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A BIOÉTICA E O BIODIREITO NA BUSCA DA PROTEÇÃO DOS DIREITOS

FUNDAMENTAIS NA ÁREA BIOMÉDICA

THE BIOETHCS AND THE BIOLAW IN THE SEARCH OF PROTECTION OF


FUNDAMENTAL RIGHTS IN BIOMEDICAL AREA

Mayara Fernanda Morandi Rodrigues1*


Thiago Cesar Giazzi **

Resumo: O presente artigo, utilizando do método dedutivo, utilizando de pesquisa


referenciada em bibliografia e periódicos, estipulando abordagem tópica por assuntos, tem
como escopo apresentar, de modo não exauriente, o desenvolvimento e conceituação da
Bioética e do Biodireito como meios de efetivar a proteção aos direitos fundamentais,
entendidos estes como direitos básicos à promoção da dignidade humana constitucionalmente
reconhecidos, garantindo a liberdade e igualdade entre os sujeitos. Visto que, com a evolução
tecnológica, diante de diversas formas de conhecimento humano e novas técnicas
biotecnológicas implantadas, as quais foram apresentadas à sociedade de forma benéfica e,
concomitantemente, avassaladora pois, desconhecidos são os limites e conseqüências que
podem ser alcançadas, restaram-se necessários campos de estudo que buscassem proteger os
indivíduos e seus direitos, limitando a ação humana sobre o desconhecido que poderia, em
algum momento, conflitar com garantias já reconhecidas, surgindo, então, a Bioética e
Biodireito, ambos com o objetivo principal de cuidar dos interesses humanos, ponderando o
interesse público sobre o interesse individual, estabelecendo limites éticos e jurídicos entre os
progressos médicos e biotecnológicos e os abusos contra o indivíduo, sua existencialidade e
toda a espécie humana.

Palavras-chave: Bioética. Biodireito. Direitos Fundamentais.

Abstract:This article, by the deductive method is scoped present, not exauriente way, the
development and conceptualization of Bioethics and Biolaw as means of protection of
fundamental rights, as over time on various forms of human knowledge and new implanted
biotechnological techniques, which were presented to the beneficial form of society and less
overwhelming time, remaining - needed fields of study that sought to protect individuals and
their rights, emerging then, Bioethics and Biolaw, both with the main objective to take care of

*Graduada em Direito pela Faculdade Catuaí, 2015. Pós-Graduanda em Direito Civil e


Processo Civil pela Universidade Estadual de Londrina – UEL. E-mail:
mfm.rodrigues@hotmail.com
** Graduado em Direito pela Universidade Estadual de Londrina – UEL. Especialista em
Direito Civil e Processo Civil pela Universidade Estadual de Londrina. Mestrando no
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência Jurídica pela Universidade Estadual
do Norte do Paraná – UENP. Coordenador e Professor do Curso de Direito da Faculdade
Catuaí em Cambé – PR. E-mail: thiago.giazzi@faculdadecatuai.com.br
human interests, establishing ethical and legal boundaries between the medical and
biotechnological progress and abuse of the individual and the entire human species.

Keywords: Bioethcs. Biolaw.Fundamental Rights.

INTRODUÇÃO
A sociedade moderna assistiu nas últimas décadas a um progresso tecnológico jamais
imaginado, com a divulgação de novos avanços científicos e tecnológicos no campo
biomédico, o que causou um grande impacto na vida dos seres humanos.
A Bioética possui como objetivo proteger os direitos inerentes à pessoa humana em
face das diversas práticas cientificas e tecnológicas relacionadas ao campo biomédico que
envolve a vida, visto que, ao mesmo tempo que tais avanços apresentam enormes benefícios,
apresentam também riscos potenciais muito perigosos e imprevisíveis, prevenindo assim, que
os profissionais não ultrapassem os limites éticos impostos pelo respeito à pessoa humana e a
sua vida, integridade e dignidade.
O Biodireito, por sua vez, é um campo de estudo que surgiu com a finalidade de
positivação jurídica das normas bioéticas frente aos avanços médicos e biotecnológicos, a
qual tem por finalidade proteger a espécie humana de todas as interferências ligadas à
medicina e a vida, orientando-se pelos direitos fundamentais. Enfim, é um ramo o Direito que
busca intervir no campo das técnicas biomédicas, tanto para legitimá-las, para regulamentá-las
ou para proibi-las.
Nota-se que ambos buscam proteger os seres humanos de todas as práticas danosas
que possam ocorrer diante de procedimentos ligados à área biomédica, um no campo ético e
outro em questões jurídicas, garantindo que os direitos fundamentais inerentes a todos sejam
de menor forma atingidos.
O presente artigo justifica-se visto que, nem sempre é objeto fácil cuidar para que o
progresso tecnológico não invada de maneira prejudicial à vida dos seres humanos,
contribuindo para que seus direitos fundamentais, constitucionalmente garantidos, sejam
menosprezados e abalados. Para que isso não ocorra, surge a Bioética e o Biodireito, com a
finalidade de amenizar os danos causados no campo biomédico em razão do avanço
desordenado da biociência.
Para o desenvolvimento da presente pesquisa, utilizou-se o método dedutivo e o tipo
de pesquisa é a bibliográfica, uma vez que as considerações abordadas foram estudadas em
doutrinas e artigos científicos já existentes acerca do tema, partindo de uma hipótese ampla
para alcançar objetivos específicos que estão principalmente embasados em direitos
constitucionais.

