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Índice
Introdução ..................................................................................................................................... 3
Noção básica .............................................................................................................................. 3
Evolução Histórica da Família ..................................................................................................... 3
Polimorfismo Familiar ................................................................................................................ 3
Direito da Família ....................................................................................................................... 4
Normas Constitucionais.............................................................................................................. 4
Normas DIP ................................................................................................................................ 5
Direito Civil da Família ................................................................................................................ 5
Família e Vida Familiar – Jurisprudência do TEDH....................................................................... 6
Jurisprudência Portuguesa ......................................................................................................... 7
Fontes e Relações Jurídicas Familiares ........................................................................................ 8
CASAMENTO ............................................................................................................................... 11
Promessa de Casamento (art. 1591º a 1595º) ........................................................................ 11
Requisitos de fundo do Casamento ........................................................................................ 13
Inexistência.......................................................................................................................... 13
Invalidades .......................................................................................................................... 13
Caso do Casamento Católico – art. 1626º ........................................................................... 16
Casamento Putativo – art. 1647º ........................................................................................ 16
Formação do Casamento ........................................................................................................ 17
Modalidades de Casamento .................................................................................................... 17
Convenções Antenupciais ....................................................................................................... 18
Regime de Bens .......................................................................................................................... 20
Comunhão de Adquiridos........................................................................................................ 20
Comunhão Geral ..................................................................................................................... 20
Separação de Bens .................................................................................................................. 20
Administração de Bens ............................................................................................................... 21
Responsabilidade por dívidas.................................................................................................. 22
CONTRATOS ENTRE CASADOS ................................................................................................. 23
Separação judicial de bens ......................................................................................................... 24
Divórcio ....................................................................................................................................... 24
União de Facto ............................................................................................................................ 27
Efeitos patrimoniais da união de facto ................................................................................... 29
Filiação ........................................................................................................................................ 30
Sebenta Família – DNB 2016/2017
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Sebenta Família – DNB 2016/2017
Introdução
Noção básica
O direito da Família diz-nos muito a todos devido a uma perceção empírica, reflexiva e mediática
do conceito de família. Todos temos uma família seja ela sob que forma exista.
Família: entidade social inerente à vida humana – as formas através das quais se pode constituir
e o comportamento dos sujeitos na vida familiar exprimem momentos determinantes e são bem
identificados por todas as pessoas, como os modelos de constituição de família (casamento,
união de facto, filiação) e os direitos e deveres pessoais e patrimoniais do casal ou as
responsabilidades parentais.
Realidade familiar é intrínseca à existência humana e faz parte do núcleo de realidades
que a pessoa identificada facilmente
o Udry: mito presente do imaginário de todas as pessoas, tendo como
pressuposto uma ideia nítida da família (da família ideal, que entende
desaparecida, e da família existente)
Reconhecimento imediato porque é realidade pré-jurídica – sistema de convivência
social
Polimorfismo Familiar
Favoreceu-se a ideia de que os esteios que fundam a família na sociedade é o matrimónio
(acordo de vida em comum)
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Observe-se o caso Paradiso e Campanelli c. Itália + Madesson c. França + La Basset c. França
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Sebenta Família – DNB 2016/2017
Família assume configurações diferentes através dos tempos com morfologias variadas, cujo
modo de formação é heterogéneo, sendo uma emergência social impregnada por aspetos
religiosos, culturais, económicos e etc.
Polimorfismo que condiciona a sua delimitação e dificulta o seu estudo jurídico
Família revela-se como sistema de convívio social específico entre pessoas que criam elos em
que a intimidade, a sexualidade e a função reprodutiva desempenham um papel
preponderante, mas nem sempre é essencial ou necessário.
Tem a função de gerar células pessoais estáveis e é ela mesma uma tal célula ou
entidade gregária portadora de estabilidade
Tem funções económicas
Direito da Família
Entende-se em dois planos:
1. Direito em vigor – conjunto de normas respeitantes à família (sentido normativo)
2. Dimensão juscientífica – estudo juscientífico das normas respeitantes à família (sentido
dogmático)
Este torna-se o objeto do Direito da Família enquanto ramo da ciência jurídica
pois passa por compreender o sentido das normas, analisar o sistema e as suas
relações com o sistema global e com o sistema jurídico social. Não é mero
enunciado descritivo do Direito positivado
Normas Constitucionais
Normas de cúpula sobre a matéria familiar encontram-se na Constituição.
CRP em 1976 estava comprometida a compatibilizar as leis com o princípio da igualdade
lidando com vários problemas, nomeadamente a dissolução do casamento católico, o
papel da mulher e a questão dos filhos ilegítimos
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Sebenta Família – DNB 2016/2017
Normas DIP
Normas da família não pertencem ao grupo das que evidenciam mais pontos em comum nos
vários Estados, mas implicam um conhecimento recíproco por parte dos cidadãos da Europa.
