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POLÍTICA DESCOMPLICADA
Este é um e-book que foi desenvolvido pelo Prof., Escritor e Filósofo: Ricardo
Panica, especialmente àqueles que:
2. querem aprender a política como de fato é, e não como gostariam que fosse;
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Sumário
1. ÁGUA E ÓLEO NÃO SE MISTURAM, NA MESMA MEDIDA QUE
CONSERVADORES E LIBERAIS
3. O PLURIPARTIDARISMO NO BRASIL
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1. ÁGUA E ÓLEO NÃO SE MISTURAM, NA MESMA MEDIDA
QUE CONSERVADORES E LIBERAIS
Explico sucintamente:
A Direita só, e somente só, pode ser composta por aqueles que
conservam a tradição judaico-cristã, os valores nacionalistas, os bons
costumes, a família tradicional, o direito de autodefesa, e que se utilizam
do Liberalismo econômico como instrumento de mercado — frise-se: não
como ideologia! —; Já os Liberais são aqueles que defendem o progressismo
— por eles chamado de “evolução” social —, que vê na liberdade individual
(muito influenciada pelo pensamento Kantiano e nietzschiano) como
instrumento emancipatório (Liberalismo como IDEOLOGIA!).
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Essa corrente também se utiliza do Liberalismo econômico como
instrumento de mercado, porém, com algumas ressalvas: diferentemente
da direita, o Liberalismo econômico do movimento Liberal vê no Estado
o dever de garantir a participação social das minorias (cotas raciais em
alguns setores da iniciativa privada é um bom exemplo), por isso que é
hoje classificado como Neoliberalismo, centro ou terceira via.
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(2) “Dê poder ao homem, e descobrirá quem ele realmente é” (Maquiavel).
É exatamente isso que aconteceu, movimentos liderados por meninos
— ou no sentido literal, ou no sentido intelectual — que se rotulavam
como direita, utilizavam-se de algumas pautas conservadoras como
marketing, que experimentaram o poder, gostaram, e agora se “perderam
na curva”, ao se demonstrarem opositores dos conservadores, chamando-
os de golpistas e de destruidores do Governo, conforme palavras do
Cofundador de um deles, em declaração sobre o ato pró-governo que
ocorrera recentemente (26): “Não andamos com golpistas. Olavo e os seus
destruíram o governo Bolsonaro; agora querem destruir a direita — e o
Brasil”. Como materialização dessa afirmativa, nos últimos dias, o referido
movimento perdeu numa velocidade sem precedentes aproximadamente
100 Mil seguidores (de direita), e os números só tendem a aumentar.
Bem, o fato é que não dá mais para chamar de direita todos aqueles
que são contrários à esquerda, é chegada a hora de separar o joio do trigo,
delimitando as três principais ideologias que estão em curso: direita,
centro e esquerda, e todos os que nelas estão inseridos. Não há mais espaço
para falta de posicionamento, para rótulos incertos, e, sobretudo, ter força
opositora dentro do “mesmo” grupo. O Brasil tem pressa para definir o
seu curso!
P.S. À direita, última saída!
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2. OS DOIS BRASIS: O DE LÁ, E O DE CÁ
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Nesse caso, o problema conceitual INSANÁVEL é que para TODO
NOVO DIREITO SE GERA UM NOVO DEVER, e para TODO DEVER
SUBTRAI-SE DIREITO(S) existente(s). Dito de outra forma, quando se
pleiteia direitos em nome do “povo” — de lá ou de cá —, a qual “povo”
se vai atender? É razoável tirar direitos conquistados (pétreos, inclusive)
de um para dar a outrem? Há uma força humana capaz de apontar com
justiça o aristotélico meio-termo — a boa medida? Qual representante de
o “povo” seria legítimo a materializar essa impossível tarefa, “o de lá” ou
“o de cá”? Não há, nunca houve e jamais haverá! Tudo se justifica, de um
lado ou de outro, pela sua ideologia!
É de uma inocência absurda achar que há um governo, uma legislação
e uma boa medida capazes de equacionar as duas demandas que se
autointitulam POVO. Mas também há uma maldade terrível daqueles que
se utilizam dessa inocência para subtrair direitos de ambos os lados em
prol de seus particulares projetos. Resultado? A cada dia o tensionamento
entre os povos aumenta, a legislação se liquefaz, a identidade cultural se
perde, os valores herdados pelo tempo são desconstruídos e a sensação de
“normalidade”, em meio ao caos, faz-se presente.
