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DIREITO PENAL – SÍLVIO MACIEL

TEORIA GERAL DO DELITO/INFRAÇÃO PENAL


(Teoria do crime)

1) ESPÉCIES DE INFRAÇÃO PENAL (INF. PEN)


 CRIMES (DELITOS)
 CONTRAVENÇÕES PENAIS
 No Brasil as espécies são crime e contravenções. Foi adotado o SISTEMA BIPARTITE ou
DUALISTA ou BIPARTIDA.
 Em outros países foi usado o Sistema Tripartite ou Tricotômico: crimes, delitos e contravenções.

OBS!
Ontologicamente (estudo do ser) não há diferença entre crime e contravenção, porque ambas são
infrações penais. A diferença entre crime e contravenção é de GRAU DE GRAVIDADE.

DIFERENÇAS CRIME CONTRAVENÇÃO


PENA COMINADA Reclusão ou detenção cumuladas
ou não com multa; Prisão simples ou multa;
(art. 1º, Lei de Só reclusão; Só prisão simples;
Introdução ao CP – Reclusão e multa; Prisão simples e multa;
LICP) Reclusão ou multa; Prisão simples ou multa;
Detenção; Só multa.
Detenção e multa;
Detenção ou multa.
TENTATIVA PUNIDA (art.14, II, CP) NÃO É PUNIDA (art 4º, LCP-
DECRETO LEI 3.688/41)
Os crimes ADMITEM as 3
espécies de Ação penal cabíveis: Só admitem A. P. PÚBLICA
AÇÃO PENAL A.P. Pública Incondicionada INCONDICIONADA (art. 17, LCP –
(A.P.) A. P. Pública Condicionada LEI DAS CONTRAVENÇÕES
A. P. Privada PENAIS)
(ART. 100/CP)
NÃO EXISTE extraterritorialidade (art.
EXTRATERRITO- EXISTE extraterritorialidade da 2º, LCP).
RIALIDADE Lei Penal (art. 7º, CP)
OBS- POSSIBILIDADE da aplicação
da Lei penal brasileira fora da
territorialidade brasileira.
TEMPO MÁXIMO
DE 30 anos ( art. 75, CP) 5 anos (art 10, LCP)
CUMPRIMENTO
DA PENA
JUSTIÇA ESTADUAL
FORO (JULGADOS A J. Federal não julga contravenções.
POR: ) JUSTICA FEDERAL
JUSTIÇA ESTADUAL EXCEÇÃO: Há uma única exceção na
qual a JF julga contravenções. Se o
contraventor tiver FORO ESPECIAL
na JF.
EX: Juiz federal comete contravenção
julgado pelo TRF.

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POLYANY LEMOS (9925-6630)- PF AGENTE 2011
OBS! Art. 1º/ LICP pela ESPECIE de PENA prevista é que é possível saber se a Inf. Pen é crime ou
contravenção.

2) CONCEITO DE INFRAÇÃO PENAL


É Relativa.
a) MATERIAL
 Inf. Pen é um comportamento “HUMANO” que CAUSA um RESULTADO relevante (lesão ou
perigo de lesão) a um BEM jurídico penalmente PROTEGIDO ou TUTELADO, SUJEITO, portanto,
a uma SANÇÃO PENAL.

b) FORMAL
 É um comportamento “DESCRITO FORMALMENTE” em uma “NORMA PENAL” incriminadora
(tipo penal incriminante), com a previsão da respectiva sanção.
 Ex: art. 121, CP - Matar alguém: pena - reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos.

c) ANALÍTICO
 O conceito ANALÍTICO de crime leva em conta os ELEMENTOS que compões o crime;
ANALISA os elementos estruturais do crime (inf. Pen.). Este conceito varia conforme a Teoria
adotada:

 TEORIA CAUSALÍSTA DA AÇÃO

CRIME = FATO TÍPICO + ILICITUDE + CULPABILIDADE

OBS! DOLO e CULPA estão na CULPABILIDADE

 TEORIA FINALISTA (BRASIL)

CRIME = FATO TÍPICO + ILICITUDE + CULPABILIDADE

OBS! DOLO e CULPA estão no FATO TÍPICO

 TEORIA FINALISTA DISSIDENTE

CRIME = FATO TÍPICO + ILICITUDE

OBS! A CULPABILIDADE não é elemento do crime.

3) SUJEITOS DA INFRAÇÃO PENAL

a) SUJEITO ATIVO

 É a pessoa que PRATICA a inf. Pen. ISOLADAMENTE ou em CONCURSO com outras pessoas.
 Em regra, só pode ser sujeito ativo de inf. Pen. Só o SER HUMANO.
 Autor- executa a conduta criminosa;
Co-autores- 2 ou mais autores;
Partícipe- não executa a conduta criminosa, mas colabora na realização do crime.

EXCEÇÃO: A PESSOA JURÍDICA pode ser sujeito ativo de CRIMES AMBIENTAIS


(entendimento pacífico do STJ).

OBS! PESSOAS JURÍDICAS (CF)

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POLYANY LEMOS (9925-6630)- PF AGENTE 2011
 Art. 173, §5. Responsabilidade penal nos crimes contra a ORDEM ECONOMICA e FINANCEIRA
e ECONOMIA POPULAR (Não foi regulamentada até hj!!!).
 Art. 225, §3º. PREVÊ que a P.J. tem responsabilidade penal nos CRIMES AMBIENTAIS (Foi
regulamentada pela lei 9.605/98 – crimes ambientais).

1) QUESTÕES
1- A CF prevê a possibilidade de responsabilidade penal da P. Jurídica nos crimes contra a ordem
econômica e financeira e nos crimes de economia popular no art. 173, §5º e também nos crimes
ambientais no art. 225, §3º. Ocorre que apenas o art 225 foi regulamentado por lei
INFRACONSTITUCIONAL.
CONCLUSÃO: atualmente no Brasil, PJ só pode ser processada criminalmente por Inf. Pen.
Ambiental.

2- O inimputável (doentes mentais sem capacidade de entendimento, menores de 16 anos...) pratica inf.
Pen.?
R= Para quem considera que o crime é um fato típico, ilícito e culpável, o inimputável NÃO
comete crime.
A inimputabilidade exclui a CULPABILIDADE, e não havendo esta, não há crime.

R= Para aqueles que acreditam que o crime é um fato típico e ilícito, ou seja, a culpabilidade
não é elemento do crime, o inimputável pode cometer crime APENAS NÃO sendo CULPAVEL por
ele.

a.1) Classificação do crime quanto ao sujeito ativo

 CRIME COMUM

Pode ser praticado por qualquer pessoa. Não se exige uma condição especial do sujeito ativo.
Ex: furto, roubo...

 CRIME PRÓPRIO

É aquele que não pode ser praticado por qualquer pessoa sozinha, exige-se uma condição especial do
sujeito ativo.
Ex: peculato (art. 312, CP); Infanticídio.

OBS!
ADMITE co-autoria e participação

 CRIME DE MÃO PRÓPRIA (crime de atuação pessoal ou crime de mandato infungível)

Não pode ser praticado por qualquer pessoa sozinha. Exige-se uma condição especial do sujeito
ativo.
Ex: falso testemunho

OBS!
SÓ ADMITE participação, NÃO admite CO-AUTORIA.

NOTA!!!
CRIME PRÓPRIO CRIME DE MÃO PROPRIA
Exige-se uma condição especial do Exige-se uma condição especial do sujeito
sujeito ativo ativo
Admite: co-autoria e participação Admite APENAS PARTICIPAÇÃO

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b) SUJEITO PASSIVO

 É a pessoa FÍSICA ou JURÍDICA que sofre as conseqüências da Inf. Penal.

OBS!
 SUJEITO PASSIVO CONSTANTE/FORMAL = ESTADO
Porque o crime é sempre uma violação da lei penal do Estado e ofende a segurança coletiva cujo
dever de proteção é do Estado.

 SUJEITO PASSIVO EVENTUAL/MATERIAL


Pessoa FÍSICA ou JURÍDICA titular do bem jurídico violado.

 CRIME VAGO
Não possui um sujeito passivo determinado. O sujeito passivo é a coletividade ou um ente
despersonalizado.
Ex: Porte ilegal de arma – suj. passivo: atinge a segurança pública (sociedade/coletividade);
Crimes contra a família; porte de drogas.

 CRIMES DE DULPA SUBJETIVIDADE PASSIVA


Possuem mais de dois sujeitos passivos, ou seja, o tipo penal exige ou pressupões 2 ou mais sujeitos
passivos.
Adm. Pública
Ex: Abuso de autoridade – sujeito passivo Pessoa física ou jurídica que sofre a ação.

QUESTÃO!
A pessoa Jurídica pode ser vítima de crime contra a honra?

CALÚNIA (art. DIFAMAÇÃO (art. INJÚRIA (art.


X
138,CP) 139, CP) 140, CP)
A vítima é acusada de ter A vítima é acusada de um
A vítima sofre ofensa,
falsamente de ter praticado fato ofensivo (não criminoso)
DEFINIÇÃO xingamentos...
“crime”. à sua reputação.
Honra subjetiva;
Honra objetiva; Honra objetiva;
Atinge o sentimento
Reputação social; Reputação social;
ATINGE íntimo e pessoal da
Reputação diante 3º. Reputação diante 3º.
vítima
SIM, desde que seja acusada SIM!
VÍTIMA falsamente de crime Ex: uma empresa jurídica é
OU ambiental (pois P.J. só acusada de NÃO ter pago a 5 NÃO!
NÃO comete crime Ambiental). clientes.

 PESSOAS QUE PODEM SER SUJEITOS PASSIVOS DE CRIME


- INCAPAZ: ex- criança, doente mental;
- RECÉM-NASCIDO: ex- infanticídio;
- NÃO NASCIDO: ex- aborto;
- ENTES SEM PERSONALIDADE JURÍDICA: ex- família, massa falida.

 NÃO PODEM SER SUJEITOS PASSIVOS


1- ANIMAIS (Semoventes)
Nesse caso será o ESTADO (sem dono) ou o PROPRIETÁRIO do animal.
Ex: maus-tratos contra animais (art. 32, crimes amientais)

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2- CADÁVER (morto)
Do crime de calúnia contra morto (art.138,§2,CP) os sujeitos passivos são as pessoas ligadas ao
morto.
Ex: familiares que reflexamente tem a hora atingida.

No crime de vilipêndio (?) de cadáver (art. 212, CP) o sujeito passivo é a coletividade.

QUESTÃO!
A pessoa pode ser SIMULTANEAMENTE sujeito passivo e ativo da mesma infração?
R= NÃO, todo crime atinge um bem jurídico alheio (Princípio da Alteridade).
Ex: A auto-lesão não é crime; Se a auto-lesão for praticada para lesar seguro haverá o crime de
estelionato (art. 171, §2º, IV, CP).
Ex2: No crime de porte de droga para uso próprio, o sujeito passivo é a coletividade, porque o
infrator é punido não por consumir a droga, mas por estar portando uma substância perigosa e
proibida para a saúde pública.

 CRIME DE RIXA
Prevalece o entendimento que o RIXOSO (rixento) é sujeito ativo da participação na rixa e sujeito
passivo dos crimes eventualmente praticados contra ele, por exemplo, a lesão corporal.

Ex: ‘A’ participa de uma rixa (sujeito ATIVO do crime de rixa- art. 37, CP). Durante a rixa, o
indivíduo ‘A’ é agredido (sujeito passivo do crime de lesão corporal – art.129, CP) com um soco por
‘B’.
Conclusão: são dois crimes diferentes.

OBS!
 Para a maioria da doutrina NÃO HÁ NENHUMA EXCEÇÃO na qual a pessoa seja ao mesmo
tempo sujeito ativo e passivo da mesma infração.
 Para a minoria há uma exceção que é a rixa (a pessoa é suj. ativo e passivo) - “mas está errado!”

4) OBJETO DO CRIME

a) OBJETO MATERIAL
- É a pessoa ou coisa sobre a qual recaí a conduta criminosa.
- Objeto material e sujeito passivo podem ser a mesma coisa, embora isso não seja uma regra.
Sujeito passivo: a pessoa
Ex: homicídio; furto de carteira Objeto material: a carteira

QUESTÃO!
 Existe crime sem objeto material?
SIM! Ex: ato obsceno e falso testemunho.
 Existe crime sem sujeito passivo?
NÃO!

b) OBJETO JURÍDICO ou OBJETIVIDADE JURÍDICA


- É o bem jurídico protegido pela lei.
Ex: Obj. jur homicídio: VIDA
Furto: PATRIMÔNIO
Falsificação de documento público: FÉ PÚBLICA

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QUESTÃO!
Existe crime sem objeto jurídico?
NÃO! Todo crime atinge bem jurídico.

OBS!
Existe crime SEM objeto MATERIAL, mas NÃO existe crime sem objeto JURÍDICO.
Ex: Falso testemunho obj. material: NÃO TEM
obj. jurídico: protege a administração da justiça.

c) CRIMES COM DUPLA OBJETIVIDADE JURÍDICA


- São crimes que atingem dois ou mais bens jurídicos.
patrimônio
Ex: Roubo integridade física da vítima

Abuso de autoridade direito fundamental da vítima


Regularidade/normalidade dos serviços públicos

5) CORRENTES DA TEORIA DO CRIME

 Bipartite – CRIME = FATO TÍPICO + ILICITUDE


 Tripartite – CRIME = FATO TÍPICO + ILICITUDE + CULPABILIDADE
(Brasil – concursos federais)

FATO TÍPICO
i. CONCEITO

a) ANALÍTICO: é o primeiro elemento (ou substrato) ao elemento do crime.


b) MATERIAL: é um fato humano (conduta HUMANA) que causa um resultado (lesão ou perigo de
lesão) ao bem jurídico e que está descrito em uma norma penal e está descrito como Infração Penal.

ii. ELEMENTOS DO FATO TÍPICO

a) CONDUTA
- Dolosa ou culposa – crime doloso ou culposo
- Ação ou omissão – crime comissivo ou omissivo
b) RESULTADO
c) RELAÇÃO DE CAUSALIDADE (NEXO CAUSAL ou de CAUSALIDADE)
d) TIPICIDADE (TIPO PENAL)

OBS!
FALTANDO UM dos elementos NÃO haverá FATO TÍPICO, portanto não haverá crime.

1º ELEMENTO DO FATO TÍPICO - CONDUTA

a) CONCEITO
É um comportamento HUMANO voluntário e consciente.
b) ELEMENTOS
Vontade + Consciência
c) FATORES QUE EXCLUEM A CONDUTA (hipóteses nas quais não há conduta)
 CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR
A pessoa que produz o fato age por força maior.
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 COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL
Quem age sobre coação física irresistível, não comete crime.
Exclui conduta.

ATENÇÃO!

COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL – exclui a CULPABILIDADE.

 ATOS REFLEXOS
Ex: Mulher segurando um bebê assusta-se com um estouro e larga o bebê no chão, esta não cometeu
crime.

 ATOS INCONSCIENTES
Ex: Sonâmbulo, hipnótico.

d) FORMAS DE CONDUTA
- Dolosa ou culposa (crime doloso ou culposo)
- Ação ou omissão (comissivo ou omissivo)

CRIME DOLOSO (art. 18, I, CP)

a) CONCEITO
- Dolo é a VONTADE livre e consciente de causar ou aceitar causar um resultado criminoso.
- É a vontade livre e consciente de praticar ou aceitar praticar a conduta criminosa descrita no tipo
penal.
- Quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.

