao orar acerca de um homem
em quem estava interessada, achou que lhe havia sido dado
saber por inspiração que se casaria com ele, mas em sua
opinião, não foi esse o resultado. Leiam parte da carta:

No ano passado, conheci um homem (que chamarei de


Paulo) que me impressionou bastante por sua compaixão
e outras qualidades. Senti-me atraída por ele, o que para
mim é coisa rara, já que tenho quarenta e oito anos e
nunca me casei. Quando o que sentia por ele começou a
ficar mais intenso, iniciei um processo de orações para
saber se deveria esperar que nosso relacionamento
evoluísse. Fui muito criteriosa ao orar, pois não queria
pedir algo errado, não queria ir em busca de algo que me
trouxesse somente desgosto. Desde que fiz a primeira
oração, tomando todo o cuidado com as palavras que
empregava, senti como se nossa união fosse parte de um
plano eterno.
Orei quanto a isso todos os dias, por muitos meses.
Jejuei muitas vezes; fui ao templo e orei na sala celestial.
Todas as vezes tive a mesma sensação intensa que tenho
quando o Espírito me presta testemunho da veracidade
do evangelho. Algumas vezes, quando tive essa sensação
intensa, expliquei ao Pai Celestial que eu a interpretava
como uma confirmação no que se referia a Paulo e eu, e
pedi-Lhe que fizesse com que o sentimento passasse se
minha interpretação fosse errônea. Isso nunca aconteceu.
Agora, porém, ficou dolorosamente claro para mim
que nunca haverá nada entre Paulo e eu. Isso deixa-me
muito confusa e angustiada. É claro que me causou
sofrimento emocional — durante muitos anos orei quanto
ao casamento. (Em 1984, fiquei noiva, mas meu noivo
repentinamente resolveu casar-se com outra, pois de
repente, passou a "não se sentir bem" ao orar quanto a
nosso casamento.) Entretanto o maior sofrimento é
espiritual. Honestamente, sinto que o Pai Celestial me
abandonou. Como algo que senti ser certo depois de orar
fervorosamente pode dar tão errado?
Eu sei, as explicações normais são: (a) Confundi
minhas emoções com respostas; ou (b) Paulo preferiu não
seguir a orientação do Espírito.
Minha resposta para essas explicações usuais são (a)
Em primeiro lugar, os sentimentos intensos que tive ao
orar foram os mesmos que tenho em outras questões
espirituais; além do mais, não posso forçá-los; e (b) se
Paulo preferisse não seguir a orientação do Espírito, Deus
saberia de antemão e poderia ter-me poupado desse
grande sofrimento, fazendo com que eu soubesse que
isso não daria certo.
Para mim não há o que explique por que a diligência
com que agi não me trouxe bênçãos, mas lançou-me no
maior desespero. Não é de esperar que recebamos
orientação divina se vivermos retamente, orarmos com
sinceridade e fervor, jejuarmos, escutarmos o Espírito e
pedirmos que as respostas que recebemos sejam
confirmadas? Tive outras experiências muito dolorosas
na vida, mas esta é a mais deprimente de todas, porque a
verdade é que sinto que fui traída por Deus. Para mim,
seria muito melhor estar com uma doença fatal do que
passar o resto da vida sem saber em que acreditar
quando oro.

C O M O L I D A R COM AS O R A Ç Õ E S
QUE NÃO F O R E M RESPONDIDAS

Conversando com membros da Igreja em muitos países,


ficou bem claro que essa irmã não é a única a ficar frustrada
com a resposta que recebeu às orações. De certa maneira,
todos lutam para que suas orações sejam respondidas.
Todos passam por momentos na vida em que recebem
respostas facilmente. Há ocasiões em que as respostas são
claras e distintas; e há ocasiões em que oramos quanto a
algo e parece que não recebemos resposta. Em momentos
assim, pode ser que achemos que seguimos
escrupulosamente as instruções encontradas em Doutrina e
Convênios 9:7-9. Ponderamos o assunto, oramos a respeito
dele (talvez tenhamos até jejuado) e perguntamos ao Senhor
se nossa escolha é correta ou se compreendemos
corretamente. Mas depois de tudo isso, sentimos que nosso
peito não ardeu, e que não tivemos um estupor de
pensamento. A impressão é que fomos abandonados para
tentar resolver o problema com nossos próprios meios.
Pode ser também que tenhamos certeza de que recebemos
a resposta, mas aí, as coisas não transcorram como
imaginamos que o fariam.
Esse tipo de situação representa uma oportunidade
espiritual ainda melhor de termos fé e persistirmos. Com
isso, aumentamos de fato a nossa fé, talvez até mais do que
quando as repostas vêm com facilidade, são diretas, claras
ou distintas.
Há membros da Igreja que perdem a fé na oração
quando enfrentam esse tipo de situação, ou que chegam à
conclusão que nem sempre o Senhor responde às orações
ou que elas não são um meio seguro de receber ajuda. O
que fazer para persistir e não perder a fé, quando as
respostas não chegam rapidamente?
Para começar, acredito piamente que o Senhor ama
muitíssimo os filhos. Como já disse anteriormente neste
livro, não acredito que uma única oração sincera desde os
tempos de Adão, feita por quem fosse, membro da Igreja ou
não, tenha ficado sem resposta do Senhor. Quem sabe com
certeza do grande amor que o Senhor tem aos filhos, sabe
com certeza que o Senhor responde a todas as orações
sinceras.
A chave, portanto, é que percebamos como as respostas
chegam. Não devemos julgar o Senhor nem endurecer o
coração, quando parecer que não fomos atendidos. Ao
contrário, devemos confiar no Senhor e ter consciência de
que Ele responde às nossas orações a Seu próprio modo, à
sua própria maneira. Isaías ensinou:

Porque os meus pensamentos não são os vossos


pensamentos, nem os vossos caminhos os meus
caminhos, diz o Senhor.
Porque assim como os céus são mais altos do que a
terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os
vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do
que os vossos pensamentos. (Isaías 55:8-9)

Presto testemunho da veracidade disso. Portanto, não


nos cabe julgar o Senhor, cabe-nos confiar Nele.
Vejamos algumas situações em que pode parecer que as
orações não foram respondidas, e como podemos
compreendê-las.

