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APRESENTAÇÃO.

Para Max Weber há uma separação entre política e ciência, pois a esfera da política
é irracional, influenciada pela paixão e a esfera da ciência e racional, imparcial e
neutra. O homem político apaixona-se,luta,tem um principio de responsabilidade de
pensar as conseqüências de seus atos. Já o cientista deve ser neutro, amante da
verdade e do Conhecimento cientifica.
BIOGRAFIA.

As teorias de weber não se identificam com nenhuma corrente de


pensamento de sua época nem se encontram perfeitamente sistematizadas numa
obra. Seu pensamento, no entanto, aparece como uma verdadeira síntese da
tradição cientifica e filosófica da Alemanha moderna, pois resgata o melhor da
metodologia e dos conceitos já formulados para propor uma ciência social em que
os múltiplos fatores se encontram relacionados e se explicam reciprocamente.

Max Weber nasceu em Erfurt, Prússia, em 21 de abril de 1864. Filho de um


grande industrial estudou nas universidades de Heidelberg, Berlim e Göttingen. O
prestigio obtido graças a seus primeiros escritos valeu-lhe, em 1895, a nomeação
como professor de economia política na universidade de Freiburg e, no ano
seguinte, em Heidelberg. Uma doença nervosa obrigou-o a abandonar o ensino e o
manteve inativo entre 1898 e 1903.

A partir de 1904, Weber dirigiu a influente revista (arquivo de sociologia e


de política social), na qual publicou diversos ensaios que definiam sua concepção do
método sociológico como reflexão dos modelos básicos, ou “idéias-tipos”, que
regem os comportamentos sociais. Foi nesta revista que publicou também sua obra
mais conhecida e polemica, (1904 – 1905; a ética protestante e o espírito do
capitalismo), que vincula o nascimento do capitalismo à doutrina calvinista da
predestinação e à conseqüente interpretação do êxito material como garantia da
graça divina. Essa tese seria ampliada mais tarde em (1915; a ética econômica das
religiões universais), conformando o primeiro estudo interdisciplinar na historia das
ciências sociais, em que Weber sintetiza pesquisas de historia das religiões e
historia econômica.

De volta ao ensino universitário em 1918, Weber participou, depois de


terminada a Primeira Guerra Mundial, da elaboração da constituição da republica de
Weimar. A intensa atividade publica de seus últimos anos não o impediu de
escrever. Entre os seus textos de publicação póstuma destacam-se os que foram
reunidos em (1921; Estudos reunidos sobre a sociologia das religiões), e,
sobretudo, em (1922; Economia e sociedade). Max Weber morreu em Munique, em
14 de junho de 1920.
CAPITULO 1.
A CIÊNCIA COMO VOCAÇÃO

É do conhecimento de todos que, na Alemanha, a carreira do jovem que se


consagra à ciência tem, normalmente, como primeiro passo, a posição de
Privatdozent. Sobre a apresentação da situação alemã, é prudente ao processo da
analogia e conhecer as condições vigentes no estrangeiro. No que se refere a esse
aspecto, são os Estados Unidos da América que apresentam os contrastres mais
violentos com a Alemanha, razão pela qual dirigimos nossa atenção para aquele
pais. Já nos Estados Unidos da América, inicia-se a carreira acadêmica de maneira
totalmente diversa: principia-se pele desempenha da função de “assistente”. Trata-
se do modo de proceder muito próximo, por exemplo, ao dos grandes institutos
alemães das Faculdades de Ciências e de Medicina, em que a habilitação formal à
posição de Privatdozent somente é tentada por pequena fração de assistentes e,
frequentemente, em fase avançada das respectivas carreiras. Nosso sistema
apresenta diferença com relação ao americano principalmente porque, na
Alemanha, a carreira de um jovem de ciência se apóia em alicerces plutocráticos.

Reina nos Estados Unidos da América, em oposição ao nosso, o sistema


burocrático. Logo no inicio da carreira, o jovem cientista recebe um pagamento. É
um salário modesto. No entanto, o jovem parte de uma situação confortavelmente
estável. Entretanto o regulamento prevê que se possa despedi-lo, assim como são
afastados os assistentes alemães, quando não correspondem as expectativas.

