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8.

Como é possível provar que a inspiração se estende a cada parte da Escritura, até mesmo
às próprias palavras?
9. Qual é a diferença entre a igreja romana e os cristãos de fé reformada sobre a autoridade,
necessidade, clareza e suficiência das Escrituras?

DOUTRINA DE DEUS E DA CRIAÇÃO

O SER DE DEUS

IV. A NATUREZA ESSENCIAL DE DEUS

1. O conhecimento de Deus. Tem-se negado a possibilidade de se conhecer a Deus por


diferentes motivos, e ainda que seja certo que o homem jamais pode chegar a uma compreensão
absoluta do ser divino, isto não implica que não possamos ter algum conhecimento dele. Podemos
conhecer a Deus só em parte, mas com um conhecimento que é real e verdadeiro. Isto é possível
porque Deus mesmo se nos revelou. Se o homem fosse abandonado a seus próprios esforços, jamais
chegaria a descobrir a Deus ou a conhecê-lo.

Nosso conhecimento de Deus é de duas classes. O homem tem um conhecimento inato de


Deus. Isto não significa que, em virtude de sua criação à imagem e semelhança de Deus, o homem
tenha a capacidade natural para conhecer a Deus. Tampouco implica que o homem, desde seu
nascimento, traga consigo para o mundo certo conhecimento de Deus. O conhecimento inato
significa que sob condições normais se desenvolve no homem, em forma natural, certo
conhecimento de Deus. Seja como for, este conhecimento é de natureza bem geral.

Além deste conhecimento inato de Deus, o homem pode obter certo conhecimento dele
através da revelação geral e da revelação especial. Este conhecimento se obtém como fruto de uma
busca consciente e contínua. Ainda quando tal conhecimento seja possível por razão da capacidade
natural no homem para conhecer a Deus, o conhecimento adquirido o faz aproximar-se muito mais
daqueles limites impostos para o conhecimento inato de Deus.

2. O conhecimento de Deus que se deriva da revelação especial. Embora não seja


possível dar uma definição precisa de Deus, é possível dar uma descrição geral de seu ser. Têm-se
apresentado muitas supostas definições de Deus, ainda quando seja melhor descrevê-lo como um
espírito puro de perfeições infinitas. Esta descrição inclui os seguintes elementos:

2.1. Deus é um espírito puro. A Bíblia não nos fornece qualquer definição de Deus. O que
mais se aproxima de uma definição são as palavras de Jesus à mulher samaritana, dizendo: “Deus é
espírito.” Isto significa que Deus é essencialmente espírito, e que todas aquelas qualidades que
pertencem à idéia de espírito perfeito se encontram necessariamente nele. O fato de Deus ser um
espírito puro exclui a idéia de que ele possui um corpo, não importa de que espécie possa ser,
visível aos olhos humanos.

2.2. Deus é um ser pessoal. A idéia de Deus como espírito inclui a idéia de personalidade
ou pessoalidade. Um espírito é um ser inteligente e moral; por isso, quando atribuímos a Deus
personalidade, queremos dizer que ele é um ser racional, capaz de determinar-se e decidir as coisas.
Atualmente há muitos que negam a personalidade de Deus e o concebem simplesmente como uma
força ou poder impessoal. No entanto, o Deus da Bíblia é um Ser pessoal, um Deus com quem os
homens podem dialogar, em quem podem confiar, que conhece suas experiências, os ajuda em suas

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dificuldades e enche seus corações de alegria e esperança. Além disso, Deus se revelou de uma
forma pessoal através do Senhor Jesus Cristo.

2.3. Deus é infinitamente perfeito. O que distingue a Deus de suas criaturas é sua perfeição
infinita. Seu ser e virtudes ou atributos são plenamente livres de toda limitação ou imperfeição.
Deus é não só um ser infinito e ilimitado, mas também está infinitamente acima de todas suas
criaturas, em suas perfeições morais e gloriosa majestade. Os filhos de Israel cantaram a grandeza
de Deus após a travessia do Mar Vermelho com estas palavras: “Quem é como tu, ó Senhor, entre
os deuses? Quem é como tu, magnífico em santidade, terrível em louvores, que operas maravilhas?”
(Ex 15.11). Alguns filósofos contemporâneos falam erroneamente de Deus como um ser “finito, que
se desenvolve, que luta e que sofre, participando das derrotas e vitórias do homem”. Este conceito
existencialista está distante das verdades bíblicas.

2.4. Deus e suas perfeições são uma e a mesma coisa. Simplicidade é uma das
características fundamentais de Deus. Isto significa que Deus não está dividido em partes, mas que
seu ser e seus atributos são uma e a mesma coisa. Poder-se-ia dizer que os atributos divinos são
Deus tal como ele quis revelar-se ao homem e são plenamente manifestações do Ser divino. Por
esse motivo a Bíblia afirma que Deus é verdade, vida, luz, amor, justiça etc.

Para memorização: testificam

1. Que Deus pode ser conhecido (1Jo 5.20; Jo 17.3).


2. Que Deus é espírito (Jo 4.23, 24; 1Tm 6.16).
3. Que Deus é um ser pessoal (Ml 2.10; Jo 14.9).
4. Que Deus é um ser infinito em perfeição (Ex 15.11; Sl 147.5).

Para estudo bíblico adicional:

1. Estas passagens ensinam que não podemos conhecer a Deus? (Jó 11.7; 26.14; 36.26).
2. Se Deus é espírito e, conseqüentemente, não tem corpo, como se explicam as seguintes
passagens? (Sl 4.6; 17.2; 18.6, 8, 9; 31.5; 44.3; 47.8; 48.10; entre outras).
3. Como estes versículos provam a personalidade de Deus? (Gn 1.1; Dt 1.34, 35; 1Rs 8.23-
26; Jó 38.1; Sl 21.7; 50.6; 103.3; Mt 5.9; Rm 12.1).

Para revisão:

1. Em que sentido podemos conhecer a Deus e em que sentido é impossível conhecê-lo?


2. Que diferença existe entre o conhecimento inato e o adquirido?
3. É possível dar uma definição de Deus? Como podemos descrevê-lo?
4. Que significa a espiritualidade de Deus?
5. Que queremos dizer quando falamos de Deus como uma pessoa?
6. Que provas temos da personalidade de Deus?
7. O que significa a infinidade de Deus?
8. Que relação existe entre o Ser divino e suas perfeições?

V. OS NOMES DE DEUS

Quando lemos na Bíblia que Deus dá nomes a certas pessoas ou coisas, esses nomes têm
um significado e nos dão uma idéia da natureza das pessoas ou coisas que designam. O mesmo se
aplica aos nomes que Deus mesmo deu a si próprio. Algumas vezes a Bíblia nos fala do nome Jeová

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no singular, e em tais casos designa com essa palavra uma manifestação geral de Deus, de um modo
especial com referência a seu povo (Ex 20.7; Sl 113.3); ou se refere apenas a Deus (Pv 18.18; Is
50.10). O nome de Deus, em geral, tem-se dividido em vários nomes especiais que expressam os
muitos aspectos de seu Ser. Esses nomes não são o produto de invenção humana, mas foram dados
por Deus mesmo.

1. Os nomes de Deus no Antigo Testamento. Alguns nomes no Antigo Testamento


denotam que Deus é o Altíssimo ou o Deus das alturas. Os nomes El e Elohim indicam que Deus é
forte e poderoso, e que por isso deve ser temido. Elyon denota sua natureza elevada como o Deus
Altíssimo que é objeto de reverência e adoração. Outro nome que pertence a esta classificação é
Adonai, geralmente traduzido por Senhor, isto é, o Possuidor e Soberano de todos os homens.
Outros nomes expressam o fato de que Deus tem relações benévolas ou amistosas com suas
criaturas. Um desses nomes, bem comum entre os patriarcas, era Shaddai ou ’El-Shaddai, que põe a
ênfase na grandeza divina, mas somente como fonte de consolo e bênção para o povo. Esse nome
indica que Deus rege os poderes da natureza e faz com que esta sirva a seus próprios desígnios. O
maior dos nomes de Deus, que sempre tem sido sagrado para os judeus, é Jeová (Yahweh). Sua
origem e significado nos são indicados em Êxodo 3.14, 15. Este nome expressa a imutabilidade de
Deus, isto é, que Deus é sempre o mesmo, e, de um modo especial, ele jamais muda nas relações de
sua aliança, que é sempre fiel no cumprimento de suas promessas. Com muita freqüência
encontramos outro nome, o Senhor dos Exércitos, o qual nos fornece um quadro do Senhor como o
Rei da glória rodeado dos exércitos celestiais.

2. Os nomes de Deus no Novo Testamento. Estes não são outros senão produto das
traduções gregas das formas hebraicas do Antigo Testamento. São dignos de menção os seguintes:

2.1. O nome Theos. Esta palavra é traduzida por Deus, e é a que se emprega com mais
freqüência no Novo Testamento. Emprega-se com muita freqüência no caso genitivo (possessivo),
ou, seja, meu Deus, teu Deus, nosso Deus, seu Deus. Na pessoa de Cristo, Deus é o Deus de todos
seus filhos. Esta forma individual toma o lugar da forma nacional, o Deus de Israel, que é tão
freqüente no Antigo Testamento.

2.2. O nome Kyrios. A palavra Kyrios significa Senhor, e este nome se aplica não só a Deus
o Pai, mas também a Cristo. Em seu significado, ele toma o lugar do hebraico Adonai, bem como
Jeová, mas seu significado corresponde muito mais de perto a forma Adonai. Designa, pois, a Deus
como o Possuidor e Soberano de todas as coisas, e, de um modo especial, de seu povo.

2.3. O nome Pater. Há quem diga que o Novo Testamento introduz este nome como sendo
um nome novo, mas tal afirmação é incorreta. O nome Pai se encontra também no Antigo
Testamento para expressar a relação especial que existia entre Deus e seu povo Israel (Dt 32.6; Is
63.16). No Novo Testamento, seu significado é ainda mais individual e denota a Deus como o Pai
de todos os crentes. Às vezes ele designa a Deus como Criador de tudo quanto existe (1Co 8.6; Ef
3.14; Hb 12.9; Tg 1.17); outras, como a primeira pessoa da Santíssima Trindade e Pai de nosso
Senhor Jesus Cristo (Jo 14.11; 17.1).

Para memorização: sobre

1. O nome de Deus em geral (Ex 20.7; Sl 8.1).


2. Nomes particulares (Gn 1.1; Ex 6.3; Sl 86.8; Ml 3.6; Mt 6.9; Ap 4.8).

Para estudo adicional:

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1. Como a passagem de Êxodo 3.13-16 lança luzes sobre o significado do nome Jeová?
2. Qual era o nome de Deus mais comum nos dias dos patriarcas? (Gn 17.1; 28.3; 35.11;
43.14; 48.3; 49.25; Ex 6.3).
3. Você pode dar alguns nomes que descrevem a Deus? (Is 43.15; 44.6; Am 4.13; Lc 1.78;
2Co 1.3; Tg 1.17; Hb 12.9; Ap 1.8, 17).

Para revisão:

1. O que as Escrituras nos falam do nome de Deus no singular?


2. Os nomes de Deus foram inventados pelos homens?
3. Quais as duas classes de nomes podemos distinguir no Antigo Testamento?
4. Que significam os nomes ’Elohim, Jeová, Adonai, ’El Shaddai e Kyrios?
5. Deus, com o título Pai, é mencionado no Antigo Testamento?
6. Em que sentido diferente se usa o nome Pai no Novo Testamento?