S A B E R QUE AS RESPOSTAS P O D E M
C H E G A R POR V I A S INUSITADAS

Uma das coisas que faz com que pareça que a oração
não foi respondida é quando o Senhor responde de modo
inesperado. Se ficarmos mais abertos para receber as
respostas por diferentes vias, reconheceremos a mão do
Senhor em nossa vida mais freqüentemente, e isso, por sua
vez, fortalecerá a nossa fé de modo a possibilitar que
sejamos atendidos mais vezes.
Certa vez, quando estava em Guayaquil, no Equador,
passei por um momento difícil que serve como exemplo
disso. Estava viajando para visitar Santa Cruz, na Bolívia, a
serviço da missão, e pernoitaria em Guayaquil. No dia
seguinte, cheguei ao guichê do departamento de imigração
faltando uma hora para a partida do avião. Ao passar pela
inspeção, um dos funcionários da imigração olhou para o
visto em meu passaporte e disse: "Você tem de conseguir
provar que não tem nenhuma dívida no país. Não pode sair
se não tiver certas declarações financeiras juramentadas.
Onde estão os documentos?" Disse-lhe que nunca ouvira
falar nisso antes, mas ele respondeu que eu não poderia sair
do país.
Expliquei que já havia saído do país várias vezes e que
nunca ninguém me pedira isso. Ele disse que isso não
mudava nada e puxou uma extensa lista de regras para
comprovar que com o meu tipo de visto seriam necessárias
as declarações financeiras juramentadas.
Por fim, o funcionário ao lado envolveu-se; conversou
um pouco com o outro e acabou por convencê-lo a deixar-
me ir. Carimbaram o meu passaporte e deixaram-me passar.
Como fiquei aliviado! Fui para a sala de espera da Braniff e
comecei a ler.
Meia hora depois, o funcionário que me havia
permitido passar, procurou-me e disse: "Posso ver seu
passaporte?" Mostrei o passaporte a ele, que o levou de
volta para sua mesa. "Desculpe", disse ele, "mas acho que
não será possível deixá-lo ir". Ele disse que seria contra as
regras me dar a autorização para sair e acrescentou: "Caso
tenha qualquer dívida, nós arcaríamos com a
responsabilidade". Fez também a seguinte observação:
"Não há registro de sua entrada no país".
Continuei a tratar do assunto com ele enquanto orava
mentalmente. Até que ele disse: "Está bem, deixaremos que
vá desta vez; mas nunca mais volte a Guayaquil sem todos
os papéis em ordem".
Fiquei muito aliviado e relaxei totalmente, certo de que
não teria mais problemas. Sentei-me e continuei com a
leitura. Quando fizeram a chamada para o embarque, os
poucos passageiros que aguardavam passaram
rapidamente. Quando eu estava fechando minha maleta
para ir também, o outro funcionário aproximou-se e disse:
"Deixe-me ver o seu passaporte". Perguntei-lhe para que,
mas ele não disse. "Deixe-me vê-lo", repetiu.
Disse-lhe que não lhe mostraria o passaporte a menos
que me dissesse o que queria. Disse também que o outro
funcionário da imigração já me havia liberado para sair do
país e que a empresa aérea já havia feito a chamada de
embarque. Eu tinha de embarcar imediatamente.
Ele irritou-se e disse: "Siga-me"; então voltei para o
balcão da imigração. Ele exigiu que eu mostrasse o
passaporte, dizendo-me que só queria verificar uma coisa;
sendo assim, entreguei-lhe o documento. Eu estava ficando
cada vez mais nervoso, porque os outros passageiros já
haviam ido para o avião. Ele pegou o passaporte e riscou o
carimbo que seu colega colocara. Depois, devolveu-me o
passaporte e disse: "Quero ver você sair do Equador agora.
Não vai hoje, e provavelmente terá de voltar a Quito para
conseguir o documento de que precisa. Aí, quem sabe, em
um outro dia consiga ir".
Tentei explicar que era o presidente de uma área da
Igreja Mórmon naqueles países e que havia 200
missionários esperando por mim. Não adiantou nada; ele
nem me ouviu. Eu não sabia se era porque o dia dele estava
sendo ruim, se ele não gostava de americanos, se não
gostava de mórmons (ou tudo isso junto), mas tudo
indicava que ele estava decidido a criar dificuldades para
mim.
Depois de tentar de tudo em vão, exigi falar com o chefe
dele. Ele disse-me que não tinha chefe e que não me diria
seu nome. Finalmente uma senhora de uma mesa próxima,
deu-me o número do departamento de imigração no centro
da cidade, mas tanto ela como o homem disseram que eu
teria de ligar de um telefone público. O problema é que eu
não tinha fichas telefônicas. Sabia que estavam tentando
atrasar-me para que eu perdesse o avião. Disse-lhe que
usaria o telefone deles e, para seu espanto, peguei o telefone
e comecei a discar. Só nesse momento comecei
verdadeiramente a orar com fervor pedindo ajuda. Até ali,
eu havia confiado em minha própria força.
Então percebi que não adiantaria de nada falar com o
chefe deles no centro da cidade. Do jeito que eles haviam
arranjado as coisas, eu perderia o avião. Tive a inspiração
de desligar o telefone, pegar minhas coisas e correr para o
balcão da Braniff. Nesse momento, vi o funcionário mais
benevolente entrar, vindo da rua. " O que você está fazendo
aqui?" perguntou. "Pensei que havia ido." Expliquei o
problema e ele olhou o meu passaporte e viu que o outro
funcionário havia riscado todo o carimbo de aprovação de
saída do país.
Ele entrou comigo de novo e pediu ao colega que lhe
desse o carimbo. Turrão, o homem negou-se. A pessoa que
me estava ajudando literalmente arrancou o carimbo do
outro, carimbou o passaporte novamente, de modo que
ficasse legível e disse "Vá!" Não foi preciso que repetisse.
Corri para o avião da Braniff e entrei no instante em que
fechavam a porta.
Levei uma meia hora para recobrar a compostura.
Fiquei meio nervoso depois de tantos problemas.
Depois que me acalmei, agradeci ao Senhor por ajudar-
me a, por fim, conseguir pegar o avião. Foi só nesse
momento que me lembrei de uma oração que fizera
anteriormente. Uns 20 minutos antes de passar pelo guichê
do departamento de imigração, havia orado mentalmente,
pedindo que o Senhor me ajudasse a fortalecer a fé. Pedi
que me ajudasse a estar pronto a passar por qualquer
tribulação que Ele desejasse, que conseguisse demonstrar
minha fé em qualquer adversidade.
Pensando no acontecido, fiquei contente porque as
coisas haviam acabado bem. Contudo, senti-me mal por
não ter reconhecido antes que essa era a oportunidade de
exercer minha fé no Senhor. Eu pedira uma oportunidade
de crescer mais, mas em meio à provação, esquecera-me
disso. Na verdade, agi impulsivamente, confiando em
minha própria força. Estava fazendo mais do que me cabia
e não deixei o Senhor ajudar-me, quando Ele estava pronto
a fazê-lo. Fiquei decepcionado por que só depois de tudo
terminado percebi que essa dificuldade tinha as
características de uma bênção. Na verdade eu havia pedido
a bênção e quase a perdi.

ESTEJA PREPARADO PARA A


O P O S I Ç Ã O C R E S C E N T E DE SATANÁS

Se você estiver orando para pedir algo que seja de fato


importante, pode ter certeza de que o diabo se intrometerá
no assunto. Ele está ansioso por fazer o possível para
desviá-lo. Irá empenhar-se ao máximo para convencê-lo a
não prosseguir. Ele irá incutir-lhe pensamentos como, por
exemplo, "você não vai conseguir. Não é digno o bastante.
Sua família tem problemas demais. Não vai conseguir fazer
o que o Senhor exige". Ele vai tramar de tudo para tentar
fazê-lo duvidar. Portanto, saiba logo de início que ele vai
tentá-lo.
Quando atraímos a atenção do diabo, e ele começa a
oferecer-nos mais oposição do que de costume, é um forte
indício de que estamos tomando um rumo que agrada a
Deus e desagrada a Satanás.
Descobri que, quando começamos a orar por coisas que
são verdadeiramente importantes, muitas vezes as coisas
pioram em vez de melhorar. Muitas vezes isso se deve a
Satanás e seus ajudantes, que se estão empenhando ao
máximo para garantir que não tenhamos sucesso. Isso
deveria servir de sinal para os homens e mulheres que têm
fé: "Estou no caminho certo. Estou fazendo algo importante
e, agora, terei fé redobrada". Se conseguirem fazer com que
sua fé aumente nesse momento, terão vencido a maior parte
da batalha.

