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Instituto Federal do Espirito Santo – Campus São Mateus, Rua Duque de Caxias, nº 194 A – Bairro Carapina -
CEP:29933-030 – São Mateus, ES, Brasil
1. Introdução
Devido existir vários modelos de turbinas, cada qual com suas peculiaridades, o
problema reside em escolher qual o melhor tipo de turbina para o ponto em análise. Logo, a
escolha de uma turbina deve considerar a facilidade de operação e manutenção, capacidade de
atendimento (em casos de problemas durante o funcionamento) e a disponibilidade do
fabricante em fornecer peças sobressalentes. Outros pontos importantes são a confiabilidade e
robustez do equipamento, haja vista que nesse tipo de aplicação, pequenas centrais, geralmente
a operação é de modo não assistido (ELETROBRÁS, 2010).
O modelo mais adequado para cada instalação, leva em conta também os fatores queda,
vazão e velocidade de rotação e pode-se montar um gráfico com o campo típico de aplicação
para cada turbina (HACKER, 2012).
A escolha de utilização de uma turbina se fundamenta essencialmente sobre dois
fatores: a altura de queda d’agua (H) e da vazão (Q). O diagrama 1 abaixo permite determinar
a turbina que melhor se adapta a partir destes dois parâmetros.
São classificadas como uma turbina de ação (impulsão), pois para provocar o
movimento de rotação elas utilizam a velocidade do fluxo de água (GOMES, 2010).
Esta turbina consiste em uma roda circular que tem na sua periferia um conjunto de
copos, ou conchas, sobre as quais é inserido tangencialmente um jato de água por um ou mais
injetores que são distribuídos uniformemente na periferia da roda (GOMES,2010).
As conchas, que têm uma aresta central situada ao longo de seu perímetro, podem ser fundidas
e aparafusadas ao disco central quanto serem fundidas em uma única peça junto ao rotor.
Quando o jato cai sobre as arestas se subdivide em dois jatos que escoam pelos dois lados da
concha (ALVES, 2007).
Na turbina Pelton, o fluido é enviado através de um bocal para que a maioria de sua
energia mecânica disponível seja convertida em energia cinética.
Nestes tipos de turbina o torque é gerado pela ação de um jato livre sobre a dupla concha do
rotor. Por essa razão a turbina Pelton também é chamada de turbina de jato livre (JUNIOR,
2000).
São comumente utilizadas em usinas cuja altura da queda d’água é maior do que 250m,
embora seja também utilizada para alturas menores. Há instalações de usinas nos Alpes suíços
em que a altura chega a quase 1.800m. (COSTA, 2003).
A água da barragem é direcionada para as turbinas por uma canalização. Logo que a
água se aproxima da turbina, esse canal se divide em dois ou mais sub-canais de diâmetros
inferiores que servem de alimentação para os bocais. O bocal tem como principal papel acelerar
a vazão baseado no princípio de convergência: o bocal transforma energia potencial em energia
cinética. O jato d’agua atingem então as pás. Quanto maior a velocidade de saída de água dos
injetores (bocal) maior será a energia de fornecida pela turbina.
Simplificadamente, uma turbina é constituída de seguintes elementos: um rotor, uma
roda com as pás, os injetores (bocais) e um defletor, a figura 2 demonstra as partes da turbina
Pelton.
Roda: É em forma de um disco contendo as pás. O eixo do jato d’agua que sai dos bocais é
tangente a circunferência primária da roda (diâmetro característico da roda).
Pá: Constitui a parte mais importante da turbina. Ela representa, também, a parte mais cara e
mais difícil de ser realizada. É elaborada de tal maneira que no meio existe uma linha que divide
o jato em duas partes iguais. A maior parte da energia cinética da água é transformada em força
de impacto. A performance, a acústica e a longevidade da turbina dependem do bom
dimensionamento e da forma das pás.
Bocal: Tem como principal tarefa alimentar a roda e também de ajustar a vazão de água em
função da potência que deve fornecer a turbina. Água penetra dentro de injetor a baixa
velocidade e sai com alta velocidade.