Entre o sistema alemão e o americano há outra diferença. Em geral, na


Alemanha, o Privatdozent dá menos cursos que desejaria. Certamente ele tem o
direito de oferecer todos os cursos dentro de sua especialidade. Agir assim, porem,
seria considerado indelicadezas para com os Dozenten mais antigos. Por
conseguinte, os “grandes” cursos ficam reservados para os professores e os
Dozenten devem limitar-se aos cursos de importância secundaria. Nesse sistema
os Dozenten encontram a vantagem, talvez involuntária, de, durante a juventude,
dispor de tempo que pode ser consagrado aos trabalhos científicos. A organização é
basicamente diferente nos Estados Unidos da América, durante os anos de
juventude é que o assistente se vê literalmente sobrecarregado de trabalho,
exatamente porque é remunerado.

Ultimamente podemos observar nitidamente que, em numerosos domínios


da ciência, desenvolvimentos recentes do sistema universitário alemão orientam-se
em conformidade com o sistema norte-americano. É notável o surgimento, como
alias em todos os lugares em que se implanta uma empresa capitalista, do
fenômeno especifico do capitalismo, que o de “privar o trabalhador dos meios de
produção”.
Assim como acontece em outros setores de nossa vida, a universidade
alemã se americaniza, sob importantes aspectos. Convenço-me de que essa
evolução chegara mesmo a atingir as disciplinas em que o trabalhador é
proprietário pessoal de seus meios de trabalho.

De outra é feita, é necessário compreender claramente que as deficiências


observadas na relação que se opera por vontade coletiva não explicam, em si, o
motivo de a decisão relativa aos destinos universitários ser, na maioria das vezes
deixada ao “acaso”. Qualquer jovem que acredite possuir a vocação cientifica deve
inteirar-se de que a tarefa que o espera tem duplo aspecto. Pois que ele deve ter
não somente as qualificações de um cientista, mas também as do professor.
Efetivamente, as coisas se passam da seguinte maneira: as universidades alemãs,
principalmente as pequenas, entregam-se entre se, a mais ridícula concorrência
para atingir estudantes. Oriundo da contribuição dos estudantes importa confessá-
lo, a renda é condicionado pelo fato de outros professores que “atraem grande
números de alunos” ministrarem cursos de disciplinas afins. Sempre que um
Dozenten se diz ser mau professor, na maioria das vezes, é o mesmo que
pronunciar uma sentença de morte universitária, conquanto seja ele o primeiro dos
cientistas do mundo.

Por conseguinte, a vida universitária está entregue a um cego acaso.


Sempre que um jovem cientista nos procura para pedir conselho, visando sua
habilitação, quase impossível é assumir a responsabilidade de lhe aprovar o
desígnio. Porem é necessário que a todos os outros candidatos igualmente se
pergunte. “Você se julga capaz de vê, sem se desesperar nem se amargurar, ano
após ano, passar a sua frente mediocridade após mediocridade?” É evidente que se
recebe sempre a mesma resposta: “Certamente que sim! Vivo tão-somente para
minha vocação”.

Entretanto, igualmente certa é esta outra questão: por mais que seja
intenso esse entusiasmo, por mais sincero e mais profundo, apenas ele não basta,
absolutamente, para que se alcance êxito. Por certo, esse entusiasmo não passa de
requisito da “inspiração”, que é o único fator decisivo. Nos dias de hoje, ache-se
amplamente disseminada, nos meios da juventude, a idéia de que a ciência se teria
transformado numa operação de calculo, que se realizaria em laboratórios e
escritórios de estatísticas, não com a plenitude da “alma”, conquanto apenas com o
auxilio do entendimento frio, semelhante ao trabalho em uma indústria. A isso se
deve inicialmente responder que os que assim se manifestam não têm,
obviamente, nenhuma idéia a respeito do que se passa numa indústria ou num
laboratório. Tanto caso como no outro, certamente, é necessário que algo ocorra no
espírito trabalhador. No campo das ciências, a intuição do principiante pode ter
significado tão grande quanto à do especialista e, por vezes, ate maior. Por isso que
devemos muitas das hipóteses mais frutíferas e dos conhecimentos de maior
alcance a principiantes. A intuição não substitui o trabalho, mas este, por seu
turno, não pode substituir nem forçar o nascimento da intuição, o que o entusiasmo
também não pode fazer. No entanto o trabalho e o entusiasmo fazem com que
brote a intuição, principalmente quando ambos atuam com simultaneidade.
Conquanto isso, a intuição não se manifesta quando nós queremos, mas sim
quando ela quer. Por certo que as melhores idéias nos ocorrem, consoante
observação de Ilhering, quando nos encontramos sentados em uma poltrona e
fumando charuto. De qualquer forma, as idéias nos surgem quando não as
esperamos e não quando, sentados a nossa mesa de trabalho, cansamos o nosso
cérebro a procurá-los. Entretanto, é positivo que não nos ocorreriam se,
anteriormente, não houvéssemos refletido longamente em nossa mesa de estudo e
não houvéssemos, com devoção entusiasmada, buscando uma resposta. Seja como
for, o estudo esta compelido a contar com o acaso, sempre presente em todo
trabalho cientifico.