VI. OS ATRIBUTOS DE DEUS

Deus se nos revela não só através de seus nomes, mas também em seus atributos, isto é, as
perfeições do Ser divino. Costuma-se distinguir entre os atributos comunicáveis e os
incomunicáveis. Existem vestígios dos primeiros nas criaturas humanas, porém não dos segundos.

1. Os atributos incomunicáveis. Sua ênfase está na distinção absoluta que existe entre a
criatura e o Criador. Esses atributos são:

1.1. Independência ou existência própria de Deus. Significa que a razão da existência de


Deus se encontra nele mesmo, e que a diferença do nome não depende de nada fora dele mesmo.
Deus é independente em seu Ser, em suas ações e virtudes, e faz com que todas as criaturas
dependam dele. Esta idéia se acha expressa no nome Jeová e em muitas passagens bíblicas (Sl
33.11; 115.3; Is 40.18-31; Dn 4.35; Jo 5.26; Rm 11.33-36; At 17.25; Ap 4.11).

1.2. Imutabilidade de Deus. As Escrituras nos ensinam que Deus não muda. Tanto em seu
Ser divino quanto em seus atributos, em seus propósitos e promessas, Deus permanece sempre o
mesmo (Nm 23.19; Sl 33.11; 102.27; Ml 3.6; Hb 6.17; Tg 1.17). Isto de modo algum significa que
em Deus não exista movimento. A Bíblia nos ensina que ele vai e vem; que ele se esconde e se
revela. Ela nos diz também que ele se arrepende, mas é evidente que isto não passa de uma forma
humana de falar de Deus (Ex 32.14; Jn 3.10); e indica mais uma mudança na relação do homem
com Deus.

1.3. Infinidade de Deus. Com isto afirmamos que Deus não está sujeito a nenhuma
limitação. Podemos falar de sua infinidade em diversos sentidos. Com relação a seu Ser, podemos
chamá-la sua perfeição absoluta. Em outras palavras, Deus não é limitado em seu conhecimento e
sua sabedoria, em sua bondade e seu amor, em sua justiça e sua santidade (Jó 11.7-10; Sl 145.3).
Com respeito ao tempo, a chamamos sua eternidade. Enquanto na Escritura tal noção nos é dada em
forma de uma duração ilimitada (Sl 90.2; 102.12), de fato significa que Deus está acima do tempo, e
que portanto não está sujeito às limitações deste. Para Deus só existe um eterno presente, e para ele
não há passado e futuro. Com relação ao espaço, sua infinidade recebe o nome de imensidade. Deus
está presente em todas as partes, mora em todas suas criaturas, enche cada ponto do espaço, porém
não está de forma alguma limitado pelo espaço (1Rs 8.27; Sl 139.7-10; Is 66.11; Jr 23.23, 24; At
17.27, 28).

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1.4. Simplicidade de Deus. Ao falar da simplicidade de Deus, queremos dizer que ele não
se compõe de diferentes partes, tais como corpo e alma no homem, e que por esta justa razão Deus
não se acha sujeito a nenhuma divisão. As três pessoas da Deidade não são tantas partes das quais
se compõe a essência divina. Todo o ser de Deus pertence a cada uma das três Pessoas. Por esse
motivo, afirmamos que Deus e seus atributos são um todo consistente, e que ele é vida, luz, amor,
justiça, verdade etc.

2. Os atributos comunicáveis. Estes são os atributos dos quais existe alguma semelhança
no homem. Devemos notar, contudo, que o que vemos no homem é uma semelhança finita
(limitada) e imperfeita daquilo que em Deus é infinito (ilimitado) e perfeito.

2.1. O conhecimento de Deus. Chamamos assim àquela perfeição pela qual Deus, a sua
maneira, conhece a si mesmo e a todas as coisas atuais e possíveis. Deus tem por si mesmo este
conhecimento pessoal, e não o obtém de nada e de ninguém exterior. Este conhecimento é completo
e está sempre presente em sua mente. Posto que tal conhecimento abrange tudo, ele tem recebido o
título onisciência. Deus conhece todas as coisas passadas, presentes e futuras, e não só aquelas que
têm uma existência real, mas também as que são meramente possíveis (1Rs 8.29; Sl 139.1-16; Is
46.10; Ez 11.5; At 15.18; Jo 21.17; Hb 4.13).

2.2. A sabedoria de Deus. A sabedoria é um aspecto do conhecimento de Deus. É o atributo


divino que se manifesta na seleção de fins dignos e na seleção dos melhores meios para a realização
de tais fins. O propósito final e ao qual Deus faz com que todas as coisas lhe sejam subordinadas é
sua própria glória (Rm 11.33; 1Co 2.7; Ef 1.6, 12, 14; Cl 1.16).

2.3. A bondade de Deus. Deus é bom, isto é, perfeitissimamente santo em seu modo de ser.
No entanto, esta não é a classe de bondade à qual nos referimos aqui. A bondade a que fazemos
referência é aquela que se revela em se fazer o bem a outros. É o atributo ou perfeição divina que
impulsiona Deus a agir com bondade e generosidade para com todas suas criaturas. A Bíblia fala
disto reiteradamente (Sl 36.6; 104.21; 145.8, 9, 16; Mt 5.45; At 14.17).

2.4. O amor de Deus. Este é chamado o atributo mais importante de Deus, mas é duvidoso
se um é mais importante que os outros. Em razão disto, Deus se deleita em suas próprias perfeições,
e também nos homens, como reflexo de sua imagem. Podemos considerá-lo de diferentes prismas.
O amor imerecido de Deus que se revela no perdão dos pecados recebe o título graça (Ef 1.7; 2.7-9;
Tt 2.11). O amor que se revela em aliviar a miséria dos que sofrem as conseqüências do pecado, o
chamamos sua misericórdia ou terna compaixão (Lc 1.54-72, 78; Rm 15.8; 9.16, 18; Ef 2.4).
Quando este amor tem paciência para com o pecador que não atenta para as instruções e avisos
divinos, o chamamos sua longanimidade ou paciência (Rm 2.4; 9.22; 1Pe 3.20; 2Pe 3.15).

2.5. A santidade de Deus. Esta é antes de tudo aquela perfeição divina pela qual ele é
absolutamente distinto de todas suas criaturas, e elevado mui acima delas em infinita majestade (Ex
15.11; Is 57.15). Em segundo lugar, denota também que Deus é livre de qualquer impureza moral
ou pecado, e que por isso ele é moralmente perfeito. Na presença deste Deus santo, o homem sente
seu pecado extremamente profundo (Jó 34.10; Is 6.5; Hc 1.13).

2.6. A justiça de Deus. A justiça de Deus é aquele atributo divino pelo qual ele se mantém
santo diante de qualquer violação de sua santidade. Em virtude disto, Deus mantém seu governo
moral no mundo e impõe ao homem uma lei justa, recompensando a obediência e castigando a
desobediência (Sl 99.4; Is 33.22; Rm 1.32). A justiça de Deus que se manifesta em dar recompensas
recebe o título justiça remunerativa; a que se revela ao executar seu castigo se chama justiça
retributiva. A primeira é uma expressão de seu amor; e, a segunda, de sua ira.

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2.7. A veracidade de Deus. Este atributo denota que Deus é verdadeiro em seu ser
intrínseco, em sua revelação e nas relações com seu povo. Deus é verdadeiro em contraste com os
ídolos, conhece todas as coisas tais como são, e é fiel no cumprimento de suas promessas. Esta
última característica recebe também o nome de fidelidade de Deus (Nm 23.19; 1Co 1.9; 2Tm 2.13;
Hb 10.23).

2.8. A soberania de Deus. Este atributo pode ser considerado a partir de dois prismas: sua
soberana vontade e seu soberano poder. A vontade de Deus, segundo as Escrituras, é a causa final
de todas as coisas (Ef 1.11; Ap 4.11). De acordo com Deuteronômio 29.29, era costume distinguir
entre a vontade secreta de Deus e sua vontade revelada. A primeira foi chamada a vontade do
decreto divino, está oculta em Deus mesmo e só pode ser conhecida através de seus efeitos. A
segunda é a vontade de seus preceitos e nos foi revelada na lei e no evangelho. A vontade de Deus é
absolutamente livre em sua relação com suas criaturas (Jó 11.10; 33.13; Sl 115.3; Pv 21.1; Mt
20.15; Rm 9.15-18; Ap 4.11). Mesmo as ações pecaminosas do homem estão sob o controle de sua
soberana vontade (Gn 50.20; At 2.23). Onipotência é o título que se dá ao poder de se executar sua
vontade. Dizer que Deus é onipotente não significa que ele possa fazer qualquer coisa. A Bíblia nos
ensina que há certas coisas que ele não pode fazer. Ele não pode mentir, pecar, nem negar-se a si
mesmo (Nm 23.19; 1Sm 15.29; 2Tm 2.13; Hb 6.28; Tg 1.13, 17). Significa, por sua vez, que Deus
pode, pelo mero exercício de sua vontade, realizar qualquer coisa que porventura decida realizar, e
que, se ele quiser, poderia fazer até mais que isso (Gn 18.14; Jr 32.27; Zc 8.6; Mt 3.9; 26.53).

Para memorização: os quais provam

1. Os atributos incomunicáveis:
1.1. Independência (Jo 5.26).
1.2. Imutabilidade (Ml 3.6; Tg 1.17).
1.3. Eternidade (Sl 90.2; 102.27).
1.4. Onisciência (Sl 139.7-10; Jr 23.23, 24).

2. Os atributos comunicáveis:
2.1. Onisciência (Jo 21.17; Hb 4.13).
2.2. Sabedoria (Sl 104.24; Dn 2.20, 21).
2.3. Bondade (Sl 86.5; Sl 118.29).
2.4. Amor (Jo 3.16; 1Jo 4.8).
2.5. Graça (Ne 9.17; Rm 3.24).
2.6. Misericórdia (Rm 9.18; Ef 2.4, 5).
2.7. Longanimidade ou paciência (Nm 14.18).
2.8. Santidade (Ex 15.11; Is 6.3)..
2.9. Justiça ou juízo (Sl 89.14; 145.17; 1Pe 1.17).
2.10. Veracidade e fidelidade (Nm 23.19; 2Tm 2.13).
2.11. Soberania (Ef 1.11; Ap 4.11).
2.12. Vontade secreta e revelada (Dt 29.29).
2.13. Onipotência (Jó 42.2; Lc 1.37).

Para estudo adicional:

1. Apresente casos nos quais a Bíblia identifica Deus com seus atributos (Jr 23.6; Hb 12.29;
1Jo 1.5; 3.16).
2. Como é possível que Deus seja justo e também misericordioso para com o pecador? (Zc
9.9; Rm 3.24-26).

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3. Prove, através das Escrituras, que a presciência divina inclui até mesmo os feitos
condicionais (1Sm 23.10-13; 2Rs 13.19; Sl 81.13-15; Jr 38.17-20; Ez 3.6; Mt 11.21; Is
48.18).

