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AXIOLOGIA - área da filosofia que reflete sobre a dimensão valorativa da ação humana
Os JUÍZOS DE FACTO são juízos sobre o modo como as coisas são. Descrevem um estado de
coisas ou uma situação, podendo essa descrição corresponder ou não à realidade.
> São descritivos
> Têm valor de verdade (podem ser falsos ou verdadeiros)
> São objetivos, porque a sua verdade ou falsidade depende de como é a realidade e
não da opinião de cada pessoa.
Os JUÍZOS DE VALOR são juízos sobre que coisas são belas ou más, agradáveis ou
desagradáveis, belas ou feias, etc… Os juízos de valor atribuem um valor a um certo estado de
coisas – valor esse que pode ser positivo ou negativo.
> Juízos normativos
1. Visam descrever a realidade tal como é 1. Dizem-nos como a realidade deve ser, exprimem
apesar de poderem descrevê-la erradamente. o que julgamos que as coisas devem ser. Por isso,
São juízos descritivos. avaliam certas ações como certas ou erradas. São,
em geral, juízos normativos e prescritivos.
2. Têm valor de verdade, ou seja, podem ser
verdadeiros ou falsos. 2. Discute-se que tenham valor de verdade.
3. Pretendem que haja uma correspondência 3. Pretendem que haja uma correspondência entre
entre o que pensamos que as coisas são e o a realidade (o que as pessoas são e fazem) e o que
que as coisas realmente são. pensamos que a realidade deve ser (o que as
pessoas devem ser e fazer).
1. Durante a Segunda Guerra Mundial, os 1. O extermínio de milhões de pessoas pelos nazis
nazis exterminaram milhões de seres foi um ato criminoso e horrendo.
humanos nos campos de concentração.
SUBJETIVISMO MORAL
Os juízos de valor têm valor de verdade (podem ser verdadeiros ou falsos), mas a sua verdade
não é universal, nem objetiva – varia de acordo com o ponto de vista.
Ninguém tem o direito de julgar, no lugar dos outros, o que é certo e errado. Cada um de nós é
capaz de distinguir o certo do errado.
Ex: Dizer “roubar é errado” significa “eu desaprovo o roubo”. Se a pessoa que faz este juízo
realmente desaprova o roubo, então esse juízo é verdadeiro pelo menos para ela, ou seja, é
realmente verdade que essa pessoa acha que roubar é errado.
OBJETIVISMO MORAL
Os juízos de valor têm valor de verdade e essa verdade/ falsidade não depende de pontos de
vista, sentimentos ou gostos de cada pessoa ou de cada cultura.
Os juízos de valor são uma espécie de juízos de facto com a diferença de que, sobre o seu
conteúdo, ainda não obtivemos certezas.
Existem verdades morais objetivas
RELATIVISMO CULTURAL
A verdade dos juízos morais depende do que cada sociedade acredita ser moralmente correto.
Os juízos morais de cada indivíduo são verdadeiros se estiverem em conformidade com o que a
sociedade a que pertence considera verdadeiro.
Ex: Se um português defender o juízo moral «A mutilação genital feminina é inaceitável», outra
pessoa defensora do relativismo educada numa sociedade com padrões culturais diferentes e
favoráveis a essa prática argumentará: «Estás a querer dizer que esta prática é errada em si
mesma, objetivamente errada? Se é isso que estás a querer dizer, estás a transformar a
maneira de pensar e de sentir da maioria dos membros da sociedade a que pertences em
verdade objetiva e universal, que deve valer para toda a gente neste planeta. Mas isso não faz
sentido. O teu ponto de vista é o ponto de vista da cultura a que pertences. Nada mais. Não é a
verdade. Se a minha sociedade aprova a prática da mutilação genital feminina e eu estou de
acordo com isso então estou a agir bem e dispenso lições de moral».
> Os juízos de valor variam de indivíduo para indivíduo e de cultura para cultura
através do tempo e da geografia, variando ao longo da vida do próprio indivíduo.
ARGUMENTO DA TOLERÂNCIA
> Como estamos em dúvida sobre se temos, ou não, razões sólidas para acreditar
numa das duas teorias em confronto, uma delas, o subjetivismo/relativismo, tem
uma vantagem objetiva que, na dúvida, nos deve levar a optar por ela: promover a
tolerância entre indivíduos e comunidades.
ARGUMENTOS A FAVOR DO OBJETIVISMO
> Nenhum juízo de valor pode ser rejeitado por não corresponder à verdade dos factos.