OBS!
Parte da doutrina entende que a liberdade não faz parte do dolo e sim da culpabilidade, ou seja,
mesmo na conduta voluntária NÃO LIVRE “HÁ” dolo. Essa doutrina, portanto diz que dolo é a
vontade consciente e não a vontade livre e consciente.

b) ELEMENTOS DO DOLO
Vontade + Consciência
(elemento volitivo) (elemento intelectivo)

c) TEORIA DO DOLO
 TEORIA DA VONTADE: dolo é a vontade consciente de querer praticar a Inf. Penal e causar o
resultado criminoso.
Ex: o infrator dispara 10 tiros na vítima querendo matá-la. (Homicídio com dolo direto)
 TEORIA DA REPRESENTAÇÃO: para essa teoria há o dolo quando o agente prevê que a sua
conduta pode causar o resultado criminoso e mesmo assim decide PROCEDE na conduta.

OBS!
Essa teoria possui um defeito que é o de equiparar o DOLO EVENTUAL com a CULPA
CONSCIENTE. Essa teoria não diferenciar DOLO EVENTUAL de CULPA CONSCIENTE.

 TEORIA DO CONSENTIMENTO OU ASSENTIMENTO: para essa teoria há dolo quando o agente


prevê que sua conduta pode causar o resultado e mesmo assim decide prosseguir na conduta,
ASSUMINDO O RISCO DE PRODUZIR ESSE RESULTADO.

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OBS!
# Esta teoria diferencia DOLO EVENTUAL de CULPA CONSCIENTE, essa teoria é um corretivo
da teoria anterior.
# O CP brasileiro adota ( art.18, CP):
- Teoria da Vontade = dolo direto (agente quis)
- Teoria do Consentimento ou Assentimento = dolo eventual (assumiu o risco)

d) ESPÉCIES DO DOLO
I- Dolo DIRETO ou DETERMINADO: Há quando o agente quer praticar a conduta e causar o
resultado.

Dolo INDIRETO ou INDETERMINADO:


*Dolo ALTERNATIVO: o agente prevê a possibilidade de dois ou mais resultados e aceita um ou
outro.
Ex: o agente dispara na vítima querendo feri-la ou matá-la, e estará satisfeito com um ou outro
resultado.
*Dolo EVENTUAL: o agente prevê o resultado e o aceita como possível, assumi o risco de cometê-
lo.

II- Dolo de DANO: a intenção do agente é causar uma efetiva lesão ao bem jurídico protegido.
Ex: crime de homicídio, a intenção é causar uma efetiva lesão ao bem jurídico VIDA.

Dolo de PERIGO: a intenção do agente é apenas expor a perigo o bem jurídico protegido.
Ex: crime de perigo para a vida ou a saúde de outrem, a intenção é por a perigo a vida ou a saúde de
outrem.

III- Dolo GENÉRICO: o agente tem vontade de praticar a conduta prevista no tipo sem uma finalidade
específica.
Ex: furto, intenção de subtrair sem finalidade específica (vender, uso, prejudicar...)

Dolo ESPECÍFICO: o agente atua com vontade de praticar a conduta, acrescida de uma finalidade
específica.
Ex: prevaricação (art.319, CP) – nesse crime o agente tem intenção de atrasar ou não praticar o ato
ou praticá-lo ilegalmente com a finalidade específica de satisfazer um interesse ou sentimento
pessoal, tanto se não for comprovado o interesse ou sentimento pessoal não haverá crime.

OBS!
- Não basta o dolo, é necessário uma finalidade específica.
- As expressões dolo genérico e específico estão ultrapassadas, usando-se agora “ Dolo com fim
específico”.

IV- Dolo de 1º GRAU: sinônimo de dolo direto


Ex: agente dá 10 tiros na vítima querendo matá-la.

Dolo de 2º GRAU ou Dolo NECESSÁRIO: são as conseqüências inevitáveis decorrentes do meio de


execução escolhido pelo agente para executar o crime.
Ex: o homicida decide matar o empresário explodindo o avião particular dele, mas para isso terá que
matar, também, o piloto. A morte do piloto é uma conseqüência inevitável do meio de execução
escolhido pelo homicida para matar o empresário.
O infrator responderá por: Dolo de 1º grau no homicídio do empresário
Dolo de 2º grau no homicídio do piloto do avião.

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OBS!
Para a maioria, o dolo de 2º grau NÃO se confunde com o Dolo Eventual.
Para outros autores (ex: Capez) o dolo de 2º grau, em certas hipóteses, assumi a forma de dolo
eventual.

V- Dolo Normativo x Dolo Natural


DOLO NORMATIVO DOLO NATURAL
É adotado pela teoria psicológico-normativa Adotado pela teoria normativa pura da
da culpabilidade culpabilidade
É elemento da culpabilidade É elemento do fato típico
Base causalísta
Requisitos: consciência + vontade + Requisitos: consciência + vontade
consciência da ilicitude (elemento normativo
do dolo)

CRIME CULPOSO (art. 18, II, §único, CP)

a) CONCEITO:
É uma conduta voluntária que causa um resultado involuntário, mas que foi previsto pelo agente
(culpa consciente) ou que podia ser previsto pelo agente (culpa inconsciente) e que podia ter sido
evitado se o agente tivesse adotado o cuidado devido.

OBS!
No crime culposo também há vontade e consciência, não há vontade quanto ao RESULTADO.
Ex: o infrator está perdendo hora da prova do concurso e excede a velocidade do automóvel e acaba
atropelando um pedestre que atravessa fora da faixa de pedestre. Ela agiu com vontade e consciência
quanto ao excesso de velocidade (conduta), mas não houve vontade na colisão resultado).

b) ELEMENTOS DA CULPA

 Conduta voluntária (ação ou omissão)


 Violação (quebra) do dever de cuidado objetivo.
O agente de atuar com um cuidado exigindo de uma pessoa comum (no homem médio), ou seja,
qualquer outra pessoa nas mesmas circunstâncias teria tomado o cuidado necessário.
 RESULTADO NATURALÍSTICO INVOLUNTÁRIO
O agente não quer o resultado e não assumi o risco (não está na ‘vontade’ dele).

QUESTÃO!
EXISTE CRIME CULPOSO SEM RESULTADO NATURALÍSTICO?
R= Em regra, NÃO! Todo crime culposo causa um resultado naturalístico, mas há EXCEÇÕES (Ex:
art. 38, lei 11.343/06 recitar/prescrever culposamente drogas – se caracteriza com a simples
prescrição, ainda que a vítima não utilize a droga.

 Previsibilidade
Possibilidade de prevê o resultado de acordo com o que normalmente acontece.

OBS!
- PREVISIBILIDADE OBJETIVA:
Leva-se em conta a capacidade de previsão de uma pessoa comum (de um homem médio), pouco
importando as condições individuais do agente.
Não é uma previsibilidade subjetiva.

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- Na CULPA CONSCIENTE o agente tem mais do que previsibilidade, ele tem EFETIVA
PREVISÃO DO RESULTADO; Conclusão: a previsibilidade é um requisito apenas da culpa
inconsciente.

 Tipicidade
O crime culposo deve estar expressamente previsto na lei (tipo penal).

OBS!
Excepcionalidade do crime culposo (art. 18, §único, CP).
No Brasil o crime doloso é a regra e o crime culposo a exceção; em regra o crime só é doloso.
CONCLUSÃO: se a lei nada dispõe quanto a forma do crime significa que ele só é punido na forma
dolosa. Só será PUNIDO na FORMA CULPOSA quando a LEI expressamente PREVÊ também a
FORMA CULPOSA do crime.
Ex:1- art. 121, §3º, CP, prevê o homicídio doloso e prevê o homicídio culposo.
2- art. 163, CP, só prevê o crime de dano doloso, não há previsão expressa da forma culposa.
CONCLUSÃO: no CP só é crime o dano doloso, o crime culposo não é previsto na CP, nesse caso.

c) MODALIDAE DE CULPA

 IMPRUDÊNCIA: é uma ação. Agir descuidadamente.


Ex: conduzir automóvel em excesso de velocidade.

 NEGLIGÊNCIA: é uma omissão, um NÃO FAZER. Deixa de tomar as cautelas devidas.


Ex: deixar de retirar a criança de perto do fogo.

 IMPERÍCIA: Falta de habilidade. É a falta de conhecimento ou de aptidão para o exercício de uma


atividade, arte, técnica, ofício ou profissão.
Ex: um médico utiliza uma técnica de cirurgia plástica que ele não domina e causa um ferimento no
rosto do pct.

d) ESPÉCIES DE CULPA

 CULPA PRÓPRIA

o É aquela em que o agente não quer o resultado nem assumi o risco de produzi-lo, mas o produz por
imprudência, negligência ou imperícia.
o TIPOS
CULPA INCONSCIENTE (culpa sem previsão): o agente não prevê o resultado que, entretanto, era
previsível, ou seja, uma pessoa comum nas mesmas circunstâncias poderia prevê o resultado.

CULPA CONSCIENTE (culpa com previsão): o agente prevê o resultado, mas decide prosseguir na
conduta, supondo sinceramente que o resultado não ocorrerá (o agente que não causará o resultado)
atua com excesso de confiança nas próprias habilidades.

OBS!
Vimos que a previsão é elemento do dolo, mas que, excepcionalmente, pode integrar a culpa. A
exceção está na culpa consciente. Ex: numa caçada, o sujeito percebe que um animal se encontra
nas aproximidades de seu companheiro Confia, porém, em sua pontaria, acreditando que não virá a
matá-lo. Atira e mata o companheiro. Não responde por homicídio doloso, mas sim por homicídio
culposo (CP, art.121, § 3°). Note-se que o agente previu o resultado, mas levianamente acreditou
que não ocorresse.

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 CULPA IMPRÓPRIA (culpa impropriamente dita ou culpa por extensão ou equiparação ou por
assimilação)

o O agente por erro supõe que está agindo sobre uma situação excludente de ilicitude (discriminante
putativa).
o Ex: ‘A’ vê o inimigo levando a mão ao bolso do paletó; supondo que o inimigo está pegando uma
arma, ‘A’ pega sua arma e atira no inimigo; o inimigo, na verdade, estava apenas pegando o celular
no bolso para atender.
“A”, por erro, pensou agir em legitima defesa- agiu dolosamente, pois queria atirar (resultado), mas
como agiu por ERRO, responderá por culpa (imprópria).

OBS!
A culpa imprópria é uma conduta dolosa que é punida como conduta culposa.
A culpa imprópria ocorre no caso de descriminante putativa.

ATENÇÃO!!!!

DOLO EVENTUAL CULPA CONSCIENTE


O agente prevê a possibilidade do resultado e O agente prevê a possibilidade do resultado e
mesmo assim prossegue na conduta mesmo assim prossegue na conduta
Pouco importa se o resultado ocorrer. Mas, supõe, sinceramente, que o resultado
“TANTO FAZ” NÃO OCORRERÁ.
Assumi o risco de produzir o resultado (art. 18,I,CP) ‘Não aceita o resultado’
Excesso de confiança
Ex: o infrator começa a fazer manobras radicais Ex: o filho está socorrendo o pai para o OS, no
com o automóvel para chamar atenção da ex- trajeto excede a velocidade para chegar mais
namorada. Antes de começar as manobras, ele fala prontamente ao local, mas acaba perdendo o
para 2 mães recolherem as crianças, pois ele diz não controle do automóvel, causando um acidente,
se importar se atropelá-las. Durante as manobras ele matando o pai.
perde o controle, sobe na calçada e atropela e mata
uma criança.

e) CONCORRÊNCIAS DE CULPAS E COMPENSAÇÃO DE CULPAS

i. CONCORRÊNCIAS DE CULPAS
Há concorrência de culpas quando o resultado ocorre em parte por culpa do agente (infrator) e em
parte por culpa da própria vítima ou 3ª pessoa, ou seja, ambos ocorrem para o fato culposo
(resultado).
Ex: o pedestre atravessa a rua com o semáforo fechado para ele e é atropelado por um veículo em
excesso de velocidade.

ii. COMPENSAÇÃO DE CULPAS


Não existe no D. Penal. A parcela de culpa da vítima ou da 3ª pessoa não isenta a responsabilidade
criminal do agente que também atuou com parcela de culpa.
Ex: o condutor que atropelou o pedestre responderá por homicídio culposo, no exercício anterior.
A parcela de culpa da vítima será levada em conta na dosagem da pena do infrator.

OBS!
O agente não responde por crime culposo quando houver ‘culpa exclusiva’ da vítima, ou seja, o
agente não atua com nenhuma culpa.
Ex: vítima que se joga na frente do veículo;
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Vítima que atravessa rodovia à noite fora de local de travessia;
Pessoa que atravessa na frente do ônibus parado no ponto.

f) GRAUS DE CULPA

 Leve;
 Grave; Quanto maior a quebra de cuidado objetivo, maior o grau de culpa e vice-versa
 Gravíssima

OBS!
O grau de culpa NÃO altera a espécie de crime, mas é levado em conta na dosagem de pena.

g) CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES QUANTO A FORMA DE AÇÃO

CRIME PRETERDOLOSO (art. 19, CP)

Nome do crime: AGRAVAÇÃO PELO RESULTADO

a) CONCEITO:
 No crime preterdoloso há DOLO na CONDUTA e CULPA no RESULTADO que aumenta a pena;
 Há CULPA no ANTECEDENTE e CULPA no CONSEQUENTE.

b) NATUREZA DO CRIME PRETERDOLOSO


 O crime preterdoloso é uma espécie de crime agravado pelo resultado (e não sinônimo).
Nem todo crime agravado pelo resultado é preterdoloso.

 Crime agravado pelo RESULTADO é GÊNERO do qual crime PRETERDOLOSO é ESPÉCIE.

OBS!
I- Crime doloso (conduta), agravado dolosamente (resultado)
Conduta- dolo resultado- dolo
Ex: homicídio qualificado pelo uso de veneno (art. 121, §2º, CP)

II- Crime culposo agravado dolosamente.


Conduta- culpa resultado- dolo
Ex: lesão culposa de trânsito agravada pela omissão de socorro (art. 303, §único, CTB)

III- Crime culposo agravado culposamente


Conduta- culpa resultado- culpa
Ex: incêndio culposo agravado pela morte culposa de alguém

IV- Crime doloso agravado culposamente (crime preterdoloso)


Conduta- dolo resultado- culpa
Ex: lesão corporal seguida de morte (art. 129, §3º, CP)- o infrator deferi um soco no rosto da vítima
que tropeça numa cadeira, caí sobre uma garrafa quebrada e morre.

CRIME PRETERDOLOSO

 É o crime praticado mediante uma ação

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 No crime comissivo o TIPO penal é PROIBITIVO, ou seja, o tipo penal proíbe uma determinada
conduta e o agente responde pelo crime por praticar a conduta proibida.
 É a regra no CP.

CRIME OMISSIVO

 É praticado mediante uma omissiva


 No crime omissivo o tipo penal é mandamental, ou seja, a lei manda a pessoa praticar uma conduta e
o agente pratica o crime deixando de praticar a conduta determinada pela lei.
 TIPO:

 CRIME OMISSIVO IMPURO OU IMPRÓPRIO (comissivo por omissão)

- A omissão está no art. 13, §2º, CP. Não está no tipo penal incriminador e sim em uma NORMA
GERAL.
- O dever é de agir e de evitar o resultado.
- O dever de agir é apenas da pessoa que esteja em uma das 3 situações do art. 13, §2º, “A”, “B” e
“C”. Portanto, é um dever específico.
“A” – Dever legal. Ex: pais proteger filhos menores; policial proteger a população.
“B” – nesse caso a lei não imponhe o dever de agir e produzir o resultado, mas o agente assume de
alguma forma essa responsabilidade.
Ex: salva-vidas assumi a obrigação de proteger banhistas; guarda-costas evitar agressão ao protegido.
“C” – nesse caso o agente cria o risco do resultado e por isso fica obrigado a evitar esse resultado.

