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capítulo 1

Fundamentos da
geodésia e da cartografia
A geodésia é a ciência da medição da Terra, e a cartografia é a ciência da
concepção, produção, difusão, utilização e análise dos mapas. Neste capítulo,
apresentamos os fundamentos e as diferenciações dessas duas áreas que,
em conjunto, possuem aplicações pertinentes em projetos de engenharia, na
administração urbana, na demarcação de fronteiras, entre outros. Vamos,
ainda, acompanhar os desdobramentos dessas duas áreas ao longo da
história, com a evolução do pensamento humano e o aperfeiçoamento dos
equipamentos, gerando conceitos fundamentais que até hoje embasam
a alta tecnologia de mensuração (por exemplo, Eratóstenes calculou
o raio da Terra com uma precisão incrível entre os anos 276 e 196 a.C.).
Encerramos com a descrição das diversas superfícies de representação da
Terra e suas orientações de cálculo.

Objetivos de aprendizagem
Reconhecer as principais definições, diferenciações e aplicações da
geodésia e da cartografia.

Pontuar os avanços mais significativos ao longo da história dessas


duas áreas no mundo e no Brasil.

Identificar as diversas superfícies de representação da Terra, com


seus conceitos, perspectivas e orientações de cálculo específicas.
Definições e aplicações
Primeiro posicionar, depois representar!
Logo, como posicionar?

Considerando a etimologia da palavra geodésia, sua origem é grega e significa


“particionando a Terra”. Assim, podemos entendê-la como a ciência da medição da
Terra. Pela definição clássica de Helmert (1880):

“A geodésia é a ciência da medição e representação


da superfície da Terra.”

O autor divide a geodésia em uma geodésia superior, composta pelas áreas física,
astronômica e matemática, que serviriam para a definição da figura da Terra, e uma
geodésia inferior, também chamada de geodésia prática.

Para cumprir esse objetivo, sugeria-se naquela época:

yy a medição exata de uma linha-base de alguns quilômetros;


yy a determinação da latitude, da longitude e do azimute de um dos extremos
da base;
yy a ampliação dessa base, pela técnica de triangulação;
yy o cálculo da triangulação, de forma a obter as coordenadas geodésicas dos
pontos da triangulação.

Bomford (1977) já relacionava a geodésia com a topografia, e o seu primeiro


objetivo era fornecer um arcabouço preciso para controlar levantamentos topo-
gráficos.
Fundamentos de Geodésia e Cartografia

No caso prático da definição de forma e dimensão, e diante das irregularidades da


superfície terrestre, a geodésia parte para a determinação de pontos coordenados
escolhidos sobre essa superfície, em número e distribuição compatível com a preci-
são desejada. Os demais pontos são obtidos por interpolação, formando assim o “ar-
cabouço” citado, que representa, por meio dessas coordenadas, a região em questão.

Com os avanços das técnicas de posicionamento por satélite, os conhecimentos


do campo gravitacional ganharam tanta importância que já são citados na defini-
ção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2015): “Geodésia é a ciência
que estuda a forma, a dimensão e o campo da gravidade da Terra” (similarmente à
obra de Gemael, de 1994). Com o uso dessas novas tecnologias, foi possível a medi-
ção da variação temporal das coordenadas, sendo incorporada mais essa função à
geodésia.

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Segundo Vanícek e Krakiwsky (1986), o estudo da geodésia conduz a uma subdivisão
em três conhecimentos fundamentais, contidos na própria definição de geodésia:

yy do posicionamento;
yy do campo de gravidade;
yy das variações temporais de ambos.

Para cumprir essas operações, disciplinas e conteúdos programáticos dos cursos de


Engenharia de Agrimensura e Engenharia Cartográfica de algumas universidades
(UFV, UFPR, UNESP, IME, UNESC, etc.) adotam estas nomenclaturas:

yy geodésia geométrica;
yy geodésia física;
yy geodésia por satélites ou geodésia celeste.

Logo, entre os levantamentos geodésicos, é possível utilizar operações geomé-


tricas (medidas angulares e lineares), ou técnicas baseadas em fenômenos físicos
(por exemplo, valer-se de medidas gravimétricas para conhecimento do campo da
gravidade), e, mais modernamente, satélites artificiais (com o amparo de aspectos
geométricos e físicos) para avaliar grandezas.
Neste livro, são enfatizados apenas os aspectos da geodésia geométrica, ficando
a geodésia física e a geodésia por satélites a cargo de outras literaturas (ANDRADE,
1988; ARANA, 2000; BLITZKOW; LEICK, 1992; GEMAEL, 1991, 1999; SEEBER, 1986).
Alguns tópicos da geodésia por satélites, especificamente das coordenadas medi-
das pelos receptores, serão utilizados em exemplos, excluindo-se a descrição de
como essas coordenadas foram obtidas.
Entre as aplicações da geodésia geométrica, a principal atividade é o apoio carto-
gráfico e topográfico, ou seja, a implantação do apoio básico por meio de pontos de
controle horizontais e verticais para a produção de mapas nacionais e regionais ou
municipais, ou, ainda, apenas para controlar poligonais topográficas. Na Figura 1.1,
observa-se a rede planimétrica brasileira, que tem o IBGE como seu mantenedor.