1 BIOÉTICA

O termo “Bio-Ethics” surgiu em 1927, quando o pastor protestante alemão Fritz Jahr,
publicou no periódico Kosmos, um artigo intitulado: “Bio-Ethics: A Review of the Ethical
Relationships of Humans to Animals and Plantas” (Bioética: uma revisão do relacionamento
ético dos humanos em relação aos animais e plantas), ele propôs um “Imperativo Bioético”,
definindo a bioética de forma ampla, ligada as obrigações éticas de todos os seres vivos,
redefinindo as obrigações morais em todas as formas de vida, até mesmo nas não humanas.
No entanto, o termo ganhou evidência somente no ano de 1971, visto o
desencadeamento de inúmeros avanços científicos e tecnológicos no contexto médico, com o
trabalho de Van Rensselaer Potter, bioquímico e pesquisador oncologista americano,
“designando o estudo das condições necessárias para a correta administração das vidas
humanas e animal, bem como da responsabilidade ambiental”. (MALUF, 2013, p.6).
A partir deste momento, na medida em que foram surgindo novos métodos de
investigação científica, a bioética passou a adquirir um caráter multidisciplinar, englobando
outras ciências além da área médica, tais como a psicologia, as ciências sociais, o direito, a
antropologia, a filosofia, a ecologia, a teologia, entre outras.
Com o passar dos anos, começaram a surgir diversos conceitos para o termo, visto o
aperfeiçoamento nos métodos de estudo, a Bioética passou a ser imposta como uma solução
da ética em relação às novas situações decorrentes da ciência no âmbito da saúde e da vida.
Do aspecto terminológico, Bioética é um neologismo, onde “bios” relaciona-se à
vida e “éthos” aos costumes e às formas de comportamento, entendendo-se assim como ética
da vida.
Nesse mesmo sentido, acerca da palavra “bio”, Pessini e Barchifontaine (2005, p.64),
ponderam que:
Exige que levemos seriamente em conta as disciplinas e as implicações do
conhecimento científico, de modo que possamos entender as questões, perceber o
que está em jogo e aprender a avaliar possíveis consequências das descobertas e suas
aplicações.

E que palavra “ética”,por sua vez:


É uma tentativa para se determinar os valores fundamentais pelos quais vivemos.
Quando vista num contexto social, é uma tentativa de avaliar as ações pessoais e as
ações dos outros de acordo com uma determinada metodologia ou certos valores
básicos.

A Bioética seria, então, a união da ética com as ciências biomédicas, a qual busca
estruturar os códigos de conduta dos profissionais ligados à área da saúde, fazendo que todas
as atividades sejam realizadas dentro das normas éticas e valorativas a pessoa humana,
representando um estudo ligado à interferência humana diante dos avanços tecnológicos e
pesquisas biomédicas na vida e saúde humana.
Nos dizeres de Fabriz (2003, p. 85):

Cuida-se, a partir da ótica da Bioética, de orientar a conduta humana nas áreas da


ciência da vida, objetivando imprimir em tais condutas certos valores e princípios
morais. Nesse sentido, há de se compreender Bioética como uma ética aplicada às
várias dimensões da vida humana. Implementar um projeto de mudança do homem
moderno, a partir dos valores pós-modernos.

Para Diniz (2001, p. 17), “os bioeticistas devem ter como paradigma o respeito à
dignidade humana, que é o fundamento do Estado Democrático de Direito e o cerne de todo o
ordenamento jurídico”.
Bellino (1997, p. 22- 23), frisa que esta ciência surge com o desenvolvimento de
novas tecnologias:

A bioética enquanto disciplina filosófica já é reconhecida em todo o mundo, mesmo


que a vida da razão pareça empobrecida. Para Engelhardt, as questões bioéticas
surgem sobre um fundo de uma crise moral e esta está ligada à crise de uma série de
convicções éticas e ontológicas. A filosofia se revelou incapaz de preencher no
mundo moderno o vazio deixado pela hegemonia do pensamento cristão no
Ocidente. As filosofias e as éticas filosóficas, amiúde em competição entre elas,
tornaram-se cada vez mais acadêmicas, portanto cada vez mais afastadas das reais
necessidades culturais. [...] A bioética, como ética aplicada ao bio-reino, estrutura-se
epistemologicamente segundo o paradigma da complexidade. As dimensões que o
ético deve tecer, do discernimento moral, são essencialmente: as situações, os
princípios ou valores e a consciência moral pessoal. Em sua prática a bioética deve
ajudar a consciência moral do homem a discernir, até a inventar, o próprio modo de
agir em uma dada situação em conformidade aos princípios e aos valores morais.