- O agente responde pelo resultado, que tinha o dever de evitar e não evitou.
Ex1: o pai vê o filho de 5 anos brincando com fogo e deixa a cça se queimar: pai responderá por
lesão corporal do filho

Ex2: policiais presenciam 2 torcedores agredindo um outro torcedor e nada fazem. Os policiais
responderão por crime de lesão corporal (partícipe por omissão)

Ex3: o salva-vidas (SV) de um clube e o sócio presenciam um outro sócio presenciam um outros
sócio se afogando e este morrer, porque os outros nada fazem. O SV responde por homicídio
(assumiu o dever); o outro sócio responderá por omissão de socorro.

Ex4: um nadador profissional convida um adolescente a atravessar um canal nadando. Duramente a


travessia o adolescente se cansa e começa a se afogar. O nadador não socorre e nem um pescador,
que vê tudo, também não. O adolescente morre. O nadador responderá por homicídio por ter criado o
risco ao resultado, já o pescador responderá por omissão de socorro.

- Admite tentativa, pois o agente responde pelo resultado; se o resultado não ocorrer ele será julgado
por TENTATIVA.
Ex: SV vê um banhista se afogando e nada faz, porém um outro banhista salva o afogado e o leva a
um hospital. O SV responderá por tentativa de homicídio

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POLYANY LEMOS (9925-6630)- PF AGENTE 2011
 CRIME OMISSIVO PURO ou PRÓPRIO

- A omissão está no próprio tipo penal incriminador (é o que descreve o crime e comina a pena)
*No crime omissivo puro o verbo do crime penal é uma omissão.
- O dever é apenas de agir e não de evitar o resultado
- O dever de agir é dirigido a todos, é um dever geral (genético)
- O agente responde pela omissão.
No exemplo 3 acima, o outro sócio responderá por omissão
- Não admite tentativa, pois se o agente age não há crime algum, se ele se omite o crime já está
consumado pela simples omissão.

OBS! CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO OU IMPURO


I. O agente responde pelo resultado se DEVIA e PODIA agir. CONCLUSÃO: não basta o dever de
agir, é necessário o poder agir.
Às vezes o agente tem o dever de agir, mas não podia agir para evitar o resultado.
Ex1: pai chega a casa após o trabalho e encontra o filho ferido, apesar de ter o dever de cuidar do
filho, ele estava trabalhando e não pode fazer nada.
Ex2: PM na folga presencia 15 torcedores armados agredindo um outro torcedor, apesar de ter o
dever não podia conter o resultado (agressão)

II. Se a omissão for dolosa, o omitente responde por crime doloso. Se a omissão for culposa, o omitente
responde por crime culposo SE houver a forma culposa do crime em lei.
Ex: o SV omitiu o socorro dolosamente porque era inimigo do banhista que se afogava responderá
por homicídio doloso.
Ex2: o SV não socorreu o banhista por estar conversando distraído com uma moça responderá
culposamente (homicídio culposo)

III. No crime omissivo impuro/impróprio o agente responde pelo resultado NÃO porque causou, mas
porque tinha o dever de evitá-lo e não o evitou, ou seja, foi adotado pelo CP a TEORIA
NORMATIVA DA OMISSÃO o agente responde pelo resultado não porque o causou, mas
porque a norma impunha o dever de impedir o resultado e não evitou, podendo evitar (art 13, §2º,
CP)

CRIME DE CONDUTA MISTA

É o crime que se caracteriza por uma AÇÃO + uma OMISSÃO, ou seja, o tipo penal descreve 2
condutas (1 ação e 1ª omissão)
Ex: art. 169, §único, II, CP, apropriação de coisa achada.
Ação: apropriar-se
Omissão: deixar de restituir

2º ELEMENTO DO FATO TÍPICO – RESULTADO

a) Duas espécies de resultado:

I. RESULTADO NATURALÍSTICO
É a efetiva alteração física no mundo exterior.
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Ex: morte; lesão na vítima.

II.RESULTADO JURÍDICO/NORMATIVO
 É a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico protegido.
 Nem todo crime tem resultado naturalístico, mas todo crime tem resultado jurídico (normativo).
 Exs:
1- Resultado jurídico- porte de arma (não causa ofensa no mundo exterior, mas há perigo na segurança
da coletividade)
2- Resultado jurídico/normativo + resultado naturalístico – homicídio (ofensa a vida + morte da vítima,
respectivamente)

QUESTÃO
A QUAL RESULTADO REFERE-SE O ART. 13, CP (Relação de causalidade - O resultado, de
que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a
ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.)?
R= Refere-se ao resultado jurídico/normativo, pois pode haver crime sem resultado naturalístico.

b) CLASSIFICAÇÃO DO CRIME QUANTO AO RESULTADO NATURALÍSTICO

CRIME MATERIAL

É aquele em que o tipo penal descreve a conduta mais o resultado naturalístico. E o crime só se
consuma se ocorrer o resultado naturalístico.
Ex: homicídio (art.121, CP)

CRIME FORMAL ou de CONSUMAÇÃO ANTECIPADA

 O legislador descreve a conduta e o resultado, mas não exige a sua produção para a consumação (ex.
147, todos os crimes contra a honra)

 O crime formal se consuma com a prática de conduta sendo dispensável ocorrer o resultado
naturalístico. Se o resultado naturalístico ocorrer é mero EXAURIMENTO do crime consumado
(com a conduta).

 Ex: crime de concussão (art. 316, CP)- exigir vantagem indevida. Ele se consuma com a simples
exigência ainda que a vantagem não seja conseguida, se essa vantagem for conseguida será
exaurimento do crime consumado. O Recebimento da vantagem será uma circunstância desfavorável
que influenciará na dosagem da pena.

OBS!
O tipo penal é chamado INCONGRUENTE, pois descreve CONDUTA + RESULTADO
naturalístico, mas apenas exige a realização da conduta, exige menos do que descreve.

ATENÇÃO!
Crime exaurido - Delito em que o agente obtém o resultado material desejado, mas que não era
necessário para a consumação da infração penal. O exaurimento, posterior à consumação, a esta se
vincula por relação de causa e efeito.

CRIME DE MERA CONDUTA

 O tipo penal descreve apenas conduta, não descreve resultado naturalístico.

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Ex: violação de domicílio (art.150, CP) – entrar em casa alheia sem autorização (esse crime admite
tentativa)
Portar droga (mesmo sendo para uso pessoal)

3º ELEMENTO DO FATO TÍPICO - NEXO CAUSAL/RELAÇÃO DE CAUSALIDADE (art. 13,


caput, CP)

1) CONCEITO
É o vínculo entre a conduta do agente e o resultado, ou seja, a conduta deve ter sido a causa do
resultado se não foi, não há crime.

2) TEORIA DE CAUSAS

a) TEORIA DA ELIMINAÇÃO HIPOTÉTICA + TEORIA DOS ANTECEDENTES DOS


ELEMENTOS CAUSAIS

 É a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.


 Para saber se a conduta foi ou não causa do resultado utiliza-se a TEORIA DA ELIMINAÇÃO
HIPOTÉTICA (ou processo hipotético de eliminação). Elimina-se hipoteticamente a conduta:
Se eliminando a conduta o resultado ainda ocorrer é porque ela não foi causa do resultado;
Eliminando-se a conduta o resultado não ocorrendo, é porque foi a causa do resultado.

OBS!
PERGUNTA-SE: SE ESSA CONDUTA NÃO TIVESSE SIDO PRATICADA O RESULTADO
TERIA OCORRIDO?
R= SIM - a conduta não foi a causa do resultado
NÃO – a conduta foi a causa do resultado
Ex: morte por envenenamento
a- O infrator compra um bolo
b- O infrator compra veneno
c- O infrator coloca veneno no bolo
d- O infrator toma banho
e- O infrator serve bolo envenenado para a vítima

R= As condutas “a, b, c, e” dão causa ao resultado; A letra ‘d’ não dá causa ao resultado.
No exemplo dado os que dão causa ao resultado, são todos os que contribuíram para a sua
ocorrência.

b) TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS

 O CP adotou essa teoria.


 (art. 13, caput) – tudo que contribui para o resultado é causa
Art. 13, caput, CP - Relação de causalidade - O resultado, de que depende a existência do crime,
somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
resultado não teria ocorrido.

OBS!

 Essa teoria é criticada porque ela permite a regressão ao infinito. No exemplo dado, eu posso
considerar como causa: a venda do bolo, a venda dos ingredientes do bolo ao confeiteiro, a
fabricação dos ingredientes pelo fabricante – ela permite ir até o infinito.

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 Essa teoria indica a CAUSA do RESULTADO, mas NÃO indica o RESPONSÁVEL pelo resultado
porque a responsabilidade requer DOLO ou CULPA, ou seja, para o D. Penal não basta o mero nexo
de causalidade sendo NECESSÁRIA a PRESENÇA DE DOLO ou CULPA.

QUESTÃO!
EXISTE NEXO DE CAUSALIDADE NO CRIME OMISSIVO IMPURO OU IMPRÓPRIO?
R= NÃO existe nexo físico, mas existe nexo normativo, ou seja, o agente responde pelo resultado
não porque o causou com sua omissão, mas porque a norma impunha-lhe o dever de obter esse
resultado.
Ex: se o SV assiste a vítima se afogando e nada faz. Não há uma relação de causalidade física entre a
omissão do SV e o resultado (morte da vítima)
“OMISSÃO – RESULTADO – “DO NADA, NADA SURGE”
A norma exigia que o SV agisse para evitar o resultado. O crime ocorreu no plano físico por asfixia e
no plano normativo pela omissão do SV.

c) TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA

 Esta surgiu para corrigir o nexo de causalidade; acrescenta ao nexo de causalidade, o nexo
normativo.
 O CP adota a TEORIA DA CAUSALIDADE SIMPLES

OBS! TEORIA DA CAUSALIDADE SIMPLES X TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA

 TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA (TIO)


- Para haver causa são necessários o nexo físico + nexo normativo (é a criação ou incremento de um
risco não permitido/tolerado)
- O que a TIO fez foi incluir no nexo de causalidade o chamado nexo normativo ao lado do nexo físico
causal.
- Ex (Damásio): a esposa querendo matar o marido o convida para comer uma espécie de peixe que se
não for preparado adequadamente torna-se venenoso. A mulher o leva todos os FDS para comer esse
peixe; num determinado dia o cozinheiro do restaurante realmente ERRA a preparação do peixe e o
marido dela morre com a intoxicação alimentar.
Para a TIO não houve nexo causal entre a conduta da esposa e a morte do marido. Houve nexo físico,
mas não normativo.

 TEORIA DA CAUSALIDADE SIMPLES (CP)


- Para haver conduta basta o nexo físico entre a conduta e o resultado.
- Basta um nexo de causa e efeito ou nexo normativo (crime impróprio)
- No exemplo houve nexo entre a conduta da esposa e a morte do amado.

3) CONCAUSAS

a) CONCEITO
São fatores naturais ou humanos que atuam conjuntamente com a conduta do agente na ocorrência
do resultado. Além da conduta do agente, outros fatores podem ser causas do resultado.

b) ESPÉCIES

- ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES

 Não têm origem na conduta do agente (não decorrem da conduta do agente)


 Podem ser:
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- PREEXISTENTES: existem antes da conduta do agente
Ex: ‘A’ envenena ‘C’ às 19h; ‘B’ atira em ‘C’ as 20h. ‘C’ morre às 21h em razão do veneno.
A conduta de ‘A’ é uma causa preexistente e absolutamente independente de ‘B’.

- CONCOMITANTES: ocorrem simultaneamente à conduta do agente


Ex: ‘A’ atira na vítima que no mesmo instante sofre um infarto e morre em razão do infarto.
O infarto é uma causa concomitante e absolutamente independente da conduta de ‘A’.

- SUPERVENIENTES: ocorrem após a conduta do agente


Ex: ‘A’ envenena a sopa da vítima; antes que o veneno faça efeito o teto da casa desaba e mata a
vítima soterrada.
A queda do teto é uma causa superveniente e absolutamente independente da conduta de ‘A’.

 CONSEQUÊNCIAS DAS CAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES


- Elas rompem o nexo causal entre a conduta do agente e o resultado.
- Conclusão: o agente não responde pelo resultado, mas apenas pelos atos que praticau.
- Nos 3 exemplos dados, as concausas ROMPEM O NEXO DE CAUSAL entre a conduta do infrator
e a morte da vítima, logo o infrator não responderá pela morte, mas apenas pelo ato que praticou
(tentativa de homicídio)

- RELATIVAMENTE INDEPENDENTES

 Elas têm origem na conduta do agente (decorrem da conduta do agente).


 Podem ser:
- PREEXISTENTES:
Ex: ‘A’ atira em ‘B’ que morre por hemorragia em razão de hemofilia.
A hemofilia é causa preexistente e relativamente independente da conduta de ‘A’ – ela já existia
antes do disparo, mas foi desencadeada pelo disparo.

- CONCOMITANTE
Ex: ‘A’ atira em ‘B’ que em razão do susto sofre um infarto e morre.
O infarto é uma causa concomitante e relativamente independente da conduta de ‘A’, ou seja, o
infarto ocorre ao mesmo tempo do disparo e em razão do tiro. A vítima infartou por susto ao tiro.

- SUPERVENIENTE
Ex: ‘A’ desfere um soco no rosto de ‘B’ causando-lhe um ferimento leve no olho. Ao ser levado ao
hospital ‘B’ sofre um acidente de automóvel e morre em razão dos ferimentos do acidente ocorrido.
O acidente é uma causa superveniente e relativamente independente da conduta de ‘A’.
Se ‘A’ não tivesse dado o soco em ‘B’, ele não teria que ir ao hospital e sofrido o acidente.

 CONSEQUÊNCIAS
- As concausas relativamente independentes PREEXISTENTES e CONCOMITANTES não rompem
o nexo causal entre conduta e o resultado, ou seja, o agente responde pelo resultado.
Nos 2 primeiros exemplos dados, o infrator responderá por homicídio consumado (o resultado)
- A concausa relativamente independente SUPERVENIENTE se ÷ em 2 espécies:

 A que por si só PRODUZIU o resultado (art. 13, §único, CP)

OBS!
As que por si só produziram o resultado entre a conduta do agente e o resultado. CONCLUSÃO: o
agente não responde pelo resultado, mas apenas pelo ato que praticou.

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Ex: ‘A’ desfere um soco no rosto de ‘B’ causando-lhe um ferimento leve no olho. Ao ser levado ao
hospital ‘B’ sofre um acidente de automóvel e morre em razão dos ferimentos do acidente ocorrido.
O acidente é uma causa superveniente (porque aconteceu depois da conduta de ‘A’) e relativamente
independente (porque se originou na conduta de ‘A’, ou seja, se ‘A’ não agredisse ‘B’, ele não teria
sido levado ao hospital e sofrido o acidente) e por si só produziu o resultado (a morte não ocorreu
por conta do soco e sim pelos ferimentos no acidente).
CONCLUSÃO: ‘A’responderá apenas por lesão corporal no olho de ‘B’ e não por homicídio contra
‘B’.

 A que por si só NÃO produziu o resultado.

OBS!
- As que por si só NÃO produziram o resultado, elas NÃO rompem o nexo causal entre a conduta do
agente e o resultado. CONCLUSÃO: o agente responde pelo resultado.