Além dessa aplicação, são citadas também (ARANA, 2000; GEMAEL, 1999; SÁ, 2000,   PARA SABER MAIS
2006; TULER; SARAIVA, 2014): Para mais informações
sobre as estações e suas
yy Em projetos de engenharia – A construção de grandes obras, como estra-
coordenadas, visite o site do
das, barragens, túneis, grandes pontes, dutos (minerodutos, gasodutos, etc.)
IBGE, em www.ibge.gov.br.
e linhas de transmissão, está vinculada a pontos de controle que possuem
suas coordenadas geodésicas ou UTM, em geral obtidas pelo receptor GPS.
Em grandes indústrias (siderúrgicas, mineradoras, petrolíferas, etc.) há o as-
sentamento de divisas ou de componentes estruturais em locais predetermi-
nados, também com suas coordenadas geodésicas. Muitas vezes são neces-
sários estudos do movimento do solo e do nível da água antes e durante os
trabalhos, como na construção de barragens e túneis de água, que envolvem
o conhecimento da forma das superfícies equipotenciais do campo de gravi-
dade (geopes). A monitoração de estruturas e a determinação de superfícies
também são trabalhos geodésicos.

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Figura 1.1  Rede planimétrica do SGB.
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2015).

yy Na administração urbana – Nas áreas urbanas, os serviços de utilidade


pública devem ser definidos e documentados por meio de pontos de con-
Fundamentos de Geodésia e Cartografia

trole para futuras consultas, daí a importância do georreferenciamento dos


equipamentos e serviços urbanos. Entre esses serviços estão o zoneamen-
to urbano, o apoio para o cadastro multifinalitário, o estudo para traçados
das cidades, o planejamento de redes e traçados para os diversos modos
de transporte, a gestão da segurança pública, a gestão de áreas de riscos,
a adequação e o ordenamento para a equidade de políticas sociais urbanas
(zonea­mentos de escolas, de saúde, de segurança, de acesso ao trabalho e
renda), a distribuição de água, a coleta de esgotos, a gestão da limpeza urba-
na e do armazenamento de resíduos sólidos, etc.
yy Na demarcação de fronteiras – A definição de fronteiras nacionais e regio-
nais é realizada por meio do posicionamento geodésico. Essas demarcações,
bem como a dos limites privados, são importantes para legalizar áreas para

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a exploração de lavra, a delimitação de áreas de proteção ambiental e reser-
vas florestais, bem como propriedades para efeitos de impostos e receitas,
processos de indenizações, compra e venda de imóveis, loteamentos, divi-
são de áreas, etc. O posicionamento e a demarcação dessas fronteiras devem
ser apoiados em redes geodésicas homologadas pelo IBGE. Por exemplo, a
definição de fronteiras de propriedades rurais, obtidas por meio de técnicas
geodésicas, já é uma realidade exigida pelo INCRA, por meio do Georreferen-
ciamento de Imóveis Rurais (Lei 10.267/01).

Desta forma, a geodésia define, por meio de modelos e formulações, a referência  IMPORTANTE
geométrica (rede geodésica) para apoiar as diversas aplicações da área de geociên- A definição de fronteiras
cias, bem como fornece as técnicas de levantamento para incorporar os pontos a de propriedades rurais,
essa rede de referência. obtidas por meio de
técnicas geodésicas, já
Esses pontos coordenados a determinar são “insumos” de quaisquer atividades das
é uma realidade exigida
tecnologias de geoprocessamento (análises em um Sistema de Informações Geo-
pelo INCRA, por meio do
gráficas – SIG, de construção de uma modelagem digital de terrenos ou de uma
Georreferenciamento
carta temática da cartografia digital, de seleção e processamento de pontos de um
de Imóveis Rurais
sensoriamento remoto, etc.) para as mais variadas aplicações. O dado fundamental
(Lei 10.267/01).
de entrada nesses sistemas é a posição do ponto, ou seja, as coordenadas geodé-
sicas do local (Figura 1.2).

Obras Navegação Monitoramento de frota

  Fundamentos da geodésia e da cartografia

Agricultura
Logística de precisão Georrefenciamento

Levantamentos Navegação

Segurança

Figura 1.2  Aplicações da geodésia.


capítulo 1 

Fontes: (A) Sandrexim/iStock/Thinkstock (B) illcha/iStock/Thinkstock (C) Pacific Survey


Supply (c2011) (D) anek_s/iStock/Thinkstock (E) New Holland Agriculture (c2015) (F) Henryk
Sadura/iStock/Thinkstock (G) CandyBoxImages/iStock/Thinkstock (H) Bet_Noire/iStock/
Thinkstock (I) SEEWORLD (2013).

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Pronto, posicionamos!
E agora, como representar?

Considerando o dicionário cartográfico do IBGE (OLIVEIRA, 1993; INSTITUTO BRA-


SILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2015) e a ACI, define-se cartografia como:
Conjunto de estudos e operações científicas, artísticas e técnicas, baseado
nos resultados de observações diretas ou de análises de documentação,
visando à elaboração e preparação de cartas, projetos e outras formas de
expressão, bem como a sua utilização (INTERNATIONAL CARTOGRAPHIC
ASSOCIATION, 2014).
Em outras palavras, é a ciência que trata da concepção, da produção, da difusão, da utili-
zação e do estudo dos mapas. Na literatura (OLIVEIRA, 1993; INSTITUTO BRASILEIRO DE
 DEFINIÇÃO GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2014 e outros), há a distinção entre os termos mapa, carta e
De acordo com a escala
planta ao se referir a uma representação cartográfica. Essas denominações estão associa-
de levantamento e
das à escala de levantamento e a sua representação, ou seja, para escalas menores utiliza-
sua representação, a
-se o termo mapa; para escalas médias, carta; e para escalas locais, planta.
denominação associada é
a seguinte: Atualmente, os mapas e as cartas estão cada vez mais populares, em função da
• Para escalas menores, acessibilidade permitida pelos computadores e softwares. Métodos de edição, gra-
utilizamos mapa. vação e impressão possibilitam que os dados geográficos sejam rapidamente pro-
• Para escalas médias, cessados, bem como representados (Figura 1.3).
utilizamos carta.
• Para escalas locais,
utilizamos planta.
Fundamentos de Geodésia e Cartografia

Figura 1.3  Popularização do uso de produtos cartográficos.