Na visão de Barchifontaine (2004, p. 51), observa-se que:

A bioética tem por finalidade proteger os direitos inerentes a pessoa humana das
novas práticas cientificas associadas à medicina e tecnologia que envolve a vida,
visto que, ao menos tempo que tais avanços apresentam enormes benefícios,
apresentam também riscos potenciais muito perigosos e imprevisíveis, prevenindo
assim, que os profissionais não ultrapassem os limites éticos impostos pelo respeito
à pessoa humana e à sua vida, integridade e dignidade.
Alinhado com Barchifontaine, Diniz (2001, p. 09) aduz que:

A bioética seria então uma nova disciplina que recorreria às ciências biológicas para
melhorar a qualidade de vida do ser humana, permitindo a participação do homem
na evolução biológica e preservando a harmonia universal. Seria a ciência que
garantiria a sobrevivência na Terra, que está em perigo, em virtude de um
descontrolado desconhecimento da tecnologia industrial, do uso indiscriminado de
agrotóxicos, de animais em pesquisas ou experiências biológicas e da sempre
crescente poluição aquática, atmosférica e sonora.

Em um contexto contemporâneo a Bioética se funda em um novo conceito, sem a


pretensão de se colocar como detentora da verdade, mas, sim, para levar em consideração os
aspectos que a relacionam com a complexidade que a tecnociência gerou no campo da
biomédica, compreendendo-se que novas ideias possam criar saídas que sejam humanamente
adequadas e condizentes aos valores éticos e morais dos seres humanos.
Observa-se, por tanto, que a bioética tem por finalidade proteger os interesses
inerentes à pessoa humana no contexto das novas práticas cientificas associadas à medicina e
tecnologia que envolvam a vida, visto que, ao mesmo tempo que tais avanços apresentam
enormes benefícios, apresentam também riscos potenciais muito perigosos e imprevisíveis,
prevenindo assim, que os profissionais não ultrapassem os limites éticos impostos pelo
respeito à pessoa humana e à sua vida, integridade e dignidade.

1.2 Princípios Básicos da Bioética

Segundo Diniz (2001, p. 14),“a bioética patenteou-se em quatro princípios básicos


enaltecedores da pessoa humana, tendo dois deles caráter deontológico e os demais
teleológicos.”
Os princípios norteadores da bioética são: Princípio da Autonomia, que tem por
objetivo resguardar o direito da pessoa em decisões que envolvem sua própria vida, buscando
o respeito de valores morais, as crenças e a vontade de cada pessoa, diz respeito à
autodeterminação do sujeito sobre sua própria vida e a liberdade consciente de sua própria
vontade; Princípio da Beneficência, o qual é fundado nas máximas de se fazer o bem,
utilizando-se de padrões de conduta para beneficiar pessoas que apresentam necessidades,
com o simples fato de não causar dano, com todas as possiblidades de realizar o bem. Para
este princípio, as atitudes a serem realizadas pela biociência devem proporcionar resultados
favoráveis aos seus destinatários, sendo marco limitador a possibilidade de dano; Princípio da
Justiça, que busca reconhecer igualmente o direito de cada indivíduo a partir de suas
diferenças e necessidades, distribuindo os benefícios e serviços ligados a área médica a todos
os seres humanos, de acordo com suas necessidades e esforços individuais; e, por fim, o
Principio da Não-Maleficência, tem por finalidade causar o menor prejuízo possível ao ser
humano, buscando ao máximo não o prejudicar, reduzindo os efeitos adversos ou indesejáveis
nas técnicas médicas.
Os princípios da Bioética alcançam a finalidade de garantir os direitos humanos, pois
reconhecem como fundamento a dignidade da vida, delimitando meios da ação tecnológica
não se expandir a ponto de ferir interesses humanos, estando totalmente embasados nas
necessidades éticas e morais dos indivíduos, utilizando-se dos princípios como forma de
parâmetro para suas investigações e diretrizes, preocupando-se com o cotidiano das pessoas a
fim de orientar os atos humanos na visão ética da vida.

2 BIODIREITO

Diante das profundas mudanças em que a sociedade atual sofreu em meados do


Século XX, decorrentes das diversas formas de conhecimento humano e novas técnicas
biotecnológicas implantadas, as quais foram apresentadas à sociedade de forma benéfica e ao
menos tempo avassaladora, restou-se necessário o surgimento de um ramo do Direito para
cuidar dos interesses humanos, estabelecendo limites entre os progressos médicos e
biotecnológicos e os abusos contra o indivíduo e toda a espécie humana.
Segundo Maluf (2013, p.17):

Nenhum dos avanços científicos do nosso tempo nos atinge mais profundamente do
que o progresso alcançado pela biomedicina. Trata-se da nossa própria vida em sua
intimidade biológica, dos nossos genes que estão sendo transformados em “objeto da
ciência”. Não impedir os avanços das ciências e ao mesmo tempo impor limitações
ao uso das descobertas científicas é o papel do direito.

