Sunteți pe pagina 1din 3

31◦ Colóquio Brasileiro de Matemática

IMPA, Rio de Janeiro, 30 de Julho de 2017 a 05 de Agosto de 2017

Conjunto de Cantor: um conjunto não enumerável com


medida de Lebesgue zero
Elis Coimbra de Moura, Profa Dra Elisa Regina dos Santos
Faculdade de Matemática - Universidade Federal de Uberlândia
coimbrademouraelis@yahoo.com, elisars@ufu.br

Introdução

A medida de Lebesgue µ de um conjunto unitário {x}, consistindo de um único ponto x ∈ R, é zero, pois

µ({x}) = inf {µ(A) : x ∈ A = (a, b], a, b ∈ R}


   
1 1
≤ inf µ(An ) : An = x − , x − ,n ∈ N
n n
 
2
= inf : n ∈ N = 0.
n

Consequentemente, a medida de Lebesgue de qualquer conjunto enumerável {xn }n∈N ⊂ R também é zero, pois


X
µ({xn }n∈N ) = µ({xn }) = 0.
n=1

Em particular, obtemos que µ(Q) = 0. No entanto, existem conjuntos não enumeráveis com medida de Lebesgue
zero. O exemplo mais interessante é o conjunto de Cantor, que apresentaremos neste trabalho.
Para mais informações sobre a medida de Lebesgue, indicamos as referências [2], [3] e [4].

Conjunto de Cantor

Para construirmos o conjunto de Cantor, consideremos o intervalo I = [0, 1] da reta real. No 


primeiro

1 2 1 2
passo, trisseccionamos o intervalo I nos pontos e e, em seguida, removemos seu terço médio aberto , .
3 3 3 3
Denotemos por C1 o conjunto dos pontos restantes de I, isto é,
   
1 2
C1 = 0, ∪ ,1 .
3 3

1 2 7 8
No segundo passo, trisseccionamos cada um dos dois intervalos fechados de C1 , nos pontos , , e , e
    9 9 9 9
1 2 7 8
removemos os terços médios abertos , e , desses intervalos fechados. Denotamos então por C2 o
9 9 9 9
conjunto formado pelos pontos restantes de C1 , isto é,
       
1 2 1 2 7 8
C2 = 0, ∪ , ∪ , ∪ ,1 .
9 9 3 3 9 9

Repetindo este processo, no terceiro passo, obtemos o conjunto


               
1 2 1 2 7 8 1 2 19 20 7 8 25 26
C3 = 0, ∪ , ∪ , ∪ , ∪ , ∪ , ∪ , ∪ ,1 .
27 27 9 9 27 27 3 3 27 27 9 9 27 27

1
A figura a seguir representa os três primeiros passos da construção.

Figura 1: Construção do conjunto de Cantor

Prosseguindo desta maneira, obtemos uma sequência de conjuntos

C1 , C2 , C3 , . . . , Cn , . . .

tais que

I ⊃ C1 ⊃ C2 ⊃ C3 ⊃ · · · ⊃ Cn−1 ⊃ Cn ⊃ . . . ,

em que Cn é constituı́do dos pontos do conjunto Cn−1 excluı́dos os terços médios abertos. Observemos que
cada Cn consiste em 2n intervalos fechados e disjuntos dois a dois.
O conjunto de Cantor é o que resta após aplicarmos esse procedimento para todo n ∈ N. Apresentamos
a seguir a definição precisa de tal conjunto.
Definição 1. O conjunto de Cantor C é a interseção dos conjuntos Cn , obtidos através da remoção sucessiva

\
dos terços médios abertos do intervalo I = [0, 1], ou seja, C = Cn .
n=1

1 2
À primeira vista, pode parecer que C é o conjunto vazio, mas isto não acontece pois os pontos 0, , e 1
3 3
permanecem em todos os conjuntos Cn , estando assim no conjunto de Cantor.