Há quem diga: “mas esse é o jogo da democracia”.
Indago: É democrático ter de conviver — misturados — com aqueles
que me veem como inimigo? É democrático discutir/debater com aqueles
que têm uma definição de certo/errado, de bem/mal, antagônica a minha?
É democrático ter de ver passivamente a desconstrução dos valores que
edificam a minha fé (direito pétreo) e a minha conduta como cidadão? É
democrático assistir o “povo” de lá dizer abertamente que “bandido só é
bandido porque a direita o fez assim”? Prefiro concordar com Nietzsche,
que mesmo ao seu tempo sabiamente disse: “a democracia moderna é a
forma histórica da decadência do Estado”.
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Por fim e para refletir: Querer misturar os desiguais na mesma condição
de “igualdade” (Nação, Governo, Legislação) é querer que a essência de
ambos seja modificada para atender o modelo ideal de “povo”. O problema
é que esse modelo “ideal” atende apenas às demandas do SISTEMA, e não
do verdadeiro povo.
P.S.: O país há tempos está dividido em dois povos que convivem debaixo
do “mesmo teto”. Só não se sabe até quando!
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3. O PLURIPARTIDARISMO NO BRASIL
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Há dois possíveis caminhos: [a] através da meritocracia
(inquestionavelmente mais eficaz); e [b] através do bipartidarismo.
[a] Um modelo político que para exercer uma função legislativa precisa
de mérito. Ou seja, precisa de uma qualificação previamente estipulada
pela própria sociedade (nível de escolaridade, especialização, idade, local
de residência, etc.). Isso se daria através de concurso público, como já
acontece com a maioria das vagas de servidores, porém, com o mandato
de apenas dois anos, para que assim, não houvesse tempo hábil de se
renderem às paixões pessoais. Como a rotatividade aos cargos legislativos
seria grande, haveria inevitavelmente uma reciclagem das demandas
sociais e estas seriam mais facilmente atendidas e equalizadas.
[b] Um modelo de apenas dois partidos, como acontece nos EUA
(Republicanos e Democratas) e como já acontecera no Brasil durante o
período militar (ARENA e MDB). Como num modelo familiar — onde o
patriarca e a matriarca filtram as demandas de seus filhos — as demandas
das minorias não seriam esquecidas, apenas filtradas em prol da “família”,
ou melhor, da Nação. Os benefícios seriam infindáveis, a começar pela
redução do fundo partidário (que é uma grande aberração) e pelo
encurtamento do debate político em apenas dois polos, ou seja, haveria
de fato um debate, e não o grande circo de horrores que se faz presente
nas sessões legislativas.
Por óbvio, este é um tema complexo e de difícil permutação, todavia, já
passou da hora de (re)pensá-lo, ou chegará o dia em que a maioria legítima
desta Nação será tratada como o ópio dela mesma, com a justificativa de
“a nova democratização”.
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4. O ATUAL MODELO JURÍDICO-POLÍTICO NO BRASIL É
EFICAZ ÀS DEMANDAS SOCIAIS?
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Bem, não tenho uma fórmula pronta e acabada, até porque isso
dependeria de poderes místicos e de futurologia, e ambos não são de minha
alçada (Rs). No entanto, é passível de se começar a pensar saídas eficazes
e legítimas para esta distorção conceitual de poder, de democracia, de
República.
Para trazer alguns elementos a fim de iniciar — frise-se: iniciar — uma
reflexão a cerca disso, recorrerei ao pensamento de um dos autores que
foi basilar ao próprio modelo político atual, o qual seja: o contratualista e
liberal John Locke.
Locke, quando previu a necessidade de fracionar o poder que se
concentrava nas mãos de um monarca, para equilibrá-lo, regulá-lo
e harmonizá-lo, através de Casas distintas; também previu que esses
fiscalizassem uns aos outros. O autor ainda previu que para isso seria preciso
que houvesse um contrato social, onde o povo, dono legítimo da Nação,
abriria mão de alguns de seus direitos em prol do coletivo. Até aqui, tudo
dentro dos conformes, certo? Mas o autor pensou pouco mais adiante,
e viu a possibilidade de os representantes desses poderes utilizarem-se
dessa legitima prerrogativa — limitação de direitos em prol do Estado —
para satisfazerem-se de suas paixões pessoais.
Não é exatamente isso que está a acontecer em nosso tempo, em nossa
sociedade?!