Senhoras e senhores! Tão-somente aquele que se coloca pura e


simplesmente a serviço sua causa possui “personalidade”, no mundo da ciência.

Na atualidade criou-se o habito de falar insistentemente numa “ciência sem


pressupostos”. Essa ciência existe? Obviamente vai depender do que se entenda
pelas palavras empregadas. Todo trabalho cientifico pressupõe sempre a validade
das regras da lógica e da metodologia, constituidoras dos fundamentos gerais de
nossa orientação no mundo. Referente à questão que nos preocupa, esses
pressupostos são os que há de menos problemático. Ainda a ciência pressupõe que
o resultado a que o trabalho cientifica leva é importante em se mesmo, quer dizer,
merece se conhecido. Pois bem, positivamente é nesse ponto que se reúnem todos
os nossos problemas, já que esse pressuposto escapa a qualquer demonstração por
meios científicos. É impossível interpretar o sentido ultimo desse pressuposto –
simplesmente é aceita-lo ou recusá-lo, de acordo com as tomadas de posição
pessoais, definitivas, frente à vida.

Neste momento, por um instante, detenhamos nas disciplinas que me são


familiares, que são a sociologia, a história, a economia política, a ciência política e
todos os tipos de filosofia da cultura que tem por fim a interpretação dos diversos
tipos de conhecimentos precedentes. É costume dizer, e eu concordo que a política
não tem seu lugar nas salas de aulas das universidades. A política está, mais do
que nunca, deslocada. Certamente, uma coisa é tomar uma posição política pratica,
e outra coisa é analisar cientificamente as estruturas políticas e as doutrinas dos
partidos. Se, numa reunião publica, discute democracia, não se faz segredo da
posição pessoal adotada e a necessidade de tomar partido de maneira clara se
impõe, então, como um dever maldito.

Essencialmente, por que razoes devemos abster-nos?Deduzo que


determinado números de meus respeitáveis colegas opinará no sentido de que é,
geralmente, impossível pó em pratica esses escrúpulos em pessoais e que, se
possível, seria fora de propósito adotar precauções semelhantes. Eis que não se
pode demonstrar a ninguém aquilo em que consiste o dever de um professor
universitário. Nada mais se poderá exigir dele do que probidade intelectual ou, em
outras palavras, a obrigação de reconhecer que constituem dois tipos de problemas
heterogêneos. De um lado, o estabelecimento de fatos, a determinação das
realidades matemáticas e lógicas ou a identificação das estruturas intrínsecas dos
valores culturais. De outro lado, a resposta a questões referentes ao valor da
cultura e de seus conteúdos particulares ou a questões relativas à maneira como se
deveria agir na cidade e em meio a agrupamentos políticos. Agora,se me fosse
perguntado por que esta ultima serie de questões deve ser excluída de uma sala
de aula, eu responderia que o profeta e o demagogo estão deslocados de uma
cátedra universitária. Tanto o profeta quanto ao demagogo compete dizer: “Vá à
rua e fale em publico”, quer dizer, que ele em lugar onde possa ser criticado. Em
uma sala de aula enfrenta o auditório de maneira totalmente diversa: a palavra é
do professor, e os estudantes estão condenados ao silencio. Impõe as
circunstancias que alunos sejam obrigados a seguir os cursos de um professor,
tendo em vista a futura carreira e que nenhum dos presentes a uma sala de aula
possa criticar o mestre. È imperdoável ao um professor valer-se dessa situação
para buscar incutir em seus discípulos as suas próprias concepções políticas, em
vez de lhes ser útil, como é de seu dever, através da transmissão de
conhecimentos e de experiência cientifica.

Recorrendo às obras de nossos historiadores, tenho condições de lhes


fornecer provas de que, sempre que um homem de ciência permite que se
manifestem seus próprios juízos de valor, ele perde a compreensão integral dos
fatos.

A tarefa primeira de um competente professor é de levar seus discípulos a


reconhecerem que há fatos que geram desconforto, assim entendidos aqueles que
desagradam a opinião pessoal de um individuo. Positivamente, existem fatos
extremamente desagradáveis para cada opinião, inclusive a minha. Um professor
que obriga seus alunos a se habituarem a esse gênero de coisa, pensa, assim,
realiza uma obra mais que meramente intelectual e não hesito em qualificá-lo de
“moral”.

