Sunteți pe pagina 1din 6

HÁ LEGITIMIDADE MORAL NO CONTRATO DE BARRIGA DE ALUGUEL?

1. Indivíduos agem.
2. Indivíduos, ao agir, utilizam meios para alcançar fins.
3. Os meios utilizados são os meios considerados subjetivamente como
eficiente/eficazes para atingir os fins mais valorizados em sua escala pessoal
também subjetiva.
4. Os meios utilizados pelos indivíduos são escassos perante os fins, ou seja,
possuem uso e disponibilidade limitados.
5. Somente há conflitos na sociedade envolvendo recursos pois estes são escassos.
6. Faz-se necessária uma regra para solucionar e evitar conflitos emergidos da
realidade da escassez.
7. Eis a propriedade privada, que tem como definição “direito de uso exclusivo”.
8. Os proprietários têm direito de uso exclusivo sobre os meios escassos dos quais
são donos.

Analisarei aqui parte por parte do argumento até chegar à conclusão, a qual envolverá
a questão da legitimidade moral no contrato de barriga de aluguel. Isto será feito para
que boa parte das dúvidas que surjam possam ser elucidadas e respondidas a fim de
aprimorar a solidez da estrutura lógica.

(1) A premissa é uma verdade autoevidente e pode ser comprovada por meio de
contradição performativa, i.e., caso seja afirmado que seres humanos não agem, o
argumentador cai em contradição, visto que o próprio ato de argumentar que
indivíduos não agem já é uma ação. Seria equivalente a afirmar “Eu não faço
afirmações”. Eu, ao escrever este texto, estou agindo, e o leitor, ao lê-lo, também
está.
(2) Esta premissa também possui uma justificativa similar àquela utilizada acima,
pois toda ação pressupõe o uso de meios para que seja concretizada. Afirmar que
indivíduos não utilizam meios para alcançar fins também é uma contradição, pois
a afirmação foi realizada com a utilização de meios que o indivíduo considerou
eficientes/eficazes (computador, teclado, voz etc) para atingir um fim específico
valorizado por ele, que, no caso, é o fim de falsear a premissa (2).
(3) Todo indivíduo age buscando sair de um estado de menor satisfação, para outro
estado de maior satisfação. Toda e qualquer ação deliberada, em última instância,
visa minimizar o desconforto do indivíduo. Para que isso tenha mais chances de
acontecer, ele fará uso dos meios que lhe estão disponíveis e que mais lhe parecem
apropriados para que o seu fim mais importante e urgente seja alcançado. Erros
podem ser cometidos neste processo? De certo que sim, mas ainda assim há a
intenção de busca da satisfação e a sua expectativa. Este processo ocorre em um
ambiente de incerteza genuína, a qual não permite que o indivíduo saiba sequer
sobre seu nível de ignorância, e também, ao longo do tempo, que exercerá
influência sobre as valorações realizadas e acrescentará novos conhecimentos, que
serão interpretados de maneira única por cada um dos indivíduos.
(4) De certo também, os meios são escassos perante os fins, e isso acontece, pois,
nossas demandas e nossos fins são infinitos. Os meios/recursos possuem uso e
disponibilidade limitados, e, portanto, dois indivíduos não podem utilizar um
mesmo recurso ao mesmo tempo de forma excludente, assim como não há este
recurso para todos de forma infinita. A mente humana é uma fábrica de
necessidades e desejos, e esta fábrica jamais, enquanto viva, fecha suas portas. No
entanto, não há meios suficientes para que tudo isso seja saciado. Desta maneira,
faz-se necessária uma escolha que tem caráter subjetivo e que definirá como os
fins serão atingidos com os meios disponíveis ao indivíduo.
(5) Conflitos, neste contexto, surgem quando dois ou mais indivíduos decidem fazer
usos diferentes de um mesmo recurso e reivindicam que suas vontades sejam
realizadas. Pergunto: se todos os meios estivessem disponíveis aos indivíduos de
forma que seus usos não fossem excludentes e suas quantidades fossem ilimitadas,
de forma plena, haveria conflitos sobre tais meios? Por definição, não. Sem a
escassez, não há conflito, de fato, sobre os meios, assim como também não há
ação, pois, todos os fins poderiam ser atingidos instantaneamente e um estado
de satisfação total existiria.
(6) Sendo assim, fica mais que evidente que é necessária uma regra para evitar e
resolver os conflitos sobre os recursos. Regras e leis são guias de conduta que
determinam quais ações são permitidas ou proibidas. Esta regra necessariamente
precisa ser universal, atemporal e não-contraditória, e assim, valer a todos, em
qualquer momento e sem entrar em contradição, afinal, tudo o que é contraditório
é logicamente inválido, e, portanto, é falso, e uma regra falsa, neste sentido, não
servirá para evitar e solucionar conflitos, já que sua própria existência incide em
um. Semelhantemente, como tais regras e leis, assim como a ética, versam sobre
a nossa realidade e nossa realidade é lógica, regras, leis e ética também precisam
de tal característica: serem lógicas.
(7) A propriedade privada surge como única regra válida, pois atende os requisitos
acima citados e, então, adequa-se como justa, sendo justo aquilo que está de
acordo com o dever-ser. Se os conflitos sobre os recursos surgem por conta de os
indivíduos desejarem utilizar de maneiras divergentes os meios, é de suma
importância que haja parâmetros justos para que definamos a quem pertence o
quê, e, por consequência, também definamos quem pode/tem direito utilizar os
recursos da maneira que deseja. Aqui, entramos em sintonia com a famosa
afirmação de Aristóteles sobre justiça: Justiça é dar a cada um o que lhe é devido.
(8) Proprietário nada mais é que o indivíduo que possui o poder de decisão final sobre
o recurso. Este proprietário pode ser legítimo ou não, e isto remete às formas de
apropriação. A apropriação legítima ocorre principalmente de duas formas:
apropriação primária e acordo voluntário. Na primeira, um indivíduo mistura seu
trabalho e faculdades físicas e mentais ao recurso em sua forma natural e então
possui o direito legítimo de ser o proprietário; na segunda forma, há uma troca
entre dois indivíduos na qual um cede seu direito de propriedade sobre um recurso
a um terceiro e vice-versa. De ambos modos há um elo objetivo entre os
participantes e os objetos. Nos modos ilegítimos, temos o roubo, extorsão, coerção
e tudo aquilo que agride a propriedade de terceiros. É importante também salientar
aqui que apropriações por decreto não podem ser válidas logicamente, e, portanto,
são falsas. Apropriações por decreto gerariam conflitos e não são parâmetro
para definir quem é o dono do recurso; este problema é destacado de forma mais
robusta quando percebemos que, caso apropriações por decreto fossem legítimas,
indivíduos poderiam se apropriar do corpo de terceiros, e isto levaria a uma
contradição, devido ao fato de tais indivíduos, para poderem realizar seus
decretos, precisam necessariamente ter poder de decisão final sobre seus próprios
corpos e isto significa que em nenhum momento eles puderam ser apropriados por
decreto, caso contrário, não haveria tal tentativa.

