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Final de semana com o papai

Michele Vaz Pradella

Sexta-feira à noite, uma famosa rede de fast food em uma esquina qualquer de
Curitiba. A porta se abre e entram um homem de seus trinta e poucos anos acompanhado de
duas crianças pequenas. O menino não tinha mais do que três anos e a menina aparentava seis
ou sete. Vidrado no celular, o homem – que deveria ser o pai da ruidosa dupla – sentou-se em
uma das mesas e mal prestou atenção ao destino das crianças, que logo correram para o
parquinho da lanchonete.

Cena clássica em um mundo de guardas compartilhadas, visitas com horário marcado e


finais de semana alternados. Decerto impaciente com a algazarra dos filhos no apartamento
de um recém-separado, o pai optou pela solução mais fácil: hambúrguer, batata frita e
brincadeiras.

A cena logo me transportou para minha infância como filha de pais separados. Na
época, não havia discussões sobre guarda compartilhada, a criança ficaria com a mãe, sem
negociação. O pai, com visitação livre, o que não tardou a se traduzir em vários “filha, hoje não
vou poder, tenho que trabalhar até tarde”, “neste final de semana tu ficas com tua mãe, vou
ter que viajar”, “a gente marca alguma coisa assim que der, tá?”.

De volta ao presente, voltei a observar os pequenos, eufóricos com o parquinho e


tantas possibilidades de brincadeiras. A menina corria pela lanchonete, pés descalços,
enquanto o pai continuava vidrado na tela. Estivesse a mãe presente, não se descuidaria
daquela pequena contravenção. “Menina, põe o tênis, vai pegar uma gripe andando nesse piso
frio”. Pais raramente atentam a estes detalhes, que considerariam “exageros maternais”.
Normal. No domingo à noite, seria da mãe a tarefa de medir a temperatura, ajudar na
nebulização e, se necessário, correr para o médico.

No meu caso, era na segunda-feira de manhã que as consequências do “final de


semana com papai” se apresentavam. Depois de muitas travessuras com os primos, bem longe
do olhar dos adultos, eu esquecia por completo o sopro no coração, que exigia alguns cuidados
e não combinava com euforias e excessos. Na emergência cardiológica, minha mãe encarava-
me com um misto de curiosidade e acusação, certamente xingando em pensamento o
negligente pai.

Meu Deus, o menininho está tentando escalar o banco da lanchonete. Quase caiu duas
vezes, a poucos centímetros do pai, sentado ao lado. O celular continuava merecendo mais
atenção do que as crianças travessas.

Desejei secretamente que aquele homem desligasse o celular ao voltar pra casa. Não
interessa se há muitos e-mails do chefe, notícias nas redes sociais ou talvez mensagens de
futuras namoradas. Naquele final de semana, aproveitar cada minuto com aqueles dois
pequenos seres deveria ser mais importante do que qualquer coisa. Crianças crescem muito
rápido, ainda mais quando não há a convivência diária. O parquinho do shopping ou a
lanchonete são muito divertidos, mas nada será melhor do que ouvir o papai contando uma
história na hora de dormir.

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