A partir dai surge o Biodireito como um novo ramo do Direito Público – para fins de
classificação acadêmica -, apresentando como características principais o estudo, análise, e
criação de parâmetros legais inerentes à regulamentação da conduta humana, limitando o
poder de intervenção do homem sobre o próprio homem, estabelecendo critérios de equilíbrio
entre o avanço científico e os direitos fundamentais garantidos a todo ser humano. (MALUF,
2013, p. 16-17).
Neste sentido, aduz Fabriz (2003, p. 288):
O Biodireito surge na esteira dos direitos fundamentais e, nesse sentido, inseparável
deles. O Biodireito contém os direitos morais, relacionados à vida, à dignidade e á
privacidade dos indivíduos, representando a passagem do discurso ético para a
ordem jurídica, não podendo, no entanto, representar “uma simples formalização
jurídica de princípios estabelecidos por um grupo de sábios, ou mesmo proclamado
por um legislador religioso ou moral. O Biodireito pressupõe a elaboração de uma
categoria intermediária, que se materializa nos direitos humano, assegurando os seus
fundamentos racionais e legitimadores.

O Biodireito apresenta-se como uma ciência complexa, fundando-se principalmente


nos pilares da Bioética, com os preceitos apresentados pelo Direito Civil, no que tange
basicamente aos direitos da personalidade, pelo Direito Penal, em relação à proibição ou não
de determinadas condutas consideradas antijurídicas, aplicando sanção a elas, e
principalmente pelo Direito Constitucional, com proteção dos direitos fundamentais inerentes
a todos os seres humanos, tais como a vida, intimidade, liberdade, entre outros.
Nesta mesma linha de raciocínio, o autor Eduardo Cambi (2006, p. 49) aduz:

Com o desenvolvimento da tecnologia, surgem complexos problemas éticos e


jurídicos a desafiar a inteligência humana. O biodireito resgata a questão da validade
formal e material do direito, reafirmando a sua necessidade de romper com a
identificação plena entre a lei e o direito, para promover valores como o da
dignidade da pessoa humana.

Sendo assim, o Biodireito apresenta-se como um termo abrangente, o qual envolve


um conjunto de regras legais voltadas a impor ou proibir às condutas humanas científicas,
buscando sempre soluções jurídicas aos problemas pertinentes a esfera médica e biomédica.
Nesse mesmo sentido, Maluf (2013, p. 18), aduz que “a vida, que é estudada por
varias áreas do conhecimento, deve ser respeitada e valorizada, em grau máximo tendo o
universo do direito como paradigma de sua proteção”.
Quanto ao conceito de Biodireito, Eduardo Ribeiro Moreira (2005, p. 134) alega que:

A bem dizer o termo biodireito tão popularizado e pesquisado é um neologismo,


formado pelo radical bios que significa vida. Assim, o estudo do direito da vida é
um campo multidisciplinar que é utilizado para designar temas diversos, que afetam
a vida humana de forma direta, como a questão da clonagem, ou de forma indireta,
como a poluição do meio-ambiente. [...] As múltiplas situações derivadas desses
temas formam o biodireito, de abrangência tão vasta que não se encontra sob um
único corpo legal codificado. A maior dificuldade nesta identificação está posta pelo
avanço contínuo e imprescindível da biologia e suas ambições científicas.

Ainda quanto ao conceito de Biodireito, Fabriz (2003, p. 288) preceitua que:

É um novo ramo do Direito que vem despontando, refere-se aos fatos e eventos que
surgem a partir das pesquisas das ciências da vida; que nascem a partir do aumento
do poder do homem sobre o próprio homem – que acompanha inevitavelmente o
progresso técnico, isto é, o progresso da capacidade do homem de dominar a
natureza e os outros homens – ou criar novas ameaças à liberdade do indivíduo, ou
permitir novos remédios para as suas indigências. Caracteriza-se o Biodireito como
o ramo do direito que trata da teoria, da legislação e da jurisprudência relativas ás
normas reguladoras da conduta humana, em face dos avanços da biologia, da
biotecnologia e da medicina. O Biodireito concede tratamento ao homem não como
ser individual, mas acima de tudo como espécie a ser preservada.

Permanecendo num contexto jurídico, nos dizeres de Fernandes (200, p. 42):

Na verdade, o Biodireito nada mais é do que a produção doutrinária, legislativa e


judicial acerca das questões que envolvem a bioética. Vai desde o Direito a um
meio-ambiente sadio, passando pelas tecnologias reprodutivas, evolvendo a
autorização ou negação de clonagens e transplantes, até questões mais corriqueiras e
ainda mais inquietantes como a dicotomia entre a garantia constitucional do direito à
saúde, a falta de leitos hospitalares e a equânime distribuição de saúde à população.