Uma parte de nossa juventude comete erro quando, segundo nossa


observação, replica: “Seja! Mas se freqüentamos os cursos que vocês ministram é
para ouvir coisa diversa da analises e determinação de fatos”, consiste esse erro
em procurar no professor algo deferente de um mestre diante de seus discípulos. A
juventude espera um líder e não um professor. Eis que somente como professor
que se ocupa uma cátedra. É necessário que não faça confusão em duas coisas tão
diferentes. Assim, facilmente podemos convencer-nos da necessidade dessa
distinção.

Peço para conduzir-los uma vez mais aos Estados Unidos da América, já que
lá se podem observar certos números de realidades em sua feição original e mais
contundentes. O jovem americano aprende menos coisas que o jovem alemão. O
jovem norte-americano nada respeita nem a pessoa, nem a tradição, nem a
situação profissional, todavia inclina-se diante da grandeza pessoal de qualquer
individuo. Ele denomina a isso “democracia”. Por caricatural que possa parecer à
realidade norte-americana, quando a colocamos diante da significação verdadeira
da palavra democracia, aquele é o sentido que lhe atribui e, para o momento, isso
é o que importa.

Após essas considerações, os senhores poderão inquirir: se é dessa forma,


essencialmente qual a contribuição positiva da ciência para a vida pratica e
pessoal?

Em primeiro lugar, a ciência põe naturalmente à nossa disposição


determinado numero de conhecimentos que nos permitem dominar tecnicamente a
vida através da previsão, tanto naquilo que diz respeito à esfera das coisas
exteriores quanto ao campo da atividade dos homens.

Em segundo lugar, a ciência nos fornece algo que o comercio de legumes


não nos pode, certamente, proporcionar: métodos de pensamento, ou seja, os
instrumentos e uma disciplina. A ciência contribui para a “clareza”. Com a condição
de que nós, os cientistas, de antemão a possuamos. Caso assim seja, poderemos
dizer claramente que, diante de tal problema de valor, é possível adotar, na
pratica, esta ou aquela questão. A ultima contribuição que a ciência dá a serviço da
clareza, contribuição ale da qual não há outras. Os cientistas podem – e devem –
mostrar que tal ou qual posição adotada deriva, logicamente e com toda certeza,
quando ao “significado” de tal ou qual visão ultima e básica do mundo. Uma
tomada de posição pode derivar de uma visão única do mundo ou de varias
diferentes entre si. O que sem duvida, é preciso aqui pressupor – poderemos coagir
uma pessoa a dar-se conta do sentido ultimo de seus próprios atos ou, no mínimo,
ajudá-la nesse sentido. Parece-me que esse resultado não é desprezível, mesmo
naquilo que se refere à vida pessoal. Quando um professor alcança tal resultado,
inclino-me a dizer que ele se põe a serviço de potencias “morais”, isto é, a serviço
do dever de levar a brotagem, nas almas alheias, a clareza e o sentido de
responsabilidade.

Na atualidade, a ciência é uma “vocação” alicerçada na especialização e


posta a serviço de uma tomada de consciência de nós mesmos e do conhecimento
das relações objetivas. A ciência não é produto de revelações, tampouco é graça
que um profeta ou um visionário houvesse recebido para assegurar a salvação das
almas.

Não cesso de formular a pergunta o povo a quem essas palavras foram


ditas, de viver à espera há dois mil anos, e nós lhe conhecemos o destino
perturbador. Aprendamos a lição! Com base no fervor e na espera somente, nada
se faz ate agora. Carece agir de outra forma, entrega-se ao trabalho e responder as
exigências de cada dia – tanto no campo da vida comum, quanto no campo da
vocação. Se cada um encontrar e obedece ao demônio que tece as teias de sua
vida, esse trabalho será simples e fácil.
CAPÍTULO 2.
A POLÍTICA COMO VOCAÇÃO

Que entendemos por política? É extraordinariamente e amplo o conceito e


abrange toda espécie de atividade diretiva e autônoma. Comenta-se da política de
divisas de um banco, da política de descontos do Reichsbank, da política adotada
por um sindicato durante uma greve. Também é possível falar da política escolar de
uma comunidade urbana e rural, da política da diretoria que está dirigindo uma
associação e, ate, da política de uma esposa hábil, que procura governar seu
marido. Por política entendamos tão-somente a direção do agrupamento político
hoje denominado “Estado” ou a influencia que se exerce nesse sentido.