Algumas normas de Direito Europeu fazem parte do Direito Português como o direito a
formar família dado pelo art. 16º da Declaração Universal dos Direitos do Homem,
proteção da família no art. 5º/d da Convenção Internacional sobre a Eliminação de
Todas as Formas de Discriminação Racial
Art. 8º da Convenção Europeia para a Proteção dos Direitos do Homem e das Liberdades
Fundamentais – garante a vida familiar mas não explicita o seu conteúdo2
2
Havendo vários litígios no TEDH devido à vagueza do conceito – artigo controverso
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Sebenta Família – DNB 2016/2017
Temas Fundamentais:
Estudo dos fenómenos da vida humana na esfera íntima e privada – normas que
regulam as relações entre as pessoas não na vida pública, mas enquanto unidas por
laços de intimidade e relações de privacidade e vida comum
Estudo das relações pessoais que advêm de vínculos de sangue
o Relações entre cada cônjuge e a família do outro também está sujeito a relação
familiar mas menos intensa
o Integra-se ainda as adoções e as uniões informais e uniões de facto
Indeterminação do conceito de família e vida familiar está hoje no cerne de muitos litígios no
TEDH, pois o conceito na Convenção Europeia dos Direitos do Homem é difuso e sujeito a
interpretações casuísticas e critérios pontuais.
Ylmaz c. Alemanha
Dificuldade em recortar o critério que preside à expressão de família e vida familiar leva a uma
extensão deste conceito para além das relações diretas entre cônjuges, companheiros, parentes
e adotados.
TEDH alarga o âmbito do conceito de família e vida familiar: tem em conta a presença
da família nuclear de Ylmaz na Alemanha, equaciona as responsabilidades parentais e
um não distanciamento do seu filho alemão e atende à formação da sua personalidade
através de um percurso de vida naquele país.
o Conceito não é dissociável das relações interpessoais mais estreitas que cada
pessoa estabelece – família é o espaço de desenvolvimento humano e da
personalidade de Ylmaz cuja vida se desenrolou na Alemanha e aí tem encontro
com experiências nefastas mas só aí terá probabilidade de as reverter
o Vida familiar é mais suscetível de concretização na Alemanha a que estava unido
por laços de sangue e laços culturais
3
Dada a polivalência do conceito de família, mutabilidade da relação familiar, bem como a complexidade
da determinação ou densificação desses conceitos fundamentais – mutações sistémicas fundas que
caracterizam uma realidade social muito dinâmica
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Hoje em dia, com a alteração constante do Direito da Família, muitos dos laços adotivos passam a estar
regulados em legislação extraordinária.
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Sebenta Família – DNB 2016/2017
Jurisprudência Portuguesa
Tem feito um esforço de facilitação do entendimento da família e das suas projeções jurídicas.
Há doutrina que fala num direito da família europeu por verificar que o Direito da família
ocidental se aproxima muito em vários aspetos e convive cada vez melhor com as diferenças
recíprocas que o sulcam, não questionando princípios básicos nem direitos fundamentais.
Uniformização do Direito da família pela interpretação do TEDH da CEDH.
Temos um Direito das famílias como expressão do polimorfismo familiar: pluralidade jurídica e
necessidade de estruturar uma dogmática jusfamiliar que se harmonize com ela.
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Opinião Mag e Guilherme de Oliveira contra Jorge Duarte Pinheiro que afirma que é relação parafamiliar.
Família é realidade inequívoca e ninguém tem uma parafamília
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Geração em sentido jusfamiliar não tem a mesma aceção que o termo comum – usa a expressão apenas
para se referir aos graus do parentesco
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2) Têm progenitor comum: relação colateral (cada um provém de uma linha reta)
o Mesma contagem dos termos
Doutrina dos anos 40/508 questionava estas contagens porque se A é pai de B, B é parente de A
no grau 0 – hoje em dia não levanta discussão.
Efeitos: deveres para com menores quando os pais não podem; constituição conselho de família
Limite do art. 1582º - “salvo dispensa na lei” – como no caso da sucessão de irmãos (onde pode
vir alguém em direito de representação, de irmão morto, além do 6º grau colateral.
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Pai e mãe comum: irmãos germanos; Pai comum: irmãos consaguíneos; Mãe comum: irmãos uterinos
Beneficiam de direitos sucessórios diferentes
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Braga da Cruz e Pires de Lima
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Se dois parentes casam, os restantes membros da família mantêm-se parentes, tornam-se afins
ou são parentes e afins?
Mag: afinidade é vínculo ex-novo, e se já existe um vínculo de parentesco, não faz
sentido criar-se um novo vínculo. Mantém-se o vínculo do parentesco pois já existia e
não faz sentido acumular vínculos. Não faz sentido também acumular-se afinidade e
parentesco pela dogmática dos estados familiares.
Quanto aos impedimentos do casamento por afinidades (linha reta), com a positivação do
“exercício das responsabilidades parentais” como impedimento ao casamento, esgota-se todo
o sentido que queria dar ao Código ao impedir-se o casamento por vínculo de afinidade.