Após tais premissas, posso, portanto, utilizá-las para concluir meu argumento. A
escassez faz-se presente em nossa realidade, mas mesmo que vivêssemos em uma
realidade mágica onde os recursos não são escassos, ao menos dois recursos ainda seriam:
nossos corpos e o local no qual eles estão localizados/ocupam. Por conta do tema tratado,
o foco principal será no primeiro dos dois recursos.

O corpo humano é um meio que utilizamos para alcançar fins. Nossas cordas vocais,
dedos, mãos, pés, órgãos internos e tudo aquilo que chamamos de “eu” no sentido
materialista, possuem uso e disponibilidade tão limitados quanto uma maçã, uma árvore
ou uma pedra. Cabe aqui então indagarmos sobre algo: se os corpos e tudo aquilo que o
compõem são escassos e recursos escassos são passíveis de apropriação, então quem é o
proprietário dos corpos? Ora, a resposta é simples: cada um de nós é dono de seu corpo.
Isto é notabilizado pelas ferramentas da negação e contradição performativa, assim como
parte das premissas do silogismo apresentado anteriormente. Negar que eu sou o tomador
de decisões últimas acerca do meu corpo e das ações deliberadas que realizo com ele,
faz-me incorrer em uma situação na qual meu discurso contradiz minha ação, dado que
para eu negar, é necessário aceitar previamente a afirmação. Eu ser dono do meu corpo e
das minhas ações e ter capacidade/potencialidade para tal, faz parte da
transcendentalidade da argumentação, i.e., faz parte da condição de existência da
argumentação; é impossível eu argumentar sobre a legitimidade ou validade lógica de
uma proposição sem que eu tenha o poder de decisão final sobre o meu corpo. Ademais,
não há qualquer motivo válido para que eu não seja o proprietário do meu corpo, a risco
de o argumentador cair também em contradição para defender a posição. Sendo assim, a
propriedade privada existia de forma oculta ainda antes de chegarmos na premissa na
qual ela é explicitamente apresentada (6), juntamente com a noção de apropriação
primária/originária.