- Erro médico (EM), Infecção hospitalar (IH), Complicação cirúrgica (CC), A DOUTRINA E A
JURISPRUDÊNCIA MAJORITÁRIA ENTENDEM que:
EM, IH, CC são causas SUPERVENIENTES RELATIVAMENTE INDEPENDENTES que por si só
NÃO PRODUZIRAM RESULTADO. O EM, CC, IH são desdobramentos previsíveis da conduta do
agente, ou seja, estão na linha de desdobramento causal da conduta do agente.

Ex: ‘A’ dá um soco em ‘B’ que é levado ao hospital adquirindo uma IH e morre. Nesse caso a IH é
uma causa superveniente (porque aconteceu depois da conduta de ‘A’) e relativamente independente
(porque se originou na conduta de ‘A’, ou seja, se ‘A’ não agredisse ‘B’, ele não teria sido levado ao
hospital e pego a IH) e que por si só não produziu resultado (para a doutrina e jurisprudência
majoritária).
O infrator responderá por homicídio consumado.

ATENÇÃO!!!!
De todas as causas relativamente independentes a única que rompe o nexo causal é a superveniência
que por si só produziu o resultado (art. 13, §1, CP).

4ª ELEMENTAR DO FATO TÍPICO – TIPICIDADE

1) ESPÉCIES DE TIPICIDADE

a) TIPICIDADE FORMAL

 É a mera adequação da conduta ao tipo penal incriminador, ou seja, há tipicidade formal quando a
conduta do agente se encaixa (se ajusta) inteiramente ao tipo penal incriminador.

Ex: ‘A’ furta R$2 de um supermercado.


Art. 155, CP- a conduta de ‘A’ enquadra-se perfeitamente no tipo penal incriminador desse art.

 ESPÉCIES DE TIPICIDADE FORMAL

 TIPICIDADE DIRETA ou IMEDIATA


o A conduta do agente se enquadra diretamente ao tipo penal incriminador;
o Não há necessidade de nenhuma norma de extensão para que haja tipicidade na conduta
o Ex: ‘A’ mata ‘B’

 TIPICIDADE INDIRETA ou MEDIATA


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o A conduta do agente NÃO se enquadra diretamente ao tipo penal incriminador;
o É necessária uma norma de extensão para que a conduta tenha tipicidade.
o Ocorre em 3 hipóteses:

 TENTATIVA
Ex: ‘A’ tenta matar ‘B’
O art 121, CP, não culpa a conduta de TENTAR matar, culpa a conduta de matar. Para que a conduta
de ‘A’ tenha tipicidade são necessárias: a norma do art. 121, CP (que puni o MATAR alguém) + a
norma do art. 14, II, CP ( norma de extensão temporal – antecede a punição para o momento anteriro
a consumação-, que puni a tentativa).

 PARTICIPAÇÃO
Partícipe é o que não executa o crime, mas colabora para sua ocorrência.
Ex: ‘A’ auxilia ‘B’ a matar a vítima emprestando a arma do crime.
O art 121, CP, não culpa a conduta de auxiliar matar alguém para que haja a tipicidade na conduta do
partícipe, são necessárias: a norma do art. 121, CP (que puni o matar alguém) + a norma de extensão
do art. 29, caput, CP (norma de extensão pessoal- permiti punir a pessoa que não executou o crime,
mas colaborou nele), que puni a participação.

 CRIME OMISSIVO IMPURO OU IMPRÓPRIO


Ex: SV não socorre banhista, que morre afogado.
O art. 121, CP não puni a conduta de deixar de evitar a morte de alguém, puni a conduta de matar
alguém. Para que a coduta do SV tenha tipiciade, são necessárias: a norma do art 121, CP + as
normas do art 13, §2º, “B”, CP (norma de extensão causal- porque ela permite um nexo de
causalidade entre a conduta daquele que não causou o resultado, mas tinha o dever de evitá-lo, e o
resultado), que puni a omissão daquele que tinha o dever de evitar o resultado.

NOTA!!!!
A tipicidade também é denominada ADEQUAÇÃO TÍPICA (sinônimos)
Tipicidade = Adequação Típica
Tip. Direta ou imediata = Adeq. Típ de Subordinação imediata ou direta
Tip. Indireta ou mediata = Adeq. Típ de Subordinação mediata ou indireta

b) TIPICIDADE MATERIAL

 É a relevância, a significância da lesão ou perigo de lesão causada ao bem jurídico, ou seja, só há


tipo material quando a conduta causa uma lesão ou perigo de lesão significante ao bem jurídico. Se a
conduta causa uma lesão ou perigo irrelevante, insignificante ao bem jurídico não há tipo material.

 No exemplo dado acima, a conduta de ‘A’, embora tenha tipicidade formal, não tem tipo material
porque R$2 é uma lesão insignificante ao patrimônio de um supermercado.

 O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA (Princípio da Bagatela) EXCLUI a TIPICIDADE


MATERIAL da CONDUTA STF, STJ e Doutrina
Não há crime por falta de tipicidade material.

OBS!

- ATUALMENTE: TIPICIDADE = T. FORMAL + T. MATERIAL


Não havendo tipicidade material, não haverá tipicidade, logo não há fato típico, logo não há crime.

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c) TIPICIDADE CONGLOBANTE (Ministro ZAFARONI- penalista)

 Tipicidade = Tip. Formal + Tip. Material + Atos antinormativos


 Não bastam a Tip. Matéria e formal, é necessário que o ato, também, seja antinormativo (ato não
permitido ou incentivado por lei).
Se a conduta tem tipicidade formal (se enquadra no tipo penal), tem Tip. Material (causou perigo ou
lesão significante), mas não é um ato proibido pela lei NÃO HÁ TIPICIDADE CONGLOBANTE,
ou seja, NÃO HÁ TIPICIDADE.

OBS!

- Para a Teoria da Tip. Conglobante o ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL e o


EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO NÃO são causas EXCLUDENTES DE ILICITUDE
(antijuridicidade), mas EXCLUDENTES DE TIPICIDADE, porque não são atos normativos.

- Para essa Teoria a LEGÍTIMA DEFESA e o ESTADO DE NECESSIDADE não excluem a


tipicidade porque não são atos normativos ou incentivados por lei, mas apenas TOLERADOS POR
LEI.

- Ex: Policiais federais prendem um perigoso traficante procurado pela justiça (mandato de prisão) e o
recolhem para uma cela de prisão. Essa conduta tem Tip. Formal (enquadra-se no art.148, CP); tem
Tip. Material (restringiu totalmente a liberdade do traficante – lesão significante a bem jurídico
liberdade); mas não é um ato normativo porque foi praticado no estrito cumprimento do dever legal.
CONCLUSÃO: de acordo com a Tip. Conglobante as condutas dos policiais não é sequer típica, ou
seja, não tem tipicidade.

- O CP não admite a TIPICIDADE CONGLOBANTE, é APENAS DOUTRINÁRIO.

2) ERRO DE TIPO

ESSENCIAL – EVITÁVEL ou INEVITÁVEL ACIDENTAL


*Incriminador – recaí sobre as elementares e *Erro sobre o objeto(coisa) – DOUTRINA
circunstâncias do tipo penal (art. 20, caput, CP) *Erro sobre a pessoa (art. 20, §3º, CP)
*Erro na execução (art. 73, CP)
*Não incriminador – recaí sobre as excludentes de *Resultado diverso do pretendido (art.74, CP)
ilicitudes (art. 20, §1º, CP) *Erro sobre o nexo causal - DOUTRINA

NOTA!!!!!
ELEMENTARES: são dados essenciais do tipo penal. Desaparecendo uma elementar o fato deixa de
ser crime (atipicidade absoluta) ou configura um crime (atipicidade relativa).
CIRCUNSTÂNCIAS: “circundari- estar em volta (latim)”
São dados secundários do tipo penal, ou seja, não influenciam na existência do crime, mas somente
na pena.
Elas são: As causas de aumento de pena
De diminuição de pena
Agravantes
Qualificadoras

a) ESSENCIAL

I. ERRO DE TIPO INCRIMINADOR (art. 20, caput, CP – erro sobre o elemento do tipo)
 É o erro do tipo essencial. Recaí sobre elementares e circunstâncias do crime.
 Subdivide-se:
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- ERRO DE TIPO INEVITÁVEL (ESCUSÁVEL, desculpável)
Exclui dolo e culpa (conduta) – NÃO HÁ CRIME

- ERRO DE TIPO EVITÁVEL (INESCUSÁVEL, indesculpável)


Exclui dolo, mas não exclui culpa- o agente é PUNIDO por crime CULPOSO se houver a forma
culposa do crime.

OBS!
O erro de tipo, seja evitável ou inevitável, SEMPRE EXCLUI o DOLO (não haverá crime doloso).

- Ex: o caçador atira durante à noite num “animal”. Ao se aproximar para pegar a caça ele verifica que
atirou em uma pessoa.
Conclusão: o erro do caçador recaí sobre a elementar ‘alguém’. O caçador não sabia que era uma
pessoa, pensou atirar em um animal.
ELEMENTAR ESSENCIAL – foi erro INEVITÁVEL – EXCLUI dolo e culpa. Não responderá por
homicídio nem doloso, nem culposo.
Se o erro de tipo foi EVITÁVEL – EXCLUI o dolo, mas não exclui a culpa (art. 121, §3º, CP)

Ex2: ‘A’, por engano, leva o aparelho celular de um desconhecido pensando ser o seu.
Conclusão: ‘A’ errou sobre a elementar ‘coisa alheia’, ele não sabia que o celular era de um
desconhecido (erro de tipo essencial)
Aplica-se o art. 20, caput, CP – INEVITÁVEL: exclui dolo e culpa, não respondendo pelo crime de
furto.
EVITÁVEL- exclui dolo, mas não exclui culpa. Ocorre que não há previsão legal de forma culposa
de furto. Nesse exemplo, seja erro de tipo evitável ou inevitável NÃO HAVERÁ CRIME.

Ex3: ‘A’ furta uma réplica barata de um rolex. Ele pensa que furtou um relógio de R$100.000,00,
mas furtou uma réplica que custa R$20,00 (coisa de pequeno valor)
Conclusão: o infrator ‘A’ errou sobre a expressão ‘de pequeno valor’, pois pensava que era algo de
grande valor. A expressão é CIRCUNSTÂNCIA do crime de furto, ou seja, refere-se a auma causa
de diminuição de pena.
Essa expressão não influencia na existência do crime, mas somente na pena, ou seja, não importa
quanto custa o relógio, há crime de furto em qualquer caso.
O erro de ‘A’ sobre o valor da coisa é um erro sobre a circunstância do crime. Como não sabia uqe a
coisa era de pequeno valor ele terá DIREITO a DIMINUIÇÃO DE PENA de 1⁄3 a 2⁄3 do art 155,
§1º, CP (erro de tipo essencial). O dolo dele era de furtar coisa de garnde valor e não de pequeno
valor, mas não sabia que estava furtando coisa de peq. Valor (embora ele tenha furtado algo de R$20,
ele não terá direito a diminuição de pena)

b) ERRO DE TIPO ACIDENTAL

I. ERRO SOBRE O OBJETO (COISA)

 Criação da Doutrina, não há previsão legal


 Conceito: o infrator confunde-se quanto ao objeto do crime.
Ex: quer furtar uma carga de arroz e por erro furta uma carga de milho.
 Consequências: dolo
1ª- não exclui nem culpa
2ª- não isenta de pena
3ª- o infrator responde considerando-se a coisa efetivamente atingida e não a que ele pretendia
atingir.
No exemplo dado, ele responderá por furto de milho (objeto efetivamente atingido) e não por furto
de arroz (objeto visado)
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ATENÇÃO!!!!!
O erro sobre a coisa, em regra, é erro acidental.
Excepcionalmente, porém, pode ser um erro essencial quando a coisa envolver (modificar) uma
elementar ou circunstância do tipo penal.
Ex: o exemplo do rolex, querer furtar um relógio de 100 mil e furtar um de 20 reais envolve uma
causa de munição de pena, ou seja, recaí sobre circunstância o crime (art 155, §1º, CP) – o erro sobre
a coisa é um erro essencial.
COISA de pequeno valor é uma circunstância do fato.

II. ERRO SOBRE A PESSOA (art. 20, §3º, CP)

 Conceito: o infrator confundiu-se quanto à vítima. Ele, por erro, pensa que está praticando um crime
contra a vítima pretendida, mas a verdade está atingindo outra pessoa (3ª).
 Consequências: dolo
1ª- não exclui nem culpa
2ª- não exclui pena
3ª- o infrator responde considerando-se a vítima pretendida e não aquela atingida.

Ex: ‘A’ quer matar o irmão. Ele se coloca num local escuro e atira nas costas de um desconhecido
pensando ser o irmão. CONCLUSÃO: ‘A’ responderá por homicídio doloso contra o irmão. Por
ficção jurídica ele matou o irmão.

III. ERRO NA EXECUÇÃO ou “ABERRATIO ICTUS” (art. 73, CP)

 Conceito: o agente, por acidente ou por erro no uso dos meios de execução, acaba atingindo pessoa
diversa da que pretendia atingir.
 Consequências: dolo
1ª- não exclui nem culpa
2ª- não isenta de pena
3ª- o infrator responde como se tivesse atingido a vítima pretendida, ou seja, considera-se a vítima
pretendida e não a atingida.

OBS! MESMA CONSEQUÊNCIA DO ART. 20 §3º, CP


Erro sobre a pessoa - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena.
Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra
quem o agente queria praticar o crime.

 Tipos:
- Aberratio ictus por acidente:
Ex: A esposa quer matar o marido envenenado. Coloca a sopa envenenada em cima da mesa para o
marido tomar. Enquanto o marido vai banhar o filho do casal chega a casa e toma a sopa.
CONCLUSÃO: a esposa responderá por homicídio doloso contra o marido. Porque se considera a
vítima pretendida.

- Aberratio ictus por erro no uso dos meios de execução:


Ex: ‘A’ quer matar o irmão. Posiciona-se, mas erra e acerta o vizinho que estava conversando com o
irmão.
CONCLUSÃO: ‘A’ responderá contra homicídio doloso contra o irmão.

OBS!
 NO ERRO SOBRE A PESSOA o infrator se confundiu quanto à vítima, ele pensa matar o irmão,
mas mata um desconhecido.

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POLYANY LEMOS (9925-6630)- PF AGENTE 2011
 No ERRO DE EXECUÇÃO o agente não se confundiu quanto à vítima, ele executa a sua conduta
contra a vítima certa, mas acaba atingindo pessoa diversa.

IV. RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO (art. 74, CP)

 Conceito: o agente pretende um resultado, mas por acidente ou por erro no uso do meio de execução
acaba obtendo resultado diverso do pretendido.
 Conseqüência:
1ª Não isenta de pena
2ª o agente responde pelo resultado ocorrido a título de culpa, e não pelo resultado pretendido.

ATENÇÃO!
Só responderá pelo resultado ocorrido se houver a forma culposa do crime.

Ex1: ‘A’ numa discussão de trânsito lança uma pedra para acertar no vidro do automóvel de ‘B’. Ele
erra o automóvel e acerta em um pedestre que passava pela calçada causando-lhe lesão.
‘A’ responderá por dano (163, CP) pretendido
Lesão culposa no pedestre (resultado diverso do pretendido)
Conseqência jurídica: ‘A’ responderá por lesão (resultado) a título de culpa, SE HOUVER a forma
culposa do crime.