Fonte: Google Maps (c2015).

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A cartografia, segundo Maling (1989), é classificada didaticamente em:

yy Cartografia matemática – trata dos aspectos matemáticos ligados à


concepção e à construção dos mapas, isto é, das projeções cartográficas
(ver Capítulo 3).
yy Cartometria – trata das medições efetuadas sobre mapas, designadas à me-
dição de ângulos e direções, distâncias, áreas, etc. (ver Capítulo 3).
Outra atividade importante, atribuída à cartografia temática, são as convenções e
os símbolos cartográficos, isto é, os símbolos e as cores utilizados para representar
os elementos desejados. De forma a facilitar a leitura e interpretação dos mapas,
existe uma padronização internacional de símbolos e cores, que será apresentada
no Capítulo 3. Tais simbologias já eram utilizadas desde a antiguidade (séculos XVI
e XVII), mas com finalidade mais ilustrativa e artística do que técnica (Figura 1.4).

(A) (B)

(C) (D)

  Fundamentos da geodésia e da cartografia

Figura 1.4   Representações cartográficas do passado e do contemporâneo.


Fonte: (A) antipathique/iStock/Thinkstock; (B) Ministério da Defesa. Manual Técnico T 34-700. Con-
venções Cartográficas. Exército Brasileiro, 2a ed.; (C) Bernard Allum/ iStock/Thinkstock e (D) Google
Maps.

Qualquer atividade de planejamento regional ou local, ou qualquer acompanhamento


e execução de obra de engenharia, deve basear-se em um produto cartográfico, seja
em um mapa, uma carta ou uma planta, estando estes impressos ou em formato digital.

Os mapas e as cartas servem para:


capítulo 1 

yy lançar limites geográficos (mapas políticos);


yy realçar acidentes do relevo do terreno (linha de cumeada, delimitação de ba-
cias hidrográficas, divisores de água, talvegues, etc.);

7
yy definir assuntos temáticos (transporte, vegetação, clima, solo, relevo, geo-
logia, ecologia, economia, litologia, pluviometria, geobotânica, educação,
língua, entre outros) (Figura 1.5), sendo que estes ainda podem compor um
SIG e conduzir, por exemplo, a uma gestão otimizada de riscos ambientais,
da distribuição espacial de equipamentos e serviços urbanos, bem como do
roteamento de cargas, do transporte público, e de diversas outras aplicações
(Figura 1.6).

Geologia Grau de urbanização

Unidades de conservação Vegetação

Clima Transportes
Fundamentos de Geodésia e Cartografia

Figura 1.5  Mapas temáticos na cartografia.


Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2015).

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  Fundamentos da geodésia e da cartografia

Figura 1.6  Uso da cartografia no SIG.


Fonte: Os autores.

Já as plantas, geralmente topográficas, podem apenas representar os elementos


naturais e artificiais de uma localidade (cadastro de benfeitorias, identificação de
acidentes do relevo por meio do traçado de curvas de nível, inventário urbano, pro-
fundidade de cursos d’água e barragens, inventário industrial, etc.) (Figura 1.7) e/ou
servir para projeto e execução (locação) de obras de engenharia, como terraple-
capítulo 1 

nagens, construção de vias (rodovias, ferrovias, dutovias, etc.), pontes, interseções


viárias, barragens, túneis, edificações prediais, canalizações, torres de alta tensão,
loteamentos, entre outros, de forma a viabilizar esses empreendimentos (Figura 1.8).

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Figura 1.7  Exemplo de planta topográfica de uma localidade.
Fonte: Os autores.
Fundamentos de Geodésia e Cartografia

Figura 1.8  Exemplo de planta topográfica para a construção de um projeto


de estradas.
Fonte: Os autores.

Enfim, as operações de obtenção de coordenadas, tomada de distâncias, cálculo


de áreas, organização de informações temáticas, podem ser realizadas gráfica ou
analiticamente com base nos produtos cartográficos citados.

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Um breve histórico:
geodésia e cartografia
Um pouco sobre a evolução da ciência geodésica

A geodésia evoluiu em precisão, considerando seu objetivo principal fornecer o


“arcabouço” de coordenadas geodésicas a fim de definir o melhor modelo para a
Terra.

Uma vez que a busca do melhor modelo para a Terra é milenar, houve muitas con-
tribuições para essa ciência. Segundo Gemael (1995), Tuler e Saraiva (2014), sua
evolução possui duas etapas principais:

1) Pré-história 2) História
De Erastóstenes (século II a.C.) 1o período: das expedições francesas a 1900;
às expedições francesas (1870). 2o período: do século XX ao lançamento do
primeiro Sputnik;
3o período: século atual.