Nesse sentido, Locke parte da premissa de que se o Estado é condição
necessária para garantir os direitos naturais dos cidadãos, e o mesmo
não consiga garanti-los, seja por violência, abuso de poder ou algo que o
valha, ele, o povo, estará em legitimidade de abandoná-lo e voltar ao seu
estado de natureza, ou restabelecê-lo em uma nova sociedade civil. Nessa
perspectiva lockeana, os indivíduos não perdem o poder e a liberdade ao
submeterem-se à uma autoridade comum, no caso, o Estado constituído,
ao contrário, ele, o povo, é e sempre será a primazia de todo o poder.
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Ainda na visão do autor, ele especificou seis condições para que haja,
de fato, legitimidade de o povo colocar em prática seu poder supremo:
1. O abuso deve ser evidente e trazer consequências.
2. Estas consequências devem ser graves.
3. Para que sejam graves, devem afetar a maioria do povo.
4. Esta maioria deve tomar consciência do abuso.
5. Consciente do abuso, a maioria chega ao ponto de não suportá-lo mais.
6. Decide, então, que é necessário buscar um remédio para o abuso através
da revolta.
Indago: os seis requisitos não são preenchidos perfeitamente pela
nossa atual situação política?!
Bem, o fato é: do jeito que está NÃO DÁ MAIS! Ou calemo-nos agora
referendando que perdemos essa batalha para o sistema, entregando-o
aquilo que por prerrogativa justa nos pertence; ou assumimo-nos as rédeas
do poder restabelecendo-o em outro formato mais justo e mais eficaz às
demandas sociais. Tanto a primeira quanto a segunda opção serão sabidas
por nossas futuras gerações; basta sabermos qual legado queremos deixar.
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5. O DEUS DA ESQUERDA E SEUS ANJOS CAÍDOS
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Logo após a Segunda Guerra Mundial, início da segunda metade do
mesmo Século, eis que surge no cenário mundial, uma nova roupagem
da seita marxista, um marxismo menos sangrento e mais estrategista,
chamado de marxismo cultural. Este “novo” marxismo ganhou grande
expressão a partir de o movimento chamado: “Maio de 1968”, na França.
Em suma, este novo modus operandi substituiu as armas — a tentativa de
tomada do poder a força —, por uma estratégia que causaria estragos ainda
maiores na sociedade mundial: a desconstrução cultural (a desconstrução
dos valores herdados pela tradição Judaico-Cristã). E esta versão tem sido
semeada desde então e se perdura até os dias atuais.
Na prática, o marxismo cultural funciona através das seguintes
máximas:
1. Institucionalizar o marxismo nos diferentes setores da sociedade, a
começar pelo ensino;
2. Emburrecer seus adeptos para que estes não façam questionamentos;
3. Proibir o debate democrático em sala de aula.
4. Ensinar o marxismo cultural como única forma capaz de levar o sujeito
à sua completa emancipação.
5. Dar as suas militâncias estratégias em forma de passos a se seguir:
exemplos: (i) nunca adentrar ao mérito num debate público, apenas atacar
frontalmente seu opositor, desmoralizando-o; (ii) jamais endossar atos de
seus adversários políticos, mesmo que esses sejam em favor do próprio
“proletariado”; (iii) utilizarem-se de chavões e clichês como “verdade”
(fascistas, racistas): “uma mentira dita mil vezes torna-se verdade”.
Na cauda e na esteira dessa desconstrução cultural vieram as novas
formas de engenharia social, que se engajaram perfeitamente ao marxismo,
aumentando assim o seu número de adeptos e ativistas. Não é à toa que até
os movimentos mais liberais hoje fazem parte da esquerda (Feministas,
Mov. LGBT, Abortistas, Legalizadores das drogas e afins).
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Em se tratando de Brasil, no período que antecedeu ao período militar,
e principalmente durando o mesmo, o Comunismo (religião marxista)
matou muito mais que os próprios militares — que na maioria dos casos
matavam legitimamente para defender suas próprias vidas, de suas famílias
e, principalmente, a sua Pátria. Já os Comunistas matavam, saqueavam
bancos, armavam emboscadas, faziam atentados à bomba, eliminavam
integrantes que esboçavam a saída da própria seita, enfim (...). Nomes
como Dilma Rousseff, Miriam Leitão, José Dirceu, e tantos outros, agiam
como guerrilheiros, portavam armas, participavam de atos terroristas.