Ex2: ‘A’ lança uma pedra para acertar ‘B’, erra ‘B’ e acerta um automóvel estacionado, quebrando o
vidro.
‘A’ responderá por lesão corporal em ‘B’ (pretendido)
Dano no automóvel estacionado (resultado diverso do pretendido.
Consequência jurídica: ‘A’ responderá pelo dano (resultado ocorrido) e não pelo resultado
pretendido, se houver a forma culposa do crime de dano.
No CP NÃO HÁ crime de DANO CULPOSO, então ‘A’ NÃO responderá nem pelo resultado
pretendido, nem pelo ocorrido porque não existe a forma culposa do dano.

Nesse Ex2 para parte da doutrina e jurisprudência o agente responde pelo resultado pretendido se ele
visava atingir um bem jurídico + valioso do que efetivamente atingiu, sob pena de haver impunidade.
ENTÃO, ‘A’ responderá por lesão culposa pelo resultado pretendido (doutrina)
Segundo a lei, ‘A’ não responderá por nada.

Ex3: ‘A’ lança uma pedra para quebrar o vidro do automóvel de ‘B’, e quebra. Os estilhaços do vidro
atingem o pedestre ‘C’ que passava pela calçada.
‘A’ automóvel de ‘B’ (dano)
Atingem ‘C’ (lesão)
Consequência jurídica: ‘A’ responderá pelos 2 crime em concurso formal (art. 70, CP) – Dano
doloso + lesão.
(Art 70, CP - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas
aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto,
cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios
autônomos, consoante o disposto no artigo anterior [No caso de aplicação cumulativa de penas de
reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela]).
Responderá pelos 2 crimes, pena maior + parte da outra.

V. ERRO SOBRE O NEXO CAUSAL (Doutrina, ainda não há previsão legal)

 Criação doutrinária

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POLYANY LEMOS (9925-6630)- PF AGENTE 2011
 Conceito: o agente por erro produz o resultado pretendido, porém com nexo de causalidade diverso
do pretendido.
 Tipos (espécies):

- Erro sobre o nexo causal, em sentido estrito (delito aberrante)


O agente mediante um só ato produz o resultado pretendido, porém com nexo diverso do pretendido.
Ex: o homicida empurra a vítima de um penhasco para ela morrer afogada no mar. Na queda a vítima
bate a cabeça em uma rocha e morre por traumatismo craniano. O agente conseguiu a morte da
vítima (resultado), mas não matou por asfixia, por erro, matou por traumatismo craniano (TC).
CONCLUSÃO: o nexo de causalidade (asfixia) não foi o pretendido, foi diverso dele (TC).

- Dolo geral
O agente mediante 2 ou mais atos obtém o resultado pretendido, porém com nexo de causalidade
diverso do pretendido.
Ex: homicida desfere uma paulada na cabeça da vítima que desmaia. Pensando que a vítima já está
morta, ele a joga no mar e ela morre por asfixia (afogamento)
CONCLUSÃO: o agente conseguiu o resultado, mas com o nexo causal diverso do pretendido
(asfixia e não TC)

OBS!
DOLO GERAL ≠ NEXO CAUSAL EM SENTIDO ESTRITO
(2 ou + atos) (1 ato)

 Conseqüências jurídicas sobre o nexo causal


dolo
1ª- não exclui nem culpa
2ª- não isenta de pena
3ª- o infrator responde pelo resultado produzido (dolo geral)

OBS! CORRENTES SOBRE A CONSEQUÊNCIA JURÍDICA


I. O agente responde considerando o nexo pretendido, porque o dolo dele estava voltado para o nexo
pretendido.
II. Responde pelo nexo ocorrido, porque o dolo é em razão do resultaso e não em relação ao nexo de
causalidade. Ex: homicídio simples
III. Na dúvida, considera-se o nexo de causalidade + benéfico (favorável) ao infrator. Ex: traumatismo
sem qualificadora de pena.

QUESTÃO!!! DE QUEM É A COMPETÊNCIA NO CASO DE ABERRATIO ICTUS?


EX: Homicida pretende matar um juiz federal, ele atira no juiz e por erro acerta a testemunha que
estava na audiência.
R= A aberratio ictus (art. 73, CP) SÓ TEM EFEITOS PENAIS, não interfere na competência que é
uma questão processual.
Nos termos do art 73, CP ele responde como tendo matado o juiz federal (efeitos legais)
Art 73, CP juiz federal- justiça federal
Juiz estadual – justiça estadual

VI. ERRO DETERMINADO POR 3º (art. 20, §2º, CP)

ERRO DO TIPO ERRO DETERMINADO POR 3º


O agente erra sozinho O agente é induzido a erro pelo 3º
Conseqüências: Conseqüências:
Já estudadas! *o 3º que causou o erro do agente é quem
responde pelo crime (autoria mediata ou
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POLYANY LEMOS (9925-6630)- PF AGENTE 2011
indireta)
O autor do crime não é quem o executou
diretamente, e sim o 3º causador do erro.

Ex: O médico, querendo matar um pct inimigo, entrega para a enfermeira uma injeção com veneno.
A enfermeira pensando tratar-se de medicamento injeta o veneno no pct e o mata.
R= o médico responderá por homicídio doloso, ou seja, o médico é AUTOR MEDIATO ou
INDIRETO do crime.

Ex2: o médico por DESCUIDO entrega a enfermeira uma dose excessiva de medicamento para ela
administrar no pct. A enfermeira sem condições de saber se a dose é a correta ou não, ministra o
remédio no pct e o mata por overdose.
R= o médico responderá por homicídio culposo.

OBS! DIFERNÇA ENTRE:


ERRO DE TIPO DELITO PUTATIVO POR ERRO DE TIPO
(IMAGINÁRIO)
O agente, por erro, não sabe que está O agente, por erro, pensa que está cometendo
cometendo um fato típico, ou seja, ele imagina um fato típico (um crime) quando na verdade
que está praticando uma conduta lícita e não está praticando um fato atípico.
uma conduta típica.
Ex: cometer crime culposo Ex: ‘A’ adquiri talco pensando ser cocaína
(droga). Ele pensa praticar o crime de porte de
drogas para consumo pessoal, quando na
verdade está praticando um fato típico.

ILICITUDE (ANTIJURIDICIDADE)

1) CONCEITO

 ANALÍTICO: é o segundo elemento ou substrato do crime


 MATERIAL: é a contrariedade do fato típico à lei (ao ordenamento jurídico)

2) CAUSAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE (CAUSAS DESCRIMINANTES OU


JUSTIFICANTES)

 CONCEITO: são causas que excluem a ilicitude do fato típico, ou seja, o fato é típico, mas não é
ilícito, logo não é crime.
Portanto, se estiver presente uma excludente de ilicitude o fato não é crime.
Ex: matar alguém em legítima defesa fato típico NÃO É CRIME
Não ilícito
 ESTÃO PREVISTAS
a) Parte geral CP (ex: art. 23 a 25, CP)
b) Parte especial CP (ex: art. 142, CP)
c) Legislação penal especial (ex: lei 9605/98) – fora do CP
d) Doutrina/Jurisprudência: consentimento do ofendido. Causa supralegal (não está na lei) de
excludente de ilicitude

 TIPOS
ESTADO DE NECESSIDADE (art.23, I, CP e 24, CP)
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- No Estado de Necessidade há um bem jurídico “em perigo” e a lei permite que outro bem jurídico
seja sacrificado/violado para que o bem “em perigo” seja preservado (salvo).
- Requisitos:
I. PERIGO ATUAL
Atos humanos; ataques de animais; fatos de natureza
Em Concurso prevalece o entendimento que o estado de necessidade não admite o perigo
IMINENTE, só há estado de necessidade se o perigo for atual.

II. PERIGO NÃO CAUSADO VOLUNTARIAMENTE PELO AGENTE


Não pode beneficiar-se do estado necessidade aquele que criou a situação de perigo.
Ex: o agente coloca fogo em 2 salas da empresa, ao fugir do fogo ele empurra, derruba e machuca
outra pessoa, ENTÃO ela não poderá alegar que cometeu essa lesão corporal em estado de
necessidade porque foi ele que criou/causou o incêndio, respondendo por lesão corporal.

QUESTÃO!
SE O AGENTE CRIAR O PERIGO CULPOSAMENTE PODE ALEGAR O EST. NEC?
R= para a maioria, SIM! O ‘voluntariamente’ é ‘dolosamente’
DOLO- não há Est. Nec CULPA- há Est. Nec

III. PROTEÇÃO DE DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO


(E.N. próprio) (E.N. de 3º)

IV. INEVITABILIDADE DO FATO TÍPICO


Não havia outro modo de salvar o bem em perigo senão praticando o fato típico, violando o bem
alheio.
Se o bem jurídico em perigo podia ser salvo sem a prática do fato típico, não há Est. Nec.
Ex: começa o incêndio e só há uma saída, e no desespero as pessoas empurram umas as outras para
saírem. Dentre essas pessoas ‘A’ empurra ‘B’ que cai e sofre lesões.
‘A’ não responderá por crime algum.

V. INEXISTÊNCIA DO DEVER LEGAL DE ENFRENTAR O PERIGO


Não podem alegar o Est. Nec as pessoas que por lei tenham o dever de se expor ao perigo.
Ex: militares, bombeiros, policiais

OBS!
Se há o dever de enfrentar o perigo, mas não há condição de enfrentá-lo, haverá Est. Nec.

VI. INEXIGIBILIDADE DE SACRIFÍCIO DO BEM AMEAÇADO

 TEORIAS
 TEORIA DIFERENCIADORA (TEORIA ALEMÃ)
Admite 2 espécies diferentes de Est. Nec:
Estado de necessidade JUSTIFICANTE (EXCLUI A ILICITUDE): Quando bem preservado é
maior que o bem sacrificado.
Ex: preservar vida sacrificando/violando patrimônio alheio

Estado de necessidade EXCULPANTE (EXCLUI CULPABILIDADE): Quando o bem


preservado é “igual ou inferior” ao bem sacrificado.
Ex: Salvar vida própria sacrificando vida alheia
Salvar patrimônio ofendendo a integridade física alheia.

 TEORIA UNITÁRIA (CP BRASILEIRO ADOTOU ESSA TEORIA)


Só admite uma espécie de Est. Nec:
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POLYANY LEMOS (9925-6630)- PF AGENTE 2011
Estado de necessidade JUSTIFICANTE (EXCLUI A ILICITUDE): Quando o bem preservado
é maior ou igual ao bem sacrificado.
Ex: preservou a vida sacrificando alheia
preservou a vida sacrificando patrimônio alheio

 CONCLUSÕES
- O Brasil adotou a teoria UNITÁRIA, e não a diferenciada
- No Brasil o Est Nec SÓ EXCLUI a ILICITUDE, jamais a culpabilidade
- No Brasil NÃO HÁ Est. Nec quando o bem preservado é inferior ao que foi sacrificado, apenas
possibilidade de redução de pena.

 REQUISITO ‘SUBJETIVO’
Conhecimento da ‘situação’ de Est. Nec.

OBS!
Se há Est. Nec., mas o agente não sabe que está agindo sobre ela , não se aplica a excludente.
Ex: empregado, irritado com a ordem do empregador chuta e danifica a porta da sala onde está
quebrando-a. Ao sair descobre que está ocorrendo um incêndio no andar.
Ele responderá, mesmo assim, por DANO na porta.

QUESTÃO!
FURTO FAMÉLICO PODE CONFIGURAR EST. NECESSIDADE?
Configura Est. Nec desde que seja praticado para saciar a fome inadiável, e que o objeto subtraído
seja alimento e não outra opção para saciar a fome, onde o infrator não disponha de outro recurso.
A simples carência de necessidade financeira não é excludente.

 CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DO ESTADO DE NECESSIDADE

- Est. Nec Próprio


De 3º

- Est. Nec Real – perigo existente


Putativo – perigo imaginário
o agente, por erro, supõe uma situação de perigo que não existe.

- Est. Nec Defensivo – o agente sacrificou bem jurídico do próprio causador da situação de perigo.
OBS! Não é crime, nem ilícito civil.
Agressivo - o agente sacrifica bem jurídico de 3º inocente que não foi o causador do
perigo.
OBS! Não é crime, mas é ilícito civil (direito à indenização, restando direito de
regresso ao causador do perigo).
Ex: ‘A’ coloca fogo na sala. Para fugir do fogo ‘b’ lesiona ‘C’. Então ‘B’ indenizará
‘C’, cabendo direito de regresso contra o causador do perigo (‘A’).

LEGÍTIMA DEFESA (art. 23, II + art. 25, CP)

1) REQUISITOS:

I. AGRESSÃO INJUSTA

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 Agressão a um bem jurídico;
 Agressão é somente ‘ATO HUMANO’
A legítima defesa é cabível contra qualquer pessoa, inclusive INIMPUTÁVEIS;

QUESTÃO!
DEFENDER-SE DE UM ATAQUE DE UM ANIMAL É EST. NEC OU LEG. DEFESA?
Se o ataque for ‘espontâneo’ – Est. Nec
Se o animal for ‘utilizado’ por uma pessoa ‘como instrumento’ da agressão – Leg. Def.

OBS!
NÃO HÁ LEG. DEF. CONTRA AGRESSÃO JUSTA

QUESTÃO!
ESSA AGRESSÃO INJUSTA TEM QUE NECESSARIAMENTE CONFIGURAR CRIME?
NÃO! Ex: ‘Inimputável’ não comete crime, mas pode praticar uma agressão injusta.

II. AGRESSÃO ATUAL OU IMINENTE


 Não existe Leg. Def contra agressão passada, já encerrada!
Ex: o agente num bar leva um soco no rosto; vai a casa dele e pega uma arma e mata quem lhe
desferiu o soco.
 Não há Leg. Def contra agressão futura (mera ameaça)
 Não há Leg. Def contra injusta PROVOCAÇÃO.

III. USO MODERADO DOS MEIOS NECESSÁRIOS


 Uso sem excesso. O EXCESSO DOLOSO OU CULPOSO É PUNIDO!
 Meio necessário: é o meio menos lesivo, dentre os que o agente dispõe, para defender-se de forma
eficaz. Força física
Ex: ‘A’ agride ‘B’; ‘B’ tem gás pimenta
Revólver (só se for o único meio)

IV. DEFESA DE DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO (3º)

QUESTÃO
É POSSÍVEL UMA LEG. DEF CONTRA UMA OMISSÃO INJUSTA?
R= SIM! Ex: preso agride carcereiro que injustamente recusa-se em cumprir alvará de soltura e
libertá-lo.

2) CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DA LEG. DEF.

 LEG. DEF. DEFENSIVA


A reação do agredido não configura fato típico
 LEG. DEF. AGRESSIVA
A reação do agredido configura fato típico

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 LEG. DEF. SUBJETIVA
É o excesso ‘escusável’ na Leg. Def, ou seja, a pessoa que está em Leg. Def comete ‘excesso sem
dolo e sem culpa’.
Qualquer pessoa, na mesma situação, exceder-se-ia.

OBS!
A Leg. Def subjetiva EXCLUI a CULPABILIDADE (doutrina e jurisprudência)

 LEG. DEF. SUCESSIVA


É a Leg. Def praticada contra o excesso na Leg. Def.

