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O documento descreve o período do Humanismo em Portugal, que se iniciou quando Fernão Lopes foi nomeado Guarda-Mor da Torre do Tombo em 1418. Neste período, houve um desenvolvimento significativo da prosa, especialmente através das crônicas de Fernão Lopes. Além disso, surgiu o teatro popular com Gil Vicente. A poesia entrou em decadência. Esse foi um período de transição entre a Idade Média e a Moderna, marcado por uma mudança no pensamento com foco no ser humano.
O documento descreve o período do Humanismo em Portugal, que se iniciou quando Fernão Lopes foi nomeado Guarda-Mor da Torre do Tombo em 1418. Neste período, houve um desenvolvimento significativo da prosa, especialmente através das crônicas de Fernão Lopes. Além disso, surgiu o teatro popular com Gil Vicente. A poesia entrou em decadência. Esse foi um período de transição entre a Idade Média e a Moderna, marcado por uma mudança no pensamento com foco no ser humano.
O documento descreve o período do Humanismo em Portugal, que se iniciou quando Fernão Lopes foi nomeado Guarda-Mor da Torre do Tombo em 1418. Neste período, houve um desenvolvimento significativo da prosa, especialmente através das crônicas de Fernão Lopes. Além disso, surgiu o teatro popular com Gil Vicente. A poesia entrou em decadência. Esse foi um período de transição entre a Idade Média e a Moderna, marcado por uma mudança no pensamento com foco no ser humano.
2019 Humanismo Como afirma José de Nicola, “a Segunda Época Medieval ou Humanismo corresponde ao período que vai desde a nomeação de Fernão Lopes para o cargo de cronista-mor da Torre do Tombo, em 1434, até o retorno de Sá de Miranda da Itália, no ano de 1527, quando introduziu em Portugal a estética clássica. O Humanismo foi um período muito rico para o desenvolvimento da prosa, graças ao trabalho dos cronistas, notadamente de Fernão Lopes, considerado o iniciador da historiografia portuguesa. Outra manifestação importantíssima que se desenvolveu no Humanismo, já no início do século XVI, foi o teatro popular, com a produção de Gil Vicente. A poesia, por outro lado, conheceu um período de decadência nos anos de 1400, estando toda a produção poética do período ligada ao Cancioneiro Geral, organizado por Garcia de Resende; essa poesia, por se desenvolver no ambiente palaciano, é conhecida como poesia palaciana. Tanto as crônicas históricas como o próprio teatro vicentino estão intimamente relacionados com as profundas transformações políticas, econômicas e sociais verificadas em Portugal no final do século XIV e em todo o século XV.” (NICOLA, José de. Literatura Portuguesa – das origens aos nossos dias. São Paulo: Scipione, 1999, p. 51). No momento em que o rei consegue centralizar o poder, tendo como alicerce a teoria do direito divino, à igreja Romana interessa defender a estrutura feudal, por possuir uma quantidade bastante grande de terras. Com isso, a igreja deixou de ser a única responsável pelo monopólio da cultura, formando-se bibliotecas fora dos mosteiros e dos conventos. São também frutos dessa época os humanistas, homens cultos e admiradores da cultura antiga. Eram individualistas, davam maior importância aos direitos de cada indivíduo do que à sociedade. Acreditavam no progresso, rejeitando a hierarquia feudal. No final do século XV, a Europa passava por grandes mudanças, provocadas por invenções como a bússola, pela expansão marítima que incrementou a indústria naval e o desenvolvimento do comércio com a substituição da economia de subsistência, levando a agricultura a se tornar mais intensiva e regular. Deu-se o crescimento urbano, especialmente das cidades portuárias, o florescimento de pequenas indústrias e todas as demais mudanças econômicas provenientes do Mercantilismo, inclusive o surgimento da burguesia. ◦ Todas essas alterações foram agilizadas com o surgimento dos humanistas, estudiosos da cultura clássica antiga. Alguns eram ligados à Igreja; outros, artistas ou historiadores, independentes ou protegidos por mecenas. Esses estudiosos tiveram uma importância muito grande porque divulgaram, de forma mais sistemática, os novos conceitos, além de