Então, que é um agrupamento “político”, na ótica de um sociólogo? Que é


um Estado? O Estado sociologicamente, não se deixa definir por seus fins.
Realmente quase não existe uma tarefa de que agrupamento político qualquer não
haja ocupado alguma vez. O Estado não se deixa definir, sociologicamente, a não
ser pelo especifico meio que lhe é peculiar, da forma como é, peculiar a todo outro
agrupamento político, a saber, o uso da coação física.

“Todo o Estado se fundamenta na força”, disse um dia Trotsky a Brest-


Litovsk. Grande verdade! Se existissem apenas estruturas sociais das quais a
violência estivesse ausente, o conceito de Estado teria também desaparecido e
apenas subsistido o que, no sentido próprio da palavra, se denomina “anarquia”.
Por evidencia, a violência não é o único instrumento de que se vale o Estado – não
se tenha a respeito a qualquer duvida -, mas é seu instrumento especifico. Na
atualidade, a relação entre Estado e violência é particularmente intima. Desde
sempre, os agrupamentos políticos mais diversos – começando pela família –
recorrem à violência física, tendo-a como instrumento pessoal de poder.
Entretanto, nos dias de hoje devemos conceber o Estado contemporâneo como uma
comunidade humana que, dentro do limite de determinado território – a noção de
território corresponde a um dos elementos essenciais do Estado. Sem duvida, é
próprio de nossa época o não reconhecer, com referencia a qualquer outro grupo
ou aos indivíduos, o direito de fazer uso da violência, a não ser nos casos em que o
Estado o tolere. Neste caso, o Estado se transforma na única fonte do “direito” a
violência. Por conseguinte, entenderemos por política o conjunto de esforços feitos
visando a participar do poder ou a influenciar a divisão do poder.

De modo geral, essa definição corresponde ao uso corrente do vocábulo.


Quando de uma questão se diz que é “política”, quando se diz de um ministro ou
funcionário que são “políticos”, quando se diz de uma decisão que foi determinada
pela “política”, é necessário entender, no primeiro caso, que os interesses de
divisão, conservação ou transferência do poder são fatores essenciais para que se
possa esclarecer aquela questão. No segundo caso, impõem-se entender que
aqueles mesmos fatores condicionam o campo de atividade do funcionário em
estudo, bem como, no ultimo caso, determinam a decisão. Qualquer homem que se
entrega a política aspira ao poder – seja porque o considere como instrumento a
serviço da consecução de outros fins, ideais ou egoístas, seja porque deseje o
poder “pelo poder” para gozar do sentimento de prestigio que só o poder confere.

Primordialmente existem – e veremos três razoes internas que justificam a


dominação, existindo, conseqüentemente, três fundamentos da legitimidade.
Inicialmente, a autoridade do “passado eterno”, ou seja, dos costumes justificados
pela validez imemorial e pelo habito, enraizado nos homens, de respeitá-los. Assim
se apresenta o “poder tradicional”, que o patriarca ou senhor de terras exercia
antigamente. Em segundo lugar, existe a autoridade que se baseia em dons
pessoais e extraordinários de um individuo (carisma) – devoção e confiança
estritamente pessoais depositadas em alguém que se diferencia por qualidades
prodigiosas, por heroísmo ou por outras qualidades exemplares que delem fazem o
chefe. Desse jeito é o poder “carismático”, exercido pelo profeta ou – no domínio
político – pelo dirigente político eleito, pelo soberano escolhido por meio de
plebiscito, pelo grane demagogo ou pelo dirigente de um partido político. Em suma,
existe a autoridade que se impõe pela “legalidade”, pela crença na validez de um
estatuto legal e de uma “competência” positiva, estruturadas e regras
racionalmente estabelecidas ou, em outras palavras, a autoridade fincada na
obediência, que reconhece obrigações concernentes ao estatuto estabelecido. Assim
é o poder, tal qual o exerce o “servidor do Estado” atualmente e como o exercem
todos os detentores do poder que dele se aproximam sob esse aspecto.

Na realidade concreta, é dispensável dizer que a obediência dos súditos é


condicionada por motivos extremamente poderosos implantados pelo medo ou pela
esperança – tanto pelo medo de uma vingança das potencias mágicas ou dos
detentores do poder quanto à esperança de uma recompensa nesta terra ou em
outro mundo. Da mesma forma, a obediência pode ser condicionada por outros
interesses e os mais variados.