ESTEJA PREPARADO PARA QUE O S E N H O R P R O V E A S U A F É

Não há dúvidas de que o Senhor nos provará quando


estivermos buscando as respostas para nossas orações. Ele
quer que vejamos se O seguiremos custe o que custar. Quer
que vejamos se continuaremos a ter fé, mesmo que não
recebamos a resposta que esperávamos.
Muitas vezes, recebemos as bênçãos depois da prova de
nossa fé (ver Éter 12:6); e temos de perseverar até nos
momentos difíceis, se quisermos receber a resposta que
buscamos.
Esta história é um exemplo:
Eu queria muito estar em casa com minha mulher
quando o nosso sexto filho nascesse. Era menino e nasceria
em Quito, Equador. Ela queria desesperadamente que eu
estivesse a seu lado. Naquela época, ela não falava espanhol
muito bem e, ali, havia certos procedimentos médicos que
não a agradavam. Programei meus compromissos de modo
que pudesse passar duas ou três semanas em casa na época
do nascimento do bebê.
Então, para nosso espanto, as Autoridades Gerais de
Salt Lake City deram-me a designação de ir ao Brasil nas
duas semanas que precediam a data do parto. Eles não
sabiam para quando era o nosso bebê, e nós ficamos na
dúvida, sem saber se deveríamos contar ou não a eles.
Depois de considerar as opções com todo o cuidado,
resolvemos que iriamos avante com fé, na esperança de que
o bebê nascesse em uma ocasião em que eu estivesse em
casa.
A família inteira começou a orar pedindo que o bebê
nascesse antes que eu fosse para o Brasil. Contudo, não foi
isso o que aconteceu e, quando eu entrei no avião, toda a
família começou a orar pedindo: "Por favor, não mande o
bebê agora; por favor, espere o papai voltar para casa". O
Senhor abençoou-nos e o bebê não nasceu enquanto eu
estava no Brasil.
Quando voltei para o Equador, disse à minha mulher
que as Autoridades Gerais haviam determinado a data do
seminário de presidentes de missão no Peru. Eu recebera a
designação de passar quatro dias no Peru em menos de
uma semana.
A essa altura, havia chegado a data exata prevista para o
nascimento do bebê. Nessa noite, minha mulher e eu
conversamos e oramos quanto ao assunto, outra vez, ela
disse com muita fé: "Vá e cumpra sua designação. Do
fundo do coração, espero que o Senhor lhe permita estar
aqui para o nascimento do bebê, mas se não for possível,
farei de boa vontade o melhor que puder sozinha. Contudo,
acredito que o espírito e autoridade que o chamou para
atender a essas designações é o mesmo espírito e
autoridade que manda os bebezinhos. Hei de esperar que o
Senhor nos ouça e que você esteja presente e hei de orar
pedindo que isso aconteça".
Tenho certeza de que, nesse momento, minha mulher
pagou o preço (fez o sacrifício) que o Senhor exigia para
conceder-lhe a bênção: Ela estava verdadeiramente disposta
a aceitar alegremente a vontade do Senhor, fosse qual fosse.
Fui ao Peru, para o seminário de presidentes de missão.
Na manhã do quarto dia, o Élder Howard W. Hunter, do
Quorum dos Doze, que presidia o seminário, disse-me que
eu tinha de ir para casa. Eu disse: "Bem, o seminário
termina amanhã, então irei". Ele disse: "Não, você tem de ir
imediatamente, esta manhã". Ele insistiu e acabamos vendo
que sua ordem foi pura inspiração.
Consegui um vôo para a mesma manhã e viajei de
Cuzco, onde o seminário estava sendo realizado, para
Lima. Depois fiz uma conexão para chegar a Quito, no
Equador. Quando cheguei, encontrei minha mulher quase
na hora do parto. Depois de chegar em casa, descansei uma
meia hora e, aí, minha mulher disse: "Está na hora.
Vamos!" Fomos para o hospital, onde nasceu o nosso sexto
filho, um menino. Eu havia chegado fazia só duas horas
quando ele nasceu.
Como o Senhor foi bom conosco nessa ocasião! Quanta
fé minha mulher e filhos demonstraram, a despeito das
provas e do que nos pareciam adversidades!
Podemos ver de fato que a família que se une em oração
pode ter verdadeiro poder espiritual, graças à fé. Acredito
sinceramente que se as famílias orarem pedindo algo
louvável e certo, têm todo o direito de presumir que o
Senhor responderá. Ele haverá de abençoá-las com o que
desejem, dar-lhes alguma indicação de por que não poderão
receber o que pedem ou indicar-lhes que devem parar de
orar pedindo algo que não receberão. Foi muito gratificante
para a nossa família ver nossas orações serem respondidas
dessa forma.
Tudo o que o Senhor quer é saber o que temos no
coração. Se tivermos o coração voltado para o que é certo,
poderemos passar por provas, mas nossa fé não diminuirá.
Pode ser também que não seja preciso passarmos por
provas, caso o Senhor ache que não há mais nada em que
elas nos beneficiem. Às vezes o Senhor "puxa o nosso
tapete" para saber com certeza o que temos no coração.
Pode ser que deixe que passemos por situações difíceis,
opostas àquilo que pedimos, só para ajudar-nos a provar
para nós mesmos que realmente faremos tudo o que Ele nos
peça que façamos.

À s V E Z E S R E C E B E M O S AS RESPOSTAS D E P O I S

As Orações quanto à Redenção de Sião. A redenção de Sião


é um bom exemplo desse princípio. Quantas orações
pedindo a redenção de Sião vocês acham que foram feitas
no Missouri, no início desta dispensação? Considerando-se
que os membros da Igreja receberam a revelação de que
deveriam edificar Sião em Independence, no Missouri, não
acham que milhares de pessoas oraram mil vezes pedindo
que, de fato, conseguissem herdar Sião? Entretanto, se
olharmos do ponto de vista das pessoas que foram expulsas
do Missouri, seremos forçados a dizer que suas orações não
foram respondidas.
Ainda assim, considerando-se que o Senhor faz tudo a
Seu próprio modo e em Seu próprio tempo, para mim,
todos os membros fiéis da Igreja receberam e receberão a
resposta dessas orações. É verdade que, na época, pareceu
que não foram respondidas, mas não há por que pensar que
não venham a ser respondidas nunca mais. Serão
respondidas e consagradas ao bem dos santos que as
fizeram.
O Senhor disse:

Mas eis que vos digo que deveis orar sempre e não
desfalecer; e nada deveis fazer para o Senhor sem antes
orar ao Pai, em nome de Cristo, para que ele consagre
para vós a vossa ação, a fim de que a vossa ação seja para
o bem-estar de vossa alma. (2 Néfi 32:9)

Esses membros da Igreja oraram fervorosamente


pedindo a redenção de Sião e, sendo assim, o Senhor
consagrará a ação deles para o bem-estar de sua alma.
Um dos problemas que enfrentamos é que queremos
receber a resposta para já. Muitas vezes somos semelhantes
ao homem que orou pedindo paciência e acrescentou na
oração: "Mas quero agora". Ou, para citar outro exemplo,
oramos pedindo coragem e ficamos espantados quando o
Senhor nos põe de frente com um leão. Às vezes, queremos
receber a dádiva sem ter o trabalho de consegui-la.
Enfrentar o "leão" irá ajudar-nos a ter coragem, mas se não
tomarmos cuidado, não veremos o leão como uma bênção,
como a resposta à oração. Ao contrário, faremos mal juízo
do Senhor e acharemos que recebemos o contrário do que
pedimos. Queríamos coragem e estamos apavorados. O
Senhor, porém, respondeu à oração: Proporcionou o meio
de desenvolvermos ativamente a nossa coragem e, desse
modo, participarmos ativamente da resposta à nossa
oração.
O Senhor responde às nossas orações a Seu próprio
modo. Há respostas que recebemos logo. Há respostas que
recebemos depois de muitos e muitos anos. Algumas vezes
recebemos a resposta que esperávamos, outras vezes ela
vem disfarçada, mas todas as orações honestas e sinceras
recebem uma resposta.
As Orações dos Nefitas. Esclarecerei melhor com outro
exemplo. Pensem em todas as orações que foram feitas nos
tempos dos nefitas e lamanitas, pedindo a preservação dos
registros do Livro de Mórmon, e em todas as orações
pedindo que os registros viessem à luz. Séculos depois,
essas orações foram respondidas.