Por volta do século VII a.C., florescem importantes escolas do pensamento, princi-
palmente na Grécia. Com os primeiros pensadores gregos, inicia-se a procura de

  Fundamentos da geodésia e da cartografia


explicações físicas para a Terra e o Universo. Nessa mesma época, surgem as primei-
ras especulações sobre o formato da Terra. Sabe-se, contudo, que há dois milênios
e meio, Pitágoras se recusava a aceitar a concepção simplista de uma Terra plana;
Sócrates tinha as mesmas ideias, mas não conseguia prová-las.

Em 350 a.C., Aristóteles argumentou e demonstrou a teoria da esfericidade, antes


admitida por meio de considerações puramente filosóficas, tornando-se o funda-
dor da ciência geográfica. Veja seus argumentos:

[...] o contorno circular da sombra projetada pela Terra nos eclipses da Lua;
a variação do aspecto do céu estrelado com a altitude e a diferença de ho-
rário na observação de um mesmo eclipse para observadores situados em
meridianos afastados (BERRY, 1961).

Considerada uma das experiências mais importantes da humanidade, o astrô-


nomo e matemático Eratóstenes, entre os anos 276 e 196 a.C., determinou o raio
da Terra com uma grande precisão para sua época (TULER; SARAIVA, 2014), com
capítulo 1 

o valor para a circunferência da Terra como 50 x 500 = 25.000 milhas, ou seja,


aproximadamente +0,40% do atualmente aceito pela UIGG (União Internacional
de Geodésia e Geofísica).

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Outros filósofos, matemáticos e astrônomos também ofereceram suas contribui-
ções, como Ptolomeu, que já no século II afirmava a esfericidade (e a imobilidade)
da Terra (sistema geocêntrico). Copérnico (1473–1543) contrariou as ideias de imo-
bilidade, conferindo à Terra os movimentos de rotação e translação (heliocentris-
mo). Newton (1643–1727) e Huygens (1629–1695) não aceitaram a harmonização
entre o movimento de rotação e a forma perfeitamente esférica, abrindo a era elip-
soidal (Terra achatada).

Outro fato histórico (1735–1751) foi a realização de medições de arcos meridianos em


duas diferentes latitudes do globo: uma no Norte do Peru (atualmente Equador) e ou-
 IMPORTANTE
tra na Finlândia. Essas medições tinham como único fim a confirmação das teses de
Os primeiros levantamentos
Newton e Huygens da Terra achatada nos polos, ou seja, definindo o elipsoide como a
geodésicos no Brasil
figura matemática e como primeira aproximação na geometria da Terra.
foram realizados em 1939,
a fim de determinar as Em 1743, Clairaut publicou os resultados dessa investigação na sua obra clássica
coordenadas astronômicas sobre geodésia. O desenvolvimento do cálculo de probabilidades por Laplace,
em cidades e vilas para em 1818, e do método dos mínimos quadrados de Gauss, em 1809, aperfeiçoou a
a atualização da Carta retificação de observações e melhorou os resultados das triangulações. Em 1873,
do Brasil ao Milionésimo, Listings usou, pela primeira vez, o nome geoide para a figura física da Terra. O final
de 1922. Em 1944, foi do século XIX foi marcado pelos trabalhos de medições de arcos meridianos para
medida a primeira base determinar os parâmetros do elipsoide que melhor representasse a aproximação
geodésica nas proximidades com a Terra física. Nessa época, os elipsoides mais importantes eram os de Bessel
de Goiânia, iniciando o de 1841 e de Clarke de 1886 e 1880 (GEMAEL, 1995).
estabelecimento sistemático
Também marcou este final de século o início dos estudos da geodinâmica, com
do Sistema Geodésico
base no geoide não homogêneo, e das especulações teóricas sobre a forma de
Brasileiro (SGB).
equilíbrio de uma massa fluida isolada no espaço e submetida à ação da gravidade.
Mais adiante, entre o início do século passado até antes do lançamento do primeiro
satélite artificial (Sputnik 1, 1957), merecem destaque os avanços na geodésia físi-
ca, a fabricação dos primeiros equipamentos eletrônicos (distanciômetro eletrôni-
co) e o início do uso dos computadores.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2015), os primeiros le-


vantamentos geodésicos no Brasil foram realizados em 1939, pelo então Conselho
Fundamentos de Geodésia e Cartografia

Nacional de Geografia (CNG), com o objetivo de determinar as coordenadas astro-


nômicas em cidades e vilas para a atualização da Carta do Brasil ao Milionésimo, de
1922. Em 1944, foi medida a primeira base geodésica nas proximidades de Goiânia
e iniciou-se o estabelecimento sistemático do Sistema Geodésico Brasileiro (SGB).

A primeira definição para a superfície de referência do SGB foi a do Elipsoide In-


ternacional de Hayford, de 1924, com semieixo maior igual a 6.378.388 metros, e
achatamento igual a 1/297. Como ponto datum, tinha-se o vértice Córrego Alegre.

A segunda iniciativa de estabelecer os parâmetros mais confiáveis se deu com o


SAD–69. A fim de se obter um único sistema de referência para a América do Sul
e um conhecimento mais detalhado do geoide no continente, foi adotado como
superfície de referência o Elipsoide Internacional de 1967 (UGGI 67).

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Como consequência do avanço das técnicas de posicionamento, na década de
1970 as redes geodésicas passaram a ter um caráter tridimensional, dando origem
à era da geodésia espacial (tridimensional), iniciada pelo sistema TRANSIT. Em fins
da década de 1980, o IBGE, por meio do seu departamento de geodésia, criou o
projeto GPS, com o intuito de estabelecer metodologias que possibilitassem o uso
pleno da tecnologia do sistema NAVSTAR/GPS.