Qualquer empresa de dominação que reclame continuidade administrativa


exige, de um lado, que a atividade dos súditos se oriente em detrimento da
obediência divida aos senhores que pretendem ser detentores da força legitima e
exige, de outro lado e em virtude daquela obediência, controle dos bens materiais
que, em alguns casos, se tornem necessários para aplicação da força física.

Denominaremos de agrupamento organizado “segundo o principio das


ordens” ao agrupamento político na quais os meios materiais de gestão são total ou
parcialmente propriedade do estado-maior administrativo. Exemplificando, na
sociedade feudal, o vassalo pagava com seus próprios recursos, as despesas de
administração e de aplicação da justiça no território que lhe havia sido confiado e
tinha a obrigação de equipar-se e aprovisionar-se, em caso de guerra. Tal situação
tinha alguns efeitos concernentes ao exercício do poder pelo suserano, de vez que
o poder deste baseava-se apenas no juramento pessoal de fidelidade e na
circunstancia de que a “legitimidade” da posse de um feudo e honra social do
vassalo derivavam do suserano.

Tentemos compreender claramente, sem equívocos sob todos os ângulos, a


significação do aparecimento dessa nova espécie de “homens políticos
profissionais”. Múltiplas formas de dedicação à política são possíveis – e é o mesmo
que dizer que é possível, de diversas maneiras, exercer influencia sobre a divisão
do poder entre formações políticas divergentes ou no seio de cada uma delas. A
política pode ser praticada de maneira “ocasional”, mas é igualmente transformar a
política em profissão secundaria ou em profissão principal, exatamente como ocorre
na esfera da atividade econômica. A política é exercida “ocasionalmente” por todos,
ao introduzirmos nosso voto em uma urna ou ao exprimirmos nossa vontade de
maneira semelhante, como, por exemplo, manifestando desaprovação ou
concordância no curso de uma reunião “política”, pronunciando um discurso
“político”, etc. Para inúmeras pessoas, aliás, o contato com a política se reduz a
esse tipo e manifestações. Outros fazem da atividade política a profissão
“secundaria”. Esse é o caso de que todos aqueles que desempenham o papel de
homens de confiança ou de membros de partidos políticos e que, costumeiramente,
agem assim apenas em caso de necessidade, sem disso fazerem “vida”, nem no
sentido material nem no sentido moral. Também é desse gênero o caso dos
integrantes de conselhos de Estado ou de outros órgãos consultivos, que exercem
atividades apenas quando provocados. E mais, assim é o caso de muitíssimo,
parlamentares que exercem atividade política somente durante o período de
sessões. Antigamente era comum esse tipo de homem político, na estruturação por
“ordens”, indicamos o que, por direito pessoal, eram proprietários dos meios
materiais de gestão, fossem de caráter administrativo ou militar, ou os beneficiários
de privilégios pessoais.

Há duas formas de exercer política. Pode-se viver “para” a política ou viver


“da” política. Nada há de exclusivo nessa dualidade. Ate ao contrario, geralmente
se faz uma e outra coisa simultaneamente, tanto na idealidade quanto na pratica.
Quem vive “para” a política a transforma, no sentido mais profundo do termo, em
“objetivo de sua vida”, seja porque encontra forma de gozo na simples posse de
poder, seja porque o exercício dessa atividade lhe permite achar equilíbrio interno e
exprimir valor pessoal, colocando-se a serviço de uma “causa” que da significação a
sua vida. Neste sentido profundo, todo homem serio, que vive para uma causa,
vive também dela. Portanto, assenta-se nossa distinção num aspecto
extremamente importante da condição do homem político, que é o aspecto
econômico. Do que vê na política uma permanente fonte de rendas, diremos que
“vive da política” e diremos, no caso contrario que “vive para a política”. Num
regime que se amalgama na propriedade privada, é preciso que se reúnam certas
condições, que os senhores poderão considerar triviais, para que, no sentido
mencionado, um homem possa viver “para” a política. Em condições normais, deve
o homem político ser economicamente independente das vantagens que a atividade
política lhe possa proporcionar. Isso quer dizer que lhe é indispensável possuir
fortuna pessoal ou ter, no seio da vida privada, situação suscetível de lhe assegurar
ganhos suficientes. Deve ser dessa forma, ao menos em condições normais, já que
os seguidores do chefe guerreiro dão tão pouca importância às condições duma
economia normal quanto os companheiros do agitador revolucionário.