Toda e qualquer forma de argumentação que afirme contra a propriedade privada nos
termos apresentados, recai em uma contradição. Esta constatação é um divisor de águas
importantíssimo para conseguirmos ainda mais solidez em nossa argumentação, de
maneira que descobrimos em razão disso quais regras são válidas logicamente e quais não
são, da mesma forma que também nos tornamos capazes de, mesmo que a regra de
propriedade privada não seja aceita como correta e tudo a partir da premissa (6) não
exista, ainda saberemos que ao menos os nossos corpos estão sob tal “lei natural” e,
então, somos proprietários de nosso corpo. Escravos também tinham esta propriedade?
De certo que sim, pois ainda mantinham o poder de decisão último sobre seu corpo:
rebelar-se, ou acatar às ordens de seu senhor. O senhor, por sua vez, possuía a propriedade
dos escravos nominalmente, apenas, e praticavam uma agressão ao coagir e utilizar
violência contra os subjugados, os quais não eram agressores.

Como mais uma e fundamental dedução a partir das premissas acima tratadas, temos
a não-agressão como um princípio. Utilizar ameaças de uso de força, ou força, de fato,
contra indivíduos inocentes, é objetivamente errado. Indivíduos inocentes são aqueles
que não são agressores de propriedade. Iniciar força contra a propriedade de terceiros é
errado. Por consequência, conclui-se que aquilo que não agride a propriedade de
terceiros, não é errado.

Por fim, ilegítimo é tudo aquilo que não satisfaz as condições exigidas pela lei, e a lei
justa, conforme demonstrado acima, ao menos para os corpos, é a da propriedade privada.
Tão importante quanto, e agora, com a solidez necessária para tratar sobre, temos que
uma mulher a qual aceita de forma intencional, deliberada, voluntária, um contrato
que estabelece deveres e obrigações a fim da prestação de um serviço que utiliza meios
escassos visando alcançar fins valorizados pelos integrantes do acordo, não está
incorrendo em uma atitude incorreta do ponto de vista ético/lógico/moral, mostrando-
se o acordo feito em contrato totalmente legítimo, uma vez que o destino e uso corpo
dela cabe somente a ela decidir e ninguém mais, se não mediante acordo prévio
explícito e desde que propriedades de terceiros não sejam agredidas no processo
(utilizadas sem consentimento do proprietário, por exemplo). Ninguém possui o direito
legítimo de impedir que, a partir do que escrito acima, a mulher ofereça um serviço no
qual seu corpo é utilizado para gerar uma criança que deverá ser entregue ao contratante
no final da gestação/no nascimento, ou em algum outro ponto do desenvolvimento da
criança previamente acordado. Reitero também que a criança, neste caso, estará sob tutela
das partes, continua sendo um ser humano, uma vida, e deve ser tratada como tal. Lidar
com tais situações como se fossem “comércio de bebês” e, denegrindo por isso, não passa
de um apelo emocional que não possui fundamentação lógica suficiente para que possa
ser minimamente alvo de ataques deste tipo. É de muito maior valia lidar conforme uma
prestação de serviços de gestação, apenas, até mesmo pois a criança não é comprada,
pois, em último caso, a única coisa que você poderia comprar no que tange a criança,
seria a guarda, e isto nada mais seria que uma adoção remunerada.

Tomar o contrato de barriga de aluguel como ilegítimo é tão absurdo quanto tomar
contratos de prestação de demais serviços que necessitem do uso do corpo dos acordantes
como ilegítimos também. Venda de estoques de sangue ou de esperma também seriam,
por algum motivo, ilegítimos, o que é de fato muito intrigante, visto que a única diferença
entre uma doação e uma troca comercial destes recursos também escassos é o fator
recompensa ao doador e que, de forma alguma, fere a propriedade de terceiros.

S-ar putea să vă placă și