Para revisão:

1. Que distinção fazemos entre os atributos de Deus?


2. Que atributos pertencem a cada classe?
3. Que significa a independência de Deus?
4. Como é possível explicar o fato de a Bíblia atribuir a Deus mudanças aparentes?
5. Como podemos definir a eternidade e a imensidade ou onipresença de Deus?
6. Que significa a simplicidade de Deus e como podemos prová-la?
7. Que é a imutabilidade de Deus?
8. Qual é a natureza e o alcance do conhecimento divino?
9. Em que sentido o conhecimento divino se relaciona com sua sabedoria?
10. É apropriado falar do amor de Deus como um atributo mais importante que os outros?
11. Como podemos distinguir entre a graça, a misericórdia e a paciência de Deus?
12. Que significa a santidade de Deus?
13. De que forma Deus nos revela sua justiça?
14. Que coisas se acham inclusas na veracidade de Deus?
15. Que distinção se faz quando se fala da vontade de Deus?
16. Porventura existe conflito entre a vontade secreta e a vontade revelada de Deus?
17. A que chamamos a bondade de Deus? Existem outros nomes para designá-la?
18. A onipotência de Deus significa que ele pode fazer qualquer coisa?

VII. A TRINDADE

1. Declaração doutrinal. A Bíblia ensina que, embora Deus seja uno, ele subsiste em três
pessoas chamadas Pai, Filho e Espírito Santo. Estas são três pessoas não no sentido corrente da
palavra; tampouco são três indivíduos; ao contrário, são três modos ou formas de existência do Ser
divino. Ao mesmo tempo, sua natureza é tal que é possível entrar em relações pessoas. O Pai pode
falar ao Filho e vice-versa, e ambas as pessoas podem enviar o Espírito Santo. O verdadeiro
mistério da Trindade consiste no fato de que cada uma das três pessoas possui a soma total da
essência divina, e que esta não existe separadamente ou fora das Pessoas. Nenhuma delas é
subordinada à outra quanto ao Ser, ainda que na ordem de sua existência o Pai seja primeiro, o
Filho seja segundo e o Espírito Santo seja o terceiro.

2. Prova bíblia da Trindade. O Antigo Testamento já nos indica que em Deus existe mais
de uma pessoa. Deus fala de si mesmo no plural (Gn 1.26; 11.7); o Anjo do Senhor nos é
apresentado como sendo uma pessoa divina (Gn 16.7-13; 18.1-21; 19.1-22), e igualmente o Espírito
Santo nos é apresentado como uma pessoa distinta (Is 48.16; 63.10). Há igualmente passagens nas
quais o Messias fala e menciona as outras pessoas (Is 48.16; 63.9, 10).

Dado o progresso que encontramos na revelação, o Novo Testamento nos apresenta provas
mais concretas. Encontramos as provas mais contundentes nos atos da redenção. O Pai envia seu
Filho ao mundo, e o Filho envia o Espírito Santo. Além disso, há certo número de passagens nas
quais as três pessoas são mencionadas especificamente, tais como na “Grande Comissão” (Mt
28.19); a “Bênção Apostólica” (2Co 13.13). Vejam-se também Lucas 3.21, 22; 1.35; 1 Coríntios
12.4-6; 1 Pedro 1.2.

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A doutrina da Trindade foi negada pelos socinianos, nos dias da Reforma, e atualmente é
negada pelos unitarianos e pelos modernistas [bem como pelos russelitas]. Estes falam dela em
termos do Pai, do homem Jesus e da influência divina que recebe o nome de Espírito de Deus.

3. O Pai. O título Pai se aplica com freqüência, nas Escrituras, ao Deus Triúno como o
Criador de todas as coisas (1Co 8.6; Hb 12.9; Tg 1.17), como Pai de Israel (Dt 32.6; Is 63.16) e
como Pai dos crentes (Mt 5.45; 6.6, 9, 14; Rm 8.15). No sentido mais profundo, a palavra Pai se
refere à primeira Pessoa da Trindade (Jo 1.14, 18; 8.54; 14.12, 13). Esta é a paternidade original e
da qual a paternidade humana não é mais que um débil reflexo. A característica essencial do Pai é
haver ele gerado o Filho desde toda a eternidade. As obras que geralmente se lhe atribuem são o
planejamento da obra redentora, a criação, a providência e a representação da Trindade no conselho
da redenção.

4. O Filho. A segunda Pessoa da Trindade é chamada Filho ou Filho de Deus. Este nome
lhe é dado não só como Filho unigênito do Pai (Jo 1.14, 18; 3.16, 18; Gl 4.4), mas também como o
Messias eleito de Deus (Mt 8.29; 26.63; Jo 1.49; 11.27), e em virtude de seu nascimento especial
por obra do Espírito Santo (Lc 1.32, 35). A característica essencial do Filho é haver ele sido gerado
do Pai desde toda a eternidade (Sl 2.7; At 13.33; Hb 1.5). Por razão desta geração eterna, o Pai é a
causa da existência pessoal do Filho na Deidade divina. As obras que são atribuídas ao Filho, de um
modo especial, são obras de mediação. O Filho de Deus é o Mediador da criação (Jo 1.3, 10; Hb
1.2, 3) e o Mediador da obra redentora (Ef 1.3-14).

5. O Espírito Santo. Ainda que os socinianos, os unitarianos e os modernistas [bem como


os russelitas] de nossos dias falem do Espírito Santo como um mero poder ou influência divina, a
Bíblia fala dele como uma Pessoa (Jo 14.16, 17, 26; 14.26; 16.7-15; Rm 8.26). O Espírito Santo
tem inteligência (Jo 14.26), emoção (Is 63.10; Ef 4.30) e vontade (At 16.7; 1Co 12.11). A Escritura
nos afirma que o Espírito Santo fala, sonda, testifica, ordena, disputa e intercede. Além disso, sua
Pessoa nos é apresentada como distinta de seu poder (Lc 4.14; 1.35; At 10.38; 1Co 2.4). A
característica essencial do Espírito Santo é proceder do Pai e do Filho por expiração. Em termos
gerais, a obra do Espírito Santo é completar as obras da criação e da redenção (Gn 1.2; Jó 26.13; Lc
1.35; Jo 3.34; 1Co 12.4-11; Ef 2.22).

Para memorização:

1. Sobre a Trindade (Is 61.1; Lc 4.17, 18; Mt 28.19; 2Co 13.13).


2. A eterna geração do Filho (Sl 2.7; Jo 1.14).
3. A processão do Espírito Santo (Jo 15.26).

Para estudo adicional:

1. Em que sentido podemos falar da paternidade de Deus? (1Co 8.6; Ef 3.14, 15; Hb 12.9;
Tg 1.17; Nm 16.22).
2. Você pode provar a deidade do Filho feito carne? (Jo 1.1; 20.28; Fp 2.6; Tt 2.13; Jr 23.5,
6; Is 9.6; Jo 1.3; Ap 1.8; Cl 1.17; Jo 14.1; 2Co 13.13).
3. Em que forma as seguintes passagens provam a personalidade do Espírito Santo? (Gn
1.2; 6.3; Lc 12.12; Jo 14.26; 15.26; 16.8; At 8.29; 13.2; Rm 8.11; 1Co 2.10, 11).
4. Quais são as obras atribuídas ao Espírito Santo? (Sl 33.6; 104.30; Ex 28.3; 2Pe 1.21; 1Co
3.16; 12.4).

Para revisão:

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1. Podemos deduzir da natureza a doutrina da Trindade?
2. Existem em Deus três indivíduos completamente distintos?
3. No Ser divino as Pessoas estão subordinadas entre si?
4. Como podemos provar a Trindade através do Antigo Testamento?
5. Qual é a prova mais contundente da Trindade?
6. Quais são as melhores passagens neotestamentárias que a provam?
7. Em que diferentes sentidos se aplica a Deus o título Pai?
8. Que obras são atribuídas, de um modo especial, a cada uma das Pessoas da Deidade?
9. Em quais sentidos o termo Filho se aplica a Cristo?
10. Qual é a característica especial de cada uma das Pessoas?
11. Como você provaria que o Espírito Santo é uma Pessoa?

AS OBRAS DE DEUS

VIII. OS DECRETOS DIVINOS

1. Os decretos divinos em geral. O decreto de Deus é seu plano ou propósito eterno, pelo
qual ele predestinou todas as coisas que sucedem. Posto que tal definição inclui muitos particulares,
falamos com freqüência dos decretos divinos no plural, ainda que, na realidade, exista um único
decreto. Este decreto abrange todas as obras de Deus na criação e na redenção, e abarca todas as
ações dos homens, sem excluir suas ações pecaminosas. Enquanto este decreto tornou inevitável o
ingresso do pecado no mundo, ele não faz Deus o responsável por nossas ações pecaminosas. Com
respeito ao pecado, este vem a ser um decreto permissivo.

1.1. Características do decreto. O decreto de Deus se fundamenta na sabedoria (Ef 3.9-11),


ainda que nem sempre o entendamos assim. Ele foi formado nas profundezas da eternidade, e por
isso é eterno no sentido mais estrito do termo (Ef 3.11). Além do mais, é eficaz, de modo que tudo
aquilo que está incluso nele ocorre com toda certeza (Is 46.10). O plano de Deus é também
imutável, porque Deus é fiel e verdadeiro (Jó 23.13, 14; Is 46.10; Lc 22.22). É também
incondicional, a saber, sua execução não depende de nenhuma ação humana; ao contrário disso, é
polivalente, ou, seja, abarca as ações boas e más dos homens (Ef 2.10; At 2.23), acontecimentos
fortuitos (Gn 50.20), a duração da vida humana (At 17.26). No que diz respeito ao pecado, é
permissivo.

1.2. Objeções à doutrina dos decretos divinos. Muitos não crêem na doutrina dos decretos
divinos e apresentam especialmente estas três objeções:

a. Esta doutrina é inconsistente com a liberdade moral do ser humano. A Bíblia, por sua vez,
ensina que Deus decretou não só os atos livres do homem, mas o homem é, apesar de tudo, livre em
seus atos, e responsável (Gn 50.19, 20; At 2.23; 4.27-29). É verdade que não podemos harmonizar
plenamente estes dois extremos, mas é evidente, nas Escrituras, que um não anula ou invalida o
outro.

b. Este ensino torna os homens negligentes em sua busca da salvação. Os que assim
pensam acrescentam que, se Deus já determinou de antemão os que hão de ser salvos e os que não o
serão, então é indiferente tudo o que estes possam fazer. Este raciocínio é errôneo, já que ninguém
sabe o que Deus decretou a seu respeito. Além do mais, Deus decretou não só o destino final do
homem, mas também os meios pelos quais tal destino se concretizará. Posto que o fim só foi
decretado como resultado dos meios prescritos, então vem a ser mais um estímulo para o uso desses
meios do que motivo para desestímulo de seu uso.

16
c. Ele torna Deus o autor do pecado. A única coisa que se pode dizer sobre este decreto é
que ele torna Deus o autor de seres morais livres, e que estes são os próprios autores do pecado. O
pecado, pelo decreto divino, veio à existência, porém Deus mesmo não o produziu por sua ação
direta. Devemos admitir que o problema sobre a relação entre Deus e o pecado é, em todo caso, um
mistério que se torna impossível somos de se resolver.

2. A predestinação. Esta é o plano ou propósito de Deus com respeito a suas criaturas


morais. A predestinação tem a ver com todos os homens, bons e maus, anjos e demônios, e com
Cristo como o Mediador. A predestinação inclui duas partes: a eleição e a reprovação.

2.1. A eleição. A Bíblia nos fala da eleição em mais de um sentido:

a. A eleição do povo de Israel no Antigo Testamento para ser o povo de Deus (Dt 4.37; 7.6-
8; 10.15; Os 13.5).

b. A eleição de certas pessoas para um serviço ou ofício especial (Dt 18.5; 1Sm 10.24; Sl
78.70; e

c. A eleição de indivíduos para a salvação (Mt 22.14; Rm 11.5; Ef 1.4). Esta última fase é a
que nos reportamos aqui, e pode ser definida como o propósito terno de Deus para salvar alguns
seres humanos dentre toda a raça humana em e pela mediação de Jesus Cristo.