Desde o inicio dos Estados constitucionais e mesmo desde o inicio das


democracias, o “demagogo” tem sido o chefe político típico do ocidente. O gosto
desagradável que essa palavra provoca em nós não nos deve levar a esquecer que
foi Péricles e não cléon o primeiro que a mereceu. Não tenho função alguma,
melhor dizendo, ocupando a única eletiva existente, a de estratégia superior –
enquanto todos os outros postos na democracia antiga eram conseguidos por
sorteio - , ele dirigia a eclésia soberana dos demos ateniense. Verdade é que a
demagogia moderna faz uso do discurso – e numa proporção perturbadora, se
pensarmos nos discursos eleitorais que o candidato moderno esta obrigado a
pronunciar -, mas faz uso ainda maior da palavra impressa. Por esse motivo é que
o publicista político e, muito mais particularmente, o jornalista são, na atualidade,
os mais notáveis representantes da demagogia.

Apoiando no principio da separação de poderes, o spoil system só foi


possível tecnicamente nos Estados Unidos da América porque a juventude daquela
civilização tinha condições para suportar uma administração de meros diletantes.
Por certo, o fato de que de trezentos a quatrocentos mil militantes não tivessem
outra qualificação para exibir, a não ser os bons e leais serviços prestados ao
partido a que pertenciam, fez seguir, ao longo do tempo, grandes dificuldades e
conduziu a uma corrupção e a um desperdício nunca vistos, possíveis de serem
suportados apenas por um país de possibilidades econômicas ilimitadas.

Desse sistema de maquina plebliscitaria nasceu uma figura política: a do


boss. Que é boss? É um empresário político capitalista, que busca os votos
eleitorais em beneficio próprio, correndo os riscos e perigos próprios dessa
atividade.

O boss não profeta princípios e não apega a uma doutrina política definida.
Uma única coisa é importante a seus olhos: como conseguir o maior numero de
votos possível! Verdade é que os bosses se lançam contra o outsider que, na
hipótese de uma eleição, poderia ameaça-lhe as fontes de renda e de poder. Apesar
de tudo, e em razão mesmo da concorrência que se estabelece para ganhar o
beneplácito publico, os bosses viram-se, inúmeras vezes, obrigados a resignar-se e
aceitar justamente os candidatos que se apresentavam como adversários da
corrupção.

É absolutamente impossível prever qual o contorno exterior que virá a


assumir a atividade política entendida como “vocação”, principalmente porque não
se acha meio de oferecer aos vocacionados para a política oportunidade de se
devotarem a uma tarefa satisfatória.

Agora, quais são as alegrias interiores que a carreira política pode


proporcionar a quem a ela se entrega e que previas condições poderia supor?

Claro, antes de tudo, ela concede o sentimento de poder. A possibilidade de


influir sobre outros seres humanos, o sentimento de participar do poder e, acima de
tudo, a consciência de figurar entre os que detêm nas mãos um elemento
importante da historia que se constrói podem elevar o político profissional, mesmo
aquele que ocupa apenas modesta posição, acima da banalidade da vida cotidiana.

Três qualidades determinantes do homem político podemos notar com


precisão: paixão, sentimento de responsabilidade e senso de proporção. Paixão no
sentido de “propósito de realizar”, ou seja, devoção apaixonada por a uma “causa”,
ao deus ou ao demônio que a inspira.

Obviamente que o simples politiqueiro do poder, objeto, também entre nós,


de um culto cheio de fervor, pode alcançar grandes efeitos, mas tudo se perde no
vazio e no absurdo. Aqueles que criticam a “política do poder” têm nesse caso,
inteira razão. A derrocada moral intempestiva de determinados representantes
típicos dessa atitude permitiu que fossemos testemunhas da fraqueza e da
impotência que se dissimulam por trás de certos gestos cheios de arrogância,
conquanto inteiramente inúteis. Política desse naipe não passa jamais de produto
de um espírito embotado, soberanamente superficial e medíocre, incapaz de
apreender qualquer significação da atividade humana.

Aquele que pretende segundo a ética do Evangelho deve renunciar a fazer


greve – a greve é uma coação – e não lhe resta solução possível que não a de
filiar-se a um sindicato amarelo [sindicato que não faz defesa da classe]. Agindo de
acordo com as regra do Evangelho, o pacifista deporá as armas ou as lançara longe
em respeito ao dever ético, da forma como se recomendou na Alemanha, para pôr
fim não apenas a guerra como todas as guerras.

O político saberá que essa forma de agir, observando os resultados, longe de


lançar luz sobre a verdade, irá obscurecê-las, pelos abusos e pelo
desencadeamento de paixões que ira provocar. Político entende que só elaboração
metódica dos fatos, procedida imparcialmente, poderá produzir frutos, ao passo
que qualquer outro método acarretará para a nação que o empregue,
conseqüências que, provavelmente, exijam anos para deixar de manifestar-se. É
bem da verdade se existe um problema de que a ética absoluta não se ocupa, esse
é o problema das conseqüências.