𝑌 = 𝑔. 𝐻 (1)
g = gravidade, em m/s²
5.2. Potência
𝑃 = 𝑌. 𝑄. 𝜌 (2)
𝑃𝑒𝑓 = 𝑃 𝑥 η (3)
1
𝑄2
𝑛𝑞𝐴 = 103 . 𝑛 3 (4)
𝑌4
Onde:
5.4. Jatos
Para a determinação do número de jatos (a), Macintyre (1983), sugere a utilização da equação
2
𝑛√ 𝑁
𝑎=( ) (5)
25𝑥𝐻(𝑝é𝑠)
n = rotação (rpm);
N = potência (cv);
H = altura de queda (m)
𝑐1 = φ√2𝑔𝐻 (6)
𝑁
𝑑𝑚𝑎𝑥 = 151√ (7)
𝑎. 𝜂
Onde:
N = potência unitária (cv)
a = número de jatos
η = rendimento total da turbina
4𝑄
𝑑𝑚𝑎𝑥 = √ (8)
𝜋. 𝑐1
µ2 . 60 (10)
𝐷𝑚 =
𝜋𝑛
µ2 = velocidade periférica da roda(m/s)
n = rotação (rpm)
5.7. Número de Pás
Existem várias fórmulas empíricas para determinação do número de pás(Z), uma das mais
utilizadas segundo Pfleiderer (1979) é:
1 𝐷𝑚
𝑍= ⁄𝑑 + 14 𝑎 16 (11)
2 𝑚𝑎𝑥
Dm = diâmetro do rotor
𝑑𝑚𝑎𝑥 = diâmetro máximo do jato
5.8. Dimensionamento da pá
5.8.1. Largura da pá
A largura (B) da pá, conforme figura 11, é limitada pelo raio de curvatura que na superfície
interna do jato não deve ser muito pequeno. Desejando-se o máximo rendimento a carga
total, deve-se tomar B como:
5.8.2. Excesso
No plano mais longitudinal do rotor perpendicular ao eixo do jato, coloca-se o ponto mais
interno da aresta de entrada junto no limite do jato e o ponto mais externo a uma distância
“E”. Esta medida recebe o nome de “excesso” e pode ser calculada pela fórmula:
A pá recebe um recorte na parte mais externa a largura, de maneira que o jato não alcance
a pá muito cedo, sendo definido por Pfleiderer (1979) conforme equação:
5.8.4. Comprimento da pá
Para o restante das dimensões principais a prática aconselha a utilização dos valores
encontrados pelas seguintes equações
(15)
𝐿 = (2,5 𝑎 2,8). 𝑑𝑚𝑎𝑥
L = Comprimento da pá (m);
5.8.5. Espessura da Pá
T = espessura da pá (m).
b’
𝑑𝑚𝑎𝑥 (17)
𝑑=
(1,12 𝑎 1,27)
5.9.2. Diâmetro da seção de entrada do bocal
Com os valores estimados de vazão, para o cálculo da Potência hidráulica (P), temos:
𝑌 = 𝑔. 𝐻 = 9,81 𝑥 200 = 1962 𝐽/𝑘𝑔
𝑃 = 𝑌. 𝑄. 𝜌 = 1962 𝑥 1,1 𝑥 1000 = 2, 16 𝑀𝑊
Com o rendimento estimado, a potência do eixo da máquina (𝑃𝑒𝑓 )
𝑃𝑒𝑓 = 1,94 𝑀𝑊
2
600√ 2664,86
𝑎= ( ) = 3,57
25 𝑥 656,168
Adota-se o valor aproximado inteiro próximo, então:
𝑎=4
6.3.2. Dimensionamento da Velocidade do jato
𝑐1 = φ√2𝑌
Q 1,1
Q0 = = ⁄4 = 0,275 𝑚3 /𝑠
𝑎
1,1
4Q 0 √4 𝑥 ( ⁄4)
𝑑𝑚𝑎𝑥 =√ = = 0,075 𝑚 = 75 𝑚𝑚
𝜋. 𝑐1 𝜋 . 62,02
𝑑𝑚𝑎𝑥 = 𝑑𝑠
µ2 . 60 27,9.60
𝐷𝑚 = = = 0,88𝑚
𝜋𝑛 𝜋. 600
6.6. Dimensionamento das Pás
6.6.1. Dimensionamento do número de pás
1 𝐷𝑚 1
𝑍= ⁄𝑑 + 14 𝑎 16 = . 0,88⁄0,075 + 14 = 19,87
2 𝑚𝑎𝑥 2
Logo,
𝑍 = 20 𝑝á𝑠
6.6.4. Espessura da pá
𝑑𝑚𝑎𝑥 0,075
𝑑= = = 0,06𝑚
(1,12 𝑎 1,27) 1,25
Uma pequena turbina hidráulica de impulsão é alimentada com água através de um tubo adutor,
com diâmetro D e comprimento L; o diâmetro do jato é d. A diferença de elevação entre a
superfície da água no reservatório e a linha de centro do bocal é Z. O coeficiente de perda de
carga do bocal é 𝑘𝑏𝑜𝑐𝑎𝑙 e o coeficiente de perda de carga do reservatório para a entrada do
adutor é 𝑘𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 . Determine a velocidade do jato de água, a vazão volumétrica e a potência
hidráulica do jato de água, a vazão volumétrica e a potência hidráulica do jato, para o caso em
que Z=300ft, L = 1000ft, D = 6in, 𝑘𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 .= 0,5; 𝑘𝑏𝑜𝑐𝑎𝑙 = 0,04 e d=2in, se o tubo é de aço
comercial. Faça um gráfico da potência do jato como uma função do seu diâmetro para
determinar o diâmetro ótimo e a potência hidráulica resultante do jato. Comente sobre os efeitos
de variação dos coeficientes de perda e da rugosidade do tubo.