Resultados

Dado x ∈ [0, 1], representar x na base 3 significa escrever x = (0, x1 x2 x3 . . . xn . . . )3 onde cada um dos
dı́gitos xn é igual a 0, 1 ou 2, de tal modo que

x1 x2 x3 xn
x= + + + · · · + + ···.
31 32 33 3n
Teorema 1. Os elementos do conjunto de Cantor possuem expansão ternária (base 3) usando os dı́gitos 0 e 2,
isto é,


( )
X in
C= x ∈ [0, 1] : x = para in = 0 ou in = 2 .
n=1
3n

Demonstração
  do Teorema 1. No primeiro passo da construção do conjunto de Cantor, ao retirarmos o intervalo
1 2
aberto , , excluı́mos os valores x do intervalo [0, 1] cuja representação ternária, x = (0, x1 x2 x3 . . . )3 , tem
3 3
1
x1 = 1, com a única exceção de = (0, 1)3 que permanece.
3
   
1 2 7 8
No segundo passo, excluı́mos os números reais dos intervalos , e , , ou seja, aqueles da forma
9 9 9 9
1 7
(0, 01x3 x4 x5 . . . )3 ou da forma (0, 21x3 x4 x5 . . . ), com exceção de = (0, 01)3 e = (0, 21)3 que permanecem.
9 9

2
       
1 2 7 8 19 20 25 26
No terceiro passo, removemos os intervalos , , , , , e , que contém
27 27 27 27 27 27 27 27
os números da seguinte forma: (0, 001x4 x5 . . . )3 , (0, 021x4 x5 . . . )3 , (0, 201x4 x5 . . . )3 e (0, 221x4 x5 . . . )3 , com
1 7 19 25
exceção de = (0, 001)3 , = (0, 021)3 , = (0, 201)3 e = (0, 221)3 que permanecem.
27 27 27 27
Este processo continua indutivamente. De modo geral, fica garantido que os elementos do conjunto de
Cantor são os números do intervalo I = [0, 1] cuja representação ternária x = (0, x1 x2 x3 . . . )3 só contém os
algarismos 0 e 2, com exceção daqueles que possuem um único algarismo igual a 1 como o algarismo significativo
25
final, como = (0, 221)3 , por exemplo. Mas, se observarmos que (0, 221)3 = (0, 22022222)3 , poderemos sempre
27
substituir o algarismo final 1 pela sequência 22222 . . . . Com esta convenção (também usada em outras bases,
como por exemplo na base decimal) podemos afirmar, sem exceções, que os elementos do conjunto de Cantor
são os números do intervalo I = [0, 1] cuja representação na base 3 só contém os algarismos 0 e 2.
Teorema 2. O conjunto de Cantor é não enumerável.

Demonstração. Suponhamos por absurdo que o conjunto de Cantor seja enumerável. Usando representações
ternárias podemos escrever todos seus elementos numa lista da seguinte maneira
0, a1,1 a1,2 a1,3 a1,4 . . .
0, a2,1 a2,2 a2,3 a2,4 . . .
..
.
usando apenas os dı́gitos 0 e 2. Agora construiremos o seguinte elemento do conjunto de Cantor
0, b1 b2 b3 b4 . . .

onde bj é um algarismo diferente de aj,j e de 1. Obviamente este é um elemento do conjunto de Cantor que não
está na lista anterior.
Logo, o conjunto de Cantor é não enumerável.
Teorema 3. O conjunto de Cantor tem medida de Lebesgue nula.

Demonstração. Para ver que µ(C) = 0, observe que C é obtido removendo-se do intervalo I = [0, 1], um intervalo
1 1 1
de comprimento , dois intervalos de comprimento , quatro intervalos de comprimento e assim por diante.
3 9 27
Logo,

∞ ∞  n
X 2n−1 1X 2 1 1
µ(C) = 1 − n
= 1 − =1− · 2 = 0.
n=1
3 3 n=0 3 3 1− 3

Concluı́mos a partir dos resultados demonstrados nesta seção que o conjunto de Cantor é um conjunto não
enumerável com medida de Lebesgue zero. Mais informações sobre o conjunto de Cantor podem ser encontradas
nas referências [1] e [5].

Referências

[1] ALVES, M. T. O Conjunto de Cantor. Trabalho de Conclusão de Curso. Departamento de Matemática -


UFSC, 2008.
[2] BARTLE, R. G. The Elements of Integration. New York: John Wiley & Sons, 1966.
[3] FERNANDEZ, P. J. Medida e Integração. Rio de Janeiro: IMPA, 2002.
[4] FOLLAND, G. B. Real analysis: modern techniques and their applications. New York: John Wiley & Sons,
1999.
[5]LIMA, E. L. Análise Real - Volume 1. Funções de uma variável. Rio de Janeiro: IMPA, 2016.

S-ar putea să vă placă și