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CASAMENTO
O casamento é um ato jurídico por via do qual o nubente se afirma na vontade de integrar o
estado de casado.
Ao consenso dos nubentes segue-se o assentimento ou aval do Estado9 - mas apesar de
a intervenção do Estado constituir condição de existência do casamento, é a
declaração de consentimento dos nubentes que tem o papel principal na
disciplina do instituto.
Natureza do casamento tem-se alterado e desde 2010 deixou de se exigir a diferença dos sexos
– dinamização da legislação e das relações familiares.
Mag: só quem tem capacidade para casar é que tem capacidade para fazer promessas de
casamento. Sem essa capacidade, a promessa seria inválida (assim como o casamento) – art.
1602º e ss.
Art. 1591º
No CC de 1966, valida-se a promessa de casamento pondo fim a uma nulidade destes esponsais/
desposórios (que queria evitar os casamentos informais), atribuindo-lhe eficácia e perfil
negocial.
Legislador positiva, faz valer juridicamente as promessas assumidas ante a as da
concretização do negócio matrimonial, e decide que não é um contrato que gera a
obrigação de casar – juridicamente seria abusivo obrigar as pessoas a casarem contra a
sua vontade10.
o Juridicamente permite-se a promessa de casamento, mas o rompimento não
gera a obrigação de casar.
9
E aqui a doutrina diverge sobre o que é mais importante entre: a vontade dos nubentes e liberdade de
casar e os critérios de exigência estadual para a perfeição do casamento e as normas a que o casamento
se sujeita
10
Pois este é um negócio jurídico pessoalíssimo (PPV)
As pessoas ficam vinculadas a casar mas a natureza desta obrigação não leva à execução
específica da promessa
11
Legislador pretende evitar que um nubente decida casar só para não ressarcir o outro pelos prejuízos
materiais.
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Sebenta Família – DNB 2016/2017
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Sebenta Família – DNB 2016/2017
Sendo o casamento negócio jurídico assente na vontade dos nubentes, a vontade deve ser
livre, esclarecida e determinada – art. 1619º
Inexistência
Sanção aplicável a certos atos jurídicos de tipo matrimonial que não têm correspondência com
a lei (não obedeceu a pressupostos fixados no CC, não sendo casamento em sentido técnico-
jurídico) – art. 1628º
Acrescenta-se também o caso em que os nubentes não expressam vontade de casar
(quando sobre tal são questionados)
São destituídos de efeitos – inexistência pode ser invocada a todo o momento e não depende
de declaração judicial (art. 1630º)
Invalidades
Casamentos juridicamente existentes mas cuja validade a lei não admite pois não são livres e/ou
não cumprem todos os requisitos de vontade e capacidade.
12
Conceito de essencialidade revela grande complexidade desde que se retirou à cláusula geral um elenco
ilustrador do erro, desde 1977, desde o erro sobre a cidadania ao da virgindade feminina.
O dolo que esconde aspetos triviais da personalidade de outrem não tem dimensão para invalidar um
casamento mas a intenção de defraudar o outro nubente acerca de uma qualidade essencial releva.
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Sebenta Família – DNB 2016/2017
2. Impedimentos
São impedimentos matrimoniais as circunstâncias que obstam à celebração do casamento, sob
pena de sobre ele impenderem sanções.
Impedimentos Dirimentes: non debere casare; muito graves
Absolutos – impede de casar com qualquer pessoa – art. 1601º
a) Falta de idade núbil (que se alterou como conquistas de ingualdade de género)
b) Notória = grave, reconhecível no meio social: basta haver intervalos não lúcidos
com grande gravidade para que haja uma demência notória13 (na terminologia
jusfamiliar); é mais difícil de avaliar no ato do casamento que a interdição e a
inabilitação14
c) Critério de segurança jurídica para não se incorrer em bigamia (crime segundo
art. 247º, CP)
Anulabilidade de casamentos com Impedimentos Dirimentes– art. 1639º por força do art.
1631º/a
13
Acórdão STJ 27/1/05: demência é o conjunto de perturbações mentais graves que alteram a estrutura
mental da pessoa em causa, com profunda diminuição da sua atividade psíquica, tornando-a incapaz de
reger a sua pessoa e bens.
É aferível socialmente
14
Que hoje suscitam discussão na doutrina sobre a legitimidade deste impedimento. Mag: tem dúvidas
sobre quem poderia vir a ter responsabilidades parentais caso tivessem filhos
15
Mag: repercute-se no apadrinhamento civil pois as responsabilidades parentais têm sempre o mesmo
valor (e se aqui são impedimento dirimente, são-no sempre)
16
Sede no art. 287º
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Na lei parece que tem de existir alguma ação intentada. Mas já sabemos que MP pode
sempre intentar a invalidação.
Mag: é por o MP poder sempre intentar a invalidação que se deve interpretar
este artigo como a possibilidade da validação mesmo sem ação interposta17
Impedimentos Impedientes
Obstam ao casamento e podem levar à não celebração do casamento.