Dados:
Balanço de Energia
𝑝1 𝛼1 𝑉̅12 𝑝2 𝛼2 𝑉̅22 ℎ𝑝
+ + 𝑧1 = + + 𝑧2 +
𝜌𝑔 2𝑔 𝜌𝑔 2𝑔 𝑔
𝐿 𝐿𝑒 𝑉̅ 2
ℎ𝑝 = [𝑓 ( + ) + 𝑘]
𝐷 𝐷 2
Assumindo:
𝑝1 = 𝑝2 = 𝑝𝑎𝑡𝑚 𝑉̅1 ≈ 0 𝛼2 = 1
𝐿𝑒
=0 Bocal na direção j
𝐷
𝑉𝑗2 𝐿 𝑉̅ 2 𝑉𝑗2
𝐻= + (𝑓 + 𝑘𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 ) + 𝑘𝑏𝑜𝑐𝑎𝑙 .
2𝑔 𝐷 2𝑔 2𝑔
Continuidade:
𝑉̅ 𝐴 = 𝑉𝑗 𝐴𝑗
𝑉𝑗 𝐴𝑗 2
𝑉̅ = = 𝑉𝑗 (𝑑⁄𝐷 )
𝐴
4
𝑉̅ ² = 𝑉𝑗 ²(𝑑⁄𝐷)
𝐿 𝑑 4 𝑉𝑗2
𝐻 = [(𝑓 + 𝑘𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 ) ( ) + 1 + 𝑘𝑏𝑜𝑐𝑎𝑙 ]
𝐷 𝐷 2𝑔
1⁄
2
2𝑔𝐻
𝑉𝑗 = [ ]
𝐿 𝑑 4
(𝑓 + 𝑘𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 ) ( ) + 1 + 𝑘𝑏𝑜𝑐𝑎𝑙
𝐷 𝐷
Assumindo:
f = 0,015 d = 2in
1⁄
2
2 𝑥 32,2 𝑓𝑡⁄𝑠 2 𝑥 300𝑓𝑡
𝑉𝑗 = = 116,78 𝑓𝑡⁄𝑠
1000𝑓𝑡 2 4
(0,015 + 0,5) (
[ 0,5𝑓𝑡 6) + 1 + 0,04]
𝑉̅ = 13 𝑓𝑡⁄𝑠
̅𝐷
𝑉
𝑅𝑒 = = 6,05 𝑥 105
𝜐
𝑓𝑡⁄
Logo: f = 0,016 então: 𝑉𝑗 = 116,78 𝑠
𝑓𝑡⁄ 𝜋 2 2 2 𝑓𝑡³⁄
𝑄 = 𝑉𝑗 𝐴𝑗 = 116,78 𝑠 4 (12) 𝑓𝑡 = 2,55
𝑥 𝑠
Potência:
Potência (hp)
Potência
64
62
60
58
56
54
52
50
48
1,9 2,11 2,32 2,53
Ø do jato (em polegadas)
Potência
Foi feita a análise dos efeitos de variação dos coeficientes de perda e da rugosidade do tubo.
Perda de coeficiente não possui efeito significativo, fazendo apenas com que os valores de
𝑘𝑏𝑜𝑐𝑎𝑙 e 𝑘𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 acabem aumentando apenas de maneira reduzida o valor de potência. A perda
da rugosidade já possui resultado mais expressivo, aumento do valor de potência de maneira
significativa.
7. Conclusão
BRAN, Richard; SOUZA, Zulcy de. “Máquinas de fluxo”. 2.ed. RIO DE JANEIRO: Ao Livro
Técnico, 1984. 262p.
FOX, Robert W.; MCDONALD, Alan T.; PRITCHARD, Philip J. "Introdução à Mecânica
dos Fluidos", 7ª ed. RIO DE JANEIRO, LTC Editora, 2010. 728p.
Prof. Dr. Emílio Carlos Nelli Silva. “Máquinas de Fluxo”. Disponível em:
<http://sites.poli.usp.br/d/pmr2481/Aula04- Tur.pdf> Acesso em: 17/03/2015
SOARES JUNIOR, Ricardo Luiz. “Projeto Conceitual de uma Turbina Hidráulica a ser
utilizada na Usina Hidrelétrica Externa de Henry Borden”. 2013. Disponível em:
<http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10005429.pdf >
Acesso: 17/03/2015
Abstract: This paper presents the study and procedure for design of a Pelton turbine. Initially
are described the criteria used for selection of the turbine, operation, main parts and
application. Following there is a study of dimensions and turbine power variation according
to the diameter of the jet, where are shown the main equations needed to size the nozzles, vanes,
and jets. It includes the calculations made for sizing and examples of problems involving the
Pelton turbine. The activities includes bibliographical studies, theoretical and experimental
evaluations of the operational characteristics of this turbine.