que identificaram e valorizaram direitos dos cidadãos. Acabaram por situar o homem como senhor de seu próprio destino e elegeram-no como a razão de todo conhecimento, estabelecendo para ele um papel de destaque no processo universal e histórico. Essas mudanças na consciência popular, aliadas ao fortalecimento da burguesia, graças à intensificação das atividades agrícolas, industriais e comerciais, foram, lenta e gradativamente, minando a estrutura e o espírito medievais. Em Portugal, todas essas alterações se fizeram sentir, evidentemente, ainda que algumas pudessem chegar ali com menor força ou, talvez, difusas, sobretudo porque o impacto maior vivido pelos portugueses foi proporcionado pela Revolução de Avis (1383-1385), na qual D. João, mestre de Avis, foi ungido rei, após liderar o povo contra injunções de Castela. Alguns fatores ligados a esse quadro histórico indicam sua influência no rumo que as manifestações artísticas tomaram em Portugal. São eles: as mudanças processadas no país pela Revolução de Avis; os efeitos mercantilistas; a conquista de Ceuta (1415), fato que daria início a um século de expansionismo lusitano; o envolvimento do homem comum com uma vida mais prática e com menos lirismo cortês; o interesse de novos nobres e reis por produções literárias diferentes do lirismo. Tudo isso explica a restrição do espaço para o exercício e a manifestação da imaginação poética, a marginalização da arte lírica e o fim do Trovadorismo. A partir daí, o ambiente se tornou mais propício à crônica e à prosa histórica, ao menos nas primeiras décadas do período. O período que estamos estudando é de transição, entre a Idade Média e a Idade Moderna. Mais que qualquer coisa, esse período significa uma transformação radical no modo de o homem pensar, nos seus valores, nas suas crenças. Há uma gradativa mudança no centro dos interesses, que passa da religiosidade à materialidade, da alma ao corpo, de Deus ao homem. Por isso, dizemos que o Humanismo é uma espécie de preparação para o momento literário seguinte, que é essencialmente antropocêntrico, ou seja, o homem é o centro de tudo. No Humanismo, há uma nítida opção pelo texto em prosa, notadamente a crônica, gênero textual que procura registrar os feitos e acontecimentos do reino. O primeiro grande cronista foi Fernão Lopes, razão por que costuma-se iniciar o Humanismo com sua nomeação para esse cargo. Não se sabe muita coisa da vida de Fernão Lopes: apenas que foi funcionário do palácio real e notário (espécie de tabelião), tendo sido nomeado cronista- mor do Reino por dom Duarte em 1434; escreveu as crônicas dos reis D. Pedro I, D. Fernando e a 1ª e 2ª partes da de D. João. Do ponto de vista da forma, o seu estilo representa uma literatura de expressão oral e raiz popular. Ele próprio diz que nas suas páginas não se encontra a formosura das palavras, mas a nudez da verdade. Era um autodidata. Foi um dos legítimos representantes do saber popular, mas já no seu tempo um novo tipo de saber começava a surgir: de cunho erudito-acadêmico, humanista, classicizante. Profissionalmente, Fernão Lopes era um tabelião (...). Foi empregado da família real e da corte, escrivão de D. Duarte, ainda infante, do rei D. João I, e do infante D. Fernando, em cuja casa ocupou o importante posto de «escrivão da puridade», que correspondia ao cargo de maior confiança pessoal concedido pela alta nobreza. A partir de 1418 aparece a desempenhar as funções de Guarda-mor da Torre do Tombo, encarregado de guardar e conservar os arquivos do Estado, lugar de confiança da Corte. (...). Em 1454, foi reformado do cargo de Guarda- mor da Torre do Tombo devido à sua idade. Ainda vivia em 1459, segundo atesta um documento de transmissão de sua herança. Durante este longo período de atividade, Fernão Lopes atravessou os reinados de D. João I, D. Duarte, o governo de D. Pedro e parte do reinado de D. Afonso V. Conheceu muitas alterações políticas e sociais. Ao rei eleito e popular, D. João I, viu suceder um rei mais dominado pela aristocracia, D. Duarte; viu crescer o poder feudal dos filhos de D. João I, e com ele o predomínio da nobreza, que saíra gravemente abalada da crise da