2.2. A reprovação. A doutrina da eleição implica, por natureza, que Deus não se propôs
salvar a todos os homens. Se seu propósito era salvar apenas alguns, também era natural que não
salvasse outros. Isto está também de acordo com os ensinamentos das Escrituras (Mt 11.25, 26; Rm
9.13, 17, 18, 21; 11.7, 8; 2Pe 2.9; Jd 4). Tem-se definido a reprovação como o propósito eterno de
Deus de passar por alto, na operação de sua graça especial, alguns dentre os homens, e de castigá-
los por seus pecados. Existe, pois, na reprovação um duplo propósito: (1) passar por alto algumas
pessoas com respeito ao dom de sua graça salvífica; e (2) castigá-las por seus próprios pecados.

Com freqüência se afirma que a doutrina da predestinação abre as portas à acusação de que
Deus é injusto. No entanto, não poderia haver um equívoco mais absurdo do que este. O único
motivo que nos permitiria falar de injustiça divina seria só no caso em que o homem tivesse algum
direito diante de Deus, e no caso em que Deus devesse ao homem sua salvação eterna. Mas, posto
que todos os homens, sem exceção, perderam o direito às bênçãos de Deus, a situação é muito
diferente. Ninguém possui sequer um mínimo de direito de pedir contas a Deus pelo fato de ele
eleger alguns e rejeitar outros. Deus continuaria sendo perfeitamente justo, se não salvasse a
ninguém (Mt 20.14, 15; Rm 9.14, 15).

Para memorização: sobre

1. O decreto divino em geral (Ef 1.11; Sl 33.11; Is 46.10).


2. A predestinação (Ef 1.11; Sl 2.7; Ef 1.4, 5; Rm 11.5; 9.13; 9.18).

Para estudo adicional:

1. Presciência significa o mesmo que predeterminação ou predestinação? (At 2.23; Rm


8.29; 11.2; 1Pe 1.2).
2. Em que forma a Bíblia nos ensina que o próprio Cristo foi o objeto da predestinação? Em
que sentido devemos interpretar o Salmo 2.7; Isaías 42.1; 1 Pedro 1.20; 2.4?

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3. Que indicações temos de que também os anjos foram objetos da predestinação? Que
devemos pensar de 1 Timóteo 5.21?

Para revisão:

1. Que significa o decreto divino?


2. Porque às vezes falamos de decretos no plural?
3. Quais são as características do decreto?
4. Qual é a natureza do decreto divino concernente ao pecado?
5. Que objeções surgem contra a doutrina dos decretos?
6. Que podemos dizer em resposta às mesmas?
7. Que relação existe entre a predestinação e o decreto divino em geral?
8. Em que forma devemos interpretar a predestinação dos anjos e a de Cristo?
9. Em que formas a Bíblia nos fala sobre a eleição?
10. O que está implícito na reprovação, e que provas temos disto?
11. A doutrina da predestinação implica injustiça da parte Deus? Por quê não?

IX. A CRIAÇÃO

Nossa discussão sobre os decretos divinos nos conduz ao exame de sua execução, ou, seja, à
obra da criação que assinala seu início. Este é o princípio e base de toda a revelação e o fundamento
da vida religiosa.

1. A criação em geral. A palavra criação nem sempre é usada na Bíblia com o mesmo
significado. Em seu sentido estrito, essa palavra denota a obra de Deus pela qual ele produziu o
universo e tudo o que nele existe, em parte sem o uso de materiais pré-existentes, mas também
fazendo uso de materiais que, por sua natureza, são inapropriados para a manifestação de sua glória.
A criação é obra do Deus Triúno (Gn 1.2; Jó 26.13; 33.4; Sl 33.6; Is 40.12, 13; Jo 1.3; 1Co 8.6; Cl
1.15-17). Em oposição ao panteísmo, devemos manter que a criação foi um ato livre de Deus.
Equivale dizer que Deus não necessitava do universo material (Ef 1.11; Ap 4.11). Em oposição ao
deísmo, afirmamos que Deus criou o universo de modo que este dependesse dele para sempre.
Portanto, Deus é quem deve sustentá-lo dia após dia (AT 17.28; Hb 1.3).

1.1. O tempo da criação. A Bíblia nos ensina que Deus criou o mundo “no princípio”, ou,
seja, no princípio de todas as coisas temporais. Por trás deste princípio nos achamos diante de uma
eternidade infinita. A primeira parte da obra criadora nos é mencionada em Gênesis 1.1, e foi a
criação sem material pré-existente, ou, melhor dito, criação a partir do nada. A expressão criar do
nada não se encontra na Bíblia, mas somente em um dos livros apócrifos (2Macabeus 7.28). A idéia
de criação a partir do nada se encontra encerrada em diversas passagens bíblicas (Gn 1.1; Sl 33.9;
148.5; Rm 4.7; Hb 11.3).

1.2. O propósito final da criação. Há quem ensine que o propósito da criação é a felicidade
do homem. Seu argumento é que Deus não pode ser, em si mesmo, o propósito final da criação,
porque ele é um ser em si mesmo suficiente. Ao contrário, o homem existe para Deus, e não Deus
para o homem. A Bíblia nos ensina claramente que Deus criou o mundo para assim manifestar sua
glória. Naturalmente, esta manifestação de sua glória não tem por objetivo promover uma certa
admiração por parte da criatura, mas deseja contribuir para seu bem-estar, fazer surgir em seus
corações a adoração ao Criador (Is 43.7; 60.21; 61.3; Ez 36.21, 22; 39.7; Lc 2.14; Rm 9.17; 11.36;
1Co 15.28; Ef 1.5, 6, 12, 14; 3.9, 10; Cl 1.16).

18
1.3. Substitutos para a doutrina da criação. Os que se recusam a aceitar a doutrina da
criação apresentam as seguintes teorias para explicar o universo. (1) Há quem diga que a matéria
original é eterna, e que o universo surgiu dela por mera casualidade ou por efeito de alguma força
superior. Esta teoria incorre na contradição de pressupor a existência de duas coisas eternas e
infinitas, existindo uma ao lado da outra, ou, seja, a matéria e a força. Tal explicação é logicamente
impossível. (2) Outros afirmam que Deus e o universo são, na realidade, uma só coisa, e que o
universo é a conseqüência necessária ou o produto do ser divino. Esta teoria subtrai de Deus o poder
de sua própria determinação, e nega aos homens sua liberdade e seu caráter moral e responsável. Ao
mesmo tempo, faz Deus o autor do mal que existe no mundo. (3) Finalmente, há quem se refugie na
teoria da evolução. Esta não oferece solução alguma para explicar a origem do mundo, já que, em
princípio, pressupõe a existência de algo que se desenvolve gradualmente.

2. O mundo espiritual. Deus criou não só um universo material, mas também criou um
mundo espiritual angélico.

2.1. Prova em prol da existência dos anjos. A teologia liberal moderna abandonou sua fé
nos seres espirituais. A Bíblia, ao contrário, pressupõe sua existência e lhes atribui uma
personalidade real (2Sm 14.20; Mt 24.36; Jd 6; Ap 14.10). Há quem ensine que os anjos possuem
corpos etéreos; mas isto é contrário às Escrituras. Os anjos são seres espirituais e puros (ainda que
às vezes nos sejam apresentados em formas materiais) (Ef 6.12; Hb 1.14), sem carne e ossos (Lc
24.39) e, portanto, invisíveis (Cl 1.16). Alguns dentre eles são bons, santos e eleitos (Mc 8.38; Lc
9.26; 2Co 11.14; 1Tm 5.21; Ap 14.10), e outros caíram de seu estado original e, conseqüentemente,
são seres maus (Jo 8.44; 2Pe 2.4; Jd 6).

2.2. Classes de anjos. É evidente que existem diferentes classes de anjos. A Bíblia nos fala
dos querubins, os quais revelam o poder, majestade e glória de Deus, e guardam a santidade no
jardim do Éden, no tabernáculo e no tempo (Gn 3.24; Ex 25.18; 2Sm 22.11; Sl 18.10; 80.1; 99.1; Is
37.16). Além do mais, encontramos os serafins mencionados somente em Isaías 6.2, 3, 6. Estes são
os servos de Deus em seu trono, entoam-lhe louvores e estão sempre prontos a cumprir seus
propósitos. Sua finalidade é reconciliar e preparar os homens para que tenham devido acesso a
Deus.

Conhecemos dois dos anjos por seus nomes. O primeiro é Gabriel (Dn 8.16; 9.21; Lc 1.10,
26). Sua tarefa especial era comunicar aos homens revelações divinas e suas devidas interpretações.
O segundo é Miguel (Dn 10.13, 21; Jd 9; Ap 12.7). Na carta de Judas ele recebe o título arcanjo. É
o valente lutador que peleja as batalhas de Deus contra os inimigos de seu povo e os poderes
malignos no mundo espiritual. A Bíblia menciona também vários termos gerais, a saber:
principados, potestades, tronos, domínios, senhorios (Ef 1.21; 3.10; Cl 1.16; 2.10; 1Pe 3.22). Estes
títulos denotam diferenças e hierarquias e dignidade entre os anjos.

2.3. A obra dos anjos. Os anjos adoram e louvam a Deus sem cessar (Sl 130.20; Is 6; Ap
5.11). A partir da entrada do pecado no mundo, os anjos servem aos herdeiros da salvação (Hb
1.14), se alegram com a conversão dos pecadores (Lc 15.10), guardam os crentes (Sl 34.7; 91.11),
protegem os pequeninos (Mt 18.10), se acham presentes na igreja (1Co 11.10; Ef 3.10; 1Tm 5.21) e
conduzem os crentes ao seio de Abraão (Lc 16.22). Com freqüência são os portadores de revelações
especiais de Deus (Dn 9.21-23; Zc 1.12-14), comunicam as bênçãos de Deus a seu povo (Sl 91.11,
12; Is 63.9; Dn 6.22; At 5.19) e executam os juízos de Deus contra seus inimigos (Gn 19.1, 13; 2Rs
19.35; Mt 13.41).

2.4. Os anjos maus. À parte dos anjos bons há também anjos maus que se aprazem em opor-
se a Deus e em destruir sua obra. Esses anjos foram criados bons, porém não chegaram a guardar

19
sua posição original (2Pe 2.4; Jd 6). Não sabemos exatamente qual foi seu pecado, mas,
provavelmente, se rebelaram contra Deus e aspiraram sua divina autoridade (2Ts 2.4, 9). Satanás,
que era um príncipe entre os anjos, veio a ser o líder máximo dos que caíram em pecado (Mt 25.41;
9.34; Ef 2.2). Com seus poderes sobrenaturais, Satanás e seu exército tentam destruir a obra de
Deus. Sabemos que tentam cegar e enganar até mesmo os eleitos, e injetam ânimo nos pecadores
para que prossigam em suas veredas de perversidade.

3. O universo material. Em Gênesis 1.1 encontramos a história da criação original dos


céus e da terra. O resto do capítulo nos explica o que alguns têm chamado a criação secundária, ou,
seja, como Deus levou a bom termo a criação do mundo em seis dias.

