Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
TEOREMA DE PITÁGORAS:
DEMONSTRAÇÕES
Macapá/AP
2015
1
TEOREMA DE PITÁGORAS:
DEMONSTRAÇÕES
Macapá/AP
2015
2
TEOREMA DE PITÁGORAS
DEMONSTRAÇÕES
BANCA EXAMINADORA
Aprovada em:____/____/____
___________________________________________________
Orientador: Prof. Esp. Steve Wanderson Calheiros de Araújo
___________________________________________________
Primeiro Avaliador
___________________________________________________
Segundo Avaliador
3
AGRADECIMENTOS
Agradecemos primeiramente a Deus por nos ter mantido com saúde e força de
vontade durante toda a jornada que nos conduziu até a consolidação dos nossos objetivos.
Ao Departamento do Curso de Matemática à Distanciada Universidade Federal do
Amapá pela oportunidade oferecida.
Ao Professor Esp. Steve Araújo, orientador, pela dedicação, conhecimentos
transmitidos e confiança depositada na realização deste trabalho.
À coordenação do curso de Matemática à Distância pela política de incentivo à
produção acadêmica.
Aos Tutores à distância e presenciais,
(PITÁGORAS, HTTP://KDFRASES.COM)
6
Lista de Figuras
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 11
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................................. 14
2.1 PITÁGORAS – BREVE HISTÓRICO ......................................................................... 14
3 TEOREMA DE PITÁGORAS ...................................................................................... 16
3.1 O TRIANGULO 3, 4 E 5 .............................................................................................. 16
3.2 ENUNCIADO DO TEOREMA DE PITÁGORAS ...................................................... 19
4 EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E AS DEMONSTRAÇÕES...................................... 21
4.1 SISTEMAS AXIOMÁTICOS ...................................................................................... 21
5 DEMONSTRAÇÕES DO TEOREMA DE PITÁGORAS ........................................ 21
6 PROVAS DO TEOREMA DE PITÁGORAS ............................................................. 24
6.1 DEMONSTRAÇÃO DO TEOREMA DE PITÁGORAS ATRAVÉS DE
TRIANGULOS ISÓSCELES ............................................................................................. 27
6.2 DEMONSTRAÇÃO DO TEOREMA DE PITÁGORAS A TRAVÉS DE
QUADRICULADOS .......................................................................................................... 27
6.3 DEMONSTRAÇÃO PELA PROVA CLÁSSICA ....................................................... 29
6.4 DEMONSTRTAÇÃO USANDO ÁREAS ................................................................... 30
6.5 DEMONSTRAÇÃO GEOMÉTRICA .......................................................................... 31
6.6 PROVA ......................................................................................................................... 32
6.7 DEMONSTRAÇÃO DE BHÁSKARA ........................................................................ 33
6.8 DEMONSTRAÇÃO: PRESIDENTE JAMES ABRAM GARFIELD ........................ 4
6.9 DEMONSTRAÇÃO COM A FÓRMULA DE HERON ............................................ 35
6.10 DEMONSTRAÇÃO DE LEONARDO DA VINCI ................................................... 36
6.11 DEMONSTRAÇÃO DE EUCLIDES ........................................................................ 37
6.12 PROVA: A GENERALIZAÇÃO DO TEOREMA DE PITÁGORAS
(MATEMÁTICO HÚNGARO GEORGE POLYA, 1897-1985) ...................................... 40
6.13 DEMONSTRAÇÃO USANDO UMA CIRCUNFERENCIA (ATRIBUÍDA A
RICHARDSON IN RUNKLE’S MATHEMATICAL, JOURNAL, 1859)........................ 41
6.14 DEMONSTRAÇÃO USANDO A BISSETRIZ DE UM ÂNGULO (OUTRO
CASO DE SEMELHANÇA DE TRIANGULO ATRIBUÍDO A RICHARDSON-
MATH.MO.; 1859) ............................................................................................................. 42
8
RESUMO
A presente monografia que constitui esse Trabalho de Conclusão de Curso – TCC é resultado
de pesquisas sobre Pitágoras, o seu Teorema, como também suas várias maneiras de
demonstrações. Veremos, inicialmente, um breve histórico de como a matemática foi
incorporada na vida do homem e como ele passou a utilizá-la na resolução de situações
problemas ocorridas no seu dia-a-dia, em seguida fazemos referência a uma abordagem
histórica sobre a vida de Pitágoras. Para isto utilizou-se referenciais de vários autores que
pesquisam sobre a história da matemática como também se aproveitou a oportunidade para
abordar os elementos que compõe o triângulo retângulo, a proposição que relacionam os seus
lados e os primeiros métodos de demonstrações. Por fim serão desenvolvido e demonstrado o
Teorema de Pitágoras, tanto no campo geométrico, que são demonstrações que envolvem
comparações de áreas, como também no campo algébrico onde são demonstrações baseadas
nas relações métricas do triângulo retângulo.