Nos anos 80, já no final do período militar, uma figura extremamente
estrategista e maquiavélica começara a articular nos bastidores do referido
regime, graças a seu forte poder de persuasão, engajando-se as diversas
vertentes de esquerda, inclusive de outros países, e torna-se o mais
poderoso dos “anjos caídos” da esquerda no Brasil e na América do Sul:
Lula — conhecido também por Luladrão —, que representa e materializa
a referida seita marxista na íntegra. A prova cabal dessa afirmativa se dá
no fato de que em 1990 ele fundou, juntamente com Fidel Castro e outros,
o Foro de São Paulo, que tem por objetivo fazer da América do Sul o que
outrora foi a URSS: a integração de vários países comunistas no mesmo
continente.
No prisma religioso, a maioria de seus adeptos e seguidores, os petistas,
sabem de seu desvio de função que lhe rendeu o título de “maior bandido
da história”, mas ainda assim, veem nele a figura daquele que fez valer a
máxima marxista: “os fins justificam os meios”. Para eles, pouco importa se o
seu “deus”, seu anjo “luciferiano”, roubou, enriqueceu ilicitamente, acabou
com a econômica do próprio país, levou indiretamente à morte milhares
de brasileiros que pereceram nas filas intermináveis do SUS; para eles o
que de fato importa é a esperança de “colher o fruto” independentemente
dos meios.
Para não se estender muito, o petismo no Brasil (uma extensão do
marxismo em todas as suas paráfrases), liderado por seu “deus” (Lula), é
a religião oficial da esquerda, e seus fiéis são de fato fiéis a ele, ainda que
isso lhes custe caro.
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Diante do exposto, não é preciso ter alto Q.I. para se chegar a algumas
conclusões, como por exemplo:
1. Não há como debater, argumentar, rechaçar, sequer dialogar com um
petista que faz jus à sua fé irracional, na mesma medida que não diálogo
com um integrante do estado islâmico.
2. Não é difícil de entender o porquê não existe cristão petista: água e óleo
não se misturam (não há como servir a dois Deuses).
3. O Brasil está dividido em religiões “oficiais”, o cristianismo e o petismo
marxista.
4. O atual modelo político-democrático não é instrumento impeditivo à
atuação do marxismo cultural, uma vez que este fora institucionalizado
(ou seja, está inserido formalmente nos principais setores sociais).
5. Só há um caminho para freá-los: proibir a propagação, a publicização e
a prática da seita marxista no Brasil.
Por fim, utilizo-me da máxima de Hegel, que mesmo escrita para sua
época, cabe perfeitamente ao momento atual: “a religião é o lugar onde
um povo dá a si mesmo a definição do que considera o verdadeiro”.
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6. O QUE FIZERAM COM O HOMEM POLÍTICO
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Já no início do Século XXI, a então matematização política desumanizada,
engajada à era digital e à multifacetação sem limites, resultou numa política
que não poderia ter sido diferente: uma política artificial, baseada apenas
em números e algoritmos, e não em pessoas. Resultado? O Atual entrave
na política mundial.
Resta claro que ao longo de 2500 anos as características necessárias
ao corpo político mudaram, evoluíram em alguns pontos, involuíram
em outros e parafrasearam-se conforme os fatores históricos e culturais;
como também é inquestionável que as características de outrora já não
são suficientes para balizar e reger o corpo político atualmente.
Surge então a questão: quais características são necessárias ao corpo
político de hoje, para lidar com a multifacetação cultural globalizada,
a inserção de novas engenharias sociais, a liquefação dos valores ético-
morais e a artificialização do ser?
Antes de tudo, é preciso fazer uma reflexão sobre qual momento da
história perdeu-se o controle, as rédeas da política, a direção da sociedade.
Sem dificuldades para responder, resta evidente que fora na Revolução
Francesa (revolução das luzes), onde houve a separação da Igreja e da
política, e foi-se colocada a ciência e a racionalidade como elementos capazes
de emancipar o homem. A partir desse momento é que as raias morais
que davam a direção, o norte, à sociedade foram eliminadas, e a sociedade
foi seduzida pelo pensamento liberal da época, que pregava a autonomia
para cada indivíduo balizar a sua própria moral, independentemente das
balizas exteriores (como aqueles cachorros, que sempre viveram presos e
encontraram o portão aberto: fogem em grande velocidade, sem saberem
para onde ir, apenas vão; e muitos são maltratados, atropelados e mortos
por não conhecerem os perigos do mundo externo). Vale aqui citar alguns
pensadores que corroboraram com esse processo: Kant, e posteriormente,
Nietzsche.