3.1. Os dias da criação. Tem havido muita discussão sobre a criação, se os seis dias em que
se concretizou foram ou não dias ordinários. Os geólogos e os proponentes da teoria da evolução
nos falam de longos períodos de tempo. É certo que a palavra dia, na Escritura, nem sempre
significa um dia de 24 horas (cf. Gn 1.5; 2.4; Sl 50.15; Ec 7.14; Zc 4.10). Não obstante, cremos que
as seguintes considerações favorecem interpretar os dias da criação como sendo dias de 24 horas:

a. A palavra hebraica yom (dia) denota, normalmente, um dia ordinário, e, a menos que o
contexto requeira outra interpretação, deveríamos entendê-lo como um dia de 24 horas.

b. A repetição das expressões manhã e tarde favorece esta interpretação.

c. Foi também um dia de 24 horas que Deus separou para ser o dia de descanso no final da
criação.

d. Êxodo 20.9-11 nos ensina que Israel devia trabalhar seis dias e descansar no sétimo,
porque o Senhor fez os céus e a terra em seis dias e descansou no sétimo.

e. É evidente que os três últimos dias foram dias de 24 horas, porque foram determinados
pela relação da terra com o sol. Ora, se os três últimos dias eram de 24 horas, por que não os quatro
primeiros?

3.2. A obra dos seis dias. No primeiro dia, Deus criou a luz e formou o dia e a noite com o
fim de separar a luz e as trevas. Isto não contradiz o fato de que o sol, a lua e as estrelas foram
criados no quarto dia, já que os astros não são a própria luz, mas apenas luminares. A obra do
segundo dia foi também uma obra separadora. Deus separou as águas superiores e as inferiores, e
estabeleceu o firmamento. No terceiro dia, a obra de separação continuou com a separação do mar e
a terra seca. Além disso, Deus estabeleceu neste dia o reino vegetal, as árvores e as plantas. Pelo
poder de sua palavra, Deus fez com que a terra produzisse plantas em flor, os vegetais e árvores
frutíferas, cada uma segundo sua semente e espécie. No quarto dia, Deus criou o sol, a lua e as
estrelas para vários fins, ou, seja, para dividir o dia da noite, ser sinais das condições atmosféricas,
regular a sucessão de dias, meses e anos e das estações, mas, ao mesmo tempo, para serem
luminares da terra. A obra do quinto dia foi a criação das aves e peixes, os habitantes do ar e das
águas. Finalmente, o sexto dia marcou o clímax da obra criadora. Deus criou os animais superiores,
e, como coroa desta criação, pôs nela o homem criado à imagem de Deus. O corpo do homem foi
feito do pó da terra, mas sua alma foi produto da criação imediata de Deus. No sétimo dia, Deus
descansou de sua obra e se alegrou ao contemplar a mesma.

Notemos o paralelo que existe entre a obra dos três primeiros dias e a dos três últimos:

1º dia: criação da luz.

20
2º dia: criação da expansão e separação das águas.

3° dia: separação de águas e terra seca, e desta para ser habitação dos animais e do homem.

4° dia: criação dos luminares.

5° dia: criação dos pássaros do ar e dos peixes do mar.

6° dia: criação dos animais do campo, gado e répteis e, finalmente, do homem.

3.3. A teoria da evolução. Os evolucionistas tentam substituir a origem bíblica da criação


por seus próprios pontos de vista e teorias. Afirmam que todas as espécies de plantas e animais,
inclusive o homem, e que as diferentes manifestações de vida tais como a inteligência, moralidade e
religião se desenvolveram por um processo natural perfeito, simplesmente como resultado das
forças da natureza. Não obstante, tal teoria é uma mera suposição e conta com inumeráveis erros.
Além disso, se põe em sério conflito com o relato da criação que temos na Bíblia.

Para memorização: sobre

1. A criação (Gn 1.1; Sl 33.6; Jo 1.3; Hb 11.3).


2. O propósito da criação (Is 43.7; Sl 19.1, 2; 148.13).
3. Os anjos (Sl 103.20; Hb 1.14; Jd 6).
4. O tempo da criação (Gn 1.1; Ex 20.11).

Para estudo adicional:

1. Em que sentido se usa a palavra criar no Salmo 51.10; 104.30; Isaías 45.7?
2. Podemos dizer que Gênesis 1.11, 12, 20, 24 favorece a teoria da evolução? Veja-se
também Gênesis 1.21, 25; 2.9.
3. O que nos ensinam as seguintes passagens sobre o pecado dos anjos? (2Pe 2.4; Jd 6; veja-
se também 2Ts 2.4-12).

Para revisão:

1. Que é a criação?
2. A criação foi um ato livre de Deus, ou necessário?
3. Usamos sempre, nas Escrituras, a palavra criar no mesmo sentido?
4. Podemos provar com a Bíblia que a criação foi feita a partir do nada?
5. Quais são as duas teorias sobre o propósito final da criação?
6. Em que sentido dizemos que a glória de Deus é o propósito final da criação?
7. Que teorias tentam substituir a doutrina bíblica da criação?
8. Qual é a natureza dos anjos?
9. Que categorias dos anjos encontramos na Bíblia?
10. Qual é a obra de Gabriel e de Miguel?
11. Qual é a obra dos anjos em geral?
12. Que provas temos de que existem anjos maus?
13. Eles foram criados maus por natureza?
14. Os dias da criação foram dias ordinários, ou longos períodos?
15. O que Deus fez em cada um dos sete dias da criação?
16. A teoria da evolução se harmoniza com a doutrina bíblica da criação?

21
17. Em que pontos ela difere da doutrina bíblia?

X. A PROVIDÊNCIA

Posto que Deus não só criou o mundo, mas também o sustém, a doutrina da criação nos
conduz logicamente à doutrina da providência. Podemos defini-la assim: Providência é aquela
operação divina pela qual Deus cuida de todas suas criaturas, manifesta sua atividade em tudo
quanto acontece no mundo e conduz todas as coisas a um fim predeterminado. Esta doutrina inclui
três elementos: o primeiro é o ser divino, o segundo é sua atividade e o terceiro é o propósito de
todas as coisas.

1. Os elementos da providência divina. Podemos distinguir três:

1.1. A conservação divina. É aquela obra contínua de Deus pela qual ele sustém tudo
quanto existe. Ainda que o mundo tenha uma existência diferente do ser divino, e não é parte de
Deus, a despeito de tudo a base desta existência contínua do mundo é Deus mesmo. Permanece
assim porque Deus manifesta continuamente seu poder, pelo qual todas as coisas retêm seu ser e
sua atividade. Encontramos esta doutrina em diversas passagens bíblicas (Sl 136.25; 145.5; Ne 9.6;
At 17.28; Cl 1.17; Hb 1.3).

1.2. A concorrência divina. É aquela obra divina pela qual Deus coopera com todas suas
criaturas e faz com que ajam precisamente como agem. Isto implica que há causas secundárias no
mundo como os poderes da natureza e a vontade humana, porém afirma que esses poderes não
agem independentemente de Deus. Deus opera em cada ato de suas criaturas, não só em seus atos
bons, mas também nos maus. Deus os estimula à ação, acompanha tal ação em todo momento e faz
que essa ação seja eficaz. Seja como for, não devemos presumir que Deus e o homem sejam causas
iguais; Deus é a causa primária; o homem, a causa secundária. Tampouco devemos conceber tal
cooperação como se cada agente fizesse uma parte da mesma. Toda obra é um ato de Deus e um ato
do homem em sua totalidade. Além disso, deveríamos ter em mente que esta cooperação não faz
Deus responsável pelos atos maus do homem. Encontramos as bases desta doutrina nas Escrituras
(Dt 8.18; Sl 104.20, 21, 30; Am 3.6; Mt 5.45; 10.29; At 14.17; Fp 2.13).

1.3. O governo divino. É a atividade contínua de Deus pela qual ele governa todas as coisas
de modo que sirvam ao objetivo pelo qual foram criadas. Tanto o Antigo Testamento quanto o
Novo nos apresentam Deus como o Rei do universo. Deus adapta seu governo à natureza das
criaturas que ele rege. Assim seu governo físico difere de seu governo do mundo espiritual. O
governo divino é universal (Sl 103.19; Dn 4.34, 35) e inclui os seres mais insignificantes (Mt 10.29-
31) e mesmo aquilo que parece acidental (Pv 16.33). Portanto, ele tem a ver com as obras boas e
más do homem (Fp 2.13; Gn 50.20; At 14.16).

2. Falsos conceitos sobre a providência divina. Ao estudarmos a doutrina da providência,


devemos precaver-nos contra dois erros:

2.1. O erro deísta. Os deístas ensinam que Deus só se preocupa com o mundo de um modo
bem geral. Deus, segundo eles, criou o mundo, estabeleceu suas leis, o pôs em movimento e logo
em seguida o abandonou a sua sorte. Isto é, lhe deu corda, como se fosse um relógio, e o deixou
seguir seu curso. Só quando algo se desequilibra é que Deus intervém em seu curso normal. Deus,
portanto, é um Ser alheio à sorte do mundo.

22
2.2. O erro panteísta. O panteísmo não reconhece a diferença que existe entre Deus e o
mundo. Ao agir assim, os identifica e não deixa espaço à obra da providência divina no verdadeiro
sentido do termo. O panteísmo ensina que, em certo sentido estrito, não existem causas secundárias,
e Deus é o autor direto de tudo quanto acontece no mundo. E assim, mesmo os atos que atribuímos
ao homem são realmente atos divinos. Deus é apenas uma presença que está perto e não longe de
nós.

3. A providência extraordinária ou milagres. Distinguimos entre a providência geral e a


especial, e nesta última os milagres ocupam um lugar importante. Milagre é uma obra sobrenatural
de Deus, ou, seja, uma obra que Deus executa sem a mediação de causas secundárias. Ainda quando
Deus aparentemente usa causas secundárias na execução de milagres, ele age assim de forma tão
extraordinária, que tal obra é sempre algo sobrenatural. Há quem negue os milagres, dizendo que
quebram as leis da natureza, porém enfrentam um erro muito grave. As leis da natureza
simplesmente representam a forma ordinária no método da ação divina. O fato de que Deus
geralmente aja de acordo com uma ordem definida não significa que ele não possa afastar-se da
ordem estabelecida sem frustrá-la ou estorvá-la, para efetuar obras extraordinárias. Por exemplo,
qualquer pessoa ergue sua mão e lança ao ar uma bola, a despeito da lei da gravidade, e sem
estorvá-la. Certamente, os milagres não são impossíveis para o Deus onipotente. Além disso, os
milagres são meios da revelação divina (Nm 16.28; Jr 32.20; Jo 2.11; 5.36).

Para memorização:

1. Conservação divina (Sl 36.6; Ne 9.6; Cl 1.17).


2. Concorrência divina (Dt 8.18; Am 3.6; Fp 2.13).
3. Governo divino (Sl 103.19; Dn 4.3; 1Tm 6.15).
4. Os milagres e seu propósito (Ex 15.11; Sl 72.18; Mc 2.10; Jo 2.11).

Para estudo adicional:

1. Cite alguns exemplos da providência especial (cf. Dt 2.7; 1Rs 17.6; 2Rs 4.6; Mt 14.20).
2. Em que forma nossa fé na providência divina deveria afetar as preocupações da vida? (Is
41.10; Mt 6.32; Lc 12.7; Fp 4.6, 7; 1Pe 5.7).
3. Cite algumas das bênçãos da providência divina (cf. Is 25.4; Sl 121.4; Lc 12.7; Dt 33.27;
Sl 37.28; 2Tm 4.18).