E eis que todo o restante deste trabalho contém todas


as partes de meu evangelho que meus santos profetas,
sim, e também meus discípulos pediram, em suas
orações, que fossem dadas a este povo.
E eu disse-lhes que lhes seria concedido de acordo com
a fé expressa em suas orações;
Sim, e esta era a fé que tinham—que meu evangelho,
o qual lhes dei para que pregassem em seus dias,
chegaria a seus irmãos, os lamanitas, e também a todos os
que se houvessem tornado lamanitas por causa de suas
dissensões.
Ora, isto não é tudo—a fé expressa em suas orações era
que este evangelho também se tornaria conhecido caso
outras nações ocupassem esta terra;
E assim deixaram uma bênção sobre esta terra em suas
orações, para que todo aquele que cresse neste evangelho,
nesta terra, tivesse vida eterna. (D&C 10:46-50)

O Senhor não cumpriu a promessa que fez e respondeu


às suas orações? Cumpriu, mas, outra vez, a resposta só foi
dada depois de séculos.
Repito: o Senhor responde a todas as orações a Seu
próprio tempo e maneira; e os Seus pensamentos não são os
nossos pensamentos, nem os Seus caminhos são os nossos
caminhos. Portanto, devemos tomar todo o cuidado para
não julgar o Senhor e dizer: "Ele não respondeu à minha
oração".
As Orações Pedindo que Se Abrissem as Portas das Nações.
Lembrem-se de quantos anos o Presidente Spencer W.
Kimball passou pedindo que os membros da Igreja orassem
pedindo que as portas das nações se abrissem para a
mensagem do evangelho. Durante anos, os membros fiéis
da Igreja pediram a mesma coisa em oração todos os dias e,
mesmo assim, as portas não se abriam. De repente, na época
certa (repito, na época certa) o Senhor respondeu às orações
conjuntas, e as portas das nações do leste europeu, do
mundo comunista e de outras nações se abriram, como se
fosse de um dia para o outro.
Outra vez, tudo aconteceu conforme a programação do
Senhor. Portanto, devemos ser pacientes, reconhecer o amor
que o Senhor nos tem e, da próxima vez que nos
defrontarmos com uma oração que aparentemente não
tenha sido respondida, ter mais confiança, ter mais fé no
Senhor e, quando chegar a hora, veremos que Ele
responderá a essa oração.
As Orações das Mães. Vou colocar as coisas em um nível
mais pessoal. Uma grande amiga minha tem uma filha que
começou a se desviar aos 15 anos de idade. Como essa boa
mãe orou, juntamente com o marido, pedindo que a moça
ficasse no caminho reto e apertado! Entretanto, a moça tinha
livre-arbítrio, resolveu que queria participar das coisas do
mundo e foi exatamente o que fez.
A mãe passou a ter mais fé, passou a orar mais, passou a
jejuar mais, aparentemente em vão. Achou que as suas
orações não estivessem sendo respondidas. A filha perdeu-
se cada vez mais e passou a praticar todas as coisas do
mundo possíveis a uma moça que se tenha extraviado.
Felizmente, essa mulher continuou orando.
Aproximadamente cinco anos depois, a moça foi tocada
pelo Espírito, arrependeu-se dos pecados que cometera,
apaixonou-se por um jovem ex-missionário e acabou por
casar-se no templo.
O processo completo levou uns dez anos. Será que as
orações da mãe foram respondidas? Será que foram
consagradas para o bem dela? Presto testemunho de que o
foram e de que o Senhor responde às orações; porém muitas
vezes não o faz da maneira nem no momento em que os
homens desejariam.
Em minha própria família, vimos quanta verdade há
nisso. Houve pelo menos duas ocasiões em que passamos
dez anos orando fervorosamente pedindo uma coisa. Não
havia resposta, mas não desistíamos... e, agora, finalmente
estamos colhendo os frutos dessas orações.
Fortalecer Os Filhos por intermédio da Noite Familiar.
Poderíamos citar muitos outros casos. Por exemplo: tenho
certeza de que conhecem pessoas que acreditaram na
promessa da Primeira Presidência de que, se realizassem as
noites familiares fielmente, os filhos seriam fortalecidos.
Elas compreenderam que a noite familiar tornaria bem mais
fácil que seus filhos fossem redimidos. Contudo com o
tempo, alguns de seus filhos se extraviaram. Continuaram
orando sempre, mas a promessa não foi cumprida. Será que
esses membros da Igreja estariam procurando as respostas
apenas a curto prazo, sem reconhecer que as promessas do
Senhor não valem somente para esta vida, mas para a que
virá?

O que eu, o Senhor, disse está dito e não me desculpo;


e ainda que passem os céus e a Terra, minha palavra não
passará, mas será toda cumprida, seja pela minha própria
voz ou pela voz de meus servos, é o mesmo. (D&C 1:38)

A palavra do Senhor subsistirá. Ele responderá às


orações de Seu povo. Os profetas prestaram testemunho de
que se fizermos a nossa parte, em nosso papel de pais,
teremos mais certeza de levar nossos filhos a serem salvos.
Se acreditarmos nas promessas do Senhor ou de um de Seus
servos, Ele responderá nossas orações a Seu próprio tempo e
modo.
146 COMO RECEBER RESPOSTAS ÀS NOSSAS ORAÇÕES

À s V E Z E S A RESPOSTA NÃO É C L A R A

Quando eu era jovem e orava fervorosamente pedindo


respostas para minhas orações, às vezes não percebia que
recebera a resposta e ficava imaginando se o Senhor
realmente me amava. Havia orado com fervor e confiado no
Senhor, tivera fé, jejuara e, aparentemente, Deus não me
respondera.
Depois de mais velho, percebi que em muitos casos o
Senhor não dá uma resposta direta a nossas orações, pois
isso acabaria com nossa oportunidade de exercer a fé. Ele
sabe que, às vezes, o que precisamos é de uma resposta
pouco clara ou tardia, por algum tempo, para aprendermos
a ter mais fé.
Entretanto, sei por experiência própria que, até quando
aparentemente não recebemos resposta, o Senhor
comunica-se conosco. Acredito que se prestarmos muita
atenção, ele demonstrará de algum modo o amor que tem
por nós, dizendo-nos, de alguma outra forma, que nos
aprova, mesmo que isso independa do que estivermos
pedindo em oração. É assim que ele nos consolará, sem com
isso deixar de lado a intenção de fazer com que tenhamos
mais fé. Devido a Seu amor, pode ser que Ele não nos dê
uma resposta direta quanto ao que estejamos pedindo em
oração, mas de alguma forma, quem sabe por algum outro
aspecto ou questão de nossa vida, instilará em nosso
coração a certeza de que nos ama, de que está trabalhando
conosco e de que nos aprova.
Essa cálida inspiração de segurança dar-nos-á a certeza
de que Ele ouviu nossa oração, sabe da situação e que, se
tivermos paciência, resolverá tudo. Vi isso acontecer
principalmente nas ocasiões em que me encontrei em
situações difíceis, graças à minha falta de jeito ou
habilidade. Se quando isso acontecer eu tiver paciência e
demonstrar meu amor ao Senhor, dizendo-Lhe que confio
Nele, até quando parece que estou sem saída, Ele pouco a
pouco desfará o emaranhado tão difícil em que me tiver
envolvido. Conforme desfaz o emaranhado, concede-me a
paz e certeza finais de que me aprova.
Espero que todos vejam que essa é uma das melhores
maneiras que o Senhor emprega para nos ajudar a
desenvolver mais fé. O Senhor conhece-nos. Ele vê tudo
claramente, tanto a curto, quanto a longo prazo, e faz o que
é melhor para cada um de nós.
O Senhor disse verdadeiramente por intermédio de
Seus profetas:

Ele nada faz que não seja em benefício do mundo (...).


(2 Néfi 26:24)

E novamente me lembro de que tu disseste ter amado


o mundo a ponto de dar a tua vida pelo mundo (...). (Éter
12:33)

Citarei outro exemplo da vida do Profeta Joseph Smith,


que mostra como o Senhor pode responder de modo que
não fique claro. Certa ocasião, Joseph Smith estava muito
desejoso de saber quando Jesus voltaria. Lemos o seguinte
em Doutrina e Convênios 130:14-17:

Certa vez eu estava orando fervorosamente para saber


o tempo da vinda do Filho do Homem, quando ouvi uma
voz dizer o seguinte:
Joseph, meu filho, se viveres até a idade de oitenta e
cinco anos, verás a face do Filho do Homem; portanto,
que isto seja suficiente e não me importunes mais com
esse assunto.
Assim fiquei sem poder decidir se essa vinda se referia
ao início do milênio ou a alguma aparição prévia, ou
ainda, se eu haveria de morrer e assim ver-lhe a face.
Creio que a vinda do Filho do Homem não será antes
desse tempo.