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Bem, até aqui restam claro duas coisas: [i] o divisor de águas para essa
mudança radical no curso da humanidade foi a modernidade (separação
da Igreja e da política); e [ii] essa mudança resultou em uma espécie de funil
— invertido — que de um único canal (haste reta) do qual a humanidade
se utilizava (a moral judaico-cristã), tornou-se um cone, uma abertura
que não para de se alargar (multifacetação liberal desenfreada).
PORTANTO, se conhecemos as premissas (características necessárias
ao corpo político) que sustentaram os diferentes contextos históricos;
sabemos do ponto de ruptura desse alargamento sem fim; quais
características corroboraram diretamente ao entrave; e ainda, sabemos
que desde então só houve uma progressão na dificuldade e ineficiência
do corpo político; não fica difícil de concluir que é preciso “retroceder” às
bases que sustentaram o corpo político por Séculos (a elevação do espírito
e os dogmas Teocráticos), para remodelá-lo dentro de limites aceitáveis
de pluralidade. Ao invés de um cone com infinitas possibilidades, duas
hastes delimitadas.
Dito de outra forma, é preciso resgatar a ‘elevação do espírito’ e os
valores morais universais em nossa sociedade, e para isso, a Igreja, como
principal instrumento propagador dos mesmos, precisa (re)assumir o seu
papel cívico, de fato, na sociedade; é preciso que ela tome novamente as
rédeas que fora entregues aos liberais; que saia de sua zona de conforto
utilizando-se da narrativa irresponsável de que “é a vontade de Deus” para
justificar sua inércia.
Isso não quer dizer que se deve “eliminar” as pluralidades, tampouco, de
“convertê-las” a singularidade dogmática e conservadora, mas, de limitar
suas ações quando essas invadem descaradamente as prerrogativas que
não lhe são legítimas.
Muitos dirão que isso é um retrocesso. Prefiro dizer que, às vezes, é
preciso voltar para pegar impulso!
Seja como for, ou a igreja e os conservadores, que ainda são maioria,
posicionam-se agora, ou o apocalipse civil será iniciado antes mesmo do
espiritual.
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7. POR QUE AS MANIFESTAÇÕES PERDERAM FORÇA DE
PERSUASÃO
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Nesse momento, abre-se precedentes para duas possíveis situações:
(i) os pais, como os de antigamente, mostram quem manda e dão um
“sacode” no filho. O efeito de tal ação é fazer com que o filho naturalmente
retroceda até o limite estabelecido do NÃO. Como NÃO é mais ameno
que o sacode, o filho passa a vê-lo como uma zona limítrofe.
(ii) os pais, como muitos de agora, nada fazem após o NÃO, demonstrando
ao filho que não há um limite real no pós-não. O susto inicial da criança
deixa de existir, o NÃO passa a ser considerado como uma palavra de
incentivo, e esses filhos, por instinto, voltam a testar novos NÃOS em
níveis diferentes e mais elevados. Resultado: muitos desses vão conhecer
o pós-não, somente quando estes são ditos pela própria vida, e quando
não são ouvidos, o sacode é desconcertante — muitas vezes, definitivo!
Não é preciso explicar a metáfora, mas apenas para contextualizar,
quando o “gigante acordou” (2013) e proferiu um sonoro NÃÃÃÃÃOOOO,
o sistema foi sucumbido, a ponto de derrubar o Governo! Quando esses
“NÃOS” se tornaram frequentes, pelo gigante, que já não eram tão sonoros
assim, o sistema passou a desafiá-los, haja vista que ele, o sistema, ainda
não conheceu o pós-não. Quando isso virou rotina, através das inúmeras
manifestações, passou a servir de incentivo ao sistema, deixando bem claro
a ele que NÃO HÁ o “pós-não”, que o gigante, na verdade, era apenas um
garotinho travestido de super-herói falando grosso.
A prova cabal dessa afirmativa se dá no resultado da última
manifestação, que mesmo com uma maciça adesão, a sua principal pauta
(apoio incondicional a Sérgio Moro) foi afrontada absurdamente, como
nunca — chamado de LADRÃO. Bem, deixando a metáfora de lado...
Ou o povo brasileiro demonstra ao sistema que HÁ SIM um pós-não, um
sacode, colocando as manifestações num outro patamar, ou a certeza que
fica é que o sistema vai atropelar o “gigante”, e quando ele cair, não mais
levantará!