Art. 1604º
a) O conservador pode suprir (sobrepondo-se à vontade dos pais ou tutor) quando se
apercebe de certas realidades: maturidade, filho para nascer e etc.
b) Remete para o art. 1605º (Prazo Internupcial)
c) Remete para o art. 1650º/2 - sancionando o tio/tia, não podendo este receber
benefícios, doação ou testamento
Mag: viola-se aqui o princípio da igualdade
d) Remete para o art. 1650º/2
e) Revogado – adoção restrita definia vínculo que não era idêntico à filiação como o da
adoção plana
Impedimentos ao casamento que podem ser suprimidos por autorização do conservador (no
ato do casamento) pelos art. 1609º/1 e 2 e pelo art. 1612º/2
Há casos de celebração de casamento com impedimentos impedientes a que a lei aplica
sanções – art. 1649º e 1650º
17
Quanto aos menores, ao tingir maioridade, lei permite manter o casamento, agora válido, perante
funcionário do registo civil.
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Sebenta Família – DNB 2016/2017
A Lei do Apadrinhamento Civil (Lei 103/2009) estabelece que este vínculo é um impedimento
impediente (art. 22º/1).
Mag: devemos interpretar de forma abrogante e valorativa – como nestas relações há
exercício das responsabilidades parentais (art. 2º), deve ser considerado como
impedimento dirimente relativo
O casamento nulo (católico) ou anulado (civil) vai produzir efeitos, mesmo que mitigados
o Regime está elencado no nº2: mantém-se a produção de efeitos relativos à
proteção de terceiros, relativos aos próprios cônjuges, relativos à sua
descendência.
Se houver bens comuns? A pessoa que agiu de boa fé tem direito à sua
meação (parte do bem comum) – art. 1647º/2
Não é obrigatória a meação e só faz sentido ser pedida se
beneficiar o de boa fé, se prejudicar então não se pede.
Outro efeito patrimonial: doação para casamento (art. 1753º) –
envolve-se um terceiro e não faz sentido que a doação continue a
produzir efeitos (opinião Mag contrária ao art. 1760º/1/a)
o Se ambos os cônjuges estiverem de má fé então não se produzem os efeitos
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Sebenta Família – DNB 2016/2017
Formação do Casamento
Exige a concretização de diligências que o precedem – processo preliminar (art. 1610º a 1614º)
Lei submete a celebração do casamento a um processo precedente cuja regulação
remete para a lei do registo civil – verifica-se aspetos relativos aos esposados e se há
impedimentos – sindica-se o perfil jurídico dos nubentes para evitar que se contraia
casamento contrário à Ordem Pública.
No final do procedimento o casamento pode ter lugar.
Casamento civil está sujeito a registo e ao ser lavrado o registo, os seus efeitos retroagem à
data da celebração (art. 1670º)
Falta de formalidade sujeita-os a homologação (art. 1623º). Casamento não subsiste se não for
homologado (art. 1628º/b)
Sujeita a regime imperativo de separação de bens – proteção patrimonial (art. 1720º) do
procedimento preliminar não-terminado.
Também pode haver casamento católico urgente (art. 1599º) e em âmbito mais vasto
Modalidades de Casamento
Civil e Religioso (Católico)
Excede a forma, a invalidade a que estão submetidos é diferente e no canónico releva o
dolo (Cânone 1098) e não o objeto do mesmo.
Todo o casamento católico está sujeito a transcrição – efeito probatório cujo objetivo é
equiparar o efeito desta transcrição ao de qualquer outro ato de registo de casamento,
produzindo efeitos.
Art. 1625 e ss.
Art. 1626º/1 – decisões eclesiásticas estão sujeitas a confirmação por Tribunal Estadual18
18
Para se evitar um caso como Pellegrini c. Itália, julgado no TEDH
17
Sebenta Família – DNB 2016/2017
Convenções Antenupciais
Interfere no conteúdo do casamento incidindo em aspetos da vida pessoal e sobretudo
patrimonial.
São negócios jurídicos (contratos) que antecedem o casamento.
Têm como objetivo principal estipular um regime de bens para o casamento, ainda que
o seu conteúdo se possa estender a outras matérias.
o Se não for definida uma convenção antenupcial, os nubentes casam com o
regime de bens supletivo de comunhão de adquiridos – e só se altera esse
regime de bens supletivos em sede de convenção antenupcial
Em princípio as convenções são imutáveis (art. 1714º/1) exceto se a lei determinar o contrário.
Convenção antenupcial tinha enquadramento histórico e social que hoje já não se verifica.
Art. 1756º/1 – têm de ser feitas em sede de convenção antenupcial e obter os requisitos de
forma para produzirem efeitos.
Têm de ser feitas a um dos esposados ou ambos e tendo em vista o seu casamento (art.
1753º/1).
Um nubente pode fazer ao outro e terceiros podem fazer aos nubentes.