A violência é o instrumento decisivo da política. Pode-se ter idéia de ate


onde estender, do ponto de vista ético, a tensão entre meios e fim, quando se
considera a bastante conhecida atitude dos socialistas revolucionários da corrente
Zimmerwald.

Os primeiros cristãos sabiam perfeitamente que o mundo estava dominado


por demônios e que o individuo que se comprometesse com a política, ou seja, com
os instrumentos do poder e da violência estava concluído um pacto com potências
diabólicas. O gênio ou demônio da política vive em estado de tensão extrema com o
Deus do amor e também com o Deus dos cristãos, tal qual este se manifesta nas
instituições da igreja.

O simples fato de que um de meus interlocutores tem vinte anos, quando eu


já passo dos cinqüenta, não pode, afinal de contas, autorizar-me a pensar que isso
constitua uma conquista diante da qual se imponha uma respeitosa inclinação. A
idade não importa, mas sim a soberana competência do olhar, que sabe que as
realidades da vida, e a força e alma que é capaz de suportá-la e de elevar-se à
altura delas.

A política é um esforço tenaz e enérgico para atravessar grossas vigas de


madeira. Todavia, importa que se amem desde o presente momento, pois de outra
forma não virão a alcançar nem mesmo o que hoje é possível.

Ciência e Política – Duas Vocações.

O principal objetivo de Weber com o livro ciência e política – duas vocações


é compreender o sentido que cada pessoa dá a sua conduta e perceber assim a sua
estrutura compreensível. Aquele propõe que se deve entender e interpretar e
explicar, o significado a organização e o sentido e evidenciar irregularidades de
comportamentos.

Com este pensamento, não possuía a idéia de negar a existência ou a


importância dos fenômenos sociais, dando importância à necessidade de entender
as intenções e motivações dos indivíduos que vivenciam essas situações sociais. Ou
seja, a sua idéia é que no domínio dos fenômenos naturais só se podem aprender
as regularidades observadas por meio de proposições de forma e natureza
matemática. É preciso explicar os fenômenos por meio de proposições confirmadas
pela experiência, para poder ter o sentimento e compreende-las.

Weber também se preocupa muito com a criação de certos instrumentos


metodológicos que possibilitassem ao cientista uma investigação dos fenômenos
particulares sem que ele na infinidade desfigurada dos seus aspectos concretos,
sendo que o principal instrumento é o tipo ideal, o qual cumpriria duas funções
principais: primeiro a de selecionar explicitamente a dimensão de uma maneira
pura, sem suas sutilezas concretas.

A ciência positiva e racional pertence ao processo histórico de tornar mais


eficiente por meios de métodos científicos, sendo composta por duas características
que comandam o significado e a sinceridade científica. Em que estas duas
características são o não – acabamento essencial e a objetividade, em que esta, é
definida pela validade da ciência para os que procuram este tipo de verdade, e pela
não aceitação dos juízos de valor. Segundo Weber o não – acabamento é
fundamental.

Para Max Weber há uma separação entre política e ciência, pois a esfera da
política é irracional, influenciada pela paixão e a esfera da ciência é racional
imparcial e neutra. O homem político apaixona-se, luta, tem um principio de
responsabilidade de pensar as conseqüências de seus atos. O político entende por
direção do Estado, tem uma relação mutua de força, capacidade de impor sua
vontade a demais pessoas e grupos políticos. Já o cientista deve ser neutro,
amante da verdade e do conhecimento cientifico, não deve emitir opiniões e sim
pensar segundo os padrões científicos, deve fazer ciência por vocação. Se o
cientista apaixona-se pelo objeto de sua investigação não será imparcial nem
objetivo.

Weber propõe a distinção radical entre fatos e valores. Os valores não são
do plano sensível nem do transcendente, são criados pelas desilusões humanas e
diferem dos atos pelos quais os indivíduos percebem o real e a verdade. Para
Weber há uma grande diferença entre ciência e valor em que o valor é o produto
das intenções. Ele argumenta que as sociedades são meios de onde os valores são
criados, mas ela não é concreta.
Ciência e Política: Duas Vocações
Deborah Barbosa Dias
Luis Antonio Campelo dos Reis
Elisangela Novaes Brasil
José Américo Junior

Alunos da UFT:Vitório Pereira da Costa


Genilza

Palmas-TO
30 de Setembro de 2008

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