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8. MITOS E VERDADES SOBRE O ART. 142
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Analisemos a legitimidade para acioná-lo:
Para o seu acionamento ser indubitavelmente legítimo, é preciso
preencher dois requisitos, a saber: (1) legitimidade político-jurídica e, (2)
adesão popular.
(1) para uma ação político-jurídica ser LEGAL ela precisa, essencialmente,
cumprir duas características: (i)FORMAL: preencher os requisitos formais
e processuais e, (ii) COMPETÊNCIA: ser exercida pelo Ente competente.
Analisemos as duas características:
Quanto à forma: O artigo 142 diz, explícita e objetivamente, que o seu
acionamento serve exclusivamente “à garantia dos poderes constitucionais,
da lei e da ordem”. As perguntas são: Os poderes (Legislativo, Executivo
e Judiciário) estão sob ameaça? Há em curso a utilização de algum dos
poderes para fins que não correspondam às suas prerrogativas? A resposta
é SIM às duas perguntas: (a) O Executivo está SIM sob ameaça, pois o
Legislativo explicitamente age com um único objetivo, o de boicotar
toda e qualquer medida tomada por ele para derrubá-lo. Isso ocorre
com frequência através das medidas provisórias (são revogadas todas as
medidas decretadas pelo Executivo), todos os projetos de lei apresentados
são distorcidos e modificados (a reforma Previdência e o projeto anticrime
são bons exemplos), na composição política (interferência na escolha
dos ministérios). Dito de outra forma, o Legislativo tem agido de forma
antidemocrática (contrário aos anseios da maioria da população), haja
vista que a maioria dos eleitores deu a LEGITIMIDADE inquestionável ao
chefe do Executivo, que só está materializando as pautas que o elegeram.
(ii) Sobre a utilização de algum poder fora de sua prerrogativa, o STF tem
feito isso com maestria e frequência, ou ele não tem legislado (prerrogativa
exclusiva do Legislativo) nas pautas progressistas, como legalização das
drogas, crime de homofobia, aborto e afins, “tratorando” as balizas de sua
competência?
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Quanto à competência: é unívoca a interpretação à luz do artigo ao que
diz: “sob a autoridade suprema do Presidente da República”. Ou seja, o
Presidente da República, se motivado por atos ilegítimos das outras Casas
de Poder, conforme já mencionado acima, é o único Ente competente para
se utilizar do artigo, portanto, o Presidente pode sim a qualquer momento
o acionar.
(2) A adesão popular é o requisito basilar para que qualquer ação política
seja considerada democrática. Ainda que o ordenamento jurídico embase
a referida medida como legal — frise-se: que é o caso! —, se não houver
uma adesão popular maciça, pela maioria dos eleitores, esta pode ser
considerada como antidemocrática. Nesse sentido, abre-se precedentes à
oposição na tratativa da intervenção como golpe. A questão que surge
é: Hoje, se fosse acionado o artigo, o Governo teria adesão popular pela
maioria dos eleitores? A resposta é: Peremptoriamente NÃO!
Isso se dá por algumas razões: (a) o próprio Governo se manifesta
contrariamente; (b) os grupos intitulados intervencionistas tratam essa
questão de forma absurdamente simplista, e acabam por enxovalhar com
a referida medida e; (c) a mídia e os formadores de opinião construíram
uma narrativa sofismática sobre o período militar, e esta foi comprada por
grande parte da população.
O que representaria, na prática, uma intervenção agora?
Metaforicamente, como toda extração de tumor, primeiro o paciente
sangra durante a cirurgia, vive por um tempo com limitações no pós-
operatório, mas depois vem a sobrevida tão esperada! Não seria diferente
com uma intervenção. A priori, a economia se retrairia ainda mais,
o desemprego aumentaria e o país sofreria fortes retaliações de outros
países, em especial da União Europeia e da ONU (sangraria ainda mais!).
Pari passu, haveria conflitos internos e ideológicos entre as lideranças das
FFAA, haja vista que boa parte hoje é PROGRESSISTA (Gal. Mourão é
um bom exemplo). A posteriori, se sobrevivêssemos sem tentativas de
golpes internos, e após a consolidação de uma Constituição sem vícios
insanáveis, como a atual, o País voltaria a crescer gradativamente, porém,
alicerçado em base sólida.
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Seja como for, com ou sem intervenção, o Brasil vai continuar a sangrar,
cabe ao povo escolher se até a morte sem nada fazer, ou, submetê-lo a uma
“cirurgia” emergencial!
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Muito obrigado por ter se interessado no
eBook Política Descomplicada.
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