ABSTRACT
This monograph is that of course work Conclusion - TCC is the result of research on
Pythagoras, his theorem, as well as their various ways of statements. We will see, initially, a
brief history of how the math was incorporated in man's life and how he came to use it in
problem solving situations that have occurred in their day-to-day, then we refer to a historical
approach to life Pythagoras. For this we used benchmarks of many authors who research on
the history of mathematics but also took advantage of the opportunity to address the elements
that make up the right triangle, the proposition that relate their sides and the first methods
demonstrations. Finally it will be developed and demonstrated the Pythagorean Theorem in
both the geometric field, which are statements that involve areas of comparisons, as well as in
algebraic field where statements are based on the metric relations of the right triangle.
1 INTRODUÇÃO
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Pitágoras – Breve Histórico
Hoje, o número é considerado como uma abstração da mente, um ente da razão. Mas
para os antigos eles eram a própria coisa, o ser real em sua unidade básica constitutiva, sendo,
pois, um princípio originário.
Os ciclos da natureza, das estações do ano e etc. eram também subordinados à lei
numérica. A partir disso, Pitágoras foi levado a pensar que a alma também obedece a esses
ciclos, criando assim a teoria da reencarnação cíclica, da qual hoje a religião cristã espírita é
seguidora, bem como a budista é semelhante. Nelas, a reencarnação é um processo natural que
obedece a uma ordem cósmica cíclica para expiação (penitência ou castigo) de uma culpa
original. Há também a Metempsicose que o Grande Mestre possuía como um dom de
transmigração da alma, isto é, poderia concentrar de tal modo o pensamento que a alma sairia
do corpo e viajaria a qualquer lugar do universo.
É curioso notar que, apesar do pensamento pitagórico assemelhar-se a uma síntese
entre filosofia e religião, a catarse ou purificação das expiações da alma em seus ciclos
reencarna tórios era realizada a partir da busca do conhecimento da verdade. Seu misticismo
vigora ainda hoje nas seitas espíritas, mas também naquelas que mais problemas criaram à
Igreja Católica durante a história: a maçonaria, da qual faziam parte grandes pensadores
(como Leonardo Da Vinci) que usavam o conhecimento matemático para descrever e
construir a realidade do mundo, mas que permaneciam crentes na Unidade que originava todo
o universo, Unidade a qual atribuíram à divindade, sendo, portanto, a clássica categorização
de DEUS-UNO (fundamento do monoteísmo, ou seja, que Deus é um só).
16
3 TEOREMA DE PITÁGORAS
3.1 O triângulo 3, 4 e 5
Perceba que temos quatro triângulos retângulos de catetos 4 e 3: ΔCGE, ΔBEF, ΔAHF
e ΔGDH. Estes triângulos são congruentes pelo caso L.A.L. e, assim, GEFH é um losango.
Além disso, os ângulos vermelhos e verdes são complementares, logo GEFH é um quadrado.
Sejam S e l a área e a medida do lado do quadrado GEFH, respectivamente. Como a área de
uma figura é a soma das áreas de suas partes, temos l2=1+4⋅4⋅32
donde l=5 Assim um triângulo de lados 3, 4 e 5 é congruente aos triângulos do problema e
portanto retângulo.
A proposição das áreas é atribuída a Pitágoras, recebendo o seu nome: Teorema de
Pitágoras. Mas esta proposição era conhecida pelos chineses e babilônios bem antes de
Pitágoras.
19
“O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos”. Este enunciado
simplista servindo apenas para facilitar a compreensão.
A Figura 2 apresenta de maneira geométrica o enunciado do Teorema de Pitágoras.
No início do período grego, esta procura de demonstrações não foi nada sistemática.
