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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE MÚSICA

ARTES CÊNICAS

Raul Bezerra – R. A.: 77413


Thayse Mochi – R. A.: 82793

O SER HUMANO, A VIDA E A ILUSÃO: A APROXIMAÇÃO DA


AUTÔNOMIA E DA INDEPENDÊNCIA POR UM BONECO

Trabalho apresentado à Faculdade de


Artes Cênicas - Licenciatura Plena em Teatro,
da Universidade Estadual de Maringá, para
obtenção parcial de nota na disciplina de Crítica
Teatral, ministrada pelo Professor Me. João
Marchi.

MARINGÁ
2018
O espetáculo teatral O princípio do espanto, do grupo Morpheus Teatro, de
São Paulo (SP), narra, por meio de ações e ausência de linguagem articulada, a
partir da animação de bonecos, a trajetória de um personagem que a princípio, se
deleita com coisas simples, como contemplar, apaixonadamente, o que parece, para
a plateia, um quadro. E dançar a melodia de uma caixinha de música. Nesse
percurso, entre conhecer e interagir, por pouco tempo, com outro indivíduo, admirar
o suposto quadro e dançar muito, ele percebe, como que misteriosa e
intuitivamente, que por trás das ações dele existe uma força que é independente e
autônoma. Tal intuição foi despertada, ao que parece, pelo tato da mão do boneco
na mão do Humano, do ator, que causou-lhe “espanto”, o que fez com que, numa
atitude humanamente filosófica, procurasse a verdade por trás de seus atos,
anteriormente tidos como genuínos.
A força que conduzia a ação do personagem-boneco foi descoberta por ele
próprio: provinha de um Ser Humano, um homem. Este, o ator que animava o
boneco, fez seu trabalho de forma cativante e com verdade; sua manipulação
revelava treino, repetição, esmero, virtuosidade, paixão. Tais elementos que
compunham a técnica individual deste ator trouxeram realidade à ficção da cena,
quando podia-se ver o boneco - uma coisa; um objeto; sem vida – executando
movimentações quase humanas com seu corpo, fora do palco, inanimado. Assim,
com movimentos, gestos e danças, o espetáculo, protagonizado por um boneco, foi
capaz não somente de captar e prender a atenção do público, mas de propor
reflexão sobre existência humana: Agimos ou estamos resignados? Será que nossa
ação pertence, de fato, a nós? Nossas escolhas e futuro são fruto da vontade
consciente ou existem forças que nos coagem? Somos, afinal, livres? Estes são
alguns questionamento passíveis de emergir.
A iluminação - monocromática; restrita ao reduzido espaço da encenação; e,
no geral, sem dinâmica - fez, assim como as ações do ator transferidas ao boneco,
a difícil função de ganhar a atenção de espectadoras e espectadores aos
acontecimentos. Ela também tem potência suficiente para fazer, por sua vez, por
meio da luz amarela dos refletores e, nos momentos que marcam o início e o fim do
espetáculo, da luz de uma vela, com que a percepção de quem vê a cena
ultrapasse a constatação dela como uma fantasia e encare como uma realidade,
distinta da vida ordinária, mas ainda realidade, mesmo que paralela à nossa. Nesse
alcance da crítica, vem outra reflexão: o espanto que impulsionou o personagem-
boneco a se desvencilhar da ilusão e procurar autonomia foi principiado, mesmo,
pelo toque da mão do inanimado com a natureza humana, ou deu-se com a luz da
vela, metáfora, neste caso, para a verdade e o conhecimento? Dessa maneira, o
boneco vive quando a luz da vela brilha; torna à inanição, quando o brilho dela
cessa. Nesse sentido, teria o Humano, metáfora, por seu turno, da mentira, vencido
e subjugado a verdade, aludida pela luz?
Parece, contudo, que o espetáculo O princípio do espanto apresenta o
Humano instigando o Humano por meio do não-humano. Faz isto através de uma
linguagem que é, por mais que de deva-se considerar as diferenças culturais,
universal: a linguagem das ações humanas, transferidas, no teatro de bonecos da
cia. Morpheus Teatro, ao corpo do boneco.
Nesse ínterim, se o conteúdo Humano causa-lhe interesse, caros leitora e
leitor, eis, nessa crítica, a indicação de um trabalho para apreciação. Bom
espetáculo!
Um ritual é concebido no inicio do espetáculo, com muita leveza e
simbologias, para emergir vida ao pequeno ser de pano. O ator, no seu tempo
dramático, ascende uma vela e assopra o boneco que no mesmo instante se
levanta e nos transparece a ilusão de ter recebido vida do seu condutor. E essa
alusão ocorre sucessivamente ao decorrer da peça pela magnitude com que o
boneco é manuseado.
Um ponto importante de se ressaltar é a dificuldade, mesmo que nivelado
pelo o trabalho do ator, de conduzir o boneco sozinho. Considerando todos os
membros: cabeça, braços, tronco e pernas é concebível que algum desses
componentes receba um pouco menos de atenção no comando em decorrência da
limitação humana. É impossível manipular todas as articulações ao mesmo tempo,
por isso, a parte inferior do boneco obteve menos destaque em cena.
A concentração do ator e todo o seu preparo para com o espetáculo é
primordial na execução da peça, pois revela-se nitidamente através do boneco.
Pode-se dizer que entre as dificuldades de se trabalhar com teatro de
manipulações, é a atenção potencializada, que exige menos erros possíveis, para
que o ser em destaque, com toda dependência do ator, continue vivo aos olhos do
espectador.

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