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Endereço (1) : Laboratório de Eng. Sanitária e Ambiental / Departamento de Eng. Civil - Universidade Federal
de Viçosa - Cep: 36571-000 - Viçosa (MG). Tel (31) 899 2747 ; Fax (31) 899 1737; E-mail:
lesa@mail.ufv.br
RESUMO
A compostagem de resíduos orgânicos se constitui no método mais antigo de reciclagem e tratamento de
resíduos orgânicos.
Quando a compostagem é utilizada no tratamento de resíduos contaminados por compostagem, estes passam a
apresentar sério risco quando manipulados, principalmente em populações de baixa renda que encontra-se mais
susceptível a esta situação. Grande parte da bibliografia especializada parece concordar que a manutenção de
temperaturas termófilas (próxima a 60º C) por um curto período (que varia de uma hora a três dias, de acordo
com o autor) são suficientes para eliminar os microrganismos patógenos da massa de compostagem. Os autores
do presente trabalho não concordam com essas afirmativas, alertam aos danos que essa prática pode causar e
mostram, à luz de resultados práticos, que são necessários, no mínimo, 20 dias sob temperatura termófila, para
que se obtenha índices satisfatórios de eliminação de microrganismos patógenos no processo de compostagem.
INTRODUÇÃO
A compostagem constitui-se um dos mais antigos processos de reciclagem (terciária) de resíduos orgânicos
de que o homem tem conhecimento.
Trata-se de um eficiente processo de tratamento existente em várias concepções (de baixo custo), as quais, em
sua quase totalidade, mantém grande simplicidade e flexibilidade operacional para tratar quantidades
diversificadas de resíduos orgânicos.
No intuito de melhor esclarecer sobre esses problemas e provar que esses valores não representam,
absolutamente, a realidade prática que ocorre nos processos (podendo, inclusive, contribuir para maiores
problemas de contaminação na compostagem), o presente trabalho apresenta dados de pesquisas que
comprovam ser necessário, em condições reais de trabalho, no mínimo, vinte (20) dias sob temperatura
termófila para termos uma inativação satisfatória dos patógenos, seguindo-se, obrigatoriamente, a fase de
maturação do processo onde ocorre, inclusive, a ação natural de antibióticos na eliminação de eventuais
patógenos remanescentes.
OBJETIVOS
O objetivo do presente trabalho é, portanto, provar que constitui-se um grande erro assumir que a eliminação
de agentes patógenos na compostagem possa se dar pelo que preconizam algumas bibliografias especializadas,
ou seja, com a manutenção de temperaturas termófilas próximas a 60º por uma hora (5 e 6). Neste sentido
serão apresentados vários resultados de pesquisas utilizando diferentes substratos (lixo urbano, lodo de esgotos,
resíduos agrícolas e resíduos agro-industriais) que comprovam, estatisticamente, ser impossível obter a
eliminação de microrganismos patógenos nas práticas de compostagem, nesses curtos períodos indicados. Os
autores mostram como proceder operacionalmente para obter a correta eliminação dos patógenos na
compostagem de qualquer tipo de resíduo orgânico.
METODOLOGIA
Os experimentos, aqui referidos, constituíram-se de leiras de compostagem, montadas com média de 700 kg de
material, sendo utilizado como matéria-prima a fração orgânica do lixo urbano, resíduos agrícolas, lodo de
esgotos domiciliares e resíduos agro-industriais.
Para efeito de avaliação da eficiência do processo, serão apresentados os resultados referentes à mineralização
dos resíduos orgânicos (sólidos voláteis e/ou relação C/N).
Os processos de compostagem utilizados foram diferenciados (conforme indicado nos Quadros), e variam
desde uma versão do processo windrow (processo LESA de compostagem) com aeração por reviramento
manual, até os processos desenvolvidos por aeração forçada.
A aeração manual foi desenvolvida, segundo os critérios descritos do Processo LESA de Compostagem, no
qual o ciclo de reviramento das leiras se dá a cada 3 dias no primeiro mês do processo, seguindo-se de um
reviramento a cada 6 dias até o fim da fase de degradação ativa.
A aeração mecanizada, das leiras estáticas aeradas, foi desenvolvida segundo descrito na bibliografia
especializada (7, 8 e 9). Neste processo, um separador (Secomac/46), com motor de ½ HP de potência, “injeta”
ar na massa de compostagem, segundo o controle de um mecanismo “eletromecânico”, em “feedback”, por uma
sonda de controle (termistor) que “informa” ao sistema eletrônico (relé/termostato), a temperatura da massa de
compostagem. Quando esta temperatura “informada” for maior do que a temperatura máxima de controle das
leiras (65oC), o sistema eletrônico aciona o soprador e a leira é automaticamente aerada. O sistema conta
também com um temporizador (‘timer”) que aciona o soprador (por 2 minutos a cada ciclo de 30 minutos) nos
casos em que a temperatura máxima da leira for menor que 65oC.
A determinação das taxas de aeração (0,2 a 0,8 m3 de ar/kg s.v/dia) seguem as recomendações propostas nas
pesquisas desenvolvidas pela Universidade de Leeds e a Universidade de Federal de Viçosa.
RESULTADOS
As análises microbiológicas, parte relevante do trabalho, são apresentadas em termos da contagem da
população de microrganismos indicadores de patógenos, a exemplo dos Estreptococcus fecais.
CONCLUSÕES
Os resultados apresentados mostram, com base nos experimentos criteriosamente monitorados, que de fato
torna-se um absurdo, além de constituir-se em grande perigo para a saúde pública, avaliar a eliminação de
microrganismos patógenos na compostagem com base em simples recomendações que preconizam tempos de
apenas uma hora ou dois a três dias sob temperaturas termófilas (com o respaldo das tabelas de inativação de
patógenos amplamente divulgadas (Quadro 1).
Existem vários fatores intrínsecos aos processos de compostagem que jamais permitirão que a eliminação dos
patógenos ocorra em períodos tão curtos quanto preconiza boa parte da bibliografia sobre o assunto. Dentre
esses fatores, podemos citar, também: a heterogeneidade do material, o tamanho das partículas, a existência de
zonas “mortas” nas leiras de compostagem (base/flancos inferiores) e a possibilidade, real, de recontaminação, a
depender do grau de mineralização da massa de compostagem.
Os resultados de pesquisas, publicados neste trabalho, mostram claramente que para a obtenção de um produro
final livre de contaminantes biológicos, é necessário manter um rígido controle do processo (oxigenação,
umidade), onde o binômio: temperatura/tempo tornam-se parâmetros de suma importância para a efetiva
eliminação dos contaminantes biológicos (a exemplo dos patógenos) na compostagem.
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Dissertação (Doctor of Philosophy) The University of Leeds England