Para revisão:

1. Que relação existe entre a doutrina da providência e a da criação?


2. Que significa a providência divina?
3. Que diferença existe entre a providência geral e a especial?
4. Quais são os objetos da providência divina?
5. Quais são os três elementos da providência e em quê são diferentes?
6. Que devemos pensar sobre a concorrência divina?
7. Até que ponto se estende o governo divino?
8. Que é um milagre e qual é o propósito dos milagres bíblicos?
9. Por quais motivos há pessoas que consideram os milagres como algo impossível?

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DOUTRINA DO HOMEM EM SUA RELAÇÃO COM DEUS

XI. O HOMEM EM SEU ESTADO ORIGINAL

Após haver considerado a doutrina de Deus, passamos então ao estudo da doutrina do


homem, que é a coroa da obra divina.

1. Os elementos essenciais da natureza humana. O ponto de vista mais corrente é de que


o homem se compõe de duas partes: o corpo e a alma. Essa convicção está em harmonia com o
sentimento humano e também com as Escrituras, as quais nos falam do homem como um ser
composto de corpo e alma (Mt 6.25; 10.28) ou, melhor, de espírito e corpo (Ec 12.7; 1Co 5.3, 5).
Há quem creia que as palavras alma e espírito denotam elementos distintos, e que por isso o homem
consiste de corpo, alma e espírito (cf. 1Ts 5.23). Em contrapartida, é evidente que as palavras alma
e espírito são usadas como sinônimos. A morte nos é descrita como um sair da alma (Gn 53.18;
1Rs 17.21) e outras vezes como a saída do espírito (Lc 23.46; At 7.59). Os mortos, em alguns casos,
recebem o nome de almas (Ap 9.6; 20.4); em outros, porém, de espíritos (1Pe 3.19; Hb 12.23).
Estes termos denotam o elemento espiritual do homem, quando vistos de diferentes prismas. Como
espírito, é o princípio de vida e ação que controla o corpo; e, como alma, é o sujeito pessoal que
pensa, sente, quer e é a origem dos afetos.

2. A origem da alma. Existem três opiniões distintas no tocante à origem da alma humana.

2.1. Preexistência. Há quem pense que as almas humanas existiram em algum estado
anterior e que algo ocorreu que explica sua condição atual. Para alguns, tal hipótese tem
corroborado para explicar o fato de que o homem nasce em pecado, mas tal opinião foi geralmente
descartada.

2.2. Traducianismo. Em conformidade com os que assim crêem, o homem deriva sua alma
da alma de seus pais. Esta é a opinião comum nas igrejas luteranas. Seus argumentos se apóiam no
fato de que em parte alguma existe um relato sobre a criação da alma de Eva, e que em outros
lugares da Bíblia se fala dos descendentes como estando nos lombos de seus pais (Gn 46.26; Hb
7.9, 10). Esta opinião é favorecida pelo fato de que nos seres humanos, e mesmo nos animais, há
características familiares que passam dos velhos para os novos, e no caso dos homens os filhos
herdam de seus pais a natureza pecaminosa, o que tem a ver mais com a alma do que com o corpo.
Não obstante, tal opinião enfrenta sérias dificuldades, já que, em certo sentido, torna os pais os
criadores de seus filhos, ou presume que a alma humana pode ser dividida em várias partes.
Portanto, põe em risco a doutrina da natureza impecável de Cristo.

2.3. Criacionismo. Este sustenta que a alma é uma criação direta de Deus em um momento
que não pode ser determinado com precisão. As almas são criadas puras, porém se contaminam com
o pecado antes do nascimento, ao entrarem em contato com o pecado que afeta a humanidade. Esta
opinião é bem comum entre as igrejas reformadas. Em favor dela, descobrimos que a Bíblia assinala
origens distintas para o corpo e para a alma (Ec 12.7; Is 42.5; Zc 12.1; Hb 12.9). Além do mais, se
harmoniza bem com a natureza espiritual da alma e com a natureza impecável de Jesus. Mas
também enfrenta suas dificuldades, já que não explica a origem de peculiaridades e características
hereditárias, e para alguns talvez pareça que Deus vem a ser o autor de almas pecaminosas.

3. O homem como imagem de Deus. O homem, segundo a Bíblia, foi criado à imagem e
semelhança de Deus. Gênesis 1.26 ensina que Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem,
conforme à nossa semelhança.” Ambas as palavras, imagem e semelhança, denotam a mesma coisa,
e as seguintes passagens provam que são usadas como sinônimos (Gn 1.26, 27; 5.1; 9.6; 1Co 11.7;

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Cl 3.10; Tg 3.9). A palavra semelhança provavelmente denote que tal imagem é mui parecida ou
semelhante. Há várias opiniões sobre a imagem de Deus no homem.

3.1. A igreja romana. Os romanistas encontram a imagem de Deus em certos dons naturais
que o homem possui, tais como a espiritualidade da alma, o livre-arbítrio e a imortalidade. A esses
Deus acrescenta outro dom sobrenatural chamado justiça original, para reprimir a natureza inferior.
Esta, segundo eles, é a imagem de Deus no homem.

3.2. As igrejas luteranas. Os luteranos não estão plenamente de acordo entre si sobre esse
ponto, mas a opinião mais geralmente aceita é que a imagem de Deus consiste naquelas qualidades
espirituais que foram outorgadas ao homem durante a criação, isto é, conhecimento genuíno, justiça
e santidade. A estes eles chamam justiça original. Não obstante, tal opinião é por demais estreita e
restrita.

3.3. As igrejas reformadas. Os reformados distinguem entre a imagem natural e a imagem


moral de Deus. A primeira é muito mais ampla e abarca o ser moral, racional, espiritual e imortal
do homem. Essa imagem foi obscurecida, porém não destruída pelo pecado. A imagem moral de
Deus é usada em sentido mais restrito para expressar a verdadeira justiça, conhecimento e santidade
que o homem perdeu pelo pecado original. Estas características nos são restituídas em Cristo (Ef
4.24; Cl 3.10). Posto que o homem reteve a imagem de Deus, no sentido mais amplo pode ainda ser
chamado portador da imagem de Deus (Gn 9.6; 1Co 11.7; 15.49; Tg 3.9).

4. O homem no pacto das obras. Deus estabeleceu imediatamente um pacto com o


homem. Este foi chamado o pacto das obras.

4.1. Testemunho bíblico sobre o pacto das obras.

a. Em Romanos 5.12-21, o apóstolo Paulo estabelece um paralelo entre Adão e Cristo. Em


Adão, todos morrem; em Cristo, porém, todos aqueles que são seus recebem a vida. Isto significa
que Adão era o representante e cabeça federal de todos os homens, justamente como agora Cristo é
a cabeça e representante de todos os que são seus.

b. Em Oséias 6.7, lemos: “Mas eles, como Adão, transgrediram o pacto.” O pecado de Adão
é chamado uma transgressão do pacto.

4.2. Os elementos do pacto das obras.

a. As partes. Todo pacto é sempre um acordo entre duas partes. Neste caso, são o Deus
Triúno, Senhor e Soberano do universo, e Adão como representante da raça humana. Posto que
estas duas partes são muito desiguais, o pacto é mais um regulamento imposto ao homem.

b. A promessa. A promessa do pacto é uma promessa de vida em seu mais elevado sentido,
vida acima de toda possibilidade de morte. Esta vida é a que ora os crentes recebem pela mediação
de Jesus Cristo, o segundo Adão.

c. A condição. A condição do pacto era obediência absoluta. O mandato positivo de não


comer da árvore do conhecimento do bem e do mal era nem mais nem menos uma prova de tal
obediência.

d. A punição. A punição era a morte em seu sentido mais amplo, morte física, espiritual e
eterna. Significa não apenas a separação de corpo e alma, mas também a separação de alma e Deus.

25
e. Os sacramentos. A árvore da vida era, com toda probabilidade, o único sacramento deste
pacto, se porventura é possível intitulá-lo sacramento. Neste sentido, era um símbolo da vida.

4.3. Validade atual do pacto das obras. Os arminianos afirmam que este pacto foi abolido
completamente; mas tal opinião não é correta. As demandas de perfeita obediência estão ainda em
vigor para aqueles que não aceitam a justiça de Cristo (Lv 18.5; Gl 3.12). Ainda que o homem não
possa cumprir tal justiça, a condição permanece a mesma. Não obstante, não tem aplicação naqueles
que se acham em Cristo, já que ele cumpriu as demandas da lei em seu lugar. Portanto, o pacto das
obras cessou de ser um caminho para a vida, e permaneceu desprovido de seu poder após a queda
do homem.

Para memorização:

1. Os elementos da natureza humana (Mt 10.28; Rm 8.10).


2. A criação da alma (Ec 12.7; Hb 12.9).
3. A criação do homem à imagem de Deus (Gn 1.27; 9.6).
4. O homem ainda possui algo da imagem de Deus (Gn 9.6; Tg 3.9).
5. A restauração da imagem de Deus no homem (Ef 4.24; Cl 3.10).
6. O pacto das obras (Os 6.7; 1Co 15.22).

Para estudo adicional:

1. Como podemos explicar aquelas passagens que parecem ensinar que o homem consiste
de três elementos? (cf. 1Ts 5.23; Hb 4.12; Mt 22.37).
2. O domínio do homem sobre o resto da criação é por isso parte da imagem de Deus? (Gn
1.26, 28; Sl 8.6-8; Hb 2.5-9).
3. Que indícios de um pacto podemos encontrar em Gênesis 2 e 3?

Para revisão:

1. Qual o conceito geral sobre os elementos da natureza humana e como podemos prová-lo?
2. Que outra opinião existe, e que passagens parecem ser seu fundamento?
3. Que diferentes teorias existem sobre a origem da alma?
4. Que argumentos lhes fornecem base e que objeções podem ser apresentadas contra elas?
5. As palavras imagem e semelhança significam duas coisas distintas?
6. E o conceito dos romanistas sobre a imagem de Deus no homem? Luterano? Reformado?
7. Que distinção as igrejas reformadas fazem sobre este ponto, e por que é preciso fazê-lo?
8. Que provas bíblicas temos para o pacto das obras?
9. Quais são a promessa, a condição, a punição e o sacramento do pacto?
10. Em que sentido podemos dizer que este pacto está ainda em vigor?
11. Em que sentido foi abolido?

XII. O HOMEM NO ESTADO DE PECADO

1. A origem do pecado. A Bíblia nos ensina que o pecado entrou no mundo como resultado
da desobediência de Adão e Eva no paraíso. O primeiro pecado foi instigado por Satanás, o qual,
em forma de serpente, semeou no coração humano a semente da desconfiança e incredulidade. As
Escrituras nos ensinam claramente que a serpente, que aparece como o tentador na história da queda
do homem, não era mais que um instrumento de Satanás (Jo 8.44; Rm 16.20; 2Co 11.3; Ap 12.9). O

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primeiro pecado ocorreu quando o homem comeu do fruto da árvore do conhecimento do bem e do
mal. O ato de comer desse fruto era pecado, porque Deus o havia proibido. Semelhante feito indica
claramente que o homem não queria sujeitar-se, de um modo incondicional, à vontade de Deus. Os
elementos desta rebelião são os seguintes: quanto à mente, se revela como orgulho e incredulidade;
quanto à vontade, houve a intenção de ser como Deus; e quanto aos afetos, houve um desejo
sacrílego de comer um fruto proibido. Como resultado de tudo isso, o homem perdeu a imagem de
Deus em um sentido especial, e se tornou culpado e totalmente depravado, caindo, por sua própria
iniciativa, sob o poder da morte (Gn 3.9; Rm 5.12; 6.23).

