Radiação de Corpo negro .
G UILHERME A XEL R AMOS DE O LIVEIRA S OUZA 1∗
Curso de Bacharelado em Física com ênfase em Física Computacional, Universidade Federal Fluminense,
213079-125 Volta Redonda - RJ, Brasil
Resumo
. radiação depende da temperatura do corpo. Por
1 Introdução
Um dos resultados experimentais que mais cha-
mou a atenção dos cientistas no final do século XIX
foi o estudo da luz emitida por corpos quando se
encontram muito quentes, como o ferro “em brasa”
ou mesmo um carvão em brasa. Os ferreiros da
época já sabiam que quando o ferro ficava rubro,
a sua temperatura estava por volta dos 1.000 K,
podendo ser mais facilmente trabalhado.
Com a finalidade de estudar a luz emitida pe-
los corpos quentes, foi proposto um modelo no
qual a ideia era realizar os cálculos apenas da ra-
diação produzida pela agitação térmica do corpo.
Tal corpo deveria absorver toda a radiação que che-
gava até ele, não podendo refleti-la. Dessa forma,
o corpo teria de ser totalmente negro, daí o nome
do modelo: radiação do corpo negro.
Ao olharmos para o passado, levando em conta
o que conhecemos hoje, podemos afirmar que o
estudo da radiação do corpo negro marca o surgi-
mento da Mecânica Quântica.
Em primeiro lugar, temos que entender de fato o
que é radiação de corpo negro. Ao aquecermos um
∗ guilherme.axel@id.uff.br
1
corpo, ele passa a emitir radiação eletromagnética.
Dessa maneira, podemos dizer que o espectro dessa
exemplo, o forno de uma indústria siderúrgica ou
o Sol produz radiação através da agitação térmica.
Se observarmos o carvão em brasa, na verdade
veremos a radiação de corpo negro de um corpo à
temperatura muito alta.[3]
A primeira menção a corpos negros deve-se a
Gustav Kirchhoff em 1860, em seu estudo sobre a
espectrografia dos gases. Muitos estudiosos tenta-
ram conciliar o conceito de corpo negro com a dis-
tribuição de energia prevista pela termodinâmica,
mas os espectros obtidos experimentalmente, ainda
que válidos para baixas frequências, mostravam-se
muito discrepantes da previsão teórica, explicitada
pela Lei de Rayleigh-Jeans para a radiação de corpo
negro. Uma boa aproximação dos valores para o
máximo de emissão para cada temperatura era dado
pela Lei de Wien, porém foi Max Planck que, em
1901, ao introduzir a Constante de Planck, como
mero recurso matemático, determinou a quantiza-
ção da energia, o que mais tarde levou à teoria
quântica que, por sua vez, rumou para o estudo e
surgimento da mecânica quântica. [8]
Neste relatório começaremos pelo fundamento
teórico . Em seguida explicaremos como será feito
o experimento e como foi coletado alguns dados
que serram importantes para os nossos cálculos e
na analise do gráfico e concluiremos na seção 4.
1.1 Fundamentação Teórica
1.2 O espectro de radiação térmica de
um corpo negro
O espectro é simplesmente uma representação de
ampltiudes, ou intensidades, dos componentes on-
dulatórios de um sistema quando relacionadas com
a frequência, ou comprimento de onda [6]. Um
espectro comum é o espectro do vísivel, que é uma
faixa de comprimento de onda onde conseguimos
enxergar a radiação eletromagnética.
Figura 1: Demonstração do espectro e as faixas de
cada tipo de radiação relacionado pelo seu
comprimento de onda típico. Fonte:[1].
Na imagem 1 podemos ver várias faixas onde
somente uma pequena porção dela é a faixa na qual
enxergamos, que é a faixa do vísivel. Se a radiação
eletromagnética encontra-se na faixa do visível, as
diversas frequências eletromagnéticas traduzem-se
em "cores", visualmente observáveis, e para o caso
onde todas as componentes na faixa de frequências
em questão estejam significativamente presentes,
tem-se a impressão de um arco-iris [6].
Toda matéria emite uma radiação eletromagné-
tica quando tem uma temperatura maior que o zero
absoluto. A radiação representa a conversão da
energia interna do corpo em energia eletromag-
nética e é chamada de radiação térmica. É um
processo espontanêo da distribuição radiativa da
2
entropia [5]. Essa radiação também é estudada a
partir de um espectro, onde o pico da intensidade
relacionada a cada comprimento de onda varia com
a temperatura, como mostra a figura a seguir.
Figura 2: Espectro de um corpo negro que relaciona
a intensidade com o comprimento de onda
para cada temperatura [5].
O quanto a temperatura decresce, o pico radiação
do corpo negro se move para menores intensidades
e maiores comprimentos de onda [5]. Ao se aproxi-
mar da temperatura ambiente de aproximadamente
300K, podemos ver que o pico de intensidade se
move para fora da faixa do visível. Já quando o
corpo apresenta temperaturas de aproximadamente
800K, o corpo começa a emitir uma quantidade sig-
nificativamente grande de luz na região do visível e
elevando essa temperatura chegamos a ter uma cor
avermelhada da luz, onde se passa para uma cor
amarelada até uma cor de azul bem claro. A tem-
peratura do Sol, que também é aproximadamente
um corpo negro, de aproximadamente 5800K tem
o pico na parte amarelo esverdeado do espectro
visível e um poder significante no ultra-violeta [5].
Porém, o conceito de um corpo negro é uma
mera idealização, já que corpos negros perfeitos
não existem na natureza [5]. Uma das idealiza-
ções feitas para o corpo negro é imaginar como
sendo um corpo praticamente fechado, com pare-
des opacas para a radiação, que possui somente
uma pequena cavidade com tamanho comparável
W
do comprimento de onda da radiação eletromagné- λmax = , (3)
tica que passa por ele. A ideia é de que esse corpo T
atinja o equilíbrio térmico a partir da absorção da onde λmax é o comprimento de onda com maior in-
energia que lhe é incidida e depois da emissão desta tensidade, T é a temperatura do corpo e W é a cons-
energia absorvida [4]. tante de Wien com valor de W = 2.89x10−3 mK
[7].
Para encontrar a temperatura do filamento de
1.3 Encontrando a relação do compri- tungstênio, partiremos da equação da resistividade.
mento de onda com a temperatura
R = R0 [1 − α0 (T − T0 )], (4)
Primeiramente vamos estabelecer a intensidade
(I) da radiação emitida por um corpo é dada pela onde R0 é a resistência da lâmpada desligada, T0 é a
Lei de Radiação de Planck: temperatura ambiente e α0 é o coeficiente termico
do tungstênio.
2πc2 h 1 Isolando T, tem-se
I (λ) = . (1)
λ5 eλkT
hc
−1 R
R0 −1
T = T0 + . (5)
onde c é a velocidade da luz no vácuo, h é a cons- α0
tante de Planck, k é a constante de Boltzmann, T é a Pela lei de Ohm, pode-se escrever R = V /I. Assim,
temperatura absoluta do corpo e λ é o comprimento de (5)
de onda da radiação. O comprimento de onda com V /I
R −1
maior intensidade é dado por T = T0 + 0 , (6)
α0
constante 0.00292mK onde V e I são a tensão e a corrente, respectiva-
λmax = = .
T T mente, presentes na lâmpada.
onde T é a temperatura absoluta do corpo. A tem-
peratura do filamento de luz do corpo negro pode 2 Experimento.
ser calculado usando a resistência do filamento en-
quanto estiver aceso. A resistividade do tungstênio O experimento feito através da medida da inten-
filamento é uma função não linear da temperatura. sidade de cada comprimento de onda de um feixe
A resistência do filamento é encontrada usando: de luz vinda de uma lâmpada de corpo negro. A
fonte de luz de corpo negro com a lâmpada emi-
V
R= . (2) tirá luz, com a tensão vinda do amplificador de
I
potência. A luz é colimada através da fenda e lente
onde V é a tensão aplicada à lâmpada e eu é a colimadores.
corrente através da lâmpada. A temperatura de- Os feixes atingirão atingiram a rede de difração
pendência da resistência é usada para determinar a que está encaixado no suporte. Como cada compri-
temperatura do filamento quente. mento de onda terá um índice de refração diferente,
A lei de Wien nos permite relacionar o com- os feixes serão difratados de forma contínua, for-
primento de onda com maior intensidade com a mando um espectro de luz. Para medir as intensida-
temperatura do corpo negro. des de cada comprimento de onda e associa-las ao