Observa-se, portanto, que o Biodireito deve ser analisado como um ramo do direito o
qual impõe limites entre ciência e a vida, devendo garantir uma proteção das liberdades e dos
direitos fundamentais, buscando uma democracia, uma solução ética jurídica para toda a
coletividade.
Nos dizeres de Ana Laura Vallarelli Gutierres Araujo (2005, p. 111), é de
competência do Biodireito:

Permitir condutas que tragam benefícios atuais e futuros, impedindo os malefícios e


proibindo o mercado humano, atribuindo a todos o dever de respeitar a dignidade da
pessoa humana. Nesse contexto, mister mediar a tensão dialética entre liberdade
científica e dignidade da pessoa humana, fixando pautas éticas, visando harmonizar
os valores assegurados a cada indivíduo e que devem ser respeitados, com a
necessidade humana de buscar novos conhecimentos. Com o intuito de reelaborar os
papéis da Ciência e do Direito, compatibilizando-os, o Biodireito tem como função
apontar os limites e os fins da manipulação da vida, identificando os valores a serem
preservados, relacionando-os com o progresso científico, para que possam, de forma
coerente e coesa, compatibilizar técnica e direitos fundamentais.

Segundo Fabriz (2003, p. 290-291):

Impõe-se organização democrática da sociedade para que os sentimentos da


coletividade, condensadores dos valores morais, éticos e jurídicos possam ser
assimilados como consenso. Tal consenso deve-se manifestar ou se expressar no
plano dos diretos fundamentais individuais e coletivos que informam determinado
ordenamento jurídico. O estado democrático de direito deve promover a justiça
social, a legalidade e a segurança jurídica.
As novas tecnologias significam um desafio para o Biodireito, tendo em vista que
esse deve, além de garantir a integridade física das gerações futuras, assegurar o direito à vida
e a dignidade da pessoa humana.
Nesse mesmo sentido, Fabriz (2003, p. 306), conclui em sua obra:

O Biodireito nasce da necessidade de preservação do homem diante dos perigos de


suas próprias conquistas, proporcionadas pelo conhecimento racional. O Biodireito
enquadra-se no contexto paradigmático de uma cultura que se constrói a partir da
técnica, da previsibilidade. O Biodireito eleva-se como construção teórica que
expressa a consciência moral de um novo homem, que vem forjando e delineando
uma nova civilização.

Os conflitos a serem discutidos não serão simples conflitos, serão pertinentes da nova
sociedade e, o Biodireito será o intermediador desses conflitos, para permitir a pacificação
dessa nova sociedade que está sendo formada.
Desta forma, observa-se que o Biodireito é uma tentativa de positivação jurídica das
normas bioéticas frente aos avanços médicos e biotecnológicos, a qual tem por finalidade
proteger a espécie humana de todas as interferências ligadas a medicina e a vida, orientando-
se pelos direitos humanos. Enfim, é um ramo o Direito que busca intervir no campo das
técnicas biomédicas, tanto para legitimá-las, para regulamentá-las ou para proibi-las. Seria o
Biodireito fundamentado na Bioética, a resposta jurídica à um fato socialmente reiterado cuja
prática interfere em interesses relevantes.
Assim, conforme Maria Elisa, em seu artigo, relacionando Alexandre Mussoi
Moreira, “o Biodireito estaria mais ligado à aplicação do Direito, constituindo uma ponte
entre a Bioética – fornecedora das normas suplementares e da análise primeira aos fatos que
ensejam a gênese normativa – e o ordenamento jurídico positivo”.
Contudo, o biodireito encontra grandes dificuldades em cumprir sua função,
vivenciando grandes dilemas na tentativa de impor limites às práticas médicas e
biotecnológicas, visto que o sistema jurídico apresenta enorme dificuldade em acompanhar o
progresso tecnológico.
Assim, aduz Maria Elisa (2012):

Não é novo observar que as mudanças científicas e as demandas sociais delas


decorrentes ocorrem em ritmo bem mais acelerado do que a produção legal. Esse
hiato normativo resulta em que, simultaneamente às dificuldades por que passam os
aplicadores do Direito diante das disputas judiciais no campo da Medicina, também
os médicos se vejam desnorteados acerca da licitude de determinadas condutas a que
não há qualquer menção legal expressa.
A autora traz, ainda, como solução ao aplicador do direito uma busca de meios
possíveis em outras fontes do direito diverso da lei, trazendo como exemplos os princípios e
costumes, tendo como amparo as diretrizes da bioética.
Observa-se, portanto, que embora exista um ramo do direito específico com a
finalidade de preservação do direito da vida, o mesmo não é completamente eficaz, uma vez
que apresenta falhas em seu sistema.