Cada matemático baseava suas demonstrações em teoremas anteriores e em um certo
fundo amorfo de conhecimentos matemáticos comuns. Foi só no auge do período
clássico da Grécia que Aristóteles fez um balanço desta maneira de proceder e ficou
insatisfeito.
esclarecer ideias matemáticas que estão sendo construídas pelo aluno, especialmente para dar
respostas a alguns “porquês” e, desse modo, contribuir para a constituição de um olhar mais
crítico sobre os objetos de conhecimento (BRASIL, 2000).
Para os PCN ́s o professor deve desenvolver o conceito de semelhança, para depois
explorar o Teorema de Pitágoras. Isto ocorre devido que alguns conhecimentos precedem
outros necessários e deve-se escolher certo percurso. A Matemática move-se quase
exclusivamente no campo dos conceitos abstratos e de suas inter-relações. Para demonstrar
suas afirmações, o matemático emprega apenas raciocínios e cálculos.
É certo que os matemáticos também fazem constante uso de modelos e analogias
físicas e recorrem a exemplos bem concretos, na descoberta de teoremas e métodos. Mas os
teoremas matemáticos são rigorosamente demonstrados por um raciocínio lógico (BRASIL,
2000).
O Teorema de Pitágoras ao longo da história tem sido demonstrado por várias
civilizações e muitos matemáticos e estudiosos têm dado grande importância à demonstração
deste teorema com centenas de provas já desenvolvidas. Estes fatos mostram sua importância
torna-o um excelente tema para discussão em sala de aula.
24
Inglês 1570
Chinês 1607
Existem dois tipos de prova para o Teorema de Pitágoras: provas algébricas e provas
geométricas. As provas algébricas são baseadas nas relações métricas de um triângulo
retângulo e as provas geométricas são baseadas em comparação de áreas.
27
Segundo Barbosa (1993), nos cursos tradicionais de geometria plana, como nos
livros sem apreensão educacional, a prova empregada é por semelhança de triângulos.
Segundo Lima (1998), esta é a prova mais curta e a mais conhecida.
No triângulo ABC, retângulo em A (Figura 6.3.1), a altura AH (perpendicular a BC)
referente à hipotenusa origina dois triângulos semelhantes ao triângulo maior, em vista da
congruência dos ângulos (BÂH =C, complemento d e B , CÂH =B, complemento de C).
Portanto, temos proporcionalidade entre os lados homólogos, uma para cada triângulo
parcial ou total: (ver figura e a equação 6.1)
Figura 6.3.1: Triangulo retângulo com altura h e projeções m e n dos catetos c e b respectivamente
𝒄 𝒎 𝒃 𝒏
= 𝒆 = (6.1)
𝒂 𝒄 𝒂 𝒃
A expressão acima fornece c2= am e b2= an, conhecidas como relações Métricas de
Euclides. Adicionando-as obtemos b²+ c²= am + na = a(m + n) = a .a = a². (Barbosa, 1993).
Esta demonstração é, atualmente, a mais utilizada nas escolas por conta de poder mostrar, o
Teorema de Pitágoras de forma bastante simples, como também encontrar outras relações do
triângulo retângulo. Além das duas relações, que deram origem à demonstração do teorema,
obtemos a relação bc = ah e h2= mn.
30
Demonstração:
Analisando a área do quadrado de lado a + b, tem-se que: a área do quadrado de
𝒂.𝒃 𝒂.𝒃
acordo com a segunda figura é dada por 𝟒 × + 𝒄², e a área, na primeira figura, é 𝟒 × +
𝟐 𝟐
G
I
A
F
C
m n B
a R2
D E
J
Na figura acima, R1é um retângulo cujos lados medem a e m, e R2é outro retângulo
de lados medindo a e n.
A área do retângulo de vértices BCDE é igual a soma das áreas dos retângulosR1 e
R2, ou seja a²= am + na. Observando a prova 1, temos que am = b², an = c², e assim temos
que: a²= b²+ c².
6.6 PROVA
Construindo-se os 4 triângulos e o quadrado como podemos observar na figura 6.6.1
Figura 6.6.1:
Os quatros triângulos construídos na figura acima são todos congruentes entre si. E,
𝟏
portanto, têm a mesma área, dada por: 𝟐 𝒃 × 𝒂. Conclui-se que área do quadrilátero ABCD é
igual a soma das áreas do quadrado com as áreas dos quatro triângulos congruentes entre si.