Mas não pode ser doações dos nubentes a terceiros pois tal é exógeno aos interesses
do casamento.
19
regimes imperativos (art. 1720º) e que não podem ser alterados por meio de convenção. Art. 1720º/1/b
– acautela-se interesses sucessórios.
20
importante nos contratos mortis causa
21
não são considerados terceiros, na convenção antenupcial, além dos nubentes, os demais outorgantes
e os herdeiros dos cônjuges. Estipula a obrigatoriedade do registo como condição de produção de efeitos
relativamente a terceiros. Relaciona-se com as doações para casamento
22
Condição ou termo tem que ser situação incompleta e não determinada no momento.
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Sebenta Família – DNB 2016/2017
Sendo a doação feita para casamento não é revogável unilateralmente (art. 975º/a – e
não se submete à ingratidão do donatário cujo regime geral é o do art. 974º, mas tem
de ser DOAÇÃO PARA CASAMENTO).
Caduca se casamento for invalidado (art. 1760º/1) pois perdeu-se o sentido jurídico do
negócio principal, este outro deixa de produzir efeitos na ordem jurídica.
Certas disposições institutivas de herdeiros ou que nomeiem legatário são ilícitas na convenção.
Apenas as admitirá se for por um dos esposados ao outro ou de terceiro a esposado.
Alteração
O regime de bens pode mudar, em função de condição ou termo.
Tem de ser ditada por fatores aleatórios e não pela vontade dos cônjuges POSTERIOR
ao casamento.
As condições e os termos devem de estar totalmente independentes da simples vontade
dos cônjuges, assim não se poderá alterar o regime de bens se os cônjuges o quiserem.
Imutabilidade do regime foi ponderada no acórdão do STJ de 16/5/1993 (processo
nº083628)
Pode-se alterar caso haja revogação das doações mortis causa (art. 1715º/1/a)
Se uma cláusula da convenção é inválida, não significa que toda a convenção seja, pelo princípio
do aproveitamento dos negócios jurídicos.
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Sebenta Família – DNB 2016/2017
Regime de Bens
Até 1966 o regime supletivo era a comunhão geral de bens – acompanhava a ideia de casamento
“para a vida”.
Comunhão de Adquiridos
Bens próprios – art. 1722º/b é encurtada com particularidades da administração (se receber
bens imóveis e os quiser alienar tem de obter autorização do outro); art. 1722º/c é, por
exemplo, adquirir propriedade de que já era possuidora (clarificado no nº 2) – pode haver
compensação se o outro cônjuge ajudar a pagar
Alínea a, exemplo, já se fez herança, antes do casamento, e está-se à espera da partilha
Art. 1723º/a – troco a casa de Melides por uma em Faro; b – preço pelo qual vendi a casa que
tinha (sendo imóvel implica autorização do outro cônjuge); c – para que um dos cônjuges não
se aproveite do património do outro para adquirir ou valorizar bens próprios.
Jurisprudência recente vem dizer que entre cônjuges pode ser em fase posterior mas
para o 3º é no momento do contrato.
Art. 1724º/a – mesmo neste regime cada um administra o seu próprio (remete para o art.
1678º/2/a)
Art. 1726º/1 – casos de aquisição com bens comuns e bens próprios, a natureza do bem é a da
prestação mais valiosa sendo que os bens adquiridos serão parcialmente próprios e
parcialmente comuns. Bem comum e adquirido parcialmente com bens próprios – lei reconhece
que o cônjuge lesado pode ser compensado pelo património comum. Compensação é feita no
momento da dissolução e partilha da comunhão (art. 1726º/2)
Art. 1727º a 1729º - outras situações em que os bens são considerados próprios de um dos
cônjuges.
Comunhão Geral
Estipulado por convenção antenupcial e nem ela pode estabelecer comunicabilidade do art.
1733º (por força do art. 1699º/1/d)
Aplicam-se disposições da comunhão de adquiridos por força do art. 1734º - como no
exemplo do art. 1726º.
Separação de Bens
Cada membro do casal mantém a titularidade dos seus bens.
Não há meação no regime de separação e o que se admite é a titularidade pelos cônjuges de
bens em compropriedade (afirmado pelo Acórdão STJ 14/4/2015).
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Sebenta Família – DNB 2016/2017
Administração de Bens
Conceito de Administração – atos que se destinam à frutificação ou conservação e que não
alteram a substância da coisa, tendo em consideração a repercussão económica do ato no
estatuto do casal – atos de administração ordinária. Afirmado pelo Acórdão STJ 11/6/1991
É extraordinária nos casos do art. 1682º/1; 1682º/3/a, b; art. 1678º/223
Regras de administração e dívidas não podem ser alteradas nem em convenção antenupcial –
evita-se que um dos cônjuges que possa ter ascendência sobre outro ao ponto de o implicar de
um regime muito mais oneroso daquele que resulta da lei. Legislador tenta evitar a que se
perpetre abusos devido a controlo.