2.1 Princípios Básicos do Biodireito

Com a evolução nas mais diversas áreas da medicina, a qual apresentou soluções e
problemas à sociedade, restou-se necessário o surgimento de regras para controlar a
interferência humana na vida dos seres vivos. A partir dai, temos um termo importante para o
controle dos problemas apresentados, que é o surgimento do Biodireito, que se apresenta
como mecanismo para a preservação da dignidade humana.
No entanto ocorre um grande descompasso entre o biodireito e os avanços da
tecnologia, visto que a medicina e a tecnologia evoluem em de forma mais veloz que o
Direito, de modo que questões relacionadas às inovações nas áreas medicas acabam sendo
julgadas com base na analogia, nos princípios gerais do direito e resoluções do Conselho
Federal de Medicina. (VILLAS-BÔAS, 2012).
Neste sentido, assim como a Bioética, o Biodireito também apresenta princípios
importantes, os quais visam garantir os direitos humanos e a preservar a vida e a moralidade
dos indivíduos perante as novas técnicas biomédicas apresentadas, com a criação de
embasamentos jurídicos para defender os indivíduos dos problemas criados com a
desenvoltura médica, utilizando-se dos princípios como forma de parâmetro para soluções
jurídicas aos problemas encontrados neste ramo.
São diversos os princípios aplicados ao Biodireito, tais como o Princípio da
Autonomia, que diz respeito à autodeterminação e ao respeito da vontade do sujeito de direito;
Princípio da Justiça, buscando a igualdade material e a liberdade garantidora da vontade;
Princípio da Ubiquidade, demonstrando que o tema interfere em qualquer esfera da sociedade,
sendo mais amplo que a própria esfera de interesses individual; Princípio da Cooperação entre
os Povos, unindo os povos, como direito fundamental de terceira dimensão, para que todos os
povos hajam em colaboração e solidariedade, compartilhando as técnicas e avanços da área
em questão; e o Principio da Precaução, reconhecendo a potencialidade do dano em razão do
não conhecimento das conseqüências que poderão ocorrer se utilizada a tecnologia biomédica
de modo desregrado. O Princípio da Precaução garante que medidas prévias de estudo sejam
realizadas antes de buscar o avanço possibilitado pela tecnologia; porém, entre eles se destaca
o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana. (MALUF, 2013, p. 18).
O Princípio da Dignidade da Pessoa Humana apresenta-se como fundamento do
Estado Democrático de Direito e deve servir de base em todo o ordenamento jurídico,
devendo prevalecer diante e de todo e qualquer avanço científico e tecnológico. (DINIZ,
2001, p. 17). Maluf (2013, p. 18) alega que “o referido princípio deve ser sempre observado
nas práticas médicas e biotecnológicas, visando à proteção da vida humana em sua
magnitude”. Para a interpretação da dignidade da pessoa humana, tem-se utilizada sua análise
dimensional. Propõe-se que a dignidade da pessoa humana possua dimensões – biológica,
comunicativa, construtivista, negativa e prestacional – constituindo um conceito amplo, não
fechado e de extrema complexidade por estar enraizado nos interesses existenciais do
individuo (SARLET, 2007, pp. 361-388).
Como se vê, os princípios do Biodireito amparam-se na Bioética e tem por finalidade
uma preservação maior da dignidade da pessoa humana em face das novidades que veem
surgindo no campo médico, buscando a qualquer preço preservar em primeiro plano, de forma
abrangente, a vida humana.

3 BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE OS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Os direitos fundamentais estão previstos, típicamente, na nossa Constituição Federal


de 1988, em seu Título II, e classificam-se em: direitos e deveres individuais e coletivos;
direitos sociais; direitos de nacionalidade; direitos políticos e partidos políticos.
Não é muito fácil trazer uma conceituação precisa e sintética de direitos
fundamentais, uma vez que tais direitos são chamados também de “direitos naturais, direitos
humanos, direitos do homem, direitos individuais, direitos públicos subjetivos, liberdades
fundamentais, liberdades públicas e direitos fundamentais do homem.” (SILVA, 2005, p.
175).
Neste sentido Sarlet, Marinoni e Mitidiero (2012, p. 248) explicam:

Não é, portanto, por acaso, que a doutrina tem alertado para a heterogeneidade,
ambiguidade e ausência de um consenso na esfera conceitual e terminológica,
inclusive no que diz com o significado e conteúdo de cada termo utilizado, o que
apenas reforça a necessidade de se adotar uma terminologia (e de um correspondente
conceito) única e, além disso, constitucionalmente adequada, no caso, a de direitos
(e garantias) fundamentais.
Silva (2005, p. 178) aduz que para a conceituação de direitos humanos, utilizar a
expressão direitos fundamentais do homem é o método mais adequado, vejamos:

Direitos Fundamentais do homem constitui a expressão mais adequada a este estudo,


porque, além de referir-se a princípios que resumem a concepção do mundo e
informa a ideologia política de cada ordenamento jurídico, é reservada para designar
o nível do direito positivo, aquelas prerrogativas e instituições que ele concretiza em
garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas.

O autor (SILVA, 2005, p. 178), justificando a denominação, complementa:

No qualificativo fundamentais acha-se a indicação de que se trata de situações


jurídicas sem as quais a pessoa humana não se realiza, não convive e, as vezes, nem
mesmo sobrevive; fundamentais do homem, no sentido de que todos por igual,
devem ser, não apenas formalmente reconhecidos, mas concreta e efetivamente
efetivados. Do homem não no sentido macho da espécie, mas no sentido de pessoa
humana.