Então se tem:
Tomando L como a medida do lado do quadrado ABCD:
𝟏
𝑳𝟐 = 𝒄𝟐 + 𝟒 × × 𝒃 × 𝒂 = 𝒄𝟐 + 𝟐 × 𝒃 × 𝒂 (𝑰)
𝟐
Dividindo-se o quadrado ABCD como é mostrado na figura 6.6.2.
𝒄𝟐 + 𝟐𝒂𝒃 = 𝒃𝟐 + 𝒂𝟐 + 𝟐𝒂𝒃
Segundo Barbosa (1993), Bháskara foi um matemático hindu que não ofereceu para a
sua figura qualquer explicação além de uma palavra de significado veja ou contemple, talvez
sugerindo que em seu diagrama a disposição induzia a uma bela prova do teorema de
Pitágoras. Procedendo de modo análogo, a figura que aparece no Chou-pei1, de forma geral,
constrói o triângulo retângulo com hipotenusa a e catetos b e c (Figura 6.7.1 ):
Comparação da demonstração de Bhaskara com uma das figuras que aparecem no
Chou-pei
James Abrahan Garfield (1831 – 1881) foi o vigésimo presidente dos Estados Unidos
e era um grande estudioso e entusiasta da matemática. Em 1876, enquanto estava na Câmara
de Representantes, rabiscou num papel uma interessante demonstração do Teorema de
Pitágoras. O New England Journal of Education publicou esta demonstração.
Analisando a figura 6.8.1 a área do trapézio com bases b, c e altura b + c é igual à
semissoma das bases vezes a altura. Por outro lado, a mesma área é também igual à soma das
áreas de 3 triângulos retângulos. Portanto:
(𝒃 + 𝒄) 𝒂𝟐 𝒃 × 𝒄 𝒃 × 𝒄
× (𝒃 + 𝒄) = + +
𝟐 𝟐 𝟐 𝟐
Simplificando, obtemos 𝒂𝟐 = 𝒃𝟐 + 𝒄²
𝑺 = √𝒑 × (𝒑 − 𝒂) × (𝒑 − 𝒃) × (𝒑 − 𝒄)
Onde a, b e c são os lados e p o semi perímetro. Os árabe nos contam que a “fórmula
de Heron” era já conhecida por Arquimedes, que sem dúvida tinha uma prova dela, mas a
demonstração de Heron em sua obra A Métrica é a mais antiga que temos. Embora agora seja
em geral provada trigonometricamente, a prova de Heron é convencionalmente geométrica. A
Métrica, com o Método de Arquimedes, ficou perdida durante muito tempo, até ser
redescoberto em Constantinopla em 1896, num manuscrito datando de cerca de 1100.
Figura 6.9.1
𝑨𝒓𝒆𝒂 𝑨𝑩𝑪 = √𝒑 × (𝒑 − 𝒂) × (𝒑 − 𝒃) × (𝒑 − 𝒄)
Onde:
𝒂+𝒃+𝒄
𝒑=
𝟐
Efetuando o produto dentro do radical:
𝟏
𝑨𝒓𝒆𝒂 𝑨𝑩𝑪 = √𝟐𝒂𝟐 𝒃𝟐 + 𝟐𝒂𝟐 𝒄𝟐 + 𝟐𝒃𝟐 𝒄𝟐 − 𝒂𝟒 − 𝒃𝟒 − 𝒄𝟒 (𝑰)
𝟒
Mas, a área ,também, se dá pela expressão:
𝒃×𝒂
𝑨𝒓𝒆𝒂 𝑨𝑩𝑪 = (𝑰𝑰)
𝟐
Comparando (I) e (II)
𝟏 𝒃×𝒂
√𝟐𝒂𝟐 𝒃𝟐 + 𝟐𝒂𝟐 𝒄𝟐 + 𝟐𝒃𝟐 𝒄𝟐 − 𝒂𝟒 − 𝒃𝟒 − 𝒄𝟒 =
𝟒 𝟐
𝟐𝒂𝟐 𝒃𝟐 + 𝟐𝒂𝟐 𝒄𝟐 + 𝟐𝒃𝟐 𝒄𝟐 − 𝒂𝟒 − 𝒃𝟒 − 𝒄𝟒 = 𝟒𝒃²𝒂²
𝟐𝒂𝟐 𝒄𝟐 + 𝟐𝒃𝟐 𝒄𝟐 − 𝒂𝟒 − 𝒃𝟒 − 𝒄𝟒 = 𝟐𝒃²𝒂
Rearmando essa última expressão e efetuando as simplificações, tem-se:
(𝒂𝟐 + 𝒄𝟐 − 𝒄²)𝟐 = 𝟎
𝒄𝟐 = 𝒂𝟐 + 𝒃²
Figura 6.10.1
37
Euclides de Alexandria (360 a.C. – 295 a.C.) foi um filósofo e matemático grego que
escreveu, por volta de 300 a.C., uma das mais valiosas obras da história da Matemática
chamada de “Os elementos”, que era uma coleção de 13 livros com muitas demonstrações de
grande importância para a geometria e para a teoria dos números.