2. A natureza essencial do pecado. Atualmente há quem substitua a palavra mal pela


palavra pecado, mas esta constitui uma desditosa substituição, já que o termo pecado é mais
correto. Ele denota uma classe especial de mal; um mal moral do qual o homem é responsável, e
que o põe sob a sentença de condenação. É errônea a tendência modernista de visualizar o pecado
como um mal feito a nossos semelhantes, já que o único nome certo para esse mal é pecado,
porquanto ele contraria vontade de Deus. A Bíblia define corretamente o pecado, chamando-o
“transgressão da lei” (1Jo 3.4). É uma transgressão ou quebra da lei de Deus, ou, seja, agindo
contrariamente ao que a lei divina requer. A Bíblia nos fala sempre do pecado em relação com a lei
(Rm 1.32; 2.12-14; 4.15; 5.13; Tg 2.9, 10; 1Jo 3.4). É, em primeiro lugar, a culpabilidade, o que faz
com que todo ser humano se sujeite ao castigo (Rm 3.19; 5.18; Ef 2.3), e também uma corrupção
inerente ou contaminação moral. Todos os seres humanos são culpados em Adão, e portanto, a
partir deste ponto central, influencia o intelecto, a vontade e os afetos; aliás, todo o ser humano,
pois o pecado se manifesta por meio do corpo (Pv 4.23; Jr 17.9; Mt 15.19, 20; Lc 6.45; Hb 3.12).
Contra a teoria da igreja romana, ensinamos que o pecado não consiste apenas em atos exteriores,
mas inclui maus pensamentos, afetos e as intenções do coração (Mt 5.22, 28; Rm 7.7; Gl 5.17, 24).

3. O pecado na vida da raça humana. Devemos observar três coisas neste sentido:

3.1. A união que existe entre o pecado de Adão e o de seus descendentes. Esta união tem
sido explicada em três formas distintas:

a. A explicação mais antiga é a teoria realista, a qual ensina que no princípio Deus criou
uma natureza humana geral e que ao longo do tempo essa natureza foi se dividindo em muitas
partes como indivíduos. Posto que Adão possuía essa natureza em sua plenitude, através de seu
pecado fomos declarados culpados e contaminados, já que cada parte participou da natureza, da
culpa e da contaminação de Adão.

b. Nos dias da Reforma, a teoria que alcançou mais proeminência foi a representativa. Esta
teoria ensina que Adão estava numa dupla relação com seus descendentes. Em primeiro lugar, ele
era a cabeça natural; mas, ao mesmo tempo, era seu representante ou cabeça do pacto. Quando
Adão pecou na qualidade de representante da raça humana, este pecado foi imputado ou posto
sobre cada um de seus membros. Por essa razão, os homens nascem em estado de corrupção. Este é
o ensino das igrejas reformadas.

c. Uma terceira teoria, não tão bem conhecida como a anterior, recebeu a designação de
imputação mediata. Esta ensina que a culpa de Adão não recai diretamente sobre cada um de nós.
Só sua corrupção é que recai sobre seus descendentes, e isto faz com que sejam pessoalmente
responsáveis por suas próprias culpas. Significa que não devem sua corrupção à culpabilidade de
Adão, e sim que são culpados em virtude de sua própria corrupção.

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3.2. O pecado original e o atual. Fazemos certa distinção entre o pecado original e o atual.
Todos os homens nascem em estado e condição pecaminosos, ao qual chamamos pecado original, e
que é a raiz de todos os pecados atuais que cometemos.

a. O pecado original. Este pecado inclui culpa e contaminação. A culpa do pecado de Adão
é posta sobre ou é imputada a cada um de nós. Posto que Adão pecou como nosso representante,
agora somos todos culpados nele. Além disso, herdamos de Adão sua contaminação, e isto faz com
que tenhamos uma inclinação positiva para o pecado. O homem é, pois, por natureza, totalmente
depravado. Isto não significa que cada ser humano é tão mau quanto poderia ser, mas que o pecado
corrompeu todas as partes de sua natureza, e a tornou incapaz de realizar qualquer bem espiritual.
É, pois, possível que o ser humano faça muitas coisas dignas do louvor de seus semelhantes, porém
mesmo as melhores de suas obras são por natureza deficitárias, ou, seja, estão contaminadas desde a
raiz, porque não foram motivadas pelo amor a Deus, nem feitas em obediência a ele. Esta
depravação total da natureza humana tem sido negada pelos pelagianos, os arminianos e os
modernistas, porém se acha claramente ensinada nas Sagradas Escrituras (Jr 17.9; Jo 5.42; 6.44;
15.4, 5; Rm 7.18, 23, 24; 8.7, 8; 1Co 2.14; 2Co 7.1; Ef 2.1-3; 4.18; 2Tm 3.2, 4; Tt 1.15; Hb 11.6).

b. O pecado atual. O termo pecado atual denota não só os pecados em seu sentido de ações
externas, mas também pensamentos conscientes, desejos e decisões que procedem do estado de
pecado original. São todos aqueles pecados que o indivíduo pratica por iniciativa própria, em
distinção de sua natureza e inclinações hereditárias. Enquanto o pecado original foi um, os pecados
atuais são muitos. Alguns deles são pecados da vida interior, tais como o orgulho, a inveja, o ódio, a
luxúria e os maus desejos; ou pecados da vida exterior, tais como o roubo, o engano, o homicídio, o
adultério etc. Entre eles se encontra o pecado para o qual não existe perdão, ou, seja, a blasfêmia
contra o Espírito Santo, após o qual toda mudança de coração é totalmente impossível, e pelo qual
não devemos nem mesmo orar (Mt 12.31, 32; Mc 3.28-30; Lc 12.10; Hb 6.4-6; 10.26, 27; 1Jo 5.16).

3.3. A universalidade do pecado. Tanto a Bíblia como a experiência nos ensinam que o
pecado é universal. Mesmo os pelagianos não negam este fato, porém o explicam em relação a
condições externas, como as más companhias, os maus exemplos e a má educação. A Bíblia nos
assegura que o pecado é universal (1Rs 8.46; Sl 143.2; Pv 20.9; Ec 7.20; Rm 3.1-12, 19, 34; Gl
3.22; Tg 3.2; 1Jo 1.8, 10). Além disso, a Bíblia ensina que o ser humano é pecador desde seu
nascimento, e isto demonstra que a universalidade do pecado não é o resultado da imitação (Jó 14.4;
Sl 51.5; Jo 3.6). Inclusive as crianças são consideradas pecadoras, já que estão sujeitas à morte, e
esta é o salário do pecado (Rm 5.12-14). Todos os homens, por natureza, se acham sob a
condenação, e portanto necessitam da redenção que Jesus Cristo providenciou. As crianças de modo
algum constituem uma exceção a esta regra (Jo 3.3, 5; Ef 2.3; 1Jo 5.12).

Para memorização: Passagens que demonstram:

1. Que o pecado é culpa (Rm 5.18; 1Jo 3.4; Ef 2.3).


2. Que o pecado é contaminação (Jr 17.9; Rm 7.18; 8.5).
3. Que o pecado se radica no coração (Jr 17.9; Mt 15.19; Hb 3.12).
4. Que o pecado de Adão nos é imputado (Rm 5.12, 19; 1Co 15.21, 22).
5. Que a depravação do ser humano é total (Jr 17.9; Rm 7.18; 8.5).
6. Que o pecado é universal (1Rs 8.46; Sl 143.2; Rm 3.12; 1Jo 1.8).

Para estudo adicional:

1. Que nomes a Bíblia dá ao pecado? (Jó 15.5; 33.9; Sl 32.1, 2; 55.15; 1Jo 3.4).

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2. Existe algum caso na Bíblia em que a palavra mal significa algo mais além de pecado? Se
a resposta for sim, quando? (Ex 5.19; 2Rs 6.33; 22.16; Sl 41.8; 91.10; Pv 16.4).
3. A Bíblia ensina com toda clareza que o ser humano é pecador desde o nascimento? (Sl
51.5; Is 48.8).

Para revisão:

1. Qual é a origem bíblica do pecado?


2. Qual foi o primeiro pecado, e que elementos distinguimos nele?
3. Como podemos provar que o verdadeiro tentador foi Satanás?
4. Quais foram os resultados do primeiro pecado?
5. Os termos pecado e mal têm o mesmo sentido?
6. Onde lemos que o pecado se radica no coração?
7. Os pecados do gênero humano são meramente suas ações externas?
8. Que diferentes teorias há sobre a relação do pecado de Adão e o de seus descendentes?
9. Que é o pecado original e em que se distingue do pecado atual?
10. Em que sentido devemos falar da depravação total?
11. Que provas temos em prol da universalidade do pecado?

XIII. O HOMEM NO PACTO DA GRAÇA

Para evitar confusões, torna-se necessário distinguir entre o pacto da redenção e o pacto da
graça. Ambos se acham tão intimamente conectados, que às vezes são considerados como um só.
Não obstante, o primeiro é o fundamento eterno do segundo.

1. O pacto da redenção. Este recebe também o título conselho da paz, derivado de


Zacarias 6.13. É o pacto entre o Pai, como representante da Trindade, e o Filho, como
representante dos eleitos.

1.1. As bases bíblicas do mesmo. É evidente que o plano da redenção foi incluído no
decreto eterno de Deus (Ef 1.4; 3.1; 2Tm 1.9). Cristo nos fala das promessas que lhe foram feitas
antes de vir ao mundo, e nos fala reiteradamente de um mandato que recebeu do Pai (Jo 5.30, 43;
6.38-40; 17.4-12). Cristo, indubitavelmente, é a cabeça do pacto (Rm 5.12-21; 1Co 15.22). No
Salmo 2.7-9, lemos a menção das partes deste pacto e a promessa. No Salmo 40.7, 8, o Messias
expressa sua solicitude em fazer a vontade do Pai ao oferecer-se como sacrifício da redenção (Hb
7.22). Fiador é alguém que toma sobre si as responsabilidades de outro. Cristo tomou o lugar do
pecador, a fim de levar sobre si o castigo proveniente do pecado e cumprir os mandatos da lei em
lugar de seu povo. Ao fazer isso, ele veio a ser o segundo Adão (1Co 15.35), um espírito
vivificante. Para Cristo, este pacto era um pacto de obras, e ele cumpriu os requisitos do pacto
original, mas para nós ele é o fundamento do pacto da graça. Seus benefícios se limitam aos eleitos.
Somente estes obtêm a redenção e herdam a glória que Cristo mereceu para os pecadores.

1.2. Requisitos e promessas do pacto da redenção.

a. O Pai exigiu que o Filho tomasse a natureza humana com suas fraquezas atuais, ainda que
sem pecado (Gl 4.4, 5; Hb 2.10, 11, 14, 15; 4.15), e que se sujeitasse à lei a fim de cancelar seu
castigo e merecer a vida eterna para os eleitos (Sl 40.8; Jo 10.11; Gl 1.4; 4.4, 5). E, então, para que
aplicasse seus méritos a seu povo pela obra renovadora do Espírito Santo e assim assegurar a
consagração de suas vidas a Deus (Jo 10.28; 17.19-22; Hb 5.7-9).

29
b. O Pai prometeu ao Filho que lhe prepararia um corpo (Hb 10.5), o ungiria com o
Espírito Santo (Is 42.1; 61.1; Jo 3.34) e o sustentaria em sua obra (Is 42.6, 7; Lc 22.43). Portanto,
que o livraria do poder da morte e lhe daria um lugar a sua destra (Sl 16.8-11; Fp 2.9-11), lhe daria
poder para enviar o Espírito Santo para a formação de sua igreja (Jo 14.26; 15.26; 16.13, 14),
reuniria e guardaria os eleitos (Jo 6.37-39, 40, 44, 45) e lhe daria uma descendência numerosa (Sl
22.27; 72.17).