É importante perceber que Joseph Smith estava orando


fervorosamente. Não estava meramente orando; estava
orando fervorosamente. Ele havia orado muitas outras
vezes e a resposta a suas orações fora revelação direta. É
bem provável que ele tivesse presumido que nesse caso,
aconteceria o mesmo.
Em vez disso, o Senhor deu-lhe uma resposta concisa e
um tanto ambígua: "(...) se viveres até a idade de oitenta e
cinco anos, verás a face do Filho do Homem; portanto, que
isto seja suficiente e não me importunes mais com esse
assunto".
Ao ponderar a resposta, Joseph deparou-se com três
possibilidades, definidas no versículo seguinte: (1) que
antes que Joseph completasse oitenta e cinco anos, o Senhor
viria no Milênio, (2) que o Senhor indicara que Joseph veria
Sua face em uma aparição anterior ao Milênio ou (3) que
Joseph morreria e, assim, veria Sua face.
Será que a oração de Joseph foi respondida?
Poderíamos sorrir e dizer: "Sim e não". Ele recebeu uma
resposta, mas não tinha certeza do que significava. Muitas
vezes as respostas às nossas orações são assim. Nessas
ocasiões, como eu já disse anteriormente, temos a
oportunidade de fazer com que nossa fé aumente ainda
mais do que se a resposta fosse clara.
O fundamental é não endurecermos o coração, não
ficarmos revoltados com o Senhor nem, descrentes,
pensarmos que Ele não respondeu à nossa oração. Quando
parece que uma oração que fizemos não foi respondida, será
que duvidamos do Senhor? Ou será que ficamos com medo,
achando que não somos aceitáveis ou que não somos dignos
de receber uma resposta para as orações que fizermos?
Temos de tomar cuidado com esses sentimentos, pois
podem representar uma oportunidade para que Satanás
utilize nossas dúvidas e temores para destruir a fé que
teríamos.

À s V E Z E S , N Ã O RECEBEMOS A RESPOSTA QUE D E S E J A M O S

Vou contar-lhes uma história semelhante que não


acabou tão bem. Estávamos no Uruguai presidindo uma
missão, e teríamos outro bebê. Já havia passado do prazo
para o bebê nascer, e o médico disse que na segunda-feira
de manhã induziria o parto. Não achávamos que induzir o
parto fosse a melhor opção, pois queríamos muito que o
bebê nascesse naturalmente. Resolvemos pedir aos
missionários do escritório que jejuassem e orassem conosco,
pedindo que o bebê nascesse antes de segunda-feira.
Nos três ou quatro dias que se seguiram, minha mulher
e eu caminhamos mais do que no mês anterior inteirinho,
na esperança de que isso ajudasse. Mas os dias se passaram,
e nem sinal do bebê. Na noite de domingo, oramos com
mais fervor ainda e continuamos a orar até as 9h30 da
manhã de segunda-feira, quando a enfermeira deu a injeção
para induzir o parto.
Essa experiência com a oração aparentemente não foi
bem-sucedida, mas na verdade foi e ajuda a ilustrar um
princípio importante de força na oração.
Qual é nossa reação quando não recebemos a resposta
que esperamos para nossas orações? Damos as costas ao
Senhor, frustrados e revoltados? Duvidamos do
procedimento? Duvidamos de nós mesmos? Ou será que
aprendemos com a experiência e da próxima vez temos
ainda mais fé?
Creio que nunca colocamos em ação a fé e a oração em
vão, mesmo quando não alcançamos o resultado que
desejávamos. Isso sempre nos ajuda a crescer e
desenvolver-nos em aspectos espirituais mais importantes
e, com isso, preparamo-nos melhor para buscar e receber as
respostas para orações futuras.
É claro que todas as orações sinceras são respondidas,
mas não nos esqueçamos de que às vezes a resposta é não;
às vezes, sim, mas depois; outras, a resposta é sim, mas um
pouco diferente, ou alguma outra resposta.
Para terminar de contar a história, há outra observação
importante que acho que devo fazer. Alguns meses depois,
exercemos nossa fé em conjunto com os missionários, para
pedir as bênçãos do Senhor em uma dificuldade pela qual
a missão estava passando. De repente, percebi que o
empenho que tivéramos anteriormente para exercer a fé (no
caso do parto natural) estava dando frutos agora. Visto que
havíamos tentado redobrar a fé na ocasião em que
"fracassamos" em evitar o parto induzido, o Senhor
aumentou mesmo a nossa fé. A experiência "fácil" que
tivemos anteriormente ajudou a preparar-nos para ter fé
suficiente para enfrentar a situação muito difícil pela qual a
missão passou.
Se quando "fracassarem" na oração, sua reação for orar
mais, ter mais amor ao Senhor, ter mais confiança, pedir
novamente e não desistir, receberão a recompensa de sua fé.

O S E N H O R FARÁ O QUE F O R M E L H O R PARA N Ó S

Muitas vezes, parece que o Senhor não nos revela


totalmente a Sua vontade, para dar-nos a oportunidade de
colocar a nossa fé verdadeiramente em ação. Tenho
testemunho de que o Senhor sempre faz o que é bom e certo
para nós. Fico impressionado com estas palavras de Moisés
6:32:

E o Senhor disse a Enoque: Vai e faze o que te ordenei


e homem algum te ferirá. Abre tua boca e ela encher-se-á
e dar-te-ei palavras, pois toda carne está em minhas
mãos; e farei o que me parecer adequado.

Para mim, está claro que o Senhor trata todos os


homens da mesma forma; sempre faz o que é melhor para
eles. Vemos que o mesmo conceito foi ensinado no que se
refere à família de Joseph Smith e Sidney Rigdon, que se
haviam ausentado por algum tempo, pregando o
evangelho. O Senhor disse a eles:

Em verdade, assim vos diz o Senhor, meus amigos


Sidney e Joseph: Vossas famílias estão bem; encontram-se
em minhas mãos e eu lhes farei o que me parecer bem;
pois em mim todo o poder existe.
Portanto segui-me e dai ouvidos ao conselho que vos
darei. (D&C 100:1-2)

Muitas vezes o Senhor diz: "Farei o que me parecer bem


[ou adequado]", e sabendo que Ele só faz o que é bom para
a humanidade, podemos estar certos de que só fará o que
for melhor para nós. Ao mesmo tempo, fica claro também
que Ele não nos revela Sua vontade completamente. Age
dessa forma para que continuemos a ter fé, a acreditar. Nem
sempre temos certeza do que Ele fará ou deixará de fazer,
mas podemos ter certeza de que fará o que represente a
maior bênção possível para nós.

Pontos a Ponderar
1. Por que, às vezes, as respostas assumem uma forma
inesperada?
2. Como Satanás tenta impedir que busquemos as respostas para
nossas orações?

3. Por que o Senhor coloca nossa fé à prova?

4. O que fazer para persistir e não dar lugar à dúvida e ao temor,


quando demoramos a receber uma resposta?

5. Quando as respostas não são claras, o que fazer para continuar


a confiar no Senhor, sem ficar frustrado nem desanimado?

6. Que tipo de resposta o Senhor dará, mesmo quando não der a


resposta que esperamos?
7. Quando as coisas não acabarem do jeito que esperamos, o que
podemos fazer para "redobrar a nossa fé"?
C A P Í T U L O 9

APLICAR OS PRINCÍPIOS
DA ORAÇÃO

Falamos de alguns princípios da oração, mas como manter


tudo isso em mente? Com os anos, passei a usar um resumo
de seis pontos básicos e fáceis de lembrar. Dessa forma,
sempre que estou verdadeiramente empenhado em orar
com fé, avalio meu empenho por esses princípios básicos.