Neste sentido, Canotilho (1993, p. 177) traz um conceito para os direitos


fundamentais:

Designam-se por normas de direitos fundamentais todos os preceitos constitucionais


destinados ao reconhecimento, garantia ou conformação constitutiva de direitos
fundamentais a importância das normas de direitos fundamentais deriva do facto de
elas, direta ou indiretamente, assegurarem um status jurídico-material aos cidadãos.

Sarlet, Marinoni e Mitidiero (2012, p. 249) abordam que “o termo “direitos


fundamentais” se aplica àqueles direitos (em geral atribuídos à pessoa humana) reconhecidos
e positivados na esfera do direito constitucional positivo de determinado Estado”.
Para Silva (2005, p.177), “expressão direitos fundamentais do homem são situações
jurídicas, objetivas e subjetivas, definidas no direito positivo, em prol da dignidade, igualdade
e liberdade da pessoa humana”.
Vale ressaltar que os direitos fundamentais foram surgindo ao longo do tempo,
passando por diversas transformações, de acordo com a necessidade dos seres humanos.
Bobbio (1992, p. 5) explica:

Os direitos do homem, por mais fundamentais que sejam, são direitos históricos, ou
seja, nascidos em certas circunstâncias, caracterizadas por lutas em defesa de novas
liberdades contra velhos poderes, e nascidos de modo gradual, não todos de uma vez
e nem de uma vez por todas. O que parece fundamental numa época histórica e
numa determinada civilização não é fundamental em outras épocas e em outras
cultuas.
Neste sentido Novelino (2012, p. 403) aduz:

Os direitos fundamentais não surgiram simultaneamente, mas em períodos distintos,


conforme a demanda de cada época. A consagração progressiva e sequencia nos
textos constitucionais deu origem às chamadas gerações de direitos fundamentais.
Atualmente, tendo em conta que o surgimento de novas gerações não importa na
extinção das anteriores, parte da doutrina tem optado pelo termo dimensão.

Sendo assim, diante da evolução da sociedade e as transformações dos direitos


fundamentais, tais direitos foram se aperfeiçoando e surgiram as gerações/dimensões dos
direitos fundamentais, que se apresentaram com a finalidade de cumulação de direitos para a
proteção dos seres humanos.
Quanto à dimensão dos direitos fundamentais Saleme (2011, p. 101) alude que:

Referem-se ao avanço das conquistas populares em termos de direitos obtidos em


face dos governantes. A inadequação de se referir à geração e a propriedade do
termo dimensão alude à possibilidade de cumulação de direitos; não são direitos que
se excluem, na verdade somam-se aos anteriormente consagrados. As dimensões,
por poderem sobrepor-se, são designações que mais de adequam ao contexto e
permitem uma concepção mais abrangente.

Para alguns autores, os direitos fundamentais são identificados em quatro gerações


ou dimensões de direitos. A ideia semântica do termo “dimensões” parece ser mais adequada
em razão da não exclusão daquelas primeiramente reconhecidas, diferentemente do sentido de
“gerações”, que pressupõe a obsolência da geração anterior. Os direitos fundamentais são uma
construção temporal e social, ocasionada pelo reconhecimento de um Estado às necessidades
de seus cidadãos. Sendo a primeira dimensão aquela pertencente às liberdades (propriedade,
manifestação, locomoção, etc.) e direitos políticos e de nacionalidade, diz respeito à prestação
negativa do Estado, em não interferir na vontade individual e na autodeterminação de seus
cidadãos; a segunda de direitos sociais, previdenciários e de intervenção estatal na economia,
diz respeito à prestação positiva do Estado, promovendo meios de alcançar a igualdade
material entre os seus pois, inexistente é a liberdade entre pessoas extremamente desiguais; a
terceira trata-se dos direitos transindividuais ou coletivos na defesa do meio ambiente, dos
direitos do consumidor, idoso e da infância e juventude, e a quarta refere-se aos avanços
tecnológicos no campo da ciência humana. (SALEME, 2011, p. 101).
Verifica-se, portanto, que direitos fundamentais são direitos constitucionalmente
garantidos, inerentes aos seres humanos, os quais visam à proteção da pessoa humana,
apresentando-se como garantias e direitos essenciais para a vida e dignidade.
4 A RELAÇÃO ENTRE A BIOÉTICA E A BUSCA DA PROTEÇÃO DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS DA ÁREA MÉDICA

A Bioética e o Biodireito são dois campos de estudos interligados, tendo em vista


que apresentam um mesmo objetivo, que é a busca pela proteção de vida e bem estar do ser
humano diante do progresso tecnológico implantado na área médica, contribuindo para um
progresso moderado das ciências.
Como se observa, o Biodireito relaciona-se com a Bioética, visto a necessidade
jurídica de desenvolver soluções aos problemas criados pela evolução tecnológica no âmbito
da vida. (SAUWEN; HRYNIEWICZ, 2000, p. 43).
Nesse sentido, Regina e Severo (SAUWEN; HRYNIEWICZ, 2000, p. 47) abordam
que:
Amparado nas reflexões da bioética, cabe ao biodireito pensar tanto as normas
quanto os critérios de decisão sobre as inovações da biotecnologia. A inspiração que
lhe advém da Bioética reside, sobretudo, nos princípios que esta sugere no tocante à
finalidade e ao sentido da vida e ao sentido da vida humana e no que tange aos
fundamentos das obrigações e dos deveres sociais.