3
 Espectro da Lâmpada para diferentes Tensões
2
1V
1.8 2V
3v
1.6 4v
5v
1.4

Intensidade
1.2

0.8

0.6

0.4

0.2

0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8
Figura 3: Sistema para o experimento de corpo negro Comprimento de onda(µm)

[2]
Figura 4: fonte: autor

3 Resultados e discussões
3.1 Gráfico
3.2 Analise de Dados
seu devido comprimento de onda, selecionado por
uma fenda de abertura 1mm , finalmente podermos 4 Conclusões
associar a intensidade com o comprimento de onda
correspondente. Para associar a intensidade dos .
feixes difratados com o ângulo, foi utilizado um
sensor de luz de alta sensibilidade apoiado num
braço montado num prato angular, com o propósito Referências
de fazer o sensor girar em torno da rede de difra-
[1] InfoEscola. Espectro eletromagnético. [Online;
ção, medindo assim a intensidade com um sensor
acessado 14-Outubro-2018].
de movimento ângular. acoplado ao prato angular
para medir o ângulo. Os dados da intensidade e [2] PASCO. Instruction manual and ex-
do ângulo associado são coletados pela interface periment guide for the pasco scientific
(Science Workshop) e transferidos para o software model os-8542. ftp://ftp.pasco.
DataStudio, para que possamos guardar os dados com/support/documents/english/OS/
para modificar o gráfico da intensidade x ângulo OS-8542/012-07105B.pdf.
para o domínio do comprimento de onda, podendo
assim verificar se os comprimentos de onda associ- [3] Domiciano Correa Marques SILVA. Radiação
ados aos picos de intensidade estão de acordo com do corpo negro, 2016. [Online; acessado 25-
a lei de Weiss. O processo é repetido para várias junho-2019].
voltagens, mudando a temperatura e assim, o com-
primento de onda associado ao pico de intensidade. [4] Wikipedia contributors. Black body — Wiki-

4
 pedia, the free encyclopedia, 2018. [Online;
acessado 14-Outubro-2018].

[5] Wikipedia contributors. Black-body radi-

ation — Wikipedia, the free encyclopedia.
https://en.wikipedia.org/w/index.
php?title=Black-body_radiation&
oldid=861554145, 2018. [Online; acessado
14-Outubro-2018].

[6] Wikipédia. Espectro (física) — wikipédia, a

enciclopédia livre, 2017. [Online; acessado
14-Outubro-2018].

[7] Wikipédia. Lei de wien — wikipédia, a en-

ciclopédia livre, 2017. [Online; accessed 28-
Outubro-2018].

[8] a enciclopédia livre. Wikipédia. Corpo negro,

2019. [Online; acessado 25-Abril-2019].