PROCESSO PARA C O L O C A R A F É EM A Ç Ã O

Acreditar. Em primeiro lugar, temos de lembrar de uma


palavrinha simples: acreditar. Refiro-me a ter fé, não
duvidar, não temer. Jesus disse que primeiro temos de
acreditar, depois receberemos a bênção:

(...) [Digo-vos] que todas as coisas que pedirdes, orando,


crede receber, e tê-las-eis. (Marcos 11:24)

Quando começamos a orar, temos de acreditar como se


nosso pedido já tivesse sido concedido. É dessa crença que o
Senhor está falando. É claro que acreditamos e temos fé em
Jesus Cristo, que tem o poder para conceder as bênçãos e
deseja fazê-lo. Devemos sempre centralizar nossa fé em
Jesus Cristo, na certeza de que Ele fará o que for melhor
para nós e de que nossas orações serão respondidas de
acordo com a Sua vontade.
Arrepender-se. A próxima coisa que não podemos
esquecer é de arrependermo-nos. "Fazer sacrifícios e pagar
o preço" é parte do arrependimento. Temos de descobrir o
que precisamos mudar em nossa vida, o que precisamos
fazer de outra maneira e, então, fazê-lo.
Não me surpreende que esses dois pré-requisitos sejam
também os dois primeiros princípios do evangelho: ter fé no
Senhor Jesus Cristo e arrependermo-nos de nossos pecados.
Depois disso, participamos do poder e das bênçãos das
ordenanças, não somente uma vez, mas várias. Somos
fortalecidos repetidamente com o passar das semanas,
revivendo as ordenanças (por meio do sacramento e ao
voltarmos ao templo).
Orar. O terceiro ponto básico que devemos lembrar é
orar fervorosamente, como se tudo dependesse de Deus.
Confiando Nele, em Sua força e poder, recebemos forças e
poder que nos permitam ir até o fim.
Empenhar-se. O quarto princípio é empenharmo-nos
como se tudo dependesse de nós. A história de quando Néfi
voltou a Jerusalém para buscar as placas de latão é
excelente exemplo. Ele e os irmãos fizeram várias tentativas
de conseguir as placas, mas "fracassaram" em todas. Néfi,
porém, não desistiu. Sabia que o Senhor queria que
conseguissem e não pretendia desistir sem ter feito tudo o
que pudesse para alcançar seu objetivo. (Ver 1 Néfi 3-4.)
Essa história encerra outro princípio importante: O
Senhor revela Sua vontade aos pouquinhos. Faz isso para
forçar-nos a ter a fé necessária para que o próximo passo
nos seja revelado. Podemos pensar nisso como se fosse ir
até o limite entre a luz e a escuridão. Temos de fazer tudo o
que pudermos, ir até o limite da luz que tivermos, quem
sabe darmos até alguns passos no escuro e, depois, as luzes
da revelação voltarão a acender-se. Mas, normalmente, não
estaremos prontos a receber mais nada do Senhor antes que
tenhamos ido até o limite da luz e feito tudo a nosso
alcance.
Preparar-se para Provas Difíceis. O quinto ponto é
prepararmo-nos para passar por difíceis provas de fé.
Lembrem-se de que há forças que se empenham ao máximo
para deter-nos, quando verdadeiramente buscamos
respostas para as orações. Portanto, não se espantem
quando a adversidade chegar. Na verdade, devemos
esperá-la logo de início. Sendo assim, quando as
dificuldades despencarem em nossa cabeça e estivermos
passando pelo pior, será o momento de descobrir quanta fé
temos realmente.
Será que enfrentaremos todas as adversidades com
coragem? Continuaremos a acreditar? Iremos adiante?
Pagaremos o preço necessário até receber a bênção do
Senhor, ou até que Ele lhe diga que não deseja que
continuemos empenhados nisso)? Fazendo essas coisas
resistiremos bem às provas e ficará muito mais fácil receber
as bênçãos que desejemos.
Estar Certos de que o Senhor Estenderá o Seu Braço. O sexto
ponto é estarmos certos de que o Senhor estenderá o Seu
braço em nosso favor. Quando fazemos o que o Senhor
exige, passamos a ter todo o direito de acreditar que Ele
intervirá e nos ajudará.
Gosto de como essas idéias encerram o que é preciso
para receber as respostas para as orações. Portanto, não
esqueçam: ponderem-nas quando estiverem tentando
conseguir uma resposta e façam uma auto-avaliação:
Será que acredito mesmo? Será que tenho fé no Senhor e
em Suas promessas?
Será que me arrependi dos pecados?
Será que estou orando como se tudo dependesse do
Senhor?
Será que me estou empenhando como se tudo
dependesse de mim?
Será que estou preparado para resistir às duras provas
de minha fé?
Será que, depois de fazer tudo isso, estou mesmo certo
de que o Senhor estenderá o braço para ajudar-me?
Quando estiverem em meio à luta e precisarem de mais
ajuda, lembrem-se do que o Senhor exige e do que promete,
e conseguirão ir adiante com maior segurança.

O SENHOR ESTÁ PRONTO

Presto testemunho de que o Senhor está pronto a


responder às nossas orações e conceder nossos pedidos justos.
Há um excelente exemplo disso no livro de Alma. Reservei
esta história e o meu testemunho para este último capítulo.
Certo dia, logo cedo, quando minha família estava
lendo o relato das guerras em Alma, um de meus filhos
disse: "Pai, não estou tirando grande proveito desses
capítulos de guerra. Preferia que estivéssemos lendo
alguma das outras coisas que lemos antes". Eu respondi:
"Bem, filho, há um bom motivo para que essas coisas
estejam aqui. Tenho certeza de que há alguns tesouros
escondidos por aqui, só que não os encontramos".
Nessa mesma manhã nos deparamos com uma
descrição maravilhosa de como o Senhor responde às
nossas orações. Em Alma 58, lemos que os lamanitas e
nefitas estavam travando uma batalha. Os nefitas estavam
a ponto de perdê-la. Eles não tinham sido lá muito fiéis, mas
quando se viram em perigo, buscaram a ajuda do Senhor.
"Portanto", disseram os nefitas, "elevamos a alma a
Deus em oração, para que ele nos fortalecesse e livrasse
(...)". (Alma 58:10) Que bela descrição do que normalmente
pedimos (que Ele nos fortaleça ou que nos livre de um
problema).
A seguir, vem outra pista sobre a oração. Os nefitas não
oraram pura e simplesmente; oraram com fervor:
"elevamos a alma (...) em oração". É assim que
conseguimos respostas: orando com o máximo empenho.
No próximo versículo, atentem para como as respostas
podem ser sutis. O Senhor respondeu-lhes, mas eles
poderiam não ter percebido, se não estivessem
espiritualmente alertas.

Sim, e aconteceu que o Senhor nosso Deus nos deu a


certeza de que nos livraria; sim, de tal modo que nos
encheu a alma de paz e concedeu-nos grande fé e fez com
que tivéssemos esperança nele para nossa libertação.
(Alma 58:11; grifo do autor)

Pode ser que os nefitas estivessem esperando um


milagre. Pode ser que quisessem que anjos fossem livrá-los,
como aconteceu uma vez ou outra no Velho Testamento. E o
que receberam? O Senhor deu-lhes certeza, paz, fé e esperança.
Ele não destruiu imediatamente os inimigos dos nefitas,
mas concedeu-lhes o que precisavam para conseguirem
livrar-se.
O versículo seguinte mostra o efeito que a resposta do
Senhor teve no povo:

E criamos coragem com o pequeno reforço recebido


[pode ser que achem que a força ou capacidade que
receberam para realizar o que desejam seja muito pouca]
e dispusemo-nos, com determinação, a dominar nossos
inimigos (...). (Alma 58:12)

Em outras palavras, o Senhor instilou nesses homens a


capacidade de fazerem o que queriam, a começar com uma
firme determinação e, depois, levar a ação a cabo. Depois
que sua oração foi respondida, os nefitas foram adiante
para assegurar sua liberdade.
Quando o Senhor instila esperança, fé, paz e certeza nas
pessoas, elas podem realizar muitas coisas. Portanto, é isso
o que deveríamos procurar ao pedir ajuda, não um milagre
que resolva o problema por nós, mas um milagre interior,
que nos ajude a encontrar a solução por nós mesmos, com
a ajuda do Senhor e do Seu poder.