Ex: Isso implica aceitar que as perspetivas morais dos antigos acerca dos escravos e das
mulheres, ou as do racismo acerca de como tratar aquilo que consideram “raças
inferiores”, não estão nem mais nem menos corretas do ponto de vista moral do que as
perspetivas das modernas sociedades democráticas. Ora, isto é negar a ideia de progresso
moral.
> Se adotarmos o subjetivismo ou o relativismo, um juízo de valor não será nem mais
nem menos objetivamente correto que qualquer outro. Isto vai contra ideias
profundamente enraizadas na maioria de nós. Por um lado, estamos convencidos de
que, quando duas pessoas divergem acerca do valor de um objeto ou ação há
maneiras melhores e piores de discutir. Por exemplo, se se discute o caráter moral de
uma ação, falar da intenção, dos fins ou do grau de consciência com que foi realizada é
importante, mais do que invocar, por exemplo, que uma pessoa célebre aprova essa
ação.
Mas do ponto de vista subjetivista/relativista, todos estes esforços e razões
são inúteis, e todas as pessoas, incluindo especialistas, estão enganadas e
perdem o seu tempo sob a ilusão de estarem a educar ou a discutir.
> O objetivismo oferece uma solução mais simples: há razões e esforços mais e menos
importantes para a qualidade dos nossos juízos de valor, porque os valores fazem de
facto parte do mundo, ainda que seja especialmente difícil encontrar o acordo e a
verdade sobre eles.
ARGUMENTO DO DISSIDENTE
> Este argumento contraria a posição do relativismo cultural.
> O facto de alguns juízos de valor serem considerados verdadeiros e outros falsos é
simplesmente o reflexo das crenças de cada cultura e comunidade.
Ex: Ações que o Egito antigo considerava corretas – escravatura, por exemplo – as
atuais sociedades consideram incorretas, facto que para o subjetivismo /relativismo é
suficiente para mostrar que a moralidade e os gostos variam de época para época e de
sociedade para sociedade, não havendo “verdade dos factos”.
Existe dissidência.
Ex: Se o Egito, ao longo dos tempos acabou por banir a escravatura, foi porque algumas
pessoas formadas nessa cultura originalmente esclavagista – que tomava o juízo “A
escravatura é moralmente aceitável” como verdadeiro -, chegaram à conclusão de
que esse juízo é afinal falso. Mas, como poderiam fazê-lo, se os juízos de valor,
como propõe o relativismo cultural, fossem sempre o espelho do que a cultura
aceita?
1. A moral não é uma questão de 1. Dado que há discórdia 1. O Subjetivismo Moral e o
gosto pessoal, mas de aprovação entre os seres humanos Relativismo Cultural
social. Só isto evita uma completa sobre o que é moralmente conduzem a consequências
anarquia moral. reprovável ou aceitável, não que são difíceis de aceitar.
há juízos morais cuja 1.1. Se é verdade que
2. Só condenamos um verdade seja indiscutível, ou nenhuma norma moral vale
comportamento por estarmos seja, objetivos e universais. para todas as pessoas em
habituados a viver numa sociedade todos os tempos e lugares,
que o reprova. Se vivêssemos numa 2. Assim sendo, não há razão então juízos de elementar
sociedade que o aprovasse, não o objetiva para me submeter bom senso como «Violar
condenaríamos. às opiniões dos outros ou da mulheres é errado» e «É
sociedade a que pertenço. inadmissível que se
3. Dado que há discórdia entre as Devo seguir os meus torturem pessoas só por
diversas sociedades sobre o que é sentimentos de aprovação divertimento» podem ser
moralmente reprovável ou aceitável, ou de reprovação no que negados.
não há juízos morais cuja verdade respeita a assuntos morais. 1.2. Dizer que nenhuma
seja indiscutível, ou seja, objetivos e sociedade ou nenhum
universais. Por si próprio, fora de um 3. O Subjetivismo Moral indivíduo estão errados no
dado contexto cultural, nenhuma promove a liberdade e a que respeita a questões
prática (hábito ou costume) é boa ou autonomia morais. morais levanta a questão de
má. Só somos livres quando saber com que direito
pensamos e agimos segundo julgámos os atos dos nazis
4. O Relativismo Cultural promove a as nossas convicções e como crimes contra a
coesão social, fundamental para que crenças. humanidade. Afinal, não
as sociedades sobrevivam e evitem a estavam a seguir as
confusão quanto ao certo e ao 4. O Subjetivismo Moral convenções morais da
errado. Essa coesão implica que promove a tolerância entre sociedade em que viviam?