Para suporte dos trabalhos geodésicos, o IBGE apresenta as estações da RBMC


(Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo) (Figura 1.9), que desempenham jus-
tamente a função de fornecer um banco de dados de coordenadas conhecidas per-
tencentes ao Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) para aplicação em levantamento
relativo por GPS (Capítulo 2).

  Fundamentos da geodésia e da cartografia


capítulo 1 

Figura 1.9  A RBMC construída pelo IBGE.


Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2015).

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Não menos importante neste contexto é o estabelecimento, em 2005, do novo siste-
ma de referência geodésico para o SGB e para o Sistema Cartográfico Nacional (SCN):
o Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas (SIRGAS), em sua realização
do ano de 2000, 4 (SIRGAS-2000). Em 25 de fevereiro de 2015, encerrou-se o período
de 10 anos de transição para a adoção desse novo sistema geodésico de referência.
No atual momento, a geodésia experimenta um uso generalizado da tecnologia GPS,
com base em um sistema geodésico mundial (geocêntrico), com facilidade de posi-
cionamento automático e de alta precisão.

A evolução da ciência cartográfica


A ciência cartográfica, com seus princípios matemáticos já sedimentados, evoluiu
significativamente na construção e edição automatizada de mapas e cartas, por
meio do uso de softwares e equipamentos computacionais.
A partir do momento em que o homem pré-histórico começou a representar seus
caminhos percorridos e seus territórios de caça nas paredes das cavernas, ele já
havia começado, mesmo que de forma empírica, a fazer cartografia, pois estava re-
presentando graficamente o terreno natural. Isso talvez explique a razão de definir
cartografia também como a arte de representar.
Os gregos foram os primeiros a se preocupar com o conjunto terrestre, já em 500 a.C.,
inaugurando a Era dos Discários, que representa a Terra como um disco rodeado
por águas (CIVITA, 1973; GURGEL, 2012; MOURA, 1993).
A concepção da Terra esférica se deu por Pitágoras, no século IV a.C. Mais adiante,
no século II, Ptolomeu dedicou-se à construção de globos, projeções e mapas (a
Figura 1.10 mostra o que é considerado o primeiro atlas, feito por Ptolomeu).
Fundamentos de Geodésia e Cartografia

Figura 1.10  Mapa-múndi de Ptolomeu, século II.


Fonte: marzolino/iStock/Thinkstock.
14
Na Idade Média, a Europa utilizava o mapa-múndi circular, o Orbis Terrarum, dos
romanos, apesar da pouca exatidão geográfica. Na Era Medieval, a cartografia teve
 IMPORTANTE
um novo avanço com a descoberta da bússola, introduzida por viajantes da China,
Somente no início do
que começou a ser mais usada no século XIII. A partir disso, surgiram as cartas Por-
século XVIII a cartografia
tulanas (CIVITA, 1973; GURGEL, 2012; MOURA, 1993).
se tornou mais precisa
Mais adiante, no século XIV, houve avanços expressivos na cartografia devido à cientificamente. Bússolas,
busca por novas rotas marítimas comerciais de especiarias. Esse comércio seria um sextantes e cronômetros
importante fator para o início da Era dos Descobrimentos. aperfeiçoaram as
medições, corrigindo
Somente a partir de 1700 é que a cartografia perdeu o caráter artístico em função erros acumulados durante
da precisão científica. Com a ajuda de equipamentos, como bússolas, sextantes e séculos, tidos como
cronômetros (Figura 1.11), as medições (triangulação, determinação de latitudes verdades geográficas.
e longitudes) são aperfeiçoadas, corrigindo-se erros acumulados durante séculos,
tidos como verdades geográficas (CIVITA, 1973; GURGEL, 2012; MOURA, 1993).

(A) (B) (C)

 IMPORTANTE
A cartografia está
relacionada ao
geoprocessamento,
Figura 1.11  (A) Bússola, (B) sextante e (C) cronômetro. uma vez que o mapa
Fonte: (A) Nastco/iStock/Thinkstock; (B) Hemera Technologies/PhotoObjects.net/Thinkstock é o principal meio
e (C) yevgenromanenko/iStock/Thinkstock de apresentação dos
resultados, por ser a forma
Atualmente existem recursos de sensoriamento remoto e de posicionamento por de visualização mais
satélites para obtenção de pontos coordenados e produ�������������������������
ção de�������������������
cartas. Neste sen- natural e de interpretação
tido, a cartografia está relacionada ao geoprocessamento, uma vez que o mapa é mais intuitiva para a
o principal meio de apresentação dos resultados, por ser a forma de visualização informação espacial.
mais natural e de interpretação mais intuitiva para a informação espacial.