QUESTÃO (legitima defesa = LD)


É POSSÍVEL LD CONTRA LD?
R= DEPENDE! Existem situações:

a) LD REAL X LD REAL SIMULTANEAMENTE


Impossível! Pois é reação contra agressão injusta, e o autor de agressão injusta Não pode estar
também em LD.

b) LD REAL X LD REAL SUCESSIVAMENTE


Possível! Ex: ‘A’ tenta agredir fisicamente ‘B’; ‘B’ desferi um soco em ‘A’ que cai no chão
abatido; ‘B’ passa a chutar desnecessariamente o rosto de ‘A’; ‘A’ saca um revólver e atira em
‘B’.

c) LD REAL X LD PUTATIVA
Possível! Ex: ‘A’ e ‘B’ inimigos., encontram-se na rua; ‘A’ leva a mão ao bolso do paletó para
atender ao celular; ‘B’ pensando que ‘A’ está pegando uma arma, saca um revólver para matá-lo.
‘A’ saca também o revólver e mata ‘B’
Nessa situação, houve uma LD putativa de ‘B’ que originou a LD REAL de ‘A’.

d) LD PUTATIVA X LD PUTATIVA
Possível (Fernando Capez)! Ex: 2 inimigos levam a mão ao bolso do paletó para atenderem ao
celular, um pensa que o outro está pegando a arma. Ambos, então, sacam realmente suas armas e
atiram um contra o outro.

3) REQUISITO SUBJETIVO DA LEG. DEF. (ANIMUS DEFENDI)

 É o conhecimento da LD, ou seja, se há a situação de LD, mas o infrator não sabe que está nessa
situação, NÃO SE APLICA ESSA EXCLUDENTE.

Ex: ‘A’ vê ‘B’ de costas e atira nas costas dele, e na verdade ‘B’ estava aguardando ‘A’ passar para
matá-lo.
‘A’ responderá por homicídio, pois não sabia que estava agindo em LD (o dolo não era LD).

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ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL (art.23,III, CP)

 É o cumprimento, sem excessos de um dever previsto em lei ou outra norma jurídica, por quem
exerce FUNÇÃO PÚBLICA.

OBS!
- O excesso Doloso É PUNIDO
Culposo
- A expressão ‘LEGAL’ está empregada em sentido amplo. O dever pode estar previsto em lei, ou
outro ato normativo (decreto, portaria, resolução...)
- Essa excludente só pode ser alegada por agentes públicos, ou seja, quem exerce alguma função
pública.

EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO (art. 23, III, CP)

 O excesso Doloso É PUNIDO


Culposo
 A palavra REGULAR = Não irregular
 Essa excludente só pode ser alegada por PARTICULARES

OBS!
- Para o CP (e concurso) CAUSAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE:
Legítima defesa Estado de necessidade
Estrito cumprimento do dever legal Exercício regular de direito

- Para a teoria da TIPICIDADE CONGLOBANTE (só se especificar no concurso)


Excludentes de ilicitude Legítima defesa
Estado de necessidade
Excludentes de tipicidade Estrito cumprimento do dever legal
Exercício regular de direito

OFENDÍCULOS
 São APARATOS utilizados para proteger o patrimônio
Ex: cerca elétrica; cacos de vidro no muro; cachorro.

OBS!
- ANIMAL PODE SER OFENDÍCULO? SIM!
 NATUREZA JURÍDICA
a) Enquanto NÃO ACIONADO, é exercício regular do direito (direito de proteção do patrimônio)
Se ACIONADO, é legítima defesa (se foi acionado é porque estava acontecendo uma agressão
injusta ao patrimônio)

b) ACIONADO ou NÃO, é legítima defesa pré-ordenada.

c) ACIONADO ou NÃO, é exercício regular de direito.


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NOTA! OFENDÍCULO ≠ DEFESA MECÂNICA PREDISPOSTA

- OFENDÍCULO: aparato visível e configura exercício regular de direito


Ex: cerca elétrica
- DEFESA MECÂNICA PREDISPOSTA: é um aparato oculto que configura legítima defesa

OBS!
O ofendículo só EXCLUI A ILICITUDE se estiver em local INACESSÍVEL (pode ser visível ou
não) a terceiros inocentes, ou seja, o ‘excesso’ no uso dos ofendículos é punível.

 EXCESSO NAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE (art. 23, §único)

 O excesso em qualquer das excludentes do art 23, é PUNIDO!


EXCESSO Doloso: crime doloso
Culposo: crime culposo se houver a forma culposa do crime.
Ex: motorista está parado com o carro no sinal, o assaltante lhe empoe uma arma. O motorista pega
sua arma e atira no assaltante, que desmaia. O motorista sai do carro e atira no assaltante matando-o.
1º tiro: legitima defesa 2º tiro: excesso doloso – homicídio doloso

QUESTÃO
E SE O EXCESSO NÃO FOR NEM DOLOSO E NEM CULPOSO?
R= será em excesso EXCULPANTE (exclui a culpabilidade) causa ‘supralegal’ de exclusão da
culpabilidade.

É POSSÍVEL ESTADO DE NECESSIDADE CONTRA ESTADO DE NECESSIDADE?


R= SIM! Pois ambos os bens em perigo são legítimos.
Ex: 2 náufragos disputam a única bóia de salvação.

É POSSÍVEL ESTADO DE NECESSIDADE CONTRA LEGITIMA DEFESA?


R= NÃO!

 CONSENTIMENTO DO OFENDIDO

 NATUREZA JURÍDICA
- É uma causa ‘supralegal’ de exclusão de ilicitude.
Criada pela doutrina e jurisprudência, não está em lei.
 REQUISITOS

I. A FALTA de CONSENTIMENTO não é elementar do tipo penal (em regra).


“Se a falta de consentimento É ELEMENTAR DO TIPO PENAL, o consentimento EXCLUI a
TIPICIDADE (excepcionalmente).”
Ex: violação de domicílio (art. 150, CP)

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OBS!
Quando a falta de consentimento é elementar do tipo, o consentimento exclui a elementar, e o fato é
ATÍPICO.

II. Ofendido CAPAZ de consentir, ou seja, o consentimento dado por incapaz não é válido.
III. Consentimento tem que ser livre e consciente.
IV. Consentimento deve ocorrer ANTES ou, pelo menos, DURANTE a execução do crime.

OBS!
O consentimento APÓS a consumação do crime NÃO SERÁ VÁLIDO!

V. O bem deve ser próprio

OBS!
- Ninguém pode consentir ofensa a bem alheio;
- Se PRESENTES esses 5 REQUISITOS, o consentimento EXCLUI a ILICITUDE
Ex: durante um furto a um supermercado o proprietário diz ao infrator: “ Pode levar o bem.”. Sendo
assim, o proprietário permitiu.

VI. Bem disponível (possível de renúncia)


Ex: se um pct terminal consentir na eutanásia, esse consentimento não exclui a ilicitude da conduta
do médico, pois não corresponde ao VI requisito (bem indisponível- vida)

 DESCRIMINANTES PUTATIVAS ERRO DE TIPO


(excludente de ilicitude) (imaginário) ERRO DE PROIBIÇÃO

 É a legítima defesa, estado de necessidade, exercício regular de direito e o estrito cumprimento do


dever legal IMAGINÁRIO.
 O agente por ERRO supõe que está agindo em uma situação de Excludente de ilicitude.
 TIPOS:
1- O agente erra quanto a ilicitude da conduta. Por erro ele supõe que está autorizado a agir daquela
forma.
Ex: o marido anti a recusa da mulher mantém relação sexual forçada com ela, mediante violência. O
marido pensa estar no exercício regular de direito, mas esta praticando estupro.
Exercício regular de direito Putativo!

Ex2: um homem simples leva um tapa no rosto, ele vai até sua casa e pega sua arma e mata quem lhe
deu um tapa. Ele ‘imaginou’ estar agindo em defesa da sua honra.
Legitima defesa putativa!

OBS!
- No tipo 1 o agente sabe o que está fazendo, ela não erra sobre a situação de fato; Não sabe que é
proibida, pensa que é permitida.
Nessa situação, a doutrina determina que houve DISCRIMINANTE PUTATIVA POR ERRO DE
PROIBIÇÃO, e é tratada como tal.

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- Aplicar-se-á o art. 21, CP - Erro sobre a ilicitude do fato - O desconhecimento da lei é inescusável. O
erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto
a um terço. Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a
consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa
consciência.

2- O agente erra quanto à situação de fato, ou seja, ele supõe uma situação que na verdade não existe.
Ex: o agente pensa que o inimigo está pegando o revólver e o mata, mas este estava apenas pegando
o celular.
Pensa sofrer uma injusta agressão.

Ex2: o agente pensando estar no meio de um incêndio, danifica a porta para fugir, mas na verdade
não havia incêndio.
Pensa estar sobre ‘perigo atual’.

OBS!
- No tipo 2 o agente não sabe o que está se passando. Ele supões uma situação diversa da que
realmente existe.
Nessa situação pensa estar agindo por uma excludente de ilicitude.
- HIPÓTESES:
1ª CORRENTE: Teoria EXTREMADA da CULPABILIDADE (ERRO DE PROIBIÇÃO)
2ª CORRENTE: Teoria LIMITADA da CULPABILIDADE (ERRO DE TIPO – discriminante
putativa por erro de tipo) – adotada pelo CP (“ERRO DE TIPO PERMISSIVO”, pois recai sobre
uma norma permissiva)

NOTA!!!!
HÁ 2 ESPÉCIES DE DISCRIMINANTES PUTATIVAS :
- POR ERRO DE PROIBIÇÃO
O agente sabe exatamente o que está acontecendo, as pensa que sua conduta é lícita (não proibida).
Aplica-se o art. 21, CP, ou seja, se foi por erro INEVITÁVEL o agente é ISENTO DE PENA; se foi
um erro EVITÁVEL, DIMINUI PENA de 1⁄6 a 1⁄3.

- POR ERRO DE TIPO


O agente erra quanto a situação de fato, imagina uma situação que não existe.
Aplica-se o art. 20, §único, CP, ou seja, se foi um erro INEVITÁVEL o agente é ISENTO DE
PENA; se for um erro EVITÁVEL permiti a PUNIÇÃO por crime CULPOSO se prevista em lei a
forma culposa.

CULPABILIDADE

1) CONCEITO:
É pressuposto da aplicação de pena. Se NÃO há CULPABILIDADE, NÃO há PENA.

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OBS!
CULPABILIDADE É ELEMENTO DO CRIME?
R= Depende da corrente!
Corrente BIPARTITE: NÃO é ELEMENTO do crime, apenas pressuposto da pena.
Crime= FT + Ilicitude
Corrente TRIPARTITE (adotado pelo CP e maioria da doutrina): É ELEMENTO do crime, ou seja é
um pressuposto de aplicação da pena que integra o crime.
Crime = FT + ILIC + CULP
Para qualquer uma dessas teorias a culpabilidade é um ‘pressuposto da pena’, a discussão está
se a aplicabilidade ‘integra ou não o crime’.

2) ELEMENTOS DA CULPABILIDADE:

a) IMPUTABILIDADE
É a capacidade mental de entender o que faz
b) POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE
É a possibilidade de saber se o que faz é ilícito, ilegal
c) EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
Ocorre quando era possível exigir do agente que não praticasse a conduta.

OBS!
Presentes os 3 elementos cumulativamente, há culpabilidade e pressupõe aplicação de pena.
Se um desses elementos faltarem um deles, não há culpabilidade e, portanto, não há pena.

3) CAUSAS EXCLUDENTES DE CULPABILIDADE (OU CAUSAS EXIMENTES DE


CULPABILIDADE):

a) DOENÇA MENTAL OU DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO (RETARDADO):


 Prevista no art. 26 “caput” do Cód. Penal.
 Para que ela seja aplicada é necessário:
- Que a anomalia mental exista no momento da conduta, ou seja, no momento da ação ou omissão
(Assim, se a anomalia surgir depois do crime, não se aplica essa excludente);
- Que essa anomalia torne o agente inteiramente incapaz. Mas, se ele ficar PARCIALMENTE
INCAPAZ (chamado também de SEMI-IMPUTÁVEL), não há excludente, apenas diminuição da
penal ( art. 26 Parágrafo Único do Cód. Penal)

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POLYANY LEMOS (9925-6630)- PF AGENTE 2011
OBS!
O inimputável é processado, absolvido e sofre medida de segurança (internação ou tratamento
ambulatorial, art. 96 do Cód. Penal).
A sentença que aplica a medida de segurança é chama SENTENÇA DE ABSOLVIÇÃO
IMPRÓPRIA.
 O Semi-imputável é processado, condenado e sofre pena diminuída de 1/3 a 2/3 (art. 26 parágrafo
único do cód. penal) que pode ser substituída por medida de segurança.
 O art. 26 “caput” do cód. penal adotou o critério biopsicológico
Situação biológica (anomalia mental) + Situação psicológica (incapacidade absoluta)

NOTA!!!
IMPUTÁVEL – SÓ PENA
 Ou a pessoa é INIMPUTÁVEL – SÓ MEDIDA DE SEGURANÇA
SEMI-IMPUTÁVEL – SÓ PENA DIMINUÍDA que pode ser SUBSTITUÍDA
por MEDIDA DE SEGURANÇA

 NÃO há possibilidade de o juiz aplicar CUMULATIVAMENTE


Sistema do duplo binário existiu até 1984, Pena + Medida de Segurança.
 O BRASIL adotou o SISTEMA VICARIANTE
Pena OU Medida de Segurança

b) MENORIDADE (art. 27,CP + 288, CF)


 Causa excludente de IMPUTABILIDADE e, portanto, de culpabilidade.
 A IDADE é verificada no MOMENTO da CONDUTA, e NÃO do RESULTADO (art. 4, CP).

Ex: ‘A’ atira em ‘B’ 24.02.11 ATO INFRACIONAL Vítima morre 24.04.11
(‘A’ TEM 17anos e 11meses) ECA (art 4º, CP) (‘A’ tem + de 18 anos)
CONDUTA TEORIA DA ATIVIDADE RESULTADO

OBS!
- De acordo com o art. 4 do CP, o crime é considerado praticado no momento da conduta, pois o
código penal adota a teoria da atividade.
- O menor está sujeito a legislação especial, ou seja, ao ECA, ele responderá por ato infracional de
homicídio e sofrerá medida sócio-educativa, por exemplo internação na febem.
- A excludente da menoridade aplica-se mesmo que o agente tenha adquirido a capacidade civil
absoluta pela emancipação, por exemplo. Menor com 17, anos, emancipado, é absolutamente capaz
na órbita civil e absolutamente incapaz na órbita penal.

 A menoridade só pode ser modificada por meio de emenda constitucional.

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POLYANY LEMOS (9925-6630)- PF AGENTE 2011
OBS!
- Há entendimento de que a menoridade não pode ser alterada nem por emenda constitucional, porque
é cláusula pétrea, porque se refere ao direito fundamental de liberdade, nesse sentido, Luís Flávio
Gomes.
- O critério que o código utiliza na menoridade é o sistema biológico, ou seja, o código só exige o
requisito biológico da idade inferior a 18, pouco importando a capacidade de entender do
menor/desenvolvimento mental.

NOTA! CRIME PERMANENTE

Ex: ‘A’ SEQUESTRA‘B’ 25.02.11 (art 4º, CP) PF liberta vítima 25.04.11
(‘A’ TEM 17anos e 11meses) CONDUTA (‘A’ tem + de 18 anos)
OCORRENDO

Nesse caso o seqüestro começou quando ‘A’ era menor, mas se estendeu até ele completar a
maioridade – ‘A’ (seqüestrador) responderá pelo seqüestro
CONCLUSÃO: Se durante o CRIME PERMANENTE o infrator COMPLETA 18 ANOS, ele
RESPONDERÁ pelo crime permanente.

c) EMBRIAGUEZ INVOLUNTÁRIA E COMPLETA (art. 28, I, CP)

 Para que seja aplicada essa excludente, é necessário que a embriaguez involuntária e completa exista
no momento da conduta, ou seja, no momento do crime, o agente deve estar sobre embriaguez
involuntária e completa, e é necessário que essa embriaguez torne o agente absolutamente incapaz.