independência. Assistiu à guerra civil subsequente à morte de D. Duarte, à insurreição de Lisboa contra a rainha viúva D. Leonor, e à eleição do infante D. Pedro por esta cidade, e em seguida pelas cortes, para o cargo de Defensor e Regedor do Reino, em circunstâncias muito parecidas com as que tinham levado o mestre de Avis ao mesmo cargo e seguidamente ao trono em 1383-1385. Assistiu depois à reação do partido da nobreza, à queda do infante D. Pedro, à sua morte na sangrenta batalha de Alfarrobeira, à perseguição e dispersão dos seus partidários, ao triunfo definitivo da nobreza, no reinado. Foi testemunha do início da expansão ultramarina. (...). Humanismo
O Humanismo principia quando Fernão Lopes é nomeado o Guarda-
Mor da Torre do Tombo por D. Duarte, em 1418. ou seja, tornou-se responsável pela preservação do arquivo real, então localizado numa das torres do castelo de Lisboa. Em 1434, passou a cronista-mor do reino, cargo que o tomava como redator oficial das crônicas – narrativas históricas – dos reis de Portugal. A prosa de Fernão Lopes ultrapassa os limites da narrativa histórica, incorporando técnicas e métodos da narrativa de ficção e alcançando resultados de inquestionável valor estético. Sua narrativa é viva, contagiante, capaz de criar quadros extremamente dinâmicos. Como o encadeamento das ações é habilmente conduzido, sendo constantemente colorido pelas falas diretas dos participantes da ação, o que cria um ritmo crescente de tensão, uma intensidade gradativa para a qual colabora o suspense em que o narrador mantém todo o quadro até o desfecho, que é rápido e marcante. Essa hábil condução de vários episódios que convergem para um final único, grandioso, dá ao texto um sentido épico – a narrativa da enérgica manifestação popular demonstra que estão sendo dados passos importantes para a história da coletividade portuguesa. O Humanismo foi um período muito rico para o desenvolvimento da prosa, graças ao trabalho dos cronistas, notadamente de Fernão Lopes, considerado o iniciador da historiografia portuguesa. Outra manifestação importantíssima que se desenvolveu no Humanismo, já no início do século XVI, foi o teatro popular, com a produção de Gil Vicente. A poesia, por outro lado, conheceu um período de decadência nos anos de 1400, estando toda a produção poética do período ligada ao Cancioneiro Geral, organizado por Garcia de Resende; essa poesia, por se desenvolver no ambiente palaciano, é conhecida como poesia palaciana. O homem em busca da liberdade Este momento histórico-social é tido como um período de transição. Marca a passagem do fim da Idade Média para a Idade Moderna. Com o crescimento das cidades e do comércio, o regime feudal enfraqueceu. Os servos podiam vender sua colheita e conseguir dinheiro para pagar os serviços que deviam ao senhor feudal; podiam ir para a cidade ou conhecer novas terras. O desejo de liberdade se concretizava. Os senhores feudais, aos poucos, foram perdendo suas terras e seus servos. Neste momento, o rei, que era uma autoridade simbólica, fortalece-se, à medida que se aliava a uma classe social emergente, a burguesia, formada por artesãos e comerciantes, detentores do dinheiro, que viviam nas cidades. O Teatro de Gil Vicente Durante a Idade Média surge em Portugal o Teatro Vicentino, representação que se caracteriza pelos temas, linguagem e atores populares. A carreira literária de Gil Vicente começa em 1502, quando representa o Auto da Visitação, até o ano de 1536, ano da representação de sua última peça Floresta de Enganos. Durante os anos de sua trajetória teatral dedicou-se a escrever e representar teatro para o entretenimento da realeza e da fidalguia, são dezenas de peças de temas variados. Escreveu cerca de 44 peças: 17 bilíngues, 16 em português e 11 em espanhol. Na corte portuguesa usava-se, também, o idioma espanhol em razão da rainha Maria, segunda mulher de D. Manuel I, ser filha dos Reis Católicos da Espanha. Além disso, falar espanhol era sinal de distinção entre os nobres, pois o povo falava apenas português. Didaticamente, pode-se dividir em fazes o teatro vicentino. Temos três fazes principais:
◦ 1502-1514 – Sob influência de Juan del Encina.