Superfícies de
representação da Terra
As obras de engenharia (rodovias, ferrovias, barragens, canalizações e dutos, edifi-
cações em geral, loteamentos, etc.) são concebidas, muitas vezes, “até onde a vista

15
alcança”, ou seja, na superfície física da Terra. Em outras palavras, não temos uma
noção da curvatura do planeta, a não ser que consigamos ver uma ligeira tendência
 DEFINIÇÃO dessa curvatura no horizonte a partir do sobrevoo em uma aeronave ou da obser-
Segundo Freitas (1980), vação do pôr do sol na linha do horizonte em uma praia, por exemplo.
do ponto de vista físico,
Desde que Eratóstenes provou a esfericidade terrestre, inclusive com o cálculo
um sistema de referência
aproximado de seu raio (TULER; SARAIVA, 2014), busca-se uma forma de referen-
de coordenadas é o
ciar os pontos medidos, a partir de uma melhor definição geométrica para a Terra.
conjunto de um ou mais
eixos com orientação Segundo Freitas (1980), do ponto de vista físico, um sistema de referência de co-
definida no espaço e com ordenadas é o conjunto de um ou mais eixos com orientação definida no espaço
uma escala adequada, e com uma escala adequada, por
��������������������������������������������������
meio do qual uma posição e uma orientação pos-
por meio do qual uma sam ser definidas sem ambiguidade (Figura 1.12).
posição e uma orientação
possam ser definidas sem
Eixo Z

ambiguidade.
Ponto B
60

50

40
oY
Eix
30
50
40

20
30

Ponto D
20

10
Ponto A Ponto C
20º

10
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Fundamentos de Geodésia e Cartografia

ela s c s
tiva art
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sfé na
rica s
s

Figura 1.12  Exemplo de um sistema de referência para as coordenadas


topográficas.
Fonte: Os autores.

Logo, a partir da definição de sistemas de referências, apoiam-se os sistemas de


coordenadas.

Nos levantamentos geodésicos e topográficos, bem como nas representações car-


tográficas, para posicionamento (planimétrico e altimétrico), seis superfícies de-
vem ser consideradas, como detalhadas no Quadro 1.1.

16
Quadro 1.1    As seis superfícies consideradas nos levantamentos
  geodésicos e topográficos e nas representações cartográficas

Física É a superfície física da Terra, ou seja, é onde são efetuadas as


operações geodésicas e topográficas. Em resumo, é onde são
executados os levantamentos de campo e apoiadas as obras
de engenharia.

Esférica É uma superfície idealizada como uma primeira aproximação


da forma e dimensão para a Terra (ver Seção Terra esférica
e as coordenadas geográficas).

Geoide É a superfície que melhor representa fisicamente a Terra,


definida pelo prolongamento do nível médio dos oceanos
(ver Seção Terra geoidal e as coordenadas astronômicas).

Elipsoide É a superfície com possibilidade de tratamento matemático


originada pela rotação de uma elipse em torno de seu eixo
menor, que melhor se adapte ao geoide (ver Seção Terra
elipsoidal e as coordenadas geodésicas).

Plano É uma superfície originada por um plano normal e tangente


topográfico à vertical do lugar, no ponto de origem do levantamento
(ver Seção Terra plana e as coordenadas topográficas).

Projeção São superfícies originadas a partir de superfícies auxiliares


cartográfica (ver Seção Terra projetada e as coordenadas de uma projeção
cartográfica).

 IMPORTANTE
Em geodésia, quando

Terra esférica e as coordenadas geográficas se deseja efetuar algum


cálculo aproximado, ou
A superfície esférica é uma aproximação simplista e prática da forma da Terra. Em quando as distâncias
geodésia, quando se deseja efetuar algum cálculo aproximado ou quando as dis- entre os pontos geodésicos
tâncias entre os pontos geod�����������������������������������������������������
ésicos são relativamente pequena���������������������
s, a Terra é conside- são relativamente
rada esférica. O modelo esférico facilita alguns cálculos geodésicos, e a sua utiliza- pequenas, a Terra é
ção está associada ao nível de precisão a ser alcançado. considerada esférica.
Logo, o formulário para os
No estudo da astronomia de campo, o objetivo principal é determinar as coorde- cálculos foi desenvolvido
nadas geográficas ou astronômicas de um ponto. Nessa operação, em primeira com elementos da
aproximação, a T�������������������������������������������������������������������
erra ������������������������������������������������������������
��������������������������������������������������������������
considerada esférica. Logo, o formulário para tal foi desen- trigonometria esférica.
volvido para essa superfície, especificamente com os elementos da trigonometria
esférica.

Ainda no estudo de projeções cartográficas, um conceito importante é o de esfera-


-modelo, que é uma esfera imaginária “desenhada” na escala da projeção e que serve

17
como modelo para auxiliar na construção e obtenção de algumas projeções carto-
gráficas. Logo, no estudo dessas projeções cartográficas, ao considerar a Terra como
esférica, o erro obtido é quase insignificante devido às escalas de representação.

O raio da esfera que representa a Terra depende diretamente da escala de trabalho:

 DEFINIÇÃO 1
R = N⋅ M para E >
Esfera-modelo é uma 500.000
esfera imaginária
a+b 1
“desenhada” na escala R= para E <
2 500.000
da projeção e que serve
como modelo para auxiliar a
N=
na construção e obtenção
(1− e ⋅ sen2φ)
2
de algumas projeções
cartográficas.
a⋅ (1− e2)
M= 3
(1− e2 ⋅ sen2φ)
2

em que:

N = Raio de curvatura do primeiro vertical (ou grande normal) que depende da


latitude e da primeira excentricidade (o que será visto mais adiante);
M = Raio de curvatura da seção meridiana que depende da latitude do ponto e da
primeira excentricidade (o que será visto mais adiante);
a = Semieixo maior do elipsoide;
b = Semieixo menor do elipsoide.