Administração não tem a ver com propriedade mas sim com possibilidade de alienar, usar,
dispor e etc. – exercício da atuação sobre o bem
art. 1678º/2 – a), b) entende-se que estes bens são rendimentos intuitu personae; c) administra
quem levou, independente da caracterização como comum; d) quando exlcui o outro cônjuge
da liberalidade; e) alarga à administração ao outro cônjuge independentemente de ser próprio
ou comum; f) atuação supletiva para garantir interesse do ausente, representação tolerada; g)
contrato mandato
Faz sentido que quanto a bens comuns qualquer cônjuge tenha a capacidade da administração
ordinária.
Os da extraordinária só com autorização dos dois.
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Castro Mendes: disposição e alienação dos bens e alteração da substância da coisa; ordinárias seria
conservação, gratificação e etc.
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Sebenta Família – DNB 2016/2017
medida do que prejudicou e do dolo) + 1687º (que tem âmbito de aplicação mais
restrito: alienação e oneração; relacionado com a validade dos atos de disposição ou
oneração – não se cinge a regulação das relações entre os cônjuges mas tem implicações
da relação com terceiros)
Regra independente de saber se bem é próprio ou comum – pressupõe sempre
consentimento dos dois cônjuges.
Art. 1678º, Art. 1681º - cônjuge administrador de bens comuns não é obrigado a prestar contas
ao outro cônjuge, mas pode responder por atos praticados em prejuízo do casal ou do outro
cônjuge.
Uma má administração de bens é valorada pelo legislador e pode levar à separação judicial de
bens (art. 1767º + 1769º). Passa a valer esse regime de bens e procede-se à partilha como se o
casamento tivesse sido dissolvido (art. 1770º/1)
Um cônjuge pode alienar legitimamente móveis próprios ou comuns que administre (art. 1678º
e art. 1682º/2).
Há uns que necessitam de consentimento comum (art. 1682º/3 e 4). Sendo que os
demais atos de alienação indevida são anuláveis pelo art. 1687º.
Pedido de autorização de um cônjuge para alienar imóvel – reforçado por Acórdão STJ
29/4/2014 – art. 1682º-A
Amplia-se no art. 1682º-B
24
Não se aplica às Uniões de Facto
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Sebenta Família – DNB 2016/2017
Regime de dívidas dos cônjuges não se aplica às uniões de facto pois o estatuto patrimonial dos
cônjuges (regime de bens e etc.) não se aplica em bloco aos unidos. Esse regime do casamento
é mais formal e união de facto é mais informal – Mag recusa analogia de Jorge Duarte Pinheiro
Doações entre casados são segundo as regras da doação (art. 940º e ss.) subsidiariamente.
Valem as regras dos art. 1761º e ss.
São revogáveis a todo o tempo – art. 1765º
Têm apertada vigilância legislativa face ao seu regime e efeitos.
Proibidas se regime de bens imperativo (da separação)
Submetidas ao regime geral da revogação por ingratidão, art. 1765º.
Doações caducam em art. 1776º/1/a, b; art. 1791º; art. 1763º/1, 2
Doações versam sobre bens próprios e não se comunicam.
Controlo do legislador pois: Doações não devem poder desvirtuar o regime de bens acordado e
vigente; um dos cônjuges não deve poder aproveitar o seu ascendente sobre o doador
Mag: as doações entre casados deviam de se admitir como um negócio jurídico normal
– nada justifica regime tão restritivo para as doações entre casados, no entanto é o que
está na lei.
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Quem tem legitimidade é o cônjuge lesado (ou se interdito, o seu representante legal).
Aplica-se à separação judicial de pessoas e bens o regime do divórcio (art. 1794º) – tal separação
não dissolve o casamento mas extingue os deveres conjugais (exceto o direito a alimentos e o
respeito)
Pode terminar-se a separação a todo o tempo – art. 1795º-B; havendo reconciliação art. 1795º-
C
Divórcio
Simplificação do regime em 1977. Nova Lei do Divórcio entra em vigor em 2008 (Lei 61/2008, de
31 de Outubro)
É diferente da invalidade do casamento pois nesses casos o casamento não produziu efeitos a
partir da data de celebração. Exceto os casos de boa fé no casamento putativo.
É diferente da separação de pessoas e bens pois nesses casos o casamento mantém-se e apenas
se suspende a produção de efeitos (podendo pôr-lhe um fim com a dissolução ou voltar à
situação matrimonial antecedente)
Modalidades de divórcio
Divórcio por mútuo consentimento/acordo – resulta de acordo dos cônjuges de se por fim
à sociedade conjugal – art. 1775º e ss. – acautela os interesses sociais fundamentais como os
alimentos, casa de morada de família, responsabilidades parentais e etc. (art. 1776º-A e art.
1778º-A)
O Estado intervém na mediação familiar do art. 1774º
Divórcio litigioso (conceito da lei do divórcio da I República) – quando um dos cônjuges interpõe
ação contra o outro, alegando violação culposa de deveres conjugais.