◦ 1515-1527 – Corresponde ao ápice da carreira dramática. ◦ 1528-1539 – Teatro intelectualizado, sob influência do classicismo renascentista. Quanto ao tema, pode ser dividido em: ◦ Tradicional Peças de caráter litúrgico, ligados ao teatro de Juan del Encina, aos assuntos bucólicos e às novelas de cavalaria. ◦ Atualidade Caracteriza-se pela presença de um retrato satírico do modo de viver do seu tempo, e não perdoa nenhuma classe social, seja ela a fidalguia, a burguesia, o clero ou a plebe. É um teatro baseado na espontaneidade e com intento de divertir e organizava-se sob a lei do improviso. Supõe-se que Gil Vicente redigia um roteiro básico, apenas para ordenar a encenação em uma sequência verossímil. Lírico ou cômico, seus textos continham a predominância da visão medieval e de uma nostalgia de um tempo perdido. O grande mérito do autor é o seu talento de poeta, sobretudo de poeta dramático, é em consequência disso que o teatro vicentino se tornou um marco dentro da Literatura Portuguesa. A obra literária vicentina possui uma linguagem arcaica, popular, não polida e sem termos eruditos. É que, mesmo escrita em linguagem popular, o vocabulário é rico, se adequando aos personagens, valendo-se ainda do latim eclesiástico e do baixo latim – usado pelo povo. Suas peças estão classificadas em obras de devoção, comédias, tragicomédias, farsas e obras miúdas, como monólogos e paráfrases de salmos e apresentam a seguinte divisão: ◦ Os Autos: são composições religiosas, pastoris, nos quais se nota a influência do teatro pastoril de João de Encima, dramaturgo espanhol. São peças de temática devota e moral, alegórica, que refletem os valores do mundo medieval. ◦ As comédias: trazem valores greco-romanos e mitológicas, contendo relatos romanescos como as novelas de cavalaria. ◦ As farsas: preservam a mesma estrutura dos autos, traçando, porém, uma caricatura contra os maus costumes, apresentando uma crítica social contundente, mordaz, carregada de alusões pessoais. De caráter pedagógico moral, há uma longa tradição na farsa medieval sobre o tema do adultério feminino. Primeira fase: 1890 a 1198-1434
A criação literária portuguesa, no primeiro período medieval (1890 a
1198-1434), corresponde à floração trovadoresca e acontece quase simultaneamente à formação da nação lusa. Essa produção cultural denominada também de cantigas era composta pelos trovadores e cantada pelos jograis que percorria todo o reino em ambientes diversos. A fim de preservar essa literatura, que era transmitida oralmente, fora fixada por escrito em coletâneas denominadas cancioneiros. ◦ A poesia trovadoresca é dividida em dois tipos: lírico-amorosa compreendendo às Cantigas de Amigo, associadas ao canto e à dança, impregnadas do realismo da vida campesina, da sensualidade, queixume, euforia, amor popular e amor burguês; e as Cantigas de Amor de origem provençal, marcadas pela vassalagem amorosa, impregnadas pelo idealismo, a “coita” de amor e idealização da mulher. O outro tipo é a satírica subdivida em escárnio, maldizer. Os principais trovadores desse período foram Paio Soares de Taveirós, D. Dinis, Martim Codax, Aires Nunes e João Garcia de Guilhade. Além da poesia a época trovadoresca se caracteriza também pelo aparecimento da prosa medieval: novelas de cavalaria, retratando um heroísmo de influência religiosa e feudal, biografias, crônicas e livros de linhagem. Segunda fase: 1434-1527 Período conhecido também como Humanismo, vai desde a nomeação de Fernão Lopes como cronista-mor da Torre do Tombo, em 1434, até o retorno de Francisco Sá de Miranda da Itália, quando introduziu uma nova estética, o Classicismo, em 1527. Teve como principais características a divulgação dos mestres da Antiguidade greco-latina, o incentivo às Universidades, a laicização da cultura e o Culto do Homem. A prosa, no humanismo português, consistiu, principalmente, na crônica histórica e teve como principal expoente Fernão Lopes um cronista realista de técnica literária da narrativa, um criador de perfis psicológicos que tratou o povo como agente da história. Destacaram-se, também, Gomes Eanes de Zurara e Rui de Pina. Outro tipo de prosa inaugurado pelo regime absolutista da dinastia de Avis foi a prosa doutrinária, direcionada para a educação da realeza e da fidalguia, com o sentido de orientá-la no convívio social e no adestramento físico. ◦Além da prosa tivemos a poesia palaciana recolhidas por Garcia de Resende no Cancioneiro Geral. São poesias já dissociadas de música, elaboradas para serem lidas e recitadas nas cortes. Surge também o Teatro popular de Gil Vicente produção literária caracterizada pela sátira à sociedade portuguesa e a visão religiosa medieval moralizadora. Referências
MOISÉS, Massaud. A Literatura Portuguesa. São Paulo: Cultrix, 2013.
MOISES, Massaud. A Literatura Portuguesa por meio dos textos. 28. ed. São Paulo: Cultrix, 2002. NICOLA, José de. Literatura Portuguesa – das origens aos nossos dias. São Paulo: Scipione, 1999. SARAIVA, Antonio José, LOPES, Oscar. História da Literatura Portuguesa. 17. ed. Porto: Porto Editora, 1996.