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Direito e Sociedade I

Professora Paula Cozero


ANTROPOLOGIA JURÍDICA

I. Contextualização: antropologia e sociologia no


ensino jurídico.
II. Noções básicas de antropologia e antropologia
jurídica
1. Principais conceitos. Cultura. Etnocentrismo.
Estranhamento. Alteridade.
2. Determinismo biológico e geográfico
3. Antropologia e Direito
• Pluralismo jurídico
Antropologia

“Na perspectiva da cultura ou da evolução humana,


antropologia é uma ciência que se interessa por
ideias, valores, símbolos, normas, costumes, crenças,
invenções, ambiente etc., portanto, encontra-se
associada a outras ciências (direito, sociologia,
política, história, geografia, linguística), motivo pelo
qual sua autonomia não é universalmente
reconhecida, daí as disputas ou dificuldades em
relação à determinação de seu objeto de estudo.”

(ASSIS, O. Q.; KUMPEL, V. F.


Manual de Antropologia jurídica)
Antropologia e humanismo

Três etapas do humanismo segundo Lévi-Strauss:

a) a da Renascença: coloca sua própria cultura em


perspectiva, confrontando as concepções renascentistas,
de redescobrimento da antiguidade greco-romana com as
de outras épocas e lugares
b) a dos séculos XVIII e XIX: exploração geográfica
colocou o europeu em contato com o acervo cultural das
civilizações mais longínquas, como China, Índia e
América (carregado de etnocentrismo)
c) a atual: especialmente o estudo das “sociedades
primitivas.”

(ASSIS, O. Q.; KUMPEL, V. F.


Manual de Antropologia jurídica)
Antropologia e humanismo

• Todas as etapas com limitações: antropologia, então


ultrapassa o humanismo tradicional.

• Humanismo universal:
➢Inspira-se nas comunidades que têm sua cultura negada
(é um humanismo democrático).
➢Mobiliza técnicas e métodos de todas as ciências para
servir ao conhecimento do ser humano, visando uma
reconciliação do ser humano com a natureza.

(ASSIS, O. Q.; KUMPEL, V. F.


Manual de Antropologia jurídica)
Alteridade

“Afirmar a alteridade significa fazer um


apelo ao homem para reconhecer-se no outro,
especificamente para reconhecer-se nas
carências do outro e enxergar seus privilégios
como expressão direta das privações do
outro.”

(ASSIS, O. Q.; KUMPEL, V. F.


Manual de Antropologia jurídica)
Etnocentrismo

“Negar o etnocentrismo significa posicionar-


se contra a atitude que consiste em
supervalorizar a própria cultura e considerar
as demais como inferiores, selvagens,
bárbaras e atrasadas. O nacionalismo
exacerbado é uma via para o etnocentrismo
principalmente quando se manifesta por meio
de comportamento agressivo, de atitudes de
superioridade e de hostilidade.”

(ASSIS, O. Q.; KUMPEL, V. F.


Manual de Antropologia jurídica)
Antropologia cultural ou social

“Estudo de tudo que constitui as sociedades


humanas: seus modos de produção
econômica, suas descobertas e invenções,
suas técnicas, sua organização política e
jurídica, seus sistemas de parentesco, seus
sistemas de conhecimento, suas crenças
religiosas, sua língua, sua psicologia, suas
criações artísticas.”

(ASSIS, O. Q.; KUMPEL, V. F.


Manual de Antropologia jurídica)
Antropologia cultural ou social

a) Etnografia: é o primeiro passo da pesquisa


antropológica. Geralmente denominada pesquisa
ou trabalho de campo, ocupa-se, portanto, da
descrição de culturas concretas

b) Etnologia: é o prolongamento da etnografia, ou


seja, é o segundo passo da pesquisa. Ocupa-se do
estudo da cultura e da investigação dos problemas
teóricos que brotam da análise dos costumes
humanos.
(ASSIS, O. Q.; KUMPEL, V. F.
Manual de Antropologia jurídica)
Antropologia cultural ou social

• Considera que todos os aspectos da vida social –


jurídico, econômico, político, técnico, estético, religioso –
em conexão.

• Noção de estrutura social adquiriu uma imensa


importância nos estudos antropológicos contemporâneos.

• Estrutura remete a conjuntos de funções.

• Ações possuem funções sociais dentro de uma estrutura


social (função está ligada ao resultado, a fim, da ação).

(ASSIS, O. Q.; KUMPEL, V. F.