Culpa como juízo de censurabilidade sobre a conduta do cônjuge – apreciação de
desvalor que resulta da atuação do cônjuge num caso concreto em que incumpriu um
dever conjugal.
Segue sempre a via judicial
Conceito ultrapassado que foi substituído pela figura do Divórcio sem o Consentimento de
um dos cônjuges – abole a culpa como fundamento do divórcio e fundamenta o divórcio na
rutura de casamento, ou seja, verificação da existência de fatores que determinam a
insustentabilidade da vida comum.
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Art. 1781º/d – incompatibilidade para continuar com a vida conjugal para a generalidade das
pessoas, critério de aferição social que reside também no critério de decisão do juiz.
Divórcio pode ser requerido a todo o tempo e obedece ao princípio da judicialidade.
Não é passível aplicar-se sanções a nenhum dos cônjuges e não importa à lei qual dos cônjuges
tenha culposamente dado origem à rutura da vida conjugal
Os danos provocados a um dos cônjuges pelo outro são apreciados em processo
autónomo à ação de divórcio – exceto os do art. 1792º/126 e 1781º/b – não é uma
compensação por culpa, mas sim a determinação rigorosa de um dano não patrimonial
que advém duma opção nefasta para o réu com a decisão de divórcio pelo autor da
ação.
Partilha pelo art. 1790º em que nenhum dos cônjuges poderá receber mais do que lhe
competiria receber nos casos em que o regime de bens estipulados seja o da comunhão de
adquiridos – não frustra expetativas de casais idosos casados em comunhão geral?
Mag: sim, pois caso os cônjuges soubessem deste futuro regime de partilha talvez
tivessem mitigado os seus efeitos e não teriam organizado a sua vida patrimonial tendo
conta a álea do regime de bens. Tem dúvidas se não há aqui tutela de expetativas
jurídicas quando as pessoas se casam (como no anterior Código de Seabra que era a
comunhão geral). Lei quebrou a expetativa em 2008.
Art. 1671º/2 estipula que os cônjuges organizem a sociedade conjugal. Se se der o caso de um
que tenha ficado especialmente onerado com o trabalho doméstico deverá ter uma
compensação devida pelo património comum ao património próprio – visa repor justiça social e
patrimonial.
Pressupostos muito rigorosos do art. 1676º/2. O sentido da compensação ao cônjuge
mais sacrificado implica análise da vida comum e das suas vicissitudes e só no final da
mesma é possível saber se um dos membros da sociedade conjugal foi verdadeiramente
prejudicado (é no momento da partilha, art. 1676º/3)
o O aplicador tem algum arbítrio (pois há conceitos de certa forma
indeterminados)
o Este crédito compensatório não faz sentido para a separação de bens (Mag) –
se decidiram casar num regime que separa sempre e todos os bens, então não
faz sentido que depois venham reclamar um crédito compensatório. Já se
admite para casos em que se case no regime imperativo.
Nos casos em separação de bens não há partilha e poderá é haver ações de divisão de coisa
comum para o caso de os cônjuges serem comproprietários (art. 1412º e 1735º).
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1º tenta-se o acordo, art. 1779º/1 e depois o divórcio pacífico, art. 1779º/2
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Art. 1792º - dúvidas sobre a palavra lesado. Lesado com os efeitos do divórcio (e não com a violação
dos deveres no casamento). nº2 – liga ao art. 1781º/1/b
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Lei rege direito a pensão de alimentos pelo critério da necessidade aplicando o art. 1676º - não
é o padrão de vida da vida de casado (art. 2016º-A/3)
Os créditos de cada cônjuge sobre o outro são pagos pela meação do cônjuge devedor no
património comum.
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União de Facto
Lei 7/2001
Uniões informais de casais heterossexuais e homossexuais com modo de vida próximo do
conjugal, às quais se atribuem alguns efeitos jurídicos, mais parcimoniosos e menores, na
generalidade dos casos, do que os efeitos do casamento.
O que separa essencialmente a união de facto do casamento são os efeitos patrimoniais,
onde se incluem os efeitos sucessórios e as formalidades requeridas.
o Contrariando Jorge Duarte Pinheiro, TEDH reconhece caráter familiar às uniões
de facto.
São argumentos estritamente formais que obstam a que União de Facto seja de caráter familiar.
o PMA é igual para unidos de facto e para casados
o Art. 1903º - como conceber a união de facto e não reconhecer caráter familiar
a uma lei que nos diz isto?!
o Interpretação sistemática diz que é seguramente uma relação familiar.
Modo de vida análogo ao dos cônjuges – cônjuges constituem família, logo, se as uniões de
facto são caracterizadas por um modo de vida análogo, são fontes de relações familiares.
Uniões de facto têm o pressuposto de um modelo de vida determinado para que a união
de facto se constitua como realidade jurídica.
O modelo pressupõe a analogia com a vida dos cônjuges – Acórdão STJ 9/7/2014 veio
reconhecer sintonia entre deveres pessoais dos unidos de factos e os deveres conjugais.