Em “Os elementos” de Euclides, livro I, a proposição 47 é o teorema de Pitágoras
acompanhado de sua demonstração. Observe como o teorema é enunciado:
Em um triângulo retângulo, o quadrado sobre o lado oposto ao ângulo reto é igual à
soma dos quadrados sobre os lados que formam o ângulo reto.
Demonstração:
O cerne da demonstração consiste em estabelecer a igualdade entre o retângulo
BDLM e o quadrado ABFG.
Figura 6.11.1
38
Vejam que o triângulo ABD e BCF são iguais, pois os dois triângulos têm dois lados
iguais com ângulos iguais e estes são a metade do retângulo BDLM. Esta igualdade entre
triângulos já havia sido previamente estabelecida na proposição I-4 de seus Elementos:
Proposição I-4: Se dois triângulo tem dois lados iguais a dois, respectivamente, e se
o ângulo contido por estes dois lados forem iguais, então eles também têm suas bases iguais.
Consequentemente os triângulos serão iguais e os ângulos restantes também serão.
Figura 6.11.2
Numa perspectiva moderna, a igualdade dos triângulos se dá pelo fato de que eles se
deduzem um do outro por uma rotação de 90°. Mas de que modo Euclides justifica que o
retângulo BDLM seja o duplo do triângulo ABD?
Euclides utilizou-se de outra proposição já estabelecida num teorema mais geral,
onde combina triângulos e paralelogramos:
Proposição I-41: Se um paralelogramo tem a mesma base que um triângulo e estes
estão na mesma paralela, então o paralelogramo é o dobro do triângulo.
Figura 6.11.3
Unindo AL, então os triângulos ABC e EBC tem mesma área, cujas bases BC são
iguais e estão nas mesmas paralelas BC e AE. Logo BCE é a metade de ABCD.
Para a prova deste teorema, Euclides une a diagonal AC, construindo o triângulo
ABC, que também tem BC como base, e enuncia duas asserções:
39
1) Os triângulos ABC e EBC, por terem mesma base e estarem nas mesmas paralelas são
iguais.
2) O triângulo ABC é a metade do paralelogramo ABCD, porque AC é a diagonal e porque a
diagonal de um paralelogramo o divide em duas partes iguais.
Esta afirmação advém de outra proposição:
Figura 6.11.4
Desta forma, temos que provar que a I-41 se aplica na I-47. Vamos tomar o
quadrado ABFG e o triângulo BCF. Por construção ABFG é um quadrado, logo os
segmentos BF e AG são paralelos, assim como no retângulo BDLM os
segmentos BD e LM também são.
Basta, então, mostrar que o vértice c está sobre o prolongamento de GA. Euclides
observa:
“Uma vez que cada um dos ângulos sob BAC e BAG é reto, relativamente à reta BA,
os dois segmentos AC e AG, não posicionados do mesmo lado, formam ângulos adjacentes
iguais a dois retos. Portanto, CA também está alinhado a AH”.
Desta forma, concluímos que o quadrado ABFG tem a mesma base do triângulo
BCF e está na mesma paralela GC. Daqui vem que o quadrado ABFG é o duplo do
triângulo BCF. Mas os triângulos BCF e ABD são iguais, o que nos leva à igualdade entre o
quadrado ABFG e o retângulo BDLM.
De modo análogo provamos que o quadrado ACKH é igual ao retângulo CELM.
Assim, a reunião dos retângulos BDLM e CELM constitui o grande quadrado
BDEC sobre a hipotenusa BC, e este haverá de ser igual aos dois quadrados ABFG e ACKH.