Manual de Antropologia jurídica)
ESTRANHAMENTO:

Fascínio X Recusa
Fascínio

a) Las Casas: padre dominicano, em l550, opõe-se à


classificação dos índios como bárbaros, afirmando
que eles têm aldeias, vilas, cidades, reis, senhores
e uma ordem política que em alguns reinos é
melhor que a dos europeus.
*Indicação de filme: A controvérsia da Valladolid.

b) Américo Vespúcio: sobre os índios da América


afirma que se trata de pessoas bonitas, de corpo
elegante e que nenhum possui qualquer coisa que seja
seu, pois tudo é colocado em comum;

c) Cristóvão Colombo: sobre os habitantes do Caribe


afirma que não há no mundo homens e mulheres nem
terra melhor
Fascínio

d) La Hotan: em 1703 escreve que os hurons


vivem sem prisões e sem tortura, passam a
vida na doçura, na tranquilidade e gozam de
uma felicidade desconhecida dos europeus.

e) “O bom selvagem”: no Brasil, literatura de


José de Alencar.
Recusa:

a) Selpuvera: jurista espanhol, em 1550, afirma que os


europeus, por superarem as nações bárbaras em prudência e
razão, mesmo que não sejam superiores em força física, são,
por natureza, os senhores; portanto, será sempre justo e
conforme o direito natural que os bárbaros (preguiçosos e
espíritos lentos) estejam submetidos ao império de príncipes
e de nações mais cultas;

b) Gomara: em seu livro História geral dos índios, escrito


em 1555, afirma que a grande glória dos reis espanhóis foi a
de ter feito aceitar aos índios um único Deus, uma única fé e
um único batismo e ter tirado deles a idolatria, o
canibalismo, a sodomia, os sacrifícios humanos, e ainda
outros grandes e maus pecados, que o bom Deus detesta e
que pune.
Recusa:

c) Oviedo: na sua História das Índias, de 1555,


escreve que as pessoas daquele “país” são,
por sua natureza, ociosas, viciosas, de pouco trabalho,
covardes, sujas e mentirosas.

d) Cornelius de Pauw: no seu livro Pesquisas sobre


os americanos, de 1774, refere-se aos índios
americanos como raça inferior, insensíveis, covardes,
preguiçosos, inúteis para si mesmos e para a
sociedade, e a causa dessa situação seria a umidade
do clima.
Recusa ao estranho e colonialismo

Consequências:

• Escravidão
Estima-se que foram cerca de 5 milhões de pessoas
africanas escravizadas no Brasil.

• Genocídio
"A taxa de homicídio na população Guarani-Kaiowá
em Dourados é de 88 para cada cem mil pessoas,
quase o triplo da taxa média do Brasil“ (2018)
Determinismo biológico

• “Teorias que atribuem capacidades


específicas inatas a “raças” ou a outros
grupos humanos.” (p. 17)

• “Qualquer criança humana normal pode


ser educada em qualquer cultura, se for
colocada desde o início em situação
conveniente de aprendizado.”
(LARAIA, R.B. Cultura: um conceito antropológico. Rio
de Janeiro: Zahar, 2001.)
Determinismo biológico

"Tenho a física no sangue" — dizia uma


aluna que pretendia mudar a sua opção de
ciências sociais para a de física, invocando
o nome de um ancestral.

"Meu filho tem muito jeito para a música,


pois herdou esta qualidade do seu avó.“

(LARAIA, R.B. Cultura: um conceito antropológico. Rio


de Janeiro: Zahar, 2001.)
Determinismo biológico

• Divisão sexual do trabalho

• Decisão do juiz sobre Lei Maria da


Penha, de 2007.
Determinismo geográfico

“O determinismo geográfico
considera que as diferenças do
ambiente físico condicionam a
diversidade cultural.” (p. 21)
(LARAIA, R.B. Cultura: um conceito
antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.)
Cultura

• Diversas definições.

• LARAIA, R. B. Cultura: um conceito


antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
Cultura

Contribuições de Kroeber para a ampliação do conceito


de cultura:

1.A cultura, mais do que a herança genética, determina o


comportamento do homem e justifica as suas realizações.

2. O homem age de acordo com os seus padrões culturais.


Os seus instintos foram parcialmente anulados pelo longo
processo evolutivo por que passou.

3. A cultura é o meio de adaptação aos diferentes


ambientes ecológicos. Em vez de modificar para isto o
seu aparato biológico, o homem modifica o seu
equipamento superorgânico.
Cultura

4. Em decorrência da afirmação anterior, o homem foi


capaz de romper as barreiras das diferenças ambientais e
transformar toda a terra em seu hábitat.

5. Adquirindo cultura, o homem passou a depender muito


mais do aprendizado do que a agir através de atitudes
geneticamente determinadas.

6. Como já era do conhecimento da humanidade, desde


o Iluminismo, é este processo de aprendizagem
(socialização ou endoculturação, não importa o termo)
que determina o seu comportamento e a sua capacidade
artística ou profissional.
Cultura
7. A cultura é um processo acumulativo, resultante de toda a experiência
histórica das gerações anteriores. Este processo limita ou estimula a ação
criativa do indivíduo.