2. O pacto da graça. Sobre o fundamento do pacto da redenção, Deus estabeleceu o pacto


da graça. Vários elementos devem ser considerados aqui.

2.1. As partes. Deus é a primeira parte deste pacto. Ele estabelece o pacto e determina a
relação em que a segunda parte manterá com ele. Não é fácil decidir quem é esta segunda parte. A
opinião mais corrente entre as igrejas reformadas é que aqui se trata do pecador eleito em Cristo.
Este pacto pode ser visualizado de diferentes prismas.

a. Como um fim em si mesmo. Um pacto de amizade mútua ou de comunhão para a vida, o


qual se concretiza ao longo do curso da história pela obra do Espírito Santo. Representa um estado
no qual todo privilégio tem um fim espiritual, as promessas de Deus são recebidas pela fé e se
cumprem. Nesse sentido podemos definir o pacto como aquele acordo de graça entre Deus e os
pecadores eleitos em Cristo pelo qual Deus se doa, com todas as bênçãos da salvação, ao pecador, e
este recebe, pela fé, Deus e seus dons imerecidos (Dt 7.9; 2Co 6.14; Sl 25.10, 14; 103.7-18).

b. Como um meio para o cumprimento de um fim é meramente um acordo legal para a


concretização de um fim espiritual. É evidente que a Bíblia às vezes nos fala do pacto incluindo
nele algumas pessoas para quem as promessas nunca se cumpriram, tais como Ismael, Esaú, os
filhos perversos de Eli e os israelitas rebeldes que morreram em seus pecados. Visto assim, o pacto
pode ser definido como um acordo legal no qual Deus garante as promessas da salvação a todos os
que crêem. Se visualizarmos o pacto neste sentido mais amplo, não nos será difícil compreender
que Deus o estabeleceu com os crentes e igualmente com seus filhos (Gn 17.7; At 2.39; Rm 9.1-4).

2.2. As promessas e os pré-requisitos do pacto. Cada pacto tem duas partes: oferece certos
privilégios, e impõe certas obrigações.

a. As promessas do pacto. A principal promessa do pacto, que inclui todas as outras, está
contida nestas palavras repetidas com muita freqüência: “Serei o teu Deus e o Deus de tua
descendência depois de ti” (Gn 17.7; Jr 31.33; 32.38-40; Ez 34.23-25, 30, 31; 36.25-28; Hb 8.10;
2Co 6.16-18). Esta promessa inclui todas as outras, tais como a promessa de bênçãos temporais, da
justificação, do Espírito de Deus e da glorificação final na vida eterna (Jó 19.25-27; Sl 16.11;
73.24-26; Is 43.25; Jr 31.33, 34; Ez 36.27; Dn 12.2, 3; Gl 4.4, 5; Tt 3.7; Hb 11.7; Tg 2.5).

b. Os pré-requisitos do pacto. O pacto da graça não é o pacto das obras e não requer
nenhuma obra com o fim de obter méritos. Não obstante, ele contém pré-requisitos e impõe ao
homem certas obrigações. Ao cumprir os pré-requisitos do pacto, o homem não lucra nada em si,
mas se coloca naquele lugar no qual Deus lhe comunicará bênçãos prometidas. É preciso notar
ainda que os próprios pré-requisitos já foram prometidos de antemão, de forma que Deus dá ao
homem tudo aquilo que também requer dele. O que Deus nos pede é isto:

(1) Que aceitemos pela fé o pacto e suas promessas, e assim passemos a viver a vida do
pacto; e

30
(2) Que desde o início desta nova vida, nascida em nós, nos consagremos a Deus numa
nova obediência.

2.3. As características do pacto. O pacto da graça é um pacto gratuito, porque é fruto e


manifestação da graça de Deus para os pecadores. É um pacto gratuito do princípio ao fim. É
também um acordo eterno e inviolável no qual Deus sempre permanece fiel, mesmo quando os
homens o quebrem. Posto que, mesmo em seu sentido mais amplo, só inclui uma parte da
humanidade, ele é um pacto particular. Se no Novo Testamento ele nos é apresentado como um
pacto universal, isto se deve ao fato de que ele não se limita aos judeus, como se deu no Antigo
Testamento, mas abarca também os gentios. Este pacto se caracteriza também por sua unidade. Ao
longo de todas as dispensações, ele é essencialmente o mesmo, ainda quando a forma de sua
administração varie. A promessa essencial permanece sempre a mesma (Gn 17.7; Hb 1.10); o
evangelho é o mesmo (Gl 3.8); a necessidade da fé é a mesma (Gl 3.6, 7); e o Mediador é o mesmo
(Hb 13.8). O pacto às vezes é condicional e incondicional. É condicional porque depende dos
méritos de Cristo e porque o desfruto da vida que ele oferece depende do exercício da fé. É também
incondicional, porque não se fundamenta em nenhum mérito humano. Por isso é um pacto
testamentário com a disposição livre e soberana de Deus. De fato, em Hebreus 9.16, 17 ele recebe o
título testamento. Este título põe a ênfase em vários fatos: (1) que é uma disposição livre da parte de
Deus; (2) que na dispensação neotestamentária foi introduzido pela morte de Cristo; e (3) que nele
Deus dá o que ele mesmo nos pede.

O pacto da graça difere do pacto das obras no fato de que tem um Mediador. Cristo é o
Mediador do novo pacto (1Tm 2.5; Hb 8.6; 9.15; 12.24). É o Mediador não só no sentido de que
intervém entre Deus e o homem para buscar a paz e persuadi-los a ela, mas também no sentido de
que tem poder absoluto para fazer tudo quanto seja necessário para alcançar a paz. Como nosso
Fiador (Hb 7.22), Jesus toma nossa culpa, quita a punição do pecado, cumpre a lei e restabelece a
paz.

2.4. A membresia neste pacto. Os adultos podem ser parte deste pacto considerado como
um acordo legal somente pela fé. Mas, ao exercer sua fé e entrar nele, passam a ter acesso à
comunhão da vida. Significa que, pela fé e imediatamente, entram na vida plena deste pacto. Os
filhos dos crentes, por sua vez, ao nascerem, entram neste pacto como um acordo legal. Não
obstante, isto não significa que, ao mesmo tempo, entram na comunhão da vida, nem garantem que
um dia entrarão nela. As promessas de Deus nos dão certa segurança de que a vida oriunda do pacto
se manifestará neles, e, enquanto não demonstrarem o contrário, podemos presumir que já possuem
esta nova vida. Seja como for, é necessário que os maiores aceitem as responsabilidades do pacto de
maneira voluntária, e que façam uma genuína confissão de sua fé. Do contrário, serão considerados
como transgressores do pacto. Portanto, é possível, a partir do supramencionado, que pessoas não
regeneradas se encontrem temporariamente dentro do pacto como um acordo legal, porém não
numa relação vital com o mesmo (Rm 9.4). Tais pessoas são reconhecidas como filhas do pacto e
estão sujeitas a seus requisitos e participam de seu mistério. Recebem as bênçãos comuns do pacto e
é possível que ainda sejam participantes de algumas operações especiais do Espírito Santo. Não
obstante, se carecem de verdadeira fé e não aceitam as responsabilidades correspondentes, serão
julgados como transgressores do pacto.

2.5. As diferentes dispensações do pacto. (1) A primeira revelação do mesmo se encontra


em Gênesis 3.15, o qual com freqüência tem sido denominado de protoevangelho ou promessa
germinal. Isto, porém, não indica um estabelecimento formal de tal pacto. (2) O pacto com Noé é
também de natureza muito geral, visto ser um pacto com todos os seres humanos. Proporciona
somente bênçãos naturais e tem sido designado de pacto da natureza ou graça comum. Não
obstante, tem uma relação bastante estreita com o pacto da graça, visto ser o fruto da graça de Deus

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e garante bênçãos naturais e temporais que são absolutamente necessárias para se concretizar o
pacto da graça. (3) O pacto com Abraão e sua descendência marca seu verdadeiro estabelecimento.
Assinala o princípio da administração do pacto no Antigo Testamento, a qual se acha limitada a
Abraão e a seus descendentes. A fé nos é revelada eminentemente como seu pré-requisito essencial,
e a circuncisão é seu selo. (4) O pacto no monte Sinai é essencialmente o mesmo pacto feito com
Abraão, porém desde então abrange toda a nação de Israel e vem a ser um pacto nacional. Ainda
quando imprima muita ênfase no cumprimento da lei, não podemos dizer que se trata de uma
renovação do pacto das obras feito com Adão.

A lei só aumentou o conhecimento do pecado (Rm 3.20) e veio a ser um mestre que nos
conduz a Cristo (Gl 3.24). A Páscoa foi adicionada como um segundo sacramento. (5) O novo pacto
que nos foi revelado no Novo Testamento (Jr 31.31; Hb 8.8, 13) é essencialmente o mesmo pacto
do Antigo Testamento (Rm 4; Gl 3). Este pacto, porém, agora rompe as barreiras do particularismo
e se torna universal, no sentido de que suas bênçãos se estendem a toda pessoa e nação. Suas
bênçãos agora são mais completas e espirituais, e o batismo e a ceia do Senhor tomam o lugar dos
sacramentos do Antigo Testamento.

Para memorização: passagens sobre

1. As partes do pacto (Gn 3.15; 17.7; Ex 19.5, 6; Jr 31.31-33; At 2.39).


2. Suas promessas e requisitos (Gn 17.7; Ex 19.5; Jr 31.33; Gn 15.6; Ex 19.5; Sl 103.17,
18; Gl 3.7, 9).
3. Características do pacto (Is 54.10; 24.5; Gl 3.7, 9; Hb 9.17, 18).
4. O mediador do pacto (1Tm 2.5; Hb 7.22; 8.6).

Para estudo adicional:

1. Você se lembraria de alguns pactos especiais mencionados na Bíblia? (Gn 31.44; Dt


29.1; 1Sm 18.3; 2Sm 23.5).
2. Poderia ainda citar vários casos em que o pacto foi transgredido? (Gn 24.32-34; Hb
12.16, 17; Ex 32.1-14; Nm 14; 16; Jz 2.11; 1Sm 2.12; Is 24.5; Ez 15.69; Os 6.7; Gl 3.17-
24).
3. A promulgação da lei mudou a essência do pacto? (Rm 4.13-17; Gl 3.17-24).

Para revisão:

1. Que é o pacto da redenção?


2. Por qual outro nome é conhecido e qual é sua relação com o pacto da graça?
3. Que provas bíblicas temos para isso?
4. Qual é a relação de Cristo neste pacto?
5. Para ele foi um pacto de graça ou um pacto de obras?
6. A quem Cristo representa neste pacto?
7. O que o Pai exigiu de Cristo e que promessa ele fez?
8. Que distinção observamos ao referir-nos ao pacto da graça?
9. Como tal distinção afeta a segunda parte neste pacto?
10. Qual é a promessa que abarca tudo neste pacto?
11. O que Deus exige dos que se acham neste pacto?
12. Quais são as características do pacto?
13. Em que sentido podemos transgredir o pacto, e em que sentido ele é inviolável?
14. Como podemos provar a unidade do pacto?
15. Em que sentido ele é condicional e em que sentido é incondicional?

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