Por exemplo, considerando o sistema SAD–69 como o elipsoide de referência e,


para a elipse desse sistema, o semieixo maior de 6.378.160,00 m (valor de “a”) e o
 IMPORTANTE semieixo menor de 6.356.774,72 m (valor de “b”), com escala < 1/500.000 (Tabela
Em cartografia,
1.1), o raio médio será:
comumente é considerado
o raio de 6.367 km para a 6.378. 160,00 + 6.356.774,72
Terra. Esse raio representa R médio = ∴ R médio = 6.367.467,36 m ∴ Rmédio ≅ 6.367 km
2
a melhor definição da
esfera em relação ao Em cartografia, comumente é considerado o raio de 6.367 km para a Terra. Esse raio
elipsoide e é justificado a representa a melhor definição da esfera em relação ao elipsoide e é justificado a
partir de uma unidade de partir de uma unidade de medida oficial da milha náutica (nmi) igual a 1.852 me-
medida oficial da milha tros. Uma milha náutica, por definição, é o arco de um círculo máximo na superfície
náutica (nmi) igual a terrestre (ortodrômica) correspondente a um ângulo central de um minuto (1nmi =
1.852 metros. arco de 1’), portanto, calcula-se o raio a partir de:

π ⋅R 1.852 × 180 o
a= ⋅1', porém o arco de 1' = 1.852 m ∴ R =
180 o π ⋅ 1'
∴ R = 6.366.707,01947 m ∴ R ≅ 6.367 km
No gráfico da Figura 1.13, têm-se valores de raios médios versus as latitudes dos
pontos, considerando N e M.

18
Rmédio versus latitudes
6.385 km

6.380 km

6.375 km
Rmédio

6.370 km

6.365 km

6.360 km

6.355 km
0° 5° 10° 15° 20° 25° 30° 35° 40° 45° 50°

Latitudes
Figura 1.13  Valores de raios médios em função das latitudes.
Fonte: Os autores.

Com a adoção da esfera (globo terrestre), são definidos os seguintes elementos


geográficos para a Terra (Quadro 1.2 e Figuras 1.14 e 1.15).

Quadro 1.2    Elementos geográficos para a Terra

Eixo É o eixo ao redor do qual a Terra faz seu movimento de


terrestre rotação.

Círculos São círculos que têm seus centros coincidentes com o centro
máximos do globo terrestre, que também possuem raios máximos.
Um arco do círculo máximo é denominado ortodrômica.

Plano É o plano que passa pelo eixo terrestre e corta a superfície

  Fundamentos da geodésia e da cartografia


meridiano da Terra. Esse plano define os meridianos, que são linhas de
interseção entre o plano meridiano e a superfície esférica da
Terra, sendo um círculo máximo.

Plano É o plano normal ao plano meridiano. Este define os paralelos,


paralelo que são linhas de interseção entre o plano paralelo e a
superfície da Terra, sendo o maior deles o equador terrestre,
e também um círculo máximo.

Paralelos São os paralelos definidos pelo plano paralelo e o eixo da


especiais eclíptica: círculos polares, trópicos e o próprio equador.

Plano da É um plano definido pelo movimento de translação da Terra.


eclíptica O plano da eclíptica define a origem dos trópicos.

Eixo da É um eixo perpendicular ao plano da eclíptica que passa pelo


eclíptica centro da Terra. O eixo da eclíptica forma um ângulo de
capítulo 1 

23° 26' 21,418" (ano 2000) (≈ 23° 27') com o eixo de rotação
da Terra. As interseções do eixo da eclíptica com a superfície
terrestre originam os círculos polares.

19
φ
φ
φ
φ
φ

Figura 1.14  Elementos geográficos para a Terra – plano e eixo da eclíptica.


Fonte: Os autores.

A partir desses elementos geográficos, são definidas as coordenadas geográficas


(Quadro 1.3 e Figuras 1.15 e 1.16):

Quadro 1.3    Coordenadas geográficas e sua definição

Latitude É o ângulo formado pelo raio que passa por esse lugar
e o plano do equador. Para o ponto “P1” (Figura 1.16),
 IMPORTANTE a latitude de A (φA ), ou “fi de A”, é igual a 10º S. Uma
As coordenadas vez que o raio de curvatura da esfera é constante, essa
geográficas são dadas quantidade também é igual à medida angular do arco de
por um par de ângulos meridiano entre o equador e o lugar.
para determinar um
ponto na superfície
Longitude É o ângulo com vértice no centro da Terra, medido
esférica terrestre: um
a partir do plano do meridiano de Greenwich até o
ângulo de latitude e um
meridiano de referência. Para o ponto “P1” na figura, a
ângulo de longitude,
longitude de A (λA), ou “lambda de A”, é igual a 60º W
conhecidos também como
(Figura 1.16).
coordenadas LAT/LONG, ou
φ, λ, sempre nessa ordem.
Logo, as coordenadas geográficas são dadas por um par de ângulos para determi-
nar um ponto na superfície esférica terrestre: um ângulo de latitude e um ângulo
de longitude, conhecidos também como coordenadas LAT/LONG, ou φ, λ, sempre
nessa ordem.

20
90º N
 IMPORTANTE
Na representação das
latitudes, é necessário
colocar o hemisfério
Norte (N) ou Sul (S) para
determinar o correto
posicionamento do ponto.
Equador

Latitude φ = 0º Da mesma forma, as
longitudes devem ser
seguidas de Leste (E ou L)
ou Oeste (W ou O).

Meridiano de Greenwich
Longitude λ = 0º

Figura 1.15  Coordenadas geográficas.


Fonte: Os autores.

Na representação das latitudes, é necessário colocar o hemisfério Norte (N) ou Sul


(S) para determinar o correto posicionamento do ponto. Da mesma forma, as longi-
tudes devem ser seguidas de Leste (E ou L) ou Oeste (W ou O).