Apenas se admite a união de facto a partir do momento em que ela ganha relevância jurídica –
aproximando-se à identidade do casamento.
Art. 1º/2 – é ao fim de 2 anos que se consagra a união de facto; dignificação das uniões
de facto
Art. 2º/c – não é realidade nova em Portugal mas países como a Alemanha não a
admitem – maior inimigo na lei à natureza da união de facto.
o Mag: resulta de erro do legislador.
Contagem dos prazos: exigências de coabitação – para Jorge Duarte Pinheiro, se não há
coabitação, mas tal não tem o propósito de por fim à comunhão, o prazo de contagem
suspende-se voltando a correr logo que os cônjuges retomem vida em comum;
Mag: como a união de facto é situação análoga à dos cônjuges e o distanciamento físico
entre os cônjuges não é impeditivo do cumprimento dos deveres conjugais, então tal
também não o é para a união de facto.
No caso dos cônjuges, não viver na casa de morada de família não resulta por si só de violação
de deveres conjugais – art. 1673º/2.
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Sebenta Família – DNB 2016/2017
Prova de união de facto é complicada e pode ter que se solicitar documento comprovativo à
junta de freguesia.
Requisitos da união de facto são regulados por lei: capacidade, liberdade e vontade de vida em
comum.
Art. 1601º - a partir dos 16 anos pode contar-se o prazo para se iniciar vida de tipo conjugal
suscetível de obter relevância jurídica
Lei opta por regime em razão do parentesco e afinidade idêntico aos fundamentos de
impedimentos dirimentes relativos do casamento. Mas não obsta ao exercício das
responsabilidades parentais para a união de facto – lapso do legislador que não alterou art, 2º
da lei.
Atender à afinidade por razões de ordem moral e social é argumento no sentido da natureza
familiar.
Pode constituir-se união de facto se um ainda estiver casado, desde que tenha obtido
separação de pessoas e bens (art. 1794º)
Jurisprudência tem entendido que os dois anos do art. 1º/1 não têm de decorrer após o divórcio
de um dos membros da união de facto, sendo suficiente, que no momento da cessação qualquer
deles não se encontre casado e tenham já vivido juntos em condições análogas à dos cônjuges
por período igual ou superior a 2 anos.
Regime de prova livre (pois não há requisito de forma) embora a junta de freguesia possa emitir
declaração comprovativa (art. 2º-A/2)
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Responsabilidade por dívidas – responsabilidade sobre dívidas recai sobre aquele que a
contraiu.
Situação dos alimentos: art. 2020º alarga a obrigação de alimentos ao membro sobrevivo da
união de facto – tem direito a exigir elementos da herança do falecido
Não há estatuto de sucessível mas não se deixa de reconhecer que os unidos de facto
merecem uma proteção após um dos membros falecer. Alargamento do direito de
exigência de alimentos – quem responde perante esta obrigação é a herança.
Assume-se que o critério para esta obrigação é análogo ao do casamento.
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Filiação
A filiação tem uma expressão objetiva: o conhecimento da identidade genética da pessoa é
matéria de interesse geral e de interesse público.
A filiação pode ser constituída por uma destas modalidades, taxativamente: reconhecimento
voluntário, reconhecimento judicial e/ou presunção.
Filho deve provar que nasceu da pretensa mãe (art. 1816º) e Paula Costa e Silva admite que o
tribunal pode requerer exames de ADN. A questão levanta dúvidas na doutrina e Pereira Coelho
e Guilherme de Oliveira duvidam se pode haver imposição coerciva.
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Art. 1817º/1 – Mag: norma que tem história jurídica curiosa e o prazo é constitucionalmente discutível
(art. 26º CRP com o direito do conhecimento da família)
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Art. 1806º - caso de omissão do registo quanto à maternidade, a mão pode fazer tal declaração
Declaração de fixação de paternidade: perfilhação (art. 1849º a 1863º) – é ato pessoal e livre
Se for perfilhada por pessoa diferente do marido da mãe, só prevalecerá se for afastada a
presunção de paternidade (art. 1823º/2)
Não é mera declaração de ciência e hoje tem mais argumentos a favor: como a lei que vem
alterar a PMA (art. 8º - gestação de substituição)
Assento de nascimento é cada vez mais ato de consciência e do qual decorrem várias
implicações - já não é qualquer parturiente que pode registar como mãe porque há
diferença entre gestante e mãe jurídica
Implica que declaração de maternidade seja cada vez mais uma declaração de consciência e não
declaração de ciência - mãe é mais do que ser gestante
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Art. 1803º - mãe não é obrigada logo após o parto a registar a criança, mas se alguém o for registar deve
identificar a mãe
Art. 1804º - se a mãe nada disser, aquilo que ficar registado considera-se como o estabelecimento da
maternidade relativamente à menção que foi feita, nos casos inferiores a 1 ano. Regras de segurança
jurídica.
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