40
Figura 6.12.1
𝑨 𝒂 𝟐 𝑨 𝒂 𝟐 𝑨 𝑩 𝑪
= ( ) ; = ( ) 𝑒 𝑎𝑠𝑠𝑖𝑚 = =
𝑩 𝒃 𝑪 𝒄 𝒂² 𝒃² 𝒄²
Pela propriedade das proporções, conclui-se:
𝑨 𝑩+𝑪
= 𝟐
𝒂² 𝒃 + 𝒄²
Figura 6.13.1
42
Figura 6.14.1
̅̅̅̅e catetos
Seja o triângulo ABC (figura 6.14.1) retângulo em A, de hipotenusa 𝑩𝑪
̅̅̅̅
𝑨𝑪 𝒆 ̅̅̅̅
𝑨𝑩cujas medidas são, respectivamente, a, b e c. Considere a bissetriz ̅̅̅̅̅
𝑩𝑫 do ângulo
𝑨𝑩 𝑫𝑬 perpendicular ao lado ̅̅̅̅
̂ 𝑪e o segmento ̅̅̅̅ 𝑩𝑪. Veja que os segmentos ̅̅̅̅
𝑨𝑫 𝒆 ̅̅̅̅
𝑫𝑬 têm
̅̅̅̅ 𝒆 𝑩𝑬
medida igual a𝒙, e que os segmentos 𝑨𝑩 ̅̅̅̅têm medida igual a c, pois os triângulos ABD e
BED são congruentes. Além disso, da semelhança entre os triângulos ABC e DEC temos:
43
𝑨𝑩 𝑩𝑪 𝑨𝑪 𝒄 𝒂 𝒃
∆𝑨𝑩𝑪~∆𝑫𝑬𝑪 ⇒ = = 𝒐𝒖 = =
𝑫𝑬 𝑫𝑪 𝑬𝑪 𝒙 𝒃−𝒙 𝒂−𝒄
Segue que
𝒄. 𝒂 − 𝒄𝟐 = 𝒃. 𝒙
𝒂𝟐 − 𝒂. 𝒄 = 𝒃𝟐 − 𝒃. 𝒙
Figura 6.15.1
44
̂ 𝑬 e 𝑬𝑩
Como os ângulos 𝑨𝑩 ̂ 𝑪 são congruentes, tem-se que os triângulos 𝐴𝐵𝐷 𝑒 𝐸𝐵𝐶
são semelhantes, assim teremos:
𝑨𝑫 𝑩𝑫
= 𝒐𝒖 𝑨𝑫. 𝑩𝑪 = 𝑩𝑫. 𝑪𝑬 (𝐼)
𝑪𝑬 𝑩𝑪
Somando os resultados obtidos em (I) e (II) teremos:
Figura 6.16.1
45
Liu Hiu (ca 220) foi um matemático do estado de CaoWei durante o período
dos Três Reinos da História da China.
Em 263 editou e publicou um livro com soluções de problemas matemáticos
apresentados no famoso livro de matemática chinês conhecido como Nove Capitulo da Arte
Matemática. A suas soluções Liu Hiu acrescentou um apêndice ao último capítulo do texto,
contendo nove problemas, todos relacionados a medição de distâncias.
Figura 6.17.1
46
O quadrado APQR (figura 6.17.1) foi construído com quatro triângulos retângulos
congruentes (BAC, CPM, MQN, BRN), e com o quadrado BCMN. Usando a transposição de
figuras geométricas, conseguimos mostrar que o quadrado BCMN é formado pelos quadrados
̅̅̅̅ 𝑒 𝑵𝑹
ACTS e NRSV, construídos sobre os catetos 𝑨𝑪 ̅̅̅̅̅, respectivamente.
O polígono côncavo de cinco lados BCTVN (7 e 6) é elemento comum ao quadrado
BCMN e ao conjunto formado pelos quadrados ACTS e NRSV. Assim, se transpusermos o
triângulo BAC para a região delimitada pelos vértices CMT (4), e se transpusermos o
triângulo BRN para a região delimitada pelos vértices MVN (1) obteremos a região formada
pelos elementos 1, 4, 6 e 7, que é o quadrado BCMN, cujo lado é a hipotenusa de um dos
triângulos retângulos congruentes.
Seja a área do quadrado ACTS denotada por𝑺𝑨𝑪𝑻𝑺 , e a área dos demais polígonos
representada de forma análoga, algebricamente teremos:
Concluímos que a área do quadrado BCMN é igual à soma das áreas dos quadrados
ACTS e SVNR, ou seja, o Teorema de Pitágoras.