Para cálculos esféricos, com o uso da trigonometria esférica, devem ser utilizados
valores negativos (–) para coordenadas Sul e Oeste, e positivos (+) para Norte e Les-
te. As latitudes variam de 90º S a 0º e 0º a 90º N (ou – 90º a + 90º), e as longitudes  IMPORTANTE
variam de 180º W a 0º e 0º a 180º E (ou – 180º a + 180º). A Figura 1.16 mostra um Valores negativos (–) são
exemplo de aplicação. usados para coordenadas
Sul e Oeste, e positivos,
(+) para Norte e Leste. As
Coordenadas NORTE
GREENWICH
P1: (10º S; 60º W) Longitude 0º
latitudes variam de 90º S a
∆λ = 5º 0º e de 0º a 90º N (ou – 90º
a + 90º), e as longitudes
Equador variam de 180º W a 0º e 0º a
Latitude 0º
∆φ = 5º
180º E (ou – 180º a + 180º).

LESTE
OESTE

SUL

Figura 1.16  Exemplo de pontos coordenados.


Fonte: Os autores.

21
Os fundamentos da trigonometria esférica são aplicados na astronomia de campo
e em algumas fórmulas da geodésia, que considera como princípio a Terra esférica.
Alguns conceitos importantes estão no Quadro 1.4 (FERRAZ, 1980).

Quadro 1.4    Conceitos importantes relacionados à trigonometria


 esférica

Superfície esférica É o lugar geométrico em que todos os pontos


(ou apenas, esfera) possuem a mesma distância (raio) a partir de um
ponto central.

Círculo máximo Considere que três pontos sobre essa superfície


esférica determinem um plano; se contiver o centro
da esfera, esse plano será um círculo máximo. Um
arco desse círculo será denominado ortodrômica,
sendo considerada a menor distância entre esses
dois pontos (Figura 1.17).

Polígono esférico É uma porção da superfície terrestre delimitada por


arcos de circunferências máximas. Caso existam três
arcos de círculos máximos, obtém-se um triângulo
esférico, desde que os três pontos não estejam
situados sobre a mesma circunferência máxima
(Figura 1.18).

Desta forma, um triângulo esférico fica constituído de três ângulos esféricos (A, B e
C) e três lados esféricos que são arcos de circunferência máxima (a, b e c). Na Figura
1.18, considerando a Terra esférica, o segmento “b” poderia ser um arco de meridia-
no geográfico; o segmento “c”, um arco do equador geográfico; e o segmento “a”,
um arco de círculo máximo.
Fundamentos de Geodésia e Cartografia

Figura 1.17  Círculos máximos.


Fonte: Os autores.

22
c

A
B
A

cc B

O b b
a
a
io C
Ra
C

Figura 1.18  Representação dos ângulos de um triângulo esférico.


Fonte: Os autores.

Conforme exemplificado pela Figura 1.19, a menor distância entre dois pontos
no mesmo paralelo é um arco de círculo máximo (ortodrômica). Com exceção do
equador geográfico, que também é círculo máximo, as distâncias medidas pelo
arco de um paralelo qualquer sempre serão maiores do que as ortodrômicas cor-
respondentes.

  Fundamentos da geodésia e da cartografia

Figura 1.19  Ortodrômica.


Fonte: Os autores.
capítulo 1 

A trigonometria esférica serve para calcular a distância esférica entre dois pontos
coordenados, ou seja, a partir de suas coordenadas geográficas (φ e λ), neste caso,
considerando a Terra esférica.

23
Uma das propriedades dos triângulos esféricos estabelece que, conhecendo três
elementos quaisquer de um triângulo esférico, é possível determinar os outros três.
Logo, é aplicada a fórmula dos quatro elementos relativa aos lados (FERRAZ, 1980,
p. 7): “Em todo triângulo esférico, o cosseno de um dos lados é igual ao produto do
cosseno dos outros dois lados, mais o produto dos senos dos mesmos lados pelo
cosseno do ângulo por eles formados.”

Logo, com base na Figura 1.18, temos as seguintes fórmulas:

cos a = cos b cos c + sen b sen c cos A


cos b = cos a cos c + sen a sen c cos B
cos c = cos a cos b + sen a sen b cos C

Como exemplo, calcula-se a distância esférica entre dois pontos coordenados (A e


B) apresentados nas Figuras 1.20 e 1.21, em que se resume a solução de um triân-
gulo esférico, aplicando-se o formulário anterior:

λA – λB
90
φA

°– φ B
°–
90

B
mica
ortodrô

Me
A

ridia
no
de Greenwich
φB

Plano do
Equador
φA

λA – λ B λB
B
Mer

λA
m
sa e
id
ian

pas
oq

ue
ue

oq
pa

ian
ss
a

id
em

er
M
A

Figura 1.20  Representação dos elementos para o cálculo da ortodrômica.


Fundamentos de Geodésia e Cartografia

Fonte: Os autores.

cos (ortodrômica) =
cos(90° – φA) cos(90° – φB) + sen(90° – φA) sen(90° – φB) cos(λB – λA)

Como
cos(90° – φi) = sen – φi
cos(90° – φi) = cos – φi

Tem-se
cos(α) = sen(φA) sen(φB) + cos(φA) cos(φB) cos(λB – λA)
α = arc cos(sen(φA) sen(φB) + cos(φA) cos(φB) cos(λB – λA))

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