T E S T E M U N H O DA V E R D A D E

Ao concluir este livro, gostaria de prestar testemunho


da veracidade do que disse. Presto testemunho de que Deus
nos ama. Ele conhece o nosso íntimo. Acompanha-nos
individualmente a cada momento. Suportou nossas dores,
aflições, tentações, doenças e todas as nossas enfermidades.
(Ver Alma 7:11-12) Ele chegou a dizer que "em todas as
[nossas] aflições ele afligiu-se. E o anjo de sua presença [-
salvou-nos]; e, em seu amor e em sua piedade [redimiu-nos]
e sustentou-nos e carregou-nos em todos os dias da
antigüidade". (D&C 133:53) Tenho certeza de que os Seus
anjos nos salvaram muitas vezes e não o percebemos.
Poderia alguém negar o grande amor que Ele tem por nós?
Presto testemunho de que a fé que tiver no Senhor Jesus
Cristo e a determinação de ir adiante combinadas podem
ser uma fonte de grande poder em sua vida. Se nutrirem e
fortalecerem esses sentimentos, terão mais vontade de
colocar a própria vontade de acordo com a do Senhor (e
com isso, logo verão seus desejos justos realizados).
Espero que, ao concluir a leitura deste livro, peçam em
oração que sejam tomados pela firme determinação de
vencer, de ser mais humildes, de orar com mais fervor, de
acreditar, de arrepender-se de seus pecados, de viver em
conformidade com as leis e condições das quais as coisas
que desejem dependam. Fazendo isso, achegar-se-ão mais
ao Senhor e perceberão que suas orações passaram a ser
respondidas cada vez com mais freqüência e constância.
S e n d o assim, não e n d u r e ç a m o s o coração com a
descrença e a dúvida, pensando que o Senhor não responde
às orações. Ele nunca nos abandona. Que estas grandiosas
palavras do apóstolo Paulo, que se refere ao Senhor com
amor, ecoem nos ouvidos de todos nós:

E da mesma maneira também o Espírito ajuda as


nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de
pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por
nós com gemidos inexprimíveis.
E aquele que examina os corações sabe qual é a
intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede
pelos santos.
E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente
para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são
chamados segundo o seu propósito.(...)
Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós,
quem será contra nós? (...)
Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação,
ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez,
ou o perigo, ou a espada? (...)
Mas em todas estas coisas somos mais do que
vencedores, por aquele que nos amou.
Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida,
nem os anjos, nem os principados, nem as potestades,
nem o presente, nem o porvir,
Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra
criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está
em Cristo Jesus nosso Senhor. (Romanos 8:26-2831, 35,
37-39)

Essas são as promessas invioláveis do Senhor.


Referindo-se a elas, Ele disse:

O que eu, o Senhor, disse está dito e não me desculpo;


e ainda que passem os céus e a Terra, minha palavra não
passará, mas será toda cumprida, seja pela minha própria
voz OU pela voz de meus servos, é o mesmo.
Pois eis que o Senhor é Deus e o Espírito testifica; e o
testemunho é verdadeiro e a verdade permanece para
todo o sempre. Amém. (D&C 1:38-39)

Pontos a Ponderar
1. Como o resumo dos processos para colocar a fé em ação podem
ajudá-lo?

2. Por que o Senhor muitas vezes revela Sua vontade aos


pouquinhos, em vez de revelá-la toda de uma vez?

3. O que a história do livro de Alma nos ensina quanto a orar


fervorosamente?

4. Muitas vezes, queremos um milagre, quando, na verdade, o


que o Senhor quer é dar-nos paz, certeza, esperança, fé, vontade e
capacidade para realizar o que é necessário. Em que aspectos da
vida você precisa de mais ajuda? Como receber mais paz, certeza,
esperança, fé e capacidade que o ajudem no que precisa?
ÍNDICE

Abraão, 56 Caldeira, defeito na,


Adão, 36 Câncer, preocupação da esposa quanto
Agir como se tudo dependesse de nós, ao,
155,156 Caridade,
Ajoelhar-se, Carteira perdida,
para orar, a primeira história da, 1-7
permanecer de joelhos após a a segunda história da, 7-10
oração, Casamento,
Ajuda material, orar pedindo, 96-100 orações do autor quanto ao,
Alma, 18, 22, 45, 67 mulher perde as espernças de,
Amargura, Certeza,
Amuleque, 18, 53 Ciúme,
Anjos, 158,159 Cobiça,
Arrependimentocomo condição
Coisas de pouca importância, orar
para receber respostas, 2-3, 9,
quanto a,
19,125,127,155
Coisas perdidas, orar pedindo para
como princípio para sermos
achar,
bênçãos, 24-25, 29-31
Colômbia, vistos para a,
Ativação, 111-113
Confiar no Senhor, 150-151
Atos, nossos -demonstram o que
Confiar no Senhor/depender Dele,
desejamos, 56, 68,124
Conhecimento,
Auto-sufi ciência
pode impedir-nos de receber Conselheiro, preocupação com o
ajuda, 10, 20-22, 51-54,115, chamado de um,
121,136-137 Contenda,
e como os profetas dependem de Conversão,
Deus, 17-18 Coração, orar no,. Ver também
Autônomo, 96 Espírito, o, abranda o coração.
Coração endurecido, homem de,
Cowdery, Oliver,
Batedeira desaparecida,
Bênçãos Crianças, as orações das,
qualificar-se para receber, Cura,
pedir especificamente, Curso de oratória, testemunho no,
Bênçãos do sacerdócio 89-92
Bosque Sagrado, o, 146
Braço do Senhor, O, Desejos
em conformidade com o que Deus ensina com poder, ix, 10-11, 21, 28,
quer, 60-61
examinar os, temperança nas coisas do, 79
realizados, Esposa, 71, 93-96
intensificados pela preparação Estudante, conversão de um, 87-88
nossas obras demonstram os Estupor de pensamento, 39
nossos,
pedir insistentemente demonstra