OBS!
- Se a embriaguez involuntária e completa tornar o agente PARCIALMENTE INCAPAZ, não há a
excludente de culpabilidade, o que há é somente uma causa de diminuição de pena (art. 28, §2).

 O código adotou aqui o sistema biopsicológico, o mesmo da doença mental.


A biológica é a embriaguez, e a psicológica é a incapacidade mental absoluta.
Somente se houver esses 2 requisitos, haverá a excludente de culpabilidade.

OBS!
- A embriaguez que pode ser por álcool ou qualquer outra substancia de efeitos análogos ao álcool.
- Embriaguez Voluntária significa que o agente se colocou em situação de embriaguez por sua própria
vontade que pode ser dolosa (o agente quis ficar embriagado) ou culposa (imprudência-excesso nas
doses)
Embriaguez involuntária decorre de caso fortuito ou força maior.
- Embriaguez pode ser:
*Voluntária + incompleta
(dolo/culpa) NÃO EXCLUI a CULPABILIDADE (IMPUTABILIDADE)
*Voluntária + completa (art.28, II,CP)

*Involuntária + incompleta – causa de diminuição de pena (art28, §2º, CP)


(caso fortuito/força maior) completa – exclui a imputabilidade e, portanto, a culpabilidade.
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POLYANY LEMOS (9925-6630)- PF AGENTE 2011
Ex: um calouro sofre um trote violento e ingere muita bebida alcoólica. Depois entra no seu
automóvel e, completamente embriagado, atropela e mata alguém
CALOURO- não responde por nada
Quem responderá pelo crime serão as pessoas que o forçaram a beber.

OBS!
- No caso de embriaguez voluntária e completa- O agente atua sem dolo e sem culpa, porque, se está
completamente embriagado, está agindo sem vontade e consciência.
- Nesse caso, para que o agente possa ser punido, é utilizada a teoria da ‘’actio libera in causa’’- ação
livre na causa- o dolo ou a culpa do agente é ANALISADO no MOMENTO em que ele se colocou
em estado de embriaguez e não no momento em que se executou a conduta.
- Se ele se colocou em estado de embriaguez, dolosa ou culposamente, é punido pelo delito.
- Conclusão - essa teoria permite punir o agente que está completamente embriagado no momento do
crime.

c.1) EMBRIAGUEZ PATOLÓGICA


 É equiparada a doença mental
 Aplica-se a embriaguez patológica o art. 26 caput, & §único, CP

c.2) EMBRIAGUEZ PREORDENADA


 O agente se embriaga com a intenção de praticar o crime, ou seja, ele se coloca em situação de
embriaguez para se encorajar a praticar o crime.
 Além de não excluir a culpabilidade, ainda é agravante de pena, prevista no art. 61, II, “L”, do CP.

OBS! EMOÇÃO E PAIXÃO


- Não excluem a imputabilidade (art 28, I).
- Elas podem funcionar como atenuante genérica de pena ou como causa especial de diminuição de
pena, mas jamais isentar de pena.

d) DEPENDÊNCIA DE DROGAS E A EMBRIAGUEZ INVOLUNTÁRIA E COMPLETA POR


INGESTÃO DE DROGAS (art. 45, lei 11.343/06 – lei de drogas)

 Somente se aplicam se existirem no MOMENTO DO CRIME (ser dependente ou estar embriagado


involuntariamente)
‘no momento do crime + agente inteiramente incapaz’
Isento de pena, lei 11.343/06

OBS!
Se o agente ficar PARCIALMENTE INCAPAZ não será isento de pena, haverá somente diminuição
de pena.

ATENÇÃO!
Essas excludentes de culpabilidade APLICAM-se a QUALQUER INFRAÇÃO PENAL; Não
somente aos crimes da lei de drogas (são CAUSAS GERAIS de exclusão de culpabilidade).

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POLYANY LEMOS (9925-6630)- PF AGENTE 2011
Ex: o agente sofre um trote violento sendo coagido a fazer uso de cocaína. Completamente
embriagado pela cocaína ele atropela e mata alguém.
Ele será isento de pena (art 45, caput, lei 11.343/06)

Ex2: um dependente de cocaína inteiramente incapaz de entender o que está fazendo, agride a
própria mãe.
Ele será isento de pena pelo crime de lesões corporais (art 45, caput, lei 11.343/06)

LEI 11.343/06 (art 45, caput, LD) Art. 28, §1º, CP


Dependência
Embriaguez involuntária e completa – aplica-se Embriaguez involuntária e completa – aplica-se
quando forem as substâncias da portaria SVS/MS para qualquer substância que NÃO esteja na
344/98 portaria 344/98
Sistema biopsicológico-
Dep/bem incap mental absoluta

e) ERRO DE PROIBIÇÃO INEVITÁVEL (art. 21, CP)

 O DESCONHECIMENTO da existência da LEI é sempre INESCUSÁVEL (indesculpável) – nunca


isenta de pena.
 Erro de proibição (erro sobre a ilicitude do fato)
É o erro sobre a ilicitude/proibição da conduta praticada.
O agente sabe exatamente o que está fazendo, só não sabe que o que está fazendo é proibido (ilícito),
ou seja, o agente por erro imagina que sua conduta é permitida/autorizada/não permitida em lei.

OBS! ERRO
- INEVITÁVEL (DESCULPÁVEL): o agente, considerando suas condições pessoais, não tinha
possibilidade de prevê que sua conduta era proibida pela lei - ISENTA DE PENA
- EVITÁVEL (INDESCULPÁVEL): o agente, de acordo com suas condições pessoais, tinha
possibilidade de prevê que sua conduta era proibida – NÃO ISENTA a CULPA, apenas DIMINUI
pena de 1⁄6 a 1⁄3 .
- CONCLUSÃO: apenas o erro de proibição INEVITÁVEL é ISENTO de pena!
O erro de proibição EVITÁVEL apenas DIMINUI a pena de 1⁄6 a 1⁄3 !
- Se o agente não sabia que sua conduta era proibida, mas tinha a “possibilidade de saber”, é erro de
proibição evitável, não exclui a culpabilidade.

f) COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL (art. 22, CP)

 Só a coação MORAL IRRESISTÍVEL exclui a culpabilidade.

OBS!
- COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL
Exclui conduta e, portanto FATO TÍPICO
- COAÇÃO MORAL/FÍSICA RESISTÍVEL
Não exclui culpabilidade ou fato típico, é apenas ATENUANTE de pena.

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 CONSEQUÊNCIA JURÍDICA
1º O coagido (sofre a ação) é isento de pena
2º O coator (pratica a ação) responde pelo crime praticado pelo coagido e pelo crime contra o
coagido.
Ex: um perigoso detento tortura psicologicamente, por telefone, um gerente de banco coagindo-o a
subtrair R$100.000,00 dos cofres do banco e deixar o valor em determinado lugar. O gerente atende
a exigência do criminoso e pratica o furto.
Solução jurídica Gerente (coagido) é isento de pena pelo furto
Detento (coator) responde pelo furto praticado pelo gerente e pela tortura
praticada contra o gerente
Quanto ao furto executado pelo gerente, o detento é o autor mediato ou indireto do furto.

g) OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA (art. 22, CP)

 Essa excludente SOMENTE se aplica nas HIERARQUIAS PÚBLICAS, não se aplica nas
hierarquias privadas (relação de trabalho, familiares, religiosos, partidários...)
Ex: um segurança de um shopping não pode alegar essa excludente.
 Essa excludente NÃO se APLICA quando se tratar de uma ORDEM EVIDENTEMENTE ILEGAL
 SITUAÇÕES:
 ORDEM LEGAL: o superior e o subordinado não respondem por nada. Posi agiram no estrito
cumprimento do dever legal.
Ex: delegado manda o agente procurar e prender o procurado. O agente procura e prende o acusado.
 ORDEM MANIFESTAMENTE ILEGAL: tanto o superior quanto o subordinado respondem pelo
crime.
Ex: delegado diz para agente atirar no preso com algemas, e ele atira.
 ORDEM DADA NÃO MANIFESTAMENTE ILEGAL: A ordem é ilegal, mas não é uma
ilegalidade evidente. O superior é punido; e o subordinado é isento de pena.
Ex: o delegado que mandou os agentes revistarem a escrivão, sendo que havia mulheres policiais no
recinto que podiam revista-la.
Responderão: Abuso de autoridade- delegado; Não respondem- agentes masculinos

ATENÇÃO!!!!
CAUSAS EXCLUDENTES DE CULPABILIDADE
1- DOENÇA MENTAL/DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO OU RETARDADO
(art 26, caput, CP)
2- MENORIDADE (art. 27, CP + art. 228, CF)
3- EMBRIAGUEZ INVOLUNTÁRIA E COMPLETA (art. 28, §1º, CP)
4- DEPENDÊNCIA DE DROGA E EMBRIAGUEZ INVOLUNTÁRIA COMPLETA POR
DROGA (art 45, caput; LEI 11.343/06 – LEI DE DROGAS)
5- ERRO DE PROIBIÇÃO INEVITÁVEL (art. 21, 2ª parte, CP)
6- COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL (art.22, CP)
7- OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA (art.22, CP)

* As causas 1,2,3 e 4 excluem a IMPUTABILIDADE (o agente não tem capacidade de entender o


que faz)
* A causa 5 exclui a POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE

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POLYANY LEMOS (9925-6630)- PF AGENTE 2011
No erro de proibição inevitável, o agente não tem possibilidade de saber que a sua conduta é
ilícita
* As causas 6 e 7 excluem EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
Não é possível exigir do agente que não pratique a conduta.
* Em todas essas 7 hipóteses NÃO HÁ CULPABILIDADE e, portanto ISENÇÃO DE PENA.

INTER CRIMINIS

a) São as fases percorridas pelo criminoso.


b) FASES:
1º. COGITAÇÃO
 É o ‘pensamento’ de se realizar o crime.
 Nunca é punível (não é crime)

2º. PREPARAÇÃO (ATOS PREPARATÓRIOS)


 São providências tomadas pelo infrator para executar o crime
 A preparação ocorre sempre antes do início da execução
 Em regra, não é PUNÍVEL, salvo se configurar CRIME AUTÔNOMO
 Ex1: o homicida compra veneno de insetos para matar a vítima
Ato preparatório- ato impunível (comprar veneno não é crime)
Ex2: o ladrão aluga automóvel para transportar carga que será roubada
Ato preparatório- ato impunível (alugar automóvel não é crime)
Ex3: o indivídio ‘A’ compra computador programado para falsificar dinheiro
Seria mero procedimento para preparação, mas já se configura
Crime (art 291, CP)
Art. 289, CP + art. 291, CP – a compra do PC, ppor si só, já configura o crime de
“PRETECHOS PARA FALSIFICAR MOEDA”

3º. EXECUÇÃO (ATOS EXECUTÓRIOS)


 Iniciada a execução de um crime, se o crime não se consumar contra à vontade do agente, haverá
TENTATIVA (14, II, CP)
 Iniciada a execução, se o crime não se consumar pela vontade do agente, haverá DESISTÊNCIA
VOLUNTÁRIA ou ARREPENDIMENTO EFICAZ. (15, CP)

OBS!
ARREPENDIMENTO EFICAZ(15, CP) ≠ ARREPENDIMENTO POSTERIOR(16, CP)

 Iniciada a execução, se a consumação for absolutamente impossível, será CRIME IMPOSSÍVEL.

4º. CONSUMAÇÃO (art. 14, I, CP)


 Crime consumado, é quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;

OBS!
- Fase interna do crime: cogitação + preparação

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- Fase externa do crime: execução + consumação

c) TEORIA PARA DIFERENCIAR PREPARAÇÃO DE EXECUÇÃO

i. TEORIA DA HOSTILIDADE AO BEM JURÍDICO


 Há execução quando ocorre uma situação de perigo concreto ao bem jurídico.
 Só há execução quando o bem jurídico passa a sofrer uma situação concreta de perigo
 CRÍTICA: saber em que momento o bem jurídico passa a sofrer um perigo real é praticamente
impossível e subjetivo.
ii. TEORIA OBJETIVA-FORMAL (OBJETIVO-FORMAL ou FORMAL-OBJETIVO)
 Só há execução quando o infrator começa praticar o ‘verbo’ do tipo penal.
 Ex: ele começa a ‘subtrair’, ‘matar’...
Ex2: ladrão é preso no quintal da casa que pretendia roubar. Será apenas violação de domicílio.
 Adotada nos CONCURSOS

iii. TEORIA OBJETIVO(A)-INDIVIDUAL


 Há inicio de execução quando a conduta doa gente demonstra inequivocamente a intenção de
executar o crime, ou seja, leva-se em conta o plano do agente.
 Ex: se o indivíduo é preso no quintal da casa com objetos para arrombar a porta, isso já é início de
execução de furto.
 CRÍTICA: Nem sempre é possível saber qual era o plano do autor.

d)TENTATIVA (art. 14, II, §único, CP)


 Já foi iniciada a execução
 Causa geral de DIMINUIÇÃO de pena
 Tipicidade indireta ou mediata – a conduta do agente não se enquadra diretamente no tipo penal, é
necessária a utilização de uma norma de extensão.
 Ex: ‘A’ tenta matar ‘B’
Art. 121, CP- puni matar alguém; não puno a conduta de tentar matar alguém
Para que a conduta de ‘A’ tenha tipicidade, é preciso:
Art 121, CP + 14, II, CP = Tipicidade
Norma de extensão temporal, ou seja, ela antecipa a punição para o momento
anterior a consumação.
 PUNIÇÃO DA TENTATIVA (art. 14, §único, CP)
- Regra: é punida com a mesma pena do crime consumado, DIMINUÍDA de 1⁄3 a 2⁄3.
- Exceção: é punida com a mesma pena do crime consumado, SEM qualquer DIMINUIÇÃO de pena
(“salvo, disposição em contrário”)
Ex: art 352, CP – evasão mediante violência contra a pessoa.

OBS!
Nos casos das EXCEÇÕES, esses crimes são chamados ATENUADO ou de EMPREENDIMENTO
– Tentativa punida com a mesma pena do crime consumado.

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 CRITÉRIOS PARA PUNIÇÃO DA TENTATIVA
i. CRITÉRIO OBJETIVO
Embora o dolo do agente tenha sido o de consumar o crime, na tentativa a ofensa a bem jurídico é
menor do que no crime consumado. Logo, a pena da tentativa deve ser menor do que a pena do crime
consumado.
Leva em conta o GRAU de ofensa ao bem jurídico!

OBS! ADOTADO PELO CP

ii. CRITÉRIO SUBJETIVO


Como a intenção do agente era consumar o crime, a pena da tentativa deve ser a mesma do crime
consumado sem a menor redução.
Leva em conta a INTENÇÃO do sujeito ativo.
 CRITÉRIO USADO PELO JUIZ PARA DOSAR O “QUANTUM” DE REDUÇÃO
O critério utilizado é o da “proximidade da consumação” – STF e STJ - 1⁄3 a 2⁄3.
Quanto MAIS PRÓXIMO da consumação o agente chegou MENOR a REDUÇÃO de pena, e vice-
versa.
Ex: o infrator atirou e acertou o pé (+ distante) a vítima, mas ela não morre!
a cabeça (+próximo)

 CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DA TENTATIVA

1º. *TENTATIVA PERFEITA (ACABADA; CRIME FALHO)


O agente consegue executar todos os meios de execução, mas não consegue consumar o crime.
Ex: o infrator tem uma arma com 5 munições. Ele desferi os 5 tiros na vítima, mas não consegue
matá-la.
*TENTATIVA IMPERFEITA (INACABADA)
O agente não consegue esgotar os meios de execução e por isso não consegue consumar o crime
Ex: o infrator tem 5 munições no revólver. Ele é desarmado por um policial após efetuar o 2º tiro,
ficando ainda 3 tiros.