Traçando a intrínseca relação entre Bioética e o Biodireito, Diniz (2001, 08)


expressa:
Como o direito não pode furtar-se aos desafios levantados pela biomedicina, surge
uma nova disciplina, o biodireito, estudo jurídico que, tomando por fontes imediatas
a bioética e a biogenética, teria a vida por objeto principal, salientando que a
verdade científica não poderá sobrepor-se à ética e ao direito, assim como o
progresso científico não poderá acobertar os crimes contra a dignidade humana, nem
traçar, sem limites jurídicos, os destinos da humanidade.

Em uma breve análise observa-se que de um lado tem-se a Bioética, a qual busca
através da ética trazer soluções morais aos problemas apresentados com o avanço da
tecnologia nas áreas da medicina. E de outro lado tem-se o Biodireito, o qual busca
regulamentar as condutas éticas formuladas pela bioética, mantendo a integridade e a
dignidade humana, evitando que os avanços científicos venham a causar danos físicos e
morais ao homem e aos demais seres vivos.
No entanto, os termos se cruzam, caminhando juntos na busca por uma melhor
solução para os problemas encontrados no ramo das ciências biotecnológicas, com o intuito
de controlar as novas técnicas, corrigindo os exageros existentes e caminhando junto com os
direitos humanos.
Nesse sentido, Maria Elisa (VILLAS-BÔAS, 2012) traz em seu artigo uma relação
da bioética e o biodireito como paradigma aos direitos humanos:
A própria denominação Biodireito indica essa disposição de integrar conhecimentos,
ainda que com as dificuldades decorrentes da própria diversidade de naturezas entre
o caráter eminentemente dogmático do Direito e o aspecto mais zetético, filosófico e
questionador da Bioética. Em comum, o cerne semelhante, assentado na defesa da
dignidade humana, e o caráter principiológico que marca a vertente prescritiva da
Bioética e do Direito atual, especialmente sob o prisma dos Direitos Humanos.

Em sua obra, Fabriz cita um ensinamento de Diniz (2001, 306), que diz:

Tanto a Bioética quanto o Biodireito deverão contribuir para o desenvolvimento das


ciências da vida, garantindo o respeito à dignidade da pessoa humana na
transformação das condições da existência, constituindo o núcleo de um projeto de
formação para a ética das ciências e o componente essencial da cultura geral do
século XXI.

Assim, o Biodireito não se confunde com a Bioética, sendo a Bioética um estágio


inicial para o estudo do Biodireito, porém os dois apresentam as mesmas finalidades na busca
pela adequação e limites ao progresso tecnológico na área medica, devendo estes estarem lado
a lado, cumprindo seus papeis, a bioética no campo da obrigação moral e o biodireito no
campo jurídico, com a elaboração de leis pertinentes a regulamentação das atividades
humanas, positivando ou proibindo atitudes conforme a bioética.
Percebe-se, então, que a bioética e o biodireito estão vinculados à justiça,
caminhando juntos na busca importante de preservação dos direitos fundamentais e da vida,
servindo de instrumento valioso para o controle das ciências humanas tecnologias e
garantindo a preservação dos direitos humanos na transformação das condições de existência.

CONCLUSÃO

Diante das profundas mudanças sofridas, decorrentes das diversas formas de


conhecimento humano e novas técnicas biotecnológicas implantadas, as quais foram
apresentadas à sociedade de forma benéfica e ao menos tempo avassaladora, restou-se
necessário o surgimento da Bioética e do Biodireito para cuidar dos interesses humanos,
estabelecendo limites éticos e jurídicos entre os progressos médicos e biotecnológicos e os
abusos contra o indivíduo e toda a espécie humana.
Nota-se que a bioética e o biodireito não se confundem, visto que um visa a proteção
da vida e dos seres humanos diante de técnicas médicas que ultrapassam os limites fixados, e
outro, busca positivar e orientar os avanços no campo da medicina. No entanto, ambos estão
ligados entre si, vinculados a práticas éticas e justas, buscando sempre a proteção dos direitos
fundamentais, e amparando o controle das ciências humanas tecnologias e garantindo a
preservação dos direitos humanos.
Contudo, observa-se que a Bioética e o Biodireito encontram grandes dificuldades
em cumprir suas funções, vivenciando grandes dilemas na tentativa de impor limites às
práticas médicas e biotecnológicas, visto que o sistema ético e jurídico apresentam enormes
dificuldades em acompanhar o progresso tecnológico.
No entanto, embora existam falhas, é dever de médicos, equipe médicas, juristas e
demais pessoas, sempre buscarem meios eficazes para a proteção dos direitos fundamentais
garantido a todos os seres humanos.

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