nossos,
e pedidos de ajuda específicos,
Deus,
e bênçãos,
invocá-Lo para iniciar as oração,
centralizada em Cristo,
Seu amor por nós,
confiança no Senhor,
orar como se tudo dependesse de,
redobrar,
Diabo,
e jejum,
Dignidade, 41, 78,121
Discernimento, orar pedindo, e seguir as inspirações,
Disciplina mental, como dádiva,
Discípulos nefitas, perder a,
Dons do Espírito, pode ser provada,
Dúvida opõe-se à dúvida,
e graça, opõe-se à auto-suficiência,
é o oposto da fé, e oração,
a preocupação é uma forma de, e ser responsável no agir,
devemos ter - logo de início,
Empenho e oração, e confiança na sabedoria divina,
Encanamento, problema com o, 97 e união com as outras pessoas,
Enos, Fraquezas, vencer as - por meio da
Equador, oração, 109-111
Escutar em oração, Freqüência ao templo, 155
Esperança,
Espírito Santo, o. Ver Espírito. Getsêmani, o Jardim do,
Espírito, o Graça,. Ver também Dúvida e graça.
preta testemunho em um curso de Gratidão,
oratória, 90-91 Guerra, histórias de ~ no Livro de
inspira o chamado de um Mórmon, 157-159
conselheiro, 106
os dons do, 78
Harris, Martin,
ajuda-nos a saber pelo que
Hipocrisia e oração,
devemos orar, 69-70,160
Humildade
revela a vontade do Senhor, 60-64,
para aceitar a vontade do SEnhor,
69
e graça,
devemos obedecê-lo com presteza,
que a oração traz,
30
e ajoelhar-se,
abranda os corações, 87-88,
104-105,108,111-118,144 necessária para recebermos
às vezes é compreendido respostas,
erroneamente, 45, 95,132-133 e resolução
fala mansamente, 2-3, 50-51,
70-72, 95 Intenção, orar com real,
fortalece as orações, 69 Isabel,
Jacó, Néfi, filho de Helamã, 45
Jejum Néfi, filho de Lei, 17, 20-21, 37, 40, 71,
e humildade, 124,126
e poder para abandonar os maus-
hábitos, Obediência, 13, 24, 30, 40, 50, 76,91,
Jesus Cristo, orar em nome de, 97,127,
João, Obstáculos, 83
Oposição, 83,137-138,156
Kimball, Heber C , Oração familiar,
Kimball, Spencer W., Oração/Orar,
de acordo com a vontade do
Lake Powell, Senhor, 13, 25,159
Leis, iniciar invocando Deus, 34
Liderar com firmeza, para modificar a atitude de outras
Líderes, as bênçãos de orar por eles, pessoas, 42
Lími, Rei, como se tudo dependesse de Deus,
Linguagem da oração, 155,156
Livre-Arbítrio, vii, 25, 28, 38, 42, 68, não usar de hipocrisia ao, 43-44,
144 47,53
Livro de Mórmon, não usar de vãs repetições, 43-44,
a importância das histórias de 46, 47
guerra do, antes de agir, 21-22
Luxúria, para mudar acontecimentos ou
situações, 42
no que se refere a todas as coisas,
Mãe, a, e a filha rebelde, 143-144
52
Mandamento, o segundo grande,
para discernir a intenção de outras
Mandamentos, obedecer aos,
pessoas, 105-106
Marsh, Thomas B.,
desculpas para não, 100
Maus-hábitos, abandonar os,
para agradecer, 6, 36, 45, 46,50, 64,
Mental, disciplina,
136
Metas,
extremismo ou fanatismo na, 23,
México,
78-79
Milagres, 158,159, fervorosa, 53, 76,157
Missionária, Obra, para encontrar coisas perdidas,
Sessenta e sete rapazes são 2-6, 7-10,15-16, 46, 64, 76-77
chamados para a, 114-118 por um homem empedernido,
sucesso na, 83-84, 87-88, 106-108 104-105
Missionário, escutar a voz do Senhor em, 50-51
desaparecido, 81-82 para ajudar a tocar outras pessoas,
ora na bicicleta, 50, 64-65, 106-108,109-111
Morôni, 11, 26, 53, 91,126 e hipocrisia, 43-4, 47, 53
Mortalidade, as responsabilidades da, é um convite à humildade, 86
11 de joelhos, 38, 46, 47
dos líderes, 104-119
Nabucodonosor, ficar atento para escutar respostas
Nações, orações para que se abrissem em, 47
as portas das, 143 das criancinhas, 15-16, 68, 76-77,
Nascimento em época de muitos 124
compromissos, quanto a coisas de pouca
importância, 16, 20, 21, 51, 76, Parto induzido,
101 Patriarca ganha o dinheiro para ir a
para fazer promessas ao Senhor, Salt Lake City, 84-85
8-9 Paulo, 125,160
encontrar tempo para, 102 Pausas na oração, 47
quanto ao casamento, 62 Paz, 158
tem de ser acompanhada de Pedro, 55,
empenho, 23, 24, 56,126-127, Pensamento, estupor de, 39
155 Perdão,
em nome de Jesus Cristo, 17, 36-37 Porquinho-da-índia,
no coração, 7, 23, 44, 45, 46, 50-51, Pratos quebrados,
53, 64-65, 78, 83 Preocupação, Ver Dúvida
para que se abram as portas das Preparar o coração e a mente, 16-17,
nações, 143 28, 29, 34
por outras pessoas, 68-69 Primeira Visão, a,
para abandonar maus-hábitos, Princípios de utilização da fé na
79-81 oração, 154-157
para vencer fraquezas, 109-111 Promessas,
dos pais, 104,143, 144-145 do Senhor, 160
acerca das bênçãos do sacerdócio, o Senhor sempre cumpre suas, v i l
92-93 fazer - ao Senhor, 8
em público, 43 Provações, 156
objetivos de, 22, 51
em lugar tranqüilo, 37, 46
com real intenção, 53 Qualificar-se para ser abençoado, 28
pela redenção de Sião, 141-142
repetidamente pela mesma coisa, Raiva (zanga), 2-3,19, 27,149,150
46, 56, 64 Rei Benjamim,
em segredo, 45, 118 Repetições nas orações, 46, 47, 56, 64
com simplicidade, sem floreios, 36, Resolução, 111-112
43-44 Responsabilidades da mortalidade, 11
pausas na, 47 Respostas para as orações,
pedindo o Espírito e com ele, 69-70 é preciso pedir para receber, 39-40,
para ensinar a verdade a outras 53, 54, 77-78,113
pessoas, 89-93 pessoas imperfeitas recebem, 42,
pedindo ajuda material, 96-100 127
duas vezes por dia, 46 as pessoas que acreditam recebem,
utilizar o palavreado adequado condições para receber,
para, 43 fazer tudo a nosso alcance antes de
em voz alta, 44 46 receber,
pedindo o que é certo, 62 recebemos quando pedimos
sem cessar, 51, 53, 71, 78,106,117 sinceramente,
Ordenanças, 155 o Senhor nos prova antes de dar,
Orgulho, 20, 23 é preciso estar mentalmente
Outras pessoas, orar por, 68-69 concentrado para receber,
que não recebemos,
Paciência, 141-142,143,147 muitas vezes são sutis,
Pai Nosso, o é preciso ponderar e orar para
Pais, as bênçãos de orarmos pelos, receber,
104,143,145-146 motivos por que não recebemos,
receber - rapidamente do Senhor,
receber por intermédio da opõe-se à fé,
orientação do Espírito, Tempo para orar, 101
Revelação, 60.155-156 Termômetro quebrado, 35-36
Rigdon, Sidney, 151 Testemunho, aprender com o - de
Roza, 15-16 outros, 18
Tiago,
Sacerdócio, as bênção do, 93-95
Sacramento, 155 Vãs repetições na oração, 43-44, 46, 47
Sacrifício, 24-25, 30, 57, 59, 68, 140,155 Velho Testamento, o, 158
Sacrifício Expiatório, Venezuela, 57-59
Sadraque, Mesaque e Abedenego, 63 Verdade, ensiná-la a outras pessoas
Sara, 56 em oração, 89-92
Satanás. Ver Diabo. Vício, membro que abandonou o,
Segredo, orar em, 45,118 79-81
Senhor, Vingança, 27
reconhecer a mão do, Virtude, 61
sempre responde as orações Vistos, problemas com, 84-85
sinceras, Vontade do Senhor,
o braço do, condição para sermos abençoados,
depender do, 40
fazer promessas ao, as orações devem estar de acordo
sempre cumpre o que promete, com a, 13, 25,159
confiar no, e as bênçãos do sacerdócio, 95
a vontade do, é revelada quando o pedimos com
quer ajudar-nos com o que o Espírito, 60-64, 69
precisamos, Voz alta, oração em, 44-46
Ser específico ao orar, 54 Voz de Deus, a, 50-51
Sião, orar pela redenção de, 141-142
Smith, Hyrum, 72
Wyoming, 1
Smith, Joseph, 40-41, 45, 54,126,
147-148,150
Sussurros, 70

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Como Receber Respostas às Nossas Orações nos dá chaves
e princípios valiosos para a oração eficaz. Com histórias,
exemplos e testemunho, o Élder Gene R. Cook, do Primeiro
Quorum dos Setenta, diz-nos como utilizar essa grandiosa
bênção para:
• encontrar maneiras de resolver problemas no relaciona-
mento com outros;
• aprender a ensinar e guiar nossos filhos e outras pessoas;
• receber a ajuda do Senhor para vencer hábitos ruins;
• receber ajuda em assuntos temporais: dificuldades
financeiras, problemas no trabalho, consertos em casa e
no carro e assim por diante;
• perseverar na fé quando sentirmos que não estamos
recebendo resposta.
O Senhor está interessado em todos os aspectos de nossa
vida, explica-nos o Élder Cook. Se algo nos interessa, também
interessa a Deus. Ele nos ajudará se nos dirigirmos a Ele em
oração fervorosa, buscando bênçãos de acordo com Sua von-
tade.
Mas o que devemos fazer quando a resposta do Senhor
parece ser não? O Élder Cook apresenta-nos conselhos exce-
lentes sobre como reagir em tais situações. Podemos usar
essas próprias situações para aumentar nossa fé.
"Presto testemunho de que vivemos muito aquém de nos-
sas possibilidades em nosso relacionamento com o Senhor",
diz o Élder Cook. "Somos muito rápidos em voltarmo-nos
para nossa própria força, sem dependermos Dele. O Senhor
certamente está ansioso para responder aos pedidos de Seu
povo, bastando para isso que eles se humilhem e peçam com
fé, que seiam crentes e não duvidem."

VH
D E S E R E T B O O K

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