consideremos correto o que a indivíduos com convicções Se o assassínio não for
maioria aprova. morais divergentes. objetiva e universalmente
Os meus sentimentos morais errado, não podemos dizer
5. O Relativismo Cultural afirma que não são melhores nem que os nazis agiram
os costumes e hábitos de uma dada piores do que os dos outros. erradamente.
sociedade só podem ser avaliados
pelos critérios dessa própria 2. Diferentes práticas
sociedade. Não há critérios morais morais e diversas
transculturais. Assim, nenhuma convicções morais não
sociedade pode julgar-se superior a implicam que não haja
outra ou tem o direito de impor os juízos morais objetivos. Os
seus padrões morais a outra. partidários do aborto e os
Devemos aceitar mesmo as práticas seus adversários discordam
de que discordamos quanto ao facto de o aborto
profundamente. ser uma forma de
Assim, o relativismo promove a assassínio. Mas concordam
tolerância e previne os malefícios do que o assassínio é
etnocentrismo. moralmente errado.
Argumentos
1. Do desacordo cultural sobre 1. O Subjetivismo Moral 1. Sobre questões morais,
questões morais não deriva permite que qualquer só há opiniões e pontos de
necessariamente que não haja juízo moral seja vista. Os juízos de valor
verdades morais objetivas. verdadeiro. morais variam de indivíduo
para indivíduo e de
2. Há algumas regras morais que todas 2. Se aceitarmos o sociedade para sociedade.
as sociedades têm em comum, pois Subjetivismo Moral, a
essas regras são necessárias para a educação moral 2. Ignora o contexto no qual
sociedade poder existir. consistirá em ensinar ocorre a valoração, esquece
cada um a seguir os seus que o mundo muda e que o
sentimentos. Ora, será sujeito muda com ele.
3. O Relativismo Cultural pode conduzir correto seguir
à aprovação da intolerância. sentimentos malignos e 3. Os que falam da
perversos? necessidade de existirem
4. Moralmente correto não pode ser juízos morais objetivos e
sinónimo de aprovado pela maioria universais estão, de uma
dos membros de uma sociedade 3. O subjetivismo moral forma mal disfarçada, a
porque muitas vezes a maioria não torna impossível uma querer impor os seus
tem razão. genuína discussão sobre pontos de vista aos outros.
questões morais. Se cada
pessoa tem a sua verdade,
5. O relativismo moral torna não há dicussão possível
incompreensível o progresso moral- sobre quem pode estar certo
Se aceitarmos o RC, podemos falar ou quem pode estar errado.
de melhoria ou de progresso moral
das sociedades humanas? Parece
que não. O RC não admite que acima
de toda e qualquer sociedade haja
padrões morais objetivos que
permitam julgá-las. As sociedades
que aboliram a escravatura,
condenaram a discriminação racial,
etc., são vistas como tendo
melhorado e progredido no plano
moral. Isso implica reconhecer que
as sociedades que aprovavam
aquelas práticas estavam erradas.
Mas para o RC nenhuma sociedade
esteve ou está errada nas suas
crenças e práticas morais. Por isso,
em vez de melhoria ou de progresso,
o RC defenderia que as sociedades
simplesmente mudaram. Tudo o que
podemos dizer é que houve tempos
em que a escravatura era
moralmente aceitável e que agora já
Objeções
não é aceite.
VALORES E CULTURA – A DIVERSIDADE E O DIÁLOGO DE CULTURAS
CULTURA - totalidade complexa que inclui conhecimentos, crenças, artes, princípios morais, leis,
costumes e quaisquer outras capacidades adquiridas pelos membros da sociedade
> Algo que nos une e cimenta a nossa identidade enquanto membros de um mesmo
grupo
> Realidade que nos separa daqueles que não partilham as nossas expetativas culturais,
visto por nós, muitas vezes, como elementos ameaçadores.
INTERCULTURALISMO E INTEGRAÇÃO
> Novo modelo de organização social que pretende fomentar o diálogo entre as diferentes
culturas (e não a mera justaposição assente numa tolerância passiva).
> É possível encontrar pontos comuns de encontro entre todas as culturas, ou seja, critérios
transsubjetivos ou transculturais, porque todas as culturas são humanas.