2º. *TENTATIVA CRUENTA/VERMELHA


A vítima é atingida, lesionada, mas não morre.
*TENTATIVA INCRUENTA/BRANCA
A vítima não é atingida e, portanto, não é lesionada

3º. *TENTATIVA IDÔNEA


A consumação é possível, apesar de não ser alcançada.
*TENTATIVA INIDÔNEA (CRIME IMPOSSÍVEL)
A consumação é Absolutamente impossível de ser alcançada

4º. *TENTATIVA SIMPLES


A consumação não ocorre por circunstâncias contrárias à vontade do agente.
*TENTATIVA ABANDONADA (QUALIFICADA)
A consumação não ocorre pela própria vontade do agente
Nome doutrinário da Desistência voluntária e do Arrependimento eficaz.
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POLYANY LEMOS (9925-6630)- PF AGENTE 2011
 INFRAÇÕES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA

i. CRIME CULPOSO: No crime culposo o ‘resultado’ é involuntário, sendo que na tentativa o agente
quer o resultado.

OBS! MINORIA DOUTRINÁRIA


Há doutrina que admite a Tentativa na Culpa Imprópria (o erro indesculpável – evitável- na
discriminante putativa)
Ex: ‘A’ mata o inimigo pensando estar em legitima defesa
Ação dolosa, que será punido como crime culposo por questões de política criminal
Responderia por tentativa de crime culposo de homicídio com culpa imprópria
Essa corrente não prevalece no nosso ordenamento jurídico

ii. CRIME PRETERDOLOSO: Não admite a tentativa, pelo mesmo motivo do crime culposo (culpa no
resultado).

iii. CRIME HABITUAL: é aquele que só se caracteriza após uma reiteração de fatos.
Se os atos forem isolados, são ATÍPICOS;
Se forem habituais, configuram crime CONSUMADO
Ex: curandeirismo (art. 284, CP) – Exercer habitualmente

iv. CRIME UNISSUBSISTENTE


 CRIME OMISSIVO PURO/PRÓPRIO
Ex: omissão de socorro (consuma-se com a simples omissão)
 CRIME DE MERA CONDUTA
OBS! EXCEPCIONALMENTE admite tentativa
Ex: violação de domicílio (art 150, CP)

OBS! 3 SITUAÇÕES DISCUTÍVEIS


1- DOLO EVENTUAL
Prevalece na jurisprudência que é possível tentativa de crime praticado com dolo eventual
JUSTIFICATIVA: assumir o risco de produzir o resultado, não deixa de ser uma vontade.

2- CONTRAVENÇÕES PENAIS (art 4º, LCP/DEC-LEI 3688/41)


Admite a tentativa, mas esta não é punida

3- CRIME DE ATENTADO/EMPREENDIMENTO
Prevalece o entendimento de que não existe tentativa (P/ CONCURSO)
Se no crime de atentado a tentativa é punida com a mesma pena do crime consumado, é porque
existe a tentativa (minoria- NÃO nos concursos)

e) DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ (15, CP)

Apelido: Tentativa abandonada ou qualificada.

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POLYANY LEMOS (9925-6630)- PF AGENTE 2011
 DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
O agente, por um ato de vontade, desiste de esgotar os meios de execução, ou seja, desiste de
consumar a infração.

OBS!
 VOLUNTÁRIA, mas NÃO precisa ser ESPONTÂNEA (pode ser sugerida por 3º).
Se um 3º sugerir a um infrator a desistência voluntária ela NÃO DESPARECE, ou seja, a idéia de
desistir do crime não precisa surgir do infrator.
 Se a desistência for motivada por fatores externos e inesperados pelo agente, que causam a sua
desistência por receio de ser preso, NÃO É desistência voluntária.
Ex: o agente para a execução do crime porque alguém acende a luz na casa, ou porque disparo o
alarme de sirene de polícia e etc.
Desistência imposta por circunstâncias externas e inesperadas pela vítima
O agente responderá por ‘tentativa’ de furto

 ARREPENDIMENTO EFICAZ
O agente após esgotar os meios de execução disponíveis, arrepende-se e evita a consumação do
crime.
OBS! DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA ≠ ARREPENDIMENTO EFICAZ
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA ARREPENDIMENTO EFICAZ
O agente não esgota todos os meios de O agente esgota todos os meios de execução
execução disponíveis (age com dolo, mas se disponíveis
arrepende)
Ex: um infrator tem uma arma com 5 Ex: um infrator tem uma arma com 5
munições. Ele desfere 2 tiros na vítima e munições. Ele desfere os 5 tiros na vítima; em
voluntariamente pára de atirar seguida se arrepende, socorre a vítima em um
Responderá por lesões corporais hospital evitando a morte dela.
Responderá por lesões corporais

Afasta a tentativa de homicídio Não responde por tentativa de homicídio

 CONSEQUÊNCIA: O agente não responde pela tentativa do crime inicialmente pretendido, mas apenas
pelos atos já praticados, se os atos configurarem um crime.
 Ambos afastam a tentativa

QUESTÃO
PODERÁ HAVER ARREPENDIMENTO EFICAZ NO CASO DE MORTE DA VÍTIMA?
R= NÃO! Responderá por crime ‘consumado’ pois o arrependimento é INEFICAZ.
Ex: o infrator entra em uma casa que os moradores estão viajando. Arromba a porta, separa os objetos
para furtar e simplesmente desiste de furtar – Desistência voluntária
Afastada a tentativa de furto, responderá apenas por violação de domicílio e dano material na porta.
Ex2: o infrator vê uma bicicleta na rua e resolve furtá-la. Ele coloca um grampo de cabelo no cadeado e
o abre, então ele desiste de furtar a bicicleta - Desistência voluntária
Afasta-se a tentativa de furto, responderá apenas pelos atos realizados, configurem-se crime (não
responderá a crime algum, nesse caso.

 FÓRMULA DE FRANK
Na tentativa o agente QUER consumar o crime, MAS NÃO PODE;
Na desistência voluntária e arrependimento eficaz o agente PODE consumar o crime, MAS NÃO
QUER.

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7) ARREPENDIMENTO POSTERIOR (Art. 16, CP)

 NATUREZA JURÍDICA: é uma causa de diminuição de pena 1⁄3 a 2⁄3


 REQUISITOS:

I. Crime sem violência (dolosa) ou grave à pessoa

OBS!
 Se for violência culposa é cabível o arrependimento posterior.
Ex: no crime de lesão corporal
 Se for violência contra coisa, é cabível arrependimento posterior.
Ex: no crime de dano
 É cabível o arrependimento posterior em crimes patrimoniais e não patrimoniais.
Ex: peculato (contra a Adm Pública)

II. Reparação do dano ou restituição da coisa ATÉ o recebimento da denúncia/queixa

OBS!
 A reparação tem que ser integral, se ela for parcial não há arrependimento posterior.
Ex: Fun. Público comete peculato de R$10.00,00 e restitui R$9.00,00, não haverá diminuição de
pena do arrependimento posterior
 Existem o ‘oferecimento’ da denúncia ou queixa e o ‘recebimento’ da denúncia ou queixa. O MP ou
querelante oferecem a denúncia/queixa, o juiz faz o recebimento (ou recurso).
Oferecimento Recebimento
(MP/ querelante) (juiz)

Se já houve o oferecimento da denúncia ou queixa, mas ainda não houve o recebimento dela,
ainda é cabível o arrependimento posterior.
Se já houve o recebimento da denúncia, a reparação do dano ou restituição da coisa é mera
atenuante genérica de pena.

III. Reparação voluntária

OBS!
 Não precisa ser espontânea

Presentes esses 3 requisitos a diminuição de pena é um direito subjetivo do condenado, e não opção
do juiz.

 CRITÉRIO USADO PELO JUIZ PARA DOSAR A QUANTIDADE DE DIMINUIÇÃO DE PENA.


Critério da PRESTEZA, ou seja, quanto + rápido a reparação, maior a diminuição de pena e vice-
versa.

OBS!
ARREPENDIMENTO EFICAZ ARREPENDIMENTO POSTERIOR
O crime não se consuma O crime já está consumado
Causa de atipicidade da tentativa (Tentativa – Causa geral de diminuição de pena 1⁄ a 2⁄
3 3
circunstância alheia

 CRIMES QUE NÃO ADMITEM ARREPENDIMENTO POSTERIOR

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o Estelionato por emissão de cheque sem provisão de fundos.
(Súmula STF 554- se a reparação do dano ocorrer antes do recebimento da denúncia não haverá ação
penal).
o Crimes contra a ordem tributária (art. 1º e 2º, lei 8.137/90; art. 168, A, CP)
O pagamento do tributo sonegado ou contribuição é causa extinta de punibilidade.
o Peculato culposo (art. 312, §§2º e 3º, CP)
A reparação do dano ATÉ o trânsito em julgado é causa extinta de punibilidade.

QUESTÃO
O ARREPENDIMENTO POSTERIOR FEITO POR UM DOS INFRATORES BENEFICIA OS
DEMAIS?

R= existem 2 correntes:
Ex: ‘A’ e ‘B’ furtam.(‘A’-repara o dano, por ato voluntário antes do recebimento da denúncia1⁄3 a 2⁄3.

1ª – o arrependimento posterior é uma circunstância objetiva e por isso comunica-se aos demais
infratores (corrente majoritária)
Então ‘B’ também terá direito a diminuição de pena.
2º - o arrependimento posterior é uma circunstância subjetiva e, portanto, incomunicável aos demais
infratores.
Então ‘B’ não será beneficiado.

8) CRIME IMPOSSÍVEL (art. 17, CP e outros)

 Não é punível
 É a execução absolutamente impossível de se consumar
Se a possibilidade for relativa, haverá tentativa
 Nomes doutrinários (apelido)
‘Tentativa inidônea’ ou ‘quase crime’
 Hipóteses de crime impossível:

I. Crime impossível por absoluta impropriedade do objeto (art. 17, CP)


Nessa hipótese a pessoa ou coisa é absolutamente inatingível pela conduta.
Ex: Atirar em cadáver – inatingível no crime de homicídio
Tentar furtar alguém que num tem um centavo – absoluta impropriedade do objeto.

II. Crime impossível por absoluta ineficácia do meio de execução


O meio escolhido para executar o crime é absolutamente ineficaz para alcançar a consumação (art.
17, CP).
Ex: Disparar arma desmuniciada na vítima.
Tentar envenenar uma pessoa sadia com açúcar.

ATENÇÃO!
Se a possibilidade for apenas relativa, haverá tentativa.
Ex1: o infrator atira na vítima e a munição falha porque a arma está com defeito – tentativa branca de
homicídio
Ex2: o infrator tenta furtar a carteira da vítima que está do lado direito, mas coloca a mão no bolso
esquerdo – tentativa de furto.

III. Flagrante provocado/preparado (súmula STF 145)


Crime impossível por obra do agente provocador.

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A polícia ou particular induz/provoca o agente a praticar a conduta criminosa, adotando todas as
providências para tornar absolutamente impossível a consumação.
Ex: Dona de casa desconfiada da doméstica faz o seguinte: finge que esqueceu o cofre aberto e pede
para a empregada ligar o quarto e vai ao supermercado.
Quando a empregada coloca o maço de dinheiros no bolso, escuta voz de prisão de 3 policiais que
estavam na casa por autorização da dona.
A empregada não cometeu crime algum.
Tentado
OBS! Flagrante provocado ≠ FLAGRANTE ESPERADO – Crime Consumado
No flagrante esperado não é induzido ou provocado a cometer a conduta criminosa; ele a comete
espontaneamente sendo apenas esperado o momento de prendê-lo.
Ex: furto em estabelecimentos comerciais com sistema de vigilância, onde o segurança aguarda o
acontecimento ‘natural’ do crime para poder agir.

IV. Falsificação grosseira


É aquela absolutamente inapta para iludir a fé pública; falsificação perceptível a olho nu e por
qualquer pessoa.

OBS!
Se a falsificação grosseira for utilizada em fraude, poderá ocorrer Crime de estelionato.

QUESTÃO
Um policial finge ser viciado em drogas e simula a compra da droga com um traficante, quando o
traficante está passando a droga, recebe voz de prisão em flagrante.
Na conduta de vender houve crime impossível por flagrante provocado/preparado – o traficante
foi induzido pela polícia à conduta de vender que jamais se consumaria, pois o policial nunca
compraria. (VENDER- crime impossível por flagrante provocado)
O traficante poderá ser preso por: trazer consigo, guardar ou ter em depósito a droga, pois foi
conduta espontânea do traficante.
Houve flagrante preparado na conduta de tentar vender, mas antes de tentar vender, o traficante
já estava trazendo consigo, guardando ou tendo em depósito, espontaneamente.

 Teoria sobre punição do crime impossível

1ª- TEORIA SINTOMÁTICA


No crime impossível, embora a consumação não seja alcançável, o agente demonstra ser perigosa,
logo o crime impossível deve ser punível.
A conduta do agente é um sintoma que ele é perigoso.

2ª- TEORIA SUBJETIVA


No crime impossível, embora o resultado não seja alcançável, o agente demonstra intenção de
consumar o crime.
O crime impossível deve ser punido da mesma forma que a tentativa (mesma pena do crime
consumado, reduzida de 1⁄3 a 2⁄3.

3ª- TEORIA OBJETIVA (CP)


- TEORIA OBJETIVA PURA:
Sendo a possibilidade absoluta ou relativa, o crime impossível não deve ser punido
- TEORIA OBJETIVA TEMPERADA (CP- mais específica para a prova):
A impossibilidade absoluta não é punida;
A impossibilidade relativa é punida (como tentativa)

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CRIME CONSUMADO (art. 14, I, CP)

 Quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;


 A noção da consumação expressa total conformidade do fato praticado pelo agente com a hipótese
abstrata descrita pela norma penal incriminadora.

OBS!
 O crime consumado não se confunde com o exaurido; o iter criminis se encerra com a consumação.
 Nos crimes materias, de ação e resultado, o momento consumativo é o da produção deste; assim,
consuma-se o homicídio com a morte da vítima.
 Nos crimes culposos a consumação ocorre com a produção do resultado; assim, no homicídio
culposo, o momento consumativo é aquele em que se verifica a morte da vítima.
 Nos crimes de mera conduta a consumação se dá com a simples ação; na violação de domicílio, uma
das formas de consumação é a simples entrada.
 Em se tratando de crimes formais, a consumação ocorre com a conduta típica imediatamente anterior
à fase do evento, independentemente da produção do resultado descrito no tipo.
 Os crimes de perigo consumam-se no momento em que o sujeito passivo, em face da conduta, é
exposto ao perigo de dano.
 A consumação nos crimes permanentes se protrai no tempo desde o instante em que se reúnem os
seus elementos até que cesse o comportamento do agente.
 O crime omissivo próprio, por se tratar de crime que se perfaz com o simples comportamento
negativo (ou ação diversa), não se condicionando à produção de um resultado ulterior. O momento
consumativo ocorre no instante da conduta.
 No crime omissivo impróprio a consumação se verifica com a produção do resultado, visto que a
simples conduta negativa não o perfaz, exigindo-se um evento naturalístico posterior.

O EXAURIMENTO não influencia na consumação, pois o crime já está consumado.


Influenciará na dosagem da pena (desfavorável a pena)

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