Na figura 6.17.2, encontramos outra construção auxiliar (usando quatro triângulos
retângulos congruentes) para demonstrarmos o Teorema de Pitágoras, aplicando equivalência
de áreas. Esta demonstração é outra ilustração geométrica da proposta pelo chinês Liu Hui
(3.2.4) aproximadamente 1.000 anos antes que a apresentada por Bháskara.
Figura 6.17.2
47
Figura 6.18.1
Na figura 6.18.1, temos um triângulo retângulo ABC cujas medidas dos lados são a
(hipotenusa), b e c(catetos). Sobre os lados deste triângulo são desenhados os quadrados
AA’B’B, ACFG e BCED. O ponto F’ é a intersecção dos prolongamentos dos lados
̅̅̅̅
𝑮𝑭 𝑒 ̅̅̅̅
𝑫𝑬. Note que os triângulos retângulos ACB, CFF’, AGG’ são congruentes (LLL).
Analisando o paralelogramo ACF’G’, podemos concluir que sua área (𝑺𝟏 ) é igual à
área do quadrado ACFG, pois:
𝑺𝟏 = 𝑏𝑎𝑠𝑒 × 𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 = (𝑨𝑪) × (𝑨𝑮) = á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑜 𝑞𝑢𝑎𝑑𝑟𝑎𝑑𝑜 𝑨𝑪𝑭𝑮
Como ̅̅̅̅̅ ̅̅̅̅̅′ a área do paralelogramo ACF’G’ (S1) pode ser obtida por:
𝑨𝑮′ //𝑨𝑭
𝑺𝟏 = 𝑏𝑎𝑠𝑒 × 𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 = (𝑪𝑭′ ). (𝑨𝑯) = (𝑪′ 𝑯). (𝑨𝑯) = á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑜 𝑟𝑒𝑡𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 𝑨𝑨′ 𝑪′ 𝑯 = 𝒃²
Analisando de forma análoga o paralelogramo BCF’E’, chegaremos à conclusão que sua área
(𝑺𝟐 ) é igual à área do quadrado BCEDe também igual à área do retângulo BB’C’H. Segue
que:
𝒂𝟐 = 𝑺𝟏 + 𝑺𝟐 = 𝒃𝟐 + 𝒄𝟐 𝒐𝒖 𝒂𝟐 = 𝒃𝟐 + 𝒄²
49
Figura 6.19.1
Então a medida da área do quadrado ABKC é igual à soma das medidas das áreas dos
quadrados AHFG e BDEH.
50
PRIMEIRA DEMONSTRAÇÃO
Veja, com o auxílio das cores, como a área do quadrado maior é igual a soma da área
dos dois quadrados menores.
Os critérios de recorte da figura serão nossas hipóteses na demonstração.
As diagonais pontilhadas desenhadas na figura vão auxiliar a visualização durante a
demonstração.
Considere o quadrado médio (de lado AB).
Encontrar o centro M deste quadrado.
Trace retas paralelas aos lados do quadrado maior (de lado BC) passando por M.
O quadrado médio está, agora, divido em quatro partes.
Observe que para montar o quadrado grande basta transladar as peças do quadrado
médio e completar o centro com o quadrado menor. Os vetores de translação têm origem no
ponto M e extremidades nos vértices do quadrado maior.
SEGUNDA DEMONSTRAÇÃO
O próximo desenho nos mostra uma nova demonstração do teorema de Pitágoras, adotando
agora um novo critério de recorte.
TERCEIRA DEMONSTRAÇÃO
Divida dois destes triângulos em outros dois triângulos, de modo que um destes
triângulos seja retângulos isósceles.
O recorte do quadrado maior está pronto.
̂ < 90°
1º Caso:𝑨
Imagina-se que 𝐛 ≤ 𝐜.Assim, o ponto 𝑫, projeção de𝑪 sobre 𝑨𝑩, cai no interior do
lado 𝑨𝑩. Sejam 𝑨𝑫 = 𝑿 𝑒 𝑪𝑫 = 𝒉.
56
̂ > 90°
2º Caso:𝑨
Neste caso, o ponto D cai fora do lado 𝑨𝑩
CONCLUSÃO
Referências
KAHN, C. H. Pitágoras e os pitagóricos: uma breve história. Tradução Luís Carlos Borges.
São Paulo: Loyola, 1993. 233p.