8. Os gênios são indivíduos altamente inteligentes que têm a oportunidade de


utilizar o conhecimento existente ao seu dispor, construído pelos
participantes vivos e mortos de seu sistema cultural, e criar um novo objeto
ou uma nova técnica. Nesta classificação podem ser incluídos os indivíduos
que fizeram as primeiras invenções, tais como o primeiro homem que
produziu o fogo através do atrito da madeira seca; ou o primeiro homem que
fabricou a primeira máquina capaz de ampliar a força muscular, o arco e a
flecha etc. São eles gênios da mesma grandeza de Santos Dumont e Einstein.
Sem as suas primeiras invenções ou descobertas, hoje consideradas
modestas, não teriam ocorrido as demais. E pior do que isto, talvez nem
mesmo a espécie humana teria chegado ao que é hoje.

(LARAIA, R.B. Cultura: um conceito antropológico.


Rio de Janeiro: Zahar, 2001.)
Antropologia e Direito

“A ciência do direito, como diz Tercio Sampaio Ferraz


Jr., envolve sempre um problema de decisão de conflitos
sociais, motivo pelo qual tem por objeto central o próprio
ser humano que, por seu comportamento, entra em
conflito e cria normas para decidi-lo. O ser humano é,
pois, o centro articulador não apenas do pensamento
antropológico, mas também do pensamento jurídico.”

(ASSIS, O. Q.; KUMPEL, V. F.


Manual de Antropologia jurídica)
Antropologia e Direito

• Temas como igualdade e diferença são, ao


mesmo tempo, jurídicos e antropológicos

• O direito constitui um dos aspectos da cultura,


e esta constitui objeto específico da
antropologia cultural.

(ASSIS, O. Q.; KUMPEL, V. F.


Manual de Antropologia jurídica)
Antropologia e Direito

• O enfoque dogmático não questiona suas premissas (dogmas);


predomina o sentido diretivo do discurso; visa, portanto, dirigir o
comportamento de uma pessoa, induzindo-a a adotar uma ação.
Nessa trilha, a dogmática jurídica enfoca mais as premissas técnicas
(normas jurídicas), suas sistematizações, classificações, divisões e
conceitos.

• O enfoque zetético preocupa-se com o problema especulativo;


predomina o sentido informativo do discurso; visa, portanto,
descrever certo estado das coisas.
Nessa linha, a zetética jurídica enfatiza os aspectos antropológicos,
filosóficos, históricos e sociológicos, insistindo sobre a inserção do
direito no universo da cultura, da justiça, da história e dos fatos
sociais.

(ASSIS, O. Q.; KUMPEL, V. F.


Manual de Antropologia jurídica)
Antropologia e Direito

• Pluralismo jurídico

Pressupõe a existência de mais de um


direito ou ordem normativa no mesmo
espaço geográfico.
ATIVIDADE - Notas sobre a história jurídico-social de Pasárgada

1. Qual é o objetivo principal do texto de Boaventura? Sintetize.

2. A partir do texto, indique quais as razões pelas quais os moradores de Pasárgada não
buscam os mecanismos jurídicos tradicionais de solução de conflitos oficiais (polícia,
judiciário, advogados)? Explique, pelo menos, 3 fatores.

3. A identidade cultural refere-se à construção identitária, ou seja, como o sujeito se


compreende, se enxerga e se sente em relação ao contexto cultural em que vive. No texto,
os habitantes de Pasárgada afirmam: “nós éramos e somos ilegais". Entendem, então, que o
contexto cultural os identificam como inadequados ao sistema normativo estatal. A partir
do debate com o grupo, identifique, atualmente, no contexto global, indivíduos ou grupos
sociais que são tratados como ilegais. Ou seja, pessoas que têm negada ou, até mesmo,
criminalizada a sua forma de ser, seus costumes, sua identidade cultural.

4. Pasárgada é a favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro. Em outubro de 2015,


Boaventura revisitou Pasárgada e afirmou que a desorganização do movimento
comunitário no Jacarezinho foi a pior das mudanças entre a favela de ontem e a de hoje.
“Dantes, como não havia o problema do narcotráfico e havia eleições, as lideranças
comunitárias eram muito mais fortes. Isso foi o que mais mudou. Pouca gente apercebeu-
se disso, mas o lugar mais democrático no Brasil durante a ditadura eram as favelas,
porque havia eleições. Havia discussão, havia debate. Eu tinha mais discussões aqui do
que nos fins de semana, quando visitava amigos em Copacabana”, afirmou. Pesquise a
atual condição da favela do Jacarezinho e explique qual é, atualmente, a relação de
Pasárgada com o aparato estatal, problematizando o contexto.

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